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Direito Individual

do Trabalho

Roberta Modena Pegoretti

2a Edição /Março / 2018


Impressão em São Paulo - SP
Direito Individual do Trabalho
Coordenação Geral Coordenadora Pedagógica
Nelson Boni de Cursos EaD
Eleonora Altruda de Faria
Coordenação de Projetos
Leandro Lousada 2ª Edição: Março de 2018
Impressão em São Paulo/SP
Professor Responsável
Roberta Modena Pegoretti Copyright © EaD
KnowHow 2011
Projeto Gráfico, Capa e
Diagramação Nenhuma parte dessa
Giulia Paolillo publicação pode ser
reproduzida por qualquer
Revisão Ortográfica meio sem a prévia
Vanessa Almeida autorização desta instituição.

Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353


Introdução:

A presente obra possui como escopo a Introdução


ao Estudo do Direito Individual do Trabalho.
Através de uma abordagem dinâmica e didática, os
alunos poderão iniciar seus estudos na matéria trabalhista,
visualizando o Direito Individual do Trabalho como uma
ciência social e jurídica.
Desde o primeiro capítulo o estudante irá se
deparar com informações que irão colaborar com a sua
formação profissional e aperfeiçoamento nos temas abor-
dados, sempre com enfoque para concursos públicos e
pós-graduandos.
Com tópicos que abordam desde a História do
Direito do Trabalho no Mundo, passando pelos direitos
individuais do trabalho à situação trabalhista no contexto
globalizado, o aluno encontrará nesta obra ferramentas
para a compreensão do universo trabalhista como um
todo, visualizando os direitos individuais do trabalho de
forma simples e prática.
Sumário

Capítulo 1 – História do
Direito do Tabalho  15

1.1.  Breve Histórico   16


1.1.1.  Direito do Trabalho no Mundo
1.1.2.  Direito do Trabalho no Brasil
1.2.1. Definição

1.2.  Direito do Trabalho: Definição,


Conceito, Finalidade   23
1.2.2. Conceito
1.2.3. Finalidade
1.3.1.  Direito Constitucional

1.3.  Relação com os Demais Ramos


do Direito e Ciências Afins   29
1.3.2.  Direito Administrativo
1.3.3.  Direito Comercial
1.3.4.  Direito Civil
1.3.5.  Direito Tributário
1.3.6.  Direito Internacional
1.3.7.  Direito Ambiental
1.3.8.  Direito Previdenciário
1.3.9.  Direito Processual do Trabalho
1.3.10.  Direito Penal
1.3.11.  Direitos Humanos
Capítulo 2 – Autonomia  49

2.1.  Natureza Jurídica e Normas Jurí-


dicas Trabalhistas   54
2.1.1.  Direito Público
2.1.2.  Direito Privado
2.1.3.  Direito Misto
2.1.4.  Direito Unitário
2.1.5.  Direito Social
2.1.6.  Normas Jurídicas Trabalhistas
2.1.7.  Sistemas de Relação do Trabalho

2.2.  Fontes do Direito do Trabalho   62


2.2.1. Constituição
2.2.2.  Leis Complementares
2.2.3.  Leis Delegadas
2.2.4.  Medidas Provisórias
2.2.5.  Leis Ordinárias
2.2.6. Decretos
2.2.7.  Sentenças Normativas
2.2.8.  Convenções e Acordos Coletivos
2.2.9.  Regulamento de Empresa
2.2.10.  Contrato de Trabalho
2.2.11.  Usos e Costumes
2.2.12. Jurisprudência
2.2.13.  Normas de Origem Internacional

2.3.  Hierarquia das Fontes Trabalhistas   73


Capítulo 3 – Interpretação,
Integração e Aplicação
das Normas Trabalhistas  91
3.1.1. Interpretação
3.1.2. Integração
3.1.3.  Eficácia da Lei Trabalhista
3.1.4.  Eficácia da Lei no Tempo
3.1.5.  Eficácia da Lei no Espaço

3.2.  Princípios: Gerais e Específicos   99


3.2.1.  Princípios Gerais
3.2.2.  Princípios Constitucionais
3.2.3.  Princípios Específicos do
Direito do Trabalho
3.2.3.1.  Princípio Protecionista
3.2.3.2.  Princípio da Primazia da Realidade
3.2.3.3.  Principio da Irrenunciabili-
dade de Direitos
3.2.3.4.  Princípio da Norma mais Favorável
3.2.3.5.  Princípio da Condição Mais Benéfica
3.2.3.6.  Princípio da Inalterabi-
lidade Contratual
3.2.3.7.  Princípio da Irredutibilidade Salarial
3.2.3.8.  Princípio da Continuidade do Vínculo
Jurídico Trabalhista

3.3.  Direito Individual do Trabalho   109


3.3.1.  Sujeitos do Contrato de Trabalho
Capítulo 4 – Contrato
de Trabalho  119
4.1.1.  Requisitos do Contrato de Trabalho
4.1.2.  Classificação do
Contrato de Trabalho
4.1.2.1.  Quanto à forma
4.1.2.2.  Quanto à duração

4.2.  Grupos Empresariais   128


4.2.1.  Alteração na Empresa

4.3.  Poder de Direção do Empregador   132


4.3.1.  Poder de Organização
4.3.2.  Poder de Controle

4.4.  Alteração Contratual   135


4.3.3.  Poder Disciplinar
4.4.1.  Transferência de Empregado
4.4.2.  Suspensão e Interrupção do
Contrato de Trabalho

4.5.  Dissolução Contratual   139


4.4.2.1.  Hipóteses de Suspensão e Interrupção
4.5.1.  Pedido de Demissão ou Dispensa
4.5.2.  Dispensa Sem Justa Causa
4.5.3.  Dispensa Com Justa Causa
pelo Empregador
4.5.3.1.  Hipóteses previstas em lei
4.5.3.2.  Hipóteses previstas no
artigo 482 da CLT
4.5.3.3.  Hipóteses previstas nos
demais artigos da CLT
4.5.4.  Rescisão indireta
4.5.5. Aposentadoria
4.5.6.  A extinção por acordo nos moldes
do artigo 484-A
4.5.7.  Morte do Empregado
4.5.8.  Morte do Empregador Pessoa Física
4.5.9.  Extinção da Empresa
4.5.10.  Extinção do Contrato a Termo
4.5.11.  Culpa Recíproca

Capítulo 5 – Aviso Prévio  167


5.1.1. Cabimento
5.1.2. Formas
5.1.3. Prazo

5.2.  Estabilidade   174


5.2.1.  Estabilidade Decenal
5.2.2.  Estabilidades Provisórias
5.2.3. Consequências

5.3.  Jornada de Trabalho   180


5.3.1.  Horas Extraordinárias
5.3.1.1.  Formas de Remuneração das Horas
Extraordinárias
5.3.2. Intervalos
5.3.3.  Adicional Noturno
5.3.4.  Descanso Semanal Remunerado
5.3.5.  Trabalhadores que Não Fazem Jus
às Horas Extraordinárias

Capítulo 6 – Férias  201
6.1.1.  Período Aquisitivo e
Período Concessório
6.1.2. Remuneração

6.2. Salário   207
6.2.1. Gratificações
6.2.2.  Décimo Terceiro Salário
6.2.3.  Comissões e Percentagens
6.2.4. Gorjetas
6.2.5.  Ajuda de Custo, Diárias para
Viagens e Abonos
6.2.6.  Participação nos Lucros e
Resultados (PLR)
6.2.7.  Formas e Meio de Pagamento

6.3.  Equiparação Salarial e Discrimi-


nação no Ambiente de Trabalho   215
6.3.1.  Equiparação Salarial
6.3.2.  Discriminação no
Ambiente de Trabalho

6.4.  Flexibilização das Normas


Trabalhistas   219
Gabarito  238

Bibliografia  240
1
Capítulo

Título Capítulo
1
Capítulo

História do Direito
do Tabalho
1.1.  Breve Histórico

O homem, desde os primórdios, foi se organi-


zando gradualmente em grupos para que as tarefas
fossem divididas entre seus membros. Começa então
a se desenhar a história do direito do trabalho, onde
cada tarefa tinha o seu valor e os indivíduos que a
desenvolviam acabavam por obter um status diferen-
ciado perante o grupo de acordo com suas atribuições.
As normas de convivência surgem para regu-
lamentar e nortear as relações entre os membros do
grupo, visando a paz social.
Com a evolução destes grupos para sociedades,
as normas de convivência passam a ser revestidas
de caráter punitivo, onde o não cumprimento das
mesmas ensejava em punição. O trabalho foi se dese-
nhando como instrumento de domínio, onde trabalho
e trabalhador não possuíam nenhuma norma que os
protegesse ou delimitasse sua força de trabalho.
Neste mesmo diapasão, a escravidão surge
como uma manifestação do trabalho sem limites e
sem remuneração, chamado trabalho compulsório, ou
seja, a apropriação do trabalho humano como uma
“coisa”, sendo o escravo uma mercadoria.
No período feudal ou “período das trevas”, os
servos submetiam-se aos senhores feudais visando
proteção e, em troca, deveriam prestar serviços na
terra cedida a eles, destinando ao proprietário a
maior parte dos frutos da colheita. Com a progres-

16
siva extinção dos feudos, os artesãos despontam com
mais força e podemos citar as corporações de ofício.
Nas corporações de ofício existiam três figuras
claramente definidas: os mestres, os companheiros
e os aprendizes. Tal ordem era devidamente reco-
nhecida e os companheiros e aprendizes somente
ascenderiam na hierarquia e se tornariam mestres
após provas difíceis, bem como mediante pagamento.
As corporações de ofício foram se extinguindo
aos poucos, mais precisamente no ano de 1776 após
um edito, concomitantemente ao alto custo dos
produtos e a intensificação do comércio.
Os períodos da escravidão, feudalismo e
corporações de ofício foram trazidos à baila, pois
possuíam algumas características em comum no que
tange ao trabalho em si, tais como as longas jornadas
de trabalho, as condições de trabalho inadequadas e
insalubres, assim como a mão de obra infantil.
A locação de serviços e a empreitada começam
a surgir, porém regidas pelo Direito Civil.
No período da Revolução Francesa, a França
reconhece em sua Constituição o Direito do Trabalho,
sendo este um dos primeiros passos para o surgimento
dos direitos econômicos e sociais estudados de forma
mais detalhada durante a obra.
No entanto, a Revolução Industrial é um
marco definitivo para o Direito do Trabalho, uma
vez que as máquinas a vapor surgem e a produção
passa do trabalho puramente manual para a meto-
dologia industrial.

17
Com as condições de trabalho cada vez mais
precárias, dentre as quais jornadas de trabalho exces-
sivas, acidentes e doenças do trabalho, nascem mani-
festações dos trabalhadores em criar organizações
de auxilio posteriormente resultando em sindicatos,
necessidade de normas e legislação específica visando
à regulamentação do trabalho. Surge então o Direito
do Trabalho propriamente dito.

1.1.1.  Direito do Trabalho no Mundo

A Revolução Industrial ensejou movimentos


dos trabalhadores de forma muito latente, o que
acabou por gerar a necessidade de normas traba-
lhistas que garantissem condições mínimas de trabalho
a serem proporcionadas pelo empregador. Neste
período o Estado passa a ter um caráter mais inter-
vencionista, estando presente como figura de proteção
aos trabalhadores, visando, entre outros motivos
econômicos e políticos, a paz social.
A Lei de Peel, criada por um industrial inglês
e oriunda da Inglaterra em meados de 1802, visava a
proteção dos menores de idade, limitando a jornada
de trabalho para 12 (doze) horas diárias.
Na França, entre os anos de 1813 e 1840,
várias normas surgiram vedando cargas horárias de
trabalho superiores a 15 horas diárias, proibindo ainda
o trabalho de menores de quinze anos em minas e
de nove anos em qualquer ofício.

18
Com o término da Primeira Guerra Mundial,
e levando em consideração o estado de fragilidade
e consternação da sociedade mundial, os Estados
começam a inserir em suas constituições, alguns
direitos fundamentais voltados à proteção do ser
humano em consequência, normas concernentes ao
Direito do Trabalho.
A primeira Constituição no mundo que cuidou
dos direitos trabalhistas de forma específica foi a
do México, datada de 1817, assegurando aos traba-
lhadores mexicanos sob sua égide a jornada de oito
horas, a proibição de trabalho aos menores de doze
anos, o descanso semanal, a proteção à maternidade
e o famigerado direito de greve.
A Constituição da Alemanha em 1818 gerou
repercussão por toda Europa, visto que previa o
direito a participação nos Lucros e Resultados, a
liberdade sindical e o sistema de seguridade social.
O surgimento da OIT - Organização Interna-
cional do Trabalho, com criação datada do ano de
1918 por força do Tratado de Versalhes, configura-se
como um marco na História do Direito do Trabalho
por desenhar uma tendência em inserir, nas Cartas
dos Estados, direitos que assegurassem normas de
trabalho dignas.
Na Itália a “carta del lavoro”, marcada pela forte
intervenção do Estado por tratar-se de uma norma
fascista, visava a pacificação social e a regularização
da hierarquia estatal ante os particulares. Este instru-

19
mento influenciou fortemente o Direito do Trabalho
no Brasil, como estudaremos a seguir.

1.1.2.  Direito do Trabalho no Brasil

O Brasil, diferentemente dos países Euro-


peus, se libertou tardiamente da escravidão com a
promulgação da Lei Áurea em 1888. Com a inten-
sificação da imigração, após a abolição da escra-
vatura, os trabalhadores laboravam em jornadas
longas de trabalho, condições insalubres, além do
trabalho infantil e feminino sem nenhuma dispo-
sição legal que positivasse tais relações.
Há que se apontar que as Constituições Brasi-
leiras de 1824 (Constituição do Império) e a de 1881
(Primeira Constituição da República) não previam
direitos trabalhistas.
Após este período transitório e principalmente
após a primeira Guerra Mundial o Brasil passa por
um grande crescimento Industrial. Surge, com isso, a
necessidade de honrar aos tratados firmados junto a
OIT – Organização Internacional do Trabalho, bem
como de pacificar os movimentos dos trabalhadores
que começavam a fomentar na sociedade brasileira.
Em 1930, o então presidente Getúlio Vargas,
observador das movimentações internacionais,
percebeu a carência de leis e de direitos trabalhistas e,
visando evitar maiores manifestações e insurreições da

20
classe trabalhadora, opta por incorporar à Constituição
de 1834 normas de caráter assistencialista.
Em 1934, passado o período conhecido como
Revolução de 1930, a nova Constituição surge com a
Criação da Justiça do Trabalho, proibição do trabalho
infantil, limitação da jornada de trabalho a oito horas
diárias, repouso semanal remunerado, o direito de
greve é proibido e salário mínimo criado. Neste
mesmo período (Era Vargas de 1930 a 1945) foi
criado o Ministério do Trabalho.
Em 1937 a nova Constituição foi outor-
gada, sendo fortemente influenciada pela “carta
del lavoro” que ficou conhecida como “A Polaca”,
por traduzir autoritarismos que assolavam a
Europa no mesmo período.
Em 1943 entra em vigência a Consolidação das
Leis do Trabalho, em momento anterior à promul-
gação da Constituição de 1946, a qual se torna vigente
e trazendo consigo inovações muito importantes,
tratando dos direitos e das garantias individuais, imple-
mentando uma legislação do trabalho que forma-
lizou diversos direitos dos trabalhadores, dentre eles
a previdência social.
No período de 1967 outra Constituição foi
outorgada, constituída em plena Ditadura Militar,
porém, mantendo em seu corpo as previsões cons-
tantes nas constituições anteriores concernentes
ao Direito do Trabalho.
A Constituição de 1988, e atual, conhecida
como “Cidadã” ampliou os direitos e garantias indi-

21
viduais e coletivas, tratando o direito do trabalho em
seu artigo 7º sobre direitos individuais, 8º sobre direito
coletivo e o 9º assegurando o direito de Greve, além
de outras previsões.
Atualmente, o protecionismo do trabalhador,
principal característica do direito do trabalho no
Brasil, sofreu grande abalo, dado que, com a recente
reforma trabalhista, foram inseridos artigos que
permitem maior negociação de direitos trabalhistas.
É possível, por exemplo, a extinção do
contrato de trabalho por “acordo” entre empre-
gado e empregador (artigo 484-A da CLT), hipó-
tese em que sera pago metade do aviso prévio, se
indenizado, e da multa do FGTS, prevista no §1º
do artigo 18 da lei 8036/90. Nessa modalidade,
as demais verbas trabalhistas devem ser adim-
plidas normalmente.
Ha, portanto, um cenário de maior flexibilidade
do contrato de trabalho, fato este que, na pratica,
devera representar abusos, devido ao lobby de que
gozam grandes empregadores ou mesmo pela alta
carga tributaria e instabilidade da economia, cujos
reflexos poderão ser mais sentidos pelo empregado.

22
1.2.  Direito do Trabalho: Definição,
Conceito, Finalidade

1.2.1.  Definição

A expressão “Direito do Trabalho” é utili-


zada atualmente em países como Espanha, Itália,
Alemanha, Portugal e Brasil.
Nas Constituições Brasileiras anteriores a
1846, o Direito do Trabalho estava inserido no
Direito Industrial e Direito Comercial. Neste ano
a Constituição insere o Direito do Trabalho como
ciência autônoma, abrindo grande espaço para os
direitos sociais.
Cabem aqui breves explanações sobre os motivos
pelos quais o Direito do Trabalho tem esta denomi-
nação. No direito industrial estavam descritas algumas
normas de direito do trabalho, porém abarcavam ainda
normas referentes ao Direito Comercial e Econômico.
Tal denominação remetia-se à Revolução Industrial,
onde a necessidade de uma ciência jurídica voltada às
condições do trabalho surgiu de forma mais contun-
dente, porém a nomenclatura demonstrou-se abran-
gente demais, fugindo do propósito de norma mais
voltada à realidade dos operários.
Surge nesta linha de raciocínio a denominação
“Direito do Operário”, também nascida e influen-
ciada pela situação social desencadeada pela Revolução
Industrial: Indústrias cresciam de forma acelerada, e o

23
capitalismo passou a ser a forma econômica regente
da sociedade, reduzindo significativamente o trabalho
àqueles que não laboravam no ramo industrial.
A denominação Direito do Trabalho surgiu na
Alemanha e se concentra nas relações de trabalho
como um todo e não somente como um segmento
do mesmo. Tal nomenclatura permanece até os dias
atuais, abrangendo os trabalhadores individuais subor-
dinados ou em condições análogas.

1.2.2.  Conceito

Visando maior aprofundamento no tema ora


discutido, mister definir o conceito de direito do
trabalho para que possamos entender seus desdobra-
mentos e indispensável compreender seu conceito.
O direito do trabalho, quando conceituado por
juristas brasileiros, apresenta-se como uma ciência que
estuda os institutos jurídicos que regem a relação traba-
lhista em âmbito nacional. Nesta aparente simplista
definição, podem ser encontradas conceituações que
deixam em aberto alguns aspectos. Vejamos:
Na definição de Amauri Mascaro Nascimento,
direito do trabalho seria: “o ramo da ciência do direito,
que tem por objeto as normas, as instituições jurídicas
e os princípios que disciplinam as relações de trabalho
subordinado, determinam os seus sujeitos e as orga-

24
nizações destinadas à proteção desse trabalho em sua
estrutura e atividade.”1
Trazemos à baila a conceituação de Sérgio Pinto
Martins: “Direito do trabalho é o conjunto de prin-
cípios, regras e instituições atinentes à relação de
trabalho subordinado e situações análogas, visando
assegurar melhores condições de trabalho e sociais ao
trabalhador, de acordo com as medidas de proteção
que lhe são destinadas”.2
Podemos notar nos conceitos supracitados
características distintas: no primeiro leva-se em consi-
deração o tipo de trabalhador, já na segunda definição
prima-se pela relação de trabalho.
O direito do trabalho visa assegurar tanto o
trabalhador quanto a relação de trabalho em si, porém,
de forma abrangente, logo pode ser conceituado como
ramo autônomo do direito voltado a normatização
das situações trabalhistas, por meio de princípios e
dispositivos normativos específicos que tutelam os
trabalhadores e empregados, visando garantir a eles
condições dignas de trabalho.
A visualização deste conceito misto fica mais
clara se analisarmos o artigo 114 após a edição da
Emenda Constitucional 45 que determinou que toda
e qualquer matéria relativa ao Direito do Trabalho
deverá ser julgada e processada pela Justiça do

1 Russomano, Mozart Victor, Curso de Direito do Trabalho, 4ª


edição, Curitiba, Jurua Editora, 1991, p.19.
2 Martins, Sergio Pinto, Direito do Trabalho, 23ª edição, São Paulo,
Editora Atlas, 2007, p 16.

25
Trabalho. Vejamos o artigo citado “in verbis” para
melhor aprendizagem:

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar3:

I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de


direito público externo e da administração pública direta e indireta
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

II as ações que envolvam exercício do direito de greve;

III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre


sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;

IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data,


quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;

V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição traba-


lhista, ressalvado o disposto no art. 92, I.

VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial,


decorrentes da relação de trabalho;

VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos


empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;

VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas


no art. 185, I e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das
sentenças que proferir;
3 Fonte: www.planalto.gov.br

26
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho,
na forma da lei.

Através da leitura do artigo 114 da CF, podemos


notar que relação de trabalho e o trabalhador acabam
se difundindo vez que um não teria sentido sem a exis-
tência do outro. A Emenda 45 determina, de forma
tácita, que os trabalhadores que outrora não abarcados
pelo Direito do Trabalho por não se enquadrarem no
conceito de empregados, tais como os trabalhadores
autônomos, os servidores públicos, os trabalhadores
temporários e os empregados domésticos, dentre outros,
sejam absorvidos pelo direito do trabalho.

1.2.3.  Finalidade

O fim a que se destina o direito do trabalho


pode ser interpretado de várias formas: social,
econômica, política e tutelar. Abaixo vamos pontuar
o aqui elencado.
O direito do trabalho como meio social pode
ser interpretado como a busca pela dignidade do
instituto aplicado ao trabalhador, resultando em um
meio social mais adequado, interpretando o trabalho
como um princípio norteador do homem e, através
dele, previsões constitucionais podem ser atendidas.
A finalidade econômica do instituto visa
garantir ao trabalhador seu sustento, através de sua
remuneração, imprimindo a este ramo jurídico a

27
busca por desenvolvimento de condições que possam
impulsionar a economia do país através de sua força
produtiva, basta notar a retomada pelo Governo
Federal em conjunto com os Estaduais a retomada da
criação de cursos técnico-profissionalizantes, visando
à qualificação da mão de obra. Essa finalidade está
ligada diretamente a outro segmento da economia,
qual seja a política.
A política, como instituto que visa regulamentar
a relação do Estado com seus governados, possui
relação com a mão de obra braçal e intelectual deter-
minando a força produtiva do país. Seja por normas
tutelares ou liberais, acaba por definir a forma como
o país se desenvolve internamente e externamente.
Atualmente, com a reforma trabalhista inserida pela
lei 13.467/2017, diversas normas relativas à rescisão,
contratação de obreiros temporários, regime intermi-
tente, home office, entre outras, trouxeram ambiente
de flexibilização das normas trabalhistas.
Neste mesmo diapasão podemos determinar
a finalidade tutelar do direito do trabalho. No Brasil
as normas de direito do trabalho são absolutamente
definidas por um sistema integrativo de normas que
visam sempre proteger ao trabalhador. Notamos a
tutela estatal muito clara, tendenciando e determi-
nando o Direito do Trabalho Individual e Coletivo,
pois, se associarmos as finalidades socioeconômicas e
tutelares, apuraremos a sociedade brasileira de forma
conflitante, apresentando realidades distintas, em
distâncias muito pequenas, com a presença de grandes

28
polos industriais e comerciais largamente adequados
à legislação trabalhista, e de outro lado a utilização de
mão de obra infantil ou ainda em condições análogas
a de escravos, por exemplo.
Logo, a finalidade do direito do trabalho é a
melhoria das condições de trabalho através de leis
que tutelem o trabalhador. As leis devem nortear as
relações de trabalho, principalmente em nossa pátria
onde o conceito aplicado ao trabalhador define que
ele sempre será interpretado como hipossuficiente
nas relações laborais.

1.3.  Relação com os Demais


Ramos do Direito e Ciências Afins

O direito do trabalho, por regulamentar uma


das atividades primordiais exercidas pelo ser humano,
está ligado a outras áreas tanto jurídicas quanto não
jurídicas, a seguir vamos explanar tais relações.

1.3.1.  Direito Constitucional

O direito constitucional está intimamente ligado


a todos os ramos do direito por carregar consigo os
preceitos da lei máxima do ordenamento jurídico a
Constituição Federal.

29
Cabe ressaltar, retomando o quanto exposto
no primeiro capítulo, que as primeiras normas que
versaram sobre o direito do trabalho foram Cons-
tituições do México e da Alemanha. No Brasil, a
partir da Constituição de 1834, foram sendo inse-
ridas gradualmente normas trabalhistas e regras
sobre relações de trabalho. Na Constituição de
1888 o direito do trabalho vem descrito em seus
artigos 7º a 11°.

1.3.2.  Direito Administrativo

O direito administrativo está ligado ao direito


do trabalho devido a sua finalidade principal que é
regular as atividades dos órgãos públicos. Diversas
instituições presentes no Direito do Trabalho são
regidas pelo direito administrativo.
Podemos citar o Ministério do Trabalho, com
caráter eminentemente fiscalizatório no que se refere
às normas de direito de trabalho, órgão este que inclu-
sive edita normas regulamentadoras. Exemplo recente
de norma publicada pelo Ministério do Trabalho é
a Portaria 1.59/2008 que regulamenta o Relógio
de Ponto Eletrônico nas empresas que utilizam esta
forma como controle de jornada. A mesma estabe-
leceu diversos critérios para a marcação de ponto sob
pena de multa e de nulidade como meio de prova
perante a Justiça do Trabalho.

30
A Justiça do Trabalho também rege sua orga-
nização e estrutura por meio do direito adminis-
trativo, podemos citar os regimentos internos dos
tribunais que editam inclusive portarias referentes
à forma com que os advogados devem postular as
ações, como por exemplo, a numeração de páginas
e documentos para a distribuição do processo.

1.3.3.  Direito Comercial

O direito comercial, embora atualmente inse-


rido em sua maioria no corpo do Código Civil, nos
traz conceitos muito utilizados no direito do trabalho,
como a definição de empresário, empresa e demais
temas pertinentes. No direito empresarial, a legislação
complementar ao código civil é a lei de recuperação
judicial e falências (lei 11.101/2005), pela qual ha
reflexos importantes no âmbito laboral, como o privi-
legio do credito trabalhista na falência apresentado
no artigo 83, inciso I, da regra.
Podemos ainda citar a sucessão trabalhista das
empresas em casos de venda, fusão ou incorporação
da mesma, tal sucessão não atinge os direitos adqui-
ridos dos funcionários, assegurando-os como se a
transação comercial não houvesse sido realizada.
Ademais, cabe ressaltar que a CLT - Consoli-
dação das Leis do Trabalho - pelo parágrafo único de
seu artigo 8º, determina que o “direito comum”, em

31
ampla interpretação o Direito Comercial, deve ser
aplicado de forma subsidiária no Direito do Trabalho.

1.3.4.  Direito Civil

O direito civil possui relação íntima com o


direito do trabalho, dado o integral teor do artigo
8º, §1º, da CLT - Consolidação das Leis do Trabalho,
que permite a aplicação subsidiária quando não
houver previsão na legislação trabalhista, tampouco
conflito de normas.
Para exemplificar o aqui descrito, basta
relacionarmos o conceito de contrato com o
contrato de trabalho para verificarmos algumas
semelhanças. O Código Civil de 2002 trouxe uma
série de princípios que possuem correlação. Prin-
cípios como o da boa fé, dos bons costumes,
da equidade, entre outros, podem ser aplicados
no direito do trabalho por estarem inseridos no
contexto das normas trabalhistas.

1.3.5.  Direito Tributário

Direito tributário é um afluente do direito, inci-


dindo em praticamente todas as áreas do direito uma
vez que tem como objetivo tributar os comporta-
mentos dos contribuintes tanto pessoas físicas quanto
pessoas jurídicas.

32
Com o direito do trabalho não poderia ser dife-
rente, o fato de ser trabalhador, empregador ou até
mesmo profissional autônomo gera a necessidade de
recolhimento de alguns tributos, tais como Imposto
de Renda descontado diretamente em folha de paga-
mento; FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço - sendo realizado o recolhimento tanto pelo
empregador quanto pelo trabalhador. Tais tributos
visam assegurar ao trabalhador uma série de bene-
fícios em caso de rescisão do trabalho, bem como
em custear o sistema previdenciário brasileiro, entre
outras consequências.

1.3.6.  Direito Internacional

O direito internacional é uma fonte inesgotável de


normas de direito do trabalho, através de tratados interna-
cionais que versam sobre matéria trabalhista. Conforme
já citado a Organização Internacional do Trabalho - OIT
- possui forte influência global, publicando convenções e
recomendações com plena eficácia em território nacional,
desde que ratificadas pelo Brasil.
Podemos inclusive afirmar a existência do
direito internacional do trabalho que versa sobre
relações de trabalho extraterritoriais aplicado de forma
conjunta com a legislação pátria.

33
1.3.7.  Direito Ambiental

De acordo com a Lei de Política Nacional do


Meio Ambiente (Lei 6.838/81, artigo 3º, inciso I), o
conceito de meio ambiente, in verbis:
“I - Meio ambiente o conjunto de condições,
leis, influências e interações de ordem física, química
e biológica, que permite,abriga e rege a vida em todas
as suas formas;”.
Podemos notar que o direito ambiental protege
a vida em todas as suas formas, assim como o direito
do trabalho rege a relação do ser humano com uma
de suas formas de sobrevivência, o trabalho.
O meio ambiente do trabalho é algo absoluta-
mente intrínseco ao instituto aqui estudado vez que o
mesmo determina as condições ambientais de trabalho
como insalubridade e periculosidade, por exemplo:
Para ilustrar a importância do aqui descrito
podemos citar o Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais, Norma Regulamentadora nº.08, com
redação dada pela portaria nº.25 de 28 de dezembro de
1884, estabelecendo a obrigatoriedade do PPRA, normas
estas que versam sobre o meio ambiente do trabalho.
A fiscalização por parte do Ministério do Trabalho
intensificou-se e as empresas que não se adéquem às
normas e previsões pertinentes ao tema aqui retratado
podem ser multadas em valores significativos.
As condições ambientais geram, por exemplo,
benefícios para a aposentadoria, como a contagem

34
específica para profissionais que laboram em situa-
ções insalubres.

1.3.8.  Direito Previdenciário

A matéria previdenciária está ligada ao meio


ambiente laboral e ao direito do trabalho puramente.
Os trabalhadores e empresas são obrigados a recolher
as verbas previdenciárias visando custear aposenta-
doria, licença maternidade, auxílio acidente, auxílio
doença, dentre outros benefícios.
Os benefícios acima apontados estão estrita-
mente vinculados ao direito do trabalho. Ademais,
aquele trabalhador que não exercer seu trabalho, como
empregado, pode contribuir como facultativo visando
garantir sua aposentadoria e demais benefícios.

1.3.9.  Direito Processual do Trabalho

Para que possamos visualizar o direito do


trabalho de forma mais ampla, mister a visualização
do direito material e processual. O direito material
do trabalho possui normas que visam regulamentar
o trabalho em si, já o direito processual possui
normas que permitem que as previsões legais mate-
riais possam ser colocadas em prática, definindo
formalidades processuais para seu alcance através
do poder judiciário.

35
Logo, o direito processual do trabalho permite a
aplicação do direito material através da determinação
de competência, estabelecendo prazos para a propo-
situra da ação, desta forma aplicando e promovendo
a segurança jurídica necessária para a paz social no
ambiente laboral.

1.3.10.  Direito Penal

A legislação penal possui diversas regras que


são ligadas ao direito do trabalho, tendo em vista
que a prática de um crime por parte do empregado
pode inclusive gerar a rescisão do contrato por justa
causa, de acordo com o artigo 482 da Consolidação
das Leis do Trabalho, com seus incisos.
O título IV do Código Penal versa sobre os
Crimes contra a Organização do Trabalho, tipificando
crimes como a “frustração de direito assegurada por
lei trabalhista” ou ainda “atentado contra a liber-
dade do trabalho”.
A lei de Crimes contra a Ordem Previdenciária
Social, qual seja Lei n º 8.883/00 tem caráter penal, pois
define punições nesta esfera, através de condutas que
rumam em desencontro com o direito do trabalho.

36
1.3.11.  Direitos Humanos

Após a Segunda Guerra Mundial a preocupação


com direitos humanos surge com maior força.
A Declaração Universal dos Direitos do
Homem determina em seu artigo 1º:
“Todos os homens nascem livres e iguais em
dignidade e direitos. São dotados de razão e consci-
ência e devem agir em relação uns aos outros com
espírito de fraternidade”.
Este artigo foi mencionado para que possamos
refletir um pouco sobre o contexto global ao qual
estamos inseridos. A dignidade da pessoa humana é
um tema cada vez mais abordado, discutido e prin-
cipalmente almejado pela sociedade.
O direito do trabalho figura como impor-
tante personagem nesta relação da sociedade com o
homem em si. Para tanto o trabalho deve dignificar
o trabalhador, permitindo ao mesmo que exerça suas
funções em ambientes de trabalho dignos, com remu-
neração e recolhimentos previdenciários condizentes
com a legislação.
Tais elementos devem ser observados na relação
de emprego, uma vez que o trabalhador sempre será
interpretado em nosso contexto legislativo como
hipossuficiente e para tanto condições dignas de
trabalho devem ser sempre buscadas.
Como aplicadores do direito, devemos sempre
observar em situações reais as condições de trabalho,
forma de remuneração, ambiente de trabalho além de

37
demais situações fáticas as quais aquele trabalhador
foi submetido ou esta sendo submetido.
Os Tratados de Direitos Humanos, após a
Emenda Constitucional 45, possuem força de norma
constitucional (após serem devidamente recepcio-
nados no país, bem como aprovados na forma da
lei), os direitos humanos devem ser interpretados de
forma conjunta às normas de direito do trabalho, tais
ramos do direito estão intimamente ligados aprovados
na forma do artigo 5º, §3º, da CF/88.

Economia

A economia “é uma ciência social, ou seja, ela


pressupõe a escassez em nível social, isto é, condi-
cionando a vida de todos os seres indistintamente,
sem se preocupar com o fenômeno em sua dimensão
individual” 44.
Os fatos econômicos incidem diretamente no
direito do trabalho, vez que a relação entre empre-
gador e empregado tem causa econômica.
Ademais, os planos econômicos adotados
pelo Estado têm reflexo direto nos empregos, no
momento em que se determinam políticas salariais, leis
trabalhistas e previdenciárias, entre outras, ocorrem
mudanças na estrutura jurídica e financeira do país.
O exame do aspecto econômico em leis traba-
lhistas criadas pelo Legislativo deve sempre levar em
4 Nusdeo, Fabio - Curso de Economia- Introdução ao Estudo do
Direito Econômico-6ª edição, página 28.

38
consideração o impacto financeiro na sociedade e
sua viabilidade em face da previsão orçamentária do
Estado e demais ramos da sociedade.

Sociologia

A sociologia estuda o comportamento das


sociedades sua constituição, organização, manifes-
tações e demais características pertinentes.
Tal ciência tem relação direta com o Direito
do Trabalho, pois o mesmo é um fator determinante
para a formação e estrutura da sociedade. O trabalho
é um meio de produção de valores sociais.
Historicamente as condições de trabalho
geraram inúmeras manifestações por parte dos
trabalhadores almejando condições mais dignas para
exercer suas funções, muitas vezes tais manifestações
se configuram como divisores de épocas e períodos.
Em função da estreita relação do trabalho
como forma de evolução do homem e da socie-
dade, esta ciência possui estreita relação com o
Direito do Trabalho em que pese o fato de que o
mesmo está em constante evolução de acordo com
as mudanças sociais.

39
Questões

1. (XI Concurso do Ministério Público do


Trabalho) No que tange à história do Direito do
Trabalho é INCORRETO afirmar:

a) Na Constituição de 1881, conferiram-se


poderes expressos ao Congresso Nacional para legislar
sobre o trabalho.

b) Apenas com a entrada em vigor da CLT


foi que se regulou o funcionamento dos sindi-
catos no Brasil.

c) Já no Tratado de Versalhes, foi fixado o


princípio de que o trabalho não deve ser considerado
como simples mercadoria ou artigo de comércio, mas
como colaboração livre e eficaz na produção das
riquezas; o direito ao pagamento aos trabalhadores
de um salário que lhe assegure um nível de vida sem
muitas preocupações e de acordo com o tempo e
a condição do seu País; a adoção da jornada de 8
horas ou da semana de 48 horas; e instituição de um
descanso semanal de 24 horas, no mínimo, e que
deverá ser, sempre que possível, no domingo.

d) A Carta del Lavoro é uma declaração de


princípios, não se podendo, portanto, sob este

40
aspecto, identificar a CLT como uma cópia integral
de tal documento.

e) Não respondida.

2. (XIV Concurso do Ministério Público do


Trabalho) Complete com a opção CORRETA. A
Constituição do México de ______ tratou de regras
de Direito do Trabalho no seu artigo 123.

a) 1815

b) 1817

c) 1818

d) 1821

e) Não respondida

3. (FUNDEC - 2003 - TRT - 9ª REGIÃO


(PR) - Juiz - 1ª Prova - 1ª Etapa) Sobre a formação
histórica do Direito do Trabalho, assinale a alter-
nativa incorreta:

a) O Liberalismo, inspirado nos princípios


consagrados pela Revolução Francesa e pela Decla-
ração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789,

41
significou uma reação contra o absolutismo monár-
quico e a origem divina e sobrenatural do poder, mas
não favoreceu os direitos dos trabalhadores.

b) A Constituição de Weimar, de 1919, embora


texto avançado para a sua época, não representou
grande conquista no campo dos direitos sociais.

c) A Carta Del Lavoro (Itália, 1927) representou


forte inspiração para a Consolidação das Leis do
Trabalho brasileira de 1943.

d) A Igreja Católica, especialmente através das


Encíclicas Rerum Novarum (Leão XIII, 1891), Quadra-
gésimo Anno (Pio XI, 1931), Mater et Magistra e Pacem
in Terris (João XXIII, 1961 e 1963, respectiva-
mente Laborem Exercens (João Paulo II, 1981), por
seu forte sentido humanista e de valoração da digni-
dade do trabalho, também contribuiu para avanços
no campo do desenvolvimento social.

e) O Manifesto Comunista (Marx, 1848), docu-


mento máximo do socialismo, ainda que contenha
conceitos hoje superados, contribuiu para a formação
do atual Direito do Trabalho.

42
4. A Era Vargas foi uma fase importante
para a criação de direitos trabalhistas. Mediante
tal assertiva assinale a alternativa INCORRETA:

a) A gestão do então presidente Getúlio Vargas


foi marcada pela criação do direito de greve e liber-
dade de criação de sindicatos, caracterizando o marco
inicial do Direito Coletivo no Brasil;

b) A Justiça do Trabalho foi criada no Brasil


pela Constituição de 1834, garantindo maior espe-
cialização e aperfeiçoamento para a análise das lides
concernentes à matéria trabalhista.

c) Embora marcada pela ditadura, a Era


Vargas, visando evitar manifestações contundentes
da classe dos trabalhadores, fortemente influen-
ciados pelos ideais revolucionários europeus, criou
normas protecionistas e incluiu direitos como o
salário mínimo e limite de jornada de trabalho de
oito horas diárias.

d) O direito do trabalho, somente passou a


ciência autônoma dotada de validade normativa, após
a Constituição de 1888, caracterizando este período a
Criação do Ministério do Emprego e Trabalho através
da Emenda Constitucional nº. 45.

e) As alternativas a e d estão INCORRETAS.

43
5. A denominação “Direito do Trabalho”
como ramo jurídico que rege as relações labo-
rais surgiu, pois:

I. Nascido no seio da Revolução Industrial, o


termo “Direito do trabalho” demonstrou-se muito
abrangente, não refletindo uma nomenclatura própria
às situações nascidas do trabalho em si.
II. O termo “Direito Operário” excluía da
relação os empregadores, desenhando um ramo jurí-
dico unilateral;
III. O termo “Direito Operário” não parece
adequado visto a exclusão de diversas formas de
trabalho e tipos de trabalhadores, como os rurais e
domésticos, por exemplo;
IV. Convencionou-se no período da Revolução
Industrial a separação de Direito Comercial e Civil
das relações de trabalho. A nomenclatura “Direito do
Trabalho” abarca, portanto, empregados vinculados
às indústrias e pequenos comércios.
Mediante a leitura das assertivas supra, assinale
a alternativa CORRETA:

a) As alternativas I e II estão corretas;

b) Somente a alternativa II está correta;

c) Somente a alternativa IV está correta;

d) As alternativas II e IV estão incorretas

44
e) Nenhuma das anteriores

6. Assinale a alternativa correta:

a) A remuneração concedida ao trabalhador


em face da prestação de serviços possui caráter
econômico, representando a finalidade política do
Direito Trabalhista.

b) A finalidade tutelar do direito do trabalho


define-se por políticas que defendem a liberdade das
partes em convencionarem de acordo com as neces-
sidades contratuais trabalhistas.

c) A força produtiva representada pela mão


de obra de um país reflete a finalidade econômica do
direito do trabalho, no que tange à geração de empregos
e consequente geração de renda na sociedade.

d) As alternativas b e c estão corretas.

45
7. Defina a finalidade econômica do
Direito do Trabalho.

8. Defina a finalidade tutelar do


direito trabalhista.

9. Qual a relação entre direito do


trabalho e direito ambiental?

10. O direito inter nacional poderá


interferir no Direito do Trabalho pátrio?

11. R e l a c i o n e d i r e i t o d o t r ab a l h o
e direito penal?

12. O direito do trabalho e o processo do


trabalho tutelam normas similares?

46
47
2
Capítulo

Autonomia
Para que possamos compreender a auto-
nomia do direito do trabalho, inicialmente devemos
definir a palavra autonomia inserida no contexto do
direito como um todo.
Um ramo jurídico autônomo caracteriza-se pela
independência que possui em relação aos demais ramos,
possuindo desta forma princípios, regras e normas
distintas das demais, determinando um campo espe-
cífico possuidor de contornos próprios.
Inicialmente ligava-se o Direito do Trabalho
ao Direito Civil, pois umas das primeiras formas de
trabalho, as locações de serviço e empreitadas, eram
previstas pelo Código Civil. Ademais, o contrato
de trabalho possuía características em comum
com o contrato definido pela legislação civil. No
entanto, o direito do trabalho avultou-se e surgiu
com requisitos próprios.
A autonomia está presente no nascimento e
consagração de uma ciência com características e
identidade peculiares, diferindo-se dos demais ramos
do direito por sua especificidade.
O professor Mauricio Godinho Delgado5 cita
em sua obra alguns requisitos para que seja definida
a autonomia de um ramo jurídico, descritos de forma
sintética seriam basicamente quatro; a) O primeiro
requisito seria a necessidade de um vasto e específico
campo temático, b) Teorias próprias referentes ao ramo
investigado; c) Metodologia própria de construção e
5 Delgado, Mauricio Godinho, “ Curso de Direito do Trabalho”, 5ª
edição, Editora LTR, São Paulo, 2006.- página 67.

51
reprodução de sua estrutura; d) Existência de perspec-
tivas e questionamentos próprios.
Cotejando o acima descrito com o Direito
do Trabalho devemos refletir em face do alegado
em busca da real definição da “autonomia” do
direito do trabalho.
A necessidade de vasto e específico campo
temático é atendida através de nossa legislação traba-
lhista, sendo imperioso ressaltar que não existe no
Brasil um Código do Direito do Trabalho, assim
como existe nos demais ramos. Entretanto, possu-
ímos a CLT - Consolidação das Leis do Trabalho,
Constituição Federal, Legislação Esparsa e demais
normas trabalhistas, que serão abordadas mais deta-
lhadamente adiante.
Em face da necessidade de teorias próprias,
devemos trazer à baila os princípios concernentes
ao direito do trabalho, desenhando um caráter estatal
protecionista e apartado dos demais ramos do direito.
No que tange à metodologia própria de cons-
trução e reprodução de sua estrutura, podemos citar
a negociação coletiva, resultado de tratativas entre o
sindicato dos trabalhadores e o sindicato patronal, o
acordo coletivo e, finalmente, o dissídio coletivo.
Muito embora o tema aqui estudado seja o
Direito Individual do Trabalho, o direito coletivo
do trabalho comprova a existência da metodologia
própria deste ramo jurídico, de onde se depreende que
normas pactuadas em negociações coletivas possuem
força de lei entre as partes, desde que favoráveis ao

52
trabalhador. O dissídio coletivo, levado ao ditame
do judiciário, após o sindicato patronal e dos traba-
lhadores não chegarem a um consenso e de comum
acordo pleiteiam a decisão do mesmo, emite decisões
com força de lei.
O quarto e último requisito seria a existência
de questionamentos e perspectivas próprias, pois o
direito do trabalho possui características e questiona-
mentos específicos, próprios que não se aplicam aos
demais ramos do direito por versarem sobre temas
referentes ao ambiente laboral.
Em análise aos quatro requisitos supracitados
podemos concluir que o Direito do Trabalho é um
ramo autônomo tanto do ponto de vista doutrinário,
pois possui obras destinadas ao seu estudo exclusiva-
mente, quanto a partir da ótica didática em que pese
o fato de ser uma disciplina autônoma a ser estudada
inclusive nas cadeiras universitárias.
Para que seja definitivamente delineada a auto-
nomia do direito do trabalho, devemo-nos ater ao fato
de que o mesmo possui uma justiça especializada (Justiça
do Trabalho) para o julgamento de suas lides, sendo a
mesma responsável pelo julgamento de qualquer ques-
tionamento referente ao contrato de trabalho.

53
2.1.  Natureza Jurídica e Normas
Jurídicas Trabalhistas

A natureza jurídica de uma ciência jurídica


consiste em definir a qual ramo o mesmo pertence,
ou seja, enquadrá-lo nas características do direito
público ou privado.
A posição doutrinária dominante determina que
o direito do trabalho possui natureza jurídica de direito
privado. Para fins de concurso público e pós-graduação,
é necessário o estudo das demais teorias como o direito
misto, direito unitário e direito social. Assim, vamos
estudar cada uma delas de forma detalhada.

2.1.1.  Direito Público

O direito público agrega as normas refe-


rentes ao Estado e regula as situações jurídicas em
que o Estado surge como parte. A fundamentação
desta teoria elenca três características do direito do
trabalho como de natureza jurídica do direito público:
a Natureza Administrativa de algumas normas, como
exemplo podemos citar as normas regulamentadoras
expedidas pelo Ministério do Trabalho; as Normas
com caráter estatutário se aproximam das normas
expedidas pela administração aos seus servidores;
e a imperatividade das normas trabalhistas, como o
princípio da irrenunciabilidade, por exemplo.

54
Devemos analisar com muita atenção tais argu-
mentos, embora tais elementos estejam presentes no
direito do trabalho em primeira análise, os mesmos
não se enquadram a partir de um olhar mais profundo.
A relação laboral é determinada por leis espe-
cíficas que definem o contrato de trabalho, haja vista
que o mesmo envolve, via de regra, duas partes, o
empregador e o empregado, de onde se originam
negociações para definir características peculiares ao
pacto de trabalho de determinada categoria. Sob este
prisma o “caráter estatutário” legado pela teoria do
direito público não se enquadra, pois a administração
determina a forma de contratação e regras às quais
os estatutários devem se submeter, sem possibili-
dade de qualquer alteração que não a realizada pelo
próprio Estado.
O direito individual e o coletivo do trabalho
não se submetem ao Estado. Outra feita às empresas,
sindicatos seriam órgãos Estatais e deveriam seguir
estritamente o determinado pela Administração.
E por fim a imperatividade do direito admi-
nistrativo aplica-se em situações em que o Estado
figura como parte e o bem coletivo deve prevalecer.
O direito do trabalho, no entanto, rege as relações
individuais e coletivas no âmbito trabalhista.

55
2.1.2.  Direito Privado

O direito privado rege as relações entre parti-


culares, como já dito anteriormente. Porém há que se
mencionar que em uma relação de emprego existem
dois particulares: o empregado e o empregador, salvo
na hipótese do Estado como empregador.
Ademais, devemos nos remeter aos primórdios
do direito do trabalho, onde as locações de serviço
eram regidas pelo Direito Civil e apresentavam carac-
terísticas de contrato. O vínculo trabalhista nasce
ainda da relação entre dois particulares.
As normas de direito do trabalho em sua
maioria pertencem ao direito privado, o trabalhador
não esta submetido ao Estado por força do Direito
do Trabalho, O Estado deve versar sobre direitos
da sociedade e zelar pelo bem estar público o ramo
jurídico aqui estudado tutela o trabalhador e seu bem
estar social de forma individual.

2.1.3.  Direito Misto

O direito do trabalho possui normas de direito


privado e normas de direito público, inegavelmente.
A teoria do direito misto defende que o direito aqui
estudado seria uma ciência híbrida, ou seja, compre-
enderia os dois ramos do direito.

56
O doutrinador Sérgio Pinto Martins6 ao citar
Alfredo Montoya Melgar dispõe: que “o direito do
trabalho não pertenceria nem ao direito público nem
ao direito privado, mas compreenderia necessaria-
mente ambos os Direitos”.
Porém, mesmo com a coexistência destas
normas a preponderância consiste em normas
de direito privado.

2.1.4.  Direito Unitário

A presente teoria defendida pelo autor Evaristo


de Moraes Filho, consiste em afirmar que existe a
união entre os dois ramos do direito resultando em
um Direito Único.
Se este posicionamento fosse adotado,
surgiria um terceiro elemento no ordenamento
jurídico, além do direito publico e privado. Embora
as normas destes ramos convivam no sistema jurí-
dico, as mesmas possuem características distintas
o que impossibilita a junção das mesmas em
um mesmo campo.

6 Martins, Sérgio Pinto, “Direito do Trabalho”, 23ªedição, Editora


Jurídico Atlas, São Paulo, 2007, página 24.

57
2.1.5.  Direito Social

O posicionamento doutrinário em face do


direito do trabalho ser um direito social é defen-
dido mais enfaticamente por Cesarino Junior. Sua
posição doutrinaria afirma que o direito do trabalho
é um direito social, voltado aos hipossuficientes, ou
seja, os empregados.
No entanto, tal enquadramento gera certa
confusão considerando que o direito nasce da neces-
sidade social de regras de convívio. Sem olvidar, por
sua vez, que o direito enquanto ciência em todos os
seus ramos possui como escopo o bem estar social.
Eleger somente o direito do trabalho como
“direito social” resultaria na exclusão dos demais
campos jurídicos.

2.1.6.  Normas Jurídicas Trabalhistas

Visualizar o direito constituído somente por


normas não reflete sua extensão. O mesmo é formado
ainda por institutos, instituições e princípios. O
ordenamento jurídico é um conjunto no qual estão
contidas as normas.
Os institutos correspondem ao conteúdo ou
componentes de um determinado campo do direito,
os mesmos somados criam a ciência jurídica a qual
se referem. Institutos de direito do trabalho são as
férias, décimo terceiro salário, aviso prévio, entre

58
outros pequenos fragmentos normativos que acabam
por resultar no universo normativo.
Visualizar o direito constituído somente por
normas não reflete sua extensão. O mesmo é formado
ainda por institutos, instituições e princípios. O
ordenamento jurídico é um conjunto no qual estão
contidas as normas.
Os institutos correspondem ao conteúdo ou
componentes de um determinado campo do direito,
os mesmos somados criam a ciência jurídica a qual
se referem. Institutos de direito do trabalho são as
férias, décimo terceiro salário, aviso prévio, entre
outros pequenos fragmentos normativos que acabam
por resultar no universo normativo.
As instituições trabalhistas são órgãos que
visam desenvolver a ciência jurídica, seja de natu-
reza fiscalizatória como o Ministério do Trabalho
ou de natureza representativa como os sindicatos
dos trabalhadores.
Os princípios são a bases do conhecimento cien-
tífico determinando direções ao ordenamento jurídico,
pois apresentam a verdadeira intenção da ciência juris-
dicional que representam. No direito do trabalho os
princípios constroem bases protecionistas, retratando
desta forma a intenção das demais normas.
Embora a ciência aqui estudada não possua um
código compilando todas as suas leis, possui a CLT
- Consolidação das Leis do Trabalho - uma série de
legislações esparsas, convenções coletivas e dissídios
coletivos que acabam por construir normas trabalhistas.

59
Neste sentido as normas não são somente as
de origem estatal, pois somadas as normas originárias
dos grupos sociais acabam por constituir um plura-
lismo jurídico em que as normas estatais e sociais
convivem em harmonia.
O monismo jurídico consiste em defender a
existência somente de normas oriundas do Estado,
ignorando as normas sociais. O sistema vigente no
direito do trabalho, inclusive por sua condição de
ciência humana, é o do pluralismo jurídico.

2.1.7.  Sistemas de Relação do


Trabalho

O sistema é o resultado da soma de normas


que se integram e se complementam e somadas
formam um conjunto de elementos resultando no
todo de uma ciência.
Cada país possui um sistema de relações do
trabalho, pois as normas sofrem influências sociais,
econômicas e políticas de acordo com a realidade em
que são criadas. Conhecer o sistema trabalhista de cada
país auxilia na compreensão do direito do trabalho.
Nosso estudo é focado na legislação trabalhista
brasileira, o professor Amauri Mascaro do Nasci-
mento7 discorre sobre a classificação do sistema traba-

7 Nascimento, Amauri Mascaro ´Iniciação ao direito do Trabalho-


35ª edição-páginas 78-79

60
lhista, dividindo-o em critérios político-econômicos
e jurídico-normativos.
As primeiras normas trabalhistas pátrias, de
forma conjunta a toda legislação, foram inspiradas no
sistema fascista italiano, desta forma a presença do
Estado, como interventor nas relações de trabalho e
na economia, é um traço muito marcante. Os sindi-
catos eram atrelados ao Estado, visando controlar
qualquer questionamento dos trabalhadores face aos
empregadores. Na União Soviética, o socialismo real
determinava que os meios de produção seriam de
propriedade Estatal, assim como os sindicatos não
possuíam liberdade sempre com o objetivo de propor-
cionar mais poder ao Estado. Ainda versando sobre
os critérios políticos normativos podemos relembrar
os termos do sistema neoliberalista, que se traduz pela
retirada do Estado das relações econômicas e traba-
lhistas, concedendo aos meios privados a resolução
dos litígios que surgirem, posto que os sindicatos não
devem ser associados ao Estado, garantindo força
àquela instituição quando das negociações coletivas
para regulamentar relações laborais.
Cabe descrevermos ainda o sistema jurí-
dico normativo que consiste na interpretação das
normas e suas diferentes facetas com a análise
dos critérios político econômicos, ou seja, inter-
venção estatal, liberdade dos Sindicatos e auto-
nomia do direito do trabalho. Os sistemas regula-
mentados são aqueles em que as normas estatais
versando sobre a proteção do trabalho estão muito

61
presentes, restando pouca ou nenhuma interfe-
rência das relações privadas na construção de
normas trabalhistas. Já o sistema não regulamentado
é o contrário, ou seja, a predominância das normas nasce
das relações profissionais e econômicas.
Geralmente existe um sistema misto onde
existem normas estatais e normas privadas convivendo
harmonicamente como ocorre no Brasil. Existem
países que gozam de liberdade sindical nos moldes do
determinado pela OIT - Organização Internacional
do trabalho -, bem como países que possuem seus
sindicatos atrelados ao Estado.

2.2.  Fontes do Direito do Trabalho

Ao estudarmos a etimologia da palavra fonte,


notamos que sua origem vem do latim fons que signi-
fica nascente. A definição da mesma palavra no dicio-
nário8 da língua portuguesa, além de trazer o mesmo
significado, traz o sentido de origem.
O estudo das fontes do direito em geral é de
suma importância vez que a origem das obrigações
tem força determinante para seu estudo, esta pecu-
liaridade norteia o operador do direito na busca da
nascente da lide.
8 Mini Aurélio, 7ª edição, Editora Positivo, Curitiba 2008.

62
No direito do trabalho não poderia ser dife-
rente, pois para que seja submetido ao direito alvo de
nosso estudo a problemática deve possuir sua origem
no ambiente de trabalho.
Cabe ressaltar que as fontes podem ser mate-
riais ou formais, sendo a primeira o estudo da situ-
ação real, tempo e demais fatos determinantes para
a criação daquela norma, á segunda concretiza-se
como a norma jurídica propriamente dita.
As fontes podem ser ainda autônomas ou hete-
rônomas, a primeira seria a norma elaborada pelos
seus destinatários finais como a convenção coletiva,
acordos coletivos, costumes, sendo as fontes hete-
rônomas elaboradas por agentes externos que não
são os destinatários finais das mesmas. Portanto as
fontes heterônomas são, por exemplo: Leis, sentenças
normativas, convenções internacionais, Consolidação
das Leis do Trabalho – CLT -, Constituição Federal,
entre outros dispositivos legais.
Portanto, independentemente de classificações
são fontes jurídicas do direito do trabalho: Consti-
tuição Federal, leis, decretos, regulamentos, conven-
ções coletivas, sentenças normativas, regulamentos
de empresas, contratos trabalhistas, costumes.

2.2.1.  Constituição

A Constituição Federal é a lei máxima do orde-


namento jurídico brasileiro, todas as demais normas

63
devem estar em acordo com o determinado pela Carta
Magna, dela emanam todas as normas.
A Constituição Federal estabelece em seus
artigos 6º a 11º os direitos dos trabalhadores e de suas
entidades representativas, determinando os direitos
básicos dos trabalhadores.
Após a Emenda Constitucional 45, os tratados
internacionais que versam sobre direitos humanos
possuem força de norma constitucional (desde que
aprovados por três quintos dos membros de Cada
Casa do Congresso Nacional em duas votações).
Importante ressaltar esta informação, pois o direito
do trabalho está intimamente ligado às normas de
direitos humanos.
Por sua condição de hierarquia máxima
no ordenamento, a mesma define muitas vezes a
forma com a qual a norma será elaborada e seu
campo de atuação.

2.2.2.  Leis Complementares

A Constituição Federal determina a necessidade


de criação de leis complementares a alguns disposi-
tivos constitucionais sem autoaplicação.
A lei complementar deve ser aprovada por
quórum absoluto nas casas legislativas, tendo como
principal função explicar, complementar e regula-
mentar a norma constitucional que sinalizou a neces-
sidade de sua criação.

64
Não existira lei complementar tratando de
matéria não definida pela Constituição Federal.

2.2.3.  Leis Delegadas

As leis delegadas são criadas pelo Presidente da


República, de acordo com o previsto nos artigos 58
inciso IV e artigo 68 da Constituição Federal.
O Congresso Nacional possui competência
originária para a elaboração das leis delegadas, as
mesmas não podem versar sobre os assuntos deter-
minados pelo artigo 68 da Carta Magna, sendo os
mesmos: organização do Poder Judiciário e do Minis-
tério Público; a carreira e a garantia de seus membros;
nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos
e eleitorais; planos plurianuais, diretrizes orçamentá-
rias e orçamentos.
A última lei delegada criada no Brasil data de
1882 (Lei Delegada nº. 13) e versa sobre gratificações
aos servidores do Poder Executivo.

2.2.4.  Medidas Provisórias

Utilizadas com frequência indesejável no


Brasil as Medidas Provisórias configuram-se como
ferramentas do Presidente da República para casos
de relevante urgência e interesse nacional.

65
As mesmas possuem vigência máxima de 60
(sessenta dias) prorrogáveis por igual período para que
sejam votadas pelo Congresso Nacional e convertidas
em lei, sob pena de perderem sua eficácia.
O artigo 62 da Constituição Federal
elenca as matérias que não podem ser alvo de
Medidas Provisórias.

2.2.5.  Leis Ordinárias

As leis ordinárias versam sobre matérias


residuais, ou seja, que não estão vinculadas às leis
complementares por força da determinação cons-
titucional. A elas cabe a criação de normas com
conteúdo geral ou abstrato
A competência para a criação de leis ordinárias
está descrita no artigo 61 da Constituição Federal.

2.2.6.  Decretos

Os decretos regulamentam leis, as expli-


cando e detalhando. São privativos do chefe do
Poder Executivo de acordo com o determinado
pelo artigo 84 IV da Constituição Federal.
Cabe ressaltar que os decretos não possuem
poder para alterar qualquer dispositivo da legal.
Os decretos - leis diferem dos decretos
aqui relatados vez que não podem mais ser

66
criados no atual ordenamento jurídico, porém
é de suma importância ressaltar a Consolidação
das Leis do Trabalho, oriunda do decreto lei
nº. 5452 de 1843.
A Consolidação das Leis do Trabalho é
uma compilação de leis trabalhistas em vigor no
Brasil desde a Era Vargas em 1843, não sintetiza
nem cria novos direitos como os códigos, porém
reúne e compila as leis vigentes.

2.2.7.  Sentenças Normativas

De acordo com o disposto pelo artigo 114 da


Constituição Federal a Justiça do Trabalho é competente
para julgar dissídios de natureza individual e coletiva.
Os dissídios de natureza coletiva são os respon-
sáveis pela produção das sentenças normativas, os
mesmos devem versar sobre natureza econômica
(objetivando melhores condições de trabalho) podem
ser submetidos à Justiça do Trabalho pelas partes
desde que de comum acordo, objetivando trazer
solução jurisdicional para a lide.
As sentenças normativas constituem um
direito àquela categoria. Cabe aqui ressaltar de
forma muito superficial sobre as sentenças norma-
tivas por ser alvo de estudo do Direito Coletivo
do Trabalho, porém as mesmas constituem fonte
inegável de direito do trabalho.

67
2.2.8.  Convenções e Acordos
Coletivos

Convenções coletivas nascem a partir da


negociação entre os sindicatos patronais e dos
trabalhadores, criando normas de trabalho às
categorias envolvidas nas negociações. Possuem
a validade de no máximo dois anos (§ 3º, artigo
614 CLT), momento em que as partes devem
realizar novas tratativas.
A lei 13.467/2017 alterou o §3º do artigo
614 da CLT para acrescentar a vedação da ultra-
tividade, isto é, as regras fixadas na convenção
não serão aplicadas apos o final de sua vigência.
Os acordos coletivos envolvem o sindicato
dos trabalhadores e uma ou mais empresas, são
pactos envolvendo as condições e normas de
trabalho das empresas envolvidas.
Ambos são reconhecidos pelo artigo 6º da
Constituição Federal, constituem fontes exclusivas
do direito do trabalho.
É impor tante salientar que a lei nº
13467/2017 trouxe limitações à analise da
convenção ou acordo coletivo de trabalho pela
justiça do trabalho, de sorte que o exame das
clausulas se limita aos elementos essenciais do
negocio jurídico, de acordo com o artigo 104
do Código Civil.
Institui-se, ainda, o principio da intervenção
minima na autonomia da vontade coletiva.

68
Pondera-se que falar em “inter venção
minima” em meio às precárias relações de trabalho
no Brasil, em que prevalecem a desvalorização e
exploração, significa um risco à dignidade dos
trabalhadores, que certamente estarão a mercê de
sindicatos fracos e da força do capital.
Nesse contexto, a implantação do artigo
611-A na CLT pela lei 13467/2017 oferece possi-
bilidade de transação por acordo ou convenção de
direitos como banco de horas e enquadramento
do grau de insalubridade.
Assim, as mencionadas modificações legais
desconsideram a hipossuficiência do trabalhador,
bem como o histórico papel da justiça do trabalho
no equilíbrio das relações laborais.

2.2.9.  Regulamento de Empresa

As empresas possuem normas internas, o regu-


lamento das empresas vem compilar estas normas.
Geralmente descreve os setores ou elenca as
funções de cada cargo e departamento, não podendo
conter normas que vão ao desencontro com a lei.
Alguns autores questionam o regulamento das
empresas como fonte de direito do trabalho por
geralmente ser emanado de forma unilateral e criado
pelo empregador.
No entanto, suas normas acabam por integrar
o contrato de trabalho, motivo pelo qual adere ao

69
mesmo, determinando regras, normas e obrigações
entre as partes.

2.2.10.  Contrato de Trabalho

O contrato de trabalho acaba por gerar obri-


gação entre as partes e as clausulas nele inseridas são
fontes de direito. Tal posicionamento aqui defendido
pode ser realizado através do disposto no artigo 8º
e 444 da CLT, ambos preveem que as disposições
contratuais ensejam direitos e deveres as partes.
Novamente, é preciso virar a atenção para a
reforma trabalhista, pela qual, no paragrafo único
do artigo 444, abalizou-se que o contrato de trabalho
tenha preponderância sobre instrumentos coletivos,
contanto que o trabalhador tenha nível superior e
que percebe salario igual ou superior a duas vezes o
limite do RGPS.
Criou-se uma questionável diferenciação do
trabalhador em melhor condição financeira e intelec-
tual, como se estas qualidades o livrassem de eventual
abuso cometido pelo empregador, que continua a
gozar de maior força e domínio da situação, tendo
em vista a instabilidade do emprego no Brasil e no
mundo, com o avançar de novas tecnologias.
Ademais, na medida em que historicamente
o empregador não costuma respeitar o empregado,
não é difícil concluir que os contratos frequente-
mente disporão de maneira diversa e em supressão

70
de direitos previstos em convenções e acordos cole-
tivos de trabalho.

2.2.11.  Usos e Costumes

As relações de trabalho e as situações que


surgem em seu curso surpreendem ate mesmo o
mais criativo dos legisladores ou operadores do direito.
Não necessariamente as regras que surgem no bojo
das empresas precisam ser escritas.
A situação que ocorre reiteradamente acaba por
integrar o contrato de trabalho, criando obrigações
entre as partes. Por ser uma ciência mutável a todo
tempo os usos e costumes são fontes importantes
para a solução dos conflitos trabalhistas.
Os usos e costumes muitas vezes acabam por
demonstrar aos legisladores a criação de normas posi-
tivas referentes ao assunto.
A aplicação dos mesmos é regulada pelo artigo
8º da Consolidação das Leis de Trabalho.

2.2.12.  Jurisprudência

A doutrina divide-se em considerar a jurisprudência


como fonte de direito por não possuir aplicação obriga-
tória, no entanto, para fins de concurso público, é muito
importante lembrar que formalmente a jurisprudência
não é considerada fonte de direito do trabalho.

71
A jurisprudência surge a partir das deci-
sões emanadas pelo poder judiciário em face de
determinado tema.
Amador Paes de Almeida9 ao citar Russomano
afirma o que segue:
“O certo é, entretanto, que o doutrinador
abre, pela sua crítica, pela sua investigação cientí-
fica, caminho para o legislador do futuro. E o juiz,
apreciando casos não previstos em lei preenchendo
suas lacunas, assenta normas práticas de solução dos
conflitos jurídicos.”

2.2.13.  Normas de Origem


Internacional

As normas de direito internacional podem


constituir fontes mais benéficas ao trabalhador desde
que recepcionadas pela legislação pátria,
As convenções e recomendações da OIT -
Organização Internacional do Trabalho - são um
exemplo de normas internacionais.
Porém, de acordo com o artigo 48, inciso I da
Constituição Federal, os mesmos devem ser recepcio-
nados pela legislação pátria para possuírem eficácia.
Para fins de concurso público, mister a
descrição das teorias abordadas por Sérgio Pinto

9 Amador, Almeida de Paes- CLT Comentada, página 48.

72
Martins10, a teoria monista defende a unidade entre
as normas de direito internacional e interno, e a
teoria dualista entende a existência de duas ordens
jurídicas distintas.
A Constituição Federal de 1888 adotou para
o autor supracitado a teoria monista, defendendo
que após a recepção da norma pelo ordenamento
do país, a mesma altera, revoga ou complementa
a norma interna. O posicionamento do Supremo
Tribunal Federal versa sobre a integração da norma
internacional ao ordenamento desde que devida-
mente recepcionada. Não devemos confundir a teoria
monista acima referida com o pluralismo normativo
presente no Direito do Trabalho.
O direito em estudo possui normas esparsas e
fontes diversas, caracterizando o pluralismo norma-
tivo da ciência trabalhista.

2.3.  Hierarquia das Fontes


Trabalhistas

O ordenamento jurídico é um conjunto de


normas que versam sobre assuntos diferentes como
competência, organização do estado, conduta.
O artigo 58 da Constituição Federal elenca quais

10 Martins, Sérgio Pinto- “Direito do Trabalho”, página 42 e 43.

73
as normas existentes no ordenamento jurídico
pátrio. Senão vejamos:

Art. 58. O processo legislativo compreende a elaboração de:

I - emendas à Constituição;

II - leis complementares;

III - leis ordinárias;

IV - leis delegadas;

V - medidas provisórias;

VI - decretos legislativos;

VII - resoluções.

Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração,


redação, alteração e consolidação das leis.

No artigo acima citado não encontramos


nenhuma determinação sobre a hierarquia destas
normas. Hans Kelsen desenvolveu a teoria que
descreve as normas jurídicas dispostas em uma pirâ-
mide cujo cume é a Constituição Federal. Desta forma
todas as outras normas devem estar submetidas à
mesma para que sejam dotadas de validade.

74
A teoria de Kelsen determina a supremacia
constitucional e o escalonamento das demais normas
a ela, no Brasil possuiremos a seguinte ordem hierár-
quica: Constituição Federal, Tratados Internacionais
que versem sobre direitos humanos, leis complemen-
tares, leis ordinárias, medidas provisórias e leis dele-
gadas, resoluções, decretos e demais normas.
Portanto, as normas inferiores são necessaria-
mente obedientes a normas superiores, ou ainda em
situações que leis da mesma posição hierárquica versam
sobre o mesmo assunto a lei mais específica será sobre-
posta a menos específica e assim por diante.
No direito do trabalho o escalonamento das
normas por força da aplicação do princípio da norma
mais favorável princípio protecionista e princípio da
condição mais benéfica, será diferenciado.
As normas de ordem pública ou fontes estatais
absolutas não podem ser modificadas por convenção
entre as partes por conferirem direitos irrenunciáveis
dos trabalhadores tais como férias, décimo terceiro
salário, salário mínimo, repouso semanal remune-
rado, as normas de ordem pública relativa podem ser
flexibilizadas por convenção entre as partes, como a
diminuição do piso mínimo da categoria, aumento
da jornada de trabalho nos turnos ininterruptos de
trabalho, ente outros.
A Constituição Federal inegavelmente continua a
ser a lei superior, mas na aplicação dos direitos aos casos
reais devera prevalecer a norma mais benéfica ao traba-
lhador, não importando a existência de norma superior,

75
desde que não prevaleça sobre interesse público, ou
seja, a norma mais benéfica será aplicada desde que
não ocorra prejuízo a coletividade.
Para exemplificar o acima descrito: O artigo
6º inciso XVI da CF determina que a hora extra
deva ser paga acrescida de 50% (cinquenta por
cento) a hora normal de trabalho, nenhuma norma
pode estipular porcentagem inferior ao determi-
nado constitucionalmente, porém as Convenções
Coletivas de Trabalho podem determinar valores
superiores para as categorias envolvidas, em caso
de discussão judicial será aplicado o valor da hora
extra convencionado em Convenção Coletiva por
ser mais vantajoso ao trabalhador.
O sistema de normas trabalhistas contém
normas de caráter público e privado, tais previsões
normativas são aplicadas ao direito individual e
coletivo do trabalho.
Embora voltado à proteção do trabalhador
como indivíduo, as normas aplicadas a casos indivi-
duais jamais poderá prejudicar a coletividade em face
do bem da vida tutelado a sociedade.

76
Questões

1. (Concurso da Magistratura - TRT/


RJ-2008) Segundo o artigo 8º da Consolidação
das Leis do Trabalho:

I. As autoridades administrativas e a Justiça


do Trabalho decidirão por equidade somente casos
previstos em lei.
II. Considerando os usos e costumes, as
autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho
poderão decidir de modo que o interesse de classe
ou particular prevaleça sobre o interesse público.
III. As autoridades administrativas e a Justiça
do Trabalho decidirão, mesmo havendo disposições
legais e contratuais, conforme o caso, pela jurispru-
dência, por analogia, por equidade e outros princípios
e normas gerais de Direito, sempre se utilizando o
Direito Comum como fonte.
IV. As autoridades administrativas e a Justiça
do Trabalho, na falta de disposições legais ou
contratuais, decidirão, conforme o caso, pela juris-
prudência, por analogia, por equidade e outros
princípios e normas gerais de direito e, ainda,
de acordo com os usos e costumes, o Direito
Comparado, mas sempre de maneira que nenhum
interesse de classe particular prevaleça sobre o
interesse público.

77
V. O Direito Comum será fonte subsidiária do
Direito do Trabalho, ainda que incompatível com os
princípios fundamentais deste.
Analise as proposições acima e assinale a
alternativa correta:

a) Somente as alternativas I e II são verdadeiras;

b) Somente a alternativa III é verdadeira;

c) Somente a alternativa I é verdadeira;

d) Somente as alternativas IV e V são verdadeiras;

e) Somente a alternativa IV é verdadeira.

2. O Direito do Trabalho é uma ciência


autônoma, pois:

a) É um ramo jurídico totalmente apartado


do sistema normativo brasileiro, possuindo normas
e princípios somente aplicáveis ao direito do trabalho,
sem qualquer relação com os demais ramos.

b) Possui formas próprias de questionamento,


vasta matéria de pertinência jurídica, princípios e
normas específicas ao direito do trabalho.

78
c) E um ramo autônomo somente para fins
didáticos visto que se integra no sistema normativo de
forma integral, utilizando normas específicas somente
em hipóteses de extrema necessidade.

d) Pois a Constituição Federal de 1888 definiu a


autonomia do Direito do Trabalho, logo é autônomo
por força de lei.

3. Quais são os requisitos que configuram o


Direito do Trabalho como uma ciência autônoma?

4. Assinale a alternativa correta:

a) A natureza jurídica do direito do trabalho é


mista, possuindo normas públicas e privadas, cons-
tituindo uma categoria distinta onde tais normas
convivem harmonicamente.

b) O direito do trabalho, por tutelar os traba-


lhadores de forma protetiva, possui natureza jurídica
de direito público, sendo as normas de direito privado
aplicadas subsidiariamente.

c) Por ser um direito social e conter normas


tutelares de partes submetidas ao estado, a natureza
jurídica do direito do trabalho é de direito público.

79
d) As normas que tutelam o direito do trabalho
são privadas em sua maioria, inegável a existência
de normas de direito público, no entanto a natureza
jurídica do direito laboral será de direito privado.

5. No que tange ao sistema jurídico traba-


lhista, é correto afirmar:

a) Caracteriza-se pelo pluralismo jurídico,


contendo normas exclusivamente estatais.

b) Caracteriza-se pelo sistema regulamen-


tado, proporcionando a liberdade de negociação
entre as partes.

c) Caracteriza-se como um sistema misto


ou pluralismo jurídico, normas de direito público e
privado convivem harmonicamente e os sindicatos
não são atrelados ao Estado.

d) Caracteriza-se pela natureza jurídica


híbrida, não possuindo um sistema próprio por
conter normas elaboradas com caráter exclusiva-
mente de direito privado.

80
6. Relacione a incidência das normas de
direito público no direito trabalhista cotejando a
convivência das mesmas com normas privadas.

7. (II Concurso da Magistratura-TRT/


RJ-2004) Exemplo de Fonte Formal autônoma
do Direito do Trabalho:

a) Constituição

b) Sentença Normativa

c) Medida Provisória

d) Lei Ordinária

e) Acordo Coletivo

8. (Esaf- TRT/CE- Analista Judiciário-


2003) Sobre as fontes do Direito do Trabalho,
aponte a opção correta.

a) As greves e os movimentos sociais orga-


nizados pelos trabalhadores representam as fontes
formais do direito do trabalho.

b) As convenções coletivas de trabalho,


firmadas entre sindicatos patronais e profissio-

81
nais, qualificam-se como fontes heterônomas do
Direito do Trabalho.

c) As leis representam as fontes autônomas


por excelência do Direito do Trabalho.

d) O regulamento de empresa, elaborado sem


qualquer participação do sindicato profissional corres-
pondente, classifica-se como fonte autônoma do
Direito do Trabalho.

e) Os costumes, práticas reiteradas de deter-


minadas condutas, reconhecidas como consentâ-
neas com os deveres jurídicos impostos ao corpo
social, representam uma das fontes formais do
Direito do Trabalho.

9. (FCC-TRT/RN - Analista Judici-


ário-2003) É fonte formal do Direito do Trabalho:

a) A jurisprudência;

b) A equidade;

c) A analogia;

d) A convenção coletiva;

e) O Costume.

82
10. (MS CONCURSOS - 2009 - TRT - 9ª
REGIÃO (PR) - Juiz - 1ª Prova - 1ª Etapa) Analise
as proposições a seguir:

I. No plano jurídico, fontes do Direito expressam


a origem das normas jurídicas, podendo-se classificar
as fontes em dois grandes blocos, designados de fontes
materiais, enfocando o momento pré-jurídico, cons-
tituindo-se nos fatores que conduzem à emergência e
construção da regra de Direito e fontes formais, enfo-
cando o momento tipicamente jurídico, considerando
a regra já plenamente construída, os mecanismos exte-
riores e estilizados pelos quais essas regras se revelam
para o mundo exterior, ou seja, os meios pelos quais
se estabelece a norma jurídica.
II. As fontes formais justrabalhistas classificam-
-se em heterônomas e autônomas. São consideradas
fontes autônomas do Direito do Trabalho: costumes,
acordos coletivos de trabalho e convenções cole-
tivas de trabalho.
III. No Direito do Trabalho, em que um dos
princípios é o “da norma mais favorável”, o critério
orientador da hierarquia das normas jurídicas é
distinto do rígido e inflexível operante no Direito
Comum, implicando que no Direito do Trabalho a
pirâmide normativa se constrói de modo plástico e
variável, elegendo-se para o seu vértice dominante a
norma que mais se aproxime do caráter teleológico
do ramo trabalhista.

83
IV. Pela hierarquia das fontes normativas,
um decreto regulamentador não poderia ampliar
direitos, falecendo ao Chefe do Poder Executivo
poderes para alargar o comando legal regulamen-
tado. Todavia, considerando a especificidade do
Direito do Trabalho, no caso de conflito de regras
jurídicas, a solução jurisprudencial tem aplicado à
regra da norma mais favorável, mesmo nos casos
em que o decreto regulamentador amplia direito
assegurado em lei.
V. Acerca da aderência contratual dos direitos
decorrentes de convenções ou acordos coletivos de
trabalho se apresentam três posições interpretativas:
a primeira, da aderência irrestrita, sustenta que as
cláusulas convencionais ingressam para sempre nos
contratos individuais, não mais podendo ser supri-
midas; a segunda, da aderência limitada pelo prazo,
considera que os dispositivos negociados mediante
ACT ou CCT vigoram no prazo de tais diplomas, não
aderindo indefinidamente ao contrato de trabalho e a
terceira defende a aderência limitada por revogação,
ou seja, os dispositivos negociados vigorariam até
que novo instrumento negocial os revogasse. A teoria
que prevalece na jurisprudência é a da aderência limi-
tada pelo prazo.

a) todas as proposições estão corretas;

b) apenas quatro proposições estão corretas;

84
c) apenas três proposições estão corretas;

d) apenas duas proposições estão corretas;

e) apenas uma proposição está correta.

11. (FCC-TRT/MS - Analista Judici-


ário-2004) Na falta de norma específica o juiz
do trabalho poderá decidir de acordo com os usos
e costumes, observando, contudo o interesse:

a) De classe ou de particulares não prevalece


sobre o interesse público;

b) D a e m p r e s a p r e va l e c e s o b r e o
interesse público;

c) Da classe prevalece sobre o interesse público;

d) Do empregado prevalece sobre o


interesse público;

e) Sindical prevalece sobre o interesse público.

12. (FGV - 2011 - OAB - Exame de Ordem


Unificado - 1 - Primeira Fase) Foi celebrada
convenção coletiva que fixa jornada em sete
horas diárias. Posteriormente, na mesma vigência

85
dessa convenção, foi celebrado acordo coletivo
prevendo redução da referida jornada em 30
minutos. Assim, os empregados das empresas
que subscrevem o acordo coletivo e a convenção
coletiva deverão trabalhar, por dia:

a) 8 horas, pois a CRFB prevê jornada de 8


horas por dia e 44 horas semanais, não podendo ser
derrogada por norma hierarquicamente inferior.

b) 7 horas e 30 minutos, porque o acordo coletivo,


por ser mais específico, prevalece sobre a convenção
coletiva, sendo aplicada a redução de 30 minutos sobre
a jornada de 8 horas por dia prevista na CRFB. 

c) 7 horas, pois as condições estabelecidas na


convenção coletiva, por serem mais abrangentes,
prevalecem sobre as estipuladas no acordo coletivo. 

d) 6 horas e 30 minutos, pela aplicação do


princípio da prevalência da norma mais favorável
ao trabalhador.

13. (Concurso da Magistratura - TRT/


RJ-2008) A Consolidação das Leis do Trabalho

86
e suas alterações, pela definição atribuída pelo
Decreto Lei nº5452 de 1º de maio de 1843...

a) Estatui as normas que regulam as relações


individuais e coletivas de trabalho, nela previstas.

b) Estabelece normas gerais a respeito das


relações do trabalho, individuais ou coletivas,
observado o interesse público.

c) Institui as normas que regulam as rela-


ções individuais e coletivas de trabalho, abrangidos
os entes de Direito Público.

d) Regula o controle das normas estabele-


cidas para reger todas as relações individuais e
coletivas de trabalho;

e) Fixa normas de aplicação das diversas


leis esparsas que regulam as relações individuais
e coletivas do trabalho.

14. Em uma situação real resultante do


contrato de trabalho entre empregado e empre-
gador ocorre um conflito de normas, sendo
a primeira uma lei ordinária e a segunda um

87
decreto regulamentar, como magistrado qual
norma aplicaria:

a) A lei ordinária federal por ser hierar-


quicamente superior ao decreto regulamentar e,
portanto mais adequada.

b) A norma mais favorável ao trabalhador,


desde que não fosse prejudicada a coletividade
em tal posicionamento.

c) Analisando a situação fática, aplicaria a norma


que melhor solucionasse a lide, sem, portanto analisar
qual parte seria beneficiada pela aplicação levando em
consideração o princípio da imparcialidade.

d) O decreto regulamentar por ser mais espe-


cífico ao caso abordado.

88
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