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PGR-00336918/2019

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA
SECRETARIA DE PERÍCIA, PESQUISA E ANÁLISE
Centro Nacional de Perícia

PARECER TÉCNICO Nº 1278/2019 - SPPEA

REFERÊNCIA Ação Civil Pública nº 1001675-23.2017.4.01.3200


UNIDADE SOLICITANTE Procuradoria da República no Amazonas (PR/AM)
AUTORIDADE REQUERENTE Leonardo de Faria Galiano
EMENTA Meio Ambiente. Flora. Supressão de vegetação.
Implantação da Cidade Universitária da Universidade
do Estado do Amazonas. Iranduba/AM. Análise
documental e vistoria. Prad.
TEMÁTICA Meio Ambiente e Patrimônio Cultural
GUIA DO SISTEMA PERICIAL Sppea/PGR - 001352/2019
COORDENADAS Feição considerada: (x)pontual ( )linear ( )poligonal
GEOGRÁFICAS Lat/Long dec.: -3.154985° Lat. -60.154166° Long.

1. INTRODUÇÃO
Em 21/5 do ano corrente, o procurador da República Leonardo de Faria
Galiano (Titular do 2º Ofício da PR/AM) solicitou, por meio do Sistema Pericial, que esta
signatária participasse de vistoria no terreno destinado à construção da Cidade Universitária
da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), situada no município de Iranduba, com o
objetivo de verificar se há necessidade de complementação do Plano de Recuperação de Áreas
Degradadas (Prad) proposto para o local.
A vistoria, que ocorreu no dia 28/5, foi precedida de análise dos documentos
disponibilizados pela assessoria do procurador e de avaliação das condições gerais da área em
Sistema de Informações Geográficas (SIG), utilizando imagens de satélite de alta resolução
espacial.

2. ANÁLISE DOCUMENTAL
Para subsidiar o atendimento da demanda, o 2º Ofício enviou cópias dos
seguintes documentos: (i) Réplica do MPF no âmbito da Ação Civil Pública (ACP) nº
1001675-23.2017.4.01.3200, apresentada em 20/9/18; (ii) Plano de Recuperação de Áreas

Avenida Ephigênio Salles, 1.570 – CEP 69060-020 – Manaus-AM


Tel.: (91) 3182-3100
Degradadas apresentado pela Construtora Etam em outubro/16; (iii) Relatório fotográfico
apresentado pela Secretaria do Estado de Infraestrutura (Seinfra) em 17/5/19.
Conforme a réplica do MPF, as obras de construção da Cidade Universitária
encontram-se paralisadas, em razão de decisão judicial que considerou as inconsistências no
licenciamento ambiental do projeto, apontadas no Parecer Técnico Conjunto nº 002/2015-4ª
CCR1 (p. 2). No entanto, foi permitido que o Estado do Amazonas desse continuidade à
execução do Prad referente à abertura das vias de acesso, para evitar o agravamento dos danos
ambientais decorrentes dos processos erosivos na área (p. 3).
O Prad, elaborado por uma engenheira florestal e um geólogo (fl. 3),
contemplou uma área de 6.000 m2 dentro da primeira etapa da Cidade Universitária, e previu
medidas emergenciais para o controle dos processos erosivos e do transporte de sedimentos
para os canais da rede hidrográfica local (fl. 4). Tais medidas consistiram em: (i) estabilização
dos platôs por meio de reconformação topográfica e compactação do solo, eliminando as
ravinas superficiais (fl. 7); (ii) direcionamento e redução da velocidade do escoamento
superficial, por meio de barragens transversais ao arruamento, diques e paliçadas sequenciais
com tela-filtro do tipo bidim (fl. 8); (iii) reconformação dos taludes instáveis (fl. 9); e (iv)
plantio de gramíneas (semeadura a lanço) nos taludes e platôs (fl. 11). Também foi previsto o
monitoramento rotineiro de todas as estruturas de contenção e drenagem instaladas na área.
O relatório da Seinfra traz uma avaliação recente sobre a área diretamente
impactada pelas obras da Cidade Universitária, realizada por um engenheiro florestal e um
engenheiro civil (p. 15). Eles verificaram, in loco, a existência de outros pontos problemáticos
dentro da área diretamente afetada pelas obras, e apontaram a necessidade de um adendo ao
Prad, nos seguintes termos: (i) serviços de pavimentação para proteção do solo e controle dos
processos erosivos, nas ruas 2, 4, 8 e 11 (p. 3, 13); (ii) execução de estruturas de drenagem
superficial e profunda, com meios-fios, sarjetas, dissipadores de energia, bocas de bueiros e
descidas d'água, nas ruas 2, 4, 11 e demais trechos com necessidade de reparos (p. 3, 10-12);
(iii) hidrossemeadura de gramíneas e leguminosas nas quadras não edificadas, taludes e áreas
planas adjacentes que apresentam solo exposto (p. 3, 14); (iv) instalação de quatro novas
barreiras de solo-cimento ensacado (ou rip-rap), com altura de 1 m, em fundos de vale
assoreados por sedimentos carreados das áreas descobertas (p. 3, 5, 7, 15); (v) aplicação de
biomantas antierosivas e fibrorretentores de sedimentos nos taludes de aterro próximos aos
dispositivos hidráulicos no final das redes de drenagem (p. 3, 9).
Assim, o Prad original, proposto em 2016, revelou-se demasiadamente limitado
em termos espaciais (Figura 1) e insuficiente para a correção dos impactos gerados pelos
processos erosivos sobre a área das obras e as porções circundantes. Cabe ressaltar que a
elaboração desse plano não contou com a participação de um engenheiro civil, que poderia ter
verificado, já naquele momento, a necessidade de intervenções mais complexas e abrangentes,
envolvendo a instalação imediata de estruturas de drenagem superficial e profunda em outros

1 Etiqueta no Sistema Único: PGR-00277123/2015.

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trechos da área.
Ademais, tanto o Prad original quanto o relatório da Seinfra basearam-se na
premissa de que a construção da Cidade Universitária será retomada no futuro – e que,
portanto, não será necessário recompor a cobertura florestal nativa retirada das áreas
destinadas às instalações do empreendimento. Caso haja decisão judicial ou administrativa no
sentido de cancelar o projeto, será necessário elaborar um novo Prad, de modo a incluir a
remoção das estruturas já implantadas e a possibilitar o reestabelecimento da vegetação nativa
em toda a área afetada pelas obras.

FIGURA 1 – Visão geral da área diretamente afetada pela construção da primeira etapa da Cidade
Universitária, demonstrando a reduzida abrangência do Prad apresentado em 2016.
Fonte: Relatório fotográfico da Seinfra, p. 4.

3. ANÁLISES EM SIG
Por meio do programa Google Earth Pro, foram visualizadas imagens de
satélite de alta resolução sobre a área da Cidade Universitária e plotadas as coordenadas
geográficas extraídas do relatório da Seinfra, com o intuito de colher informações
preliminares relevantes para a vistoria em campo. Dessa forma, verificou-se o seguinte:
• Em 20/7/18, parte do terreno desmatado encontrava-se em processo de regeneração
natural (com a presença de indivíduos arbustivo-arbóreos de pequeno porte), e outra
parte encontrava-se com a superfície exposta, sem qualquer tipo de cobertura vegetal
(principalmente nas áreas definidas pela Seinfra como Quadras 1 e 2), provavelmente
por ter sofrido intervenções mecanizadas (compactação, reconformação, aterramento,
etc.) mais intensas;
• Dois canais da rede hidrográfica natural, situados no entorno das obras e avaliados
pelos técnicos da Seinfra, foram assoreados por sedimentos. No canal próximo à área

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do Prad de 2016 (integrante da bacia do Igarapé do Ipiranga2), para o qual a Seinfra
propôs a disposição de barreiras de rip-rap, o assoreamento alcançou uma extensão
aproximada de 480 m. No canal próximo à área definida pela Seinfra como Quadra 3
(tributário do Igarapé do Testa3), em cuja cabeceira foi proposta a instalação de uma
descida d'água, o assoreamento alcançou uma extensão aproximada de 530 m;
• Perto da extremidade oeste do arruamento, existe um outro tributário do Igarapé do
Testa4, o qual, apesar de não ter sido mencionado no relatório da Seinfra, também
parece apresentar indícios de assoreamento;
• A construção do aterro sobre o Igarapé do Chico Preto, ao sul da área da Cidade
Universitária, causou, para além dos seus limites, a degradação de trechos da mata
ciliar remanescente (enquadrados como Área de Preservação Permanente – APP) em
ambos os lados da estrada de acesso, compreendendo uma área estimada de, pelo
menos, 1,4 hectare;
• Também foi possível notar, por meio das imagens históricas, a progressiva expansão
do desmatamento e da conversão de áreas para usos alternativos do solo nas
imediações da estrada de acesso à Cidade Universitária, entre 2015 e 2018.

FIGURA 2 – Identificação de trechos assoreados na rede hidrográfica natural e de matas ciliares degradadas no
entorno do aterro construído sobre o Igarapé do Chico Preto.

2 Informação extraída do capítulo 6 do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da Cidade Universitária (Disponível
em: <http://www.ipaam.am.gov.br/cidade-universitaria-iranduba-am/>. Acesso em: 10 jun. 2019).
3 Ibidem.
4 Ibidem.

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4. VISTORIA
No dia 28/5, por volta das 9:10, esta signatária dirigiu-se ao local das obras da
Cidade Universitária da UEA, junto com o Dr. Leonardo Galiano e outros três servidores do
MPF (Kerry da Silva Almeida, Analista/Perita em Engenharia Civil; Luciana Montenegro
Valente, Analista em Direito; e Carlos Alberto Silva, Técnico de Segurança Institucional e
Transporte).
Logo que chegou à área, por volta das 10:00, a equipe do MPF reuniu-se a
representantes da UEA, da Seinfra, do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam)
e da Procuradoria Geral do Estado do Amazonas (PGE-AM), para uma conversa inicial sobre
a situação do projeto originalmente concebido para a área e os novos planos das entidades
estatais. Assim, foram colhidas as seguintes informações:
• A universidade – que não participou da concepção do projeto original – pretende
aproveitar o terreno para a criação de um parque tecnológico, que ocupará os três
prédios já iniciados (segundo David, da UEA);
• A implantação de outros empreendimentos dentro da área destinada à Cidade
Universitária ficará condicionada a um “licenciamento global” (segundo Daniel
Viegas, da PGE-AM);
• A curto prazo, pretende-se concluir a instalação dos sistemas de drenagem constantes
do projeto original e o plantio de gramíneas, por meio de hidrossemeadura, nas áreas
declivosas situadas nas bordas dos platôs (segundo Marco Ayalla, da Seinfra).
Nesse primeiro momento, não ficou claro se o parque tecnológico planejado
compreenderá toda a área já desmatada, ou se ficará restrito aos três prédios. Assim, esta
signatária expôs suas dúvidas a um outro servidor da UEA (José Coelho), que afirmou que o
parque tecnológico ocupará apenas a porção central da área já trabalhada (correspondente à
Quadra 1). Portanto, há necessidade de recompor a vegetação nativa dos trechos que não
receberão destinação específica em um futuro próximo, sob risco de, não o fazendo,
consolidar os danos ambientais decorrentes da supressão vegetal.
Em seguida, os grupos percorreram o terreno para visualizar a área do Prad de
2016 e a porção da Quadra 3 onde a Seinfra identificou processos erosivos graves. Durante o
trajeto, também se observou uma estrada de acesso ao Amazon Fish Park (que existe, pelo
menos, desde maio/2007, antecedendo o projeto da Cidade Universitária), a presença de
resíduos sólidos (domésticos e de construção civil) descartados junto à borda da floresta e a
distribuição da regeneração natural nos platôs desmatados (que é bastante heterogênea, pois
há trechos sem qualquer tipo de cobertura vegetal, trechos dominados por plantas herbáceas e
trechos com expressiva presença de indivíduos arbustivo-arbóreos). Posteriormente, a equipe
do MPF se separou das demais para avaliar outros dois pontos da área afetada pelas obras
(extremidade oeste do arruamento e aterro sobre o Igarapé Chico Preto, no final da estrada de
acesso).

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FIGURA 3 – Indicação dos pontos de GPS obtidos no terreno da Cidade Universitária e adjacências.

Na área contemplada pelo Prad de 2016, pôde-se observar as seguintes


intervenções: dique de contenção, com aproximadamente 2 m de altura, transversal ao sentido

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da drenagem e coberto de capim braquiária; taludes, também cobertos de capim braquiária,
que se estendem até a borda da floresta; descida d'água em degraus, com aproximadamente 10
m de comprimento; duas barreiras de rip-rap, dispostas no início da descida d'água e na borda
da floresta; amontoado de pedras, disposto no final da descida d'água, junto à borda da
floresta.
O fundo do vale existente na área do Prad encontra-se fortemente assoreado.
Segundo o engenheiro florestal Paulo Romeu (da Seinfra), há outras três barreiras de rip-rap
ao longo desse vale para conter os sedimentos carreados, sendo que o entorno da barreira mais
distante já apresenta regeneração natural. Ele apontou a necessidade de mais três barreiras de
rip-rap no vale e de biomantas no entorno da descida d'água, que vem sendo progressivamente
erodido pelas águas que desembocam das tubulações de drenagem.
Embora o fundo do vale não tenha sido percorrido durante a vistoria, esta
signatária está de acordo com a instalação das barreiras adicionais, considerando o grande
volume de sedimentos acumulado na borda da floresta e a extensão atingida pelo
assoreamento, aferida a priori por meio de imagens de satélite. Por outro lado, entende-se que
a mera aplicação de biomantas pode não ser suficiente para a contenção da erosão no início da
descida d'água, já que o material das biomantas, de constituição orgânica, se decompõe com
facilidade. Desse modo, recomenda-se que a estratégia para a contenção da erosão seja
definida em conjunto com um engenheiro civil. Também é importante que haja o
monitoramento periódico de todas as intervenções realizadas, das propriedades do igarapé a
jusante5 e da regeneração natural ao longo do trecho assoreado.
Na outra área problemática visitada pelas equipes, na Quadra 3, houve a
formação de uma voçoroca com aproximadamente cinco metros de profundidade, segundo o
engenheiro Paulo Romeu. Por esse motivo, foi necessário realizar, em caráter emergencial, a
reconformação topográfica e a instalação de uma descida d'água em degraus, de comprimento
superior a 50 m. As obras no local ainda não haviam sido concluídas – a Seinfra pretende
implantar, na porção declivosa à esquerda da descida d'água, dispositivos auxiliares para
dissipação da energia hidráulica e cobertura vegetal de braquiária (Urochloa decumbens
(Stapf) R.D.Webster), por meio de hidrossemeadura. Até aquele momento, a Seinfra ainda não
havia proposto barreiras de rip-rap para o curso d'água a jusante, que se mostra claramente
assoreado nas imagens de satélite (de acordo com Paulo Romeu, não foi possível percorrê-lo
durante a vistoria preliminar realizada em abril).
Portanto, ainda é necessário averiguar os impactos do assoreamento ao longo
desse curso d'água e definir medidas mitigadoras apropriadas. Também há necessidade de
complementar a hidrossemeadura nos taludes à direita da descida d'água (cuja cobertura
herbácea apresenta falhas) e de recompor uma pequena clareira antrópica na floresta adjacente
às obras emergenciais, provavelmente aberta pelos funcionários da Construtora Etam que
atuaram no local.

5 Diz-se de algo situado mais abaixo, na direção do fluxo hídrico.

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Com o auxílio do zoom da máquina fotográfica, foi possível visualizar alguns
detalhes do vale abaixo da descida d'água, junto à borda da floresta. Ali, ocorrem
afloramentos hídricos naturais de caráter perene e/ou intermitente, que caracterizam o local
como APP. Entende-se que as obras em questão, ainda que emergenciais, deveriam ter sido
planejadas e executadas de forma a minimizar os danos em APP. Todavia, os resíduos de
construção civil abandonados no vale, bem como a ausência de plantios de mudas na porção
afetada pelas intervenções mecanizadas, sugerem que esses cuidados não foram observados.
O Dr. Leonardo Galiano apontou a necessidade de a Seinfra apresentar um
novo Prad, que abranja não apenas os locais das intervenções antierosivas, mas toda a área
afetada pelas obras da Cidade Universitária. Os representantes da Seinfra e da PGE-AM
manifestaram-se de acordo com a medida proposta. A equipe do Ipaam, por sua vez,
comprometeu-se a elaborar um Termo de Referência para o novo Prad, dentro de um período
de 15 dias.
Em seguida, a equipe do MPF dirigiu-se à extremidade oeste do arruamento da
Cidade Universitária. Não foram detectados processos erosivos graves (ravinas e/ou
voçorocas) nesse ponto, que parece se encontrar estabilizado, já que apresenta expressiva
regeneração natural de espécies arbustivo-arbóreas sobre a vala escavada a partir do final da
pista e sobre a borda degradada da mata remanescente. Notou-se também que a mata possui
uma trilha (aparentemente clandestina), que pode estar sendo utilizada por pessoas da região
para acessar o terreno da Cidade Universitária. Por razões de segurança, optou-se por não
adentrar a mata para visualização do igarapé situado nas proximidades.
No aterro sobre o Igarapé do Chico Preto, observou-se a degradação parcial das
matas ciliares, com a formação de “paliteiros” (agrupamentos de árvores mortas em pé) em
ambos os lados da estrada de acesso. Tais danos podem ter sido provocados por alterações nas
condições de fluxo originais do igarapé, ou pela deposição de sedimentos carreados do aterro
e de outras áreas que sofreram terraplenagem. Também se observou a proliferação, em uma
das bordas do aterro, de indivíduos de Acacia mangium Willd. – espécie arbórea exótica,
pioneira, com facilidade de estabelecimento em condições tropicais úmidas, tendo sido
registrada como invasora na Região Norte do Brasil, inclusive em matas ciliares e buritizais 6.
Logo, sua expressiva presença no local constitui um fator de risco à integridade ecológica das
APPs e das florestas nativas remanescentes.
Durante o retorno para Manaus, foi possível observar a existência de mais um
paliteiro junto de aterro construído para a passagem da estrada de acesso à Cidade
Universitária, no igarapé próximo ao conjunto residencial Maria Zeneide. Embora a
implantação dessa via possua estreita conexão com o projeto da Cidade Universitária, não foi
abordada pelo Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima)
do empreendimento, conforme descrito no Parecer Técnico Conjunto nº 002/2015. Assim,

6 ATTIAS, N.; SIQUEIRA, M. F.; BERGALLO, H. de G. Acácias australianas no Brasil: histórico, formas de
uso e potencial de invasão. Biodiversidade Brasileira, v. 3, n. 2, p. 74-96, 2013. Disponível em:
<http://www.icmbio.gov.br/revistaeletronica/index.php/BioBR/article/view/321>. Acesso em: 16 jul. 2019.

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tudo indica que os impactos ambientais relacionados à via de acesso não receberam um
tratamento adequado.
Vale ressaltar, por fim, que os danos ambientais identificados durante a vistoria
e a análise de imagens de satélite implicam em danos intermediários (também chamados de
danos interinos, danos intercorrentes ou “lucros cessantes ambientais” 7), devido ao tempo
necessário para a plena recomposição dos atributos da vegetação danificada e o
reestabelecimento dos serviços ambientais prestados por ela. Desse modo, para que haja a
reparação integral dos danos ambientais, os responsáveis pela Cidade Universitária deveriam
ser obrigados a implementar medidas compensatórias ou a pagar indenização proporcional aos
danos intermediários.

Fotos da vistoria:

FIGURA 4 – Entrada da área destinada à implantação FIGURA 5 – Conversa inicial entre a equipe do MPF
da primeira etapa da Cidade Universitária da UEA. e os representantes de várias instituições estaduais
(Seinfra, Ipaam, UEA e PGE-AM).

FIGURA 6 – Resíduos domésticos descartados FIGURA 7 – Regeneração natural de espécies


ilegalmente no terreno da Cidade Universitária, junto à arbustivo-arbóreas em um trecho da Quadra 2.
borda da mata. Coordenadas geográficas: 3°9'11.05"S, Coordenadas geográficas: 3°9'14.13"S, 60°9'2.77"O.
60°9'4.83"O.

7 FREITAS, C. G. de A. Valoração do dano ambiental: algumas premissas. MPMG Jurídico Especial Meio
Ambiente, Belo Horizonte, 2011, p. 10-17. Disponível em:
<https://aplicacao.mpmg.mp.br/xmlui/handle/123456789/1004?show=full>. Acesso em: 19 jul. 2019.

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FIGURA 8 – Trecho da Quadra 2 com a superfície FIGURA 9 – Vista geral da área contemplada pelo
totalmente exposta, sem regeneração natural. Prad de 2016. Notar o dique de contenção ao fundo.
Coordenadas geográficas: 3°9'11.05"S, 60°9'4.83"O. Coordenadas geográficas: 3°9'4.34"S, 60°9'6.84"O.

FIGURA 10 – Dique de contenção na área do Prad de FIGURA 11 – Borda da floresta abaixo da área do
2016, coberto de capim braquiária. Prad de 2016, com duas grandes árvores mortas em pé
e forte assoreamento do fundo do vale.

FIGURA 12 – Talude da área do Prad de 2016, coberto FIGURA 13 – Barreira de rip-rap no topo da descida
por capim braquiária e com alguns pequenos d'água da área do Prad de 2016, cujo entorno vem
exemplares de Cecropia sp. (embaúba, espécie nativa sendo erodido.
pioneira).

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FIGURA 14 – Amontoado de pedras dispostas no FIGURA 15 – Barreira de rip-rap posicionada na área
início do vale assoreado, junto à descida d'água da área do Prad de 2016, dentro da borda da floresta.
do Prad de 2016.

FIGURA 16 – Trecho de platô desmatado próximo à FIGURA 17 – Trecho de platô desmatado entre as
Quadra 1, desprovido de cobertura vegetal. Quadras 1 e 3, com expressiva cobertura de plantas
herbáceas, intercaladas com pequenos arbustos e
árvores.

FIGURA 18 – Porção inicial da descida d'água FIGURA 19 – Porção intermediária da descida d'água
instalada na Quadra 3, sobre área declivosa com instalada na Quadra 3, sobre área declivosa com
problemas erosivos. Coordenadas geográficas: problemas erosivos.
3°9'18.78"S, 60° 9'39.24"O.

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FIGURA 20 – Porção final da descida d'água instalada FIGURA 21 – Afloramentos hídricos de caráter perene
na Quadra 3, sobre área declivosa com problemas ou intermitente no vale abaixo da descida d'água
erosivos. instalada na Quadra 3, que caracterizam o local como
APP.

FIGURA 22 – Área de reconformação topográfica FIGURA 23 – Pequena clareira antrópica junto às


desprovida de cobertura vegetal, ao lado da descida obras emergenciais executadas na Quadra 3.
d'água instalada na Quadra 3. Coordenadas geográficas: 3°9'18.78"S, 60° 9'39.24"O.

FIGURA 24 – Trecho da Quadra 3 com expressiva FIGURA 25 – Trecho da Quadra 3 com cobertura
regeneração natural de espécies arbustivo-arbóreas. heterogênea, composta por porções de solo desnudo,
espécies herbáceas e arbustivo-arbóreas.

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FIGURA 26 – Extremidade oeste do arruamento, que FIGURA 27 – Trecho de mata degradada em processo
coincide com o início de uma vala artificial ocupada de regeneração natural, junto à extremidade oeste do
por espécies arbustivo-arbóreas. Coordenadas arruamento.
geográficas: 3°9'11.49"S, 60°9'51.59"O.

FIGURA 28 – Trecho de mata ciliar degradada FIGURA 29 – Trecho de mata ciliar degradada
(paliteiro) no Igarapé do Chico Preto, acima da (paliteiro) no Igarapé do Chico Preto, abaixo da
estrada de acesso à Cidade Universitária. estrada de acesso à Cidade Universitária. Coordenadas
geográficas: 3°9'34.28"S, 60°9'5.40"O.

FIGURA 30 – Trecho de mata ciliar degradada FIGURA 31 – Agrupamento de indivíduos arbóreos de


(paliteiro) no Igarapé do Chico Preto, abaixo da Acacia mangium na borda do aterro sobre o Igarapé do
estrada de acesso à Cidade Universitária, visto de outro Chico Preto. Coordenadas geográficas: 3°9'34.28"S,
ângulo. 60°9'5.40"O.

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FIGURA 32 – Presença de indivíduos jovens de FIGURA 33 – Trecho de mata ciliar degradada
Acacia mangium, demonstrando a multiplicação da (paliteiro) ao lado da estrada de acesso à Cidade
espécie, via regeneração natural, na borda do aterro Universitária, no igarapé próximo ao Residencial
sobre o Igarapé do Chico Preto. Coordenadas Maria Zeneide. Coordenadas geográficas:
geográficas: 3°9'34.28"S, 60°9'5.40"O. 3°10'37.18"S, 60° 8'37.14"O.

5. CONCLUSÃO
Considerando todo o exposto acima, esta signatária entende que o conjunto de
medidas emergenciais executadas e planejadas para o terreno da Cidade Universitária não é
suficiente para a correção dos danos ambientais provocados pelas obras realizadas no local.
Assim, há necessidade de complementar o novo Prad a ser apresentado ao Ipaam, sugerindo-
se a inclusão das seguintes medidas:
1. Recomposição da cobertura florestal nativa em todas as áreas desmatadas que não
serão ocupadas pelo parque tecnológico ou por outros empreendimentos já definidos,
por meio da aplicação de técnicas de restauração florestal (exceto nos taludes onde não
seja recomendável o plantio de espécies arbustivo-arbóreas);
2. Retirada dos resíduos sólidos domésticos e de construção civil acumulados em alguns
pontos do terreno;
3. Reavaliação (com a participação de um engenheiro civil) da estratégia de contenção de
erosão prevista para o início da descida d'água na área do Prad de 2016, substituindo,
se necessário, as biomantas propostas inicialmente por outros materiais;
4. Repasse da hidrossemeadura realizada nos taludes já concluídos na Quadra 3, de modo
a corrigir as falhas presentes em sua cobertura herbácea;
5. Recomposição do trecho de APP afetado pela construção da descida d'água na Quadra
3, por meio da aplicação de técnicas de restauração florestal;
6. Avaliação in loco dos danos causados por assoreamento nos tributários do Igarapé do
Testa próximos à Quadra 3 e à extremidade oeste do arruamento, com definição de
medidas mitigadoras apropriadas;
7. Monitoramento de todos os canais assoreados no entorno das obras, de modo a

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verificar a estabilização dos bancos de sedimentos, o desenvolvimento de regeneração
natural e a efetiva contenção dos processos erosivos em suas cabeceiras;
8. Recomposição das matas ciliares degradadas em razão da construção de aterros sobre
os igarapés que cruzam a estrada de acesso;
9. Erradicação da espécie Acacia mangium no aterro defronte à entrada da Cidade
Universitária;
10. Reparação dos danos ambientais intermediários, por meio de compensação ambiental
ou de indenização monetária proporcional a esses danos.

É o Parecer.

Manaus, 19 de julho de 2019.

[Assinado digitalmente]
MARIANA PIACESI BATISTA CHAVES
Analista do MPU/Perícia/Engenharia Florestal
Assessoria Nacional de Perícia em Meio Ambiente

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