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As características da
literatura de cordel
Desde o início, o cordel fez parte da “...
vida dos nordestinos que viviam no
campo e dependiam da agricultura ou Vendidos nas feiras livres
do comércio em pequenas cidades.
Surgiu quando ainda não existia Pendurados num cordão
rádio nem televisão e foi muito usado
Esses livretos viraram
como um meio de comunicação. Em
suas histórias, por diversas vezes, O jornal da região
misturam-se fatos e ficção, poderes
sobrenaturais e acontecimentos Levando conhecimento
políticos.
Àquela população
...“
A morte de Getúlio Vargas foi
retratada em um folheto denominado
“A lamentável morte de Getúlio
Vargas“. Sobre Virgulino Ferreira da
Silva, o Lampião, dezenas de versos
foram escritos, atribuindo a ele até
mesmo poderes sobre-humanos.
Em “Beabá do Cordel“, o cordelista
Moreira de Acopiara fala dessa
função de comunicador:
As mulheres no Cordel
A presença das mulheres no Cordel repete o que acontece na literatura em geral: ela é
tardia, sendo a condição feminina majoritariamente representada por homens. Mas as
cordelistas têm ampliado seu campo de atuação nas últimas décadas. O primeiro folheto
escrito por uma mulher foi lançado em 1938, por Maria das Neves Batista Pimentel. Ela,
contudo, teve de usar um pseudônimo masculino: Altino Alagoano. Foi somente a partir da
década de 1970 que começaram a surgir os cordéis assinados por mulheres. Hoje, livros de
mulheres cordelistas têm alcançado o topo das listas de mais vendidos.
Oito pés de quadrão São estrofes de oito versos Ao/ sa/ir/ do/ meu/ ser/tão,
ou Oitavas e sete sílabas. A diferença Re/zei,/ fiz/ tan/ta o/ra/ção,
dessas estrofes para as Pra a/bran/dar/ meu/ co/ra/ção,
oitavas clássicas ou reais, Que in/con/for/ma/do/ [so/fri/a
como encontramos em Camões, Dei/xei/ a/ mi/nha/ ci/da/de,
está apenas a disposição das Que e/ra/ na/ re/a/li/da/de
rimas. Na oitava clássica, o A/ mi/nha/ fe/li/ci/da/de
quinto e o oitavo verso não Mi/nha/ mai/or/ a/le/gri/a.
rimam, já na popular todos (Trecho de “Saudosa ipueira“, de Dalinha
os versos rimam: os três Catunda)
primeiros, o quarto com o
oitavo, e o quinto com o sexto
e o sétimo.
(SUASSUNA, 1999).
• Comunicação;
• Cultura digital; .
A Base, portanto, busca formar
alunos capazes de compreender
que as manifestações populares
constituem um importante vetor no
campo de atuação artístico-literário.
Uma forma de despertar o Nos caminhos da Educação
interesse pela leitura é utilizar
técnicas diversificadas. A literatura Moreira de Acopiara
de cordel, conforme demonstramos,
é mencionada algumas vezes
na BNCC como um gênero a ser “Eu já escrevi cordéis
trabalhado com os alunos. Para o Falando de Lampião,
leitor iniciante, o cordel oferece um
Frei Damião, padre Cícero
material acessível, com cadência
marcada, possibilitando também o E outros mitos do sertão,
contato com diversas expressões Mas agora os versos meus
regionais, sobretudo da cultura
nordestina. Serão sobre educação.
...
Para alunos mais velhos, há
também a possibilidade explorar Mas nós somos preparados
mais detidamente a matéria social Desde pequenos pra ser
e histórica presente nos versos.
As tradições orais são muito Eternos competidores,
importantes para a construção E quem possui mais saber
das civilizações. Diversas culturas No mundo modernizado
se mantêm até hoje por causa
delas. Foi através dos “causos“, Tem mais chance de vencer.
narrativas orais, contos e cantorias
que o cordel surgiu. Enquanto E nós agora vivemos
ferramenta pedagógica, o cordel Num mundo globalizado
também permite despertar nos
alunos o gosto pela leitura. Onde todo ser humano
Deve ser bem informado.
Moreira de Acopiara escreveu,
aliás, um cordel sobre educação: Mas antes disso é preciso
Que seja alfabetizado.
...
Como trabalhar o
cordel em sala de aula
Existem diversas maneiras de se Depois do contato com o gênero e
trabalhar a literatura de cordel de desenvolveram a capacidade de
em sala de aula. Sua riqueza e compreender as características
diversidade de expressão permite do Cordel, os alunos podem ser
várias abordagens. Elencamos incentivados a escrever suas
algumas ideias que dialogam com próprias histórias. O incentivo à
as habilidades e competências produção textual autônoma e ao
previstas na BNCC: pensamento crítico são habilidades
importantes a serem desenvolvidas
• Realização de um apanhado com os estudantes.
histórico desse gênero literário,
sua criação, desenvolvimento e
importância cultural;
• Exploração de temas e
motivos mais recorrentes na
produção de cordel (como o
cangaço, a morte de Getúlio
Vargas, as desigualdades regionais
e socioeconômicas);
• Exibição de cordeia
eletrônicos e depoimentos em vídeo
de cordelistas de várias gerações;
Livros para trabalhar
a literatura de cordel
Existem diversos livros que oferecem uma amostra representativa da produção de cordel, com
explicações sobre sua origem e características. Selecionamos alguns deles a seguir.
1. 3.
poesia de cordel, de João BOI EM CORDEL,
Melquíades F. da Silva,
de João Bosco Bezerra
Leandro Gomes de Barros
Bonfim
e Patativa do Assaré
Transitando entre o
Este livro é uma coleção de
formal, o informal
pérolas do cordel nacional.
e o regional, os
Três grandes nomes do
versos de João Bosco
gênero nos põem diante de
ensejam o contato
quase um século de poesia
com expressões
popular, em que o cordel
regionais ou menos
mostra sua atualidade
conhecidas pelos
e pertinência.
pequenos leitores.
O texto também
possibilita discussões
CORDEL EM CORES,
2.
sobre a exploração
de Maria Augusta de no trabalho e a
Medeiros esperteza popular.
As cores são presentes Obra ilustrada com
infinitos oferecidos ao nosso xilogravuras de Nena
olhar. Entretanto, é o dom Borges.
da palavra que permite dar
a cada cor um nome. E é o
NO REINO DO VAI
4.
dom da palavra iluminada
pela poesia que faz as cores NÃO VEM - uma
ganharem alma e significado viagem ao mundo
tão certeiros, a ponto de do cordel, de Fábio
podermos enxergá-las Sombra
mesmo sem vê-las, apenas
com os olhos do coração. O narrador-
Prosadora e poetisa, Maria personagem revela
Augusta de Medeiros nos o drama em que se
contempla nesta obra com encontra: sua rabeca
uma singela descrição das Veridiana sumiu e,
cores, começando por aquela sem ela, não existe
que é a ausência de todas criação. Depois de
elas - o branco - , viajando consultar a cigana
pelas cores primárias e suas Esmeralda, o artista
composições que formam descobre que a rabeca
as secundárias e terciárias, está no Reino do Vai
aliando o cordel às belíssimas não Vem, um lugar
ilustrações do artista gráfico mágico onde vivem
Gilberto Tomé. todos os personagens
da poesia popular.
Conclusão
A missão do Coletivo Leitor Existem outras habilidades
é promover o incentivo à e gêneros indicados para o
leitura e à formação do leitor desenvolvimento do leitor-
literário e a literatura como fruidor, ou seja, aquele capaz
experiência de prazer. Por de se implicar na leitura
isso, apresentar diferentes dos textos, desvendando
gêneros literários, como a suas múltiplas camadas de
literatura de cordel, uma das sentido. O Coletivo Leitor
mais ricas expressões da possui obras que auxiliam no
cultura popular brasileira, desenvolvimento de habilidades
é tão importante. Como socioemocionais e na
parte do campo artístico- discussão de temas sociais
literário, o cordel oferece importantes. Além disso,
dezenas de oportunidades de nossos livros acompanham
ensino para os educadores, material complementar, que
sendo uma aliada decisiva no auxiliam na mediação da
desenvolvimento do interesse leitura. O Coletivo pode auxiliar
dos jovens pela leitura. Com na inserção da Literatura nas
seu ritmo e cadência, ele aulas e a formação de alunos
apresenta aos alunos uma leitores.
das mais bonitas tradições
culturais do nosso país.
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com um
de nossos
consultores!
Para saber mais sobre o campo artístico
literário na BNCC, acesse nosso material:
Campo artístico-
literário na BNCC
LOPES, José de Ribamar (org.). Literatura de Cordel. Antologia. 3°. Ed. Fortaleza,
Banco do Nordeste do Brasil, 1994.