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FERTILIDADE DO SOLO

Solo fértil é aquele que apresenta quantidades suficientes e balanceadas de todos


os nutrientes essenciais, em condições de serem absorvidos pelas plantas.
Os solos diferem entre si por uma série de características e propriedades. Por ser
um dos fatores que afetam o crescimento das plantas, as características dos
solos podem determinar a maior ou menor produtividade das culturas. Dentre essas
características destacam-se: a capacidade de suprimento de nutrientes minerais, a matéria
orgânica, a disponibilidade de água para as plantas e a porosidade de aeração.
A fertilidade do solo é, pois, definida pelo conjunto de características, não só
químicas mas também físicas e biológicas, que o solo deve apresentar para que uma planta
expresse seu potencial máximo de produtividade.
A camada arável do solo, situada nos primeiros 20 a 25 cm da superfície e a mais
facilmente modificável através de adubações e calagens, é freqüentemente o objeto dos
estudos que visam a determinar as condições atuais de fertilidade do solo e as
necessidades de sua correção. No entanto, a parte do solo situada abaixo dessa camada
arável é também importante e, dependendo das condições que apresenta para o
desenvolvimento das raízes e o suprimento de nutrientes e água, pode afetar favorável ou
desfavoravelmente o crescimento das plantas.
Neste capítulo, além dos métodos de avaliação da fertilidade do solo quanto ao
nível de nutrientes, são discutidos alguns aspectos relacionados com a matéria orgânica e
com outras propriedades do solo, que afetam sua fertilidade.

2.1. Avaliação da fertilidade do solo


A avaliação da fertilidade do solo é a primeira etapa a ser cumprida para se
estabelecer adequadamente qual ou quais as medidas a serem adotadas no tocante ao
manejo da fertilidade de um solo.
É oportuno ressaltar que a preocupação do técnico não deve restringir-se à
avaliação da fertilidade do solo, pois é importante que, para o correto diagnóstico do
problema, sejam verificados todos os fatores que interferem na produtividade das culturas.
Por vezes, o que está limitando a produção não é o nível baixo de um ou mais nutrientes
no solo; se a produtividade está reduzida porque a cultivar empregada é de baixo potencial
genético, o problema não será resolvido somente com a calagem e adubação. Nesse
exemplo, torna-se necessária a substituição da cultivar, além da correção dos níveis baixos
de nutrientes, para se poder contar com a expectativa de aumento da produção. Assim, ao
proceder ao levantamento do estado nutricional de uma gleba, o técnico deve ter em
mente a necessidade de checar os fatores de produção e elaborar um exame apropriado
que lhe permita diagnosticar corretamente o problema.
A possibilidade de se obter produtividade vegetal elevada está relacionada com a
quantidade de nutrientes presente na solução do solo. Essa relação é apresentada
esquematicamente na Figura 1
Teor de nutriente à disposição da planta

FIG. 1. Relação entre produtividade e teor de nutriente disponível.

O gráfico está dividido em faixas, descritas a seguir:


I: deficiência visível: a pequena quantidade do nutriente à disposição do vegetal leva ao
aparecimento de sintomas visíveis dessa deficiência, isto é, a planta exibe crescimento
reduzido e/ou alterações do seu aspecto normal, tal como mudança na coloração usual
das suas folhas;
II: deficiência oculta: o desenvolvimento da planta é aparentemente normal, porém, ao se
fornecer o nutriente à planta, ocorrem aumentos sensíveis na produção;
III:teor ótimo: faixa de teores do nutriente em que a cultura apresenta produtividade
elevada;
IV:consumo de luxo: a existência de quantidade alta do nutriente à disposição da planta
conduz a uma absorção também alta, mas que não se traduz em incremento na
produção;
V: toxidez: o excesso do nutriente absorvido leva a distúrbios metabólicos que podem
provocar decréscimos na produção e, em casos extremos, a morte do vegetal.
A conceituação de resposta da planta à aplicação de adubos leva ao
reconhecimento da existência de respostas positivas (aumento na produção), nulas e
negativas (diminuição na produção). As respostas positivas ocorrem quando o teor do
nutriente à disposição da planta é insuficiente para seu desenvolvimento normal e é fator
limitante. A resposta nula pode ocorrer em dois casos:
a) quando o teor do nutriente está na faixa de consumo de luxo;
b) quando, apesar de ser baixo o teor do nutriente, existe outro fator limitando a
produção.
A resposta negativa pode ser resultante da existência de teor muito alto do
nutriente, caso que ocorre mais freqüentemente com micronutrientes, ou então decorrente
da má aplicação do adubo provocando, por exemplo, problemas de salinidade temporária
no solo.
Os métodos para diagnosticar a fertilidade do solo podem ser divididos em duas
grandes categorias: qualitativos e quantitativos. Na primeira categoria destacam-se os
métodos de diagnose visual, aspersão foliar e ensaio exploratório em potes. Nos métodos
quantitativos, podem ser ressaltados, dentre outros, os microbiológicos, os de análise
química da planta e do solo, e ensaios de campo.

2.1.1. Diagnose visual. A diagnose visual compreende a utilização de três métodos


distintos que devem ser usados, preferencialmente, como complementares entre si:
sintomas de deficiência/excesso nas culturas, plantas indicadoras e ocorrência de doenças.
Sintomas de deficiência/excesso. É um método qualitativo que fornece um
diagnóstico preliminar. O método consiste na observação das plantas e se baseia no fato
de que os vegetais exibem sintomas bem definidos característicos, quando estão sofrendo
severas deficiências ou submetidos a excesso de elementos nutritivos essenciais.
Geralmente, os sintomas são observados nas folhas, mas o distúrbio nutricional pode
manifestar-se em outras partes do vegetal. Os sintomas mais comuns são: redução do
crescimento, perda ou mudança de cor das folhas, perda da qualidade dos frutos e
deformações na raízes ou parte aéreas.
Esse método tem a vantagem de ser rápido e de não exigir equipamento especial,
mas é necessária uma considerável experiência para distinguir e interpretar corretamente
os sintomas. É pertinente lembrar que danos provocados por outras causas (doenças,
pragas, adversidade climáticas) podem confundir ou mascarar os sintomas decorrentes de
distúrbios nutricionais. Além disso, apresenta as desvantagens de não permitir o
diagnóstico da deficiência oculta, e de só possibilitar que sejam detectados os sintomas
quando já ocorreram danos, às vezes irreversíveis, que não permitirão recuperar
produtividade. A possibilidade da ocorrência de mais uma deficiência simultânea é outro
fator que dificulta o emprego desse método. Assim sendo, a diagnose através de sintomas
visuais de deficiência nutricional é uma técnica de avaliação da fertilidade do solo que, por
ser de caráter complementar, não deve ser usada isoladamente.
Contudo, particularmente para o nitrogênio, é um método que deve ser
considerado, especialmente no que concerne à deficiência, porque há a possibilidade de
rápida correção com a utilização da aspersão foliar com uréia ou complementação com a
adubação no solo. A característica principal da deficiência de N é a falta de vigor e
amarelecimento generalizado da planta. Deve-se destacar que isso não significa que se
possa assegurar completa restauração do nível de produtividade que seria obtenível com
adequado suprimento de nitrogênio em todo o ciclo da planta. É importante lembrar que a
deficiência de nitrogênio pode ser causada pela falta de molibdênio em quantidades
adequadas para a síntese da nitrato-redutase, se a absorção de N se der na forma nítrica.
Os principais sintomas que ocorrem em diversas culturas quando há excesso, são
tratados em diversas publicações.
Plantas indicadoras. O aparecimento de “plantas invasoras” prende-se a fatores do solo e
de seu manejo, que beneficiam essa ocorrência. Entre os inúmeros fatores que atuam no
sistema agropastoril, merece destaque aquele que proporciona o aparecimento de
invasoras devido à deficiência de nutrientes no solo. Entende-se que a invasora domine um
campo de cultivo que apresenta fertilidade reduzida simplesmente pelo fato de que esse
ambiente é desfavorável ao desenvolvimento da cultura e não é limitante ao da invasora.
Há indicações de que existem plantas associadas à alta ou baixa fertilidade do solo.
Na literatura encontra-se alguns exemplos de correlação entre a presença de determinadas
plantas e algumas características favoráveis ou desfavoráveis dos solos. Entretanto, esse é
um assunto que ainda requer maiores estudos.
Ocorrência de doenças e pragas. A planta hospedeira, o patógeno e o ambiente
constituem três fatores fundamentais que condicionam a ocorrência ou não de uma
doença. O ambiente influencia tanto o patógeno (direta ou indiretamente) como a planta
hospedeira.
Dentre os efeitos do ambiente, destacam-se os da umidade, temperatura e
fertilidade do solo. O efeito da fertilidade deve-se ao fato de que os nutrientes podem
aumentar ou diminuir a suscetibilidade da planta a determinada doença, dependendo nesse
caso da combinação hospedeiro-patógeno, das inter-relações com outros fatores e do
balanço entre os teores de nutrientes.
É importante ressaltar que, nem sempre, a ocorrência de doença indica
subnutrição da planta, pois alguns patógenos preferem plantas vigorosas. Em alguns casos,
teores elevados de nitrogênio podem estar relacionados com a suscetibilidade da planta a
algumas doenças. Por outro lado, teores adequados de potássio podem podem reduzir a
incidência de certas doenças, como é o caso, por exemplo, do fungo Diaporthe
plaseolorum na soja.
De forma semelhante, a ocorrência de algumas pragas tem sida relacionada com o
estado nutricional apresentado pelas plantas atacadas.
Essas associações doenças-fertilidade do solo e pragas-fertilidade do solo são
também assuntos que ainda merecem estudos mais acurados.

2.1.2. Aspersão foliar. Consiste esse método em aplicar, nas folhas, solução contendo o
nutriente de cuja deficiência se suspeita. É recomendável o seu uso para a confirmação da
diagnose visual.
A eficiência do método é garantida pela rápida resposta das plantas à aspersão
foliar, desde que sejam usadas soluções com concentrações apropriadas e aplicadas em
folhas relativamente novas, o que assegura pronta absorção do nutriente em teste. A
confirmação da deficiência é obtida pela regressão dos sintomas.
As desvantagens desse método são semelhantes às do método anterior, no que diz
respeito a ser uma avaliação qualitativa e aplicável a plantas cuja produção já pode ter sido
prejudicada pela deficiência.

2.1.3. Ensaios exploratórios em potes. Os experimentos em potes para avaliação da


fertilidade do solo têm a virtude de permitir a obtenção de dados em época mais favorável
para a adoção de medidas preventivas. A maior limitação desse método é o seu caráter
qualitativo, não fornecendo diretamente informação sobre as dose de adubos a empregar
no campo. Contudo, podem ser obtidos resultados que orientem o uso de nitrogênio,
enxofre e micronutrientes, que não são ainda conseguidos com o emprego da análise
química desses elementos em forma rotineira, na maioria dos laboratórios no Rio de
Janeiro.
Para a condução do experimento, são coletadas amostras representativas do solo
em estudo; a terra é colocada em potes que recebem os diferentes tratamentos e é semeada
uma espécie vegetal para servir como indicador biológico dos efeitos dos nutrientes
empregados. Freqüentemente é utilizado o milho como planta indicadora, pelas suas
características de crescimento rápido e relativa rusticidade, além de ser possível o uso de
linhagens geneticamente homogêneas. A avaliação é feita através da determinação da
matéria seca, produzida em um período de quatro a seis semanas.
Os tratamentos adotados são ditados pelo interesse do técnico, sendo comumente
utilizado o sistema de diagnose por subtração, ou seja, há um tratamento “completo”, no
qual se aplicam todos os nutrientes, omitindo-se nos demais um ou mais desses nutrientes.
Note-se que não são usadas doses variadas de cada nutriente pois só se podem extrapolar
para o campo as informações qualitativas, uma vez que as condições experimentais não
são diretamente comparáveis com as do campo.

2.1.4. Métodos microbiológicos. O uso dos métodos microbiológicos para avaliação de


deficiências de nutrientes no solo se baseia na semelhança da necessidades nutriconais
entre as plantas e os microorganismos. Os métodos usam algas, bactérias ou fungos e
geralmente apresentam complexidade maior do que a avaliação feita através da análise
química do solo, especialmente para fósforo e potássio. Entretanto, para nitrogênio,
enxofre e micronutrientes, podem representar alternativas atraentes.
No Estado do Rio de Janeiro, foi desenvolvido método microbiológico para a
avaliação de molibdênio por Peres et al. (1975). Entretanto, tal método não foi
incorporado à rotina de analises, apesar de apresentar resultados bastante promissores.

2.1.5. Análise de tecidos. Mais freqüentemente conhecida como analise foliar, por serem
geralmente utilizadas folhas como parte da planta a ser analisada, a análise de tecidos
vegetais é um método interessante para culturas permanentes. Seu uso baseia-se na
premissa de que existe, dentro de certos limites, correlação entre a produção da cultura e
o teor do nutriente no tecido vegetal analisado, e este teor, por sua vez, apresenta
correlação com a quantidade do elemento disponível no solo.
Para que o método possa ser adequadamente utilizado, é necessário que, através
de pesquisa anterior, sejam definidas a época de amostragem, a parte do vegetal a ser
analisada e a interpretação dos resultados, que são peculiares às espécies e, em certo grau,
dependentes da cultivar explorada.
Através de correlações entre respostas das culturas e teores de nutrientes nas
folhas, são estabelecidos intervalos dos teores que indicam deficiência, suficiência ou
toxidez. Durante o desenvolvimento das plantas, ocorre a transferência de certos
nutrientes de algumas partes da planta para outras. Daí a necessidade da padronização
rigorosa da amostragem, no que se refere tanto ao período vegetativo como ao tipo e
posição das folhas, a fim de que seja possível obter resultados comparáveis para
amostragens em situações diferentes. Conseqüentemente, só se poderá utilizar esse
método de diagnose se os padrões nutricionais para espécies, ou mesmo cultivares,
estiverem estabelecidos em função da idade (época de amostragem), parte e posição da
folha a analisar.
Para culturas anuais, deficiências nutricionais identificadas por análise foliar
dificilmente podem ser corrigidas a tempo de evitar que a produtividade das culturas seja
prejudicada. No entanto, esse é o melhor método para identificar a necessidade de
adubação de culturas perenes ou semiperenes, tais como citros, abacaxi, cana-de-açúcar,
banana etc., através de programas bem conduzidos.
A reduzida pesquisa básica e o pequeno número de laboratórios em que se
executam rotineiramente essas análises têm limitado severamente, no Brasil, o uso da
análise foliar.

2.1.6. Análise química do solo. Dentre os métodos atualmente disponíveis para avaliação
da fertilidade do solo, o que reúne maior número de vantagens é a análise química de
amostras de terra representativas da área sob estudo. Tais vantagens compreendem a
rapidez, facilidade de execução, baixo custo e viabilidade de serem obtidos os resultados
em tempo hábil para o planejamento agrícola, antes da implantação das lavouras.
Entretanto, para o seu uso mais eficiente, é necessário o estabelecimento, a nível regional,
dos padrões de interpretação dos resultados das análises, através dos estudos de
calibração dos métodos disponíveis.
As etapas secessivas que compõem o método e que serão detalhadas no capítulo 3,
são: amostragem, preparo da amostra, extração, análise, interpretação e recomendações.

2.1.7. Ensaios de campo. Os ensaios de campo utilizados para a avaliação da fertilidade


do solo podem ser divididos em duas categorias: microparcelas e ensaios convencionais.
Os ensaios em microparcelas recebem esse nome por utilizar parcelas
experimentais de dimensões reduzidas, constituídas por quadrados com 60 cm de lado,
onde são semeadas três linhas com milho de maneira a se obter, após desbaste, 30 plantas
por microparcela. Essas plantas são cortadas, rente ao solo, em torno de seis semanas
após o plantio e a produção da parte aérea é determinada por peso da matéria fresca e
seca. Cada microparcela recebe a aplicação de fertilizantes em doses definidas de acordo
com o objetivo do ensaio e são adotados os procedimentos experimentais recomendados
para avaliação estatística dos dados.
Devido às suas características, o ensaio em microparcelas é considerado um
experimento intermediário entre o ensaio de campo convencional e o desenvolvimento em
potes. Os resultados obtidos permitem a avaliação semiquantitativa da fertilidade do solo,
com a possibilidade de se proceder à recomendação de adubos em uma primeira
aproximação, a ser refinada em função das respostas, no campo, da cultura de interesse
econômico. A expressão “avaliação semiquantitativa da fertilidade do solo” é usada para
evitar que se dê aos resultados dimensão maior que a que se pode obter com os dados
experimentais. É interessante o uso de microparcelas para ser avaliada, sem a análise
química, a probabilidade de resposta à adição de nitrogênio, enxofre e micronutrientes,
apesar das limitações do método. O milho é usado como planta indicadora pelas razões
mencionadas no item sobre ensaios em potes.
O ensaio de campo convencional é experimento que, em última análise, vai
referendar os resultados dos demais métodos. Seu maior emprego é justamente para a
calibrarão dos outros processos de avaliação da fertilidade do solo.
O experimento de campo convencional é instalado com a cultura de interesse
econômico, usando-se tratamentos que nos possibilitem determinar as respostas dessa
espécie ou cultivar, às doses de nutrientes.
Para obtenção de dados confiáveis, é importante que seja considerada a influência
climática, o que reporta à necessidade de se prolongar a experimentação por, pelo menos,
três ciclos de produção, sendo desejável atingir cinco ciclos.
No ensaio de campo convencional são adotadas todas as providências e cuidados
preconizados pelo sistema de produção da cultura (época de plantio, tratamento
fitossanitário, espaçamento etc.) que conduzam a uma exploração correta da espécie
vegetal sob estudo.
Pelas suas características, o ensaio convencional é mais usualmente desenvolvido
pelas instituições de pesquisa, o que, evidentemente, não impede que produtores de nível
tecnológico mais alto instalem em suas glebas experimentos dessa natureza para obtenção
de dados específicos da sua propriedade.

2.2. Matéria orgânica


A matéria orgânica do solo provém dos organismos vegetais e animais existentes
no solo. Sob condições naturais, é o tecido vegetal a fonte principal de matéria orgânica
nos solos. Restos de copas e raízes de árvores e arbustos, de plantas cultivadas e nativas,
são anualmente incorporados ao processo de formação da fração orgânica do solo.
Em condições naturais e aeróbicas, as transformações dos tecidos vegetais e
animais presentes no solo se processam dentro de uma dinâmica na qual a quantidade de
carbono que entra no sistema é equivalente áquela que é liberada. Em tais condições, teor
de matéria orgânica dos solos é um parâmetro que guarda um certo equilíbrio, não
variando drasticamente de um ano para outro.
A fração orgânica dos solos constitui um sistema complexo no qual são
encontrados resíduos de plantas e animais nos mais diferentes estádios de descomposição,
produtos de síntese e produtos excretados pelos organismos vivos. O material não
decomposto ou parcialmente decomposto de dimensão não coloidal é denominado de
matéria orgânica livre. O material coloidal de coloração cinza-escura a preta é denominado
matéria orgânica humificada ou humus. É essa fração humificada a responsável pelos
efeitos diretos sobre as propriedades dos solos. Esses efeitos se expressam: nas
propriedades físicas dos solos, agindo diretamente na redução da densidade aparente,
melhorando a agregação, a aeração e a drenagem, aumentando a capacidade de retenção
de água e melhorando a consistência, e nas propriedades químicas, atuando como
fornecedor de nutrientes para as plantas, principalmente como fonte de N e P, e
respondendo em grande parte pelo poder tampão dos solos, pela sua capacidade de troca
de cátions e pela superfície específica.
O teor de carbono da fração humificada está relacionando com aquele existente
nos tecidos vegetais, animais e microbianos que contribuem para sua formação. Quando
resíduos vegetais ou animais são incorporados ao solo, as suas transformações, e com
destaque a mineralização, são governadas, entre outros fatores, pelo teor de nitrogênio
encontrado no material. Essa relação carbono/nitrogênio situa-se em torno de 10:1 na
fração humificada dos solos de uma maneira geral. Quando matéria orgânica pobre em N é
incorporada ao solo, durante o processo de mineralização desse material, os
microorganismos imobilizam nitrogênio retirando-o do solo sob a forma nítrica ou
amoniacal, causando deficiência temporária desse nutriente para as culturas estabelecida.

2.3. Propriedades físicas do solo e sua influência na nutrição vegetal


A participação do solo como fator de produção agrícola dá-se através do
suprimento de nutrientes, água e oxigênio a planta e como suporte para fixação do
vegetal. O solo é um sistema trifásico (fases sólida, líquida e gasosa) e é da fase líquida
que as raízes extraem em maior quantidade os nutrientes. Essa fase, que constitui a
solução do solo, compete com a fase gasosa na ocupação do espaço existente entre os
componentes da fase sólida (minerais e matéria orgânica), cujas caraterísticas e
arranjamento definem a porosidade do solo.
Apesar da carência de dados experimentais que quantifiquem os efeitos das
propriedades física do solo sobre a nutrição vegetal, existem aspectos importantes que são
apresentados seguir.

2.3.1. Textura. Essa propriedade refere-se à proporção relativa entre as frações


granulométricas areia, silte e argila, componentes minerais da fase sólida que são definidos
segundo escalas de tamanho. As diversas combinações entre os teores dessas frações na
granulometria do solo originam as chamadas classes generalizadas de textura que são:
areia ou textura arenosa: teor de argila menor que 15%;
textura média ou intermediária: teor de argila entre 15 e 35%;
argila ou textura argilosa: entre 35 e 60% de argila;
argila pesada ou textura muito argilosa: teor de argila superior a 60%; e
textura siltosa: teor de silte superior a 50%, para teores de argila menores que 35%
e de areia menores que 15%.
Além desses termos, é comum o uso de expressões tais como solos “leves” ou de
textura “grosseira”, para os solos de textura arenosa. Já os solos de textura argilosa ou
muito argilosa são ditos “pesados” ou de textura “fina”. Essa terminologia resulta da
menor ou maior resistência oferecida pelos solos à mecanização, e do tamanho das
partículas predominantes.
A textura do solo, por não levar em conta a fração orgânica, é uma propriedade
física pouco mutável com o uso agrícola. A importância de as partículas minerais serem
agrupadas em classes, em função de seu tamanho, deve-se à relação entre essa
característica e a superfície exposta, isto é, superfície, que será tanto maior quanto maior
for a proporção de partículas finas no solo. Assim solos de textura argilosa poderão ter
maior retenção de água e adsorção iônica que solos de textura arenosa.
Essa propriedade está ainda inter-relacionada com outras propriedades físicas,
como a estrutura e porosidade, e em que conseqüência, com as propriedades hídricas do
solo. Assim, a textura do solo, além de permitir avaliações sobre a possível capacidade de
troca iônica, é também importante nos mecanismos de absorção de nutrientes.

2.3.2. Estrutura e porosidade. A estrutura do solo envolve o arranjamento entre as


frações mineral e orgânica e o espaço poroso criado. As diferentes formas de arranjamento
da fase sólida, com e sem agregação, irão criar tipos de estruturas, alguns menos outros
mais favoráveis ao desenvolvimento das raízes. Os termos mais usados para caracterizá-lo
são:
a) sem agregação pode ser em grãos simples, como em solos de textura arenosa, e
maciça, como Solos Hidromórficos;
b) com agregação:
granular: freqüente no horizonte A e em Latossolos;
em blocos: freqüente no horizonte B;
prismática: freqüente em horizonte B de solos como argila de atividade alta.
As fases líquida e gasosa ocupam o espaço poroso resultante do arranjamento da
fase sólida. Essa porosidade, geralmente referida com porosidade total, pode ser dividida
em: a) macroporos, poros de maior diâmetro, através dos quais há livre drenagem da água,
também chamados porosidade de aeração; e b) microporos, poros de menor diâmetro,
responsáveis pela retenção de água por capilaridade (armazenamento de água na
capacidade de campo), também chamados porosidade para água.
Alguns cálculos feitos em fertilidade do solo consideram a sua densidade aparente
(Dap). Essa propriedade é a relação entre a massa de um torrão de solo seco e o volume
por ele ocupado, incluindo o volume de poros. Seu valor varia desde 0,2 g/cm3 de terra
para Solos Orgânico, até valores de 1,8 gm3 para solos arenosos pobres em matéria
orgânica ou solos extremamente compactados.
Em muitas circunstâncias a absorção de nutrientes pelas plantas é limitada por um
excesso ou falta de água , pela deficiência de oxigênio ou pelo inadequado crescimento
das raízes. Portanto, uma agregação desfavorável no solo é um fator limitante á produção
agrícola.
Entretanto, o conceito de “agregação favorável” ou “bem estruturado” é variável
com as características da cultura. Para arroz irrigado, por exemplo, será aquela que reduza
a permeabilidade do solo à água, isto é, que favoreça a formação de microporos.
O uso agrícola do solo, seja manual ou mecanizado, acarreta, em sua estrutura,
mudanças que variam de intensidade em função das propriedades físicas do solo e das
práticas de manejo adotadas. As principais modificações físicas são a diminuição da
porosidade e o aumento da resistência do solo ao desenvolvimento das raízes, alterações
essas que podem ser verificadas pelo aumento da densidade aparente.
A diminuição da porosidade implica na redução do ar e água que poderiam ser
armazenados no solo para as plantas. O aumento da densidade aparente é um indício da
existência de camadas ou horizontes compactados, que irão impedir ou reduzir o
desenvolvimento do sistema radicular. Com a redução da aeração do solo, absorção de
nutrientes é afetada, principalmente no caso do nitrogênio , ao interferir no ciclo do N, na
transformação da matéria orgânica bruta e na fixação biológica de n2. A redução da
reserva de água também influência a nutrição do vegetal, uma vez que os nutrientes são
absorvidos a partir da solução do solo.
As raízes terão melhor desenvolvimento em resposta à presença de água e
nutrientes e, não havendo compactação ou acidez em profundidade, poderão atingir
maiores comprimento no solo. Esse maior volume de solo explorado fará com que a
superfície de contato raízes-solo seja aumentada, implicando em melhor aproveitamento
de nutrientes. Com o sistema radicular superficial, a cultura será mais suscetível a
estiagens, além de explorar menor volume do solo.
A atividade microbiana e de minhocas também é reduzida em solos compactados
ou em solos com deficiência de aeração.

2.3.3. Retenção de água. A quantidade de água existente em um dado instante no solo,


chamada umidade atual, será função do equilíbrio entre adição de água (chuvas ou
irrigação), drenagem e perdas por evapotraspiração.
O potencial de armazenamento de água no solo será definido pela estrutura do
solo, pela microporosidade e pela capacidade de retenção de água dos componentes
orgânicos e minerais do solo. Em solos cuja estrutura resulte em domínio de macroporos e
onde os componentes sólidos tenham baixa capacidade de retenção de água (textura
arenosa e pobres em matéria orgânica), haverá menor capacidade de armazenamento de
água, e maior drenagem.
A quantidade de água retida em um perfil de solo é tanto maior quanto mais
espessa, ou de maior volume, for a camada considerada. Assim, uma forma de “oferecer”
mais água para as plantas é procurar “conduzir” o sistema radicular para as camadas mais
profundas. Para tal, é necessário que o solo não tenha impedimentos físicos e/ou químicos
que dificultem o crescimento das raízes.
A água é o veículo de solubilização dos adubos e de transporte dos nutrientes até
as raízes. Entretanto, altos teores de umidade podem levar à perda de nutrientes, pela
redução da aeração o pela interferência no desenvolvimento das raízes. Em solos com alta
macroporosidade, a água favorece a lixiviação de elementos de maior mobilidade.

2.3.4. Aeração. Na composição da atmosfera do solo, que corresponde à fase gasosa,


observam-se freqüentemente teores de O2 menores e de CO2 maiores que os da atmosfera
terrestre. Essa diferença quantitativa resulta da atividade biológica de raízes e organismos
aeróbicos no solo, consumindo O2 e liberando CO2 através da respiração e da
transformação da matéria orgânica.
Quando o solo é saturado, pela adição de um excesso de água, e permanece nessa
condição por algum tempo, ocorre uma redução da disponibilidade de O2. Esse efeito
interfere nos processos físico, químicos e biológicos do solo, além de reduzir a eficiência
das raízes de culturas não adaptadas ou mesmo inibir seu crescimento.
A influência dessa propriedade na nutrição da maioria das plantas cultivadas está
relacionada com a respiração das raízes e a atividade microbiana no solo. O suprimento de
ar no solo é inversamente proporcional ao suprimento de água; assim, em solos mal
drenados, com lençol freático alto, a aeração é reduzida. O manejo inadequado do solo,
conduzindo à compactação, também reduz a aeração ao diminuir o volume de
macroporos. Nessas condições, a desnitrificação é favorecida, o que implica em redução
da quantidade de nitrogênio passível de ser absorvida pelas plantas.

2.3.5. Conclusões. As propriedades físicas do solo são de difícil modificação, o que pode
condicionar baixas produções ainda que a fertilidade do solo seja elevada. Para o seu
manejo devem ser consideradas três situações possíveis:
a) as propriedades físicas são desfavoráveis em condições naturais; nesse caso, a
escolha do sistema tecnológico a ser adotado deve ser orientada para a adequação de
espécies vegetais e métodos alternativos de produção agrícola;
b) as propriedades físicas são desfavoráveis em decorrência do sistema de
produção anteriormente adotado; essa situação é geralmente difícil de ser revertida, sendo
necessário um programa supervisionado de recuperação do solo;
c) as propriedades físicas são favoráveis; nesse caso é essencial que essa condição
seja preservada através de práticas conservacionistas, e, em terrenos declivosos,
principalmente práticas de controle à erosão.

2.4. Referência
PERES, J. R. R. ; NERY, M. & FRANCO, A. A. Constatação de deficiência de
molibdênio em vários solos do Estado do Rio de Janeiro, através de teste
microbiológico. In: SBCS (ed.), Anais do XV Congresso Brasileiro de Ciência do
Solo. Campinas, SP, 1975, p. 163-169.

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