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NATAL-RN
2012
NEUMA KAROLLYNE MEDEIROS PINHEIRO
NATAL-RN
2012
NEUMA KAROLLYNE MEDEIROS PINHEIRO
Aprovado em _____/_____/_____
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________
Profª. Josivânia Estelita Gomes de Sousa
Orientadora – UFRN/DESSO
______________________________________________________________________
Profª. M.ª. Ilka de Lima Souza
Membro – UFRN/DESSO
_______________________________________________________________________
Profª. M.ª Mônica Maria Calixto de Farias Alves
Membro – UFRN/DESSO
AGRADECIMENTOS
Neuma Karollyne
Aos milhões de órfãos de pais vivos do Brasil.
“A diferença entre as falsas memórias e as verdadeiras
é a mesma das jóias:
são sempre as falsas que parecem ser as mais reais,
as mais brilhantes.”
(Salvador Dali)
RESUMO
The conclusion of this graduation thesis covers a topic recently appointed and recognized by
the Judiciary, the Parental Alienation. Thus, based on the daily violation of the rights of the
children and youth from the perspective of investigating how the phenomenon of parental
alienation has been functionated on the network of care for children and adolescents in the
city of Natal / RN and to this end, the study was accomplished through documentary analysis,
literature review and field research, with semi-structured interviews aimed at professionals.
So the discussion is directed initially to rescue a socio-political history of service to children
and adolescents in Brazil, describing the process of recognition of this target audience as
subjects of rights, people in the peculiar condition of development and priority assistance
from the institutionalization of the Child and Adolescent Statute (ECA). Subsequently, the
reflection turned to the debate on violence, family and its today’s settings and the
phenomenon of parental alienation, highlighting how the respondents perceive this
problematic. Thus, assuming the fact that parental alienation is not properly identified and
addressed by the research subjects, placed in institutions such as the Tutelar Council, SOS
Children and Reference Center Specializing in Social Work (CREAS), the results indicate the
lack of knowledge by the professionals about the term, while acknowledging the issue and are
aware that it is a recurrent situation in their daily work. With regard to Social Service, a
profession that in the contemporary has as an object of work the expressions of the social
question, and therefore deals with the various violations of law, it is clear that interventions in
cases of parental alienation are valid and important to identify the phenomenon as well as the
making of social reporting that enable to contribute to a more complete analysis of the
situation.
Key words: Child and Adolescents. Rights. Parental alienation. Network of care.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Profissionais................................................................................ 49
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 13
2 CONTEXTUALIZAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DA POLÍTICA DE
ATENDIMENTO ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES ................................. 15
2.1 DE “MENORES DELINQUENTES” A “SUJEITOS DE DIREITOS”................. 15
2.2 FUNCIONAMENTO E MAPEAMENTO DA REDE DE ATENDIMENTO Á
CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM NATAL-RN................................................. 23
3 VIOLÊNCIA, FAMÍLIA E ALIENAÇÃO PARENTAL................................... 28
3.1 A VIOLÊNCIA COMO UMA RAMIFICAÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL......... 29
3.2 A FAMÍLIA E SUAS RECONFIGURAÇÕES ATUAIS........................................ 32
3.3 ALIENAÇÃO PARENTAL COMO FORMA DE VIOLÊNCIA CONTRA
CRIANÇAS E ADOLESCENTES............................................................................ 37
4 A ALIENAÇÃO PARENTAL E SUAS FORMAS DE ENFRENTAMENTO
NO MUNICÍPIO DE NATAL/RN......................................................................... 46
4.1 O PERFIL DOS PROFISSIONAIS DA REDE DE ATENDIMENTO................. 46
4.2 AS INTERVENÇÕES DO SERVIÇO SOCIAL..................................................... 52
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 60
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 63
APÊNDICE A............................................................................................................ 67
APÊNDICE B............................................................................................................ 68
ANEXO A .................................................................................................................. 69
13
INTRODUÇÃO
A Alienação Parental se constitui como um tipo de violência, uma vez que se trata de
um abuso emocional e coloca o desenvolvimento completo da criança e do adolescente em
risco, além de violar os direitos dispostos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
dentre os quais se encontram o direito ao convívio familiar e de exercício parental.
O interesse pela temática surgiu no momento de inserção em campo de estágio no SOS
Criança Natal-RN, onde foi possível perceber um grande número de conflitos nas famílias
causados pela Alienação Parental, isto é, o processo incansável de acusações entre genitores,
pro-genitores e demais parentes próximos em que a criança e o adolescente são utilizados
como “armas” para atingir um de seus familiares.
Nessa perspectiva, este trabalho tem como escopo a sustentação da Alienação Parental
como violência, que deve ser identificada e enfrentada através de instrumentos e mecanismos
efetivos, depreendendo suas conseqüências na vida de crianças e adolescentes.
A limitação de estudos e discussões sobre o referido fenômeno é notável em todos os
âmbitos sociais, e no Serviço Social não é diferente. Assim, destaca-se a relevância acadêmica
do trabalho que se fortalece por ser algo inovador na área.
O profissional de Serviço Social possui uma formação técnica, ética e política,
fundada numa perspectiva crítica e de totalidade que permite compreender as determinações
que subjazem as relações sociais. O Assistente Social também afirma cotidianamente seu
compromisso com a efetivação e ampliação de direitos sociais e, entendendo que a violência é
uma ramificação da “questão social” (objeto de trabalho do Assistente Social), é que se torna
fundamental refletir criticamente sobre a Alienação Parental.
O objetivo geral do trabalho é analisar a forma como os casos de Alienação Parental
são trabalhados nas instituições da rede de atendimento à criança e ao adolescente em Natal-
RN. Seus objetivos específicos são: analisar a atuação das redes de atendimento à criança e ao
adolescente em relação ao tema; investigar se os profissionais que trabalham nas instituições
têm clareza sobre o tema e como trabalham os casos de Alienação Parental; e elucidar
possibilidades de atuação em casos de Alienação Parental no Serviço Social com o intuito de
amenizar os danos causados às crianças e aos adolescentes.
Partindo do pressuposto que a rede de atendimento nessa área não tem dado a
importância que a temática merece e, portanto, não tem trabalhado esses casos como deveria é
14
que foi realizada uma pesquisa em três instituições: Conselho Tutelar Zona Oeste, SOS
Criança e CREAS Leste, localizados no município de Natal-RN.
Dessa forma, o primeiro capítulo do trabalho se caracteriza pela apropriação do
levantamento bibliográfico, onde a coleta de dados teóricos e científicos foram utilizados com
uma perspectiva de construir uma contextualização sócio-histórica da política de atendimento
à criança e a adolescente no Brasil, discorrendo, portanto pelo processo de reconhecimento
desse público como sujeitos de Direitos perpassando os aspectos sociais, políticos, jurídicos e
culturais. Ainda neste capítulo é apresentado um breve mapeamento e funcionamento da rede
de atendimento à criança e ao adolescente no Rio Grande do Norte.
No segundo capítulo, o debate conceitua e discute categorias como: a violência e sua
relação com a questão social; a família e suas configurações modernas; e a Alienação Parental
enfatizando a criança e o adolescente como escudo na briga intra-familiar e traz também
alguns resultados das entrevistas realizadas com profissionais da rede de atendimento á
criança e ao adolescente de Natal/RN.
Com relação às entrevistas, estas se caracterizam por serem semi-estruturada, com
algumas perguntas abertas e outras fechadas, realizadas com o apoio da observação. Ao iniciar
a entrevista foi necessário obedecer alguns procedimentos básicos, os quais permitiram aos
entrevistados se sentirem à vontade durante sua realização, prestando esclarecimentos, foram
eles: inicialmente o entrevistador se apresentou e explicou o objetivo do trabalho,
posteriormente, solicitou a autorização para a gravação, garantindo o anonimato do
entrevistado e o sigilo das respostas. Este momento da pesquisa é riquíssimo na obtenção de
informações, pois foram analisados os perfis dos profissionais e as intervenções realizadas por
eles. Os instrumentos foram o formulário de entrevista (conforme Apêndice A e B) e o
gravador.
Por fim, o último capítulo da pesquisa compreende a análise dos dados coletados nas
entrevistas a partir do aporte teórico-crítico dialético, numa perspectiva marxista, pois permite
conhecer a especificidade histórica e a construção social dos fenômenos que permeiam a
problemática estudada, sem perder de vista a sua processualidade e sua transitoriedade.
Revela a natureza dinâmica da relação entre a aparência e a essência da Alienação Parental e
como ela é trabalhada na rede de atendimento de criança e adolescente no município de Natal-
RN, traçando um perfil dos profissionais inseridos nas instituições em questão. Ainda
Apresenta-se também perspectivas de atuação do serviço social ao que se refere a Alienação
Parental, sua identificação e intervenções realizadas por profissionais entrevistados.
15
processo que ocorreu sob domínio da coroa portuguesa exerceu grande influência social e
cultural de onde se observa como herança as relações que privilegiam o favor, o clientelismo,
o paternalismo, a privatização do público.
Na área da infância e juventude não foi diferente, pois alguns estigmas sociais
portugueses foram implantados. A família, por exemplo, era considerada uma esfera social, na
qual os filhos se caracterizavam como propriedade privada de seus pais, os quais possuíam
poder absoluto sobre sua prole. E é nessa perspectiva que as crianças e adolescentes eram
considerados “pequenos adultos” como menciona Bidarra e Oliveira (2007). De acordo com
essas autoras, foi a partir do século XVIII que as crianças e os adolescentes recebem valor de
ser humano, pois até então os mesmos eram pertences absolutos dos pais. O status de
“pessoas” favoreceu para que obtivesse os direitos naturais inalienáveis, imprescritíveis e
universais inerentes a todo ser humano 1.
No século XIX, o Brasil sofreu transformações sociais, culturais, políticas e
econômicas, merecendo destaque a Abolição da Escravatura (1888) e a Proclamação da
República (1889). Esses acontecimentos trouxeram em seu âmago, dentre outros aspectos, um
significante crescimento dos centros urbanos, os quais receberam um maior investimento que
contrastou com um atraso do universo rural. Com sua arquitetura estereotipada aos moldes
europeus o contraste se destacava nas esquinas, becos e ruelas estreitas, os trabalhadores
pobres, vagabundos, mendigos, prostitutas e os chamados “pivetes”, enquanto nos centros
urbanos circulavam a riqueza. Milhões de crianças encontravam-se nas ruas, relegadas a sua
própria sorte, submetidas ao trabalho precoce e sem mínimas perspectivas de crescimento.
Acerca disto Rizzini (1993) destaca o discurso do Senador Lopes Trovão:
1
Fazendo alusão a esse processo de mudanças de estigmas que se constituiu como marco inicial para as
conquistas alcançadas futuramente no âmbito dos direitos sociais nesta área, as autoras ainda destacam que
“Sobre a ‘pessoa’ não pode haver o direito de propriedade e posse, a não ser nos casos específicos da escravidão
em que a própria condição humana é negada, na medida em que o ser é colocado na condição de objeto de
satisfação dos interesses e desejos de outrem”. (BIDARRA e OLIVEIRA, 2007, p. 156)
17
direitos. (PINHEIRO, 2001). Nessa perspectiva, no final da década foi elaborado o Código de
Menores de 1979, promulgado em 10 de outubro de 1979 pela Lei nº 6.697. Essa Legislação
introduziu o conceito de “menor em situação irregular”, entendendo essa categoria pelas
seguintes definições:
De acordo com Silva (2005) o Código já nasceu defasado porque conservava, em sua
essência, a filosofia menorista do Código anterior, não correspondendo aos interesses da
sociedade e nem das crianças e adolescentes, pois se fundamentava nas diretrizes da Política
Nacional do Bem-Estar do Menor (PNBEM). Além disso, o novo Código apresentava duas
importantes críticas: os “menores” eram punidos por estarem em “situação irregular”, e,
portanto culpabilizados por uma responsabilidade da qual não detinham, pois eram fruto das
condições de pobreza em que viviam e pela falta de políticas públicas; e a segunda crítica se
refere à privação de liberdade sem direito a defesa desses “menores” por suspeita de ato
infracional. (SILVA, 2005, p. 33 apud BIDARRA e OLIVEIRA, 2007, p. 161)
É nesse contexto de transformação que a sociedade brasileira adentra a década de
1980, marcada por ser decisiva para a formação de uma nova postura política, social e
econômica no país. Mais uma vez a rua tinha se tornado o “lar” daquelas crianças e
adolescentes, construindo um cenário de realidade difícil: elevadas taxas de mortalidade
infantil, por fome ou doenças previsíveis ao extermínio desse público-alvo; prostituição
infanto-juvenil aos altos índices de analfabetismo; violência doméstica e institucional à
exploração; e à inserção precoce de crianças e adolescentes no mercado de trabalho. Naquele
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Desse modo, várias lutas sociais foram eclodindo no país e as décadas de 1970 e 1980
se caracterizam pelas conseqüências da chamada Globalização2. Esse fato exerceu algumas
influências nacionalmente, a sociedade brasileira na década de 1980 passa por um clima de
efervescência com o processo de transição político-democrática, merecendo destaque o
exercício de democracia, cidadania e regulamentação do estado de direito. O surgimento e a
consolidação de práticas que consolidaram a assistência à infância e juventude do Brasil, que
se concretizou no espaço da sociedade civil e o processo de articulação das entidades
governamentais, culminaram no processo de elaboração da Constituição Federal de 1988 3 e
dois dos seus artigos foram destinados à criança e ao adolescente 227 e 228:
2
Após a II Guerra Mundial, iniciou-se o mais longo período de crescimento contínuo do capitalismo, abalado
apenas pela crise do petróleo. Uma das principais causas desse crescimento foi a expansão de um grupo bem
definido de grandes empresas, das quais cerca de 500 atingem dimensões gigantescas, são as
denominadas multinacionais. A Globalização surge neste contexto e consiste na expansão mundial de
informação, e que a internet é seu principal precursor.
3
A Constituição Federal de 1988 é Lei maior, que organiza o Estado, estabelece a forma de governo e fixa os
direitos e garantias individuais. Nenhuma outra norma pode estar em desacordo com esta. As Constituições
estaduais completam a organização local e têm predominância sobre as leis estaduais. Sua aprovação e
promulgação é resultado de várias lutas sociais de um Estado democrático de poder.
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condições estas que precisam ser garantidas pela família, sociedade civil e Estado, não nesta
respectiva ordem, mas concomitantemente. È imprescindível, portanto, a garantia de
condições de vida digna para o que se chama de “futuro da nação”.
É importante reconhecer o papel que o Estatuto da Criança e do Adolescente exerce na
sociedade brasileira, contudo, também se faz necessário um olhar crítico a respeito da
implementação das políticas que nele estão asseguradas. A violação de direitos persiste em
vários âmbitos da vida dessas crianças e desses adolescentes.
O que de fato ocorre hoje é que os direitos preconizados no ECA estão ameaçados,
precarizados, reduzidos, e suas condições reais de serem efetivados sofrem ameaça pelo
neoliberalismo, pois este que foi o impulsionador para sua promulgação4 é o mesmo que
impõem limites para sua implementação. Assim, a indispensável ampliação das políticas
públicas, como instrumento de efetivação do ECA tem ficado bastante restrita. O Estado tem
subsidiado políticas públicas fragmentadas e incentivado a intervenção da filantropia, nas
atuais Organizações Não-Governamentais (ONG’s).
4
A promulgação do ECA foi promovida no Governo de Fernando Collor de Mello (1990-1992), que assinou a
Lei por pressões exercida internacionalmente e nacionalmente. Ele obedeceu às reivindicações, pois seu governo
estava desacreditado. Assim, o ECA foi institucionalizado no movimento dialético entre a conjuntura nacional e
a internacional que caminhava em direção ao neoliberalismo.
24
que nem sempre coincidem com as necessidades da população. Ao realizar uma visita ao
CONSEC-RN em Abril de 2012, em conversas informais com um dos profissionais foi
possível constatar que não há nenhum trabalho sendo desenvolvido no que tange a Alienação
Parental, as capacitações, as campanhas e as discussões de competência desse órgão não tem
colocado na sua agenda essa temática.
O RN é composto por 167 municípios, em todos eles já tem implantado os Conselhos
Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente. De acordo com uma pesquisa realizada
em 2004, verificou-se que apenas 29% dos conselhos possuíam plano de ação, destes apenas
38% tinham feito monitoramento e avaliação. Esses fatos reforçam uma cultura histórica no
Brasil de não realizar avaliação da efetividade das políticas públicas
A Capital do RN, cidade de Natal, foi criada pela Lei Complementar Estadual 152 de
16.01.1997, fazendo parte do que se chama de Região Metropolitana de Natal as cidades de
Natal, Ceará-Mirim, Extremoz, Macaíba, Nísia Floresta, Parnamirim, São Gonçalo do
Amarante, São José do Mipibú, Monte Alegre e Vera Cruz. A capital potiguar é a capital com
melhor qualidade de vida do Norte-Nordeste, é a vigésima cidade mais populosa do país,
detendo em 2010 uma população de 810.780 habitantes, além de ser a sede da quarta maior
Região Metropolitana do Nordeste brasileiro, 15ª maior do país e 369ª maior do mundo. É na
cidade de Natal que se concentra grande parte das instituições de atendimento infanto-juvenil,
compreendida pelas Organizações Não-Governamentais, como: Grupo de Apoio à Criança
com Câncer (GACC), Casa Durval Paiva, Casa Renascer; Organizações Governamentais:
Fundação da Criança e do Adolescente (FUNDAC), a qual é composta pelo SOS Criança,
Centros Educacionais (CEDUC’s) e Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente
Infrator (CIAD); Delegacia Especializada da Criança e do Adolescente (DCA); Casa de
Passagem I, Casa de Passagem II, Casa de Passagem III e Casa de Passagem IV; I Vara de
Infância e Juventude, II Vara de Infância e Juventude. Centro de Referência Especializado em
Assistência Social (CREAS), nas quatro zonas da cidade, Leste, Oeste, Norte e Sul e
Conselhos Tutelares; Ministério Público.
Os órgãos e instrumentos de efetivação dos direitos sociais se constituíram por um
processo democrático, porém a política neoliberal tem favorecido para que haja uma regressão
das conquistas alcançadas. Neste momento é importante questionar o que de fato estão
chamando de “democracia”, uma forma de governo onde a população tem direito de participar
das decisões? As pessoas que estão no poder, teoricamente representando a vontade da
população, na verdade estão atendendo seus próprios interesses, favorecendo a lógica
27
Há algumas décadas a violência tem feito parte dos espaços de discussões no mundo
inteiro, vem se intensificando e aprofundando cada vez mais as pesquisas a respeito desse
assunto. Foram constatados vários tipos de violência e de uma forma mais geral, ela se
classifica em violência física, aquela que deixa marcas visíveis no corpo da vítima e violência
psicológica, caracterizada por ser mais silenciosa, pois suas seqüelas não são visivelmente
encontradas no corpo das vítimas, uma vez que ela atinge o seu estado psíquico.
Ao discutir a violência é imprescindível que se faça uma análise da sua inserção nas
relações sociais, as quais produzem e reproduzem as mazelas sociais conhecidas como
expressões da “questão social”. Esta que é fruto da sociedade madura e ao longo do
desenvolvimento do Capitalismo vem recebendo novas configurações, caracterizando o que se
considera “novas roupagens da questão social”.
Essas novas transformações na sociedade se relacionam com fatores sociais, culturais,
econômicos e políticos, impulsionando uma modernização em todos esses âmbitos. Nesse
sentido, merece destaque, principalmente, as mudanças ocorridas no papel que as mulheres
vêm conquistando, cada vez mais participando da política e crescendo no mercado de
trabalho, enquanto que os homens ocupam um importante espaço no lar e na criação dos
filhos. Essas novas representações de gênero têm implicado o crescimento no número de
divórcios e o surgimento de famílias monoparentais, dentre outras implicações. Aqui merece
destaque a Alienação Parental, um fenômeno que não é novo, mas vem sendo denominado
recentemente, compreendido como um tipo de violência psicológica praticada contra crianças
e adolescentes. O entendimento da responsabilidade da família, comunidade, sociedade civil e
Estado, de proteção à integridade física e psicológica infanto-juvenil, é crucial para desvelar
as características e aspectos da Alienação Parental.
Destarte, é perceptível o nível mais profundo de interferência do sistema político-
econômico e social-histórico de produção capitalista, onde este alcança o subjetivo e as
relações sociais, aprimorando a individualidade e a desumanização da relação intrafamiliar
diante da questão econômica, sem levar em consideração o que a prática de furtar o convívio
do outro pode acarretar, visto que, o afeto é uma condição também objetiva de sobrevivência.
29
como uma temática de suma importância no debate contemporâneo. Segundo Passetti (2002),
a violência é tida como uma característica inerente à espécie humana, um tema com diversas
possibilidades de abordagens, uma marca cada vez mais perigosa, alardeada entre as práticas
sociais, porém o que se apresenta de fato é que a bondade é da natureza do homem e as
condições sociais é que os fazem perversos, violentos e mesquinhos.
Nesse sentido, entende-se por violência as ações de pessoas, grupos, classes ou nações
que afetem prejudicialmente a sua ou de outrem a integridade física, moral, mental ou
espiritual. É importante entender que a violência não é somente aquela cujas conseqüências
são identificadas na superficialidade, ela atinge o subjetivo e possui vários caminhos para se
concretizar. Como afirma Michel Wieviorka (2006), o mundo se transformou de forma
significativa, portanto, não há como se referir à violência como se fazia anos atrás, pois, a
violência também mudou assim como suas representações. O próprio entendimento de sua
concepção se alterou, esta passa a ser percebida para além das condições objetivas, cujo
alcance atinge o subjetivo – tão necessário para o desenvolvimento humano e a construção de
sua identidade.
Conforme Chaui (1985) é possível fazer uma associação da violência com um
elemento fundamental para sua concretização, o poder. O fato é que os seres humanos sofrem
um processo de “coisificação”, isto é, a violência é a “conversão de uma diferença e de uma
assimetria numa relação hierárquica de desigualdade com fins de dominação, de exploração,
de opressão (...)” (CHAUÍ, 1985, p. 37 apud PAVEZ e OLIVEIRA, 2002, p. 85). Ao
aprofundar a discussão entre força e poder, Chaui afirma:
sustento econômico do grupo familiar, ou seja, as mulheres são ensinadas desde cedo a cuidar
dos filhos e de tudo que diz respeito ao lar e ser mãe está associada à identidade da mulher,
uma vez que seu corpo proporciona uma estrutura para conceber seus descendentes. Já os
homens são ensinados a serem empreendedores, competidores, provedores e a paternidade é
uma função que poderá ser adicionada. Acerca disso Romanelli (2003) “assinala que na
construção social da identidade de gênero, homens e mulheres recebem orientações diferentes,
sendo os meninos preparados por seus pais para serem provedores, enquanto as meninas são
mais vigiadas e ensinadas a cuidar dos outros e do lar.” (ROMANELLI , 2003 apud SOUSA,
2009 a)
É somente no século XIX, que o modelo de família patriarcal recebe suas primeiras
críticas e questionamentos, impulsionadas pelo movimento feminista que desencadeou
discussões nas relações de gênero, redefinições dos papéis masculinos e femininos, papéis
públicos e privados, comportamento sexual definido segundo o sexo, constituição da mulher
como individuo e construção da individualidade e da identidade pessoal. É neste momento
que os papéis do homem e da mulher no casamento passam a receber nova compreensão. A
escolha do parceiro por amor, por exemplo, é algo que aparece muito fortemente superando a
dicotomia entre amor e sexo, caracterizando o modelo conjugal. No século XX, o Brasil
legitima judicialmente a mudança de papéis sociais, pois na Constituição de 1988 a mulher e
o homem são reconhecidos com igualdade no que diz respeito aos direitos e deveres na
sociedade conjugal. Porém, é possível observar que apesar das conquistas alcançadas esse
processo de modernização ainda não conseguiu abranger todas as camadas sociais e até os
dias atuais observa-se a existência do modelo patriarcal e do modelo conjugal. (GUEIROS,
2002, p. 107)
Mudanças que ocorrem em nível mundial atingem a dinâmica familiar, de forma mais
geral (macro-social), como a política ditada pelos países ricos, que tem como conseqüências o
desemprego, a recessão e a criminalidade. Esses fatos atingem direta e indiretamente as
famílias, o número de filhos por família tem se reduzido e o índice de conflitos familiares
aumentado, por exemplo. De uma forma geral, Gueiros (2002) destaca a alteração no perfil
demográfico da população, aumento da média expectativa de vida, expansão urbana,
crescimento dos serviços terciários, maior difusão da educação formal, mudanças nos padrões
culturais e crescimento de novos circuitos de comunicação, influindo diretamente na estrutura
familiar e gerando novas formas de sociabilidade, principalmente entre as mulheres e jovens.
34
Cada membro familiar sofreu mudança no seu papel alterando sua estrutura e organização.
Nesse sentido Szymanski (2002) afirma:
A família tem sido alvo de discussões freqüentes na atualidade, onde tem se discutido
bastante o que estão chamando de desestruturação familiar, caracterizada por uma crise na
estrutura de família considerada regular, que compreende pai (homem), mãe (mulher) e filhos.
A tradicional “família estruturada” teoricamente não vivencia conflitos entre pais e filhos, na
criação e convivência entre seus membros. Porém, ultimamente a sociedade tem assistido à
modelos diferenciados de estruturas familiares, que reproduzem as dinâmicas sócio-históricas.
Contudo, conceituar o que se chama de família hoje tem remetido para definições bem
pessoais, ao ideal que cada um tem sobre sua própria família, a qual assume diversas
configurações.
Numa perspectiva mais geral Losacco (2007) define que “família é a instituição
responsável pela socialização, pela introjeção de valores e pela formação de identidade”,
valendo salientar que essa instituição como organismo natural não acaba e que, enquanto
organismo jurídico, requer uma nova representação. Numa concepção conservadora e
ultrapassada, a religião reconhece a família como aquelas formadas unicamente pelo
casamento religioso. A nova concepção que se constrói é baseada mais no afeto do que nas
relações de consangüinidade, parentesco, ou casamento, abrangendo grupos formados por
qualquer um dos pais ou ascendentes e seus filhos, netos ou sobrinhos, seja mãe solteira, seja
pela união estável entre casais heterossexuais ou homossexuais. (LOSACCO, 2007, p. 64)
Desse modo, novas composições de família têm aparecido nas cenas atuais e nesse
sentido, Kaslow (2001) menciona as seguintes: família nuclear, com filhos biológicos;
famílias extensas, incluindo três ou quatro gerações; famílias adotivas temporárias (Foster);
famílias adotivas, que podem ser raciais ou multiculturais; Casais; famílias monoparentais,
chefiadas por pai ou mãe; Casais homossexuais com ou sem crianças; famílias reconstituídas
depois do divórcio; e várias pessoas vivendo juntas, sem laços legais, mas com forte
compromisso mútuo. (KASLOW, 2001 apud SZYMANSKI, 2002, p. 10) As transformações
35
ocorridas na composição das famílias têm causado impacto à sociedade em geral e as pessoas
ainda estão em processo de assimilação do novo contexto. Mas o que de fato é importante
perceber é que a forma de composição de uma família não determina o relacionamento dos
membros, pois assim como afirma Szymanski (2002) “o que de fato exerce influência neste
caso é sua história de vida, a classe social a que pertence e a cultura.” (SZYMANSKI, 2002,
p. 17)
Os novos arranjos familiares se devem às mudanças nas relações sociais e uma das
mais marcantes e que exerceu intensa influência na família foram as conquistas das mulheres,
onde o movimento feminista se destaca como precursor nesse processo, consolidando a
representação das mulheres que está posta atualmente. As conquistas e mudanças
consolidadas nesses arranjos foram construções coletivas, uma vez que as transformações não
dependem de decisões individuais, e suas conseqüências exercem influências que abrangem
as relações sociais como um todo. A mulher detém exclusivamente o poder de decisão sobre a
geração de filhos, com o avanço da medicina e das técnicas de contracepção, elas decidindo o
momento desejado para engravidar, podendo fazê-lo sem, necessariamente, ter um marido.
Trata-se de um cenário de construção coletiva de muitas lutas para conseguir acabar
com alguns estigmas e conquistar uma posição digna e admirável numa sociedade machista.
Esse processo árduo proporcionou às mulheres incorporarem o discurso da independência e
da realização profissional, ou seja, ampliou-se a identidade feminina, anteriormente
caracterizada pelo modelo tradicional de dona-de-casa e de mãe. O número de famílias que
são chefiadas por mulheres têm crescido consideravelmente nas últimas décadas, apesar de
que o modelo de família patriarcal ainda exerce predomínio.
Segundo Ribeiro e Sabóia (1996), as famílias que o pai (marido) está ausente
encontram mais dificuldades na sua subsistência, isso se deve ao fato de que a mulher,
principal provedora da família, possui salário inferior ao dos homens e enfrentam dificuldades
adicionais de inserção regular no mercado de trabalho. As autoras acrescentam que as
crianças destas famílias, provavelmente, terão menores chances de escapar do círculo da
pobreza, pois precisarão ingressar no mercado de trabalho mais cedo para garantir a
sobrevivência, abandonando a escola precocemente.
Bruschini (1993) chama de três diferentes estruturas no papel que as mulheres
exercem na família atualmente: além da reprodução mais dois papéis foram adicionados, a
sexualidade (que era privativa do homem) e a socialização das crianças. O fato das mulheres
continuarem sendo donas-de-casa e trabalharem fora dela também tem causado uma
36
sobrecarga na sua rotina, diante das exigências sociais e pessoais quanto ao seu desempenho
como mãe e profissional bem-sucedida e as diversas responsabilidades na vida pública e no
espaço doméstico, tem ocasionado um alto índice de desgaste físico e emocional.
(BRUSCHINI, 1993, p. 58). Acerca disso Coelho (2002) comenta:
O fato da mulher não mais ter dedicação exclusiva para seus filhos tem exigido do
homem uma maior participação na criação da sua prole. A figura de pai também tem
assumido uma nova configuração, tem crescido número de famílias monoparentais chefiadas
pelo pai e vivencia-se, portanto, um momento de aprendizado paterno e até mesmo de homens
“donos-de-casa”. Todavia, estudos recentes apontam que na divisão sexual de tarefas as
mulheres permanecem sobrecarregadas.
Esse cenário que permeia e adentra as famílias atualmente tem opiniões e definições
diversas, de modo que duas teorias primordiais fazem essa discussão: a teoria funcionalista,
ao refletir sobre a família acentua enfaticamente a importância de a criança ter, nos primeiros
estágios de desenvolvimento, uma relação especial, íntima e intensa com a mãe. Essa reforça
uma concepção tradicional, conservadora. Já a teoria Marxista concebe “a família como um
grupo social voltado para a reprodução da força de trabalho, no qual os membros do sexo
feminino têm a função de produzir valores de uso na esfera privada, e aos homens cabe a
produção de valores troca, através da venda da sua força de trabalho no mercado”.
(BRUSCHINI, 1993, p.59) Sendo assim a família é uma instituição mediadora entre o
mercado de consumo e o de trabalho. Esta é uma teoria mais moderna com valores
diferenciados, mas que ainda reforçam os definidos papéis entre masculino e feminino,
quando o modernismo tem abolido essas definições fechadas.
As transformações sociais decorrentes do processo histórico que construiu o novo
cenário das famílias atuais, as quais no senso comum e de forma pejorativa são conhecidas
pelas “famílias desestruturadas”, implicaram em novas dinâmicas da função de cada membro
que constitui essa família e desencadeou vários conflitos na sociedade.
37
5
Trata-se de uma fundação pública da administração federal brasileira criada em 1934 e instalada em 1936,
possui atribuições ligadas às geociências e estatísticas sociais, demográficas e econômicas, o que inclui realizar
censos e organizar as informações obtidas nesses censos, para suprir órgãos das esferas governamentais federal,
estadual e municipal, e para outras instituições e o público em geral.
39
geralmente, por grande abalo emocional. A respeito disso Nazareth (2004) afirma que toda
separação tem conseqüências que provocam muita turbulência em todos os envolvidos.
Mesmo aquelas desejadas, as que ocorrem depois de anos de insatisfação e sofrimento, trazem
ao lado da sensação de alívio decorrente de algo penoso que se acaba, sentimentos intensos de
solidão, vazio e raiva. (NAZARETH, 2004, p. 32 apud SOUSA, 2009 a, p. 21)
O contexto sócio-histórico dos atores sociais envolvidos na trama conflituosa das
relações sociais é extremamente relevante na compreensão dos fenômenos sociais. Nesse
sentido, Bauman (2004) menciona a influência da atual “cultura consumista, as relações
amorosas, como sentimento, que visam um prazer e satisfação imediata”. (BAUMAN, 2004,
apud SOUSA, 2009 a, p. 23) Considerando esta relação baseada em interesses individuais,
egoístas e por vezes exploradora, é fácil estabelecer uma interlocução com o sistema
Capitalista, em que os bens materiais são a cada dia substituídos por outros mais modernos e
os relacionamentos estáveis perderam sua estabilidade e as pessoas se tornaram descartáveis e
são trocadas por uma versão mais “aperfeiçoada”.
Assim, Sousa 2009 a, aponta que apesar do crescente número de separações
conjugais, a mudanças no âmbito social, jurídico e legislativo, ainda são lentas e insuficientes
para darem o suporte necessário às famílias que vivenciam este conflito. Considerando que as
relações entre os ex-cônjuges, geralmente, terminam de maneira conflituosa há um grande
desafio: eles conceberem a idéia de que enquanto divorciados, eles deixam de possuir relação
marital, porém suas funções enquanto pai e mãe permanecem. A harmonia entre os pais
implicam diretamente no desenvolvimento dos seus filhos, como afirma Cunha (2010):
na qual um genitor procura afastar seu filho ou filha do outro genitor intencionalmente,
causada através de informações contínuas no intuito de destruir a imagem do genitor alienado
na vida da criança”. (GARDNER, apud SOUSA, A, 2009, p. 123). Merece destaque o fato
desse fenômeno social não ser provocado somente pelos genitores, pois na tentativa de alienar
o pai e/ou a mãe, o outro parente próximo, como por exemplo avós e tios (as), fazem uma
série de acusações denegritória da imagem de outrem como forma de abuso emocional
enfraquecedor do relacionamento parental, causando uma disfuncionalidade decorrente dessa
dialética familiar, em que os filhos passam a ser objeto de litígio conjugal. As crianças são
usadas como instrumento de agressividade direcionada ao parceiro, provocando o que se
chama de “coisificação” do ser humano. A briga entre os parentes próximos da criança a
desestabiliza, pois sua formação depende da convivência com ambos os genitores. (OLIVEN,
2010, p.132)
Algumas décadas passadas a Alienação Parental era conhecida popularmente no Brasil
como “indução” visto que se caracteriza por uma campanha de desmoralização de um dos
genitores, onde os filhos são induzidos a odiar um de seus genitores. Acerca da indução e suas
possíveis conseqüências Paula Lôbo (2009) menciona:
cônjuge ou companheiro aos filhos como “a sua nova mãe” ou “o seu novo pai”; interceptar a
correspondência dos filhos (por quaisquer meios: internet, redes sociais, cartas, telegramas,
telefonemas etc); desvalorizar e insultar o outro genitor na presença dos filhos; recusar
informações ao outro genitor sobre atividades extraescolares em que os filhos estão
envolvidos; impedir o outro genitor de exercer seu direito de visita; “esquecer-se” de avisar o
outro genitor de compromissos importantes (dentistas, médicos, psicólogos); envolver pessoas
próximas na “lavagem cerebral” dos filhos; tomar decisões importantes a respeito dos filhos
sem consultar o outro genitor (escolha da religião, escola etc); dentre outros. (SILVA, 2011,
p.59)
A partir das análises das 12 entrevistas realizadas na instituições Conselho Tutelar
Zona Oeste, SOS Criança e CREAS Leste, verifica-se que 58,3% mostrou domínio ao
conceituar o tema e 41,7% não conheciam o termo “Alienação Parental”. Apesar de mais de
50% dos entrevistados conseguirem conceituar esse tipo de violência, uma parcela
significativa dos profissionais que estão inseridos nos espaços que a alienação parental se faz
demanda recorrente ao ser interrogado sobre a temática respondeu: Entrevistado 10 – “Como
assim? Me explique mais alguma coisa, nunca ouvi falar sobre isso.”; Entrevistado 11 –
“Alienação Parental... esse nome talvez seja uma expressão muito técnica, eu preciso entender
melhor, você pode me explicar o que é isso?” Após ficarem sabendo do que se trata a
alienação parental todos os entrevistados dizem conseguir identificar como demanda na
instituição que trabalha, 66,7% com muita frequência e 33,3% como uma demanda que
aparece, porém com pouca frequência.
Ao analisar um dos instrumentos de trabalho utilizado no SOS Criança, a planilha de
registro dos casos de violação de direitos contra crianças e adolescentes (conforme Anexo 1),
verificou-se que alguns casos (10 especificamente analisados) que, pelas características das
informações colhidas, possivelmente fossem casos de Alienação Parental não foram
devidamente identificados e trabalhados como tal. A equipe, em seu fazer profissional, não
conseguiu constatar a violência denunciada e, por este motivo, encerrou o caso sem maiores
investigações para saber se de fato não estava havendo nenhum conflito familiar.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBGE em 2002, 91% dos casos de
alienação parental o agente alienador é a mãe, e a metade dos casos no geral, são de acusações
de abuso sexual e é também os casos mais graves e devastadores para as crianças. Esses dados
reforçam a cultura conservadora que ainda predomina na sociedade brasileira, apesar dos
avanços alcançados, alimentando a idéia de que “pai não sabe cuidar da criança”, “o único
42
amor verdadeiro que existe é o de mãe”, e por estes dois motivos elas entram no jogo de
interesses próprios em que o único partido perdedor do jogo são seus próprios filhos.
As pessoas sofrem diariamente com os estragos causados pela SAP em suas vidas, a
partir da interrupção do exercício parental dos genitores alienados, são 20 milhões de “órfãos
de pais vivos” atualmente no Brasil, apesar dessa síndrome não ser registrada nos catálogos e
códigos internacionais (CID-10 e DSM-IV). (SILVA, 2011, p.64-65). Algumas implicações
desse número de crianças que sofrem essa violência psicológica são: queda no rendimento
escolar, perda de concentração, diminuição da motivação para outras tarefas, diminuição da
autoestima, é muito provável que desenvolva atitudes de rebeldia na adolescência etc. Alguns
dos comportamentos que merecem destaque são: a criança denegrindo a imagem do genitor
alienado, apoiando e sentindo a necessidade de proteger o genitor alienador, por medo das
ameaças que sofre, relata acontecimentos inverossímeis.
As “falsas memórias” é uma manipulação emocional que o alienador tenta impor sobre
a criança ou adolescente. São instauradas na mente e na vida de pessoas em estado peculiar de
desenvolvimento, além de induzi-los a mentir, de tanto repetir a faz acreditar na história, se
tornando um ato compulsivo de mentir e resultando no que Silva (2011) chama de “registros
memônicos”, é quando sua memória estrutura a ocorrência de fatos que não se concretizaram,
relata-os repetindo diversas vezes para várias pessoas, como psicóloga, assistente social,
delegado, Juiz, promotor de justiça, professora, dentre outros profissionais.
Nessa perspectiva, foi pensando nas transformações ocorridas na sociedade,
considerando a dimensão que essa violência psicológica ocasiona aos que dela sofrem,
entendendo que a afetividade materna e paterna é imprescindível para o desenvolvimento dos
filhos, apesar da dificuldade em identificá-los e classificá-los como alienação parental, é que
em 26 de Agosto de 2010 foi sancionada a Lei 12.318/2010 que dispõe sobre a temática,
alterando o artigo 236 da Lei 8069/1990:
É necessário inserir de forma mais intensa na agenda pública o debate sobre esta
forma de violação de direitos e ainda, a concretização da inserção desta temática no
enfrentamento da violência contra o público infanto-juvenil. Assim, os programas e ações
direcionadas para esse segmento da classe social devem promover práticas de discussões
visando clarear a problemática e viabilizar para a população a compreensão da SAP, visto que,
a comunidade e a escola são espaços importantes para a garantia do desenvolvimento
saudável deste segmento.
Dessa maneira, é fundamental o trabalho interdisciplinar, no qual a criança precisa ser
pensada dentro e para a família, e vice-versa. É nesse sentido que o profissional de Serviço
Social se faz também um importante elemento na detecção da Alienação Parental – tendo em
vista que o seu aporte teórico-crítico é direcionado pela ética-política, mediando conflitos de
interesses no qual a proteção da criança se encontra como prioridade. Tal profissional tem a
possibilidade de utilizar seu caráter pedagógico no enfrentamento deste fenômeno,
encaminhando as famílias que necessitem de apoio psicossocial e assistência social para os
órgãos responsáveis, a partir de uma articulação com a rede de atendimento à criança e ao
adolescente. E é com base nesse argumento que o próximo capítulo traz algumas reflexões
sobre o fazer profissional do Assistente Social com relação a SAP.
46
mecanismos de três eixos, são eles: promoção (promove políticas públicas na assistência,
saúde e educação); defesa (compreende a sociedade civil organizada: os sindicatos, as
ONG’s); e controle (órgãos como delegacias, conselhos, programas sociais). O próprio ECA
dispõe essa estrutura no seu Art. 86. “A política de atendimento dos direitos da criança e do
adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-
governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.” (BRASIL,
2010)
Esses eixos devem trabalhar de forma articulada nas esferas: Federal, Estadual,
Distrital e Municipal. No entanto, após quase 22 anos de implementação do ECA este sistema
na prática, não está integralmente institucionalizado e vem trabalhando de forma
desarticulada, com problemas, inclusive, da qualificação de seus operadores e isso
compromete a implementação de políticas públicas que garantam os direitos assegurados pela
legislação em vigor.
As instituições em que esta pesquisa foi realizada são: Conselho Tutelar Zona Oeste,
SOS Criança e CREAS Leste. Estão inseridas, respectivamente, nos seguintes eixos: as
primeiras no eixo controle e a última na promoção. O Conselho Tutelar, assim como o SOS
Criança, foram criados para legitimação e efetivação das políticas preconizadas no ECA.
Assim de acordo com o estatuto as atribuições do Conselho Tutelar são:
Com relação ao surgimento do programa SOS Criança, este foi impulsionado pelo
MNMMR em articulação com o Departamento de Psicologia da UFRN em 1992, os quais
demonstraram interesse pela proposta e tomaram a iniciativa de fundar o SOS Criança em
Natal-RN, Programa do Governo do Estado do Rio grande do Norte, o qual faz parte da
FUNDAC, responsável por receber denúncias de crianças e adolescentes que possuem seus
direitos violados, ele se legitima nas três ocasiões mencionadas no art. 98 do ECA:
Profissionais
CREAS
SOS Criança
Conselho Tutelar
Gráfico 1
Gráfico 2
50
Gráfico 3
Gráfico 4
51
“Primeiro, a gente faz uma escuta, na escuta a gente entende toda a dinâmica
familiar, às vezes a gente faz algumas colocações para as pessoas
entenderem com elas estão agindo em relação ao filho, muitas vezes tem
pessoas que não se colocam no lugar do filho e não consegue perceber que é
uma criança que está sofrendo, que não existe isso de escolher ou pai ou a
mãe, ele quer ter o pai e mãe sempre! Esse exercício faz a pessoa refletir e
pensar como ela está agindo com a família.” (Trecho da fala do entrevistado
3)
“A gente conta com vocês Assistentes Sociais, como a gente não tem bola de
cristal, a gente pede um relatório das assistentes sociais. Vocês que vão dizer
uma visão que nós não temos. Para averiguar quem está falando a verdade, a
gente pede um relatório da assistente social e da psicóloga, vocês fazem a
visita e observam a casa, analisa a situação e no final emitem um parecer
técnico. Depois de receber o parecer técnico a gente toma as providências.”
(Trecho da fala do entrevistado 12)
“(...) que sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que
vivenciam desigualdades e a ela resistem e se opõem, É nesta tensão entre a
produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, que
trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movido por interesses
sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque
tecem a vida em sociedade. Exatamente por isso, decifrar as novas
mediações através das quais se expressa a questão social hoje é de
fundamental importância para o Serviço Social em uma dupla perspectiva:
para que se possa tanto apreender as várias expressões que assumem, na
atualidade, as desigualdades sociais – sua produção e reprodução ampliada –
quanto projetar e forjar formas de resistência e defesa da vida. Formas de
resistência já presentes, por vezes de forma parcialmente oculta, no cotidiano
dos segmentos majoritários da população que dependem do trabalho para sua
sobrevivência. Assim, apreender a questão social é também captar as
múltiplas formas de pressão social, de invenção e re-invenção da vida
construídas no cotidiano, pois é no presente que estão sendo recriadas
55
formas novas de viver, que apontam um futuro que está sendo germinado.”
(IAMAMOTO, 1997, p. 14 apud PAVEZ e OLIVEIRA, 2002, p. 87 )
“É uma área que se você não tiver muita paixão pelo o que faz, você não
trabalha. Porque não só são demandas muito complexas, muito pesadas,
muito difíceis, como as condições de trabalho, o que você tem para oferecer
aquela sujeito também é muito complicado. Então, se você não tiver amor e
muito sangue no olho, você não consegue.” (Trecho da fala do entrevistado
1)
É possível observar que ao demonstrar a afinidade que tem com a área de criança e
adolescente a fala do profissional se caracteriza por uma postura romântica, pois ele enfatiza
um certo “amor” pela profissão, sentimento este indicado como determinante na atuação
profissional. Este mesmo assistente social afirma que os casos de Alienação Parental chegam
com muita freqüência no CREAS, já o entrevistado 2 diz que “(...) sempre chega, mas não
com freqüência.” Há portanto, uma contradição na percepção dos dois profissionais já que
eles estão inseridos na mesma instituição de trabalho.
Ao conceituarem a Alienação Parental eles optaram por darem exemplos de casos que
já tiveram a oportunidade de trabalhar e ambos fazem menção às “falsas memórias”. O
entrevistado 1 diz a se tratar de um dos casos:
Ao que diz respeito às “falsas memórias”, o entrevistado 2 afirma: “(...) as vezes até se
utiliza de pedir para a criança mentir, colocar algumas situações que não aconteceram e
depois a criança acaba falando a verdade, diz que foi a mãe ou a avó que pediu para ela
mentir.”
É interessante observar que as chamadas “falsas memórias” são perceptíveis e
aparecem no processo investigativo de intervenção dos assistentes sociais, partindo da
premissa básica de que só se investiga aquilo que conhece e causa um certo incômodo, é que
essa atitude investigativa é o fomento básico desse profissional. A respeito desse caráter
investigativo Vera Lucia Tieko Suguihiro afirma:
57
“Deixo aqui meu testemunho e meu apelo, porque infelizmente nós temos
uma demanda constante, crescente, por mais que a gente trabalhe sempre
tem casos e também temos um número de profissionais restrito. A
precarização do serviço acaba nos tirando desses espaços de deliberação que
é tão importante.” (Trecho da fala do entrevistado 1)
É possível verificar, portanto, a tensão existente entre esse projeto profissional (compreende o
caráter prático-social dotado de liberdade e teleologia, capaz de realizar projeções e buscar
implementá-las na vida social) e a condição de trabalhador assalariado (onde as ações são
submetidas ao poder dos empregadores e determinadas por condições externas aos
indivíduos). Essa tensão é o que chama-se de “relativa autonomia do assistente social”, visto
que a instituição é responsável pela organização do processo de trabalho do qual esse
profissional participa. Esse fato possibilita muitas vezes, o não cumprimento do real papel ou
distorcendo sua intervenção, como o entrevistado 2 mencionou:
59
Em decorrência da alta demanda do CREAS, ela acaba por abarcar uma demanda que
não é sua competência e atrasa os casos que são de sua real função. É algo recorrente na rede
de atendimento em geral.
O Assistente Social, portanto, precisa reafirmar cotidianamente seu compromisso com
a Política Nacional de Promoção, Controle e Defesa dos Direitos da Criança e do
Adolescente, combatendo o aprofundamento das desigualdades e de violações de direitos
humanos infanto-juvenis, universalizando e fortalecendo o Sistema de Garantia de Direitos. É
necessário insistir na defesa de (re)politização das instituições governamentais, assim como as
ONG’s, para que o Estado e a sociedade civil se conscientizem do seu real papel e que a
política deve ser de responsabilidade do poder público. Com relação a SAP deve-se pensar
criticamente sobre a problemática, inseri-la na agenda de discussões, para se construir uma
forma de enfrentamento, delineando uma prática do assistente social pensando nas vítimas
desse processo, na perspectiva de amenizar os danos sociais causados na vida destas.
60
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Além disso, foi realizada uma visita ao CONSEC-RN com o intuito de saber se esse
conselho tem algum trabalho desenvolvido em capacitações ou campanhas na área da
alienação parental, e a conclusão da visita é que este órgão responsável por discutir temáticas
que abrangem a infância e juventude do RN, não leva em consideração a importância do tema,
desconhecendo portanto, as implicações e relevância que ele possui na vida dos envolvidos.
É necessário discutir e avançar na política com o montante de recursos necessários,
pois pouca possibilidade existe de produzir os efeitos esperados se à sua amplitude tal valor
não tiver correspondência. Contudo, participação nos conselhos não deve ser desarticulada da
mobilização social e da vinculação com os movimentos sociais e organizações de base
popular da sociedade em defesa dos direitos e das lutas sociais no Brasil, ainda que vivendo
tempos de despolitização do significado da participação social.
É possível destacar ainda, a relevância desse tema para o debate do Serviço Social,
visto que é uma profissão que luta pela ampliação, execução e efetivação dos direitos sociais.
Os profissionais entrevistados tiveram opiniões divergentes em alguns aspectos, mas
conseguiram atingir uma expectativa de resposta coerente ao se tratar das intervenções
realizadas por ambos.
A família contemporânea, portanto, tem se transformado e vivenciado algumas
determinações da ordem burguesa, que impõe limites e influencia a sua organização e os
dilemas do seu cotidiano. Esta ordem faz parte do que o sistema sócio-econômico vigente
prega: a redução da intervenção estatal e maior responsabilização dos sujeitos sociais. Esse
fato impõe barreiras para que os direitos sociais sejam efetivados, implementando políticas
sociais precarizadas e insuficientes. Há também um grande desrespeito das conquistas sociais,
como a legislação vigente, no caso da infância e juventude, o ECA. A Alienação parental é
mais uma forma de ataque aos direitos preconizados no ECA, mas as instituições que
trabalham com esse público sequer reconhecem sua importância e, portanto, de forma geral
não realizam intervenções que possam amenizar os danos causados às vítimas do processo. E
isso faz parte das práticas neoliberais, onde os profissionais não se interessam e não recebem
investimento no que tange as temáticas que permeiam seu cotidiano de trabalho, é mais
confortável para o estado não se preocupar com essas problemáticas e injetar na mente da
população práticas individualistas, que culpabiliza cada ser social por sua condição de vida.
63
REFERÊNCIAS
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e dá outras providências. In: Coletânea de Leis – Serviço Social. 5. ed. Gráfica Moura Ramos:
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Discponível em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Natal_%28Rio_Grande_do_Norte%29>.
Acesso em: 13 mar. 2012.
I - IDENTIFICAÇÃO:
NOME:
DATA DA ENTREVISTA:
SEXO:
INSTITUIÇÃO EM QUE TRABALHA:
TEMPODE SERVIÇO NA INSTITUIÇÃO:
JÁ TRABALHOU EM OUTRA INSTITUIÇÃO DA MESMA ÁREA? QUAL? QUANTO
TEMPO?
VÍNCULO EMPREGATÍCIO:
GRAU DE ESCOLARIDADE:
II - Questionamentos
PONTOS A SEREM ABORDADOS DURANTE A ENTREVISTA:
GOSTA DE TRABALHAR COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES (TEM
FAMILIARIDADE COM A ÁREA) ?
1. O que você sabe sobre Alienação parental?
2. No seu campo de trabalho você consegue identificar casos de Alienação Parental? Se
sim, com muita freqüência?
3. O que você acha que deve ser feito nesses casos?
4. De que forma a temática é trabalhada na instituição em que você está inserido (a)?
68
I - IDENTIFICAÇÃO:
NOME:
DATA DA ENTREVISTA:
SEXO:
INSTITUIÇÃO EM QUE TRABALHA:
TEMPODE SERVIÇO NA INSTITUIÇÃO:
JÁ TRABALHOU EM OUTRA INSTITUIÇÃO DA MESMA ÁREA? QUAL? QUANTO
TEMPO?
VÍNCULO EMPREGATÍCIO:
II – Questionamentos:
1. Conceitue sucintamente a Alienação Parental.
2. Tendo em vista as demandas da instituição, você consegue enxergar casos de
Alienação Parental? Com que freqüência?
3. Ao intervir nesses casos, quais os encaminhamentos realizados de acordo com o seu
fazer profissional?
4. Você tem participado de momentos de discussão coletiva na rede de atendimento á
criança e ao adolescente, tem se articulado e debatido o tema?
69
ANEXO (A)
70