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SUMÁRIO

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA..........................................................................................3

PSICODIAGNÓSTICO.....................................................................................................6

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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA & PSICODIAGNÓSTICO

A Profissão de Psicólogo foi legalmente instituída no país a partir da


publicação da Lei n° 4.119/62, que estabelece as normas para a oferta de
cursos para a concessão do grau de psicólogo, bem como dispõe sobre os
direitos destes profissionais.
Dentre as prerrogativas cabíveis ao profissional psicólogo destacam-
se a competência para colaborar com outras ciências em assuntos
psicológicos, bem como a função privativa do psicólogo de utilização de
métodos e técnicas psicológicas com os seguintes objetivos (Art. 13):

I. Diagnóstico psicológico;
II. Orientação e seleção profissional;
III. Orientação psicopedagógica;
IV. Solução de problemas de ajustamento.

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

O conceito de avaliação psicológica é amplo, e se refere ao modo de


conhecer fenômenos e processos psicológicos por meio de procedimentos
de diagnósticos e prognósticos, criando as condições para a coleta de
dados e permitindo dimensionar esse conhecimento (Anchieri & Cruz,
2003).
Pode-se afirmar também que a Avaliação Psicológica é um conjunto
de procedimentos para a coleta de informações necessárias e suficientes
para responder às questões relacionadas ao problema que se pretende
investigar (Guzzo, 2001).
Em última instância, a avaliação psicológica visa a construção de
conhecimentos acerca de aspectos psicológicos, com a finalidade de
produzir, orientar, monitorar e encaminhar ações e intervenções sobre a
pessoa avaliada, e, portanto, requer cuidados no planejamento, na análise
e na síntese dos resultados obtidos (CFP, 2010).

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Esse tipo de processo é a base da atuação do psicólogo, seja qual
for sua área de atuação [clínica, escolar, organizacional, jurídica, e outras]
(CFP, 2010).
Essa construção de conhecimentos sobre os aspectos psicológicos
ocorre por meio de um processo técnico-científico de coleta de dados,
estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos
psicológicos, utilizando-se, para tanto, de métodos, técnicas e instrumentos
psicológicos (CFP, 2010).
Ao conduzir um processo de avaliação psicológica, é necessário
que o psicólogo considere em sua análise os condicionantes históricos e
sociais e seus efeitos no psiquismo (CFP, 2010).
A atenção do psicólogo a esses fatores e sua consideração a esse
respeito, ao apresentar os resultados, visa a favorecer tanto a prestação
de intervenções sobre o indivíduo avaliado, como também possibilitar
modificações dos próprios condicionantes, os quais se fazem presentes
desde a formulação da demanda até a conclusão do processo de avaliação
psicológica (Resolução do CFP nº 007/2003).
O foco da atenção durante o processo de avaliação psicológica
deve estar na pessoa examinada e não exclusivamente em torno do
instrumento de avaliação (CFP, 2010).
O psicólogo deve buscar compreender os possíveis efeitos
intervenientes que repercutem na qualidade e validade dos dados, tais
como o cansaço, os problemas na cooperação e a distorção consciente e
intencional das respostas. Caso contrário, corre-se um risco considerável
de se encontrarem resultados inválidos (Tavares, 2003).

Etapas da Avaliação Psicológica

Conforme a Cartilha sobre Avaliação Psicológica publicada pelo


Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2013), o psicólogo deve conduzir o
processo diagnóstico conforme as seguintes etapas:

I. Levantamento dos objetivos da avaliação e particularidades do


indivíduo ou grupo a ser avaliado. Tal processo permite a escolha
dos instrumentos/estratégias mais adequados para a realização da
avaliação psicológica.

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II. Coleta de informações pelos meios escolhidos: Entrevistas,
dinâmicas, observações e testes projetivos e/ou psicométricos etc. A
integração dessas informações deve ser suficientemente ampla para
dar conta dos objetivos pretendidos pelo processo de avaliação. Não
é recomendada a utilização de uma só técnica ou um só instrumento
para a avaliação.
III. Integração das informações e desenvolvimento das hipóteses
iniciais. Diante dessas informações, o psicólogo pode constatar a
necessidade de utilizar outros instrumentos/estratégias de modo a
refinar ou elaborar novas hipóteses.
IV. Indicação das respostas à situação que motivou o processo de
avaliação e comunicação cuidadosa dos resultados, com atenção
aos procedimentos éticos implícitos e considerando as eventuais
limitações da avaliação. Nesse processo, os procedimentos variam
de acordo com o contexto e propósito da avaliação.

O renomado psicometrista Luiz Pasquali (2001) afirma que a avaliação


psicológica é composta pelas seguintes etapas:

I. Identificação do problema ou situação a ser avaliada: pode ser


realizada por meio de entrevistas, observações, testes psicométricos
ou outras abordagens.
II. Integração dos dados coletados: relacionada com a reunião das
informações obtidas a partir da aplicação das técnicas, além da
classificação dos sujeitos em relação aos escores e às normas dos
testes.
III. Inferência de hipóteses: inclui a interpretação dos dados obtidos
e, possivelmente, os diagnósticos ou conclusões obtidas a partir da
avaliação.
IV. Intervenção: contempla a formulação de programas de intervenção
e/ou orientação a partir dos dados e da inferência de hipóteses
realizada.

Werlang e cols (2010) nos ensinam que a avaliação psicológica é


composta por um tripé que inclui os testes, entrevistas e observações,
sendo os dois últimos procedimentos avaliativos utilizados com
frequência no contexto clínico e que visam ao alcance de um volume

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maior de informações sobre o avaliando, possibilitando a obtenção de um
diagnóstico adequado e que permita organizar a intervenção (Reppold &
Gurgel, 2015).
Nota: Outras técnicas também podem ser incluídas nesse processo,
tais como desenhos e a prática de contar histórias, por exemplo. Quando as
técnicas utilizadas não apresentam dados padronizados para correção, a
adequação da avaliação passa a depender da habilidade de interpretação
e experiência do psicólogo, bem como da consistência do referencial teórico
utilizado pelo profissional, de modo a garantir a coerência das conclusões
(Reppold & Gurgel, 2015).
Por fim, é importante destacar que a avaliação psicológica deve
ser conduzida de forma objetiva, tendo em vista que se trata da base
fundamental para a tomada de decisão do psicólogo quanto ao plano de
intervenção (Reppold & Gurgel, 2015).

PSICODIAGNÓSTICO

O psicodiagnóstico pode ser compreendido como uma forma


específica de avaliação psicológica, conduzida com propósitos clínicos
e visando identificar forças e fraquezas no funcionamento psíquico,
tendo como expectativa a descrição e compreensão, o mais profunda
e completamente possível da personalidade do paciente ou do grupo
familiar (Cunha, 2002; OCampo, 2003).
Essa investigação se configura como um processo científico,
limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes psicodiagnósticos (input),
seja para entender problemas à luz de pressupostos teóricos, identificar
e avaliar aspectos específicos, seja para classificar o caso e prever seu
curso possível, comunicando os resultados (output), a partir dos quais são
propostas soluções (Cunha e cols., 2002; Anchieri & Cruz, 2003).
Esse processo é bi-pessoal (psicólogo – examinando), cujo propósito
é investigar alguns aspectos em particular, de acordo com a sintomatologia
e informações da indicação ou queixa, ou ainda favorecer a identificação
de recursos potenciais e possibilidades do examinando.
É importante que o profissional, ao conduzir o processo
psicodiagnóstico, busque considerar o sujeito em exame como um
ser mutável e dinâmico, situado num mundo maior que o da consulta
psicológica, sendo multideterminado e atuando ativamente sobre sua
realidade (Cunha e cols., 2002).

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Nessa perspectiva, os contextos sociocultural e familiar devem
ocupar um lugar importante no estudo da personalidade de um indivíduo,
já que é de onde ele provém (Arzeno, 1995).
O psicodiagnóstico possibilita uma avaliação global da personalidade
do paciente, determinação da natureza, intensidade e relevância dos
distúrbios, fornecimento de subsídios a demais profissionais, definição do
tipo de intervenção terapêutica, prognóstico da evolução terapêutica e
pesquisa psicológica (Cunha e cols., 2002).

Objetivos Do Psicodiagnóstico

 Identificação de sintomas por meio de critérios pré-estabelecidos (CID,


DSM);
Classificação
nosológica  Teste de hipóteses diagnósticas;

 No psicodiagnóstico deve ser aplicado junto com outras técnicas (testes).

 Ultrapassa a descrição simples, pois há a interpretação das diferenças


dos escores;

 Identifica forças e fraquezas;


Descrição

 Averigua o desempenho do avaliado;

 Exemplo: avaliação de déficits neuropsicológicos.

 Busca a identificação precoce de problemas;

 Possibilita a avaliação de riscos;


Prevenção
 Procura estimar as forças e fraquezas do ego, sua capacidade de enfren-
tar novidades, situações difíceis e estressantes.

 Depende da classificação nosológica;


Prognóstico
 Determina o curso provável do caso.

 Busca identificar inconsistências nos resultados dos testes;

Diagnóstico  Identifica alternativas diagnósticas de acordo com os sintomas apresen-


Diferencial tados;

 Diferencia níveis de funcionamento ou natureza da patologia.

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 Compreensão global do examinando;

 Avaliação do nível de funcionamento da personalidade, funções do ego e


Avaliação
suas defesas, nível de insight;
Compreensiva
 Indica conduta terapêutica a ser adotada e os limites de intervenção diante
do quadro.

Entendimento
 Compreensão da personalidade de maneia global.
Dinâmico

 Busca subsídios para resolver questões quanto a:

 Quadro de “insanidade” mental;

 Competência para o exercício de funções de cidadão;


Perícia Forense

Avaliação da incapacidade ou comprometimentos psicopatológicos que possam


se relacionar com infrações da lei.

Momentos Do Processo Psicodiagnóstico

Segundo OCampo e cols., os quatro momentos do processo


psicodiagnóstico são:

I. Primeiro contato e entrevista inicial com o paciente e com os pais


(quando for o caso)
Tem como objetivos conhecer o paciente e sua demanda, além de
permitir a formulação de hipóteses para planejar a bateria de testes a
aplicar. As hipóteses devem ser traduzidas em forma de perguntas
norteadoras do processo subsequente.

II. Aplicação de testes e técnicas projetivas (selecionados de acordo


com o caso específico)
A bateria de testes deve ser aplicada em uma sequência específica,
considerando o aspecto avaliado por cada um, seu nível de estruturação

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e caráter ansiogênico. ATENÇÃO: Ocampo e cols. afirmam que os
testes projetivos são fundamentais na avaliação porque apresentam
padronização, o que confere uma segurança importante ao diagnóstico.

III. Encerramento do processo: Entrevista devolutiva, cujo objetivo é


comunicar ao paciente (ou aos pais) o que se passa com ele e orientá-
lo com relação à conduta a ser seguida.
Segundo Ocampo e cols., a transmissão da informação é o objetivo
básico dessa entrevista. No entanto, às vezes, adquire um significado mais
profundo, quando surgem lembranças reprimidas ou atitudes inesperadas
que podem alterar o plano de intervenção.

IV. Informe escrito ou laudo, no caso de encaminhamento para outro


profissional ou devolução para a fonte solicitante do psicodiagnóstico.
Tanto a avaliação psicológica como o psicodiagnóstico são situações
que exigem papéis bem definidos, com um contrato no qual uma pessoa
(o paciente) pede ajuda, e o outro (o psicólogo) aceita o pedido e se
compromete a satisfazê-lo dentro de suas possibilidades.

Cunha e cols. descrevem as etapas do Processo Psicodiagnóstico


de forma mais detalhada:

I. Realização da entrevista inicial: Levantamento dos motivos


(manifesto e latente) da consulta.
Permite ao psicólogo identificar as ansiedades, defesas e fantasias
do indivíduo, bem como favorece o acesso a informações sobre a história
pessoal e familiar desta pessoa. Nesta etapa são elaboradas as hipóteses
iniciais que nortearão a avaliação psicológica.

II. Elaboração do plano de avaliação: etapa em que as hipóteses


formuladas e os conteúdos coletados nas entrevistas iniciais são
analisados, tendo em vista a seleção dos instrumentos e técnicas
mais adequados às características do indivíduo e às demandas
sinalizadas.
O plano de avaliação sempre deve ser planejamento de acordo
com o caso em análise. Nesta etapa podem ocorrer também entrevistas

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vinculares, com familiares ou outras pessoas importantes, visando coletar
informações adicionais que permitam o melhor conhecimento do caso.

III. Execução do plano de avaliação: ocorre por meio da aplicação das


técnicas e testes selecionados a partir das necessidades específicas
do sujeito em processo de avaliação. Nesta etapa ocorre a coleta de
dados qualitativos e quantitativos.
Apesar do uso de testes não ser obrigatório, sua aplicação é bastante
recomendada, devendo ser utilizados instrumentos que atendam aos
critérios de validade, fidedignidade e confiabilidade.

IV. Estudo do material: nesta etapa todos os dados coletados são


compilados, analisados, correlacionados e interpretados, visando
à compreensão mais completa possível da situação motivadora do
processo de avaliação.
Nesta análise, deve-se considerar o contexto em que a solicitação
ocorreu, as características individuais do sujeito estudado, os
condicionantes ambientais e psíquicos associados ao momento atual do
sujeito.

V. Entrevista de devolução: este é o último momento do processo


psicodiagnóstico, quando o psicólogo retoma os motivos da avaliação
sinalizados na entrevista inicial, explicando ao avaliado a maneira
como foi conduzido o processo.
Nessa etapa são apresentados os resultados encontrados,
sinalizando o final do processo de avaliação e indicando a terapêutica a
ser adotada. Recomenda-se que sejam realizadas entrevistas separadas
para apresentar os resultados ao indivíduo avaliado e a seus familiares.
Quando a avaliação for de um grupo, os resultados devem ser apresentados
a todos juntos.

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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PSICODIAGNÓSTICO
É mais ampla que o psicodiagnóstico É mais vinculado à clínica
O objeto de estudo pode ser:
Está vinculado a temas de interesse:
Um sujeito
Nosologia psicopatológica
Um grupo
Critérios de saúde pública
Uma instituição/comunidade

Etapas Do Processo Psicodiagnóstico Infantil

I. Entrevista com pais ou família (anamnese) – visa à aquisição de


informações sobre:

• O desenvolvimento da criança
• Sua posição na família
• Dinâmica familiar
• A detecção do vínculo que une o casal
• O vínculo entre os pais como casal e com o filho
• O vínculo de cada um deles com o filho, o deste último com cada um
deles e com o casal; O vínculo do casal com o psicólogo
• O lugar que a criança ocupa nas fantasias do casal
• Como os pais lidam com o sintoma da criança
• Se o sintoma tampona alguma verdade não dita nessa família;

É importante destacar que na entrevista com os pais se faz


imprescindível a presença de ambos, pois se compreende a criança como
emergente de um grupo familiar e é possível entendê-la melhor quando
se vê o casal parental. O filho é produto do casal, de suas presenças
e ausências, e ambas as figuras parentais são importantes para a
constituição do sujeito.

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É importante para o processo de compreensão da personalidade
da criança identificar quais aspectos do pai e da mãe foram introjetados,
pois seguramente apresentam relação com a sintomatologia atual e
problemática subjacente (OCampo e cols., 2009).

II. Hora do jogo diagnóstica (entrevista lúdica) – recurso técnico


utilizado no processo psicodiagnóstico com o objetivo de conhecer a
realidade da criança a ser consultada.
Através dos brinquedos e do ato de brincar a criança pode expressar
aquilo que vivencia no momento. As possibilidades de comunicação são
mediadas utilizando-se a atividade lúdica, permitindo observar a maneira
como a criança se expressa através dos brinquedos.

Objetivo: conhecer e compreender a realidade da criança, já que a


atividade lúdica é sua forma de expressão natural.

Disposição dos brinquedos:

• Caixa – continente depositário da produção da criança.


• Seleção de brinquedos – brinquedos estruturados e não estruturados.
• Cuidado para a criança não destruir o material – pode gerar culpa
e sentir que o entrevistador pode ser destruído por seus impulsos
agressivos.

Instruções:

• Espaço, tempo, definições de papéis, finalidade e limitações – deixar


claros os motivos da consulta, embora os pais já tenham sido orientados
para que o façam.
• Papel do psicólogo: observar, compreender e cooperar com a criança.
Sinalizar aspectos dissociados manifestos da conduta, sem interpretar
(latente). Estabelecer limites caso não siga o enquadre.

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Transferência e Contratransferência:

• Transferência – O brinquedo permite que a transferência se amplie


e se diversifique para estes objetos intermediários – neles o paciente
deposita parte de seus sentimentos representantes de diferentes
vínculos com objetos de seu mundo interno.
• Quanto à contratransferência, o psicólogo deve discriminar suas
motivações e impulsos, para que não interfira na análise compreensiva
da conduta lúdica da criança.

Indicadores:

Escolha de brinquedos e brincadeiras:

• Como interage com os brinquedos - observa, evita, aproxima-se,


destrói, dependente, irrupção caótica.
• De que tipo de brinquedo se aproxima no primeiro contato.
Nota: Observar a linguagem que a criança utiliza.
• Seu jogo tem começo-meio-fim, está de acordo com sua idade
cronológica?

• 3 anos - jogo egocêntrico – atenção concentrada na


investigação do objeto e sua manipulação.
• 4 aos 7 anos – maior aproximação com o real, crescente
preocupação com a veracidade da imitação. Pode pedir
ao psicólogo que assuma um papel complementar ao seu.
Expressa intencionalidade ao realizar uma tarefa.
• 7 a 11 anos – papéis próximos a realidade, brincadeira mútua
e consciência da alteração de regras, dramatizam cenas
cotidianas.

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Modalidade de brincadeiras:

Cada indivíduo tem uma modalidade, um jeito de lidar com as


experiências do dia a dia, que o caracteriza, assim também no brincar.
• Plasticidade – é a capacidade de expressar seus conteúdos internos
de maneira criativa.
• Rigidez – repetições tanto nas brincadeiras quanto verbalizações
e gestos, com o objetivo de controlar a identificação projetiva no
depositário com a intenção de se preservar – brincadeira monótona e
pouco criativa, (crianças neuróticas).
• Estereotipias e perseverança – desconectado do mundo externo –
única finalidade descarga, (crianças psicóticas, lesões orgânicas).

Personificação:

• Capacidade de assumir papéis de forma dramática, imitar.


• Difere conforme a idade, crianças pequenas imitam irmãos, pais;
crianças maiores imitam figuras imaginárias – super-heróis, fadas,
monstros.
• Possibilita a elaboração de situações traumáticas, a aprendizagem de
papéis sociais e o ajuste da sua conduta em função disso – favorece o
processo de socialização e individuação.

Motricidade:

Levar em conta o estágio evolutivo da criança, observar a


funcionalidade motora e as possíveis interferências de fatores psicológicos
e ambientais. Um bom uso do corpo produz prazer e resulta num
fortalecimento egoico.

• Alguns aspectos: possibilidades de encaixe, lateralidade, deslocamento,


preensão e manejo, alternância de membros, movimentos voluntários
e involuntários, movimentos bizarros, ritmo, hipersinesia, hiposinesia.

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• Desenvolvimento neurológico, fatores psicológicos e ambientais (ex.
falta de estimulação).

Criatividade:

Capacidade do ego de experimentar o novo e tolerância a frustração:

• Tolerância demais – pobreza interna.


• Tolerância de menos – (intolerância) imaturidade egóica, não pode
adiar os desejos insatisfeitos.

Tolerância a frustração:

É necessário perder algo para adquirir coisas novas e obter


crescimento o que resulta em equilíbrio emocional adaptativo e maturativo
do ego.

Capacidade simbólica:

Através do brincar a criança acessa as fantasias inconscientes.


Observar: riqueza expressiva, capacidade intelectual, qualidade do
conflito psicossexual e como expressa-o através do brinquedo.

Adequação à realidade:

Permite-nos avaliar as possibilidades de adaptação do ego – como


a criança chega, como se separa da mãe, aceita as regras, se recusa a
brincar, tira o psicólogo do papel?

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O brincar da criança normal:

Possibilidade de atravessar situações conflitivas naturais do


desenvolvimento enriquecida, pois conta com as possibilidades egóicas,
para elaboração de perdas e novas aquisições próprias do crescimento.
Equilíbrio interno entre fantasia e realidade, possibilidades criativas
e, portanto, reparatórias – permitem-lhe aprender com a experiência.

O brincar da criança neurótica:

Capacidade simbólica desenvolvida:

• Utiliza uma série de condutas defensivas que resultam num


empobrecimento egoico, cujas características dependerão das áreas
afetadas.
• Fica limitada a capacidade de aprendizagem e as possibilidades
criativas que dependem de uma síntese egóica adequada.
• Outra característica é o baixo limiar de tolerância a frustração ou
superadaptação – ambas manifestações de fraqueza egóica – superego
severo.

O brincar da criança psicótica:

Apresenta dificuldade de brincar devido a sua dificuldade de


simbolizar – significante e significado são a mesma coisa. Essa dificuldade
vai desde a inibição total ou parcial do brincar até a desorganização da
conduta.

• Brincadeiras cruéis - superego primitivo.


• Ego desorganizado - mecanismos de defesa primitivos - projeção
maciça e o splitting.
• Perseverança/estereotipias na conduta verbal e pré-verbal.

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III. Aplicação de testes quando a criança tem idade para desenvolvê-los,
utilizam-se testes psicográficos, sendo indicados em maior frequência
o H.P.T., teste da família, desenho livre, Machover e Bender, além de
testes projetivos como o C.A.T. e o Rorschach.

IV. Psicodiagnóstico de Rorschach – Técnica projetiva constituída por


um conjunto de 10 pranchas, sendo cinco delas com borrões coloridos.
O psicólogo apresenta os estímulos ambíguos e solicita à criança que
responda o que vê neles.
Essa técnica possibilita conhecer a estrutura básica da personalidade,
incluindo aspectos cognitivos e afetivos, além de avaliar as funções
psíquicas de percepção, atenção, julgamento crítico, simbolização e
linguagem, possibilitando ainda identificar traços normais e patológicos
do indivíduo.

V. Entrevista de devolução diagnóstica com os pais - apresentação da


hipótese diagnóstica pronta, previsão de prognóstico e estratégias
terapêuticas. Nesta etapa pode ocorrer o estabelecimento do contrato
terapêutico e o início da orientação familiar.

VI. Entrevista com a criança para situá-la a respeito do seu tratamento.

INSTRUMENTOS UTILIZADOS EM DIAGNÓSTICOS PSICOLÓGICOS

Conforme Werlang e cols (2010), as técnicas de avaliação


psicológica podem ser categorizadas em três tipos: expressivas, projetivas
e psicométricas. As técnicas expressivas possibilitam maior liberdade
quanto às instruções e aos materiais e incluem formas de expressão
variadas, tais como a pintura.
As medidas projetivas incluem técnicas que sugerem a projeção e
são baseadas em aspectos dinâmicos do funcionamento do indivíduo. As
medidas psicométricas são geralmente baseadas em recursos estatísticos
e teorias de medida (Reppold & Gurgel, 2015).

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Critérios para a escolha dos instrumentos de avaliação psicológica

I. Contexto no qual a avaliação psicológica se insere;


II. Propósitos da avaliação psicológica;
III. Construtos psicológicos a serem investigados;
IV. Adequação das características dos instrumentos / técnicas aos
indivíduos avaliados;
V. Condições técnicas, metodológicas e operacionais do instrumento de
avaliação.

Elementos necessários a um instrumento de avaliação psicológica

I. Fundamentação teórica
II. Evidências empíricas de validade e precisão das interpretações
propostas
III. Sistema de correção e interpretação dos escores
IV. Descrição clara dos procedimentos de aplicação e correção
V. Manual contendo essas informações

Entrevista Psicológica

A entrevista psicológica é a conversação estabelecida entre o


psicólogo e o indivíduo em avaliação, com o intuito de fornecer ao avaliador
subsídios técnicos acerca da conduta, comportamentos, conceitos, valores
e opiniões do entrevistado, completando os dados obtidos pelos demais
instrumentos utilizados (Resolução CFP Nº 007/2009).
Bleger (2011) define a entrevista psicológica como um campo de
trabalho no qual se investiga a conduta e a personalidade de seres
humanos. Segundo este mesmo autor, a entrevista psicológica é uma
relação (humana) que se estabelece entre duas ou mais pessoas, havendo
uma mútua intervenção, ou seja, é também uma relação de troca. Uma
dessas pessoas é o técnico e a outra é a que necessita de sua intervenção
técnica.

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A entrevista psicológica é entendida por Bleger como, ao mesmo
tempo, um instrumento e uma técnica de investigação científica que
permite ampliar e verificar o conhecimento científico bem como aplicá-lo.
Tais características fazem com que o psicólogo desempenhe os papéis de
investigador (cientista) e de técnico (terapeuta).
A entrevista psicológica faz parte do processo de avaliação
psicológica e deve ser utilizada em caráter inicial. O psicólogo deve
planejar e sistematizar a entrevista a partir de indicadores objetivos de
avaliação correspondentes ao que pretende examinar. Além disso, como
regra padrão, antes de iniciar a testagem, deve estabelecer o “rapport”,
esclarecendo eventuais dúvidas e informando os objetivos do teste.

ACERTE O ALVO:
O rapport é o estabelecimento da aliança terapêutica ou aliança de
trabalho e tem por objetivo abrir as portas para uma comunicação fluente
e bem-sucedida. O estabelecimento do rapport ocorre no primeiro contato
do profissional com a pessoa que será avaliada e é fundamental para o
alcance dos objetivos do trabalho a ser proposto

No decorrer da entrevista, o psicólogo adquire informações que o


permitem identificar condições que possam interferir negativamente na
avaliação psicológica.
É importante que se verifiquem as condições físicas e psíquicas do
examinando, bem como se está passando por algum problema situacional
ou qualquer outro fator existencial que possa alterar seu comportamento.
Bleger (2011) considera como regra fundamental da entrevista a
busca pelo estabelecimento de um campo configurado especialmente
pelas variáveis que dependem do entrevistado, ou seja, o entrevistador
observa e analisa a fala, os gestos, hábitos e comportamentos do
indivíduo e a partir destes elementos, das características do sujeito, passa
a formular as questões. Nesta perspectiva, cada entrevista será diferente,
pois as variáveis apresentadas são individuais.
Quando tais situações são constatadas, o psicólogo pode optar
por não realizar a testagem naquele momento, a fim de não prejudicar o
examinando, e solicitar que retorne em momento posterior.

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Tipos De Entrevistas

A entrevista psicológica é um instrumento de fundamental


importância para o processo psicodiagnóstico. Ao pensar na estrutura da
entrevista, o psicólogo deve levar em conta o problema exposto, além de
considerar a perspectiva histórica e uma abordagem dinâmica.
A depender da problemática e da estrutura da personalidade
do paciente, determinadas áreas e certos conflitos deverão ser mais
explorados do que outros, concentrando-se nos pontos da vida do
paciente que sejam potencialmente capazes de fornecer explicações para
a emergência e o desenvolvimento do transtorno atual (Cunha e cols.,
2002).

Quanto aos objetivos

Tem por intuito o estabelecimento do diagnóstico e


prognóstico do paciente, bem como as indicações terapêuticas
adequadas. No decorrer da entrevista, o examinador coleta
dados sobre a história do paciente e sua motivação para o
Diagnóstica
tratamento. Quase sempre, a entrevista diagnóstica é parte
de um processo mais amplo de avaliação clínica que inclui a
aplicação de psicotestes;

Entrevista na qual ocorre o acompanhamento do paciente,


esclarecendo suas dúvidas, buscando auxiliá-lo no processo
de solução dos problemas por meio da aplicação de técnicas
Psicoterápica
psicoterápicas fundamentadas em uma determinada
referência teórica: psicanalítica, rogeriana, comportamental,
psicodramática, junguiana, gestaltista, cognitivista, etc.;

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Tem por objetivo indicar o tratamento adequado à
necessidade do entrevistado. Desde o início, deve ser
informado ao paciente que o tratamento não será realizado
De
Encaminhamento
pelo entrevistador. As informações obtidas devem ser
suficientes para que se faça uma indicação e, ao mesmo
tempo, evitar que o entrevistado desenvolva um vínculo forte,
uma vez que pode dificultar o processo de encaminhamento;

A entrevista de seleção é uma etapa do processo seletivo que


tem como objetivo levantar maiores informações a respeito
do profissional participante. O entrevistador deve ter o
conhecimento prévio do currículo do entrevistado, do perfil
De Seleção
do cargo e deve fazer uma sondagem sobre as informações
que o candidato tem a respeito da empresa, destacando os
aspectos mais significativos do examinando em relação à
vaga concorrida;

Tem por objetivo identificar os benefícios do tratamento


por ocasião da alta do paciente, examinando junto com
ele os planos da pós-alta ou a necessidade de trabalhar
algum problema ainda pendente. Essa entrevista também é
De Desligamento
utilizada com o funcionário que está deixando a empresa,
e tem como o objetivo obter um feedback sobre o ambiente
de trabalho, possibilitando ao psicólogo obter dados para
futuras intervenções;

Conduzida com vistas à investigação de temas pertinentes


a um determinado estudo. É realizada somente após a
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
De Pesquisa
no qual estará explícita a garantia do entrevistado ao
sigilo das suas informações e identificação, e liberdade de
continuar ou não no processo.

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Quanto à estrutura

A entrevista estruturada é um processo bidirecional


de interação, com o propósito previamente fixado pelo
entrevistador e que ocorre em uma ordem predeterminada.
Dirigida ou É cuidadosamente planejada para extrair o máximo de
estruturada informações do candidato com um mínimo de perguntas
do entrevistador. O entrevistador segue um roteiro com
perguntas preestabelecidas com base nos objetivos da
entrevista;

O paciente tem liberdade para expor seus problemas,


começando por onde preferir e incluindo o que desejar. O
entrevistador intervém a fim de assinalar alguns pontos,
Semidirigida, se-
quando o entrevistado não sabe como começar ou
miestruturada ou
mista continuar; assinalar situações de bloqueio ou paralisação
decorrente de angústia; investigar certos tópicos sobre os
quais o entrevistado não falou espontaneamente e que são
considerados importantes para a entrevista;

Há poucas perguntas ou intervenções do entrevistador


(sempre formuladas durante a própria entrevista), deixando
Livre, não dirigida
que o entrevistado tenha liberdade para se expressar. O que
ou não estrutu-
rada se pretende é a obtenção de uma visão geral do problema
pesquisado, bem como a identificação de alguns aspectos
da personalidade do entrevistado.

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Quanto à sequência temporal

É a primeira entrevista de um processo de psicodiagnóstico


durante a qual são obtidos a primeira impressão sobre o
paciente, esclarecimentos sobre os motivos da procura (queixa),
e realizado o contrato de trabalho de psicodiagnóstico. Deve
ser semidirigida para que o paciente esteja livre para expor
seus problemas. Esta entrevista é muito importante, pois, em
Entrevista Inicial
geral, o vínculo estabelecido pelo paciente neste contato tem
uma influência decisiva na continuidade ou no abandono do
tratamento. No final devem ficar estabelecidos os horários,
duração das sessões, honorários, formas de pagamento
(quando particular), condições para administrar instrumentos
de testagem e para as condições de consulta a terceiros;

Após a entrevista inicial, via de regra são necessários mais


alguns encontros. O objetivo das entrevistas subsequentes é a
Entrevistas
Subsequentes
obtenção de mais dados com riqueza de detalhes sobre a história
do entrevistado, tais como: fases do seu desenvolvimento,
escolaridade, relações familiares, profissionais, sociais e outros;

No término do psicodiagnóstico, após a interpretação dos


dados, o psicólogo informa ao paciente como ocorre o processo
psicodiagnóstico e indica a terapêutica que julga mais
adequada. O entrevistador retoma os motivos da consulta,
Entrevista de De-
e a maneira como o processo de avaliação foi conduzido. A
volução ou Devo-
lutiva devolução inicia-se com os aspectos menos comprometidos do
paciente, ou seja, menos mobilizadores de ansiedade. Deve-
se evitar o uso de jargão técnico e iniciar pelo sintoma ligado
diretamente à queixa principal. O encerramento da entrevista
de devolução deve ocorrer com a indicação terapêutica.

23
Objetivos Da Entrevista Inicial

• Perceber a primeira impressão que o paciente desperta


(contratransferência) e ver se ela se mantém ao longo da entrevista
ou se muda, e em qual sentido. Observar: linguagem corporal, roupas,
gestos, modo de mover-se ou ficar quieto, semblante;
• Considerar a verbalização do paciente: o que, como, quando e em
que ritmo verbaliza. Comparar com a imagem que transmitiu quando
solicitou a consulta. Avaliar as características de sua linguagem: a
clareza ou confusão com que se expressa, a entonação utilizada que
possa dificultar o entendimento, ainda que utilize vocabulário preciso
e adequado, se há preferência por palavras equívocas, imprecisas ou
ambíguas, quais os temas que escolhe para falar, quais aspectos de sua
vida prefere destacar, quais temas provocam ansiedades, bloqueios;
• Verificar se a queixa inicial se mantém, é anulada, modificada ou
ampliada ao longo da entrevista;
• Identificar se o paciente utiliza os três tempos de sua vida (presente,
passado e futuro) ou se se fixa em algum deles;
• Estabelecer o grau de coerência entre todo o conteúdo que foi verbalizado
e o que foi possível apreender através de sua linguagem não-verbal;
• Ficar atento aos conteúdos transferências e contra transferenciais
durante a entrevista e identificar que tipo de vínculo o paciente tenta
estabelecer com o psicólogo;
• Estabelecer um bom rapport com o paciente, esclarecendo as dúvidas
e explicando com clareza o processo para criar um clima favorável à
aplicação dos testes;
• Planejar a bateria de testes mais adequada ao caso e às características
do paciente, definindo-se os elementos a utilizar – quantidade e
qualidade de instrumentos –, a sequência de aplicação e o número de
sessões para a aplicação das técnicas (ritmo);
• No atendimento a crianças ou adolescentes, a entrevista inicial com
os pais é importante para detectar o tipo de vínculo que une o casal, o
vínculo entre eles como casal e com o filho, o de cada um deles com o
filho, o vínculo do filho com cada um dos pais e com o casal, e o do casal
com o psicólogo; qual vínculo o casal tenta induzir entre o psicólogo e
a criança/ adolescente (o que dizem deste)

24
• Avaliar a capacidade dos pais de elaborar a situação diagnóstica,
observando qual deles (ou ambos) pode aceitar, promover ou colaborar
com as experiências de mudança do filho, caso este inicie uma terapia.

Bleger (2011) propõe a existência de dois tipos fundamentais de
entrevista: aberto e fechado. Vejamos as características de cada um
deles:

O psicólogo pode elaborar suas perguntas e fazer


intervenções de acordo com a dinâmica adequada a
Entrevista Aberta
cada paciente, permitindo que se tenha uma noção mais
profunda da personalidade do entrevistado.

O psicólogo limita-se a fazer perguntas preestabelecidas


em uma sequência previamente determinada, permitindo
Entrevista Fechada
que haja uma comparação sistemática de dados mais
precisa que a entrevista aberta.

Segundo este mesmo autor, a entrevista pode diferenciar-se ainda


de acordo com o beneficiário do resultado (Bleger, 2011):
A entrevista que se realiza em benefício do entrevistado, a exemplo
da consulta psicológica ou psiquiátrica – busca informações a respeito
da vida do indivíduo, seus hábitos, seus comportamentos, estilo de vida e
personalidade.

Segundo esse mesmo autor, a entrevista pode diferenciar-se


ainda de acordo com o beneficiário do resultado (Bleger, 2011):

I. A entrevista que se realiza em benefício do entrevistado, a exemplo


da consulta psicológica ou psiquiátrica - busca informações a respeito
da vida do indivíduo, seus hábitos, seus comportamentos, estilo de
vida e personalidade.

25
II. A entrevista cujo objetivo é a pesquisa, valorizando, apenas, o
resultado científico da mesma - busca informações a respeito do
objeto de estudo do entrevistador, que seriam as informações que
o entrevistado pode fornecer; utiliza anamnese, com perguntas pré-
estabelecidas.
III. A entrevista que se realiza para terceiro, neste caso, a serviço de uma
instituição - o entrevistador atende às solicitações do contratante
(instituição), e a partir dessas irá realizar uma entrevista a fim de
satisfazê-las (ex. perfil de funcionário).

Com exceção do primeiro tipo de entrevista, os demais exigem


que o entrevistador desperte o interesse ou estimule a participação do
entrevistado.
Bleger propõe que a entrevista sempre ocorre em grupo - mesmo
que estejam presentes apenas o entrevistador e o entrevistado -, pois
a interação entre duas pessoas sempre é influenciada pelos elementos
componentes do grupo: a relação que se estabelece entre as pessoas
participantes, a personalidade da parte entrevistada e até mesmo os
gestos do paciente.
Outro ponto de destaque no texto de Bleger é a consideração sobre
a ocorrência de transferência e a contratransferência entre entrevistado
e entrevistador. Segundo Bleger, os fenômenos transferencial e
contratransferencial ocorrem em todas as relações, mas, no caso da
entrevista, a contratransferência deve, necessariamente, ser vigiada para
que o entrevistador não ultrapasse uma intensidade que possa prejudicar
o aproveitamento da entrevista.
É comum que tanto entrevistado quanto entrevistador apresente
certo grau de ansiedade em relação à entrevista, no entanto, o nível
dessa ansiedade deve ser analisado pelo profissional para que não
exerça influência negativa no processo a ponto de interferir na relação
interpessoal dos participantes.
Dalgalarrondo também chama a atenção para o fato de que os
fenômenos de transferência e contratransferência são fatores que ocorrem
não só na entrevista inicial, mas com futuras entrevistas e no processo
como um todo.
Transferência: são reações emocionais, tanto de caráter afetuoso
como hostil, que não se baseiam na situação real, sendo antes derivadas
de suas relações primárias com os pais (complexo de Édipo).

26
A partir deste conceito, o paciente projeta inconscientemente no
profissional os sentimentos primordiais que nutria por seus pais ou figuras
significantemente emocionais na infância.
Contratransferência: é a transferência que o profissional estabelece
com o seu paciente, onde o profissional projeta inconscientemente no
paciente sentimentos que nutria no passado por pessoas significativas
de sua vida (raiva, medo, piedade, carinho, repulsa, etc).
Quanto há contratransferência o psicólogo deve discriminar suas
motivações e impulsos, para que não interfira na análise compreensiva
da conduta do entrevistado.
A perspectiva psicodinâmica compreende que o desfecho da
entrevista só ocorre de forma positiva quando o profissional identifica
que tais reações contra transferenciais têm a ver com os seus próprios
conflitos internos.

A Entrevista Pericial

A entrevista psicológica é a técnica por excelência à qual se associa


o trabalho do psicólogo. A entrevista pericial opõe perito e periciando.
As combinatórias podem variar (dois peritos e um periciando, um
perito e dois periciandos, etc.), mas a natureza da tarefa pericial condiciona
e limita, mas também favorece o surgimento da questão psicológica que
tem uma interface com a questão legal. Procura-se abordar esta matéria
interligada entre psíquico (privado) com o legal (público) no fogo cruzado
entre adultos e crianças.
O local da realização vai depender da natureza do vínculo do
profissional. Se o profissional é o perito independente, a avaliação será
realizada em seu local de trabalho (clínica privada, com direito à “aquário”),
se funcionário de instituições, nos recintos reservados nestes locais (com
as limitações próprias de instalações públicas).
No ENFOQUE EM EQUIPE - Trabalha-se com uma família em litígio
avaliando, no mínimo, três pessoas (requerente, requerido e objeto da
disputa). Abordar a família em um momento conflitivo, no qual se disputa
o próprio filho, pode ser uma tarefa desgastante. Pensando nisto existem
modalidades de entrevista que contemplam a possibilidade de mais de
um entrevistador por família.

27
Jackson et al. (1980 apud Shine, 2010) e Volgy e Everett (1983 apud Shine,
2010) que sugerem avaliações em equipe, nas quais os pais e as crianças
tivessem diferentes avaliadores.
Em uma equipe multidisciplinar (psiquiatra, psicólogo clínico,
assistente social psiquiátrica, pediatra e outros profissionais participam
do processo) o profissional que estiver atendendo a criança não se sente
sobrecarregado com as necessidades dos pais.
ENFOQUE INDIVIDUAL - a entrevista psicológica ocorre em
situação bipessoal, isto é, perito e periciando. É o procedimento técnico
mais utilizado em avaliação psicológica de guarda.
Shine (2010) afirma que em sua prática tem se utilizado da entrevista
conjunta com pais com certa regularidade, estabelecendo este momento
somente após um contato individual com cada um e de ter se avistado
com a(s) criança(s) em disputa.
O autor propõe apresentar como objetivo conversar sobre tópicos
de interesse comum - normalmente, uma questão prática (como a escolha
de uma escola, período de férias, preocupação com estado de saúde da
criança) que aparece nas entrevistas e serve de tema.
Shine (2010) não coloca a entrevista conjunta como uma opção
dos pais, mas uma exigência para o objetivo da própria perícia (avaliar a
relação do casal parental tendo em vista um interesse comum em relação
à criança).
O mesmo autor destaca ainda que não se propõe a “resolver” a
pendência, mas a acompanhar e assinalar as dificuldades em se chegar a
um resultado satisfatório ligando com a questão mais ampla da guarda.
Isto tem lhe dado elementos de como o casal funciona enquanto tal e
como me insere “no meio do problema” deles.
Em uma família de pai, mãe e um filho, Shine (2010) costuma propor
a avaliação em cinco encontros: dois são individuais com cada um, o
terceiro em conjunto (pai-mãe, pai-filho, mãe-filho) e o último com todos.
Quando há mais de uma criança, o autor inicia com um encontro em
conjunto com todos os irmãos e faz um contato individual, posteriormente.
Só então ocorre a aplicação de testes, caso considere necessário.
Dependendo dos casos, Shine (2010) consegue chegar até a entrevista
familiar, em outros, o trabalho termina antes (questão do prazo processual,
grandes resistências, etc.).

28
Conforme recomendado pelo Conselho Federal de Psicologia (2010a),
não é aconselhável que se fixe, a priori, número máximo de atendimentos
para cada caso, mesmo que a equipe esteja sobrecarregada. Estes devem
ocorrer de acordo com a necessidade e com a dinâmica de cada situação.

A OBSERVAÇÃO LÚDICA COM CRIANÇA – Felipe (1997 apud Shine,


2010) propõe a realização de entrevistas semidirigidas em enfoque
psicanalítico com as crianças, procurando esclarecer os objetivos do
trabalho, colocado em linhas gerais como o de entender melhor o que se
passava com sua família para tentar ajudá-la. Ao deixar a criança livre
para se expressar, procura-se ao longo da entrevista abordar:

• Os seus sentimentos diante daquela situação;


• O seu relacionamento com ambos os pais;
• O relacionamento da criança com outras figuras significativas da
família, ou mesmo do ambiente;
• Aspectos relacionados à sua rotina de vida;
• Interesses, preocupações;
• Outros aspectos específicos referentes ao caso, ou trazidos pela criança.

Alves (2002 apud Shine, 2010), recomenda de quatro a cinco


entrevistas, em média, com cada componente da família, incluindo aí a
criança. Como seu referencial é a psicanálise, ela designa o contato com
a criança também como de observação de atividades lúdicas.
Muitos profissionais sugerem realizar observações conjuntas da
interação da criança com os pais. Turkat (1993 apud Shine, 2010) sugere
gravar em vídeo as interações dos pais com crianças para serem analisadas
a posteriori com a ajuda de outros colegas. Ele oferece tarefas para serem
realizadas durante tais observações, tais como jogar um jogo, resolver um
problema ou ensinar à criança algo novo.
São observações estruturadas que se opõem às observações lúdicas
mais livres dos demais autores aos quais nos referimos. Os profissionais
que partem da concepção de avaliar competências parentais mais
adequadas aos filhos utilizam-se desta técnica.

29
CONTATOS COLATERAIS - entende-se como contatos estendidos
para além do círculo familiar, sendo utilizados como forma de ampliar o
conhecimento da situação que se avalia.
Estabelece-se uma distinção entre o contato com a família e o
contato com amigos e parentes, como para designar que os examinandos
são uns e os outros servem como subsidiários.
Os parentes que são chamados são considerados parte integrante
da família, tais como avós e tios das crianças. Eles são entrevistados nas
mesmas condições que os demais membros da família.
Felipe (1997) cita tal prática em seu trabalho, incluindo, além
dos parentes e “outras pessoas encarregadas do cuidado às crianças”
(empregadas domésticas e babás podem ser incluídas), os companheiros
atuais dos pais e professores.
É preciso estar atento, pois quando pessoas do círculo social ou
familiar mais amplo (em oposição à família nuclear) fornecem dados sobre
os examinandos, eles estão sob o mesmo tipo de pressão a atuarem de
acordo com a lógica judicial.
Neste sentido, como bem lembra Melton et al. (apud Rovinski, 2000),
as pessoas podem distorcer aquilo que viram e sabem. E mesmo que isto
não ocorra, deve-se tomar cuidado para o peso que se dá a dados que
são de “segunda mão”.
DILIGÊNCIAS - A execução de certos serviços judiciais fora dos
respectivos tribunais ou cartórios tem esta designação. Ela é utilizada
aqui para se referir aos momentos em que o profissional se desloca de
seu local usual em que realiza a avaliação psicológica.
As diligências mais comuns são realizadas à escola da criança em
questão e ao domicílio das partes, mas podem ser feitas aos consultórios
de psiquiatras, psicoterapeutas, psicopedagogos, enfim, profissionais ou
instituições que têm contato com a criança e seus responsáveis. O objetivo
de tais diligências é ampliar o conhecimento que se tem de uma devida
situação.
A atitude mais recomendável do profissional assistente técnico seria
entrar em contato com o perito e definir as estratégias que pensa usar
para eliminar possíveis sobreposições.
A informação que o perito levantar pode ser colocada à disposição
dos assistentes técnicos para discussão de sua correta interpretação. Se
a informação vier de um dos assistentes técnicos, o viés da imparcialidade
já está dado desde o início.

30
A necessidade de ampliar o escopo da avaliação a partir de
contatos colaterais é referido por muitos autores. Parte da avaliação se dá
diretamente “no campo”, discriminando- se a escola e o domicílio residencial
com locais proeminentes, constituindo-se em fase complementar ao tripé
clássico da avaliação psicológica (entrevista, observação e testes).
Em função a objetividade judicial, aumenta-se o campo investigativo
(diligências e contatos colaterais), como também se procura “checar”
as informações colhidas. Alguns autores propõem técnicas como a
coavaliação e a avaliação em equipe como forma de resposta a estas
demandas.
Segundo Shine (2010), o número de contatos dos profissionais com
os membros da família varia muito (de uma a 30 horas). Considerando
o número de cinco entrevistas por pessoa, em uma família de três, isto
representará 15 horas (considerando uma hora de entrevista) sem levar
em conta o tempo gasto com outros contatos, diligências, correção e
análise de testes, redação do laudo e participação na audiência.
Os contatos parecem ser pensados numa frequência semanal.
Assim, em termos de duração, há dados que falam de um a dois meses
(Felipe, 1997 apud Shine, 2010), como de até seis meses (Clulow & Vincent,
1987 apud Shine, 2010).
Mesmo que inicialmente haja dificuldade para localizar a pessoa ou
conseguir que esta compareça para atendimento, deve-se buscar meios
para que se possam entrevistar as partes, exceção feita – como explicado
acima – quando se exerce função de assistente técnico ou nos casos de
avaliação por carta precatória (CFP, 2010a).

Estudo De Caso

O estudo de caso pode ser definido como um relato escrito pelo


profissional de saúde a partir das singularidades e discursos partilhados
pelo paciente durante os atendimentos. Não existe estudo clinico sem
teoria como também não existe teoria sem clínica (hilário e cols., 2010).

Hilário, Piovesan e Lago (2010) propõem um roteiro para a realização


do estudo de caso:

31
I. Apresentação do paciente: deve conter as iniciais do paciente, como o
paciente se apresentou, higiene, vestimenta, se estiver acompanhado,
descrição do acompanhante, aspecto geral, humor, pontualidade.
II. Queixa do paciente: primeiro relato de dor (sofrimento), o motivo da
procura pela psicoterapia.
III. Podemos relacionar a queixa com os acontecimentos da sua história
de vida. Essa queixa não necessariamente vai permanecer, ela é a
forma de chegada, representa o desejo do trabalho psicológico.
IV. Descrição da conduta terapêutica adotada na sessão: como foi
trabalhado durante a sessão com o paciente adulto, adolescente
ou criança e em alguns casos com o paciente e a mãe. Nesta etapa
trabalha-se a transferência, a escuta, a simbolização, a angústia do
paciente, relacionados ao método.
V. A natureza do sofrimento psíquico: o sofrimento é decorrente de
quais situações? Existe uma natureza traumática? Qual a dinâmica
psíquica do sujeito? Quais são as defesas? Qual o papel do sintoma
na sua economia psíquica? Onde começou a queixa? Está relacionado
à formulação da personalidade.
VI. Hipótese interpretativa: diante da compreensão da natureza e
dinâmica do sofrimento psíquico do paciente, dos processos de
transferência e contratransferência, o psicoterapeuta pode, após
um tempo de trabalho, avançar uma hipótese interpretativa que
será aceita ou não pelo paciente e que vai mobilizar o processo de
elaboração.
É importante ressaltar que o entendimento da natureza do sofrimento
psíquico e a formulação da hipótese interpretativa exigem íntima relação
com a teoria. Deve ser escrita após algumas sessões, porque no início não
temos dados suficientes para essa descrição.
VII. Fechamento da sessão: no fechamento da sessão deve-se relatar
como foi o plano de trabalho, e o que será feito na próxima sessão. O
plano de trabalho está relacionado ao projeto.

Testes Psicológicos

O teste psicológico pode ser definido como uma medida objetiva


e padronizada de uma amostra do comportamento do indivíduo,
tendo como função essencial a mensuração das diferenças ou mesmo as

32
semelhanças entre indivíduos, ou entre as reações do mesmo indivíduo
em diferentes momentos (Resolução CFP Nº 007/2009).
Os testes NÃO são necessariamente de uso obrigatório para a
realização de avaliações psicológicas, mas, quando se precisa de material
fidedigno, passível de reaplicação, que permita conclusões confiáveis em
curto tempo, para tomada de decisões, é preciso dispor de outros recursos
além da entrevista, ainda que seja para comprovar alguma característica
do examinando.
A avaliação psicológica deve ser fundamentada em instrumentos
aprovados pelo CFP e requer profissionais de Psicologia que sejam
competentes para sua aplicação e avaliação.
A fim de assegurar a qualidade destes procedimentos, esses
profissionais devem ser qualificados e treinados em teoria e prática
para a realização de avaliações psicológicas. Na aplicação de qualquer
instrumento de avaliação psicológica, devem ser observadas as seguintes
recomendações imprescindíveis:
I. Aplicar os testes de forma clara e objetiva, transmitindo tranquilidade
e evitando acentuar a ansiedade situacional típica do processo de
avaliação psicológica;
II. Seguir, rigorosamente, as instruções do manual sem, entretanto,
assumir uma postura estereotipada e rígida. Para tanto, cabe ao
psicólogo apresentar domínio das normas de aplicação;
III. Pessoas com deficiências devem ser avaliadas de forma compatível
com suas limitações.

Parâmetros Para Analisar A Qualidade Dos Testes Psicológicos

Segundo Alchieri e Cruz (2003), os instrumentos psicométricos estão


fundamentados em valores estatísticos que indicam sua sensibilidade (ou
adaptabilidade do teste ao grupo examinado), sua precisão (fidedignidade
nos valores quanto à confiabilidade e estabilidade dos resultados) e
validade (segurança de que o teste mede o que se deseja medir).
A coerência de um instrumento de medida é verificada pelo grau
de concordância existente entre os índices internos (fidedignidade) e
externos (validade). A avaliação objetiva dos testes psicológicos inclui,
em geral, a determinação da sua validade e da sua precisão em situações
específicas.

33
A fim de alcançar seu objetivo, o teste psicológico deve ser articulado
a um construto psicológico (fundamentação teórica) e este construto
precisa estar vinculado a aspectos importantes da vida psíquica das
pessoas (fundamentação empírica) (Tavares, 2003).
Para ser utilizado adequadamente, o teste deve ser normatizado,
precisa ter evidências empíricas de validade e precisão, devendo
necessariamente oferecer instruções para aplicação.
O psicólogo deve seguir todas as recomendações contidas nos
manuais dos testes, bem como atualizações divulgadas, para garantir
a qualidade técnica do trabalho. A forma de aplicação faz parte da
normatização de um teste.
Deste modo, a validade do teste requer, necessariamente, a
adequada aplicação. Cabe ao psicólogo observar se os testes são originais
e se estão em condições de uso.
Segundo Pasquali (2001), ao analisar a qualidade dos testes
psicológicos, deve-se analisar quatro parâmetros: validade, fidedignidade
ou precisão, padronização e normatização.
Fidedignidade é o índice de precisão da medida, ou seja, o quanto a
medida está susceptível ao erro, qual a sua confiabilidade. Quanto maior
a fidedignidade, maior a precisão de um instrumento.
A precisão do teste é a consistência dos resultados obtidos pelo
mesmo indivíduo, quando retestado com o mesmo teste, ou com uma
forma equivalente. Antes de um teste psicológico ser apresentado para
o uso geral, é preciso realizar uma verificação completa e objetiva de sua
precisão (Pasquali, 2001).
Pasquali (2001) considera que o conceito de precisão ou fidedignidade
se refere ao quanto o escore obtido no teste se aproxima do escore
verdadeiro do sujeito num traço qualquer. O termo precisão, quando usado
em psicometria, sempre significa estabilidade ou consistência.
Quanto à validade da medida, costuma-se ensinar que um teste
é válido se de fato mede o que supostamente deve medir. Por exemplo,
atesta se uma escala de ansiedade de fato está medindo ansiedade
(Pasquali, 2001).
A validade é a questão mais importante a ser proposta com relação
a qualquer teste psicológico, uma vez que, apresenta uma verificação
direta do teste satisfazer sua função (Pasquali, 2001).
Diversos métodos são utilizados para se conhecer a validade de
uma medida. Dois dos métodos mais utilizados são (Erthal, 2003):

34
A validade teórica - um teste pode ser validado de modo teórico quando
especialistas na área em questão se reúnem e concordam que aquele
instrumento mede o que está sendo proposto.
IV. A validade de construto convergente e divergente – utiliza
respectivamente instrumentos que já são usados para mensurar dado
construto psicológico ou que não possuem este uso e correlaciona-os
com a medida que se pretende avaliar.

A padronização de um teste diz respeito à uniformidade de


procedimentos utilizados em sua aplicação.

Por fim, a normatização refere-se à uniformidade da interpretação


dos resultados dos testes a partir do desenvolvimento de critérios ou
parâmetros para a interpretação dos escores brutos nos testes (Pasquali,
2001).

Classificação Quanto Aos Tipos De Medidas De Avaliação Psicológica

Os testes psicológicos são procedimentos sistemáticos de


observação e registro de amostras de comportamentos e respostas de
indivíduos, com o objetivo de descrever e/ou mensurar características e
processos psicológicos, segundo padrões definidos pela construção dos
instrumentos (Anache e Corrêa, 2010).
As áreas de emoção/afeto, cognição/inteligência, motivação,
personalidade, psicomotricidade, atenção, memória, percepção, têm sido
tradicionalmente avaliadas com maior frequência, nas suas mais diversas
formas de expressão.
Através da aplicação dos testes psicológicos, é possível medir o
comportamento do mesmo indivíduo em diferentes ocasiões (medida
intraindividual) ou as diferenças existentes, quanto à determinada
característica, entre diversos sujeitos (medida interindividual).

35
Classificação Quanto Ao Método

Psicométricos – quanto ao método de construção do instrumento: são


adotados procedimentos estatísticos para sua construção e elaboração
dos dados.
Quanto ao método de coleta de dados: são propostas tarefas
padronizadas e usada a técnica da escolha forçada, escalas em que o
sujeito deve simplesmente marcar suas respostas; o resultado obtido é
um número ou medida.
Os resultados originam um cálculo e o resultado do cálculo para
cada sujeito é comparado com uma tabela do resultado para a população
em geral. Exemplos de testes psicométricos: Inventário Fatorial da
Personalidade (IFP).
Projetivos – são os testes que fazem uso da projeção, ou seja, aqueles
que permitem que a pessoa expresse algum aspecto da sua história ou da
sua personalidade, mesmo que não perceba isso.
Estas técnicas seguem normas qualitativas. O resultado se expressa
através de uma tipologia. Por terem uma avaliação qualitativa, seus
elementos (itens de teste) não podem ser medidos em separado.
O diagnóstico é estabelecido por meio da constância de certas
características avaliadas no teste como um todo. Exemplos de testes
expressivos: Teste da Casa-Árvore-Pessoa (HTP), Teste de Apercepção
Temática (TAT), Rorschach.

Classificação Quanto Ao Modo De Aplicação

Individual – aquele que exige apenas a presença de um examinador


e um examinando, não se podendo aplicá-lo a um grupo de sujeitos
simultaneamente. Suas instruções são complexas, exigindo maior treino
por parte do aplicador, principalmente no que diz respeito à coleta das
informações não-verbais expressas pelo candidato. Exemplos: TAT,
Rorschach, PMK.
Coletiva – não exige um contato tão direto entre examinador-
examinando. São mais simples e qualquer pessoa, com um pequeno treino,
pode administrá-los. Por isso são realizados em grupo, apresentando
como vantagem a economia de tempo. Exemplo: Baterias de Aptidões.

36
Autoadministração – são os testes que possuem instruções na capa,
não determinam tempo e dispensam a presença de um aplicador, devido
à facilidade de execução. Podem ser aplicados coletivamente ou mesmo
de forma individual, desde que adaptados às exigências da situação.

Classificação Quanto Ao Construto Ou Atributo Medido

Testes de aproveitamento – medem o grau de eficiência na


realização de uma tarefa aprendida. O objetivo é medir, objetivamente,
o conhecimento que o indivíduo adquiriu sobre algo, em relação ao seu
grupo.
Testes de aptidão – medem o “potencial” do indivíduo para aprender
ou realizar uma tarefa. As realizações dos testes de aptidão refletem
influências acumulativas de numerosas experiências da vida diária.
Subdividem-se em testes de aptidão específica ou testes de aptidão
especial.
Testes de personalidade – medem as características mais ou menos
constantes da personalidade propriamente dita, que não se referem
aos aspectos cognitivos da conduta. Exemplos: estabilidade emocional,
atitude, interesse, sociabilidade.
De acordo com Pasquali (20010), os testes psicológicos são
categorizados conforme a abordagem utilizada (Reppold & Gurgel, 2015):

• Em relação à objetividade e à padronização – podem ser divididos em


testes psicométricos ou impressionistas.
• Psicométricos – estão relacionados com a psicometria e com
as teorias de medida, fazendo uso de estratégias estatísticas.
• Impressionistas – relacionam-se com a descrição linguística
das habilidades e dos comportamentos, de forma que seja
possível caracterizar os sujeitos.
• Em relação aos construtos mensurados – são divididos em testes
que avaliam capacidades (aptidões) ou preferências (personalidade,
interesse, valores).
• Em relação à forma de resposta – pode ser verbal, motora ou
informatizada, por exemplo.

37
Pasquali parece seguir a mesma linha de pensamento adotada por
Cronbach (1996):

PSICOMÉTRICO IMPRESSIONISTA/ PROJETIVOS

Foco nomotético: interpretações


Foco idiográfico: interpretações
focadas na aplicação de regras
focadas na combinação
gerais aos casos individuais
impressionista de dados individuais
derivados dos estudos de validade
Semelhança entre variáveis Semelhança entre pessoas
Analítico: olha uma variável de cada Holístico: tenta olhar várias variáveis
vez ao mesmo tempo
Ênfase na padronização dos Ênfase na liberdade das respostas
estímulos e respostas fechadas, construídas pelo sujeito para
elaboradas previamente para maximizar a abrangência e riqueza
maximizar a objetividade individual de expressão
Inventários e testes de inteligência Testes projetivos na área clinica
na área educacional

Ênfase no instrumento Ênfase no instrumento

Seleção da Bateria de Testes e sua Sequência

Sabemos que não há como estabelecer uma mesma bateria de


técnicas para todos os pacientes, visto que existem particularidades
que precisam ser respeitadas na escolha dos instrumentos. No entanto,
existem fatores mais comuns que devem ser considerados durante o
planejamento da avaliação (Arzeno, 1995):

I. Quem formula a solicitação


II. Idade cronológica do consultante
III. Nível sociocultural do paciente e o seu grupo étnico
IV. Casos com deficiência sensorial ou comunicativa
V. O momento vital
VI. Contexto espaço-temporal no qual a avaliação é realizada
VII. Elementos da personalidade a investigar

38
Testes Mais Citados Em Concursos

A seguir, apresentarei a descrição dos testes citados em maior


frequência em questões de concursos, destacando-se suas principais
características, modo de aplicação e público-alvo. Ressalte-se ainda a
adequação destes instrumentos quanto aos critérios estabelecidos pelo
CFP.
Tendo em vista que é dever do psicólogo estar atento à adequação
das técnicas aplicadas e, somando-se a isto, o fato de que o uso de
instrumentos impróprios pode invalidar os resultados obtidos, situação
que pode causar distorções bastante prejudiciais para o indivíduo
avaliado, estabeleceu-se que a inclusão, em uma avaliação psicológica,
dos instrumentos reprovados pelo CFP incorre em falta ética grave punível,
conforme as leis e resoluções em vigor.

Bateria de Provas de Raciocínio (BPR – 5)

• Oferece estimativas do funcionamento cognitivo geral e das habilidades


do indivíduo em cinco áreas específicas: Raciocínio Abstrato, Verbal,
Espacial, Numérico e Mecânico;
• Auxilia os psicólogos a tomarem decisões sustentadas na avaliação
das aptidões e raciocínio geral, tais como: orientação profissional,
avaliação das dificuldades de aprendizagem e seleção de pessoal;
• Público-alvo: pessoas com escolaridade a partir do 6º ano do ensino
fundamental.

Pirâmides Coloridas de PFISTER

• Teste projetivo;
• Avalia aspectos da personalidade, destacando principalmente a
relacionados a personalidade e habilidades cognitivas;

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• Apresentação: Jogo com quadrículos coloridos compostos de 10 cores
subdivididas em 10 tonalidades - no mínimo 45 unidades de cada tom
e a mesma quantidade para todos os tons; conjunto de três cartelas
contendo esquema de uma pirâmide; folho de protocolo; mostruário
das cores (24 matrizes).
• Aplicação: individual.

Inventário Fatorial de Personalidade (IFP - II)

• O Inventário Fatorial de Personalidade (IFP - II) tem por objetivo traçar


o perfil de personalidade do indivíduo, com base em 13 necessidades
ou motivos psicológicos: Assistência, Intracepção, Afago, Autonomia,
Deferência, Afiliação, Dominância, Desempenho, Exibição, Agressão,
Ordem, Persistência e Mudança.
• Sua aplicação pode ser individual ou coletiva.
• Inventário objetivo, de natureza verbal.
• Indicação: adolescentes e adultos.

Bateria Fatorial de Personalidade (BFP)

• Avaliação da personalidade a partir do modelo dos Cinco Grandes


Fatores (CGF) – inclui as dimensões Neuroticismo, Extroversão,
Socialização, Realização e Abertura;
• A aplicação pode ser individual ou coletiva;
• Composto por 126 itens objetivos, de natureza verbal;
• Escalas objetivas, de natureza verbal;
• Indicação: adolescentes e adultos.

Teste de Zulliger ou Z – Teste

• Técnica projetiva;
• Avalia aspectos funcionais e dinâmicos da personalidade;

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• Sua aplicação pode ser individual ou coletiva;
• Considera as respostas em relação a aspectos como precisão da forma
e movimento;
• Compreende um conjunto de três manchas impressas em cartões,
sendo a primeira toda em preto e branco; a segunda composta pelas
cores vermelha; verde e marrom e a terceira contendo as cores preta,
branca e vermelha.

Teste Gestáltico Visomotor de Bender

• Teste de Inteligência não verbal;


• Avalia a maturação percepto-motora por meio da análise da distorção
de forma;
• Associado a medidas de inteligência (como fator g) e também mostra
relação com a aprendizagem (aquisição da escrita e diferenciação de
séries);
• Composto por 9 desenhos modelos. A criança reproduz cada um dos
desenhos apresentados;
• A correção é realizada pelo total de pontos atribuídos aos desenhos
realizados ( 0 – 3) e pela análise quantitativa e qualitativa. Quanto maior
a pontuação do desenho, mais erros foram cometidos pela criança;
• Indicação: crianças com idade de 6 a 10 anos;
• Aplicação individual ou coletiva, sem limite de tempo.

Teste de Matrizes Progressivas Coloridas (Raven)

• Teste não verbal para avaliação da inteligência – especificamente do


fator “G”;
• Quando aplicado em conjunto com um teste de vocabulário, permite
avaliar a inteligência geral;
• Indicado para avaliação do desenvolvimento intelectual na escola, em
diagnósticos clínicos, em estudos interculturais e antropológicos;

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• Utilizado também para sujeitos portadores de deficiências físicas,
afasias, paralisia cerebral ou surdez, bem como sujeitos que não
dominam a língua nacional;
• Os itens do teste são apresentados sob a forma de um desenho ou
matriz, em que falta uma parte. A tarefa do sujeito consiste em escolher,
entre as alternativas colocadas na metade inferior da página, a que
completa corretamente o desenho;
• Sem limite de tempo, gasta em média 15 a 20 minutos;
• A aplicação pode ser individual ou coletiva, em grupos de 8 a 9 crianças;
• A avaliação é feita através de um crivo ou chave de correção;
• Indicação: crianças de 5 a 11 anos e meio, deficientes mentais e pessoas
idosas.

Escala de Inteligência Wechsler Adultos (WAIS – III)

• Teste para avaliação clínica de capacidade intelectual de adultos;


• Composto por 14 subtestes – os resultados dos subtestes permitem
calcular dois tipos de escalas compósitas: os tradicionais QI (Verbal,
de Realização e da Escala Completa) e quatro Índices Fatoriais
(Compreensão Verbal, Organização Perceptiva, Memória de Trabalho
e Velocidade de Processamento);
• Excelentes qualidades enquanto instrumento de avaliação da
inteligência;
• Apresenta aplicabilidade para avaliações pedagógicas, diagnósticos
de déficits neurológicos e avaliação do funcionamento intelectual;
• Indicação: faixa etária entre 16 e 89 anos;
• Aplicação individual.

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Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças – WISC-III

• Instrumento psicométrico composto por 13 subtestes, organizados em


dois grupos: Verbais e Perceptivos-motores ou de Execução, que são
aplicados nas crianças em ordem alternadas, ou seja, um subteste de
Execução e depois um subteste verbal e vice-versa;
• Subtestes Verbais: Informação, Semelhanças, Aritmética, Vocabulário,
Compreensão e Dígitos;
• Subtestes de Execução: Completar Figuras, Código, Arranjo de Figuras,
Cubos, Armar Objetos, Procurar Símbolos e Labirintos;
• O desempenho das crianças e adolescentes pode ser analisado em
termos de subtestes e da composição de três resultados: QI Verbal, QI
de Realização e QI da Escala Completa;
• Indicação: crianças e adolescentes entre os 6 e 16 anos;
• Aplicação individual – duração de aproximadamente 90 minutos.

Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças – WISC-IV

• Escala de avaliação de inteligência para crianças.


• Composta por 15 subtestes, sendo 10 principais e 5 suplementares e
dispõe de quatro índices: Compreensão verbal, Índice de Organização
perceptual, Índice de Memória Operacional e Índice de Velocidade de
Processamento, além do Q.I. total.
• Faixa etária: 6 a 16 anos e 11 meses.
• Possibilita medir os seguintes aspectos da inteligência: compreensão
verbal; raciocínio abstrato; organização perceptual; raciocínio
quantitativo; memória; velocidade de processamento.

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Teste de Apercepção Temática (TAT)

• Teste projetivo utilizado para a compreensão dinâmica das relações


interpessoais;
• Compreende 30 lâminas com gravura e uma em branco representando
situações sociais e relações interpessoais variadas;
• As estórias são interpretadas em termos das relações do indivíduo
com as figuras de autoridade, com pessoas contemporâneas dos dois
sexos e em termos do compromisso entre as demandas externas e as
necessidades do id, o ego e o superego.

Teste Palográfico

• Avalia as principais características da personalidade por meio do


comportamento expressivo;
• Características avaliadas: Relacionamentos sociais e afetivos, com
autoridades (posição hierárquica), limites nos relacionamentos, respeito
a normas sociais, cívicas, energia, raciocínio (não em níveis, mas se há
uma confusão, pensamento fantasioso), capacidade de concentração,
fadiga, estresse, autoestima, agressividade, depressão, emotividade,
impulsividade, organização do trabalho, problemas neurológicos, uso
de substâncias psicoativas, produtividade, nível de oscilação no ritmo
de trabalho;
• Público-alvo: adolescentes e adultos;
• Aplicação individual ou coletiva, com limite de tempo;
• A correção é feita pela avaliação quantitativa e qualitativa, com base
nos traços realizados.

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Teste da casa – pessoa – árvore (HTP)

• Avalia as principais características da personalidade;


• Estimula a projeção de elementos da personalidade e de áreas de conflito
dentro da situação terapêutica, permitindo que eles sejam identificados
com o propósito de avaliação e usados para o estabelecimento de
comunicação terapêutica;
• O examinando faz desenhos estabelecidos pelo aplicador à mão livre;
em seguida, é conduzido um inquérito relativo às associações do sujeito
sobre os aspectos de cada desenho;
• Público-alvo: Crianças e adultos, com idade a partir dos 8 anos;
• Aplicação individual ou coletiva, sem limite de tempo, sendo que a
maioria das aplicações leva em média de 30 a 90 minutos;
• A correção é realizada pela avaliação qualitativa de cada desenho.

Teste de Rorschach

• Teste projetivo realizado através de manchas/borrões de tintas que


obedecem a padrões específicos quanto à proporção, angularidade,
luminosidade, equilíbrio espacial, cores e pregnância formal;
• É constituído por um conjunto de 10 pranchas, sendo cinco delas com
borrões coloridos;
• Solicita, mediante a apresentação de estímulos ambíguos, que o
indivíduo responda o que vê neles;
• Possibilita avaliar a estrutura básica da personalidade, incluindo
aspectos cognitivos e afetivos;
• Avalia as funções psíquicas de percepção, atenção, julgamento crítico,
simbolização e linguagem;
• Permite identificar traços normais e patológicos do indivíduo;
• Aplicação individual.

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Inventário de Depressão de Beck (BDI – II)

• Instrumento de autoaplicação composto por 21 itens;


• Tem por objetivo medir a intensidade da depressão;
• Público-alvo: dos 10 anos até a terceira idade;
• Aplicação individual ou coletiva;
• Sem tempo limite para o preenchimento do protocolo.

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