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Resumo
Os problemas oriundos da corrosão de armaduras nas estruturas de concreto armado afetam diretamente
sua segurança, capacidade de serviço e vida útil, sendo um dos mais comuns e frequentes relacionados à
durabilidade, fato este que exige acompanhamento periódico do quadro, que pode ser feito através de
técnicas de avaliação e monitoramento para identificar a ocorrência e até avaliar a gravidade da patologia.
Este trabalho tem como objetivo analisar o desempenho do método do potencial de corrosão de meia célula
para detectar corrosão em armaduras, levando em conta nessa avaliação todas as limitações impostas pela
influência de fatores ligados às características físico-químicas do concreto e do ambiente onde está situada
a estrutura inspecionada. Foram inspecionados dois pilares da Torre de Salvamento do Corpo de
Bombeiros Militar de Pernambuco, uma estrutura em concreto armado com idade de cerca de 40 anos. Na
realização do ensaio empregou-se o sistema Canin+, que utiliza como eletrodo de referência uma meia
célula de Cu/CuSO4, onde o mesmo é conectado por meio de um voltímetro de alta impedância a uma barra
de aço da estrutura, sendo o eletrodo movimentado sobre uma grade pré-definida na superfície dos pilares
investigados. Como resultado, verificou-se que o pilar P2 apresentou valores mais eletronegativos que P1,
uma explicação para esse cenário pode ser indicada pela posição mais afastada de P1 em relação à
estrutura, estando conectada à torre por meio de uma viga. Os potenciais de corrosão nos dois elementos
investigados encontram-se majoritariamente na condição de concreto seco carbonatado, apresentando
contaminação por cloretos na base do pilar P2, segundo os critérios da RILEM TC 154-EMC.
Palavra-Chave: concreto armado; corrosão em armaduras; ensaio não destrutivo; inspeção predial; vida útil.
Figura 1: Efeitos do acesso de oxigênio ao concreto, que pode acarretar no processo de despassivação da
armadura e, consequentemente, no desencadeamento da corrosão.
Carbonatação é uma das principais reações químicas que podem afetar a vida útil
de uma estrutura em concreto armado, onde o gás carbônico (CO 2), presente na
atmosfera, e os elementos componentes do cimento hidratado (hidróxido de cálcio –
Ca(OH)2), na presença de umidade, reagem produzindo carbonato de cálcio (CaCO 3),
resultando na redução do pH do concreto, geralmente maior que 12,5, para valores em
torno de 8,5 (BAKKER, 1988, MEHTA e MONTEIRO, 2008). É um processo lento e que
ocorre da superfície para o interior da estrutura e sua evolução depende de três fatores:
permeabilidade do concreto, teor da umidade e de CO 2 no meio-ambiente.
Tabela 1: Intervalos do potencial de meia célula do aço em concreto medidas em relação a um eletrodo de
referência de Cu/CuSO4.
Concreto saturado de água sem O2 -0,9 ... -1,0 V
Concreto úmido contaminado com cloreto -0,4 ... -0,6 V
Concreto úmido isento de cloreto +0,1 ... -0,2 V
Concreto úmido carbonatado +0,1 ... -0,4 V
Concreto seco carbonatado +0,2 ... 0,0 V
Concreto seco não carbonatado +0,2 ... 0,0 V
(Fonte: RILEM TC 154-EMC, 2003).
ANAIS DO 58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2016 – 58CBC2016 6
Já a norma ASTM C-876/91 (Standard Test Method for Corrosion Potentials of
Uncoated Reinforcing Steel in Concrete) estabelece critérios para a avaliação das
probabilidades de ocorrência do processo de corrosão de armaduras (também conhecidos
como “critérios de Van Daveer”), vide tabela 2 abaixo:
Tabela 2: Probabilidade de ocorrência de corrosão da armadura em função dopotencial, definida pela norma
americana ASTM C-876/91
a) b)
c) d)
c) d)
a) b) c) d)
3 Resultados e Discussão
Ressalta-se também que nessa área a água o acúmulo de água se dá por maior
tempo e intensidade fazendo com que essa porção seja mais suscetível à ação da
umidade que as regiões mais próximas da laje de cobertura, geralmente mais seca,
justificando assim a maior eletronegatividade dos valores de potencial de corrosão na
base dos pilares.
4 Conclusões
Considerando os critérios adotados, no elemento P1 a classificação majoritária é a
de concreto carbonatado com umidade relativa elevada e ausência de cloretos. Já em
relação ao elemento P2, a maior parte dos valores se encontra na condição de concreto
seco carbonatado, enquanto que na base do pilar foi detectada contaminação por
cloretos. Os resultados também mostram a tendência dos potenciais de corrosão na base
dos pilares apresentarem maior eletronegatividade do que na região central dos mesmos,
o que pode ser explicado pela ocorrência de alguns fatores como a execução do
lançamento do concreto, a grande densidade de armadura na região ou a maior ação da
umidade na extremidade inferior do pilar.
5 Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118:2014, Projeto de
Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.
BOLINA, C. C. et al. Estudo de corrosão das armaduras frente ao ataque por cloretos
e carbonatação em estruturas de concreto armado no laboratório de materiais de
construção da Universidade Federal de Goiás. In: INTERCORR 2008, 2008, RECIFE-
PE. INTERCORR 2008. Rio de Janeiro: ABRACO, 2008.
BAKKER, R. F. M. Initiation period. In: Schiessl, P., ed. Corrosion of steel in concrete.
London: Chapman and Hall, 1988.
RIBEIRO, D. V.; SALES, A.; SOUZA, C. A. C.; ALMEIDA, F. C. R.; CUNHA, M. P. T.;
LOURENCO, M. Z.; HELENE, P. Corrosão em estruturas de concreto armado: Teoria,
controle e métodos de análise. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 2014.