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Foto: Hélio Carlos Mello

Este vídeo partiu de indignação e do desejo queda do céu.


de compartilhar textos, imagens, poesias para O vídeo é, portanto, uma pequena reflexão,
refletir sobre como vivemos atualmente, sobre ancorada na aspiração de que sonhando jun-
um lado monstruoso da contemporaneidade. tos possamos mudar esse quadro de condição
Também partiu de sonhos. limite que ameaça a vida na Terra e, quem sabe,
De início, as imagens apresentam uma refle- adiar o fim do mundo.
xão sobre os casos de Brumadinho e de Mariana – Sonhar talvez seja uma utopia, principalmente
sobre as catástrofes proporcionadas pela minera- nesses dias de entrada avassaladora de venenos
ção desenfreada. Como mostram Davi Kopenawa em nossa alimentação e nos rios, de incêndios pro-
e Ailton Krenak – personagens centrais que têm vocados na Amazônia, de morros desmoronando,
criticado o esfacelamento da Terra e mostrado de desmatamentos sem controle, de enchentes
que existem outras formas de viver e de perceber que paralisam cidades e matam pessoas, de assas-
os seres humanos e não humanos –, são os bran- sinatos de indígenas, de tentativas de autorizar a
cos que, em busca de um suposto “progresso”, de- mineração em terras indígenas, de desrespeito aos
gradam o mundo em que vivemos sem respeito Direitos Humanos, de elogia à tortura e a tortura-
aos povos, aos seres e aos diversos modos de vida dores, de tratamentos aviltantes a repórteres e à
que aqui estão. Brumadinho e Mariana são, assim, impressa.
alegorias desse esfacelamento. Alegorias que nos Contudo, acreditamos, devemos persistir
contam como seres, pessoas, rios e montanhas com nossos sonhos.
se tornam mercadorias. Dessa máquina de moer Ailton Krenak (Ideias para adiar o fim do mun-
vida, surgem seres precários, vidas descartáveis, do, Companhia das Letras, 2019, p. 27) fala dos
em todas as partes do mundo. Como alegorias, que querem nos fazer desistir de nossos sonhos.
as imagens nos contam, então, mais do que as Mas, ele também nos ensina: “E minha provoca-
dramáticas histórias de Brumadinho e de Maria- ção sobre adiar o fim do mundo é exatamente
na. Há mesmo um prenunciar da possibilidade de sempre poder contar mais uma história. Se pu-
que possam acontecer outras catástrofes: como dermos fazer isso, estaremos adiando o fim”.
a vida é mercadoria, a morte se anuncia como fi- Tentamos contar mais uma história. Compar-
gura central dessa narrativa do fim do mundo, de tilhamos algo de nossos sonhos.

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