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12/08/2020
Número: 0000347-09.2019.8.17.3400
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: Vara Única da Comarca de Sirinhaém
Última distribuição : 25/10/2019
Valor da causa: R$ 3.946,85
Assuntos: Efeito Suspensivo / Impugnação / Embargos à Execução
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
MUNICÍPIO DE SIRINHAEM (AUTOR) GERSON CAMARA SILVA E SENA (ADVOGADO)
CONSELHO REGIONAL DE FARMACIA DE PERNAMBUCO BERGSON JOSE NOGUEIRA DO NASCIMENTO
(REU) (ADVOGADO)
MARCO ANTONIO VIEIRA DA MOTA (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
52968 25/10/2019 13:00 EMBARGOS È EXECUÇÃO Petição Inicial
967
AO JUÍZO DA COMARCA DE SIRINHAÉM/PE
De acordo com o art. 183 do CPC[1], os Municípios gozarão de prazo em dobro para todas as
manifestações processuais. Por sua vez, o art. 219 do CPC dispõe que a contagem dos prazos
em dias serão computados somente os dias úteis[2].
Com efeito, quando a citação for por Oficial de Justiça, a exemplo do caso vertente, o prazo para
contestar começa a fluir da data da juntada aos autos do mandado cumprido – inteligência
do art. 231, inciso II, do Código de Processo Civil, sendo certo que para contagem dos prazos
computar-se-ão apenas os dias úteis, conforme regra contida no art. 219 do Diploma Adjetivo.
Cumpre, ainda, revelar que: “União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas
respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as
suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal”,
conforme comando normativo emanado do artigo 183, do Código de Ritos.
Desse modo, juntando aos autos o Mandado de Citação devidamente cumprido no dia
16.09.2019, o prazo para opor Embargos à Execução começou a fluir do dia útil imediatamente
seguinte, no caso, no dia 17.09.2019.
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O Embargante pretende o reconhecimento da insubsistência doscréditos inscritos em Dívida Ativa pelo
Conselho Regional de Farmácia, inscritas sob o nº 0822/08, Processo Administrativo 0117/08, Inscrição
em 23/05/2008, Livro 21, Folha 337, e 0823/08, Processo Administrativo 1187/07, Inscrição em
23/05/2008, Livro 21, Folha 338, sob o argumentoda desnecessidade de manter registro e de possuir
profissional registrado no Conselho de Farmácia, pois possui mero dispensário de medicamentos e menos
de 30 leitos, conforme documento expedido pelo CNES, que junta nesta oportunidade, o qual confirma que
o Hospital e Maternidade Municipal Olímpio M. Gouveia Lins dispõe de menos de 30 leitos.
Diante de controvérsia noutros processos idênticos, entende a Embargante pela necessidade de produção
de prova pericial, considerando que a estrutura física do hospital não suporta a existência do número de
leitos superior ao dissertado nesta peça processual.
A questão posta nos autos reside em determinar se é necessária a manutenção de responsável técnico
farmacêutico nos estabelecimentos que apenas promovem a dispensação de medicamentos e a
consequente multa cobrada pela Embargada ante a ausência desse profissional no estabelecimento da
Embargante.
A exigência de responsável técnico inscrito no Conselho Regional de Farmácia vem prevista no artigo 15
da Lei nº 5.991/73 (que dispõe sobre o Controle Sanitário do Comércio de Drogas, Medicamentos,
Insumos Farmacêuticos e Correlatos, e dá outras Providências):
Assim, verifica-se que, de acordo com a lei, a exigência de presença e responsável técnico, inscrito no
Conselho Regional de Farmácia, restringe-se às farmácias e às drogarias. Ainda, estabelece o artigo 6º da
Lei 5.991/73:
Art. 6º - A dispensação de medicamentos é privativa de:
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a) farmácia;
b) drogaria;
c) posto de medicamento e unidade volante;
d) dispensário de medicamentos.
Parágrafo único. Para atendimento exclusivo a seus usuários, os estabelecimentos hoteleiros e similares
poderão dispor de medicamentos anódinos, que não dependam de receita médica, observada a relação
elaborada pelo órgão sanitário federal.
Ademais, saliente-se que, consoante Voto do Relator João Pedro Gebran Neto, nos autos da Apelação
Civil nº 5000053-65.2011.404.7014, do TRF da 4ª Região, de 09/06/2011, dispensário de medicamentos
de uma pequena unidade hospitalar é aquele em que há somente a distribuição de medicamentos
industrializados conforme receituário médico, sem comercialização, manipulação ou fracionamento dos
mesmos, ministrados apenas aos pacientes da unidade hospitalar, de forma que não gera a necessidade
de responsabilidade técnica de profissional farmacêutico.
No caso dos autos, trata-se de estabelecimento hospitalar de pequeno porte, uma vez que possui
capacidade para menos de30 leitos, conforme documentos acostado com a peça dos embargos à
execução. A entidade Hospitalar em questão, Hospital e Maternidade Olímpio M. G. Lins, tem como
atividade básica a prestação de serviços médico-hospitalares.
No caso presente, é inconteste que o ora Embargante dedica-se à prestação de serviços médicos e à
manutenção e estabelecimento hospitalar de pequena capacidade. Também é incontroverso que o
Embargante mantém dispensário de medicamentos para tratamento de seus pacientes, conforme se
provará através de diligência a ser procedida por este Juízo, o que de logo requer.
É razoável a conclusão de que o hospital pertencente ao Embargante não exerceu atividades típicas da
profissão de farmacêutico, pois se dedica fundamentalmente à medicina. Com efeito, o Hospital
simplesmente distribui medicamentos já industrializados aos seus pacientes, quando solicitado por meio
de receita médica, possuindo um dispensário para tanto. Ainda, o CRF não logrou trazer aos autos
nenhum indício de prova de que os medicamentos fossem comercializados, manipulados ou fracionados
para terceiros.
Desta forma, o Embargante desenvolve atividade hospitalar em unidade de pequeno porte, razão pela
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qual, conforme jurisprudência maciça dos diversos tribunais superiores, não se sujeita a acompanhamento
de profissionais da área farmacêutica. Nesse sentido:
Eis a jurisprudência:
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ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543-
C DO CPC. CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA. DISPENSÁRIO DE MEDICAMENTOS.
PRESENÇA DE FARMACÊUTICO. DESNECESSIDADE. ROL TAXATIVO NO ART. 15 DA LEI N.
5.991/73. OBRIGAÇÃO POR REGULAMENTO. DESBORDO DOS LIMITES LEGAIS.
ILEGALIDADE. SÚMULA 140 DO EXTINTO TFR. MATÉRIA PACIFICADA NO STJ.
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SUJEITO AO REGIME DO ART. 543-C DO CPC, COMBINADO COM A RESOLUÇÃO Nº
08/2008, DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.)
2 - Não sendo o Município, legalmente, obrigado a manter-se vinculado ao
ConselhoRegional de Farmácia e, conseqüentemente, a contratar e a manter profissional
farmacêutico em seu dispensário de medicamentos, nula, por falta de liquidez e certeza, a
Certidão de Dívida Ativa decorrente de autuação pela ausência da aludida contratação.
Logo, o acórdão embargado deve ser mantido, prevalecendo o entendimento e a solução
aplicada pelo VOTO VENCEDOR de fls. 110/112.
3 - Embargos Infringentes denegados.
4 - Acórdão embargado confirmado. (EIAC 0052728-52.2010.4.01.9199 / MG, Rel.
DESEMBARGADOR FEDERAL CATÃO ALVES, Rel.Conv. JUIZ FEDERAL KLAUS KUSCHEL
(CONV.), QUARTA SEÇÃO, e-DJF1 p.48 de 12/03/2013)
Por fim, cumpre frisar que mesmo a eventual existência de registro do Embargante no Conselho de
Farmácia também não a obrigaria a manter profissional farmacêutico em seus quadros por conta do
dispensário. Ora, se como visto, a embargante não está obrigada ao registro no Conselho de Farmácia,
eventual registro existente seria ineficaz, não lhe atribuindo obrigatoriedade ao pagamento das anuidades.
Nesse sentido, vale transcrever a seguinte ementa:
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honorários advocatícios, fixados nos percentuais mínimos do § 3º, do art. 85, do CPC, sobre o
valor atualizado da causa. Sem reexame necessário.
2. Analisando melhor o tema passei a entender que a Lei nº 13.021/2014, denominada de Nova
Lei de Farmácia, não revogou, total ou parcialmente, a Lei nº 5.991/73, que dispõe sobre o
controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos.
3. Como bem expressa o art. 2º, § 1º, da Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro
(LINDB) "a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com
ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior",
situações as quais a Lei nº 13.021/2014 não se enquadra, uma vez que não houve nem
revogação expressa, nem enquadramento expresso do conceito de dispensário na definição de
farmácia. Ora, a técnica de interpretação legislativa determina que não cabe ao intérprete
distinguir onde a lei não distingue. Desta forma, não compete nem ao Conselho Profissional
exigir o que a lei não exige, nem ao Poder Judiciário realizar interpretação sistemática em caso
no qual ela não é cabível.
4. A Lei nº 13.021/2014 trata especificamente do dispensário de medicamentos em seus artigos
9º e 17, sendo que tais preceitos normativos foram vetados sob o fundamento de que "as
restrições trazidas pela proposta em relação ao tratamento hoje dispensado para o tema na Lei
nº 5.991, de 17 de dezembro de 1973, poderiam colocar em risco a assistência farmacêutica à
população de diversas regiões do País, sobretudo nas localidades mais isoladas. [...]".
DOS REQUERIMENTOS:
Ante o exposto, requer que V. Exa. julgue procedentes os pedidos formulados pela parte
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embargante, julgando insubsistentes as multasaplicadas pelo Conselho regional de Farmácia,
extinguindo-se as exaçõesem face da nulidade da multa imposta na autuação lavrada, julgando-
se, ao final, PROCEDENTES OS EMBARGOS À EXECUÇÃO.
Por fim, requer a condenação da Embargada no pagamento das despesas judiciais e
extrajudiciais a que deu causa, bem como no pagamento dos honorários da sucumbência, estes
no percentual de 20% (vinte por cento) sobre o valor atribuído à causa.
Para tanto, protesta o Embargante pela produção de todas as provas em direito admitidas e que se
mostrem necessárias ao desate da controvérsia durante a instrução do feito, tais como a posterior juntada
de documentos, em especial a prova pericial requerida.
Dá-se á causa o valor de R$ 3.946,85 (três mil e novecentos e quarenta e seis reais e oitenta e
cinco centavos).
Pede deferimento.
Sirinhaém/PE, 25 de outubrode 2019.
[1] Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações
processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.
[2] Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão
somente os dias úteis.
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