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1. INTRODUÇÃO
FIGURA 1 – Primeira delimitação (em vermelho) realizada pela empresa Causa Verde para as terras de
Dieno Borges Pinto, abrangendo cerca de 55 hectares. Fonte: IC 1.29.002.000125/2015-31, fl. 92.
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(Figura 2) – muito maior, portanto, do que a reportada pelo infrator em 2002. Consta também
que, após o falecimento do autuado, sua propriedade foi dividida entre os herdeiros, cabendo
ao Sr. Danilo uma fração de aproximadamente 64 hectares. O laudo não foi acompanhado de
documentos cartoriais que corroborassem os dados fornecidos quanto à propriedade original e
às derivadas desta.
FIGURA 2 – Segunda delimitação (em vermelho) realizada pela empresa Causa Verde para as terras de Dieno
Borges Pinto, abrangendo 223,47 hectares. Fonte: IC 1.29.002.000125/2015-31, fl. 166.
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FIGURA 3 – Plotagem das áreas delimitadas pela empresa Causa Verde e dos imóveis registrados no CAR.
6 Ver fls. 10 (Relatório de Fiscalização), 51-52 (Relatório de Vistoria), 53 (AI 75884-D), 54 (AI 82668-D), 55
(AI 195375-D), 77-79 (Parecer 02023.000032/2015-67), 116-117 (Parecer nº 24/2017), 180 (Informação
Técnica nº 17/2018).
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conservação. No entanto, apresentavam também trechos desmatados de grande relevância
ambiental, situados no interior das florestas, Áreas de Preservação Permanente – APPs de
recursos hídricos (rios, nascentes e olhos d'água perenes) e Reservas Legais – RLs propostas
no âmbito do CAR (Figura 4).
Em conjunto, esses trechos desmatados totalizam, pelo menos, sete hectares.
Cabe ressaltar que a estimativa não considerou as APPs de alguns cursos d'água intermitentes
(vetorizados pelo Centro de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul –
UFRGS7), que, até o presente momento, não foram incluídas na base do CAR.
FIGURA 4 – Imagem disponível no programa Google Earth Pro, de 25/5/18, a qual demonstra a existência, nas
terras atribuídas ao autuado, de vários trechos desmatados em remanescentes florestais, APPs e RLs do CAR.
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FIGURA 5 – Sequência de imagens disponíveis no Google Earth Pro, com destaque para as APPs de banhados (em verde) identificadas nas terras atribuídas a Dieno Pinto.
Tais APPs foram afetadas pela criação de um reservatório a jusante, entre 29/7/13 e 12/9/15, e por incêndios ocorridos em 2016. Os pontos brancos na terceira imagem
representam focos de queimadas detectados por satélites, disponíveis na plataforma BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe
(<http://www.inpe.br/queimadas/bdqueimadas#>).
3. RESPOSTAS AOS QUESITOS
a) Se, com os elementos existentes nos autos, permanece sendo necessária a apresentação
de Plano de Recuperação de Área Degradada – Prad pelos herdeiros do autuado.
Não foi possível verificar a situação atual das áreas danificadas por Dieno
Borges Pinto entre 1999 e 2001, pois sua localização exata não consta dos documentos
apresentados pelo Ibama (autos de infração, relatórios, entre outros). De qualquer forma,
entende-se que há necessidade de um Prad abrangendo todas as terras outrora pertencentes ao
autuado, as quais apresentavam, em 25/5/18, diversas porções degradadas dentro de
remanescentes florestais, APPs e RLs propostas no âmbito do CAR.
Ademais, é possível que as áreas de extração ilegal necessitem de ações de
enriquecimento florístico, caso ainda não tenham recuperado a diversidade em termos de
composição de espécies.
10 Trata-se do espaçamento mais comum nos plantios de mudas convencionais, realizados em área total.
(Referência: ISERNHAGEN, I. et al. Diagnóstico ambiental das áreas a serem restauradas visando a definição de
metodologias de restauração florestal. In: RODRIGUES, R. R.; BRANCALION, P. H. S.; ISERNHAGEN, I.
Pacto pela restauração da Mata Atlântica: referencial dos conceitos e ações de restauração florestal. São
Paulo: Lerf/Esalq, 2009. 256 p. Disponível em:
<http://www.lerf.esalq.usp.br/divulgacao/produzidos/livros/pacto2009.pdf>. Acesso em: 4 fevereiro 2019.)
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das clareiras e APPs sem mata ciliar, sejam incluídas as RLs desmatadas (desde que aprovadas
pelo órgão ambiental competente) e as áreas afetadas pela extração ilegal que ainda não
tiverem recuperado a diversidade de espécies. Por outro lado, deverão ser excluídas do plantio
as APPs de banhados, para as quais a introdução de mudas de espécies arbóreas não parece ser
uma estratégia de recuperação adequada (outras medidas poderão ser empregadas nesses
locais, como proteção contra o fogo, restrição à entrada de gado e controle de plantas
exóticas).
Cabe ressaltar, ainda, que as recomendações da Informação Técnica nº 17/2018
não contemplam todos os aspectos importantes para o êxito do plantio de mudas (como, por
exemplo, os critérios para seleção das espécies e o diagnóstico in loco das condições atuais
das áreas degradadas) e, dessa forma, não eliminam a necessidade de os herdeiros do autuado
submeterem um novo Prad à análise dos órgãos ambientais competentes.
11 KERSTEN, R. A.; BORGO, M.; GALVÃO, F. Floresta Ombrófila Mista: aspectos fitogeográficos, ecológicos
e métodos de estudo. In: EISENLOHR, P. V. et al. (Org.). Fitossociologia no Brasil: métodos e estudos de caso.
1 ed. Viçosa: Editora UFV, 2015. v. 2, p. 156-182.
12 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS
AMBIENTAIS RENOVÁVEIS. Plano de Manejo do Parque Nacional de Aparados da Serra e Serra Geral -
Encarte 1. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/unidadesdeconservacao/biomas-brasileiros/mata-
atlantica/unidades-de-conservacao-mata-atlantica/2195-parna-de-aparados-da-serra>. Acesso em 7 fevereiro
2019.
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licenciamento ambiental. Assim, seria importante averiguar também a situação desse
reservatório junto ao órgão ambiental competente.
Destaca-se, por fim, que o Prad exigido pelo Ibama se refere, unicamente, à
reparação dos danos ambientais descritos no AI nº 82668-D (ver fl. 180 dos autos). Portanto,
permanece em aberto a reparação dos danos descritos nos demais autos de infração lavrados
em nome de Dieno Pinto (05884-D e 195735-D).
É o Laudo.
[Assinado digitalmente]
MARIANA PIACESI BATISTA CHAVES
Analista do MPU/Perícia/Engenharia Florestal
Assessoria Nacional de Perícia em Meio Ambiente