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EMPODERAMENTO ECONÓMICO DA MULHER, MOVIMENTO


ASSOCIATIVO E ACESSO A FUNDOS DE DESENVOLVIMENTO
LOCAL

Isabel Maria Casimiro


Amélia Neves de Souto

Maputo, 2010
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Ficha Técnica:

Título: Empoderamento Económico da Mulher, Movimento Associativo e Acesso a Fundos


de Desenvolvimento Local
Autores: Isabel Maria Casimiro e Amélia Neves de Souto
Colaboração: Josina Nhantumbo e Augusta Maíta
Editor: Centro do Estudos Africanos, Universidade Eduardo Mondlane
Revisão Editorial: Amélia Neves de Souto
Coordenação Editorial: Kapicua, Livros e Multimédia, Lda
Grafismo: Elográfico
Impressão: CIEDIMA, SARL
Nº de registo: 6627/RLINLD/2010
Tiragem: 1000 exemplares
Local e data: Maputo, 2010
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ÍNDICE

Tabelas

Mapas

Anexos

Siglas Utilizadas

Agradecimentos

Prefácio

I PARTE

EMPODERAMENTO ECONÓMICO DA MULHER: ESTUDOS DE CASO NAS


PROVÍNCIAS DE SOFALA E ZAMBÉZIA - Isabel Maria Casimiro

Introdução

A Pertinência da Investigação

CAPITULO I - BALANÇO TEÓRICO E PERSPECTIVAS ANALÍTICAS

1. Desafios da Pesquisa e Escolhas Metodológicas

1.1. Metodologia

1.2. Conceitos Operacionais

1.2.1. Poder, Empoderamento e Autonomia


1.2.2. Pobreza
1.2.3. Economia Informal
1.2.4. Micro-Crédito
1.2.5. Associativismo

CAPÍTULO II – AS ÁREAS DE ESTUDO

Introdução

1. Província de Sofala. Contextualização e Indicadores Sócio-Económicos

1.1. Distrito de Búzi


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1.2. Distrito de Chemba

2. Província da Zambézia. Contextualização e Indicadores Sócio-Económicos

2.1. Distrito do Gurué

2.2. Distrito de Namacurra

CAPÍTULO III - ACTIVIDADES ASSOCIATIVAS E GERADORAS DE RENDIMENTO

1. Actividades Locais Associativas e Geradoras de Rendimento, Endógenas e


Exógenas, Desenvolvidas por Mulheres

1.1. Província de Sofala

1.1.1. Instituto Nacional de Acção Social (INAS)

1.1.2. O Fundo de Apoio para a Reabilitação da Economia (FARE)

1.2. Província da Zambézia

1.2.1. OMM

1.2.2. Instituto Nacional de Acção Social (INAS)

1.2.3. FARE (Fundo de Apoio à Reabilitação da Economia)

1.2.4. Poupança e Crédito Rotativo

2. Associativismo

CAPITULO IV - ORÇAMENTO DE INVESTIMENTO DE INICIATIVA LOCAL (OIIL)

1. Província de Sofala

2. Província da Zambézia

3. Impacto do Orçamento de Investimento de Iniciativa Local (OIIL)

CAPÍTULO V – EM JEITO DE CONCLUSÃO: QUE EMPODERAMENTO ECONÓMICO DA


MULHER?
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II PARTE

OS FUNDOS DE INVESTIMENTO DE INICIATIVA LOCAL: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DA


IMPRENSA MOÇAMBICANA - Amélia Neves de Souto

I. Os Fundos de Investimento de Iniciativa Local (FIIL)

1. Conselhos Consultivos Distritais

2. Atribuição dos Fundos – Problemas Relativos e Apresentados pelos Mutuários/


Beneficiários

3. Causas das Dificuldades e Constrangimentos nos Reembolsos

4. A Mulher e o seu Acesso aos Fundos de Investimento de Iniciativa Local

5. Mudanças, Medidas e Directrizes por parte do Governo

6. Conclusão - Algumas Considerações e Interrogações

II. Fundo de Apoio à Reabilitação da Economia (FARE)

III. Tchuma e Tchuma-Tchato

III PARTE

LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
Sobre os Fundos de Investimento de Iniciativa Local, Conselhos Consultivos Locais,
Fundo de Apoio à Reabilitação Económica, Tchuma e Tchuma-Tchatu
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TABELAS

I PARTE

Tabela 1 - Sofala - Principais Indicadores Sócio-Económicos, 2007


Tabela 2 - População da Província de Sofala, 2007
Tabela 3 - Sofala - Indicadores Básicos, 2007
Tabela 4 - Zambézia - População Total por Sexo, 2007
Tabela 5 - Zambézia - População Urbana por Sexo, 2007
Tabela 6 - Zambézia - Chefes de Agregado Familiar por Sexo, 2007
Tabela 7 - População da Província da Zambézia, 2007
Tabela 8 - Zambézia - Indicadores Básicos, 2007
Tabela 9 - Projectos no Âmbito do PGR que foram Implementados pelo INAS, Delegação de Sofala, de Forma
Deficiente
Tabela 10 - Sofala - Projectos em Funcionamento até 2007
Tabela 11 - Sofala - Informações Recolhidas sobre as Associações, 2009
Tabela 12 - Âmbito de Atendimento à Mulher, DPMAS, Sofala, 1º semestre de 2009
Tabela 13 - Lista de Grupos e/ou Associações Femininas do Distrito de Búzi, DPMAS, Sofala
Tabela 14 - Associações Femininas no Distrito de Chemba, DDMAS, 2009
Tabela 15 - Associações que Desenvolvem Actividades Agrícolas, Província da Zambézia, 2009
Tabela 16 - Programa de Geração de Rendimento e de Benefício Social pelo Trabalho, INAS, Província da
Zambézia, 2008-09
Tabela 17 - Grupos de Poupança e Crédito Rotativo - Posto Administrativo de Lioma, Distrito do Gurué, Província
da Zambézia
Tabela 18 - OIIL, OIIL, Búzi e Chemba, 2007-2008
Tabela 19 - OILL - Dados Referentes ao Ano de 2008, da Província da Zambézia
Tabela 20 - OIIL, Distrito de Namacurra, 2007-2009
Tabela 21 – OIIL, Gurué, 2006
Tabela 22 - OIIL, Gurué, 2007
Tabela 23 - OIIL, Gurué, 2009

II PARTE

Tabela 1 - Projectos Financiados e Postos de Trabalho Criados 2006-2008 no País (no Âmbito do OIIL)
Tabela 2 - Província de Manica – Projectos e Empregos Gerados pelo FIIL
Tabela 3 - Moçambique – Totais Nacionais – Projectos e Empregos Gerados pelo FIIL 2006-2008

MAPAS
Mapa 1 - Província de Sofala
Mapa 2 - Província da Zambézia

ANEXOS

Anexo 1 - Trabalho de Campo Realizado


Anexo 2 - Entrevistas Realizadas (Província de Sofala e da Zambézia)
Anexo 3 - Apresentação e Discussão dos Resultados da Pesquisa
Anexo 4 - Referências específicas sobre os distritos alvo do presente estudo entre 2006 e 2010 surgidas nos
órgãos de informação ou trabalhos realizados
Anexo 5 – Moçambique - Fundos Existentes
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SIGLAS UTILIZADAS
ACTIVA Associação de Mulheres Empresárias da Zambézia
ADEMA Agência de Desenvolvimento Económico de Manica
ADEL Agência de Desenvolvimento Local
ADELZA Associação de Desenvolvimento Local da Zambézia
ADEMUR Associação de Desenvolvimento das Mulheres de Ruace, Gurué
AIM Agência de Informação de Moçambique
AMODE Associação Moçambicana para o Desenvolvimento e Democracia
AMODER Associação Moçambicana para o Desenvolvimento Rural
AMPEMA Associação de Mulheres Pescadoras de Madingo, Macuze
AMUDZA Associação das Mulheres Domésticas Zambézia
AMUONA Associação das Mulheres Organizadas de Namacurra
ASCAS Accumulated Savings and Credit Associations
BST Benefício Social pelo Trabalho
BI Bilhete de Identidade
BIM Banco Internacional de Moçambique
CCD/L Conselho Consultivo Distrital/Local
CdoSul Cruzeiro do Sul - Instituto de Investigação para o Desenvolvimento, mais tarde José
Negrão
CEA/UEM Centro de Estudos Africanos, Universidade Eduardo Mondlane
CeCAGE/UEM Centro de Coordenação dos Assuntos de Género/UEM
CIDA/CANADA Canadian International Development Agency, Canada
CIP Centro de Integridade Pública, Moçambique
CLUSA Cooperative League of The United States of America
COPSA Cooperativa Agrícola de Prestação de Serviços, Gurué
COV’s Crianças Órfãs e Vulneráveis
DIACONIA Organização social sem fins lucrativos e de inspiração cristã
DNPDR Direcção Nacional de Promoção e Desenvolvimento Rural
DPA Direcção Provincial de Agricultura
DPIC Direcção Provincial da Indústria e Comércio
DPMAS Direcção Provincial da Mulher e Acção Social
DPPF Direcção Provincial do Plano e Finanças
FAO Fundo das Nações Unidas para as Actividades da Agricultura
FARE Fundo de Apoio à Reabilitação da Economia
FDA Fundo de Desenvolvimento Agrário
FILL Fundo de Investimento de Iniciativas Locais
FDD/L Fundo de Desenvolvimento Distrital/Local
FAIJ Fundo de Apoio às Iniciativas Juvenis
FGH Friends in Global Health
FNUAP Fundo das Nações Unidas para o Apoio à População
FONGZA Fórum das ONG’s da Zambézia
GPPDMZ Gabinete Para a Promoção e Desenvolvimento da Mulher na Zambézia
GAPI Gabinete de Apoio a Pequenos Investimentos
HPI Heifer Project International
IMFs Instituições Micro-financeiras
INAS Instituto Nacional de Acção Social
IPCC Instituições de Participação e Consulta Comunitária
IRD International Relief Development
LOLE Lei dos Órgãos Locais do Estado
MCT Mulheres Chefes de Família
MEC Ministério de Educação e Cultura
MINAG Ministério da Agricultura
MMAS Ministério da Mulher e da Acção Social
MPD Ministério da Planificação e Desenvolvimento
MT Metical, moeda moçambicana desde 16 de Junho de 1980
NAFEZA Núcleo das Associações Femininas da Zambézia
NUIT Número Único de Identificação Tributária
OCB Organização Comunitária de Base
ONG Organização Não Governamental
OIIL Orçamento de Investimento de Iniciativas Locais
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OIT Organização Internacional do Trabalho


OMM Organização da Mulher Moçambicana
ORAM Organização Rural de Ajuda Mútua, Moçambique
OTM Organização dos Trabalhadores Moçambicanos
PAFR Programa de Apoio às Finanças Rurais
PARPA Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta
PA Posto Administrativo
PACDIB Projecto de Assistência de Camponeses do Distrito do Búzi
PCR Poupança e Crédito Rotativo
PESOD Plano Económico e Social e Orçamento Distrital
PGR Programa de Geração de Rendimentos
PHDR Painted Hunting Dog Research Unit
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PRE Programa de Reabilitação Económica
PROAGRI Programa Nacional de Desenvolvimento Agrário
Projecto SEGUI Projecto de Seguimento do Programa do Reino dos Países Baixos na Província de
Nampula, através do Cruzeiro do Sul
PROMEC Economic Promotion of Smallholder Farming Unit, Projects of Austria
QAD Quadro de Avaliação e Desempenho
ROSCAS Rotating Savings and Credit Associations
SDAE Serviço Distrital de Actividades Económicas
SDSMAS Serviço Distrital de Saúde, Mulher e Acção Social
SEMOC Sementes de Moçambique
UDAC União Distrital das Associações de Camponeses, Búzi
UNIFEM Fundo De Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher
TVM Televisão de Moçambique
WLSA Women and Law in Southern Africa Moçambique
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AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todas as pessoas que nos apoiaram nos vários momentos


deste estudo.

Ao Ministério da Mulher e Acção Social, Direcções Provinciais e Distritais, a


todas as instituições governamentais contactadas, ao nível nacional,
provincial, distrital, posto administrativo e localidade.

Às organizações não governamentais, associações, organizações


comunitárias de base, redes de organizações.

Ao Centro de Estudos Africanos, da Universidade Eduardo Mondlane, pelas


condições que criou para a realização da pesquisa.

Ao CeCAGE, Centro de Coordenação dos Assuntos de Género, da UEM, pelo


apoio às assistentes de pesquisa.

Aos membros do Comité Técnico-Científico pelas sugestões e força.

À Cooperação Italiana pelo patrocínio.

Às mulheres e homens entrevistad@s e que nos conduziram pelas


províncias e distritos estudados, abrindo-nos as suas vidas, experiências,
desafios, preocupações e sonhos. Um muito obrigado por nos ensinarem a
melhor conhecer Moçambique.
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PREFÁCIO

(3 páginas)
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I PARTE

EMPODERAMENTO ECONÓMICO DA MULHER: ESTUDOS DE CASO NAS


PROVÍNCIAS DE SOFALA E ZAMBÉZIA

Isabel Maria Casimiro1

Introdução

Este livro traz algumas experiências de mulheres envolvidas em actividades associativas e


geradoras de rendimento em Moçambique e questiona como as mulheres desafiam as
normas culturais existentes através da sua participação em processos de tomada de
decisão que garantam um maior controlo sobre as suas vidas. A obra é o resultado duma
pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane
em 2009 com o objectivo de verificar o empoderamento das mulheres na economia das
províncias de Sofala (distritos de Búzi e Chemba) e da Zambézia (distritos de Namacurra e
Gurué) através do controlo de algumas iniciativas económicas endógenas e exógenas,
analisando o tipo de acesso que as mulheres têm tido aos fundos económicos ou iniciativas
similares, a utilização destes fundos e o seu impacto nas suas vida, das famílias e
comunidades.

A equipa da investigação foi constituída pelas investigadoras do Centro de Estudos


Africanos, Isabel Casimiro, a quem coube a coordenação, Amélia Neves de Souto,
responsável pela revisão da literatura, elaboração de um estudo sobre os fundos de
investimento de iniciativa local através da imprensa e pelo levantamento bibliográfico, e
das assistentes da pesquisa, Josina Nhantumbo, trabalhadora da Direcção Provincial da
Mulher e Acção Social em Cabo Delgado e Augusta Maíta, docente do Departamento de
História da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane, que
realizaram trabalho de campo nas províncias da Zambézia e Sofala.

A investigação teve o apoio da Cooperação Italiana que, no seu Plano Operativo referente à
componente Appogio al Ministero della Donna e dell’ Azione Sociale, previa a realização de
uma pesquisa-formação orientada pela Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, cujos
objectivos específicos e conteúdos temáticos foram discutidos e confirmados pelo Comité
Técnico-Científico, criado em 2009 para acompanhar as diversas componentes deste Plano2.

O tema indicado no decurso das reuniões do Comité Técnico-Científico foi


“Empoderamento Económico das Mulheres”, com estudos de caso nas províncias de Sofala
e Zambézia, durante o período de Junho a Dezembro de 2009. Pretendia-se uma pesquisa
participativa na sua elaboração e no trabalho de campo, na apresentação e discussão dos
resultados da investigação e sua incorporação no relatório, através da “implementação de
uma rede de relacionamento entre as mulheres na área de interesse, representativos das

1
Professora Auxiliar, Centro de Estudos Africanos, Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, Moçambique.
2
O Comité Técnico Científico é constituído pelo Ministério da Mulher e Acção Social, Cooperação Italiana, Fórum
Mulher, onde o Centro de Estudos Africanos é Presidente do Conselho de Direcção, WLSA Moçambique
(Women and Law in Southern Africa Research Project), Centro de Coordenação dos Assuntos de Género
(CeCAGE), da UEM, que teve a seu cargo a organização administrativa das assistentes de pesquisa.
12

instituições, da sociedade civil e dos parceiros estrangeiros envolvidos”, a nível local e


nacional.

A Pertinência da Investigação

A partir dos anos 90 do séc. XX tem-se verificado uma crescente deterioração das condições
sócio-económicas de vida, o que tem levado mulheres e homens, não apenas nos países do
chamado Terceiro Mundo, a procurar alternativas para a geração de rendimentos que
permitam cobrir as suas necessidades básicas, através de actividades micro-empresariais de
variada natureza e características.

Paralelamente a este processo têm surgido diversas entidades e organismos nacionais e


internacionais que desenvolvem programas de investigação e de apoio através de vários
serviços virados para este sector crescente e, gradualmente, mais preocupados com as
questões de género devido à grande quantidade de mulheres e homens que trabalham
como microempresárias/os.

Muitas mulheres desenvolvem actividades económicas a nível de subsistência como auto-


empregadas utilizando para tal a tecnologia e o ambiente doméstico, permitindo-lhes
cumprir com as suas actividades produtivas e reprodutivas. Contudo, essa situação acaba
por limitar o seu crescimento pessoal e a abertura de outras possibilidades. Em
circunstâncias diferentes as mulheres desenvolvem actividades de tipo micro-empresarial,
ainda que as barreiras sócio-culturais se mantenham, devido às responsabilidades de gestão
familiar e doméstica (educação e saúde dos filhos e de outros familiares), o que origina que
o tempo disponível para administrar qualquer actividade geradora de rendimento seja
sempre menor que a do homem. Apesar da multiplicidade e simultaneidade de tarefas e
exiguidade de tempo, decorrentes da divisão de trabalho na sociedade, as mulheres têm
conseguido fazer frente às adversidades sócio-económicas e culturais, levando sustento e
melhor qualidade de vida para si e suas famílias recorrendo a diversas estratégias que lhes
permitem gerar rendimentos através de actividades produtivas.

Importa recordar que a Secção 6 da Plataforma de Acção de Beijing, aprovada na


Conferência das Nações Unidas sobre a Mulher, Beijing 1995, apresenta seis (6) objectivos
estratégicos para as Mulheres e a Economia, nomeadamente:

1. Direitos económicos das mulheres e independência, incluindo acesso a emprego,


condições de trabalho apropriadas e controlo dos recursos económicos;
2. Facilitar direitos iguais das mulheres aos recursos, emprego, mercados e comércio;
3. Providenciar serviços de negócios, formação e acesso a mercados, informação e
tecnologia, particularmente para as mulheres de baixo rendimento;
4. Reforçar a capacidade económica das mulheres e redes comerciais;
5. Eliminar a segregação ocupacional e todas as formas de discriminação no emprego;
6. Promover a harmonização das responsabilidades do trabalho e da família para as
mulheres e homens.

Foram igualmente identificados progressos e novos desafios nas revisões de 2000 e 2010 da
Plataforma de Acção de Beijing.
13

Esta pesquisa foi uma oportunidade para analisar e partilhar os progressos, problemas e
desafios, e também pensar acções futuras.
14

CAPITULO I

BALANÇO TEÓRICO E PERSPECTIVAS ANALÍTICAS

O processo de globalização e de reestruturação económica, que o mundo viu acelerar-se a


partir da década de 70 e que se instalou depois de meados dos anos 80 e na década de 90
através dos modelos neo-liberais, tem produzido impactos desiguais à escala local e
individual e com consequências diferenciadas para mulheres e homens. Apesar das
inovações ao nível dos processos de trabalho, das tecnologias de comunicação e
informação e das condições que se têm criado para reduzir a dureza do trabalho, os
processos económicos globais têm incentivado a proletarização ou semi-proletarização e a
crescente desigualdade à escala mundial, o desemprego, o aumento da migração
internacional, a feminização da força laboral, a formação e recomposição das classes sociais
a nível nacional e internacional, e a crescente importância das redes globais. A
reestruturação económica desencadeou o aumento da quantidade total de trabalho
realizado, o aparecimento de novas divisões de trabalho bem como uma distribuição mais
desiquilibrada de todas as formas de trabalho ao nível dos agregados familiares. E as
divisões de trabalho dentro e entre as famílias mudaram do mesmo modo que as divisões
de trabalho a nível internacional (Santos 2001, Santos 1995, Martínez, Moya e Muñoz 1995:
79, 96).

Os membros dos agregados familiares desenvolvem estratégias de sobrevivência


diversificadas que podem incluir o envolvimento no mercado de trabalho, temporário ou
não, poupanças, empréstimos e investimento, actividades produtivas e reprodutivas,
estratégias combinadas de rendimento, trabalho e de recursos. As mulheres dinamizam a
criação e participação em redes sociais, associações ou redes económicas com base na
reciprocidade, para mais facilmente aceder a recursos sobretudo financeiros que permitam
a manutenção dos seus agregados familiares, mas também, efectuam investimentos de
vária ordem que de outro modo não conseguiriam devido aos seus fracos rendimentos e
quase nenhuma poupança (Kabeer 2003).

Em Moçambique, as políticas neo-liberais introduzidas através do Programa de Reabilitação


Económica (PRE) em meados dos anos 80 e, mais recentemente, do Plano de Acção para a
Redução da Pobreza Absoluta, 2001-2005 (PARPA I)3 e PARPA II 2006-2009, originaram
alterações nas condições sócio-económicas dos cidadãos, nas suas práticas quotidianas,
bem como nos sistemas de valores e representações. Estas alterações têm conduzido, no
geral, à pluriactividade dos membros das unidades familiares mas com impactos
diferenciados para mulheres e homens e de acordo com a sua posição económica, estatuto,
idade (Loforte 2000: 137-138).

Estas alterações têm também conduzido ao crescimento do sector não estruturado da


economia, ou seja da economia informal, que constitui a principal variável de ajuste do
mercado laboral sobretudo nos países do Terceiro Mundo. O aumento do desemprego e do
trabalho informal tem sido acompanhado de fortes descidas dos rendimentos laborais e de
uma rápida precariedade do emprego; aumentou o trabalho temporário e de tempo parcial
e, ao mesmo tempo, baixou a qualidade do mesmo. Se é verdade que a presença das

3
Em 2005 organizações da sociedade civil participaram em debates sobre a proposta do governo para o PARPA
II, 2006-2009.
15

mulheres no pequeno comércio ou comércio a média e longa distância possa recuar, por
vezes, até à época pré-colonial em muitos países Africanos é, na actualidade, uma resposta
à pressão económica, à perda de empregos assalariados onde estes existissem, à carestia
de vida, ao desmantelamento das políticas sociais, especialmente nos sectores da educação
e saúde, à falta de empregos e ao facto dos rendimentos agrícolas por si só não permitirem
a manutenção e reprodução social das famílias. Há mulheres a realizarem, por questões de
pobreza e de sobrevivência familiar, uma multiplicidade de tarefas, as quais constituem um
alargamento do trabalho doméstico, sem qualquer visibilidade, reconhecimento ou apoio
legal.

A noção de economia informal tem sido utilizada para cobrir uma enorme variedade de
actividades geradoras de rendimento caracterizadas por salários ou rendimentos baixos,
actividades incertas, irregulares e descontínuas, condições de trabalho estas bastante
adversas e desfavoráveis. São actividades que contam com maior proporção de mulheres
que homens, realizando a maior parte das vezes tarefas/funções diferentes. Pelo peso que
vem assumindo nas últimas décadas, a economia informal, longe de poder ser considerada
marginal, residual ou em declínio, constituiu uma parte vital no conjunto da actividade
económica desenvolvida pelos vários membros dos agregados familiares (Sen e Grown
1988: 36-38, Loforte 2000: 240-251).

A economia informal é o lugar onde se têm estruturado as novas actividades produtivas,


onde se geram novas relações sociais com um maior participação nas decisões a nível
doméstico, de solidariedade e de novas legitimidades (Loforte 2000: 251). Ao realizar
actividades fora do agregado familiar, as mulheres podem ir adquirindo margens de
autonomia que lhes permitam dar sentido às suas condutas e às relações sociais em que se
inserem. A sua incorporação no mercado de trabalho, estruturado ou não, permite
estabelecer uma nova relação com o social, oferecendo-lhes uma base para a sua
valorização individual e social, a possibilidade de maior protagonismo nas instâncias de
tomada de decisão o que não acontece, a maior parte das vezes, com o trabalho doméstico
(Abreu 1995: 89, WLSA Moç. 1998).

A adesão das mulheres a novas formas de cooperação extra-agregado familiar empodera-as


por comparação a outros membros do agregado familiar. Muitas mulheres nestes grupos
são viúvas ou separadas mas a pesquisa em vários países do mundo revela que as casadas
também têm a possibilidade de agir com uma independência considerável dos seus
maridos, mantendo orçamentos separados e por vezes até poupanças (Kabeer 2003: 120-
121). Esta situação foi constatada através da experiência das mulheres com o Projecto de
Fomento de Cabrito, na Aldeia de Mirrepe, mais tarde transformado em projecto de
Pulverização dos Cajueiros, em Mirrepe. “Umas mulheres da Associação são mães solteiras,
outras os seus maridos não têm ocupação e [a Associação]é uma fonte de rendimentos”. São
as associadas que gerem e controlam os fundos e referem não ter tido problemas com os
maridos (Casimiro 2008).

As actividades geradoras de rendimento, através de redes sociais fora do agregado familiar,


conferem às mulheres melhor possibilidade de negociação, maior grau de autonomia e de
poder político, ainda que as relações desiguais de poder, o seu acesso desigual aos recursos
e ao crédito, sejam motivos de desavença com os membros masculinos dos agregados
familiares (Osório e Mejia 2006, Casimiro, Bonate e Mungói 2007). A participação das
mulheres em associações por si organizadas permite-lhes adquirir não apenas recursos
materiais – terra, trabalho e capital – mas também recursos políticos ou sociais acedendo
16

aos mecanismos que lhes assegurem a continuidade do acesso aos recursos. A estima e
influência das mulheres numa comunidade está intimamente relacionada com a sua adesão
a associações extra-domésticas, mais ‘activas’, com origem e propósitos económicos,
através de ligações horizontais e não verticais entre os seus membros (apesar de existirem
associações ‘defensivas’ baseadas na exclusão das mulheres das redes masculinas). Tal é o
caso, por exemplo, das associações de crédito rotativo, tipo xitique, ou de diversos tipos de
trabalho que promovem, e não apenas protegem, a sua posição ao nível do agregado
familiar e da comunidade (Kabeer 2003: 121-122).

As investigações que têm sido realizadas em África, a partir dos anos 70 do século XX, têm
revelado que não é possível continuar a falar de instituições neutras quanto às relações
sociais entre mulheres e homens, as relações sociais de género, uma vez que a sua
participação na vida económica, política, social, religiosa é diversa e tem mudado ao longo
do tempo e do espaço. O estudo dos modelos de participação e dos diversos interesses e
estratégias de mulheres e homens, a distribuição de direitos e responsabilidades e as suas
implicações nas relações com os que os rodeiam e com a sociedade como um todo, tem
obrigado a novas conceptualizações que consideram as relações de género como uma
categoria fundamental para a análise da sociedade e dos processos de acesso e de
participação na tomada de decisão. A capacidade que as mulheres têm para tomar decisões
– participar em órgãos de poder a nível local, participar num projecto gerador de
rendimentos, por exemplo – depende do tipo de ajuda de que dispõem, por parte da família
alargada ou de amigas, se está casada ou não, do tipo de casamento, do ciclo da sua vida,
do seu estatuto e posição social, da vida em meio urbano ou rural, da crença religiosa
professada pelo grupo familiar, da sua educação, das suas vivências e das experiências
históricas da sua região (Casimiro 1999: 1-2).

As mulheres podem considerar estratégico evitar situações potencialmente conflituosas


com os homens, por reconhecerem que as regras do jogo estão contra elas e pelo facto dos
custos da confrontação serem demasiado elevados. A sua segurança, a longo prazo, pode
pois depender da sujeição do seu bem-estar pessoal da figura da autoridade masculina, o
que representa uma estratégia consciente ou também uma avaliação do seu valor, em
tanto que mulheres (Kabeer 2003: 227). Por estas razões, a sua participação nos processos
de tomada de decisão, o seu activismo político, pode assumir características que escapam
às definições convencionais porque são, a maior parte das vezes, silenciosas e invisíveis, e
relacionadas com o agregado familiar, com as estratégias de sobrevivência que
desenvolvem para melhorar as condições de vida da família. Esta tensão entre liberdade e
necessidade, entre o grupo, a comunidade e o indivíduo obrigam a uma aprendizagem de
como e quando considerar os outros interesses, como e com quem negociar, quando e com
quem estabelecer alianças mas, ao mesmo tempo, constitui um terreno privilegiado para
exercitar práticas democráticas (Henriquez s/d).

As experiências variadas de associativismo revelam o surgimento de uma consciência sobre


o papel das mulheres como produtoras de riqueza e maior visibilidade, num processo
dinâmico de mudanças complexas e geradoras de conflitos e de novas situações também
causadoras de tensões a que é necessário fazer face (Osório e Mejia 2006: 89, 92). Uma
mulher entrevistada em Angoche dizia que a situação económica ‘empurra’ as mulheres
para o trabalho fora de casa, o que era impensável antes, permitindo-lhes adquirir, gerir e
controlar os bens necessários à sua sobrevivência, considerando-a positiva, mas resultando
igualmente em maiores dificuldades nomeadamente para contrairem casamento (Casimiro
2008).
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Ana Loforte na sua pesquisa sobre as relações de género e poder entre os Tsonga de
Moçambique adianta que, num contexto de crise económica no País, de fraca capacidade
de intervenção por parte do Estado e devido à exclusão no acesso aos serviços e aos
sistemas de protecção social e institucional, os cidadãos desenvolvem alternativas variadas
de sobrevivência.

Gerando laços sociais através destas redes, criam-se associações informais de carácter económico e social
onde os seus membros se arrogam ao direito de exercer as suas funções com procedimentos próprios,
negociando e defendendo os seus interesses. Para as mulheres, algumas destas associações permitem o
acesso a recursos básicos como a posse da terra, de insumos agrícolas, de instrumentos de produção e
créditos; elas estão ainda presentes em organizações partidárias e religiosas, mediando conflitos,
aconselhando e confortando os necessitados. A importãncia não só numérica, mas também em termos de
liderança nestas associações, faz com que a sua posição nas redes de poder no interior da comunidade seja
transformadora: ela pressupõe novos saberes, novas informações. (…) O seu envolvimento rompe ainda
com a sua condição de invisibilidade pública (Loforte 2000: 250).

1. Desafios da pesquisa e escolhas metodológicas

A pesquisa desenvolvida pretendeu verificar o empoderamento das mulheres na economia


das províncias de Sofala e da Zambézia através do controlo de algumas iniciativas
económicas endógenas e exógenas, analisando especificamente como as mulheres
desafiam as normas culturais existentes para melhorar o seu bem-estar no contexto da
sociedade em que vivem, através do seu envolvimento em variadas actividades associativas
e geradoras de rendimento, com o fim de providenciar as suas necessidades e o seu bem-
estar e deste modo promover também a economia local.

Pretendia-se verificar o tipo de acesso e a existência ou não de discriminação das mulheres


aos fundos económicos ou iniciativas similares, como estas os utilizam e qual o seu impacto
nas suas próprias vidas, famílias e comunidades.

Desejava-se saber o que está a acontecer no quotidiano das mulheres, que iniciativas locais
associativas e de geração de rendimentos estão a ser levadas a cabo, as mudanças e o seu
impacto nas suas vidas e da sociedade em geral. Falamos concretamente nos direitos de
mulheres e homens, nas mudanças nas relações de género e nas estratégias desenvolvidas
pelos vários grupos sociais para tirar benefícios das mudanças, e detectar até que ponto
provocaram situações de maior discriminação para as mulheres e/ou novas oportunidades.
Pretendeu-se apreender a pluralidade das mudanças e não apenas uma mudança em
função duma escolha conceptual, com o fim de revelar as múltiplas relações internas e as
dependências exteriores.

Parte-se da convicção de que as sociedades em estudo não foram, e não são, sistemas
harmoniosamente integrados, mas plenos de variadas dominações políticas ao longo do
tempo e do espaço, intervenções exógenas com impactos diferenciados, que originaram
processos de absorção, integração ou de reelaboração de acordo com os seus códigos, mas
também de resistência, com consequências variadas. Pretendemos perceber o que está a
acontecer através de processos sociais que combinam dinâmicas internas e externas,
processos de destruição e de adaptação ou integração, em função de factores relacionados
com a avaliação das forças internas e externas, da capacidade de manobra por parte dos
diversos grupos e das suas possibilidades de beneficiar com as mudanças. E analisar como
18

os diversos actores sociais vivem as mudanças endógenas e exógenas, como procuram


manter ou alterar as estruturas em seu benefício, tendo em conta a sua posição social,
económica e política, as potencialidades contraditórias que se lhes apresentam no sentido
de escolher modos de viver diferentes.

O processo de pesquisa foi orientado por uma perspectiva feminista e situada, centrada nos
sujeitos, mulheres e homens, como principais actores da realidade social em permanente
mudança (Morin 1998, Espling 1999, Amadiume 1997). Ou seja, o estudo sobre o
empoderamento das mulheres na economia das províncias de Sofala e da Zambézia teve
em conta uma combinação de técnicas de pesquisa, em que a voz das pessoas foi
considerada importante – como as mulheres vivem as suas vidas, as suas percepções, como
têm acompanhado as mudanças que estão a ocorrer na família e na comunidade, que
estratégias têm sido adoptadas para melhorar o seu quotidiano ou beneficiar das mudanças
e como sentem o seu impacto.

Quando se parte da voz das pessoas, procura-se fazer sobressair as suas percepções acerca
do quotidiano e as suas recordações. Recordar é pensar no que passou, no que nos marcou
no passado e continuou pelo presente. Recordam-se os acontecimentos em função das
alegrias ou angústias do passado e do presente, ambas marcadas pelo seu peso. A voz das
pessoas fala como a voz dos livros, cada uma marcada por perspectivas próprias. As
pessoas são testemunhas articuladas, vivem os acontecimentos ou tomam conhecimento
deles por outras pessoas, cada uma com as suas visões, e influenciadas pelo contexto
espacial e temporal dos mesmos e da sua análise.

A perspectiva feminista que nos orientou tem as suas raízes no movimento feminista do
Terceiro Mundo, que incorpora elementos do feminismo marxista, nacionalista e pós-
estruturalista (Mbilinyi 1992: 46-47), que ganhou força e que se visibilizou com as
Conferências Internacionais das Nações Unidas sobre a Mulher, a partir de 1975.
Desenvolvido a partir da década de 80 por feministas do Terceiro Mundo, este outro olhar
feminista procura analisar as dinâmicas sociais, tendo como ponto de partida as diferentes
experiências de diversos grupos de mulheres nas lutas políticas e, como foco, as relações
sociais em análise e acção, nomeadamente as de género, classe e raça-etnicidade; é
localizada num país neo-colonizado, no quadro do sistema-mundo capitalista; e tem uma
perspectiva anti-imperialista. É uma perspectiva teórica e analítica construída a partir das
experiências, desejos, interesses e necessidades de diferentes grupos de mulheres, em
diferentes momentos históricos, e que tem em conta que as mulheres não constituem um
grupo homogéneo e que as suas vivências são multifacetadas (Casimiro 2004: 77).

É uma perspectiva que parte da análise das relações sociais entre mulheres e homens, entre
mulheres e entre homens, permitindo estudar o modo como são construídas, social e
relacionalmente, as identidades femininas e masculinas, e reconhece que a natureza social
da hierarquia de género é a condição fundamental para pensar as transformações e recusar
que as diferenças entre mulheres e homens sejam naturais. A construção da feminilidade e
da masculinidade inter-relacionam-se com as variáveis de raça/etnia, classe, origem
rural/urbana, formação, estatuto, e que a partilha entre poderes, saberes e competências
está em permanente renegociação, originando resistências e contestações, mas também a
aceitação ou a penetração nos espaços da ordem estabelecida, em diferentes momentos e
em contextos espaciais diversos (Casimiro 2004: 79).
19

As nossas perspectivas e análises estão marcadas pelo nosso envolvimento político, pela
nossa vida como docentes e investigadoras, pelo nosso activismo no movimento feminista
e em organizações de mulheres em Moçambique, com base na nossa participação também
em instituições de pesquisa fora da UEM, beneficiando dos debates que vêm sendo
realizados desde finais da década de 90. Como bem diz Yussuf Adam, “A minha análise
abrange um período e um espaço geográfico em que nasci e vivi. É o meu chão.” (Adam 2005:
60). O modo como a pesquisa foi conduzida reflecte a multiplicidade de identidades que
nós mulheres transportamos, identidades essas muitas das vezes contraditórias e em
conflito, mas que enriquecem o nosso olhar feminista. Somos sujeitos observadores duma
sociedade que queremos conhecer e que não nos é exterior, o que significa que a nossa voz
não é invisível e anónima, mas historicamente determinada, com vivências, posições,
desejos e interesses concretos e específicos (Casimiro 2004: 78). A desconstrução destas
identidades é, na perspectiva que nos orienta, vista como condição necessária para uma
compreensão adequada da diversidade de relações sociais, o que nos leva a melhor
entender a multiplicidade das relações de dominação e de subordinação em que nós,
mulheres, estamos envolvidas. As nossas crenças culturais e os nossos comportamentos
como académicas e activistas modelam, deste modo, os resultados das nossas análises e
são parte da evidência empírica, a favor ou contra as solicitações avançadas nos resultados
da investigação (Harding 1987, Mouffe 1996, Mbilinyi 1992, Mulinari 1997).

No processo de realização da pesquisa o nosso acto de conhecimento da realidade


intervém na situação do fenómeno observado (Morin 1998: 24), o que obriga a um processo
permanente e cuidadoso de 'distanciamento' e de 'engajamento', pessoal e temporal. As
múltiplas realidades moçambicanas em mudança, foco da nossa análise, implicam um
permanente reflectir e encontrar formas de traduzir as diferentes maneiras de estar e
pensar o mundo, as outras racionalidades e inteligibilidades, e modos de visibilizá-las,
através de estilos de vida e de discursos, acções e estratégias, que se articulam e
interpenetram, e que escapam muitas vezes à nossa percepção (Casimiro 2004: 78).

1.1. Metodologia

Através da pesquisa pretendia-se especificamente: (i) verificar que tipo de actividades locais
associativas e geradoras de rendimento, endógenas e exógenas, são desenvolvidas pelas
mulheres em famílias com características diferentes; (ii) mapear as diversas actividades
locais associativas e geradoras de rendimento nas províncias em estudo; (iii) investigar o
Orçamento de Investimento de Iniciativas Locais, OIIL, conhecer a sua distribuição pelo país
e especificamente nas províncias em estudo; verificar a distribuição deste Orçamento por
mulheres e homens; conhecimento e condições de acesso; o grau de cumprimento por
parte das mulheres e homens; aplicação dos fundos e sua devolução por parte de mulheres
e homens; auto-sustentabilidade; e (iv) estudar o impacto do empoderamento das
mulheres nos sistemas de desenvolvimento local.

Definiu-se como grupo alvo da pesquisa, mulheres solteiras, casadas, separadas,


divorciadas, abandonadas, viúvas, e em famílias poligâmicas; mulheres em associações de
carácter endógeno e exógeno; mulheres que têm acesso ao OIIL, Micro-Crédito ou
poupanças próprias (xitique, grupos de ajuda mútua).

As variáveis tiveram em conta a pertença de mulheres a famílias com características


diferentes; o movimento associativo das mulheres e as associações de carácter endógeno e
20

exógeno - associações de pequenas produtoras agrícolas, de vendedoras do mercado,


artesãs, pescadoras/apanhadoras de marisco, micro-empresas das mais diversas finalidades
do sector formal e informal - a poupança com base em xitique, grupos de ajuda mútua ou
crédito externo.

A pesquisa adoptou uma metodologia participativa, construída ao longo dos seus vários
momento que englobou, em 2009 a: elaboração do Projecto de Pesquisa; discussão no
Comité Técnico-Científico; trabalho de campo nas províncias e distritos; análise dos dados
pelo grupo da pesquisa; apresentação dos resultados preliminares no Comité Técnico-
Científico; regresso ao local da pesquisa com a apresentação e discussão dos resultados
preliminares na Beira e em Quelimane; e elaboração do relatório final. Durante o ano de
2010 a equipa apresentou e debateu os resultados da pesquisa em seminários organizados
pelo Centro de Estudos Africanos, e um outro pelo Centro de Coordenação para os
Assuntos de Género da Universidade Eduardo Mondlane (CeCAGe), sobre Género e
Desenvolvimento Local, e no Conselho Técnico e no Conselho Coordenador do Ministério
da Mulher e Acção Social.

A metodologia incluiu a discussão permanente do quadro teórico, analítico e metodológico


da pesquisa, a revisão bibliográfica e o conteúdo das entrevistas semi-estruturadas a
mulheres e homens que desenvolvem actividades associativas e geradoras de rendimento,
com características endógenas e exógenas, através de práticas de ajuda mútua, micro-
crédito e com acesso ao OILL ou outros fundos exógenos. Com as entrevistas semi-
estruturadas pretendia-se aferir aspectos relacionados com a tipologia, participantes e
actores, mulheres e homens, que se organizaram em associações e/ou receberam algum
fundo de desenvolvimento local, grau de satisfação dos participantes, formas de gestão,
actividades desenvolvidas e redes estabelecidas, bem como a auto-sustentabilidade.

Também se entrevistaram mulheres e homens que não tiveram acesso a fundos externos
mas que conseguiram organizar actividades geradoras de rendimento, devido à sua
pertença a grupos de ajuda mútua ou de tipo associativo durante um período de tempo
longo.

Através da revisão bibliográfica procedeu-se ao levantamento da literatura existente sobre


o Orçamento de Investimento de Iniciativa Local, OIIL, o Fundo de Desenvolvimento
Económico Local, DEL; O Fundo de Apoio à Reabilitação da Economia, FARE, quer através
de relatórios, quer da leitura de jornais, em Maputo e nas províncias em estudo.

Foram seleccionados para a pesquisa os distritos de Chemba e Búzi, na província de Sofala e


os distritos de Gurué e Namacurra na província da Zambézia, de acordo com os seguintes
critérios, discutidos no Comité Técnico-Científico, nomeadamente: (i) a dinâmica do
movimento associativo de mulheres e de actividades geradoras de rendimento; (ii)
infraestruturas económicas ou não, por exemplo, existência de fábricas, actividades
económicas de escala média e grande; (iii) existência de fundos de desenvolvimento local,
por exemplo OIIL; (iv) a maior ou menor distância da capital da província; na costa e no
interior.

1.2. Conceitos Operacionais

1.2.1. Poder, Empoderamento e Autonomia


21

No campo dos estudos feministas o empoderamento (empowerment) é uma das


ferramentas analíticas mais importantes que articula as questões de género, identidade,
raça/etnia, religião, classe, e o impacto das políticas de desenvolvimento sobre as mulheres.
A sua construção beneficiou dos avanços teóricos e metodológicos de diferentes disciplinas
como a psicologia, a antropologia, a ciência política, a sociologia, a educação, o direito, a
economia. O desenvolvimento deste conceito está relacionado com o tema do poder e com
as relações controversas das mulheres com o poder e tem ocupado um lugar central nos
debates ao nível das Ciências Sociais. Os debates têm colocado questões acerca da inclusão
e da exclusão, sobre a variedade heterogénea de sujeitos sociais cuja aspiração é participar
e ter uma identidade social definida na complexa arena do poder político, sobre o que
significa participar, bem como sobre os desafios das mulheres no sentido de inverter os
esquemas do poder que as marginalizam, tanto no plano formal do normativo-institucional
como na cultura (León 2001: 1).

A discussão acerca das diferentes interpretações de poder no seio do movimento feminista


foi fundamental devido ao facto de se estar perante um conceito considerado neutro e de
conotação unívoca. Para as feministas a sua não neutralidade está relacionada com o facto
de que numa sociedade estruturada pela dominação, a palavra poder significa “domínio”,
um domínio que tem permitido transformar as diferenças entre os seres humanos – de cor,
sexo, religião, etnia, ideologia, língua, classe, etc., – em desigualdades (Léon 2000: 14).

A palavra poder pode referir-se a poder mandar, poder fazer e poder ser, quer dizer, a
dominar e administrar os recursos ou pode significar a habilidade para poder fazer
escolhas estratégicas que conduzam a um processo de mudança ao nível individual e de
grupos, ao nível das normas, das instituições e dos recursos, e ao nível das relações
estruturais de género, classe, etc. (Kabeer 2001: 18-22).

Daí que às feministas se tenham colocado a questão de que tipo de poder propôr quando
se questiona o modelo dominante e se pretende construir um modelo solidário (Eisler 1998:
172-189), questão tanto mais pertinente quanto a experiência de mulheres em posições de
poder nem sempre tem sido desafiadora e não tem gerado mudanças significativas nas
relações de poder, em termos individuais, institucionais e estruturais. Este desafio que
implica muito mais que a igualdade formal entre mulheres e homens, obrigou as feministas
a reflectir sobre os fundamentos do poder bem como do seu exercício em outros moldes,
que possa conduzir à superação das condições actuais e a processos de libertação e de
emancipação das pessoas e da sociedade no geral (Arnfred 2001: 74-76; 83-84).

A utilização do conceito empoderamento por parte do feminismo tem as suas raízes na


importância adquirida pela ideia de poder para os movimentos sociais assim como para a
teoria das Ciências Sociais nas últimas décadas. Os trabalhos de Gramsci4 e Foucault5, bem

4
Partindo do conceito de hegemonia cultural como um meio de manutenção do Estado capitalista, Antonio
Gramsci (1891-1937) conceptualizou nos seus escritos a necessidade da classe trabalhadora desenvolver uma
cultura contra-hegemónica que evidenciasse que os valores da burguesia não representavam os valores
“naturais”, ou “desejáveis” e “inevitáveis” de uma sociedade moderna, e que também pudesse expressar
politicamente os seus próprios interesses. Esta urgência dum sistema educacional que permitisse a formação de
intelectuais na classe trabalhadora corresponde à noção de pedagogia crítica e de educação popular como
teorizadas décadas depois por Paulo Freire no Brasil. Outros analistas consideram também que as suas ideias
serviram de base para o surgimento da Teologia da Libertação.
5
Michel Foucault (1926-1984), um dos principais teóricos e representantes do estruturalismo, põe em evidência
na sua obra as estruturas conceptuais que determinam as articulações entre o saber e o poder, estabelecendo o
22

como a obra de Paulo Freire6 para a América Latina, referem que as relações de poder e as
formas de consciência são históricas e culturalmente condicionadas pelas lutas sociais.
Contudo estes autores não utilizaram o conceito empoderamento e, no âmbito das relações
de poder por si identificadas e discutidas, não contemplaram explicitamente as de género.
A sua utilização por parte do movimento social de mulheres aparece durante a segunda
vaga do feminismo a partir da década de 70, com a contestação aos modelos de
desenvolvimento depois da II Guerra Mundial e que, de uma maneira ou de outra, haviam
invisibilizado as mulheres (Léon 2001: 2, Arnfred 2001: 79-81).

O pensamento das cientistas sociais Maxine Molyneux, Carolyn Moser e Kate Young7 esteve
na vanguarda das observações críticas e as suas contribuições originaram uma reflexão
diferente, a ponto de, no campo da mulher e desenvolvimento, se ter aberto uma nova
designação a que se chamou “Enfoque do Empoderamento”. Estas autoras foram a ponte
nos estudos de género entre o primeiro e o terceiro mundo e o núcleo das suas
preocupações foi a planificação para o desenvolvimento e o seu impacto para as mulheres.
Os seus trabalhos de campo no Peru, Cuba, México e outros países facilitaram o encontro
com as suas colegas feministas do Terceiro Mundo e de forma conjunta e/ou paralela
avançaram em conceptualizações ou projecções teórico-políticas que se foram difundindo
por outras partes do mundo. Colocou-se a necessidade de visibilizar as necessidades e
interesses das mulheres classificados em práticos e estratégicos. Estes avanços levaram a
que o Movimento de Mulheres enfatizasse a criação de consciência, a participação e a
organização (Batthyany 1999: 11-14, León 2001: 3, Arnfred 2001: 2).

O texto mais citado na discussão sobre as origens do termo empoderamento no


movimento de mulheres é o de Sen e Grown (1998) preparado para a III Conferência das
Mulheres em Nairobi em 1985. Ambas membros do grupo DAWN (Development

que é permitido e proibido. O seu pensamento explorou os modelos de poder nas várias sociedades e as formas
em como este se relaciona com as pessoas. Nos seus estudos sobre o poder, o saber, a sexualidade (A
Arqueologia do Saber, Vigiar e Punir, História da Sexualidade, 3 volumes, entre outros) Foucault apela ao
desenvolvimento de uma ética individual de resistência ao poder. Defensor da liberdade humana, crítico das
instituições sociais – psiquiatria, medicina, e o sistema da prisão - conceptualizou sobre o poder e a sua relação
com o saber na história do pensamento Ocidental.
6
Paulo Freire (1921-1997), educador brasileiro que se destacou na área da educação popular a qual contemplava
não apenas a escolarização mas também a formação da consciência. Delineou uma pedagogia da libertação,
intimamente relacionada com a visão do terceiro mundo e das classes oprimidas visando a sua
consciencialização política e libertação. O seu legado principal foi no campo da educação popular para a
alfabetização e a consciencialização política de jovens e adultos operários, tendo exercido influência em
movimentos como as CEBs – Comunidades Eclesiásticas de Base.
7
Maxine Molyneux nas suas pesquisas e escritos sobre movimentos de mulheres e direitos humanos numa
perspectiva feminista, faz referência ao modo como as diversas políticas de desenvolvimento têm afectado as
mulheres, a partir da II Guerra Mundial. Para o desenho de políticas que tenham em conta as diferenças entre as
mulheres em várias partes do mundo e que contemplem a sua participação activa e consciente no sentido do
seu empoderamento, Maxine conceptualizou a distinção entre interesses práticos e estratégicos e necessidades
práticas e estratégicas das mulheres (1985). Este ponto de partida foi considerado fundamental para o desenho
de políticas, programas e actividades desafiadores da discriminação das mulheres. A abordagem foi
posteriormente desenvolvida pelas sociólogas inglesas Caroline Moser e Caren Levi (1986), da University College
London, Development Planning Unit, partindo da existência de duas dimensões na vida das mulheres: o papel
reprodutivo e o produtivo. Esta abordagem deu origem a um “modelo” de formação para mulheres e homens
que trabalham em diversas áreas do desenvolvimento, intitulado Gender Policy and Planning Methodology. Kate
Young foi uma das organizadoras do Gender and Development Course, no Institute of Development Studies (IDS),
Sussex University, posteriormente coordenado por Naila Kabeer.
23

Alternatives with Women for a New Era), também designado MUDAR (Mulheres para um
Desenvolvimento Alternativo)8.

O conceito de empoderamento aparece neste texto elaborado pelo feminismo académico e


activista do Terceiro Mundo como uma estratégia levada a cabo pelo movimento de
mulheres do Sul, com o objectivo de prosseguir na transformação das suas vidas e gerar ao
mesmo tempo uma transformação das estruturas sociais, aspectos considerados como o
objectivo último do movimento. Esta postura política considera o empoderamento
importante, para abranger visões alternativas das mulheres e, ainda, no sentido destas
visões se tornarem realidade no contexto de processos de mudanças lentas ao nível das
relações sociais. O documento enfatiza a necessidade da organização e da prática de
processos democráticos e participativos que possam contribuir para o empoderamento das
mulheres (Léon 2001: 3, Arnfred 2001, Antrobus 2004).

Empoderamento contém a palavra poder e a sua utilização implica uma chamada de


atenção sobre as relações de poder ou do poder como relação social. As mulheres
relacionam-se com o poder de múltiplas maneiras e a sua experiência revela que o poder
pode ser uma fonte de opressão no seu abuso e uma fonte de emancipação no seu uso. As
relações de poder podem, assim, significar dominação, mas também desafio e resistência
para com as fontes de poder existentes ou servir para obter controlo sobre elas, mas
podem ser uma ferramenta para a construção de relações de género solidárias (Léon 2001:
3, Arnfred 2001).

A diferenciação dos tipos de poder existentes constitui um instrumento importante na


compreensão dos alcances do empoderamento. Vários teóricos que têm trabalhado sobre
este assunto consideram que se podem diferenciar dois grandes tipos de poder: o poder
sobre, dominador, controlador, com capacidade de impor decisões sobre os outros; e o
poder positivo, generativo, em que o poder de um aumenta o poder total disponível, um
poder que permite compartilhar o poder e favorecer o apoio mútuo. É o poder para, que
invoca a solidariedade para a transformação e em que, esse poder que uma pessoa ou um
grupo tem, aumenta o poder total disponível. O poder com é o poder de solidariedade e de
alianças. O poder a partir de dentro, de cada um de nós, remete para a capacidade de
transformar a própria consciência e reinterpretar a realidade em que nos movemos. É nesta
noção de poder onde se situa o núcleo do conceito de empoderamento (León 2001: 3-5).

O poder sobre é aquele em que o aumento de poder de uma pessoa ou grupo implica a
perda de poder da outra pessoa ou grupo, mesmo contra toda a resistência e sujeito a
contestação (Loforte 2000: 30)9. É o poder mais comum, aquele a que normalmente nos
referimos. É um poder que limita e que limita muitos sujeitos no seio das sociedades; é um
poder que, ainda que estabeleça regras visíveis, domina e pode manifestar-se na tomada de
decisões em conflitos abertos ou observáveis. É um poder que também se expressa pela
capacidade de decidir sobre o que se decide, e é tão perverso que muitas vezes a pessoa
dominada não tem consciência de que se encontra nesta situação, uma vez que naturaliza a
sua situação de dominação e defende o status quo.

8
O movimento DAWN/MUDAR surgiu de discussões na Índia, aquando dos preparativos para a Conferência das
Nações Unidas sobre a Mulher em Nairobi, 1985. No livro acima referido as suas autoras alertam os
planificadores do desenvolvimento e os políticos para a necessidade de considerar as questões múltiplas de
género, classe, raça/etnia e nação.
9
Loforte faz referência ao conceito de poder de Weber como “a probabilidade de impor a própria vontade, no
interior de uma relação social, mesmo contra toda a resistência e qualquer que seja o fundamento desta
probabilidade” (Loforte 2000: 30).
24

Aqui importa fazer novamente referência à dominação simbólica. Dentro do modelo


dominante existe não apenas uma dominação real, em que as mulheres ou os grupos mais
discriminados são os mais visados, mas também uma dominação simbólica, que nem sequer
se vê porque colada ao inconsciente. Há uma dominação tácita e simbólica sobre os seres
humanos que consegue fazer passar por normal o que é aberrante. É preciso estar-se
atento para se conseguir detectar e desentranhar a dominação simbólica que foi imposta e
que a mulher acata sem ter consciência disso. Talvez só em contraste com uma outra
ordem simbólica seria possível perceber tudo o que existe de dominação nas condutas, nos
sonhos, nas mentiras, nos desejos jamais revelados (Bourdieu 1999, León 2000: 10).

Durante muito tempo o movimento feminista não conceptualizou a questão do poder, por
se tratar de um poder dominador e devido às experiências das mulheres com este tipo de
poder, o que impediu a sua discussão mas, sobretudo, o debate sobre as relações de poder
dentro do movimento, entre movimentos de mulheres de diversas regiões e entre as
próprias mulheres. A reflexão teórica sobre as práticas de exercício do poder ao nível do
movimento de mulheres e de mulheres com cargos de direcção em instituições do Estado e
internacionais constituiu um marco importante no reconhecimento das várias formas de
exercício do poder, e do poder como um recurso para a transformação (Léon 2000: 14,
Kabeer 2001: 44-53, Antrobus 2004).

De uma maneira geral, e aceitando as heterogeneidades, as diferenças que existem entre as


mulheres tendo em conta os ciclos vitais, regiões, classes sociais, etnias, cores de pele,
pode referir-se que as mulheres têm vivenciado diferentes tipos de poder sobre, do poder
dominador, particularmente do poder invisível, e por isso se tem dito que estão na situação
de desempoderamento. Contudo, é necessário assinalar que as mulheres não têm estado
sempre desempoderadas, que têm tido poderes, mas estes são poderes que não se
reconhecem socialmente como tal. São os poderes do privado, do doméstico e em grande
medida do familiar (Loforte 2000). Empoderar a mulher com uma concepção de poder é
apoiar processos que geram poder para, poder com e poder a partir de dentro.

Ana Loforte problematiza a questão do poder considerando que

o poder, em geral, nas sociedades africanas, emerge como eminentemente masculino (…) o olhar mais
atento a estas relações sociais revela-nos que a análise das estruturas formais da linhagem, do poder
institucionalizado ou apenas legitimado, torna-se insuficiente para identificar as características gerais do
poder político e das suas especificidades. A dinâmica própria das linhagens, as estratégias, as
manipulações, as lutas e conflitos de poder revelam que esta desigualdade é muito subtil e «sui generis»
pois os homens desempenham, por vezes, estas funções numa relação de complementaridade com as
mulheres (Loforte 2000: 16-17, 32).

Loforte chama igualmente a atenção para o facto de que a posição de subalternidade a que
a mulher (mas também outros grupos excluídos do poder) está votada no contexto do
modelo patriarcal, não implica ausência de poder, e que a potencialidade de resistência é o
primeiro recurso para os que se encontram excluídos do poder e de direitos (Loforte 2000:
16-17, 32).

A questão do poder e do empoderamento é um aspecto importante na nossa perspectiva


teórica e analítica. Uma das temáticas centrais da literatura feminista do século XX tem sido
a de estudar não apenas as relações de poder existentes mas também as formas
alternativas de perceber e usar o poder, um poder solidário, especialmente no caso das
25

mulheres, a maior parte das vezes invisível, quando analisado através de métodos
convencionais. Como algumas feministas têm assinalado, sob a capa protectora da
“objectividade”, a ciência dominante acabou por considerar “não científicas”,
“subjectivas”, inferiores, as preocupações solidárias porque demasiado femininas, assim
excluindo também o conhecimento solidário – entendido como as relações inter-pessoais, o
cuidado, a atenção pelas pessoas, o bem-estar de pessoas concretas – que foi sendo
utilizado e reproduzido pelas mulheres e também por grupos excluídos da sociedade. Esta
questão está relacionada com a dicotomia entre o público e o privado e a diferente
valorização do que se considera ser a identidade feminina e a masculina, o ser e o fazer de
mulheres e homens. Esta adjudicação de espaços funciona como uma infra-estrutura
material e simbólica na qual se constituíram o sistema económico e o sócio-cultural e
continua a reproduzir-se mesmo quando as mulheres ampliam a sua área de acção e as suas
actividades sociais (Alvarez 2000).

A dicotomia público/privado é problemática quando se analisam as relações ao nível da


família em África, como se os seus membros realizassem actividades económicas
independentes (O’Laughlin 1995), ou quando se defende o mito da mulher trabalhadora e
do homem preguiçoso, na análise da divisão de trabalho ao nível da família rural Africana
(Negrão, 1998a). “(…) Em África a divisão do trabalho é feita entre indivíduos membros da
mesma família, quer seja nuclear ou alargada. Ou seja, a família africana caracteriza-se por
distribuir o trabalho dos seus membros por todos os sectores económicos de onde provenha o
rendimento” (Cruzeiro do Sul Trust Fund 1999: 19-20).

E ainda de acordo com Negrão,

Uma segunda característica é que a família rural usa o tempo de trabalho disponível em função da fonte
de rendimento ser em espécie ou em numerário e de acordo com o género e a idade de cada um dos seus
membros. Isto significa que as famílias ao adjudicarem o tempo de trabalho de cada um dos seus
membros têm em consideração: (i) a produção em espécie e (ii) a geração de dinheiro. Há porém uma
correlação negativa entre a adjudicação do tempo de trabalho para a obtenção de rendimentos em
espécie e para a obtenção de rendimentos em dinheiro, isto é, quanto mais tempo de trabalho for
empregue na procura de dinheiro menos tempo a família tem para a produção de rendimentos em
espécie. Mais ainda, face aos baixos rendimentos auferidos pela família nuclear, a segurança de
reprodução social passa pelo estabelecimento de complexas redes de aliança de linhagens através do
casamento, de obrigações mútuas e de outros mecanismos que implicam a interdependência entre
famílias. Por essa razão a segurança de posse e de acesso à terra está muito mais dependente das relações
de linhagem, manifestas nos direitos consuetudinários, do que das formas de propriedade formais
expressas nos títulos de uso e aproveitamento da terra (Negrão 1998b: 13).

Está-se perante um padrão de distribuição de tempo de trabalho com consequências


sobretudo para a mulher, como produtora de alimentos, mas também para as crianças cuja
mão-de-obra é sobre-utilizada, e que pode perpetuar-se enquanto for mais barato produzir
comida do que “produzir” dinheiro para comprar comida, o que tem implicações no tempo
disponível para o melhoramento das condições de vida da mulher e para a sua participação
nos processos de tomada de decisão (Negrão 1998b: 13).

Parte-se dum conceito de poder em termos de habilidade para poder fazer escolhas10
estratégicas que conduzam a um processo de mudança ao nível individual e de grupos, ao

10
Naila Kabeer chama a atenção para o facto de que a escolha tem conotações neo-liberais fortes, mas uma
outra noção de escolha está também implícita na distinção Marxista entre a “esfera da necessidade” e a “esfera
da liberdade”. A escolha a que aqui se faz referência afasta-se da visão individualista e articula-se com o
processo de empoderamento que implica mudanças ao nível individual e do modelo cultural vigente (Kabeer
2001, Léon 2001, Hooks 1989).
26

nível das normas das instituições e dos recursos e ao nível das relações estruturais de
género, classe, etc. (Kabeer 2001).

O poder no sentido de processo de empoderamento significativo e sustentável, não pode


ser analisado apenas ao nível individual mas também ao nível estrutural; não apenas em
termos formais – por exemplo a igualdade de direitos assegurada pela Constituição – mas
também nas regras e relações que prevalecem nas esferas pessoais, sociais, económicas e
políticas da vida, nas estruturas mais profundas e escondidas, que conformam a distribuição
de recursos e poder e que o reproduzem, ao longo do tempo, traduzindo-se em impactos
significativos na gama de possibilidades viáveis para todos os indivíduos numa determinada
sociedade (Kabeer 2001).

O poder de escolher, de ter autonomia, equaciona a possibilidade ou não que as mulheres


têm de tomada de decisões, enquanto mulheres, com direitos e deveres, na família, na
comunidade, ou sociedade. Define, por isso, um caminho próprio, e não imposto, que
reconheça e respeite os direitos das mulheres no seu processo de procura de melhores
condições de vida para si, para as suas famílias ou comunidades. A capacidade para definir o
seu próprio caminho, tomar as suas próprias decisões, reconhecendo e respeitando os
direitos dos outros, num processo de procura de melhores condições de vida para as
mulheres, para os homens, as famílias e as comunidades, refere-se a e dinamiza toda uma
série de processos, como por exemplo, de individualização, identidade e empoderamento
(empowerment), ou seja, processos de tensão entre liberdade e responsabilidade, entre o
grupo, a comunidade, a família e o indivíduo (Casimiro 1999: 5-6).

As investigações que têm sido realizadas em África, a partir dos anos 70 do século XX, têm
revelado que não é possível continuar a falar de instituições neutras quanto às relações
sociais entre mulheres e homens, uma vez que a sua participação na vida económica,
política, social, religiosa é diversa e tem mudado ao longo do tempo e do espaço. O estudo
dos modelos de participação e dos diversos interesses e estratégias de mulheres e homens,
a distribuição de direitos e responsabilidades e das suas implicações nas relações com os
que os rodeiam e com a sociedade como um todo, tem obrigado a novas conceptualizações
que consideram as relações de género como uma categoria fundamental para a análise da
sociedade e dos processos de acesso e de participação nos processos de tomada de
decisão. A capacidade que a mulher tem para tomar decisões – participar em órgãos de
poder a nível local, participar num projecto gerador de rendimentos, aceder e controlar
recursos – depende do tipo de ajuda de que dispõe, por parte da família alargada ou de
amigas, se está casada ou não, do tipo de casamento, do ciclo da sua vida, do seu estatuto e
posição social, da vida em meio urbano ou rural, da crença religiosa professada pelo grupo
familiar, da sua educação, das suas vivências e das experiências históricas da sua região
(Casimiro 1999: 1-2).

A autonomia tem múltiplas dimensões interligadas, cada uma fundamental, para se


alcançar o controlo sobre as vidas e corpos dos seres humanos: a autonomia física – que diz
respeito à auto definição da reprodução e da sexualidade; a autonomia política –
relacionada com o exercício dos direitos fundamentais de opinião, organização e
participação; a autonomia económica – em relação ao acesso e controlo dos meios de
produção, dos recursos, ou seja, das condições económicas que assegurem o bem-estar; a
autonomia sócio-cultural – relativamente a aspectos de identidade e auto-estima. A
autonomia refere-se e dinamiza toda uma série de processos que combinam
individualização, identidade e empoderamento (Henriquez s/d).
27

A questão da autonomia é fundamental, em África, porque entra, a maior parte das vezes,
em choque com o que é considerado o aspecto central da 'cultura africana' – ou seja, a
mulher como uma grande mãe, sempre pronta a dar e a nunca receber, a trabalhar e sem
tempo para descansar. Esta moralidade, baseada no cuidar do outro, e muito influenciada
pelos ideais cristãos, reforça-se com as identidades de base entre as mulheres Africanas e,
mesmo que não se trate de mulheres-mães, esta maternidade projectou-se como
representação da 'maternidade social' (Henriquez s/d, McFadden 1998). A experiência das
mulheres, e a socialização diferencial que recebem, prepara-as para desempenharem, com
diversos códigos, vários tipos de práticas, consolidadas com base na experiência familiar, na
doméstica, na comunidade e na experiência das sociedades nacionais e das suas
instituições. Na medida em que os códigos nem sempre se correspondem, as mulheres vão
ter de assimilar diversos procedimentos para reelaborar códigos e estratégias de acordo
com os cenários que se lhes apresentam. Por outro lado, e com base na sua experiência de
subordinação e na assimetria das relações interpessoais entre os géneros, as mulheres têm
experimentado, na maioria das sociedades, o que se denominou de 'cultura do
subordinado', ou seja, um comportamento em que é preciso estar alerta para o que se
espera das mulheres, no sentido de evitar a confrontação (Henriquez s/d).

As mulheres podem considerar estratégico evitar situações potencialmente conflituosas


com os homens, por reconhecerem que as regras do jogo estão contra elas e pelo facto dos
custos da confrontação serem demasiado elevados. A sua segurança, a longo prazo pode,
pois, depender da sujeição do seu bem-estar pessoal, para o da figura da autoridade
masculina, o que representa uma estratégia consciente ou também uma avaliação do seu
valor, em tanto que mulheres (Kabeer 2003: 227). Por estas razões a sua participação nos
processos de tomada de decisão, o seu activismo político, pode assumir características que
escapam às definições convencionais, porque são, a maior parte das vezes, silenciosas e
invisíveis, e relacionadas com o agregado familiar, com as estratégias de sobrevivência que
desenvolvem para melhorar as condições de vida da família. Esta tensão entre liberdade e
necessidade, entre o grupo, a comunidade e o indivíduo obrigam a uma aprendizagem de
como e quando considerar os outros interesses, como e com quem negociar, quando e com
quem fazer alianças mas, ao mesmo tempo, constitui um terreno privilegiado para exercitar
práticas democráticas (Henriquez s/d).

Ao abordar a questão do desenvolvimento, a Zambiana Sara Longwe11 propõe uma


reconceptualização do conceito, o qual deverá ser pensado em termos de participação nas
decisões que afectam o acesso e controlo das pessoas sobre os recursos, e não apenas no
que respeita ao acesso aos recursos, à formação, educação ou poder (Longwe 1990).
Todavia, o processo de participação na tomada de decisões é moroso, implica negociação e
conflito, relações de poder entre os vários actores em presença. Este processo está
relacionado com as experiências de participação ao nível dos agregados familiares e
comunidades, dos seus diferentes membros, mulheres, homens, jovens, e depende da
economia política de cada região e dos momentos históricos. Neste sentido, fala-se de
comparticipação no poder e não apenas de acesso a bens de valor, num processo que
respeite e promova a habilidade das mulheres definirem as suas próprias prioridades e de
fazer as suas próprias escolhas (Kabeer 2003, 2001).

11
Sara Longwe é uma feminista activista da Zâmbia, uma das fundadoras e presidente da FEMNET – African
Women’s Development and Communication Network, em 1988, sendo hoje apenas membro do seu Comité
Executivo. Em 2003 e em conjunto com Maeza Ashnafi, Etíope, que organizou the Ethiopian Women Lawyer’s
Association, foi agraciada com o 15º Africa Prize for Leadership.
28

1.2.2. Pobreza

O objecto central da pesquisa sobre o empoderamento económico da mulher, leva-nos à


discussão não apenas do conceito de empoderamento, mas igualmente o de pobreza, na
medida em que a participação das mulheres em actividades associativas e geradoras de
rendimento tem como objectivo a luta contra a pobreza, a fim de obter a satisfação de
necessidades básicas em termos de alimentação, água potável, saúde, educação, habitação,
entre muitas outras.

Consideramos que o significado de Pobreza não está apenas relacionado com o facto de
não ter trabalho - no sentido de trabalho assalariado –, temer o futuro ou viver cada dia sem
saber o que acontecerá no dia seguinte, mas sobretudo com a ausência de poder, de
representação e de liberdade. O principal objectivo das políticas de desenvolvimento
deveria ser o de libertar as pessoas da pobreza, mas esta não é apenas uma questão de
dinheiro ou de mercados, de educação ou de saúde – ainda que todas estas questões sejam
fundamentais – mas sobretudo uma questão de acesso das pessoas aos recursos e sobre a
possibilidade real e concreta de melhorar as suas vidas, duma forma solidária e sustentável,
do ponto de vista económico, social, cultural e ambiental.

Milhões de pessoas em todos o mundo vivem com fome, doenças e desespero, num
contexto de pobreza que parece ser parte natural e inevitável da paisagem geopolítica para
uma minoria privilegiada. Por diversas vezes ouvimos declarações de chefes de Estado do
chamado mundo desenvolvido reiterando os seus compromissos de “erradicar a pobreza”,
sem que todavia se vislumbre a sua vontade de atacar as causas sistémicas da pobreza, mas
na prática apenas uma vontade das elites corporativas e políticas de manter o status quo.

A verdade é que as instituições multilaterais, empenhadas nas políticas de


“desenvolvimento”, aderem a estratégias de crescimento neoliberais orientadas para as
privatizações, acumulação de capital e inversões. Estas instituições, incluído o Banco
Mundial, ignoram persistentemente a evidência de que o crescimento não alivia
necessariamente a pobreza, podendo ainda aumentá-la. Muitas organizações da sociedade
civil promovem programas de desenvolvimento social de pequena escala em países
empobrecidos, mas enquanto as políticas económicas e sociais continuarem a favorecer
uma distribuição desigual da riqueza, a pobreza continuará a ser a marca da realidade para
a maioria das pessoas do mundo.

No que respeita à problemática das medições da pobreza importa salientar que, devido à
natureza polémica dos estudos sobre a pobreza, alguns dos problemas que têm sido
colocados nas medições internacionais são os mesmos com que se debatem os países ao
estabelecer linhas de pobreza nacional. Ainda que possa ser útil recorrer a medidas
baseadas no rendimento, estas acabam sendo insuficientes num contexto em que os
conceitos de pobreza se tornam mais complexos e menos unidimensionais. Existe
actualmente um consenso amplo de que o acesso à saúde e à educação é tão importante
como o rendimento e que, no futuro, estes consensos também deverão incluir o
empoderamento e a participação cidadã.

Explícito ou não, o facto de realizar comparações entre os países exige o estabelecimento


de critérios como pontos de partida, particularmente se é necessário, e também possível,
29

estabelecer uma linha de pobreza comum em função da qual seja possível comparar todos
os países, bem como determinar as próprias características da pobreza.

O Banco Mundial defende a conveniência de realizar estas comparações em relação ao


consumo ou rendimento e, em particular, fixou a base de um dólar por dia por pessoa
tendo em conta os poderes de compra de 1985. Contudo, um dos questionamentos é a
dificuldade de se fixar, desta forma, uma linha de consumo básica mundial perante a
diversidade de obtenção dos requisitos básicos calóricos e nutricionais nas diferentes
partes do mundo ou mesmo dentro de regiões.

Amartya Sen, um dos teóricos destacados na conceptualização, operacionalidade e


desenho da metodologia para a medição da pobreza e desenvolvimento humano, analisou
que o progresso não se pode medir com os produtos básicos per capita usuais. Afirma a
necessidade de avançar para uma visão mais ampla e real do que são progresso e pobreza.
Ao invés de medir a pobreza pelo nível de rendimentos, Sen recomenda calcular o que o
indivíduo pode conseguir fazer com esses rendimentos para se desenvolver, tendo em
conta que os rendimentos variam de um indivíduo para outro e de um lugar para outro.

Para Sen a história das últimas décadas mostrou que sem desenvolvimento social não há
desenvolvimento económico sustentável. As suas contribuições foram de grande utilidade
para a elaboração do Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas.

Os esforços do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), cristalizados


no Índice de Desenvolvimento Humano, apontam no sentido de ampliar as dimensões nas
quais se vai avaliar o desempenho dos diversos países. Nos últimos tempos têm-se incluído
também no conceito de pobreza dimensões não materiais ou simbólicas como o saber
manejar os vários códigos de modernidade, entre os quais: disposição analítica, capacidade
de processamento de informação, habilidades de comunicação e de gestão, com o
objectivo de poder participar plenamente no mundo globalizado e adaptar-se às novas
formas de trabalho e produção. E, na medida em que a pobreza se define em termos de
falta de bem-estar ou de recursos para optar por uma boa qualidade de vida, são
fundamentais variáveis como a disponibilidade de tempo livre, segurança cidadã, protecção
em relação à violência pública e doméstica, protecção perante situações de catástrofe,
entre outras.12

A pobreza não é apenas vista como ausência de trabalho, viver com menos de 1 dólar
americano por dia, como definido pelo Banco Mundial, mas sobretudo através da análise do
que pessoas concretas podem fazer com o rendimento conseguido, tendo em conta a sua
diversidade (Amartya Sen). Pobreza também é ausência de poder, de representação e de
liberdade, como resultado de relações de poder que afectam mulheres e homens de forma
diferenciada e também grupos da sociedade mais discriminados, mas chamando a atenção
para as dimensões específicas que explicam as desvantagens das mulheres: a invisibilidade
do trabalho doméstico não remunerado; a pobreza de tempo que lhe está associada; a
discriminação laboral e salarial contra as mulheres; a relevância dos estudos sobre a família
a partir duma perspectiva de género e os desafios para as políticas públicas. Daí o
imperativo duma análise feminista com enfoque de género que “revela e clarifica como o
género determina ou influencia as relações sociais e políticas e as estruturas de poder e os

12
Compilado de: Choike.org. http://www.choike.org/nuevo/informes/3156.html. Acessado a 12 de Novembro de
2008.
30

efeitos económicos diferenciados que resultam destas relações e estruturas” (Inter Pares
2004: 4).

1.2.3. Economia informal

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a economia informal


contempla “todas as actividades económicas de trabalhadores e unidades económicas que
não estão cobertas – pela legislação ou pela prática – pelas disposições oficiais que as
enquadram, regulamentam e disciplinam; estão excluídas do seu campo, as actividades ilícitas,
delituosas e criminosas (tráfico de armas e droga, contrabando, etc.)” (Cruzeiro do Sul 2006:
8-9).

1.2.4. Micro-Crédito

Catarina Trindade (Trindade 2007: 5-6) refere que:

O termo micro-crédito não existia até à década de 70. Hoje em dia, existem diversas definições do termo,
este é designado para caracterizar uma imensidão de formas de crédito, o que tem vindo a criar alguma
confusão. (...) No geral, designa uma variedade de empréstimos cujas características comuns são o facto
de serem de pequeno valor, serem direccionados a um público restrito (desempregados, pequenos
empresários e outras pessoas que vivem na pobreza), definido pela sua baixa renda ou pelo seu ramo de
negócios, que geralmente não têm acesso às formas convencionais de crédito. Este conceito
proporcionou, com enorme sucesso, o desenvolvimento de projectos de pequenas empresas e o auto-
emprego, facultando às pessoas que tiveram acesso ao crédito a possibilidade de gerar renda e, em
muitos casos, melhorar a sua condição de vida e sair da pobreza. Assim, caracteriza-se como uma política
de combate à pobreza e não tanto como uma política de financiamento.
Yunus sugere uma classificação do micro-crédito mais alargada, para que, quando falemos em micro-
crédito, saibamos a qual destas formas nos estamos a referir. São elas:
 Micro-crédito informal tradicional – empréstimos feitos a amigos e familiares, entre outros;
 Micro-crédito baseado em grupos tradicionais informais – o chamado xitique, utilizado em
Moçambique, é um deles;
 Actividades-base de micro-crédito através de bancos convencionais ou especializados – crédito
agrícola, de animais ou pesca, entre outros;
 Crédito rural através de bancos especializados;
 Micro-crédito cooperativo – Crédito cooperativo, uniões de crédito, associações de poupança e
empréstimo, bancos de poupança;
 Micro-crédito de consumo;
 Micro-crédito baseado na parceria entre bancos e ONG’s;
 Crédito Grameen;
 Outros tipos de micro-crédito de ONG’s;
 Outros tipos de micro-crédito que não de ONG’s.

1.2.5. Associativismo

A expressão associativismo designa, por um lado, a prática social da criação e gestão das
associações (organizações providas de autonomia e de órgãos de gestão democrática,
também designados órgãos sociais: assembleia geral, direcção, conselho fiscal) e, por outro
lado, a defesa dessa prática de associação, enquanto processo não lucrativo de livre
organização de pessoas (os sócios) para a obtenção de finalidades comuns. Pode ser
entendido como uma forma de organização em constante e permanente integração e que
tem como finalidade conseguir benefícios comuns através de acções colectivas.
31

As associações, sendo uma emergência social, de acordo com contextos espaciais e


temporais específicos, devem assentar na vontade dos indivíduos, devendo promover a
integração social, aprendizagem permanente, formação, interiorização da prática de
partilha e solidariedade. Para muitas pessoas a associação constitui a única forma de aceder
a recursos, bens, fundos e também de acção social (Instituto Ecológica 2007).

Pensamos ser fundamental distinguir entre associações de carácter endógeno e exógeno


tendo como ponto de partida investigações que têm sido realizadas em Moçambique e
noutras partes do mundo. Endógeno implica “ampliação a partir de dentro”. A associação
endógena parte da iniciativa e das necessidades sentidas pelos seus membros, dos valores
e práticas locais, para uma melhoria da qualidade de vida em todos os sentidos, materiais,
sócio-culturais e até espirituais. Desenvolvimento endógeno “é um crescimento que implica
uma contínua ampliação da capacidade de agregação de valor e qualidade de vida e/ou na
capacidade de retenção de valor gerado na economia local, resultando da ampliação do
emprego, do produto e da renda, baseado em recursos, estratégias e iniciativas próprias”.
Os factores propulsores são a endogeneização das poupanças e a acumulação de
conhecimento, inovações, competências tecnológicas, com aumento da produtividade dos
factores (Jaiantilal 2009).

As associações são muitas vezes uma resposta à extrema pobreza e vulnerabilidade, sendo
possível detectar a sua génese nos grupos culturais, de ajuda mútua e religiosos, onde se
encontram os elementos de identidade e coesão. Sogge (1994) e Negrão (2003)

avançaram com algumas tentativas de sistematizar as percepções sobre a associativismo onde o “modus
operandis” de forma sincrónica é uma variável determinante. Para estes autores no período colonial e
pós-colonial o movimento associativo de carácter voluntário estava confinado ao poder que o Estado
concedia e estruturava quando por exemplo controlava associações laborais, religiosas e a ao mesmo
tempo as criava como foi o caso das associações democráticas de massas numa fase mais avançada (…)
Há imperativos históricos de políticas económicas coloniais e pós coloniais que condicionam o
desenvolvimento do tecido institucional com vista a dar resposta a iniciativas empreendedoras. Se por um
lado o tecido institucional tradicional baseado no poder das chefaturas locais e relações resultantes da
respectiva estrutura social pode ser um entrave ao desenvolvimento de relações horizontais nas
associações, paradoxalmente este poder tradicional constitui a base das redes sociais sobre a qual a
associação funciona como expressão da solidariedade entre os membros (Cruzeiro do Sul, 1999: 14-24.
34).

Muitos dos projectos de desenvolvimento em Moçambique, com o objectivo de reforçar as


capacidades das associações e as iniciativas empreendedoras à escala local, são concebidos
e implementados sem consulta e debate com as comunidades, convertendo-as em
receptoras passivas, dificultando a prática de novas dinâmicas para o desenvolvimento local
e consequentemente para o empoderamento dos seus membros (Negrão 2003). São estas
associações, concebidas de fora e não a partir da iniciativa e da vontade dos membros que
designamos por exógenas.

De acordo com um estudo realizado no âmbito duma pesquisa sobre “Desenvolvimento e


Comunidade, no Distrito Urbano nº 5 da cidade de Maputo, “As práticas sociais de ajuda
mútua remontam aos primórdios da (s) sociedade (s) humana (s). Talvez por isso, tendam a
apresentar uma certa familiaridade, aparecendo a um observador mais desatento como algo
de natural, e não como um fenómeno sujeito a variações trans-históricas. (...) No campo das
explicações, os posicionamentos são vários (...)” (Reis e Temba 1995: 1). O estudo faz
referência às correntes organicistas´, perspectiva evolucionista, às teorias relativas à acção
social e à divisão social do trabalho. Tendo como ponto de referência as diversas
32

perspectivas teóricas “(...) a ajuda mútua pode ser apreendida, como modalidade de acção
social, e como tal inserida em estratégias de solidariedade, em contextos de reprodução social.

A ajuda mútua, como forma específica de acção social, remete-nos para a observação das linhas de acção
que os agentes sociais constroem sem cessar na prática, e que são objectivamente orientados. Esses
mesmos agentes sociais estão inseridos em estruturas historicamente formadas. No caso de Moçambique
estão por estudar as condições e os processos de formação dessas mesmas estruturas. Contudo é possível
discernir práticas de ajuda mútua inscritas em estruturas sociais complexas, marcadas por ambientes de
confiança e risco em que o tradicional e o moderno se interinfluenciam. ... Contudo, todos estes processos
estão profundamente marcados pela globalização e atravessados, por isso mesmo, por influências que
advêm da intensificação das relações sociais de escala mundial (Reis e Temba 1995: 2 e 9).

As práticas de ajuda mútua mais comuns que se podem encontrar em Moçambique são:
Xitique, Tsima, Kuthekela, Mukhosi wa mina.

Xitique é uma palavra Tsonga que significa poupança. De acordo com Teresa Cruz e Silva
(Silva, 2003), uma das formas mais comuns para a realização de poupanças nos mercados
informais. Baseado em formas muito simples, o processo inicia-se normalmente a partir de
um grupo de amigos que se juntam, fixam o montante da contribuição de cada membro e a
periodicidade dos encontros para prestação de contas e distribuição rotativa da poupança,
por cada um deles. A forma de pagamento não tem que ser necessariamente monetária,
havendo casos em que essa contribuição se traduz em bens materiais. Os fundos circulam
entre os seus membros e a sua colecta e distribuição funcionam, regra geral, na base da
confiança e empatia, ao mesmo tempo que obriga cada membro do grupo a fazer a
poupança de um montante predeterminado e dentro da periodicidade previamente
definida para o pagamento da sua quota. A distribuição da poupança entre os membros do
grupo é feita periódica e rotativamente.

O xitique é um exemplo de fenómeno social total pois a sua função não é unicamente para a aquisição de
recursos financeiros, mas em simultâneo nele desenvolvem-se teias de relações entre os seus membros
com vista a garantir a coesão do grupo doméstico e o acesso e controlo de recursos (Reis e Temba 1995:
5).

Tsima constituiu um

Grupo que envolve membros de vários agregados familiares para trabalhos agrícolas, construção de casa,
de celeiros, destronca de árvores na machamba, etc. Para cada actividade há um tipo específico de tsima;
de construção de casa, de colheita, etc. O grupo convocado propõe-se realizar o máximo de trabalho em
pouco tempo. A compensação do tsima consiste na oferta de uma refeição, acompanhada de bebida de
fabrico caseiro, aos participantes do trabalho, pelo agregado familiar que os solicitou (Reis e Temba 1995:
5).

Kuthekela é uma

Estratégia geral organizada pelos agregados familiares agrários no sul de Moçambique para se
protegerem da fome. Consiste na deslocação de membros de agregados familiares para locais onde existe
abundância de produtos para a prestação de serviços em troca de produtos alimentares (uma lata de
milho, uma lata de farinha), ou dinheiro (Reis e Temba 1995: 5).

Mukhosi wa mina,

Trata-se duma relação de ajuda mútua entre mulheres e baseada na amizade. Estas têm tendência para
buscar formas de suporte e solução dos seus problemas fora do sistema da linhagem, utilizando para tal a
amizade. Termo tsonga que significa minha amiga íntima, é uma forma de amizade que duas adolescentes
cultivam entre elas até à idade adulta. Visitam-se mutuamente e nessas visitas a mukhosi leva à casa da
33

amiga alimentos, um pote de bebida de fabrico caseiro e outras ofertas. De referir que os pais participam
activamente na recepção da mukhosi da filha conferindo-lhe um tratamento semelhante ao dispensado à
própria filha, sendo incorporada como membro do agregado familiar. Na idade adulta a amizade entre as
duas continua. Em caso de necessidade de ajuda para cuidado dos filhos, a mulher recorre à sua mukhosi.
Os momentos de tristeza e/ou alegria são partilhados com a mukhosi (Reis e Temba 1995: 5-6).

O que se tem verificado é que estas práticas sociais de ajuda mútua se mantêm no
presente, estão na base de algumas associações mais formais que se têm criado e, no caso
do xitique, têm sido fundamentais para as mulheres pouparem dinheiro para adquirir bens
para a família ou para investirem em actividades geradoras de rendimento. Mulheres há que
acedem a micro-crédito de instituições formais mas a sua capacidade de devolução está
dependente de poupanças com base no xitique.

Há exemplos de associações de carácter endógeno que se foram desenvolvendo e


organizando para melhor servir os seus membros, tal é o caso das Associações de Poupança
e Crédito Rotativo ou ROSCAS e as ASCAS, que têm como base as poupanças dos seus
membros. São associações de ajuda mútua, normalmente geridas por mulheres, que
poupam pequenas quantias, podendo beneficiar de empréstimos dos valores comuns numa
base circulatória.13

As ROSCAS (Rotating Savings and Credit Associations), conhecidas como Associações de


Poupança e Crédito Rotativo (PCR) são constituídas por um grupo de indivíduos que fazem
contribuições regulares para um fundo comum, que é então emprestado na sua totalidade
a um dos membros em cada ciclo dando a esse membro a possibilidade de aceder a uma
grande quantidade de capital que doutro modo não seria possível. Existem em várias partes
do mundo tendo designações diferentes, como por exemplo Tontines, na África Ocidental,
Xitique em Moçambique.

ASCAS (Accumulated Savings and Credit Associations), é uma instituição mais complexa e
flexível que a ROSCA permitindo servir melhor os seus membros e em que: i) as poupanças
podem ser fixas ou variáveis; ii) não há obrigatoriedade de aceder ao crédito disponível por
parte de cada membro, sendo este apenas atribuído aos membros que o solicitarem; iii)
muitas vezes há um fundo disponível para qualquer eventualidade, desastre, alguma forma
de seguro.

13
Ver: http://worldrelief.org/Page.aspx?pid=794. Acessado a 23 de Agosto de 2009.
34

CAPÍTULO II

AS ÁREAS DE ESTUDO

Introdução

Como foi referido no início, o trabalho de campo foi desenvolvido nas províncias de Sofala,
distritos de Búzi e Chemba, e Zambézia, distritos de Namacurra e Gurué.

A preparação e a realização do trabalho no terreno na Cidade de Maputo e nas províncias de


Sofala e Zambézia exigiram sensibilidade e criatividade, diplomacia e uma autêntica
engenharia de contactos, através do Ministério da Mulher e Acção Social e as suas Direcções
Provinciais e Distritais, instituições do Governo aos vários níveis, associações da sociedade
civil, organizações comunitárias de base, e também através de pessoas individuais.

Ao pretendermos verificar o empoderamento das mulheres na economia das províncias de


Sofala e da Zambézia através do controlo de algumas iniciativas económicas endógenas e
exógenas, investigando como as mulheres desafiam as normas culturais existentes para
melhorar o seu quotidiano no contexto da sociedade em que vivem, através do seu
envolvimento em variadas actividades associativas e geradoras de rendimento, com o fim
de providenciar as necessidades humanas e o bem-estar e deste modo promover a
economia local. E analisar o tipo de acesso que as mulheres têm tido aos fundos
económicos ou iniciativas similares, procurando saber até que ponto e de que modo têm
sido beneficiadas, como têm utilizado os fundos e como estes têm contribuído para mudar
a sua vida, a vida das famílias e das comunidades.

Os capítulos III, IV e V incluem os resultados da pesquisa de acordo com os objectivos


definidos.

O Capítulo III apresenta o levantamento das actividades locais associativas e geradoras de


rendimento, endógenas e exógenas, desenvolvidas por mulheres em famílias com
características diferentes de entre as quais: mulheres solteiras, casadas, separadas,
divorciadas, abandonadas, viúvas, em famílias poligâmicas; mulheres em associações de
carácter endógeno e exógeno; mulheres que têm acesso ao Micro-Crédito ou poupanças
próprias (xitique, grupos de ajuda mútua, etc.), nas províncias e distritos em estudo, de
acordo com as suas especificidades. Este Capítulo contém igualmente dados recolhidos
sobre o INAS (BST e PGR), Caixa de Crédito, ADELZA, FARE, Poupança e Crédito Rotativo
(PCR).

O Capítulo IV apresenta as informações referentes ao OIIL, sua distribuição pelo país e


especificamente nas províncias em estudo; a sua distribuição por mulheres e homens;
conhecimento e condições de acesso; o grau de cumprimento por parte das mulheres e
homens; aplicação dos fundos e devolução por parte de mulheres e homens; auto-
sustentabilidade, e o impacto na vida das pessoas e na economia local.

O Capítulo V reflecte sobre o objectivo do estudo avançando algumas conclusões,


nomeadamente no que diz respeito ao envolvimento das mulheres - em famílias com
características diferentes e níveis variados do movimento associativo - em associações e
35

actividades geradoras de rendimento, verificando até que ponto este envolvimento desafia
as normas culturais e como as mulheres e homens reagem, e ao seu impacto no quotidiano
e na vida da economia local.

Como referido no Capítulo I, as perspectivas e análises estão marcadas pelo nosso


envolvimento político, pela nossa vida como docentes e investigadoras, pelo nosso
activismo no movimento feminista e em organizações de mulheres em Moçambique. O
modo como foi conduzida a pesquisa reflecte pois esta multiplicidade de identidades que
transportamos mas que enriquecem o nosso olhar feminista. Somos sujeitos observadores
duma sociedade que queremos conhecer e que não nos é exterior, o que significa que a
nossa voz não é invisível e anónima, mas historicamente determinada.

O terreno é humano. O pesquisado é simultaneamente objecto e sujeito, e não se pode eliminar o carácter
intersubjectivo de qualquer relação de homem para homem. (...) O investigador não pode eliminar a sua
dualidade interna. Além disso, esta deve mostrar-se aos pesquisados. (...) A arte da pesquisa está em viver
esta dupla personagem do interior e de representá-la no exterior, está em enriquecer dialecticamente
participação e objectivação. Não pretendemos que o conseguimos, pretendemos que é preciso tentar
consegui-lo. Assim, à dupla natureza do pesquisado, sujeito e objecto, deve responder um duplo eu do
pesquisador (Morin 1998: 176).

1. Província de Sofala. Contextualização e Indicadores Sócio-Económicos14

O Sul de Sofala faz limite com a província de Inhambane, através do rio Save, a Oeste com a
província de Manica, a Norte com as províncias de Tete e Zambézia através do rio Zambeze
e a Este com o Oceano Índico. A província de Sofala possui 13 distritos incluindo a cidade da
Beira.

A província de Sofala tem uma superfície de 68,018km2 e uma população estimada em


1.654.163 habitantes, com uma taxa anual de crescimento de 2.6%. Cerca de 52 % da
população são mulheres e 40% têm idade entre 15 e 49 que coincide com a população
activa. A população que vive no meio rural é constituída por 1.092.145 habitantes, o que
corresponde a 66% do total. A densidade populacional é de 24 habitantes por km2.

Mais de 60% da população vive nas zonas rurais, onde a taxa de prevalência da pobreza se
situa em 36.1%. De entre as causas da pobreza ao nível da província destacam-se: factores
sócio-culturais; acesso limitado a formação e informação; calamidades naturais;
disponibilidade não abrangente de infra-estruturas básicas; difícil acesso ao capital/crédito e
aos mercados e fraca oferta de emprego.

Em relação à agricultura, a província possui uma área de 3.270.000 hectares dos quais estão
em uso 454.600 ha e 2.816.000 ha estão disponíveis para investimento. A área de potencial
pecuário é de 2.700.00 ha com uma ocupação activa de 91.704 ha.

14
Dados retirados de: “Apresentação dos Resultados Definitivos e de Indicadores Sócio-Demográficos do Censo
2007”, Beira, 11 de Junho 2009. www.ine.gov.mz.
36

As culturas alimentares básicas da província são: cereais (milho, mapira e arroz); hortícolas
diversas (tomate, cebola, alho, repolho e outras); leguminosas (feijões, amendoins, feijão
bóer); culturas de rendimento (algodão, gergelim, caju, girassol e ananás).

Ao nível da Pecuária destaca-se a criação de animais (gado bovino, caprino e aves) e quanto
à Pesca há seis distritos (Beira, Muanza, Búzi, Marromeu, Machanga e Dondo) que fazem
parte do Banco de Sofala, a mais importante reserva de recursos pesqueiros do País. Os
produtos pesqueiros predominantes são o peixe, camarão, caranguejo, lagosta, amêijoa e
lulas, com um potencial de captura avaliado em 141.120 toneladas/ano.

A maior parte das infra-estruturas sócio-económicas está concentrada ao longo do corredor


da Beira, na região centro.

Os recursos hídricos estão disponíveis na maior parte do ano com destaque para os rios
Zambeze, Pungué, Búzi, Save e Urema, o que torna as áreas por onde passam propícias
para a produção agro-pecuária.

A sua capital é a cidade da Beira, construída em terreno plano abaixo do nível do mar,
estendendo-se da linha costeira desde o Porto até ao farol do Macuti.

Tabela 1 - Sofala - Principais Indicadores Sócio-Económicos, 2007

Indicador Percentagem
Esperança de vida 44,5
Taxa global de fecundidade 5,4
Taxa de analfabetismo 47,0
Taxa de prevalência de Sida 26,5
Índice de pobreza 36,1
Taxa de cobertura de água rural 50,9
Taxa de cobertura de água urbana 35,0
Taxa de cobertura de saneamento urbano 45,0
Taxa de cobertura de saneamento peri-urbano 65,0
Taxa de cobertura de saneamento rural 37,0
Fonte: www.ine.gov.mz

Tabela 2 - População da Província de Sofala, 2007

Distrito ou População Índice de


Cidade Total % Homens % Mulheres % Masculinidade
Total 1.654.163 100,0 801.417 48,4 852.746 51,6 94,0
Búzi 159.614 100,0 74.819 46,9 84.795 53,1 88,2
Caia 115.455 100,0 54.488 47,2 60.967 52,8 87,5
Chemba 65.107 100,0 30.385 46,7 34.722 53,3 95,9
Cheringoma 34.133 100,0 16.709 49,0 17.424 51,0 95,9
Chibabava 101.667 100,0 44.847 44,1 56.820 55,9 78,9
Dondo 142.387 100,0 71.580 50,3 70.807 49,7 101,1
Gorongosa 116.912 100,0 55.668 47,6 61.244 52,4 90,9
Machanga 51.855 100,0 23.741 45,8 28.114 54,2 84,4
Marínguè 75.089 100,0 34.454 45,9 40.635 54,1 84,8
Marromeu 119.718 100,0 59.433 49,6 60.285 50,4 98,6
37

Muanza 25.229 100,0 12.270 48,6 12.959 51,4 94,7


Nhamatanda 210.757 100,0 102.134 48,5 108.623 51,5 94,0
Cidade da 436.240 100,0 220.889 50,6 215.351 49,4 102,6
Beira
Fonte: http://www.ine.gov.mz/censo2007/rp/pop07prov/sofala

Tabela 3 - Sofala - Indicadores Básicos, 2007

Indicadores
1. População masculina (em %) 48,7
2. População feminina (em %) 51,3
3. População, 0-14 (em %) 47,2
4. População, 15-59 (em %) 48,6
5. População, 60+ (em %) 4,2
6. População urbana (em %) 38,3
7. População rural (em %) 61,7
8. Índice de masculinidade (homens em cada 100 mulheres) 95,0
9. Densidade demográfica (por Km2) 27,4
10. Taxa de crescimento da população (em %) 2,4
11. Taxa de analfabetismo, total (em %) 43,4
12. Taxa de analfabetismo, homens (em %) 23,0
13. Taxa de analfabetismo, mulheres (em %) 61,9
14. Taxa bruta de escolarização segundo nível de ensino (em %):
. Ensino Primário do 1º Grau 111,0
. Ensino Primário do 2º Grau 93,0
. Ensino Secundário do 1º Ciclo 46,6
. Ensino Secundário do 2º Ciclo 23,3
. Ensino Superior 3,3
15. Número médio de pessoas por agregado familiar 4,8
16. Habitações com electricidade (em %) 12,6
17. Habitações segundo principal fonte de água para beber (em %):
. Canalizada dentro de casa 3,7
. Canalizada fora de casa/quintal 13,5
. Fontenário 13,3
. Poço/furo protegido com bomba manual 19,3
. Poço sem bomba 34,2
. Rio/lago/lagoa 15,5
. Chuva 0,2
. Mineral/água engarrafada 0,0
. Outra 0,3
Fonte: http://www.ine.gov.mz/censo2007/rdcenso09/Sofala/q/Document.2009-05-20.0965113737
38

1.1. Distrito de Búzi15

O distrito de Búzi ocupa uma área de 7.409 km2, com uma densidade populacional de
aproximadamente 19,8 habitantes por km2 (dados de 2005).
O distrito está dividido em três postos administrativos - Búzi, Estaquinha e Sofala - e sete
localidades. O governo está representado pelas Direcções Distritais de Agricultura e Pescas,
de Educação, Indústria, Comércio e Turismo, das Obras Públicas e Habitação, da Saúde e de
Coordenação da Acção Social. A coordenação da actividade governativa é feita através de
reuniões com todos os sectores. A autoridade tradicional também está presente e activa,
com um papel importante na resolução de conflitos.

Posse de Terra
Búzi é um distrito com densidade populacional moderada, o que significa que há pressão
para obter recursos, principalmente a terra.
A área cultivada pelo sector familiar é de 33.356 hectares que corresponde a 4.6% do total
da área do distrito (dados de 2005). O acesso à terra é determinado pelas autoridades
tradicionais e pela administração do distrito.

Agricultura
A agricultura é a actividade dominante e envolve a maioria das famílias locais. As principais
culturas alimentares do sector familiar são: milho, sorgo e arroz. O milho é o mais cultivado,
seguido do arroz, sorgo e a mandioca. Vegetais, copra e caju também são cultivados. Na
produção de culturas alimentares, os factores limitantes são cheias, pragas e falta de
sementes.
Não há muito investimento externo na agricultura e as famílias usam métodos naturais e
orgânicos (adubação orgânica) para aumentar a fertilidade dos solos.

Pecuária
Os animais domésticos mais importantes no distrito, para o consumo dos agregados, são
porcos, galinhas, cabritos, patos e bois. O boi é também utilizado para tracção animal. As
principais limitações à expansão da actividade pecuária são as doenças, a descapitalização
dos camponeses e falta de terra para pastar.

Caça, Pesca e Fauna Bravia


A fauna bravia, a pesca e a caça constituem uma importante fonte suplementar de alimento
para as famílias do distrito e também para seu potencial turístico. As espécies selvagens
ainda existentes no distrito são antílopes, hipopótamos e elefantes.

Árvores e Silvicultura
Plantar árvores de fruta tem sido prioridade no distrito e geralmente a fruta (papaia,
manga, citrinos, goiaba, litchie e banana) é um importante factor complementar da dieta
das famílias. As principais limitações são a falta de sementes, a seca, baixa qualidade do
solo e ainda falta de financiamento. Além da fonte de material de construção local, as
árvores fornecem lenha e matéria-prima para fazer carvão. Há problemas de
desflorestamento e erosão.

15
Dados retirados de: Portal da Ciência e Tecnologia,
http://www.mct.gov.mz/portal/page?_pageid=613,1227802&_dad=portal&_schema=PORTAL
39

O sector da água debate-se com graves problemas, as comunidades abastecem-se com a


água dos rios e dos poços.

Sector Comercial
O distrito mantém fortes ligações comerciais com a capital provincial do distrito. Há
indústrias açucareira e algodoeira. A maior limitação é a incapacidade de produzir
excedentes em quantidades significativas. Existem sistemas formais de crédito implantados
bem como os informais. Búzi é acessível por estrada, via marítima, aérea e, em termos de
telecomunicações, por telefone, telégrafo, ligações via rádio e celular.

Sector Social
Em termos de infra-estruturas, o distrito tem 1 hospital rural, 6 centros de saúde com
postos fixos de vacinação, 13 postos de saúde, 1 escola secundária, 3 escolas primárias do
segundo grau e 57 escolas primárias do primeiro grau (dados de 2005). O distrito ainda não
foi declarado livre de minas, o que faz com que haja um impacto negativo na actividade
económica e na livre circulação das pessoas.

1.2. Distrito de Chemba16

O distrito de Chemba ocupa uma área de 4.388 km2, com uma densidade populacional de
cerca de 10,8 habitantes por km2 (dados de 2005).
O distrito está dividido em três postos administrativos - Chemba-Sede, Chiramba e Mulima -
e seis localidades. O governo está representado pelas Direcções Distritais de Agricultura e
Pescas, de Educação, de Medidas de Apoio e Controlo, das Obras Públicas e Habitação, da
Saúde e de Coordenação da Acção Social, e também outros órgãos de vital importância.
A coordenação da actividade governativa é feita através de reuniões com todos os
sectores. A autoridade tradicional está presente e activa, com um papel importante na
resolução de assuntos de interesse comum a nível da localidade.

Posse de Terra
Chemba é um distrito com densidade populacional relativamente baixa, mesmo assim têm
ocorrido conflitos pela obtenção de recursos, principalmente a terra. Estes conflitos têm
ocorrido mais frequentemente nas baixas regiões do vale do Zambeze. A área cultivada
pelo sector familiar é de cerca de 7.080 hectares que corresponde a 1,7% do total da área do
distrito (dados de 2005). O acesso à terra é determinado pelas autoridades tradicionais,
pelos laços de parentesco e pela administração do distrito.

Agricultura
A agricultura é a actividade dominante e envolve a maioria das famílias locais. As principais
culturas alimentares do sector familiar são: milho, mapira, mexoeira, ervilha, batata-doce,
feijão e mandioca, em ordem de importância. Vegetais, tabaco e amendoim também são
cultivados, estas duas últimas como culturas de rendimento.
Na produção de culturas alimentares os factores limitantes são falta de sementes, cheias,
falta de alfaias, ocorrência de infestantes, aridez dos solos e falta de sistemas de irrigação.
Não há muito investimento externo na agricultura e as famílias usam métodos naturais e/ou
tradicionais para aumentar a fertilidade dos solos.

16
Dados retirados de: Portal da Ciência e Tecnologia,
http://www.mct.gov.mz/portal/page?_pageid=613,1227808&_dad=portal&_schema=PORTAL
40

Pecuária
Os animais domésticos mais importantes no distrito, para o consumo dos agregados são:
porcos, galinhas, cabritos, patos e aves domésticas. No distrito não há bovinos por isso a
tracção animal não é usada e a dieta alimentar das famílias é deficiente em proteínas (leite e
carne). As principais limitações à expansão da actividade pecuária são as doenças e a
descapitalização das famílias.

Caça, Pesca e Fauna Bravia


A fauna bravia, a pesca e a caça constituem uma importante fonte suplementar de alimento
para as famílias do distrito e também para comercialização. As espécies selvagens ainda
existentes no distrito são cudos, antílopes, hipopótamos e gazelas.

Árvores e Silvicultura
Maçãs ácidas são abundantes no distrito. Outras frutas incluem papaias, mangas, citrinos,
maçãs e bananas que constituem um importante factor complementar da dieta das
famílias, consumidas frescas ou processadas. As principais limitações são a falta de
sementes, a insuficiência e a baixa qualidade da terra e as secas. Além de fonte de material
de construção local, as árvores fornecem lenha, sombra e matéria-prima para fazer carvão.
Há problemas de desflorestamento e erosão.
A água é uma necessidade que ainda não está totalmente satisfeita e as comunidades
abastecem-se com a água dos rios, dos furos e dos poços.

Sector Comercial
As ligações comerciais no distrito são fracas e a rede comercial é muito debilitada. A maior
limitação é a incapacidade de produzir excedentes em quantidades significativas. Apenas
existem sistemas informais de crédito implantados. Chemba é acessível por estrada e, em
termos de telecomunicações por ligações via rádio e celular a partir de Julho de 2009.

Sector Social
Em termos de infra-estruturas, o distrito tem 3 centros de saúde com postos fixos de
vacinação, 7 postos de saúde, 2 escolas primárias do segundo grau e 31 escolas primárias do
primeiro grau (dados de 2005). O distrito ainda não foi declarado livre de minas e estas,
continuam a interferir na actividade económica e na livre circulação das pessoas.
41

Província de Sofala

Fonte: Portal da Ciência e Tecnologia,


http://www.mct.gov.mz/portal/page?_pageid=613,1227770&_dad=portal&_schema=PORTAL

2. Província da Zambézia. Contextualização e indicadores sócio-económicos17

Localizada no Centro/Norte do País tem como limites a Norte as Províncias de Nampula e


Niassa, a Sul a de Sofala, a Oeste o Malawi e a Província de Tete, e a Leste o Oceano Índico.
Tem uma superfície de 103.127 km2.

Dispondo-se em anfiteatro voltado para o Índico, a vegetação vai mudando à medida que a
altitude aumenta. Nas zonas planas, junto à costa encontram-se extensos palmares e nas

17
Dados retirados de: Portal de Ciência e Tecnologia,
http://www.mct.gov.mz/portal/page?_pageid=613,1229210&_dad=portal&_schema=PORTAL
42

zonas mais elevadas do Gurué predominam as plantações de chá. As culturas de algodão,


os pomares de fruteiras e espécies exóticas marcam a paisagem com as suas diferentes
colorações entre as plantações de chá.

Na plana orla costeira, junto ao rio dos Bons Sinais, ergue-se a cidade de Quelimane, capital
da Província e importante porto de cabotagem. Um pouco mais a Sul, na embocadura do rio
Zambeze, encontra-se Chinde, antigo pólo da produção de açúcar e que já alguém apelidou
da vila mais antiga da Zambézia.

A Zambézia, sulcada por numerosos rios de vales verdejantes, é um habitat privilegiado


para uma fauna diversificada que inclui grandes mamíferos e aves que se podem observar
na reserva de Gilé, no distrito do mesmo nome, na reserva natural de Derre, no Distrito de
Morrumbala (onde se pode encontrar a palapala cinzenta), e na reserva de caça Madal
Safaris no Distrito de Chinde que possui uma enorme variedade de aves.

Os seus principais produtos são copra, chá, camarão, e pedras preciosas e semi-preciosas.

Tabela 4 - Zambézia - População Total por Sexo, 2007

TOTAL HOMENS MULHERES


3,848,276 1,857,784 1,990,492
Fonte: www.ine.gov.mz

Tabela 5 - Zambézia - População Urbana por Sexo, 2007

TOTAL HOMENS MULHERES


548,466 274,960 273,506
Fonte: www.ine.gov.mz

Tabela 6 - Zambézia - Chefes de Agregado Familiar por Sexo, 2007

TOTAL HOMENS MULHERES


910,363 638,149 272,214
Fonte: www.ine.gov.mz

Tabela 7 - População da Província da Zambézia, 2007

Distrito ou Cidade População Índice de


Total % Homens % Mulheres % Masculinidade
Total 3.848.276 100,0 1.857.784 8,3 1.990.492 51,7 93,3
Cidade de Quelimane 193.343 100,0 99.172 51,3 94.171 48,7 105,3
Alto Molócuè 271.650 100,0 131.295 48,3 140.355 51,7 93,5
Chinde 119.898 100,0 57.115 47,7 62.783 52,3 91
43

Gilé 169.285 100,0 83.157 49 86.128 51 96,6


Gurué 297.935 100,0 145.988 49 151.947 51 96
Ile 289.542 100,0 134.881 46,6 154.661 53,4 87,2
Inhassunge 91.196 100,0 43.351 47,5 47.845 52,5 90,6
Lugela 135.485 100,0 63.197 46,7 72.288 53,3 87,4
Maganja da Costa 276.881 100,0 129.692 46,8 147.189 53,2 88,1
Milange 498.635 100,0 243.032 48,7 255.603 51,3 95
Mocuba 300.628 100,0 147.202 49 153.426 51 95,9
Mopeia 115.291 100,0 55.907 48,5 59.384 51,5 94,1
Morrumbala 358.915 100,0 175.171 48,8 183.744 51,2 95,3
Namacurra 186.410 100,0 86.621 46,4 99.789 53,6 86,8
Namarrói 125.999 100,0 58.104 46,1 67.895 53,9 85,6
Nicoadala 231.850 100,0 112.891 48,7 118.959 51,3 94,9
Pebane 185.333 100,0 91.008 49,1 94.325 50,9 96,5
Fonte: INE, 2009, Sinopse dos resultados definitivos do 3º Recenseamento Geral da População e Habitação,
Província da Zambézia, Maputo: INE
Nota: Todas as percentagens referidas na tabela foram calculadas pelas autoras.

Tabela 8 – Zambézia - Indicadores Básicos, 2007

Indicadores
1. População masculina (em %) 48,3
2. População feminina (em %) 51,7
3. População, 0-14 (em %) 49,8
4. População, 15-59 (em %) 46,5
5. População, 60+ (em %) 3,7
6. População urbana (em %) 14,2
7. População rural (em %) 85,8
8. Índice de masculinidade (homens em cada 100 mulheres) 93,3
9. Densidade demográfica (por Km2) 36,6
10. Taxa de crescimento da população (em %) 2,9
11. Taxa de analfabetismo, total (em %) 62,4
12. Taxa de analfabetismo, homens (em %) 43,5
13. Taxa de analfabetismo, mulheres (em %) 79,0
14. Taxa bruta de escolarização segundo nível de ensino (em %):
. Ensino Primário do 1º Grau 106,5
. Ensino Primário do 2º Grau 55,2
. Ensino Secundário do 1º Ciclo 26,1
. Ensino Secundário do 2º Ciclo 11,3
. Ensino Superior 0,6
15. Número médio de pessoas por agregado familiar 4,5
16. Habitações com electricidade (em %) 3,6
17. Habitações segundo principal fonte de água para beber (em %):
. Canalizada dentro de casa 0,4
. Canalizada fora de casa/quintal 1,5
. Fontenário 5,9
44

. Poço/furo protegido com bomba manual 9,9


. Poço sem bomba 63,7
. Rio/lago/lagoa 17,1
. Chuva 0,0
. Mineral/água engarrafada 0,02
. Outra 1,5
Fonte: http://www.ine.gov.mz

2.1. Distrito do Gurué18

O distrito de Gurué ocupa uma área de 5.606 km2, com uma densidade populacional de
aproximadamente 40 habitantes por km2 (dados de 2005). O distrito está dividido em três
postos administrativos - Mepuagiva, Lioma e Gurué (sede) - e sete localidades. O governo
está representado pelas Direcções Distritais de Agricultura e Pescas, de Educação, Indústria,
Comércio e Turismo, das Obras Públicas e Habitação, da Saúde e de Coordenação da Acção
Social.

A coordenação da actividade governativa é feita através de reuniões com todos os


sectores. A autoridade tradicional também está presente e activa, com um papel
importante na resolução de conflitos.

Posse de Terra
Gurué é um distrito com densidade populacional moderada, o que significa que há pressão
para a obtenção de recursos, principalmente a terra.
A área cultivada pelo sector familiar é de 33.356 hectares que corresponde a 4.6% do total
da área do distrito (dados de 2005). O acesso à terra é determinado pelas autoridades
tradicionais e pela administração do distrito.

Agricultura
A agricultura é a actividade dominante e envolve a maioria das famílias locais. As principais
culturas alimentares do sector familiar são: milho, feijão nhemba, amendoim, batata-doce,
sorgo e arroz. O milho é o mais cultivado, seguido do feijão, mapira e a mandioca. Vegetais,
como a copra e caju também são cultivados, há grandes plantações de chá. Cultiva-se a soja
no Posto Administrativo de Lioma e Ruace. Não há muito investimento externo na
agricultura e as famílias usam métodos naturais e orgânicos (adubação orgânica) para
aumentar a fertilidade dos solos.

Pecuária
Os animais domésticos mais importantes no distrito, para o consumo dos agregados são
porcos, galinhas, cabritos, patos e bois. O boi é também utilizado para tracção animal. As
principais limitações à expansão da actividade pecuária são as doenças, a descapitalização
dos camponeses e falta de terra para pastar.

Caça, Pesca e Fauna Bravia

18
Dados retirados de: Portal da Ciência e Tecnologia,
http://www.mct.gov.mz/portal/page?_pageid=613,1229257&_dad=portal&_schema=PORTAL
45

A fauna bravia, a pesca e a caça constituem uma importante fonte suplementar de alimento
para as famílias do distrito e também para o seu potencial turístico. As espécies selvagens
ainda existentes no distrito são antílopes, hipopótamos e elefantes.

Árvores e Silvicultura
Plantar árvores de fruta tem sido prioridade no distrito e geralmente a fruta (papaia,
manga, citrinos, goiaba, litchie e banana) é um importante factor complementar da dieta
das famílias. As principais limitações são a falta de sementes, a seca, baixa qualidade do
solo e ainda falta de financiamento. Além de fonte de material de construção local, as
árvores fornecem lenha e matéria-prima para fazer carvão. Há problemas de
desflorestamento e erosão.
O sector da água debate-se com graves problemas, as comunidades abastecem-se com a
água dos rios e dos poços.

Sector Comercial
O distrito mantém fortes ligações comerciais com a capital provincial do distrito. A maior
limitação é a incapacidade de produzir excedentes em quantidades significativas. Existem
sistemas formais de crédito implantados bem como os informais. Gurué é acessível por
estrada e em termos de telecomunicações por telefone, telégrafo, ligações via rádio e
também por celular.

Sector Social
Em termos de infra-estruturas, o distrito tem 1 hospital rural, 1 centro de saúde, 19 postos
de saúde, 1 escola secundária geral do primeiro grau (ESG-1), 2 ESG-2, 8 escolas primárias do
segundo grau e 100 escolas primárias do primeiro grau. O distrito ainda não foi declarado
livre de minas, o que faz com que haja um impacto negativo na actividade económica e na
livre circulação das pessoas (dados de 2005).

2.2. Distrito de Namacurra19

O distrito de Namacurra ocupa uma área de 7.614 km2, com uma densidade populacional de
aproximadamente 34 habitantes por km2 (dados de 2005).

O distrito está dividido em dois postos administrativos - Macuse e Namacurra (sede) - e


nove localidades. O governo está representado pelas Direcções Distritais de Agricultura e
Pescas, de Educação, Indústria, Comércio e Turismo, das Obras Públicas e Habitação, da
Saúde e de Coordenação da Acção Social e da Cultura, Juventude e Desportos. Existem
também diversos outros serviços e instituições, como o Registo Civil e Notariado, Tribunal,
Procuradoria da República, a Polícia e o Departamento de Prevenção e Combate às
Calamidades Naturais.

A coordenação da actividade governativa é feita através de reuniões com todos os


sectores. A autoridade tradicional também está presente e activa, com um papel
importante na resolução de assuntos de interesse local.

19
Dados retirados de: Portal da Ciência e Tecnologia,
http://www.mct.gov.mz/portal/page?_pageid=613,1229281&_dad=portal&_schema=PORTAL
46

Posse de Terra
Namacurra é um distrito com densidade populacional relativamente elevada, apesar disso,
não é frequente a ocorrência de disputas pela posse da terra. A área cultivada pelo sector
familiar é de 28.790 hectares que corresponde a aproximadamente 12% do total da área do
distrito (dados de 2005). O acesso à terra é determinado pelas autoridades tradicionais,
pelos laços de família ou parentesco prevalecentes, constituindo a herança o principal meio
de transmissão do direito à terra.

Agricultura
A agricultura é a actividade dominante para as famílias locais. As principais culturas
alimentares do sector familiar são: milho, mapira, arroz, mandioca, feijão e amendoim. O
milho é a cultura mais frequente, seguido do arroz, a mandioca e a batata-doce. Hortícolas,
cana-de-açúcar e caju também são cultivados.
Na produção de culturas alimentares, os factores limitantes são: escassez de sementes, má
qualidade da terra, pragas e cheias. Há pouco investimento externo na agricultura e as
famílias usam métodos naturais e orgânicos para aumentar ou manter a fertilidade dos
solos, como é o caso da rotação de culturas.

Pecuária
Os animais domésticos mais importantes no distrito, para o consumo dos agregados são
galinhas, patos e cabritos. Bois, porcos e cabritos são também criados para
comercialização. As principais limitações à expansão da actividade pecuária são as doenças,
falta de meios financeiros e de áreas para pastagem.

Caça, Pesca e Fauna Bravia


A fauna bravia tem muita importância como complemento alimentar das famílias, assim
como a caça e a pesca. As espécies de relevo existentes no distrito são impalas, changos e
hipopótamos.

Árvores e Silvicultura
As árvores fruteiras plantadas no distrito são cajueiro, mangueira, goiabeira, maçaniqueira e
papaieira. As principais limitações são a falta de sementes, seca e pragas. No distrito, é
habitual o processamento de fruta para o fabrico caseiro de bebidas alcoólicas, destiladas e
fermentadas, para posterior venda no mercado informal.
A madeira não é utilizada intensivamente na construção de habitações, sendo mais utilizada
como combustível doméstico e para comercialização. O distrito não enfrenta problemas de
erosão, desertificação ou desflorestamento.
A distribuição da água é irregular e as comunidades abastecem-se com a água dos rios e dos
poços.

Sector Comercial
O distrito está bem integrado nas redes comerciais a região. Existe uma instituição bancária.
A maior restrição é a incapacidade de produzir excedentes em quantidades significativas.
Uma das grandes unidades industriais é a fábrica de cimento. Namacurra é acessível por
transporte rodoviário e ferroviário e, em termos de telecomunicações, por telefone,
telégrafo, ligações via rádio e por celular.

Sector Social
47

Em termos de infra-estruturas, o distrito tem 2 centros de saúde e 10 postos de saúde,


ambos com postos fixos de vacinação, 4 escolas primárias do segundo grau e 80 escolas
primárias do primeiro grau.
O distrito ainda não foi declarado livre de minas e isto afecta a livre circulação das pessoas.

Província da Zambézia

Fonte: Portal de Ciência e Tecnologia,


http://www.mct.gov.mz/portal/page?_pageid=613,1229210&_dad=portal&_schema=PORTAL
48

CAPÍTULO III

ACTIVIDADES ASSOCIATIVAS E GERADORAS DE RENDIMENTO

No princípio o meu marido não queria saber do meu trabalho, dizia que não
era muito lucrativo e que eu não tinha tempo para a casa. Mas eu insisti e
mostrei que aquilo era mais que busca de rendimento, era o meu sonho.
Agora já acredita e apoia mesmo na aquisição do material. (...) As
associações criam espaço para troca de experiência, ocupar as mulheres no
período pós-laboral, para o meu caso que trabalho, e ajudo a juntar
rendimento para a família (Presidente da Associação Hotxecula, Gurué,
31/07/09).

Trabalhar na Associação é melhor, é rentável, porque ajudamo-nos para o


pouco que conseguimos (Associação Mulheres Amigas de Maulate,
Namacurra, 07/08/09).

Hoje a minha vida está melhor, os meus filhos vão todos à escola, antes
estávamos mal. Em 2000 só tínhamos machamba e eu e o meu marido é que
trabalhávamos, sem nenhuma ajuda. A única fonte de rendimento era a
machamba. (...) A vida no distrito está a melhorar nestes últimos anos. A
energia e o telefone estão a ajudar-nos a fazer muitas coisas (Dª. Anita,
Secretária Distrital da OMM, Chemba, 21/07/09)-

Para sentir bem precisamos de apoio. Trabalhar com as próprias mãos não é
fácil. Trabalhar em cooperativa devia ser uma ajuda (Presidentes das
Associações de Chicumbua, Búzi, 17/07/09).

Aqui são poucos os que fazem xitique. Há desconfiança para a devolução do


dinheiro (Grupo Cangala, Gurué, 31/07/09).

Já estamos a devolver e vamos conseguir devolver tudo (Associação


Mulheres Primeiro, Macuze, Namacurra, 08/08/09).

1. Actividades Locais Associativas e Geradoras de Rendimento, Endógenas e


Exógenas, Desenvolvidas por Mulheres

1.1. Província de Sofala

Na Direcção Provincial da Agricultura (DPA) foi possível recolher informações relativas à


situação das associações agro-pecuárias existentes ao nível da província. Estes dados são
de grande utilidade pois permitem-nos observar quantas associações existem, que tipo de
actividades desenvolvem, qual a composição dos membros (se mistas ou se compostas
apenas por homens ou por mulheres). Trabalhou-se ainda na Direcção Provincial do Plano e
Finanças, onde foi possível ter acesso a informações relativas aos fundos de
desenvolvimento, nomeadamente o OILL e o FARE. Estes dados permitiram ver o grau de
cobertura no que diz respeito ao acesso a esses fundos. Pudemos recolher informações
sobre os beneficiários dos fundos ao nível da província e particularmente sobre os distritos
onde o estudo foi efectuado.
49

No que diz respeito à Direcção Provincial da Indústria e Comércio, depois de consultados os


documentos, verificámos que as informações eram semelhantes às fornecidas na DPA no
respeitante às associações agro-pecuárias.

Ainda ao nível das instituições do Governo foram contactadas: a Secretaria Provincial de


Sofala onde foram recolhidas informações relativas aos perfis distritais e planos
estratégicos dos distritos de Búzi e Chemba, bem como alguma informação relativa à
província de Sofala como um todo; a Direcção Provincial da Mulher e Acção Social (DPMAS)
onde se recolheram informações específicas sobre associações de mulheres tanto ao nível
da cidade da Beira como dos distritos de Búzi e Chemba e onde constatámos que estas
associações se constituíam basicamente por fundos próprios e algumas delas com um
carácter essencialmente de solidariedade.

Paralelamente à DPMAS, contactou-se a delegação do Instituto Nacional de Acção Social


(INAS) onde foi possível obter informações valiosas sobre as actividades geradoras de
rendimento financiadas pelo INAS às mulheres; sobre os projectos financiados e os
mecanismos de devolução desses fundos com base numa experiência que se denominou de
caixa de crédito.

Na Organização da Mulher Moçambicana recolheram-se informações relativas às


actividades económicas levadas a cabo pelas mulheres. De acordo com a informação
prestada pela Secretária Provincial da OMM em Sofala, esta Organização encontra-se em
toda a província.

Em relação ao OIIL, a OMM não pode concorrer aos fundos como organização, mas os
membros podem fazê-lo individualmente, como foi o caso da secretária distrital da OMM de
Chemba. Apesar disso, há poucas mulheres que beneficiam desse fundo.

O INAS tem vindo a colaborar com a OMM. Há vários grupos dentro da OMM que
beneficiam de materiais agrícolas como é o caso, por exemplo, dos distritos de
Nhamatanda, Marínguè. O INAS, também apoia em valores monetários na abertura de
machambas. Existe um projecto de rendimento que está a ser levado a cabo pelo INAS e
que beneficia cerca de 144 mulheres da OMM ao nível da Cidade da Beira. Estas mulheres
estão organizadas em pequenos grupos em função da sua especialidade para uma maior e
melhor assistência. São projectos na área agrícola, com o trabalho nas machambas, mas as
mulheres estão no geral numa situação difícil, pois as culturas dependem do clima.20

Ainda ao nível da cidade da Beira, contactou-se a Agência de Desenvolvimento Económico


Local (ADEL) de Sofala onde se recolheram informações relativas ao tipo de fundos de
financiamento e o grau de cobertura dos mesmos ao nível da Província, bem como sobre o
sistema de Poupança e Crédito Rotativo no qual várias mulheres estão envolvidas.

1.1.1. Instituto Nacional de Acção Social (INAS)

20
Entrevista com Isaura Júlio, Secretária Provincial da OMM em Sofala.
50

O INAS opera em Sofala desde 1991. As suas áreas de intervenção são financiamentos a
Projectos de Geração de Rendimento (PGR), Programa de Apoio Social Directo e apoio em
subsídios de alimentos às famílias mais carenciadas.

Em termos de dados facultados pelo INAS, recolhemos mapas de localização dos


beneficiários do programa Subsídio de Alimentos referente ao ano 2008, do Distrito do Búzi
e de Chemba; lista de projectos com implementação a partir do ano 2000, sua localização e
situação actual (se em funcionamento ou falido); mapa estatístico dos beneficiários
atendidos no programa Beneficio Social pelo trabalho, referente ao ano 2008 e
descriminado por sexo nos dois distritos em questão21; listas de projectos de geração de
rendimento financiados até ao ano 2007, com a descriminação do tipo de projecto,
principais actividades, localização do projecto, ano de implementação, número do
beneficiário (se homem ou mulher), estado do projecto, gestão do projecto e perspectivas.

Tabela 9 - Projectos no Âmbito do PGR que foram Implementados, de Forma Deficiente,


pelo INAS, Delegação de Sofala

Nome Principais Localização Ano de Número do Gestão do Perspectivas


do actividades do projecto implementação beneficiário projecto
projecto
M F
Agrícola Cultivo de Búzi 2005 - 5 Beneficiário b)
arroz
Agrícola Cultivo de 2005 1 4 Beneficiário b)
arroz
Agrícola Cultivo de 2005 1 4 Beneficiário b)
arroz
Agrícola Cultivo de 2005 2 3 Beneficiário b)
arroz
Agrícola Cultivo de 2005 - 5 Beneficiário b)
arroz
Kulima Cultivo de 2005 - 5 Beneficiário b)
Mpunga arroz
Agrícola Cultivo de 2005 - 5 Beneficiário b)
arroz
Latoaria Latoaria Chemba 2004 1 4 Beneficiário b)
Fonte: INAS, Província de Sofala
b) Prestar apoio técnico e na reformulação dos projectos

Tabela 10 - Sofala - Projectos em Funcionamento até 2007

Nome do Principais Localização Ano de Número do Gestão do


projecto actividades do projecto implementação beneficiário projecto
M F
Pecuária Criação de Chemba 2006 6 - Beneficiário
cabrito
Comércio Revenda de 2006 5 1 Beneficiário
milho

21
Neste documento tanto num distrito como noutro as mulheres chefes de agregado são as maiores
beneficiárias destes programas em relação aos idosos, jovens, pessoas portadoras de deficiência.
51

Pesca Captura de 2006 5 - Beneficiário


peixe
Comércio Revenda de 2006 3 3 Beneficiário
milho
Cerâmica Fabrico de 2006 4 3 Beneficiário
bloco
Moageira Farinação 2004 3 2 Beneficiário
Comércio Venda de 2004 5 - Beneficiário
lenha
Agrícola Cultivo de Guará- 2006 5 - Beneficiário
cereais Guara/Chemba
Agrícola Cultivo de 2006 4 - Beneficiário
cereais
Costura Corte e 2006 5 - Beneficiário
costura
Panificaç Fabrico de 2006 - 3 Beneficiário
ão pão
Corte e Corte e 2005 - 12 Beneficiário
costura costura
Fonte: INAS, Província de Sofala
NB: Os projectos financiados pelo INAS até 2007 e que estão em funcionamento contemplam apenas o distrito
de Chemba. Os anos 2008 e 2009 não contemplam os distritos em análise.

As associações existentes na província são de dois tipos: i) de geração de rendimentos e, ii)


com um carácter de solidariedade. O INAS não financia individualmente nenhum projecto.

Existe em Sofala a Caixa de Crédito para as mulheres da Cidade da Beira. No que respeita ao
seu funcionamento fomos informadas que as senhoras formam-se em grupos em função de
actividades similares. Compete ao grupo exercer o controlo dos reembolsos individuais pois,
no caso de atraso de pagamento, cobra-se ao grupo e não ao indivíduo. O reembolso serve
para financiar outros projectos.

Segundo o Delegado do INAS em Sofala, as associações têm estado a falhar devido aos
conflitos de interesse que existem e a constantes desvios de fundos.

De acordo com as informações que nos foram prestadas, as actividades geradoras de


rendimento através de instituições de micro-crédito, asfixiam as populações devido à exigência
de garantias, ao invés do que acontece com as que são financiadas com o dinheiro do Estado,
nomeadamente FARE, OIIL, INAS.

O INAS pretende financiar um projecto de desenvolvimento no distrito de Chemba e já há um


projecto em curso no distrito de Marínguè.

Tabela 11 - Sofala - Informações Recolhidas sobre as Associações, 2009

Associações
Membros Membros
Não
Nº Distritos Total Legalizadas H M T Legalizadas H M T
1 Beira 12 3 2 24 26 9 188 112 300
2 Caia 28 10 115 42 157 18 284 191 475
3 Muanza 10 5 28 20 48 5 45 38 83
4 Marínguè 27 13 140 127 267 14 327 473 800
52

5 Cheringoma 17 10 43 1436 1479 7 99 1641 1740


6 Búzi 28 15 144 266 410 13 199 418 617
7 Chibabava 12 4 45 90 135 8 12 8 20
8 Dondo 19 11 96 238 334 8 144 324 468
9 Machanga 13 2 8 12 20 11 101 215 316
10 Chemba 14 4 55 34 89 10 122 133 255
11 Marromeu 7 4 38 42 80 3 64 55 119
12 Gorongosa 22 11 84 130 214 11 233 238 471
13 Nhamatanda 33 15 212 177 389 18 415 304 719
Total 242 107 1010 2638 3648 135 2233 4150 6383
Fonte: INAS, Província de Sofala

De acordo com a Direcção Provincial da Mulher e Acção Social de Sofala, existem 144
associações femininas em toda a província com 8426 mulheres associadas, em associações
mistas; e 4963 mulheres envolvidas em projectos de geração de rendimentos. Importa realçar
que as 4963 mulheres têm os seus filhos a frequentar normalmente a escola, com material
didáctico e uniforme, para além de terem as suas residências e uma dieta alimentar
melhorada. Estes dados são cumulativos desde 2005 até ao primeiro semestre de 2009,
conforme ilustra o quadro que se segue:

Tabela 12 - Âmbito de Atendimento à Mulher, DPMAS, Sofala, 1º Semestre de 2009

Indicador Matriz de mulheres assistidas durante o quinquénio


2005 2006 2007 2008 1º Trimestre
2009
Nº de MCF* Identificadas 1.041 2.649 1.925 2.925 0
Nº de MCF* Acompanhadas 830 507 673 89 0
pela DPMAS
Nº de MCF* com Projectos de 1.041 992 980 1.950 0
Geração de Rendimento
Nº de Associações de 25 32 32 35 20
Mulheres
Nº de Associadas 1.120 1.349 2.525 2.857 575
Nº de Mulheres Violentadas 2.042 2.123 2.495 2.532 589
Nº de Mulheres na 30.582 36.360 38.567 39.644 Por fornecer
Alfabetização
Total 35.681 44.012 47.191 50.032
Fonte: Dados recolhidos na Direcção Provincial da Mulher e Acção Social. Sofala, 8 de Julho de 2009.
De realçar que estes dados dizem respeito à Província de Sofala como um todo.
*MCF – Mulheres Chefes de Família.

Estes dados cedidos pela DPMAS, fornecem informação sobre o número de associações
existentes, o número de mulheres membros e de projectos, o número de mulheres
violentadas e na alfabetização, mas o facto de serem cumulativos, torna difícil a análise dos
números totais quando existem indicações da extinção de várias organizações/associações
de mulheres.

Ao nível da cidade da Beira, apenas foi possível identificar 6 associações de mulheres


divididas entre associações de geração de rendimento e de solidariedade.
53

Ao longo do trabalho de campo só foi possível visitar uma associação pelo facto de, por um
lado se tratar de associações de solidariedade e, por outro, devido ao facto de algumas das
associações inscritas terem deixado de existir.

Tabela 13 - Lista de Grupos e/ou Associações Femininas do Distrito de Búzi, DPMAS, Sofala

Designação Local Número de Tipo de Instituição


membros actividades financeira
Mulher Homem
UDAC (União das Associações Chicumbua/Búzi 235 17 Agrícola -
de Camponeses) Sede
AMUGENDER (Associação das Move Búzi Sede 16 2 Agrícola -
Mulheres, Género e
Desenvolvimento Rural)
Projecto Corte e Costura Bandua- sede 12 0 Costura e INAS
croché
Projecto Corte e Costura Guará-Guara 5 0 Costura INAS
Projecto de Padaria Guará-Guara 3 0 Fabrico e INAS
venda de Pão
Grupo de Poupança Nova Sofala 1240 60 Empréstimo -
de dinheiro
aos sócios
Projecto Jam Inharongue, Búzi – 12 2 Fabrico e
Sede venda de Jam
Projecto 1 de Maio Bairro Companhia 5 5 Agrícola INAS
do Búzi – sede
- Massane - Búzi, 3 0 Quiosque -
Sede
- Chiquezane sede 9 0 Banca fixa -

Fonte: Dados cedidos pela DPMAS, Sofala.

Tabela 14 - Associações Femininas no Distrito de Chemba, DDMAS, 2009

Nome da Nº De Actividades Local Fonte de


Associação membros financiamento
OMM 12 Corte e costura, produção de Sede -
hortaliças
Acaziakuverana 10 Produção de milho, mapira e Sede Iniciativa própria
criação de cabrito p/ geração
de rendimento
Mulheres Atonio 17 Sementeiras de Batata-doce António Mbuzi Iniciativa própria
Mbuzi
Mulheres do 15 Produção de milho Quarto Bairro Idem
quarto Bairro
Mães de Mitivo 10 Criação de cabrito Mitivo Idem
Chiverano 15 Criação de cabrito N’sunsó Idem
Mulheres de 20 Abertura de machamba Lambane Idem
Lambane
Lecane 10 Cabelaria Sede -
Fonte: Governo do Distrito de Chemba, Direcção Distrital de Saúde, Mulher e Acção Social, dados cedidos pela
DPMAS, Sofala.
54

Tal como referido anteriormente, as informações relativas ao número de associações e a


sua composição é bastante relativa. No distrito de Chemba apenas foi possível localizar
duas das associações existentes. A informação estatística nem sempre corresponde com a
realidade nos distritos.

1.1.2. O Fundo de Apoio para a Reabilitação da Economia (FARE)

Até 2009 (altura da pesquisa), o FARE tinha financiado projectos em todos os distritos da
província tendo como critérios de elegibilidade: viabilidade económica do projecto;
idoneidade do indivíduo (esta informação é fornecida pelas autoridades locais:
administrador, órgãos locais, secretários do Bairro, líderes comunitários etc.) e provável
impacto do projecto na comunidade, através da auscultação.

Normalmente os projectos eram aprovados sem nenhum tipo de garantia e o


reembolso era muito fraco. Uma das razões apresentadas foi o facto da província estar
numa fase piloto em que era necessário gastar o dinheiro. Só nos últimos 3-5 anos é que se
começou a fazer o reembolso dos fundos na sua quase totalidade. Numa primeira fase
exigia-se que as pessoas se associassem para beneficiar do fundo e não se fazia a
auscultação das autoridades locais.

O FARE beneficiou quatro homens nos distritos de Búzi e Chemba e uma mulher no
distrito de Caia.

A partir de Janeiro de 2009 acabou o crédito a retalho e o FARE passou a financiar as


instituições de micro-finanças para os projectos rurais. Os responsáveis do FARE enviaram
os nomes dos devedores para os administradores e responsáveis do OIIL de forma a evitar
que se desse dinheiro a pessoas já endividadas.

1.2. Província da Zambézia

Na Zambézia não existe um levantamento de associações femininas ao nível da Direcção


Provincial da Mulher e Acção Social, no entanto a associação NAFEZA (Núcleo das
Associações Femininas da Zambézia) tem um registo de 54 associações membros havendo
24 associações de mulheres e 4 associações de camponeses, para além de associações que
apoiam jovens, associações de estudantes, de luta contra o HIV/SIDA, dos Deficientes,
movimentos cívicos, Comité da Mulher Trabalhadora, associações de Amigos de diversos
distritos, para a promoção de actividades culturais, Conselho Cristão de Moçambique,
associações que trabalham na área da advocacia. No conjunto das associações membros 28
desenvolvem actividades de geração de renda das quais 22 estão envolvidas em actividades
de produção agrícola para consumo e comercialização, muitas vezes combinada com outras
actividades como a criação e comercialização de animais de pequena espécie, hotelaria,
corte e costura, pesca artesanal, comércio geral, poupança e crédito rotativo, tapeçaria e
piscicultura.

A NAFEZA surgiu do FONGZA (Fórum das ONGs da Zambézia) de quem se separou em 2003
quando sentiu a necessidade de integrar aspectos de género, recebendo apoio da DPMAS,
55

UNIFEM e Fórum Mulher, e fundos do FNUAP através da DPMAS. As associações membros


da NAFEZA são independentes apenas se cruzando na área da advocacia dos direitos da
mulher.

As principais dificuldades enfrentadas pelas associações membro da NAFEZA são a falta de


acesso a créditos formais e a assistência técnica, especialmente nas actividades
agropecuárias. Outro problema é a estiagem que prejudica as actividades agrícolas. Muitos
parceiros que trabalham com a NAFEZA não financiam actividades geradoras de renda mas
a capacitação das associações em gestão de projectos, liderança, associativismo e outras
matérias de forma a fortalecer as capacidades dos associados não só para a gestão da
própria associação, como dos seus projectos.

O financiamento do FNUAP que a NAFEZA recebe desde 1997, beneficiava anteriormente a


OMM, tendo-lhe sido retirado quando esta se re-assumiu como organização partidária. O
FNUAP financiava também um programa denominado “Projecto Populacional da
Zambézia” que impulsionou bastante a questão de integração de género, fortalecendo
dessa forma a NAFEZA.22 A CIDA/CANADA, no âmbito do combate ao impacto do HIV/SIDA,
financiou actividades de geração de renda, tendo algumas associações membros da
NAFEZA beneficiado de fundos para aquisição de terra para cultivo, insumos e forno para a
produção de pão, actividade esta que está quase falida, embora a sua produção esteja em
processo de ser reactivada. Também realizaram formações na área de produção de
medicamentos à base de ervas. Esta actividade tem-se mostrado sustentável.

A NAFEZA tem estado a negociar com instituições de crédito com vista a ser facilitado o
processo de atribuição de crédito aos seus associados.

O FONGZA tem um registo de 97 associações não discriminado por sexo. A identificação de


associações femininas foi possível através dos nomes indicados como pontos focais de cada
associação. Das associações femininas identificadas, 30 desenvolvem actividades de
geração de renda e 27 dedicam-se à agricultura, muitas vezes combinada com outras
actividades.

1.2.1. OMM

No encontro realizado com a Secretária Provincial da OMM, Arlinda Cipriano de Sousa, em


Quelimane a 11 de Agosto de 2009, fomos informados de que o boom associativo começou
a verificar-se a partir de 2004, apesar da resistência inicial, pois algumas pessoas receavam
o regresso de aldeias comunais, e de outras por acreditarem que as associações serviam
apenas os “chefes”.

A Secretária da OMM acredita que o associativismo é uma alternativa para a falta de


emprego, pelo facto de não ser possível garantir emprego assalariado a todas as pessoas. O
associativismo pode servir para o auto-sustento, sendo por essa razão que a OMM procura
sensibilizar a mulher para aderir a este como forma de lutar contra a pobreza.

22
Encontros realizados nos dias 28 de Julho e 11 de Agosto de 2009.
56

A OMM está a controlar, apoiar e assistir 88 associações baseadas na província23, sendo a


maior parte na área da agricultura, algumas delas em parceria com o Gabinete da Esposa do
Presidente da República (nos distritos de Namarrói, Maganja da Costa e Milange, na área da
Costura), e com o apoio da DPMAS:

 Pebane - assistem uma associação que trabalha na extracção de sal, salineiras; tem
um grupo que trabalha numa fabriqueta de castanha de caju que surgiu por
iniciativa própria das mulheres; outras trabalham na agricultura, na produção de
amendoim.
 Alto Molócue - criação de perús em Namauala e extracção de ouro em Mutala ( são
50 mulheres garimpeiras). A DPA ofereceu uma motobomba a uma associação
agrícola.
 Morrumbala - hospedaria.
 Mopeia – associação de pesca no rio Zambeze, uma associação que vende o peixe e
com o rendimento construiu uma padaria e, em 2009, começou também a produzir
gergelim.
 Maganja da Costa - associações de costura, piscicultura (2 tanques) e pesca onde a
OMM ofereceu um congelador em Cariwa.
 Gilé – mulheres que confeccionam e vendem alimentos; algumas mulheres estão em
fase de organização para formarem uma associação de garimpeiras.
 Gurué – Posto Administrativo de Lipoma com a produção agrícola de culturas
diversas, soja, feijão e milho para a comercialização.
 ILE – criação de animais caprinos na sede e agricultura.
 Lugela – seis associações de agricultura
 Mocuba – associação de mulheres da Agricultura; outras mulheres receberam
moageiras através do OIIL.
 Nicoadala – cultivo de arroz em Mucelo Novo (produto base no baixo Zambeze)

Não há informação de Chinde, Inhassunge e da cidade de Quelimane. Nesta última apenas


há referências a mulheres que trabalham na criação de aves, costura, bordados, agricultura,
hospedaria e fabrico de blocos.

Na aldeia Kaburi são as mulheres que pescam, tendo beneficiado de uma capacitação para
o efeito. As mulheres pescam geralmente nas horas mortas (noites ou manhãs) e durante o
dia vendem o seu produto.

A OMM, em parceria com a DPMAS e o Gabinete da Esposa do Governador, formou, em


Mocuba, 40 mulheres em matérias de gestão de projectos. O programa de formação iniciou
em 2008 e pretendem estendê-lo a todos os distritos, englobando também alfabetização e
HIV/SIDA. A OMM promove também cursos para a esposa dos dirigentes (Administradores,
Secretários Permanentes, Directores) sobre atitudes e comportamentos na forma de lidar
com as comunidades.

A DPMAS, por sua vez, apoia na capacitação dos membros em matérias de direitos da
mulher e género.

23
Esta informação foi problematizada num encontro com a NAFEZA, a 11 de Agosto de 2009, onde referiu que
muitas destas associações não foram criadas e nem sempre são geridas pela OMM, apesar de muitos dos seus
membros pertencerem à organização, como foi possível constatar durante o trabalho de campo realizado.
57

A OMM reuniu com o Destacamento Feminino das Forças Armadas mobilizando os seus
membros para igualmente desenvolverem actividades de geração de renda.

No que diz respeito à prevenção e combate contra a Violência Doméstica, foi referido que a
OMM faz campanhas de rádio. Em coordenação com a DPMAS, Governo Provincial,
Gabinete da Esposa do Governador, Esposa do Primeiro Secretário, planificam, organizam e
implementam um programa de sensibilização de homens.

A OMM encontra-se a reactivar os Círculos de Interesse24, com o apoio do INAS. Cinco (5)
bairros receberam apoio para projectos de fabrico de blocos e de costura.

Os registos da DPA (Direcção Provincial de Agricultura) referem à da existência de 430,


associações de carácter misto. Estas associações que desenvolvem actividades agrícolas na
província da Zambézia, são assistidas ao nível dos distritos pelos extensionistas rurais.

Tabela 15 - Associações que Desenvolvem Actividades Agrícolas, Província da Zambézia,


2009

Organização DPA NAFEZA FONGZA


(mistas) (femininas) (mistas)
Distritos Total Legais

Mulheres Total Mulheres


Alto Molócuè 50 44 4 -
Chinde 14 2 1 -
Gilé 28 21 4 2 1
Gurué 5 5 6 -
Ile 3 2 8 4 2
Inhassunge 3 3 1 -
Lugela 33 - 3 1
M. da Costa 35 20 6 -
Milange 53 32 6 -
Mocuba 3 2 8 6 1
Mopeia 9 4 7 -
Morrumbala 86 - 9 6 2
Namacurra 14 5 5 1
Namarrrói 21 21 4 -
Nicoadala 38 12 8 2 2
Pebane 32 - 1 -
Quelimane 7 3 36 56 13
Total 430 176 57 97 23
Obs.: As informações cedidas pelo FONGZA não especificam o tipo de actividade de cada associação, porém,
pela identificação de cada uma foi possível aferir, em muitos casos, o tipo de actividade que desenvolve.

24
Uma das decisões da Conferência Extraordinária da OMM realizada em Novembro de 1984, foi a de organizar
‘Círculos de Interesse’. A ideia era ter um espaço local onde as mulheres pudessem falar nos seus problemas e
aspirações, aprender e ensinar, trabalhar em conjunto e, sobretudo, lutar pela sua emancipação económica,
através de projectos geradores de rendimento. Foram criados em todo o País quatro Centros de Formação para
as Activistas dos Círculos de Interesse.
58

1.2.2. Instituto Nacional de Acção Social (INAS)

O INAS está organizado em 3 Delegações na Província da Zambézia:

 Delegação de Quelimane (integrando os distritos de Quelimane, Mopeia, Chinde,


Nicoadala e Morrumbala);
 Delegação de Gurué (com os Distritos de Gurué, Ile, Namarrrói, Milange e Alto
Molócuè);
 Delegação de Mocuba (com os Distritos de Mocuba, Maganja da Costa, Lugela, Gilé,
Pebane e Namacurra).

O INAS apoia economicamente sobretudo as mulheres carentes através do Benefício Social


pelo Trabalho (BST) e do Programa de Geração de Rendimento (PGR). Para os anos de 2008
e 2009 foram-nos fornecidos os dados constantes na tabela 16.

Tabela 16 - Programa de Geração de Rendimento e de Benefício Social pelo Trabalho, INAS,


Província da Zambézia, 2008-2009

Ano Quelimane Mocuba Gurué Total


Total Mulh Total Mulh Total Mulh Total Mulh
Programa de Geração de Rendimento
2008 46 35 5 5 6 4 57 44
2009 51 47 4 4 9 6 64 57
Benefício Social pelo Trabalho
2008 97 97
97 97

Fonte: INAS, Delegação Provincial da Zambézia

Os grupos identificados como de mulheres são apenas constituídos por mulheres ou


integram maioritariamente mulheres. Estes dados incluem também casos de beneficiárias
individuais.

Foi constatado que o INAS ao apoiar grupos, não trabalha com associações propriamente
ditas. O INAS junta um certo número de beneficiárias (por vezes ex-beneficiárias do BST),
sem obedecer a qualquer regra do associativismo. Isto torna o grupo vulnerável no que diz
respeito à coesão dos seus membros.

1.2.3. FARE (Fundo de Apoio à Reabilitação da Economia)

O FARE já não está a apoiar associações, iniciou a sua retirada com a introdução do OIIL.
Actualmente apenas estão a ser assistidas as associações que já eram apoiadas num total
de 110 associações e singulares. Das singulares 16 são mulheres distribuídas por: 1 – Chinde; 1
– Morrumbala; 3 – Nicoadala; 2 – Namarrrói; 1 – Pebane; 1 – Ile; 1 – Lugela; 1 – Maganja da
Costa; 2 – Inhassunge; 2 – Namacurra; 1 – Mopeia; e 1 – Mocuba.

A Direcção do Comércio não realiza actividades de apoio aos associados que desenvolvem
actividades comerciais, apenas divulga os instrumentos legais sobre a actividade e
inspecciona a sua implementação, com maior enfoque na fiscalização.
59

1.2.4. Poupança e Crédito Rotativo

No decurso da entrevista com o Gabinete de Promoção e Desenvolvimento da Mulher


(Associação de Mulheres em Quelimane) e com a Associação ACTIVA, fomos informadas
que a Poupança e Crédito Rotativo (PCR) já está a ser implementada por 13 grupos de
mulheres na cidade de Quelimane.

As Associações da Cidade que não recebem financiamentos sobrevivem de Caixas de


Poupança e Crédito Rotativo, denominado ASCAS. Muitas associações fazem este tipo de
Xitique, que serve para ajuda mútua entre as mulheres como no caso do 2º e 4º Bairros.
Nestas associações de PCR é estipulado um valor mínimo de contribuição de cada mulher,
embora cada uma possa contribuir com o que lhe for possível. Para a entrega dessa
contribuição é estabelecido um dia do mês. O valor total das contribuições é dividido de
acordo com as necessidades dos membros. Um membro pode pedir um valor acima do que
contribuiu. No mês seguinte cada membro que tiver beneficiado do crédito deve devolver
com juros de 10%, não precisando de devolver todo o valor de uma só vez, embora até ao
final do pagamento se mantenha o juro sobre o que deve. O dinheiro devolvido serve para
emprestar a outros membros. No final de cada ano, faz-se o somatório de todas as
contribuições. O saldo serve para emprestar a outras associadas e para o funcionamento da
associação. Para melhor controlo deste processo existem fichas que a associação elabora,
onde são registadas as entradas e saídas do valor, bem como os nomes das contribuintes e
beneficiárias do valor. Do saldo anual, o que for para o funcionamento da associação é
gerido com transparência.

Uma das entrevistadas diria em relação ao PCR, “Quanto ao crédito rotativo, não tenho
muita experiência disso porque não é comum no Gurué. As pessoas não se confiam muito.
Mesmo o próprio xitique é complicado porque algumas pessoas faltam à palavra. Eu com
algumas colegas do serviço já fiz xitique de panela”.25

Todavia a CLUSA (Cooperative League of the United States of America), está a formar
grupos de mulheres em matéria de crédito rotativo, existindo neste momento 4 grupos na
Localidade Sede de Lioma. A CLUSA analisou algumas experiências deste processo, como o
caso da Ophavela de Nampula, a qual prestou apoio no processo inicial da experiência no
Gurué. O objectivo é que as pessoas ganhem consciência de poupança e crédito, bem como
de solidariedade, mesmo na ausência de bancos. Estes grupos de mulheres, porque ainda
inexperientes, precisam de assistência e monitoramento. Existe um fundo de poupança que
é dado a crédito e um fundo social para resolver necessidades sociais dos membros
(emergências como doença, falecimentos, entre outros). Para este último fundo, a
devolução não exige a taxa de 10% de juros.

Tabela 17 - Grupos de Poupança e Crédito Rotativo - Posto Administrativo de Lioma,


Distrito do Gurué, Província da Zambézia

Fórum Nome do grupo Nº de membros Poupança Fundo Social


Fopal Ohawa Omale 26 3,610,00 MT 251,00 MT
Fopal Nerere none 12 1,415,00 MT 126,00 MT

25
Presidente da Associação Hotxecula, Gurué, 31 de Julho de 2009.
60

Napalame Nikhale Murima 21 960 MT


Chilala Wiwanana 10 2,020,00 MT 152,00 MT
Total 4 69 8,005,00 MT 529,00 MT
Fonte: CLUSA, Gurué, 3 de Agosto de 2009.

A CLUSA, no Gurué, opera desde 2006 na área do fomento da Soja, controlando cerca de
75% da produção desta cultura no Gurué e Niassa. Uma das componentes deste projecto é o
desenvolvimento da mulher e o equilíbrio de género. No âmbito do desenvolvimento da
mulher, o projecto controla 121 associações de mulheres (21 em Niassa e 100 em Gurué) e 19
grupos de mulheres.

Em parceria com a ITIA (Instituto Internacional da Agricultura Tropical), a CLUSA está a


formar mulheres em matérias de nutrição, com enfoque para o consumo da soja (na
confecção de bolos, leite, pão, etc.). Já existe um grupo de mulheres formadas que
processam e confeccionam produtos alimentares para o consumo. Em muitos casos estes
produtos são vendidos e as técnicas de produção divulgadas pela comunidade, estando a
ser construídos fornos fornecidos às comunidades em forma de crédito, para a produção de
pão e bolos de soja.

A CLUSA dá créditos aos camponeses para a produção agrícola através do COPSA


(Cooperativa Agrícola de Prestação de Serviços), do Gurué, estando a ser beneficiadas
cerca de 450 pessoas, das quais 320/330 são mulheres. Adicionalmente a CLUSA promove
Educação Básica de Adultos Funcional em parceria com o sector da Educação, assistindo 48
centros, com 1553 alfabetizandos, dos quais 75/80% são mulheres. Os formadores,
designados por animadores, são pagos pelo Ministério da Educação. A CLUSA compra os
manuais de Português e Matemática, cadernos, quadros e giz e paga a 8 operadores
pedagógicos que fazem supervisão dos centros de alfabetização.

De uma forma geral os créditos são devolvidos por homens e mulheres apesar dos
problemas enfrentados (estiagem, excesso de chuvas e dificuldades na comercialização).
Para evitar problemas, definem-se claramente as datas das sementeiras. A CLUSA é
intermediária na comercialização, sendo, durante este processo, que é garantida a
devolução do crédito atribuído. Não existe cultura de trabalho com tracção animal por isso,
experiências passadas não foram positiva. Assim, a CLUSA, que tem cerca de 28 juntas para
oferecer, decidiu dar primeiro uma formação às pessoas sobre a sua utilização. A ideia da
CLUSA é a de entregar as juntas às associações mas responsabilizando um grupo pela sua
utilização e controlo.

2. Associativismo

Como resultado das mudanças que se foram operando durante o período colonial e após a
Independência, os antigos sistemas de minimização de riscos na reprodução social,
baseados nas variadas formas que a organização territorial assume, foram sofrendo
alterações e adaptações com implicações para a organização do parentesco, das famílias e
das comunidades, tendo como resultado o surgimento de outras culturas institucionais
endógenas, nas províncias de Sofala e Zambézia. O fim da guerra, em 1992, permitiu o
regresso das famílias às suas zonas de origem, a reorganização das actividades produtivas,
as trocas comerciais entre as regiões do distrito, entre distritos e províncias. Neste
61

processo surgem actores sociais diversos que, obrigados a dar resposta às novas
necessidades, foram ocupando o vazio deixado pelas formas tradicionais de dinâmica de
grupo, originando uma redefinição dos espaços institucionais num novo tecido (Cruzeiro do
Sul 2000: 5-6).

A articulação frágil e por vezes tensa entre os diversos tipos de instituições – familiares,
estatais, partidárias, ‘tradicionais’, associativas (de entreajuda, comunitárias, económicas,
religiosas, culturais, desportivas), têm também contribuído para uma redefinição dos
espaços institucionais. As experiências de exercício do poder ao nível local traduzem-se
muitas vezes em custos elevados para os cidadãos: a continuação da desigualdade das
relações sociais e de poder entre mulheres e homens; o agravamento da disparidade social;
o número excessivo de roubos e queimadas; a impunidade da corrupção e o aumento do
nepotismo; a deficiente planificação participativa a partir da localidade; o desrespeito pelas
autoridades tradicionais e por estruturas criadas pelos cidadãos, sobretudo quando os seus
membros são duma ‘cor’ política diferente da que está no poder, mesmo se o seu
desempenho é elogiado.

Algumas autoras mencionam um novo foco de conflitos que emerge na sequência da


recriação do poder tradicional nas comunidades, depois de duas dezenas de anos de
marginalização, por parte das instituições do Estado, ainda que muitas instituições
tradicionais tenham continuado a actuar na sombra ou até em conjunto com instituições
administrativas, de acordo com as conveniências políticas e a diversidade das situações.
Partilhando a sua autoridade com lideranças comunitárias criadas pelo Estado (por
exemplo, tribunais comunitários, secretários de bairro e de aldeia, Instituições de
Participação e Consulta Comunitária (IPPC’s), conselhos consultivos locais) o poder
tradicional continua a intervir na vida das comunidades e na resolução de conflitos,
registando-se por vezes boa colaboração, mas também indefinição de competências e
descontentamento por parte dos chefes tradicionais. “Esta situação de indefinição e de
descontentamento pode, a curto e médio prazos, trazer conflitualidades que, não resolvidas,
podem criar alguma instabilidade social, como é o caso da instrumentalização política dos
gestores dos conflitos e até dos próprios conflitos” (Osório e Mejia 2006: 80).

A complexidade e a mobilidade das formas organizativas, fruto de rupturas e continuidades


que têm intersectado o Estado e a sociedade Moçambicana são próprias dos nossos
tempos, caracterizados por instituições porosas ou pela porosidade institucional, por redes
múltiplas de culturas organizativas que nos obrigam a transições e transgressões
constantes, como referido por Santos em relação às múltiplas ordens legais (Santos 1995:
473).

Por exemplo, o oficial tende a ser formal, moderno, monocultural e nacional, ou o não-oficial é muitas
vezes informal, tradicional, multicultural e local. Mas as sobreposições são apenas parciais e podem
ocorrer mais frequentemente numas circunstâncias do que noutras. Aliás, os contextos culturais ou
políticos podem determinar que uma dada pluralidade de práticas seja formulada nos termos de uma
dada dicotomia ou nos de outra (Santos e Silva 2004: 31).

Diversas investigações realizadas em Moçambique em finais dos anos 90 e nos princípios do


século XXI têm dado conta desta hibridação, mencionada nos estudos sobre Conflito e
Transformação Social: uma paisagem das justiças em Moçambique (Santos e Trindade, 2003),
sobre as relações entre o Estado e a sociedade e as formas alternativas de vida (Santos e
Silva 2004), em relação às autoridades tradicionais e médicos tradicionais (Meneses 2004a,
2004b, 2005), no respeitante ao protagonismo das redes de solidariedade na resolução de
62

conflitos (Silva 2003), no respeitante às associações criadas e geridas pelas mulheres


(Loforte 2000) e mais recentemente no que respeita à participação das mulheres na
governação local (Osório e Silva 2009).

O sincretismo entre membros e associações tradicionais e modernas, num processo de


acomodação, compromisso e hibridação mas também de tensão, é revelador do
dinamismo, das constantes mudanças e da existência de vários sistemas de normas
mutuamente competitivas. Contrariamente ao que alguns cientistas sociais têm
expressado, não existe apenas uma maneira de viver e de pensar que pareça expressar a
especificidade das culturas africanas, omitindo o pluralismo interno e a existência de um
leque variado de práticas e normas sociais marginais, que reflectem a sua diversidade e as
mudanças internas que as tornam culturas vivas (Hountondji 2001: 13).

De acordo como Miller,

Qualquer que seja a base de liderança tradicional, a sobrevivência política dos líderes tradicionais é
significativa, porque eles providenciam a ligação vital entre o governo e o povo. Eles influenciam o sucesso
de esquemas de modernização específicos, servindo como tradutores, intérpretes e mediadores dos
objectivos governamentais. Esta forma de liderança é basicamente sincrética, um padrão de liderança
entre chefes e headmen que é uma síntese e reconciliação das forças opostas do tradicionalismo e
modernismo. O resultado é uma forma de liderança que não é nem moderna nem tradicional, mas uma
incorporação de ambas. O processo é de acomodação e compromisso. É uma reconciliação de demandas
de: a) os elementos de coesão dos costumes da sociedade rural tradicional, b) os grupos burocráticos
modernizadores (modernising), constituídos por administradores locais e líderes dos partidos políticos.
Uma característica chave do comportamento político sincrético é a mudança constante (Miller 1968: 183-
184).

As informações a que fizemos referência dão conta dum boom associativo e de actividades
geradoras de rendimento, em ambas províncias, sobretudo nos últimos 3-4 anos, o que
pode também estar relacionado com o início de funcionamento do OIIL, a partir de 2006.
Pelas informações obtidas pode-se perceber que a vida de mulheres e homens mudou, que
a vida em associações facilita o quotidiano das pessoas e o seu acesso a diversos tipos de
bens e apoios, que há mais dinheiro disponível e a circular, que os produtos percorrem os
mercados da costa para o interior e do interior para a costa.

Há associações que estão a funcionar há bastante tempo como constatado com a


Associação das Mulheres Amigas de Maulate, criada em 1998, quando um grupo de 12
mulheres se juntou para o cultivo de paprica no âmbito das actividades da CLUSA. A
associação é actualmente constituída por 48 mulheres e 11 homens. Depois da CLUSA veio a
HPI que formou membros da associação para fomento caprino e atribuiu cabritos de forma
rotativa entre os membros, tendo os beneficiados devolvido os cabritos iniciais ficando
cada membro com os seus. A criação serve para consumo e comercialização. Todos os
membros têm tido rendimento suficiente para colocar os filhos na escola e alguns
conseguiram, inclusivamente, melhorar as suas casas.

Depois da HPI veio a FAO, em 2005, que formou os membros da associação em Segurança
Alimentar e Nutricional, em matérias de tracção animal e mais tarde receberam uma junta
de bois e outra de búfalos. Por falta de cuidados veterinários e doença que já traziam,
morreram as duas juntas no mesmo ano. A FAO atribuiu-lhes ainda um fundo para
aumentarem e melhorarem a sua produção. A Associação está a produzir arroz, embora na
época 2007/8 não tivessem tido boa produção devido ao calor excessivo. A associação tem
63

uma machamba de 5 ha onde produz mandioca, milho e hortícolas, para além das
machambas individuais dos membros. Possuem também uma multicultivadora.

No que respeita aos benefícios dos associados, o secretário da associação referiu que, “Por
estar na associação conseguiram construir casa, depois de dividir o dinheiro: metade dividimos
para a nossa subsistência e a outra metade depositamos”. A presidente, por sua vez, disse
que, “Nunca recebemos dinheiro do Governo. Fazemos ganho-ganho, dinheiro do nosso
esforço pessoal, e guardamos na caixa”.

Sobre a utilização dos fundos por parte dos membros associados, mulheres e homens, uma
das associadas referiu:

Algumas senhoras são viúvas e outras solteiras que guardam e utilizam o dinheiro dependendo
totalmente da sua vontade. Mas as casadas, apresentam aos maridos e junto decidem o que podem fazer.
Muitas vezes, dependendo do valor, analisam os problemas da casa e dão prioridades, o que sobra fica
para o sustento. Para nós que temos maridos, quando fazemos dinheiro, apresentamos aos maridos e
perguntamos o que vamos fazer com o dinheiro. Vemos juntos quais são os problemas, roupa das
crianças, arranjar a casa, comprar capim, e decidem.

Quanto ao saber se os homens apresentam o seu rendimento às mulheres, um associado


adiantou: “Depende de cada homem, mas os homens bem comportados apresentam e trocam
ideias com as mulheres para dar o destino ao dinheiro”.

Sobre o que mudou na vida das pessoas foi-nos dito pela presidente que, “A mulher já não
fica parada. Houve mudança de atitude, de comportamento, porque agora as mulheres estão a
contribuir para evoluir a própria vida e a da família”, e uma das associadas adiantou, “Os
tempos são diferentes. Estando na associação e chegando a uma idade avançada, os membros
ajudam-se”.

Os membros referiram no final da entrevista que esperam apoio para continuar a produção,
mas que a Direcção Distrital de Agricultura tem apoiado a associação com insumos em
todas as campanhas. Nunca tiveram acesso ao OIIL.26

De acordo com a informação prestada pela Presidente da Associação de Mulheres


Domésticas da Zambézia (AMUDZA), Felismina Mesa, esta associação, com sede em
Mocuba, foi criada a 8 de Março de 1996, reconhecida e publicados os seus estatutos no
Boletim da República, tendo como objectivo reintegrar a mulher doméstica no
desenvolvimento sócio-económico do país. Está implantada em 8 distritos: Quelimane,
Nicuadala, Morrumbala, Milange, Maganja da Costa, Gurué, Alto Molócuè e Mocuba.
Trabalha em coordenação com a OMM e é membro do NAFEZA e do FONGZA. A Associação
realizou a sua última assembleia-geral em 2005. O total dos membros é de 256 nos 8
distritos. Na fase inicial da associação os membros tiveram dificuldade em perceber o que é
o associativismo.

As suas áreas de Intervenção são no âmbito da: (i) Agricultura: abertura de machambas de
várias culturas; (ii) Educação: acções de sensibilização para a alfabetização e educação de
adultos e raparigas para a permanência nas escolas; actividades de criação de habilidades,
tais como corte e costura e culinária, já que “por serem mulheres devem ter preparação
para se saírem bem nas suas casas”; e desenvolvem também actividades de sensibilização
para o meio ambiente, prevenindo queimadas descontroladas, erosão, fecalismo a céu

26
Entrevista a membros da Associação das Mulheres Amigas de Maulate, Namacurra, 7 de Agosto de 2009.
64

aberto e promoção do saneamento do meio; (iii) Saúde: saúde pública, sensibilização sobre
o HIV/SIDA; divulgação dos direitos humanos da mulher e da criança; violência doméstica;
da Lei da Família e LOLE; (iv) Actividades de Geração de Rendimento: de 2000 a 2004 os
Serviços de Cooperação Alemã (DED), financiaram a capacitação institucional.

Em 2002 a AMUDZA apoiou 45 mulheres dos distritos da zona norte do PGR (Molócuè,
Gurué, Milange e Mocuba), das quais apenas 10 reembolsaram os fundos em 2009. De 2004
a 2009, a DIACONIA, uma organização social de inspiração cristã, apoiou na capacitação
institucional. Através do INAS, apoiaram com duas residências e igual número de famílias
chefiadas por Crianças Órfãs e Vulneráveis (COVs). Outras mulheres receberam apoios
através de parceiros locais (Molócuè-FGH). O OIIL, em Molócuè e Morrumbala beneficiou a
associação para a abertura de machambas.27

As suas principais dificuldades são a falta de instalações próprias (funcionam nas


instalações do Serviço Distrital de Saúde, Mulher e Acção Social (SDSMAS); insuficiência de
fundos para cobrir todas as necessidades das mulheres no PGR; falta de meios circulantes;
necessidade de cursos de informática (“o sonho é ter um centro de formação em
informática”).

A Sra. Anita, Secretária Distrital da OMM em Chemba, nasceu neste distrito em 1971, é
casada e tem 7 filhos, 2 rapazes e 5 meninas. De acordo com ela, a sua fonte de rendimento
é uma padaria financiada com os fundos da PHDR em 2000, que rendeu 5.000 meticais e em
3 anos já saldou a dívida. Aumentou o estabelecimento e fez um salão de chá em 2003.
Também confeccionava comida. Tem duas machambas: uma na ilha (em frente a Chemba),
onde produz feijão e cebola, encontra-se sob a responsabilidade do marido, e outra onde
produz milho e mapira, que se encontra sob a sua responsabilidade. O rendimento do ano
2008 foi de 30 sacos de feijão que lhe rendeu 40.000 meticais, tendo com esse dinheiro
aberto uma casa para se assistir a filmes de vídeo. Mais tarde comprou um congelador para
vender refrescos e cervejas. Também tem uma banca. Ela e o marido dividem as tarefas.

Em 2003 criámos uma associação para a produção de milho com 20 membros e outra machamba para a
produção de hortaliças com 12 membros. A estratégia é dividir os membros para render mais. A OMM
estava filiada na União das Associações Camponesas do Distrito, da qual pagávamos quotas para o senhor
Nhambo que era o presidente. Sempre pagávamos e ele nunca nos explicava porque é que estávamos a
pagar. A vantagem de estarmos nesta associação é que antes nós tínhamos dinheiro e não sabíamos o que
fazer com ele. Comprávamos capulanas mas depois nesta associação incentivavam-nos a fazer negócio.
Nós ajudávamos outras mulheres a criar uma associação de criação de cabritos. Emprestávamos dinheiro e
elas pagavam-nos em cabritos. Ainda sobre as associações, incentivámos a criação dos cabritos nos
seguintes moldes: deixamos todos os cabritos no curral, então damos 2 para reprodução, depois disso
devolvem.
Para guardarmos dinheiro às vezes pedimos na administração. Pedimos dois homens para nos ajudar na
machamba de hortaliças. Eles manejam a motobomba que a agricultura nos deu e nós só colocamos
combustível. A mamã Anita é coordenadora e eu trabalho com ela. As mulheres quando estão juntas
trabalham bem porque são grupos pequenos.
[Referiu que] Existem 5 membros no Conselho Consultivo Local. É importante ter as mulheres nos órgãos
porque quando se trata de um conflito doméstico a mulher pode ajudar a interceder pelas outras, se não
os homens sempre decidirão a seu favor. Aqui em Chemba temos uma Mulher Fumo que também faz
parte do CCL. O conselho consultivo é para resolver os problemas. Quando não conseguem encaminham
para o administrador ou para o comando. Cada pessoa pode falar nos Conselhos Consultivos dos seus
problemas. Em relação ao OIIL, as mulheres dos conselhos consultivos também participam das decisões
sobre quem deve receber os fundos.

27
Entrevista à Presidente da AMUDZA, Felismina Mesa, Mocuba, 5 de Agosto de 2009.
65

Eu própria pedi dinheiro para fazer casas de hóspede mas ainda não comecei a devolver porque não
comecei a construir. Os carpinteiros já começaram a trabalhar. Com o dinheiro do OIIL, comprei tijolos,
chapas e barrotes. Pedi financiamento de 60 mil meticais.
Quanto à forma como acedemos à informação, não temos rádio, a informação chega através do régulo
que avisa aos Fumos e aos Sapandas que por sua vez fazem chegar à sua população.28

A União Distrital dos Camponeses (UDAC) é constituída por 47 associações. De acordo com
o seu Presidente, Gomes Magombe José

Algumas estão inactivas devido ao modo como surgiram, já que algumas formaram-se por interesses,
quando há algo para receber, e depois desaparecem. A UDAC tem no geral 1855 membros dentre os quais
1238 são mulheres. Dentro da UDAC, existe o Projecto Agrícola Chicumbua, nascido em 1997, da sua
iniciativa.
A zona de Chicumbua era uma área de pasto antes de 1997 e não se produzia arroz. Até 1997 não havia
associações, não havia terra nem machambas para as associações. Em 1997 identificámos uma área de
2500 hectares em Chicumbua. Na altura criaram-se 5 associações e neste momento temos 10. Dos 10
líderes destas associações temos 8 mulheres e 2 homens, nomeadamente a D. Ecita Alberto, Amunanje
Fakira, Rosane Dauto, Manjumo Carimo Cassamo José, Amélia Chacamba, Madalena Mapingue, Ngonha
Castigo, Marcela Maquiava, e os senhores Silva Mutia e Muhengo Mubia. Das 8 mulheres presidentes de
associações, 7 são casadas e uma é viúva.
No projecto Chicumbua do Búzi temos 352 membros dentre os quais 280 são mulheres.
Em termos de parcerias, contamos com ONG’s, Banco Mundial, Consultores por parte do governo; ORAM,
PROMEC, SEMOC e o próprio Governo. O governo apoiou em 2 tractores e temos que pagar o tractor com
os rendimentos que conseguirmos. Para além destes tractores também apoiou-nos com duas
descascadeiras de arroz. De salientar que este apoio veio no âmbito do Orçamento de Investimento para
Iniciativa Local. O financiamento para os tractores foi de 70.000 meticais e o da descascadeira 7.000
meticais.
O projecto Chicumbua também beneficiou de uma ponte metálica através da ORAM, ACCORD AID. Neste
projecto produziu-se numa área de 1359 hectares. Também solicitou-se ao Governo a instalação de um
sistema de regadio. O processo já se iniciou e já está feita a instalação da energia eléctrica.
A produção do arroz é de sequeiro mas com o regadio passaremos a produzir todo o ano. Neste projecto
cada membro tem que produzir pelo menos 2 hectares. Temos mulheres de 30 anos a produzir mais de 3
hectares. A área está parcelada. A comercialização é feita de forma colectiva. Quem compra a produção é
a SEMOC. 14% para a semente, 30% para a comercialização e 56% para o consumo.
A associação procura saber das condições em que vive cada membro e como fazem para sobreviver. A
UDAC é proprietária da terra. O camponês só tem acesso à terra quando pode produzir a partir de 2
hectares. E só devolve a terra quando não consegue responder aos objectivos da União. E quando se trata
de morte, o seu familiar pode substituí-lo desde que também responda aos objectivos dos 2 hectares.
Em termos de valores o projecto cobra 1400 meticais por hectare para cada membro e 1600 por hectare
para não membros. Estes valores são cobrados para o trabalho de preparo da terra. A gradagem custa
700.000 meticais. A quota da associação paga-se no fim da produção.
O distrito está dividido em duas áreas: zonas baixas onde se produz arroz e batata Reno e zonas altas onde
se produz milho e outras culturas. Em termos de prioridade, a seguir ao arroz, que é a actividade
dominante, também se produzem hortícolas em grande escala: tomate, cebola, repolho, alface, batata-
doce. O arroz é a base da alimentação. A carne produz-se na zona alta.
As primeiras experiências da cooperativa do arroz correram mal: a produção era feita na mesma parcela,
não havia formação de pessoas e nem sequer havia plano de produção. Contudo hoje é possível ver que a
vida das pessoas mudou.
As vantagens do projecto Chicumbua são: uso do aproveitamento da terra, tem estatutos, preocupa-se
com a questão da segurança alimentar, emprega muitas pessoas, inclusive estudantes. O projecto já
participou em exposições na FACIM, na Feira do Chimoio e no Zimbabwe”. 29

A Associação “Mandjá Sifumba”, que significa “mãos não são esteiras, são para trabalhar”,
é uma associação de mulheres que funciona desde 1998, com sede no Alto da Manga, na
cidade da Beira. Na entrevista com a sua presidente, Carolina Tomo Cativo, de 49 anos de
idade, soubemos que as suas actividades são: acção social, creches, projecto de corte e

28
Entrevista à D. Anita, Secretária Distrital da OMM, Chemba, 21 de Julho de 2009.
29
Entrevista ao Sr. Gomes Magombe José, Presidente da UDAC, Búzi, 17 de Julho de 2009.
66

costura. Ensina-se corte e costura às meninas desde cedo. A associação compra os tecidos e
capulanas através do financiamento que vem do Núcleo Provincial do Combate ao SIDA,
mediante a submissão de projectos.

O fundo que se obtém ajuda a associação a ensinar e formar raparigas a costurar, bordar, e
a desenvolver outras actividades para não se desviarem nem se prostituírem. Entre as
várias actividades também está prevista a formação de adolescentes em áreas antes
realizadas no contexto dos ritos de iniciação da rapariga.

Há um grupo de 7 mulheres viúvas dentro da associação que faz Xitique para ajudar os seus
pequenos negócios como a produção de aguardente.

Em termos de parcerias para além do Núcleo Provincial do Combate ao SIDA a associação


conta com o apoio da Direcção Provincial da Mulher e Acção Social que ajuda no registo de
nascimento de crianças abandonadas ou crianças cujos pais não têm condições de as
registar; atestados de pobreza para o ingresso na escola, e no respeitante à saúde apoia no
encaminhamento para o atendimento gratuito, ainda que se trate dum processo moroso e
complicado em relação a medicamentos.

A associação não possuiu sede própria, funcionando na casa da sua presidente. Já tem um
terreno mas não tem condições de construir. Tem ainda 5 máquinas de costura, 3 delas
oferecidas pela Acção Social mas que não funcionam por falta de peças.

A Associação para o Desenvolvimento dos Camponeses Mundo da Sorte foi criada em


2004. “Primeiro a associação era comercial, mas perante a fome reunimos um grupo de
camponeses e mudámos para agricultura. Pedimos terra ao governo. Na primeira fase 10 ha,
agora 50 ha, para arroz e hortícolas”.30

Esta associação tem hoje 120 membros, 80 mulheres e 40 homens e trabalha em 3 áreas:
Agricultura (segurança alimentar e comercialização); Saúde (prevenção de doenças
endémicas, aconselhamento, saneamento do meio); Educação (melhoria da qualidade de
ensino, campanhas de alfabetização).

Sobre os rendimentos que mulheres e homens obtêm foi-nos dito que,

“A mulher tira uma parte para si e depois decidem juntos”. Um associado referiu “A minha mulher
recebeu uma bicicleta do Grupo Mulheres Primeiro. Mas com outras mulheres, os homens insultam
quando elas dão dinheiro”. Uma das associadas avançou que, “Da produção do ano passado comprei
bicicleta e os dois andamos de bicicleta. A bicicleta deste ano vai ser para o meu marido”.31

A Associação AMUONA, Associação das Mulheres Organizadas de Namacurra, criada em


2004 e registada em 2005, desenvolve actividades de corte e costura, aconselhamento para
testagem voluntária e actividade agrícola. Em 2007 recebeu 50.000MT do OIIL para
actividade agrícola, mas ainda não conseguiu devolver nada devido às cheias e problemas
de escoamento do produto. De acordo com um dos membros da associação: “Ainda não
beneficiámos nada. Ficámos escravas do dinheiro”32

30
Entrevista colectiva a membros da Associação para o Desenvolvimento dos Camponeses Mundo da Sorte,
Aldeia Mbaua, Macuze, Namacurra, 8 de Agosto de 2009.
31
Idem.
32
Entrevista colectiva a membros da Associação AMUONA, Namacurra, 6 de Agosto de 2009.
67

Na época passada houve cheias, sobrevivemos com as maçaniqueiras (…) Há mulheres e homens que
estão na alfabetização. Há 2 professoras. As aulas são à 2ª, 4ª e 6ª, das 14-17 hrs. Aprendemos a saber
escrever nomes, ler, saber fazer contas. A energia eléctrica mudou muito a vida das pessoas. As senhoras
querem aprender a ler e escrever para usar o celular”.33

Convém entretanto realçar que, apesar do boom associativo, muitas são as associações que
surgem apenas para aceder a um determinado fundo. Os financiadores “obrigam” as
pessoas a criar associações como critério para receber fundos; o INAS cria associações no
âmbito dos seus projectos; as pessoas associam-se para se candidatar ao OIIL. Esta situação
tem como consequência que muitas associações As Associações e as actividades geradoras
de rendimento de base endógena, como a Poupança e Crédito Rotativo, pareceram-nos as
experiências mais sustentáveis. As associadas utilizam as suas poupanças, não havendo o
receio, muitas vezes manifestado, de se ficar escravo do dinheiro de fora, os membros
cumprem com os juros e as multas decididas colectivamente, verifica-se confiança e auto-
estima, projectos de futuro.

De acordo com a promotora do PCR em Danga:

O projecto de Poupança e Crédito Rotativo (PCR), na localidade de Danga, Sofala, começou em 2002.
Houve uma formação em Vilankulos sob a responsabilidade do PACDIB (Projecto de Assistência de
Camponeses do Distrito do Búzi), com o objectivo de formar técnicos nesta área. Foram todos os técnicos
das localidades e ficaram lá durante 7 dias. Quando voltamos reunimos as senhoras e explicamos em que
consistia a formação.
Numa primeira fase o grupo devia ser chefiado por mulheres e devia ter 30 membros. No primeiro ano
foram formados dois grupos de 30 pessoas. Em 2002 poupámos 15 meticais por semana durante um ano.
Em 2003 o grupo cresceu.
A ideia no princípio era depositarmos e as pessoas levantavam para fazer negócios e devolviam com juros
de 10%. Ou seja o grupo encontra-se para fazer a poupança. Esta poupança é feita normalmente durante
um ano. Então, quando chega ao fim do ano, primeiro distribui-se o dinheiro que se poupou/guardou, e
depois divide-se o juro resultante dos empréstimos feitos ao longo do ano pelos membros do grupo.
Em 2004 mudámos a estratégia quando chegou a senhora da ADEMA (Agência de Desenvolvimento
Económico de Manica). Desde 2004 temos a assistência de uma técnica contratada. A partir dessa altura
passamos a depositar mensalmente e cada uma depositava o que podia. Ou seja, a ideia era que quem
tivesse 100 para depositar depositava, e quem tivesse 500 também depositava e assim sucessivamente.
Então no fim de um ano cada membro recebia o que depositou mais o valor dos juros. O contrato da
técnica é pago pela ADEMA. A ADEMA para além de pagar o salário da técnica também nos apoia
fornecendo-nos uma caixa de madeira que serve de cofre onde depositamos o dinheiro no dia da
poupança e também nos fornecendo fichas através das quais fazemos o controlo do movimento do
dinheiro.
Hoje já existem 4 grupos de Poupança e Crédito Rotativo na localidade de Danga, no Posto Administrativo
de Sofala. Portanto de 2004 até à actualidade já existem em toda a localidade 120 mulheres 34.

Sobre o funcionamento do cofre, referiu:

O grupo encontra-se no dia 17 de cada mês para fazer a poupança, e nesse dia o dinheiro não fica na caixa,
é distribuído de imediato para quem precisa. Isto é, quando o grupo se encontra, logo após a poupança
pergunta-se de imediato quem está a precisar de dinheiro para investir ou financiar algum negócio, ou até
mesmo para suprir necessidades pessoais. Depois de identificadas as pessoas divide-se o dinheiro entre
estas pessoas em função das necessidades e prioridades e desse modo esvazia-se a caixa. Portanto, cada
pessoa que leva deve devolver com um juro de 10% do valor recebido. Só no mês de Novembro é que as
pessoas recebem todo o dinheiro depositado ao longo dos meses. 35

33
Mulheres de Associação da OMM, Chemba, 23 de Julho de 2009.
34
Entrevista com Luisa Macane, Promotora de PCR em Danga, Posto Administrativo de Sofala, Distrito de Búzi,
18 de Julho de 2009
35
Idem.
68

Em relação às vantagens de participar no PCR, adiantou:

Desde que se criou o PCR a vida das pessoas está a melhorar. Há uma grande diversidade de negócios:
compra de peixe, sal, milho, hortícolas para a revenda. Este crédito já fez com que conseguíssemos muita
coisa. Colocámos os nossos filhos na escola, comprámos mobílias e fizemos casas” ... Homem não tem
pasta. (...) Estou folgada. (...) Não temos problemas com os maridos.... Há mais mulheres que querem,
mas dissemos para esperar até estarem bem organizadas”. “Vida mudou mas precisamos de mais.
Gostaríamos de ter uma máquina de costura, mas as mulheres devem organizar-se em associações.36

Estas informações foram confirmadas por um dos funcionários do Serviço Distrital de


Actividades Económicas no Distrito de Búzi:

Já foi dado um passo pois se trata de uma iniciativa local (PCR). O que se faz é promover mulheres. O
objectivo é garantir o funcionamento dos grupos mesmo que a gente se retire como promotores do grupo
– foram formadas promotoras para garantir o funcionamento dos grupos. Estamos a pegar as que
mostraram capacidade de gestão, seriedade. (...) Há quem não queira dinheiro do OIIL, porque não
estamos preparados para pedir. (...) A vida melhorou, mas há problemas de violência doméstica.37

Esta experiência não tem tido êxito em alguns dos distritos onde se realizou a pesquisa:

Já falei aqui do crédito rotativo. Eu quando estava na Beira, vendia no mercado e fazia xitique. Fazíamos 3
xitiques: diário, à tardinha, alguém recebia 10MT e comprava produto. Semanal de 50MT, para despesas
da casa. Mensal, de 100MT, para depositar. Na Saúde em Chemba, fazem xitique.38

Aqui são poucos os que fazem xitique. Há desconfiança para a devolução do dinheiro.39

Falham, por falta de espírito associativo, objectivos comuns dos membros e espírito de
solidariedade, devido a conflitos de interesse e aos constantes desvios de fundos.

Algumas das associações que surgiram nos últimos anos, aparentemente para aceder a
fundos do INAS ou ao OIIL, não estão legalizadas, as pessoas associam-se e, quando
recebem os fundos, os “membros da associação” desaparecem e nunca mais prestam
contas do seu trabalho. As que trabalham na área agrícola têm muitas dificuldades em
devolver os fundos, dependendo das condições climáticas, sobretudo cheias e secas.

Como referido anteriormente “As associações ... devem assentar na vontade dos indivíduos,
devendo promover a integração social, aprendizagem permanente, formação, interiorização
da prática de partilha e solidariedade”, situação constatada em algumas associações, mas
ausente em muitas outras. Daí nos perguntarmos se estamos na presença de um
movimento associativo em que os seus membros têm consciência associativa, ou apenas de
grupos de beneficiários.

Outra questão importante é a falta de informação sobre associações e associativismo, a


existência de informação não uniformizada dentro e entre as instituições do Estado, da
província ao distrito, ou a inexistência de cruzamento e partilha de informação, para além
de problemas com a gestão da informação existente.40

36
Idem.
37
Serviço Distrital de Actividades Económicas, Sector de Pesca de Pequena Escala, Búzi, 18 de Julho de 2009.
38
D. Belita, Chemba, 22 de Julho de 2009.
39
Grupo Cangala, Gurué, 31 de Julho de 2009.
40
Por exemplo, o Chefe de Posto Administrativo de Macuze foi dos únicos que conseguiu dar uma informação
detalhada das Associações ali existentes.
69

Também se constatou que, apesar da realização de actividades de formação com membros


das associações, esta não tem tido a regularidade desejada e nem sempre aborda questões
consideradas fundamentais para o funcionamento e gestão das associações e da vida
associativa.

Um assunto deveras sensível e do qual havíamos tomado conhecimento através dos órgãos
de comunicação, é o da feitiçaria, da inveja, da droga. Não foi possível, em alguns casos,
obter informação. Porém algumas pessoas entrevistadas falaram-nos de situações de
inveja, quando alguém prospera nas suas actividades geradoras de rendimento. “Há pessoas
que gostam de ver outras para trás. Pensei em ajudar a minha escola, fazer toalhas para a
mesa, ensinar as alunas. E colegas minhas começaram a dizer que eu queria ser vista”.41

Há mulheres que põem droga nas machambas, uma faz 1 ha e tira 30 sacos e outra com 1 ha só consegue 10
sacos. (...) Aqui só vivemos em comum. Estamos acumulados. Como temos a origem na base da droga, não
vamos avançar. (...) Fala-se que aquele responsável come de mais, então nós comentamos que alguém
tem de mais e nós de menos. (...) Feitiço e ambição está-se a reduzir. Antes havia muita pobreza.
Reparávamos no professor que tem salário, no enfermeiro que tem salário. Agora todas nós estamos
inclinadas nas enxadas. A organização já nos orientou. Quem se aguenta, quem não se aguenta não
aguenta.42

Falaram-nos também que poderá ser uma atitude contra os vientes que estão a prosperar
no distrito do Gurué.

A existência de duas redes de associações na Zambézia, FONGZA e NAFEZA,


permitiu aceder à informação sobre as diversas associações (informação não disponível ao
nível da Direcção Provincial da Mulher e Acção Social), bem como confrontar os dados
fornecidos pelas instituições e associações contactadas. Na província de Sofala, para além
da OMM, a MULEIDE (Mulher, Lei e Desenvolvimento em Moçambique) uma das primeiras
associações a surgir nos anos 90, na área dos direitos humanos da mulher que trabalha na
formação em direitos humanos e legislação moçambicana, assistência legal a mulheres e
homens.

41
Membro da associação Hotxecula, Gurué, 31 de Julho de 2009.
42
Membros de várias associações de desenvolvimento das mulheres, Ruace, 4 de Agosto de 2009.
70

CAPÍTULO IV

ORÇAMENTO DE INVESTIMENTO DE INICIATIVA LOCAL (OIIL)

Em Gurué o OIIL é uma matéria de desenvolvimento local e não partidária.


(Chefe da Repartição de Planificação e Desenvolvimento Rural – Gurué)

Estou um pouco arrependida por ter aceite o fundo do OIIL, porque é difícil
trabalhar com dinheiro dos outros. (Presidente da Associação Hotxecula,
Gurué, 31/07/09)

O fundo mudou a vida nos distritos. O dinheiro já circula em todos os locais.


Em todas as localidades existem pequenas bancas/barracas e nem sempre as
comunidades precisam deslocar-se à cidade para ter acesso aos produtos.
(Secretária Permanente Distrital, Namacurra, 06/08/09)

1. Província de Sofala

Até 2008 a Província de Sofala beneficiou de 264.156,80 mil meticais para acções de
investimento de iniciativa local, tendo-o executado na totalidade em financiamento de
projectos diversos para geração de emprego e produção de comida. O número total de
beneficiários foi de 2.983 dos quais 1.663 são associações e 1.320 singulares.43

Em geral a província apresenta um nível de reembolso relativamente baixo devido às


seguintes razões:
 A maior parte dos projectos são agro-pecuários, os períodos de maturação são
muito longos, acima de 6 meses, e um reduzido número de ciclos produtivos de
acordo com as campanhas agrícolas;
 Incumprimento da amortização dos planos pelos mutuários;
 Desvio de aplicação do fundo por parte dos mutuários.

Tabela 18 - OIIL, Búzi e Chemba, 2007-2008

Ano Distrito Valor Valor Projectos


aprovado executado Produção de Geração de Criação de Produção
Comida Rendimento Emprego Diversa
Nº Valor Nº Valor Nº Valor Nº Valor

2007 Búzi 8.040,00 8.040,00 28 2.218,75 18 1.464,93 31 3.238,12 44 1.118,20

Chemba 7.270,00 7.270,00 16 1.160,00 33 2.891,91 21 2.942,00 3 276,09

43
Para informação mais detalhadas ver artigo: “Os Fundos de Investimento de Iniciativa Local: uma análise
através da imprensa moçambicana”, II Parte.
71

2008 Búzi 8.036,52 8.036,52 41 3.184, 75 34 2.596,64 16 2.255,13 - -

Chemba 7.266,20 7.266,20 44 676,02 81 4.593,00 18 1.997,18

Fonte: Direcção Provincial do Plano e Finanças, Sofala

Não foi possível obter dados específicos sobre a percentagem de mulheres abrangidas pelo
OIIL nos distritos de Búzi e Chemba ainda que tenham sido entrevistadas algumas mulheres
beneficiadas pelo referido fundo quer como singulares, quer como membros de
associações mistas.

2. Província da Zambézia

Em 2008 foram apoiados 1441 projectos, sendo 532 de singulares, dos quais 107 mulheres,
899 associações, das quais 99 lideradas por mulheres.

Tabela 19 - OILL - Dados Referentes ao Ano de 2008, da Província da Zambézia

Tipos de Projectos Assoc. Singulares


Distritos Proj. Assoc Sing Liderança

P. Comida Renda H M H M
A. Molócuè 94 39 55 49 45 31 8 48 9
Chinde 54 0 54 14 40 0 0 47 7
Gilé 78 64 7 25 53 69 2 12 2
Gurué 69 47 52 15 54 40 7 48 4
Ile 150 17 133 93 57 14 3 124 9
Inhassunge 79 78 1 32 47 49 29 1 0
Lugela 71 45 26 27 44 44 1 20 6
M. Costa 91 66 25 37 54 60 6 20 5
Milange 155 75 7 51 104 71 4 6 1
Mocuba 97 67 32 31 66 52 15 29 3
Mopeia 42 24 7 21 21 23 1 6 1
Morrumbala 56 43 14 7 49 42 1 11 2
Namacurra 181 66 93 34 147 40 26 51 42
Namarrrói 53 56 12 20 33 54 2 10 12
Nocoadala 62 47 8 28 34 45 2 6 2
Pebane 109 105 4 30 79 95 10 4 0
Total 1441 899 532 514 927 819 99 443 107
Fonte: Direcção Provincial do Plano e Finanças da Zambézia

Tabela 20 - OIIL, Distrito de Namacurra, 2007-2009

Localidade 2007 2008 2009


Total Mulh Total Mulh Total Mulh
Namacurra Sede 43 9 47 20 15 10
Muhebele 6 2 24 6 8 3
Pidá 7 3 9 3 8 4
72

Malei 10 2 30 3 19 7
Mutange 5 1 9 2 7 4
Macuzi – Sede 10 4 20 7 16 6
Maxixine 6 2 12 2 6 4
Mbaua 6 1 9 3 4 2
Furquia 6 1 12 2 6 3
Total 99 25 172 48 89 43
Fonte: Dados foram fornecidos oralmente pela Secretária Permanente do Distrito que não especificou se os
mutuários eram singulares ou associação. Não foi possível ter acesso a documentos sobre o assunto.

Em Agosto de 2009, a Secretária Provincial da OMM referiu existirem no distrito de


Namacurra 35 associações de mulheres financiadas pelo OIIL.

O Governo do Distrito de Namacurra está a desenvolver um trabalho no sentido de


sensibilizar as comunidades para o processo de criação de novas associações com o
objectivo de desenvolver actividades de geração de renda observando a integração de
mulheres e jovens.

De acordo com a Secretária Permanente do Distrito de Namacurra, apesar do impacto


positivo do OIIL na vida das pessoas, também tem havido alguns fracassos relacionados
com a devolução dos fundos, morte de alguns associados, desconfiança entre os membros,
entre outras causas.44

Como podemos verificar, os dados que foram fornecidos pela Direcção Provincial do Plano
e Finanças da Zambézia (tabela 19), pela Secretária Permanente do Distrito de Namacurra
(tabela 20) e pela Secretária Provincial da OMM (informação oral), mostram discrepâncias
em relação aos projectos e beneficiários do OIIL, quer em relação aos totais, quer em
relação ao Distrito de Namacurra (objecto do estudo). Esta discrepância é também
verificada em várias províncias e distritos.45

Gurué

No distrito do Gurué foi possível aceder aos documentos sobre o OIIL de 2006 a 2009.
Porém, no ano de 2006 as despesas foram feitas pelo Governo do Distrito.

Tabela 21 – OIIL, Gurué, 2006

Designação da Despesa Valor (MT)


Bens duradouros (compra de material: tractor, motorizada, gerador, bomba, ar- 3.030.242,64
condicionado, moageira, material de escritório, carteiras escolares)
Bens não duradoros (material para registo civil) 13.500,00
Serviços (aluguer de transporte, combustível, pneus, transporte de material, aluguer de 204.784,28
casa, fotocópias, encadernação e papel)
Construção (construção e reabilitação de pontecas, reabilitação de estradas e de 3.451.473,03
residências, material de construção, reabilitação de sistema de abastecimento de água)
Crédito (concessão de créditos a comerciantes) 300.000,00
Total do Investimento 7.000.000,00

44
Encontro com a Secretária Permanente, Distrito de Namacurra, 11 de Agosto de 2009.
45
Ver o artigo: “Os Fundos de Investimento de Iniciativa Local: uma análise através da imprensa moçambicana”,
II Parte.
73

Fonte: Governo do Distrito de Gurué, Provínia da Zambézia. Balancete de despesas efectuadas com o FIL 2006.
Gurué, Janeiro, 2007

Como se pode verificar pela tabela acima, bastante mais de 50% do total do investimento foi
destinado à reabilitação e equipamento de infraestruturas. Situação esta, verificada em
todo o país, como se pode constactar no artigo sobre os fundos de investimento, na II
Parte.

Tabela 22 - OIIL, Gurué, 2007

Área de Intervenção Orçamento (MT)


Indústria, Comércio e Turismo 2.923.887,00
Relançamento Agro-Pecuário 3.742.000,00
Infra-Estruturas Sócio-Ecnómicas e outros Projectos
Ilegíveis 1.684.113,00
Total do Orçamento de Projectos 8.350.000,00
Fonte: Governo do Distrito de Gurué (Projectos Executados com FIIL 2007).
Tabela organizada pelas autoras com base na fonte.

O Mapa está organizado em áreas de intervenção, por postos administrativos,


discriminando o proponente, o nome e tipo de projecto, local e o orçamento. Foram
abrangidos num total de 87 beneficiários, sendo 23 associações/núcleos e 64 singulares, dos
quais 8 mulheres (12,5%).

Em 2008, o mapa de execução do OIIL46 está organizado por postos administrativos, por
beneficiário, destino dos fundos, valor levantado e pago, diferença e saldo. Os valores dos
projectos totalizam: 8.354.640,00MT.

O Mapa fornecido pelo Governo, não permite uma análise da distribuição dos fundos
porque os projectos não estão distribuídos por áreas de intervenção como se pode verificar
nos mapas de 2007 e 2009. Existem repetições de beneficiários e de pagamentos de IRPS a
ciadãos, entre outros. Entre os beneficiários individuais, encontra-se a administração do
Gurué e alguns postos sede.

Apesar dos beneficiários individuais estarem identificados pelo nome, não foi possível
identificar todas as mulheres abrangidas.

Tabela 23 - OIIL, Gurué, 2009

Área de Intervenção Orçamento (MT)


Indústria, Comércio e Turismo 7.181.658,40
Produção Agro-Pecuária 4.510.031,50
Total do Orçamento de Projectos 11.691.689,90
Fonte: Governo do Distrito de Gurué, Secretaria Distrital, Repartição de Planificação e Desenvolvimento Local:
Projectos de Geração de rendimento, Emprego e Produção de Comida do ano de 2009 a serem aprovados pelo
Conselho Local do Distrito.

46
Governo do Distrito do Gurué: Mapa de Execução do OIIL 2008.
74

Tabela organizada pelas autoras com base na fonte

O mapa, organizado por áreas de intervenção, contém o nome do proponente


identificando-o se é singular ou associação, o tipo e nome do projecto, local e orçamento.

Foram identificados 100 proponentes, dos quais 36 associações/núcleo, 64 singulares, dos


quais 9 mulheres (14%).

Em relação às associações/núcleos a sua identificação não está clara, não sendo possível
discriminar se são formadas só por mulheres ou se são mistas. Em relação aos proponentes
singulares, diferentemente do mapa de 2008, já foi possível identificar com algum rigor os
beneficiários por sexo. De entre as mulheres, verificou-se que uma delas está a ser
beneficiada com dois projectos, um de comercialização agrícola de cereais e outro de
pecuária.

A falta de uniformização dos mapas, na medida em que cada um tem a sua estrutura,
dificulta uma análise comparativa. Um aspecto que realça dos dados é o número bastante
reduzido de mulheres abrangidas pelo OIIL, se considerarmos a percentagem de 34%
referida pelo Administrador do Gurué47. Ou mesmo se atendermos à percentagem geral do
país de 30 a 37% referida por Salimo Valá num encontro com o Fórum Moçambicano das
Mulheres Rurais.48

A província da Zambézia já estabeleceu as taxas de juro do crédito atribuído através do OIIL


para diferentes tipos de actividades, da seguinte forma:
 Agricultura 5% (as prestações para a liquidação da dívida são pagas por campanha
de comercialização)
 Comercialização 7%
 Pequenas Indústrias 8%
 Comércio Geral, Transporte e Hotelaria 10%.

3. Impacto do Orçamento de Investimento de Iniciativa Local (OIIL)

De um modo geral o OIIL está ter um impacto positivo no desenvolvimento económico e


social dos distritos contribuindo, por um lado, para o reforço da capacidade institucional
dos governos distritais e, por outro, para a implementação de projectos produtivos ou
comerciais de iniciativa de associações e singulares nos distritos; surgiram pequenas
empresas de artesãos locais, através de associações que congregam carpinteiros,
pedreiros, serralheiros, pintores, marceneiros entre outros. Estas associações envolvem
grupos juvenis, mães chefes de família e nalguns casos pessoas portadoras de deficiência,
camada que, pelo seu grau de vulnerabilidade, é muito importante na mitigação dos efeitos
da pobreza. Algumas das pessoas entrevistadas referiram igualmente que as instituições de
micro–crédito asfixiam os beneficiários devido à exigência de garantia, o que não acontece
com fundos do Estado, nomeadamente, FARE, OIIL, INAS.

47
Encontro com o Administrador do Distrito de Gurué, no dia 30 de Julho de 2009.
48 Valá disse que 30 a 37 por cento dos beneficiários deste valor são mulheres, garantindo que o Governo vai
continuar a priorizar este grupo estratégico para o desenvolvimento do país. Ver: Mulher rural quer acesso ao
crédito e à informação. Notícias, Maputo, 17.Out.2009.
75

Mais especificamente o OIIL tem estado a contribuir para:

 Incremento da mecanização da agricultura (implementos agrícola);


 Aumento da produção agro-pecuária, através de financiamento de projectos agro-
pecuários;
 Alargamento da rede industrial de pequena dimensão;
 Expansão da rede comercial rural através da criação de estabelecimentos
comerciais de pequena e média dimensão;
 Melhoramento da rede de transportes ao nível das zonas rurais, tais como viaturas,
motorizadas, bicicletas entre outros;
 Impulso do movimento associativo;
 Melhoramento da educação das famílias;
 Criação de maior coesão e sustentabilidade económica de algumas famílias rurais;
 Aumento do nível de confiança no seio das famílias;
 Despertar da consciência empreendedora das comunidades rurais;
 Fortalecimento do funcionamento das Instituições de Participação e Consulta
Comunitária (IPCCs);
 Aumento do nível de confiança no seio das famílias;
 Despertar da consciência empreendedora das comunidades rurais;
 Fortalecimento do funcionamento das Instituições de Participação e Consulta
Comunitária (IPCCs).

O OILL tem sofrido mudanças desde a sua implementação em 2006, quando não estava
claro se era necessário ou não devolver os fundos maioritariamente utilizados pelos
governos distritais em infra-estruturas. Também existiam problemas relacionados com a
divulgação e condições de acesso para mulheres e homens; juros diferenciados por
actividade e por período; de capacitação em elaboração de projectos, gestão e
associativismo; e de monitoria e acompanhamento. Apesar da sua melhor organização em
2009, persistem ainda alguns problemas:

 Elaboração de projectos, capacitação, acompanhamento e monitoria;


 Devolução dos fundos, que em geral não chega a atingir 15%, de acordo com as
informações recebidas49. É referido que as mulheres são mais cumpridoras, embora
não tenham sido disponibilizados quaisquer dados que o comprovem;
 Gestão e partilha de informação;
 Conflitos de interesse e constantes desvios de fundos nas Associações;
 Criação de Associações apenas para aceder ao OILL;
 Coordenação deficiente entre os diversos fundos existentes.50

Desde 2008 que o OIIL é gerido através do E-Sistafe, o que obriga a que todos os mutuários
tenham contas bancárias e NUIT. Isso faz atrasar o financiamento o que é agravado pela
falta de agências bancárias ao nível dos distritos. Por exemplo, no Gurué, existe um único
balcão do BIM que atende Gurué, Ile, Namarrrói, Lugela. Interessa referir que os
funcionários públicos, especialmente professores, pessoal da saúde e da administração de

49 Dados obtidos durante 2010 pelo Governo, centros de pesquisa e órgãos de informação, referem uma
devolução dos fundos atribuídos pelo OIIL na ordem de 4,5%.
50 Estes dados são confirmados no artigo no artigo: “Os Fundos de Investimento de Iniciativa Local: uma análise
através da imprensa moçambicana”, II Parte.
76

todos estes distritos, recebem os seus salários através desta agência. Em Namacurra
apenas funciona um banco móvel que vai ao distrito duas vezes por semana. Em Chemba
não há banco e os residentes têm de se deslocar a Caia.

A falta de instituições bancárias em alguns distritos cria problemas sérios às pessoas


envolvidas em actividades geradoras de rendimento ou associações, sobretudo as que não
dispõem de fundos, pois são obrigadas a dispender dinheiro de transporte e muitas vezes
em alojamento devido a estas deslocações. A situação é agravada para as mulheres, já que
as deslocações se tornam um dos factores de desconfiança por parte dos maridos, para
além de problemas relacionados com insegurança e criminalidade.

Outra questão que se coloca como uma barreira para o acesso aos créditos do OIIL, não só
para a associações e mutuários individuais femininos, mas também outros, é a prevalência
dos interesses partidários, que causam muitas vezes fricções políticas que podem pôr em
causa o sucesso da actividade produtiva ou o desenvolvimento de projectos que poderiam
beneficiar o distrito. A divulgação sobre o OIIL não é abragente, beneficiando mais os
funcionários das administrações e seus familiares, mesmo se provenientes de outras
regiões. Em todos os distritos onde se realizou a pesquisa verificou-se que os principais
beneficiários do OIIL estão ligados ao partido no poder, a membros da OMM ou
funcionários das instituições do Estado, seus familiares e amigos, ainda que se tenham
encontrado, embora em número reduzido, membros de outros partidos em todos os
distritos.
77

CAPÍTULO V
EM JEITO DE CONCLUSÃO: QUE EMPODERAMENTO ECONÓMICO DA MULHER?

“A mulher é decidida e quando toma uma decisão vai em frente. Existem


muitas directoras de escolas e uma delegada distrital de Segurança Social”
(Secretária Distrital da OMM, Gurué, 30/07/09).

“Mulheres têm tendência para a masculinidade nas suas acções. Quando a


mulher atinge um nível mais alto não gosta de se casar” (Professor da Escola
Secundária de Chemba. Palestra, 23/07/09).

“Não importa se é casada ou não. É preciso fazer dinheiro” (Mulher viúva,


Associação da OMM, Chemba, 23/07/09).

“De 177 lideranças comunitárias, só uma mulher é Fumo” (Engenheiro,


Chemba. Palestra, 23/07/09).

“Quando a mulher recebe dinheiro tira uma parte para si e depois decidem
juntos. Mas há maridos que insultam quando elas dão dinheiro” (Associação
Mundo da Sorte, Macuze, Localidade Mbaua, Namacurra, 08/08/09).

“Eu controlo o meu dinheiro mas informo o patrão” (Presidente duma das
Associações do Projecto Chicumbua, Búzi).

“Estudar não tem limite. Basta ter saúde e paciência” (Associação Acaba a
Pobreza, Ruace, Posto Administrativo de Lioma, Gurué, 04/08/09).

“Nós vamos continuar mesmo sem CLUSA ou COPSA. Porque antes já


tínhamos as nossas actividades” (Associação Acaba a Pobreza, Ruace,
Posto Administrativo de Lioma, Gurué, 04/08/09).

As diversas dinâmicas associativas e geradoras de rendimento desempenham um


importante papel na vida de mulheres e homens e tendem a ocupar, em conjunto com
outras instituições, o espaço antes ocupado, quer pelas formas tradicionais de dinâmica de
grupo, quer por instituições de carácter exógeno, entre as quais se encontra o Estado. O
Estado moderno mantém o carácter exógeno, não se sente a sua actuação para além do
distrito e continua ainda a manifestar dificuldades em articular-se com as dinâmicas
organizativas locais. Esta situação foi constatada durante o trabalho de campo nas duas
Províncias, apesar de se verificar um esforço de melhor articulação, de descentralização e
de colocar o Distrito como pólo de desenvolvimento.

A participação dos cidadãos nos processos de tomada de decisão é uma componente


essencial no acesso, alocação, controlo e partilha de recursos. Quando se fala de recursos
não se está a referir apenas aos recursos económicos convencionais - terra, trabalho,
equipamento, finanças, capital - mas também aos recursos humanos e sociais. Os recursos
humanos estão incorporados nos indivíduos e acompanham o seu conhecimento,
capacidades, criatividade, imaginação. Os recursos sociais são constituídos pelos direitos,
obrigações e expectativas, ao nível das relações sociais, redes e conexões em diferentes
esferas da vida e que permitem às pessoas melhorar as oportunidades na sua situação e
vida, para além do que seria possível apenas através do seu esforço individual. Os recursos
estão distribuídos por uma variedade de diferentes instituições e processos e o acesso aos
recursos será determinado pelas regras, normas e práticas que permanecem em domínios
78

institucionais diferentes, como normas familiares e de trabalho. Estas regras, normas e


práticas dão a alguns actores autoridade sobre outros ao determinarem os princípios de
distribuição e troca dentro dessa esfera. Consequentemente a distribuição de recursos
“locativos” tem a tendência de estar incrustada na distribuição de “recursos autoritários”,
ou seja, na habilidade de definir prioridades e de reforçar os direitos. Os chefes de agregado
familiar, chefes dos grupos comunitários, directores, responsáveis por organizações, elites
nas comunidades, estão todos dotados de autoridade para decidir no seio de instituições
específicas, devido à sua posição. As condições através das quais as pessoas acedem aos
recursos são tão importantes quanto os próprios recursos, quando se trata da questão do
empoderamento (Kabeer 2001: 20).

O desafiar do modelo dominante aos vários níveis passa por um recurso fundamental que é
a participação política. Todavia, estando as mulheres geralmente excluídas do que é
convencionalmente considerado ‘a política’, ficam de fora deste recurso vital, uma vez que
as suas actividades ao nível doméstico não são consideradas como políticas, porque a
ideologia do patriarcado subalterniza o que as mulheres pensam e fazem para dar sentido
às suas vidas, às da família e da comunidade. Não basta pois aumentar a participação das
mulheres na política sem a redefinir e sem democratizar os espaços ‘públicos’ onde ‘a
política’ tem lugar (Tamale, 2004: 18-19). Mas é também fundamental reconhecer e valorizar
as diversas formas que a participação das mulheres assume, os silenciamentos sobre os
seus saberes, conhecimentos e práticas, as suas percepções e representações, devolvendo-
lhes o necessário protagonismo, através de formas próprias de inteligibilidade e de
tradução, que permitam resgatar a imensa diversidade de experiências sociais, de modos
de vida e de resistências por si engendrados (Santos 2002).

As práticas de cidadania das mulheres cruzam as fronteiras entre o público e o privado,


transcendem a sua participação em organizações formais oficialmente reconhecidas e mais
visíveis, e passam pelo reconhecimento da ética do cuidado. As mulheres continuam a
experimentar um mal-estar devido à ambiguidade da sua invasão do espaço público,
mantendo-se o carácter masculino da política sem lugar ao afecto, ao mesmo tempo que as
suas actividades na esfera doméstica continuam a não ser partilhadas pelos membros
masculinos (Magalhães 2007: 117-127; Oliveira 1992).

O feminismo é uma opção política fundamentada numa ética que tem como princípio que o
privado merece o mesmo respeito que o público, ou melhor, que o público não se pode
exercer sobre o desprezo do privado. Privado entendido como direito à privacidade, como
direito à atenção e ao cuidado por parte dos outros e também dos poderes públicos.
Privado como pessoal, por isso a defesa de que ‘o pessoal é político’. Uma ética que atribui
igual valor às relações inter-pessoais, ao cuidado, à atenção pelas pessoas, ao bem-estar de
pessoas concretas. Uma ética que reforce a liberdade dos indivíduos sem menosprezar os
direitos de outros indivíduos (León 2000: 11-12).

A problemática do poder é tanto mais sensível quando toca a participação das mulheres no
seu exercício, a nível da família e da comunidade. A manutenção da actual divisão de
trabalho no seio da família, responsabilizando quase que exclusivamente as mulheres e as
meninas pelas actividades domésticas, de apoio aos mais velhos e ao nível da comunidade,
a falta de comparticipação no controlo da produção e de decisão sobre os rendimentos ao
nível das famílias, bem como os seus direitos à sexualidade e à reprodução, recriam as
assimetrias sociais e económicas e dificultam uma participação mais equilibrada de
79

mulheres e homens nos processos de tomada de decisão. O reconhecimento da sua


pluriactividade nem sempre implica

uma tomada de consciência da condição de subalternidade, mas uma mera constatação da condição
feminina, que é “naturalmente” de sofrimento e obediência a uma norma que inclui (pela e na
discriminação) as mulheres na ordem social. Todavia, os níveis de contestação/indignação das mulheres
podem, eventualmente, traduzir-se no esgotamento do conformismo com a subalternidade e no
desenvolvimento de estratégias de contra-dominação (Osório e Mejia 2006: 27 e 53).

A falta de tempo, de espaço e de participação continuam a nortear a vida das mulheres por
nós entrevistadas. Carregam o fardo da divisão sexual de trabalho, sendo compelidas a
assumir cada vez mais tarefas e responsabilidades em condições difíceis e sem
possibilidades para cuidar de si e da família. Estão confinadas aos piores espaços, quer seja
em casa, no local de trabalho ou na rua onde muitas vezes têm lugar as actividades
geradoras de rendimento.

Mesmo que haja mais mulheres membros de associações, em actividades geradoras de


rendimento e alfabetizadas, mantém-se e reproduz-se a actual divisão sexual do trabalho.
Algumas mulheres conseguiram quebrar as barreiras entre a sua vida doméstica e a pública,
devido às suas caminhadas pela libertação mas também a políticas de discriminação
positiva adoptadas pelo Estado. Todavia a sua vida continua a ser definida pela ideologia da
domesticidade, pelo facto do seu trabalho produtivo e reprodutivo não pago ser
desvalorizado, invisível em termos económicos e não reconhecido (Goetz e Hassim 2000).
Um factor importante da domesticidade é a protecção dos privilégios dos homens no
acesso e controlo de recursos.

Mas os dados revelam também que as novas formas associativas e de geração de


rendimentos endógenas podem ser potencialmente emancipatórias para as mulheres,
permitindo-lhes o acesso, controlo e/ou partilha de recursos, a melhoria das condições
materiais, a criação de condições para a auto-sustentabilidade e também o acesso a cargos
de direcção (Loforte 2000; Osório e Mejia 2006: 89), fazendo emergir saberes,
conhecimentos e práticas ausentes do modelo dominante (Santos 2002). Verificámos
processos de negociação e de contestação perante a diversidade de práticas e normas, e
das mudanças internas que lhes são inerentes, possibilitando-lhes a reprodução do sistema
com minimização de riscos sociais.

As lógicas e as estratégias de reprodução são a maior parte das vezes de base feminina e as
mulheres participam nas associações ou actividades geradoras de rendimento, com uma
nova estrutura familiar, pelo facto de serem mães solteiras, separadas, abandonadas ou
divorciadas, e viúvas. Pelo facto de estarem muitas vezes sós, são obrigadas a desenvolver
estratégias de sobrevivência, ‘livres’ da tutela dos homens, o que lhes confere maior poder
de negociação acerca das suas vidas, porém sobrecarregadas de trabalhos e
responsabilidades, sobretudo quando a família não está presente ou não tem condições
para prestar apoio.

A participação das mulheres nos processos de tomada de decisão é mais notória a nível
nacional, que provincial, distrital ou local, verificando-se muitas resistências à medida que
se caminha para as instâncias de poder local ou distrital (presidente de aldeia ou localidade,
chefe de posto administrativo, administradora de distrito, secretária permanente, dirigente
da autarquia, membro do Conselho Consultivo). Apesar do protagonismo que possam
manter ao nível das estruturas tradicionais na decisão sobre variados assuntos que dizem
80

respeito à família e a comunidade, e da sua inclusão em estruturas do poder local devido às


políticas de discriminação positiva (como Juízas Eleitas nos Tribunais Comunitários, ou
membros das Comissões de Desenvolvimento Local) esta resistência continua a verificar-se.
A presença de mulheres nas estruturas de poder local, como profissionais da saúde e da
educação, a sua participação em associações económicas, sociais, religiosas ou recreativas
não se tem traduzido, a maior parte das vezes, em alterações significativas nas relações de
poder ou numa divisão de tarefas mais equilibrada e solidária na família e na comunidade.

A continuada exclusão das mulheres do acesso, controlo ou partilha de recursos e poder é


estruturante à sociedade patriarcal dominante, resultante de mecanismos de socialização
que transformam mulheres e homens em seres desiguais através da diferenciação,
classificação e hierarquização de papéis e funções” (Osório e Mejia 2006: 92).

A participação em associações e actividades geradoras de rendimento tem contribuído para


mudar a vida das mulheres, das instituições, das regras, normas e costumes, estabelecendo
‘novos’ direitos e deveres no relacionamento entre mulheres e homens, na sua organização
familiar, social e individual. A pertença a diversos tipos de instituições como as do Estado,
as instituições religiosas e partidárias, as associações de carácter cultural, sócio-profissional,
económico, de geração de rendimento, de entre-ajuda ou de vizinhança, gerou novas
identidades, no processo de procura de minimização dos riscos da reprodução social.

A participação das mulheres em associações ou actividades geradoras de rendimento por si


organizadas permite-lhes adquirir não apenas recursos materiais mas também recursos
políticos ou sociais que lhes permitem aceder aos mecanismos que lhes garantem a
continuidade do acesso aos recursos. A estima e influência das mulheres numa comunidade
está intimamente relacionada com a sua adesão a associações extra-domésticas, sendo
todavia necessário distinguir entre associações ‘defensivas’, baseadas na exclusão das
mulheres das redes masculinas, e associações mais ‘activas’ com origem e propósitos
económicos através de ligações horizontais e não verticais entre os seus membros. Tal é o
caso, por exemplo, das associações de poupança crédito rotativo (PCR), tipo xitique,
encontradas em ambas regiões de estudo ou em diversos tipos de trabalho que promovem,
e não apenas protegem, a sua posição ao nível do agregado familiar e da comunidade
(Kabeer 2003).

Ana Loforte refere no seu estudo Género e Poder entre os Tsonga de Moçambique,

(…) verificámos, igualmente, que se constroem novas relações de género, novos espaços de poder e
autoridade para homens e mulheres, novos agrupamentos e instituições, com medidas inovadoras de
solidariedade contra a multiplicidade de subsistemas de dominação e a crise económica. Referimo-nos
desta feita, às associações, às seitas religiosas e às organizações de carácter diverso que permitem aos
grupos optimizar o maior número de recursos, saberes e poderes, aumentando a sua capacidade para
enfrentar eficazmente situações adversas (Loforte 2000: 249).

Como referia o Governador da Província da Zambézia, Carvalho Muária, na sessão de


apresentação e discussão dos resultados da pesquisa em Quelimane, no dia 2 de Dezembro
de 2009, empoderar a mulher não significa pegar em dois fardos de roupa e dar para ela
vender. É muito mais do que isso. Significa levar avante um conjunto de acções, como
combater a violência.

Empoderamento significa auto-estima e auto-confiança das mulheres para poderem


continuar a apostar em si próprias, considerando não só a resolução imediata das suas
necessidades básicas e da família, mas atender também à sua satisfação pessoal.
81

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86

II PARTE

OS FUNDOS DE INVESTIMENTO DE INICIATIVA LOCAL: UMA ANÁLISE


ATRAVÉS DA IMPRENSA MOÇAMBICANA

Amélia Neves de Souto51

Introdução

O processo de descentralização e desconcentração em Moçambique são considerados pelo


Governo, e no âmbito da reforma do sector público, elementos fundamentais para
melhorar a eficácia e eficiência da administração pública, da governação e da prestação de
serviços ao cidadão. Assim, neste âmbito, o Governo vai promulgar uma série de legislação,
com vista a implementar estes objectivos.

A Lei 8/2003 de 18 de Maio (que estabelece princípios e normas de organização,


competências e funcionamento dos Órgãos Locais do Estado nos escalões de província,
distrito, posto administrativo e de localidade) e o Decreto nº 11/2005, de 10 de Junho (que
aprova o Regulamento da Lei dos Órgãos Locais do Estado) criaram as condições legais
para a existência de orçamentos distritais. A Lei 8/2003 de 18 de Maio dá ao distrito o poder
de planificar, orçamentar e implementar iniciativas locais e define-o como unidade
territorial de planificação do desenvolvimento económico, social e cultural, conforme é
estabelecido no seu art.12, ponto 1. Esta Lei constituiu a base para a transferência de uma
maior responsabilidade e autonomia para os Distritos, ao prever, não só uma
desconcentração do Estado centralizado, mas também, pela primeira vez, considera a
integração das comunidades e das autoridades tradicionais. Por sua vez, o Decreto nº
11/2005, de 10 de Junho, que aprova o Regulamento da Lei dos Órgãos Locais do Estado,
estabelece no seu Artigo 100, ponto 1, que “Os órgãos locais do Estado devem assegurar a
participação dos cidadãos, das comunidades locais, das associações e de outras formas de
organização, que tenham por objecto a defesa dos seus interesses, na formação das
decisões que lhes disserem respeito”; o ponto 2. refere que ”A consulta aos cidadãos
realiza-se através de reunião da criação de comités comunitários sobre qualquer assunto de
interesse local”; e o ponto 4. que a “consulta às comunidades locais rege-se por regras
próprias”. Estas regras, são estabelecidas nos capítulos II e III. No capítulo II define-se o que
são comunidade, autoridades comunitárias, seus deveres e direitos, e formas de
organização comunitária (art.110). Estas formas de organização são: a) Conselho Local; b)
Fórum Local; c) Comités Comunitários; e d) Fundos Comunitários. O Capítulo III refere-se à
articulação dos órgãos locais do Estado com as comunidades. O Artigo 111 considera que
Conselho Local é o órgão de consulta das autoridades da administração local, na busca de
soluções para questões fundamentais que afectam a vida das populações, o seu bem-estar
e desenvolvimento sustentável, integrado e harmonioso das condições de vida da
comunidade local, no qual participam também as autoridades comunitárias. O artigo 118

51
Professora Auxiliar, Centro de Estudos Africanos, Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, Moçambique.
87

define os princípios da constituição destes Conselhos locais referindo que integram: 1. As


autoridades comunitárias, os representantes dos grupos de interesse de natureza
económica, social e cultural, escolhidos pelos conselhos locais ou fórum de escalão inferior
em proporção da população de cada escalão territorial; 2. O dirigente de cada órgão local
pode convidar personalidades influentes da sociedade civil a integrar o conselho local, de
forma a assegurar a representação de diversos actores e sectores; 3. Deve ser garantida
uma representação da mulher nunca inferior a 30%.

Nesta perspectiva, e nas palavras do Ministro do Plano e Desenvolvimento, o Orçamento de


Investimento para Iniciativas Locais (OIIL) surge, em 2006, como o resultado do
aprofundamento deste processo de descentralização e como uma resposta do Governo à
Lei 8/2003 sobre os Órgãos Locais do Estado (LOLE). Como consequência, e com o
objectivo de aumentar o nível do bem-estar da população, o Governo decidiu colocar nos
distritos, uma verba de 7 milhões de meticais para investimento de iniciativas locais – Fundo
de Investimento de Iniciativas Locais (FIIL)52. Os distritos receberam assim, pela primeira
vez, em 2006, através da Lei 12/2005 de 23 de Dezembro53, um orçamento de 7 milhões de
meticais que se veio a tornar um símbolo não só da crescente autonomia distrital mas,
sobretudo, uma prova do empenhamento do Governo não apenas com a descentralização
e desconcentração, mas também da luta contra a pobreza e o desemprego. Isto fica
patente na forma como a propaganda sobre este fundo dos “sete milhões” foi aproveitada
pela Frelimo de forma sistemática na campanha eleitoral para as Presidenciais e Legislativas
de Outubro de 2009, e como ele é uma referência permanente nos discursos e reuniões de
trabalho ou nos comícios com as populações durante as Presidências Abertas que o
Presidente da República realiza pelas províncias e distritos do país.

Os distritos passam a ser vistos como os principais veículos do combate contra a pobreza54,
e onde as estruturas de participação comunitária, entre elas, os Conselhos Consultivos
Distritais, deviam assumir uma posição chave no que se refere à selecção dos projectos ou
programas a serem financiados pelo FIIL.

Verifica-se contudo que, inicialmente, não só, não foram dadas orientações precisas sobre a
utilização e os objectivos visados pelo FIIL, como também os conselhos consultivos locais
formados não estavam claros sobre a sua real competência em relação à gestão global do
fundo, tendo várias interferências governamentais no seu funcionamento.

Durante 2006 e inícios de 2007, os “7 milhões de meticais” foram aplicados, em


praticamente todos os distritos, para cobrir despesas em infra-estruturas administrativas
(reabilitação de administrações, palácios ou casas oficiais dos administradores, mobiliário,
escolas e/ou salas de aulas, casas de professores ou de outros funcionários públicos, postos
de saúde, armazéns, reabilitação de estradas, construção ou reconstrução de pontecas,
represas, fontanários, etc.). E parece não ter ficado claro que estes fundos deveriam ser
reembolsados pois a aplicação feita em infra-estruturas não permitia este retorno55.

52
Leituras - “Iniciativa Local” financiou 26 mil projectos em todo País. Notícias, Maputo, 12.Jun.2009. Caderno de
Economia.
53
Lei que aprova o Orçamento do Estado para 2006. Boletim da República, I série, nº51, 4º suplemento, de 23 de
Dezembro de 2005.
54
Aposta no distrito é solução para o desemprego - afirma Luísa Diogo. Notícias, Maputo, 21.Ago.2006
55
Ver por ex: Com os seus sete biliões: Chemba espera minorar crise provocada pela estiagem. Notícias, Maputo,
24.Jul.2006; Distrito da Moamba: Sete biliões incentivaram participação comunitária - segundo administrador
distrital, José Tefula. Notícias, Maputo, 20.Dez.2006; Distritos precisam de mais investimentos. Notícias, Maputo,
30.Abr.2008; Erati gasta sete biliões nas estradas. Notícias, Maputo, 19.Ago.2006
88

Celestino Secanhandza [Administrador distrital de Morrumbala], afirmou que os sete milhões de meticais
disponibilizados o ano passado pelo governo central para financiar as iniciativas locais de
desenvolvimento foram aplicados para a construção e reposição de infra-estruturas sociais. No total
foram 12 os projectos implementados, segundo o desejo manifestado pelos membros do Conselho
Consultivo distrital. Das infra-estruturas construídas constam a reposição do postos policiais das forças de
Guarda Fronteira, no Chire, construção de casas para os funcionários públicos nos postos administrativos,
construção da ponte sobre o rio Tambissa, uma região potencialmente rica em agricultura, pavimentação
do espaço da administração para evitar poeiras, construção de unidades sanitárias em Cubapo, Sabe,
Mecaula e Chire. As outras prioridades para este ano, segundo explicou o administrador de Morrumbala,
serão a construção de mais unidades sanitárias para reduzir as distâncias percorridas pela população, mais
escolas para aumentar o acesso de crianças à educação, mais fontes de água e melhorar a prestação de
serviços na administração pública.56

(…) o director provincial do Plano e Finanças do Niassa, no seu informe salientou o facto de a maior parte
dos distritos daquela província ter priorizado a aquisição de meios de transportes. Salientou,
especificando o aproveitamento dos sete milhões de meticais, que ao nível do Niassa, dos mais de 105
milhões de meticais atribuídos à província, 57 porcento foram gastos na área de construção e cinco por
cento na reabilitação de infra-estruturas socioeconómicas, isso devido às características dos distritos do
Niassa.57

Esta situação foi considerada, pelas estruturas centrais e provinciais, como sendo um
“desvio de aplicação” por parte dos distritos,

(…) momentos antes da realização do encontro da Beira, Lucas Chomera, Ministro da Administração
Estatal, explicou que o que efectivamente teria acontecido neste caso é que depois da atribuição daquele
fundo, alguns distritos entenderam, a seu bel-prazer, aplicar o valor na reabilitação de infra-estruturas,
actividade esta não contemplada no investimento.58

Mas os próprios administradores distritais consideraram, por diversas vezes, não ter sido
um “desvio de aplicação”. Primeiro porque inicialmente não havia clareza sobre a atribuição
dos fundos e, quando os esclarecimentos chegaram, a maior parte do dinheiro já tinha sido
aplicado ou os contratos já estavam assinados com os executores das obras e, em segundo
lugar, porque a aplicação em infra-estruturas enquadrava-se, a seu ver, perfeitamente na
luta contra a pobreza. Esta situação é patente aquando da reunião de balanço sobre a
utilização dos “sete milhões” realizada em Abril de 2007, quando as autoridades
governamentais criticaram esta atitude “desviante”. Alguns administradores distritais
referiram que a construção e/ou reabilitação de infra-estruturas constituíam elementos
fundamentais do desenvolvimento local e as obras aprovadas eram consideradas de
primeira necessidade para o distrito que dirigiam, sendo difícil prever o desenvolvimento
comunitário sem infra-estruturas. Consideravam, por isso que, do seu ponto de vista, não
tinha havido erro, mas que a situação fora agravada por falta de orientações específicas
sobre o objectivo exacto da aplicação dos fundos59. Contudo, se as orientações eram
outras, iriam emendar ou alterar a situação nos casos em que era ainda possível60.

56
ACHAR, Jocas. Conselhos Consultivos devem priorizar projectos de rendimento - segundo administrador de
Morrumbala, Celestino Secanhandza. Notícias, Maputo, 15.Mai.2007.
57
ALBUQUERQUE, Mouzinho de. No norte do país: Dirigentes divergem na aplicação dos sete milhões. Notícias,
Maputo, 15.Mai.2007
58
Administradores prometem melhor gestão orçamental. Notícias, Maputo, 17.Abr.2007
59
Administradores prometem melhor gestão orçamental… op.cit.; ver tb: ALBUQUERQUE, Mouzinho de. No
norte do país… op.cit.
60
Administradores prometem melhor gestão orçamental…op.cit.; ver tb: ALBUQUERQUE, Mouzinho de. No
norte do país… op.cit.; JOÃO, Horácio. Aplicação dos sete milhões: Administradores de Sofala prometem
corrigir erros. Notícias, Maputo, 2.Jul.2007
89

De qualquer modo, em 2006, e apesar das acusações de “desvio de aplicação” dirigidas aos
distritos, por parte das estruturas centrais ou dos governos provinciais, a aplicação dos
fundos em infra-estruturas tiveram, em muitos casos, o próprio aval dessas mesmas
estruturas ou sobre eles não se pronunciaram em devido tempo e quando dela tiveram
conhecimento. São numerosas as indicações e afirmações feitas por parte das estruturas
centrais que mostram que tais “desvios” não eram, de facto, claros nem para elas próprias:

[Lucas] Chomera fez saber que o Governo já deu "luz verde" às Finanças para que cada um dos distritos
receba 30 porcento dos sete [milhões] a que cada um tem direito no presente 2006 (…). Esta fatia visa
financiar os projectos já aprovados a nível de cada distrito pelos Conselhos Consultivos (…). O ministro
reconheceu, contudo, as dificuldades que os distritos poderão encontrar para gerir este fundo, bem como
na concepção de projectos para a construção de infra-estruturas, afirmando que "é por essa razão que o
Governo autorizou os distritos para recrutarem técnicos de contabilidade e outros de construção civil. 61

(…) Sabe-se que visando o incremento do desenvolvimento local, todos os distritos beneficiaram de um
orçamento de sete biliões de meticais que neste momento estão em processo de desembolso em
conformidade com os planos e actividades apresentados. Este valor, segundo o ministro Aiuba Cuereneia
destina-se ao investimento directo em actividades que tenham impacto directo nas populações. "A
utilização deste dinheiro é determinada pelas próprias comunidades. Se uma localidade decidir que se
deve construir um furo de água, casa para professor ou enfermeiro, ela mesmo se envolve nesse
trabalho, se ela definir como prioridade a reabilitação de uma estrada ou a construção de uma ponteca,
a própria comunidade é que se encarrega na execução do empreendimento. Portanto, quem decide
como, quando e onde se deve aplicar este valor não é o administrador sozinho, mas são os Conselhos
Consultivos, são as comunidades e este é o espírito que orienta o presente processo de alocação de fundos
aos distritos", frisou.62

O Distrito de Eráti, em Nampula, já consumiu os sete biliões alocados pelo governo central para
financiamento de programas de desenvolvimento local. Segundo constatou a nossa reportagem, maior
parte do valor foi absorvido na reabilitação das vias de acesso, infra-estruturas, combate a erosão e
criação de micro-empresas, ficando por terra o projecto de construção de um centro internato de raiz,
por indisponibilidade de fundos. A estrada Namapa-Namiroa, com cerca de setenta e cinco quilómetros e
que se encontra actualmente em avançado estado de degradação, situação que dificulta as trocas
comerciais e movimentação de pessoas, recebeu 3.3 milhões de meticais da nova família. No total,
segundo foi informado o governador da província, Filipe Paunde, que recentemente percorreu aquela
rodovia, são necessários 23 milhões de meticais da nova família, o que quer dizer que ainda há um défice
de 20 milhões de meticais da nova família. Segundo a Direcção das Obras Públicas e Habitação, a rodovia
está no conjunto de estradas terciárias, daí que não consta no mapa das prioridades e intervenção daquele
sector. As obras de combate a erosão, manutenção de residências de técnicos afectos aos diversos
sectores públicos, do mercado de Alua, aquisição de bombas de água e de moageiras, consumiram no
total 2.550 milhões de meticais da nova família, tendo o remanescente sido aplicado na construção de
caleiras de águas pluviais nalgumas escolas, para retenção de água, pulverização de cajueiros entre
outros. De referir que a priorização destes projectos, escolhidos pelo Conselho local distrital, em
cumprimento de orientações especificas emanadas pelo Ministério das Finanças, por formas a evitar a
má aplicação dos fundos, como aliás tem vindo acontecer noutros pontos do país. "Estamos satisfeitos
pela forma como foram aplicados os fundos" - referiu Paunde.63

Aliás, no consultivo havido em Molócuè, [Carvalho] Muária [Governador da Zambézia] ficou a saber que
com os sete biliões de meticais alocados pelo Governo central está agendado a aquisição de um tractor
agrícola com respectivas alfaias e atrelado, financiadas iniciativas locais, reabilitação de pontecas de
Muanavilua-Vivava, Namilepe-Conane, reabilitados os mercados Central, 25 de Junho e 3 de Fevereiro,
entre outras acções. São planos que ilustram a preocupação existente de modo a melhorar cada vez
mais a vida dos cidadãos.64

61
Governo liberta fundos para o apoio aos distritos. Notícias, Maputo, 20.Mai.2006
62
Planificação deve privilegiar inclusão e participação - Aiuba Cuereneia. Notícias, Maputo, 6.Jun.2006
63
Eráti gasta sete biliões nas estradas. Notícias, Maputo, 19.Ago.2006
64
Molócuè e Ile com sinais de erradicação da pobreza. Notícias, Maputo, 20.Set.2006
90

Como explicava a directora do Plano e Finanças da Província do Niassa:

os gestores distritais agiram desta forma imbuídos no espírito de que a construção de armazéns, represas
e diques de irrigação fazem parte da actual lista de combate à pobreza, e uma vez que eles contribuem
directa ou indirectamente para eliminação da fome no país. 65

O Director Nacional da Administração Local, no Ministério da Administração Estatal (MAE),


Joaquim Macumbe, defenderia não se tratar

(…) propriamente de «um desvio de aplicação», mas de situações em que um administrador ou mesmo o
Conselho Consultivo local se confrontam tendo em conta as realidades locais como sejam, falta de uma
escola, de um hospital, estradas inacessíveis entre outras.66

Contudo, em inícios de 2007, e após a visita do Presidente da República aos distritos,


surgem alterações e uma clarificação sobre os objectivos do FIIL. Foi salientado que este se
destinava ao financiamento de actividades de desenvolvimento comunitário viradas,
exclusivamente, a projectos de geração de rendimentos, criação de emprego/postos de
trabalho e produção de alimentos, contribuindo com isto para a “redução da pobreza”.

Posteriormente, são feitas algumas mudanças na atribuição dos Fundos aos distritos. Uma
primeira mudança é realizada em 2007 quando foram introduzidos critérios de
diferenciação por distrito, tendo em conta, designadamente, o número da população (com
o peso ponderado de 35%); o índice de pobreza (com 30%); a extensão territorial (com 20%)
e o nível de colecta de receitas públicas (com 15%). Todos os distritos continuavam a receber
o mínimo de 7 milhões de meticais, contudo, baseados nos critérios referidos, havia
distritos que poderiam receber mais67. Uma segunda mudança dá-se em 2008, para
responder à grande pressão que se fazia sentir sobre os “sete milhões” para o investimento
em infra-estruturas, com a introdução de uma verba adicional, dentro do orçamento de
investimento de iniciativa local, para a cobertura de despesas relacionadas com infra-
estruturas de pequeno porte, manutenção de imóveis e aquisição de bens, entre outras.
Esta verba chamada popularmente por “2,3 milhões”, foi incrementada, em 2009, para 2,5
milhões de meticais.68 Os projectos financiados por estas verbas deviam também eles ser
de decisão local e aprovados pelos Conselhos Consultivos Distritais.

65
Finanças classificam projectos no Niassa [ante-título: Para viabilizar os reembolsos do Fundo de Investimento
de Iniciativa Local]. Domingo, Maputo, 21.Jun.2009, p.20-21
66
Alocados aos distritos: Urge cumprir regras na utilização dos fundos - segundo director nacional de
Admistração [sic] Local, Joaquim Macumbe. Notícias, Maputo, 5.Jun.2007
67
MACHEL, Edson. O Orçamento de Investimento de Iniciativa Local: Determinantes do Reembolso dos Fundos.
Sal & Caldeira Newsletter, nº25, Maio/Junho 2009, p.5; ver tb.: Mais de 26 mil projectos graças aos “sete
milhões”. O País online, Maputo, 4.Jun.2009
68
Leituras - “Iniciativa Local” financiou 26 mil projectos… op.cit.; ver tb: MAZIVE, Almiro. Com a presidência
aberta e inclusiva: Moçambique está a mudar. Notícias, Maputo, 15.Ago.2009; Financiamento - Investidos 173
milhões no apoio a finanças rurais. Notícias, Maputo, 5.Dez.2008. No início de Março de 2008, Dhlakama
considerara a política governamental sobre a alocação dos 7 milhões “enganosa e de uma fantochada” pois não
se tinha efectuado “um estudo de viabilidade económica ou das condições locais, tais como densidade
populacional e extensão territorial”. E exemplificava: “Não faz sentido que um distrito como Massinga, em
Inhambane, com cerca de 230 mil habitantes, tenha o mesmo fundo anual de um distrito como Chiuta, em Tete,
que possui menos de 70 mil habitantes”. Ver: AIM. Dhlakama critica programa de reconstrução pós-cheias.
Notícias, Maputo, 5.Mar.2008.
91

De qualquer modo, as notícias publicadas, e apesar dos numerosos problemas levantados e


dos constrangimentos que se verificam, parecem deixar claro que o OIIL está a criar
algumas oportunidades para que os distritos possam, eles próprios, gerir os seus fundos de
modo a acelerarem o desenvolvimento económico local e reforçar os mecanismos de
participação do cidadão.

Pretende-se, com este artigo, analisar através das numerosas notícias publicadas,
sobretudo nos órgãos de informação nacionais69, mas também em alguns documentos de
pesquisa, quais os principais problemas que se levantam em relação aos Conselhos
Consultivos Locais/Distritais não só em relação ao seu funcionamento, mas também ao
processo de atribuição dos fundos do FIIL, como os beneficiários o vêem, quais os principais
constrangimentos colocados para o seu reembolso e aspectos relativos à situação da
mulher na atribuição dos referidos fundos. Pretendemos também ver que imagem os
órgãos de informação transmitem sobre a sua importância e o seu impacto. Das
informações obtidas iremos apresentar algumas dúvidas e interrogações que são
levantadas, e que se nos levantam, relativas aos referidos Fundos.

Porque consideramos decerto modo interligados os assuntos, iremos apresentar alguns


aspectos relacionados com o Fundo de Apoio à Reabilitação Económica (FARE), o xitique, o
Tchuma Tchatu e Tchuma.

I. Os Fundos de Investimento de Iniciativa Local (FIIL)

1. Conselhos Consultivos Distritais

Como referi anteriormente, o Regulamento da Lei dos Órgãos Locais do Estado, no que se
refere à constituição dos Conselhos Locais, especifica que este é um órgão consultivo das
autoridades administrativas locais, devendo a sua constituição ser representativa de
diferentes segmentos, grupos sociais, grupos de interesse económico, social e cultural.

De uma forma geral os Conselhos Consultivos Distritais parecem reunir-se periodicamente


para discutirem os processos de identificação das prioridades para o desenvolvimento
distrital com base no Fundo de Investimento de Iniciativa Local. Alguns deles, através das
vozes quer dos Administradores, quer dos seus componentes, parecem ser, inclusivamente,
exemplos de participação e funcionamento democrático. Veja-se, por exemplo, o caso de
Nipepe:

(…) Mas apesar da sua pobreza e do seu empobrecimento Nipepe tem o mérito de possuir um conselho
consultivo que, de mãos dadas com a administração local, toma, de facto, decisões, quanto ao controlo
dos recursos localmente disponíveis. Aliás, a liderança da administração local é para aqui chamada para
garantir o sucesso do distrito como pólo de desenvolvimento. (…) Pretendemos sim, retratar do conselho
consultivo distrital, a sua articulação com a administração local e de como os dois órgãos interagem a
ponto despertar maior atenção e protagonismo no processo da descentralização e desconcentração. 70

69
Foi feito, para este trabalho, um levantamento geral dos artigos publicados nos órgãos de informação sobre
os conselhos consultivos locais e sobre os chamados “sete milhões” (fundo de investimento de iniciativa local)
desde 2006 data em que o referido fundo começou a ser implementado. O levantamento bibliográfico feito faz
parte do presente artigo e toda a bibliografia citada está referenciada nesse levantamento.
70
MUIAMBO, Salomão. Descentralização e desconcentração: Nipepe como exemplo da aplicação dos 7 milhões.
Notícias, Maputo, 6.Fev.2007.
92

Embora existam alguns exemplos positivos de funcionamento, diversos problemas


prejudicam a actuação e decisão dos Conselhos Consultivos Locais.

Apesar da presente análise se restringir especificamente ao âmbito do FIIL, verificámos que


a actividade dos Conselhos Consultivos parece estar confinada unicamente à gestão deste
Orçamento e possuir apenas uma ligação marginal com outros instrumentos de
governação, como é o caso do Plano Económico e Social e Orçamento Distrital (PESOD)71 o
que pressupõe à partida um nível de actuação muito restrito, não envolvendo muitas das
funções e tarefas que são estipuladas no artigo 122 do Decreto nº11/2005.

Relacionado com esta questão, Adelson Rafael, por exemplo, quando analisa os “pecados
capitais” do FIIL, interroga-se sobre a existência ou não de uma harmonização ou
convergência entre aquilo que é o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Distrito e os
projectos aprovados para a utilização do FIIL, ou se estes projectos aprovados se
enquadram dentro dos objectivos estratégicos do respectivo distrito. Questiona ele:

Na suposição de que cada distrito possui um “plano estratégico de desenvolvimento” onde estão contidas
e definidas as prioridades do distrito aprovadas pelo conselho consultivo do distrito, por que não
planificar o uso do “Fundo de Investimento de Iniciativa Local” para a operacionalização das prioridades
distritais visando a harmonização/alinhamento dos planos estratégicos sectoriais e distrital? Será que
existe diferença entre as metas constantes do “plano estratégico de desenvolvimento do distrito” e os
anseios propostos pelas comunidades nos projectos submetidos à aprovação para serem suportados com
o “Fundo de Investimento de Iniciativa Local”? Será que o “plano estratégico de desenvolvimento do
distrito” não pode conter acções estratégicas que visam a criação de postos de trabalho e produção de
mais alimentos? Em princípio, tanto o “plano estratégico de desenvolvimento do distrito” como os
projectos comunitários submetidos ao conselho consultivo distrital para uso do “Fundo de Investimento
de Iniciativa Local” não deveriam ser díspares em termos de objectivos, pois reflectem os anseios da
mesma comunidade, mesma localidade, mesmo distrito.72

Esta dificuldade é também reconhecida pela revisão conjunta do QAD (Quadro de Avaliação
e Desempenho):

Registou-se progresso na organização e funcionamento dos conselhos locais, mas ainda existem desafios,
por exemplo o da falta de ligação entre as actividades financiados pelo OIIL e as orientações dadas pelos
Planos Estratégicos de Desenvolvimento Distritais.73

Um dos principais problemas levantados, e que são mencionados numerosas vezes, reside
numa questão considerada de fundo para o sucesso da aplicação do FIIL, que é o de os
Conselhos Consultivos Distritais aprovarem os projectos mas não realizarem a sua
monitorização e o acompanhamento da execução, que tem como resultado a incapacidade
de corrigir os erros que surgem durante a sua execução.

71
CENTRO DE INTEGRIDADE PÚBLICA (coord.). Aspectos Críticos da Governação Local em Moçambique: Um
olhar sobre 6 Distritos e 3 Autarquias - Bilene, Mabalane, Búzi, Cheringoma, Montepuez, Chiúre, Manjacaze,
Marromeu, Mocímboa da Praia. Maputo: Edição Associação Moçambicana para o Desenvolvimento e
Democracia (AMODE), Maio de 2009. Esta mesma falta de coordenação se coloca em relação aos numerosos
fundos existentes visando praticamente o mesmo objectivo. Ver anexo 5.
72
RAFAEL, Adelson. Os “pecados capitais” do Fundo de Investimento de Iniciativa Local. O País online, Maputo,
16.Jul.2009
73
Revisão Conjunta do QAD 2008. Grupo de Trabalho para a Descentralização. s/refs. Ver tb: AM tem fraquezas
na fiscalização dos municípios. O País online, Maputo, 24.Mai.2009
93

Contudo, e segundo os dados tornados públicos, a implementação do OIIL no país tem encontrado alguns
constrangimentos, entre os quais se destacam a não formalização dos procedimentos, a ausência de
acções de monitoria e acompanhamento sistemático dos projectos financeiros. 74

Em termos alargados, os conselhos estão a assumir um papel activo no planeamento distrital e na


definição do uso dos “7 milhões”, mas têm sido menos eficazes na monitoria dos planos de execução.75

Um estudo realizado recentemente sobre os “aspectos críticos da governação local em Moçambique”, que
tomou como amostra 6 distritos e autarquias indica que os Conselhos Consultivos estavam mais voltados
para a aprovação dos projectos, dando pouca atenção a questões de monitoria às iniciativas aprovadas e
financiadas. Tal deve-se, segundo o estudo, à falta de conhecimento sobre a grande responsabilidade que
os CCD têm, particularmente na tarefa de gestão e fiscalização dos projectos financiados. 76

Esta dificuldade parece ligar-se, pelo menos durante os primeiros anos de implementação
do Fundo, à falta de clareza sobre o papel das Instituições de Participação e Consulta
Comunitária (IPCC) e, como tal, do Conselho Consultivo Distrital que, por serem órgãos
consultivos, não sentiam ter poder para monitorar, fiscalizar e exigir a prestação de contas
às autoridades distritais77. Em Junho de 2009, o Director Nacional de Promoção e
Desenvolvimento Rural esclarecia:

A fiscalização da aplicação do Orçamento de Investimento de Iniciativas Locais (OIIL), vulgo “sete


milhões”, é da responsabilidade dos conselhos consultivos locais, que avaliam e aprovam os projectos a
serem financiados. De acordo com o Director Nacional de Promoção e Desenvolvimento Rural no
Ministério da Planificação e Desenvolvimento, Salim Valá, os conselhos consultivos têm o papel de ver, no
terreno, como é que os “sete milhões” são usados pelos beneficiários, contando para tal com o apoio
técnico dos governos distritais. Desta feita, fica claro que a acção dos conselhos consultivos vai para além
da aprovação de projectos.78

Em Agosto de 2009, ao analisar o ponto de situação e as perspectivas sobre o OIIL, o


Ministério de Planificação e Desenvolvimento ainda constatava a “ausência de acções de
monitoria e acompanhamento sistemático dos projectos financiados”79.

O fraco conhecimento da legislação, apesar dos esforços que se tentavam desenvolver para
a realização de acções de formação de forma a capacitar os conselhos consultivos distritais,
era também considerado como um dos pontos fracos na acção a ser desempenhada por
estes:

(…) no distrito de Lichinga, província do Niassa, esta estrutura denuncia um total desconhecimento da
legislação sobre os órgãos locais do Estado e solicita uma rápida capacitação para melhor articulação com

74
Entre erros e êxitos: Governo aperfeiçoa uso dos sete milhões. Notícias, Maputo, 13.Fev.2009
75
HANLON, Joseph. Desconcentração: Crescente papel para conselhos consultivos. Boletim sobre o Processo
Político em Moçambique, nº36, 18.Aug.2008, p.7-8
76
ISSA, Assane. Desembolsos do OILL [SIC] passam a ser via bancária. Notícias, Maputo, 16.Jul.2009, Caderno
“Notícias Nampula”, p.3
77
AM tem fraquezas na fiscalização dos municípios…op.cit. Ver tb: Assembleias locais não fiscalizam os
municípios - revela estudo sobre Governação Local em Moçambique. Notícias, Maputo, 29.Mai.2009
78
Conselhos consultivos devem fiscalizar “sete milhões” de meticais. Notícias, Maputo, 9.Jun.2009
79
MOÇAMBIQUE. Ministério de Planificação e Desenvolvimento, Direcção Nacional de Promoção do
Desenvolvimento Rural. Orçamento de Investimento de Iniciativa Local: Ponto de situação e perspectivas. Tete 28
de Agosto de 2009.
94

a administração, mormente quanto ao uso e aplicação dos fundos de iniciativa e impacto local, vulgo sete
milhões, o que dá lugar a zonas de penumbra, em relação à gestão financeira.80

À falta de conhecimento da legislação, associa-se também a falta de escolaridade básica de


muito dos membros dos conselhos consultivos locais e que é necessária para que possam,
de facto, assumir as responsabilidades de tal órgão81.

(…) uma parte significativa da sociedade defende a alfabetização de todos os membros dos conselhos
consultivos de modo a permitir que aqueles órgãos estejam dotados de recursos humanos com
ferramentas técnico-científicas que lhes possibilitem fazer avaliações críticas não só dos projectos que
aprovam, mas também de outras actividades ligadas à vida socioeconómica dos seus distritos, baseando-
se no princípio de que cabe ao conselho consultivo decidir sobre todo um conjunto de políticas, no âmbito
da iniciativa de transformação do distrito em pólo de desenvolvimento, e os seus constituintes devem
estar em condições de saber o que fazem.82

O Presidente da República, Armando Guebuza, reconheceu que os Conselhos Consultivos Distritais


continuam importantes no quadro da utilização dos fundos atribuídos pelo Governo para a geração de
rendimento e solução de problemas mais prementes das populações, mas que é necessário formar
quadros para a gestão técnica do propósito […]. Guebuza respondia a jornalistas acerca da continuação
do actual papel dos Conselhos Consultivos, em que eles se apresentam como órgãos meramente políticos,
segundo foi fácil de notar em todos os distritos, com uma evidente falta de conhecimento sobre o seu real
papel e o nível de decisão em relação aos aspectos mais profundos da utilização daquele orçamento. (…) 83

A falta de escolaridade básica e o desconhecimento da legislação, é agravada pela limitada


capacidade de avaliação no processo de selecção e aprovação dos projectos e o deficiente
conhecimento técnico para a verificação do desenho e da viabilidade económico-financeira
dos projectos que lhes são submetidos para apreciação. Muitas vezes são aprovados
projectos sem qualquer sustentabilidade do ponto de vista de produtividade, geração de
renda e oportunidade de emprego (critérios fundamentais para a atribuição do fundo).

Em relação às queixas das comunidades relacionadas com a alegada má gestão do FIIL, a governante foi
contundente em afirmar que «todos querem fundos para financiar as suas iniciativas o que já é positivo.
Contudo, os membros dos conselhos consultivos deverão passar por uma formação mais rigorosa em
matéria de análise de projectos, porque só assim serão capazes de transmitir aos proponentes sobre a
falta de sustentabilidade dos projectos o que vai reduzir os níveis de conflitos existentes.» 84

Outros problemas que se colocam aos Conselhos Consultivos relacionam-se com a falta de
união e coesão em termos da definição das propostas prioritárias para a “resolução de
grandes problemas que enferma as comunidades locais.”85; a ausência, quer por parte dos
conselhos, quer mesmo por parte dos administradores, de um mecanismo formal para

80
MUIAMBO, Salomão. Órgãos locais do Estado: Desconhecimento da legislação interfere na gestão dos
fundos. Notícias, Maputo, 10.Fev.2007; ver tb: Revisão Conjunta do QAD 2008. Grupo de Trabalho para a
Descentralização. s/refs.
81
Conselhos consultivos: Membros devem saber ler escrever e calcular. Notícias, Maputo, 21.Jun.2008; ver tb:
Até 2009: Educação vai alfabetizar membros dos consultivos - define reunião nacional de alfabetização que
decorre em Inhambane. Notícias, Maputo, 9.Ago.2007
82
RAFAEL, Adelson. Os “pecados capitais” do Fundo de Investimento de Iniciativa Local. O País online, Maputo,
16.Jul.2009
83
Para poderem funcionar: Conselhos Consultivos precisam de técnicos - reconhece o Chefe do Estado, que
ontem trabalhou em Pemba com a Primeira-Ministra e o Ministro das Finanças. Notícias, Maputo, 1.Mai.2007
84
Mecumbúri está a re[g]istar avanços socioeconómicos – Nerina Bustani, administradora distrital. Notícias,
Maputo, 22.Set.2009. Caderno “Notícias Nampula”, p.4.
85
Conselhos consultivos devem estar unidos - apela governador de Nampula, Felismino Tocoli. Notícias, Maputo,
3.Fev.2007
95

cobrar os empréstimos concedidos86; e a falta de definição de metodologias de desembolso


por parte dos conselhos consultivos. Esta situação levou a que os administradores
assumissem “as rédeas do processo”, existindo casos em que os conselhos consultivos
assistiam serenos ao financiamento de actividades que não possuíam qualquer impacto na
geração de rendimentos para as comunidades, como é o caso da aquisição de mobiliário
para as residências protocolares entre outras acções87.

A interferência dos administradores distritais não só na composição dos conselhos


consultivos locais, mas também na escolha dos projectos a serem aprovados, é uma das
preocupações pois é considerada uma violação da lei que cria tais órgãos88. Junta-se a esta
interferência a própria dificuldade dos administradores em gerir os fundos89.

Na avaliação do primeiro ano de execução de Investimento de Iniciativa Local, o Governo provincial de


Tete, liderado por Idelfonso Muananthata, reconhece que embora tenha havido uma divulgação
atempada das orientações metodológicas para a execução dos fundos, as administrações distritais
tiveram muitas dificuldades na implementação de projectos, muitas das vezes em face da interferência
dos próprios administradores. Em muitos casos, conforme informações disponíveis, os administradores
conduziam a escolha de projectos à margem da estratégia de desenvolvimento do distrito, aprovada pelo
Governo Central. Não se trata de um caso isolado da província de Tete. Como vem sendo reportado, é uma
situação generalizada em todo o país.90

A outra questão que inquieta os membros da sociedade civil tem a ver com o facto de os administradores
distritais continuarem a interferir na indicação dos membros dos conselhos consultivos, situação que
contrasta com a lei que indica que estes são eleitos pelas comunidades.91

Joaquim Macumbe [Director Nacional da Administração Local, no Ministério da Administração Estatal],


desdramatiza as críticas que são feitas sobre o desvio de aplicação do dinheiro, explicando tratar-se de
uma experiência nova e recordando que os administradores nunca geriram directamente montantes
avultados, uma vez que mesmo o fundo de funcionamento era gerido a partir da capital provincial.92

No distrito de Ile, por exemplo, Armando Guebuza ficou informado que os fundos de investimento local
são geridos pelo próprio administrador, o qual atribui em prestações aos beneficiários, facto que tem
vindo a ser contestado também pelas autoridades locais. O Governo provincial já tem conhecimento do
facto, tendo enviado uma equipa de auditoria, muito embora os resultados do seu trabalho não tenham
sido tornados públicos até agora.93

Mas esta intervenção é denunciada também pelos administradores distritais em relação aos
governos provinciais. Por exemplo, a falta de clareza na gestão do Fundo de Investimento
de Iniciativa Local, provocou um desentendimento entre o governador da Zambézia,
Carvalho Muária, e os seus administradores distritais.

Estes afirmaram, sábado último, em Quelimane, que há sérios constrangimentos na gestão, que têm a ver
com interferências dos superiores hierárquicos sobre como os fundos devem ser aplicados. (…) Na

86
HANLON, Joseph. Desconcentração: Crescente papel para conselhos consultivos. Boletim sobre o Processo
Político em Moçambique, nº36, 18.Aug.2008, p.7-8
87
Governo intensifica supervisão aos distritos. Notícias, Maputo, 15.Jun.2007
88
Conselhos Consultivos precisam de formação. Notícias, Maputo, 7.Mar.2008
89
Ver por ex: SILVA, Aunício da. PR Guebuza encheu os ouvidos de queixas sobre a má gestão dos célebres “7
milhões” [ante-título: Durante cinco dias em Nampula]. Canal de Moçambique, Maputo, 11.Mai.2009
90
FUMO, João. A nível dos governos distritais de Tete : Faltou clareza nos procedimentos para execução dos
sete milhões. Notícias, Maputo, 26.Abr.2007
91
Conselhos consultivos com défice de formação. Notícias, Maputo, 29.Jan.2008
92
Alocados aos distritos: Urge cumprir regras na utilização dos fundos - segundo director nacional de
Administração Local, Joaquim Macumbe. Notícias, Maputo, 5.Jun.2007
93
Na Zambézia: PR questiona metas. Notícias, Maputo, 26.Mai.2009
96

síntese apresentada sábado passado, no final do curso executivo sobre Liderança e Gestão de
Relacionamento, os administradores vincaram a sua posição de falta de clareza e interferências dos
superiores e consideram que a descentralização deve ser, nos próximos tempos, a melhor forma de
governação e que ela deve ser acompanhada pela disponibilização de recursos humanos e financeiros para
não dificultar o desenvolvimento nas regiões por si administradas. 94

Dois dos grandes problemas mencionados e que são patentes na informação recolhida
relacionam-se com a falta de prestação de contas por parte dos Conselhos Consultivos às
comunidades e acusações de falta de isenção na atribuição dos fundos. A prestação de
contas às comunidades locais é um problema que preocupa estas:

Este estilo de governação [presidência aberta] permitiu ao Chefe do Estado perceber que falta aos
conselhos consultivos, a prestação de contas às comunidades sobre como é gerido o Fundo de
Investimento de Iniciativas Locais, vulgo sete milhões, e os resultados daí decorrentes. De acordo com
Armando Guebuza, é necessário que os conselhos consultivos digam à população quantos projectos foram
aprovados em cada ano; os valores recebidos no distrito, quem são os beneficiários e o que estão a fazer
com esse dinheiro indicando claro, a localização de cada projecto. É, igualmente necessário dizer quando é
que começa a devolução do dinheiro alocado aos mutuários e elaborar o respectivo calendário da
reposição. Obedecendo a esta regra pode-se reduzir a intriga, bem como a campanha de desinformação
que se propala sobre alegada má utilização ou mesmo desvio de aplicação deste dinheiro. 95

Em Muecate encontramos situações em que as autoridades administrativas não envolvem as comunidades


na definição de prioridades de investimentos. Não há cultura de prestação de contas, não sabem quanto
dinheiro é destinado a cada Posto Administrativo e qual é o critério que é usado para o financiamento dos
projectos. Constou-nos que as poucas vezes que as autoridades locais contactaram as comunidades foi
apenas para legitimarem decisões que já haviam sido tomadas em seu benefício.96

Contudo, numerosas vezes, a necessidade de prestação de contas é defendida pelo Chefe


de Estado durante as suas presidências abertas:

Para o Chefe do Estado, os conselhos consultivos distritais devem primar por uma cultura de prestação de
contas aos cidadãos, porque esse dinheiro é dos seus impostos. Guebuza orientou aos conselhos
consultivos para deixarem disponíveis informações como, por exemplo, quanto dinheiro o distrito
recebeu, quantos beneficiários tiveram acesso aos fundos, quanto é que cada um recebeu, qual é o plano
de amortização e em que é que está aplicar o dinheiro e os resultados obtidos. 97

Uma das maiores reclamações apresentadas pelas populações, sobretudo durante as


presidências abertas que o Chefe do Estado realiza aos distritos, são as acusações de
favoritismo, amiguismo98, discriminação com base na filiação partidária e, algumas vezes, a
exigência ou cobrança ilícitas de comissões quer para a aprovação99, quer para a atribuição
dos fundos aos projectos aprovados.

94
Interferências lesam gestão dos sete milhões - queixam-se administradores da Zambézia. Notícias, Maputo,
29.Abr.2008
95
Presidência aberta e inclusiva: Uma escola de governação - considera Armando Guebuza, num balanço
preliminar do seu contacto directo com a população. Notícias, Maputo, 17.Ago.2009
96
SENDA, Raul. Sete milhões um foco de controvérsias. Savana, Maputo, 21.Mai.2009
97
ACHAR, Jocas. Sete milhões de meticais: Priveligiar [sic] diálogo é tarefa dos gestores – tónica dos discursos
proferidos pelo Chefe do Estado, Armando Guebuza, na recém -termianda [sic] visita à Zambézia. Notícias,
Maputo, 28.Mai.2009. Ver tb: XAVIER, Vitorino. Conselhos consultivos prestam contas ao povo - afirma Armando
Guebuza no final da visita de trabalho à província de Inhambane. Notícias, Maputo, 11.Ago.2009
98
Ver por ex: CONZO, Eduardo. População da Catembe queixa-se a Guebuza. Savana, Maputo, 30.Mai.2009; ver
tb: Fundo de Investimento e de Iniciativa Local: Percepções de discriminação. Notícias, Maputo, 26.Abr.2010
99
Ver por ex: Secretários exigem suborno para aprovar fundos. @Verdade online, Maputo, 16.Jul.2009
97

Os populares [em Mutarara] mostraram-se muito indignados com os membros dos conselhos consultivos
locais que, no seu entender, no lugar de aprovarem projectos virados ao desenvolvimento do distrito,
tratam de “favorecer familiares e amigos”. (…) Formaram um clube de famílias e amigos e entre eles
concedem-se empréstimos sem observância das regras” (…). “Nós, quando apresentamos projectos, os
mesmos são simplesmente chumbados ou, então, no lugar de ser concedido o empréstimo pretendido,
recebemos 5 a 10 por cento daquilo que solicitamos100

Geraldo Muassua disse que para um projecto ser financiado é necessário que se seja familiar e/ou amigo
dos chefes, caso contrário o pedido é imediatamente recusado. Muassua sublinhou ainda que «muita
gente que é financiada nunca chega a receber o dinheiro no seu todo, porque deve pagar um pouco aos
chefes».101

A população do distrito de Mossurize, província de Manica, denunciou ontem, ao Chefe do Estado,


Armando Guebuza, alegados pagamentos de comissões por parte dos membros do Conselho Consultivo
Distrital, para aprovação e atribuição de créditos, no âmbito do Orçamento de Investimento de Iniciativa
Local, vulgo sete milhões.102

A população do distrito de Báruè, província de Manica, denunciaram ao Presidente da República, Armando


Guebuza, a existência de suposta discriminação e eventuais irregularidades na selecção dos candidatos a
beneficiários dos fundos de investimento da iniciativa local, vulgo sete milhões, naquele ponto do país103

Aqui em Nhamatanda demora-se muito a desembolsar os fundos dos sete milhões de meticais para os
beneficiários”, disse uma mulher que interveio durante a reunião. Ela acusou também o Governo local de
aprovar apenas os projectos propostos por pessoas que fazem parte da elite em detrimento daquelas que
realmente precisam de dinheiro para desenvolver actividades de sobrevivência104.

Alguns secretários dos bairros do distrito de Cheringoma, província de Sofala, Centro de Moçambique, são
acusados de cobrar valores monetários às populações como condição para estas terem acesso ao Fundo
de Investimento de Iniciativas Locais (FIIL). Estes casos ilícitos foram denunciados pela população de
Cheringoma, durante um comício popular orientado pelo governador de Sofala, Alberto Vaquina. 105

A nova governadora da província de Manica, Ana Comoana, prometeu acabar com a ingerência nos fundos
de iniciativa local, vulgo `sete bis´, que têm sido distribuídos de forma `tribal´ nalguns distritos da
província. Nalguns distritos, o acesso à `mola´ só é possível diante do pagamento de uma comissão de 5%
ao colectivo de avaliação de projectos.106

Um cidadão residente no posto administrativo de Ntamba, distrito de Nangade, província de Cabo


Delgado, queixou-se esta semana ao estadista moçambicano, Armando Guebuza, de ter sido cobrado
suborno para beneficiar do fundo de iniciativas locais, vulgo “sete milhões”. Trata-se de Chaico Saide, que
apresentou a sua queixa durante o comício popular orientado naquele ponto do país pelo Chefe de
Estado, no quadro da presidência aberta e inclusiva ora terminada na província de Cabo Delgado. Quando
eu quis ter os “sete milhões” (os cerca de 210 mil dólares destinados a financiar projectos de geração de
comida e emprego), fui ao posto e um técnico local disse-me que, quando as pessoas requerem este
fundo, devem pagar dinheiro. Então eu paguei cinco mil meticais, mas até hoje ainda não tive esse
dinheiro, queixou-se. Quando Chaico Saide perguntou ao referido técnico sobre o andamento do seu

100
RAIVA, Francisco. “Sete milhões” geram conflito em Mutarara. O País Online, Maputo, 26.Mai.2009
101
CARVALHO, Nélson. Gestão dos sete milhões - Guebuza mais comedido. Savana, Maputo, 12.Mai.2009
102
MACHIRICA, Victor. Acesso ao FIIL em Mossurize: População denuncia cobrança de comissões. Notícias,
Maputo, 6.Ago.2009
103
MACHIRICA, Víctor. Báruè: População denuncia “fraude” nos sete milhões. Notícias, Maputo, 23.Jun.2008
104
MATSINHE, Muhamud. Nhamatanda: População reclama demora nos desembolsos do OIIL. Notícias, Maputo,
2.Set.2009
105
Secretários exigem suborno para aprovar fundos. @Verdade online, Maputo, 16.Jul.2009; ver tb: “Sete
milhões” em Cheringoma : Secretários de bairros fazem cobranças ilícitas. Notícias, Maputo, 15.Jul.2009
106
CATUEIRA, André. Sete bis na berlinda [ante-título: Comoana em Manica]. Savana, Maputo, ano XVII, nº838,
29.Jan.2010, p.5
98

processo, este simplesmente o mandou embora. “Agora estou a pedir para que ao menos me devolvam os
meus cinco mil meticais”, pediu ao Presidente Guebuza. 107

Mas não são apenas as populações que fazem essas denúncias, alguns partidos da oposição
por diversas vezes se referem a esta situação. A Renamo, por exemplo, denuncia a
partidarização na atribuição dos fundos, por parte da Frelimo. Estas denúncias são feitas
sobretudo durante as campanhas eleitorais, como forma de contrapor a posição da Frelimo
de tornar este fundo numa das principais armas de mobilização para o voto.

(…) [Armindo Milaço, chefe nacional de Mobilização da Renamo] Criticou a política governamental de
atribuição dos sete milhões de meticais alocados aos distritos para promoverem o desenvolvimento
comunitário. Na sua opinião, estes fundos beneficiam os membros da Frelimo e os cidadãos estão a ser
excluídos ou forçados a filiarem-se ao partido no poder.108

O MDM, também denuncia:

Daviz Simango falando dia 7 de Agosto aos membros do Parlamento Juvenil sobre os sete milhões de
meticais, afirmou que este fundo deve ser canalizado para o desenvolvimento e que a sua atribuição
não deve ser com base em cores político-partidárias. O candidato disse mesmo que os sete milhões de
meticais foram instituídos para dominar os cidadãos ante a impopularidade do regime. 109

Directamente relacionado com as cobranças ilegais, são também denunciadas acções de, ao
nível provincial, estarem a não só a ser “amputadas” determinadas quantias ao montante
total dos fundos solicitados, dificultando a realização dos projectos propostos, mas
também “desvios de aplicação” autorizados superiormente.

Os desvios e má aplicação dos fundos do Estado alocados aos distritos para o desenvolvimento de
iniciativas locais muitas vezes iniciam no nível mais alto, na província, onde os montantes são
“amputados” antes do seu envio aos distritos, alegadamente para o pagamento de outras despesas
alheias ao programa. Alguns administradores contactados sobre a gestão dos vulgos sete milhões de
meticais confirmaram que, frequentemente, o montante não chega na totalidade aos distritos nos últimos
dois anos, situação que lhes deixa preocupados, uma vez que muitos projectos das populações encontram-
se arquivados, aguardando cabimento orçamental.110

Por exemplo em Tete, o Chefe do Departamento de Edificações na Direcção Provincial das


Obras Públicas e Habitação, Herménio Pereira, referia que, em Mutarara

(…) as despesas da obra de reabilitação da residência do administrador em curso, será coberta por uma
parte dos sete milhões de meticais alocados para aquele distrito. “Estamos a fazer um trabalho de
primeira classe na reabilitação da residência do administrador. Ela tem que ser uma referência na
província a nível dos distritos, logo após a sua conclusão no próximo dia 31 de Março. Todo o material,
desde mosaico, tijoleira, louça sanitária e de cozinha é de marca, foi adquirido na cidade da Beira. Para a
execução desta obra por instruções do Governo provincial tivemos que recorrer aos sete milhões alocados
ao distrito no âmbito do desenvolvimento de iniciativas locais, porque senão nunca mais recuperaríamos a
obra”111

107
Uso dos 7 milhões em Nangade: População denuncia casos de corrupção. Notícias, Maputo, 13.Mai.2010
108
ACHAR, Jocas. Campanha Eleitoral: Justiça Social para todos – afirma Armindo Milaço no arranque da
campanha da Renamo em Quelimane. Notícias, Maputo, 14.Set.2009; ver tb: ACHAR, Jocas. Campanha Eleitoral:
“Perdiz” defende separação de poderes. Notícias, Maputo, 12.Out.2009
109
Agenda do MDM estará virada ao serviço do cidadão – Deviz [sic] Simango, no diálogo com o Parlamento
Juvenil sobre as eleições e a democracia no país. Notícias, Maputo, 10.Ago.2009
110
CARLOS, Bernardo. “Sete milhões”: Desvios disparam em Tete - segundo a PGR naquele ponto do país.
Notícias, Maputo, 28.Mar.2009
111
Idem.
99

Contra esta situação o Governo distrital de Mutarara insurgia-se porque se atravessava uma
fase crítica de alimentação agrícola devido à seca

(…) «Há fome no distrito e em algumas zonas as populações estão a comer ´nhica´, um tubérculo aquático
e não podemos usar os sete milhões de meticais para a compra de comida, uma vez que uma parte do
valor foi desviada para obras de reabilitação da residência do administrador por instruções do Governo da
província» (…).Entretanto, a Procuradoria Provincial da República insurgiu-se recentemente numa das
sessões do Governo Provincial, pedindo ao Governador Ildefonso Muananthata um esclarecimento mais
detalhado sobre os desvios de aplicação daquele montante e dos fundos alocados ao programa da
construção de casas para as vítimas das cheias de 2006/7 no distrito de Mutarara, a sul da província de
Tete. «Estamos a constatar frequentes desvios dos fundos do Estado na província. A aplicação do dinheiro
do Estado tem regras, só pode ser usado devidamente orçamentado, por isso que pedimos um
esclarecimento detalhado ao governador, porquê senão estamos numa situação de saque ao tesouro do
Estado», disse a nossa fonte.112

As dificuldades que se levantavam em termos da institucionalização dos Conselhos


Consultivos Distritais, sua representatividade e clareza sobre o seu grau de decisão, levou a
que fosse aprovado, em 2008, por despacho conjunto dos Ministros da Administração
Estatal e da Planificação e Desenvolvimento, um Guião sobre a organização e
funcionamento dos Conselhos Locais, que visava a sua operacionalização de forma mais
efectiva113.

O administrador [de Milange/Zambézia] conta que o guião metodológico de planificação chegou ao seu
distrito acompanhado de uma instrução dos órgãos centrais, que conferia poderes ao Conselho Consultivo
Distrital para proceder ao reajuste dos programas que vinham sendo implementados, [de forma a]
adequá-los aos parâmetros definidos na filosofia da iniciativa. «Embora a decisão de introduzir o OIIL
tenha sido tomada em momento oportuno, a verdade é que acabamos tendo dificuldades na planificação
e distribuição do valor, porque primeiro foi-nos colocado o fundo à disposição e só mais tarde nos foi
explicado o que é que devíamos fazer de concreto, nomeadamente a maneira como os projectos deviam
ser elaborados para serem elegíveis. Felizmente esta lacuna foi coberta quando nos chegou o guião, em
Maio, o que nos obrigou a convocar uma sessão extraordinária do Conselho Consultivo Distrital, para
deliberar sobre a alteração ou não do programa que estávamos a cumprir. O CCD decidiu então que não
seria recomendável suspender os projectos que estavam em curso, sob pena de, iniciando outros, não
podermos levá-los até ao fim. A decisão foi que devíamos prosseguir, e foi o que fizemos», explica
Manhacha. (…)114

2. Atribuição dos Fundos – Problemas Relativos e Apresentados pelos Beneficiários

Através das informações recolhidas verificamos que algumas das dificuldades e problemas
enfrentados pelos Conselhos Consultivos são idênticos e, de algum modo, agravam-se
quando os analisamos ao nível das próprias comunidades.

Uma das grandes dificuldades enfrentadas pelas comunidades reside na formulação de


projectos claros e no deficiente desenho e viabilidade dos projectos submetidos à
aprovação. A taxa de analfabetismo, falta de conhecimentos básicos não lhes permitem

112
Idem.
113
Diploma Ministerial nº----/2008 de 30(?) de Novembro – Aprova o Guião sobre a Organização e o
Funcionamento dos Conselhos Locais. E revoga o Despacho Ministerial Conjunto de 13 de Outubro de 2003.
114
MANJATE, Júlio. Milange: Projectos vão tendo pernas para andar. Notícias, Maputo, 13.Fev.2007
100

escrever e apresentar com clareza os projectos que pretendem submeter115 ou levam a que,
numerosas vezes, depois dos projectos aprovados, os beneficiários reformulem as
propostas inicialmente apresentadas.

Outro factor adverso, é o desvio de aplicação que ocorre quando alguns dos beneficiários de projectos
aprovados, reformulam-nos após terem acesso aos fundos e aplicam o dinheiro indevidamente. Há
também projectos que são aprovados sem no entanto disporem de viabilidade do ponto de vista
económico-financeiro.116

Mas há também a falta de estudo de viabilidade técnico-financeira quando um determinado beneficiário


pede dinheiro. Recebe-o e aplica-o sem qualquer estudo ficando daí a perder e sem chances de devolver o
dinheiro emprestado117

Esta situação agrava-se ainda mais pela falta de experiência na gestão dos Fundos e dos
projectos aprovados. Também as comunidades não têm experiência de gerir as
quantidades de dinheiro que lhes são colocadas à disposição. De facto são numerosas as
referências que falam da má gestão do FIIL118.

As duas questões acima referidas, têm como consequência, graves problemas com os
reembolsos dos fundos, sendo as percentagens de retorno bastante baixas119.

Um outro aspecto, prende-se com as taxas de juro aplicadas. Pelo menos até meados de
2008 parece não ter sido estipulada qualquer taxa de juro em relação aos empréstimos dos
fundos de investimento para iniciativas locais, o que está claro na intervenção feita em
Maio, em Cabo Delgado, pelo Presidente da República:

«Insistimos muito na necessidade de formação das pessoas que se candidatam ao empréstimo. Este é o
actual desafio», disse o Presidente, acrescentando que o mesmo tem a ver com a necessidade de se
aumentar a capacidade de se reembolsar o valor emprestado. Nenhum dos beneficiários deste fundo é
sujeito ao pagamento de taxas de juro. Armando Guebuza deixou claro que este fundo foi criado também
a pensar na criação de condições para que os camponeses levem avante a “revolução verde”. 120

Talvez esta posição fosse como um esclarecimento a algumas decisões tomadas por
algumas províncias de impor uma taxa de juro aos fundos:

O Conselho Consultivo distrital [de Cuamba/Niassa] fixou em cinco por cento a taxa de juro cobrada às
associações ou indivíduos que recebam financiamento para os diversos projectos propostos, valor que é
pago a partir do sexto mês após a concessão do valor. 121

Contudo, pouco mais de um mês após a intervenção do Presidente da República


(Junho/Agosto), é referido que sobre os fundos seriam aplicadas taxas de juro que deviam

115
Entre erros e êxitos: Governo… op.cit.; ver tb: Revisão Conjunta do QAD…op.cit.
116
MACHEL, Edson. O Orçamento de Investimento… op. cit.
117
“Sete milhões”: O difícil reembolso em Manica. Notícias, Maputo, 25.Abr.2009
118
Em Cabo Delgado: Sete milhões de meticais precisam de melhor gestão – reconhece governador provincial
Eliseu Machava. Notícias, Maputo, 4.Mar.2008
119
Governo intensifica supervisão aos distritos. Notícias, Maputo, 15.Jun.2007; Sete milhões de meticais devem
ser reembolsados - insta Ministro da Saúde, Ivo Garrido, em Nampula. Notícias, Maputo, 14.Jul.2009; ver tb:
Fundo de Iniciativas Locais institucionalizado em 2009 - revela Ministro de Planificação e Desenvolvimento,
Aiuba Cuereneia. Notícias, Maputo, 31.Dez.2008. Ver mais adiante ponto específico sobre os reembolsos.
120
MAZIVE, Almiro. Sete milhões de meticais já produzem efeitos visíveis - constata PR, Armando Guebuza, no
final da visita a Cabo Delgado. Notícias, Maputo, 27.Mai.2008
121
MANJATE, Júlio. Cuamba ainda vai dar raízes! - promete Arnaldo Maximiliano. Notícias, Maputo, 22.Fev.2008
101

variar de 1-12% dependendo do tipo de actividade a que se destinavam os recursos e as


condições socioeconómicas específicas de cada distrito122. Contudo, estas indicações,
demasiado gerais, conduziram à existência de grande disparidade de critérios na sua
aplicação (aspecto este reconhecido pelo próprio Ministro Aiuba Cuereneia123).

Embora em alguns distritos se aplicassem taxas de juro baixas, comportáveis por alguns
beneficiários dos Fundos124, era manifesta, em alguns distritos, ainda em 2009, a atribuição
de taxas de juro arbitrárias e elevadas que não obedeciam a qualquer critério o que se
tornava alvo de críticas por parte das populações.

Já no distrito de Meconta, o chefe do Estado ficou a saber que as taxas de juros cobradas são altíssimas e
os beneficiários, olhando pelo seu nível de vida, sentem-se proibidos de concorrer e dizem não estar em
altura de corresponder com as expectativas do “pai da nação”. Os residentes de Meconta dizem que em
termos de reembolso, apenas sabiam da taxa de 12%, mas a cada dia que passa a tendência é de aumentar
esta mesma taxa, chegando a atingir os 18%, facto que lhes preocupa bastante. Todavia, as elevadas taxas
são apenas cobradas a certas pessoas que não gozam de nenhuma aproximação com o pessoal que está
no poder.125

(…) no que diz respeito à implementação dos famosos sete milhões de meticais, o Executivo de
Inhambane deliberou igualmente que a taxa de juro fixa seja de cinco por cento para todos os
beneficiários, independentemente do projecto requerido.126

Num estudo realizado por Métier Consultoria e Desenvolvimento por solicitação do


Ministério Planificação Desenvolvimento, Direcção Nacional de Estudos e Análise Política,
sobre a execução do OIIL era referido:

Muito poucos beneficiários tem conhecimento sobre o pagamento de juros pelo crédito; Os Juros não
estavam mencionados nos contratos até 2008; Não se sabe o critério que serviu de base para o
estabelecimento de taxas de juro (5% para Agricultura, e 8% para outras actividades em alguns distritos);
Globalmente, o tratamento dos juros é objecto de grande arbitrariedade; Em alguns casos a taxa de juro
definida concerne a totalidade do período do crédito (muitas vezes de até 3 anos) e não tem uma relação
com uma unidade de tempo; Em outros casos o juro é cobrado no inicio diminuindo o capital disponível.127

As comunidades questionam numerosas vezes os critérios de atribuição do dinheiro


considerando que estes não estão muito claros. Muitas “queixas” são apresentadas sobre o
desvio dos fundos por parte dos funcionários dos governos distritais e das estruturas do
partido ao nível distrital

A exoneração do antigo administrador distrital do Ile, Viegas Taula, indiciado de desvio de fundos, gestão
danosa e corrupção na atribuição do dinheiro destinado a iniciativas locais, mais conhecido por “sete
milhões”, não resolveu de todo o problema do descaminho dos fundos do erário público naquela região,
localizada a norte da província da Zambézia. Quando foi denunciado publicamente em Setembro de 2008,

122
MOÇAMBIQUE. Ministério da Planificação e Desenvolvimento. IV Conselho Coordenador. Documento Final.
Macuacua, 20 de Junho de 2008; ver tb: ARNAÇA, Felisberto. Presidência aberta à província do Maputo: Os
conselhos que Guebuza pediu para a governação. Notícias, Maputo, 8.Ago.2008
123
Entre erros e êxitos… op.cit.
124
Ver por ex: MUNGUAMBE, Titos. A nível dos distritos: A prioridade dos sete milhões. Notícias, Maputo,
21.Set.2007. Caderno economia
125
CARVALHO, Nélson. Gestão dos sete milhões - Guebuza mais comedido…op.cit.
126
XAVIER, Victorino. Inhambane : Fundos de investimento para pequenos agricultores. Notícias, Maputo,
9.Mar.2009
127
MÉTIER CONSULTORIA E DESENVOLVIMENTO. Análise da Execução Orçamento de Investimento de Iniciativa
Local. Reunião Nacional P. Desenvolvimento Rural, Tete, 28-8-09
102

num comício orientado pelo Chefe do Estado, Armando Guebuza, muita gente chegou a pensar que o mal
havia sido cortado pela raiz. A verdade, porém, mostra o contrário: a corrupção na atribuição de fundos
continua e os concorrentes clamam pelo socorro ao governador da Zambézia, para fazer o que consideram
de “limpeza”, a pente fino, contra os funcionários envolvidos em práticas de corrupção no Governo
distrital do Ile. (…) Os nossos entrevistados disseram que quem controla o Executivo e todo o distrito do
Ile é uma tríade com forte influência política e com decisões de peso sobre quem faz a gestão daquele
dinheiro. Em directo apontam-se os nomes de Virgílio Namagoa, primeiro-secretário do partido Frelimo,
Alberto Mirione chefe da Administração e Finanças e Domingos Sumindela, da Organização e
Propaganda.(…) O governador da Zambézia, Francisco Itae Meque, está muito desapontado com o
sucedido, por isso afirmou que o seu Executivo irá tomar medidas bastante drásticas, nomeadamente,
ordenar a devolução do dinheiro do erário público. Itae Meque ficou a saber que desde o ano 2007 os sete
milhões de meticais representaram para muitos dirigentes do Ile um saco azul através do qual se
enriqueciam ilicitamente.128

Denunciadas em Nampula durante a presidência aberta. Daniel Ramos [Administrador de Moma] é


igualmente acusado de má gestão do fundo da iniciativa local, vulgo “Sete Milhões”, ao congelá-lo ou
atribuir sem respeitar as normas estabelecidas.129

(…) Todavia, os funcionários públicos indicados para cobrar as dívidas depois de levantarem o dinheiro
não depositam nos cofres do Estado. Sob acusação de desvio de fundos do Estado, dois funcionários estão
a enfrentar processos disciplinares e outros casos foram encaminhados à Procuradoria Provincial para os
trâmites legais devido ao seu envolvimento no desvio de fundos dos sete milhões de meticais.130

Mas também apresentam problemas relativos à redução dos quantitativos atribuídos em


relação ao pedido formulado inicialmente, e questionam as grandes demoras na
disponibilização da segunda parte do desembolso do fundo o que punha em causa a
realização dos projectos

O Governo do distrito de Ribáuè, na província de Nampula, é acusado de ter burlado as associações de


produtores agrícolas, criadores de frango, operadores da indústria de farinação e de fornecedores de
combustíveis num montante estimado em cerca de um milhão de meticais, do fundo de financiamento de
iniciativas locais, vulgo sete milhões. De acordo com dados em nosso poder, aquele montante representa
cerca de metade do valor aprovado pelo conselho consultivo distrital para financiar um total de dez
projectos ligados àquelas áreas, incluindo o abastecimento do mercado local que se mostra muito carente.
Soubemos ainda que, devido à suposta burla, alguns projectos considerados importantes estão em risco,
prejudicando o desenvolvimento do distrito em diferentes vertentes com enfoque para a criação de mais
postos de trabalho e consequente melhoria da vida dos seus habitantes. Para se apoderarem ilicitamente
daquele montante alguns membros do Governo e conselho consultivo distrital envolvidos na burla
declararam por escrito ao sector de contabilidade que as associações já tinham beneficiado na totalidade
do valor que solicitaram para a prossecução dos seus projectos, quando na verdade receberam a metade
do que teria sido aprovado pelo órgão competente.131

Formaram um clube de famílias e amigos e entre eles concedem-se empréstimos sem observância das
regras”, disse Andrade, para depois acrescentar que “Nós, quando apresentamos projectos, os mesmos
são simplesmente chumbados ou, então, no lugar de ser concedido o empréstimo pretendido, recebemos
5 a 10 por cento daquilo que solicitamos.132

No processo de execução do OIIL, uma das questões que têm sido abordadas com pouca frequência é o
perfil dos mutuários: quem são as pessoas que recebem financiamento para os projectos apresentados?
Será a pertença partidária um critério (in)formalmente usado para a atribuição do dinheiro? Uma análise a
partir do posto administrativo de Vanduzi, no distrito de Gorongosa, mostra que grande parte dos

128 ACHAR, Jocas. “Sete milhões” a saque no Ile. Notícias, Maputo, 19.Mai.2010
129 BELARMINO, Nelson. Administrador de Moma denunciado em público. O País online, Maputo, 18.Mai.2010
130 ACHAR, Jocas. Chinde: Onde a pobreza e a riqueza coabitam. Notícias, Maputo, 6.Mai.2010
131
Barulho em torno dos 7 milhões em Ribáuè: Fatias do “bolo” não chegam a todas as bocas. Notícias, Maputo,
3.Out.2008
132
RAIVA, Francisco. “Sete milhões” geram conflito em Mutarara…op.cit.
103

mutuários tem ligações com o partido Frelimo, representando 68% para 2007 (…) (ex. do posto
administrativo de Vanduzi, distrito da Gorongosa: 68% Frelimo; 7% Renamo; 25% não identificado) Embora
não se possa afirmar que o dinheiro tem sido atribuído exclusivamente a pessoas ligadas à Frelimo (pois
7% dos mutuários são membros da Renamo), (…) [as percentagens sugerem] a existência de um certo
controlo do processo de atribuição e uso do OIIL por parte do partido no poder. Este controlo revela o
carácter neo-patrimonial do Estado, cristalizado na fraca distinção entre as esferas estatal e partidária.
Alguns mutuários entrevistados têm a percepção de que a sua condição de membro do partido no poder
facilitou em grande medida o processo de aprovação e financiamento dos seus projectos.133

A falta de uma gestão transparente dos fundos disponíveis por parte do Governo, é
também alvo de críticas. Em Mecumbúri, por exemplo, os sete milhões eram uma fonte de
conflito e as populações acusavam o Conselho Consultivo Distrital de financiar projectos
submetidos por funcionários públicos e cidadãos não residentes no distrito, espelhando
favoritismo na selecção, aprovação e financiamento134. Em Mutarara a população referia
que o amiguismo com o conselho consultivo era um critério válido para se ter acesso ao
fundo135.

(…) os funcionários da Saúde e os membros do Conselho Consultivo têm pautado por uma autêntica falta
de respeito aos cidadãos desta parcela do país, assim usam esquemas pouco transparentes na atribuição
dos valores destinados aos projectos aprovados. Os residentes afirmam não entender a quem se destina o
dinheiro, porque uma grande maioria dos que são mais necessitados é sempre preterida a favor de
pessoas com uma vida faustosa, ou quando são contemplados os valores que recebem estão abaixo da
fasquia proposta no projecto. “A minoria é que recebe o dinheiro e o resto é desviado para beneficiar
pessoas de outros distritos”, denunciou um cidadão, apontando casos em que residentes do posto
recebem, por exemplo, apenas 40 mil meticais (cerca de 1200 dólares americanos) enquanto pediram 50
mil meticais. O valor remanescente é atribuído a pessoas de outros distritos ou então dividido entre os
membros do Conselho Consultivo com o chefe do posto.” 136

As populações denunciam mesmo os administradores de se aproveitarem do


desconhecimento dos processos de execução dos projectos, do analfabetismo e das
dificuldades sentidas por elas para agirem de forma pouco transparente. Os mutuários
acusam os governos locais de muitas vezes não lhes darem a conhecer os valores dos
insumos comprados no âmbito dos projectos apresentados e as regras de amortização dos
valores o que dificulta a recuperação do empréstimo. Algumas vezes sentem mesmo que
estão a ser enganadas em relação aos valores cobrados por determinadas aquisições que
são feitas através do governo. São dados exemplos com a compra de maquinaria solicitada
para a implementação dos seus projectos em que os governos locais não apresentam os
comprovativos dos custos reais do equipamento, nem lhes dão as guias de entrega,
obrigando-as a assinar papéis sem saber do seu conteúdo e por vezes entregam mesmo
equipamento que pouco tempo depois se avaria137.

133
FORQUILHA, Salvador Cadete. Reformas de descentralização e Redução da Pobreza num Contexto de Estado
Neo-patrimonial: Um olhar a partir dos Conselhos Locais e OIIL em Moçambique. Comunicação apresentada à II
Conferência do IESE, “Dinâmicas da Pobreza e Padrões de Acumulação em Moçambique”, Maputo 22 a 23 de
Abril de 2009. Conference Paper Nº25
134
Gestão dos 7 milhões divide Governo e populações. Notícias, Maputo, 22.Set.2009. Caderno “Notícias
Nampula”
135
RAIVA, Francisco. “Sete milhões” geram conflito…op.cit.; ver tb: LUÍS, Rodrigues. Por falta de transparência
nos sete milhões: População pede destituição do administrador de Muanza. Notícias, Maputo, 26.Ago.2008
136
AIM. Devemos ser transparentes para satisfazer o povo - Presidente da República. Notícias, Maputo,
23.Abr.2010
137
SENDA, Raul. Sete milhões um foco de controvérsias…op.cit.
104

A população do distrito de Palma, norte de Cabo Delgado, denunciou em comício popular, orientado pelo
governador Eliseu Machava, vários desmandos, alegadamente protagonizados pelo administrador
distrital, (…) entre os quais (…) se lhe atribui a responsabilidade de ter falsificado preços de moageiras
compradas no quadro dos 7 milhões de meticais, em proveito próprio. […] «A população referiu que o
administrador trouxe moageiras, é verdade que foram compradas, mas com facturas de valores de 300
mil meticais a unidade enquanto se sabe que as comprou entre 35 e 45 mil meticais», disse um popular que
se identificou pelo nome de Cristovão, que acrescentou que para tal o administrador não obteve
autorização do Conselho Consultivo propositadamente criado. Do mesmo modo, (…) terá comprado um
tractor com o dinheiro de iniciativa local, que entretanto, sem o conhecimento dos outros componentes
do Conselho Consultivo, se encontra alugado algures no distrito vizinho de Mocímboa da Praia, mas que
havia sido momentaneamente trazido a Palma devido à visita do governador. (…) 138

Segundo alguns distritos, as maiores devedoras do FIIL são as associações pois muitas delas
não têm existência legal, não possuem contas bancárias e apresentam projectos com falta
de sustentabilidade financeira139, outras vezes as dificuldades surgem porque os associados
se desentendem140 ou as associações desaparecem/extinguem-se depois de terem os
fundos. Algumas são mesmo acusadas de se criarem unicamente para beneficiarem do
fundo sem nenhuma preparação prévia para a sua gestão.141

O Governa do distrito de Muecate, em Nampula, confirma a fuga para parte incerta da província, de
membros de algumas associações beneficiárias dos financiamentos disponibilizados no âmbito dos 7
milhões de meticais. Segundo Carlos Amade, administrador distrital, tal situação esta a comprometer os
planos de amortização dos créditos, facto que possibilitaria a rotação dos fundos para outras pessoas.
“Algumas associações quando receberam os fundos, esqueceram-se dos projectos para os quais haviam
solicitado os financiamentos, e desataram em conflitos internos” -frisou Amade, para depois acrescentar
que isso teria originado clivagens e consequente desintegração dos grupos levando cada um a fugir para
parte incerta, com a parte do valor.142

Segundo o administrador distrital, um dos impactos do funcionamento destes conselhos é, pelo menos ao
nível do distrito de Milange, o crescente número de pedidos de legalização de associações, únicas
assumidas como elegíveis para acções de parceria com o governo distrital na execução de projectos de
desenvolvimento. Segundo David Manhacha, até esta parte não tem havido constrangimentos de grande
monta na articulação com as associações, embora tal possa vir a acontecer à medida que for crescendo a
necessidade de se concederem financiamentos a projectos apresentados pelas associações. “O problema
aqui é que nem o CCD tem autonomia de decidir que vamos financiar esta ou aquela associação porque é
necessário avaliar, avaliar e avaliar, com profundidade, para evitar que o dinheiro seja destinado à defesa
de interessas de pequenos grupos. Os financiamentos devem ser orientados para actividades de
desenvolvimento e não para beneficiar minorias. Só vamos financiar grupos honestos, pois a principal
garantia que temos de que o dinheiro será devidamente aplicado é apenas moral”, disse o administrador
numa alusão à necessidade de as associações se organizarem para inspirarem confiança para o Estado tê-
las como parceiras fiáveis.(…)143

138
Em Palma, Cabo Delgado : População denuncia desmandos do administrador. Notícias, Maputo, 18.Jan.2008
139
ISSA, Assane. Distrito em desenvolvimento - Meconta : Sustentar a poligamia com dinheiro do FIL. Notícias,
Maputo, 26.Mai.2009. Caderno Nampula; ver tb.: ISSA, Assane. Desembolsos do OILL [SIC] passam a ser via
bancária… op.cit.; ver tb: Governo intensifica supervisão aos distritos...op.cit.
140
ISSA, Assane. Fundos de investimento local geram desilusão em Nampula. Notícias, Maputo, 23.Jul.2008
141
HELVETAS MOÇAMBIQUE. Programa de Desenvolvimento Rural Nampula / Cabo Delgado: Relatório Anual
2007. March 2008. Programme Management Unit, Nampula. Esta situação foi comprovada no estudo e trabalho
de campo desenvolvido, como pode ser verificado no artigo sobre o empoderamento da mulher, I Parte.
142
Fundos de apoio aos distritos : Beneficiários somem com dinheiro em Muecate. Notícias, Maputo, 11.Mai.2007
143
MANJATE, Júlio. Milange: Projectos vão tendo pernas para andar. Notícias, Maputo, 13.Fev.2007
105

São relatados casos onde alguns mutuários depois de receberem o crédito fogem para
locais incertos144, outros que usam os créditos que lhes são atribuídos para “caprichos
pessoais” como é o caso da poligamia ou lobolo145 ou fazem desvios de aplicação,
reformulando os seus projectos após terem acesso ao dinheiro e aplicando-o
indevidamente146.

Todos os inquiridos foram unânimes em afirmar que aquele dinheiro bem gerido pelos mutuários pode
trazer maravilhas no desenvolvimento do distrito, mas em contrapartida condenam aqueles que depois de
receberem o dinheiro pura e simplesmente desaparecem da circulação ou então aplicam para fins que não
estavam previstos. Lamentável é aquilo que assistimos em que algumas pessoas recebem o dinheiro e em
vez de aplicar nos projectos a que se propuseram a executar, casam-se com duas mulheres ou compram
motas e outras mordomias.147

Uma das preocupações levantadas é relativa à exigência dos documentos necessários para
se ter acesso aos fundos (Bilhete de Identidade, NUIT) que a população tem grandes
dificuldades em obter nos distritos.

Em certos distritos e Conselhos Consultivos, segundo o estudo, há falta de capacidade e iniciativa de


monitorar a gestão dos sete milhões. Se o valor vier a responder aos propósitos da sua alocução, somente
beneficiara os cidadãos que vivem na sede distrital e nos seus arredores. A segunda constatação resulta do
facto de as populações residentes nas zonas distritais, além de estarem dispersas e distantes da sede, não
possuem, na sua maioria, bilhete de identidade, condição essencial para ter acesso aos fundos e investi-los
em projectos próprios.148

Pode-se aferir um pouco de exagero do Ministério das Finanças se se olhar para aquilo que é o país real e
as exigências que são feitas na justificação das despesas. A título de exemplo, como se pode pedir NUIT a
um artesão que está em Chifunde, se até funcionários que estão na capital do país não têm este
dispositivo inerente ao cumprimento das despesas fiscais. Com efeito, tal como aconteceu em muitos
distritos de Tete, algumas despesas foram justificadas por meio de declarações, violando-se os
procedimentos administrativos sobre despesas públicas.149

Perante os diversos problemas que se colocam as populações pedem o aperfeiçoamento


dos mecanismos de controlo dos fundos para que pessoas desonestas não se possam
apoderar deles e para que não sejam desviados para fins ilícitos150. Alguns elementos (por
exemplo, a Presidente da Associação de Mulheres Rurais de Angoche) pedem ao Presidente
da República que oriente os funcionários nos distritos no sentido de passarem a prestar

144
Com fundos de iniciativa e impacto local: Consultivo de Alto Molócuè cria 800 postos de emprego. Notícias,
Maputo, 12.Jan.2008
145
ISSA, Assane. Distrito em desenvolvimento – Meconta…op.cit.; ver tb: Idem. Desembolsos do OILL…op.cit.
146
MACHEL, Edson. O Orçamento de Investimento…op.cit.
147
NORBERTO, Luís. O Distrito em desenvolvimento – Mogovolas: Não queremos envelhecer a vender nacos de
galinha - advertência de jovens do distrito que é o maior produtor da castanha de caju. Notícias, Maputo,
25.Nov.2008
148
Distritos precisam de mais investimentos. Notícias, Maputo, 30.Abr.2008
149
FUMO, João. A nível dos governos distritais de Tete: Faltou clareza nos procedimentos para execução dos
sete milhões. Notícias, Maputo, 26.Abr.2007. Mas não são apenas as populações que têm essa dificuldade, os
fornecedores nos distritos têm essa mesma dificuldade. Referia António Macanijo, assessor do Programa de
Finanças Descentralizadas em Cabo Delgado: “Temos poucos fornecedores organizados com o Número Único
de Identificação Tributária (NUIT), portanto, muitas pessoas não podem prestar serviços ao distrito porque não
estão em condições de passar a factura. Isto faz com os distritos continuem a recorrer às capitais provinciais
para a compra de bens”. Ver: Nível dos distritos (A): Cabo Delgado ataca planificação e Gestão de Finanças.
Notícias, Maputo, 21.Set.2007. Caderno economia.
150
MACHIRICA, Victor. Acesso ao FIIL em Mossurize: População denuncia cobrança de comissões. Notícias,
Maputo, 6.Ago.2009
106

contas públicas ao povo, em reuniões populares, sobre a utilização das verbas do FIIL e do
INAS151.

Num encontro entre os governos das províncias da região norte (Niassa, Cabo Delgado e
Nampula), realizada em meados de 2008152, foram sintetizados alguns dos principais
constrangimentos na gestão do OIIL concluindo-se que estes se encontravam sobretudo:
na falta de uma metodologia padronizada a nível central; existência de associações não
legalizadas ou deficiente processo de legalização de algumas delas; deficiente assistência
técnica e acompanhamento aos projectos; financiamento de projectos à margem das
normas de utilização do FIIL; baixo nível de reembolso, variando entre 0% a 25% por distrito;
e inexistência de um órgão de gestão.

Com base nestas constatações, os governos provinciais sugeriram a criação de comissões


de gestão do OIIL em cada distrito compostas por três elementos, onde um deles deveria
ser um contabilista para gerir especificamente o OIIL, e que esta comissão fosse encarregue
de acompanhar o processo desde os critérios de selecção para apresentação e aprovação
do financiamento, até à apresentação dos relatórios de implementação mensais à
administração distrital e semestrais para o conselho consultivo distrital153.

3. Causas das Dificuldades e Constrangimentos nos Reembolsos

A situação dos reembolsos é um dos grandes constrangimentos enfrentados e está patente


em numerosas notícias e trabalhos de investigação. Segundo dados apresentados pelo
Ministro da Planificação e Desenvolvimento, em 2008, os reembolsos situavam-se numa
média de 25% 154. Embora a informação seja relativa a 2008, podemos verificar, através dos
dados recolhidos, que a situação em 2009 e 2010 parece ter-se deteriorado
substancialmente se considerarmos como sendo correcta a percentagem referida pelo
ministro. São numerosas as informações sobre as percentagens baixíssimas das
devoluções.

Igualmente o fundo dos “sete milhões de meticais” não foge à regra, embora um e outro distrito estejam
a dar sinais de desenvolvimento, mas na maior parte são reclamações atrás de reclamações. A isto
acrescenta-se o baixo nível de reembolso por parte dos beneficiários. Há distritos que o nível de reembolso
não passa de 10%, embora outros chegam, a muito custo, a 17%. O fraco reembolso dos “sete milhões”
abriu, de 2006 a esta parte, um «buraco financeiro» de 845 milhões de meticais, o equivalente a 1.8% do
total dos reembolsos efectuados.155

Porém, temos uma situação triste, que creio que é quase generalizada no país, que é a falta de devolução
dos fundos concedidos. De uma forma geral o retorno é extremamente baixo no nosso distrito. Por

151
SILVA, Aunício da. PR Guebuza encheu os ouvidos de queixas sobre a má gestão dos célebres “7 milhões”
[ante-título: Durante cinco dias em Nampula]. Canal de Moçambique, Maputo, 11.Mai.2009
152
MOÇAMBIQUE. Governos das Províncias da Região Norte (Niassa, Cabo Delgado e Nampula). Relatório das
DPPF’s da Região Norte ao IV Conselho Coordenador do Ministério da Planificação e Desenvolvimento. Macuácua,
Junho, 2008
153
Idem.
154
Embora considerasse que tal se devia “a mecanismos burocráticos nas administrações distritais e de gestão
de algumas associações que devem ser capacitadas para que possam multiplicar o dinheiro que lhes é
concedido”. Ver: Apesar do fraco reembolso: Investimento nas zonas rurais vai aumentar nos próximos anos.
Notícias, Maputo, 8.Set.2008.
155
COSSA, Nelo. “Sete milhões” cabem no banco de desenvolvimento, basta vontade política. Magazine
Independente, Maputo, 8.Jul.2009, p.16-17
107

exemplo, dos mais de 18 milhões que em três anos esperávamos receber como retorno, apenas foram
devolvidos 560 mil meticais [3,11%].156

Em Cabo Delgado, por exemplo, a taxa de reembolso do montante entregue às comunidades até ao ano
passado é de apenas 5,2 por cento, de acordo com o informe apresentado recentemente ao Presidente
Armando Guebuza.157

Do total de 142 milhões de meticais concedidos para financiar diversas actividades de geração de
rendimento e emprego, nos nove distritos que a província possui, durante o ano passado apenas sete
milhões foram devolvidos aos cofres do Estado. A módica quantia de 135 milhões está sem retorno. O nível
de devolução representa apenas cinco por cento do referido valor. 158

Adélia Tomás, um dos membros do Conselho Consultivo (CC) do distrito de Machanga, denunciou ao
governador Alberto Vaquina, num comício popular, que alguns beneficiários daquele dinheiro não
devolvem o valor, alegando serem do partido Frelimo. “Esta prática é uma barreira para outras pessoas
que esperam ter aquele financiamento”, alertou Tomás, num distrito em que os níveis de reembolso estão
abaixo dos 10 por cento. O ponto de Sofala com o índice de reembolso mais alto é o distrito de
Nhamantanda com 17.5 por cento.159

Na gestão do OIIL foram constatados constrangimentos que podem ser resumidos em: Falta de
metodologias padronizadas a nível nacional; Existência de associações não legalizadas; Deficiente
assistência técnica e acompanhamento aos projectos; Deficiente processo de legalização de algumas
associações; Financiamento de projectos à margem das normas de utilização do FIIL; Baixo nível de
reembolso, variando de 0% a 25% por Distrito; e Inexistência de um órgão de gestão. 160

Há muitas dúvidas que se completem os reembolsos dos valores alocados à luz da iniciativa de apoio ao
desenvolvimento local, que há três anos é sustentada pelo Fundo de Investimento de Iniciativas Locais - “7
milhões” tendo em conta que até semana passada, segundo apurou o nosso jornal, apenas 1.238.230,00
MT tinham sido devolvidos, de um valor global de 28.407.400,00 MT, o que representa a módica
percentagem de 22 porcento.161

Efectivamente, apenas quatro porcento dos equivalentes a 75 milhões de euros desembolsados pelo
Governo moçambicano para apoiar projectos nos 128 distritos de Moçambique foram devolvidos desde a
criação do fundo em 2006, segundo um relatório governamental esta semana divulgado. (…) A verba,
alocada à população dos distritos que pretenda desenvolver pequenos negócios, é emprestada e deve ser
reembolsada com juros. Mas, segundo um estudo apresentado no Seminário Regional Norte de
Capacitação para os Intervenientes do Fundo de Investimento de Iniciativa Local, somente 151 800 meticais
(equivalentes a 3,7 mil euros), dos 3,1 mil milhões (75 milhões de euros) disponibilizados até ao ano
passado foram reembolsados em todo o país. A província da Zambézia tem um dos índices de reembolsos
mais abaixo da média nacional, com 3,28%, seguida por Sofala (3,44%), Nampula (3,74%), Gaza (3,78%) e
Inhambane (3,88%), refere o resultado da pesquisa. Em termos de distribuição territorial, a província de
Cabo Delgado apresenta maiores índices de reembolso, 9,74%, seguida de Manica (8,25%) e cidade de
Maputo, contemplada há dois anos pelo programa, com 7,44 porcento, destaca o relatório. A província de
Tete obteve um reembolso de 5,85 porcento, enquanto a de Maputo recuperou 5,71% do fundo

156
ALBUQUERQUE, Mouzinho de. Distrito em desenvolvimento: Eráti: Há vida... sem água!. Notícias, Maputo,
17.Fev.2009. Caderno Nampula.
157
Dinheiro reembolsado não faz “sete milhões” . O País online, Maputo, 14.Mai.2010; ver tb: MATSINHE,
Muhamud. Uso e aplicação dos “sete milhões”: Nível de reembolso fraco em Cabo Delgado. Notícias, Maputo,
12.Mai.2010
158
JECO, José. Desenvolvimento de iniciativas locais em Manica Guebuza reconhece baixo nível de reembolso
dos 7 milhões. CanalMoz, Maputo, nº 880, 10.Ago.2009
159
DANÇA, Eurico. Frelimistas não reembolsam os sete milhões. Savana, Maputo, 12.Jun.2009
160
MOÇAMBIQUE. Governos das Províncias da Região Norte (Niassa, Cabo Delgado e Nampula). Relatório das
DPPF’s da Região Norte ao IV Conselho Coordenador do Ministério da Planificação e Desenvolvimento. Macuácua,
Junho, 2008.26 p.
161
Crédito - “Sete milhões”: Meluco reembolsou apenas 22 porcento. Notícias, Maputo, 2.Abr.2010. Caderno
Economia.
108

disponibilizado pelo Estado para projectos de desenvolvimento distrital, onde residem mais de 80
porcento da população moçambicana, estimada em mais de 20 milhões.162

A situação dos reembolsos levou a que o Presidente da República referisse, pela primeira
vez, em Agosto de 2008, num encontro com a imprensa depois da sua visita à Província de
Maputo, que os beneficiários do FIIL que não reembolsassem os empréstimos feitos
poderiam ser conduzidos à justiça. E seriam penalizados, como forma de desencorajar estas
atitudes pois os dinheiros deviam ser devolvidos para poderem ser atribuídos a outras
pessoas. Contudo, Guebuza salientou que as razões da falta de devolução do dinheiro
tinham de ser avaliadas com cuidado pois podiam ser diversas e algumas delas justificadas
nomeadamente com a natureza do projecto163: (i) Investimentos feitos que ainda não
tinham produzido resultados de forma a permitir a devolução do dinheiro: por exemplo, em
determinado tipo de projectos a reposição tem de ser mais longa como a produção de
comida que precisa de maturação pois os resultados agrícolas não são imediatos; o
fomento pecuário com gado bovino é necessário esperar que o gado cresça para poder
vendê-lo ou reproduzi-lo164; (ii) Produtos que ainda não tinham sido colocados no mercado,
não tendo pois, os produtores ainda o dinheiro disponibilizado para poderem pagar o
empréstimo165; (iii) Dificuldades em saber lidar com a gestão do dinheiro atribuído. Muitas
das pessoas a quem foram concedidos os empréstimos nunca possuíram tais quantias pelo
que podiam ter dificuldades em gerir esse dinheiro166; (iv) Não terem consciência e/ou
sensibilidade para a necessidade da sua devolução167; e (v) Falta de formação em matérias
ligadas à gestão de projectos ou conhecimentos básicos168.

De facto, por diversas vezes, são levantados pelas populações problemas de


comercialização rural dos produtos produzidos devido à falta de infra-estruturas para o
escoamento destes para zonas onde está o mercado consumidor; distritos ou localidades
onde o comércio local não consegue absorver toda a produção, nem as populações têm
capacidade financeira para consumirem a produção localmente produzida. Não a
conseguindo consumir, e com dificuldades de a escoar, os produtos não são vendidos ou
deterioram-se, dificultando a concretização dos reembolsos169.

De acordo com o governador, uma das grandes expectativas é encontrar subsídios para dinamizar a
comercialização agrícola pois, verifica-se quase em todos distritos o armazenamento de grandes
quantidades de comida por falta de mercado, o que concorre para o incumprimento dos prazos para o
reembolso dos fundos.170

162
Guebuza tenta mitigar a pobreza mas parece estar a cobrar sarilhos. Apenas uma minoria devolve o dinheiro
emprestado. Correio da Manhã, Jornal por Fax, ano XIII, nº 3326, 26.Mai.2010
163
ARNAÇA, Felisberto. Presidência aberta à província do Maputo… op.cit.; ver tb: ARNAÇA, Felisberto. Sete
milhões de meticais: Devedores poderão sofrer penalizações - anuncia Chefe do Estado, no final da presidência
aberta na província de Maputo. Notícias, Maputo, 7.Ago.2008; ver tb: TRAPE, Damião. Governo vai continuar a
disponibilizar FDD. Notícias, Maputo, 29.Mai.2010.
164
7 milhões: devedores poderão ser penalizados. AIM, Maputo, 6.Ago.2008
165
Idem.
166
Alocados aos distritos: Urge cumprir regras na utilização dos fundos… op.cit.
167
7 milhões: devedores poderão ser penalizados…op.cit.
168
Idem.
169
ISSA, Assane. Muecate: Taxa de retorno dos sete milhões abaixo dos cinquenta porcento. Notícias, Maputo,
5.Abr.2007; ver tb: Arnaça, Felisberto. Sete milhões de meticais: devedores…op.cit.
170
Fundos de iniciativa local: Reembolso depende da comercialização agrícola. Notícias, Maputo, 3.Set.2008
109

Como refere Hanlon, “em parte a pobreza rural é tão grande que depois não há quem
compre aquilo que os projectos produziram”171 .

O Governador de Inhambane, por exemplo, constatou em 2008 a existência em quase


todos os distritos de grande quantidade de comida armazenada por falta de mercado local
e dificuldades de comercialização em outras zonas172

O montante recebido, de acordo com Itae Meque, governador da província, continua bastante irrisório,
havendo, no entanto, esperança de registar a devolução de mais fundos assim que os beneficiários
concluírem a comercialização agrícola. De acordo com o governador, uma das grandes expectativas é
encontrar subsídios para dinamizar a comercialização agrícola pois, verifica-se quase em todos distritos o
armazenamento de grandes quantidades de comida por falta de mercado, o que concorre para o
incumprimento dos prazos para o reembolso dos fundos. Itae Meque diz que o governo provincial vai
apresentar uma estratégia que consiste em criar condições para que produtores com muita comida
possam vender em locais onde há fome, resultante da fraca produção. O Governador de Inhambane
explicou que o plano de comercialização agrícola contempla vias de acesso pois, a viabilização da
comercialização agrícola passa igualmente pelo melhoramento da transitabilidade das ruas, das sedes
distritais para as localidades, problema que em alguns casos ultrapassa a capacidade da província por
exiguidade de fundos.173

No entanto, para esta dificuldade de reembolso, contribui também a própria incapacidade


por parte dos governos distritais de exigir a devolução dos fundos do OIIL devido à
inexistência de uma relação contratual claramente definida entre governo e os mutuários
(ausência de contratos por parte das autoridades locais com os mutuários) onde deveria
estar claro, por exemplo, o plano de reembolso. A Ministra da Função Pública, devido a
estas dificuldades referiria em Muecate em 2009:

Todos os mutuários devem rubricar um acordo de cedência de empréstimo pelo Governo onde deve estar
patente o calendário das amortizações, instrumento que deve ser accionado para cobrança coerciva, de
acordo com a lei, em casos de incumprimento das obrigações pelos mutuários. 174

A inexistência de uma rede bancária ou instituições financeiras conduz inevitavelmente a


uma circulação informal dos valores monetários. A inexistência de bancos onde colocar o
dinheiro dos resultados da comercialização dos produtos e do próprio FIIL aumentou a
circulação/movimentação de dinheiro, pelo que são numerosas as exigências para que se
implantem nos territórios instituições bancárias.

Unanimemente, os nossos entrevistados “choraram” a nossa reportagem com alegação que o distrito de
Mogovolas, mais concretamente a sua vila sede, Nametil reclama a existência e funcionamento de uma
agência bancária “porque aqui circula muita mola”. Advogam que com as condições logísticas já criadas,
no concernente a energia eléctrica da rede nacional, telefonia móvel e fixa em condições o que permite
acessar as mais variadas tecnologias de informação e comunicação não se justifica que ainda não exista
em Nametil um balcão bancário. Veja que essas associações que estão a receber o dinheiro do FIIL encaram
muitas dificuldades como guardá-lo, correndo o risco de roubado ou então em caso de incêndios queimar-
se como já aconteceu com um dos nossos associados.175

171
HANLON, Joseph. Desconcentração: Crescente papel para conselhos consultivos. Boletim sobre o Processo
Político em Moçambique, nº36, 18.Aug.2008, p.7-8
172
Fundos de iniciativa local: Reembolso depende da comercialização agrícola. Notícias, Maputo, 3.Set.2008
173
Idem.
174
Em Muecate: Governo incapaz de exigir devolução dos fundos do OIIL. Notícias, Maputo, 24.Fev.2009
175
NORBERTO, Luís. O Distrito em desenvolvimento – Mogovolas: Não queremos envelhecer a vender nacos de
galinha - advertência de jovens do distrito que é o maior produtor da castanha de caju. Notícias, Maputo,
25.Nov.2008
110

Mas as dificuldades nos desembolsos também se devem, muitas vezes, à não formalização
dos procedimentos necessários à atribuição dos fundos

Nos últimos 3 anos (2006, 2007 e 2008) a província [do Niassa] recebeu dos cofres centrais do Estado um
valor acumulado de 326.334.946 meticais para ser distribuído pelos 15 distritos, incluindo o cativo
obrigatório. Destes, apenas 7.230.401 meticais foram reembolsados. A situação é comum a todos os
distritos, havendo casos de projectos cuja implementação não dispõe de nome do mutuário e muito
menos a alusão do tipo de actividade para os quais eles são vocacionados, situação que é interpretada
como sendo para camuflar a veracidade da informação. Existem ainda projectos arrolados que não
condizem com os valores disponibilizados nos três anos.176

Associado a tudo isto, colocam-se problemas de feitiçaria, de roubos, desonestidade de


alguns beneficiários, entre outras

O grupo de senhoras disse que o FIIL, vulgo sete milhões, está a criar problemas no distrito de Magude,
primeiro, porque as pessoas não conseguem devolver o valor monetário, dado que investem na compra de
gado e os larápios roubam. Por outro as mamanas revelam ainda que pessoas recorrem à feitiçaria para
atrapalhar os negócios dos outros, situação que às vezes leva à morte (…)177

Feitiçaria, medo, inveja, bem como o prazer de ver o próximo também a sofrer, são os temas que muitos
residentes de Gurué gostariam que o estadista moçambicano, Armando Guebuza, tivesse abordado com
maior contundência no comício por ele orientado durante a sua “Presidência Aberta” naquele distrito.
(…) «Quando alguém tem cabritos isso acaba criando um sentimento de ódio no vizinho (que não cria
cabritos), razão pela qual ele acciona um mecanismo (feitiçaria) para inviabilizar o projecto do seu vizinho
de forma a deixar de ter esses cabritos», disse um dos entrevistados, explicando que «também podem dar
um veneno para matá-los, ou invadir o curral para roubá-los»178.

Apesar de o Governo insistir sistematicamente na necessidade do reembolso dos fundos


alocados, de clarificar que estes não são um donativo mas um empréstimo, que a sua
devolução é importante para dar oportunidade a outros, e se comece mesmo a falar de
responsabilização judicial a quem não devolver o dinheiro179 pode-se notar que o próprio
discurso sobre o reembolso mostra alguma “flexibilidade” ao sugerir que, mais importante
que o reembolso dos dinheiro, é o impacto dos projectos de desenvolvimento nas
comunidades. Aliás, este aspecto é salientado algumas vezes pelo próprio Presidente da
República

O presidente da República, Armando Guebuza, disse no âmbito da presidência aberta em Tete que o
impacto é mais importante do que os reembolsos dos orçamentos da iniciativa local. (…) Armando
Guebuza reconhece o facto e diz que «felizmente o impacto do mesmo não é feito na base dos
reembolsos, apesar de ser um dado importante». O estadista moçambicano, abordado pela imprensa no
final da visita em Tete sobre as deficiências no reembolso dos valores, disse que o impacto dos “sete
milhões” deve ser analisado na base do desenvolvimento local. Adiantou ainda que, actualmente, em
muitos distritos há pessoas empregues graças ao orçamento. «Há moagens e compatriotas com bicicletas,

176
Finanças classificam projectos no Niassa…op.cit.
177
CHAMBALE, Joel. Ano de fome em Magude. Zambeze, Maputo, 24.Out.2009
178
SAMO GUDO, Elias. O que não foi dito ao Presidente em Gurué. Notícias, Maputo, 1.Jun.2009
179
Ver por ex: Sete milhões de meticais devem ser reembolsados - insta Ministro da Saúde, Ivo Garrido, em
Nampula. Notícias, Maputo, 14.Jul.2009; Apesar dos problemas OIIL traz resultados. Notícias, Maputo,
16.Jul.2009, Caderno “Notícias Nampula”; NORBERTO, Luís. O Distrito em desenvolvimento – Mogovolas: Não
queremos envelhecer a vender nacos de galinha - advertência de jovens do distrito que é o maior produtor da
castanha de caju. Notícias, Maputo, 25.Nov.2008
111

motas, casas melhoradas e aumentou a produção de produtos alimentares graças aos “sete milhões”,
portanto o impacto está no desenvolvimento» – disse Guebuza.180

os problemas com os sete milhões são de longe inferiores aos problemas que os sete milhões já
resolveram e aqueles que os sete milhões estão a resolver. 181

As dificuldades com o OIIL são reconhecidas, em inícios de 2009, pelo Ministro da


Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia, no encontro realizado na Ilha de
Moçambique

(…) segundo os dados tornados públicos, a implementação do OIIL no país tem encontrado alguns
constrangimentos, entre os quais se destacam a não formalização dos procedimentos, a ausência de
acções de monitoria e acompanhamento sistemático dos projectos financeiros, falta de experiência dos
beneficiários na gestão dos negócios, o que se alia ao deficiente desenho e viabilidade dos projectos
submetidos para aprovação e elaboração de contratos por parte dos distritos com os mutuários, isso
devido também à ausência de planos de reembolso e fixação da taxas de juros, entre outros. Por outro
lado, segundo o ministro, um ponto que ainda continua a merecer estudo e ponderação por parte das
entidades competentes relaciona-se com o facto de estar a haver disparidade de aplicação de taxas de
juro.182

Contudo, é também reconhecido que a despeito destes grandes constrangimentos,

(…) os resultados da implementação do OIIL no país nos últimos três anos, são considerados de muito
positivos, tendo em conta, por exemplo, que através desses fundos, na província de Nampula foram
criados cerca de 30 mil postos de emprego em diferentes áreas produtivas, com o financiamento de 4300
iniciativas, (…) na Zambézia foram 15 mil os postos de fontes de rendimento estabelecidos. Outrossim, na
província de Inhambane foram criados 14655 novos postos de trabalho, (…) em Maputo foi possível criar
5685, com o financiamento de 854 projectos. É também de destacar o facto de ao longo dos três anos de
execução da iniciativa ter aumentado a produção e produtividade em todas as províncias, construídas
e/ou reabilitadas algumas infra-estruturas, com destaque para represas para irrigação, adquiridos
tractores e moageiras, para além do financiamento do fomento pecuário, entre outras actividades viradas
principalmente para o distrito.183

4. A Mulher e o seu Acesso aos Fundos de Investimento de Iniciativa Local

Através das notícias publicadas nos órgãos de informação, pode verificar-se que são raras
as referências que abordam as questões de género e a participação da mulher, quer nos
conselhos consultivos, quer como mutuária dos fundos alocados. Em termos de órgãos de
informação nota-se ainda que, quer durante as visitas presidenciais, ministeriais, ou dos
próprios órgãos de direcção provinciais aos distritos, ou ainda nas reuniões dos conselhos
coordenadores dos ministérios, reuniões partidárias, etc., não existe a preocupação, nem a
sensibilidade, de se questionar, perguntar ou analisar se, de facto, está a ser cumprida a lei
em relação à determinação da necessidade de que 30% dos conselhos consultivos
locais/distritais sejam de participação feminina, e qual a situação da mulher como mutuária
dos fundos de investimento de iniciativa local. São raras as informações que se referem à

180
Impacto: mais importante que os reembolsos. O País online, Maputo, 29.Mai.2009
181
NHANTUMBO, Santos. Distritos transformam-se em pólos de desenvolvimento - segundo o PR, Armando
Guebuza, no final da “presidência aberta” a Gaza. Notícias, Maputo, 6.Out.2008
182
Entre erros e êxitos… op.cit.
183
Idem.
112

situação da mulher e o que está a ser feito em relação ao seu “empoderamento” através do
FIIL.

Embora um dos objectivos do trabalho fosse o de verificar, na informação recolhida sobre o


FIIL, como se via ou se reflectia o “empoderamento” da mulher, este exercício revelou-se
confrangedoramente inútil porque, salvo algumas excepções, ela está praticamente
ausente das notícias e, nas estatísticas, o silêncio é quase absoluto184.

Este silêncio pode ser interpretado de três maneiras: ou se deve à falta de sensibilidade do
autor/jornalista em procurar saber ou informar-se sobre a situação da mulher; ou revelar
claramente que a mulher se mantém ainda marginalizada do processo de usufruto das
possibilidades que o FIIL lhe pode dar, isto é, como beneficiária dos “sete milhões” de
meticais; ou as duas razões conjugadas.

Contudo, podem-se destacar alguns pontos.

Sobre a participação da mulher nas Instituições de Participação e Consulta Comunitária


(IPCC), especificamente nos Conselhos Consultivos Distritais, os órgãos de informação, não
apresentam referências sobre a situação da sua participação e se estão ou não a ser
cumpridas as determinações em relação às percentagens de participação feminina nos CCD.
Existe, contudo, um dos raros estudos realizado por Conceição Osório e Teresa Cruz e
Silva185 cujo principal objectivo é precisamente o de analisar o papel desenvolvido pelas
IPCC´s no acesso e exercício do poder local pelas mulheres. Segundo o estudo, este
mostrou

(…) que os processos de constituição dos conselhos consultivos locais (CCD e CCPA), e da mesma forma no
que respeita à composição dos Fóruns Locais, de um modo geral tentaram respeitar, pelo menos
formalmente, as directivas emanadas pelo governo no que concerne à composição destas instituições e
quanto à representatividade e equilíbrio de género. 186

E adiantam

No caso de equilíbrio de género, dependendo dos locais, verifica-se que a margem de 25% a 30% de
mulheres é mais ou menos respeitada quando se constituem os Conselhos Consultivos. 187

Contudo, foi observado pelas investigadoras que no CCD predominam mulheres viúvas e
um número mais reduzido de mulheres jovens (se se exceptuar os casos de mulheres
indicadas como representantes do aparelho do Estado, na maior parte dos casos
professoras).

Questionados sobre esta tendência, a maior parte dos nossos entrevistados referiram que esta selecção
que atende à idade e ao estado civil das mulheres, se por um lado lhes permite tirar partido da sua
maturidade e experiência, por outro lado permite-lhes ainda ultrapassar o problema familiar que afecta
muitas vezes a participação de mulheres jovens e casadas com filhos pequenos e afazeres domésticos, que
acabam criando obstáculos à sua participação nas reuniões dos Conselhos Consultivos. A isto acresce-se
ainda, o facto da participação das mulheres no espaço público continuar ainda, em muitos casos,
dependente do consentimento do seu esposo ou familiares. A prática mostra-nos entretanto que o

184
Esta situação foi verificada ao longo do trabalho de campo realizado nos distritos de Búzi e Chemba, em
Sofala e de Namacurra e Gurué, na Zambézia. Ver o artigo sobre o empoderamento da mulher, I Parte.
185
OSÓRIO, Conceição; SILVA, Teresa Cruz e. Género e governação local: Estudo de caso na província de Manica,
distritos de Tambara e Macaze. Maputo : WLSA Moçambique, 2009
186
Idem: 51
187
Idem: 52
113

equilíbrio de género se faz apenas do ponto de vista formal durante a constituição dos órgãos de consulta,
quer pela fraca participação da mulher durante as sessões de debate e tomada de decisão (para os
escalões superiores), devido a factores que se prendem com a sua própria socialização (…) 188

Por sua vez, a Helvetas Moçambique, refere no seu estudo

No geral, os encontros dos CDC destacam a participação e contribuição da mulher. O papel da mulher
paulatinamente se vai tornando importante tanto na sua participação como na influência nas decisões do
grupo, assim como no processo de desenvolvimento local e na ocupação de cargos de liderança dos
CDCs.189

No que se refere à sua posição como beneficiária do OIIL/FIIL podemos partir da Tabela 1,
“Projectos Financiados e Postos de Trabalho criados 2006-2008 no País (no âmbito do
OIIL)”, onde introduzimos uma coluna onde foram colocados os dados recolhidos, através
dos órgãos de informação, que se referem especificamente à situação da mulher,
associação de mulheres (ou mistas), como beneficiárias do FIIL, como usufruindo dos
empregos gerados ou como proponente de projectos para financiamento.

Tabela 1 - Projectos Financiados e Postos de Trabalho Criados 2006-2008 no País (no


Âmbito do OIIL)*

Província Projectos Empregos Empregos Emprego / projectos – mulheres abrangidas (3)


financiados(1) criados (1) criados (2)

Niassa 1,229 2,478 6,332 [Sanga] “Cerca de 74 beneficiários do FIIL, 10 dos


quais mulheres”, estão a receber formação
profissional naquele região em matéria de Gestão de
Pequenos Negócios.
(ver: Cursos para beneficiários do FIIL…)

Outra cidadã beneficiária do Fundo de


Desenvolvimento Distrital que prestou declarações
ao “Notícias” é Maria Jaquessone, residente no
distrito de Cuamba, na província do Niassa. É
presidente da Associação Agrícola “Alívio à Pobreza”,
constituída por 20 mulheres, que se dedica à
produção de milho, mapira, gergelim, feijões, soja e
amendoim. Segundo afirmou, antes da concessão do
empréstimo do FDD, no valor de 30 mil meticais, esta
associação praticava a sua produção numa área de 10
hectares. “Mas em 2009, o Governo distrital
aprovou o nosso projecto e aumentámos a nossa
área de cultivo de 10 para cerca de 15 hectares”,
disse.(ver: MOHOMED, Mussá. FDD é exíguo -
consideram beneficiários. Notícias, Maputo,
2.Jun.2010)
Cabo Delgado 4,319 4,319 10.000 --------

Nampula 4,300 29,894 29,894 Lalaula – criados cerca de 1,544 postos de emprego
dos quais 393 ocupados por mulheres (ver: Em
Lalaua: Setenta projectos beneficiam de fundos…)

A Associação Mulher de Nairope, baseada na


província de Nampula, conseguiu aumentar

188
Idem:52-53
189
HELVETAS MOÇAMBIQUE. Programa de Desenvolvimento Rural Nampula / Cabo Delgado…op.cit.
114

quantitativamente o amendoim descascado


diariamente, na sequência da introdução de uma
máquina manual para o efeito. (…) a introdução da
máquina manual de descasque não só aliviou o
pesado fardo aos membros da associação, através da
redução das extensas horas de trabalho, assim como
permitiu elevar a quantidade do amendoim
descascado por dia para 300 quilos. (…) Esta
inovação, produto do apoio do Gabinete [da Primeira
Dama] e do Fundo de Iniciativas Locais (FIL) foi
classificada pela esposa do presidente como exemplo
de excelência no uso e aplicação do montante
destinado a estimular as iniciativas de combate a
pobreza. (ver: Descasque de Amendoim: Associação
de Mulheres em Mogovolas introduz máquina
manual. Rádio Moçambique, Maputo, 22.Jun.2009)
Zambézia 2,983 14,810 14,810 Até ao 1º trimestre de 2009 criados um total 24,751
postos dos quais 2,881 ocupados por mulheres (ver:
Mais empregos na Zambézia...)
Tete 1,404 6,775 (4) 6,755 [Governador de Tete, Alberto Vaquina] Referiu que
na base deste orçamento, vulgarmente conhecido
por “sete milhões” foram criados 8.893 postos de
trabalho, dos quais 2.578 para mulheres,
representando 29 porcento. (ver: MUIAMBO,
Salomão; CARLOS, Bernardo. Tete: PR lança projecto
de exploração de carvão de Benga. Notícias, Maputo,
13.Abr.2010)
Manica 2,183(5) 5,882(5) 5,882 Manica em 2009 construção de empresa panificadora
explorada por uma associação de mulheres (ver:
“Sete milhões” criam mais de mil postos de
trabalho…)

Associação dos Camponeses de Nhambulo, em Báruè


- dos 34 membros que a compõem, 24 são mulheres,
receberam financiamento do FIIL de 50.000mt (ver:
MAZIVE, Almiro. Manica com pequenas soluções…)
Sofala 2,110 8,000 (6) 15,697 Muanza em 2007 aprovou 173 projectos dos quais 23
são de mulheres (ver: Muanza já é exemplo da luta
contra pobreza…)

O Governo distrital do Búzi, no distrito do mesmo


nome, a sul da província de Sofala, afirma estarem
assegurados alimentos para este ano na região.
Segundo as autoridades distritais no seu informe
apresentado há dias ao Chefe de Estado, Armando
Guebuza, durante a sua visita aquele ponto do país,
também estão assegurados excedentes agrícolas
para a venda na próxima campanha de
comercialização onde já estão agrupados 21 clubes de
negócios com 405 produtores dos quais 160 são
mulheres.(ver: JANEIRO, António. Búzi alcança
segurança alimentar…)
Inhambane 469 25,536 25,536 Em Outubro de 2007 – Em Mabote estava em curso a
construção de uma unidade de processamento de
castanha de caju pertencente a uma associação de
mulheres
(ver: XAVIER, Victorino. Gestão dos sete milhões:
Comunidade…)

Dados em nosso poder apontam os sete milhões de


meticais como sendo instrumento de implementação
da estratégia da revolução verde e já está a vingar em
Mabote. Para o efeito, o Executivo [Mabote,
Inhambane] liderado por Almor Francisco,
considerado como o principal mentor das mudanças
aquela remota zona de Inhambane, financiou vinte e
sete projectos de produção de comida e geração de
rendimento. Estes projectos criaram 155 postos de
emprego, envolvendo 75 homens e 80 mulheres.
115

(ver: XAVIER, Victorino. Mabote promove feiras agro-


pecuárias. Notícias, Maputo, 25.Nov.2009)

“No trabalho do Gabinete da Esposa do Presidente


da República pelas províncias de Gaza e Inhambane
ao longo das duas últimas semanas, constatou-se um
amplo movimento associativista de mulheres que,
recorrendo ao OIIL, se entregam a actividades de
produção agrícola, pecuária, multiplicação de plantas
de sombra e de fruta, corte e costura, artesanato,
entre outras actividades. Em contacto com a
Primeira-Dama, Maria da Luz Guebuza, estas
mulheres transmitiram a sua satisfação por
trabalharem em associações, afirmando que este
modelo abre mais espaço para elas se auto-
afirmarem e ganharem independência financeira e
ultrapassando as dificuldades derivadas do facto de
muitas serem mães solteiras, viúvas, jovens
desempregadas e esposas de maridos ausentes, por
motivos vários quer de trabalho, em local distante ou
abandono.” (ver: MUCHATE, Sónia. Orçamento de
Investimento Local: Associativismo fortifica acção da
mulher. Notícias, Maputo, 9.Mar.2009)
Gaza 6,092 4,571 4,571 [Em Chigubo] … Mesmo sem se referir ao número de
associações existentes no distrito e que beneficiam
da ajuda na base dos sete milhões, a fonte referiu-se
a grupos de mulheres e de homens que se juntaram
para a criação de animais e também para o fabrico de
blocos. “A associação que fabrica blocos está a
ganhar muitos concorrentes (ver: Chigubo: o orgulho
pelos sete milhões…)

Segundo Adérito Mavie, director dos Serviços das


Actividades Económicas, 60 porcento dos
investimentos [em Chókwè] foram direccionados à
componente agrária, executada por cinco
associações do ramo. O Governo, em sintonia com os
conselhos consultivos, encontrou no movimento
associativo ligado ao ramo agrário a melhor
alternativa para a aplicação do fundo de
investimento de iniciativa local. (…) Na cintura verde
da cidade de Chókwè, a nossa Reportagem constatou
o esforço em curso realizado por um grupo de seis
associações, em que se encontram agrupados cerca
de 400 associados, maioritariamente constituído por
mulheres determinadas a buscar alternativas para
uma vida cada vez melhor. (ver: Com os sete milhões:
Chókwè aumenta sistemas de regadio. Notícias,
Maputo, 7.Nov.2007)
Maputo 854 5,685 5,685 Ao nível do posto foram instalados dois regadios, um
em Macumbela e outro em Mahalacache, na zona de
Ndivinduane, onde um grupo de homens e mulheres
está já a produzir milho e feijão para conter os efeitos
da estiagem. Este grupo já está a beneficiar dos sete
milhões de meticais. (ver: MACIE, Joana. Changalane:
Comunidade faz a diferença…)

TOTAL 25,943(7) 107,950(7) 109,501


(total
correcto é
125,162)
*O quadro foi constituído por duas fontes (1) e (2) ambas relativas aos anos de 2006-2008. Podemos verificar a existência de
discrepância de dados entre a fonte (1) e a fonte (2) em relação ao número de empregos criados em algumas províncias
(Niassa, Cabo Delgado e Sofala).
(1) Fonte: MPD, 2009, Relatório Balanço da Implementação do Orçamento de Investimento de Iniciativa Local 2006 – 2008.
Citado por: FORQUILHA, Salvador Cadete. Reformas de descentralização e Redução da Pobreza…op.cit., tabela 4, p.33. Os
mesmos dados são referenciados no trabalho da: CEDE. Governação local: luz ou sombra na monitoria. Maputo: CEDE, 2009,
p.132.
116

(2) Fonte: Revisão conjunta do QAD 2008. Grupo de Trabalho para a Descentralização… op.cit. Verificamos nesta coluna que o
total está incorrecto.
(3) Dados recolhidos dos órgãos de informação que se referem especificamente à mulher como beneficiária do FIIL.
(4) Em Julho de 2008 o Governador de Tete referia que de 2005 a 2007 o FIIL tinha gerado mais de 4.100 empregos. Em Maio
de 2009 falava em 8,600 novos postos de trabalho. (ver: CARLOS, Bernardo. No triénio 2005-2007: Iniciativas locais geram
4.104 empregos em Tete. Notícias, Maputo, 28.Jul.2008; ver tb; Impacto: mais importante que os reembolsos. O País online,
Maputo, 29.Mai.2009).
(5) Ver mais adiante Tabela 2 que exemplifica discrepância de dados em relação a Manica.
(6) Na Província de Sofala, em Agosto de 2008, o Governador referia que em 2007, tinham sido criados mais de sete mil postos
de emprego, e que durante o primeiro semestre de 2008, foram criados 2056 (o que totaliza mais de 9056). (Ver: BENTO,
Eliseu; LUÍS, Rodrigues. Desenvolvimento socioeconómico: Sofala cresceu mas PR quer mais...)
(7) Ver mais adiante Tabela 3 em relação à discrepância de dados em relação ao total nacional.

De toda a bibliografia recolhida, verificamos pela tabela a existência de 17 notícias sobre a


mulher como beneficiária dos Fundos de Investimento de Iniciativa Local. Existem, contudo,
informações sobre a situação da mulher, mas como beneficiária e usufruindo dos projectos
propostos e implementados pelos mutuários masculinos.

Os resultados mais concretos dos fundos do FIIL 2007 em Mocuba são a expansão de bancas fixas e
montagem de 20 moageiras. Apesar de se considerarem estes resultados como sendo positivos,
especialmente para as mulheres, em termos de diminuição de distâncias percorridas diariamente (…) 190.

Em termos sociais, o incremento dos serviços (oferta de bens e serviços a nível local/ negócios como talhos
e peixarias, alfaiatarias, carpintarias e pequenas serrações, moageiras, cantinas rurais…) permitiu em
muitos casos melhorar a situação da mulher e da criança e a produção de excedente o que permite
melhorias na qualidade da habitação, segurança alimentar.191

Não se pretende, no entanto, com a tabela, provar que a mulher não está a ser abrangida
pelos fundos de investimento de iniciativa local, embora possa ser inferido que, de facto,
ela está a ser preterida e marginalizada em relação ao homem de tal modo ela se encontra
ausente dos dados, mas pretende-se mostrar não só, que ela não é um elemento visível na
informação recolhida, como também que não existe sensibilidade para a abordagem das
questões de género mesmo se o discurso político menciona a necessidade da sua
participação e do seu envolvimento.192

Contudo, as excepções encontradas na abordagem das questões relativas à situação da


mulher, e perante as reclamações apresentadas por estas em diferentes oportunidades
(presidências abertas, reuniões com as estruturas provinciais, etc.), dão-nos alguns dados
que reflectem os problemas encontrados no seu seio que impedem ou restringem a sua

190
Ano de 2009 será o auge de implementação do PRODEZA. Boletim Informativo do PRODEZA, Janeiro-Março de
2009
191
MÉTIER CONSULTORIA E DESENVOLVIMENTO. Análise da Execução Orçamento de Investimento de Iniciativa
Local. Reunião Nacional P. Desenvolvimento Rural, Tete – 28-8-09
192
Existem por exemplo informações que se referem ao financiamento de algumas associações, mas onde não é
especificado se são ou não associações mistas ou se são de mulheres – o que só vem reforçar o nosso
argumento. Por exemplo, no último estudo do Centro de Integridade Pública é referido que existe
“sensibilidade para assuntos de género, pois, apurou que actividades (…) que pela sua natureza respondem às
necessidades práticas das mulheres, foram uma constante em quase todos os planos dos governos locais,
sobretudo nos distritos. Porém isto ainda não se estende ao acesso ao Orçamento de Investimento de Iniciativa
Local, dado que só um pequeno número de mulheres tem acesso aos fundos do OIIL. Em média, nos 6 distritos,
apenas 7% dos beneficiários são mulheres.” Ver: CENTRO DE INTEGRIDADE PÚBLICA (Coord.). Governação Local
em Moçambique: Desempenho de distritos e autarquias locais aquém do planificado: Um olhar a partir dos distritos
de Bilene, Mabalane, Búzi, Cheringoma, Montepuez, Chiúre e autarquias locais de Manjacaze, Marromeu e
Mocímboa da Praia. Maputo: Centro de Integridade Pública, Maio de 2010.
117

posição como beneficiárias do OIIL e como participantes nas estruturas dos órgãos locais,
mas também nos permitem, de algum modo, verificar algumas das suas forças.

Um dos aspectos focados refere que a estrutura tradicional existente nas comunidades, é
um dos principais factores que restringe, e por vezes impede, a participação da mulher e o
seu acesso aos fundos de investimento local:

(…) Segundo este grupo social, apesar de ser a mulher a detentora da força de trabalho nas zonas rurais,
sobretudo no campo agrícola, a sua vida ainda é marcado por um enorme sofrimento. Trabalhamos
muito, mas recebemos pouco. Produzimos muito, mas vendemos pouco. Não podemos pedir crédito para
aumentar a nossa produção, porque não temos condições que os bancos nos exigem, afirmaram. Segundo
estas mulheres, o Fundo de Investimento Local seria a sua salvação, mas muitas delas não têm acesso a
ele, devido à estrutura tradicional montada nas comunidades, em que a mulher não pode solicitar nenhum
crédito sem a autorização do marido. Outras encontram dificuldades na elaboração de projectos
sustentáveis, condição principal para a atribuição deste valor.193

No distrito de Mocuba, na Zambézia “Por seu turno, Maria Elisa Emílio, titular do trono no regulado de
Mugeba, e por isso tratada carinhosamente por “Rainha Mugeba”, manifestou-se satisfeita pelo facto de
tanto Conselhos de posto administrativo como o distrital, se preocuparem em elevar o papel da mulher,
considerando que isso é fundamental para a educação de uma sociedade que tem na família a sua célula
base. O manual de funcionamento dos Conselhos Consultivos distrital e de Posto Administrativo
estabelece a obrigatoriedade de cada órgão ter uma representação mínima de 15 por cento de mulheres.
Nalgumas comunidades, o papel da mulher continua a ser subalternizado, chegando-se ao extremo de se
lhe proibir o uso da palavra em fóruns participados por homens, sob a alegação de que a sua missão é
apenas ouvir, só podendo questionar aos maridos, em casa, caso tenham dúvida em relação a algum
pormenor. Mesmo sem confirmar a ocorrência de casos do género no seu regulado, a Rainha Mugeba disse
ser notório o esforço que vem sendo feito no sentido de conferir à mulher um maior espaço de
participação na discussão da vida comunitária.194

Esta asserção é confirmada no estudo realizado por Osório e Silva, onde transcrevem a fala
de duas mulheres dos Fóruns Locais:

As mulheres podem falar mas quem tem prioridade são os homens, os primeiros a falar são os homens
(mulher no Conselho Consultivo do Posto Administrativo de Nhacafula) (…) às vezes eu tenho uma boa
contribuição para dar, mas antes de terminar mandam-me calar. Eles só valorizam a opinião dos homens
(mulher Fórum Local na localidade de Chipudje)195

É considerado (embora não específico em relação à mulher, mas atingindo principalmente


esta), que os mecanismos de acesso ao crédito dificultam o empreendedorismo feminino;

Camponesas representando diversas associações agrárias das províncias de Maputo e Gaza, reunidas num
“workshop” em Maputo, exigiram uma maior sensibilidade por parte do Governo na facilitação de
mecanismos de acesso ao crédito agrário, bem como clareza, ao nível da base, dos critérios para o acesso
aos fundos do impacto local, vulgo sete milhões. Para as participantes naquele encontro, promovido por
diferentes organizações não-governamentais por ocasião do Dia Mundial da Mulher Rural, ontem
assinalado, uma das grandes barreiras é a falta de informação sobre a existência de certas iniciativas que
podem, de certa forma, contribuir para o melhoramento da sua actividade, como, por exemplo, os fundos
disponibilizados pelo Governo aos distritos196

193
Mulher rural quer acesso ao crédito e à informação. Notícias, Maputo, 17.Out.2009
194
MANJATE, Júlio. Orçamento para iniciativas locais: Dinheiro para Manjacaze gerido a partir de Xai-Xai!.
Notícias, Maputo, 20.Fev.2007
195
OSÓRIO, Conceição; SILVA, Teresa Cruz e. Género e governação local…op.cit.:99
196
Mulheres reivindicam acesso ao crédito rural. Notícias, Maputo, 16.Out.2007
118

Uma das questões também levantada e que impede a participação da mulher no acesso ao
FIIL relaciona-se como o uso e aproveitamento da terra e dificuldades no acesso aos meios
de produção e ao controlo dos recursos. A realidade mostra claramente que são os homens
os verdadeiros detentores do título de uso e aproveitamento da terra, embora sejam as
mulheres as principais actoras no trabalho do campo. Como são os homens que possuem o
título, são eles que realmente podem ter acesso ao fundo

Camponesas representando diversas associações agrárias das províncias de Maputo e Gaza, reunidas num
“workshop” em Maputo, exigiram uma maior sensibilidade por parte do Governo na facilitação de
mecanismos de acesso ao crédito agrário, bem como clareza, ao nível da base, dos critérios para o acesso
aos fundos do impacto local, vulgo sete milhões. Para as participantes naquele encontro (…)uma das
grandes barreiras é a falta de informação sobre a existência de certas iniciativas que podem, de certa
forma, contribuir para o melhoramento da sua actividade, como, por exemplo, os fundos disponibilizados
pelo Governo aos distritos. Os homens são os detentores do título de uso e aproveitamento da terra,
embora sejam as mulheres as principais actoras no trabalho do campo. “Uma mulher trabalha a terra,
controla todo o processo até à colocação do produto no mercado, mas quem detém o título desse mesmo
espaço é, em muitos casos, o homem. Isso faz com que muitas mulheres saiam em desvantagem quando
se trata de disputa de espaço, sobretudo quando elas perdem os seus cônjuges”, explicou Rabeca Mabui,
presidente da União Agropecuária da Manhiça.197

Um dos aspectos que é realçado, sobretudo quando cruzamos com as informações


relativas a outros fundos ou aos micro-créditos, ou o Tchuma Tchato, é o de que as
mulheres recorrem mais aos empréstimos informais (por exemplo o xitique) e que, algumas
vezes se servem deles para apoiarem os reembolsos dos empréstimos que fizeram no
âmbito do FIIL

Os clientes mencionaram o acesso facilitado e a segurança como sendo vantagens comparativas das
contas correntes, relativamente aos produtos informais. Contudo, a maior parte dos clientes não parou de
usar os sistemas informais, depois de abrir uma conta bancária. A pressão exercida pelos pares no sentido
de se fazer poupanças, e os contactos sociais, foram mencionados frequentemente como as vantagens
dos concorridos grupos de xitique. (…) As entrevistas revelaram que, em muitos casos, o xitique ou o
xitique geral constituía uma ferramenta importante para fazer poupanças para o reembolso dos créditos.
(…) Em termos gerais, os homens utilizavam as contas mais frequentemente do que as mulheres. Isto
pode ser explicado pela prioridade das mulheres para contribuições aos grupos de xitique. A maior parte
dos clientes envolvidos em grupos de xitique, poupava mais frequentemente e com valores mais elevados
por mês nos grupos, do que eles possuíam como saldo nas suas contas bancárias. Constatou-se que
algumas mulheres poupam até a terça parte do seu rendimento com os grupos de xitique. Segundo dizem
os clientes, os grupos de xitique atendem principalmente às mulheres, porque os homens não se confiam
suficientemente uns aos outros, ou não teriam a paciência para assistir às reuniões do grupo. É provável
que o facto de que a poupança obrigatória fica fora do controlo dos familiares e das amigas, seja um dos
motivos subjacentes que explicam a popularidade do xitique entre as mulheres. Uma das constatações
interessantes do estudo é a de que “Os sistemas financeiros informais continuam a desempenhar um
papel muito proeminente em ajudar os agregados familiares urbanos a arcarem com os seus fluxos
irregulares de fundos. O xitique e o xitique geral são empregues frequentemente para a poupança para
reembolsos mensais. As constatações das entrevistas dos clientes detentores exclusivamente de contas,
sugerem que é mais provável que os dispositivos informais, em vez de substituírem os produtos micro-
financeiros, complementem estes últimos.198

(…) (i) a mulher constitui, pelo menos nas zonas urbanas, a principal mão-de-obra empregue na
actividade informal; (ii) a maioria das mulheres envolvidas no sector informal desenvolve uma actividade

197
Idem; ver tb: Mulher rural quer protagonismo. Notícias, Maputo, 15.Out.2008
198
ATHMER, Gabriëlle, et al. O mercado micro-financeiro em Maputo, Moçambique: oferta, procura e impacto:
um estudo de casos do Novobanco, da Socremo e da Tchuma (resumo). Estudo de avaliação da pobreza e do
impacto em Moçambique de três instituições parceiras de membros da plataforma dos Países Baixos para as
micro-finanças, Dezembro de 2006
119

principal, normalmente comércio, e uma actividade secundária, normalmente agricultura; (iii) em termos
de emprego, o sector informal é dominado por densas redes informais do tipo familiar e territorial, que
tendem a substituir o papel dos contratos formais de trabalho, uma vez que a mão-de-obra é empregue,
geralmente, com base em fortes laços familiares (sanguíneos ou regionais) estabelecidos com o
empregador (…) O estudo refere que nenhuma das entrevistadas pedira ou recebera apoio de uma
instituição formal de crédito por diversas razões: 17% das mulheres referiram que os procedimentos para a
concessão de crédito são muito complicados tornando o acesso quase impossível; 13% consideram o juro
muito elevado; outras ainda porque os respectivos maridos não as autorizaram a fazer um pedido de
empréstimo; 7% das mulheres demonstraram não terem conhecimento sobre o sistema bancário e as
funções e utilidade de um banco, nalguns casos, nem sabiam o que era um banco. Contudo, todas as
mulheres conhecem a existência de uma instituição informal de crédito/poupança na zona, de um
xitique.199

Catarina Trindade confirma, no seu trabalho, que a maior parte das mulheres utilizam o
xitique, não só como reforço para as despesas da casa ou para algum bem que desejem
comprar, mas também utilizam o dinheiro para pagar o empréstimo quando não têm tantos
lucros200.

Gostava de salientar uma afirmação referenciada por Vitorino Xavier, levantada por um
elemento da população no distrito de Mabote, a propósito de desvios e favoritismo na
atribuição dos fundos:

Aqui em Mabote, o dinheiro é atribuído apenas a quem é conhecido: vendedeiras de roupa usada, pessoas
próximas dos responsáveis pelo fundo e outros influentes, denunciou Amiel Chichongue. Ante
prolongados aplausos da população, o denunciante disse que muita gente apresentou projectos com
“cabeça, tronco e membros” mas viu-se privada da atribuição do dinheiro por alegadamente não ser
próxima dos responsáveis ligados à gestão daquele dinheiro. Se você não é mulher; se você não tem carro;
não tem gado, não tem motorizada, não tem bicicleta vira escória neste distrito. Seja qual for o projecto
que apresentar, será imediatamente chumbado.201

Como o jornalista não procurou aprofundar qual o verdadeiro significado de “Se você não é
mulher” não podemos saber, com rigor, a abrangência desta afirmação. Mas, dentro do
contexto em que ela é feita, podemos inferir ou que o Conselho Consultivo está a dar
prioridade às mulheres na atribuição de fundos a troco de alguns “favores”; ou que em
Mabote, se está a priorizar as mulheres na atribuição do FIIL, mesmo se os projectos por
elas apresentados não possuam os requisitos necessários à sua aprovação.

Podemos contudo mencionar alguns aspectos que nos parecem positivos, apesar dos
cuidados a ter em não generalizar e em não os assumir como um dado adquirido, devido à
insuficiência de informação e, sobretudo, à inexistência de dados quer sobre a sua
quantificação e abrangência, quer em relação ao tipo de associações criadas, sua
consistência e viabilidade de sucesso, que nos permitam avaliar as afirmações feitas.

199
ABREU, Silvina Rodrigues de, et al. (coord.). Estudo Piloto: A mulher e o sector informal no Bairro George
Dimtrov. Maputo, Março de 1994
200
TRINDADE, Catarina Casimiro. Como as instituições de micro-crédito promovem a autonomia das mulheres
em Moçambique: Estudo de caso da Tchuma, cooperativa de crédito e poupança. Coimbra, 2007
201
XAVIER, Vitorino. Mabote: Nepotismo na gestão dos 7 milhões - denuncia população de Inhambane na
recente Presidência Aberta e inclusiva de Armando Guebuza. Notícias, Maputo, 4.Set.2008
120

Um desses aspectos é o de que os fundos parecem estar a expandir e a criar o


associativismo entre as mulheres. É reconhecida uma maior participação da mulher se
organizada em associações202.

A alocação do Orçamento de Investimento de Iniciativa Local (OIIL), conhecido por ”sete milhões”, pelo
Governo central para as iniciativas de desenvolvimento do distrito está a catalisar a expansão do
associativismo, em particular das mulheres, que se desdobram em acções diversas com vista a melhorar a
sua condição socioeconómica.203

Mesmo sem se referir ao número de associações existentes no distrito e que beneficiam da ajuda na base
dos sete milhões, a fonte referiu-se a grupos de mulheres e de homens que se juntaram para a criação de
animais e também para o fabrico de blocos. “A associação que fabrica blocos está a ganhar muitos
concorrentes. Numa primeira fase a associação produziu 600 blocos e todos eles tiveram saída. Agora a
ideia é aumentar o número dada a enorme procura. A associação criadora de animais vai receber algumas
cabeças de gado para a partir daí lançar-se rumo ao aumento da produção”, explicou a fonte.204

A Associação dos Camponeses de Nhambulo, em Báruè, criada no ano de 2002, e que agora explora 20
hectares, produzindo tomate, feijão, milho, alface, batata-doce, entre outras culturas alimentares,
prepara-se para alargar a área de produção. Esta associação dispõe de um total de 50 hectares. Com
efeito, os 34 membros desta associação sentem que podem fazer muito mais já que toda a sua produção
tem encontrado mercado. O tomate, por exemplo, até chega a ser comercializado na segunda maior
cidade moçambicana, Beira, que dista a várias centenas de quilómetros do distrito de Báruè, segundo
disse à AIM, o presidente da associação em questão, Jassiten Langton. Constituída na sua maioria por
mulheres, em número de 23, esta associação beneficiou este ano de um financiamento de 50 mil meticais
(o dólar equivale cerca de 24 meticais). Este valor é parte do Fundo de Desenvolvimento de Iniciativas
Locais, vulgo “sete milhões de meticais”.205

Nas poucas informações existentes de mulheres que submeteram os seus projectos ou que
tiveram acesso a créditos, é referido que estas são as que mais honram os compromissos na
devolução dos empréstimos.

Na reunião que o Governador teve em Mecula com os usuários dos fundos, foi verificado que são as
mulheres que mais honram os seus compromissos. A directora provincial do plano e finanças, embora
cautelosa, referiu que a postura das mulheres em relação aos reembolsos é, regra geral, de maior
responsabilidade pois, antes de tomar uma decisão ela pondera se tal decisão não prejudica os seus filhos
e família. Para ela é de encorajar a mulher a remeter os seus projectos pois têm provado que podem
assumir a dianteira nos negócios na família.206

É fundamental construir um sistema financeiro descentralizado, que é feito através de instituições


comunitárias, que são os micro-bancos rurais. As organizações de poupança e empréstimos que temos
(GAPI) feito a nível de muitos distritos, aliás, nos nossos números, temos 33 casos que abrangem cerca de
20 distritos, onde as iniciativas de montar bancos comunitários estão a funcionar lindamente. Há três
semanas, estive em Caia, Sofala, e reuni-me com um grupo de 30 mulheres que, com o nosso apoio,
fizeram o seu banco comunitário. Em 2008, elas pouparam 1.4 milhão de meticais e alguns membros desse
grupo investiram, nos seus negócios, cerca de 2.2 milhões de meticais. Essas experiências existem por todo
o país e isto é extremamente importante não só no aspecto financeiro em si de incentivar a poupança,

202
Isto acontece também porque o governo parece estar a dar prioridade a projectos financiados pelo FIIL para
associações independentemente das questões de género.
203
MUCHATE, Sonia. Orçamento de Investimento Local : Associativismo fortifica acção da mulher. Notícias,
Maputo, 9.Mar.2009
204
Chigubo: o orgulho pelos sete milhões. Notícias, Maputo, 27.Jul.2007
205
MAZIVE, Almiro. Manica com pequenas soluções para resolver grandes problemas. Notícias, Maputo,
27.Jun.2008
206
Finanças classificam projectos no Niassa…op.cit.
121

como é particularmente importante no desenvolvimento do espírito empresarial das pessoas, no sentido


de atrair pessoas que, através da banca comercial, não têm nenhuma possibilidade. 207

Uma coisa interessante, é que os clientes de sexo feminino com mais de dois anos de antiguidade com a
SOCREMO e o NovoBanco, têm mais problemas de reposição a curto prazo do que os homens, sobretudo
na faixa etária de 30 a 39. Contudo, a maior parte das mulheres resolve os seus problemas de reposição
dentro de 30 dias. Por conseguinte, regra geral a carteira em risco (> 30 dias) no que diz respeito aos
clientes de sexo feminino, é melhor em todas as categorias. 208

As altas taxas de analfabetismo no seio das mulheres são referenciadas como sendo um
dos principais obstáculos que levam a que elas encontrem dificuldades adicionais na
elaboração de projectos sustentáveis, condição principal para a atribuição dos fundos209.
Contudo, devido a esta situação, elas sentem a importância e a necessidade da sua
participação nas acções de alfabetização e grande parte delas participa nessas acções e em
cursos de formação relacionados com a gestão de projectos.

Cerca de 74 beneficiários do Fundo de Investimento de Iniciativas Locais (FIIL), 10 dos quais mulheres,
residentes no distrito de Sanga, província do Niassa, estão desde ontem a receber formação profissional
naquele região em matéria de Gestão de Pequenos Negócios. O curso, ministrado pelo INEFP, surge no
âmbito da implementação da Estratégia de Emprego e Formação Profissional e visa capacitar os
beneficiários do FIIL (vulgos 7 milhões de meticais), munindo-os em ferramentas de base para gestão dos
seus projectos ou negócios de renda, assim como para a criação de auto-emprego, tendo em conta o que
investem e os respectivos retornos e lucros.210

Pouco acima da metade dos membros dos conselhos consultivos distritais já sabe ler e, escrever e realizar
cálculos aritméticos básicos, segundo dados oficiais, o que eleva as probabilidades de até final do presente
ano todos os constituintes daqueles órgãos de base nos distritos estarem alfabetizados. A VII Reunião de
Alfabetização e Educação de Adultos realizada em Junho do ano passado determinou que todos os
membros daqueles órgãos de consulta a nível do distrito deviam saber ler e escrever. Há dias, Ernesto
Muianga, director de Alfabetização e Educação de Adultos no Ministério da Educação e Cultura (MEC),
disse a nossa Reportagem que das avaliações parciais feitas até ao momento pode se afirmar que pelo
menos metade e até acima desta cifra dos membros já possuem habilidades básicas de leitura escrita e de
cálculo. (…) Entretanto, aquele director disse que de cerca de um milhão de inscritos neste ano, mais de
60 por cento são mulheres, facto que parcialmente se deve a complexos de superioridade dos homens e
outras atitudes machistas. “Temos mais mulheres na alfabetização porque os homens têm complexos.
Muitos têm vergonha de revelar que não sabem ler nem escrever”, disse o director (…). 211

Apesar de, em termos de informação recolhida nos órgãos de informação, a visibilidade da


mulher não ser grande, como foi referido, pode verificar-se, de algum modo, através do
discurso político sobre o fundo, a importância que o Governo dá à participação e inclusão
da mulher no acesso aos fundos e sua participação nos conselhos consultivos. Por exemplo,
Salimo Valá, Director Nacional de Promoção e Desenvolvimento Rural, no Ministério de
Planificação e Desenvolvimento (MPD), assegurou que o contributo da mulher, sobretudo a
rural, está a aumentar em todos os níveis. “Neste momento temos estado a verificar que há
um esforço de incluir a mulher na planificação de todas as acções, incluindo quando
falamos dos sete milhões de meticais, a mulher está lá, com uma certa prioridade.” Valá

207
SOUTO, António. “Sete mihões” seriam melhor geridos pela banca. O País online, Maputo, secção Entrevistas,
16.Abr.2009
208
ATHMER, Gabriëlle, et al. O mercado micro-financeiro em Maputo…op.cit.
209
Mulher rural quer acesso ao crédito e à informação…op.cit.; ver tb: Mulheres reivindicam acesso ao crédito
rural…op.cit.
210
Cursos para beneficiários do FIIL. Notícias, Maputo, 8.Out.2009
211
Alfabetização dos conselhos consultivos: Membros já lêem, escrevem e calculam. Notícias, Maputo,
5.Set.2009
122

disse que 30 a 37 por cento dos beneficiários deste valor são mulheres, garantindo que o
Governo vai continuar a priorizar este grupo estratégico para o desenvolvimento do país212.

A questão que se levanta é que, se de facto 30 a 37% dos beneficiários são mulheres, esta
realidade não é revelada na informação produzida, nem foi revelada na pesquisa de campo.
Os dados não são traduzidos em termos de espaço (onde?), nem em termos quantitativos
(do total dos fundos distribuídos pelos distritos, qual é a percentagem que financia
projectos apresentados por mulheres?), e muito menos em termos qualitativos (que tipo de
projectos são? Que viabilidade a longo prazo? Quantos empregos geraram? Que tipo de
problemas resolveram ou estão a resolver?).

O estudo realizado por Osório e Silva, mostra-nos, contudo, que existe, simultaneamente à
marginalização/exclusão da mulher, o receio por parte desta em manifestar e implementar
as suas ideias

produto da divisão desigual de competências, na e pela construção das identidades masculinas e


femininas. Não estando familiarizadas com o espaço público e com o exercício do poder, as mulheres
enfrentam, mesmo antes de produzirem a primeira opinião, um mundo masculino que lhe é hostil e
que não as reconhece como portadoras de saber. [No entanto referem também que] só o facto de as
mulheres partilharem o mesmo espaço e possuírem, teoricamente, o mesmo direito de propor e tomar
decisões, situando-os ao mesmo nível constitui um forte abalo na hierarquia de género [e que], o
processo de descentralização tem permitido romper com os estereótipos e preconceitos, estimulando
a criação de emprego (fora do âmbito do trabalho doméstico), conferindo à escola um papel central na
educação e criando expectativas de uma vida melhor.213

Mesmo nas referências retiradas dos órgãos de informação relativas especificamente à


campanha eleitoral de 2009, não existe qualquer referência à mulher como beneficiária dos
fundos. Numa campanha “recheada” de promessas em relação ao FIIL, de análise do seu
sucesso, a mulher encontra-se totalmente ausente do discurso económico. Os órgãos de
informação referenciam a mulher como presente e participando nos comícios, como
mobilizadora e, em termos gerais, como tendo usufruído das realizações do partido Frelimo
– abolição de leis que a discriminavam, beneficiando de furos de água, escolas, unidades
sanitárias, maternidades, ente outras. Fazem-lhes apelo ao voto e apelos para mobilização
do voto. Não lhes fazem promessas específicas.

Verónica Macamo, por exemplo, na campanha de angariação de votos, realizada na


província de Maputo, refere-se apenas à remoção de alguns dos obstáculos que se
colocavam à mulher:

(…) Há algum tempo, muitos obstáculos colocavam-se à mulher. Por exemplo, ela precisava da
autorização do marido para pedir um empréstimo bancário. Preocupada com a equidade do género, a
Frelimo disse não à discriminação. Na sequência, foram revogadas todas as leis que a discriminavam. A
mulher é um ser inteligente, capaz de realizar qualquer tarefa com sucesso. Muitas mulheres hoje são
empresárias de sucesso. Nos órgãos de decisão, a mulher destaca-se. A título de exemplo, o país
possui uma Primeira-Ministra, sete ministras e seis vice-ministras. Possui duas governadoras
provinciais, nomeadamente na província do Maputo e da Cidade de Maputo, 17 administradoras
distritais e directoras nacionais. Na Assembleia da República, o partido Frelimo possui na sua bancada
72 mulheres. Verónica Macamo afirmou que, no domínio social, o Presidente Armando Guebuza
preocupou-se com a saúde da mãe e da criança, tendo havido no seu mandato várias iniciativas neste
domínio. «Nós, mulheres, temos que votar na Frelimo e no seu candidato, Armando Guebuza, para
garantir o desenvolvimento do país, para que homens e mulheres gozem dos mesmos direitos. O
partido Frelimo é que garante o futuro melhor para nós e para os nossos filhos», disse Verónica

212
Mulher rural quer acesso ao crédito e à informação…op.cit.
213
OSÓRIO, Conceição; SILVA, Teresa Cruz e. Género e governação local…op.cit.:101-102
123

Macamo, para quem as mulheres têm um coração grande. «Estamos a pedir voto às mamãs»,
concluiu.214

A campanha da Renamo promete

Queremos expandir o crédito bancário para o exercício do comércio de pequena e média


envergaduras a todos os jovens que hoje exercem o comércio formal, porque julgamos que é uma
oportunidade para eles singrarem no exercício da actividade que mais gostam de desenvolver. O
crédito será extensivo às mulheres que tenham espírito empreendedor para que possam,
efectivamente, desenvolver iniciativas de geração de rendimento que possam assegurar a
sobrevivência das suas famílias, em parceria com o homem - sublinhou Augusto Ussene.215

E a campanha promovida pelo PDD

Concretamente, o PDD promete desenvolver diversas acções em prol dos desfavorecidos,


nomeadamente a promoção da participação da mulher na vida política, económica, social e cultural em
igualdade de circunstâncias com o homem, e garantir a igualdade do género (…) 216

5. Mudanças, Medidas e Directrizes por parte do Governo

Ao longo do processo de implementação do FIIL, foram sendo alterados, clarificados e


modificados aspectos relativos ao funcionamento e gestão dos fundos. Um dos aspectos
que foi reavaliado, face a algumas críticas que surgiram, foi o da alteração de critérios para
a alocação do fundo dos “sete milhões” aos distritos que estavam a ser inicialmente
atribuídos por igual a todos eles.

Em 2007, segundo Aiuba Cuereneia, Ministro da Planificação e Desenvolvimento na sua


intervenção na sessão de respostas aos Deputados da Assembleia da República, a 4 Junho
de 2009, o Governo decidiu introduzir critérios diferenciados por distrito considerando, não
apenas o número da população, mas também, o índice de pobreza, a extensão territorial e
o nível de colecta de receitas públicas217.

Adicionalmente, e como referi anteriormente, foi introduzida em 2008, uma verba, dentro
do orçamento de investimento de iniciativa local, para responder especificamente à
pressão que existia sobre os “sete milhões” de meticais para o investimento em infra-
estruturas (manutenção de imóveis, aquisição de bens). As normas para aprovação destes
projectos são as mesmas exigidas para o fundo dos “sete milhões” devendo ser aprovados
pelos Conselhos Consultivos harmonizando os interesses e vontades das comunidades
locais. Desde então, os recursos alocados aos distritos variam entre 9 e 12 milhões de
meticais.

214
Campanha eleitoral - Emancipação da mulher: Ainda há muitos desafios - reconhece Verónica Macamo, num
encontro com as mulheres da província de Maputo. Notícias, Maputo, 14.Out.2009
215
Campanha eleitoral - Mais fábricas para Mogovolas - promete a Renamo no “namoro” ao eleitorado. Notícias,
Maputo, 19.Out.2009. Negrito da autora.
216
Manifesto eleitoral PDD promete cidades sem meninos de rua. Canal Moz, nº 920, 8.Out.2009
217
Leituras - “Iniciativa Local” financiou 26 mil projectos… op.cit.; ver tb: Apoio aos distritos produz resultados –
segundo Aiuba Cuereneia, na AR. Notícias, Maputo, 5.Dez.2008; ver tb: Fundo de Iniciativas Locais
institucionalizado em 2009 - revela Ministro de Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia. Notícias,
Maputo, 31.Dez.2008
124

O Governo vai alocar, a partir do próximo ano, um valor mínimo de nove milhões e trezentos meticais aos
distritos, para fortalecer os programas de combate à pobreza. (…) Este valor significa um incremento de
dois milhões e trezentos mil meticais relativamente aos actuais sete milhões. São dados constantes do
Plano Económico e Social (PES) do Governo para 2008 apresentado à sessão do Comité Central da Frelimo
que ontem terminou na Matola.218

Devido aos problemas e dificuldades enfrentadas, e que foram sendo detectadas ao longo
dos anos na implementação do OIIL, foram sendo feitas recomendações, esclarecimentos e
apelos relacionados com a utilização e gestão dos fundos. Apesar de se ter clareza de que
os “sete milhões” não são suficientes para resolver todos os problemas, são considerados
como um grande incentivo na luta contra a pobreza e pelo desenvolvimento dos distritos.
Por diversas vezes o Presidente da República tem salientado que a “pobreza não é um
destino nem uma fatalidade, mas algo que pode ser vencido” como o foram “as
adversidades encontradas ao longo da luta contra o colonialismo”219. Mas para que se
vença a pobreza, é feito um apelo para a necessidade de trabalho permanente, aumento da
produção e produtividade olhando para as potencialidades de cada distrito. Para isso o
governo conta com o apoio dos extensionistas rurais e técnicos de agricultura que devem
estar, e permanecer, no terreno para ensinar os agricultores novas técnicas de produção e
mostrar como melhorar a produção e produtividade para poderem devolver os “sete
milhões”220.

A necessidade de prestação de contas à comunidade por parte dos CCDs é uma das
directrizes que têm sido dadas. O Presidente da República (mas não só), refere em diversas
ocasiões que os CCDs têm a responsabilidade de manter as comunidades locais e todos os
interessados informados sobre a utilização dos FIIL, através de relatórios e balancetes,
onde devem estar plasmados os projectos e os montantes atribuídos, bem como o
calendário dos reembolsos e respectivos montantes221.

O reembolso do FIIL, é também uma das tónicas nos diferentes discursos e encontros tidos
com as comunidades. E o destino do dinheiro é permanentemente clarificado – “não se
destinam às pessoas que já têm dinheiro, mas sim àquelas que, não o possuindo, querem
cultivar a terra para produzir comida”, para apoiar as “associações que querem produzir,
aumentar a produção e criar mais postos de trabalho”, e aqueles “que sabem fazer as
coisas, mas que não possuem recursos (…)”222. São também orientados os distritos que o
fundo é atribuído em valor e não espécie como estava a acontecer em alguns casos, e que
os valores solicitados deviam ser devolvidos com juros, cujos níveis deviam ser definidos
pelo Governo para cada tipo de actividade223.

Para garantir que o processo de reembolso se começasse a efectivar com mais seriedade e
dinamismo, alguns distritos, criaram comissões de supervisão e cobrança integrando os
líderes comunitários (como por exemplo o distrito de Chemba). Outros, propunham a
criação de comissões de gestão do OIIL em cada distrito224.

218
Verba para distritos aumenta para 9 milhões. Notícias, Maputo, 29.Out.2007
219
ARNAÇA, Felisberto. Há que ter confiança para vencer a pobreza - Chefe do Estado na presidência aberta à
província do Maputo. Notícias, Maputo, 4.Ago.2008; Idem. Presidência aberta à província de Maputo…op.cit.
220
7 milhões: devedores poderão ser penalizados… op.cit.
221
XAVIER, Vitorino. Conselhos consultivos prestam contas ao povo - afirma Armando Guebuza no final da visita
de trabalho à província de Inhambane. Notícias, Maputo, 11.Ago.2009
222
ARNAÇA, Felisberto. Presidência aberta à província de Maputo…op.cit.; ARNAÇA, Felisberto. Sete milhões
são para os que não têm dinheiro - esclarece Presidente da República em Catuane. Notícias, Maputo, 5.Ago.2008
223
ARNAÇA, Felisberto. Sete milhões de meticais: devedores…op.cit.
224
Moçambique. Governos das províncias da região norte…op.cit.).
125

Sobretudo a partir de 2009, começaram a formalizar-se as assinaturas de contractos com os


mutuários com cláusulas que previam penalizações, como a penhora de bens, entre outras
medidas coercivas, como um instrumento de pressão para aqueles que não reembolsavam
os dinheiros225.

A questão da formação passou a ser considerada como um dos aspectos importantes da


descentralização financeira porque esta não podia prosseguir sem uma verdadeira
capacitação institucional dos órgãos locais. A sua actualização contínua, organização de
programas de formação em governação local, a formação dos membros dos conselhos
consultivos e líderes comunitários sobre elaboração de projectos, execução orçamental,
noções sobre o funcionamento do aparelho estatal, entre outras, passaram a ser
consideradas acções fundamentais. É patente, na informação recolhida, a preocupação com
as acções de formação em aspectos básicos como a alfabetização, noções de contabilidade
e gestão de fundos e projectos.

Orientações mais precisas estão também a ser dadas sobre a utilização de fundos e sobre a
prioridade para projectos sociais de geração de rendimentos (agricultura, pesca, comércio,
entre outros); ênfase na organização da população em associações ou cooperativas de
modo a assegurarem maior sustentabilidade e rentabilidade aos projectos; necessidade de
se começar a produzir em moldes de especialização226 escolhendo 2 ou 3 culturas e produzi-
las a grande escala aumentando as áreas de cultivo (evitando produzir um pouco de tudo)
até porque, como é referido, a “revolução verde” tem em vista a produção empresarial
mecanizada.

A ideia de especialização na produção agrícola ainda não está clara para muitos produtores nacionais,
observou o Presidente da República, Armando Guebuza, comentando os objectivos preconizados na
política governamental de Revolução Verde. Durante os sete dias, que o levaram sucessivamente aos
distritos de Morrumbala, Namacurra, Gilé e Milange, na província da Zambézia, Guebuza constatou que
muitos produtores financiados no contexto do Fundo de Investimento de Iniciativa Local (FIL), vulgo sete
milhões, ainda não estão a produzir o suficiente para travar a entrada de produtos agrícolas dos pais
vizinhos no mercado nacional. Segundo o Presidente, numa área de um hectare o camponês ou uma
associação produz um pouco de tudo, o que faz perder de vista a perspectiva de especialização dos
produtores. Explicou que com o potencial agro-ecológico que a província tem, os produtores devem
começar a partir de agora a produzir em moldes de especialização, em grande escala, aumentando as
áreas de cultivo. «Os produtores deveriam escolher duas ou três culturas e produzi-las em grande escala.»
(…) Em muitos distritos da Zambézia, as associações agrícolas constituídas de mais de vinte membros
trabalham apenas uma área de um hectare, o que não justifica a capacidade de união existente. Mesmo
nesse espaço de terra, produzem tomate, repolho, feijões, mandioca e arroz em pequenas quantidades, o
que contrasta com os objectivos da revolução verde que pretende transformar os pequenos camponeses
ou associações em agricultores de facto para produzir numa perspectiva empresarial 227.

6. Conclusão - Algumas Considerações e Interrogações

Com as devidas cautelas, até porque, como referi, os dados recolhidos através das
informações divulgadas pelos média não nos fornecem informações suficientes para uma
análise sobre o impacto real, parecem ser evidentes os benefícios que os Fundos de

225
7 milhões: devedores serão penalizados…op.cit.
226
ACHAR, Jocas. Conselhos Consultivos devem priorizar projectos de rendimento - segundo administrador de
Morrumbala, Celestino Secanhandza. Notícias, Maputo, 15.Mai.2007.
227
ACHAR, Jocas. Para a revolução verde: Especialização como uma das apostas. Notícias, Maputo, 24.Jul.2008
126

Investimento de Iniciativa Local têm tido em alguns distritos e o seu impacto nas
comunidades. Começam a surgir pequenos empreendimentos ligados à geração de
rendimentos, produção alimentar e criação de emprego; parece haver um aumento da
produção e produtividade; garantias da segurança alimentar, rendimentos provenientes da
comercialização; melhoria do desempenho económico dos distritos, melhoria nas condições
de vida da população; aumento da renda das comunidades. As populações, as autoridades
distritais e dos postos administrativos, as visitas presidenciais ou ministeriais aos distritos,
referem-se a estas “conquistas” e constatam as melhorias que se têm verificado. Pode-se
ver que existe, apesar dos problemas constatados, satisfação por parte das populações de
alguns distritos em relação aos fundos que são disponibilizados. Nas reuniões, comícios,
encontros, as populações referem-se à melhoria das suas condições de vida e os
governadores provinciais, os administradores e as autoridades comunitárias, salientam os
progressos no desenvolvimento do distrito. Falam de redução de bolsas de fome, de
excedentes de produção, entre outros.

O Vereador [da Catembe] salientou que os projectos aprovados contribuíram para a redução dos preços
do frango de 120 meticais para 100 meticais, dos ovos cuja dúzia passou de 60 meticais para 30. “A
redução dos preços de frango, por causa da redução dos custos de produção permitiu que o distrito se
tornasse num dos principais fornecedores de frangos e ovos à cidade de Maputo”, defendeu.228

(…) “Graças aos “sete milhões”, o nosso distrito [Massangena] já está a mudar. Já temos moageiras,
serrações, carpintarias, juntas de bois, tractores e estabelecimentos comerciais. A vida está a melhorar. O
nosso distrito era o mais pobre da província, mas agora estamos em pé de igualdade com outros”, disse
Manuel Vilanculos, um dos dez populares que falaram na ocasião.229

Na machamba de Magarabota, outro beneficiário do fundo de iniciativa local (FIL) já na região de Garágua,
o governador de Manica ficou incrédulo com a dimensão do empreendimento. Trinta hectares de gergelim
e 10 de milho constituem o verde com o qual Magarabota maravilhou os visitantes, que teceram todo o
tipo de elogios a ele. Segundo nos contou, Magarabota recebeu do FIL 32 mil meticais como reforço para a
ampliação da sua machamba que abriu com a ajuda das suas duas esposas. Questionado pelo governador
de Manica sobre qual era o seu plano de reembolso do empréstimo que recebeu no âmbito dos “sete
milhões”, Magarabota disse que com apenas um hectare ou com uma tonelada de gergelim iria pagar a
dívida. Explicou que com os 30 hectares de gergelim prevê alcançar um rendimento global de um milhão e
cinquenta mil meticais, sabendo que o quilograma daquele cereal custa o equivalente a 35 meticais.
Reagindo a esta informação, Maurício Vieira considerou Magarabota de “herói de trabalho”. 230

Contudo, sente-se que a comercialização agrária, o escoamento dos produtos produzidos


para locais onde estes não existem, continuam a ser um dos grandes constrangimentos e os
distritos continuam a afirmar a necessidade de se encontrarem alternativas para a
comercialização dos excedentes agrícolas, para a necessidade de infra-estruturas (estradas,
pontes, entre outras) que permitam o escoamento dos produtos para outras zonas.

Verificamos, contudo, que não existe uma avaliação exacta da aplicação e do impacto da
atribuição dos fundos de iniciativa local. Mesmo na informação que conseguimos obter das
reuniões de avaliação do OIIL/FIIL promovidas pelo Ministério da Planificação e
Desenvolvimento, esta é dada sempre em termos gerais (pelo menos a que chega ao
público através das notícias e relatórios disponibilizados). Fala-se de crescimento e
desenvolvimento em termos numéricos mas sem uma análise objectiva desses dados, sobre

228
OIIL criou 318 empregos na Catembe. AIM, Maputo, 30.Mai.2009.
229
TRAPE, Damião. Orçamento de iniciativas locais produz mudanças em Massangena. Notícias, Maputo, 11.
Jun.2009.
230
MACHIRICA, Victor. Mossurize: Densamente povoado por culturas alimentares. Notícias, Maputo,
16.Abr.2009
127

o que realmente os números representam e significam em termos concretos: dos milhares


de projectos aprovados, quantos são os projectos de geração de rendimentos? E estes são
relativos a que áreas? Quantos são os de produção de alimentos? Quais os resultados
concretos de cada projecto? Qual a sua viabilidade a longo prazo? Quantos empregos
geraram cada um dos tipos de projectos? Referem-se que geraram milhares de empregos
fixos e sazonais: qual a percentagem de cada um? Os empregos fixos são empregos
garantidos a longo prazo, a médio ou a curto prazo? Quantos abrangem mulheres ou
associações de mulheres? O que significam estes projectos na renda familiar? Das centenas
furos, represas, que estão a ser construídas, qual a qualidade da obras? Qual a sua
durabilidade? Que fiscalização há? Estas perguntas surgem-nos com grande preocupação
quando encontramos algumas divergências profundas nas informações que são
produzidas. Tomando como exemplo as questões relativas aos empregos gerados pelos
Fundos de Investimento para Iniciativas Locais, questionamo-nos: como são recolhidos os
dados? Qual a sua base e veracidade? Exemplificamos com a situação de Manica e com os
totais gerais do país.

Tabela 2 - Província de Manica – Projectos e Empregos Gerados pelo FIIL

Fonte Projectos Empregos criados


financiados (anos abrangidos)
Dados MPD 2009* 2,183 5,882 (2006-2008)
Dados revisão conjunta QAD 2008* 2,183 5,882 (2006-2008)
Informação Governadora de Manica, Jun.2010 (1) 3.201 8.536 (2007-2009)
Informação Secretário-Geral Partido Frelimo, Filipe Paunde, 1.180 (2005-2009)
Out.2010 (2)
*Dados da tabela 1 atrás referenciada.
(1)MACHIRICA, Victor. Fundo de insvestimento [sic] da iniciativa local: A incógnita chamada reembolsos!. Notícias, Maputo,
9.Jun.2010.
(2) “Sete milhões” criam mais de mil postos de trabalho em Manica. O País online, Maputo, 12.Out.2009.

Tabela 3 - Moçambique – Totais Nacionais – Projectos e Empregos Gerados pelo FIIL 2006-
2008

Fonte Projectos Empregos criados Obs.


Dados MPD 2009* 25,943 (2006-8) 107,950 (2006-8)
Dados revisão conjunta QAD 2008* 125,162 (1) (2006-8)
Informação do Presidente da 120.000
República em Agosto de 2009 (2)
Ministra do Trabalho, Helena Taipo, +250.000 Em Maio de 2009 referia
em Dezembro de 2009 (3) que FIIL era responsável
por 108.000 novos postos
de trabalho entre 2005-
2008 (4)
Primeira Ministra, Luísa Diogo em 7,810 (2006-8) +20.000 (2006-8)
Dezembro de 2008 (5)
*Dados da Tabela 1 atrás referenciada.
(1) Coloquei aqui a soma correcta do total, conforme referido na Tabela 1.
(2) Informação dada na reunião do Comité Central da Frelimo, em avaliação (ver: Redução da pobreza: Governo deve
continuar a manter o mesmo ritmo…)
(3) Informação dada pela Ministra do trabalho na reunião sobre emprego rural, que se realizou em Ouagadougou, Burkiana
Faso. Ela refere: “Moçambique conseguiu criar mais de 250 mil postos de trabalho nas zonas rurais, através do Fundo de
Investimento para Iniciativa Local - FIIL, vulgos sete milhões de meticais, uma iniciativa que, segundo a ministra do Trabalho,
Helena Taipo, está a atrair a banca e as empresas de construção civil ao campo, para além de incentivar jovens a instalarem-se
nessas zonas outrora vistas como sendo as piores para se viver”. Segundo a governante, este é um dos factores que faz com
128

que hoje o êxodo do campo para as cidades esteja a tender para o inverso, “porque o governo elegeu o distrito como o pólo
de desenvolvimento em Moçambique”. (Ver: Sete milhões criaram 250 mil empregos no campo. O País online, Maputo,
8.Dez.2009)
(4) Ver: MITRAB revolucionou sector laboral. @Verdade online, 21.Mai.2009
(5) Primeira-Ministra, Luísa Diogo, na Assembleia da República. “Numa das questões colocadas ao Executivo, a Frelimo
pretendeu saber do impacto do Fundo de Investimento para Iniciativas Locais na erradicação da pobreza. Sobre isso, Luísa
Diogo explicou que foram financiados 7,810 projectos de produção de comida, geração de renda e outras actividades no
período de 2006 e 2008, do que resultou a criação de mais de 20 mil empregos e consequente melhoria da renda de muitas
famílias. (ver: Em quatro anos: Investimento estrangeiro criou 73500 empregos. Notícias, Maputo, 4.Dez.2008)

Podemos dar mais exemplos que, através das informações que são fornecidas, mantêm as
preocupações levantadas. Por exemplo, é referido que:

Mais de 7,3 mil postos de emprego foram criados, desde o ano de 2006 a esta parte, na província de Gaza,
Sul de Moçambique, como resultado da instituição do Orçamento de Investimento de Iniciavas Locais
(OIIL), vulgo “Fundo dos Sete Milhões”. Estes postos de emprego resultam da aprovação e financiamento
de 7.232 projectos submetidos aos Conselhos Consultivos distritais.231

Se pretendemos avaliar o que é referido na informação verificamos, não só que (1) o


número dos projectos aprovados em Gaza é quase idêntico ao total nacional referido por
Luísa Diogo; (2) que em seis meses (Jan.-Jun de 2009) conseguiram criar-se cerca de 3.000
pempregos (se compararmos com a tabela 1 que vai até finais de 2008) e; (3) que os
projectos criaram de facto um número reduzidíssimo de postos de emprego (7.300
empregos para 7.232 projectos). Na prática, os projectos apenas “empregaram” os próprios
beneficiários do fundo.

Em Março de 2010, é referido pelo Governador de Gaza, Raimundo Diomba, que

Desde o início da implementação do Fundo de Investimento para o Desenvolvimento de Iniciativas Locais,


em 2006, a província de Gaza financiou acima de 6800 projectos, tendo consequentemente sido criados
6817 novos postos de trabalho.232

Podemos verificar, ao longo das informações recolhidas, que existem muitos números.
Números estes que não têm qualquer significado real pois não nos dão a dimensão do seu
alcance real, não falam por si, além de grande parte das vezes não coincidirem entre eles.233

Forquilha levanta também no seu trabalho esta questão. Ele refere:

Governo insiste que, de uma forma geral, o OIIL, nos três anos de execução, teve um impacto positivo, na
medida em que criou mais de 100 mil postos de trabalho (…). Todavia, a dificuldade está em avaliar a
qualidade dos postos de trabalho criados. Em alguns distritos, as estatísticas não são claras e a
administração local tem dificuldade em qualificar o tipo de postos criados [sazonais ou fixos] e,
sobretudo, o seu impacto no melhoramento das condições de vida das famílias envolvidas. 234

231
“Sete milhões”: Gaza cria 7,3 mil empregos. O País online, Maputo, 14.Jun.2009
232
BAMBO, Virgílio. No âmbito dos sete milhões: Gaza cria mais de 6800 postos de trabalho. Notícias, Maputo,
30.Mar.2010.
233
Esta situação foi verificada no estudo e trabalho de campo realizado nas Províncias de Sofala e Zambézia e
que consta na I Parte.
234
FORQUILHA, Salvador Cadete. Reformas de Descentralização e Redução da Pobreza…op.cit.
129

O Secretário-geral da OTM-CS (Organização dos Trabalhadores Moçambicanos-Central


Sindical) por sua vez tocava num ponto sensível relativo à questão do emprego:

O Fundo de Investimento de Iniciativa Local (FIIL), baptizado por “Sete Milhões”, não está a criar postos
de trabalho que dignifiquem os moçambicanos, quer do ponto de vista qualitativo, quer em termos da
quantidade dos cidadãos empregados. A afirmação é do secretário-geral da OTM-CS, Alexandre
Munguambe, que diverge da tese do Governo, segundo a qual o fundo foi instituído para acelerar o
desenvolvimento e a criação de emprego nos distritos. (…) Segundo o SG da OTM, a organização defende
a criação de postos de trabalho “dignos”, em que as pessoas possam ter “direito de negociar os seus
locais de trabalho, e que dão direito a pensão, dão uma segurança social, e direito a ter alguma assistência
médica”.235

Nas avaliações feitas pelo Governo, Aiuba Cuereneia, Ministro da Planificação e


Desenvolvimento, refere, por diversas vezes, quer no Parlamento, quer em conselhos
coordenadores do seu ministério, quer em entrevistas, o grande impacto dos “sete
milhões” na criação de novos postos de emprego nas zonas rurais, no aumento de áreas de
cultivo, na adopção de novas técnicas de produção, incluindo melhor preparação da terra, e
ainda no aumento de rendimentos, contudo, não fornece qualquer dado sobre o significado
destas afirmações e a sua quantificação. Refere-se inclusivamente à redução das bolsas de
fome de um milhão de pessoas para 120 mil pessoas atingidas236. Em que zonas do país?
Qual a durabilidade desta redução? Em que é que os projectos contribuíram? A informação
produzida transmite-nos também que o FIIL está a resolver uma situação imediata ao nível
da produção de alimentos com o objectivo de eliminar a fome, emprego para garantir o
bem-estar e a melhoria das condições de vida das populações. Mas a longo prazo o que vai
trazer? Que tipo de desenvolvimento para o país? Qual o seu significado em termos de
novas tecnologias? Industrialização rural? O que significa em termos de durabilidade e
desenvolvimento dos próprios projectos aprovados?

Relacionada com todas estas interrogações, levantam-se outras preocupações que são os
problemas das infra-estruturas que possam viabilizar o desenvolvimento que se pretende
atingir. O próprio chefe de Estado está consciente deste problema quando diz que:

As infra-estruturas são um desafio muito sério para a produção de comida. Daí que o Governo deverá
adoptar as políticas necessárias, mobilizando investimentos para harmonizar os programas de
produção de alimentos no país com a construção de infra-estruturas económicas e sociais, de forma a
permitir um desenvolvimento integrado e sustentável de todos sectores. O que se verifica actualmente
é um avanço no sector agrícola, sem o devido acompanhamento com a montagem de infra-estruturas.
(…) «Temos problemas sérios no capítulo de infra-estruturas. São muito sérios e encaramo-los como
desafio a ultrapassar, pois não alcançaremos o desenvolvimento enquanto não tivermos estradas em
condições, bancos em todas as sedes distritais, unidades sanitárias, fontes de água», disse o Chefe do
Estado, para quem o crescimento económico que se pretende na luta contra a pobreza só será
considerado positivo quando não só produzirmos comida para todos, mas também diminuirmos cada
vez mais as distâncias que as pessoas percorrem para resolverem suas necessidades. 237

235
PLÁCIDO, Egídio. Os “Sete Milhões” não criam postos de trabalho dignos – afirma o secretário-geral da
Organização dos Trabalhadores Moçambicanos – Central Sindical (OTM-CS). CanalMoz, Maputo, nº1053,
23.Abr.2010
236
Orçamento de Investimento de Iniciativa Local: Cinco mil milhões para 26 mil projectos. Notícias, Maputo,
28.Mar.2009.
237
XAVIER, Victorino. Produção de comida: Infra-estruturas são desafio muito sério - segundo Presidente
Guebuza, que, no final da sua visita, se diz impressionado com progresso de Inhambane. Notícias, Maputo,
30.Ago.2008
130

Dos vários aspectos mencionados levantam-se, simultaneamente, outras dúvidas e


interrogações. Uma delas relaciona-se com a existência de dezenas de fundos238 que
parecem financiar praticamente as mesmas acções de desenvolvimento económico, de
combate à fome e pobreza, de geração de rendimento, de criação de empregos que, de
certo modo, se parecem confundir, levantando com isso interrogações sobre como todos
eles se coordenam e se articulam entre si, e até que ponto não estarão a financiar, em
alguns casos, as mesmas actividades ou as mesmas pessoas/associações. Esta questão é
levantada, por exemplo, por Magid Osman e por Prakash Ratilal quando defendem a
criação de um Banco de Desenvolvimento.

(…) O Governo vem, há anos, equacionando a reorganização e o funcionamento destes vários fundos
espalhados nas instituições do Estado, entre os quais importa referir o Fundo de Promoção Pesqueiro,
Fundo Nacional de Energia, Fundo Nacional de Fomento à Pequena Indústria, Fundo para Fomento da
Habitação, Fundo de Reabilitação Económica e, agora, o Fundo de Investimento de Iniciativa Local. Vários
especialistas moçambicanos, e não só, defendem a fusão dos fundos, de forma a edificar-se uma única
instituição que se vai dedicar à mesma função, mas já sectorizado e com mais abrangência. «É uma via que
se pode usar para criar um Banco de Desenvolvimento», disseram especialistas, sustentando que «a
actuação descoordenada destes fundos não está a mostrar visibilidade e resultados palpáveis no final do
dia». Igualmente o fundo dos “sete milhões de meticais” não foge à regra, embora um e outro distrito
estejam a dar sinais de desenvolvimento, mas na maior parte são reclamações atrás de reclamações. A isto
acrescenta-se o baixo nível de reembolso por parte dos beneficiários.239

David Simango quando fala da juventude refere as possibilidades do seu acesso a vários
fundos disponibilizados, deixa dúvidas sobre como essa coordenação é feita entre eles

Segundo David Simango, esta camada social deve também ser contemplada pelo fundo distrital de
investimento, vulgo sete milhões de meticais, para que a sua participação nas actividades de geração de
renda e de emprego seja realmente efectiva. Enquadrando na mesma linha orientadora do Fundo de
Apoio às Iniciativas Juvenis (FAIJ), concebido e monitorado pelo Ministério da Juventude e Desportos, no
quadro da promoção do auto-emprego e de acções geradoras de rendimento, David Simango disse aos
jovens de Panda, Jangamo, Maxixe e Inhambane, distritos e municípios por onde passou nesta sua visita à
“terra da boa gente”, que torna-se necessário que também usufruam das oportunidades de investimento
oferecidas pelos montantes alocados aos distritos, entanto que pólos de desenvolvimento e epicentros no
combate à pobreza absoluta.240

Depois de se ter referido por diversas vezes que o FIIL seria transformado em Fundo
Distrital de Desenvolvimento, a fim de garantir maior flexibilidade na sua gestão e maior
responsabilidade na sua atribuição e utilização, mas sem existir qualquer dado sobre a
modalidade do mesmo241, em Dezembro de 2009, é anunciado que:

O Orçamento de Investimento de Iniciativa Local (OIIL), conhecido por sete milhões, vai passar a funcionar
como um Fundo Distrital de Desenvolvimento que, para além das subvenções do Estado, também vai
passar a receber donativos e gerir os reembolsos dos empréstimos já concedidos. A decisão foi tomada
ontem na 24ª Sessão do Conselho de Ministros que aprovou, igualmente, o estatuto orgânico do Fundo de
Apoio à Reabilitação Económica (FARE), que passa a financiar a bancarização rural.242

238
Ver anexo 5.
239
COSSA, Nelo. “Sete milhões” cabem no banco de desenvolvimento, basta vontade política. Magazine
Independente, Maputo, 8.Jul.2009
240
Para as actividades de geração de renda e emprego: Fundos distritais devem também beneficiar os jovens –
segundo Ministro David Simango dirigindo-se a várias associações juvenis de Inhambane. Notícias, Maputo,
11.Mai.2007
241 Fundo de iniciativas locais institucionalizado em 2009…op.cit.
242 “Sete milhões” passam a fundo de desenvolvimento. Notícias, Maputo, 16.Dez.2009.
131

Segundo Luís Govane, porta-voz do Governo

O Fundo Distrital de Desenvolvimento é uma instituição pública, dotada de personalidade jurídica,


autonomia administrativa e financeira, que funcionará em todos os distritos do país, continuará a ser
controlado pelo Conselho Consultivo, mas «será tutelado pelo governador provincial», com poderes de
decisão sobre o mesmo, disse Luís Covane.243

Se o Governo provincial passa a ter poderes de decisão sobre o FDD, até onde vão os
poderes dos Conselhos Consultivos Locais? Até que ponto o Governo provincial poderá
anular as suas prioridades e decisões?

Uma outra interrogação é levantada por alguns sectores da sociedade civil, que se
questionam não só sobre se o Governo, ao estar a conceder créditos aos cidadãos no
contexto dos sete milhões de meticais, não se estaria a substituir aos bancos comerciais e
instituições de micro-finanças, mas também, se devem ser os Governos distritais a gerir
fundos, empréstimos, créditos e juros244. Hanlon, afirma mesmo que “o facto dos
administradores distritais concederem empréstimos e cobrarem dívidas, é provavelmente
uma violação à lei do Orçamento de Moçambique”245. O Governo diz que não se pretende
substituir aos bancos, contudo, a realidade parece mostrar o contrário.

“O fundo dos Sete milhões é para aqueles que não tem alternativa de obtenção de financiamento”,
sublinhou o Chefe do Estado moçambicano. Contrariamente a população desfavorecida, alvo desta
iniciativa marcante da governação do Presidente Guebuza, os empresários podem encontrar outras
alternativas de aceder a financiamentos, por exemplo por via de empréstimos bancários. “Se um
empresário pode pedir empréstimo no banco e ao invés disso concorre aos sete milhões, para onde irão
aquelas pessoas que não podem ir ao banco”, questionou Guebuza.246

O Chefe de Estado durante a sua visita à província de Sofala torna a reiterar que os “sete milhões” de
meticais atribuídos aos distritos são «única e exclusivamente destinados àqueles cidadãos que sendo
pobres não têm a menor chance de se dirigirem a uma instituição bancária para solicitarem empréstimo.»
Segundo Guebuza «Os sete milhões são para os pobres deixarem de ser pobres. Só que estes têm de
devolver o dinheiro uma vez emprestado. É preciso que se lembrem que se não fossem os sete milhões não
teriam como resolver os seus problemas de pobreza, pois os bancos nunca aceitariam emprestar-lhes
dinheiro, sobretudo para aqueles que têm apenas a sua palhota como garantia.”247

A mesma contradição surge na afirmação de Soares Nhaca, Ministro da Agricultura, que


nega categoricamente que o Governo esteja a substituir os bancos comerciais na concessão
de créditos aos cidadãos.

Esta afirmação não corresponde à verdade. Se for a ver bem, os cidadãos que se beneficiam desses
empréstimos não teriam capacidade de responder às exigências dos bancos, nomeadamente as garantias,
porque não as têm, por isso temos facilitado nesse sentido os nossos concidadãos, disse.248

Também a Governadora de Maputo, se pronunciaria sobre o crédito atribuído no âmbito do


FIIL referindo que iria minimizar o sofrimento dos camponeses que algumas vezes pagam
valores elevados quando pediam créditos nas instituições bancárias.

243 Governo cria Fundo Distrital de Desenvolvimento. O País online, Maputo, 17.Dez.2009
244
HANLON, Joseph. Desconcentração: crescente papel dos conselhos…op.cit.
245
Idem.
246
Fundo dos sete milhões é para a população desfavorecida. Notícias, Maputo, 5.Jun.2009
247
Sete milhões para ajudar os pobres. Domingo, Maputo, ano XXVIII, nº1437, 2.Ago.2009, p.9
248
ACHAR, Jocas. Apesar de bolsas de fome: Alguns distritos produzem além das suas necessidades alimentares.
Notícias, Maputo, 6.Março.2009
132

«Nós constatámos que a falta de dinheiro tem estado na origem do fracasso da produção agrícola e o
acesso ao crédito bancário é difícil, daí que fomos buscar parceiros para inverter este cenário», disse Rosa
da Silva, acrescentando que “este dinheiro é para facilitar a vida dos nossos camponeses que não têm
tempo de ir aos bancos.249

O INAS por sua vez cria uma “caixa de poupança” para mulheres vulneráveis250 para a qual
desembolsou mais de um milhão e 800 mil meticais para apoiar 35 projectos de geração de
rendimentos que envolvem 150 mulheres viúvas e/ou vulneráveis da cidade da Beira,
devendo, posteriormente, beneficiar “outras agremiações femininas na mesma situação
através dos reembolsos que fossem efectuados pelos primeiros beneficiários, como forma
de garantir o melhoramento da vida daqueles infortunados”. Pode-se questionar se, de
facto, competirá ao INAS criar caixas de poupanças.

O PCA do GAPI (Gabinete de Apoio a Pequenos Investimentos), António Souto, considera


que o Fundo de Investimento de Iniciativa Local (FIIL), vulgo sete milhões de meticais,
poderia ter sido aplicado com mais eficiência se estivesse nas mãos da banca e referiu que
participou num encontro “onde se discutiu o sistema dos financiamentos através do FIIL e
foram públicas as observações feitas pelos administradores, membros do governo
provincial, de que isso acontece. Se estamos a falar de crédito, é preciso termos instituições
apropriadas para dar crédito. As instituições das administrações locais não foram
concebidas e não estão preparadas para fazer isso. A observação não é minha, é de todas
as pessoas que sabem como funciona o sistema financeiro (…)”E defenderia ser
fundamental “construir um sistema financeiro descentralizado, que é feito através de
instituições comunitárias, que são os micro-bancos rurais.251

Mas o governo é peremptório

O Governo moçambicano não vai entregar a gestão dos “sete milhões” de meticais aos bancos, embora o
nível de reembolso pelos mutuários seja ainda muito baixo. Segundo o Chefe do Estado, Armando
Guebuza, aqueles valores são para os pobres e representam um ganho do processo de descentralização.
Na sua óptica, se fosse entregue aos bancos, o mesmo deixaria de beneficiar a camada pobre que nem
sempre é reconhecida apesar de ter iniciativas que marcam a diferença no combate à pobreza.252

Querem que coloquemos o dinheiro junto a banca! Para quê? Para a banca cobrar garantias? Não
podemos. Os Sete milhões são para aqueles que não tem acesso ao banco. O banco coloca como condições
a apresentação de garantias. Tem que se hipotecar alguma coisa. Isto é para aqueles que têm. Os Sete
milhões são para os que não têm” reiterou Armando Guebuza, respondendo a uma pergunta sobre se o
Governo estaria a pensar colocar este Fundo junto à banca para permitir o retorno do investimento. 253

Em relação ao empoderamento da mulher, ficou claro que não existem informações


suficientes para se poder avaliar a sua participação, contribuição e a sua situação como
beneficiária dos fundos, contudo, e como refere Osório e Silva, “o sistema democrático só o
é, se mulheres e homens puderem participar na estrutura de tomada de decisões, o que
significa, no que ao poder local se refere, permitir aceder e gerir em igualdade de
circunstância os recursos (sejam eles materiais, como o fundo dos “7 milhões”, sejam eles
simbólicos como a legitimidade no uso da “palavra”254.

249
DM-4: Crédito agrícola eleva produção. Notícias, Maputo, 24.Jun.2008.
250
SIXPENSE, Eduardo. Caixa de poupança para vulneráveis. Notícias, Maputo, 15.Out.2008
251
SOUTO, António. “Sete milhões” seriam melhor geridos pela banca…op.cit.
252
GÊMO, Osvaldo. “Sete milhões” geram riqueza discórdia e mal entendidos. Notícias, Maputo, 2.Jun.2010.
253
TRAPE, Damião. Governo vai continuar a disponibilizar FDD. Notícias, Maputo, 29.Mai.2010.
254
OSÓRIO, Conceição; SILVA, Teresa Cruz e. Género e governação local…op.cit.:94
133

Verificamos, através das visitas presidenciais e de outros governantes aos distritos, que o
Governo se tem preocupado em deixar orientações claras sobre a gestão eficaz e
transparente do FIIL, sobre as prioridades deste, sobre a necessidade de devolução. Tem
procurado mostrar que sem trabalho o Fundo não produzirá resultados. Verificamos que
tem também conhecimento dos problemas que se colocam em termos de funcionamento
dos Conselhos Consultivos e dos problemas que estes enfrentam no seu funcionamento, na
atribuição dos fundos, na sua gestão e na prestação de contas. Sabe dos desvios ou
atribuições não transparentes, dos problemas dos reembolsos, entre outros. Mas qual o
impacto do conhecimento desta realidade? Através das informações e trabalhos de
pesquisa realizados, parece não estar a haver ainda uma avaliação séria dos resultados
desta iniciativa de atribuição dos Fundos aos distritos – quer dos resultados positivos, quer
das críticas feitas. É neste âmbito que a informação é praticamente inexistente e não há
dados que nos permitam avaliar.255 Se o FIIL se liga intrinsecamente à luta contra a pobreza
nada nos permite afirmar que esse objectivo está a ser atingido. Não existe, na pesquisa
feita, um único documento ou artigo que dê a visão exacta do seu significado prático. Os
órgãos de informação não realizaram qualquer investigação mais aprofundada para
transmitir ao público o significado dos números que escrevem. Limitam-se a reproduzi-los.
São apenas números que não podem ser aferidos. Das informações, fica-se também com a
sensação que os projectos implementados, ou em implementação, com base no fundo dos
“sete milhões” não são visitados. Todos os dados são conhecidos através de informações
orais, de relatórios, também eles orais, que são dados por parte das estruturas aos
diferentes níveis ou das vozes das populações, sobretudo durante as visitas presidenciais.
Mas, salvo raríssimas excepções, não se encontra praticamente nenhum texto que informe
sobre visitas a projectos específicos256 e, com base nisso, relatasse o que foi encontrado no
terreno.

II. Fundo de Apoio à Reabilitação da Economia (FARE)

Não são muitas as informações existentes sobre o FARE e a maioria delas são apenas
informativas e geralmente bastante sintéticas.

O FARE, foi criado com o objectivo de apoiar financeiramente a reabilitação,


desenvolvimento e dinamização da economia nacional, em especial nas zonas rurais. Tem
como actividade principal a concessão de créditos a projectos localizados nas zonas rurais,
onde a actividade dos bancos não se faz sentir ou é quase inexistente. Em 2003 o Governo
atribuiu ao FARE a coordenação do Programa de Apoio as Finanças Rurais cujo objectivo
principal é o de incentivar a expansão e o surgimento de instituições financeiras nas zonas
rurais. Entrou em funcionamento em 1996 e, entre 1997 e 2006 desembolsou 95.534.616,00

255
Um dos poucos dados que são fornecidos, são aqueles que se ligam com a formação dos membros dos
Conselhos Consultivos Locais. Pelas notícias, verificamos que esta é uma preocupação e que se estão a dar
passos no sentido de garantir a alfabetização de todos e uma formação na área da gestão dos fundos,
contabilidade básica, etc.
256
De facto, salvo raríssimas excepções, as notícias não se referem a essas visitas aos locais onde estão a ser
implementados os projectos. Uma das raras notícias foi a visita do Presidente da República a uma machamba da
Associação dos Produtores de Ananás, em Nicoadala. Ver: Guebuza deseja fim do [sic] síndrome da
dependência. @Verdade online, 25.Mai.2009
134

mt para apoiar a rede comercial rural, e até Setembro de 2007, apenas 40.164.777,00 mt
tinham sido devolvidos257.

Em Dezembro de 2006, o FARE assina acordo com 3 instituições de micro-finanças: Tchuma


(a operar em Manica); Fundação para o Desenvolvimento da Mulher (a operar em Gaza e
Inhambane); e com a Malanga Microcrédito (para o financiamento de empreendedores no
distrito da Moamba) com o objectivo de estenderem os programas de microcrédito a cerca
de 25.000 pessoas das áreas rurais, nos 5 anos seguintes. O FARE pretende trabalhar com
outras instituições, tendo já pedidos do Banco Austral (que pretende estabelecer
dependência em Marromeu e solicitou comparticipação do FARE) e da Socremo.258

Ainda em 2006, estavam em processo a aprovação de novos projectos apresentados pelos


Correios de Moçambique (para Matutuíne e Xinavane); AMODER (Cabo Delgado);
Progresso para Mueda; Hluvuku (Catembe, Boane e Matutuíne). E em avaliação estava um
projecto da M-Banking; da AC Microcrédito e Socremo.259

Entre os projectos de finanças rurais o FARE tem apoiado as organizações de base que
fazem poupanças, acumulação e repassagem de dinheiro, vulgarmente conhecidas por
“xitique”260. Em 2008, Agência de Desenvolvimento Económico de Manica (ADEM),
negociava com o FARE a ampliação do seu programa de finanças rurais (também a ADEM
apoia programas de poupança e crédito rotativo (Xitique)261.

Segundo o Presidente do Conselho de Gestão do FARE, a perspectiva que existe é a de


estabelecer mil novas associações financeiras de base comunitária com cerca de 30 mil
membros. Para tal recebeu um fundo de 34.2 milhões de dólares : 16 milhões do Banco
Africano de Desenvolvimento; 9.4 milhões do Fundo Internacional para o Desenvolvimento
da Agricultura; um donativo do BAD de 5.4 milhões de dólares; e uma comparticipação do
Governo de cerca de 2 milhões de dólares.262

O FARE apoiou também a abertura de uma delegação do Milénium Bim263 em Dezembro de


2007, tendo este recebido US$ 1.050 milhões para cobrir os custos iniciais da sua expansão
em dois distritos: Mafambisse em Sofala e Namialo em Nampula. Assinou também acordos
com Parapato e Kulima.

III. Tchuma e Tchuma-Tchato

Na pesquisa bibliográfica feita, tal como em relação ao FARE, não são muitas as
informações existentes sobre o Tchuma-Tchatu e o Tchuma.

257
De 96 milhões de meticais de 1997 a 2006: Reembolsado menos da metade do dinheiro do FARE.
MICMagazine, especial, Setembro de 2007; ver tb: Fundo de Apoio a Reabilitação da Economia (FARE): 1.1
Programa de Apoio às Finanças Rurais - PAFR. s/refs.
258
Microcrédito beneficia vinte e cinco mil pessoas nas zonas rurais. Notícias, Maputo, 4.Dez.2006.
259
Mil associações financeiras vão intervir nas zonas rurais. Notícias, Maputo, 6.Dez.2006.
260
FARE financia bancarização rural. Notícias, Maputo, 3.Fev.2009.
261
Finanças rurais para 4200 famílias em Manica. Notícias, Maputo, 27.Set.2008
262
Mil associações financeiras vão intervir…op.cit.
263
Mozambique: Banco Millennium bim gets support to expand into rural areas. 28.Dec.2007.
135

Tchuma Tchato, é visto como o nome de um programa de maneio comunitário dos recursos
naturais e o Tchuma é uma instituição de micro-finanças e uma cooperativa de crédito e
poupança.

Exitem três estudos importantes sobre o Tchuma e o Tchuma-Tchato, nomeadamente a de


Gabriëlle Athmer264 sobre o mercado micro-financeiro em Maputo, onde faz uma
comparação das três maiores instituições micro-financeiras (IMFs): Tchuma, Socremo e
NovoBanco; a dissertação de licenciatura de Catarina Trindade265, especificamente sobre o
Tchuma, uma cooperativa de crédito e poupança, virada sobretudo para as mulheres, e o
trabalho de Estevão Filimão266, que se refere especificamente ao Tchuma-Tchato, como um
dos primeiros programas virados para a gestão dos recursos naturais pelas próprias
comunidades, estabelecido em Moçambique. Existem, contudo, outros trabalhos que não
tivemos oportunidade de consultar.267

Catarina Trindade, diz-nos, por exemplo, sobre o Tchuma que é

(…) uma cooperativa de crédito e poupança autorizada pelo Decreto do Conselho Municipal (CM) nº 53/98
de 13 de Outubro e é constituida por escritura notarial de 30 de Março de 1999, com um capital social de
três milhões de meticais (Mtn). Os seus principais fundadores são a Fundação para o Desenvolvimento da
Comunidade (FDC) e a Sociedade de Controlo e Gestão das participações Financeiras (SCI), cada um
detendo 49,9% do capital social. A sua missão é a de, através dos serviços financeiros prestados à
população menos favorecida lutar, com ela, pela cada vez maior dignidade humana e valorização social e
pela melhoria das condições de vida das suas famílias, o que resultará na melhoria da vida social do país
em geral. De maneira geral, a Tchuma tem como objectivos oferecer serviços micro financeiros e outras
actividades bancários permitidas por legislação em vigor no país. Especificamente, os objectivos são: (1) a
concessão de micro-créditos aos empresários moçambicanos emergentes, em particular as mulheres; (2) a
mobilização de poupanças dos seus sócios e a sua orientação para a promoção do empresariado nacional;
(3) a mobilização de apoio externo, em particular de instituições bilaterais e multilaterais interessadas no
desenvolvimento do sector privado nacional; (4) o apoio ao desenvolvimento de projectos de pequena e
média dimensão realizados por organizações a nível da base; (5) a concessão de empréstimos e outras
operações activas de crédito a curto, médio e longo prazo que sejam permitidas por lei.

Gabriëlle Athmer adianta que a Tchuma é a única instituição de micro-finanças que funciona
como uma cooperativa, que não foi lançada por uma agência externa, e que tem um foco
específico na pobreza.

264
ATHMER, Gabriëlle, et al. O mercado micro-financeiro em Maputo, Moçambique: oferta, procura e impacto:
um estudo de casos do Novobanco, da Socremo e da Tchuma (resumo). Estudo de avaliação da pobreza e do
impacto em Moçambique de três instituições parceiras de membros da plataforma dos Países Baixos para as
micro-finanças. Dezembro de 2006. 27 p.
265
TRINDADE, Catarina Casimiro. Como as instituições de micro-crédito promovem a autonomia das mulheres
em Moçambique: Estudo de caso da Tchuma, cooperativa de crédito e poupança. Coimbra, 2007. Dissertação de
Licenciatura em Sociologia do Trabalho e do Emprego, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
266
FILIMÃO, Estevão; MANSUR, Eduardo; NAMANHA, Luís. Tchuma Tchato: an evolving experience of
community-based natural resource management in Mozambique. In: FAO. Proceedings of the International
Workshop on Community Forestry in Africa : participatory forest management: a strategy for sustainable forest
management in Africa, 26-30 April 1999, Banjul, the Gambia = Actes de l'atelier International sur la foresterie
communautaire en Afrique : la gestion forestiére participative: une stratégie pour une gestion durable des
forêts d'Afrique, 26-30 avril 1999, Banjul, Gambie. Rome : Food and Agriculture Organization of the United
Nations, 2000, p.145-152. Filimão tem outros trabalhos sobre o Tchuma Tchato que foram referenciados na
bibliografia.
267
Existem trabalhos de licenciatura apresentados à FLCS, Universidade Eduardo Mondlane, contudo não
tivemos possibilidades em tempo de ter acesso a eles de modo que não podemos fazer qualquer referência à
sua abordagem. São eles: NHAZILO, Tiago F. Participação Comunitária na Gestão dos Recursos Naturais: O caso
do Programa Tchuma-Tchato em Magoé. UEM, Maputo, 2004; MEQUE, Manuel Luís. O papel dos ONGs no
desenvolvimento comunitário da província de Tete, 1994 à actualidade. Estudo de caso: impacto sócio-cultural
do Tchuma Tchato no distrito de Mágoè. UEM, Maputo, 2002.
136

Como programa, em termos de informação, o Tchuma Tchatu, parece restringir a sua


actuação na Província de Tete.

Filimão, refere que o Tchuma Tchato iniciou a sua actividade em 1994 numa área remota em
Bawa, no distrito de Mágoè, região bastante rica em fauna bravia, e onde a caça e a pesca
constituem duas das alternativas para a segurança alimentar daquelas comunidades, de
cerca de 200 000 hectares no lado direito do rio Zambeze na Província de Tete, perto da
fronteira com o Zimbábwè e Zâmbia. O programa surgiu devido a um conflito permanente
entre as comunidades locais, o operador local (a quem tinha sido dada a concessão para
operações de safari) e o governo local. O Governo central teve um papel importante na
promoção do programa, ao estabelecer, através de um Diploma Interministerial assinado
em Maio de 1995, um mecanismo de distribuição dos impostos sobre os rendimentos
obtidos, nomeadamente 33% para as comunidades locais, 32% para o governo local e 35%
para o sistema nacional de impostos.

Muito rapidamente este projecto lançado em Bawa (distrito de Mágoè) se estendeu a


outros distritos tais como Zumbo, Cahora Bassa, Marávia, Changara, Chifunde e Chiuta,
regiões bastante ricas em fauna bravia.

Para representar os interesses das comunidades na gestão dos recursos, foram


estabelecidos Comités de Gestão Comunitária do programa Tchuma Tchatu.

Este programa parece estar a dar bons resultados. Por exemplo, o governador provincial de
Tete, Ildefonso Muanantatha, defende que o projecto Tchuma Tchatu está cada vez mais a
atingir os objectivos preconizados pelo Governo central, nomeadamente o envolvimento
das próprias comunidades no maneio e preservação dos recursos naturais. Adianta que a
caça desportiva rendeu mais de quatro biliões de meticais durante o ano de 2005. Este valor
foi repartido pelas comunidades dos distritos de Mágoè, Zumbu, Marávia e Chifunde.

Entregamos em finais de Julho último [2006] quatro biliões de meticais resultantes da caça desportiva
efectuada por turistas ao longo do ano passado, em várias comunidades dos distritos de Mágoè, Zumbu,
Chifunde, Chiúta e Marávia. Deste valor 33 porcento foi repartido pelas comunidades, 32 porcento para o
funcionamento do programa "Tchuma Tchatu", 20 porcento para os governos locais e 15 porcento para o
Governo central através do Fundo do Turismo268.

Com os valores recebidos através do programa, as comunidades dos distritos de Mágoè,


Zumbu, Cahora Bassa, Marávia, Changara, Chifunde e Chiuta, na província de Tete, tinham
construído quatro escolas primárias, 16 moageiras e dois fontanários. Com as mesmas
receitas tinham adquirido também 12 cabeças de gado e um barco de fibra usado para a
pesca na albufeira de Cahora Bassa.269

Em Agosto de 2007, no âmbito deste programa de conservação e preservação dos recursos


naturais faunístico e madeireiro, assim como pesca, que envolve as comunidades dos
distritos de Mágoè e Zumbo, o governo provincial entregou um valor de 1.600 milhões de
meticais às comunidades daqueles distritos, resultante da caça desportiva promovida por
turistas durante o ano de 2006. Com este valor, as comunidades aplicaram os fundos na
aquisição de moageiras para a farinação de milho, construção de salas de aulas
convencionais, postos sanitários e em alguns casos, tractores agrícolas para o escoamento

268
CARLOS, Bernardo. Projecto "Tchuma Tchatu" marca diferença em Tete. Notícias, Maputo, 4.Out.2006
269
Idem.
137

de excedentes de produção dos campos para as residências e centros comerciais nas


comunidades. Segundo alguns presidentes dos Comités de Gestão Comunitária do
programa Tchuma Tchatu nos distritos referidos, a situação das comunidades está a ser
beneficiada

Thacafira Nsoronhate Massangano, presidente do Comité de Gestão Comunitário de Chinthopo, distrito de


Mágoè, a maior área de caça desportiva do Programa Tchuma Tchatu afirmou que o envolvimento das
comunidades na preservação da fauna bravia está a trazer bons rendimentos para o desenvolvimento das
comunidades. “Estamos agora a receber 800 mil meticais, como resultado do nosso trabalho na
conservação dos nossos recursos faunísticos e pesqueiros durante o ano passado. Este dinheiro vai servir
para minimizarmos algumas lacunas na nossa comunidade. Em coordenação com os Conselhos
Comunitários, vamos identificar a melhor maneira de aplicação deste valor nos projectos dentro da nossa
comunidade em benefício das populações locais” explicou. O nosso entrevistado acrescentou que a maior
parte do dinheiro será aplicado para o auto-emprego, através de créditos a algumas associações e
proprietários das bancas que depois de três meses vão reembolsar na totalidade o valor sem juros, para
permitir a rotatividade do dinheiro, porque só assim é que se pode ultrapassar a questão de desemprego
nas comunidades.270

Com a percentagem atribuída aos governos locais, estes parecem estar a conseguir resolver
alguns dos problemas prementes em áreas prioritárias que não conseguem ser cobertos
pelo orçamento do Estado como a reabilitação de algumas infra-estruturas sociais de
abastecimento de água, estradas, entre outras271.

No site da internet da “Terra Viva” (Estudos e Advocacia Ambiental)


(http://www.ctv.org.mz) é dada uma informação que nos indica algumas dificuldades que o
programa parece estar a atravessar (contudo, não temos a data desta informação pelo que
é difícil localizá-la no tempo), nomeadamente no que diz respeito à

(…) falta de sustentabilidade financeira e a reduzida capacidade técnica, aliadas à ausência de planos de
uso da terra e o não zoneamento da área do Tchuma-Tchato induzem o programa a um fracasso há
medida que o tempo vai passando. Actualmente, o Tchuma-Tchato enfrenta inúmeras dificuldades no seu
funcionamento e a integridade física das comunidades residentes na sua área está cada vez mais
ameaçada. (…) A maior parte dos conflitos mais agudos entre o homem e os animais bravios, na área do
Tchuma-Tchato, surgem pelo facto de os assentamentos humanos estarem posicionados nos corredores
de fauna. Face ao recrudescimento do conflito Homem-fauna bravia, o governo do distrito de Mágoè
solicitou o apoio de alguns parceiros nacionais, entre instituições governamentais e da sociedade civil,
com destaque para as que trabalham na área do Maneio Comunitário dos Recursos Naturais. São parceiros
do programa Tchuma-Tchatu os Ministérios de Agricultura, Turismo, o Centro Terra Viva (CTV) , a
Associação Rural de Ajuda Mútua (ORAM) e a African Wildlife Foundation, baseada no Zimbabwe. Na
sequência do apelo lançado pelo governo do distrito de Mágoè, representantes destas instituições
reuniram-se recentemente em Tete e consideraram urgente a reorientação da ocupação de espaços,
distinguindo áreas para as actividades humanas de outras reservadas à fauna bravia, como medida para a
mitigação do conflito Homem-fauna bravia. (…)272

Como instituição de micro-crédito, o Tchuma parece ter iniciado as suas operações em 1999.
O estudo de Athmer incide sobretudo na cidade de Maputo, é de grande detalhe em
relação à caracterização dos clientes de cada uma das IMFs estudadas. Dá-nos por isso uma
visão bastante detalhada sobre quem recorre aos créditos. Catarina Trindade, também nos

270
CARLOS, Bernardo. Comunidades locais já usufruem dos benefícios de Tchuma Tchatu. Notícias,
Maputo,22.Ago. 2007
271
CARLOS, Bernardo. Projecto "Tchuma Tchatu" marca diferença em Tete…op.cit.
272
Governo do distrito de Mágoè busca apoio para reactivar Tchuma-Tchato. Centro Terra Viva – Estudos e
Advocacia Ambiental. [s.d.]
138

dá numerosos detalhes sobre a caracterização da Tchuma, como Cooperativa de Crédito e


Poupança (seu surgimento, sua missão, seus objectivos, sua organização interna, produtos
oferecidos, perfil dos clientes, entre outros, através de numerosas entrevistas feitas
sobretudo a mulheres273.

Ainda como instituição de micro-crédito, temos duas referências que nos informam que o
Presidente da República inaugurou em Chimoio o banco de micro-crédito, Tchuma,

vocacionado à prestação de serviço financeiro a favor das populações menos favorecidas que entre outras
áreas vai introduzir a componente do crédito agrário, que poderá contribuir significativamente para
revolucionar a agricultura na província de Manica. (…)274

E uma segunda informação dá-nos conta que o Fundo de Apoio à Reabilitação da Economia
(FARE) tinha assinado um acordo com a Tchuma para estenderem os programas de
microcrédito a pessoas das áreas rurais do país.275

273
TRINDADE, Catarina… op.cit., ver por exemplo, o capítulo III da sua dissertação.
274
MACHIRICA, Victor. Perante o PR em Chimoio: Munícipes lamentam prisões sem julgamento. Notícias,
Maputo, 5.Ago.2009
275
Microcrédito beneficia vinte e cinco mil pessoas…op.cit.
139

III PARTE

LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
Sobre os Fundos de Investimento de Iniciativa Local, Conselhos
Consultivos Locais, FARE, Tchuma e Tchuma-Tchato
Amélia Neves de Souto

LEGISLAÇÃO276 - Relacionada com a descentralização administrativa, FIIL, FARE.


(organizada por ordem cronológica)

Decreto n.° 20/92, de 5 de Agosto, foi criado o Fundo de Apoio à Reabilitação da Economia (FARE)

Decreto30/96 de 9 de Julho – actualiza a composição do conselho de gestão do FARE. Boletim da


República, I série, nº28, de 16 de Julho de 1996

Lei nº9/96 – Revisão Constitucional. Boletim da República, I Série, nº47, I Suplemento, 22 de


Novembro de 1996

Lei 2/97 - Aprova o quadro jurídico para a implantação das autarquias. Boletim da República, I Série, nº
7, 2º Suplemento, de 18 de Fevereiro de 1997

Lei nº 7/97 de 31 de Maio - Estabelece o regime jurídico da tutela administrativa do Estado a que estão
sujeitas as autarquias locais

Lei nº 8/97 de 31 de Maio - Define as normas especiais que regem a organização e o funcionamento
do Município de Maputo

Lei nº 9/97 de 31 de Maio - Define o estatuto dos titulares e dos membros dos órgãos das autarquias
locais

Lei nº 10/97 de 31 de Maio - Cria municípios de cidades e vilas em algumas circunscrições territoriais

Lei nº 11/97 de 31 de Maio - Define e estabelece o regime jurídico-legal das finanças e do património
das autarquias

Decreto 15/2000 – Estabelece as atribuições das Autoridades Comunitárias. Boletim da República, I


Série, nº 24, de 20 de Junho de 2000

Diploma Ministerial nº 107-A/2000 - Regulamenta as atribuições das autoridades comunitárias, e as


formas e áreas de articulação entre estas e os órgãos locais do Estado. Boletim da República, I Série,
nº 34, de 20 de Agosto de 2000

Decreto nº 52/2000 de 21 de Dezembro - Aprova o Código Tributário Autárquico

276
Para o levantamento da legislação foi, entre outros, consultado, o site do Ministério da Administração Estatal
onde se encontra a legislação relativa à descentralização havendo, no documento um link para o respectivo
Boletim da República. Ver: http://www.mae.gov.mz/START.pdf
140

Lei 8/2003 de 18 de Maio – Estabelece princípios e normas de organização, competências e


funcionamento dos Órgãos Locais do Estado nos escalões de província, distrito, posto administrativo
e de localidade. Boletim da República I Série, nº20, 1º Suplemento, 19 de Maio de 2003

Lei nº 11/2003 de 03 de Dezembro - Altera os artigos 6, 7, 10 e 15 da Lei nº 9/97, de 31 de Maio

Decreto nº 45/2003 de 17 de Dezembro - Regula a mobilidade dos funcionários entre a Administração


do Estado e das autarquias locais e entre estas, e clarifica a situação da relação de trabalho dos
funcionários do Estado em actividade nas autarquias locais

Resolução nº 8/2003 de 24 de Dezembro - Aprova a metodologia para elaboração dos quadros de


pessoal das autarquias locais

Decreto nº 65/2003 de 31 de Dezembro - Designa o representante da Administração do Estado nas


circunscrições territoriais cuja área de jurisdição coincide total ou parcialmente com a da autarquia
local

Decreto nº 45/2004 de 29 de Setembro - Aprova o Regulamento sobre o Processo de Avaliação do


Impacto Ambiental e revoga Decreto n.º 76/98, de 29 de Dezembro

Decreto nº 51/2004 de 01 de Dezembro - Aprova o Regulamento de Organização e Funcionamento


dos Serviços Técnicos e Administrativos dos Municípios

Resolução nº 6/2004 de 10 de Dezembro - Cria funções de direcção, chefia e confiança a vigorar nas
autarquias locais e aprova os respectivos qualificadores profissionais

Decreto n.° 11 /2005, de 10 de Junho – Aprova o Regulamento da Lei dos Órgãos Locais do Estado.
Boletim da República, I Série, nº 23, 2º Suplemento, 10 de Junho de 2005.

Lei 12/2005, de 23 de Dezembro – Aprova o Orçamento de Estado para 2006. Boletim da República, 4º
suplemento, I série, nº51, de 23 de Dezembro de 2005, p.436(13)-436(43)

Decreto nº 6/2006, de 12 de Abril – Estrutura tipo da orgânica do Governo Distrital e seu estatuto
orgânico. Boletim da República, I série, nº15, de 12 de Abril de 2006.

Decreto nº 33/2006 de 30 de Agosto - Estabelece o quadro de transferência de funções e


competências dos órgãos do Estado para as autarquias locais

Decreto nº 35/2006 de 06 de Setembro - Aprova o Regulamento de Criação e Funcionamento da


Polícia Municipal

Decreto nº 52/2006 de 26 de Dezembro - Altera o artigo 1 do Decreto n.º 65/2003, de 31 de Dezembro

Decreto nº 60/2006 de 26 de Dezembro - Aprova o Regulamento do Solo Urbano

Lei nº 6/2007 de 09 de Fevereiro - Altera o regime jurídico da tutela administrativa sobre as


autarquias locais estabelecido na Lei nº 7/97, de 31 de Maio

Resolução nº 18/2007 de 30 de Maio - Aprova a Política de Ordenamento do Território

Lei nº 15/2007 de 27 de Junho - Introduz alterações nos artigos 30, 36, 45, 56, 60, 62, 83, 88, 92 e 94
da Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro

Lei nº 16/2007 de 27 de Junho - Introduz alterações nos artigos 9, 10, 11 e 12 da Lei n.º 8/97, de 31 de
Maio
141

Lei nº 18/2007 de 18 de Julho - Estabelece o quadro jurídico legal para a realização de eleições dos
Órgãos das Autarquias Locais

Lei nº 19/2007 de 18 de Julho - Aprova a Lei de Ordenamento do Território

Lei nº 21/2007 de 01 de Agosto - Introduz alterações aos artigos 15,16,17,18 e 19 da Lei n.º 9/97, de 31 de
Maio, que define o estatuto dos titulares e dos membros dos órgãos das autarquias locais

Decreto nº 47/2007 de 10 de Outubro - Aprova o Regulamento de Inspecção dos Edifícios do Estado

Lei nº 1/2008 de 16 de Janeiro - Define o regime financeiro, orçamental e patrimonial das autarquias
locais e o Sistema Tributário Autárquico

Lei nº 4/2008 de 02 de Maio - Altera o artigo 11 da Lei n.º 18/2007, de 18 de Julho, que estabelece o
quadro jurídico-legal para a realização das eleições dos titulares de órgãos das autarquias locais

Decreto nº 31/2008 de 24 de Julho - Aprova os parâmetros e limites máximos da remuneração do


Presidente do Conselho Municipal, dos Vereadores, do Presidente e Vice-Presidente da Assembleia
Municipal, do respectivo Secretário de Mesa e dos Membros da Assembleia Municipal das Autarquias
locais

Decreto nº 32/2008 de 24 de Julho - Aprova os parâmetros e limites máximos da remuneração do


Presidente do Conselho Municipal, dos Vereadores, do Presidente e Vice-Presidente da Assembleia
Municipal, do respectivo Secretário de Mesa e dos Membros da Assembleia Municipal de Maputo

Diploma Ministerial nº----/2008 de 30(?) de Novembro – Aprova o Guião sobre a Organização e o


Funcionamento dos Conselhos Locais. E revoga o Despacho Ministerial Conjunto de 13 de Outubro de
2003
Nota: Diploma Ministerial conjunto dos Ministérios da Administração Estatal e Planificação e Desenvolvimento.

Decreto nº90/2009, de 15 de Dezembro - O Governo aprova o Fundo de Desenvolvimento Distrital


Nota: não foi possível confirmar este Decreto nem aceder do Boletim da República onde foi publicado.

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Até 2009: Educação vai alfabetizar membros dos consultivos - define reunião nacional de
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Maputo, 2.Ago.2010

BENTO, Eliseu; JANEIRO, António. Revolução Verde depende de recursos – Guebuza no final da
presidência aberta a Sofala. Notícias, Maputo, 3.Ago.2010

BENTO, Eliseu; LUÍS, Rodrigues. Desenvolvimento socioeconómico: Sofala cresceu mas PR quer mais.
Notícias, Maputo, 23.Ago.2008

BM lança fundo de acesso ao financiamento. Savana, Maputo, 3.Dez.2008


http://www.savana.co.mz/index.php/editorial/251-bm-lanca-fundo-de-acesso-ao-financiamento. Acessado a 19 de Junho de
2009.

Buscam-se consensos sobre prioridades de desenvolvimento. Notícias, Maputo, 2.Set.2008

Búzi aprova 64 projectos no âmbito dos sete milhões - Maior parte destina-se à produção de comida,
segundo o administrador Sérgio Moiane. Notícias, Maputo, 7.Set.2007

Búzi mostra sinais de desenvolvimento – reconhece o Chefe do Estado que atribui o facto à boa
aplicação dos “sete milhões” naquela região da província de Sofala. Notícias, Maputo, 31.Jul.2009

Cabo Delgado falha metas de comercialização de produtos agrícolas. O País online, Maputo,
19.Nov.2009
http://www.opais.co.mz/index.php?option=com_content&view=article&id=3274:cabo-delgado-falha-metas-de-
comercializacao-de-produtos-agricolas&catid=38:economia&Itemid=181

Cabo Delgado planeia Agência de Desenvolvimento. Notícias, Maputo, 21.Set.2007. Caderno


economia.
Nota: Foi publicado com o título “Cabo Delgado potencia desenvolvimento local.” Notícias, Maputo, 25.Set.2007, um artigo
exactamente igual ao referenciado.

Cáceres, Diana, at al. “Desenvolvimento Económico Local Em Moçambique. Vol.1: m-DEL para a
planificação Distrital”: um método para identificar potencialidades económicas e estratégias para a sua
147

promoção. Chimoio; Berlim : Humboldt-Univesitat Zu Berlin, Dezembro de 2007. 23 p. Série de


Publicações SLE. Documento trilingue: alemão, inglês e português
http://www.undp.org.mz/en/media/files/desenvolvimento_economico_local_em_mocambique_vol_1_m_del_para_a_
planificacao_distrital. Acessado a 13 de Julho de 2009. Contém apenas o sumário executivo.

Cáceres, Diana, e tal. Desenvolvimento Económico Local em Moçambique. Vol. 2: Guião para aplicação
do m-DEL - Uma Ferramenta para as Equipas Técnicas Distritais. Chimoio; Berlim, Dezembro de 2007.
Série de publicações do SLE

Caia: “Sete milhões” livram população da fome. Notícias, Maputo, 23.Dez.2009

CAIFAZ, Adriana. O Xitique, a mulher e a economia familiar nas zonas urbanas: o caso da cidade de
Maputo, 1992-2002. UEM, Maputo, 2005. Trabalho de Licenciatura, apresentado à Faculdade de Letras
e Ciências Sociais, Universidade Eduardo Mondlane.

Caixa de crédito rural (CCR) – viabilidade da sua criação (Matabele). Maputo, Cruzeiro do Sul, s.d., 8
p.
http://www.iid.org.mz – publicações/colecção estudos. Acessado a 21 de Junho de 2009

Camapanha [sic] eleitoral - Em Morrumbala: Autoridades comunitárias garantem vitória da Frelimo.


Notícias, Maputo, 16.Set.2009

Camapanha [sic] eleitoral: “Perdiz” em Lichinga está já no terreno. Notícias, Maputo, 17.Set.2009

Campanha eleitoral - Emancipação da mulher: Ainda há muitos desafios - reconhece Verónica


Macamo, num encontro com as mulheres da província de Maputo. Notícias, Maputo, 14.Out.2009

Campanha Eleitoral: Emprego: Problemática requer intervenções multissectoriais - defende o


Presidente Armando Guebuza. Notícias, Maputo, 24.Set.2009

Campanha eleitoral histórica - considera Edson Macuácua, acrescentando que a Frelimo vai ganhar as
eleições porque apresenta o melhor manifesto. Notícias, Maputo, 24.Out.2009

Campanha eleitoral - Mais fábricas para Mogovolas - promete a Renamo no “namoro” ao eleitorado.
Notícias, Maputo, 19.Out.2009

Campanha eleitoral: O voto do desenvolvimento – apela Aires Ali em Inhambane. Notícias, Maputo,
14.Set.2009

Campanha Eleitoral: “Perdiz” em Lichinga está já no terreno. Notícias, Maputo, 17.Set.2009

CARLOS, B.; FUMO, J. Sete milhões para os distritos: PR reconhece falhas na aplicação do fundo.
Notícias, Maputo, 19.Abr.2007

CARLOS, Bernar[d]o. Campanha Eleitoral: Em Chiúta: Só a Frelimo e Renamo “passeiam” a sua


classe. Notícias, Maputo, 12.Out.2009

CARLOS, Bernardo. Comunidades locais já usufruem dos benefícios de Tchuma Tchatu. Notícias,
Maputo, 22.Ago. 2007

CARLOS, Bernardo. Coordenação pilar para desenvolvimento rural – garante Aiuba Cuereneia no
encerramento da 2ª reunião nacional sobre a matéria. Notícias, Maputo, 1.Set.2009

CARLOS, Bernardo. No triénio 2005-2007: Iniciativas locais geram 4.104 empregos em Tete. Notícias,
Maputo, 28.Jul.2008
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CARLOS, Bernardo. Projecto "Tchuma Tchatu" marca diferença em Tete. Notícias, Maputo,
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CARLOS, Bernardo. “Sete milhões”: Desvios disparam em Tete - segundo a PGR naquele ponto do
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CARVALHO, Nélson. Gestão dos sete milhões - Guebuza mais comedido. Savana, Maputo,
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http://www.savana.co.mz/editorial/pais/922-gestao-dos-sete-milhoes-guebuza-mais-comedido

CARVALHO, Nelson. Mais de mil pescadores clamam pelo apoio do Governo. Savana, Maputo,
19.Jun.2009
http://www.savana.co.mz/editorial/pais/44-pais/1295-mais-de-mil-pescadores-clamam-pelo-apoio-do-governo

Castanha de caju: Produtores do sector familiar clamam por crédito em Nampula. Notícias, Maputo,
15.Abr.2008

CASTEL-BRANCO, Carlos Nuno. Distritos, Descentralização e Desenvolvimento:uma Reflexão Crítica.


Aula Inaugural do Ano Lectivo de 2008, Universidade Pedagógica, Massinga, Inhambane. 14-03-2008
Nota: Apresentação em power point

Catembe: Os 7 milhões geram conflitos. Agora, Maputo, nº18, 13.Out. 2009

CATUEIRA, André. Sete bis na berlinda [ante-título: Comoana em Manica]. Savana, Maputo, ano XVII,
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CEDE. Governação local: luz ou sombra na monitoria. Maputo: CEDE, 2009.


Nota: Na ficha técnica do livro tem duas autorias: uma que concede ao CEDE a autoria do livro; outra que refere que os
autores são: Guilherme Mbilane; Carlos Roque; Eduardo Chiziane e Joaquim Fumo.

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Um olhar sobre 6 Distritos e 3 Autarquias - Bilene, Mabalane, Búzi, Cheringoma, Montepuez, Chiúre,
Manjacaze, Marromeu, Mocímboa da Praia. Maputo: Edição Associação Moçambicana para o
Desenvolvimento e Democracia (AMODE), Centro de Integridade Pública (CIP), Grupo Moçambicano
da Dívida (GMD) e Liga dos Direitos Humanos (LDH). Maio de 2009. 72 p.

CENTRO DE INTEGRIDADE PÚBLICA (Coord.). Governação Local em Moçambique: Desempenho de


distritos e autarquias locais aquém do planificado: Um olhar a partir dos distritos de Bilene, Mabalane,
Búzi, Cheringoma, Montepuez, Chiúre e autarquias locais de Manjacaze, Marromeu e Mocímboa da Praia.
Maputo: Centro de Integridade Pública, Maio de 2010. 68 p.

CHAMBALE, Joel. Ano de fome em Magude. Zambeze, Maputo, 24.Out.2009, p.16-17

Chefe do Estado em Inhambane: Cresce entusiasmo popular. Notícias, Maputo, 5.Ago.2009

Chibuto: Fundos locais geram 535 novos empregos. Notícias, Maputo, 11.Abr.2009

Chigubo: o orgulho pelos sete milhões. Notícias, Maputo, 27.Jul.2007

Chiúta: FIIL garante segurança alimentar. Notícias, Maputo, 26.Out.2009

Chókwè está a combater a pobreza. @Verdade online, Maputo, 12.Jun.2009


www.verdade.co.mz/index.php?option=com_content&view=article&id=3053:chocwe-esta-a-combater-a-probreza
&catid=40:nacional&Itemid=61
149

Chókwè pode resgatar papel de celeiro da Nação - Presidente Armando Guebuza falando apropósito
[sic] da produção de arroz. Notícias, Maputo, 11.Jun.2009

CM alargado busca soluções para problemas da nação. Notícias, Maputo, 12.Ago.2006

COELHO, Carlos. Cresce no Niassa produção alimentar. Notícias, Maputo, 24.Jul.2008

COELHO, Carlos. Em Mossuril e Nacarrôa [sic]: PR fala de atitude para vencer a pobreza. Notícias,
Maputo, 29.Abr.2008

COELHO, Carlos. Fundo de iniciativa local no Niassa: Reembolsos abaixo do ideal. Notícias, Maputo,
23.Jul.2008.
Nota: notícia transcrita em: Zambézia Online, 23.Jul.2008.
http://www.zambezia.co.mz/noticias/94/5800-fundo-de-iniciativa-local-no-niassa--reembolsos-abaixo-do-ideal. Acessado 21 de
Setembro de 2009.

COELHO, Carlos. Maioria dos problemas tem a ver com progresso - conclui o PR na sua visita a
Nampula. Notícias, Maputo, 18.Mai.2010

COELHO, Carlos. Pobreza de espírito é a mais perigosa – alerta Presidente da República à população
de Alua, posto administrativo de Eráti, em Nampula. Notícias, Maputo, 14.Mai.2010

COELHO, Carlos. PR em balanço à visita a Nampula: “Revolução verde” define-se pelos resultados.
Notícias, Maputo, 1.Mai.2008

COELHO, Carlos. Presidência aberta em Mogincual: Saúde, energia e estradas no rol das
lamentações. Notícias, Maputo, 5.Mai.2007

COELHO, Carlos. Usar os sete milhões como elemento de unidade nacional - exorta Presidente da
República, Armando Guebuza, falando à população de Mogovolas. Notícias, Maputo, 30.Abr.2008

COELHO, Carlos; TEMBE, Carlos. No diálogo com o chefe do Estado: Pedidos da população reflectem
crescimento. Notícias, Maputo, 14.Jun.2006

Com fundos de iniciativa e impacto local: Consultivo de Alto Molócuè cria 800 postos de emprego.
Notícias, Maputo, 12.Jan.2008

Com fundos de iniciativas locais: Chipene adquire três moageiras. Notícias, Maputo, 19.Mar.2009

Com os sete milhões: Chókwè aumenta sistemas de regadio. Notícias, Maputo, 7.Nov.2007

Com os seus sete biliões: Chemba espera minorar crise provocada pela estiagem. Notícias, Maputo,
24.Jul.2006

Com sete milhões de meticais: Eráti incrementa produção agro-pecuária. Notícias, Maputo,
30.Jul.2007

Combate à pobreza é real. Notícias, Maputo, 24.Dez.2008

Combate à pobreza está a surtir efeitos - considera Edson Macuácua. Notícias, Maputo, 7.Abr.2009

Combate contra a pobreza (O): Concentrando as Nossas Acções no Distrito. Comunicação de Sua
Excelência Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de Moçambique, sobre o Estado Geral da
Nação. Maputo, 22 de Junho de 2009. 33 p.
http://www.portaldogoverno.gov.mz/docs_gov/discursos/estado-da-nacao-2009-201co-combate-contra-a-pobreza-
concentrando-as-nossas-accoes-no-distrito201d/Estado_da_Nacao_2009.pdf. Acessado a 20 de Agosto de 2009.
150

Combate à pobreza: Governo está optimista - Ministro Aiuba Cuereneia na sessão do Observatório de
Desenvolvimento. Notícias, Maputo, 20.Mar.2009

“Combate a pobreza não é distribuir dinheiro”. O País online, Maputo, 15.Mai.2009


http://www.opais.co.mz/opais/index.php?view=article&catid=63%3Apolitica&id=1247%3Acombate-a-pobreza-nao-e-distribuir-
dinheiro-&option=com_content&Itemid=273

COMESA agracia Presidente da República. Notícias, Maputo, 3.Set.2009

CONCEIÇÃO, Paulo da. O que dizem os doadores sobre as Reformas?: Não há clareza no uso dos
fundos para os distritos. Notícias, Maputo, 28.Mai.2007

Conselho de Ministros constata incumprimentos. @Verdade online, 15.Mar.2010.


Transcrito de Wamphula Fax.
http://www.averdadeonline.com/destaques/nacional/conselho-de-ministros-constata-incumprimentos.html

Conselho Consultivo instrumento poderoso no combate à pobreza. O País online, Maputo, 2.Jun.2009
http://www.opais.co.mz/index.php?option=com_content&view=article&id=1526:conselho-consultivo-instrumento-poderoso-
no-combate-a-pobreza&catid=63:politica&Itemid=273

Conselhos consultivos com défice de formação. Notícias, Maputo, 29.Jan.2008 .

Conselhos consultivos devem estar unidos - apela governador de Nampula, Felismino Tocoli. Notícias,
Maputo, 3.Fev.2007

Conselhos consultivos devem fiscalizar “sete milhões” de meticais. Notícias, Maputo, 9.Jun.2009.
Tb disponível em:
http://www.rm.co.mz/NoticiasArquivo/08Junho/Conselhosconsultivosdevemfiscalizarsetemilhoes.html. Acessado a 29 de
Junho de 2009.

Conselhos consultivos e os sete milhões de MT (Os). Notícias, Maputo, 5.Fev.2007

Conselhos consultivos identificam projectos. Notícias, Maputo, 1.Dez.2006

Conselhos consultivos: Membros devem saber ler escrever e calcular. Notícias, Maputo, 21.Jun.2008

Conselhos Consultivos precisam de formação. Notícias, Maputo, 7.Mar.2008

Conselhos consultivos reforçam democracia - considera Lucas Chomera, na abertura do XIV Conselho
Coordenador do MAE. Notícias, Maputo, 18.Set.2008

Consultivos distritais são escola de desenvolvimento - Presidente da República, Armando Guebuza,


defende aperfeiçoamento constante dos mecanismos de gestão dos fundos atribuídos aos distritos.
Notícias, Maputo, 27.Dez.2008

CONZO, Eduardo. População da Catembe queixa-se a Guebuza. Savana, Maputo, 30.Mai.2009


http://www.savana.co.mz/mediafax/68-ultimas/1095-populacao-da-catembe-queixa-se-a-guebuza-

COSSA, Nelo. “Sete milhões” cabem no banco de desenvolvimento, basta vontade política. Magazine
Independente, Maputo, 8.Jul.2009, p.16-17

Crédito - “Sete milhões”: Meluco reembolsou apenas 22 porcento. Notícias, Maputo, 2.Abr.2010.
Caderno Economia.

Crescem números sobre migração ilegal em Tete. Notícias, Maputo, 30.Jul.2008

Criados 222 mil novos de emprego em 2009. @Verdade online, 4.Fev.2010.


151

Transcrito de Correio da Manhã.


http://www.averdadeonline.com/destaques/nacional/criados-222-mil-novos-empregos-em-2009.html

Criados mais de mil postos de emprego. @Verdade online, 13.Out.2009


Transcrito de Wamphula Fax http://www.averdadeonline.com/index.php?option=com_content&view=article&id=6021:criados-
mais-de-mil-postos-de-emprego&catid=40:nacional&Itemid=61

Criados oito mil empregos em Manica. Notícias, Maputo, 17.Jun.2010

CUAMBE, Jaime. Campanha Eleitoral: Com a FRELIMO Moçambique melhorou. Notícias, Maputo,
29.Set.2009

CUAMBE, Jaime. Campanha Eleitoral: Conquistas devem servir mais concidadãos – afirma Armando
Guebuza, ao iniciar ontem a sua “caça” ao voto no Niassa. Notícias, Maputo, 21.Set.2009

CUAMBE, Jaime. Campanha Eleitoral - Festa rija na Beira acolhe candidato da Frelimo. Notícias,
Maputo, 17.Out.2009

CUAMBE, Jaime. Campanha Eleitoral: Guebuza é visionário - classifica Sheik Muamad Abubacar, num
comício em Mogovolas, onde o candidato da Frelimo recebeu promessas de voto. Notícias, Maputo,
1.Out.2009

CUAMBE, Jaime. Campanha eleitoral - Hospitalidade e promessas de voto acolhem Guebuza em


Manica. Notícias, Maputo, 20.Out.2009

CUAMBE, Jaime. Campanha Eleitoral - Na Massinga: Eleitores prometem voto na continuidade.


Notícias, Maputo, 14.Out.2009

CUAMBE, Jaime. Campanha Eleitoral: Na terra de Mondlane: Guebuza e Frelimo com simpatia em
alta. Notícias, Maputo, 12.Out.2009

CUAMBE, Jaime. Campanha eleitoral - Vitória da Frelimo em Sofala partirá dos votos de Maríngue -
assegura secretário distrital, André Chidácua, ex-guerrilheiro da Renamo. Notícias, Maputo,
19.Out.2009

CUAMBE, Jaime. Campanha Eleitoral - Votar é escolher futuro de Moçambique - Armando Guebuza,
em Vilankulo, no último dia da sua campanha em Inhambane. Notícias, Maputo, 15.Out.2009

CUAMBE, Jaime. Campanhana [sic] eleitoral - Frelimo vai promover auto-emprego para jovens -
promete Armando Guebuza falando em Marrupa, no Niassa. Notícias, Maputo, 24.Set.2009

CUMBANA, Jaime. Mais dinheiro para os Distritos. Domingo, Maputo, 30.Ago.2009, p.11

Cursos para beneficiários do FIIL. Notícias, Maputo, 8.Out.2009

Da região sul do país: Governadores discutem administração local. Notícias, Maputo, 9.Out.2006

DACALA, Alfredo. Conferência de investidores impulsionou desenvolvimento local – afirma Fernando


Macedo, administrador de Morrumbene, em entrevista ao domingo. Domingo, Maputo, 4.Abr.2010,
p.22-23

DACALA, Alfredo. Massinga passou de comprador a fornecedor de ovos e frangos. Domingo,


Maputo, 23.Ago.2009, p.8

DANÇA, Eurico. Frelimistas não reembolsam os sete milhões. Savana, Maputo, 12.Jun.2009
152

DANÇA, Eurico. Pequenos negócios podem prosperar. Savana, Maputo, 20.Mai.2009


http://www.savana.co.mz/mediafax/68-ultimas/967-pequenos-negocios-podem-prosperar-

DAVA, Gabriel; LOW, Jan; MATUSSE, Cristina. Capítulo 6: Mecanismos de Ajuda Mútua e Redes
Informais de Protecção Social: Estudo de Caso das Províncias de Gaza e Nampula e a Cidade de
Maputo. In: Ministério do Plano e Finanças; Universidade Eduardo Mondlane; Instituto Internacional
de Pesquisa em Políticas Alimentares. Pobreza e Bem-estar em Moçambique: Primeira avaliação
nacional (1996-97). Dezembro de 1998, p.316-370
www.ifpri.org/portug/pubs/books/poverty.pgf. Acessado a 11 de Junho de 2009.

De nível provincial: Gestão de projectos preocupa governos distritais em Inhambane. Notícias,


Maputo, 10.Jul.2006

De 96 milhões de meticais de 1997 a 2006: Reembolsado menos da metade do dinheiro do FARE.


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Nota: Boletim do Ministério da Indústria e Comércio.
http://www.mic.gov.mz/docs/mic_magazina/MIC%20boletim%20Especial.pdf. Acessado a 8 de Julho de 2009.

Defende a ORAM: Fundos de investimento deveria legalizar terras. Notícias, Maputo, 11.Abr.2008.
Caderno Economia.

Descasque de Amendoim: Associação de Mulheres em Mogovolas introduz máquina manual. Rádio


Moçamique, Maputo, 22.Jun.2009
http://www.rm.co.mz/NoticiasArquivo/22Junho/Descasequedeamendoimassociacaodemulheresemmogovolasintroduzmaquin
amanual.html

Desenvolvimento - Despontam pequenas indústrias em Morrumbene. Notícias, Maputo, 9.Out.2009

Dinheiro reembolsado não faz “sete milhões” . O País online, Maputo, 14.Mai.2010
http://www.opais.co.mz/index.php?option=com_content&view=article&id=6125:dinheiro-reembolsado-nao-faz-sete-
milhoes&catid=38:economia&Itemid=181

Diomba promete medidas para casos de corrupção. Notícias, Maputo, 21.Jul.2006

Distribuição de gado divide comunidades. Notícias, Maputo, 28.Jul.2008


Nota: A mesma notícia consta no jornal Notícias (online) de 2 de Agosto de 2008

Distrito da Moamba: Sete biliões incentivaram participação comunitária - segundo administrador


distrital, José Tefula. Notícias, Maputo, 20.Dez.2006

Distritos: Alocação dos sete biliões passa a obedecer a critérios. Notícias, Maputo, 29.Dez.2006

Distritos com maior autonomia financeira. Notícias, Maputo, 7.Jan.2008

Distrito continua a ser aposta da Frelimo para o desenvolvimento. O País online, Maputo, 5.Jan.2010
http://www.opais.co.mz/index.php?option=com_content&view=article&id=3791:distrito-continua-a-ser-aposta-da-frelimo-
para-o-desenvolvimento&catid=63:politica&Itemid=273

Distritos de Angoche e Mogincual com dificuldades para reembolsar Fundo de Iniciativa Local. Rádio
Moçambique [RM], 2.Abr.2009
http://www.rm.co.mz/NoticiasArquivo/02Abril/distritosfundoiniciativalocal_020409.html

Distritos precisam de mais investimentos. Notícias, Maputo, 30.Abr.2008


Nota: ver também em:
http://www.portaldogoverno.gov.mz/noticias/news_folder_econom_neg/abril2008/nots_en_247_abr_08/?searchterm=fasqui
a
153

Distritos vão beneficiar de maior volume de recursos - revela director nacional do Plano e
Orçamento, no Ministério das Finanças. Notícias, Maputo, 21.Jul.2006

DM-4: Crédito agrícola eleva produção. Notícias, Maputo, 24.Jun.2008.

Dondo regista fraco nível de reembolso. @Verdade online, Maputo, 23.Jul.2009


www.verdade.co.mz/index.php?option=com_content&view=article&id=3971:dondo-regista-fraco-nivel-de-
reembolso&catid=40:nacional&Itemid=61

É incoerente adiar eleições provinciais - Edson Macuácua. Notícias, Maputo, 22.Mai.2007

Em alguns distritos: Houve desvios de aplicação no uso dos sete biliões - reconhece o Ministro da
Administração Estatal, Lucas Chomera. Notícias, Maputo, 15.Set.2006

Em Cabo Delgado: Sete milhões de meticais precisam de melhor gestão – reconhece governador
provincial Eliseu Machava. Notícias, Maputo, 4.Mar.2008

Em Lalaua: Setenta projectos beneficiam de fundos de investimento local. Notícias, Maputo,


28.Mai.2008

Em Manica: Fundo de Iniciativas Locais privilegia acções formativas. Notícias, Maputo, 24.Jun.2008

Em Memba: Executivo insatisfeito com retorno de créditos. Notícias, Maputo, 22.Out.2007

Em Muecate: Governo incapaz de exigir devolução dos fundos do OIIL. Notícias, Maputo, 24.Fev.2009

Em Nacala-Porto: Interrompido financiamento de novos projectos do FIL. @Verdade online,


29.Out.2009
Transcrito de Wamphula Fax.
http://www.verdade.co.mz/index.php/index.php?view=article&catid=40%3Anacional&id=6473%3Ainterrompido-financiamento-
de-novos-projectos-do-fil&tmpl=component&print=1&page=&option=com_content&Itemid=61

Em Nacaroa: Mais de duas mil receberam financiamento. Notícias, Maputo, 5.Mai.2008

Em Palma, Cabo Delgado: População denuncia desmandos do administrador. Notícias, Maputo,


18.Jan.2008

Em quatro anos: Investimento estrangeiro criou 73500 empregos. Notícias, Maputo, 4.Dez.2008

Em sessões dos governos distritais: Guebuza exige detalhes sobre uso dos 7 milhões. Notícias,
Maputo, 30.Abr.2008

EMPEL, Carlien van ; URBINA, Walter; VILLALOBOS, Eloisa de. Formulação da Plataforma Nacional de
Desenvolvimento Económico Local (DEL): O Caso de Moçambique. International Labour Organization,
2006. 31 p. Second edition, Portuguese version.
www.ilo.org/public/portugue/region/.../casestudy_moz.pdf. Acessado a 9 de Junho de 2009.

Emprego em Gaza. @Verdade online, Maputo, 16.Jul.2009


http://www.averdadeonline.com/index.php?option=com_content&view=article&id=3772:emprego-em-
gaza&catid=40:nacional&Itemid=61

Entre erros e êxitos: Governo aperfeiçoa uso dos sete milhões. Notícias, Maputo, 13.Fev.2009
Tb disponível em: http://www.tropical.co.mz/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=2782
Acessado em 9 de Junho de 2009.

Eráti gasta sete biliões nas estradas. Notícias, Maputo, 19.Ago.2006


154

Estamos a vencer a pobreza - Chefe do Estado numa recepção por ocasião do fim-do-ano. Notícias,
Maputo, 20.Dez.2008

Execução do plano quinquenal: Governo no bom caminho - considera bancada parlamentar da


Frelimo no final da sessão de perguntas ao Governo. Notícias, Maputo, 5.Dez.2008

Execução dos sete milhões em Manica: Distrito de Machaze cometeu mais desvios. Notícias, Maputo,
9.Mai.2007

Expectativa reina em torno da visita do PR a Manica. Notícias, Maputo, 23.Mai.2007

FACIM expõe realizações dos sete milhões [ante-título: Segundo declarações do Presidente
Guebuza]. Zambeze, Maputo, ano VII, nº363, 3.Set.2009, p.24

Famosos “sete milhões de meticais” fomentam injustiça laboral [Os]. @Verdade online, Maputo,
23.Abr.2010
Transcrito do Correio da Manhã.
http://www.averdadeonline.com/destaques/economia/os-famosos-sete-milhoes-de-meticais-fomentam-injustica-laboral.html

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eTWkMdcX_v2jLgAhs4xaVVSflw-CFzDUb4w4V_3HWq8DmAU1iB2IOtdSOZHTbfFTXPTKfYYaNNoltg-
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Fundos de iniciativa local: Reembolso depende da comercialização agrícola. Notícias, Maputo,


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Fundo de Iniciativas Locais: Procuradoria-geral da República preocupada com desvios. Notícias,


Maputo, 24.Dez.2008

Fundos para os distritos não estão a ser bem aplicados - constata Felismino Tocoli, governador de
Nampula. Notícias, Maputo, 11.Abr.2007

Gaza: Investimento alivia Pafúri. Notícias, Maputo, 21.Nov.2008

GÊMO, Osvaldo. Afinada estratégia para desenvolver o distrito – afirma Presidente da República no
final da visita de quatro dias à província de Manica em que priorizou deslocações aos postos
administrativos. Notícias, Maputo, 28.Mai.2010

GÊMO, Osvaldo. Atribuição do FDD: Necessária transparência dos conselhos consultivos - Chefe do
Estado, Armando Guebuza, discursando em Inhazónia, no início da sua visita à província de Manica.
Notícias, Maputo, 25.Mai.2010

GÊMO, Osvaldo. Aumento das autarquias é um desafio para o país - alerta Chefe do Estado, falando
num comício na vila da Macia. Notícias, Maputo, 4.Out.2008

GÊMO, Osvaldo. Combate à pobreza: Liderança do distrito vai ser reforçada - segundo o Chefe do
Estado, que cumpre hoje a terceira etapa da sua visita a Gaza. Notícias, Maputo, 2.Out.2008

GEMO, Osvaldo. Crescimento socioeconómico: Mudanças em curso devem-se à ousadia - defende


Aiuba Cuereneia, que dirige reunião anual de promoção do desenvolvimento rural. Notícias, Maputo,
6.Set.2008

GÊMO, Osvaldo. Dentro de três a quatro anos: Moçambique deixa de importar arroz - convicção
expressa pelo Presidente da República no final da sua visita à Zambézia. Notícias, Maputo,
24.Mai.2010

GÊMO, Osvaldo. Na promoção do desenvolvimento do distrito: Potencialidades devem ser melhor


aproveitadas - Armando Guebuza no termo da sua visita de trabalho à província de Gaza. Notícias,
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GÊMO, Osvaldo. Poucos progressos no combate à pobreza. Notícias, Maputo, 3.Jun.2010

GÊMO, Osvaldo. “Sete milhões” geram riqueza discórdia e mal entendidos. Notícias, Maputo,
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Guebuza destaca papel da descentralização no desenvolvimento. @Verdade online, 19.Jul.2010


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Guebuza recebido como rei em Manica. @Verdade online, 21.Out.2009.


Transcrito de AIM.
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Guebuza reitera compromisso do Governo na agricultura. @Verdade online, Maputo, 3.Jul.2009


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Guebuza tenta mitigar a pobreza mas parece estar a cobrar sarilhos. Apenas uma minoria devolve o
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Guebuza termina visita a Nampula e ruma à Zambézia. O País online, Maputo, 18.Mai.2010
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VOL 2: "Constituição e funcionamento dos Conselhos Locais", 2005.
VOL 5: "Plano de Acção", [s.d.]
"Curso sobre Conselhos Locais", Módulos 1,2 e 3, [s.d.]

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MOHOMED, Mussá. Fundo de Desenvolvimento Local: Reembolsado pouco mais de quatro


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MOHOMED, Mussá. Moçambicanos devem sair da condição de pedintes - apela Chefe do Estado, que
já está em Tete, depois de concluir visita à Zambézia. Notícias, Maputo, 25.Mai.2009

MOHOMED, Mussá. Orçamento de Investimento Local: Reembolsos exíguos na província de Tete.


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MOHOMED, Mussá. Sete milhões: Utilização do valor deve ser avaliada pelos resultados - defende
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MOHOMED, Mussá. Virado à área agro-pecuária: Zambézia clama por um banco de desenvolvimento.
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MOISÉS, Arminosse. Inhambane. “Sete milhões” criam 5 mil postos de trabalho. Domingo, Maputo,
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Molócuè e Ile com sinais de erradicação da pobreza. Notícias, Maputo, 20.Set.2006

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http://www.opais.co.mz/opais/index.php?option=com_content&view=article&id=3532%3Acrescimento-do-pais-nao-e-o-fim-da-
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Ver tb: http://www.osisa.org/node/10708

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http://allafrica.com/stories/200906040809.html
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http://www.opais.co.mz/opais/index.php?option=com_content&view=article&id=1205:pobreza-sera-reduzida-para-
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Nota: AVIMAS - Associação de Viúvas e Mães Solteiras.

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Nota: O artigo encontra-se também disponível com o título: “Fundo de Iniciativas Locais - os 7 milhões”, no seu blog
Rabiscando Moçambique. 5 de Agosto de 2008. Acessado a 18 de Outubro de 2008.
http://basiliomuhate.blogspot.com/2008/08/fundo-de-iniciativas-locais-os-7-milhes.html
Apenas a última parte do artigo referenciado não consta no artigo colocado no seu blog.

MUIAMBO, Salomão. Com base nos fundos de impacto: Os “milagres” operados pelo consultivo de
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MUIAMBO, Salomão. Crescimento económico e social: Boa perspectiva para província do Niassa –
considera Armando Guebuza no final da presidência aberta e inclusiva. Notícias, Maputo, 22.Abr.2010

MUIAMBO, Salomão. Descentralização e desconcentração: Nipepe como exemplo da aplicação dos 7


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MUIAMBO, Salomão. Gestão dos sete milhões em Macanga : População exige transparência.
Notícias, Maputo, 16.Abril.2010

MUIAMBO, Salomão. Governo não se separa do conselho consultivo: administradora Maria Elias
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MUIAMBO, Salomão. Mecanhelas: População pede reposição de comboio. Notícias, Maputo,


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MUIAMBO, Salomão. Nipepe: como romper o ciclo da pobreza?. Notícias, Maputo, 5.Fev.2007

MUIAMBO, Salomão. O problema é a pobreza - Armando Guebuza, em presidência aberta. Notícias,


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MUIAMBO, Salomão. Órgãos locais do Estado: Desconhecimento da legislação interfere na gestão


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MUIAMBO, Salomão; CARLOS, Bernardo. Tete: PR lança projecto de exploração de carvão de Benga.
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http://www.averdadeonline.com/destaques/nacional/mulher-mocambicana-com-fraco-acesso-a-fundos-do-estado.html

Mulher rural quer acesso ao crédito e à informação. Notícias, Maputo, 17.Out.2009

Mulher rural quer protagonismo. Notícias, Maputo, 15.Out.2008

Mulheres reivindicam acesso ao crédito rural. Notícias, Maputo, 16.Out.2007

MUNGUAMBE, Titos. A nível dos distritos: A prioridade dos sete milhões. Notícias, Maputo,
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MUTHIMBA, Isaías. Na província do Maputo: Aplicação dos sete milhões corresponde às


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Na área do emprego rural: Experiências de Moçambique interessam membros da OIT. Notícias,


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Na sua visita a Cabo Delgado: Fundo de apoio local na agenda de Guebuza. Notícias, Maputo,
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Na Zambézia: PR questiona metas. Notícias, Maputo, 26.Mai.2009

NACUO, Pedro. Cabo Delgado : População de Quissanga céptica quanto ao fim da pobreza absoluta.
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NACUO, Pedro. Fundo de investimento local: Crescimento assinalável regista-se em Macomia.


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NACUO, Pedro. Ibo: mudanças a olhos vistos!. Notícias, Maputo, 6.Mar.2008

NACUO, Pedro. Na realização do PES: Desempenho de Macomia satisfaz Presidente Guebuza.


Notícias, Maputo, 21.Mai.2008

NACUO, Pedro. PR a partir de hoje em Cabo Delgado: O que é que Armando Guebuza espera
encontrar nesta visita?. Notícias, Maputo, 19.Mai.2008

Namaacha: Conselho Consultivo aprova 12 projectos. Notícias, Maputo, 5.Jul.2007

Nampula: Criados 30 mil postos de trabalho. Notícias, Maputo, 1.Jun.2009.

Nampula: desvio de fundos inviabiliza relançamento da rede comercial rural. Moçambique on-line,
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Tb em: http://www.mol.co.mz/noticias/001212.html. Acessado a 9 de Julho de 2009.

Nampula eleita modelo na gestão dos 7 milhões. Notícias, Maputo, 26.Out.2007

Nampula: expansão da rede comercial absorveu 2,6 mil milhões mt. NoTMoC , ano 2, nº39,
16.Out.2000.
http://www.mol.co.mz/notmoc/001016ec.html. Acessado a 1 de Julho.2009.
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Não há dinheiro que chegue. @Verdade online, Maputo, 27.Mai.2009


www.verdade.co.mz/index.php?option=com_content&view=article&id=2718:nao-ha-dinheiro-que-
chegue&catid=40:nacional&Itemid=61

“Não há discriminação partidária na distribuição dos 7 milhões”. O País online, Maputo, 3.Mai.2010

Nas relações com parceiros: nem sempre se fala a mesma língua. Notícias, Maputo, 11.Set.2008.
Nota: ver tb: Joseph Hanlon. Mozambique 138. News reports & clippings nº138, 23.September.2008.
http://www.open.ac.uk/technology/mozambique/pics/d100058.pdf

Necessário uso sustentável da terra. @Verdade online, Maputo, 12.Jun.2009


www.verdade.co.mz/index.php?option=com_content&view=article&id=3052:necessario-uso-sustentavel-da-
terra&catid=40:nacional&Itemid=61

Nhamatanda: população reclama demora de desembolso dos 7 milhões. @Verdade online,


2.Set.2009.
Transcrito de AIM.
http://www.averdadeonline.com/destaques/nacional/nhamatanda-populacao-reclama-demora-de-desembolso-dos-7-
milhoes.html

NHAMIRRE, Borges. 7 milhões de Guebuza descentralizam a corrupção - acusa a oposição na


Assembleia da República. Canal de Moçambique, Maputo, nº836, 8.Jun.2009

NHAMIRRE, Borges. Distrito como base de planificação e orçamentação - CIP e AWEPA questionam
discurso de Guebuza. Canal de Moçambique, Maputo, nº854, 3.Jul.2009
Tb: Posted by Manuel de Araújo a 3 de Julho de 2009, in:
http://manueldearaujo.blogspot.com/2009/07/distrito-como-base-de-planificacao-e.html

NHAMIRRE. Borges. Guebuza repete o mesmo discurso do passado e dos “sucessos” [ante-título:
Informe sobre estado da Nação sem nenhuma novidade]. Canal de Moçambique, Maputo, nº847,
23.Jun.2009

NHAMIRRE, Borges. Informe sobre estado da Nação sem nenhuma novidade. Canal de
Moçambique, Maputo, nº847,23.Jun.2009

NHANTUMBO, Santos. Distritos transformam-se em pólos de desenvolvimento - segundo o PR,


Armando Guebuza, no final da “presidência aberta” a Gaza. Notícias, Maputo, 6.Out.2008

NHANTUMBO, Santos. Fundo de iniciativas locais deve ter impacto na população – segundo chefe do
Estado, Armando Guebuza. Notícias, Maputo, 3.Out.2008

NHANTUMBO, Santos. Para combater a pobreza: Gaza deve aproveitar melhor recursos hídricos –
segundo Chefe do Estado, falando a população de Mabalane. Notícias, Maputo, 2.Out.2008

NHAZILO, Tiago F. Participação Comunitária na Gestão dos Recursos Naturais: O caso do Programa
Tchuma-Tchato em Magoé. UEM, Maputo, 2004.

“Niassa desconhecido” é conversa do passado - diz o Governador Arnaldo Bimbe. Notícias, Maputo,
18.Fev.2008

Nipepe: sempre exemplar. Domingo, Maputo, 21.Jun.2009, p.21

Nível das comunidades (A): Já há clareza na utilização dos sete milhões de meticais. Notícias,
Maputo, 9.Nov.2007

Nível de reembolso dos sete milhões continua fraco. O País online, Maputo, 11.Maio.2010
173

http://www.opais.co.mz/index.php?option=com_content&view=article&id=6022:nivel-de-reembolso-dos-sete-milhoes-
continua-fraco&catid=63:politica&Itemid=273

Nível dos distritos (A): Cabo Delgado ataca planificação e Gestão de Finanças. Notícias, Maputo,
21.Set.2007. Caderno economia.

No diálogo com o chefe do Estado: Pedidos da população reflectem crescimento. Notícias, Maputo,
14.Jun.2006

NORBERTO, Luís. O Distrito em desenvolvimento – Mogovolas: Não queremos envelhecer a vender


nacos de galinha - advertência de jovens do distrito que é o maior produtor da castanha de caju.
Notícias, Maputo, 25.Nov.2008

NORBERTO, Luís. Murrupula: A palavra passou à história. Notícias, Maputo, 17.Dez.2008

Nos distritos de Inhambane: Governador suspende uso dos sete milhões. Notícias, Maputo,
3.Abr.2007

Objectivos definidos estão a ser alcançados - afirmam governadores provinciais. Notícias, Maputo,
5.Abr.2008

OIIL criou 318 empregos na Catembe. AIM, Maputo, 30.Mai.2009.


http://www.portaldogoverno.gov.mz/noticias/news_folder_sociedad_cultu/maio2009/oiil-criou-318-empregos-na-catembe/

OIIL: Governo reconhece que faltou definição de regras. O País online, Maputo, 7.Jun.2009.
Também em: @Verdade online, 8.Jun.2009.
www.verdade.co.mz/index.php?option=com_content&view=article&id=2979:oiil-governo-reconhece-que-faltou-definicao-de-
regras&catid=40:nacional&Itemid=61

OIIL já beneficia 26 mil projectos. Notícias, Maputo, 11.Jun.2009

OJM desenvolve projectos de geração de rendimento. Notícias, Maputo, 26.Mai.2007

Operar em meados de 2007 (A): Banco lança poupanças rurais e financia agricultura - PCA da GAPI,
António Souto, fala dos objectivos e metas do projecto numa entrevista ao Notícias. Notícias,
Maputo, 20.Out.2006. Caderno Economia.

Orçamento de Investimento de Iniciativa Local: Cinco mil milhões para 26 mil projectos. Notícias,
Maputo, 28.Mar.2009

OSÓRIO, Conceição; SILVA, Teresa Cruz e. Género e governação local: Estudo de caso na província de
Manica, distritos de Tambara e Macaze. Maputo : WLSA Moçambique, 2009. 124 p.

OSÓRIO, Conceição; SILVA, Teresa Cruz e. Órgãos do poder local e participação comunitária na
Província de Manica: a participação das mulheres nos IPCC´s , Distritos de Tambara e Machaze :
Relatório. Maputo, 2008. 105 p.

Para as actividades de geração de renda e emprego: Fundos distritais devem também beneficiar os
jovens – segundo Ministro David Simango dirigindo-se a várias associações juvenis de Inhambane.
Notícias, Maputo, 11.Mai.2007

Para melhor aplicação dos sete milhões: Namaacha apoia projectos de geração de rendimentos.
Notícias, Maputo, 26.Jul.2007
Nota: Na versão online do jornal, este artigo está também no Notícias, de 4.Ago.2007.
174

Para poderem funcionar: Conselhos Consultivos precisam de técnicos - reconhece o Chefe do Estado,
que ontem trabalhou em Pemba com a Primeira-Ministra e o Ministro das Finanças. Notícias, Maputo,
1.Mai.2007

Para uso dos seus sete biliões: Búzi define prioridades de desenvolvimento. Notícias, Maputo,
19.Jun.2006

Partir de 2008 (A): Governo reforça fundo de investimento nos distritos - segundo Ministro da
Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia, em audiência parlamentar. Notícias, Maputo,
28.Nov.2007

Partir do próximo ano (A): Mais fundos para funcionamento dos distritos. Notícias, Maputo,
12.Set.2007

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Maputo, 4.Jun.2010
http://www.opais.co.mz/index.php?option=com_content&view=article&id=6681:primeira-sessao-ordinaria-da-ap-de-nampula-
agendada-para-este-mes&catid=63:politica&Itemid=273

PAULO, Daniel. Governo diz que gerou mais de 100 mil empregos. Savana, Maputo, 5.Jun.2009
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Transcrito do Diário de Noticias.
http://www.averdadeonline.com/destaques/economia/pemba-ja-tem-banco-de-microcredito-rural.html

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PGR quer celeridade na recuperação de fundos roubados. @Verdade online, 10.Mar.2010.


Transcrito de AIM.
http://www.averdadeonline.com/destaques/nacional/pgr-quer-celeridade-na-recuperacao-de-fundos-roubados.html

Pessoas estão no seu direito de criticar presidência aberta (As). @Verdade online, Maputo,
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www.verdade.co.mz/index.php?option=com_content&view=article&id=3126:as-pessoas-estao-no-seu-direito-de-criticar-
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“Pobreza não acaba sozinha”: Guebuza. @Verdade online, Maputo, 12.Mai.2010


Transcrito de AIM.
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População insurge-se contra seu administrador em Chemba. O País online, 2.Ago.2010


http://www.opais.co.mz/index.php/politica/63-politica/8276-populacao-insurge-se-contra-seu-administrador-em-chemba.html

PR enaltece valores da independência. Notícias, Maputo, 25.Jun.2008

PR escala Maputo e ausculta Catembe. Notícias, Maputo, 29.Mai.2009

PR quer mais intervenção dos conselhos consultivos. Notícias, Maputo, 2.Jun.2009

PR relança desafios de 2005. O País online, Maputo, 15.Jan.2010


http://www.opais.co.mz/index.php?option=com_content&view=article&id=4053:pr-relanca-desafios-de-
2005&catid=63:politica&Itemid=273

Presidência aberta e inclusiva. Uma escola de governação - considera Armando Guebuza, num
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Presidência Aberta. Inhambane próxima escala. Notícias, Maputo, 28.Mai.2007

Presidência Aberta. Ministros avaliam recomendações do PR. Notícias, Maputo, 8.Mar.2010

Presidência Aberta. Pobreza de espírito pode emperrar desenvolvimento. Domingo, Maputo,


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Presidência Aberta. Populares apresentam denúncias a Guebuza. O País online, 26.Mai.2010


http://www.opais.co.mz/index.php?option=com_content&view=article&id=6440:presidencia-aberta-populares-apresentam-
denuncias-a-guebuza&catid=63:politica&Itemid=273

Prestada ontem ao Parlamento: Informação do PR traça grandes desafios - consideram deputados da


bancada maioritária. Notícias, Maputo, 25.Dez.2008

Primeiro secretário da Frelimo acusado de inviabilizar acesso aos “sete milhões” . O País online,
Maputo, 12.Mai.2010
http://www.opais.co.mz/index.php?option=com_content&view=article&id=6062:primeiro-secretario-da-frelimo-acusado-de-
inviabilizar-acesso-aos-sete-milhoes&catid=63:politica&Itemid=273

Produção alimentar não deve depender da queda das chuvas - considera o Presidente da República.
Notícias, Maputo, 20.Abr.2007

Produtores de castanha clamam por créditos. Notícias, Maputo, 1.Dez.2007

Produzir ananás para vencer pobreza - aposta de um empreendedor de Nicoadala, na Zambézia.


Notícias, Maputo, 16.Dez.2008
176

Programa do Governo foi sancionado pelo povo - considera o deputado Edson Macuácua. Notícias,
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http://www.pap.org.mz/downloads/relatorio_visitas_cabo_delgado_e_niassa_rev1_conj.pdf. Acessado a 9 de Julho de 2009

Projecto Tchuma-Tchato: Demarcação de terras em fase avançada em Tete. Notícias, Maputo,


19.Jun.2007.

Província do Maputo: Há bolsas de fome em algumas regiões – confirma Presidente da Assembleia


da República, que ontem terminou jornadas parlamentares neste círculo eleitoral. Notícias, Maputo,
2.Jul.2010

Província do Maputo: Produção global cresce em mais de 21 porcento. Notícias, Maputo, 19.Jul.2010

Quatro projectos dos “sete milhões” sem paradeiro. O País online, Maputo, 3.Dez.2009
http://www.opais.co.mz/opais/index.php?option=com_content&view=article&id=3390:quatro-projectos-dos-sete-milhoes-
sem-paradeiro&catid=38:economia&Itemid=181

Quinquénio: distrito passou a ter maior expressão. AIM, Maputo, 23.Jun.2009


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http://www.rm.co.mz/NoticiasArquivo/22Junho/Mocambiquedistritocomobasedeplanificacaosocialeeconomicadopais.html

QUIVE, Samuel. Sistemas formais e informais de protecção social desenvolvimento em Moçambique. II


Conferência IESE, “Dinâmicas da Pobreza e Padrões de Acumulação Económica em Moçambique”.
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http://www.iese.ac.mz/lib/publication/II_conf/CP43_2009_Quive.pdf. Acessado a 11 de Junho de 2009.

RAFAEL, Adelson. Os “pecados capitais” do Fundo de Investimento de Iniciativa Local. O País online,
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http://www.opais.co.mz/opais/index.php?option=com_content&view=section&layout=blog&id=16&Itemid=311&limitstart=18

RAFAEL, Adelson. Uso e aplicação dos “sete milhões”: “Quo Vadis”? (1). Diário da Zambézia, Jornal
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RAIVA, Francisco. “Sete milhões” geram conflito em Mutarara. O País Online, Maputo, 26.Mai.2009.
http://www.opais.co.mz/opais/index.php?option=com_content&view=article&id=1443:sete-milhoes-geram-conflitos-em-
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Recursos do Estado serão afectados criteriosamente. Notícias, Maputo, 13.Mai.2006.

Redução da pobreza: Governo deve continuar a manter o mesmo ritmo - exorta Comité Central da
Frelimo, que destaca a alocação de sete milhões aos distritos como marca do mandato prestes a
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Reembolso de fundos é preocupante em Nampula - segundo a deputada Margarida Talapa. Notícias,


Maputo, 14.Jul.2010.

Reembolso do EDD / Guebuza defende mudança de percepção. @Verdade online, 19.Jul.2010


http://www.averdadeonline.com/destaques/nacional/reembolso-do-fdd-guebuza-defende-mudanca-de-percepcao.html

Reembolso dos sete milhões ainda muito lento em Namaacha. Notícias, Maputo, 11.Mai.2010
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Reembolsos exíguos do Orçamento de Investimento de Iniciativa Local na província de Tete. TVM,


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http://www.tvm.co.mz/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=2401. Acessado a 1 de Setembro de 2009.

Reembolsos - Produção agrícola compromete FDD. Notícias, Maputo, 2.Jul.2010. Caderno Economia.

Regone rergue-se no comércio. @Verdade online, 1.Abril.2010.


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Relatórios não servem para avaliar desempenho - Felisberto Machava, no balanço de 2007 em
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Quelimane, Ano III, n°831, 30.Jun.2010, p.1, 4

ZIMBA, Anselmo (apres.). Descentralização Fiscal: Fundamentos do Orçamento de Investimento Local:


Origem, operação e perspectivas. UN Mozambique - Internal Workshop on Decentralisation in
Mozambique, Maputo, 1st December, 2008.
185

Nota: Apresentação em power point.


186

ANEXO 1 - Trabalho de Campo Realizado

1. Trabalho de campo na Província de Sofala

O trabalho de campo em Sofala realizou-se em três fases, cobrindo o período de 05 de


Julho até 04 de Agosto:

De 05 de Julho até 14 de Julho – recolha de informações na Cidade da Beira pela assistente


de pesquisa, Augusta Maíta.
De 15 a 23 de Julho – Trabalho de campo nos Distritos de Búzi (3 dias e Chemba (4 dias), o
período de trabalho de campo mais reduzido mas que ainda assim permitiu recolher dados
importantes.
De 24 de Julho a 04 de Agosto - Início da introdução de dados e verificação de informação
por recolher na cidade da Beira.

Foram contactadas as seguintes instituições e organizações na Cidade da Beira:

- Secretaria Provincial
- Direcção Provincial da Mulher e Acção Social (DPMAS)
- Direcção Provincial de Agricultura (DPA)
- Direcção Provincial do Plano e Finanças (DPPF)
- Direcção Provincial da Indústria e Comércio (DPIC)
- Instituto Nacional de Acção Social (INAS)
- Organização da Mulher Moçambicana (OMM)
- Agência de Desenvolvimento Económico Local (ADEL)
- Presidente da Associação “Mandja Sifumba”, “mãos não são esteiras, são para trabalhar”.

1.1. Distrito de Búzi

- Administrador
- Presidente da UDAC (União Distrital das Associações de Camponeses)
- Presidentes da UDAC, Projecto Agrícola de Chicumbua
- Serviço Distrital de Actividades Económicas – Sector de Pesca de Pequena Escala
- Presidente e Promotora de Poupança e Crédito Rotativo, PCR em Danga, Posto
Administrativo de Sofala

1.2. Distrito de Chemba

- Administrador
- Secretária Distrital da OMM
- Serviço Distrital de Saúde, Mulher e Acção Social – Repartição da Mulher e A. Social
D. Belita (Ardência Francisco Artur)
- Entrevista Colectiva com membros das Associações da OMM (5 entrevistadas dum total
de 18 mulheres e 2 homens presentes)
- Juiza Eleita do Tribunal Comunitário do 2º Bairro, membro duma Associação da OMM.
187

2. Trabalho de campo na Província da Zambézia

O trabalho de campo na Zambézia realizou-se em três fases, cobrindo o período de 05 de


Julho até 23 de Agosto:

De 05 de Julho até 28 de Julho – recolha de informações na Cidade de Quelimane pela


assistente de pesquisa, Josina Nhantumbo.
De 29 de Julho até 11 de Agosto – Trabalho de campo nos Distritos de Gurué e Namacurra.
De 12 a 23 de Agosto – Início da introdução de dados e verificação de informação por
recolher na cidade de Quelimane.

Foram contactadas as seguintes instituições e organizações na Cidade de Quelimane:

- Direcção Provincial da Mulher e Acção Social (DPMAS)


- Instituto Nacional de Assistência Social (INAS)
- Núcleo das Associações Femininas da Zambézia (NAFEZA)
- FONGZA (Fórum das ONG’s da Zambézia)
- Secretariado Provincial da Organização da Mulher Moçambicana (OMM) e Secretariado da
OMM da Cidade de Quelimane
- Direcção Provincial do Plano e Finanças (DPPF - FARE e FIIL)
- Direcção provincial de Agricultura (DPA)
- Direcção Provincial do Comércio (DPC)
- Associação de Desenvolvimento Local da Zambézia (ADELZA)
- Gabinete Para a Promoção e Desenvolvimento da Mulher na Zambézia (GPPDMZ).
- Associação de Mulheres Empresárias da Zambézia (ACTIVA).

2.1. Distrito de Gurué

Reuniões e encontros:

- Administrador
- Chefe de Repartição de Planificação e Desenvolvimento – Acompanhamento OILL
- INAS – a Delegação do Gurué trabalha com os distritos: Gurué, Ile, Namarroi, Milange e
Alto-Molocué
- Serviço Distrital de Actividades Económicas
- Secretária Distrital da OMM
- Gestor da COPSA – Cooperativa Agrícola de Prestação de Serviços – criada em 2008
(recebeu OIIL) – 8 associações de camponeses, de mulheres e mistas (parceria com CLUSA)
- Padre Marcos – Centro Polivalente Lione Dehone
- Organização dos Trabalhadores Moçambicanos (OTM)
- Gestor da CLUSA (Cooperative League of The United States of America) – produção de
soja – 121 associações assistidas

Entrevistas realizadas:

- Presidente Associação Mulheres em Luta Contra a Pobreza (Secretária Distrital da OMM) –


recebeu OIIL
- Presidente Associação Hotxecula – Professora Primária – recebeu OIIL
- Beneficiário de Programa de Geração de Rendimentos (PGR/INAS)
188

- Grupo Cangala (Casa onde se vende bebida, onde se bebe) – confecção de cabanga -
recebeu OIIL
- Irmã Graça, Congregação Capuchinhas – apoio a grupos vulneráveis, sobretudo mulheres;
formação e atendimento na área da Medicina Verde

Posto Administrativo de Lioma:

- Associações agrícolas de mulheres em Ruace, Posto Administrativo de Lioma (cerca de


40)- Experiência de PCR (4 grupos)
- Mulher com banca fixa – Lioma – Recebeu OIIL
- Presidente da Associação agrícola Ovilela – Recebeu OIIL – tem grupo de PCR

2.2. Distrito de Mocuba

Reuniões e encontros:

- Delegado do INAS na Delegação de Mocuba (que trabalha com os distritos de Mocuba,


Maganja da Costa, Lugela, Gilé, Pebane e Namacurra
- Presidente da Associação AMUDEZA (Associação das Mulheres Domésticas da Zambézia)

2.3. Distrito de Namacurra

Reuniões e encontros:

- Administrador
- Secretária Permanente
- Secretária Distrital da OMM
- Conservadora do Distrito
- Procuradora do Distrito

Entrevistas realizadas:

- Senhora que recebeu OIIL para criação de frangos


- Associação AMUONA (Associação das Mulheres Organizadas de Namacurra), 30 membros
– corte e costura; aconselhamento para testagem voluntária; machamba de milho e
hortículas (recebeu OIIL)
- Seis (6) beneficiários – 4 mulheres e 2 homens - de Benefício Social pelo Trabalho
(BST/INAS)
- Associação Mulheres Amigas de Maulate (agrícola) – 48 mulheres e 11 homens. Criada em
1988
- Associação AKANA (agrícola) – 27 mulheres e 3 homens (recebeu OIIL)

Posto Administrativo de Macuze

Entrevistas realizadas:
189

- Associação Mulheres Primeiro (IRD-International Relief Development) – 11 mulheres e 1


homem - comercialização. Grupo 7 de Abril, PCR, 52 pessoas com crédito rotativo
- Associação de Mulheres Pescadoras de Madingo – 10 mulheres e 2 homens – (Recebeu
OIIL, 2007) – comercialização
- Associação Mundo da Sorte, Localidade Mbaua – 80 mulheres e 40 homens – Agricultura,
Saúde, Educação, recebeu OIIL (NEC – Núcleo de Estudos da Criança - melhoria da qualidade
do ensino)

3. Dificuldades durante o trabalho de campo

Nos primeiros encontros do Comité Técnico-Científico foi levantada e debatida a questão da


oportunidade desta pesquisa num ano “especial” de eleições, de balanço do Plano
Quinquenal, de visitas presidenciais e a decisão foi de aceitar o desafio, conscientes dos
riscos e da influência nos dados a recolher.

Para além desta questão fundamental houve outros desafios que a equipa da pesquisa teve
de enfrentar:

Atraso na saída para o trabalho de campo, reduzido tempo de trabalho de campo no


Distrito do Búzi e no geral em Sofala
Informação pública não disponível
Recolha e organização não uniforme dos dados por parte das instituições consultadas
Não acompanhamento regular e sistemático sobre associações, projectos, etc. – há dados
sobre associações e/ou projectos que já não estão operacionais
Controlo do trabalho realizado na província e distrito; dificuldade no acesso a informações
e, pessoas
Acidente de viação a caminho de Chemba, a 20 de Julho de 2009, o que impediu que se
realizasse 1 semana de trabalho de campo neste distrito, para além da transtorno
provocado no ambiente pessoal e de trabalho.

Importa referir que nem sempre foi possível realizar o trabalho como planificado. Referimo-
nos concretamente a entrevistas que gostaríamos de fazer a membros individuais mas em
que nos víamos confrontadas com quase todos os membros duma determinada associação
e que, muitas das vezes haviam aguardado pela nossa chegada mais de 2 horas. Nestas
situações procurávamos seguir o guião da entrevista, na medida do possível, tentando
conhecer os membros presentes, mulheres e homens, a sua história na associação, os
desafios e perspectivas.

Na província da Zambézia deparámo-nos igualmente com as seguintes dificuldades:

A credencial da Universidade Eduardo Mondlane passada para a Assistente de Pesquisa não


foi aceite nas instituições o que obrigou a solicitar à DPMAS Zambézia uma outra credencial
A DPPF Zambézia não tem dados descriminados por sexo ao nível dos distritos. Os dados
obtidos são globalizados. A equipa de trabalho, com o apoio da DPMAS, solicitou que a
DPPF organizasse os dados por forma a permitir uma melhor análise
A DPMAS não possui dados sobre as associações de mulheres, os quais foram obtidos junto
da NAFEZA
A ADELZA não está mais em funcionamento.
190

ANEXO 2 - Entrevistas Realizadas (Província de Sofala e da Zambézia)

PROVÍNCIA DE SOFALA

TIPO DE TIPOLOGIA XITIQUE, GRUPO OIIL, MICRO-


FAMÍLIA ASSOCIAÇÃO AJUDA MÚTUA CRÉDITO, INAS
POUPANÇA E
CRÉDITO
ROTATIVO
DISTRITO BÚZI
Administrador
Presidente União Homem casado Agrícola OILL 2008
Distrital Associações 1255 M (tractores)
Camponeses, 10 580 H
Associações
10 Presidentes das 7 casadas Agrícolas Receberam OIIL
Associações de 1 viúva
Camponeses, 8 2 casados
mulheres e 2 homens
Serviço Distrital
Actividades Económ
P. A. Sofala - Localidade Danga
Presidente e Casadas Comércio – compra PCR Presidente solicitou
Promotora de PCR em e venda de OIIL em 2008 a
Danga produtos título individual p
Mas gostariam de comprar moagem
comprar máquina (50-60 projectos
de costura em Nova Sofala
financiados pelo
OIIL, de acordo c a
Presidente)
DISTRITO CHEMBA
Administrador
Secretária Distrital Casada Agrícola, e OIIL 60 mil, 2008
OMM hospedaria (hospedaria)
INAS, Projectos Des
Comunitário
Empreendedora Viúva Hospedaria Tentou promover OIIL 2008
xitique, PCR mas
não teve êxito
Membros de várias Vários tipos de Associações Não há experiência
associações sobretudo família agrícolas ligadas à de xitique ou PCR
mulheres OMM para
combater a fome,
por iniciativa da
Secretária Distrital
OMM
Juiza Eleita do Tribunal Casada Membro duma Apresentou
Comunitário do 2º associação de proposta de
Bairro camponesas da projecto mas não
OMM recebeu OIIL
191

PROVÍNCIA DA ZAMBÉZIA

TIPO DE FAMÍLIA TIPO DE POUPANÇA E OIIL, MICRO-


ASSOCIAÇÃO CRÉDITO CRÉDITO, INAS
ROTATIVO
QUELIMANE
NAFEZA Tem 54 associações
filiadas nas áreas de
agricultura,
saneamento,
educação, HIV/SIDA,
preocupando-se com
a integração das
questões de género.
O FNUAP é o
principal parceiro.
As associações
cruzam-se em
questões de
advocacia mas cada
uma é independente.
Am Agosto 2009 a
NAFEZA iniciou um
novo projecto sobre
Violência contra a
mulher.
Secretária Controlam, assistem No Gurué, Lioma
Provincial OMM e apoiam 88 têm associações de
Associações, nas camponesas com
áreas de agricultura, as culturas de soja,
costura, salinas, milho.
fabriqueta de caju, Em Namacurra têm
criação de perus, 35 associações
extracção de ouro, financiadas pelo
hospedaria, compra OILL
e venda de peixe,
piscicultura,
confecção de
alimentos, moageira
Director Adjunto
DPMAS
INAS
DISTRITO GURUÉ
Administrador
Repartição de
Planificação e Des
Local
INAS
Serviço Distrital
Acts Económicas
Secretária Distrital Separada Associação OIIL 2008
OMM Mulheres em Luta (Fez projecto
contra a Pobreza individual p
(3mulheres, 2 comprar máquina
separadas e 1 viúva) de costura não
Comercialização de aprovado
feijão e venda de
carne
Professora Primária Casada Hotxecula, Faziam xitique OIIL 2008
192

confecção enxoval na Escola mas


de bebé, bordados, desistiram por
panos falta de
confiança
10 mulheres de Grupo Cangala, OIIL, 2007 - cada
Diversos tipos de confecção de mulher recebeu
família Cabanga 2.500MT p devolver
em 2008
Homem portador Casado Comércio, compra e INAS, PGR
de deficiência venda de produtos
Irmã Graça,
Capuchinha
OTM
Gestor COPSA, 8 Clube de
associações de negócios????
camponeses no PA
Lioma
Delegado CLUSA
Padre Marcos Emprego para
mulheres que
trabalham no Centro
Polivalente
P. A. LIOMA – Localidade de Ruace
Cerca de 40 mulheres Agrícolas PCR (Visão
de várias associações: Algumas destas Mundial)
- Teresa Salada, associações são
ADEMUR, separada apenas de mulheres,
de um casamento outras são mistas. As
polígamo, 2 filhas e 3 mulheres têm as
netos. suas machambas
- Mª da Conceição, individuais onde
ADEMUR, cultivam soja, milho,
separada, 8 filhos (1 feijão boer, nhemba,
falecido, 2 casadas e 5 manteiga, soloko,
menores). mapira, girassol,
- Rosa José, ADEMUR mandioca, abóbora,
Separada, 3 filhos batata, mas algumas
menores. delas cultivam soja
- Ana Maria, ADECOR, na machamba da
separada, 5 filhos (30 CLUSA, antiga
anos). CAPELE que depois
- Gracinda Eratone, foi UDARLE após a
ADECOR, viúva, sem independência.
filhos, vive com uma A CLUSA apoia no
sobrinha. tempo da sacha.
- Bina Sandra Também tem
Empameia, ADECOR, ensinado a fazer leite
casamento e pães de soja,
monogámico, 5 filhos bolinhos, massa.
e 4 netos órfãos. O
marido tambem é
associado num outro
grupo.
- Maria de Lurdes
Armasia, ADEMUR,
Casada, o marido é
também associado.
- Lúcia Sábado,
ADEMUR casada.
- Madalena António,
ACABA POBREZA
193

(associação mista),
casada 4 filhos.
- Arminda Ambrósio,
JOSINA MACHEL
(associação mista),
casada 6 filhos.
- Maria Rosa João,
ADEMUR, casada 3
filhos.
- Carlota Sousa,
ADEMUR, separada 5
filhos.
- Fanita Nacuatiana,
ACABA POBREZA,
casada 5 filhos.
- IRMÃOS UNIDOS.
MINISTÉRIO FAMILIA
(machambas
separadas).

LIOMA- SEDE
Solteira Banca Fixa OIIL
Casada Presidente da PCR OIIL
Associação Ovilela, (Visão Mundial)
mulheres
camponesas, semeia
soja e recebe apoio
da CLUSA para a
lavoura mecânica,
semente, sacha.
Cada associada tem a
sua machamba. A
Presidente semeia
cebola, soja na sua
machamba.
DISTRITO DE MOCUBA
INAS
Presidente Casada AMUDEZA OIIL

DISTRITO DE NAMACURRA
Administrador
Secretária
Permanente
Mulher Casada É também membro OIIL para criação de
da AMUONA frangos 2008
30 membros AMUONA, Corte e OIIL 2007
Costura;
Aconselhamento p
Testagem Voluntária;
machamba milho e
hortículas
Conservadora Viúva Comércio Recebeu FARE 1992
Distrital
4 mulheres 3 mulheres viúvas, 1 INAS, BST
e 2 homens divorciada e 2 homens
16 mulheres e 7 Associação Mulheres
homens Amigas de Maulate,
agrícola
Associação AKANA,
27 mulheres e 3
194

homens, agrícola
Secretária Distrital Casada Associação das OIIL 2008
OMM Mulheres Amigas de
Namacurra, 4
mulheres casadas,
agrícola
Procuradora Solteira
Distrital

P. A. MACUZE
Chefe P. A.
11 mulheres e 1 Casada, presidente Associação Mulheres PCR, Grupo 7 de
homem Primeiro, IRD Abril (IDPP)
52 pessoas com
crédito rotativo
Associação de OIIL
Mulheres Pescadoras
de Madingo
(AMPEMA)
Comercialização
P. A. MACUZE - LOCALIDADE MBAUA

Associação Mundo OIIL 2008


da Sorte, 80
mulheres e 40
homens:
Agricultura, Saúde,
Educação
195

Anexo 3 - Apresentação e Discussão dos Resultados da Pesquisa

PROVÍNCA DE SOFALA

Questões que foram debatidas nos grupos de discussão:

- Diferenças e semelhanças entre os distritos

- Movimento Associativo endógeno e exógeno e actividades geradoras de rendimento

- Entendimento do que é o empoderamento. Como as instituições provinciais e distritais


contribuem para a sua compreensão? Acções de formação; acompanhamento das
actividades geradoras de rendimento; reflexão sobre as actividades; partilha de informação
entre distritos e províncias

DISTRITO DO BÚZI DISTRITO DE CHEMBA

Corredor Interior

Mais potencialidades Potencialidades

Há associações de 2 tipos, baseadas em ajuda mútua e Tem mais associações de carácter exógeno
de interesse exógeno, mas as endógenas parecem ser
em maior número

Associações de carácter endógeno e exógeno são importantes mas como OIIL algumas têm a tendência a ser
exógenas

Há resultados visíveis de associações de Poupança e Crédito Rotativo (PCR)

Algumas associações foram potenciadas por ONG’s

Associações na sua maioria não têm carácter legal Associações na sua maioria não têm carácter legal

O número de associações tem tendência a aumentar devido ao OIIL

As mulheres são menos beneficiadas pelo OIIL

Maior número de mulheres associadas Mulheres são membros das associações mas não
participam na venda

Actividades geradoras de rendimento diversificadas Actividades geradoras de rendimento não


diversificadas

Menos empresas fomentadoras Mais empresas fomentadoras

Clubes de negócios e fóruns Não existem com a mesma organização

Empoderamento - Capacidades de criar auto-sustento de mulheres/homens no seio das famílias comunidades.


PCR e Associações agro-pecuárias. Dar mais possibilidade às mulheres e capacidade de dirigir e decidir para
melhor contribuírem no combate à pobreza; dar mais poder às mulheres de modo a afirmarem-se na sociedade
196

Constrangimentos – empoderamento como processo com dificuldade de avançar por razões culturais; fraca
organização (associativa e de fundos); falta de solidariedade; fraca gestão financeira

Há seminários de formação e de capacitação, sensibilização e encorajamento a vários níveis e sectores faltando


a monitoria.

PROVÍNCIA DA ZAMBÉZIA

DISTRITO DO GURUÉ DISTRITO DE NAMACURRA

Zona montanhosa; facilidade de vias de acesso e Parte costeira e atravessado por um corredor
escoamento; factores agro-climáticos facilitam o
desenvolvimento de actividades geradoras de
rendimento

Predomina o cultivo de milho, feijões, batata, chá Predominantemente agrícola com o cultivo de arroz,
mandioca e outros

Maior número de órfãos devido à guerra, HIV/SIDA e emigração; de idosos, de mães solteiras, viúvas e
divorciadas; discriminação das pessoas devido à sua proveniência; participação de mulheres nas escolas

Todos os distritos têm associações, mas as endógenas são mais sustentáveis porque resultam do esforço dos
associados o que diferencia das exógenas que correm riscos de falência; associações maioritariamente
lideradas por mulheres; poucos distritos têm o hábito de fazer xitique mas existe uma actividade designada de
kukumbe; pouca responsabilidade na abordagem dos financiamentos externos; ausência de estudo de
viabilidade em quase todas as associações para o desenvolvimento de actividades geradoras de rendimento

Associações pesqueiras

Associações na sua maioria não têm carácter legal

As mulheres são menos beneficiadas pelo OIIL

Associações lideradas maioritariamente por mulheres Associações lideradas maioritariamente por homens

As taxas de reembolso praticadas nas caixas de poupança variam de associação para associação; verifica-se
uma distribuição desigual de instituições de micro-crédito entre distritos, o que leva à existência de diferenças
de oportunidades

Empoderamento - Capacidades de criar oportunidade para a mulher para se desenvolver e gerir os seus
negócios contribuindo para a tomada de decisões; criar capacidades mentais, físicas e humanas para a tomada
de decisões correctas sobre a vida social, económica, cultural e política; dar oportunidades à mulher para
defender os seus interesses

Constrangimentos – empoderamento como processo com dificuldade de avançar por razões culturais; fraca
organização (associativa e de fundos); falta de solidariedade; fraca gestão financeira

Encontros com os Conselhos Consultivos Locais sobre o estatuto da mulher; trocas de experiências entre
distritos e associações; formação sobre liderança, associativismo, gestão de fundos; mobilização para a
participação na alfabetização; partilha de informação entre diversos níveis; supervisão, monitoria e avaliação;
apoio institucional de nível provincial e distrital
197

Anexo 4 - Referências específicas sobre os distritos alvo do presente estudo e


relativos ao OIIL, entre 2006 e 2009 surgidas nos órgãos de informação ou
trabalhos realizados

SOFALA

BÚZI

2006

Para uso dos seus sete biliões: Búzi define prioridades de desenvolvimento. Notícias, 19.Jun.2006

Em alguns distritos: Houve desvios de aplicação no uso dos sete biliões - reconhece o Ministro da Administração
Estatal, Lucas Chomera. Notícias, Maputo, 15.Set.2006

2007

Búzi aprova 64 projectos no âmbito dos sete milhões - Maior parte destina-se à produção de comida, segundo o
administrador Sérgio Moiane. Notícias, Maputo, 7.Set.2007

JANEIRO, António. Búzi alcança segurança alimentar. Notícias, Maputo, 8.Jun.2007

JANEIRO, António. CC é fundamental na gestão dos sete milhões – segundo Chefe do Estado, que também quer
maior geração de emprego e desenvolvimento nos distritos. Notícias, Maputo, 23.Mai.2007

GOTSCHI, Elisabeth. The “Wrong” Gender? Distribution of Social Capital in Groups of Smallholder Farmers in Búzi
District, Mozambique. Universität für Bodenkultur Wien, Institut für nachhaltige Wirtschaftsentwicklung, Juli 2007.
Diskussionspapier DP-26-2007. 24 p.

2008

JANEIRO, António. Distrito em desenvolvimento - Búzi, Gorongosa, Machanga, Marromeu : Apesar dos avanços os
solavancos estão lá!. Notícias, Maputo, 24.Dez.2008

Sete milhões : Criados 423 postos de trabalho no Búzi. Notícias, Maputo, 27.Jun.2008

Finanças descentralizadas: Dinheiro já está nos distritos de Sofala. Notícias, Maputo, 14.Abr.2008

GOTSCHI, Elisabeth, NJUKI, Jemimah and DELVE, Robert . Gender equity and social capital in smallholder farmer
groups in central Mozambique. Development in Practice, vol.18, nº4-5, Aug.2008, p. 650- 657

2009

CENTRO DE INTEGRIDADE PÚBLICA (coord.). Aspectos Críticos da Governação Local em Moçambique: Um olhar
sobre 6 Distritos e 3 Autarquias - Bilene, Mabalane, Búzi, Cheringoma, Montepuez, Chiúre, Manjacaze, Marromeu,
Mocímboa da Praia. Maputo: Edição Associação Moçambicana para o Desenvolvimento e Democracia
(AMODE), Centro de Integridade Pública (CIP), Grupo Moçambicano da Dívida (GMD)
e Liga dos Direitos Humanos (LDH). Maio de 2009. 72 p.

Distritos não cumprem na totalidade os seus planos - indica relatório de Monitoria e Governação Local
recentemente divulgado. Notícias, Maputo,25.Mai.2009

AM tem fraquezas na fiscalização dos municípios. O País online, Maputo, 24 Maio 2009.
198

Búzi mostra sinais de desenvolvimento – reconhece o Chefe do Estado que atribui o facto à boa aplicação dos “sete
milhões” naquela região da província de Sofala. Notícias, Maputo, 31.Jul.2009

Indonésios querem explorar gás de Búzi. Notícias, Maputo, 28.Abr.2009

Armando Guebuza insta população de Búzi a trabalhar mais. O País online, Maputo, 31.Jul.2009

Assembleias locais não fiscalizam os municípios - revela estudo sobre Governação Local em Moçambique. Notícias,
Maputo, 29.Mai.2009

TVEDTEN, Inge; PAULO, Margarida; ROSÁRIO, Carmeliza. Monitoria e Avaliação da Estratégia de Redução da
Pobreza (PARPA) de Moçambique, 2006-2008: Uma Sinopse de Três Estudos Qualitativos sobre a Pobreza Rural e
Urbana. Bergen: Chr. Michelsen Institute, 2009. R 2009: 5. Título do projecto: Estudos qualitativos sobre a pobreza
em Moçambique 2006-2011

CHEMBA

2006

Com os seus sete biliões: Chemba espera minorar crise provocada pela estiagem. Notícias, Maputo, 24.Jul.2006

SIXPENCE, Eduardo. Chemba: Desenvolvimento refém da energia de HCB. Notícias, Maputo, 24.Jul.2006

2007

LUÍS, Rodrigues. Chemba à margem do desenvolvimento. Notícias, Maputo, 13.Out.2007)

JOÃO, Horácio. Aplicação dos sete milhões: Administradores de Sofala prometem corrigir erros. Notícias, Maputo,
2.Jul.2007

Renamo acusa Frelimo de manietar seus membros. Notícias, Maputo, 17.Mai.2007

2008

JOÃO, Horácio. Chemba reidentifica [sic] áreas de conflito Homem/animal. Notícias, Maputo, 22.Jul.2008

JOÃO, Horácio. Fundos de Iniciativa Local : Chemba enfrenta lentidão no reembolso. Notícias, Maputo, 12.Jul.2008

Finanças descentralizadas: Dinheiro já está nos distritos de Sofala. Notícias, Maputo, 14.Abr.2008

Fundo de iniciativa local: Vaquina exige mais seriedade na análise. Notícias, Maputo, 7.Ago.2008

LUÍS, Rodrigues. Combate à pobreza: Frutos despontam em Sofala. Notícias, Maputo, 22.Out.2008

2009

MAZIVE, Almiro. Com a presidência aberta e inclusiva: Moçambique está a mudar. Notícias, Maputo, 15.Ago.2009
199

ZAMBÉZIA

NAMACURRA

2006

Não há notícias.

2007

Não há notícias.

2008

ACHAR, Jocas. Namacurra: Escassez de infra-estruturas dificulta desenvolvimento segundo administrador distrital,
em relatório ao Presidente da República na sessão do Conselho Consultivo local. Notícias, Maputo, 19.Jul.2008

ACHAR, Jocas. Visita de Guebuza vai incentivar desenvolvimento da Zambézia - afirmam cidadãos entrevistados pelo
“Notícias”, em Quelimane. Notícias, Maputo, 15.Jul.2008

2009

Não há notícias.

GURUÉ

2006

ACHAR, Jocas. Gurué: Custo de vida altíssimo. Notícias, Maputo, 15. Mai.2006)

ACHAR, Jocas. Gurué: passado majestoso, presente indecoroso. Notícias, Maputo, 15.Mai.2006

2007

Gurué, na Zambézia : Falta crédito para retoma da agricultura comercial. Notícias, Maputo, 16.Nov.2007

2008

Interferências lesam gestão dos sete milhões - queixam-se administradores da Zambézia. Notícias, Maputo,
29.Abr.2008)

2009

ACHAR, Jocas. Apesar de bolsas de fome: Alguns distritos produzem além das suas necessidades alimentares.
Notícias, Maputo, 6.Março.2009

Gúruè [sic] com níveis de crescimento impressionantes. AIM, Maputo, 22.Mai.2009

MOHOMED, Mussá. Virado à área agro-pecuária : Zambézia clama por um banco de desenvolvimento. Notícias,
Maputo, 23.Mai.2009
200

SAMO GUDO, Elias. O que não foi dito ao Presidente em Gurué. Notícias, Maputo, 1.Jun.2009

ACHAR, Jocas. Sete milhões de meticais: Priveligiar [sic] diálogo é tarefa dos gestores – tónica dos discursos
proferidos pelo Chefe do Estado, Armando Guebuza, na recém -termianda [sic] visita à Zambézia. Notícias, Maputo,
28.Mai.2009

Gurue em crescimento. @Verdade online, 22.Mai.2009


201

Anexo 5 – Moçambique - Fundos Existentes277

*Fundo de Desenvolvimento Agrário


Que parece ser dado, a crédito, em bens de equipamento/ animais. Os equipamentos estão a ser
repassados aos produtores sob a forma de crédito por cinco anos, com um ano de deferimento,
pagando no momento da assinatura cinco por cento do valor, á taxas de juro de cinco por cento ao
ano. Os tractores distribuídos aos produtores de comida, por exemplo, são adquiridos pelo Ministério
da Agricultura (MINAG) e geridos pelo Fundo de Desenvolvimento Agrário através de um sistema de
crédito. (ver: Produção de alimentos: Camponeses recebem juntas para tracção. Notícias, Maputo,
24.Jan.2009; MATSINHE, Muhamud. Culturas alimentares não acedem ao crédito. Notícias, Maputo,
5.Dez.2008)

* Créditos para o programa de intensificação da produção e diversificação de hortícolas


Duzentos e quarenta e um camponeses de diferentes associações do Distrito Municipal Nº 4, na cidade
de Maputo, receberam há dias créditos para o programa de intensificação da produção e diversificação
de hortícolas. O montante de 1.782. 000.00Mt vai contribuir para o desenvolvimento da actividade
agrícola naquela zona. A iniciativa é do Governo da cidade de Maputo, e tem de entre outros
objectivos ajudar as associações dos camponeses para aumentarem a sua produtividade e a melhorar a
dieta alimentar. Segundo a Governadora da cidade de Maputo, Rosa da Silva, o crédito vai igualmente
minimizar o sofrimento dos camponeses que nalgumas vezes pagam valores elevados quando vão
pedir créditos nas instituições bancárias.“Nós constatámos que a falta de dinheiro tem estado na
origem do fracasso da produção agrícola e o acesso ao crédito bancário é difícil, daí que fomos buscar
parceiros para inverter este cenário”, disse Rosa da Silva, acrescentando que “este dinheiro é para
facilitar a vida dos nossos camponeses que não têm tempo de ir aos bancos”. (ver: DM-4: Crédito
agrícola eleva produção. Notícias, Maputo, 24.Jun.2008)

*Fundos do Instituto Nacional de Acção Social (INAS)

*Programa de Geração de Rendimentos (PGR)


“Um total de 6.839 pessoas vivendo em situação de pobreza absoluta, um pouco por todo o
país, vão se beneficiar, no presente ano, de diferentes projectos no quadro do Programa de
Geração de Rendimentos (PGR). Trata-se de um número que representa um crescimento
relativo tendo em conta que, no ano passado, apenas 6 724 pessoas foram abrangidas em
todo o território nacional. De acordo com as estimativas feitas pelo Instituto Nacional de
Acção Social (INAS), uma instituição subordinada ao Ministério da Mulher e da Acção Social
(MMAS), a execução das actividades planificadas, incluindo despesas administrativas, vai
absorver cerca de 44 milhões de meticais. Dados fornecidos pelo MMAS indicam que a
maioria dos beneficiários será transferida do Programa Subsídio de Alimentos para o
Programa Geração de Rendimentos. O PGR é considerado estratégico pelo pelouro na
medida em que possibilita o desenvolvimento de actividades produtivas que trazem lucro
palpável aos agregados familiares, muitas vezes sob gestão familiar. (…) (ver: Geração de
Rendimentos abrange mais necessitados. Notícias, Maputo, 4.Mar.2008; ver tb: SIXPENCE,
Eduardo. Criados centros de promoção da mulher…)

* Caixa de Poupança - O Instituto Nacional de Acção Social (INAS)


(…)desembolsou recentemente mais de um milhão e 800 mil meticais para apoiar 35
projectos de geração de rendimentos que envolvem 150 mulheres viúvas e/ou vulneráveis da
cidade da Beira. (…) com a criação de uma caixa de poupança para aquele grupo carenciado,
devendo, nos próximos tempos, beneficiar outras agremiações femininas na mesma
situação através dos reembolsos que serão efectuados pelos primeiros beneficiários, como
forma de garantir o melhoramento da vida daqueles infortunados. A cerimónia de entrega

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Não foi feito um levantamento exaustivo de todos os fundos que possam existir, nem foram referenciados na
bibliografia (a não ser o FARE) por não ser esse o objectivo do trabalho. Decidimos contudo mencionar alguns
que foram possíveis de localizar ao longo da pesquisa porque fomos sentindo que se colocavam problemas de
coordenação entre todos eles e entre eles e o FIIL na medida em que os objectivos da grande maioria parecem
dirigir-se aos mesmos grupos alvo do FIIL e parecem viver problemas idênticos (por ex. reembolsos).
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formal dos respectivos valores (cheques) a cada uma das 35 associações ocorreu há dias no
Instituto de Deficientes Visuais da cidade da Beira e foi orientada pela respectiva directora da
Mulher e Acção Social de Sofala, Antónia Charre, em representação do governador daquela
província do centro do país, Alberto Vaquina. Antónia Charre clarificou que o apoio do
Instituto Nacional de Acção Social visa melhorar a vida daquele grupo de mulheres, daí que
apelou à necessidade de se observar uma rigidez nos reembolsos. Para o efeito, referiu que
os técnicos do INAS iriam continuar a monitorar a implementação dos projectos para garantir
que tudo corra de acordo com o programado. “Decidimos criar a caixa de poupança para
mulheres viúvas e vulneráveis como forma de garantir a rotatividade deste valor. (…) (ver:
SIXPENSE, Eduardo. Caixa de poupança para vulneráveis. Notícias, Maputo, 15.Out.2008)

*Benefício Social pelo Trabalho (BST)

*Programa de Apoio Social Directo (PASD)

*Apoio em Subsídios de Alimentos às Famílias mais Carenciadas

*Fundo Distrital de Desenvolvimento


Nota: “Antes do OIIL os distritos beneficiavam de Fundos Distritais de Desenvolvimento (FDD) 278 1998-
2005. Com a Lei 8/2003 e o Decreto 11/2005 são criadas as condições legais para a existência de um
orçamento distrital, passando o FDD a integrar a expressão orçamental para investimento público a
nível distrital.” (ver: RAFAEL, Adelson. Os “pecados capitais”…; ver também: ADAM, Yussuf, “Ajudar
quem se ajuda a si próprio”).

* Fundo de Apoio à Reabilitação da Economia (FARE)

*Fundo de Apoio às Iniciativas Juvenis (FAIJ)


“Fundo que serve para ajudar os jovens a desenvolverem habilidades empreendedoras e a criarem
capacidades que lhes permitam gerar oportunidades de auto-emprego. Este fundo é encaminhado aos
jovens, por empréstimo, via de uma instituição de micro-finanças, que é seleccionada baseada por um
critério pré-estabelecido.”. A entidade responsável é o Ministério da Juventude e Desporto. Abrange
jovens entre os 18 e os 30 anos http://www.portaldogoverno.gov.mz/Servicos/juventude_desp/
– Apesar deste fundo atribuído especificamente a jovens, estes podem também candidatar-se ao FIIL.

* Agência de Desenvolvimento Económico Local (ADELs)

Outros tipos de fundos:

*Fundo de Inserção Social dos Antigos Combatentes

*Fundo de Desenvolvimento de Competências Profissionais (FUNDEC)

*Fundo de Desenvolvimento Artístico Cultural

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FDD - o que era este Fundo? Como funcionava? Porque deixou de existir? Transformou-se em FIIL e agora volta
de novo à designação anterior? O que o diferenciava do actual?.
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*Fundo de Promoção do Desporto

*Fundo de Urbanização
“A ministra da Administração Estatal, Carmelita Namashulua, anunciou, quarta-feira última, em
Nampula, a criação do fundo de Urbanização para os 43 municípios e vilas do país, para o
financiamento das actividades ligadas à expansão e criação de novos pólos residenciais nas autarquias,
uma medida que tem em vista o descongestionamento dos aglomerados populacionais e crescimento
desordenado com que os municípios se debatem. (…)” (ver: Paulino, Júlio. Municípios passam a
beneficiar de fundos de urbanização. O País online, 30.Ago.2010.
http://www.opais.co.mz/index.php/politica/63-politica/9145-municipios-passam-a-beneficiar-de-fundos-
de-urbanizacao.html)

Fundos de Fomento:

*Fundo de Fomento Agrário (FFA)


Sobre este fundo ver por exemplo “crédito agrário para camponeses” – onde governadora de Maputo
dá um crédito de 177 mihões a uma Associação de camponeses das zonas verdes da cidade de Maputo
(ver: Notícias, Maputo, 13.Mai.2006)

*Fundo de Fomento de Pequena Indústria

*Fundo do Ambiente

*Fundo de Fomento Pesqueiro

*Fundo Nacional de Energia

*Fundo de Estradas

*Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água

*Fundo de Fomento de Habitação

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