Elevação - Sobre A Instituição Da Eucaristia

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Elevação
Sobre a Instituição da Eucaristia
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Oração ao Bealo Pedro Julião Eymard
(p11ra t~lcançar gra'ç11.! por .!UIJ inferce.!.!io e p11r11
IJ SUII CliJnOnizaçáo}
O' Beato Pedro Julião, que recebestes

o insigne privilé~io de conhecer os te-
souros da Santisstma Eucaristia tão per-
feitamente a ponto de vos abrazardes num
amor verdadeiramente seráfico e lhe con-
sagrardes todo o vosso zelo infatigavel
para a-fazer adorar e glorificar perpetua-
tuamente por todo o mundo, obtende-nos
as graças espirituais e temporais de que
necessitamos. Obtende-nos particularmen-
te a graça de sermos como Vós ·fiéis
adoradores em espírito e verdade do San-
tíssimo Sacramento, e de trabalhar-mos
sempre e cada vez mais por alcançarmos
as virtudes erlstãs, sobretudo uma sincera
humildade, para podermos viver a vida
de unUI.o com Jesus Christo, que foi
constantemente o obleto do vosso zelo e
é o efeito principa da sagrada comu-
nhão, nas almas. Obtende-nos, enfim, ó
Beo.to Pedro Jullão, a vossa devoção IDial
a Nossa Senhora do Santíssimo Sacra-
mento, para aprendermos desta Divina
Mãe a servir e adorar a ,Jesus sob os
véus da Eucaristia, para podermos ado-
_rá-10 e glorificA-lO face a face no Céu.
Assim seja.
http://alexandriacatolica.blogspot.com.br
Nihil Obstat quominus lmprimatur
Sií.o Paulo, 19 febr. 1948
P. Ang<11lo Scafati, S. S. S.
IMPRIMATUR
Mon. José Maria Monteiro, V. G.
Versiculos do Evangelho de S. João que dão o
assunto desta adoração - Cap. XIII :
1. Antes do dia festivo da Pascoa, saben-

do Jesus que era chegada a hora de
passar deste mundo ao Pae, como ti-
nha amado os seus que estavam no
mundo, amou-os até o fim.
2. E acabada a ceia, como o diabo hou-

vesse já posto no coração de Judas,
filho de Simão Iscariotes, que o entre-
gasse.
8. Sabendo Jesus que seu Pae depositou

todas as coisas nas suas mãos, e que
saira de Deus e para Deus ia .................
instituiu a SSma. Eucaristia.
t
AO VERBO INCARNADO
FILHO DE DEUS E FILHO DA VIRGEM MARIA
AO SACERDOTE ETERNO
PRINCIPIO DE TODO O SACERDOCIO
A JESUS
AO CORAÇÃO BONDOSO AO EXCESSO
QUE TENDO AMADO OS SEUS
QUE ESTAVAM NESTE MUNDO
AMOU-OS ATt O FIM
E POR ISSO INSTITUIU A EUCARISTIA
SACRAMENTO DE TODOS OS SEUS AFECTOS
TESOURO DE TODOS OS S~US MERITOS
MODELO VIVO DE TODAS AS SUAS VIRTUDES
A JESUS CRISTO SACRAMENT ADO
AOORAÇÃO, LOUVOR, AMOR, CONFIANÇA
SUPLICA I
A HORA DE ADORAÇÃO
AO SSMO. SACRAMENTO
A nós descei, Divina Luz - A
nós descei, Divina Luz! - Em nos-
sa alma acendei ·- O amor, o amor
de Jesús,- O amor, amor de Jesús.
Sem Vós, Espírito Divino, - Cé-
gos só podemos errar - E do mais
triste desatino - E do mais triste
desatino - No mais profundo abis-
mo, - Sem fim, sem fim, penar.
Durante a Adoracão
V. - Louvores e graças se dêm
a todo momento.
R. - Ao SSmo. e Diviníssimo
Sacramento. (300 dias de ind. P. et
P. 0., pag. 62).
V. - Bendita seja a Santa e Ima-
culada Conceição.
R. - Da Bemaventurada Virgem
Maria Mãe de Deus. (300 dias de
ind. P. et P. O., pag. 227).
-6-
Oração Preparatória
Considero que estou deante do
meu Deus!
Naquela divina Hóstia, que meus
olhos contemplam, está o Creador
de tudo quanto existe, o Senhor
da vida, o meu amantíssimo Jesús,
tão real e tão perfeitamente como
estâ a direita do Pai, no Céu!
O Jesús, a vossa presença na
SSma. Hóstia consagrada, obriga-
me a render-vos todas as homena-
gens a que tendes direito como
meu Criador, meu Redentor, meu
supremo Senhor e Rei. Humilhado,
pois, no profundo abismo do meu
nada, adoro a Vossa Majestade
soberana!
Cumulado de benefícios sem nú-
mero pela vossa mão poderosa,
agradeço reconhecido a vossa libe-
ralidade infinita I
Resgatado do cativerio da culpa
pelo preço infinito do vosso san-
gue, derramado até a última gota
aa SSma. Hóstia de propíciação,
arrependo-me firmemente de ter si-
-7-
do a causa de tão cruento sacrifí-

cio~ e ofereço-vos o meu pobre
coração em reparação dos ·meus
pecadüs!
Finalmente, convencido de que
só de Vós posso obter pronto efi-
caz auxílio nas minhas necessida-
des que são tantas, elevo até Vós
a minha oração, e suplico-vos, por
intercessão de vossa Santíssima Mãe,
que sempre inundeis a minha alma
da abundância das vossas graças I
O Jesús, quanto vos seria agrada·
vel esta hora de minha adoração, se.
pudesse render-vos todas as home-
nagens que Vós mesmo, na SSma.
Hóstia, a todo o momento prestais
a vosso Eterno Padre I
Mas, como o não posso fazer dig-
namente, associo-me desde já, em
espírito, verdade e amor, à vossa
oração eucarística, e em união con-
vosco, vou adorar, agradecer, re-
parar e pedir ao vosso Eterno Pai,
e a Vós seu único Filho e meu
Deus verdadeiro, tudo quanto é uma
homenagem à sua Magestade ou
um preito a Vossa Realeza.
-8-
Fazei, pois, ó J esús, que eu pe-

netre bem no profundo mistério da
SSma. Hóstia, para Vos dar todos
os louvores a que tendes inegavel
direito.
Mostrai-me sobretudo n' Ela o
vosso santíssimo Coração, cheio de
mil bdezas e encantos, para que,
cada vez mais, me sinta atraído ao
vosso amor,
Ó J esús, não deixeis de projetar
sobre mim, atravez do véu que
Vos encobre, as luzes e graças de
que preciso para ter o verdadeiro
espírito de fé, de piedade e de
amor compatível com o ato tão
santo que vou realizar.
Por último, peço-vos ,meu aman-
tíssimo Jesús, que não me deixeis
sair de junto de Vós sem levar o
meu coração todo inflamado do
vosso amor e a minha alma toda
desejosa da vossa companhia.
Assim o espero da ard~nte cari-
dade que vos abraza na SSma.
Hóstia e nesta esperança principio
a minha adoração.
-1:1-
Elevação
Sobre a Instituição da Eucaristia
Primeiro quarto de hora - Adoração
"Cum clilexisset... in finem clilexit•.• "
«Tendo amado ... amou até o fim».
- Eis a vossa hora, ó Jesus, a

hora dos vossos anelos, a hora do
vosso amor; aquela hora que, por
excelência, chamastes a vossa hora :
«hora ejus».
Deixai-me penetrar com vossos
Apóstolos no Cenáculo, e, tomado
de santo temor, e amor, assistir à
realização da grande obra de vosso
amor por mim. É o vosso grande
acto, o acto pelo qual quereis mani-
festar-vos inteiramente, abrir-nos os
profundos arcanos de vosso Coração
;-10-
e dar-vos a nós sem reserva; é a

hora em que vosso amor está pres-
tes a atingir o extremo limite, a che-
gar à meta. ó Jesus, toda a vossa
vida não havia sido outra causa se-
não amor, diz-nos o vosso Evange-
lista, na linguagem sublime de uma
só palavra: «tendo amado»; mas to-
da essa vida de amor, Vós estais a
ponto de ultrapassá-la com um só acto,
elevá-la em um só instante, muito
mais longe que no decurso de trinta
e tres anos: •cum clilexisset, in Finem
clilexit... A esta hora Vós tinheis re-
servado o atingir ao extremo, o fazer
sobressair tanto nela o vosso .amor,
que, depois dele, nada mais houvesse,
senão o amor beatifico da Pátria ce-
leste : - •in Finem• I ·
Assim, para quem compreende bem
o Evangelista, a instituição da Euca-
ristia é o fim para o qual constan-
temente tendestes e finalmente atin-
gistes; o primor d' arte que produ-
zistes após havê-lo longamente pre-
parado; cada uma de vossas obras
havia sido um passo em direcção a
êsse cume sublime, cada uma de
-11-
vossas maravilhas, um esboço dessa
obra-prima; Vós não havíeis amado
tanto, senão para amardes mais ain-
da, quando fosse chegada a vossa
hora: •cum Jilexisset, in finem Jilexit-.
Oh! por certo, Vós nos havieis
amado ternamente, humildemente,
generosamente, infinitamente, até esta
hora. A vossa Incarnação, outra cou-
sa não fôra, senão amor: amor, o
vosso nascimento em Belém, a vossa
adolescência, toda ela decorrida na
obediência e no trabalho; amor, o
sujeitar-vos àquela triplice tentação
que deveria aniquilar e santificar as
nossas; arnor,ascaminhadasincessan-
tes, por ~spaço de tres anos, através
da J udeia e Galileia, todas as pala-
vras que brotavam de vossa boca,
qual efusão de verdade, de consola-
ção e de perdão, todos aquêles mi-
lagres que irradiavam a santidade e
a vida; eram amor todos os vossos
pensamentos, todos os vossos dese-
jos, todos os movimentos de vosso
Coração, numa palavra, vossa vida
toda inteira, tanto no íntimo de vossa
alma, corno naquilo que se traduzia
-12-
em vossas obras, nada mais era se-

não amor: amor infinito de um Deus,
vindo à terra só para afirmar: ccum
clilexisset.! E entretanto, determinas-
tes amar ainda mais: •in linen c/ilexitr> !
E certo que êsse último esforço só
o farieis, no próprio dia de vossa
morte, quando fôsseis traído, acor-
rentado sem opor resistência, quando
fôsseis flagelado sem vos lamentar-
des, quando morrêsseis, rogando por
vossos algozes. Então é que se veria
a obra-prima de vosso amor, pois
será possível demonstrar maior amor,
do que dando a vida por aquêles
que se .ama?
O Evangelista diz ainda mais, que
Jesus «tendo amado os seus, amou-os
até o fim», antes de stia paixão, na
véspera de Páscoa; portanto, Jesus
atinge o maximo de seu amor ao
instituir a Eucaristia.
Mas, como poderá jamais a Euca-
ristia ser maior prova de amor que
a vida e a morte de Jesus? Sim,
porque nela estão encerradas em to-
da a sua plenitude, tm:l.to sua vida
-13-
como sua morte; esses dois rios de

amor, levar-lhe-ão, como a um ocea-
no imenso, as ondas luminosas e
ferventes de todas as virtudes, de
todas as obras, de todos sofrimentos,
de todos os méritos de sua vida e
de sua morte; nada será perdido,
esquecido, omitido.
Esta vida e esta morte aí perma-
necerão, em toda a extensão de sua
realidade, e, o que é mais ainda, a
Eucaristia, lhes comunicará uma nova
superabundância, proporcionando":-
lhes, - e nisso é que as ultrapassa
- tempo e espaço sem outros limi-
tes senão os do mundo e de sua
duração : dest' arte será a obra-prima
deste grande Artífice de todas as
obras de amor - •in finem clil~xit•l
./n finem•! Para sempre! «Tornai
e comei, êste é o meu Corpo que é
entregue por vós, neste dia, no dia
de amanhã, e por todos os dias, até
o fim dos séculos. Vós morrereis,
Ela porém, não morrerá comvosco, e
vós a transmitireis às gerações futu-
ras ; os séculos passarão, uns após
-14-
outros, Ela porém, aí estará sempre,

para conforto daquêles que se apro-
ximam do fim, e para revigorar a
juventude dos que começam. O mun-
do envel..ltecerá e cairá, um dia, sob
o peso de seus delitos e nesse dia
aínda, a Eucaristia vírá, para alentar
a agonía do último cri~tão que mor-
rer: viático da humanídade, que se
transformará para ela, ao chegar o
termo de sua carreira, em pão de
glória: para sempre! Sempre a mes-
ma, sempre jovem, sempre presente,
sempre benígna, viva, vivificante, en-
cerra em si mesma o passado: Jesus,
Verbo Eterno e filho de Maria; - o
presente, que é a graça e a vida
sobrenatural da Igreja; - o futuro,
que é a glória de Jesus-Cristo rei-
nante, o germen da ressurreição e
o preço da eternídade feliz : para
sempre!
Para sempre! desde o nosso in-
gressar na vida, até o nosso último
suspiro; pão cotidiano, maná deposi-
tado, cada manhã, sôbre a mêsa do-
méstica, antes que nos levantemos;
constante e incansável amigo que
-15-
continuará a velar por nós quando

á nóite vamos repousar : para sem-
pre! •In finem•!
.In finem• I Por tôda parte! «To-
rnai e comei e fazei jsto em memó-
ria de Mim». Onde quer que fordes,
em todos os lugares para onde diri-
girdes vossos passos. Não tenho pre-
ferências, nem pela J udeia, nem por
Jerusalém: ide, difundi largamente
esta Eucaristia, desde a fi.rnbria do
horizonte onde desponta o sol, até
onde descarnba, em toda a parte.:
•in omni loco•. (Malach., I, 2).
«Espalhai-vos pelo mundo, pois,
conquanto separados pelos montes e
pelos mares, em tôda parte a tereis
convosco, a mesma, sem divisão, sem
diminuição de sua substância, de sua
vida, virtudes e doçura. As monta-
nhas e os vales, as cidades e os po.
voados, os paizes civilizados e as
vastas regiões bárbaras, em plena luz
da liberdade e na obscuridade das
catacumbas e das prisões, todos ve-
rão a minha Eucaristia que os san-
tificará, levando a tôda a parte os
-16-
exemplos e as graças de ~a vida,

erguendo sôbre tôda a superfície da
terra o Calvário, ao qual todos os
povos devem dirigir os seus olhares
afim de serem salvos: em toda a
parte, •in finem•!
.In finem• I Para todos! ... - «To-
rnai e comei dele, todos». Como as-
sim, ó divino Salvador, a todos e a
cada um quereis dar a vossa Euca-
ristia? Aquêle dom inefável que ofe-
recestes aos homens após quatro mil
anos de Pspectativa e de preparação,
no dia da Incarnação; - aquêle dom
que então não quizestes confiar senão
a wna Virgem Imaculada, sendo úni-
co intermediário o vosso Espírito
Santo, quereis agora que todos que
se apresentarem até o fim do mundo
o recebam, tão verdadeiro, tão real
e substancial como o recebeu vossa
Mãe Santíssima ?
Serão mil, cem mil, será inúmera
a multidão: Vós, ó Jesus, vos multi-
plicareis ao infinito pelo ministério
de vossos sacerdotes e só vos sen-
tireis pago, quando tiverdes encon-
-li-
trado e estreitado no amor da Hóstia

sacrosanta o derradeiro de voisos
eleitos, o menor e o mais fraco, o
mais ingrato e o mais culpado!
E amareis a cada um dêles com
um amor infinito, como se fôra o
único objecto de vossas preferências,
dar-vos-eis a cada um sem diminuir
o dom que fazeis a todos, - e a
todos sem reduzir a parte de cada
um. A cada qual todos os vossos
pensamentos, tôdas as vossas solici-
tudes, as vossas ternuras, as vossas
liberalidades - o vosso Corpo, o
vosso Sangue, o Coração e. a Alma,
a santa Humanidade e a Divindade,
eom sua Majestade tremenda: a to-
dos e a-cada um, - •in finem•!
Oh! quão bem reconheço aqui,
neste excesso de amor, nesta mara-
nlha que excede a tôdas as demais,
o Verbo do Padre, O Filho de Deus,
Onipotente, infinitamente Bom, Mi-
sericórdia infinita, inesgotável Libe-
ralidade!
O Evangelista nota, com razão,
que, para amar até êste ponto, para
-18-
realizar êsse acto tão cheio de gran-

deza e de tão vasto alcance, Vós
vos recordastes que tinheis vindo
de Deus e a Deus íeis tornar: .Sciens
quia a De~ exívit et acl Deum vaclit..
A Eucaristia é a demonstração de
vossa divindade, o traço mais pro-
fundo que imprimistes sôbre a terra:
nêle vos reconheço e vos adoro, ó
Deus de Deus, soberano Senhor,
Amor infinito, que, para vos dardes,
finalmente, plena expansão, recor-
restes a êste extremo último da Eu-
caristia e acumulastes nesta obra-
prima, tantas maravilhas!
Tendo já amado tanto, amou até
o fim: .cum dilexisset, in finem cli/e~ib I
-19-
Aclamações ao S~ntíssimo Sacramento

Senhor meu Jesús Cristo, meu
Deus e Filho de Deus vivo: eu Vos
adoro, louvo e bendigo, glorifico e
engrandeço, de todo o meu coração.
Cu nfesso e creio com inteira e
viva fé, que estais nesse diviníssi-
mo Sacramento, Deus e Homem
verdadeiro, encerrado dum modo
altíssimo e maravilhoso.
Diretor ou Zelador - Onipotente
Deus, todo poderoso, com aquela
adoração que ~e deve à Vossa di~
vina Majestade.
Toe/os: - Eu Vos adoro.
D. - Pão vivo, que descestes do
Céu para dar a vida ao mundo.
To e/os: - Eu vos adoro.
D. - Veneravel Sacramento que
Sois tesouro de todas as virtudes
e graças.
Toc/os : - Eu Vos adoro.
D. - Sacrifício Santíssimo, que
aplacais a Deus e santificais as
almas.
Toc/os: - Eu V os adoro.
-20-
D. - Verdadeiro Corpo e Sangue

do meu Senhor Jesús. Cristo, nas-
cido das puríssimas entranhas da
Virgem Maria.
Toclos : - Eu V os adoro.
D. - Cordeiro de Deus, que tiraii
os pecados do mundo. ·
D. - Maravilhoso Sacramento de
amor, que sois vida dos espíritos,
e precioso manjar dos Anjos.
D. - Altíssimo Mistério da fé ca-
Jólica.
D. - Deus escondido e Salvador
aosso.
Toclos : - Eu V os adoro.
D. - Hóstia Santa e Cálice de
Bençãos. ·
Toe/os:- Eu Vos adoro.
D. - Diviníssimo Sacramento, que
sois memorial e compêndio das
maravilhas de Deus.
Toe/os : - Eu Vos adoro.
D.- Divino Viático dos enfermos,
que sois remédio imortal e saudavel.
-21-
D.- O meu Jesús, esplendor da

glória do Pai.
Toe/os: - Eu vos adoro.
D. - Divino V.erbo e Sabedoria
eterna.
D. - Divino Alimento, pelo qual
os filhos dos homens se fazem ti-
lhos de Deus.
D. - Pão vivo, por virtude do
qual o Criador se une à criatura, e
o homem mortal se eleva para o
Céu.
Toc/os: - Eu Vos adoro.
D. - Fonte perene de celestiais
delícias.
To elos : - Eu V os adoro.
D. - Refeição espiritual das al-
mas castas e devotas.
Toe/os:- Eu Vos adoro.
D. - Sagrado Maná, que fortale-
ceis os corações e alegrais o espí-
rito dos que Vos comungam.
ToJos:- Eu Vos adoro.
-22-
D. - Diviníssimo Sacramento, que

sois a vida de nossas almas, o re-
médio dos nossos males e a con-
solação dos nossos trabalhos, a
quem os Anjos e Santos louvam
e adoram por todos os séculos.
-23-
Glória a Jesús na Hóstia Santa- Que

se consagra sobre o altar -E aos nossos
olhos se levanta- P11-ra o Brasil abençoar.
'Côro ! Que o Santo Sacramento - Que
é o Cristo Jesús - Seja adorado e seja
amado -Nesta terra de Santa Cruz (bis).
Glória a Jesús Prisioneiro -Do nosso
amor a esperar - Lá no sacrário o dia
inteiro - Que O vamos todos procurar.
Glória a Jesús escondido- Que vindo
a nós na comunhão -Purificado, enrique-
cido - Deixa-nos sempre o coração.
Cantemos ao amor dos amores,

Cantemos ao Senhor !
Deus está aqui ! Ob. vinde adoradores,
,Adoremos a Cristo Redentor I
Côro
Glória a Cristo Jesús !
Céus e Terra, bendizei ao Senhor ;
Louvor e Glória a Ti, ó Rei da Glória,
Amor pra sempre a Ti, Deus do amor I
Unamos nossa voz à dos cantares,
Dó cõro celestial!
Deus está aqui! Ao Deus destes altares
Exultemos com gozo angelical!
Glória a Cristo ...
-24-
Segundo quarto de hora- Ação de graças

"Cum dilexisset suos qui erant
in mundo. (Joan. xrn, 1)".
«Tendo amado os seus que
estavam no mundo».
Como S. João revela o poder

e a magnificência do amor de Jesus,
dizendo que na instituição da Euca-
ristia Ele «amou até o fim», assim
lhe descobre a inefável ternura, fa-
zendo notar que a hora em que êsse
amor atingiu o auge, foi precisa-
mente aquela em que sabia dever
passar d'êste mundo ao Pai, deixando
os seus: ·Sciens Jesus quia venit hora
ejus ut transeat ex hoc mundo ad Patre,.,
cum dilexisset suos qui erant in mundo,
in linem ·dilexit eos•. «ÜS seus que
ficavam neste mundo!»
Como esta palavra nos faz com-
preender as entranhas dé nosso Di-
vino Salvador, feitas tão só de mi-
sericórdia !
-25-
.Suos•, os seus! Ele possuia pois,

almas que amava, que lhe estavam
unidas, que faziam, por diversos tí-
tulos, parte d' Ele mesmo. O Jesus,
não sois Vós aquêle Deus que não
tem necessidade de ninguém, que,
possuindo-se a si mesmo e encon-
trando nesta posse tôdas as coisas,
não depende sinão de si ? Sim, po-
rem, Vós vos formastes um Coração
verdadeiro, o mais amante, o mais
generoso, o mais terno dos corações
e êste Coração se tornou o fóco
mais ardente de tôdas as mais san-
tas afeições; entretanto, êstes laços
sagrados vos constringem e Vós não
os quereis, antes, ousarei dizê-lo, não
os pddeis romper: o vosso Coração
a isso se opõe .
• Suos-, os seus! Entre êstes, suà
Mãe era a primeira : oh ! se Jesus a
amava! Amá-la era para Ele um
dever e a mais suave delícia de seu
Coração. Amava-a cçmo sabe amar
um Deus, e como merecia uma tal
Mãe, em quem tudo era amável, tudo
era conforme aos desígnios da pro-
vidência e digno das divinas com-
-26-
placências. E como poderieis jamais

separar-vos de vossa Mãe e deixá-la
sem Vós neste mundo, ó Jesus, ver-
dadeiro modelo de piedadé filial?
•In hoc munclo., no qual Ela não
desejara, não buscara e não encon-
trara nada, senão Vós; no qual, en-
tretanto, o pecado que vos cravou
na cruz se mostraria sempre tão
arrogante, os frutos da vossa Paixão
amadureceriam tão lentamente, a
vossa verdade encontraria tantos
obstãculos, e o vosso amor tanta
ingratidão; neste mundo, durante os
longos anos que deveria ainda durar
a sua peregrinação, sem seu esposo,
José -·sem Vós, seu divino Filho;
podieis, porventura, abandoná-la as-
sim, viuva e inconsolável pela perda
de seu Filho ? Não; isto era impos-
sível ao vosso Coração, o qual; ten-
do amado a vossa Mãe que estava
no mundo, amou-a até o extremo:
•cum clilexisset suos qui erant ilft mune/o,
in line,. Jilexit• I
.;suos•, 01 seus! Tais eram os
Apóstolos, os discípulos, as santas
-27-
mulheres, o pequeno grupo dos ami-

gos prediletos.
Tinha-os pedido a seu Pai e d' Ele
os alcançara, elegendo-os dentre a
multidão; pedira-lhes que renuncias-
sem a pai e mãe, à terra natal, a
seus poucos haveres; por sua causa
se tinham exposto ao ódio e à per-
seguição dos Farisêus ; êsses seus
eleitos, que lhe haviam permanecido
fieis a-pezar-de suas falhas, prove-
niente do egoismo, da ignorância e
das rivalidades, êsses O amavam s~n
ceramente e criam n' Ele, que lhes
havia confiado seus segredos, e re-
velado aquilo que, às turbas, não
pregava senão através de parábolas.
Tres anos de vida, de pensamentos
e de sofrimentos comuns, haviam
ligado com os mais estreitos laços o
Coração de Jesus, e o coração de
Pedro, de João, de Lázaro, de Marta,
de Madalena, e dos demais que lhe
eram caros.
Juntos, haviam gozado de quanto
ha de suave e forte na amizade, e,
se os ApÓstolos não O amavam com
-28-
aquela pureza de amor que Lhe era

devida, Jesus, entretanto os amava
com predileção, com ternura, e seu
Coração vivia nêles, com tôda a po-
tência divina de seu amor : como,
pois, teríeis podido, ó Jesus, deixá-
los privados de Vós neste mundo?
Privados de Vós, êstes homens igno-
rantes e tímidos, que enviais sem
armas nem provisões, em meio a
um mundo inimigo, que os perse-
guirá até a morte ; como poderão
êles jamais, derribar, sem Vós, os
ídolos, converter os reis e os povos;
êste Pedro que treme de pavor à
vóz de uma criada, êstes Apólbtolos
que fogem, apenas caís em poder dos
inimigos; como poderá viver sem
Vós ·Madalena, a quem vossa ausên-
cia de tres dias torna louca de dôr?
Não, não é possível. Vosso Coração,
bondoso ao extremo, ama demais os
seus amigos, para não se obrigar a
permanecer com êles a todo custo :
e é isso o que fazeis, por meio de
vossa Eucaristia: cSuos qui erant in
mundo, in finem Jilexit» !
cSuoS», os seus!... Tais éramos
-29-
nós, todos os homens. Não vos per-

tencem êles a Vós, Verbo Eterno,
que os haveis criado, dando-lhes uma
alma feita à vossa semelhança e
nobres faculdades para conhecer-vos,
amar-vos e servir-vos? Vós viestes
para tomar, novamente, posse de
vossa criação, e a amastes com um
novo amor, desde o momento em
que assumistes uma humanidade co-
rno a nossa, uma carne feita de barro,
um corpo passível e mortal; podíeis
Vós, acaso, romper êsse vínculo, e
entregar, outra vez, a vossa criatura
às suas fraquezas, às suas deprava-
das inclinações, ó Jesus, ó Verbo
Creador? Não, não, e instituistes a
Eucaristia, para guardá-la, preservá-
la, divinizá-la, nutrindo-a com um
alimento divino .
.. Suos», os seus! ... Não vos havieis
Vós tornado nosso irmão desde o
primeiro instante de vossa lncarna-
ção, não vos havíeis tornado nosso
comensal? Não possuíamos convos-
co, um mesmo Pai no céo, uma mes-
ma Mãe sôbre a terra? Não estava-
mos nós condenados aos mesmos
-30-
exaustivos trabalhos, sujeitos aos

mesmos sofrimentos, destinados à
mesma heranca? Poderieis, portanto,
jamais abandonar os homens que
fizestes vossos irmãos com um amor
tão generoso, os homens, cuja dolo-
rosa condição nesta vida conheces-
tes por experiência própria, assim
como os perigos que os cercam, as
privações de tôda a espécie que os
afligem? Não, não. A suprema lei
da amizade é partilhar do mesmo
tecto, do mesmo pão, das mesmas
alegrias e das mesmas dores, e o
vosso Coração, obediente a esta lei,
vos conservou, ó Jesus, junto aos
vossos irmãos que estavam no mun-
do e a quem tinheis tanto amor:
cSuos qui erant in mune/o, in Finem
c/ilexit .. I
•.Suos», os seus!... Os vossos, fi-
lhos, ó Jesus ! Não fostes Vós cons-
tituído «pai do século futuro»? E
para que descestes a esta terra, que
viestes aqui fazer, senão fundar a
nova família, a família eleita, geran-
do-a em vosso Sangue e em vosso
amor, alimentando-a com o vosso
-31-
pão, defendendo-a de seus mmngos,

de cujas mãos a arrebatastes à cus-
ta de vossa vida? E seria possível
aconteeer abandonardes a vossa pe-
quena família ainda no berço e dei-
xardes órfãos os vossos filhos ? Não,
não era possível que os filhos pedis-
sem o pão divino de que suas almas
têm necessidade, e o Pai não esti-
vesse no meio dêles, para distribuí-
lo - que, sobrevindo o lobo f~roz,
para invadir o lar doméstico, o Pai
lã não estivesse presente para de-
fendê-lo ; - que ninguém os ins-
truisse, os educasse, para torná-los
homens perfeitos, cidadãos dignos
daquela grande pátria que é presen-
temente a Igreja milita'n.te, e será,
um dia, o Céu. Não era possível ao
vosso Coração de Pai abandonar,
em meio ao mundo, os que vos
eram caros, e fizestes, então, a Euca-
ristia, afim-de permanecerdes o Pai
diletíssimo, em meio à vossa família
de adopção : cSuos, qui erant in mun-
do, in finem Ji/exit» !
.Suos», os seus ... ! Um laço mais
estreito, porém, vos prendia a esta
-32-
terra, ó Jesus! Vós sois a nossa ca-

beça, e nós os vossos membros: nes-
se corpo circula uma mesma vida;
um mesmo sangue, nós somos a car-
ne de vossa carne, os ossos de vos-
sos ossos i separar-nos de Vós, teria
sido urna dolorosa amputaçã,o, uma
horrível mutilação; teria sido, em
breve tempo, a dissolução dêsse cor-
po, que não receberia mais da ca-
beça, a nutrição, a sensibilidade, a
vida; e Vós mesmo, ó Jesus, que
destes a tôdas as vossas obras um
tão harmonioso acabamento, pode-
rieis, acaso, permanecer uma cabeça
sem membros? Não, certamente, e
instituistes a Eucaristia, a-fim-de
que a vossa volta ao Pai não cau-
sasse a ruina de tôda a vossa obra,
o rompimento dos laços mais sagra-
dos, e o perpétuo suplício de vosso
Coração : .Suos, qui erant in mune/o,
in finem c/ilexib I
Oh ! sim, agora conheço o verda-
deiro motivo da instituição da Eu-
caristia. É a satisfação das mais im-
periosas necessidades de vosso Co-
ração de filho e de pai e assim como
-33-
admiro as maravilhas de vosso amor,

assim também louvo-lhe a ternura,
a doçura, as inefáveis delicadezas :
eu sei que era grande demais o
amor que tínheis a êste pobre filho
que, por tantos títulos, vos pertence
para o deixardes só no mundo e
um tal pensamento faz desabrochar
todo o meu coração, em sentimen-
tos da mais deliciosa acção de gra-
ças : ccum Jilexisset suos qui erant in
mune/o, in finem clilexit eos» !
- a•-
Aclamações
D. - Que Vos retribuirei, ó meu
Deus, por tantos benefícios que me
tendes feito? Destes-me ·o sêr e a
vida, o meu corpo, a minha alma!
ToJos: - Graças, meu Deus, gra-
ças por todos os vossos benefícios.
D. _,_ Destes-nos a vida sobreml-
tural, com a graça que nos tornou
vossos filhos I
Torlos: - Graças, meu Deus ...
D. - Pela vossa morte nos res-
tituistes a vida, e pelas vossas do-
res nos conquistastes a alegria do
céu!
Torlos: - Graças, meu Deus ...
D. - Destes-nos Maria por mãe.
por protetora e advogada nossa I
Todos: - Graças, meu Deus ...
D. - Destes-nos os santos sa-
cramentos, especialmente este mila-
gre de amor, a EucarJstia I
ToJos: - Graças, meu Deus ...
D. - Graças, pois, Vos damos,
6 meu Deus; dignai-Vos aceitar
estes nossos agradecimentos, uni-
-35-
dos aos de todos os vossos Santos,

e sobretudo aos de Nossa Senhora-
do SSmo. Sacramento, Mãe e Mo-
delo dos adoradores da Eucaristia I
Toe/os: - Graças, meu Deus ...
D. - Dignai-Vos, ó senhor, au-
mentar o meu reconhecimento, afim
de que Vos repita com um senti-
mento )llais vivo de amor e gra-
tidão.
D. - Destes-nos o vosl!lo Corpo
em alimento; a Virgem Imaculada
por Mãe; o Paraiso· como recom-
pensa!
D. - Velais sempre por nós, sem-
pre nos protegeis, sempre nos per-
doais I
Toc/os: - Graças, meu Deus ...
D. - O Jesús Eucarístico, uni-
mo-nos a Maria, aos Anjos e aos
Santos, para cantar as vossas gran-
dezas, para glorificar-Vos.
ToJos: - Senhor, vos glorifica-
mos!
-36-
Santa Eucaristia - Presente sem par -

Nos dá cada dia Jesús sobre o altar.
Côro: Amor, Amor, Amor a Jesús -
Amor, Amor, Amor a Jesús.
Cantai creaturas, - A J esús no altar -
Que vem das alturas - Ser nosso manjar.
Nascido da Virgem- Por nós em Belem.
- Deixa o céu da Glória - Tanto amor
nos tem.
Seu corpo oferece - Para alimentar -
Seu Sangue Divino - Imola no altar.
Côro : Bendito seja o Santuário - Em

que achei consolação - Meu bom Jesús o
teu Sacrário - Deu-me a paz ao coração.
A.i Jesús que infeliz hei sido - Quando
penei longe de ti - Mas quando a ti hei
recorrido - Minha aflição já. não senti!
Só em ti há felicidade - No Sacramento
do altar - Porque contens a divindade -
Que só nos póde saciar.
1. Meu coração delira - Na mais doce

emoção - Celebra minha lira ·- O sacro
Coracão!
Estribilho : Bem alto publiquemos -
As graças do Senhor - Só a Ele consa-
gremos - O nosso terno amor I
2. Ao santo amor divino - Ao logo
abrazador, - Cantai, nações, um hino
Mostrai ardente amor.
-37-
Terceiro quarto de hora - Propiciação

"Cum cliabolus jam misisset in
cor ut tracleret eum Juclas ... "
«Havendo já o demônio
posto no coração de Judas
a ideia de trair a Jesus ... »
- Que o amor de Jesus tenha

atingido ao seu apogêu na institui-
ção da Eucaristia, está exuberante-
mente provado, tanto pela admirável
magnificência da obra, como pela re-
quintada doçura dos meios e pela
terna bondade que nos forneceu os
seus motivos. Mas o Evangelista nos
oferece um novo argumento ao con-
frontar com o supremo Amor àe
Jesus, a traição de Judas. Esta res-
posta da ingratidão, do ódio e· do
orgulho do homem ao amor do di-
vino Salvador, faz resplandecer êste
amor com uma nova luz que é a
generosidade magnânima, o mais su-
blime heroismo, uma !inefável, divina
-38-
obstinação. Já era cousa soberana-

mente grande, o empreender uma
obra cheia de tantas maravilhas, e
motivada por tão generoso amor ;
porém, é causa maior ainda, o não
desanimar perante Judas, o protótipo
de tôda a baixeza e deformidade. O
traidor também, máu grado seu, vem
demonstrar que a Eucaristia é o re-
mate, a meta suprema do amor, pois
que, transpor um tão horrível obs-
táculo, dar-se ao próprio Judas, para
poder dar-se aos outros, é a vitoria,
o triunfo incomparável do amor de
Jesus: .;n finem•.
Judas reune em si tôdas as apos-
tasias e encontra meio de cometer,
nesse seu delito, todos os delitos mais
monstruosos. É um daquêles que Je-
sus escolheu para seus cooperadores,
é um apóstolo e, portanto, um reli-
gioso, que tudo deixou, para fazer
profissão de seguir Jesus. Judas é
sacerdote corno os outros onze, re-
cebera a ordenação das mãos de Je-
sus, Sumo Sacerdote, no próprio Ce-
náculo, durante a Ceia. Judas, entre-
tanto, torna-se réu de uma primeira
-39-
comunhão sacrílega; para êle, rece-

ber aquela primeira vez o Pão divi-
no, e profaná-lo, contaminá-lo, foi
uma e a mesma cousa. rue faz parte
do pequeno grupo chamado por Je-
sus à sua intimidade, é wn daquêles
a quem Jesus confiara os seus se-
gredos, derramando-lhes no coração
as suas penas, partilhando com êles,
por espaço de três apos, o pão, as
fadigas, as vigílias. Entre êstes pou-
cos íntimos, fôra escolhido para um
ofício, que era uma prova de espe-
cial confiança: Jesus lhe havia con-
fiado a guarda da pequena bolsa
apostólica. Judas fôra, portanto, ama-
do, honrado, privilegiado, e corres-
pende a êsse amor, com ódio cego,
pérfido, implacável ! Escolhe, para
descobrir tôda a dureza do seu co-
ração, a hora em que Jesus revela
tôda a ternura do Seu!
Judas ouvira a promessa da Eu-
caristia em Cafarnaúm e duvidara
da palavra do divino Mestre; na hora
em que Jesus cwnpre, finalmente,
a sua promessa, Judas, certamente,
continúa a negar em seu coração, a
40-
verdade do que Je:sus opera: é um

incrédulo, um ímpio, o primeiro he-
rético.
Num só acto, e com uma habili-
dade satânica, êle encontra meio de
não crer, de não amar, de comungar
sacrílegamente, de profanar o seu
sacerdócio, e de desmerecer de sua
profissão apostólica : o infeliz se obs-
tina, para condenar-se eternamente.
Mas Vós, ó Jesus, Vós persisti.S no
desejo de dar-Vos aos vossos Apósto-
los e ao mesm0--Judas, e nêle perse-
verais, para a eterna honra de vosso
amor. Que triunfo alcançais então !
Mas a custa de que lutas, de que sacri-
fícios ! Sois obrigado a inclinar a vos-
sa adorável majestade diante dêsse
profanador hipócrita, a fazer calar a
vossa verdade infalível, diante dêsse
incrédulo, a atirar a vossa t:-emenda
santidade ao sórdido receptáculo da-
quela alma, a unir a vossa carne
imaculada àquela carne impura, a
pôr o vosso Coração ardente de
amor, em contacto com aquêle co-
ração enregelado pela ingratidão ;
-41-
tôda a vossa redenção,. sofrimentos

e morte, .méritos e satisfações, tudo
tivestes que dar a êsse réprobo, que
disso se valerá Unicamente, para au-
mentar o seu ódio, e redobrar o seu
suplício!
Que tortura para Vós, ó dulcíssimo
Redentor! Com que delicadeza pro-
curastes reerguer aquela cana par-
tida para mais da metade! Com que
paciência vos esforçastes para, com
o sopro de vossa caridade, reanimar
a chama extinta naquêle coração !
Em presença dos companheiros V ás
O poup!iliS, VÓS lhe lavais OS pés, e
o advertis discretamente, mas, em
vão : vosso Coração se confrange de
dôr, todo o vosso ser estremece, pois
dentro de alguns instantes deveis
dar-vos a êle. Oh ! com quanta in-
sistência falastes interiormente àque-
la alma, oh! que doces e suplicantes
olhares dirigistes ao traidor, no mo-
mento em que aproximastes o vosso
Corpo de seus lábios, afim-de-que
pelo mínimo sinal, por um simples
acto interior sequer, vos désse a co-
nhecer seu arrependimento e vos pe...
-42-
disse perdão ! Mas aquêle coração

permaneceu insensível, o ódio dissi-
mulado continuou a gelar-lhe a face ...
e Vós vos déstes a êle.
ú amor vencido, esta derrota é o
vosso mais belo triunfo, êste abati-
mento a vossa mais sublime exalta-
ção! .(um jam Jiabolus misisset in cor
ut traderet eum Jurlas ... in finem Jilexit• I
E agora, irá Jesus encontrar uma
compensação pelo delito de Judas,
no amor e na fidelidade dos outros
Apóstolos ? Eles estão em estado de
graça, não desonraram o seu sacer-
dócio, não vão macular a sua pri-
meira comunhão ; estão tomados de
respeito a vista do acto solene de
seu Mestre que amam de todo o co-
ração e a quem estão prontos a se-
guir por· toda a parte, a-fim-de de-
fendê-lo, mesmo com perigo da pró-
pria vida. Sim, e como nos consola
o saber, ó Jesus, que fostes recebido
dignamente pelos onze. Mas pétra
Vós, que podieis discernir a mescla
aliada ao ouro de seu amor, e sa-
bíeis como é quase sempre lamen-
-~-
tável a fraqueza da carne a-pezar-da

energia do espírito, para Vós que
podíeis prever tudo quanto dentro
em pouco iria suceder no Jardim
das Oliveiras, o amor dos Apóstolos
fieis era pouca cousa, em compara-
ção com o vosso.
Que desastrosa preparação, aquela
acre disputa sobre os direitos de pre-
cedência, no momento em que vos
abaixais com inefável condescendên-
cia a seus· pés ! Oh! que deploravel
e.cção de graças a que se seguiu à
comunhão e à ordenação : aquêle
sôno que não tinham a coragem de
afugentar, e aquela fuga vergonhosa,
exatamente quando lhe pedíeis em
·vossa agonia, um pouco de conforto
e de fidelidade !
E fóra do Cenáculo, em que pen-
sam as multidões para as quai.s ins-
tituistes a Eucaristia ? Que se faz em
Jerusalém? De que se ocupam os
homens no Império romano e nas
outras partes habitadas do globo ter-
restre, pois que a todos vos dais, por
todos vos encerrais sob estas espé-
cies de pão e derramais o vosso
-4.4-
Sangue nêste cálice da Ceia ? Em

Jerusalém, a inveja e a avareza cons-
piram para dar-vos a morte; no Im-
pério e no resto do mundo, serve-se
a Satanás, vosso inimigo; as trevas
envolvem os espíritos, as paixões
mais vergonhosas enchem os cora-
ções : indivíduos, famllias, cidades,
nações, todos vos ofendem. Justa-
mente quando amais até dar-vos a
todos e para sempre, a-fim-de reer-
guer e tornar participantes da natu-
reza divina todos os povos escravos
da mentira e do vício, êstes, ao con-
trário, se dispõem a repelir-vos, a
matar os vossos sacerdotes, a profa-
nar a vossa Eucaristia !
E assim, naquela hora em que o
amor transborda de vosso Coração
e abre largamente a fonte da qual
se expandirá a vossa Eucaristia, para
levar a vida ao mundo intf!iro, as
cataratas do inferno fazem subir suas
ondas lodosas, envoltas em trevas e
repletas de monstros horríveis; mas,
nesta luta de um contra todos, Vós
tríunfareis, ó Jesus, porque amais, e
o amor é mais forte do que o ódio.
- (5-
A luta será longa e tal como a

pressente o vosso Coração : isto é,
obstinada e universal, pois que Ju-
das é apenas wn começo, uma raiz
que se ramüicará largamente, e se
reproduzirá sem cessar. Depois dêle,
os sacrílegos, os apóstatas, os astu-
ciosos, virão receber ou consagrar
vossos santos mistérios : a sua ale-
gria satânica será profaná-los, insul-
tá-los ; havê-los-á de tôda a idade,
sexo, condição ; e não faltarão tam-
bém aquêles que, embora particulat--
mente amados e honrados por Vós,
continuarão em vossa Igreja, o de-
lito de seu desgraçado pai.
O mundo que obedece a Satanás,
e, renegando o seu baptismo, se van-
gloriará de seguir o paganismo an-
tigo, êsse mundo vos ha de comba-
ter com um encarniçamento que não
acabará senão com êle ;· perverterá
as inteligências juvenis, multiplicará
as seduções que corrompem o cora-
ção e volverá em irrisão vossos san-
tos mistérios, lançando o descrédito
sôbre os sacerdotes de vossa Euca-
caristia. Perseguidor hipócrita, pro-
-46-
curará, por meio de leis iníquas, fe-

char o aaminho às vocações sacer-
dotais; encontrando resistência, disso
tomará pretexto para aberta perse-
guição; os sacerdotes fieis serão ex-
pulsos, espoliados os altares, profa-
nados os santos Mistérios, abando-
nados os templos. O Jesus, esta res-
posta do ódio, que Satanás, ajudado
pelo nosso orgulho e nossa corru-
pção, vos atira através dos séculos,
Vós já ·a ouvistes no Cenáculo, onde,
ctlm horrível audácia, Judas a faz
ressoar a vossos ouvidos : o vosso
amor sente-se com isso, abalado e
perturbado, mas, sabendo-se inexau-
rível, dá-se e continuar-se-á a dar a
todos, em tôda a parte e até o fim .
• /n finem•!
E agora, qual é minha atitude, em
torno de quem cerrarei fileiras neste
grande combate? Oh! junto a Vós,
Jesus, convosco, que tanto me amp.is.
Mas, ai de mím! Meu amor é ainda
mais debil que o dos vossos Após-
tolos, mais repleto de preocupações
terrenas, mais exposto a mil infide-
lidades e a qualquer traição. Forta-
-47-
lecei-o, ó meu Deus, e fazei que a

sua miséria, as suas próprias quedas
sirvam para reerguê-lo e estabelecê-
lo sôbre o alicerce da humildàde,
tornando-o fiel para sempre.
Fortalecei-o e aumentai-o tanto,
que lhe seja dado fazer reparação
por aquêles que ultrajam vossa Eu-
caristia, consolar vosso Coração a-
margurado pelas ingratidões de que
é continuamente saciado neste Sa-
cramento de vosso grande, de vosso
imenso amor.
-48-
Aclamações de Reparação
D. - Senhor, quantas culpas na
minha vida I Que espanto no dia
do juizo, quando todas me forem
manifestadas I
Toe/os: - Perdão, Jesús, perdão I
D. - Que terror, sobretudo quan-
do as vir em toda a sua malícia
aas suas pavorosas consequências r
Toe/os: - Perdão, Jesús, perdão r
D. - O J esús, com os meus pe-
eados V os tenho flagelado, Vos te-
nho crucificado, Vos tenho renova-
do a Paixão!
Toe/os: - Perdão, Jesús, perdão!
D.- O Jesús, com os meus pe-
cados me revoltei contra Deus, te-
D.ho merecido o inferno !
Toe/os:- Perdão, Jesús, perdão !.
D. - O meu J esús, choro os meus
pecados, detesto-os e prometo-Vos
com o socorro de vossa graça,
nunca mais Vos ofender !
-49-
D.- Ú Jesús, perdão tambem pe-

los pecados de todos os homens,
pelos pecados de minha pátria, pe-
los pecados do meu próximo, dos
meus parentes !
Toe/os: -Perdão, Jesús, perdão!
D.- ú Jesús, perdão pelas blas-
femias e profanações dos dias san-
tos!
D. - Pelos sacrilégios cometidos
contra a Hóstia Sacrosanta.
Toe/os: - Perdão, Jesús, perdão r
D. ......;. Pelas libertinagens e escân-
dalos públicos.
D. - Pela falta de modéstia no
trajar. ..
D. - Pelos corruptores da infân-
cia e da juventude.
Toc/os : - Perdão, J esús, perdão I
D. - Pelos crimes do lar cristão,
pelas faltas dos pais e dos filhos.
-50-
D. - Pelos perturbadores da or-

dem pública, social e cristã.
ToJos: - Perdão, Jesús, perdão I
D. - Graça e perdão para todos
os pecadores.
ToJos: - Perdão, Jesús, perdão I
D. - Aumentai, Senhor, a nossa
contrição, afim de que possamos
dizer-Vos com mais amor ...
ToJos: -Perdão, Jesús, perdão!
Cânticos para as adorações solenes :

I
Parce, Domine, parce populo tuo, ne in
mtemum irascaris nobis (tres vezes).
n
Cor Jesu Sacratissi.mum, miserere no-
bis (tres vezes).
lli
Côro: Perdoai, Senhor, por piedade !
Perdoai a minha maldade, Senhor
Antes sofrer, antes morrer
Que Vos ofender !
-51-
Perdi com vosso amor

Da alma o candor :
Perdi mór riqueza!
Perdi com vosso amor
Certo penhor
De eterna grandeza !
Côro : Perdoai, Senhor, por piedade ! etc.
Deixei de Deus a Lei
E me entreguei
A toda a maldade !
Deixei de Deus a Lei
E me afastei
Da felicidade!
COro : Perdoai, Senhor, por piedade! etc·
IV
Teu coração, ó meu Jesús amado,
Sempre há de ser uma escola de amor.
Guarda-me, pois, ó Senhor adorado,
Para poder servir-te com fervor.
Côro:
Deus de bondade,
Santo Coração,
Do povo brasileiro,
Piedade, compaixão, (bis)
O bom Jesús, com toda confiança,
Minha alma sempre a ti recorrerá :
Asilo fiel e porto de esperança,
Teu coração não me abandonará.
-52-
Ultimo quarto de hora - Súplica

"Sciens quia omnia cleclit ei
Pater in manus... "
«Sabendo que o Pai havia
posto tôdas as cousas enl
suas mãos ... »
-Neste preâmbulo, do qual, cada

palavra é tão luminosa, tão profunda
e significativa, São João diz ainda
que Jesus, antes de realizar a obra-
prinla de seu amor, lembrou-se de
que o Pai colocara em suas mãos
tôdas as cousas : •sciens quia omnia
c/ec/it ei Pater in manus•. ~le nô-lo
mostra assim, com as mãos copiosa-
mente cheias de todos os tesouros
da terra e do Céu, pronto a nô-los
dar, como de facto os dá, ao dar-se
a si mesmo.
Amar é dar-se a si próprio : nessa
hora Jesus ama até o extremo, até
o máximo do amor, e portanto Ele
dá tudo aquilo que dar se póde :
para tornar-nos senhores de todos
53-
os bens, de todos os dons, de todas

as riquezas e dos mais esplendidos
haveres, dá-se a si mesmo. Real-
mente, possuir Jesus, é possuir tudo.
Tudo o que existe, subsiste n'Ele.
• In ipso conJita sunt universa•. O que
não existe n'Ele, não foi criado por
Deus, é cousa de que não se toma
conhecimento, e à qual não se dá
nenhuma importância : .Et omnia in
ipso constant- (Coloss., I -16 e seg.)
Pois bem, :E'le que nos deu os bens
da natureza ao criar-nos, os bens da
graça ao remir-nos, naquêle grande
momento dá-se a si mesmo, reunin-
do e congregando todos os dons,
neste dom supremo: recebendo-o,
nós recebemos tudo, temos tudo, so-
mos senhores de tudo: •quomoJo non
etiam cum i/lo omnia nobis Jonavit• ?
(Rom., VIII - 32).
Oh! generosidade inaudita, libera-
lidade sem limites, magnificência que
sobrepuja a de todos os reis, prodi-
galidade adorável do amor! Já que
sois propriedade minha, ó sacrossan-
ta Eucaristia de Jesus, o que posso
desejar e procurar sôbre a terra e
-54-
no Céu, que não encontre em vós ?

Vós correspondeis a tôdas as minhas
aspirações, satisfazeis tôdas as mi-
nhas necessidades, saciais todos os
meus desejos, e ·me dais tudo aquilo
que possui o próprio Jesus: comnia
clec/it ei Pater in ma nus•.
·Omnia•: A Eucaristia dá tôdas as
cousas! - O Corpo de Jesus, êsse
Corpo nunca manchado pelo pecado
e isento de tôda concupiscência, feito
da substância virginal de Maria, pe-
netrado da pureza do próprio Deus,
pela sua imediata união com o Ver-
bo; êsse Corpo de Jesus, que, pela
fome, a sede, o frio, o calor, as lon-
gas viagens, os jejuns, as fadigas, se
tornou tão cheio de tôdas as virtu-
des próprias para santificar o meu ;
êsse Corpo que, dentro em breve
será posto na prensa da agoriia, mar-
tirizado pelos golpes da flagelação,
rasgado pelos cravos, e tão profun-
damente mergulhado na fornalha de
intoleráveis dores, a-fim-de tornar-se
um remédio para a minha carne
corrompida, um bálsamo para as do-
res a que está sujeita, um alimento
-55-
capás de torná-la vigorosa no traba-

lho, resistente na mortificação, sub-
missa à alma : «Ümnia» !
. .Omnia•: tôdas as coisas. A Euca-
ristia me dá o Sangue de Jesus, o
seu Sangue puríssimo, mais puro do
que a própria fonte imaculada de
onde brotou : bebida inebriante que
afugenta os temores, as ansiedades
e nos conforta · nas tristezas ; vinho
generoso, que fortifica, desperta e
anima a coragem; colírio, que abran-
da a dôr ; óleo balsâmico que alivia
as chagas; leite dos pequeninos que-
os faz crescer; lavácro límpido e
refrigerante que modera o fogo das
paixões, acalma a febre do sangue,
ardendo em cólera, em orgulho, em
sensualidade : sim, ela me dá o San-
gue de Jesus que me resgatou e cuja
voz onipotente prada : perdão, mi-
sericórdia! «Omnia»!
_ cOmnia»; tôdas as coisas. A alma
de Jesus, a mais bela e mais perfeita
criação do amor e da onipotência de
Deus. Esta alma tão santa, inteligen-
te e amante, Vós a dais a mim, ó
-56-
adorável Eucaristia, com todos os

seus tesouros de graça e de amor,
de sabedoria e de ciência, com to-
dos os seus dons e virtudes, com to-
dos os méritos das angústias e ter-
rores por que quís passar, daquela
tristeza com que agonizou até às
portas da morte - com suas alegrias
infinitas da união hipostática e da
visão beatífica, a Eucaristia, ó Jesus,
me dá a vossa alma para santificar
a minha, tornar-lhe mais ágeis as
faculdades, livrá-la do peso da ma-
téria, iluminar-lhe a inteligência, pu-
rificar-lhe a memória, fortificar-lhe
a vontade, e inflamá-la em amor :
«Omnia»!
cOmnía.. : tudo. Sim, ó Jesus, a
vossa Eucaristia me dá tudo, até
mesmo a vossa divindade. Ela me
dá vossa própria Pessoa, o Filho
único do Eterno Pai, e o Pai e o
Espírito Santo vêm convosco, por
aquela identidade .de essência que
vos une em perfeitíssima Unidade e
por aquêle comu~ amor que vos
traz dentro em mim. Vós vos dais
a mim, e eu possúo a vossa natu-
-57-
reza divina e todos os vossos ado-

ráveis atributos; é meu o Increado,
o Imenso, o Infinito, o Eterno, -o
Onipotente. Vós vos dais a mim,
Vós que sois a Sabedoria, a Majes-
tade, a Providência, a Bondade, a
Justiça, a Santidade, a Misericórdia.
Vós sois Deus e sois o meu Deus.
E me dais a vossa divindade, para
deificar-me, criando em mim, hábi-
tos divinos.
E a vossa eternidade vem para
tornar-me constante no vosso amor
e invencível na tentação, para pre-
parar-me à eterna beatitude - a
vossa imensidade para dilatar a mi-
nha caridade, estender o meu zelo
e fazer-me abraçar com afecto e so-
licitude o mundo inteiro - a vossa
onipotência para tornar-me capás de
grandes coisas, de heróicos empre-
endimentos pela vossa glória, pelo
serviço de Deus e bem do meu pró-
ximo - a vossa santidade para afas-
tar-me do pecado, revestir-me de
tôdas as virtudes que fazem os san-
tos - a vossa justiça para inspirar-
me o horror ao mal, o amor à vossa
-58-
lei, o culto à verdade - a vossa

bondade e a vossa misericórdia para
me fazerem benévolo, indulgente com
os fracos, compassivo para com a-
quêles que sofrem, accessível aos
mais pequeninos, paCiente para com
aquêles que me contradizem, bom,
em suma, bom por vossa própria
bondade, tão humilde, condescen-
dente e suave para com todos
«Ümnia»! ·
.Omnia»: tôdas as coisas. Ainda o
não enunciei, ó Jesus, porém, não
havia esquecido o que de mais pre-
cioso ha no vosso dom, a sua flor
mais perfumosa, o seu mais saboroso
fruto, a sua mais nutritiva substân-
cia, aquilo que o meu coração deseja
acima de tudo e sem o que, a vossa
Eucaristia me seria incompreensível,
ou antes, nem sequer poderia exis-
tir : a vossa Eucaristia me dá o vosso
CorQ.ção. Dá-o ao meu Coração, e o
dá vivo, amante, fonte de vida, foco
de amor, dá-mo com suas ternuras,
dores e alegrias ; dá-me êsse Cora-
ção, instrumento incansável de tôdas
as v.ossas obras, maravilhas e mise-
-59-
ricórdias, êsse Coração, do qual Ela é

precisamente a obra-prima, o triwúo
e a glória.
E o vosso Coração ;comunicado a
mim pela vossa Eucaristia, torna-se
o meu coração, sim, o meu próprio
coração, para amar-vos e amar meus
irmãos, para suprir, em tudo, à mi-
nha insuficiência, para adorar-vos,
louvar-vos, agradecer-vos como me-
receis, para expiar e pedir-vos gra-
ças, para suplicar-vos apresentando-
vos tôdas as minhas precisões; trans-
forma-se em meu coração, para mim,
para meus irmãos, para todos os que
me são caros, e para o mundo in-
teiro.
Ora, uma vez que possúo o vosso
Coração e, com êle todo o vosso
santíssimo Corpo, Sangue e Divin-
dade, e que assim· sois todo meu,
estais inteiramente à minha disposi-
ção, ctotus in nostros usus expensus.., ó
Jesus, meu querido Jesus, que posso
eu desejar no Céu, que já não pos-
súa, ou procurar sôbre a terra, que
não encontre em Vós ? Sim, sim,
-60-
Vós tudo tínheis em vossas mãos e

tudo me haveis dado, o Evangelista
o disse: Amastes os vossos que es-
tavam neste mundo, e quisestes amá-
los até o fim: ccum clil,xisset suos qui
erant in mune/o, in Finem c/ilexit. I
E agora, eu vos rogo, prostrado a
vossos pés : dai-me a vossa Eucaris-
tia, dai-ma hoje e sempre, nos dias
de ventura e de sofrimento, dai-ma
tôdas as vezes que me for dado apro-
ximar-me da sant~ mesa ; e vinde
trazer-ma quando a agonia me pren-
der ao leito de morte : amai-me até
o fim, e conduzí-me ao lugar onde
vos amarei para todo o sempre !
do francês • por A. TESNIÉRE

da Congregação do SS. Sacramento
-61-
Aclamações de súplica
D. - Senhor, Vós dissestes: ''Pe-
di e recebereis" - nos queremos
pedir-vos muito I
Toclos: - O J esús, atendei-nos !
D. - Abençoai todos os nossos
interesses espirituais e materiais.
Toe/os: - O Jesus, atendei-nos I
D. - Dai-nos a graça de amar-
Vos, de amar-Vos sempre!
ToJos: - O Jesús, atendei-nos I
D. - Dai-nos especialmente o
amor à Comunhão, à adoração, o
amor ao vosso Coração Eucarístico,
o amor a Maria Santíssima, Nossa
Mãe e Senhora !
Toe/os: - O Jesús, atendei-nos
D. - Abençoai as nossas famí-
lias, preservai-as do pecado, o maior
de todos os males.
Toclos: - O Jesús, atendei-nos I
D. - Convertei os pecadores.
sustentai os vacilantes, aumentai o
zelo dos apóstolos.
ToJos: - O Jesús, atendei-nos !
-62-
D. - Tende compaixão dos mo-

ribundos, sarai os doentes, livrai
as almas do Purgatório.
Toe/os: - O Jesús, atendei-nos I
D. - Protegei a Igreja, o Papa,
o nosso Arcebispo, os nossos Pa-
dres, o nosso Clero.
Toe/os: - O' Jesús, atendei-nos I
D. - Abençoai a nossa pátria,
os nossos governantes, o nosso
povo.
Toe/os: - O' Jesús, atendei-nos!
D. Abençoai ;:~.s nossas inten-
ções, confortai-nos, sustentai-nos,
recebei-nos no vosso amor.
Toe/os: - O' Jesús, atendei-nos!
D. - Nossa Senhora do SSmo.
Sacramento,
Toe/os: - Rogai por nós.
Canto final
Côro : CoraçAo Santo, - Tu reinarás; -
Tu nosso encanto - Sempre serás, (bis).
Jesús amavel, Jesús bondoso - Pai
amoroso, frágua de amor - Aos teus pés
venho, se tu me deixas, - Humildes quei-
xas, sentido expôr.
-63-
Divino peito que amor inflama - Em

viva chama de eterna luz, - Porque a.
tens sempre reocincentrada - Não adora-
da, doce Jesús.
ou
- Queremos Deus. homens ingratos! -
Ao Pai Supremo, ao Redentor. - Zombam
da Fé os insensatos; - Erguem-se em
vão contra o Senllor.
Côro : Da nossa fé, ó Virgem, - O bra-
do abençoai, - Queremos Deus, que é
nosso rei - Queremos Deus, que é nosso
Pai.
Queremos Deus ! um povo aflito, - ó.
doce Mãe, vem repetir, - Aos vossos
pés, de alma este grito - Que aos pés
de Deus fareis subir.
Hino do V. Congresso Eucarístico Nacional

de Porto Alegre
P. JOSÉ JUNGUES
1. Sob as bênçãos do lindo cruzeiro,

Que nos céus do Rio Grande reluz,
Dobra a fronte o Brasil altaneiro
Ante a Hóstia de Cristo Jesus.
-64-
E::;trlllilho:
Sôbre os povos teu reino se expande.

Jesus Hóstia no trono do altar:
Guarda sempre o Brasil forte e grande,
Que o Brasil quer a ti sempre amar.
2. Pelas várzeas e pelas coxilhas

Por vinhedos e loiros trigais,
Pelos templos e pelas famflias
Passa a Hóstia em triunfo reais.
3. Nobres filhos da raça dos bravos,

Brasileiros fiéis ao Senhor,
Livres sois, nunca fôstes escravos,
Mas da Hóstia o sereis por amor !
~- Hóstia viva, torrente de graças,

Sol de amor e arco-iris de paz,
Tu que tôdas as almas enlaças,
Tu sómente os mortais unirás !
5. Pão dos anjos, maná desta vida,

Corpo e sangue do Filho de Deus.
És dos homens, na luta renhida,
O penhor mais seguro dos céus.
6. Pôrto Alegre, cidade formosa,

És da glória gaúcha o fanal :
Sê também a princesa piedosa,
Junto à Hóstia de amor imortal!
SEMANAS EUCARISTICAS
O que aio? - Uma Associação que tem o
srande ideal de manter dia e noite, paro Jesus,
Rei dos reis, um belo tróno, com um srondc
cortejo de adoradores.
OrgeniuçJo. - Os associados sio divididos
em 13 grupos.
Os primeiros 12 grupos são formados pelos
que se inscreveram nas SEMANAS EUCARISTI-
CAS DOS VIVOS e participam pessoolmente,
ou fazem p.,ticipar outros vivos de todos as
graçu que descem do trôno eucarlstlco nessos
semanes. A ceda grupo é destinada uma se111ana
por trimestre.
O 13. 0 srupo é lormo~do pelos mortos que
foram inscritos nas SEMANAS DOS MORTOS
pera que eles beneficiem de todos 01 sulrasios
que se fazem durante esso~s semanas.
V •ntasc111. - Coploslssimas, das queis as
principais sio :
Pora os vivos: o1 Santa Missa todas as quln·
tt~s-lelras.
Po~ro1 os mortos : o1 Sento~ Misse com Rosario

e Bençio, todos os dlu da sua semana.
Tanto os vivos como os mortos, perticlpo~m
de todas as b6as obres dos Socrementlnos.
Condiçõ... - Para a inscriçio, envi., eo
Podre Diretor Rue Santo lflsenio, 54 • Sie P11ule
seu proprio nome, com a olert1 mlnim• de
Cr S 20,000 onuais ou Cr S 400,00 ifHrl o lns-
criç.ío perpetu11.

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O' Beato Pedro Julião, que recebestes

1. Antes do dia festivo da Pascoa, saben-

2. E acabada a ceia, como o diabo hou-

8. Sabendo Jesus que seu Pae depositou

do a causa de tão cruento sacrifí-

Fazei, pois, ó J esús, que eu pe-

- Eis a vossa hora, ó Jesus, a

e dar-vos a nós sem reserva; é a

em vossas obras, nada mais era se-

como sua morte; esses dois rios de

outros, Ela porém, aí estará sempre,

continuará a velar por nós quando

exemplos e as graças de ~a vida,

trado e estreitado no amor da Hóstia

realizar êsse acto tão cheio de gran-

Aclamações ao S~ntíssimo Sacramento

D. - Verdadeiro Corpo e Sangue

D.- O meu Jesús, esplendor da

D. - Diviníssimo Sacramento, que

Glória a Jesús na Hóstia Santa- Que

Cantemos ao amor dos amores,

Segundo quarto de hora- Ação de graças

Como S. João revela o poder

.Suos•, os seus! Ele possuia pois,

placências. E como poderieis jamais

mulheres, o pequeno grupo dos ami-

aquela pureza de amor que Lhe era

nós, todos os homens. Não vos per-

exaustivos trabalhos, sujeitos aos

pão, defendendo-a de seus mmngos,

terra, ó Jesus! Vós sois a nossa ca-

admiro as maravilhas de vosso amor,

dos aos de todos os vossos Santos,

Santa Eucaristia - Presente sem par -

Côro : Bendito seja o Santuário - Em

1. Meu coração delira - Na mais doce

Terceiro quarto de hora - Propiciação

- Que o amor de Jesus tenha

obstinação. Já era cousa soberana-

comunhão sacrílega; para êle, rece-

verdade do que Je:sus opera: é um

tôda a vossa redenção,. sofrimentos

disse perdão ! Mas aquêle coração

tável a fraqueza da carne a-pezar-da

Sangue nêste cálice da Ceia ? Em

A luta será longa e tal como a

curará, por meio de leis iníquas, fe-

lecei-o, ó meu Deus, e fazei que a

D.- Ú Jesús, perdão tambem pe-

D. - Pelos perturbadores da or-

Cânticos para as adorações solenes :

Perdi com vosso amor

Ultimo quarto de hora - Súplica

-Neste preâmbulo, do qual, cada

os bens, de todos os dons, de todas

no Céu, que não encontre em vós ?

capás de torná-la vigorosa no traba-

adorável Eucaristia, com todos os

reza divina e todos os vossos ado-

lei, o culto à verdade - a vossa

ricórdias, êsse Coração, do qual Ela é

Vós tudo tínheis em vossas mãos e