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Capítulo 1 – História do
Direito do Tabalho 15
Capítulo 6 – Férias 201
6.1.1. Período Aquisitivo e
Período Concessório
6.1.2. Remuneração
6.2. Salário 207
6.2.1. Gratificações
6.2.2. Décimo Terceiro Salário
6.2.3. Comissões e Percentagens
6.2.4. Gorjetas
6.2.5. Ajuda de Custo, Diárias para
Viagens e Abonos
6.2.6. Participação nos Lucros e
Resultados (PLR)
6.2.7. Formas e Meio de Pagamento
Bibliografia 240
1
Capítulo
Título Capítulo
1
Capítulo
História do Direito
do Tabalho
1.1. Breve Histórico
16
siva extinção dos feudos, os artesãos despontam com
mais força e podemos citar as corporações de ofício.
Nas corporações de ofício existiam três figuras
claramente definidas: os mestres, os companheiros
e os aprendizes. Tal ordem era devidamente reco-
nhecida e os companheiros e aprendizes somente
ascenderiam na hierarquia e se tornariam mestres
após provas difíceis, bem como mediante pagamento.
As corporações de ofício foram se extinguindo
aos poucos, mais precisamente no ano de 1776 após
um edito, concomitantemente ao alto custo dos
produtos e a intensificação do comércio.
Os períodos da escravidão, feudalismo e
corporações de ofício foram trazidos à baila, pois
possuíam algumas características em comum no que
tange ao trabalho em si, tais como as longas jornadas
de trabalho, as condições de trabalho inadequadas e
insalubres, assim como a mão de obra infantil.
A locação de serviços e a empreitada começam
a surgir, porém regidas pelo Direito Civil.
No período da Revolução Francesa, a França
reconhece em sua Constituição o Direito do Trabalho,
sendo este um dos primeiros passos para o surgimento
dos direitos econômicos e sociais estudados de forma
mais detalhada durante a obra.
No entanto, a Revolução Industrial é um
marco definitivo para o Direito do Trabalho, uma
vez que as máquinas a vapor surgem e a produção
passa do trabalho puramente manual para a meto-
dologia industrial.
17
Com as condições de trabalho cada vez mais
precárias, dentre as quais jornadas de trabalho exces-
sivas, acidentes e doenças do trabalho, nascem mani-
festações dos trabalhadores em criar organizações
de auxilio posteriormente resultando em sindicatos,
necessidade de normas e legislação específica visando
à regulamentação do trabalho. Surge então o Direito
do Trabalho propriamente dito.
18
Com o término da Primeira Guerra Mundial,
e levando em consideração o estado de fragilidade
e consternação da sociedade mundial, os Estados
começam a inserir em suas constituições, alguns
direitos fundamentais voltados à proteção do ser
humano em consequência, normas concernentes ao
Direito do Trabalho.
A primeira Constituição no mundo que cuidou
dos direitos trabalhistas de forma específica foi a
do México, datada de 1817, assegurando aos traba-
lhadores mexicanos sob sua égide a jornada de oito
horas, a proibição de trabalho aos menores de doze
anos, o descanso semanal, a proteção à maternidade
e o famigerado direito de greve.
A Constituição da Alemanha em 1818 gerou
repercussão por toda Europa, visto que previa o
direito a participação nos Lucros e Resultados, a
liberdade sindical e o sistema de seguridade social.
O surgimento da OIT - Organização Interna-
cional do Trabalho, com criação datada do ano de
1918 por força do Tratado de Versalhes, configura-se
como um marco na História do Direito do Trabalho
por desenhar uma tendência em inserir, nas Cartas
dos Estados, direitos que assegurassem normas de
trabalho dignas.
Na Itália a “carta del lavoro”, marcada pela forte
intervenção do Estado por tratar-se de uma norma
fascista, visava a pacificação social e a regularização
da hierarquia estatal ante os particulares. Este instru-
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mento influenciou fortemente o Direito do Trabalho
no Brasil, como estudaremos a seguir.
20
classe trabalhadora, opta por incorporar à Constituição
de 1834 normas de caráter assistencialista.
Em 1934, passado o período conhecido como
Revolução de 1930, a nova Constituição surge com a
Criação da Justiça do Trabalho, proibição do trabalho
infantil, limitação da jornada de trabalho a oito horas
diárias, repouso semanal remunerado, o direito de
greve é proibido e salário mínimo criado. Neste
mesmo período (Era Vargas de 1930 a 1945) foi
criado o Ministério do Trabalho.
Em 1937 a nova Constituição foi outor-
gada, sendo fortemente influenciada pela “carta
del lavoro” que ficou conhecida como “A Polaca”,
por traduzir autoritarismos que assolavam a
Europa no mesmo período.
Em 1943 entra em vigência a Consolidação das
Leis do Trabalho, em momento anterior à promul-
gação da Constituição de 1946, a qual se torna vigente
e trazendo consigo inovações muito importantes,
tratando dos direitos e das garantias individuais, imple-
mentando uma legislação do trabalho que forma-
lizou diversos direitos dos trabalhadores, dentre eles
a previdência social.
No período de 1967 outra Constituição foi
outorgada, constituída em plena Ditadura Militar,
porém, mantendo em seu corpo as previsões cons-
tantes nas constituições anteriores concernentes
ao Direito do Trabalho.
A Constituição de 1988, e atual, conhecida
como “Cidadã” ampliou os direitos e garantias indi-
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viduais e coletivas, tratando o direito do trabalho em
seu artigo 7º sobre direitos individuais, 8º sobre direito
coletivo e o 9º assegurando o direito de Greve, além
de outras previsões.
Atualmente, o protecionismo do trabalhador,
principal característica do direito do trabalho no
Brasil, sofreu grande abalo, dado que, com a recente
reforma trabalhista, foram inseridos artigos que
permitem maior negociação de direitos trabalhistas.
É possível, por exemplo, a extinção do
contrato de trabalho por “acordo” entre empre-
gado e empregador (artigo 484-A da CLT), hipó-
tese em que sera pago metade do aviso prévio, se
indenizado, e da multa do FGTS, prevista no §1º
do artigo 18 da lei 8036/90. Nessa modalidade,
as demais verbas trabalhistas devem ser adim-
plidas normalmente.
Ha, portanto, um cenário de maior flexibilidade
do contrato de trabalho, fato este que, na pratica,
devera representar abusos, devido ao lobby de que
gozam grandes empregadores ou mesmo pela alta
carga tributaria e instabilidade da economia, cujos
reflexos poderão ser mais sentidos pelo empregado.
22
1.2. Direito do Trabalho: Definição,
Conceito, Finalidade
1.2.1. Definição
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capitalismo passou a ser a forma econômica regente
da sociedade, reduzindo significativamente o trabalho
àqueles que não laboravam no ramo industrial.
A denominação Direito do Trabalho surgiu na
Alemanha e se concentra nas relações de trabalho
como um todo e não somente como um segmento
do mesmo. Tal nomenclatura permanece até os dias
atuais, abrangendo os trabalhadores individuais subor-
dinados ou em condições análogas.
1.2.2. Conceito
24
nizações destinadas à proteção desse trabalho em sua
estrutura e atividade.”1
Trazemos à baila a conceituação de Sérgio Pinto
Martins: “Direito do trabalho é o conjunto de prin-
cípios, regras e instituições atinentes à relação de
trabalho subordinado e situações análogas, visando
assegurar melhores condições de trabalho e sociais ao
trabalhador, de acordo com as medidas de proteção
que lhe são destinadas”.2
Podemos notar nos conceitos supracitados
características distintas: no primeiro leva-se em consi-
deração o tipo de trabalhador, já na segunda definição
prima-se pela relação de trabalho.
O direito do trabalho visa assegurar tanto o
trabalhador quanto a relação de trabalho em si, porém,
de forma abrangente, logo pode ser conceituado como
ramo autônomo do direito voltado a normatização
das situações trabalhistas, por meio de princípios e
dispositivos normativos específicos que tutelam os
trabalhadores e empregados, visando garantir a eles
condições dignas de trabalho.
A visualização deste conceito misto fica mais
clara se analisarmos o artigo 114 após a edição da
Emenda Constitucional 45 que determinou que toda
e qualquer matéria relativa ao Direito do Trabalho
deverá ser julgada e processada pela Justiça do
25
Trabalho. Vejamos o artigo citado “in verbis” para
melhor aprendizagem:
26
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho,
na forma da lei.
1.2.3. Finalidade
27
busca por desenvolvimento de condições que possam
impulsionar a economia do país através de sua força
produtiva, basta notar a retomada pelo Governo
Federal em conjunto com os Estaduais a retomada da
criação de cursos técnico-profissionalizantes, visando
à qualificação da mão de obra. Essa finalidade está
ligada diretamente a outro segmento da economia,
qual seja a política.
A política, como instituto que visa regulamentar
a relação do Estado com seus governados, possui
relação com a mão de obra braçal e intelectual deter-
minando a força produtiva do país. Seja por normas
tutelares ou liberais, acaba por definir a forma como
o país se desenvolve internamente e externamente.
Atualmente, com a reforma trabalhista inserida pela
lei 13.467/2017, diversas normas relativas à rescisão,
contratação de obreiros temporários, regime intermi-
tente, home office, entre outras, trouxeram ambiente
de flexibilização das normas trabalhistas.
Neste mesmo diapasão podemos determinar
a finalidade tutelar do direito do trabalho. No Brasil
as normas de direito do trabalho são absolutamente
definidas por um sistema integrativo de normas que
visam sempre proteger ao trabalhador. Notamos a
tutela estatal muito clara, tendenciando e determi-
nando o Direito do Trabalho Individual e Coletivo,
pois, se associarmos as finalidades socioeconômicas e
tutelares, apuraremos a sociedade brasileira de forma
conflitante, apresentando realidades distintas, em
distâncias muito pequenas, com a presença de grandes
28
polos industriais e comerciais largamente adequados
à legislação trabalhista, e de outro lado a utilização de
mão de obra infantil ou ainda em condições análogas
a de escravos, por exemplo.
Logo, a finalidade do direito do trabalho é a
melhoria das condições de trabalho através de leis
que tutelem o trabalhador. As leis devem nortear as
relações de trabalho, principalmente em nossa pátria
onde o conceito aplicado ao trabalhador define que
ele sempre será interpretado como hipossuficiente
nas relações laborais.
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Cabe ressaltar, retomando o quanto exposto
no primeiro capítulo, que as primeiras normas que
versaram sobre o direito do trabalho foram Cons-
tituições do México e da Alemanha. No Brasil, a
partir da Constituição de 1834, foram sendo inse-
ridas gradualmente normas trabalhistas e regras
sobre relações de trabalho. Na Constituição de
1888 o direito do trabalho vem descrito em seus
artigos 7º a 11°.
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A Justiça do Trabalho também rege sua orga-
nização e estrutura por meio do direito adminis-
trativo, podemos citar os regimentos internos dos
tribunais que editam inclusive portarias referentes
à forma com que os advogados devem postular as
ações, como por exemplo, a numeração de páginas
e documentos para a distribuição do processo.
31
ampla interpretação o Direito Comercial, deve ser
aplicado de forma subsidiária no Direito do Trabalho.
32
Com o direito do trabalho não poderia ser dife-
rente, o fato de ser trabalhador, empregador ou até
mesmo profissional autônomo gera a necessidade de
recolhimento de alguns tributos, tais como Imposto
de Renda descontado diretamente em folha de paga-
mento; FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço - sendo realizado o recolhimento tanto pelo
empregador quanto pelo trabalhador. Tais tributos
visam assegurar ao trabalhador uma série de bene-
fícios em caso de rescisão do trabalho, bem como
em custear o sistema previdenciário brasileiro, entre
outras consequências.
33
1.3.7. Direito Ambiental
34
específica para profissionais que laboram em situa-
ções insalubres.
35
Logo, o direito processual do trabalho permite a
aplicação do direito material através da determinação
de competência, estabelecendo prazos para a propo-
situra da ação, desta forma aplicando e promovendo
a segurança jurídica necessária para a paz social no
ambiente laboral.
36
1.3.11. Direitos Humanos
37
demais situações fáticas as quais aquele trabalhador
foi submetido ou esta sendo submetido.
Os Tratados de Direitos Humanos, após a
Emenda Constitucional 45, possuem força de norma
constitucional (após serem devidamente recepcio-
nados no país, bem como aprovados na forma da
lei), os direitos humanos devem ser interpretados de
forma conjunta às normas de direito do trabalho, tais
ramos do direito estão intimamente ligados aprovados
na forma do artigo 5º, §3º, da CF/88.
Economia
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consideração o impacto financeiro na sociedade e
sua viabilidade em face da previsão orçamentária do
Estado e demais ramos da sociedade.
Sociologia
39
Questões
40
aspecto, identificar a CLT como uma cópia integral
de tal documento.
e) Não respondida.
a) 1815
b) 1817
c) 1818
d) 1821
e) Não respondida
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significou uma reação contra o absolutismo monár-
quico e a origem divina e sobrenatural do poder, mas
não favoreceu os direitos dos trabalhadores.
42
4. A Era Vargas foi uma fase importante
para a criação de direitos trabalhistas. Mediante
tal assertiva assinale a alternativa INCORRETA:
43
5. A denominação “Direito do Trabalho”
como ramo jurídico que rege as relações labo-
rais surgiu, pois:
44
e) Nenhuma das anteriores
45
7. Defina a finalidade econômica do
Direito do Trabalho.
11. R e l a c i o n e d i r e i t o d o t r ab a l h o
e direito penal?
46
47
2
Capítulo
Autonomia
Para que possamos compreender a auto-
nomia do direito do trabalho, inicialmente devemos
definir a palavra autonomia inserida no contexto do
direito como um todo.
Um ramo jurídico autônomo caracteriza-se pela
independência que possui em relação aos demais ramos,
possuindo desta forma princípios, regras e normas
distintas das demais, determinando um campo espe-
cífico possuidor de contornos próprios.
Inicialmente ligava-se o Direito do Trabalho
ao Direito Civil, pois umas das primeiras formas de
trabalho, as locações de serviço e empreitadas, eram
previstas pelo Código Civil. Ademais, o contrato
de trabalho possuía características em comum
com o contrato definido pela legislação civil. No
entanto, o direito do trabalho avultou-se e surgiu
com requisitos próprios.
A autonomia está presente no nascimento e
consagração de uma ciência com características e
identidade peculiares, diferindo-se dos demais ramos
do direito por sua especificidade.
O professor Mauricio Godinho Delgado5 cita
em sua obra alguns requisitos para que seja definida
a autonomia de um ramo jurídico, descritos de forma
sintética seriam basicamente quatro; a) O primeiro
requisito seria a necessidade de um vasto e específico
campo temático, b) Teorias próprias referentes ao ramo
investigado; c) Metodologia própria de construção e
5 Delgado, Mauricio Godinho, “ Curso de Direito do Trabalho”, 5ª
edição, Editora LTR, São Paulo, 2006.- página 67.
51
reprodução de sua estrutura; d) Existência de perspec-
tivas e questionamentos próprios.
Cotejando o acima descrito com o Direito
do Trabalho devemos refletir em face do alegado
em busca da real definição da “autonomia” do
direito do trabalho.
A necessidade de vasto e específico campo
temático é atendida através de nossa legislação traba-
lhista, sendo imperioso ressaltar que não existe no
Brasil um Código do Direito do Trabalho, assim
como existe nos demais ramos. Entretanto, possu-
ímos a CLT - Consolidação das Leis do Trabalho,
Constituição Federal, Legislação Esparsa e demais
normas trabalhistas, que serão abordadas mais deta-
lhadamente adiante.
Em face da necessidade de teorias próprias,
devemos trazer à baila os princípios concernentes
ao direito do trabalho, desenhando um caráter estatal
protecionista e apartado dos demais ramos do direito.
No que tange à metodologia própria de cons-
trução e reprodução de sua estrutura, podemos citar
a negociação coletiva, resultado de tratativas entre o
sindicato dos trabalhadores e o sindicato patronal, o
acordo coletivo e, finalmente, o dissídio coletivo.
Muito embora o tema aqui estudado seja o
Direito Individual do Trabalho, o direito coletivo
do trabalho comprova a existência da metodologia
própria deste ramo jurídico, de onde se depreende que
normas pactuadas em negociações coletivas possuem
força de lei entre as partes, desde que favoráveis ao
52
trabalhador. O dissídio coletivo, levado ao ditame
do judiciário, após o sindicato patronal e dos traba-
lhadores não chegarem a um consenso e de comum
acordo pleiteiam a decisão do mesmo, emite decisões
com força de lei.
O quarto e último requisito seria a existência
de questionamentos e perspectivas próprias, pois o
direito do trabalho possui características e questiona-
mentos específicos, próprios que não se aplicam aos
demais ramos do direito por versarem sobre temas
referentes ao ambiente laboral.
Em análise aos quatro requisitos supracitados
podemos concluir que o Direito do Trabalho é um
ramo autônomo tanto do ponto de vista doutrinário,
pois possui obras destinadas ao seu estudo exclusiva-
mente, quanto a partir da ótica didática em que pese
o fato de ser uma disciplina autônoma a ser estudada
inclusive nas cadeiras universitárias.
Para que seja definitivamente delineada a auto-
nomia do direito do trabalho, devemo-nos ater ao fato
de que o mesmo possui uma justiça especializada (Justiça
do Trabalho) para o julgamento de suas lides, sendo a
mesma responsável pelo julgamento de qualquer ques-
tionamento referente ao contrato de trabalho.
53
2.1. Natureza Jurídica e Normas
Jurídicas Trabalhistas
54
Devemos analisar com muita atenção tais argu-
mentos, embora tais elementos estejam presentes no
direito do trabalho em primeira análise, os mesmos
não se enquadram a partir de um olhar mais profundo.
A relação laboral é determinada por leis espe-
cíficas que definem o contrato de trabalho, haja vista
que o mesmo envolve, via de regra, duas partes, o
empregador e o empregado, de onde se originam
negociações para definir características peculiares ao
pacto de trabalho de determinada categoria. Sob este
prisma o “caráter estatutário” legado pela teoria do
direito público não se enquadra, pois a administração
determina a forma de contratação e regras às quais
os estatutários devem se submeter, sem possibili-
dade de qualquer alteração que não a realizada pelo
próprio Estado.
O direito individual e o coletivo do trabalho
não se submetem ao Estado. Outra feita às empresas,
sindicatos seriam órgãos Estatais e deveriam seguir
estritamente o determinado pela Administração.
E por fim a imperatividade do direito admi-
nistrativo aplica-se em situações em que o Estado
figura como parte e o bem coletivo deve prevalecer.
O direito do trabalho, no entanto, rege as relações
individuais e coletivas no âmbito trabalhista.
55
2.1.2. Direito Privado
56
O doutrinador Sérgio Pinto Martins6 ao citar
Alfredo Montoya Melgar dispõe: que “o direito do
trabalho não pertenceria nem ao direito público nem
ao direito privado, mas compreenderia necessaria-
mente ambos os Direitos”.
Porém, mesmo com a coexistência destas
normas a preponderância consiste em normas
de direito privado.
57
2.1.5. Direito Social
58
outros pequenos fragmentos normativos que acabam
por resultar no universo normativo.
Visualizar o direito constituído somente por
normas não reflete sua extensão. O mesmo é formado
ainda por institutos, instituições e princípios. O
ordenamento jurídico é um conjunto no qual estão
contidas as normas.
Os institutos correspondem ao conteúdo ou
componentes de um determinado campo do direito,
os mesmos somados criam a ciência jurídica a qual
se referem. Institutos de direito do trabalho são as
férias, décimo terceiro salário, aviso prévio, entre
outros pequenos fragmentos normativos que acabam
por resultar no universo normativo.
As instituições trabalhistas são órgãos que
visam desenvolver a ciência jurídica, seja de natu-
reza fiscalizatória como o Ministério do Trabalho
ou de natureza representativa como os sindicatos
dos trabalhadores.
Os princípios são a bases do conhecimento cien-
tífico determinando direções ao ordenamento jurídico,
pois apresentam a verdadeira intenção da ciência juris-
dicional que representam. No direito do trabalho os
princípios constroem bases protecionistas, retratando
desta forma a intenção das demais normas.
Embora a ciência aqui estudada não possua um
código compilando todas as suas leis, possui a CLT
- Consolidação das Leis do Trabalho - uma série de
legislações esparsas, convenções coletivas e dissídios
coletivos que acabam por construir normas trabalhistas.
59
Neste sentido as normas não são somente as
de origem estatal, pois somadas as normas originárias
dos grupos sociais acabam por constituir um plura-
lismo jurídico em que as normas estatais e sociais
convivem em harmonia.
O monismo jurídico consiste em defender a
existência somente de normas oriundas do Estado,
ignorando as normas sociais. O sistema vigente no
direito do trabalho, inclusive por sua condição de
ciência humana, é o do pluralismo jurídico.
60
lhista, dividindo-o em critérios político-econômicos
e jurídico-normativos.
As primeiras normas trabalhistas pátrias, de
forma conjunta a toda legislação, foram inspiradas no
sistema fascista italiano, desta forma a presença do
Estado, como interventor nas relações de trabalho e
na economia, é um traço muito marcante. Os sindi-
catos eram atrelados ao Estado, visando controlar
qualquer questionamento dos trabalhadores face aos
empregadores. Na União Soviética, o socialismo real
determinava que os meios de produção seriam de
propriedade Estatal, assim como os sindicatos não
possuíam liberdade sempre com o objetivo de propor-
cionar mais poder ao Estado. Ainda versando sobre
os critérios políticos normativos podemos relembrar
os termos do sistema neoliberalista, que se traduz pela
retirada do Estado das relações econômicas e traba-
lhistas, concedendo aos meios privados a resolução
dos litígios que surgirem, posto que os sindicatos não
devem ser associados ao Estado, garantindo força
àquela instituição quando das negociações coletivas
para regulamentar relações laborais.
Cabe descrevermos ainda o sistema jurí-
dico normativo que consiste na interpretação das
normas e suas diferentes facetas com a análise
dos critérios político econômicos, ou seja, inter-
venção estatal, liberdade dos Sindicatos e auto-
nomia do direito do trabalho. Os sistemas regula-
mentados são aqueles em que as normas estatais
versando sobre a proteção do trabalho estão muito
61
presentes, restando pouca ou nenhuma interfe-
rência das relações privadas na construção de
normas trabalhistas. Já o sistema não regulamentado
é o contrário, ou seja, a predominância das normas nasce
das relações profissionais e econômicas.
Geralmente existe um sistema misto onde
existem normas estatais e normas privadas convivendo
harmonicamente como ocorre no Brasil. Existem
países que gozam de liberdade sindical nos moldes do
determinado pela OIT - Organização Internacional
do trabalho -, bem como países que possuem seus
sindicatos atrelados ao Estado.
62
No direito do trabalho não poderia ser dife-
rente, pois para que seja submetido ao direito alvo de
nosso estudo a problemática deve possuir sua origem
no ambiente de trabalho.
Cabe ressaltar que as fontes podem ser mate-
riais ou formais, sendo a primeira o estudo da situ-
ação real, tempo e demais fatos determinantes para
a criação daquela norma, á segunda concretiza-se
como a norma jurídica propriamente dita.
As fontes podem ser ainda autônomas ou hete-
rônomas, a primeira seria a norma elaborada pelos
seus destinatários finais como a convenção coletiva,
acordos coletivos, costumes, sendo as fontes hete-
rônomas elaboradas por agentes externos que não
são os destinatários finais das mesmas. Portanto as
fontes heterônomas são, por exemplo: Leis, sentenças
normativas, convenções internacionais, Consolidação
das Leis do Trabalho – CLT -, Constituição Federal,
entre outros dispositivos legais.
Portanto, independentemente de classificações
são fontes jurídicas do direito do trabalho: Consti-
tuição Federal, leis, decretos, regulamentos, conven-
ções coletivas, sentenças normativas, regulamentos
de empresas, contratos trabalhistas, costumes.
2.2.1. Constituição
63
devem estar em acordo com o determinado pela Carta
Magna, dela emanam todas as normas.
A Constituição Federal estabelece em seus
artigos 6º a 11º os direitos dos trabalhadores e de suas
entidades representativas, determinando os direitos
básicos dos trabalhadores.
Após a Emenda Constitucional 45, os tratados
internacionais que versam sobre direitos humanos
possuem força de norma constitucional (desde que
aprovados por três quintos dos membros de Cada
Casa do Congresso Nacional em duas votações).
Importante ressaltar esta informação, pois o direito
do trabalho está intimamente ligado às normas de
direitos humanos.
Por sua condição de hierarquia máxima
no ordenamento, a mesma define muitas vezes a
forma com a qual a norma será elaborada e seu
campo de atuação.
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Não existira lei complementar tratando de
matéria não definida pela Constituição Federal.
65
As mesmas possuem vigência máxima de 60
(sessenta dias) prorrogáveis por igual período para que
sejam votadas pelo Congresso Nacional e convertidas
em lei, sob pena de perderem sua eficácia.
O artigo 62 da Constituição Federal
elenca as matérias que não podem ser alvo de
Medidas Provisórias.
2.2.6. Decretos
66
criados no atual ordenamento jurídico, porém
é de suma importância ressaltar a Consolidação
das Leis do Trabalho, oriunda do decreto lei
nº. 5452 de 1843.
A Consolidação das Leis do Trabalho é
uma compilação de leis trabalhistas em vigor no
Brasil desde a Era Vargas em 1843, não sintetiza
nem cria novos direitos como os códigos, porém
reúne e compila as leis vigentes.
67
2.2.8. Convenções e Acordos
Coletivos
68
Pondera-se que falar em “inter venção
minima” em meio às precárias relações de trabalho
no Brasil, em que prevalecem a desvalorização e
exploração, significa um risco à dignidade dos
trabalhadores, que certamente estarão a mercê de
sindicatos fracos e da força do capital.
Nesse contexto, a implantação do artigo
611-A na CLT pela lei 13467/2017 oferece possi-
bilidade de transação por acordo ou convenção de
direitos como banco de horas e enquadramento
do grau de insalubridade.
Assim, as mencionadas modificações legais
desconsideram a hipossuficiência do trabalhador,
bem como o histórico papel da justiça do trabalho
no equilíbrio das relações laborais.
69
mesmo, determinando regras, normas e obrigações
entre as partes.
70
de direitos previstos em convenções e acordos cole-
tivos de trabalho.
2.2.12. Jurisprudência
71
A jurisprudência surge a partir das deci-
sões emanadas pelo poder judiciário em face de
determinado tema.
Amador Paes de Almeida9 ao citar Russomano
afirma o que segue:
“O certo é, entretanto, que o doutrinador
abre, pela sua crítica, pela sua investigação cientí-
fica, caminho para o legislador do futuro. E o juiz,
apreciando casos não previstos em lei preenchendo
suas lacunas, assenta normas práticas de solução dos
conflitos jurídicos.”
72
Martins10, a teoria monista defende a unidade entre
as normas de direito internacional e interno, e a
teoria dualista entende a existência de duas ordens
jurídicas distintas.
A Constituição Federal de 1888 adotou para
o autor supracitado a teoria monista, defendendo
que após a recepção da norma pelo ordenamento
do país, a mesma altera, revoga ou complementa
a norma interna. O posicionamento do Supremo
Tribunal Federal versa sobre a integração da norma
internacional ao ordenamento desde que devida-
mente recepcionada. Não devemos confundir a teoria
monista acima referida com o pluralismo normativo
presente no Direito do Trabalho.
O direito em estudo possui normas esparsas e
fontes diversas, caracterizando o pluralismo norma-
tivo da ciência trabalhista.
73
as normas existentes no ordenamento jurídico
pátrio. Senão vejamos:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
74
A teoria de Kelsen determina a supremacia
constitucional e o escalonamento das demais normas
a ela, no Brasil possuiremos a seguinte ordem hierár-
quica: Constituição Federal, Tratados Internacionais
que versem sobre direitos humanos, leis complemen-
tares, leis ordinárias, medidas provisórias e leis dele-
gadas, resoluções, decretos e demais normas.
Portanto, as normas inferiores são necessaria-
mente obedientes a normas superiores, ou ainda em
situações que leis da mesma posição hierárquica versam
sobre o mesmo assunto a lei mais específica será sobre-
posta a menos específica e assim por diante.
No direito do trabalho o escalonamento das
normas por força da aplicação do princípio da norma
mais favorável princípio protecionista e princípio da
condição mais benéfica, será diferenciado.
As normas de ordem pública ou fontes estatais
absolutas não podem ser modificadas por convenção
entre as partes por conferirem direitos irrenunciáveis
dos trabalhadores tais como férias, décimo terceiro
salário, salário mínimo, repouso semanal remune-
rado, as normas de ordem pública relativa podem ser
flexibilizadas por convenção entre as partes, como a
diminuição do piso mínimo da categoria, aumento
da jornada de trabalho nos turnos ininterruptos de
trabalho, ente outros.
A Constituição Federal inegavelmente continua a
ser a lei superior, mas na aplicação dos direitos aos casos
reais devera prevalecer a norma mais benéfica ao traba-
lhador, não importando a existência de norma superior,
75
desde que não prevaleça sobre interesse público, ou
seja, a norma mais benéfica será aplicada desde que
não ocorra prejuízo a coletividade.
Para exemplificar o acima descrito: O artigo
6º inciso XVI da CF determina que a hora extra
deva ser paga acrescida de 50% (cinquenta por
cento) a hora normal de trabalho, nenhuma norma
pode estipular porcentagem inferior ao determi-
nado constitucionalmente, porém as Convenções
Coletivas de Trabalho podem determinar valores
superiores para as categorias envolvidas, em caso
de discussão judicial será aplicado o valor da hora
extra convencionado em Convenção Coletiva por
ser mais vantajoso ao trabalhador.
O sistema de normas trabalhistas contém
normas de caráter público e privado, tais previsões
normativas são aplicadas ao direito individual e
coletivo do trabalho.
Embora voltado à proteção do trabalhador
como indivíduo, as normas aplicadas a casos indivi-
duais jamais poderá prejudicar a coletividade em face
do bem da vida tutelado a sociedade.
76
Questões
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V. O Direito Comum será fonte subsidiária do
Direito do Trabalho, ainda que incompatível com os
princípios fundamentais deste.
Analise as proposições acima e assinale a
alternativa correta:
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c) E um ramo autônomo somente para fins
didáticos visto que se integra no sistema normativo de
forma integral, utilizando normas específicas somente
em hipóteses de extrema necessidade.
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d) As normas que tutelam o direito do trabalho
são privadas em sua maioria, inegável a existência
de normas de direito público, no entanto a natureza
jurídica do direito laboral será de direito privado.
80
6. Relacione a incidência das normas de
direito público no direito trabalhista cotejando a
convivência das mesmas com normas privadas.
a) Constituição
b) Sentença Normativa
c) Medida Provisória
d) Lei Ordinária
e) Acordo Coletivo
81
nais, qualificam-se como fontes heterônomas do
Direito do Trabalho.
a) A jurisprudência;
b) A equidade;
c) A analogia;
d) A convenção coletiva;
e) O Costume.
82
10. (MS CONCURSOS - 2009 - TRT - 9ª
REGIÃO (PR) - Juiz - 1ª Prova - 1ª Etapa) Analise
as proposições a seguir:
83
IV. Pela hierarquia das fontes normativas,
um decreto regulamentador não poderia ampliar
direitos, falecendo ao Chefe do Poder Executivo
poderes para alargar o comando legal regulamen-
tado. Todavia, considerando a especificidade do
Direito do Trabalho, no caso de conflito de regras
jurídicas, a solução jurisprudencial tem aplicado à
regra da norma mais favorável, mesmo nos casos
em que o decreto regulamentador amplia direito
assegurado em lei.
V. Acerca da aderência contratual dos direitos
decorrentes de convenções ou acordos coletivos de
trabalho se apresentam três posições interpretativas:
a primeira, da aderência irrestrita, sustenta que as
cláusulas convencionais ingressam para sempre nos
contratos individuais, não mais podendo ser supri-
midas; a segunda, da aderência limitada pelo prazo,
considera que os dispositivos negociados mediante
ACT ou CCT vigoram no prazo de tais diplomas, não
aderindo indefinidamente ao contrato de trabalho e a
terceira defende a aderência limitada por revogação,
ou seja, os dispositivos negociados vigorariam até
que novo instrumento negocial os revogasse. A teoria
que prevalece na jurisprudência é a da aderência limi-
tada pelo prazo.
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c) apenas três proposições estão corretas;
b) D a e m p r e s a p r e va l e c e s o b r e o
interesse público;
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dessa convenção, foi celebrado acordo coletivo
prevendo redução da referida jornada em 30
minutos. Assim, os empregados das empresas
que subscrevem o acordo coletivo e a convenção
coletiva deverão trabalhar, por dia:
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e suas alterações, pela definição atribuída pelo
Decreto Lei nº5452 de 1º de maio de 1843...
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decreto regulamentar, como magistrado qual
norma aplicaria:
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