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O TEXTO
No contexto jurídico, essa capacidade se faz ainda mais necessária, pois a palavra, seja
ela falada ou escrita, é o principal instrumento de trabalho de um profissional do
Direito. Dessa forma, o texto torna-se parte desse instrumento, no qual as palavras
manifestam o discurso do autor e seus argumentos.
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1.1 GÊNEROS TEXTUAIS
É por esta dependência com relação ao contexto que eles são historicamente variáveis;
assim, podemos dizer que é a imensa diversidade de gêneros que forma a língua.
Trabalhar com gêneros textuais permite ainda a articulação das atividades entre as áreas
de conhecimento, contribuindo diretamente para o aprendizado significativo de prática
de leitura, produção e compreensão de texto.
Partindo dessa ideia de dependência com relação ao contexto, como dito anteriormente,
podemos ter um texto que está de acordo com um determinado gênero, porém está
inserido num contexto inadequado, gerando uma situação desagradável ou até mesmo
mudança no sentido original da mensagem.
Ex.:
Um aluno quer mandar um e-mail para seu professor, a fim de conseguir uma revisão de
seu conceito final em um trabalho acadêmico. Ele escreve o e-mail, porém utilizando
uma linguagem extremamente informal, como se falasse com um amigo ou colega. O
estudante utilizou o gênero de forma certa, porque um e-mail pode ser informal. No
entanto, o contexto pedia outro tipo de produção, pois além de se tratar de um pedido a
respeito de um processo acadêmico, o texto se dirigia a alguém superior ao aluno.
Sendo assim, a linguagem usada deveria ser formal. O estudante não apenas causou
constrangimento com a situação, como pode ter mudado o sentido de sua mensagem,
pelo fato dela poder ser entendida pelo professor como uma provocação.
Alguns exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão, carta comercial, carta
pessoal, romance, bilhete, reportagem, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia
jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de
restaurante, instruções de uso, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada,
conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador e
assim por diante.
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1.2. TIPOLOGIA TEXTUAL
O texto descritivo enumera aspectos físicos e/ou psicológicos de um lugar, uma pessoa,
um animal ou um objeto. Nesse tipo de texto, o uso dos adjetivos é grande, justamente
pela função caracterizadora dessa classe de palavras. Na descrição nenhum dos fatos, ou
informações, é necessariamente anterior a outro. Por isso, a inversão na ordem dos
enunciados não altera a imagem descrita.
Ex.:
“Fui criada numa casa simples, mas de cômodos bem amplos e confortáveis. Um
jardim colorido e aromático. Beija-flores por aqui não faltam. Tenho duas filhas. Ana,
uma menina alta, meio desengonçada, mas de um brilho especial nos olhos muito
pretos. Virgínia, uma menina muito magra, gestos e rosto delicados, tem uma cabeleira
tão ruiva que poderia ser confundida com uma dessas atrizes do cinema americano...”
Temos aqui um exemplo de texto descritivo, voltado para a descrição de aspectos físicos
e visuais dos elementos expostos. O uso de adjetivos se faz muito presente ao longo do
trecho apresentado, o que exemplifica uma das principais características desse tipo
textual.
O texto dissertativo tem como função persuadir o leitor a aceitar a ideia defendida pelo
texto, ou seja, aceitar a tese defendida pelo autor. Esse texto privilegia o discurso
indireto (3ª pessoa), embora também possa ser escrito na 1ª pessoa. Costuma abordar
temas polêmicos e que gerem discussão.
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Ex.:
“A vida de uma mulher não é fácil em parte alguma deste mundo. A sociedade machista
impõe-lhe regras e destinos que ela jamais pode escolher. A mulher será sempre uma
escrava totalmente submissa ao marido, às tradições, aos costumes e à hipocrisia
chauvinista dos...”
Este é o exemplo clássico do texto dissertativo, pois nele está inserida uma tese –
afirmação inicial (“A vida de uma mulher não é fácil em parte alguma deste mundo”) –
e logo depois o autor dá início aos argumentos com os quais irá sustentar essa tese.
Nesse exemplo, o texto tem por principal objetivo relatar como se deu uma excursão, ou
seja, oferecer as informações a respeito do acontecido. Veja que, para tanto, também são
utilizados recursos de descrição e narração.
O texto injuntivo é o texto que indica como realizar uma ação, ou seja, tem
características de uma instrução. Geralmente utiliza linguagem objetiva e simples, além
de verbos no imperativo. Como exemplos temos receitas culinárias, manuais, regras,
leis, etc.
Ex.:
“Bolo de Banana.
Caramelize uma forma com açúcar, corte 10 bananas no sentido do comprimento,
coloque-as na forma, bata 4 ovos com uma xícara de leite, duas de farinha de trigo e
uma colher de fermento. Despeje a massa na forma, polvilhe (a gosto) com canela e
açúcar e leve ao forno pré-aquecido em 180ºC. Deixe...”
Nesse exemplo, o uso do verbo no imperativo marca bem a tipologia textual do texto
injuntivo, além das instruções para realizar a ação (fazer o bolo de banana). É um texto
simples e bem objetivo, com função e propósito específicos.
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2. ELEMENTOS GRAMATICAIS E LINGUÍSTICOS
2.1 COESÃO
Exemplos:
*O temporal destruiu o telhado da escola. Em vista disso, as aulas foram suspensas.
*Marcos, Tiago e Mateus compraram um Fiesta, um Corsa e um Gol, respectivamente.
Exemplos:
*Ana é uma excelente funcionária. Ela sempre cumpre as metas propostas.
*Prefiro Bento Gonçalves a Porto Alegre. Esta é mais violenta, aquela é mais calma.
Ambas oferecem boas perspectivas profissionais.
*Paulo aplica seu dinheiro na poupança e Joaquim o aplica em ações.
Veja que nesses exemplos a ideia é retomar o elemento recém mencionado, a fim de
mostrar a proximidade desse item lexical.
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*O fogo acabou com tudo. A casa estava destruída. Da casa não sobrou nada.
(repetição)
Aqui vemos a retomada de elementos do texto tanto por meio de palavras diferentes,
quando pela própria palavra, sem nenhum comprometimento da estilística do texto.
Os exemplos mostram como esse recurso é útil e bastante utilizado no dia-a-dia, por sua
capacidade de sintetizar o texto, porém preservando seu sentido, ou seja, mesmo com as
elipses, você é capaz de entender a informação que o texto quer passar.
Levantou cedo, tomou banho e saiu. E não: Saiu, tomou banho e levantou cedo.
Em textos jurídicos essa característica coesiva é bastante importante, pois além de fazer
parte do texto em si (narração e exposição dos fatos), esse recurso também traz uma
melhora estilística considerável na apresentação textual.
Veja nos exemplos:
“Nessa linha de evolução, tendo-se em conta, de outra parte, que já há algum tempo
vêm sendo consolidadas experiências de estabelecimento de cotas raciais para ingresso
em universidades...”
“É de se pontuar, de início, que, ao contrário do que, de regra, se afirma, a matéria em
foco já não é tão nova e vem sendo objeto de debates há muitos anos.”
(Processo n.° 8350-10.00/12-0, Parecer n.° 15.703/12)
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2.1.2.2. Sequenciação por conexão
- O texto funciona por meio da interligação entre os enunciados, que gera sua
compreensão. Essa interdependência é expressa por meio de conectivos – conjunções,
preposições e outros itens gramaticais – que são responsáveis pela articulação de
elementos linguísticos (palavras, frases, orações, períodos), podendo carregar ou não
significado para as relações que fazem. As conjunções, assim como as preposições, não
desempenham função sintática, o que ressalta seu papel de elementos conectores.
Veja como os conectivos estão presentes nos diferentes gêneros textuais do nosso
cotidiano:
Dados também de 2000 e 2001 sobre educação, produzidos pelo IPEA, sistematizados por
Ricardo Henriques e apresentados por José Jorge de Carvalho16:
- 57% dos adultos brancos não completaram o ensino fundamental, enquanto 75,3% dos
adultos negros não completaram o mesmo período de ensino.
- 63% dos jovens brancos de 18 a 23 anos não completaram o ensino médio, enquanto 84%
dos jovens negros não completaram o ensino médio.
- 12,9% dos brancos completaram o ensino médio, enquanto apenas 3,3% dos negros
completaram o ensino médio.
(...)
As desigualdades educacionais, por sua vez, se refletem no mercado de trabalho. Com baixa
escolaridade e precisando trabalhar mais cedo, restam cargos de menor qualificação em
proporção maior aos negros.
Podemos notar como as conjunções funcionam bem como elemento de ligação entre as
informações apontadas. A conjunção temporal “enquanto” ocupa função contrastiva no
texto, fazendo uma comparação acerca dos dados. Temos também conjunções aditivas
(além das... ainda...), causais (tendo em vista que) e alternativa (ou... ou...), assim como
nos exemplos abaixo:
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(Tirinha do Calvin e Haroldo retirada do site http://deposito-de-tirinhas.tumblr.com)
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(reportagem de O Globo Online, publicada em 26/07/2008)
Veja como o uso inadequado de algum desses elementos coesivos pode acarretar
problemas na transmissão de uma mensagem, como nessa publicação do jornal Folha de
São Paulo:
ERRAMOS.
Trecho da carta “Ética na imprensa” publicada no Painel do Leitor em 1/1, teve seu
sentido alterado. Em vez de “Mesmo que tivesse sido sedução por parte de uma garota
de 10 anos – idade dela na época -, teria sido estupro”, leia-se “mesmo que tivesse sido
sedução em uma garota de 10 anos (idade dela na época), teria sido estupro”.
2.2 COERÊNCIA
Para haver uma boa coerência em um texto existem alguns fatores importantes a serem
seguidos:
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Continuidade: para que um texto seja coerente, é preciso que ele contenha, no seu
desenvolvimento linear, elementos de recorrência. Uma sequência que trate a cada
passo de um assunto diferente certamente não será aceita como texto.
Exemplo de um texto sem continuidade:
“Fomos ao show, por isso o carro não pegou. Ela então brigou com o namorado, logo,
a comida esquentou.”
No exemplo, apesar do texto fazer uso de elementos coesivos, como conjunções, não
existe uma continuidade linear lógica entre os fatos apresentados.
Veja que o texto segue bem estruturado, no entanto não existe o desenvolvimento da
ideia principal, pois não há inclusão de novas informações. Dessa forma, não temos
progressão, o que dá a impressão de que o texto não sai do lugar.
Veja que nesse caso temos uma incoerência no anúncio. Será que eles trabalham
enquanto descansam?
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Articulação: é preciso que os fatos expostos, no mundo representado pelo texto, estejam
articulados entre si. Nesse caso, são dois aspectos a serem verificados: a presença e a
pertinência dessas articulações entre os fatos e conceitos apresentados. O texto pode
apresentar elementos relacionáveis sem que eles estabeleçam ligações entre eles, ou
pode estabelecer relações não pertinentes entre os fatos apresentados.
Exemplo: Na defesa de uma tese, uma pessoa pode pensar em utilizar como argumentos
insultos, ironias ou sarcasmos relacionados ao assunto discutido, no entanto esse tipo de
escolha não é pertinente ao tipo de argumentação requerida.
Outros fatores de coerência que devem ser levados em conta na construção de um texto
são:
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- intertextualidade (uso de conteúdos referidos direta ou indiretamente de outros textos)
Ex.:
3. O TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
Dissertação
Dissertar é debater. Para discutirmos questões dos variados assuntos que a sociedade
nos apresenta precisamos da dissertação. É com ela que desenvolvemos nossas opiniões,
principalmente quando queremos nos fazer ouvir. Se quisermos que nossas reflexões
sejam levadas em conta por nossos ouvintes ou leitores, temos que saber utilizar nossa
capacidade dissertativa a nosso favor, aprimorando-a e exercitando-a sempre que
possível.
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Dissertar e argumentar são manifestações prazerosas da nossa racionalidade e, portanto,
são atitudes tão naturais para nós seres humanos.
A dissertação em forma de texto costuma ter um papel mais objetivo nas nossas vidas.
Geralmente surge como uma prova para testar nossas habilidades de redação, como em
vestibulares, concursos e testes em geral. Por essa razão, começamos a exercitar essa
habilidade desde o ensino escolar, e seguimos trabalhando com ela ao longo de nossas
experiências acadêmicas e profissionais.
Veja algumas redações de alunos que servem de exemplos de dissertação e que mostram
as qualidades da habilidade discursiva, como organização de ideias, precisão
argumentativa e reflexão questionadora.
Devido à sua natureza social, o ser humano, durante toda a sua história, dependeu dos
relacionamentos para conviver em comunidade e assim transformar o mundo. Hoje, as
redes sociais na internet adquirem extrema importância, visto que são os principais
meios através dos quais as pessoas se relacionam diariamente. Além de universalizar o
acesso a elas, devemos também conhecer esse novo ambiente em que agimos.
As inovações tecnológicas, em sua maioria, buscam criar soluções que facilitem cada
vez mais as nossas tarefas do cotidiano. Uma dessas tarefas, imposta pela sociedade, é a
de mantermo-nos presentes e participativos em nossos círculos de relacionamentos,
principalmente no dos amigos. Tarefa árdua em meio ao agito e falta de tempo do nosso
estilo de vida contemporâneo, tornou-se muito mais simples com o advento das redes
sociais digitais, como o "Facebook" e "Orkut", por exemplo.
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O sucesso dessas inovações é notado pela adesão maciça e pelo aumento considerável
no número de acessos.
A velocidade com a qual as redes virtuais foram inseridas em nossa sociedade ainda não
permitiu que as pessoas assimilassem e reconhecessem os limites que separam o
Estar em todos os lugares sem sair de casa, acesso rápido às informações e contato com
as pessoas em frações de segundo: são algumas das maravilhas do mundo moderno.
Porém é preciso cuidado ao lidar com tamanha facilidade de interação. Falta de
privacidade, demasiada exposição individual e até mesmo a perda de personalidade, são
fatores que andam na contramão da progressiva internet.
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Fazer parte de uma rede social hoje é, além de ferramenta de comunicação,
possibilidade de usar a web à seu favor, personalizando-a e adequando-a as suas
necessidades e preferências. Não raro acontecem exageros na hora de expor detalhes
sobre a vida, o que representa sério risco, visto que a internet é um meio público, de
fácil acesso e manipulação de dados. Sem autorização, é frequente o número de meninas
que se vê em fotos de sites pornográficos.
Para os jovens, a maior dificuldade parece ser discernir o real do literário. Ainda em
formação moral, muitos deles assimilam as piadas e idéias alheias como suas, sem
prévia crítica. Acontecem assim, sem que haja controle, disseminações de brincadeiras
de mau gosto, de padrões comportamentais prejudiciais, muitas vezes, à vida e
sociedade e à construção de sua personalidade.
Diante das inúmeras discussões comportamentais que a nova era digital propicia, é
preciso repensar e nortear as ações individuais para que se mantenha agradável e
saudável a vivência coletiva. Órgãos públicos, agentes de educação e família devem
trabalhar na disseminação de informações sobre a vida online.
Nesse sentido, será possível percebê-la como qualquer outro ambiente social, que
implica respeito e reconhecimento de limites pessoais.
Redações retiradas do site da Zero Hora. Reportagem: “Redações nota mil servem de
exemplo”.
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Argumentação
Uma dissertação deve ser construída a partir de um projeto de dissertação, ou seja, uma
estrutura previamente projetada para que dê certo, apresentando lógica e unidade
temática. Dentro desse projeto é obrigatório existir dois elementos: tese e
argumentação. O emissor deve pensar com antecedência na tese, nos argumentos e nas
possíveis objeções que um ponto de vista pode suscitar, pois, assim, seu envolvimento
com o tema será mais aprofundado e, consequentemente, seu posicionamento estará
mais amadurecido, evitando contradição e evasão (fuga do tema).
O texto dissertativo pode conter também antítese, argumentos contrários e refutação.
Isso vai depender do tipo de assunto abordado e de quanta informação possui o leitor.
Se o texto fala de um tema polêmico e há possibilidade do público leitor ser bem
informado a respeito, podendo se posicionar no sentido contrário à tese, então é possível
utilizar os fatores mencionados.
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Vejamos um esquema argumentativo contendo esses itens de acordo com o exemplo
apresentado:
PROBLEMA OU QUESTÃO
A pílula do dia seguinte é um
método abortivo?
EMISSOR
persuasão
ARGUMENTAÇÃO: A pílula do dia seguinte não é um
método abortivo, pois a vida começa após a formação
do sistema nervoso, e não no dia seguinte à relação
sexual.
Receptor
Tese
Uma boa dica para saber se uma ideia pode ser considerada tese é completar a expressão
“Pretendo mostrar que...” com ela. Se não fizer sentido, não é tese, mas apenas um
tema.
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Exemplo:
Tema: Globalização
Questão: Qual a relação existente entre a globalização e o desemprego?
Tese imaginada: A globalização contribui para o aumento do desemprego.
Teste para a tese: Pretendo mostrar que a globalização contribui para o aumento do
desemprego, alegando que (...)
Veja que, no caso, em princípio, não há argumentos novos ou bastantes para demonstrar
esta “tese”, porque ela é óbvia, ou mesmo difícil de ser negada.
Argumentos
- São elementos de persuasão que pretender levar o receptor a aderir à ideia proposta.
- Os argumentos, por serem justificativas da tese, são ligados a ela pela pergunta “por
quê?”
Exemplo:
Tese: (pretendo mostrar que...) A educação de qualidade é condição primeira da
cidadania.
Argumento: (por quê?) pois é o conhecimento que possibilita o acesso democrático ao
mercado de trabalho.
Antítese e refutação
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- Depois de inseridos a antítese e o argumento contrário, o emissor deve apresentar a
refutação, ou seja, a frase que elimina a dúvida introduzida pela antítese.
- Caso o emissor use a antítese, é obrigatório que exista a refutação, ou o texto ficará
contraditório e incoerente.
- Ao apresentar a refutação, o emissor tenta tornar a antítese insustentável, evidenciando
como os argumentos são ilógicos, frágeis, superados, etc. Destruindo as dúvidas (ideias
contrárias), ele confirma e reforça sua tese.
Tese (direção do
(pretendo mostrar pensamento) O sorvete é um bom alimento.
que...)
Argumento
porque é refrescante e nutritivo.
(por quê?)
Porém, segundo alguns nutricionistas, seu
Antítese
consumo não é recomendado.
Argumento
pois é um alimento que engorda.
contrário
Todavia, existem as versões light e diet,
Refutação
também saborosas e pouco calóricas.
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3.2. QUALIDADES DO TEXTO DISSERTATIVO
Unidade Temática
Essa estratégia diz respeito ao aspecto temático do texto, no qual todo texto deve
apresentar uma ideia predominante. Esta deve ser fixada antes da produção e
desenvolvida ao longo do texto. Se um texto aborda muitas ideias ao mesmo tempo, por
mais simples ou complexo que ele seja, corre o risco de ficar confuso, desordenado,
além de fugir do tema.
Concretude
Para um texto ser considerado relevante e persuasivo, ele deve ser capaz de produzir
uma clara definição com os conceitos com as quais trabalha. A isso damos o nome de
concretude. Ela acontece por meio do uso de exemplos, ilustrações, analogias,
comparações, especificidades, diferenças e tudo mais que auxilie na construção de um
conceito. A partir de um bom conceito e suas definições, encaminha-se seu raciocínio e
sua argumentação. A falta de concretude se dá pelo uso de lugares-
comuns, expressões vagas e genéricas, noções confusas, etc.
“Eu
Um jovem de dezessete anos, incerto de seu futuro. Alguém que sempre busca o melhor
para todos, mas às vezes tropeça e faz o pior de tudo. Uma pessoa que se emociona e
para chorar na distância de outro alguém.
Às vezes inconstante, incerto, indeciso. Idealista, acredita que todas as histórias podem
ter um final feliz; desilude-se a cada derrota, seja de quem for, mas irradia-se de
felicidade com uma pequena vitória. Teimoso, toma por certo o que muitos lhe dizem
ser absolutamente errado, traça os mais absurdos caminhos. Muitas vezes egoísta,
individualista: abandona suas convicções para não perder algo que conquistou
materialmente.”
Veja como esse texto é confuso e pouco concreto. O autor tenta montar um conceito de
si mesmo, mas se perde em meio às expressões vagas e confusas que utiliza. Ao final,
não é possível alcançar tal definição, o que faz o texto perder seu propósito.
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Filha única de pais separados, tive muito pouco contato com meu pai, viajava
esporadicamente para visitá-lo, e minha mãe, preocupada em dar tudo que podia para
sua filha, vivia mais no trabalho do que em casa. Resultado: cresci acompanhada pela
televisão. Meus gostos foram influenciados pelos filmes e os personagens que eu
gostaria de ser na vida real, até o modo de falar eu procurava trabalhar, para ficar
cada vez mais refinado. As roupas, então, eu não tinha muita opção. A falta de recursos
impossibilitava a imitação, mas determinou meu estilo.”
Aqui, podemos ver um texto cujo conceito proposto está sendo construído de forma
adequada, com novos elementos a cada nova oração, interligados entre si. Mesmo sendo
apenas um trecho, podemos ter uma ideia bastante clara do conceito que o autor deseja
definir e temos uma boa compreensão a respeito deste. Este texto também pode ser
considerado uma produção com unidade temática e objetividade.
Objetividade
Veja que nesse exemplo o texto não é claro quanto ao seu tema ou sua proposta. Há
muitas quebras desnecessárias no discurso e muitas palavras que designam conjuntos
muito amplos e gerais de conceito (“acontecimentos”, “pessoas”, “tudo”), o que torna o
trecho pouco específico e de difícil compreensão por parte do leitor.
Questionamento
O texto necessita apresentar uma questão que de certa forma afete, incomode ou agrade
o leitor a ponto dele ser envolvido. A partir dessa questão, procure meios de solucioná-
la, equacioná-la ou denunciá-la, levando o leitor consigo nessa caminhada. O texto deve
apresentar como tema um problema a ser resolvido, que carrega um questionamento, e
este, por sua vez, deve afetar o leitor de modo a envolvê-lo com o texto.
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Exemplo de texto com questionamento:
“Uma tarefa a cumprir sempre faz com que busquemos uma série de alternativas para
concluí-la. Acredito que, quanto mais desafiador é o trabalho, maior é o número de
hipóteses levantadas para sua realização ou maior o tempo durante o qual nos
ocupamos em devaneios à procura da solução mais criativa ou da ideia mais segura.
Em resumo, apresentar-se não tarefa das mais simples, considerando-se, além do
constrangimento evidente, o fato de que esta mão esquerda habituada aos exercícios de
caligrafia, sente-se muito desconfortável no exercício de juntar estes signos para falar
da pessoa a que pertence.”
No exemplo, o problema apresentado pelo autor carrega uma questão com a qual o
leitor muito provavelmente se identificará, pois todo mundo, em algum momento da
vida, precisa se identificar e falar de si mesmo. Nesse caso, a empatia com o texto pode
se dar por aspectos da situação que são familiares a todos. Além disso, o autor leva o
leitor a fazer os mesmos questionamentos a respeito de tal situação, envolvendo-o ao
longo do texto a partir da reflexão proposta.
4. ARGUMENTAÇÃO
Como já dito, a argumentação é uma manifestação natural do ser humano, pois por meio
dela nos sentimos ativos e relevantes em nosso meio de convivência. A argumentação
empregada na dissertação pode ser de dois tipos: demonstrativa ou retórica.
Argumentação demonstrativa
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Argumentação retórica
Observe como o argumento técnico pode ser comprovado por ser verdade, ao passo que
os dois últimos são totalmente subjetivos, por exprimirem uma opinião valorativa,
sujeita a crenças pessoais, religião etc. Ainda assim, todos os componentes do
raciocínio, tanto lógicos quanto sentimentais, são questionáveis: as crianças sem cérebro
realmente sobrevivem ou apenas “existem”? Sem atividade cerebral existe vida? O que
significa a expressão “sagrado”? Dependerá da habilidade argumentativa do emissor
convencer os leitores a aceitar sua posição, pois, nesse caso, existem posicionamentos
contrários, ou seja, antíteses.
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Podemos observar como a razão e a emoção se fundem nas duas argumentações.
Um exemplo de uso da argumentação retórica seria um caso no qual um advogado
defende a tese de que é justo que uma pessoa roube um pacote de pão para alimentar o
filho faminto. Nesse caso, ele não está empregando a lógica ou a razão em sua
argumentação (pois, segundo a lei, o ladrão cometeu um crime), porém, o argumento
suscita a piedade e pode até ser aceito pelo juiz e pela sociedade por parecer benigno e
razoável. Assim, o defensor estará se valendo apenas de argumentos retóricos, de
misericórdia, com muita força emocional, para sustentar sua tese, o que não significa
que não obterá êxito com a mesma.
Note como as propagandas apelam para o lado sedutor do produto, que aponta
principalmente para aspectos que atinjam a imagem e a auto-estima do consumidor.
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Observe agora dois esquemas que ajudam no entendimento a respeito do uso da
argumentação retórica e demonstrativa:
ARGUMENTAÇÃO
DEMONSTRATIVA RETÓRICA
Argumentos técnicos Argumentos técnicos e não
Baseada em argumentos lógicos. técnicos
Recorre a raciocínios exatos, Baseada e, argumentos lógicos e
regras explicativas e dados não lógicos: subjetivos, emotivos,
científicos. Utiliza Fatos, dados valorativos. Recorre a arte,
e verdades. Atinge a razão do imagens, elogios etc.
receptor. Utiliza opiniões, valores e crenças.
Atinge a razão e a emoção do
receptor.
ARGUMENTAÇÃO
ARGUMENTAÇÃO RETÓRICA
DEMONSTRATIVA
Textos acadêmicos Textos publicitários e de
Textos científicos marketing
Textos jornalísticos (notícias) Textos político-eleitorais e
Textos técnicos jurídicos
Textos religiosos e de intenção
moral
Textos de opinião (editoriais)
Argumentos
A ordem em que as provas são apresentadas é muito importante, de modo que são
apresentadas, na maioria das vezes, em ordem crescente, ou seja, da menos convincente
àquela que seja capaz de mais impressionar o leitor. Além disso, é importante que o
autor dê ênfase nos pontos principais, e antecipe possíveis repostas para objeções do
leitor.
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A argumentação baseia-se em dois elementos principais:
- a consistência do raciocínio
- a evidência de provas
Evidência
Veja exemplos de dados estatísticos e fatos nessa argumentação jurídica a favor das
cotas raciais:
Tais dados são suficientes para demonstrar que a pobreza no Brasil está concentrada na população
negra e a riqueza na população branca. Mais do que isso, os estudos esta pobreza acompanha
crianças até a fase adulta, do seguinte modo:
- Na faixa do nascimento até os 6 anos, 51% das crianças são pobres, das quais 38% são brancas e
65% são negras.
- Entre 7 e 14 anos, o percentual de pobres entre os brancos é de 33%; entre os negros, 61%.
- Entre 15 e 24 anos, a proporção é de 22% entre os brancos e 47% entre os negros.
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No campo educacional, os efeitos da pobreza acentuada na infância refletem em outros aspectos
da condição social da população, principalmente em relação à educação. Vejamos as taxas de
analfabetismo e média de anos de estudo colhidas pelo IBGE, referentes a 2006:
- 6,5% dos brancos com mais de 15 anos são analfabetos, enquanto que o são 14,1% dos pretos e
14,7% dos pardos.
- 16,4% dos brancos com mais de 15 anos são analfabetos funcionais, enquanto que o são 27,5%
dos pretos e 28,6% dos pardos.
- Média de anos de estudo para brancos de 15 anos ou mais é de 8,1 anos, enquanto para pretos é
de 6,4 e para pardos 6,2 anos.
c) Mercado de trabalho:
As desigualdades educacionais, por sua vez, se refletem no mercado de trabalho. Com baixa
escolaridade e precisando trabalhar mais cedo, restam cargos de menor qualificação em proporção
maior aos negros.
- Rendimento médio real habitualmente recebido no trabalho principal: pretos e pardos R$ 660,45;
brancos R$ 1.292,19. Diferença de 51,1%.
- Rendimento/hora habitualmente recebido no trabalho principal: pretos e pardos 4,15; brancos
8,16.
- Rendimento domiciliar per capita: brancos 950,46; pretos e pardos 417,23.
- Diferença de rendimento médio real habitualmente recebido no trabalho principal para a
população ocupada masculina, com 18 a 49 anos de idade e 11 anos ou mais de estudo: na
indústria, 96,6%; na construção, 105,6%; no comércio, 85,6%; educação saúde e administração
pública, 45,7%. Sempre em favor dos brancos.
- Rendimento médio real habitualmente recebido no trabalho principal segundo a cor ou raça e
anos de estudo:
1 a 3 anos: pretos e pardos 431,01; brancos 514,23.
4 a 7 anos: 499,02 pretos e pardos; brancos 617,05.
8 a 10 anos: 556,63 pretos e pardos; brancos 691,62.
11 ou mais anos: 899,64 pretos e pardos; brancos 1728,38.
Em estudo para o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) com dados até 1999,
SERGEI SOARES atribui três etapas para processo que determina diferenciação salarial entre
brancos e negros (homens e mulheres): formação, inserção e definição salarial19. Conclui que a
maior diferença entre salários finais em condições iguais - que podem indicar de forma mais clara
discriminação direta - está entre homens brancos e mulheres brancas. Sobre a relação salarial entre
homens brancos e negros, diz: "Já os homens negros também sofrem alguma discriminação na
hora do contra-cheque - recebem algo em torno de 5% a 20% menos que os homens brancos,
sendo que esse diferencial cresce com a renda do homem negro. Os homens negros perdem algo
em torno de 10% por trabalharem em setores ou terem vínculo com o mercado de trabalho
inferiores aos dos homens brancos. O restante do preço da cor é pagamento pela discriminação
sofrida durante os anos formativos - é na escola, e não no mercado de trabalho, que o futuro de
muitos negros é selado"20.
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Vejamos as principais conclusões, com base nas 500 maiores empresas do país:
- Cargos de chefia são 94% ocupados por brancos e apenas 3,5% ocupados por negros.
- Cargos de supervisão são 80,1% ocupados por brancos e 17,4% ocupados por negros.
- Quadro funcional: mesmo aqui, os negros são apenas 25,1%; os brancos, 73%.
Podemos notar que a utilização desses dados se constituem de grande relevância para a
argumentação do emissor, pois tais fatos comprovam a situação difícil na qual pessoas
negras vivem, e tal comprovação (de fatos) sempre se constituirá como boa sustentação
para qualquer tese.
Premissas
Uma premissa é uma proposição que ajuda a se chegar a uma conclusão, ou seja, é um
princípio no qual se baseia a conclusão de um raciocínio ou de um estudo. Sendo assim,
podemos concluir que as premissas geram conclusões lógicas e são de extrema
importância para a tomada de decisões e atitudes, inclusive quando se trata da escrita.
Quando discorremos numa dissertação acerca de um raciocínio ou estudo, chegamos às
nossas conclusões a partir das inúmeras ideias e fatos iniciais que nos levaram a discutir
determinados assuntos. Essas ideias e fatos nada mais são do que premissas.
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Falácias
5. SÍNTESE DE TEXTO
5.1. RESUMO
Conceito:
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Funções:
Podemos dividir os objetivos de um resumo em:
Objetivos gerais:
• ajudar o leitor a decidir se lhe convém ou não ler o documento;
• oferecer o máximo de informação sobre o documento, dispensando a sua leitura;
• realizar buscas por computador.
Objetivos específicos:
• indicar a natureza da informação contida no documento original;
• sugerir a conveniência de se obter o documento para um estudo intensivo;
• proporcionar ao leitor um meio rápido de manter-se informado em sua área de
interesse;
• guiar o leitor para uma leitura mais inteligente do trabalho original, destacando seus
aspectos mais significativos.
Síntese ou Concisão
O conteúdo do resumo deve ser expresso por meio de frases completas, logicamente
ordenadas e relacionadas, procurando sempre ter um máximo de uniformidade e
concisão, sem perda de matéria útil. Além disso, ele também deve ser capaz de
aproveitar totalmente o espaço requerido, se caracterizando como uma composição
compacta.
Seletividade
A seletividade se refere à capacidade do resumo de oferecer ao leitor os aspectos e as
ideias principais do texto original, ou seja, deve ser um texto no qual o documento
original está representado em sua essência. Para isso, deve evitar o uso excessivo de
palavras, as explicações detalhadas e a repetição de resultados conhecidos, devendo-se
reter apenas resultados novos e mais importantes, além das informações mais
relevantes.
Clareza
A clareza é o que proporciona ao texto a facilidade de interpretação e a rapidez na
apreensão de seu conteúdo. Sendo assim, é necessário evitar pontos obscuros,
contradições ou vocabulário não condizente com o público a que se destina.
5.1.1. PROCEDIMENTOS
Análise
• Ler rapidamente o documento original
• Sublinhar as unidades de significação
• Ler profundamente as referidas partes
• Não extrair frases textuais
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Síntese
• Reorganizar as proposições conceitualmente significativas
• Situar a proposição tópica na posição principal
• Reajustar a coerência e a estrutura textual
• Reler o resumo, filtrando a informação em caso de ruído
5.1.2. APRESENTAÇÃO
• O resumo deverá ser composto por parágrafos que contenham frases curtas, mas
coerentes
• Sua extensão será variável e dependerá do documento a ser resumido e do tipo de
resumo almejado
5.1.3. ESTILO
• Precisão
• Omissão de expressões vagas e ambíguas
• Emprego de conectores entre orações
• Supressão de toda e qualquer redundância
5.2 EMENTA
Conceito
Função
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Estrutura
Cabeçalho:
MANDADO DE SEGURANÇA. ODONTÓLOGOS. FUNDAÇÃO
NACIONAL DE SAÚDE. EQUIPARAÇÃO AOS MÉDICOS DE SAÚDE PÚBLICA.
IMPOSSIBILIDADE
Dispositivo:
Os odontólogos da FNS, conquanto exerçam atividades ligadas à
área da saúde pública, não podem ser equiparados aos médicos da
saúde pública, para efeito de aplicação do § 3º da Lei n. 8.216
- Cabeçalho:
O cabeçalho consiste na parte superior e introdutória da ementa. É composto de um
conjunto de palavras-chave que representam o tema geral do acórdão. O cabeçalho tem
por função servir de guia de consulta para o leitor/pesquisador e, para que obtenha êxito
nesse quesito, deve ser elaborado com especial atenção nos seguintes aspectos:
Controle de vocabulário
Por vezes, ocorrem erros nos cabeçalhos de ementas relacionados ao vocabulário. Isso
ocorre pela existência de verbetes muito semelhantes ou um mesmo Instituto Jurídico
(ou certa ideia veiculada no âmbito do acórdão) que pode ser verbetada de diferentes
formas. Veja os exemplos abaixo:
É preciso que o ementarista faça uma boa pesquisa acerca da temática principal do
acórdão e da estrutura utilizada por este, a fim de produzir uma ementa que tenha plena
relação com seu documento de origem e, assim, não cause confusão quando consultada.
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- suplente da CIPA, membro da CIPA – reintegração / estabilidade provisória – CIPA –
suplente.
Muitas vezes, verbetes genéricos, designativos de áreas do Direito, são utilizados como
ponto de entrada do cabeçalho. Esse tipo de erro gera problemas relacionados
principalmente com a precisão de busca. Veja o exemplo:
- Dispositivo:
O dispositivo é a parte da ementa na qual se encontra, de modo sintético, lógico e claro,
a tese jurídica que respalda o Entedimento argumentado que proporcionou o nexo entre
um Fato e um Intituto Jurídico. Estruturalmente, ele é apresentado logo depois do
cabeçalho, mas possui importância muito maior que este, pois é nele que se encontra o
resumo do documento original. Sendo assim, pode-se dizer que o dispositivo em si
constitui-se como a ementa.
A estrutura mais adequada para um dispositivo seria a de um enunciado único que
contivesse:
- a questão jurídica (o que ocorreu / o que se discute)
- o posicionamento do judiciário (decisão)
- as razões que levaram a tal posicionamento.
- Tipo temático:
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Ementa de direito processual: a questão discutida é de natureza processual, ligada a
requisitos, trâmites e formalidades exigíveis de um processo.
Ex.:
AÇÃO RESCISÓRIA – SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA – VIOLAÇÃO LEGAL
CARACTERIZADA
O órgão Colegiado de Segunda Instância não pode, ao reconhecer o vínculo
empregatício entre as partes, julgar procedente a reclamatória sem que o juízo de
primeiro grau tenha examinado os itens que compunham o pedido do reclamante.
Caracterização de supressão de instância, legitimando a procedência da ação
rescisória.
- Volume temático:
Ementa composta: é aquela que contém dois ou mais dispositivos, sendo necessário um
parágrafo distinto para cada um.
Ex.:
As entidades sindicais, com o advento da atual Constituição Federal, podem promover
em seu próprio nome a defesa dos interesses coletivos ou individuais da categoria.
O adicional de insalubridade deve ser calculado com base no piso nacional de salários.
Inviável que o adicional em causa, dada sua natureza tipicamente salarial, incida sobre
o salário mínimo de referência, inferior àquele que representa o mínimo a ser
empregado.
- Esfera de abrangência
Ementas genéricas: são aquelas de estrutura meramente normativa, que têm por
característica serem impessoais, estabelecendo uma regra de conduta geral.
Ex.:
CAMBISTA DE JOGO DO BICHO
É empregado e não autônomo o cambista de jogo do bicho subordinado e assalariado
em atividade tolerada pelo Poder Público. Não se assemelha ao vendedor de bilhetes
de loteria, ao agenciador autônomo de seguros e ao franqueado que, por conta própria,
exercem atividade assumindo o risco do empreendimento.
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No exemplo, a ementa aponta um posicionamento genérico da instância julgadora no
sentido de que todo cambista de jogo de bicho pode ser considerado empregado. Desse
modo, essa ementa pode ser utilizada como elemento de argumentação em outras peças
processuais.
A ementa, para se constituir como resumo completo de um acórdão, deve possuir alguns
requisitos básicos, porém essenciais.
- Clareza
Nesse quesito, o dispositivo da ementa deve possuir um único sentido que permita seu
perfeito e inteiro entendimento, para que assim obscuridades e ambiguidades que
possam gerar interpretações díspares sejam evitadas. Veja um exemplo de um
dispositivo sem clareza:
O exemplo não deixa claro a quais das situações apresentadas a palavra “ambos” está se
referindo.
- Objetividade
Esse quesito é sempre primordial em qualquer tipo de produção de texto. Para a ementa,
é de extrema importância que o texto seja objetivo, principalmente no quesito de
manter-se fiel ao conteúdo temático preponderante no acórdão. Sendo assim, é
necessário que a ementa se atenha a um método que reflita esse conteúdo de forma
integral. Veja um exemplo de ementa sem objetividade:
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EMBRIAGUEZ – JUSTA CAUSA
O alcoolismo constitui freqüentemente uma doença e atinge indivíduos tanto da classe
operária quanto da classe patronal. É tempo de o legislador tratar com maior cuidado
científico essa matéria, a fim de inclusive evitar excessiva severidade de certos
empregadores que, aliás, com seus próprios costumes de consumo alcoólico são quase
sempre muito benevolentes.
- Concisão
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Além disso, a ementa também deve conter concisão no que diz respeito às referências,
não sendo condizente o uso de referências a passagens muito específicas dos autos.
- Afirmação
Aqui temos um exemplo de dupla negação. Seria mais adequado, partindo do que seria
uma melhor estrutura para uma ementa, uma construção afirmativa, como essa:
- Proposição
A ação principal fica mais clara quando desmembrada na proposição. Note que o uso do
adjetivo não destaca a ação que está presente no mesmo.
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- Precisão
No âmbito da precisão, o foco está nas diferentes expressões que podem e não podem
ser usadas na ementa.
Devem ser utilizadas:
- expressões consagradas pela técnica jurídica, preferencialmente as de uso dominante e
generalizado seja territorialmente ou doutrinariamente.
- vocábulos que contenham a exata acepção em que constam nos dicionários, sejam eles
filológicos ou técnicos.
Exemplo:
A irregularidade na contratação do obreiro não possui o condão de eliminar as
garantias mínimas asseguradas ao mesmo pela legislação laboral, inclusive CF/88. O
Poder Público deve arcar com o ônus da contratação irregular, servindo-se
posteriormente da Ação Regressiva contra o responsável pelo ato inquinado de
nulidade, nos termos dos parágrafos segundo e sexto do art. 37 da Lei Maior.
A ementa, por ser um documento técnico, deve ser composta por vocábulos técnicos,
pois assim assegura a precisão da linguagem jurídica, uma das principais características
do Direito.
- Correção
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- Independência (inteligibilidade fora do texto original)
Note que esse dispositivo só faria sentido a partir da leitura de seu cabeçalho:
TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO.
- Coerência
É essencial que o dispositivo da ementa possua lógica, nexo, coesão e harmonia entre as
partes, de modo a evitar contradições e incongruências. Além disso, deve-se ter especial
atenção para o uso de preposições, pois estas quando indevidamente utilizadas, podem
induzir a entendimento contrário do pretendido.
Veja um exemplo que mostra essa contrariedade:
A preposição para passa uma ideia de finalidade. Nesse caso, o sentido veiculado pelo
dispositivo é o de que alguém estacionou um veículo com a finalidade de, em seguida,
passar sobre a vítima. Esse tipo de atitude caracterizaria dolo e não culpa, como afirma
a ementa – pois se essa era a finalidade, claramente havia intenção de fazê-lo. Desse
modo, seria adequado utilizar a preposição e, que tem função aditiva e passa o sentido
de continuidade.
- Análise Prévia
Para a produção da ementa, é necessária uma análise prévia a partir do acórdão, na qual
sejam selecionados os aspectos mais importantes deste, visando sua completa
condensação. A partir
dessa análise, a ementa deve ser produzida como um novo documento, dotado de início,
meio e fim, e não como uma mera transcrição de trechos de voto. Esta última costuma
ser um procedimento adotado na área, pela praticidade. No entanto, salvo raras exceções
na qual o relator consegue produzir um parágrafo síntese ao final do voto, esse tipo de
prática geralmente não contém os fatores necessários para a produção de uma ementa
completa. Nesses casos, a prática da análise documentária do texto é indicada.
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- Seletividade
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PROJETO PGE-RS EAD
PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Governador do Estado
Tarso Genro
Procurador-Geral do Estado
Dr. Carlos Henrique Kaipper
Realização
Procuradoria de Informação, Documentação e Aperfeiçoamento Profissional - PIDAP
Coordenação
Dr. Juliano Heinen
Organização
Jessica Aguirre da Silva
Elaboração do Manual
Jessica Aguirre da Silva
Vanessa Gasperin Carini
Revisão textual
Jessica Aguirre da Silva
Arte gráfica
Vanessa Gasperin Carini
Plataforma
Equipe/EAD/PGE
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