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PROVENIÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO DOS MINERAIS PESADOS NO COMPLEXO

DELTAICO DO RIO PARAÍBA DO SUL

Cláudia Zetune Gonçalves1;Cleverson Guizan Silva1


1
Universidade Federal Fluminense – Depto. de Geologia/LAGEMAR, UFF
(zetune@igeo.uff.br; cleverson@igeo.uff.br)

Abstract

The present study is about the provenance and distribution of the sediments in the beaches of
the deltaic complex of Paraíba do Sul River, through the heavy mineral analysis. The heavy
mineral analysis is one of the most used techniques for provenance determination, being also
a good tool to indicate the dominant direction of the sand transport along the coast by action
of the waves and coastal currents; it also can designate erosion or deposition areas. The con­
centration and the distribution of heavy minerals at the beaches of the deltaic complex were
determined in this study, characterizing the existent assemblages, which were used to estimate
the direction of the dominant littoral transport. The variations in the contents happened in
agreement with the difference of suites, with some mineral species always obeying a pattern
of constant distribution. Two directions were verified: one to the north of the river mouth and
another to the south of the river mouth, following the littoral drift.
Palavras-chave: Proveniência, minerais pesados, transporte litorâneo

também foi avaliada por Martin et al.


1. Introdução (1984a), através de estudos com base na
granulometria e graus de arredondamento
O complexo deltaico do rio Paraíba dos sedimentos.
do Sul foi amplamente pesquisado nos Silva e Cunha (2001), mapearam a
aspectos sedimentológico, geomorfológico, geologia de todo o estado do Rio de
geológico e dinâmico, como visto em Janeiro, em escala regional, onde se têm as
trabalhos realizados por Martin et al. prováveis suítes fornecedoras. Figueiredo
(1984a), Martin et al. (1984b), Dias et al. et al. (2001) e Martin et al. (1984a),
(1984a), Dias et al. (1984b), Martin e estimam que os sedimentos sejam oriundos
Suguio (1989), Figueiredo et al. (2001). A de três áreas-fonte: a plataforma continental
dinâmica foi analisada em especial na área interna, a Formação Barreiras e o próprio
de sua foz, onde ocorrem diferenças de rio. Para comprovação destas hipóteses,
simetria entre seus dois lados, em função da propôs-se este estudo, tendo por objetivos a
deriva litorânea e do regime fluvial (Martin identificação das principais áreas-fonte dos
et al. 1984a). Aspectos do delta, como minerais pesados, a distribuição das
flutuações do nível do mar e suas principais assembléias destes minerais e a
influências, evolução da sedimentação e influência da hidrodinâmica costeira nesta
seqüências sedimentares subsuperficiais, distribuição.
graus de arredondamento dos sedimentos, O complexo deltaico do Rio Paraíba
mecanismos deposicionais, morfologia e do Sul se situa ao norte do Estado do Rio de
dinâmica, entre outros, foram estudados por Janeiro, ocupando uma área de cerca de
Dias et al. (1984a), Dias et al. (1984b) e 3000 km2, possuindo 120 km na direção
Dias (1981). Figueiredo et al. (2001), Norte-Sul e uma largura máxima de 60 km
mapearam ocorrências de depósitos de (Fig. 1). O clima é subtropical, com estação
minerais pesados de importância econômica chuvosa entre dezembro e março, média
na região. A origem e composição anual de pluviosidade em 1100 mm em
sedimentar dos cordões presentes no delta Campos e temperatura anual média em

1
23,9°C (Martin & Suguio, 1989). Os ventos bromofórmio para a separação da fração
dominantes são de ENE e SSE, com frentes pesada. Foram determinados os teores de
frias mais freqüentes durante o inverno, pesados, seguindo-se a contagem e
quando predominam ventos do quadrante identificação das espécies minerais em lupa
Sul. O Rio Paraíba do Sul se estende por binocular, obtendo-se a porcentagem de
cerca de 950 km e possui uma bacia ocorrência (Figs. 2 a 4). O processamento
hidrográfica de cerca de 45.000 km2. dos resultados se deu através do método
Origina-se da junção dos rios Paraibuna e estatístico Cluster Analysis, hierarquizando
Paraitinga, entre a Serra do Mar e a Serra e agrupando as assembléias existentes na
da Bocaina (SP), tendo uma descarga região.
fluvial variando entre 340 e 1785 m3/s (de
1937 até os dias atuais). A concentração
média anual de sedimentos em suspensão é
de 69 mg/l próximo a São Fidélis e 72 mg/l
próximo a Campos (IPH, 1992). A área de
estudo é dividida em três províncias
conforme a fisiografia e rede de drenagem
(Martin e Suguio, 1989):
Área montanhosa - Composta por
rochas cristalinas do Pré-Cambriano.
Platô Terciário - Superfície
homoclinal levemente inclinada em direção
ao mar, marcada por drenagem subparalela,
com uma linha de escarpas ao longo do
contato com a Planície Quaternária e
presença de lagos fechados dentro de
paleovales escavados na Formação
Barreiras, desenvolvidos pela obstrução de
depósitos aluviais. O platô é maior na
planície norte, de Campos a Barra do
Itabapoana, com cerca de 50 m de altura, Figura 1 – Área de estudo com os pontos
sendo vestigial na planície sul (próximo à de coleta.
Lagoa Feia) e ausente na parte central.
Planície Quaternária - Se estende da 4. Resultados
cidade de Macaé até a localidade de
Manguinhos, ao norte. Possui uma suave Após as análises laboratoriais, foram
inclinação em direção ao mar e altura obtidos os teores de minerais leves e
máxima de 12 m. Há muitos tipos de lagos pesados encontrados nas amostras,
e lagunas nesta planície formadas durante seguindo-se a descrição mineralógica; a
os períodos Pleistoceno e Holoceno, sendo porcentagem de ocorrência das espécies
a maior delas a Lagoa Feia. minerais também foi calculada (Fig. 5). As
espécies encontradas foram ilmenita,
3. Metodologia hematita, magnetita (agrupados em opacos),
leucoxênio, limonita, hornblenda, granadas,
Foram coletadas 50 amostras pontuais no anfibólios, piroxênios, epidoto, turmalina,
rio, no Barreiras e nas praias (Fig. 1), estaurolita, monazita, espinélio, cianita,
conforme a malha confeccionada segundo silimanita, andalusita, rutilo, zircão, biotita
as suítes geológicas existentes na região. e outros minerais de ocorrência isolada.
Em laboratório, seguiu-se o procedimento Foram definidas duas assembléias,
padrão para minerais pesados, utilizando-se referentes ao Rio Paraíba do Sul e ao Grupo

2
Teor de Minerais Pesados ao Barreiras respectivamente. A suíte do rio
N Longo da Praia %
compõe-se de hornblenda, anfibólios,
0 20 40 60 80 100
silimanita, granadas, turmalina, zircão,
P3 24.77 biotita e opacos (maioria de ilmenita). A
P4 0.21 suíte do Barreiras é composta por monazita,
P5 54.88 zircão, turmalina, rutilo, silimanita,
P7 50.40 limonita e opacos (maioria de ilmenita).
P8 4.08
P9 1.40 2.5% 3.9% 1.0% 1.0%
P10 0.58 6.4% 2.1%
4.7% 0.6%
P11 2.91 Início da
1.5%
0.77 influência fluvial
P12 0.4%
E P13 17.17 6.4%
1.0%
s 26.42 15.0%
P14
4.5%
t P15 0.63
a FOZ 0.4%
P16 0.28 DO RIO 6.9% 7.7%
ç
õ P17 5.04
32.7%
e P18 75.81
s Praias
P19 7.91 1.2%
P20 47.64
P21 5.00 Rio Paraíba
2.1%
P22 3.21 Fim da influência do Sul
fluvial 0.4%
18.0% 7.6%
P23 0.52
P24 1.00 1.2%
9.5%
P25 1.66
22.3% 1.6%
P26 0.34 0.7%
0.6%
P27 0.39 1.2%
6.59 12.7% 0.7%
P28
11.6% 0.4%
S P29 0.03
0.9%
3.2% 1.3%
4.1%
Teor de Pesados ao Longo do Rio
%
1.0%
10.0 Grupo 0.9%
7.64 7.50 Barreiras
0.0%
8.0
5.96 6.01 1.3%
6.0 4.26 4.61 4.86 0.0%
4.07 15.4%
3.39 0.8%
4.0 0.5%
1.64 1.61 0.0%
2.0 46.1%
4.1%
0.0 0.4%
1.0%
R1

R2

R3

R4

R5

R6

R7

R8

R9

R10

R11

1.6%
0.0%

W Estações E 11.8%
3.2%

12.0%
Teores de Pesados no Barreiras
% 0.0%
75.0
Opaco s Leuco xênio Limo nita Ho rnblenda
Granadas A nfibó lio s P iro xênios Turmalina
50.0 46.41 Estauro lita Epido to M onazita Espinélio
C ianita Silimanita A ndalusita R utilo
Zircão Bio tita OUTROS
21.51
25.0
12.53
3.43 1.99
4.70 7.91
2.78 2.06 2.53 Figuras 5, 6 e 7 – Porcentagem média de
0.21 2.00
0.0 ocorrência mineral nos três ambientes
B10

B11
B8A
B1

B2

B3

B4

B5

B6

B7

B8

B9

N Estações S 5. Discussão e Conclusões


Figuras 2, 3 e 4 – Teores de minerais As assembléias encontradas se
pesados nos ambientes pesquisados. compõem de minerais pesados que

3
refletem a características geológicas locais. caracteriza por uma alta maturidade,
Assim sendo temos: como demonstra o índice ZTR.
• Assembléia do Rio – Formadas a partir Amostras B4 e B8 caracterizam
dos minerais pesados derivados das variações dentro do Barreiras, onde
rochas do embasamento cristalino e do ocorre grande concentração de
Barreiras. A contribuição é dada pelos concreções limoníticas.
rios Muriaé, Dois Rios e Paraíba do Sul. • Praias atuais – Mistura das duas
Os rios Muriaé e Dois Rios exercem assembléias. Variações nas espécies de
influências diferentes entre si, pesados das areias das praias ocorrem
fornecendo espécies minerais não em função da proximidade da foz e/ou
encontradas (ou encontradas em baixos das falésias ativas do Barreiras. Áreas
teores) no Rio Paraíba do Sul. Além das de grande teor de pesados nas praias
espécies presentes no Rio Paraíba do apresentam assembléias semelhantes à
Sul, o Rio Muriaé contribui também do Barreiras (P28 e P18). Isto pode ser
com leucoxênio, limonita, estaurolita, decorrente do efeito re-concentração em
espinélio e andalusita. O epidoto e a áreas de maior erosão.
biotita são fornecidos por ambos os No presente estudo, o padrão atual
rios; o Rio Dois Rios é mais semelhante de transporte litorâneo foi estimado a partir
ao Rio Paraíba do Sul do que o Rio da distribuição mineral encontrada na
Muriaé, no sentido de contribuição região. Foram verificadas duas direções:
mineral, pois fornece os mesmos uma para o norte (ao norte da foz do rio) e
minerais do Rio Paraíba do Sul, além do uma para o sul (ao sul da foz do rio),
epidoto e da biotita. seguindo a deriva litorânea (Fig. 4). Para
• Assembléia do Barreiras – Minerais Cassar & Neves (1993), o transporte
originados do embasamento pré- litorâneo atual possui duas direções; uma
cambriano, foram re-concentrados nos preferencial para norte, ao longo do litoral
depósitos do Barreiras. Os minerais ao sul do Cabo de São Tomé e outra
instáveis foram eliminados por residual para o sul, na região de Atafona e
intemperismo químico. A assembléia se Grussaí.
Assembléias minerais
Dendrograma das estações

R1
P21
R11
R8
P25 Assembléia do Rio
R7
R2 Opacos, Hornblenda, Zircão, Silimanita,
R5 Turmalina, Anfibólio, Rutilo, Granadas
P12
R3
R4
R9
R10
P10
R6
Estações

P24
P15
P26
P9
P29
B1
B3
B2
B6
B10 Assembléia do Grupo Barreiras
B7 Opacos, Limonita, Monazita, Zircão,
B9 Silimanita, Turmalina, Rutilo
P28
P18
B11
B5
B4
B8

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Grau de diferença entre as estações

Figura 8 – Dendrograma com as assembléias encontradas

4
Foram indicadas áreas de erosão e
deposição, enfatizando a concentração das
espécies minerais ao longo da costa
(Fig.10). Para Komar e Wang (1984),
diferenças em tamanho e densidade, podem
ser importantes no selecionamento para a
formação de um placer em rios e praias. A
tendência seria a permanência dos minerais
pesados mais densos e menores no placer.

Figura 9 – Transporte litorâneo estimado


na área de estudo

Segundo Bastos, (1997) a


convergência do transporte sedimentar
paralelo à costa provocou a progradação da
planície, desenvolvendo as cristas de praia.
Isto é verificado a partir da evidência de
discordâncias marcadas pelo truncamento Figura 10 – Áreas de tendência erosiva e
nas direções de alinhamento das cristas. Por deposicional segundo a distribuição
outro lado, para Dias (1981), a deriva mineral
litorânea resultante tem o sentido N-S em
função da maior freqüência dos ventos de Os grãos maiores e os mais leves
NE, produzindo maior aporte sedimentar ao seriam levados para offshore, e os menores
litoral, ao sul da desembocadura. O e os mais densos seriam deixados na praia.
prolongamento do cordão arenoso ao sul da Na planície deltaica do Rio Paraíba do Sul,
foz seria resultante da refração das ondas de as maiores concentrações de minerais
NE, ocorrida a partir do esporão da porção pesados mais densos foram detectadas
norte. Assim, forma-se uma pequena área justamente nas áreas de litoral erosivo, onde
onde ocorre um fluxo para norte, gerando o há escassez dos minerais pesados mais
esporão sul (Dias, G.T.M., comunicação leves.
pessoal). Dominguez et al. (1983), deduziu O Rio Paraíba do Sul é um
o sentido preferencial da deriva litorânea importante contribuidor de sedimentos para
como sendo de sul para norte, a partir de as planícies a norte e ao sul da foz. A
observações de caráter geomórfico. distribuição do anfibólio e da granada
refletem o transporte litorâneo que ocorre

5
na região, permitindo estimar as direções FIGUEIREDO, A.G., SILVA, C.G.,
predominantes e residuais (Fig. 9). A MELLO, S.L.M., 2001 – Rel. Técn. para as
distribuição dos sedimentos do rio diminui Indústrias Nucleares Brasileiras – INB. CD.
em direção ao norte, onde desaparecem a INSTITUTO DE PESQUISAS
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predominar a suíte do Grupo Barreiras. das Condições Sedimentológicas dos
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