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VII Conferencia Brasileira sobre Estabilidade de Encostas

COBRAE 2017 - 2 a 4 Novembro


Florianópolis, Santa Catarina, Brasil
© ABMS, 2017

ANÁLISE DE ESTABILIDADE DE TALUDE EM ATERRO DE


RESÍDUOS DE BENEFICIAMENTO DE ROCHAS
ORNAMENTAIS
Breno Matias do Nascimento
UFES, Vitória, Brasil, brenomnascimento@gmail.com

Raiza Borçato Broetto


UFES, Vitória, Brasil, raizabroetto@gmail.com

Patrício José Moreira Pires


UFES, Vitória, Brasil, patricio.pires@gmail.com

RESUMO: A indústria de rochas ornamentais tem papel fundamental na economia do país, gerando
renda e emprego para a população. Porém, gera dezenas de toneladas de resíduos sólidos por ano. A
extração mineral - outro setor da indústria de rochas ornamentais - é uma atividade potencialmente
degradadora que promove alterações ambientais muito impactantes, levando áreas à degradação
com a retirada de bens minerais não renováveis e deixando cavas exauridas com obrigação de serem
recuperadas. O objetivo deste estudo é analisar a estabilidade de um aterro industrial de resíduos
sólidos, construído sobre a cava de uma área degradada pela mineração, que não objetiva somente o
depósito, mas também a recuperação da área utilizando resíduos da própria mineração para seu
preenchimento. Para o desenvolvimento da pesquisa foram coletadas cinco amostras indeformadas
do material com o objetivo de determinar parâmetros geotécnicos adequados aos resíduos presentes
no aterro localizado na rodovia BR 101 norte, Km 259, Nova Carapina- Serra/ES. Procedeu-se a
caracterização geotécnica com a realização de ensaios de granulometria conjunta e a determinação
dos parâmetros de resistência se deu através de ensaios de cisalhamento direto. Dentro deste
contexto, os métodos convencionais de cálculo de estabilidade de taludes são comumente utilizados
em estudos de estabilidade em aterros, sendo assim a análise baseou-se nos métodos determinísticos
de Bishop Simplificado (1955), Jambu Simplificado (1968) e Morgestern e Price (1965). As
conclusões foram expressas em função dos valores de segurança obtidos, sendo comparados os
fatores de segurança calculados, através dos métodos oferecidos, pelo software Slope/W®, em
função das variações nos parâmetros geotécnicos e dos métodos analíticos utilizados.

PALAVRAS-CHAVE: Aterro industrial, análise de estabilidade, resíduos sólidos de mineração,


fator de segurança, Slope/W®.

1 INTRODUÇÃO indústrias próprias instaladas em todo o estado


do Espírito Santo. O estado é o principal
O estado do Espírito Santo tem como grande produtor e o maior processador e exportador de
impulsionador de sua economia a Indústria de rochas ornamentais do Brasil. A exploração de
Rochas Ornamentais, sendo considerado hoje o rochas ornamentais é o terceiro maior gerador
maior polo de beneficiamento da América de receita para o estado e responde por cerca de
Latina. Como rochas ornamentais, temos o 7% do PIB capixaba, segundo dados do
mármore, o granito, ardósias, arenitos, basaltos, governo do estado (MPES) em 2016.
gnaisses e quartzitos que são beneficiados em

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Por se tratar da extração de recursos naturais Assim, faz-se importante a adoção de métodos
não renováveis, a mineração, geralmente é vista para o cálculo de um fator de segurança que
como uma atividade altamente impactante e não venha dar resposta, de forma quantitativa, ao
sustentável. Por outro lado, a mineração é a problema de instabilidade de taludes. A
base da sociedade industrial moderna, literatura apresenta diferentes métodos
fornecendo matéria-prima para praticamente analíticos para essa situação, dentre os mais
todos os demais setores da economia, portanto, difundidos tem-se o método de Bishop
sendo essencial para o desenvolvimento Simplificado (1955), Jambu Simplificado
econômico e social, principalmente das regiões (1968) e Morgenstern e Price (1965), sendo
onde se encontram os polos de extração baseados na Teoria de Equilíbrio Limite.
(BRASIL, 2001).
Com o avanço da tecnologia, tem-se também o
No Brasil o resíduo gerado pelas indústrias surgimento de programas computacionais que
beneficiadoras de mármores e granitos preocupa vêm permitindo a realização de análises mais
proprietários, ambientalistas e governantes pela rigorosas, precisas e rápidas.
sua quantidade crescente. Esses resíduos são
dispostos, na maioria das vezes, diretamente no Este trabalho tem como objetivo geral analisar a
solo, sem nenhum controle, gerando grandes estabilidade de um aterro industrial de Resíduos
impactos ambientais. de Beneficiamento de Rochas Ornamentais
(RBRO), que é uma recuperação de área
A obrigatoriedade pelo gerenciamento dos degradada pela mineração, localizado na
resíduos sólidos de mineração por parte do rodovia BR 101 norte, km 259, Nova Carapina-
gerador está prevista na Lei 12.305/2010 Serra/ES, de modo a determinar o fator de
(BRASIL, 2010), incluindo a recuperação das segurança (FS).
áreas degradadas, tanto das cavas de mineração,
como pela disposição inadequada dos rejeitos.
Uma das formas de se fazer a destinação 2 DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
adequada destes resíduos é o reaproveitamento
em outros processos produtivos, ou a disposição A área de interesse para a análise da
final em aterros industriais. A disposição final estabilidade de taludes situa-se na Rodovia BR
em aterros industriais pressupõe a construção de 101, Norte, km 259, Nova Carapina, no
obras de engenharia preparadas para a município da Serra – ES (Figura 1).
disposição final destes resíduos de forma a
gerar o mínimo impacto sobre o ambiente e a
saúde humana (LORA, 2000).

Dentro deste contexto, os estudos geotécnicos


referentes à estabilidade de aterros de resíduos
sólidos se mostram cada vez mais importantes.
Os métodos convencionais de cálculo de
estabilidade de taludes desenvolvidos na
engenharia geotécnica são comumente
utilizados em estudos de estabilidade em aterros
de resíduos, por pesquisadores e profissionais Figura 1. Localização do aterro de resíduos RADEM NC
especializados. A análise da estabilidade de
taludes na fase de projeto e operação de um A referida área não se trata apenas de um aterro
aterro de resíduo é de suma importância para a de resíduos industriais, mas de uma área de
garantia da segurança e funcionalidade da recuperação geomorfológica com resíduos
mesma. (REMÉDIO, 2014). sólidos. A recuperação ambiental é realizada
pela empresa Manancial Projetos e Consultoria
Ambiental, a qual visa a recuperação da área

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degradada pela mineração por meio do
enclausuramento, em célula, da lama
proveniente do beneficiamento de rochas
ornamentais. Este tipo de aterro prevê a
diminuição do impacto ambiental característico
da implantação de aterros. Isto porque não
houve necessidade de escavar uma célula, já
que se trata de uma antiga cava de exploração
de rochas, desativada há anos. Ao fim da vida
útil da célula de deposição da RBRO, será
realizado um plano de recuperação da área Figura 2. Compactação da argila no fundo da célula
degradada o qual prevê a recuperação do relevo
topográfico originalmente existente por meio da
recomposição das curvas de nível do terreno,
finalizando com uma cobertura vegetal
superficial de acordo com as condições atuais
existentes no seu entorno.

A célula utilizada para a deposição da RBRO é


resultante do processo de extração da rocha para
a fabricação de agregados graúdos e para uso de
enrocamentos, sendo a segunda filial da
empresa Manancial Projetos para uma
Recuperação de Área Degradada pela
Mineração (RADEM), com capacidade
aproximada de 500.000 (quinhentos mil) m³
para recebimento de resíduos. Figura 3. Impermeabilização da célula com membrana
PEAD
Em termos hidrográficos entende-se que não há
lençol freático sob sua projeção já que o fundo
da célula é em rocha. Ainda visando o controle e monitoramento
ambiental foram implantados os seguintes
O RADEM NC é uma estrutura composta por sistemas:
escritório, estacionamento, rampa de pesagem,
duas rampas de acesso à célula e dois pátios de  Drenagens superficiais marginais,
manobra. objetivando o desvio, para fora da
célula, de águas de áreas vizinhas à
Como sistema de controle ambiental no RADEM;
RADEM NC foram executadas
impermeabilizações de fundo com argila  Reutilização, durante a operação, de
compactada (Figura 2) e geomembrana de percolados, para controle de emissões
PEAD (Figura 3). atmosféricas (poeira);

 Encerramento com camada de argila


compactada, para
minimização/eliminação de percolação
de água pelos resíduos;

 Controles via documentação enviada


pelo cliente, de umidade e classificação
de resíduos (NBR 10004/2004);

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 Drenagem testemunha, para
identificação de ocorrências de
vazamentos na geomembrana de PEAD;

 Piezômetros no maciço de resíduos


sólidos, para monitoramento de nível de
água;

 Monitoramento da qualidade de água


superficial de curso d’água próximo à
Recuperação.

2.1 GEOMETRIA DO ATERRO

A análise de estabilidade do aterro se dará em


duas etapas, atual (situação do aterro na data de Figura 5. Planta do aterro com vista dos cortes B-B’ e
coleta das amostras) e para a situação final do C-C’
aterro, de acordo com o projeto. As seções
escolhidas para estudo estão apresentadas na
Figura 10 e Figura 11. Para a situação atual foi 2.2 RESÍDUOS DO BENEFICIAMENTO
analisada a seção A-A’ (Figura 4) e para a DE ROCHAS ORNAMENTAIS
situação final do aterro foram analisadas a seção
A caracterização qualitativa do Resíduo do
B-B’ e C-C’ (Figura 5). A geometria atual do
Beneficiamento de Rochas Ornamentais
aterro segue o levantamento topográfico
(RBRO) foi realizada com base na NBR 10004
fornecido pela em empresa Manancial Projetos
(ABNT-2004) – Resíduos Sólidos/
e a geometria futura conforme o projeto de
Classificação. Por meio de amostragens em
implantação da empresa.
lamas fluidas desidratadas, com teor de
umidade abaixo de 30%, provenientes do
processo de desdobramento de rochas
ornamentais oriundas de empresas de
beneficiamento de rochas em operação no
município de Serra, ES. Foram analisados os
metais pesados existentes nos extratos
lixiviados (NBR 10005:2004) e no extrato
solubilizado (NBR 10006:2004) da RBRO e o
pH das amostras coletadas. Os resultados
obtidos nas análises laboratoriais efetuadas
indicam a classificação dos resíduos sólidos
como Classe II-A e II-B. Na figura 6 pode ser
observado o aspecto visual do RBRO presente
Figura 4. Vista do corte A-A' na situação atual do aterro no aterro.

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Figura 6. RBRO presente no RADEM NC
Figura 8. Extração da amostra AM1

2.3 TRABALHOS DE CAMPO

2.3.1 AMOSTRAGEM

Para início do estudo foram coletadas cinco


amostras indeformadas do material do aterro, a
extração das amostras foi feita com cravação do
amostrador tipo shelby (Figura 7) e (Figura 8).
As cinco amostras foram extraídas em
diferentes alturas do aterro, a amostra AM5 foi
extraída na cota +4,80, a amostra AM4 na cota
+7,35, a amostra AM3 na cota +9,80, a amostra
AM2 na cota de +11,25 e a amostra AM1 a cota
+15,15, (Figura 9) e (Figura 10). As amostras
AM2, AM4 e AM5 foram coletadas na data Figura 9. Localização dos pontos de coleta de amostras
14/06/2016 e as amostras AM1 e AM3 foram
coletadas na data 13/07/2016.

Figura 10. Pontos de coleta de amostras

2.4 ENSAIOS DE LABORATÓRIO

Figura 7. Extração da amostra AM1 Todos os ensaios realizados nesta pesquisa


foram executados no Laboratório de Mecânica
dos Solos (LAMES), do departamento de
Engenharia Civil, da Universidade Federal do
Espírito Santo (UFES).

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2.5 DEFINIÇÃO DO SOFTWARE PARA A Tabela 5 apresenta as umidades
APLICAÇÃO DO MÉTODO ANALÍTICO higroscópicas das amostras, ou seja, a umidade
do resíduo quando seco ao ar. Esta umidade foi
Durante a etapa de Pesquisa Bibliográfica, utilizada para a obtenção do peso específico do
verificou-se nas análises de estabilidade de RBRO.
taludes o uso comum de softwares
especializados na modelagem dos corpos Tabela 1. Umidades higroscópicas das amostras
analisados. O conjunto de programas Amostras Umidade média (%)
desenvolvidos pela Geo-Slope International se AM 01 0,37
destacou por sua praticidade e por possuir AM 02 0,33
versões gratuitas para estudantes. AM 03 0,56
AM 04 0,37
Entre as ferramentas no pacote da Geo-Slope AM 05 0,44
International, o Slope/W® é o produto utilizado
para calcular o fator de segurança através de Como pode ser observado na tabela 1 a
diversas metodologias que utilizam análises de umidade higroscópica apresentou valores
equilíbrio limite, podendo modelar tipos menores do que 1, apesar do RBRO apresentar
heterogêneos de materiais com complexa umidade em torno de 30% no momento do
geometria, considerando diferentes superfícies depósito. Pode-se assim notar um ressecamento
de deslizamento e poropressão (GEO-SLOPE significativo do material.
INTERNATIONAL).
A distribuição granulométrica de cada amostra
Sendo assim, optou-se pelo uso da versão foi obtida por meio dos ensaios de
gratuita do o software SLOPE/W, da Geo-Slope peneiramento e sedimentação e apresentam-se
International, a qual disponibiliza análises de na figura 11.
estabilidade de taludes pelo método de Bishop
Simplificado, entre outros. Inicialmente, as Os ensaios foram realizados conforme as
seções definidas para análise, foram exportadas prescrições da norma NBR 7181 (ABNT-1984).
para o software Slope/W®, através de
coordenadas geométricas, onde foram
implementados os parâmetros geotécnicos
inerentes ao material presente no aterro

2.6 DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS


GEOTÉCNICOS

Posteriormente à definição do método analítico


a ser utilizado, foram definidos parâmetros
geotécnicos para o RBRO presente no aterro.
Entre as propriedades designadas inclui-se peso Figura 11. Distribuições granulométricas do resíduo –
específico, ângulo de atrito e coesão, de acordo Peneiramento e sedimentação
com o método analítico utilizado.
A classificação do resíduo pelo Sistema
Unificado de Classificação de Solos (SUCS) é
3 RESULTADOS
ML, siltes inorgânicos e areias muito finas,
3.1 ENSAIO DE GRANULOMETRIA alteração de rocha, areias finas, siltosas ou
argilosas com pequena plasticidade.
Abaixo estão apresentados os dados de
caracterização das cinco amostras, conforme A massa específica real dos grãos foi obtida
prescrição da NBR 6457 (ABNT-1986). pelo ensaio de picnômetro, prescrito pela
Norma Brasileira NBR 6508 (ABNT-1984).

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A Tabela 2 apresenta os valores encontrados
para massa específica real dos sólidos do
RBRO.

Tabela 2. Massa específica real dos sólidos

Amostras ρs MÉDIA (g/cm³)


AM 01 2,71
AM 02 2,71
AM 03 2,8
AM 04 2,69 Figura13. Curva Deformação Vertical x Deformação
AM 05 2,71 Horizontal

Analisando a Tabela 2, nota-se que todas as


amostras apresentaram massa específica real
dos sólidos entre 2,7g/cm³ e 2,8g/cm³, o que é
uma característica de material proveniente de
rochas graníticas.

A massa unitária média do solo dos corpos de


prova utilizados nos ensaios de resistência ao
cisalhamento foi de 1,73g/cm³ para a amostra
01, 1,81g/cm³ para a amostra 02, 1,81g/cm³
para a amostra 03, 1,94g/cm³ para a amostra 04
e 1,83g/cm³ para a amostra 05. Figura 14. Envoltória de Ruptura da amostra 01

Tabela 3. Resultados obtidos nos ensaios de


3.2 ENSAIO DE CISALHAMENTO cisalhamento direto e granulometria e sedimentação
DIRETO

As curvas de Tensão de Cisalhamento x


Deformação Horizontal, Deformação Vertical x
Deformação Horizontal e a Envoltória de
Ruptura da amostra 01 estão representadas nas
figuras de 12 a 14 Os resultados dos ensaios de
cisalhamento direto com os parâmetros de
resistência: coesão (c) e ângulo de atrito (φ) 3.3 ANÁLISE DE ESTABILIDADE
estão descritos na tabela 3, assim como o peso
específico aparente (ɣ) e peso específico
saturado (ɣsat) do material. Nas seções apresentadas, as cores utilizadas nas
figuras e o tipo de material correspondente são
mostrados abaixo na Figura 15:

Figura12. Curva Tensão de Cisalhamento x Deformação Figura 15. Legenda das cores adotadas nas seções
Horizontal utilizadas

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Para a análise de estabilidade de taludes foram
analisadas três seções: seção A-A’, seção B-B’
e seção C-C’. A Seção A-A’ corresponde ao
aterro na situação presente na data de coleta das
amostras (Figura 16) e as seções B-B’ e C-C’ a
situação final do aterro, de acordo com
especificações de projeto, (Figura 19) e (Figura
23) respectivamente. Para o aterro foi
considerada uma sobrecarga mínima de Figura 17. Análise de estabilidade pelo método de Bishop
20kN/m², de acordo com a NBR 11682 (ABNT- Simplificado - FS = 1,463
2009).

Na situação final do aterro foi incluída uma


camada de 0,5 m de solo argiloso, referente ao
encerramento da célula, que incluí a colocação
de argila/solo orgânico para o plantio de
vegetação. Como parâmetros deste solo foram
considerados o peso específico (ɣ) de 17kN/m³,
a coesão (c) de 30kPa e ângulo de atrito (φ) de
18º.
Figura 18. Análise de estabilidade pelo método de Bishop
Foi determinado em campo, por investigação, o Simplificado - FS = 2,26
nível de água máximo de 1,5m, proveniente das Como pode ser observado na tabela 4 os Fatores
águas pluviais e da própria umidade do de Segurança determinados pelos métodos de
material, que se acumulou na base do aterro. Bishop Simplificado e Morgenstern e Price são
Em cada análise será apresentado o bem aproximados, já o método de Jambu
correspondente Fator de Segurança quanto ao Simplificado é mais conservador e apresenta
escorregamento do talude, para o método de um menor Fator de Segurança para ambas
Bishop Simplificado, e para efeito comparativo regiões. Segundo as tabelas 1, 2 e 3 presentes na
também serão apresentados os Fatores de NBR 11682 (ABNT-2009), o nível de
Segurança correspondentes aos métodos de segurança contra danos a vidas humanas é
Jambu Simplificado e Morgenstern e Price. classificado como baixo e contra danos
ambientais é considerado como alto. Assim,
 ANÁLISE DA SEÇÃO A-A’ estima-se o valor de 1,4 para o fator de
segurança mínimo. Portanto, a situação atual do
aterro é considerada satisfatória.
Tabela 4. Fatores de Segurança obtidos nas análises de
estabilidade – Seção A-A’

Talude Talude
FS superior Situação inferior Situação
(Fig 7) (Fig 8)
Bishop
Figura 16. Seção A-A’ - Situação atual do aterro 2,26 Satisfatória 1,463 Satisfatória
Simplificado
analisada
Morgenstern-
2,262 Satisfatória 1,458 Satisfatória
Pelo método de Bishop Simplificado o menor Price
Fator de Segurança determinado foi de 1,463, Jambu
2,132 Satisfatória 1,401 Satisfatória
que ocorre na região do talude inferior (Figura Simplificado
17). Na região do talude superior o Fator de
Segurança determinado foi de 2,26 (Figura 18).

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 ANÁLISE DA SEÇÃO B-B’

Para a análise de estabilidade de talude na


situação final projetada, o aterro foi divido em 5
camadas, considerando a altura média do aterro
dividido por 5 (total de amostras retiradas), e foi
utilizada a mesma disposição e parâmetros das
amostras da seção A-A’.

Figura 21. Análise de estabilidade pelo método de Bishop


Simplificado - FS = 1,567

Figura 19. Seção B-B’ - Situação futura do aterro


analisada

A anális da seção B-B’, pelo método de Bishop


Simplificado, determinou que o menor Fator de
Segurança foi de 1,351 e ocorre na região do
talude indicado na figura 20. As figuras 21 e 22
apresentam os Fatores de Segurança de 1,567 e
1,427 determinados para os seus respectivos
taludes.

Figura 22. Análise de estabilidade pelo método de Bishop


Simplificado - FS = 1,427

Tabela 5. Fatores de Segurança obtidos nas análises de


estabilidade – Seção B-B’

Figura 20. Análise de estabilidade pelo método de Bishop


Simplificado - FS = 1,351
Seguindo os critérios da NBR 11682 (ABNT-
2009), classificamos os resultados obtidos para
as diferentes superfícies de ruptura quanto à
satisfatoriedade, como pode ser observado na
tabela 5. Os Fatores de Segurança determinados
pelos métodos de Bishop Simplificado e
Morgenstern-Price são bem próximos, já o
método de Jambu Simplificado é mais
conservador e apresenta um menor Fator de
Segurança. A pior situação encontra-se no
talude inferior da seção.

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 ANÁLISE DA SEÇÃO C-C’

Figura 23. Seção C-C’ - situação futura do aterro Figura 26. Análise de estabilidade pelo método de Bishop
Simplificado - FS = 1,810
analisada

A análise à direita da seção C-C’, pelo método


de Bishop Simplificado, determinou que o
menor Fator de Segurança foi de 1,503 e ocorre
na região do talude indicado na figura 24. As
figuras 25, 26 e 27 apresentam os Fatores de
Segurança de 2,409, 1,810 e 1,682
determinados para os seus respectivos taludes.
Figura 27. Análise de estabilidade pelo método de Bishop
Simplificado - FS = 1,682

Tabela 6. Fatores de Segurança obtidos nas análises de


estabilidade – Seção C-C’

Seguindo os critérios da NBR 11682 (ABNT-


Figura 24. Análise de estabilidade pelo método de Bishop 2009), classificamos os resultados obtidos para
Simplificado - FS = 1,503
as diferentes superfícies de ruptura quanto à
satisfatoriedade, como pode ser observado na
tabela 6. Os Fatores de Segurança determinados
pelos métodos de Bishop e Morgenstern-Price
são bem próximos, já o método de Jambu é
mais conservador e apresenta um menor Fator
de Segurança. Sendo a análise de estabilidade
da seção C-C’ satisfatória.

 ANÁLISE DA SEÇÃO B-B’ COM


INCLINAÇÕES ALTERADAS
Figura 25. Análise de estabilidade pelo método de Bishop
Simplificado - FS = 2,409
Como pôde ser verificado após a análise de
estabilidade, alguns valores dos Fatores de
Segurança obtidos da seção B-B’ são
insatisfatórios, logo uma intervenção no projeto
é necessária, com o objetivo de encontrar
valores maiores e satisfatórios para os Fatores

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de Segurança. Uma sugestão para a solução ocorre na região do talude indicado na figura
deste problema é a modificação da geometria 30. As figuras 31 e 32 apresentam os Fatores de
através da diminuição da inclinação dos taludes, Segurança de 1,964 e 1,783 determinados para
sendo esta uma alternativa mais viável, em os seus respectivos taludes.
termos econômicos.

Para uma nova análise, foi considerada a seção


B-B’. As inclinações dos taludes da situação
final de projeto foram modificadas. A
inclinação do talude inferior foi alterada de
1(V):1,1(H) para 1(V):1,5(H), a inclinação do
talude intermediário foi alterada de
1(V):1,35(H) para 1(V):1,5(H) e a inclinação do
talude superior foi alterada de 1(V):1,1(H) para
1(V):1,5(H) (Figura 28) e (Figura 29).
Figura 30. Análise de estabilidade pelo método de Bishop
Simplificado - FS = 1,567

Figura 31. Análise de estabilidade pelo método de Bishop


Simplificado - FS = 1,964

Figura 28 - Inclinações dos taludes - Seção B-B’

Figura 32. Análise de estabilidade pelo método de


Bishop Simplificado - FS = 1,783

Tabela 7. Fatores de Segurança obtidos nas


análises de estabilidade – Seção C-C’ Sugerida

Figura 29. Sugestão de novas inclinações dos taludes -


Seção B-B’

A análise à direita da seção B-B’ sugerida, pelo


método de Bishop Simplificado, determinou
que o menor Fator de Segurança foi de 1,567 e

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Como pode ser observado na tabela 7 os novos
Fatores de Segurança, obtidos após as Para uma nova análise, com o objetivo de obter
alterações das inclinações, determinados pelos valores maiores para os Fatores de Segurança,
métodos de Bishop Simplificado, Morgenstern foi sugerida uma modificação na declividade
e Price e Jambu Simplificado são satisfatórios dos taludes da seção B-B’. A inclinação do
para todos os taludes do aterro, segundo os talude inferior foi alterada de 1(V):1,1(H) para
critérios da NBR 11682 (ABNT-2009). 1(V):1,5(H), a inclinação do talude
intermediário foi alterada de 1(V):1,35(H) para
1(V):1,5(H) e a inclinação do talude superior
4 CONCLUSÃO foi alterada de 1(V):1,1(H) para 1(V):1,5(H).
Os novos valores para os fatores de segurança
No presente estudo foram obtidos os fatores de encontrados pela análise determinística são
segurança para o aterro industrial de resíduos considerados aceitáveis (FS≥1,40).
sólidos classe II-A e II-B através de métodos
determinísticos. As análises foram realizadas Concluímos que um aspecto imprescindível
para a situação do aterro na data de coletas das desta pesquisa foi: a concepção de dados, como
amostras ensaiadas (Seção A-A”) e para a a caracterização do material e os parâmetros de
situação final do aterro de acordo com projeto resistência, obtidos através dos ensaios de
(Seção B-B’ e seção C-C’). cisalhamento direto, para este tipo de aterro,
constituído de RBRO, sendo estes dados ainda
Através das análises pôde-se verificar que na inexistentes na literatura ou mesmo pouco
seção A-A’ os menores fatores de segurança estudados, contribuindo assim para futuras
foram encontrados no talude inferior do aterro e pesquisas científicas relacionadas à área.
pelo método de Janbu Simplificado (1968). No
entanto, de forma geral, os valores encontrados
pela análise determinística são considerados AGRADECIMENTOS
aceitáveis pela literatura geotécnica (FS≥1,40) e
poderiam ser considerados como parâmetros de Agradecemos primeiramente a Deus por toda
projeto. forma de proteção e inspiração, nos permitindo
chegar até aqui.
Na situação final do aterro os menores fatores
de segurança também foram encontrados pelo Aos nossos pais e familiares pelo apoio e
método Jambu Simplificado (1968), no entanto, incentivo em todos os momentos.
foi possível identificar valores
significantemente menores quando comparados Aos amigos pelo companheirismo em todas as
aos obtidos na situação anterior. A pior situação situações.
se encontra na seção B-B’ no talude inferior à
direita da seção, com coeficiente de 1,307 Ao nosso querido professor e orientador
(Jambu Simplificado). Apesar dos valores de FS Patrício José Moreira Pires, que sempre nos
determinados neste segundo cenário não se ajudou e foi prestativo em todos os momentos.
mostrarem muito próximos de 1,00. O que seria
considerado instável pela analise determinística, À equipe do Laboratório de Geotecnia da
é um resultado insatisfatório, pois não atinge o UFES, pelo tempo e apoio para a realização dos
coeficiente mínimo de segurança (FS≥1,40), ensaios.
definido pela norma NBR 11682:2009.
À Empresa Manancial Projetos e Consultoria
Deste modo, esta pesquisa então sugeriu uma Ambiental, pelos dados fornecidos e utilizados
solução para os coeficientes de segurança nesta pesquisa.
insatisfatórios: intervir na geometria,
diminuindo as declividades dos taludes do
projeto do aterro final.

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Por fim, agradecemos a todos que de forma Brasília. ANEEL.
direta ou indireta contribuíram para realização Massad, F. (2003). Obras de terra: Curso básico de
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