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INICIAÇÃO
CIENTIFICA
Quarta serie •

da
BIBLIOTECA
PEDAGOG.ICA
BRASILEIRA
*
A 4.• serie - Iniciação
Cientifica, da B. P. B., com-
põe-se de volumes de divulga-
ção e Iniciação cientifica, apa- '•
nhados breves e completos das
cienclas, no seu estaco atual,
de sua historia e evolução, e
das grandes questões e des-
cobertas cientificas moder- • •
nas. Apresentar o que ha de
essencial; divulgar, sem se
tornar vulgar; ser breve sem
cair na obscuridade, tal é o •
objetivo dessa coleção, cujos
volumes escritos original- •
mente em português, ou tra-
duzidos, constituem, alem de
uma excelente fonte de infor-
mações, instrumentos de ini-
ciação nos diversos setores
do pensamento humano.
Vieira desculpava-se, com
um amigo, da extensão de
• •
sua carta, alegando que "não • •
tinha tido tempo para ser bre-
ve." Uma hora de s intese
supõe, como já se escreveu,
anos de analise. Obras de sín-
tese, escritas, sobre os mais
diversos ramos de conheci-
mentos, por mestres especia-
lizados, mas capazes por
suas qualidades, de se torna-
rem grandes divulgadores, são
destinadas a exercer real in-

fluencia na formação e, so-
bretudo, no desenvolvimento
da cultura nacional. Doze vo-
lumes já publicados; outros
tantos por publicar.

*
EDIÇÕES DA COMPANHIA

EDITORA NACIONAL )

SÃO PAULO
,.

3 •

INICIAÇÃO CIENTIFICA
.
4 .... SERIE •
da

BIBL IOTECA PEDAGOGICA BRASILE IRA


Sob, a direção de Fernando de Azwedo

*
VOLUMES PUBLICADOS>.
1 - ;pnoll' $ ,IGM. FREUD· : .
,
Ci:i;ico Liçõ es de P8ica<n·a li!ie -Tradução d os' D t1s. DunvA~ MARCONDES ~ BAiinosA
ConnEIA - 3.• edição. QICIONARIO
·2 - Dn. ÜTA VJI) Dot-1INGU,ES' : i:;uge:riia eJD.. cinc:o lições.
3 - MAX BEER : Karl Ma:tx : s u a vida .e sua obro - Tradução de MENOT-rI DEL
DE
PlocBIA (esgotad o).
4 - Dn. ALEXANDRE L1PSC1tõTZ": Porque moJ."remo11 -
ALvAao Osoruo DE ALME1D~.
T radução revista p elo Dn. ETNOLOGIA E SOCIOLOGIA
5 - Dn. ANDRÉ DnEYFUS : A Vida e o Universo e outro"' ensaios.
6 - ENG. MILTON DA Su.v.°" R ODBIGUES : Elel'.llentos d e Estatística Geral.
7 - Da. c. DE MELO-LEITÃO : A Vida Maravilhosa dos An imai&.
8 - PROF. AlWAND CUVILLIER: ABC d a Psicologia - Tradução e notas de J . B. n~­
MASCO PENNA.
9 - PnoF. FERNANDO DE AZEVEDO : Pri:ndpios d e Sociologia - Pequena in trodução
á. Ciencia Social - 3.a edição.
10 - H.&NBY GEORGE: P r ogresso e P obreza - Tradução de AMERICO WERNECK JR.
11 - PnoF. RODOLFO LAID{: A_ D emocr acia - Ensaio sociologico, j urídico e de filosofia
politíca - Tradução' de ALBINO 0A.MAltoo. 1 .
12 - P'10FS. OsBO~N e NEVMlilYE~: A C o munid a d e e a Sociedade - Uma introdução
á sociologie. - Trad. de J . DJC; S AMP.Aro FERRAZ.
13 ....... PnoF. ANGYON» CosTA: Arqueol ógia G~a~· - Civilizações da Ameriôa Pre-.Colom~
b~ana - Aptjgµid11.de Classíc,a - · Civ.ili:zaçõ~ Orientai$ - 1.i}dição ilust11ade,.
14 - Qll'S'I:AV~ BÊ~IillRE: Oiqc:P lições. 'de Econo.n iia Raci,oJ:tal (Aritmetiça pal'a us·o
do13 Homens de E stado) - Tradução e anotações de Ali.DO MAnro DE AZEVEDO. '
15 - E ?int.lll DuRKBEJlrf. : As i:egras d o Meiodo Sociol oglco - Com uma i~trqdução 1

especial de P.AtrÍ. ARBOUssE-B.AsriDE, da Universidade de 'S ã o · P aülo.


16 - FnANOO.ts PEnnoux : Os ;m.ito's hltleristas (Problemas da Alemanha contemporanea)
Tradução de ÜECILIA ~IEIRELES,
17 - HBRBERT BALDUB e EMtLro WTLLEM : Dicionario de Etnologia e Sociol ogia .

*
Edições da COMPANHIA EDITORA NACIONAL

São Paulo - Rio de Janeiro - Recife - Porto-Alegre •

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I N I C I AÇ ÃO C IENTIF I CA
Série 4.ª Vol. 17
BIBLIOTECA PEDAGOGICA BRASILE IRA

HERBERT BALDUS
Doutor em Filosofia
Profe$SOr de Etnologia BrasileiTa na Escola Livre de Sociologia e Política th Sao Paulo

EMILIO WILLEMS
Graduado em Ci€ncias Econ·omicas. Doutor em Filosofia
Livre-docente de Sod0 logia B(iucacional na Faculdade de Filosofia,
Cilnêlas e Letras àa Universidade de sao Pau lo
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*
1
1
.,
DICIONARIO DE ETNOLOGIA
E SOCIOLOGIA •

'

Richard Thurnwald

1
COMPANHIA EDITORA NACIONAL
SÃO PAULO - RIO TIE JANEIRO - RECIFE - PORTO-.ALEORE
1939
Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai
www.etnolinguistica.org
F•

)
De HERBERT BALDUS:

Ensaio s de Etn ologia Brasi lei r a


Edição ilustrada, sob Vol. 101 da
Série "Brasiliana" desta Biblioteca

* ,.
P'REFACIO

S E a estreita afinidade que exist e, indubitavelmente, ent re a etno-


logia e a sociologia, levou os autores a conjugarem seus esforços
num empreendimento único, não parece supérfluo fixar as relações que
det erminam essa afinidade. Comuns às duas ciências - pois t rata-
se de duas ciências distintas - são a observação, a análise dos fenô-
menos sociais e, possivelmente, a constit uição de uma tipologia das
formas de associação. Mas ao passo que a sociologia se limita a tais
fins, levando em conta os fenômenos culturais exclusivamente em vir-
tude da sua interdependência com a estrutura social, a et nologia vai
além, pretendendo chegar à compreensão ou interpr etação exata das
• formas e dos cont eúdos culturais, servindo-se da observação dos fenô-
menos sociais apenas como instrm:nento auxiliar.
«O estudo da cultura pode ser rigorosamente separado do da socie-
\
dade apenas logicamente, mas não pratica1nent e. Posso estudar, por
exemplo, uma organização secreta sob um ponto-de-vista ora socioló- '·

gico, 0ra cultural ; o que me intere.~s~ no primeiro caso Ç a estrutu- '


ração interna da organização, os processos de associação e peneira-
mento social, no segundo caso é o sistema objetivo de modos de pen-
sar, avaliações, padrões de comportamento e atitudes que a organi-
zação elabora e «impõe» a seus membros. Na t ransição de um ponto-
de-vista para o outro, realizo uma inversão metodológica do aspecto,
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
no sentido, de uma explanação recíproca : estudo o peneirament o so-
Capyright 1939 cial, por exemplo, como process~, observo de que maneira daí se vai,
continuamente, estruturando e r enovan do a organização - e como
by Dr. Herbert Baldus and Dr. Emílio Willems ela se vai tornando um sist ema cultural objetivo que determina rumo
in São Paulo e caráter do peneiramento social. - A compreensão completa da
cultura é condicionada pela exposição do processo associativo das
diversas personalidades, e, para uma compreensão total do processo
l, associativo, imprescindível se torna o conheci1nento da cult ura como

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E w. ;o
I

-8 - -9-
sendo um sistema característico de peneiramento e avaliações, (por escola sociológica. francesa com os das escolas alemãs de sociologia
exemplo no J apão : «o guerreiro», na China: «o sábio », na lndia: formal e cultural. O que, talvez, faltasse a essas duas grandes corren-
«o s!lnt o ») » (Mühlmann 2, 16). tes européias em matéria de sociologia observada «in loco», os autores
H á uma convenção tácita ent re os etnólogos limitar-se por en- procuraram suprir pelas aplicações em que a sociologia ame1icana foi
quanto, o campo de p esquizas às cult uras dos chamados povos naturais. t ão feliz. T ent ou-se, pois, integrar em um quadro mais ou menos com-
pleto, os resultados que a sociologia cient ifica tem acumulado desde
Três fins presidiram a redação dêste dicioná rio : 1) afim de poder
Durkheim e Simmel. O campo etnológico é mais restrito ainda, uma
servir par a consultas rápidas, n ecessária se afigurava aos aut ores a vez que se excluiram todas as t eorias especulativas e, por vezes, fanta-
conde1isação da matéria em artigos breves e precedidos de definições sist as, da escola evolucionista.
claras, reproduzindo sempre que fôsse possível, a opinião de um espe- Não se t rata pois , de um dicionário de ciências socia~s, m as apenas
cialista moderno e reconhecido no assunto.
de sociologia e etnologia puras,, fica~do excluidas, portanto, noções
2) Uma das dificuldades mais espinhosas da obra foi a terminolo-
,
atinentes a
gia. N~o se diga como que desculpando lapsos t ,erminológicos, q1Je a filosofia e filosofia social (sociologia normativa e «ética social»)
«sociologia é uma c1ência eµi furmação». Uma ciência qu~, mesmo em
direito público e pólltico
suai fase inicial não reveste tod,o rigor lógico de que é capaz, jamais
se forn1ará. E supômos a sociologia já além da sua fase inicial. Na psicologia diferencia~
escolh,a dos t êrmos, mormente dos et nológicos, urge respeitar a n eces- historiografia
sidR.dr da colaboração internacional . Pois êste dicionário tornar-se-á economia política
obra de consulta p ara os centros de estudos a mericanistas da E uropa. estatística e demografia
D e mais a m ais os autores não viram razão n enhuma que os pudesse geografia humana.
levar a repelir ou modificar, em detrimento nosso, têrmos de raiz la-
tina que já se tornaram corriqueiros em outros idiômas. D a m esma forma os autores resolveram banir certos têrmos,
por conterem programas de reforma ou revolução social que só indi-
3) E1nbora um dicionário não possa suplantar os compêndios, a l
. retamente p oderiam ser relacionados com a sociologia, como, por exem-
utilidade didática desta obra constituiu uma das preocupações máximas 1
plo, imperialismo, solidarismo, socialismo, fascismo, comunismo, et c.
de seus autores. Isto por dua.s razões. Em primeiro lugar : o núme- Sendo êste dicionário, na forma em que ora se apresenta, o p;ri-
ro dos bons compêndios escrit os ~m p ortuguês é limitadissi1n o. Mis- meiro que se t entou, êle deve ter su as falhas. Os autores pedem, por
ter se faz, portanto, recorrerem os estudantes · de etnologia e socio- isso, aos consulentes que enviem sugestões e propostas afim de atingi-
logia -- cujo número não é p ellu'e no - às obras f'-Strangeiras as r em as futuras edições o gráu de perfeição possível e desejável quanto
quais, dadas as dificuldades linguistiic.as sobejamente conhecidas por a obras desta categoria,.
aquêles que lidam no rµàgist~ri,Jl :s~pe:r;ior, n~m ~empre 'e$tão ao. alcap- Dissetnós que o dicionârla se destina, t~mbém, aos centl'OS' l.lniv~J;-'" '
ce doB universitários. Levantlo em conti:i.· es,t as circunst âncias, os auto- sitários esttangéiros dedicados, ao estudo dos n ossos fenómenos etno.:. ~
res escolheram para a composição do dicionário, o material mais mo- gráficos. Just am ent e por ser uma obra de cola boração cientifica inter- ,
derno existente e1n inglês, 'ale1não, francês, et c. compulsando para isto 1
n acional, ela tem um significado profPJ!damente nacional. E ste pont o-
uma vasta literatura esp alhada por revistas, publicações de museus, de-vist a explica o número el~vado de têrmos tupi e gu arani que cos-
scparatas, compêndios e monografias, pondo dêst e modo o estudant e tumam desp ertar o maior interêsse, mormen te entre os americanistas
brasileiro ao p ar do nível atual das duas ciências. europeus.
P ara a realização dêsses fins bastante concretos e de inegável ut i- F oram excluídas, porém, as designações de costumes e objetos de
lidade, necessária se afigurava aos aut ores uma delimitação rigorosa origem africana usadas no Brasil, por representarem elementos apenas
das duas matérias. Foram abandonadas completamente todas as folclóricos e desarraigados de suas culturas originárias que somente
acepções «en ciclop édi cas» ou «sint éticas» da sociologia, todas elas poderia m interessar ao etnólogo pelo fat o de serem culturas de povos
m ais ou m enos caóticas e obscuras. O pont o-de-vista qne orient ou os nat.lll'D.Í s.
a utores, foi de uma sociologia aut ónoma e cie11tifica. Na coordenação :\ parte etnológica é da autoria de H erbert Baldus enquanto que
do 1naterial descohrit1-se a perfeita compat ibilidade dos resultados da os artigos sociológicos foram redigidos por Emilio Willems.

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' ÍNDICE DOS . ARTIGOS


, Associaçãô Canibàlismo
I
A
.i\tivid~'r (social Canoa;
Aborígene Atitude Captor
I
I Aosten'çãó Autécto.tie Qá.risma
A'Ciirila.ç:ão A11te'-eoncie-'Iicra afétivâ Casa-dos-homens
Acomodàlão '.Autoridade· Gasta
Aculturaç-ao Avánnee Categoria social
Acumulação ' ,Av.:un.c11lado Oauí \

Ada,f>tação O.axirí
·' Adôrno Ceritnônja
'
., :Adôr~o de cicatriz B '
Qh"efe \

' ' éhicha


Af~onegrQ.
Qiclo
\ 1 Agreg~ª'º ªªttdo· Ciclo cultural
\ '.Agrega4,o s0cial B.@i;ieira ·SOCá1}-l Citculaçã:o cúltural
Agricultµra Bei1ú . CiI'culaÇã<-> da.s elit~s
AJmore' ~igamia, Civilização
Ajuda , su~~ar
j '
GJiin
Ahistamê.nW ~ie.o~ Classe
AmâlgamaÇãó. Botoque ÓOer~ão
' Afue.ríndio Bi:asil Go.esão_
Ain'Ul~to l3 r..as.ili.z.a.ção Coleciqnador
Anárquia :Bµgre Cpmp,ensaçâo

Animismo BUrg:uMía Gomwrtarmento '
Ant~g~nisQl:o Cpmprcnni.Sso
Antec~paçã-0 soc~al Comunhão
" AntilipmiB.t ~pcjológica e Cómuníeaçã.o
, Antipair Cõmun:idade
An~pofa;gi:a Ca:beçà Qonciência, c~letiv:a
" . Antr:o~logiª'
Apanhâdot ,
Cabo elo
.Caora
Cotrciênc).a. da espécie
Oonciêricia dê .classe ·!
\
'
Apô.sta'sia
Aproxim~ão
Aristocracia
Mte
Gaçad0r
Cacicado
Cacique
Caisuma
ConcuFrência
'
Conflito
00nformísmo ·
Congregação soeial
:1
l '•

,
Assembléa Camada Conllectmento (Soci0lo-
'
~sitnflação Cama:da-<Ie,..fdade , gia do-)

' .
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l
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,,,
)
' I
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-12-
Interêsse _disfiu;ç~(;) Mito Participação
Consenso social E Mobilidade Partido político
Ôô:ptacto' . Intimi'da.de
Invençâ(;) )ioda , Pastor
Conte.ó.do intel)cional Ecologia li;umana Ge:tiipapo
Continuidade Ecohomia (Sociologia Gens I~~ão Monarquia .P átria
Controle social Mon9'gamia Patri.arc~
da - ) Gentio
d onvepçã.o Educação Geogra.fü1a humana Moquem PatPilinea.r
óonvencionaliZaçíto dos Ellminação Gerontoctacia J Moral Fatrilocal
cósbumes EHte , Ginecocracia MuctiliãG P~yé
Conv~rsão Elndocanibalistno ÔGvêrno Ja.cnmã Mu®nçtt'-d.e-cultµl'a. Pele-vermelha
'ii .

Cooperação Éhdogamia Graduação Jangada· Mµb.;aquitã .Peneiramento


Coordenação ' Multidã© Perístase
Enfeite Grupo
Coroado Époc:ia Grupó-d~comer MUI~j:f~cional Pe~onalidade
'Cotl)Qr~ Mq,ruc~ PerVersão social
Ergologia G.tupo-de-trabalho K Muruxá:ua Plasticidade social
Corren:tes: .so~aiB (Lei Es.c9J.a, ·hist6:rica-cuitural , ·G~pos profissionais Plutócracia '
'das· -) E,scola, maiicimoni~ Kula
Costume. Poder
· EScravídão N PoliandriJli
Gredulidade Espa~o H P,oligànlia
Crise so.qial E.~pecializaçAo L •"•
P0 li~DJ~,
Qltóss-coll$in ,,ElstacarodE}-cavar He.rói civilizador Povo
CruZ'amento de,~ctrcúlos Estªdo· Hetero.g~ne(> Lavoura. PO'vo natural
'
sociais
<
Esta,.do $Ociªt Hierarqui~ Lei ~qciál Povo pé,riferal
Cúia Est&tu~o so~if;l.l Histórico-cultural .Lêmto PPece~to mf!.trimorlial
• 0 últura E~ter~ptjpo.s H(;)m.em matgiMl,} Lidemn~~ Preço-de-noiva
Gultutâ espiritual E,a.tilo ~()cial Holnogénoo. Ligtwj~i~e Prelógica
Gtlltuta
;:.
~
ntaterial
' . E~tratificaçij;o, socjal Hórda .~~os-.liomens PreS~o sociàl
Gurare ' '
Eatrotura política a()rticültura Lfug1U1. · Prestígio
Cuva,;de Est.ru:tura, social Ilu.manidade
• 1 ' •
Lfll,gua: gel,'a.l Primitivo ' r

+,
Étnic-o L:ut'â Process'o .socjal
Etnógr:àfia .' Profession~ação ,
.D Etnologi~ l Objêtiv~ social
Profissão •
Eu refletido M o~ 1 r '
Progreàso
:becad~ncia Evolu9.ãc:» I d-éia .elementar Proletariado
Exog~mia 01ig8.tqUia Proletariz~
De.marcaçãe so~ial rd~ia-de-po:v9s. Opihião i;>tibli~
De.m,q~.acJi:t Expect®ao social ..:i~m.. do ''AltG Deus
·I Ui ProtniscwdeMe
Exrilo~~ã.o ,
l ' '
Üp0$Í~ 1
Propaganda
Demônio Identilica900, ,ordem exis'te,ncia.l dó
Demot11 cul~ral I4oolqgm Propriedade
grupo
DensidaP,e ."Igar~ , PI'?stit~Çâ<} .
Dep,end.êacia F Igreja OrClem' matrimonial Ps1colog1a ~octal
Orenda ., ·
Desórganizàção.· . I~Qà.d.e Público
Despotismo: Imit~ãQ
Otgão P~gnacid&íde
F~mflia Organiza.ção
Desprolet3(t:iza.Qão Eâiilfliá-gta,nde Imptilso .vità1 do grupo
Incesto · Ortn9 -oo'usin. ,\
D'éteríoração lfam.~lia-pequena 1

OsSilicàçã9
Dhàrma Fato social Indigenit ·Q
Diferen:ciagão Feitiço 'J>0r ainalogia indil>·' Quadrllatero <!e ·schnúQ,t \
Dilatação do Eu. Feti(lhi.smo IndiVítlµo
'

p
Díreito (Socológia d,b ~) :Feq,daJ.ismó Indiffdu0-condttto:r
1
Discussão Fólélor,e Inércia' cultural
Di'spaiidacle :Fônça§- socjais Jnfi;aestrµtma p~, R
Dissociação Formálismo Iniciação Pai~ur4
Distãncia ,social
' 1

Formas sociais
'
Instintos soeis;is Pál~o-sociQ! ltM~
Divisão-do-trabalho FrátrJà - 'lnstituiçãQ ' :e~ Reciprocidad~
Domillação ., Funcionali$mo Integr~ão Parent~ e;la~cató­ Relaçã.é:>
Du.aliclaâe •cultural ·' lFusibilidade " 'r
' InteraçãO rip ReUgilo

'
• '

- 14 - •

Representação coletiva Sociabilidade Teocracia I

R esíduo Socialização Tipití


Responsabilidade cole- Sociedade Tipoi
tiva Sociedade secreta Tira.no
Ressentimento Sociografia Tolerância
Ressonância social Sociologia T orocana '
Revolução Sociologia política Totem
Rito Sociologismo Tradição
Ruralização Solidariedade Transmissão da pressão
Sororato social
Sublimação Trasa valiação
s SuboJ~dinaçã.o (Instinto
de-)
Tribu
Tuxáua 1

Sambaquí Sugestão
Sânção social Sugestionabilidade EXPLICAÇÕES
Sarabatana Supérestratüra u
Saudação agre13sivl\ Superordinação
Suprafuncional Ubá
Saudação-de-nariz Unifuncional v. i. - vide ibidem
Saudação lagrimosa Urbanização
Segregaçã.o 1. c. - loco citato.
'f Urucú o. c. - opus citatum.
Seita Uso
Seleção
Selvagem Taba Os n<uneros arábicos, por exemplo 1, indicam a numeração das
páginas.
Selvfcola Tabú V
Sepultura secundária Talisman 1 Os números arábicos grifados, por exemplo 1, indicam a numeração
Servidão Tamba Valor social das obras do autor respectivo em sequência cronológica.
Sexo Tapúia Variante
Símbolo Tatuagem Os números romanos, por exemplo I, indicam a numeração dos
Visinhança volumes. ~
Simpatia Técnica
• Simulação Tecnologia Nas palavras tupí e guarani respeitamos a grafia dos autores que
Sindicato Tem~tá X escrevem o i gutural, som característico destas línguas, que nelas é
Sipe Temporada-de-Tobias também o vocábulo para água, uns com ), outros com 1, com y ou
Sobrevivência Tensão cultura.J, Xenofobja com ü.
Nas palavras índi~s o a.cento tônico segue a letra, toda vez que
coincide com ó a.ce.n to fonéticQ. ·
l ' S~guindo a convenção íntetlfacional dos etnólogos, não alteramos.
1 os nomes de ;tribu e de outros agrupamentos sociais e linguísticos dos.
povos natura.is, para designar a ·form·a plural ; dizemos, por ex.amplo,
os Tupí, e não, os T'upís. Usando êsses nomes como adjetivos ou para
.. ' " designar a língua, escrevemo-los com letra minúscula no comêço, por
exemplo : costume tupí ou falar ém tupí. Nos outros casos começam
l 1 . com letra maiúscula, por exemplo : os Tupí ou os índios Tupí. For-
mam exceções da regra os nomes de origem portuguesa, como, por
exemplo, os botocudos ou os ceroados.
De resto, sempre respeitamos a grafia de nomes de povos mais
adotada na literatura.

o

J
' '

• '


A
AhorígenC> - AF1roNsO A. DE F~NITAS analogia, como por exemplo em M~­
(171, 172) observa a respeito: ·«A ·dag&.ecar, onde um hom~m que foi
palavra. aborígenes, do. latl.m aoori- ao combate, pode se~· morto porque,
genes significa e sem origem, ou cuja em sua casa, se matou um animal
origem se mal;ltém desconhecida ili> • • • macho. Ou a gente tem que respeitar
Chamavam-se aborígenes aos primei- circunstâncias reais da natureza : ten-
ros habitantes da Itália, debaixo do do o lobo do mar e o rena aversão um
reinado de Saturno e de cuja orig~m ao outro, os esquimó centrais, caçando
nada se sabia . . E' a denominação um dos dois animais, têm de evitar
que melhor convêm aos povos encon- tudo que pertence ao outro, por-
.. trados nas terras b1·asllicas e em todo que sem tomar esta precaução onã
I o continente do novo mundo pelos matam nenhum dêles. O medo de máu
primeiros descobridores europeus, por sucesso e más consequências produz,
exprimir rigorosamente a verdade em dêste modo, uma infinidade de proi-
relação ao inteiro desconhecimento que bições diversas. Muito comum é, por
ainda envolve sua origem>. exemplo, o afastamento completo do
• Não nos parece recomendável o sexo feminino e não sómente a absten-
uso cientffico dêsse têrmo que indica ção sexual, com o fim de não preju-
um desconhecimento de caráter não dicar a pesca, a caça, a guerra e as
definitivo. Damos preferênc~ ao 'ter- cerimónias religiosas, costume êsse
.. mo índio (v. i.) por s.e r mais preciso,
internacjonalmente conhec.Hio e ·o. mais
motjvado especialmente pelos estados
f~sicps peculi,a res da mulher dutan:t~
adotado. · a mell$truação, a gravidez e o part.9..,
Muitas proibições mágicas são m:oti-
Abstenção - PREUSS (l , 63-65) depois ;vadas, provavelmente, pelo est~do
de mencionar e as ações mágicas posi- de· amedrontamento, em coll$equênéia.
tivas, como o atraimento das nuvens de acontecimentos importantes ou
de chuva, a multiplicação da caça, particularmente horrorosos tidos por
etc. >1 escreve a respeito: <Também máus ag-oiros. Assim, entre as tribus
a fôrça mágica negativa tem papel de Assam, os terremotos, eclipses, a
importante nos costumes. Mostra-se destruição da aldeia pelo fogo, a mor-
nas inúmeras abstenções de atos que te na guerra ou por certas doenças
prejudicariam o indivíduo, sua famí- como cólera e bexigas, ou a semeadura
lia ou seu clan. As mais conhecidas dos cereais exigem abstenção de todas
são as proibições alimentares cuja as atividades. No último caso, o
infração envolve consequências ne- portão é fechado, as proibições ali-
fastas de caráter físico, conforme a mentares tornam-se mais severas, o
natureza do consumido. Ações impru- comércio, a pesca, a caça, e o córte de
dentes podem provocar máu feitiço por capim e árvores são inibidos. A inter-

,
'
' -18-
- 19 -
diçã-0 temporária das atividades, en- adotam disposições eficientes ou re-
contra.-ee, frequentemente, por ocasião lações funciona.is como meios de Miro· resultados desconhecidos da aceita- das ou prisioneiros levados como e!-
de uma morte, por exemplo, entre oe ci.ar pessôas adve~as. ção dos traços culturais estranhos. As cravos podem agir como transmis15cr
esquimó. Muitas v eres, para as ceri- Pela acomodação eliminam-se con- culturas originais mantêm ent.ã.o ,sua res de . dados cult urais. Instit uições
m ónias de lustração, depois de mor- flitos, ou, pelo menos, como observa f ôrça. psicológica, ou como compensa- transnussoras como IlllSsões rehgiosas
t es e depois de eliminados inimigos e WIEsE (1, 141) divergências sociais. ções a sentimentos de inferioridade ou escolas podem acelerar o processo
animais périgosos e mágicos, era pre- A condição essencial é uma aceita- ou pelo pres tígio dado aos indivíduo~ de aculturação.
ciso levar uma vida retirada e abster- ção bilateral. Interesses competi- com o retôrno a suas velhas condições
pre-aculturativas > (RAMOS, 386) . . 3) A mudança social, originada as-
se de q ualquer atividade. dores ou antagônicos sã-0 balançados, sun, pode. ser incisiva ou insignifican-
mas permanecem, frequentemente, em N o processo de aculturação ou
<T ornou-se costume o emprego da transmissão de dados culturais, Og- te, repcntma ou paula tina.
palavra t abú dos polinésios, para de- fornia de conflitos incipientes ou po-
burn lembra os seguintes fenômenos: 4) Pode haver mudanças t ambém
signar tais proibições, se bem que t enciais. Como resíduos de divergên- '
cias anteriores conservam-se mit os, _1) O objeto . transmitido pod,e ou noutras esferas ~a vida social. (Uma
n e:cn sempre condizem com a signifi-
precon ceitos, lendas, supers~ições , e.te .. nao alterar seu significado ou sµa mu~nça econ~m1ca pode originar alte-
cação da palavra. ·E ' porque o tabú raçoes da o~anização política.)
emana de umflt pessôa, de UD\\ objeto As modalidades principais de aco- ~unção, . na soc~edade pela q\la,l foi
ou de um. con,ceito s:acros~tq§! ou modação seg.u ndo Y 0 UN9 , (1, 454)sáo lntr0du~1do. (D1nheiró pode set usa- . ~) A transmissão obedece a cri- 1

(l) coerção e dominaçãQ (v. i.), (2) do com~ e~eite,, ?U uma faca p!!Ssa ~ér1os s.e letivo.s. e ~)a m assa da.S coisas
cheios de f ôrças m ágicas ao ponte
de não poderem ser usad.o s de modo coinp~·om.isso (:v.i.),(3) conciliaçã.o, (4) a ser usa~a como instrumento ritual). oferecidas> o povo aceit ante somente
tolerância, (5) conve rsão (v. i.). 2) «Mas em todo caso a aceitação escolhe o que é «convenient e> e se
comum. Esse preceito é de muita enq,uadra na sua cultm·a > (THURN-
importân cia social e económica, pois, cf. tWSociação, processo social. de 1lir1i novo objeto implica uma mu-
WALD, 2, I V, 389).
pela t abuagem de objetos, por exem- dança .nas atitudes, no comportamen-
Aculturação - <Aculturação compre- to social ou até nas instituições do 6) .' .Ha uma considerável diferença
plo, muita c0isa pode ser subtrai-
ende aquêles fenômen os resultantes do povo aceitante> (OGBURN, 557). n? r itmo e. movimento de difusão de
da ao uso público. Considerando-se,
porém, que os motivos de tais pro-
contacto, direto e contínuo, dos gru.. Quanto ao mecanismo de transmis- ~1versos obJetos > (OGBURN, 560). (Ob-
pos d e indivíduos de cult uras dife- são os três fatores seguintes devem ser Jetos ? e luxo, n arcóticos e estimulan-
ibições são heterogéneos demais, con-
rentes, com as mudanças consequen- observados : t es difun dem-se 1·apidamente).
vém restringir o t êrmo tabú para
tes nog padrões originais cult urais de
designar sómente determinadas proibi-
um ou ambos os grupos•. (Hers- a) «Atitudes e relações entre o povo '!'-
7) sel~ção d e objetos, costu-
ções dos polinésios >. que dá e o que recebe.• (0GBURN mes, ~ st1tu1ções ou id éas a serem
kovits cit. apud Ramos, 384).
cj. magia, religião. Na «cultura total >, segundo RA- 561). Os juizos-dc-valor elaborado~ escolhidos, depende em alto gráu
MOS, três são os possiveis resultados
pelo povo aceitador determinam essas das modalidades de contato > (oa.:
Aclim.ação - HUNTINGTON (402) define relações. Inimizade e suspeita cedem BURN, 560).
do processo de aculturação :
a aclimação como <processo pelo qual às vezes, a uma atitude mais transi~ 8) O alca~ce_ social e . cilltural de
um organismo se adapta a um clima 1) a ceitação ; gent.e . ~a .ressentimentos e complexos urna transm1ss~o con creta n..ã-0 é. to·
diverso. A prova de aclimação não 2) adaptação ; " de 1nfer1or1dade que impedem ava- mado em cons1deração anteriormente
é a sobrevivência do indivíduo,_ mais 3) reação. ' li~ções objetivas. Mas é possível atin- (0GBl;JRN1 561).
da espécie ou da variedade. ~ Tt~ta­
se, porte,nto, de um processo b:i:<;>l~gico (açl 1) «Dá-se a a ceitâção·, qu~ndo .a gir-se uma fase de imitação cega; . cf._acomodação,.. assimil~ç!lo,1 ~:vi- •
qYe int eressf;l>. ao sociólogo ·a.penas pelo nova cu.ltllta .é 'acéita> com p~rqa Ô-u ?º~º'por exemplo, pelos ro.manos, qU:j9 h21açao, cultura.
.J,lllltaram. os gregos e, bl:aiS tarde, os
fat o de que organí~ação social e equi- ' e~quecimento da he:tanç~ cultural m~is
.
velha ; há aquiecência de t odos ,@s povos orientais (0GBURN, 562 a 564). Acumulação - .cf. progressd.
pamen to civilizador podem, intervir,
em v arios sentidos, na aclimação. membros do grupe, e, como resultado, b) « ~ constituição e t,raili,çãp do po- Adaptação - O . processo de aj~ta­
a assimilação, por êles, dos padrões vo aceitante.> (0GBURN, 561). Cada m~nto do orgarusmo ao meio ambiente
cf . adaptação. culturais e dos valores interiores da povo tem sua individualidade cultu- físico e orgânico chama-se adaptação
nova cultura, co,m os quais entraram ral, .diversa de qualquer outra. As
Acomodação - Como forma de ajus- (~K.INS! 435). . Trata-se, portanto, de
t amento (v . i.) o t êrmo acomodação em contato > (RAMos, 385). tradições e circunstâncias sob as quais ll;1Il c~nce1to :ma~s biológico do que so-
pode ser, no entender de YoUNG (ad 2) <Na adaptação, ambas as s~ opera a transmissão, diferem. As-
c1ológ.1co. MUHLMANN (1, 569) define-
s~ se explica. a seleção dos dados ofe-
(13, 452, 453), um estado ou processo
social :
culturas, a original e a estranha, com-
binam-se intimamente, num mosaico rec~dos. O processo de rejeição torna.-
º assim : <Adaptação é o estabeleci-
mento e restn.belecimento de um ea-
1) Como estado ou condição social, cultural, num todo harmônico, com se unportante nos casos de acultura- tado de equ!librio ~ntre a personali-
acomodação significa equilíbrio es- reconciliação de atitudes em con- ção mais ou menos forçada (OGBURN dade e o meio ambiente afim de con-
flito > (386). 564 a 566). ' servar as faculdades vitais.
tabelecido entre in divíduo e grupo.
2) Como p rocesso social, a acomo- (ad 3) «Há reação, quando surgem e) <As circunstâncias nas quais a ~daptação secundária é uma reite-
dação prende-se à existência de um movimentos contra-aculturativos, ou transferência se opera> (OGBURN, 562). raçao . do processo qe adaptaçã-0, n~
conflito (v. i.) em cujo decW'So se por causa da opressão, ou devidos. aos ~ povo a ceitante pode estar enfraque- cessárm. em consequencia de processos
cido por conflitos. Mulheres rapta- adaptativos precedentes.

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vagueam e moram no sertão. Ouve- tante elevado, pelo menos em suas
Adaptação organizada efetua-se por que valem por dIStintivos de clan. se também : Aim.bires, Aimborés, formas elementares, da percepção vi-
associação com distribuição e espe- Tudo isto é «adôrno social >. Guay-Mur{ls. E ' nome já menciona- s ual. O aspecto de um homem fa- •
cinli7.ação das atividades.> Considerando o adôrno dos Borôro do na Notícia do Brazil do ano de minto nos comove de maneira outra
em conjunto, verüicamos que a maior 1589>. que a notf eia da. morte, pelo jornal,de
Adôr no - E' necessário distinguir o parte do « ad ôrno social > compete Segundo Affonso A. de FREITAS milhões de orientais. - Se os animais
adôrno condicionado pela sociedade, ao homem, enquanto que ambos os gregários já revelam êsse instinto, não
1 <lo adôrno de origem individual.
(75) Aimor6 significa em t u pí «flau-
sexos usam, em proporções iguais, ta ruim>, sendo compôsto de aíua : é possível contestar sua existência no
Entre os Borôro podemos designar e adôrno individual > (cf. BA.LDUS, s, ruim, contraído em ai, e de mboré : homem. Um argumento positivo pelo
como «adôrno social > os adôrnos pró- 152-155): flauta . Observa o mesmo autor (74, caráter de instinto constitue, mormen-
prios dos diferentes clans (v. i.) e o cj. botoquc, genipapo, tatuagem, 75) : «A denominação Aimoré, apli- te, o conhecido fenómeno do amor
enfeite de plumas destinado a fins tembetá, urucú. cada aos Botocudos, provém do hábito materno com sua força elementar e
religioso-coletivos. A grande corôa de dêsse povo de, na impossibilidade de sua transformação do homem inteiro.
plumas de arara, o adôrno do peito Adôrno d e cicatri z - Em alemão Nar- tocarem o boré, soprando~o pela bôca, Também uma reflexãó biológica. se
consistindo em unhas de ta.tú ca- benschmuck.. (V. Tat ·u agem ). em consequência da deformidade do nos impõe: como seria possivel, d~
nastra, e todas ~ v!ria:s espécies de beiço inferior e da adaptação do b~ outra maneira, a educação das crian-
pendentos do lábio competén1 ao Afronegro - Têrmo empregatlo com 't oque, f a~erem-no pelas n~inas, ar- ças, mormente sob citcum!t~ncias ppi-
sexo masculino. Os lõbulos das ore- muita rarhão por cert,o s 31utores bra- rancando do instrumento sons que, mitivas, eln níveis cultul'ais i:túeríeres
lhas, porém , são perfurados etn a:m- sil~ú:os modernos para distinguir o
por certo, n ão serão maviosos :& - onde, cm comparação couoscó, [>re-
bos os sexos, afim de adorn á-los, a negro africano ou de origem afri<~·ana (A respeito de batoque cj. botoque). visão e reflexão são precárias. »
saber, entre os rapazes pelo pai, dos negros da Au::itrália e do Mar do
Sul. Os descendentes vivos dos .A.irn.oré, Sexo, idade e classe-social influem
logo que êles t êm oito a dez anos
e começam ti. provar, sériamente, cf. negro.
mais tarde chamados de Botocudos, bastante sôbre ~ intensidade do ins-
são os índios Krenak do rio D ôce tinto de ajuda.
habilidades de caçador, e entre as
". meninas como espécie de sinal de Agregação - GIDDINGS (1, 255) usa o em Minas Gerais e Espí.rito Santo. Ha continuidade com o instinto--de-
t êrmo agregação para se denomina!' Na obra aparecida e1n 1867 (I, 317) subordinação visto como a superio-
promessa em casamento, pelo futuro
marido. uma população ou um grupo territo- von MARTIUS anota a respeito do nú- ridade do poderoso, prestigiado ou
Podemos consideraT como « adôrno rial crescido por excesso dos nasci- mero dos Aimoré : e Foram calcula- venerado, induz todos a auxiliá-lo,
individual >, entre os Borôro, certas ment-0s sôbre os óbitos. E. preciso dos, na totalidade de seu território se êJe necessitar de auxilio.
cordas transversais usadas no peit-0 distinguir agregação genética e con- que se estende do rio Preto, afluente Certas s ituações como guerra, de-
e as estreitas fitas tecidas qu e enfei- gregação, crescimento êste, origina- do norte do Paraíha, até o rio Pati- sastres ou miséria econômica impul-
t am os braços. Ambos os sexos, adul- do pelo excesso dos imigrantes sôbrc p e (de 22° a 15° 30' de latitude sul) sionam fortemente a tendên cia para
os emigrantP-s (GIDDINGS 1, 255). e ao oéste até a orla do mato da se- o auxílio-mútuo.
t os e crianças, costumam usá-las oca-
sionalmente para, segundo me foi Toda população é, em regra, agre- gunda cordilheira (Serro do Espinha-
As manifestações do inst1nto-de-
assegurado, defender-se dai? doenças. gação e congregação. ço), em 12 a 14.000 cabeças, a qu e,
~j uda são suscet.ívejs de condensar-s.e
talvez, seja exagerado ; dizem que
E,ntre a maior parte -das tribus de em ÍQrma de uma solidaried.a de (y. i.)
Agregad o social - Para designar um t;t. d êsse número, cêrca de dqis mil mo-
índios encontramos um par de hàmo- s istemática dentro do grupo (Solda-
simples pluralidade de · pe~sôa~, nq ram perto do rie> Jiquitinhonha :f.
rados que se adornam teciprO'c:aTll:ent.e, dos na patalha, proletár,ios reagind:~
sentido mer~mente esta;tíst1co, usa·· Dos ·K renak tratou , ultim~mente, ~ sua. miséria ccon,ô mjca).
mormente por meio de pintn.tra; no- mos o têrmo agregado social. O con- Sylvio Fróes de ABR'Eu, ett\1merandd
ta-se também que os p~is adornam ceito não encerra attibuto nenhum a tàmbé1n a longa s6rie de' observado·r es cf. Coneiôncia coletiva, instintos so-
os filhos de ambos os sexos.. Entre 0.s dêstes índios gê. ciais, muchir~ . proletariado, solidarie-
respeito do nexo ou gráu de coesão dade.
Tapirapé, o nivelamento no adôrno porventura existentes entre os com·
individual, vai ao ponto de h omem e ponentes do agregado, limitando-se a Ajuda - (Instinto de)
mulher, em :muitos casais, trazerem, Ajustam.ento - O conceito de ajus-
denominar a co-existência momentânea As inúmeras manifestações de urna tamento é usado, em geral, co1no sinô-
alternadamente, os mesmos colares de ou duradoura de um número indefi- solidariedade espontânea, tanto entre
contas no pescoço. nimo de acomodação e a.da pta-ção,
nido de homens. povos considerados e primitivos :&1 co-
M as o adôrno da índia não é1 sem- abrangendo, portanto, proce.si:os so-
cj. grupo, multidão, público. mo em sociedades de nível cultural
pre e por toda parte, limitado ao mais elevado, dificilmente se explica- ciais e biológicos. Segundo Y OUNG
e adôrno individual >. Em muitas tri- Agricultura - V. Lavoura. r iam sem aceitação de uma raiz bio- (2, 439) o têrmo ajustamento refere-
bus, a moça, no fim <la primeira mens- lógica, u1na tendência inata. VIER- se também às p erturbações patológicas
truação, é adornada solenemente. En- A1m.or é - No dizer de von lVI.ARTIUs, KANDT (1, 70, 71) obserw. a respeito das relações do homem com a f amí-
tre os T apirapé, as mulheres renovam (I, 314) «o nome Aimurês perten ce, dessa disposição não adquirida q u e lia, a comunidade, a ordem política ou
depois da menstruação a pintura do provavelmente, á língua tupí, . sendo se deve tratar de « um verdadeiro económica.
corpo, típica do sexo feminino. Entre derivado de Goay-murrs (Goyai-myra, instinto, por depender, em grau ba."1- cj. Acomodação, adaptação.
os Borôro, as mulheres usam brincos Guai·mura), isto é, os inimigos que


E q:_: 144; • ltif j #5 iÇl lf"'< ; e o oµ • ... ;: . • • t o

' .,..._ 22 -
Amalgamaçil'.o - T ambém fusão. Animi~mo - A respeito desta teoria nascido sem a observação de certos funções e objetivações das culturas
O processo de união biológica e creada por E. B . TYLOR em 1871, imponderabflias no homem, chama- parciais >.
social de grupos de etnia e de raça di- escreve PREUSS (1, 15, 16) : e Prova- das alma. A religião, segundo TYLOR, Essa antinomia é irredutível e ine-
ferentes denomina-se amalgamação ou velmente, não há povo primitivo sem é 1 por assim dizer, um cálculo da rente, como tensão real, a todos os
fusão. REUTER (1, 16) distingue três conceitos de alma. Por isso parece ciência natural. > Estados concretos como princípio fun-
fases: que Tylor constróe sua teoria numa. cj. religião. damental e indestrutível. E ' a dis-
1) Formação de uma população base muito firme, considerando-se crepância entre a supremacia interna
mestiça; especialmente que podemos familia- Antagonismo - Falamos de antago- e as exigências e reivindicações de
2) Isolação e adaptação seletiva da rizar-nos, sem n enhuma dificuldade n ismo, mormente com referência aos grupos parciais (ibi.dem, 249 seg.).
parte híbrida; com os conceitos da alma humana. casos em que se enfrentam dois par- cf. Estado, gr upo, nação, povo.
E' verdade que o investigador etno- tidos ad versários com forças e exi-
3) Constituição de uma d escendên-
lógico deve desconfiar, a priori, de gências aproximadamente iguais. Antipar - ,Ao passo que o par (v. i.)
cia racial distinta. tal continuidade aparente desde .o (WIES;E, 1, 225). repousa sôbre a associação, o antipar
BoGARDUS (i 1 280) observ~ que a tempo primitivo até os tempos pre- cj. conflito. representa uma fase dissociativa nas
fusão d e povos por casamentos_ mú- sentes, ta,nto mais que, pelas con- rela,9ões entre duas pessôas. Ooilfli-
tuos e 1 misc~genação d epende d~ as.s i- clusõe.s q,ue Tylor tira dessa conti- Antecipaçãp social - <Ent.endemos co- tos ocasionais ou intetmitentes11 :oii-0
' milação (v. i.) mental e nã,o j)Ode, ser nuidade, toda a teoria animística não. mo a:i;ttecipaçã.o o comportámento de: constituem um antípi;i.r. ~ste .,s~ rea-
forçada. é outra cousa se:não o nosso p:róprio pessôas que, dependendo das atitudes liza apenas onde as relaç~es sã:o deter-
Sociologicamehte en carada , a amal- mundo sobrenatural. Seg\lndo 'rylor, de outr<;>s~ se acomod~m, apenas · apa;- rnir\adas, ~tn sua totaljdade, por opq-
gamação representa o último e mais pela observação do sono 'e sonho e rentemente, afim de paralisar a$ ati- si~ão, antagonis mo, conflito ou luta.
completo estádio de associação pro- da diferença entre o corpo vivo e o tudes de outros> (WIESE 1, 278). O p ar é um agregado social que se
.d uzindo <uma comunidade que deve corpo morto atribuía-se ao homem Um exemplo típico seria o fenómeno caracteriza por su a afinidade estreita.
ser considei:ada original> (WIESE 1, uma ou várias almas das quais em das < adhesões de última hora>, em
141). com o grupo social (v. i.). O antipar
geral uma sobrevivia ao homem. As- face de uma mudança de regime polí- afigura-se como mera relação ou pro-
cf. Assim.ilaçã.o, associa.ção. sim nasceu, cm oposição ao mundo tico. cesso social.
real, um mundo do invisível, o mundo
Mistér se faz, porém, distinguirmos
Ameríndio - T êrmo recentemente in- dos espilitos. Em conseqüência disso,
dois processos diferentes: 1) Ante- Antropofagia - (V. Canibalismo)
troduzido na literatura brasileira, para também os animais e as plantas e
cipação pode ser uma atitude .racio-
distingw1· melhor os habitantés pre- todas as outras coisas imaginavam-se nal e construtiva do estadista ou le- Antropologia - Como o próprio nome
colombianos da América dos h abitan- como tendo uma parte material e uma indica, a antropologia ocupa-se do
gislador que antecipa as consequên-
tes do sul da Asia. Mas tendo-se tor- al.m a. Da veneração dos mortos che- homem (anthropos1 em grego), a sa-
cias de uma ação social. 2) Anteci-
nado costume designar êstes últimos gava-se a crer n:t existência de espí- ber do homem como indivíduo e co-
pação como atitude destrutiva é pró-
com o t êrmo indianos, não ha razão, ritos em si que se corporificassem em mo' esp écie. Na obra AnthropolOgie
pria. dos cata-ventos•e vira-casaco$ que
ao nosso ver, de alterar o tradicional objetos vários originando assim a ido- in pragmatischer Hinsicht, editada em
procuram paralisar atitudes de diri-
uso da denpminação bastante precisa latria ~ o f etichismo (v. i.). D~sta gentes ou superjores. Essa forma de 1798 :KANT aplicou êsse t êrmo ao
d aquôles G:om a pal,a vra ínqio$ .(v. i.). maneira, por fim 1 os fenómenos, da, antécipação fals\fica· ~ fisionomia real lado ' espiritual do homem, tendo
natureza apa.reciam ànimados de ((Spí... · de certos grupos, geràlmen~e .de cará. . em mjra uma caraiterol?gia :P,s iqufca ,,
Amuleto - •Do la~im. O amul,~tp' é
1
ritos·, venetavam.,.se as águas, os 0os- ou psicologia difere11c1al ·referente
,.. ter· polí~ico o1:l econé)mico.
um meio de feitiço defe'nsi:vo que, ·c omo ques e os animais, e 1 finàilmente1 os também a grupos de hom'.en's (cj.
também o talisman (v. i.), n ão t~m fenómenos dà àtmosfera, os déuses da Antinomia sociológica (no conceito 'rii:URN\VAJ,D, 2, I, 7). <Ao passo que
figura determinada, podendo estar li- chuva, do vento e dos astros, as divin- de E stado)-. DuNKMANN (1, 249) for- no século XVTII, a antropologia teve
gado a qualquer objeto vivo ou inâui- dades da terra, das atividades e dos por objeto tanto o físico como - e
m e da natureza. mula a antinomia ~xistente no con-
destinos humanos. Do tudo isso ia- ceito de Estado, da seguinte maneira : quasi mais ainda - o espiritual, a
cj. fetichismo, magia. se desenvolvendo~ em moldes ~~a e De um lado está a unificação, a t en- accentuação do ponto de vista das
vez mais determmados, uma divin- dôn cia para a forma integral no es- riên cias naturais ocasionou uma di-
Anarqu~a - O estado anárquico da so- dade suprema.> ... e O animismo de paço e no povo, a qual se serve dos visão da m at éria. Os investigadores
ciedade deve ser classilicado, segundo TYLOR explica. a religião não como re- meios do poder, sendo o Estado que com interessP-s psicológicos e linguís-
WmsE (1 1 228) como desúl.eratum da sultado necessário da vida espiritual resulta disso, apenas meio para o fim ticos reuniram-se sob a bandeira da
ética idealista. A anarquia define-se do homem o qual é levado, pelo mun- da síntese social. Mas de outro lado, Volkerpsychologie (psi.cowgia dos po-
como estrutura social (v. i.) sem domi· do exterior com suas rijas exigências, está a elaboração de uma ordem su- vos). ~ste têrmo foi creado por
nação e baseia-se sôbre a conoopçã.o a desenvolver uma. conciência reli- prema, predominante, que supera to- W . von H UM.BOLDT e divulgado, m.a.is
errônea c.'Onforme a. qual se oon&ide- i'.i.Oia, creando em todo caso telll doa os demais iistêmas de or<lem e tarde, pela Zeitsahrijt fiir V ijl/o~
ra a dominação (v. L) com.o mal objetos m.fstioos , explica-a. .como al- assim entra, isto é, tem que entrar, clw'logi4 1'n<i Sprachwi6a'11UChajt, fun-
absoluto. guma coisa natural que não te.ria 110 mais grave conflito C."-0111 certa.a dada, ern 1860, por LAZARUS e
- 24- -25-
STEINTHAL. Os representantes de ten- porém, conhecer essa predisr)osição, Aristocracia - O conceito de aristo- Sendo a arte um fenómeno estética,
dências biológicas, porém, que desde sem levar em consideração as condi- cracla admite, pelo menos, duas defi- por excelência, a estética ou melhor,
o com~ estavam muito influên- ções de peneiramento da sociedade, nições: a conciência estética, vem a ser objeto
ciados por médicos que tratavam isto é, sem conhecer os valores cul- 1) !Aristocracia é uma forma de principal da sociologia da arte.
de classificar os homens à base de turais e a ordem segundo a qua l se organização social e política na qual A interdependên cia entre arte e
ca.racterísticos anatôm.icos, reun:iram- peneira. E ' o que ensina a etnologia, as oportunidades, embora distribuí- sociedade afigura-se sob tres aspectos :
se em tôrno do explorador BASTIAN a qual pode explica.r, por exemplo, a das, t\ão são iguais e o controle so- 1) quanto à na.turesa da arte ;
e do anatomista Vmc.aow. O seu diferença. na predisposição psíqui".a cial (~. i.) é monopolizado p~or uma 2) quanto à importância e ao fim
orgão de trabalho foi a Berliner do japonês e do chinês, aquêle penei- classe privilegiada ( GIDDINGS, 1, 87). da arte;
Gesellschaft für A nthropowgie, Ethno- rado e criado segundo o ideal do guer- 2) ~isto cracia define-se como or- 3) quanto à origem da a rte. (SAUER-
wgie und Urgeschichte com sua Zeit- reiro, e êste, segundo o ideal do sábio. dem ou casta social : < Certo núme- MANN 1, 320, 321).
schrift für Ethnologie fundada. em 1869. O raciólogo só conta co1n os ob.ietos ro de famílias de determinada descen-
, (ad 1) E ncarada sob o ponto de
Os resultados de excavações -no solo de penéiramento e seleção, i~to é, com dência e tradição oqupa uma PQsição vista sociológico, toda obra artistica
pátrio e o conhecimento de co.stumes as predisposições hereditárias ou com específica, pela qual exerce influên- se afigura como f enômeno social :
populare,s eratn considerados, a.qui, os ho1néns como portadores dessas cia pr~om\nante e, muitas vezes, f. O caráter essencial, f\mdam.enta,l
como Urgeschichte (prebistória) e Voll~s­ predisposições. O sujeito de pe:oe1rà- goza de privilégios econômiops. E 1 da oqra litet ária é o de estabeleper
lcunde (folclore) e ligados às duas óu- ção e selêÇão, por6m, é o ambiente préc)so distinguir aristoÇ.ra;eta étni- a comuni cação entre um individuo e
tras disciplinas. Especialmente pela geográfico e social que forma. o hori~ ca e áristocracia f uncionalista, creada um público. E sta afirmação de um
influ&ncia de VtRc.aow. a antropolo- zonte cultural de urna raça. rgnora:n- ' por mercês de déspotas> (THURNWALD sociólogo : A arte supõe um público,
gia tornou-se ciôncia essencialmente do êsse horizonte, n ão se· podém jul- ~, IV, pg. XI). e êst e aforismo d e T o LS'IOI : A arte
anatómica classificando os caractéres gar os efeitos de peneiram,ento e sele- Aristocracias são originariamente é uma linguagem, são duas proposições
físicos dos grupos humanos. B.<\.&- ção. > No dizer de MüBLl\.fA!'-lN (2, grupos étnicos de caráter endógamo idênticas. Em um livro há sempre
TIAN, porém, colecionando materiais 39), <a racioJogia e a etnologia estu- (THURNWAI·D 2, IV, 95). dois homens : o autor - e isto cada
e creando sínteses, pôs em relêvo a dam duas variações da mes ma fun- A aristocracia é diametralmente qual sabe - e o leitor. ~ste, salvo
V olkerkunde (etnologia). Ao passo ção > (cf. funcionalismo). oposta à monarquia ou à democracia casos excepcionais, não é um indiví-
que, dêsse modo, na. Alemanha, se Na terminologia inglesa, anthrop<>- como princípios de organização polí- duo, mas um ser coletivo, um pú-
deu uma separação bastante clara wgy compreende tanto a physical tica e social. No âmbito da casta blico ; e êsse fato se descobre menos
entre a antropologia somática, de um anthropology ou anthropomef:1·y como a aristocra.tica., porém, prevalecem prin- f a.cilmente. Não quero dizer somente
lado, e a etnografia (v. i.) e etnologia ethnotogy a qual é chamada também cípios democráticos. O dirigente é que a obra literária seja um interme-
(v. i.) de outro lado, conservou--se, de cultural anthropowgy ou social an- apenas < primus inter pares >. Dis- diário entre o escr itor e o público ;
nos pa.ises anglosaxões, o conceito thropology. tâncias sociais (v. i.) existem somen- ela leva o pensamento do autor ao
mais antigo da antropowgia, usado no te em relação a outras castas ou gru- público ; mas ó preciso considerar
século XVIII.> (THURtNWAI.D, 2, l, 9. ). Apanhador - (V. Captq1·) . pos. Um dos tra.ços mais c-aracterís- que ela própria já contém o público.
Com a accentuação do ponto de ticos da aristocracia é o nativi,smo, A imagem que o espí~ito d êle produz
vista raçiológico que se dá,, atual- Apostasia - Segundo W n•;SE (1 1 226 1 com um código..de-p0nra cujo..s pre- em um livro é det erminada, entre
mente, na Alemanha, surgiu, lá, tam:- 292) a apostfl.Sia fa.z p!trtê dos pro,.. ceitos e n,o rmas ~spe,cífi~os e§tabele- todas as possíveis imagens da coD'.).ple-
bém a te.ndên;cia de aproximar,, ;a cessos destrutivos-consj>ruttl:v0.3, .a sse, cem a l;>8i~reira social (v. i.) e a I'.ela- ~id~e volúvel de um ser indivicluai,
antropologia qa etnelogi:a. E espe""
1
inelhando-s~ ao scisma c)u à dissi- ti'v a ünpermeabilida:de dQ grµpo (Ho,a- pela representação qu~ .êsse espíritp
cialmente Wilhelm E. Mli:aIJ.MÀNN, dência. . HOUSE, 1, 183 seg. ~ . se forma do público ao qual se. desti-
,discípulo de THu~NWALD, qµe se em- A apost~l.sia prepara a. decadên cia cj. Casta., or.dem-social. na ; ela é justamente tal qua): e$:sa
penha em demonstrai; a dependência do grupo. representação leva a se realizar~
reríproca de ambas as ciências, em- cj. decadência. Arte - Como us outros f enômenos cul- ( LANSON, 626, 627).
pregando, porém, em vez da palavra turais, a arte constitue um d0s objetos Não é preciso que êsse público real-
antropologia o t êrmo Rasse:nhunde Aproxlrnaçio - «A aproximação com- principais da sociologia material. mente exista. P elo contrário, a idea-
(raciologia ou biologia das raças preende os passos preparativos da A sociologia encara a arte como lização do público é um processo muito
[cj. raça]. P ara provar a necessidade associação > (WIESE 1, 141). Comó objetivação social, isto é, como deter- comum entre grandes artistas.
dessa colaboração mút ua, dá o exem- fase incipiente do processo de asso- minada, em forma e conteudo, pela A n.rte pode ser consideradn. uma
plo seguinte (1, 2,3) : >Estudam~eos ciaçã.o, ela pode ser considP,rada, mui- estrutura social. Coordenada, porém, simbolização específica da sociedade,
problemas do peneiramento (v. i. ) tas v ezes, consequência de contatos. com êsse ponto de vista surge a ques- represent ando valores próprios, irre-
e <la seleção (v. i.). Também nesses Há, porém, contatos sem aproxima- t ão oposta : at.é que ponto a arte, ou dutíveis. < Na arte. se i·ealiza a socie-
problemas o raciólogo considera . só- ção. A diferença. entre 0s dois fenô- mais precisamente, as obras artísti- dade, revelando-se a estrutura social,
mente os fatores hereditários, ou in- menos não é absoluta, mas apenas de cas interferem no processo de estru- simbolicamente, na estrutura da tota-
divíduos com determinada predispo- grau (ibidem, 141). turação social, modificandQ f orqlas lidade afetiva do indivíduo> (SA UER-
sição hereditária. Não lhe é possível, • existentes ou creando novas. MANN 1, 321). O indivíduo nesse caso
r.f. associS\çilo, contato.
-.- -

-26-
) 27

póde ser o artista, creador ou simples Assei:nhléa - Um agregado s!c·1 de


A assimilação é particu1armente im- Atividade social - WAXWElLER (cit.
caráter pouco definido e de classi cação portante para os problêma-s da migra- apud WIEsE 1, 127) denomina ativi-
reprodutor, mas também a pessôa ção (P ARK 1, 281 seg.) consid er a um
que compreende uma obra art~ca difícil é a assembléa. Não é tidão dades sociais os processos de oaracter
(v. i.) por ter um cunho pron~ciada­ imigrante como assimilado quando associativo ou dissociativo que nas-
experimentando emoções específicas
na sua contemplação ou audição. mente racional, organização (v. i.) não t êm mais sinais de alienigena e cem de desejos soei.ais. :êle enumera
< Quanto mais o indivíduo integra e conteúdo intencional (v. i.) previa- adquiriu de fat.o (nem sempre de as seguintes :
ment~ constituídos. A assembléa, jure) o estatuto-social do nativo.
a sociedadE', tanto mais 'forte a perso- 1) Atividades conjuntivas (proces-
nalidade e GUYAU tem razã-0 em atri- em geral, difere do grupo (v. i.) por- Muitas vezes, porém, marcas raciais
impedem a a ssimilação. sos simples de ligação)
buir ao gênio uma sociabi1idade máxi- que lhe falta o elemento coqstitutivo 2) Atividades protE'toras ou noci·
ma> (Ibidem, 321). d a continuidade, e seu grau de coesão Associação - 1) Para muitos sociólo- vas (processos que v isam a proteg~r
Sendo a arte em geral uma simbo- ou solidariedade é, a mor-~rte das gos, mormente os alemães, associação
lização da sociedade, os estilos ar-tís- vezes, precário. Não raro oompõe-se ou prejudicar outros).
(Vergesellschaftung, Gesellung) é' &inô-
t.icos n ão passam de formas ou mada- de elementos heterogêneos ou até an- nimo· de sociedade (v. i.) justüican- 3) Atividades competidoras.
hdades de simbQlizaçã.o (Ibidem, 332). tagônic,os verificando-se, na ·sua fase do-se êsse u se;> do t êrn10 ci';)m o signi- 4) Atividades divulgadoras (preces...
Como esfera específica. d& ~ç:\a: C"Ql- inicial, proce$sos de comprdm.isso ou ficado estátiqo da pa.J,a;yra,. i:;oci~ade sos destinadós a produzit reaçpes idêl;l-
tural a arte c,n:ea tambén;i agrl;lp:wnen- t ol.erânc.ia. :r-:ra, contudo, .~sembléas .(Ge~llscha;ft)., S~ndo a ·s0cteda,de ticas em outros).
l tos e instituições e~pecíticos cujos Clue são verdadeiros· grupos como, por antes sequência e poqco.piitânéi:l:L â.e 5) Atividade$ gregárias (pt0cesso
fins são, pr'incípalJ,n ente, de car4ter exemplo, um parlamento (B E.RNlIARD inúmeros proces~os sociais, páreceu espontâneo de associação, origÁnado
receptivo (associações musicais, lite- 1, 611, 613). a, êsses sociólogos (8™1\f.EL,: VIER- pelo :medo em face de um perigo).
rárias, museus, etc.). cf. conciência coletiva, g~po, mul"" KANDT, WmsE, GEI GJDR, TlimtNWALD
(ad 2) <Si a arte simboliz-a a socie- t idão, solidariedade. e outros) mais adequa-do o têrmo dinâ- 6) Atividades repetidoras (imitação, I

d ade ou, melh:)r : si a sociedade se mico de assoei.ação. st1gestão, contágio, e reprodução).


simboliza na arte, a arte tem seu fim Assimilação - P ARK e BURGESS (cit. 7) Atividades iniciativas.
em si mesma. Pode-se falar de uma 2) Associação pode ser, além do
apud CARVALH O 1, 125) de fin~m a exposto, u ma espécie de processos 8) Atividades aquisitivas.
influên cia sôbre a sociedade à me- assimilação como <processo de mter-
dida cm que a creação artística e o sociais concretos cujo esquêma, se- 9) Atividades seletivas.
penetração e fusão de culturas, isto gundo WIEsE (1, 130) é o seguinte:
gôzo artístico representam essa fun- é, de tradições, sentimentos, atitudes
ção soci.al, de sorte que o fim da arte, a ) Fase anterior : isolamento, segre- Atitude - YoUNG (2, 591) define ati-
de pessôas e de grupos que, parti- tude como >reação incipiente e aber-
sob o ponto de vista sociológico, con- gação, inimizade, estranheza.
lhando da mesma experiên cia e his-
siste na f unçã.o de representar, simbo- t ór ia, se incorporam numa. vida cu1- b) Fase transitória: contato. ta. .ou tendên cia. determinada d e com-
licamente, pela obra artística, a socie- tural comum >. e) Fases preliminares: tolerância, portamento em relação a qualquer
dade no indivíduo e de intensificar compromisso. . estímulo ou situação, muitas vezes
Culturalmente o processo de assi-
a personalidade, Crear arte e gozar milação difere da simples acomodação acompanha.d a de sentimentos e emo-
arte equivalem dizer, portanto, inte- d) Processos de associação propr1a-
p elo seguinte (YouNG 1) .: ções>.
gração da sociedade na cpnoiência» men t e d~tos :
1) a assimilação 6 iuai~ . completa e, AB atitudes podem assumir caráter
(8.A:UERMANN1 1, 324). ~proximação,
profunda ; . , acomodação, social quando dete~·minadas (pela con-
(~d 3) Na. gênei;ie da arte não · ha:. ~,~­
cjê]fcia coletiva, isto é) por um p;rro-
p aração entre artis,t .a e públipo. Mú- 2) a assimilação é 13upinteligente assimilação.
sica, teatro e dança são execuh i;da:s · a.o passo que a acotnodaçã;o ~e op~ra amalgamação ou fusão, oosso de .e stainda,rdizaçã.o que ~ unt-
por todos e se prendem inti:rp.~mente à. luz d a . conciêncía. M,its a acomoda- fotmiza e lhes imprime um cunh(}
3) Associação é têrmo usado em •'
ao cult.o religioso e à magia. A sepa- ção pode ser o pJ·ime,iro passo p~ra lugar dé grupo social. coletivo.
ração entre artista e pública é um fe- uma assimilação ; 4) Associação preferencial chama A existência d a opinião pública
nômeno de diferenciação social. 3) a natureza das interações refe- GrDDINGS (1, 166) ao processo de
( v. i.) s upõea titudes coletivas (BER N-
M aterialmente a arte é condicio- rentes à acomodação é diferente das HARD e, 30.5 seg.).
agregação típica do homem, baseado
n ada pela existência de um conside- da assimilação. Acomodações efe- sôbre escôlha entre indivíduos d e Observa Y OUNG ($, 7) que os têr-
rável equipamento civilizador. Quan- tuam-se, de p referência, entre grupos costumes, creanças, gostos, virtudes, mos: h ábito, tendência e dis posição
to maior o número d e possibilidades secundários, ao passo que processos fraque:r,a.s e vícios iguais. A associa- ap arecem, muitas vezes, como sinôpi-
t écnicas, ta.nto mais numerosos os pertinentes à assimila.ç ão se operam, ção preferencial é uma consequência mos de atitude. D aí também as re-
estímulos para a realização d e ativi- geralmen te, entre grupos primário~. da cOT1sciousness of kind em contra- lações íntimas com o conceito de ins-
dades. art~t1cas. (Vizinhança, escola, família, comum- posição à associação meramente gre- 1 tinto-social, no sentido que dá VIER-
cf. acultui-ação, ci viliza~ão, cultu- dade rural, grupos recreativos etc.). gária doa anima.is. X:ANDT a esia palavra.
ra, estilo, SfJilbolo, sociologia. UIDJL ass.imila9ã0 completa coincide
Literatura : Baratone, Croce, ~­ com a amalgamaçã-0 quando oo diver-
tinal, Grasserie, Guyau. gências étnicas ou racjais.

'
'
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-29-
Classificação das atitudes segundo MAc IVEn (24).
rada por V rE1U{ANDT (1, 24) como frequente, porém, que uma pessôa l
(Atitudes de pessôas consideradas em relações com outras peesôas).
tendência inata do homem. e o ins- adquira autoridade e prestigio, haven-
I. e 1\titudes que implicam um sentimento de inferioridade no que diz tinto de auto-con ciência afetiva atri- do até, as vezes, interação ent.re os
respeito ao objeto da. atitude : bue-se valor e pretende ser conside- dois fenômenos.
rada como valor, de maneira que, ori- Embora a autoridade seja sempre
Dissociativas : Restritivas Associativas ginariamente, se confundem ambos os exercida por pessôas, ela pode existir
temor respeito gratidão fins, na experiên cia. Primitivamente, adstrita a uma entidade objetiva (Es-
medo venera.ção emulação figura como ortgem do juízo decisivo tado), baseando·se na distancia que
terror adoraçã-0 imitação de valor o grupo, cuja aprovação ou separa superiores e subordinados. Os
inveja dev:oção culto-dos-heróis reprovação a pessôa julgada não con- símbolos são m eios para manter essa
acanhamento humildade sidera como fato exterior, mas como distancia (MICHELS 319 seg. ).
submissão sendo parte de sua própria existência. THURNWAI,D (2, IV, 137) distingue
subserviência Em virtude da dependência daí oriun- duas formas de autoridade : 1

modésti~ d~ o individuo é, m,uitas ve;i.es, in-


1) concêntrica:: representada po.r
snobismo fluenciado nas suas atuaç.õ,e s pelo gru-
t po, no ·s entido de -qma sele'Çao, de um uma ou 1nais p essôa$ :
II. Atitudes que implicam um sentimento de superioridade : qese:nvolvimento, ou t;le uma alt~-ra­ 2) difusa : repFesentada: por costu-
' ção d e suas t endências \rolitivas. '.f mes, tradições etc. em relação aós
Dissociativas Restritivas A ssociativ(l,s Um.a das características da auto- quais os próprios di l'igentc$ são ape-
desgôsto orgulho compadecimento. conciênci~ ou conciência-do-E'u, como nas executores.
aversão patronagem proteção se poderia ch ama-la também, é sua cj. dominação, prestígio.
repugnância tolerância capacidade de dilatação, chegando a
escárneo indrilgên cia abranger objetos e pessôas do mundo Avánheê - Do guaraní, composto dils
desprêzo circundante. >A auto-conciência afe- palavras avá : homem, pessôa. e nhoo:
desdém tiva pode es tender-se a outros obje- linguagem, podendo ser t raduzido, se-
menoscabo tos, além do E u-individual, a todos gundo R E CA LDE (2, 40) por língua de
intolerância. os objetos com os quais o Eu se iden- gente.
A vánhee é nome usado por vários
! tifica, que são considerados como per-
A •
arroganc1a
tencentes ao E u ou como partes dele, a utores para designar a língua guarani.
III. Atitudes que n ão implicam, necessariamente, diferença de nível ou no s~ntido ma.is amplo> (Me DouGAI.:L cj. língua geral, n heêngatú.
estatuto: 2, 54, cf. também 1, Cap. VII). Avunculado - D o vocábulo latim
Como forma negativa da auto-con-
Dissociativas Restritivas 4ssociativas ciência afet jva pode ser considera,do a ·
avwnculus, isto é, irmão da n1â e (cj.
ódio rivalicht:de simpatia THURNWALD1 7, 256).
ins tinto de subordinação (VIElt'.KA.NDT
desagrado competição afeto 1, 61 ). Escreve o mesmo autor (:2, II, 214) :
1 ave.rs.ã o ·clume,g confiança. ( A posição privilegiadà que) entre. a
' cJ. conciên cia. coletiva,. dilataçft.;0 do maior

~
desconíi~nça ternura parte dos povos 11aturais, é
Eu, subordinação. ócupadá p elo ii:mão da mãe, ch::ima-
su~peita, amoJ;
rancor ·amizaqe se avunculado. Também entre, os
Autoridade - SIMMEL (1, 102, IÔ3) p ovos da Antiguidade acham-se ves-
malícia bondade

l define a autoridade como identifica- tígios que indicam uma relaçã.o de


crueldade cortezia ção de uma personalidade (v. i.) com
ajuda parentesco expecifica entre o irmão '
uma norma ou um poder superpessoal, da mãe e seus sobrinhos e sobTinhas.
cf. atividade social, forças sociais, instinto social, ressonância social. objetivo.
Uma ligação estreita entre o irmão da
A autoridade como forma de supe- mãe e o filho d a irmã. foi verificada
rioridade objetiva constitue-se de pre- entre os indianos, germanos e celtas,
Autóctone - D o grego. Têrmo que Auto-conciência afetiva - Do têrma ferência, institucionalmente. (J ~' ofi-
designa o habitante primitivo de uma inglês: self-regarding sentiment. Em onde também o irmão zela pela cas-
cial, sacerdote, professor, etc.). Para tidade da irmã . Nas ilhas do Estrei-
terra. Aplicado aos índios, p ode cau- aJemi'io : Selbstgejühl. formas de s uperioridade pessoalmente
sar confusão, porque ainda h á pessôas E' preciso distinguir uma forma de to de Torres no s ul de Nova Guiné,
constitui da é preferivel empregar o o irmão da mãe destaca-se, esp ecial-
que sustentam a origem americana auto-conciência puramente racional termo prestígio (v . i.).
dêles. E' es ta a razão pela qual (selfoonsciousness, Selbstbewusstsein) e mente, na educação dos adolescentes
achamos preferivel, nêste caso, o em- uma forma afetiva. A forma afetiva Se a fonte do prestigio é, segundo e na sua introdu ção na sociedade dos
prêpi;o do têrrno tndio (v. i.). da conciência-de-si-mesmo é conside· GEIGER (1, 39) o sucesso, a fonte d'a homens. E ntre os habitante::i destas
autoridade é uma investidura. E' ilhas ocidentais, o homem abandona

,,
' /
- 30 - ·
o combate, si o irmão da mãe o dese- os outros ; e os filhos das fêmea.$, si •
ja não fazendo o mesmo a peclido do são filhos de cativos, os têm por es-
pai. Ta.mbem entre as tribus d o E we cravos e os vendem, e às vezes matam
do norte de Guiné, a autoridade do ir- e comem, ainda que sejam seus n etos •
mão da mãe é maior do que a do pai. ~os de suas filh as, e por isso t am-
Entre os ínclios Hopi, o irmão da mãe bem usam d as filhas das irmãs sem •
ensina aos filhos de s ua irmã os deve - nenhum pejo ad copulam, mas não
res ceremoniais e as traclições da tri- que haja obrigação nem costume uni-
bu. Na cost a da Colomhia B ritânica, versal de as t erem p or m ulheres ver-
o sobrinho mora com o irmão da m ãe
trabalha para êle, casa-se com a filru;,
d~deiras, mi;i.is que as outras, como
d1to é. E por esta causa os P adres B
dêle e fi ca seu herd eiro. Entre os as casarµ agora com seus tios, ir mãos
índios Omaha, o dever do irmãio .d a das mães, si as partes são con t entes,,
mãe é Adefender e vinga.r o sobrinho, pelo poder que t êm de dispensar
tendo este, por outro lado, freq,uen.te- com êle~, o qu~l ató agora se n ão fez Bando. - Em f ranoês b~nd<P. ~m in- Na definição de 4Y.nOSA (51) o beij'ú
ment.e~ a obrigação de m gar :a m:grt.e com sóbriuha 'filha de ir mão, n em ain- gl'ês bq,nd. Em alç,m:ao JJ:art.àe. é. .)um bolo que recebe non1~& e&peóí-
d aquêle. ~ da em out r@s g,r aus mài~ afastados que E m etnologia ch ama...:se ban'do um , ficos quando varín. na forma 1 no ·pre-
'l'HURN VtALD (o. e., 215) menciona vem p~la lin ha dos pais, porque entre ce,rto número de famílias p ermanen te- pa1:0 e até no acondicion amento. A
que, cá e acolá, há o costume de uma os índios se t em isto por muito es- men te associadas (geralmente capto- farmha de m andioca é bá'.sica mas
u~i ão entre tio e sobrinha. A resp eito tranho. > res., v. i.), habitando em comum
' ~
pode ser fresca ou puba, fina ou grossa,
disso devemos ao grande missionário Obser va, ainda, T HURNWALD (o c. , uma determinad a região. O b ando torrad~ ou socada. E ma is, pode-se
jesuíta P. J oseph d e Anchieta (2, 215): <A frequente r elação do avun- caracteriza-se, também, pela comuni- a ela 3untar castanha ralada, sal,. gor-
452) as seguintes noticias bem inte- culado com o matrim ônio entre pri- da de de cultura e tradições. (cj. TuuRN- dw·a, etc. >
ressantes, dos T upí da costa brasi- ~o. e prima (v. cross-cousins) p arece w ALD, 2, IV, p ag. XI). ~YROSA (5.~-54) cit~ as diversas espé-
leira: <As filhas das irmãs não char- u1clicar que o filho do irmão da mãe cies de be1Jú descritas por vários au-
podia ser p rotetor e marido da filha cj. horda.
mam temericô et~, n em por t ais as tore~. O beijú que vimos entre os
t êm ; porque muitos Inclios com te- da irmã de seu p ai. As relações do Tap1rap é, correspon de na forma ao
avunculado com a m atrilinearidade Barreir~ s oei.a! - Esse t êrmo designa
r~m m uitas sobrinhas, e muitas gen- c.h ama?o beijú-aÇ'li que é um grande e
(v. matrilinear) não são b em determi- o ?ºnJunt o de normas ou preceitos
tis mulheres, não usam dela& ; m ás mais ou menos complexos e de carát er fin o dtsco torrado. E ' feito de mas-
como os irmãos t êm t anto poder sôbre n adas, p rovavelmente porque a pró- sa de. farinha peneirada e torrada de
J?ria ~at:filinoaridade e a própria patri- puramente con vencional, que consti-
\ . as irmãs, t êm para si que lhes perten- t uem um impecilho, às vezes intrans- m~d1oca p~ba, e também de amen-
cem as sobrinhas, p ara a's p od'erem linear1dade (v . patrilinear) nem sem- dotm ou milho. Não é comida de
pre aparecem realizadas de maneira , poniv:el, p ara elemen tos indesejáveís,
t e:r por mulheres, e usar delás ad excluindo-os, d ésta man eira da convi- todos os dias, mas fabricado só às
libit-u,m si quiserem, assim como as coerente e unilateral, sendo a conta- v~zes, em <:>casiões ,solenes, por det er-
gem influenc~ada pot divers~ aupo- vência com dot erminada's 'classes so-
mesmas irmij.s, d ão a uns e tiram a ciais . . · Barreiras t ô:m efeitos seletiv:às,nunada m ulher.
outros. 'l'ara.goaj, índio muito prin- si9õt;}s e idéas, · ·
.·~ Ü l;l;V'UJ.1:CU,}a,d o n ão pa~ece ser Um mas frequentem.ente no .s entidQ negar
tivo, isto é, o crité11io da .seleção r~:vé-1~­ Bi,ai~.ia - ' A forma d e mati·imôliio
cipal n a aldeia: d e J áríbatiba:, <It:J.e é ' '
'
n o 'campo de S. Vicente, 't inha .duás .~sturrie casytl nas. rela9õe~ de paren- , '. , , <:V:· .L) n a qual um homem leva vida
tesco, mas u m uso antigo e profund~ se como sen do prejudicial a pr~pQ:a
mulheres., e uma delas era sua sobri· clas$e, reduzin do-a e lesando a est ru- conJqgal com dua,s mulheres ou uma
nha , filha de sua irm ã ; e. quándo se m ente arraigado que, provavelmente mulb.e r com dois homens, p~de ap:re-
t em conexão t ambém com o con éeifu t ura social (v. i.). A im~ermeahili­
batizou, deixou a sobrinha, ainda ·que dade produz um hiato social entre sen tar as seguintes modalidades :
era mais moça, e casou com a õut ra. da participação predominant e que as
mulheres t êm da origem das criança.$. várias castas ou classes, acelêr.ando A ) O homem convive
O terei respeito às filhas dos irtnãos assim a revolução social. (CARVALHO
é porque lhes ch amam fil has, e n essa O fato d e que a vida sedentária dos 1) com duas irmãs ;
agricultores d á à mulher, por ser for· 2, 261 seg.).
conta as t êm : e assim neque j ornicarie . 2) com uma mulher (viuva, divor-
as conhecem, porque t êm para si o n ecedora perman ente d e alimento uma ciada, etc.) e a filha d ela filha essa
posição privilegiada e, com isso,' tam- Beijú - No dizer de AYROSA (54), da qual não é p ai; '
parent êsco verdadeiro vem pela p arte 1
essa palavra da língua vernácula do
dos pais, que são os agent es ; e que
as mães n ão são mais que uns sacos
bém a seu irmão ascendên cia sôbre a
p role dela, cont ribuiu, indubitavel- Brasil é <o mb eiú ou mbeyú do tupí- 3 ) com duas mulheres n ão p aren-
tes entre si.
l
em r~speito dos pais, em que se cria~ men te, muito p ara aumentar essa in- guara.ní, equivalen te a enroscado, en-
as crianças, e por esta causa os filhos fluência. Ao comportamento do ir- rolado, franzido, et c. > Segundo von A. prim_eira. ~odalidade é frequente
dos pais, posto que sejam havidos d e mão da m ãe corresponde, em parte d~n STE:rmJN (2, 539), os K a mayu,rá devido à mst1~uição do sororato (v. i.).
escravas e contrarias cat ivas, são o da irmã do pai. > ' dizem meyú . Dos Tapirapé ouvimos A segunda, s1 bem que muitas vezes
eempre livres e tão estimados como
meijú. latente, se dá quando o homem desposa
cj. matrimónio.

-32- 33 -
uma mulher que tem uma filha mo· Boicote (Boycott) - Quanto à origem instituição para que propomos a de- nos ; a menina recebe os seus de pa-
cinha, ou quando se cru:ia com uma. desta palavra, LAIDLER (662 seg.) ob- signação bilinearidade (em alemão rentes paternas. Em regra, a trans-
mocinha cuja m ãe, viuva ou sem ma- serva. o seguinte : O capitão Boycott, Doppeljolge) aparece seja como su ces- missão é feita de uma geração para
rido, é amda moça : duas esp écies fazendeiro senhorial da Irlanda, era são dentro do mesmo sexo, ist-0 é, os a seguinte, sendo o ideal transmitirem-
de casos observados, por exemplo, tão odiado por seus agregados, que o filhos su cedem por linha paterna e se os nomes do irmão da mãe para o
entre os Borôro (cf. BALDus, 3, 136, abandonaram durante o perfodo de as filhas por linha materna, seja filho d a irmã e os da irmã do pai para
\ 37). Ocorre a terceira modalidade : agitação da I rish Lan<J, League. A como sucessão que p assa de wn sexo a filha. d o irmão.
a) quando a idade av ançada da es- repercussão dêsse procedimento che- para. outro, isto é, os filhos s ucedem A bilinearidade h eterosexual ápa-
posa que, at é então, era a única, leva . gou ao ponto que o padre John O ' por linha materna e as filhas por linha rece t ambém n os n omes dos hotento-
o marido e, n ão raro, a. própria mulher Malley e o jornalista americano J a- paterna. tes (S CHULTZE, 305). Nêsse povo sul-
a desejar a companhia de mais uma mes Redpath cunharam o têrmo Boy- Encontramos a bilinearidade homo- africano, o n ome paterno é t:1;ansmitido
mulher que se torna segunda esposa cott para essa forma de ostracismQ sexual entre os Tapirapé ÇBALDus, para a filha. e o materno para o filho.
(em analogia à mencionada segunda social, empregado, posteriormente por 8, 90). Es.s a tribu tupí ~ dividida em Invest igação especial a respeito da
m odalidade, onde o homem desposa grupos nacionalistas, organições de sete grupos de comer (v. .i.). Caqa bilinearidade mereceria o totemismo
a filha quando a mãe dela, sua pri- consumidores, de comerciantes e de indivíduo pertence, toda a vida, ao sexual (v. t otem ) ~uja particula.ridudé
meira e~po,sa, está velha) ; b) quan- operários. ,niesmo grupo ; o$ filhp~ ao grup9· i;l(i.) consist e no fat o de terem os homens r
do circunstân cias sociais (a dignid~de $ociologicamente encarado, o boi- pai, as filhas ao grupo da mã~. Em outros totems que a:s mulher~. ' Lê-
ele ch efe ou a vontade de subir na es- cote é um processo de individuação cada grupo de comer há repres,entan- mos em f lA.BERLAN'DT (587) : «No
tiina pública) ou económicas (~ ten- 0' segregação (v. i.) que WIEsE (J, tes dos dois sexos. n orte da Africa Orient al, o totem
d ência de acumular capital pelo tra- 238) define como >exclusão de pessôas A respeito da tribu gê dos Apinay é parece ser, em geral, h etança pater-
b alho de braços humanos ou de dis- de um grupo, de forma que os exclui- (Timbira Ocidentais), o snr. Curt na e, só raramente, mat erna; há, às
pôr, simplesmeinte, do maior número dos cáem na desconsideração e no NIMUENDAJ'Ú, em carta de 22 de no- vezes, s ucessão paralela, sepatando
possível dôsses braços) ·exigem aumen- desrespeito geral >. v embro de 1937, escreveu-nos o se- filhos e filhas, que lemb ra o totemismo
to do ntimero das mulheres (moti" Fenômenos afins: remoção, expul- guinte: e.A exogamia (v. i.) dessa sexual (tamb~m entre os Ababua). >
vos que, n atw·almente, também po- são, excomunhão, proscriçã-0, dest êrro, tribu é rcgulanzada por uma. divisão Segun do ANKER~iANN (161) há tote-
dem originar as duas modalidades j á degredo, exílio, ostracismo e depor- em quatro grupos que, em sequên cia mismo sexual en tre os habitantes d e
mencionadas ; e) quando o hQmem tação. dete1·minada, casam-se um com. o ou- Usukama e Ukerew e onde se verifi-
que já tem mulher, é obrigado, pela tro. Pertencem, então, os filhos mas- cou su cessão do totem dos h omens em
instituição do levirato (v. i.), a des- Bilinear - A contagem da descendên- culinos ao grupo do pai e os femin i- linha paterna e do t otem das mulhe-
I
posar a mulher do irmão. cia por linha. paterna. constitue a base nos ao grupo da mãe. A re.~peito das res em linha matern a . O p adre W.
B) A mulher convive : de um sistêma de normas sociais com- metades (v. i.) não exógam.as, os Api- S cHMIDT (2, I, 343 e seg.) men ciona o
1) com dois irmãos, preendidas pelo nome pa.trilinearidade nayé são m a.trilineares. > totemismo sexual que, entre muitas
2) com dois homens não parentes (v. patrilinear). Essas normas refe- Ao PM$O que a bilinearidade h omo- t ribus do sueste d a Aust rália, encerra
entre si. rem-se, por exemplo, ~ integração do $exual se m aniff',sta, entre os Tapirapé, a concepção de um pai primário ani-
A primeira modalidade se dá em indivíduo em uma unidade social e numa i~s tituição social que não tem mal para os homens ..e de umà mãe
à transmissão de posições ou proprie~ :importância para o cas·a;ment~, vê-
socíedades 9nde se pratic.a a polian-
dria (v. i.) para consewar reumdá '
dade. A 'patrilinearidade ootrespon-
primária anhn.al para as mulheres,
mo-ln., como j á foi di.to, entir~ os Api- · atestando, segundo P REUSS (~i81;88 ),
a propriedade da f amilia dos ir.mãos d,e a matrilinearjdade (v. maVrilin:ea1:) ·nay:é, em relação· ootn um 'f),i'~óeito «que a sensação extrâordin::iiriamente
como, por exemplo, no Tibet; ~páre­ que se baseia na contagem da d escen- matrimonial (v. i.). . forte de su a. particularid ade e inde-
ce t ambém, em certa,s zonas, como dência por linha materna. N ão rara.. A bi1ine$1iridn.de hete1·o sexual foi p endên cia incita t anto o i:;exo inas-
variação do levirato. A segunda mo- mente encontram-se na mesma tribu encontrada entre os Ramko'kamekra culino com0 o sexo feminíno a asse-
dalidad e pode suceder si numa tribu traços patrilineares e ma.trilineares que (NIMUENDAJÚ e Lo\VIE, 569) ou Ca- gurar sua exis t ência pela proven1ência
d e caçadores e colecionadoras, por constituem um sistema mixto. Tam- nelas (Timbira Orientais). ·E ssa tri- de um grupo animal. >
exemplo, uma mulher en érgica tem b ém THURNWALD (2, II, 190) observa bu gê tem, além da divisão em meta-
a capacidade de mantêr a dois mari- a respeito que <princípios diferentes des matrilineares com exogarn:ia por Botoqu.e (Batoque) - Com esta pala-
dos coro o produto de sua. colheita, podem determinar a transmissão da princípio, (a.hás já em decadência), uma vra, que é sin ónimo de rôlha de barril
como soubemos dos Borôro (cj. BAL- posição social e da propriedade ; se- organização em >metades da época da e tonel, os por tu11;ueses designavam
ous, S, 138). gue-se dai que pode haver, em uma chuva > que funcionam independente- os rolos enormes que certas tribus
P ode-se dizer que, em geral, entre relação, patrilinearidade e, nout ra, ma.- mente das metades tribais em ciina brasilefras da familia linguística gê
os povos n aturais ( v. i. ) é menos raro trilinearidade. > m encionadas. Uma série de nomes usavam e usam introd uzido8 nos furos
o homem t er duas mulheres, que a Foi observado, agora, entre alguns pessoais determina automaticamente artificiais dos lób ulo~ d a orelha e do
mulher t er dois homens. povos, se bem que poucos, a coexis- a metade da época da chuva à qual . lábio inferior, pas~ando daf a deno-
cj. escola matrimonial, monogamia, tência. da patrilinearidade e da ma.tri- o portador pertence. O menino ad- minar uma dc.'3sas t ribus, na qua l
poligamia. linearidade numa única rela.cão. Tal quire seus nomes de paren te.s mater- ambos oi:i sexos usam tais enfeites,

I
-34- -35 -
os Krenak do rio Doce dos Estados rocha do Brazil (Brazil Rock, na Ir- gradas na mesma organização polí- também de Aweikoma, Bot-0cudo e
de Minas Gerais e Espirito Sa.nto, landa.) e a ponta do Br~il, na. ilha tioa, juríclioa e moral. Chocré.
Botocudos, nome hoje empregado na Terceira.. No dizer de HmrnoLDT, O f ntor essencial no processo de
literatura etnográfica internacional o nome Brasil emigrou de S umatra, brasilização é a elaboração de padrões Burguesia - O têrmo burguês era.
Não queremos deixar de mencionar gastando nesse percw-so quasi mil culturais e civilizadores unúormes usado, .originariamente, com relação
que os A weikoma, índios gê do muni- anos. > que, por sua parte, condicionem atitu- aos habitantes de um burgo medieval.
cípio de Blumenau no Estado de San- Ko século XVI, o têrmo bra.<>il já des e reações idênticas em face do Na França dos séculos 17 e 18 a pa-
ta Catarina, foram chamados, às não era aplicado só à madeira co- problema. lavra burguês veiu a ser sinônimo de
vezes, também de Botocudos, mas sem r ante dêste nome (Caesalpinia echi- cf. aculturação, a malga.mação assi- patrão, no sentido patriarcal. Em
a •mesma razão que os Krenak, pois nata Lam. ), mas t ambém, pbr haver milação. ' consequência de antagonismos ~ociais
usam só um pequeno tembetá de tanto desta m adeira , ao paiz desco- e 1~1tas-de-~la~ses, o uso da palavra
pedra, osso ou corno no beiço infe- berto por Cabral e, depois, a língua Bugre - Da palavra francesa bougre. se 1a restr1ng1ndo, cada vez mais à
rior, ficando êste costume restrito ao tupí e aos habita ntes da grande colô:- Se~ndo Affonso A. de FREITAS classe dos possuidores dos meios 'de
sexo masculino. nia portuguesa na América (cf. Cai·- ~17~) ~sta denominação é ~ apodo, in- produção e distr ibuição, às profis$õea
O botoque distingue-se do tembét.á tas Jesuíticas II, not a 127 de Afrânio 3úr1a, insulto, praga de;pdm~nt.e, t .êr- e a ulll:a parte do~funcionalismo (BRnnt•
(v. i.) pela forma e pelo tamanho· da P1!1IX0To), :mormente aos índios. Co- mo da mais baixa linguagem do idió- ~N f l,~ 654).
abertura artificial no labio, sendo o mo adjetivo aparece em Indios 13ra- ma francês, com que QS com.p{!.nheiros
Segundo ÓARVALHO (1, 261) ,:a
tembetá ou um pendente que se des- si$ (o. e., 424, 427) e rneninos Brasis de Villegaignon, vindos ao Brasil em
~urguesia não constituiu casta, mas
taca bastante debaixo do lábio, ou (o. e., 437) que, como mostra'. â pá.g,ina 1555, mimoseavam, por aleunha, os
Tupin.ambás, em agradecimento à gene- slm classe-~berta, acoessível, da qual
um botãozinho, sendo, poré111, ém seguinte daquêle livro, eram Inàio- se pode sair por desclassificação, na
todos os casos, invisível o cabo que sicos Brasis. Como substantivo com rosidade e leal desinteresse com que os
qual se pode entrar por acesso. Co-
está dentro da bôca1 por ser o furo a s1gnüicação de índio brasileiro en- nossos infelizes aborígenes apoiavam
mo as castas porém, a burguesia pra-
incomparavelmente menor do que a contramo-lo empregado por outro je- as pretenções de domínio dos idealis-
cura conservai: as suas regalias as
suita, (o. c., 4.91) quando menciona a tas fundadores da França Antárctica >.
abertura necessitada pelo botoque suas superioridades, mesmo q~ndo
que reduz o beixo ao papel de uma vitória do governador portuguê~ sôbre O mesmo autor, ibidem, cita a expli-
cayão do significado e a origem da pa- nã o são mais retribuições de serviços
simples orla.dura. os Brasis e Franceses. Ficou restrito prestados à sociedade>.
cf. aimoré, tembetá. a. êste sentido nas obras de notáveis lavra bougre dada por LrrrnE em
escritores brasileiros modernos. seu Dictionnaire de la Zangue française S ubdivide-se t ambém em pequena
edição de 1885. ' e alta-burguesia, segundo os recursos
Brasil - JoA.o RmErRo (35) ensina a
O odioso ou desprezível vocábulo os padrões de vida, mas tudo n~
respeito : <O nome Brasil era já co- Brasilização - Formação analógica ao nível é burguôs, e reina uma igualdade
nhecido na Europa talvez desde o se- têrmo americanizaÇão e usada por bugre; hoje ainda, em grandes partes
REVOREDO (252). do Brasil, muito corrente como de- teórica que ~ serve a marcar a bàrreil'a
culo IX, senão mesmo em épocas an- que separa dela o povo > (ibidem 262).
teriores. Bresil, Brasilly, Bracil, Bra- < Brasilizar o imigrante não é somen-
signação popular dos índios, tendo
pa:ssado daí a f iguràr até na nomen- Tambem MEUSÉL (11 90 seg. ) friza
X'ilis, Bresilium, Presill, ' Pressili, etc., te promover a sua assimilação, pro-
curando trazê-lo para a comunh&o ·de clatura .geográfica, chegou a ser Stdo- o caráter diferencjal da classe búr-
encon.tram-so em varios documentos gues~, . sua di,f erenciação em grupos
medievais. Um pau , de tintl.Ú·ttria pensamentos, aspirações e esperanças,. tado pela etnografia internacional co-
assim conhecido vinha do oriente..e que consti~ue a primeira exteriqr'l.Za- mo. denonünação da t;ríbu gê do ·m uni- parc~a1s'.

foi de certo introduzido p.elos árabes ção de uma nacionalidade ; é, t~m, cípio de Blupaenau no Estado de San- . cj. camadn., oas:ta, cl~sse, estratí-
que o chamavam ba:k-kam, que tra- bém, o processo de nêle desenvolver ta Catarina a qual, aliás, e chàmada f 1cação1 estrutura social.
duziram no làtim l>resiUum, procu- sentimentos de amor e Íealdade à
rando a analogia da raiz semítioa. nossa terra para sustentáculo dos le-
bak-kam (ardente) oom a aryana gítimos inte1•esses do Estado, para a
bradsch (port. braza, it. l>race, fr. defesa dos ideais e r eivindicações na-
braise). D êle fala o geógrafo viajan- cionais, numa cooperação recíproca
te Abuzeid El HAcEN (IX século) e e fraternal com o elemento nativo.>
E DRISI (1153). A geografia mítica Todavia o t êrmo assimilação (v. L)
da Idade-Média admitia uma ilha adapta-se, perfeitamente, às exigên-
oceânica Brazir, Bersil, ao ocidente, cias atinentes à brasilização completa.
creada e devorada por um vulcão, sem Do ponto-de-vista social, a fusão das
que a re.c:i peito dela mais nada se sou- diversas etnias e raças seria, indu-
besse; por supô-la existir entre os bitavelmente, o ideal. A amalga-
paralelos da Irlanda e doe Açores, mação, porém, não se afigura como
dois nomes depois se f ixa.ram na geo- elemento constitutivo da assimilação,
l?'afia moderna que o indicavam, a pois diversas raças podem estar inte-
••
37
fica qualq'(,ler ,mestiÇo proveniente de 1)' a,o ~panJ:iel ca:dcazgo.,e aQ .aletnª-º
.tn.dio 'brasileiro mis:t\l'\ls,do co~ raça llCl./µ/ptl~ryg,st.u'm, i:;ito é., a i·n stituiçã:'o
nã:@ ameriQana. E' c.olnj10'Sta de dois pi:i~ttca d~ lideranç·a (v~ i .) qe um
têrmos tupí : Carib'41 Ct:tryJJii, com que ch~fe .(v. i.), ou ·c a,ciqu.e e a po~i~p
~J V,iQan~~o '
1
·os, Tupf desig;na:v;aif.lr primeirâmente, à d êlP ~ p~"
~"-'?, o· individuo-con-
• . + .. '
i:i.i me~mos (Cari-apiába, homel1$ Ca.ri) :du,tor (v. i,,) que age 1:1êbre' uma cple-
~' d~pois, @ ~stra;n~iro vitor.i@s;o, ·o tivída;de
..
·'
' f branc~ e, mórmente1, o p~rtuguês ; e 2) ao espanhol CfJCical,o e ao alemão
,Qca, rsto é~ ci;i.sa, eª'ban:a.. P.pr 'Cpnse- Hauptlingssc7ia,.jt, isto é.,, ,a uniã.o poli-
.,'
e gqip.te, ~~rlQqca é .Q e~trange).ro admi-
~jdo em ca~ai e .nacion,alizado. Ouve-:
tlila ·qu~ póde c@m,preen'cler a. ttibu
int~ira d,jrigida .IJor um chefe, ou uma
se· tam.l>éni a. eoi;rup~ãQ. ~ÇJ:ltiboea e. a , de várias seções tribais cUrigidâ. por
eontra9âp ca,q°f.~ Gcab~ur-e~t ·em fran- um Qacique, visando, pois, , a coleti-
c~§1. i sttJ. úl~ima .d~rü):niilla&<ão é . :vidade dirigida p-0r um indivíduo
acs~da p.ar.a'. os indivi<taos de ç~ es.'Cm:a
Ca'.heÇ;à. - Q càl:>eça ê' o i~diViduo-co'µ­ trazidos ~is ou men.oi:; • à: força e condutor.
eo:n;').ervados ~1Jl d!)l:nesticid~de. Fei em geral, sem di::;ti.µ:gµir ~j ptovêµi de
dutor (v. L) de um bando (v. i) ~0u
<il§ .~auó@t, ta:ltrez, que no Amaz0na~, e~u~am,:entps" de i,ndios 9oiµ Iiegr~~ ou Caci~e - Do ~ruak ilhêo (:ijáitf~,.
.de Ulila: hoi<l~a {v. i.). Seu poder ctte!-
·gíl, à.s vezé'S, .à; extr~ma autoo1·aciài. m~ t!!ap.ecialmeríte p:0 ParJ:t, ·se p1t$Soti
eo11\; mulatas. Os rtçgro§ ('Jla;pa41huna, segundo , FRIEDE·R IOI (1 1 15) que tam-
TÕdos ós relàtos sôbre.. -S1:>eiedades, ~ chamai', .osiüdios mansos· de. Ca- em :tupí}, frequen.t.emente, ~~ mistiu- r b,êm cità a b~bliogr.afia.
raram ·com ofl indiq.s e, es,pe,eiahnente
Jguahtárias nas.. quais o cabeça o"u o bôc1o. »: . : P topômos ·O ~o dq t êrmo cae~que
álief~ {'Y:. i.) é ptim}µs intér pg/rei s~m · · ~I'.EE>ERtG?I (1, 14) falando de ca- Jl:fl.~ i:egiõ-es onde ª·
ttntip.;~ p~pUlação parai .sub&tituir a designaeção snbéh e'fe,
autoridade,. nã-0 de:v:em ser abe1t0s ,bq'.ele, põe..no em relaç:ã0 éom ka- ípdia; nãô ~Qi e~4lta, ~bs:erv:am-~e ~~is pois há, mufta~ tríbus· com un\ ch~fe
serlã:o ~em ·a màror r.esérv.a.,, pelo m;-e- 'b,u_gru, p.a.law:r~ .de negros Ciie Surmti.m descendentf;§ co:m difere:n:tes gra~f.11- (v. i.) áupremo e µma divisão política
n&s ~o ql!le ruzem respeito à America (1L SCHUCH:AJ~l>T : Die. Spraehe, à-er ções de côr•. '? mes~0 í?U:ior (ibi- em vá rios caci.dados (v·. i.)' os q1i:ais
do Sul. S~t(i/flr,ak,k~ne(Jer tin Sitrilnam:, pªg.. 27, dem) o\>serva a1nda · ql,le a p'l'l]a.vr& podem ou não ser S'epa_ra'dõs e lijrii...
' .
cj. J.idetan.ça.
> "
~J:9S:tet.da:µ1, . 191'4'). c~boca n~ tem.sentido' dPnreeia~ivo
A ,,'í '' !""
.como, s-egµu:..,..o, e1e, o tem Q t~.zno c{t-
tados loc,álmente (em forma Ele al-
.Nçi, tiefinição 'de F~IEl>ERit::r (ibi- çleiasi, aaanipamenfos., etc.), senêfo· 'a .
dem) ca,b&cfu é <·mdio· dó Bi~asil e, em pêc1o ('V. i.~ e, p~oF ~da, a denami- p osição , do indivíduo . nGOti.dútol' (v. i:.)
€ab'ôclo - . Do tupí e. do guàranL n~ão tapm8t (y. i. ), No veerebulário. d~ um dêstes aacieaâ.<ds à tàl ponte
ge1ráJ, taµihém da, ~éricà ».
REGALtl":Er (21 55) oétiva êste YOéá:bulô
' En;i, c.ert~s pa-rtes .da A1:1u\i:ônja el1a- tupí re~làlhi'do per .STJ,iADE;i;,LI (40-2) ' mdepe~~nte q-qe a deno~n,açã-0 s~..
de 1c:A'~'vó ''; isto é, habitMite. do .e nÇ,ontr,arp'.cys 0dlri'mJ>6ca,, Ca:~u9c.f!:, Ca- chefe, frizando ·a subord1na_çãio e põ..
m~t<:r. · m~ ºª'b'âclo [SÓ o índio j á lig~do defi:-
n,itiva.~~n~ . à n,:.e>sslli civih~91Ç~(). '(cl. ri6cq, : saí<Jo da. braµcp, 'l'llUti~o de dend0 iigt'irar, ao mes'tnó bempo, · c'ôfíl
S~gillld;ó vpn M.~1r1us (I, 51)•, ó& ;Kocm-,0,Ri.\,~BERG, f, I , l~+,
.no.t a 8-8) ; brairrco ·e t,ap"'lio, sinôllim.o de . yi~~~chefe,, tlaria' idêia '
pri:ri1ejfos colon.os br~ileiros cfhacma- em ·o:a~~~s ·regi.&e$ ·qô n.~rte br-asil'eiro Em FR~~DER1-e1 ~I, 14') a(:)haroos a: 'tâO' poíl<1Bi exata:, quantó ó título sub.-
V"am os índios de < cabôGlQ$., isto' é, ou qe' intluên.çia n01~jsta como,, p.çr ,p alavra cabra came pei;tênuendo a lin-
• j 1
preside'r;;te ãadoíl· a: um presidenti · de
p:ehµi~s ô.u,. ae.pen-aâo.s, éôrr,L ,Féterên6ia 'exé'mplo, no Al:~~ta, jncluem n~ssa goo cu.ev:a· que é{ na tetnünologi'lt mo- Estado nwna: ,re"':úhlica d~ Est'ados
à stl:a fãlta .de bàrB~., ou ao tiestunté, â& de~OJni:n;agãp tambem o índio iru::le- derna, o euna falado na região f rontei- umdós.
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1
1 ' '

.;arrepela,..,.cSe:.>· 1Tis~ s:ut&.t, em t>'JI~t0 pençlente, . · I'a d0 Panam á ;e ·C alomoia· e pe~ten­ cj. ·~abeça, t~ua.
1 '

lü~air (X, 150)r ·ob,S~r~a : « Qab9:clo 1~ . J'fo~ Estadõii, de $ã:Q Pili'ulo,. MUia.s, cente à. família ehíbeha. · Nessa lin.-
:cor.rompiau Q&boc:o, é ãlcun.lút. dada' 0.e,tais e Rio. de.· Jan,~ü:o,, o t êrmo :é 9}pli- . gua, .calh-a .significa ín:dk> de dignida- qai,su,xn,ai - DQ iu,pi. · OA~ ~~ica,
a0$. ín,dibs po~ ·ea'tl$a de, ·sua fâlt:a ae '
1

eaq.o· a~t sett~p;+efQ', p'l".asílerno p-01' yárias de e desoendêncta nobre~ guerrei,ro segw;iqo 1S'.11~)\;DJD.LLI {407.) ; qiJ,ehposo~
barb~ .e·' üsada, wro'Yayelihéilt~.1 'sem:;. g$'ra;çõe~ ê aü1dd. não a;ssimil:;i,qo a:9 es:"\ valente.
1
ard,o rosp1 pieaut.e (es.,peci,pJme~ ~as
pre;. ~m vis:t~ -~~ s.l;l.bortlitiaqão da naça. úado rle ·piVil.iz~çã9. jmport~.Q.a na$' ·ei- Hoj(:~, no no.rqeste' h1"asileiro ~' e,s pe- qehidas. fe:urg..e.Q,t~~as e. das eomi:tl,as
mdla.J. ássµrt como ~é ·émpréga ft ~ala­
da~es, pqt e;x;~mplo,, ao ehan1!ldo ·e;aj- c.~a,lmen~, ne Oe,ará, ·o· têrmo cabra apiment~ª'8 ). . .
Vlia muleqtÍ'C para o: hegte. SEiI'Vente. > :pit~ ~ 00.: cabta. fv, ' L) :da .n.ol,'d,e~te~ é, ~pli4"ado ap hal::jitant~ do sertão,. de, O mesm p a:utor ~ibidem) dá, a., ~e­
~'l'R4D,»bhl (406, 4..07) , outp.o p.ro- •.ç , ,..] : '
CJ.. JíD1µ0 .. condição humíld~> c@xre~pon4endo ao. guinte definiç~· qe "c.a wsuma : 1 < B~
'Í\ln~o cqnhecedor d-a;§ cD-~fkS:. da An1~ 1
q~e em Sã;e Paµlo, Minas Gerais e bida fei:~entatl~ .de frq.tf!43.J ger!l;l~en;- .
zõ~a~ segµ'.e, 'de ceit.a man~a, ,e tal- Ca)>ra - . po tupí. Em von l\;IART,ItJ§ RiQ de Janeiro cb,t,\mam o~b~,çlo (cJ. te· pµpunh@ 1 -0,u mi1ho cozida e mas..
~ez sem s~bê-lo, Qê rilf.it9'$ . de von
~A~l'IJ,Ts, cit'an~Q o vqc4,'bu.lo cau~ea
ci, 190), lêmps respeito : «Já .faz 'ª Ayvosa., 72}. · çado para facilit~r a f,ermenta~ã.ê;>.
O, milho 1gr0~sei:ramente, ~ilapo. Õ. ~m- ,
·duz~n~QS an,,oi:?~ ciu~ o~ q eseendentes
~m -a tradu,çãsJ de, dep~na:do, r~na- d~ fi1,d;ips,, e .Il;egros ·f0raJU chama:dos d~ Caçador· - (V. Captor~. p~SÍ\AAO "CQm ·a~ mor.na e posto a
49, p~l~9., ~ ª'crQsçentand~ : cc Qlu:i.- ca/ribpca. (Nü.~OGR:A.V Histor. n{I;tU1'. cozinhar etn pupeeas de foihf!;S de
m~va:pi C:.awca, pelo ·(ato d~ lhe eoT- Eram'liaf?, 1648, pag. 26~). .À p~a;vra Ca.eie:~dQ -Derivado de c~cique (V'. i.). arumã ,o~ pacova·; e. quQindo CQ.zido,
tarem os cabelos r~'~s·, .a;os 'índio~ . ea1:ibooa, p~rteneQ à líng:lJ,a· t:iJ.pí e signi- O ~êrmo .caei~~o c.onesponde : ttmSr. p~rt((• é desm~ch~ ·pura, ;e
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Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai


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simplesmente na água, óutra é des- Canihalislllo - Sinónimo de antropo- ficações e a bibliografia : « Cariba, Como ainda muitos relacionam a
manchada nela depois de conseien- f a.gia. caribes, caryba., earlbales, caniba, ca- palavra cariba ou ca.raiba. com o tupt
ciosamente mascada. E' um serviço niba.les, canina. : homens, gente forte carl e o guaraní ca.raí, cita.mos o que
Sôbre a origem da palav ra escreve
em que se empregam todos os que von M ARTIUS (I, 754) : « Caribes Ca- e brava., Caraibas, antropófagos, tn- STRADELLI ( 403, 404) escreve sôbre
dios selvagens e independentes, feiti- o têrmo tµpí em questão : < Caryua
esüio presentes na casa, sem distin- raibes e Canibales acham-se ~omo - O branco, o dono, o senhor, a.quê-
ção. A bebidà fica pronta n() ter- • A • • ceiros poderosos, ácido, amargo, mor-
s1non1mos Já nos primeiros relatos. •
le que pode mandar. O nome de
ceiro dia e servida depois de cuicUi- daz. Língua caraíb : Calínago, Callí-
P rovavelmente, o último t~rmo foi <'..aryua é dado indiferent.emente a
dosamente escumada. > nago, Calina. BRETON : Dictionaire
transformado de Cariba, pelos es- branco, mulato, preto ou tapuio (v. i.) ·
cj. cauí, caxirí, chicha, paiaurú, tamba. paD:11oes e, então, empregado para
Caraibe-Français, Leipzig, 1892, p ag.
105; BRETON : Dictionaire Fran1.r'(tis- contanto que esteja pela sua posição
designar os selvagens tão detesta.dos social em condições de mandar, ao
Camad a - A camada social define-se por causa de sua forne ca.nina d e car-
Caraibe, Leipzig, 1900, pag. 61 ; Dic-
tionnaire Galib-i, P aris, 1763, pag. 84 ; menos de fronte da pessôa que f nla.
no entender de GEIGER (2, 53) com~ ne humana. (0 Caliban de SIIAKES- E' aliás a significaçã·o que decorre da
pl~ra~idade de pessôas que apenas PEARE, provavelmente, foi forma.do
OvrEDO : Hist. I, 341 ; caribes, que
en lengua de lo.c1 iti.dios qu,iere deci,r etimologia da palavra, formada de
obJetlv:u;nente parece u,nidade · mas d~uela palavra por anagraxna). Já
a qual, subjetivamente encarada, tem bravos ~ osadós ; NAvARRETE : I~ cari - mandado, mandar, e Ylfª -
em 1504, por decreto real, os acusados nascente, origem - desapar~cendo o
21~, 218, 295, 237, 243, 263 : Cani-
das ca:ract~tisticaa d0 grupo só a ele antropofagia foram declarados f6-
contiQuldade. , ra da lei e entt'egues à escravidão~ Se- ba, que ellos llaman Çaribes (Hait~) ; 269, ide cari absorvido pelo y de ytla, o que
282, 284, 350, 3~2, 366, 371,, 379, é da índole da língua. Não é esta
Das qualidades eop-i.~s dêste agre- gundo o auto d e 1520 do licenciado
380, 3961 401, :415 : Lxs ÜA.:SAs : todavia a etimologia corrente. Uns,
gad~, que pod~m' Ser sexo, idade, idéias, Rodrigo de FIGUEROA, podiam ser
Ilist. r, 345, 370 e passim, 11, 70, seguindo a opinião de Couto de Ma-
destino$ ou inter~sses idênticos, re- declarados caraibas todos os índios
231 , 243, 245, 264, III, 103 1 V, 475, galhães, fazem vir a palavra de uma
sulta um certo paralelismo ou uni- inculpados de ter comido seus pri-
510; Petrus MARTYR: Opus Epis- ra1~ car eom a significação de lacerar,
formidade das atitudes. sioneiros (HUMBOLDT, ed. Hauff IV
336). Assim, a suposição da exÍstên~ tolarum, A mstelodami, 1670, Elzevir, dilaniar, e de uma raiz yua com a de
A classe social, na s ua fase inicial p ags. 80, 81 (lib. :VII, epist. CXLII) : máo. Então o nome que foi d ado ao
é apenas camada. ' eia de um povo de caraibas ia-se es-
tendendo cada vez mais. O b~rmo Canibales sive Caribes; Cannibali- branco conquistador seria o ferrete
. E ' possível distinguir tr ês catego- cam Reginam; M ARTYR, As . : I , 71, com que teria ficado marcado inde--
rias de camadas sociais : caribe significa antropófago em Ga-
mara, cap . 57, em Herrera D ec. I. 79, 82, 8.3, 205 ; BERNALDEZ (1870): levelmente, significando o dilacer<UJ.or
1) camadas r.iaturais ou bjológicas, cap. 10, em Oviedo, e ainda muito I, 367, II, 9 e passim; ZÁ:RATE in ruim. Sem relevar todo o a.rbitrário
tendo sexo ou idade como qualidades VEDI.A : II, 507: caribes que comem da construção de tais raízes, notare-
mais tarde, em Alcedo, Diccion. I ,
comuns, (DUNK?.1ANN 1, 195); 376. E' assás curioso que G ARCIA carne humana, falando de tribus das mos apenas que a formação d as pala-
(Origen de los Americanos 68, HUM- par tes orientais dos Andes ; L eonar- vras nhe~ngatús (v. i.), lingua de aglu-
2) camadas sociais de funcionários do de AROENSOLA : Prim. Parte de tinação secund ária, não se faz por
operários, escravos, servos, etc. ; ' ROLDT : H ist . de la Géogr. du Nouv.
Cont. II, 79) quer derivar Canibal do los Anates de Aragpn, Çaragoça, 1630 meio de raízes pura.s, roa~ por meio
3) cam~das étrucas de povos pas- pags. 1051, 567: los Caribes (ansi de p alavras, sufixos e prefixos, com
to!es, agricultores oµ artistas em s.o- feníeio Iíannibat. EDwAlIDS lembra
o Charyb árabe o que, porém, não se llaman en las l ndias los Selvajcs, que significação própria, sujeitos a pou-
brepósi~ão (v. i.) (THURNWALD 2 !V comem carne h-uma;na, co1no .en Greda cas e rars.s modificações euf ônicas.
1J2 se,g.). ' ' significa salteador, mas assolado, de-
1
sert~ . . S~ os Caraibas1 os homens Antropophagos; AMUNÁTE GUI, pag. 91; I st o posto, si dílania.r tant.o em nheên-
cj. c1asse, dominação, e~trà~ifica~ãp,, Ca!r1, Can-apyaba, deram êsse nome Simno d~ VA.S d ON0ELr~os : Ohr.oniça, gatú como em tupí e, guro'aní é -
proletai-~ado. I, pag. ,e ; l,\1ARTYR, ,As, : II, 209. - carat, catain1 ca;ry, não parece ha-
a si mes:n;ios, devi'a significar, prova.-
velm.ente, os homens ruins, os ini-
' V. i~inda KARL von den SunNEN: ver nenhuma raiz yua com a signifi-
Camada-de-idade . Em alemão migos. Mas na língua geral bra'Sí- Die Bakat.r~.i'Sprache, Leipzig, 18'92, cação de mau, ruim, e sim em rihe-
' Altersstafjel ou Altersklasse. pag. IX, segundo o qual caraiba êngatú h i haquele lugar uma palavra
lica, a pala.vi-a Caryba t em significação
Entre os Mas~ai e tribus afins de mais favoravel, a saber : herói (como significa, originariamente, estrangei~ ayua, que serve de .sufixo com a signi-
P8;_stores, t oda a tribu é dividida em Carr no gaélico), o branco. Segundo ro >. ficação de mau. Com êstes materiais
tres camadas segundo a idade. Toda VETGL (Nachr. über Ma.ynas, 572), A res peito d a origem da grande fa- a palavra possivel com a significação
pessôa, ao atingir certa idade, passa Carayba é derivado de carayp : con- mília linguística dos Caribes ou Ca- de dilaniador ruim seria carin-ayua
?e uma camada para a outra, vindo sagrar, e significa o consagrado, o raíb, von den STEINEN (1, 291), já ou carai-ayua, se nos afigurando inex-
es~e processo acompanhado de deter- eleito. Os missionários traduziam na sua p rimeira expedição ao Xingú, plicavel a queda de tantos a, sem d êles
nunadas cerirnônias (of. . THUR..~ALD, anjo por caraybabe, isto é, herói ala- chegou à conclusão de ser errada a ficar vestígio, romo devia ter inter-
71 262). do, e diabo por carybabe quera, isto s uposição rigorosamente sustida por vindo para obter-se caryua. Aqui
O t êrmo e class~ > de idade, usado, é, fezes de anjo.> d 'ORBJGNY e considerada como muito todavia se nos afigura ouvir inter-
mo:mente~ na literatura etnológica Em F1nEDERICI (1, 20, 21) encon- provavel por MARTIUS (I, 747 e pags. rogar : Não h á cat;l}yba, carayua ~
maIS antiga,. p~ece-nos impróprio, tramos os seguintes s lnônimos da p~ seg.) segundo a qual os Caribes pro- Exatamente, mas ainda assim a raiz
por razões soc1ológicas (v. classe social). lavra canibal com as d,j.y~~f\tf3 $igni- cederam dos Tupí-GuaranL da palavra, si atendermos a Monooya,
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é outra. No lugar onde regista a voz tinham falta de alimentos animais ou tss pela vida em comum. Não mata tivamente eficientes. Captores. ~ se-
ca.rai (Tuoro 90 v.), a faz derivar de vegeta.is. Do certo, superstição e vin· somente o indi~duo isolado de outro cundários ou reincidentes são tribua
cará com a significação de destreza, gança são os motivos principais da bando podendo surpreendê-lo traiço- que, embora tenham empregado, an·
astúcia, e dá a significação de astuto, origem dêsse costume•. eiramente, mas, com a mesma perfí- tigamente, e conheçam ainda proces-
manhoso, e acrescenta: e Vocablo con Sôbre o canibalismo entre os ín- dia, assassina também membros do sos de cultivação ou conservação,
que honraron a sus hechizeros univer- dios das selvas tropicais sulamerica- próprio bando. O bando inteirp par- tornaram, forçadas por circunstâncias
salmente : y assi lo aplicaron a los nas lêmos em l{RICKEBERG (269) : ticipa da. comezaina. Mas, sendo ven- especiais, à vida de caçadores, apa-
Espafioles, y muy impropriamente al e A &ntropofagia não é rara como cos- cido o cabeça em duelo com o cabeça nhadores ou colecionadores, como, por
nombre Christia.no, y a. cosas bendi- tume de guerra e como vingança do de outro bando, seus companheiros e exemplo, os Obbo-nômades da Africa
tas, y assi no usamos del en estas sen- inimigo cativo. Baseiarse, tambem, êle mesmo não comem mais carn~ Oriental.>
tidos >. M ais adiante nota a palavra em idéias 1:1.nimísticas (v. animismo) : humana. A definiçR.o de ca,plor primá1io dada
cararai - muito destro, muito astu- na vontade de incorporar-se a alma 2) A outra espécie do endocaniba- por THURNWALD, necessita, ao nosso
to, que é exatamente o nosso sarará ; do inimigo valente e no medo da vin- lisrno a.figura~se, por a.'3sim dizer, como ver1 de certa restrição, para que o
a mudança do e em s é natural, as- gtl.Ilça do espirito do mortQ. Nessa uma das muitas variantes de sepultar têrmo seja aplicavei a maior número
sim como a queda do i não acentuado forma encontra-se o canibalismo no os mortos. Da parte ocidental das de tribus que, de modo algum, po-
U1a edição do Visconde de Por.to.Se- oeste 0Ca.xibo1 Miranha), m~'1 , an.t es $elvas tropicâis sulamericanàs· refere dem ser chamadas de captores secun-
gu1'9, de 18'i6, Tesoro 92, lemos cará:- de · tudo, entre os rrupf orientais e cen- J\;R10KE'D.ERG (273) que «os Koirili>o
raí: destreza [BALDU&}) - título que trais (Apiacá) que, por algum tempo,
dários. Pojs, nem todos os proc~sso'S
e os Kokama, por oéasião de cettas empregados por essas tribus para con-
no Solimões é hoje me,smo dado. aos tratam bem os cativos d~ guerra, ca- festas, consumiam os ossos t)orrados
pajés (v. payé) e curandeiros indíge- sando-os até com mulheres da tribu ; servar e aumentar os alimentos ~odem
e pulverizados dos mortos em .ríústu- ser considerados mágicos. Os Guaya-
nas. Tudo isso me faz acreditar que a porém, ma.is tarde, matam-nos de ca- ra cóm bebidas fortes. O mesmo cos-
etimologia e significação que apre- cete, despedaçam-nos e comem-nos>. kf1 por exemplo, que vagueiam em
tume, em tel8.9ão à sepultura s·e- bandos (v. i.) de, vinte indivfduos na
sento ~ a bôa >. Uma forma especial do canibalismo cundária. (v. i.), encontra-se entre mui-
é o endocanibalismo, isto é, o caniba- média, pelos matos da margem para-
A opinião de STRADELLI é apoiada tas tribus tukano da região do Uau-
lismo dentro da própria tribu, o cos- guaia do Alto Paraná, demorando-se,
por REc ALDE (13, 64) quando diz : pés e Yapurá e, também, mais ao
< KARAf entre os guaraní, KARí entre tume de comer os companheiros da norte até os caraíbas ilhéos. Predo- raramente, mais d e um dia no mesmo
os tupf, não quer dizer branco, nem tribu. Aparece das seguintes duas mina n êle a vontade de incorporar-se acampamento, praticam já dois pro-
europeu, nem estrangeuo. Quer di- maneiras distintas : a alma do morto que vive nos ossos.> cessos de criaçíi.o, que, de certa ma-
zer : Senhor, pessôa de qualidade, neira, apresentam comêços de econo-
1) Matam-se e comem-se o velhos mia produtiva. No tronco do pindó
enobrecida pela idade, pela pondera- e doentes da própria tribu, como, por Canoa - Segundo F'RIEDERICI (1, 17)
ção e sabedoria ou pelo poder mate- exemplo, entre os índios Cax:ibo e do karaib ilhéo e, provavelmente, (Cocos Romanzojfiana) cor tado para
rial. O fato generiµizado de se ter como palavra transmitida dessa lín- ober a couve, fazem entalhos com a
Mayoruna (KRICICEBERG, 272, 273).
empregado o t êrmo para designar os gua, do' aruak ilh6o de Haití. intenção de facilitar a duas espécies
Entre os Guayaki do · Paraguai o
conquistadores, diz do aprêço em que ALVES ÜAMARA. (247) define:
11
N o- de coleópteros n ovarem no miolo da
endocanibalismo existe como privi-
êstes era.m tidos mas, ao mesmo tem- me genérica dado às embarcações palmeira. Depois de determinado
légio usurpado só por certos cabeças
po, nada contraria a: passibilidade de de bando (v. i.) extraoi:dinatiamente feitai,S de um tronco cavado». tempo regressam às árvores cortadas,
que o usassem também · em rela.çãp f orteõ e brutais e condenados, por sua cj. igitra, ubá. para tirar-lhes as larvas que, entretan-
aqs personagens da própria raça :.., perversidadet pelos outros ba;ndos. to, se desenvólveram do.s ovos.' E~tas , ,
·SQbre os motivos e distribuição do Para ~sses antropófagos se attevérem Captor ~ TauRNw ALD (~, I V. pá::gs. larvas, por sua riqueza em gorduras
canibalismo escreve LAscH (lê) : ~ Pa- a matar gente da própria tribu coro XVIII, XI.X) creou o tfu-mo alemão de facil digestão, são um alilílento
rece muito duvidoso si o canibalismo o fim de moqueái-la com:o um animal Wildbeuter e escreve a respeito : <Tri- muito impo1tante1 especiaJ.rn e.nte para
que tinha vasta distribuição em todo e · comê-la em companhia dos outros bus que buscam os meios de subsis- as crianças. Além disso, as mulheres
os tempos e em todos os continentes, membros do bando, a fome é estímulo tência caçando, apanhando e colecio- levam, dw·ante as marchas, emcima
era, realmente, de importâncià parà rmportante porque, muitas vezes, duas nando o.n1mais selvagens e vegetais dos cestos de carga, filhotes de coatí
a alimentação. A nutrição com carne semanas a fio, não conseguem nem silvestres, são chamados captores. Os presos que fazem engordar para terem
humana devia formar uma ex.eeção, uma única peça de caça. M as a fo- captores primários não sabem provi- provisão de banha no inverno.
porque, em geral, o material necessá- me só, dificilmente incitaria o Guaya- denciar a colheita pela cultiva~ão da
rio para êsse fim não estava à dispo- kí a tratar como se fosse animal de terra nem conservar e aumentar a Cárisxna - D o têrmo grego x.aptaµa:
sição. De mais a m ais justamente os caça, uma creatura que com êle par· caça. Os processos empregados para dom da graça divina. Na acepção
antropófagos mais arraigados como, tilha o aspecto 1 os oostumes e a lín· conservar e aumentar os alimentos de prestígio (v. i.) a palavra foi in-
por exemplo, muitos melanésios, os gua. Para chegar a tal ponto, o denominamos de mágicos, pois, pelo troduzida na sociologia por Max
Maori e tribus de negros do interior cabeça deve ter alcançado um estado despreço dos nexos causais, êles são, WEBER (1).
e do oeste da Africa, não pertenciam, de autocracia que já não respeita as à nossa opinião, apenas subjetiva- O cárisma define-se como traço
de modG algum, àqueles povos que restrições mais rudimentares impos- mente oportunos, nunca, porém, obje- não-racional inerente à personalidade

,
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de uma certa categoria de líderes que 1 320), praças todas elas cuja entrada eituado no meio da aldeia do qual só t.er, nela, relações ~om mulheres.
dominam pela persuasão ou sugestão. é vedada às mulheres e crianças. a parte superior está coberta, de modo Também a kiva dos índios Pueblo era
cj. dominação, liderança, prestígio. O isolamento dos homens, frequen- que o interior é visfvel de fora, en- ainda no primeiro tempo da conquista
temente executado com a maior seve- trando na taca.na também mulheres, espanhola a morada dos solteiros
Casa-dos-homens - A casa-dos-ho- ridade e revestido de mistérios horri- se bem que só ocasionalmente e não onde as mulheres não podiam entrar
mens serve para isolar o sexo masculi- pilantes, foi explicado, psicologica- por regra. EHRENREICH (1, 37) ouviu (KRICKEBERG 151). Entre os Maya,
no, sendo frequentada, pois, nunca ou mente, de modos diferentes : ou ..co- dos vizinhos Karaj á que, um belo dia, porém, havia casas d e solteiros nas
só ocasionalmente pelas mulheres. mo protesto masculino contra o poder entre os Tapirapé todas as mulheres quais moravam os jovens guerreiros
Corresponde-lhe a casa das mulheres das mulheres, ou como um esfôrço dos viram, por acaso, as máscaras, de com moças solteiras (ibidem, 188,
cujo fim é a reclusão de moças sol- homens para defender as mulheres, maneira que não se podia fazer outra 189). Dizem que também entre os
teiras e viuvas. por meio de um culto secreto, das coisa senão abandonar o segredo. Karajá os homens n!io casados ha-
A casa-dos-homens aparece, entre influências de espíritos malignos. Também o baitó, a ca$a-dos-homens bitavam numa casa especial junt.o
muitos povos naturais (v. i.), como A verdadeira ca.sa-dos-homens que que Karl von den STEINEN (2, 451) com mulheres kayapó cativas, não
particularidade · de várias espécjes de serve para festas, encontramos, por viu entre os !3crlro na colonia The- lhes tendo sido permitido toe~ nas
uniões amistosa{) nas quais os homens exemplo, entre os esquimós da Alasea reza Chrístina, pertence às formas mulheres da própria t ribu (H,;>idem,,
se associan1. Podem ser un~ôes de on,de ·se chama caxím e, em. forma decadentes por estar tão aberto quan- 263). Para o baitó dos Bo.rôro des-
caráter principalmente social, qom9 das n1a.iores caisas de neve, entre ·OS to a tacana dos Tapirapé. Maia-r crito por vou den Si;r~lNlllN (1. e.) 9s
as ditas camadas-de-idade (v. i.), por esquirnós centrais (KRICKEBERG, 88), decadência ainda apreseintou a casa- f;O]tei..ros levava1n mQJheres1 em parte ,
exemplo entre os Wadai no Sudão além .disso entre os Hupa., Karok e dos-homens dos Borôro que -v imos na, até a fôrça.
(HABERJ,ANDT, 507, 508) e vários ou- Xasta no noroeste da Oalifornia (ibi- missão Meruri, pois pareceu .miserável U1n outro tipo de casa-de-homens
tros povos em diversas partes do mun- dem, 142), entre os indios Pueblo on- telheiro que poderia dar abrigo a serve para reuniões do conselho. «,Já.
do (cf. LASCB, 10). P odem ser, con- de ó chamada kiva (ibidem, 146, 147), poucos homens por algumas horas entre as tribus de caçadores e cole..,
tudo, t ambém uniões que, como as entre os Borôro (BALDUS, 3, 158), na (BALDUS, 3, 279). A casa-dos-homens, cionadorcs, por exemplo entre os
chamadas ligas-de-homens (v. i.), se tribu karaíb dos Bakairí que a de- porém, que encontramos em Tori- Bergdama do sudoeste da Africa, há.
dedicam mais ao culto. signam kxai,o-éti (von den STETNEN, paru, aldeia borôro independente, era lugares especiais no acampan1ento
Aos edifícios nos quais se realizam 2, 59), entre os Nahuquá, também maior que as outras casas, tendo m es- reservados para os homens adultos,
festas e cerimônias, pertence também tribu karafb, onde é denominada mo as entradas bem fechadas e o in- os rhefes d a sipe (v. i. ). > (THUR~­
a casa da puberdade. Lêmos a seu kuákutu (von den S·rEll\'EN, 2, 97, tE'.rior sempre severamente vedado a WAI.D, ibidem, 319). CasaR-do-con-
respeito em THUUNWALD (2, II, 319): 525), e na tribu tupf dos Auetõ ' (M. qualquer olhar de mulher. selho dos homens cnrontramos entre
«Entre vários povos é costume cons- ScHMIDT, 84) onde tem o nome de Mais uma finalidade da casa-dos- muitos povos naturais. Na América,
truir, por ocasião da inicia~-0 (v. i.), ototl>p (ibidem, 541) ou ototá (me) (von homens entre vários povos é a de se- por exemplo, entre os l{a.raíb eram
casas nns quais a juventude que deve d en SrrEINEN, 2, 536). Entre a maior parar os homens de suas f amilias. chamadas de carbet (FRIEDERICI, 1,
ser inicia<l1t, isto é, os adolescentes parte dessas tribus, a casa-de-festa Isso se pode dar entre povos matri- 20, d'Ev.REux, 407, 408, nota de
ou moças púberes, são segregados du- dos homens serve também para es- lineares (v. matrilinear) como mostra Denis), e d 'E'VREUX (55, 90) a.s men-
rante a pteparação à festa principal conder das mulheres as másoaras de o exemplo dos Bórôro (oj. ibidem, ciona sob êste nome també1n dos Tu-
ou nos intervalos entre as diversas demónios ou os 1misteriosos instru- 135), e ta.mbém entre patrHineares pin.ambá onde, porém, foram frequen-
épo.c~s da festa que, muita~ v-ezes, mentos de mósica e rui<;lo como certas, (v. patrilinear), eomo, por exemplo, tadas também pelas mulheres.
estão separadas por semanas·ou mezes. flautas e páus zunidores. A respeito entre tribus do noroeste da Califórnia Finalidade secundária da casà-dos- ' 1

disso pod~mo~ me~cionar ain'da a§-


• 1 ' 1

Geralmente, ess~s casas têm caráter (l(RICKEBERG, 141, 1:;12). homens. é 1.LlOJar os hóspedes, co.mo po-
provisório, sendo con.s't.ruidas ~s c8Sas destinadas exclusivamente a Outra espécie da casa-dos-hom~ns · demos observar, por e'l'Cemplo, na
primitivamente ou, em todo caso, di- êsse fim, com.o , por exemplo, a casinha serv:e para fleparar os solteiros dos América do Sul entre tribus das cabe-
ferentemente das ca.~as de morada e situada afastada da aldeia na qua.l os casados. Como «casa-dos-solteiros ceira.s do Xingú (KRICKEBERG, 263) '
das casas-dos-homens. Em regrg., no Karajá guardam suas máscaras e que, in nuce> designa THURll.TWALD (.21 e entre muitos Tupí (MÉTRAUx, 1,
fim das festas são destruídas ceri- geralmente, é pequena demais e de- II, 317, 318) os acampamentos espe- 55, 56), também entre os Tapirapé.
monialmente, queimadas ou demo- masiadamente cheia p ara poder ser- ciais e separados por sexos da moci- Da casn-dos-homens desenvolvem-
lidas., vir de morada. dade solteira, que se encontram, por se, como observa THUR?nv.un (ibi-
Podemos considerar como rudimen- Forma decadente é, indubitavelmente, exemplo, entre os Wedda e na Aus- dem, 322), às vezes templos, mas, por
tos da casa-de-festa propriamente dita a casa-de-festa dos homens que está tralia. Casas-de-solteiros propriamente outro lado, também palácios de reis .
e destinada., exclusivamente, aos ho- aberta de tal modo que o interior ditas há, por exemplo, no Mar do
mens, as praças-de-dansa escondidas fica exposto a.os olhares da.s mulhe- Sul e no arquipé-lago maláio (THURN~ Casta - Um agregado social em que há
no mato como as fazem os Chamacoco res, ou cuja entrada não está vedada WALD, ibidem, 318), na Africa (HA.- e nnidade de estad o nativo r esta.do pro-
no Chaco (BAL.Dus, 1, 90, 91) e as a elas. Podiamos observar isso, por DERLAND'r, 576) e na América do Sul fissional> caracterizada pelo processo
praças-de-festa de certas tribus da 1 exemplo, na ta.cana da. tribu tupí dos (KRICKEBERG, 263). Na tacana dos de ritualizru;ão, representa uma casta.
Nova Guiné (TBtmNW.4L1>, u~~d~m, l l'apirapé, isto é, no grande alpen4fe Tapirapé moram os ~dolescentes, se.m (TÕNNlES, 2, 620).
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<A formação de castas supõe a exis- 2) Ha proibições matrimoniais en- ção das interações, mas essa conden- • ca. doce e.~g.iu maior cuidado. Para
tência de uma prévia. estratificação da tre membros de castas diferentes. eação se verifica porque o grupo adia.nw sua fermentação, a~ mulhe-
sociedade. Clans políticos ou fami- 3) As profissões seguem a casta. existe. res foram obrigadas a fazê-lo ferver
liares (sib, Sippe), com afinidades étni- «O grupo é, para a observação hu- em grandes potes. e, depois, a masti-
4) Preceitos relativos à alimentação mana, uma. unidade der~·adeira e sim- gá-lo. A s raizes impregnadas de sa-
cas, são integrados em castas. Daí,
e háqitos gera~ conservam a barreira ples, isto é., uma c11.teg0ria social. A
geralment~, uma severa endogamia (v. liva foram cuspidas em um t;'ecipien-
entre 818. castas.
í.) da casta. A particularidade étni- concepçâo da realidad~ social mediante te cheio de água. D epois de tê-las
ca da casta liga-se muitas vezes, a 5) Juntamente com as normas que essa categoria é um fato derradeiro, misturado com um pouco de milho,
uma acentuação unilateral de sua regularizam a vida das castas, nasce irredutível, isto é, um f enômeno ori- fizeram-nas ferver pela segunda vez
especialidade (profissional) que se tor- um sistema de idéias e práticas reli- ginal que se desenvolve, em primeiro e deixaram descançar a beberagem
na parte funcional numa esfera social giosas que dá ao regime sua necessá- lugar, no terreno emocional e volitivo em uma cuba ente;rrada ató meia al-
mais ampla. ' vezes estabelece-se ria vitalidade.
As e, posteriormente, também na esfera tura. A saliva serviu, da mesma ma-
uma orgamzaçâo rígida dentro da 6) Há ostracismo social contra todos representativa > (VIERKANDT 1, 323). neira, de fermento no caui de milho.
casta. De vez em quando há cruza- <sem casta>. cj. grup<;>. Com exceção dos Aueto' e dos Kama-
mentos de casta e organização polí- A divisão profissional primitiva (hoje yurá, todos os índios tupí-gu~raní
~

tica, comó na I nc,lia. Formam-se eas- mítica) que caracteriza a ~stratifica­ Caui - Do tupí. Composto, talvez,- de prepf:u·am bebidas fermentadas com
Ção social (v. i.), não somente da In- aca~ga : c~beç~ '(&rRADELLI, 358), as plantas acima enl,Unerada,s ou par-
tas principalmel).t e quando entram em te delas. A escolha 6 determinada
contacto grupos étnicos de pronun- dia mas também de numerosas outras u: bebido {STR:A.DELLI, 692), y : agua
sociedades, é a divisão em quatro (&rRADELLI, 714). Segundo &.rRA- pela abwidância mais ou menos gran-
ciada heterogeneidade> (THURNWALD, de desta ou daquela planta na re-
2, IV, XVI).
estados sociais (v. L) : casta sacer- DELLI, caú significa embebedado, e a
dotal, casta militar, casta dos comer- tradução de cau.y é agua do bebedo. gião habitada pela tribu. >
Na India ha. castas tribais e castas ciantes e camponeses e a casta dos Segundo Mo:NTOYA, 95, cáú quer Dos Tupí que não fabri cam bebi-
profissionais. Nas castas tribais, a párias (TÕNNIES 2, 620). dizer : beber vinho, aca'll : eu bebo da embria.gante, fazem parte t ambem
unidade tribal é anterior à unidade Aliás, as castas podem adquirir um vinho. No guarani de Guaira (M oN- os T apirapé. E ' digno de nota que,
profissional. Note-se porém, que cas- significado loca.l, formando comunas TOYA, 85 v.) e da Bolívia (que é o apesar disso, esta tribu e os Kama-
tas profissionais podeµi adquirir, no rurais. guarayo : HoELLEn, 45}1 a p~l'l.vra yurá (von den S 'l'EINEN, 213) empre-
I
decurso .do tem-po1 caráter t ribal pela cf. estratificação, estru~ura social, caui .aparece como cãgui. Fín;EDE- . gam a palavra cauí. Os Taprrapé
endogâmia. Quanto menor a . ca.$ta graduação, grupo.S profissionais, pro- R1c1 (1, 22) menciona que as paiâvras chamam de cãüi não somente as so-
e quanto mais severos os preceitos fissão. cahiun, cahuin, cahuintu, cahuintun, pas de amendoím, núlho, mandioca,
endogamicos tanto mais acentuado o significám em araucano : borrachei- semente de a.lgodão, abóbora e ba-
caráter consanguíneo de seus compo- Categoria social - Há f enômenos so- ra, reuniã.o festiva para embebedar- nana , mas também a água para beber
nentes (FAHLBECK, 127). ciais que não podem ser interpretados se. O mesmo autor, ibidem, lembra que (r-cã'flí). Os Kamayurá denominam
A hierarquização das castas expli- por outros fenômenos. Sua irreduti- se sup unha. a exist~ncia de relações catzí o simples refrêsco feito de água
ca-se, segundo F AHLBECK (124), prin- bilidade é de capital importância em lingufstioas e etnográficas entre cauí com beijú esmigalhado. A exjst ência.
cipalmente pelo processo de rituali- sociologia. <De igual importância e seu uso e a palavra kawa e o beber e o uso desta palavt·a nestas tnbus
zação aliás posterior à constituição é o conhecimento ~. a apreciação dos kawa no M ar do Sul, citando a lite- põem em duvida ser a significação do
de grupos profissionais especializados. fenômenos logicamente oor·r esponden- ratura a i:espeito. voc4bulo caú como embebedado, in-
\
Ao conce,it<!> profissional ligaram-,$e, tes àqueles f~t;ps simples. Os fenô- MÉ'l'RAU X (1,. 112) escreve, Qasean- dicada por 811RAD'ETJLI~ a primitiva.1
inseparavelmente, idéias religiosas. A menos cotreswnd.entes são certos con- do-se nos ~utores dos séculos XVI e sinão se quer supôr que os T apirapé
hierarquia social das castas repousa ceitos simples, ist.Q é, conceitos ina.c- XVII : <As bebidas fermentadas fi- e Kainayur{L tenham recebido a pala-
sôbre os conceitos do puro e impuro cessíveis à análise conceitua! ulterior. zeram papel importante na vida dos vra cauí dos outros Tupí que com ela
decorrentes das especulações teológicas rues significam, pois, categorias, isto Tupinamhá. Foram feitas de gran- designavam bebidas embriagantes. Não
dos bramanes. Hodiernamente as cas- é, categorias sociais > (VIERKANDT 1, de número de plantas ou frutas das queremos deixar sem menção que os
tas já. não constituem nem unidades 19). quais convem citar o abacaxi, a ba- Tapirapé, contrastando com os ín-
religiosas nem profissionais, mas ape- A categoria social mais importante nana, o milho, a batata, o genipapo, dios das cabeceiras do Xingú, empre-
nas unidades rituais (FAHLBECK, 126, em sociologia é o conceito do grupo a mangaba, a jaboticaba e, antes de gam o processo da mastigação, pelas
127). social (v. i.) que, não se pode reduzir tudo, o cajú e a mandioca doce (aipi- mulheres, na fabricação dos cauí de
à soma dos contaçtos, relações e pro- macaxera). P a;ra prep11rar o caui d e amendoim,, I,nilho, mandioca ê semente
Segundo Yo~& (2, 479) as relaç-ões cessos soc\ais o~ qua.is nele se realiz&m ca.jú, pilaram as frutas num almofa- de algodãb, diferindo a sua maneira
socjais assumem as seguintes feições constantemente. Segundo a concep- riz, e:xpremendo-as, depois, entre as de prepaFação da descrita dos Tupi-
no regime de castas : ção sintética do grupo (DURKHEW) mãos ou por meio de um tipití (v. i.). nambá só pelo não guardar da bebera-
1) A qualidade de ser membro de ou categorial (VIERKANDT) d á-se jus-- O sumo expremido foi passado e dei- gem até formar álcool, pois consomem-
uma casta é hereditária e obedece à tamente o cont:i;ário : não existe o tado em cubas enormes onde deixa- na imediatamente depois de aquecê-
descend ência familiar. grupo como ejeito de uma condensa.- ram fermentár-lo. O cauí de mandio- la pela segunda vez, content.ando-se
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com a sacchariíicaçâo até então pro- n1e11to, e assim não lhos tiram os águR. fresca. Para acelerar a fermcn- des igualit~ias (cf. organização so-
duzida com ajuda da saliva.. Pensa,.. Padres de rodo, ai.não o exoesso que ta-.çã.o, acrfl,acentam-se beijús masti- cial), coroo também ao di:r1geute iml-
mos que o modo de preparar dos T api- nêles h&, porque assim modera-do gados pelas mulheres e, em algumas titucional de uma. ca.ma.da autoritária.,
rapé precedeu o proC('~so arnpliado qua.si nunca se embebedam.> ( tribus, tambem pelos homens. As ou mesmo a outras formas de poder.
pela formaçã.o de alcool. A prática Consta clarH.mente destas palavras folhas de uma. certa árvore, às vezes Cumpre distinguirmos, em primeiro
de transformar um alimente> em min- do jesu ita que também para os anti- também o caldo da cana de açucar, lugar, a autúridade não-institucional, o
gáu mediante a mastigação é empre- gos Tupí da costa, o verdadeiro cauí, fornecem ingredientes embriagantes. chefe com influôncia pessoal do chefe
gada pelos Tapírapé, além do fabrico era, em primeiro lugar, alimento e o Toda esta massa é bem amas8ada institucional. A liderança (v. i.) ins-
de cauí, com os dois fins seguintes : prato principal, e que só o excesso pelas mulheres. Depois, a amassa- titucional numa sociedade de homoge-
mastigam amendoim para ungir com levou a fazer d êle um meio embr1a- deira 6 espessamente coberta de neidade secundária (v. homogêneo) pode
a massa assim preparada o corpo gante. Provavelmente, um belo dia, folhas frescas de bananeiras ou de ser feitú de uma estratificação (v. i.)
quando entoxicado por mandioca es- obse1·vou-se o efeito embriagante da- esteiras, ficando na maloca (v. i.) primitiva, manifestando, então, a ten-
tragada, e mastigam certos víveres quêle alimento comum que, po1· qual- quente ao lado do íogo s.u stentado a dência de perder sua autoridade. Se,
para dar a papa às crianças de peito. quer causa, havia sido guardado por noite inteú·a. No dia seguinte, a no Pntanto, a est ra~ificaçã10 (étnica,
Ta,is crianças recebem t ambém o ver- mais tem,p9 que de costume, e apli- b eberagen1 já pode ser tomada, sendo v. i.) continúa, observa-se a tendência
1
dadejro oauí. E de se , s upôr que a cou-se estai experiôncia, então, por então inócua e 1 um tanto doce e cha- oposta: o chefe das famí~as arti,sto-
observação da saachairificação jl} sen- oca-siões festivas. . mada, na língua geral,, de pay~urú cráticas transforma-se, paulatina:me:n-
sível durante a mast igação, levou os cj. caisuma, caxirí, chicha, paiaurú, (cf. paiau rú). Transforma-se e·m ver- te, na autoridade sagrada de u1n prín-
índios a aplicar esta prática par~ a tamba. dadeiro caxirí só depois de fermentar cipe cuja, vida se desenrola no âmbito
preparação de seu prato predileto. O dois din.s, contendo, , então, b~tante de tradições específicas, tidas igual-
cauí, para os Tapirapé, não repre_sen- Caxirí - Do tupí. Composto, talvez, álcool para produzir sólida borra- mente por sagradas. Em seguida, a
ta somente o auge de banquetes fes- de acanga : cabeça (STRADELLI, 358), cheira. A mulher que, fóra da masti- autoridade sofre um processo de ra-
tivos, mas tambem a <piêce de résis- ty: sumo, liquor, môlho (STRADELLI, gação, te1n o monopólio do preparo cionalização pela miscegenação cres-
tance > da comida diária, sendo sua 688) e do diminutivo rniri (8TRADELLI, do caxirí, passa a massa escura e ain- cente e pela substituição de valores
importância bem ilustrada pelo mito 29), ou de catinga: máu cheiro (8TRA- da em forma de mingau por uma aristocráticos por valores meran1ente
do dilúvio quando termina nas seguin- DELLI, 405), cãch'í: tem cheiro pene- grande peneira colocada num cava- ph;tocráticos, formando-se assim o
tes palavras : <Quando o enchente trante (no guarayo da Bolívia, se- lete triangular. O caldo que está ain- tipo de d éspota cujo poder se baseia
acabou, saíram (os sobreviventes) da gundo HoELLER, 44), e do diminutivo. da bastante espesso, entra assim num em um funcionalismo, peneirado se-
terra, e havia caui e muitos Tapi- Segundo J(och-GRÜNBEUG, (2, IV, pote do qual é tirado e oferecido numa gundo os cri t6rios de subordinação e
rapé. > 329) o têrmo naxirí passou do tupi cabaça pela hospedeira ou seu marido. capacidade (v. despotismo, peneiramen-
O papel do cauí entre os Tupí da a-0 taulipáng, língua karaíb da região As' vezes, a massa molhada é guarda- to). Ao passo que o déspota ainda per-
costa no século XVI ressalta da se- do Roroíma, e de lá ao xiriàná e ao da, por semanas inteü·as, numa amas- tence à tradicional camada s uperior,
guinte descrição de A.NcHIETA (%], anaké, línguas isoladas. sadeira ou num pote grande, ou tam- o poder racionalizado é disputado, em
330): «Com o vinho d~ frutas que STRADELLl (407) define: «Bebida l;>ém, apenas embrulhada em folhas épocas posteriores, pol' personalidades
é muito forte se embebedam muito e fermentada de qualquer espécie de de bananeü·a, para., na ocasião, ser de procedêncía diversa, por tirano$
perdem o siso, mas dêste bebem pou- fécula, mas, de pteferênci~, de f al'inha co~da em mixtura com água e, final- (v. i.) cuja ascensão f,l.O poder se ex-
co, e sóm,e nte b tempo que elas du- de mandioca, cozida ante$ em beijú mente, cO;t1$umida. Os potes firme- plica pela crescente re-homoge.n eiza-
ram ; mas o vinho comum qas raizes (v . i.) e de.s manchada em água fria. - mente fechados são envolyidos; numa ção do povo e peJas tondências igu ali-
e milho bebem tanto que às vezes Festa indígena do ·nome da bebida, rêde de cipós para não arrebentar pela tárias da s ua mentalidade». (rfHURN-
fermentação. Além da mandioca, WALD, 2, IV, págs. XIV, XV).
andam dois dias com suas noites be- que nela largamente se bebe. E'
bendo, e às vezes mais, princip almen- festa particular, para a qual não ha · também cará, batata doce, milho e Para maior clareza., prop~mos o
te nas matanças de contrários e todo época prefixada, nem ha convites, as frutas de diferentes palmeiras são uso d11 seguinte terminologia : par~
êste tempo cantando e bailando sem embora seja sempre bemvindo qual- utilizadas para fabricar o caxir1>. designar o indivíduo condutor (v. i.)
cansar nem dormir. Este vinho co- quer extranho '" cf. caisuma, cauí, chicha, paiaurú, político :
mumente o fazem grosso e basto por- Koch-GRÜNBERG (l, I, 65, 66) es- tamba. de um bando (v. i.) ou de uma horda
que juntamente lhes serve de manti- creve a respeito : <Extremamente (v. i.) : o C'abeça;
mento e quando bebem nenhuma nauseoso, como o seu nspecto, é tam- Cer imônia - cf. rito. de um cacicado (v. i.), sendo êste
outra coisa comem.> Em outro lugar b ém o preparo desta bebida tão esti- uma seção política tribal e não a tribu
(o. e., 333) falando dos< impedimentos mada em todo o Alto Rio Negro e Chefe - Em francês chej. Em in-
(v. i.) inteira : cacique ;
que há para a conversão >7 cita A.N- seus afluentes e em muitas outras glês chie], hcadman. Em alemão
CHIETA <seus vinhos em que são mui- regiões tropicais da América do S ul.
\

TI ãuptling. de uma tribu inteira. : chefe.


to contínuos e em tirar-lhos há ordi- Beijús muito queimados são despe- < Emprega-ee êste térmo com rela- Chama.mos o indivíduo condutor
nariamente mais dificuldade que em daçados e deitados n uma amassa- ção ao indivídu o condutor (v. i.) de um povoado isolado e relativamente
todo o maia, por ser como seu ma.nt i- deira de madeira, molhando-os com pessoalmente eminente em socieda- fixo (a.Ideia, maloca, v. i.), sendo êste


J
'
1

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u1na. seção tribal simple.'3mente local como estí,nulo no sentido soc.ia.1- principalmente os pigméus e os pig- turais, por m::iiis que se cruzas.sem,
e não política (a.o contrário do caci- psicológico.) (TBURNWALD ~' 13). móides; havia uma certa interrelação.
cado cm cima mencionado): tuxáua cj. ciclo cultural, evolução, pro- FROBENlUS, como discípulo de R.AT-
2) o ciclo cultural ex6gamo e to-
(v. i.). gresso. ZEL, foi o primeiro a apontar tais
témico-sexual (igual à cultura tasmâ-
nica de GRA.BNER) ; interdependências. Aproximadamente
Chicha - A origem da palavra é du- Ciclo cultural - Em ale roã.o : K uUur- um ano depois, em J904, ANKER:\íA:L~
vidosa, no dizer de FRIEDERtc r (1, 3) o ciclo cultural ex6gamo-isoli-
kre-is. near (cultura do bumerang); e GRAEBNER, que antes haviam con1-
26). Acrescenta o mesmo autor que batido FRoBENIUS, apresentavam-se,
Zárate, Acosta, A. v. Humboldt e o edi- Afim de evita,r confusão terminoló- 4) a) o ciclo cultural exógamo-pa-
gica cumpre notarmos que o conceito munidos de mapas e um rico m aterial
tor de Oviedo consideravam o vocá- trilinear (igual ao ciclo papuano oci- de museu, com dua.<> conferências sôbre
bulo proveniente da língua dos Aruak de ciclo cultural abrange dois elemen- dental de GnXBNER e ao totémico de
tos : «Geograficamente, temos então as culturas africanru:i e oceânicas, à
ilheos, pensan<lo Cobo também as- FoY) ; Sociedade Antropológica de Berlim.
sim, porém com certas duvidas. _M as as áreas ou círculos culturais, do ponto
de vista da s ua suce.s são histórica, b) o ciclo cultural ex6gamo-ma.tri- «A expressão mais acentuada, e, ao
segun,do as próprias palavras :.d. eOvie- linea.r (igual ao ciclo papuane orien- mesmo tempo, inais prudente1 êsse
·, do é m!:li~ provavel a ptovenif~neia de temos os estrat-0s cultu,rais uns e outros
caracterizando o ciclo· cultural». (GRXB- tal de 'GRXBNER e à cultura-de-dua,§>. . método achou na conferência jtí men-
Terra :Pirme, talvez da língua cueva. » classes de FoY) ; cionada de Ã.N'.KER~tANN, sôbi:e as cu1~
O tôrmo ébieha é 'emp.regadp.; d~ NER 39, cjt. apu.d R·am.o~ 50).
e) o ciclo cultural pat:vilinef!..r e d·a turas africanas. Trata,-se de um\a in-
p:referôn~ia 1 em pa~es am.ericano&- de T. Exposição. - e Os ciclo$ cultu.,..
vestigayãO sõbre a difusão de .certas
língua castelha.na onde designa uma rais mais impol'tantes .s ão: faro.ilia-grande ;
5) a) o ciclo cultural matriliri..ear- formas de habitações, tais como o em-
bebida f el'rnéntada1 geralmente feit;~ 1) a cultura tasmânica (GRA.BRER) prêgo de cabanas d e telhado pontia-
de m,tlho, mas também de outros grãos ou cultura primária (segundo AN- livre (igual ao ciclo cultural melané~
sío de GR.ABNER e à cultura-do-arco de gudo das do tipo chamado colmeia;
de frutas, tuhérculos ou mel. KERMANN e FoY) ; das cabanas circulares com telhado
cj. caisuma, caui, caxir~, paiaurú, Foy) ;
2) a cultura do bumerang ; cônico e das cabanas quadrada,g; além
tamba. b) o ciclo cultural patrilinear-livre. » disso a difusão de certas matérias pri-
3) o ciclo cultural papuano ociden- (LAscu, 49, 50).
tal (segundo GRÃ.BNER) que é idêntico mas para indui.nentária, como tangas
Ciclo - A repetição de situações ~ociais A respeito da teoria dos ciclos cul- de entrecasca, tecidos de fibra de pal-
ou culturais ligadas entre si, chama- ao ciclo cultural da Af rica Oriental
turais e da escola histórico-cultural meira, vestes de pele e de couro, te-
se ciclo. A diferênça entre ciclo e (segundo ANKERMANN) e à. cultura to-
que surgiram, por assim dizer, como cidos de algodão e assim por diante.
evolução (ou progresso) é profunda. têmica (segundo FoY).
reação à teoria evolucionista, TuURN- Uma vez relacionada a difusão duma
Observa T H URNWATJD (p, 383) que 4) o ciclo cultural papuano orien- WALD (2, I, 10 a 19) escreve: série de tais e:. dados culturais > com
>no ciclo hA uma fôrça que, efetuando tal (segundo GnXBNER) ; êste é idên- «A' geografia devemos uma concep- os costumes e as práticas sociais, che-
o regresso p:l.ra situações semelhantes, tico ao da Africa. Ocidental (segundo ção nova, caracterizada pelo nome do gou-se a estabelecer determinados ci-
parece mover-se e.ui um círculo. Em ÃNKERMANN) e à cultura-de-duas-clas- clos culturais, na Africa.
geógrafo de Leipzig, RATZEL. Êste
virtud.e disso fala-se em &iclós de es- ses (segundo FoY); perqebeu o pôs em relêvo o ámbiente « GRAEBNER havia aplicado o n1es-
trutµJ:"ações aocia.is e em cultutas .q ue 5) o ciclo cultural m,e1lanés;io (se- geográíico e as i.nflu~ncias dai' resul- n10 m étodo com relação à Occà.nia,
lbes são ádstrjtas. Njsso trata-se não gundo GRA.BNER) ou 4 .c ultura-do- tantes. E' ~erdade que RATZEL não chegando também a, verificar certas
someute do reg1•esso- de certas co:Qsti- arco (13egu,ndo foY) ; · figurou uma concepção que .abrangesse correlações entre determinados· dadõs'
tu\9ões SQcial-psicológicas, ,más taih.- 6) a cultura polinéSia (segundo GaiB- · todo o ciclo cultural, inas êle levou culturais. Mas isso nã,o pttret:ia $tlfi~ '
bêl1i da reiteração de· fenôme.nos con- ~EJt) ou ·a cultura de SudÀo (segundo · mais em conta. a realidade, a8 condi- ciehte. O:;; ciclos culturais verificados
secutivo$ ligados entre .si, isto é, de ANKERM;ANN e Fo-Y). ções coiieret-a.s da. vida, decorrentes do na Áfricn. e na Oceani a foram rela-
«sequências. > espaço, da terra e da nattrreza. cionados un1 com o outro, e aindfli côm
Na família, por exemplo_, pode-se O padre Schmidt estabelece um
sistêma ainda mais diferenciado que <Suas idéias ofereceram oportuni- terceiros, descohertos na Austrália.
observar a repet ição de fenómenos dade para uma roorgallização dos da- Assiro vieram a estabelecer uma cor-
semelhantes. A relação mãe-crian- abrange oito estratos prineipais. To-
davia, seus estratos culturais não di-
• dos etnológicos, sobretudo em moldes relação entre as culturas nigríticas
ça, destinada à conservação da espécie, geográficos. Na base do material de da Africa e aR mais antigas da Aus-
e as relações protetoras dêsse núcleo ferem muito dos de seus precursores.
Apenas a onomatologia é diferente, museu estabeleceram-se áreas de di- trf1Ua; homologaram a da Africa oci-
central com os homens, costumam fusão de certos dados culturais. V e- dental com a papuana orienta,l, a
repetir-se em todas as sociedades, ao baseando-se, exclusivamente, sôbre a
rif1cou-se por exemplo, que a cabana cultura do Sudão com a papuana
passo que a estrutura da família pode estrutura social que caracteriza o
circular, o escudo de couro, o tMido ocidental, cuja origem procuraram na
t
assumir feições múltiplas. estrato cultural respetivo. ~le dis-
tingue: da fibra d e certas palmeiras, fa.zen- Indonésia etc. Desta maneira cons-
«Em um ciclo trata-se, portanto, de das de algodão e outros objetos mais, tituiu-se a hipótese de uma cornuni-
sequências de situações funcionalmente 1) o ciclo cultural exógamo-mono- têm determinadas áreas de difusão. dade dessas cultura$. Além dissó
ligadas entre e:i, desencadeadas por gAmico, considerado como sendo o Descobriu-se também que entre as [ surgiu a idéia de que todas elas ti-
uma detérminada «situação inicial>, mais a,ntigo, e cujos representantes $i\o várias áreas de difusão dosdados cul- vessem um único paiir. de origem.

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-50- 51

« Ne~'>ta. 13il~ura nã:o ;podemos ·liel,xar 1'e$Ulh.t do,S dá bkliogia ::i. um oa;mpo (iola. .bist/>rico-Q.ttlfiural, pro.aur{:limos :r~ 2) dt<sSQ resúlta, mi.rifas Ye0es ·$tlg(}
de meneiériar que o P e. W. ScliMTDT bem, div~l'SQ. popdw !i~ ~i;gliµlW! ·aegµÚl~· : d_e tnteír~en:te 11:ov01 que po:d'él. Bti'
~crecl:it~ , completando 6,$s'M. hipóte- '!: .A:.s dencimina,ções ~ d~lim.ita~.ea a). Pod&-5.e justifica.r ein 'fafse .a, oons- ti.do .P:ºr itw~áb ; à.'$ vezee, poté'.n i, ha.
ses .e basea:ndo-se rios mesmos indí- dos ci,llo~ oultur.ais nãf.l per1na:ne~~rfl.Ill titu1~,ão de ci'clos cultui:ais ~ . ' modil"1~a;ções as quais regist1·amos cc~
~io$~ na. rucistêneía. dós' mesmos ciclos idêii:t,iGas desde: as eonferências do ano <;Não há dúvida 4e que., ifi$trumen- mo sendo jen(Jrru~nos de deé11id:~n«.a.
cultwais, també~ fia A:m.él'íca~ de· 1904. As p1'imeiras Qo~t!'uç,~es t~s, fe,1"FaJJ?-,:nt~s, . ~nstituiÇões ~oéü.üs, Foi princjpalmente RIVERS que pÔs
~ !L
estensão, n.o entanto, sôbre a -empregaram, pat;;i. fazer distinçpes, reprçsen,tftç.oes .:i;e]igi.o.sas etc. dos ho- ~m relê,v&i pela primeir~ vez tais
América, foi repelidJl. p.e 4t initiQl·ia , pohtQ.& de vista difere~tes : 13eja lin- me~& que convive1n .em um ·certo ter~ ~o~fit~"çê!es. Elliot Sm~H e PE'RR:Y,
dós ametieanistas .
guístico-1•aciais como ne.gr.itiao, pq;pu- ri.tório, po~~m, ri'8J b;:têe ·d e: ~cont~ci­ di.'3,c.íp·u1os e. s.uGessoo·es qé, RrvE:Rs;
a,rip, me~<!né:J3io ; s~ja oti.Jturij~ ('cul- :m..~ntos< qcorrldD& no_aecursc;> d,9 tem- efjitu.d ara;m am'{i)la;menle a idéia aa
C<;Ess.áS t~q,rias ca,.r~ct~n·izam.-se pelar tu~~ d.0 h1µnerª';ng 0u do arçQ1,·; sej~, qecad~~t.i~· cuitural,, originada:· por
id~ja d~s capwd,a.s euJly,ra~:;; id~'Qii­ po, entra11 em rela.coe!) pe.:cm a.nentes.
enfim, sociológicos como qultura de Mas ,w de haver tal rr~l~ç~o pekr siÍXt- tral)l.Sm1s~,õ~s. N~.o é' possível e~Aée­
.c<'tS" que. S(!. est.~m s~qre o rnund-0 i'or <lu~ él"ass.~s; 011 'cv.,ltur,a ,t-0t;ê1n'/,ca. ~er-se a .:corre.la~ã~ entre. <ladqs, eivi-
t~'ro' -em · sucf}ss@ hfsiPrica. Bm ·úl- (>~es ftl.to d.e cert,os da€.lo.S Ele c1viliza-
1

«A .despeito de ·s ua P.QOSi'ção ·:pri- ?a;o t(\!J.;em entrado em. çentaict.o r~.cí­ hz.aQ.ores; no :senti.do· de Gn.AE:&NER
tim;;t a.ná.Use. não .é po:ssiv~~t . P:~r~;:i;nto~ mitiva, e Baidre W. SeHMIPT acei- e $qmflDT; eomo processt;rs m..eramen'te
ev:i;tar J:> ponto de vist:~ evol'lU}.i(Y[tistp,. ~noc6· ? A;· ~9rrel~ç,ão ~n~ç; d!idQs @hd.-
~ou a c{)~eepç~ de GJ1~~B~ER, pois h~~~o~e.S e c~s~W, P:ll; etQ,:rcamente eo:a- mecânicas, 'à maneira tle . ~di.Ç~es de
Estabeleceu-se um esquêma. pelo Cltral ele sim~atizaV$, pQr .IJH;>tiv-0s· apo1o- destroç0$ cJ.'il~u:ra;is, mas .é preciSo es-
se r~~s:lizd'u a ::;equênci:a cult\u;a,1 d!lr ~~nqnáda? A:~ .~~~_iv,e,lS,; oç11rela~@es
gétieos, c..o.m essa ~titud.e ' anti:..evolu- entre dàdo~ c1vil1zadg,res ficam reR~ tudá-lo como sendo resultado de~ pro-
1ú1rqánielade. F.ssa co;ncep~o' difere
1

.cipnist~. O .Padre W. ..$ô'HM1't)T, no tritas ão ,âmbfto <;los'' cielos . cÜlturáis cessos., ~ot:iâl-esieológieos.
.do an~igo {>tlhto de rista ' evoluaio- entatitor; :Q.~..,Q se contenteµ ~R'.11l, a ~im­ pr~s~9'~e1~çí~os ? ··· ·" . · · · ~Os representantes dà teo.ria çjos ci-
n~'t.ta ~ofuente pela sufi)o.siÇã.o de cet -: ple~ .aae,r;f,f:fÇfL() qa corv1el{çã0 d'e GR AEB-
~a~ c;enj,ro.§. culi'Úrais e . pontóp, de ir~a- : NEf.R, ·m~s completou-a, à sua maneira.
.~.Ç e:entat.:.t~ ·enti:e Q'ht,ersos ~dados clos ctilturaiS e do tal métoda histó-
c~v:~Uza:tlor~!il não ocoi:re C,,omo. o de ri~?-~ultural costuih~m rlflpresen't.ª r ·as
O,ir;çqq, c1ue1 póla51 n1jgt.açõe$, t??(J}Yt:S, 'mi- Êle1 ieJltíou el~borar· \lrb:f;\; divisão des
1

dqis ot>jetQ~· Dá Yi:ti;inJ:i, dé Üffi museu €otsas ·de· tal forma como. se. as· cor,r e-
·ti1trq;w o.s iJ!4d<Js., cul,twràis.. G'RA'.EBNEii; <::ie;1Q.s cult:tJ.rai$. seg,1..1ndo um pout'o de. ma:S. c'on:diQion~dq. pt>.r homens quJ ~á~õe_s entte d.ad~s qulturaiis fic~ss~~
o 'a utor do livro sô1»i:e a.Jv.rêthod'e in·M11 ~ta IJJ.'.rif o:i;m~. e c!IC'gtj'u .:a; considerar r~s'trttas ao âmbito· dô.s eielos eultu-
;; • ~ 1
entram ':é:ti'i rehJ.,!;.õ:es, $0'.b . ctr,c unstân:..
FJth:nr>logie n;ij;p · ~e.. ·pr,~09µpo,l~, de modo ~g ol•ganizaç&,es matrjmoni'ats e de· rais preestn.belec.idos,. Ai ó que" eS'.t á
aig'J.µn, cpm , os processos e efeitps s,~,ees~tW Q,omq c:i:itêrio· decisí:vo'. .i\~­
· cii:w IIJ."tti~ ,,Q;~"'etsàs, A e.spéiie dtss?
. ~<p.~tq;,cto_ "i ~ deci.si)ta' pelii,. sçqu~ncia de um do~ êrrôs mais íatais. A.bStrttuído~
,Ps·ico-so:c.:iolqgicos qessa transmissão. sim, ~le f~la, .por. e;x:empl61 áo .êiclo se, mesmo da quest~o se 'é jilstifícavel
, (IJ,f!f11r~'(fl,a,~ , rlttt r.es.ulta,mes; p:elw con-
Para êle, ~ tr~m~sã,o se op~tou c'1,d$ur.Al .pa.triJ,inear e ·de f âmilia-
<l1ç&e.s sob .as quais , poô'é' haver rela- ·à' con~~r1fyão d'~stes ou "<láqÚêle~ ··'*f,q~
me0ani~anter1t,(?, ~~i'm cp.mp :se le_,'.a:m : ,gJ.18\nde1 do fki çJQ patTil:inear-exógamo
ç~e$. p,el'm,:anentes. e . harm1ôniéas entt'e ~1.i~~ur,ais, t'od~ . i~v;~~·tigàção, feita $é.JI1
' e:oj·etos .de ~11.s..eu d~ uma vitrina.., pa,i:a oq.. toii~'.rnic,p, do pi.elo · cul~ural mâ"tti- l~.e1as preeon.ceEnda.S't tem g1te co.p:du-
~S ~iV~I'Sbs dados de Ci~iliza~ãó. 0
a: ·i:lU1iTa. .f... ~p.osição à, conee:p,çã9 lln,e~· ~' :fmalx:r,te~te, a.e cíêios ctlltu-
f~te, :Potém, .d e '.Çt~e QS à.a.dos civili~ ~~:. á?'_ re,s~tadó .de 'que d:aq0s eult;u-,
1

evplV,çijj'(f,i~t°'.. cujp;s r~pre~~n~a~tes.~ais r4i~ s.et;}UDJlárips o~ítm}i~$· ?~ , ci·µ,i~ Z~tdt>re$i S~Q ~'tn8.;n:ej«das rpot,1' home,ns tais 1rn,portan~~8. . ~dem f aae:r . pa.rcte,
decidido~ sito, ~lém de:,, S'pE.NOER ·e meµtps.. Tra}a7se· âe, "pru1e1p1ps ·d1VJ.:. também, de.· outros eiclo.s cfiltur.ais.
v'ivQ.S: e r~éi(}n.aiB, ',Jiqmel).'s êsses uni-
T~Ji.:O~, l\11:QllG~, 1 M.o\;C L:IDNNAN e sópios. d~tina.do~ fli ex}i)~:inllr i eifi -todos dos. por ,t~l~.õ ~s . clí.ltilr~is. e sóeíâis, ~ã~ s~ d,ev~ ~~quep~r · ~e q~é fals
t~~~pé~ ~;ts1rIA.t.."l', est~ moymeJil·t~ . no , :es ca:s©s, deteF,miqadas. aoirel?<Çôes com yem: ,a prodlJ-zir ',tl<;)is. fenômeJlQs : · ciclos ?ulturais .SR9 .cop;tbmatJq~· sa.J.:n:e
fa:~o · q~ · qu.~1 êss!3s .v·~lhos ep<>.lµC'iOZ!(i .stgs . 0J11ito~, r!;Q,d'ct? ~c~~M!lfQlis, ist9 ê) com a ~ base çl~ muito po·uc,as ear.act.ermt.i7
co11cébe1:~ a .eul~w;a de.~ ~.l!J. ,P!C>YO existôn~ia de 'iif$.~'r~ehws, habilida- ' '
r ) a~ todos
' 1
os
bens civilizatto;res ?as. . , qna:nto ;meno11 .o {1Ômef9 de
corltd sêndo esseiliéialm,ei·1te ·autóo.tone ·
1 des~ m.s.ntmções. ~,, reprQse.RtaÇôes; 'füle !dispo,ní'y.e~ é ~olhiiw somente· ~quilo ca~acfler,,1i8t1l}aá es.collrida,s tanto 'mais
tend-0 e~ol1,1ido, 'de,Sde' o p.ri211t.~1J.ÍQ afit:rp.p.,, coer.~Jlte~ef{oo~ i:uria sequên,. que· ' fá.e~ _se ~figura a, eo~tl:.~ç.ã;q d.~ <
áreas
pri'11iitibó, de m,aJ,t(:l~ra cpntí~J.I~ ~ ·sem 9ia ~:('§!S~~ ~iclo~ eu1,t\;irais ;· .opina tam- ~)! cófxésj)0nde à . atual mentalidâde de. _difu~. e de ~,'1a ~!e:v'.8.Ç~p à 1~a~e­
.fluen"'ias
m ""º·'•· est·.1....•a nlhas. 1 "b.é~ 1p1rél~ exi;;t,ênC,ia de. u.n:m rel~ão , ou e'~:trutnrá
s&ciál, que ' gor1a de ·ciclos quttwrais!
j T ' '
< O mé:riÍl:!l d~ ~ItE,~M.;U<."N e, mor-'
reV,aluJ,ioo .entre 0,s v~ri©s estratos cnl~ "A..observa.g~o Qbjetivfl;, mqstra que
~)' propMc·iona. vantagens. espeêiáis
mente., d~ Grt,;\'EBN®~ ~gnRis~f(·119 f at,o. ' ,i;µrª'i~, o: ,g~!'.l, 8ilÍ~S, GRA?JBN]llR e: ou que f~nôm~ng~ muito i:mport~nte~ estã:o
de que êle~1 x \i>.aseadq.§ na ~bra.. qe 4,NKE·R~~AT:fN· ta.mbmll haviam afit-
e), p,~4e, ~~ adquiril:lo ~.Qm c.e rta dif.wi.did~s ~e~. dive11sos ct'cl@s C1'Uu.
JlEJRNBJ!J·ui: ·S.ô'bre a, Mie,t.l't!JJ{e iJ.lkr' fJ:e"' m.ad0. Den;~nnnª S.\ Ul e,$co1a, ~fim de r~is~ :\<tu.1 f1gµra:m, ·p or ex~mplo,
f{\,ci lidade :; ·
scMchts·wiismischafi (0 Método,na..H:is-
totl0grafia), frizà:tam a. ,ITe.ces~iq~ule
·di~'tinguf.:}A ç\a tEJdti~ !los ·ciel~s cultu-
l:ªtª de, 0.R&ll}BNER, hi.stóric/)~tulltt,tal· 2:) a. ·,c-omuhidade aceitante assi-
ª .r,nane111lli qe ~bter .alim.entofll, à <taes-
tão da ,er,gaµi~n:~ poltt~e&, e.m mel.:!
à e um yihtódo especít,ico em ·toda .e' :w~o por4ufi toqa sua ateD;Çã-0 con-
V;e11ge pBira a. c,oDstn~ção de Um.a se-
rnila º~ dad~s estrannopt iSto i'.i, ~f e- deftl _democr:átJC<'.>$1 aristo<~rá.tieos ou ç):e..,q..
ciênoia., twn1b>ém' na· etrto~ogia, ·m é:w- q11~11c.ia d~ estratos cultu,riµ~ de dify- ,
tu~m'-~e • tr~D§forrful,ç(}es, def0rm~ç,ê>es, p0t1.c0$. Ou,, talv'e i, o papel que de-
do êsse que resulta d~ seu próprio mochfrcàÇõe~ máís ou menos a,çen,tlli't- ~empe~ham a "'mgança de. 1í0miéí:dio
o~mpo · de ex:pétiêtrcitlrs; Go1n tpda, sao ínUr+dial. ».
0
~ae) dti> próprio objeto, de ~elJ. \1!01 sua e o asilo n .M c;0munirut:ae5. Fartiíitlo
r~ãô ac.usa-sé ·a cdncepção ~vlú,cio­ ( II. .Cr'{tiea.. ~ A título de etltiea fotm.a., da. interpref:a:qâó de um eo . s·- d~ t~is pontos: O.e viBta1. aehMn.oe que
nüta de ter apliéàdo o's m.étodàs ·e da· te'O:ria
·
do•
r cultur.a.i1 8 d1t .._ ·
e.iclo•
.v
mme, ate. ' ' ' . . .
'lâér f~.Jh~ a.s divisõei: êm ciclôt cul-

' ' '


'

-52- -53-
turais, que elas se cruz.an1 con1 as ditas t ura e lnigrações vindas de dirQções centes de que sé. r~aJ.izou de f a:to, em <Quem mais trabalhou JiêsSe sen.:
áreas de difuRão ou compreendem divé1'Sas. Ao lado de povos de civi- determinados paizes, essa sequência tido foi, talvez, LoWIE. Mas também
- v;írias delas et c., porém nunca coinci- lização inferior vi vein outros relativa- hipotética. A s uposição de uma di- LowIE não abordou o problema da
dem com elas. Investigações nlinu- mente adiantados. Quando os adep- fusão universal dos ciclos culturais evolução. No seu con1bate certa-
ciosas revelam a existência de insti- tos da t,eoria do15 ciclos cult urais se estabelecidos, mtroduziu novamente, mente justifi9avel, às teorias d e MOR-
tuições e usos ClUe se acham aimpla- teferem à pobre~a da cultura: s uda- em forma de desenvelvimento histó- GAN e MAc LENNAN, chega ao ponto
mente difundidas e de outros, muito nésia, êles consideram, arbitrariamen- rico-cultural, a expu15a idéia evolu- de recusar tudo que se assemelhe,
menos difundidos ; entre os primeiros te, apenas algumas tribus daquela vas- cionista. Os dois principais represen- de qualquer modo, às distinções evo-
figuram a vingança de homicídio e a ta área, sem levar em conta as out ras. tant.es da teo1·ia dos ciclos culturais, lllcion istas. De maneira análoga pro-
iniciaçã-0, entre os últimos, por exem- Sem dúvida tra,.ta,-se de invasão de GRAEBNER e o Padre W. S c HMID'l', cede GOLDE~'WEISER. Banindo-se po-
plo, sociedades secretas (v. i.) ou civilizaçõe$ sup"etiores no .ter11itório não tomaram ,n.a devida conside:r:ação réJA. os cOtlceitos de progtesso e evo("
poliandria (v. i.). Chegamos a 'Veri- de outras inferiores. E ntre as <üvi- o prpblema evóluciônista. E' <faracte- lução, também não é lícito falar, como
ficai~ finalment e, que certos objetos lizações superiores não figura, de modo rístir..o que justamente o P adre KRE1c n- LoWIE, em sociedade primitiva, ou,
e instituições são, muitas vezes parte3 algum, apenas a ouda recente do mao- GAUER, o revisor da parte técnica como GoLDENWEISEn, em civiliza.ção
integ,rantes d e culturas muito dive11- metanismo, mas trata-se, antes de da obra de Schmidt e Koppers, use, remota (early).
sas; desenvolvendo-se, através de mi- tudo, da.~ correntes b6rberes e, etíopes mui frt';quentemente o t ermo evolução: « T od~s as ce~sideraçõe$ nos levam
lênios, soh as circunstâncias roais va- « I~ a construção do sistêma matrili- Eatranho é t ambém ·ó màterrhlismo a deduzir cer·t as qualidades comuus
riadas, ao passo que outros, há millto, near de duas classes, ocorrem out ros muito pronunciado no trêcho sôbre aos fenômenos bistóricos de determi-
pereceram. Citemos o Egito moderno , êrros. Antes de mais n ada a expressão a economia dos povos primitivos. O nadas constelações sociais, sendo o
onde encontramos utensílios, ferra- classe conduz à opinião, de que exis- pape] atribuido a idéias e práticas nosso método, portanto, sociológico.
m~nta.s, · t~cniras e prócessos de tra- tem v{W'ias ca.madas sociais. Mas tal supersticiosas e má,gicas, na econo- Aléip_ disso, compreend_e~o~ essa$ cpns;-
balho taís comô fotain representados não .se dá ; na tribu ha ap~nas duas mia primitiva; é, no entanto, extraor- telaçoes no st:.u cond1ci<;>namen.t o. psi-
nos tún1ulos da Antiguidade. A lín- metades, tendo direitos iguais, que dinariamente grande e múltiplo o seu colõgico, elaborando, dêsse modo, os
gua, no entanto passou por transfor- podem entrar, reciprocamente, em re- entrelaçamento com a vida social da Jundamenws social-psicológicos dos pro-
mações profundas, a religião foi substi- lações n1atrimoniais regulares, sem que comunidade, e até com os preceitos cessos civilizadores e cultura.is.
tuída pelo 1naometani.s1no1 e a organi- se po,asa falar em qualquer forma de matrimoniais. Justamente porque as e) Em que consiste a pesquiza his•
zação política sofreu, no decurso do estratificação so.cial. Acresp e, que ~ase e~planaçõ~s não consideram êss.e s fa- tórica?
tempo, un\a série dé vicissitudes bas- sist~ma de duas classes nem sempre tores so.b remaneira importantei;;, P.las «A denominação do m etodo his-
tante heterogêneas. tem caráter matrilinear, m-as, às vezes, são materialistas. tórico-cuUural como sendo hi8t6ri(X)
<A COI1$trução de ciclos culturais como, por exemplo, ao sul de Nova d) A investigação sôbre interdepen- envolve equívocos, pois êle não se
pode ser considerada, quanto muito, Guiné e na Califórnia, patrilinear. E m dências, influências e migrações esgota preocupa, com a individualidade dos
como senâo u;m trabalho prepatatór io tpdâs a.s exposições e.x atas o e,\'Jqu êm~ ais tarefas da pesquiza etnológica ? fatos 4ist6ricos que nã-0, se repete,m ;
de coordenação que necessita de inú- falhará tanto t.nais quanto maiH ppr- ' l '
muito ao contr,ário, como j~ disisemos,
meros complementos, correções e am- menorizada f ôr a investigação . D êsse « Caracteriza os dois representantes
da teoria dos ciclos culturais o fato o método histórico-cultural constr6e
pliações. fato os próprios discí.pulos e adeptos sôbre a base de alguns poucos /.estes:
do Pa.dre W. S c HMIDT não se podiam de êles perderem de vista, no seu em-
b) Os critérios dois v:irios ciclos ei;;quêmas de estratos culturais que
esquivar, o que ressalta de vá:rios tra- penho de estabelecer divisões o elaborar
culturais são definidos C(!)ffi bastante típos, os problemas p:rôp11ia:rnente ~tno­ têm, quando muito, um valor tipo-
exatidão? balhos na obra pub1icada em homen:-l,- lógice . Os f e11ômenoi,:; rettís, no en.::
gem ao P adre W. Sc m.1IDT. E' es- lógicos. Jamais o leitor chega a
<Os ciclos culturais estabelecidos tanto, são infinitamente mais varia-
t ranho que a escola chamada hi!{l/J• conhecer os complexos f enômenos his-
abrangem áreas relativamente amplas, dos, do que admitem os representan-
rico-cultural despreze tanto as fornla- fl>ricos de qualquer tribu ou comuni-
nas quais vivem, hod.iernamente, tri- tes da escola histórico-cuUural ; essa
bus diversas, de língua e origem dif~­ ções especificamente individua.is da dade, omitindo-se toda análise da multiplicidade não ó Jevada por êles
rentes, feprese:ntando, pol'tanto, o re- ri:stória. Afe~raindo-se ao esquenl,a• cultura e das fôrças cultlU'ais ~ Nunca na çievida consideração; constróem-
sultado final de uma hist ória induhi- tismo dos ciclos culturais el~ se pl'iva chegamos a saber, de que mq,neira• e s~ tipos ideais demasiA.damente simpli-
ta.velroente complicada e ent rosada, da possibilidade de levar na dev ida por que razão nasceram ou pereceram, ficados e que não se ajus.tam à rea-
em muitos sentidos. Quanto menor consideração as particularidades his- ou em que conjunto de representações lidade.
o núrnel·o de características e de tribus tóricas. e de morfologia social se enquadram <O êrro não .e stá no fato de se esta-
tomadas bm consjdefaç..?to dentro· de ' e) J ustHicª -se ~ suposição de umá f enômenos como, por exemplo, a vin- belec~rem tiPQ$ - - pois sem. êstes
uma certa área, tanto mais fácil é, difusão universal dos ciclos cult urais · gança de homicí dio 1 o asilo, o comu- não é possível ela:bol·at Sinopses - ,
como já foi dito, a construção de c-i- est.abelecidos '? nismo econômico, o patriarcado, a antes, porém, na ilusão de considerar
clos culturais. Que 6 que se pode «Já m encionámos que a construção gerontocracia, o canibalismo, o sacri- esfa~ cons truções como si fossem rea-
dizer, por exemplo, do ciclo cultural de ciclos culturais s ignifica tambérn fício humano, a monarquia e o caci- lidades ao ponto de estabelecer gene-
sudané.sio, na Africa ? AH se realiz·a - sequên<iia no te1npo. Natw·almente cado, 3: ~tratificação ~ocial, as ca.$tai:t, ralizações quanto à vida de 1.Jilla socie-
ram sobreposições múlt.ipJns de cul- seria preciso fornecer provas oonvin- a serv1dao, a escra:v1dã0 1 etc.. , dade qualquer em que se encontram


,.
(

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os poucoe critérioe do eequ~ma.. Fe- noe el'!treíto o que import& dizer que 2219, 2221 a 2286, 2300 ! eg., 2309 sen'tido técnico-~material, m~s t ámbém
nómenos como as metades tribais (o não é lfcito considerá-lo como tipa a 2319, 2477 seg.) (v. apud Bousquet, a sua influência sobre a mentalidade
já mencionado aistema de duas c'las- ideal. 122 seg.) estabeleceu a lei sôbre a e a vida social. Todo povo e toda
ses ) ou a divisão em grupos matrimo- <Completamente ahi<itórico é tam- circulação dn.s elites. Os componen- sociedade participam dêsse p1·ocesso
niais ~o tal sistema matrimonial lo- bém o critério, estabelecido por GRAE:e- tes da elite degeneram, e daí provem de civilização estando equipados de
t~ico) j á permitem conclusões, à N'ER segundo o .q ual objetos ou in,sti- a possibilidade e necessidade de reno- um certo aparelb.a;mento civili?JA.dor.
opinião da escola histórico-cultural, tuições d e difusão ma.i s ampla devem var o quadro dirigente das reservas A rea"Ção a êsse ·equipamento e sua sis-
quanto à uniformidade de todas as ser mais antigos, no $entido de pert.en- existentes nas classes inferio1·es. As- tematização pela sociedade seria
demais fo.rmas existenciais. cerem a uma camada cultural infe- sim h á. circulação no sentido de uma culturà. (v. i.) >
<.Em parte n.e nhuma se enGontram rior. Isso pode suceder mas não sucede mobilidade (v. i.) vertical. A nova Os franceses cham am de civilisa-
referêndas ·~ su~s.s&? do.<> próprios necéssaria:mente assim. Os ritmos de .e lite serve-se da camada inferior, de tion matérielle o que para os alemãe$
tipos, mas êstes são considerados· co- difnsão variam extraordinariamente. que ainda pS1rticipa, para subir na é a níaterielle K uUur (v. cttltura ma-
m o sendo completamente fixos e, por :fules· são diferent-es para estimulantes escala social. Sã.o, portA.nto, duas terial).
isso mesmo, ahistóricos. e vegetais domésticos cujo cultivo aristocracia.a e não duas classes que
determina o padrão de vida, ou para disputam o poder. Clan - < O têrmo designa, no irlandês
<A escola h istóri~o-cultural afigu··
r,a-~o al1tes como método sociol'ógico
a criação do gado ou, talvez, para <A. renovação das elites políticas antigo do quail deriva, pessoas de des-
destinado a elaborar t.ipos ideais~ objetos de. adôrno etc. A aceitaçãp opera-se pela ascensã.O a;o poder de cendência comum, mnis ou m~n;os no
desta ou daquela instituição, d êste elementos procedentes das reservas de sentido de família-grande (v. i.). Ho-
Todavia não é crível que satisfaça
aos sociologos porque não leva em ou daquele modo de vida depende de energia, ta.is como se encontram nas je é usado para aglomerações f ami-
conta senão. uma parte insignificante condições múltiplas, por exemplo de classes rurais ; a circulação dos mais liares (cf. horda) consolid adas e ba-
qos t'enôm~os sociais. condições climáticas ou geográficas altos valores sociais supõe, além da seadas na crença em ancestrais co-
e,. enfim, dos próprios homens, suas 1;1scensã..o, a cnistalizagão, fatalmente muns1 comQ também, muitas veze~,
«De mais a mais, não se pode deixar tradições e inclinações. seguida âe dissolução ou substituição, na entreajuda política ou económica.
de repreender a escola histérico-cuUural «O mc<todo aplicado pel:-is duas es- sobretudo quando a elite enfraqueceu Convem distinguir o c/,an que costu-
por não ter tomado conhecimento das colas encara a etnologia como se fosse p ela admissão d e um número demasia- ma monopolizar um t errit.ório repre-
investigações mais recentes e mui- prehistória e não oferecess_e a vanta- damente grande de elementos. infe- sentando uma sociedad e política so-
to minucjq~a~ n~sBe can;ipo, evitando gem de ~os apresenta~· homens vivos riores ou estranhos, quando ela sofreu berana, das sipes (v. i.) as gupris como
simplesmente to/l.o o coniplexo de pro- e uma série infinita de f enômenos dn. a. influência de idêias ou Rentimeritos subdivisões do mesmo clan, vive;m
blhna.s e a interpenetração social- vida humana. Pode-se afirmar que próprios às classes inferiores. » (Du- distribuídas sôbre diversas co1nuni-
psicológica dos fenômenos, como, por as duas escolas trabalham medi:inte PRAT 3, 6}. dades sob eranas. As sipes não t êm
exemplo, da matrilinearidade e da construções elaboradas à base de ma- e Sem dúvida, uma hierarquia so- organização própr1a, mas entre elas
ordem matrimonial. terial de mltseu. Mas jalhais teria. cial não se pode manter senão sob a há o mesmo culto cerimonial-religioso
'·~ A.c11esee· majs o seguinte : Os tipos sucedido t al se os doi$ personagens condição de co1 respónder aos juizos
1
dos antepassados e u.mà ee:rta $Qli-
ideais parecem, na realidade, formas mais representativos houvessem reali- coletivos de valor, pelos quais o dariedade. E sta aglomeração fami-
extremas. Isso equivale db.er que a zado investigações in loco. · maior número apresenta a o-pi,nião liar, de certo modo cristalizada, é re-
matriline<iridade não representa o tipo <Muit as vezes a escola histórico- pública e os mais aptos a representar a presentada, frequentemente1 por um
jdeal da história da numa.Didade, mas cultural afirmou ter encontrado su- entida<;i.e con~cia coletiva, reconhe- dos chefes-de-família vivos. E' as-
que as instituições ~as~aâas na matri- cessores em outros . p·aizes, ;por exerll- cem as eli.tes » (DUPRAT, 3, 7). si~. ~ue ela se ..,dis~ingue ~~ grupos far-
linearidade e influência feminina cons- plo na América. Mas trata-se ape- A base do processo de circulação é 1n ihais que nae sobrevrvem a seus
t ituem formações extremas. Em fa- nas de um equívoco, pois o que os o peneiramento (v. i.). Mas, como componentes. No clan ou na sipe
vor da nossa opinião citamos o fato americanos chamam de <:Ultural areas observa MüHr,MAN~ (1, 158 seg.)~ já vêmos uma representação permanente
de que tais formações extremas se é tot almente diferente e seu método durante a fase , ascensional os compo- das famllias que se sucedem, (THURN-
encontram raran1ente e nunc·a entre diverge completãmente do m étodo.his.- nentes da futura· eJite são sujeitos a W .AfP, 2, IV, pá~. :XVI).
tribus de nível mais baixo, como por tóricó-culturail. > · um processo de eJiroina-ção biológica, Alguns autor"és falam de clan se
exemplo, entre os Trobriandos. Real- cf. por exemplo KROEBER, W1ssr,"ER, pela restrição da natalidade. nêle há. patrilinearidade (v. patrili-
mente o matrilinearidade (Mutter- LowiE. cf. peneiraroento, mobilidade social, n.ear), usando o têrmo gens quando
recht) não passa de uma construção seleção social. predomina a matrilinearidade (v. ma..
à qq.a.l corre~pondem complexos maio- Cítcule cultural ·- cf. cícl0, cult-ural.,. trilinear).
res ou menores e sempre muito hete- '
Civilização - Na definição d e 1." HURN-
rogêneos de instituições. Circulação dM elites - Baseando-se WALD (2, IV, pag. XIX) civilização é «a Classe - O têrmo classe designa, geral-
< Mesmo a.ssim não pode haver dú- na observação de que a continuidade a cumulaçã.o e aumentação de habilida- mente, as unidades coletivas cujo es-
vida acêrca da utilidade do têrmo das castas ou classes diligentes sofre des manuais e de conhecimentos intele- tatuto social (v. i.) é determinado
matrilinearidade (Mutterrecht), mas é interrupções p 6,ri6dicas, Vilfredo PA- tua.i s e a aplicação dêles. Não só- [ pela situação econômica ·e pela pro-
preciso atribuir-lhe um ~ignificado me- 'R~'f9 \cf. ~ ~ '.2<>25 a 2046, · 2213 ,a mente ~ dominp,ção da naturez·a no fissão de seus com~Ç>J;.le~tes, afigura.n·



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do-se a descendência do individuo d e integrar os grupos parc1a1s. Nãe Colecio11ador - (v. captor ). letivas reais de caráter excepcional,
como fator secundario e resultando há funções específicas universalmente e1n cujo seio a comunhão está sempre
dai uma certa mobilidade (v. i .) ver- reconhecidas e estáveis mas h á grUPos Compensação ·- YoUNG (2, 89) define alerta e onde ela predomina, normal-
tical ("r OUNG, 2, 595). interessados em lutas permanentes. o processo sócio-psíquico de compen- mente, sôbre os elementos de massa
Sob o ponto de vista formal a classe :füsses conflitos não visam ligeiras cor- sação como reação do Eu (isto é : (v. i.) e de comunidade (v. i.) : são as
é, na sua fase inicial, simples camada reç.ões no sistema de distribuições dos da auto-conciência afetiva) contra o igrejas (v. i.), as seitas religiosas (v. i.),
social (v. i.) que se classifica como privilégios, mas o próprio regime, na sentimento de inferioridade que resul- as confrarias mágicas etc., agrupa-
unidade apenas pelo critério da si- sua totalidade. Cada classe busca o ta da incapacidade de executar ou rea- mentos êsses que encontram sua base
tuação ou do destino comum de seus poder integral e, assim, a destruição lizar um propósito ou uma idéia pre- nas instituições mí;sticas, bem dis-
componentes. E m fases mais avan- da própria estrutura social dileta. Esta então é substituída por tintas de todas as outras instituições
ça<las a classe pode transformar-se em · cj. estado social, est nitificação, es- outra mais fácil de ser realizada. Um coletivas. > (GURVITCH 20).
grupos (v. i.) uma vez que se tenha trutura social, grupo, mobilidade. aleijado, por exemplo, na incapacida:de Segundo a lei que diz que a inten-
formada uma conciência coletiva (v. i.) de locomover-se normaln1ente e de sidade da pressã,o social sôbre ds in-
embora suM organ jzações não abran- Coerção - Quando um indivíduo ou agradar pelo físico, torna-se filó~ofo divíduos é inversam~nte proporcion~l
jam, em regra, a totalidade do,a. mem- grupo sofre compulsão ou restrição ou matemático. ao grau de sociabilidade, a pres~ão
• bros. Proletar~ado e burguesia repr&- cj. re.s sentimento. que a comunhão exerce sôbre o~ in-
nas ações ou nos pensamentos, fala-
sentam, sepi diviqa, agregados inter- i;;e em coerçã,o. Nã.o há sociedade sem divíduos, é mínima : «p,arque ela
mediái:ios (GEIGEft 2, 106 seg.). coerção, e uma das ca.racteristicas do Compor~mento - E m inglês : 'beha:voir aparece como aspiração coletiva in-
Quan~o à génese das classes sociais, fato social (v . i.) é sua influôncia ou conduct. carnada que se identifica, ao mesmo
FREYER (1, 141) observa o seguinte : coercitivn. O conjunto das atitudes que o ho- tempo, com as aspi,rações mais ínti-
<Forma-se uma verdadeira classe, on- .! coerção social é, como observa mem associado assume em faee do mas da pessôa. individual :. (GuR-
de as leis do sistema econômico d omi- D URKHEIM (5, l 50) <uma fôrça perfei- meio social ou, por outra, a expressão VITC'H 20).
nante põem um grupo parcial da so- tamente natural e para levar o indi- geral das relações de indivíduos com «Acontecimentos exteriores, tais co-
ciedade em uma situação econômica víduo a sujeitar-se a ela espontanea- outros indivíduos, define-se como com- mo as guerras, as revoluções, as greves,
característica, onde essa situação de mente não é necessário recorrer a portamento social. Personalidade (v. os perigos imediatos etc. contribuem
• classe engendra nas pessôas por ela nenhum artifício, basta fazer-lhe sur- i.) e padrões (v. i.) do grupo deter- muitas vezes, como já assinalámos,
atingidas interêsses econômicos co- gir à luz da consciência seu estado minam o comportamento. (SMITH, para a atualização das comunhões
muns e, em qualquer grau, uma cons- de dependência e inferioridade natu- 177 seg.). virtuais inerentes aos grupos onde
ciência d êsses int-erê.sses, uma con- rais. > A coerção social assim en- normalmente predomina a sociabili-
ciência de classe. - Segundo a estru- tendida é de natureza moral ou inte- Compromisso - WIESE (1, 135, 136) dade como comunidade ou mesmo
tura econômica existente a formação lectual e, muito longe de ser viol ên- define o compromisso como fMe pre- como massa. Assin1 uma guerra pro-
de classes liga-se, portanto, a fenô- cia, ela prové1n da vida grupal (v. i.) liminar da associação (v. i.) que su- voca no seio de agrupamentos como
menos econômi'cos muito diversos. ·:. como forma existencial e objet iva do põe uma. renúncia a certos interêsses a Nação ou o Estado uma fusão das
Há classes como f enômenos par- individuo e como fator subjetivo nas em favor da cooperação visada. o com- conciências tão intensa que o elemen-
ciais dentro de uma sociedade est ru- conciências individuais. promisso pode basear-se em simpatia to da comunhão começa a pred9minar
turada sôbxe a base feudal ou de cas- Decorre de t udo isso que é preciso ou interêsses. Os ljm.ites entre com- sôbre ~les :. (Gu&vrrcx 22, 23).
itas, mas pode também haver socie- distinguir, com KALJ,EN (1, 617) a promis~o e mera acomodação (v. i.)
dades inteiras 11egidas pela lei estru- coerção direta ou física da coerçã,o ou MsitnilaÇão (v. i.) como associação Con:lunicação - I. O conceito .de co-
tural d-a clàsse. (li'nEYER, 1, 140 .seg. ~ndirew ou moral. A última é sochll e, , proptiainente dita, muitas vezes se municação abrange, segundo ·Coox,EY.
2, 275 seg.). em última análise, um fe1iômeno do ·, apagam. (61) todo o ~ mecanismo através o,
Certos fenômenos cencretos repre- consenso social. A aplicação de san- qual relações humanas se desenvolvem
sentam ~ndices seguros para uma ver- ções como forma especial de coerção Comunhão - «A comunhão é o mais - todos os símbolos do espírito, jun-
dadeira sociedade classista : onde Es- afeta os d esaj ustados sociais. alto grau, em intensidade e profun- tamente com os m eios de transmitf-
tado e economia se realizam em moldes Finalmente a coerção pode s.e r d eza, de sociabilidade por interpene- los através do espaço e conservá-.los
liberais e capita.listas encontra-se a (1) intragrupal, existindo como rela- t ração e fusão parcial. E' o estado no tempo. ~le inclue a expressão da
encarna.ção mais pura da sociedade ção específica entre o grupo e seus da conciência. coletiva do Nós levado fisionomia, atitudes e gestos, sons
classista. componentes e (2) intergrupal, como à sua fôrça. suprema, é o Nós mais pro- vocais, palavras, escritos, impressos,
A diferença entre a sociedade-de- relação entre grupo total e grupos fundo. A comunhão corresponde, estradas de ferro, te1égrafos, telefô-
c!Mses e outras estruturas sociais parciais. normalmente, a extases coletivas que nios e o que quer que. seja o último
(feudal ismo, regime de castas ou es- cj. consenso social, fato social, gru- são, em geral, de duração limitada ; aperfeiçoamento na conquista do es-
tados) está, segundo FREYER (ibi- po, pressão social. e isso porque a comunhã.o, na vida paço e do t empo>.
dem), na dinamica interna. Na so- social corrente, é apenas uma virtua- Ressalta dessas linhas o caráter
ciedade classist a não há como em ou- Coesão - cf. sociabilidade, solidarie- lidade latente que se atualiza raras instrumental da comunicação desti-
tras, uma ordem objetiva susceptível dade. vezes. Existem, porém, unidades co- • nada a entabolar relsções de toda es-
l

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p écie. Se a comunicação é indireta, tados psíquir.os > (VIERKANDT 1, 155). trutura comunitária. são liga.do! por vidit em comum, chamamo! ê8te grupo
í11to é, quando origina. contactos se- T odas aa espécies de desenhos, in1- uma solidariedade profunda, a des- comunidade. A característica da co-
cundáríoe (v. i.), a~socia-$e ao p~o­ crições, esculturas, sinais eimbólicoa peito de todas as possíveis divergên- munidade é que nossa vida pode eer
cesso comunicativo o meio técnico em forma mater ial que não têm 1lnlA cias. A dependêndia do espaço (lo- vivida intei ramente nela, que todaa
(veículos, t elégrafo, t elefônio, et-c.). finalidade específica, podem ser en- cal) não é acidental, mas essencial. as nossas relações podem ser encon-
II. Segundo VIERKA1'." DT (1, 152) é quadrados na cat egoria dessas obje- Na comunidade não há o que se cha- tradas nela. Ninguém pode viver in-
preciso distinguir a simples atividade tivayões. <P ela primeira vez se nos ma, em geral, dominação (v. i.) ; a teiran1ente em uma organização co-
expressiva da atividade comunicativa. depara o princípio, sociologicamente autoridade (v. i.) é difusa, existindo mercial ou uma igreja ; mas pode-se
Aquela n ão tem propriamente fins t ão importante, da separação : a em tradições, costumes, instituições, viver em uma tribu ou uma cidade.
comunicativas, visando a.penas a re- função expressiva desprende-se do ho- magias, etc. Dentro da estrutura Isso não signüica que, para ser uma
presentação de estados psíquicos por mem e é transplantada para um obje- comunit:~ ria existe a comunidade con- comunidade, o. círculo precisa absor-
meios expressivos naturais (mímica, to independente. Ao p asso que uma creta em forma de (a) comunid acfe do ver tudo. T~ntre povos primitivos en-
gestos) ou adquiridos (linguagem, es'- simples expressão vocal ou mimicª' sangue (famflia, clan) - b) comunidade rontramos co1nunidades, às vezes,
orito, d esenho etc.). > «A importância tem caráter passageiro, a objetivação d o lugar (vizinhança, comuna) - e) constantes de uma centena de pessôas
social da. atividftde expressiva consiste, exerce efeito p ermanente atuando n o · comunidade do esp·í rito (~ll\_i 'z.ade~. apenas, colno l)Or exen1plo, entre as
antes, çle. tudo, no fato de: que os ~s­ sentido de uma condensação J.tfetiva Ot;mo formas econômicas predem.i- t ril.i-us dos Yurok, na Calliórnia, que
tados psrquicos são cempreend.i\ios ou emomona:l >1 (VIErtKANP:J.' (:i l q6). -nam· ,écon.omia doméstic~ e agrícnl- vivem rna;is ou n1enos i'soladaiS.: MM
espon taneamente no âmbito d.0 grupo, (Trajes solenes, máscaJ·aa, escalpo$ e tura. mm outras estruttirae diferente's comunidades cívilizada.S, até as maio-
originando uma reação adequada do outros trofêos.) a comunidade pode existir como rrw- r~s, existem m uito menos restritas {).
nieio social ao comportamento do cj. objetivação sonial, simbolo. tiv() etJtrutural (F'REYER 1, 131 seg., si mesma.s . Podemos viver numa me-
indivíduo comunicante.> (VIERKANDT 2 , 240 seg.). trópole e mesmo assim, ser membros
1, 147). Coniunidade - O grande numero de (ad 2) e; A comunidade é o grau mé- de uma comunidade mui pequena
«Uma afinidade estreita com a ten- acepções que o t êrmo comunidade tem dio, em intensidade e profundeza, da porque nossos in terêsses são circuns-
d ência expressiva tem o . instinto co- na literatura sociológica, pode ser re- interpenetração das conci~ncias n a critos por uma área reduzid a . Po-
m unicativo, ist o é, o instinto de comu- duzido, segun do vemos, a três noções con ciência coletiva do Nós. E ' a es- de1nos viver em uma aldeia e, a des-
nicar, ao meio social, experiências, fundamentais : p écie d e sociabilidade por fusão par- p eito disso, per t encer a uma comu-
impressões e conhecimentos. > (VIER- <'ial onde se estab elece, normalmente, n idadP t ão ampla quant o a área in-
1) Comunidade como ~rincfpio es- teira da nossa civilização ou mais
KANDT 1, 147). Aí a natureza do ins- o maior equilíbrio entre a intensidade
trutural de certas socieda(}Ps, equiva- vasta ainda . Nenhuma comunidade
tinto é evidente, pois a atividade ex- lendo o t êrmo estrutura comunitária. da un1ã.o e seu volume ; pois aqui,
pressiva é espontânea, irrefletida e, à unificação média do Nós correspon- civilizada tem muralhas em redor de
(TÕN~!ES, FREYER). si afim de separar-se de uma outras,
frequentemente, invôluntária, não so- de, habitualmente a este'nsão média
mente no animal, mas também no 2) Comunidade como forma espe- do conjunto ao q ual êsse Nós se re- maior. Comunidad es existem dentro
homem. <D ela faz parte toda espé- cífica de coesão intragrupa.l e da con- fere1 ao p asso que, na massa (v. i.) de comunidades maiores, como a ci-
cie de atividade vocal, o jôgo f isio- ciên cia coletiva ( VIERKANDT, Gua._ êsse equil(brio é modificado em favor dade dentro d :i. área rural :> (MAc-
nômico e os gestos, fína.J.mente, tam.- VJTCH ) .
do volume, e na comunhão, ein f~vor IvEll, 8, 9).
?ért: ª. posição ~oda do corpÓ, o que 3) Comunidade como 15inônimo a~ da intensidade.,, Entre as três for- Ii~ssas defin'ições eoincidem, tnais
j 1 Já 1nd·1ca qt1~ não se· ~rata ma;$ de grupo totail ou pa;rcia.l~ geralment~ no mas de sociahiliclade, (massaJ comuni- ou menos, com as o:t;>iniões de Y o~o
umf!. simples ati;v'idade, mas d~ tlm fiêntido local O\l territo)·htl. dade ~ Óotnqnhão) <'.a comunidade é (1, 5) e P A RK e BunGÊS$ (16~) ~eséa..1-
estado pen;n.an én te > ·(VIER:ci.NDT 147). ad 1) Quando um conf.eó.do cúltu- a majs oapàz de atualiza.ção con,s- tando sempre a. contigúida:de terri-
«A importância social d êsse. instin- 1·al, c~racterí.~tico, d~ut:i:o de um âm- tante n o &eio· de um grupo, ao p asso torial como elemento constítutivo da
to está., mormente, no fato de êle bito social fechado, é possuído pelo que a. massa e a comunhão ficam nor- comunidA.de.
facilitar a difusã~ de conhecimentos. grupo inteiro, ~ sto é, si todos os seus malmente, na vida da maioria das Embora essa acepção seja geral, na
Há. uma, tendência geral para as ati- componentes participam dêle como unidades coletivas reais, em um estado sociologia americana, a heterogenei-
vidades instruidoras, que podemos se participa da linguagem comum, virtu al, latente e n ão se atualizam d ade dos fenômenos designados pelo
observar por toda parte, na vida realiza-se a 'lei estrutural da com.uni- senão sob certas condições precisas. > mesmo t êrmo impõe certas restrições
humana, precípuamente entre pessôas dade. Porta.nto : todos participam ( G URVl TCH 19). quanto a seu uso. Podemos distin-
velhas em relação com p essôas mais de todos os bens cult urais. Não ha (ad 3) Comunidade <é o t êrmo em- guir pelo menos três grupos de fenó-
novas.> (VIERKANDT 1, 154) O ins- esferas culturais monopolizadas por pregado para u~a colonia de pionei- menos nitidamente diversos que, se-
tinto tem, por tanto, uma importância classes ou casta.,-;. Mas somente nas ros, uma aldeia, cidade, triou ou gundo a interpretação de MAclVER,
educativa particularmente n otável. culturas chamadas primitivas, mitos; nação. Onde quer que um grupo, se enquadram no conceito de comu-
«Em relação íntima com a atividade costumes, cult.os, artes, instrumentos, pequeno ou grande, conviva de tal nidade:

expre.ssiva está un1a atitude tipica- t écnicas são amplamente accessíveis maneira q ue seus componentes parti- 1) Grupos parciais e totaie. Uma
1 mente humana que se pode reduzir e pertencem realmente a todos. To- cipem, n.ão dêste ou daquêle interêsse, ridade ou aldeia tem. nas sociedades
à t.endên cia de o h omem objetivar es- dos os ho.m.eri~ i;pte~r~dos em uma as- • mas das condições bá.sica.s de uma. modernas, sentido parcial ~o p8$0 que
....
' \


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~vo o~ naç~ constituem grupos to- j' seja como fôr, o Nós jamais deixa de tações coletivas. Os estados represen- tomando feições Ol'a de conflito, ora
tais CUJa funçao em relação -aos de- exercer funções de contrôle sôbre o t ativos estão para a concii}ne;ia 001110 de concurrência.
mais é, principalmente, a d e inte- E u ; . a coletividade que vive, - desta a matéria está para a forma. Como Ross (cit. apud WIESE, 1, 189) es-
gração. maneira, no indiv~duo, é juiz perma- esta não é concebível sem ~.quela, não tabeleceu as seguintes leis de intensi-
2) Comunidades existen ciais (L e- nente de su as ações : existe tão pouco conciên cia coletiva dade da concurrên cia que aumenta ou
bensgemeimchajun), isto é sociedades sem representações coletivas. Tra- diminue:
arcaicas não estratificadas que en cer- e Esse espectador é a conciência do
grupo estabelecido em nós com seus t a-se, simplesmente, de dois aspectos 1) com o gráu de liberdade pessoal;
ram todos os interêsses e sentimentos do mesmo f enômeno, sendo que cada
çoletivos de seus componentes (certas princípios de conhecime.nto e de ação, 2) à med ida que há mudanças
perante a qual, como Juiz, se desen- qual, tomado isoladamente, represen-
tribus). D e outro lad o temos a infi- sociais ;
rol~ o curso dos nossos pensamentos ta apenas uma abstração do pensa-
nidade de agrupamentos territoriais mento d iscursivo. 3) em razão inversa à eficiência dos
diferenciados pelo fenômeno do cru- assim co1no das nossas ações. E ' meios seletivos, isto é, quanto mais
por isso que fala.mos da nossa vida. cj. auto-conciên cia afetiva, gr'UJ)o)
zamento dos círculos sociais (v. i.). racionais os m étodos seletivos tanto
como de um papel que temos à desem- l'epresentaçã.o coletiva. menos· dispendiosa e necessár.i a a
3) E ' óbvio que a sociabilidade(v. i.)
penhar : sem espectador nilo haveria concurtên cia.
em comunidades existenciais e em papel. J1J póllque temeríamos êsse Conciência da espécie, - Em inglês:
agrup,am<'lntos mais ou menos amorfos conscio,usriess oj mind. A função da concurrên cia pode ser
espectador como um juiz,, no donHnio
(come certas oid1'id es m9 dernas) ~pr~... da inteligência con10 no da ação se ·«O fato $Ubjetivo, elementar e,~
oti-
.a de um princípio social e regula.~ivo
enquanto há elementos sociais capazef?
senta a1$peotos totalmente diferentes. não possuissfl, de sua parte, um p~üer ginal na sociedade é à conciênci:a da
GrUpof) territoria~ existem., sem dÓ- q~e nos domina e nos · u1trapassá '! :>
de evitar que ela se transfor.me · em
espécie. Entendo por essa palavra ·
~ida, qu~ devi~o ao grau de sociahi~ conflito latente ou aberto.
h.dade neles eXIStente, constituem ver- A conciência coletiva varía. em 'es- um estado de conciência no qual cada E ' um êrro supôr-se que o equilí-
dadeiras comunidades, no sentido de tensão e profundidade segundo a for- ser, qualquer que seja sua posição na brio social se possa estabelecer ape-
ro~ de sociabilidade (v. i.) que predo- escalA social, reconhece todo outro nas pela livre concurr8ncia econômica
VlERKANDT ou G URVITCH.
rruna no agregado respectivo . ser conciente como sendo da mesma ou social. Há outros princípios con-
. cj. con ciência coletiva, espaço so- espécie que êle > (GIDDINGS 3, 16).
cial, estrut ura social, grupo. A psi~ologia coletiva. do século pas- trários que t êm mostrado sua efi-
sado é rica em alusões que dizem res- A conciência da espécie é consti- ciência quanto ao processo de equi-
Conciência coletiva - Não é possível peito à conciência coletiva, atribuindo- t utiva para o conceito sociológico de libração social, p or exemplo, a pro-
compreender a conciência coletiva co- lhe funções nebulosas e transformando humanidade (v. i. ). moção por ancianidade nos corpos
mo faculdade p&íquica sui generis sem um f enômeno elementar da vida social militares ou administrativos, a primo-
levar em C?nta o processo de dilatação e fácil de ser observado, em uma enti- Conciência de cla~se - cf. classe, genitura n a sucessão dinástica, etc.
do Eu (v. i.). O hon1em induzido por dade mística. Segue-se da teoria da. con ciência coletiva.
cj. conflito, oposição.
certos estados representativos de ca- dilatação do Eu que o local psíquico
onde atúa a conciência coletiva é ex- Concurrência - Com YouNG (~, 349)
ráter afetivo ou volitivo, chega a en- podemos definir a eoncwTência como Conflito - O conflito, con10 relação
cerrar, no seu horizonte pessôas· (e clusivamente a alma do indÍvíduo. dissocia.tiva, ú >uma forma de inter-
:>Uma conciência total ou i,tlma cole,.. forma de oposição que dispensa, às
t am?ém coisaf') , alhftias, ao ponto de vezes, conta<ltos ou comunicaçõe§ en- a:ção que exige contacto, é pessoal,
considerá-las, espontaneamente, cqmo tiya, uma conciência do N 6s, su·s ceptí- conciente, intermitente e desperta,
vel de .ot,:>~rar em outro lbgar,, de pai- tre .?S elementos concurrentes (PARK
se f osse1:n part~s integrantes do pr_pp,rio e BuRoEss, 506). Embora .conc.w:- além do esfôrço, sentimentos màis
Eu. Acontec1~nentos que afetam as rar por cima das. pesSÔ8i.S individua.is~ profundos e emoções:>. (P ,A.'RK e Bua..
ou de se locaijz~r entre elas, ,é · nàt,u- r~ncia seüa. diferente do canúito P,Or-
pessô~s (ou coi§as) incluidas, desta <Ittie seu fim não é destruição cla COJll- GNSS 574),
1
maneira, na e,s fera, do Eu, P,rovocam l'almente um mito. Toda forma de
conciência . unitáfia se realiza sempre petidor lnas qualquer obj~to ou (im A base social-psicológica de conflito
a !eação de uma faculdad~ psiquioa almejado, o conflito pode nascer da e luta é o instinto de pugna cidade
CUJa expressão linguística bastante na alma do homem individual. Di.. (v. i.).
concurrên cia . WIESE (1, 18$) refere-
si~rüficati va, . é 'o Nós (We-feeling, ~erente é apenas o conteúdo que se • se à tendência da con currência trans- Todo conflito, segundo WIESID (1,
Wirbewusstsem). O Nós é uma sín- incorpora à conciência do Eu ou ao 18â) >tem a tendên cia de se transfor..
formar-se em outras relações sociais,
t:se do pr~prio Eu e de representár próprio Eu. > (VIERKANDT 1, 209).
como, por exemplo, conflito ou tam- mar em luta.> A luta é uma fase do
çoes psíquicas que t êm por objeto Se bem que uma das qualidades conflito e origina, de modo violento,
bém cooperação. ·
pessôas e coisas estranhas. Eviden- essenciais da conciência seja sua inten- Competição, num sentido mais res- modificações na. estrutura social (v. i.)
temente, a conciência de Nós é, de cionalidade - nã-0 há conciência sem trito é para WIESE (1, 187) uma for- que podem aparecer, posteriormente,
certo modo, uma entida-de objetiva representações - não parece recomen- ma da con currên cia e ocasionada pela como progresso ou atrazo. Muitas
' e superior ao próprio indivíduo no dável confundirmos a mera faculdade relativa escas..c;êz do objeto ou suces- vezes observam-se efeitos associativos
qual está localizado. A ascendência de elaborar representações com os so, de3ejado por uma pluralidade de dentro do grupo, solidificando a soli-
do N ~s sôbre o Eu revela-se, mormente, próprios estados representativos. homens.> dariedade interna e aperfeiçoando a
em s1tu~eAs que constituem ameaças Cumpre distinguirmos, da mesma for- A luta pela vida é, às vezes, puro organização. Grupos devem, às vezes,
para a ex1stenc1a da coletividade. Ma.s ma, a conciência. coletiva das repres~n- esfôrço sem nenhum caráter social, sua existência e vitalidade à luta ou
'

' 1

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- 63
Corno éxemp)Q d~ uma 1.nv:esti-
(
ao conflito, devj.<;k> à emocionaJizaçã-0 ou eonserva:r pela luta. (Hortra, p á- o materialismo hl.stóric-0, com sua dis- t


da conciên:'eía ooletiva (v. i.).
O conflito pode ser (1) intr~u,paJ
ou (2) ·intergrupaL A fqrma intra-
grupal é um fenómeno de dec~dência
triA, ~1 réligiãb, OOsee cialtff~
~te.).
(a.d 3) 0s efeitos asso.eiat.iiv0 s da
luta j i :fóram mencionados.
tin9ão de ~upere.struturai e ínfraes-
trutur.a. As necessída~ materíai! e
anim ais e os campos col"respondentes
da técnica, da ecdnomía e d,a ordem
gação J'l~eeee senti.elo., esooll;iemoe a
f<Jrtna do cxmMci'IJU?W> oo ·'Wll>iJMna
tttlturq, ooi.den'tal (isto ~ a ~ência na
aêepçâo atual), em oposição ~ form11t
l
(v. í.). Conflitos íntergrupais pode;n cj. classe, estado sooif;l.l, ei;itrutura social determinam o éarâter total de medieval do co.nhecim.ento.
«.Apontaremos uma afinidade de
1
obse.rva:r-se entre (I) grupos parciais social, :t:>ugnacidade. mnà cultura, ao passo que as creações
(partidos politic.os., igrejas, s~iyas, sin- puramente espirituais tais como a estilo e estrutura em, ~mbas as ~~f-era.s
dicaf<>.s etc.) e (2) gru_gos t otais (nação., ConJf()~is:m.o - O prbcestso de 0 in- arte e a rêligiã:b 1 a ],Iloral e a eiência, culturais, de mane).ra seguinte· :
Estado). A luta-de-classes: considera- divíduo ajustar-se em suas a;v,aJiBJÇões representiam apena:s uma espééie de «A sociedade m~eval tem uma
se nas suas f orma.s organizadas, como e- p:refeTênojas aos padrõe$ do grupo, reflexos id.éafs, un:l. a superestrutura eultura com~{tá;ria d~ cará.:ter ;reli-
conflito .intergrupal. Em f?Ociedades póde 1 ser denonililacla, segundo CAn:.. inteiramente dependente dessa ID:fráes- gíoso: prepo.n del'am as relaçõe~, ín"'
de elas§~ ~v. i.) o conflito chega a v:A-Lao (2, 211) conforzn,lsmo social. trutura. No campo especial das con- . tunas entre os ho.mens ; a vida está
ser um elemento con~titu~ivo e por- Os v<álores soeiais e su.a u.11if or~d·ade cepções morais, da;s idéi.às e' dos conher- sob o domínio da autqriclade e da
tanto, ~~.a,l! ao passo que conflitos at~tam o CQnformismo existente. cimentos, NIETZSCHE desenvolveu. e trtidição. A ba.s e d!ii c~ência; m0dern a,
e lut~ s.e afiguràm como fenômenos sulS1imou ess.a teoria, As. convieções porém é a ernancipa,ção intelectual, i:i,
cj. eonsen.s:o soci'!l-1. mo:rais e concepç'ôes teló.ric-as depen- a/u,tqrwmia. Esta. não foi po~13fvel
meramente acidentais em sociedades
de ca.stas 01J.. estados (.sociedade f eu- CongEegação . s(lcial - Uma pnp.u1açã:o dem aa vitalidà'de de seus represen- dada a dependênlbia intelectual ~.
dal). ·· tante~. Povos sãos e transhOl'<;ia;ntes Idade-Média; pois sqb o domínio da
crescida pela e:x:ce.sso da imigração. tradição idéias :Qo'Va-s são Tep~lid~s
~a,. apreciação do problema, Vt©R:· sô\)re a .e:rp.igraç~o GID:q~AS Çi, 255)
de Vitalidade têm outrâs concepçõe.s
Ui"ll'DT (11 302) parte da t~se que o n>.orais do que ·g rupos fracos e d:eoa- in limine, podendo ser int11,~duzid~
denomina congregação s ocial. apenas sob o pretexto çle se 'li.r atar de
c.o tlflito , (ou luta) social « nã~ está em den tes. li'R:E'd'D e outros flllíldad0res
cf. agregaÇão. d~ psicoanáilise tenoion·ar~m elabor.at, J;evives~er noções antiga$ e já olvi-
coi;itradiçã.o ao aará~e.r cl:~ SQciedade:
'.Podemas .corroborar' til afi:tm:ação com ConhecinientQ - em seguida, um suposto nexo entre dadas. De mais a m}l.is, a. ciêµci,tlt mo-
(Sociologia do-). sof rimentO'~. psíquicos e c.oneepções dema repousa na atit-wJ,e ct~tica que
trés ~t·gum.entos : <A sociologia do 'e,enhecjJI\ento .(0.u m5r-ais ou teóricas em ge-ral. e~amina toda ~irmação, ~endo inspí-
1) A luta social e eompatfvel com saber.) ê 'uma. disc\pllna sociológica de , l'~da, po1· assim dj:ze1·1 por ui;n. e~pí­
« Aí é f!.tie, estão os rudimento,s da
a vida em sociedade. ' origem tecente que, como tftofí,a, est.á rjto de d~sconfian9a. Mas tal espí-
empenb:adâ: em coµs:t;;it.i;ür e elabor~r sociologia ao conh~cimentp. ' O. CO?'lr
2) A.· luta soci;f!.l supõe, pela· sua ceito do $aber é compreendido ·no sen- rito n.,ã.o pod.e n~sc~1: rx:uma vid,a com.u-
uma doutrina do ~~oncilcion~JD.en1;9 nitária em que tQdo~ se o;l'ientani p,qr
na,.tmez~1 uma certa ligaçã,o interna tido mr.;t.i.8 a;mplo possível, inclusive
ontplógic~ » da ci~p.cià e, como pes- atitudes de coniian\?a e e:rt\d,ulida;de
entre os contendores.;
.. <J:Ui?<l< higtQrico-so'Ci<:;lógica, p;r.eten:de de- todas as espéçies de concepçõ~~, re-
recíproca&. Predomina ~ desc0nfianç'a
~

, 3) A ação de luta , pode torn~r,.se m<;>ns:trar ôSse « condiçit:lnam.Eilntõ on.:. ' • presentaç_oe-s, i~éias, e~c.. que Pf>dem
e:itistir n.0s indiv.ídu.o s ou num pov:o, -só nas telac;:ões com Re:ss-õs,,s estra.nhaSi:
segundo f!0U ' cá.J:áte:r emocional, uµ:i. ~lóRico > .no~ di,v;~rsoJ{ Ta.mos da ciêµ- Sóm'f}nte quando a v~da social, mor-
m eio ~socia'tivo. » c1~ Clo pa$sado; e .do prefSent~. (l\1~~­
quer elas se reliram ao camp~ c,i.en-
tífi1:10 propriam,ente díto 1 quer a Qbje- mente nas esfelia~ econôfnicas, apte:-
(ad 1' T1m traço essencial da luta EEIM. 3, 659).
tivoi;> merais o.ll ~stético&, quer enfim, senta üma r~e de, int.er:relações cujos
social é ·$.ua moder;tçao e Q cóhtrole A influência do . meio ~oai&l (~stru­ elementos são reciptoé~mente estF'&':'
tura e .,oi:ga'lli:zação da: ~ocieqade) r~ve,­ ~ questões filo'sófipas. E a té~e fun-
(v. L) qu.e. o 'grupo exerce sôb,1~e suas dame,ntt:1Jl da ~~ciologia do saber: é. e,sta : ilh-Os,, isto é qU-âado a tgm.'l!lfl,iàade
fbrroas1 ~v.it_p.,ndo, assi~ exce~so~. 'A larse na ~ele,çã~0 <d..os p1•qblemas do pen- (v" ' i.) foi substituida· pe~a s.ocie.daâe
sam ento hu:ni.~no,. no ma(ilo Q.~ cole- ~ saib~ Jlâ.Q tem e~i~tên<:da autô~oma.
p!lova está. n~ exif}tência.de lµl;ra mqrál Ele não nasç;e e $'e 9.e~eJ}:yolve em um (v. i.), -a d~confiasnça pbde erienti;u'
e um dii:eito de luta. çá-lo.s e soiueiOh!i-los. as for:nas de in~étaç~ e ~rr~i~ar-se
Ç>s t~~fl.balh@s d& ~ocí9logi~ do 'S&ber campo ·U;tteJectual dis.~into e autó.no-
(ad 2') A luta social ou. in~leçtu.al, mo "UO horp.em, ma.s prende-s~ iAti- mesmo na meutahdaqe cole.tiva. Além
Gonvei:gém pare duas tê~es .funda-
a:
is:t;o é, lµ,t a que af et~ o estatuto so
mentai~; :
mam:ent_e:, à si~ção tota.}1 tanto do · 'disso·, e-oro.o base da nóssa ciência,
afigu!à+sl~ a e:vperiênc:i~ 1 isto é, a
cial,, homá e r~puilaçâo dç;i ' aidversáiio individuo come,, partic:µlarm:ente dô
.. óli $uas e.onvicções e cre,nças, repousa 1) Há proçessu~ .soçia;is que díri-' povo ou das c~\rrHi:.das;. ,sociais. Af,i'm ónservação e' o e~ame· críttco dos fa.tõs,
na aceitaçãp bilater.ál. A 1uta êOcial, ge;m, até um Gerto po;);lto, o pr0cess(), de S.PU1-'ttr ess~ dependência mi~té.r se e'm lugar da . aéeita~ã<> de, a.firnui;pões .
por ser realiz.a,da. m ediante palavr~s, do cox;ili:ecimeAto:: - faz leva.rmb$ em c0D,ti;i, não somente, a alheias sem érftica nenhun)à7 isto é,
revel~se c.om.o ºª~º- específil;o ·q_o PJ:'º .. 2} Ê §§es processo~ sociais são visí- e.cano.mia e. a o:rdem social mas tam- a fé- nà autoridade. '
cesso de comunicarção » (:V!ERKAN:DT 1. veis a.t ravés da estrqturação hjstôriça bém todas ,as c&tegori~ de daQ.os. çul- « ÀcFesce que tõda a ciênaia moderna
307). Além da aceitação e ~provação da so.ciedaâe. Pela obra. c0nhece-:~e turais e o cairáte:r; total de uma cultura. está s~ndo dominada p~la categoria
da pe:!!sôa e do estatuw so.eial do adver- o tempo em que foi . p~~afvel creá:-~ Errônea seria a afirmaçã,o de uma de- da quantidade1 ieto é, pe1o númel'~, em:
fiÂtio, acresce um terceiro fator que CM.AJ:mHEIM S,, 661, 662). pendência unilater al entre o conheci- oposição ~ estruturação qualitativa
~ a. ~provação bilateral de determina,.. e Como ponto de partida dê.e.ee no.vó mento e 0,5 fatores citado:!!, poi! ê.st~ da filosofia medie-v~l. Etn lugar da
dos valorei qu~ !e pretendem isalval' ramo dl\ ci~noia pode 101 conli<hlra.do podem eofrer a influência daquéle. cpneep9ã-0 medieval do univer~o, ea-


*

- 64 - . 65

racterizada pela unidade orgânica, se, a.o lado do :pQnto de vista reli- acessíveis nos ~regos , devido a. ce-r tos ralistas na nossa concepção telúrica :t
pelo dom{nio das formas etc., preva-
1 ~l.orvos sociais e c:ulturais. ( VIERKANDT, ibidem 5). Entre povos
gioso ou partidário, também um pon-
Ieee uma concepção telúrica mecani- to de vista isento de qualquer condicio- 2) «Se pode haver ooncepçõ~ diver- naturais parece predominar a outra
cista, composta e edificada de f rag- nammw. Todavia, sabemos hoje ser sas de um objeto, épocas diferent es forma de causalidade : Aos aconteci-
mentos. Aqui é que a afinidade esti- errônea essa suposição. Uma ciência podem dar preferência a esta ou aquela mentos atribuem-se, de preferência,
lística com a. moderna sociedade e I1 não-condjcionada não existe como concepção. A teoria de relativida<le, causas pessoais. Mas ao lado dessa
cultura aparece com a máxima evi- SPRA..~GER expôs em um célebre dis- se houvesse si.elo descoberta há cin- causalidade mitol,ógica, o índio chega
dência. Uma concepção atomista do curso perante a Academia. Realmen- coenta aonos, teria implicado apenas a conhecer a mecânica, no manejo
mundo corresponde a uma sociedade te, se o historiador adquire seus co- uma retificação da teoria clássica. das a.rmas e ferramentas. De fato
atomista, isto é, uma sociedade na nhecimentos como homem integral, Inventada no século vinte ela provo- existem, simultaneamente, as duas
qual a solidariedade de interêsses pre- é impossível que seu ponto de vista cou uma ruptu1:a completa da tradição formas de causalidade tanto entre
valece sôbre o espírito comunitário. pessoal não exerça nenhuma influ- cientffica, transparecendo nessa atua- primitivos como na ciência moderna.
c::.füsse exemplo evidencía a relação enc1a.
A '
ção revolucionária a preferên cia da Apenas a preferência dada., ora a esta,
de depend~ncia entre o sab~r humano, , <Será Hcito concluir daí que não há nossa época pelas soluções bruscas e ora àquela causalidade, va.ria no tem-
seu conteúdo e suas formas e a ~itua­ objetifJidade de espé ci~ alguma na anti-tradicionais. po e no espa.90.
ção social de seus representant.e13. Há ciência? T udo então se dissolve em 3) «A validade de um juízo tem 5) ~ O conheci).µento pode ser ' pers-
mais do que uma esrpécie de categor.ia.s subjetiyidade? Felizmente não há raizes ontológicas, po:rque seu objeto pectívico não somente 110 sentido psi-
(conceitos. último~, funda.mentais) para necessidade de tirar tal ooncln13ãp. se prende jntima,mente a certas con- cológico, mas também sob o ponto de
o conhecimento humano, mais do que Existe um outro caminho : cumpre dições ontológicas. As múltiplas for- vista lógico. Todo povo e toda época
uma <forma do pensamento> e por- modificarmos o conceito da verdade mas do fe~tiço tidas por infalíveis en- há de apreciar de maneira diferente1
tanto, também mais do que uma ou do conhecimento, de maneira que t1·e primitivos ou pessôas de pouca uma personalidade como, por exemplo,
lógica. abranja o ponto de vista que o obser- cultura , encontram o cepticismo dos Napoleão. Além da variedade dessas
<Esboçando seu quadro de catego- vador adota nas suas conclusões deci- civilizados. Indubitavelmente o fei- apreciações concretas não existe ne-
rias, KANT estabeleceu não os funda- sivas. Hodiernamente costuma-se con- tiço pode produzir certos efeitos suges- nhuma que se possa considerar inde-
m entos de todo conhecimento em ceituar êsse fato com auxílio da noção tivos entre pessôas que nêle acredi- pendente ou objetiva. >
geral, mas apenas os de u1na determi- do perspectivis1no ; wdo o aw de conlte- tam. Daí o juizo afirmativo de tais
nada forma de ronhecimento, isto é, cimento teni ca1·áter perspectWioo, isto é, indivíduos, em relação ao valol" dêsses Consenso social - KALLEN (2, 227)
a das modernas ciências naturais. depende do ponto-de-vista. Essa con- atos, ter suas raizes nos próprios define o consenso social como con-
" As ciências uoológicas nascem em cepção não importa, necessariamente, f a.tos observados e acredita.dos. Mais cordância de vários sistemas hetero-
terreno diferente. Ê ste se caracteriza, em diminuição do valor de um conhe- ou menos o contrário sucede com pes- gêneos de comportamento grupal, de
falando nos t êrmos da sociologia do cimento: a aparência do objeto varía soas cépticas cujo juizo apresenta, maneira que se elabora um certo- gráu
conhecimento, por ligações ontoM.gi- segundo o ponto de vista. Todavia, igualmente, rai~es ontológicas, porém de coesão ou solidariedade onde havia
cas mais profundas do que as que admi- nenhll)lla das imagens é falsa, e so- em sentido inverso. conflito. Difere de conformismo e
tem as ciências naturais ou a matemá- mente da sua combinação resulta coerção. Coerção é possível onde há
ticai como ciência puramente discur- 4) «Não somente a preferência dada inferioridacde individual ou coletiva
uma compreensão ótica perfeita. a. cettas concepções pode mudar em
siva. Já muitas vezes se tem dito : (p0r exemplo, no processo de integra-
~ Note-se que o total de conhecimen- razão das variações soaiais e cultu-
no hi s~o~iado11 vive o homem inteiro ; ção ou assimilação). Conformismo
tos dum povo nã.o pode ser nen1 de- t•ai~ de um'ai ópoca (Clf. 2), como tam-
não somente a iuteligêi;icia, n1as ta,,m- (v. i.) é voluntário ma$ não admite
terminado nem <explicado > exclusiva-- bém a preferêllCia por ce1'tas cate-
bém os sentimentos, a imaginação e con,trole da parte de quem se conforma:.
uma certa sensibilidade política e re-
mente, pela situação social dêsse povo. gorias do pcnsa;mento. Ém ciências Segue-se disso que o consenso so;-
Esta in.flue apenas sôbre as possibili- aceita-se, por exemplo, apenas uma
ligiosa. A sociologia do conhecimento cial equivale, como opina~ PARK
dades e o rumo de desenvolvimento forma de causalidade que é a mecâni-
tende a aprofundar o sentido dessa e BURGESS (166), a solidariedade ou a
frase. Comecemos por um exemplo : do conhecimento. O mundo circun- ca. No mundo histórico, porém, pre- expressão de solidariedade, apresen-
E' conhecido o antagonismo entre a dante é a.penas u1n dos fatores deter- valece uma causalidade de natureza tando três aspcctos :
historiografia protestante e a cató- minantes. A situação total dirige, diversa : A da liberdade. Aqui é o
plasma, estorva ou favorece > (VIER- car:iter da personalidade que deter- 1) um sentimento grupal (esprit
lica ; m.uitas vezes a católica foi con- de corps) ;
KANDT 5 1 1 1 2, 3, 4,). mina, cm virtude de um fim preesta-
siderada falsa e a protestante obje-
Podemos distinguir, com VIERKANDT belecido, todo seu comportamento, 2) a vontade grupal (moral) ;
tiva ou científica. Em todo caso a
influ,ência da religião ou do partida- (ibidem 4, 5, 6) cinco tipos de deter- segundo uma regra individual (que 3) representação coletiva (v. i.).
rismo político era tida como turvação nrinação social do conhecimento : se afigw·a justamente como sendo a cj. solidariedade.
do conhecimento, tendo sido estab e- 1) <A esc6Uia entre vários conheci- lei dessa personalidade). Entre n ós,
iecido como ideal, po1·tauto, a isenção ignom-~e geralmente a existência dessa Contacto - As interações sociais são
mentos possíveis. Certos métodos
lompleta do ânimo de todas essas e problemas matemáticos, corriquei- causalidade, devido à preponderân- condicionadas e iniciadas por con-
cnfluências. P resuµlia-se que hou ves- ros na matemática moderna, não eram cia de elementos mecan.icistas e natu- tactos, mas a associação não é simples-


- 6.6 - - 6'J
mente a consequência de contacto,s, Continuidade. - Entre os. elemen~s bifere do costume porque, observa todos os participantes. B asea,da 'n a
como ebserva WIESE (1, 101 seg). 1 canstitutivos do grupo ~v. 1.) a conta,. BoG:ARD;c;rs (260) <a conve0;ção é antes solid9Jriedade p:reexil?~µte n,~ grupo,
Contacto •.t ambém não é idêntico com ,nuidade figura como ·sendo iI.ldi~eri.- n canteúdo. A convenção sobrevive a coop@ração toma feições d~ ·e spon-
apro:rimaç_ão embora seja impo~sível sável à sua estruturação definitiva. a costume como um esqueleto sobre- taneid~de, representap.do, . :em pal,'te,
traçar limi~es exatos entre os dou;; fe:.. v'ive depois da saída do espírito. R eal- a organizaçã.~ grup?J.l. Como pqde
n ômen:os. Um c,ont~cto p0de ~er a Control e soei~] - Yo-qNG (f!J1 520) men~e,, essa forma de sobrevivê'ncia, haver cooperaçã9 enti:e comnpnentes do
fase primária de ~prqxim~ção, como define .o controle social como >«uso de dépoís de divo1·ciada do signüicado mesmo grupo em ra;z.ã o do fl.m co:mmn
esta é sempre a f~se inicial da asso- coerçã.o, fôrç&, r estrição ou pe1:s u a.Sã.o originái·io i é um dos traços essenciais (cooperaçã,o intragrupal), a çooperação
eiaçij,o. Entre cpntaçto e isolamento de um grupo sôbre outro, ou de, 'um d:a convenção. Nêsse sentido o têrmo entre grupos pare,iai.s :gaD~ cons.ecução
nã.o pá diferenC'a. absoluta n;i..as apenas grupo sôbre seus m embros ou pEissôas dé.13igua to<il.os os casos de :tnel'o forma- dos fins comun.~ do grupo toilal (Es-
de. gráu. Contactos p 0dem terminar, sôbre outras, para refor9ar âS regras lismé de costumes, use.s, normas mo- tado, nação). afigura-se como fenô-
parcialmep.te, o e~tado de isol!i.mento, pTeséritaiS< do jô'go social > , rais, ctenças etc. Tais f enômenos cttl- meno coordenado ao p timeiro (coope-
mas podem, também, a~ntuar a con- Por outras palavras, o con.tr.ole so- tw:~is, &ntiga.mente investidos de f un- raÇão · intergrupal).
ciên cia s ubjetiva do :isolamento. cial é representado pelo conjunto do çõe,s espeeí.fieo.s, perderam êsse sen- WIESE (1., 159) d.~ a seg-uin~e tipo-
Os contactos claS'sificam.-se segundo fa't0s sóciais \v. i. ) destinadas a esta~ tido sem adq uirir um outrp, conti- logia da cooperação :
P ARK e J3URGES~· (305 seg. 249 seg.) be'lecer e manter uma det;erro:inada nua,ro, po11ém, á ser ob'édecidos e culti-
da segnin.t~ maneita. ordem rocial (v. i.). -v.a;dos como simples f órmàs'. 1) Cooperação { temporá;ria
.., ): - 1) Oon~ctos primários, fiasea- O con.trole consiste ,e m costumes,, P ara d.o'óLEY (336) ·conveni;ão signi- \ contínua
tradições, con,vicções e na opinião fica moda, liniitand'ó-se o uso da pa-
dos em p .ercepçãa sen~tiv~ (jace-to- 1,avrl:\; àquelas nofl'lli;l;s de eomporta- coercitiva
pública (v. L) ao passo qÜ.e leis e e(>..
Jace). digos dé quu:lque1· espécie repr,e sentam piento ,~u~ e~t~0 sujeitas a U·~a ex- expontânea.
2) Çoµ,t~ctos seêundários, a dis- o eôntrQle formal. trema var1a,bihda.de e volubilidade. '
tância (por correspondênctia, telé.grafo,. . das ~orças .físicas e
BoGARnus ('407~ d efine ó.f;l, meios cj. costurri.es, for.in,alismo, tra:diçãé.
t~lefônio,, etc.).
1
negativas e os m eios positivos como técnicas Cécq;nômiea)
estimulando rea§!õês e .e vocando ati- volitiV'a, peJ,a qrganj-
II ~ 1) Contacto~ físico,a. C9n veneionaliza ção d o s· eolstuznes -
~ação da vontademo-
tudes soeialmente af)r-ovadas. A C<lmbin;ação tácità de conservar 3) Cooperação ·
2:) Oontl\Ç,tos ps;iquicos (Contactos
ptl.márias. s.ã o gceralmente psi co-físi~os
No esquêma dos · n>:eios de eontrqle certês costmiiles como 'formas mei·a-
ral, np eX,ército e na
igreja
a0 passo que os conta;t<;>~ 1?ecundát1os
dado por R oss (1, 256) merecem ser ment,e exteriores, apesar' êle n~~ ~sta­ inteletu!lil, na.s língua:s
destacados os segui:rites f atol'és : r Ei}m de' aoôrdo com as çoncepções
podem ser ~penas ps1q:u,1cos). e 1end~ nos mito$ e
I I I - 1) Contactos volunt'ários.
1) Q_p:ifilãô públlc.a cv.
i.) (b~eada atums, Su.MNER (69) denominE!i con-
vencionalização. , Explica-se êsse pro- prov.;érbios,, ~te..
em sanções sociais).
2) Contacto~ involu:t;ttá.I'ios. 2) Lei r~pr_essiva·· e compulsiva Cba.., cesf1o pelo e~am:e r a éional Bt que O conceito complementàr da coope-
eostumés tradicionais são fa;talmente ração é o de diVisã-0 do trabalho (v. i.)
IV - . l )'. Contactos simpatético~. seada em sa;nç<Des lega;is). SUj.ei:tóS e em COllS~Uêflcia do qual cj. solid-a;riedade.
'(P or a.tri;tÇao ou repulsão psíquicà. cf. _3/ Crença r~~g~ôsa .~~àséadá em san- ~les dei~am.1 'de ser espol1tâneof3 e sµb - ,
simpatia). çoes i;iobrenatm·a1s). 'intehgentes. Co9:r:denação - ÜPPENHEIM.Fm (11 881
"2) Contactos categ6rieos, pela an- 4;) Suge$tão (v~ i.). cf. con:ve'nção-. seg.} denomin0, coor,(;tenação uma re~
tecipàÇão da. cat~~ori~. soci'a:I de .0u- 5)1Educação (v:. i.). laçã9 entre indivíduos ôu grupos ql.:le
trem. Esta qu.ahfica~at> secial .on en- 6) Oostwne!3 (v. i.). Conversão - <IA rejeição ou aoeitação não se baseia em subordinàCãn 'e u
tad'a pela apar~né~a tísica, determina a 7) Cerhnônias·. repentina de um c'e1·to· número de ati- . sobreposição. Mas ·pode have:i:) , c6n-
espécte do contacto. Um yontaio~ tiuJles é cohver's~; > (Bo.GARDVS 274). comi;tal\temente, relaçõés de c'o0pê:ra-
8) Arte,, eom:o co;µjunto dos m.eios
simpat€tico pode· transformar-se, .rapi-
pelos quais uma; i'déia. adquire fôrga Um pr911es~o de ~simila:çãq (v. i.) çã;p (v. ~.),, conourrê'ncia; {v. i.) compe-
dam-ente, em contacto categór1~0 e
1

espeoial atravé~ de uma .forin.;:i. de· ex... sóe preceder a conversão. Soment.e tição, antag.onismo. (v. · i:), opóSj,~oo
vice-versa. pressao (R,oss 1, 2ã7) . · , . a fase final afigt1ra-se como conversão (v. i.) ou cóni!Íto (v:. i.). '
cj. associação, processo. soGial. propriamente dita, e consta na acei- '
9) Peysop,ilida..d e (ascendência pes- taça.o pública ou ojí,cia.l, às veze.s., Coroado · - Várias tribus de fü.dios no
soal d~ indivíduo~ çaTismáti~os.• (v. solene, de Uln crédo Ieligi0S01 político
Conteúdo ' int encional - ,Ao lado dgs Br.a.síl, por exemplo., os Botoclitdos,
f enômenas de con.cjência coletiva e de. cá.risma). · etc.. Kamgaing, , Putii. . Borôro, .receberam
contiituidade, o conteúd9 intencio.nal 10) Valóres ' sociais (v . i.). do povo o nome de Coroados, d'.evi·d o
(VIER,K.AN!>T 1, 216)' figura como ~le­ q. direito,, educação, religião. Góop el'aç,ã o - Segundo YoUNG <ft~ 368~ ao mod!.) de cettar o cabelo, sê hem
m.ento constitutivo do grupo (v. i.) a cooperaç.ã o é uma. fo~·ma de inte- que ~se m odo nã-O fosse igual entre
e pode ser definide cômo fim ·especí- Conveqção - Como a tradição 0v. L) r-açã,o entre duas ou mais pesl';l.ôas em todas elas. Causou .ê ste têrmo grah-
f~co _para o qual convergem t9das as a convenção destinru-se à transmissã;Q razão de u~ fim comum, de maneira de conf:qsã;o na etnopaíia brásileira,
atividades tipicamente grupaIS. de p~nsame.ntos, . idéías ou
crenças. que a ação empreendida beneficie -razã;o p'ela qual deve ser abandona;da.
-M - 69
Cor poração - cf. ~rupos mulação e rodificação de costumes
profissionais. desempenha, pela sua autoridade, a de uma mudança rápida e estensa,
acumulados. (Direito costumeiro.) De função das organizações incumbidas essas crises podem ameaçar os funda-
Correntes sociais (Lei das - ). outro lado o direito pode transformar da realização da vontade grupal. , mentos de cultura e sociedade>. (Y owo
ÜPPENHEIMER (282) formula a "lei das ou introduzir costumes o que ressalta, 2 , 556). Entre os fatores causadores
correntes sociais da seguinte maneira: por exemplo, das reformas incisivas, cj. controle social, cultura, objeti-
vação social, opinião pública. de crises, figuram :
<Os homens afluem do lugar de efetuadas nos últimos vinte anos na 1) efeitos da especia}jzação e meca-
maior pressão social e econômica para sociedade turca. Condição para que
o lugar de menor pressão social e eco- Credulidade - «Toda convicçã-0 enun- nização do trabalho i
tal processo se possa. operar com su-
nômica, seguindo a linha da menoT cesso duradow·o, é uma considerivel ciada. tem uma tendência para ser acei- 2) acumulação da população em
resistência. > perda de vitalidade dos costumes, um ta,sem exame, pelos ouvintes. A credu- centros urbanos ;
enfraquecimento que tenha atingido lidade é, por outra, uma faculdade 3) mobilidade da população ;
cj. lei social, pressão social. geral do homem. Todavia sofre, em
às raias da convencionallzação (cf. 4) racionalização da vida pelo uso
convenção). geral, certas restrições, como t ambém
Costume - Para terminar a. confusão a atitude contrária: o exame crítico. do dinheiro ;
reinante quanto à interpretação. da Quanto à genese dos costumes,
S egundo as influências existentes ela 5) caráter cada vez mais abstrato
palavra costume, propômos'i seguindo SuMNER (3) observa que êles represen-
aumenta ou diminue nos n1esmos in- das relações sociais (secund~rias em
a terminologia de THURNWAT,D (2, tam atitudes este~·eot.ipadas, l,e ntílr
mente· elaboradas afim de enfrent~·u divíquos. Ela é reforçada, párticulal·- vez de primárias).
IV, pgs. Xll, XVIII) rest11in~'I' 0 mente1 pela autoridade (v. i.) âo
emprêgo sóciológico do têrmo costu- o ambiente. Houve, naturalmente, oj. acult uração, civili zação, cliltura
um peneiramento dos costumes, e comunicante > (VIEUKANDT 1, 121) i·evolução.
me a todos os casos em que as atitu- Entré as razões aduzidas por VIER-
des em aprêço tenham. obtido a apro- somente os majs eficientes foram sele-
KANUT (1, 122, 123, 127) para com- Cross-cousin - t ssc têrmo inglês
vação moral do grupo. A concei- cionados. A eficiência nem. sempre
corresponde às idéias racionais da so- provar o caráter inato da credulidade, (cross : cruz, cousin: primo, prima)
tuação de cost 1u11e supõe, portanto, a duas, p1·incipalmentc, são convincen-
exístência de juizos-de-valor adstri- ciedade moderna. Pode-se tratar, designa a relação de parentesco entre
do ponto de vis ta moderno, muitàs tes : primo e prima, filhos de irmão e irmã.
tos, uma avaliação positiva da parte
do grupo. >O costume é a transmis- vezes, de atitudes completamente ino- l ) A primeira é ontogenética : e A O m atrimônio de cross-cousim é
são de valores sociais de geração a perantes as quais, no entanto, pa.re- criança, como mostra a experiência, muito frequente, especia lmente em
geração >. (BoGARDUS 255). Costume ceram ao povo que as adotara, de é por natureza acessível a todas as comunidades matrilineares (v. i. ) nas
corresponde assim ao têrmo inglês uma eficiência inigualável. Tal su- influências. Abstraindo de influên- quais cabe ao irmão o papel de pro-
mores e ao alemão Sitte. Os vocábu- cede com inúmeras práticas de ordem cias secundárias podemos dizer que teger a iI·mã e os filh os dela, comuni-
los ingleses jolkways e usage devem mágica ou religiosa. a criança acredita, inteiramente, em dades essas n as quais, em geral, os
ser traduzidos por uso, têrmo êsse No processo de elaboração de cos- todas as afirmações das pessoas que h omens se dedicam à caça e as mu-
que significa, sociologicamente, atitu- tumes (como também de simples a rodeiam. > lheres à horticultura (cf. THURmVAJ,o,
des estereotipadas sem juizos-de-valor usos) óbvio é o papel de invenção e 2) O segundo argumento -pode-se 2, II~ 174, 175; 7, 253).
imanentes, correspondendo à palavra imitação (v. i.). A imitaçãq coletiva, deduzir tle uma reflexão teleológica : No dizer de 1':aunNWALl> (~, II,
hábito. A diferença entre folkways e a sanção religiosa ou poHtica, o papel <Uma atitude radicalmente crítica 175), <essa forma de r:natrimônio
mores, isto é, uso e costumes, consiste, de tradição, autoridade (dos velhos) da pa1·te do homem ~' por fôrça das conservou-se em costun1es tradicionais
segundo SUMNER (1, 3, 54), no caráter e poder, determinam, enfim., o caráite~· citcunstànc.ias, impossível, - o ho- de ca.<iamento, espec~almente de ma-
moral do conceito de mot·es ao ql;lal o'b,jetivo e coercitivo dos coi:?tu1ne~\ mem é biolog.i camente forçado a ser trimônios de crianças, tamból"l:l entre
se ligam generalizações éticas e 'filo- como sendo verdadeiros f~tos so- dogmático. » povos superiores que j á abandonaram,
sóficas em relação ao bem-estar social. ciais (v. i. ). A incredulidade é, como a creduli- há muito, a forma ec<)l1Ômica combi-
Exemplificando citamos o tTaje em Segundo VIERKANDT (1, 392) os cos- dade, uma atitude originária. A cre- nada de caça e horticultura. Antes de
suas modalidades no tempo e no es- tumes constituem uma forma esp.e- dulidade, na sua feição típica, vem a tudo, êsse matrimónio foi, provavel-
paço, como uso, ao passo que a vida cifica da 2dem existencial (v. i.) realizar-se d entro da comunidade, ao mente, a causa da divisão do clan.
reclusa das mulheres entre povos do grupo : l!iles se mantem principal- passo que a incredulidade é a atitude (v. i.) em duas sipes (v. i. ), divisão
orientais representa um costume. mente, pela opinião pública. e Consi- elementar, asRumida em face de indi- essa que foi imita.da pela divisão da
Cada qual das grandes esferas cul- deramos costumes as formas estabe- ví.duos ou grupos antagónicos ou tribu (v. i.) em metades (v. i.), quan-
turais (economia, política, religião, lecidas de conteúdo positivo e também adversos. do havia contacto com outros grupos
arte, direito, educação etc.) contém negativo cuja observação a opinião cj. instintos sociais. étnicos (v. L) >
seus costumes específicos, havendo pública exige do indivíduo. E' n <lsses cf. ma.trimônio, ortho-cousin.
um jôgo de interações entre costumes dois fatos que está o essencial dos Crise social - e Qualquer ruudança nos
e objetivações culturais. O direito, costumes : nas formas estabelecidas padrões culturais constitue uma crise, (: ruzament o de círcul os socia is
por exemplo, conjunto de normas fi- _ que se referem, antes de tudo, à isto é, uma novel e difícil situação, ] . A cou-vergên cia. de un1 determinado
xadas e instituições regula.tivas não conduta exterior, e na função conser- que exige a elaboração de novos há.- número de agreg:.1..dos (ou círculos)
p assa, em grande parte, de um.a for- vadora da opinião pública, a qual bitos do. pa.rtc do grupo. N a época sociais na conciêncin. do indivíduo


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é da côr dos cabaços verdes, e como 1) A cultura institucional consíst e em
constitue, segundo a terminologia de individual, mas, como observa. DUNK- ordens, instituições, formas d e orga-
SIMMEL (305 seg.) um cruzamento. M.ANN (1, 224) de m aneira. objet iva
os colhem, cortam-nos pelo meio a-0
comprido e lançam-lhe fóra o miolo, nização das quais um povo pode uti-
N a sociedade moderna o homem pode nos próprios fatos sociais. - Assim, lizar--se. E las objetivam-se em do-
estar integrado, simultaneamente, na quando se ligam interôsses ciêntfficos que é como o dos cabaços ; e vão
curando estas peças até se fazerem cumentos constitucionais, códigos ju-
família paterna e própria, no grupo com inter êsses econômicos, sindicais rídicos, sistemas religiosos, organiza-
duas, dando-lhe por dentro uma tinta
profissional, num grupo nacional e com políticos, eclesiásticos com pro- ções de fábricas, estatutos de corpo-
racional, numa cla-sse social ou casta, preta e por fóra amarela q ue se não
fissionais, econômicos e esportivos ração, tarifas aduaneiras etc., que os
numa organização militar e religiosa, tira n unca ; ao que os índios chamam
com políticos, profissionais com artís- homens costumam consultar para to-
em associações científicas e recrea- ticos. > H á, portanto, cruzam ento de cúia.s, que lhe servem de pratos, es-
cudelas, púcaros, taças e de outras mar atitudes sociais. Podemos dis-
tivas. O cruzamento de todos êsses grupos concretos pela combin ação de tinguir quatro grandes complexos d en-
círculos manifesta-.se em competição, conteúdos intencionais (v. i.) hetero- cousas.>
t ro da totalidade da cultura instit u-
conflito, antagonismos ou luta de gêneos. cional, na.s quais os milênios deposi-
Cultura - Inglês : cuUure, alemão :
interêsses, sentimentos, afetos, deve- «Uma segunda espécie de cr-u~a­ taram e acumularam suas experiên-
res e direitos. Num círculo o indi- K ultur, francês : civilisation.
mentos objetivos se produ z pela com- cias (a ) o Estado : (b) a igreja, (e) a
víduo pode estar em um ponto peri- T R URNWAl·D (2, IV, pag. XVI) de-
binação ou síntese de grupos secundá- economia, e (d) a moral.
férico, em um outro qua~quer, nu.m rios e camadas naturais de um 0011- fine. a cultura como sendo > a siste,-
matizaçiã,,o . e harmonizaç~~ de todos 2) 'E cultura espiritual, représen-
ponto central; a posição social é, a juµto étnico, isto é, sexos e gerações.,
um tempo, autoritativa, aquf, subor-- o,s cotlhec1meptos e habilidades, do tando um patrimônio cultural, é for-
Na formação de qualquer associação
dinativa acolá, e, tal:vez, coordenativa equipamento civilizador (v. L) e da mada por toda espéoie de cult u ra
ju venil (geração !) de caráter religioso,
em um terceiro caso (S1MMEL, cf. 319). individualidade tradicional de um povo, ideal não objetivada em sistemas,
sindical ou político, ôsse cruzamento
s ua constituição social e mental, e:m qualquer que seja s ua natureza. Aí
O cruzamento de círculos sociais é torna-se evidente. > (DUNKI\il.ANN 1, figuram todo o patrimônio de id eais,
224). um determinado corte transversal, no
a consequência da diferenciação so- tempo. representações de valores, tendências
cial: «Com a evolução crescente todo cf. camada, diferenciação, divisão- Chamamos cultura um sistema de etc. Uma acentuada. conciência es-
indivíduo associa-se a outras persona- do-traba.lho1 especialização, estratifi- atitudes e modos de agir, de costumes ta.tal ou uma mentalidade profunda-
lidades, além dos limites prescritos cação, gru po. e juizos de valor, de instituições e mente religiosa ou uma filosofia hu-
pelo círculo associativo originário (fa- organizações de uma sociedade. > manitária ou uma pronunciada pro-
mília, clan), e com as quais, pela Cúia - D o tupí (STRADELLI, 425, e Sol\1BART (1, 17, 18, 19) dá. a seguin- pensão m aterialist a afigura-se como
heterogeneidade das disposições, in- bibliografia em FRIEDERI CI 1, 37) e
te divisão de cultura : parte integrante do patrimônio cul-
clinações, atividades etc. , entra em do guarani dos Guarayo (HoELLER , 62).
E' sinônimo de higuero e variantes A ) «Cultura objetiva : isto é, toda t ural de um povo.
relações específicas ; a associação em Além disso, deve-se levar em cont a
forma de mera coexistência exter- (do aruak, ilheo e karaíb ilheo, segundo cultura que existe fóra do individuo,
cuja vida ultrapf).Saa o indivíduo por- tudo aquilo que costuma ser citado
na é, paulatinamente, substituída por · FRIEDERICI 1, 49) e de t utuma (da em primeiro lugar falando-se em pa..-
outra, orientada por relações objeti- J.ingua dos Cumangotos e Chaymas, que é objetivada cm qualquer ooisa queJ
segundo FRIEDERIC I 1. 97). às vezes, tem apenas o significado de trimônio espiritual de um povo: os
vas> (SI1\11ME.b, 305). Evidentemente produtos 4da ciência e da arte.
a formação de novos círculos sociais E' a fruta da Crescentia cujete Linn. um símbolo 1 como, por exemplo, uma
bandeira ou monumento de um mo- Nesta altura é pteciso mencionar
não deix:a de diminuir, proporoional- e o vaso repre$entado pela metade da
também o patrimôn:io 'de conhecimen-
me~te a suas funções efetivas; 'º casca ressecada dessa f tu ta, um dos narca.
u tensílios mais iroportàntes dos , ín- A cultU,ra objetiva é representada, tos técnicõs ê sua$ aplicações práticas,
1 raio de aição do grupo' ú nicq, primi- tã.o importantes para a organização • "
tivo. dios e de muitos habita:Q.tes civilizados portanto, por um deterijlÍnado patri-
do interior da Aroeríca do Sul. mônio cultural que pode ser : da vida económica.
SIMMlDL (311) consider a o número Ao lado da cultw:a objetiva está o
de agregados dos quais o indivíduo Gabriel SOARES (ZÕ6, 257) escreve I. e be natureza material. A cul-
a :r;espeito : « Cuiêyba é urna árvore que se pode chamar :
participa como índice de cultura. tura material é formada pelo conjunto B ) < A cultura pessoal ou subjetiva.
tamanha como nogueira, e te:m a folha dos objetos à disposição de uma comu-
Uma consequência importante, se- como nogueira, a qual se não cria em Ela consiste na utilização dos bens
gundo o mesmo autor (319), é o fato nidade humana ; culturais por um homem vivo. E la é
Tuim terra, e dá umas flôres brancas
de o processo de djferenciaçã.o social grandes. Da madeira se não tr ata, II. «D e natureza ideal. Embora a jormação dêsse próprio homem ; é
contribuir para a individualização da porque as não cortam os índios ; por cultura ideal esteja Ligada a quais- sua propriedade pessoal, nasce com
sociedade. Pelo número de círculos estima.r em muito o seu fruto, que é quer objetos que representam seu êle, por êle e morre com êle. A cul-
sociais que se cruzam na esfera indi- como melões, m aiores e menores de substrato material, ela se afigura, tura subjetiva é
vidual, e pelas crescentes possibili- feição redonda e comprida, o qual fru- além disso, como patrimônio espi-
1 1) Jtsica ou
dades de opção, a individualidade to não se dá ent re a& fôlhas como as ritual. T al patrimônio ideal tem dois
chega à conciência d i si mesma. aspectos : de um lado apresenta o 2) pl"tquica.
outra~ árvore&, &enão pelo t ronco da O treinamento do organismo pelo
II. O fenômeno do <.:n uramento ob- árvore e pelos braçoli dela, cada u m que se denomina cultura institucional,
de out ro lado é a cultura espiritual esporte etc., mas também o asseio, a
serva-se, não somente na conciência por si : estando esta fruta n€t ~.rvorc,
l

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elegância das vel)tes etc. figuram na 3) Toda cultura pode ser dividida isto é : ordem social, língua, religião, gueta. O contra-veneno do uirari
primeira, ao passo que a cultura psí- em várias fases inte1·mediárias das arte, ciência, direito, economia, etc. o sal, usado interna e externamente,
quica abrange o aperfeiçoamento mo- quais cada uma revela estadias de as- cf. cultura, cultura material, etno- como já tive ocasião de observar mais
ral, intelectual ou artístico do incli- censão e quéda. logia, sociologia. de uma vez com barrigudos flechados
víduo. E ' óbvio que, entre a cultura 4) As mudanças cultw·ais são ori- por sarabatana. (v. i.) pelos meus
objetiva e a subjetiva pode haver Cultura material - Do têrmo alemão índios, em minhas viagens ao Uau-
ginadas pelas inovações no equipa-
divergências profundas, e que, antes materielle KuUur. Em francês ci,vi,,- pês. Na falta de nosso sal de cozinha,
de tudo, a mesma cultura objetiva - mento civilizador, inovações estas que
podem ter origem interna ou externa. lisation matérielle. que é o contra-veneno roais ativo, usam
por exemplo, um certo patrimônio E' a. totalidade dos bens materiais também do sal extraído do carirú das
de obras científicas ou artística"8 - 5) O ritmo dos florescimentos de que um povo possue para adornar e cachoeiras, mas, si serve ministrado
se pode refletir, de maneira muito cultura e dos declínios não coincide, for- vestir-se, alimentar e abrigar-se, para imediatamente, já não serve quando
diversa, na cultura subjetiva : quali- çosamente, com o ritmo das mudanças poder lutar contra os inimigos e para começou o côma. Do uirari se fazem
tativa1nente, segundo os efeitos que políticas que os acompanham e não traficar, para fazer música e ter cliver- muitas falsificações, especialmente en-
a utilização dos dados culturais exer- está, necessariamente, em rola,ção com timen tos'j em resumo, todos os dados tre os n1eios civilizados, aditando-lhe
ce sôbre os homens; quantitativa- a constituição dos homens que os con- concretos de uma cult11ra. Ao etnó- o sumo de outras plantas e a~ó tocan-
mente, segundo o circulo de indivíduos
que participam do conteúdo d~ cul-
dioionarn (com aquilo que se cost.u nia
cham~r $.u a degeneração).
logo que se dedica, de prefe~ência., ao diras pisadas, pretendendo ass4n tor-
estudo idas religiões, a cultura :r:qate- ná-lo mais forte e ativo. Disso, pois,
tw·a obj.etiva. 6) T oda cultura está associada, de.i rial pode aparecer tamb ém como resulta que, si em geral o uiari do
F alando na cultura de um pevo, seu turno, a outras culturas de nivel cultura e~terna (PREuss, 1, 1). comércio 6 sempre eficaz para matar,
referimo-nos à totalidade de seu patri- civilizador semelhante. cf. civilização, cultura, cl.lltura espi- nem sempre obedece ao contra-veneno. >
mónio cultural objetivo, como tam- ritual, ergologia, etnografia, etnologia. Em Koch-GRtlNBERG (1, I, 100) en-
b ém à estensão e à peculiaridade da 7) Devem sér considel·adas como
f ôrças, no ciclo cultw·al, além das ino- contramos as seguintes observações :
cultura subj etiva dos componentes Cu:rare - FttIEDERlCI (1, 36) cita ainda 4: Sob a influência da humidade, o
dêsse povo. Além disso se nos afigu- vações no próprio equipamento civi- curare perde, aos poucos, sua fôrça.
as seguintes formas desta palavra:
ra a.inda um terceiro fenômeno, mor- lizador, suas influências sôbre o cam- curari, kurari, kurali, urare, urali, Por isso, as panelinhas com o veneno
mente quando falamos da cultura de po social e psíquico, isto é, sôbre as uralí, urari, urarí, urary, uyrarij, ficam cuidadosamente fechadas e são
um determinado tempo que reune os atitudes e valores. uirarí, wurari, wuraU, worali, con- guardadas, como a aljava. com as
aspectos subjetivo e objetivo : A apreciação sociológica do fenômeno siderando-a como pertencendo às lín- flecbazinhas erva.das, no lugar mais
C) <E ' a stntese dos fenômenos cul- parte do fato de que uma cultura pode guas kw·aíb, aruak e tupí, baseiando- sêco da cabana. Assim, o veneno con-
turais r uja unidade estabelecemos no existir somente onde uma pluralidade se em DE GOEJE : Etudes Linguistiques serva, por anos inteiros, a sua eficacia.
nosso espírito caracterizando-a com de homens se uniu para um convívio Caraibes (Amsterdam, 1909, pag. 56), Os efeitos do curare foram frequente-
traços particularmente significativos. permanente. Objeto da análise socio- Barbosa R o DRlGUES: L'Uira~ry ou mente experimentados. Êste veneno
Poderiamos chamá-la o estilo cultural lógica é, em primeiro lugar, a questão Curare (Bruxelles, 1QP3, pag. 53) . e entrando no sangue, paralisa, imedia-
(de um tempo, de uma t;erra) o qual se as formas de associação, sua estru- LEWIN : Die Pjeilgijte (Leipzig, 1923, tamente, o movimento muscular volun-
consideramos unidade, máu grado S.e tura e organização (profissional, ieco- pags. 420, 421). tário uo lugar atingido. Espalha-se
apresento, com~) tal, avenas nas ,wúl- nômica, política etc.) influem sôbre No t upí recolhido por STRADELLI com o sangue em circulação, parali-
tiplas e })ete1·og~neas manifestações da a cp.ltw·a e até que ponto pode chegar (164, 704) dizem ufrari, 1iirary. O sando, assim, o corpo inteiro, pr~nde~
cultul'a objetiva e subj etiva. dêsse ~ssa influencia. A ;mesma questão mesmo :;:1;uto1 (704), dá a seguinte de-
1
por fim., os n1usculos do peito, ~pede
tempo ou dessa terra.. Falando da se levanta em sentido op6'sto, averi- finição : « O veneno co:tn que os in- os movimentos da respiração e causa,
cultura do Rena.scimento em oposição, guando-se as influências que o sistema dígenas ervam suas flechas. E ' ex- de repente, uma morte sem dôr, sem
por exemplo, à cultura moderna, é justa- cultural exe1·ce sôbre a sociedade. traído por meio de decooção da plan- atordoamento antecedente e sem sin-
mente o estilo cultural na sua individua- E' nesse sentido que a sociologia ta toda, uma casta de Strychnos sar- tômas de tétano, fóra de leves convul-
lidade a que nos estamos referindo. material ou cultural estuda as diversas mentoso, previa.mente pisada. Apu- sões. O tempo que o curare leva ató
Tomando por base uma riquis- esferas culturais, tais como língua, rada ao fogo a decacção, depois de o óbito, depende da potência do veneno
sima documentação etno-sociologica, passada à peneira, até a consistência e da fôrça de resistência do animal,
religião, arte, direito, economia, téc-
THURNV.' ALD (2, IV, 283, 284) esta- de um mel muito espesso está pronta sendo em pássaros, frequentemente
nica, as quais constituem, neste dicio-
belece as seguintes leis ou regras quan- para o uso. P ara envenenar a flecha, só um a dois minutos, em macacos e
nário, artigos separados.
to à vida das culturas : é então suficiente molhar a ponta na quadrúpedes menores cinco a dez
cf. civilização, equipamento civili- deeocção e deixá-la secar. O uirari minutos, e em animais maiores como
1) Toda cultm·a atinge ce1·tas culmi- zador. do comércio (> geralmente apurado até no veado, no porco do mato, na onça
nâncias de harinonia interna. tonutr-se sólido e então para servir- e na anta, dez a vinte minutos. Con-
2) O percurso até lá é chamado Cultura espiritua l - Do têrmo alemão se <lfüe precisa humedecê-lo com água tra-venenos eficazes são desconhecidos
ascensão, o caminho em sentido inverso geistige Kultur. E ' a totalidade dos morua, e si fôr muito velho, acordá.- até agora. Sôbre o estômago o cura-
f>. a dccadtncia dessa cultura. bens espirituais que um povo possuc, lo (é como dizem) com pimenta mala- :re não exerce efeito prej udicial, po-
'

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dendo-se comer, sem receio, os ani- te da criança. M as tudo isto não
mais mortos por êsse veneno. Os ín- tem nada que ver com certas concep-
dios dizem, até, que o curare faz a ções modernas, sendo praticado unica-
carne particularmente saborosa. > mente na forma do feitiço por ana- f ,
logia (v. i.).
Cuvade - Do têrmo francês couvade.
Chama-se cuvade o sobreparto do <A idéia de influências místicas
sô~re a vida e os destinos da criança
homem. E' um costume muito espa-
lhado mormente na América do Sul, foi adotada, posteriormente, pelo pai.
segundo o qual o pai é obrigado a Construiu-se no interêsse da criança
deitar-se durante dias inteiros, não a possibilidade de uma influência mís-
fazer trabalho pesado e abster-se de tica, pela indicação do comporta-
muitos alimentos importantes. mento: veda-se o movimento ao pai
THURNWALD (2, II, 217, 218) escre-
ve a respeito ; <Como é sabido o
para que a criança não se mova. Me
tem que evitar lugares sagrados, ve,. D
dados também à criança, talve~ por
poêma f;i.·ancês da Idade-Média Au- não ser admitida à comunidade,, etc.. ,.
cassin et N icolette refere..se a êss.e
costume singulat-, verificado tu.m.bém «A preocupação do paí pela criança
- a despeito de depoimentos negati- tem por condição essencial o reco- Decadência - ~ste processo, destrutivo nação, (v. i.) cil:cunsctito por duas
nhecimento oficial da paternidade, W IIPSE (1 , 291, 293) define assim : teses fundamentais :
vos - entre os bascos, os antigos
pictos da Escócia e em algumas re- fenômeno êsse, sem dúvida posterior. <Entendemos como decadência u m
1) Distribuição equitativa do po-
giões da Irlanda, sendo, portanto, de Sociologicamente encarado, o costume processo em que um agregado decái
em um estado anterior quanto à der, ou, inversamente, a diminuição em
origem pre-céltica. Havia costumes do sobreparto masculino pressupõe ten- número e intensidade, o mais possí-
semelhantes também nas Baleares, dências patriarcais (v. patriarcal). T al- coesão e eficiência. E' um processo
vel, das relações de dominação. Esta
em Córsega, assim como entre os an- vez não seja t ão errónea a concepção de dissolução pelo qual ou os primi-
tivos grupos parciais, reunidos no tese já contém, implicitamente, certos
tigos t ibarenos da Ásia Menor. de BACHOFEN interpretando a cuvade princípios, estabelecendo por exem-
pela. preocupação do pai de manifes- agregado, o suplantam, ou simples-
<Como se explica êste estranho cos- m ente massas e bandos substituem o plo, que: na democracia não deve
tar publicamente sua participação da haver monopólio de controle; a sobe-
tume? Uma investigação sôbre ati- grupo organizado, ou finalmente os
tudes semelhantes entre povos natu- criança pela imitação do sobreparto rania deve residir em todos os cida-
da mãe. Naturalmente essa concep- índivíduos se segregam completamen-
rais (v. i.) há de contribuir, certa- te >. Os sub-processos mais importantes dãos ; que todo homem deve ser tra-
mente, para o esclarecimento da çã-0 tem um cunho assás racionalista. tado como fim e não como meio (cf.
Pois não se trata de uma simples imi- da decadência são :
questão. Pois encontramos a cuvade GmDINGS, 1, 88) ou que a democracia
taçã.o do sobreparto, mas, como já foi 1) apostasia; (v. i.) é representada pelo <poder organiza-
também, entre povos naturais, por
exemplo, do Mar Austral e da América. mencjonado, antes de um feitiço por 2) demagogia ; do da opinião pública etc... (CooLEY,
«Não se deve considerá-la como analogia. Entretanto as hipóteses 3) paupel,'ismo ; 118).
f~nômeno isolado, mas cumpre rela-
sôbre relações entre o pai e a alma da ~ 4) prolet~.rização ; (v. i.). 2) Reconhecendo como indispensá-
cioná-la cdm a mentalidade e o com- criança compreendem-'se som~nte pela: 5) luta-de-classes. vel a exi$tência do poder delegado'f\s
portamento em ·g eral. Un;t compo1·- predominância da influência pate,r na autoridades constituidas, e deç0rr~nte
na. Vida em ~eral. Só assim a teotia
1

tamento rígido e tradicional é condi- Demarcação social - A Unha divi- dar uma forma de dominação apro-
cionado por uma situação específica da participação do pai na c:rian:ça sória que separa uma classe, casta, vada, é preciso que não haja outras
oriunda de idade, dependência. de um podia prevalecer e encontrar aceitação grupo etc. das outras, pode ser cha- relações de dominaçao, abertas ou
grupo, circunstâncias e relações so.ciais geral. Não é sem razão que a hipó- mada demarcaçã,o social. «T oda de- disfarçadas, susceptíveis de destruir,
de caráter determinado. O costume, tese matriarcal (v. i.) mais antiga marcação social é ao mesmo tempo mormente na ordem econ~mica, o que
por exemplo, que impõe ou não uma da origem unilateral das crianças (por barreira e nivel. Internamente, to- se construiu na ordem política. A
certa ópoca de descanço depois do um espírito) é relaciona.da com o tote- da a classe é igualitária, não admite parcela do poder efetivo que o indi-
parto, não depende, absolutamente, do m.ismo (v. totem). declives nem alturas : a igualdade víduo pode obter, não depende de
estado de saúde da jovem mãe · ela <Não é por acaso que se encontra a dentro da classe é condição de sua fórmulas jurídicas, mas, como obser-
tem que sujeitar-se, independentt{men- cuvade em uma época na qual a in- superioridade.> (GoBLOT cit. apud va LASKI (1, 84) da situação econômica,
te de seu estado pessoal, ao costume fluência masculina começa a levantar- CARVAL HO 2, 262). ou mais precisamente, da proprie-
prescrito. ~ste comportamento está, se contra o ma.triarcado ainda predô- cf. barreira social, nivel social. dade. Ao lado de privilégios que se
de outro lado, sob a influência de cer- minante. Não é de tudo impossível prendem a naicimento, raça ou crença
tas ídéias tradicionaii. Mormente ~ que haja, por ventura, uma espécie Democrae:la - Sociologioamente $ll00- incomp~tíveis com o conceito da de-
alimentação ou as atividades da mãe de compadecimento proveniente da mda, a democracia afigura--se) exclu- mocracia, está o nümero de privilé-
costumam ser relacionadas com a sor- conciência de uma culpa, no homem. > sivamente, como problema de domi- gios decorrentes da. riqueza.. A ri-


-76- - 77 ---
DURKHEIM (cit. apud AZEVEDO, 1) Sobreposiçãode uma camada
queza económica confere o estatuto anual. O instinto religioso dá ao senhoreal da qual o déspota procede
295) denomina densidade dinâmica
da classe social (v. L ) (burguezia) homem a superioridade de afugentar,
o >gráu de concentração da vida cole- em lutas de rivalidade.
cuja. conceituação exclue o critério por exemplo, os demônios das doen-
da sanção jurídica ou legitimidade, ças vindos com as tempestades, por tiva e medindo > a intensidade não 2) Tabuição das atuações dos mo-
mas que, dentro de uma sociedade meio da daU.Sa com o ma.racá, como somente das trocas econômicas, mas narcas anteriores. A monarquia (v.
estruturada segundo o princípio clas- o fazem as tribus do Chaco. > das trocas morais, o gráu de coales- i.) é essencialmente sacra, ao passo
sista (como a nossa) envolve um esta- cência dos segmentos sociais.> que o despotismo é racional, basean-
tuto privilegiado de jato ainda que D em or a cul Lw ·al - Do inglês cul- do-se, no entanto, sôbre o e resíduo
D ep endência - A dependência é nm sacro.> (cf. TRURN\VALD IV, 163 seg.).
não seja de jure. Sociedade de clas- ture lag. - O hiato existente, às estado geral imanente ao processo
ses e democracia são, portanto, con- vezes, entre segmentos da cultura ma- associativo em geral. E', como obser- cj. dominação, estratificação, orga-
ceitos que se excluem reciprocamente, terial e a parte adaptativa da cultura va WIESE (1, 7 ) un1 >estado de liga- nização, s.obreposição, tabú.
pelo menos encarados sob o ponto de espiritual, é chamado, por ÜGBURN ção de elementos, na qual a atividade
vista sociológico. (210 seg. 256 seg., 265 seg.) demora ou inatividade dos elementos (consi- Desproletarização - O processo de
Em analogia ao conceito de estrl,1- cultural. Devem ser considerados derados dependentes) é determ.inà- ascensão de componentes do prolElt&-
tura social (v. i.), a democracia pode ser cultura adaptativa todos os in~todos de dá1 em um gráu mais ou m~no,s ele- riado (v. L) para uma camada ou
concepida como estru tura política. t1~abalho, modos de mal'.).ejar instru- classe superior (burguesja) pode sel'
vado, por um outro elemento (ou
Ota sendo assim, ela vem a ser, ao mentos, costumes, leis, etc. Insti- outros elementos) do agtegado. » Ao chamada desproletarização. O p;:o-
lado de oligàrquia (v. i. ), monarqÚia tuições como a família ou a religião passo que a dependêncía constitue letário perde seu estatuto social pela
(v. i.), aristocracia (v. i.) -etc., elemento têm apenas parcialmente caráter adap- um traço essencial de todo processo destruição ou dissolução de seus rela-
estrutural que se combina, em varia- tativo. E ' óbvio que uma mudança associativo, ela rep~·esenta uma carac- ções de assalariado, pela aquisição de
ções diversas, co;m outros elementos, da cultura material (equipamento ci- terística meramente acidental dos pro- meios econômicos ou mediante outras •
predominando determinadas esferas vilizador), uma invenção por exem- cessos dissociativos, destinando-se o garantias de cal'áter econôm~co.
da vida social e cultural. Lembramos, plo, pode alterar organizações de tra- conflito, às mais das vezes, à interrup- E ' preciso, segundo BRIEFS (1,
antes de tudo, o fato da democracia balho, legislação e certos costumes. 252, 253, 254) distingui1· desproleta-
ção (violenta ou não) de relações de
intragrupal em castas, classes ou es- A legislação social, por exemplo, é dependência. rização subjetiva e objetiva. .No pri-
tados sociais. Regimes feudais com um processo pern1anente de adaptação meil·o caso perde-se a conciência pro-
dominação aristocrática parecem, à às transformações operada.<; nas con- Ressalta a afinidade estreita com o letária (conciência-de-classe), atribuin-
primeira vista, a negação mais com- dições da cultura material. E' aqui fenômeno de dominação (v. i.) do-se o proletário um estatuto social
pleta do princípio democrático. To- que se observa1n grandes demoras, cj. associação, processo social. mais e'levado. No segundo caso êle
davia, a democracia existe como ele- originando na sociedade moderna, perde o estatuto económico sem per-
mento estrutural na camada domi- desde o inicio da sua industriaJizavão, D esorganização - YouNG (2, 592) der a conciência-de-classe, isto é, êle
nante, em que a autoridade tem cará- uma série de desequilíbrios e desajus- denomina desorganização >o estado continua solidário com os outros pro-
ter difuso, sendo o chefe apenas tamentos. A inércia (v. i.) da cultura 1 ou processo de desintegração ou des- letários apesar de ter galgado uma
primus inter pares. O mesmo sucede adaptativa retarda a adaptação ao pro- truição de padrões culturais 1 hábitos posição económica mais vantajosa.
com as classes atuais. O traço demo- gresso da cultura roate,1ial, produzindo individuaisj idéias, atitudes em rela- cf. burguesia, classe, estrutura so-
crático aparece, por vezes, em qe.:ter- a demora cultu.ral, ieto é, uma fase,; ção com uma norma, determinada' de cial, , ideologia, proletariado, proleta-
minados sectores él.lltw·ais : na reli- de desajusta1nentc;is. A diferença no comportamento ou cultura. > rização.
gião, ou nos costun;i.es, ou na educação ritmo entre determinados segme.ntos oj. crise socia.11, revolução. 1
<JOmo, por exemplo, nas universidades da cultu1·a mater~al e outro13 de cul- • Deterioração - ·« Uma estrutura social,
medievais. tura adaptativa, dependente15 da pri- Despotis m o - Chama-se despotismo, por n1elhor que seja constituída., tende
cj. burguesia, classe, dominaçã,o, meira, póde ser considerável, esten- segundo THURN\VAL D (2, ry, p. XII) a desenvolver-se para o mal, a não
estrutura social, plutocracia, proleta- dendo-se sõbre uma série de anos. uma. forma de organização política ser que pessôas aptas e tesolutas in-
riado. cf. aculturação, cultura, civilização, da sociedade em que um potentado tervenham neste processo. A ten-
mudança cultural. >procedente da camada social supe- dência de toda estru tw·a social bem
D emônio - :füste têrmo é empregado rior governa por intermédio de um constituída, para ser desviada do fim
por PREuss (3, 85, 86) pa.ra designar Densidade - A densidade estática, corpo de funcionários mais ou menos ao qual era destinada, representa o
um ente com f ôrças mágicas, seja um como noção de demografia estatís- organizado.> princípio de deterioração> Ross (1,
objeto ligado à natureza, seja um tica, é representada pela indicação do O déspota pode chegar ao poder 560).
animal. >Logo que recebe um culto, número dos habitantes de uma área por meios considerados l,egítimos ou Processos de deterioração sã.o, se-
un1 tratamento especial, torna--se per- conhecida, em um determinado dia. por usurpação. gundo Ross (1, 661 seg.) : nepotismo,
sonalidade com vontade própria, ape- A densidade dinâmica revela o de- Um traço essencial do despotismo corrupção, burocratização (red-tape),
sar de ser sujeito a um determinado sen volvünen to do número dos habj- é o uso racional que faz do poder. indiferença, formalismo ( v. i.), arcai-
destino, como, por exemplo, uma ár- tantes de uma área conhecida, du-
vore, a lua, ou o sol no seu percurso F·ases precedentes ao despotismo: zação, perversão (v. i.).
1·ante um determinado tempo.

j
-78- - 79 _,
Dharma - e Entendemos como dharma, fissional completam o quadro das Direito - (Sociologia do - ). Se e a psicológica de todo o direito. > (THoRN-
em contra.posição à concurrênci.a, o possibilidades de diferenciAção cuja tarefa da sociologia. do direito pod€ w.a.LD 2, V, 6). Na instituição jurí-
prinofpio de uma ordem social, se- intensidade a.uments. proporcions.lmen.. ser definida como explicação da exis- dica da. vingança-de-homicídio, por
gundo a qual o membro de um agre- te à urbanização da vida social, pro- t ência de instituições judiciárias, na exemplo, a equilibração do número
gado social adquire seu estatuto so- duzindo um cruzamento de círculos sociedade humana>, (KRAFT, 467) mis- das vítimas é considerada justiça. A
cial, não por atuações ou serviços sociais (v. i.) cada vez mais complexo. ter se faz completar essa tese pela elaboração de uma esfera jurídica dis-
comparados com atuações e serviços cj. divisão-do-trabalho, especializa- apreciação das .influências que o di- tinta de costumes, tradições, moral,
de outros, mas em que o estatuto in- ção, estratificação social, profissão. reito exe1·ce, como objetivação cultu- religião etc. depende de uma multi-
dividual é determinado a priori> ral, sôbre es trutura e organizaçã-0 plicidade de fatores. B ase de um
(WIESE 1, 192). Dila·tação do Eu - e A introspecção social. sistema jurídico é a. existência de uma
cf. casta, concurrência, estrutu1·a so- nos mos tra que a conciência do Eu 1) <O direito é uma função das autoridade institutiva. THUilNW.ALD
cial. se dilata, de maneira múltipla, exce- condições de vida e da estrutura espi:- (2, V, 3 seg.) observa que o processo
dendo os limites da própria pessôa. ritual de uma,, sociedade, um regula- de individualização, isto é, o despren-
Dife renciação - « A totalidade dos pro- - Toda conçiência do Eu (aut0-con- tivo para o comportamento das per- dimento do indivíduo da autoridade
cessos soGiáis caracteriza-se pelo fato ciê11cia (v. i.) tem um eonteúdo. sonalidades dentro de uma ·comuni- do clan, grupo étnico ou profissional,
de qu~ os fenôrnenos relativ:ame:p.te AbTange uma quantidade de obj.etos, dade> (1'HURNWALD 2, V, 1), Onde condiciona a justiça, independente-
h omogêneos se revelam inconstantes, tanto coisas como pessôas, grupos, in- há direito, existe, por conseguinte, mente de partidos: O despotismo
que os efeito$ se multiplicam, que terêsses, idóias, valores, etc. que estão u ma comunidade jurídica, isto é, (v. i.) favorece êsse desenvolvimen-
continuamente se operam processos integrados no Eu, de um modo espe- pela definição de SAU1ilRM~ ('340) to, embora a preocupação pelo poder
de segregação e conjunção. Da aná- cífico. Essa relação exprime-se na «a regularizaçação conciente da ordem implique certos abusos. O juiz ins-
lise resulta : elaboram-se disparidade língua pela palavra meu. Usando-se que a sociedade impõe a si mesma, tituído pelo déspota, nos Estados
e uniformidade, com o crescimento do êsse têrmo em seu sentido mais am- consistindo a regularização em um arcáicos (v. i.) tornou-se independente
agregado formam-se camadas ; mas plo possível, êle designa um fato cate- complexo de normas, subtraídas ao dos laços familiares, étnicos ou profis-
essas camadas não são irregulares ou gorial, irredutível. Não significa, nesse consenso individual da parte daquêles sionais, pelo menos t eoricamente.
casuais; elas obedecem a uma ordem: sentido, simplesmente posse, como que lhes estão s uj eitos, e sancionadas Uma das fontes principais do direito
superordenação e subordinação operam- afirma a gramática, mas uma parti- por um poder representado pelo Es- é representada pelos costumes (v. i.)
se segundo regra~ gerais ou espe- cipação específica. Meus filhos, mi- tado (ou organização semelhante)> embora a distinção entre direito con-
cili>.:S. Além disso : as diferenças nos nha língua, meu lar, minha obra são O direito tem por base uma certa suetudinário e direito escrito não seja
trabalhos, disposições e situações con- objetos integrados no Eu. Essa inte- forma de sociabilidade (v. i.) que essencial, como observa THURNWALD
duzam à seleção ; também despren- gração atesta, antes de tudo, que GURVITCH (28) chama ativa: e todas
(2, V, 1). A antiga sequência repou-
dem-se sempre parles do todo ; mas, seus destinos são vividos como os as uniões ativas, que têm uma obra sáva sôbre um processo ilícito de sim-
simultaneamente, manifestam-se ten- meus> (VIERKANDT, 1, 138, 139). plificação das coisas reais.
comum a realizar, aquí compreendi-
dências para socializar a conjunção D êste processo de identificação (v. i.) Um papel relevante na creação de
segue-se que t.udo o que afet~, de
das as uniões servindo de fundamento
realizada no agregado de maneira a uma Nação, ai um Estado, a uma direito deve ser atribuido à juris-
qualquer maneira, as pesspas ou obje- dição. Na impossibilidade de crear-
q ue 9s co1nponentcs consideram a cidade, a uma vila, à sociedade in~er­
união como s~ndo necessária, boa ,e. tos contidos na conciência do E u,
afeta diretamente Q próprio Eu, o nacional, a uma fábrica, a um grupo se uma norma; genérica para todos os
just~; pelo processo de sooiaUza<;ão, de produt0res ou de consumidores, a c.a sos concretos e sendo êss.es casos
.q u al não é outra coisa senão a auto- nµnca idênticos, a lei deixa certa li-
a integração no agregado vem a c'Orrs- uma classe, a um partido, a um sindi-
conciência afetiva. O fato incontes- · berdade à decisão do magistrado·. '
tituir-se como fenô_meno étice, em tável · dessa integ~·ação ou identif1ca- cato ,etc., outrosim toclas as relações
forma de afeto ou dever. De outro com outrem de caráter ativo, tais como Dois fato1·es determinam, segundo
ção, também mencionada por JA.- SAUERMANN (347) a decisão :
lado os indivíduos que compõem os MES (Il, 291 seg.) leva a conclusão de
trocas, contratos, promessas, relações
agregados sociais, sobem ou descem de propriedade, os conflitos e as lutas a) as condições sociais objetivas do
que os limites da pessôa física não caso ;
na escala social : dominar e subor- coincidem, absolutamente, com os li- enfim, segregam seu direito próprio
dinar-se fazem parte da vida grupal > mites da pessôa psíquica e queJ por- e se dirigem segundo uma regulamen- b) o estatuto social, condiciona.da
(WIESE 1, 215). tantb, certos princípios da lógica espa- tação jurídica. > pela tradição, do magistrado.
Uma certa diferenciação bio-psíqui- cial são inaplicáveis à vida social. 2) Abstraindo de todos os ele- « .1\. formação profissional em esco-
ca existe em todas as sociedades. O f enômeno básico da dilatação mentos m ágicos, chega-se à conclusão las de direito, escolas sacerdotais e
Sexos e gerações com funções e po- do Eu é constitutivo para a conciên- de que a reciprocidade (v. i.) é a em universidades produz uma casta
sições sociais diferentes representam cia coletiva (v. i.) que repousa justa- base do conceito de justiça. (0 con- específica e, ao mesmo tempo, uma
a forma mais simples de diferenciação. mente sôbre a fusão de pessôas es- ceito de j ustiça é lógica e psicologi- determinada tradição. A racionali-
Estratfficação (v. i. ), interna ou ex· tranhas com o próprio Eu, estabele- camente anterior ao conceito de di- zação do dll·eito, supõe uma formação
terna (por sobreposição étnica) divi- cendo assim a unidade específica do relto !) <Talvez se possa considerar a adequada. Finalmente fatores eco-
são-do-trabalho e especialização pro- Nós. iei da reciprocidade como base social- nómicos intervêm na jurisdição, fato-

'
.- -- - -- ~ -~ ......... -- -~-

-80- - 81

rcs que, não raro, têm origem socio- garante do direito. Em organizações originariamente, pelos costun1es, sua 3) antagouismos, exigências, concei-
lógica. (Antipatia contra uma c~asse, senhoreais, porém, em virtude de sua origem não se explica. p ela existência tos de honra, riqueza, luxo, formação
uma profissão, uma camada social.)> estrutura estratificada, há grupos par- do E stado. Naturalmente as formas de partidos, ci..."llla, abstenção, pro-
(SAUERMANN, 347) Quanto à analise ciais que assumem atitudes diversas mais elevadas do Estado não se con- fissão, etc. (WIESE 1, 223).
em face d& ordem jurídica, garantida cebem sem prévia existência de uma cj. igualdade, estratificação 1 gradua-
das condições sociais objetivas da
pela vontade ativa e creadora do gru- ordem jurídica (VIERKANDT 1, 352). ção, hierarquia, valores sociais.
classe (estudo do ambiente social do
criminoso), as consequências para a po parcial dominante. A G.titude cj. as obr.as de EaRLICH, WIEsER
jurisdição são evidentes. fundamental pode ser aprobativa ou e ScHMI1'T. Dissociação - A dissociação é um
3) Se a ordem jurídica deve ser desaprobativa, sendo no primeiro caso cj. civilização, costumes, cultura, processo geral da vida social, susceptí-
compreendida como função do sis- a vontade do grupo total a garantia estrutura social, organização. vel de assumir os mais variados as-
tema cultural existente, não pode do sistema jurídico. pectos. Todos os processos sociais
deixar de haver relações entre tipos Os sistemas majs recentE>..s de direito Discussão - Como contacto ou relação são ou as sociativos ou dissociativos.
de cultura e tipos de direito. Aasim constituem rela.ções de dominação fi- social que põe atit udes e crenças di- Dissociação pode ser, portanto, a
instituições como, por exemplo, a xadas. Somente pela fixação do poder versas em comparação, <a discussão é denominação de qualquer processo dis-
vingança-de-homicípl,o, o asilo etc. o direito pode elevar-se à esfera do um pesaT de idéias. > (BO GARDU~ sociativo.
prendem-se, à orga:n.ização ~ocial, A ideal. Nãio há, portanto, contradição 206). A discussão representa «a Quanto à mothtação da dissocia-
mentàlidatle de determinadas culturas. en:t1·e poder e direito, ma.<1 uma cor- forma mais elevada do conflito). As ção, é precjso distinguir :
Mas nunca há paralelismo perfeito relação em virtude da qual o direito possiveis con:sequêncjae da.. discus- 1) segregação por antipatia;
dos fenômenos culturais entre si, o é fixado e sistematizado pelo poder, e são podem ser (1) aniquilamento de
o poder é regularizado pelo direito. uma idéia ou concepção ; 2) compro- 2) segregação por interêsses;
que atesta, por exemplo, a recepçáo
Vantagens e inconvenientes dessa cor- misso (v. i.) (BOGARDUS 206) ; 3) 3) segregação por causas objetivas
do direito romano. Sistemas jurídi-
relação são conhecidos. Recepções cooperação (v. i.) (LINDEMANN 166 e racionais.
cos há, no entanto, que se adaptam
perfeitamente à totalidade cultural, jurídicas podem ser artificiais, quan- seg.). Complica-se o f enômeno pela mul-
podendo ser compreendidos mes:r:no ~6 do não se desenvolveram organica- O processo de discussão é de magna tiplicidade dos processos mixtos em
em razão e como segmentos funcionais mente da própria estrutura social. A importância para a f ormaçãO da opi- que se observam tendências ora asso-
dessas totalidades. Exemplos dessa fixação das normas jurídicas pode le- ni~o pública. (v. i.). ciativas ora dissociativas. N o.s pro-
categoria representam as culturas ma- va.r1 também, à incongruência entre cessos de (1) concurrência (v. i.) (2)
otnetana e hindú, nas quais o gráu de a ordem jurídica e outros segmentos Dis paridade - (Desigualdade.) Pondo oposição (v. i.) e (3) con~lito (v. i.)
consenso soêial (v. i.) atingido cons- culturais. Daí se explicam os ef~i­ de lado a parte biológica que pode ser há graduação dos ele1nentos associa-
titue,· segundo THURNWALD (2, V, 3) tos >retardatários > do direito sôbre acentuada ou abrandada pelas ten- tivos em linha descendente (WIESE
uma compensação pela ação coercitiva cultura e vida social, a deficiência, dências sociais, a clisparidade se de- 1, 186).
dos sistemas jurídicos. mormente organizatóris. das institui- fine como situação de grupos, es- cj. associação, processo social.
ções. De outro lado o direito afigura- tratos ou indivíduos, proveniente de
4) Pela coçrção organizada a ordem se como cristalização de valores sociais, diferenciação social (v. i.). Como Dis tância social - YouNG (2, 595)
juríclica se distingue dos costumes e que imprimem um cunho específico ao não há sociedade sem diferenciação define a distância social como sentido
usos. Mas a coerção organizaà,a, ele- processo social. Todas as relações (ao menos bio-psíquica) WIEsE (1, de proximidade ou afastamento em
mento constitutivo de qualquer or~ assumem feições características refle- 219, 220) observa : «Sempre há uma relação a outras pessoas. Quanto
dem jurídica, prende-se como real~­ tindo a especificidáqe do sist.ema jurí-
dade à constituição de uma autor1-
.tendência para: a desigualdade ; a mais acentuada a superioridade 0,u
dico vigente. Associação e dissocia- ordem social ~labora, constantemente, inferioridade inerente a essa relação,
~de ou poder de execução. As rela- çã-0, antagonismos, conflito, conc':1'- alterações d.:n,s escalas sem conseguir tanto maior a distância. Ela é co~
ções existentes, entre poder e direito rência, competição, luta, cooperaçao eliminar a forma geral da desigualdade.
são, portanto de máxima rele\fância mensurável pelo gráu de aceitação e
sofrem a interferência regularizadora Compete ao historiador verificar quais intimidade mútua.
para a sociologia jurídica (THURNWALD do direito. as desigualdades existentes num.a de- <Há tendência para a aproximação,
~' v. 3). 5) Quanto às relações entre Estado terminada época e num determinado porém não para uma aproximação
VIERKANDT observa (1, 297) que e direito, a velha controvérsia respeito agregado social e que são considera- demasiadamente chegada. Há um
«sem poder nenhuma ordem jurídica à suposta prioridade de um dos dois das nocivas.> sentimento de interêsse e simpatia do
pode subsistir. > Em orgauizaçõ~s fenômenôs, não tem razão de ser. Se Subentende-se que o conceito de A pelo B ; mas somente quando B
igualitárias, como em certas comum- o Estado (v. i.) segundo SoMBART nocit>idqdfJ depep.de dos valores sociais permanece a uma certa clistância >
dades primitivas, o poder não é substi- (2 228, 229) é, cO'mo a fainíha, tão da época e da sociedade. (P .A.RK e BURGESS1 440).
tuído pelo direito, mas a vontade po- adtigo quanto a própria humanidade, Sub-processos e fontes de dispari-
lítica coincide com a vontade jurí- 1 pelo menos como fator potencial, êle e Realmente podemos ver na dis-
dade: 1) ascend er, descender e dis- tância o estado de uma aproximação
dica : não há grupo parcial, e o grupo não pode ser creado pelo direito. tinguir-se na escala social ;
total como unidade fechada e homo- 1 Sendo, por outro lado, o direito um impedida por representações ou situa-
i ênea., representa. o poder único e l complexo de normas, representadas, 2) prejudicar, limitar, apropriar ; ções internas > (WmsE, 1, 179).

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-83-
A maior parte das relações entre êste. Também é êrro pensar que en- de cultura (v. i.) atinge a todos os lhar e, até, governar OfJ seus o que
homens repousa sôbte a distância> tre os índios exclusivamente a mulher m embros dessa unidade. se dá, de preferência, na gerontocracia
(WIESE 1, 79). O processo de asso- se dedique à colheita do alimento vege- Apesar das restrições acima feitas, (v. i.). Outro trabalho típico de gente
ciação diminue a distância e a disso- tal silvestre e à agricultura. Ambos não podemos negar que a divisão-do- idosa o qual se observa, por exemplo,
ciação limita-se, muitas vezes, apenas os sexos recolhem todo o comestível trabalho entre os sexos se baseia em entre os índios Guaya.kí do Paraguai,
a um aumento da distância. que podem achar, si bem que entre condições biológicas as quais se mani- e que corresponde à maior paciência e,
Do exposto vê-se que o conceito da os povos de caçadores as mulheres se festam na obrigação do homem estar talvez, às pernas mais fracas no outono
distância social nada. tem que ver ocupem de preferência da colheita de sempre pronto paTa a luta contra da vida, é a fabricação do machado
com a noção da distância geométrica, vegetais, que representam o alimento vizinhos inimigos, fato êsse que deter- de pedra, tarefa monótona que dura
embora a distância geométrica seja de mais importante e que mais regular- mina, na maior parte dos casos, os mezes a fio e que se pode comparar
grande relevância sociológica. mente pode ser obtido, enquanto os diferentes papeis dos sexos no traba- com os trabalhos de malha das nossas
homens se esforçam para fornecer a lho ; da mesma forma temos que re- velhas.
cf. barreira. social, espaço social, carne. A agricultura, porém, entre
nivel social. conhecer o predomínio das condições Encontramos entre os povos natu-
muitas tribus - e na maior parte das biológ1cas como base da divisão-do- rais de toda espécie, tanto trabalhos
tribus que visitá1nos - é quasi ex- trabalho entre as gerações. Esta di- coletivos (cj.,, por exemplo: grupos de
Di'visão-do-traba1ho - I. Parte etnol/J- clusivamente trabalho do homem, e
gica. - A divisão-do-trabalho entre 'Visão, porém, não é tão rigorosa como trabalho, muchirão), como tamb'ém
a mulher cúida, em algumas destas actuela e quanto entre nós onde há, a trabalhos individuais. Nêsses últi-
os sexos e a divisão de trabalho entl'e tribus, por exemplo e11tre os Tapi·
as gerações representam as formas êste respeito, uma divisão rígida entre mos desenvolveram-se, já nas mesmas
l'apé, sómente da própria lavoura crianças e adultos. Entre os povos culturas, especialistas para certas ha-
mais primitivas do fenômeno. com o páu de cavar, isto é, do traba- naturais, a natureza é a reguladora da bilidades e funções. Se bem que, na-
Estudando a divisão-do-trabalho lho de meter no solo os grãos de se- divisão-do-trabalho entre as gerações. turalmente, a evolução da técnica
entre os sexos, por exemplo, dos povos mentes, milho, algodão ou amendoím, As crianças, à medida de suas forças, aumenta a especialização, os comêços
naturais (v. i.) da America do Sul, mas não se encarrega de revolver a ajudam os pais ou, também. tratam dessa forma de divisão-do-trabalho
vemos que os trabalhos típicos do terra e de plantar tubérculos, como da própria vida, procurando e prepa- que muitos consideram característica
homem são a caça, o corte de árvores a mandioca e o cará, ou de plantar rando alimentos pa1·a o próprio con- de civilizações mais adiantadas, apa-
e a construção da casa. Há, porém, bananas etc. Por firo, é engano acre- sumo. Desde que começam a andar, recem já nas culturas mais simples
exceções : em algumas tribus a mu- ditarmos que os trabalhos leves como por assim dizer, praticam, entre si, como, por exemplo, nas dos índios das
lher acompanha o marido na caça, o entrançar, fiar e tecer estejam, em a divisão sexual do trabalho. O me- selvas sulamericanas.
atirando mesmo, em certos casos, com toda parte, a cargo das mulheres. En- nino de três anos já tem pequeno arco
o arco ; em outras tribus, por exem- tre os Borôro e Tereno, o homem fia com flechas, cujo tamanho corres- II. Parte Sociológica. - E' possível
plo, tlltre os Borôro, ela corta certas e teoe ; entre os Karajá e Tapirapé, ponde ao tamanho do dono. A me- definir a divisão-do-trabalho (1) co-
árvores para obter as nozes de pal- o entrançar é trabalho masculino. nina de três anos já possue pequena mo processo de segregação ou espe-
meira e o mel ; em muitas, ela ajuda (cf. BAr,nus, 3, 139-141; pag. 142 peneira, cujo tamanho corresponde ao cialização das funções culturais de
na construção da casa. Mas, consi- do mesmo livro apresenta minuciosa indivíduos ou grupos em geral ou (2)
tamanho da dona. À medida que
derando essa divisão geral do trabalho, lista da divisão <lo trabalho dos sexos as cr~1;1nças crescem, tambem urescem pela limitação à esfera ecouômica,
poderíamos, talvez, ser levados a su- entre oito tribus sulamericana"8.) arco e peneira, até alcançar o ta- como processo de organiza.ção egpecí-
pôr, à primeira vista, que se deseje Em geral, entre os povos J;latm:ais manho normal quando seus donos fica do trabalho, reunido na empresà.
livrai· dos trabalhos mais pesados a não, influenciados por nossa ci:v,iliza- entram na puberdade. Assim, as c~iàn­ Evidentemente trata-se de doía pro- ,
mulher que, na maior parte dos ín- Ção, a divi~ão-do-trabalho entre os ças aprendem brincando aquilo que blemas distintos, ambos, porém, de
dios, é, em média, menor e inferior em sexos é tão rigorosa e arraigada que é o trabalho dos adultos. Também gi·ande relevância sociológica.
f ôrça muscular ao homem, além de jamaís um sexo tentará invadir o t ra- entre adultos e anciões, a divisão-do Y OUNQ (2, 403, 404) observa que a
estar impedida pela menstruação e dicional domínio de trabalho do ou- t rabalho não é tão rigorosa quanto divisão-do-trabalho aparece, do ponto- '
pela maternidade. Indagando-se mais tro sexo. Porque, nas simples con- entre os sexos. Um velho, perdendo de-"1tista individual como processo d~
rigorosamente, porém, descobre-se que, dições sociais dêsses povos, isto é, nas a capacidade para certos trabalhos, especialização e, encarada sob o ân-
a não ser em poucas tribus de agri- condições que são menos diferenciac!M procura ser útil de outro modo, sendo, gulo-de-Vista coletivo, como processo
cultores, como, por exemplo, os Tapi- do que as nossas o são, devido à em compensação, auxiliado e susten- de cooperação (v. i.).
rapé, a mulher tem trabalhos não diversidade e interpenetração das ca- tado pelos outros, especialmente pelos Na obra de DURKREIM (2, 101 seg.)
menos pesados do que o homem, por madas sociais, a divisão do trabalho paren,tes. Há. porém, entre muitos prepondera o primeiro ponto-de-vista.
exemplo a transportação de cargas entre os sexos é a base da cultura, povos naturais, t rabalhos típicos dos A divisão pode ser ou mecânica ou
na marcha. Entre os Borôro, a mu- cuja perturbação, causada por u'a velhos, especialmente aquêles que cor- orgânica. Ela é mecânica em virtude
lher é até capaz de levar cargas mais mudança, prejudica muito e pode até respondem à sua maior experíên?ia de uma solidariedade mecânica que
pesadas do que o homem. e por isso, aniquilar a indepêndencia. material e de vida, por exemplo, educar os JO- se torna possível à medida que os in-
nos t rabalhos da colheita nas missões, espiritual da pequena unidade social, vens, como vêmos na ins~ituição da dividuas são absorvidos pela persona-
muitas vezes ela ganha mais do que porque cada uma dessas mudança.li escola matrimonial (v. i.), ou aconse- lidade coletiva. Esta dispõe dos indi-
--.- • 4 -i. M

' -84-
- 85
víduos con10 se dispõe de uma coisa, >ÜOT'J'L chegou à compreender de
de maneira que a conciência individual que se trata de realizar o trabalho den- Dominação de um tínico sôbre mui- tância que separa o superior dos subor-
aparece como simples dependência t ro da totalidade da empresa, mas não tos é possível, segundo Sn.íMEL, pela dinados, podemos distinguir dois tipos :
da conciência coletiva. A fragmenta- de operários como indivíduos, e que diferenciação da personalidade. Na 1) a. dominação baseada no nivela-
ção mecânica do trabalho social cos- a empresa estava sempre no princí- massa dominada temos a síntese de mento das massas: todas as distân-
tuma realizar-se nas estruturas comu- pio de todo trabalho, isto é, do tra- muitas personalidades que entram na cias são iguais em relação à pessôa
nitárias. A solidariedaiie orgt1nica, e balho cooperativo comum, e que as- relação senboreal somente em propor-
sim, ordem e subordinação, articulação ções limitadas, ao passo que o indi- revestida do poder, como p. e. nos
com ela a divisão orgânica do traba- regimes despóticos orientais ;
lho, no entanto, >não é possível se- e integração estavam sempre em pri- 'Viduo revestido do poder entra com
pão quando cada um tem sua esfera meira plana, finalmente que o pró- a personalidade inteira. 2) a dominação baseada em uma es-
de ação que lhe é própria, por con- prio sistema organisatório - mas não A divisão em vários tipos de domina- tratificação mais ou menos acentuada. :
seguinte : uma personalidade. R eal- a ordem nêle - sofreu alterações ção pode obedecer a critérios diversos : a) pelo desmoronamento do poder
mente, de um lado cada qual depende profundas no decurso da história. O I Segundo o critério da origem do do único ;
tanto mais estreitamente da socie- progresso da ?'azão técnica transformou poder de que são revestidqs os gover- b) in~encional, de cima para baixo,
dade quanto mais o trabalho é dividi- racionalizando, no âmbito da empresa nantes, cüstinguimos, com Max W:m- pela dispo$ição hierárquica de várias
do e, POl' outro lado, a atividade de a di1)i$ão-do-trq,balho sem lhe modjficar BE:Ff. (.cit. apud w IESE 1, 229) : camadas ;
cada qual é tanto ma.is pessoal quan- a estrutura, mas amplifiéando, de 1) dominação racionaJ; e) de baixo para cimaj pela dife-
to mais é especializada > (DuRKHEIM, maneira inconcebível, aplicações e
resultados da cooperação> (DmrK- 2) dpminação tradicional .; renci0;ção e sobreposição de indivíduos
2, 101 ~ . ou grupos (SIMMEx, 1, 160 seg.).
r.tANN, 2, 35). 3) dominação carismática (cf. cá-
O ppnto-de-vista individual ressal- risma).
ta da análise da sociedade organica- GoTTL distingue, no éampo da pro- III. Há um tipo de dominação que
No primeiro caso os superiores jus- repousa sôbre a diferenciação bio-
mente solidá.ria onde >os indivíduos dução, divisão intrapessoal e divisão tificam suas funções pela existência
se agrupam já não segundo suas rela- interpessoal do trabalho (cit. apud de um sistema de norma.a, isto é, um psíquica. Entre os exemplos citados
ções de descendência, mas segundo a D UNníANN 2, 34) . O tipo intrape- por R oss representam êsse tipo as
direito. H á uma fixação técnica das relações entre :
natureza particular da. atividade social ssoal é representado pela fragmentação atribuições. Praticamente os proces-
à qual se consagram. Seu meio na- do processo de trabalho em subpro- sos, que se liga.m ao ex2rcício do poder, 1) pai e filho ;
tural e necessário já não é o meio cessos seriados, cada qual executado, se operam por intermédio de uma admi- 2) velhos e moços ;
natal mas o meio profisS'ional > (DURK- sucessivamente, pela mesma pessôa. nistração burocraticamente organiza-
HEIM 2 , 158). Na divisã.o interpessoal os subprocessos 3) marido e esposa ;
da. (Estado moderno).
A d.11erênça essencial entre o tipo e suas séries (cuja subdivisão parece A dominação tradicional repousa 4) homens e mulheres.
mecânico e o orgânico da divisão- ilimitada) são levados a cabo por sôbre o prestígio (v. i.). de pessôas. .Em confronto ao tipo bio-psiquico
do-trabalho é a existência de uma or- grupos de pessôas, havendo, natural- Acontece muitas vezes que os próprios citamos, com R oss, o tipo pura.mente
dem profissional constante e objetiva mente, cooperação intra.grupal e inter- governantes orieutam suas atuações social, como a dominação
no regime orgânico. grupal ao mesmo tempo. pelas normas da tradição. .i\.s formas 1) dos trabalhadores pelos guerreiros;
Vê-se que DURKREIM, encara a cj . cooperação, diferenciação, espe- históricais mai$ importantes são : ge- 2) dos pobres pelos ricos;
di visão-do-tr~balho, primordialmente cialização, estratificação1 estrutura so.. rontoc;r~cia (v. i.), patriarcalismo (v.
com,o fenómeno de especialização das cial, profissã;o, solidarieda~e. i.j, f eu~ alism@ e, às vezes, aristocra- 3) dos membros fraco~ pelos mais
funções cultura1s no sentido mais 8'ID- ma (v. 1.). ' fortes dentro de uma coligação ;
plo possível. E 1 óbvio que êss.e pontQ- _Domina~ão - Em alemã-0 Iierrschaft. A dominàção carismática é insti- 4) dos vencidos pelo$ vencedores
de-vista precisa ser completado pelo A dominação, isto é, o e:xercício do tuida pela su perioridad.e pé.!lsoal de (cit. apud WrmsE 1 1 230).
opôsto. A fragmentação das ativi- poder sôbre indivíduos ou grupos, um líder Gu chefe sôbre um agregado
IV. As f ontcs de dominação e do
dades culturais precisa ser compreen-
dida como fenômeno de cooperação
constitue uma relação específica, de
tal maneira generalizada em qualquer
• social, que, levado por estados afe-
tivos inuito acentuados, se subordina. poder são : autoridade, importân cia,
social. Assim os possíveis tipos de sociedade e radicada na própria natu- espontaneamente. Em vez de direito arrogância, cárisma, cargo, patriarca-
divisão como também as próprias reza humana que alguns sociólogos a e tradição o chefe carismático orienta lismo, patronado, subord in<J.ç:io, ri-
funções aparecem, na sua especifici- consideram como fenómeno bá.sico da seus atos pela revelação e intuição, queza, imperialismo e prestígio (Wm-
dade, como partes integrantes de um recorrendo, às vezes, à organiza.çã-0 SE 1, 23).
convivência social.
todo organizado, em transformaçã-0 Para que haja dominação é indis- de um apostolado. E', sem dúvida, V. Como meios de dominação ci-
contínua.. p ensável a existência de uma estrati- uma forma mística de dominação mais tamos : tributar, militarizar, terro-
GoTrL (cit. apud DUNX.MANN 2, ficação social, isto é, a disposição de

1 frequentemente encontrada nos insti- rizar, veneração dos antepassados,
34, 35) aplicou o ponto-de-vista coope- vários grupos sociais em camadas • tuidores de religiões e seitas . heróis e santos, ditadura, feudalismo,
rativo ao fenómeno da divisão ero- sobrepostas. Há correlação entre so- II. A dominação é compreendida, cesarismo, competência, culto, lega-
ti~mica do trabalho. breposição e subordinação (v. i.). às vezes, como problema de distâncin lização, magia, escravatura., etc. To-
social. Segundo a maior ou menor dis- dos êsscs processos repousam sôbre :
-86-
1) fôrça física e técnica ; ou os esquimós árticos, de maneira ee-
2) meios ec~nômicos ; ou guinte : êles permanecem, no comêço
3) superioridade espiritual. do inverno, na costa, depois no mar
cj. autoridade, poder, prestígio. congelado. Ali êles vivem da. caça
no gelo do mar. Os principais instru-

Dualidade cultural - A existência al- mentos que empregam nessa ocasião,
ternada de duas culturas na mesma são o trenó puxado por cães, e o ar-
sociedade pode ser chamada dualidade pã-0. No comôço do inverno habitam
cultural. Observa-se êsse fenômeno cabanas subterrâneas, depois casas
entre esquimós árticos e sub!l.rticos, construidas de neve. No ver ão os
habitantes de uma zona onde as pos- mesmos esquimós já não se encontram
sibilidades de alimentação e moradia na costa, mas no interior ; aí caça.m
variam com as condições climáticas . n& terra e pescam nos rios. Para isso
das estações do ano. <Isto chega ao
ponto de ql.le há uma cultura inver-
empregam o caiaque e a lança, assim
como arco e flecha, e o harpeo para
E
nejra e uma cultura estival be~ ~­ as tr~ta,s1 habitando então tendaw~
tintas. A primeira afigura-se, pa,.r.a. (THURNWALD 2, IV, 48).
Ecologia humana ,..__ <A distribuição tritamente necessário para a conser-
dos homens e das instituições no es- vação da vida. A noção do estrita- '
paço:. (CARVALHO 2, 57) ou »OS aspec- mente necessário depende dos padrões
tos espaciais das relações sim.bióticas grupais. O essencial é que ninguém
entre seres e instituições humanos :. tende a romper o nivel estabelecido,
(Me KENZIE, 315) constituem a eco- à procura de lucros que se elevem aci-
logia. O fim da ecologia, aliás, um ma das necessidades determinadas
ramo da sociografia (v. i.) é, segundo pelo estatuto social fixo. A mentali-
Me KENZIE, descobrir as relações en- dade que procura o lucro não reconhe-
• tre o processo social e cultural e a ce restrições impostas às atividades
distribuição das populações em áreas econômicas, pela coletividade. Aí
dadas. o estatuto social é móvel.
cf. espaço social. b) ao critério tradicional ou racio-
I nal, segundo os meios técnicos apli-
Economia - tSociologia de -). Se-
gundo SoM'BART (3, 654 seg.) o con- cados.
ceito de econo.mia abrange três as- e) ao solidarismo ou individualismo.
pectos: A mentalidade solidária subordina as
1) a mentalidade econúmica;
atividades econômicas ao princípio
do bem-estar coletivo. A mentali-
2) a ordem econômica ; , dade individualista procura, em pri-
3) a técnica (v. i.). meiro lugar, o be:i;n-estar do indivídtlo.
Um sistema económico ó um modo (ad 2) A ordem econômica pode
de exe1:cer atividades econômicas, de- ser :
terminado por (a) uma mentalidade a) normativa ou livre; ,/p

especifica, (b) uma ordem ou organi- b) privada ou coletiva;


zação e (e) uma técnica. O que ressalta
dêsse esquêma é a interdependência e) < oligârquica >1 pela concentração
dos três aspectos. da propriedade cm empresas individuais
(ad 1) A mentalidade econômica, ou associações senhoreais, ou e demo-
isto é, o modo de enfrentar e solucio- crática >1 pela decentralização da pro-
nar problemas econômicos mediante priedade;
atitudes estereotipadas, pode obede- d) diferenciada ou não diferenciada
cer: em profissões :
a) à idéia do sustento ou do lucro. e) produção para o sustent o 0 1:1
No primeiro caso as a.ti vidades eco- para a permuta, como princf pio de
• nômicas limitam-se a produzir o es- organização .
.. cp

- 88- - 89 _,
(ad 3) A t écnica. da economia como vidualista quanto à m entalidade, li- e geração nov a, também entre grupos, de certos conheciment os e at itudes,
mét odo é: vre e diferen ciada. quanto à organi- estados sociais, classes ou até povos ora a implantação de um determinado
a) empírica ou cient ífica ; zação, cientifica e revolucionária quan- inteiros) que é determinada, exclusi- comportamento social ou moral. A
b) estacion áiria ou revolucion ária; to à técnica aplicada. Naturalmente vamente, p ela intensão, os meios e o especificidade do fim educativo im-
e) orgânica, baseando-se nas maté- o fator econômico não se restringe éxito da educação> (FrscHER, 409, prime seus caractéresi à relação social
rias primas e f ôrças encontradas na a interferir nos grupos dessa cate- 410). Essa r elação assu me todas as e esta varía. em razão daquela.
natureza, ou não-orgânica quando se goria. T oda estrutura social sofre, possíveis feições que as relações ou 4) A educaçiio como esfera de uma
baseia em substâncias anorgânicas ou até certo ponto, a influência da eco- processos sociais (v. i.) costuma.m socialJilidade específica condicionando
f 6rças mecânicas. norma. assumir . a formação e organização de grupos
E 1 fácil est abelecer ligàções entre cf. civilização, classe, cultu ra, es- 2) Deriva'ç&J da relação pedagógica representados por :
as mod alidades compreendidas em trut ura social, s-0ciologi8i. de relações sociais não educativas. 1) educadores e educandos (classe,
cada qual dos três aspectos, assim >Tais relações são representadas pelo escola, internato) ;
como entre as modalidades de aspectos Educação - D URKHEIM l4, 49) define ent relaçamento de p rocessos sociais 2) educadores (associações pedagó-
diferen tes. Evidentemente a menta- a ed ucação como sendo »a ação exer- entre mãe e criança, p ai e filho, pais gicas, ordens e sindicatos profissionais,
lidade econfunica orientada pela idéia cida p elas gerações adultas sôbre as e filhos, entre irmãos, p essôas da mes- instituições de controle como direto-
do sustento será t radicional, soll dá- que ainda não estão maduras para ma idade, entre homens velhos e rias, ministérios, s uperintendências do
ria, correspondendo-lhe u ma ord em a vida social. Ela tem por objeto m oços, ent re meninos e meninas, en- ensino etc.) (FrscHER, 413, 4 14, 415,
n ormativa com tendências para a originar e desenvolver na criança um tre pessôas abastadas, ricas, cultas 416).
organização coletiva. Servir-se-á an- certo número de estados físicos, inte- e p essôas pobres, incultas, entre indi-
lectuais e morais que dela exigem tan- 3) educandos (associações recreati-
t es de meios empíricos, e sua estr utura víduos de descendência , língu a, clas- vos, bandos e clubes secretos) (Fl-
será, em régra, estacionária. Faltan- to a sociedade política no seu conjun- se et c. diversas" (Fri:;cHER 410). Essas
to quanto o meio especial ao qual é scHER 412, 413).
d o-lhe o estímulo do lucro e da expan- relações certamente não-pedagógicas
sã-01 o nível técnico será, provavel- dest inada em particular>. podem tom ar um caráter educativo Cada qual dêsses tipos de grupos
mente, pouco desenvolvido e limitar- A edu cação visa portanto a inte- seja pela intervenção ativa e concien- e instituições caracteriza-se por pe--
se-á às forças e matérias p rimas en- gração da criança (ou do edu cando t e de U ll;l lado nos modos de pensar e culiaridades inconfundíveis, e as mo-
COJ?.tradas n a própl·ia natureza. em geral) na sociedad e no d upl0 sen- agir do outro, seja pela orie:nta9ão dalidades que cada tipo apresenta no
tido d e grupo total (nação, povo [v. i.] passiva do comportamento segundo os tempo e no espaço, são tão hetero-
Óbvio é que mentalidade, ordem ou gêneas como a própria vida social.
organizaçã-0 e técnica correspondem e gru po parcial (profissão, estado, cas- padrões do gru po, indivíduo ou classe
Aí estão a escola grega e romana, a
a determinadas estruturas sociais. E 1 ta etc. [v. i.}). Visto do lado objetivo, considerado <superior > (imitação).
escola da Idade-Média e do s6culo
difícil imaginar-se a mentalidade do é o sistema cultural e a estrutura so- 3) Derivação de relações sociais quais-
cial correspondente cu ja con,tin\lidade é XX, a escola brasileira e a escola
lucro em :uma sociedade comu nitária. quer da relaçã,o pedagógica. >As rel a- alemã, a escola rural e urbanai a uru-
A técn ica será revolucionária em so- garantída pela educação. Valores so-- ções, p or exemplo, entre professor e
ciais, dados da cultura espiritual e ma- versidade norteamericana e francesa,
ciedades classist as, mas no regime de aluno, mestre e apóstolo, mestre e a escola religiosa e leiga, a escola pú-
castas sujeito ao princípio do dhar1na terial (civilização ou equipamento civ i- apren diz, fiscal e fiscalizado, tutor e
lizador) são transmitidos pelo processo blica e particula"r, etc.. A interferên-
(v. i.) os métodos aplicados no pro- pupilo representam, sem dú vida al- cia, no entanto do fator educacional
cesso d e produção serão, provavel- educativo, que se revela assim como guma, fatos associativ{)s, mas fatos
p1·ocesso básico n ão $bmcnte d e qua.1- na vida social não se limita à oreação
m ente, est acionários. que exist em somente onde a idéia e de tipos próprios de associação. Os
quer forma de convivência humana intensão pedagógica vieram a inter-
A existência de grupos econômicos efeitos educacionais fazem-se sentir
e as feições que tomam, são condicio- através do tempo, mas também da feri r na estruturaçã-0 sociológica. Da
evolução (v. i.) ou do progresso (v. i.) em todos os sectores da interaçã-0 huma-
n adas p elas formas concretas da eco- mesma forma escola.s, classes e inter- na. e Da comparação de povos com e
q ue eleva as sociedades, en1 um movi- nat os são, indubitavelm,ente, agrega-
n om ia em seus tres asp ectos. A em- sem orga,i.i,za9ão .e scolar ou do mesmo
presa de produção, p ara limitarmo- mento curviline.a r, de un,1 n iv.el cul- dos sociais, inás agrégados cu jo fll:n,
t ural g:}nferior > a um nivel «superior> povo através de diversas fases caracte-
n os ao tipo associativo principal, va- organização interna e externa e vida rizadas pela ausência e pela existência
ria em estensão e organização segundo condicionando muitas vezes, um p ro- interna receb em seu estilo pela idéia de instituições escolares ressalta co-
o fim visado, a ordem objetiva exis- cesso de acumulação cultural educativa : êles represen tam o pro- mo primeu·a diferença : a generali-
tente e os métodos aplicados. A em- A sociologia edu caciona.1 apresent a , cesso educativo, cristalizado em agre- zação de uma certa cultura espiritual.
presa medieval vi~ava apenae o sus- segund.o F1sCH]jlR (409 seg.) ois se~in­ gados sociais" (FISCHER, 411). Enquanto não há um·a organização
t ento dos que nela trabalhavam. Sua tes problemas : O t raço comu m às citad as rela- escolar, a educação se liga à cultura
estensão era reduzida devido a ordem 1) A relação pedagógica como e re- ções é o fim educativo. :fuste1 no en- ocasionalmente existente e à arte edu-
económica normativa, e a divisão laçã,o social>: entre dois homens (en- tanto, est á longe de ser idêntico na- cativa natural das pessôas e dos cír-
t écnica do trabalho permanecia rudi- tre W,Il homem : professor, educador qu êles cinco casos. .M uito ao con- culos que exercem, efetivamente, ati-
ment ar . A fábrica moderna qu e visa e um.a pluralidade, de ho1nens : a.J u- trário, êle visa ora a formação da pe1·- vidades educaoionais. A:s crianças
o lucro é ex_pansionit5ta, racional, indi- nos, e.ducaudos, enti:e gel'ação velha sonalida.de inteiI·a, ora a transmissão não aprendem essencialmente m ais e,

-90- - 91
antes de tudo, não a.prendem outra truida no círculo - existencial de uma colas. A roca de fiar está-se tornando, os méritos reconhecidos; por conse--
coisa senão o que seus pais e educa- hierarquia sacra ; elas serão ofici- cada vez majs, objeto de museu ; sua guinte, as modificações das estrutura.e
dores naturais sabem, podem, en- nas, quando predomina o corporati- eli,m.inação foi determinada pela in- sociais determinam o desaparecimento
tendem e consideram conveniente > vismo de uma burguesia induStrial venção de processos meci1nicos de de antigas elites, o aparecimento de
(F:cscHER, 42~). Por outro lado a ascendente ; elas serão academias e fiação (THPRNWAL;r> 2, IV, 275). novas com escalas de valores dife-
educação in'stituciónalizada pode crear académiças quando o sábio formado A transmissão de dados culturais de rentes > (DUPRAT s, 51).
dist~ncias sociais, exacerbar anta- por escola superior e seu lugar de f ar- povo para povo determina outros pro- Qu6da ou subida de elites baseia-se
gonismos e conflitos sociais. A espe- mação constitu em o modêlo geral- cessos de eliminação. Nem tudo o que em grande parte, nas funções de reci-
cialização (v. i.) é em grande parte mente imitado> (FISCHER 419, 420). se e oferece> é aceito. Muitos objetos procidade (v. i .) dentro das hierar-
uma consequência da institucionali• Classes ou castas predominantes ten- e processos não se adaptam à cultura. quias sociais :
zação diferenciada do ensino t écnico. d em a monopolizar a esfera. educacio- existente e são eliminados. >Os prestígios antigos se desfazem
A escola em geral constitue, nas socie- nal: >Entre todos os povos do Oci- cj. aculturação, evolução, progresso. pouco a pouco, à medida que os ser-
d ades m odernas, talvez a maior orga- dente observamos uma sequên cia das ) viços antigamente prestados se tor-
nização de peneiramento (v. i.) ou hegemonias pedagógicas: a igreja é Elite - A minoria prestigiada e domi- nam insignificantes» (DUPRAT 3, 51).
seleção social (v. i.). substituída pela comunidade l€'iga, nante dentro de um grupo maior A ossificação (v. i.) das elites se •
5) Se a estrutura social sofre a in- mormente p ela comunidade cívica, (YouNG ~' 592), isto é, a elite, é cons.- explica. u nicamente pelo seu caráter
terferência da esfera educacional co- como sendo o supremo garante da edu- tituida pela "ºClasse daquêles qu e apre- grupal. Elites constituídas por certo
mo a d e todas as outras esferas cultu- cação de toda criança, desenvolvendo sentam os indícios mais elevados no número de personalidades isoladas
rais, esta.s, por seu lado, correspon- sua capacidade física, espiritual, mo- ramo em que desdobram sua ativi- não podem >ossificar>.
dem em seus traços característicos, de ral e profissional, tornando-se assim
autoridade máxima da educação pú-
dade > (PA.RETO cit. apud D uPRAT, 1, 6) cf. autoridade, circulação das elites,
qualquer modo, à 7,ei estrutural da ou pelas personalidades «representa- prestígio.
sociedade. Os v&.lores sociais que re- blica, sob cuja supremacia as demais tivas, no mais alto gráu, do valor
gem as atividades educativas em for- comunidades agora privadas, vêm a social da categoria> (DUPRAT S, 33). Endocanibalismo - \V. Canibalismo).
ma de ideais pedagógicos, jamais con- colaborar na educação e a participar « A análise das estruturas sociais
seguiram subtrair-se à. influência so- da sua organização, não porque j ul-
mais diversas leva à vérifica.ção de Endogamia - (V. Exogam.ia).
cial . «A história dos fatos e teorias gam direito êsse estado de coisas, mas
uma predominância : 6 a de unidades
pedagógicas atesta que a atu ação unicamente porque a distribuiç~o do
elementares, individuais ou coletiva8 Enf~ite - (V. Adôrno).
ed4cativa, em época1;> diversas, entre poder entre o grupo integral e o inte- cuja função irredutível é a de se
povos diferentes ou até no mesmo grado não permite uma outra relação> impôl' a outras, de exercer uma auto- E'poca - E poca é uma sequência evolu-
povo em fases diversas de sua evolu- (FISCHER, 420). ridade (v. i.) mais bu menos esponta- tiva n a qual um conteúdo ou esti'lo
ção, adotou padrões bastante variados Literatura : CARvALHO 1, CASE, neamente reconhecida, de ter pres- (v. i.) constitue o fundamento cultu-
do «homem perfeito > (FISCHER 417). KAWERAN, KRUCKENIIERG, WEISS. tígio (v. i.). Elas constituem o que se ral, inabalado em sua substância (in-
« A sociologia nos ensina, que o fundo cf. cultura, estrutura social, socio- chama, em geral, elite > (DuPRAT 3 1 5). clusive as formas de associação)>
empírico de muitos ideais educativos logia. A morfologia das elites distingue as (GEIGER 8, 512).
era representado pelas qualidades da seguintes categorias :
casta mais prestigiada, dominante ou Elll:ninação - A eliminação acompanha cj. estilo, evolução, revolução.
privilegiada dentro do sistema social, todo e qualquer processo de seleção 1) elites técnicas e econômicas (ope-
isto é, da aristocracia social> Fr- (v. i.) de homens; idéias ou obj etos, rários, engenheiros, banqueiros, indu.s- Ergologia - E ' a ciência que estuda a
SOHER, 418). tanto no tempo con10 no espaço. Os trizjs) ; cultura material (v. i.).
Assim como os ideais pedagógicos, conceitos de seleção e eliminação são 2) elites religi·o sas e eclesiásticas; cf. etnografia, etnologia, tecnologia.
também as organizações educativas correlativas, não sendo possível con- 3) elites militares e nobiliárias;
variam com a estrutura social. «To- ceber um sem subentender o outro. Escol a histó1·ico-cultural - Do têrmo
4) elites políticas, administrativas e alemão l( ulturhistorische Schule. -
d as as formas artificiais da educação, Indivíduos e grupos são eliminados j udiciárias;
escolas, academias, colégios ou que quando sua reprodução biológica di- (V. Ciclo cultural).
quer que tenham sido suas denomi- minue em relação a outros grupos ou 5) elites intelectuais ;
nações, apresentam traços que d eter- indivíduos. 6) elites nas prGfissões liberais, eli- Escol a matrimonial - Lemos em
minam a vida social da 6poca, tam- Idéias e dados materiais sã.o elimi- tes morais e caritativas, esportivas e TBURNvVALD (2, II, 82, 83) : «Em
b ém em outros sectores. Elas se;i;ão nados, no tempo, p.elos processos de mundanas, elites mixto.s (DUPRAT 3, $ociedades de fortes tendências matriJ
sacerdotais, cla~trai,s, clericais (co- evolução (v. i.) e: progresso (v. i.). 9 a 32). lineares (v. i.) encontra-se, à"8 vezes,
mo escola~ anexas a templos ou con- D escobertas e invenções podem inu- Ao f enômeno das elites liga-se, inse- uma poligara.ia (v. i.) sucessiva que
ventos entre os povos do antigo Orjen- tilizar certos objetos ou contribuir paravellnente, a questão do pcneira- consiste em casarem-se, segu ndo um
te, na Idade-Média cristã, no mundo para a mudança de s~u uso. A esta.e& mento ou seleção social (v. i.). modo tradicional, as pessôas moças
cultural do budismo) quando a forma de cavar foi eliminada e substituida. «A.a transformações das elites seguem de um sexo, primeiramente, com ve-
s uprema da organização social f ôr cons- 1 pelo arado e outras f erramenta.s agrl- as das funções às quais correspondem 1 lhas do outro, depois com pessôas da
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denominação espaço social é e uma. ção, óbvio é que o conceito de espe-
mesma idade e, por fim, quando são <Também dos antigos prussianos, m et áfora desor ientadora > porq ue o cialização est á compreendido no de
velhas, com moças. Indicam como da Lituânia, dos russos e da T rans- esp aço geográfico «encerra t oda a divisão-do-trabalho cuja o.m plitu dc é,
fim principal d êsse costume que as caucásia há ref erência.s sôbre tal casa- realidade social sendo visível seu fun- evidentemente, maior. Especialização
pessôas moças devem ser instruidas mento em idade desigual>. damen to >. R ealmente o t êrmo es- significa, pois, o próprio processo de
e educadas pelas pessôas velhas do Na América do Sul conhecemos ain- paço social é usado em um sentido divisão-do-trabalho, apreciado p orém,
outro sexo. Tal poligamia su cessiva da matrimônios semelhantes entre os figurado. As distdncias no espaço exclusivament e, do pon to-de-vista in-
aparece t odas as vezes que as alianças Bacairí do Paranatinga (von den STE I- social são det ermina.das pelo caráter dividu al.
matrimon iais se tornaram frouxas e NEN 1, 122), dos Cbamacoco do Chaco subordinativo das relações entre pes- Assim SALZ (279 seg.) chega a esta-
as separações frequentes, como acon- (BALDUS 1, 58), dos Kágaba da Co- sôas e grupos. E' portanto, o fenô- belecer os seguintes tipos de especia-
t ece, de preferên cia, n&s comunidades lômbia (P REu ss apud BALDU$, 2, 287) meno de dom inação (v. i.) que det er- lização :
d e tendências ma.trilineares. ~sim, e dos M ojo do rio M amoré na Bolí- mina as dimensões no espaço social. 1) esp eciali zação profissional, tam-
por exemplo, diz R u ssELL que os indios via (W EGNER apud BALDUS, 3, 133). As influências do espaço físico sôbre b ém chamada divisão-do-trabalho ;
P ima casam cedo e muitas vezes. Di- cf . gerontocracia, mat rimônio. a socie4a,de co,nstitu em um dos obje- 2) especialização técnica ou divisão-
vorciavam-se facilmen te, e em geral, tos princip ais da geografia h umana. do-trabal.ho dent ro da empresa ;
por iniciativa da mulher . Enumei;amos apenas as possibilidades
Escravidão - O con ceito de escravidão 3) especialização terrjto~·ial ou geo-
e D os T u pi do Brasil conta um re:- como instituição social p renqe-se inti- funda.mentais : gráfica entre pa.ízes ou d entxo de um
lato de viag;em d,o século XVI que mamente à noção da propriedade e à 1') Os efeitos sintetizadores do es-- sistema (n acional) econômico, pela
os an ciões tinham mulhetes moças e utilização racional da fôrça humana p aço, segundo DUNK\íANN (1, 232) forma de localização dos centros Çle
os homens mais moços conviviam com para fin s econ ómicos. >A utilização fazem sen tir-se como : atividades econ ômicas.
velhas. Como causa dêsse costume econ ômioa do b raço human o no a) con vivên cia det erminada p elo es- As conaições da especialização en-
declaravam os T upí qu e gente velha sentido d e uma propriedade p rivad a paço em um sentido absoluto, mor- con t ram-se tanto nas p ersonalidades
tinha sempre mais experiência e que, em homens somente pôde introduzir- mente em regiões onde o espaço põe como em dados geofísicos. Seleção
por isso, convinh a para fins educati- se ond e, ao menos, se formou uma limites intransponíveis (montanhas, (v. i.) e peneiramento (v. i.) estabe-
vos, às pessôas mais velhas unirem-se propriedade familiar à guisa da es- mar, deserto) ; lecem o equilíbrio entre os fatores
com as mais n ovas. tância senhoreal pela família grande b) convivência d eter minada pelo es- s ubjetivos e objetivos. Quanto ao fa-
e Mais sistematizada, ainda, apa- d e caráter pat r iarcal e senhoreal > p aço em um sentido relativo, tendo a tor pessoal T BURNWALD (7, õ59) obser-
rece essa poligamia sucessiva nos (T HURNWALD 2, IV, 202). P ovos ca- mobilidade social maiores possibili- va que >qualquer variedade de perso-
preceitos matrimoniais (v . i.) dos Bá- çadores, por exemplo, não têm escravos. dades de d esenvolvimento (nos vários nalidades implica esp ecialização. Até
n ar o de N ova Guiné onde, primeira- E ' preciso qistinguir do escravo o tipos de colonização humana, na al- n as sociedades primitivas cada p essôa
m ente, se efetúa a união entre um velho criado ou p eão qu e n ão est á equipa- deia e nas cida des em geral) ; é especialist a no seu modo.» Há ca-
da sipe (v. i. ) det erminado por paren- rado ao mundo mat erial, e o servo, e) liberdade absoluta nas tendên- çadores, feit iceiros, oradores, etc ..
tesco e a moça trazida à iniciação obrigado apenas a tribu tos ou ser- cias de mobilidade social no espaço cf. d.üeren ciação, profissão.
(jus primarum noctium), casando-se e viços (ibidem, 203). ilimitado (nômades em estepes, glo-
convivendo essa mulher, mais tarde, THURNWALD (2, I Vt 204) indica betrotters1 circulação econô,mica). Es taca-d~ca"'\'ar - E1n alemão : Grab-
com um h omem da mesma idade, con - coroo origem d a escravid ão a desigual- stock. (V. Lavou ra).
d ade social oq ét nica el).~l'e pessôas e 2) Efeitos do espaço determinando
vívio Qonjugal êsse só interru pto por o ca,rá~er d e grupo$ territ,o riais intei- '
matr!m'O nio a cessório . Os rapazes, grupos. · O desp qtis mo (v. i.) com o E stada - O fen ômeno $ocjal «Estado,
ro~ . P odemos distinguir povos mon-
depois da iniciação (v. i. ), t êm rela- p riméira forma de dol:n.ina9ão racio- admite duas definições.
nal, favoreceu a escravid ão. t anh eses, insulares, continentais, li-
ções, primeiramente, com m ulheres torâneos etc .. 1) e Estado sigp.ifica a organização
velhas. >A escravidão é uma instit uição institucional da u nidade política do
que não chegou a desenvolver-se ple- cj . distância social.
e N a ilha Nauru as diferen ças de povo >. ( G EIGER 1, 61 ). Limitado as-
idade são t ão imp ortantes que o namente en tre os primitivos, m as so- Especializaçã o - O têrmo especiali- sim, o conceito do Est ado designa
m oço de desoito anos se une com mu- mente nas culturas arcáicas, n as quais zação é, m uitas vezes, considerado apen as o conjunto dos orgãos insti-
lher de qua renta e mais. 8Ei.'IF'FI' ela dominou toda vida social> (TuURN- sinônimo de divisão-do-trabalho (v. tuidos afim de dom inar interna.mente
q ue também m en ciona êsse costume, w ALD 2, IV, 207). i.). M as parece-nos qu e o significado e afirmar-se externamente. O Estado,
acha que o marido moço obedece Prevalecem dois motivos jurídicos da p alavra especialização não a.dmt tte encarado desta. m aneira , afigura-se
à id éia de ser servido melhor por urna. p ela escravidão : pr isão de gu erra e o uso indistinto dos dois t êrmos. como grupo institucional com distri-
velha do que por uma moça. Tais endividação (T RURNW ALD 2, I V, 208). Se a divisão-do-trabalho, encarada buição de funções s ôbre um deter-
circunstâncias, naturalmente, levam cj. servidão. sob o ponto-de-vista individual, apa- minado número de sub-gr upos. A
à separação do matrímôn.io, ora por rece como processo de especialização diferença entre o Estado e ou tros
lado do hom em, ora por lado da mu- Es paço - SOROKIN (6) chama o e esp aço e, considerada sob o ângulo-de-vista- grupos consiste, principalmente, na
lher, o que causa mudança sucessiva socia1> o >u niverso d a população hu- coletivo, como processo de coopera- sua função integrante.
dos pares. mano >. Para DUNKMANN (1, 229) a

''
J
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2) e Se o Estado é a mesma coisa Estado secial - (Ordem social) Inglês cionários e la.tiiundiários. P elo exer- riências novos são automaticamente
que o grupo político em geral, uma estate, francês : état, alemão : Stand. cício das funções elabora-se um con- referidos para proceder à avaliação. >
associação com intenções intergrupais, O estad.o social define-se como gru- junto de atitudes e costumes, assim <Os sistemas de estereótipos podem
êle é sinónimo de nação. Pois esta po endógamo, relativamente imperme1- como um código de honra. ser o núcleo da nossa tradição pessoal,
também não é outra coisa senão a vel, com tradições e costumes próprios, Conflitos no regime de estados ja- a defesa da nossa posição na socie-
maior associação política. > (SoM- baseado na divisão-do-trabalho e na. mais visam a destruição da ordem dade. Êles se afiguram como sendo
BABT 2, 229). N"ação e Estado afigu- aprovação jurídica, no âmbito de uma total, mas apenas uma alteração no uma mais ou menos consistente e or-
l'am-se, assim, coroo o mesmo fenô- determinada estrutw·a social (v. i.). sistema de distribuição de privilégios, ganizada imagem do mundo, ao qua l
meno encarado, porém, sob dois ân- .A casta (v. i.) que corresponde per- em alguns sectores sociais. nossos hábitos, nossos gostos, nossas
gulos-de-vista. diferentes : Como Es- feitamente a. êsses requisitos tem A génese dos estados sociais não se capacidades, nossos confortos e nos-
tado o grupo político apresenta um mais êste : representa uma espécie de explica simplesmente por um ato de sas esperanças se t êm ajustado. Nêsse
aspecto estático e como nação um confraria pelo processo de ritualização. conquista. Pode haver, e a etnologia mundo, pessôas e coisas têm seus lu-
aspecto dinâmico (SOMBART 2, 229). « Consideramos estados em prúnei- moderna o atesta, sobreposição• paci- gares bem conhecidos, praticando cer-
Seguindo a segunda acepção do têrmo, l'O lug~r - os estados senhoriais,cujas fica. flá. estratificação em sociedades tos atos esperados. - Não é de se
SoMBART (2, 228) define o Estado homogêneas pela diferença de proprie- admirar, portanto, que qualquer per-
atividades1 geralmente, são guerreiras
como associação política >na qtial uma e sacerdotais ; pelas ~tividades os d ade ou ocupação. O primeiro estado turbação dos estereóti1)0S paréce uma
pluralidade de homens procura d~­ estados se distinguem como sep.do social nos Estados arcáicos do antigo agressão aos fundamentos do uni-
f ender e afirmar s ua existência na nobreza secular e nobreza eclesiástica, Oriente e nas comunidades estrati- verso. E' um ataque aos fundamentos
sua totalidade contra uma outra embora a denominação nobreza fique ficadas dos povos naturais foi sempre do nosso universo, e não admitimos
coletividade. Funções do Estado como reservada a secular. Em confronto a casta sacerdotal. de bom grado, estando em jôgo coisas
consociatio política são : com êles surge a grande multidão do cj. casta, estratificação, estrutura, de importância, qualquer distinção
1) Conservação da unidade política terceiro estado, segundo sua atividade graduação, hierarquia. entre nosso universo e o universo.
em conflitos coro outros grupos; predominante, representado pelo cam- Um padrão de estereótipos não é
ponesa.to, do qual se separam, como Estatuto social - Segundo YoUNG (2, neutro. - E' a garantia do nosso
2) desenvolvimento do civismo, he. respeito a nós mesmos, é a projeção,
roismo e patriotismo, virtudes e fa- estado burgues, nas cidades, o arte- 595) o estatuto social é a >posição re-
sanato e o comércjo > (ToNNIES 2, lativa, categoria e importância de sôhre o mundo, da nossa própria inte-
culdades do homem político ;
618). uma pess&i. em um grupo ou de um ligência, nosso próprio valor, nos.c:;a
3) conservação e cultivação d os va- própria posição e nossos próprios di-
lores especíJicos do grupo. Sociedades estratificadas em esta- grupo em relação a um agrupamento
maior>. reitos. Os est ereótipos estão, por-
Como fator P,otencial o Estado não dos ou castas são construidas segundo
tanto, fortemente carregados dos sen-
tem e começo>. ~le é tão antigo quanto uma lei e arquitetônica> especial cujos O t êrmo é usado não someniie para
d esignar uma posição social elevada, timentos que lhes são adstritos. Êles
a família, existe, portanto, desde que fenómenos principais são dominação
mas qualquer posição implica, eo são a fortaleza da nossa tradição, e
existe a humanidad e. (SoMBART 2, e hierarquização. O sistema de ordens por detrás de s uas defesas podemos
229) ;Realmente os requisitos jurí- ou castas deriva, originariamente, dum ipso, um estatuto socia.11 como resul-
continuar a sentir-nos garantidos na
dicos que se prendem ao conceito do· processo de distribuição de privilé- tante da escala Jo prestígio.
posição que ocupamos » (LrPPMANN,
Estado, perm.i tem sua aplicação mes- gios e serviços que garantem a ex~­ Pelo fenfuncno do q; cruzamento dos 95, 96).
mo às comunidades primitivas. t ,ê ncia. da sociedade. ~ funções ~;c­ círculos sociais> (y. i.) é possível que
clusivas, atribuidas às ordens~ con.fe- cj. padrão, representação coletiva.
Num sentido mais restrito o têrmo rem-lhes, a mesma pessôa tenha um estatut.o 1

Estada se usa com referência àqueles segundo FnEYER (/, 137 elevado em um grupo e estatu to baixo Estilo social - (G:mIGER ($, .512') de-
grupos políticos que >provieram dá seg.), um caráter objetivo no quadro em um 'Outro. fine o estilo como sendo <um complexo
sobreposição e composição de homens total A solidês da estrutura depende cf. estratificação social, graduaç~o de caractéres estruturais bá$icos que
de origem étnica diversa e, no decurso de dois fatores : social, prestígio. se encontram em todos os sectores
de sua evolução chegaram a constituir 1) da necessidade das funções pri- existenciais dentro de uma sociedade
estratificações políticas e formações gru- vativas de cada estado (ou casta) Estereót\pos - YoUNG, (2, 595) define historicamente definida e que garan-
• pais com funções sociais diferentes, para o conjunto social; o estereótipo como e imagem ou tem, assim, uma afinidade estrutw·al
afigurando-se portanto, como sendo 2) da fusã.o «orgânica> e sólida dos idéia aceita por um grupo, geralmente das diversas esferas da vida social. ,.
estruturas mnis complexas do que as estados sociais com suas incumbências expressa em forma verbal, tendo, mui- cf. evolução, revolução.
comunidades páleo-políticas (v. i.) respectivas, de maneira que daí se tas vezes, um acento fortemente emo-
{THURNWALD 2, IV, pg. XVIII). possam originar tradições e mentali- cional >. Estratificação socia l - Ec:;tratificação
A >teoria da conquista> como tentativa dades específicas. Da aceitação coletiva ressalta que define-se como processo social, pro-
de explicar a <origem> do Estado, é Para conseguir uma certa impermea- se trata de reações estandardizadas veniente ora de competição ou con-
unilateral. bilidade, monopolizam-se funções so- às e>..J>eriências feitas. Observa ~o­ flito, ora de divisão-do-trabalho
cj. estrutura social, grupo, nação. ciais. As castas dominantes são, em GARDUS ( 359) que e os estereótipos social que conduz à sobreposição (v. L)
povo. geral, as de militares, sacerdotes, fun- sã.o autoridades às quais fatos e expe- de um certo ntímero de camadas ou•
I

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estratos sociais, isto é, à formação de diferentes, ao passo que a estratifi- urba.nizaçã.o , moda, riqueza e pobreza, tem sua lei de jormação. E ssa lei
um sistema, mais ou menos fixo, de cação econômica ou profissional, mes- cultura intelectual e física, seleção. estrutural contem determinados fenó-
castas (v. i.), estados (v. i.), ou classes mo em sociedades relativan1ente ho- cj. casta, classe, estado social, es- menos sociais, digamos domiuação ou
(v. i.) dentro de uma determinada mogêneas, consiste em um processo trutura. social, grad uação social, pres- conflito, participação ou reciprocidade,
sociedade. (YoUNG 2, 473). lento e sujeito a muitas oscilações. tígio. cuja ação ou interação elabora uma
A aceitaçãó de mist éres profissio- Do ponto de vista et'no-sociológico estrutura na q ual se realiza a vida
nais : políticos, militares, religiosos e . THUBNWA .Ln (2, IV, pg. XVIII) é'!'.põe social concreta (ou histórica) no tempo
Estrutura política - THURNWALD (21
outros com seu estatuto respectivo já o processo de estratificação assim : IV, 240, 241) distingue os seguintes e no espaço. •
envolve a estratificação. E' por isso >O en contro de povos de origem tipos de estrutura politica, isto é, d e Os traços comuns a todas as pos-
que WIEsE (1, 232) a interpreta como étnica diversa e de horizontes cultu- sistemas sociais de afirmação e d'e fesa síveis modalidades de estruturas so-
processo de integração e equilibraçã-0 rais diferentes, principalmente d e pas- internas e externas : ciais são os seguintes :
d e grupos parciais dentro de um grupo tores e agricultores (mas, natural- 1) A estrutura social é um e a.rtefato
total, pois as funções específicas de men te, também de um d êsses com 1) Comunidades igualitáTias (sem
dominação) de substância psíquica> (ToNNIES cit.
cada grupo precisam ser definidas em caçadores) desenvolve processos d e apud FREYER 2 1 l94). Os homens e
relação ao conjunto. Assim nascem avaliação recíproca que conduzem a ai) não estratificada~, sem relações seus destinos fornecem o ma~erjaL
todas as espécies de direitos, privilé- u ma posição superior e influente, mor- definidas com os visinhos e sem auto-
ridade insti~uida ;
O espírito objetivo, isto é, as objeti-
gies, costumes e . padrões distintos de mente (m as nem sempre) nas famílias 1 vações imateriais da sociedad e : leis,
comportiamento. dos pastores. Toda preferê;ncia por b) não ~tratificadas, vivendo em artes, ciências, idéias religiosas, siste-
YoUNG (2, 475, 476) enumera três famillas de determinada descendência, aglomeraçã"o com vizinhos baseada mas filosóficos estã-0 contidas na es-
fatores que caracterizam as camadas posse ou outros qualidades deve ser em relações de igualdade, sem autori- trutura social
sociais (v. i.) explicando suas relações considerada. como estratificação. Ela dades instituidas, em forma de
2) O conceito de estrutura social
recíprocas : condiciona, naturalmente, tam bém a aa) aglomerações de clans familia- é essencialmente dinâmico, não per-
desvalorização de famílias ou pes- res;
1) o sentido de cooperaçã-0 e auxilio mitindo nenhuma forma de estanca-
sôas de origem, atividade ou função bb) divisp,o em m etades tribais,
mútuo, oriundo de interêsses comuns. mento. Em toda estrutura há uma
diversas, na sociedade total. Assim
A atuação indivi dual é predetermi- rompe-se o princfpio igualitário da cc) re-homogeneização de comunida- tendência para o desequilíbrio. 013
nada,, até um certo ponto, por êsse$ des est.ratificadas, processos de evolução, revolução, in-
sociedade homogênea, embora, fre-
fatores ; ' 2) Sociedades se11horeais : tegração e desintegração represeritam
quentemente, continue existindo, por
2) o sentido de inferiorida.de em rela- a forma estrutural concreta. A es-
muito tempo, dentro de camadas de e) estratificadas etnican1ente, haven~
ção à camada superior. Daí se ex- trutura social como sendo essencial-
origem idêntica. E' preciso distinguir do gerontocrac1a (v. i.) nas famílias
plica. a concessão, por vezes espontânea, mente dinâmica, somente pode ser
estratificação étnica e estrat ificação da cama.da mais elevada, nascendo,
de privilégios; compreendida no tempo concreto ;
social que repousa ora sôbre a posse ao mesmo tempo, rivalida.des entre as mas o tempo não é apentlS a variante
3) o sentido de superioridade de todo de símbolos de valor ou de monopólios famílias nobiliária.s ;
estrato em relação a.o estrato inferior. econômicos, ora sôbre relações com
t, porém um posterior e anterior irre-
d) estratificadas socialmente, pela versível. Cada estrutura é concreta,
Fortalece-se assim a atitude de domi- o poder central. > especialização das cast as étnicas. Es- (isto é, localizável na história) na&-
nação. Ao lado dêsses t i.pos D trN;K.MAl'rn tas se transformam em grupoe profis- ceu de outra e engrenda outras e~ ,,,:·
(.1, 195) distingue ainda a estratifi-
Quanto à estabilidade do sistema
cação natural (ou biológica) da so-
s~on,ais e class.e s socjais. A rivalidade uma seqúência irreversível. X
de. estratificl.t.ção, YoUNG (2, 473) entre as {amilias nQbiliádas leva à F REYER (1, 131 seg., 2, 230 seg.)
observa que: ciedade em idades e sexos. vitória de uma dinastia. Há domina-
WIESE (1, 234) aponta relações e distingue quatro estruturas ou leis
1) uma mudança cultural e social, ção racionalizada e despótica. Pro- estrut urais, que formam dois pares,
processos sociais entre os quais figu- gride a miscegenação étnica ;
por meio de migrações, difusão cultu- h istorica e logicamente irreversíveis :
ram como:
ral ou invenções, pode levar certos e) estratificadas plutocraticamente
grupos a quebrar as barreiras existen- 1) meios de estratificação : d esta- na base democrática e sob a direção de 1 { Comunidade (v. i.)
tes e a levantar outras; car-se, graduar, feudalizar, enobrecer, oligarquias (v. i.) ou t ira.nias. A mis- Sociedade (v. i.)
privilegiar, classificar , limitar, decen- cegenação é completa, e inicia-se a
2) ela está em relação ao gráu de Sociedade de castas ou estados
cultura e comunicaçã.o. Do e>..1Josto tralizar; perda do prestígio do déspota. II sociais (v. i. ).
vô-se que todo sistema de estratifi- 2) fcnômenos de estratificação : su- cj. estratificação.
bi'd a e qu~da, h.J~~-de-classes, pres- Sociedade de classes (v. i.).
cação cop.tém uma graduação social
(v. i.)1 resultante de um processo de tígio (v. i.) i Estrutu:ra social - O conceito de es- Além de constitu\ren1 fáses evolu-
avaliação recíproca entre as diversas 3) fontes de estratificação : forma- trutura social designa, segundo FRE- tivas, as estruturas sociais existem
camadas. Na estratificação étnica ção d'e aristocracia, proletariado, cas- YER (2, 224 seg.) a >formula. da ordem sempre e em todas as sociedades con-
ou politica a ava.lia.ção é simultânea tas, estBrdos sociais, feudalismo, capi- existencial inteira d e um corpo so- cretas como m otivos estrut\irais. To-
com o encontro ou embate dos grupos talismo, endogamia, forma.ção d e clans, cial>, Toda realidade social concreta. das essas leis ião <simultaneamente
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fases evolutivas e elementos estru- A diferença entre etnologia e etno- teria! lhe apresenta. O etnógrafo em que isso nã-0 afete a nova ordem
turaie . ., (FREYER 1, 128). A comuni- grafia (v. i.) se evidencia. pelos próprios recolhe os fato·s, o etnólogo elabqra-os. das coisas. E' evidente que o con-
dade (v. i) por exemplo, existe (1) nomes. A etnogra.fia des.creve o O trabalho etnológico é a compre- tacto com a civilização ocidental traz
como estrutura social determinando povo e tem seu objeto, por assim di- ensão fenomenológica da personali- perigos para a. saúde e a existência dos
zer, na configuração exterior da cul-
) povos naturais. Disso resulta, primei-
a ordem existencial de uma sccie- dade cultural (TuURNWALn) de uin
dade inteira, mas, (2) também em tura (como, por exemplo, a geografia povo, isto é, não somente dos aspectos ramente, a. necessidade de conhecer a
todas as outras possíveis estruturas tem por objeto a superfície da terra), de sua cultura, mas ainda das parti- cultura dos indígenas, as condições
• sociais em forma de um elemento en- enquanto que a etnologia procura cularidades de toda sua função cul- da sua existência material e espiritual
quadrado na arquitetura total da so- compreender o povo na sua essência tw·al (cf. BALDUS, 3, 17-20). e, especialmente, as suas instituições
ciedade. Finalmente há mais esta e conhecê-lo nas particularidades fun- No dizer de Müm.MANN (2, 8) >a sociais, e, então, surgem questões a
possibilidade : da concomitância ou cionais de sua cultura. A geologia: etnologia é a ciência das formas e dos respeito do tratamento e da utiliza-
sobreposição de várias leis estruturais por exemplo, não se interessa apenas processos de acomodação em procura ção, e também do desenvolvimento ou
resultam estruturas mixtas. Soéie- pelas camadas da terra, mas também, da orientação, que os povos e seus da eliminação (v. i.) de certos elemen-
dades concretas há cuja ordem exis- e principalmente, pelas transformações homens realizam a respeito do seu tos culturais ; em uma palavra, a
tencial é dominada, em proporçõés que se' dão nessas camadas. A etno- ambiente local, social e cultural e respeito de toda a organização da vida
iguais, pelas leis da comuni~de e da grafi~ tem por condição. a est·a;bili- que são considerEJ,das em sua estensão dos indígenas num mundo alterado.
sociedade (FREYER 1, 129). dade no mome~1to da observação; no espaço e no tempo.> A resposta destas questões exige um
cj. casta, classe, comunidade, esta- a etnologia examina a dinâmica. Dês- conhecimento de problemas etnológicos
Segundo o me~mo autor (2, 40) a
do ~ocial, sociedade. tes pontos de vista diversos. resulta o que o funcionário administrativo não
etnologia deve dedicar-se, h.oje, an-
fai~o de o etnógrafo encontrar o seu possue e não pode adquirir por causa
material de preferência na cultura tes de tudo, ao estudo da mudança
Etnico - Ethnic em inglés, ethnisch da abundância dos seus outros tra-
material, e o etnólogo achar o seu na de cultura (v. i.) que ~e realiza, atual-
ou volklich em alemão. balhos. T orna-se, então, necessária
cultw·a espiritual. Isto não significa, mente, em todo o mundo, pelo choque a colaboração do etnólogo porque só
Um grupo étnico é na definição de porém, que a cultura espiritual esteja da civilizaçM com os povos naturais êste dispõe do indispensavel preparo
THURNWALD (2, IV, pag. XII), <um e orientais.
sujeita a mudança mais rápida do científico. Não se exige dêle, servir

grupo de famílias da mesma descendên- que a cultura material. A maior WESTERMANN (384) acha que o pro- imediatamente a fins práticos aban-
cia e da mesma tradição. Raça parte das nossas experiências entre blêma da etnologia é >compreender donando os métodos e finalidades cien-
(v. i.) só se refere à constituição here- os povos naturais nos ensina o con- por meio de investigação e compara- tíficas. Ao contrário, pois só si êle
ditária e física de uma sociedade, trário (cf. também : demora cultura]). ção de diferentes culturas a evolução aprendeu, segundo pontos de vista
cultura (v. i.) sómente ao tradicional da humanidade e elaborar os princí- rigorosamente etnológicos, a focalizar
Com isto queremos somente indicar
equipamento civilizador em equilíbrio>. que a dinâmica, isto é, a situação pios do caráter dessa evolução. Tra- e compreender os fatos, poderá tirar
instá.vel, mas sempre mutável de um ta, por conseguinte, da história cul- conclusões de interêsse para a direção
Etnografia - Disciplina integrante da povo, pode ser melhor compreendida tural do homem, e ocupando-se a etno- da política dos indígenas, suscetíveis
etnologia (v. L). através de sua cultura espiritual do logia, segundo uma divisão conven- de facilitarem o ajustamento à atual
M ÜHLMANN (2, 8) restringe o têrmo que através de sua cultura material. cional do trabalho, somente do homem mudança de cultura. A combinação
Ethnographie ao simples recolher e Não se deve esquecer, é claro, que no nível inferior da evolução, focaliza da etnologia com a administração dos
descrever do material. ambas estão em correlação estreita1 os começos, em todo caso, sob o pon- indígenas e, com isso 1 a elaboração ,
Os norteamerican:os entendem_, em completando, dês.Se modo, ó que cha- to de vista dtii humanidade total, os de U1na ciência aplicada, já se eviden-
geral, por ethnography a descrição mamos cultura. Assim, o etnólogo. níveis ;mais antigos da vida cultural.» ciou como produtiva. A administra-
apenas da cultura material (v. i.) de será sempre ctnográfo; e o etnógrafo A re~peito da importância da etno- ção inglesa na Africa1 a União sula-
um determinado povo. não poderia, éem conhecimentos etno- logia para a política colonial, o conhe- fricana e a Australia empregam etn6-
cj. ergologia, tecnologia. lógicos, fazer trabalho útil. Ambas as cido africanista ~creve o seguinte logos do govêrno, e os outros paise'S
(.
ciências são empíricas e indutivas. O (386, 387) : >Todos os govêrnos res- com populações primitivas exigem
Etnologia - Corresponde ao têrmo etnografo precisa conhecer os proble- ponsáveis pela sorte dos povos natu- em medida sempre crescente, a cola-
alemão V olkerkunde e aos têrmos in- mas da etnologia, para que, dotado rais, em primeiro lugar as administra- boração da etnologia. >
gleses ethnology, cultural anthropology de maior acuidade visual, possa, por ções coloniais, têm a convicção de Parece que WESTERMANN não conhe·
e social anthropology. E ' ciência meio dêsse conhecimento, e não ape- , que só pelos conhecimentos que se ce a situação a. êste respeito no pais
que estuda. a unidade cultural no nas com hipóteses, encontrar material têm de um povo estranho, é que se de maiores populações primitivas na
que diz respeito à sua singularidade para seu estudo. O etnólogo deve pode governá-lo com justiça. A América do Sul. Quando requererá o
local e temporal e às suas relações com conhecer os dados da etnografia, para maior parte pensa também que as governo brasileiro a colaboração da
outras unidades culturais. A etnolo- que, dotado da necessária observação instituições e os conceitos de tais etnologia para uma conveniente admi-
gia limita-se por ser uma ciência em e de conhecimentos e, assim, a salvo povos merecem respeito e, tendo vita- nistraçã-0 das ainda inúmeras tribus
formação ao estudo daa culturas do~ de hipótese! estéreis, possa situar e lidade, elevem ser conservados e de- de índios?
povos naturais (v. i.). resolver os problema1 que êsse ma- senvolviáos organicamente, na medida cj. antropologia, folclore.

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- 100 - - 101
Eu refletido - A representação psí- para as ciência.a da sociedade humana cada estado mune-se, em determinada o seu decurso individual dentro dn.
quica ou imagem que existe de cada e de suas funções culturais, sem con- época, de uma parte dessas técnicas e totalidade da história universal.>
individuo nas conciências das pessôas siderar a complet a diferença de di- dêsses conhecimentos, os quais vis- cj. aculturação, progresso.
de seu convívio, evocando juizos-de- mensões do material empírico nas tos como objetos, formam o seu equipa-
valor, chama-se Eu refletido. ciências sociais. Mas o problema da mento civilizador. A antiga doutrina Exogamia - TuURNWA.LD (? , 252) es-
Sua importância sociológica está no evolução social e cultw·al só pode ser evolucionista contentou-se com con- creve a respeito : >O têrmo exogamia.
fato de ser um poderoso diretivo do averiguado no próprio campo da in- siderar o aumento do equipamento ci- designa um.a ordem matrimonial (v.
nosso comportamento (R oss 1, 105 vestigação dessas ciências e tão só- vilizador do ponto-de-vista do pro- i.) considerada do ponto de vista da
seg. ). mente na base de pesquisas exatas e gresso. Limitou-se à investigaçã-0 dos família (v. i.) ou da sipe (v. i.) que
Trata-se aqui do mecanismo pelo
qual se faz sentir o caráter objetivo e
não de especulações. Os f enômenos
muitas vezes dispersos devem ser
.. objetos e de su.as relações entre si, es-
quecendo que são as técnicas e os
se casam, exclusivamente, com mem-
bros de outra sipe. Levando em con-
coercitivo dos fatos sociais (v. i.). postos em conexão. Para pôr em or- conhecimentos creados e alternados ta, porém, que todos os casamentos
Ora, a coerção moral é, segundo Vran- dem a variedade desconcertante dos pelo homem que existem por causa se realizam dentro da mesma tribu,
KANDT (11 405) a consequência de uma. f enômenos 1 há que procw·ar uma série d~le e não o homem po11 causa dêles. a exogamia de f~mllia ou sipe se
diferenciação intragrupal em atores coerente deles. Tal série se a presenta Observando mais de perto, verifica- afigura como endogamia tribal. En-
e espectadores. Os que agem, estão na acumulação de habilidades ma- mos que as produções são detepni- tre povos arcáicos, as castas praticam
diretamente sob as vistas daquêlas nuais e co11heciment.os i.Iitelectuam. nadas não só objetivamente, mais ain- endogaxnia, mas, por vezes, existe
que presenciam suas atuações e as THURNWALD explica de que modo cada da e principalmente pela fUJlção que, uma ordem matrimonial exógama en-
examinam, naturalmente, sob o cri- nova invenção ou descoberta tem por n uma trjbu ou num povo, recebem tre as sipes que constituem a casta.
tério de sua compatibilidade com es- condição o emprêgo de outros ante- dos homens que delas se servem. Por Como entre os povos naturais (v. i.),
trutura, organização e costumes do riores sôbre as quais se baseia. O isso o mesmo objeto, entre dife- as próprias tribus (v. i. ), muitas vezes,
grupo. Os awres percebem o reflexo arado não teriit sido possível sem a rentes povos (bumerang, faca de ar- não são organizadas politicamente,
de suas personalidades (v. i.) nas ati- picareta, por um lado, e a domestica- remêsso, ídolo), ou no mesmo povo impõe-se a exogaQ'.lia entre as sipes
tudes dos espectadores, tomando-as ção de animais de tiro por outro. O em diferentes tempos (ídolo, símbolo), soberanas, também quando fragmen-
como diret rizes de sua conduta social. avião não dependeu somenté da inves- pode ser empregado diferentemente tos de sipes convivem em comuni-
E' natural que haja uma troca con- tigação das correntes aér eas, mas ain- (como arma, instrumento ou objeto dades locais>.
tínua dos papeis. Os atores passam da da solução de problemas de cons- de culto) ou estimado diferentemente ~ases casps mencionados que quere-
a ser espectadores e vice-versa, obser- trução e, antes de tudo, de certa evo- (seja lembrado o símbolo da meia-lua mos chamar de exogamia e endogamia
vando-se até uma simultaneidade des- lução n a construção dos motores que ou da cruz, símbolos nacionais etc.). sociais, devemos distinguir de outros
sas funções tão importantes para a se deve à antecedente concentra~ no Isso ocorre ainda mais nas instituições que pretendemos denominar de exoga.-
continuidade da vida grupal. aperfeiçoamento do automóvel. ~te sociais (o matrimônio, a espécie de mia e endogamia locais, pois trata-se
processo é irreversível. A perda de estratificação etc.) e, no domínio das de casamentos em consequência dos
Evolução - GoLDENWEISEn (21) expõe t écnicas e conhecimentos é causada, interpretações dos processos da natu- quais o noivo ou a noiva passa a mo-
o processo de evolução, no sentido na maior parte dos casos, por inelhora- r esa e da vida, bem como na crença rar f óra da localidade que habitara
spenceriano, da maneira seguinte : mentos ; assim a roda de fiar foi religiosa e nas manipulações mágicas. até então (exogam.ia local), ou ambos
< A teoria da evolução abrange os três eliminada pela má.quina, e .o machado l
Por essa razão sempre encontramos ficam na mesma localidade (endoga-
seguinte~ prjncípios de desenvolv1- de pedra pelo. machado de fer1:0. Se. çomportamentQs e avaliações diferentes mia local). Torna-se óbvio, que ·po-
men~o : a evo~ução . é unif ol'me, glla- fora; dessa eliminação normal do an- segundo as diferentes unidades sociais demos distinguir duas formas de exo-
dual e progressiva, significando isso tiquado, uin povo perde determinada que estudamos. Nesta ação reçíp1·oca gamia local: a m.atri local (v. i .) e·
que (1) formas sociais e instituições t écnica ou conhecimento, talvez em entre o homem, a comunidade e o a patrilocal (v. i.).
passam, por toda parte e sempre, pelas consequên cia de guerras, epidemias equipamento civilizador manifesta-se a Considerando os casamentos dentro
mesmas fases de desenvolvimento; ou migrações, a série de invenções cultura própria da comunidade e dos de uma tribu dividida em várias co-
2) as transformações que elas (for- deixa de ser um fator para a possível seue membros, em época determinada. munidades locais, encontramos, às
mas e não instituições) sofrem, são produção do novo. A mencionada A cultura só pode ser dinàmica. vezes, a exogamia local ao lado da
graduais e não repentinas e cataclis- acumulação irreversível apresenta-se >Sob êsses pontos-de-vista e com endogamia local. Assim, por exem-
micas ; 3) as mudanças implicadas graças aos melhoramentos, que ao essas restrições>, conclue TlroRNwA.LD, plo, entre os índios Tereno do sul de
por essas transformações indicam a mesmo tempo nela aparecem, como >podemos falar de evolução das cult uras. Mato Grosso (cf. BALDus 3, 75)
direção de um melhoramento de me- progresso a nós espectadores e usu- Isso porém, somente é possível, si a o povo casa sempre dentro da aldeia.
nos perfeitos para mais perfeitos ajus- frutuários, dest inado. As t écnicas e comparamos a uma rêde de veios de (endogamia.)1 ao passo que os filhos
tamentos, de formas inferiores para os conhecimentos que, por assim dizer, agua que se ramificam variadamente, dos chefes das aldeias, pelo fato de
formas superiores. > formam os anéis das cadeias, são con- separando-se e reunindo-se em continua se casarem, exclusivamente, entre si,
Lembra THURNWALD (6, 175, 176, cretizadas em produtos, objetos, ins- alteração. Na coerência das culturas se casam fóra da aldeia (exoga.mia).
177, 179, 181) que >o conceito de trumentos e maneiras de agir. Cada assim representa.da, cada uma possue Vê-se, por conseguinte, que a. causa
evolução foi transferido da biologia tribu, cada comunidade, cada povo e a sua vida própria.. Cada cultura. tem do aparecimento simultâneo de endo-
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gamia e exogamia loca.is, é a. existên- truição dêsse poder . Mas >a explo-
cia de duas camadas que praticam ração aberta costuma ser substituída.
cada uma por si, a endogamia. social. pela exploração disfarçada> (W msE 1,
cj. matrimónio. 267) que pode ter formas perfeita.-
mente legais.
Expe ctação social - A atitude de es- São explorados, principalmente, se-
pecta.tiva do grupo social é um pode- gundo R oss (1, 141)
roso regula.tivo para o desempenho 1) as crianças pelos pais ;
de um papel atribuido pela sociedade : 2) as mulheres pelos homens ;
>Em todos os grupos aparentemente, 3) os pobres pelos ricos ;
e em centenas de situa.ções comuns a 4) os m uitos pelos poucos (t am-
espectação dos outros determina, em bém vice-versa) ;
grande parte, nosso comportamento. >
(Y OUNG, 2, 88).
5) os operosos pelos ociosos ; F
6) os ignorantes pelos inteligentes,
(primitivos por civilizados !) ;
Expl or ação - <lia exploração quando
alguem manda trabalhar ou tros e 7) os ,não organiza.dos pelo$ orga-
lhes retem, parcial ou totalment e, os nizados ; Família - SOMBAR.T (1, 228) define a (ad 1) <Aí o pai conserva junto ~e
frutos de seu t rabalho.> (W IEsE 1, 8) os leigos pelos sacerdotes (brahma- fam.il.ia como ,>pluralid ade de gerações si todos os seus filhos casado.a exer-
261). Vê-se facilmente que o fenô- nes !) ; integradas em uma comuni~ade . do- cendo sôbrc êles e sua prole uma au-
meno de exploração é condicionado 9) os vencidos pelos vencedores ; méstica na qual podem ser mcluidas toridade bem ampla. Salvo alguns
por relações d e donunação (v. i.). 10) os governados pelos governantes. tam bém pessô,as estranhas. A união objetos móveis, as propriedades per-
M as nem todas as formas do pod er d as comunidades existencial, domés- manecem indivisas entre os membros
R oss (1, 151 seg.) estabelece as se- tica e genera tiva constitue, portanto, assim reunidos. O pai dirige os tra-
implicam exploração. Opina WIESE guintes leis de exploração :
(ibidem) q ue a verdadeira exploração a família no sentido mais restrito e balhos e acumula, a título de econo-
1) A disposição primitiva para ex- eminente>. mias, os produtos. ~ão exigidos p;l.as
se limita à esfera económica. plorar é diferente nos diversos ele- «A comunidade familiar encerra necessidades quotidianas da família.
Os meios de exploração podem ser : mentos sociais. Entre os pastores nôma.des (árabes),
uma série de outras comunidades nas
l ) aproveitamento d a dedicação ou 2) A e>..'J)loração 6 mais aberta, quais se desenvolvem as caracterís- esta comunidade persiste durante a
d ependência de outros ; cruel e tenaz entre elementos desiguais ticas da família: 1) Comunidades es- vida do pai. Entre os agricultores
2) aproveitamento da fé religiosa ; do que entre iguais. t rut urais, como se poderia dizer, isto sedentários (camponeses russos da
3) aproveitamento do amor alheio ; 3) Um elemento está disposto a é, comunidades constituidas pelo ma- Europa central), ela se divide quando
4) aproveitamento da situação eco- explorar à medida que está integrado trimêuúo, pelas gerações e pela pro- a capacidade do centro doméstico não
nômica ; em um grupo concíente de seu poder. priedade ; 2) comunidades funcio~is, está mais em relação com a fecun-
4) A vontade de explorar dura discriminadas como sendo econôlillca, didade dos matrimônios. Segundo o
Os fins da exploração podem ser :
' tant o q uanto , d ura o p oder. recreativa e educacional,_ solo dispon,ivel é abundante ou es-
l ) sati.sfazer orgulho pessoal ; 5) Dominação por est~·angeiros é Como funÇõ.es universais da famí- casso, o grupo que sai da c.a aa pate~-·
2) servir às divindades ; própria para suprimir exploração in- l i.a figuram, segu ndo So~:ai\l?.T (J,_228): na, se estabelece na povoaçã,o ou emi-
3) satisfazer sensualidade ; tra-social. · 1) «Conservação e procr.e ação da gra para uma outra reglã.o. E1 então
4) enriquecimen to. 6) Um elemento novo constitue espécie; o pai que, com auxilio das economias
Em t odas as sociedad es há uma in- uma ameaça para a exploração até 2) conservação e transmissão da e do trabalho comum, preside à
clinação muito acent uada para a ex- q ue participar das suas vantagens. propriedade cultural : tradição ; creação do novo estabelecímeJlto ou
ploração, segundo a lei :tda transmis- 7) Exploração disfarçada sobrevive 3) f ormaçã-0 da personalidade espi-
à doação dos emigrantes. E ' igual-
são da pressão social> (v. i.). Rela- a exploração aberta. r itual e intelectual> (na geração mente ~le que designa, entre êles, o
ções de exploração aparecem, muit as 8) As oport unidades para a explo- membro investido da nova autori-
adolescente).
vezes, disfarçadas, isto é, assumem, ração disfarçada multiplicam-se à me- dade >.
Le PLA.Y (6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, (ad 2) >O segundo tipo, o da famí-
aparentemente, um caráter político, dida que se complicam as relações so-
recreativo, artístico, religioso etc., ao cit. apud BouGLÉ e RAFFAULT) dis- lia instável, domina agora entre as
ciais e se estendem as interações. tingue três tipos de organização fa-
passo que, na realidade, prepondera o populações operárias sujeitas ao novo
9) T udo o que contribue para a miliar:
caráter econômico. (Comercialização regime manufatureiro do Ocidente.
equilibração dos elementos sociais quan... 1) famllia patriarcal (no sentido
do ensino, das diversões, da cultura ilsse tipo multiplica-se também entre
to à inteligencia, coragem, organiza- moderno e não-etnológico) ;
artistica !) as classes abastadas da França, sob
ção, disciplina ou :situação, restringe
Baseando-se no poder, a exploração o poder de uns explorarem os out ros 2) família inst ável ; um conjunto de influências, entre as
pode ser aniquilada somente pela des- 3) família-tronco. quais figura, em prjmci,ra pla.n a, a par-
(cit. apud W IESE 111 2~3 1 29~) .
- 10-4 - - 105
tilha forçada. A f amfiia, coru5t ituida E' a unidade na qual convivem, ao (instituições), o individuo as encon- para denomina.r as esculpturas de
pela união de dois esposos aumenta, menos, três gerações descendentes uma. trou, ao nascer, inteira.mente feitas, madeirà e pedra que os africanos oci-
primeiro, pelo nascimento dos filhos. da outra, tendo, por tradição, como e as r ecebeu pela educação, e, por- dentais veneravam como portadores
E la diminue, em seguida, à medida chefe um avô comum ou uma avó tanto, por via social, >se elas existiam de fôrças mágicas (v. magia).
que êsses filhos, livrando-se de toda comum. antes dêle, é porque, como observa No dizer de PREuss (3, 59), <já o
obrigação para com seus pais e seus No dizer de T HURNWALD (2, IV, E. D URKBEIM, existem fora dêle, o título mosti:a que o s:ibio francês
próximos (parentes), se estabelecem pá.g. XIII), ,a f amília-gra.nde distin- que significa que essa. realidade social, não quer tratar do culto aos astos,
por fora, ficando solteiros ou consti- gue-se da sipe (v. i.) pelo fato de ainda. que penetrando a concíência, ma.s da veneração de coisas terrestres :
tuindo uma nova famllia. Esta se morarem todos os seus membros no lhe fica de algum modo exterior. Ex- de animais e de seres e objetos anima-
dissolve enfim pela morte dos velhos mesmo lugar e de ser conta do o paren- terior e superior aos indivíduos que dos com qualidades divinas, como orá-
pais, ou, no caso de morte prematura, têsco dos membros, geralmente, em compõem o grupo, ela consiste em culos, amuletos e talismans (v. i.).
pela dispersão dos orfãos menores. linha descendente do chefe. Além maneiras de pensar, de sentir e de Chama tudo isso dieux fétiches, pro-
T odo filho dispõe livremente do dote disso, a familia~grande forma uma agir, que são dotadas de um poder vindo disso o uso errado do t~rmo
que recebeu quando partia da casa unidade econômica. Como todas as de coerção em virtude da qual se jétiche que ainda hoje persiste, em
paterna ; em t odos os casos, êle tem famílias, t ambém a família-grande impõem aos indivíduos e que1 reali- parte. Atribue-os a todos os povos1
o usofruto exclusivo dos produws de tem a partictilaridade de esta;r ligada zando-.se nas conciências e pelas con- se bem que trata 1 fóra dos antigos., só
• seu trabalho> (132, 133), Podemos à vida das pessôas que a constitu,em ciências indivi.duais, ultrapassam o de poucos povos : de negros, americ.a-
aorescentar que >a familia instável» morrendo com elas, ao passo que a indivíduo no tempo e no espaço. nos, tribus da Sibéria e lapões.»
é nos centros urbanos da América de sipe se renova automaticamente, sen- ~sses fatos distinguem-se, poiF!, pelo Segundo L AsCB (39) >o f etichismo
civilização europeizante o único t~po do, de certa maneira eterna>. seu caráter coletivo, listo é, por serem é apenas uma modalidade do demo-
existente. cj. família, família pequena. fatos pertencentes a um grupo como nismo, sendo imaginados os espÍJ."itos
(ad 3) <O terceiro tipo, a família- grupo, e pelo seu poder de coerção, como ligados a certos objetos inâni-
tronco, desenvolve-se por si mesma Família-pequena - E m alemão K lein- isto é, por serem sujeitos à senção mes que são, primeiramente, moradias
entre todos os povos que, depois de familie, em inglês little jamily. social, difusa, como a da opinião e, depois, só símbolos dos espíritos
se terem habituado aos benefícios do Consiste.. em pai, mãe e os filhos não pública, que não tem orgão especia- com, os quais estão em relação ; e de
trabalho agrícola e da vida sedentária lizado, ou organizada, quando admi- a côrdo com isso se realiza o culto.>
adultos. As vezes se agregam paren-
têm o bom senso de defender sua vida nistrada. por orgãos definidos, como cj. animismo, religião.
privada contra a dominação dos juris- rentes solteiros ou solteiras, viuvos ou
viuvas com seus filhos, em geral pas- os tribunais. >
consultos, as invasões da burocracia
e os exagêros do regime manufatu- seiramente até formar familia--peque- cj. categoria social, coerção, con- Feudalism o - <Quando uma auto-
na própria. trole social, grupo, pressão social. ridade central nã o consegue constituir-
reiro. Essa organização associa aos
pais um único filho casado. Ela pro- cf. família, família-grande. se, ou quando, tendo-se constituído,
porciona a todos os outros, além de um Feitiço por analogia - Do têrmo vai enfraquecendo, é, as mais das
dote, um estado de independência Fato social - e É fato social toda alemão Analogiezauber. vezes, um regime feudal que se ins-
que lhes recusa a família patriarcal. maneira de agir, fixada ou não, suscep .. O feitiço por analogia quer produzir tala, regime êste que une, estreita-
Ela conserva em sua integridade, na tível de exercer sôbre o indivíduo uma a contecimentos desejadQs na vida do mente, autoridade e propriedade, fa-
casa paterna, os hábitos de trabalho, coerção exterior ; ou ainda o que é bom.em e da 'naturesa, por meio de zendo repousar a ordem social sôbre
os meios de prosperidade e o tesouro geral no âmbito de uma s'ociedade repre~entaç.ões i;m,itatívas e signifi.ca;- a dedicação do,s vassalos aos s:uzera-
dada, tendo uma existên cia próprii!,, ti:Vl'l.S· Assim, ;i;>or ~:itemplo, as d,ansas nos > (B ouGLÉ e RAFFAUiiT 187).
dos ensi.J;i:am.entos úteis legados pelos ' .
ancestrais. Ela se torn.a um centro independente de suas manifestações f álicai:i de algumas ·tr.ibus índias do <A génese do feudalismo liga-se à
permanente de proteção ao qu~ todos individuais.... ( DURKHEIM 5, 19). 1
Brasil pretendem produzir fertilida,d e dominação (v. i.) política, realizando-
os membros da familia podem recor- Na definição do fato social trata· nos homens, animais e nas plantas. se quando a racionalização do poder
rer nas vicissitudes da vida. Graças se de uma determinação geral de chega ao ponto de tornar possível a
a êsse conjunto de tradições, o ter- todos os possíveis objetos da socio- Fetichismo - D E BROSSEs, o presi- exploração econômica ou político-mi-
ceiro tipo dá aos indivíduos uma se- logia (v. i.), como se pode depreender dente da e Acadéroie des inscriptions litar > (T HURNWAlJ> 2, IV, 172).
gurança desconhecida no segundo e da interpretação de AZEVEDO (47, et belles lettres >1 intitulou a sua obra 'Um papel relevante cabe ao feuda-
uma independência incompatível com 48) : aparecida em 1760 : Du culte des dieux lismo no processo de forma~ão do Es-
o primeiro> (134 ). <Os fatos sociais t êm, portanto, uma jétiches, tomando êste vocábulo da tado. Muitas vezes, considera-se a
cj. o a rtigo matrimônio e os de- realidade objetiva e um caráter espe- língua portuguesa cuja forma feitiço organização feudal como instituição
mais artigos aí indicados. cifico, irredutível, fundamental. Sé corresponde ao latim jacticius, isto é, que pertence a uma fase tardia da evo-
a linguagem, as idéias morais, as prá- jeito com as mãos, sendo, originaria- lução histórica.. Não é possivel apro-
Familia-grande - Em alemã-0 Gross-
j amilie, em inglês en"larged, e:den<led,
ticas da vida religiosa, e, em geral,
todas as crenças ou maneiras de con-
r mente, uma designação para amuletos
(v. i.) crist.ãos e, no século XV, em-
var essa opinião senão com restrições
Je certa impc,rtâucifi. Sem dúvida,
compound family. duta estabelecidas pela coletividade pregado pelos navegantes ew·opeus, uma organização feudal se pode reali-
I
- 106 - - 107 -
zar somente em sociedades estratifi- tumes de todos os povos, ao puso e) f6rça.s intelectuais que visam a sejam ~uas finalidades. P or ma.is q ue
ca.das. Às comunidades homog~eas que a. Volkerkunde estuda. toda a cul- aquisição de conhecimentos em geral. variem os fins grupa.is, a~ forma~ de
o feudalismo é inteiramente estranho. tura (v. i.) dos povos natura.is (v. i.), P or ser o res ultado de uma analo- interação são idênticas.
nunca perdendo de vista a. multipli- gia precária e inútil ao conceito mecâ- D e outro lado as formas podem
Mas êle se encontra nos primórdios cidade dos povos (Volker) e de suas
da h istória em comunidades estrati- nico de f ôrça, a concepçã.o de jôr_ças variar ficando o conteúdo coDBtante.
culturas, multiplicidade essa cuja. im- sociais é bastante inexpressiva e per- A política, por exemplo, como con-
ficadas. Em virtude da economia
portância. é substituída, na Volkskunde, feitamente dispensável. E' por isso teúdo intencional (v. i.), realiza-se em
natural predominante, êle apresenta a •
forma m a.is apropriada. para a mani- por certa exclusividade que focaliza que na sociologia. atual o uso do t ôrmo uma variedade de formas, como, por
festação da depend ôncia econômica. um determinado povo (Volk), pondo jôrça social está desaparecendo. exemplo, sejam: organização, com-
talvez alguns elementos da s ua tra- petição, cooperação, conflito, hierar-
A camada superior monopoliza a pos- dição em relação com analogias• fol-
se das t erras e dos rebanhos, das mu- Formalismo - Todos os grupos e cole- quização, decentralização, antecipação,
clóricas de outros povos, n u nca, po- tividades ligados à tradição, que n ão etc ..
lheres e de tudo que é considerado de rém, compreendendo, numa visão pa-
importânma vital, mas cede-a, con- se transformaram durante um certo FormSts sociais existem não somen-
norâmica, o quadro multicor da hu1na- tempo, tornam-se obsoletos. O que te onde há estruturas definidas, mas
fere-a, reservando-se o direito da nidade. Assim, por exemplo, o f ol-
no1neação dos vassalos e, desta ma- obedecia, antigamente, a uma neces- tambéni onde . há apenas contactos ou
clore brasileiro ocupa-se da t radiçãp sidade ou representava um seryiço à r~lações efêmeras.
n eira, nasce um111i relação de depeir das I;J.arraições, crenças, lendas etc.
"\

dência q~e forma a base para um cres- coletivid a4e, restf'in~e-se agora a um
do povo brasileiro, e a etnologia pra- mero conglomerado de fórmulas ou Frátria - D o grego. Em Atenas
cente entrosamento de camadas e sileira estuda as cultura~ dos povos
grupos" (Tuun.-nv.ALD ~' IV, 172). princípios que vã.o perdendo s ua signi- >a organização da cidade repousava
índios do Brasil. ficação em face da realidade social, no antigo genos, isto é, em um agru-
cf. dominação, poder. cf. antropologia. constituindo assim um caso de forma- pamento de indivíduos que se con-
lismo. A·' medida que seus represen- sideravam descendentes de um ances-
F olclol'e - D o inglês. Corresponde ao Fôrças socia is . - Inclinações, tendên- tral comum. Essas famílias que man-
tantes percebem a discrepância entre
t êrmo alemão Volkskunde. cias, opinião pública, interêsses, sen- a realidade e o caráter da instituição, tinham ligações locais agrupavam-se
Nota Joaquim RIBEIRO (20) <que timentos, atitudes, desejos, etc. isto vão se aferrando a preceitos formais, em j ratrias e, além disso, em quatro
o vocábulo f olk-lore, criado em 18~6 é, quasi tudo o que é susceptível de dedicando-se ao culto da frase e ao tribus ou filai > (R oussEL, 48).
por W. J . THOMS para substituir a originar ou estimular as interações ideal da correção (WIESE 1, 270, 271 ). O t êrmo frátria foi, antigamente,
a. expressão Antiguidades populares sociais ou de produzir mudanças mais empregado na etnologia para designar
(Popula1· Antiquities), tf;tulo de um ou m enos incisivas na estrutura so- Formas soci ais - Todos os processos, a metade (v. i. ) tribal (v. t·ribu) exó-
livro de BRANDT, tinha, a principio, um cial, é chamado, às vezes, fôrça social. relações, estruturas, organizações e gama (v . exogamia) ; cf., por exemplo ,
sentido restrito referindo-se às tra- Segundo W ARD (cit. apud CAr.- fenômenos sociais que conservam uma THURNWALD (2 , II, 148) e LAScH (10).
dições populares, e só mais tarde VALHO 1, 59) >a fôrça é una, roas a.s certa. independência em relação a seus
tomou o senti.do lato, aliás, de pleno suas manifestações são múltiplas:.. conteúdos, no tempo e no espaço, são Funcionalismo - Segundo M iJHLMANN
acôrdo com a etimologia : f olk : povo ; e No estudo da ação das íôrças so-
. .' chamadas for.mas sociais. (2, 7, 8.) foi o choque da <civiliza-
e lore : conheciment o, estudo. Hoje, eia.is, êle (W ARD) dist ingue e examina I!J' possí~el, segundô SIMMEL (2, ção européo-americana > coI)J os povos
Etnografia, Folk-lore e Volkskunde as que estão em equHíbrio (estática 8 seg.) discernir conteúdo e forma da na~urai13 que ocasionou >a formaÇã,o
são exptessões sinânimas, equivalen- social) e as que estão em movimento sociedape. A sociologia (v. i.) que de uma t end&uciai funcionalista na
tes>. (dinâmica sociail), (.AZEVEDO, 420) . pretende constituir-se como 'ciência etnologia (v. i.). Considera-se o c4o-
Não podemos concordar com essa A divisão dada por WA~P (cit. aut.ô noma, especíiica, precisa ter um que cultural como experjência que
última afirmação do eminente folclo- apud CARVALHO 11 57 seg.) é .a se:.. objeto específico, inconfundível com admite verificar a.a funções de diver-
rista brasileiro. E' ve.r dade que a guinte: os objetos de outras ciências as quais sas esferas cultw·ais e as funções da
palavra Volkskunde é a tradução exa- 1) Fôrças físicas : tratam do conteúdo da sociedade: cult ura em sua totalidade. Com isso
ta em alemão da palavra folklore, a) ontogenéticas ou presservadoras religião, economia política, técnica, recomeça a manifestar-se, na etnolo-
sendo usada nos países de língua ale- que têm por fim a subsistência; arte etc.. gia., uma especie de síntese de lr>io-
mã em lugar do têrmo inglês. Nunca, b) filogenéticas que visam a repro- A possibilidade de separar as for- logia e historia, porque a colocação
porém, é confundida com a etnogra- dução. mas dos conteúdos sociais repousa dos problemas no funcionalismo orien-
fia (v. i.), disciplina. integrante d a na. relativa autonomia das formas em ta-se, essencialmente, pelo ponto de
2) Fôrças espirituais ou sociogené- vista das ciências naturais, sendo
etnologia (v. i. ), que o idiôma alemão relação a seus conteúdos . Conteúdo
distingue bem pelo nome de Volker- t icas <são os impulsos socializa.dores e e forma variam, independentemente aplicaqa, por6m, agora, a um rico ma-
kunde. Essa aplicação do plural da civilizadores da humanidade:.. terial de fatos coligidos pela investi-
uro do outro ; competição, conflito,
palavra Volk (povo) marca carateris- a) fôrças morais, creadoras da mo- antagonismo, imitação, düerenciação gação histórica. Os rep resentantes
ticamente ai diferença, pois a Volks- ral com suas modalidades e variantes ; social etc., como sendo formas so- principais dessa. tendência etnológica
kunde é a ciênci'1. da tradição do povo, b) f ôrças estéticas, creadoras da ciais, existem em todos os tempos e são B. M AJ~INO\VSKI e sua escola na
crista.lizada em crenças, lend~ ~ ÇQ~~ arte em seus vários ramos ; em t odos os grupos, quaisquer que Inglaterra, A. R. RADCLIFFE·B&oWN
- 108 ~

(Chicago) e, com inclusão das rela- partes e o todo, as qualidades de fun-


ções decorrentes do fator tempo, ção ou estrutura., são diferentes em
Richard TIIURNW ALD (Berlim).> cada cultura. A cultura e suas di-
No dizer do mesmo autor (2, 15, versas esferas são reconhecidas, na
16) >a maior par te da etnologia ocupa.- sua essência., segundo o método da.
se das formas fenomenais do ambiente interpretação mútua da partee do
cultural: técnica, economia, formas todo.
sociais, estado, direito, religião, arte, >A objeção de que se trata de um
etc.. Essas esferas culturais podem círculo, já foi vent ilada, por DIIr
ser estudadas, t ambém sob o ponto THEY. Vale lógicamente, mas não
de vista da associação, como sendo para a. investigação prática.. A con-
sistemas culturais (DIL'l'H ElY), que, pelo frontação das partes com o todo ofe-
seu valor objetivo de fôrças forma-
doras, reagem sôbre o homem que a~
rece, na prática., a possibilidade de
subir, numa série de atos de pensar G
creou (-cf. fy.111HL~ANN 1, cap. VII e sucessivos, a. pontos de vista sempre
VIII). mais ~leva.dos. O etnólogo ;viajante
que, por exemplo, procura compreen-
>São especialmente os biólogos que der uma cultura aldeã melánéSia, no Ge11.ipapo - Do tupí (cf. a bibliografia 8TADEN (v. 3, f. 2) relata dos Tupinam-
não querem reconhecer êsse duplo seu ciclo vital, está longe de procurar e as variantes da palawa em F'RIE- bá,. Segundo THEVET (apud HoEHNE,
aspecto da cultura, ou, antes, não o um accesso místico à totalidade da DERICI 1, 4l ). No tupí recolhido 116), os Tupinambá obtinham o lí-
percebem. Considera-se o homem cultura. Estuda, sucessivamente, os por 8TRADELLI (468) é ienipáua. quido, exprimindo as frutas por en-
sómente como fator biológico da cul- diversos domínios, por exemplo, a Dos Tapirapé ouvimos dginipáuã. tre as mãos. O suco é claro como água,
tura, si bem que o ponto de vista de técnica (t), a organização social (s)~ t ornando-se preto quando enxuto.
E ' a fruta da Genipa america'Tja L.
um ambiente cultural seja, enfim, tam- a economia (e), a. religião (r) - (esque- E ssa tinta, no dizer de STADEN (l . c. )
(cf. HoEHNE, 354, 385), isto é, do
b ém biológico. A queixa de alguns matizamos de propósito) - e obtem e Gabriel SOARES (215) dura n ove dias
genipapeiro do qual STRADELLI (468)
biólogos, de que a etnologia estuda as dêsses sistemas cultura.is os conceitos na pele, não saindo antes, apesar de
diz o seguinte : >Arvore que cresce de
formas fenomenais da cultura como provisórios em forma de esboço : lavá-la. Confessam os que não per-
si se tratasse de formas separadas do preferência nas terras firmes, adqui-
t1, s1, e1 , r 1. Tratando de compreende- maneceu na nossa cutis mais de dois
homem, não é, por conseguinte, jus- rindo grande altura e desenvolvi-
los na sua coerên cia funcional (con- a três dias, quando havíamos sido
tificada. A ficção como si aqui hou- mento. A sua madeira, de fibras
cretamente dito: estudando a in- pinta.do por uma velha Tapirapé.
vesse formas do espirito objetivo, tem longas e elásticas, é própria para tra-
fluência. da técnica sôbre a formação Nesta tribu, homens e mulheres, fre-
o maior valor heurístico. Que sabe- balhos de tôrno e usada para remos ;
da. economia, a influência da religião quentemen te, pintavam o corpo de
pode vantajosamente substituir a faia.
ria.mos de toda a vida espiritual e sôbre a organização social, etc.), obtem genipapo. E ntre as mulheres era
cultural da humanidade, si não tives- Da maceração dos renovos extraem tão comum que a a usência dessa pin-
da cultura o conceito provisório em uma tinta arroxeada. com que as
semos estudado, primeiramente, como forma de esboço : c1 • De c1 procura tura nos causou a impressão, que cos-
farmações objetivas, as formas d~e mulheres, com especialidade, pintam tuma causar numa ho.r a inconve1úen-
entender melhor : t1, s1, e1, r 1, e a cara e o colo, com o fim, dizem, de
espírito e dessa cultura ? obtêm em contornos ma:is nítidos : te, o negligée de uma senh,ora civiti..
amaQ,iar e embranquecer a pele e zada. Havia uma pintura, t~pica, qué
>Como a paisagem e como o meio t2, s~, e2, r2 1 cuja ·coerêhcia funcional, livrá-la de. doenças. Na maloca (v. i.)
social, no sentido mais amplo, tam- por seu 113-do, lhe apresenta, mais ní- todo o sexo f eminíno usava unifor-
'é usada juntamente com o carajurú memente, ao passo que os hom ens ti-
bém o ambiente cultural é função e tidamente, o contôrno da cultura.: para pintar-se na.s dansas,. e as moças,
estrutura com o sentido íntimo de c2. De c2 o etnólogo obtem, em nham várias figuras, toda:s distintas
mesmo diariamente, gosta.m de trazer daquela. Além de pintarem-se o
assimilação e hariID.onização das suas prosseguimento do mesmo processo : pintado com genipapo o dorso, o colo
tª, a81 eª, r 3 ; etc. > co:rpo e, de preferência, enegrecerem-
diversas esferas. A concepção fun- e os braços, e em alguma tribu é sinal se completamente as mãos, os Tapi-
ciona.lista da cultura que foi elabo- cf. cultura, mudança de cultura. de moça solteira. > rapé gostam de orlar a bôca com essa
rada., especialmente, por MALINOWSKI O suco da fruta dessa rubiacea é, t inta. Entre êles e, principalmente,
(1, 2) considera. a. cultura como um Fusibilidade - A tendência para a ao lado do urucú (v i.), a matéria entre os K arajá do rio Araguaia,
todo, a.o qual todas as partes se re- miscegenação de um grupo étnico corante mais importante empregada vimos os rapazes na. época da inicia-
ferem, sendo até determinadas por ou racial com relação a outros deter- ção (v. i. ), ungidos de genipapo em
pelos índios para a pintura do rosto
êle. A espécie das relações entre as mina sua fusibilidade. e do corpo. O seu preparo é mais todo o corpo e em toda a. cabeça, de
facil que o fa brico dessa past a ver- modo que nenhum pedacinho da pele
melha. Os Tapirapé mastigam, sim- tinha conservado a côr natural.
plesmente, o genipapo e põem o suco Menciona Gabriel SOARES (1 e.)
• numa cúia (v. i.), como também ainda: <Tem virtude esta tinta para
'

- 11Ô -·
fazer secar as buste1as das ho.ubas aos Gera:ntQeracia - Do grego. f. C:io'Vêtno "Â geração .l'.1:-"va n.e-cessíta de ajuda ficuldades e l:l- pobresa dl} sua exíst~n­
índio:;;, e a. quem se cura com ela>. dos gerontes (quer dizer : dos sena- e orienl;a~ão pela geração velh~, n,atu- cia, (10-:pip.re.ençle-·s e que êles, d.e:pois de
P ara o f abrice da tinta só s~vem as doré$ de. Esparta)>. ralme.n:te superior. Ent re QS homens terem atingido uma pp~i~:ío social
fruta.s pouc0 antes de maduras, isto N á etnologia, o t êrmo significa o a; imaturidade é, mui-tp prolong~da. elevada, não abram mão dos priví~­
é, qu&ndo não ere_sce,m mais, o que, govêrno dos auciões; Ma,l:l também entre os _macl\cos, os gios c.onquistaidos'. AsS.im se explica a'
aliás, podem até alcançar o tamanho THURNWALD ($; II, 86, 87) eséreve
maj:~ velhos têm ql;J.e facilitar a adapta- gerontocracia. Ela não repre~ent~
de dois punhos. .A.d quirin:dor porém, çã-e e {r}r,ie;ntaç~o dos maiS, novos. A u~ fase especial na hil$toria da vida
a respeito : < A gerontoctacia das social da hnma.nidade, mas apenas
a casca vei:doenga uma côr pardacenta comuni.d ades náo estratilicadas deve fêmea do b:ugJo ensina o filhote a tre-
e toda a .fruta uma certa moleza, eis
se~ eon.sidexàda como resultado da
pai,". Ela o anima e, qua.ndo h á, perigo uma variante de n.ec~ssi dades bioló-
que chegoU- o temp o no qual f?e perde de cair, abre as .rp:ãos pru:a- protegê-lo. gicas, variante es$D· qlf~ tem de $Ur-
at;nu:nula9ão de conhecimentos pelos
o efeito corante e ~e apresenta um ve.llioi;; que se tGrnaram assim po1·- A fêm~a do chimpanzé ensina seu gir, fo-rçosamente, entre homens de
alimento nitrito estimado pelos ~bi­ ta;doTeS, d~ssas aquisições· e das trai- filhpte a ca.mip:h.ar . A té agora o recursos técnicos pobres. Técllica,
t~ntes qo interior seten~ríqnal e cen- carr~ava, de repente o poe rr.o chão. pobre, posSibilidades r~strita.$ de a.dap-
diçê>es. Destarte 1 a ge~·ontocracia
tr~ do Brasil, gozando ta.m b,é m da No C07n.êço a criança-ehimpan.zé grita taçã;o transferem necessariamente, o
simpatia de alg\lns s)bari~ daf§ qi- coustitue um. fátor que aumen.t a a
e foge ao colo d.a mãe. E~ta não eentro de gravitação da vida S,Gtüa l
d~de~. Comem-no crú, depois! de cultw·à.. Os velhos aproveitam. s ua cansa, de animar o peque-no, toxnan:do
p.o sição para defender....se contra a para cima, isto é, pa:r a as gera~ões
tirar a ca-sca e. as numeros~ p eque:o.as a p6-lq no ,ç háo, a té que êste, mais. mais velhas.
conourxêfleia e as usurpações da mo-
s..e mentes. E' considel:ado . fottifícan- c0r~.joso, g31iinha, finalmente., alguns «Todo o pQder e toda a a\1toridade
~

t e do e~tômago. Fazem também cidade. As ilôrnias não assumem a


met.r os. de que gosam os, velhos, Jt_pãvé"cem,
vinho de geµipapo que ·tem o mesmo feição de ordens, mas aparecem como
~Não ha :ama educação sistemática
perfume sv.perarom~tico e 0 mesmo cerimôniaS' ou .ritos religiosam ente res- da ma!\eíra maís convmqente, por
peitados e imvostos, .gert;tliriente, por entre p-Ovos nat ur:ais. As ctian;ças ocasião d as íniciações (v. i.) » M ü liL-
esqUÜ3it0 sa.b or ad<:>.cicado e levemen~,e via indfre:tâ. ' ' c,omeç~.m imj.t ,ando1 e:m. um ·$ entido MAN:N 1, 266, 26J, 268),
oleaginoso, . que achamos l'la carne meramente, exterior, o que o~ ·pais
verdo~nga am,arela des.iSa frllta, «A· ge:i,·Qntocracia qu~~ ent:r;~ alguns fa.zem, Sem cempreender o signi,.ficado cf. mat).'.imônio, poliginia.
po;vqs; apal'ace em fo,rma mt;).is a,e en- de seV.s atos, atG que,,, m:a;is t.arde, o
cj. atl-ôrn.o . tuada4 envolve uma,, cemplicaç~o es- jôg0 se train.sf:orm:~, de mtt.h:eir:a im- G inecocracia - Do gregó : « Govêrno
pecja,1 quanto à partieipa~ó mat.r i- pereeptível, em o~upação séria. A de mulher :>'. ' Como entre os povos:
Geus - (plu ral : gentes). T~rmo la- moniaf aces.sória n~ vida. sexual pelos. naturais (v: i.), as unidadgs socJaia
(

tim. (V. é lan). falta de edueação sistemãt.ica· faz


parent,es: mais c.h1;igado~. A int1Qên- com <I\le ,a; adaptação às necessidades e políticas, em geral, são tão p equenas
cia do:s velhos perde· pre:va:lecer de da Vida depeJ)..tie muito mais de exp~­ que, no estado ginecocrático, o p0dei-
Gen~io - ~'egundo Candido de Fi-
du~s 'Illfltn~iras : 1) p~lo e:ontrole dos riências pe.Ssoajs, da. aqui:s~ç.ão paula- está na_s mão,,S da.a mães, q~er dizér,
" gueixecl:o, da pala;v:ra latú;>..a geni#vu.s, V-!;Jlhos , s&bre a troca d~ mulheres en.- das mulheres chefes de fitmíljas-gran-
d e gwiitus. tina de ·uma vrui12n,cia pessoal, do
tre outros ; . 2) pelo ·pi:oces,So de asse- qli~ entre nós onde a edu~a;ção siste- de·s (v. i.), ou famíliá'S-p.e:quena.s (v. i .);
Ná' definiç~o do-. mes)'llo autor, gu;r~t;-se q~rtos , privilégioS'. O último a etnologia usa, por .limítar-se ao es-
gent-io é >,a;1:iuêle que .segue a religião m·á:tie,a. fa.cilita a vida, to1-nando des-
caso pode leva~ a um iuSo primae nece$E1árias m uitas experimentações, tudo da cultura dêsses povos, em
pagã; .o iâólat.r a. > noctis mais ou menbs 'estenso e, muitas erros e córr eções. A.cires.«:a que. qs regra só o t ê'.Fmo matriárTcado (v..
Cândido de · FIGUEIREDO explíêa "V"ezes, co.m ple'tado por temporadas ne matriarcal) como designação tl.e gpyêt-
ainda os seguintes. têrmos : povQs :na:tui;ais não têm escrit.a que
Tobia.s (v. i.) , abàten 9ões dó noivo. regIB't;re. a-& experiências feitas e se no social e político de mUllier. Cbn-
>.Cfentilid~de : R eligião 'd os g:en- PpStêr iormente em $óoiedades estTa- utilize delas em: .fav01· da geraçã.o vôm empregár a j)alavra ginecocracia
tíos. Os geJ11'1iíos. P aganismo. (Lat'. tificadas, de.êorrem daí prl.Vilégios aos seguin~. Não lla educa~ão metódica em sentido mais amplo, isto é, eom•
(JeJJ,tilitp,s). · , chefes e da nobr eza. P õr õutra part~, pór faltarem ex:per~·êneías metódicas preendendo não some,nte as fo:rrof);s
Gen t ilismo : O, mesmo .q ue genti- o .gov:êrn0 dos velhos l~va a ·fórmás de ~. Éilstemãtíza.Çã.o ·dos conhecimentos. matria;rca.is, mas também · govêrnos
lidad e. An t iguidad e pag3ill. P aga· matrimônio suce$sivo que encontra"' Efrtl'e os povos n~turaiS é ~ais pen.os.o ç~mo o de Catarina II da Rús~ià.,
nismo . P ávos gentícis. (La t . gen- m0s em al~mas regiõ·es. ., ~ o proces.so de aprencijza.gem do que Maria Teresa da, Austrja e da atl:l;al
tilis). ~ >A base bi0l6gica· da géront.o cracia .ent :rie nós. Acresce rri.ais o seguint e: rai:pha da Hqlandar
:füstes, têrmos, muito ' usados prín- está: na fraqueza , da g~tação nova. a vida entJJe povos naturais é mais
cipEJ.lmente n:a época das âesoobertas Precl0mina, necessariamente, a gena- penbsa e .mais rude do que. entre nós, Gavêrno- cf. autoridade, dotninacgão,
e conquistas, nãô sã.o recomendáveis ção na qual as fôrças espjritt\ais e fí- o motl<> de vive1· anti-higiênico, a Estado, lidéránça, pode:r, prestígio.
para o e.mprê go científico, porque repre,., sicas de homem , se. achem equilibra- alimentaçã:o monlSrona e, muitas vezes,
. sentam o ponto de vista subjetivo ®s, e as ex.periênejas- f citas póssibili- insuficiente. Os homens envelhecem G'l'aduação - Todo processo· de estra-
cristão, sendo, aléni disso, demasiada1- tem 1uma ad.aptaçãe otimal às· neces- mais rApidamente1 talvez por moti- tificação (v. i. ) vaí acémpa'nhado, eo
men te v agos.
1
sidades da -vida. , Domina quem tem vos raciais desconhecidas até hoj e. ipso, d e graduação, cemo re$ulta,do de
a melhor orientação, em todo1 0 1 Para mui tos homens n aturaís a velhi- uma avalia~ão reeiproca d,e casta$
Geografia humana - ef. espaço.. 1entidos da palavra. ce com eça aós 35 anos. D adas a.3 di- ou classee sobr epostas.
-112 - - 113 -
Entre os critérios de superioridade, sob determinadas circunstâncias, não 2) eO individuo considera seu grupo bro do grupo ao grupo, como totali-
citados por R oss (1, 336, 337) lem- podemos predizer o comportamento como grupo, isto é, como totalidade dade que une o grupo e o transforma
bra.mos o nivcl de vida (indumentária, do grupo pelo conhecimento a.penas articulada em um certo número de em um indivíduo coletivo capaz de
diversões, habitação etc.), a abstenção que temos dos seus indivíduos. Se pessôas. - Os indivíduos são apre- uma volição coletiva. > Acresce, po-
de atividades lucrativas (na velha quisermos ser capazes de antecipar o ciados e procurados porque e à. me- rém, que os membros se consideram.
aristocracia.), bôa educação e cultura comportamento do grupo temos que dida que constituem, juntamente, o e sentem unidos pela conciência. do
ornamenta l. estudar o meio pelo qual os processos grupo, cujo valor cada qual encarna. N 6s exclusiva.mente no que diz res-
Possíveis resultados de graduação mentais de seus componentes são O oficial de exército, por exemplo, peito ao próprio grupo.
são, à opinião de Ross (1, 339) : modificados em virtude de sua. facul- perde o poder de atração para seus 3) Acresce mais um terceiro elemen-
1) o inferior tem que suprimir todos dade de serem membros. Isso equi- camaradas quando deixa de usar a
vale a dizer que temos a estudar as to constitutivo, o conteúdo intencional,
os sinais de emoção em presença do farda.> isto é, o fim do grupo que, com rela-
supe'l'ior (riso, conversa, $U!presa, curio- interações entre os membros do grupo 3) e O grupo não soment.e é vivido
sidade etc.). e também aquelas entre o grupo ção à totalidade social e cultural,
como sendo uma entidade, dotada constitue sua função. E' óbvio que
2) A personalidade é muito desigual- como todo e cada membro. Temos que de existência própria, mas êle possue
exarnjnar, também, a.a formas de or- os homens se associam somente em
mente desenvolvida no superior e no essa independência também em um virtude de uma idéia ou um interêsse
injerio?·. ganização grupal e sua influênci~ outro sentido ; êlc Leva ui;na vi,<J..a
sôbre a vidai do grupo.> que faz convergir suas vontades in-
3) O estatuto social e não o con- própria e tem seus estados, faculd2odes dividuais para um.a direção única.
trato regulal'izam a divisão entre SIMMEi (2, 73) caracter~za a socie- e atítudes próprias sendo todas elas Um grupo sem finalidade não seria
supe'l'ior e inferior. dade (no sentido do grupo) como uru- relativarnentc independentes da mu- concebível. Frequentemente o con-
4) Multas e indenisações são gra- dade sui generis pelo seguinte: >As dança dos indivíduos. Famílias e teúdo intencional é uma ficção, mas
duadas segundo o estatuto social. energias que ela põe em jôgo para Estados, regimentos e associações tem sua atuação é a mesma enqu anto os
5) O inferior v em a ser considerado se conservar não t êm nada de comum s uas faculdades e seu caráter, sua componentes do grupo acreditam na
nã-0 simplesmente como tendo menos com o instinto de conservação dos moral e seus valores, seus destinos,
indivíduos. Ela emprega para isso sua realidade. O conteúdo intencio-
valor, ;mas como existindo somente interêsses e fins, inteiramente assim nal estabelece a ligação entre a socio-
para o superior. procedimentos tão diferentes que, como um indivíduo. Todo grupo é, logia (v. i.) formal e material.
muitas vezes, a vida dos indivíduos portanto, uma entidade própria e
cf. casta, classe, estratificação, hie- fica intata e prospera, ao passo que possue também s ua vida própria no 4) Finalmente, o quarto elemento
r.a rquia, nivel social. a do grupo enfraquece e vice-versa. > sentido de um.a individualidade> (VIER- constitutivo do grupo social é repre·
A relativa independência do grupo KA.~DT 2, 242). sentado pela continuidade. Mac Dou-
Grupo - I. Definição e natureza. - A GALL (1, 49) considera a continuidade
forma basica da associação huma,na constitue sua objetividade ou exte- Encarar o grupo como unidade in-
rioridade que DuRKHEIM atribue a terna equivale a dizer >que os compo- como elemento b ásico dos demais.
denominamos, segundo VIERKANDT, Distingue êste autor
WIEsE, DuNKMANN, GEIGER e outros, todos os fatos sociais (v. i.). <O grupo nentes do grupo se consideram a si
grupo. ~sse agregado social, o ser subsiste na mudança dos indivíduos. mesmos con~o tal unidade, .no sentido a) continuidade material e
coletivo par excellence, deve ser com- ::êle assemelha-se à correnteza que con- de uma conciência do N6s (v. i.)> b) continuidade formal.
preendido, como o foi por DURK- serva sua forma constante apesar da Es&a conciência denominamos co1t.-
Material é a continuidade quando
in$tabil:ldade de suas gotas. O que é ciênçia grupal ( VtlilRK.ANP'r ~' 244).
REIM (1, 25, 26) como ser sui, geMris, o grupo persiste nos mesmos indiví-
sínte:;e ou categoria social (v. i.). colli!tanile nêle, é uma certa forma A inten~~çlaP.e de fusão das conc;iên-
duos ao passo que a contir\uidade
existencial, U'lJlBi certa conduta, certas cias individuais no N 6s dete1·.rnjna o
.O grupo social constitue, portanto, se pode qua1ificar como sendo formal
uma entidad~ irredutível e não pode convicções e uma certa maneira de gráu de sociabilidade., GunvrToH dis-
quando o grupo persiste mediante
pensar e de agir. Nêste sentido po- tingue trê~ formas de sociabilidade
ser explicado, de maneira alguma, (v. i..): massa (v. i.), comunidade um sistema de posições definidas
como <Soma dos indivíduos>, nem como demos falar do esp~rito constante d e ocupadas por uma sucessão de indi-
um grupo. - Verdade é, que o espí- (v. i.), e comunhã.o. E' óbvio que
>conden sação de contactos e relações>. todas as três pode1n realizar-se em víduos.
(WIE:.:>E 1, 25, 26). A condensação de
rito é susceptível de se transformar,
mas isso se dá de uma maneira perma- qualquer grupo concreto. Todas as demais características do
relações é, muito ao contrár io, con- grupo são derivadas, senão meramente
sequência. da existência de um grupo, nente, orgânica> (VIERKA.NDT 2, 241 ). II. Elementos constitutivos. - Nossas
O caráter objetivo do grupo eviden-
acidentais. A organização (v. i.)
nunca, porém, sua causa. O caráter exposições Levaram, até agora., à ela- é, em grau mais ou menos elevado,
categorial do grupo pode-se deduzir, cia-se ainda. pelas constatações seguin- boração de dois elementos constitutivos imanente a todo grupo, ao menos
facilmente, do que observa Me Dou- tes aduzidas por VIERKANDT (2, 241): do grupo: como fator potencial. O mesmo se dá
GALL (2, 21) a respeito da unidade 1) <O grupo é anterior ao indivíduo 1) A objetividade ou exterioridade. com as tradições e costumes cuja
grupal: <Mesmo conhecendo-se todo que, ao nascer, o encontra feito. A 2) A conciencia grupal, caracterizada, existência a continuidade do grupo j á
membro de um grupo de maneira determinação do indivíduo pelo grupo por Mac DoUGALL (1, 56) da seguinte implica. Uma vontade grupal e con-
mais intima e confidencial possível, não exclue, naturalmente, o processo forma: <E' a estensão da auto- vicções grupais constituem-se em vir-
ao ponto de predizer suas atuações contrário. conclência afetiva (v. i.) de cada mem- tude da conciência coletiva e do oon-

- 114 - - 11 5 -

teúdo intencional. I mpulso vital e pelo n úmero três, em r elação ao grupo apenas quanto ao número ou à inten- nando volume e qualidade com as
ordem existencial do grupo consti- constituido por dois (o par). Evi- sidade dessa.s relações, mas como se necessidades (cf. economia.).
tuem artigos separados. dentemente o par deixa de existir trata aqui de uma diferença relativa (ad 3) Os grupos espirituais são
E 1 óbvio que o número dos compo- como entidade SQciàl se fôr a bandonado e não absoluta a insuficiência do cri· subdivididos em :
nentes influe poderosamente sôbre a por um dos dois componentes, ao t ôrio de intimidade torna-se patente a) grupos cientíji·cos : dá-se uma
constituição e o f wicionamen.to do passo que qualquer número maior que (cf. intimidade). De mais a mais, se objetivação abstrata e mental do
grupo. Todos eStão de acôrdo que dois envolve um grau maior de obje- o grupo é uma categoria social, como meio ambiente pelo processo de dis-
os grupos assumem uma feição mais t ividade. Um grupo constituido po.r n.cn.bamos de mostrar, êle não pode tanciamento na conciência (DuN"K-
abstrata à me~ida que seus membros três pessôas apresenta outra estrut ura. ser derivado do caráter ou da inten- MANN 1, 210) j
aumentam em número. Mas não há A perspectiva subjetiva que caracte- sidade das relações interindividuais.
b) grupos artísticos : o elemento
limites exatos, e qualquer classificação riza o par, é acrescida. aquí por urna. Tomando como ponto de partida sensitivo é forma e símbolo para a
na base numérica seria mais que pre- perspectiva objetiva. GEIGER (3, 83) o conteúdo intencional, DUNKM.A.NN objetivação de processos espirituais
cária. GEIGER e Lr1'T descobriram e LITT (cap. 12) dão o seguinte esque- (1, 201 seg.) divide os grupos elemen- (cf. ante) ;
apenas que o grau de objetividade do ma lógico de todas as passiveis perspe- tares em três categorias :
e) grupos religiosos: como forma
grupo sofre uma alteração profunda ctivas em um grupo foxmado por três 1) grupos naturais : condicionados t tpica de afirmação da vontade cole-
por fatores biológicos ou naturais ; tiva. (DUNXMANN 1, 211 ). (cf. I'eligião).
B corresponde a união B
e/ 2) grupos finais ou t élicos : condi- Todos os grupos concretos afiguran1-
cionados per um fim concreto ;
./
A união subjetiva entre A ' objetiva entre i e
se como modalidades dos tipos aquí
l 3) grupos espirituais : condiciona-
dos pelas formas de simbolização da
enumerados, e todos êles, como sendo
grupos parciais, estão integrados em
e '\i
e e c·onciência coletiva. um grupo total (povo ou nação).
(ad 1) Os grupos naturais subdivi- A tipologia dos grupos corresponde,
A corresponde a. união A dem-se em mais ou menos, à tipologia das ~feras
e/ a) grupos territoriais : <O espaço é culturais, e como estas se compreen-
./ objetiva entre i e condição prjmordial de sua existência, dem somente em razão de uma tota-
ljdade cultural e como i.:>eu.do funçõ~s
A união subjetiva entre B ""-. 1 e a forma espacial da colonização ou
habitação geralmente é, por isso mes·· dessa totalidade. o~ grupos parciai~
e '\i
e e 1uo1 o primordial elemento morfoló-
gico. De mais a mais ela Já contém
só se concebem como partes integran-
t es e componentes funcionais de um
a n1otivação e tendência para uma todo social.
A corresponde a união A
e/' diferenciaçã-0 intragrupal > (DUN1L'1'A..~
1, 203), (cf. espaço). Grupo-de-coJDer - Entre os Tapirapé,
A união subjetiva entre C'./

e\,
objetiva entre i
l
e b) grupos generátivos, principalmente
a familia. e A peculiaridade da pro-
tribu tupi do Bra.sil Central, encon-
trámos uma instituição social que
creação humana está no fato de que denominámos grupos-de-co1ner (cf. BAL-
B B DUS, 3, 87-96). Sua importância para
a ed·qc~ção da prole se estende sôbre
.,.., . . . . . . . . . . ,.. ..... ., .. • .., .. ,.. .. ,. .. .. ..... • • .. • • • ...... .., .... ...... .. .._ .. • • . , ....... • '< l • - tU ' '°n ul'l \ '

muitos anos1 reveland0-se nisso uma a comunidade depreende-se da sua


finalidade, a saber : acontece, à,s
diferença incisiva dos animais mamí-
O critério mais comum de classi- 1 geralmente mais numerosos e distri- feros, me,smo os mais parecidos com v ezes, que o produto da cn..ça ou co-
ficação dos grupos é a naturesa dos buídos sôbre uma área maior, distin- lheita, que entre êstes índios pode se~·
guem-se pela naturesa indiret a das o homem. Na família >toda espécie
contactos e relações predominantes. de perversidade é punida com a de- consumido por ambos os sexos e tam-
Os contactos (v. i.) podem ser primá- intercomunicações predominantes. Os bém pelas crianças, por exemplo, o
cadência.> (DUNKMANN 1, 204). (cf.
rios ou secundários, originando-se daí contactos pessoais são substituídos, família). porco do mato, mutum, jacú, tarta-
a classificação dos grupos em primá- em geral, por contactos mecânicos ruga , mel, etc. (cf. abstenção) 6 mui-
(imprensa, telefone, telégrafo, etc.). (ad 2) Os principais grupos finais to grande para a família do caça.dor
rios e secundários. CooLEY (23, 24) obeclccem a seguinte subdivisão :
caracteriza os grupos primários como Essa classüicação é precária devido e demasiadamente pequeno para ser
se;ndo constituidos por re]ações de ao fat>o de que ~a.s relações íntimas a) gtupos técnicos : caracteri~a..dos distribuido com justiça e proveito,
maior intimidade, contactos face-to- constituem a vi~ propriamente dita pelo fim de transformai· o meio am- entre toda a população da aldeia. ;
jace e cooperação direta. Os tipos em todos os ag1·egados e formas so- biente, utilizando-se de fatores natu- n ê~se caso e pTccisamente para evitar
principais são representa.dos pela fa- ciais > (DUNKMA~"'N 1, 173). N ão pode rais para domina r a nat uresa (DUNK- um ato menos equitativo, faz-se a clis-
existir, portanto, um agregado social MANN 1, 206). (cf. t écnica). tribuição entre os romponentes do
mília, os grupos recreativos e grupos
v1cmais. Os grupos secundários, no sem relações íntimas (face-to-face) entre b) grupos econbmicos : dedicam-se grupo-de-comer, do qual participa o
entanto, mais abstratos por serem seus m embros. P ode haver düerenças 8. produção e sua. ci.rculação, rela.cio- respectivo caçador.
'

- 116 - - 117 -
Por ocasifío da. nossa presença entre (v. i.) caracterizados ora por traços Não raro os dois fins ee encontram Na moderna. sociedade ca.pit&list a
os Tapirapé, estavam êles divididos religiosos, como nas castas ou nas no mesmo grupo, jamais porém, é o sindicato e, de uma maneira dife-
em sete grupos-de-comer. Contam corporações medievais, ora por normas possível compreender a atuação e a rente, a associação de industriais or-
que antigamente havia maior núme- éticas de naturesa racional, como nas necessidade dessas agremiações sem ganizam-se para a luta económica, e
ro de grupos. ordens profissionais modernas. prévio conhecimento do princípio es- seus objetivos são determinados prin-
Cada indivíduo pertence por toda Nos grupos profissionais o grau de trutural da sociedade classista. Mac cipalmente por êsse fato. O sindi-
a. vida ao mesmo grupo-de-comer ; coesão (v. i.) ou solidariedade (v. i. ) !VER (308) distingue dois tipos de agre- cato, por exemplo, tem, geralmente,
os filhos pertencem ao grupo do pai, varía em razão das necessidades so- miações profissionais : como objetivo confesso a consolidação
as filhas ao grupo da mãe (cf. bilinear). ciais objetivas, isto é, do princípio 1) >O sindicato e as várias organi- do bem-estar econômico e o melhora-
Os grupos-de-comer não têm impor- estrutm·al predominante. Assim as zações de industriais e comerciantes mento das condições de trabalho de
tância para o casamento ; assim, acon- agremiações modernas, por exemplo, seus membros.
exemplificam um tipo.
tece que alguns homens pertencem ao somente se explicam pela existência
mesmo grupo que suas mulheres, e ou- das classes sociais que determinam a 2) As organizações de grupos pro- Em organizações profissionais, de
tros homens a outro grupo. estrutura da sociedade moderna. Mor- fissionais, médicos, advogados, clérigos, outro lado, o conceito funcional é
Dentro do seu grupo, todos os mem- mente a classe dinO.mica par excellen- engenheiros etc., constituem o outro. explicitamente reconhecido e formu-
ce, o proletariado (v. i.) imprime aos A diferença é que as últimas orga- lado em códigos específicos. >
. -
bros consideram-se mutuamente como
. ,...
rrmaos e 1rmas. grupos profissionais o cunho caracte- nizações, embora defendam também cf. casta, classe, divisão-do-trabalho,
A comida dis~ribuida entre os me'irl.- r.$tico das a$sociações combativas e, interêsses econômicos específicos, se especialização, estatuto social, estra-
bros do grupo é consumida em comum. muitas vezes, revolucionárias, no sen- constituem afim de promover uma tificação, estrutura social, grupo, pro-
Chamam êsse banquete de tãtáupáuã, tido mais amplo dêste têrmo. (cf. função social definida situada além fissão,fproletariado, revolução, soli-
nome que di\.o também à instituição revolução). »O grau máximo de soli- das considerações econômicas. dariedade.
dos grupos-de-comer em geral. dariedade essas organizações ach~ram
Mais um ponto importante dos nos sindicatos. Para explicar sua
grupos-de-comer para a vida social é posição particular nêsse terreno, pode
que a gente, por ocasião do banquete ser alegada uma série de razões :
comum, está sentada junto e sempre 1) a classe operária ocupa, na es-
unida àqueles companheiros de grupo, truturação das nossas classes, a posi-
com os quais, talvez, fóra destas oca- ção econôm.ica, social e culturalmente
siões, nunca mais se reune. Esta ins- mais desvantajosa ; ...
tituição forma, por conseguinte, um 2) nos sindicatos o caráter comba-
laço que de tempos a tempos, do nas- tivo é particularmente forte, fato êste
cimento à morte, liga uns aos outros que favorece sobremaneira a solida-
• os habitantes das diferentes malocas riedade;
(v. i .).
3) a concordância dos modos de
Em certas épocas, a. população in- pensar e sentir é extraordinaria.mente
teira da aldeia se reune ao mesmo
forte : trata-&e de uma camad~ social,
tempo para o tãtáupáuã., que não é
coe13a en:i $i e rigoxrosf.l>m~nte distinta
então, na. verdade, banquete realizado das outras, tend0 suas nqcessida.des e
para a satisfação das obrigações hn-
seus desejos característicos. A ror·
postas pela organizaçi1o grupal de maçã.o de uma íorte conoiência grupal
consumo, e sim um verdadeiro agape, é favorecida pelo convívio pessoal dos
precedida de grande distribuição de membros nas f áb1·icas durante as
presentes. Apesar de formarem, nessa horas do trabalho quotidiano> (VIER-
ocasião, todos os grupos-de-comer uma
KA.NDT 1, 456).
única massa unida, cada um se con- Os fins que se propõem as agremiações
serva como unidade, não misturando- profissionais são principalmente êstes :
se os indivíduos de u m grupo com os
de outro. 1) Aquisição de um estatuto econô-
mico e social mais elevado (sempre em
Grupo d e trab alho - (V. M uchirã o). comparação com outros grupos ou
classes),
-
G rupos pro fissi on a i s - As agremia- 2) Estabilização e defesa de um
ções profissionais representam uma estatuto social-econôm.ico adquirido
modalidade dos grupo~ econômicos na competição intergrupal.
" f

• - 11 9 -
va.: cE' no esp\rito do homem margi- racial e cultural. Despotismo (v. i.)
nal que a perturbação moral que novos e tirania. (cf. tirano) baseiam-se nêase
conta.tos culturais ocasionam, se ma- último tipo.> (THURNW ALD ~' IV,
nif~ta nas forma~ mais óbvias.> pg. XV).
O problema da marginalidade cul- cj. heterogêneo.
tural assume capital importância para
a assimilação de imigrantes de pro- Horda - D o têrmo turco que significa
cedência cultural diferente : acampamento militar. Corresponde
e A realização de uma nova identi- ao inglês horde, ao alemão Horde, ao
ficação racional ou nacional é for- francês horde.
ça.da por uma violenta reaçã.o emo- e A convivência de certa continui-
cional contra o velho.> (SToNEQUIST, dade de várias f amllias afins leva à
H 124, 125). formação de aglomerações. Estas são
mais frouxas do que o clan (v. i.)
Das atitudes de inferioridade re-
sulta lli1'l forte ressentímento, ob.ser- ou a sipe (v. i.), podem, no entanto,
vado entre imigrantes bilingues, no chegar a constituir clans ou sipes, se
HeróiciviJizador- Em alemã-0: Hei1- invers~o : na hierarquia pul,"a (reli- Brasil : < D êsse estádio intermediário a idéia da descendência comum refor-
bringer. EHRENREICH (3) distinguiu-o giosa) a posição do indivíduo, seu resulta um ressentimento social muito çada por ritos, tomar vulto, havendo.,
da suprema divindade, caraterizando-o prestígio e sua autoridade baseiam-se ao mesmo tempo, solidariedade polí-
pronunciado que domina todas as
como um deus ou homem, em geral na dignidade trancendental ; na hie- tica e econômica. Tais aglomerações
encarregado por ela da organização rarquia burocrática ou militar é a ações coletivas e individuais, princi-
palmente na pequena burguezia. Seus nascem, por vezes, de fragmentos de
das instituições cósmicas, sociais, eco- própria posição que confere a intan- sipes, desenvolvendo, no decurso do
nômicas, técnicas e do culto. O mes- gib1lidade e ascendência. membros sentem-se inferiores aos ad-
ventícios vindos da Europa, os ga- tempo, sipes autônomo.s. O bando
mo autor (2, 44, 45) observou que em DUPRA'r (2) distingue :
muitas zonas mitológicas aparece, ao, legos, que ocupam - segtlndo sua (v. i.) carece da idéia de descendência
envez de um herói civilizador único 1) hier,a rquias p~sso&ie (em virtu- opinião - sempre os melhores luga- comu1n. > (THURNWA.LD, 2, IV, pág.
um par de heróis (cf. B ALDUS 3' de de um prestígio pessoal) e XV).
res. Esta anmosidade os leva a
263, 264). ) ) 2) híerarquia.5 funcionais (em vir- afastar os intruso~ de todas as funções
tude de uma autoridade conferida (v. Lavoura).
cf. idéja do Alto Deus, religião. públicas. Mesmo na vida comercial Horticultura -
por uma função objetiva).
se faz sentir, muitas vezes, êsse traço
Ileterogêneo - e Essa expressão é cf. estratificação, graduação. rancoroso> (WILLEMS, 366). Humanidade -E' preciso distinguir
usada com referência a grupos de des- o conceito antropológico de humani-
cendência e tradição diversas.> (T mraN- flist6rico-cultural - cf. ciclo cultural. Os desequilíbrios da personalidade dade do conceito sociológico.
WALD 2, IV, pg. XV). em consequência do estado de margi-
Horn.em m .arginal - Em inglês : nalidade social podem chegar a pro- Sociologicamente a humanidade é
çj. homogên~o. rnarginal mari,. PA:a,K (oit. apud e uma realid1,tde dotada de conciênciª
duzir atitudes cri,roinosas ou psico-
Y OUNG 2, 512), aut9r do t ârmo, de- páticas (STONEQUIS'l', 125). que se organiza no cosmo.,, (Du.Nit~
IJiera;rquia .- GEIGER (1, 36) define fine o homem marginal conio segue : MANN 2, 44).
a hierarqwa como um sistema de li- « Pessôa que vive em duas culturas
cf. acomodação, assimilação.
dera,nça graduada. e Humanidade é o objeto de toda
que estão em conflito, isto é, onde sociologia e o conceito de uma socio-
. ~ Há. hierarquia onde um grupo re- duas atitudes, de superioridade e de Homogêneo - "Uma sociedade homo-
ligioso entra na fase histórica da or- gênea é constitillda por certo número logia dos animais ou até das plantas
inferioridade, de prevenção e de opo-
g.anizaçã? eclesiástica de que neces- sição, são comuns. > de homens representantes do mesmo é apena.5 o resultado de uma analogia
sita o reino de Deus na terra para sua A identificação alternada com duas tipo local e da mesma tradição. Nor- ao conceito da sociologia dos homens.
existêncía terrestre.> (GEIGER, 1, 36). culturas envolve um forte dualismo malmente trata-se de pessôas da m es- Não se pode falar do indivíduo sem
fí A 1?-tangibilidade da gradua,ção de personalidadJ}. ma descendência. Numa tal sociedade prévia concepção da. humanidade que
dá motivo para se falar em hierarquia Acrescenta P ARK (ibidem 515) que predominam tendências igualitárias. é, por isso m.esmo, mais do que uma
num sentido figurado, , em relação, «o homem marginal representa ape- EJ preciso distinguir sociedades ho- abstração, é o ap11,ori de toda sociolo-
por exemplo, a uma hierarquia de nas um estágio no ciclo de processos gia, seu substrato, senão sua substân- •
mogêneas primárias e sociedades ho-
f uncionárjos. > (ibidem 37). de conflito através da acomodação para. cia> (DUNKMANN 2, 44).
a assimilação completa. > mogêneas secundárias as quais, oriun-
A aplicaçã-0 do conceito de hierar- e A humanidade entra. na exist ência
quia a sistemas profanos envolve, A respeito das complicações da das de sociedades estratificadas, se
71iarqinaiidq<Je $TO:NEQUIST (308) obser- re-homogeneizaram por miscegenação empírica. e espititu.a,J. dai .história., isto
como observa G EIGER (1, 37) uma

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- 120- •
é, na vida, de duas maneiras: pri- a língua, êlee têm a conciênoia n(tida
meiro nas grandes formações separa- de poder entrar reciprocamente em
. das das raças, dos povos, grupos, agre- relações íntimas> (DUNKMANN 2, 45).
ga.dos sociais em geral ; segundo : em As concretizações da humanidade
forma. de relações pessoais íntimas. são, portanto e principalmente, as
Onde sempre se encontram homens, relações intimas entre homens em
êles se reconhecem como tais, se dis-
tinguem juntamente do resto do
geral > (DUNKMANN 1, 172) que pres-
supõem como única qualidade de seus
'
mundo (Conciôncia. da. espécie). tles elementos serem homens e mais nada.
se significam mutua.mente meio social As relações intimas realizam-se nas
e não simplesmente mei,o arnbiente. várias formas do par (v. i.) como
Ainda que se levantem montanhas e agregado social de qualidades espe-
abismos entre êles, embora os sepa-
rem costumes e hábitos, cultura e até
cíficas.
cj. conciência da espécie.
1
ld~ia elementar. - O conceito da PREuss (8, 66) atribue a LA.NG a 1;1u-
idtia elementar (Elementargedanke) foi posição de ser a meditação sôbre
creado por Adolf BASTIAN (1826- uma causa do mundo a origem da
1905) que ensinou ser mais ou menos crença em um ente supremo.
igual a base da disposição psíquica nos Mais extremado é o conceito do
indivíduos de todos os povos, de ma- padre Wilhelm ScBMIDT (2), a res-
neira que certos bens culturais podem peito dessa teoria., admitindo pa.ra. a
surgir várias vezes, a saber, em con- explicação não só a vontade humana
dições apropriadas e em diferentes lu- de conhecer a causalidade e de perso-
gares da terra que não têm relação nificar Deus, mas também uma reve-
alguma. um com o outro. As idéias lação religiosa primitiva.
elementares que se manifestam n&ses Observações críticas sôbre essa teo-
bens culturais, existem em nó.mero ria foram feitas por PREuss (S, 67)
restrito chegando a ser, pelas formas e por BALDUS (f, 285).
individuais, que lhes dão os povos, cj. animismo, demónio, herói civiliza-
idtias de povos (Volkerg·e danken) lo- dor, mãe comum, mãe primária, religião.
calizadas em < províncias geográficas> I

(cf. BAS~liN 1, 2). Identificação - O processo de iden-


tificação psíquica. <tem muito de co-
ldéia de po:vo$ - (Volkergeda:nike). v. mum com a imitação (v. L). E' uma
Idéia elementar. reação adquirida. O ato de uma pes-
sôa serve de estímulo a uma outia
ldéia do Alto Detts - Do t êrmo alemão cuja reação (response) se assemelha
H ochgottidee. a.o estímulo ou ato da primeira pessôa.
Esta idéia foi apresentada, primei- A identificação torna possível a trans-
ramente, por Andrew LANG (1, t, 5) missão de idéias, atitudes ou hábitos
que supõe tenha. havido uma, crença. de uma pessóa para outra . Psicolo-
primitiva em um ente supremo, não gicamente êsse mecanismo depende
a.n~tico sendo creador e amigo dos da imaginação, isto é, da capacidade
homens. Segundo o mesmo autor, a. de desenvolver, dentro do mundo in-
origem dessa crença. é inexplica.vel. terior e subjetivo, a imagem de ou-
Refuta, porém, a. hipótese de uma. trem> (YOUNG t, 85).
manifestação sobrenatural. Considera cf. simpatia.
o culto aos demónios como fenóme-
no de degeneração, mas julgando-o Ideologia - <A palavra ideologia. de-
origem da oração e do sacrifício, de- signa. certos preconceitos-de-classe que
rivando êste das ofrendas aos mortos. resultam, involuntariamente, da es-

- 122 - - 123 -
treitez& de conciência de uma profis- classes. . . de outro lado é um fato Igreja - Quando um grupo religioso nadas ao Estado, tolerando sua inter-
são ou classe social, não somente certas inegável que a situação de classe de- enceta seu ciclo histórico após uma venção direta. AB igrejas supernacio-
opiniões ou idéias preconcebidas atri- termina, em um gráu bastante elevado fase de doutrinação esotérica, orga.ni- nais ou internacionais envolvem uma
buídas, tradicionalmente, à classe in- tanto a moral como a maneira de pen- sando e institucionalizando-se, êle se série de fenômenos resultantes da an-
ferior ou à classe superior, mas tam- sar, embora apenas em leis-de-grande- t ransforma em igreja (D UNKMANN, tinomia de que tais igrejas constituem
bém formas do pensa-mento as quais número, pois cada qual pode despren- 1, 206). grupos pareia.is ao lado dos outros,
se ligam, em regra, à posição de uma der-se, em princípio, dos vínculos que <Uma sociedade cujos membros são com traços nacionais, clero e organi-
classe. O sentido secundário de es- o ligam à posição de s ua classe» (D EMPF, unidos porque se representam, d a zação nacionais e, simultaneamente,
treiteza mental o têrmo recebeu de 49, 50). mesma maneira, o mundo sagrado e grupos totais em coordenação com ou-
Napoleão que pretendeu liquidar os M ANNBEIM (2, 660) distingue dois suas relações com o mundo profano, tros de caráter não eclesiástico , mas
representantes coe vos da historiogra- conceitos de ideologia : e porque traduzem essa representação relacionando-se com êles sôbre a mes-
fia francesa combatendo-os com sua 1) A ideologia parcial, que é uma comum em práticas idênticas, é o ma base <diplomática >.
auto-designação de ideólogos. A ge·· ilusão ou um engano intencional ou que se chama uma Igreja. P ois não cj. instituição, religião, seita.
nial obra-prima neste sentido era involuntário, conciente, semi-conciente encontramos, na história, religião sem
De l'esprit (17:58) de HELVETIUS. Em ou subconçiente de um grupo ou Lgreja. Ora a Igreja é estritaµie;nte l gl.taldade - Em muitos casos, idéias
seguida, os representantes inteleetuais individuo. >A$ opiniões adversá.tias nacional, ora se estende por além d as ou concepções de igualdade que exis-
da classo operária criticaram os pre- são interpretadtis como sendo íg.eo1o- fronteiras; ora ela. cómpreende um te, aiparentem.ente, entre grupos oü
conceitos-de-classe d a burguesia como gias quando .:ião COI1$ider~das não sim- povo inteiro (Roma, AtêJ;las) o povo indivfduos, podem ser ponto inicial
sendo ideologia; radicaliz.avam esta plesmente mentiras, mas quando se hebráico) ora lhe abrange apenas uma para uma associação, e, por outro lado,
crítica à medida que procuravam re- percebe em todas as atitudes uma in- fração (as sociedades cristãs após o a conciência da desigualdade pode
duzir todas as manifestações espiri- sinceridade d a qual se presume que advento do protestantismo); ora ela conduzir à dissociação (WIEsE 1, 121).
tuais à posiçâo de classe, fazendo res- seja função de uma situação social. é dirigida por um corpo de sacerdotes, Cumpre, poré1n, notar que há :
saltar $ dependência. entre a superes- O conceito parcial de ideologia vi.sa, ora é quasi que completamente des- 1) associação polar ou completiva
trutura espiritual e a organização da portanto, um fenômeno que está entre provida d e todo orgão dirigente reves- baseada na conciência d e desigual-
produção econômica. Na crítica do simples mentira de u m lado, e a visão tido de um título. Mas por t.oda parte
marxismo, as pesquizas acerca da dade;
erroneamente estruturada de outro onde observamos uma vida religiosa, 2) dissociação como efeito decor-
ideologia atingiram o último gráu. A lado> (MANNHEIM 1, 14). ela tem por s ubstrato um grupo defi-
própria ideologia da classe operária rente da con ciência d e igualdade cuja
2) A ideologia total já não é men- nido. Mesmo os cultos chamados pri- monotonia pode determinar uma orien ·
foi generalizada por economistas bur- vados, tais como o culto doméstico ou
gueses (Max WEBER) como ideologia tira, mas modalidade de constituição, tação diferente.
unilateralidade e especificidade de o culto corporativo, satisfazem essa Igualdade como possível desidera-
dos oprimidos ; finalmente Wemer condição ; pois êles são s~mpre cele-
So.MBA.RT e Max ScRELER examinaram
uma estrutura espiritual (mentalidade) tum da. ética social 6 objeto da filo-
no tempo e no espaço. O portador da bra.dos por uma coletividade, a f amí- sofia. social.
a regularidade geral dos preconceitos-- lia ou a corporaç~o• (DURKHEThI 3, 60) . .
de-classe. Mormente Max ScHELER ideologia total 6 a classe. Ao repre- cj. disparidade.
esboçou, numa genial digressão da sentante de uma classe tira-se a pos- A constituição da I greja como ins-
sibilidi;:i.de de pensar certo desacredi- titui~ão de sociabilidade específica
~ua sociologia do conhecimento (v. i.) Imitação - ' A imitação universalmente
t~do a estrutura da. sua conciência abrange êst es dois aspecto~ :
->A forma do conhecj mento e a socie- difundida é, em grande parte 1 uma·
dade» (pgs. 196 a 210) uma teoria em sua totalidade. (MANN'.HEIM 1, 1) Internamente d~se a constitui- atitude toma.dai por causa de suas
sociológica dos ídolos, das i:nclinações 23). A ideologi~ t otal ou conciência ção e organização da hierarquia sa- consequências úteis. Mas em substân-
subconc~entes e condicionadas pela
jq,lsa. só pode referir-s~ a certas esferas cerdotal, a regularização de suas rela- cia ela tem o caráter de u m instinto ;
classe social, assim como das leis for- do conhecimento humano. ções com a comunidade dos crentes e pois baseia-se em uma disposição plás··
mais da constituição dos preconceitos, cj. conhecimento, interêsse disfar- a creação de um sistema administra- tica, inata, isto é, a t endência ·de
teoria esta que já desvendou, ainda çada. tivo susceptível de garantir a conti- passar da percepção ou representação
que com bastante exageração, a maio- nuidade da instituição (regula.tiva). de um movimento para sua execução.
ria das regularidades existentes. Com lgara - (ygara, igá). Canoa. No gua- 2) Externamente opera-se a coorde- Em geral, e particularment~ em um
toda energia ScHELER condena o :rela- raní de Montoya, parte segunda (173) nação com outros grupos parciais as- nivel mais elevado, acrescentam-se ou-
tivismo de classe : Se não houvesse tgá. No t upí do Amazonas, segundo sim como, principalmente, a regula- tros estímulos para a realização dessa
nenhuma instância no espírito hnma;no STRA.DELLI (715) yára (iga.ra) é oon- rização das relações com o grupo total. propensão. - A imitação é uma das
que se pudesse elevar acima de todas tr.ação de y : água, e iara : donai signi- Em sistemas teocráticos a Igreja se condições mais relevantes da conser-
ficando, por isso, dona da água. Se-

as ideologias-de-classes e de suas pers- identifica com o poder político (cf. vação da. cultura, isto é, de sua trans-
pectivas-de-interêsses, todo possível co- gundo as nossas investigações, a tribu teocracia). Daí podem resultar con- missão à geração seguinte. Em lugar
nhecimento da verdade seria ilusão. tupí dos Tapuapé dá à canoa a deno- flitos, suscept íveis de levar à separação de uma educa.ção intencional pode ser
Qualquer conhecimento seria apenas minação de Mna. entre igreja e ERtado. Igrejas nacio- verificada, em um nivel inferior, uma
uma função do resultado de lutas-de- cj. canoa, ubá, nais ficam, frcquente1nente, subordi- imitação espontânea <; crescente da
- 124- - 125 -
1) O impulso vital positivo procuro nominação de < Índias OcidentaiB >
vida doe adultos pelas crianças. Nem vida caseira., dada às ilhas da Améric:s. Central e
sempre o efeito da imitação coincide analfabetismo, conservar a existência, a segurança da
grupo, tende à expansão e à aumen- a designação de índios dada aos habi-
com seu modêlo. Muitas vezes há reverência. por livros sagrados, tantes aí encontrados. FRtEDERICI
divergências> (VIERKANDT 1, 111). caráter clánico de um grupo tação do poder, e, também à aquisi-
ção de bens materiais, (1, 51) dando a bibliografia a respeito,
Baseando-se em T ..l.RDE Ross (2, oprimido, observa. que a palavra indiano é
121 seg.) estabelece as seguintes leis métodos coercitivos de assim.ilação, 2) O impulso vital negativo mani-
festa-se na organização da defesa con- muito rara na literatura da conquista
de imitação : sedentariedade, e colonização da América. Sendo o
falta de contactos culturais, tra elementos perturbadores ou social-
A) Imitaçiü> convencional - (conven- mente inferiores (cf. boicote, sanção). têrmo índio, como denominação do
tionality im.itation. De caráter não familismo. homem que habitava as terras ame-
V alen1 as seguintes regras para as
racional e não deliberativa.) b) E lementos nocivos à imitação manifestações do impulso vital : ricanas à chegada dos descobridores
1) Estados mentais distinguem-se costumeira : europeos, internacionalmente conhe-
1) e O impulso vital relaciona-se,
quanto à. facilidade de propagação autoridade da geração nova, cido e o maiS adotado, parece-nos
pela s ua natureza, exclusiva.mente merecer preferência sôbre designações
(Ross, 2, 121). melhoramento dos meios de co- co.n,1 o grupo como ta.l CVIER;KANDT 1.
2) A imitação é dirigida de d~ntro municação, con10 aborígene (v. i.), ameríndio (v. i.'),
357). Tudo o que não l).feta, nao in- autoctone (v. i.), bugre (v. i.), cabôclo
para fora (ibidem 137). substituição de um dialeto por teressa ou não prejucUca a vida do
uma língua nacional , (v. i.), g~ntío (v. i. ), ind$gena (v, i.),
3) O socialmente superior é ímitado gr,u po rica excluído, çomo, por exe,m-
pelo socialmente inferior (ibidem 147). igualdáde civil e social, pele vermelha (v. i.), primitivo (v. i.),
plo, interêsscs meramente pe,!ijsoais de
hôspitailidade, ' selvagem (v. i.) , selvícola (v. i.).
4) O poderoso é imitado: (superior emancipação das mulheres, seus componentes.
em qualquer hierarquia) (ibid em 166). 2) No mecanismo do impulso vital cj. tamb6m aimoré, brasil, coroado,
instrução, negro, taptíia.
5) O mais bem sucedido é imitado difusão de educação, agem «f ôrças s ub-inteligentes> que
pelo menos bem sucedido (ibidem 169). liberdade de discussão, não procedem da reflexão individual
(ibidem 363). Indivíduo - Quando à natureza das
6) O rico é imitado pelo pobre liberdade de investigação,
3) e O impulso vital do grupo é mais relações existentes entre o individuo
(ibidem 175). métodos atrativos de assimilação, e a sociedade é comum encontrar dois
7) A cidade é imitada pelo campo viagens e migrações, forte do que o impulso individual d e
êrros fundamentais (WIESE 1, 45 seg.):
(ibidem 181). guerra e conquista, seus componentes> (ibidem 366). >Ü
impulso vital coletivo vence o indi- 1) explica-se a sociedade pelo indi-
8) Nas democracias maiorias são individualização (Ross 2, 252).
vidual até ao limite da morte : na víduo, hipostasiando ou substanciali-
imitadas pelas minorias, (ibidem 189). C) 1mitaçiü> racional - não depen.. zando êste e funcionalizando aquela,
morte her6ica a vitima esquece o Eu
B ) Imitaç® wstumeira - (custam de de prestígio ou desprestígio, nem por ser absorvido pela totalidade > chegando-se à conclusão de que a so-
imitation). Ao passo que a imitação de pess6as, nem do tempo ou do lu- ciedade consiste em relações interin-
(ibidem 367).
convencional é concebida em um plarw gar de origem, mas unicamente do dividuais;
critério de utilidade. O imitador não 4) A intens idade do impulso vital
longitudinal, isto é, como fenômeno está em razão d~reta à >~nsibilidade 2) explica-se o indivíduo pela socie-
essencialm.ente contemporâneo, sem se deixa fascinar e sua atuação tem dade, isto é : o sociologismo. A êon-
um sentido progressista (Ross 2, 285). que o grupo revel a em face de uma
raizes na tradição, a imitação costu- ameaça. real ou suposta da sua exis- clusã.o do sociologismo é que o i11di-
meira obedece às normas esta,bele- Segundo WmsE (1, 172) não há víduo se afigura exclusivamente como
dois tipos de homens rigorosl),mente têncitt ~ (ibidem 368).
cid as pelas gerações passadas. A. 5) «O impulso vital do grupo liga- pr(Jduto da sociedade.
concepção dessa forma de imitação . di.s tintos : inventores e imitadores.
se intima1nente ao instinto de auto- Ambas as interpretações devem ser
efetui:i,-se portanto, em um plano ~ A~é um certo ponto todos os home~
conciêp.cia afetiva porquanto o grupo repelidas por sexem unilaterais. O
transversal. Evidentemente certas prá- urutam todos os outros>.
figura com seu pbjeto > (ibidem 369). indivíduo não é, absolutamente, um
ticas imitativas convencionais podem <As ações que resultam, geralmente, elemento fixo, invariável. Como ente
chegar a constituir práticas costu- da imitação, são acomodação e assi- cj. auto-conciôncia afetiva, grupo.
social o homem pode ser compreendidô
meiras (Ross 2, 196). milação> ( W IESE 1, 173). só dinamicamente, por sofrer, cons-
E' patente a continuidade do ins- Incesto - {.V. Matrimônio). cf. po-
a) E lementos favoráveis à imitação tantemente influências mais ou inenos
tinto de imitação com os f enômenos de liandria.
costumeira : incisivas que determinam seu com-
subordinação (v . i.) e simpatia (v. i.). portamento na sociedade. De outro
culto dos ancestrais, 1ndígena - Da palavra latina indígena.
autoridade dos velhos (cf. geron-
cj. instintos sociais, invenção. "Na definição d e Cândido de F'IGUET- lado nem t udo se explica pela atuação
tocracia), REDO : e Aquele que nasceu no lugar dos fatos sociais. Em todo indivíduo
Impulso vital do grupo - Uma espé- há. um res1duo irredutível ao processo
hipertrofia das instituições regu- cie de instinto de conservação que os ou no país em que habita.>
lativas (v. i.), associativo. O resíduo individual cons-
grupos sociais revelam, é denominado I
~a de elementos originais susceptíveis
isolamento físico, por VIERKANDT (1, 355), impul,so vital 1udio - Quando Colombo descobriu a
isolamento linguístico, América, pensava estar na Í ndia. de desempenhar um papel creador na
(« Lebensdrang >). B;á., segundo êsse
Consequências dêsse êrro foram a de- sociedade (inventor).
isolamento social, autor, duas formas :

• •
- •

- 126 - - 127' ._.


As rE'!l~çõcs sociais rO'nfcrc1n a todo Inércia cul tw:al - A lentidão no pro- los, como, por exemplo, a circuncisão. rem irmãos. Nunca deixam de .in-
indivíduo u1n aRpecLo característico, cesso de mudança cuJturaJ em com- cujo significado, porén1, não foi com- cluir na cerimónia também jovens
não destroern a individualidade mas, paração à possível rapidez de desen- pletamente desvendado, ou a tatua- forasteiros, já pelo simples motivo de
muito pelo contrário, formam-na., h- volvimento do equipamento civiliza- gem. Todo clan ou tribu tem seu aumentar o prestígio da aldeia.
gando elementos individuais, de for- dor (v. i.) é chamada, por 0GBURN padrão de tatuagem, que possúe, por <A Mambela começa, certa manhã,
ma iJ:redutível, a elementos sociais. (148) inércia cultural. assim dizer, o significado de um com. uma dansa. As mulheres são
Não se pode figurar o indivíduo livre, Uma consequôncia dessa inércia brazão. afastadas ; elas participam somente
eterno. Seria uma abstração inútil são as sobrevivências culturais ou «Entre os negros Babali do Congo da dansa inicial e do fim. A noite,
ou até perigosa para a interpretação resíduos (v. i.), tais como certos cos- a gravação da marca tribal substitue quando os tambores rufam, as mulhe-
sociológica. Pois é um êrro corriquei- tumes, superstições e práticas mági- a circuncisão praticada, aliás, entre res agarram, às pressas, alguns uten-
ro tomar o indivíduo como ponto de cas. as tribus vizinhas. A iniciação chama- silJos domé$ticos e abandonam, fugin-
partida, como se fosse algo de abso- cf. mudança cultural. se M a·mbela e destina-se à introdução do, a aldeia afim de passar a noite na
luto, independente de tempo e espaço, da mocidade masculina nos costumes mata. Só à meia-noite elas são re-
para mostrar as influências sociais Infr aestrut ura - cf. conhecimento. da tribu, familiarizando-a com a re- conduzidas pelos homens. Na manhã
que vem a sofrer «em seguida». ligião secreta da tribu. Depois dá.- seguinte continúa a dansa, enquanto
N.a realidade há uma correlação Inici a ção - M tlHLMANN ~1, 2:68:..275) se tatuagem. Dizem aos noviços qrie as mulheres ficam em casa. Os ho-
perfeita entre indivíduo e sociedade. escreve a respeito : «Entende.ise por o próp1·io ancestral Maduali lhes im- mens vão buscar varas na matai.
Nem um momento se pode conceber iniciação a recepção solene dos adoles- prime o sinal. Para tornar isso mais Com estas açoitam rudemente os can-
um fator sem o outro. Segue-se daí centes, às vezes tamb6m das moças, na acredita:vel, agita-se, durante a oeri- didatos à Mambela. Na realidade o
que a controvérsia sôbre prioridade do comunidade dos adultos. Essa recep- mônia, um páu zurudor, destínado a bater significa., provavelmente, matar,
individuo é perfeitamente dispensável. ção é um processo de suma importân- reproduzir a voz do ancestral e o e a colocação de uma nova tanga e
cia, acompanhado por todo o cuidado qual se chama, como êle, l\1aduali. a unção compreendem-se como ritos
O seguinte tópico de DUNKMANN Ao mesmo tempo o zunido do páu
(1, 236) caracteriza bem o papel do dos velhos. Suas atitudes para com de renovação. O ser antigo, o me-
os moços são orientadas por uma cer- significa também o sussurro das azas nino, morre, e um ser novo, o homem,
indivíduo na sociedade. da ave-rinoceronte Nasasa, que tam-
ta amlYivalhicia. De um ]ado êles nasce. Os velhos que sacrificam,
«O indivíduo é, antes de t udo, a bém, segundo afirmam, lhes imprime simbolicamente, o menino, realizam
ún,ica e última concretizaçã.o de toda têm o maior interêsse em conservar e
favorecer, de todo modo, o tesouro com o bico os sinais. A representação sua transição para sua. própria geração.
realidade social. E' o ponto final do ancestral da tribu tem, portanto, O ingresso do novo ser cheio de vigor
das concretizações históricas. mais precioso da comunidade : a
geração nova, garante da continui- caráter totêroico. de seus anos, na sua geração é neces-
Tudo aquilo que, além dos indiví- dade do grupo. • «São os anciãos, e, principalmente, sário para manter viva a comunidade.
duos, deve ser considerado realidade o chefe da tribu, que determinam, por
>Por isso a iniciação é precedida ou ocasião de uma íesta, a data da Nam- <Apoiado em um bastão o jovem
social, existe somente em indivíduos,
sucedida por uma temporada de re- bela. Logo que existe um número se coloca diante dos homens, que lhe
sem que pretendemos afirmar com
clusão (retiro) , durante a qual os suficiente de jovens na idade exigida dão, à vontade, golpes de vara. Ape-
isso que somente indivíduos representem
jovens vivem, long~ dos outros, em pela tradição, realiza-se uma Mam- sar de dôres e marcas sangrentfLS o
o conceito da realidade social. Pois;
companhia. de um velho que lhes en- bela.. Os sipes (v. i.) vizinhos, sujei- jovem tem que ficar perl)everante. Mas
tomados em si e abstraindo-se das sina os mistériost ritos, doutrinas e
demais concretizações, êles nã.o repre- tos à mesma Tata ka Mambela (che- muitos jovens, naturalmente, gemem
tradições da tribu. Quem pretende fe), recebem convites. Convidam.,.se, ou desmaiam o que não impede os
sentam nada, Mns nelas e com el~s, ser iniciado, ser aceito na s0ciedade
constituem, como expoente:? reais do também, elans (v. i.) amigos com os velhos de continuarem batendo sem
dos homens, tem que ter freque,ntado quais se pretende festejar, em comurn, dó nem piedade. Depois de uma se-
processo social, sua manifestação mais essa escola.
concreta e, ao mesmo tempo, mais a Mambela. isse fato é muito impor- gunda flagelação menos rigorosa o
real. Se isso está cento, o indivíduo <De outro lado os velhos querem tante porque se encontra entre os jovem é lançado ao chão para aí ser
conservar a posição social conquistada, povos mais diversos : tribus que vi- marcad.o. Um velho, perito na arte
afigura-se como vínculo mais eficiente vigiando, portanto, ciosamente os jo-
entre todas as fôrças ou elementos vem estranhas umas às outras ou se de tatuar, lhe talha. no ventre o bra-
vens. Os jovens t êm que comprar a consideram inimigas, reunem-se, po1· zão da tribu. Após a iniciação os
sintéticos>. admissão à comunidade dos adultos ocasião da iniciação conservando-se homens, os jovens no meio, marcham
cf. conciôncia coletiva, cruzamento com pesados sacrüícios, têm que so- assiJn a conciência da unidade étnic:1 duas vezes pela aldeia acompanhados
de círculos sociais. frer penas, tormentos ou espancamen- e cultural. Chamamos êsses encontros, do rufo dos tambores. Param na casa
tos, dando provas de sua coragem. segundo o modêlo que constituiram do Ta.ta ka Mambela (chefe). Alí
I ndivíduo condutor - Em alemão : Antes de lhes abrirem as portas da as tribus da Grécia nntiga, Amfictio- os velhos comem e bebem, mas os
jührendes 1ndividuum. Sinónimo de vida. dos adultos, os anciãos lhes fa- nias. Entre os Ba.bali os componentes jovens não podem tomar parte. Pelo
lider (v. liderança), preferível para o zem sentir o seu poder. de diversos clans ou sipes sentem-se contrário êles são tratados com o maior
uso na etnologia. «Realça-se a importância da admis- unidos pela participação da. mesma desprêzo tendo que sofrer o tratamento
cf. cabeça, cacique, chefe. são à comunidade por meio de símbo- Mambela. ao ponto de se considera- mais torpe.

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e Nessas cerimônias observam-se mui~ e8e tu vires o quintal de um ho- e Se tua mulher é tamanha pronun- ticipam da cerimônia. Acontece
tos elementos encontrados já nos mis- mem que tem uma. moça e se tu per- ciadora ela te poderá seduzir a que que os jovens se recusam a partici-
térios da Antiguidade. ceberes que essa moça não tem enxada, tu te interrompas (isto é : que tu par da iniciação. lbsses então são
<De que maneira. os conhecimentos foge dessa. moça, não salta nesse sítio, morras sem deixar descendentes). considerados inferiores e não acharão
da geração mais velha. se transmitem não desperdiça em vão, para. lá, teus <E tu como homem instruido deverás mulheres. Em algumas tribus afri-
à mocidade ? Isso se dá, como entre presentes de adquirir uma noiva. Não sempre fazer com que engulas tua canas os jovens que recusarem a cir-
nós, pelo sistêma de peneiramento da cubiça essa moça por causa de sua raiva. O tabaco nunca. te acabe no cuncisão foram simplesmente elimi-
escola que, às vezes, segue, às vezes b eleza, cubiça-a, somente, por causa chifre. nados. Dizia-se : lbstes jamais serão
precede a iniciação. A época de de sua enxada. Beleza não se presta «O que leva os lares ao extermínio homens.
aprendizagem é de vários m eses ou para comer. E ' da enxada que se são os lábios falantes das mulheres. <Entre os Ba.sabei, na Africa Orien-
até anos. O ensino se dá na mata. come. Dirige tua cubiça para as mãos. E tu como homem instruido não pe- tal, os jovens faziam questão de ser
O professor é um ancião que domina, Se tu cubiçaste as mãos e déixaRte gues uma ira como a mulher. iniciados o mLi.is cedo possível, porque
perfeitamente, as tradições da tribu. aquela tua mulher em casa, porque o <Teus negócios, faze-os com pru- a espectativa de serem considerados
O conveúdo dêsses ensinamentos con- ca cique te mandou embora para longe, dência. Prudência limpa o quintal como ad'ultos era um estí.mulo muito
tua criança fartar-se-á como se tu de má herva. forte. Se um jovem mostrava medo,
sis~e em leis sociais, padrões de cqm-
estivesses em casa, porque tua mulher « lbsses ênsinam entos qos Dschag- caía no desl>rezo e no ridícuJo, ~anto
porta;mento e tradições da tribu, prin-
cipa~m~nte, porém, nas n<t>rmas para tem uma enxada no quintal. gas n ão se Pl'Opo1•cionam em fórrna que, às vezes, se suicidava. O pró-
a criação e educação da geração nova. de uma instrução racional. Um an- prio pai fa zia escárneo da sensibili-
«T u te formaste no ventre materno, .cião canta a doutrina, e um compa-
lbsse elemento revela.-ae, principalmen· e chegaste e tiveste um nariz. Teu dade do filho e não impedia seu sui-
nheiro do clan do educan do dá, como cídio.
te, nas doutrinas africanas. Por acasCJ nariz, ei-lo aí ! Tu verás uma criança intérprete, os comentários, em lin- «Entre os Bagesu uma mulher con-
temos um conhecimento detalhado que terá um nariz como o teu, que guagem comum. Pois, a canção dou- sentia, às vezes, no casamento com um
das doutrinas firibais dos Dschagga da está acima do lábio. isse lábio te trinária é feita em uma línguagem
Africa Oriental, pelo Missionário Bru- serve para falar. Se tu te casaste com homem que não havia sido iniciado.
tão antiga. e oferece tantas dificulda- Os parentes da mulher permitiam o
no Guttmann. O símbolo da dou- uma mulher, e esta diz algo com aque· des à compreensão, que não é enten-
trina Dscha.gga é uma talha de 140 le (o 19.bio), que ela cortou como tu o casamento sómente sob a condição
dida sem comentários. :É}sse ensino de que o homem se sujeitas.se, opor-
a 170 cms. de comprimento, em cuja teu, então ela te diz algo e tu o odeias duplo contem elementos de tensão que
casca se cortaram, alternadamente, na t ua cabeça, e tua m ulher está ama- t unamente, à circuncisão. Se êle
influem, favoravelmente, sôbre o pro- não o fazia, a mulher o abandonava,
círculos e faixas. A talha para os mentando, neste momento, a criança, cesso de decoração. E ' importante
rapazes tem 18 divisões, cada. qual e tu terás uma raiva muito grande, do contrário ela ter-se-ia colocado
também porque n êle reconhecemos fóra do seu clan>.
com quatro a oito cortes, a vara para não deixes que teu lábio lata, assim elementos do drama, cuja fo1·ma maus A existência da iniciação das moças
as moças tem 17. Cada corte simbo- como o de tua mulher. remota é o m istério (Mysterienspiel). foi verificada menos frequentemente
liza, de certo modo em fórma escríta, <M orde o teu e cala-te. Para isso A representação dada pela mímica é que a dos jovens. Encontra-se, po-
uma determinada fase da educação. te ensinam esta doutrina.. Coloco-a, uma reprodução dos ensinamentos rém, em muitos lugares do mundo.
Com auxílio da vara representa-se firmemente, em tua cabeça. recebidos dos velhos durante a inicia- THURNWALD (2, II, 300-808) cita
também à mocidade a antropolog~a <Sacode o rapé, espalha-o na pal- ção. T 1·ata-51e aquí de uma sabedoria exemplos da Austrália, das ilhas de
dos Dschagga : a origem e o d,e13en- ma da mão, suga--0 com o nariz, tu gesticu,lada (THun.mv AL:O) em fo'rma Anda.manes, da Nova Guiné, do oeste
volvimento do 9.mbrio, os dever~ e o dev~s sugar assim: ja. E as coisas de $in~i$, gestos, mími ca, etc. e, e do sul da Africa e da Xmérica do
ouid11dos com relaçãb aos nascituros, perder-se-ão na tu~ cabeça e já de modo a;lg'l,lm, de uma matéria Ta- Norte. MéTRAUX ($, 107-111) enu-
as relações entre homem e mulher. não terás grande raiva. Se acontecei· cional de énsino. mera várias formas da inkiaçã.o elas
·- mas sempre em consideração ao que tua mulher faz zunir muito seu <A f utição social da iniciação dos moças entre tribus tupí-guaraní. Além
bem-estar da criança. lábio, então levanta-te e váe ao prado. moços consiste, em parte, em um pro- destas tribus sulamerica.nas dá-se em
e Para dar uma idéia do caráter Se tu não conseguires ficar só, então cesso de peneiramel).tO social. Os tor- mais duas tribus da mesma família
dessas doutrinas tribais, citarei dois faze uma visita ao vizinho. Se tu mentos que os adolescentes sofrem da linguística, a saber, entre os T apira-
trechos que se relacionam com a es- lhe relatares como a tua mulher te parte dos anciãos, as provas de cora- pé e os Guaraní do litoral paulista
colha da esposa e o comportamento insultou - o que lhe responder aquêle gem que êles teem que fornecer, falam (BALnus, 1, 211) tratamento especial
dos esposos, em geral : limpará a tua casa de maneira que terá uma linguagem bem clara. E' muito da moça por ocasião da primE>ira
<Presta bem atenção, educando : benefícios (a casa). Se o tabaco não diferente o comportamento dos jo- menstruação. Tais costumes são com-
Tu te esticaste lá no ventre materno. tivesses espalhado tua raiva e se tu vens ao passarem por essas provas ; preendidos, em tupí, pela palavra.
Todo osso contem medula no meio. tivesses cedido à tua inclinação de mas assim já se fixa um.a certa.gradua- cariamã. STRADELLI (401) escreve a
Se te acontecer que tua criança não deixá-la. (a raiva) subir, como tua ção para a vida, pois, a importânc.ia respeito dêste têrmo : <Cariamã : a
tem quem lhe prepare a comida, essa mulher, tua criancinha teria sido domi- atribuída à iniciação, faz com que o festa da puberdade das donzelas, ge-
medula perecerá e tua criança deixará nada de vosso aborrecimento (do teu comportamento dos indivíduos se gra- ralmente precedida de mais ou menos
de crescer. e do de tua mulher). ve na memória. de todos quantos par- completa segregação e rigoroso regime

I
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- 130 - - 131 -

de jej,um, que começa logo que se exemplo : sugestibilidade) que supõem, H á instituições que têm um caráter Inlegração - Considerarse o jndiv(duo
apresentam os primeiros sintomas. O para sua atuação, a presença de outras ora regulativo ora operativo. (O integradô na sociedade quando parti-
primeiro sangue, embora já sem ser pessôas>. duelo, po1· exemplo). · cipa., efetivamente, da vida grupal,
precedido de reclusão e jejum, mas 2) As disposições sociais inatas apa- Partindo de outro critério SUM- isto é, q uando, absorvido pela con-
precedido de um pe1íodo:<de resguardo, NER (54) distingue : ciência coletiva, se identifica com os
recem, às vezes, em formação polar
é ainda hoje festejado: em muitos lu- (subordinaçã-0 e superordina.ção ; ins- 1) instituições crescidas como a pro- interêsses ou ideais do grupo. A in-
gares do rio Negro, Solimões e Baixo tinto de ajuda e pugnacidade). priedade, o matrimônio e a religião, e tegração é total em estruturas comuni-
Amazonas. Quando há uns quarenta 2) instituições estabelecidas como, tárias (cf. comunidade) e parcial em
3) <As disposições sociais do ho- sociedades dif(}rcnciada:s (cf. diferen-
anos passados cheguei ao Amazonas mem düerem dos instintos, numa por exemplo, os Bancos.
em Manaos, embora sob forma de Mas seja como f ôr : em todo (}aso ciação). No últimQ caso todo homem
acepção mais restrita, pelo seu cará.ter está integrado em um número maior
baile para apresentação da moça, plástico>. já. devem existir costumes que possi-
findo o resguardo dos primeiros mens- bilitem a vida da instituição, pois ou menor de agregados sociais e em
truas, o caria.má fazia parte dos cos- cj. ajuda, imitação, pugnacidade, grau diferente, produzindo-se o cru-
esta não passa de uma sistematização
t umes locais. Entre os indígenas é a subordinação, sugestão. e organização de tendências costu- zamento dos círculos sociais (v. i.).
apresentação da moça à tribu, afir- ~as integração em agregados signi-
meiras preexistentes. Muitas vezes,
m ação solene de qu.e de aí em diante I nstituiçã o - <Entendemos como ins- porém1 é diffcil apurar os limites entre fica, &a mesmo tempo, integração em
~ . tituição um complexo de formas rela- sistemas de estl'atificaçã.o e graduação,
está apta para sel' ma.e, e por isso costume e instituição.
mesmo a festa para ela, em muitas cionais interhumanas de grande du- com camadas sobrepostas, mesmo den-
E lementos constitutivas da insti- tro do mesmo grupo.
tribus, senão em todas, se torna um ração, destinadas a manter a conexão tuição segundo Ross (2, 522, 523) :
verdadeiro suplício. E la também, entre homens e grupos h umanos den- Sub-processos de integração, segun-
tro de um agregado social e em con- 1) conceito ou idéia (interêsse ou
como os moços, deve dar perante a do WIEsE (1, 245) são :
sideração da coesão dêsse agregado> necessidade).
tribu congregada prova inequívoca expandir ; incorporar ; federar ;
(W IESE 1, 284). 2) estrutura (SmíNER 53) : orga-
de saber sofrer. T<:>da a educação do classifica.r ; cooptar ; legitimar;
n i.zaçã:Q e ~pa.rato.
indígena no estado livre é dirigida, ~ nstituições podem ter sua Origem licel).ciar ; limital' ; naturalizar ; nor-
embora com meios diversos e nem em usos ou costumes, mas podem ser ;3) fi m (idêntico co.m o con~eúdo
intencional do gru po). 1nalizar. ; rehabilitar ; autonomizar ;
sempre próprios, para torná-lo resis- creados também conciente e proposi- centralizar.
tente à dôr e capaz de suportar facil- talmente por orgãos dos agregados 4) continuidade (v. i.).
mente os trabalhos da vida primi- sociais, poré;m sempre em conformi- 5) autoridade (v. i.). ln teração - Segwido EisLER (733)
tiva.> O mesmo autor (402) menciona dade com a estrutura social. A trans- 6) código (leis, regras, preceit-0s). o conceito de interação significa:
que o nome cariamã dado à instituição plantação de instituições redunda, 7) elemento pessoal (nem sempre). «sequência alternada das determina-
em aprêço 1 designa, originariam.ente, a geralmente, em fracasse!>. Um costu- Note-se que o elemento pessoal ções> ou, mais precisamente : «toda
<casta de beijú (v. i.) com que se pre-- me transforma-se em in&tituição quan- constitue um ou mais grupos dentro atuação de um corpo sôbre um outro
para o caxirí (v. i.) para a festa da do se estabelece uma relação definida da instituição. Mas há instituições é, simultaneamente, uma reação (equi-
puberdade das moças>. de certa solidez e durabilidade com o impessoais, como por exemplo, a pro- valente, dirigida em sentido contrário)
agregado, determinando-se suas fun- priedade que dispensa o elemento do outro corpo sôbre o primeiro, de
Instintos sociai s - Segundo BERN- ções a ser viço do grupo. Assim as pessoal. maneira que êste sofre alterações me-
HARD (3, 83) o instinto é <uma reação instituições podem adquirir um cará- Pelo processo de institucionalização diante suas pi;óprias atuações>.

especifica, herdada e não adquirida que ter jurídico. R-0ss · (cít. apud WIESE um uso ou costume transforma-se em Evidentemente a int eração social
segue ou acompanha um estímulo 1, 285) distingue : instituição, adquirindo um ritmo regu- não tem a rigidez da interação mecà-
sensit ivo especifico e definido, ou uma 1) Instituições regulativas que repre-
larizado e continuo. nica.
condição orgânica, a qual serve sentam um conjunto de normas com São processos de institucionalização, Todos os fenômenos associativos e
de descarga ao mecanismo heredi- ou sem coerção jurídica, destina.das a segundo W IESE (1, 287) : dissociativos, mormente contactos, re-
tário.> servir aos in.terêsses do grupo total. 1) creação de cargos, lações e processos sociais envolvem
Instintos sociais podem ser def ;_ Exemplos: família, matrimônio, pro- 2). constitqição de a~cianidades, uma série de interações caracterizadas,
nidos, portanto, como reações estereo- priedade, igreja, Estado, -veneração dos 3) constituição de hierarquias, de um la.do, ;por sua simultaneidade e,
tipadas inatas e não adquiridas. ancestrais, vinganç~de-homicídio, due- 4) centralização e decentralização, de outro l ado, pela falta de u ma equi-
V IERKANDT usa ora o têrmo ins- lo, etc.. valência qualitativa.
5) divisão e restrição de podere.<>.
tinto ora disposição social, dando as 2) Instituições operativas que sã.o Subprocessos : cf. resonância social.
definições seguintes: voluntárias e visam servir ao interêsse
1) «Entendemos como disposições social, sem caráter coercitivo para o
1) dogmatização, l n terêsse disfarçad o - no inglês :
2) legalização, vested interest.
sociais do homem insti'ntos inato13 (por individuo. (Exemplos : teatro, correio, 3) polit izàção.
exemplo : instinto de a juda) e outras estradas de ferro etc. quàndo não são <Quando uma atividade te1n sido
qualidades e atitudes inatas (por de domínio público.) cf. costumea. exercida tant o tempo, q ue oa indiví-
'I'
1

- 132 -
• - 133
duos empenhados nela, reivindicam niro novo ou alterado, no sentido de
t:ieu exercício e seus proveitos por pres- u1na combinação do fatores fís.icos ou mas b) há privação de relações que 4) O solitário desejoso de sociabi-
crição, supõe-se terem êles um inte- materiais. Há, contudo as invenções lhes parecem import antes, e e) o q ue lidade requer a participação de outros,
rêsse disfarçado nela. Quando se dá morais, postas em relêvo pela inode'r- se considera. isolação varía., segundo da suo. pessôa ou deseja participar da
uma sanção legal a êsse interêsse, na sociologia. francesa> ( BRINKflfAJ\TN, o indivíduo. vida social de outros.
transfor1na-se em direito disfarçado > 247).
(LERNER, 240 seg.). A condição princjpal da invenção 2) I~olação e sociabilidade (v. i.) 5) O homem solitário pode ser
P elo fato de ser uma situação real que não seja mera casualidade, é uma são fenômenos que se condicionam social no sentido é~ico, ao passo que
encoberta por determinadas atitudes, certa racionalização da vida e, decor- reciprocaimente. o hom~m sociável pode ser a negação
o interêsse ou direito disfarçado re- rente daí, um conhecimento sistem.{- 3) Iiá uma for1Ill1 de solidão oriun- de toda a ética social.
vela sua afinidade com o fenômeno ti co das causalidades. Pode-se che- da do desejo de relações diferentes das 6) Distinguimos isolação contínua
da ideologia (v. i.). gar ao ponto de cultivar o espírito que existem, e há outro tipo de soli- e temporária, isolação forçada (sen-
inventivo em organizações especllicas. dão na qual o estado de isolação é tenciado) e volunt~ia (eremita).
Intimidade - As relações que repou- Assim é que as possibilidades vão cres- considerado positiva ou negativamente, 7) Podemos confrontar como tipos
sam em u1n certo gráu de eonfiança cendo, figurando se1npr.e a cultura
:tecíproca, caracterizam-se por u ma sem pô1• em comparação várias quali- ideais (a) o tipo sociável e (b) o tipo
existente como ba15e de poss~veiS; in- dades de sociabilidade. · solitário.
intimidade mais ou menos pronunciada. venções, Grau e caráter de associa.-
<As relações i;ntimae constituem a ção de uma cultul,'a com outras deter-
vida propriamente dit a de todos os mina, ~ grande parte, a intenf,ll dadé
agregados e formações socia.is. Exem- do espírito inventivo (ÜGBURN, 80,
plifiquemos : existem alhures ligações 87, 89).
grupais, organizações ou associações, Fatores que influem sôbre a quan-
talvez uma comunidade religiosa ou tidade das invenções (ÜGBURN 1 104) : .
um partido político, ou uma escola
ou qualquer outra sociedade. Todos 1) A estensão da cultura ma terüi.1
êsses agregados têm realidade social existente;
à medida que possuem uma vida in- 2) A hostilidade em face de ino-
terna, isto é, que nêles se constituem vações;
relações íntimas. Muitos dêsses gru- 3) Populações 1Ill1is numerosas signi-
pos, porém, são mortos, como se diz, ficam, às vezes, ma ior emprêgo de
e não estabelecem mais contactos habilidade mental;
íntimos. Outros, no entanto, mostram- 4) Aumento de contactos culturais;
se movimentados e cheios dêles e, 5) Alargamento da base cultuTal.
portanto, muito eficientes> (DUNK-
MANN 1, 173, 174).
cf. imitação.
<Mas noutro lado há possibilidade
de estabelecer relações íntimas so- I solação - PARK e BuRGEss (228 seg.)
mente na base de uma vida social ar- citam quatro modalidades de isolaçã,o i
ticulada pôr grupos. - Não se po- 1) espacial , (ausência de c0nt~ot0s
.dem de'rivar as formações gtupais ou ocasionada por f4tores segregadoMes
estruturas sociais das relações confi- de caráter geo-físico) ; •
denciais entre homens. Muito pelo 2) estrutural (feições raciais ou étni-
contrá-rjo : aquôles constituem a base cas vedam as interrelações) ;
e condição para a formação de relações 3) funcional (defeitos físicos ou men-
intimas. Estas podem apenas rea- ta.is impedem a intercomunicação) ;
lizar, porém nunca. crear as formas 4) psíquica (privação de contactos
grupais de associação> (Dmra.MANN por motivos que estão na própria
1, 175). personalidade).
cj. grupo, par, relação. WIEsE (1, 66) faz as seguintes obser-
Invenção - <A invenção em oposição vações sôbre o f enômeno da isolação :
à ·descoberta 61 geralmente, conce- 1) A isolação é um conceito relativo
bida como mudança baseada sôbre, num tríplice sentido : a) não há iso-
ou culmina.ndo em um processo téc- lamento completo de seres humanos,
K
J
Kula - <Há uma espécie singular de número e a import~ncia dos amigos de
expecliçêles comerciajs na. ilha de Kula aumentam com a posição social
JacQmâ - Segundo STRADEiiLI (4~9) do VALr;E, escrita na Baía (Cartas T,robriand, a leste de ,Nova Guiné. do homem. Ao passo que homens de
a palavra tupí do âmazonas iacum.ã Jesuíticas II, 368). A'.ssim por exemplo os Motu, tratam, baixo nível social tem apenas poucos
significa leme. Segundo o mesmo por entre múltiplos preparativos cere- parceiros, os grandes chefes mant~m
ALVES CAM.ARA (254) define a jan-
autor, ibidem, iacú quer dizer: es- moniais dirigidos pelas famílias dos relações, muitas vezes, com várias
gada como < embarca.ção feita de 5 chefes, de construir os barcos para centenas. As amizades baseadas sôbre
perto, apercebido, cuidadoso, e (507) ou 6 páos unidos por cavilhas com
maãn: visto, enxergado, apercebido. depois empreenderem a viagem pre- Kula são, geralmente, hereclitárias.
bancos e velas. Serve para. pesca e cavendo-se, sabiamente, de todas as Os objetos de Kula proporcionam pres-
Se ALVES CAMARA (254) explica viagens na costa. Usada desde a par- possiveis influências e poderes peri- tígio : costuma-se mostrárlos, conta-
jacumã ser e nome dado pelos índios te norte da baía de Todos os Santos gosos. Todavia não se trata de trocar se de quem e de que maneira êles f o-
do Amazona~ às pás com que remam,,, até o Ceará.> Segundo o m~smo autor utensílios, como potes e sagú, ~as no ram adquiridos e com quem se preten-
devemos aecentuar que observamos, (50) nas lagoas das cabeceiras do rio centro do interêsse comercial está a de trocá-los. tles figuram como centro
no rio Araguaia, o t~rmo jacumã apli- Purús, a tribu aruak dos Paumarí cons- permuta de braceletes e colares. ~ste~, de todas as mexericadas da tribu.
cado sómente à pá que serviu de leme tróe, durante as cheias do rio, a casa no entanto, não se negoceiam como Como êsses objetos mudam constante-
na popa dà ubá. sôbre grandes jangadas que consistem objetos de adôrno, mas apenas como mente de dono, muitíssimas passam,
na reunião de troncos em uma direção sendo valores para certas categorias durante a vida toda, pelas mãos de
Jangada - Balsa. Segundo FRIE- de pessôas int.eressadas. De mais a
DERICI (1, 53) da palavra tamil : e de outros, superiores, perpendicular- um homem. Uma peça leva dois a
mais, essas trocas não têm o fim de dez anos para voltar ao ponto ~~
xangadam. mente a êles, sendo êsse todo atra- apropriar-se dêste ou daquêle objeto.
cado com cip6s. partida. A troca dos objetos pratica.-
No Bràsil, o têrmo jangada foi Nunca os objetos devem ficar mais se, rigorosamente, nas farmas de pre-
empregado já em 1562, como mostrà MÉTRAUX (1, 210, 211) descreve as do que um ano no poder do comprador sente. Nunca se discute nem se re-
uma carta do padre jesuita Leonarrdo jangadas das tribus tupi-guaraní. o qual tem que trocar novamente a gateia o contra-valor. Não tendo à
peça adquirida. Além de tudo deter- mão peça apropriada, o homem pode
minam-se vizinhos que passam a ser pagar o parceiro mediante u:m pte·
proprietários dos ~raceletes, e outr~s sente provisório.
que podem adquirir os colares. PoIB
os braceletes movem-se nas ilhas que >Por ocasião dessas expedições co-
participam dêste jog? comercial (K~), merciais perm\].tam-se também outr?s
em sentido contrário ao do ponteiro presentes e mercadorias : um comércio
de relógio, a.o passo que os colares o profano acompanha o jôgo de Kula
acompanham. Acresce que os bra- sempre revestido de um cerimonial
celetes"fsão enfeites de homens, en- rigoroso e impondo-se por toda a
quanto;~q'1e:os colares são usados pel~s parte onde é ;praticado. O comércio
mulheres; assim o adõrno dos dolS profano abrange inhame, nozes de
sexos se encontra, sendo trocado, tal- betel e côco que são oferecidos por
vez, como reminiscência da primitiva regiões menos férteis, em troca. de
troca de mulheres. discos vermelhos talhados de conchai
e Há. Kula somente entre determi- ou de anéis de casca de tarta.ruga..>
nados parceiros e de tal forma que o (THURNWALD, 2, III, 121, 122).


- 137
de lavoura. era praticada em reg1oes percebido que é efeito do primeiro e
secas ; anima.is domésticos ali encon- causa do segundo . > (DURKHEIM, 5 .
tra.dos eram caprinos e la.nígeros. > 161).
(THURN\VALD 2, IV, pág. XIV). Cumpre notar, porém , que a causali-
3) Agricultura. (Em inglês p"fiough- d ade em l'IOciologia nunca pode ser
agriculture, em alemão Pflugbau. ) <A concebida no sentido mecânico das
agricult ura consiste no cultivo de ciências naturais. Pois atividades hu-
gramíneas depois de revolver a terra manas em consecução de det erminados
com o a rado. Como animais de trac- fins produzem efeitos (previstos ou
ção usam-se o boi, o búfalo, a mula e não), tornando-se assim, post erior-
o cavalo. t st e processo torna possí- mente, causas.
vel o cultivo em escala grande, o II. A exist ência de leis sociais é a
L amanho de um~ área maior com o
mesmo n ú mero de bríitÇOS que exige
« condit io sin.e qua non > para a exis-
tência da sociologia como ciência pró-
a hortícultu ra--de-enxada. A agricul- pria. >Se a vid a social não tivesse
t ura é trabalho dos homens, b~eando-:­ regularidai.d es, não seria pos$ível fazer-
se na criação de gado. Há. tendências se sociologia. Deve haver, portanto,
Lavoura - <Tribus d e lavradores m an- m.idos, ligando-se-lhes sistê:rnas de ir- entre os homens para livrar-se de leis s.ociais como fundamento dessas
t êm-se, principalmente, pelo cultivo rigação ou a cotlstrução de t erraças. t ais tra balhos, encarregando com êles regularidades. A questão é de que
de veget ais. l!lst e est á , na maioria Juntamente com esta forma de la- servos e escravos. ~ste fato leva à espécie são essas leis, são elas leis
dos povos Javreidores, a cargo das voura encontra-se, mu itas vezes, o aquisição de servos e escravos, isto é, especificamente sociais ou t rata-se de
mulheres ; p restam-lhes um auxilio suíno como animal doméstico) ao exercício de poder sôbre homens, leis que se realizam apenas na esjera
mais ou m enos eficiente os homens (THURNWA.LD 2, IV, pág. XIV). seja por meios pacíficos (magia., eco- social, de maneira determinad a > (LEH-
pelo arroteamento e preparo do terre- 2) Horticultura de enxada. (Em nom ia), seja por meios violentos (guer- MA.NN 2, 58).
no, pela construção d e cercas e arma- inglês hoe-culture, cm alem ão H ack - ra, organização senhoreal). > (THURN- <A regularidade nas atividades so-
zens, pela colaboração na colheita, bau). WALD, 2, I V, pág. XI). ciais é a expressão de leis ou biológicas
mas, principalmente, pela proteção <A enxada cm s ua forma mais pri- ou ps~quicas ou en tão encerra o con-
contra assaltos de inimigos ou animais cj. captor, estrutura social, orga-
mitiva consiste em um ramalho com nização social, pastor . ceito de legislaçêio (no sentido mais
selvagens. P arece que uma t ribu galho pontudo ou provido de u ma lâ- lato de uma atuação nomot ética).
cultivava, primitivamente, apenas uma mina de pedra , osso (omopla ta de um Isso significa. que as atividades obede-
espécie de vegetais , chegando a conhe- Lei social - I. <Fal ando de leis so-
animal grande) ou concha ; a mbas as ciais consideramos, no sentido m ais cem a regras porque se sujeitam, con-
cer o ut ras somente pelo cont act o cientement e, a uma norma ou se-
partes do páu, unindo-se em um ân- amplo, qualquer determinação ine-
com vizinhos. > (THURNWALD 8, 315). guem u ma ordem• (LEHMANN 2, 92).
gulo agudo, t êm aproximadamen te o quívoca dos a contecimentos sociais,
A lavoura aparece sob t rês aspectos mf'..smo comprimento ; o instrumento Cumpre, pois, frizarmos a diferença
uma delünit ação do que é socialmente
diferentes. A forma mais primitiva achou s ua forma típica. no m.~r do exist en te entre três espécies de lei.s
possível d ep.tro das possibilidades ili-
é a horticult ura com a estaca-de- Bgíto an,tigo. O inst r um(}nto sofreu, d e caráter ou relevância social :
mitadas, por certaf;l det erminantes » '
oavar. Mais d esen-v-olvida já é a n aturalmente, várias mo difi c~9ões no (D.Q B:.~U!l11$BERGER, 216). 1) Leis biológicas; como a lei de
hort icult ura com a enxada. A forma· decorrer do ten'l.po : prolongou-$e· o M endel, de s uma importância para
s uperior é a agricultw·a co1n arado. «Desde que se tenha provado q1,1e,
cabo, a pedra foi substitui da pelo em um certo número de casos, O.ois os fenóm enos de seleçã.o (v; i.) e pe-
1) Horticultura de est aca-de-cavar. ferro, eto. M ultiplicou-se, t ambém, fenômenos variam um com o outro, neiramento (v. i.).
(E m inglês digging stick-culture, em a aplicação da enxada. Ela entrou pode-se ter a certeza de achar-se 2) Leis psíquicas que abrangem
alemão Grabstockbau). · na zona da estaca-de-cavar para ser em face de uma lei > (DuRKHEIM uma. grande parte d as leis estabeleci-
~ A estaca-de-cavar é um dos ins- ali empregada co1no machado ou 5 , 163). d as em sociologia. Um a vez que «a
tru mentos-de-tra balho mais antigos. arma (tomahaw k ). Usava-se a en."{ada A lei social pode ser definida, por- psicologia s ocial é não somente psico-
E la co™istc em um pá u pont udo como p ara cavoucar o terreno e nêle semar tanto, como sendo a concomitância logia aplicada mas ta,mbém sociologia.
é usado pelos coleciona dores (v. í.) cereais (milho, aveia, cevada, trigo constante entre dois (ou mais), fen ô- pura > ( L EHMANN 2, 58), essas leis
para escavar raizes. O cult ivo com et c.). Originariamen te êste traba.lho m enos sociais. >A concomitância po- podem r eceber o atr ibuto social. As-
a estaca-de-cavar é feito pelas mulhe- esta va a cargo das mulheres, tendo de-se dar, não devido ao fato de que sim, por exemplo, as leis de imit ação,
res que abrem bw·acos no t erreno ar- os homens outras funções t radicionais u m dos fenómenos é a causa do outr o, d e sociabilid ade ou de subordinação
roteado pelos homens, plantando em tais como a defesa, a caça et c. Con- mas devido ao fato d e que ambos são que têm seu fundamento na própria
seguida tanchões de t aro, inhame, fei- dições de vida ciifel'entes dera m aos efeitos da. mesm a causa, ou a.inda ao estru t ura psíquica do homem.
jão, arroz, banana etc. Para isso es- ' homens uma parte considerável da fato d e que entre êles existe um t er- 3) Leis sociais p ropriamen te ditas.
colhem-se lugares pantanosos ou hú- I horticultura-de-enxada. Est a forma ceiro fenómeno, intercalado mas des- Nêste cai:so mais restrito a relaçã-0
t

- 13,8 ~
139 -
constante entre certos fenómenos não obrigação do irmão menor pa.rticipa.r I . GEIGER (4, 15) segue na sua clas-
manes, as relações entre o homem e a
se pode reduzir a fatos biológicos nem do matrimônio do irmão maior, des- mulher do irmão menor são severa~ sificação do homem-condutor, vários
a uniformidades de estrutura psíquica posando e sustentando a viuva dêle. mente proibidas, ao passo que não ha critérios:
dos homens, mas a normas que regem Em muita.a tribus australianas, o
restrições a respeito da mulher do 1) a função do lider (conteddo e
a vida dos grupos, normas, estas esta- homem que se casa com a maior de
irmão maior, em analogia com o que f~rma. de liderança variam em ra~
belecidas e obedecidas pelos próprios .Jw- várias irmãs, é considerado marido
acontece, também, entre os Thonga
mens. São costumes, tradições, usos, também das outras. P ode ceder êsse do conteddo intencional (v. i.) do
do sul da Africa. grupo (v. i. ) ;
convenções, preceitos morais e jurí- direito a seu irmão menor. Quando
e o desenvolvimento do levirato apa- 2) a origem do direito à liderança ;
dicos, enfim tudo aquilo que explica a há, por exemplo, quatro irmãs, e o
função coercitiva que os grupos sociais homem se casa com a maior, tem rece, clara.mente, na história judia. 3) os fatores que presidem à sele-
têm em relação a seus componentes. direito sobre as três outras. Se êle 1) O irmão menor casa-se com a viu- ção dos líderes.
O que complica imensamente· o permite, porém, o casamento do seu vado irmão maior. Segundo o G êne-
sis (38, 9) os filhos dessa união perten- (ad 1) Tipologia do chefe único
conhecimento exato da naturesa das · in,não menor com a terceira das ir- segundo a função (GEIGER 4, 16 seg.):
regularidades existentes na vida social mã.a, perde seu direito sôbre esta e cem ao falecido. 2) Ma.is tarde, só
o primogénito dessa união perten- a) o representante da unidade grupal
é, o fato de que as três categorias de sobre a irmã menor dela (que é a afiguva-se como lider instituido ao qual
leis se cru,z am em vários seµtid9Fi, quarta da~ irmãs, quer dizer, a mais ce ao irmão d efunto, recebendo o no-
me dêJe, para que ôsse nome n.ãe desa- compete a repl'esent~çãd interna e,, ex-
en::i.aran:hando-se, por vezes, qu&ai q:ue ~oç_a de todas). Qµando um dôfo ter,na do ag;rega.do. O chefe é e sím-
inext.r icavelmente. Os fenômeno§l, por irmaos m,orre, suas mulheres e s-eu::s pareçl!\i em Israel. Se não ll'á irmãos,
o pai do falecido tem dê casar-se dom bolo vivo do grupo representado pelo
exemplo, que se relacionam com o filhos cabem ao sobrevivente. · Po - Nós cuja aitualisação coletiva se· dá
fato da seleção social, têm um fillido liandri.a (v. i.), porém, não e~ste. a nora. 3) No decorrer dos tempos; o
matrímônio de cunhados foi restrito, só de vez em quando. Essa funçoo é
nitidamente biológico. M as, de ou- <Formalmente encarado, o levirato menos importante em grupos nos
tro lado, a seleção social (v. i.) re- corresponde ao sororato (v. i.). Am- por caber a herança à filha, quando
não havia filhos. Conceitos ec6nô- quais a vida grupal (isto é: o número
pousa sôbre o processo de peneira- bos representam participação recí- de relações ínt imas) é mais intensa.
mento (v. i.) que, por sua vez, obedece proca da vida conjugal de irmãos. micos e tendências patriarcais fize-
ram prevalecer a sua influência. 4) (Exemplos : família, ordem religio.sa
a duas categorias de causas : Pela independência económica e pela igualitária). Como representante in-
propriedade privada da família, ha- Por fim, o matrimónio de cunhados f oí
a) O peneiramento é possível por- proibido.> terno o chefe pode tornar-se ído'lo,
que as estruturas hereditárias das vendo ao mesmo tempo tendências mormente nas coletividades abstra-
personalidades (v. i.) são diferentes. patriarcais (v. i.), o levirato alcançou O mesmo autor (ibidem) menciona tas. A representação externa s upõe
·A causa prima de um determinado importância especial ; em parte, para ainda o levirato entre os índios Salish contactos e relações com outras cole-
processo de peneiramento baseia-se, garantir o s ustento da viuva e dos de América. do Norte, entre os Bogos tividades. Tipos representativos sã-0 :
pois, nessa heterogeneidade. filhos, e em parte para assegurar, da Abessínia, entre as tribus da Sibé- o monarca parlamentar, o presidente
b) M as a maneira de classificar as sob pontos de vista religiosos, a con- ria oriental e entre os Indogermanos. da república, os presidentes honorários
personalidades e o critério obedecido tinuação da vida da família ou sipe cj. biga/mia. de associações quaisquer ;
pela classüicação segue um sistema (v. i.) e, com isso, o culto dos ante- b ) o lider paternal representa ~
de va'lores existente em toda sociedade. passados. Liderança - Do inglês : leadetship. forma antes pessoal do que objetiva
i sse sist ema só pode ser consi4~rada ~O levirato é muito divl.J}gado entre
GEIGER (4, 136) d,efine a liderança de lideranç~. Predomina em grupos
camQ fato essencialmente. social~ ao P?:Vºs naturais ,e desenvolveu-se, ind,u- como e le~resent.ação de cole.tividfi,des 'prirnár,~os. Exem,plos : saeerdot~, Rl10-
passo .que o modo de ·s eguir e. aplicá-· bitav~lment~, apoiada, em eonceiW~ por <:1i1igão~.>~ 'Ao mesmo te~po el31 fessqr (GEI.GER 4~ 20 seg.).
lo n:ão se concebe sem levar em conta matrilinéares (v. L). Ouvimos, fre- ;repreS-enta uma >forma de deminaç~o c) o líder instituidor (Veranstalten-
a fun_ção das estruturas psíquic,~ des quentemente, que um homem se. uniu e direção baseada em int,erêsse~ e der Füh:rer) é representado por dois
indivíduos. à mulher do falecido irmão maior, aceitaç~o dos dirigidos > (YoUNG, 2, s ub-tipos (GE:i:GER 1, 22 seg.):
O peneiramento pode seguir a sele- por exemplo, nas ilhas de Trobriand. 409).
Nêsses casos, a viuva, nem sempre, é aa) lider creador (carismático),
ção a qual, embora seja biológico em A liderança é um f enômeno indis-
si, produz efeitos sociais de maior exigida, mas obrigatoriamente trans- pensável à vida grupa.l, pois, >o grupo bb) lider organisador,
alcance. Os fatos, pois, que variam mitida por herança. Entre os Thonga é um a.grega.do imaterial, mas desti- (ad aa) A conciência coletiva (v. i.)
em função de outros são de naturesa do sul da Africa, a viuva pode esco- nado a aparecer e tomar-se eficiente possue caráter emocional e volitivo.
muito diferente, e as leis d ecorrentes lher, entre os parentes do marido no mundo material. Embora sej a As volições t êm um conteúdo geral
daí assumem uma feição extremamente falecido, aquêle que deve desposá-la. imaterial precisa ser perceptível no mas pouco racional.
complexa. l~contramos o levirato juntamente A racionalização dessas tendências
mundo material e ser representado
com o sororato, entre os Hidatsa do para adquirir capacidade de ação. cabe ao lider-creador ou chefe que é
Levirato - Do vocábulo latim levir : norte de Dacota, como também entre Esta é a função essencial e geral da intérprete das pretençõcs grupais. Aqui
cunhado. os índios Gralhas, casando-se o ho- liderança> (GlltQER 41 137). T oda li- é que aparece a correls.ção existente
TRURNwAt:;D (~, II, 245, 246) escre- mem, da mes ma forma com as irmãs derança é pessoal e tem o poder como entre chefe e chefiados. Como ir•-
ve a respeito : >Ü levirato consiste na menores da mulher. Nas ilhas Anda- térprete suas decisões seguem as voli-
base.

1 1
- 141
- 140 -
3) a casta (ou ordem) dirigente que 3. Nas línguas flexionantes dá-se
ções do N 6s que as reconhece e incor- d) Em oposição ao direito trahscen- representa um grupo jeclwdo e relati- a formação de palavras e flexões pela
pora. >Todos os chefes sã-0 chefia- dental está o <direito de bai:t0 >1 con- vamente impermeável. Suas funções fusão de partículas de função múlti-
dos> (SIMMEL 1, 104). Mas pela sín- ferido pelos próprios membros do em relação às demais castas são defi- pla com troncos variáveis (flexionante
tese dos elementos coletivos e pessoais grupo. >Contra a objeção alegando nidas e sancionadas pela sociedade. de tronco: indogermânico) ou por
as atuações do lider carismático rece- que a. eleição do chefe, no sistema de- Não h á liderança pluralista quando modificação interna da raiz (flexio-
bem un cun ho original. Entre as mocrático, é urna medida fictíciaJ existe apenas divisão local ou material nante de raiz : semítico).
possíveis tensões que podem surgir
A

cumpre por em relêvo - sem con- das atribuições. 4. As línguas incorporantes (poli-
quanto à personalidade do chefe é testar essa constatação : trata-se de cj. autoridade, cárisma, dominação, sintéticas) (groenlandês, muitas lín-
sobremaneira importante a >liderança examinar a fonte de que o lider deriva., individuo-condutor, prestígio. guas de índios) formam, pela compo-
heteronômica>. Essa forma d e lide- formalmente, seus poderes e de achar sição de elementos independentes e
rança se realiza quando o chefe con- a causa subjetiva, pela qual os compo- Liga-de-idade - Em alemão Altersbund. dependentes, construções de frases
segue levar a. cabo seus intent-0s con- nentes d o grupo reconhecem suas fun- • THURNWALD (7 , 261) define o têrmo 1'eunidas em uma única palavra de
tra a vontade do ~rupo; Mas absolu- ções de lider > (GEIG E~ 4, 38). como grupo de indivíduos da mesma grande plasticidade. »
tismo, despotismo e ditadura sã.O for- e) Serviços prestados e sücessos idaqe. Todo~ os jovens que p assa- II. Sociologia Zingutstica. - . < Os
mas heteronômicas Só quando se go- constituem, geralmente, os el~mentos :ral)'.l,. ,ju~tan:ieJ;)te, pela eerim~nii;t. <l~ caratéres de exterioridade aq ~ndiv:iduo
'. ver't).a por coacção física, o que' é pos- d~ que o· ditctdor deriva o 9ireito à inicütção (v. i.) formaµi, en~re c~rtos e de coerção ,pelos quais DURKR;mnt
, sível somente durante um te.m po lid~rança acrescentanqo-lhes o fator ' povos, uma · organiza9ão cuja spli.d a- define o fa.to social (v. i.) aparecem na
limitado. subjeti"Y'o da vocação. Dos ser·víças riedade acaba só com a• morte. língua com a últüna evidência> (MErL-
(ad bb) O papel do líder organisa- prestados provém a autoridade e do LET cit. apud WElssGIDRBER 593).
sucesso. o prestígio. cj. camada-de-idade.
dor ~ secundário : êle é primus inter Como fato social, a l\,ngua é urri:a
pares e tem po1· função possibilitar j) O direito exterior à liderança origi- objetivação social (v. i.) de caráter
Liga-dos-homens - Em alemão M an-
a atu ação do grupo que dirige (um:a na-se do processo de nomeaçã.Q consti- nerbund. THURNWALD (7, 262) define impessoal que, t endo sido elaborada
assembléa, por exemplo.). tuindo um tipo puramente autoritivo. espontânea ou, também, metoillca-
a liga-dos-homens como grupo cu jos
d) O lider espontâneo : não insti- (ad 3) O princípio de seleção dos mente, pelos componentes da >comu-
membros se reunem, periodicamente,
tuido e temporário desempenha fun- líderes está subordinado à. hierarquia nidade linguística >, transmite, como
afim de realizar determinadas cerimô-
ções atualizadoras. tle dirige grupos dos valores s ociais predominant-es . sendo fenômeno cultural e superinch-
nias religiosas. Todos os homens j á vidual, toda a cultura do grupo res-
d e caráter puramente emocional cuja Há, contudo, grupos em que a consti- iniciados (v. iniciaçã.-0) das comunida-
vida se resume em atu alizações inter- tuiç~ do dirigente não obedece a pectivo. E' evidente o duplo aspecto
des que adotaram essa instituição,
mitentes. Nessas ocasiões su rge um uma seleção propriamente dita, por sociológico do problema; o que se
costumam fazer parte da liga.
dirigente, como, por exemplo, o en- exemplo: a família, a gerontocracia e dá com todos os f enômenos culturais,
a monarquia hereditária, embora nos cj. sociedade secreta. n ão deixa de produzil'-se também com
t ottdol' de canções, o recitador de ora-
ções e o sacerdote que celebra a li- dois ultimos casos o regime ern si e, relação à língua : 1) ela é expressão
na :monarquia hereditária, a escolha Língua - !. Generalidades. - Está em de uma determinada sociabilidade ·e
turgia. u so, .segw1do DEETERS (225) a seguiJJ.te
da dinas,tia sejam efeitos de um ·Pro- 2) age no sentido de engendrar umâ
(ad ?!) GEI.GEJ:t (4, 34 seg.) distin- cess.o seletivo precedente. ('cf. sele.ç ão diViisã.o tip9lógica das Hnguas, p erten-. sociabilidade es,Pecffica.
gue as seguintes fontes da 'l iqe·r anç-a: e pe:n~ira:roento)1 ' cendo, porém, a ·n1ai~r parte delas a (ad 1) 0 $ ca1•actéres diferenciais v,e -
a) P11estígio (y. i ) e autorida:de ' tipos m.ixtos :
, .Il,, ,Qua~qo . ~ ~ma phu~ali.cmQ.~ tie1 rificad,os por um es:tu'Q,o comp,at&ti'Vp de
tv. i.). A autoridade prende...se , i).O. pesso~s; const1tu1ndo uma uuiCl~de 1=''1. As lin'gu~s isolantf'h.l {1ne.lhor : várias linguas, explicam-se, em g~ande.
cargo, o prestígio à pessôa. O p1·es- integra._!r desempenha o papel' do li- agrupantes) uão formam flexões, e as parte, por variações da es~rutura: ou
tígio, no entanto, pode aumentar a d er » (UEJ.GER 4, 46, 47), fala-se eµi relações são expi:essas por poucas pa- organiza~~ social. Diferenciação so- '
au toridade, e esta pode contribuir liderança pluralista. Exemplos his- lavras a'llxiliares ou. pela posiçã-0 que cjal, divisão do trabalho e especiali-
para a constituição do prestígio. tóricos : consulado romano, triunvi- for:ina grupos por sentido ; não ha- zação profi&sional, por exemplo, en-
b) A naturesa, isto é, a diferencia- rato, monarquia espàrtana. Outros vendo também formação de palavras, volvem uma diferenciação linguística:
ção das personalidades (v. i.) como tipos de liderança pluralista são : a língua é chamada is olante de raiz «T od o grupo humano utiliza, de uma
fator bio-social. Ancianidade, por 1) o conselho dirigente com respon- (chinês) ; de contrário chama-se iso- maneira particular, os recursos gerais
exemplo. sabilidade coletiva, que é produto de lante de tronco (polinésio). da língua> (M E ILLET cit paud EssER-
um processo de divisão-do-trabalho, 2. As línguas aglutinantes (subor- TIER 348).
· e) Direito< d e cima >, baseado em .re-
lações transcendentais com as divin- bastante complexo ; dinantes) (turco) formam pal.a vras e <O significado de uma palavra é
d ad es. R éis e sacerdotes derivam 2) a camada dirigente que consti- flexões pelo acréscimo de partículas definido pelo conj unto das noções às
suas funções de 1.íderes do ato de tue uma espócie de elite (v. i.) e se sem sentido intrínseco (mas com f un- quais a palavra se associa, e as asso-
consagração. A liderança sa cra chega compõe de líderes potenciais, mas que ção, em geral, inconfundivel) a ra.izes ciações diferem evidente,mente segundo
à d eisficação da pessôa do lider. (TRURN- não têm funções dirigentes circuns- inva.riáveis. o grupo nos quais a palavra é empre-
WALD 2, IV, 137). critas;
- 142 - - 143 -
gada> (ibidem 348~. Fenôme._nos so- linguística (Ibidem 363). O processo trovérsia s(ibre a formação artificial sendo falada a língua tupí no Amazo-
ciais como profissão, classe, :aexo, evolutivo na língua tem um signifi- da Língua geral, apesar de ter decla- nas e no P ará e a lingua guarani no
isolamento, número e intensidade de ca.do relativo podendo ser compreendido rado uma autoridade da competência Paraguai, na Bolívia, na Argentina,
contactos e relações intergrupais se só em relação ao nivel cultural e ao de RECALDE (2, 40, 42), recentemente, no Uruguai, no Rio Grande do Sul,
refletem na linguagem. equipamento civilizador. êsse idiôma uma das >três línguas> em Santa Catarina, no sul de São
e No interior de uma dada língua, (ad 2) A língua é mais do que um faladas pela >raça tupí-guaraní > que Paulo e no sul de Mato Grosso. Já
definida por uma pronúncia una e, simples instrumento de comunicação : si se comparassem o tupi e o guarani mencionámos, porém, a expansão da
sobretudo, pela identidade das formas ela é >a forma de conhecimento que com o português e o espanhol, para Língua geral na Amazônia. RECALDE
gramaticais, há, na realidade, tantos crea as condições do conhecimento dar vaga idéia da proporção das seme- (ibidem) indica como prova da Lín-
vocabulários particulares quantos fo- daquilo que se expressa e comunica, lhanças e diferenças que ocorrem entre gua geral a célebre gramática de An-
rem os grupos sociais tendo uma auto- ela é a base sôbre a qual se torna as duas línguas ame·r ican.a s, por um chieta · e o >Diccionário Portuguez-
nomia na sociedade que fala essa. lín- possível o entendimento, nesta. forma, lado, e entre as duas europeas, por Brasiliano >, cuja autoria foi a.tribuida
gua, e todo grupo humano tém suas entre homens> (WEISSGERBER 599/, outro lado, a lingua geral correspon- pelo seu reeditor Plínio A YROSA a
designações especiais, · não somente Isso implica que >o individuo e., da deri~ ao galêgo. Segundo· o mesmó um antigo missionário do Maranhão,
daquilo que lhe é peculiar, mas ta~,.. mesma fQrma, grupos maiores são de- aµtor (ibidem, 40), a Língua Geral era de nome Frei ÜN'OFJlE,
bé.m. de numerosas coisas que lhes ,fião termina.dos em suas atitude~ e condi- ~fruto ful, fusão tupi-gu.araní » e falada. cf,. avanhee, nheêngatú.
comuns. éom ôs membros de grúpos' ' ções existenciais pela participação da pelos >Tupí-Guaraní da costa, en.t;r.e
mais amplos do que os em que eSt~o língua> (ibidem 603). Can'atléa e São LW.z do Maranhão», Luta - cf. conflito.
integrados êsses homens.> (MEILLET Há grupos sociais cuja integração
cit. apud · EssERTIER 355). ou coesãe é determinada pela lín-
~lineiam-se as seguintes tendên- gua : são as comunidades linguísticas.
cias gerais : .H odiernamente a linglia desempenha
1) A ação do grupo total traduz-se
um papel altamente integrante nos
na uniformização, integração e cen- grupos totais politicamente orga.ni~
tralização da lingua. (Elevação de um zados. (Povo, Nação).
dialeto a-0 papel de língua of'icial. Literatura : BALLY, C.AssmER, J on-
DAN.
Não raro essa oficialização se revela
como fenômeno de dominação de um
Língua geral - No Brasil, &te idiô:ma
grupo parcial sôbre outros : o francês
na Bélgica.) composto de elementos tupi e guara-
ni, começou a ser empregado pelos pri•
2) Os grupos parciais atuam no sen- meiros conquista.dores europeus nas
tido de uma diferenciação linguística, swi.s relações com os índios que fala...
no tempo e no espaço : dialeto, gíria, vam, quasi todos, uma dessas línguas.
calão, linguagem científica, secreta, Com a mestiçagem subsequente., a
Utú:vgica, lingua de gatunos e m~ndigos, Lipgua geral tornou-se vernácula para
etc. SôbrepPSiçãô étnica, pacífica ou '1o s neobrasileiros, tendo sido faJáf;la
por · conquista, · impõe uma novf!. lín-
0
por .êles, até há pouco tempo ainda,
gua às ca.mà:das infe'Piores. .P ode h.a.;. em. diversas zonas do litoral. Asse-:. .
. ver fusão de línguas (inglês), .elilxlinà- verou-n·o s por exemplo., o dr. Eugenio
1'

çã.o de uma tlas duas ou, também, LINDE~ERG, professor da Escola Po-
bilinguismo. litécnica de São Paulo, que sua bísav:ó,
3) Â mobilida.de social (v. i.) con- moradora da antiga Aldeia de Soo
diciona, muitas vezes, uma evolução Pedro, na Lagoa de Ara.rua.ma, muni-
rápida da lingua, ao passo que a esta- cípio de Cabo Frio, conversava, em
bilidade age antes no sentido de uma família, na Língua geral. Na Ama-
arcaização ( VENDRYES cit. apud. Es- zônia, hoje ainda serve, em grande )
SERTIER 361, 362). A dispersão no parte, de língua familiar ou comer-
espaço facilita a formação de dialetos, cial, sendo ta.mbem compreendida por
mas a concentração em núcleos con- indivíduos de tribus indígenas cuja
tribue para a elaboração de uma lín;- própria língua é completa.mente dife-
gua comum (Ibidem 862). rente.
4) Com a evolução cultural desen- Parece-nos que ainda não se deve
volve-se a tendência para. a abstração julgar por termina.da a já velha con-
'
145 -
de dá-lo, por ser sua fabTicação muito única soberana do unive~so, a perso-
penosa. Na guerra, sabem empregar nificação feminina da onipotência.
com particular habilidade êste ma- cj. mãe primária.
chado que, então, é destinado a ra-
char, de preferência., as cabeças dos Mãe primária - Do t êrmo alemão
inimigos. > Na descrição da viagem Urmutter.
de von SPIX e von MARTrus (IJ, 824) Segundo a definição de BALnus
menciona-se sómente que entre às (2, 286) êst e t êrroo se refere unica-
tribus gê do nordeste brasileiTo o mente à mãe mítica que pariu o uni-
machado de pedra de cabo curto é verso, os deuses ou os primeiros ho-
levado pelos chefes de guerra como mens ; por exemplo, à Tonacaciuatl,
emblêma de dignidade, e KissENBERTH >dona da nossa carne>, parceira do
(58) conta dos Caya;pó que seus médi- deus primário mexicano Tonacateéutli,
M > cos-feiticeiros »tinham em ·tempos an-
tigos como distintivo, machados cere-
ou à M ama.quilha, «mãe lua >, esposa
e irmã do deus solar dos peruanos.
móniais d e diorite ou diaba,s com corte Opina o mesmo autor q,ue o espírito
em forma ·de ·meia lua e cem cabos dos povos :naturais nunca chega a per-
Maca - Do aruak ilhéo, Ilaiti, se:- çÔJ1~avo da folha, se alonga para trás envolvidos por fios de algoelãó, ma- guntar péla origem da própria terra,
f gundp FR.~ED;mRICI (1, 47) que· .dá ª~ em um cabo o qual é posto no manú- chados êsaes que pendiam dé ·liombro mas considera sempre como j á exis-
bibliografia e cita ~s seguinte-s varian- brio de madeira. abaixo.> tentes o cosmos e a terra, interessan-
tes da palavra.: hamaca, a.maca, amac- RYDÉN (79, fig. 13) publica um mapa do-sé sómente pela s ua povoação (com
A respeito do fim dos machados de astros, nuvens, demônios, homens,
caJ jamaca, xamaca, amahaca, amac, âncora, RTDÉN (8il) chega à conclusão de distribuição que mostra ser o ma-
e as formas do plural : amache, ama- chado de âncora um elemento cult u- animais, etc.).
de que foram usados como arma. e obje- cj. mãe comum.
chis. E' t êrmo incorporado, sob di- to ceremonial, empregando-se para o ral do Brasil oriental e particular das
versas formas, em quasi todas as lín- trabalho outros machados que eram ºtribus gê. D epreende-se disso a J.m-
guas européas, pois os européus conhe- portância dos achados arqueológicos Magia - PREUSS (3, 61, 62) escreve a •
mais simples. Baseia-se no fato apa- respeito : e O acontecimento que com-
ceram o objeto designado por êle, com local bem determinado para poder
rente de que certos machados de ân- constatar a estensão territorial dessa pletou o animismo e aprofundou a
que é a rêde de dormir, só pelos seus cora não podem ter bem servido a um
inventores, os índios. grande f~j.lia linguístic9i. Rrn-ÉN compreensão cientifica da religião é a
fim prático, por não estar o seu ma- (80) acentóa que a pobreza de cerâ- verificação da crença na fôrça sobre-
Mas nem todos os habitantes preco-
lombianos da América. usavam a maca.
núbrio rudimentar em condições para mica na cultura dêsses índios torna natural ou mágica (mana, orenda,
isso (cf. o. c., 52, 69 fig. 6). Menciona, praticamente impossivelsolucionar, por etc.) em diversos grá.us tanto nos
No Brasil, por exemplo, viviam ao
além disso, as comunicações que di- via arqueológica, esta questão, con- homens como nos animais e objetos
lado das tribus tupí cujas rêdes de
versos autores fizeram com referência sistindo tais objetos de material mui- da · naturesa. Assím surgiu a ten-
algodão chamadas iní representam,
por assim dízer, quasi uma das caracte- a.o uso dêsses instrumentos. Assim, to J)erecedeíro. Mais exatas informa- dência de deduzir a atuação sobre-
ríst~cas de sua nacionalipade, a$ tri-
PoHL (194, 195) tratando Cle um ma- ç,qes a respeito de descobertas de ma- natural dos demônios e deuses, não
bus gê e de outras famílias J.i:nguísticas ehade de ânco:i;a que 'a dquiriu dos Po- çhados de âncora no litoral ~,eri~m d e da sua qualidade de espíritos no sen-
que costuma.Ir\ dormir ;no , eh~. racamecran do MaraQhão, relata : muito inter~sse, em yirtude dé elf:!:s tido do ;animismo, mas da sua ~otàção
«:Qomo irJ.sígniai de &ua dignid,~de, o poderem ev'ldencíar um povoa,men~o original ·e sobrenatural de maná que
Machado de , A1.-cora , - Do têrmo. capit,ão e seus subchefe~ 1evavam, em da cost.a por gê, precedente à ocupa- explicava também a vida e ,a p~rsolli­
alemão Ankeraxt que1 segundo Stig b~ixo do hombro, um machad.o de ção pelâs tripus tupi encontradas pelos ficação que lhes foram atribuídas e
RY1>;i:N (51) foi introduzido por Her- granito e de forma particular. i s te primeiros europeos que aportavam que o animismo fez resultar d.e si
mann von IHERING (1). Num traba-. machado, afiado em forma semilunar, no Brasil. mesmas. Compreende-se, porém, logo,
lho posterior, escrjto em língua por- de 7 Polegadas de comprimento, está ser muito mais dütcil provar a exis-
tuguesa, o próprio von ~RING, (~, segurado num cabo curto de 10 pole- Mãe comum - Do t êrmo alemã() tência de ta.V> fôrças pela indicação de
547) dá a êstes instrumentos de pedra gadas de comprimento, do qua l cordas Allmutter. denominações indígenas a respeito,
a designação machados semilunares de algodão coradas de vermelho pen- BALDUS (2, 286) empregou êste t êrmo do que provar a existência de uma
ou de <incora. dem abaixo. Uma fita estreita está para introduzir a divisão das supremas a lma no homem. Podia-se alegar
~ste têrmo foi aplicado por lem- atada em ambas as extremidades divindades de sexo feminino em mães sómente a grande quantidade de con-
brarem tais machados, pela s ua forma, d êste cabo para segurar o machado no comuns e mães primárias (v. i .), que- ceitos e ações mágicas nos ritos ceri-
uma âncora, correspondendo o corte hombro. Só com muito esfôrço, por rendo representar assi.m uma ampliação monia.is como também nas atividades
semicircular e saliente nos dois lados, intervenção de Carvalho e dando de do conceito de mãe primária e indi- da vida diária. Por fim, um sistêma
aos braços, e à ástea aquela parte do presente algumas facas, consegui obter car que não abrange somente a noção j completo da magia foi construido na
machado que, saindo do meio ·do lado tal machado. Os indios não gostavam de u,ma divindade creador:a, mas da base das leis da relação mágica en-
146 - ' 147
tre a parte e o todo, supondo-se que sariamente, na f ôrça mágica, Se bem pay~) costumam ser feitos com uma se em 'Várias tradições antigas, fontes
tais efeitos sobrenaturais não pudes- que não há ma.na que não tenha sua espécie de pequena coloquintide sil- essas que, entretanto, não deixam de
sem ser explicados pelo animismo. origem em qualquer espírito.> vestre, que cresce nas ser.ras. Os que ser suspeitas. Formas verdadeira.-
Na opinião dos investigadores, os con- cj. magia, manitu, orenda, religiã-0. servem para puxar a. dança são, pelo mente ma.triarcais foram observadas
ceitos primários da fôrça sobrenatural comum, ornados de penas, que variam mui raramente.
precederam o animismo, sendo substi- Manitu - Do algonquin (cf. FRIE- conforme a tribu, assim como de Os melhores exemplos acham-se na
tuído, às vezes, pelo conceito de uma DERICI, 1, 60). desenhos elegantissimos, incisos, e tor- América. Entre os íroqueses, as ma-
alma. Por isso a teoria, no comêço, Segundo o mesmo autor, (1. c.), na.dos vistosos com tabatinga. > tronas das famílias-grandes (v. i).
chamou-se também preanimismo. > manitu significa na literatura : < Fõr- nomeavam os chefes, eram as pro-
cf. animismo, demônio, feitiço por ça ou potência misteriosa e desconhe- Massa - O têrmo massa. usa-se, prin- prietárias da terra e1 das casas, ti-
analogia, manã., médico-feiticeiro, oren- cida. da 'Vida e do cosmos ; f ôrça má- cipalmente, em três sentidos bem di- nham o direito de auótar estranho~,
da, payé, religião. gica ; poderoso ; misterioso ; tam- versos: decidiam os casamentos e a. sorte dos
bém - um pouco mal entendido - 1) como sinónimo de multidão (v. i.); cativos de. guerra e inibiam campa-
Maloca - Do tupi, segundo STRAl>ELLI espírito, bom ou mau, gênio tutelar, 2) no sentido meramente e13tatís:- nhas cuja r~alização o conselho dos
(5l7) que cita as formas maróca e diabo.~ tieo : a massa dos espectadotes, dós homens já resolvera. ;?odja~ man-
mará:..,oca, significando mará: vara', A respeito <le inanitu observa PRE"USS ouviptes, dos eleitore~, etc.;, dar ~ guerra até os oompanl,l.eiros c;losi
vei;gontea (514), , óca: casa ;,(579), (3, 81, 82) : «Seria êr:i·o eiit~n4e·r por maridos quando a f amHia-gran:de so-
3) como' forma ou gráu de so,ciábi-
e ,a palavrf,l, composta m11ir6ca ou esta designação un1a penetraÇão do· frera perd~s ri.o combate ou' por doe.r-
lidade, >como grau menos intenso
xp.aloca : casa de varas, casa de esta- v cosmos po1· uma fôrça .o nipotente, I'to. ças, ~sse matriarcado prendia-s,e ' à
do Nós> (GuRVITCH 14).
1

cas (517). sentido dos conceitos panteístas oci- matrilinearidade, pois a famflia.-grande
O mesmo autor (ibidem) dá ~ se- Urge rpstringir o uso ,sociológj:co do compreendia to~a a descendência mas-
dentais. Pois j á seria demais para a têrmo ao óltimo fenómeno. Mai:;sa
. guinte definição : «A casa de resi- capacidade de abstra9ão dos povos culina e feminina de u' a mulher (<if.
dência fixa, onde o indígena vive em como forma. de sociabilidade representa .°KRICKEBERG, 107).
naturais . . . Os Algonquin obtêm por um estado ou gráu específico de coesão
comum sob a égide do dono da casa, meio de jejum na solidão, um manitu Na América do Sul aparecem ten-
e que reune sob o seu teto mais de dos componentes de qualquer agre- dências matriarcais, por exemplo, entre
• que é, em geral, um animal, mas pode
uma f amilia. > ser também um objeto do orbe celeste. ' gado social. Corresponde o uso do os Palicur do rio Oiapoc e entre diversas
O t êrmo ma.loca, designando no Bra- têrmo ao significado de comunidade tribus do Cba.co (cf. BALnus, 1, 63,
Levam consigo, então, permanente- (v. i.) e de comunhão (v. i.) palavras
sil, a casa que aloja várias familias, mente, como porta.dores da f ôrça má- 64).
habitação índia de vasta distribuição estas que indicam, em ordem crescen- cf. ginecocracia, patriarca.l.
gica, o couro do animal ou outras te, gráus de coesão ou a intensidade
nêsse pais, tem na literatura chilena partes. Foi por isso que se estendeu
e argentina sentido bem diferente. de fusão das conciências individuais Matrilinear - Em inglês : matriUneal.,
o nome manitu sendo primitivamente no Nós. . Qualquer grupo, multidão
Lá, segundo FRIEDERICJ (1, 58), a pa- 1

apenas a denominação de uma fôr9a em alemão : mut~rrechtlich.


lavra é derivada do voeabulo arau- ou agrega.do intermediário (como a THURN\VALD (2, II, 190, 191) es-
mágica, aos entes com manitu, aos classe social) é, em um determinado
cano ma.locam : combater, significan- portadores da f ôrça manitu e a um creve sôb:re a significação da matrjli-
do assalto de índios e, também, en- momento, ~ai:;sa, comunjdade ou co- nearidade (Mutterrecht) : >E' um
gra,nde supremo :ma.nitu. > munhão, segundo ~ intensidade c,Qm
ttp.da dos espanhoes, no Chile, nus sistema de usos e ,costumes baseado_
cj. magia, mana, <;>renda, religiãO, q\}e a coi+ciênci~ coletívSr se vai atua-
paizes platino~ ·e no Paraguai, com o na descendê:npia· em ijnp,a m:ater.~a (su.- ,
totem. ' lizàndo. ~ piass11· significa, portanto,
fito d.e' fazer escravos. ' cessão da,i mãe, M\ltt~rfolge;). Soci91o,-
'
a atualíz~ǧo. ml,l.il!f fi:aca da, conciên~ia · gicatnente, entende-se ;tx>r des~~i.,.
Mana Do m:elanésio. Segundo Marucá- Do tupí e gµaraní (cf. a oi- c'oletiv$., realizançlo-se em um círculo eia a transmissão de posição social 'e,
PREuss (1, 55) «os melanésios ' at:I'i- biiogrruia em Fn.1EDERrc1 11 61). A de pessôas maior do que as duas ou- propriedade, especialmente o proces-
buem todas as fôrças sobrenaturais cucurbitacea esvasiada que, prepara- tras fo,rmas de sociabilidade (GuR- so segundo o qual uma pessôa é inte-
obrantes num objeto ou num homem, da na forma abaixo mencionada e agi- VITCH (14 seg.). grada em um grupo social. Em geral
às quais dão o nome mana, aos espí- tada na mão,, serve para produzir cf. conciência coletiva, grupo, inte- trata-se de um sistêma tradicional
1·itos que as introduziram nêsse objet-0 ruídos de muitas modalidades e expres- gração, participação. que se orienta. por determinados prin-
ou nessa pessôa. A relação entre os sões acompanhando-se com ela o can- cípios, baseando-se a sucessão mater-
espíritos que chamam wui, e o mana to e a dança. Matriarca! - Não deve ser confundido na na descendência física da mãe.
é tão estreita que se pode dizer tam- 8TRADELLI (514) dá a seguinte des- com ma.trilinear (v. i. ), si bem que a Cumpre notar, porém, que êsse pro-
bém : os espíritos são manà. Não se crição : >Choca.lho feito de uma ca- ma.trilinearidade e o matriarcado po- cesso nem sempre se relaciona com
dá o mesmo, porém, com os objetos e baça esvasiada, enfiada num páu e dem aparecer, simultaneamente, no todas as formas da descendência so-
homens, pelo simples fato de serem cheia de pedrinhos ou de frutas duras. mesmo povo. ciológica, havendo, portanto, princí-
apenas inspirados por espíritos. Por- Os maracás são feitos, em geral, de Notícias dêsse regime político e pios diferentes para a transmissão da
que a naturesa sobrenatural em si cuie,t é, mas há maracás feitos de um social de mulheres (litera.Jmente : de posição social e da propriedade ;
dêsses espíritos não repousa, neces- tecido de ta.las, e os dos pa.gés (v. mães) que é o ma.triarcado, encontram- segue-se daí que pode haver, numa

,j
- , .

148 - 149 -
1
relação patrilinearidade, e noutra ma- trema que, antigamente, fosse geral. di'r a ma.trilocalidade com a ma.trili- A respeito dos preceitos matrimo-
trilinearidade. São chamadas ma- Essa maneira de interpretar não de- nearidade (v. matrilinear). niais escreve o mesmo autor (o. c.,
trilineares as relações entre o irmão sapareceu até agora. Mas o conhe- 251, 252) : >Caçadores e colecíona-
cimento ma.is amplo e maís profundo Observámos que na mesma tribu
da mãe e os filhos da irmã, relações podem ser praticadas, simultaneamente, dores que vagueiam, dispersos, em
essas que, muitas vezes, se manifes- dos povos naturais pôs em relêvo ou- regiões de população escassa, não têm
matrilocalidade e patrilocalidade (v.
tam na sucessão, de tal modo que a tros pontos de vista. Verificou-se que preceitos matrimoniais. Parece que
também entre vá.nos povos naturaIB
patrilocal). Assim, no Chaco, entre
relação entre pai e filho perde a impor- os Chama.coco e os Kaskihá, muda-se entre êles não faltam, segundo inves-
tância >. inferiores, por exemplo na Austrália, tigações recentes, relações chamadas
o marido, em geral, para o acampa-
A respeito do matrimonio (v. i.) há instituições patrilineares, o que, incestuosas. Há tais relações também
mento da mulher, passando, porém,
podemos dizer, em geral, que êste, principalmente, HARTLAND e LoWIE entre povos .superiores, especialmente
fizeram .prevalecer sôbre a escola an- a mulher dum chefe ou de seu primo-
entre povos natw·ais (v. i.) com ins- quando sipes (v. i.) (por exemplo,
géni~ a morar no a,c ampamento do
tituições ma.trilineares e matriloca,is tiga. Além disso ficou evidente que dinastias) querem evitar cruzamentos
SOgl'O ou do marido (cf. BALDUS, 1,
(v. i.) tem normas menos fixos do que a ma.trilinearidade rigorosa não é (cj. THURNWALD, 2, II, 162, 1631 IV,
entre povos com instituições patrili- caraterística dos povos natur,ais iníe:- · 69, 70, 73). Entre as famíUas dos
chefes dos Tereno, índios aruak do 94, 308, V, 62, 92, 93, 97 1 124, 157 ),
neares (v. i.) e patrilocaís (v. i.). riores mas justamente dos ma~ de, Provavelmente, os preceit9s :i;,natrimo-
Entre os primeiros, tudo .se ajusta de senvoividos, como, por exemplo, dos- sul de . Mato Gross.o, observa:p:r;.,s~
cas,os .de matrilocalidaq.e ~mo· tam-
1 nia:is tem causas políticas. Sua ori-
maue irà mai$ ·f acil e mais rrittural; ôs micron~ios e polinósios, dos 'in-dio.\3 d~ gem não tem rinda que v'er c~m o.dra,.
' Pueblo, etc~. bé'm de patriloeahdade (cf. BAL~us,
sexos
'
se unem numericamente' segUhdb 3, 75). ' ma do E'dipo o qual não se . pode
a necessidade e a capacidade, encon- ÀHURNWALD (o. c. 194) vê «o ponto \ ' documentar etnograficameç:te. A tfo--
trando pouca dificuldade a sepataçâ<J de partida da matrilinearidade na di- Vendo-se o marido viver na morada
dos sogros, 6 preciso averiguar si ca de moças nó.heis servia pata con-
por ficarem os filhos com a mãe. visão do trabalho (v. i.) e na separa- firmar a amizade entre famílias e
ção da vida dos sexos, especialmente isso é estado permanente ou passa-
<Antigament,e>, escreve THURNWALD sipes. Essas amizades reforçavam o
(o. c., 192) >exagerou-se o efeito da nas famílias nômades dos caçadores geiro, pois, em muitos easos, acontece
o homem conviver, por alguns anos, poder da comunidade, e outras comu-
I ma.trilinearidade sôbre o matriarcado e colecionadores. > Segundo êsse au- nidades imitávam tal invenção social.
tor (o. c., 195), a importância da :ma- com a família da mulher, para pagá-
(v. matriarcal). Sabemos hoje, porémJ A suposição antiga de que casamentos
trilinearidade desenvolveMse pela vida la com seus serviços.
que costumes ma.trilineares são bem fossem feitos, originariamente, me-
compatíveis com uma autoridade pa- agrícola da mulher, ao passo que o cf. exogamia, matrimônio. diante rapto de moças, nasceu de idéas
terna bastante acentuada. Não se patriarcado (v. patriarcal) se desen- românticas sôbre a ferocidade dos ho-
deve exagerar, porém, a oposição_ às volve pela vida nômade e de rapina Matriinônio - No dizer de THURN- mens primitivos. Às vezes, casamentos
relações entre ma.trilinearidade e ten- dos pastores. Em geral, aquela ma- w ALD (7, 246), <a união matrimonial se realizam por meio de rapto (cj.
d~ncias ma.triarcais ao ponto de ne- neira de viver liga-se a hábitos se- báseia-se em dois fatores importantes : THURN'\VALD 2, I . 46, II, 63, 111, I V,
gar o fato muito natural de que a dentários e pacíficos com mentalidade na atração se:ll.'Ual e na divisão do tra- 6, 55, 24.6, 248, 254), quando os pre-
matrilinearidade favorece a posição conservativa, ao passo que essa en- balho (v. i.) entrA homem e mulher, ceitos matrimoniais decaem (como
s.ocial da mulher na vida da tribu. volve mobilidade e alterações. coruitituida biológicamente ». ., M'.a - nas ilhas de Lombok, no arquipélago,,
Mui provavelmente, a matrilµieari- Instituições matrilineares foram en· trimônios são uajões de doitl parcei- da Sonda.) Frequentemente, as famí-'
4aâ~ ~ o re~ultado d~ um,a pteponde- 'contradas não somente entre os pÓv:as. ros sexuais, recon;hecidas pela cqmu- lias .' procuram conservar, at~ certq
;rância das atividades do .sexo ' feini- natw•ais dos diversos continentes, nuis nidl)iµe., . que espeta qe an:i,b_os, divisã~ ponto, por, meip de contrBrtos de casa-.
Rino ». , t~mbéll;l nas alta$ CUlttlraS • 6UrO}!>.Ç.~S do · traballlio, convi.vj.o permanente e, mento entre cri~nças, os prec~itos
Segundo 'm esmo autor; (o! c.. 193), cj. THURN'W~LJ?, o. c., 195 e pá:ga~ &eg.~, t~mbém, descendência> (ibidem, '247), n;iat,drnoniiús ~m decadência. {çf.
e os de.scobridores da matrilinearidade <Não podem ser verificados, ~m 'I,'HURNWALI), 2, II, 93, 1Ú4-.i:Ó6,
BACHOFE~, MORGAN e Mac LE~ÁN, Matrilocal - Em inglês matrilocal, em lugar algum, nem p matrimQ,nio' gru- 110-1'12).
9omo também seus discípulos e iSuces- aJemão matrilokal. pal (a união permanente de vários <A ordem matrimonial pode llláni-
sores KoVALEWSKY e von DARGUN, As instituições (v. i.) ma.trilocais homens com várias mulheres) nem festar-se em sentido positivo, obri-
STARC:KE e GRossE, S,cHURTZ e CUNow, exigem que o marido, pelo casamentó, a promiscuidade (relações sexuais sem gando a uniões mútuas os membros
generalizavam os resultados das in- s~ga a mulher passando a morar na distinção e sem união permanente). casadouros de certas sipes; ou em
vestigações, como acontece ordina- localidade dela (case., acampamento, ~ó em certas festas e ocasiões espe- sentido negativo, excluindo determi-
riamente, e, aderindo à teoria evolu- aldeia, etc.). Como dêsse modo, a ciais há exceções as quais, no entanto, nadas uniões. Os preceitos costumam
cionista uniJinear, creavam a hipótese mulher continua a. morar, em geral, ficam restritas geralmente a certas ser sancionados religiosamente, san-
segundo a qual a ma.trilinearidade pre- na mesma localidade onde mora ou pessôas parentes ou amigas. Durante ção não raramente reforçada pela vin-
cedeu, em toda parte, a patrilineari- morou sua mãe e a mãe de sua mãe, alguns anos desde o comêço da puber- gança de pessôas que se consideram
dade. Quando achavam vestígios tle justifica-se o têrmo ma.trilocal para dade, há, em algumas tribus, relações prejudicadas por uma suposta ilega-
instituições matrilin~ares, sempre os designar a instituição em aprêzo. E' sexuais livres que, mais tarde, sã-0 lidade. Individuos de posição podem
interpretavam como residuos de uma digno de nota que, não obstante isso, substituidas por uniões permanentes atrever-se, ás vezes, a cometer trans-
ma.trilinearidade consequen~ e ~x- não há necessidade alguma de coinci- de pares» (ibidem, 246). gressões.>
150- - 151

)
cf. avuncQla.do, bigamia, cla.,n, cross- piaye do15 Galibí, tribu ka.raíb da que não se trata ~e graduação .e m dado pelo irmã.o da mll.e ou por outro
cousin, endogamia., escola matrimo- Venezuela. E 1 medico e feiticeiro a.o classes, mas de metades de valor igual. parente mais velho dela. (cj. BALDUS,
niaJ, exogamia, famíli,a, frátria, levi- mesmo tempo, quer dizer, dedica-se isse sistêma tem evidentemente vestí- s, 127).
rato, matriarca!, ma.trilinear, ma.trilo- ao tratamento m édico dos doentes, gios de um contrato de amizade entre THURNWALD (~, II, 148-152) des-
cal, metade, monogamia, ortho-cousin, tratando-os mediante ações mágicas. gente de origem primitiva.mente di- creve a divisão em metades tribais de
parentesco classificatório, patri.arca.1, São insuficientes, portan"to, os têrmos versa.> habitantes da Nova Guiné e dos
' pa.trilinear, patrilocal, poliandria, po- Cada horda dos f,ldios Kaingang, Winnebago da América. do Norte.
bruxo, feiticeiro, agoureiro, padre,
ligamia, poligini.a, promiscuidade, sipe, por exemplo, divide-se em duas me- Como >sistema-pequeno de divisão
sororato. curador etc. e as designações norte-
tades. Os membros de uma das me- em metades que, provavelmente, é
americana
.. medicine-man e francesa tade só podem casar-se com membros
magicien. mais antigo> designa o mesmo autor
Matrim.ônio grupal .- (V. Matri- da outra. Filhos e filhas pertencem (ibidem, 148) >o clan (v. i.) dividido
1nônio). cj. magia. à i;netade do pai. Cada metade, por em metades, como, po,r exemplo, entre
Méd,ico-féiticeir o - Do têrmo alemão sua. P11-rte, está dividida em dois gru- os Bánaro. Nêsse caso, as metades
Zauberarzt. Meio· físico - Segundo Ma.e Iv.EJ\ pos1 de car~cterização social diferente, (sipes) do clan. não casam uma com a
E 1 o pày~ (v:. i.) dos Tupí e Guaraní, (102) o meio ambiente chamado jUico , o que se manifesta, também na. pin- ou~~a, havendo som~nte reJações de
o ,ba.ri tlos Bo:rôro
1
qe Mato Grosso, o abràQge os seg~intes aspectos : tura d .0 rosto. A pintura do rosto é
us~da nas festas dos mortos ·'e· s:~mpr~ '
amizàde tliadic,ional Q;cr~scida ® cer-
'' tos, direitos de rn.aitthnônio, aee~sório.
féita pelo pai. Só qu~ndo êste não
1

Aspect,.ós Jtsieos d.o meio arnOiente : Essa divisão em metades relaciona-se


está, ela pode ser feita pot outro com a órganização de ·c lans de várias
1 membro da mesma metade, seja ho- tribus. >
mem ou mulher, nunca, porém , por
membro da outra metade, por exem- Os Ramkóka mekra (Canela) do
não modijioodos pelo 1wrnem : modijioodos pelo homem plo pela mãe . Entre os Kaingang de Maranhão estão divididos não so•
condições climática& e cósmicas Palmas Q pai determina, quando pin- mente em metades roa.trilineares, ~o
ta o filho ou a. filha pela primeira vez, totêmicas (v. totem), de idêntico nível
1 social e teoricamente exogamas (N1-
terra não cultivada como
1
~ fisico-qu~micos
.
organico3
a qual dos dois grupos de sua metade
MUENDAJÚ e LOWIE, 568ü, mas tam-
deve pertencer para sempre. Os gru-
complexo de elementos animais e plantas domesti- pos da mesma metade estão, um em bém, independentemente dessas; em
físico-químicos e biológi- cados, o equilíbrio da vida relação a.o outro, como primos e pri- metades tribais que são as >metades
cos: o mar mudada. pelo homem mas. As metades se designam respecti- da época da ·chuva > (N1MUENDAJÚ
..--~~~~~~____;""-~------~__,,,

vamente, com a palavra amigo e ami- e LowIE, 569-571). Nessa orga.$ação,


imprimidos sobre o meio destacados d-0 meio originário ga, a qual (posto que é a mesma para uma série de nomes pessoais, cuja
origi,nário : os dois gêneros), aJém disso, significa transmissão é bilinear (v. i.) deter-
terra cultivada , via.s de tam,b ém o número 2. (cf. B,u,DUS, 3, mina automaticamente a meta.de à
oomunica9ao e de t rans- 44, 46). qual o portador pertence.
porte .' Como os Kain~ang, tàmbém os Bó- A divisão eµi m etades da épo'cà.1da,
'
-------------~--!.---------------- 1, rôro dó Mato Grosso dividem~~n~ em chuva ·;:ttinge não· somen~ t<?dos os
iri,strurnentó'IJ. ~e.tos Jormas ~m~6licas pu re.pr.~~ ' duas me tades exógam:as (v. exógafn;.fa), indivfJ:l:uos da tribu, mas 'tamoêm a_s·
ferrament~s . ·e meca.- tatif;<J,$ ' ·símbolos de linguagem, os tugar.ege e, os tc~erae, o que Significa coi~as do mundo int.e iro, co'tµo·, por
nis:in,os, ·e4ifí~ios, etc. monUJllentos, formas· artístida;s. os fortes e os débeis. T aml:;>é,m entre exemplo, .or~ent~ e ocidente, /Sol e lua,
os Kaingang, uma das meta:des tem dia e noite, tempo séeo é tempo de

<mais f ô,rça > do que a outra ; e essa chuva, fogo e lenha:, t erra e água; ver-
Mensu alidade - FAHLBECK (126) usa seu lado, podem ou não dividir-se em distinção é feita até entre os quatro melho e negro, planta.a e animais ver-
o têrmo mensualidade para designar sipes (v. i.). grupos sociais de sua tribu. As me- melhos e plantas e animais negros,
a sociedade-de-mesa constituida por «E' a integração em uma das me- tades dos Borô.ro não -s ão, porém, mi1ho e batata doce, mandioca e abó-
m embros da mesma casta, na Índia. tades que determina o casamento, como as dos Kaingang, patrilineares bora. Cada um.a das metades da épo-
cj. casta. qualquer que seja a sipe a qual se (v. i.) e sim ma.trilineares (v. i.). E la.s ca. da chuva. tem seu cabeça. Ao
pertence. As ' vezes, cada qual das não sã.o divididas, como entre os passo que seu papel é insignüica.nte no
Metade - Em inglês rrunety, em alemão sipes subdivide-se em metades. O " Kainga.ng, cada. qual em dois grupos, tempo sêco, sua. importância toma
Hãlfte. casamento dentro da metade quasi mas em sete. Ao passo que entre os vulto no tempo das águas no qual uma
Entre os princípios nos quais se sempre é proibido, Kaingang, onde a criança perten<',e turma de rapazes de cada metade reali-
baseiam os preceitos matrjmoniais <O sistêma de divisão em metades à metado do ~i, êste dá o nome za oom petiçõeà de corrida com a . ou-
(v. i.), cita THURNWA.LD (7, 252) a é chamado, às vezes, de e ordem-de.. ao filho e à filha, às crianças da tribu tra, carregando cepos de madeira ;
divisão da tribu em metades que, por duas-classes >, têrmo impróprio por- matrilineal' dos Borôro o nome é há também caçadas em comum.
- 152- - 153 -
Além dessas metades ex6ga-maà e Militarismo - <Militarismo no 15811- eficiência na presença.. Também MA- 1 de arte nada tenham que ver oom
inetades da época da chuva., os Rs.m- tido mais amplo pode ser definido LINO\VSKI (3) estudou recentemente 1 moda.) (STEINMETZ 1, 365 ; 2, 390).
ko' kameln:a tôm a.inda dois outros como atitude em face dos negócios , 0 mito como fundamento da vida re- 1' A moda como todos os fenômenos
tipos de metades, ambos restritos ao públicos, que concebe a guerra e a ligiosa, baseando nisso o seu chamado culturais
,, é fato social por excel~ncia :
sexo masculino, que são as ~metades preparação para a guerra como ins- m étodo funcional mas que é, em pri- e E o homem que faz a moda a. qual
de praça> e as >metades de classes de trumentos principais da política ex- meiro lugar, um modo de compreen- reage, na totalidade de sua existência •
idades> (NIMUENDAJÓ e Lowm, 571- terna e oomo forma mais eleva.da der a influência da religião sôbre a própria, sô.bre o homem > (SAUER-
573). do serviço público > (BuRNS, 446). vida social.> MANN 2, 120).
cj. matrimónio, frátria. Evidentemente êsse tópico trata Há dois pontos-de-vista fundamen-
apenas de um aspecto do militarismo Mobilidade - O deslocamento do in- tais para uma apreciação s9ciol6gica
Migração - e o p1·ocesso de altei:a,.ção que não se pode conceber, exclusiva- víduo no espaço social (v. j.) chama-se da moda:
; ,

nµmé'rica dos homens, morme.nte a mente, .como conflito ou tendência mobilidade social. O movimento mi-
para o conflito habitual (GmDING$ 1) Subjetivamente encarada, a mo-
&-umentação da próle, e.i;tvolve também gratório 6 apenas um f~tor acidental
1, 144). À relação ihtei;~rupal c.on:es- da origina uma atitude individual que
uma alteração "tlul!Íérica dos compo- n êsse processo. depende do grau de integração soçial
nentç$... de um ,grupo. O cre~cimento ponde a -relação intragrupal: nêsse
s.e ntido o :ro.ilitarjsmo si~nifica o domí- «A mobilidade social ·que s~ p.0de (v i )' da · pessôa. , ds proeessos nêsse
numér.iQO favorece,. na~ .comunidEJ.<ies da.r tanto em .sentido vertie.ail '. (asce·n-
ni0 de uma casta 'o u ·alasse ' milítar éaso· si.m ultâneos, de hnitação (:v. ).)
p~quena$ f~glomerações interna~, co~-­
1
d1monanoo desavenças e separa.çc,io s-ôhre as, demais classes ou catrtadas de.nte ou descendente, de uma c.a ma1a e -de distirrção representam a base do
de elem()ntos que se estaib~lecem alhi;t- sociais. Somente em relação a socie~ .• scomo
uperior para a itúerior, e vice-versa) mecanis~o subjetivo da moda. À
dades que apresentam, simultanea- . '3rn sentido hot·izontal '(de um imitação corresponde a igualação ou ,,
res de modo mais ou menos definitivo grupo para outro, no mesmo nivel)
originando, assim, movi.mentos migra- mente, êsses dois aspectos, pode-se nivelamento e à distinção a indivi-
'
falar em militarismo.
.
e pode consistir tanto em circulação dualização :
t6rios. > (THURNWAI,D, 2, IV, 46). ou movimento de idóa.s ou de valores
As consequências do processo de A origem do militarismo está em «A moda dá expressão e tem como
um dos aspectos : a necessidade ou sociais, e de indivíduo> (Az.EVEDO, acento as duas tendências opostas,
nligração são, em traços gerais, as 411).
seguintes: propensão para conflitos exte1nos leva nivelamento e individualização, o pra-
I ao domínio interno da. classe militar, 1) O conceito de mobilidade verti- zer de imitar e o de distinguir-se>
e As correntes migratórias são r~­ cal envolve os de estratificação (v. i.)
ou a posição dominante do e~ército (SIMMEL, 3, 160). A moda adquire
presentantes de cos.tu,mes e usos di- conduz a atitudes belicosas para com e graduação social (v. i.). Em socie- importância capital para o indivíduo
versos os quais podem ser transplan- povos estranhos. d,e.des homogênea.s (comunidades· v. porque determina, até certo ponto,
tados para outros lugares ; de outro Somente a exist ência de um exér- i.) não pode haver mobilidade verticsl. seu estatuto social (v. i.), pois, >estar 1
lado, êsses valores tradicionais envol- cito numeroso e bem organizado não 2) O conceito de mobilidade hori- fora da moda sig.nifioa perder o es-
vem, em casos de migraçã.o a distâncias constitue militarismo. zontal envolve, automaticamente, os tatuto ) (BOGARDUS, 243). , >Esta ten-
grandes, para um meio social muito conceitos de diferenciação (y. i.) e dência de dar a si mesmo uma nota
diferente, compulsoriamente, procés- 1'fito - No dizer de PR-moss (3, 6~) divisão-do-trabalho social (v. i.). individual é procura do e,statuto>
sos de transformação e. adaptação às
novas condições de vida, pro~essos
«o mi'to, como creação da (~t,asia.1 ~ORO~IN (2, 555) distingue canà~ (BOGARDUS, 244).
quasi nu:nca foi tido por col'r_el~to~ in- de circuJaÇão soQial: >Instituiç('.íes lnV'er.samente, a vitalidade da moda
êsse$ que não ,s e realiza:qi S'~m u'.ma dispel1saV'el do culto, çJ,0 ato reij.gio~o.
petda parcial dá cultura· a:utóe'tone. sociais como o exércitG, .,'a ig1'eja, a ·eKplica-se pela hecessidade de càn;..
C,onsidera111i-no 'cp.mo f1,ito.r vari3:-v,~1 ' escola, partidos poltticos,. organ.íz~­ qui'star ou manter uma 'detevtni:q:á._d,a ·
se no paiz n,ovo houver encontros c.o m e .d e condição infe1·io1· que, ' é verqt;t!,fe, ç.ões come,rciais e p1ofissionais serven;t posição social : «O boato de que a
homens estranhos~ várias formas de deu ocasião a discussões. filológtc~, .,
contatos podem realizar-se : · seja coor- de canais. de circulação vertical pelos · «'m elhor gente> ou que os míticos" êles >
' ' não ocu,paq.do, porém, lugar impor... quais indivíduos ascendem. ou descen- estão adotando um certo estilo, neJ:ita
denação, subordinação ou sobrepO'- tante na religião.> S~gundo o mesmo
sição, seja absorção ou decadência dem a escala social de sua sociedade estaçã.o, dá à moda um ímpeto pode-
autor, >tanto o simples ato de narrBJ estratificada.> roso> (BoGABDUS, 243). Cumpre no-
completa dos homens ou de sua cul- mitos, muitas vezes, é ação mágica,
tura > (THURNWALD, 2, IV, 46). cj. circulação das elites. tar, porém, que a. moda pode adquirir
como cada culto se baseia numa idéià. êsse ritmo acelerado quando ha :
Acresce que o processo de separa- que, ao mesmo tempo, é a. essência
ção vai acompanhado, as mais das Moda - e Moda é a mudança periódica. a) competição democrática entre os
de um mito. Por isso, os mitos de-
vezes, de seleção (v. i.) ou peneira- vem ser julgados não como sendo re- de estilo, de caráter mais ou menos grupos e classes sociais ;
mento (v. i.), quanto à composição sultados do raciocínio, com matizes coercitivo. A moda não fica restrita b) prosperidade relativa das classes
do contingente emigrante do grupo e de fábula sem importância para a à indumentária ou só à indumentária injeriores (Ross 2, 100) ;
dos remanescentes. vida, se bem que cheios de afetos, feminina : a masculina e infantil re- e) produção estandardizada. e ba-
Em sociedades de grande mobilidade mas como sendo atos de crença que velam os mesmos fenômenos, tam- rata de todos os artigos de modA e
(v. i.) movimentos migratórios inter~ dão aos acontecimentos, ocorridos b~1n o~ utensílios domésticos, os mó- sua aquisibilidade fácil. (SIMMEL 3,
nos constituem um fato normal. provavelmente nos tempos primitivos, veis, a arte> (embora os grandes estilos 148).

' G
l
1
- 154 - , - 155 -
Ross (S, 102) friza. a existência. influência económica> (TBmunvALD os superiores, 8alvo muito poucas Moquem -'- Vernáculo brasileiro de
de estruturas sociais que impedem o 2, IV, 182). Mas o conceito de mo- exceções. Entre êsses povos, a mo- proveniên cia. tupí.
consumo competitifJO (Japão, India). narquia encerre. mais êstes dois ele- nogamia é praticada, geralmente, por No dizer de AYROSA (1 69), >moquem
2) Objetivamente encarada a moda mentos: não ser possível ter ma.is de u ·a mu- é o gradea-do de varas, espécie de
se apresenta como elaboração ima- 1) Necessário é que o rei já não lher devido à proporção numérica dos grelha indígena para assar ou defu-
n ente de uma sociedade estruturada seja primus inter parea, dentro da sexos. Cumpre notar, no entanto, mar a carne d e caça ou peixe.>
e determinada. A moda está. em casta nobiliá.ria mas que êle domine que, no desenvolvimento das formas Com êsse sentido passou também
um ponto diferencial, isto é, entre o essa sua própria. casta.. culturais, vários fatores agiram no para o francês na forma de boucan
grupo que quer o novo e um outro, sentido de impôr certas restrições às (M AGNE, apud AYROSA, ibidem).
preso à tradição (8AUERMANN 2, 124). 2) A jurisdição real, não somente tendências monogâmicas. Ressalta Segundo RE cA~DE (2, 69, 70) o
Daí resulta a dificuldade de fixar a dentro da casta nobiliária mas tam- principalmente o fato d~ que a posse vocábulo guarani >MOKA'ê' se de-
moda no tempo. Dizer o que é mods bêm sôbre todas as outras : e Justa.- de várias mulheres é tida como sinal compõe em MO, jazer que, prefixo
hic et nunc é difícil wrque o estilo mente pelo fato de que o rei se eleva de i;>,restígio e, posterio.rmenW.,. ,de que anteposto a um nome o transfor-
acha-se, eternamente, em esta.tu n:as- a.cima dos outros chefes nobiliários, poder económico e político Si p1·imi- ma em verbo. :KA'e' se decompõe em
cendi, pelo eDjlbate dos gosto~ e das êle "pode, appiado sôb:i;"e. sua gtJa.rd!l tivamen,t~,. uma pluralida.d~ de mu- .K.4, seco, enxuto, e e, sai11 fora, tirar,
, opiµtões. Falar qe um.a moda pa.s- . pe~so&l, (se;m a qul:l.l é itl.con{{~bível) 1
lheres . r:eprese.nta:Va 'utn válo:r é.et>nô- expor, mostrar, pôr à most·r a. E'
sada é oontraditóri.o pelo· 'sim:ples mp- · gar!).ntir o funcionamenvo d~ um·a ju~ mi~o p~ra o ma,r ido,. ll'.l:ai,s 'tatde ela à mesma voz inchlida em MA~~'.,
ti"o de que a moda deixa de ser µioda, ris~içã:o no -sentido moderno e deter-
pass~u a ser símbole 'de , prestígio e olhar ; NO;:E-Ie', tirar, botar ,fora;
minar as$im a integração de todos os
uma vez que pertence a9 pa$8adq. poder. Daí resultou que os principes- · Sê', .saiz:. MOKA'e' significa pelos
Ce1·to é que a moda influe sôbre :a seus súbdi~os em uma organizàção seus conistituintes : fazér sair seco,
que nós chamamos Eswdo (v. i.). saé;ros, frequentemente, exigiam o di-
sociabilidade de certos grupos e e:s - reito sôbre todas as mulheres de seu enxugar (a.o fogo). A crosta seca das
tra.tos sociais, como também a de Manifesta-se essa jurisdição mormente fe rid~s em via de cicatrização tam-
pelo fato de ôle ser supremo juiz de pais, e que a camada política superior
uma sociedade inteira. A sociedade via no direito sôbre as mtilheres das bém recebe o nome de KA'é', uma
;urba.na., e aí especialmente a classe apelação> (THURNWALD 2, IV, 182). vez que a parte húmida. desaparece
cf. dominação, liderança. outras camadas uma parcela. essencial
ociosa (leisure class), é constitutiva de seu poder político. Dessa ideolo- e aparece, sai , a crosta seca. Nada
para o fenómeno da moda, adquirin- gia nasceu também a. orientação das encont ramos que corresponda à gre-
do, a.o mesmo tempo, um aspecto Monogamia - Do grego. E ' a união despotias do Antigo Oriente com as lha. >
caracterí~tico, pela moda como obje-
conjugal permanente de um homem A tribu tupí dos Kamayurá chama
ou de uma mulher com uma única centenas de mulheres do harem real.
tivação social (v. i.). a grelha. (B ratstander no original ale-
pessôa do outro sexo, e não, como Não há dúvida de que tais tendências
m ão) : tuka.nán (von den &!'EINEN,
acontece na poligamia (v. i.), com significavam uma desfiguração das
Monarquia - TuURNWALD (2, IV, 2, 538). E ' indubitavelmente variante
uma pluralidade d elas. condições biológicas. Por outra parte,
182) define a monarquia como forma de mokae'.
não devemos esquecer que as con-
de liderança. (v. i.) política e institu- A respeito dessa forma de matri- E ' verdade, porém, que outra tribu
cional cuja existência depende dos se- mónio (v. i.) THURNW.ALD (2, II, 85, Qiçõos biol6gicas não são iguais nas
tupí da mesma região, isto é, dó rio
guinte$ fatores : ~6) es.c reve : « Devemos distinguir f!> ·
diferentes raças e pov.os, como mostra
Culueno, os índios Aueto, chamam o
1
monogamia pqr 71reeessj,dade, de u~a. o ~xemplo de algumas tribus da Arábi~. mesmo objeto mimangkangetd, (~o~
. 1/ estratifica.Ção social, (v. i.) ; Assim, :fo.rte · t'ElAdência para a mo'no-
~) riqueza econô.1:nüia ),depen~e:nte, mbnogapii~ por princípio bai~eada de,n S'rEINEN, $, 536). :
h,,uipa ic;Ieo~<;>gl~ , mo.ral. , A. p~imeira• é ,gaiµ}Sr ~á ·e,n tre. ~s beduínos 1que.,, em 1 1~
por sua vez, d~ oposição aos O\J.tl'os árabes, n ão pra- ·Mo1•ai - A so·ciologia empepha-f$e ~pl.
' mu1to comum entre tribus de, caÇa-
<i) prop.riedade privada ,ou 'ÍS(mi- dores jnferiores e não falta. tão pouco tieii.:r:n' a poligQ.mia, sendo l'aro entre descobrir se há uma interdepe.n-
Jíar, entre outras. A seu :r.e speito encon- êles ii:té o concubinato com esq:i;avas. d êneia entre moral e socíedade· e at:é
b) produtos trocáveis em. quanti- '
tramos opiniões científicas bastante Tomando, porém, um homem no que ponto ela pode chegar. Se é
dades consideráveis, ou extremadas: h á quem fale numa pro- Hadramaut segunda mulher, a pri- relativamente fácil verificar que a
e) técnica ma.nufatureira ; miscuidade (v. i.) desenfreada, ao meira abandona, imediatamente, o moral varia em razão das variações
3) idéia da. atuação mística de po- passo que outros afirmam ter achado marido e passa a morar em casa dos estruturais dos grupos, >não se pode
deres transcendentais, a ponto de que a monogamia ideal. A verdade está pais. Somente emigrantes adotam concluir daí que (nem originariamente)
os reis são considera.dos deuses ou no meio. A vida sexual dos povos os costumes estr~ngeiros tornando-se 1 a moral, pelo seu conteúdo e pela
divinos. (Consagração, direito de cima). naturais (v. i.) está muito mais regu- polfgamos. Por isso, a.s mulheres se sua aplicação, se restringe à vida
Dadas essas condições, pode naséer la~ada, como, antigamente, se acre- negam a seguir os maridos para fora 1 grupal. Muito a.o contrário, dá-se com
urna monarquia se >um líder oficiãl ditava entre nós. Nenhum conhece- do país. Em consequência disso, os a atuação ética do homem o que se
aproveita o brilho da sua camada dor honesto, porém, pode atrever-se habitantes do Hadramaut que emigra- dá com todas as disposições sociais:
social, a posição familiar e o preiltí- a considerar, como representantes da ram para .iio arquipélago da India, na vida comunitária do grupo elas
fio pessoal pe.ra exercer o poder polí- monogamia por pririclpios, os povos misturaram-se, alí, com malaias e encontram o clima para seu desenvol-
tico, acorrendo-se, geralmente, de sua naturajs inferiore1;1 e menos ainda, chinesas. > vimen to completo ; mas elas fun cio-

.,.

- 157
156
respira.tório, em vez de tomar o seu é ação de caridade; MUCHIRãO
nam também por fora, em qualquer constituindo uma moral instituciona- caminho natural pelo esôfago. A é cooperação, fruto de civilidade.,
forma social, isto é, em relação a lizada em sociedades nas quais existe vitima tosse violenta.mente e o lí- Voltando à palavra apatchiro' dos
todas as pessôas; somente em face a escravidão (v. i.) n.a s suas formas.não quido é. exp1Uso por todos os orifícios. Tapirapé, não queremos deixar de,
daquilo que é considerado coisa elas patriarcais. Outros exemplos a.pre- E' um momentcr·de aperto. A voz O' : mencionar que;· a nosso ver, essa tal-
não podem entrar em função» (VIER- sentam ~ guerra!?, ~e extenn(qio, fre- tirar, que entra na c:omposição, rE}ce- vez se componl,m.. de a : prefixo p:ro-
KANDT 1, 394, 395).. quentes ent,re tribus primitivas bu beu o som na~al de síla;ba a-nteríqr. nomi:Q.al da prííneira pessô4 do sin-
J;>artindo dessas tefle:xões básicas,· povos de niv:el cultural muito dife- PiTiN.:O' faz: P1TiVõ' : tir~r de gular; pa: mãp ; tch~: possessivo
distinguímos, com VIERKANDT, trê§ rente (brancos contra ·selvfcolas que apertos, assistir. da primeira pessôa do singular; ira' :
formas de moral : são caçados como animais !) (VIER- <A idéia do muchirão não tem o companheiro, em guarani (irumuara_,
1) M oral comunitária. Suas nor- KANDT 1, 399, 400). no tupí de S TRADELLI, 475), que rea-
caráter de urgência. nem de aperto
mas se resumem nisto : cj. costumes. em que o éora.ção caridoso do indi- parece na língua tapirapé no número
a) solidariedade (v. i.) e dedicação víduo entra a agir de prontos em idéia quatro : tchairíl . Patchi nos lembra,
aos interêsses e ideais do grupo ; Muchirão - Do tupí e guarani. AYRO- de lucro, de reciprocidade n em de nessa ocasião, também o vocábulo
SA (176, 177) cita as numerQsas va- dos Guayakí : pat.cho: bater.
b) subordinação (v. i.) ao grupo e riantes dessa palavra e sua distribujção
passatempo.
Em todo caso,,·é bem possível que
seus représentantes (lideres v. i.), ~Se w.p.. cav~leiro fica prensado pelo
nos di:verf.)os · estados do · Brasil.. as vari~ntes dà pala-vra · mtu:ihir~o,
e) réconheeimento dos membros do Entre os Tapfrapé encontramos, corpo Qaido do cavalo, se um carre- tenham na..<iêido de diferentes étimbs.
grupo com os quais se convive~ su- com o mesmo sentido; a for~a apa- teiro fica, com seu carro atolado num :A respeito da significação de lnu-
jeitando-se ao critério da igualdade tchirü '. O snr. Curt NmuENDA.JÚ mau passo, se um ferido não pode chirão, lêmos o seguinte em AYROSA
de direitos. Pelo lado afetivo predo- nos escreveu a respeito disso : " A andar e pede auxilio, solicitará Pi- (175) : >Muchirão é a reunião de ro-
minam amor, simpatia e respeito palavra apatchirü' dos Ta.pira.pé é TiVõ' . ceiros para auxiliar um vizinho nal-
( VIERKANDT 1, 392). a designação usual em tupf para a <Se um cida dão precisa. terminar gum trabalho agrícola - roçada,
2) Moral aprobatória, baseado no reunião de gente para um trabalho um serviço, que não tem urgência, plantio, colheita ; terminando sempre
princípjo de que >tudo é lícito o que comum (ordinariamente para uma e a gente póde contar no caso com a em festa, com grande jantat ou ceia,
não é proibido > (VIERKANDT 1, 397). pessoa daquela gente). MoNTOYA reciprocidade, tanto mais que o ser- danças e descautes.
Essa forma liga-se, intimamente, ao Qiz : potyrõ' : poner manos a la. obra. viço é alegrado por folguedos e bebe- «Assim o definiq Amadeu AM.A~AL·
princípip ~strutur.al ~a so.<fiedade .(v. Proya:ve.l mente, a. palavra ~ o,0ml>psta deiras .(;}ll.:. •simplesmente pelo pra<Z~r e assim o des.cre·~m, mais. ou m~nos 1 , )
i.). Eí a morl:l.l aplicada a todos que de po-tt : mano , recia, e rõ, idem ~a i;i.máv:el companhia da bôa viz1~ quantos t êm tratado, dé tão interesi.
l)âO particip$m do mesmo .g rupo. quod 111: poner .(MoNTOYA). Os nhança, então solícitará MOCHIRü' , sante costume de nosso povo.
Nas relações obedientes a essa moral, Apapocúva-Guaraní têm uma forma. que lhe façam companhia, vernac'uJi- «Em todos os Estados do Brasil
não há simpatia, nem outro afeto muito semelhante. Na Língua geral zado MtJCHIRãO. o muchirão tem as mesmas caracte-
qualquer, suaceptível de influir sôbre (v. i. ) do norte, a palavra é putirú. < Si tomamos em cons.ideração a voz rísticas de fraternidade, de alegria e
::i. sua objetividade e seu caráter pura- (R éunion, rassem}?lement pour faire lRü' : companheiro, que faz CHE de espontaneidade. A êle concorrem
mente comercial e jurídico. Predo- vite un travai!, traduz P . T ASTEVlN, IRü' : meu companheiro, frequeniie- homens, mulheres e crianças, dispostos
mina o respeito, menos para com a La langue Tapihiya). Do guaran~ mente contraído em CHIRü' , e faz.e - a atender com a máxima solicitude
pessôa do qu'e em considera~ão da e da Língua geral do norte, a palavra mos dêle. um verbo com o prefixo ver- ao apêlo do vizip,P,o.
necessidade o.u utili<;l.ade da. relaçãp. foi ~dotapa no ~eft;tll<?, ·sen~ido pela bal MO., MBO, teremos MOC.I:J.IRü' : «O muchh:*p ;p.ão é prop.riamente.
·' ' E' ~ mol,:al preponder~nte ·na ':Vidn. , m0derna língµa P.op.ular pprtuguesa, do acemp~rllia:r.,~ l'el.ção tupí, e MóIRii.1, um ~ocôrro, um a~o de salvação, oµ
moderna. A reciprocidade (v. j.) Brasil. No Pará ~ n:o Amazon~s, a feição guaràlú. Si consjderarmos <:> um movimento piedoso; é antes um
parece inteiramente racionalizada e gente diz puchirum, em São P aulo modo português de vernaculizar as g~sto de amizade, um motivo para
colocada no terreno do cálculo ma- e nos Estados vizinhos rrwtirão. O vozes termfuadas em nasal, teremos folganças, uma forma sedutora de
ten1ático. Assim evitam-se atitudes primeiro a em apatchirü' podia ser o MUCHIRãú. Desta maneira, c9m cooperação para executar rapidamente
discricionárias (VIERKANDT 1, 397, prefixo pronominal da primeira pes- bases linguísticas e lógica gramatical, um trabalho agrícola. E também
398). sôa singular.> (cj. BALDus, 3, 98, 99). da voz IRli' : companheiro, chegare- não é original no Brasil êsse costume.
3) M oral cremática (em grego: R ECALDE (2, 72, 73) completa essa mos ao vernáculo em estudo: MU- Quasi todos os povos, sob nomes vá-
xc;~µa objeto, coi'3a) é uma forma de comunicação pelo seguinw : " Vou CHIRãO e s,e us equivalentes MOTI- rios e vários aspetos, sempre. pra.ti-
comportamento aplicada a que se , acrescentar que no paraguaio mo- Rii' ~ PUCHIRUM, APATCH~ü ', etc. earam o muchirao, "'' >
c'oÍlSidera coisai E' óbvio que . n ão derno te:i;nos a voz1 muito u,sual Pi- « MólRji' (guaran~), MOCHilitr (tu- úm muchirão .q ue') é original no ''
pode haver atitudes morais ou imé- TiVõ '~ ' no sentid@ vde .. a:juda.F, tirar pí) e :MO.C HIRUNAMO (Língua geral), Brasil, quer di2~r, que é t ão tupí
rais em relarção a simples objetQs, de apertos, auxiliar de certo modo, são equivalentes ao vernáculo MU- como o é a origem de sua denominação,
mas apenas para com pess6as trata- fisicamente, com ·d~eiro e até com CHIRãO. Penso que POTiRõ' de. achámos no apatchirü' dos 'fapirapé
das como se fossem objetos. Tais ' conselhos. PiTiN' é o fenômeno fisio- Montoya tem seu equivalente no 1 (cj. BALDUS, 3, 95-111 ). t sse. pa_re~e­
' · ~'l.titudes são inteiramente arbitrárias lógico que se produz como um reflexo moderno PiTíVõ' , já estudado. Esta 1 se muito, em seus traços prmcipa.IB,
e se ' podem observar, largamente, quando uma bebida penetra no canal

>
"
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com o muchirão da citada definição dura mais que alguns minutos. A em questão. Easa.s causas podem de ferro. Sendo, pórém, oferecidos
de AMARAL. E' a reunião de homens festa aca.ba com corridas em pares aprel!llentar-se sob a forma de nece8,.5i- ao índio nova forma social, novo canto
para fazer roça em comum, tendo dades ou de indivíduos-condutores ou nova crença religiosa, êle não com-
\
através da. praça da aldeia.
caráter alegre e festivo, e terminando Nem todos os homens tomam parte (v. i.). preende a razão pela qual tenha de
em banq.u ete, dansa e canto. Sua em cada apatchirfl' ; alguns traba- >Temos de considerar como causas abandonar o tradicional ou misturá-lo
finalidade, porém, é assegurar o abas- lham para si na sua roça, outros fi- que vêm de jóra sob a forma de ne- com o novo. E' verdade que, em
tecimento da tribu durante a época caro em casa. cessidades, por exemplo, a finalização geral, tal mudança rápida e radical
da chuva quando os víveres começam • do estado de guerra e a introdução de só se refere a determinados elementos
a escassear e quando os homens não Mudança de cultura - Em alemão instrumentos de ferro, mas também da cultura material. E, por outro
têm quasi outros afazeres senão cantar. K ulturwandel, em inglôs cuUural change. a importação de epidemjas e a ex- lado, também há casos nos quais a
A imp0rtância do apatchirü para O estudo da mudança cultural é pulsão do território hereditário para cultura espiritual se altera, ficando a .1
a vida social consiste, além disi:;o, na um dos problem,as principais da etno- outro com condições de vida dife- material essencialmente a mesma. Ve- 1
possibilidade de distribuir um txa- logia (v. i.). rentes. rifiquei um caso d êsses, por exemplo, ·I
balho coletivo de tal marneira que Nf;l. d~finição de Mt1'BLMANN (2, e Considerando as causas que vêm entre os Cbamacoco no Chaco (cj.
nenhum membro da tribu pos~a s,~.n,­ 19;, 20) >a m~dançt;i. de cultura não é de jóta sob a forma de indiv:lduos- BALnus, 1 1 85), onde tribus. ql.,le., há
tir,.s~ despres~i~i:ado por um ~tp me~ ~ alteração i.solada ~e um 4:J;tic0 :fen·ô:r, ·condutores, temos de 4üitinguír entre cinco decênios, aindai tinham forn;iado ·
nos J~to, o · qQ~ se obtem. f~:zendo do nien@ cQ.} tural em s1, mas a alteração
1 a recepção. d0 novo elemento cultural unidad~, esta:vnm mais .qu menos
trabalho· uma festa 'à guiaa de com-- dêste fen.ôme,;io em relaçãq às t.1ilte- por u'm i,n divíduo-cond4tor '" ªª uni- iguais na culturi;t n1atel'.ial1 tendo, po-
petição esportiva. r~ções de todos os outros f4n,ômenos da.d e cUltural em que·s tão, e a intro- rêm, , profundas diforenças ná espi-
Essa 1nstituição de produção é or- dá mesma cultura. Sendo a cultura , du.ç ão do novo elemento cultural titual. E' verdade que se tratou,
ganizada em grupos hereditários que uma funçã-0 1 seus fenômenos deve1n por um indivíduo condutor proveniente nêsse caso, antes de tudo, de uma
denominámos e g1·upos-de-trabalho ». ser co;mpreendidos como ~teráveis da mesma unidade cultural que o ele- mudança de cultura vinda de den-
Todos os homens da tribu são divi- em dependência recíprova.. > mento trazido por êle. A predileção tro>.
didos em três d êsses grupos que os No dizer de BALDUS (S, 216, 277), e os dotes pessoa.is têm papel decisivo cf. demora cultural.
Tapirapé chamam de vu-i'ra, pássaros, a mudança de cultura >pode efetuar- em ambos os casos. >
pois cada grupo leva o nome de um se de duas maneiras: pela assimila- No mesmo livro (310, 311) lêmos: l\'Iuiraquitã - Do tupí, segundo SrnA-
pássaro mítico. çã-0 recíproca do novo à cultura (v. • O espaço de tempo no qual uma mu- DELLI (569) que escreve essa pa1avra.
Cada qual dos grupos t êm dois i.) existente e dest a ao novo, de modo dança de cultura se efetúa, é diferente myrakytan, traduzindo-a (506) por
cabeças. que a cultura em questão seja con- de caso a caso. Quando, por exem- nó de madeira, sendo kytã, kytan:
A êsses três grupos de trabalho dos servada na sua singularidade local plo, uma tribu recebe, de uma vez, nó (ibidem), e myrá, muyrá, mbyrá :
homens pertenciam antigamente três e temporal, isto é, cqmo unidade no instrumentos de ferro em número bas- árvore, páu, madeira (569).
grupos pelos quais os meninos da tri- espaço e no tempo; ou pelo acolhi- tante a poder substituir por êles A mesma interpretação foi dada
bu eram divididos. Hoje, um dêStes mento unilateral do novo, que então todos ,os seus machados de pedra, pelo bispo D. Fr. João de S. José,
grupos está extinto. Dizem que com perturba a cultura at,é destruí-kL, d~ a mudança de Qultura se réaliza de que escreveu uuraquitan (HERIARrrE,
a ~ua in\ciação (v. L) o adolef:;cente modo que ' o novo, por fim, . tome o uma só vez. Si a tribu, porém, recebe 74, nota 6). ·
passa ao · grupo de trabalho do pai lugar di;i. cultw·f.t em questão. ~sses ·qqan,tidii.de menor , ' a mudança de 8TRADELLI (569), dá a se~inte de-
ficando, então, inembro d~le até. ~ g?ls ~feitos , na m.u~ança de c~tur,!'-1 cultu}'.a.' se dará pouce' a pouco. · finição : <Artefato qe jade que sê
morte. Os grµpo s. dos 'menino,s 'â.eo:ql.:.
·' J ,, _,lS~Q e, a muda,nça. d'eu,trQ' de uma ·~ Q'1ando1 em getf;l.l, o tempo' gasto tem encontrn,do no '.Baixo Aµiazonas,
panham os tr~s· gl'.lipos-de_.tr~l>alho ' cult\,lra, que quc:p·emos chà:piar de nu'S: mudan.Ça ria cUlturà m~teríal especialmente nos arredól'e · de Ooi-
dE>s,, homens em ~odas as suas açoe~. e' :iµµdança parcial tle cult~ra ,., e a iµti- ('v. i.) é mais cui'.tQ que o gasto nula
mudança na cultura espU'itual (v. i.) 1
dos é nas praias, entre as fozes dos,
rios Nhamundá e TapS:józ, a. que se
O sexo fem inino não pertence a danç~ de uma cultui·a para outra, que
esta institui,çãoi porque «as mulheres pretendemos chamar de <mudança a causa é a seguinte : as necessida- atribuem qualidades de amuleto. Se-
e meninas ficam em casa quando o.s total de cultura>, existiram desde que des influem mais Jortemente na cul- gundo uma tradição aindà vi'1"a o mu-
homens saem para o trabalho co- existem culturas, isto é, desde que tura material, manifestando-se, com rakytan teria sido o presente, que as
mum>. isso, mais imediatamente a vantagem ,
os homens formam unidades sociaLs, An1azonas davam aos homens em
Depois de terminar a tarefa, os desde os prim.QJ:dios do gênero huma- e a desvantagem. Quando, por exem- lembrança da sua visita. anual. Con-
homens são recebidos pelas mulhe- no, portanto.> plo, o índio troca um machado de ta-se que para isso nas noites de lua
res, a pequena distância da. aldtia, <Entre as causas da mudança de pedra por um de ferro, vê imediata- cheia, elas extraiam as pedras ainda
com grandes potes cheios de diver- cultura>, escreve o mesmo autor (o. mente a vantagem que ô novo ma- moles do fundo do lago, em cuja mar-
sos alimentos, comendo cada grupo e., 306 1 307), >podemos distinguir as cha.do lhe traz, e a desvantagem que gem viviam, dando-lhe$ a forma que
só dos potes que foram exclusivamen- que vêm de dentro, isto é, da própria teria si continuasse a usar o antigo entendiam, antes de ficarem duras
te destinados para êle. Na chega.da unidade cultural e aquelas que vêm ao invês do novo. E as necessida- com a exposição ao ar. Barbosa Ro-
à aldeia começam a dansar e cantar de jóra, isto é, são trazidas de outra des, isto é, as condições da sua luta DRIGUEs via nelas a. prova evidente
muna proci,ssão que, no entanto, nã-0 unidade cultural à unidade cultural pela vida, fazem-no tomar o machado , de antigas migrações asiátic~ O

'
- 160- - t6t
certo é que até hoje tanto no An1a- dios (cj. WASSÉN 2, 630-638) de ~er quitãs tenham a mesma origem. Mas da multidão : «A multidão é instá-
zonas, como no resto do continente a rã não somente a portadora da parece bastante seguro que na região vel, crédula, irracional e imoral,
americano, não se têm encontrado ja- chuva, mas também, em sentido do Amazonas, entre o rio Yamundá e (Ross 2, 62). A conciência coletiva
zidas de jade ou mesmo jade que geral, a da fertiliâade, é a melhor ex- o rio Tapajóz, havia um centro de não deixa de ter, na multidã-0, um
não tenha sido trabalhado, e que os plicação do uso dos muiraquitãs em distribuição dêsses objetos.> caráter fortemente emocional e voli-
artefatos encontrados tanto na Amé- forma de rã, para pagar a noiva. In- tivo, segundo o fim pouco definido
rica do Sul como na América do Nor- dubitavelmente, a passagem acima Multidão - O têrmo multidão (crowd, e menos racional.
te parecem pertencer todos a uma cita.da do mito das amf\zonas segundo jouJe, Menge ) admite duas defini- Naturalmente há gradui:i,ções con-
mesma indústria e civilização>. a qual essas mulheres davam os mui- tflçõe,s: sideráveis quanto ao gráu de casua-
W ASSÉN (1, 342) no seu estudo sobre raquitã.s aos homens como presente lidade e irracionalidade da multidão.
o motivo da rã nos achados arqueo- em lembrança da sua visita anual, 1) Uma pluralidade de pessôas que
A simples turba (mob) improvisada
lógicos da Amazónia, frl,za o impor- se refere àquele costume índio, sendo se encontram, casualmente, n o mes- representa « uma forma altamente ex-
jnvertido pelo folclore o papel do mo local, costuma ser chamad,a muZ,.
tante papel representado entre êles citada da multidão> (BERNBARD 41
pelos muiraquitãs em forro~ désse pagador. WAsSÉN (2, ,653) indica ain- tidão. Exemplos : o~ transeuntes de 552). Uma massa revolucionária com
ani:mal e acrescenta que tiws análo- da a poS'sibilidade de se porem os uma: rua, os passageiros de um. trem propósitos Q.efinidos e ação organi-
gos encontra;m-~e, pela maior pa,.rte., muiraquitãs em relação com,. certa ou os fregueses que en0hem um em-
z.a da no entanto, só é possível, sé-
ºª Venezuela e· na Arhéri()a Oeàtral.
Em ·outro lugar do . citado trabalho
espéQie de , pedras em,prega~s pelos
chef.es dos T.aina.n para ajQ.da.r à. mu..:
p6rio.r. Evídentemente não há lig~­
ção entre tais pessôas, e só o numero
gund0 G WIGER G5) dentro . dQ quddt·o
de um agregado ma.is con&,istente., e
lher no parto. elevado delas leva o 'o bservàdor a de-
(366) W.ASSÉN trata do artigo dê
nominá-1~ de multidão.·
como· atualiza'ão d~se ~regado que
REGER sobre os muiraquitãs o qual Aléi!U da forma de rã, os muiraqui- vem a ser, ho,d iernamente> o proleta-
(259) sugere restringir êsse têrmo aos tãs tinham, também, segundo HE- 2) A multidão propria'lriehte dita riado (cf . classe social).
pequenos, furados e, muitas vezes, RIARTE (37), a forma de >contas re- é um agregado que reage, de forma Indubitavelmente, a multidão en-
zoomórficos pendentes de nefrite acha- dondas e compridas, vazos para beber, semelhante, aos mesmos estímulos, volve um rebaixamento do nivel in-
dos numa área bastante definida ao assentos, pássaros,> etc.. isse autor de maneira ma.is ou menos descon- telectual : <Assembléas políticas po-
redor de Obidos. Segundo REGER, (ibidem) conta que <comumente se trolada. (BERNHARD 1, 612). E ' óbvio dem ostentar um radicalis mo que
ibidem, o lugar de origem do material diz que estas pedras se lavram, neste que um ajuntamento meramente ca- seus componentes interrogados indivi-
continúa desconhecido, mas pode estar rio dos Tapajós, de um barro verde sual de pessôas pode transformar-se, dualmente, negariam, em sua grande
situado no território inexplorado em que se cria debaixo da água. . . e, rapidamente, em multidão coesa que ma.iona.. Sôbre a influência. d6 nú-
tôrno do curso superior dos rios tirando-o feito debaixo da água ao ar, age ou reage como coletividade : Um mero observa um conhecido cientista.
Y amundá e Trombetas que nascem se endurece o tal barro de maneira desastre ou crime tem, frequentemen- (M1cHELS $, 25): E' um fato empí-
nas encostas meridionais da Serra que fica convertido em mui durissi- te, o efeito de aglomerar os transeun- rico que reuniões gigantescas e mesmo
Acarai. A respeito da afirmação de ma pedra verde ; e é o melhor con- tes, e êstes, sob a influência de alguns congressos partidários seletos costu-
HEGER ser completamente ignorada tracto dêstes índios e dêles mui es- lideres improvisados vêm a agir, pro- mam a.provar, de afogadilho e por
a significação dos muiraquitãs, W.as,. timado.> cedendo ao linchamento de wu crimi- aclamação ou votação, resoluções que
SÉN (l. c.) f riza a importâ'ncia das A respeito do problema da origem noso, à demolição ou ao saque de pro- a tnesma assembléa, dividia em grupos
jnformações, de H;ERIARTE e da m:ito- dos muiraquitãs, W ASBÉN (1, 336) ain- priedades alheias etc .. de cincoenta pessôàS, jamais apro~a­
logi~ dps Kágaba nQ que' dizem re'S- da cita o resumo fral):cês pa obra Estai forma de multidão pos~u.e. ria > (VIEBKANDT 1, 439).
peito .a0s m\lirB:quitãs em forma det!ã « Oudheden uit Suriname.),,n:o·,q ual seu cettos requisitos do giupo soúj~l (v. ~m:iiKANDT (1, 439) explica ~see ,
uiSados ço'mo moeda para comprar. 0
autor; DE ·GôEJE, esere:ve o seg~te; .i.), como}1 por exemp'lo, a, 1 con..ciê.nc~a fenómeno pelas ' seguintes raWe.fi· :
mulheres HlllRIARTE (19) .c onta dos '« Cómbinando todás as ~pío.rmações, coletiva e o conteúdo . intencional, mas
i\ndios· do Ma.ranhão : <( • • • têm infi- parece bem certo que os Rar~íb falta.-,Jhe a qontinuidade, e sua" obj~­ 1) A integração ua multidão tràz
nitas superstições, e agoiros em os (Galibi), os Aruan e, talvez, mdios tividade tem um , caráter muito pouco uma diminuiçiµ> da responsabilídade
1 -
animais: quando se casam compram dé outras tribus fi,zessem viagens ao acentuado. Necessário se torna, por- individual e, decorrente daí, a ineli-
as mulheres por pedras verdes, a quem rio Amazonas subindo...o até chegar a tanto, não confundir os t êrmos mul- nação para resoluções precipita.das.
chamam Ba.raquitãs (e as estimam um povo, provavelmente u~a t~i~u tidão e grupo, embora cel'tos tipos de 2) A interação aumenta a afeti-
e1n muito)>. Num mito que PREuss tupí, onde obtinham os ~wra.qu1tas. multidão venham a realizar-se só vidade individual.
li
2, 159) publicou dos Kágaba, tribu E' a.inda questão aberta si êste povo dentro do quadro existencial de um 3) A a.uto-conciência afetiva (v. i.)
chibcha da Serra Nevada de Santa fabricava êstes objetos (talvez tenha grupo. da multidão absorve o indivíduo que
Marta na Colombia, o sol pede a recebido o material de outra regiií.o ), Mesmo os ca.ractéres comuns a se sente fraco para resistir mas cuja
filha do m édico-feiticeiro Sintans., e ou si os encontrava em túmulos ou " essas duas categorias de agregados inferioridade é compensada pela inte-
êste exige como pagamento uma rã em antigos lugares de sacrifício. As sociais, assumem na multidão feições gração na multidão.
de pedra verde e outra de pedra ver- tribus do interior tinham talvez, con- düere'ntes. Ross (2, 62) e Me Dou- 4) Não há funções de controle na
melha. O conceito de muitos povos ta.to direto com 88 do Ame.zonas. E ' GALL (2, Cap. II) frizam a grande su- multidão : <Em todas ações da mul-
do mundo e, especialmente, dos ín- bem possível que não todos os muira- gestionabilidade e emocionabilidade tidão não existe o confronto de ei>-

'

' '
"
- 162 -
pectadores e atores. A pessôa que 1 ernamentada de plumas e de desenhos
está agindo, facilmente obedece à em alto relêvo e munida de uma pon-
tentação de afastar-se das normas ta de lança. móvel, e alguma rara vez.
prescritas, mas os especta.dores insis- de um ferrão de ai:raia, num dos la-
tem no cumprimento das normas mo- dos e no outro d e um maracá (v. i.),
rais evitando assim desviamentos. aberto na própria madeira em que é
Mas onde todos se inspiram nos mes- feito o murucú, acabando em ponta
mos impulsos emocionais e volitivos, e endurecido ao fogo. i!J' a jn8ígnia
não existe tal confronto: o agregado dos chefes de muitas tribus do Uau-
pode agir descontroladamente e se- pés e J apurá, e dela se servem hoje
guir os instintos mais baixos como um para puxar as dansas, como já se
indivíduo que se sente livre de qual- serviram para guiar os próprios guer-
quer controle.> (VIE'.RKANDT 1, 440). reiros ~a peleja. O murucú é geral-
cj. grupo. men~ usado pelas tribus que usam o.
torbc~a (v. i.); parecendo por iS,SO N
Mu.lt,ifnncâou,al - Segundo Gm:tYI,'i'CH m'3smo arrµa tupí-guaraní. ~
(1, 3~) a união ex;i$tente em UAl Ais lanças q,ue, aliás, t êm Àí.Stribui-
agregt31do social é .multifunci,ónal »quan- ç.ão basta11te vàsta na Amétieà do
do $e trat.a de 'Um~ combinação• de Sul, pertencendo, provavelmente, à Na~io - O têrmo nação ~esigna o correspond~, ' geralmente, uma limi-
obras diferentes, i.r;ispirttdas por vários camada cultural mais antigá dêste m:esmQ que povo (v. i.), porém con- tação dos de:veres cív.icos (servi~ mi·
fins e valores.> continente, não podem ser considera- siderado sob os pontos-de-vista da litar).
Exemplos : vila, cidade, sociedade das como elementos cultura.is típicos organização política e da afirmação Há, atualmente, uma tendência de
política. dos Tupi e Guarani, por serem, justa- cultural, em relação com outros povos transferir a natur~ização do poder
A união multifuncional predomina, mente, pouquíssimas as tribus desta (ou nações) de organização ou estru- executivo para. o poder judiciário se-
portanto, em todos os grupos que pos- grande família linguística entre as tura cultural diferente ou antagónica. guindo o exemplo dos Estados Uni-
suem conteúdos intencionais vários quais sua existência foi notada (cj. <Uma nação é <perfeita> (no sentido dos. Constituem requisitos constitu-
(v. i.). MÉTRA ux, 2, 83, 84). A lança de de tipo ideal puro) quando Estado tivos do processo de naturalização,
cj. supraf uncional, unifuncional. dança é usada pelos Tapirapé, sendo e nação coincidem ; a uma nação nêsse país:
chamada por esta tribu tupí de tvutra- cultural falta, com a ausência. da 1) renúncia aos deveres para com
Murucú - Do tupí e do guaraní. hãya (lvuira quer dizer páu, em tapi- unidade política, algo de e8sencial a pátria de origem ;
ST~ADELLI (245), indica, além dessa rapé, e em Montoya, TESORO, 141, inerente à nação> (VIERKANDT 1, 464).
denominação da lança, as designações encontra,mos a palavra haya com a 2) juramento de fidelidade à cons-
cj. Estado, organização, pov:o. tituição e às leis do pa~ de adoç~ ;
mbyrá e myrá. Em outro lugar (569.) tlladução guarte; conhecendo as em-
traduz estas duas últimas palavras boscad~s da etimologia, não quere- 3) donúnio da língua do país ado-
Nacionali2;a~ão ---" cf. naturalização. •
t1vo. •
por árvore, páu, madeira ; ,a parte mos afirmar sem resi:;alvas1 s~r certa,
dura e i·e~istente das hastes das plantas. .a interpretação da lança tapi,rapé. (ad 2) A naturalização d~ fqto ~·
.Em Montoya, TEsopo, 2~1, en,con..- , cpmo ·p~U guardarte). Quanto , tio ' Naturalização ·- E' preciso .. dístinguir um processo a9cjal p9d,e ndo, ser p.}Ut-
trarnos a palawa my ~pm a ~j~icar- tõrocana 1 támbor de sinal, usado, se._ ;naturalizàt!ã<> (1) de Jwe e (2.) de /fJJto. ·in.ado também naci<>nalízdção. En- ,
ção, de lança, pua. gunde l<:ocEtl"Gij:tlN~ERG •(1, 1, 278? . (a~ ~) N~turali~a:9ão de jure• é ufu , tendido ass~ o têrmo deve 13er 'cfe;m-
0 têrmo mu,rUCÜ acha~se em yGn em muita~ parties da zona tropical .da processo j urídic0 a c~go q(] poder preeudido co'~o sendo a própria as~i ~
MA1;1m1ius (I, 44.7) como designa;ção , América do Sul, não há tazão algu- executivo ou do judiciário. Ji'niE- .tnilação ' (v. i.), no sentido axh.plo de
das lanças de a;rremesso dos índios do ma para tê-lo comó elemento cultural Di.:tICH (t, 305) define-o como <ato <integração completa.> Lembra Bo-
hinterland meridional do rio Solimões. típico dos Tupí e Guarani. de admitir um alienígena à posição GARDus (1, 277, 27$) que a nacjona-
SrrRADELI,I (559), dá a seguinte de- e aos privilégios de um cidadão nato lização deve ser precedida, logicamen-
finição de murucú : <Longa haste 1 Muruxáua - (V. Tuxáua). e o processo de ser admitido desta l 1
te, por um processo de desnaciona-
forma>. Como processo jurídico a lização.
naturalização pode ser parcial ou A naturalização de jato é um pro-
totalmente desvalorizada por um tra- cesso comunissimo no Brasil, como
tamento diferencial de cidadãos natos em todos os países de intensa iini-
e naturalizados, pela restrição dos gração. As pessôas &tingidas por
direitos políticos, a proibição do exer- êle são, mormente, os imigrantes e
cício de determinacUi,s profissões e pelo filhos de imigrantes vindos para cá
instituto da cassação da cidadania, j com poucos mezes ou anos de idade,
em determinados casos: Note~ que, 1 ou menores, em gera), e absorvidos
a essa diminuição dos direito• não pelo meio social ao ponto de não te-
164 - •

rem aprendido ou nã-0 falarem roais constitue um nível social. O nivel


a língua materna. No Brasil, a na- da classe burguesa. (cf. i)., por exemplo,
turalização de jato é mais frequente é ocupado por grupos muito diversos
do que a de jure, havendo aliá.s, como quanto à proveniência, descendência
é natural, inúmeros casos de coinci- e profissão. O nível é determinado
dência das duas formas. por padrões morais, econômicos, ar-
cf. aculturação, associação, brasili- tisticos e religiosos, mormente pelas
zação, participação, pátria, nação, formas de ostentação desses padrões.
povo, Sôbre o m esmo nível h á igualdade
social como condição da superioridade
Negro - Aos meiados do século XVI coletiva. Não há nivel sem barreira 1
chamavam-se ainda negros tam-
bém os ·t ndjos (v. i.), como mostram
as cartas jesuíticas do Brasil daq,uêle '
(v. i.). (cf. GoBLOT cit. apud CARVA-
LHO, 2, 261). o

,,' tempo (Cartas jesuíticas I, P~!$sim, · Nós - cf. eonciêncJ.a coletiva, dilatáÇ~o
e nota: 15 tle Afranio P'.m1x0To). Hoje, da. .Eu. "
11
compreende-se já a. ;necessidade termi- • Objetivaç·' º social - V!EaKAfH>T '(1, seu poder. é eKercido, quasi sempre A
nológica de d,istinguir ~ s próprioJ?, 'N ~cleação heter.o gênea - ~o •1ng~~ base da riquesa ·econômica.
negros segundo os continentes, de intet spersed settling. Em alemao. Wur-
329, 330 .. ; 331) denom:Uia .
çã:o social tudo o que tem, segwido
objetiva.-
«Oligarquia, port&nto, pode ser qua-
sua origem, falando, por exemplo do felung. DURKHEIM, o caráter de UJí:l. fato lificada sob um ponto de vista frih-
afronegro (v. i.). Entre as modalidades primitivas de social (v. i.). cional, coi:µo sendo um sistema jl.ll'í-
colonização mixta é preciso distinguir As objetivações sociais são repre- dico e político para o fim de ums.
1. Nheêngatú - Do tupí e do guaraní. uma forma de convivên cia estreita de sentadas por dois tipos : distribuição desigual da riquesa e,
No tupí recolhido por 8TRADELLT vários elementos étnicos dentro da mais particularmente, para a conser-
(576) nheê ou nheên quer dizer : mesma cmnunidade territorial (mixed 1) Objetivações super-pessoais, isto vação de ta.1 desigualdade, quando
falado, e nheen-catú : falado bem. settling), e a nucleação etnicamente é, o grupo social e agregados afins, em riquesa total da comunidade esta
No guarani apontado por Montoya heterog~nea (interspersed settling) que todas as suas possíveis modalidades. declinando> (FBIEDRICH $, 463, 4642á
(TEsoRo, 248~, nheêngatú significa : se caracteriza pela formação de uma 2) Objetivações impessoais :
.. bôas palavras, falar bem.
Nheêngatú é nome aplicado por di-
série de grupos territoriais ou locais
dentro de uma área limitada, cada
a) línguas (v. i.), usos (v. i.), cos- Opinião pública - "Todo grupo, gran-.
de ou pequeno, caracteriz~, hodier-
tumes (v. i.), tradições (v . i.) normas
versos autores à língua tupí. qual etnicamente homogêneo em si, morais, mas tudo isso integrado na namente, por algo que passa por opi-
cf. a.vánheê, Língua geral. com funções económicas ,especializa- vida de grupos con cretos ; nião pública. O têrmo, como o con- ,
das (pastoreio, agricultura), mas con- ceito de instinto, é usado em tantos
'
vivendo em uma s ij,pbiqse mais ou , b) projeções materiais : templo~J edi- sentidos diferentes, que é quasi invá-
Nivel social ,.- Uma 1'platafo:rma"' con- fícios públicos, textos escritos, · sím-
vencional onde há entendimento ·de m~no_s íntima .(TH~NvvALD, 2, IV, lido, cientificamente> (BoG,ARDUS 358).
bolos (v, i.) como, por exemplo, or- Opinião, n êss~ sentido, dev~ s~r
gr.upos, às ve~es, 'muito heterog~ne9s; pág. XV.Xt).
<lêns1 baBdeiras, coroas, itltares, ' Jno-
' definida. como juizo pronuncladam~ílte ., '
1 '
numentoi;;, traje.$ · of~ciais, ietc.: · •afetivo e formUIS:do nos ·símb9lof3 ·d a
' linguagem. ToNNIES (i, 7) relaéiona
Oca .- Têrmo tupí usado, às vezes, na as opiniões com ~ esfera áfetiva, da.
literatura. brasileira, pár~ designar a seguinte maneira : « O processo de
cabana do mdio. ". Não tem o sentido opinar resulta de afetos, é sempre oon-
especializado de ma.loca (v. i.). dicionado por êles e exprime afetos ;
por isso e, parcialmente, em conse-
Oligarquia - O conceito, aliás bas- quência disso tem um acento afetivo,
tante vago, de oligarquia designa uma um significado afetivo, é querer ou
I
' forma de dominação por um númer-0 não-querer como afirmação e negação,
limitado de dirigentes políticos, eco- como juízo favorável ou desfavorável.>
nômicos, religiosos, militares etc., em Como opinião pública. tais juízos
oposição contra. a maioria dos subor assumem um caráter coletivo reve-
Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai dinados (FRIEDRICH 2, 463). lando sua natureza de verdadeiros
www.etnolinguistica.org Geralmente uma oligarquia é; ao fatos sociais (v. i.). E' óbvio que os
mesmo tempo, plutocracia (v~ i.), e juizos coletivos correspondem às re- •

'
- 166- 167 -
presentações e atitudes coletivas exis "sôbre origem, possibilidade, neceaai- ~s; enquanto as normas existentes dades desenvolvidas, para. realizar seus
• tentes ou em formação : < As opiniões 'd ade e sôbre o valor da. coorperação etp mais ou menos observadas sem fins. :tles encarnam o espírito do
de um grupo são suas atitudes ver- com o outro grupo; há, finalmente q,1\e se produzam atritos, não há mo- grupo. tles pensam, sentem e agem
balizadas.> (YoUNo- 2. 526). dúvidas sobre a oportunidade d~ ti"\10 para formulá-las> (V IERKANDT como o grupo corporificado, não como
Dessas observações lícito parece in- entrar em conflito. 1, 388). meros indivíduos. Nisso não ha ne-
ferirmos: WmsE (1, 194) distingue duas ca.te- O conteúdo da ordem existencial nhum fato místico. Queremos dizer
1) que, formalmente, não existe e a> gorias de oposição; • não é exclusivamente prático, >pois apenas: sob o ponto de vista subje-
opinião pública mas tantas opiniões 1) oposição condicionada por situa-
ela compreende também uma parte: tivo seu Eu participa da conciência
coletivas quantas forem os grupos ções (sem motivos pessoais ou afeti- teórica em forma de determinadas comunitária do grupo como todo ; e
concretos dentro de uma determinada vos) ; , convicções cuja aprovação é exigida' objetivamente sua conduta, porquan..
de todo membro do grupo>. (VIER- to agem como or~ãos e não comr1 pes-
sociedade : 2) oposição condicionada por aíe tos. KA.NJ)T 1, 388). ~ste autor cita, a sôas privadas, é determinada pelos
2) que o sujeito de uma opinião Damos a seguir um quadro dos título de exemplo, uma resolução dos interê8Ses, fins, tradições e p:veooupa-
coletiva é um grupo ou um agreg~dô ,subprocessos da <;>posiçãc;> ,, do q'u&l f~cionários da Bolsa de Londres, do ções do gtupa. Todo funcionário
s_ocjal afi1n, jamais, ~orém, o mistenoso r~ssalta o caráter de conflit.-O ~ncipienté ano de 1909, exigindo de cada qual qu.e age, n êste sentido, no espírito de seu
<público », t êrmo ê$te que só pode· ·con... da m~ioria. dos processos indicados: acreditas~e em alta e· pr9speridade, 'e • cargÇ> ; ~odo cientista e artis'ta ag~· ' '
,tribuir .p ara aumentar à c.on:fusã:o t ei- · acusando a todos que não aderisSêni de dentro dos nexôs finats,. nor~ e
nante ,em relaç~-0 1 à ·sociologia ·d a 1) Exeu1plos de processos géra,is .de
«opinião pública >. 'oposíção : recusar, opôr-ae, p.r9Wstar,, ~essa ~onvicçã.o otimista, de intençõe's convicções. ' de sua ~rofi~~o >t (V IE~­
impedir. malévolas. !Ll.NDT 1, 328).
Evidentemente o grupo que enun- ,.,. Como a ordem existencial tem sua
} eia uma opinião, pode ser grupo p~r- 2) ~xemplos de formas simples de 01igem na vontade coletiva, seu fim Organizaçã'.o - Segundo M ttHLMANN
cial _ou tot~,. póde s~r. político, eco- ações oposicionais : desmentir, negar, não pode ser outro senão o bem-estar
' 1

(1, 569) a organização social define-


nônuco, religlOSú, militar etc.. A envergonhar, denunciar e desafiar se como >distribuição das funções num
do grupo . (

opinião de um grupo total (nação) (quando disfarçadamente;) discutir, agregado social ou numa sociedade na.
Os orgãos de grupo têm, implicita-
repercute mais do que a de um grupo regatear. mente, a função de realizar (ou e.xe-, base da het.erogencidade das persona-
parcial, e o juizo formulado por um 3) Exemplos defformas acentuadas cutar) a ordem existen cial. lidades (v. i.) como consequência da
grupo político terá, em regra, maior de ações oposicionais : instigar, com- divisão-do-trabalho, da especialização
fôrça de projeção do que a opinião de prometer,lcriticar, repudiar, resmun-
cf. costumes, moral, objetivação so-
cial, organização. e do sentido biológico da adaptação.
um sindicato profissional. Neste seu- ga:r,_,,_írustrar. As diversas funções são, objetivamente,
tido pode-se falar de uma opiniã-0 4) Exemplos de oposição secreta: Ordem matrimonial - Do têrmo de necessidade igual, mas sofrem uma
dominante que, em certas ocasiões, espiar, espreitar. alemão H eiratsordnung - V. matri- avaliaçã-0 diferencial, fato êste que re-
parece ser a única exi$tente. ·5 ) Exemplos de tática oposicional : m6nio. dunda em um paralelismo de gradua-
Ros::? (2, 347) e YoUNG (2, 526) re- tràir, enganar, inquietar, provocar. ção social (v. i.) e ordem de valores
conhecem que as opiniões coletiva.a, Também cabala, heresia• e con$pi- Orenda - Dd iroquês. PR:Euss (1, 55)' culturais. >
nascen;i. das várias formas de conflito ração são formas de 'oposiç~o (WIEs'i define, o,rendQI, segundo HEWITT, como A C)rg.~ni~açáó pol(tica afig:u.rá-se'
(v.' i.), isto ,é,, do en;ibat~ das represen- 1, 2Q2,, 203~. sendo «uma .fôrça n0 hó~em e Í1ajS. 1 ~orno· >distribui940 das funções e.m
iações e atitudes coletiv:as. E ' nessa 1
e~. antagonismo, co:qflite. co~~as ani;rnadas e il).áqime.s d(l. ~~tu­ um grupo humano afim de afirm·a r su,{t ,,
e~osiçã,c? , np, terreno. ~nte,rgrupa:l [~e . , , reza, que se m~oifest'a·em to&as â,.,13 suas · e~stê~cia 'e suf:t inte:gri4a.de no fileiô·
está "o caratei~ pdbh~o das QPl;Ill?Els (lr4em existe,ri,cial .d o ~rupb -r-. Do ·
VIERKANDT (1, 392) fr1za
1

têrmo alemão : Lebtmisordnung 'd er


ati"\7íáade~. . Não se dái, 'p orém, a de grupos estranhos » '· (Mtt'Rt1M'íANN
1 coi1.f;ltivas. corif1,1.São da fôrça com a ceisa. Os 1, 569).
1
a função. da opinião pública em relaÇão , Gruppe. ' · objetos são postos em atividade. por GIDDINGS (2, 429) e WIESE (1, 159),
ª Gonservação dos cesttµnes. < Constitue um traço essencial da seu orenda, isto é, ·a sua fôtça mágica>. frizam o sentido cooperativo de toda
cf.. atitude, costumes, estereótipos, natureza. do grupo, exigir dos seus cf. magia, mana, manitu, religião. organização.
grupo, público, representação coletiva. membros utnà determin.ada conduta.- Sob urp. ponto-de-vista geral, VIER-
A totalidade dessas normas podemos Orgão - As pessôas que representam a E:ANDT e THURNWALD admitem a exis-
()posição - WmsE ~1, 194) põe em chamar ordem existencial> (VIERKANDT vida própria do grupo, encarnando seu t ência de duas categorias fundamentais
relêvo a diferença entre o processo 1, 386). Códigos de honra, mandamen- <espírito>, desempenham a função de de organização (política) :
dissociativo de oposição e o conflito tos religiosos, preceitos morais, tabús, orgoos em relação a-0 grupo. Sã.o, prin- 1) Organizaçoo igualitária, observa-
propriamente dito. ··.\Ol:°.conflit-0 apre- direito e costumes afiguram-se, na cipalmente, os dois tipos do >lider- da, principalmente, entre certos povos
senta-se como relação mais ou menos sua totalidade como ordem eXisten- :rep.resentante > e do e lider-institui- naturais. <Como igualitária (demo-
definida, ao passo4que a oposição se cial dos grupos. dor > (cj. liderança) que podem ser crática) pode ser considerada uma
caracteriza. pela incerteza geral no l\' em toda ordem exfutencial é for- considerados orgoos por excelência. socied.aP.e, na qual não há uma ·a,u to-
que diz respeito à espécie e aô grau mulada. e Uma. tendência para a for- Uma posição particular ocupa,m os . ridade instituída, nem outras diferen-
da divergência existente. Há dúvidas mulação nasce de infraçQ~~ dM nor- orgãos que existem em todas as soeie- . ças sociais nítidas» (THURNW.!.LD B,

1 1
,
.r

- 168- 169 -
IV, pg. XII). <O poder é distribuido 4) Organização componente e coneta, predomina, por um lado, em ossificação eão, !egundo Ross (J, 451
equitativamente entre os vários indi- tituinte. Essa divisã.o segue o e grandes partes da Africa e, por outro seg.) estas :
víduos e grupos parciais (família, de composição e constituição lado, ao leste até as ilhas da Sonda e 1) indolência mental;
clan, etc.) ; castas e classes não exis- A organização componente é ' era. as Filipinas. > 2) controle exercido pelos velhos
tem ou existem apenas em forma em- mente especial, baseando-se s re a cj. cross-cousin, matrimônio. (cf. gerontocracia) ;
brionária.. Em lugar do Estado ha ~tribuição local, region8:1. e Jerrito- 3) veneração de idéias que repre-
apenas uma organizaçã-0 muito mais r1al dos homens. A organ1zaç~ cons- Ossüicação - Em inglês : ossification. sentam valores para as gerações pas-
frouxa, uma simples direção por um tituinte repousa. na especializBJbão das e o processo pelo qual atividades e sadas;
cacique> (VIERXANDT 3, 192). atividades culturais e profiÍsionais. instituições sociais perdem sua adap- 4) a idéia de que a sociedade é es-
Do exp6sto vê-se que GroDINGS tabilidade a ssumindo formas rígidas, tática;
2) Organizaçllo senhoreal, que se pQde ser chamado ossificação> (Ross
entende o têrmo organização como 5) interêsses disfarçados (v. i.) ;
pode observar em sociedades >onde 1, 451).
sendo sinónimo de jnstituiçã.o, grupo 6) o fato de as classes dominantes
a população se estratifiéa em várias
ou a~egado socjal. Realmente e~ste " As possíveis causas do processo de. resistirem, à iµudança. 1
camadas (castas ou classes) as quais
se dist,nguém1 profunda,m,ente, pelo um. (;luaUsmo terminol6~ fi.o uso
poder e pela propriedade, e onde exiàt~ dessa palavra :
um Estad<:> no sentidp mal~ re~trito, : 1) Qrganizaçã.o, no sent.ldo mais I

aquí o poder está distribuido inequita- restrito, significa apenas «distribuição


'
tivamente entre vários grupos p8ir- das funções ~ dentro de um grupo I

ciais., (VmRKANDT S, 192). social


Aplicando, principalmente, o crité- 2) Or~anização, no sentido mais
rio do póblico e do privado (isto é, o amplo, designa qualquer 'a~gado ou
intert?rupal e intra~pal) Gmnmos instituiçã.o social organizado.
(2, 429) distingue os seguintes tipos cf. grupo.
de orp:anização :
1) Ori;?anizacão póblica e privada.. Ortho-cousin - ~sse têrmo in~J~
A primeira é co-estensíva com o (ortho. .. : direito ; cousin : primo,
Est.ado, g;ara.ntindo as funções do prima) designa a relação de pa.ren- •
' t~co entre primo e prima,"Tfilhos de
poder atrhvés dos orgãos locais.
irmã()s.
2) Orjlanizacã.o autoriza.d a e não- A respeito do matrimónio de ortha;
autorizada. A forma autorizada nã.-0 cousins escreve TBURNW.A.I.Jn·~ ($, ll,
, 1

é somente per.mitida mas estabelec)dá ., 75) : < As sociedades patrilineares - . ·


pela. !li\ltoridane, 30 pa$SO que a fl'!!- .P.a triarcais (v. i.) estratificadas,"'":pnµ-
' I
~anizfl;çã-0 nã<,>-autorizada esti f"@ra cipal ·~ originar,iamen,te f orms.d.8iS ·por ,
da. esfera de iinterêsses· do poder pá- ' pastores, que frequentemehte desen.:.
blico. volveram a propriedade f arliilia~, ' Qll• "
3) Organização incorporada e nâo- sideram as relações de parentesco ae~~. l •
inoorporada. A forma incorpo.rada ,m odo diferente, usando denominações
é idên'tica com a forma autorizada diversas daquelas que se usam ·e ntre
excedendo esta, no entanto, conside- sociedades ma.trilineares (v. i.). isses
ravelmente no que diz respeito aos '
pontos de vista düerentes manifestam-
poderes e funções atribuidos. A orga- se, também, nos casamentos ortodoxos
nização incorporada é uma institui- que consistem em casar entre si, 0$
ção creada pelo Estado, seu pla.norseus filhos ou netos de irmãos. Como
poderes e suas tesponsabilidades são representantes dos pastores estrati-
fixados por lei. A organização não- ficados e graduados podem ser con-
incorporada não tem estatuto legal siderados os povos que aparecem n&
e existe...ape:qas pela vontade de seus história como semitas, especia.lment.e
membros. os árabes, e cuja influê~cia, &egundo 1

' , '


171
1'7f1 da.de de verificar a interpenetração
das conciências em forma. objetiva,
2) Par atlpico : (superior-subordina-
do, tutor-pupilo, professor-discípulo,
isto é, entre outras pessôas. A >reci- mestre-oficial ou aprendiz etc.).
procidade das perspectivas > fica res- cj. conciência coletiva, grupo, hu-
t rita ao campo subjetivo : cada qual manidade, intimidade.
se vê em comunhão com seu compa-
• nheiro mas nunca vê essa comunhão Parentesco classüicatório - THURN-
entre o companheiro e um terceiro WALD (7, 250) escreve a respeito:
(GEIGER 2, 8.2). No par, o papel da <A nossa maneira de determinar e de-
individualidade é incomparavelmente nominar as relações de parentêsco
mais relevante do que em qualquer difere do modo empregado pelos povos
outro a~gado social, pois com o naturais (v. i.). Para ôstes é de im-
p desaparecimento de um dos dois com-
ponent'A(s o par deixa de existir, fato
portância abranger por uma unica
designação aquelas ,pessôas que ocupam
êste. que nãç> $e dá,, ne<:iess~ial)'len(;e, posição igUal ou semelhttnt:e no con~
com grupos co.mpostos de· mais indi~ vívio. Assim, roujtas . vezes, são ·,de,.
. '
víduos. $ignados pelps mesmo~ têrmos o pai
Padrão - " 'U m exemplq1 hma pessôà tril;>u karaíb da região dó Roroíma i O par é o grupo menos passível .,de e o irn:ião do pai, ou a írmã e a ptimai,
ou objetos materiais que determinam segundo Koch-GR'tl,NBERG cs;II, 90, ser regularizado por normas objetivas, ou o irmao e o cunhado. Por . <;>utr~
mais a conduta da maioria dos homens IV, 47) payuá é espécie de caxirí . devi~o a. sua função dé desenvolver a parte, parentes com funções especiais,
do que normas individuais>, consti- (v. i.) escuro. intimidade (v. L) entre os homens. como, por exemplo, o irmão da mãe,
tuem, segundo WIEsE (1, 248) padrões. cj. caisuma, cauí, chicl\a, ta.mba. Mesmo os pares institucionais como t êm designações próprias. Grupos
o casal sofre as interferências norma- '
A vontade do grupo age por intermé- de pessoas que praticam as mesmas
dio dos padrões, coercitivos e repre- Páleo-soeial - Os têrmos páleo-social t ivas de outros grupos ou instituições obstenções (v. i.) são compreendidos
sentados: ou páleo-político aplicam-se <à. vida (Estado) somente em um gráu bas- pela mesma denominação. A crença
l ) por pessôas : profetas, santos, social mais primitiva, em comunida- tante restrito. T odo mundo sabe, por segundo a qual o avô se reincarna no
filósofos , poetas, publicistas, artistas des não-estratificadas, homogêneas e exemplo, como é difícil estimular a neto, leva entre muitas tribus ao cos-
etc. que integram, em um gráu, mw- com organização iguá.litária, assim natalidade em sociedades onde ela tume de ambos chamarem-se mutua-
to elevado, o grupo (liderança) ; como em comunidades estratificadas tem diminuido muito. mente pelas mesmas palavras. Fenô-
2) por objetos : habitações, trajes, até o limite das sociedades arcáicas" A realização dos processos íntimos menos linguísticos semelhantes foram.
móveis, etc. cujo estilo simboliza o (TllURNWALD 2, IV, pg. XVIII). é constitutiva. para. a formação de averigua.dos também na história. indo-
grvpo (oj. arte); todas as espécies de agrupamentos germânica.
Par - O par não se constitue con10 h umanos com «·v ida :. efetiva. Daí res- «Tais sistemas de parentesco são di-
3) por atitudes : preceitos, proibi-
ções e abstenções (erroneàmente cha- opb1a WIE$E (~, 243), >~~ª mwt~p}i­ salta o papel relevante do par e de ferentes em cada tribu, segundo seus
ciC:l~de dos processos somàts que n~ le sua sociabilidade específica parà a vida costumes. Todos ·êles são chamados
mada.s tabus v. L) Há códigos . dà- se repetem e se ,c ruzam de maneiras
quilo que <convém> que < é de bJ:>m
social. <Todos os agregados ' sociia.is· classijicat6rio$. Nossos sistêdias mo-
dive(rsa8. > ,Pelo coi;i.trárío· i llá rp.ult~T,'. ter'Q realidaqe, à medida, qué nêles se dernos, poném,' cuja constituiçª-q d,ata
gosto:>, que' <se U!i'a>_~W11llsE 1, 248V • . PH.éida;de qe· 'Processos ,sb.c~ais ' p:ó~q:u~ produz vi·da' inte·rna1 isto ' é, qu~ nêles do fim d~ ant~guidad~, , basei~-$(;Í na
Ev:1den.témonte correspondem aos pa:- existe uro agregado social .epeoíf1eo se •observam relações íntimas. Oertb proximidade gl·~dual do paren:te!!>co
drões vigentes reações tipicâs,. cha- provi~o de conciêncía própria Yis~ndo
madas estereótipos (v. i.). número dêsse~ agrupamentôs peque- consanguíneo e nasceram de uma aná•
determinados fin,s. Embota o par nos ou grandes; est~o, como se diz, lise das relações de descendência~.
O processo de formação de padrões possua q'l.lasi todos os caratéres do mort.os, não originando mais . contatos
pode-se denominar estandardização. grupo, não se pode deixar de frizar uma íntimos> (DUNKMA:NN 1, 173). Participação - Y OUNG (2, 16) deno-
cj. coerção, costumes, fato social, diferença incisiva entre par e grupo. WrEsE (1, 242) dá a seguinte divisão mina. de participação >intensidade, ca-
objetivação social, uso. Pois aqui é que aparece o fator nun1é- dos pares: tegoria e natureza dos contactos do in-
rico em toda a sua importância -para divíduo com seus co-associados>. Com-
Paiaurli - Do tupí, segundo SmA- 1) Par simpatético.
a estrutura. dos a.grega.dos sociais. O pletando essa definição podemos acres-
DELLI (584). Na definição do mesmo par, pelo simples fator de haver a.pe- 2) Antipar (v. i.). centar que intensidade, categoria e
autor , paia.urú é >bebida. fermentada nas dois componentes, não tem o 1) Par típico : natureza dos contactos estão em razão
feita de beijú queima.do> (cf. beijú). cunho super-individual, não possue direta ao gráu de coesão ou fusão das
N ão sómente pelo seu nome, m~ o grau de objetividade de um grupo a ) par sexual (casal\
conciências no Nós dentro de um
também pelo estado queimado da sua propriamente dito, constante pelo menos b) par generativo (pa.e-filho, pa.e- grupo social. Não há somente parti-
matéria prima, esta beberagem se { de tr~s pessôas. Para dois ho~~n.s filha, mãe-filho etc.), cipação ~tiva, no sentido de pensar,
parece com o payuá dos Taulipán~~ jntegrados num par não há poss1bih- cj par amigo., agir e sentir em comum, mas também
- 172- \
-173-
participação passiva ou simpatética, somente de partido em partido, mas ca~~ .das raças selvag~ns. A seleção Patria1·cal - THURN\VAT,D (~, TI, 232,
no sentido de uma comunhão senti- também de paiz em paiz. artificial certamente foi feita, segundo ~33) escreve a respeito: >Muitos via-
mental e espiritual. cf. grupo, organização. a esp6cie dos animais, também em Jan~-:i chamam de patriarcal a vida
O gráu de participação varía, nãO currais. Provavelmente só as gera- familiar e social dos povos naturais
somente de grupo em grupo, de indi- Pastor - "Exercem o pastoreio todas ções j á nascidas no curral podiam ser (y. Ai.). N~ se referem ao rigoroso
víduo em indivíduo, mas também as tribus que têm rebanhos de gado utilizadas como reb\nhos mansos. Mu- sistema patriarcal do direito romano
dentro do mesmo grupo há oscilações lanígero, caprino, bovino, cavalar ou taçã-0 e seleção sofreram ' influências. mas querem caracterizar por êsse'
consideráveis. Os indivíduos partici- rangífero. A criação de animais que ~ão se tratarit de disposições, orga- têrmo certa proteção paternal do
pam do grupo, em grau variável, não vivem em rebanhos (suinos) ou ruzadas em consecução de um fim chefe_ de família, sipe (v. i.) ou po-
segundo sexo, idade, ipterêsses, sen- de aves domésticas, ;não é conside- racional, embora o pen.same:p.to trilhe voaçao.
timentos etc. A participação é total rada pastoreio, nem tãopouoo a cria- por caminhos que se nos afiguram ~O patriarcado deve ser distinguido
em comunidades existenciais (família ção de alguns animaís transforma em como extravagantes? A vida dife- da patrilinear~dade (v. patrilinw.r),
ou clan entre povos naturais ou ar- pastores os lavradores (v. lauoura), rente de espécies animais diversas eomo . o mat~1arcado (v. matriarçaZ)
cáicos.) Em sociedades estratificadas entre os quais se encontna frequente- e.xige em ~odo caso atitudes. especi- ou a 1nfluênc1a da mulher difere da
e difeFenciadas f1 participação pode mente êste uso. As ~tividades que fica~. ,A ahmen't ação diária'. nãa c-011:.
1natrilinear.idade (v. matrilinear.).
se. relaciQnam com o pastoreio, deter- ~Entre os càçadotes ~ coleciona<ln•
ser ~penas pa:rcia.l. siste nÇ:> coJ;l.S11mo dos animais domés-·
cj. 'coniun.idaqe, conciência coletiva, ' nnt,tan'l da mesma rn.an~íta a vida dos ticos. Somerlte em dias de festa ·os.
res inferiores, os domínios do trabàiho ·
cl'uzam:ento dos ch~culos sociais, inte- pastores, como as atividades agricolas anima.is servem de alimento. .Costu~
dos se~os es.tã<> rigoi:osamente citcuna-
condicionam a vida dos l,ii.vradotes. critos e não há poder organizado. A
gração: ma·s~, todaviai, matar os novilhos, ·e
t
O nomadis'.Plo dos pastores é uma f amília-pequenà (v. i.), ness'a s ,tribus,
consequ~ncia do esgotamento das pas-
aproveitam-se animais que morreram é componente da hordà (v. i.). Ess.a
Partido p()litico "Um partido polf:.. por quSilquer cousa. Acontece que
tico é uma associação de pessôas qµe, tagens. A pesse de gado já implica horda é uma união política que repre-
a idéia de um capital produtivo. A os anima.is são utilizados para carga senta uma família-grande (v. i.) mais
tendo as mesmas opiniões sqpre a or- ou tracção (jumento, camelo, lama
necessidade de conservar a substAncia ou menos numerosa, ou uma sipe ou
ganização desejável de Estado e so-
é um fator eminentemente educativo boi) ou para tirar o leite (cabra, ove~ um clan (v. i.). E' chefiada, em ~ral,
ciedade1 se congregam para realizar lha, vaca, camela e jumenta) ou
seu programa, pela conquista. do poder, no sentido económico> ('fmmNwALD, por velhos ou por uma ónica pessôa
2, IV, pág. XV). para o aproveitamento da lã, de pe- d.e ~uência especial. Cumpre dis-
ou, pelo menos, por uma ação inter- nas e ovos > ( THURNWALD, 8 318
feJ·ente sistemática> (SULZBACH 425). < Como o cultivo de vegeta.is úteis, tmgurrmos essa forma de liderança
319). , ' (v. i.) do exercício do poder na família-
A divisão subsequente orienta-se pela tabém a criação de gado tem sua his-
naturesa do >conteúdo intencional> tória.. As hipóteses que consideram cf. captor. pequena. Por razões econômicas, a
do partido c0mo grupo. revelando, ao de caráter religioso a origem do pas- independência dos chefes de famflias-
i mesmo tempo, um gráu diverso de toreio, são exageradas, e as explica- Pátria - O conceito de Pátria é, se- pequenas é limitada pelo chefe da
coesão social; em ordem decrescente; ções puramente racionalistas, de.das gundo DUNKMANN (1, 231), uma con- horda ou da sipe, tanto entre caça-
·motmente na época <Jos >evolucio· sequência dos efeitos sintetiz'a dores do dores como também entre muitQs
1) Pq,rtid-0 Jilosófiro, com téses meta- agricultores.
1
nistas>, s'ã o erróneas. Seria preferível espaço geográfico. Torrão n:atal e
,
físic~, 1•eligiosas, éticas ou, de .q ual-
num sentido mais amplo, •a pátria, .nã~
afirmar que a atitude do homem' foi « Enc·o ntramos condições análogas
quer man.eira, doutrinárias, apres~n­ déterminada pelo re$~ito, pelà con- em sociedades estratificadas qué eon-
tan:do, um gráu m,~ximo · de cóesão.
2) Partido elassista ofiundo de ·uma
ciên.cia de depender de 'Pl~ntas e aPl-
·m ais que· o aliment&m e ,c ontribuem
são con,ceitos biolQgicoa.. , mas puta-
mente sociológidos. ·>Pais não é· o
s:ervaram a anti'g a cotistituiçãó
ho·rdas e sipes. Em sociedadési po-
de
situaçã;o (econômioa)' concreta de clas- pata o · melhoramento ,da vida. Com coneeito 'Qiológico de na~urez-a que sP- rém., nas quais as sipes foram dissol-
se social ,(v. i.) : classe médià, ptole- o desaparecimento das plantas e a desenvolve nêles, como nos grupos vidas, desenvolvendo-se em seguida
tá,ria, alta burguesia etc.. O partiâ.o morte dos animais, pereceria a· base generativos, mas o m1íro fato da sim- famílias-grandes independentes acres-
não abrange a classe inteira, mas apenas vita:l do homem. Os modos-de-vida biose com a natureza no espaço. Que cidas, em geral de servos ou escravos,
a parte em que a >conciência de classe> de cada espécie animal é diferente reta.. superioridade de síntese o espaço prepara-se uma mentalidade suscepti-
está mais viva. ciona.ndo-se com à. alimentação. Não mostra com isso, revela a ca~ qual vel de originar o domínio do chefe-de-
3) Partido de patronagem é um é possível, portanto, que a domesti- entre nós a própria experiência da vida farrúlia que assume também as fun-
partido cujas atividades se resumem cação das diversas espécies tenha. obe- e revela à totalidade de um povo sua ç?es de um chefe político. O despo-
«na conquista do poder para o diri- decido ao mesmo método. A mera experiência : a história com sua se- tismo e o domínio político de um
gente e a ocupação dos cargos admi- caça certamente nunca. levou à do- menteira de sangue que eleva o «tor- único homem favorecem um estado
nistrativos pelo seu «Estado-maior> mesticação, mas somente a interfe- rão natal>, por toda parte, e em quasi de espírito que é próprio para o de-
(SULZBACH 433). , r.ência do homem na. procriaçáo, e a toda geração, novamente, ao nivel senvolvimento do patriarcado.
Na realidade pode haver cruzamen- seleção artificial feita pelo homem que de um «valor supremo> (DUN.KMANN «Se bem que a ma.trilinearidade f a-
tos dos três tipos aqui citados. O veio a substituir a seleção natural, 1, 231) : . voreça a. influência. das mulheres,
caráter e grl'lou de coesão variam não conseguiu segregar as raças domesti- cj. espaço. pode coincidir com ela o domínio dos

I
.... -·

114 - - 175 -
homens, especialmente na esfera po- (v. i.) matrilinear (v. i.), a sucessão do ooinoidir a patrilocalidade com a pa- como função do processo de avaliação>
lítica. Como a. matrilinearidade tem filho. A escravidão favore~eu a poli- trili.nearida..de (v. patrilinear). (M ÜHLMANN 1, 570). «Toda. socie..
muitas variantes e graduações, apa- gínia (v . i.) e prejudicou a posição da A patrilocalidade pode ser pratica.da, dade cultiva., de maneira. conciente,
recendo, às vezes, só em certas obri- mulher. Em muitas partes da Afri- simultaneamente, na mesma tribu, um sistema de valores, segundo o qual
gações ou relações entre o irmã9 da ca, os filhos pertencem ao pai somente com a matrilocalidade (v. matrilocal). aprova certas atitudes e at\1'3.Ções e
mãe e o filho da irmã que, fre<iu'.ente- depois de pagar o preço de compra da cj. exogamia, matrimônio. desaprova outras. As atitudes apro-
mente, são apenas ceremoniais, ela mulher. > • vadas são condicionadas, antes de
não está em contradição alguma a um O mesmo autor observa em outro Payé - (pagé, pajé, em tapirapé : tudo, pelo que a sociedade considera
patriarcado não raramente bem pro- lugar (2, II, 224) : >As instituições pa.ntché.) Do tupí e do guarani. util > (THURNWALD, 2, IV, 264). Apro-
nunciado. pat,rilineares podem aparecer ou na Os í,ndios que falam estas línguas, vação e desa.provação constituem, por-
«O patriarcado fa.m i1iar se manifesta familia-pequena (v. i. ) ou na sipe designam assim o médico-feiticeiro tanto, sub-processos de peneiramento.
por ocasião do nascimento de unia (v. i.). De acôrdo com isso, produzem (v. i.). O povo paraguaio ampliou Em uma sociedade de caçadores o
·criança, pelo reconhecimento da pa- dois tipos p1•incipais de sucessão pa- a significação, chamando também de ·caçador mais hábil ocupa uma posição
ternidade, ·pot ocasião do easaniento, payé tanto as bruxas em geral come privilegiada, o que já não lhe é pos-
trilinear ; a suces$ãO do;:i tilhos e a sível num povo de ~gricultorés. ~ntre
pela escolha do· parceiro conjugal pelo s:q.cessao. do irm:ão. PrepQ.nderando também 'os meios e prá~icas da magia.
paj,. ,na forma da. sucessão h'ereditã.tia' Qonvém, por is$o~ para distinguir tribus que se mantém pela tapu).a e
a inflU,:ênciá .q.a família1.pe~ue$ii;I., dá-s·e ,
~, ant~i;i· de tudo, nos dir~j~s 'do ho- d~ preferênCÍfl-, O direito ·de ' SUCeSs.ã:o melhor os conceitos, emptegar o têr- pela luta, :o homicida que p@s.Sqe "º
1


mem sôbre il- mulher. mo médico-féiticeiro cada vez que maior núme~o de crAneos· inimigoS';
qos filhoi:;, especialme1;1te dos filhos' chega a ter grande reputação, entrê
<A pro~unciada e pa.ttia potesta&> mas.culinos e, entre ~stes, o mais se trata de uma tal personalidade.
do qireito romano representa forma- os seus, mas isso lhe será difícil em
velho. Isso se dá, principalmente, cj. magia. um Estado moderno.
ção unilateral e análoga à ma.trilinea- entre famílias relativamente indepen-
ridade extrema em outras regiões. > Vê-se que o critério de utilidade é
dentes que vivem dispersas sôbre vastos Pele-vermelha - Essa denominação, puramente subjetivo ; daí um caci-
Nas páginas seguintes da mesma territórios. O direito de sucessão do em geral restrita aos índios norte-ame-
obra, THu,RN\VALD descreve exemplos que ou feiticeiro poder exercer tanta
irmão liga-se à importância da sipe, ricanos, tem sua origem, indubitavel- influência quanto um hábil caçador
das variantes do patriarcado entre os por conseguinte, de ulha união de mente, no costume dos americanos
povos de diversos continentes. ou homicida. De conformidade com
parentes mais ampla e com pr.opric- precolombianos ungirem corpo e rosto êsse· critério o grupo todo recebe um
cf. família, gerontocracia, matri- dade independente. de tinta vermelha. A côr fundamental
"
moruo. . da pele dos índios é, em regra, ama-
caráter uniforme, pois peneiramento
«A patrilinearidade e a matriJinea- é, ao mesmo tempo, especialização.
ridade não podem ser localizadas geo- rela-cinzenta, escw·ecendo à medida Peneiramento e formação de resí-
Patrilinear - Em inglês patrilineal, em da intensidade dos raios solares e che-
alemão vaterrechtlich. graficamente, pois frequentemente se duos são elementos integrantes de
encontram misturadas de maneira gando, assim1 não raramente, a um toda organização social> (MüHLMANN
THURNW~D (7, 255) escreve a res- tom de bronze escuro. Damos, por
pe.ito : >A importância atribuída à inextricavel. Há conexidade não so.. 1; ~5) .
m ente com as orgal).iza.Ções de paren- isso, preferência ao emprêgo do t êrmo Muitas v~zes o peneitamento pte-.
patrilinearidade pode ter diversas cau- índio (v. i.). ,
sas, pos.t as em relêvo segundo a si- ·têsco ou casamento, m,a,s tamqém com cede o processo de seleção (v. i.) :
tuação da vida ttibal. O ,papel dp 'a economia., a divisão do traba.Iho cj. urucú. :1>Assim nos t~rritó.rios da No,v a Guin~
homem entre os caçadores é coleeio- (v . .i.) entré os sexos .e .a órgani~aÇãp. e da Mela:nésia ainda n,µ;o influencia-
nad9res , ressal.ta da 1 insti:tuj.ç ão1 de ' i}olíti~,à ~ ). '' 1
f ' Pen~i:ralll.~nto - M oHLM,AN'N: (1,. 5.70~ dos pel~s mfssões, uma moça nãp . es-
chefia a cargo de honiens adultos, ·of. geroptocrac.i/li, ~~t11i;m.ônio, me- defiiné 9 peneirámentó como -« proce-sso colherá um )ovem como mar~do qu~
como ta.mbém de 'combates; s~q~e$ 1 \ tade, ·patriarcal, patrHoc~l. · dé classifiQação de variantes · (v. i:) não tenha; captttrado a cabeça · H~,
e migrações bem sucedidas. O regime pelo qual estas são especializadas em pelo menos, um ~nimigo. Como dessa
da patrilinearida.de entre os pastores Patrilocal- Em inglês patrilocaZ, em funções e serviços diversos. As va- maneira, as disposições hereditárias
tem sua origem no fato de estar o alemão patrilokal. As instituições riantes que aspiram. a uma determi- dos covardes não se reproduzem, o
pastoreio a cargo dos homens. Além (v. i.) patrilocais exigem que a mulher, nada função mas não a alcançam, caráter guerreiro da população é sis-
disso, as observações na criação de pelo casamento, siga o marido pas- chamam-se resíduo. > tematicamente cultivado (selecio-
animais faziam compreender aos ho- sando a morar na localidade dêle (casa, Um sistema de peneiramento é <o nado) > (MüHLMANN, 1, 87).
mens a importância da paternidade. acampamento, aldeia, etc. ). Como meio ambiente físico, social e cultural O peneiramento pode ser mais ou
Uma terceira raiz da patrilinearidade d~sse modo, o homem continúa a à medida que determina os processos menos rigoroso : >Quando um sistema
está na intuição do govêrno político morar, em geral, na mesma. localidade de peneira.mento, seu rumo e caráter. seletivo, uma escola por exemplo, le-
e no desenvolvimento de certas for~ onde mora ou morou seu pai ie o pai A menta.lida.de de um grupo penei- vanta exigências muito severa.<:J, o pe-
mas de propriedade. A posição do de seu pai, justifica-se o têrmo patri- ra.do é determinado, em tíltima análise, neiramento é rigoroso e, por conse-
homem no govêrno político aumentou local para designar essa instituição. pela sua cultura, isto é, sua hierarquia guinte, o ntimero de candidatos, que
a autoridade paterna na f amfiia e E~ digno de nota. que, não obstante de valores em vigor, e neste processo conseguem passar pela penei,ra, é ;1Ile-
favoreceu, em oposição a.o avunculado isso, não há necessidade algúma de o peneiramento deve ser co~iderado nor do que se as condições selet1vM


\

176 - - 177 -

ficando o caráter da cultura à me- cientemente postos a serviço de fin s tribuição, sôbre uma massa proleta-
fossem aplicadas com frouxidão. O
mesmo pode-se afirmar da seleção. dida que elas mesmas diferem da gera- diferentes daquêles que correspondem rizada, aproveitando-se de um siste-
ção precedente pela média das suas qua- à sua natureza> (WIESE 1, 276). ma político e jurídico que, no enten-
O rigor da seleção depende de fatores
lidades hereditárias. No sentido mais lato todos os pro- der das classes dominadas, serve ape-
favoráve is ou desfavoráveís que in-
fluem sôbre a reprodução do homem cessos destrutivos podem servir para nas para a perpetuação dêsse estado
Essas variações p odem ser origina- a perversão do conteúdo intencion11l de coisas. O . essen cial aqui é, como
( MüHLl\1AN N, 1, 89). das também pela seleção, isto é, pelo (v. i.) de um grupo. no caso de oligarquia (conceito afím)
« Respondem pela peculiaridade do fato de que, na geração passada, nem Observa WmsE (1, 278) que-;'um a }alta de consenso da pa rte das cla.sses
processo de peneirs.mento, em p1imeiro todos os indivíduos tiveram número agregado social pode subsistir, como dominadas.
lugar, cultura e sociedade, pois in~ti­ igual de descenden tes> ( MÜHLMANN
tuições, normas vigentes, princípios ju- forma social, durante séculos, mas que, :·t.H á uma ten,dência. de os regimes
1, 92). sociologicamente encarada, de~parece democráticos se transformarem em
ridicos, hori zonte. cultural etc. p e-
neiram e distribuem os indivíduos com. Essa lei, no entanto, nunca se 1·ea- no momento em que seu conteúdo iu- plutocracias (FRIEDnICH 2, 176,).
dis posições diferentes sôbre os diver... liza nessa forma típica, porque sem- tencional é pervertido. 6l?:vio se flUiria sociedade é plutocrática1 obser-
sos campos de ação, no âmbite de pre existern influências estranhas susce- torna, assim, a possível .discrepância va Gn:;>DINGS (1, 98) quando, >~
uma cultura. ,Posto que uma soere- tíve'is de complicar o f en~ me.J,lo. entre forma jurídica e .for.ma sociál. oportunidades, embol'a distrí buida:s
daçle fe cha da não tenha sofrido influ,,. ~ntimamente ligada ao QQnqeito de . Po(ie haver p ervel'.são P,0T dlI~\~.- . não sãp i~uais e o ' c~n~rp~e 1 s!')ciaÍ
ências. est~·anhas, poder-se-ia afirmai· peneil'amento ef,ltt~ a noção de mobi- tismo, a.buso, nihiltsmo (cet>ti~ism:6)', (\'. i.) é ' eJf:~.rQido pela çlasse capit~­
que a cultura peneira &s p ersonalidà- lidade (v. i.} ou movim~nto de p,essôas reação, representação de interêsse~ .. . lista. > , •

des, e as p ersonalidades reagem sôbre ou bens, como mostra o seguinte es.- cj. gr'l,lpo. O t êrmo plutocraciit é igua lmente
a cultura ; Í$tO é, elas reagem modí- quêma de MüBLMANN (1, 102): usado para designar á classe que exer-
V· Jasticidade social - A.s refleX,ões sô- ce o poder econômico .
Deslocamenw Deslocamento bre a estruturação do indivíduo (v. i. ) cf. dominação.
• ensinam que não há indivíduo defi-
de homens n o espaço geografico repre- de homens no espaço social representa
nitivo, estacionárw o u jormado, ne.m Poder - Em um sentido geral o poder
senta um movimento horizontal (mi- um moviment o vertical (ascensão é requisito de quem exerce dominação
como ponto inicial p ara um desenvol-
graçã o) e leva ao peneiramento local e ou descensão) e leva ao peneira- (v. i.) sôbre indivíduos ou grupos.
vimento posterior e , muito menos
:\formação de áreas culturais. mento social e à formação de un ida- Segundo WEBER (cit. apud ÜPPEN-
ainda como fim (desejável ou n ão)
des sociais. de uma possível evolução. Os pró- HEIMER, 2, 338) >poder significa toda
de bens cult urais no espaço geográfico prios fenómenos da vida social consi- chance, dentro de uma relação social,
• representa um movimento horizontal de bens cult ura.is no espaço social derada complexo de interações con- de realizar a vontade própria, contra
(intercomunicação, comércio, emprés- representa um movimento vertical tinuas, sôbre a base de uma conexi- a oposição, sem considerar a base na
timo, transmissão) e leva ao pe:neira- (bens culturais ascendentes ou des- dade específica dos elementos, j á qual repousa. essa chance. >
mento cultur11l e à formação de cul- dendentes) e leva à formação de envolve a tese de uma estruturação VIERKANl>T (1, 25) dis,tingue « po-
t uras. culturas. ' permanente d,a personalidade (v. i.). der interno> e >poder externo >. O
»No ~ue diz r~~pe~to a êsse proces~o p oder interno ~domina sôbre as .a l..
Toda espécie de peneir~mento, tanto no sentid p local como :g:0sentido duas l,n.terpretaçõ~,s extre;mas çlevem mas> ap v asso que o poder ex.terno
social pressupõe a existência · µ~ ôJferenças he11editárias ent1·e. os ·ho;rilelli!.
"
e;f. seleção.
. se1· refutad~s por ,s e,rem .érrône.a§ :
de· um lado a inrlu~ucia do?meio soc1al
~s'pira a.penas a domfua;9ã,o ·s~~re ~
.c.o nduta ~o hom.e m. q 'ped~rI; .~te11~­
' no depende de servilidade 1e sub.missão'
é limi pad~ pela específicidad~ .da,. per-
• sonalidade, eomo conjunto de dispo- cega , forçada, à$ vezes, pot medidé.s
Perísta:se - MtinLMANN (1, 28) de,n o- MüuLMANN (1 , 570) acrescenta ao siç?es'; p~r outro lado ~ personalidade violentas, a.o passo que o poder int~r­
mina períst ase >a soma dos agentes social o físico e cultural, definindo a sofre, na sua estruturação e formação, no repousa sôbre >o respeito e a apro.!
teoricamente possíveis do meio am- personalidade como .síntese de indivi- as influências do meio social at,é em vação de um. valor.>
biente, suscetíveis de influir sôbre um dualidade no sentido biológico, e das s uas camada.a íntimas > (VIERKANDT O poder é, na terminologia de
ser vivo>. influências do m eio fiSico, social e 1, 190). ScHELE R (2, 8, 9) um dos fato1·es

cj. adaptação , cultural. reais que constitue juntamente com


A personalidade é a fonte de toda Plutocracia - Etimologicamente signi- o sangue e a economia, a i nfra-
Personalidade - A personalidade é, a desigualdade e originalidade e o ficando >domínio dos ricos > o têrmo estrutura da vida social considerada
fundamento da liderança (v . i.). plutocracia é bastante vago. O signi- em sua totalidade.
segundo B oGA.RDUS (103) a combinação
fi cado que essa palavra adquiriu para cj. dominação.
do social e d o individual compreei;i-
a sociologia moderna, é, segundo FruE-
dendo todos os modos de comporta- Perversão social - "Trata-se de per-
mento que identificam pessôas, e versão, no sentido mais restrito, DRI CH (2, . 17~), o de dominaçã-0 _da 1Polia~dria - Do grego. O mat1·imonio
todos os modos que distinguem ~s­ quando grupos, suas instituições e classe e cap:tahsta > _deten~ra dos me1_os (v. i.) da mulher com >muitos ho-
seus representantes humanos são con- de produçao, de c1rculaçao e de dis- mens >.
sôas.
.

- 178 - 179 -

A respeito dessa forma de matrim~­ moram na mesma aldeia. De fato, · patriarcal (v. i.) - patrilinear (v. i.) cuida de un1 certo equilíbrio, obrigan-
nio escreve THURN'\\.ALD (12, II, 83, fazem uso dêsse privilégio. A's vezes, - arcáica. Aquela aparece ~a ma.ior do, por vezes, o possuidor de várias
84) : •Encontramos a poliandria prin- também , vem um mora. dor de um parte dos pevos natura.is (v. i.). Quem P'irrauru.s a ceder algumas delas. Os
cipalmente em regiões matrilineares lugar distante que ouyiu q':le uma pode, toma, por causas econômícas, membros mais poderosos do grul>O
(v. i.). Certamente lhe falta o ins- anguy (esposa potencial~ vive e~ uma se~n$ ou terceir~ mul,h er, por- dispõem de mais mulheres acessórias
tinto de posse que o homem tem com det erminada · aldeia., e· exige seu di- que contribuem para a prosperidade do que o$ outros~ dizendo seí 'grande
relação à mulher. Porque &r.nEHLOW reito. Ó número desproporcional de_ho- económica. Em verda~e que o ho- a honra para um moço, quando um
rela.ta dos Aranda e Loritja da Austrá- mens e mulheres redunda em polian- mem comum, em geral, não pode dar- ancião respeitado lhe cede uma das
lia entre os quais predominan1 as dria. E ' de notar, porém, que tais se, a tamanho luxo. Assim pratica.- suas pirraurus. T ambém as várias
te~d~ciss patriarcais (v. patriarca~, direitos são exerç.idos somente na se, frequentemente, a mo.n ogamia (v.i.) relações de matrimônio acessório por
que a falta. de mulheres leva a adm1: ausê.ncia do próprio marido, tendo, eletiva, mas de modo algum, como se <;>casiã.o dos co7,'tobotries e de outras
tir-se ao casamento os homens so por conseg1:1inte, caráte~· de n:at1'im~-. afirma às vezes, uma monogamia por orgias, como também a troca de mu-
quando lhes crescem os primeu:os nio acessório. O próprio marido nao principio ; ao passo que os homens lheres para defender-se contra. a amea-
cabelos grisalhos. A falta d e mulhe- fi ca indiferente, encontrando um ma- de posição possuem duas ou três mu- ça de certos males, estão exclusiva.-
res por conseguinte, leva, nesse caso, rido potencial, em flagrância, com lheres e, rarall,lente, mais. Assim m ente sob o co,utrole dos anciões.
a ~umentar a idade de casainento. sua n1ulhet, se bem que não vai come- sucede, por exemplo, ~ntre os caça- E11tre algumas tribus da: Austrália
~' verdade que não .faltam l'~l~ções ter 'triolência al~uma por ciume, . dores e colecionadores da Austrália, Central e Queensland comJ;>ete aos
ilegitimas. Na Jociedade matrilinear ~ 1"'ais relações comuns da mulher nas ilhas Andamanes, entre os Berg- velhos uma espécie de jus primae
não há tais retardações : em vez de com os membros masculinos da famí- da.ma, caçadores do sudoeste da Afri- noctis que é praticado na moça púbere,
,aumentar a idade de ca"8amento, par- lia do marido são relatadas, também ca, etc.. Assim acontece também en- por ocasião da iniciação.
ticipam vários homens, em geral ir- dos Sakai da península de Malaca. tre povos cqjos hom.ens ªão caçadores, ~ Como entre os Bergdama do $U-
mãos ou primos, da pos~e <;ie . u~a "' A poliandr~a .é comum1 antes de . mas cujas . mulheres já passar~m à doeste da Africa;as mulheres represen-
mulher. Evidencia-se, assun, q ue a tudo; .em vár:ias regiões da Indi~, es- lavoura COI!l a estaca de cavar, como tam os fatores econômicos mais impor-
desproporção numérica s-6 não basta pecialmente entre os Todas, coroo em Nova Guiné e no arquipélago de tantes, é riqueza possuí-las. A mulher
para condicionar uma instituição, mas também no Tibet (a i·espeito de Su- Bismarck. como colecionadora não cuida sómen-
que depende da mentalidade sôbre a matra1 v. COLLET; a respeito da Ar.á- <Entre os australianas, a tendência te de si, mas dá.. também de sua pro-
qual age ê~se «estímulo sociológico.~. bia, v. W il:LLH:A.DSlllN). • g.erontocrátliea m anifestarse nos pri- visão â..o homem que lfie entrega, em
«Entre os Cfuilyacos do norte da «A polia:ó.dria e~stia en tré os ha- ·vilégio13 ae alimentação como também · compensação, certos pedaços da caça.
Sibéria os homens se casam com mu- bitantes pre-célticds da Irlanda que nas relações entre os sexos. Anciões T er várias mulheres facilita e n ão di- •
lheres do mesmo grupo, do qual tam- praticavam, também, a cuvade (v. i.). de influência especial apropriam-se, ficulta a vida econômica. E ' verdade
b ém os pais tomaram suas mulheres. Chamavam o matrimônio monógamo em geral, de várias mulheres. Por que, quando há várias mulheres, não
D~ssa maneira êles s~-0 l;)empre pa- (v. rn:ono.(Jamia), quando introduzido. is$o, os homen.e mais moços, frequen- faltam ciumes sus~ptíveis de I?ro:vooar
tentes de suas mulheres. '.Mf!,s ta'In- de p'ríed (privat~s), êiµ opÔsiçp;o. ao te.m ente, ficam setn mulhér, áinda. mui- rixas com pancadarias e vingança~
1
bém, os jrmão$ do homem tem mullie'" poliândfico e bretônico :». to tempo depois de sua puberdade, ou nas quais uma decepa, a mordidas, o
res do mesmo grupo. De mais a cj. poligamia, poliginia. convivem oom mulheres muito mais dedo da outra. Em regra, porém, só
mais parecem existir liberdades mui- velhas que lhes cabiam por herança o mais velho da sipe (v. i.) que é, ao
to amplas e recíprocas enti;e os irmãos Poligam.i.a - Do gi;ego. " Mattimônio de pare~tes .falecidos (levirato ; v. i.) , lnesm.o tempo, chefe d,e µma comuni-
e irmãs, de maneira que mUlheres e ent;re muitos ~. , ou que lhes foram cedidas, volunta- dade independente,, possue várias mu-
filhos de um homem pertencem, ao ,l~' a união conjugal permanente riamente, por companheiros de grupo lheres. Quando um dêsses velhos al-
m esmo tempo, ao irmão dêle. Tendo de um homem ou de uma mulher com mais velhos. Por outro lado, os an- canç~ um certo bem-estar, não se
um irmão só uma filha, e a irmã vários uma pluralidade de pessôas do outro ciões do grupo possuem, além de uma contenta mais com uma ónica mulher.
filhos, entãq, segundo a ordem de sexo. Divide-se em polianch·ia (v. i.) esposa velha, uma ou algumas mo§las, N~o é raro ter o chefe de sipe tr~s
casamcnto (y. i.) 1 :q.em t<;>q,o ho.n;i~}.'n e poli~inia (v. i.),. sendo-lhes faeil de obterem ainda maís mulh.~res ou mais. A primeira es-
pode ter u'a mUl'lier individual ; mas ct m âtr'.imônio, monogamia . e,·em geral, múlheres muito jovens, de- posa, porém, fica a mulher principal.
todos que estão numa certa relação vido a sua autoridade, ou pela possível As mulheres acessórias sã-0 designadas
de parentêsco, t êm o direito a rela- Poliginia - Do grego. O m.at rimônio troca de filhas. Não se oontentam, diferentemente, segundo a sua decen-
ções sexuais com uma pessôa determi- (v. j.) do homem com <muitas mulhe- ainda, com essa posição privilegiada e dência da sipe do marido ou de outra.
~ada pela ordem matrimpnjal. Do res>. controla~, ao mesmo tempo, toda a O chefe de famOia é opl·ig~do, pelo
m.esmq modo, a mull:ier,. na ausênc~tJi THURNWALD (2, ~! 80, 81) es.creve· v'ida prenupcial é matTimonial aces- costume, de ir pousar, à noite, nas
do marido, pode cohabitar com todos a respeito : «Como, especialmente, a sória da comunidade, sabendo utili- diversas cabanas, numa ordem deter-
os homens que estão na lícita relação 1'
poliginia pode ser condicionada por zar-se de sua superioridade. Segundo minada e não arbitrariamente. Na
sexual potencial ~pu • com ela. Em diversas condições políticas e sociais, HowlTT, as mulheres pirrauru dos cab1J.na de mãe com criança lactante,
geral sãQ ês~es os irmãos do rqaridp 1 eonvém distinguir a poliginia inferi9r Dieri são· distribuidas aos homens pelo o pai entra sq qe. dia. T ambém ~nt:re
ou1 pelo menos., ~l.lêles « pu » que"' gel'ontocrática (v. ge1•ont9craciq...) da 'Cbinselho dos anciões que tambéni os Bergdamn a poliginia pa.rci~l priva

1 •


- 180 - 1 - 181

pelo fato de que o homem não é o assim era uma totalidade porquanto 4) Primitivoe. - Esea deaignação
n1uitos homens das mulheres, porque se manifesta de maneira autarca. Ela
para o pobre não resta nenhuma. senhor absoluto de suas mulheres, tem um acento afetivo que não dá
tendo obrigações especiais para com se afirma nas mudanças dos.indivíduos, idéia exata. Além disso, especial-
e E ' preciso distinguir da poliginia
a mulher principal. tempos e espaços, mormente nas trans- mente a forma os primitivos causa,
propriamente dita, o levirato (v. i.)
1 f?rm~ções internas dos grupos fun- facilmente, a idéia de homogeneidade
que é muito frequente e consiste em eE polígamo o matrimónio dos
Diaquite-Sai;racoleses no Sudão fmn- c1ona1s. (0 povo francês antes e de- universal dos povos naturais. Deve
juntar-se o homem à viuva. do irmão,
primo, e também do pa.i, etc.. Essa cês : cada homem pode ter quatro pois da revolução de 1789). Mas não ser evitada, por isso. (As grandes
mulher trabalha na plantação, go- mulheres legítimas. Se essas mulheres se pode falar, de maneira incondicional diferenças entre os povos natura.is
zando o homem, assim, de vantagens vivem em harmonia, podem morar em unidade de sangue ou raça, anã~ já foram indicadas pelos dois viajan-
juntas; mas cada uma delas deve ser em um sentido relativo e, segundo tes FoRSTER à base de s'uas ob'ser-
econômicas. >
Segundo o mesmo autor (o. c., ter cabana própria ou quarto próprio; o estado de coieas, com bastante re- vações entre os índios da Terra do
serva,. Fogo, os melanésios e polinés\os.) >
84, 85), « à poliginia. dos povos patrí- se há desavenças entre elas, o marido
lineares-patrilocais. tem . outras feições é obrigado a separá-las, a pedido, O grau de coesão social de um povo Em THURNWALD (21 IV, pag. XVI)
por se ligar à degrada9ão dá mulher, aloj.a ndo . .as não somente em caban~s revela-se principalm~nte : lemos : >Povos naturais (Nat'(trViilker,
caracterizahdo o fator · eeonõmico~ .a o próprias, 1nas também completamente 1) t;ios costumes, com:q regr~,s de em inglês : natural, savage tribes~.
mes:m o tempo, a 'dependê~eià e.con:@- isol~das. Por vezes, as ha:btt1tções , comport8'mento em sí~qações seme- ~sse te'rmo é emptegado c.otn refe-
mica da muj.hér, dependência essa podem estar muito distante$ u!Qla da lha~Ws ; · · · rêncí:ai, a tríbus prehist6rico-primitiva'S
Um~ das muiherés ocupa; e a povos qontemporâneo-perüerair;; .

que falta, quasi completamente, na outra. .2) na moral, como conj\lllto de


poliginia inferior. Com tudo isso, pósição privilegiada que, no entanto, pre~itos baseados sôbre os cos.t umes ; Não deve ser entendido no sentido
também, aqui, feições matrilinea.res não depende de sua f amilia ou de seu antigo de naturalidade (Naturnãhe),
3) no direito como instituição do mas quer caracterizar a ma.ior depen-
melhoram, frequentemente, a posição parentêsco, mas só da maior afeição poder, il).Separável de costumes e
da mulher, muito mais do que trans- do marido, clando-lhe, po.r conseguinte, dência direta dêsses povos, da. natu-
moral (DUNKMANN 1, 193, 194). reza que é seu ambiente. >
parece na.a formas externas. o caráter de favorita. Por isso, seus
privilégios podem ser preteridos por O povo, encarado sob o ponto de Como periferais (a têrmo periferal
e Entre os Wahenga de Nyassa, o
nova esposa ou qualquer outra das vista de organização política e de corresponde ao inglês peripheral e
homem constróe casas especiais para a.firmação cultural com meios polí-
cada uma de suas mulheres. Os filhos mulheres. A esposa principal não ao alemão peripher) designa o mesmo
tem poder sôbre suas companheiras ticos, em relação a outros povos (com autor (1. c., pag. XVII) >as povos na-
distinguem-se, quanto à graduaçãó organização ou cultura diferente ou
social, não segundo a sua propria ida- ou os filhos delas. Goza somente do turais contemporâneos que se desen-
antagõnica.), constitue a nação. volveram na periferia da influência
de, mas segundo a idade da mãe. O privilégio de ver satisfeitos, mais
filho da primeira mulher deve ser pro- facilmente, os seus desejos e de rece- cj. Estado, grupo, nação, pátria. dos focos da civilização, ou comple-
metido em casamento, antes de pagar ber mais presentes que as outras. tamente fóra de seu alcance '> 1 e.o p8$0
o preço de noiva para um outro. O Seus filhos ocupam uma posição d~ PovonaturaJ - Em. alemão Naturvolk, que chama (ibidem) de primitivos (o
marido tem de cultivar, primeiramente, .destaque, mas só enquanto o pai está em francês les •naturels, em ingl~s têrmo primitivo corresponde ao inglês
a horta da esposa principal, e não pode vivo. ~sse caso revela influência do natural tribes. .~ primitive e ao alemão primitiv) e prin-
dar presente às suas outras mulheres, islamismo.> MitHLMANN (2, S,) escreve a res- cipalmente os povos prehistõricos de
antes de ter dado um presen~, n0 . cj. poliandria, poligamia. peito: <Para. o objeto da etnologia, equipamç:nto civilizador pobre, i.$.tQ é,
·m esmo valor, à esposa prin'cipal. • isto é, p~ra· os .« povos de técnica po- de. pouc~ corap.reell'são é daminaçã;Q:
se
'
• . f

Muitas vezes, o homem casa -âindl:L Povo - e O povo compreende-se 'c.oino


t
bre·.... usam.. as seguintes dé"signa- das f ôrça,,s n:11tu'rais. , ·
com a ii·mã menor de uma de suás integràção de homens de descen<lê,nci& ções: A história do têrtno povo natural
mulheres, que simpatizam com e'ssa e raça divetsas, pela língua, pela f O'r - 1) .Povos ·naturais. - Empregamos parece começar, eom a ressonância;
' 1

instituição por passar, então, a irmã ma de do1ninação política, pela cul- êsse têrmo, exclusivamente no sentido que, no pensamento filosófico da Eu-
menor a depender da maior. Para tura e pelas atitudes mentais. >(THURN- de povos com poucos mei<>s para domi- ropa do século XVIII, achara.m as
tal irmã menor, o homem precisa W ALD, ~' IV, pg. XVIII). Entre nar a natureza. isto é. com poucos observações etnográficas dos grandes
pagar menos. Indubitavelmente, essa primitivos o povo é respresentado pela meios técnicos. .... navegantes daquela época. Mti'HL-
MANN (e, 4) escreve a respeito: >J.
relação polígama baseia-se em con-
ceitos semelhantes àqueles que encon-
tríbu ou por uma composição de
tribus, (conceito etnológico de povo).
- Além diSso conhecem-se os seguin-
J. RoussEAU supunha reconhecer nos
tes têrmos:
tramos, tão frequentemente, na parti- DUNKMANN (1, 190) define, mais relatos sôbre a vida paradisíaca dos
~. 2) Povos sem cultura. - E ' têrmo insula.nos do Mar do Sul o estado na-
cipação de irmãs, das relações sexuais. detalhadamente, o povo como sendo impróprio por dar idéia errada.
Mas, conforme o sistema de graduação um grupo total representando uma tural e primitivo da humanidade,
social em vigor, surge entre as mulhe- <associação completa e autarca de 3) Povos pobres de cultura. - E ' estado de inocência e virtude. Essa
res casadas com o mesmo homem, êsse múltiplas funções sociais que se afi- ta.mbem impróprio. Não a cultura, doutrina está. em oposição à teoria
conceito de diferenciação embora, com guram, em si, como totalidade ; pri- mas sim a sua parte técnica é pobre. do hmno hominis lupus de HOBBES.
acentuação do ponto de vista matri- mitivamente essa totalidade era muito Os várias sistêma.s de uma cultura Assim, na Alemanha e na França,
linear. ~sse se manifesta tamb~m pouco diferenciada., porém, mesmo podem ter aUura muito diferente. os têrmos Wilde e lea sauvages, che-
~ 182 - - 183 -
garam a ser substituídos, aos poucos, o ponto da vista da etnologia moderna ' da.de incomparavelmente maior do .que eo uso da palavra não ficou restrito
pelas designações N aturvolker e les mostra êste tópico de PREuss (S, as classes médias ou superiores. ao prestígio dos profetas, magos, de-
naturels, talvez primeiramente nas 64): >Muito distante de uma apre- Essa espécie de pressã-0 social, inter- mônios, mas transferiu-se, por ana-
l déias (178(1.-1791) de HERDER, ao ciação da religião no sentido de uma. grupal e irregular, não se deve con- logia, às artes iludentes, cuja causa já
passo que na pátria de HOBBES con- totalidade, acha-se o filósofo LEVY- fundir com a pressão intragrupal, não é considerada. como sobrenatural.>
servaram a expressão savage. > BR11HL, embora se tenha ocupado ' inerente a todas as formas de sociabi- ~ A palavra significa, pri.mitivament.e,
cf. selvagem. (desde 1910) minuciosamente com a lidade (v. i.). GURvrrc;a (3, 40) dis- as artes ilusionistas de um prestigia-
ação mágica. P ois nela pretende des- tingue «simples pressão> e <coerção dor mas empregava-se, depois, para
Povo periferal - (V. Povo natural). cobrir apenas o modo de pensar dos socjal propriamente dita. > tod~ as ilusões, até receber, final-
primitivos, considerando-o não como Sendo efeito da «sociabil idade di- mente, o significado dêsse encanto
Preceito matrimonial - (V. Orden1 fato religioso e, por isso mesmo, como reta ou espontânea>, a meta pressão pessoal e elevado que envolve pessôas,
m at1·imonial). irracional (que seria apenas uma socia1 constitue a e infraestrutura es- círculos de pessôas e instituições, o
atitude natutal ~m face de fenôtnenos pontânea » da vida social. A coerção cárisma (v . i.) como o chama ly.lax
Preço-de-noiva Observa THUR~- religiosos), mas êle o qualifica, so'b o (v. \,) deriva da »sociabilidade refle- WEBER usando uma expressão da
\VALD (2, IV, pág. XII) que do t êi:mo ponto d~ vista das leis lógicas, como tida ou organizada» e constitue a < su- ci~ncia: do cristian.i$mo pri:rP.ítivo » (OP·
pre.ço-de-noiva deve ser e,~cluida qual- sendo prelógico. O pens~mtint0 racio- perestrutura organiiada »'da vida $0cial. PENHEIME:& 1) II, 513).
qµet idéia de, compra. l"qdi;i.via, « ~ nal, que existe ao lado de t1,1d0 isso, ~gutido o mesmo aqto:t (11,. 12) I,EoPoLD (ci't. apud OPPE,N~EWEB :
entrega de valol'.'8s materiais na aqvi'- não é levado em conta. Até ai 'Última a intensidade da pressão socjaJ liga- 1 II 516) define o prestíg.io como
' ' ~ uma espécie de dom:ma9ao . ~
siç:io da noiva desempenha uqt papel obra >L 1!me primitiva> ocupa-se, sob se intimamente ao estado da conciên- sendo
importante, embora haja variações nd um título diferente, c~m os .mesmos cia coletiva, isto é, ao gtáu de inter- que um jndiví.duo, Uima obra ou idéfa
tempo e no espaço. Os valores matei.. ·p roblemas do pensamento que podeni penetração das conciências no Nós. exerce sôbre nós. Ela paralisa toda
riais represel,ltam o preço pelo direito ser chamados psíquicos, pressupondô- « A pressão social mais forte é exercida a nossa capacidade de crítica, enchen-
do pai sôbre os futuros filhos e os se sempre que a função de pensar n ão pela massa (v. i.) representando o gráu do nossa alma de admiração e res-
braços da mulher. Frequentemente, o caiba ao indivíduo, mas ao grupo de de sociabilidade mais fraco. Segue peito. - E ' a fonte mais poderosa da
preço-de-noiva compõe-se de uma série que participa e o qual, considerado a comunidade (v. i.) como forma de dominação (v. i.) sem a qual os deuse~,
de pagamentos naturais que se esten- como grupo, se afigura como união sociabilidade mais profunda, e. final- os reis, as mulheres jamais poderiam
dem sôbre vários anos e terminam, mágica.> mente, a c<rmunhão (v. i.), que cons- ter dominado.>
em geral, com o nascimento do pri- cj. as obras críticas cit. apud AzE- titue o m ais alto gr au de fusão das Não se confundem prestigio e auto-
meiro ou segundo filho. > VEDO (98, 99). conciências. Com a intensidade cres- ridade ; o prestigio é, como observa
cente das ~versas formas de soc~abi­ SIM.MEL (1, 103), pessoal e subjetivo.
Prelógica - Segundo L évy-BRUHL, o Pressão Social - A coerção intergrupal, lidade, a pressão social vai diminuindoy Não há identificação da personalidade
mundo representativo dos povos na- exercida por agregados ou indivíduos de modo que se pode estabelecer a com um poder ou uma norma Gbje-
turais não resulta de um trabalho in- não autorizados e irresponsáveis, MAc- seguinte ~ei: tiva como no caso da autoridade. A
teletual propriamente dito, êle não é lvER (344 seg.) chama pressão social. O gl,'áu de sociabilidade está em submissão em face do prestfgiQ é
lógico mas prelógico : >As funçõ~s Essa pressão pode ser e.xerci(la sôbre razão inversa à intensidade da pre§Ssão espontânea e menos sujeita ~ a.ut9•
menti:tis nas s0ciedStdes ip.f'.er1Qres dife- minorias ou elementos refratáti(>s a social exercida. ~ôbre ós componentes ' crítica do que em face da autoridade.>
rem das nossas, não somente em gráu, certas imposições de car,á ter r:a~ia.ll • qe um agregado s.o cial. Ta;rnbém GElGER (1 , 341 3~) d(lfin~
mas por assim d.iiier, em n~'t~za. \·elígioso, ec9nômico etc. , mas ' pede ,aex 'Essa, lei el!:pli~a-s"e p,elo co~~,nso
1 o prestígio como « auperiorida~e . J>§.s;-
E las são místicas, isto é·, r.efra;tári~~ e~tensiva a clas~es · inteiras 1 modif.i- (v. L) expontàneo e i:wiplo que al5 soal :& que tem por fonte o s.ucesso (mili-
à experiência e' à raziio, e esseP:cial- cand0-lhes1 mais ou menos ' it;1cisiva- formas profundas da sociabilidade en- tar retórico·, econômico, cientifico etc.).
mente religiosas ,; entre a experiência mente, o estatuto social (v. i.). Nêsse contram na conciênc1a individual, por"' ,/A condição de um prestígio que
e êle, o primitivo interpõe toda a es- último càso trata-se, geralmente, de que · quanto mais intenso e forte é o confere autoridade, poder, respeito e
p écie de poderes misteriosos e de pressão econômica. social, menos opressivo e exterior se estima excepcional , é »uma presu-
fôrças ocultas. Além disso, as suas VIERKANDT (1, 376 seg.) observa torna, pois penetra na profundidade mida superioridade, admitida pela
idéias se ligam entre si COl.ltrariamente que a consequência dessa pressão é e intimidade do Eu que se acha inte- niaioria em um dado meio, de certos
ao princípio de contradição que do:mi- uma solidariedade tanto mais acen- riormente ligado a outros Eu.> (GUR- elementos individuais ou coletivos que
na toda ciência e conforme a uma lei tuada quanto maior o perigo de des- VITCH, 13). parecem os m ais ap~s a desempe1;1h~
de participação, segundo a qual os truição da coletividade respectiva ou uma função social, se1a para const1twr
objetos, os seres, os fenômenos podem de seus valores adstritos. E' assim Prestígio - Etimologia. Em latim: uma classe dirigente ou um grupo
ser, de uma maneira incompreensivel que se explica o fato de que as classes praestigiae-arum : também praestigia- preponderante > ( DUPRAT 1, 9).
para nós, a um tempo êles mesmos e humildes, sôbre as quais se exerce, ae, e praestigium-u; praestigiator-oris. Observa DuPRAT (1, 51) que o
outra coisa que êles mesmos.> (LÉVY- geralmente, uma pressão maior (se- Em português : prestigiação ou pres- prestigio é um elemento constituti!o
BRUHJ_, cit. apud A ZEVEDO, 98). A gundo a lei de transmissão da pressão ti<ligüação e prestigiador ou prestidi- para a formação d9t~ eUtes (v. i.).
incompatibilidade dessa teoria com social [vT i.J),, revelam uma solidarie- . g'itador. LEODP<;>Ll) (16) observa que cf. autoridade .
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t
• I

i 1
1 '
184
Prixnit.ivo - (V. Povo natural). prejudicar a pQr~onaiida.de (v. i.} , especialização, desenvolvimento, difu- da.de ; se êles se enquadram, sem difi-
po.r isso mesmo, o grupo socia.l (W são, migração, evolução paralela, coJ1- culdade, na estrutura civilizadora exis-
Processo social - Pode-se definir êsse l, 288 ; RoEis 1, 437 seg.). vergência., etc. > tente, haverá transmissão.
t êrmo , no seu sentido ma.is lato, como
>modo de agir, operação ou movi- Profissão - Segundo SoMBART (3,~25 r e O processo social corresponde ao
progresso material onde, estruturas
O progresso mental depende de
dois fatores :
mento entre indivíduos ou grupos que seg.) podemos distinguir três ace~s sociais se ligam, funcionalmente, ao 1) do aumento dos conhecimentos
entram em contacto> (YoUNG, 2, 596). do têrmo profissão : progresso técnico> (THURNwALD 2, que possibilitem a disti~ão das cau-
· Segundo WIESE (1 , 212 seg.) todas 1) Profiss~o no sentido objetivo : IV, 268). sações certas. E ' o processo de racio-
as relações sociais devem ser compre- Aqui existem duas possibilidades: nalização crescente das forças naturais;
«A palavra profissão designa cada
endidas dinamicamente, isto é, como qual das atividades especià.lizadas, 1) O aperfeiçoamento técnico pos- . 2) da intensificação da orientação
processos. Mas processos há que permanentemente exec.u tadas, nas quais sibilita uma expansão territorial da finalista (télica) das f}.tividadea men-
não supõem, necessa.riamente, a exis- se desdobra o trabalho : t<;>tal reali- comunidade : tais. A origem de tal processo eatá em
tência de gru~os ou outros agregados zado em uma sociedade, (SOMBART certos indi.víduos-inve):l.tor~~ p.os quais
com organização e funções definí~as. a) melhorando as vias de coml.Pli-
$., 25). ' cação e condições de tr:an~porte : triunfou a orientação ~élic,a e que
Elas podem existir, tambéll,l, entr.e ' co,nsegui;ram. introduzir melho1·aIJ,le.Q.'toS
indivíduos, ao passo que há lllll:a: ·.se:.. 2) Proíi&são 110 sentido s.ubjetivo : b) transforma,lJdo as, condiçõ.~s' de sist~máticos (TBU'R~W~IJD 2, fV; 2·71).
gunda categoria de rel~ções 'ou pro- « Ao passo (iue no . primeiro ç~sp a ~0-­ vida.
oiedade figura como creadbri\ , da'S Em aposição ao evolu.cionisme. d~­
cessos susceptíveis de ·s~ r~a.lizairem) 2) T écnica e conhec~me:htôs influem $J;>E'.t'fOElt é preciso dizer qu~ o pro...
e.xclusivamente, no campo inter qu . profis'sõesi, aqui d é o i'n âivíd"l.º · A sôbre as formas .d e sociabilidade (v. i,). gresso não é unilinear mas comparáv:el
intragrupal. Esta (segunqa) cate- profissão afigura-se, subjetiv~m~t,e, ' EncQntros de povos agriculWres com
encarada, como síntese de ;vo~çao e a uma rêde bastante r1;1.mificad.a de
goria WIESE denomina de processos pastores engendram formas origina.is caudais e veias dagua. ' '
sociais propri,"l.mente ditos. Distin- ocupação, sob a condição de que o pe simbiose social. Uniões entré
caráter desta coincida com as conclíi- Todo o progresso realiza-se dentro
guimos assim : agricultores e artüices levam a sis- de uma cultura (v. i.) circunscrita, o
ções daquela > (Ibidem, 26, 27).
1) Processos sociais simp'les (entre temas complicados de divisão do tra- que não equivale afirmar: dentro de
indivíduos e grupos. E xemplos: aco- 3) Finalmente o t êrmo p~fissã.o balho (TRURNWALD, 2, IV, 268).
é usado para designar um círculo, um povo ou pa.iz circunscrito. Pois
modação, assimilação, agregação, con- e Progresso e melhoramento só se vários povos podem constituir uma
venção, oposição, conflito, etc.}. uma associaçã.o, um grupo ou uma. eompreendem no quadro de um deter-
ordem profissional, revelando.se aquí unidade cultural.
2) Processos sociais complexos (so- minado nível civilizador. Com isso O processo de eliminação (v. i.)
o caráter essencialmente sociológico queremos dizer que
mente no campo inter ou intra-grupal. da palavra em apreço. não acompanha a acumulação mas
Exemplos : düerenciação, integração, 1) cada processo de melhoramento segue-a a certa distância. Às vezes
transformação, dominação, subordina- cf. grupos profissionais.
depende de um processo análogo em o objeto absoleto é conservado ser- •
ção, estratificação, seleçã.o, socializa- outros terrenos, vindo agora para outros fins. O arco,
ção, exploração, comercialização, ms- Progresso - O progresso apresenta-se, 2) melhoramentos uni!Aterais uão por exemplo, desapareceu como arma,
titucionalização). segundo uma definição ba.st~nte. a;µi-
pla d~ TRURNWALJ) (, 2, IV, 267'), COJJ:t.Q são comportáveis, ~mbora qaq~ tribu mas existe como brinquedo ou instru- ~
cj. ~ôntato,' relàçlio sócia!. ou povo pareça ser especializado, em mento desportivo , (TH'\'.!RNW.U.D, S,
acumulaçã9 de. aquisições ~teria.is
c~l'.to sentido. ' IV, 275),
J»irofe~~ionalização - O processo de. ed~con~e91me. ntos ~b:i~t~'V'QS nq qu~dro
uma çultu;rJ~. ' ~~s~i ·a~~~~9ão Mas os espeeia;li'stas de uma: ~~,.. -Y:9UN'G ·(fl,· 578.) O:b~e:rva quei '( l).1
professioP:.alizaç~ , que revela. t.u:µa goria são ootidi:cio~ados· pelo~ ·9utros a »fé no pragres~o ·>., traço patacte·-
tem um qa·r á.ter ióui~ p. irr~er.siveii. ·
certa afinidade com a irtstituéiona.11~ com os quais estão .e nr inte1ieâmbi6 rístico da: 'nossa época, çonstítue um
zação (v. i.) consta de t rês subprii>- Cad,a fase baseiti-se· n~ e*.P'eriÇnci~
l

anteriores. ~s 'invex:ições de' alimeni.. permanente ;> emito: social>, tsse mit,o, paré:m, é
cessos: 3) se há progresso em sentidos di- indubitavélmente, uma parte da nossa
tos, vestes, enfeites, habitações, a;r-
1) A con.solidaçã-0 de certas ativi~ mas, ferramentas e instrumentos, prá- versos e por vias diferente.a, não pre- cultura e, além disso, UD,1 incentivo
dades, transformando-as em profll!- ticas 'mágicas, ídolos, instrumentos cisa haver, forçosamente, influências que estimúla, mais ou menos 1 profun-
sões, delimitando e circunscrevendo de mósica e jogos formain correntes sôbre outros povos que não estejam damente, realizações no terreno da
suas funções. cujos élos con.stituem fases na e:volu- em condições de aproveitar êsse apa- civilização.
2) O desenvolvimento de uma men- ção de cada objeto. Essas fases são relhamento. 2) os critérios do progresso, refle-
talidade profissional afim de evitar irreversíveis. O arado supõe a inven- >Por con.seguinte o melhoramento tindo a cultura de uma sociedade no
uma comercialização destrutiva. Eia- ção da estaca de cavocar, o uso de prende-se intima.mente a determina- tempo e no espaço, podem ser, -:,de
boram--se valores sociais, referentes à animais de tração repousa sôbre as das esferas culturais adequadas, nas fato, elementos para controlar e pla-
vida profissional. experiências combinadas de c~adores quais pode ser ligado ao nível civili- nejar a transforma~ão cultural dessa
3) A preponderância da profissão e agricultores. A mudança dêsBes ~ador > (TRURNW.A.LD 2, IV, 269, 270). sociedade.
sôbre valores sociais e humanos. A objetos dá-se pelos processos de >v&- A possível transmissão de dados cj. aculturação, civilização, cultura,
idéia profissional domina a ponto de ri~ão e mutação, fixação de formas, culturais depende de sua. adaptabili- evolução, mudança cultural.
1
I

- 186 187
Proletariado - Segundo BRIEFS ( 442) forma-se em vontade de destruí-Jj>s, liberdade sexual. N ~sse sentido po- o fato d e que a propriedade legal, o
0 t êrmo proletariado designa, no sen- êles e seus símbolos> ( GEIGER !, 108). dem ser compreendidas, por exemplo, sólo, tendo uma importância acen-
tido objetivo, e a relação de assala- O fenómeno da solidariedade (v. i.) as instituições espartanas. tuada e contínua, pertence a certos
riado ermanente e hereditária>, e, assume dois aapectos em relaçã-0 e Cumpre distinguirmos a promis- indivíduos, ou também a associações
no sentido subjetivo e uma atitude ao proletariado : cuidade geral da sua forma prenupcial de tais indivíduos, ao passo que a
particular, proletária da conciência. > concedida aos jovens de ambos os grande maioria dos cidadãos, indica-
1) A pressão social (v. i.) exercida.
e O proletariado, no sentido socioló- sexos antes da união permanente, dos para defender a p átria, vive e
pelas classes sobrepostas engendrou
gico, é uma camad a de h?mens, carac- uma solidariedade intragrupal de gran- sendo esta observada, não raro, com continúa a viver sem nenhuma parti-
terizados pela sua qualidade perma- de eficiência. e A história do qW).rto o máximo rigor.> cipação dessa propriedade, um para-
nente e hereditária de assalariados, estado é, aliás, inconcebível sem -qma cf. m.atrimônio. doxo que torna problemática a exis-
que desenvolvem reações sociais espe- tal solidariedade ; as organizações tência de uma vontade popular comuni-
cíficas à sua situação de vida. Com que creou, as lutas que sustentou, os Propagànda - LASSWELL (521) define t ária em relação a uma propriedade re-
isso já dissemos que melhorament os que conquistpu, su- a propaganda como t écnica destinada partida dessa forma > (T oNNIES 3, 107).
1) o conceito sociológicó de pn>le- põem um ~levado grau de dedicação a determinar atitudes e ações huma- «Propriedade comum, no sentid0,
taria.do encer,ra a noção de lima recíproca e de espírito de s.aicrifíci<;>» nas, pela: manipulação de representa- pleno da palavra, há em t,o da par.te
·plu1·alidade de · camadSis sociais ; - .(VIElHCÀNDT J., 379). · ções psíquica.a. Su,a. importância so- onde' uma comunf!i, un'i clai;i ou ' Ulll3;
n:enhuma sociedade consiste :exclu,si- 2'.) Em relação às outras camadas ciológica está no fato d:e que ela se f amilia, ligada, concielltemente, pot
, vament e de proletariado ; so'ciais ·a solidariedade do proletal,"'iad0 baseia ,s ôbre contatos e . :relações so- laços de sangue, por rel~ções vicinaiis
2) a oposição da camada pi'olet áría ciais, se opera por meio de .c ontatos e ou espirituais, não somente exerce
é uma >solidariedade no ódio> ( GE1-
subsiste sob a condição de s:u~ prole- relações e e;ngendra relações ou até poder efetivo sôbre coisas, mormente
GER 21 109). ,
tariedade; agregados sociais específicos. Todos sôbre um certo território aproveitá-
Oposição, antagonismo, conflito e vel, mas também defende-o, coino
3) um proletariado no exercício de luta tornam-se elementos constitu- os meios de comunicação podem ser-
uma dieta.dura não é proletariado no vir também para atividades propa- sendo sua propriedade legítima, sem
tivos d as sociedades estruturadas se- ser contestada. esta posse sob alega-
sentido sociológico, mas uma camada gundo a lei classista (cf. estrutura gandistas. Qualquer processo social
cujo govêrno se caracteriza por um pode ser originado por atos de pro- ção de direitos reconhecidos ou su-
social) visando, finalmente, a trans- postos> (ToNNIES 3, 107).
ressentimento (v. i.) proletário > (BRIEFS formação completa dessas sociedades. paganda. Distinguimos propaganda
443). intergrupal e intragrupal. Ela pode (ad 2) THURNWALD considera ades-
cj. desproletariza.ção, proleta.rizaçã-0. ser manejada por e contra indivíduos, truição do clan e da sipe (v. i. ) como
Como se explica a atitude típica
da conciência proletária? Pela situa- Proletarização - grupos, instituições ou simples objetos. condição primordial da propriedade
Chama-se proleta- Há propaganda positiva levando individual.
ção cultural dessa classe, que se afi- riza.ção, .s egundo BRIEFS (452, 453,
... gura como reverso de sW). situação pe~sôas ou grupos a tomar certas ati- A formação da família senhoreal
454) o processo social pelo qual com- tudes ou praticar determinadas ações.
econômica, responde GEIGER (2, 106, com servos e escravos condicionoµ a
ponentes de estratos sociais .superio- A propaganda negativa procura im·
107). O próletariado não parUcipa introdução da propriedade individual.
da vida cultural do povo. res perde'm seu estatuto social e ae pedir certa~ atitudes ou ações. Da mesma maneira as despotias (v. ü),
tornam proletários, seja no sentido Materialmente encarada a propagan- sôbre base igualitaria estimularàm a
GEIGER (2, iJ.08, 109) distingue duas
ob)etivo,' isto ê, vistos pelas class~s-
1

fases ;na evolução do "ptoletatia<lo : da estende-se a todas as esferaS cultu- difusão .da propriedade particl,ll'ar, ~lo
não-proletárias, seja ' no sentido subJe- rais, e sua il;itensificação é, principal- já mençi()'nado proqes$o de dest'r uição
1) Peltt situa:çãP ..comum o })roleta-
1
tivo, isto é, pela a~u1siçãb 1de l:lril:~ mente uma •consequência d~ generali- dos clans fQ.n:tüiares. '
, ria.do rêpre$ênta apenas uma ca:m:td~ conciência especifica ou pfoletaríed~e . ''
socii:til (v. i.). , zação dos processos de concurrêneia A pt.oprJedade priva.da que entre
co:nciente. Nijo precisa h'aver' cdnco:.. (v. i.), competição, antagonismos (v. i.) povos naturais se estende a~nas aos
2) Pela formaç.~o de uma conciên- mitância · d êsses dois processos. e oposição (v. i.). objetos de uso pessoal, é passível de,
cià específica pode passar a cpnstituir cj. classe, desproletarização, prole- ser dividida em
um grupo (v. i.) representando, entre- tariado. Propriedade - VIERKANDT (1, 420 seg.)
tanto, geralmente uma classe (v. i.), 1) propriedade perpétua que eos-
e TÕNNIES (3, 106 seg.) adotam a divi- tuma ser aniquilada depois da morte
isto é, um agregado intermediário Promiscuidade - THURNWALD (2, II, são habitual da propriedade em
s usceptivel de servir de jurul-0 para 131, 132) escreve a respeito : >As do dono;
associações grupais, como, por exem- 1) propriedade comum (ou grupal) e 2) propriedade temporária transmi-
noticias sôbre uma promiscuidade ir-
plo, os sindica.tos. restrita são de tal maneira incertas e, 2) propriedade individual tida de uma geração à outra, em via
e Se o proletariado estava, na pri- provavelmente, mal entendidas que (ad 1) O patrimônio cultural, o ter- pat rilinear (v. i .).
meira fase, fora da vida cultural por- não podem constituir a base de u1?a ritorio é propriedade comum porquan- O trabalho é, originariamente, uma
que era excluido d ela, êle se coloca teoria geral admitindo uma prom1s- to há uma vontade coletiva visando fonte mística de propriedade: o tra-
hoje (na segunda fase) concientemente cUidade primitiva e generalizada.. E ' a conservação e proteção dessa pro- balho parece substancializado na obra.
à parte; a indiferença para com os possível, todavía., que certa.a tribus priedade. A pátria é propriedade da - Pela troca ou compra a aquisição de
tradicionâis valores cult urais trans- tenha1n adotado wn sist êm a de atnpla nação. ~ A isso, porém, pode-se opôr propriedade in8ividual é raciou~Hzª'da.


> )

r•

1 •

188 -

Prostituição - cf. sexo. vel, por outros têrmos mais adequados


aos fenómenos que se queira deno-
Psicologia social- cf. sociologia. minar.
Talvez seja conveniente restringir
Público - <Um público é uma reunião o uso do têrmo àassistencia de espectá-
de indivíduos que se acham congre- culos, festividades, exibições recreati-
gados em vista de um fim determi- vas, desportivas ou artísticas de qual-
nado, embora êsse fim possa ser mais quer espécie. Cumpre notar, porém,
ou menos determinado, (isto porque, que, na grande maioria dêsses casos,
por exemplo, uma assembléa parla- trata-se de simples pluralidades de
mentar terá muitas vezes os cara.cté- pessôas sem coesão nenhuma., que
res de uma multidão, e, a fortiori, constituem pela reunião no mesmo
uma reunião de campanha eleitoral)
e embora entre membros do grupo
local, apenas um fator potencial de
associação, de interêsse bastante re-
Q
um certo Ditiluero pos'sa ter"'Se enc0n- duzido para: a sociologia. Dé maueira
trado ali por acaso> (,EsSERTIER 123). alguma se pode fala·r em gl'\ilX>S no ' ,l

En1 bposiÇão a essa definição, P A.R:rt que d i:z Fespeito a essa fotma de-
pá.,.. ,Q µatJ:ri)4tero de S~brnidt - ~OQ~'l'TE mando o que Max Son::Mn1'i' <;le:-
(2, . 632) considera o ' publico como agre- blico'. ' P1w.ro ..(280) esere:ve ~ resp(}itQ : «Nos nomii1au ·Geflechtsvier~ck, ' que p0,de-
gado social >composto de itidiví<luos cj. agregado social, grupô, multidão. trançados de folhas de palmeira á riamos chamal' : q'ua4rilátel'o de
que não estejam cm contacto imediato unidade primordial resulta do gru- Schmiclt. >
e cujas reações são susceptíveis de Pugnacidade - <O instinto de luta pamento de tiras, duas a dWl.s, for- cf. também Max SCHMIDT (333),
maior deliberação. > (ou pugnacidade) significa a vontade
BoGARDUS (1, 329) finalmente d e- de prejudicar a outrem. Geralmente
fine o público como >grupo de pessôas porém, êle é estimulado por uma su-
dispersas sôbre uma área estensa que posta intensão d.a pessôa alheia. Mas
pensam e sentem semelha.nt.emente a contra fracos e indefensos dirige-se, ti-
respeito de certas coisas.> pica.mente, também sem êsse motivo.
Evidentemente os três autores aqui rue é de importância social em forma
citados classificam como público agre- da auto-defeza e, em forma agressiva,
gados sociais bem diferentes. Ora é como sendo um componente da. atua· I

uma assembléa ou multidão, ora um ção punitiva ; a luta coletiva é no-


grupo territorial ou uma classe social, tável por causa da. sua f ôrça organi-
ora os leitores de um jornal ou os es- zadora> (VmnKANDT ~, 75).
pectadores de um~ exibição teatral, O instinto de luta é, cqmo observa
ou de uma corrida de cávalos. Em 'McDoUGALL (1, 240), alta;me,nte P.lá.S-
virtude da variedade d.e signífieados tico, adaptando-se, em su.as moda.l~­
o valor cien~ífico do têrmo ~m apr~ç-0 dades. e · sua intensidade aor nível cul-
parece-no,s pro):>lemático. ÜORvém., ' existe,nte.
turail · '
por~a:nto., .~ubstituí-lo,, o majs pos§'í- cf. conflito, guerra,. "


' •

'


'

• I - 191 h

estudar a vida do homem somente do tempo. Depois de consumado o aio


ponto de vista da hereditariedade, mas de vingança (retribuição) o equilíbrio
deve-se encará-la, também, soeiologi- é restabelecido (segundo a tradição
camente. Isso traz uma consequên- do grupo que exige a realização da
cia importante no que diz respeito à vingança.). A reciprocidade equiva-
assim.ilação (v. i.). Em geral, o ho- lente pode basear-se numa escala de
mem realiza a assimilação não indi- valores, materiais ou não, cuja per-
vidualmente, mas sob forma organi- muta é determinada. pela tradição
zada. No fundo, já a diferença dos grupal. Pode haver ou não, unidades
sexos é organização. Em condiçpes de valor, como por exemplo, moedas.
originárias a mulher forma com os A reciprocidade social existe, mui-
filhos a substância da família, e o tas vezes, na forma de um mecanis-
~omem é o protetor da mulh,e r e doJ:! mo de entrosamento ou sequência bi-
R ,,
filhos. "l'ambém a forma mais pr1-
mitiva. da divisão do trabalho ('1'. i.),
lateral de atos oferecidos e retribui-
'dos. Pode haver entrosa.meq.to entre
a divisão do trabalho entre os sexos 1) indivídu0s e
(6 homem caçài, a. mulher colhe frotas 2) grupos.
R~ça - D'o vocábulo. francês race. Em predisposição hereditáfla. Não lhe e procura os animais me~ore'§), j á é '
alssimilação organizada.> A base d,o entrosamento é de caráter
inglês race, em alemão Rasse. é possível, porém, conhecer essa 'pre- a) bio-psíquica ou
THURNWALD (2, IV, pag. XVII) disposição, sem penetrar as condições

de peneiramento numa sociedade, isto Reciprocidade - A relação de reci- b) mera.mente psíquica.
escreve a respeito : ,Qs casamentos procidade é, segundo THURNW ALD
entre parentes chegados, como exi- é, sem conhecer os valores culturais Exemplos do caso a é fácil encontrar
e a ordem segundo a qual se peneira. (4), uma categoria social (v. 1i. ) sôbre na família. A reciprocidade entre
gem muitos preceitos matrimoniais a qual repousam estrutura e f uncio-
(v. i.) entre povos naturais (v. i.), E' o que ensina a etnologia, a qual esposos é contínua e consta das ati-
pode explicar, por exemplo, a dife- na.mento da sociedade humana e de vidades supletórias dos sexos. Há
levam, juntamente com o isolamento suas instituições. A reciprocidade
e a seleção (v. i.), à uma especializa- rença na predisposição psíquica do especialização nas atividades, baseada
japonês e do chinês, aquele peneirado consiste na prestação de serviços ou em diferenças biológicas. Qualquer
ção das disposições hereditárias orien- na realização de certos atós e nas
tadas pelo meio ambiente. Por isso e criado segundo o ideal do guerreiro, perturbação da relação de reciproci-
e êste, segundo o ideal do sábio. O suas retribuições no sentido mais dade origina crises matrimoniais. En-
aparecem, primeiramente, raças locais. amplo possível, havendo normas pres-
Da semelhança de raças locais, paren- raciólogo só conta com os objetos do tre esposos prevalece a forma ins-
peneiramento e da seleção, isto é, com tabelecidas de acôrdo com os padrões tantânea de reciprocidade; entre pais
tes e vizinhas, resultam outros tipos do grupo. Para a apreciaçã-0 conve-
raciais. De tais raças primárias cria- as predisposições hereditárias ou com e filhos é mais frequente a recipro-
os homens como po11ta.dores dessas niente das relações de reciprocidade cidade adiada. Um entrosamento pu-
das por longos espaços de tempo cum- é imprescindível levarmos em conta
pre distinguirmos os tipos secundários predisposições. O sujeit.o do peneira~ ramente psíqu~co (ou social-psicológico)
mento e qa seleção, porém, é o ambien- ·a totalidade de serviços prestados, existe, po·r exemplo, e.n tre : mestre e
e a formaçã<;> de povos resultantes dentro de \}m determinado te.mpo e
do· co~vívio de etnias· hetérogêneas e te geográfico e social que forma o hori- discípulo, chefe e chefiado, ·se~o~ ...~
zonte cultural de uma raça. Igno- nma determinada .sociedade. A eor1~ vas.salo. Entrosamen.to.s entre côletrv.1-
da miscegenação. sidêraç·ão do mêro elementó e:conô-
' ~ando êsse horuop,t e, não se podem dâdes podem r'e pousar sôbte uma base
MüBLMANN (1, 570) entende pelo julgar os efeitos de peneira~ento e mic-0 é unilate11al1 pois 1nostra a.penais a) igualitária .ou
·têrmo raça »um grupo de indivíduos seleção.» um aspécto do fenómeno. A t•écipro-
de caraotéres semelhantes em suas çidade pode ser, aegilndo THURNWAL:ó: b) estratificada.
A respeito da relação da raciologia Exemplificando o caso a, çitamds. o
personalidades psico-físicas, dispostos com a sociologia, o mesmo autor 1) idêntica. ou
ao redor de um valor-padrão (tipo), intercâmbio material ou intele.t ual
(o. c., 3, 4) acha que essas duas disci- 2) equivalente. entre tribus ou povos independentes ou
formando e conservando o seu tipo plinas não deviam ficar, como até
por meio de peneiramento (v. i) Ambos os tipos revelam-se como soberanos. Quanto ao mecanismo de
agora, distanciadas uma da outra. >De se:ndo ora entrosamento em sociedades estrati-
e seleção subsequente. > importância decisiva para nós é a a) instantâneos, ora ficadas, THURNWALD distingue estra-
Para mostrar quanto a biolo#Pa das compreensão de que o homem é um
raças depende da etnologia (v. i. ), b) adiados. tificação (v. i. )
ente social. Por conseguinte, sua
MÜHLMANN (o. c., 2, 3) dá o seguinte A reciprocidade instantânea afigura- a) étnica e
vida não é sómente vida generativa
exemplo : <Estudam-se os problemas (transmissão de predisposições heredi- se como prestação de um serviço, de b) social.
do peneiramento e da seleção. Tam- tárias de geração à geração), mas tam- natureza qualquer, e sua retribuição Nos dois casos ha. continuidade de
bém nesses problemas o raciólogo bém convivência (ação recíproca de imediata. No caso b a retribuição é relações recíprocas, seja entre cama-
considera somente os fatores hereditá- pessôas de idade, sexo e predisposição adiada, como na vingança dum crime das étnicas, seja entre classes ou, às
rios, ou indivíduos co.,m. determinada hereditária diferentes). Não se pode efetuada, às vezes, depois de muito vezes, castas sociai&.

- 192 -
-qelação - e A relação é um ato em Religião - I. Parte etnológica. - Se· pról da comunidade que, em todos os pies de t oda revelação > (D UNX.MANN
' que dois ou mais elementos entram d e gundo PREUSS (3, 98) " a religião é o tempos era o mais importante para 1, 296). Não há, porém, revelaçãD
tal forma em ligação que cada qual conj unto das providências para a os hoµiens, já não é cultivado e esti- religiosa sem medianeiro que estabe-
se conserva como unidade indepen- vida do a;quém e do al6m utilizando-se mado de modo religioso. Visto que leça a ligação com as divindadés :
dente, sofrendo, porém, alterações, e es- de meios sobrenaturais, sendo o es- ·o homem não se deve orgulhar de e Decisivo para toda comunidade
tabelecendo-se igualdade parcial e união sencial a convicção da possibilidade suas obras, porque nelas só se revela religiosa que tem o ponto de conver-
em alguns pormenores> (WmsE, 1, 3). de tal providência.>. a atuação de Deus, e porque a própria gência em uma. revelação positiva, é
Ações ic.terhumanas constituem : No dizer do mesmo autor (3, 108) finalidade da existência, a preparação o conceito do medianeiro da revelação.
1) relações quando compreendidas <: a concepção do sobrenatural corres- para a vida do além, não parece de- Uma vez que toda revelação se reduz
estaticamente ; ponde aos aconteci):nentos religiosos pender do poder, a religião põe em a poderes transcendentais, tal me-
de cada fase cultural. Os povos natu- relêvo o poder somente quando as dianeiro é indispensável. ile se apre-
2) processos quando compreendidos
rais procuram crear um fundamento obras, segundo o conceit9 eclesiástico, senta .sob os aspectos mais variados,
dinamicamente. se ligam à realização do R eino de
e Há duas ~·elações f undamenta1s que parece eterno e é fixado nos mitos a começar pelo mágico e feiticeiro
e.ntre homens : as relações. associ~­ do t empo primitivo. DP..sse moda a Deus na t erra, podendo a.ssiln, talvez, para chegar ao sacerdote e pon~~fi~,,
a 1g:r:eja católic~ crear ,u m, santo. O profét~· e pregador e, finalmente, ae
tivas (ou de aptoximação), segundo o ' transformaçãó contínua não ,{rem ao
ponhe ~im.ento dos crentes,• não exi~­ exerctéio· do altruísmo, J>PJ'Etm, e. doa ~ homem li).ais ve),ho >. i
critério de união, e relações dissocia~ d êve;res di4t;rios d~ mo·:r;al para com
· tivas (ou P,e afastamento) segunào -tíndo nq . pró:prio sobrenatutal, roas E:v:identeinento os •'próprios t êrmqsi
c(n·1·espondendo as suas alterações às o prQ~ill').ó·, em gera.l, não são compre- mágícó, sacerdote; etc. já reveli:tm uma
o critério de separação~ (WIEsE 1 ; lQ). endi,dos, de modo religioso pelos povos
Segundo o mesmo autor (1, 56, 57) mudanças do espírito humano ligadas determinação social, pois não Se pode
à cultura., , o qua l, por sua parte , é naturais, mas simplesmen~ pratica- conceber um pon:tifice em uma triou
relações são dos, representam no cristianismo atos
influenciado por fatores cosmicos e de ·í ndios, nem um m édico-feiticeiro
A 1) conformes, quando o motivo s u- raciais. Assim, cad a religião, como religiosos estimados supremamente em (v . i.), incumbido de funções religio-
bjetivo e a ação objetiva coincidem, resulta.do de determinadas fases, não virtude da deshabitação da existência sas, em uma sociedade civili2lada. Ao
isto é, quando a relação interna cor- pode ser comparada com religiões de física, que parece estar iminente, no lado do medianeiro ou fundador são
responde à sua exteriorização ; outro nivel cultural, se bem que cada mundo do além, para o espírito sem os exegetas ou hermeneutas que ela- !'
A 2) desconformes, quando o motivo crente deva. considerar a. sua como corpo. isses atos, porém, não são boram os rudimentos do sistema reli·
subjetivo e ação objetiva não coinci- s uprema, isto é, como a. mais eficiente. julgados segundo o valor prático, mas gioso, traduzindo-se nêle o mundo
dem, isto é, quando há uma discre- Por isso parece precário, transplan- como exercício do sentimento reli- circundante em forma de mitos, cultos
pância entre a relação interna e a tar-se uma religião, em sua totalidade, gioso.> e ritos próprios a povos caçadores,
externa; para culturas completamente dife- Na história da investigação sôbre colecionadores, pastores, agricultores
B 1) abertas quando os fatores que rentes.> a religião dos povos naturais podemos ou guerreiros.
têm realmente eficiência social sã-0 R eferindo-se especialmente aos povos distingwr três teorias principais que Nada revela com maior nitidez a
confessos; naturais, PREUSS (3, 118, 119) es- são a do animismo (v. i.), a da magia dependên.dia da religião do substrato
B 2) disjarç<Ulas quando os fatores creve : «A sua religião trata ,p rinci- (-V. i.) ou do p9der e a da idéia.do Alto social do que o fenômeno da mudança
socialmente eficient es são . d~sft;l.,rçados . palmente do poder tjueiconfere à Deus (v. i.). social. «Toda transfor~ação (da so-
O conceito çle relação disfarçada 'é, tribu a conVicção de suâ ci:i.pacidade c;j. abstenção, demônio, · fetic~mo, ciedade) vài acompanhada de u~
., · sociologícamept~, de g:J.1ande relev~n­ ' dê resistir a todos '()$ pertg9s .. ' ~ste her<:ii ciyilizadori 'm ãe comum, mito, transto~·no dos sistêtnas i·e:ligio~os. ~
, eia . .Pot e:icemplo.: concu:it,rêp.cía, dom\- desejo domina.nte de auxíllo · ~~hre·.Qà­ ·ta.tem, · (B:AsT;IDE, 1~9). «A ' fi~aiçãó qos ~­
nãção, exploração, oposição, ap+oxi- tural crea a ·f é nesse aux(lio e, sín'.lul-· 1 '
II. SoCiolog:ia áa' re~igitio. - >Oh.je- raelftas n:a Ind:ia envolv~ uina revolu-
maçãb são, mu,itS.S y-ezes, disfarçadas :>, taneainente, os séntime:µtos de segu- tó dt;l. sociologia religiosa é a pesquisa ção na , concepção hebráica da divin-
(WIESID, 1, 57). , rança e supetioridade. Estende,.se a.t ê e descriçã;o das relações entre a religião dade : · Jeová, o d eus dos pas~ores,
A t ese estabelecida por alguns filó~ às atividades de pouca importância vem a ser um deus agrícola> (B As-
e a sociedade, nas suas interdepen-
sofos, de que pode haver relações afetando, em s ubstância, a comuni- dências> (W ACH, 479). TIDE, 129). A urbooização da vida
somente entre elementos que t enham dade e não o indivíduo. Em geral, social leva, em muitos casos, a um
forma e estrutura definitivas e imu- porém, as virtudes sociais não são 1 - Determinação da religião pel,o sinc1·etismo religioso, ao passo que
táveis, é como observa WIEsE (1, compreendidas pela religião, porque meio social. migrações e dispersão da população
297) arbitrária e inaceitável para a aparecem sem a conciência da neces- e Toda religião provem de um deter- sôbre vastas áreas conduz, geral-
sociologia. Indivíduos e grupos que sidade de auxilio sobrenatural, sendo minado m eio social e está sujeita às mente, a um enfraquecimento do sen-
entram em relação, sã-0 fatores essen- praticadas sem ela. Podemos dizer, suas influências> (W ACH, 479). timento religioso. A estratificação
cialmente dinâmicos, alterando o sendo por conseguinte: o poder é coisa <Toda religião assume um caráter social (v. i.) costuma refletir-se na
alterados continuamente pelos efeitos mágica ou deve ser cultivado com empiricamente social e histórico so- diversidade das concepções religiosas '
da interação. meios sobrenaturais, sendo apoiado e mente pelo conceito da revelação. das várias classes. Observa B ASTIDE
cj. interação1 indivíduo, processo so- aumentado por fôrças demoniai.s exter- Procur.a-se o auxilio dos poderes trans- (133) que >o catolicismo dos campo-
cial. nas. Na religião cristã, o poder em cendentais : &te é o significado sim~ neses não tem muitos pontos em eo-
..
- 194 - - 195
mum con1 o dos intelectuais, ao passo tos), nos conflitos (separa~ão do Es- Segundo W ACH ( 482) a religião se substrato o conjunto dos indivíduos
que~ pelo co;ntrário, há uma comunhão tado e igreja),. nas lutas, e guerras a{igur~ como fator social em um duplo associados. O sistema que êles for-
instintiva, além das barreiras dou- sa:ntas, nu êxodo de populações intei- sentido: mam p.o r sua união, e que varía se..:.
trinárias, entre os católicos instruidos ras (hugenotes) podemos observ~ lar- 1) positivamente porquanto uma plu- gundo o número, a disposição na
e os protestantes liberais : a morfo- gamente a ação das idéias religiosas ralidade de indivíduos cooperantes é superfície do território, a natureza e
logia prevalece sôbre a dogn:i.átic~. sôbre a vida 1 histórica da .sociedade, constitutiva para determinadas ati- <:> número das vias de comunica9ãe
Mas, > termina o mesmo autor (133), frequentemente em flagrante contra- tudes e formas, (de caráter religioso) ; constitue a ba:S~ sôbre a qual se elev~
e dessa influência não se pode concluir dição aos interesses vitais dessas 2) negativamente porquanto pode a vida social. As repre~entações que
que. a religiã0 sej_a um epifenô.meno : mesmas >Sociedades. agredir e dissolyer {ormae sociais, possibilitam sua existência, despren-
religiões sobrevivem às revoluções · &o- e A religião doméstica romana (cultd processo êsse que atestam fehôme- dem-se dás reJações que se estl;l.bele-
ciais e se adaptam às estruturas so- dos ancestrais), hindú e chineza, as nos como o retraimento da vi.da mun- cem entre os indivíduos assim combi-
ciais mais diversas sem perder seus religiões tribais e clânicas dos austra- dana, a.scé~e etc.> nados, ou entre os grupos secundários
' sistema,s próprios de . valores.»
2 - Det-erminação do meio social
liànos, dos n.eg:r:os africanos e índios
americanos fornecem exemplos típi-
Quanto à organização. religiosa é
preciso distinguir, mormente, três pos-
qtJe se intercalam entre o indivíduo
e a sociedade total. Ora, se nada se '
pela religião. cos, assrm como, de seu lado, as reli- sibilidades : vê de extraordiná,rio no fato de as
~ A religião n~o s~ de~~nvolve, no gioes tipicamente nacif>riais ~!t.§Sim 1) ~ , sociedad~ religio§a con{unde- representações individuais, produzidas
entanto, se,n ão na comunhão dos fieis. quasi todas as religiões de culturas se. ()Om a sociedade tout court (BAs- pelas a~ões e pelas relações permu-
Toda mística se encarna numa igre- superiores, tais c-0mo as religiões is- TIDE, 110). tadas entre os elementos nervosos, não
ja. (v. i.). A igreja 6 uma comuni- raelita, egípcia, babilôniça, persa, ja- 2) A diferenciação social (v. i.) serem inerentes a êstes mesmos ele-
dade e com~ ta:l, está stüeita às leis
1
,
p'(}nesá' e mexicana, pàta mencionar " J~va à cqns~ituição d~ , ~rupos reli- mentos, que há de aurpreendente no
de todas as comunidades, aquelas só estas)"tiveram uma influência imen- giosos específ1cos, em forma, por exem- fato de que as r'epresentiçõe·s coletiv.àS,
justamente que a sociologia procura sa e em parte, nitidamente perceptivel plo, de sociedades secretas ou con- produzidas pelas ações e reações tro-
separar da ,o bservação dos fatos. Mas atravé.s da história dos . povos que a~ frarif!iS de homens ou, enµ'im, de um cadas entre as conciências elementares
1 '
ela! é uma comq-nidade restrita ' áo confessaram» (W ACR 483). Sf!,cerdócio especializa.do. das quais a sociedade é feita, nã;o de-
domínio do sagrado e, nessas condi- 3) A diferenciação interna do sa- rivam diretamente dessas tilthnas e às I
Ao lado dos grupos totais determi- ultra.passam por conseguinte?>
ções, as leis à~ qu,ais ela está sujeita, cerdócio conduz a especialização como,
nados pela r.eligião, grupos pareia.is
~.ã.o , natu.rabnente, revestir um cará- · pqr ~x:e~plo, na l3abilônia, onde .ha- <A .~téria p~i.ma de toda çonciên-
existem <(Uja organização é influen- ,,
ter especial. Daí a necessidade de uma via ast1·ólogos, ~ mágiÓQs e teélogos cia soeilil está em relação 'íritima cóm ,
ciada, mais ou menos acentuadamente,
ciência particular afim de formulá-las (BASTIDE, 116). A especialização cor- o número dos elementos sociais, a
pelo sistema religioso. Em c.ertos
e, de um~., sociologja ~·eligiosa, no soio responde, muitas vezes, uma estra- maneira de seu agruyamento e sua
' gl'up,o s territoriais, como as cidades
da sociologja'» (B'ASTID'.E, 4). A comu- de Delphi, ' Benares, Meca, Roma, tifio~Ção (y. i.) hier.á1·quiea. distribliiç~9 etc. ; quer dize.r , com a
nidade religiosa apresenta, portanto, cj. igreja, seita. natureza elo sub$~rato. Mas uma vez
uma sociabilidade específica, objeto Lourdes e outras predomina. o caráter que um fundo inicial de representa-
próprio e privativ:ó d~ sociologia reli- i:.eligioso._ A cast~ (v. ~.),.a corporação Rep,~nqção , coletiva - e E' cien- ções s~ tem co~stituido, elas se tor-
giosa. Mas seu papel nã:o se limita medieval ou ·a f3,m·Oia fótêmic'a repre.. ' tificamente indubitável que o estado ~nam, pbr razões. já mencioRadas, r~a­
à análise dos grupos especificamente sentam grupos de outra categoria l
de grupo se traduz por representações lidades parcialmente autônomas que
religiosos; como outros fenôm,enos sôbre os guais o espírito religioso exer- sui generis que o indivíduo não for- vivem uma vida próprja. Elas têm
cillturais~ a reJigi,ã o , 'influ~, mais ou
ce ll;lflµê~cia qecisiva. . maria no ~stado de i$olamento > (H u- o poder de s~ !!>trair, repelir,, de fo~­
menos, sôbre quasi todos os grupos e Que é o que determina a especifi- BERT, 227). A realização das repre- mar, entre si, sínteses de toda espécie
cidade da sociabilidade religiosa ? '
instituições de uma sociedade. W ACH sentações coletivas não é, de maneira a.s quais são determinadas por suas
(40p) Ç>bs.erv:a qu~ <a .religião. tem in- « DesQ;~ as ~eligiões naturai~ infe- algum.a., conoebiv:(ll fora doS! indivíduos. afinidades natura.is e não pelo estado
fluência sôbre a estrutura sbc1al. ·Sob riores até as superiores o 'culto es- Mã:s ê.ss.e fato nã.o afeta <sua. exterio- do meio ambiente e·m cujo seio evo..
, o ponto de vista teórico ela encerra pecífico constitue o critério unificador ridade e seu caráiter de realidàde sui luem. Por conseguinte : as represen-
nonnas para a regularização da vida dos que participam do ofício reli- generis em relação às conciências in- tações novas que constituem o produto
sócial, pr~ti~a:menpe ela leva, pela gíoso ~ (WA.cu 480.). ~elo culto efetua- d~viduais. TendQ ·assim i;i.s represen- dessas ~ínteses,, sã,-0 da me~ma nat,1-
sua interferência na existência histó- se a distinção das esferas do sagrado tações êoletivas uma eIDstência obje- re.za ; elas têm por causas próximas
rica, a uma determinada regulari- (tabús) e do profano. A influência do tiva e relativamente independente da outras representações coletivas, não
zação dela>. No matri:m6,nio (nat,a- culto se faz sentir e p.or ocasião do conciência individual elas estabele- tal ou qual caráter da estrutura so-
lidade), no· celibato., nas atitudes dos Ifàscimelito, dà 'iniciaçã:o, do matri- cem à ligaçã@, ehtte a vi<Ja individual cial» (D'Q'.R,;KHEIM 1, 29~).
filhos para com os pais e vice-versa, lílÔIÚO e da. morte do individuo. O e a vida grupal, numa interpenetração cf. conciência coletiva, estereótipos.
nas concepções do trabalho e da exercício da profissão, a concepção permanente.
pirofissão 1 na circn.ilação ,,Social origi.. d·o trábalho, as .festas, as aitiv:idades Sôbre a formação das represen.ta- Resíduo - 1) e Pode-se falar de re-
nada pelas peregrinações e romarias, artísticas ou científicas são possíveis ções coletivas ouçamos· DuRKHEIM siduos, no sentido cult-ural, com ;rela-
na fundação de cidades (lugares san- objetos de ritos religiosos. (1, 293, 294) : e A sociedade tem por ção a costumes antigos ou. superati·

\ I \
I
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'

196-
ções mágicas, nas modernas socie- grupos cujo caráter doméstico é mui
- 197 -
dades intelectualizadas. Podem ser to acentuado. Essas famílias se gundo descendência. e equipamento qual se dirigiu a palavra. Esta aceita
chamados resíduos cuUurais (ou sobre- opõem, grupo a grupo ; muito forte- cultural). (Estratlifica.s;ão étnica). a expressão com sua personalidade in-
vivências), ' por exemplo, superstiçõe;; mente organizados elas formam um 2) Miscegenação e processo de -as- teira, adapta-a e externa de sua. parte
de toda espéciê~ escolha de dias, dan- blóco, sentem e . reagem (~orno um si.mila.ção ·_ent~e os ~upos etnicamente esta adaptação. Tudo isso não se
9a& ou festas folclqristio~~ que per- tpdo, .s olidárias na· ação com.o na tes.. d,iversos e. diferentemente avaliados. realiza, como já (oi dito, posterior-
tencem a um.a. ca.màqa culturàl m:ai.s ponsabHidade. Onde sempre obser-
'
3) Posição ap~rte dos mestiços e mente, i:nas simultaneSime:nte com a.
antiga» (TuuRNWALD, 2, IV, 295). vamos a vingança-de-homicídio pode- ·a ssimilação ligada a um ressentimento expressão primitiva ; trata-se de um
2) «Fala-se de 1·esíduos, especial- mos prever que encontraremos esta geral, em consequência do isolamento processo único no qual cada um dos
mente com referência a povos e cul- organização e esta responsabilidade > e das difeTenças de avaliação >. parceiros se expressa e compreende,
tura5. I solação dos visinhos e dos (FAUCONNET, 69). a um tempo, sendo, portanto os pa-
nexos culturais e étnicos conduz a A base da responsabilidade coletiva RessonAncia social - e O at-0 social péis de ambos interiormente simul-
uma conserv~ção da tradição antiga, é constituída portanto, pelo fato de (interação) é, por natureza, um fenô- tâneos> (VIERKANDT 1, 162).
ou até à perda da civilização » (ibj- ser o grupo considerado como unidade meno bilateral : a concomitância de cj. comunicaçã-0.
dem, 295). por outros grupos. Qualquer ação ?ua;s pessôas é seu t.r aço essencial. O
.N'êste s.e:µtjdo trata-se d~ povds- realizada J?Or qualquer um de setJ.s ~nd1;víduô . qu:e toma a íniciativa, de.- R.evolução - ., A so,!Jiedade encontra.-
.res~<J;ttos. componentes é 'a;precíâqa, cQmo' obser- pende ®, áceitação1 ~sto é, da ressonân- se e:m utna tra~forrna9ão contfnua .
va V1E'.RKANDT (1, 422), não em rela- cia, da parte do outro, para qué- o ·a to Enq\1ant0 ês,s e. pr9eeS!3ó se realiza
3) llesícluo pôde :aer, finalmente 1 um dentro de uma épo'ca (v. i.), i$to é,
indivíduo ou grupo rejeitado peJo pro- ção a sua 'p essôa, mas· em relação ao iniciado venha s. ser realmente um
grupo. A consequênoia da responsa- ato social. Uma ordem não é uma en qua.nto seu conteúdo se resume no
cesso de peneiramento social (v. i. ). desenvolvimento de um estilo (v. i.),
cj. ciVilização, evolução, progresso. bilidade coletiva é «uma tendência verdadeira ordem, senão encontrar
muito pronunciada para o controle aprovação interna, mas, na melhor podemos falar em evolução social.
rigoroso sôbre a conduta total de das hipóteses, uma coação. Toda A cesura entre duas épocas, isto é,
Responsabilidade coletiva - Segundo a transição de um esttlo para um outro,
F A UCONNE'l' (68) «há responsabilidade todos os membros, e uma estensão da espécie de dominação (v. i.) sem acei-
ordem ex).stencial (v. i.) do grupo a tação, cai ao mesmo nivel. Uma con- cha;ma-se revolução> (GEIGER, 6, 512).
coletiva quando. uma sociedade oTga- « O t.r;aço característico da revólução
niza:da, not.adamente uma família, um toda.s a'S particw~riqades da viqa, yersa, começada em um lado, não
é, portantof a mudança de estilo ou,
grupo té:ttitôl'i:àl ôu político, conside- ' fato ê1i\5e q~e J~vorece a 1µ niformidade ~ vai á4üwte, se o compaíili,eiro não
por 'd utra; a ~escp.:tttinUidade . dó con-
rado como unidade \hV"isível, fôr àtin-
(VmRKAND:r 1, 429). atender, fi~~do nêsse caSo uni sim-
teúdo cultural: Não é essencial qp.,e
gido por uma sanção (v. i.). ~te pode cf. rediprocidade·. ples monólogo. Um discurso nas
ela se realize repentinamente e uho
ser atingido em todas as suas partes, mesmas <rondições é apenas um soli-
lóquio ou um livro falado. Uma luta actu, ou Violenta e abruptamente.
exterminado inteiramente, prívndo de Ressentimento - O ressentimento, no Não raro se tratá de um processo de
seus bens, como o indivfduo pode ser sentido geral, pode ser definido como intelectual ou social n ão aceita pelo
adver.sário se reduz a um ataque di- longa duração. Pode h aver um golpe
morto ou privado de seus bens ; mas reação de ódio, inimizade ou inveja. de Estado (ato único) mas o essen-
a responsabilidade fica coletiva mes- «Em um sentido mais restrito, porém, rigido ao vácuo. Da mesma forma,
o castigo que não encontrar a verda- cial é que a sociedade na sua totali-
~o se a sanção atingir só uma pessôa,
fisfcamente, desdé que essa pessoa fôr
trata-se apenas daquêles impulsos de
ódio, inimizade ou inveja que, oriun- deira aprov~çãp constitue mera coa- um.
dade sofra revolvimento :r:adical)
(GEIGER, 8, 512).
atin~ida, nã;c!) éomo inpj:v:iduo mas do~ de fraqueza e imwtência, s,e pren- ção> (V~RK4ND'l', Í, 163).
A revolução ~feta, poxtanto,, d~ntro
como membiõ do grupo .: o grupo dem' intimamente a çeitos rec~lcame.n... , l'T'"''ºd·avia 1
. ''t8it'1'71
'd'a;de·· express1vá
1
' _pto- de uma .da:dà éultura, todas ,as esferas ,1., •
petde éntão um dos seus, comó o t0s1 O 1·essentimento nasçe norm'al- voca ressonância. (qu,e não se reduil à sociais e cultu:ra:is, ·'engendrando, altet-
indivíduo condenado à mutilação, per- mente onde existe uma tensãó muito simples reação). O mecanismo da nativa ou simultaneamente, processos
de um de seUB membros.> forte entre impulso vingativo, Ódio ressonân cia não obedece ao esquêma destrutivos e construtivos, interrom-
Pode-se dizer até que o caráter e inveja de um lado e impotência de a.çã-0-reação constituindo uma sequên- pidos por eclosões violenta.<5. Revolu-
coletivo da responsabilidade é a con- outro lado. Inveja e ódio podem cia no tempo. A ressonân cia é simul- ção política, revolução da f~milia
sequência de uma certa forma de or- dirigir-se, em primeiro Juga1·, contra tânea com a manifestação : >mani- ou da educação são apenas aspectos
ganização social da qual a vingança- certas pessôas, mas também contra festação e ressonância, expressão e parciais de um processo revolve-
de-homlcídio é, pOl' seu lado, o sinal as qualidades invejadas ou odiadas compreensão formam uma unidade e dor que sóe generalizar-se sôbre
mais evidente. «A vingança--de-;homi~ 0:omo tais, istç> é : c<;>n:tra determinados ' como tal são consideradas pelas pes- todos os • sectores sociais. A defi,,.
cídjo e·o acol.ldo pecunfário encoh.tram'-· valores» CV'iERKâN:P;! J, 54.3). . ' sôas q,ue p~rticipam do .a;:to » '(VIER- niç/j«> de ,Ross (1, 492) refer):nd<i>-se
'se no seu apogêo na organização à 1 THURN'WALl> (2; IV; 303) dis,t ingue K~NI>T 1, 162). ' apena.S ·a uma < mÚdan:ça abrupta <io
base do cJan, mais geralmente na or- três situações decisivas, resultando de Finalmente >a ressonância não é centro de dominação> limita dema-
ganização pqlítico-doméstica ; aí a ou redundando em ressentimento: um processo passivo, um simples re- siadamente o c-0nceito de revolução.
sociedade é ainda rudimentar e con- 1) «Avalia.ção diferencial de famí- flexo à guisa de uma reação mecânica, e O problema central para o sociólogo
siste em uma federação de famílias ou lias e grupos de famllias (clans, se- ' mas ela mesma constitue, de sua é a mudança da estrutura estratifica.-
parte, uma manifesta-ção da pessôa à tiva da sociedade pela revolução. Em

'
' •


- 198 -
relação à estratificação social a revo- R uralização ~ A ruralização afigura.se
'
lução não é mera substituição de como processo social complexo consis-
uma camada pela outra no poder, tindo na elaboração de uma sociedade
conservando-se a mesma escala de que se caracteriza, segundo Pli:ELPs
camadas., ma.s : o processo revolu- (258) pelos segJiin,t~s traços consti-
cionário dá-se (nessa esfera) de tal tutivos: \
forma que dentro dos estratos existentes
se ejetúa uma diferenciação em conse- 1) base a.gricultural da produção
quência da qual ~sses estratos são de- e do$ grupos loca.is ;
si,ntegradas e, em seguida, reintegradas 2) dens~dade demog~áfica, mantida
de maneira diferente> (GEIGER 6, ,517). pela organização económica e social •
E' portanto, a própria composição
das camadas sociais que sofre uma
alteração incisiva pela revolução.
·cf. evolução.
-
da-'Cagricultura ,·
3) homogeneidade biológica e cul-
tural da populaçã-0 ;
s
4) .imobilidad~ .; '
Rito- Segundo ''SuMNER (60) o rito 5) formas de propriedade e acumu-
ou a cerimônia e um processo susceptí- Sambaquí - Do tupí · ~ do guaraní, em camadas, o que, jun.to com restos
vel de estabelecer e desenV'olver cos · lação de capitais ; ' de e~queletos e produtos de indústria
segundo FRIEDERICI (1, 87) que, para
tumes (v. i.). O rito é constituído por 6) solidariedade (v. i.) do grupo mostrar isso, cita Montoya (tesoro, humana - ao lado de diversos uten-
ações estapdardizada;s l;>.aseadas sôbre social, comunidade (v. i.) e éQnsenso 35.3). Nesta página encontramos a sUios domésticos da Idade da Pedra
uma diséipllna estrita e lig~das a .for.' (v,, i.) ; palavra t~_mb4: me~hões. A pale- há tàmbém, cacos de vasos de, parro e,
mulas, gestos, simbolós e sinais de 7) estabilidade familiar ; vra aqui, segundo MoNTOIYA (tesoró, na Afuórica do Norte, até. 'coisas de
um determinado significado para a 331) significa : aqui, e qu.l, ibidem, metal - prova sua acumulação pelo
sociedade que o engendrou. O rito 8) uma rêde institucional cada vez pode significar : tenro, ponta. No homem. Não se pode pôr em dú-
pode adquirir uma certa estabilidade mais evoluída variando de organi- tupí recqlhido por ST;EtADELLI (660) vida que são muito antigos, em certos
· quando é'-xemitado ritmicamente zaçõ_e§' costume.i ras dos gropos loea.is t.a mbald Q,u tambaquy é nome de lugares, se ,bem . q,ue ~ supQsi;~ã-0 de
e acompailhado' de musicas," versos, à moderna base institucioP,aJ d8. or- « pei~e de esoa:mt\ muito apreoia:<l.o é que, tànto ,na Elórida 'como 'tto· .sul ' 1

~nças ou cantos. Na religião o i:ito ganização comunitária ; suficientemente comum em todo o do Brasil, contenham, nas camadas
representa um processo ElSpecffico de 9) industrialização da agricultura. ; Amazonas, próximo parente dos Cara- mais antigas, conchas de moluscos
comunicar-se com f ôrças sobrenatu- 10) • rurbanização >, significando a cini, dos quais tem o aspecto geral e hoje extintos, não resistiu a um exa-
rais. Mas q rito pode desprender,,..se o porte, ~.mborà. chegl\e a t~manhos me mais minucioso. A cultura dêste.s
e~tepsão da co1nunidade, diV,)sâ.Q dé
da religiã~ e levar Uli'fa vida própria ml.lito maio.res· de que aquêles. > montões de co:n~b:~ aprese;ritfl.1 :fU.üitas
.como atesta o exemplo das castas trabalho1 especialização, mobili~de e Segundo KRrCKEBERG (55, 5·6) os vezes, graduações que ra.rame.,nte admi'-
(v. i. ), na India. Há ritos específicos outras formas de competição rural- montões de conchas, chamados de tem a suposição de uma acumul1;1.ção
de ordenação, consagração, sacrifício, urbana.. ~ sambaquís no Brasil e de shellmounds paulatina, como, na CalifóFnia e na
penitência, etc.. cf. urbanização. na América do .Norte,, orlam as costas Baía de São Francisco) mais ~requente­
atJânticas, ele Noy,a Escócia ·a té a0 men.teJ pol·ém, a de Un;la mudan9~ de
norte do México e de Guyana até a pópulação 1 comó no Peró e no Chile.
. . Terra d<;> Fogo, e as costas do Oceano Na Alasca, DADL distingue uma época
Pacifico do Chile e Perú, California ma.is antiga na qual o povo vivia
e Alasca, alcançando, não raras vezes, exclusivamente de ani,:nais marítimos
'l
dill:1.en,sõe~ importan~es. , inferiores (espécies de Echinu.$), não
BALLOD '(7), indica o diâmetro dos deixando restos culturais ; lJIDB,; idade,
sambaquís de Santa Cata!ina com 100 m édia na qual os habitantes eram,
a 150 metros e KRoNE (26) encontrou principalmente, pescadores com ins-
• entre os samba.quis paulistas « verda- trumentos muito primitivos; uma
deiros morros ~té 26m. de altura » época moderna na qual O§ grandes
e «de perto ·d.'e ioo mil mª. > , · · màmíferos .marftimQs, forne~ceram ' o
Sôbre estas grandes concharias em alimento mais importante, aproxi-
geral, lemos no trabalho de J{R1cKE- manílo-se a. cultura da dos atuais povos

BERG (56) ~ «Estão situadas,· ora de Alasca. DALL calcula a ida.de
imediatamente~ na costa, ·ore. em la- dêstes montões de conchas em 3000
~oas ou rios do litoral, sendo diSpostits , anos. Segundo $1\ElENSBY, !'LO m~nos
<

1
' .
-200- - 201

a época moderna destas concharias pel.4 aprovação ou reprovação indi- do Brasil : e Arma indígena especial- os quais é a arma principal de caça.
indica o aparecimento de um novo vidual da parte de membros do grupo ; mente destinada à caça. E' um CQ,m- As principais zonas de distribuição
elemento na população (o esquimó). 2) organizada, quando levada a efei- prido cznudo de madeira, munido de de sarabatana, segundo LAsca (29),
Em outro lugar (pag. 106) falamos de to pela própria coletividade ou por um bocal em uma das extremidades, são a Indonésia e a América Central
montões de conchas juntas com anti- membros encarregados de sua. repre- por onde é introduzida uma flecha- e Meridional. ICRtcKEBERG (74, 101)
gas habitações lacustres na costa d a sentação. O procedimento dêles obe- zinha erva.da (v. curare) na ponta e uma indica também sua existência na Amé-
bolazinha de samauma o·u algodão na •
Florida. Conhecem-se, na América dece à.s regras fixadas pela tradição rica do Nor te. L ASCH (l. c.) observa:
do Nor te, alôm déstes shellmomids da ou por normas expressamente fixadas. outra extremidade, que lhe permite e Parece que a sarabatana, como a f un-
costa, numerosos no interior, nas mar- Pode haver, entre as sanções difu- ad aptar-se exatament.e ao orifício do da, depende, na sua distribuição, das
gens da bacia do M ississippi. Na Amé- sas, sanções religiosas, morais ou bocal. Introduzida a flecha, a arma condições geográficas, sendo necessária
rica do S ul há, f óra dos sambaquís, os econômicas. O orgão é, às vezes, a está carregada. Alveja-se então o para aquela, a existência de árvores
chamados paradeiros, na Argentina opmião púb}ioa (v. i.). A forma prin- t.Llvo utilizando-se de mira, em g~ral cujos troncos se prestam para fabricar
e na Patagonia, lugares de fogo ou de cipal de $anção organizada é a apli- um dente de c1,1tia apliQi:i-do extern.a - as sarabatanas, ao passo que Dá re-
pouso de sociedades de ,c açadores, cação do direito em for.ma· de juris- mente oo sentido do comprimento da gião popr~ , de árvores das cordilheii:.as
nos ,q uais se enoontrolf, ao 1a40 qe dição e execução de penas (~ADCI.IIFJ/'~- armà, e f a,z-se partir a flecha com um e pampa~ sulamericana:s a fu~çla 1ünh'a
os.sos de uma fàuna ainda hoj.e v~~a, BRO:WN, '531 ªeg.). ·· $Ôpro curto e ~e·co,, como de ,quE;im qve1- que i:i11bstituit a s{trabata,iar Em
os produtbs de · um~ idade.. de pt;iclta A sançã,Q, ~oçial é um instrumento ra a:pagar ux;na vela. UtAa sarabJi- todo easo, a ,sa;r.abatana ~dqul0riu i~­
:Vieamento desenvolvida com formas do çoi;itrole socjal (v.. i.). tana d~ três metros d~ comprím~ntq portâocia• como arma de .c~çi:t .·e cle .•
paleó.lítica$ s.emelhant~s às da Eu- , cf. bôico.t'e . (lia IQ.aiore~) , em mão de, qu~m ·saiba guerra somente nas regiões oi;ide ha-
topa. » servir-se dela, equivale a uma espin- via veneno de flecha. »
Não queremos deixar sem menção Sarahatana - Em tupf, segundo STRA- garda de bom alcance, com.a vantagem
que temos no Brasil, à guisa dos sheU- DELLI (400), carauatái1a. de não espantar a caça1 especial- Sa1tdação agressiva - MÉTRaux (2,
mol,lllds norte-americanos da costa e FRIEDERlCI (1, 88 ), considera duvi- mente se S(l trata d e macacos ou pás- 187, 188) chama de >salutation agreb-
do interior, além dos sa.mbaquís do dosa a origem d ~A'3te têrmo, citando seu saros, ocupados em comer entre os sive > uma cerimónia. de acolher o
litoral, os chamados e samba.quis de uso na literatura de diversas partes da galhos de alguma árvore copada. Na hóspede, a qual consiste em recebê-lo,
água doce> no Estado de Mato Grosso. América Central e Meridional n~ horizontal a sara.bata.na 6 inferior à por vezes, com demonstrações hos-
A afirmação de ICR1cKEBERG que formas de sarbacana, sarbacane, sar- esping!!.rda. A flechazinba é por d e- tís que, no fundo, não são outra coisa
tem por provada a acumulação dos bacan, sarbatane, cerbatana, cerva- ma1s exposta a umas tantas f ôrças senão expressões de cortezia. Conhe-
montões de conchas pela mã,o do tana, çerbatana, cebratana, zebratana, contr:írjas, que lhe tiram muito d a cemos, na América do Sul, a sauda-
ho1ncm, não podemos aceitar n esta zerebatana, cerbottana, sarabatana, cer teza que adqu ire na vertical. O ção agressiva dos Tupinambá, dos
forma generalizada. Segundo FRIE- zarabatana, garavatana, gravatana, feitio, o tamanho, ass1n1 como os J ivaro e de índios da PatA.gônia.
DERic r (1. c.) e outros autores, os sam- cravatana, esgravatana, harabatana. materiais empregados variam de ~ri­ Uma variante dessa sa.udaçi10 são
baquts são, em parte, depósitos natu- Cândido de FIGUEIRE:OO declara bu a tribu. As roais estimadas são os »duelos de saudação > dos hospita-
1·ais e, cm parte, feitos pelos índíos, .ser ~rasileiro o t êrmo esgaravatanai, feitas de um pau rachado pelo meio leiros esquiinós, onde os dois parcei-
de restos de comiàa. Raymundo dando a seguiri.te definiÇão : <Canudo e re~ni~as as duas metades, depois de ros , realizam verdadej).'a '(>C~eja · coro
Ló:PES citlll (106, 108.) diversas 0pi- ,d e maçleira, ,f orm~do d~ qqas pe~~ ·extiav~da.s r e. cuidadosamente calibr:a- bofetadas recíprocas, c:;ostume ês$~ '
niõ~s a, êste respeivo. grud~çlas ~ lia.das com, cotrei~\S y~g~­ dttrf\ ..'e,Qi ~01do o p.e~cul.·so! com grti~e, co:usjderadq r~síduo da ttntig~ aV-el'-
,tae:~, p~l9 q~a,l 9s ab9rígei;ies. · 9es~'." ,
1
g~ralµieil.te c~~nhA, e 'Cµ,lqàdo~akente. são cont;r.a ,'o i~tr,uso· ;n'o distttto, d~ .
• 1
dem; seP'rando, as .$etas erv:ad:as. · j.nta,niçàdas ·pc>r fora ; Ir).~$ liá at.é caça,. (pf. K~1ok;mBEitG 88:).
Sa·n~ão i,;úci,a l - ·'f-A 's anção é uma
O mesmo ·autor indica também 'a pala- feitas• de 0$pique <:le gaJmeira anã, <ij. saudação lagrimosa.
reação da pa.rte da &ocieda,d e ou de tal eomo a jupati. Neste· último caso
vra sarabatana, explicaµdo-a, porélX};
um número considerável de seus mem-
como segue : «O mesmo que buzina. a sa.rabatana, pelo comum, se compõe Saudação de nariz ~ E' costume muito
bros, a um modo de comportamento de dois e8piques, um enmechftdo no
Instrumento guerreiro, fabricado por comutn entre os esquimós (KRICl\:lil-
que é, por êste meio, aprovado (san- mulheres do alto Amazonas., Ao outro, ::;endo que o interior é que ser-
ção positiva) ou desaprovado (sanção BERG, 88). Observamos êntre os ín-
passo que a citada definição de esga- ve de alma; é então amarradq com dios Tapirapé que certas pessôas sen-
negativa)>. (RADCLIFFE-BROWN, 531). fio, adicionado de grude, com o fim
ravata.na acerta com a feição e o uso do afillgos ou amantes, manifesta-
Objetos de sanção são sempre usos, da arma da qual, aqui, t ratamos, de evitar que rache e obter mais com- ram seu carinho esfregando o próprio .
costumes, normas ou preceitos mo- parece-nos difícil provar, a exatidã-0 pleta união entre as duas partes. > nariz no nariz do parceiro.
ra.is, geralmente aceitos pela socie- da definição toda dada por Cândido K ocFT-GRÜNBERG descreve minucio-
dade e defendidos contra qualquer de FiaUEmEDO à palavra saraba.tana, samente o fabrico e manejo da sara- Saudação lagrimosn - Do têrmo
espécie do infração. O instrumento definição essa cuja proveniência., in- batana dos índios do noroeste brasi- 1 alemão Tranengruss, e do francês
da defesa é a sanção. Esta pode ser: felizmente, n ão foi revelada. leiro (1, I, 95-103, 328, 329, II, 127) salutati<>n larmo11ante.
1) difusa, quando espontânea e rea - STRAl>ELLI (l. c.) escreve a respeito e dos Ta.ulipáng (2, III, 63-69), tribu ' Assim é denominada uma cerimô-
lizada, mais ou menos decididamente" da sarabatana empregada no norte karaíb da região do Roroimal entre nia realizada por ocàsião da chegada

'


I

- 202- ,
- 203
de um hóspede ou membro da tribu WIESE (1, 239) cita. alguns motivos dita do movimento. Como os adeptos 1) Extermínio.
que esteve ausente por algum tempo. de segregação dos quais reprod~os estão (em opoSlção aos sectários) inte- 2) Ausência de próle por causa de
O recemchegado é açolhido com uma os mais importantes : grados em outros círculos sociais,
espécie de cantiga chorosa na qual, natalidade diminuta, mortalidade ele-
1) Representação de inter&ses, >quan- necessário se tprna a realização de vada ou infanticídio.
em geral, .são lamentados os aconte., do se põem em relê:vQ interêsses PSi.r - uma séTie de ço,mpromissos com as

cimentos funéstos do último t~mpo. ciais e especiais pondo ~sim o indi-· :realidades soei&is, assim como ~ ela- 3) Miscegenarção dos dirigentes cul-
Enquanto, para pratic~r a saudação yidual acima do coletivo., boração de uma moral prática com turais, ísto é, de grupos ét;nicos que
agressiva (v. i. ), os homens vão ae 2) Liberalismo ~pode levar, com.o uma. casuística adaptada. às neces~ desempenham o papel de aristocra.-
encontro do adventício recebendo-o sidades da época (v. i.). das.
princípio unilateral, ao individualismo>.
fóra da aldeia ou do acampamento
3) Formação de seitas (v. i.). Com a morte do fundador, dos A melhor maneira de examinar a
para poder acompanhá-lo, a saudação •
lagrimosa é realizada em casa ou ao 4) Greve e lock-out. apóstolos ou sectários, o movimento ação do processo seletivo sôbre cul-
lado da fogueira, ficando, principal- 5) Ascese. enceta seu e ciclo eclesiá~tico >, tornan- tura e sociedade é a observação do
mente, a cargo das mulheres, e sendo 6) Originalidade suposta ou real. do-se igreja (v. i.). processo oposto, a eliminação:
seguida pelos homens somente em cj. dissociação, processo s·ó cial. O fato de que, as mais das vezes, e Se, por exemplo, numa ilha aus -
ca$os excepcionai$. ' a seita se afigura como grupo dissi- traliana., foi eliminadª', pela morte,
MÉ-rRAU~ (~, 186) dá um mapa de Sei~a - GEIGER (1, 70) define a seita dente ' de uma igrejà, já existente, não uma família q:ue, í:f0<mo única, conhe-
distribuiçãó eh saudação lagrimosa como >comunidade feéhada de cunho modifica em nâda o desenvolvimento. cia a arte de con$trufr emparcações
na América do Sul, segundo a qual radical>. dos fenômenos aquf descritos. destinadas à navegação em alto mar,
êste costume é muifu divulgado, mas Acresce que ~ seita, principalmente acabou a construção de tais bótes,
só a leste dos Andes. Opina o mesmo I. Características ou elementos cons.. na. primeira fase, desenvolve a co-
autor (ibidem, J 85) que os Tupí con- t1tutivos da seita (GEIGER, 1, 71 seg.) : nessa sociedade. Mas não é apenas
munhão, forma específica de sociabi- isso que acabou. Pois todo elemento
, tribuíram para sua difusão. 1) O conteúdo, uma doutrina, pro- lidade (v. i.).
cura impôr normas à existência total cultural está ligado, mais ou menos
 essa enumeração de tribus sul- intimamente, a outros elementos cul~
americanas podem ser ~crescentados do homem. ,
Sel~ção - M ÜELMANN (1, 569) define
os Ch~coco e Kaskihá. no Chaco 2) A doutrina é elaborada, exclu- turais. Se acaba ~ construção de
a seleção como ( Processo segundo o
. , 681 ~33, 137').
nordestino (tf,. BAllr>us, 1 sivamente, pelo círculo dos mçi;nbros. qual um grupo A, depois dé passar bar.oos, também a pese-a em alto mar
A saudaçã-0 lagrimosa é ·conhecida A doutrina pode ·ser secreta. por um peneiraniento (v. i.) ..se re- tem de a·c abar, e .n'ão s·e podem màiis
também na América do Norte, na 3) Predomina um radicalismo dov,- produz em escalà maior, propagando, fa7.er viagens às i1has vizinha$. Assim
Austrália e no Mar do Sul (cf. MÉ- trinário, repelindo qualquer forma portanto, em proporções maiores suas perecem o comé-;cio ~ a c.·..1uunir:ayão
TRAU x, l. c.). de compromisso. disposições hereditárias do que um com os habitantes de outras ilhas e a
4) A seita. é exclusivista, mas sua grupo (comparado) A. tste está su- permuta. de dados culturais ; depa-
Segregação - A segregação é uma for- naturesa encerra a idéia de expansão. jeito, por conseguinte, ao processo de parecem1 enfim, os estímulos de um
ma de dissociaçãO que se realiza quan- A fase expansiortiSta sóe iniciar-se eliminação. Seleção e eliminaçãô, horizonte ma.is amplo. Em uma pala-
do unidades similares, obedecendo ao quando a doutrina está consolidada. co~o processos permanentes, levam
mesmo impulS'o,- se concentram, dis- vra : a consequência é um retrocesso
Na segunda fase ·o conjunto dos à formação de elítes> (v. i.). cultural em toda á sua amplitude.
tanciando...se, ao mesmo tempQ, de s~cttirios (apóstolqsl passa a ser cámada < Á, seleç.ão ,~, pertant9, um pro- '
·o uttas unidaqes consideràdas diferen- dirig~nte: que f@ rnecé mis.s~onár.ios. I;n:vf3:rsa~ente, a seleção de l}.m
tes ou diverg'ent.es.
, cesso bio-seeial, pelo qual intli'Víduos
clan pode, natm.'almente, levar à for-
..
A fase seotáFia pode coincidir com ou grupes s~ó favorecidos na sua re- 1
A segregagão se pode dar em qual- a fase de expansão, produção> (THu:RNWALD 2, IV, 261). mação de elementos construtivos in-
quer uma das esferas culturais ou O aspecto negativo da seleção é teiramente novos, com bens culturais
II~ Quanto à estruturação e difu- (
., \_\
sociais: Ingleses no entrangeiro se- a eliminação (v. i.) que se dá. quando próprios e até então desconhecidos.
são da outrina observam-se o~ seguin- •
gregam-se, formando colonias (na- Tais casos podemos acompanhar, ex-
tes fatos (GEIGER l 1 74 seg.) : a reprodução encontra. um estôrvo
cionalidade); chinezes ou negros ha- qualquer. perimentalmente, da melhor maneira,
bitam bairros próprios em São Fran- 1) A' medida que a doutrina se
propaga ela é, ao mesmo tempo, Seleção e peneiramento são fenô- quando um tal grupo selecionado se
cisco e Nova York (raça); maometa-
dogmatizada, isto é, fundida em menos1 às vezes, opostos, porque jl!S- integra em uma unidade étnica es-
nos e hindú:s passam uma yida relati-
vamente separada (religião) ; cehtFos fórmulas ríg'i das. As . vezes há dis- tamente as personalidades peneiracl~ tranha, enriqueeendo-a com suas artes
industriaiS têm bairroi:> habitados quasi t.inção entre « dou~rfua ef)otéi:jcfl. ~. (para, óostuthà.m reproduzir-se em esc;:i;la me- e haJ:>ilida.dés pró,pri~s e originais,>
que exclµsivttmente por operários (pro- os iniciados) e >doutrina exotéric'a > nor dd que os resí~uos (v. i.). (Müe:L~ANN Í,, ~3, 94).'
fissão e classe) ; os ricos retiram-se (pa1·a os leigos). A tal sekção natural não passa de A conexão existente entre for-
para < bairrds residenciais > (efeito dis- 2) A expansão da doutrina leva um mito e não existe, nem entre os mação de cultura e seleção demons-
tancia.dor da riquesa.) etc. (cf. PARK à formação de comunidades, inician- povos naturais. tra o seguinte esquêma (M tlHLMANN
e BURGESS 252 seg.). do-se assim a fase social propriamente São formas de eliminação : 1. 98) :

1 •

"" .
• 204- 205 -
I

«Unidades hereditárias Dados culturais passam, Dados culturais passam, c;le serviços são juridicamente limi- mada e tipicament.e humana do ins-
passam, por transmissão pela tradição, de uma ge- por transmissão, de um tadas .. tint.o sexual, confere ao par (v. i.),
hereditária, de uma gera- ração para a próxima. povo para outros. A diferença entre servidão e escra- associação típica desta esfera social,
ção para a próxima. vidão revela-se também no fato de uma sociabilidade específica que cul-
que o número de servos atinge uma mina na comunhão (v. i.), isto é,
percentagem maior da população d o nêste caso, a identificação completa.
Nêsse processo a seleção que o número de escravos (THURN- dos amorosos, no ato sexual.
N êsse piocesso o penei- Nêsse processo o penei-
produz uma alteração na ramento (segundo as qua- WALD, 2, IV, 116, 117). O matrimôruo como instituição uni-
ramento (segundo as qua- versal, seria inexplicável sem o ins-
qualidade hereditária mé- lidades hereditárias da ge- lidades hereditárias do po- cf. escravidão.
tinto erótico, mas cumpre notar que
dia (raça) na geração mais ração mais nova) produz vo aceitante) produz uma
Sexo - A sociologia sexlJ,al tem como o motivo sexual, mesmo na sua for-
nova. uma alteração na cultura alteração dos dados cultu-
objeto : 1) a representação sistemá- ma mais subJ1mada, não pode consti-
tradicional. rais transmitidos».
tic,ai de todos os contactes, telações, tuir o motivo único do matrimônio
cf. aculturação, pe11ciramento. (v. i.).
prpcessos sociais e form_a s de assocria-
çãQ, báSeados no motivo sexual. E', (ad ,2) Em:bot;a «a evolução do éstad9
• l cqm ou~pa~ palavras, ·~ §Ociab,,ilid~de · de promil!\CUidade (v. i~), completa ,,•
Selvagem - Se bem qüe -ê ste tiêrmo, noeó seisseutio.$' esqueleto$, S~Ji>tlltados específica a,9~trita á vida sexual do$ pa-r a a m.onqgamia > (v:. i.) nãp passe
como a palavra selvícola (iv . i.), de- dessa maneir~ em ce~tos de tiJlos dti JJ,omens como aspecto parcial -da vida de uma lenda evolucionista, .a s rela.,.,
'Stgnasse, originàriàmente, o habitante tolha ,de palmeira ; além disso, ela é ' social. 2) De outro lado é "o f3t-t<:> de ções e formas af)sociativas base~das
"
da selva, significa hoje, principalmente, '•
própria dos Aruak (Goàjiró-, Ipuriná, dependerem as relações e associaçãoes no mo.t ivo sexual dependem, forte-
o homem sem cultura alguma, o ho- Moxo, Marajó) e dos caraíbas de Gua- sexuais da estrutura. e organização mente, dos costumes e tradições ela-
mem animal e a.té, às vezes, o homem iana, como também de algumas trj- social e cultural. borados pelas sociedades, no tempo
cruel, dando, em todo caso, uma idéL<t bus tupí que estão sob a influência e no espaço. Mas não há um desen-
completamente erra.da de qualquer dêles (Oyampi, Omagua, Apiacá). > (ad 1) >Na sociologia sexual devem
ser examinadas, particularmente, as volvimento retilinear, e a promis-
povo natural (v. i.). Podemos acrescentar à essa enume- cuidade não é nem a forma mais an-
formas de aproximação (v. i. ). A
ração as tribus visitadas por nós dos história da galantaria tem seus tre- tiga das relações sexuais nem com-
Selvícola - Affonso A. de FREITAS Borôro do Mato Grosso Central que pletamente irregular e arbitária. Por
(172) observa a respeito : >Dos vo- chos relac1onistas. Aproximaçã-0 ga-
põem a ossada, depois de limpá-la e toda parte há regras e normas, res-
cábulos aplicados por sinónimos de lante já ensina ÜVIDIO nos ~erros trições e abstenções que hmitam a vida.
adorná-la, num cesto que sepultam ma.gnífír,os de s ua ars amandi : -
Aborígenes (v. i.), o único que consi- pela segunda vez nas águas de um sexual tanto dos povos naturais como
deramos aceitavel, em tal emprêgo, Toda galanteria procura distinguir; dos habitantes de uma cidade mo-
remanso ou pantanal, e dos Karajá do ela adquire em épocas gal_antes o
é o têrmo Selvícola, habitante das rio Araguaià que deitam os ossos derna.
selvas, designativo do estado de civi-· caráte1: de uma instituição que flo- Ao passo que as sociedades comu-
desenterrados em grandes urnas colo- resce nas côrtes, nos círculos aristocrá-
li,zação em que foram encontrados os cacla& eIQ. lugar ·comum no soli:>t 11ão nitárias (cf. comunidade) costumam
' nossos an.tecessQres na posse de nos.sa ticós e mundanos~ ( WIESE 1, 143). regularizar as relações sociais segundo
os enterrando pela segunda vez.
terrà, pelos europe°\.ls ao aportarem , Y1~RKANDT (1, 186, 187) distingue normas lnai& ou menos uniformes que
' o instinto sexual propriameJ,lt~ :dito e
1 ao Brasil.> Ser,l 'idão ' - E preciso, 4i§tf~guü·1 • ~
1 çQrrespondam, à paiticipaçã9 .t.o tal ·de
Preft!ri;mo$ o têr.µ10 índio ,(v. i.) · servidãô da escya-vid~o. «l'~is cdipo o i.nstinto er.ptico, Os e(ei:td& :ais.soóia- t;,odos 9s rne:r::nb,ros ~ ~omu:tnd'ade da
pelas· mesma~ ra,zõo• j á iµdica9as a<l> , tivos do mero inst,into i:;exuai que (i') vida; cultural e ~ocial, a socieclítdé de
setvidãó entende-se unut tel'a,ção Cie
1
1 ' •

tratarmos do têrmo aborígene (v., i..) liornem. tem de comum com os am- .çastas (v. i.) ou cla~ses (v:.. í.) apre-
dependência, muito maie frouxa e mui- ·
mais, sã.e restritos e intermitentés, senta um quad1·0 diferencial de nor-
to menos iin.dividual entr~ ump. e.a-- limita.ndo-se simplesmente ao ai;9 ,ge-
Sepultura secundária - Assim é cha- mada inteira e uma outra $obrepostai mas, tradições e costumes sexuais.
mado um costume segundo o qual o nital. Na prostituição temos a forma Mas em sociedades em que várias
isto é, uma aristocracia. Tal relação
morto fica enterrado até a putrefaçã-0 mais grosseira de relações dessa es- leis estruturais se cruzam e entre-
liga-se, em regra, à obrigação de pécie.
- ou, às vezes também, descarnado prestar serviços e tributos. A estrati- cortam como na maioria das sociedades
por peixes ou formigas. Depois lim- ficação (v. i.) duma sociedade em Normalmente o instinto sexual en- modernas, a variedade e multiplici-
pam e às vezes, adornam os ossos, camadas de graduação diversa prende- • quadra-se no instinto erótico, que dade dos princípios, normas, costu-
' ' deitando-os, finalmente em urnas ou se, frequentemente, a relações de tem maior amplitude e caráter dm'3.- mes, leis que se chocam, se anulam, J

cestos. dependência tais como as envolve a douro. «Os fenômenos sexuais li- orientam ou desorientam as relações
KR1cKEBERG (272) escreve a res· servidão. gam-se, em geral, a uma avaliação à sexuais, é verdadeiramente estontean-
peito : e O exemplo mais conhecido Em geral pode-se dizer que, no qual corresponde o desejo de um es- te, embora um estudo comparativ?
dessa forma de sepultura acha-se na caso da servidão, a obrigação de pres- tado permanente: a conyivência com entre os povos europeus ou amen-
descrição de viagem de HmmoLDT tar serviços cconômicos está em pri- a pessôa querida> (VIERKANDT 1, canos revele certas linhas comuns a
que encontrou entre os Ature do Ori- meira plana, e que essas prestações 186, 187). O erotismo, a forma subli- determinados povos. Geralmente a

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- 206 -
posição social da mulher, o gráu de Sim.palia - e Sob a denominação de padecimento alheio produz dôr_:t (VIER- «Para a espécie humana, conside-
linútação da sua liberdade pessoal, simpatia. temos que distinguir, mor- ,
KANDT (1, 108~. rada como totalidade, a origem da

é um indício eloquente quanto à mente, três grupos de fenômenos : Obvia é a conexão íntima entre a sociabilidade não se pode e>'tplicar
estensão das relações pre - e extra- 1) A transmissão, à base sensitiva, simpatia e os instintos de imitação sinão pela aceitação de um instinto
nupciais de marido e mulher, das de estados afetivos alheios. origínário ; pois o efeito positivo
(v . i,), subordinaçã-0 (v . i.) e ajuda (v. i.).
formas de aproximação e convivência (vant agens) deve ser experimentado
2) O conhecimento de sentimentos antes de adquirir a eficiência de uni
e fin almente, da estensão e das moda- Simulação - WIESE (1, 278) define a
ou estados afetivos alheios, que t êm m ot ivo.
lidades da prostituição. simulação como >atitude de indivíduos
uma importância extra.ordinána para
cj. os seguintes artigos : família, a dila tação do Eu (v . i.) em forma de socialmente defeituosos que fingem O caráter de instinto é assegurado
Jevirato, matrimônio, poliandria, poli- identificação com a vida interna de estar de acôrdo como o t ipo social pelas dema is disposições sociais dos
ginia, sororato, temporada-de-Tobias. outrem . reconhecido afim de conseguir a apre- homens : estas não teriam a menor
vaçãó social a qual lhes seria negada base sem aquele.> Na sua forma mais
3) O fato da comunhão simpaté- de outra m aneira. >
Símbolo - 0 símbolo, como projeção elementar e pura o instinto de. socia-
t~ca positiva e negativa. (prazer e dôr)
· material, representa uma forma de O que é simula.do é, geralmente, a bilidade tem por fim >a constituição
que s~ baseia igualmente sôbte d~spo­ a ceitação do prestigiado afitil de. o.bter
pbjEltiv,a ção social (v. i.)com si~nifi­ total (comunhão) e, por isS'o 1 convem
sições in, tas, in~ensificando-s~ ,, mui- ,, . prestígio. E' o procedürienoo t ípico
·~adQ específico, q~p.tro de m,n qeter- mais des.ignárlo instinto r,omutitátio'
t~s. vez~a,, pela evoh.iç,ã o cultural >,
rninado grupo. Y OUNQ (1, 287) 'friza dos ~ pa:rasitas » (.cj. Ross 1, 545 seg.) . ou grupalista) ( VIE:RKANDT 1, 1>84).
(V~RKANDT 1, 98.).
VIER:rc~NDT (1, 18p) distingue duas
1
a função do símbolo c,o mo sendo < sin!ll,
(ad l) ' A transmissão de a.feto& opé- Sindicato - cf. grupos profissionais.
substituto ou representação de algum formas de sociabilidade :
ra...Se como efeito de estados físicos
objeto ou situação. > Quast togas ª !? 1
os quais, pela projeção em forma de 1) sociabilidade amorfa, que se limita
esferas culturais t êm s(mbolos, mas a Sipe - Em alemão Sippe. Em inglês
gestos, exclamações, gritos, soluços, sib, ou sept. a evit ar a · segregação ou solidão ;
religião é sobremaneira produtiva nessa
atividade objetiva.dora. etc., se comunicam e se reproduzem no 2) sociabilidade dijerendal, que es-
observa-dor. E xemplos : a criança é Na definição de . THURNWALD (2 ,
Exemplos de símbolos : ordens, ban- IV, págs. XVII, XVIII) «chama-se colhe certos indivíduos ou grupos se-
contagiada imediata.mente pelo chôro. guindo impulsos simpatéticos.
deiras, altares, corôas, trajes, an~s sipe um cla.n (v. i.) sem soberania.
O riso tem um extraordinário poder política. A perda. da independência G URVI'l'CH (1, 2) nos dá uma tipo-
(alianças !), côres, armas, escudos, bra-
contagioso. Gritos de dôr produzem, é, geralmente, uma consequência da logia da sociabilidade. Os diversos
sões, monumentos, textos, inscrições, geralmente, estados dolorosos naquê-
ritos, cerimônias etc .. distribuição do clan 'sôbre várias co- tipos de sociabilidade definem-se como
les que os percebem. E ' a multipli- munidades territoriais. A sipe man- :»diferen tes maneiras de estar asso-
A respeito da importância dos sím- caçã-0 de um estado afetivo ou emo-
bolos SIMMEL (1, 524) observa : <Re- tem-se coesa pela conciência de des- ciado em um todo e por um todo>
cional. cender dos mesmos ancestrais e pelo ( G URVlTC H 2, 48).
gimentos h á que perderam sua coesão
.. logo que sua bandeira foi roubada, (ad 2) Ao passo que no primeiro culto comum dos antepassados. A <Em resumo, a título de maior
~xemplos há de assbci~ões que se caso, o estado afetivo se transmite sipe tem uma significação especial clareza, pode-se dizer que as maneir~
dissolveram quando s~us paládios, pelo pró'prio ato de percepçã'O, trata~e parà a ordem matrimonial (v. i.J. de estar associado em urp. todo e pot
· suas arcas santas, seus grals foram aquf de uma fol'tna de reprodução à ú'ma sipe pode ser dividida em .sub- urp. todo, oµ as espécies de sociab~­
' . /' destruidoEj. > distância, isto é, p~la cornpreenslió, sipes (siJ;>e...gra.:nde, sipe-pàquena) .ó:µ lidade, s.ã o as formas mais ~le;me:p­
As . infh~ências que· os símboloa e,~er­ O prilneiro caso 'êstende:.se tt\;IDbém ' levar 81 'forro.ação de metadres (v. i.) tares da vida S(>Cial, formas ,(undamen-
1

cetn' sôbre os homens, são, antes . de às socjedades a:nima,s, o.' segund(5 fi.c a Sipe :Ou sub-sipe pode ter ou n ão, .uiti · ta;is prQpria:mente ditas. Pdis, todos ,
tudo, â e naturesflt afetiva: <,-Uma re$ttito it sociedade humani;L. A açãQ chefe (v . i.·). 1)
1

<:>s outro.s fen ômenos sociais, os t~~os


bandeira ·encarna tanto a glória de compreensiva encerra não somente cj. famtha. • de agrupamentos e os tipos das socie-
• .
um reg1men·t o quanto 'Qma coroa as
A
juizos. racionais, mas também esta- dades globais, sã-0 complexos coro:pos-
funções e o alcance da monarq-µia, e dos psíquicos de toda espécie. O Sobrevivência - cf. resíduo. ·tos, em relação às formas da socia...
a aliança a importância do matrimô- gráu de compreensão é maior entre bilida.de> ( G URVI TC B 1, 48).
nio. '.tsses objetos são susceptíveis membros do mesmo grupo. Sociabilidade - O estado ou fato de A sociabilidade pode ser, em pri- 1 •

de exercer os efeitos afetivos mais (ad 3) e Aqui trata-se, também, de estar integrado na sociedade e, ao m eiro lugar
poderosos porque acompanham, con- processos sentimentais, mas em um mesmo tempo, a tendência inata para
a vida social, chama-se sociabilidade. 1) direta ou espontânea, ou
tinuamente, a vida do grupo, acumu- sentido diferente. O prazer alheio
lando em si todos os acontecimentos ou a dôr alheia. não são simplesmente A tendência para o convívio social 2) refletida ou organizada.
afetivos. Ao lado dos .efeitos afetivos reproduzidos, também não sã-0 com- tem, segundo VIERKANDT (1 , 182, (ad 1) A sociabilidade espontânea
podem partir dessas objetivações po- preendidos teoricamente, mas vêm a 183), o caráter de um instinto social designa simplesmente um estado sub-
derosas, influências aôbre a vontade ser objeto de uma avaliação não ra- (v . .i,.). Repelindo as explica.ções uti- jetivo de união ou convergência , mais
e as idéias do grupo > (VIERKANDT cional, de uma participação interna : litaristas do fenômeno de sociabili- ou menos intensa. Aquí GuRVITCH
1, 331). felicidade alheia. produz satisfação, dade, êsse autor argumenta assim : distingue dois tipos:

'

-
-208- ' -209-
1) Sociabilidade por interpenetração volvido. Mas a socialização não é cial, considerada representativa, con- a um ponto de vista aristocrático ;
ou fusã-0 parr.iaL das conciencias (Nós), apenas um e: fenómeno de disciplina ceituação esta que atestam expressões a admissão pode depender; também,
produzindo, segundo a intensidade e educação > baseado in a ut ilização como f ina ou alta sociedade, < socie- do pagamento de certos valores (estei-
massa (v. i.) de f aculdades adquirid as, (cj . Gm- dade pa.ulista >, etc.. Falando da ras, dinheiro de con chas, porcos), ad-
comunidade (v. i.) DINGS 1, 287), visto que o homem nasce sociedade inglesa, ninguém se refere, quirindo assi~ caráter plutocrático.
comunhão (v. i .). perfeita mente aparelha.do p ara a vida geralmente, ao povo inglês em sua e: Muitas vezes existe uma graduação
• social, tratando-se, em p rimeiro lugar totalidade, m as a.penas a uma certa dos membros em ordens (assim como
2) Sociabilidad e por simples conver- de desenv olver as disp osições sociais parte d êsse p ovo, uma esp écie de entre os S ukwe das Novas Hebridas),
gên cia ou interdependên cias das con- inatas (cj. instintos socia is) . elite, talvez, que representa, sob qual- sendo necessário novo pagamento para
ciên cia.s, produzindo : T ambém WIEsE (1 , 251 ) considera quer ponto-de-vista (intelectual, ar- ser admitido a um gráu superior. As
relações (ativas ou passivas) de a socializ»-ção como p rocesso de inte- tístico, político) o povo britânico. sociedades secretas procuram, frequen-
a) aproximação gração mais intensa, result ando daí 5) Finalmen te o t êrmo sociedade te~ente, dominar, pelo terror, os de-
b) afastam ento um fort alecimento de solidariedade .\ adquiriu um sentido ~~ecial n a rµo- mais membros da tribu, tentando até
' e) caráter núxto.
{v. i.) e coesp.o e, fina1me~te , wna derna sociologia. ToNNIES, FREYER extprq~U--lh,e~ cijnheiro e viveres.. Na
coqperaç~o esp ontânea. «No sentido , ' .e ·outt os compteendem-na no sentido A.frica Ocidental há, por yezes, ~iva­
<A soc~bilidade PQr interpenetração, mais est reito ent endemos como ~ocia­ IJ' de estfutltra social (:v. i:)+ " Socíedad~, lida.qes eJ,lt~·~ v ária.s sócie<lad~s. desa.à
como j ~ a&sina lámo.s, t~m , ascendên -
ỻ
1 '

cia, na vida social, n ecess&riaime,nt e,


lização as., telit *1tiva$ de con ciliar 1 di- no sen~ido e·sp ecffico pa_l~;vra h á espécie~ ~ E' prov~yel ~ue sipes de
verg~ncis.s de classe1;3'> '(WIESE 1, 25~1). onde o corpo S()cial consiste em grup0s certei desçend ôncia que· aspir,a.ràm a
$6bre a sociabilid ade por simples con - Conceitos semelhante$ t em Co;r,E ~21
vergên cia , p ois n enhuma <relação com patci~is , essen cialmente diversosJ mas uma wsição privilegiada., s.e tenham
seg.). ,ligados pot réla.ções proveniep.te~ de organizad<;> em tais socie(jades secre-
oútrem> é possível sem ter por fun-
cj'. cooperação, solidariedade. dominaçiU> (v . i.). Sociedade ê uma es- t as afim de assegurar sua influêneia
damento, uma união préV-ia que. pode
ser d e intensidade muito fraca, mas ' . trutura. senhoreal > ( FREYER 1, 136). cultural> (THURNWALD, 7, 262).
a qual é indispensável > (G URVITOH Sociedade - Entre as múlt iplas e, às Definido assim, o conceito de socie- cj. liga dos homens.
1, 11) .
vezes, vagas acepções da palavra so- • dade est á em oposição ao conceito de
ciedade, cin co, p elo menos, podem ser comunidade (v . i. ). Comunidade e Sociografia - Como diz a. própria.
(ad 2) <Na sociabilidade organiza- separadas e delimitadas da segu inte
d a trata-se de cristalizações do psi- sociedade formam, historicamente, uma palavra, a sociografia. é uma discipli-
forma: •
sequência. irreversível. O elemento na pura.mente descritiva dos fenõme-
quismo coletivo que o ultrap assam , e
1) A sociedade é cons tituída p ela constitutivo da sociedade como es- nos sociais. S uas características se
lhe resistem > ( GURVITC~ 1, 3). Obvio totalidade dos homen s existentes em trutura social é a estratificação, seja resumem no seguinte :
é que as cristalizações constituem as uma determinad a. época : Nêsse sen- por luta, seja em forma de sobrepo-
objetivações sociais (v . i. ) as quais 1) e: Seu objeto n ão é a vida socjal
ti<;lo o tiirmo designa o mesmo que sição pacífica, seja. enfim por diferen- no sentido geral, mas a vida social
o mesmo autor denomina superes- humanidade ou spciedacle human,a,, ciação interna. de grupos concretos ;realmente convi-
iruturqs, suscéptíveis de se sobrepo- em confronto, por exemplo, à socie-
rem ~. m assa, comunidaide e comunh9,o. <Direitos e privilégios düerenteS, ventes > (BEBERLE, 564).
dade anima.L conceitos de honra e· costumes dife- 2) Sendo 1assim, lili sociografi,a. limi-
cj. con ciên cia colet iva, dilatação ~o' ' 2) , Sociedade pode ser >t êrmo geral rentes, cultos ·~ mito& diferentes, à.s
Eu. ' ta-í!~ à api:esenta.ção de mon;ogr$fias
para homens vi:vendo em 1·e,Jáções ·v ezes até língmi.s djfePentes, cara~te­ que reunam todo ~a~rial demográfico,
1
·s~i~zaçi9 - <·C onsidero ~.ocializaç~o sooiáis, ~·m um. ;;iehtido esp~cial ó gruj;ó rizam: ,~ v'4rij!lip camada.S da e~trtrtura est~t{stico, históricó, fo.lcl6ri(l9,. ~<?-.
o desen volvimen.t<i> do 'se,n t imento çle
ou ag~egado· social mai$ ain:plo ~m tj_~e senho:r~a.l > (Fiwn:R 1, 137'): · gráficQ e, ep9lógjcQ referente· ~ · yJQ
Nós (We,.feeli1~g) nos mdivíd~os ,a sso- se ellcónt).·am p adrões •Cultu.r àlS IDO.IS Na. 'so.c iedade, a cultura "é total ou do grupo em aprêço.
ciados, e seu crescimento n a cap aci.- ou ~enos ' comuns, d ét ermín ando· a$ parcialmente monopoli,zada pel~ ca- 3) O m étodo em sociografia é pura-
d ade e vo:ntade de cooperar » (R oss, instit uições fundàmenta.is > (Y OUNG, 2, ma.das dominantes. Quebram-se a mente empírico-indutivo. ,
59/).) O critério dessa esp écie de f5o- homogenejdade cultural e a partici-
1) 375). Ponto de partida, porém para. todas
ciedades é, portanto, a cultura. co- pação geral que regem a estrutura
Nêsse sentido t ambém G I DDINGS as sociografias concretas é, necessa-
mum. Exemplos : Sociedade hindú, comunitária.
(1, 287) define a socialização (n egati- riamente, a sociologia. Seleção dos
sociedade grega, etc..
vamente) como eliminação de fatores objetos e colocação dos problemas são ·
jmpr6prios para a vida em comum. 3) Sociedade p ode ser sinônimo de Sociedade secreta - e: As sociedades determina.das pelas categorias da so-
No criminoso o gráu de socialização grupo, qualquer que seja s ua forma secretas abrangem somente uma parte ciologia geral. <Tateando examina-
corresponde ao valor zero. Daí < para con creta. Nêsse sentido fala-se em dos homens adultos de comunidades mos at é que ponto as condições e con-
cima > G1nDINOS dist ingue t rês gráus sociedade católica, socied ade benefi- diversas, os quais se reunem, perio- ceitua.ções das diversas sociologias di-
diferen tes de socialização que at in ge ciente, sociedade esportiva, sociedade l' ' dicamente, a.fim de realizar festas rigentes p odem ser aplicadas à socio-
seu nível mais eleva.do no indivídu o, an ônima, et c. sociais e religiosas. A participação logia. concrew, aqui achamos êste,
no qual o sentimento d e responsabi-
lidade social está. plenamente desen-
4 ) O t êrmo sociedade é usado, tam-
bém, para designar uma camada so- ! restringe-ee a um círculo de determi-
nadas famílias, obedecendo, portanto,
acolá aquêle caminho ma.is eficiente.
o que resulta disso, deve ser utilizado

1 '•
..
- 210 - - 211
' 1
'logicamente e já não graficamente ; a >reunião de todas ·as tiiências sociais>, · · dir o va~to eai:npo da sociologia como tetm:inada.a pelos conteó.dos ·c ulturais · :
88Sim. regressámos à ciência-mãe, de aí. compreendidas : hiStoriografia, etno- ciência da realidade social. por exemplo, -a representaÇão de for-
que partimos> (GÜNTBER, 18). logia, economia, política., direito, an- 1) A sociologia j ormal e analisa e mas associativas tipicamente econó- •
Naturalmente não é possível tirar tropologia, etc.. examina a estrutura . dos agregados micas, religiosas etc. Estabelecer-
conclusões definitivas e de alcance 4) Como c.iêneia autónoma. tendo sociais. Al;sim lhe é possível elabo- se-á um confronto entre os tipos for-
universal dêste ou daquêle estudo mo- objeto próprio ·e inconfundível. 'E' :r:ar certos tipos de àgregados sociais ; mais abstratos e os ~onteódos da vida
nográfico. >Sómente depois de pre- a sociologia propriamente dita. An- ela se empenha em examinar, nos que se realizam naqueles• (G:m1o:m~
enchido soeiograficamente o terreno tes de mais na.da é preciso salientar que fenômenos e agreg-ados sociais, o 7, 576).
delimitado pelos problemas socioló- a sociologia autônoma estuda a rea- modo de os homens se unirem nêles. Se cada. qual dos conteódos cultu-
gicos, será possível vemicar quais as lidade s9cial tal qual se apresenta a.os rais está ligado, intimamente, a uma
esferas da sociologia geral que foram Mas . a elaboração dêsses tipos per- determinada forma de sociaQilida.de,
olhos $lo observador, Ela é, p.drtanto, 'nri.tiril;). S.P,enas «uma t!!lassificação pu-
enriquecidas, completadas e cor- uma 'c iência essencialmente empírica. esta, por sua vez; não deixti. de in-
ramente formal> (GEIG~R 2, 9), que
rigidas por tais trabalhos especiali- Todas as formas de especulação sôbre fluir sôbre caráter e desenvolvimento
precisa ser completada pela conside-
zados> (GÜNTHE.R, 18). origem e fim da sociedade, a consti- dos conteúdos, estabelecendo-se desta
ração do contet1do dos fenômenos so-
cj. etnogtafia.1 etnologia, ecologia, tuição de normas de conduta social ciais) ou, mais precí,samente, da inter- maneira, uma. interdependência entre
folclore, sociologia. etc. ultr!,tp~ssam as at.ribuições res- 9ependêncj~ de forma , e conteúdo.
sociedade e, cultura ou, mais, precisa-
tritas dessa sociologia, cabendo exclu- ment~, entre a:s formas de a,ssociação
tBse ponto de vista v~m a constituir a
Sociologia - O têrmô ·s ociologia, no sivamente à filosofia social. Para e conteúdos cultura.is.
sentido mais amplo possível, como GEIGER (7, 574) o objeto da. sociologia. 2) Sociologia material ou cultural. A sociologia cultural abrange os
<ciência da vida em comum>, existe, é :.a sociabilidade como elemento ou - A vida individual e coletiva tem seguintes fenômenos fundamenta.is :
modo da existência. h~ana., dos iu~on­ uma infinidade de >Qonteúdos >. <A
pelo m-enos, e~ quatro aoe,pçõe$ : religião
tecime~tos e' das açõe~'huiµaµas >. Essa socjolQgia pu;ramente formal abstrae
1) Come»< s~ciosofia >(GEIGER 7, ;>68 " dêsses conteúdos específicos da vida moral
seg) ou filosofia social de caráter es- definição tem a vantagem de ser su- arte
ficientemente ampla para abranger as social ; não interessa à sociologia for-
peculativo e, geralmente, normativo mal se um grupo manüesta., por exem- ciência (conhecimento)
(ou nomotético). Alguns de seus possíveis diferenciações do objeto. direito
Enquadra~-se, perfeitamente, nessa plo, tendências religiosas ou políticas.
principais representan:~s ~ão Platão, EIA ~e in~r~ssa pelas j ormas de .a.sso- economia
Aristoteles, Santo Agostinho, Tb:omaz conceitu,~ão ~odós os fenôménos so- linguagem
cii;iis' de primeiro e segundô 'gráu: cia~ãó e procura homogeneidades for-
de Aquino, Macchiavelli, Grotius, m~is atrás da heterogeneidade dos ·educaçãe>
Hobbes, Locke, Hume, Rousseau , primei.ro gráu : segundo gráu : conteúdos da conciência coletiva. A técnica (cf. os artigos respectivos
Hegel, Spann. \ d êste dicionário).
interação objetivação sociologia material, porém, concentra
, . i) Como fl)o~ofia, mat;eri~l da his- processo instituição su~ atenç~o justamente sôbre os cQn- Nêsse s~ntido pode-se falar em
tória ou dq:Utrina. evolucionista da relação ' orde~ ' tepdos d,a ,~o.ciedad.e',. cQ,nseguindq . as- sociologia religiosa, jurídica, educ&!
sociedade, pr"°curando descobrir e leis> contatb' símbolo sim penetrar nos significados da vida cíonal etc. Vê-se que à sociologia
gerais que regem a vida social atra- agregado costume em comum. material é, ao mesmo tempo, socio-
) 1
vés da história. Ressalta o caráter poder tradição A vida social dos contemporâneos logia aplicada, isto é, aplicada a de-
mais ou menos espec~tivo de todos conflito uso realiza-se; como é sabido, em várias terminados fenômenos culturais.
os siste:IA~ ecllf~c.ados sÔ'b~e essa base. gtupo co~vençãe 1A ' ' .e sferas., n~ quais cada um se encontra Sendo formal Q"Q ;rp~t.e,rif,!<l a 89cio-
bomo seus ~representantes principais multidão moda associado (in:tegral ou parcialmente) logia. pode ser geral ou especial.
podem ser considerados.: Bacon, Pas- par rito com outros indivíduos ; a êste me A sociologia geral tem por objeto
coal, Vico, Condorcet, Comte, Spen- estrato estrutura., etc. liga o mesmo partido político, àquele formas ou conteúdos sociais, indepen-
cer, Taine 1 Lamprecht, Spengler, classe etc. o credo :religioso ; com outros me dentemente de tempo ou espaço.
J3reysig, Wunqt, Mar". «Os conceitos s'ao
teóricos-sistemá- tJnem interêsses espe-.tt~vos. ou eco- Analisa-se, por exemplo, a .d ominação .
3) Como enciclopedia social ou sín- ticos firas de caráter rigorosamelrte em- . nóhllébs, atividades profissionais ou ou o. ;conflito ou ·a divisão-ti.o-trabalho
tese de todas as ciências sociais. pírico. Pois êles se adquirem por intenções científicas > (GEIGER~, 9, 10). como sendo fenômenos con1UIU3 a
Nêsse sentido, no entanto, á. sociolo- um simples processo de abstração da Os conteúdos da vida social, isto todas as sociedades e todos os tempos.
gia é representada. antes p0r um mero observação direta e de aproveita- é, as diversas esferas culturais (re- O mesmo processo é possível em rela-
postulado do que per r~lizações con- mento d~s fa~~s <\_a v~da; seu~ con- ligião, arte, jciência, direito, economia, ção a qualquer conteúdo da vida cole-
cretas. As obras de Ma~ WEBER e teúdes, nao existem,, a.hás, em ~í, mas técnica, linguagem, .e ducação, etc.) tiva.
ÚPPENHEIMER podem ser considera- encontram-se como modos fenome- originam tipos de sociabilidade espe- A aociologia upecial pode ter por
das tentativas de realizar uma. socio- nais > (GEIGER 7, 574). cíficos. Constitue, portanto, objeto objeto qualquer fenômeno social con-
logia sintética. Vivi.são da sociowgia. principal da sociologia cultural a creto, no tempo ou no espaço. A
( As veze$ & sociolog~~ é definida, As considerações anteriores já nos , «diferenciação das formas gerais de igreja católica, a cidade de São Pau-
sitn'(>les e sumariamente como s.e ndo foraee,em alguns element.i0s1 'para divi- associação. em esfer~ exjstenciais, de- lo, a ola.sse proletária na Inglaterra,
'
\ - 212- - '213 -
a guerra mundial, a religião na India, forma típica do meio brasileiro, ·o sororato. Nessa instituição, o homem Sublimação - O processo psíquico de
a língua francesa no Cana.dá, a recep- muchirão (v. i.). casa com a maior das irmãs, sendo sublimação afigura-se-nos como fortna
• ção do direito romano etc. afiguram- DURKHEIM distingue 1) solidariedade. também as outras consideradas suas de substituição de uma atividade, ve-
se, sob seus aspectos formais e mate- mecânica, e 2) solidariedade orgAnica. mulheres. Formalmente encarado, o dada a.o indivíduo por um motivo
riais, como sendo possíveis objetos (ad 1) Trata-se aqui <de uma coesão sororato corresponde ao levirato (v. i.). qualquer de caráter ético, religioso
duma sociologia especial . Pode-se até social cuja causa está numa certa con- Considerado sob o ponto de vista ou social, por uma outra, sancionada
afirmar que nessa continuação indu- formidade de todas as conci~ncia.s evolucionista, o sororato conduz à pela sociedade. Membros de ordens
tiva da. sociologia. em forma de mono- particulares com um tipo comum que poliginia. (v. i.). Encontra-se, como religiosas, por exemplo, que renuncia-
grafias está uma das principais tare- não é outra coisa sinão o tipo psíqui- o levirato, principalmente em socie- ram à vida familiar, substituem
fas dessa ciência. co da sociedade em questão. Nessas dades sem sipes (v. i.). sl,las funções de mã~s por atividades
Como disciplinas auxiliares podem condições, não somente todos os mem- educador~s.
<O sororato é muito comum no
ser consideradas a sociograjia (cf. i. ) bros do grupo sã-0 individualmente -mundo inteiro, entre povos naturais cf. compensação.
• juntamente com a demografia e e's ta · atraídos uns pelos outros porque se fy. i.) que se dedicam à agricultur-a.
tística e a psicologia social. Essa assemelham., mas êles são ligadós 1
Frequentemente, uma irmã ou prima Suhot'di;na~ão '- (Instinto de-). Em
1 1

tUtima ciência, muitas vezes, eonfu1i- tamb~m àquilo que é a condição da d~i;npenha, autom:aticamen.te, o pa- inglês : Instinct ,oj Selj-abas~nt ou
dida co:i;n a própria socíolqgia, ocupa.- e'X;istência dêsse tipo êdlétivo, sua pel de co-esposa, si a primeira mulher su'bjection ; ~tn .,aJe~ão :. rfn,~..
se, sobremodo, com os fenômenos psí- semélha;n9a comum ~ (l>trRKHEIM ~' •·,! fie~ ~:m. 'filhos. Assim, aeo.n teee; ppr ' ordnµngs.trieb.
qüicos, (estimulaçito e reação) decor- 73, 74). ·exem~lo, en~i;e os índios Cbasta que .; A râiz essencial da obe.diência ·.é
rentes da vida social e Com óS insti.il- O t ipo da solid.arledatle mecânica praticam o levirâto d~ maneira que constituída por qm instinto inato de
tos (v. i.) óU t endências tipicamente predomina em comunidades ~xisten­ os irmãos do noivo se reunem para sujeição. E' preciso distingui-lo do
sociais do homem (imitação, ,subordi- ciais, isto é, em sociedades não estra- comprar a noiva. Si o homem se medo ao quaJ pode, realmente, unir-·
nação, pugnacidade etc.). tificadas e, geralmente, <primitivas >. separar da mulher, é obrigado a subs- se. rue prende-se intimamente à.
(ad 2) A solidariedade orgânipa pren- tituí-la por outra mulher da f s.mflia auto-conciência afetiva. (v. i.), devido
Sociologia política - cf. dominação, de-se, intimamente, a um certo gráu da despedida. Trata-se aqui, por a existência de um nexo interior que
F.stado, estratificação, hierarquia, lide- de diferenciação social : < Quanto mais liga o subordinado ao superior, reve-
rança., poder conseguinte, do casamento de um
os membros de u m grupo se distin- grupo de irmãos com um grupo de lando-se essa união, d e maneira típica,
guem, tanto mais indispensáveis êles irmãs. Essa simultaneidade frequente como imitação interna, isto é, como
Sociologismo - A tentativa de inter- se tornam uns aos outros e à socie- vontade de apropriar-se a personali-
de sororato e levirato foi motivo de
pretar todos os fenômenos culturais dade. O reforçamento da individua- dade venerada>)(VIERKANDT 1, 37).
exclusivamente pelas formas de es- E. B. TYLOR e J . G. FRAZER crearem
lidade corresponde exatamente ao re- a: hipótese segundo a qual ambas as acompanham Os fenõmenos socio-psíquicos que
trutura. e organização social, chama-se forçamento da unidade> (DUIUraElM ou constituem o pro-
sociologismo. Tal tendência culmi- instituições se originaram de hábitos
2, 50 ). de <matrimónio grupal> (v. matrim6- cesso de sujeição, são :
na. nas teses de Jerusalem, G·umplo- Com vistas para êste segundo tipo 1) transmissão de sentimentos e
wicz, Marx e, ultimamente, M4X- nio). Realmente, as aparências falam
d e solidariedaqe, peculiar às socie- ~m f~vo,r dessa suposição. Todavia, atitudes;
ScHEt,ER e Karl M ANJiíIIEIM, que che- dades de civilizaç~o e~oluida, D-cr- pergunt~mos, quais foram as cirouns:.. 2) dilatação do Eu (v. i.) .;
garam a con$tituir uma sociologia do PR,l\.'l' (1, 27) est~belec<Y a , segl.linte ,lei :
coliheçimento .(:v. ,i..) reduzin~o até tAD:cias que fiiera;m nS;1.9cer as relações 3) imitaçãp ;
«A densidad~ qes,c cnte do• agregadq~ tl.e. <,nattimôn.lo grupal, ?
.as leis do pensall).e·n to e .as, , oate~o-r'ias ,4) medo, como fenô~eno ~era.men-:-'
1

oc~~iqp.a, ,ao ~n~~Jl1.0 tempo, ' que su.a;


a:priortsticas ela lógica: às formas de dife11e,11cjaçãp progride, u.qia;, c9ordê-
~ '
<O s6rerato, co:q:i.e o !e.vi-rato, tem te a,cidental ; 1

organização social (GEto:mn 7, 570, nação mais eficã.s' das diversas ativi- ·duas fortllas fundamentais: 5) niotiyações racionais como 'fen&-
571). dade.a, uma maior concentração da. . menos aciQ.éntais.
ou, ó parceiro entra em comuni-
energia coletiva em um poder cent1lal dade conjngal com os ir~ãos ou Onde prevalece o instinto em sua
Solidariedade - Relaçõés constantes que mantem a independ~ncia das irmãs do outro, enquanto êste forma. mais pura, a. obediência se apre-
de entreajuda, orjundas de um elevad-o partes especializad~ e indispensáveis está vivo; instituição que deve ser senta. como ato de espontàneida.de
gráu de coesã.o grupal, podem ser umas às outras >. considerada originária, à base da absoluta. A dependência afetiva do
chamadas solidariedade. Ela tem cj. ajuda, coesão, conciência cole- menciona.da hipótese ; subordina.do pode chegar à. absorção
seus fundamentos biológicos no ins- tiva. de sua personalidade primitiva pela
tinto de ajuda (v. L ). Relações de ou, o viuvo se junta. com a irmã
da esposa fa.lecida., só depois da do superior venerado. Nesse sen-
solidariedade podem condensar-se em Sorot"ato - Ji~orma.do do vocábulo tido, o ato de sujeição significa par-
instituições (v. i.) específicas, de ca- latim soror : irmã. morte dela ; essa. óltima forma.
ticipação na superioridade (real ou
ráter operativo ou regulativo, ta.is TnURNWALD (2, II, 215, 216) es-
encontra-se, principalmente, entre
os povos naturais estratificados> suposta) do chefe ou da autoridade.
como : cooperativas, caixas de pre- creve a respeito : <Se uma irmã parti- Não há diminuição do v11olor individual,
vidência de gréves, de invalidez, de cipa da vida conjugal da outra, cha- (v. utratijicaçao). pois a personalidade renasce da co-
aposentadoria ou, para citar uma mamos essa forma matrimonial : cj. bigamia. munhão com o superiot, tornando-se
;
\
1

- 214 -
essa união fonte de satisfação e poder Talvez seja recomendável restrin-
para a auto-cQnciência afetiva do gir o uso do têrmo sugestão, à segunda
subordinado. categoria de fenômenos. A sugestão
Objetos de subordinação podem ser : corresponde um instinto de creduli-
1) Uma pessôa como autoridade dade (v. i.).
individual ou institucional. Há continuidadé com a imitaÇão
2) O grupc;> (v. i.) como sendo uma (v. i.), a simpa·t ía (v. i.) e a subordi-
comunidade (v. i.). Quanto mais nação (v. i.).
forte a coesão grupal tanto mais es-
pontânea. a subordinação sob os pa- Sugestionabilidade - cf. credulidade,
drões grupais. sugestão.
3) Uma objetivação social : direi-
to, moral, costumes, tradições, etc. Superestrutura - cf. conhecimento.
cf. auto1idade, cárisma., dominação, T
imitação, po.(ier, prestígio, simpatia. Sµperorde ..aç~o - Sub:ordina~ (v. i.)
Sug~stão - < A sugestão é um processo
e superordens,ção ªª'°·aspectos dife-
ten tes Q.o mesm-0 pr'Q cessêi.
de comuni~ação do qual resulta a Tratando-se da supetordenação de Taba - Dp tupi e do guarani, segundo Tapúia ~ Do tupí, segundo Faw-
aceitação convicta do conteúdo comu- castas ou classes sociais inteiros reco- o « Dicionárid Portuguez-Brasiliano :t DER1c1 (1, 92) que, baseado em ampla
nicado, na ausência. de motivos lógi- menda-se, talvez, o uso do t êrmo (54, 283), von MARTIUS (II, 87) MoN- bibliografia, cita ainda as seguintes
cos pela sua aceitação > (MacDouGALL, so&reposição. TOYA (Tesoro, 347 v.), significando variantes : tapoui, tapuio, tapuya,
~' 83). Esta. pode ser, como observa TauRN- aldeia. No tupí recolhido por &rRA- [ tapuya, tapuyja, tapyyi&. Podemos
Ross (2, 13) considera sugestão e w ALD (2, 249 seg.), pacífica ou vio- DEL'LI (669) e no tapirapé ouvido por acrescentar a isso o vocábulo tupí
imitação como sendo aspectos do mes- lenta (por conquista). Do ptocesso nós, sua forma soa táua. amazonense tapyía., recolhido por 8TRA-
mo processo : uma é causa, a outra de sobreposição resul~ a estratifi- Muitos autores brasileiros usam do DELLI (664) e, provavelmente, tam-
efeitQ. O .pre.stfgió (v. ,i.) é uma fonte ca<;ão social (v. L) e a organizt.ição ·tôrmo ta.Ha paFa designar a aldeia de bém a designação tapuzas menciona-
de sug~stã~~ · · (v. i.) em moldes· S'enhoreaisi • indiõs. . da pelo padre jesuita Azpilcu~a nà 1
' 'A sugestão tem, segi.Uldo VI:ER- ' relação da sua vfageni do litoral baia,.
KANDT (1, 122) como raiz biológica uma
cf. autoridade, dominação, poder, Táb'Q. - · (v. Abstenção). no ao ocidente até o rio São Fran-
prestígio.
credulidade inata. Em todo caso, o cisco, escrita de· Porto Seguro em
caráter patológico não é constitutivo Tali8man - Da palavra grega te- 1555 (Cartas Jesuíticas, II, 148).
para o conceito da sugestão, e, para Suprafuncional - Segundo GURVITCH lesma que tomou no árabe a forma til- A respeito da etimologia de tapúia
as nossas considerações, a sugestão (1, 36) a união exiSiente em um sam, passando da!, como ta.lisman, há diversas opiniões. 8TRADELLI (664,
patológica é irrelevante. Há duas agregado social é suprafuncional e quan- para o espanhol e, depois, para as 665), assim se manifesta : e Tapyía
do se trata de uma totaljdade de I
modalidades de sugestão que a defi- outras língua.S modernas da Europa. - isto é indígena. E esta se me afi-
nição de MacDouGA.LL já contém obras a .realizar cujos aspectos parti- gura a sua significação etimológica,
culares é impossível di~tinguir - O talis:man é um ·meio mágico para
implioitamen.t e : , obtêr feli,c idade. Não t em figura se como creio, tap};ia é. a contração
tptaPd.ade. de oJ:iras inspir~Q,as pQ;t>, 'de táua __... taba ·'(vJ 1)1 epy --: ori-
' I) ·~oda espécie de persuasão pode um conjunto i,nflfilto de valores e determina&., podendo es.t ar ligado
ser chamada sugestão, tomando co- " ~ qualquet ·objeto vivo ou inânime gem, princípio, iá. -, fruta, é por via
mo critério de.cisivo a falta de inde-
fins. >
da naturesa. disso mesmo tem o sentido ae - fruto
pendência na formação. de juizos. Exemplo: a Nação. da origem da taba. O desapareci-
cj. amuleto, fetichismo, magia.
2) O têrmo sugestão fica reservado A união supra.funcional localiza- mento de silabas não acentuadas na
para certos casos de persuasão parti- se, portanto, nos grupos totais para Tamba - Do tupí, segundo &rRADELLI formação das p~avras indígenas não
cularmente intensa, havendo resistên- os quais conve~em todas as possíveis (660). Na defmição do mesmo autor, tem nada de extraordinário, é até
cias a vencer na personalidade do funções e conteúdos íntencionais. t~mba é bebida fermentada de beijtí
corrente. Acresço que é esta a signi-
sugestionado. cj. multifuncional, unifuncional. grande co~ido (cj. beijú) e diluído em ficação corrente. Quem diz tapuio
água,. entende dizer indigêna, sem distinção
de tribtt,e nem S"êinpre ~ubentendend& •'
MONT:OY} (Tesoro, 353) tràduz tam-
há, por rne~ilhão, citando tàmbém a
a restrição de indígena não ainda ciVi-
lizado. Não obstS( o fato dos Tupi
significação qupd est intra pitderuia da costa darem, com9 parece, o nome
mulieris. de Tapúias a todas as tribus indígenas
cj. ca.isuma, cauí, caxirí, chicha, que não eram Tupí-Gua.raní, pelo
paiauni. que encontra traduziao por <inimigos.>

1
I· ''
I•
- 216- - -217
A tradução, está claro, foi feita, antes mem gentio, bárbaro ou selvagem: Memo1·. hist. de Per- •
NA.NDES GAMA, <habilidades cujo auxilio permite aos
-atendendo ao estado de fat.o do que Tapuya significa mulher gentis.. A nambuco I, 39), foi conceito que homens o aproveitamento da naturesa
à etimologia da palavra. Esta é, significação primitiva era inimigo, há muito tempo, domina na litera- para fins humanos>.
pelo contrário, confirmada pela cir- bárbaro.> No t.omo primeiro da sua tura.>
cunstância da generalização do nome grande obra s6bre a etnografia e lin- Os aspect.os sociológicos da'~ técni-
Hoje ainda, na Amazónia, os ín- ca WmsE (S, 641) delineia assim:
a t.odas as tribus que tinham sido obri- guística brasileira. (150) confirma essa dios independentes do interior sã-0
gadas a. retirar-se para o sertão pe- significação, mencionando que os Tu- «A t écnica. crea tarefas de organização,
chamados de taptiia pelos índios civi- isto é, de disposição e agrupamento de
rante a invasão e que eram realmente pinambá aliados dos portugueses cha- lisados (cf. Koch-0BÜNBERG, 1, I,
fruto de origem das tabas. > mavam de Tapuüja tinga, inimigo homens, crea profissões, cunha os mo-
151, nota 8&p, as passo que os brancos, dos de pensar e agir do indivíduo,
Explicação menos poética que a de branco, os adversários franceses e ho- às vezes> dão êsse nome aos índios de
8TRADELLI, mais satisfatória, porém, landeses (Tapuytinga, no < Dicio- que influem, consideravelmehte, sô-
ambas as espécies. bre as demais relações entre os
pl,U'a o conhecedor da men~lidade nário Portuguez Brasiliano etc.:.). No
cj. índio. homens ,.
índia, é a de UECALDE (2, 75, 76) : mesmo volume (748) encontramos
<TAPil é um têrmo usado no Para- uma passagem que por ser sumamente Como os níyeis dSt técnica cor;res,-
gQai para designa;r uiµ sítio se·m ran- interessante em diversos ~ntidos, sej:a Tatuagem' -
tat(a.)u : desenhar.·
Da palavra ta.itia.ntt poJ;ldem a determinados tipos de so-
cpo, oQqe ae. reconpece pelp fogo r~produzid'ª''· aqul, ínteiramente ~ <.;E,n -
'
ciabilidade, a técnica bülue também
~p~g~do v,m, luga,r de pouso passa:- tre os índios semicivilizadôs do ' litôral ~-~B?rfA,~~ (337) esúreve a .tes- sôhr.~ ·a es~n,1tu~a ·social :
"' peito : <Ao lado do~ modo~ passa.gei-
)
geiro de selva~ns. A vpz prov~ do Pará, ao sul e ae norte da desem- 1) A técnica. afigurá-se como pto.-
talvez, de lar1 fogo, restos de arru- bocadura do AmaZOA-aB, V'ÍVe a tra- ros de pintar, oleaT e co,brit de pe:ll:a.s
encoladas a cutis, a tatua:ge'n'l, como
fissão específiêa. e engenheiro', o
mação de cosinha, enfim, uma das dição que, muito tempo aI;lte~ da. che- químico, o agrónomo· etc. que se uti-
características humanas do domicilio, gada dos portugueses (Caryba sobay- adômo da. peJe tem vasta distribuição lizam de métodos rigorosamente cien-
o fogão e o t~to. TAPU-YARA seria goara, isto é, os heróis de além) e dos ent.-e os povos de côr clara, sendo o tíficos, são representantes de ·profi.$-
o dono do T APU, que na pronúncia franceses (Caryba tinga, isto é, os adõrno de cicatriz o enfeite preferido sões técnicas no sentido mais restrito
antiga fa.zia TAPUIA, origem de heróis claros), seus antepassados su- por povos de côr escura. A tatuagem é da palavra..
T APUA, mal pronunciada e mal gra- bindo do sul, por terra e água, ao a introdução de matérias corantes sob
fada tapúia. Os escravos eram TA- longo da costa, tinham ou extermi- a derma, para alí produzir sinais indelé- 2) A atitude tipicamente técnica,
PlIA ou tapuya, gente de outra raça, nado a população primitiva ou a veis. Afim de poder introduzir essas a especificidade do pensamento téc-
aprisionada nas guerras e ocupada subjugado o feit.o aliada. Como já matérias (fuligem etc.), a pele é picada nico reflete-se na sociedade : <Em
nos misteres da cozinha, do T APU. mencionámos por várias vezes, os ou cortada com espinhos, varinhas de geral, as relações interhumanas crea-
A parte carbonizada. da madeira que Tupi tinham uma organ~o guer- madeira dura, dentes, pedaços de ossos, das ou influenciadas pela técnica,
já foi queimada, numa palavra o reira muito aperfeiçoa.da e discipli- facas de pedra, lascas de conchas etc. caracterizam-se pela sua objetividade>
\ . carvão, chama-se em guarani TATA' nada., e como não somente fizeram ou com martelos dentados. Mais (WIESE 3, 642).
' j

PUN, q que vem a ser pontas, APilN, incursões com o fim de f!aquea.r os raro é o costume de passar fios ene- 3) Certos grupos 'adquirem, sob a
de fogo ou para o fogo TATA'. A vizinhos, mas avançaram com suas grecidos por baixo da cutis (norte da influência da mentalidade técnica uma
·voz TAPU, possíve~ente in.<Ucando famílias como povo conquista.dor, con- Aêia). N,ã o longe da tatuagem está a fisionomia sui generis. Issó se dá, em
a cozipha~ o lar, o fogo familiar, é seguiram vencer as hordàs mais fra- inti?9dUçáQ subcutânea de amuletos primeiro lugar, com as associaç~s
u.m a siipples cpntração de TATA1- cas e fundf...las co,nsigo, e 8.13SÍ;fil .esten- (Birma., Sha.a) ou de pedacinhos de· profissionais e económicas ·qu._e estão "·
\'~
..C0\11'.ô . animal '( Konde).
!,

deram seu .domíniQ cada v.ég; mais


' j

Pil;N .• ,, em contacto perm~nente c~m .~· eql.l:i;. ·


pata o .norte, perdendo-se a s\m lin-
J 1·1 illl • j

'· Que~mos . acrescentar q\,le tainbém 1


1
<Obwm-se o lltdÔrJlp de ciçatxiz, pamento técnico : , Socieqades indus-
l).b vocablJ}ário tup( organizado por gua, paulatinamente', n9s' dialetos ~ a.rranhB.l?-dO a pele sem in~rod~zir triais e sindicatos operário$. 1\fas a
$rRJU)ELLI (668), aparece tatá. puina, hordas 1 vencidas. Âs hordas inimig~ nela matéria corante, repetindo isso vida toda de uma sociedade pode so-
tatá ~uinha, com a tradução de braza, que evitavam ser subjugadas, deram até produzir inchaço, qu..e se co·nse- frer as influências da mentalidade
carvão, resto do fogo, significação o nome coletivo de Ta.puyo que, na gue às vezes, pondo cinza nas fe- técnica cq.jo traço primordial é a racio-
essa que também é a da palavra sua. significação primitiva, quer d~er : ridas. Constituem variantes o há:- nalização da existêneia material e in-
tãtãpin'ã recolhida por nós entre a os ocidentais, porque êsses índios mo- bito de cortar pequenos pedaços da telectual do homem.
tribu tup{ dos Ta.pira.pé. ravam mais ao interior.> Numa nota, cutis transformados pela cicatriza- 4) A atuação da técnica no espaço
A título de curiosidade citamos ain- von MARTIUS (ibidem) comenta : <A ção posterior, em uma espécie de constitue um campo especial da socio-
da as considerações de von MABTIUS significação de Tapuya : inimigo, bár- botões, assim como a produção de logia técnica. Pode-se distinguir uma
a respeito. No seu Dicionário tupí baro, ficou conservada, ao passo que cicatrizes por me:o Je queimaduras., sociologia dos instrumentos de comu-
(II, 88~ dá ta.puya e tapuyja com a a ma.is primitiva. se perdeu. Tabuia, cj. adõmo. nicação : telégrafo, rádio, telefônio,
tradução de gentio, selvagem em Tavuia, é no chileno o oeste ( MABc- cinema, aeronáutica, navegação, estra-
contraste com o índio manso ou com GRAv ed. 1648, 233, Havestadt Chi- Thnica - (Sociologia da-). SCHMoL- das de ferro, automovel, televisão, már
o Tupí, acrescentando numa nota : lidugu I .). Considerar êsses Tapuyos LER (cit. apud WmsE S, 638) define quina de escrever, tipografia e artes
<Hoje diz-se Tapóyo e significa ho- um único povo e raça diversa (FEB- a técnica como sendo o conjunto das gráficas em geral.

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tJ:~orip.açãó d.. matérias pnmas. 8 D1 -~ fohn$. Um gqvêfno é teo~l'ã- . do miolo gran,des bolas qµe .pun,ha):n.
otijetoe. , tioo ·.n roptimen
1) r ~ ·. n te dito quf).ndo os ~· sol pf1,ra se,cSJ'. Ons~rvf}pi:o& P. m~.s- .,
cf:. ergolôgia. 1

'

'd ois poqere$ est~ nas .me§IIJ~S map·~
:i .i...

mo prl;l~S~o na trf'bµ tupf elos TaRi-


~.~é~re\lS.·; ·, in,,cas,~ . druig~~' Es_tf:\qQ dqs rspé,, qu~ n4o :us~m p tipití.
'Jesmt1a~ no Par~gua~, Qenepra de: 0ª'1- M~m:Atr~ ~bid'e~) opina ~ü,e a
Ari'nó} ou qµando, estançlo ·se;parados .coe.Xist~ncià :dês dois proc~gsos de
'Os dlli~' p)ddere'$; a IDfl~fil?_eiª da igJ!e1a tr:a balhó dentro da rilesnfa trill u, cômo~
·s e "4i:'!'eic~ s~pre. .a opiniã,e pública.., é d~. supÔ.JJ dos T·wpih~mlYá:;, ilã.o' "I?:e-
,~~daa~-MWà): Orf;t, ~§s.e g()v.~rno c:i:sa stt.r.preenner~n:trs,f NO.is Ko~h-GRUJN.,.
.aP.1l.rêce ·nitidamep,te em rodas ai;; :qro- BERG. :lt oJ)'SeW.ou ent}fé; «:JS· índi.os do·
"na,r:~ui~' ~y. i.) de: eiigem saora: rio Ua:up~"S. · .,
Extremo Oil'ie1'tê', Pemãi, fim do I;t;n- A s~gui:tJ MiéTRA.~~ .{ibidem) ·'inen.:
.· ;periq; ,~'m~no·, pais em rúm. tal estad(> . ti· , __ tr. ·
cio.na': «.(}. .t~ittf 'e stá em ~Ót' &.;µid~,
·I

sôoi'ál a ohediêpcia' torna·s~,, d.e q~l- ~ntre a$ t.r1b~ .tupf-gua.ran:i áa bacia


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' 'p9r en~~ a§ 'II)Jt'.q~. lll01 pox ~$se m&.. muito infevfç)r' ª·º 'prúne'.iro. ·~~te <tf~~
f{epi:por~da-de-'l'oblas· - ·ltS~gqndO· a t~tit>· prin\ftliyo qµe s~, f~z.,aeelimjn,açã.o · .(. ,atestá seu 'pafi:i,ler ''"' ·., ·i·-~0.· S'
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B~~füt' q,jpvem Tobi~s. ltespQ~a a. f~h~ Jcti ·.~
, ,<l9. ~uç,Q v<:.nen:o~~l ·~ . . , . . existênaia nos liiiiitejl, dar zoná ·d~ .~
dp·irmã,o d~'. seu pai, , ~o~tfafn,.do.~ pp~­ A, ,tespe~tfJ· tl~sso, METRAU~ Úli>1-
taaip, núpe\~! q:u~ .q~ed~c~;m,, a~ oo~ ·!~l)l', .~1:\~) cita. O~APDÉ q'AB.~E;fILwn
tri?uiçãd , ??·
_pr!:qi~i:fo ttjpq iµ~ , Jaz
c~pç~s. ~e~tiqa§. A ~Ql:V~ ~ J:OllSi- s~p.ô,r q~e. represen~a a !?rm& prnn~- ,
(3Q4y), ~gqndo. o qual .()8 Tup~~mbá, na da.' pre~á d~ ·JllAll<Iiçca q~e. ~e
d~rada Virgent embbr~ Já. ti:v:e&s.e s~te ' , ~~rbpi~m 'O<>cm &15 .;tll;~-Os tuqo "O. ~ue conservou espGra(lim\J:Jren~ er4 regiõe1
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1 /, J - 220- - 221 ~

onde não foi substituído pelo novo tas, já não. pertencem à antiga camada mesmo, não é necessário que seja ou- No meio ficou uma paréde divisória
modêlo mais aperfeiçoado.> superior e se baseiam em um grupo de vido muito longe, as enviras são en- que reparte o inrerior em duas câ-
o tipitt é um dos .ut~nsílios índios partidário,!': militarm~nte organizado• cul,'tadas ~ o trocano fica mais ou me- maras cilfndricas, ligadas, porém, por
cujo uso foi adotado também pela (TRURNWA.{;D ~,' IV, pág. XVIII). nos fér& do chão ; quando o aviso estreita fenda vertical e p6r largo
população neo-brasileira. JOAQUIM Rr- cj. chefe, déspota. deve ser ouvido ao longe, as tipoias canal que 'passa pela parte inferior
BEmo (28), por exemplo, relata seu são alentadas e o trocano descido. Os dessa parede. Nesta parte> os ín-
emprêgo pelos roceiros da Baixada Tf>lerAncia - Um equilíbrio de fôrças sinais são dados batendo no trocano dios, quando fabricavam o torocana,
Fiumi:nense. · leva à tolerância. « Tol~ra-.s.e ~ que ' .CQm J11n mace.te de cabeça de ·goma deixavam . ficar uma espécie de, res,..
não se pode evitar» (BoGARDus 1, elástica, ou envolvida em tiras de salto em forma de dente saliente para
Tipoi - Do tupf (8'rRADELLI, 677) 271). Segundo BoGABDUs (1, 272) couro de anta, entre os dois buracos baixo onde está o mencionado canal,
e do gu~ranf (MONTOYA, t.esoro, 404 ; o compromisso (v. i.) termina a tole- extremos, obtendo-se segundo o lugar e obtêm assim dois sons diferentes. '
Hoeller, gua.rayo,, 254)~ Em sel,l di- r:~ncia, itiiciando o·ajÚsti:i.inento., T~­ em . EIP.~ se bat~ 9ons diferentes, que Uma das duàs paredes latert:tis verti-
cionário tupí) von MARTIUS (II, 90) berri para' WmsE (1, 136) o compro- conJuntamente · com o nú1nero de cais do ·t àmbor é pintáda de desenhos
designa essa palavra como e vocábulo misso é uma fase posrerior à tolerân- golpes e seu espaçamento, 'permitem a amarelos em fundo vermelho escuro.
alheio, tomado de M;oxos ou Chi- cia, sendo já um estádio precedente transmissão de notícias por meio de O cilindro está suspenso em duas cor-
quitos >. ;FRIEDERIOI (1, 94) cita ·as à afjsocitWitQ. O mes:mQ autoi; distin-, • ~quenas jrases, combinadas num có- d~s de cipós entran9ados quet na 'Par-
variantes tipoya, typoya, tipoy, tupoi, gue tolera'.ncia (Duldung) e tolerantismo digo' de 'Sinais muito primitivo, fuas te qnde êle de~cança, estãQ · álcólchoa'. .
tupoya, tupoia e o plural tipoes. (Duldsamkeit). A tolerância está. para suficiente para as necessidades locais. das de entrecasca e ficando atadas
8TRADELLI (l. c. ) distingue tipoi o tolerantismo como um fato para o O que é certo é que nos distritos su- em quatro fortes estacas que se incli-
e tipoia, pondp em dúyida a origem sisteI)'.la, Tolerantismo dá regras ge-.. ficientemente povoados, onde as nam um pouco para o lado oposto e
tupí da segunda palavra. Na sua ràis de compottfi.me:i;tto, recomeJld&ndo ,nlaJo~~ não s~9· e'liçessivamente, afas- estão fincadas profund-áJil~n te RO chão.
definição, tipoi é e tira de tauarí tolerância. tadas uma ·da outra, qualquer notícia o tambor é tocado com duas baquetas
(entr.eca.sca de uma espécie de Curar se propaga. com muita celeridade e talhadas de madeira dW'a cuja cabeça
tar~). ou <;le envira, que serve para Toro~ana - (trocano,) Termo tupí, se- segurança. O som nas melhores con- está coberta de borracha e envolvida
. '
·faz~r o B!m,afcilho do pá.neiro que ·se gún:tlQ STRADli;DLI (680). e KocH- diçõeli!, i s.:to é, de ma.n hã. e de noite , de çorda Çle · fibra em f9r.t;11a de ç~z.
leva às costas, preso à frente. O ati- GRilNBERG (1, I, 277). Tratando-se, não creio que se ouça a mais de dez Bate--se o torocana c0,m uma paqúeta,
lho que serve à mulher indígena para porém, de um tôro de madeira, a pro- ou do~e quilometros de distância ; cada vez, no meio do cilindro, em
carreg!'lor o filho a tiracolo, ficando com veniência tupí da primeira metade da a uma distância de seis a sete quilô- ambos os la9.os da fenda que úne os
as níã:os livres para trabalhar.> No paçlalyra nos par~.ce duv~çl,osa. , , .netros o tenho ouvido eu, e ainda quatr.o puraços. P~imeira:rn~nte, a
dizer do mesmo autor, tipoia é >rêde STRADELLI (680, 681) dá a seguinte bastante diStiilto pata admitir que mão esquerda: dá com a baqué'ta al-
para dormir, muito ordinária (So- definição : e Instrumento com que os se ouça mais longe. Nestas condições, guns golpes leves em um dos lados ;
limões). Camisa de dormir.> indígenas comunicam da maloca (v. i.) nenh~a dúvi<la há que o que se depois, a mão direita d á com a outra
Se~. querer disçutir a origem lin,. em ma.loca ,e serve para chamar a ouve muitas veres afirmar com certa baqueta o som prjncipal com toques
·guístic'a. de tipoi e tip6ia, pensamos gente e. dar sinais. E 1 um t.ô ro de ' ~ ênfase ~ <l\,le 'o trocaho ·é o telégrafo mais fottes que, a:o prin'cípioi se suce-
que essas duas formas não são outra madeira, inreiriço, exca.vado a fogo, dos índios - tem seu viso de vei·- dem lenta.mente, a celerando-se, depois,
coisa senão variantes de uma única de uns dois a tres metros de compri- dade1 embora, tudo somado, o seu cada vez mais, enquanto a mão esquer-
palavra, c9nsiderat;1.do a investigação mento e gera.lmente 'm ais dé met~o e .oficio não pae.s e do que t i ~ram os da, intercalando-se CQW.. toques mais
de N ordenskiold seglindo a qual o meio de tliâmetro (os · tama:rihos v:a- si,I).os de~de t é'mpes im:emoriaiS1 e fracos, ôs a~ml>~A~ i por. ,,assiJ:í).
vestido de mulher dos Chiquito, Moxo,
1
riam muito) , de madeira leve e sonora, ainda h9je têm em muitos casos.> d.iZ:er. Os tQques sucedem-se sempre
Parecí e Tupf orientais, um saco de com três buracos de uns dez centf- Koch-GRÜNBERG (J, I, 276-279-) dá mais rápido até acabar num rufo
algodão tecido sem costura e aberto metros de diâmeto, re~do~ por uma. a. seguinte descrição, acompanhada de continuado. O sonido cujas vibrações
'e tn cinia ·e em baixo, se desenvolveu estre1ta ·feh'da, que, ficam volt~d,os
1 \ figur~s,, d~ u:rp. toi:ocan~ Çlqs índi9s são, fa,voreci,d as ainqa PE'. lo Ja~o de
da mencionada. tira para carregar para cima, quando e$tá., como costu- Tuea~o que vivem entre os rios Uau- pendurar-se livremente o ci~dto ,do
crianças (cf. KRICKEBERG, 252). E ' ma, suspenso entre quatro paus num pés e Yapurá : >O tambor é obra tambor e descansar numa base mole
de notar, além disso, que a forma buraco feito para êste fim no chão, prinl.a de idade consideravel, feito de e elástica, é ouvido, de noite, à dis-
típoi a.parece cemo, de~igµação- da pouco mais ~~go do que o. instl'11- µJnB; Wrica pe~a. Um cilindro de t~~cia de l~guai:;, c91J1P eu ~esm9 po-
camisa de mulher, em 8TADEN (p 1, mento, mas maiS profundo do que lmSl d~ comprimento e 2m15· de dia observar. Uma verdadeira lin- •,
f l) que escreve typpoy, em von um homem. O troca.no é suspenso nos circunferência, de madeira muito du- guagem de tambo'r como, por exem-
MARTIUs (l. e.) que dá tipoy, e em paus por tipoias (v. tipoi.} de envira, ra. chamada de :miratauá na Língua plo, a dos Duala no Camerum que
Hc;>eller .(1. c;) que reproduz tip,oi. .q:ue podem ser .~ncmtadas ou .a lon... Geral, te~ em cima quatro bura~os têm tambores semelhantes e a desen-
gadas à vontade, fazendo-o ' subir ou ' redondos, que se ·comunic.am por uma volyeram m'Uito; nã.o há ou, talvez,
Thano - e .Escolheu-se esta expressão descer no buraco conforme · fôr con- fenda estreita. Só passando por êsses não haja mais no Caiary-Uaupés onde
para. denominar potentados que, em veniente. Qua.rtdo se trata de. reunir buracos foi que se excavou, engenho- os torocanas servem, somente, para
sociedades at(:>~adas e indi viduaUs- a gente da maloca (v. i.), e, por isso sa.mente, o cilindro, por meio de fogo. dar sinais, co_m o instrumento de a.lar-
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me em perigo de guerra, e para con- cie de anime.ia, plantas (e até objeto1 c.'C oneideram-ee os povos naturais co- assim em uma unidade a f 6rça mágica
vocar os vizinhos a grandes festins. inanimee), por outro lado, relação esta mo estan,do em relações íntimas, com de ambas as partes. Já DURKBEIM
Alguns dias antes de uma. tal festa que, ordinariamente, é considerad& óe demónios, não só por causa de t e«tou compreender esta objetivação
da.nsante, a cada meia n oite, o tambor como sendo de parentesco ; uma determinada convenção cerimo- de crença comunitária, se bem que
é tocado, também na madrugada do 2) o totemismo sexual no qual os nial e de um certo poder sôbre êles, em um sentido demasia.damente amplo.
dia de festa e, de tempo a tempo, du- homens de um grupo e suas mulheres mas também pela boa vontade dêsses Podemos t ê-la por exaltação demoiúal
rante a festa, acompanhado de flau- têm totem diferentes ; demónios, a qual, no princípio, nos da vitalidad e e continuidade da vida
t as. Tocando o tambor no silêncio 3) o totemismo individual, tam- parece incompreensível. Isso se re- t ribal, especialmente entre os Aranda
matutino, conservam fechadas as en- b ém chamado de manituismo, que vestiu d e grande importância espe- da Austrália Central cujos ant.epas-
tradas da ma.loca, para que as ondas estabelece a ligação com a doutrina. ciahnente entre os caçadores que, sados totêmicos, os Altjirangamitjina,
sonoras n ão sejam absorvidas pelo sobre a origem da religião baseada na freqüentemente, por exemplo, n a Amé- moram em muitos lugares nos roche-
mato, mas se concentrem, evadam crença em fórças sobrenaturais. No rica do Notte , julgam muito n atural dos, árvores etc. e nos misteriosos
pela cumieira da casa e se propaguem to~enrisfn,o individual ·o totem é ee- que os animais, de bom grado, se tju.runga de pedr~ ou madeira, ati-
só por cima daR copas das árvores ,pelo pjrito tutelar do indivíduo n:ã() ~não deixam caçar pelos homens, uma vez rando nas mulheres que passam, ger-
~r ljvre. Os torocanas estão distribui- relaç,õ es de parentesco 1 n.em. carã. ter que slo tratados exàtamen te assiin ine.ns de filhos que ~asceiµ e:omo ho-
dos. P<i> f grandes partes da zona 't ro- .héfceditário. Ap AM: que estudou éspe- c(,>m& ex~gem. Julga•E1e tudo .s ob o me~ (cf . S'I;RIDBLow, parte I, p~g. IV,
pical ·4e Amér~ca do Sul. Ao n'otte do cialmepte aS. diferenças, eatrê .o 1l9te- . ponto dé vista d as· n~cessidades hu - p~tte Il ,. pag~. 'ól .0. seg;). ' Ta~'Qém
tio Amazonas 'e ncontram...Se 'desde ·o tnismo ~divídual e ·o totemismo F\1- Ip.a:nQf3 sendo êsse critério, como é as tribus niais an tigas do· sµde~te da
.Orjnoco onde, no século ' XVIII, f o- pal (~oc1al) 1 opina que, a~sar Q,e ., na:t:dral, se:tnp1~e de.cisivó. Mesmo .Austrália co~~ideram os :totem q,om- .
r~m exata~ente descritos e .reprodu- lliuitas divergências, há parentesco quando o homem requer seu auxilio, ponen tes do « Altp D eus > (Hochgo~t),
z1dos em.i~ figu.ra pelo padre jesuita ' essencial entre ambas as forinas do qú.ando, por exemplo, quer obter um Baiame e dêle emanados (cf. P. W.
JOSEPH GUMIL;LA, passando pelos rios totem.ismo e que, especialmente nos animal como tutor durante t e cla a ScmunT, 2, I, 151), e os Bapedi do
Caiary-Uaupés, Ya.purá, Iça até ao processos de aquisição de um totem Vida. (t ot emismo individ~l), n ão se sul da Africa afirmam haver uma rela-
pé d as cordilheiras onde, recentemente, individual e do princípio de muitos sente humilhado , p orque fo.i ao mes- ção mística ent re o grupo de homens
o explorador francês Riv et os achou totem grupais, deve haver, provavel- mo tempo que por seus próprios es- e o grupo de animais. E ' verdade
entre os Jivaro. > mente, influências homogêneas.KoHLER forços os quais lhe propor cionaram que em outros lugares já não ex iste
porém, quer limitar as expressões to- sonhos e visões, alcan çou a graça do conceito tão claro, porque , em geral,
Totem - Na língua dos Algonquin auxílio do animal de cuja especie apenas o sen timento efetivo do paren-
Chippeway, Cree e parentes des~ tem e totemismo ao totemismo grupal
ou social. ANlrERMANN, explicando ma.ta um individuo, para lev á-lo con- t esco com a esp écie animal est á vivo,
tribus norteamericanas : oté. A p a- sigo em fo'rma. d o couro ou coisa. que e, de acôrdo com isto, a vida do am-
lavra moderna t ot em n asceu da rela - a origem do totemismo, nega a sua
descendência de idéias mágicas ou valha. Foi a m esma mentalidade que mal é, geralmente, poupada como a
ção possessiva n1nd-otem: meu elan faz~a Q homem sent.ir-se parente dos de um p arente, esperando-se do ani-
kit.atem : teu clan, ot-oteman : se~ anii:nisticas. Todas as relaÇões com
estas idéias são secundárias. Segulido animais e atripujr a êstes t emporária mal a mesma atit ude . Mas também
clan, makwa nind-otem: o urso (é) tta.nsfar mação em h omens, relações o cham ado totemismo sexual que,
me~ .~lan (Abbé THA VE NE'l' ap?µ}, Cu oQ.: o mesmo, autor, tão pouco entram em
linha de conta as intenções concien- matriploniais com êles e uma :i;n:aneira como entre mu)tas t rihus do sudest e
Lexique de la Langue ~lgonquine, de viver .em aldeias coIQ.o os homens, da Aus~ráli a, ~ncerra a concepção de
Montréal, 18861 pagi,:i. 31~-3,13, ap.ud tes. AN'KillRMANN procura .a oliigem
ERIE'.DEliICI, '21 303, 304). de
do ·t otemistno nai·atjvidade eXJ>~S8at­
s~, e : brincar, gtle:rep'd o .re,~t.ringir ,a seu
• . 1- foi por essa mentalidade que '.S'e
·cli~gou a considerar :um grupo inteiro
u m pai prin>.áriq i,a~imal parai os· ho-
mens. .e .de uma n:íãe primária ai:l'l.iln'.!tl
. >4 imp0r tâncla ~eligiosa . d~ tote- princípio . a. ~ dete~minádb cic1o ' '.1 ,d~ homens como ligado por laços de para a'8 mfilheres (cj. P. W.. S6m tmrr,
~~:t;n? >, esc.1'.eVe L~sc u ,, (38,, 39) é:
Gultural (:V. i.). Também ô pàd:re ,parente$co 'ª uma esp écie de animais. ~' I , p ags . 843 e seg.), atesta que a
d1m,nuta, em geral, Consjderável, Sc:1™JD'Í' quer excluir o totêmismo Mas só o con ceito ~ral que n a fase sensação ext raordinariamen te forte da
por~m, é a sua influência· sôbre a dos caçadores {az desaparecer1 quasi sua p articularidade e independên cia
sextlal e indivjdual do totenµsmo · gru.i
formação da sociedade. Faz nascer completamente, a barreira entre am- incita tanto o sexo masculino como
pai pu.ro. Como se v ê, não está escla-
cenas formas matrimoniais, sendo de bas as partes, é idêntico ao do tote- o sexo feminino a assegurar sua exis-
recido ainda b problema da origem e
~elev:ância também para a vida eco- importAncia do totemismo, apesar de mismo individual. E m realidade apa- tência pela proveniência de um grupo
nôrmca por causa de suas proibições rece aquf um tipo sobremodo instru- animal. Tal totemismo sexual h á
alimentares. ANDREW LANG e JAMES pesquizas e discussões mmueiosas.
Van GENNEP cita doze diferentes hipó- tivo de objetivação de uma cren ça t ambém na Africa, por exemplo en tre
G. FRA.ZER distinguem três formas teses. Seguramente, VON Lusclli.N em um «demônio coletivo >. E m cor- os habit antes de Us ukuma. e Ukerewe,
fundam entais do totemismo : respondên cia à unidade mística , sen- on de se verificou sucessão do totem
tem razão dizendo ser muito duvidoso
. 1) o to temiamo tribal ou grupal, si o totemismo e tudo o que se rela- tida. pela primeira vez por um grupo dos homens em linha paterna e do
IS.to é, o totemismo propriamente ciona com êle, tem a mesma origem.> de homens organizado patriarcalmente tot em d as mulheres em linha materna
dito no qual há uma relação especí- R ecentemente, PREUSS (2, 86-88), ou matriarcalmente, êsse tipo surge (cf . ANKERMANN, 161). o totemismo
fica entre um grupo de parentes con- estudou o totemis1no em .relação à da. mentalidade do clan como insti- em sua totalidade é fenómeno reli-
sanguíneos, por wn lado, e uma espé- crença nos demónios (v, j.), ;Escreve: tuição do tempo primitivo, integrando gioso produzido, nã o por um a.conte-

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cimento que se deu uma s6 vez, se- (v. i.) entre classee,· castas ou etttW, · (1, 362) (fndios Yuruna), Koch-GRON- bulário kamayurá : yerup : meu pai.
guido por um culto, mas por uma re- tendem a produzir efeitos, não rio BBBG (1, I, 148, nota 86, II, 82) (no- BALnus, vocabulário tapirapé (in~
presentação mítica. Tais fenómenos grupo primitivamente visado pela. me- roea~ brasileiro) ; dito): txe-rupl : meu pai. HoELLER
religiosos que se cristalizam em mitos, dida, mas geralmente no mais fraco tuizdua em Couro DE MAGALHÃES (259) vocabulário guarayo : tu : pai.
são dificilmente compreensíveis para o e socialmente desamparado. <Em (Curso de língua tupí, 140) e em CouTo DE MAGALHÃES (Curso de lín-
racionalismo europeo. Por isso, pes- cada hierarquia uma nova pressão ou 8TJw>llLLI (683) j gua tupí, 18) : ~úé : velho (homem).
quisadores americanos, por exemplo, imposição segue a linha da menor &rRADELLI (683) : Tuiué : velho, an-
têm como origem do totemismo a resistência> (SDIMEL ~' 140). o fenó-
tuit.mw no vocabulário recolhido tigo. A título de curiosidade citamos
transmissão d e um tot.em individual por Curt NIMUENDAJÚ entre os Tane- ainda : e Dicciona.rio Portuguez-Brasi-
meno é mais conhecido em economia :
para os descendentes (cf. HEw1Tr). tehá.r&, índios Guaja.jára do rio Mea- liano > (288) : Toaçaba : comadre)
produtor e intermediário procuram rim;
Recentemente, esta opinião foi apoia- descarregar toda despesa nova ·nos compadre ; VON M ARTIUS (II, 90) :
da pela indicação de mitos explana- consumidores. tu.f)icha, (toupicha. no original fran- toacába: compadre, comadre.
cês) em J11AN DE LERY (314) aparecen-
tórios africanos, mostrando o animal çj. pre~são social. ~l do, hQ mesmo livro, também as tum : índio, tupL 1 Achamos em
totémico em relações benéficas éom vpN M~RTIUS (I, 1'71, 172) .a seguinte
os ant.epassa.dos (cj. B~UMA~, 374- Tr.a@áv~~ção - Do inglês : tramava- formas (escritas em franc~s) perou
~u (324), peroupichah (325)., cké
notf,I. : e Tupixaba (T4pi-ch-áb~,1 Cón- '
376, 380), ~ ' ' lu~üm.. O process.o de ·'-.:nudar uma traído i Tuxaua) chamav.atn-se os
1 •

deteFminada atitude avaliadora em rott6tchqc (380), significando o prefixo


cabeç~ 'dos Tupí, e cham,am:-se, ·a~';" "'J'
Tradiç~o - SegutJ.do Roas (2, 169) l'B.ce de um costume ou uma' fustitui- pe :l vosso, e o prefixo c'hi: meu;
' ra, na Língua geral, todos os chefes.
<tradi,ç ão significa· transmissão de um ção é denominada por ÜGBtrnN (152) tttbichd em MoNTOYA (Tesoro, 400) A palavra signüica : senhor ,dos·Tupí >.
modo de pensar ou crer,. O t êrmo trasavaliaQão. .. e em HoJQLLER (260) (índios Guarayo);
não deve ser entendido, portanto, em .O valor atribuido a um fenómeno
1 turmú, tubicM : grande : ANC;RIE-
tu.bimba em ANc~A (1, 18) e em TA (1. c.) : turuçü: grande, STRA-
seu sentido meramente etimológico, cultural ou civilizador pode variar VON MABTIUS (!, 171, 172).
pois se tradição fosse simplesmente no tempo e no espaço, resultando daí DELLI (559) : Turusú : grande, grosso,
transmissã-0, observa RADIN (62 seg.), mudanças do significado. Fatos ori-
Estudando a etimologia, oferecem- poderoso ; como contração : turú,
quasi tudo, na vida social, seria
se, para explicar a primeira parte da murú (usado em composição, geral- '
ginariamente religiosos podem chegar palavra, as seguintes hipóteses :
<tradição>. Mas somente certo núme- a ser simples fenómenos folcloricos. mente como prefixo). CoUTo DE MA- •
ro de costumes, instituições, línguas, tuf : sangue. &rRA.DELLI (683) es- GAi.HÃES (Curso de Ungua. tup{, 7) :
Um uso mágico pode adquirir impor-
trajes, leis, canções e lendas herdadas tância económica. creve a respeito : <O tuixá.ua que Turuçú (grande) em composição perde
ou transmitidas são tradições. O uso Consequência de uma. trasavaliação parece soar - quem t em o sangue, é a primeira. s~laba. e fica açó. ou uaçá.
do têrmo envolve um juízo a cerca. do do sangue - de tuí - sangue, e sáua, < Diccionário Portuguez - Brasiliano >
pode ser, às vezes, a perversão (v. i.).
v~or do elemento transmitido > (R A- sufixo que substantiva a idéia con- (289) : Turuç(l : grande ; Turuçu-
e}. demora cultural, valor social.
DI?-f, 62). tida no prefixo, se não é forçosamente çába : grandeza.. VON MARTIUS (II,
cO que é realmente uma tradição, Trih:u - <Chama-se tribu um certo o filho do próprio chefe, que por qual- 92) : turuçti, toruçó. : grande. MoN-
não'"é, portanto, nma instituição ma.s número de famílias, si~ (v . i .) ,o u quer razão não lhe pôde suceder, to- TOYA (Tesoro, 400) ; Tubichá : gran-
• ~ crença em .seu valor>. (ibidem, 63). coi;nunidades que falam a mesma lfn- d,&via , é sempre alguem da fa.m ília de, .e m, q-qalidade e qu~ntidade . ; Che- '
Qu,a ntp à aoelição (v. i.) exercida gua, possuem instituiç&s, c::ostumes e ~és~. Só na f~ta será um, extranho. > rub1chá : sou grande de. corpo,. e sou
pela tradição, GmDIN'GS ($, 351) obser- l,J'sos , semeU~antes . e t êm.i no •flindQ, , A. ~.t'ra<hi9ã0 de sangue é tuguí no ctuasi , que principal. IloEx:,µiD~ (2~0) :
va, q,ue •ela < é· fl.Utoritati:va, e cb.erQi- a: me~iµ~ .d esqendênciai. 'l'od~vi,~, ac~j:-­ tupí tet>,roduzido por VON MARTIUS. t:ubicha : pa.nde, niuito grossô. ,,M,
1
tiiva em proporçãO à sua antiguidade,> ta-ra;rn-se semp:re, nQ decorrer · dos (11. 90)ttUgut no< DicionarioJ>ortuguez- S óBMIM (446, vocabulário kamayurá)
e que ela é tanto mais autoritativa e acoQ.teci:mentos, membros 'd~ tribus. BrasilifLlio, ' (ll6), tugfil. e.m MoN.:. 'tuviyap(la) : grand.e. B.ALnus Cta-
coercitiva ·q uanto seu objeto consiste estranhas : foragidos 1 mulheres, pri- · TOTA (Tesoro, 401 ),h-uü no idi.ô ma dos pirapé) : toviám : grande. . ·
em crenças e tanto menos quanto se sioneiros d e guerra, ·i migrantes, ser- Xamayurá apontado por VON DE N A segunda parte da palavra t uxáua,
trata; de ·c onhecimentos criteriosamente vos e escravos. Às vezes, a tr1bu SrEl.NEN (S, 538), vul no ta.pira.pé isto é, xáua ou áua, foi declarada,
estabelecidos. renasceu do caldeamento de dois estudado por nós. como já vimos, por &riu.DELLI, ser
Tradicionalismo cultural equivale grupos estranhos, assim, por exemplo, tu : pai ; tuiué : velho. MoN- <sufixo que substantiva a idéia con·
a predominância dos pensamentos his- à base da divisão em met ades (v . i.).> TOTA (Tesoro, 399): Tu. b : pai; tida no prefixo>, e por voN MARTius,
toricamente transmitidos. (TBURNWALD, 7, 261 ) . Cheniba. : meu pai ; (Vocabulário; ser o substantivo que, em guarani,

cf. convenção, costumes. cj. Estado, nação, povo. 400): Túba: pai; (Tesoro, 400) ; soa a.vá. (MONTOYA, Tesoro, 7, e
Tubl : irmã.o do pai ; Cherubl : meu HoELLER, 3, escrevem a.há) e significa
Transmis@ão da pressão social Tuxáua - Do tupí e do guaram. Das tio ; (Vocabulário, 506) : Tuya, Tuya- homem, sendo seu correspondente em
Lei da. -). Em sociedades de orga- principais variantes, encontramos tu- bae : velho. <Diccionario Portuguez.. tupf a palavra apláua.
nização senhoreal, todas as atuações xáua na língua vernácula e em docu- Brasiliano » (288) : Ttiba : pai, ge,. A significação exata de tuxáua, pelo
do poder que não correspondem per.. mentos oficiais da Amazónia, em von nitor ; (287) : Tijuaê : velho, anciã-0. menos no noroeste do Brasil, foi espe-
feitamente às rel~ões qe ,eciprocidade MARTIWJ (I, 171) VON l>~N ST~lNlDN Karl VON DEN &rEINEN (S, 538) voca- cificada por Koch-GRONB:mRG (1, II,

- 226 ...... ·- 227 -
82) como designação honros& dada n Em geral, o tuxáua é homem que, ohaue, lembrando e1t& última forma ficam homem, sendo no aueto kaminuát
qualquer homem de idade, . especial·· pela idade ou pela linhagem o·u pela do vocábulo perou pichau, aponta.do ( VON DEN 8TJ:INEN, e, 535) e no ka.ma-
mente ao ma.is velho de uma maloca. imponência pessoal, figura. com.o ca- por JEAN DE LERY que em cima citá- yurá akuamaé (ibidem, 538), que é o
(v. i.). e Por isso, cada povoado tem beça de uma comunidade local, pare- mos. Não muito diferentes são as ãnk1lãmãé dos Ta.pira.pé e o kuimbaé
o seu tuxáua, sem que este precise cendo sua denominação, também por variantes guarani. MoNTOYA, Te- dos Guarani. Será ousada a suposição
I
ser, a.o mesmo tempo, um chefe.> via linguística., como em cima ex- soro, 217, d á mburubichá, afirmando ser de que uá seja a. forma rudimentar da
Em outro lugar (1, I, 148, nota 86) pusemos, accentuar a existência. de essa palavra composta. de pó: conti- palavra. homem, sendo composições
Koch-GRÜNBERG observa. : e Cada tri- uma dessas três qualidades que o nens, e tubichá : grande, e significar : modernas o avá gua.raní e o apláua
bu, diziam os índios, tem muitos habilita para tal dignidade. o que contém em si grandeza, prín- tupí? Segundo VON D EN 8TEINE1-l
tuxa.úa, mas só um único kapitáma. Embora os limites da significação. cipe, senhor. RECALDE (1, 64) es- (1, 362) a palavra oá significa, em
(chefe supremo de uma tribu in- e a. diferença da origem lingullltiéa não creve : e Mburó.vichii é o chefe, o que yuruna, penis ( órã em tapirapé).
teira)>. sejam bem prerisos, queremos dis- manda. (mbu), o maior de todos Os Ta.pira.pé, como designação de
A limitação da importân'Cia. do tinguir do tux.áua. o muruXáua, po.r ,, (tuvichá). > Segundo HoELLER (1·24) r.hefe, não tenl outr~ palavra qµ.e
tuxáua &e povoado por êle habitado, design.ar êste termo, quasi sempre, mbu.r ubicha significa, no' idiôma gua- kampi~áua que é, ,indubitayelmente, o
fica evidente, tampétn,, pela ~segllin·te pess6a de mltjs poder q,ue (,) tu~áua, raiyo·,., . g~Aonde, superit>r, senhtJr. vocábulo, português eapi:tã;o, acemo ·
dpeume~tf\>çâo púbheada na « Illti.S· · tornando'-{'~ evidente tal fato,, ~am­ 1

Em '$TBADE~LI (55~~ mµtú é man:-- dado à .pto.nún~ia' dêsses ÍQ.qie~. ' ne


t ração ', BrSiSil~i-ra: > •(n.() 31, pag, 3}, bem l_ip@;pisticamente,, ~l~ re~e~~nci~ do~\ po~~:r, e, como j á c;itámo~, -e m todoi;i os. m,odos. procurámos ave.ri·
Rio de Jaiieiro,, novemb~<i de 1937: da. p1!1m.e~ra parte d~ palav·r~ à. qua- 1'
'1 compos1çãP., ge11almente 6-0tno pre'fbr~, guar o têrmo coi:respoti.dente. em lha-
«Centenas de aborígenes da Ama- lidade de mandar. oontraç~o de turusli: grande, grQsso, gua tapirapé. Não exist~. A caus~
Ü. VQCabu}o tupf. muruxáua, ju})tQ dessa não-existência pode ,aer a fit>lt.a.
zónia, entre 1820 e 1857, foram provi- poderoso. ·Ü mesmo autor dá munàú
com murutuixáua, é dado por ST,R.~­ com a tradução mandar (255) ~ man- de subserviência na índole do índio,
dos nos cargos de Tuchauas, mediante
DELLI (559) pela tradução Cle grande d~do, ordenado, remetido (550). Se- qualidade essa que prospera de prefe-
petiçã-0 à autoridade competente. O
chefe, e (560 ) de chefe que manda. gundo VON MARTIUS (II, 69) mondó rência num ambiente de ostentação de
teor da nomeação era o seguinte : ,
Os Tupi do rio Gurupí, fronteira ~gnifica despedir, despacharJ impôr,
títulos. Chamar-se kampitáua nãA)
e O ........ 1 Diretor Geral dos In-
entre os estados do Pará e Maranhão, mandar, ordenar. No « Diccionario importa nada entre os Tapirapé-(ha-
dios desta Província., usando das atri- chamam, segundo R1cE (314) a chefe via, por exemplo entre êles um meni-
buições que lhe confere o Regula- Portuguez-Brasiliano > (96) mandar é
de muruichau (Tembé) e murúichau mond6. Em guaraní, mondó signi- no de quatro anos, que levou êsse
mento de 24 de julho de 1845, há por (Urubó.). O mesmo· autor (313) friza nome como outro nome qualquer,
bem, atendendo às boas qualidades fica., segundo MoNTOYA (Tesoro, 227v.),
do Indio ...... .... , da Nação ..... .,
a forte influência dos chefes entre os enviar de cá para lá, e, segundo RE- meninp êsse sem ascêndencia. de che-
Urubú. CALDE (1, 63) mandar ir, ao passo que,
fes e sem probabilidade de tornar-se
nomeá-lo Tucha.ua. da Povoação de Segundo voN MA.RTIUS (I, 172) na chefe no futuro). Ser kampitáua,
...... , sob as ordens de ...... , no dizer deste autor (1, 64) como já
guerra, os cabeças entre os Tupí .,são foi mencionado, mbu tem o sentido porém, é muita coisa nessa tribu tupi,
Encarregado das Aldeias da mesma chamados mora, ou, também morol-- porque o poder do. chefe é grande.
locaHdade. de mii.ndar. No guarayo recolhido
-aba, ou, morubix-aba. No tom.o J[ por Ht>ELLEJ:f. (137), encontramos a A palavra kampitáua é usad11,tam-
<Pelo que mando que, como tal' (72) da mesma obra, m,proiáb1:1- o~ · bém, no septldo de nobre, potque di""'
seja recobhecidó por todos os seus fo}'.mfl a.mondo : main.do-o, dou-o·, ati-
apà.te.ce no sen\jdo , d~ gener~l. vo um Q,teo 1 deito..o, laJlÇO· o, entrego-o. · iem que fllhos e filh~s de um cbe,f.e
~ub:or4inados enquanto servir no ·d ito O « Diccio11ário ~o:rtugu.e.z-ljlrasilia­ s.ã o kamniti,íua:. ~ os T~p.iJ:apé di~:­
' 1
lugar. ~ i , • '
'Il9 >~ (i09) ·)'egistra móa9ara1 et~ ;: !)rip- :PpJ,: variantes d~ muruJ1:á-qa cdnsi- tingueh;i cohi baistante ni:titlez e· iná- ·
Nó'ines 4os índios ,nomeadoi;; para cipais·, grand~~, e (2~~) ll!l,orppfxába d~ra)n .1s tanib~m as de~ignaç,õe~ qve ·
os 'T upí d;aa: cabecei:r;as do · Xingú dâ'O
tintivaménte e <)onceitó de . ar~13to- .
1

o pasto de Tuchaua ; oçti : general~ e:hefe, m9nanc1;1.. • ·c racia , havendo aeiµpre alguns d~le~
No dizer de COUTO DE M4.G.AIJB~ES ' P,0$ seµs chefes, os.vocábulos motekuát que gostavam de afirmar de si e dqa:
Em 1824 : AleK&D.dre,, da Nação
A'.haná, para Caruru Cachoeira ; Do- (Curso de língua ttJpf, 140) >velhas . dos Auetõ (M. SCHMIDT, 442 ; 1 voN circunst~nte$ serem todos k~pitá.ua.
tradições no Ama.zonas relativas aos DEN fflINEN, 2, 535) e morérekuát Já mencionámos, tratando da sig-
mingos Dias dos Santos, da N ãç-ão
Incas do Perú, verdadeiros impera- (VON DEN STEINEN, 2, 538), morére- nificação d e tuxáua., que o têrmo ka-
Tucano, para Cururura.pecnma; João
de Mattos, da Nação Tucano, para dores, referem que êles eram designa- kuá.ret (M . S c HMIDT, 446) dos Ka- pi táma, segundo Koch-GRÜNBERG (1,
S. Joaquim ; Calixto Antonio, da Na- dos pelos tupis com a expressão mayurá. Embora o sol, em ~uetõ I, 148, nota 86) é usado pelos índios
çã-0 !ta.ria.na, para Yaua.reté. Em Muruxáüa reté > (reté forma o super- (M . 8CHMIDT, 441 ; VflN DE .: 8TE1 do noroeste brasileiro para designar
1850 : Manoel Ca.lixto, da Nação Ana- lativo). Em YvEs n'ÉVREux (222) en- NEN, 2, 535) e em kamayurá (VON DEN o chefe s upremo de uma tribu ínteira. '
ná, para Ca.ruru Cachoeira ; Mathias contramos mourouuichaue (escrito em 8T:m1NEN, 2, 538.), seja kuát, -c orres O mesmo autor (ibidem), supõe ser
Antonio, para S. Francisco; Joãó francês) no sentido de principal, su- pondendo a küánã em tapirapé, não essa palavra derivada do vocábulo
Bernardo, para Tucurimachi ;. ·An- perior,. capitão. Essa pal.,.vra a.parece supômos que a. denominação de chefe espanhol capitán e introdu:tida nas
gelo José, para Cuyia.ri ; Silvério com o possessivo da segunda. pessôa seja >manda sól>, ma.s que o uá, con línguas do rio Uaupés em tempo
Antonio, para Tunuhy:. Em 1851 : do singular como : de ,m(,)urouujchaue, tido na. última parte da palavra, cor- remoto.
Alexanch·e Correia, para Sló ~P.tç, i. que também é contraido em derouui- responda ao,uq no~ vocáb\Uos que signi- cf. chefe. ~ t

,, '
-229-
avermelhada. do mesmo nome da fru- Entre o& Chama.coco do Chaco, os
ta. O urucõ é usado na cozinha para homens, quando vão à guerra, pin-
dar côr às comidas, e algumas tribus tam de urucú o rosto e o corpo intei- :/
indígenas com êle se pintam. > ro, ungindo de branco só as costelas.
No dizer de HoEHNE (116), <o Pintam com êsse vermelho todo o
uruct1, isto é, a pasta tirada das se- corpo também por ocasião das dansas
mentes da. Bixa Orellana L., é ainda secretas e de outras festas. Além
hoje o cosmético preferido, comu- disso, o vermelho representa para êsses
mente usa.do pelos aborígenes do Mato índios a côr do amor. A esposa. à
Grosso, Amazonas e Pará e êst.e uso, espera do marido ausente pinta-se de
que a. princípio parecia um simples
hábito ou luxo, tem sua explicação urucú ·o rosto, e quando chega o es-

u · ·científica, porque estâ provado hoje,


que esta pasta vermelha, aplicada
' Sôbr~ a epiderme, reduz grandemente
perado, eis que tambêm êle leva n~
faces a mesma côr. Se o homem en-
fur~ceu a mulher e deseja, depois,_ a
á. absorção do l)alor pelo tecido mus~ i:econcilj.JWão, põe-se urucú n,a' e~a,
' 1 cular e concorre para afastàr os in- A e~pesa n~o diz palavra, algum~; .m~ "
li ' ' \

Ubá - Segundo VON MARTIUS (II, 9.3) 2) industrialização e tecµologi~ m.e- · setos m.olestos <lo córpo hUm.ano·. Em quahdo, depois de alguns dias, f3..t·
'do tupt. Mas sendo êle, entre os co- cAnica, industrialização da ··agricultura, Ma.to ·Grosso observamos que as m~s uso da mesma pasta vermelha, rest$-
' nhecidos autores de vocabulários tupf, produtivid~e crescente; interdepen- pµi.ta.~ os filhos com esta pàSta oleosa, belece, por êsse ato, a paz. Viuvâs e'
o único que cita esta palavra, sua dência económica. ; especializaÇão da. \ Jogo depois que nascem. Elas· co- orfãs que querem ter marido, pin-
origem parece duvidosa. divisão do trabalho ; brem-se com a mesma a ponto de tra- tam-se de urucú, e o namqrado segµe
Segundo ALvms CAMARA (98) ubá 3) comércio e indústria ; zerem os cá.belos . empastados e ver- êsse exemplo. O vermelho é, por con-
é o nome genérico das embarcações 4) integração política. e dominação;
melhos como a própria pele. Aliás, seguinte, entre os Chamacoco a côr
feitas e usadas pelos índios, que habi- êste uso generalizado em todo o con- da guerra e da paz, do amor e da
5) intensidade crescente doa con- tinente americano, fez com que os
tam as margens do Amazonas e de tactos ; diferenciação crescente ; se- alegria. (cj. BALDUS, 1, 26, 27).
seus afluentes.> Acrescenta o mesmo advindos chamassem esta raça de
leçã-0 crescente; pele8 oermelhas (v. i.) > cj. adórno, genipapo.
autor (100) : <Delas distinguem-se
duas espécies, as feitas da madeira 6) heterogeneidade cultural ; melho- O uso do uruoú para dar côr às
das árvores, e as da. casca. > ramento das facilidades cultura.is ; comidas, mencionado por 8rRADELLI, Uso- Inglês : cu.stom, jolkway; ale-
7) estratificação social e. económica. ; deve limitar-se às populações civili- mão · Brauch ; francês : usage.
ej. ca.noa, igara. l
e E' desejável delimitar a.s expres-
8) mobilidade social ; zadas do Brasil, pois a nosso sab.er os
índios. o empregam sómente para pin- sões uso, hábito e costume. Ao passo
Unifuncional - Segundo GURVITCH 9) complexidade instituciQnal e gêne-
se de novas instituições ; tar.-se. Há, porém, só pouquíssimas que hábito se refere às atuações do in-
(1, 35, 36) a uniâo existente em um divíduo, uso se estende às de uma
a~gado social é unifunci(>11al> qqan- 10) instabilid~~ e colapso de fus-( tribus que costumam ungir com ess1;t.
pasta o c~rpo inteiro, sendo, ppr isso, unidade social. H t&bito e uso •são têrtno,a
do ~ ' obra a ser re~lizada se inspir~ titui9Q0s .; p1edominância cada i ;yez e:n+pregados sem jUizos-de...valo~ 8.<ls·
1

·d e 1,1m .va:lor só e de , um fim s6 qqe ~is aceµ~uada de qrgânizaçõe$. à'


' m,ito, restrito o ,•papel do w;ucú, camo
a eJtpiime. > , E~emplos: ass0ciações' , . _gµ.isa de e;rut>os sE)cunqáries ; ·niuc:Ian-· " m:ei,o .de clef~sa contra e.s efeitos do · tritos, mas· ao· têJJmo cost1fme prende-
.c alor ·e dos jnsetós. E mesmo n~ses se a 'a provação· moral dits ãtituqes
esportivas, emprezas económicas' e, ças na orgfl.:hização familjar. > praticadas'> (THtrRNWALI>, iJ~ IV, pág1
cooperativas. casos excepciqn!).is, neni todos 0s dias
cj. ruralização. se costuma ce.btir o corpo de urucú, XII).
f
.A. união unifuncional predomina., mas somente por ocasiões extraordi- cj. civilização, costume, cultura,
portanto, em todos os grupos de um Urucú - Do tupí (8'mADEU.I, . 708) objetivação social.
conteódo intencional (v. i.) único. nárias.
e do guara.ní (MONTOYA, tesoro, 406 ;
cj. multifuncional, supra.funcional. HoE.L LER, guarayo, 267). Também
entre a tribu tupf dos Tapirapé achR.i.
Urbanização - Chame.-ee urbanização mos essa. palavra.
um processo social complexo que visa Na dêfinição de BTRADELLI (ihi· '
& elaboração de uma sociedade cons- dem), o urucú é <a fruta do urucuzei-
tituida., segundo PmlLPS (280) pelos ro, que consta de uma. cápsula oblonga
seguintes fenómenos : e coberta de espinhos moles a modo ' 1
1) população crescente, heterogênea de ouriço, cheia de pevides envolvidas
na composição ; tendência para uma numa pplpa corante, de sabor leve-
fecundidade decrescente ; mig~ões ; mente acidulo, que fomece uma cõr

,,
- 231
2) caçadores primários e progr~ banas, sempre que as /a.m,1lias ou m-
eivoe; dfviduos que os constituem rewlem
3) ea.çadores eeeundários.
uma e&rt& homogeneidade e est&bili-
d&de > (CABPENTER 356). Grande
Cada qual dessas variantes repre- mobilidade (v. i.) da população não
senta. outro sub-tipo cuja riqueza em admite a formação de grupos vicina.is,
variantes locais ou regionais é extre- nem tampouco estatutos sociais (v. i.) •
ma.mente grande. diferentes. Quanto mais <baixo> o es-
tatuto social, tanto maior a probabili-
Vizinhanca - e O grupo vicinal é con- dade de se estabelecerem relações vi-
dicionado pela distribuição estável cinais. Entre o proletariado urbano
sôbre uma área não muito grande, de ou rural, entre a pequena burguesia.
modo a permitir contactos e relações ou o camponesa.to humildê há neces-
V 1
..
íntimas. Grupos v:icionais podem es-
tabelecer-se em 13ocieda.des rurais e ur-
sidade de cooperação e sentimentos
espontAneos de solidariedade. '


,,
1

Valor socjal - Idéiaa t,tce~ca das quai~· · quer sociedade; não s~Q o.s dado~ de
se vão formando atiiudes e opiniões sua própria can;i.ada cultural, mas os '·
favoráveis, pelo proces,so de interação da camada superior dominante (da
social, adquirem um significado espe- aristocl'.acia, da monarquia etc.) que
cífico que se exprime na mentalidade significam a coroação da hierarquia
do grupo, vindo a servir, em seguida, dos valores culturais, sem levar em
como critériô de peneiramento (v. i.), '
conta o fato de êle venerar êsse ideal
no processo contínuo de recomposição a uma distância mística (monarquia ' '
dêsse mesmo grupo. sacra, sociedade imóvel) ou se ali-
<Um valor é uma possibilidade per- menta a esperança de conseguir ascen- •
manente de satisfação> (BouGLÉ, 19). der, êle mesmo ou seus filhos, a uma '
<Toda sociedade cultiva., de ma- camada. mais elevada. e seus valores.
neira'~conciente, um sistema 1 de valo- (Sociedade moderna, democrática e
res, pelo qual aprova certas"atitudes, móvel). Em uma sociedade móvel,
desaprovando outras. As atitudes a hierarquia dos valores não é fixa.
aprovadas são con<µcionadas, antes Os valores manifestam uma tendência
de tudo, pelo que a sociedade julga .d escendente, e o que se taz em clm.a.
ótil > (THVRNWA.LD , e, rv, 264), : · vem a ser, . c,pàQ.rão de ,co~pol'ta­
<A sociedàde ·e o indivíduo reco- 1 mento >, , também para as canu:t<;las,•
nhec~:Dl m;ná. hierarqwa de valor~,s ' i~e:riores~ (Isso" seria !neb,ne~bív:el'
que se aplicam .t ambém :la· tarefas cul- num~ ' sociedade :imóvel qnde ·~ rlgo-
turais. ·O rg.aiiização .s ocial ·Sigruf1c~ ros~mente interdjto ao homem 4e
não somente especializaçã~ e distri- c~ta inferior imitar 1lr casta· supe-riot') >1
buição de funções, mas também hie- (Mü~LW.NN, 1, 176, 177).
rarquização > (MOHI.MANN°, 1, 50).
<Os valores aprovados e com fun- Variante - Segundo THURNWALD (1,
ções construtivas, no âmbito de uma IV, 295 seg.) a variante é um.à forma
cultura, estão intimamente relaciona- concreta, histórica de um tipo. iate
dos com a articulação ·~ vertical da se apresenta como mero processo de
sociedade, pois organização social signi- abstração. Evidentemente não é pos-
' fica., ao mesmo tempo, hierarquização. sível encontrar, na realidade, o tipo
Paralelamente à hierarquização ·res- abstrato, senão em suas variantes.
pectiva vai uma graduação dos valo- Povos caçadores, por exemplo, exis-
res. Ela fornece o critério para sele- tem nas variantes, seguintes :
9ão e peneiramento. Também para 1) caçadores primários eetacion&-
o homem de origem humilde, em qual- rio.1 ; \


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INDIC'E DOS .AUTORES'


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Qool~~. d hJ.trle$.H. 1- ~7, 67, 7,15, 11:4
Coute v... A1agitlliães. .
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eI.aude; d 'A.bhevl:lle - 219 197, 198, 202, 210; 211, 2i'2·
G_óbo - 48 Qelll),'en, .~n0ld V',a,n - 222

1



-244- 245-
Giddinga, Franklin - 20, 25, !l7, 61 , 6:l, 75, 162, Las Caaae - 39 I
Pinto v . Roquette S tradelli, Conde Ermano - 36, 87, 39, 40, ~·
167, 168, 177, 208, 22• Lasch, Richard - 40, 42, 49, lOõ, 107, ~1, m Platão - 210 46, 70, 73, 109, 122, 129, 134, 146, 157, 1~9.
Goblot, Edmund - 75, 164 Laaki, Harold J . - '75 Pohl, Johan Emanuel - 144 162, 164, 170, 199, 200, 215, 216, 220, '25.
Goeje, C. H. - 73, 160 La.eewell. Harold D. - 187 Portq Seguro, Visconde de - 40, 219 226, 227. 228, 229'
Qoldenweiser, Alexander - 53, 100 Lazarus, M. - 23 · . PreuBS, Konrad Theodor - 17, 22, '33, 73, 76, Strehlow, Carl - 178, 223
G omara,, Lopez de - 38 Lehmann, Gerhard ~ 131 ' 92, l:Ó5, 12l, 145, 146, 152, 160, 167, 182, , Sultbaoh, Walter - 172
Gottl-Ot~liljenf:eld,, Fti~dricb V ? D - 84 Leopold, Le,via - 183 192, 2:22 Sumner, ~illiam Graham .- 67, 68, 131 , 19§
Qraebner, Frítz - 48, 4!l, 50, 51, ~3, 54 Le Play, ))'. - 1Q3
Graseerie, Raoul de Ja - 26 Lerner - !32 ,
Radoliffe-Br-ew.n, A. R . - 107, 200
Taine, H. - ~.1.0 '
Groese, Ernst - 148 Lery, Jean de - 225, 227 Tarde, Gabriel - 124
Lêvy-Bruhl, Lucien - 182 Radin, Max - 224 Tastevin, Ó. - 156
Grotius - 210 Raffault, I. - 105
GuJnilla, Joseph - 222 Lewin - 7.3 Tha venet - 222 1
Lindemann, F . C. - 81 Ramos, Arthur - 18, 19, 48 Thevet, André - 109
Gumplowicz - 212 Ratzel, Friedrich - 49
GO.ntber, Adolf - 210 Lindenberg, Eugenio - 142 Thomaz de Aquino - 210
Recalde, Juan Francisco - 29, 36, 40, 143, 155, Thoms - 106
Gurvitch, George& - 57, 58, 59, 60, 79, 113, 147, Lippmann, Walter - 95 156, 216 227
162, 183, 207, 208, 214, 228 Litt, Theodor - 114 Tburnwald, Richard - 19, 23, 24, 25, 27, 29,
Littré - 35 Redpath, James - 32 30, 31, 32, 38, 41, 42, 43, 44, 47, 48, 49, 55,
Guttm8'llll, BrunP - 128 Locke, J ohn - 210 Reuter, E. B . - 22 68, 69, 71, 72, 74, 77, 79, 80, 86, 91, 92, 93,
Guyau, I . M . - 26 Lopes, Raymundo - 200 • Revorêdo, Julio de - 34 94, 96, 97. 98, 99, 100, 101, 104, 105, 106,.
Lowie, Robert H . - 33, 53, 54, 148, lf>l, 152 Ribeiro, João - 34 107, 108, llQ, 118, 119, 129, 135, 136, 137:,
BaberltH).Qt, Arthur - ·33, 42, 43 Lusohan, Felíx von - 222 'Ribeiro~ Jo,!\Quim - 106, 220 138, 140, 141, 147; 148, 149, 150. 151, 152,
Hac.e n,, Abuzejp El - 34 liice, F .' J"ohn Du:vl;\l - 226 1$4, l6~, . 167', 168, l?Q. 171, 1,7,2, 173, 11'*.:
Harikina, I:Í. F'rank - 19 · MacDbµgall, William - 29, 112, 113,' 161, l88, 214 . ' Ri<Vefs'. w. II. R. - 51 175, 178; 180, 181, 182, 18'1, ~85, 186,' 187'
Hartland - 148 Machiavelli, Niccolo - 2JO Rivet, Paul - 222 190, ~91, 196, 203, 205, 207' 209, 212, ~14_, ·
Heberle, Rudolf -. 209 Maclver, R . M . - 28, 59, 117, 150, J82 Rodrigues v . BaTbosa 2 18, 2,20, 224, 22,9, 230
Hegel, Georg Friedricb Wilhelm - 210 l\1acKenzie - 8'7 Roquette.-Ph1to, E . - 189 T ols toi, Leo - 25
Reger, Franz - 160 MacLennan - 50, 53, 147 Rose. 'E. - 61, 66, 77, 85, 100, 102, 112, 124, Tõonies, Ferclinand - 43, 44, 58, 94. 97, 165,
Helvetius - 122 Magalhães, Couto de - 39, 225, 226 130, 131, 153, 154, 161' 166, 169, 184, 197, 187, 209
Herder, Johann Gottfried - 182 Magne - 155 207, 208, 214, 224 T ylor, E . B . - 22, 23, 50, 213
Heriarte, Maurício cie - 159, 160 Malinowski, Bronislaw - 107, 108, US3 RouBSeau, J:. J . - 181, 2 10
Herrera - 38 Malley, John O. - 32 Ro1188el, Pierre - 107 Valle, Leonardo do - 134
Herekovits, M . J. - 18 Mannheim, }(arl - 6;, 122, 212 RWlllell, Frank - 92 Varnhagen ~ . Porto Seguro
Hewitt, J . N. B . - 167, 224 Marograv, <1eorg - 36, 216 Rydén, Stig - 144, 145 Vasconcellos, S i-mãq de - 39
Hobbee, Thómas - 181, 182, 210 Martius, Carl Friedrich Phil. von - 201 21, a.t'· Vedia, Enrique de - 39 ,
Hobhouse 1 L. T. - 25 3~. 39, 145, ,} 62. 215, 216, 220, 224, 226, 228, Veigl - 88
Ho~hne, F. C. - 1.0~, 229 . . 1 Sal• :Arthux - 93 Vendryeé - 142
227, 228 $)nto Aioati·1Ü1c:> - 210
HoeUer .. Alb:ed~' - 4;!), 46, 70, 220, 225,. 227 , 228 Vfoo, Giii.ml:>~ttist~ - 210
Ho:witt. A. W . - 179 Martyr, Petrus· - , 39 Slo Joeé., 'l >. Fr. de - 159
Marx, Karl - 210, 212 . Sauerman.n, Heinz - 25, 26, 79, 80, 153, 154 Vierkandt, Alf:red - 21, 27, 29, 44, 45, 5~, 60,
Hube~t, René. - 195 62, 64, 65; .6 6, 68, 69, 78, 80, 81, 100, 112,
Humboldt, Alexander von - 34, 38, 48, 204 Meillet, Antoine - 141, 142 Scheler, l\'tax - 122, 177, 212
Mendel, Gregor - 13'7 Schmidt, Max· - 42, 189, 225, 227 113, 116, 124, 130, 156, 161, 162, 1~3~ 1'65,
Humboldt, Wilhelm v on - 23 166, 167, 168, 177, 182, 186, 187, 188, 196.,
Hume, David - 210 Métrau, Alfred - 43, 45, 129, 134, 162, 201, Schmidt, Wuhelm - 33, 48, 50, 51, 52, 121, 222,
202, 219 197, 205, 206, 207, 213, 214,
Huntington, Ellsworth - 18 223
Meueel - 35 Virchow - 24
Schmitt, Carl - 81
Michels, R obert - 29, 161 Schmoller, Gustav - 217
Iheri ng, Herma.n:n von - 144 M ontoya, Antonio Ruiz de - 39, 45, 122, 166, Wach, J oaohim - - 193, 194, 195
Sohuohardt, H . - 36 Ward, Lester - 106
162, 164, 199, 215, 219, 220, 225, 227, 228 Sohult1e, L . - 33
James, William - 78 Wassén, H enry - 160
Moraee - 219 Scb1,1rtz, Heinrich - 148 W axweiler, Etnile - 27
Jeru.ealem, W . - 212 Morgan, Lewis - '00,_ 53, 14$ Senfft, Arno- ~ 92
Jordan, 1,;. - . 142 W eber M ait - 41, 8Q, 122, 177, 183, 210
Mllhlmann, Wúhelm - · 19, 24, 55, ,98, 99, 1071 ~~lçespeare, Wilharn - 38 Wegner, llichai;d R. - 92
~O&., 1<
11,. 126; '1581 167, 17:5, l'1'6~ 1,S l, ' 1~. ·' ~im!Jlel, Ge0r.g' -' 27, 29, 70, 85, 1,07, 112, i4'Q, weiss, e. - 9"0
Kallen, Horace - 56, 65 ~.~ ' ;' ' 1~a. 18at 206, 224 Wei13~gerber - lU, 142
Kant, Immanuel - 23, 64 Navarette - 39 Smith, Elliot - 51
Ke:weran, S. - ~o w eUhauaen, J . - . 178 ,
Nevermann, Hans - 217 Smith, T . V. - 57 W estermann. Diedrich - 99
Kiseenberth, Willielm - 145 Nietzsche, Friedrich - 6.3 &ares de Sousa, Gabriel - 70, 109, 219 Wiese, Leopold von - 18, 22. 23, 24, 27, 32, 57,
Koch-Oro.nberg, Tlieodor - 36, 46, 73, 162, 170, Nimuendajú, Curt - 33, 151, 152, 156, 226 Sombart , Werner - 71, 80, 87, 94, 103, 122, 184
201, 217, 219, ' 220, 221, 225, 226, 227 61, 66, 67' 75, 77' 78, 81, 82, 85, 96, 102,
Nordenskiõld, Erland - 220 Sorokin, Pitirim - 92, 153 107' 112, 123, 124, 129, 130, 132, 166, 167'
Kohler, Joseph - 222 Spann, O . - 210 170, 171, 177, 184, 192, 202, 205, 207, 208,
Koppere, Wilhelm - 53 Ogburn, William F . - 19, 76, 126, 132, 224 Spencer, Herbert - 50, 185, 210 •
217, 220, 232
Kovalewski - 148 Onofre, Frei - v. Anônimo Spengler, Oswald -- 210 Wiese r, Friedrich v on - 81
Kraft, Julius - '79 Oppenheimer, Frans - f,1, 68, 177, 183, 210 Spix, Jóh. Bapt. von - 145 Willema, Emilío - 119
Kreiohgauer, Damian - 53 Orbigny, Alcide d' - 39 Spràn~eT, Eaua1·d - 64 Wissler, Clark - 54
Kriokeberg, Walt~r - 40, 41, 42, 43, 147, 199, Ovidio - 205 I
Staden, .Ha.n s - 109, 2Hl. 220 Wundt, Wilhe~ . - '210
200, 201, 2°*, '220 Ovjedp - 38, 39, 48 ' S~11t-rke _,-· 148_
Kroeber, 'N. L. - 54 ' 1
$teensJ:>Y ~ 19!} Young, l{ imball - 18, 2.1. 2~'. 27, 4.4, 56.' 57,
:Krone, Rioa;rdo - 199 Pateto, Vilfredo - 54, 91 Steinen , Ka:d . von den - 3 L, 39, 42, 43 , 45, 92, 61, 66, 67., 77, ·s 1, 8S, 91, 95, 96, 102, 1181
Kruckenberg - ·90 Park, n,. E . - 26, 27, 59, 61.' 65, 66, 81, 118, 155, 224, 2-25, 227 121, 139, 166, ' 171, 184, 186, 206, 208
132, 188, 202 Steinmetz, S. R . - 153 Yves d'Evreux - 43, 226
Laidler, Harl'y W. - 32 P ascoal - 210 Steinthal - Z4
Latnprecht, Karl - 210 P eixoto, Afranio - 34, 164 Stonequ~tl, Everett V. - 118, 119 Zár ate - 39, ~
Lana, Andrew - 121, 222 Per ry - 51
Laneon, G . - 25 Pbelpa, Harold A. - 198, 228

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