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Cristiano de Almeida Cardoso Marcelino-Jr.

, Rejane Martins Novais Barbosa, Angela Fernandes


Campos, Aldeci Pereira dos Santos, Cristiana de Castro Lacerda e Carlos Eduardo Gomes da Silva

Este trabalho descreve uma atividade experimental com uma planta da caatinga, o alecrim-da-chapada (Lippia
gracillis), baseada na extração e análise qualitativa do óleo essencial de suas folhas, a partir de materiais de baixo
custo. A atividade permite uma abordagem contextualizada de diferentes conteúdos curriculares do Ensino Médio.


experimentação, plantas da caatinga, óleo essencial

Recebido em 28/3/05, aceito em 26/8/05

A
caatinga, “mata branca” na bioma pode contribuir para a melhoria até 2,5 m de altura, pouco ramificado, 51
língua tupi-guarani, é a vege- do processo de ensino-aprendiza- de folhas pequenas e flores brancas,
tação dominante do semi- gem e favorecer a educação ambien- ambas bastante odoríferas (Figura 1).
árido e abrange cerca de 11% do terri- tal. A planta possui grande resistência à
tório nacional. Sua vegetação é exu- Este trabalho traz uma proposta seca e às altas temperaturas, somente
berante, apresentando-se com dife- de extração e análise qualitativa do perdendo as folhas após um longo
rentes fisionomias (caatinga arbórea, óleo essencial de uma planta da caa- período de estiagem.
arbustiva e arbustivo-arbórea) e rela- tinga, o alecrim-da-chapada (Lippia Suas folhas são bastante usadas
tiva riqueza biológica, com um núme- gracillis). Visa estimular nos(as) pro- nas infecções da garganta e da boca,
ro expressivo de táxons raros e/ou fessores(as) uma prática docente em problemas vaginais e no trata-
endêmicos, próprios desse ecossis- contextualizada, que possa motivar mento da acne, panos brancos,
tema (Giulietti et al., 2002). os(as) estudantes, levando-os(as) a
A irregularidade climática interfere perceber a relação da Química com
fortemente na vida de cerca de 20 mi- outras ciências e com suas vidas. O
lhões de brasileiros(as) que vivem no experimento permite extrair o óleo es-
semi-árido, exigindo uma interação sencial utilizando materiais baratos e
com a caatinga, sob os mais diferen- de fácil aquisição e pode ser voltado
tes aspectos (Sampaio et al., 2002). à abordagem de diferentes conteú-
Por isso, vem sendo incentivada a dos curriculares de Química do En-
realização de estudos voltados ao sino Médio, tais como: processos de
desenvolvimento sustentável local. separação, isomeria e compostos oxi-
Nesse contexto, a educação exerce genados, especialmente fenóis.
uma função importantíssima. Para
tanto, é necessário aplicar uma meto- O alecrim-da-chapada
dologia participativa e interativa nas Dentre as plantas do semi-árido
escolas, na qual a temática possa ser nordestino conhecidas como alecrins,
desenvolvida a partir de aspectos e estão várias espécies do gênero Lippia
conteúdos vinculados à realidade lo- (Verbenaceae). O alecrim-de-serrote
cal, para que o(a) aluno(a) possa en- ou alecrim-da-chapada, a L. gracillis,
tender a problemática da caatinga de é uma espécie endêmica da região e
forma contextualizada. A realização distribui-se amplamente dentro da Figura 1: Alecrim-da-chapada (Lippia
de experimentos com plantas desse caatinga. Trata-se de um arbusto, com gracillis).

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Extração de óleo essencial de uma planta da caatinga N° 22, NOVEMBRO 2005
empingens e caspa (Matos, 1999). apresentado na
São ricas em um óleo essencial, que Figura 4. Corta-
apresenta forte ação antimicrobiana se a parte supe-
contra fungos e bactérias, devido à rior da garrafa
presença dos monoterpenos aromá- PET. A 2 cm da
ticos isoméricos carvacrol e timol base da garrafa,
(Figura 2). faz-se dois fu-
ros: um para
Material necessário passagem da
• Cuscuzeira1 média (Figura 3) mangueira de
• Cola de silicone condensação e
• Lamparina outro para o es-
• 2,5 m de mangueira de PVC coamento da
(mangueira para combustível água do degelo
vendida em armazéns) (ladrão), que
• 1 garrafa PET de 2,5 L ou 3 L pode ser veda-
Figura 4: Sistema para extração do óleo essencial.
• Pedaço de cano PVC de 30 cm do com uma
• Tampa de caneta esferográfica tampa de caneta esferográfica ou A quantidade de óleo de alecrim
• Água com uma pequena rolha (cortiça ou obtido com o uso da cuscuzeira fica
• Folhas secas de alecrim-da-cha- borracha). Enrola-se a mangueira no em torno de 2% (m/m). Quanto maior
pada (L. gracillis) cano de PVC em forma de espiral, for o volume da cuscuzeira utilizada,
• Gelo prendendo-a com arames, através de uma maior quantidade de folhas
• Solução de cloreto férrico (1%) furos feitos no cano, fixando-a. Retira- poderá ser usada e, conseqüente-
• Etanol comercial se o pino da tampa da cuscuzeira e mente, maior será o volume de óleo
• Frasco plástico transparente de adapta-se a mangueira do sistema de essencial obtido.
52 500 mL condensação. As passagens da man-
• 2 tubos de ensaio gueira na cuscuzeira e na garrafa Verificando a presença de
• 1 conta-gotas devem ser seladas com cola de sili- compostos fenólicos
cone. Transfere-se cinco gotas do óleo
Montando o sistema de extração
essencial do alecrim-da-chapada
O sistema é montado conforme Extraindo o óleo essencial para um tubo de ensaio contendo
Adiciona-se água à cuscuzeira, 5 mL de etanol comercial. Depois,
até metade do volume do comparti- adiciona-se a este uma gota de uma
mento inferior. Em seguida, transfere- solução de cloreto férrico (1%). Veri-
se folhas secas do alecrim-da-chapa- fica-se uma mudança de coloração
da, até metade do volume do compar- na solução para verde-azulada, um
timento superior. Veda-se com cola de indicativo da presença de compostos
silicone a tampa da cuscuzeira e fenólicos, devido à formação um
acende-se a lamparina. Coloca-se complexo colorido: Fe(III)-fenol.
pedras de gelo na garrafa plástica. A Este experimento também pode
Figura 2: Fórmulas estruturais do carvac- mistura (óleo+água) destilada é con- ser realizado com outras plantas. Os
rol (1) e do timol (2). densada e decantada no frasco de monoterpenos timol e carvacrol são
plástico. Oca- amplamente distribuídos no reino
sionalmente, vegetal e ocorrem como os principais
constituintes de essências de outras
devido à pres-
plantas aromáticas, principalmente
são interna, a
na família Lamiaceae, cujos exem-
tampa da cus-
plos mais conhecidos são o orégano
cuzeira poderá
(Origanum vulgaris) e o tomilho (Thy-
forçar a cola de
mus vulgaris).
silicone e se
desconectar; no Nota
entanto, isto po- 1. Recipiente utilizado na prepara-
de ser evitado ção do cuscuz, um dos pratos mais
colocando-se típicos da gastronomia nordestina, à
um peso sobre base de uma massa de milho (farinha
Figura 3: Cuzcuzeiras. a tampa. ou fubá).

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Extração de óleo essencial de uma planta da caatinga N° 22, NOVEMBRO 2005
Cristiano de Almeida Cardoso Marcelino-Jr.
(cristianomarcelinojr@uol.com.br), mestre em Química Referências bibliográficas Para saber mais
pela Universidade Federal de Alagoas, é docente do GIULIETTII, A.M.; SAMPAIO, E.V.S.; DIAS, S.M. e SILVA, R.R. da. Perfumes:
Departamento de Química da Universidade Federal VIRGINIO, J. e GAMARRA, C. Vegetação Uma química inesquecível. Química No-
Rural de Pernambuco (DQ-UFRPE). Rejane Martins
e flora da caatinga. Recife: Associação va na Escola, n. 4, p. 3-6, 1996.
Novais Barbosa (rmnbarbosa@uol.com.br), doutora em
Educação Química pela Universidade East Anglia, é Plantas do Nordeste, 2002. MACHADO, M.I.L. e CRAVEIRO, A.A..
docente do DQ-UFRPE. Angela Fernandes Campos MATOS, F.J.A. Plantas da medicina po- De insetos, aromas e plantas. Ciência
(relima@hotlink.com.br), doutora em Química pela pular do Nordeste. Fortaleza: Ed. UFC, 1999. Hoje, v. 4, n. 23, p. 54-63, 1986.
Universidade Federal de Pernambuco, é docente do SAMPAIO, E.V.S.B.; VELLOSO, A.L. e GUIMARÃES, P.I.C.; OLIVEIRA, R.E.C.
DQ-UFRPE. Aldeci Pereira dos Santos é licenciada em PAREYN, F.G.C. (Eds.) Ecorregiões, Pro- e ABREU, R.G. Extraindo óleos essen-
Química pela UFRPE e professora no Ensino Médio. postas para o bioma caatinga. Recife: ciais de plantas. Química Nova na Es-
Cristiana de Castro Lacerda e Carlos Eduardo Gomes da Associação Plantas do Nordeste, 2002. cola, n. 11, p. 45-46, 2000.
Silva são licenciados em Química pela UFRPE.

Abstract: Using a Couscous Maker in the Extraction of Essential Oil from Rosemary (Lippia gracillis), a Plant from the Savanna – This paper describes an experimental activity with a savanna plant,
the rosemary (Lippia gracillis), based on the extraction and qualitative analysis of the essential oil from its leaves, using low cost materials. The activity allows a contextualized approach to different
high-school curricular contents.
Keywords: experimentation, savanna plants, essential oil

Nota

In memoriam: Luiz Roberto de Moraes Pitombo (1926-2005)

Luiz Roberto de Moraes Pitombo liar de Ensino no Departamento de entusiasmo de um trabalho de campo
nasceu em 18 de abril de 1926, na Química da FFCL-USP, dando início realizado entre 1968-1969, em cola-
cidade de São Paulo. Iniciou seus es- aos seus 46 anos de carreira univer- boração com pesquisadores do Na-
tudos na Escola Caetano de Campos sitária. Realizou o doutorado sob a tional Center for Atmospheric Re- 53
(localizada na Praça da República, orientação do Prof. Rheinboldt, search (EUA), que visava a determi-
cujo prédio hoje abriga a Secretaria concluído em 1954 – último aluno do nação de gases traços na atmosfera
da Educação do Estado de São Pau- mestre alemão, falecido no ano se- da selva amazônica. O Prof. Pitombo
lo), a qual freqüentou do jardim da guinte. Para manter-se financeiramen- desenvolveu também uma linha de
infância até o curso ginasial. Seu pri- te durante a pós-graduação, o Prof. pesquisa voltada para a investigação
meiro contato com o ensino de Quí- Pitombo paralelamente lecionou no da potencialidade do uso analítico de
mica foi no ginásio, nas aulas do Prof. Ensino Médio, nos colégios Batista compostos orgânicos de enxofre,
Osório de Freitas, de quem se tornou Brasileiro e São Luiz. Como Auxiliar selênio e telúrio. Consolidou-se sua
preparador de aulas. de Ensino, ministrava o curso prático concepção de buscar sempre uma
Em 1945, em um período em que de Química Analítica, contando nessa abordagem sistêmica e interdisci-
procurava definir a escolha profissio- atividade com a orientação do Prof. plinar para os problemas, que valori-
nal, foi convidado pelo amigo Remolo Paschoal Senise – a quem o Prof. zava as interações entre os campos
Ciola (futuro professor do IQ-USP) a Pitombo, com admiração, passou a do conhecimento em lugar de seu
visitar o Departamento de Química da se referir mais tarde como “o amigo
Faculdade de Filosofia, Ciências e Le- de todos os dias e mestre de sem-
tras da USP. Pitombo passou a assistir pre”. Concretizou-se a partir daí sua
às aulas, e impressionou-se particu- opção pela pesquisa em Química
larmente com as desenvolvidas pelo Analítica. Seu pós-doutoramento foi
Prof. Heinrich Rheinboldt – cuja realizado entre 1964-1965, na Louisi-
didática, erudição e visão da Química ana State University (EUA), sob a
o Prof. Pitombo admirou por toda a supervisão do Prof. Philip West – cuja
vida. Essa experiência definiu sua es- linha de pesquisa estava então rela-
colha pelo curso de Química, concluí- cionada à resolução de problemas
do em 1949. Durante a graduação analíticos ligados à contaminação
iniciou seu envolvimento com a pes- ambiental, em particular do ar e da
quisa em Química, convidado pelo água. Em seu retorno ao Brasil, o Prof.
Prof. Marcelo de Moura Campos. Pitombo realizou alguns trabalhos
Pouco depois de formado, o Prof. pioneiros na área de Química Analítica
Rheinboldt o convidou para ser Auxi- Ambiental. Ele se lembrava com

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Extração de óleo essencial de uma planta da caatinga N° 22, NOVEMBRO 2005

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