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A Basilica e a Gruta da Virgem de Lourdes
AS lVIA~AVILt{AS
DE
LOURDES
á face
da SCIENCIA e da HISTORIA
POR
.IU~Ctlli3ALDO ~Ii3EI~O
PARIS
LIVRARIA SÃO JOSÉ
TOLRA E SIMONET, EDITORES
28, rue d'Assas, et rue de \'augirard, 76 .•.
LIBRAIRIE DE LA GROTrE LIVRARIA PORTUGUEZA
DE JOAQUIJ[ IIARIA DA COSTA
à LOURDES
55, Largo dos Loyos
(Hautes-Pyrénées) PORTO (Pol'tugal)
1912
A 1\IEU ILLUSTRE AMIGO
Homenagem atfectuosa
DO
AOTO~
AS :IIARAVILHAS DE LOURDES IX
ARCHIBALDO RIBEIRO.
2
I
* **
***
Ao entardecer de um bello dia, 18 de Fevereiro,
as sras. Millet e Antoniette Peyret, já conhece-
doras das noticias das Apparições, espalhadas no
local, entravam na residencia Soubirous. Nesse
6 AS MARAVILHAS DE LOURDES
***
***
Era 20 de Fevereiro.
A affluencia de pessoas na Gruta era crescente;
começou por grupos, chegando a centenas, e
passando de milhares. Bem cedo ainda, ao assomar
dos primeiros lampejos da aurora, Bernadette
saíu de seu lar querido, chegando ás 6 1/2 á Gruta.
Não se encommodou com os olhares da multidão
que a esperava. Serena, começou sua fervorosa
prece. Um momento depois resplandescia em seus
olhos uma luz extranha. Sua mãe, presente a esta
scena do céo, exclamou : « Desmaio, e não re-
conheço mais minha filha. »
O enthusiasmo foi commovente e geral. Depois
8 AS MARAVILHAS DE LOURDES
***
O doutor Dozous, medico riquíssimo de fama e
pauperrimo de crença, julgando ir assistir a um
caso nevropathico, dirigiu-se á Gruta. Lamentava
as interpretações populares, e, facto extraordina-
rio, elle mesmo reconheceu que o problema de
que se tratava não podia ser explicado por seu
cabedal scientifico. Leiamos o que seu proprio
punho escreveu ácerca da sexta Apparição :
(( Logo que Bernadette chegou á Gruta, aj oe-
lhou-se e orou. De repBnte, uma mudança com-
pleta de seu rosto denunciava que ella estava
em communicação com a Apparição.
... Seguindo attento todos seus movimentos,
quiz saber qual era o estado da circulação do
sangue e da respiração. Segurei o braço da mo-
cinha, examinei a arteria radial : o pulso era tran-
quillo, regular, e a respiração facil; nada indicava
uma excitação nervosa. Depois que, concluído
meu exame, deixei o braço de Bernadette, ella
***
J acomet, sem se preoccupar com o insuccesso
de Dutour, quiz falar com Bernadette. Estrade
que tanto blasonou contra Lourdes, convertendo-
se depois, compareceu a esse interrogatorio insi-
diosamente amavel; descreve-nos em um seu pre-
cioso livro (1), citado com a maior consideração
pelos homens mais eminentes que têm escripto
sobre Lourdes : « J acomet : J a terás comprehen-
dido, sem duvida, o fim de eu te ter chamado
aqui. Falaram-me de tantas bellas cousas de tuas
visões em Massabieille, que minha fé, como a de
todo o mundo, está anciosa para saber do que se
trata. Desagrada-te referir-me, e ao sr. Estrade,
os factos de teus encontros com a Senhora da
Gruta?
Não .
- Tu te chamas, creio, Bernadette? ...
- Sim, Bernadette.
- Bem; e teu nom~ de família?
- Bernadette Soubirous.
- Que eda de tens?
- Quatorze annos.
- Não te enganas? - ajuntou o Commissario
sorrindo, como que a interrogando se não exagge-
rava.
- Não, não me engano; tenho quatorze annos.
- Que fazes em tua casa?
- Nada de relevante; desde que regressei de
Bartrês vou á escola para aprender o Catecismo;
depois da escola cuido de meus irmãos, que são
mais moços que eu.
- Então habitaste Bartrês? Que fizeste lá?
- Ordinariamente pastoreava um rebanho de
ovelhas.
O Commissario, em tom prazenteiro, versou sobre
assumptos secundarios, e quando julgou ter cap-
tado a confiança de Bernadette proseguiu : Agora
chegamos ao ponto que queremos conhecer de ti,
_isto é, á scena do rochedo de Massabieille, que
ardentemente te ha impressionado. Não temas
em explicar-te.
Bernadette, como se estivesse entre ·os seus, com
sua voz sympathica, tudo relatou com emoção e
olhos cheios de lagrimas. Emquanto ella falava, o
Commissario escrevia. Por fim, continuou elle : O
que me contas é com effeito assaz interessante;
AS MARAVILHAS DE LOURDES 13
20 a1mos? ...
- Não; disse de 16 a 17.
- Que está com uma veste azul e cinto bran-
co? ...
- O contrario : veste branca e cinto azul.
- Que os cabellos caem para traz? ...
- Entendestes mal : é o véo que cae. ll
Bernadette corrigiu, respeitosa e sem timidez, as
variantes do Commissario; este mudou de tactica,
tomando um ar serio e ironico :
« Minha cara Bernadette, deixei-te falar á von-
tade; agora devo declarar-te que já conheço a
historia de tuas pretendidas visões ; essa historia
é de pura invenção, e eu sei donde proveiu ... n
O Commissario fez uma pausa, e fitou a criança,
que respondeu :
« Sr., não vos comprehendo.
- Quero ser mais explicito. Dize-me : Alguem
não te aconselhou em segredo para proclamares
AS MARAVILHAS DE LOURDES 15
rias !. ..
- Ella está magnificamente ensinada.
- Não partilho vossa opinião; esta criança se
acha fascinada, e o quadro que ella viu ou acre-
ditou ver está sob seus olhos; reproduzindo-os,
descreve aquillo que vê.
Qual ! Ella recita o que aprendeu !
Crêdes que uma pobre criança da qualidade
AS ~L\RAVILHAS DE LOURDES 17
***
Agentes de policia vigiavam os passos de Ber-
nadette.
Na manhã de 22, segunda-feira, cumprindo as
ordens de seus pais, foi ao Collegio, com recommen-
dação expressa de não se desviar do caminho.
Entretanto, ordens mais soberanas que as da
policia e de seus pais a impelliam para a Gruta ...
E eil-a no dia 24 contemplando a Senhora de
seu amor l
Estrade, movido por mera curiosidade, e a
instancias de sua irmã, assistiu á septima Appa-
riçao. Assim nol-a descreve :
<< Na manhã aprazivel, chegando Bernadette á
***
A 24 de Fevereiro, Bernadette chorava copiosa-
mente, amargurada como uma Magdalena arre-
pendida. Soluçando, disse, em meio do extasis, aos
que estavam na Gruta: << Penitencia! PenitenciaI
Penitencia ! >>
Reinava um silencio solemne, quando um Offi-
cial, acompanhado de um ajudante de ordens, em
um intervenção mesquinha e ridícula, exclamou,
rijamente.:
<< Que fazes, comediante? ... >>
lo XIX!. .. >>
AS MARAVILHAS DE LOURDES 19
***
UI!fa nuvem de tristeza envolveu o espirito da
multidão que se achava na Gruta no dia 25.
<< Bernadette enlou"queceu !... >> diziam todos. E
porque?
Ouçamos o que ella respondeu ás pessoas que,
vendo-a depois do extasis e em caminho para a
cidade, sem nota alarmante- e caracterisadora de
imperfeito uso de rasão, lhe perguntaram :
« Bernadette, esta manhã muito te distraiste
na Gruta. Porque aquellas idas e vindas? Porque
escavaste a terra e bebeste a agua que te deveria
repugnar? Porque comeste a h erva?
- Quando eu orava, a Senhora ordenou-me
em voz amigavel, e ao mesmo tempo seria : « I de
beber e laÇJar-ÇJos na fonte. >> Como eu não soubesse
onde estava a fonte, dirigi-me para o Gave; a Se-
nhora chamou-me, e fez signal com o dedo para
approximar-me do angulo esquerdo da Gruta.
Uma força interior, como aquella qua me fez
comer a herva, induziu-me a esgravatar a terra :
- a agua brotou. Bebi, e lavei-me. >>
E desta fonte têm dimanado oceanos de gra-
ças!. ..
20 AS )IARAVILHAS DE LOURDES
***
26 de Fevereiro.
Bernadette, chegando á Gruta, não se mani-
festou surprehendida pela fonte. A Senhora lhe
ordenou obras de expiação pelos peccadores.
***
Na Apparição de 27, em que as alegrias do
extasis se prolongaram mais que de ordinario, a
Senhora deu a seguinte mensagem a Bernadettc :
<< Ide dizer aos padres que aqui deve ser erigida
uma Capella. »
A vidente, apezar de conhecer o genio austero
do Vigario Peyramale, que não dava- assim como
seus Coadjutores - importancia ás noticias das
Apparições, apresentou-se a elle sem tardança.
AS MARAVILHAS DE LOURDES 21
* •
**
Na madrugada de 28 um numero superior ao de
2.000 pessoas aguardava a chegada de Bernadette
á Gruta.
As communicações deste dia foram, como em
outras occasiões, particulares, e todos respeita-
ram o silencio da menina. Após o extasis, foi ella
ouvir · a Missa de domingo.
***
Obreiros piedosos endireitaram o caminho da
cidade para a Gruta, que deveria ser no futuro um
dos maiores e mais transitados do mundo. Em
uma piscina, construida por elles, se virificaram
as primeiras curas. As maravilhas iam ser multi- •
plicadas!
Em toda parte se agitava um grande movi-
mento. A campanha da imprensa impia estimulava
os extrangeiros e curiosos a virem a Lourdes.
Enlevados, testemunhavam a realidade; o
triumpho de Bernadette era maior! Na Apparição
24 AS MARAVILHAS DE LOURDES
***
Como no dia 27 de Fevereiro, depois do extasis
se levantou Bernadette muito preoccupada :
tinha nova missão para o Vigario, e não sabia
como apresentar-se deante de sua pessoa.
Ordenara a Senhora, e era forçoso partir!. ..
Pedindo a sua tia Bernada a acompanhasse,
dirigiu-se a cumprir seu dever. O padre Peyramale,
recebendo-as com gelida delicadesa, perguntou a
B ernadette :
<< Que vens communicar-me? A Senhora falou-te?
* **
***
O tempo passou ... A Capella foi erecta ... E a
5 de Outubro de 1872 notava-se em Lourdes uma
imponente manifestação nacional, a primeira
AS 1\iARAVILHAS DE LOURDES 27
***
Como uma ou outra vez, no dia 3 de Março a
Senhora não appareceu na Gruta.
Os trens vinham completamente cheios; o
agrupamento em Massabielle era grande; as
autoridades vigiavam. Os j ornaes discutiam entre
si : os catholicos nada, geralmente, proferiam sobre
as Apparições; os adversarios, avançando sem
exame, tudo averbava de fanatismo, ignorancia.
Paris borborinhava commentando o caso. Das
polemicas travadas, em que se enterreiravam as
melhores pennas da epoca, nada se definira.
No dia 4, chegando Bernadette á Gruta, um
fremito singular se propagou em mais de 20.000 es-
pectadores.
« Eis Bernadette !... >>
E ella, simples e humilde, caminhava entre o
28 AS MARAVILHAS DE LOURDES
***
Os jornaes impios, no período de 4 a 25 de Março,
clamavam que a vidente, abandonada pelo favor
popular, vivia encerrada na casa de seu pai, medi-
tando com tristeza sobre as glorias fugitivas e
ephemeras de sua habilidade sybillina.
Bernadette, entretanto, ia sempre á Gruta, e,
sem esque~r a Senhora, vivia satisfeita, trilhando
um caminho de paz e innocencia.
Muitos, é verdade, tinham por certo estarem
terminadas as Apparições, mas perseverava o
fogo da fé.
A noite de 24 foi de insomnia para Bernadette;
AS 1IARAVILHAS DE LOURDES 29
***
Na Apparição de 7 de Abril tinha Bernadatte
um cirio na mão direita, cuja flamma lhe atraves-
sava os dedos durante um quarto de hora. Depois
do extasis, o Dr. Dozous, que estava na Gruta,
examinou a mão : estava intacta !. .. Pediu um
cirio, e fez com que Bernadette repetisse a scena.
Ella retirou logo a mão, exclamando : << Vós me
queimaes ! >>
*** •
A Virgem pedindo a Bernadette viesse á Gruta
durante quinze dias, melhor quinze vezes, não
determinou o lapso de tempo. Na festa do Carmo,
a vidente orava na Igreja Parochial. Ouviu a voz
melliflua da S. S. Senhora que a chamava á Gruta.
Obedeceu. Fixando o rochedo, transfigurada pela
aureola do extasis, disse : << Sim, sim, eil-a !. .. Ella
AS ~IARAVILHAS DE LOURDES 31
LOURDES E A AUTORIDADE
CIVIL
DECRETA :
Visto e approvado.
O Prefeito : O. MASSY. n
40 AS MARAVILHAS DE LOURDES
***
O povo, sujeitando-se ás penas do processo,
pagando generosamente as multas, ia sempre,
em romaria de piedade e amor, á Gruta da Virgem.
Com gosto imrnenso, recordando Jesus no pretorio
de Pilatos, comparecia ás audiencias da justiça,
d'oude saía erguendo « Vivas a Nossa Senhora de
Lourdes I »
O Agente Callet (1), vigia da Gruta, antes de
cumprir as ordens de seus chefes, prostrado, com
* **
AS MARAVILHAS DE LOURDES 45
***
Ainda reinavam duvidas sobre a verdadeira
natureza da agua de Lourdes; os crentes, teste-
munhando curas miraculosas, apoiavam o pro-
jecto de que um novo exame fosse feito por mãos
mais habeis. Convocado o Concelho (1), que queria
FrLHOL. >>
***
Napoleão III, como todos os annos, veio passar
em Biarritz a estação deliciosa dos banhos de mar.
Aproveitando o ensejo, os habitantes de Lourdes
e dos arredores, capitaneados por pessoas respei-
tabilissimas, foram expor a Sua Magestade o pro-
cedimento arbitraria do Prefeito Massy. Ouvindo
attenciosamente, o Soberano, sem mesmo aguar-
dar o fim da audiencia, chamou seu secretario, a
quem ordenou telegraphasse ao Prefeito de
Tarbes para fazer desapparecer a barreira que
obstruia a entrada da Gruta, e não mais se intervir
nos factos das Apparições.
A 5 de Outubro foi demolida a barreira por
aquelles que a erigiram, sendo affixado nos muros
da cidade :
DECRETA :
LOURDES E A AUTORIDADE
ECCLESIASTICA
A esta causa,
'
desde as primeiras Apparições, cujo fim é rogar
favores ou dar graças por aquelles já recebidos;
Para satisfazer a legitima impaciencia de nosso
Veneravel Cabido, do ·Clero, dos Filhos de nossa
diocese, de tantas almas pias que reclamam da
Autoridade Ecclesiastica uma decisão, a qual por
motivo de prudencia foi retardada;
Querendo tambem corresponder aos desejos de
muitos de nossos collegas no Episcopado, e de
muitos personagens distinctos;
Depois de ternos invocado as luzes do Espírito
Santo e a assistencia da S. S. Virgem.
DECLARAMOS :
t BERTRÃO-SEVERO,
Bispo de Tarbes. »
6
64 AS MARAVILHAS DE LOURDES
LOURDES
e
BERNADETTE SOUBIROUS
« Caro Senhor :
78 AS MAI:tAVILHAS DE LOl'RDES
I
('
Pedro DE RUDDER
VI
PEDRO DE RUDDER.
J
98 AS MARAVILHAS DE LO U RDES
n ... _: _ _ _ .l - , . -
VII
ROUCHEL, DE METZ
-
AS MARAVILHAS DE LOURDES 107
9
112 AS MARAVILHAS DE LOURDES
A SENHORA GORDET
***
O distincto casal, posto que educado chris-
tãmente, vivia numa crença tepida; um e outro
abandonaram ou esqueceram seus deveres reli-
gwsos.
Um dia abençoado, entretanto, entrava a
doente, em Vichy, na Igreja de S. Luiz dos Fran-
cezes. Ajoelhada defronte de uma imagem de
Nossa Senhora de Lourdes, pensando na impo-
tencia dos homens, que não minoravam seus males,
perguntou a si mesma se não seria melhor implorar
o soccorro de Céo, e logo formulou um projecto
de viagem á Gruta da Virgem. Quando regressou
a Henrichemont, teve a noticia de uma Peregrina-
çao de Berry. Inscreveu-se na lista dos peregrinos
com piedoso gaudio. Não podendo effeituar a
viagem, em virtude do estado melindroso de sua
mãe, quiz, ao menos, pagar a viagem de uma
pobre doente que a substituiu.
Sua caridade não teve signal de recompensa.
Em Janeiro de 1889 começou a soffrer dores
internas, extremamente agudas. Seus gritos deli-
rantes eram ouvidos pelos transeuntes, que vaga-
vam nas proximidades de sua casa. Durante quatro
mezes crises violentas se succederam a intervallos
diminutos; o medico declarou que · um orgão
12t AS i\tARAVILHAS DE LOURDES
vida.
A doente levantou-se.
Era 30 de Agosto, data que 1he seria para sempre
immorredoura. Logo ás 6 horas foi á Gruta, onde
a Peregrinação assistia á Missa.
AS MARAVILHAS TIE LOURDES 137
ha mais tempo?
- Porque meu Vigario me tinha prohibido.
- Então, disse Zola ao Vigario de Henriche-
mont, qúe se achaça presente, retardastes a cura de
vossa parochiana? Ou talvez tinheis menos con-
fiança que ella no resultado? ...
- Desculpae-me, senhor ... ; a familia da sra.
Gordet negava o consentimento para a viagem,
que o medico achava impossivel : não era meu
dever encoraj al-a ...
- Era prudente ... E porque, sendo as mesmas e
talvez peiores as condições d'este anno, concedesws
o que outr' ora negastes?
11
i44 AS MARAVILHAS DE LOURDES
Henrichemont, 28 de Setembro.
Senhor:
***
Neste mesmo anno conversei com a sra. Gordet
nas margens poeticas do Gave; ella tinha vindo a
Lourdes numa peregrinação de amor, para dar
graças a Maria. A doente de outr'ora era uma
mulher robusta e vigorosa.
Appellara-se para o tempo : elle respondeu,
confirmando plenamente os resultados radicaes
do primeiro dia ...
150 AS MARAVILHAS DE LOURDES
J. CASTAY.
Ii ,
I
Gabriel GARGAM
IX
GABRIEL GARGAM
Agosto de 1911.
Carregou-se o azul dos ceus, embaciaram-se os
.ares, e as ventanias rolavam desorientadas de
todas as partes.
Era uma tarde tempestuosa. E na esplanada,
á frente da Igreja do Rosario, a Peregrinação .
Nacional de 1911, quieta e tranquilla, no fervor
de uma piedade sem exemplo, acclamava Jesus
Sacramentado, o Rei dos seculos e Redemptor
das almas. Eu quiz ficar durante muito tempo
no meio d'aquella multidão, composta de mais de
cem mil pessoas . Era um espectaculo indefinível!
Rugia este tão celebre e raivoso furacão do
111idi; as arvores do Calvario, da praça, açoitadas
pelo vento ríspido, envergavam-se numa gritaria
doida; a agua descia em corrente do alto das
montanhas. E o povo, insensível á ingratidão
do tempo, num enthusiasmo febril, exclamava á
passagem de Jesus ao lado dos doentes :
154 AS MARAVILHAS DE LOURDES
O enfermo peiorava.
Durante os primeiros treze dias nada comeu;
chupou apenas alguns gomos de laranja. Só no
dia 1° de Janeiro de 1900 poude beber um ôvo.
Sua alimentação continuava a ser muitíssimo
exígua, e após oito mezes quasi nenhuma. Recor-
reu-se á introducção das substancias nutritivas
por meio de sondas, o que, causando-lhe grandes
soffrimentos, elle só supportava uma vez durante
vinte e quatro horas.
Assim, a debilidade cresceu, e elle, um homem
de estatura superior á media, não pesava mais de
36 kilos.
Assignado : DECRESSAC.
H. DECRESSAC.
Sigillo de SÉvENET,
Advogado - Angoulême,
Copia conforme :
L. CLA VRIE, advogado.
L. CLAVERIE.
SÉVENET.
***
180 AS MARAVILHAS DE LOURDES
j .
As cicatrises das chagas dr )faria BoREL, obse!'vadas
logo depois da cura.
MARIA BOREL
***
No Bureau os profissionaes ficaram estupefactos
deante d' este restabelecimento instantaneo. Borel,
cheia de alegria, respondia com simplicidade o
interrogatorio medico. Caminhava e ajoelhava-se
facilmente; as chagas, as fistulas estavam cicatri-
sadas, sem o menor signal da suppuração, que
datava de seis annos; a fossa illiaca estava flexivel;
não se notava vestigio algum de rijeza; todos os
movimentos eram completos, e todas as funcções
perfeitas. O appetite reapparecera. Começou a
affectuar-se a evacuação natural.
Ás 7 horas da noite, faustosa, regressou a Mont-
pellier, onde foi recebida com caloroso festejo.
Tres dias depois adquirira mais tres kilos de peso.
I
I
I- '
-- -------- -----.,...~-------------
A PEREGRINAÇÃO
DE EMILIO ZOLA A LOURDES
um exame critico de suas doutrinas, de seu ro•
mance sobre as curas miraculosas, e dos casos
de que se occupou. Exposiçâo da verdade.
<<
.
ao Dr. Boissarie em Novembro de 1907 :
Fruo sempre uma perfeita saude; o mal
horrendo, que tanto me fez padecer, e que desap-
pareceu a 21 de Agosto de 1892, jamais apresen-
tou o menor vestigio.
<< ••• Minha cura tem regenerado muitas almas,
« Dr. JAMIN. »
1, rue Chevreul.
...
AS MARAVILHAS DE LOURDES 22f
« Dr. CIBIEL. »
AS OBJECÇÕES
***
dans son c~sence; mais ses manifestations nc ~ont pas nouvelles!
C'est elle qui agissait à Épidaurc et à Athênes; c'est elle qui gué-
rissait au cimetiêre Saint-Médard. On ne nous dira pas qu'ell~ y
h1t d'origine divioo. • Pag. 59.
I
AS MARAVILHAS DE LOURDES 251
IMPRESSÕES DE UM PEREGRINO
CONCLUSÃO
Julho de 1911.
***
Ao amanhecer do dia seguinte fui prestes á
Basilica de Nossa Senhora de Lourdes, que fica
sobre a do Rosario e a Crypta, para celebrar o
Sacrificio da Missa. Quiz uma muito feliz eventua-
lidade que me fosse destinado o altar-mor, sobre
o qual pendia do tecto o auriverde pavilhão de
meu Brasil, offerta imperial da Esposa de Pedro I I.
Terminada a Missa, e antes de minha saída, per-
corri toda a Igreja, estudando de passagem sua
graciosa conformação. O alto está bordado de
bandeiras de todos os paizes, trazidas por diver-
sas Peregrinações, attestando que a Virgem de
Lourdes é conhecida e amada no mundo inteiro .
Ao primeiro lance de vista, o todo é agradavel,
enganador até; mas, se a observação é demorada
e reflectida, apparecem logo innumeras desharmo-
nias de linhas que desagradam o gosto do artista
menos exigente. As paredes e os altares estão
cheios de tributos de gratidão á Virgem por graças
/
recebidas.
Concluindo essa minha primeira e rapida visita,
saí da Basilica justo ás 8 horas. A manhã era tão
amena, tão meiga e límpida, que tinha a doçura
270 AS MARAVILHAS DE LOURDES
***
Setembro de 1911.
Passavam-se os dias.
·Quasi sempre eu me achava no Bureau, -assi'S-
,
AS MARAVILHAS DE LOuRDES 273
***
A fé com que sempre acreditei nos milagres de
que nos fala a Sagrada Escriptura foi sempre toda
absoluta. Absoluta tambem é minha fé nos mila-
gres que se unem ao desenvolvimento e á vida
da Igreja, que é no mundo a continuação da mis-
são de .Jesus Christo. Mas, se com muita nitidez e
precisão vi sempre a possibilidade do milagre, e
se muito intimamente me inclinei á existencia do
milagre, jamais, comtudo, arrefeceu em mim a
curiosidade ou o desejo de ser testemunha d'uma
d'essas provas do Poder Sobrenatural. Não era a
duvida do facto; era a ambição de sentil-o com
sensações pessoaes. Em Lourdes quiz a Providen-
276 AS )IARAVILHAS DE LOURDES
NUMERO :\ U MERO
ANNO DOS MEDICOS AN:'i!O DOS l\IEDICOS
Bronchite. Pleuresia.
Emphysema pulmonar. Asthma.
Pneumonia. Lesões pulmonares.
Congestão pulmonar. Laryngite.
V. - E NFERMIDADES DA MEDULLA
Aphasia. Nevrite.
Congestão cerebral. Hemorrhagia cerebral.
Surdo-mudo. Alalia
Meningite aguda. Paralysia.
Pachymeningite. Paraplegia.
Hemierania. Paresia.
Cephalalgia. Astasia.
Meningite tubere. Ataxia locomovel.
Cyphose. Ü!>-teo-myelito.
Escoliose. Carie ossea.
Desviação da columna Osteite.
vertebral. Necrose.
Mal perfurante. Pseudarthrose.
Carie da columna verte- Fracturas ou consequen-
bral. cias de fracturas .
Synovite. Hydarthroso.
Entorse. Relaxa çã o das artícula-
Genu valgum. ções da bacia.
Pé aleijado. Deslocações.
Arthrite.
Conjunctivite. Cegueira.
Keratite. Blepharite.
Atrophia papillar. Deslocação da retina.
Enfermidades indetermi- I ri te.
nadas.
J .284 AS MARAVILHAS DE LOURDES
Otite. Surdez.
Othorrea.
Sinusite.
Eczema. Purpura-herpetica.
Pemphigos. Ecthyma.
Erupções. Icthyose e . lepra.
Queímaduras. Elephantiasis.
Fibronia. Metrorrhagia.
Salpyngitc. Prolapso uterino.
Kysto do OYarw. Carcinoma uterino.
Metrite. Mammite.
Ovarite. Amenorrhea.
XIV. - TuBERCULOSES :
Cholera. Crup.
Diphteria. Tetano.
XVI. - TuMORES :
Agulha no dedo.
Nevralgias. Catalepsia.
Epilepsia. Sciatico.
Hysteria. Choréa.
N eurasthenia. Obsesso.
Allucinações. Papeira-exophtalmica.
AS AUTORIDADES ECCLESIASTICAS E O
MILAGRE
NUMERO NUMERO
ANNO DOS PRELADOS ANNO DOS PRELADOS
1868 3 1871 9
1869 3 1872 19
1870 11 1873 3'Z
AS MARAVILHAS DE LOURDES 289
NUMERO NUMERO
ANNO DOS PRELADOS ANNO DOS PRELADOS
1874 36 1893 45
1875 33 1894 55
1876 58 1895 56
1877 41 1896 55
1878 38 1897 56
1879 27 1898 58
1880 50 1899 93
1881 32 1900 . 81
1882 36 1901 72
1883 52 1902 62
1884 29 1903 55
1885 44 1904 69
1886 49 1905 76
1887 62 1906 54
1888 64 1907 42
1889 48 1908 174
1890 53 1909 79
1891 46 1910 86
1892 30 1911 90
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
França; Portugal;
Hespanha; Canadá;
Italia; Oceania, especialmente :
Inglaterra; da Australia,
Allemanha; das Philippinas, ·
290' AS MAR:ANILHAS DE LO.URDES
da No.va~Zelandia, NicaL'agua;,
da. ·N ova-Calelllonia; , Reino de S.ião;
India; Bulgaria;
China; Russia; .
Brasil; Mandchuria;
Irlanda; SeychelJes;
Mexiw; Argenti:na;
Austro..JI ungria; Haiti;
ColomJo.ia; Martinica;
Armenia; Zanguehar;
Syria; Birmaná:a;
Ceylão; Venezuela;
Belgica~· Perú;
Suissa.; . Madagascar;
Mona co·; Africa-Central;
Natal; · Polonia;
Guatemala; Chile;
Coréa; Equador;
Mongoií.a'; Ilha Maurice;
Costa-Rica;
Colo:mhi:a Britannica;
Palesthm;
Cuba;
Guadelnpe;
Nova-Escossia;
'
Curaçáo; Japão;
Pbenicia-; Ab-yssinia;
M:esopo.tamia; Senegambia;
Bolivia; Tonking;
.A:merica Russa; Cochinchina;
E gypto; Noruega;
Reunião; Trinidade;
Uruguay; Açores; I
Paraguay; Bosnia;
Duas· Gl!llinés.; Marrocos;
Hollanda; Cabo Verde;
Honduras;, t Madeira;
AS MARAVILHAS DE LOURDES 293
ANNO NOMES
A REALEZA EM LOURDES
.- .
AS MARAVILHAS DE LOURDES 297
1867 36 28.000
1868 24 28.000
1869 26 21.000
1870 43 30.000
1871 34 28.000
1872 149 119.000
1873 183 140.000
.... 97.000
1874 127
1875 81 65.000
1876 88 71.000
1877 68 46.000
1878 85 65.000
1879 78 66.000
1880 79 75.000
1881 115 77.000
1882 118 115.000
1883 203 213.000
1884 85 75.000
1885 114 91.000
1886 99 92.000
1887 93 79.000
1888 105 80.000
1889 130 112.000
1890 124 97.000
1891 127 110.000
1892 171 145.000
1893 101 105.000
300 AS MARAVILHAS DE LOURDES
Manuel GONZALEZ,
Congregationis Missionis,
Censor Deputatus.
IMPRIMATUR.
p, FAGES, v. G.