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O USO DO OPELE/IKIN NA DIVINAÇÃO DE IFA

Ifayemi Bibilari

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1.1 —ILU ULKUMY
A consulta aos textos históricos e antropológicos especializados
demonstra claramente que, desde o período Neolítico, na região
geográfica africana compreendida entre a confluência dos rios Benue-
Níger e o Lago Chade, floresceu uma civilização agro-pastoril que viria
a servir de base estável às futuras migrações de povos que, a partir
dela, desenvolveriam uma nova unidade cultural e linguística.
Esta cultura-base dos tempos pré-históricos recebeu o nome de
"Cultura de Nok", por influência da localidade arqueológica de Nok,
perto da cidade de Jos, na Província de Zaria (Nigéria atual), e de
onde o arqueólogo B. Fagg desenterrou milhares de peças de
cerâmica, como as "cabeças em terracota", esculpidas com tal
realismo que são consideradas precursoras das maravilhosas
esculturas das cidades de Ilê I fé e Benin.
Essa região privilegiada cristalizou-se como área civilizacional
irradiante e como mercado de trocas desde a mais remota
antiguidade. Ela era conectada à Bacia Mediterrânea e às Terras do
Alto Nilo por rotas terrestres, cuja utilização perde-se na Noite dos
Tempos e que foram redescobertas e rastreadas em suas direções
gerais por achados arqueológicos de balizamentos em pedra com
representações rupestres pré-históricas de carroções de transporte por
tração animal.
Entre outras, três eram as rotas principais:
1) — A Rota Leste-Oeste, vinda das Terras do Alto Nilo e do Méroe,
por Atba-ra, atravessando as regiões sub-saarianas do Darfur e do
Kanem, até alcançar as nascentes do rio Kebbi. afluente do rio Níger;

2) — A Rota Central Norte-Sul, vinda do sul da região da Fezânia,


atravessando o Deserto de Saara, ainda não inclementemente
inóspito, até a região do Lago Chade e vindo para a região do médio
Rio Níger:
3) —-A Rota Costeira Norte-Sul, paralela à Costa Oeste africana,
vinda do sul do Marrocos (Sidjilmasa), passando pela região do Alto
Senegal até o rio Níger. Sobre esta região relata-nos Joseph Ki-Zerbo
(1972):
— "Em Nok, camadas sucessivas de vestígios denotam uma longa
ocupação dos locais e um domínio já antigo da técnica do ferro. A
descoberta de enxadas indica uma importante atividade agrícola.

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Outros vestígios assinalam a prática da criação de gado e um gosto
pronunciado por adornos... Em Daima (Nigéria do Norte), outros
vestígios do ferro são datados de 450 a.C. até 95 d.C...."
que, já muito antes de 450 a.C., essa regjão era uma vez que tais
vestígios de metalurgia de ferro >s mais antigos da metalurgia do
bronze e ainda a do período da Pedra Lascada, nprovada antiguidade,
reunia as condições ideais 5, que. guiados pelos Reis-ferreiros das
ancestrais -eriam. criando os primeiros núcleos politicamente _ra
povoar e conquistar extensas áreas a oeste, su-; Africano. : primeiros
tempos pré-históricos dessa região, ex-ferreiros. as quais se
confundem com as posterio-)rixá Õgúm Asiwqjú ou''a Divindade
Ogúm, aque-- se confundem, também, com o desenvolvimento ação
política — a de cidades-estados — as quais, _ estavam consolidadas
historicamente, o XV, estabelece-se um imenso hiato histórico no
período, só preenchido, em parte, por obras etno-=3 as de Joseph Ki-
Zerbo e Cheik Anta Diop, soci-^;m dos antigos textos de viajantes
árabes, como Al séc. X), Al Bakri (séc. XI), Abul Feda (sec. XIV) _ie
descreveram as regiões, os povos e suas histó-clássicos históricos,
como o Tarik Es Soudan (Al ahmud Kati). obras que são pouquíssimo
difundi-co interessados em medir o real progresso mate-ínos. que
foram desestruturados pelo processo de posto por esses mesmos
ocidentais, reata seus cios com a circunvizinhança dessa re-meio
século antes da "descoberta" do Brasil, quan-^onstrução do Forte de
Arquim, nas praias da Gui-—=ato com povos de raça negra
islamizados, a quem, icias passadas na Europa, chamaram de
"Mouros".
Os proventos portugueses foram de tal ordem que toda essa região
costeira africana tornou-se mundialmente conhecida pelo nome de
"Costa dos Escravos" e todos os escravos que daí passaram a ser
embarcados, independentemente de suas origens étnicas ou
regionais, foram rotulados como "Negros Mina".
Mas. enganam-se os que pensam que esses proventos eram obtidos
em batalhas renhidas e corajosas pelas tropas portuguesas,
derrotando Nações Negras, aos gritos de "Viva São Jorge e El Rey".
Não ! Na maior parte das vezes, os portugueses praticaram uma
pirataria canhestra que só dizimava pequenos povoados litorâneos
pacíficos e desprotegidos, até obterem maiores facilidades, através
das pseudoconversões dos Reinos de Manicongo e Angola.
O grosso do "ouro negro" era obtido pela troca de produtos agrícolas e
comerciais, tais como sal, tabaco, cachaça e algodão, em imparcial e

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mesquinho comércio com poderosos reinos rivais que se localizavam
para o interior, tais como os reinos de Monomotapa, Manicongo,
Ghana Velho, Mali, os quais os europeus ainda não se atreviam a
atacar.
Mas os portugueses logo foram suplantados, neste nefando comércio,
pelos ingleses e holandeses, acompanhados logo após pelos
franceses, todos eles associando-se ou dominando esses reinos
rivais, quer por assessoria armamen-tista militar, quer através de
intrigas palacianas ou, ainda, por pseudoconversão religiosa de
regentes títeres.
A partir das bases costeiras iniciais, alguns aventureiros europeus
começaram a explorar os territórios interioranos que ainda estavam
fora/do alcance da artilharia europeia, especialmente aqueles
territórios que eram alvos da cobiça de seus aliados nativos. Desta
forma, foi somente no século XVII que os viajantes europeus
informaram aos seus cartógrafos das suas visitas a uma região
denominada por Ilú Ulkumy, Terra dos Ulkumy, situada por eles
naquela mesma região africana a que anteriormente nos referimos,
entre o Rio Volta e a confluência dos Rio Benue-Níger, indo ainda do
Oceano Atlântico ao Lago Chade, logicamente uma região maior do
que aquela que inicialmente citamos como Nok, pois represen-ta
quase 2.000 anos de expansão territorial, cultural e religiosa dos pri-
meiros Reis-ferreiros.
E é, sobretudo, pelo seu fortíssimo conteúdo mítico que o início da
formação dessas cidades-estados Ulkumy confunde-se com as lendas
místicas dos Orixá/ Divindades, mormente:
1. As de Odiiduwâ, Ôrunmilá e Ôoni para a cidade de Ilê Ifé;
2. As de Oxúm para a região de Ijêxá e Ijébu;
3. As de Êxú para Ilê Ifé e Kétu;
4. As de Oranmiyan e Xangô para a região da cidade de Oyó;
5. As de Ôgúm para a região de Ekiti, Ire e Ondô;
6. As de Yemoja para a região de Êgbá.
É preciso, ainda, remarcar a precedência de outras Divindades
anteriores a estes Orixá fundadores míticos de Dinastias, precedência
esta que mais faz re-cuar o tempo do aparecimento da civilização
nesta área, Divindades anteriores que também foram assimiladas ao
Panteão Divino Ulkumy, tais como Ôxumarê, Naná Burúkú e
Obalúaiyé, pois já faziam parte da civilização anterior à Idade do Ferro
e dos lendários Reis-ferreiros, tanto que muitos de seus rituais eram
realizados, até bem poucas décadas atrás, sem o emprego de

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instrumentos de ferro. Consoante a esses fatores, também Léo
Frobenius (1913) expressou a opinião de que:"... a religião dos
Yorubá, tal qual se nos apresenta, só gradativamente se tornou
homogénea".
E, assim, sem dúvidas, foi a religião dos Orixá, emanada da Cidade
Santa de Ilê Ifé, que representou o "cimento" espiritual e cultural que
agrupou, lentamente, as cidades-estados Ulkumy que, já no século IV,
começaram a se constituir em federações de cidades vizinhas e,
depois, numa grande confederação de cidades-estados de regiões
diversas, cujos habitantes falavam dialetos regionais de uma mesma
língua e partilhavam da mesma cultura e costumes, além da mesma e
única religião.
Era da Cidade Santa de Ilê Ifé que, nos primeiros tempos, emanava
todo o poder teocrático e era para ela também que regressavam os
"restos mortais" e as insígnias reais de todos osAlafm, Oba e Oni, ou
seja, dos Reis de 11 ú Ulkumy por eles expandido e que reinaram
sobre Owó, Savé, Popo, Benin, Kéíu, Ôyó, Ijébu, Ilêxa, Onisthisa e
outros reinos menores.
Mesmo quando as entidades espirituais Ulkumy — os Orixá —
mudaram de denominação em algum desses reinos, como para Vodun
no Daomó, foram sempre a Liturgia e a Ritualística emanadas da
cidade de Ilê Ifé que mantiveram o vínculo recíproco entre essas
cidades-estados e a ancestralidade Ulkurny, mesmo com acréscimos
ou supressões causados por regionalismos ocasionais. E, assim, uma
das causas do aniquilamento final da Cidade Santa de Ilê Ifé foi, como
adiante veremos, justamente essa sua referência centralizadora de
retorno à origem mítica e mística.
Apesar de cada cidade de origem Ulkumy ser, teoricamente,
independente das demais, todas el^s obedeciam a este comando
teocrático e confederativo maior que controlava extensas regiões
geográficas, sendo que várias dessas cidades maiores tinham mais de
100.000 (cem mil) habitantes à época dos primeiros conta-tos com
viajantes islâmicos e, muito mais, posteriormente, quando do advento
dos primeiros viajantes europeus.
Sieurde laCroix(1688), viajante francês do século XVII, publicou em Li-
ão, França, um relato de sua estada entre os Ulkumy, onde descreveu
a cidade de Benjn, àquela época!
Eis apenas uma pequeníssima síntese dessa descrição:
"Era uma cidade com planta retangular, murada e cercada de um
fosso profundo ... Havia trinta grandes ruas muito direitas, com 26

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"pés" de largura, com uma infinidade de ruas transversais... As casas
estavam perto umas das outras e alinhadas em boa ordem ... Estes
povos não ficam atrás dos holandeses em limpeza... Lavam e
esfregam tão bem as suas casas, que elas se encontram polidas e
brilhantes ... Estes pretos são muito mais civilizados que outros desta
Costa. São gente que tem boas leis e uma polícia bem organizada,
gente que vive em boa harmonia e que acumula de atenções os
estrangeiros que vêm comerciar ao seu país".
Nessa mesma época, outro viajante, Olfert Dapper (1686), embora
não tenha vivido entre eles e deles tenha conhecido apenas sua fama
entre seus conquistados, assim nos fala:
"Este território, entre Ardres (Aliada) e Benin situa-se. Os indivíduos
deste país são guerreiros temíveis, invadindo várias vezes Aliada com
um exército de várias centenas de milhares de cavaleiros".
Mas a influência sociocultural desses ferozes guerreiros era também
proporcional à sua beligerância, tanto que o próprio Dapper
acrescenta:-"... e é curioso que o povo de Ardres (Aliada) fale o
Ulkumy de preferência à sua própria língua". E se a influência Ulkumy
era desta ordem, não era somente pelo poder das armas, mas
também pela possibilidade dos vencidos integrarem-se na Confedera-
ção e absorverem, assim, os benefícios de uma cultura social,
comercial e espiritual superior à sua. Porque já à esta época (sec.
XVII), os Ulkumy eram, além de conquistadores, civilizadores de
extensas regiões geográficas, implantando um sistema de governo
com base na municipalidade, com um regente local — o Baalé — que
governava por um período de 14 anos, coadjuvado por um Conselho
de Chefes de Clãs Familiares que desempenhavam as funções de
"guarda dos costumes", polícia municipal, coletoria de impostos,
tribunal regional e controle aduaneiro das portas dê muralhas citadinas
e, com frequência, eram os Baba li Áwo (Sacerdotes do Orixá
Ôrunmilá) que exerciam também estas funções. Tinham, pois, uma
classe sacerdotal influente, respeitada e atuante nos negócios do
Estado. Nessas cidades funcionavam mercados locais, regionais e
algumas delas eram cidades notadamente mercantilistas a nível
internacional, com profissões e manufaturas, tais como: construtores,
armadores, tecelões, oleiros, vidreiros, entalhadores, escultores,
fundidores e ourives, organizando-se em Corporações de Ofício,
muitas das quais traba l liavam sob regime de monopólio real,
escoando e trocando seus produtos inanufaturados ou "in natura"
através daquelas três rotas comerciais anteriormente citadas para a

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região de Nok, pois que, até o fim do século XVII, pouquíssimo ou
nenhum comércio havia pela Costa do Oceano Atlântico, onde só se
praticou pirataria ou ligeiro escambo. Tinham um sistema monetário
citadino que usava o Owó/Búzio como moeda corrente, mas usavam
também barras de ferro e bronze, bem como barras de sal gema para
o comércio regional interno; pepitas de ouro e mesmo ouro em pó só
eram usados para os seus negócios internacionais, com os mercados
estrangeiros da Bacia do Mediterrâneo e do Oceano Índico. Tudo isso
está primeiramente registrado nos livros de descrições de viagens dos
viajantes islâmicos, especialmente nos daqueles que, cerca do século
X ao século XII (901/1100 d.C.), viajavam e comerciavam livremente
por todo o territó-rio Ulkumy, aprendendo a língua e a história deste
povo, inclusive lá residindo em bairros específicos, sem nem sequer
pensar em conquistá-lo, como mais tarde o fizeram. Mas, para o
Ocidente, viajantes europeus como Sieur De La Croix, Olfert Dapper e
Jean Barbot foram os primeiros informantes dos cartógrafos europeus
no século XVII e, portanto, todos os mapas cartográficos
contemporâneos de 1656 a 1730 são unânimes em chamar de "País
dos Ulkumy — IIú Ulkumy"- —a esta região que vai da Curva do Rio
Níger à do Rio Benue e do Oceano Atlântico ao Lago Chade. Todo
este período, que vai dos tempos lendários até o fim do século XVII,
corresponde ao período de hegemonia da Cidade Santa de l lê Ifé,
onde se havia consolidado uma aristocracia religiosa, tendo o Oni/Rei
como Sumo Sacerdote (nominal) e de certa forma controlado
ritualmente pelos Áwoni Baba li Áwo/ Sacerdotes do Orixá Ôrunmilá
para os Assuntos Reais, os quais eram recrutados somente entre os
membros das 16 famílias aristocratas fundadoras de Ilê Ifé e, assim, a
sua Sociedade Secreta — a Ogboni — manteve, por um largo período
de tempo, um real poder acima do poder real dos Reis. Toda essa
culturade extremo vigor, beleza e qualidade, da qual só pudemos dar
aqui uma pálida ideia, começou a ruir com a chegada dos primeiros
aventureiros europeus nos meados do século XVII e acentuou-se com
o recrudescimento do tráfico negreiro com os holandeses, franceses e
ingleses municiando com armas de fogo, às vezes de excelente
qualidade, aos lados contrários para, qualquer que fosse o resultado
das contendas, continuar recolhendo o "Ouro Negro" para as suas
incipientes feitorias coloniais nas Américas e na Ásia. Esse novo
período de acentuados conflitos iria corresponder ao da hegemonia da
Federação da cidade de Òyó. a qual já havia passado a encarnar o
poder temporal da Confederação de povos de língua e religião

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Ulkumy, devido a uma simples regra básica imposta aos generais de
seus exércitos: um Kakanfo/ General devia antes se suicidar do que
regressar à cidade de Ôyó após uma derrota. E assim expandiu-se a
Confederação Ulkumy. com a conquista de uma região após outra,
mas com a consequente absorção ou criação de cidades em cada
região conquistada. Desta forma, paralela à hegemonia religiosa e
cultural da cidade de Ilê Ifé. foi-se desenvolvendo uma hegemonia
militar e política da cidade de Ôyó e, muito posteriormente, a da
cidade de Benin. Os governantes dessas cidades, os Alafin em Ôyó,
os Oba em Benin e os Oni em Ifé, a exemplo de seus colegas
europeus, acabaram por se tornar déspotas absolutistas, mas, mesmo
nessa condição, não estavam livres de um poder maior, de ordem
teocrática. que por mais de um milénio lhes esteve acima e controlou
seus excessos: o poder dos Sacerdotes do Orixá Ôrunmilá. os quais
podiam "convidar" um governante intolerável a "retirar-se".
Sobre este ponto, relata-nos Joseph Ki-Zerbo (l c)72): "A gente de Ôyó
tinha, de resto, um terrível meio de controle sobre o Oni (Rei). Quando
este tornava-se culpado de exação ou de crime escandaloso, obri-
gavam-no a andar com uma cabaça vazia ou então com ovos de
papagaios. Era o primeiro dos Ôvó-Mesi o encarregado de levar ao
Rei esta terrível monção de censura. Dirigia-se, aliás, a ele em termos
carregados de humor negro: 'as nossas sessões de Adivinhação",
dizia-lhe ele, "revelam-nos que seu destino é mau e que seu Ôrun (seu
outro Ser celeste) já não tolera que continue aqui na Terra. Pedimos-
lhe, pois, que vá dormir". E o Soberano devia envenenar-se a seguir".
Lê-se, assim, a prova do muitas vezes insuspeitado poder da
Sociedade Secreta dos Baba li Áwo — a Ogboni — pois ao que
Joseph Ki-Zerbo aqui se refere como "as nossas sessões de
adivinhação" eram, na verdade, o Da Ifá Fun, ou seja, a "Criação de
Ifá para" da Divinação Sagrada de Ifá. E desde esta época,
correspondente à ascensão da hegemonia da cidade-estado de Ôyó,
desaparece dos mapas cartográficos o nome de Ulkumy e desde o
Mapa de Snelgrave (1734) aparecem neles os termos de Ayó e/ou
Eyóe para designar aos Federados de Ôyó, independentemente do
termo Ulkumy.
Mas, paralelamente, apesar da hegemonia da cidade de Ôyó, um
outro povo, o Fon, embora participasse do contexto cultural e religioso
dos Ulkumy, iniciou um processo de independência política, com o
Oba Aho fundando o reino do Da-omé em 1670 e atacando as regiões
circunvizinhas, notadamente a região Ulkumy do Kétu.

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Um dos sucessores do Oba Alio, o Oba Agadja (1708-1732), à falta de
mais guerre iros, criou um Corpo de Exército composto por ferozes
Amazonas (as Mulheres do Leopardo) e, com elas como elemento
decisivo em batalha, em 1724 ataca o reino costeiro de Aliada,
fazendo mais de 8.000 prisioneiros. Tal ato fez com que a Federação
de Oyó reagisse em socorro de Aliada, região que era sua vassala
deste antes de 1686, como já vimos pelas notícias de Olfert Dapper.
Em 1726, Francisco Pereira Mendes, comandante português do Forte
de Ajuda, menciona em seus relatórios, enviados à Bahia, os ataques
de represália dos Ayó contra os territórios de Adagja, Oba do Daomé,
que havia atacado Aliada em 1724.
Mas, mesmo sob ataque, o Oba Agadja, partiu para a conquista da
cidade costeira de Glehue, do povo Hwedah, chamada de Ajuda pelos
portugueses, Ju-dah pelos franceses e Whydah pelos ingleses, o que
fez em 1727, conquistando assim uma saída para o mar e habilitando-
se ao tráfico negreiro internacional.
Começou, destarte, a "exportação" dos primeiros escravos de origem
Ulku-my, provavelmente da região do Reino de Kétu, capturados em
batalhas pelos Daomeanos e que possivelmente foram os primeiros a
serem exportados para Cuba, como o demonstra o nome pelo qual lá
ficaram conhecidos, o de Lucumi, nome este muito próximo do
verdadeiro: Ulkumy.
Mas, mesmo tendo-se iniciado o seu desmembramento pela
progressiva perda de estados vassalos como Aliada, Hwedah e parte
da região do Reino de Kétu, a Confederação Ulkumy ainda perdurou
unida, como demonstra o relatório do mesmo comandante português.
Francisco Pereira Mendes, em 1728: "Três reis do interior,
poderosíssimos inimigos do Daomé, chamados Ayó Bra-bo, Acambú e
Ahcomi, dando-se as mãos o cercaram."
Ou seja, a Confederação Ulkumy (Ahcomi), comandada pelos Ôyó
(Ayó Brabo), mobilizou-se e cercou o Reino de Daomé. A seguir, estes
ASafin, Oba e Oni, reis da ainda politicamente unida Confederação,
invadem o recente Reino do Daomé e estas lutas perduram até 1743,
quando foi celebrado um tratado de paz, mantendo o Daomé suas
posições conquistadas, mas pagando um tributo em armas de fogo,
munições e escravos, não mais à Confederação, mas sim aos Eyóe,
ou seja, à agora poderosa Federação de Ôyó, pois é somente o Alafm
de Ôyó que, em l 764, vem socorrer os Daomeanos contra os povos
Ashanti, vencendo-os na batalha de Atakpamé (atual Togo), bem a
oeste da recém-fundada Abomey, capital do Daomé, salvando assim

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os seus futuros conquistadores. Tudo isto vem provar que os escravos
levados para Cuba e para o Brasil provinham de nações ferozmente
guerreiras, mas ao mesmo tempo portadoras de civilização própria,
com terríveis e eficientes exércitos sim, mas com leis, costumês,
religião, artes, comércio internacional e não simples "símiles" de
"macacos trepados em árvores", como se difundia nas Colónias a que
foram aportados, na tentativa de justificarem o tráfico negreiro que
motivava essas próprias guerras intestinas. Mas, como é da própria
natureza humana, sejam os humanos brancos, vermelhos, amarelos
ou negros, com a virtual anexação temporária do Reino do Daomé à
Federação de Ôyó, a nação Ulkumy tomou gosto pelos lucros fáceis
do tráfico negreiro, capaz de lhe fornecer as temidas, mas cobiçadas,
armas de fogo. Já com a queda de Aliada e Hwedah ante os
Daomeanos, os habitantes sobreviventes dessas cidades refugiaram-
se junto às cidades costeiras menores da Confederação Ulkumy,
mormente em Badagri, Adjá Popo, Ekô, Onin, e, com o produto da
captura de Daomeanos invasores, iniciaram-se em grandes entrepos-
tos de escravos, algumas tornando-se internacionalmente conhecidas
como Porto Novo e Lagos (Onin). E, assim, estabeleceram-se dois
grandes pólos de exportação de escravos, em substituição ao Forte de
São Jorge da Mina: pelo porto Daomeano de Glehue (antiga Ajuda)
eram exportados os Lucumi (Ulkumy de Kétu, l lêxa e Ôyó); pelos
portos de Badagri, Porto Novo e Lagos eram exportados os Gêges
(Daomeanos) e os Males (Peules, Fulbas e Haussás Islamizados) e
que, no Brasil, com sorte, viraram "Negros de Ganho", "Mucamas de
Sinhá" e "Negrinhos da Casa Grande" e, sem sorte, simplesmente
"Peças" para as minas. No Brasil, os Ulkumy ou Lucumi, como ficaram
conhecidos em Cuba, tiveram a designação geral de Nâgós, por
motivos que, a seguir, veremos.
Em 1777, Olivier Montaguèrre, novo comandante francês do antigo
forte português de Ajuda, agora Forte São Luís de Gregory, reclamava
de suas perdas à Companhia das índias:
"Os ' Aiaux' (Ôyó) fornecem escravos em Porto Novo, Badagri, Épé e
aqui (Ui-dah), mas quase não h.ouve escravos fornecidos pelos
Dahomets".
A situação tornou-se grave para os traficantes franceses que
resolveram intervir a favor de seus fornecedores Daomeanos
fornecendo-lhes mais armas de fogo de excelente qualidade,
munições e instrutores militares de seu uso, o que lançou os
Daomeanos em uma campanha de guerrilhas-relâmpago contra os Ul-

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kumy. E, já em 1780, o mesmo Olivier Montaguèrre podia dizer: "Em
Hardre, vulgarmente chamada de 'Portenauve', pode-se conseguir Nâ-
gós, os negros preferidos".
Oito anos depois, em 1788, um novo comandante francês, Gourg,
relata: "Os Dahomets destruíram completamente um território de
Nâgós!!!" E é assim que os lermos "Nâgó" e "Ânâgó" aparecem pela
primeira vez nas correspondências internacionais para designar os
escravos fornecidos pelos Daomeanos e que foram, sem dúvida,
capturados à Confederação de 11 ú U Ikumy, especialmente entre os
Reinos de Kctu. llêxa e parte do Oyó.
Mas. como o apairecimento deste termo "Nâgó" fez-se ainda
paralelamente ao uso dos tradicionais termos "Avó" e "Eyóe", pode-se
presumir a feroz resistência que os "Dahomets" de Gotirg encontraram
por parte dos Ulkumv.
E porque os Daomeanos passaram a denominai" os seus bem
conhecidos inimigos Ulkumy pela designação cie Nâ»ós e Anâgónu,
ou "Gente dos Nâgós"? A História nos ensina: "Vae Victis" : "Ai dos
Vencidos!" Paul Mercicr. em sua obra. "Notice sur peuplement
Youruba au Dahomey-Togo", Ed. Número 3. Porto Novo. 1950, é
bastante preciso: "Os Fon do Daomé dão o nome de "Ânâgó" ou
"Ânâgónu" a seus adversários do Leste e encontra-se uma etimologia
para este nome: ele significaria, em Fongbé, "Rebutalho" ou "Lixo",
termo de desprezo dirigido ao inimigo".
Pessoalmente, não estou bem certo disso, pois que. diversos autores,
entre eles Juana E. dos Santos (1976). dizem que "Ãnâgónu" era
também o termo que os Daomeanos aplicavam às suas próprias
Sacerdotisas que cuidavam dos seus Vodim, os quais eram a versão
Daomeana dos Orixá Ulkumy. que também sobreviveram em Cuba e.
especialmente, com mais pureza, no Brasil, em São Luís do
Maranhão, no espaço de resistência sóciocultural-religiosa dos
Daomeanos, denominado por Terreiro da "Casa dos Minas".
Ora, como veremos mais adiante, nenhum povo chama de "lixo" às
suas próprias sacerdotisas! Mas este termo — Nâgó —, por uso e
costume, realmente passou a ser usado pejorativamente em relação
aos Ulkumy e aparece a partir das correspondências enviadas da
África, entre l 780 e 1815, no recrudescimento da luta entre os
Daomeanos c a Federação de Ôyó. instigada pelos franceses por um
lado e pelos ingleses, portugueses e até brasileiros por outro.
O auge deste conflito deu-se em 1821, quando o Rei Dacmeano
Guezo (1818-1858), cognominado o "Búfalo" por sua agressividade,

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infligiu pesada derrota à Federação Ôyó, na batalha de Pawingan,
chegando às portas da cidade de Oyó, mas recuando em seguida,
devido a um acordo firmado com uma nova potência guerreira que
vinha se formando lentamente ao norte e ivordeste dos territórios da
Confederação Ulkumy: os Haussás Islamizados que, no Brasil, ficaram
conhecidos como "Malê" ou "Mussurumim".
Pois que. desde o século XI d.C., a difusão da religião Islâmica entre
os povos de raça negra seguiu o mesmo itinerário que as ondas
migratórias sucessivas dos povos Sudaneses: do Leste para o Oeste
Atricano!
A princípio, foi através do comércio com os Árabes e de suas
compensações, que muitos povos negros absorveram a religião do
Profeta Maomé, entretanto mantendo muito de suas antigas crenças
religiosas.
Posteriormente, muitos homens santos islâmicos, pregadores
itinerantes conhecidos por Maralni, realizaram verdadeiras conversões
de vários monarcas negros, como os dos Reinos de Gana, Gao e Mali.
li. assim, com o passar do tempo, em todas as grandes cidades
africanas destas regiões, cnaram-sc grandes bairros especificamente
islâmicos que aportaram a elas a cultura árabe, sobretudo com a
adoção do sistema de escrita alfabética que estes povos não
dispunham. Esses bairros islâmicos muito ajudaram a posterior
conquista do poder político, às vezes, até sem muito derramamento de
sangue.
Mahmud Kati, em sua obra Tarik El Fettach. escrita no século XVI de
nossa era, assim descreve a cidade de Gana:
"É uma grande cidade que compreende duas aglomerações. Uma,
situada na planície, é muçulmana, habitada por mercadores arábicos-
bcrbercs, jurisconsultos e sábios de renome. C ontani-se aí doze
mesquitas, com pessoal todo ele assalariado. A cidade real e animista
estava situada a seis milhas da primeira aglomeração e era rodeada
de Bosques Sagrados."
Sente-se, nesta descrição, os indícios do choque cultural e religioso
que um dia haveria de advir entre as duas "aglomerações": a distinção
feita por Mahmud Kati separando, de um lado. os "sábios de renome"
muçulmanos e. de outro lado, os "animistas" Ulkumy!
Assim também ocorreu com a região Extremo-Oeste e Norte da
Confederação Ulkumy, onde desde os tempos lendários dos Rcis-
ferrciros, fundaram-se fortalezas para assegurar a posse do território
reeém-conquistado. Essas fortalezas foram a origem de cidades

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Ulkumy como Daura, Kano. Gobir, Katsina e Zaria. que já são citadas
pelos autores-viajantes árabes do século XII.
No século XIV, sob o reinado de Yadji ( 1349-1385). foi oficialmente
introduzida a religião Islâmica na região da cidade de Kano. Pouco
depois, Zaria, era ocupada pelo Emir Kanadjedji (1390-1410) e
satelizou outras cidades a leste do Rio Níger. Em breve, o poder
político c religioso em toda a região foi encampado por três emirados
muçulmanos — Warrò. Sokoto e (laudo —com bases capitais nas
cidades de Kano. Sokoto e /anã, mas que. por largo período de tempo,
permaneceram quietos, crescendo cm civilização, ativo comércio e
poder.
Mas, nos fins do século X VI11, esses Emirados lançaram-se em
Guerra Santa contra seus vizinhos e o governador da Província
Ulkumy de Ilorin, tendo sido derrotado frente aos Haussás Islâmicos,
recebeu ordens da Federação de Ôyó para se suicidar. Mas, ao
contrário, o governador Âfônjá aliou-se aos antigos inimigos Haussás,
conveirtendo-se formalmente ao Islamismo e derrotando as tropas
leais ao Alafin Aronigangan, seu tio. Porém, em 1807. quando Âfônjá
pretendeu livrar-se de tão incôimodos aliados, foi por eles deposto e
queimado vivo, como um exemplo do que estava por acontecer aos
Eyóe.
Em breve, a Província Leste de Ôyó — llorin — tornou-se o mais novo
Emi-rado Islâmico Negra e aliou-se aos Daomeanos, dividindo com
eles a condução da guerra e a divisão antecipada dos territórios a
serem ocupados. E. assim, o que restava da Confederação Ulkumy
viu-se atacada e desmembrada em duas frentes de batalha, mas,
mesmo assim, continuou guerreando ferozmente até que, em 1827, o
novo Emir de llorin riscou a velha cidade de Ôyó dos mapas.
Com a queda de Ôyó, as cidades de Ogbomosho, Koyí, Ovvó e Ijébu
também foram aniquiladas pelos Islamitas e suas populações
sobreviventes procuraram refúgio na Cidade Santa de Ifé, que,
absorvendo-as, transformou-se em um imenso campo de refugiados.
Para aliviar esta situação, fundaram-se duas novas cidades: Ibadan e
Modakeké. Tornando-se insustentável a existência dos refugiados na
cidade de Modakeké. estourou uma revolta que a destruiu e que
estendeu a destruição à Cidade Santa de Ifé. A cidade de Idaban
existe até hoje.
Assim, da antiga Confederação Ulkumy, transformados os Kétu e os
Ôyó em Nâgós ou "Lixo1'., os Ifé e os Ijêxá transformados em Yarba
e/ou Yarriba. designação que os Haussás deram aos seus inimigos

13
derrotados, a qual foi adota-da posteriormente pelos ingleses sob a
forma Yorubá e que em língua portuguesa veio a dar o termo lorubá.
só restou a Federação da Cidade de Benin, por estar situada bem
longe destas duas frentes de batalha.
Entretanto, também a Federação de Benin sofreu com a guerra sem
tréguas dos Daomeanos e Haussás contra a Confederação. Instalou-
se nela um profundo esgotamento político, religioso e cultural,
convivendo seus governantes com uma série de intrigas palacianas
desde o reinado do Oba Nossa (l 795-1815), que, como muitos outros
subsequentes, foi assassinado em um motim palaciano.
Oba Nossa mostrou-se preocupado com o destino de seus
compatriotas na escravidão e, em 1807. enviou ao Brasil uma
embaixada tendo à frente o Oba de Onin (Lagos) que era seu vassalo.
A vinda desta embaixada muito preocupou ao Conde da Ponte, o
então governador da Bahia, que se assustou com uma possível
rebelião dos "... Nâgós, tão numerosos nesta cidade."
Essa visita oficial de um monarca negro ao Brasil vem provar que,
embora os Kétu já houvessem sucumbido e os Avó começassem a ser
esmagados, a Federação de Benin ainda sustentava o poder da antiga
Confederação dos Ulkumy. E, de fato, por ironia do destino, o
sucessor do Oba Nossa, em 4 de dezembro de l 824, foi o primeiro
sobe/ano independente a reconhecer a Independência do Brasil.
E o Benin continuou-a resistir impavidainente aos Daomeanos e aos
Haus-sás, como o último baluarte dos Ulkumy até mesmo quando, em
1861. os ingleses, a pretexto de acabar com o tráfico negreiro,
intervieram diretamente no conflito ocupando a cidade de Lagos (Onin)
e destronando Kosoko. o último Oba de Lagos, isolando desta forma a
própria cidade de Benin, que era interiorana.
Somente após 29 anos, em 1890, veio um alívio da pressão
Daomeana sobre o Benin, quando o general francês, Dodds, tomou a
ferro e fogo a capital Daomeana, Abomey, destronando o último rei
Daomeano, o Oba Behanzin, numa lógica conclusão da França de que
seus antigos aliados (o príncipe-presidente da França, Luís Napoleão
Bonaparte, havia firmado um tratado de "amizade" com o Oba Guezo)
não lhe serviam para mais nada, uma vez que se extinguia o tráfico
negreiro.
Por mais sete anos, a Federação de Benin ainda resistiu aos Haussás
Isla-mitas até que, em 1897. também numa lógica conclusão,
compreendeu o rumo dos novos tempos e preferiu "optar" por
transformar-se em um Protetorado Britânico e, assim, colocou frente a

14
frente o Leão Britânico e as Verdes Bandeiras de Allah, numa jogada
política desesperada que, em 1904, resultou na conquista das cidades
Islâmicas de Kano, Sokotô e Zana pelos ingleses, evidentemente apoi-
ados por inúmeras "tropas nativas" de Benin que, desta forma, acabou
por triunfar sobre os seus arquiinimigos. os Haussás.
Assim, no mínimo, desde 1724 (queda da cidade vassala de Aliada)
até 1897, portanto por cerca de I 73 anos, a Confederação Ulkumy
guerreou ferozmente, primeiro em uma e depois em duas frentes de
combate, perdendo seus cidadãos em campos de batalha ou então
capturados e escravizados em Cuba, Haiti, Antilhas Francesas, sul
dos EUA, Brasil e. isto, sem se falar nos que foram enviados às
metrópoles europeias.
Não há como estimar a perda populacional específica dos Ulkumy,
mas, para um cálculo geral sobre a perda populacional africana, B.E.
Worth, em sua obra "History of West Indies", cita que segundo
estimativas do padre jesuíta Monens:
"No mínimo, pode-se estimar que foram reduzidos à escravidão 10
milhões de pretos e, sem exagerar, tem que se contar por cada um
destes pretos, cinco outros abatidos em África ou que morreram no
caminho ou no mar."
E se isto não pode ser considerado como o resultado de uma guerra
inter-racial, então eu não mais sei o que possa ter sido. Mas a
mortandade não parou de ocorrer em 1897 com a rendição dos
Ulkumy de Benin aos ingleses, pois que então tocou a vez dos Males
de serem massacrados, já não por causa da escravidão ou pela
simples diferença de cor da pele, mas sim por causa de novos territó-
rios para exploração de matéria-prima e para exportação de
manufaturados.
Portanto, há menos de cem amos (93). brancos e negros continuavam
se matando em África e cem anos na História mais que milenar de um
povo não é tempo suficiente para que se cicatrizem suas lendas, daí
as revoltas raciais que ainda se observam nos USA c na África do Sul,
e. bem vistas as coisas, a que está latente no Brasil atual.
E foi desta forma que. quase no raiar do nosso atual século XX,
extinguiu-se uma civilização autóctone de homens guerreiros,
empreendedores, religiosos e artistas que começara muito antes do
século III d.C e que. apenas por serem os seus integrantes homens
cie raça negra, não têm a sua história ensinada em nossas escolas,
apesar de fazerem parte integrante da verdadeira "raça brasileira" e do
muito que o "braço escravo" do negro fez na construção de nossa

15
pátria e na defesa de nossa soberania contra os franceses, os
holandeses, os portugueses e os latinos.
E foi apenas a partir de 1926, com a publicação do livro de viagens
cios Capitães Hugh Clapperton e Denham — "Traveis in N.Li.C. África"
—. publicado em Londres, que o termo Yarba e/ou Yarriba apareceu
em compêndios eruditos para substituir o termo Eyéo e/ou Eyóe. Na
realidade. Clapperton cita os dois termos:"Soubemos que estamos
agora no distrito de Éyéo, chamado Yarriba pelos árabes e pelos
povos Haussás."
Estranhamente, nunca se procurou saber o real significado dos termos
Yarba e/ou Yarriba. usados pelos l laussás islamitas para designar
seus inimigos Ulku-my e que foi adotado pela administração inglesa
em contraste com o termo Nâgó adotado pela administração francesa,
quando aquela resolveu "proteger" toda região da atual Nigéria,
adotando a denominação Yoruba para ela. como um símbolo da
"reconciliação" (sic) dos mais diversos povos, desestabili/ados por
sentimentos conflitantes gerados por quase 300 anos de guerras
ininterruptas, que abalaram a confiança entre os próprios
Confederados Ulkumy, fazendo com que a grande e real perdedora
fosse sempre a raça negra.
Assim, até na Renascença que esta cultura religiosa negra
experimentou no Brasil, a marca desses conflitos ficou indelevelmente
impressa no bojo de suas manifestações, com os próprios
descendentes dos Ulkumy separando-se em "Nações", como sejam as
de Kétu, íjêxá, Nâgó, Ôyó e Ifé que inspiraram a formação de outras,
como as de povos que nada tinham a haver com eles. como as de
Angola, Congo, Banto e. até, dos "Caboclos", algumas levemente
antagónicas e outras radicalmente adversas entre si, embora todas
elas, de alguma forma, tenham adotado posteriormente parte da
ritualística e liturgia dos Orixá Ulkumy.
E nem nós, brasileiros, somos assim tão isentos de culpa. pois. sim,
brasileiros em grande número participaram deste nefando comércio
negreiro, sendo os proprietários e operadores de frotas de navios que,
com suaves e santificados nomes, tais como: "Nossa Senhora da
Piedade", "Santo António e Almas", "Nossa Senhora da Ajuda", "Bom
Jesus do Bom Sucesso", "Santo André dos Pobres" e "Nossa Senhora
Mãe de Deus e Mãe dos Homens", praticaram o tráfico negreiro
internacional.
E não posso esquivar-me de citar a nefanda criatura que foi o
brasileiro Félix de Souza, o maior dos traficantes independentes

16
estabelecidos em África, justamente no feroz Daomé. Tendo ele se
tornado tão rico que era credor do Oba Adon-donzan, do Daomé, foi
por este atirado à masmorra. Mas, mesmo do calabouço, a influência
de Félix de Souza era tanta que ele estabeleceu um "pacto de sangue"
com o provável sucessor de Adondonzan, o seu sobrinho príncipe
Guezo (1818-1858), apoiando-o com muito ouro, homens e armas de
fogo. Escolheu bem o seu cúmplice: destronado e morto o Oba
Adondonzan, Félix de Souza tornou-se o Chachá de Uidah, ou seja, o
"Primeiro dos Brancos", no maior entreposto de escravos do mundo, a
cidade de Ajuda, porto de saída para os Nâgós capturados pelos
Daomeanos.
Félix de Souza, que era branco, gerou numerosa prole mestiça
africana que manteve o título de Chachá e o monopólio do tráfico
negreiro em poder da família Souza até a quarta geração, até que o 5°
Chachá Souza, J.F. de Souza, teve os seus bens confiscados e foi
levado à prisão. De tal nefando personagem, temos o testemunho
histórico do então príncipe de Joinville, citado por Ki-Zerbo (1972), que
assim o descreveu em 1843:"Velhote de pequena estatura, de olhar
vivo e feições expressivas, é pai de oitenta filhos do sexo masculino.
Não foram contadas as filhas."
E também não serve como desculpa para esta feroz escravidão o fato
de que os africanos, até antes dos árabes e dos europeus, já
conhecerem a escravidão intertribal. É verdade, mas a "servidão"
africana era de outro tipo que a escravidão nos moldes que os
europeus praticaram sobre os africanos, na realidade, tal servidão era
ligada a algum tipo de infortúnio pessoal (dívidas, fome ou captura em
batalha), tal e qual os europeus a conheceram em sua Alta Idade
Média.
Mas. em geral, mesmo o caso mais grave do capturado em batalha
era rapidamente integrado à comunidade, tinha direitos cívicos e até
direito de propriedade, porque existiam múltiplos processos para se
alcançara liberdade, alguns dos quais só dependiam da habilidade e
iniciativa do próprio servo, como, por exemplo, a valentia em combate
e o casamento com uma mulher livre.
E se levarmos em conta que o "senhor" africano tratava seu servo pelo
ape-lativo de Nuana/Filho, incluindo-se aí todo o possível cinismo no
uso deste termo, mesmo assim ver-se-á que a feroz escravidão que
pesou sobre o africano no Brasil, onde a média de vida dos escravos,
nas minas, chegou à taxa de quatro

17
anos, fica claro que tal tipo de escravidão nunca foi usual em África.
Pelo menos, em nenhuma obra etnográfica árabe se encontram
descrições, como as que se lêem em uma "instrução" europeia, datada
de 1769, sobre a captura e.tráfico de escravos africanos pellos
europeus :
"Nada de velhos com ;a pele enrugada, testículos caídos ou
encarquilhados. Nada de grandes negros escanzelados, peito estreito,
olhos esgazeados, ar imbecil. Nem mamilos espetados, nem seios
flácidos."
A '"regra de ouro" era: "Rapazes sem barba e raparigas de seios
firmes."
E também não serve de justificativa para esta escravidão o fato de
terem os monarcas negros praticado sacrifícios humanos rituais. Como
muitos outros povos, como os astecas, os fenícios, os hebreus e os
primeiros gregos, também os Ulkumy praticaram sacrifícios rituais
humanos, sobretudo nos seus tempos quase pré-históricos, em função
de várias Divindades, mas os próprios Êsé Itân Ifá/ Versos dos Contos
de Ifá contam como o Orixá Ôrunmilá, no Odii Ôtúrúpôn Ôtúrá,
ordenou aos seus. fiéis para que substituíssem os sacrifícios humanos
por caprinos, tal e qual Jeová também determinou à Abraão que
substituísse seu filho primogénito por um cordeiro.
E os comprovados sacrifícios humanos, não tão rituais, de que se tem
notícia no período pré-colonialista, em África, especialmente nas
exéquias de alguns de seus monarcas, foram excessos cruéis de
seguidores e familiares dos mesmos, ensandecidos por reflexos de
200 anos de guerras sanguinárias e não um produto de exigências
religiosas, tanto que até nas exéquias do traficante negreiro brasileiro
Félix de Souza, ocorrido no Daomé, mesmo sendo ele branco e
presumidamente "cristão", foram "regadas" a sangue humano.
Também é mera falsidade a alegação de que o negro aceitava o
cativeiro por não conhecer melhor forma de vida em sua terra natal.
Quem assim afirmava era por desconhecer um mínimo da história
sociocultural dos povos africanos, como já vimos. Na verdade, mesmo
o negro escravizado nunca perdeu a consciência, mesmo subjacente,
do que havia sido o seu rincão natal, o seu Ilú Aiyé/Ter-ra da Vida,
mesmo que com as guerras já em curso não pudesse ser mais cha-
mado de Odârâ/Feliz. Ao menos, no caso dos Ulkumy e de sua
religião, existem registros de animado tráfego comercial marítimo entre
a Bahia e Lagos, como o exemplifica o caso menos doloroso de

18
descendentes de brasileiros negros em África, tal como o cita também
Ki-Zerbo (1972):
"João da Rocha, de Lagos, fazendo a ligação entre esta cidade e a
Bahia, no Brasil, levava para aléni-mnr estatuetas e objetos de culto
exigidos pelos rituais dos deuses Yoruba no Brasil. Trazia dali
produtos e condimentos americanos pedidos pelos afro-brasileiros
para a sua cozinha. A tal ponto fez fortuna que Rocha se tornou, em
Lagos, um nome comum com significado de riquíssimo."
Desses sentimentos de apego do escravizado à sua terra de origem,
mesmo que ele fosse africano em segunda ou terceira geração,
Joseph Ki-Zerbo (1972) dá-nos uma nítida amostra, com a seguinte
referência:
"O culto dos defuntos, tão característico da religião dos africanos, para
quem os mortos não vivem, mas existem mais fortes do que neste
mundo, tomou neste contexto um significado comovente e até sublime:
acreditava-se que os mortos, agora libertados do látego do patrão
tirano, iam fazer em sentido inverso a infernal travessia do Atlântico.
Vagando sem entraves para o 'continente bem amado', iam juntar-se à
assembleia venerada dos antepassados, lá longe, do outro lado da
'grande água, no país da Guiné'. Desta nostalgia patética, é
testemunha a seguinte melodia:
"Deus de Angola, Deus de Angola!
Tu ensinarás três palavras de oração,
três Padre-nossos e três Ave-marias,
que permitam ao Africano,
voltar um dia a Guiné!".
E, na letra desta singela melodia-oração, ouve-se o eco de um
autêntico movimento religioso que viria a fundir os Deuses Inkice de
Angola com as orações católicas (esquecidas que estavam as
fórmulas rituais em língua africana), a que depois se sobreporia a
Ritualística dos •"Orixá Nâgós", somados às lembranças dos
descendentes dos Tupis-Guaranis. dando origem a um outro tipo de
conceito religioso que, embora com profundo embasamento africano,
iria refletir todas as esperanças dos diversos povos aqui exilados,
massacrados ou espoliados de seus direitos: a Umbanda, esta sim,
um verdadeiro sincretismo inter-religioso.
E, nesse processo de sincretismo religioso, é sintomática a revolta e
decepção dos escravizados, visível na mudança de características
específicas dos Orixá Ulkumy aqui novamente cultuados. Já não se
invocavam, dos seiscentos Imole/ Divindades, aqueles que eram

19
símbolo da fecundidade ou da prosperidade agrícola, mas sim aqueles
Orixá da Luta, da Justiça c da Execução: avultaram-se, assim, os
Orixá Ôgúm, Xangô e o Imole Êxú no Brasil.
Esse mesmo processo de transformação atingiu também o Orixá
Ôrunmilá que aqui chegou com os Ânâgónu, mas que em pouco
tempo silenciou-se ante o Iwâ/Destino tão trágico de seus fiéis e —
quem sabe? — talvez tenha também rezado "três Padre-nossos e três
Ave-marias" para poder voltar à l lú Aiyé / Terra da Vida, à África
Odârâ/Feliz.
É de se notar quee aqui também aportou a versão Daomeana dos
Orixá Yo-ruba, os Vodun. De fato, uma tia do rei do Daomé, o Oba
Guezo (1818-1 858), 'portanto também ela dia família real cio Daomé,
foi desterrada pelo rei antecessor, o Oba Adondonzam (1797-1818),
sendo transportada por navios franceses, com seus familiares,
servidores e bens materiais, tendo desembarcado no Brasil, na cidade
de São Luís do Maranhão, não como escravos, mas na qualidade de
refugiados políticos livres.
Essa família de :sangue real africano deu origem ao único espaço
religioso Daomeano puro que aqui vingou, a "Casa dos Minas", um
pedaço do Daomé que abrigou os Vodun Lisisa e Malui, o Casal
Celeste: Heviosso (Xangô), o Vodun da Trovoada e do Raio; Sakbata
(Obalúaiyé). o Vodun da Medicina e Dangbé (Ôxúmarê), o Vodun da
Serpente Sagrada que une a Terra ao Céu.
Mas, talvez camsados de tantas guerras, os Vodun da Casa dos
Minas não procuraram guerrear com os Orixá Yorubá, e sua pouca
ação de proselitismo, em território brasileiro, restringiu-se a partes do
Maranhão, do Amazonas e do Piauí.
Mas, ao contrário, os Ulkumy-Ayó-Nâgós-Yariba, enfim, os
doutamente chamados Yorubá no Brasil, chegaram aqui em "tal
número e em relativo pouco espaço de tempo"., como bem remarcou
R. Bastide (1953). que puderam re-estruturar e impor a suia cultura, a
sua religião, a sua ritualística e a sua língua aos outros negros já
aclimatados na Bahia. Recife e, mais tarde. Rio de Janeiro. E,
portanto, não é sem fundamento que muitos de seus descendentes se
classificavam como nobres pertencentes a Casas Reais Africanas,
sendo, por isso. muitas vezes, ridicularizados por "autoridades" de
todos os tipos, soberbas e arrogantes.
E essa supremacia cultural e religiosa cristalizou-se na implantação do
Candomblé, instituição que não existia como tal em África e cujo nome
nem sequer é de origem Ulkumy-nâgó, mas é Banto, e que refletiu a

20
necessidade de reorganização da Liturgia e da Ritualística africana
face à nova realidade da escravidão, reincorporando os Cultos dos
Orixá Patri l inçares, dos Orixá Regionais e até dos interterritoriais aos
Cultos dos Orixá de mais viva lembrança entre os fiéis sobreviventes,
cuja nova ordem de grandeza e/ou precedência cristalizou-se no
Xiré/Ordem de Precedência em que são saudados os "Orixás" que
ainda são cultuados, "à moda africana", no Brasil.
E essa coragem em manter a sua religião, essa tenacidade em seguir
uma ritualística onerosa sob condições económicas e financeiras
adversas, essa habilidade em não reviver os conflitos africanos do
passado, mas transportá-los para o terreno poético das lendas dos
Orixá, mesmo deturpando-as, são incontestavelmente superiores à
falta de perspicácia da atuação de seus governantes em África, os
quais sustentaram uma guerra tempestuosa em que não podia haver
ganhadores, uma vez que os lados contendores apenas forneciam seu
"capital humano" à colonização das Américas, recebendo em troca,
como pagamento de seu sangue, produtos e mercadorias produzidos
por estes mesmos "braços escravos" e que poderiam ser produzidos
pacificamente em África: algodão, cachaça, fumo, milho, ferramentas
metálicas e, além delas, armas de fogo.
E isso me é incompreensível, mesmo no caso de armas de fogo, uma
vez que os africanos conheciam muito bem a metalurgia do ferro e
suas técnicas de fundição do bronze (material dos primeiros arcabuzes
e canhões) eram melhores que as europeias, a exemplo dos
maravilhosos "bustos" de tamanho natural em bronze de Ilê Ifé e
sobretudo de Benin, admirados até hoje internacionalmente, nada
impedindo que eles fundissem e fabricassem armas de fogo. como o
fizeram os japoneses nos meados do século XVI, os quais, tendo
recebido dos portugueses arcabuzes quebrados como um presente
exótico, em menos de vinte anos já tinham esquadrões de "fuzileiros"
em seus exércitos, impedindo a esses mesmos portugueses e aos
espanhóis, ingleses e holandeses de desembarcarem, sem licença, no
Japão.
Isto nos faz pensar que somente o ódio racial, com profundas raízes
cár-micas e. mesmo assim, servindo a algum desígnio divino que nos
é inescrutável e incompreensível, poderia explicar a terrível tormenta
histórica que a escravidão levou à África por mais de trezentos anos e
que ainda faz sentir seus efeitos colaterais no apartheid. nos guetos e
nas favelas.

21
Nina Rodrigues (1932), em sua obra "Os Africanos no Brasil", conta-
nos como este ódio inter-racial ainda perdurou no Brasil, no período
crítico da guerra na África, entre 1800 e l 836. quando ocorreram na
Bahia várias insurreições de escravos de origens diversas, em que.
cada lado, Gêges/Daomeanos, Nâgós/ Yorubá e Malês/Haussás
faziam abortar os levantes programados pelos que consideravam seus
eternos inimigos, delatando-se mutuamente, conseguindo assim salvar
ao seu verdadeiro inimigo comum, os "senhores brancos", os quais,
em determinados momentos, na Bahia, não ultrapassavam os 5% da
população local.
Mas, como os fatos históricos acabaram por demonstrar, foi a Nação
Ulku-my ou Nâgó ou. ainda, lomba, que acabou por prevalecer sobre
os seus inimigos, com a instituição do Candomblé, que inspirou a
reorganização de todas as outras variadas reminiscências religiosas
africanas no Brasil, gerando os Candomblés Banto, Angola e Congo e.
até. reunindo a essas reminiscências religiosas africanas aquelas
outras dos indígenas brasileiros, gerando o Candomblé dos Cablocos,
onde a ritualística indígena recobriu-se, em grande parte, com o manto
da africa-nidade.
Portanto, ao conttrário do que muitos pensadores brancos pensam e
propagam, o Candomblé não é somente uma desestruturação da
sociedade religiosa africana, ocorrida no Brasil Colonial. Subjacente a
isso, por ser um verdadeiro "sistema ético onde imperam a hierarquia
c a educação", como bem afirmou R. Bastide (1972), o Candomblé é
uni exemplo da fortíssima solidariedade humana que estruturou, na
desgraça, a esperança (morredoura de liberdade e identidade de
todas aquelas raças dizimadas ou escravizadas pelo colonialismo
europeu.
Mas, apesar da existência de uma boa linhagem de Baba li Awo no
passado, a supremacia do culto principal dos Imole Ulkumy. o Orixá
Orunmilá, entrou em declínio e desapareceu publicamente dos
Candomblés, sendo o Da lia Fun ti Opón e o Dápêlê ti Opele
substituídos pelo "sacudir" dos Owó Mérindinlógún/ Jogo dos 16
Búzios, mais próprio das "Filhas de Ôxum", algumas delas maravi-
lhosas "Mães-de-Santo" que, dizimados os homens, tomaram a si a
sobrevivência do Culto dos Orixá no Brasil a qualquer custo, muitas
vezes, a custa de si próprias.
Mas, talvez o presente trabalho possa estimular a curiosidade de
muitos atuais "Filhos-de-Santo" sobre a realidade de sua herança
cultural, lázendo-os procurar conhecer o que ela tinha de mais valioso

22
e importante: o respeito que o Ulkumy tinha por si próprio e por seus
ancestrais.
Por isso mesmo, para que não se continue a repetir, a nível religioso
no Brasil, os erros do passado em África, onde a ambição, arrogância
c a prepotência dos poderosos levaram à destruição e à escravização
de todo um povo artista e religioso, empreendedor e guerreiro, pelo
simples fato de não terem sabido reconhecer o seu verdadeiro inimigo,
mesmo sendo hoje da raça branca e Elú Ninú Ifé/Estrangeiro na
Cidade Santa, respeitosamente atrevo-me à invocar Igí, o Ser
Espiritual Deslocado, que todos nós somos em nossa cegueira
espiritual:
"IGÍ, S! Ô.)Ú Kl O RI ODI RÉ" "Igí, abra seus olhos e veja o seu
inimigo!"
E, provavelmente, veremos à nós próprios!!!

ORIXÁ ORUNMILÁ
"Ifá, eu pergunto:
Quem é capaz de levar alguém ao Infinito e estar sempre
acompanhando esta pessoa?'
Essência exemplificativa do Odú Ogúndá Meji que nos faz depreender
que os Yorubá tinham uma perfeita noção da Espiritualidade, em
termos de seu alcance e sua finalidade.

ORIXÁ ORUNMILA

O povo Yorubá tinha uma bela. firme e complexa visão de seu próprio
mundo, na qual o Mundo Natural estava em estreita relação com o
Mundo Sobrenatural, considerados complementares entre si, e essa
visão precisa aqui ser explanada para a melhor compreensão da
Divinação Sagrada de l lá e do próprio conceito das múltiplas
Divindades do Panteão Yorubá que. no Brasil, ficaram conhecidas
pelo título genérico de "Orixá".
Citei os seres sobrenaturais que os Yorubá acreditavam e ainda
acreditam existir, como Divindades de um Panteão, pensando nas
palavras do erudito pesquisador e etnógrafo europeu, Léo Frobenius
(1913), o qual estudando a religião dos Yorubá, principalmente á
época em que a mesma ainda não havia assimilado conceitos
religiosos alienígenas de origens Islâmicas e cristãs, disse com entu-
siasmo:

23
"A religião dos Yorubá encontrava-se num estágio requintado de
evolução, podendo medir-se pela religião grega, quer pelo número de
episódios, quer pela riqueza de personagens, quer pela profundidade
das instituições."
Claro está que Frobenius era um erudito de larga visão para a sua
época e, sem ter preconceitos raciais ou religiosos, admirou-se
perante a estruturação da religião Yorubá, ainda que nela não tivesse
obrigação de crer.
E essa atitude positiva de Frobenius é muito importante porque, como
o Credo Yorubá jamais foi escrito diretatnente por seus próprios
teólogos, quando se está de fora do contexto Iniciático de cada
Terreiro, fica-se ao sabor de interpretações diversas para este mesmo
Credo, dadas por religiosos, sociólogos c etnografias de origens
raciais, tempos e correntes científicas as mais diversas.
E é assim que temos que escolher entre os seus erros e acertos,
usando-os como degraus para alcançar a verdade relativa a cada um.
uma vez que. como o disse Beatriz Gois Dantas, muitas vezes os
próprios Terreiros atuais agem "reproduzindo em linhas gerais o
discurso dos brancos dominantes sobre a religião dos dominados" — e
citando Bourdieu (1974), especialmente quanto ao Credo Yorubá: "O
que me parece é que a "pureza" Nâgó, assim como a etnicidade, seria
uma categoria nativa utilizada pelos Terreiros para marcar as suas
diferenças e expressar suas rivalidades, que se acentuam na medida
em que as diferentes fornias religiosas se organizam como agências
num mercado concorrencial de bens simbólicos."
O que poucos outros autores se atrevem a lazer público é que da
mesma forma acima descrita parecem agir muitos etnografias que, ao
estudarem tais cultos, levam também em consideração os seus
"mercados de trabalho" particulares e comparam o lhes é dado "ver"
nesses cultos, não com aquilo que poderia ter sido em África, mas sim
coim aquilo que eles "gostariam" que tivesse sido.
Mas, fora do> âmbito Iniciático destes cultos, nos quais o único
parâmetro possível é o da fé pessoal, para rever a verdadeira história
temos que recorrer aos historiadores e seus» registros, mas. é-nos
lícito, também, compará-los com aquilo que aprendemos com nossos
"Pais" e "Mães" de Terreiro. E vice-versa!
Assim, o que transcreverei a seguir é aquilo que compreendo como a
minha verdade, subjetiva e relativa talvez, mas alicerçada em minha fé
mais profunda. Porém, para não repetir o erro que possa estar
imputando aos outros, escorei os alicerces de minha fé com as vigas

24
sócio-etnográficas mais fortes e direitas que pude encontrar durante
longos anos de convivências, estudos e práticas, até não me sendo
estranhas as muitas divergências entre etnólogos e sociólogos de
escolas diversas, tais como Samuel "Ajayi" Crowther( l 852). T. J.
Bowem ( 1858). Pé. Noel Baudin (1884). Jeain Hess (l 896/1898).
Frobenius (1912). Samuel Johnson (1921), Pierre Verger (l 957) e J
nana E. dos Santos (l 976) e que nunca perguntaram aos "Pais" e
"Mães-de-Santo" de "Nações" Africanas, também diversas, se eles
eram "estruturalistas" ou "colonialistas".
E prefiro até, muitas vezes, apoiar-me nas experiências dos "mais
velhos" do que na dos "maiis doutos", pois que se atualmente para
muitos o sistema religioso praticado em África pode se lhes afigurar
como um "objeto de estudos", para os povos que viriam a ser
conhecidos como Lucumi em Cuba e como Nâgó no Brasil, a sua
religião era não só viva e atuante, mas também fruto de sua convi-
vência mais que mi lenar com a Natureza ou, melhor dizendo, talvez
que o seu modo de viver e partilhar da Natureza fosse fruto de sua
atávica convivência com as suas Divindades.
Isto porque, para os Yorubá. a Existência transcorria em dois grandes
planos:
1 —o Aiyé ou Mundo Natural;
2 — o Orun ou Mundo Sobrenatural:
Mas esses dois grandes planos de Existência não eram assim tão
distintos : as Divindades já haviam "vivido" sobre a Terra no Ode
Aiyé/Lugar das Divindades sobre a Terra, quando aqui vieram reger a
criação do mundo material. Além disso, a tradição religiosa Yorubá
afirmava que tudo o que existiu, existe ou existirá no
Âiyé/MundoNatural ou Vida, foi plasmado no Ôrun/Mundo
Sobrenatural ou Além e aí tem o seu exato Duplo. Desta forma, os
Yorubá denominavam todos os Seres existentes por um só outro
termo: - Ara/Corpo.
Estes Ara podiam ser, conforme as suas qualidades: 3.1 - - Ara Orun
ou Corpos do Alem,

3.2 — Ara Aiyé ou Corpos da Vida.


Os Ara Orun (3.1) dividiam-se em duas categorias principais:
3.1.1 – Os Imole/Divindades às quais estavam associadas estrutura do
Cosmo e da Nature/a Terrestre:
3.1.2 — Os Onílê/Senhores da Terra ou. ainda melhor, os Ancestrais,
aqueles

25
entes falecidos que por suas açõcs passadas foram semidivinizados
por seus descendentes, sendo que, embora estivessem no Orun. não
eram Divindades e estavam ligados à estrutura da Sociedade.
Os Êsé Itân Ifá/Versos dos Contos de Ifá. que se constituem na
Escritura Sagrada jamais escrita dos Yorubá, mas que fizeram parte
da memória atávica desse povo por quase dois mil anos. falam com
frequência em 600 (seiscentos) Imole/ Divindades (3.1.1),
classificando-os em 400 (quatrocentos) Irun Imole ou Irúnmolê e em
200 (duzentos) Igbá Imole ou Igbámolê:
"Âwon Irinvvô Irúnmolê Ôjú Kôtún; Atí Âwon Igbámolê Ôjú Kôsi."
"Os Quatrocentos Imole do lado Direito e as Duzentas Imole do lado
Esquerdo."
Isto significa que os Imole podiam ser e eram considerados como
divididos em Divindades Geradores (Irinwô) e Divindades Gestantes
(Igbá), mas todos os pesquisadores eruditos e os religiosos africanos
também estão de acordo em considerar lógica a tradição de que estes
600 Imole eram um número místico com função de emprestar
grandeza ao conceito de Divindade, o que importava em dizer-se que
eles. os Imole, eram cm uma grande quantidade desconhecida.
No que todos também concordam é que existiam graduações de
ordem, digamos, funcional, nesse grandioso conceito de Divindade, as
quais se situavam no Mésêêsán Ôrun/Novc Além, ou. melhor dizendo,
os Nove Planos de Existência do Além do Credo Yorubá.
Estes Mésêêsán Orun. os quais seria fastidioso tentar aqui definir,
tinham a [lê/Terra, ou seja, este Mundo Natural como eixo central e
comum de suas esferas de ação e, portanto, como "ponto de
passagem e de retorno" para que todos os Ara por ela, a l lê/Terra,
intercambiassem os seus planos de existências diferenciadas. Mas,
para isso, necessitavam de um meio, quereles fossem seus
sacerdotes ou os seus Omodê/Filhos-de-Santoou, preferencialmente,
seus lugares sagrados e devocionais, tal como era o caso dos
Orígi/Montíeulo-Sagrado do Orixá Ôrunmilá na Cidade Santa de l lê
He.
Dai a Terra ser invocada e chamada a testemunhar em todos os tipos
de pactos, particularmente nas Iniciações e em relação à guarda de
segredos. Ki Ilê Jéêri, ou seja. "que a Terra testemunhe", era a mais
ritual das fórmulas empregadas em juramentos solenes e daí que todo
o "Assentamento" de um Orixá devesse ser baseado na Otá/Pedra
que lhe era própria, "assentada", consagrada e

26
"alimentada" permanentemente por seus fiéis, pois como bem diz
Roger Bastide (1953):
"... a forca do Orixá está na pedra ... ".
O que equivale a dizer-se: na Terra!
Mas. apesar de e.vistirem Nove Planos de Existência no Além.
nenhum deles equivalia ao Céu ou ,ao Interno dos católicos, pois
sabiamente os Yorubá não desenvolveram nenhum conceito desse
tipo e muito menos consideravam ao Imole Êxú como uma espéc ie de
"diabo", como adiante se verá.
Assim, nenhum Yorubá. mesmo em cativeiro, aceitava a ideia de uma
tão grosseira e eterna punição como o Inferno, pois muito mais terrível
para ele era não poder tornar-se e mi um Agbâ Egun/Grande
Ancestral, merecedor de ser cultuado no Ilê Igbâlê/Casa dos
Antepassados, e assim ter a oportunidade de vir a ser, novamente, um
Ayórunbó/Rctornado do Além. ou, melhor ainda, um Babatundé/Pai
que retornou, nominativos estes muito usados em famílias de estirpe
antiquíssima.
Pois que, o Credo Yorubá considerava a Reencarnação como uma
certeza cíclica e sem fim, dentro de uma mesma linhagem humana,
pela qual se perpetuava a conjunção dos Ancestrais com os seus
descendentes vivos e aqueles ainda por renascer.
Daí a imposição de que o Babalávvo devia ter sua iniciação através de
sua linhagem patrilinear ou. no mínimo, de uma confraria masculina.
Daí também decorrer uma das principais funções da Divinação
Sagrada de l ta, qual seja, a da obtenção do Kpoli/Destino Pessoal,
quando se determinava "se" e "qual" Alma Ancestral podia estar
reencarnada em uma criança recém-nascida. mormente se ela fosse
Omo Bíbi/Bem Nascida em uma das 16 famílias aristocráticas
fundadoras de Ilê l fé, a Cidade Santa dos Yorubá.
Portanto, como dissemos anteriormente, Âiyé/Terra e Orun/Além
estavam indissoluvelmente interligados nas mentes Yorubá e todos os
Mésêêsán Orun/ Nove Além podiam se intercambiar nesta llú
Âiyé/Terra da Vida.
Assim sendo, no mais alto dos Mésêêsán Ôrun, denominado de
AjaCôrun Teto do Além. portanto, no ápice do poder espiritual, está
OLORUN, o Deus Supremo, justamente Aquele (O) + que tem (Li) + o
Além (Ôrun). Como Deus Supremo, Incriaclo e Criador. OLORUN não
tinha sacerdócio particularizado.
Mas. apesar disso. Ele não é assim tão remoto ou indiferente aos
assuntos humanos. Pelo contrário. Ele está sempre muito próximo

27
deles: as preces e os apelos sinceros do coração humano O alcançam
e Ele os responde através do Orixá Orunmilá e sua Divinação Sagrada
de Ifá. Entretanto, nenhuma Oferenda ou Sacrifício Lhe podia ou pode
ser entregue diretamente c Ele somente os receberia através de seu
Mensageiro Divino, o Imole Êxú Ôsíjê.
Daí o distanciamento de OLORUN de todos os outros Imole, os quais
não têm condições de suportar-Lhe o esplendor, pois Ele é também o
Ala Aba L'Âché, o Supremo Guardião dos Poderes da Existência, da
Realização e da Essência de tudo aquilo que foi, é ou será, sendo,
portanto, o Dispensador dos três Poderes que tornam possíveis e
regulam toda a Existência nos Nove Planos de Existência no Além e
na ferra da Vida :
- o Iwâ, o Poder da Existência.
o Âxé. o Poder da Realização que dinamiza a Existência;
- o Aba, o Poder da Essência que dá propósito ao Âxé.
A seguir, no segundo lugar na Hierarquia do Panteão Yorubá. criado
por OLORUN de Seu próprio Hálito, vem Orixânlá. de Orixá + Nlá =
Grande, o Grande Orixá. Ao mesmo tempo. OLORUN criou a
Igbámolê lyangbâ/Mãe-que-recebe, a quem delegou os poderes para
a gestação de todas as condições para que a Vida existisse na Terra.
Em terceiro lugar, surpreendentemente para aqueles que dele têm
uma visão deformada pelo prisma do racismo sociocultural-religioso.
também foi criado diretamente por OLORUN, da Eerúpé = Lama,
mistura de Agua e ferra, mas também vivificada por Seu Hálito, o
Imole Êxú Agbâ, o Êxú Ancestral, a Divindade da Dinamização, da
Transformação e da Restituição, quer no Orun, quer no Âiyé.
Por isso, ele é uma Divindade importantíssima c. embora, não possa
ser citada corretamente como um Orixá, ou seja. uma Divindade da
Brancura, a sua qualidade de Terceiro Criado diretamente por
OLORUN o torna seguramente um Imole, ou seja, uma Divindade a
ser respeitada como tal, além de ser o primeiro Ara Orun/Corpo do
Além, ou seja, a primeira Individualidade Espiritual a ser criada
diretamente da Matéria Combinada: Água, ferra e Ar.
Em seguida, houve a criação de todos os Awon Imole/Muitas
Divindades. ou seja, as muitas Divindades do Lado Direito e as muitas
Divindades do Lado Esquerdo, as quais viriam gerar em conjunto
muitas outras Divindades consideradas como Omodê
Okúnrin/Descendente-Masculino e Omodê Obirin/Descendente-
Feminino do relacionamento dos Irúnmolê com as Igbámolê,

28
ressalvando-se que. aqui, direita e esquerda nada têm a ver com o
dicotômico conceito de Bem e Mal do Maniqueísmo ocidental.
Antes, correlacionam-se:
- Os da Direita, com o Poder Gerador Masculino e com a Primeira
Classe de Poder, o Iwâ/Poder-da-Existência,expressadomaterialmente
pela cor Funfun/ Branca. Conheceram-se 50 (cinquenta) deles que
eram considerados não gerados mas geradores, sendo que eram
estes os que realmente mereciam o nominativo de Orixá/Divindade da
Brancura.
- As da Esquerda têm a ver com o Poder Gestante Feminino e com a
Terceira Classe de Poder, o Âbá/Poder-da-Essência, expressado
materialmente pela cor Dudu/Preta. Conheciam-se muitas delas que
eram consideradas não geradas mas gestantes, sendo conhecidas
pelo nominativo Ebora.
- Édese motarque estes irunmolê e Igbámolê geraram entre si os
demais Imole do Panteão Yorubá c estes "filhos" e "filhas" assim
gerados pertenciam à Segunda C lasse de Poderes — o Âxé/Poder-
da-Realização — expressado materialmente pela cor Pupo/Vermelha,
ou então, por múltiplas combinações das três cores-símbolos: Funfun.
Dudu e Pupo.
Estes novos Imole Gerados classificavam-se à Direita ou à Esquerda,
conforme os seus designativos:
A - - Os Omodé Okúnrin, da Direita, apesar de não pertencerem
exclusivamente ao Funfun/Brancura, eram denominados de Orixá
Omodê Okúnrin, ou seja. Orixá Descendente Masculino;
B - - As Omodê Obirin, da Esquerda, também apesar de não
pertencerem exclusivamente ao Dudu/Preto. eram tratadas por Iyá-mi,
ou seja. Senhora (lyá) Minha (Mi), ou. ainda. Minha Mãe, pois lyá pode
traduzir-se igualmente por estes dois termos na língua portuguesa, o
que gerou muitas confusões posteriores entre Gestantes e Geradas.
Toda essa classificação era muito importante quando dos rituais de
"feitura" de um fiel e/ou do "Assentamento'' de um Imole num lugar
devocional mas, no Brasil, após a perda de valores iniciatórios
causada pela escravidão e a consequente reunião de todos os Imole
num só espaço físico — o do Candomblé — o apelaíivo de "Orixá"
firmou-se para designar a todos os Imole indistintamente , quer fossem
da Direita ou da Esquerda, ou, quer fossem "Pais", "Mães" ou "Filhos",
enquanto o termo Ebora muitas vezes passou a ser confundido e
assimilado como um designativo de "Feiticeira".

29
É de se notar, ainda, uma outra grande confusão ocorrida no Brasil,
qual seja, a do conceito do Eledá Mi/Meu Criador, confundindo-se este
conceito com outro, o de Olúwarê/Meu Senhor no Mundo.
Muito embora, pelo Credo Yorubá, fosse perante OLÔRUN que cada
Ara Orun devesse "ajoelhar-se" para pedir o seu novo destino antes de
reencarnar-se, sendo, pois, assim, OLÔRUN o seu verdadeiro
Eiedá/Criador, ao renascer como Ara Âiyé para cumprir este destino
adrede solicitado, o novo Ser Vivente estaria ligado a algum Irunmolê
ou Igbámolê. que lhe "emprestaria" algumas qualidades de sua
matéria primordial à qual este novo Ser deveria ser devotado ou por
ele/ela "possuído" no transe mediímico.
Essa Divindade, depois de detectada e confirmada pelos processos da
Divi-nação Sagrada, era considerada como a "possuidora" da Orí
Inú/Cabeça-Interna, ou seja, da nova Personalidade Individual
Terrestre daquele Ara Orun encarnado, ou seja, o seu Olúwarê.
portanto, e no máximo, o seu Oba Mi/Meu Senhor ou lyá Mi/Minha
Senhora.
No Brasil, ofuscado pelo conceito católico de Deus Pai, embora
tivesse o mesmo significado em África, OLÔRUN perdeu esta sua
caraterística de Eledá Mi para a Divindade detectada ou manifestante
no novo Ara Aiyé/Ser Vivente. E, após algumas gerações de
escravizados, ou, quiçá, graças a alguns confusos informantes, o
Eledá Mi tem sido registrado até como "uma espécie de Anjo de
Guarda".
O principal irunmolê Orixá Funfun é a Grande Divindade da Brancura,
o Orixá Nlá/Grande Orixá, também conhecido por um outro de seus
títulos -Obâtálâ — de Oba (Senhor) + Ti (Tem) + Ala (Veste Branca) e
que é o Parceiro Gerador do Casal Divino que, por beneplácito e
ordem de OLÔRUN, gerou e regeu toda a Criação. No Brasil, este
Orixá ficou mais conhecido pela contração do termo Ôrixânlá,
posteriormente criando-se a nova fonética "Oxalá", sob a qual é muitas
vezes confundido com OLÔRUN e, outras vezes, sincrético com as
características esotéricas de Jesus, o Cristo.
A principal Igbámolê Ebora Dudu é a grande Divindade do Preto, a
Igbá-molê/Iyangbá Odúduâ que é a Parceira Gestante do Casal
Divino, mas que está praticamente esquecida no Brasil, como tantos
outros Imole, tais como Oranfé, Agbona, Erikiran, Erinlê, Ôlúwa, Ôké,
Agbâla, Ikire, Hôho, Ijá, Olufon, Ete-ko, Olúorogbo, Oluwonfin,
Ôxaôgiyán e tantos outros mais. Entretanto, a íyangbâ Odúduâ está
sempre presente nos "assentamentos" dos Terreiros tradicionais, mes-

30
mo que muitos de seus "filhos" não percebam isso, através da Igbá
Odú/Cabaça dos Odú, peça importantíssima e sacratíssima em todos
os "assentamentos", ré presentando tanto o Universo Criador quanto o
Universo Criado.
A Igbá Odú representa a junção do Casal Divino e pode ser uma
espécie dí cuia ou vasilhame duplo, onde a parte superior representa a
Divindade Masculiní e a parte inferior representa a Divindade
Feminina, abrigando no seu interiores elementos materiais capazes de
representar e emanar as qualidades das três cias sés do Poder da
Criação: o Iwâ/Branco, o Axé/Vermelho e o Aba/Preto, represen tando
assim, também, tudo o que simplesmente existe.
E dessa dupla Criação, como consequência da existência de Vida na
Terra, apareceu a outra classe de criaturas Ara Orun do Panteão
Yorubá: os Onílè (3. l de Oní/Senhores + I lê/Terra, ou seja, os
Senhores da Terra.
Com a criação das condições de Vida no Âiyé/Terra, os Ara
Ôrun/Corpo do Além, que tiveram as suas Orí Ôrun/Cabeça-no-Além
criadas por OLÔRUN, puderam tornar-se em Ara Âiyé/Corpos-da-Vida,
e sobre a Terra existir para con sumar o seu Iwâ/Destino com a própria
Orí Inú/Cabeça-Interna, para no seu OFojó/ Dia-Marcado retornar ao
Ôrun/Além para acrescentar a Orí Orun do seu Ars Orun, ou seja, a
sua "matriz" primordial, todos os méritos ou deméritos de sua .1.2),
ações praticadas na Iliú Aiyé/Terra da Vida, adquirindo, após a
primeira desencarnação, a qualidade de Ara Orun (que já era) Onilê
(que agora passará a ser).
Os Onilê {3.1.2) não eram Divindades "stritu sensif, eram, antes.e
sobretudo, as individualidades espirituais que tiveram a experiência,
boa ou má, da Vida sobre a Terra, a "'bordo" de um corpo humano.
Isto significava que os Égun/Mortos eram totalmente diferentes dos
Orixá. Portanto, mesmo aqueles Égun estando no Orun como Onilê
não podiam ser cultuados como Divindades, mas mereciam um culto à
parte.
Os Onilê (3.1.2) dividiam-se em três classes:
4 i__Os Baba Âgtoâ Égun ou os Pais Ancestrais Falecidos . que por
seus méritos terrestres foram semidivinizados por suas
descendências, merecendo em África e nco Brasil culto organizado no
llê Igbâlê/Casa-dos-Mortos dos Terreiros-1'ésé-égun/Terreiro-aos-pés-
dos-Antepassados, especificamente próprios, como os que ainda
existem na Ilha de Itaparica, Bahia, tão antigos e importantes quanto
os outros Terreiros-résé-ôrixá/Terreiros-aos-pés-dos-ârixá.

31
4.2 — Nessa mesma classe, devemos ainda incluir os Êsâ, ou seja. os
Ancestrais
Especiais, taiis como os Baba Égun e as lyá Âgbá, ou "Pais" e "Mães"
falecidos que haviam sido Babaláu o e lyálôrixà ou seus afins, os quais
são venerados nos Ilê-ibo-akú. também a Casa dos Mortos dos
Tcrreiros-1'ésé-ôrixá.
4.3 — Os Egúngúni ou as Matrizes dos simples mortais:
Nesta última categoria, à dos Egúngún, talvez, sem muita propriedade,
pudéssemos encaixar os Abikú/Criancas que nascem para morrer c os
Ara Orun dos Suicidas que devem vagar entre Âiyé e os Mésêêsán
Orun até desintegrarem-se no Nada, muitas vezes referidos como
Ajâgun/Elementos Destrutivos que transitam pelos Ona Burúkú, os
Maus Caminhos.
Os Onilê não" sendo, pois. Divindades "stritu sensu". também estavam
sob a tutela de dois grandes Imole/Divindades, a saber:
- O Irúnmolê Obaluaiyé, de Oba = Senhor + Ilú = Terra + Âiyé = Vida.
Ou seja, o Senhor da Terra da Vida, portanto, com o poder delegado
pela Ebo-ra Ikú/a Morte:
- A Iyá-mi Oya Igbâlê, a Divindade também conhecida como a lyá
MésêêsánÔrun/Senhora dos Nove Além. cuja contração deste nome,
no Brasil, veio a dar o termo lyansan ou seja, a Senhora dos Nove
Além, lugar onde iam situar-se os Onilê após as suas passagens
terrenas, podendo, portanto, controlar também os Égun, os Âbíkú e os
Ajâgun.
Também os Onilê apresentam o seu lado de Eterno Masculino e
Eterno Feminino, sendo os Ancestrais masculinos denominados por
Baba/Pai ou Senhor e as Ancestrais femininas por Íyá/Mãe ou
Senhora.
O Pai mais ancestral é denominado por Baba Olúkôtún Olorí
Égun/Senhor do Lado Direito Chefe da Cabeça dos Mortos; a Mãe
mais ancestral é conhecida por íyá Âgbâ Nlá/Mãe Ancestral Maior.
Compreendido tudo isso, podemos agora falar sobre o Orixá Orunmilá
Ifá.
Primeiramente, o Orixá Orunmilá é um: a — Ara Ôrun/Corpo do
Além. ou seja, um Ser Sobrenatural: b — É também um
Imole/Divindade ou um Ser Sobrenatural Divino : c - Além disso, é
um Iríinmolé Ôjú Kôtún/Olho Direito, ou seja, um Ser Sobrenatural
Divino Masculino do Lado Direito: d - E, além disso, é um dos 50
Orixá Funfun, ou seja, um Orixá Não Gerado mas Gerador do Poder
da Brancura.

32
Sua qualificação completa seria, pois: - Ara Orun Imole Irúnmolê Ôjú
Kôtún Orixá Funfun Orunmilá Ifá —
E qual é a sua função no Panteão Divino Yoruba?
Como vimos anteriormente, OLORUN distancia-se dos Imole por ser o
Ala Âbá L/Âché, o Supremo Orixá da Existência, da Realização e da
Essência de tudo aquilo que foi, é ou será. Podemos, pois, identificá-
Eo com o conceito universal de Deus Supremo e, como tal. Ele não
tinha culto e nem sacerdócio particularizado.
Mas, apesar disso. Ele não é tão remoto ou indiferente aos Ara Âiyé
que, em última análise, são as formas materiais de Suas próprias
criações espirituais, através da ação de Obâtálâ e Odúduâ: as preces
e orações sinceras O alcançam e Ele as responde através do Orixá
Orunmilá.
Porque é perante OLORUN que cada O ri Orun se "ajoelha", no Orun,
para pedir livremente a escolha do Iwâ de seu futuro Orí Inú de seu
Ara Âiyé.
Se assim aprouver a OLORUN, essa Individualidade Espiritual recebe
Dele o beneplácito que a habilitará a tentar realizar ou bem consumar
o Iwâ que Lhe solicitou, sendo o Irúnmolê Âjâlá o "modelador" da nova
Orí Orun e o Irúnmolê Orunmilá o controlador do novo Iwâ solicitado.
Mas, exceto quanto ao seu 01'ojó para voltar ao Orun, este Iwâ não é
assim tão fixo ou inalterável. Erros e acertos de conduta de um mortal
podem afastá-lo ou aproximá-lo daquele objetivo adrede e livremente
escolhido perante OLORUN antes de nascer e/ou renascer.
Além disso, outros Imole podem interceder a favor ou contra um
mortal, conforme a conduta deste perante os deveres que tenha
assumido com esses outros Imole ou também com os Onilê, pois não
podemos nos permitir esquecer que Orixá e Ebora, sem falar nos
Baba e lyá Âgbâ, eram de caráter nitidamente Patrilineares e
Matrilineares de Clãs Familiares específicos e, portanto, também
traziam deveres sociais e espirituais aos seus descendentes na Terra.
Também a Vida Terrena, para ser bem usufruída em sua plenitude,
exige contradotes ou Oferendas de Restituição dos elementos,
materiais ou astrais, consumidos ou utilizados pelo Ser Vivente, sem
falar especificamente no Âxé. força sutil mágica que dinamiza esta
existência.
Mas, no Credo Yorubá, existia o fato inexorável de que cada um, ao
nascer, se esquece do que sua Orí Ôrun escolheu para realizar nesta
Ilú Âiyé. Assim sendo, o Orí Inú do Ara Âiyé Yorubá não sabia como
deveria se portar em relação ao seu destino e até mesmo qual fosse

33
ele e, portanto, quais seriam os contra-dotes de restituição que ele
deveria ofertar a OLÔRUN, aos Imole e aos Onílè para bem consumar
este seu destino.
Era quando, às vezes, atónito ou em desespero, o Ara Aiyé Yorubá
orava sinceramente ao Orixá Ôrun m i lá:
"Ifá, eu pergunto:
Quem é capaz de levar alguém até o Infinito? E estar sempre
acompanhando esta pessoa?"
Esta era uima fórmula ritual de pedir indiretamente que OLÔRUN
ouvisse as suas preces e as respondesse através de Orixá Õrunmilá.
E é assim que aparece a função do Ara Ôrun Imole irúmnolê Ôjú
Kôtún Orixá Funfun Õrunmilá no Panteão Divino Yorubá: ele é o
Arauto dos Desígnios Absolutos do Ala Âbá L'Âché OLÔRUN, não só
para os Ara Âiyé. como para todos os Ara Ôrun, pois o Orixá Õrunmilá
é um dos dois Imole que podem livremente apresentar-se à presença
de OLÔRUN e suportar-Lhe o Esplendor! O outro é o Imole Êxó e, por
isso mesmo este também está indissoluvelmente ligado à Divinação
Sagrada de Ha.
Sim, existe um terceiro Imole que também pôde estar presente, pelo
menos por uma vez, perante OLÔRUN. mas que está completamente
esquecido dos fiéis no Brasil: o Imole Ôsétuwá!
E diziam os Babaláwo ancestrais de llc l té, a Cidade Santa dos
Yorubá. que o nominativo Õrunmilá é derivado de um nome mais
antigo, qual seja. Ela — e que derivaria do verbo Lá = Abrir. Assim, é-
nos lícito dizer que o nominativo Õrunmilá significaria "latu sensif":
Ôrun = Além + Emí = Eu + Ela = Abrir, ou seja, "Aquele que pode abrir
o Além"! Este significado condizia com as suas funções e, também,
com outras lendas que explicam o nome de Õrunmilá como sendo
uma contração do título OLÔRUN mo Êlá, sendo OLÔRUN = Deus +
Mo = Reconhecer + Êlá = Abrir, ou seja, "O Senhor reconhece Aquele
que pode abrir o Além".
E o Orixá Õrunmilá comunica aos mortais os desígnios de OLÔRUN,
dos outros Imole e Onílê. através de intuições, premonições, sonhos,
sortes, benefícios. mas também por inquietações, infortúnios,
pesadelos e doenças que acabam por levar o fiel ao Babaláwo em
busca da palavra final do Orixá Õrunmilá: a Profecia!
E era então que o Orixá Õrunmilá, o Arauto Divino, assumia a sua
forma de Patrono dos meios de Divinação, a sua forma Ifá, e, assim,
respondia através dos instrumentos divinatórios sagrados do
Ôpón/Tabuleiro e do Ôpêlê/Corren-te, que eram consultados pelos

34
Babaláwo/Pai do Segredo, os quais, inspirados por Õrunmilá, guiados
por Ifá, ajudados e vigiados pelo Imole Êxú, baseavam-se no que
estava "registrado" no Orí Ôrun daquele consulente e aconselhavam-
no, instruíam-no, orientavam-no, prescrevendo as Oferendas, os ritos,
os comportamentos sociais e até, através de ditados populares,
davam o conselho amigo para que aquele fiel do Orixá Õrunmilá
pudesse obrar para bem consumar o seu Iwâ/Destino, mas sem se
esquecer de recomendar-lhe de Pá Êxú/Acalmar Êxú, porque ele é o
Ôsíjê/Mensageiro Divino e o L'Ônan/Senhor dos Caminhos, quer dos
Ôna Rere/ Bons Caminhos, quer dos Ôna Burúkú/Maus Caminhos,
que ele abre ou fecha os Ara Âiyé, conforme o comportamento
ritualístico de cada um.
Como o Orixá Õrunmilá recebeu de OLÔRUN o poder de falar pelos
outros Imole e Onílê, também estes, através da Divinação Sagrada de
Ifá, podem solicitar aos fiéis para que lhes ofereçam alguma Oferenda
especial, para assim evitar que se agrave um mau destino ou, ao
contrário, para garantir a correia consumação do mesmo, porque
também podia prejudicar a um Iwâ o fato de se desrespeitar um
Êwó/Tabu de seu Oba Mi ou sua lyá Mi ou, então, sofrer-se a ação de
terceiros que, contra ele, praticassem Âjé/Feitico.
Mas os Sacrifícios Rituais da Divinação Sagrada de Ifá, conhecidos
como Adimú, palavra cujo sentido é justamente "Abrigar-se", não
seriam nunca dirigidos a esses Imole e Onílê protetores, mas sim
oferecidos a OLÔRUN que, entretanto, só os receberia através do
Imole Êxú, devendo a Oferenda ser, salvo instruções em contrário,
contida nos próprios Versos dos Contos de Ifá, depositada no sacrário
do Imole Êxú; daí a necessidade de Pá Êxú/Acalmar Êxú.
Entretanto, o Imole Êxú obedece irrestritamente ao Orixá Òrunmilá, de
quem respeita a espada que um dia o picou eni mil pedaços,
submetendo-o desta forma à função de Restituidore Dinamizador do
Âxé, tornando-o também em Fiscal e Executor Divino de OLÔRUN,
tendo como uma de suas funções primordiais diligenciar para que
aqueles que realizam as Oferendas prescritas alcancem os seus
objetivos e para que aqueles que assim não o fazem, depois de
alertados por infortúnios leves, sejam mais severamente incomodados
ou até mesmo punidos.
E é também por isso que desde a mais remota antiguidade o
nominativo Ifá é interpretado como "Aquele que raspa", porque ele
Fá/raspa as aflições, os infortúnios e as doenças dos fiéis que
preceituam as Oferendas Rituais, no mesmo momento em que os

35
Babaláwo "raspam" o Pó Branco Consagrado do Tabuleiro de Ifá para
Tefá/Apertar Ifá das Ôna Jfá/Trilhas de Ifá, ou seja, os Signos Gráficos
dos Odú/Fundamentos da Tradição.
E, pois, a Divitiação Sagrada lia do Orixá Òrunmilá que, baseando-se
no que está registradio nos respectivos Orí Orun de cada um, oferece
ao Ser Individual todo um roteiro de comportamento místico-reiigioso,
mas também social e cultural baseado cm precedentes míticos e
históricos de seus Ancestrais, desta forma lidando com medicina
natural e psicossomática; com o sobrenatural e o psí-quico-drama das
danças e cantos; dando exemplos históricos de comportamento
pessoal apropriados para enfrentar as situações penosas ou difíceis
que se podiam encontrar dentro do contexto sociocultural-religioso
Yorubá que, ressalvados o Tempo e a Distância, são
surpreendentemente Universais, como Universais são as ações e
reações básicas da l lumanidade, ditadas que são pelas necessidades
vitais do Homem.
A denominação de l ta. também dada a Òrunmilá, estava sempre em
relação com o uso do Ôpón Ifá/Tabuieiro t/e Ifá c o seu dispositivo
complementar o Ôpèlê Ifá/Rosária cie Ifá, que eram manipulados
pelos Bubaláwo. pois este termo, além de significar "Pai que detém os
segredos", significa também "Senhor que usa o Tabuleiro", pois Awo
significa não só Segredo, mas também Prato ou Tabuleiro.
Esse sistema de Divinação Sagrada importava em se ter. como no
caso de outras Divindades: hierarquia sacerdotal, confraria religiosa de
fiéis c acólitos; rituais e Oferendas específicas; templos, aposentos e
lugares sagrados; objetos portadores e transmissores de Axé
específicos como colares, insígnias, cajado, Otá, ervas, cânticos,
danças, tambores e festivais anuais públicos que não serão aqui
pormenorizados, pois fazem parte da ritualística iniciante das Nações
Africanas, as quais aqui preservaremos sempre que isto não for
impeditivo para a compreensão da grandeza e pureza deste sistema
de Divinação Sagrada.
Mas este sistema possuía algo mais que os outros Cultos: uma rígida
tradição milenar de capacidade, honestidade c obediência às regras
sagradas de Òrunmilá Ifá no trato com os fiéis e seus anseios e que
por isso mesmo acabou por conferirá sua Oxôgboni/Sociedade
Detentora do Poder, c que era secreta, um poderque os cultos de
outros Imole não possuíam, ou seja. o poder de vida e morte sobre os
Oni/Reis que fossem culpados de abuso escorchante do poder ou
qualquer outro crime de caráter público e escandaloso.

36
Mas, a meu ver, o sucesso da Divinação Sagrada de l lá residia no
fato de fornecer um alívio imenso aos seus consulentes, no justo
momento em que eles deviam tomar as decisões mais graves e
difíceis, como bem remarcou Bascon (1969):
-"Uma vez oferecido o sacrifício, a questão fica nas mãos da
Divindade."-
E era justamente para colocar os seus problemas existenciais nas
mãos divinas mais apropriadas que o fiel Ulkumy-Nâgó-Yorubá.
aliviado e agradecido, orava:
-"Ifá, eu pergunto:
Quem é capaz de levar alguém ao Infinito e estar sempre
acompanhando esta pessoa?"-

IMOLE EXU
"Êxú, aqui está meu sacrifício!
Por favor, diga a OLÔRUN
que aceite este sacrifício
e alivie meu sofrimento!"
Fórmula ritual com que os fies Yorubá ofereciam o Ebo destinado ao
Imole Êxú.

IMOLE EXU

Como se leu inicialmente no item l. l, a Confederação Yorubá começou


a formar-se nos meados do IV século depois da Era Cristã, portanto,
há mais ou menos l .500 anos. com a fusão política de cidades-
estados, muito mais antigas, numa nova Confederação. Embora a
capital política desta Confederação tenha sido, primeiramente, a
cidade de Òyó e, posteriormente, a cidade de Benin, a mais antiga e
importante cidade-estado era a de llè I fé, cidade tão santa para os
Yorubá quanto foram Jerusalém para os Hebreus, Roma para os
Católicos e Meca para os Islamitas.
Foi a partir de I lê Ifé que a religião dos Orixá difundiu-se por larga
parte do sudoeste africano e, através do tráfico negreiro, aportou no
Caribe e no Brasil, no final do século XVIII, onde teve sua
sobrevivência e renascença, especialmente na Bahia e no Rio de
Janeiro.
Mas, embora a última capital Yorubá, Benin, tenha capitulado ante os
ingleses apenas em 1897, tornando-se um Protetorado Britânico,
desde pelo menos os meados do século XIV a religião dos Orixá

37
sofreu a influência do Islamismo, culminando esta influência no início
do século XVIII com a conversão politicamente forçada do governador
da província Yorubá de Ilorin, Oba Afônjá, à religião do profeta
Maomé. Posteriormente, é evidente que sob a condição de
Protetorado Britânico, ainda sofreu a influência do Cristianismo, sob
suas várias formas, forçada ou mediante aculturação.
Assim sendo, só nos reportaremos aqui aos conceitos ancestrais já
estabelecidos sobre o Imole Êxú há milénio antes de tais
acontecimentos e, sobretudo, em sua ligação mais diretacom o culto
do Orixá Ôrunmilá Ifáeao seu Sistema de Divinação Sagrada.
Desta forma, temos a dizer que uma das Divindades ancestrais que
mais escandalizou, confundiu e exasperou aos primeiros missionários
Islamitas e, depois, aos catequistas cristãos europeus, foi o Imole Exú,
sobretudo porque estes primeiros missionários e catequistas, reagindo
aos estímulos de seus próprios subconscientes e de seus tabus sócio-
religioso-culturais, superestimaram um dos atributos deste Imole, ou
seja, a natural atividade sexual, sem a qual não há procriação animal
ou humana.
E, na repressão a este atributo e à sua representação fálica,
esqueceram-se das outras atividades divinas desse Imole.
Por isso mesmo, começaremos aqui por enumerar alguns dos
atributos e títulos que essa Divindade, tão cara a uma sociedade
guerreira, agrícola e pastoril, tinha antes do advento de sua
"conversão" forçada em "diabo", em nome de uma pretensa
superioridade cultural e racial que levou à África mais de trezentos
anos de guerras, sangue, suor e lágrimas. Por isso mesmo, a ele nos
só referiremos aqui por seu título ancestral Ulkumy de Imole,para bem
diferenciá-lo da ideia de Satã, Caipora ou ~ LÊxú deTronqueira". que a
perda de valores iniciatórios africanos, causada sobretudo pela
escravidão, permitiu insinuar-se até na mente de muitos daqueles que
se dizem "Babalaôs", quanto mais na mente de seus mais simples se-
guidores atuais.
Assim, com o devido respeito, saudamos ao Imole Êxú:
"Mo Jú Ibá, Êxú Oba Baba Êxú! Ibá Êsé, xó!"
E pedimos-lhe Agô/Licença para citar o seu Oríxírixí, ou seja, os seus
Contos Imemoriais onde se fala dos seus dezesseis atributos ligadbs a
Ifá e o porquê desses títulos tão negligenciados hoje em dia.
Eis aqui seus dezesseis títulos e correspondentes atributos:
1 ÊxúYangí o Êxú da Laterita Vermelha
2 Êxú Âgbâ o Êxú Ancestral

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3 Êxú Igbá Ketá o Êxú da Terceira Cabaça
4 Êxú Ôkôtô o Êxú do Caracol
5 Êxú Oba Baba Êxú o Rei e Pai de Todos os Êxú
6 Êxú Odàrâ o Senhor da Felicidade
7 ÊxúÔsíjê o Mensageiro Divino
8 Êxú Elérú o Senhor do Carrego Ritual
9 Êxú Enú Gbáríjo o Boca Coletiva dos Orixá
10 Êxú Elégbará o Senhor do Poder Mágico
11 Êxú Bará o Senhor do Corpo
12 Êxú L'Onan o Senhor dos Caminhos
13 ÊxúOrObé o Senhor da Faca
14 Êxú El'Ébo o Senhor das Oferendas
15 Êxú Alafia o Senhor da Satisfação Pessoal
16 ÊxúOdúsô o Vigia dos Odú

Imole Êxú Yangí é a sua múltipla forma mais importante e que lhe
confere a qualidade de Imole ou Divindade, pois nos ritos da criação,
segundo o Credo Yorubá, conforme Juana E. dos Santos (1976):
- "O ar e as águas moveram-se conjuntamente e uma parte deles
mesmos transformou-se em lama. Dessa lama originou-se uma bolha
ou montículo, a primeira matéria dotada de forma, um rochedo
avermelhado e lamacento.
Olôrun admirou esta fornia e soprou sobre o montículo, insuflou-lhe
Seu Hálito e lhe deu vida. Esta forma, a primeira dotada de existência
individual, um rochedo de Laterita, era Êxú Yangí."-
Dessa forma, fica claro que Imole Êxú foi criado diretamcnte por
OLÔRUN, mas não da própria e primordial matéria divina, da qual Ele
fez Obâtálâ e Odúduwâ, mas sim daquela matéria que daria forma a
toda existência genérica subsequente, ou seja, a Eerúpé/Lama, da
qual seria criada também toda a humanidade que um dia Ebora Ikú/a
Morte devolverá a essa mesma Lama.
Então, Imole Êxú Yangí é o primeiro a ser criado na Existência
Genérica e o símbolo por excelência do Elemento Criado. Por isso ele
é chamado também de Imole Êxú Âgbâ/Êxú Ancestral. Assim, os seus
assentamentos ou sacrários mais antigos e tradicionais eram um
simples pedaço de Laterita vermelha enfiado no solo, na Orita
Meta/Encruzilhada de Três Caminhos. Algumas vezes, a Laterita
vermelha estaria cercada por 7. 14 ou 21 hastes de ferro, mas deste
metal bem enferrujado, que é o '"esqueleto" do metal novo.

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Como os mitos da criação, segundo os Yorubá, demonstram que
Imole Êxú Jbi criado logo ajjós Onxanlá e Qdúduwâ por OLÔRUN, ele
é, portanto, o Igbá Ketá: literalmente, a Terceira Cabaça ou o Terceiro
Criado, sendo símbolo da existência diferenciada e, em consequência,
o elemento dinâmico que leva à propulsão, à mobilização, à
transformação e ao crescimento. Nesta variante múltipla, ele é o
princípio dinâmico que participa forçosamente de tudo o que virá a
existir.
E assim processou-se a Criação, segundo o Credo Yorubá.
Os Oríxírixí Êxú continuam contando como Imole Êxú logo
descontrolou-se e começou a devorar toda a existência, sendo
obrigado por Ôrunmilá, após uma longa perseguição, a vomitar tudo
de volta; entretanto, melhor, em maior quantidade e mais perfeito do
que quando o ingerira. E, lendo sido picado em milhares de pedaços
pela espada de Ôrunmilá, transformou-se no Mais Um ou o Um mul-
tiplicado pelo Infinito, no Êxú Okôtô/Caracol, cuja estrutura óssea
espiralada parte de um ponto único, abrindo-se para o Infinito e no
qual os Yorubá conceituavam o crescimento e a multiplicação.
Desta forma, Imole Êxú Yangí também multiplicou-se "ad infinitum" e,
tendo se tornado já no símbolo da restituição e da recomposição,
tornou-se ele próprio no Oba Baba Êxú/Rei e o Pai de todos os outros
Imole Êxú que dele foram "cortados" e que, para sempre,
acompanham os Imole e todos os mortais.
Os Êsé ítân Ifá/Versos dos Contos de Ifá, contam-nos a razão da
denominação de outras variantes múltiplas de Imole Êxú.
Numa explanação livre dos versos desses Contos, no que se refere ao
Imole Ôsétuwá, podemos ler que quando os Imole vieram à Terra para
coadjuvar Õri-xânlá e Odúduwâ a reger a criação, OLÔRUN ensinou-
lhes tudo quanto precisavam saber para que a vida na Terra fosse
Odârâ/Feliz.
Mas, apesar de os Imole fazerem tudo o quanto fora prescrito por
OLORUN. sobrevieram na Terra todos os tipos de desgraças,
mormente uma terrível e prolongada seca.
Os Imole reuniram-se e chegaram à conclusão de que os fatos
desastrosos estavam além da sua compreensão e que deveriam
mandar alguém, sábio e instruído, à presença de OLORUN, para que
Este lhes mandasse a solução dos problemas que afligiam a Terra,
sob o risco de seu total desaparecimento.
Ôrunmilá. o Orixá da Divinação Sagrada, partiu nessa missão e data
daí o fato de que Ôrunmilá passou a ser um dos dois Imole que

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podiam apresentar-se perante OLORUN e suportar-lhe o esplendor.
Ao lhe ser permitido facear OLORUN, Ôrunmilá ouviu Dele que a
razão para todas as desgraças que assolavam a Terra estava no fato
de que eles, os Imole, não haviam convidado para morar no Ode Aiyé,
ou seja, o lugar da moradia dos Imole na Terra, ao Ser que se cons-
tituía no décimo sétimo dentre eles. Quando assim o fizessem, tudo
voltaria a frutificar!
E foi assim que Ôrunmilá tornou-se o Arauto de OLORUN para a
ligação dos dois mundos, o Ôrun e o Aiyé, retornando ao Ode Aiyé e,
junto com os outros quinze Imole, começou a procurar pelo "décimo
sétimo", o qual deveria ser convidado a morar com eles. Depois de
muitas tentativas infrutíferas, decidiram que uma poderosa Âjé. a
Ebora Ôxúni, deveria conceber um filho deOxô/Senhordo Poder
Mágico, filho esse que receberia, ainda no ventre materno, o
Âxé/Força Mágica, de todos os \mo\epor imposição conjunta de suas
mãos, para que se transformasse assim no mensageiro por excelência
das Oferendas dos imole e se acabassem as desgraças que
assolavam a Terra.
Assim foi gerado um filho do "feitiço'' com o "poder mágico", o qual
recebeu o nome de Osétuwá; e este novo Orixá Gerado passou a
tentar cumprir o seu dever de mensageiro, mas sem obter
absolutamente nenhum sucesso! Até que um dia, em aflição, lembrou-
se de procurar o quase desconhecido Imole Êxú Odârâ/ Exú da
Felicidade, para pedir-lhe conselhos e ajuda.
E assim Osétuwá dirigiu-se ao Imole Êxú Odârâ e pediu-lhe a ajuda
para levar as Oferendas dos Imole a OLORUN. E Imole Êxú Odârâ
respondeu a Osétuwá:
-"Como?:
Jamais pensei que você viesse me avisar antes de partir!
Por este seu gesto, hoje o Ôrun lhe abrirá as portas."-
E, então, Osétuwá e Êxú puseram-se a caminho
e partiram em direçâo aos portões do Ôrun.
Quando lá chegaram as portas já se encontravam abertas!"

Osétuwá, então, pôde entregar as Oferendas dos Imole a OLORUN e


Este, aceitando-as por virem através de Imole Êxú, deu a Osétuwá
"todas as coisas necessárias à sobrevivência do Mundo". Osétuwá
voltou ao Aiyé e tudo frutificou novamente!!!
Tão gratos lhe ficaram os Imole que o cobriram de presentes e o
celebraram como o único dentre eles que conseguira levar as

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Oferendas ao Ôrun. Mas Osétuwá. com humildade, pegou todos os
presentes que recebera e:
-"... deu todos n Êxú Odârâ .
Quando os deu a Êxú, o mesmo disse:

- "Corno?
Há tanto tempo ele entregava os sacrifícios
e não houve ninguém pura retribuir-lhe a gentileza!
Você, Osétuwá:
Todos os sacrifícios que eles fizeram sobre a Terra,
se não os entregarem primeiro a você
para que você os possa trazer a mim,
farei com que as Oferendas não sejam aceitas!"-
E foi assim que Osétuwá tornou-se um poderoso Akin
Oxô/Manipulador do Poder, duplamente por seu nascimento e pela
confirmação de Imole Êxú Odârâ, por ter mostrado a todos os Imole
que Imole Êxú era realmente o Ôsíjê/Men-sageiro Divino e que
também tinha o poder de aceitar ou recusar os sacrifícios rituais
porque era o verdadeiro Elérú/Senhor dos Carregos Rituais.
E no Brasil, nos Terreiros-Pésé-ôrixá, quem é que se lembra, ainda, do
Imole (era uma Divindade) Orixá Pupo (era "filho" de Divindades)
Osétuwá?
A partir de então, os seiscentos Imole decidiram dar ao Imole Êxú um
pedaço de suas próprias bocas para que ele pudesse falar por todos
quando fosse a OLORUN, pois era patente que ele era o segundo
Imole que podia apresentar-se perante Ele. Imole Êxú, muito
sabiamente, uniu todos esses pedaços em sua própria boca e assim
tornou-se o Enú Gbáríjo/Boca Coletiva de todos os Imole.
Desde então, como retribuição de Imole Êxú aos outros Imole, cada
um desses possui ao seu lado o seu Ôkôtô/Caracol, o Mais Um, a
quem ambos delegam os seus poderes. Desta forma, por delegação
espontânea de todos os Imole, Êxú tornou-se o Elégbará/Senhor do
Poder Mágico. E como toda a Criação é também regida pelos Imole,
todo o Ser criado no Aiyé, assim como possui o seu Ôlorí, ou seja, o
seu Orixá ou sua Ebora, que é o Senhor ou Senhora de sua cabeça,
também tem que ter o seu Bará/Senhor do seu Corpo, pois Bará vem
de Oba = Senhor + Ará = Corpo.
Isto explica muitas coisas que são atribuídas nos cultos afro-brasileiros
a Imole Êxú, pois que ele é responsável pela natural atividade sexual,
que é um atri-

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buto do corpo, pois sem ela não há procriação, que é multiplicação e
abundância, quer seja vegetal, animal ou humana.
E para isso. Imole Êxú. sendo o Elégbará e o Bará, recebeu de
OLÔRUN os instrumentos símbolos de sua ação dinamizadora e
frutificativa:
— o Adó Iran. a Cabaça arredondada de longo pescoço, o recipiente
de poder mágico que contém inesgotável Âxé, bastando ser apontada
a um objetivo para emanar e propagar esse poder mágico:
— o Phallus, procriador e todas as suas formas transferidas, como as
pequenas cabaças arredondadas e o seu penteado-gorro tradicional,
de ponta alongada e caída, terminada em forma de glande peniana
humana.
Daí ser o Pênis humano, em ereção, uma de suas mais populares e
ancestrais representações, feitas em pedra, como as da localidade de
Tondediru, ou. mais simplesmente, modeladas em barro à beira dos
caminhos. E este foi um dos aspectos de Imole Êxú que mais
escandalizou os missionários europeus, que não se deram conta de
que estavam imergindo numa sociedade viril e guerreira, agrícola e
pastoril, na qual o ato de procriação não é uma ofensa à Divindade,
mas antes uma bênção sempre solicitada a Ela.
E nem atentaram, mais tarde, para o fato de que em nenhum dos
milhares de Versos de Contos de Ifá, Imole Êxú jamais, repitamos,
jamais assume a função de procriador e mais, suas milhares de
formas transferidas têm por origem a divisão do seu próprio Ser em "n"
partes pela espada de Ôrunmilá.
Mas Imole Êxú tinha uma outra função capital que despertou o
interesse dos catequistas europeus, que nela viram a oportunidade ou
cunha para a destruição de sua importância entre os Yorubá: a sua
função de Executor Divino.
Como Imole Êxú é o Mensageiro Divino e o Senhor do Carrego Ritual
prescrito por Orúnmilá-Ifá, ele é também o L'Ônan/Senhor dos
Caminhos, tanto dos benéficos (Ona Rere), quanto dos maléficos (Ôna
Burúkú), que ele abre ou fecha aos mortais conforme verifique se os
sacrifícios prescritos aos mesmos foram ou não cumpridos, ajudando
aqueles que os cumprem e punindo os que, devi-damente avisados,
não o fazem.
Por isso, ele é também o OPObé/Senhor da Faca, significando
Executor dos Sacrifícios, mas também, no sentido ritualístico, "Aquele
que tem o poder de vida e morte". A Obé/Faca, Imole Êxú junta ainda
a sua Ôpá/Boisa, na qual carrega os seus objetos ritualísticos

43
mágicos, entre eles os "fragmentos de cabaças", símbolo do Ser
destruído mas, por sua vez, destruidor, um dos seus emblemas mais
temidos e somente manipulados por seus EFêxú, ou seja, Sacerdotes
do Imole Êxú.
Por tudo isso. Imole Êxú está sempre "do lado de fora", nos caminhos,
onde tem seu lugar predileto, a Orita Meta/Encruzilhada de Três
Caminhos, onde ele aceita, carrega, transporta e premia, mas,
também, de onde vigia, adverte, recusa e pune.
Foi então que os primeiros catequistas europeus passaram a pregar
que todas as desgraças acontecidas aos fiéis Yorubá, gratuitas ou
não, derivavam da ação nefasta e indiscriminada de Imole Êxú, o qual
apenas faria o mal pelo mal. Por sua vez. os Yorubá escravizados
viram nesta pregação equivocada uma nova arma para se defenderem
e passaram a ameaçar abertamente os seus inimigos com as artes
punitivas do Imole Êxú, que assim começou a sincretizar-se, nas
mentes mais fracas, com a infernal figura do diabo medieval
católico.Daí a ele começar a ser representado e apresentado como um
Ser tenebroso e mau, foi apenas a mesma descida de ladeira por onde
escorregaram os sincréticos cultos afro-brasileiros, notadamente a
Umbanda, até estarem lançadas as bases do "sincretismo dentro do
sincretismo" e aparecer a Kimbanda que, na verdade, nada mais é que
o ponto mais alto da curva do desespero a que foram lançados os
povos escravizados no Brasil.
Mas, na realidade, no Credo Yorubá o Imole Êxú como símbolo, não
da maudade, mas, da restituição que os humanos devem fazer,
através de Oferendas e sacrifícios, daquelas "coisas eram necessárias
à sobrevivência do Mundo" e que OLÔRUN deu a Oschetuwá para
salvá-lo e não para destruí-lo. Diz-nos Juana A. dos Santos (l971):
- "É na execução da Oferenda, que só Êxú Elebó o Senhor das
Oferendas, é capaz de tornar aceitável a OLÔRUN, que permite ao
consulente alcançar o seu objetivo."-
E se o consulente alcançar o seu objetivo, naturalmente
obterátambém a satisfação (Alafia) dos seus anseios maiores; assim,
deveagradecer também ao Imole Êxú Alafia/Senhor da Satisfação
Pessoal.
É sobretudo sob as múltiplas variantes de Bará, E n ú Gbáríjo e
Elebóde Imole Êxú que Orúnmilá-Ifá dele se utiliza para poder atuar
comoarauto dos Orixá sobre os destinos humanos.

Continua a nos dizer a autora supracitada:

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- "O símbolo-resposta, ou Odii, e suas respectivas respostas
exemplares implicam sempre uma Oferenda sem a qual o oráculoseria
apenas um jogo de palavras sem eficácia."-Por isso, a ligação de
Imole Êxú com a Divinação Ifá é indiscutível!
Confirma-se, assim, também, que ele é o Princípio Restaurador do
Equilíbrio no Credo Yorubá. Daí as suas representações comuns, ora
fumando cachimbo, simbolizando a absorção e a ingestão; ora
tocando ilauta, simbolizando a doação e a restituição. E assim o
Oríxírixí de Imole Êxú conta como ele distribui generosamente
crescimento e honras, "vomitando-os" após ter ingerido todo tipo de
alimentos e bebidas rituais de Oferendas e como há um determinado
elemento. O Aasâa/Fumo de Rolo picado, que infalivelmente provoca
esse inusitado "vômito-transformação-restituição".
E tudo isso Imole Exú assim faz e executa todas essas funções em
troca de somente três coisas: coragem, respeito e seu Ebo, a sua
Oferenda específica que lhe é destinada no seu ritual próprio, o Ipâdé,
cujo literal significado é justamente "ato de reunião dle
apaziguamento" e não para pedidos de destruições aleatórias, como
pensam aquietes que. na verdade, não conhecem a essência do
Senhor Imole Êxú. porque se esqueceram ou não conhecem as suas
raízes espirituais ancestrais. Ou, pior ainda, as renegam! O Ebo é
constituído de elementos materiais muito simples, mas de profundo
significado, ao contrário do que se vê "despachado" pelas esquinas de
nossas cidades, e quase mão guarda relação alguma com o seu
significado original:- Omi: a Agua, a Oferenda por excelência, que
fertiliza, apazigua e vitaliza tanto o Âiyé quanto o Orun. especialmente
se for água de chuva, a Omi Âtó, a "água-sêmen" do céu:
- Epô: o Azeite-de-dendê. símbolo da dinâmica da realização, da
descendência relacionada com a essência ou "sangue vermelho" (Êjé
Pupo) gerado:
- Otín: a Bebida alcoólica branca destilada (vinho de Palmeira, na
África: cachaça, no Brasil), símbolo do poder gerador e relacionado
com a essência ou "sangue branco" (Êjé Funfun):
- lyéfun : a Farinha, qualquer farinha (de milho ou de mandioca, no
Brasil), que é símbolo da fecundidade, da essência ou "sangue preto"
(Èjé Dudu) gestante, quase sempre na forma do Âkâsâ. bolinho de
pasta branca de milho deixado de molho, ralado e co/ido. envolto em
folha especial (Ewc-êko). Dito isto (e mais haveria para se dizer), eix
porque ião poderosa Divindade sempre foi e ainda é cultuada e
servida anies ale que servidos c cultuados sejam os Orixá, em

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qualquer situação ou lugar, mesmo nos Terreiros-fésé-õrixá. ou seja,
nos Terreiros-aos-pés-dos-ôrixá.
Remarquennos a mais que, especificamente no Ebo de seu Ipâdé,
Imole Exú não recebe sangue animal e sim a sua essência
transmutada em Epô/Azeitc-de-clendê. Assim, não é correio afirmar-se
que ele se compraz com sangue animal, só porque, por ter direito à
primeira porção de cada sacrifício, por vezes receba também sangue
animal. E, isto. nem sempre, dado que os ferreiros mais tradicionais
muitas vezes fazem o primeiro sangue dos sacrifícios ser vertido na l
lê/Terra, em um pequeno buraco especialmente a isto destinado, em
lembrança de que na Terra está o início', o meio e IIm de toda a Vida.
E isto assim é, não como expressão de crueldade ou malignidade,mas
porque entre os Yorubá o sangue animal é apenas uma das
novqualidades de essências ou "sangues". Embora ele seja
considerado como o símbolo primordial da existência, só é vertido em
função de que o animal ofertado precisa ser sacrificado para então se
transformar em comida ritualística. sendo os animais abatidos com
honra e sem crueldades desnecessárias. Quem conhece
opensamento africano e o Credo Yorubá sabe que todo e qualquer
animal preceituado para o sacrifício terá a sua carne, retiradas as
partes portadoras de Ãxé que pertecem aos Imole e Ebora, consumida
quer pelos próprios ofertantes. quer pelos Babaláwo e seus acólitos,
quer mesmo distribuída entre os membros mais pobres da
comunidade, esta carne transformada em comida ritualística, da qual o
melhor exemplo, no Brasil, na culinária baiana, toda ela calcada nas
famosas "Comida de Santo", são alguns quitutes compostos de carne.
tais como a Anderesa e Arrampatêre; outros, à base de crustáceos,
tais como o Badofe; e ainda outros, à base de vegetais, tais como o
Amalá-Ixu, o Axóxó, o Êfó, o Ómuluku, e. até doces, tal como o Wadu.
Também, é por ser o sangue animal a essência primordial da
existência que Imole Êxú, na sua qualidade de Bará/Senhor do Corpo,
deve ser o primeiro a recebê-lo, pois diz o credo Yorubá que:
- "se cada coisa e cada ser não tivessem seu próprio Êxú cm seu
corpo, não poderia existir, pois não saberiam se estavam vivos." –
Por tudo isso, faiemos nossas as palavras de Williau Bascon f 1969)
sobre a pretensa "malignidade " de Imole Exú. inexistente no credo
Yorubá:
- "A sua atuação ao proceder às entregas de sacrifícios a Deus
(OLORUN) dificilmente é compatível ou coerente com a sua
identificação com o "Satã" pelos cristãos e muçulmanos, o que só

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pode ser explicado pelo malogro em se achar o equivalente do "diabo"
no credo Yorubá." –
Como já vimos anteriormente, foi a ação repressiva dos catequistas
europeus e latino-americanos sobre os escravos e seus descendentes
que forçou um sincretismo adulterado entre Imole Exú e o "diabo"
católico cm sua forma mais medieval, sob o pretexto de reprimir o seu
aspecto "erótico" e "cruel". De fato. mesmo face à situação irregular
dos suicidas, os Yorubá jamais criaram a ideia de um "inferno": prémio
ou castigo são provações experimentadas aqui mesmo nesta Terra ou
pela falta de retorno a ela.
Assim, a ideia de um "Exú" essencialmente tenebroso e mau é uma
con-Irafação sinerélica com o "diabo " católico, forçada e imposta pela
escravidão e consequentes perdas de valores inicialórios das religiões
africanas no Brasil, mas que nunca existiu na África, em tempo algum!
Muito embora, nas lendas populares, Imole Êxú passasse a
serconhecido como "manhoso", "trapaceiro" e notoriamente
"encrenqueiro", mormente se não for "apaziguado" por seu Ebo. a sua
suposta imagem de malignidade decorre, na verdade, de ele ter o
importante papel cie Executor Divino, punindo aqueles que
descumprem o sacrifício prescrito para eles. mas recompensando
aqueles que o fazem.
Entretanto, ele nada faz por conta própria, servindo fielmente a
OEÔRUN e Ôrimmilá Orixá ; tam bem. os Orixá e as Ebora podem
convocá-lo para se utilizar da variedade de p u n ições postas sob o
seu comando. E isto porque, com imen-sa sabedoria, o Credo Yombá
prega que Orixá algum pune direíamenle seus "Filhos ". mesmo os
transviados, os ínmsgressores e os ofensores: esta função é c/e Imo!ê
Exú.
Os Versos dos Contos de Ifá dizem que Imole Êxú é também
encarregado por OLORUN para vigiar as ações de outras Divindades
no Âiyé/Terra. E isto só pode se dar, dizem os fiéis, porque ele é
notável e notoriamente equânime no seu papel de Executor Divino. É
por isso que todos os devotos de todas as Divindades se voltam para
Ôrunmilá Ifá em tempos de dificuldades, buscando essa equanimidade
e. a conselho dos Babaláwo, sacrificam a Imole Exú e, por seu
intermédio, a OLORUN.
Para que os Babaláwo não se excedam na prescrição desses
sacrifícios. Imole Êxú está sempre presente na Divinação Sagrada de
Ifá, como o décimo sétimo Ikin/ Coquinho de Dendê, o Olorí
Ikin/Senhor da Cabeça dos Coquinhos de Dendê Consagrados, o qual

47
leva a sua efígie gravada. Por essa razão, este décimo sétimo Ikin é
também chamado de Odúsô. do verbo Yorubá Só/Vigiar, ou seja, de
sua posição tão privilegiada quanto a do Babaláwo. Imole Exú é o
Vigia dos Odíi/ Signos-Resposta do Sistema Ifá e, conseqúentemente,
de suas verdadeiras interpretações pelos Babaláwo. pois todo bom
cumprimento do Iwâ/Destino do Consulente depende de bem
compreender a Mensagem do Orixá Ôrunmilá.
Assim, como vimos. Imole Êxú não é nem mau nem tenebroso, mas,
pelo contrário, freqiienta o Ôrun/Além. reporta-se a OLORUN e dialoga
com os irúnmolê/Divindades e com os Onílê/Antepassados. Ele
também não é vingativo indiscriminadamente, mas é o Transformador
Divino que trata com equanimidade Divindades, Ancestrais. Homens c
Babaláwo por ordens de OLORUN. E nada executa por sua própria
vontade, mas cumprindo fielmente as ordens de OLORUN (via
Ôrunmilá) e os ditames do Ivvâ / Destino livremente escolhido por
cada Orí Orun/Individualidade no Além de cada fiel e, através de
Ôrunmilá l ta. cumpre também as ordens das Divindades.
E se ele é considerado "trapaceiro" e "encrenqueiro", o é pelos
culpados, porque ele é o fiscal de OLORUN junto aos Orixá e, ainda, o
Vigia dos Babaláwo e do bom cumprimento das obrigações rituais e
sacrificiais por cada fiel; se ele pode até matar, conforme se lê em
diversos Êsé dos ítân Ifá. é também ele quem representa a Vida e a
sua dinamização e continuação, através do legítimo e natural prazer
sexual que leva os humanos a procriar.
E se assim é há milénios, a Imole Êxú só é devida a coragem humana
em tentar realizar o seu Destino livremente escolhido antes de nascer,
a sua Oferenda específica — o Ebo — do seu ritual ípâclé e a nossa
saudação, não de medo ou horror, mas de respeito, como a ele fez
Ôsétuwá:
-"Âgbâ, Mo Jú Ibá! Ibá Xe, Ó!"--"Êxú Ancestral, presto-lhe minha
homenagem! Oh! Que esta homenagem se cumpra!"-
Assim sendo, queremos terminar este texto com a tradução livre, mas
coerente, de parte de um dos Versos dos Contos de Ifá. o
do'ÔdúÔbará Meji.:Ôbará ni, ki ndojúbolê Ki n'ba búru,Ki Elégbará ó
jékí ngo ló Njé Ikúdêrin Moforibalê f Elégbará.
-"Ôbará Meji pediu que eu me prostrasse em
reverência,cobrindominha cabeça. Que eu deveria me prostrare me
cobrir em respeito,para que Elégbará me permitisse prosseguir em
meu caminho de felicidade e riqueza.Assim, minha morte transformar-
se-á em longa vida de alegria. Portanto, curvo-me ante Elégbará!"-

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Então, assim, também eu o fiz e assim também pedi:
- "Êxú, aqui está meu sacrifício!
Por favor,
peça a OLORUN que aceite este sacrifício e alivie meu sofrimento!" –
Tó! (Assim seja!)
Adupê, ó! (Oh, Obrigado!)
BABA LI A WO
OYE TI O BA WU ENI NI A TA IFÁ ENI PÁ
"Qualquer que seja a soma que agrade alguém, é aquela pela qual
reeebemos para jogar Ifá."
Ditado popular que nos exemplifica que os Babalávvo não podiam
estipular o preço de seus serviços, acima do suportável a cada um de
seus clientes, por mais complexa que fosse a situação que tivessem
que manejar.
BABA LI AWO
Em que pese que cada um dos Imole que eram cultuados tivesse o
seu próprio "corpus" sacerdotal, em África os elementos principais do
sacerdócio Yorubá eram os sacerdotes do Imole írímmolê Orixá
Funfun Ôrunmilá — os Baba Li Áwo — cuja Divinacão Sagrada de Ifá
regia a vida espiritual dos Yorubá.
Nos antigos tempos, todos os sacerdotes do Orixá Ôrunmilá eram
saudados pelo termo genérico de OrÔrunmilá/Aquele que tem
Ôrunmilá. Aqueles que o povo sabia mais ligados à Divinacão
Sagrada, saudavam-nos como Baba Onifá/ O Pai que tem Ifá e este
termo aplicava-se não só aos sacerdotes, mas também aos devotos
não sacerdotais graduados no culto, como os Akisa/Aquele que Recita
o Orixá, os quais aprendiam a Kifá/Recitar Ifá e que, sem se tornarem
sacerdotes, ao recitarem os Èsé jtân Ifá/Versos dos Contos de Ifá,
divulgavam e popularizavam o culto, além de irem assim ensinando ao
povo quais eram as regras da Divinacão Sagrada.
Além disso, como o sacerdócio do Orixá Ôrunmilá Ifá tinha diversos
graus hierárquicos, o termo Baba Onifá abrangia também aos Iharcfá
que eram os funcionários encarregados dos assuntos deste Orixá no
Ijôyê Oni/Palácio do Rei; abrangia ainda aos Otú que eram os
encarregados de executar os sacrifícios do Rei e, também, aos
Ôloyare que eram os sacerdotes de ordens menores em i lê Ifé, a
Cidade Sagrada dos Yorubá, além dos Émése, atendentes
encarregados dos mais de cinquenta Orígi/Montículos Sagrados de Ifá
em I lê Ifé.

49
Mas, no exercício de suas funções específicas, os Sacerdotes do
Orixá Ôrunmilá eram denominados por Baba Li Áwo. ou seja. o Pai
(Baba) + que Tem (Li) + o Segredo (Áwo). termo este que foi
simplificado para BabaPáwo ou Ba-baláwo nos atuais compêndios
eruditos.
O Babaiávvo era, pois. o ponto central em volta do qual gravitava a
Ritua-lística e a Liturgia Yorubá.
Isto porque as funções de um verdadeiro Babaláwo não se restringiam
à Divinacão Sagrada nem ao culto organizado do Orixá Ôrunmilá: ele
tinha que ter conhecimentos especializados sobre os cultos de todos
os outros Imole e. nessa faixa, atuava tanto no atendimento aos
devotos desses Imole, quanto no aconselhamento e assessoramento
aos sacerdotes dos outros Imole.
E também porque, fosse qual fosse a devoção de um Yorubá. antes
de tudo mais, seu primeiro dever era para com si próprio, ou seja. o
dever de bem consumar o seu Iwâ/Destino, que havia sido livremente
escolhido por sua Orí Ôrun/Cabeça no Além, antes de sua
"encarnação", ou seja. antes de se tornar um Ara Âiyé/Corpo da Vida
com a sua correspondente Orí Inú/Cabeça Individual nesta Áiyé/Vida.
E, especificamente nisso, só um Babaláwo podia ajudá-lo, guiá-lo ou
socorrê-lo.
E era por ser um s.acerdote do Orixá Arauto do Destino dos l lumanos
que, ainda que um BabaláuO' aluasse na área especíllca de outros
sacerdotes: conhecesse ou receitasse aplicação cie mais ou menos
400 E\vé/Folhas Sagradas e Medicinais; controlasse a prescrição c a
execução dos Adinuí/Sacrifícios Defensivos: exercesse o controle do
Oxô/Poder Mágico, sendo, portanto, um Ifátoxô ou Ifá + Tem (li) +
Poder (lOxô) ou. portanto. "Aq nele que tem o poder mágico de Ifá"
para o manejo dos objelos ninais portadores do Axé/l ;orça Mágica
Vital: receitassem c aplicassem as Ogun/Mcdicinas Naturais, Mágicas
c Psicossomáticas: defendessem aos lieis dosÂjé/Feitiços;
praticassem os I pese/Magias Re-taliatórias e fornecessem os
Awuré/Amuletos de Uoa Sorte, a sua máxima especialização era a
prática constante da l)í\ inacão Sagrada de Ifá, através do Opón e cio
Opèlê. para revelar aos lieis qual era o seu Kpoli/Dcstino Pessoal.
Com tantas responsabilidades, um Babaláwo precisava ler um intenso
treinamento específico que. em geral, começax a aos 7 anos de idade
e, na verdade, só terminava por sua morte, uma \ e/ que. devendo ele
próprio ensinar o Avvo/Segre-do a outro futuro Babalã\u> antes de sua

50
própria morte, ensinar tornava-se uma nova fornia de continuar
aprendendo com a experiência de seus ancestrais.
Aproximando-se. :issim. desde a tenra idade, a um Ojúgbona/Mestrc
de Ensino, um menino Yoruba agrcga\ a-se a família do mesmo e
passava a ser conhecido coma um Orno Awo/Filho do Segredo e linha
a obrigação de obedecer e servir ao seu Mestre como obedeceria e
serviria a seu próprio pai.
Mais tarde, em pleno aprendizado, quando já acompanhava o seu
Ojúgbo-na em suas saídas públicas, esie < )mo Áwo recebia a
denominação de Akopo/Aque-le que carrega a Bolsa, numa clara
alusão a sua nova obrigação de carregar a A pó/ Bolsa que continha
os Abira/Con junto de Objetos Sagrados que seu Mestre usava ao
praticara Divinação Sagrada.
Como Akopo. o menino em crescimento era submetido a uma
disciplina curricular intensa onde se testava, antes de tudo. a sua
capacidade de memorização. Alem da observação \ isual e anciim a
das práticas de seu Mestre, o Akopo praticava a identificação e a
memorização das 16 (de/.esseis) figuras gráficas básicas, chamadas
Ona Ifá. para depois enião aprender e memorizar as totais 256
(cinzentas e cinquenta e seis) possíveis combinações capazes de
serem feitas, ao se combinar eacla uma das !6 Ona Ifá com si mesmas
e com cada uma das outras 15 (quinze), ou seja. 16 x 16 = 256.
Quando eleja começar a a praticar com um instrumento, neste caso
ainda cm forma rudimentar, chamado Opclc/Corrcntcde Há. ou. como
llcou conhecido no Brasil, o "Rosário de Ifá". preparado para ele por
seu Mestre.
Assim, ele aprendia que. ao combinai entre si as Ona lia dos 16 Odú
Baba ou básicos, formavam-se 256 tunas llguras combinadas, mas
entre si derivadas e portanto, denominadas Orno Odú/Filhos de Odú.
1:
se 1.1 l ° aparecesse combinado com ele mesmo — e isso era válido e
possível para todos os 16 Odú básicos — estas figuras duplicadas
eram chamadas de Odú Meji/Odíi Dois. ou. ainda melhor, Odu Duplo.
Depois, ele aprendia a Ordem de Precedência l lierarquica entre esses
256 Orno Odú, ordem de precedência esta que viria a se constituir na
base de sua decisão na prática do Igboigbo/Oeulío. quando da
escolha entre respostas alternativas a uma pergunta específica.
Em seguida, ele aprendia a própria essência da Divinação Sagrada: a
memorização dos Êsé ítân Ifa/Versos dos Contos de Ifa. os quais
faziam parte de um conjunto maior de Contos dos-Tempos Ancestrais,

51
os Ítân Atowódówó, que se constituíam nas Escrituras Sagrculas dos
Yoruba. na realidade jamais escritas, mas lembradas oralmente de
geração para geração por mais de um milénio.
Por teoria, os Akopo que aspiravam vir a ser um Babakmo precisavam
memorizar pelo menos 4 (quatro) Êsé/Versos para cada um dos 256
Orno Odú, o que representava a memorização de l .024 l-Lsc para que
ele pudesse começar a praticar por conta própria. Kntrelanto. era
admitido que ele começasse a adivinhar quando já soubesse, pelo
menos, l (hum) K s é para cada um dos 256 Orno Odú.
Após isso. ele aprendia c praticava a correia composição e execução
dos . Jdimú/Sacrifícios Propiciatórios — na verdade, este termo
significava "Abrigar-se" — prescritos nos T.sê dos ítân l ta. enquanto
procurava aumentar o seu conhecimento sobre as Ene lia/Folhas
Sagradas de Ha e as Ewé Ítín/Folhas de Limpe/a c mais as 300 e
poucas E\vc Orixá/Folhas Sagradas dos Orixá que estavam ligadas á
Divinacão Sagrada.
Só então ele aprendia sobre as Ogun. os Ajo. os Ipésé e os Awurc nos
quais podia aplicar todo esse conhecimento adquirido tão
exaustivamente.
Se o antigo Akopo conseguia chegar até nesse ponto, ele recebia de
seu Ôjúg-bona o seu cobiçado prémio: a sua (hvó Áwo/M.ão do
Segredo^ a famosa "Mão de lia" ou. como erroneamente se di/ hoje
em dia no Brasil, a "Mão de Búzios".
Mas o que o Babakmo iniciante daqueles tempos recebia não era algo
vago e indefinido como a "Mão de Búzios" no Brasil atual: não era uma
benesse esotérica recebida, ou pior. comprada ou aprendida porconla
própria em folhetins e praticada aos "trancos e arrancos" com a
credulidade alheia.
Não!
A Owó Awo era a coroação de anos de esforços e estudos, sendo
sancionada em ritual próprio que promovia a (unção do Natural com o
Sobrenatural, do Método com a Intuição Psíquica, induzida pelo transe
mediúnico leve. que abria canais da percepção extra-sensorial do
Babaláwo para a presença do Axe dos Imole Orunmilá Orunmila e
Exú.
Na verdade, além de todos os conhecimentos já referidos, a grande
diferença oculta, o Eró/Segredo. entre o verdadeiro Babaláwo e o
Babalorixá.

52
Esta Mão de Ifá era representada materialmente por um conjunto dê
16 (dezesseis) caroços de Dendê limpos, polidos pelo uso e
consagrados ritualmente, conhecidos em específico por Ikin.
Juntamente com um Tabuleiro de madeira, geralmente circular, com
maiis ou menos 35 cm de diâmetro, polido o seu fundo, mas com uma
borda entalhada mais alta, a qual delimitava um "espaço sagrado",
tabuleiro este chamado de Ôpón Ha, justamente o Tabuleiro de Ifá.
Recebia, também, um segundo instrumento sagrado, o Ôpêlê Ifá ou,
como ficou conhecido no Brasil, o "Rosário de Ifá". Na realidade, este
nome nada tem a ver com correntes ou rosários, mas deriva do nome
da árvore que fornecia as meias sementes usadas em sua fabricação,
a Ôpêlê Oga Okô (Schebera Columgensis).
Mas, antes de receber estes instrumentos consagrados, o antigo Orno
Áwo, tendo passado pela fase de Akopo. era submetido agora a um
dos rituais mais antigos da Humanidade: ele era "mergulhado" na
Eerúpé/Lama, matéria-prima primordial da Existência, matéria de onde
viemos e para qual um dia voltaremos e onde, ritualmente,
"desaparecia" o Orno Áwo e "aparecia" o Babaláwo.
Só a partir daí. o novo Babaláwo podia praticar a Divinação Sagrada
por si próprio mas, mesmo assim, a cada dezesseis dias. no Ojó
Áwo/Dia do Segredo, ele devia se reunir com seu Ojúgbona. para
continuar seus estudos e, com isso, ser apoiado pelo mesmo em sua
incipiente prática pública.
Tentei transmitir aqui. aos leigos no assunto, parte das dificuldades da
Iniciação de um verdadeiro Babaláwo do passado; não sei se
consegui, mas tenho a certeza que nem mesmo aqueles que já
passaram pelas Iniciações dos "Terreiros de Nação" poderiam
minimizar este tipo de Iniciação, tal como era praticada naquela época.
Demais a mais. sociológica e religiosamente falando, a Iniciação ao
Sacerdócio do Orixá Ôrunmilá era e ainda é a única iniciação
intelectual entre todos os outros cultos aos Imole.
Ademais, como existiam 4 (quatro) graduações superiores na carreira
de um Babaláwo, sendo que a última tinha 16 (dezesseis)
supradivisõcs, pode-se sentir que o tempo de estudos e práticas de
um Babaláwo não terminava nunca e. tornar-se respeitado e em
ascensão na "carreira" escolhida, era tarefa para toda uma vida.
E se falamos em "carreira" é em sentido figurado, porque ninguém
pretendia tornar-se Babaláwo para ganhar dinheiro, pois era
popularmentc conhecido um Verso dos Contos de Ifá:

53
- "OYE TI O BA WU EM NI TA IEÁ ENI PÁ" --"'Qualquer que seja a
soma que agrade alguém, é aquela pela qual recebemos para jogar
Ifá"-
Assim, alguém era encaminhado ou encaminhava-se para ser um
Babaláwo em decorrência do cumprimento do seu próprio Iwâ/Destino,
revelado pela própria Divinação, embora também fosse bem
conhecido um outro ditado popular, o qual consagrava o "slalns" social
de um Babaláwo:
- "Um ancião que aprendeu Ifá,não precisa comer nozes de Kolln
deterioradas."-
Mesmo porque, ao contrário do que ocorre em nossa sociedade, não
era quanto ganhava um Babaláwo de Erú/Pagamento que fazia a stia
fama: a sua reputação era proporcional ao seu sucesso em aliviar as
aflições de seus fiéis consulen-tes e não os seus bolsos.
Daí a maior procura de seus serviços e, à medida que sua reputação
se firmava, ele ascendia á classe dos Olúwo/Senhores do Segredo,
tendo acesso a cargos públicos, como já vimos anteriormente, e
jamais precisaria, tal como em nossa sociedade, '"comer nozes ile
Kollu deterioradas", isto é, não passaria dificuldades financeiras. E a
única forma para isso era estudar, praticar muito e bem cumprir seus
deveres rituais para com o Orixá Ôrunmilá, não lhe bastando somente
uma efémera fama.
Mas isso não era fácil se ele não estivesse realmente capacitado,
porque, embora fosse possível, mais teórica que praticamente, a um
Babaláwo inescrupuloso, obter destreza suficiente no manejo dos Ikin
para forçar o "aparecimento" de uma determinada Ôna I ta que lhe
interessasse, ele sempre esbarraria no fato de seus con-sulentes
conhecerem meios de impedir tal prática, mesmo que, aparentemente,
o Babaláwo estivesse seguindo o sistema regular de normas.
E isto era uma das mais importantes consequências da ação
divulgadora dos Akisa que eram. como já vimos, leigos graduados no
culto e que recitavam para o povo as lendas e os louvores do sistema,
nos quais apareciam com frequência precedentes históricos que
clarificavam, na mente dos consulentes, quais eram as regras a serem
obedecidas pelos Babaláwo. Qualquer desvio mínimo destas regras
por parte de um Babaláwo era imediatamente repudiado pelo
consulente e severamente criticado pela Confraria de seus pares.
Ademais, o Babaláwo que intentasse qualquer desonestidade, mesmo
que fosse para agradar ao consulente, ainda esbarraria no fato de
que. além de não precisar dizer-lhe qual o objetivoqueo levava à

54
consulta, este podia até inverter ocultamente este seu objetivo, mesmo
no caso de escolha entre respostas alternativas.
Portanto, ser um Babaláwo não era uma tarefa fácil e graciosa, mas
sim árdua e espinhosa em estudo, prática, tempo, memória é
perspicácia ao usá-la, embora a sua "carreira" fosse passível de
erguê-lo, social e politicamente, na sociedade Yorubá, até acima do
poder dos Oni/Reis, pois até estes deviam consultara
Divinaeão Saurada. senão pura si meamos, mas necessariamente
para os próprios "Neszòeios do listado', poi.s lambem o alio
funcionalismo do l Estado era escolhido ou sancionado peia Di\ mncão
Sagrada.
Assim sendo, todo Babalávvo se esforçava para alcançai,
sucessivamente. as 3 (três) categorias imediatamente superiores de
sua "carreira" e. se alcançadas essas três. estivesse habilitado
lambem por sen nascimento cm uma das 16 (de-zesseis) famílias
nobres fundadoras da Cidade Santa de llê llê. ele habilitava-se a
disputar ainda uma das 16 (de/esscis) supra divisões hierárquicas e
vitalícias dos Áwoni Babaláwo/Adivinhos dos Segredos tio Rei.
O primeiro degrau desta ascensão na carreira religiosa era a condição
de Êlegán/Aquele que tem Elegán e aqui compreendendo-se Êlegán
como o conjunto composto pela já conhecida Apo, Bolsa, mais o seu
conteúdo Abira/Conjunto de objetos sagrados e folhas medicinais,
todos cies portadores de Âxê c com os quais se praticava, além da
Divinaçào Sagrada, uma terapia medica natural e psicossomática.
Ao contrário dos mais graduados, o Babalávvo Elegán era obrigado a
manter a sua cabeça sempre totalmente raspada e a descobri-la, caso
portasse alguma cobertura, quando em presença de outros Babaláwo
cie categorias superiores.
Seu "status" religioso era relativamente inferior aos de outros
sacerdotes dos cultos de outros Imole. pois. apesar de já ser um
Babaláwo Elcgán. era em sua própria carreira um principiante. Ouase
sempre, nesta fase. era desvinculado de qualquer cidade, sendo
muitas vexes itíneranle.
O segundo degrau de ascensão na carreira, após alguns anos de
prática, era a obtenção da condição de Ôl'ôsíi/Aquclc que Tem o Tufo
de Cabelos, numa clara alusão da permissão de deixar crescer um
"tufo" de cabelos circular, na parte lateral posterior direita do crânio
raspado, demonstrando assim que já eram plenamente habilitados e
em pé de igualdade com os Adóxu dos outros Imole, os quais usavam
o mesmo Ôsú/Tulb de Cabelos.

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Vias, para ser um Ol"ôsú. o Babaláwo precisava pertencer a uma
família estabelecida em uma vila ou cidade que tivesse erguido um
Orígi. que era um pequeno monumento religioso, um protegido
montículo de terra batida de mais ou menos 35 cm de altura, quase
sempre muitíssimo antigo, recoberto de "cacos" de cerâmica ou de
louça quebrada, com uma pedra pontuda no topo. projetando-se para
cima.
Embora o conteúdo do ()rigi fosse e devesse permanecer secreto, era
notório que a presença de "cacos" de cerâmica indicava a presença de
elementos astrais destruídos c destruidores, c a pedra para cima. no
topo. indicava a presença de Imole f.xu Agbã. o E\ú Ancestral. E ê
também sabido que quando do sacrifício de cabras - alimento ninai
predileto do Orixá Orunmilá — o sangue deste animal, ali sacralizado
para o preparo das comidas rituais, deveria ser oferecido sobre o
Orígi. o que ocorria durante os Festivais Anuais.
Era quando atingia este estágio de 0lôsú que o Babalawo tinha direito
a possuir a sua segunda Ovvó Ma. a segunda Mão de Há, ou seja. o
seu 2'' conjunto de Ikin, que todo Babaláwo devia possuir.
O terceiro degrau na ascensão religiosa de um Babalauo era a
condição de que Tem o Odu.
Embora o termo Yorubá Odú, em seu significado mais restrito,
signifique algo "grande" ou "volumoso", no Culto ( Orixa Orunmilá )
tem três outros sentidos referenciais:
Primeiro sentido referencial: nele, Odú pode significar figura Gráfica
que é riscada no lyerosún/Pó Branco Consagrado do Opón;
— Segundo sentido referencial: nele, Odú pode significar o conjunto
de Esé de uni ilífíi ]fá, ligados ritualmente ás 256 figuras gráficas acima
citadas. É quando merece realmente o designativo de "Fwukiitteiilo" :
— Terceiro sentido referencial: nele. Odú designa especificamente um
recipiente ile nuiíleiru. de forma cilíndrica, pintado nas cores branca,
vermelha e preta e que simbolizavam rcspcctiv amenie os princípios
do Iwâ/Existência, do Axé/ Rcali/açâo e do Aba/Essência. cii|os
elementos portadores de seus Axé acham-se no seu interior, e. ainda,
respectivamente, representam os Irímmolê Fun-lun deradores. as
igbamolc Dudu (/estantes e os Orixá e Ebora Pupo Descendentes.
Assim. pois. este Odú. enquanto objeto material, era um símbolo de
extraordinário poder c era típico da Cultura Yorubá, com a sua prática
junção do Natural com o Sobrenatural, que os Babaláwo OEodú
pudessem usar estes Odú, enquanto objetos. como assento rimai em

56
cerimónias públicas, mas consistindo, entretanto, grave sacrilégio que
estranhos nem sequer tentassem abri-los.
Normalmente, csic objeto sagrado, o Odú. era guardado sobre a Itage/
Plataforma de terra banda mais alta que o chão do Sasara/Alcova do
Akodí Okânrân/Cômodo principal do llê Ma/Casa de lia. onde era
terminantemente proibida a entrada de mulheres c. até. de homens
não iniciados no culto. Desta forma. estes ( )dú e até sua v ci são
menor, o Apere. ciam construídos de forma a não serem facilmente
abertos, pois di/ia a lenda, transcrita por lipcga ( 193 l ). não sem uma
certa ironia :
Jamais deveria ser aberto. a menos que o devoto estivesse extraor-
dinariamente angustiado e. por conseguinte, ansioso por deixar este
unindo"
Portanto, ser um Babalávvo l"odú era ser o detentor de um
extraordinário Oxô/Poder Mágico e só a partir deste ponto um
Babalávvo era realmente um lla-toxô/AqucIc que tem o Poder Mágico
de Ha.
Eram estas, pois, em resumo, as três primeiras graduações que um
Baba-láwo podia alcançar por seus próprios e exclusivos méritos.
A seguir, ou paralelamente à terceira graduação especial, havia um
outro posto que era mais um reconhecimento de mérito específico, de
certa forma um título honorífico, mas que era necessário para se
alcançar algumas funções públicas e, até. indispensável a algumas
outras: era o título honorífico de Ôlúwo/Senhor do Segredo.
Por exemplo: um Babaláwo assistente dos Áwoni Babaláwo tinha que
ser necessariamente um Ôjúgbona/Mestre. Mas. também, ser
reconhecido como um Mestre de Ensino era mais ter um título do que
uma graduação, no caso, um reconhecimento aos méritos de
pedagogo de um Babaláwo, o que o tornava, automaticamente, num
Olúwo.
Mas também um ÔPodii, um ÔFôsú e até um Èlegán poderiam obter o
título de Olúwo em reconhecimento a qualquer uma de suas
qualidades-capacidades que se mostrassem acima da média dos
demais ou, eventualmente, acima da própria Tradição, em suma. um
superdotado em qualquer ponto ritualístico.
E, assim, chegamos ao patamar maior do Sacerdócio do Orixá
Ôrunmilá Ifá e, conseqiientemente, do Credo Yorubá. o quarto degrau
da ascensão da carreira religiosa de um Babaláwo: a categoria
superior dos Áwoni/Adivinhos Reais.

57
E verdade que o acesso a esta categoria superior era restrito aos Orno
Bíbi/Bem Nascidos da Cidade Santa de l lê Ifé. Entretanto, tal
procedência e descendência ilustre não eliminava a necessidade de
um Orno Áwo iniciante percorrer todo o processo iniciatório Èlegán —
ÔTôsíi — OTodú para alcançar o título honorífico de Olúwo. O fato de
um Orno Áwo ser também um Orno Bíbi não lhe abria todas as portas:
apenas não lhe fechava a última .
Assim, teoricamente, qualquer Babaláwo iniciante podia aspirar vir a
ser, algum dia, um Áwoni, desde que: fosse um Babaláwo praticante;
tivesse "status"dc OTodú;
3- obtivesse a reputação de Olúwo; houvesse sido um Ojúgbona:
5-fosse nascido em llè l fé e em uma das dezesseis famílias
aristocratas.
Na realidade, todos os não nascidos em llé Ifé jamais chegariam ao
posto de Áwoni e seriam sempre considerados Elú/Estrangeiro na
Cidade Santa de Ifé pelos Áwoni Babaláwo.
Mas os que ascendiam a categoria de Áwoni Babaláwo obtinham uma
função específica vitalícia, ligada a um título também específico, a
saber, por ordem de importância: Araba, Agbonbon, Agesinyowa,
Aseda, Akoda, Amosun, Afe-digba, Adilofu, Obakim, Ôlorí Iharêta,
Lodagba, Joloíínpe, Megbon, Tedimolê, Erinmi, Elesi.
Mas, na verdade, tirando-se o título de Araba que tinha a primazia do
Culto e o de Ôlorí lharêfá que era chefe dos Babaláwo que se
encarregavam de assuntos do Estado, tratava-se mais de uma
titulação aristocrática do que uma graduação religiosa, sobretudo se
nos lembrarmos de que a tradição política Yorubá diz que foram
dezesseis Chefes de Clãs Familiares que se reuniram para a fundação
da Cidade Santa de I lê Ifé. assim como a tradição religiosa reza que
também 16 eram os Imole que vieram ajudar a reger a criação do Âiyé.
instalando-se no Ode Áiyé, a morada das Divindades quando
estiveram na Terra.
Como na Divinação Sagrada tudo é 16+ l. aos 16 Babaláwo Áwoni
devemos acrescentar o Oni/Rei que. na verdade, em l lê Ifé, era um
teocrata submetido a uma sociedade secreta religiosa — a Oxôgbbni
— do mesmo modo que aos 16 Imole do Ode Âiyé acresceu-se o
Imole Êxú.
E, na verdade, havia mais uma restrição na carreira final de um
Babaláwo: o título de Araba, sendo o mais importante, era exclusivo
do clã familiar Ilê Oke-taxé, a aristocrática Casa dos Okctaxé. Mas. à
parte o título de Araba, os outros quinze títulos dos Áwoni eram

58
hierarquizados segundo a antiguidade no posto que era ocupado
vitaliciamente.
Sendo os Áwoni os mais altos graduados no culto, todos os demais
Babaláwo deviam descobrir suas cabeças e prostrar-se no chão. em
saudação, quando os encontravam nas ruas.
Como o Credo Yorubá asseverava que os Orixá são atraídos do Ôrun
parao Âiyé pelo som dos tambores sagrados, também o Orixá
Ôrunmilá tinha os seus S tambores: chamavam-se Firigha,
Jongbondan e Kcrcgidi. Iodos os anos eles / soavam, atraindo Orixá
Ôrunmilá, em quatro Grandes Festivais: Êgbodó Oni — o Festival dos
Inhames Novos do Rei, realizado em junho;
- Êgbodó Erio — o Festival dos Inhames Novos dos Olúwo, feito em
julho;
- Êgbodó Ifé — o Festival dos Inhames Novos da Cidade de Ifé, em
agosto;
- Êwurin — o Festival realizado em setembro.
Nestes Festivais, somente os Áwoni podiam dançar portando o
Irukêrê/Chi-cote-Tnsígnia, feito de pêlos da barbicha de bode com o
grosso cabo de l" (uma polegada), símbolo de seu "status" no culto do
Orixá Ôrunmilá e, portanto, também de seu aristocrático nascimento.
Como vimos no início deste relato, o povo Yorubá saudava os devotos
do Orixá Ôrunmilá por diversas denominações, conforme a atuação,
lama e/ou categoria que identificavam os mesmos.
Portanto, impõe-se uma pergunta: como o povo identificava as
diversas categorias de Babaláwo? Como se pareciam ou se
diferenciavam eles?
Em primeiro lugar, os Babaláwo não se vestiam, como hoje em dia,
necessariamente só de branco; podiam usar também o azul médio por
questões puramente práticas: vestes desta cor sujam menos. 1: os
Awoni, sendo aristocratas, desde muitos séculos atrás, talvez antes
cios europeus, obtinham dos comerciantes árabes a seda multicolor,
por ser esta muito leve e. se usada em vestes amplas, muito fresca no
verão. E no inverno, por motiveis climáticos inversos, introduziu-se o
tecido adamascado árabe e, depois, o veludo europeu. E, no início,
estas vestes, mormente no verão africano, restringiam-se a um grande
pano rctangular. enrolado e preso á cintura, indo da mesma ao final
das canelas.Foi o relacionamento inicial com os povos negros já
islami/.ados como os Pulhas. Peules e Haussás que introdu/m o
cosiume de usai' \ esics do tipo "cáftan" árabe, às quais se
sobrepunham, para dignificação, mantos leves e csvoaçanles.

59
Também a aculturação islâmica promov eu a substituição dos
tradicionais chapéus de palha finamente (rançada em tormato cónico,
por gorros cie seção cilíndrica ou turbantes. A europeização introdu/iu
os Ikori/Chapcus, de couro ou de lona. mas o uso de turbantes era
privativo dos Awoni Baba lá Wo.
Calçados, du tipo sandálias pesadas, só eram usados em longas
caminhadas por quase todos, mas a Islamixaçào introduziu as
"babuchas". tipo de chinelo de couro tratado, sem salto, no estilo
oriental, para os Orno Bíbi.
Vemos assim que. só pelas vesles. não era possível identificar-se um
Baba-lávvo. a não ser entre os mais ricos e os mais pobres!
Então, olhava-se para as suas cabeças. Os Elegán tinham-nas
obrigatoriamente raspadas; os ÔTôsu e ÔFoclú deixavam crescer nas
cabeças raspadas um tufo circular de cabelos, na parte lateral direita
do crânio, tufo este aparado curto no caso dosOl ôsú. mas que poderia
ser longo e trançado no caso dos Ol'odú. Mas, somente os Awoni
podiam usar neste Osú ou tufo, um Ekódidé, ou seja, uma pena
vermelha da cauda do papagaio cin/ento africano.
Em seguida, podia-se visualizar os braços e o tórax dos Babaláwo:
todos eles, de qualquer categoria, usavam o Ide Ifá/Bracclctc de
contas castanhas e verdes-claras, atado no pulso esquerdo. Mas
somente de um ()l'odú para cima, ou, se muito famoso, um ÔIúwo,
ousava acrescentar a este bracelete uma Opala cor-de-rosa ou. se
não tivesse recursos para isso, uma conta de cerâmica dessa mesma
cor.
E, no pescoço, os Babaláwo usavam cordões de pequeníssimas
contas castanhas, torcidos juntos e com dez grandes contas verdes e
brancas colocadas em espaços regulares. Os Awoni. se abastados,
podiam ainda usar no pescoço um dispendioso colar de contas de
coral vermelho. E, finalmente, cru/ando o peito apoiado no ombro
direito o Edigbá, um colar de longos cordões de contas especiais,
feitas com seção transversal de caroços de dendè.
Nas mãos, quando saíam para praticara Divinação Sagrada, todos os
Babaláwo podiam usar o Irúkêrê, mas leito com longos pêlos do rabo
de vaca e com cabo de pouca espessura. Podiam, também, portar a l
rola/Vareta Divinatória, com a qual se podia chamar a atenção do
Orixá Orunmilá para as aflições de seus con-sulentes, batendo-a de
encontro ao Opón. E quando dois Awoni se encontravam nas ruas,
cruzavam os seus Irúkêrê. com os respectivos cabos para baixo,
saudando-se com a senha ritual de l tá.

60
Além disso, os Babaláwo. em ocasiões solenes, caminhavam em
procissão apoiando-se nos seus Opa O ré ré, ou seja, em seus
grandes Cajados de Ferro, com pequenas sinetas cónicas, que
retiniam cada vê/ que o cajado apoiava-se no solo. liste cajado,
quando não estava em uso. era cravado em pé. com muito cuidado,
no solo do pátio da casa de seu dono.
O Opa O ré ré era uma das insígnias mais respeitadas e temidas dos
Babaláwo, não só por seus lieis mas lambem por cies próprios.
Recebia sacrifícios rituais junto aosOrígi e acreditava-se ser ele a
sentinela do sono dos Babaláwo. Quando fincado ao solo, não podia
cair sem sérios motiv os que o derrubassem, pois. neste caso.
acreditava-se que seu dono já havia cumprido o seu Iwa e aproximar-
se-ia o seu OI"ojó/Dia Marcado, seu tempo apra/ado para voltar ao
Orun. Assim, quando da morte de um Babaláwo. o seu Opa O ré ré
era intencionalmente derrubado.
E quando se verificava que um Babaláwo estava acompanhado de um
Akopo, tornava-se evidente que se eslava diante de um Babaláwo
Ojúbona. um Mestre de Ensino. E esla função de Ogjubona era. para
um verdadeiro Babaláwo. uma das suas funções mais importantes, já
que outra das mais severas sanções que pesavam sobre ele era o fato
de que se ele não formasse, pelo menos, um outro Elegán, a sua
Kbikeji Orun/Segunda Pessoa n» Além, ou melhor, a sua Matriz Astral,
não poderia achar descanso entre os seus Baba Agbâ/Antcpassados.
Vê-se, assim, que o "status" de Babaláwo não era uma sinecura e,
muito menos, isento de riscos e trabalhos. A sua tarefa era difícil e
patrulhada por severas regras de conduta que deveriam servir de base
técnica e moral para a ação, pelo menos pública, dos atuais
"Babalaôs":
• O Babaláwo Awoni não podia "procurar" a mulher de outro, muito
menos à sua Apelebi/Companheira Ritual:
• O Babaláwo Awoni não podia praticar Àjé/Feitiço contra outro Awoni:
• O Babaláwo Awoni não podia conspirar contra os seus pares;
• O Babaláwo Awoni não podia abandonar outro Awoni que estivesse
em dificuldades, sem tomar providências para que tudo (içasse em
ordem com o necessitado:
• O Babaláwo Awoni não podia falar mal de outro, fora do âmbito de
sua Confraria, mesmo o outro sendo culpado;
• O Babaláwo Awoni não podia divulgar o teor das discussões
travadas em seus encontros formais na Confraria Oxôgboni/Sociedade

61
Secreta, mesmo que se tratasse de punições contra culpados ou
desagravo de inocentes.
E é possível que justamente agora, em qualquer lugar do Brasil, algum
"Babalaô". após ter Hido estas regras, possa eslar pensando:
- "Bem, não há mais Oni em l fé e muito menos Babaláwo Áwoni.
Também eu não nasci lá, portanto nunca poderei ser um Áwoni ....
Ufa! Ainda bem!" –
Mas eu gostaria de lembrá-lo de que as outras condições para ser um
Áwoni. além de nascer em fllè Ite, incluíam a necessidade de se ser
um Ol'odíi, o que ele só poderia ser se, antes, fosse um Babaláwo
praticante. Portanto, estas regras aplicavam-se moralmente também a
todos os Babaláwo.
E como sou unn Akoiwé, ou seja, aquele que escreve livros
consciencioso, gostaria de acrescentar, a essas regras citadas, outras
duas vindas também da milenar sabedoria YoruM e que eram
aplicáveis a qualquer categoria de Babaláwo:
- "Não se pode barganhar com as coisas de Ifá,
como se faz com as coisas na praça do mercado."-
OBÉ TI O ML Kl G BE KUKU ARA RÉ
- "Por mais afiada que seja a faca, ela não pode riscar seu próprio
cabo."-
O que equivale a dizer que nenhum Babaláwo podia realizar a
Divinação Sagrada para si mesmo ou em proveito próprio,
barganhando com o Destino de seus semelhantes.
Foi por respeitarem e fazerem respeitar principalmente essas poucas
regras básicas que essa linhagem de homens religiosos, os Babaláwo,
conseguiram estabelecer por mais de l .400 anos. em sua própria terra
e entre seus próprios fiéis. uma reputação de dedicação e
honestidade. E é um eminente etnógrafo e pesquisador ocidental, W.
Baseou (1969), quem remarca este fato:
- "É significativo que nenhum dos divinadores de Ifé conquistou a
reputação de cobrar em excesso."-
Assim, foi em respeito a essa antiga, merecida e honrosa reputação,
que eu escrevi, muitas vezes,, usando o tempo do verbo no passado,
pois notícias recentes de viajantes e etnólogos radicados no território
desses antigos impérios (Nigéria, Daomey e Togo), demonstram que
uma organização sacerdotal com tal estrutura sócio-religiosa-culturai já
não mais existe em África, há alguns poucos anos. E não mais existe
também no Brasil porque, entre outras razões, os ''pais c as mães que
não possuem o treino especial requerido para o trato com

62
Ifá", como viria a dizer o [emente Edison Carneiro (1948), todos eles
esqueceram-se, não conheceram ou desobedeceram ao antigo
provérbio Ulkumy:
- "OYE TI O BA WU ENI NI TA IFÁ ENI PÁ" –
- "Qualquer que seja a soma que agrade alguém,
é aquela pela qual recebemos para jogar Ifá" -

OPELE IFA

-"Opêlê, você sabe o que este homem disse ao Vigia: Agora me


conte!"-
Fórmula Ritual com que o Babaláwo inicia a Divinação Sagrada com o
Opêlê Ifa, após o próprio consulente haver sussurrado as suas
dificuldades e/ou desejos ao Ôlorí Ikin. o qual repousava sobre o
Ájéfá.

OPELE IFA
O termo Yoruba — OpOIê lia — designa, num aspecto material, a uma
corrente dupla de metal que tem afixadas, a espaços regulares. 8
(oito) meias sementes da vagem da árvore africana conhecida como
Opí-Ia Okô. identificada por Daziel (1937:365) como "Sclicrbera
Arbórea" e de onde. orn lamente, este instrumento divinatório tirou o
seu nome.
Esta semente, com nítido formato cie pêra. quando aberta, mostra
uma superfície interna côncava lisa. mas com uma saliência retangular
em forma de um traço ( I ). que imediatamente a distingue cia áspera e
enrugada superfície externa convexa.
Aquela corrente dupla ê arremessada pelo Babaláuo. de modo
característico denominado por Dápêlc. de Da/Lançar + Opêlê. ou seja.
Lançar o Opêlê. sobre a Eni/Esteira onde ele obrigatoriamente se
assentava ou então sobre a sua Apo/ Bolsa de instrumentos místicos,
mas nunca ao solo nu.
Neste lançamento, cada meia semente, independentemente das
outras, poderia cair "cara" ou "coroa", isto e. com a sua superfície
cõnea\ a ou convexa virada para cima. Hsta caída não era
considerada obra do acaso, mas sim como controlada pelo Orixá
Orúnm i la-1 Ia. através do l mole F.xú, c. por isso mesmo, este
instrumento místico, o Opêlê. não podia solrer interferências, quer por

63
defeitos em sua manutatiira. querem seu manejo meorreto pelos
Babaláwo.
l- Esta corrente de uso dixinatorio tinha um comprimento variável, mas
dificilmente excedendo, quando dobrada, aos 60 cm cada metade,
sendo mais apreciada aquela cujos elos fossem circulares e
espaçosos e que se encaixassem a l 80''. permitindo, assim, a giro do
conjunto em quase 360". quando balançado e rotado.
A seção central do conjunto e reforçada ou imobili/ada por uma conta
larga de madeira ou cerâmica e e por ela que o Opêlê de\ e ser
manuseado, de tal forma que as duas seções pendentes e móveis
caiam lateralmente em igual tamanho.
Em cada uma dessas metades, a espaços regulares, prendem-se 4
(quatro) meias sementes de Opêlê Oga Okô. furando-se largamente o
topo e a base das sementes de forma a que elas possam girar
livremente quase 360° ao sabor do meneio da corrente
listas duas Acções pendentes terminam por um "rabicho" de pesos ou
pedaços de ferro, sendo i/i/e, i/i/undo u torrente é vista de freme pelo
liahalá\\~o. a .set,'iio do lado direito deve iipresenlar um "rtihiclio" de
número impar de pendentes e u dn lado esutierdo um número fwr dos
mesmos.
Assim, o Opelê. ipiando empunhado peíu .seccio cenlnil com <>s
i/ei/os indicador e polegar da nulo (/irei/a do Bahdláwo. deve
apresentar as duas seções laterais pendentes com igual comprimento
e as quatro meias sementes de cada lado devem permanecer
alinhadas ao mesmo nível.
Tem-se noticias.do uso de outros materiais em lugar das sementes-da
árvore (Okô) Opêlê Oga: placas de marfim esculpido, placas de
madeiras de lei, pedaços de "cabaça" (Lagenaria Vulgaris). pedaços
hexagonais naturais do casco da tartaruga e meia casca seca de
caroços de Manga (Irvingea Gabonensis) e, estes materiais, tanto em
África quanto no Brasil.
Entretanto, a tradução inglesa da obra de Frobenius (1912-13)
descreveu o •'Colar de Ha" como feito de caroços de dendê partidos
ao meio. mas não se encontrou nenhuma prov a para sustentar esta
sua observação. Ao contrário Witlian Bascon (1966/69) atribui isto a
um provável erro de tradução, já que afirma que nenhum outro
estudioso observou algum Ôpêlc lia feito com tal material e também
porque a análise dos esboços pictóricos de Ôpêlc. leitos por Arrien
para a publicação de Frobenius. revela que representam, na verdade,
as meias sementes da Okô Opêlê Oga.

64
Mesmo porque os Ikin ou caroços consagrados de dendê pertencem
exclusivamente ao dispositivo Opón I ta e prendem-se, ate pelas
lendas, a um outro rito mampulador. sendo o gesto de Lukin /Bater dos
Ikin completamente diferente do Dápêlê/Lançaro Opêlê. embora
ambos possam ser descritos como Dafá/Lançar l fá, termo que
também é usado para designar u intenção ma^cu implícita no jogo
divinatório.
Assim, no Dápélê. a corrente divinatória deve ser lançada adiante
sobre a esteira onde, obrigatoriamente, devia sentar-se o Babalawo.
de modo que as duas extremidades caiam perto de seus pés, a
extremidade d ireita da corrente coincidentemente com a sua coxa
direita, permanecendo as duas seçòes laterais da corrente mais ou
menos paralelas, uma vez que. normalmente, o Babalawo assentava-
se no chão de pernas cruzadas.
Repousando, assim, sobre a esteira, o Opêlê mostrava as oito meias
sementes, nas respectivas posições em que caíram no Dápèlé :

65
As quatro meias sementes da metade direita do Opêlê. marcadas pelo
"rabicho" de três pesos (ímpar), repousam, como se vê:
1" Semente Côncavo SIJU Par I
2a Semente Convexo DOJUDE Impar I 1
3a Semente Côncavo SIJU Par I
4a Semente Convexo DOJUDE Impar I 1

2 -- As quatro meias sementes da metade esífiíerda do Opêlê.


marcada pelo "rabicho" de dois pesos (par), repousam como se vê:
5a Semente Convexo DOJUDE Impar I 1
6a Semente Côncavo SIJU Par I
T Semente Convexo DOJUDE Impar I I
8a Semente Côncavo SIJU Par I

Como cada uma das meia semenlc podia cair cm dua.s posições
diametralmente opostas - côncava ou convexa - podia-se obicr. ao
acaso, num só lançamento, l X 16 = 256 posições diversas, o que
corresponde exaiamenle á existência de 256 Omo Odú. Torna-se
evidente. assim, que o uso do Opclc Ifa e posterior ao uso do Opon Ha
porque subentende a aplicação de uni conhecimento matemático,
aplicado na elaboração de um dispositivo material simples, mas capaz
de substituir num só Dápèle o ivsullado de 8 (oito) Lukin seqiienciais.
Assim, allraxes de muitos séculos, expressos nas lendas que se
transformaram nos Itan Atowodówo. convencionou-se que a parte
concava interna da semente, que apresenta saliencia retangular, seria
equivalente a Um só traço (I), denominado Ofu no Iyerosun do Opon
Ifa.
Desta forma, obsen udaelr.idu/.idacm seus equi\ alentes a posição
sequencial de cada meia correnlc. começando o Babakmo pela SLKI
direita e de cima para baixo, q ue era a maneira tradicional de se
trabalhar, sequencialmente a cada seção lateral, ele marcaria no
lyêrosun do Opon colocado ao seu lado. também sobre a esteira, as
marcas Ofun (I) Osa (II) que iriam formara Ona Ifa de um dos l 6 ()dú
Meji e/ou dos outros 240 Omo Odu que corresponderia àquele que
fora criado pelo Dápêlêdo Opêlé.

66
Assim. I (hum) só Dápele do Opele corresponde a duas séries
sequenciais de (quatro) Lukin cada uma, fornecendo, em um só
arremesso, um dos 256 Omo Odu que só se formaria após 8 (oito)
manuseios sequenciais dos Ikin no processo Opon.
E por este motivo que. eomunicnlc. mas na verdade apressadamente
e mal julgados os dois sistemas em Mias verdadeiras utili/açòcs. di/-se
que o Ôpêlê é apenas um processo mecânico para agili/ara Di\ inaçào
Sagrada de lia ou. cniào. erroneamente, que ele e mais importante
que o ()pon. Isto não é toda a verdade e decorre de uma visão parcial
dos fatos e de uma observação de um ponto de vista distorcidos da
Mística e da Liturgia Yorubá.
É verdade que o Opêlè é mais rápido que o Opón: é verdade também
que os dois processos seguem as mesmas regras matemáticas
básicas f 16 (4x4 )J que levam à formação dos mesmos 256 Ôna lia
dos Odú.
Mas não éapenas a rapidezdos resultados que diferencia os dois
dispositivos para a prática do Ifá: o que mais os separa é a finalidade
p,;n a qual cies são utilizados, embora ambos colimem o mesmo fim.
Na verdade, o Ôpêlê não possui algumas das qualidades místicas que
são inerentes aoOpón e ao seu lyérosún e das quais só os Iniciados
compreendem certas implicações e só os Baba Ifátoxô conhecem em
sua profundidade, como veremos mais adiante.
Desta forma, o Opón e o instrumento pelo qual o Orixà Orunmílá faz
com que seu fiel tome conheci mento dos desígnios de OLORUN e
ate. ai rã vês de Exu Enugbárijo, o Êxú da Boca Coletiva, que se tome
conhecimento dos desejos de outros Imole, para aquele momento
vivcncial do ficl, para que ele corrija ou confirme o rumo de seu Iwa,
mas faz isso de modo mais amplo, mais místico e mais espirutual do
que os problemas do dia a dia daquele fiel.
Mas, também e bem verdade que, para bem consumar o seu Iwa,
muitas vezes este fiel pode estar precisando de ajuda especificamente
material. pois sofrendo de doença, penúria ou violência e assim seria
ajudado pelas Ogun,os Ayájo, os Awurê e muitos outros tipos de um
"mix" de magia mistica c medicina naturalista que só o Opón Ifa. como
"suporte talismânico" ao Oxo das Ona Ifa e o Iyérosún como "veiculo"
condutor do Ãxe, poderia lhe oferecer por estar associado aos
Ofô/Encantamento, as Ewe Ifà/Eolhas Sagradas de Ifá. aos Adimu,/
Oferendas de Proteção e aos Ipésé/Oferendas Retaliatórias.

67
Entretanto, o Opón não responde às perguntas especificas de caràtcr
vivencialmcnte prático de uma forma imediata qtie. às vezes, as
agruras do fiel exige. Mas, o Opêlè assim o faz!

Assim, subjacente à forma, apercebemo-nos da diferença prática e


fundamental entre o "porquê" da utilização deste ou daquele
dispositivo Divinaório. Na realidade, o Opón informa e socorre o fiel
sobre o seu Iwà, mus com ele não dialoga ao contrário, pelo Ôpêlê, o
fiel pode arriscar-se até a interrogar a Divindade se justos forem os
seus motivos. Mas. mesmo assim, o "dispositivo" Opêle precisa
apoiar-se nas bases magísticas do Opón para. sabendo-se as
respostas à interrogação do fiel, utilizar-sc dos Âxé das Ofo, dos
Awurê das Ogun, dos Âyájo, sem falarmos nos Adimú e Ipésé
característicos do Opón.
Por isso o Babaláwo. em sua sabedoria oblida em seu muito longo
tejna. mento contínuo, utilizava-se do Ôpêlê em simbiose com o Opón
para aux|jar 0 fiel porque, se o Opón detém o Oxô/Poder, o Opêlè pela
sua rapidez per^j^g a utilização do recurso conhecido como
Igboigbo/Procurar o Oculto, atra^s da utilização de perguntas de
respostas alternativas específicas: Sim ou Não.

Assim, no passado, raramente o Opêlè era usado isoladamente sem


o-njojo do Opón, mas este podia prescindir do apoio daquele, pois
mesmo com maior lentidão e trabalho chegaria ao mesmo fim
objetivado.
E como se dava essa preciosa simbiose'?
Muito difícil, talvez mesmo impossível seria tentar aqui descrever em
minúcias, a totalidade de gestos, orações e manuseies que uma
sessão de Divinação Sagrada pode conter em si própria. Mas,
tentaremos resumir os itens principais, ou melhor, o procedimento
padrão essencial, referente às possibilidades de situações passíveis
de ocorrer em dada situação, tal como a da interpolação do Ôpêlê
junto ao Ôpón Ifá.
Bem, o Babaláwo recebia o seu consulente que, na verdade, não
precisava sequer externar as razões que o levavam a consultar Ifá.
Mas. seguramente, o consulente sempre sussurrava o seu objetivo ao
Ôlorí Ikin que repousava sobre o Âjéfá.
Então, o Babaláwo começava com as duas series sequenciais de
Lukin do Ôpón, estabelecendo e grafando a Ôna Ifá de um dos 256
Orno Odú "criado" peitais Lukin, Signo-gráfico este que passava a ser

68
considerado como o Ôpóllê/Esteio no Chão e cujo significado,
conectado ao Ésêítân I Ia correspondente, permaneceria em evidência
para o seu recitamento ao final dessa consulta, o qual revelaria as
prescrições para a oferta do respectivo Adimú que toda realização de
uma Di vinação Sagrada pressupunha ser necessário oferecer-se.
Voltaremos novamente a este ponto.
Se o fiel necessitasse interrogará Divindade, o Babaláwo passava,
então, ao manuseio do Òpèlê para usar o recurso do
Igboigbo/Procurar o Oculto que principalmente este dispositivo da
Divinação Sagrada, o Ôpêlé, permite realizar, quer por sua rapidez de
operação ou, quer porque o Orixá Ôrunmi lá assim quis e ensinou. Era
então que o Babaláwo, tomando o Ôpêlè pela sua conta central,
tocava com as extremidades deste nos búzios do Ajéfá e dizia, solene
e autoritário: -"Opêlê, Você sabe o que este homem disse ao Vigia:
Agora, me conte!"-
E isto ocasionam a l "modificação no "modiis operandl "tradicional,
pois, como já se viu no item sobre os Orno Odú. os mesmos estão
ligados aos Textos Versiculares dos Itân Ifá, os quais lhes emprestam
significado, sentido referencial social e precedente histórico que são
importantíssimos no processo do Ôpón, mas cujos significados não
são útil izados no caso do Igboigbo do processo do Opêlê, uma vez
que, neste caso, os Babaláwo nem sequer recitam os versos clo.s L
'onlos cie Ifá. O que importa, nocasodoÓpèlé, é que os 256 Orno Odú
têm uma h Jerarquia, que é uma ordenação de valores de precedência
de uns sobre outros, baseada na importância de seus ensinamentos, a
qual permitia dizer-se abstratamente :
"Tal Orno Odú é mais forte do que aquele outro "-Usando-se este
raciocínio de hierarquização entre os Odú. pode-se estabelecer um
conceito de resposta alternativa — Sim ou Não — permitindo-se
pensar: -"Vou jogar duas vezes: a l" vez para o "Sim" e a 2" vez para o
"Não". Vencerá aquela opção que se apresentar "coberta" ou
"encoberta" com o Orno Odú de maior grau hierárquico."-
Essa hierarquia dos Orno Odú era ancestral e tradicional,
condicionando até a conduta sociocu Itural dos Yorubá e estava
expressa na Êto Âwon Odu Ninú Ifá/ Ordem dos Muitos Odú em Ifá,
que poderá ser consultada no item 2. 7. mas que resumindo-se aqui,
grosso modo, diz que os Orno Odú hierarquizam-se em uma ordem
básica decrescente que vai do l ° ao 256° deles.
Entretanto, existem importantes exceções a essa regra geral: é o caso
dos Orno Odú de Valor Determinante (V D), os quais, sempre que

69
apareçam no primeiro Dápclé (1° Arremesso), decidem e encerram
aquela parte da interrogação ao Igboigbo. Contudo, se não
aparecerem no l ° Dápêlê. valerão exclusivamente por sua real
posição na Ordem Hierárquica, como adiante o veremos.
Abaixo, veremos que os Orno Odú de Valor Determinante são:
ORDENAÇÃO DESIGNAÇÃO VALOR
ALTERNATIVO
1 Ogbe-Meji Absoluto
16 Ofun-Meji Determinante
61 Iwori-Ofun Determinante
90 Obara-Ose Determinante
134 Ovvonrin-lka Determinante
137 Ogunda-Ogbe Determinante
139 Ogunda-lwori Determinante
177 Irete-Otura Determinante
180 Irete-Ose Determinante
238 Ose-Otura Determinante
l lá, ainda, o caso específico do Odú Ôfún Meji que ocupa a 16°
posição na Ordem de Precedência. Mas sempre que este Odú
apareça imediatamente à frente do Odú Ôwónrín Meji que ocupa a 8°
posição, aquele (passa a ocupar esta 8° posição, deslocando ou
vencendo seu titular.

Neste mesmo caso situam-se todos os Orno Oclíi ( Filhos) compostos


por estes dois Odu Baba: Õfím (16°) e Òwónrín (8°). Estes Orno Odíi
compostos são:
NOME N° DESLOCA N° NOME

Ofun-meji 16 > S Owotirin-Meji


Ogbe-Ofun 31 > 23 Ogbe-Owonrin
Oyeku-Ofun 46 > 38 Oyeku-Owonrin
Iwori-Ofun 61 > 53 Iwori-Owonrin

70
Edi-Ofun 76 > 68 Bdi-Owonrin
Obara-Ofun 91 > 83 Obara-Owonrin
Okanran-Ofun ! 06 > 98 Okanran-
Owonrin
Irosun-Ofun 121 1 13 Irosun-Owonrin
Ogunda-Oiun 151 144 Ogunda-Ouonrin
Osa-Ofun 166 159 Osa-Owonrin
Irete-Ofun 181 174 Irete-O\u>nrin
Otura-Ofun 196 > 189 Otura-Owonrin
Oturupon- 21 í 204 ( hurupon-
Ofun Owonrin
Ika-Ofun 226 219 Ika-O\vonrin
Ose-Ofun 241 234 Ose-Owonrin
Owonrin-Olun 256 249 Oíun-Òwohrin
Assim, os 10 (dez) Orno Odíi considerados de Valor Determinante, se
aparecerem no 1° Dápélè. imediatamente confirmam ou negam a
pergunta, conforme a sua associação com o Sim ou Niío, dispensando
ate que se faça outro Dápêlê, pois por conceituacão mística não
podem, neste caso, ser suplantados até por outro Orno Odíi mais
graduado, por terem "falado" primeiro.
Portanto, no caso do Igboigbo. ou seja, procurando o sentido
"encoberto" da resposta proporcionado pelo Opèlè. o significado dos
versos dos llân l Ia não era utilizado e nem primordial como no
processo do Òpón e nemseconsia'era\'uos()clii nem bons c nem minis
cru .v/ mesmos: era a associação momentânea do grau hierárc/tiico
com ti Afirmação ou Negação t/ue estabelecia o padrão ilu resposta.

Desta forma, necessário se Ia/ia estabelecer as regras básicas para a


escolha das Respostas por Alternativas especificas que era específico
do dispositivo Ôpêlê.
Vamos, aqui. exemplificar estas regras com o caso das (.'inço
Perguntas Tradicionais, que eram as mais usadas, primeiramente para
explicar o processo de hierarquização e, posteriormente, adjudicando
a este processo a significação das respostas, ou seja:
l") "Quem vence quem" em uma dada situação:
2°) "O que venceu o que" nessa mesma situação.
Compreendidas estas regras, tornar-se-a mais fácil lidar com apenas
três ou duas perguntas espec í Ucas.

71
Vejamos, a seguir, as principais regras que regem o Dápêlê do Opêlê.

2.6.1 - O processo de Hierarquização das Respostas

(Regras Básicas do Igboigbo)


1a REGRA:
OS OMO ODÚ MAIS HIERARQUIZADOS, NA ORDEM DE PRE-
CEDÊNCIA DO l" AO 256", VENCEM AO MENOS HIERARQUI-
ZADOS.
EXEMPLO "A":
5° 4° 3° 2° 1°

DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE


1I I 11 II I I 1 I 1 1 I 1
1 1
I 1 I I I I 1 I 1 1 II
1
I I I 1 II 11 1 1 1 I I I
1
I I 1 1 I 1 1 1 1 1 I
1 1
Irete Ofun Edi Osa Ose Edi
Osa Osa Ika Iwori
176 251 74 154 230
*(V)
Este exemplo é elucidativo, demonstrando uma regra subjacente a
todas as outras: o Babaláwo sempre trabalhava da direi/a para a
esquerda. Daí n numeração invertida que se encontrará no topo de
Iodos os exemplos, seguindo lambem da direita para a esquerda.
Neste exemplo, venceria a resposta ligada ao 3"Dúpêlê. porque,
apesar do Odú Edi Ika ocupar o 74° lugar da hierarquia, ele ainda c o
mais alto entre todos os outros Orno Odu dos outros Dápêlê. tendo
sido necessário efetuar-se os cinco "arremessos" para então se
verificar qual a ordem de precedência entre eles.

OUTRO EXEMPLO DA 1a REGRA:


"Os Orno Odu mais hierarquizados, na Ordem de Precedência do l }io
256, vencem aos menos hierarquizados."

72
EXEMPLO "B"
5° 4° 3° 2° 1°

DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE


11 M 1 1 1 1 1 1 11 I
1
M II ! 1 I I II 1 II II
1 1
1 1 M I 1 1 1 II II 1 I
1 1
11 M 1 1 1 1 1 1 1 II II
1
Oyeku Edi I Iwori Edi Ose
Mcji \vori Irete Mcji Meji
~> 64 56 4 15
*(V)
Neste exem pio, vence ti resposta ligadu ao 5" Dápêlê. porque vemos
que este quinto arremesso, onde aparece o Odú Ôyèkú Meji (o 2° da
hierarquia), sobrepondo-se ao Odú pdí Meji que é o 4° da hierarquia,
sendo também elucidativo por mostrar que é sempre possível aparecer
uni Orno Odu mais liieranji/izado ale no último arremesso?

2' REGRA:

O ODU OGBE ME.II (l1 DA HIERARQUIA) VENCE TODOS OS


DEMAIS E DETERMINA O ENCERRAMENTO DA SEQUÊNCIA NO
DÁPÊLÊ EM QUE APARECER, EM QUALQUER DOS CINCO
ARREMESSOS, POR NÃO EXISTIR A POSSIBILIDADE DE SER
SOBREPUJADO, TENDO. PORTANTO, VALOR DETERMINANTE
ABSOLUTO (VDA)*,
EXEMPLO "C":
5° 4° 3° 2° 1°
DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE
1 1
1 1

73
! 1
1 1
Ogbe
Meji
1" (VDA)
*(V)
Neste exemplo "C", a sequência foi vencida e encerrada logo no
primeiro arremesso, pois foi "criado" o Odú Ogbé Meji (1°) VDA que.
como já vimos, é de Valor Determinante Absoluto e. assim, não
poderia mesmo ser suplantado por nenhum outro, não sendo, pois,
necessário fazer-se mais nenhum outro arremesso.

OUTRO EXEMPLO DA 2' REGRA:

•XEMPLO "D":
5° 4° 3° 2° r
DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE
I I II II I I 1
I 1 1 1 1 I1
i 1 II I 1 I I1
1 11 1 1 1 1
Ogbe Ofun Obara
Meji Meji Osa
1 (VDA) 16 (VD) 85
*(V)
Neste exemplo "D", observe-se que no segundo Dápélê apareceu o
OdúÔfún Meji (16°) VD, que é de Valor Determinante mas que./w/"não
ter aparecido logo no primeiro arremesso, perdeu este sen VD e
permaneceu no seu valor real de 16" colocado. Mas, mesmo assim,
seriaainda o vencedor por suplantar o valor do Odú Obará Osa (85°)
aparecido em primeiro lugar. Mas. então, foi "criado" o Odú Ogbê Meji
(l °) VDA, o vencedor *( V), que, por não ma is penn i t ir o
aparecimento de outro Orno Odú que o possa suplantar, encerra a
sequência em qualquer posição dojogo.

74
3a REGRA:
EXISTEM MAIS 9 (NOVE) O M O ODU CONSIDERADOS DE VALOR
DETERMINANTE (VD) QUE ENCERRAM TAMBÉM A SEQUÊNCIA,
DESDE QUE APAREÇAM NO l DÁPÈLÊ.
EXEMPLO "E";
5° 4° 3° 2° 1°
DAPEL DAPEL DAPEL DAPEL DAPELE
E E E E
OíunMeji 16 (VD)
hvori - Ofun 61 (VD)
Obara-Ose90(VD)
Owonrin- Ika 134(VD)
Ogunda-Ogbe
I37(VD)
Ogunda- Iwori 139 (V
D)
Irete -Otura 177(VD)
Irete -Ose 180 (V D)
Ose -Otura 23 8 (VD)
*(V)
Neste exemplo "E", evidentemente múltiplo e exemplificativo por usar
apenas os seus nomes, todos os nove Orno Odii de Valor
Determinante encerrariam a sequência no momento em (jue
aparecessem no l" Dápèlê.

4' REGRA:
SE NÃO APARECEREM NO l" DAPELE, ESTES NOVE OMO ODU
DE VALOR DETERMINANTE VALEM POR SUA REAL POSIÇÃO.
EXEMPLO "E":
5° 4° 3° 2° 1°

DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE


I I 1 I 1 11 1 1 1 11 II
1
1 ! I 11 li 1 1 1 1 I 1
1 1
1 1 1 1 1 1 1 1 ! 1
1 1 1 1

75
II 11 1 1 1 1 1 1 II II
1 1 !
Oyeku Ose 1 \\ori Irete I \\ori
Ose Otura Ofun Ose Ika
45 238 (VD) 61 (VD) ISO (V D) 59
*(V)
Neste exemplo "l-"", vence o Orno Odti Ôyêkú Ôxé (45") no Quinto
Dápèlê. embora no 2°, 3° e 4° Dápèlê apareçam três Orno Odu de
Valor Determinante, 180 VD,61 VDe238 VD.
masque,purnãoaparec:efetiiii(> /"Dápèlê. perdem o seu Valor
Determinante c passam a valer somente pela sua real posição na
hierarquia.
Isto exemplifica como um Orno Odíi de Valor Não Determinante pode
vencer um outro de Valor Determinante, igualando as chances do
jogo.

5' REGRA:
O ODÍJ ÔIFÚN ME.J1 (16") VD LUTA PELA 8" POSIÇÃO COM O
ODÚ ÔWÓRÍN iVlEJI (8") E, DESDE QUE APAREÇA IMEDIATA-
MENTE ANTES DELE. VENCE-O OCUPANDO A CITADA 8'
POSIÇÃO, PODENDO VENCER OU NÃO A SEQUÊNCIA, RES-
PEITADAS AS DEMAIS POSIÇÕES
EXEMPLO "G":
5° 4° 3° 2° r

DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE


1 ! II II l 1 1 1 1 1
1 II I 1
1 1 M l 1 1 1 M 11
1 1 I 1
1 ! 1 I1 I 1 1 1 I
1 1 1 1
M 1 1 1 1 1 1
II 1 I 1
Ika Ovvonrin Ofun Obara Owonrin
Ose Meji Meji Osa Otura

76
225 8 16 (VD) 85 132
*(V)
Neste exemplo "G". o Odii Ôfún Mc/i (16") VD. embora não possa
fazer valer o seu Valor Determinante por não ter aparecido no Io
Dápèlê, vence a Seqíiência porque aparecendo no 3" Dúpêlê,
imediatamente ti frente do Odii
o de maior hierarquia entre os outros, afora o por ele vencido.

OUTRO EXEMPLO DA 5a REGRA:


EXEMPLO "H" :
5° 4° 3° T 1°

DAPELE 0 A PE LÊ DAPELE DAPELE DA PE LÊ


! ! 1 1 i 1 1 1 1 1 1 1
M ! 1
1 1 M II I i 1 I II II
11 1
1 1 1 1M 11 1 I 1 I
11 !
II II 1 11 11 1 1 I
1
Obara Owonrin Ofun Obara Owonrin
Meji Meji Meji Osa Otura
5 8 16 (VD) 85 132
*(V)
Neste exemplo, o O d n Ôfún Meji (16") VD. embora desloque o Odii
Owonrin (8°) de sua posição, não vence d Sequência porque no último
Dápêlê/fl/ "criado" o Odii Ohtirá Meji (5"). que por ser mais
hierarquizado, vence u Sequência.

» OUTRO EXEMPLO DA 5 REGRA:


EXEMPLO "I"
5° 4° 3° T 1°

77
DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE D APELE
1 1 M i M II i 1 I I 1
1 1 1
1 i j i 1 ! 1 1 1 1
l i i 1 M
! 1 i M 11 ! 1 1 í 1
1 1
M II I ! 1 1 1 1 í
1 1
Ika Ofun (') \\onr m Ohara ( ( hvnnrin
Ose Meji Meji )sa Otura
22S ÍMVD, x S5 132
x
iV)
Neste t xemplo "T, vence o Odíi Owonrin Meji (fí t por
hierárqui ser o de maior Valor
co e

TRO EXEMPLO DA 5a REGRA:gra


EXEMPLO "J":
5° 4° 3° 2° 1°

DAPELE HA PE LÊ DAPELE DAPELE DAPEL


E
11 1 1 ! 1 1 1 1 1 1
I II 1 1 1 I
I 1 1 1 1 I 1 1 1
1 1 1 1
11 1 1 1 1 I 1 1 I 1
1 I 1 1
1 I 1 I 1 II II 1 I
1 1 I
Ika Owonrin Ofun Ogunda Osa
Ofun Ofun Owonrin Ika Ose

78
226 136 249 14C) 165
*(V)
Este exemplo 'T éexempliflcativo dti íntti dos Orno Odii compostos
pelos Odii Ofun (16") e Odíi Owonrin (8"), sendo que aqui vence o Odíi
Ofun Owonrin (249") no Terceiro Pápêlê, porque, apesar de sen baixo
valor hierárquico (249"), desloca e assunte o valor do Oilh Owonrin
Ofiin (l 36") por vir untes dele, ocupando, assim, a 136° posição da
hierarquia e esta nova posição ainda é superior a todas as outras
desta Seqiiéncia, ou seja, a do Odú Oiuindá Ika (149 a), a do Odú Ôsa
Ôsé (165;1) e a do Odú Ika ÒlYm (226;i).
Caso houvesse nesta Sequência outro ()dú com posição superior à
136a posição — como por exemplo o Odú Ofun Owonrin Ose ( 13 5 1') -
- o ()dú Ofun Owonrin (249a), embora ainda deslocasse o Odú
O\vónnnOfún( i 36a (porvir a sua frente, não poderia vencer a
Sequência.
As mesmas regras aplicam-se aos outros Oino (hlii compostos pelos
Odú Ôfún e Owonrin já anteriormente relacionados.

2.6.2 -- Processo de Significação da Resposta


Vimos, pois, como funcionam as regras de hierarquização para a
obtenção do Digbo/Resposta Encoberta, apenas para o melhor
entendimento de como se determina qual e a resposta de Ifá a uma
dada pergunta de resposta alternativa c/ ou a múltiplas opções que
sejam possíveis.
Vamos agora saber, pois, como se podiam vir a ser vencedoras ou
derrotadas. Começaremos pelas perguntas alternativas simples: Sim
ou Não.
Normalmente, o Sim e o Não. para melhor visualização dos resultados,
eram representados na Divinação Sagrada por dois símbolos
materiais:
l - - para o Sim., usava-se um par de Búzios (Owó) atados juntos
pelas bases, representando-se, assim, a Afirmação:
- para o Não, usava-se uma pequena Vértebra seca (Egun).
possivelmente de um animal sacrificial como a cabra, representando-
se, assim, a Negativa.
EXEMPLO ALEATÓRIO:
PERGUNTA: Esta venda será bem sucedida'.' PROCEDIMENTO:

79
Hahalám) dispõe, sobre a esteira, o Owo (Búzio) a sua direita e a
l-.min ( Vertebra) a sua esquerda.
Com as pontas do Opèlê ele lançava primeiramente ao (Owo) o para
fazer o Io Dapele
1-Dapele. então ele observava atentamente a caída do ( opele. desta
forma "lendo" a Ona Ifá do Orno Odu que tivesse aparecido ele riscava
no lyerosun do Opon.
- A seguir. usava novamenie as pontas do Opele para lançar, o 2°
Dapele e somente no caso que não houvcsse aparecido nenhum
Omo Odu de valor Determinante, o que encerraria esta Sequencia
com a consequente \ resposta Sim.
Mas, se ele chegasse a eletuar o 2 Dápèle, também o "leria" e
registraria no Iyerosun do Opon a esquerda; ele compararia os graus
hierárquicos dos dois Omo Odu registrados e ligaria a resposta ao
Odu de maior grau hierárquico.

EXEMPLO "K"

PERGLINTA: ESTA VENDA SERÁ BEM-SUCEDIDA?

CORRELAÇÃO

EGUN = OSSO . ..SÍMBOLOS ..... BUZIOS = OWÓ

SIGNIFICADO N AO SIGNIFICADO
SIM

2" DAPELE...........ARREMESSOS.. l DAPELE

II II I II

I I II II

II I I II

80
I II II
II

ÍWÕRÍ ÔFÚN (61") VI)


ÕYÊK.Ú ÒSE (45")

MENOR .................. HIERARQUIA MAIOR Vencedor

Neste exemplo "K.", a resposta é Sim, porque o Odu (Oyêkú Osé (45")
está momentaneamente é mais hierarquizado que o Orno Odu wôri
Ofun (61"), que perde o seu Valor Determinante por não ter aparecido
no l°Dápêlê. Este exemplo é apenas elucidativo e em suma, poderiam
aplicar-se todas as 5 (cinco) regras básicas já anteriormente
explanadas.

Esse tipo de procedimento divinatório parece muito simplista e pode


parecer aos desavisados que a l" alternativa teria sempre maior
chance sobre a segunda alternativa, em virtudeda existência dos
nove(9) Orno Odú de Valor Determinante, mas, na verdade, estas
chances seriam difíceis de se calcular, porque este aparentemente
simples sistema podia ser complicado pela adoçào. por parte do
consu-lente, do recurso do Dibo/Amarração de Igbo Oculto: ele podia
esconder do Baba/áwo o .seu objetivo ou até inverter a ordem do
resultado dos arremessos, .sacudindo o Egmi/Osso e o
Owo/Búzios"escondia" .suas mãos, levando-os às suas costas,
trocando de mão cada um dos objetos, quantas vezes quisesse, longe
das vistas do Babaláwo.
Isto não era encarado como desconfiança, não incomodando nem um
pouco ao Babalawo e era um dos Awo/Segredo do Sistema e não há
razões para aqui revelá-lo.
Então, neste caso. o Babaláuo tomava do Opêlê e com ele tocava
primeiramente a Orí/Testa. sede da racional idade, e depois o
Aiyá/Pcito, sede da emocionalidadedoconsulente, com as
extremidades da corrente.

81
Depois, então, o Babahhvo procedia aos mesmos dois Dápêlê
tradicionais: o prime iro referindo-se u mào esíjiierda do consiilente
porque esta. vista de frente o consulente. estava à direita do
Babalávvo e este sempre operava da direita para a esquerda. O
segundo Dápêlê seria então considerado como referente à mão direita
do consulente.
Lançados, observados," lidos" e com parados hierarquicamente os
Orno Odú "criados", o Babaláwo anunciava a mão que estava
vencendo:
a) Áwo Si L'Otún ou
b) Áwo Si L'Ôsi ou

"O segredo pertence à direita": "O segredo pertence à esquerda".


Qualquer que fosse u mão vencedora, o consulente saberia pelo
símbolo que lá eslava se era um Sim (()\ro = fíiiziot ou Não (i Osso) à
sua pergunta. E só o consulente e o Orixá Orunmilá lia o saberiam.
Daí. muitas vezes, usar-se a frase: -"Ifá pôs osso em sua boca"-
significando uma negativa consternada ao pedido de alguém.

Roger Basticle (1978) registrou algo semelhante a isso, em sua


descrição de uma sessão de Divinação peloÔpêlê Ifá, realizada pelo
Babalávvo Boje, no Recife, Brasi l. quando este Babaláwo fé: apenas
uni Arremesso e "leu cada metade do Signo-gráfico do Orno Odii,
decidindo então qual a metade vencedora e isto mesmo sem que a
sessão ali descrita fosse sobre Perguntas de Respostas Alternativas,
mas sim para a determinação do Olorí/Senhor da Cabeça do
consulente.
Em África, a leitura das metades de uma só Ona Ifá de um só Dápêlê
para a determinação do Olorí de u m fiel seria inadmissível ou pelo
menos considerada a simplificação de uma simplificação e seria
severamente criticada, mas precisamos lembrar-nos que esta
descrição refere-se à década de 1970 no Brasil e já devia nos
surpreender o simples fato de que alguém ainda usasse publicamente
o Opêlê de Ifá no Brasil, quando quase todos os pesquisadores
anteriores já haviam afirmado que tinham conhecido, cada um deles, o
"último" verdadeiro Babalávvo.
Por outro lado, após demoradíssima reflexão sobre as causas que
levaram a essa simplificação,parle dela* a serem expostas no capítulo
III. levando-se em conta que o Opêlê já é dispositivo simplificador
tradicional do Òpón e que é o uso e a intenção que criam as regras,

82
este recurso de se comparar somente metade contra metade de
umaÔna Ifá, parece-me uma simplificação válida, em função da
irreparável perda de valores iniciáticos já ocorrida até em África.
Afinal, a Ôna Ifá de um Orno Odú é composta pelas figuras
associadas de dois dos 16 Odú Baba ou Básicos. Assim, cada metade
de uma Ona Ifá. "criada" num só Dápêlê. pode expressar qualquer um
dos If> Odii básicos, que passariam a se relacionar pela sua ordem de
precedência do l" ao lf>". como se fossem os próprios Odii Meji ou Odii
Duplos, podendo até valer a regra de deslocamento do Odii Õwónrín
pelo Odú Õfún ou ale maníer-se a prevalência absoluta do Odú Ogbè
Meji.
Consequentemente, o Odú Ogbè continuaria a ter Valor Determinante
Absoluto caso aparecesse em qualquer das duas metades da Ona Ifá;
pelo mesmo raciocínio, os Odú Básicos de Valor Determinante que
aparecessem na metade direita de uma Ôna Ifá, ou seja, os Odú Ôfún,
Odú I wôri, Odú Ôbará, Odú Õwónrín, Odú Ogúndá, Odú Irêtê e Odú
Osé. também manteriam os seus Valores Determinantes, fazendo
ainda valer o seu valor real de l a 16 quando, estando à esquerda, se
defrontassem com os outros oito Odú de Valores Não Determinantes
que estivessem na metade direita.
Entretanto, aqui estamos relatando as verdadeiras origens africanas
do Ôpón e do Opêlê e assim temos que dissertar sobre as antigas
regras de Ifá e não sobre as simplificações ocorridas por perda de
valores iniciáticos, o que veremos no Capítulo 111. Retornando, pois,
ao que explanávamos anteriormente ao registro de Roger Bast ide, v
imos que o Babalávvo comparava o grau hierárquico dos dois Omo

Odú, criados peloisdois Dápêlêeaí, então, sabia qual deles era o


vencedor e a qual dos dois símbolos. Owó/Sim ou Égun/Não, ele
estava ligado naquele momento.
Vê-se, assi m que, no dispositivo do Ôpêlê não se levava em
consideração os Esê Itân Ifá. tão importantes no processo do Ôpón; o
que importava era o Grau Hierárquico dos Odú na Eto Âwon Oclú Ninú
Ifá/Ordem dos muitos Odú em Ifá e a sua momentânea associação
com determinados Abira/Símbolos que lhes acrescentavam
significado.
Mas, atenção: se os Orno Odu eram registrados no íyérosún do Ôpón,
não era só para maior clareza de raciocínio, mas pela imprescindível
necessidade do uso da magia associada ao uso do Íyérosún, magia
esta que não era acessível pelo uso do dispositivo Ôpêlê, o qual não

83
se utilizava do poder inerente aos Esê Itân Ifá. E esta "não relação " do
Ôpêlê com os Esê Itân Ifá foi a primeira das razões porque o Ôpêlê,
que era mais um dispositivo auxiliar do Ôpón do que um sistema
independente, sobreviveu e até sobrepujou o sistema principal
quando, pela guerra e o cativeiro, perdeu-se a maior parte dos 1.024
Esê Itân Ifá. Mas, apesar de haver sobrevivido ao Ôpón, o Ôpêlê
perdeu, assim, grande'parte de seu poder magístico, bem como
grande parte de suas regras principais, as quais continuaremos agora
a relatar, através de exemplos simples, nas páginas vindouras.

2.6.3 —Os Cinco Tipos Genéricos de Boa Sorte e Infortúnio

Como vimos anteriormente, logo após o aparecimento do Ôpó I


lê/Esteio no Chão, ou seja, do Orno Odú "criado" pelas primeiras
sequências de Lukin do Ôpón com que o Babaláwo iniciava toda
sessão de Divinação Sagrada, o consulente poderia não ter qualquer
pergunta especifica de ordem material afazer, mas poder ia perguntar
ao Babaláwo. ir/especificadamente, que tipos de benefícios ou
infortúnios lhe estariam reservados de uma maneira genérica por seu
Iwâ.
Isto porque, no universo sociocultural dos Yorubá, estavam
convencionados cinco tipos genéricos de Infortúnios e , também, de
Boa Sorte que. ressalvados os aspectos evolutivos e de maior oferta
de recursos tecnológicos de outras sociedades modernas, eram
surpreendentemente universais.
Tentaremos aqui uma síntese daquilo que vários eruditos, religiosos
ou praticantes do Credo Yorubá, já descreveram em partes isoladas
ou fragmentaria-mente, incluindo-se também meus próprios
conhecimentos e de terceiros que assim me autorizaram.
Assim sendo, as cinco espécies de Boa Sorte, na ordem de
importância que lhes emprestavam os Yorubá, eram:

A ) ESPÉCIES DE BOA SORTE E SEUS SÍMBOLOS:


1° Ayku simbolizada pela Okuta
(Vida Longa) (Pedra)
2° Aje simbolizada Owo
(Dinheiro) pelo (Búzio)
3° Yawo simbolizada pelo Igbin
(Esposa) (Caracol)

84
4° Orno simbolizada pelo Egun
(Filho) (Osso)
5° Isegun simbolizada pelo Apadi
(Vitória) (Caco)

Isto porque, primeiramente, um Yorubá desejava uma vida longa


porque, se ele morresse, tudo o mais perderia o sentido; depois, se ele
tivesse dinheiro poderia obter uma boa esposa; uma boa esposa lhe
traria uma descendência e se continuasse a ter êxito poderia vir a ter a
vitória de se tornar até em um futuro Ancestral a ser reverenciado por
sua descendência, após a sua morte: se ele obtivesse tudo isso, então
só teria que se preocupar em vencer os inimigos invejosos que todo
homem bem-sucedido acaba por fazer.

A - 1) ORDENAÇÃO DOS SÍMBOLOS DE BOA SORTE:


5C 4° 3 2 1°
DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE
Caco Osso Caracol Búzio Pedra
Vitória Filho Casamento Dinheiro Vida
f Longa

B ) ESPÉCIES DE INFORTÚNIO E SEUS SÍMBOLOS:


1° Iku (Morte) Simbolizada Egun (Osso)
pelo
2° Aisan simbolizada Igbin
(Doença) pelo (Caracol)
3° Lia (Combate) simbolizada Okuta
pela (Pedra)
4° Aje simbolizada Owo
(Carência) pelo (Búzio)
5° Ofun simbolizada Apadi (Caco)

85
(Derrota) pelo
Do mesmo modo que nocaso das Boas Sortes, o l ntbrtún io que o
Yorubá mais devia temer era a Morte, a qual nada pode remediar; a
Doença pode ser combatida com remédios e evitada com cuidados e
medicina mística; o Combate também pode ser evitado, arbitrado ou
vencido; a Carência de dinheiro pode ser remedia-

da por trabalho árduo e qualquer Derrota pode ser eventualmente m


inimizada ou revertida.
Ao trabalhar com a escolha de alternativa específica, como já vimos, o
Babaknvo trabalhava no sentido de sua própria direita para a
esquerda; assim, lambem os Abira/Elementos Símbolos obedeciam à
essa disposição e, embora fossem os mesmos para ambos os casos,
mudavam de disposição de acordo com o significado.

B - l) ORDENAÇÃO DOS SÍMBOLOS DE INFORTÚNIO:


5° 4" 2 1°
DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE
Caco Búzio Pedra Caracol Osso
Derrota Carência Luta Doença Morte

E f/,v aí o simholisiuo dos Ahini que. hoje em dia e no Brasil, está


perdido para muitos, mas cuja lembrança ancestral de suas antigas
utilizações fa: com que muitos "Babalaôs " e "Pais-de-Santo " encham
os seus suas "Mesas" com os materiais mais variados e aqueles que
se dizem "Mestres Esotéricos" buscam "minorar", substituindo as qual
idades simbólicas dos objetos de uso ancestral por conceitos s i m
bólicos disparatados e simbó
licos das qualidades boas e más de animais e coisas como macaco,
cobra, peixe, caveira, flor, etc.
Assim, colocados os elementos materiais que simbolizavam a Boa
Sorte ou o Infortúnio em suas devidas ordens, conforme o caso
apropriado, o Babaláwo procedia como já descrito quando das

86
alternativas específicas e conforme a explicação do uso da
hierarquização dos Odú.
Mais uma vez não ti nhã importância alguma o relacionamento
ancestral dos Odú com os Esê Itân Ira. o que demonstra claramente a
diferença de objetivos místicos existentes entre o dispositivo Opêlê e
sua origem direta. o Ôpón mais ancestral.
Para remarcar bem aquelas regras anteriormente citadas, vamos dar,
outra vez, dois e\emp/os de co.nio se processa a escolha entre
jHi.ssibilidade.s múltiplas, lembrando que, quanto à hierarquização,
obedeciam-se à;s mesmas cinco regras básicas anteriormente citadas.

A - 2) EXEMPLO DE BOA SORTE:


EXEMPLO "L" :
Caco Osso Caracol Búzio Pedra
Vitória Filho Casamento Dinheiro Vida
Longa
5° 4° 3° 10 1°
DAPEL DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE
E
I I II 11 II 1 1 1 1 I I
II
I I II II 1 1 I 1 1 I
II II I I 1 I 1 1 1 I
II
I I I I I 1 1 1 11 M
1 1
Irete Owonrin Osa Ika Ogunda
Meji Meji Meji Meji Meji
11 8 10 14 9
*(V)

Claro está que este exemplo "L" é montado, mas absolutamente


passível de existir e, nele, a melhor chis Boas Sortes do consulente
.será ler Filho, talvez muitos, talvez muitas alegrias através deles, uma
vê: que o Orno Ocfii (hvónrín Meji (8") é mais hierarquizado
(\ueosoulrose, portanto, o vencedor desta Sequência de Dápêlê e ele

87
está "cobrindo " (Digbo) o Égtm/Osso. que neste caso particular está
ligado à Descendência, pois o africano dizia "osso de meu osso",
como nós dizemos "carne de minha carne".
A escolha é de apenas uma alternativa, mas um bom Adivinho poderia
completara "tala" de Ifá, utilizando-se de sua acuidade mental:
-"o Consulente teria a alegria que proporcionam os bons filhos em sua
velhice (Ogúndá Meji - 9"), porque fez ou fará um bom casamento
(Osa Meji - 10°), porém devido a sua grande luta pela vida (Irêtê Meji
-11"), nem sempre terá muito dinheiro disponível (Ika Meji -14°)."-

B - 2 ) EXEMPLOS DE INFORTÚNIOS:
EXEMPLO "M":
Caco Búzio Pedra Caracol Osso
Derrota Carência Luta Doença Morte
5° 4° 3° -)0 1°
DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE
I 1 II M 1 I I I I I
1 1 1 I1 I I1 1 I I
I 1 II M I I 1 1 I
1 1 II II I 1 I 1 1
Ogbe Oyeku Otiira Ose
Meji Ika Ika Osa
l(VDA) 44 194 236
*(V)
Da mesma forma que no exemplo "L" anterior a este, a encolha
seria de uma só alternativa, que neste caso é Dinheiro, mas como
trata-se de infortúnio seria Falta de Dinheiro, uma vê: que o Odu Ugbê
Meji (\ - VDA), que foi o vencedor desta série de Dápêlê, acha-se
"encobrindo " (Digbo) o Owó/Búzio, quê sempre foi relacionado com
dinheiro, servindo até como ele em África. Mas. da mesma forma que
a anterior, um bom Babaláwo "leria" que esta falta de dinheiro não
seria por DERROTA (5° Dápêlê), pois não houve arremesso para isso.
uima vez que no 4° Dápêlê a Sequência foi encerrada pelo Valor
Absoluto Determiinante (VDA) do Odú Ogbê Mej i (l °), mas sim por
muita LUTA (Ôyêkú - Ika - 44°') em obté-lo e que o consulente acabará

88
por superar tal falta com muito trabalho, porque não terá DOENÇAS
graves (Ôtúrá - Ika -194°), o que afastará por miuito tempo a sua
MORTE (Ôsé-Osa-236°).
Desta forma, torna-se claro que o Ôpêlê era, na verdade, um
dispositivo acelerador do Ôpórr, muito usado pelos Babaláwo para
lidar com tim número maior de perguntas, na maior parte das vezes de
ordem material, mas se:mpre voltando ao Ôpón para poder dar
sequência magísticaàs necessidades doeonsulenlee. às vezes.
voltando outra wez ao Opêlê no intuito de novamente acelerar todo o
processo, como veremos a seguir.
Assim, terminando de satisfazer às Perguntas de Resposki Alternativa
ou, como no caso, às Boas Sortes/Infortúnios, o Buhaláwo lornavti u
voltar a sua atenção para o Opó Ilê/Esleio no ('hão. aquele primeiro
Orno Oilú que havia sitio "criado" e que ficara registrado no lyérosím
do Opón. no aguardo deste justo momento.
Agora, o Babuláwo começava a recitar os versos dos (Contos de Ifá
pertinentes àquele Opon, enquanto o consulente ouvia-o com grande
atenção e respeito .porque num daqueles versos estaria a resposta,
esta sim transcendental, que o Orixá Orunniilá desejava que ele
tomasse conhecimento e, unia vez mais,,st' o consulenle assim o
quisesse, só ele e o Orhá .saberiam qual era ela. pois ele não
precisava manifestar ao Babaláwo qual daqueles versos tinham
sentido para si, da mesma forma que tinham feito sentido para seus
antepassados em uma situação semelhante a que ele estivesse
atravessando. Como os versos sempre apresentavam q uai era o
problema e q uai fora a solução ritual/st iça e até comportamental para
ele, o consulente podia Hm i tar-sc a ou v ir, apreender o significado c
informar-scdequal deveria será correspondente Oferenda
subsequente.
Terminada a longa récita, o líahaláwo procuraria determinar se um Ebo
seria o suficiente para Pá E.vú ou se era necessária nina Oferenda
adicional. o Aclimú. cujosentidoé justamente "Abrigar-se ". devendo,
entretanto, entender-se que o Ebo. mesmo que não fosse indicado,
acabava por ser também reali/ado por respeito ao Imole Exú.
l£n tenda-se, também, que o Adimu tendo sido o escolhido.
Para esta escolha entre Ebó ou Adimu, o Babaláwo voltaria a se valer
do Opêlê Ifá, através de uma única consulta de alternativa específica
"Sim" ou "Não ", com as mesmas regfíis e uso de hierarquia entre os
Orno Odii. iguais àquelas que já anteriormente exemplificamos. Se

89
nesta escolha o Ebó fosse preferido, nada mais se faria necessário, a
nào ser oferecê-lo.
Se, particularmente, o consulente desejasse algum outro sacrifício que
escutara na longa recitação dos versos do Opó, pediria explicações
adicionais ao Babaláwo e teria ale 2 l dias para executa-lo.
A luz dos nossos dias. islo pode parecer um excesso de oferendas e
sacrifícios, por isso mesmo devemos esclarecer que as Oferendas e
Sacrifícios do Sistema Ifá nada tinham a haver com os verdadeiros
"festins" que alguns Terreiros e/ou ( 'entros ainalmenie "produzem .
Por exemplo, o Ebo do Imole l-Ixú era simples, como simples também
era o modo de vida dos Yorubá: um pouco de Omi (água pura): um
pouco de Elebo (farinha de inhame); um pouco de Epó Pupa (azeite-
de-dcnde) e um pouco de Ogogoro Funfun (aguardente) e ainda,
talvez, um Akâsa.
O Adimú podia constituir-se de apenas nina cabaia de Omi/Agua fria;
por vezes, dois peixes secos ou um pouco de comida e bebida tia
mais simples. E quando, por acaso, toriniva-se necessário o sacrifício
de uma cabra para o preparo da comida ritualística de maior agrado
do Orixá Orunniilá. a carne da mesma, retiradas as partes portadoras
cio A.\é. seria repartida entre o preparo da comiíla ritualística. o
consulente. o líahalá\vo c ate com outras pessoas carentes da
comunidade doconsulenie isso. se o consulente tivesse recursos para
tanto e se explicitamente desejasse fa/ê-lo.
Assim se escolhesse a execução de um Adimú, novo procedimento
com o Opêlê devia ser feito, desta vê: com base em uma escolha
múltipla de cinco itens.
Os mesmos cinco ohjctos místicos anteriores eram novamente
usados, mas com novos simbolismos ao novo caso para se determinar
a quem deveria ser oferecido o Adimú:
a) se aos Baba Egun (Antepassados);
b) se aos Imole (Divindades):
c) se ao Orixá Orunmilá:
d) se a Orí (Cabeça), sede da própria individualidade:
e) se a Ipako (parte occipital da Cabeça), sede da
espiritualidade.
Tanto a Orí quanto a Ipako como sua parte, juntamente com a
Emí/Respiracão e a Ejeji/Sombra, eram consideradas como facetas
autónomas coligadas ao corpo físico.
Vejamos qual era a nov a relação de posicionamento dos materiais
símbolos c suas novas correspondências simbólicas.

90
C) DETERMINAÇÃO DE "A QUEM" OFERTAR O ADIMU:
EXEMPLO "N":
Ipako Ori Ifa Imole Baba Egun
Indivíduo Cabeça Destino Divindade Ancestral
Caco Pedra Búzio Caracol Osso
5° 4° 3 2 1°

DAPELE DAPELE D DAPELE DAPELE


APELE
1 I
I 1
1 1
1 1
Ogbe Meji
1 (VDA)
(V)

Claro está que aqui, neste exemplo "N", simplifiquei a aplicação das
cinco regras básicas na mais conhecida delas, ou seja. a de que o
Odú Ogbé Meji tem Valor Determinante Absoluto, encerrando a
Sequência em qualquer posição que apareça, pois não poderia ser
vencido por nenhum outro subsequente. Mas, na realidade, valeriam
todas as outras regras já anteriormente exemplificadas.
Determinado, assim, que seriam os Antepassados que deveriam ser
preceituados, uma vez que o Odú Ogbè Meji (l °) VDA estava
"encobrindo" (Digbo) o Egiin (Osso), que como no caso anterior ligava-
se ao significado de Descendência ou Ascendência, fazia-se
necessário especificar qual dos seus cinco elementos de oferenda
seria aquele mais pertinente àquele caso.
Entretanto, como qualquer uma das cinco possibilidades de para quem
ofertar podia ser a -indicada, o Babalávvo tinha a obrigação de
conhecer a todas, inclusive as cinco variantes de cada um deles. Mas
isso era o que havia de mais fácil, uma vez que as oferendas eram
simples e quase sempre repetitivas.

91
Usando-se os mesmos cinco materiais simbólicos, o Egun. o Igbín, o
Owó, a Ôkutá e o Apadí que, nesta ordem, da direita para a esquerda,
temos numerado de l ° ao 5°, o Babalmvofazia novos lançamentos do
Opèlè, determinando assim, por hierarquia de cobertura, cpiais os
elementos que deveriam ser ofertados.
A seguir, vamos exemplificar a colocação dos materiais símbolos em
relação aos elementos de oferendas para cada im/ci das cinco
possibilidades de preceitiiação, mas apenas relembrando, com um
exemplo, as regras básicas das escolhas múltiplas, que acreditamos já
estarem suficientemente demonstradas nos exemplos anteriores de
"A"a "N".

D) EXEMPLO PARA SABER O QUE OFERTAR NO ADIMU:


EXEMPLO "O":

D-l) PARA EGÚNGÚN (ANTEPASSADOS)


Caco Pedra Búzio Caracol Osso
5° 4° 3° T1 1°
DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE DAPELE
1 1 1 1 1 1
1 1 I
I 1 1 • I 1 I
1
1 1 11 1 1 I
11
1 I 1 1 1 I
I
Ogbe O fim Obara
Mc j i Meji Osa
1( VDA) 16(VD) 85
*(V)
Abater Comida + 2 Peixes Carne Cabaça de
Animal Bebida Secos Seca Água Fria

Assim, ineste exemplo "O", seguindo a sequência de raciocínio do


Exemplo "N" anterior, o qual determinou que o Adimú fosse ofertado

92
aos Baba hgun, estes receberiaiiitdois peixes sec<>s. porque "venceu"
o Terceiro Dá pê l ê com o aparecimento do O d ú Ogbê Me j i ( l") ( VI
)A) i/ne, no momento, c si ú ligado ii es/e l i pó cie Oferenda.
R de se notar que até uma pessoa pobre podia arcar com. peio
menos, as despesas necessárias para as quatro (4) primeiras
alternativas. Caso aparecesse a quinta (5a) alternativa — l ini Animal
Abater — noras escol/ias eram realizadas para saber ile (/ue tipo:.
a) se cie duas pernas: h) se de quatro pernas.
E isto alargava a gama de animais sacrificiais, indo de uma pomba
silvestre a uma cabra, passando por uma galinha ou um "preá".
Mas, se o Babaláwo tomasse conhecimento do estado de pobre/u do
consulente, podia autorizar a troca do animal por alguns de seus pêlos
ou penas do mesmo. Além disso, quando um elemento originário de
outra cultura sócio-religiosa consultava um Babaláwo, como ocorria
com Yorubá Muçulmanos e posteriormente coim Cristãos e. como
ainda, mais recentemente. Umbandistas Hsotcri-cos, aos quais
repugnava o sacrifício de um animal por não vê-lo sobre o mesmo
prisma acima descrito — excelo quando comem bons e suculentos
"filés"—, era-lhes, eníào, determinado c/ne deveriiim fazer ilonalivos
aos /tohres . no mesmo valor real cio amima/ que ilevena ler sido
ahalido.
Assim, voltando ao encadeamento lógico cio que escrevíamos,
consumada a escolha entre Ebo e Adimú e. se escolhido este, para
i/uem era destinado e o que lhe era destincfóio, o Babaláwo instruía ao
consiilenie sobre o local ou os locais onde deveria preceituar as
obrigações.
Mas, se terminada a longa sessão e a ainda mais longa recitação dos
Ésê, o consulente decidisse que não faria a oferenda prescrita nos
versos , o Babaláwo não faria a menor tentativa de pressioná-lo a agir
e, respeitando o seu livre arbítrio, o dispensaria com suas benções,
di/endo-lhe a fórmula ritual:
-"A 1)11 PE, OH!"--"()h! Obrigado"-

Pois, em compensando, estaria desobrigado de qualquer ação


posterior em relação aquele consulente, se ele viesse novamente
procurá-lo, pois era certo que nos 1.024 Esè dos llàn l f á, não liavia
um só deles em que o personagem ali citado tivesse prosperado sem
ao menos agradar á Exú.

93
E notório, assim, que havia uma simbiose entre o uso do Opélè e o do
Opón e que, apesar de serem ambos instrumentos para a rcali/açào
da Divinação Sagrada, havia diferenças místicas básicas entre eles.
O Ôpêlè. ainda que respondesse a Perguntas de Resposta Alternativa
Sim ou Não e ou de Escolha Múltipla, não estava ligado ao Sistema de
Magia Operacional do Credo Religioso Yorubá.
A mais. só com o Ópêlè. o consulente não se ligava aos
conhecimentos, precedentes e soluções alternativas encontradas por
seu ancestrais e que foram reunidos nos Ésê Itân Ifá: o que lhe
imporia é apenas o grau que cada Oc/ii ocupa na hierarquia Sagrada,
a Elo Awon Odii Ninú Ifá.
Desta forma, em consequência das guerras e da escravidão, havendo-
se perdido grande parte dos conhecimentos dos Itân Ifá e também
tendo sido deses-truturada a cultura sócio-religiosa dos Yorubá. a qual
esses Itân Ifá se aplicavam, os Babaláwo subsequentes a esle período
perderam a cone\ào com a linhagem de seus antecessores e. sem
uma estrutura social que lhes desse suporte, abandonaram o Opón
pelo Opêlê, perdendo a ligação d/rela da determinação do problema
com os meios para a sua resolução: diminuíram o tempo de jogo,
eliminando as jogadas múltiplas, e simplificaram o que já era um
dispositivo simplificado/" pela leitura e comparação das duas metades
do Opèlê em um só Dápêlê; passaram, em seguida, aos Búzios que
podiam ser operados com apenas 17 posições das 256 posições do
Ifá e, apesar da renascença de seu Credo no Brasil, lentamente os
conhecimentos e o prestígio dos Bahalawo entraram em processo de
extinção.
Tudo isso reforça meu "insight" de que nós, os que restamos,
devemos começar a reconstituir o que for possível desta notável e
antiga Sabedoria dos Ulku-my-Nâgó-Yorubá e. com este novo
embasamento, esforçarmo-nos em nos constituir em futuros ancestrais
para que aqueles que hão de vir após nossos dias possam recitar um
novo Ésê Itân lia histórico:
-"Naqueles tempos apocalípticos, quando a destruição total dos
valores espirituais e morais da Humanidade parecia iminente e
inevitável, os renascidos na Terra de Pindorama, revivendo os
ensinamentos da Ilú Âiyé, a terra da Bem-Aventuranca Africana,
redimindo-se de sua culpa por terem-na destruído só por causa da
diferença da cor de suas peles, novamente reviveram as lembranças
de Orixá Orunmilá Ifá, tecendo como puderam os fios dos antigos
conhecimentos numa nova teia mística de fé, esperança e caridade e,

94
com o auxílio do Imole Êxú, novamente eles puderam Da Ifá Fun para
os pobres e os fracos, os oprimidos e os desesperançados,
mostrando-lhes que nem quatrocentos anos de sangue, suor e
lágrimas, puderam apagar a confiança de seus Babaláwo na
sabedoria e misericórdia do Orixá Orunmilá Ifá e que por isso ainda
hoje recitam:
-"ÔPÊLÊ, você sabe o que este homem disse aos Bú/ios: Agora me
conte!"-

ORDEM DOS MUITOS ODUS DE IFA

OS DEZESSEIS MEJIS

1. OGBÊ- MEJI
2. ÔYÊKÚ - MEJI
3. ÍWÔRÍ-MEJI
4. EDÍ - MEJI
5. ÔBARÁ-MEJI
6. ÔKÂNRÂN-MEJI
7. ÍRÓSÚN-MEJI
8. ÔWÓNRÍN - MEJI
9. OGÚNDÁ-MEJI
10. ÔSA-MEJI
11. IRÈTÊ-MEJI
12. ÔTÚRÁ-MEJI
13. ÔTÚRÚPÔN- MEJI
14. IKÉ-MEJI
15. ÔSÉ-MEJI
16. ÔFÚN-MEJI

Os Duzentos c Quarenta Orno Odú Amuluniala


17 OGBE -OYEKU 32. OYEKU -OGBE
.
18 OGBÊ -ÍWÔRÍ 33. OYEKU -IWORI
.

95
19 OGBE -EDÍ 34. ÔYÊKÚ -EDÍ
.
20 OGBE -ÔBARÁ 35. ÔYÊKÚ -ÔBARÁ
.
21 OGBE -ÔKÂNRÂN 36. ÔYÊKÚ -ÔKÂNRÂN
.
22 OGBE - ÍRÔSÚN 37. ÔYÊKÚ - ÍRÔSÚN
23 OGBE -ÔWÓNRÍN 38. ÔYÊKÚ -ÔWÓNRÍN
.
24 OGBE -OGÚNDÁ 39. ÔYÊKÚ -OGÚNDÁ
,
25 OGBE -ÔSA 40. ÔYÊKÚ - OSA
,
26 OGBE - IRÊTÊ 41. ÔYÊKÚ - IRÊTÊ
.
27 OGBÊ -ÔTÚRA 42. ÔYÊKÚ -ÔTURA
,
28 OGBE - ÔTÚRÚPÔN 43. ÔYÊKÚ -OTURÚPÔN
.
29 OGBÊ - IKA 44. ÔYÊKÚ - IKA
.
30 OGBÊ - OSE 45. ÔYÊKÚ -ÔSE
.
31 OGBÊ - 0FÚN 46. OYEKU -0FUN
.

47 ÍWÔRÍ -OGBÊ 77. ÔBARÁ -OGBÍ-


.
48 ÍWÒRÍ -ÔYÊKÚ 78. ÔBARA -ÔYÊKÚ
.
49 ÍWÔRÍ - EDI 79. ÔBARÁ - ÍWÔRÍ
.
50 ÍWÔRÍ -ÔBARÁ 80. ÔBARA - l- Dl
.
51 ÍWÓRÍ -ÔKÀNRÂN 81. ÔBARA -ÔKÁNRÁN
.
52 ÍWÔRÍ -ÍRÔSÚN 82. ÔBARA - ÍRÔSÚN
.
53 ÍWÔRÍ -ÔWÓNRÍN 83. ÔBARA -ÔWÓNRÍN
.
54 ÍWÔRÍ -OGÚNDÁ 84. ÔBARA -OGÚNDÁ
.
55 ÍWÔRÍ -ÔSA 85. ÔBARÁ - ÔSA
.
56 ÍWÔRÍ - IRÊTÊ 86. ÔBARA - IRÍ-TÍ:
.
57 ÍWÔRÍ -ÔTURA 87. ÔBARA -ÔTÚRÁ
,
58 ÍWÔRÍ -ÔTÚRÚPÔN 88. ÔBARA -

96
. ÔTÚRÚPÔN
59 ÍWÔRÍ -IKA 89. ÔBARA -IKA
.
60 ÍWÔRÍ - OSÉ 90, ÔBARA - OSE
.
61 IWORI -O F U N 91. ÔBARA - Ô F Ú N
.

62 EDI -OGBE 92. OKANRAN - OGBE


.
63
. EDÍ -ÔYÊKÚ 93. ÔKÂNRÂN -ÔYÊKÚ
64 EDÍ - ÍWÔRÍ 94. ÔKÂNRÂN -ÍWÔRÍ
.
65 - ÔBARÁ 95. ÔKÂNRÂN - EDÍ
.
66 EDÍ -ÔKÂNRÂN 96. ÔKÂNRÂN -ÔBARÁ
.
67 EDÍ - ÍRÔSÚN 97. ÔKÂNRÂN - ÍRÔSÚN
.
68 EDÍ -0'WÓNRÍTM 98. ÔKÂNRÂN -ÔWÔNRÍN
.
69 EDÍ -OGÚNDÁ 99. ÔKÂNRÂN -OGÚNDÁ
.
70 EDÍ -ÔSA 100. ÔKÂNRÂN - ÔSA
.
71 EDÍ -IRÊTÊ 101. ÔKÂNRÂN - IRÊTÊ
.
72 EDÍ -ÔTÚRÁ 102. ÔKÂNRÂN -ÔTÚRÁ
.
73 EDI -OTURUPON 103. ÔKÂNRÂN -ÔTÚRÚPÔN
.
74 EDÍ -IKA 104. ÔKÂNRÂN -IKA
.
75 EDÍ - OSÉ 105. ÔKÂNRÂN -ÔSÉ
.
76 EDÍ - ÔFÚN 106. ÔKÂNRÂN - ÔFÚN
.

107 ÍRÔSÚ -OGBÊ 137. OGÚNDÁ -OGBÊ


. N
108 1ROSU - OYEKU 138. OGÚNDÁ - ÔYÊKÚ
. N

97
109 1ROSU - IWORI 139. OGÚNDÁ - ÍWÔRÍ
. N
110 ÍRÔSÚ - EDÍ 140. OGÚNDÁ -EDÍ
. N
111 ÍRÔSÚ -ÔBARÁ 141. OGÚNDÁ - ÔBARÁ
. N
112 ÍRÔSÚ -ÔKÂNRÂN 142. OGÚNDÁ - ÔKÂNRÂN
. N
113 ÍRÔSÚ -ÔWÓNRÍN 143. OGÚNDÁ - ÍRÔSÚN
. N
114 ÍRÔSÚ -OGÚNDÁ 144. OGÚNDÁ - ÔWÓNRÍN
. N
115 ÍRÔSÚ -ÔSA 145. OGÚNDÁ -ÔSA
. N
116 ÍRÔSÚ -IRÊTÊ 146. OGÚNDÁ - IRÊTÊ
. N
117 ÍRÔSÚ -ÔTÚRÁ 147. OGÚNDÁ - ÔTÚRÁ
. N
118 ÍRÔSÚ -ÔTÚRÚPÔN 148. OGÚNDÁ -
. N ÔTÚRÚPÔN
119 ÍRÔSÚ -IKÉ 149. OGÚNDÁ -IKÉ
. N
120 ÍRÔSÚ -ÔSÉ 150. OGÚNDÁ -ÔSÉ
. N
121 IROSU -OFUN 151. OGÚNDÁ - ÔFÚN
. N
122 ÔWÓNRÍ - OGBÊ 152. ÔSA - OGBÊ
, N
123 ÔWÓNRÍ - ÔYÊKÚ 153. ÔSA -ÔYÊKÚ
. N
I21 ÔWÓNRÍ - ÍWÔRÍ 154. ÔSA - ÍWÔRÍ
N
125 ÔWÓNRÍ - EDÍ 155. ÔSA - EDÍ
. N
126 ÔWÓNRÍ - ÔBARÁ 156. ÔSA - ÔBARÁ
. N
127 ÔWÓNRÍ -ÔKÂNRÂN 157. ÔSA -ÔKÂNRÂN
. N
128 ÔWÓNRÍ -ÍRÔSÚN 158. ÔSA - ÍRÔSÚN
. N
129 ÔWÓNRÍ -OGÚNDÁ 159. ÔSA -ÔWÓNRÍN
. N
130 ÔWÓNRÍ -ÔSA 160. ÔSA -OGÚNDÁ
. N
131 ÔWÓNRÍ - IRÊTÊ 161. ÔSA - IRÊTÊ
. N
132 ÔWÓNRÍ - ÔTÚRÁ 162. ÔSA - ÔTÚRÁ
. N
133 ÔWÓNRÍ -ÔTÚRÚPÔN 163. ÔSA -
. N ÔTÚRÚPÔN
134 ÔWÓNRÍ -IKÉ 164. ÔSA -IKÉ

98
. N
135 ÔWÓNRÍ -ÔSÉ 165. ÔSA -ÔSÉ
, N
136 ÔWÓNRÍ -ÔFÚN 166. ÔSA - ÔFÚN
. N

167 IRÊTÊ -OGBÊ 197. ÔTÚRÚPÔN - OGBÊ

168 IRÊTÊ -ÔYÊKÚ 198. ÔTÚRÚPÔN -ÔYÊKÚ


169 IRÊTÊ - ÍWÔRÍ 199. ÔTÚRÚPÔN - ÍWÔRÍ
170 IRÊTÊ - EDÍ 200. ÔTÚRÚPÔN - EDÍ
171 IRÊTÊ - ÔBARÁ 201. ÔTÚRÚPÔN - ÔBARÁ
172 IRÊTÊ -ÔKÂNRÂN 202. ÔTÚRÚPÔN -ÔKÂNRÂN
173 IRÊTÊ - ÍRÔSÚN 203. ÔTÚRÚPÔN -ÍRÔSÚN
174 IRÊTÊ -ÔWÓNRÍN 204. ÔTÚRÚPÔN - ÔWÓNRÍN
175 IRÊTÊ -OGÚNDÁ 205. ÔTÚRÚPÔN -OGÚNDÁ
176 IRÊTÊ -ÔSA 206. ÔTÚRÚPÔN - ÔSA
177 IRÊTÊ - ÔTÚRÁ 207. ÔTÚRÚPÔN - IRÊTÊ
178 IRÊTÊ -ÔTÚRÚPÔN 208. ÔTÚRÚPÔN - ÔTÚRÁ
179 IRÊTÊ - IKA 209. ÔTÚRÚPÔN - IKA
180 IRÊTÊ - ÔSÉ 210. ÔTÚRÚPÔN - ÔSÉ
181 IRÊTÊ - ÔFÚN 21 1. ÔTÚRÚPÔN - ÔFÚN
182 OTUA - OGBÊ 212. IKA OGBE
183 ÔTÚÁ -ÔYÊKÚ 213. IKA ÔYÊKÚ
184 ÔTÚÁ - ÍWÔRÍ 214. IKA ÍWÔRÍ
185 ÔTÚÁ - EDÍ 215. IKA EDÍ
186 ÔTÚÁ - ÔBARÁ 216. IKA ÔBARÁ
187 ÔTÚÁ -ÔKÂNRÂN 217. IKA ÔKÂNRÂN
188 ÔTÚÁ - ÍRÔSÚN 218. IKA ÍRÔSÚN
189 ÔTÚÁ -ÔWÓNRÍN 219. IKA ÔWÓNRÍN
190 ÔTÚÁ -OGÚNDÁ 220. IKA OGÚNDÁ
191 ÔTÚÁ - ÔSA 221. IKA ÔSA
192 ÔTÚÁ - IRÊTÊ 222. IKA IRÊTÊ
193 ÔTÚÁ -ÔTÚRÚPÔN 223. IKA ÔTÚRÁ
194 ÔTÚÁ - IKA 224. IKA ÔTÚRÚPÔN
195 ÔTÚÁ - ÔSÉ 225. 1KA ÔSÉ
196 ÔTÚÁ - ÔFÚN 226. IKA ÔFÚN

227. ÓSÉ- OGBE

99
228. ÔSÉ- ÔYÊKÚ
229. ÔSÉ- ÍWÔRÍ
230. ÔSÉ- EDI
231. ÔSÉ- ÔBARÁ
232. ÔSÉ- ÔKÂNRÂN
233. ÔSÉ- ÍRÔSÚN
234. ÔSÉ- ÔWÔNRÍN
235. ÒSÉ- OGÚNDÁ
236. ÔSÉ- ÔSA
237. ÔSÉ- IRÊTÊ
238. ÔSÉ- ÔTÚRÂ
239. ÔSÉ- ÔTÚRÚPO
240. ÔSÉ- IKA
241. ÔSÉ- ÔFÚN

242. OFUN-OGBE
243. ÔFÚN-ÔYÈKÚ
244. ÔFÚN-ÍWÔRÍ
245. ÒFÚN-BDÍ
246. ÔFÚN-ÔBARÁ
247. ÔFÚN-ÔKÂNRÂN
248. ÔFÚN-ÍRÔSÚN
249. ÔFÚN-ÒWÓNRÍN
250. ÔFÚN-OGÚNDÁ
25 l. ÔFÚN - ÔSA
252. ÒFÚN-IRETE
253. ÔFÚN-ÔTÚRÁ
254. ÔFÚN - ÔTÚRÚPÔN
255. ÔFÚN-IKA
256. ÔFÚN - ÒSE

100
101
Cantos de ifa- awon itan ifa-versos de ifa.
-1-1-
orunmila diz que deve ser feito aos poucos; eu digo que é aos poucos que devemos comer a cabeça do rato,
que é aos poucos que devemos comer a cabeça do peixe. Aquele que vem do mar. Que vem da lagoa para
receber a cabeça da vaca, não era tão importate em ifé1 no passado. Não somos tão grandes como o elefante
ou tão corpulentos como o búfalo. A faixa que é usada por baixo não é tão fina como a que é atada em cima.
Nenhum rei é tão grande quanto oní. Nenhum fio de caurin é tão longo quanto o de yemideregbe.
Yemideregbe é o que chamamos de deusa do mar2orunmilá diz que devemos medir o comprimento e medir a
largura. A mão alcança muito mais alto do que a cabeça, a folhagem da palmeira jovem é muito mais alta do
que a folhagem da palmeira velha.3
nenhuma floresta é tão densa que a árvore iroko4 não possa ser vista . Nenhuma música é tão alta que o
gongo não possa ser ouvido. “ o meu é importante, o meu é imporante” é o choro do heron cinzento.
Bem, então qual a obrigaação mais importante? Claramente a obrigação da palmeira é mais importante,
claramente.
Okan brota, ela atinge a estrada, claramente a obrigação da palmeira é mais importante, é mais importante,
claramente.
Ogan brota, ela atinge a estrada, claramente a obrigação da palmeira é mais importante, claramente.
Ogan brota,5 ela atinge a estrada, claramente a obrigação da palmeira é mais importante claramente.
O meu é importante, o meu é importante, é o choro do heron cinzento.
Claramente a obigação da palmeira é mais importante , claramente.
Nenhuma música é tão alta que o gongo não possa ser ouvido. Claramente a obrigação da palmeira é mais
importante, claramente.6

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1.ifé é a cidade yorubana onde estes versos foram registrados e osa é a lagoa ao sul ao longo da costa
nigeriana. O oni, mencionado é o rei ( obá) de ifé. Segundo a mitologia yorubana foi em ifé que a terra foi
criada por odua ( oduduwa). Deidade de quem oni e otros reis yorubanos dizem descender.
Segundo os divinadores de ifé, este é o primeiro verso de ifa e também o primeiro canto de ifa escrito em um
livro de santeria de cuba, ver bascom 1952; 174-176.ifé é a cidade iorubana onde estes versos foram escritos
e osa é a lagoa ao sul, ao longo da costa nigeriana.o oni mencionado abaixo, é o rei (oba) de ife.
2.olokun é considerado masculino em alguns grupos iorubanos,
E feminino em ife.a referência aqui é a sua reconhecida riqueza( cf,n,2, canto 249-2). Note também o jogo de
palavras feito com mar (okun) e o cordão (okun) no qual os cauris e as contas são enfiados.
3.a folhagem da palmeira nova cresce no topo do dendezeiro,(elaeis guineensis) cresce para cima, enquanto
que a velha cai para o lado.

102
4.o iroko ou carvalho africano, ou teca africana (chlorophora excelsa) é uma das maiores árvores da floresta
tropical da áfrica ocidental.
5.tanto ogan quanto okan foram descritos por informantes como vinhas ou plantas trepadeiras, a primeira
espinhosa, são conhecidas por brotarem ràpidamente.
6.a importancia das obrigações da palmeira referem-se ao uso das nozes da palmeira na divinação de ifa. Por
outro lado, todo o significado deste canto é obscuro. Provavelmente porque nenhuma historia o acompanha.
Consiste somente de frases comparáveis aos nomes dos divinadores que introduziram outros versos. Porém
nenhuma divinação é citada como um precedente, nenhum sacrifício
Espificamente mencionado, a não há uma predição específica. Contudo a implicação é de que o cliente viverá
por muito tempo, que ninguém o excederá, que será destacado entre os seus associados e que será bem
sucedido em qualquer empreendimento. Ao rato e o peixe
Mencionados aqui geralmente são acrescentados caracóis, nozes de kola e água fria
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-1-2-
Orunmila diz que cada um tenha sua própria fileira,¹ eu digo que cada um tenha a sua própria fileira, ele diz
que

Vinte cauris fazem a sua fileira mas que não podem completá-la.
Orunmila diz que cada um tenha a sua própria fileira, eu digo que cada um tenha a sua própria fileira, ele diz
que trinta cauris fazem a sua fileira mas que não podem completá-la.eu digo “ bem, meu pai agbonnire,² quem
pode completar sua fileira”, porque não podemos contar dinheiro e esquecer cinquenta cauris.
Ifa diz que não permitirá que a pessoa para quem esta caída foi jogada seja esquecida. Esta pessoa deseja
fazer alguma coisa: ela conpletará a sua fileira naquilo que deseja fazer.
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1.a fileira ( ese) refere-se a uma fileira nos campos a ser
Cavada ou capinada, aqui, e em outros cantos, é muitas vezes utilizada num sentido mais amplo para
significar ser bem sucedido num empreendimento,.
2.agbonire é uma forma abreviada de agbonniregun, outro nome para orunmila e ifa.
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-1-3-
a escuridão pune a terra golpeando-a e depois arrastando o jogo levantando
poeira, foi quem jogou ifa para olomoagbiti¹ quando ela procurou ifa porque queria filhos. Eles
disseram que ela deveria sacrificar quatro potes,2 quatro ratos e quatro peixes.olomoagbiti é o que
chamamos de bananeira. Ela ouviu e ofereceu o sacrifício.olomoagbiti tentou e tentou ter filhos, mas
não teve nenhum, ela pegou cinco cauris e foi aos divindores e perguntou o que teria de fazer para ter
filhos. Eles disseram que deveria fazer o sacrifício e ela o fez. Ela sacrificou as coisas que
mencionamos e tornou-se mãe de vários filhos. Desde então sempre encontramos crianças nas
bananeiras. Crianças que não serão deficientes nas mãos da mãe, crianças pequenas que não serão
deficientes no pé de bananeira.3

Ifa diz que é para o bem das crianças que esta pessoa jogou ifa, se ela faz um sacrifício, as crianças nunca
estarão em sua varanda.4
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1.analisado como o-l (i) omo- agbiti ou aquele que tem filho agbiti, o significado de agbiti não era conhecido
dos informantes.
2. Um pequeno pote de boca estreita, do tamanho de uma xícara. São usados como recipientes para o óleo
aplicado às mãos e braços.
3.o fruto e os novos rebentos são mencionados como filhos da bananeira.este verso explica deste modo
porque a banneira dá tantos frutos e porque tantas plantas novas, bananeiras, surgem próximas umas das
outras.
4.note o jogo de palavras =entre varanda( odede) e banana ( ogede)
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-1-4-
“ a floresta é a floresta do fogo” e “o pasto¹ é o pasto do sol” foram os que jogaram ifa para orunmila no dia
que ele 2foi enterrar os remédios contra abiku,3 num buraco no monte de refugo. Quando orunmila foi
importunado por abiku, ele foi aos divinadores “ a floresta é a floresta do fogo e o pasto é o pasto do sol”4;eles
lhe disseram que deveria fazer um sacrifício, e ele o fez. Daquele dia em diante suas esposas pararam de
gerar abiku;
Ifa diz que abikus estão lutando com esta pessoa se ela puder fazer sacrifício, os abikus pararão.
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103
1.odan é o pasto aberto ao norte das florestas tropicais( igbo) da costa da áfrica ocidental.
2.pela tradução literal é óbvio que nete verso ornmila e ifa são o mesmo indivíduo.ver tb. Num 1, canto 18-5
3.crianças destinadas a morrer, ou nascidas para morrer, ver capítulo xi, farrow ( 1926: 84) e ellis ( 1894
:111-114). Outro divinador explicou que disseram a orunmila para colocar folhas de ifa num pote com água e
fazer sua esposa derramá-la sobre um bode e enterrar o bode num monte de refugo.
4.neste verso é claro que refere-se a dois divinadores pelo uso de “ awon babalawo” e “ati”.

-1-5-
Kola amarga,1 da sociedade ogboni,2o teto bem apertado da ferraria, foi quem jogou ifa para abutre, o flho de
olojongboro que toca o tambor afin,3 com aqueles que vivem na cidade de ora. Os filhos do abutre nunca são
vistos no monte de refugo.4 kola amarga fraca, fraca, fraca na cidade de ifé, kola amarga fraca.
Ifa diz que esta passoa viverá até ficar velha5. Ele diz que assim como não vemos abutres jovens, da mesma
forma esta pessoa ficará velha.
O abutre perguntou o que teria que fazer para viver até a velhice. Foi perguntar aos divinadores e eles
disseram que teria que fazer um sacrifício e aspergir o pó divino em sua cabeça.6quando o abutre fez o
sacrifício e aspergiu o pó divino sobre sua cabeça, ficou branco como uma pessoa cujo cabelo está ficando
acinzentado. Daquele dia em diante a cabeça do abutre é sempre branca, parecendo que tem cabelo
cinzento. Não podemos saber a diferença entre os abutres novos e velhos porque suas cabeças são calvas.7
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1.garcinia kola
2. Osugbo é muitas vezes um outro nome para a sociedade ogboni, porém em ife diz-se ser o nome de uma
determinada posição dentro da sociedade cf. N. 3, canto 181-1
3.os informantes não souberam descrever este tipo de tambor.
4.sto não é literalmente verdade, a frase refere-se ao fato, elaborado posteriormente, de que todos os
abutres parecem velhos.
5.note o jogo de palavras com cola amarga ( orogbo) e uma pessoa velha (arugbo) que aparece
Depois. Este jogo de palavras é reforçado pelo adjetivo “fraco” para a kola amarga e não para a pessoa velha.
6.ao fazer o sacrifício, a caída ( odu) é geralmente marcada no pó divinatório na bandeja. Depois um pouco é
dado ao cliente para comer, ou colocado no centro e no alto de sua cabeça.
7. Este verso explica como a cabeça do abutre tornou-se branca e porque não se pode diferenciar um abutre
velho de um jovem.

-1-6-
Um fogo tênue no lado do céu, uma tênue estrela vespertina,1 no crescente da lua 2, foi quem jogou ifa para :
aquele que é amplamente conhecido, o nome que usamos para o sol.3
Ifa diz que esta pessoa fará um nome para si própria,4 no assunto para o qual jogou, mas que deve
sacrificar um rato, um peixe, um galo com crista 5na cabeça, um penny, cinco oninis 6
E óleo de palmeira. Tomaremos a cabeça do rato e do peixe e um pequeno pedaço cortado da crista do galo.
Colocaremos isto numa folha de ela,7 e trituraremos tudo junto. Faremos vinte e duas pequenas incisões 8na
cabeça da pessoa para quem esta caída foi lançada e esfregaremos nelas a mistura.
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1. Vênus, o planeta que é visto junto da lua nova.
2. Litaralmente “mês”, a lua é geralmente chamada de osupa.
3.literalmente “dia’ , a palavra usual para sol é orun.
4. Não é necessário acrescentar que o sol fez o sacrifício e que portanto passou a ser conhecido no
Mundo., isto refere-se ao título a ele conferido: “ aquele que é amplamente cohecido”. Melhor visto
especificamente nos cantos 52-1 e 103-1.
5. Note que um galo com uma crista ( ogbe) é pedido como sacifício para a caída ogbe mejí.
6.o onini é uma moeda nigeriana que vale um décimo de um penny,
7. Epiphytic orchidaceae
8. Os remédios com frequência são administrados sfregando-os em pequenas incisões( gbere) no corpo.
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-1-7-

104
“o sino de ifa tem uma boca apontada”1foi quem jogou ifa para ore, a esposa e agbonniregun,2
Ifa diz que existe uma mulher que é insolente para o seu
Marido. Ela deve respeitar o seu marido porque ele está

Planejando puní-la. Para isto ela deve fazer seis pães 3de inhame amassados, deve lavar as roupas do
marido, deve esfregar as paredes e o chão da casa e deve levar um pote com cerveja de milho hoje para o
local onde ele guarda o seu ifa.
Ore era a única esposa de agbonnire naquele tempo, mas ela não o amava. Quando ele saiu em público, ore
o insultou e recusou-se a preparar os alimentos para ele .quando agbonniregun viu o verdadeiro caráter de
sua esposa , ele se aprontou e mandou-a para morte, doenças, perdas, pobreza e punição.4
Naquele mesmo dia ore foi dormir e teve um sonho, quando amanheceu, e ela despertou, pegou cinco
Cauris e foi aos divinadores para que o examinassem. Eles disseram que ela tinha tido um sonho mau poque
seu marido a tinha enviado para a morte, doença, perdas, pobreza e punição. Por isso ela deveria
Pegar as roupas do marido e lavá-las, deveria esfregar a casa duas vezes e deveria preparar seis pães de
inhame amassados e levá-los ao local onde seu marido guarda seu ifa.
Quando ore fez todas essas coisas, agbonniregun chegou em casa.quando viu que sua esposa tinha lavado
suas roupas, esfregado as paredes e o chão da casa, e quando entrou na casa e encontrou os seis pães de
inhame amassados onde guardava o seu ifa, agbonniregun disse:
Ooosh shoko; eles responderam bani.5
Que a morte não mais perturge ore, oh;
Ore amassou os inhames; ore cozinhou, ore.
Que a doença não mais perturbe ore, oh;
Ore amassou os inhames; ore cozinhou, oh;
Que as perdas não mais pertubem ore, oh;
Ore amassou os inhames; ore cozinhou, ore.

Que apunição não mais perturbe ore, oh.


Ore amassou os inhames; ore cozinhou, ore.
Foi desta forma que ore escapou das coisas que abgbonniregun tinha lançado sobre ela para puní-la.
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1.o sino de ifa é um instrumento com o qual o divinador cobre a bandeja antes de começar o jogo. Sua ponta
em forma de dente comprido é aqui chamada de boca apontada.
2.orunmila ifa
3.inhames amassados ( iyan ou dombai) são trasformados em massa e referidas como pães ( igba ou araba).
4,ele fez medicina má para que ela sofresse todos esses males.
5.estas palavras, que não podem ser traduzidas e não eram compreendidas pelos informantes, são a
introdução para vários cantos e recitações, que aparecem nos cantos de ifa. Mesmo quando não explícitos
como aquí., seguem sempre o padrão tradicional do coro líder com o divinador dizendo : oooosh shoko e seus
alunos, assistentes e outros reunidos para olhar a divinação, respondendo: bani.
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-1-8-

Orunmila diz que devemos suspirar “hin”, 1eu digo que devemos tomar um arespiração e repousar ele diz que
aquele que sacrifica a água terá um encantamento mudo.
Orunmila diz que devemos suspirar “hin” eu digo que devemos tomar uma respiração e repousar, ele diz que
aquele que sacrifica quiabos terá honra.
Orunmila diz que devemos suspirar “hin” eu digo que devemos tomar uma respiração e repousar, ele diz que
aquele que sacrifica o sal encontrará satisfação em suas obrigações.2
É necessário uma cabaça com água fria. Nós despejaremos sal nela, fatiaremos também o quiabo nela.
Marcaremos eji ogbe3 no pó divinatório e adicionaremos o pó

105
Divinatório à água. A pessoa para quem esta caída foi jogada beberá da água e quem mais desejar também
poderá beber dela. Depois despejaremos em toda a esquerda nos pés de eshu.
Ifa diz que a pessoa para quem jogamos esta caída deseja um encantamento mudo, ela terá um
encantamento mudo e ganhará honra também.4
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1.hin, rrepresenta o som do ara exalado, como no


Suspiro.
2.note a palavra mágica neste canto. Água ( omi), é sacrificada para obter a oportunidade de respirar (imi),o
quiabo é sacrificado para obter honra ( olá)
O jogo com as palavras em referência ao sal é totalmente retirado. O sal é adicionado ao alimento para
temperá-lo apropriadamennte, para fazê-lo adoçar ( dun) e é aqui sacrificado para que as obrigações corram
bem, para que sejam doces (dun).
3.uma forma alternativa de ogbe meji, nome da caída.
4.existe também uma imlicação clara de que também encontrará satisfação na maneira como as coisas
acontecem com ela.

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-1-9-

Ponripon shigidi 1o divinador dentro da floresta, ogogoro, o divinador de ijamo 2se um amigo é muitíssimo
amado, ele é como o filho de sua própria mãe foram os que deram ifa para orunmila quando ele ia ser amigo
de eshu.
Aqueles que são amigos de eshu não se preocupam com o desejo de dinheiro; eshu você é aquele de quem
serei amigo.
Aqueles que são amigos de eshu não se preocupam com o desejo de esposas; eshu você é aquele de quem
serei
Amigo.aqueles que são amigos de eshu não se preocupam com o dsejo de ter filhos; eshu você é aquele de
quem serei amigo.
Mataremos um galo rasgando pelo peito. Abriremos um

Caracol e o despejaremos junto com o óleo de palmeira dentro do galo. Levaremos para os pés de eshu.
Ifa diz que esta pessoa deseja fazer uma nova amizade, o novo amigo será benéfico para ela.3
____________________________________________________________
1.esta frase não pode ser traduzida pelos informantes. Shigidi aqui é algo muito perigoso, mas não é a
imagem ( shigidi) utilizada pelos yorubanos na feitiçaria. Ponripon em outra conecção significa
Espesso, mas pon descreve o grau de vermelhidão de alguma coisa, e vermelhidão está associado a coisas
que são perigosas ou poderosas.
2.pode ser o nome de uma cidade ou de uma pessoa.
3. Existe também a implicação de uma benção do dinheiro, esposas e filhos neste canto.
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-1-10-

por causa dos inhames amassados os dedos criaram calombos;1o polegar endureceu as costas para separar
as nozes kola2 foi quem jogou ifa para orunmila quando ele amou a terra, filha de aquele com a bela roupa.
Eles dizem que orunmila deveria sacrificr um rato, um shilling e três pences e duas galinhas para que ele
possa se casar com ela.
Nós amarraremos qualquer tipo de conta em torno da barriga do rato, nós pegaremos o rato e o espetaremos
no chão 3dentro da floresta. Orunmila fez o sacrifício.
a terra era filha do rei. Usava duzentos panos em torno da cintura e disse que se casaria com quem visse
suas nádegas nuas. Na mahhã do dia seguinte após orunmila ter espetado o rato no solo, a terra foi à floresta
para

Defecar, eshu bateu palmas4


E o rato voltou a vida, e as contas que orunmila tinha atado em sua cintura tornaram-se contas segi 5quando a
terra viu o rato com as conta segi na cintura, começou a caça-lo. Enquanto caçava todos os duzentos panos

106
cairam da sua cintura e ela ficou nua. No mesmo momento orunmila veio examminar o seu sacrifício e
encontrou a terra correndo nua. Quando a terra viu orunmila, disse:
Assim é! Dissse que concordava em se casar com quem visse suas nádegas desnudas. E assim a terra
tornou-se esposa de orunmila, orunmila trouxe todos os seus bens para a sua casa e a terra estabeleceu-se
com ele. Após orunmila ter se casado, começou a cantar e a dançar feliz:
Nós capturamos a terra,
Nós nunca a deixaremos, oh, ay, ay6
Ifa diz que nós encontraremos uma mulher para nos casarmos, e que através dela receberemos uma benção.
A mulher nos trará duzentos de qualquer tipos de bem7
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1.o inhame amassado é servido como grandes pães, como é resistente, as juntas dos dedos parecem
calombos ao patir pequenos pedaços dele para comer.
2.as sementes de kola são partidas em seções antes de comer. Para isto utiliza-se a unha do polegar, e o
polegar é mantido rígido, formando um ângulo reto.
3.os ratos secos usados nos sacrifícios são espetados em varetas. Neste caso é a própria vareta
Que é espetada no chão para que o rato fique na vertical.
4.ao bater palmas eshu realizou esta transformação mágica, cf. Canto244-2
5.segi são contas muto valiosas encontradas enterradas no solo.
6.existe um significado duplo nesta canção, o significado óbvio é que amamos a terra, nossa esposa, tanto
que nunca a deixaremos. O segundo é que gostamos tanto da vida nesta terra que não queremos morrer
nunca.
7.o número 200 deriva-se do número de panos usados pela terra, e não é tomado literalmente, simplesmente
significa que teremos muitos bens. Cf
Canto 14-1
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-1-11-

Jinrin 1circulou,circulou
Até que entrou na cidade foi quem jogou ifa para
Orunmila quando ele ía se casar com estreita, a filha
Da deusa do mar. Eles disseram que orunmila deveria sacrificar dois galos, uma galinha, um rato, um peixe,
duas bolsas,2 e três shillings para que puddesse e casar com ela.
Ele fez o sacrifício. Quando orunila foi à casa da deusa do mar levou consigo as duas bolsas. Quando
chegou, eshu piscou os olhos 3para ele, tornando-o muito bonito. Quando estreita viu orunmila, disse que ele
era a pessoa com quem se casaria. A deusa do mar disse que todas as quatrocentas deidades tinham
querido
Se casar com estreita, mas ela recusara todos, onde então orunmila levaria estreita para escapar da ira
delas? Orinmila disse que a levaria embora. Então a deusa do mar foi hospitaleira com orunmila, disse que
todas as quatrocentas deidades
Tinham querido se casar com estreita mas finalmente ela encotrara alguém com quem queria se casar.
Quando a s quatrocentas deidades viram que estreita amava ornmila, ficaram zangadas, agiram e cavaram
uma cova no lado direito, cavaram um abismo no lado eaquerdo, e na frente cavaram um buraco tão fundo
quanto a altura de céu.
Quando eshu viu isto, pegou os dois galos que orunmila
Tinha sacrificado. Atirou um na cova na dirita e fechou-a, atirou o outro no abismo a esquerda e fechou-o,
atirou a galinha 4no buraco da frente, que era tão fundo quanto a altura do céu e fechou-o. As quatrocentas
deidades já tinham
Avisado aos barqueiros no rio que orunmila teria que atravessar, que se um divinador viajando com uma
mulher viesse até eles, eles não deveriam levá-lo. Quando orunmila se aproximou, colocou sua esposa,
estreita, dentro de uma das bolsas e colocou a outra bolsa sobre

A cabeça dela , amarrou tudo e levou. Quando chegou ao


Rio, o barqueiro não sabia que ele era o divinador de quem as quatrocentas deidades tinham falado, e
levaram-no até a outra margem do rio.
Quando orunmila chegou ao mercado em ife, colocou as bolsas no chão e desamarrou-as, e sua esposa saiu.
Todas as quatrocentas deidades ficaram
Desapontadas e zangadas, mas orunmila dançava
E regozijava., ele disse:
“ooosh shoko. Bani”5

107
Ejinrin circulou, circulou até que entrou na cidade, oh, foi quem jogou ifa para mim, orunmila, quando eu ía me
casar com estreita,,a filha da deusa do mar.as quatrocentas deidades cavaram uma cova no lado direito, as
quatrocentas deidades cavaram um abismo do lado esquerdo, na frente elas cavaram um buraco tão fundo
quanto a altura do céu, elas posem cavar uma cova no lado direito, oh, elas podem cavar um abismo do lado
esquerdo,elas podem cavar um buraco na frente, tão fundo quanto a altura do céu. Elas não dizem que não
se pode ir para a própria casa, gbain6
Orunmila, leve-me em sua bolsa, leve-me em sua carteira, para que possamos ir juntos lentamente.de modo
que para onde formos, iremos juntos.
Ifa diz que nós carsaremos com uma mlher. Todos tentam
Fazer intrigas e nos afastar, e conspirarão
Contra nós, mas não deveremos temer. Nós casaremos com a mulher.
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1.uma vinha trepadeira ( momordica balsamina, m.charantia ou m.foetida).
2.duas bolsas de esteira vazias usadas para levar e guardar dinheiro e roupas.
3.é diferente do nosso piscar. Ambos os olhos são piscados de leve e ao mesmo tempo. Ao fazer isto, eshu
tem o poder de transformar uma pessoa, tornando-a muito feia ou,com neste caso, muito bonita.
4.os dois galos, a galinha e as duas bolsas incluídas no sacrifício são ferramentas para ~
Tornar poss[ivel a orunmila atingir o seu objetivo.
5.a introdução tradicional para os cantos e recitações de ifa. Ver n.4, canto 1-7

6.uma exclamação, cujo significado não é muito claro.


-1-12-
Ele está perdido para nós pela morte, é um choro cheio de dor, eu andarei falando para mim mesmo num tom
baixo.1 o gato é quem se veste em estilo com um pano de ráfia. 2foi quem jogou ifa para aquele que espalha
sujeira com pés muito longos.3
Eles perguntaram: ele tomará uma mulher magra como sua esposa? Eles dizem que será ruim para ele a
menos que sacrifique dezesseis nozes kola, três galinhas, um prato preto virgem,4uma cabaça virgem para
bebidas de proteção e um penny e oito oninis. Ele não fez o sacrifício.
tomou a mulher como esposa. Depois as feridas o confinaram em sua casa e ele morreu.
Ifa diz que se a pessoa para quem esta caída foi jogada não faz o sacrifício,os feiticeiros 5destruirão algo que
ela tem.
____________________________________________________________

1.estas duas frases são recitadas na manhã da morte de um parente.


2.odun é um pano tecido de algodão e ráfia.
3.os pés longos referidos aqui são os do gato.
4.um prato de louça preta feita no local.
5.ara-(a) iye é um eufemismo para feiticeiros.
____________________________________________________________
-2-1-

Ogbe oyeku, pai dascombinações 1viveaté a idade madura, o divinador da vareta, 2foi quem jogou ifa para
vareta. Antes de vareta morrer, os mais velhos de iworo quase todos terão morrido aquele que faz a
circuncisão da tartaruga não deve circuncisar a cobra, foi quem jogou ifa para leão, o filho de sua urina
captura a floresta densa 3quando os outros animais se prevaleciam dele. Ifa diz que vê alguém que não tem
um prato e nem uma

Cabaça. 4todos, incluindo seus próprios parentes, dizem que ele tem uma cabreça ruim 5e riem dele.ifa diz
que esta pessoa se tornará importante num futuro próximo e que se vingará.desde o início dos tempos todos
os animais se prevaleciam do leão. Se ele adormecia deitado no chão, os outros subiam nele, nunca lhe
tiveram respeito. Leão se levantou e foi procurar os divinadores, perguntou –lhes o que poderia fazer para
ganhar honra e glória entre seus companheiros. Os divinadores disseram que ele deveria sacrificar uma
cabeça de águia, cinzas, três porretes e a folha de ifa (a folha da honra)6 e beber.disseram que quando se
deitasse deveria primeiro fazer um círculo com urina em torno do ponto, após o leão ter feito o sacrifício,
quando queria dormir, urinava em torno do local onde ia se deitar. Quando os outro animais
Queriam subir em cima dele, como no passado, se parassem sobre a urina,caiam no chão, assim o leão
passou a ser temido pelos outros animais, quando ouviam a sua voz, assustavam-se e tremiam riri.7
Desde então, quando o leão ruge, ele diz
Além do homem, além de mim, além do deus céu, quem mais existe?8

108
_______________________________________________________________________
1.obe oyeku é tido como o mais velho e mais poderoso destas caidas nas quais ambas as metades são
diferentes. Está no grau imediatamente depois das caídas pares ou duplas( meji) e portanto à frente de todas
as combinaçõesou misturadas (amulu)
2.uma vareta de latão ou ferro, como a usada pela sociedade ogboni e os adoradores de oshun. Um pedaço
de metal, naturalmente, pode sobreviver até aos mais velhos de iworo, que parecem abreviar a vida longa e a
idade avançada.

3. O significado deste nome é explicado posteriormente no canto. Um informante disse também”quando os


outros animais estavam prevalecendo sobre ele “ como parte do nome.
4.um modo particular de expressão indicando pobreza.
5.isto é, que ele tinha másorte, e era portanto sem valor.
6.brillantaisia patula. Note que para ganhar honra, uma folha conhecida como folha da honra é adicionada à
cocção para ser bebida.
7.riri descreve a maneira como a pessoa treme de medo.
8;este verso explica como o leão é o rei dos animais e porque todos os outros o temem, e também o que ele
diz quando rosna.

_______________________________________________________
-2-2-

O astuto ogbe oyeku 1foi quem jogou ifa para um


Rei que tinha sido destronado. Ifa diz que existe alguém que tem um título; ele
Será retirado do lugar e uma pessoa que está no canto será escolhida para preecher a posição.
Todas as pessoas esfregarão as mãos 2para a pessoa no canto e renderão homenagem a ela.
Existe também uma deidade que uma vez foi adorada por todas as pessoas de uma casa, mas elas não mais
a adoram e a floresta cresceu sobre o seu altar. Devemos renovar o altar e atar folhagens de palmeira jovem
à sua entrada.
A pessoa do canto é alguém de quem as crianças pequenas e os velhos zombam, mas ela deixará o canto e
virá.
Existe uma galinha na casa da pessoa para quem esta caída foi jogada. Esta galnha tem pintinhos, devemos
pegar tanto a galinha como sua prole
Para fazer sacrifício.

_________________________________________________________________
1.o nome do divinador deriva-se do nome da caída
2.as palmas das mãos são esfregadas juntas como numa súplica, ao pedir para ser desculpado por expressar
uma opinião durante
Um julgamento ou uma discussão. O gesto é feito para as pessoas de alto posto para demonstrar
Que o assunto é muito difícil para vocè decidir, ou que você nãotem nada significativo para acrescentar ao
que já foi dito. A implicação aqui
É que todos se submeterão ao cliente e o procurarão para tomar decisões importantes pela posição que ele
ocupará.
________________________________________________________
-2-3-

A cabeça que não pode ficar descoberta achará um vendedor de panos quando o mercado abrir.1

109
Foi quem jogou ifa para o rei de ofa que vende uma caixa de veludo, 2 filho de “aquele que tosse gbirin” 3como
o balido do elefante, filho de aquele que usa o topo de uma cabaça para medir as contas para as suas
concumbinas, 4filho de aquele que gosta do mundo molhado e encharcado, como alguém que lambe o mel.5
Ifa diz que uma pessoa que fica no canto virá, ela ocupará uma posição importante e permanecerá no lugar
por muito tempo.
O rei de ofa que vende uma caixa cheia de veludo era um velho que não tinha nem prato e nem uma cabaça,
mas tinha um pano grande escondido. Ele nunca o usava, mas outros o tomaram emprestado para vestir e
sair. O rei de ofa se aprontou e foi aos divinadores , perguntou-lhes o que deveria fazer para ter
importância.eles disseram que deveria sacrificar um bode preto, dois shillings e seis pences e um pano
grande que ele tinha escondido. Ele ouviu e fez o sacrifício. Logo depois o rei de ofa 6morreu , e o povo de ofa
pegou o rei de ofa que vende uma caixa cheia de veludo e fizeram-no rei, esperando que não se passasse
muito tempo para que ele morresse. Mas

Logo depois de assumir, em vez de morrer ele continuou com boa saude e tudo correu bem para o
Povo de ofa e tudo ficou fácil para eles,. E eles não quiseram mais que ele morresse.
Ifa diz que uma pessoa no canto virá e ganhará uma posição importante, e ficará nesta posição por muito
tempo até morrer.
__________________________________________________________________
1.a implicação deste nome, como a de um provérbio, é muito mais ampla do que o seu sentido literal. Neste
caso o significado é que
Uma classe ou nobreza será reconhecida e que cada pessoa ganhará o que lhe é devido. A alusão é ao fato
de que um personagem lendário, embora pobre e sem imporância a princípio, foi feito rei de ofa.
2.o personagem lendário é chamado de rei de ofa mesmo antes de assumir o título. O próprio nome é uma
alusão ao tecido grande mencionado posteriormente no canto, que ele tinha escondido, o veludo refere-se ao
tecido grande e
A caixa (apoti) ao esconderijo (odidi).
3.diz-se que esta palavra é o som de uma tosse, ou o som feito pelo ferro malhando uma bigorna. A
referência ao elefante, associado à realeza, indica que este é o nome de uma pessoa importante.
4.a tampa da cabaça é usada para medir coisas pequenas de pouco valor. Não é uma medida padronizada. E
embora seja apropriada para medir coisas como sementes de milho, nunca será usada para algo valioso
como contas,
Exceto por uma pessoa que não precisa se preocupar com dinheiro. Desta forma o nome implica que o
indivíduo é muito rico e generoso
Já que não pára para as contar uma por uma.
5.todos são nomes de indivíduos de quem o rei de ofa é descendente.
6.isto é, aquele que era rei na época da divinação,,não o cliente legendário, mas o seu predecessor.
________________________________________________________
-3-1-
Após estar morto, nós cortamos um elefante,
Após estar morto, nós cortamos um búfalo, após estar preparado, nós cortamos um pão de inhames
amassados, filho de totalmente nú,1 foi

Quem jogou ifa para odogbo quando ele estava no meio do problema.2
Ifa diz que neste momento alguém está num grande
Problema. Se a sua mãe ainda estiver viva sobre a terra, deverá sacrificar para a sua cabeça, se estiver morta
deve sacrificar para ela na tumba.
Eles disseram que as riquezas de odogbo estariam completas durante aquele ano.. Eles diseram que ele
deveria fazer o sacrifício, ele sacrificou quatro pombos, quatro contas
(qualquer tipo de conta), dois shillings e 80 cauris. Ele fez o sacrifício, eles disseram que quando tivesse
terminado o sacrifício, deveria sacrificar também para a sua mãe.3 eles
Disseram que a benção seria encotrada em casa e que ele não deveria ir a lugar algum.
Quando odogbo fez o sacrifício e tinha sacrificado também para a sua mãe, ficou em casa por três dias 4mas
não viu nada que
Se parecesse com uma benção. No quarto dia ele se levantou e foi para o campo buscar madeira, dizendo
que não ia passar fome até a morte.quando chegou no campo , cortou uma boa pilha de lenha e voltou com o
máximo que podia carregar, quando voltava, carregando a sua carga, sua mãe apareceu como um passarinho
e começou a cantar.
odogbo, atire fora a sua lenha,
a benção foi a sua casa equanto você estava fora.

110
quando odogbo ouviu isto, disse que de qualquer forma levaria a lenha para casa, quando chegou em casa
e descarregou a carga
De madeira no chão, ela fez uma buraco no chão cheio de contas.5
Desta forma dinheiro e riqueza chegaram para odogbo, e ele de tornou um homem rico,6
Odogbo começou a cantar, disse que tinha sido como os divinadores previram quando disseram:

“após estar morto, nós cortamos um elefante,


“após estar morto, nós cortamos um búfalo.
“após estar preparado, nos cortamos um pão de inhames amassados, filho de totalmente nú.
“no dia em que eu, odogbo,estava vivendo no meio do problema
Odogbo, atire fora a sua lenha,
A benção veio para a sua casa enquanto você estava fora.”
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1.isto se refere ao pão de inhame, que é completamente nú no sentido de que a sua superfície é lisa, sem
decorações e descoberto.
2.como explicado posteriormente, o problema de odogbo era a pobreza.
3.o primeiro sacrifício vai par eshu e para o deus do céu.
4.note que existe uma diferença na contagem inglesa e ioruba dos dias. Os iorubanos contam tanto o primeiro
como o último dias, de modo que enquanto nós contamos três dias, eles contam quatro.
5.contas, especialmente as valiosas do tipo conhecido como segí, são muitas vezes encontradas em buracos
no chão desta forma. Ver n. 5, cato 1-1, e n. 2, canto 249-2
6.neste caso o resultado foi bem sucedido mesmo odogbo não tendo observado a instrução do divinador de
não deixar a sua casa e nem o comando de sua mãe para atirar fora a madeira.
Mas, ele fez o sarifício.
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-3-2-

Após estar morto, nós cortamos um elefante, após estar morto nós cortamos um búfalo, após estar preparado
nós cortamo um pão de inhame amassado , filho de totalmete nú, foi quem jogou ifa para odogbo,1 no dia em
que ele ía tomar a terra e se estabelecer no campo, eles disseram que o mal estava esperndo lá por ele,
Eles disseram que ele não deveria ir. Disseram que deveria sacrificar uma cabra e três shillings. Ele disse que
iria de qualquer jeito e que faria o

Sacrifício quando voltasse.


Quando chegou no campo ele encontrou as quatrocentas deidades. Elas o deitaram no chão e
Cortaram a sua cabeça. Levaram a cabeça e a espetaram numa palmeira jovem. As pessoas da casa dele
esperaram por ele, mas ele não voltou, então elas foram ao campo procurar por ele.
Quando chegaram lá, encontraram a cabeça onde os passarinhos estavam cantando, quando a viram,
voltaram para casa, perguntando-se entre sí o que diriam quando chegassem em casa.
Sem sabe o que fazer, começaram a cantar:
“os passarinhos estão cantando sobre o cadáver de um pelintra,
“os passarinhos estão cantando, oh, oshershere2
Ifa diz que um mal armou a tenda no campo esperando por alguém, ou se alguém quer ir a algum lugar,
talvez muito longe, o mal o espera
Onde ele está indo. Ele deve fazer o sacrifício antes de ir.
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1.os nomes dos divinadores e do personagem lendário são os mesmos so canto 3-1, mas, as circunstâncias
são diferentes.
2,o som dos passarinhos chilreando.
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-3-3-

Uma pessoa mais velha que se senta sem se inclinar para trás dá a impressão de uma pessoa que está de pé
foi quem jogou ifa para : para onde a honra se volta, encontra riqueza,1 filha de aquele que adora oro e
obalufon.2ela diz que a sua força não é para este mundo. Eles dizem que a sua força será para este mundo.
Eles dizem que ela deve fazer o sacrifício. Ela sacrificou dois pangolins, 3o anel do seu dedo
E um shilling,sete pennes e oito oninis.para onde a

111
Honra se volta, encontra riqueza, é o que chamamos de feiticeiras, desde que ela fez o sacrificio, as feiticeiras
têm poder sobre os seres humanos.4
Ifa diz que as feiticeiras surpreenderão alguém agora, a menos que ele as implore para mudarem de idéia
através de um sacrifício, então talvez elas não o levem.
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1.riqueza aqui é referida como a corda ou cordão ( okun) no qual são atados os cauris.
2.oro e obalufon são deidades.
3.tamanduás escamosos (uromanis longicaudata briss). Ver maupoil (1943: 280)
4.este canto explica por que as feiticeiras
Podem atingir os seres humanos.
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-3-4-

Ogbe, olhe para trás,1 e veja se o seu cão matará um esquilo;2foi quem jogou ifa para orunmila
Quando ele chorava porque não tinha esposa.
Eles disseram que ele deveria fazer um sacrifício para que pudesse encontrar uma esposa naquele ano. Ele
sacrificou uma cesta de amendoins, duas galinhas e um shilling, além de vinte cauris.3
Quando ele terminou o sacrifício, os divinadores separaram alguns dos amendoins para que ele plantasse.
Quando estes amendoins estavam maduros o suficiente para serem colhidos, orunmila notou que alguém os
estava roubando. Pensou que fosse um esquilo que os estava enterrando e comendo, e começou a tomar
conta do campo de amendoins.
Um dia, enquanto olhava para os amendoins viu duas virgens. Quando elas entraram no campo e começaram
a enterrar, orunmila saiu do lugar onde estava escondido e pegou-as no ato de roubar os

Amendoins. As virgens começaram a suplicar que ele as poupasse e não as levasse como ladras.
Orunmila respondeu que fora para ele ganhar uma esposa que os divinadores lhe dissseram que plantasse os
amendoins,4 e se elas vinham e roubavam, como ele conseguiria se casar?
Elas disseram que ele deveria poupá-las, que preferiam se casar com ele do que serem levadas como ladras.
Então orunmila se casou com as duas.
existem duas virgens juntas, elas são esposas de ifa, 5devemos dá-las a ifa para que não tragam desgraça
para as famílias delas.
e existe um homem que deseja uma esposa, ele se casará com ela sem lhe dar o dote se for capaz de fazer
o sacrifício. Uma mulher deve tomar cuidado para não ser levada como ladra este ano.
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1.ogbe –w(o)- ehin, nome alternativo para a caída ogbe –(i)-wori, é encorporado ao nome do divinador.
2.mais tarde suspeita-se de que um esquilo está enterrando os amendoins de orunmila.
3.embora não seja em sí um exemplo muito convincente, o sacrifício de vinte cauris (oko)
De amendoins segue o padrão de palavra mágica.
4.está implicito que orunmila deverá usar o lucro dos amendoins como dote. Embora isto não aconteça.
Orunmila conseguiu duas esposas sem ter que dá-lo, mas, através da plantação de
Amendoins.
5.uma mulher ouve de um divinador que está destinada a ser esposa de ifa, deve ser dada em casamento a
um divinador sem receber um dote por ela.
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4-ia

Ogbe fecha bem genesrosamente,1 foi quem jogou ifa para cabeça, que tinha se ajoelhado e escolhido o seu
destino,2 e os imimigos o impediram de atngí-lo. Ifa diz

Que vê quem deseja o mal, que não quer que sejamos bem sucedidos naquilo que estamos fazendo.
Ifa diz que nos ajudará a conquisar quem deseja o mal. Diz que sevemos sacrificar três galos e um shilling e
três pences, além de vinte cauris.
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1.este nome implica que tudo o que o cliente deseja estará garantido. Note o jogo de palavas com o nome da
caída,ogbe –(e) di.
2.cada alma, antes de deixar o céu para nascer ,ajoelha-se diante do deus céu para escolher o seu destino na
terra.
__________________________________________________________________

112
4- ib

Ogbe fecha bem generozamente foi quem jogou ifa para cabeça que tinha se ajoelhado e escolhido o seu
destino, e os inimigos o impediram de atingí-lo.
Ifa diz que nos ajudará a conquistar quem nos deseja o mal.
Após cabeça ter feito o sacrifício, tudo o que ele estava fazendo se endireitou e o caminho ficou
Limpo para o sucesso.1
Três galos e um shilling seis pences, além de vinte cauris, 2foi o sacrifício.
________________________________________________________
1,no idioma iorubá, “ter uma estrada.” Além desta
Frase e de algumas diferenças insignificantes nas palavras, é o mesmo canto 4-ia.
2.owo eyo são cauris grandes usados como dinheiro.
________________________________________________________

-4-2-
hoje a luta de ogbe edi, muito confusamente,1
Amanhã a luta de ogbe edi, muito confusamente;
O pássaro macho é aquele que faz...2 com suas asas; e
A palmeira velha é a que tem a planta omu 3atrás, foi quem jogou ifa para lukoun quando ele guerreava na

Cidade do sangue. Eles disseram que a pessoa inteira


Seria trazida de lá.4
Eles disseram que ele deveria sacrificar duas
Galinhas e um shilling, além de vinte cauris,5
Lokoun é como o pênis é chamado, cidade do sangue é o nome da vagina. Alguém está menstruando neste
momento; ela deve fazer o
Sacrifício para que a descarga possa se tornar uma criança.6
E um homem deseja ter um caso com uma mulher que está menstruada; eles devem fazer o sacrifício para
que uma pessoa completa emerja.
__________________________________________________________________
1.descrito como sendo névoa ou fumaça; ou como as coisas aparecem quando os olhos são abertos ou
fechados muito rapidamente. Ogbe edi é o nome da caída.
2.os informantes não conseguiram traduzir a palavra ogan neste contexto.
3.planta não identificada que diz-se brotar da
Base das palmeiras velhas.
4.a referência aquí é ao nascimento de uma criança.

5.cf.n.2, canto 4-ib aqui vinte cauris (oko)


São incluidos num canto que envolve o pênis
(oko).
6.os iorubanos acreditam que o líquido menstrual desenvolve-se num embrião e posteriormente numa
criança.cf.cantos 14-1, 86-3.

________________________________________________________
-4-3-
O sino de ifa tem uma boca apontada1 foi quem jogou ifa para a mulher estéril que foi aos divinadores porque
não tinha filhos. Eles disseram que ela daria a luz uma criança.
Dois ratos, dois peixes, duas galinhas e um shilling,
Além de vinte cauris, foi o ssacrifício.
ifa diz que uma mulher procura uma criança; ela dará a luz uma menina cujo nome não deve ser

Trocado. “ dada”2 é como a criança será chamada. A pessoa para quem esta caída foi jogada deve completar
o sacrifício e depois ir e sacrificar também para o deus do trovão.
ifa diz que vê a benção de uma filha ; um divinador será o marido dela.
________________________________________________________
1.cf.n.1, canto 1-7.
2.o nome “dada” é dado a crinças que nascem com tufos proiminentes de cabelo. Estas crianças são
especialmente sagradas para o deus do trovão. Note que dizem à mãe para sacrificar ao deus do trovão além
do sacrifício ao

113
Deus céu.
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-4-4-
paciente eu vou, calmamente eu volto.1 foi
Quem jogou ifa para gancho.2quando ele empreendeu a guerra contra a confusão emaranhada.3
Disseram que não voltaria de mãos vazias . Dois pombos, dois galos e um silling foi o sacrifício. Ele fez o
sacrifício. Desde então gancho nunca voltou de mãos vazias quando volta após ter laçado alguma coisa.4
ifa diz que estamos esticando nossas mãos para alguma coisa.5
ifa diz que deveremos fazer o sarifício para que a sorte não saia em branco para aquilo que queremos,
mesmo que dê algum trabalho.
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1.parece referir-se aos movimentos do gancho quando é usado para puxar alguma coisa.
2.um anzol, ou gancho,também conhcido como ariwo ou arigogo, que é feito de uma vareta em forquilha e
modelado
Como um cabo de enxada iorubano.
3.como quando alguém usa um gancho ou anzol para puxar alguma coisa enrolada em uma árvore.
4.o canto explica poque os ganchos ou anzóis são ferramentas úteis para colher frutas ou trazer coisas que
estão fora do alcance.
5.como um gancho.
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-5-1-

“fazer barulho é tarefa dos passarinhos, tremer é dos inválidos,1 um inválido é alguém que sabe o que os
feiticeiros podem fazer á noite; bem –vindo, até logo,2 foi quem jogou ifa para o deus da brancura3 quando ele
estava para comerciar no mercado do linho.4 e agir tão bem como se estivesse para receber uma benção de
dinheiro. Eles disseram que ele deveria sacrificar dois ratos, dois peixes, dois caracóis, duas tartarugas,5duas
aves – um galo e uma galinha – e um shilling um pence e dois oninis.
O deus da brancura fez o sacrifício.
ifa diz que iremos fazer alguns negócios ou queremos fazer algum trabalho; devemos fazer o sacrifício
para que o deus céu nos encaminhe para o dinheiro.
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1. A referência é de uma pessoa que treme de calafrio e febre.


2. Ma re-wa é uma saudação utilizada quando
Uma pessoa vai sair por pouco tempo. Significa
Volte logo ou até a volta, e deve ser comparada a o-d(i)-abo ( ele torna-se uma chegada) e
E-rin-wa-o (você-vai- e- vem-oh).
3.orishala, ou orishanla, a grande deidade ( orisha funfun) associado a caracóis, manteiga,
Contas brancas,roupas brancas e outras coisas brancas. Os
Informantes não puderam traduzir osheregbo mas presume-se que seja um nome agradável de orishala,
porque no canto 241-3
Orishala osheregbo afirma que foi ele quem criou os escravos e os nascidos livres. Epega
(n.d:xiii,2) e lijadu (1923-9) cita cantos mencionando obatala oshere-igbo e beyioku,
(1940:5) dá obatala oshere majigbo no mesmo canto citado por lijadu.
4.ogbo é o nome para o linho e a fibra do linho europeu e para
Uma planta local ( omphalogonus nigritanus) cujas fibras são usadas para fazer cordas.
5.referido aqui pelo seu título, “avarento”
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-5-2-

Relâmpagos brilhantes, tocam a terra: tocam o céu,1 foi quem jogou ifa para abutre emplumado, o divinador
do vigia ilode,2
No dia em que ele estava vindo para a terra. Eles disseram que ele não seria desgraçado; eles disseram que
quando ele estava em desgraça e
Morrendo de fome haveria em desastre.3
Eles disseram que ele deveria sacrificar um bode, um shilling e três pence, um pote de óleo
De palmeira e a roupa de seu corpo. Eles disseram:
Que nós ouviríamos do dia que abutre veio para

114
A terra, mas que nunca ouviremos de sua morte4 e que no dia em que ele estiver morrendo de fome ocorrerá
um desatre.
ifa diz que existe alguém; ele diz que não
Permitirá que ele seja desgraçado. Ifa diz que se ele ficar desgraçado, o seu duplo espiritual5
No céu o auxiliará e que o segredo que trouxe da presença do deus céu permanecerá guardado.

1. Parece ser uma adaptação de uma adivinhação


Iorubá: um bastão esguio toca a terra; ele toca o céu, (opa tere kan-(i)le; o kan-(o)run, cuja resposta é
Chuva.ver bascom, 1949;10.
2. Uma das cinco pricipais divisões da cidade de ife.
3. Como o abutre alimenta-se dos sacrifícios que são feitos e dos animais que morrem, qualquer desastre é
uma vantagem para ele. Cf. Cantos 241-1. 248-1. Entende-se que o abutre fez o sacrifício.
4.os informantes explicaram que os corpos dos abutres mortos nunca são
Encontrados.cf,canto 248-1.
5.a alma guardiã ancestral. Ver também os
Cantos 241-1, 241-4,248-1.
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-5-3-

Um genuflexório possui um peito duro,1 foi o


Único que jogou ifa para aquela que é resistente
Chega quando ela chorava e se lamentava porque não tinha filhos. Eles disseram que ela deveria fazer o
sacrifício. Disseram que se ela não fizesse o sacrifício, teria filhos, mas para que eles não se tornassem
inimigos, ela deveria sacrificar uma cabra preta, a roupa de baixo.2
Da sua cintura, onze shillings,3 e três galos. Ela sacrificou a cabra, a roupa de baixo da sua cintura e onze
shillings, mas não os três galos; disse que queria sòmente ter filhos. Quando deu à luz nasceram cavalo e
fruta-pão.
o desejo de ter filhos perturbou cavalo e perturbou fruta-pão, como tinha perturbado sua mãe. Ambos
cosultaram os divinadores. Estes mencionaram para eles o mesmo sacrifício que havia sido prescrito para a
mãe deles, e eles ofereceram a mesma parte dele que sua mãe tinha sacrificado antes deles.4
Quando cavalo estava grávida, fruta-pão deu
À luz seu filho,eshu disse estes são os filhos de aquele que é resistente chega, cuja mãe ouviu que deveria
fazer um sacrifício mas não o fez. Provocou uma luta entre eles, e enquanto lutavam cavalo pisou no filho de
fruta-pão
E o matou. Fruta-pão ficou muito zangada. Quando
Cavalo deu à luz seu filho, fruta-pão
Trouxe água para ela, e quando o filho de cavalo bebeu a água envenenada, morreu.5
Desde aquele dia cavalo e fruta-pão tornaram-se inimigas.

ifa diz que existe alguém que terá um filho


Mas que deve fazer o sacrifício, para que seus filhos não se tornem inimigos logo depois.

1. Os genuflexórios iorubanos são semelhantes aos feitos pelos haussa; são vistos com o peito ressaltado
como se fossem muito corajosos.
2. Este é o termo usado em geral para as roupas usadas pelas mulheres por baixo de suas vestimentas;
incluem o tobi das mulheres mais velhas e o yeri ou ilaburu das donzelas.
3. Ejielogun é a forma abreviada de ejilelogun.
4. Eles não sacrificaram os três galos para que
Seus filhos não ficassem inimigos,
5. Refere-se à crença de que a fruta-pão (treculia africana) é venenosa para cavalos.ver dalziel (1937: 286). O
canto explica por que isto é verdade.
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-5-4-
Ogbe obara,1jogou ifa que o crítico persiste,2ifa faz todas as coisas em todos os lugares foi quem jogou ifa
para orunmila quando ele ía para a costa do oceano, para o meio da lagoa, em iworan onde o peixe faz
travessuras na superfície da água. Eles disseram que ele deveria sacrificar quatro ratos, quatro peixes, alguns
feijões soltos, quatro pombos brancos e quatro shilllings e seis pences.
Tomaremos algumas folhas de ela (efunle).3

115
Moeremos junto com um pequeno pedaço de folha de palmeira. Mataremos um dos pombos. Misturaremos o
seu sangue com as folhas. Faremos um número qualquer de incisões na cabeça e esfregaremos a mistura
nelas.
ifa diz que vê uma benção para alguém de além do muro da cidade. Diz que muito dinheiro chegarã para
esta pessoa vinda de lá . Porque enquanto a árvore desprende as suas folhas e o cipó solta as sua folhas,
para a palmeira soltar as suas folhas é muito difícil.4
__________________________________________________________________
1. Note a referência ao nome da caída.
2. Aquele que critica tudo e despreza tudo.

3.efunle pode referir-se a um dos vários tipos de orchidaceae epífito que é conhecido como ela.
4.note que foi incluído um pedaço de folha de palmeira como um dos ingredientes da medicina a ser feita.
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-6-1-

agboniregun1 diz que ogbe deveria tocar2 você


Eu digo que ogbe deveria tocar você;ele diz que
Quando obge parou na casa do rei de ara por um momento, torno-se rico e começou a gastar dinheiro
prodigamente3 nas ruas; ele diz que o que pára na casa do seu aprendizado4 é rico,.
ifa diz que vê a benção da riqueza. Dois pombos, duas galinhas e um shilling além de 20 cauris é o
sacrificio. Ifa diz que a riqueza está chegando.
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1.orunmila ifa.
2. Note o jogo de palavras com o nome da caída, ogbe okanran.
3. A caída da fala usada aquí é: abrir como um botão de flor.
4. Um aprendiz carrega a bolsa do seu mestre e age como mensageiro para ele.
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-6-2-
Não foi muito antes da folha do ekikun1 pertencer ao elefante,2 não foi muito antes da lama pertencer ao
búfalo.3 e não foi muito antes da rua pertencer à menina da cidade de ilaun,4 foram os que jogaram ifa para o
povo do distrito de more agbada,5no dia em que algum
Mal os estava forçando para o céu.6
Contra sua vontade. Eles dizem que deveriam sacrificar um pote de milho e feijáo cozidos,7uma galinha e dois
shiillings e seis pences, eles dizem que cada pessoa deveria cozinhar o próprio milho e feijões.

ifa diz que alguma coisa esta causando uma perda para alguém, mas que o deus céu interromperá isto.
Alguém deverá fazer o sacrifício senão algo virá do céu e o levará
E à sua família. Um grupo de pessoas deverá fazer o sacrifício por causa dos espíritos maus.
Uma vez os espíritos maus vieram do céu e levaram as pessoas do distrito de more de volta com eles. Elas
cosultaram os divinadores. Estes disseram que deveriam fazer o sacrifício e elas fizeram. Pegaram as aves
que tinham sacrificado e as mataram. Cozinharam todas e as colocaram no milho e feijões cozidos numa
louça de barro, disseram que deveriam levar o
Sacrifício para um bosque de árvores em frente á casa que chamamos de bosque de oloshe,8quando os
espíritos maus chegaram no bosque viram a comida, começaram comê-la. Quando terminaram de comer,
eshu lhes disse que foi o povo de more que tinha preparado e que eles deveriam voltar para o céu. Eles
responderam; a morte não come a comida de uma pessoa e depois a mata.
Ifa diz que devemos preparar comida para os espiritos maus. Desde esse tempo a morte não mais levou o
povo de more.e todos os anos o povo de more cozinha este tipo de comida e a leva para a fenda de oloshe.9
ifa diz que existe um grupo de pessoas que vivem
Juntas numa comunidade;10
Elas devem fazer sacrificio senão os epíritos
Maus entrarão na comunidade
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1. Folha de uma árvore alta, como uma palmeira
Usada para trançar esteiras atinrin.
2. Não demorou muito depois que eles apareceram para os elefantes os comerem
3.não demorou muito para os búfalos africanos estarem chafurdando na lama.
4.cf, cantos 6-5, 6-6. Como estes nomes são seguidos pelo

116
Plural de awon, fica claro que são mencionados vários divinadores. Ilaun não pode ser identificado.
5.more é o nome de uma guarnição da cidade de ife, uma das suas cinco principais divisões, agbada é um
título desta parte, cujo significado não pode ser identificado.
6.isto é, causando a morte deles.
7.um prato preparado com milho cozido ou milho e feijões cozidos.
8.nome de uma deidade adorada particular
-mente pelo povo da guarnição de more em ife,
9. Este canto explica porque o povo da guarnição de more leva milho e feijões cozidos para a fenda de
oloshe durante o festival do coco (odun agbon).
10.uma comunidade é conhecida como uma
Congregação de casas, (igbo ile).
___________________________________________________

-6-3-
A água da folresta é como o corante índigo,1 a água dos pastos é como o óleo da semente da palmeira,2nozes
da palmeira enterradas no caminho
São como nozes da palmeira de ifa, mas elas não bebem sangue como as nozes da palmeira de ifa.3foi quem
jogou ifa para ele quebra as nozes da palmeira e conhece o futuro
Quando ía comprar eda.4para ser o seu escravo. Eles disseram que ele deve servir seu eda. Ele disse que
seviria. Eda é o que chamamos de nozes da palmeira de ifa. Ele quebra as nozes
Da palmeira e conhece o futuro é quem chamamos de orunmila.
ifa diz que existe um menino, ele é um divinador estava servindo ifa quando ele veio do céu. O nascimento
ou o por do sol não devem achá-lo no campo, e seus pés não devem limpar o orvalho da estrada do campo.5
e ifa diz que desejamos comprar alguma coisa, a pessoa em questão não deve ser dissuadida de

Comprar. Se houver dinheiro suficiente, ela deve


Adiquirir. Aquilo qe ela deseja comprar a beneficiará. Este é o dia que ela está comprando o seu lote de nozes
de palmeira.
bem, eu não posso ir para o campo,
ele quebra as nozes da palmeira e cohece o
futuro;
você não quer vir e ver o que eda está fazendo para mim?6
ele quebra as nozes da palmeira e conhece o futuro;
eu não posso ir ao rio.
ele quebra as nozes da palmeira e conhece o futuro.
eu não posso ir ao mercado,
ele quebra as nozes da palmeira e conhece o futuro;
você não quer vir e ver o que eda está fazendo para mim?
ele quebra as nozes da palmeira e conhece o futuro.
eu não posso ir para lugares distantes.
ele quebra as nozes da palmeira e conhece o futuro;
você não quer vir e ver o que eda está fazendo para mim?
ele quebra as nozes da palmeira e conhece o
Futuro.
Ifa diz que o futuro de alguém é não fazer nada além do que ifa. Não deve trabalhar no campo, mas dentro da
cidade. Esta pessoa deve retornar ao que fazia,7e também fazer
Divinação ou recitar os cantos de ifa.deve sacri
-ficar uma cabra e cinco shillings, não menos que isso, e então ir e sacrificar uma cabra também para o seu
próprio ifa.

1. A água que se acumula na floresta é coloridapelas folhas em deterioração, lembrando o azul bem escuro
como o índigo.

2,o óleo ( adi ou adin) feito das sementes da pal


-meira branca deve ser distinguido do óleo da palmeira laranja(epo) feito do pericarpo. O óleo de semente de
palmeira é utilizado para fazer o sabão e para esfregar o corpo após o banho.

117
3, as nozes de palmeira enterradas na estrada e as dezesseis nozes (ikin)usadas na divinação são ambas
polidas pelo uso, mas somente aquelas usadas na divinação recebem o sangue
Dos sacrifícios.cf. Canto 247-4.
4.eda é traduzido como criatura, e refere-se a alma guardiã ancestral. Aqui, contudo, é especificamente
comparada ao conjunto de nozes de palmeira usado na divinação.
5.supõe-se que deva devotar-se a divinação, como dito abaixo.
6.como aqui eda signfica as nozes da palmeira de ifa, o pedido é que o povo venha e ve
-ja como ele está prosperando através da divinação.
7. É explicado anteriomente no canto que ele adorava ifa antes de nascer.

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-6-4-
A praça ao ar livre pertence aos estrangeiros,1
Foi quem jogou ifa para cacto.2
Quando ela ia se mudar para o campo de igango porque não tinha filhos.3eles disseram que as feiticeiras não
deveriam beber o seu sangue menstrual para evitar ter filhos,cacto sacrificou uma cabra,cinco shillings e
folhas de ifa.
Foram feitas pequenas incisões no corpo de cacto
e a medicina foi esfregada nelas. Desde então o sangue de cacto não pode ser bebido.4
ifa diz que uma mulher deve fazer o sacrifício para que as feiticeiras não atinjam o seu ventre e destruam
o embrião, e então ela não menstruará todos os meses.5

1,isto é, é uma propriedade pública. A palavra estrangeiro oudesconhecido( elu) refere-se aos iorubanos que
não são nativos de uma deter-minada cidade.

2. Euphorbia kameunica.
3.cacto deixaria a comunidade e construiria a propria casa com a esperança de ter filhos.
4. Este canto explica como o cacto passou a ter espinhos, porque tem tantos rebentos e porque
O sangue ou a sua seiva (oje) é amarga e pode ser usada como veneno para peixe. Dalziel registra
Que é altamente purgativo, sendo usado como provação e veneno para flechas.
5,isto, para que ela possa conceber.

-6-5-

Não demorou muito para que o rio pertencesse á folha de ekikun, não demorou muito para que os campos
pertencessem ao leopardo, e não demorou muito para que a rua aberta pertencesse às crianças da cidade de
ilaun1 foram os que jogaram ifa para o
Povo da guarnição de more agbada onde eles tinham jogado ifa porque não tinham filhos. Eles disseram que
eles teriam filhos. Dez cabaças de milho e feijões cozidos,
Dez galinhas e cinco shillings,2 foi o sacrifício.
Eles disseram que cada um teria um filho. Quando o ano passar, todos terão tido filhos.
Daquele dia em diante eles não deixaram de comer milho e feijões cozidos na garnição de more; eles o
fizeram todos os anos,3
No ano seguinte começaram a dançar e a cantar:
osara,4traga as crianças,oh,
hin, hin, hin,hin;5
eu terei filhos junto com os outros, oh,
hin,hin, hin, hin;
felicidade para as crianças, você que tem filhos, oh;
hin,hin, hin,hin;
ifa diz que uma mulher está preocupada com o
Desejo de ter filhos. Ela deve sacrificar dez
Cabaças de milho e feijões cozidos, dez galinhas e

Cinco shillings. Se ela for capaz de fazer o


Sacrifício, nesta época no próximo ano ela estará carregando um filho nas costas.6
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118
1,como estes nomes são muito semelhantes aos do canto 6-2 foram também interpretados como referindo-se
a vários indivíduos. Note que este canto e o 6-2. E o 6-6 todos
Têm vários pontos de semelhança. Além dos nomes dos
Divinadores, todos se referem à guarnição de more e à
Adoração de osara e oloshe.
2.como os cauris são contados em dois milhares,são dez unidades de cauris pedidas, como as dez galinhas e
as dez cabaças de milho e de feijões cozidos.
3.este canto, como o 6-2, explica porque o prato de milho e feijões cozidos é sacrificado a cada ano pelo
povo da guarnição de more.
4,osara é uma deidade que era o marido de oloshe( ver
Canto 6-2). É identificado com uma massa de água na fenda de oloshe, oposto á `guarnição de more, ao
longo da estrada de ilesha em ife.
5.estes sons não têm significado, mas, são adicionados a canção simplesmente para torná-la doce.
6,note o jogo de palavras carregar nas costas (pon) e ficar vermelho (pon).
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-6-6-

Não demorou muito para que o rio pertencesse à folha de ekikun. Não demorou muito para aque os campos
pertencessem ao leopardo, e não demorou muito para que a rua aberta pertencesse as crianças da cidade
de ilaun,1 foram os que jogaram ifa para o povo da guarnição de more agbada onde eles estavam dançando
egemopati,2 porque não tinham filhos.
Ifa diz que alguém não está bem; ele deve fazer um sacrifício para que possa comer. Ou um bebe de colo
Está doente e não consegue comer nada; devemos
Sacrificar para que ele possa comer. Um bode 120

Porções de mingau de maisena e três shillings é o sacrifício.


Quando eles fizeram o sacrifício e o levaram para trás de casa onde a criança estava doente, seus
conpanheiros teminaram de comer e voltaram cantando:
coma, oh, egemopati.
Quando seus companheiros terminarem de comer a comida, a criança que não está bem comerá alguma
coisa.
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1.cf. O canto 6-5 e versos 1 e 3, canto 6-2.
2.um rítmo de tambor usado no festival do coco(odun agbon), realizado pelo povo da guarnição de more em
honra a osara e oloshe.
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-7-1-
Ogbe vê ervacame,1 ervacame vê o sacerdote foi quem jogou ifa para velhaco quando ele estava sonhando
com o seu pai.
vi meu pai hoje;
pai do leopardo;
pai do gato,
pai da pantera,2
pai vem do céu para me ajudar;
o pai do filho não se recusa a ajudar seu filho,
o pai do filho.
Ifa diz que alguém esqueceu o seu pai e que se não cuidar do seu pai não haverá ninguém na terra para
tomar conta dela. Um carneiro, três shillings e seis pences é o sacrifício, quando este sacrifício tiver sido feito,
esta pessoa deverá ir e sacrificar o carneiro para o seu pai; mas se o pai ainda estiver vivo, deve sacrificar o
carneiro para a cabeça do seu paipara que o caminho do sucesso possa estar limpo

Para ela. Alguma coisa em relação a esta pesssoa desandará


Completamente se ela não cuidar do pai, esteja ele na
Terra ou no céu.
1,ogbe e ervacame aparecem aqui como nomes de pessoas. Note o jogo de palavas com o nome da caída,
ogbe-(i) rosun.

119
2.amokisitekun é um título de um felino identificado como uma pantera pelos informantes e descrito como
tendo o tamanho de um cachorro,
Seu significado não pode ser analisado, mas é também conhecido como a-mo-t-(o)-ekun ( aquele que
conhece como o leopardo), significando aquele que sabe tanto
Quanto o leopardo, note que todos os animais mencionados são felinos.
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-7-2-

Seixos possuem pequenos olhos,1 foi quem jogou ifa para orunmila quando ele ia tomar ela fica tímida
quando vê sua mãe,2 como sua esposa.
Ifa diz que esta é uma esposa de ifa;3se não for dada a ifa , morrerá. E então existe uma mulher que terá
muitos filhos se for capaz de fazer o sacrifício.
Ela fica tímida quando vê sua mãe terã filhos pequenos;
Ela fica tímida quando vê sua mão terá filhos pequenos
Orunmila é quem tomará ela fica tímida quando vê sua mãe como sua esposa;
Ela fica tímida quando vê sua mãe terá filhos pequenos.existe uma mulher que é uma esposa de ifa; ela terá
filhos se for capaz de sacrificar cinco galinhas e dois shillings e seis pence. Quando tiver completado ao
sacrifício, deverá começar a esfregar a casa de ifa;4
Então as coisas ficarão fáceis para ela.

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1.que eles virão em pedaços pequenos, porém significa feixes de laterita que têm a superfície marcada por
buracos (yangi).
2.este nome tem o significado de como uma menina, el*os informantes disseram que isto significa somente a
Arrasta timidamente os pés, tentando que a mãe lhe faça alguma coisa ou lhe dê algo que lhe foi negado.
3.ver n. 5 canto 3-4.
4.as paredes e o chão da sala onde a parafernalia de ifa é guardada são esfregdos regularmente com esterco
pelas mulheres adoradoras de ifa e por aquelas que vêm
A ifa para ter filhos.
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-7-3-

As penas do abutre chegam até os quartos traseiros;


Para o resto,1 ele usa calças foi quem jogou ifa para ojugbede,2no dia em que o deus do ferro o ensinou a arte
manual. Eles dizem que ele deve sacrificar dois pombos e sete pences e dois oninis.
ifa diz que encontraremos a benção para aquilo
Que jogamos esta caída. Ifa diz que durante este ano
O deus do ferro nos mostrará a maneira de termos lucro. Naquele ano ojugbede plantou quiabo e teve muito
lucro com isto.
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1.isto é para o restante da perna que não é coberta pelas penas.


2.ojugbede é o chefe dos ferreiros de ife e o deus do ferro o seu patrono.
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-7-4-

A folha de adepeju, o divinador de aquele que possui veludo okoromu, o divinador da cidade de esa; e
itamoje, o divinador de itamopo foram os que jogaram ifa para velho forte porém estúpido,1 que era tão

Pobre que colocava no chão o mingau de maizena no rio sem uma cabaça. Eles dizem por que você está
espremendo o mingau de maizena no rio sem uma cabaça? Ele diz que sofre porque não tem ninguém.2
ifa diz que vê a benção do povo e a benção das esposas para a pessoa para quem jogou esta caída.
Duas galinhas, dez sementes de kola e nove pences e
Seis oninis,3 éo sacrificio. Nós enrolamos as nozes de kola em folhas de milho, sacrificaremos uma a cada dia,
ao amanhecer para a cabeça dele.
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120
1,uma pessoa velha que tem músculos, mas não tem
Cérebro.
2. Isto é, porque não tem parentes e nem amigos que o
Auxiliem financeiramente, até para comprar uma cabaça.não ter uma cabaça ou um prato é um eufemismo
para pobreza. Cf.n. 4 canto 2-1 3 n.4 canto 18-11.
3. Erindilogun é uma forma abreviada para egberindinlogun.
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-7-5-
O calvo divinador de egba;1 barba pontuda, divinador da cidade de esa; e grande tufo de cabelo na cabeça,2
divinador da cidade de ijebu ode foram os que jogaram ifa para voz trêmula,3 que estava noivo para se casar.4
Eles disseram que voz trêmula deveria sacrificar paraque sua futura noiva não morresse e para não perder
todo o seu trabalho e todas as difculdades que tinha passado com a morte dela,5
Um bode adulto, tres shillings, seu cutelo e a sua roupa do corpo foi o sacrifício.
Ifa diz eque esta pessoa deve fazer um sacrifício por causa de sua futura noiva, que a morte não deve chegar
para ela quando está tão próxima de ser sua esposa e perder o dinheiro que foi dado como dote.

quando voz trêmula ouviu o sacrifício, ele não o fez.logo depois sua futura noiva pegou as cabaças e
Foi ao rio lavá-las; não sabia que naquele dia as quatrocentas deidades e os egunguns,6estavam vindo do céu
para a terra. Quando eles a encontraram no rio, começaram a saudá-la desta forma:
noiva, saudações do rio,7
faça os seus seios tremerem, faça os seus seios tremerem;
apanhe um pouco de água para mim com a sua cabaça,
faça os seus seios tremerem, faça os seus seios tremerem;
com a sua cabaça, com a sua cabaça, gbunrun ngundun,8
faça os seus seios tremerem, faça os seus seios tremerem,
Ela começou a apanhar água com as cabaças para cada um dos egunguns, e os egunguns bebiam a água
E engoliam as cabaças com ela, até que todas as
Cabaças que a moça trouxera para o rio para lavar, acabaram.
Quando chegou a vez do chefe dos egungun, cujo número chegava quase a duzentos, ele começou a dizer:
noiva, saudações do rio,
faça seus seios tremerem, faça os seus seios tremerem;
apanhe um poco de água par mim com a sua cabaça,
faça os seus seios tremerem, faça seus seios tremerem,
Com a sua cabaça, com a sua cabaça, gbunrungundun
faça os seus seios tremerem, faça os seus seios tremerem.
A moça disse que as cabaças tinham acabado; o egungun repondeu:
apanhe um pouco dágua com as suas mãos,
faça os seus seios tremerem, faça os seus seios
tremerem

com as suas mãos, com as suas mãos, gbunrun ngundun


faça seus seios trmerem, faça os seus seios tremerem.
Quando a moça apanhava a água com as mãos, ele a engoliu, e os egungun continuaram o seu caminho.
Quando a mãe da moça em casa ouviu o que tinha acontecido, ela pegou a espada,9do seu tear
E saiu à procura dos egungun.
Quando os encontrou, começou a cantar:
foram vocês que pegaram a minha filha e a comeram,
e a comeram, a filha de orangun,10
E a cada um que ela foi, respondeu:
não fomos nós que pegamos a sua filha,
que comemos a filha de orangun.
E ela perguntou a todos os egungun e matou-os um por um, até que chegou ao chefe deles. Quando o
encontrou, fez a mesma pegunta a ele , o chefe dos egungun respondeu:
fui eu quem pegou a sua filha,
quem comeu a filha de orangun.
Eles lutaram e lutaram, até que a mulher cortou todas as cabeças do chefe dos egungun e ele caiu no chão.
Mas, quando este egungun foi aberto, descobriram que a moça já estava morta.11
ifa diz que um homem deve sacrificar para que a sua futura noiva não morra e para que o diheiro que
gastou com ela não se torne uma perda.
E por isso nós devemos sacrificar para uma moça para que ela não morra durante este mesmo ano.
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121
1.um subgrupo iorubá.
2.tipo de penteado no qual o cabelo é amarrado num tufo ou nó. Os mensageiros (ilari) do chefe da cidade de
igana, por exemplo, penteiam o cabelo desta forma.
3.ololo é o som que este homem fez quando tentou falar.

4.após o acordo do casamento ter sido firmado e até que o noivo cumpra as suas obrigações com o sogro em
perspectiva e a noiva venha morar com ele, a noiva é conhecida comumente
Como iyawo-ona, ou júnior; esposa da estrada, o que indica que
Ela ainda não vive com o marido. Neste canto os termos: obuntun, wundia ita, e aya a fe –s (i) ona que
aparecem, todos têmo mesmo significado.
5.refere-se primeiramente ao trabalho feito por um
Homem para o seu sogro em perspectiva e suas dificuldades em juntar o dote.
6.os egungun são um grupo de deidades representadas por roupas que dissimulam completamente o corpo
daquele que as usa. Muitas vezes chamados de mascarados, alguns tipos de egungun, costumam ter
máscara, outros não. Um tipo de egungun (alago) é feito em honra a um parente recentemente morto. ( ver
bascom,1944: 48-59). Como outras deidades, os egungun recebem sacrifícios e podem conceder filhos.
7.os iorubanos possuem um grande número de saudações semelhantes: saudações para a casa, saudações
para o campo, sudações para o trabalho.
Isto significa que eu o saúdo no rio, em casa , no campo,
No seu trabalho, etc...
8.isto representa o som feito ao engolir a água.
9.pedaço de madeira usado para bater os fios tecidos nos teares verticais onde as mulheres tecem.
10.título do rei da cidade de ila, a cerca de 60 milhas a nordeste de ife.
11.reminiscente de várias histórias africanas nas quais um monstro é aberto e as pessoas que ele engoliu são
libertadas. Embora neste caso a vítima esteja morta, é signifcativo que tenham olhado para constatar. Com a
história terminando desta maneira
A previsão do divinador se realiza.

________________________________________________________

-9-1-

herói, filho do rei ; aquele que não assume,1filho


Do rei. Herói estava lutando com aquele que não assume e ele puxou o seu pênis, mais tarde, quando

Eles fizeram de herói, rei , ele afugentou aquele que


Não assume para o campo. Quando ele o afastou,
Enviou uma mulher com uma vagina apertada para ele.2ambos viveram na floresta,trabalhaando e comendo
no campo.
um dia o deus da brancura estava indo de iranje da casa para iranje,3 do campo, e estava com
fome.enquanto andava, ouviu estes dois conversando ode se aprontavam par amassar inhames.o deus da
brancura bateu palmas “popo.”4 quando eles olharam para trás e viram o deus da brancura, fecharam suas
bocas até terem terminado de amassar os inhames. Deste modo, o deus da brancura
Teve “inhames sem fala”5 para comer.
quando terminaram de amassar os inhames, eles os deram para o deus da brancura e ele comeu até se
sentir satisfeito. Quando terminou de comer,perguntou a eles o que faziam no meio da floresta,. Aquele que
não assume explicou que enquanto lutavam, seu irmão mais moço tinha puxado o seu pênis e o enviara para
a floresta e tinha mandado uma mulher com a vagina apertada. O deus da brancura voltou, pegou as cobras.
Disse ao homem que tirasse a calça e abrisse as pernas.quando o homem fez isto, o deus da brancura disse
há!para a cobra. Ela saiu e ele a atirou contra a virilha do homem. Disse a eles que fossem dormir juntos
Como tinham feito antes.
quando a noite chegou e eles adormeceram, a cobra da virília do homem fixou-se contra a cobra da
mulher,que tinha aberto a boca e entrou no ventre da mulher. Logo depois o ventre da mulher começou a
inchar; ela ficou grávida. As pessoas que viram os
Dois vieram e disseram ao rei que aquela mulher
Estava grávida, mas ele os contradisse, afirmando que não poderia ser. Quando ela deu à luz o filho, eles
vieram e contaram novamente , mas ele não

122
Acreditou. Quando ela engravidou pela segunda vez, novamente vieram contar ao rei. Ele repondeu que se
Vissem isto acontecer, deveriam tirá-lo do trono;6onde estava sentado e cortar fora a sua cabeça. O povo da
cidade enviou um recado para a mulher e aquele que não assume para que viessem., quando eles chearam,
toda cidade se reunu e se sentou diante do rei. Quando herói,
O rei, viu a mulher se levantar par ir urinar, viu que ela estava grávida; levantou-se também e tentou correr
para dentro de casa, mas o povo da sua cidade o atirou ao chão e cortou fora a sua cabeça.
o que ouvimos é o som do povo fazendo as coisas com barulho;7
não ouvimos o som do povo que faz as coisas silenciosamente;
Atiramos aquele que faz as coisas com barulho para a porta de aquele que não assume;8
Orunmila diz que faz as coisas silenciosamente quando dá o destino de alguém,9
Ifa diz que não devemos lutar, um homem deve sacrificar paa que seus parentes não o prejudiquem durante
uma luta. E o pênis de alguém está estabelecendo as datas para ele.10
E ele tem problemas porque não tem filhos. Deve sacrificar para uma deidade para que a deidade possa dar
um filho para ele. O sacrifício é um bode adulo e um galo( para um filho homem); e uma cabra e oito shillings11
( para uma mulher).
1.awure é uma abreviação de awuretete,que aparece mais tarde neste canto. Sinifica um homem que faz o
seu trabalho silenciosamente, sem fazer confusão e sem se vangloriar do que faz, mas quem contudo faz o
seu trabalho bem e com firmeza. Os outros podem chamá-lo
De preguiçoso, bobo ou um “fazendeiro”, mas ele realmente é o
Mais sábio e mais competente de todos.note que a forma deste canto é incomum pois começa diretamente
com os nomes dos personagens da história.não ha diálogo com orunmilá e nem citação de uma divinação
precedente.

2;mulher descrita com a capacidade de urinar, mas não para ter um intercurso sexual, possívelmente pela
formação de cicatriazação excessiva após a clitoridectomia.
3, o sigvificado de iranje não pode ser explicado pelos
Informantes, mas é referido em outro canto como o local de onde veio obatalá oshere igbo(epega,n.d.: xiii,2).
Embora identificado sòmente como orisha, deve ser compreendido que esta deidade é orisanla ou obatalá, o
deus da brancura,que molda a forma humano dentro do ventre da mão abrindo o s olhos,boca, nariz e orelhas
e separando braços, pernas , dedões e dedos, como um artesão que faz uma xilogravura. A ele é tambem
creditado amodelagem dos primeiros seres humanos homem e mulher da mesma maneira. Albinos,
corcundas, aleijados; crianças com seis dedos ou seis dedões e indivíduos com outras deformidades são
consagrados para ele.c.f.capitilo xi e n.3, canto 5-1,cobras é um dos seus tabús mendiconados neste canto.
4.popo é o som feito quando se bate palmas.
5;é um tabu para orishnla comer inhames que não foram preparados em sil:encio.
6.uma plataforma elevada de barro, ou um estrado, sobre o qual senta-se um chefe ou um rei. As plataformas
elevadas de barro para dormir têm a mesma construção e são conhecidas pelo mesmo nome.
7. Diz-se que a palavra gbi significa o som de alguém fazendo alguma coisa.
8.fazê-lo pronunciar um julgamento sobre a as ofensa. O significado disto, como o de um provérbio, é
extendido bem além do sentido liberal das próprias palavras. A implicação é que o homem cujo caso é
chamado para julgar mas que o faz em silêncio e sem se vangloriar e nem vir a público, os outros ficam sem
saber e não tentam interferir.
9.isto é, uma pessoa pode receber ajuda de orunmila sem saber o que aconteceu.
10,ele não pode ter relações sexuais regularmente,cf. Canto 20-2.
11. Erindilogun é uma forma abreviada de merindinlogun.
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-9-2-
Yam; petenleki,1milho no valor de dois pences e quatro oninis; 800 sementes de milho foi quem jogou ifa par
oluogodo, o filho de ekunlempe.2 foi quem

Perseguiu o estrangeiro no rio niger, filho de ele usa a outra extremidade da sua lança como uma bengala
“moraganniganni.”3 eles disseram que ele deveria vir e fazer um sacrifício. Eles disseram que o seu corpo não
estava curado; disseram que se curaria durante aquele ano. O sacrifício foi seis galos e três shillings,
oluogodo fez o sacrifício.
“oluogodo chegou, filho de ekunlempe, oh,
“a madeira quebra “gba”4 seu corpo está curando.

Ifa diz que o corpo de alguém ficará curado se puder fazer um sacrifício.
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123
1.os informantes sugeriram que isto pode ser o nome ou um título de um tipo de inhame.
2..o informante não pode explicar ou identificar oluogodo ou ekunlempe. Contudo,trabalhos posteriores com
adoradores de boromun e saponan deixaram claro que olu ogodo significa “senhor dos inhames” e refere-se a
boromun, a deusa dos inhames.ekun-l(i)-empe. Que significa “leopardo em empe”refere-se a saponam, o
deus da varíola, cuja cidade diz-se ser empe.
3.moraganniganni descreve o movimento de uma pessoa que usa uma bengala.
4.gba é o som feito quando a madeira se quebra. Diz-se significar que a pessoa ficará bem tão rapidamente
quanto a madeira se quebra.
-9-3-

Ando ao redor do mundo, o divinador de egba, e ando , ando, e ando na estrada até chegar ao remoto ijebu,1
tolerante na espada, foram os que jogaram ifa para eles,2 onde choravam todos os dias porque náo tinham
dinheiro. Eles disseram que eles teriam dinheiro. Quatro pombos, lotes de giz do benin e dois shillings foi o
sacrifício. Eles fizeram o sacrifício, e começaram a ter dinheiro.

Ifa diz que esta pessoa terá pilhas de dinheiro. O dinheiro está chegando, mas ele terá que fazer o sacrifício.
*egba e ijebu são sub-grupos iorubanos.
**omitido do texto iorubano, e o povo não é identificado. Isto parece indicar que o canto está incompleto.
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-14-1-
a noite cai e nós estiramos as nossas esteiras
De dormir, o dia amanhece e nós as enrolamos; aquele que estica os fios da urdidura deve andar para frente
e para trás;1 quando alguém morre, cavamos um buraco que é muito, muito fundo aos olhos de um covarde foi
quem jogou ifa para orunmila quando ele ia para ika,2 para fazer presságios. Eles disseram que ele deveria
sacrificar uma faca gbaguda, 3com a sua bainha, algumas kolas4 caidas ainda na vargem, duas galinhas,dois
ratos, dois peixes e um shilling e um penny e dois oninis para que não
Fosse confundido com um ladrão no lugar para onde ia. Orunmila disse que só faria o sacrifício quando
voltasse.
Ifa diz que alguém está indo para um lugar distante; ele deve fazer o sacrifício para não ser confundido com
um ladrão no lugar para onde está indo.
Quando orunmila estava indo para a cidade de ika, consultou os divinadores. Eles disseram que ele deveria
fazer um sacrifíco,mas ele

Disse que só o faria quando voltasse, no


Caminho, quando se aproximou do portão da cidade, viu uma árvore kola com frutos e desejou ter alguns.
Ele tirou a faca gbaguda, que tinha consigo da bainha, e com ela cortou uma das vargens de kola.5 assim que
acabou de cortar, o dono da kola chegou e tentou apanhar orunmila como ladrão; mas, enquanto estavam
lutando, e orunmila tentava escapar, a faca que ele tinha cortou orunmila na palma da mão e ele escapou.
Após orunmila ter fugido o dono da kola chegou em casa vindo do campo., foi ao rei
De ika e disse a ele que alguém tinha roubado a sua kola e que quando ele tentou apanhá-lo tinha escapado;
portanto, o rei deveria satisfazê-lo e convocar o povo da cidade,incluindo os estrangeiros e o povo do lugar,
porque o ladrão estava em algum lugar da cidade.quando orunmila ouviu isso, ficou assustado e novamente
consultou os divinadores. Eles disseram que ele deveria fazer o sacrifício que não tinha feito antes de sair de
casa; mas desta vez teria que ser dobrado. Orunmila fez o sacrifício como os divinadores disseram a ele.
Quando terminou, eles disseram que ele deveria fincar a faca gbaguda6 na base de eshu; e ele o fez.
antes do dia nascer, eshu tinha pego a faca.7 e com ela cortara as mãos de todos as pessoas que estavam
na cidade, inclusive até os embriões não nascidos e as crianças ainda a serem concebidas.8
Quando o dia clareou e todo o povo da cidade

Estava reunido, o rei de ika disse a eles que um homem tinha roubado kola; e que o dono da kola dissera que
o reconheceria porque a mão dele tinha sido cortada com uma faca, o rei disse ao dono da kola que
procurasse o ladrão entre as pessoas reunidas ali.
Enquanto andava entre o povo, ele viu orunmila entre eles e apontou o dedo para ele dizendo: este é o
homem. Quando orunmila ouviu isto, porguntou ao dono da kola como podia identificá-lo. Ele repondeu que
podia identificá-lo porque a faca tinha cortado a sua
Mão. Orunmila disse: bem que todos abram as suas mãos, inclusive o rei e o dono da kola também. Quando
eles abriram as mãos, havia cicatrizes nas mãos de cada um deles.9
quando o dono da kola viu isto, ficou assustado,10 e orunmila começou a gritar que eles o tinham acusado
de ser ladrão e que tinham dito mentiras sobre ele. Enquanto orunmila chorava, eshu disse ao rei de ika que

124
não deveria deixar orunmila chorar; portanto ele deveria se apressar e implorar a ele que parasse, todo o
povo da cidade implorou
E implorou e implorou a ele que parasse, mas ele
Náo ouviu. Então eles perguntaram a orunmila
O que le queria para esquecer o que tinha acontecido, orunmila disse que levaria duzentos de qualquer tipo
de mercadoria deles,11 mais dez meninos e dez meninas.12
Quando ele recebeu tudo deles e levou para casa, começou a dançar, se regozijando e cantou:

“ooooooh shoko, bani.


o amanhecer trará prosperidade para o divinador, oh!
o amanhecer trará prosperidade para o divinador;
quando nós acordarmos e viermos para descobrir alguma coisa, encontraremos cicatrizes na mão, oh!
o amanhecer trará prosperidade para o divinador.
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1. Os fios urdidos para os teares horizontais dos homens são esticados correndo-se em torno das estacas no
solo em duas linhas paralelas de maneira a ser possível estirar a urdidura por várias centenas de metros
numa área relativamente pequena. O tecelão deve andar para trás e ara frente entre as fileiras de estacas
envolvendo o fio da urdidura em duas estacas adjacentes em cada fileira a cada vez.
2. Ika é o nome de uma cidade; note a referência
Ao nome da caída, ogbe ika.
3. Pequena faca com lâmina reta.
4. Nozes de kola que não foram colhidas da árvore, mas que tornaram-se suficientemente maduras para
cairem no chão sôzinhas.
5. Note que orunmila, a quem disseram que fizesse o sacrifício
De uma faca gbaguda na bainha e kola caída para não ser apanhado no ato de roubar, ficou em apuros
quando cortava kola da árvore (antes de estar madura o suficiente para cair no chão) com uma faca gbaguda
que tinha uma bainha.
6. Existe aqui uma inconsistencia, como o sacrifício foi dobrado pelos divinadores em virtude do atrazo.
Deveria haver duas facas gbaguda, mas sòmente uma foi mencionada.
7. A faca que orunmila sacrificou é portanto uma ferrramenta para retirá-lo das suas dificuldades.
8. Para assegurar que todas as pessoas que nascessem no futuro tivessem linhas nas palmas de suas mãos;
note a referência no texto á crença iorubana de que o líquido nenstrual desenvolve-se em embriões.
9. Este canto explica desta forma comoas pessoas passaram a ter linhas nas palmas de suas mãos.

10. Porque ele poderia ser responsabilizado de ter acusado alguém falsamente.
11. Cf.n.7, canto 1-10
12. Cf.a história similar registrada por frobenius( 1926:287-288)na qual a tartaruga, que substitui orunmila é
capturada e morta.

-14-2-

Um cavalo levanta a sua cabeça para o alto na batalha foi quem jogou ifa para divinador escolhe suas casas
cuidadosamente, filho de orunmila, quando ele estava trabalhando no campo, caçando e fazendo comércio.
Ifa diz que existe alguém que quando estica suas mãos para fazer alguma coisa,1 ifa não permite ver que o
seu trabalho tenha uma conclusão bem sucedida.ifa está lutando contra esta pessoa, portanto ela deve
sacrificar para ifa e também cuidar de uma série de nozes de palmeira. Ifa diz que estragará tudo o que esta
pessoa colocar a mão; romperá a corda e entupirá as contas,2a menos que esta pessoa tome conta de ifa.
Se ela o fizer, então seus negócios ficarão em ordem e terão uma conclusão bem sucedida.
Após todos os filhos nascidos para ela terem morrido, ifa colocará o seu destino em ordem, se ela for capaz
de cuidar de ifa e de fazer o sacrifício para isto.
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1.isto é, quando tentar fazer alguma coisa. Cf.cnto 4-4.
2. Uma metáfora para estragar tudo , baseada na maneira que as contas são perdidas quando a corda se
rompe e se desmancha nas aberturas e não podem ser reenfiadas, ou como um cachimbo se entope quando
o fósforo se quebra ao linpá-lo, entupindo a abertura e não podendo ser usado.cf.n.4, cato 244 -1.
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125
-14-3-

Ogbe que vamos para casa,1 filho do rei, filho de altar, filho de aquele que adora o deus do ferro embaixo de
uma árvore baixa e bem espalhada foi quem jogou ifa para orunmila no dia em que ele ia para casa na
guarnição de olomo ofe na cidade de ijero.2
Ifa diz que alguém quer ir para um lugar distante, neste lugar o deus céu lhe dará várias posses e ele será rei
das pessoas. Tanto os escravos como as pessoas da cidade se prostrarão diante dele e se inclinarão diante
dele. Mas , ele deve sacrificar quatro pombos e dois shillings.3
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1. É possível que este seja um nome alternativo para a caída ogbe ika. Note que é um jogo de palavras com o
nome desta caída e também impplica que o cliente, como orunmila, esteja para ir para casa.
2. Os informantes não estavam certos sobre o significado tanto de olomo ofe como de ijero, mas afirmaram
que o primeiro é o nome de uma guarnição na cidade de ilesha, cerca de vinte milhas de distância, ijero é
uma cidade a leste de ilesha.
3. Como os cauris são contados em dois milhares, são quatro unidades de cauris como também quatro
pombos.
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-17-1-
O caçador abre sua bolsa e tira o veneno,1 aronimoja afrouxa a sua bolsa e tira o remédio,2 o fazendeiro
procura uma parte macia do solo para plantar os seus inhames foi quem jogou ifa para oluorogbo, o aprendiz,3
do

Rei na tera,4 e que quebra as nozes da palmeira para olushonsho, o aprendiz do rei no céu.5 eles dizem que
se acontecer da terra apodrecer, oluorogbo consertará, que se acontecer do céu deteriorar oluorogbo
consertará novamente. Olushonsho é o mome que damos a oranfe.
Ifa diz que uma deidade,6 cosertará novamente o mundo desta pessoa em relação aos assuntos para os quais
ele jogou esta caída. Quatro ratos, quatro peixes e quatro caracóis é o sacrifício. Nós terminaremos de fazer
este sacrifício. Então levaremos uma oferenda coberta,7 para esta deidade.
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1. Oro (veneno) é usado pelos caçadores, tanto como ingrediente nos encantamentos como nas pontas das
flechas.
2. Aronimoja (ou aroni) é um espírito que vive na floresta, com frequência rapta seres humanos e os mata ou
os devolve com um vasto conhecimento sobre encantamentos e remédios. É a isto que o canto se
refere.cf.farrow (1926:65).
3. Um aprendiz leva a bolsa do seu mestre e percorre os caminhos para ele. Cf. N.4, canto 6-1.
4.oluorogbo é um título de orisha alashe, uma das deidades brancas, diz-se que aja é uma contração de o-l ( i
)-oja ( aquele que comerciou).o dono do mercado e refere-se ao governador
De uma cidaade, e alguns informantes identificaram
O “rei na terra” com governates como oni de ife e alfin de oyo.contudo aqui parece referir-se a uma deidade, a
contra parte do deus céu, que governa sobre a terra, mas não conseguimos
Detalhes concernentes a tal deidade. Sua associação com orisha alashe torna improvável que a refrência
seja a ogboni, o deus terra, filho de odua.
5.olushonsho, como explica este canto, é um título de oranfé( ou oramife), um deus do trovão e contraparte
de shango em ife. Diz-se que o seu nome signifixa ora-possui-ife (ora-n ( i ) –ife) ou ora é dono da cidade de
ife.o rei no céu foi interpretado como sendo o-l (i)- orun, o deus céu. Embora alguns informantes identifiquem
oranfe com o deus céu, aqui ele é especificamente seu mensageiro ou aprendiz.

6.orisha não parece referir-se aqui a orishala, mas a um dos seus seguidores, orisha alashe, que é
mencionado neste canto pelo seu título, oluorogbo.
7. Um ibo aquí é uma oferenda coberta, geralmente de pouco valor monetário (ãgua fria, nozes de kola, etc...)
Que é levado para uma deidade fechado numa cabaça com uma tampa
(como igbademu), ou enrolado numa bolsa ou folhas.
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-17-2-

126
Ashedere, divinador do pássaro agbe,1 foi quem jogou ifa para o pássaro agbe quando ele ia tomar olukori
como sua esposa. Ele disse que as nuvens da tempestade podem escurecer “fere”
E que a chuva pode cair “giri”2 mas ainda assim ele não deixaria de trazer a sua esposa para casa;
Ifa diz que esta é a sua esposa,3 se nós não dermos esta mulher para ele, ela morrerá. Duas galinhas , dois
ratos, dois peixes e um shilling é o sacrifício.4
Quando tivermos completado o sacrifício, daremos a mulher para um divinador que será identificado pelo uso
de alternativas,5
Específicas como aquele para quem a mulher deve ser dada.
1. Identificado como um tipo de galinhola no dicionário cms, como uma cacatua por bowen (1858).
2.giri representa o som feito pela chuva que cai pesadamente, “fere” descreve a maneira pela qual as nuvens
de chuva se juntam.
3.isto é, uma esposa de ifa. Ver n.5, canto 3-4.
4. Como os cauris são contados em dois milhares, são duas unidades de cauris, como duas galinhas, dois
ratos e dois peixes.
5.ver capitulo v.
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-17-3-

Oyeku próximo a ogbe, oyeku próximo a ogbe,1 foi quem jogou ifa para “ a criança que não morre e retorna
àvida”2 eles disseram que ninguém será tão velho quanto ele. Eles dizem que uma ovelha e cinco shillings
será o sacrifício. A criança que não morre e retorna à vida é o nome de estrada.3
Ifa diz que alguém deve fazer um sacrifício para que ela possa envelhecer.
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1.oyeku –l-(u)-ogbe é um nome alternativo comumente usado para oyeku ogbe.
2.è reincarnada em outra criança. Cf.bascom (1960).
3.este canto explica desta maneira porque uma estrada “vive” por tanto tempo, e porque é mais velha do que
os seres humanos.estrada é identificada como o indivíduo para quem a divinação foi feita, e fica implícito que
ele fez o sacrifício.
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-17- 4-

Uma vareta de ferro atinge o solo “ha nana”1 foi quem jogou ifa para araba.2 quando ele ia apanhar um título
que partence à sua casa. Eles disseram que nós devemos nos reunir para serví-lo.
Ifa diz que alguém deve fazer um sacrifício por causa de um título que está para ser tomado para sua
linhagem; ele diz que alguém que descende do chefe será feito chefe. Um carneiro, uma roupa branca para
cobrir o corpo e quatro shillings é o sacrifício.
1.o som feito por uma vareta de ferro vibrando após a sua extremidade ter sido atirada contra o
solo..cf.n.5canto 19-1.
2.o título de um sacerdote chefe de ifa e maior divinador.
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-18-1-
Espadas de brinquedo possuem o interior oco,1 foi quem jogou ifa para olasumogbe quando ela chorava
E se lamentava porque não tinha filhos. Eles disseram que ela deveria sacrificar uma cabra, a cauda de um
cavalo, sua roupa de baixo caseira,2 e onze shilllings. Olasumogbe ouviu e fez o sacrifício. Eles disseram que
ela teria um filho e que ela viveria para ver o filhoter um título.
Ifa diz que esta é uma mulher que está procurando filhos; se ela puder fzer o sacrifício, terá um filho. Ela
Viverá para ver o seu filho ter um título.
Quando olasumogbe procurava filhos e não encontrava nenhum,ela consultou os divinadores.
Eles disseram que ela daria à luz um filho, mas que deveria fazer um segundo sacrifício para que também
pudesse viver para ver o seu filho ter um título. Logo depois olasumogbe ficou grávida e deu à luz um menino.

127
Quando ele cresceu, tornou-se sacerdote chefe de osara.3 no dia em que ele ia receber o seu título, a
Chuva começou a cair, ele queria parar para saudar a mãe,4 mas a chuva não deixou. A chuva começou a cair
e bater “giri”5 e ele começou a cantar: olasumogbe, não posso parar para lhe ver;ele vive na chuva conhece o
rei, “a chuva vem.6daquele dia em diante, o povo da guarnição de more canta esta canção sempre que
amarram o coco,7e dançam.
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1. Agada é uma espada de madeira de brindquedo feita para as crianças. Tem a forma de um pequeno cutelo
e possui uma ranhura que desce ao longo do comprimento da làmina. É a esta arranhura que o interior oco se
refere.
2. Tipo de roupa feita localmente de um fio de algodão áspero e desigual, que em lagos é menosprezado
como “roupa do mato” ou do interior, aso oke (roupa de montanha).
3.uma deidade, ver n.4, canto 6-5.
4. Quando o chefe ou sacerdote é empossado, ele vai para a cidade acompanhado dos amigos e seguidores,
visitando e

Saudanndo seus parentes e os dirigentes da cidade.


5.o som feito pela chuva que cai pesadamente.cf.n.2, canto 17-2.
6.os informantes, com considerável certeza. Interpretaram isto como significando que alguém com este nome
viu o rei pela prineita vez quando estava chovendo.
7.durnate o festival do coco (odun agbon), realizado pelo povo da guarnição de more na cidade de ife em
honra às deidades de osara e oloshe (cf.cantos 6-2, 6-5, 6-6 ). Os dançarinos atam às suas ancas chocalhos
feitos de seixos enrolados em folhas sêcas do coqueiro. Este canto explica a origem de uma das canções
usadas neste festival.
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-18-2-

A fumaça é a glória do fogo;1 o raio é a glória da chuva; um pano grande é a honrra de egungun,2foi quem
jogou ifa para urso-da-
Árvore,3 filho de aquele que possui riquezas desde o início da sua juventude. Eles dizem que ele deve fazer
um sacrifício contra a doença, de um bode, três shillings e um pano preto.
Quando urso-da-árvore consultou os divinadores e eles disseram a ele que deveria fazer um sacrificio em
virtude de uma doença séria, ele ouviu o sacrifício, mas não o fez. Não muito depois, urso-da-árvore caiu
doente, quase morreu. Então novamente consultou os divinadores e eles diseram a que as coisas ficariam
ruins a menos que ele pudesse fazer o sacrificio que eles tinham previsto para ele, e que agora ele deveria
fazer dobrado. Urso-da-árvore fez o sacrifício assim que pode. Eles disseram que como a doença dele tinha
sido tão grande, ele seria ouvido, e que não haveria árvore próxima que ele não pudesse subir até o topo.4

Ifa diz que existe um homem educado,5ele deve fazer um sacrifício para não ficar doente a ponto da sua casa
ter que ser vendida,6 para poder ficar curado da sua doença e para que a doença não o afaste da cidade.7
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1. No mesmo sentido que falamos do cabelo como a “glória do coroamento de uma mulher”,mas também com
o significado de onde há fumaça, há fogo.
2. Isto refere-se naturalmente, às roupagens por baixo das quais os dançarinos do egungun ocultam seus
corpos. Cf.n. 6, canto 7-5.
3.o ofafa ou owawa ( tree hyrax) é um animal erbívoro que vive nas árvores. Diz-se que come as folhas das
árvores, mas sòmente aquelas que não têm buracos. O seu chamado “wa, wa, wa” pode ser claramente
ouvido à noite.
4.este verso explica porque o urso-da-árvore pode ser ouvido tão claramente à noite e porue consegue subir
tão bem nas ´árvores. A expressão”ter uma voz” significa também “ser ouvido” o que implica que o cliente se
tornará uma pessoa cujas opiniões serão respeitadas.
5.uma pessoa de maneiras moderadas mas com boa reputação.
6.pagar os honorários medicos, “ casa e estrada” é uma expressão para todasas propriedades que alguém
possui.
7.isto é, para não passarmos pelo perigo de contrair uma doença contagiosa como a lepra, e em decorrência
termos que ficar isolados e sair da cidade.
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-18-3-
O homem rico explica o seu caso na corte., água próxima da casa de alake;1 o homem rico não é
considerado culpado. Água na estrada para ijero;2 não existe água na qual matamos um homem pobre,3 água
de ijero, água de ojugbe foi quem jogou ifa para “o divinador vem”, filho do rei de oyo, aquele que comeu
manteiga shea no campo por causa da pobreza, há muito, muito tempo. Eles disseram que o deus céu
acenderia o fogo do destino para ele durante aquele

Ano. Quatro pombos, dois shillings e seis pences e a calça a sua cintura foi o sacrificio.
Quando divinador vem, filho do rei de oyo fez o sacrifício, o rei de oyo morreu logo depois, eles pegaram
divinador vem e o fizeram rei de oyo,
Ifa diz que alguém está vivendo na pobreza e está sendo levado aquí e alí pelos problemas. Ifa diz que ele
será um homem rico; todos se reunirão para serví-lo e le terá um título na casa do seu pai.
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1. O rei de abeokuta.
2. Uma cidade em ekiti, lese de ife.
3. Os nomes destes três corpos de água, juntos, possuem o seguinte significado, um credor, ou aquele que
possui o dinheiro, sempre tem a oportunidade de apresentar o seu lado do caso num julgamento, e nunca é
julgado culpado num processo de juntar dinheiro, pois emprestar dinheiro não é crime. Contudo, apesar das
cortes poderem operar em favor dos ricos, uma pessoa não pode ser condenada a morte simplesmente
porque é pobre e não pode pagar as suas dívidas.
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-18-4-

Quando é seguro na frente, até um pequeno bastão remove o orvalho do caminho, as solas de ambos os pés
firmam duras uma na outra para vencer a estada;1 a espada,2 do tear das mulheres possui uma lâmina sem
corte foi quem jogou ifa para 165 tipos de panos,3 e para quem o patilhou,4com chita. Eles disseram que 165
tipos de pano deveria fazer m sacrifício, e que chita também deveria sacrificar para que todos não
encontrassem a morte ao mesmo tempo. Os 165 tipos de pano não sacrificaram, mas chita sòzinha fez o
sacrifício.
Logo depois o dono destes panos morreu e o povo da sua casa reuniu todos os panos para se aprontarem
para acompanhar o seu dono ao céu. Esticaram todos os panos no chão , colocando chita entre eles. Mas

Eshu disse:
“oh shoko;”5
e o povo respondeu
“bani”
Ele disse:
“chita sacrificou, oh;
“chita aplacou;
“o pano bonito,6nãodeve ser levado ao céu.”
Quando eshu terminou de falar o povo colocou chita separada dos outros panos nos quais o corpo seria
enterrado.. Daquele tempo em diante ficamos proibidos de enterrar os mortos com um pano vermelho ou
qualquer pano que tenha vermelho.7o sacrifício é um pano vermelho, um bode e três shillings.
Ifa diz que a pessoa para quem esta caída foi jogada deve fazer um sacrifício para que ele e seus parentes
Não encontrem a morte ao mesmo tempo, e
Especialmente que o “balé” da casa desta pessoa faça
O sacrifício com ele. Ele não encontrará a morte durante este ano.
1.isto é, ir á frente do outro, competir como uma corrida.
2.cf.n. 9, canto 7-5.
3.muitas coisas são ditas como tendo 165 variedades, diz-se também seren 165 tipos de animais (166-1, 249-
6 ), 165 tipos de ratos (246-4), e 165 tipos de folhas (250-3).
4,isto significa que a previsão também se aplica a uma outra pessoa além do cliente, como mais tarde é feita
neste canto uma previsão sobre o chefe da linhagem do cliente. A palvra “bu” é também usada com
referênciaa partilhar comida.
5.cf.n.4, canto 1-7.
6.chita é comparada aqui aos seres humanos que são limpos, bem vestidos e cuidadosos quanto a sua
aparência; a um homem de boas meneiras.
7. Ete canto explica porque qualquer pano que tenha vermelho não pode ser usado pelos iorubanos nos
enterros, mas a explicação comum é que se for usado um pano com vermelho, o faledico renascerá como
leproso.

129
8.o chefe de uma linhagem; membro masculino mais velho de uma linhagem.

-18-5-
Orunmilá disse que produziria algo grande; eles disseram que ifa deveria produzir algo grande; quando ele
produziu, gerou campo.1
Orunmila disse que prduziria algo grande; eles disseram que ifa deveria produzir algo grande; quando ele
produziu, gerou mercado.
Orunmila disse que produziria algo grande ; eles disseram que ele deveria produzir algo grande; quando ele
produziu. Gerou guerra.
Orunmila disse que produziria algo grande; eles disseram queifa deveria produzir algo grande; quando ele
produziu gerou estrada.
Orunmila disse que produziria algo grande; eles
Disseram que ifa deveria produzir algo grande; quando ele produziu, gerou por último casa.
Depois disto, orunmila foi à casa da deusa do mar para uma divinação, e viveu lá dezesseis anos antes de
retornar. Quando voltava para casa, guerra foi o primeiro que ele parou para visitar. Guera cumprimentou o
pai em grande estilo e deu a ele
Muitos alimentos. Quando orunmila terminou de comer e beber, disse a seu filho guerra que queria defecar.
2
guerra disse a ele que ninguém poderia defecar em sua casa. Orunmila, então, se aprontou e foi visitar
mercado, que também era seu filho. Fez a mesma coisa na casa de mercado; comeu e bebeu e depois disse
que queria defecar, e mercado disse que não havia lugar para defecar. Então ele foi visitar campo, e fez a
mesma coisa; e campo disse a ele a mesma coisa que os outros tinham dito. Então ele foi visitar estrada e
aconteceu
A mesma coisa na casa de estrada. Finalmente orunmila se aprontou e foi visitar casa. Quando chegou e
casa viu o pai, matou uma cabra e cozinhou muitos alimentos, amassou inhames e chamou os amigos para
virem ajudá-lo a entreter o pai. Quando

Ornumila terminou de comer e beber, disse que queria defecar. Casa correu e abriu um quarto para o pai.
Disse: você é o dono de minha casa. Meu pai pode defecar em qualquer lugar
Que lhe agrade neste quarto.quando orumila entrou no quarto, fechou a porta atras dele e defecou, quando
Saiu, fechou novamente a porta, pouco depois dise a casa que queria defecar novamente e casa abriu outro
quarto para que ele pudesse defecar. Quando orunmila entrou, novamente fechou a porta atras dele e
novamente defecou como tinha feito na primeira vez.quando orunmila acabou de defecar , disse que casa
deveria ir e abrir a porta do primeiro quarto. Disse que casa deveria ir e limpar o excremento que ele tinha
deixado ali. Quando abriu a porta do segundo quarto, encontrou vários tipos diferentes de contas.
Então orunmila disse que daquele dia em diante os lucros de tudo que campo, estrada, mercado e guerra
fizessem seria desfrutado por casa.3
Ifa diz que está chegando um visitante; devemos cuidar bem dele para que todo o bem e a gentileza dele não
se percam, poque o visitante traz alguma coisa que pode nos bendficiar.

1.neste canto também fica claro que orunmila e ifa são a mesma pessoa, ver também n.2, canto 1-4.
2.balançar os pés é um eufemismo iorubano para defecação.
3.o canto explica desta forma porque o produto do campo, o produto do comercio no mercado, e em outras
cidades e os produtos dos saques de guerra todos são trazidos para casa para serem consumidos.

-18-6-

Inconstante é o barco e também os seres humanos,1

Foi quem jogou ifa para ona ishokun,2 que era filho do rei de oyo.
A morte negra esfrega o seu corpo com a madeira came negra; 3a morte vrmelha esferega o seu corpo com a
madeira came vermelha; aquele que não sabe, esfgrega o seu corpo com a terra vermelha do céu muito
distante;4 palavras como estas, como estas, foi quem jogou ifa para itu, a que partilhou,5com carneiro peludo
marido de aquela que lambe a farinha fina,6 e que jogou ifa para galo muito alto da cidade de ota, marido de
galinha muito boa.7
Aquele que é covarde, não deve falar como heroi , e aquele que é heroi naõ deve falar como um covarde, o
rei não nos permite fazer a guerra com uma cidade de mulheres, 8por isso irei com elas, devemos nos
comportar com gentileza para que ele possa morrer
Tranquilamente e seus filhos possam vir para enterrá-lo. 9foi quem jogou ifa para o chefe de apa moru, filho de
aquele que acorda toda manhã para sacrificar um peixe grande porque não teve filhos.
então, pela primeira vez eu vim à cidade de aro,

130
eu ví, o que estão fazendo em aro:
eles dizem que estão ganhando um novo título em aro.
eu digo, o chefe envelhecerá como oluyeye,10 envelheceu;
eu digo, o chefe envelhecerá como oluyeyetuye
será tão velho quanto oluaso, a jovem esposa,
que tanto é bela como corajosa,
que usa martelos de ferreiros,11como contas em seu pescoço.
e os martelos se gastam, gastam,gastam até ficarem finos como agulhas.12
andem gentilmente, 13povo da cidade de apa,
filho de aquela que a cada manhã gera filhos como pássaros,
chefe de apa, filho do peixe,
filho do peixe, filho do peixe é como chamamos o chefe de apa,

chefe de apa, filho do peixe.


Um peixe grande, uma cabra e uma galinha,14
É o sacrifício. Ifa diz que esta pessoa terá muitos filhos.
________________________________________________________
1.uma pessoa inconstante que nega amanhã o que diz hoje é tão incerto e inconstante como uma canoa
sobre as ondas.
2.traduzido pelos infomantes como “estrada para isokun”, foi mais tarde idntificado como o título de um
importante dhefe e membro da familia real, na cidade de oyo, cf. S, johnson (1921-42)
3.segundo um informante madeira came negra significa carvão.contudo dalziel (1937: 357-358) dá osun dudu
como um
Nome para pterocarpus erinaceus e osun pupa, madeira came vermelha*ou melhor, madeira de estacas)para
pterocarpus osun.
4.o significado de toda esta passagem é obscuro. Nem carvão e nem madeira came são usadas para esfregar
o corpo do morto antes do enterro em ife, embora a madeira came seja usada pelas pessoas vivas para
decorar a sí mesmas. Dizem, entretanto que a terra vemelha e o céu muito distante referem-se ao enterro e
após a morte a passagem da alma para o céu. O único signficado que os informantes puderam tirar desta
passagem é: aquele que não sabe se comportar corretamente deve morrer.
5.ver n. 4, canto 18-4.
6.aquele que lambe a farinha fina é uma descrição bonita para ovelha; carneiro peludo para o carneiro macho
e itu para o bode.
7.yanran-yan-ran representa o som feito pelo tijolo que foi corretamente cozido quando é testado ao toque;
significa bom ou satisfaz o padrão requerido.
8.isto é, ele não nos deixará atacar uma cidade composta sòmente de mulheres, ou tomar as mulheres da
nossa própria cidade como escravas.
9.isto significa que uma pessoa que tem uma vida boa e trata os outros com consideração morrerá
tranquilamente em casa, mas uma pessoa que não se comporta bem está pronta para morrer na cadeia ou
longe de casa, e desta forma os seus filhos não poderão enterrá-la.
10.os nomes oluyeye e oluyeyetuye, cujas intonaçãoes sã o diferentes, não têm significado, mas
aparentemente representam
Alguém que viveu até uma idade avançada.

11.o grande martelo do ferreiro é conhecido como owu; o menor é chamado de filho de owu.
12.isto é. Oluaso viveu tanto que as suas contas, embora
Fossem feitas dos matelos do ferreiro, quase se acabaram.
13.esta frase é usada como uma saudação como o nosso olá.
14.note que tudo isso aparece nos nomes dos personagens lendários.
_________________________________________________

-18-7-
Não se deve revelar segredos para as mulheres, as mulheres são mentirosas, as mulheres lançam maldições;
olojongboju é como a esposa da morte é chamada:1 a palmeira esguia e frutífera ao lado do rio inclina sua
cabeça repentinamente de modo que o corpo 2da morte cai no chão “gbirimu”3 foi quem jougou ifa para eji
oye,4 quando ele ia evitar a morte na cabeça de alaynre.
bem, quem evita a morte hoje na cabeça do divinador?
sòmente o pó divinatório evita a morte hoje na cabeça do divinador.
Nós marcaremos oyeku meji no pó divinatório na bandeja; colocaremos um pouco na cabeça do cliente ou
tomaremos um pouco dele e o moeremos com o mingau de maisena e o tomaremos.5 ou pegaremos uma
folha de aro,6 e a moeremos; marcaremos oyeku meji nela; nós a beberemos com sopa de aveia.7

131
Eles consultaram juntos,.chamaram olojonbodu, que era esposa da morte. Perguntaram a ela o que a morte
comia. Ela disse que a morte comia ratos, peixes e carne. Eles deram à morte ratos, peixe,carne, e quando a
morte terminou de comer, suas
Mãos e pés começaram a trmer “riri”, e o corpo da morte caiu “gbirimu”.8
Nós sacrifcaremos ratos, peixes e carnes; levaremos
O sacrifício para os pés de eshu.

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1.note que esta identificação é repetida no canto.


2.mesmo quando uma pessoa viva cai, diz-se que o seu cadáver (oku) cai.
3.o som de um corpo caindo no chão.cf,n.2canto19-1.
4.eji oyeé um nome alternativo para oyeku meji e aquí aparec e como nome do persionagem. Existe um jogo
de palavras envolvido com estes dois nomes da caída, ele evita a morte (o ye-(i) ku) e o pó divinatório (iye),
5.cf.n.6. Canto 1-5.
6.crossopteryx febrifuga.
7.a sopa de aveia (eko mimu) é um liquido quente que frequentemente serve de café-da-manhã. O mingau de
Maisena (eko tutu), mencionado anteriormente é sólido e neste caso é misturado com água fria para que
possa ser bebido.cf.bascom (1951: 128-129).
8,gbirimu refere-se ao som produzido pela queda do corpo da morte; riri descreve que esta tremendo. A
implicação é que a morte, tendo comido , tem medo de matá-los.cf.” A morte não pode comer uma pessoa e
depois matá-la (canto 6-2). Posteriormete fica implicito que o cliente, como eji oye, pode escapar da morte se
fizer o sacrifício que foi prescrito.
_________________________________________________

-18-8-
O fogo é muito quente na face daquele que colhe o mel;1 o sol é muito, muito quente nas nádegas do
fazendeiro;2 aquele que colhe mel tem prejuízos; as abelhas do mel enxameiam e o mel da abelha ado.3
estraga; mas a casa de um divinador nunca está vazia.4
Ifa diz que não permitirá que nós deixemos em branco aquilo para o qual estamos fazendo a divinação. Duas
Galinhas e nove pence e seis oninis pe o sacrifício.
________________________________________________________
1.o fogo usado para afastar as abelhas. Quem colhe o mel sempre corre o perigo de se queimar.
2.quando ele se curva, cava ou capina o campo.
3.existem dois tipos de abelhas: igan ou oyin, que vive em árvores ou em colméias e cujo mel é conhecido
simplesmente

Como oyin ou oyin igan; e uma segunda abelha chamada adim qyenira debaixo do solo e cujo mel é
conhecido como oyin ado. A abelha do mel se retira para uma nova colméia quendo o seu mel é retirado.
4.esta passagem como um todo mostra que a vida de um divinador deve ser preferida em relação á vida do
fazendeiro e da pessoa que colhe o mel. Note que embora estas frases lembrem as usualmente interpretadas
como nomes de dividnadores, náo há citação de uma divinação para um personagem lendário.,

-18-9-
O homem monta guarda,1 sobre a beringela,2 a berinjela morre, mas o homem continua sobre ela, foi quem
jogou ifa para aro da casa e quebrou as nozes de palmeira para aro do campo.
Ifa diz que duas pessoas, dois amigos devem sacrfificar um bode adulto, três shillings e um
Pano para cobrir cada corpo, para que estes dois náo encontrem a morte ao mesmo tempo.3
Aro da casa e aro do campo eram dois amigos. O divinador disse que eles deveriam fazer um sacrifício para
que náo encontrassem a morte ao mesmo tempo. Aro da casa recusou-se a fazer o sacrfício e aro do campo
também falhou em satisfazer eshu. Aro da casa morreu em casa e
Aro do campo morreu no campo. Eles disseram que aro do campo deveria ser lavado para a casa. Quando
eles levaram aro do campo para casa, disseram que seus filhos deveriam vir e começar
O entreterimento dos mortos, 4para o seu pai.
Mas,eles disseram que estavam há tanto tempo no

132
Campo que não sabiam mais como os tambores deveriam ser tocados. Por causa disto o povo de ife ainda
diz que aro ficou no campo por tanto
Tempo que não sabe mais como os tambores são tocacos,5 e eles tambem sáo aqueles cujos filhos

Ou parentes do sexo masculino na casa,6 cantam quando alguém morre,


jorojorojo,7 ele quebra as nozes da palmeira e conhece o futuro;
jo,jo, ele quebra as nozes da palmeira e conhece o futuro.8
________________________________________________

1. Montar guarda sobre alguma coisa para evitar que ela escape.
2. Solanum incanum.
3. Muller (1902: 280) cita uma predição similar, também de oyeku meji, registrada em atakpame,
togo.cf.canto18-10.
4. Uma parte das cerimônias fúnebres dita : “jogo dos mortos”, é realizada para divertir os falecidos; pelo
menos, na superfície, é divertida.
5. Este canto explica desta forma a origem deste prvérbio de ife, que é usado para repreender os que
esqueceram os rituais
Da tradição. Pode também ser usado para ridicularizar aqueles que vivem a maior parte do tempo no campo e
que são vistos como ignorantes.
6. Em termos de idade os membros do sexo masculino de um clâ
De uma comunidade são divididos em três grupos: os mais velhos ( agba ile), os homens adultos (isogan) que
atingiram uma independência econômica dos pais e os filhos de casa ( omo ile) – os jovens e os meninos que
ainda dependem dos pais,. Os isogam são reponsáveis pelos funerais dos membros do clã.
7,jorojorojo e jo, jo neste verso não têm significado, mas dizem que está incluido simplesmente para tornar o
canto doce.
8.ele quebra as nozes da palmeira e conhece o futuro, é um dos
Nomes para agradar orunmila ( ver canto 6-3). Este verso explica também a origem de uma canção associada
a funerais
Em ife.

-18-10-

A morte ilumina o topo da berinjela, a berinjela cai no chão gbiria;1 o pássaro alikunrin não se banha, náo
esfrega o seu corpo, mas brilha muito como o filho daquele que fabrica óleo da semente de palmeira,2 foi

Quem jogou ifa para alapa da casa e quebrou as nozes de palmeira para alapa do campo.
Ifa diz que os dois amigos devem fazer um sacrifício para que ambos não encontrem a morte ao mesmo
tempo. Um bode adulto para cada um, três shillings e panos vermelhos que trouxeram junto como
companheiros,3 é o sacrifício.
Alapa da casa e alapa do campo eram dois amigos e cada um tinha comprado um pano vermelho para cobrir
o crpo na mesma época. Um sacrifício envolveu estes dois amigos; foi lhes dito que deveriam fazer o
sacrifício. Eles ouviram, mas não fizeram o sacrifício. Eshu apontou ebon (medicamento ou enviar para
alguém)4
Para eles e eles ficaram doentes no mesmo dia.
Quando alapa da casa sentiu que a sua doença era séria, disse para sua famílisa que se morresse, eles
deveriam levar o seu corpo para alapa do campo, porque ele era o único que sabia qual a reparação
Que deveria ser feita na sua morte. Quando alapa do campo também viu que a sua doença era séria, disse
que se morresse, sua família deveria levar o seu corpo para alapa da casa, porque ele era o único que sabia
qual a reparação que deveria ser feita na sua morte.5
Não muito depois, ambos morreram, foi no mesmo dia. A família de alapa da casa enrolou-o e começou a
trasportá-lo para o campo; para cobrí-lo também uraram o pano vermelho que ele tinha comprado com o seu
amigo. E a família de alapa do campo também o enrolou quando morreu, e para cobrí-lo também usaram o
pano vermelho que ele tinha comprado com o seu amigo. Começaram a levá-lo para casa, mas antes que
pudessem ir um para o outro, eles se cruzaram no centro do mercado de ejigbomekun, e quando eles
chegaram no mercado carregando os dois corpos mortos, um de um lado e o outro do outro lado e ambos os
corpos cobertos com o mesmo

Tipo de pano vermelho, as pessoas no mercado disseram: isto é apropriado para estes dois corpos mortos,
oh. Os dois corpos para os quais tudo estava apropriado é o que chamamos oyeku- meji.7
________________________________________________

133
1, o som da queda no chão. Cf.n.2, canto 19-1 e n.8, canto 18-7.
2. O óleo ( adi ou adin) feito das sementes da noz da palmeira é usado para esfregar o corpo ( cf.n.2, canto 6-
3), os membros
Da família de fabricantes de adin mantém o corpo brilhante, pois possuem todo o óleo que precisam.
3, amigos, ou membros de um clube, com frequência usam os mesmos uniformes como um símbolo da sua
amizade.
4. Tipo ou categoria de encantamento, como o nome indica, que
Trabalha á distância sobre a vítima.
5. De acordo com a instrução iorubana de melhores amigos
( korikosun), este dois tinham confidênciado um para o outro quais os rituais e sacrifícios que teriam que ser
feitos em sua morte. A recusa de fazer o sacrifício não trouxe sòmente as suas mortes, como também levou-
os a serem enterrados sem as pereparações adequadas.
6. Panos vermelhos são tabu para enterros.cf.canto 18-4.
7. Note o jogo de palavras com o nome da caida ( oyeku-meji),
Que assume a forma de dar uma interpretação etimológica ao seu significado: o-ye-(o) ku-meji ( é
apropriado-corpos-dois).
Cf.com o canto similar registrado por epega (n.d.:iii, 19) para
Oyeku iwori.
_______________________________________________________________

-18-11-
Os primeiros sinais do amanhecer,1 estão só surgindo;
As pessoas pensam que o dia está nascendo, foi quem
Jogou ifa para ewe da cidade de ipopo que não tinha uma corda em seu pescoço, de quem as pessoas diziam
que não era mais capaz de gerar filhos.2 o tempo passou e ela teve muitos filhos.
em shopo-agada ela deu à luz eyinkoto. Foi quem jogou ifa para shopere, que era mãe da chuva.
é em bando que encontramos a chuva,
chuva não anda sòzinha.3

Ifa diz que esta pessoa terá filhos e muitos seguidores.4


___________________________________________
1. Note o jogo de palavras com o nome alternativo da caída, eji- oye.
2. Acreditando que ela nunca mais ficaria excitada, as pessoas acharam que não era mais necessário que
ficasse presa por uma corda. Note o jogo de palavras com corda ( okun ) e resistência ( okun ). Ewe é
entendido como aguntan ou agutan.
3.os pingos da chuva sempre são vários.
4. Os seguidores de uma pessoa icluem tanto os amigos como os membros da família, todos aqueles com
quem ele pode contar para apoià-lo nos asuntos legais, financeiros ou sociais. Cf.n.2, canto 2-4.um grande
número de seguidores é
Um dos dois principais objetivos pessoais dos iorubanos. Ver cap. Vii. Embora haja duas divinações citadas
como precedentes
Neste canto, ambas implicam na mesma previsão. Tanto os pingos da chuva como os filhos de ewe da cidade
de ipopo são inúmeros ( yindin-yindin ). Cf. As versões deste canto registrado por beyioku ( 1940: 5, 27 ).
________________________________________________
-18-12-
Orunmila diz que haverá uma multidão; eu digo que existe uma multidão. Nas multidões encontramos ehan;1
nas multidões encontramos porcos do mato selvagens. Não encontramos “aquela que mantém o silêncio”2
andando sòzinha; não encontramos “ganancioso” andando sòzinho. Aquela que mantém o silêncio é o nome
que chamamos ewe; ganancioso é o nome que damos ao rato-da- cana.3
Ifa diz que esta pessoa formará uma multidão,4 e não andará sòzinha. Dez ratos, dez peixes e dez galinhas é
o sacrifíco.
______________________________________________________
1, animal selvagem não identificado que vive nas florestas.
2. Aquele que pode falar, mas não gosta de falar.cf.canto 249-5
3. Thryionoma swinderianus,
4.isto é, ele terá muitos seguidores. Cf.nl.4, canto 18-11.
_______________________________________________________________

-19-1-
Alguém que possui ratos envia ratos para o meu peito

134
Para me chamar;1 meu peito não os aceitará, o peito de oyeku reverberador, 2 é mais velho;3 alguém que
possui peixes envia peixes para o meu peito para me chamar; meu peito não os aceitará, o peito de oyeku
reverberador é mais velho, edi grosso, 4 a água torna-se edi vibrante, 5 da cidade onde os rituais são
mantidos; meu peito está procurando por dinheiro e filhos, oh.6
Ifa diz que alguém deveria fazer um sacrifício para não ser morto pelos remédios ou chamar e matar.7
Em bode e três shillings é o sacrfício. Ifa diz que não nos deixará morrer.
________________________________________________
1. Isto é, alguém está usando ratos e peixes para fazer um remédio para causar a minha morte.
2. Gbiri é o som de algo grande e pesado caindo no chão, ou o de um tiro de um canhão reverberando. Pode
aparecer como gbiri-gbirii- gbiri, pronunciando-se em tom decrescente, como um eco que gradualmente
desaparece; oyeku gbiri pode ser um nome alternativo para oyeku iwori. Cf. Cantos 19-2 e 19-3.
3. Isto é, meu peito, que é muito forte como o de oyeku reverberador, resistirá ao remédio mau; oyeku me
protegerá.
4. Edi é o mome de uma das dezesseis caídas básicas de ifa. Mas aparece aqui numa caída cujo nome não
envolve edi.
5. Nana descreve a meneira como alguma coisa oscila ou vibra,
Como um pêndulo de um relógio suspenso por uma extremidade. Cf.n.1, canto 17-4.
6. Estas frases lembram aquelas interpretadas como nomes de dinvinadores, mas não é citada nenhuma
divinção par um personagem lendário.
7. Tipo ou categoria de encantamento que pode causar a morte á distância.
_________________________________________________

-19-2-
Oyeku reverberador1 foi quem jogou ifa para montão
De inhames quando ela estava grávida de “comida”. Eles disseram que quando a criança no seu ventre

Estivesse pronta para madurar ela deveria sacrifcar um bode, um pano pouco tingido, 2 cinco
Pilhas de moedas de um shilling e seis pences para a criança não nascida.
Ifa diz que não nos dixará dar à luz prematuramente o nosso filho. Ifa diz que uma amulher grávida deveria
fazer um sacrfício para não dar a luz prematuramente o seu filho. Não devemos recitar este canto na
presença de uma mulher grávida. 3
O divinador não deve recitar este canto na presença de uma mulher grávida; se ele recitar este canto na
presença de um a mulher grávida, certamente a gravidez desandará. 4
1. Cf.n. 2, canto 19-1.
2. Um pano que foi mergulhado sòmente uma vez no índigo e portanto tem a cor azul-claro.
3. O divinador deve certificar-se de que não há nenhuma mulher grávida presente para recitar este canto, se a
própria cliente estiver no local, deve-se conseguir falar o sacrifício sem recitar o canto para ela como é feito
normalmente.
4. Isto não é recitado como uma parte do próprio canto, mas é uma parte das instruções dadas aos
divinadores quando estão aprendendo este canto.
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-19-3-
Oyeku reververador ,1foi quem jobou ifa para pomba, filha de aquela que faz o seu ninho e dorme como uma
criança em ekiti efon,2 quando ela jogou ifa pqrque não tinha filhos. Eles disseram que ela teria
Filhos, mas que deveria fazer um sacrfício. Dois potes novos, duas galinhas e um shilling,3foi o sacrifício.
Quando pomba completou este sacrfício, eles pegaram um dos dois potes,4 e o deram para ela.
Eles disseram que se a filha dela tocasse neste pote
Com a cabeça, ela não morreria. Quando pomba deu à luz sua filha, ela tocou a cabeça contra o pote e
começou a cantar:

eu fiz o sacrifício de oyeku reververador, oyeku reverberador,


minha filha toca o pote com a sua cabeça, ela não morrerá mais.
Ifa diz que esta pessoa procura por filhos e; ela terá filhos, mas deve fazer um sacrifício para que eles não
Morram ao nascer.
________________________________________________________
1. Ver n.2, canto 19-1.
2. Cidade de efon-alaye, a leste de ilesha, que foi capital de efon, um dos reinos iorubanos de ekiti.

135
3. Como os cauris são contados aos dois milhares, existem duas umidades de cauris, assim como dois potes
e duas galinhas.
4. Existe um jogo de palavras e uma palavra mágica no uso de um pote ( ikoko ) para que a criança não morra
(ko ku ) novamente. A crença é que várias crianças que morrem cedo em sucessão, como abikus, são na
realidade uma criança que não consegue viver nos seus nascimentos sucessivos. Cf.n.3, canto 1-4. Este
canto deve ser comparado com o canto 33-1, onde pomba começa a viver num pote.
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-20-1-
Oyeku edi,1 foi quem jogou ifa para caracol. Eles disseram que ele deveria sacrificar três galos e um shilling e
seis pences,2 para aquele que tinha mostrado desprezo por ele. Caracol não fez o sacrifício. Daquele tempo
em diante todos têm demonstrado desprezo por caracol.3 agbonniregun
Diz: de mãos nuas, mãos nuas nóspegaremos,4caracóis.
Ifa diz que alguém deve fazer um sacrifício contra aquele que mostra desprezo por ele. Alguém que mostra
desprezo por ele está chegando.
1.o nome do divinador é identico ao da caída.
2. Como os cauris são contados aos dois milhares, são três unidades de cauris como também são três galos.
3. Ninguém tem medo de caracóis pois eles não têm dentes.
4. A palavrea iorubana “ele” é ainda mais insultante; é aplicada para apanhar frutas. Este canto explica porque
ninguém tem medo de caracóis e porque as pessoas podem pegá-los sem armas e sem proteger as mãos.

-20-2-
A estrada é muito reta, ela não se curva foi quem jogou ifa para oye quando ele ia trazer para casa
Uma noiva da sua guarnição.1 eles disseram que ele deveria sacrificar um bode e três shillings e seis pences,2
para que o seu pênis não o desgraçasse. Oye
Não fez o sacrifício. Quendo oye trouxe a sua noiva para casa,não conseguiu dormir com ela. Eles disseram:
daqui por diante nós o chamaremos de oyeku-(e)- di.3
Ifa diz que alguém deveria fazer um sacrifício contra uma doença que está oculta debaixo da roupa, 4 ou que
o seu pênis está estabelecendo datas para ele;5
Ele deveria fazer um sacrifício para que possa ter o intercurso com a esposa que ele deseja se casar.
1.uma vizinha, uma moça que vive na mesma guarnição da cidade.
2. Sete unidades de 2000 cauris, ou 14000 cauris.
3. Este canto explica desta forma como esta caída obteve o seu nome. Note o jogo de palavras que é a base
da etimologia
Oyeku- ( e ) – di, nome da caída e oye-ku- ( i ) –di, oye –perde- cintura.
4. Isto se refere a doenças sociais.
5. Isto é, ele não sonsegue ter relações sexuais normalmente. Cf. Canto 9-1.
__________________________________________________________________
-24-1-
A cobra oka fica no seu ninho esticando a cara para fora; 1 piton fica na margem do rio esticando o seu
pescoço como alguém que deseja se tornar chefe;
Arco iris, o tolo, fica no céu espalhado e bem brilhante.2 foi quem jogou ifa para todo o povo de
De ife quando as coisas não iam bem para eles, quando o mundo deles parecia coberto por uma cabaça.
Ifa diz que o assunto para o qual nós estamos fazendo a divinação estragou, mas que nós podemos consertá-
lo fazendo um sacrifício; seis pencas de rato seco, seis pencas de peixe seco, seis panos, seis
Bolsas de dinheiro ( trinta shillings ), seis ovelhas, seis de tudo, e seis tambores. O povo de ife completou

Todo o sacrifício, e quando estavam levando essas coisas para mesi alukunrin, 3 a chuva começou a cair.4
Eles trouxeram os seis tambores para a praça e começaram a cantar;
nós estamos fazendo um sacrifício;
a chuva não cai, nós estamos plantando milho guiné;
nós estamos fazendo um sacrifício,
nós estamos fazendo um sacrifício.
oh rei de igbo, filhos do leopardo, 5
nós estamos fazendo um sacrifício;
a chuva não cai, nós estamos plantando milho guiné.
Ifa diz que o assunto para o qual nos estamos fazendo a divinação estragou, e que não ficará bem se não
fizermos um sacrifício.
________________________________________________________
1.este tipo de cobra não corre quando os caçadores chegam para matá-la, mas se estica e os observa
atentamente para ver

136
O qeu está acontecendo, o dicionário cms a define como uma especie de jibóia. Ver elebu = cobra, e cobra –
oka. Abrahams sugere que pode ser a víbora do gabão. É também chamada de cobra de nana buruku ( ejo
nana ), sendo descrita em meko como pequena, com cerca de 30 cm, com marcas pretas e vermelhas.
2. Como acredita-se que o arco –íris seja uma píton ( ere ), todas as três frases contém uma referência a
cobras, cf. A última com o canto 35-6.
3. Um local na praça diante do palácio em ife ( primeiramente uma constrção dentro das paredes do palácio )
onde os seres humanos eram anteriormente executados.
4. A implicação deste canto, claro na mitologia iorubana, é que atualmente chove quando chega a época do
plantio sòmente porque os primeiros habitantes de ife fizeram o sacrifício descrito aquí. Dizem que naquela
época não havia inhames e nem milho, e qu o milho guiné era o único alimento.
5. Os nomes igbomekun ejigbomekun ( cf.canto 18-10) aparecem em vários mitos iorubanos e são
comumente interpretados pelos informantes como uma referência a uma antiga cidade com a palavra usada
aquí ( onigbomekun) como um título do seu governante. Contudo um divinador de ife explicou que
onigbomekun significaria o-n(i)-igbo-(o) m (o)-ekun ou dono de

______________________________________________________________
Igbo filho ( ou filhos ) do leopardo; ele o identificou como osangangan obamakin, e igbo como seus súditos, o
povo de quem moremi salvou o povo de ife. Esta interpretação, que se
Segue aqui, foi confirmada por um sacerdote de osangangan obamakin, que disse também que osangangan
obamakin é uma
Deidade ( ebura ) que governou um tempo como um dos primeiros reis de ife e que igbomekun eram os
habitantes originais de ife, cf, n, 6, canto 247-5.
______________________________________________

-33-1-
Iwori que traz ajuda através de um sacrifício.1
Uma parede cobre os olhos de alguém mas não fecha
Os seus ouvidos ,2 foi quem jogou ifa para elemele da casa e quebrou as nozes de palmeira para elemele do
campo quando seus filhos estavam morrendo como abikus.3
Quando elemele da casa e elemele do campo iam para orunmila jogar ifa para elas, quando chegaram á porta
dos fundos da sua casa , ouviram oshun, esposa de orunmila, dizer que não havia um pote na casa. Ela disse
que se alguém viesse fazer um sacrifício naquele dia, orunmila deveria dar como oferenda dois potes, uma
vara 4cada, cinco inhames, uma faca para cortar alimentos ,5 e 105 sementies de milho.
Quando elemele da casa elemele do campo entraram na casa, deixaram cair cinco cauris no chão e iwori que
traz ajuda através de um sacrifício foi jogado para eles. Então orunmila disse: uma parede cobre os olhos de
alguém mas não fecha os seus ouvidos. Ele disse: vocês ouviram o que a minha mulher acabou de falar? Elas
disseram que não tinham ouvido. Ele disse: vocès vieram em busca da divinação por causa dos abikus. Elas
disseram: é verdade. Ele disse que elas deveriam sacrificar dois potes, cinco inhames, uma vara para cada
peça, uma faca para cortar alimentos e 105 sementes de milho.

Quando sairam, elemele do campo disse que não faria o sacrfício que ela com os própios ouvidos ouvira a
esposa de orunmila ensiná-lo. Ela disse: como orunmila sabe tanto sobre ifa se é a sua esposa quem lhe
ensina qual o sacrifício a ser pedido:6 e em paricular ela não sacrificaria por causa do seu abrigo, que ele
mencionara especificamente, mas construiria a sua casa no topo daquele mesmo abrigo.7 elemele da casa
disse que a sua sorte não estava boa; e que ela faria o sacrifício. Ela sacrificou cinco inhames, 105 sementes
de milho, dois potes uma vara e uma faca para cortar alimentos. Orumila pegou um dos dois potes e colocou
folhas de ifa dentro. Disse que ela deveria ter os filhos naquele pote, e que quando eles tivessem nascido, ela
deveria dizer : meu filho tocou o pote com sua cabeça, ele não morrerá mais.8 orunmila disse que o filho não
morreria.
Elemele do campo construiu a sua casa no topo de uma árvore de paina, e lá ela deu á luz duas crianças.
Quando elas cresceram, ela disse que ia visitar elemele da casa. Quando ela chegou na casa ela perguntou:
você teve filhos? E elemele da casa disse que sim. Ela perguntou: quantos filhos você tem? E elemele da
casa disse que tinha dois. Elemele do campo disse que não tinha feito o sacrfício, mas que também tinha dois
filhos. Disse: eu não lhe disse na época que não precisava fazer o sacrifício, pois seus filhos teriam nascido
de qualquer forma. Eshu protestou dizendo: primeiro, elemele do campo, recusou-se a fazer o sacrifício, e
agora ela vai se vangloriar disto? Mandou uma ordem para chuva para enviar uma tempestade contra elemele
do campo.
Quando elemele do campo viu as nuvens escurecendo disse que tinha que ir para casa. Quando voltava o
vento carregou-a para longe do caminho, de modo que ela não soube mais voltar para casa, e foi só no

137
Dia seguinte que ela chegou ao seu ninho. Antes dela
Chegar, a tempestade quebrou a árvore e atirou seus filhos no chão, e seus filhos morreram. Ela viu o toco
que usava para pousar antes de voar para o topo da paineira e que duas crianças humanas tinham
despedaçado seus dois filhos e brincavam com eles. Elemele do campo voltou para elemele da casa e disse
que a tempestade lutara com ela e trouxera o mal para ela. Disse que não encontrara nem o toco que
marcava o seu caminho para casa e nem os filhos.9 então elemele da casa voou até o seu pote e pegando os
filhos disse: meu filho toca o pote com a sua cabeça; ele não morrerá. Elemele da casa é como chamamos o
pombo doméstico, elemele do campo é como chamamos o pombo.10
Ifa diz que a pessoa para quem jogamos esta caída deveria sacrificar para que os seus gêmeos não morram,
e para que uma tempestade não leve o seu abrigo,11 e que a pessoa para quem esta caída foi jogada não
deve andar do lado de fora no vento esteano para não ser morta porumaárvorequecairá.
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1. Iwori abogbe é um nome alternativo para a caida iwori ogbe.
2. Significa que pode-se ouvir mas não ver o que está acontecendo no outro lado de uma parede. A referência
é a ouvir por acaso o que a esposa de orunmila disse.
3. Crianças destinadas a morrer; ver n. 3, canto 1-4.
4. O broto do arbusto atori ( glyphaea lateriflora ) é usado
Como uma vara ou chicote.
5. Qualquer faca para cortar alimentos, independente de formato; geralmente os nomes de tipos diferentes de
faca são baseados no seu formato.
6. Supõe-se naturalmente que orunmila saiba mais do que qualquer outro sobre a divinação de ifa, e
certamente mais do que uma mulher;
7. Este abrigo é a paineira, arabá ou egungun ( ceiba pentandra )
Na qual ela constrói o seu ninho. Está implícito aqui que orunmila avisou-a de que era perigoso e que ela
deveria fazer o sacrifício para que o mal não caísse sobre ela.
8. Cf. N. 4, canto 19-3. Compreende-se que como no canto19-3, ela
Deveria tocar a cabeça dos filhos com o pote enquanto repetia a frase.

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9. Existe aquí uma inconsitência que não foi explicada. Primeiro
Diz-se que ela viu o tronco e encontrou os filhos que estavam mortos; depois diz-se que ela não viu ambos. O
tronco era usado como uma referencia através da quel ela reconhecia a árvore na qual estava o seu ninho.
10. Sem dizer explicitamente, este canto explica porque o pombo doméstico vive em casa em potes colocados
para eles pelos homens. Uma explicação alternativa para isto é oferecida no canto 33-3. Cf. A versão deste
canto registrada por epega (n.d: ii, 93-94) e citada no capítulo xii.
11. Pode ser uma pomba como no caso de elemele do campo, ou uma pessoa, ou espírito guardião. Note o
jogo de palavras abrigo (iji) e tempestade (iji).
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-33-2-
a vinha alukerese 1arrasta-se para a velhice foi quem jogou ifa para ojigigbogi que era oluwo, 2 no céu. Eles
disseram que ele deveria levar a mensagem para o povo da sua casa que eles deveriam sacrficar para que
uma tempestade pesada não varresse o chão, 3 e matasse todos os 165 tipos de árvores do campo. Eles
disseram que eles deveriam oferecer seis pence
Cada e um galo por peça.
Todas as árvores disseram que não tinham os seis pences para sacrificar. Contudo o arbusto atori, 4 sacrificou
os seis pences e o galo; e a grama ariran, 5
E a grama esun, 6 cada uma deu um penny e dois oninis.
Quando terminaram, eshu levou os sacrifícios para o
Céu, onde eles perguntaram a ele quantos tinham sacrificado, ele disse que três tinham sacrficado e que
eram ariran, atori e esun. Eles disseram que uma tempestade viria e lutaria contra as 165 árvores do campo.
Quando a tempestade chegou, começou a torcer suas cabeças juntas e a puxá-las pelas raízes.
Mas quando atingiu esun, ele disse que tinha oferecido um penny e dois oninis e se prostrou e a tempestade
passou sobre ele. Quando chegou a ariran, ele começou a cantar:

Curvem suas cabeças,oh, curvem suas cabeças.


Os 200 ariran estão balançando ao vento.
Curvem suas cabeças para o chão, 200 ariran.
A tempestade curvou as cabeças dos ariran para o chão e passou sobre eles, quando chegou a atori,atori
disse:
o shoko. Bani.

138
Ele disse:
A vinha alukerese arrasta-se para a velhice foi quem
Jogou ifa para ojigigbogi que era oluwo no céu. Eles disseram que ele deveria levar a mensagem para o povo
da sua casa que eles deveriam sacrificar.
Ele disse:
Balançando ao vento, oh.
Lembre daquele que sacrificou seis pences;
Não esqueça de lembrar daquele que sacrificou seis pences.
Ele disse:
Atori é a árvore dos deuses, 7oh.
Deixe que a tempestade quebre as árvores e arraste as vinhas, mas não mate atori, oh.
Atori é a árvore dos deuses.
Ele disse:
Seja flexível, atori;
Seja flexível, oh, atori.8
Ifa diz que a pessoa para quem esta caída foi jogada deve curvar-se durante as tempestades para que ela
possa passar sem molestá-lo.
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1.uma planta trepadeira ( ipomoea involucrata ) que cresce muito lentamente.cf.canto 181-1.
2. Oluwo é um dos títulos entre os babalawo, ver capítulo ix.
3. Varre-poeira-varre-chão pode referir-se a uma tempestade ou a uma força sobrenatural que vem do céu
para a terra e mata as pessoas.
4. Um arbusto ( glyphaea lateriflora ) com brotos flexíveis usados para açoitar.
5.uma gramínea não identificada com 30 a 60 cm de altura.
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6.um arbusto ( pennisetum purpureum ) ou talvez saccharum spontaneum. Descrita como uma grama
selvagem que lembra a cana de açúcar, usada para alimentar cavalos, com 1.80m.de altura e com folhas de 6
a 12 cm de larura.
7. Os chicotes feitos de atori são usados em festivais de determinadas deidades.
8. Este canto explica porque as plantas esun, ariran, e atori
São flexíveis e podem sobreviver a tempestades pesadas, enquanto que as árvores maiores da floresta se
quebram ou são arrancadas pelas raízes.
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-33-3-
O fazendeiro ganancioso planta algodão na terra ao longo do rio para ter uma grande produção foi quem
jogou ifa para pombo quando ele quiz se casar com otegbe.
Ifa diz que alguém deseja se casar com uma mulher esguia; se não fizer o sacrifício, terá que se esconder na
floresta. Por causa do débito que posssui com os bens dela.
Pombo casou-se com otegbe, mas náo fez o sacrifpicio, e o seu débito com os bens da noiva levou-o para a
floresta. Lá ele começou a chorar: o débito com otegbe me exauriu, este foi o pranto de pombo até aquele dia.
1
cinco galos e dois shillings e seis pences,2 é o sacrifício.
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1. Esse canto explica porque os pombos moram na foleresta e também a origem do seu pranto. Para outra
explicação do porquê o pombo mora na floresta, ver canto 33-1.
2.são cinco galos e cinco unidades de 2000 cauris.
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-33-4-
Carneiro urina pelo ventre foi quem jogou ifa para o rei de ara, cuja esposa jogou ifa porque queria um filho.
Eles disseram que ela deveria sacrificar um bode adulto, um galo e um shilling e sete pences e oito oninis.

139
Eles disseram que sua esposa deveria fazer isto para que pudesse ter um filho. Se ela competar o sacrifício,
deverá levar o bode em suas costas,1 para o santuário de eshu.
Eles disseram que era porque eshu era o único capaz de dar um filho para ela. Ela disse que não podia
carregar um bode nas costas para dar a eshu por causa de uma criança. Disse que a sua escrava,
gbondin,levaria o bode para ela. Quando gbondin carregou o bode em suas costas para eshu e voltava para
casa após eles terem terminado o sacrifíciopara eshu, eshu carregou uma criança em suas costas para a
casa de gbondin. Após menos de dez meses, gbondin teve um filho e eles ataram contas vermelhas no
pescoço dele. Disseram que a esposa do rei de ara deveria vir para ver o filho de gbondin. Ela repondeu que
seus olhos tinham visto a vermelhidão do fogo, e seus olhos tinham visto a vermelhidão do sol, então por que
ela deveria vir sòmente para olhar as contas vermelhas no pescoço do filho da sua escrava?
Ela disse: a morte é melhor do que a vergonha,.
Ifa diz que a pessoa para quem esta caída foi jogada
Não deve duvidar da verdade de ifa; ele diz que se ela deseja ter um filho, não deve ter dúvidas. Uma mulher
deve carregar um bode adulto nas costas para o santuário de eshu e orerece-lo como um sacrfício.
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1, como as mulheres iorubanas carregam seus filhos.
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-33-5-
Iwori que traz ajuda através de um sacrifício,1 é para ser comido, iwori que traz ajuda através de um sacrfício,
é para ser bebido,2 e iwori protege o filho de ogbe para que ele não morra foram os que jogaram ifa para “o
pai da casa” quando ele estava reunindo seus filhos para tomar uma terra e estabelecer-se no campo. Eles
dissseram que ele deveria sacrificar um bode adulto completo,três shillings, e um pano franjado.
Pai da casa ´´e como chamamos o cupinzeiro, eles disseram que o local para onde ele estava indo para tomar
a terra seria grande o suficiente para acomodá-lo. Quando ele completou o sacrifício, eles o enterraram no
solo e disseram a ele para se estabelecer ali. Ele começou a ter muitos filhos e todos eles se regozijaram.
Eles disseram que um monte de cupim que tem um buraco teria ratos e pássaros entrando nele.
Ifa diz que alguém que está indo procurar uma terra deve fazer um sacrfício para que possa encotntrar um
lugar onde se acomodar.
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1. Um nome alternativo para a caída iwori ogbe. Ver n.1, canto 33-1.
2. Isto provavelmente refere-se ao medicamento preparado com este canto, que então é comido ou bebido.
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-33-6-

Iwori que traz ajuda através de um sacrifício, é para ser comido, iwori que traz ajuda através de um sacrifício é
para ser bebido e iwori protege o filho de ogbe para que ele não morra foram os que jogaram ifa para “pai da
casa”,1 eles disseram que ele deveria sacrficar contra uma doença da cabeça. Uma cabra adulta, completa, e
cinco shillings, foi o sacrifício. Pai da casa é como chamamos o cupinzeiro. Ele recusou-se a fazer o sacrifício
e uma doença na cabeça começou a afligí-lo, ele começou a se desintegrar no topo. 2
Ifa diz que alguém ue é o chefe de uma casa deveria sacrificar para que uma doença não o aflija e ele venha
a morrer dela; porque se ele morre, uma aflição horrenda cairá sobre os parentes que moram na sua casa.
Uma doença de cabeça o matará.
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1;nomes dos divinadores e do principal personagem aquí são idênticos aos do canto 33-5, mas as
circunstãncias são diferentes.

140
2. A comparação da desintegração do topo de um monte de cupim e da doença da cabeça fica mais clara em
ioruba, pois a palavra ori indica tanto cabeça como topo.
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-34-1-

Fruto morto e folhas mortas da palmeira,1 divinador do pescoço da palmeira, foi quem jogou ifa para olukoun
dos arredores de ijiwo.2
Eles disseram que olukoun deveria sacificar as calças que estava usando, uma cabra, um machado e um
shilling, sete pence e oito oninis por conta do seu pênis,3 olukoun não sacrificou. Quando eles estavam
trazendo a sua noiva para ele, ele correu para a

Floresta.4 olukoun é como chamamos o pássaro “ copula com árvore.”5


Ifa diz que esta pessoa deve sacrificar por conta do seu pênis para que os feiticeiros não o danifiquem,
porque logo uma esposa será trazida para ele.
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1.o fruto morto e as folhas mortas no topo da palmeira, próximo da região de onde é retirado o vinho de
palmeira.
2. Ijiwo é vizinho da guarnição ou quateirão (adugbo) de more
Em ife.
3. Note que a calça da sua cintura é sacrificada para o pênis da sua cintura. No canto 4-2 lukoun é
identificado como pênis.
4. Porque ele náo poderia ter um intercurso, pois não fizera o sacrifício.
5. Este pássaro não identificado ganhou o seu nome pelos movimentos que faz para pousar numa árvore.
Este canto explica porque ele vive na floresta e porque ele faz os seus movimentos característicos.
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-34-2-

A árvore da paina no campo fica firme na fazenda olhando atentamente o que está acontecendo na cidade,1
foi quem jogou ifa para “você não sabia?”
Quando ia se tornar marido de rodopio.2 eles disseram que ele deveria sacrificar para não encontrar a morte
durante aquele ano. Você não sabia? Não fez o sacrifício de uma ovelha, um pano para cobrir o corpo e seis
shillings, seis pences.
Você não sabia? Marido de rodopio recusou-se a fazer
O sacrifício. Um dia quando as quatrocentas deidades estavam lavando suas roupas eshu forçou rodopio a ir
onde elas estavam. Quando elas a viram enviaram flechas e começaram a cantar para afugentá-la:
rodopio nos espiou onde nós estávamos lavando nossas roupas;

rodopio nos espiou onde nós estávamos lavando nossas roupas,eles a seguiram afugentando-a até que ela
chegou à porta dos fundos da casa do seu marido e quando você não sabia? Ouviu os gritos da esposa, saiu.
Quando elas o viram, as deidades cortaram fora a sua cabeça e matraram a esposa rodopio junto com ele. E
começaram a cantar:
você não sabia, você não deveria ter feito?
você não sabia, você não deveria ter feito?
Ifa diz que uma mulher deve fazer um sacrifício para que um problema não siga os seus passos até a sua
casa e mate tanto o seu marido quanto ela mesma.
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1. Conforme o provérvbio o morcego fica suspenso de cabeça para baixo mas observa todos os pássaros;
adan dorikodo o nwo ise eiye gobogbo.
2. Aquele que rodopia, gira ou roda.
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-35-1-

Um cabo de enxada tem uma cabeça, mas não possui cérebro, 1 foi quem jogou ifa para dois-nós,2 eji iwori,
quendo ele ia para oyo. Eles disseram que ele deveria sacrificar dois pombos, dois ovos de galinha e um
shilling e três pences. Eles disseram que ele não veria o mal onde estava indo; disseram que uma benção era
o que ele veria,
Ifa diz que não nos permitirá ver o mal no assunto para o qual nós procuramos divinação.
o olho do divinador não verá o mal, eji iwori;

141
o olho do divinador não verá o mal, eji iwori.3
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1. A caeça do cabo da enxada é o nó na peça de madeira no qual


A làmina é ajustada. Embora se pareça com uma cabeça, não possui cèrebro. A referência aqui é à medula
ou carne dentro da cabeça e não à inteligência ou consciência.
2. Dois nós é um nome alternativo da caída, iwori meji ou eji iwori.aparece aqui com um personagem para
quem a divinação foi realizada. Koko é um nó num pedaço de madeira e a alusão aquí é â cabeça do cabo da
enxada. A palavra koko é onomatopaica, e realmente refere-se a qualquer coisa que faça o som koko quando
recebe pequenas pancadas.
3. Isto é usado como uma canção, repetida pelas crianças quando vão para casa esperando por um castigo.
Acredita-se que se for repetida os pais não punirão.
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-35-2-

Orunmila diz que devemos lamentar “sssi”. 1 eu digo que quem estiver no caminho deve se esquivar.,ele diz
que devemos olhar antes de jogar água na rua para não atingirmos um visitante. Eu digo? Que visitante? Ele
diz: um visitante que trará dinheiro.
Orunmila diz que devemos lamentar sssi, eu digo que
Quem estiver no caminho deve esquivar-se. Ele diz que devemos olhar ntes de jogar água na rua para não
atingirmos um visitante, eu digo: que visitante? Ele diz : um visitante que trará esposas.
Orunmila diz que devemos lamentar sssi. Eu digo que quem estiver no caminho deve se esquivar. Ele diz que
devemos olhar antes de jogar água na rua para não atingirmos um visitante. Eu digo:: que visitante?
Ele diz: um visitante que trará filhos.
Orumila diz que devemos lamentar sssi, eu digo que quem estiver no caminho deve se esquivar. Ele diz que
devemos olhar antes de jogar água na rua para náo atingirmos um visitante, eu digo: que visitante ?
Ele diz: um visitante que trará um título.
Ifa diz que vê a bençaõ de visitantes, a benção do

Dinheiro, a benção de esposas, a bençaõ de filhos e a bemção de um título. Ele diz que devemos sacrificar
um pombo e uma galinha.
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1.sssi é um grito dado à noite antes de jogar água ou despejar
Lixo na rua.
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-35-3-

Okan brota firme, entra na floresta, “ogan”1 brota longa e flexivel. Atinge a estrada, e ao subir uma colina a
anca se move biripeyunyun,2 foram os que
Jogaram ifa para uma cabana no campo toma conta do campo mas náo apanha os ladrões, que era um filho
do paciente, divinador do herói do peixe. Eles disseram que naquele ano a cabeça dele o levaria a um lugar
onde ele cumpriria o seu destino. Eles disseram que ele deveria sacrificar dois ratos, dois
Peixes e dois frangos.ele ouviu e ofereceu o sacrfício.
Após um tempo o rei do povo de ogbodo morreu. Eles pegaram um peixe e o colocaram numa cabaça tapada.
Disseram que aquele que conseguisse recitar cantos de ifa que falassem sobre o que eles tinham colocado
na cabaça, isto é que mencionasse a palavra peixe seria coroado rei da cidade.
Todos os divinadores da cidade recitaram ifa sem mencionar a palavra peixe porque não sabiam o suficiente
sobre alternativas específicas.3 depois, como uma cabana no campo toma conta do campo mas não apanha
os ladrões estava passando, eles o chamaram e o convidaram a recitar ifa porque tinham visto as contas de
ifa no seu pulso. Mas, ele respondeu que não conhecia ifa e disse:

142
Okan brota firme, entra na floresta, ogan brota longa e flexível, atinge a estrada e ao subir uma colina a anca
se move biripeyunyun foram os que jogaram ifa para mim, uma cabana no campo toma cota do campo mas
não apanha os ladrões, filho de paciente, divinador de alapa, herói do peixe.
Quando o povo de igbodo ouviu esto, disse que ele sabia sobre as alternativas específicas porque quando
recitara ifa, mencionara peixe; então eles o pegaram e o fizeram rei da sua cidade. Uma cabana no campo
toma conta do campo mas não apanha os ladrões é como chamamos hiena pintada.
Após dois anos terem se passado, quando yiena tinha se tornado uma pessoa altamente honrada, todas as
ovelhas e cabras começaram a desaparecer da cidade. Era eshu quem as levava e escondia porque
Uma cabana no campo toma conta do campo mas não apanha os ladrões tinha feito sòmente um sacrifício
pelo título, mas não sacrficara contra um difamador. Então eshu estava levando as ovelhas e as cabras da
Cidade e as escondia. Então eshu foi ao povo da cidade e disse: vocês não sabem que a pessoa a quem
voces fizeram rei é quem está escodendo suas cabras e ovelhas e comendo-as? O povo da cidade se reuniu
para conferenciar e tiraram hiena do trono.
Quando hiena viu que eles o tinham tirado da sua posição, foi aos divinadores que visitara anteriormente e
porguntou a eles o que poderia fazer para retornar ao seu posto. Eles disseram que ele deveria sacrificar seis
pedaços de carne,4 três shillings e um pote de óleo de palmeira. Eles disseram que ele deveria levar o
sacrifício para o banco do rio quando o galo cantasse, antes do amanhecer, se sentasse ao lado dele e o
olhasse .quando o dia surgiu, e as mulheres de ogbodo vieram para pegar água no local do rio onde hiena
pusera o seu sacrifício , eshu pegou os pedaços de carne e
Colocou um em daca jarra. Quando ele colocou cada

Carne numa jarra, elas se traformaram em pernas traseiras ou dianteiras de uma cabra e a água que as
mulheres colocavam nos potes tansformou-se em sangue. Eshu disse a hiena que as seguisse e as
prendesse. Quando este caso foi julgado, eshu disse para o povo de igbodo; vocês tiraram o seu rei do trono
porque ele estava matando e comendo os seus animais, enquanto vocês mesmos enviavam suas esposas
para trazer a mesma carne para suas casas: ele disse: gostem ou não, terão que arranjar um jeito de trazê-lo
de volta e novamente fazê-lo rei.
Ifa diz que alguém perdeu tudo, mas que retornará; e que se alguém, ou a pessoa para quem esta caída foi
jogada, atingir uma posição ou um título, deve sacrificar para que não se depare com um difamador que lhe
causará um afastamento.
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1. Cf. Ns. 5 e 6 , canto 1-1.
2. Uma frase que descreve o movimento dos quadris de uma pessoa ao subir uma colina.
3. Ver capítulo v.
4. Pedaços grandes de carne que são servidos nos cozidos iorubanos, cada um do tamanho suficiente para
encher uma boca. Esta parte do sacrifício é um instrumento para levar hiena novamente ao trono.
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-35-4-

Pestanas,1 não juntam sereno, barbas antigas não têm uma boa cor foi quem jogou ifa para olho quando ele ia
para apere. Apere é como chamamos a terra. Eles disseram que ele deveria sacrificar dois pombos e seis
pences e seis oninis. Eles disseram que ele não veria o mal.

Quando olho chegou em apere, foi aos divinadores. Eles disseram que ele deveria fazer o sacrifício para que
seus olhos não vissem nada de mal na terra. Ele deveria pegar um pombo e tocar o seu olho esquerdo com
ele, e com o outro o seu olho direito. Deveria pegar um desses dois pombos e sacrificá-lo
Com dez dos cauris. Nós levaríamos o segundo pombo para casa, ou o divinador o levaria para casa.
Ifa diz que a pessoa para quem esta caída foi jogada
Deseja sair da cidade ou iniciar uma viagem. Ela deve sacrificar para que seus olhos náo vejam o mal para
onde ela está indo.
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1. Ipenpe inclui as pestanas, a pálpebra e a sombrancelha.
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-35-5-

143
Não é redonda, não é redonda;1 a parte traseira da cabeça do abutre parece com o cabo de um machado mas
não corta madeira foi quem jogou ifa para dois nós eji iwori,2
Quando ele estava vindo para a terra como terceira caída de ifa.3
Ifa diz que é alguém cujos parentes estão causando problemas para ele; eles não o permitem encontrar uma
casa ou uma fazenda. Mas, se ele fizer o sacrfício, encontrará paz no coração e superará todos os seus
inimigos.
Quando as dezesseis caídas de ifa estavam vindo para a terra, dois nós, eji iwori, quis ser o terceiro entre elas
na terra; mas as outras caídas conspiraram contra ele. Disseram a ele que não havia espaço para
Ele viver na terra. Então, dois nós, eji iwori se aprontou e foi aos divinadores para que eles examinassem o
seu caso e lhe dissessem como ele encontraria um local para viver na terra.,eles

Disseram que uma cabra, em almofariz, a folha tete, a folha gbegbe, 4 e onze shillings seriam necessários
para o sacrifício. Dois nós, eji iwori, ouviu e oereceu o sacrifício. Eles disseram que ele deveria voltar para a
terra. Quando ele chegou na terra, disse para as outras quinze caídas que ele voltara. Elas disseram que
tinham dito a ele que não havia espaço na terra para ele viver. Então dois nós eji iwori repondeu como os
divinadores tinham ensinado a ele:
o almofariz estemunhará que eu ví espaço onde me assentar.
a folha tete testemunhará que eu ví espaço onde me espalhar,
a folha gbegbe testimunhará que eu ví espaço onde habitar. 5
Quando as outras caídas ouviram este tipo de resposta, disseram: ah! Ah! Isto é realmente muito poderoso,
oh! Disseram que ele poderia tomar o seu lugar; então dois nós, eji iwori, encontrou o seu lugar para se fixar
na terceira posição entre as ooutras caídas.
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1.algo achatado ou de forma ovalada como uma cabeça de abutre.
2.ver n.2, canto 35-1.aquí a aluzão é ao nó no qual é incerida a lamina do machado.
3. Na ordem, ver capítulos iv e v.
4. Tete é amaranthus caudatus; gbegbe é icacina trichantha.
5. Existe aquí um jogo com as palavras, e a eficácia do sacrifício depende em parte do som dos nomes dos
ingredientes, o almofariz (odo) assegura o espaço onde se assentar (do)e a folha gbegbe assegura espaço
onde habitar (gbe).
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-35-6-

O cavalo acorda de manhã, pega um pedaço em sua boca,1 o sol entra na casa pelas rachaduras na parede,
o deus céu leva a lua bem alto e o arco iris, o
Tolo, fica nos céus, brilhando intensamente.2 foram os que jogaram ifa para metal, quebra nozes de palmeira
para chumbo e as partilha com ferro,3 o último destes três filhos.
Ifa diz que estes são filhos da mesma mãe. Devem sacrificar para que o último nascido entre eles não morra e
para que os outros dois não tenham que chorar por esta pequena criança entre eles. A língua do caçula é
mais afiada do que a lâmina de uma navalha, 4 e ele discute muito. Por isso eles devem sacrficar uma porção
de manteiga shea, um bode, um pombo e três shillings.
Quando estes três filhos da mesma mãe ouviram o sacrifício contra a morte, metal sacrificou e chumbo fez
uma compensação, mas ferro disse que os divinadores estavam dizendo mentiras. Disse que como o deus
céu tinha ordenadoas coisas,eles estavam destinados a viver para sempre. O sacrifício que ferro recusou-e a
fazer era o que o estava consumindo, desde aquele tempo se o ferro ficar enterrado no chão pelo tempo de
quatro anos, 5 começa a enferrujar e a deteriorar. Mas, o sacrifício que metal e chumbo fizeram impediu que
eles deteriorassem mesmo que fiquem por vários anos no solo.
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1.esta é uma palavra onomatopeica que se refere a qualquer coisa que faça o som gbinringbirin.
2.cf. Canto 24-1.
3. Ver n. 4, canto 18-4.
4. A referência aqui é ao ferro.
5. No quinto ano segundo o sistema iorubano de contagem.
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144
-35-7-
Chicote-de-cavalo, o divinador da cidade de itori,1 e algo com uma base grande,2 o divinador da cidade de
ilugun, foram os que jogaram ifa para o rei no seu palácio. Eles disseram que alguma coisa redonda cairia dos
céus e se quebraria em sete pedaços no
Chão, disseram que ele deveria sacrificar para que pudesse manter o controle sobre a coisa. Eles não
sacrificaram e não satisfizeram eshu. 3
Ei! Esta é uma composição onde entrarão lágrimas. Ifa diz que existe um grupo de seis pessoas que devem
sacrficar para que não morram uma após a outra até que sòmente reste o caçula entre elas, para que quando
a família delas estiver se lamentando e não prestar atenção de imediato aos argumentos para parar de
chorar, eshu e as quatrocentas deidades
Possam náo contribuir para as suas lágrimas fazendo com que o filho que sobrou morra como os outros.
Quando orunmla saiu em uma viagem, deixou seus seis filhos para trás. Quando ele se foi, uma epidemia
atacou a cidade. Como orunmila não estava em casa para jogar ifa para eles, seus filhos foram aos
divinadores para que esta epidemia não os matasse antes que seu pai retornasse. Os divinadores disseram
aos filhos de orunmila – bolsa de veneno,bolsa pode lutar,4 ejemooluworan, este pode auxiliar, ateginnidekun,5
e olhe-me nos olhos – que eles deveriam sacrificar um quarto traseiro de cabra selvagem cada um , dois ratos
cada um, e três shillings por peça.
Quando eles teminaram de reunir todas essas coisas, eles insistiram para que os divinadores deveriam matar
as cabras,6 embora eles não devessem matá-las.
Ifa diz que esta é uma pessoa que tem feito algo importante e que já o realizou mas, que deve se observar
com cuidado para que não seja prejudicado por um pequeno detalhe.7
Os divinadores mataram as cabras como lhes havia

Sido dito e colocaram as cabeças delas no topo do sacrfício, mas o caçula, olhe-me nos olhos disse aos
divinadores que eles deveriam realizar o seu sacrifício como ele deveria ser feito.eles não
Mataram a sua cabra, mas as outras eles mataram e
Colocaram em potes quebrados e botaram embaixo no santuário de eshu, quando eles as tinham levado para
os pés de eshu, as moscas se juntaram, cobrindo
O sacrifício. Os espíritos maus viram isto e correram para casa, 8 e mataram os cinco filhos cujas cabras
tinham sido mortas pelos divinadores, mas deixaram o caçula sòzinho.
Na noite daquele mesmo dia orunmila sonhou um sonho, e seu sonho não foi bom. Ele jogou ifa e caiu iwori
meji. Eles disseram que ele deveria voltar para casa. Ele se aprontou e voltou, mas quando chegou em sua
casa, não encontrou os cinco outros filhos; encontrou sòmente o caçula. Quando perguntou sobre os outros
cinco, ele mentiu para ele dizendo que tinham ido para a fazenda. Quando quatro dias tinham se passado, o
filho caçula foi até os amigos de seu pai e pediu-lhes que viessem e confortassem orunmila e o deixassem
começar a prantear seus irmãos mais velhos. Quando eles contaram a orunmila, ele começou a chorar; eles
suplicaram e suplicaram,mas ele não ouviu. Orunmla colocou as mãos sobre os ouvidos e começou a chorar:
bolsa de veneno, meu filho,oh,
quando o filho de alguém olha para ele nos olhos,
deveria ver o seu filho.
bolsa pode lutar, meu filho, oh,
quando o filho de alguém olha para ele nos olhos,
deveria ver o seu filho.
ejemoooluwonran, meu filho, oh,
quando o filho de alguém olha para ele nos olhos,
deveria ver o seu próprio filho.
este pode auxiliar, meu filho, oh,

quando o filho de alguém olha para ele nos olhos,


deveria ver o seu filho.
areginnidekun, meu filho, oh.
quando o filho de alguém olha para ele nos olhos,
devria ver o seu filho.
Enquanto orunmila chorava, recusando-se a ouvir as súplicas dos seus amigos, eshu veio e disse a ele que
se ele não ficasse quieto, ele e todos os seus companheiros se juntariam às lágrimas de orunmila, fazendo
com que seu filho caçula que ainda restava morresse também.
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1. Um trocadilho com atori, um arbrusto do qual são feitas as varetas ( opa- (a)- tori).
2. Algo como uma palmeira.

145
3. Dar uma parte de um sacrfício quando não se pode dar integralmente, como fizeram ariran e eshu no canto
33-2.
4. Uma bolsa ou revestimento feito de tubos de bambu encaixados ou de couro para se guardar veneno.
5. Os informantres não conseguiram traduzir dois dos nomes.
6. Está implícito aquí que eles não confiaram nos divinadores, suspeitando que eles simplesmente pegassem
as coisas para ficar com elas.
7.pois os filhos de orunmila fizeram um sacrifício caro para nada; discutindo sobre um pequeno detalhe.
8. Literalmente jorraram como água.
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-48-1-

“os espinhos transformam o mal em bem, corda”1 foi quem jogou ifa para ogejan, companheiro de ifa. Os
espinhos tranformam o mal em bem, foi quem criou a terra e trouxe tudo de bom para ela. Depois, quando
seus asssuntos não corriam bem, ele fez divinações.
Quando eshu ouviu que estes dois amigos ( ifa e ogejan) disseram que nunca discutiam, fez uma capa de
duas cores, um lado era branco e o outro, preto. Ele passou entre estes dois amigos e levou-os a lutar.2

Sacrifício: uma galinha branca, um ponbo branco, um frango preto e um pombo preto.3 folhas de ifa: a folha
que transforma as coisas quando macerada,4 e a folha “os espinhos transformam mal em bem”, e três
shillings.
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1. Os informantes disseram que espinhos ( owon ) refere-se a uma planta espinhosa mais comumente
conhecida como ewon. Este é um nome para vários tipos de arbustos espinhosos, mas provavelmente refere-
se a acacua ataxacanta ou a. Pennata, ambas sendo usadas para fabricar cordas. Os espinhos transformam
o bem em mal corda, refere-se ao uso desta planta para fazer cordas apesar dos seus espiinhos e ao fato de
ser plantada pelos divinadores nos fundos de sua s casas, onde está prontamente acessível para o preparo
de medicamentos.
2, compreende –se que eles começaram a lutar pela cor da capa de eshu. Este canto foi registrado em araba
de modakeke, um subúrbio de ife estabelecido durante as guerras do último século: araba depois explicou
que o lado esquerdo da capa era preto e o direto era branco. Este canto não era conhecido por quatro bons
divinadores de ife, mas, um informante tinha ouvido histórias similares nas quais o preto, o branco, o vermilho
eo verde eram usados em permuta. Um adorador de eshu em oyo descreveu eshu fazendo grandes amigos
( korisokun ) lutarem para usar uma capa que é preta de um lado e brancoa do outro e uma versão mais
completa desta história, com uma capa vermelha e preta, foi registrada através de um adorador de eshu em
meko que concluiu com o comentário: esta é a história verdadeira . O babalawo a relata em ifa para que as
pessoas façam sacrificios.
Compare tambem com a histõria registrada por frobenius ( 1913: 1, 240-243), na qual a capa posssui quatro
cores; verde, preto, vermelho e branco, e como registrada por herskovits (1931: 455)de um informante
iorubano na qual a capa é vermelha e branca.
3. Note o paralelismo nas cores das aves a serem sacrficadas e nas cores da capa de eshu,.
4. Uraria picta.
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-52-1-

A superfície fraturada do metal brilha com fogo “ o zumbidor “1 bate o tambor gbedu com ambas as mãos, e
furacão bem alto, o divinador de aquele que acorda e
Se senta em real esplendor,2 foram os que jogaram ifa para aquele que acorda e se senta em real esplendor.,
quando ele vinha do céu para os locais de moradia na terra. 3
Ifa diz que nós teremos um filho que virá do céu trazendo a sua cabaça do destino.4 não haverá ninguém que
possa lhe fazer oposição ou impedí-lo em qualquer coisa que decida fazer. Sua glória será grande na terra;
todos o conhecerão no mundo inteiro;e ele completará tudo o que começar. A menção do nome desta criança
fara o chão tremer, 5 em torno do mundo. Aquele e que acorda e se senta em real esplendor é como
chamamos o sol. 6 duzentas agulhas, uma ovelha, um pano branco, óleo de palmeira e um shilling e dois
pences é o sacrifício, aquele que acorda e se senta em real esplendor ouviu e fez o sacrifício.
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1. Um besouro grande com uma cobertura preta e asas posteriores vermelhas, cujo nome se refere ao
zumbido ( bounboun) que faz ao voar.

146
2. Diz-se que um rei “gunwa” quando suas cadeiras, tapetes e cortinas são arrumados para ele e ele surge
em toda a sua pompa e se senta com braços e pernas abertos com pompa. Possivelmente deriva-se de gun-
(i)-wa, destino elevado.
3. Não sòmente na nigéria, mas em todo o mudo, onde existem casas construidas.
4. Cf.n.2, canto 4-1a.
5. Kijikiji descreve a maneira como vibra à menção de seu nome.
6. Como nos cantos 1-6 e 103-1 dia ( ojo) era interpretado com o significado de sol ( orun). Este canto explica
porque o sol ( orun). E conhecido e respeitado em todo o mundo, e prediz grande fama para a criança que vai
nascer . O nascer do sol
Em toda a sua glória é comparado aquí com um rei sentado em

Real esplendor. Em ambos os casos e no canto 103-1 o sacrificio incomum de duzentas agulhas é solicitado;
talvez simbolize os raios do sol.
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-52-2-
O oco é o fundamento do tambor aran;1 se cresce, fica enorme; se cresce, fica imenso foi quem jogou ifa para
ipesan, chefe do mercado. Ipesan chegou,oh, chefe do mercado; ele irá tomar uma terra nova para se
estabelecer. Ipesan é como chamamos a árvore odan.2 uma pessoa de sorte chega no mercado,3 oh.
Ifa diz que esta é uma pessoa que terá um estabelecimento,4 seu e muitos aposentos, mas deve sacrificar
para não encontrar um inimigo e uma coisa que diminuirá o tamanho do seu estabelecimento.
Eles disseram que a árvore odan deveria sacrificar um bode, um galo, um cutelo e um shilling, sete penc es e
oito oninis para que não encontrasse um difamador no seu estabelecimento.
Eses disseram que ele encontraria um lugar grande suficiente para se estabelecer e que deveria esticar os
seus braços e esticar as suas pernas.5 a árvore odan ouviu o sacrifício e ofereceu um bode e um shilling, sete
pences e oito oninis para um lugar onde se estabelecer, mas não ofereceu o galo e o cutelo para poder ficar
por um longo tempo. Quando a árvore odan chegou ao seu estabelecinento ,esticou os seus braços e esticou
as suas pernas; mas quando terminou de esticá-las, o povo veio e pegou um cutelo, e começou a cortar seus
braços e pernas.
Portanto esta pessoa deveria sacricficar para aquilo que consegiu no início da sua vida não seja destruído
pelos outros no final dela.

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1.diz-se que kotokoto representa também o som de raspagem ao cavar uma tora para fazer um tambor. Aran
é um dos tipos de tambor usados na adoração de ifa.
2. A árvore odan (ficus app.) É chamada chefe do mercado aqui porque é geralmente plantada nos locais de
mercado iorubanos. Como uma árvore que dá sombra.
3. Esta frase deixa implícito que ele teve boa sorte, que ele chegou ao mercado do destino ( cf. Canto 256 -1),
e, mais especificamente, que terá uma família grande (cf. Canto 225-3).
4. Isto é , um lugar para viver. Está implícito que ele também terá um grande níumero de pessoas vivendo
com ele.
5. Os galhos e raízes de uma árvore.
6. Este canto explica porque a árvore odan cresce no mercado, e porque as pessoas passam o tempo
entalhando suas raízes e galhos. Compreende-se que ele realizou o seu destino através do cutelo que ele
recusou-se a sacrificar.
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-52-3-

Você chega aqui de maneira excelente, você anda de maneira excelente; você sabe como andar no
tempo.1com ambos os pés ; as riquezas não se espalham no chão antes que você chegue como o filho do
dono, foi quem jogou ifa para o estrangeiro corpulento quando ele ia para a cidade de benin. Eles disseram
que a cabeça de alguém o trará para um lugar onde ele encontrará o seu destino; eles disseram que uma
benção certamente o atingirá. Eles disseram que o estrangeiro corpulento, que estava indo para o benin,
deveria sacrificar dois ratos, dois peixes, dois caracóis, dois frangos e onze shilings. Ele ouviu e fez o
sacrifício, quando chegou em benin, tudo o que chegava às suas mãos se transformava em bem. Se uma
muher que não podia conceber vinha a ele , ficava grávida; se traziam uma crianças doente, ela ficava boa.
Assim estrangeiro corpulento se tornou uma pessoa rica e dono de uma casa em benin.

147
Ifa diz que esta é uma pessoa que deseja fazer uma

Viagem.ela deve sacrificar para que possa ganhar dinheiro, glória e honra para onde está indo, e para que a
sua viagem seja de grande beneficio,2 para ela.
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1. Isto é, chegar pontualmente.
2. Note o jogo de palavras com san (curar ou sarar) e san ( benefício.
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-52-4-

Venha aquí, as pessoas no céu não recusam um lar aos seus parentes,1 foi quem jogou ifa para meu
parceiro,2 não recusa as minhas solicitações, e filho único que estava para herdar tudo na terra. Meu parceiro
não recusa as minhas solicitações é como chamamos os egungun.3
Ifa diz que devemos sacrificar para os egungun. Ele diz que egugun abrirá a porta das crianças para alguém;
uma mulher dará à luz muitos filhos.
Devemos sacrificar feijões vemelhos cozidos no vapor,4 uma cesta de mingau de aveia e maisena, um chicote
e um bode para egungun.
Ifa diz que o nome desta pessoa não desaparecerá e que ela não falhará no assunto para o qual jogamos ifa,
mas que deve ir aos egunguns falar sobre o assunto.
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1. Esta tradução está aberta a discussões. Um informante a interpretou como pessoas no céu não recusam
uma casa para elas mesmas, mas o próprio divinador justificou a interpretação dada dizendo: ninguém jamais
ouviu de alguém qie tenha sido recusado ao entrar no céu.
2. Literalmente, meu segundo, com referência ao espírito guardião no céu.
3. Ver n.6, canto 7-5. Os mortos herdam tudo na terra no sentido de que todas as coisas vivas devem morrer.
4.está aquí implícita uma palavra mágica, pois feijóes vermelhos cozidos no vapor ( ole) são sacrificados para
trazer uma gravidez, e ole é a palavra para embrião.
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-52-5-
Que tal hoje? Perna dianteira larga de um cão ao lado do fogo; que tal amanhã? Perna dianteira larga de um
cao ao lado do fogo; pássaro de cauda pintada de branco, a pena de sua cauda,1 é branca foi quem jogou ifa
para ogbegbe ranyinranyin,2 quando ele trazia riquezas para todas as casas que visitava.
idu,3 traga riquezas e visite a minha casa;
ogbegbe rayinrayin, traga riquezas e visite a minha casa.
Ifadiz que vê a benção de uma esposa,4 para alguém que se casará. Neste momento ele está se ajoelhando
ao lado da alma guardiã ancestral dele no céu. Um galo, uma galinha e nove pences e seis oninis é o
sacrifício que idu ofereceu naquela época, junto com quatro pombos.
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1. O pássaro olokose ( ou ologose ) é o pássaro de cauda pintada de branco ( vidua macroura ). Os machos
desta espécie possuem penas da cauda ( irere)que são duas ou três vezes o comprimento de seu corpo, ver
fairburn ( 1933: 98 ), abraham ( 1958-756).
2.o significado deste nome não pode ser explicado, exceto por dizerem que ranyinranyin é o barulho feito por
ogbegbe. No canto 54-7 ranyin significa girando ao ou oscilando.
3. Idu, também inexplicado, parece ser outro nome para ogbegbe ranyinranyin, para quem esta caída foi
jogada, pois idu posteriormente foi quem fez o sacrifício.
4. Não há relação aqui entre a previsão de tomar uma esposa e o caso precedente, que se refere á riqueza.
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-54-1-
Ele os pega um por um e corta-os como varetas de inhame;1 de manhã cedo ninguém dança bisha-bisha,2 foi
quem jogou ifa para ele possui uma casa mas continua em busca de honra, filho de ele possui 800 pessoas
para rodeá-lo.

Eles disseram que no terceiro mês a partir daquele dia o deus céu agiria a estrada do destino para ele, mas
que antes do quarto ano ele deveria fazer um sacrifício contra a morte, caso contrário quando encontrasse o
seu destino, morreria no momento em que a sorte lhe sorrisse. Eles disseram que ele devria oferecer um
bode, três shillings , uma enxada, duas varetas para cavar (agaro ou ogigi )3, dois pombos e dois galos. Ele
possui uma casa mas continua em busca da honra fez o sacrifício , mas náo incluiu os galos. No terceiro mês

148
ele possui uma casa mas continua em busca da honra foi feito rei, e após ter sido coroado, seus filhos o
chamaram. Disseram: pai, o senhor deveria fazer o sacrfício contra a morte que os divinadores falaram. Ele
respondeu que para não ser pego pela morte, mandaria 200 pequenos escravos para vigiar a sua casa e
colocaria 800 homens fortes para guardar a estrada; 4 disse que iria para a sua câmara subterrânea e ficaria
em silêncio absoluto.quando o quarto ano chegou e eshu viu que ele possui uma casa mas continua em
busca de honra não tinha feito o sacrifício, reuniu o seu bando de velhacos atrás dele e deu –lhes enxadas e
varetas para cavar.disse que eles deveriam ir ate a casa de ele possui uma casa mas continua em busca da
honra, disse que eles deveriam destruir a casa. Então eles começaram a destruir a casa de ele possui uma
casa mas continua em busca de honra e quando chegaram até ele na câmara subterrânea, eles o agarraram,
assaram-no no fogo e o comeram. Ele possui uma casa mas continua em busca de honra é como chamamos
o chefe do cupinzeiro o rei dos cupíns. E desde então os seres humanos levam suas enxadas e suas varetas
de cavar para destruir os cupinzeiros, e tirando o chefe do cupinzeiro de dentro dele, assam-no e comem-no.5

Ifa diz que devemos fazer o sacrifício para que nenhum inimigo estrague o trabalho de uma pessoa no
momento que as coisas estiverem correndo bem para ela.
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1. As varetas onde os pés de inhame são atados.
2. Bisha-bisha descreve o movimento de uma pessoa dançando.
3. O agaro, também conhecido como ganmiro, é uma vareta de carvar com a ponta de ferro, enquanto o ogigi
é totalmente feito de madeira dura. São urilizados nos solos endurecidos e para destruir os cupinzeiros.
4. A referência é aos diferentes tipos de cupins que habitam o cupinzeiro. Note que ele possui uma casa mas
continua em busca de honra é chamado de filho de ele possui 800 pessoas para rodeá-lo.
5. Este canto explica por que as pessoas assam e comem o rei dos cupíns usando enxadas e varetas de
cavar para cestruir os cupinzeiros. Neste caso as enxadas e as varetas de cavar são usadas para causar a
queda do personagem, mesmo ele as tendo incluido no sacrffíciol que ele fez.
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-54-2-
Quando dormimos na cabana no campo, as rãs pulam em cima de nós à noite foi quem jogou ifa para piton
quando ela chorava e se lamentava para ter um filho. Eles disseram que ela deveria sacrificar uma cabra, os
panos caseiros que estava usando e onze shillings para que pudesse te um filho. Ela ouviu e fez o sacrifício.
E piton ficou grávida e deu à luz uma criança, e o povo começou a falar que aquele que possui odu,1 era a
criança que píton dera à luz. E quando a criança cresceu, ela viveu para vê-lo tornar-se rei. Ele é aquele que
todas as pessoas chamam de aquele que possui odu, filho de píton ( olodumare)2 até este dia.
Ifa diz que esta é uma mulher muito velha que todos pensam que está velha demais para ter filhos, mas, que
o deus céu lhe dará um filho e ela viverá para vê-lo tornar-se rei e para ver todos se unirem para seví-lo.

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1. Odu neste contexto teve várias interpretações significando algo grande, “um pote grande” e objeto
ritualístico que os divinadores de alta posição adquirem, mas não a caída de ifa.
2. Olodumare é um nome alternativo para olorun, o deus céu. Este canto explica o seu significado segundo
uma etimologia
Folclórica comumente aceita, e como o nome passou a ser usado.
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-54-3-

O pênis de edi não tem piolhos; os testículos de okanran,1 não baixaram foi quem jogou ifa para faixa,2 que
soa titi,3 quando luta no lado do céu quando ele ia se casar com um filho é melhor do que contas e um filho é
melhor do que metal.4 eles disseram que ele deveria sacrificar quatro galinhas e um shilling, sete pences e
oito oninis. Faixa que soa titi quando luta no lado do céu ouviu e fez sacrificio. Casou-se com um filho é
melhor do que contas e um filho é melhor do que metal e trouxe-as para sua casa. E eles tiveram muitos filhos
para ele.
Ifa diz que este é um homem para quem o deus céu dará duas esposas durante este ano, e que estas
esposas terão muitos filhos para ele. Quando um filho é melhor do que contas e um filho é melhor do que
metal tiveram os seus filhos, opovo começou a cantar:
de quem são estas crianças, oh?
um filho é melhor do que contas
um filho é melhor do que metal. 5

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1. Note o aparecimento de edi e okanran, derivados do nome da caída, no nome do divinador.
2. Amure é uma faixa ou uma cinta anteriormente usada pelos homens.

3. Titi é o som causado pela agitação: para ilustrar o informante sacudiu a mesa, fazendo a garrafa balançar
para frente e para trás.
4. Ver canto 54-4, onde estes dois nomes são usados para um único personagem.
5. A resposta é que estas duas são as mães.
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-54-4-
A palmeira na encruzilhada é a que sente o cutelo,1 e duas pessoas não conseguem dormir sobre a pele de
um castor,2 foram os que jogaram ifa para a deusa do mar. Eles disseram que alguém sofreria uma perda
durante aquele ano.3 o sacrifício: dois pombos e dois shillings e seis pences. A deusa do mar não fez o
sacrifício. Após um tempo a vaca da deusa do mar morreu, e ela pegou-a e esticou-a como um cadáver
humano. Pediu a sua família para dizer que ela tinha morrido e que chamassem os divinadores para virem
jogar, como se ela realmente tivesse morrido, quando eles chegaram, todos jogaram ifa, mas nenhum deles
escolheu a alternativa específica correta;4 todos os divinadores disseram que após a morte dela as coisas
iriam ficar bem. Então a família da deusa do mar perguntou a eles se havia algum outro divinador. Quando
cauda chegou, jogou ifa e declarou que a deusa do mar não tinha morrido, mas que tinha sofrido uma perda.
Então a deusa do mar veio de onde tinha se escondido; e disse que tomaria cauda como seu divinador
porque ele tinha escolhido a alternativa especifica correta. Cauda especificou o sacrfício imediatamente para
a deusa do mar: duas cabras, um pano e doze shillings e seis pences, para que ela não sofresse outra perda.
A deusa do mar ouviu e fez o sacrifício.
Então, disse aos divinadores que sempre que eles saissem para fazer a divinação deveriam levar cauda com
eles. Desde então os divinadores sempre levam

Cauda com eles. E todos começaram a cantar:


vou para casa para pegar minha cauda,
cauda é o que o rei de ife usa, 5
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1. As pessoas golpeiam qualquer árvore numa encruzilhada ao passar por ela ou enquanto esperam por
alguém, como fazem com as árvores no mercado.cf. Canto 52-2.
2.a pele de um castor tem somente quarenta por sessenta centímetros de tamanho, não sendo suficiente nem
para um adulto dormir sobre ela.
3. Compreende-se que a mesma previsão se aplica para o cliente para quem este canto e recitado.
4. Ver capítulo v.
5. Este canto explica por que os divinadores levam um trançado de cauda de vaca ( irukere_, que lembra o
usado pelo rei de ife,
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-54-5-
Raízes,1 divinador de a base da palmeira foi quem jogou ifa para lagarto quando ele ia buscar uma esposa;
eles disseram que ele deveria sacrficar dois galos e dois pombos.disseram que ele amaria uma mulher e que
deveria se casar com ela, mas a não ser que alguém a levasse para a floresta, ele deveria fazer um sacrifício
em virtude de um caluniador em sua casa, lagarto ofereceu dois pombos para que pudesse ter um esposa,
mas não sacrificou os dois galos para que ela pudesse ficar com ele e houve uma mulher cujo nome era um
filho é melhor do que contas, um filho é melhor que metal,2 que era desejada por todos os animais da floresta.
Mas ela não aceitou nenhum deles porque dizia que a pessoa com quem se casaria deveria poder pegar
maçãs-estrela, o mais velho que reune conhecimento,3 para ela chupar., e quem pegasse estas maçãs-estrela
para ela seria aquele com quem ela iria se casar. Todos os animais da floresta tentaram mas, foram
incapazes de pegar maçãs esrela para um filho é melhor do que

Contas, um filhjo é melhor do que metal sòmente lagarto continuou e pegou maçãs-estrela para um filho é
melhor do que contas, um filho é melhor do que metal e ela se tornou sua esposa.
Após ele ter se casado com ela, todos os animais da floresta conspiraram contra lagarto. Trocaram idéias e
disseram a um filho é melhor do que contas, um filho é melhor do que metal que lagarto com quem ela se
casara não tinha uma casa. Na verdade era assim, lagarto não tinha uma casa oinde morar; dormia na cidade
em fendas nas paredes. Quando um filho é melhor do que contas um filho é melhor que metal ouviu isto e

150
quando viu que lagarto realmente não tinha casa, foi embora enquanto ele procurava uma casa na qual
pudessem viver. Quando lagarto voltou, procurou um filho é melhor do que contass, um filho é melhor do que
metal mas não a encontrou, e não sabia onde ela estava, então lagarto começou a procurar por ela cantando
esta canção:
quem viu esta criança, oh?
um filho é melhor do que cotas,
um filho é elor do que metal. 4
Lagarto cantava enquanto procurava pela sua esposa, perscrutando no topo de todas as árvores da floresta,
nas não encontrou em filho é melhor do que contas, um filho é melhor do que metal. Lagarto continuou a
procurar por ela e a olhar no topo das árvores até hoje; é sua eposa que ele procura em toda parte e por
quem ele perscruta no topo das árvores. 5
Ifa diz que a pessoa para quem esta caída foi jogada encontrará uma esposa para se casar, mas que deve
oferecer um sacrifício para que um inimigo não estrague o seu casamento e ele perca a sua esposa, tendo
que ir procurar por ela. Todos desejarão esta mulher, mas esta pessoa será quem se casará com ela, embora
ele tenha que oferecer um sacrfício

Contra um caluniador, e alguém deseja fazer alguma


Coisa que todos procuram e isto chegará ao seu alcance, mas ele deve sacfrificar contra um caluniador, para
que quando estiver ao seu alcance, ela não se afaste dele.
1. Diz-se que ishanshan descreve qualquer coisa que lembre a maneira pela qual as raízes de uma árvore
saem do tronco para o solo.
2. Estes nomes, que aqui se referem a um único indivíduo, são utilizados para se referirem a dois indivíduos
n- canto 54-3.
3. Osan agbalumo refere-se tanto à maçã-estrela africana (chrysophyllum africanum), quanto a maçã-estrela
branca (crysophyllum albidum). Diz-se que a frase que qualifica, sem outra explcação, refere-se ao homem
que roubou a verdadeira osan.
4. Cf. Com a cantiga no canto 54-3.
5. Compreende-se que este canto explique como o lagarto adquiriu o movimento característico de levantar-se
nas patas dianteiras e perscrutar. Cf. A versão desta história como registrado por frobenius ( 1926 : 244-246).
________________________________________________
-54-6-
Jingbun jingbun finfin,1 foi quem jogou ifa para cerveja de milho, partilhou-a,2 com vinho de palmeira e quebrou
as nozes de
Palmeira para vinho de bambu, três filhos da mesma mãe. Eles disseram que estes três deveriam fazer um
sacrificio de três galos cada um, para que as coisas não se afastassem do seu calcance. Cerveja de milho
não fez o sacrifício; vinho de bambu não fez o sarifício, e nem vinho de palmeira, filhos da mesma mãe, para
agradar eshu.3 desde então se cerveja de milho , vinho de palmaeira ou vinho de bambu intoxicam,4 alguém e
ele se farta de beber, quando tiver uma oporutunidade de dormir sua cabeça ficará leve novamente. Este foi
o dia em que cerveja de milho, vinho de palmeira e vinho de bambu deixaram as coisas escapulirem do seu
alcance.

Ifa diz que esta pessoa deveria fazer o sacrifício para que uma boa coisa que ela tem ao seu alcance não
possa novamente escapulir do seu alcance.
________________________________________________________
1.jingbun jingbun finfin é um nome onomatopéico para alguém que faz a marcação nos tambores, mas aqui
refere-se ao som de beber: jingbun jingbun representa o som feito ao engolir ou tragar, e finfin ao som de
sugar que é feito para beber.
2. Ver n. 4, canto 18-4.
3. Ver n. 3 canto 35-7.
4. Literalmente, matar. Está implicito que se estas três bebidas alcoolicas tivessem feito o sacrifício, as
pessoas que elas parecem matar não se recuperariam pela manhã. O vinho de bambu ou ráfia é feito
puncionando-se o bambu ou a palmeira do vinho (raphia spp.) O vinho de palmeira é feito puncionando-se a
palmeira de óleo. ( esaeis guinensis).
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-54-7-
Edi girante,1 foi quem jogou ifa para molusco. 2eles disseram que ele seria colocado numa boa posição
naquele ano,mas que deveria sacrificar três galos e nove pences molusco não fez o sacrifício. Após um tempo

151
as pessoas colocaram molusco no alto, e elas o giravam como um pião, mas logo que a dança entrou no seu
corpo,3 de repente ele morreu,4 porque não
Tinha feito o sacrifício.
Ifa diz que as pessoas colocarão esta pessoa numa posição de honra, mas que ela deve fazer um sacrifício
contra a morte para que possa desfrutar da posição.
1. A palavra ranyin não descreve o ato de girar em si, mas a ondulação ou oscilação secundária do eixo de
um pião.
2. Talvez não corretamente um molusco, mas uma concha univalvar espiral com cerca de três quartos de
polegada de diâmetro na parte larga e uma polegada de comprimento, que é girada como um pião pelas
crianças.
3. Isto é, quando a concha começou a girar.
4. Este canto explica desta forma por que a concha okoto ou ikoto é usada como um pião, e por que pára de
repente após girar por sômente um pequeno tempo.

-54-7-

Parede usa um pano de estrume para se cobrir;1 lagarto, 2 abre sua boca mas não fala foi quem jogou ifa para
rato da áfrica,3 que era um filho do deus céu. Eles disseram que ele deveria sacrificar um carneiro, um
cachorro e um galo para que a sua sorte fosse inesperadamente boa durante aquele ano.
Após um tempo o deus céu enviou uma mensagem para o seu próprio filho mais velho,4 para enviar para ele
um carneiro, um cachorro e um galo; mas seu filhjo mais velho enviou a mensagem de volta dizendo que não
tinha dinheiro com que comprar estas três coisas.os mensageiros voltaram de mãos vazias, e então rato da
áfrica chamou-os de volta e deu a eles o carneiro, o cachorro e o galo que ele queria sacrificar para ele
mesmo para eles levarem para o deus céu. 5 quando o deus céu viu o que o rato da áfrica tinha feito, ficou
feliz e enviou uma bolsa do destino para o rato da áfrica.
E rato da áfrica começou a ganhar fama,6 na terra. O deus céu disse que ninguém na terra teria a boa sorte
que rato da áfrica teria; disse que rato da áfrica
Seria mais importante do que qualquer um de seus outros filhos na terra, e as pessoas começaram a dizer:
rato da áfrica merece;7 disseram ele comprou um cachorro do terceiro dia, 8 e sacrificou um carneiro para o
seu pai; e cantavam:
aqueles que fazem as coisas para você diante dos seus olhos não valem, oh;
aqueles que fazem as coisas para você por trás das suas costas são os que valem, oh,
rato da áfrica comprou um cachorro do terceiro dia oh;
rato da áfrica sacrificou um carneiro para o seu pai, oh.

Ifa diz que existe alguém cujo pai no céu,9 proverá para ele durante este ano, mas que ele deve sacfificar um
carneiro , um cachorro e um galo para o seu pai.
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1. A camada de estrume ( sujeira preta ) esfregada nas paredes de uma casa é comparada aquelàs ropas
usadas pelos seres humanos.
2. Lagarto amo ( ou alamu ) é um sinônimo para alangba. Cf.canto 54-5.
3. Rato pintado da áfrica (lemniscomys striatus).
4.presumivelmente rato da áfrica.
5.após uma primeira recusa, rato da áfrica mudou de idéia e deu estas três coisas, que ele comprara para
fazer o sacrifício prescrito pelos divinadores, para o deus céu. Quando um personagem não faz o sacrifício
prescrito, geralmentre encontra o infortúnio, mas rato da áfrica deu o sacrifício diretamente para o deus céu, e
como resultado, foi recompensado.
6. Tornou-se uma pessoa com nomes de louvor ( okiki ou oriki).
7. A fama e a boa sorte do rato da áfrica ( afe) pode referir-se, segundo eowther, ao uso que faz o rei de oyo
da cauda de um rato conhecido como afé nimojo, no lugar de um trançado de cauda de vaca, e cita
Um provérbio: quem matar um afe-imojo deve levá-lo para oyo; eda é permitido somente ao povo da província
comer ( eda é um tipo de rato notável pela rápida procriação).
8.isto pode referir-se à hesitação do rato da áfrica em dá-lo ao deus céu.
9. Isto é, seu próprio pai que tinha morrido, não o deus céu.
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152
-55-1-

Edi bem vermelho,1 edi que dorme,2 edi que relaxa; aquele que não vai dormir sabe onde o sol se levanta foi
quem jogou ifa para porco-espinho,3 quando ele ia destruir um cupinzeiro. Eles disseram que ele deveria
sacrificar dois pombos, dois galos e um shilling um pence e dois oninis. Mas, o divinador separará um dos
dois galos para a pessoa levar e sacrificar para a sua cabeça.4 poco-espinho fez o sacrifício e as pessoas
começaram a dizer: a cabeça de porco- espinho abriu para ele porue ele fez o sacrifício.5
Ifa diz que a cabeça da pessoa para quem esta caída foi jogada abrirá o caminho para ela se ela fizer o
sacrifício.
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1.rusurusu, é geralmente um adérvio que qualifica os verbos que significam sòmente ser ou estar vermelho,
( pipa, pipon), a cor indicada é um vermelho amarelado, como o visto sòmente no céu ao por-do-sol
2. Note aqui o jogo de palavras ebtre edi-(i)- rosune edi-o-sun (sol).
3.iwowo( ou egudu) é conhecido como porco-espinho, porém mais comumente como ore.
4.para alma, a qual controla a sorte dela.
5. O canto explica desta forma porque o iwowo e bem sucedido em romper o cupinzeiro para comer os cupins.
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-55-2-
Não se consegue pegar camaleões desavisados em algodoeiros; nãose consegue pegar morcegos ágeis
desavisados em amendoins na casca,1 foi quem jogou ifa para oloramuole,2 filho de aquele que vira e cobre
tudo, a chuva não nos deixa comprar sopa de aveia para tomar de manhã,3 no dia em que algo que leva as
pessoas embora chegou do céu, quando uma coisa má do céu estava surgindo, eles disseram que ele

Deveria sacrificar duas cabaças de amido de milho, dois pombos e sete pences e dois oninis. Eles
Disseram que as coisas do céu que leva as pessoas embora não seria capaz de levá-lo. Oloramuole é como
chamamos o sapo. Quando vemos o sapo, se ele não se parece com um rato, nós não o deixamos sòzinho.4
Ifa diz que não permitirá que outras pessoas impeçam esta pessoa no assunto para o qual ela veio jogar e
também não dara oportunidade para elas para que tenham poder sobre esta pessoa.
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1. Estes truismos são típicos dos exageros dos provérbios, pois os camaleões jamais são encontrados em
algodoeiros e nem os morcegos nos amendoins na casca.
2. Este título naõ pode ser analisado e nem o seu significado explicado.
3. Esses são dois nomes agradáveis para os pais de oloramuole. O último, como foi explicado, deixa claro
que, como estava chovendo, ele estava dentro de casa quando a coisa má veio, e portanto escapou. Eko é
uma bebida feita de amido de milho (ogi) com água quente, que pode ser comprado no mercado e que é
comumente servida como a primeira refeição do dia. N,t, em inglês estão dois termos: corn starch – amido de
milho; e gruel _ aveia; os dois juntos,em inglês, significam sopa de aveia,.
4.este significado é obscuro, e não pode ser esclarecido pelo informante.
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-86-1-

O trovão não ecoa durante o harmattan;1 o raio não brilha em segedo; o perdiz macho e a perdiz fêmea não
possuem cristas eriçadas na cabeça foi quem jogou ifa para ereje preta, mãe de carneiro, ela que pariu
elefante e búfalo e cujo terceiro filho foi carneiro.
Estes três filhos plantaram quiabo, e o deus do trovão veio do céu para roubá-lo; quando a mãe viu que o
quiabo estava sendo roubado, disse que não

Sabia quem o estaava levando. Elefante começou a vigiar o campo, e um dia o deus do trovão veio para levar
o quiabo; quando viu elefante, trovejou para ele, e elefante correu para floresta. Búfalo foi também vigiar o
campo; quando o deus do trovão viu búfalo, trvejou para ele, e ele também correu para a floresta. Quando
chegou a vez de carneiro, ele levou consigo uma cabra porque ela era sua serva; e quando o deus do trovão
chegou, trouxe consigo o seu cachorro. Quando o deus do trovão chegou na fazenda e viu o carneiro,
trovejou para ele, mas carneiro trovejou em reposta; e quando ele começou a golpear carneiro com a sua
faca, carneiro respondeu dando marradas nele. Quando eles já estavam lutando por algum tempo, a faca do
deus do trovão quebrou e o chifre do carneiro quebrou-se também. O deus do trovão enviou cachorro para
que lhe trouxesse uma outra faca, mas quando ele chegou na estrada, encontrou um osso e sentou-se para
comê-lo. Carneiro também enviou a cabra para lhe trazer um outro chifre, e quando os homens lhe deram
cascas de inhame, a cabra respondeu: hoje não é dia para cascas, bekeke bekekerike,2 e a cabra trouxe um

153
outro chifre para carneiro; e quando carneiro ajustou o chifre em sua cabeça, escorraçou o deus do trovão.
Desde então o deus do trovão tem permanecido no céu, e quando otrovão ecoa e o raio
Brilha, 3 carneiro bate com as patas no chão e diz: nossa luta ainda não terminou.4
Ifa diz que deveríamos sacrificar para que o mal não venha para a fazenda e para que três filhos da mesma
mãe não pereçam e para que a mãe deles também não seja afetada pelo mal. Um bode, um shilling, três
pences e seis inhames é o sacrifício, nós devemos levá-lo para a estrada da fazenda.

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1. Durante a estação seca, que vai de dezembro a fevereiro, o vento harmattan seco e poeirento sopra do
saara. As tempestades de raios e trovoes estão associadas à estação chuvosa, particularmente durante junho
e julho.
2. O som que a cabra faz quando bale.
3. Note aqui a relação entre a história e os nomes dos divinadores.
4. Este canto explica porqure o deus do trovão mora no céu, e explica o comportamento dos carneiros durante
as tempestades de raio, difere bastante da explicação algumas vezes ofeercidas que o som do trovão é
causado pelo carneiro do deus do trovão batendo as patas no solo do céu. Os carneiros são os principais
animais sacrificiais do deus do trovão, o quiabo é outro dos seus alimentos favoritos, e os cachorros,embora
não usados como sacrifício, são consagrados para ele. Compare as versões desta história registradas por
parkinson ( 1909: 166-169) e itayemi e gurry ( 1953: 53-55) e a variante registrada por frobenius ( 1926: 247-
348).
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-86-2-
Uma vaca velha não fala; olhe para a maravilhosa decoração no pescoço do cavalo foi quem jogou ifa para
bilope, filho de orunmila. Eles dizem que ele deve sacrificar dois ratos, dois peixes, duas galihas e vinte
cauris,1 elém de um shilling porque ele não deveria ir para o campo.
Instruções para o sacrifício: deve-se matar uma galinha e abrí-la no peito, derramando-se dentro óleo
De palmeira; devemos levá-la para eshu. Daremos a outra galinha para a pessoa para quem esta caída foi
Jogada para que ela a leve para ser sacrificada para ifa.
Ifa diz que esta pessoa não deveria ir para o campo e que não deve tocar o sereno com os pés.2 e nós
dizemos que ifa está pensando em alguém: ela deve sacrificar para ifa.

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1. Este é um outro exemplo de jogo de palavras e palavras mágicas. Vinte cauris ( oko ) são adicionados ao
sacrfício de alguém que não deve ir para o campo ( oko).
2. Como faz alguém que vai para o campo de manhã cedo. O cliente aqui é instruido a desistir do trabalho no
campo e devotar-se ao culto de ifa. Conferir canto 6-3.

-86-3-

Um winrin, um winrin,1 foi quem jogou ifa para semente beni quando ela ia para o campo de ritual,2 tomar uma
terra para assentar para poder criar os filhos. Eles disseram que ela criaria os filhos se sacrficasse dois ratos,
dois peixes e vinte cauris,3 além de um shilling, ifa diz que alguém está menstruando agora; se ela fizer o
sacrfício, terá um filho. Semente beni fez o sacrifício.4
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1.nrin winrin foi explicado como sendo o tilintar produzido pelo movimento de uma pequena corrente.
2. Porque a semente beni é o principal tabu do deus da varíola,
Sendo proibido plantá-la próximo das cidades iorubanas. Também é usada na medicina para fazer um
inimigo pegar varíola.
3. Cf. N. 2, canto 86-2.
4. A implicação deste verso é que semente beni ou sésamo ( sesamum indicum) fez o sacrifício e por isso
teve tantos filhos.
Ou sementes.
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154
-101-1-

a palmeira morre, as folhagens novas caem de lado foi quem jogou ifa para o rei de ara isha.1 eles dizem que
ele tomará uma esposa este ano; mas para que a esposa não lhe cause a morte, ele deveria sacrificar
Uma cabra e onze shillings. O rei da ara não fez o sacrifício.quando o rei de ara nasceu,2 sua mãe deu à luz
gêmeos, mas eles esconderam um deles, o mataram e o enterraram na floresta.3 quando o rei de ara era
criança e ficou doente eles o examinaram, os divinadores perguntaram a sua mãe; onde está aquele que
morreu e não recebeu um funeral? Eles disseram que deveriam ir até ele e fazer um sacrifício para ele;
Se a mãe fizesse isto, o corpo dele ficaria mais forte.
Quando o rei de ara cresceu o suficiente para trabalhar para si próprio, 4 não conseguia terminar
Nada do que começava. Quando viu que não conseguia comçletar nada do que iniciava, foi procurar ifa para
jogar , e os divinadores disseram a ele que ele deveria cuidar de alguèm que morrera mas não recebera um
funeral.como ele não sabia nada sobre esta pessoa, perguntou à mãe quando chegou em casa, e ela contou
o que sabia. O rei deara foi para a floresta e sacrificou para o seu gêmeo onde ele tinha sido enterrado. Então
o rei de ara começou a realizar coisas, e começou a acumular propriedades.
Depois de um tempo ele desejou ter uma esposa, mas uma mulher após a outra que ele amava o recusava.5
Então ele novamente foi a ifa para jogar, eles disseram a ele que ele deveria sacrificar para aquele que
morrera mas não recebera um funeral. Ele foi e sacrificou novamente, e começou a ter esposas e filhos.
Depois de um tempo o povo de ara teve que escolher um rei e ele competiu pelo título, mas eles não o
quiseram. Novamente ele visitou os divinadores, eles disseram que ele deveria ir e sacrificar para aquele

Que morrera mas que não recebera um funeral. Ele novamente sacrificou para o seu gêmeo, e após um
tempo eles o coroaram rei de ara.
Quando ele se tornou rei , apaixonou-se por uma mulher que era muito bonita e que correspondeu ao seu
amor. Então, ele começou a negligenciar o seu gêmeo. Se via o gêmeo num sonho, não prestava atenção,
porque a mulher roubara o seu coração e não o deixava lembrar de nada, quando o gêmeo viu que o rei de
ara não mais se lembrava dele, transformou-se num rato-de-bolsa,6 e cavou um buraco que ia da floresta ao
local onde eles guardavam as comidas para serem cozidas e comeu tudo. Quando o dia amanheceu e esta
mulher viu o que tinha acontecido, começou a chorar. Então o rei de ara veio até ela e disse que ela não
chorasse; disse que daria dinheiro para que ela comprasse mais ,mas ela não parou de chorar. Então o rei de
ara ordenou que o solo fosse cavado e que o rato que comera a comida da sua esposa fosse morto. Quando
eles começaram a cavar, o buraco ultrapassou o muro da cidade e eles cavaram até chegar ao buraco na
floresta onde o gêmeo do rei tinha sido enterrado. O rei de ara ordenou que eles limpassem a floresta e
continuassem a cavar. Quando eles limparam a floresta, todos os animais selvagens fugiram. Onde o sol não
podia brilhar na floresta, agora podia. Então o rei de ara ficou doente.7 se aprontou e pegou duzentos ratos,
duzentos peixes, uma moça cujos seios ainda não tinham despontado e um rapaz cujos testículos ainda não
tnham crescido: disse que eles deveriam pegar tudo e sacrificar para o gêmeo dele.mas o gêmeo disse que
ele não queria aquilo; disse que queria sômente o pròprio rei de ara. E então o rei de ara morreu.

Ifa diz que alguém encontrá uma esposa para se


Casar, mas que deve tomar cuidado com aquele que morreu e que não recebeu um funeral para que a sua
mulher não lhe cause a morte fazendo-o esquecer
Daquele que morreu mas não recebeu um funeral.
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1. Esta cidade , referida posteriormente no canto sòmente como ara, é provavelmente a ara localizada a dez
milhas a nordeste de efon-alaye em ekiti.
2. O personagem é chamado de rei de ara mesmo antes de ser coroado.
3. Antigamente era costume deixar um dos gêmeos morrer. Não havia cerimônias fúnebres para ele ou para
quem morresse na infãncia. Era enterrado na floresta, mas os pais e o gêmeo sobrevivente eram obrigados a
sacrficar para ele durante toda a vida, como indica este canto.

155
4. Isto é, quando ele se tornou independente do pai.
5. Idiomáticamente; se ele quer amar esta, não terá o teto; se ele quer amar aquela, naõ terá o chão.
6. Rato gigannte ou rato-de-bolsa ( cricetomys gambianus) um rato enorme que habita a floresta.
7. Note, o jogo de palavras entre san ( curar ) e san ( limpar ).
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-103-1-
A queda da morte surgiu, ela atinge o solo com o seu peito foi quem jogou ifa para título possui descendentes
quando ela chorava porque não tinha engravidado equanto estava jejuando porque não tinha nenhum filho
para carregar nas costas. Eles disseram que ela deveria fazer um sacrifício; disseram que ela daria à luz uma
criança que seria conhecida em todo o mundo e que a menção do nome dela faria tremer a todos. Ela
ofereceu 200 agulhas, uma ovelha, cinco shillings seis pences e um pote de óleo de palmeira, quando título
possui descendentes deu à luz, ela teve o sol.1
Ifa diz que alguém está chorando por uma criança, e que ela terá um filho, e que será um menino.

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1.novamente este canto explica o por que o sol é conhecido em todo o mundo. Cf. Cantos 1-6 e 52-1, e n.6,
canto 52-1
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-103-2-
Igunnukun,1 olhe aqui, igunnukun olhe aqui, foi quem jogou ifa para orisha quando ele ia se casar com espada
do trovão. Ifa diz que alguém deseja ter uma esposa, haverá muitos comentários sobre a mulher, e será um
pouco difícil, mas que devemos continuar . Ele diz que seremos bem sucedidos.2 orisha sacrificou um
bode,um shilling sete pences oito oninis e o pano preto que estava usando. Quando orisha se casou com esta
mulher, teve medo porque eles disseram que alguém a levaria dele; por isso ele construiu sua casa nos
fundos, e sempre que as pessoas passavam, ele tremia de medo que alguém a levasse então eles
começaram a cantar:
meio dia tremeluzente, 3
aquele que procura problemas,4 terá problemas.
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1. Uma deidade nupe ( ebura tapa) que como o egungun, é mascarada, é descrita como um cilindro alto que
pode aumentar ou diminuir. Ver nadel ( 1954: 189-190 ). Seu culto foi introduzido em ife por uma mulher nupe.
2. Esta interpretação, dada pelos inormantes , é um poiuco diferente da tradução literal, que também é um
tanto incerta. Na verdade, todo o canto é obscuro, e aparentemente não compreendido pelo próprio divinador.
Espada parece ter sido a esposa anterior,ou talvez a filha do trovão, mas a relação naõ é especificada no
texto. Orisha aquí provávelmente se refere a orisha do pátio dos fundos ( orisha agbala ), uma das deidades
brancas ( orisha funfun ), mas não é esclarecido como aconteceu ele estar usando uma roupa preta.ver n. 4,
canto 249-1.
3. Werewere foi descrito como referindo-se ao tremeluzir das ondas de calor numa estrada durante as horas
quentes do dia.
4. Isto é, aquele que deseja fazer alguma coisa que e proibida.
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-111-1-
A escarradeira com uma boca pequena foi atirada próximo à almofada,1 foi quem jogou ifa para pessoa,2 que
era escravo da sua alma guardiã ancestral.3 eles disseram que ele deveria sacrificar um rato, um peixe, uma
cobra, um pombo, uma galinha e uma cabra junto com quatro shillings , seis pences, para que o seu mestre
no céu não o levasse durante aquele ano. Pessoa não fez o sacrifício.
As quatrocentas deidades enviaram a alma guardiã para trazer pessoa para o céu porque pessoa não as
seviu.4 quando a alma guardiã chegou a terra, agarrou pessoa e o estava arrastando pela porta dos fundos da
casa do deus do ferro quando pessoa gritou, deus do ferro! Ajude-me! A alma guardiã está me arrastando
pelos meus pés! Quando o deus do ferro veio, viu a alma guardiã e perguntou; o que está acontecendo? E a
alma guardiã explicou o caso para ele. Então o deus do ferro esfregou as mãos para eles,5 e a alma guardiã
foi embora com pessoa. Então
Eles passaram pelas casas de todas as deidades que existem na terra, com as deidades vindo ate eles, a
alma guardiã explicando a situação e todas elas fazendo exatamente o que o deus do ferro tinha feito.
Finalmente, quando passavam pela casa de orunmila, pessoa gritou: orunmila! Ajude-me! A alma guardiã está
me arrastando pelos meus pés.

156
Qundo orunmila veio ver , a alma guardiã explicou o caso para ele, e orunmila respondeu que a alma guardiã
deveria libertar pessoa.orunmila disse que ele viria e reuniria as coisas que as pessoas sacrificam para alma
guardiã a cada ano, a alma guardiã liberou pessoa e desde este dia orunmila tem estado recolhendo tudo o
que a cabeça de cada pessoa precisa como seu sacrificio anual e leva para a alma guardiã.6

Quando orunmila traz para a alma guardiã, a alma guardiã dá a orunmila um pouco como parte dele; e antes
dele ir embora, as pessoas também dão alguma coisa para orunmila para que ele fale bem delas na presença
das quarocentas deidades e das suas almas guardiãs ancestrais.
Desde este tempo dizemos: orunmila é o intermediário da alma guardiã.7 ifa diz que alguém deve sacrificar
para que seus mestres no céu não o levem. E ele deve sacrificar para uma deidade sua; se não o fizer, a
deidade o levará.
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1. Este é um outro caso de exagero típico de provérvios, pois o akoto é uma das maiores cabaças, com uma
boca muito grande.
2. Esta é uma personificação incomum de um indivíduo generalizado.
3. A alma guardiã ancestral é conhecida também como iponri, olori, eleda e a contraparte do indivíduo no
céu, e controla a sorte dele.ver capítulo v.
4. Isto é , ele não sacrificou para elas.
5. Isto é um gesto comum, significando aqui que alguém deseja ser desculpado por não fazer um julgamento
ou intervir numa disputa. É também um gesto de súplica, e é feito numa reverência a uma pessoa de alto
nível. Cf. N. 2, canto 2-2.
6. Os sacrifícios anuais que cada indivíduo faz para a sua própria cabaça ou sorte vai para a alma guadiã
ancestral, que o partilha com as deidades, em ife estes sacrfícios são feitos no próprio restival individual
( odun mi ). Se o indivíduo for adorador de ifa, coloca alguma comida sobre as suas nozes de palmeira; caso
cuntrário, coloca no canto da sala para orunmila. Este canto explica o ritual, e como orunmila começou a ter
este papel de recolher os sacrifícios requeridos pela alma guardiã ancestral.
7. Vf. Epega ( 1931: 14): orunmila, eleri ipin, ibikeji olodumare ( testemunho do destino, segundo ser para
olodumare ).
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-111-1-
Orunmila diz: está melhorando,1 eu digo: está melhorando, ele diz está melhorando para o inhame que está
crescendo.
Ele diz: está melhorand; eu digo: está melhorando; ele
Diz: está melhorando para o milho que está brotando na espiga.2
Orunmila diz: está melhorando:; eu digo: está melhorando; ele diz: está melhorando para o solo onde um
cupinzeiro está cerescendo como um chifre.
Orunmila diz: está melhorando; eu digo: está melhorando; ele diz: está melhorando para a mulher estéril de
ife, que está se tornando mãe de filhos.
Dois pombos, dois galos, duas cobras, dois ratos e dois peixes, com sete pence dois oninis, é o sacrifício. Ifa
diz que faremos alguma coisa através da qual ganharemos glória: seremos uma pessoa com glória
Através disto. Se for um assunto de negocios que estamos para realizar, seremos uma pessoa com glória
através dele, e as coisas ficarão melhores para nós.
Folhas de ifa para este canto: a folha do faça-branco-faça-branco- isto é, efunle,3- as folhas da árvore ire, 4 e
sabão.com isto moeremos as cabeças dos ratos e dos peixes; mataremos um dos dois pombos e
pressionaremos sua cabeça no sabáo sobre tudo na cabaça.marcaremos a caida irosun ose,5 no pó
divinatório e despejaremos o pó na cabaça. Usaremos esta mistura para nos lavarmos.

157
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1. Esta frase tem várias aplicações, significando sempre: as coisas estão melhorando., pode ser usada como
resposta a uma pergunta sobre saúde de uma pessoa que está doiente ousobre o progresso dos estudosde
uma pessoa, ou em reposta à pergunta de um credor por parte de um devedor sobre as possibilidades de
receber pagamentos referentes ao débito. Irosum epere é um nome alternativo para irosun ose.
2. Referidos aquí como filhos do milho.
3. Esta planta, descrita como a vinha, foi identificada por dalziel como evolvus alsinoides.
4. A árvore da borracha da áfrica ocidental ou seringueira-seda de lagos ( funtumia eslastica).
5. Note aqui os dois casos de magia de palavras. Para a caída irosun ose, o pó divinatório da arvore irosum e
sabão ( ose ) são usados como inredientes na mediciana.
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-120-1-
A riqueza se espalha em sua mão, divinador em ido,1 a riqueza se espalha em seu pé, divinador em otum.2 e
oya, divinador em koro,3 a folha chamada hora que balança,4 o mau que existe na cabeça do divinador hoje
irá para o fundo da água, foram os que jogaram ifa para orunmila quando ele foi consultar os divinadores em
oyo. Eles disseram que ele deveria sacrificar dois galos, um pombo, três nozes kola e óleo de palmeira
vermelha para que a sua viagem fosse boa. Orunmila sacrficou.5 e levou o sacrifício para a margem de um
rio.6
Ifa diz que devemos sacrficar em virtude de uma viagem que iremos fazer, para que possamos trazer para
casa os frutos do nosso trabalho.
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1. Uma cidade cerca de vinte e cinco milhas a sudeste de ila.
2. Uma cidade cerca de quinze milhas a leste de ila.
3. Existem várias cidades com o nome de koro, mas esta foi identificada pelos informantes como uma a cerca
de quatro milhas de imesi, que fica a vinte milhas a nordeste de ilesha.

4. Balançando como uma planta flexível na qual um pássaro pousou.


5. Como orunmila á conhecio pelo seu sucesso na divinação, não é necessário dizer que o sacrifício realizou
o seu propósito.
6. Parece extistir uma correlação entre os nomes dos divinadores e as instruções para o cliente. O últmo
nome descreve o mal deixando a cabeça do divinador indo para o fundo da água e orunmila carregando o
seu sacrfício para a
Margem do rio.
-120-2-
Ele chega para favorecer a sua família, divinador de ele desperta para favorecer a sua família. Ele é frio
quando chega , divinador de ele desperta para dar bons conselhos foram os que jogaram ifa para orunmila no
dia em que ele foi até ele desperta para favorecer a sua família para consultar os divinadores, eles disseram
a orunmila para sacrfificar uma cabra para a sua alma guardiã ancestral para que a sua viagem fosse boa,
orunmila
Não sacrificou para sua alma guardiã antes de fazer a viagem. Quando chegou ao local para onde foi para
consultar o divinador, ninguém veio para fazer a divinaçao e quando ele viu que morreria de fome, voltou para
casa para fazer o sacrfício para a sua alma guardiã ancestral. Quando matou a cabra, dividiu-a com os mais
velhos da cidade e em retorno cada um deles lhe deu seis pences. Orunmila tornou-se um homem rico
naquele dia e começou a cantar:
onde o dinhero é encontrado, oh?
o dinheiro deve ser encontrado entre os seus próprios segudores,1 oh;
o dinheiro deve ser encontrado entre os seus própios seguidores, oh.
Ifa diz que a pessoa para quem esta caída foi jogada verá alguém que a ajudará em qualquer coisa, mesmo
se não tiver dinheiro.
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1. Ara refere-se aos inimigos e parentes da pessoa. O último geralmente é distinguido como ara ile.

-123-1-
O morcego tem um corpo preto; os coxins das patas do leopardo são redondos; dance gentilmente, ande
gentilmente foi qem jogou ifa para galo alto quando ele ia se casar com are-ege, filha da deusa do mar. Eles
disseram que ele deveria oferecer três potes, três, enxadas e seis pombos. Galo fez o sacrifício. Todos os
animais e pássaros da floresta amavam are-ege, filha da deusa do mar, mas a deusa do mar disse que

158
aquele que fosse o primeiro a terminar a sua fileira de pilha de inhames plantados no seu campo seria quem
ela daria a sua filha como esposa, quando galo fez o sacrifício e eshu o pegou e terminou de comer, eshu
pegou os três potes que galo dera em sacrifício,1 e os enterrou um em cada um dos três cantos do campo
onde els iam plantar as
Pilhas de inhame.antes do amanhecer, todos os animais e pássaros começaram a plantar as pilhas de
inhame no campo antes do galo despertar, e quase
Tinham acabado de plantar quando galo chegou. Quando ele chegou e viu que os seus conpanheiros já
Quase tinham terminado de plantar, começou a repetir : que a enxada vá para ela,2 que as pilhas cresçam.
E galo começou a plantar, mais rápido do que qualquer um no campo. Quando papagaio viu que galo estava
se aproximando, disse; oh!3 e galinhola disse você quebra e enxada de galo quebrou, então galo pegou outra
enxada e novamente começou a plantar
Cantando:
galo, galo espalha suas penas para que elas varram o chão; 4
galo espalha sua penas para que elas varram o chão.

Quando eles viram que galo os estava ultrapassando novamentte, papagaio disse oh! E galinhola disse: você
quebra ea enxada de galo novamente quebrou; ele pegou uma terceira enxada,5 e eshu, esperando para
ajudar galo, foi até um dos potes e bateu nele.
Ele quebrou e formigas aladas começaram a voar do pote e os outros começaram a matar as formigas aladas
para comê-las enquanto galo cotinuava a plantar e quase os ultrapassou. Quando eles viram que novamente
galo ia ultrapassá-los , papagaio disse: oh! E galinhola disse você queb ra; galo disse bem grosso, o muco do
nariz de um velho é grosso.6
Então galo ultrapassou a todos , e a moça ficou cotente e cantou:
are-ege, eu vejo are-ege, oh, are-ege;
elefante está terminando a sua fileira, are-ege;
búfalo está chegando ao fim, are-ege;
galo, meu marido, está realmente chegando aqui, oh,
are-ege.
Quando are-ege viu que galo terminara a sua fileira na frente de todos os outros, atirou-se ao pescoço dele, e
a deusa do mar deu are-ege para galo em casamento. Todos os outros animais ficaram zangados e deixaram
eles ali.
Enquanto andavam pela estrada, começaram a conspirar para matar galo e levar are-ege para longe.
Chegaram ao rio e enquanto lavavam as mãos, galo e ari-ege chegaram. Eles disseram a galo para se
aproximar e lavar as mãos , mas ele disse que não ia lavar. Quando eles começaram a insistir, ele colocou
are-ege em sua boca. Quando os outros viram que eles queriam prosseguir, empurraram os dois na água, e
quando eles bateram nela, ele engoliu are-ege. Quando galo chegou em casa e quiz que are-ege saisse,
bateu as asas e disse: are-ege, sai,7 mas are-ege não saiu, ela se tranformou na pena mais longa da couda
dele e lá ficou até hoje.

Ifa diz que nós nos casaremos e teremos uma esposa, mas que devemos fazer um sacrifício para que alguém
não a mate e lance isto em nosso rosto. Todos estarão competindo por esta mulher até nós a ganharmos.8 se
casarmos, devemos sacrificar uma cabra , uma roupa do corpo dela e onze shilings, para que ela não morra e
as pessoas não digam que o nosso dinheiro,9 foi perdido nela, e para que um dia nós possamos chamá-la
para vir com o egungun.10
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1. Parte do sacrifício é um instrumento para o sucesso de galo.
2. O som que uma enxada faz ao enterrar-se no solo; note a magia da palavra.
3. O som que o ferro faz ao quebrar-se; note a magia da palara.
4. Gere descreve a maneira que o galo faz ao abrir as penas durante a luta.
5. As três enxadas incluídas no sacrfício são também instrumentos para o sucesso de galo.
6. Um encantamento contrário para evitar que a enxada quebre.
7, este canto explica desta maneira o significado do canto do galo e a origem do comprimento da maior das
penas da sua cauda. Cf. Esta história com as versões dadas por bouche ( 1884-1885: 122-123), lomax ( 1913:
3-4), frobenius ( 1926: 341-344) e herskovits ( 1931: 459-460).
8.ela corta contra a mão de uma pessoa- diz-se de uma corda que está sendo puxada pelas pessoas em
direções opostas, como num cabo-de-guerra. A figura como recurso literário compara as tentativas de ganhar
a mulher com um cabo-de-guerra.
9. O dinheiro dado como dote.
10. Sigificando que ela morrerá. Cf. N.3, canto 52-4.
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159
-131-1-

Aquele que não constrói uma casa não tem que dormir no topo da árvore; aquele que não planta inhames não
tem que comer o pó; um ancião que sabe

Ifa,1 não tem que comer nozes de kola secas, foi quem jogou ifa para ajaolele quando ele ia para a cidade de
oro.2 eles disseram que ajaolele deveria fazer um sacrifício antes de ir para oro. Disseram que deveria
sacrificar uma cabra, três galos, uma galinha e uma navalha. Ajaolele fez o sacrifício.
Quando ele chegou na cidade de oro, eshu puxou a navalha que ajaolele tinha sacrificado e colocou-a
Na mão ajolele.3 começou uma luta entre ajaolele e incidente, filha do chefe de oro, que tinha comcordado em
deixar que ajaolele comprasse mingau de aveia dela.eshu empurrou incidente contra a navalha na mão de
ajaolele, e ela transpassou incidente. Eles disseram que ajaolele tinha começado o problema. 4 eshu disse
que ele não tinha começado; dissse que eles deveriam colocar indicednte sob a responsabilidade de ajaolele
para que ele tomasse conta dela ate o ferimento sarar.e eles colocaram incidente sob a responsabilidade de
ajaolele para que ele tomasse conta dela. Aconteceu que incidente já estava casada e vivendo com o marido,
mas não tinha engravidado e nem tido filhos. Quando incidente veio para a casa de ajaolele, enquanto ele
tomou conta dela, ele também dormiu com ela. Quando chegou o terceiro mês, a gravidez dela começou a
ficar visível.quando o chefe de oro oviu sobre isto, disse que daria incidente para ajaolele e que ela deveria
ser esposa dele. Da mesma forma o segundo chefe,5 do chefe de oro deu a ele uma de suas filhas, o terceiro
chefe do chefe de oro fez o mesmo. Quando voltou para a sua cidade , ajaolele tinha se tornado uma pessoa
com muitos seguidores, e começou a dançar e a se regozijar. Tinha se tornado uma pessoa importante, e
começou a cantar:
o ifa que jjoguei para ir para oro aconteceu, ajaolele;
o ifa que joguei para ir para oro aconteceu.

Ifa diz que ficaremos felizes com o assunto para o qual esta caída foi jógada. Ele diz que teremos glória, que
seremos uma pessoa com seguidores e que ganharemos uma esposa sem termos que pagar o dote.
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1. Note o jogo de palavras: construir (ko), enxada (ko), e aprender ( ko ).
2. Existem várias cidades com o nome de oro, inclusive uma próxima a ido e ijero em iekiti.
3. A navalha oferecida como parte do sacifício é um instrumento
Para envolvè-lo no problema que lhe trará as esposas.
4. Existe aqui um jogo de palavras sobre o problema ou incidente da luta e o nome da filha do rei.
5. Os seguidores de um indivíduo são chamados de segundas, terceiras e quartas cabaças segundo a ordem
na qual, de acordo com a sua posição, eles bebem quando a cabaça com vinho de palmeira é passada.
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-137-1-

Ele diz : está empurrando com gentileza. Eu digo: está muito frio, ele diz: como o quê? Eu digo: como o
dinheiro novo que temos.eu digo: qual é o sacrificio: dois pombos e sete pences e dois oninis.
Ele diz: como o quê? Eu digo: como a nova esposa que teremos. Eu digo: qual é o sacrfício? Ele diz? Duas
galinhas e sete pences e dois oninis. Ele diz: esta empurrando com gentileza; eu digo : está muito frio. Ele diz:
como o quê? Eu digo: como a criança pequena que teremos. Ele diz; três shillings, sete pences e oito oninis.
Ele diz: ter um filho atrás do outro é o que faz a planta shesheki. 1 ele diz : que as crianças não diminuirão em
número por trás da sua esposa.
Ele diz: está empurrando com gentileza. Eu digo: está

Muito frio. Ele diz: crescer contra si mesmo, crescer contra si mesmo é como o peregun cresce no seu
revestimento.2 ele diz: o peregun nunca usa a veste do ano anterior. Ele diz: uma cabra e onze shillings é o
sacrifício. Eles dizem: o mundo inteiro se sentará lá com ele .ele diz: está empurrando com gentileza. Eu digo:
está muito frio, ele diz: como o quê?
Eu digo: como o novo título que teremos. Ele diz que deveríamos especificar o sacrifício que o capacitará
A ter o título e a permanecer muito tempo no posto. Uma ovelha, um fardo de roupas brancas, uma cabaça de
giz e cinco shillings seis pences.
minha cabeça fica branca como o giz de benin,3
todos,venham e se regozijem comigo por causa da minha cabeça.
Ifa diz que chegaremos ao final da nossa linha.4

160
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1. Isto se refere á abundância de sementes ou frutas desta planta não identificada. Cf. Canto 249-3.
2. Isto se refere ao fato de o peregun ( dracaena spp).que é usado para marcar fronteiras, ganhar uma nova
camada de revestimento a cada ano.
3. Eu ficarei tão velho que o meu cabelo será branco como giz.
4. Istoé, encontrar uma solução para o nosso prlblema. A previsão é que o cliete ganhará dinheiro, uma
esposa um filho, uma casa nova ou um título, dependendo sobre o quê ele veio perguntar, e fizer o sacrfício
especificado.
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-137-2-
Quando trabalhamos a enxada na forja, nós batemos até ficar chata; quando forjamos um cutelo, nós
batemos gbonrandan- gbonrandan;1 quando forjamos um gongo de metal, viramos, viramos e viramos se
juntarmos tudo, viram um só foi quem jogou ifa para
Orunmila quando ele ia atacar os seus inimigos. Eles disseram que ele diveria derrotá-los. Disseram que

Ele deveria sacrificar três galos, um shilling sete pence e oito oninis e um sco feito de pano etu.2
Tanto os que usam as favas da alfarrobeira como os que usam sal, suas bocas ficarão fechadas sunin-sunin,3
eles dizem que ele os derrotará. Ifa diz que
Ele ajudará alguém a derrotar as pessoas do mundo
No assunto para o qual esta caída foi jogada. Diz que queremos fazer uma coisaç ele diz que não nos
permitirá descobrir o mal dos inimigos neste assunto.
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1. O som feito ao bater o ferro contra uma bigorna.
2. Etu é um padrão popular de pano de algodão tecido em azul e branco no tear dos homens.
3. O som de uma pessoa fechando a sua boca, significando que ninguém será capaz de dizer alguma coisa
contra ele. Foi explicado que como todos usam favas de alfarrobeira ou sal na secagem dos alimentos
orunmila defenderá a todos.
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-153-1-

Lutar e levantar o pó como o búfalo foi quem jogou ifa para caçador, eles disseram que ele deveria fazer um
sacrifício para encontrar uma esposa para se casar durnate aquele ano. Caçador sacrificou dois galos, duas
galinhas, cerveja de milho e um shilling.
Encontramos alguns cortes de inhame;1 faremos jum pão de inhame com eles e sacrificaremos para nossa
cabeça. Caçador fez o sacrifício.
Um dia este caçador foi para o campo. Quando subiu para a sua plataforma de vigia,2 viu um gidigidi,3 mas
quando tentou virar a sua arma para ele o gidigidi transformou-se numa bela virgem vermelha. Quando ela
acabou de tirar o disfarce, o caçador viu-a esconder o disfarce, e soube o local onde ela tinha escondido
atrás de uma ávore, mas ela não soube que este caçador a tinha visto,

Quando gidigidi foi embora, este caçador deixou a sua vigia e colocou o disfarce que ela tinha tirado em sua
bolsa; e ele a seguiu até ver que ela ia para o mercado. Quando chegaram lá, este caçador aproximou-se
dela; cumprimentou-a e disse a ela que tinha vindo ao mercado em busca dela. Este gidigidi que tinha se
transformado em mulher respondeu: alguma coisa de errado? O caçador respondeu que queria se casar com
ela.gidigidi repondeu que não ia se casar com ninguém. Na terceira vez que o caçador se aproximou com
estas palavras ela perguntou se ele tinha visto albuma coisa por trás dela.4
O caçador repondou que tinha visto alguma coisa por
Trás dela. A mulher gidigidi repondeu; o que você viu por trás de mim? Então o caçador disse que ela deveria
ir com ele para que ele pudesse dizer o que tinha visto por trás dela quando sairam do mercado, o caçador
botou a mão no saco e retirou o disfarce e mostrou para ela. Quando ela viu o disfarce que tinha tirado na
floresta na mão do caçador, disse que ele deveria ter pena dela e que ela se casaria com ele.
a mulher voltou ao mercado e reuniu as mecadorias e e saiu com o caçador. Mas, enquanto estavam na
estrada, ela disse ao caçador que ele não deveria comentar nada daquilo com ninguém; e o caçador
respondeu que não diria nada assim ela se tornou sua esposa e eles viveram juntos na casa dele.
Esta mulher começou a ter filhos para o caçador, mas a esposa com quem o caçador se casara primeiro
começou a importunar o caçador perguntando onde ele tinha encontrado a segunda esposa, pois ele não
comentara o assunto. O caçador disse que ela era

161
A filha das mulheres que vieram ao campo para comprar carne com ele, mas este tipo de resposta não
satisfez a primeira esposa e ela começou a inquerir se ela tinha vindo desta ou daquela cidade.

O caçador respondeu que era de uma cidade diferentemas ainda assim isto não satisfez á mulher.
E ela começou a fazer perguntas. Enquanto peruntava, a mulher gidigidi teve o seu primeiro filho, e o segundo
filho.
A primeira esposa foi ao filho mais velho do caçador e discutiu o assunto com ele. O filho mais velho pegou o
caçador e lhe deu muito vinho de palmeira para beber, quando o caçador bebeu, seu filho perguntou; onde
Encontrou a sua segunda esposa? O caçador respondeu que ela era um gidigidi, que ele tinha visto retirando
o disfarce e ido ao mercado com ela, que tinha mostrado a ela o disfarce e que daquele dia em diante ela
tinha sido sua esposa, quando o filho mais velho do caçador chegou em casa, contou isto para a primeira
esposa do caçador.5
Depois de um tempo, o caçador se aprontou e foi para o campo, mas no segundo dia após a sua partida, sua
primeira esposa pegou um pedaço de madeira e atirou-o ao chão para partí-lo. (é um tabu jogar a madeira
contra o chão desta maneira na casa de um caçador. Esta mulher gidigidi perguntou se o marido delas não a
teria avisado que ela não deveria quebrar a madeira desta forma na casa dele. Então a primeira esposa
repondeu com desdém: cuide da sua vida e vá embora, wayi! 6 você é um ser humano e um animal. Come e
bebe; o seu disfarce está dentro do depósito.
Quando a mulher gidigidi ouviu isto,, repondeu: há! E ficou quieta. Aprontou-se e foi ao depósito. Quando
chegou lá, encontrou o disfarce onde o caçador o tinha escondido e o trouxe.. Quando ela olhou para ele, ele
tinha secado. Juntou um pouco de água e colocou o disfarce dentro. Depois foi até a esposa mais velha, deu-
lhe uma cabeçada e a matou. Depois de ter dado a cabeçada e matado a primeira esposa, tirou um dos seus
dois chifres e foi até o campo. Quando o caçador a viu chegando, soube que um pedaço de

Madeira tinha sido quebrado em sua casa.


Quando ela quis dar uma marrada no marido, ele disse que ela não deveria fazer aquilo com ele. Disse:
pão de mudas de inhame e potes de cerveja de milho,7
você corta ervas daninhas e me cobre,
você me cobre de honra.
Então ela perguntou ao caçador como a primeira esposa tinha sabido sobre ela. O caçador contou como o
filho mais velho o levara e lhe dera muito vinho de palmeira para beber até ele não saber mais
O que falava. Então ela disse: está bem. Disse que não o mataria, mas que ele fosse para casa e que sempre
que os filhos dela quisessem realizar o festival anual, ele deveria sacrficar com eles para o chifre que ela tirara
e tinha deixado em casa como uma lembrança dela quando eles desejassem sacrificar para as suas
cabeças.daquele tempo em diante, seus filhos continuaram a sacrficar para o chifre quando fazem o seu
festival anual.aqueles que sacrificam para os chifres desta maneira são os que chamamos e cumprimentamos
como os filhos de búfalo,8 até hoje.
Ifa diz que vê a bênção de uma mulher para esta pessoa, mas que devemos sacrificar para que a mulher não
morra quando os seus filhos cheguem ao número de dois, para que ela não morra e para que a primeira
esposa não morra com ela; para que o seu marido não traga do campo uma doença para a sua casa e para
que ele não morra e digam que a sua esposa o levou para o céu. Devemos ter cuidado para não revelar
segredos para uma mulher,9 em relação a algo que queremos fazer, senão através disto nossos segredos
serão revelados em público.

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1. Existem duas colheitas de inhame. Na primeira, a parte inferior de alguns inhames é cortada e o restante
replantado. Quando amadurecem, são chamados de inhames egun e usados primeiramente como inhames-
semente (ebu) para o plantio no ano seguinte. Nunca são amassados para fazer o pão para comer, sendo
comumente utilizados desta forma como medicamento e para outros propósitos ritualísticos. Aqui são usados
como um sacrifício para a cabeça, isto é para a alma que controla a sorte do indívíduo.

162
2. Uma plataforma numa ávore atingida através de uma escada de onde o caçador vigia ( gun egun ) e
amassar as mudas de inhame ( gun egun ).
3.um gidigidi é um animal selvagem descrito pelo informante como grande e poderoso e semelhante a um
búfalo; corre da chuva, que não aprecia, sendo algumas vezes visto com a cabeça sobre um abrigo e o
restante do corpo na chuva. Outros informantes o descreveram vomo uma cabra selvagem
Ou um cavalo, porém mais forte. É identificado no dicionário cms como um animal grande e forte, e por
abraham como o cephalopus sylvicultrix sylvicutrix afzelius. Posteriormente no canto os filhos da mulher
gidigidi são chamados de filhos do búfalo e o búfalo é mencionado na frase introdutória. Cf.n.7.
4. Isto é, se ele tinha encontrado alguma coisa sobre o passado dela.
5. O texto iorubano diz que ele contou para a segunda esposa do caçador, mas pela história seria claramente
um erro.
6. Uma exclamação que exprime grande desprezo.
7. Tanto a cerveja de milho como o pão de mudas de inhame mencionados aqui, num encantamento
recitado pelo caçador para evitar que o gidigidi o matasse, foram incluidos no sacrifício que ele ofereceu.
8. Segundo os informantes, este é um nome de linhagem ou de descendência (orile ) em ifé, cuja origem é
desta forma explicada. Contudo,uma variante deste mito registrada em meko, na qual um búfalo como oya, a
deusa do rio níger é a principal esposa do deus do trovão. Esta variante explica por que os adoradores ou
filhos de oya sacrificam para os chifres do búfalo e por que oya possui o nome de louvor de iyansan ou
yansan. Provavelmente este canto também se refere aos adoradores de oya, e gidigidi é um nome de louvor

Para búfalo. Cf.n. 1. F também a vesão registrada por idewu ( 1956: 22-25); danford e fuja ( 1960: 7-10 ) : os
walkers ( 1961: 11-16) ; e fuja ( 1962 : 77-82 ) nos quais o animal é identificado como uma corça ou um
veado.
9. Cf. Canto. 18-7.
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-154-1-

O nó atinge o joelho e termina,1 a estrada atinge o alto de uma rocha e se perde,2 foi quem jogou ifa para
imprestável quando ele estava vencendo ijegbe e egegbo.3 eles disseram que ele não deveria vencê-los, mas,
ele disse que venceria, e venceu.
Quando ele voltou para casa, encontrou toda a família deitada sobre o chão, doente. Ele foi aos divinadores e
eles perguntaram com quem imprestável estava lutando . Eles disseram que se ele não fizesse um sacrifício
não conseguiria conquistá-los.ele ofereceu dois pombos, nove nozes kola, uma galinha e um galo. Eles
vieram e recitaram ifa para ele como se segue:
nós espantamos a morte para fora da cidade;
omprestável, você é quem está vencendo ijegbe e também o seu ijegbo.
nós espantamos a doença para fora da cidade hoje.
Imprestável, vocè é quem está vencendo ijegbe e também o seu ijegbo, imprestável.
Ifa diz que alguém deve tomar cuidado para não lutar, porque se entrar numa luta, a doença atingirá a sua
família; e alguém deveria fazer um sacrifício para que aqueles que estão doentes na sua casa possam se
levantar de onde estão deitados porque ofenderam a uma deidade.

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1. A cápsula do joelho é o único nó encontrado no corpo humano.
2. Pode ser difícil seguir um caminho onde ele cruza com uma pedra.
3. O significado destes dois nomes é obscuro. Os informantes sugeriram que o último pode significar face da
ferida ( ohu egbo), e o primeiro referir-se a um grupo que anteriormente recolhia os tributos do povo de ife
para o rei.
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-166-1-
Brotos de folha,1 divinador do alto da berinjela foi quem jogou ifa para os 165 tipos de animais,2 no dia em que
tartaruga,3 ia roubar o tambor do leopardo. Eles disseram que os 165 tipos de animais deveriam sacrificar uma

163
vara de ratos,4 cada um, e 0.78 pence por causa de um encrenqueiro,5 para que eles não encontrassem um
encrenqueiro durante aquele ano. Todos os animais sacrificaram.
Logo depois o ceus céu mandou uma ordem para os 165 tipos de animais para eles virem para uma dança, e
que deveriam trazer consigo o seu tambor. Todos os animais colocaram uma pele nova em seus tambores e
quando estavam indo tataruga, que não achara uma pele para cobrir o seu tambor, encontrou o tambor do
leopardo na estrada onde ele o deixara para ir se lavar. Tartaruga roubou ao tambor e levou-o para a casa do
deus céu. Este tambor era muito bom, tinha um som melhor do que todos os outros, quando tartaruga estava
tocando o seu tambor para o deus céu, os outros animais olharam surpresos, perguntando-se onde tartaguga
tinha encontrado aquele tambor. Quando leopardo procurou o seu tambor por muito tempo sem encontrá-lo,
esperou pelos outros animais na estrada por onde eles logo voltariam para ver quem o tinha roubado.
Quando os animais começaram a voltar, elefante veio

Primeiro e leopardo começou a cantar:


o rei escolheu o dia para a dança, arekenjan,6
o rei escolheu o dia para a dança, arekenjan,
e, ràpidamente voltei, arekenjan,
e, ràpidamente voltei, arekenjan.
eles levaram o meu tambor, arekenjan,
toquem os seus para que eu possa ouví-los, arekenjan,
toquem os seus para que eu possa reconhecê-lo, arekenjan.
para ser bonbokunbo,7 arekenjan,
está sendo bonbokunbo, arekenjan,
esse não é meu tambor, arekenjan,
passe, você pode ir, arekenjan.
Assim elefante passou e esperou em um dos lados. Chegou o búfalo e leopardo cantou a mesma cantiga, e
búfalo também ficou num dos lados. Desta forma, todos os animais chegaram, tocaram seus tambores,
Passaram e ficaram num dos lados, até que chegou a vez de tartaruga. Quando ela chegou, sabia que era
quem o leopardo esperava, e quando leopardo viu o seu tambor, soube que era o dele que tartaruga trazia
pendurado no pescoço. E quando leopardo agarrou tartaruga para bater e estraçalhá-la com suas garras,
todos os animais quiseram ajudá-lo a bater em tartaruga, mas quando leopardo disse que
Ia golpeá-la no chão, tartaruga deslizou da mão dele, escapuliu para a floresta e fugiu. As marcas feitas pelas
garras de leopardo naquele dia são vistas no corpo de tartaruga até este dia.8
Ifa diz que um menino baixo, avermelhado, fará alguma coisa; mas que deve ter cuidado para não trazer para
casa um mal que seja necessário fazer um juramento sobre ele.e muitas pessoas deveriam sacrificar junto
com este menino e também devem tomar cuidado para não encontrarem um

Encrenqueiro que lhes fará um processo de provação em relação a alguma coisa por meio da qual o mal
entrará em suas casas.
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1. As foljhas novas ou rebentos de qualquer planta.
2. Cf. N. 3, canto 18-4.
3. A verdadeira palavra para tartatuga é ajapa, mas em geral refere-se a ela pelo nome de avarento ( awun,
ahun ) ou um dos seus derivados: a-b-( i )- awun, a-b-(l)- ahun,. Pela mesquinhez da tartaruga, as mulheres
que fazem pequenas trocas com uma margem muito pequena de lucro são conhecidas como a-l ( i )-ajapa,
aquelas que são tartarugas.
4. Ratos e peixes secos são vendidos espetados em pequenas varetas.
5. Uma pessoa que traz problemas para quem não o merece. A referência é para a tartaruga, o embusteiro
das lendas iorubanas, e a contraparte animal de eshu, o embusteiro, o embusteiro e encrenqueiro divino.
6. Arikenjan não possui sigificado, sendo adicionado como refrão.
7. O som do rítmo do tambor.
8. Este canto explcica desta forma as marcas no casco da tartaruga.. Para uma explicação diferente, ver
canto 168-1.
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-167-1-

Oropa niga;1 lutar e agitar o páo como o búfalo,2 poeira seca no alto da rocha foi quem jogou ifa para

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Leopardo quando ele ia tomar uma terra para uma nova casa. Eles disseram que ele deveria fazer um
sacrifício para que alguém mais não usufruisse dos frutos do seu trabalho,3 e para que alguém não pedisse
ajuda de outra pessoa para tirar o melhor dele.4 eles disseram que ele deveria oferecer uma bolsa de palha de
milho,5 e quatro pombos e que ele

Deveria levar o sacrifício para um jardim ao lado de uma água, leopardo não fez o sacrifício, porque dependia
da força dos seus próprios braços.
Um dia leopardo, bode e cabra iam tomar uma terra para constuir uma casa nova. Quando bode chegou na
parte da terra, limpou o chão e voltou para casa. No dia seguinte , leopardo foi para o mesmo lugar. Quando
chegou, viu que alguém limpara o chão e disse; quem limpou a minha terra para mim: cavou o chão para
fazer o barro para as paredes e foi para casa. No dia seguinte bode chegou naquele ougar. Viu que alguém
cavara o chão e perguntou: quem cavou o
Chão para da minha casa para mim? Começou a construir as paredes; fez uma camada e foi para casa, não
dia seguinte leopardo foi para o mesmo lugar. Quando chegou , descobriu que alguém tinha feito uma
camada das paredas e perguntou quem construiu uma das camadas das paredes da minha casa para mim?
Construiu a segunda camada das paredes e foi para casa. No dia seguinte, quando bode chegou, descobriu
que uma segunda camada tinha sido levantada sobre a que ele tinha feito, e perguntou: quem construiu a
outra camada sobre a que eu tinha feito?
Desta forma eles levantaram as paredes até elas ficarem prontas para receberem um telhado. Bode se
aprontou e cortou as vigas e levou-as para o local da casa. Quando chegou, descobriu que alguém levara
vigas para o local e perguntou: quem troxe vigas para o local da minha casa para mim? Colocou as cordas no
chão e foi para casa. No dia seguinte bode se aprontou e foi para a casa colocar as vigas. Encontrou as
cordas , e perguntou: quem trouxe cordas para o local da minha casa para mim?começou a cobrir o telhado
com folhas e teminou a cobertura. No dia seguinte, quando bode veio para cobrir o telhado com folhas
gbodogi,6 descobriu que alguém

Já tinha coberto com gbodogi e perguntou: quem veio e cobriu a minha casa com folhas gbodogi para mim?
Disse ; amanhã eu me mudarei para a minha casa nova.
No dia seguinte, quando vinha, bode encontrou leopardo na estrada, também se mudando para a casa nova.
Leopardo perguntou a bode: o que você está fazendo na minha casa? Iam começar a lutar, mas cabra disse
que não deveriam lutar, e que deveriam viver juntos na casa.
Então começaram a viver juntos na casa, até que um dia bode viu leopardo trazer para casa o corpo de um
animal morto. Quando observou com mais cuidado, viuque era o corpo do seu próprio pai que leopardo tinha
matado e trazido para casa para comer. No dia seguinte viu leopardo trazer para casa o corpo de sua mãe.
Bode se aprontou e procurou um caçador.
Pediu-lhe que matasse um leopardo para ele, prometendo que se fizesse isso, lhe daria uma coisa. O caçador
se aprontou e matou um leopardo para bode, e quando leopardo encontrou bode na estrada carregando o
corpo de um leopardo morto, ficou assustado e perguntou a bode como ele pode matar um leopardo, bode
disse a leopardo que ele tinha olho mau,7 e que por isso tudo o que ele olhava, morria. Quando leopardo ouviu
isto, mergulhou na floresta e fugiu para sempre, não voltou mais para casa.assim bode e sua esposa cabra
ganharam a sua própria casa. 8
Ifa diz que um caçador deveria fazer um sacrifício para que ele não mate um ser humano durante aquele ano,
e que alguém que vai tomar uma terra para uma casa nova ou um novo campo deveria fazer um sacrifício
para que alguém não lute contra o feitiço contra ela.9 e para que ele não lute contra o feitiço sobre a casa. E
existe uma criança a qual olhamos sòmente como uma criança;10 não devemos tratá-la

Como uma criança porque ela tem um pai que está por trás dela. Se a tratarmos como uma criança, o pai por
trás dela nos enfraquecerá e destruirá quase completamente toda a nossa família por causa da terra para
esta casa ou para este campo.
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1. Isto foi interpretado como um nome que deve ser analisado como veneno mata niga, ( oro-pa niga) com
niga como um nome não identificado.
2. Cf. Canto 153-1.
3. Isto refere-se ao fato de que na história bode é o único que vive na casa que leopardo ajudou a construir.
4. Isto refere-se ao fato de que na história bode pede ajuda a um caçador para afastar leopardo.
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5. As palhas dos grãos de milho, tiradas do pilão após a moagem.

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6. Uma folha larga (sarcophrynium spp). Usada em ife para cobertura.
7. Akaraba é qualquer tipo de feitiço que quando apontada para a vítima, imobiliza-a num ponto de onde não
pode mover-se. A-wo-pa é um tipo particular desta categoria no qual o dono tem sómente que olhar para a
vítima para matá-la.
8. Este canto expplica por que os leopardos vivem na floresta e as cabras perto de casa. Compare a versão
desta história registrada por frobenius ( 1926: 248-250).
9. Isto é, refre-se ao motivo de orgulho de bode de ter olho mau após ter sido ajudado pelo caçador. A
primeira predição refere-se à morte do leopardo.
10. Isto refere-se a bode que, embora mais fraco que leopardo, superou-o atrvés da ajuda do caçador.
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-168-1-

Quando o fabricante de óleo de sementes de palmeira não está em casa os corvos moram na sua

Oficina,1 foi quem jogou ifa para tartaruga, avarento,2 quando ele ia fazer comércio em toku.3
Eles disseram que ele deveria fazer um sacrifício para que o seu segredo não fosse revelado. Dois pombos,
sete pences e dois oninis e um galo foi o sacrifício para que o seu segredo não fosse revelado. Tartaruga
ofereceu os dois pombos e os
E os sete pences e dois oninis, mas não ofereceu o galo com o restante do sacrifício.
Há muito, muito tempo atrás havia fome na terra e no céu. Tataruga procurou uma maneira de conseguir
alguma coisa para comer e tentou descobrir um truque esperto. Aprontou-se e foi para a entrada do mercado
onde havia uma palmeira oca, e se escondeu
Dentro dela. Quando o dia do mercado chegou,4 e as pessoas viram, tartaruga começou a cantar:
a palmeira dança, aquele que tem as folhas da palmeira; dança, eu danço.
a palmeira cambaleia,6 oh; dança, eu danço.
a palmeira cambaleira:; dança eu danço.
a palmeira voa pelo mercado; dança, eu danço;
a palmeira verga e se volta pelo mercado; dança, eu danço.
Quando tartaruga começou a cantar desta maneira, e as pessoas no mercado o ouviram e viram a palmeira
andando pelo mercado, todo o mercado se dispersou. Então, tartaruga saiu do oco da palmeira e começou a
reunir as mercadorias dos comerciantes e as coisas para comer. Tartaruga começou a fazer isto em todos os
dias de mercado reunindo toda a comida que caía em suas mãos a cada dia de mercado.
Quando as pessoas viram o que estava acontecendo, contaram para o rei, e este enviou o deus do ferro ao
mercado para trzer até ele aquilo estivesse fazendo este tipo de coisa. Mas, quando o deus do ferro ouviu a
cantiga e viu a palmeira andando, correu para a floresta. Então o rei enviou todas as

Quatrocentas deidades e elas foram mas não conseguiram capturar a coisa que estava despersando o
mercado. Então, eshu disse que ele
Conseguiria capturar a coisa que estava dispersando
O mercado. Então, eshu disse que ele conseguiria capturar a coisa. Quando foi, atou 200 pequenas cabaças
de remédio,6 no seu corpo mas quando chegou no mercado e as pessoas de lá se reuniram e ele ouviu a
cantiga e viu a palmeira andando, correu para a floresta com os outros. As cabaças de remédio que ele tinha
atado ao seu corpo cairam, exceto duas, e estas duas começaram a dizer:
pekelepe, gbagidari,7
o que é isto? Gbagidari.
quando eshu não conseguiu a coisa, o rei enviou o deus da medicina para iir e trazer para ele. Quando o
deus da medicina foi, levou com ele um ferro em brasa,8 e sentou-se próximo do fogo daqueles que vendem
feijões fritos e colocou o ferro em brasa
no fogo. Após um tempo começou aouvir a cantiga e a ver a palmeira andando. Quando as pessoas do
mecado se espalharam, o deus da medicina permaneceu sentado e não saiu do mercado; não correu com o
povo do mercado.quando tartaruga viu que o povo do mercado tinha ido embora, saiu e começou a reunir as
mercadorias, mas quando chegou no local onde os feijões fritos são vendidos, quis comer as frituras. Quando
esticou a mão para pegar os feijões, o deus da medicina tirou o ferro em brasa do fogo e comprimiu-o contra o
corpo da tartaruga. Tartaruga gritou, prometendo que tanto a tartaruga quanto o caracol se tornariam
escravos do deus da medicina. O deus da medicina disse que tomaria sòmente tataruga como seu escravo e
que não levaria caracol. Daquele dia em diante temos usado a tartaruga para sacrificar para o deus da
medicina até o dia de hoje.9

166
Ifa diz que alguém deveria fazer um sacrifício para que as coisas que ela deseja fazer em segredo não sejam
reveladas e ela se cubra de vrgonha, ifa diz que alguém deseja fazer uma coisa, mas a vergonha virá se ela
não fizer um sacrifício muito bom.
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1. Ebu é o local onde o óleo de semente de palmeira é feito. Deve ser localizado fora da cidade, e quando não
há ninguém lá, os corvos chegam e comem o que restou
2. Ver n. 3, canto 166-1.
3. Os informantes não foram capazes de esclarecer o significado de toku.
4. O dia do mercado é geralmente o quarto dia ou, segundo o sistema iorubano de contagem, o quinto dia.
5. As palavras tarege tage, descrevem o movimento de algo que está cambaleando.
6. Os encantamentos e os remédios ( medicina ) são guardados em pequenas cabaças conhecidas como
irere o ado.
7. Estas palavras representam o som das outras cabaças caindo no chão.
8. Uma vareta de ferro que é aquecida para fazer buracos na madeira.
9. Este canto explica desta forma as marcas na carapaça da tartaruga e porque a tartaruga é o sacrifício
animal favorito de osanyin. Para uma versão diferente ver canto 166-1.cf. As versões desta história registrada
por frobenius ( 1926:288-289),
Jacobs ( 1933: 41-45), itayemi e gurrey ( 1953: 79-81) e fuja ( 1962: 40-43). Uma história bem diferente
( frobenius, 1926: 40-43) termina de maneira bem parecida.
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-170-1-

Quando vemos uma conspiração, fujimos,1 nú, como o chefe dos papagaios, e o fruto da palmeira jovem
cresce grande e fica maduro; se o fruto da palmeira
Jovem não morre ele será amanhã um fruto maduro de palmeira,2 foram os que jogaram ifa para sapo
kokeyo,3 que era filho de onishinko.4 eles disseram que duas bençãos estavam chegando para ele, e que

Ele deveria sacrificar para que ambas pudessem chegar. Sapo recusou-se a sacrificar; disse que quando
visse as bençãos, faria o sacrifício. Ele não apazigou eshu. Eles disseram que ele deveria sacrificar um bode ,
um pano vermelho com faixas claras e um shilling, sete pences e oito oninis.
Sapo era filho do rei de oyo. Tinha uma esposa que vivera com ele por um tempo mas que náo engravidara e
que ainda não tinha filhos. Na época que eles disseram que ele deveria fazer este sacrifício, a esposa de
sapo engravidou, e sapo ficou muito feliz. Quando chegou o dia desta um lher parir, sapo estava no seu
campo e vieram dizer a ele que sua esposa tinha tido um filho. Quando sapo ouviu isto, ficou muito feliz; disse
que antes de ir para casa sangraria
Um pouco de vinho de palmeira. Quando sapo deixou o armazém no campo, um mensageiro veio de casa
para dizer a ele que eles estavam chamando sapo em casa porque o rei tinha morrido e eles desejavam fazer
de sapo o rei. Como ele não estava no armazém, eles foram e econtraram sapo no meio so campo, onde
sangrava o vinho de palmeira no alto da palmeira. Quando contaram a sapo ele ficou tão feliz que esqueceu
que estava no alto da palmeira e caiu no chão quebrando as duas pernas . Quando eles viram que ele tinha
quebrado as pernas, o levaram para casa, mas tanto os braços quanto as pernas estavam quebrados.
Quando tentaram curá-lo e não conseguiram, deram o título para uma outra pessoa e deixaram sapo sózinho.
Daquele dia em diante as pessoas dizem: muita felicidade quebrou as pernas do sapo. 5

Ifa diz que duas bençãos estão chegando para alguém, mas que ela deve fazer o sacrifício para que as
bençãos não passem por ela por causa de felicidade demais e para que ela não esteja de cama doente
quando ouvir sobre as bençãos.6
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1.isto é, derivado de um nome alternativo para esta caída, a r ( i) – ote sa, significando vemos uma
conspiração e corremos.
2. Os frutos separados da palmeira são conhecidos como eyin ou eleyin quando maduros, e como abon ou
abon eyin quando são pequenos.

167
3. Akere ou ake é um tipo de sapo conhecido pelas sua capacidade de pular longas distâcias. Os informantes
não estavam seguros quanto ao significado de kokeyo, mas sugeriram que poderia significar “ não recusar
oyo”, ko-k-(o)-eyo.
4. Onishinko foi interpretado como o título de um chefe em oyo, mas pelo contexto parece ser um nome
pessoal ou agradável de alafin ou rei de oyo. Sapo é identificado no segundo parágrafo como o filho do rei de
oyo. Ver também o canto 170-3.
5. Isto é um provérbio, que é explicado por este canto, como são muitas vezes explicados pelo folclore na
áfrica. O canto.
Parece explicar também o formato das pernas deste tipo de sapo.
6. E ficar incapaz de aproveitá-las.
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-170-2-

Quando a cabeça está cheia de cabeos, nós chamamos o barbeiro, quando o rio está cheio,1 chamamos o
barqueiro, se o barqueiro não remar, eu remarei atravessando o rio, eu remarei atravessando a água
De qualquer jeito, foi quem jogou ifa para sapo.2
Eles disseram que ele deveria sacrificar quatro pombos, dois shillings,3 e quatro nozes cola para que a sua
mãe não morresse durante aquele ano, e para que ele não ficasse em débito também naquele ano.

Ele náo fez o sacrifício.


Pouco depois a mãe de sapo morreu, no dia em que ele saiu para visitar os parentes como parte das
cerimonias fúnebres, encontrou os dezesseis chefes de ife no portão de geru na frente do palácio de oni,44
E pergutou a eles : o que estão vocês chefes de ife fazendo? Disse que quando eles quisessem chuva, ele
poderia fazer a chuva cair hoje ou amanhã. Quando sapo foi embora, o rei pegou quatro escravas mulheres e
quatro escravos homens, dois potes de contas, duzentos sacos de cauris,5 e dezesseis panos
E enviou tudo com seus mensageiros para sapo para perguntar se ele faria o favor e fazer chover para ele.
Quando os mensageiros chegaram na casa de sapo, este estava dormindo. Eles deixaram todas as coisas
para ele e também o recado que quando ele acordasse eles deveriam dizer a ele que o rei dissera
Que ele deveria fazer chover hoje ou amanhã. Quando sapo acordou e encontrou todas aquelas coisas, disse
que ele não tinha dito que poderia fazer chover, ficou com medo e correu para os
Divinadores. Eles disseram que o sacifício que eles tinham dito anteriormente não tinha mudado. Disseram
que ele deveria ir e fazer o sacrfício. Depois que ele fez o sacrifício que eles tinham dito antes, os divinadores
pegaram duas das quatro nozes kola e deram para ele., disseram que ele deveria ir e sacrifcá-las para a sua
mãe. Quando ele chegou na sepultura da sua mãe , onde estava fazendo o sacrifício para ela, a chuva
começou a cair giri,6 ele disse: mãe, ajude-me, me tire deste problema, quando a mãe morre deve ser
enterrada. Quando terminou de dizer isto, a chuva aumentou, oh! Ele disse: ahoro, oh,

Deixe que a chuva caia pesada. Estou em grandes problemas. A chuva caiu. Eles dissseram: nós não
sabemos o que o sapo usa para chamar a chuva. Ashoro é o mome da mãe de sapo.
Ifa diz que algo está afligindo alguem. Sua mãe no céu é a pessoa para quem ele deve fazer o sacrifício, ela
enviará ajuda para ele neste assunto. E se a sua mão ainda estiver na terra, ele deveria sacrificar para a
cabeça dela para que ela não morra neste ano.
1.note o jogo de palavras com que ele esteja cheio l(i)-o-kun e haja mar, l(i)-okun, que significa estar inundado
ou cheio e água.
2. Ver n. 3, canto 170-1.
3. Como o dinheiro é contado por 2000 cauris, são quatro unidades de dinheiro como são os pombos e as
nozes kola.
4. Os dezesseis chefes principais de ife- oito internos ou chefes do palácio e oito externos ou chefes da
cidade- se encontram a cada quatro dias para ouvir os casos de fronte do palácio do rei, enu geru é o nome
da entrada do palácio, e enuwa é o nome da praça defronte do palácio.
5. 200 x 20.000 cauris, ou 50 libras.
6. O som da chuva que cai pesada, vf,n. 2, canto 17-2.
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168
-170-3-
Voe com cuidado, morcego doméstico, para não perder suas vestes,1 numa árvore foi quem jogou ifa para
sapo que estava indo para ser feito onishinko,2 depois de amanhã. Eles disseram que ele deveria sacrificar
quatro pombos, dois shillings e um pano vermelho com faixas claras para que a felicidade em excesso não o
matasse. Sapo recusou-se a fazer o sacrifício,
Sapo era filho do rei de oyo. Logo depois o seu pai morreu, e eles foram panhar sapo para fazê-lo onishinko.
Mas , sapo não estava em casa quando os mensageiros vieram para convidà-lo, ele estava no

Campo, e eles disseram a esposa dele para ir ao campo falar com ele. Quando a mulher chegou e falou com
sapo, sapo disse que ela não deveria ir direto para casa, mas que fosse comprar todo o vinho de palmeira que
encontrasse no portão da cidade e
Que ela deveria chamar o moço que toca o tambor para esperar por ele em casa junto com ela.
Quando ele chegou em casa, sua esposa tinha feito como ele dissera e estava esperando por ele,. Quando
ele chegou e encontrou o homem que toca tambor, disse para ele: está tudo pronto. Quero quevocê vá
imediatamente comigo visitar todos os reis antes que eu me torne rei, porque depois de ter recebido o título
não terei mais oportunidade de visitá-lo novamente. Começou a amarrar o transportador médico, 3 no seu
corpo e amarrou um também em torno do pescoço do homem que toca tambor e disse para ele que tudo
estava pronto e que ele deveria tocar o tambor;4
amanhã, amanhã, amanhã, sapo será o onishinko,
quando amanhã chegar, sapo será o onishinko.
Quando ele tocou o tambor eles foram transportados de repente para igbadan. Quando chegaram lá, eles
disseram a ele para esperar enquanto traziam algumas nozes kola,5 mas ele disse que eles deveriam levá-las
para casa dele
Quando recebesse o título, novamente disse ao homem para tocar o tambor, e novamente ele tocou, e desta
vez eles foram para oyo. Ele contiuou a fazer isto até que finalmente chegaram ilesha, mas, quando estavam
voltando de ilesha, o remédio que estava usando acabou, quando estavam próximos da casa, o remédio
deixou-o no topo de uma árvore, onde acabou, ele tentou e tentou, mas naõ conseguiu descer pouco depois
estas novidades chegaram até a família dele , e eles vieram para olhá-lo, quando chegaram e o viram,
pegaram machados e cortaram a

Paineira no topo da qual ele estava, quando a árvore


Caiu, lançou sapo no chão e ele quebrou ambas as pernas e os braços. Quado eles carregaram sapo para
casa, sua família começou a cuidar dele, acenderam um fogo e o aqueceram durante toda a noite. Quando o
dia surgiu, as pessoas da cidade estavam esperando para vê-lo chegar logo, para poderem jogar as folhas do
seu título em sua cabeça.. Mas, quando esperaram e ele não veio, foram até sua casa para dizer que viesse.
Porém quando o mensageiro o viu e contou sobre a condição dele para as pessoas da cidade , eles pegaram
outra pessoa e a coroaram rei. Por isso sapo nunca conseguiu o título, por causa de muita felicidade, e desde
então as pessoas dizem: muita felicidade quebrou as pernas do sapo.
Ifa diz que uma benção está vindo para alguém, mas que ele deve fazer um sacrifício para que a felicidade
em excesso não lhe tire da mão a posição que lhe é devida.
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1. Isto é, as asas.
2. Vf, n. 3 e 4, canto 170-1.
3. Um tipo de remédio que trasportará aquele que o utilizar imediatamente para qualquer lugar.
4. Isto é, o tambor falante.
5. É costume oferecer nozes kola para os visitantes, porém sapo ão podia esperar para recebê-las.
6. Um provérbio. Cf,canto 170-1, e a história registrada por fuja (1962: 17-190).
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-175-1-
A escuridão envolve completamente as galinhas foi quem jogou ifa para o caçador, eles disseram que ele ia
para o campo; disseram que iria encontrar uma mulher lá. Disseram que ele deveria fazer um sacrifício para
que a mulher não trouxesse omal para

Ele. Ele sacrificou três cães e um shilling, sete pences e oito oninis. Ele deveria comprar mingau de aveia com
um penie e oito oninis do sacrifício.

169
Este caçador tinha três cães,1 que usava para caçar com ele no campo. O primeiro era chamado
okemokerewu, o segundo osopakagbomomi e o terceiro ogbalegbarawe.2 quando este caçador chegou no
campo, uma mulher cormerciante veio até ele para ser seu comprador e para comprar toda a carne que ele
matara. Mas, ele não sabia que esta mulher era um espírito mau da árvore.
Um dia esta mulher pediu ao caçador para ir com ela ver a casa dela porque o caçador tinha dito a ela que
queria que ela fosse sua esposa. Quando o caçador estava pronto para ir com esta mulher, ele chamou os
três cães para irem juntos;mas a mulher falou: você está indo para casa da sua esposa, por que chamou os
cães? Disse que o caçador deveria deixar os cães trancados, porque esta mulher sabia que os cães era muito
ferozes e que não havia um animal que eles não pudessem patir em pedaços. Então este homem entrou na
casa e pegou o seu verólver , mas quando a mulher viu isto disse : você está indo para casa de sua esposa,
antão para quê levar o revólver?
Quer fazer guerra lá? E o caçador deixou o revólver
E pegou o cutelo que costumava levar quando caçava na floresta. Quando esta mulher viu, disse para ele;
você está indo para a casa da sua esposa, por que vai levar o cutelo? Quer cortar a cabeça de alguèm lá?
Então o caçador deixou o cutelo e colocou uma roupa fina para ir com esta mulher, mas, quando ele saiu,
sua primeira esposa, com quem ele casara antes, chamou-o e disse: você não é um caçador? Como pode ir
para um lugar encontrar pessoas que você nunca viu antes sem levar uma faca? Portanto, disse ela, ele
deveria voltar em casa e apanhar a sua faca. O

Caçador pegou a sua faca de mato e colocou-a dentro da roupa para escondê-la. E eles saíram juntos. E
foram até que entraram na floresta. Quando entraram, todas as árvores começaram a cumprimentar esta
mulher, dizendo: bem-vinda, e se chegaram para eles.quando o caçador viu isto, teve medo e quis correr de
volta para casa. Mas, as árvores fecharam a estrada e não o deixaram ir e se aprontaram para matá-lo,
quando ele viu que elas iam matá-lo, correu e subiu para o topo de uma árvore e começou a cantar:
onde estão meus cães? Os cães do caçador,
okemokerewu, os cães do caçador,
osopakagbomomi, os cães do caçador,
ogbalegbarawe, os cães do caçador,
onde estão meus cães? Os cães do caçador.3
Quando o caçador cantou esta cantiga, imediatamente os seus três cães correram de casa para ele e
encontraram o dono em meio a estas dificuldades. Eles atacaram os inimigos do seu dono e conquistaram os
espíritos maus da árvore para ele, o caçador voltou para casa com os cães.4
Ifa diz que encontraremo uma esposa que estará como a nossa alma,5 mas que devemos fazer um sacrfício
para que ela não nos traga o mal que quase será capaz de levar a nossa alma.
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1. O fato deste caçador, após ter sacrificado os três cães, ser ajudado a sair das dificuldades por três cães,
deve ser comparada a outros casos nos quais uma parte do sacrfício é um instrumento para conseguir os
objetivos do prsonagem.
2. Eses nomes só puderam ser traduzidos em parte. Diz-se que o primeiro significa aquele aque corta o filho
de kerewu, o-ke-(o)mo-kerewu; kerewu significa semente de algodão, porém os informantes não sabiam o
significado neste contexto. O segundo nome pode ser traduzido sòmente como osopaka toma a criança e a
engole, osopaka-gb( a)- omo-mi. O terceiro
Significa aquele que varre o chão e que varre as folhas secas.

3. Esta cantiga é cantada no típico padrão da áfrica ocidental,


Com o coro cantando o refrão, os cães do caçador.
4. Conferir as versões desta história registrada por frobenius ( 1926: 233-236), walker e walker ( 1961: 17-19)
e fuja ( 1962: 155-160).
5. A repiração ( emi ) constitui uma das almas múltiplas. Ver capítulo xi.
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-175-2-

Brisa gentil,1 divinador da terra, brisa gentil divinador do céu foi quem jogou ifa para orumila quando ele estava
indo para a beira do oceano, para o meiro da lagoa.2
Quando orunmila estava indo disse aos seus aprendizes que após ele ter ido eles não deveriam
Tocar no seu tabuleiro de divinação até ele retornar; disse que não deveriam lançar as nozes de palmeira na
sua taça de divinação.3 durante o terceiro mês da sua ausência seus aprendizes tocaram de leve não seu

170
tabuleiro de metal de divinação; cantarm tristememte sua canção yere e lançaram as nozes de palmeira na
sua taça de divinação. Um sinal apareceu no santuário mantido para evitar a morte do rei.
O rei disse: há! Disse que eles dedveriam ir e dizer a ounmila para vir. Quando os mensageiros do rei foram à
casa de orunmila e não o encontraram, voltaram e disseram a ele que não o tinham encontrado e que
Tinham visto sòmente seus três aprendizes. O rei disse que eles fossem e dissessem aos três aprendizes
para vir e examiná-lo. Quando eles foram chamados e vieram, jogaram ifa e lançaram a caída irete oshe.
Disseram que o rei deveria sacrificar quinze shillings, três ovelhas e um leopardo e também um pano. O rei
disse: está bem, mas onde poderei encontrar um leopardo?
Todas as pessoas de ifá se agitaram, sairam e limparam
O mato e encurralaram um leopardo nele. Disseram

Que eles deveriam chamar os divinadores que tinham nomeado o leopardo como parte do sacrifício para vir e
capturar o leopardo no mato. Quando eles chamaram os três aprendizes para virem, eles não puderam
capturar o leopardo.
Naquele mesmo dia ourunmila estava dormido na cidade onde tinha ido, e teve um sonho mau.levantou-se e
consultou os divinadores. Eles disseram que ele deveria se aprontar ràpidamente e retornar logo
Para a sua cidade, e orunmila usou a magia para encurtar a viagem. Quando chegou em casa, perguntou aos
seus aprendizes oque havia de errado. Eles disseram que há dois dias,4 o rei os tinha chamado para ir e
capturar um leopardo no mato e que eles não tinham ido; mas quando foram, o leopardo tinha matado um
deles. Quando orunmila chegou lá, atirou a rede com a cabra dentro no mato. Quando a cabra caiu no chão,
ela baliu, e quando o leopardo ouviu o seu choro correu para lá. Quando ele ficou preso na rede, orunmila
começou a cantar:
animal que é muito bravo,
a rede o aprisionou,
animal que é muito bravo.
Quando a rede prendeu o leopardo orunmila o pegou e começou a levá-lo para casa, mas quando voltava, o
leopardo começou a arranhá-lo com as garras. Os locais onde o leopardo arranhou orunmila com suas garras
são os quatro olhos que devem ser vistos
Em ifa ( nas suas nozes de palmeira ) até este dia.5 quando o leopardo o estava arranhando com suas garras,
orunmila começou a cantar:
é muito amargo, 6
o camaleão não é capaz de comê-lo;
é muito amargo.
Quando ele levou o leopardo para casa, eles foram com ele para fazer o sacrifício para o rei.

Ifa diz que algém está indo para um lugar distante e que deixará laguém tomando conta de sua casa, como
um diretor que ficará no seu lugar como uma pessoa inportante. Deveríamos fazer o sacrfício para que o deus
da varíola mate esta pessoa que deixamos em casa antes que aquele que saiu da cidade retorne para que
ele não volte para uma casa vazia e lhe seja dito que a floresta a destruiu.
Existe um ifa;7 devemos colocar manteiga shea no seu topo e matar um caracol nele antes de sacrificarmos
uma cabra para ele, porque algumas pessoas têm contado com este ifa para não falhar com elas porque ele
as ajudará neste caso.8
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1. Uma brisa que faz as coisas balançarem gentilmente, cf. Canto 255-2.
2. Cf. Canto 5-4.
3. Isto é, eles não deveriam tentear a divinaçaõ antes que ele retornasse.
4. Três dias antes, segundo a contagem iorubana.
5. Ete canto explica deste modo como aconteceu das nozes de palmeira , usadas pelos divinadores terem 4
olhos numa extremidade. (ver cap iii).
6. Dado como bravo ( roro ) no texto, porém interpretado como sigificando amargo ( koro ).
7. Um grupo de nozes de palmeira ( ikin ).
8. Esta tradução está truncada.
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-181-1-

Os quadris agem indiferentemente,1 mas precisam se sentar na esteira..redes caem gentilmente, mas,
seguram firme a sua carga, e a videira alukerese, 2rasteja para a maturidade, quando está velha, volta a sua

171
face aquí e alí, foram os que jogaram ifa para a terra quando ela estava chorando e se lamentando por um
filho, eles disseram que ela teria um filho e

Que o mundo todo se reuniria para serví-lo. Disseram


Que a criança usaria uma coroa mas, que ela deveria fazer um sacrifício para que ele pudesse fazer isto
enquanto ela estivesse viva para ver. Uma cabra e um pano do seu corpo foi o sacrifício.
Ifa diz que existe uma mulher. Não existe ninguém que acredite que ela ainda é capaz de gerar um filho, mas
deverá fazer um sacrifício para que o tempo dela chegue enquanto ela ainda estiver viva. A criança será rei.
Terra recusou-se a fazer o sacrifício e finalmente morreu no campo, onde foi enterrada quando seu filho ainda
era um garoto. Após um tempo a floresta cresceu e cobriu a sepultura onde terra foi enterrada, e ninguém
mais sabia ode ela estava. Mas, após um tempo o seu filho cresceu e eles o fizeram rei, neste momento um
fazendeiro foi cuidar do campo para plantar no local onde eles tinham enterrado a terra e quando ele estava
enterrando os montes de inhame, sua enxada bateu na cabeça de terra, e ela gritou: há! Você bateu na minha
cabeça com a sua enxada?
Quando o fazendeiro ouviu isto, baixou a enxada e correu para casa para contar ao rei que tinha visto um
crânio que falou onde ele estava enterrando os inhames. O rei perguntou onde era para enviar alguém para
aconpanhá-lo até lá. Ele dise que o rei deveria enviar alguém para seguí-lo e que se quando eles chegassem
lá o crânio não falasse, o rei deveria
Cortar a cabeça dele. O rei enviou os ogboni,3 para acompanhá-lo ao local, mas quando eles chegaram lá o
crânio não falou mais, por isso eles agarraram o fazendeiro e cortaram a sua cabeça, segundo o acordo. Mas,
quando os ogboni tinham cortado a cabeça do fazendeiro e se virado para voltar, o crânio falou, dizendo há!
Vocês mataram alguém? Quando os ogboni voltaram para casa, contaram ao

Rei o que tinham visto e disseram a ele que se o que tinham contado não era verdade, o rei devria matá-los,
então o rei enviou os ogungbe,4 atrás dos ogboni.. Mas quando eles chegaram lá, o crânio novamente ficou
em silêncio e não falou. Os ogungbe
Mataram os ogboni no local, mas quando eles os mataram e se viraram para voltar, o crânio novamente falou,
dizendo há! Vocês mataram alguém?
Quando os ogungbe chegaram em casa contaram o que tinham visto, falando para o rei. O rei chamou os
sacerdotes otu,5 para irem com os emese,6 ao local onde o crãnio estava falando. Mas, antes que os
sacerdotes otu saissem, eles pegaram cinco cauris e consultaram os divinadores, e os divinadores lhes
disseram que sacrificassem uma ovelha, um pano branco, tamarindo negro,7 vinho de palmeira e frituras de
feijão. Quando os otu chegaram lá, cortaram a cabeça da ovelha e derramaram o seu sangue no crânio,
derramaram o vinho de palmeira nele e esmigalharam as frituras de feijão nele. Quando o crânio acabou de
comer, disse que era a terra e que eles deveriam levá-la para casa. Eles o colocaram no pano branco e o
levaram para casa. Desta forma eles aprenderam que era a mãe do rei.
Ifa diz que existe uma pessoa morta que não foi enterrada. Ifa diz que nós devemos nos apressar e enterrar a
pessoa morta em grande estilo para que ela não arraste várias pessoas para morrerem com ela.
__________________________________________________________________
1.agir como não se importasse com coisa alguma, fazer as coisas de maneira indireta ou simular a
indiferença. Dizer coisas importantes ocasionalmente no meio de brincadeiras e conversas sobre o assunto,
obter admissão numa sala repleta ou alcançar uma posição desejada numa multidão movendo-se aos poucos
e brincando com os que passam, ou como neste caso, mover-se aos poucos e quase sem ser notado numa
mata.

2. Ver n. 1, canto 33-2.


3. Um grupo de oficiais, cujas funções principais são sevir como elemento das altas cortes de justiça e realizar
rituais em honra da terra.
4. Um grupo de oficiais, cuja principal fução é servir de guada-costas do rei de prender e deter criminosos.
Cf.n. 4, canto 249-6 seu nome significa sociedade da guerra. ( ogun-(e)gbe).
5. Um grupo de sacerdotes em ife cujo dever é dispor dos sacrifícios para o rei. Cf.canto 181-4 para uma
história similar na qual o significado do seu título é explicado.
6. Um grupo de oficiais do palácio cujas principais funçóes são agir como mensageiros do rei e ser o seu
representante nos vários festivais religiosos realizados pelo povo de ife. São equivalentes aos ilari do reino de
oyo. Os emese, os ogungbe e

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Os ogboni sãotrês grupos de oficiais que assistem ao rei e aos chefes de ife no governo da capital e do reino.
7. Uma fruta ácida, o tamarindo negro ou veludo ( dialium guineense).
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-181-2-

Etura como esta, obara como esta,1 foi quem jogou ifa para duas crianças da mesma mãe. Eles disseram que
ambas deveriam fazer um sacrifício para que seus assuntos fossem bem concluídos. Uma delas sacrificou, a
outra não. Aquelas que sacrificaram naquela época foram as duas crianças da mesma mãe, 2 de quem
dizemos não vêem como as coisas delas estão em ordem: aquelas que não sacrificaram naquela época são
as que chamamos: elas não valem
Nada, etura não vale nada, obara não vale nada.3 quatro pombos e dois shillings é o sacrifício.
Ifa diz que duas crianças da mesma mãe devem fazer um sacrifício para que possam unir as forças e para
que as pessoas não digam que elas não valem nada.

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1, o nome do divinador é derivado do nome da caída. Etura é uma forma alternativa de otura.
2. Embora na primeira instância fique inplícito que existem sómente dois indivíduos implicados, aqui fica claro
que eles são pelo menos quatro.
3. O significado disto não ficou claro para os informantes. Diz-se que a palavra “ba” é um verbo que significa
o oposto de “gun” ( ser ordeiro) ou então de valor. Compreendí a interpretação dos informantes, porém
suspeito que o nome do divinador deveria ter sido dado como etura ba-yi, obara ba-yi
( etura não vale isto, obara não vale isto).
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-181-3-

1. Acredita-se que o caráter de uma pessoa resida no seu estômago, semelhante `maneira que a sua sorte
está na sua cabeça. Vê-se aqui que a verdade e a maldade estão também lá. ( cf. Capítulo xi ).
2. Este canto explica desta forma por que o deus da medicina fala em falsete, que é uma das suas
características mais amplamente conhecidas, associadas ao ventriculismo.
Ifa diz : para que uma coisa não leve a sua voz e para que as pessoas não digam : por que ele está falando
desta forma com uma voz baixa como o deus da medicina?

-181-4-

Uma galinha com poucas penas botou pocos ovos para que as suas penas possam cobrí-los foi quem jogou
ifa para terra.1 eles disseram que a terra deveria obter uma uma posição importante mas que ela deveria fazer
um sacrifício para que fosse capaz

Disto enquanto a sua mãe fosse viva para ver, mas terra recusou-se a sacrificar. Pouco depois alaba, mãe de
terra , morreu, e quando terra cresceu, eles o fizeram rei. Antes dela morrer, alaba, mãe de terra, teve um
empregado.2 foi na presença dele que alaba morreu e ele soube do local onde eles a enterraram, na base de
uma árvore iroko.3 quando este empregado pagou o seu débito, passou a fazer graça quando passava pela
árvore iroko onde ela estava enterrada, dizendo: crânio, vocè está olhando para a árvore iroko no campo de
alaba em alaba?4 a cada manhã o empregado repetia isto. Mas, um dia quando ele acabou de falar, o crânio
respondeu dizendo: empregado de alaba, quando você vai para o campo deve manter a boca fechada.
Quando o empregado ouviu isto, aprontou-se e voltou para casa. Disse que tinha visto algo que seus olhos
nunca tinham visto antes, e que o que tinha visto ultrapassava a sua compreensão. Aprontou-se e foi ao rei.
Disse que tinha visto um lugar onde um crânio falava; disse que se fosse lá e o crânio não falasse, o rei
deveria cortar a sua cabeça.
O rei escolheu os ogungbe e os emese,5 para ir com ele, e quando eles chegaram lá disseram que ele
chamasse o crânio como tinha feito antes.ele disse : crânio, você está olhando para a árvore iroko no campo

173
de alaba, oh? O crânio não respondeu e eles o agarraram e o mataram.quando o tinham matado, o crânio
disse : por que vocês o mataram?
Eles responderam: quem é você? Ele disse que era um crânio. Eles perguntaram: por que você não
respondeu antes? O crânio repondeu: a sua grande boca o matou.
Quando eles voltaram para casa contaram para o rei. O rei disse: quem irá para acalmar esta cabeça para
mim: disse que eles deveriam chamar os sacerdotes otu. Os sacerdotes otu consultaram os divinadores,

Que disseram o que eles deveriam fazer . Pegaram um fardo de pano branco e uma ovelha. Quando eles
chegaram lá e apaziguaram o crânio, cantaram:
mãe terra, você deve ir para casa, oh;
vá procurar o seu destino;
você deve sussurrar;
mãe de terra está indo para casa, oh.
É isto que os sacerdotes otu fazem a cada dia ferekete até hoje.6
Ifa diz que existe uma pessoa morta que não recebeu um enterro devemos enterrar ràpidamente o seu corpo
para que ele não arraste outros para sua morte com ele.
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1.cf, com a história do crãnio falante no canto 181-1, onde terra aparece como mãe do homem que se tornou
rei. Um canto similara com o crânio da terra foi registrado por um divinador de ife em 1965, e epega ( n.d: viii,
14-16) conta uma história semelhante de canto um tanto diferente para amesma caìda, orura obara. Cf.
Também a história do carneiro que fala no canto 249-5.
2. Um trbalhador por contrato, que trabalha para o credor no lugar de iteresse até que o seu débito tenha sido
reparado.
3. Vr n. 4, canto 1-1.
4. Um nome de local não identificado, distinguido pelo tom do nome da mãe da terra.
5.ver ns. 4-6, canto 181-1, para identificação de ogungbe, emese e otu.
6. Este verso explica desta forma a canção cantada pelos sacerdores de otu no dia ferekete, durante o
festival edi, e o significado do nome otu, aqueles que apaziguam. (tu ).
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-183-1-
Vermelho brilhante etura, vermelho brilhante irosun,1 foi quem jogou ifa para os 165 tipos de árvores,2 no
campo. Eles disseram que elas deveriam sacrificar seis galos cada, seis agulhas cada, e três

Shillings.3 os egungun, iroko e apa,4 e todas as árvores muito grandes da floresta sacrificaram, e as árvores
como ayinyin, adindin,5 e todas as árvores que não são grandes não fizeram, e todas as árvores muito
delgadas no campo e na floresta da mesma forma não fizeram o sacrifício.
Ifa diz que esta pessoa deveria sacrificar para que possa ser capaz de viver até a idade avançada e para que
uma doeça do estômago não a mate enquanto ela for ainda muito pequena.
Isto explica por que iroko, egungun, apa e árvores grandes da floresta ficam vehas, porém as árvores
pequenas como ayinyin, adindin e as outras pequenas árvores morrem antes de envelhecer . Se viverem até
dois anos, algo dentro delas as perfura e fazem um buraco e elas morrem.6
Ifa diz que devemos fazer um sacrifício por causa de uma doença do estômago para que esta pessoa seja
capaz de viver até uma idade avançada.
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1. Roro uma palavra que intenisifica verbos como ser vermelho ( pon, pa e brilhar, ou ser brilhante ( dan ). É
utilizada aqui para modificar os nomes das caídas otura e irosun, ambas concebidas para serem vermelhas, a
última pela sua associação com a madeira cam ( irosun ), da qual é feito o pó da divinação.
2. Vf. N. 3, canto 18-4.
3. Como os cauris são contados por unidades de 2000, são seis unidades de dinheiro, como são seis galos e
seis agulhas.
4. Egungun é a paineira, também conhecida como araba (ceiba pentandra); iroko, a teca africana ou carvalho
africano ( chlorophora excelsa), e apa o mogno ou mogno rodesiano ( afzelia spp).
5. Ayinyin adindin são pequenas árvores não identificadas.
6. O elemento explicador é aqui mais explícito do que na maioria dos cantos.
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-183-2-
Vermelho brilhante otura, vermelho brilhate irosun,1 foi quem jogou ifa para corante e quebrou as nozes de
palmeira para mordente.2 eles disseram que mordente deveria fazer um sacrifício e que corante deveria fazer
um sacrifício. Eles disseram que mordente ficaria grávida, mas que ela deveria fazer o sacrifício para que a
gravidez não fosse abortada.
Mordente não fez o sacrifício. Quando ficou grávida, alguma coisa penetrou em sua virilha e ela gotejou até
sua gravidez ficar perdida.3 ela disse que se tivesse sabido, teria feito o sacrifício de gotas etura, gotas
irosun.4 e é isto que ela continua a dizer até o dia de hoje. Corante da mesma forma não fez o sacrifício. Eles
disseram que ele deveria fazer para que o fruto do seu trabalho não fosse aproveitado por alguém. Eles
disseram que ele deveria fazer o sacrifício para que ele não tivesse uma doença que o confinaria a um ponto,
e para que uma vareta não fosse cortada e colocada em sua mão para ser usada como uma bengala.
Daquele tempo em diante, como corante não fez o sacrifício, quando um pano é tingido e alguém o utiliza, as
pessoas dizem: você viu o trabalho do corante? Corante é o esposo de pano. E eles pegam uma vareta para
mexer o corante e epois encostam-na no pescoço de corante. 5
Ifa diz que uma mulher deveria fazer um sacrifício para que a sua gravidez não seja perdida e se esvaia, e
também que alguém deveria fazer um sacrifício para que não se veja confinado a um ponto e tenha uma
vareta cortada para si e colocada em sua mão; e para que alguém mais não aproveite os frutos do seu
trabalho e para que alguém mais não ganhe os créditos por aquilo que ele realizou.

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1. Cf. N. 1, canto 183-1.
2. Um material corrosivo e cinzas frescas de madeira são colocados numa jarra grande no fundo da qual
existe um
Buraco coberto com m pedaço de esteira. A água é jogada sobre a mistura e gotejada lentamente pelo fundo
para fazer o mordente ( olokiti ) para o corante índigo ( aro ). O corrosivo e as cinzas são secadas em
pequenos pedaços e queimada no forno para peproduzir o corrosivo fresco.
3. O aborto de um bebê é aqui comparado a abertura de um buraco na esteira para que a água passe pelo
corrosivo e pelas cinzas bem ràpidamente, e o mordente fica estragado.
4. Note o jogo de palavras entre gotejar ( ro ) e brilhante ( ro-ro).
5. Este canto possui elementos etiológicos múltiplos para explicar ( 1 ) porque mordante goteja da jarra; (2) o
som do seu gotejar; ( 3 ) por que o corante nunca usa o pano que ele tinge; ( 4 ) por que o corante é mexido
com uma vareta que é apoiada contra os potes quando não está sendo usada; e (5) por que os potes de
corante são mantidos juntos.
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-183-3-

Bem silenciosamente foi quem jogou ifa para aqueles que estavam num impasse. Eles disseram que eles
deveriam fazer um sacrifício para que tudo o que estavam fazendo não se transformasse num impasse. Os
que estavam sob o impasse não sacrificaram. Tentaram obter dinheiro, mas chegaram a um impasse;
tentaram ter filhos , mas chegaram a um impasse: tentaram obter esposas mas chegaram a um impasse; tudo
o que faziam chegava a um impasse.
Ifa diz que esta pessoa deveria fazer um sacrifício para que não visse o s seus esorços chegarem a um
impasse e para que as coisas não saissem do seu alcance e para que ela não deixasse de ser capaz de
manter alguma coisa.

-183-4-

Lodo não deixa o barco flutuar foi quem jogou ifa para yewa,1 quando ela ia para a floresta de rafia.
Eles disseram que ela deveria fazer um sacrifício para que não se perdesse lá e para que fosse capaz de
voltar para casa. Yewa ouviu, mas não fez o sacrifício, esperando até que ela tivesse ido para a floresta de
rafia. Quando chegou lá desapareceu e não volto para casa novamente. Suas amigas e as co-esposas de seu
filho e os filhos deles sairam e começaram a cantar:
estamos procurnado por yewa, e não a encontramos,
estamos procurando por yewa, oh,ye, e e e e;

175
por isso não dormimos, por isso não descançamos;
estamos procurando por yewa, oh, ye e e e e.
Esta é a canção que aqueles que estão buscando pela morte cantam até hoje quando alguém morre na terra
iorubá.2
Ifa diz que alguém irá a algum lugar, ele deve fazer um sacrifício antes de ir para que possa voltar para casa
no lugar que ele partiu; se não fizer o sacrifício
Eles irão procurá-lo para sempre em vão. Quatro pombos e quatro shillings, não menos, é o sacrifício.3
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1.yewa foi interpretada pelos informantes de ifé como uma contração de yeye-wa, nossa mãe, que é
consistente com a canção fúnebre abaixo. Contudo, yewa é também a deusa do rio yewa próximo á fronteira
do daomé, e está associada à ráfia ( raphia spp,) mencionada abaixo.
2. Este canto explica desta forma uma das canções cantadas durante a parte das cerimônias funerais
conhecidas como buscando pela pessoa morta. (iwa oku ).
3. Para maneira pela qual este sacrifício é realizado, ver o final do capítulo vi.
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-204-1-

Cachorro lambe a água no canto da sua boca; mosca não coloca contas para venda e se a vergonha se
recusar a ir adiante, então nós a traremos de volta foram os que jogaram ifa para osu, que era filha de
Do rei de oyo, ajori,1 que não tinha experimentado as dores do parto e que estava chorando porque não tinha
tido filhos.
Cachorro lanbe a água no canto da sua boca; mosca não coloca contas para venda, e se a vergonha se
recusar a ir adiante, então nós a traremos de volta foram os que jogaram ifa para arera, que era filho do rei de
oyo e que estava chorando porque não tinha gerado um filho.
O sacrifício de arera foi um carneiro. O sacrifício de osu foi uma ovelha, arera deveria criar o pequeno
carneiro.2 osu deveria criar a pequena ovelha.
Ambos estavam tentando ter um filho; eles se escontraram e arera teve um intercuso com osu e osu ficou
grávida. Arera disse a osu que a criança deveria se chamar ojodu. Logo depois disto houve uma conspiração
contra ojodu. O povo de ifé queria comprá-lo para que oni pudesse sacrificá-lo. Quando eles amarraram
ojodu, ele começou a gritar que tinha sido levado para a sua própria cidade como prisioneiro. Disse que oni
deveria dar para ele oito nozes kola para jogar e que se elas caíssem quatro voltadas para cima e quatro
voltadas para baixo eles deveriam começar a cantar:
ojodu veio, filho de arera;
ojodu veio, filho de arera;
vocês devem me agradecer que as nozes kola cairam bem.3
ojodu veio, filho de arera;
vocês devem dar um animal como sacrifício;
vocês não devem tirar a cabeça de um parente.

vocês devem dar um animal como sacrifício;


vocês não devem tira a cabeça de um parente;
ojodu veio, filho de arera.
Daquele tempo em diante sacrficamos cabras para ifa.4
1. Este canto foi registrado em igana. Diz-se que ajori é um outro nome para osu, filha do rei de oyo.
2. Isto é, ele deve pegar um carneiro jovem e criá-lo até ele ficar adulto, quando então deverá sacrficá-lo.
3. Isto é, a divinação caiu de maneira propícia, com quatro nozes kola voltadas para cima e quatro para baixo.
4. Este canto explica porque não são mais realizados sacrifícios humanos a ifa e porque em seu lugar são
sacrificadas as cabras.
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-222-1-

Três ruas de casas em ila, estradas de ojomo odo;1 três chegaram em casa, três não chegaram em casa e a
palmeira muito pequena da casa de irojo dá um vinho
De palmeira muito bom foram os que jogaram ifa para o povo de ilabessan no dia em que o rei deles morreu.2

176
Eles disseram que eles deveriam trazer um elefante para fazer um sacrifício. Todos os caçadores da cidade
tentaram capturar um elefante, mas não conseguiram.tartaruga disse que conseguiria. Pegou todas as coisas
que a boca come e levou-as para elefante. Quando elefane as provou, tartaruga disse:
Estas são as coisas que você, elefante, estará comendo se vier para casa para que eles possam lhe fazer rei
porque o rei da cidade de ilabesan morreu e você é quem eles querem fazer rei. Quando elefante ouviu isto,
ficou feliz e seguiu tartaruga, e tartaruga cantou:

Nós levaremos elefante eo faremos rei,shekurebele;3


Nós levaremos elefante eo faremos rei,shekurebele.
Então tartaruga cantou até os dois chegarem em casa,. Quando entraram na cidade o povo viu elefante e
começou a aplaudir: ye! Elefante ficou assustado, mas tartaruga o encorajou dizendo: não vê como o povo da
cidade ficou feliz ao vê-lo? Mas antes que
Elefante e tartaruga entrassem na cidade, o povo da cidade tinha cavado uma armadilha para eles, como
tartaruga tinha instruido a eles antes de sair para a floresta para pegar elefante. Quando elefante entrou na
cidade, o povo tinha esticado uma esteira sobre a armadilha. E disseram que elefante deveria vir e se sentar
sobre ela por que a esteira seria o trono onde ele deveria se sentar. Quando elefante tentou se sentar sobre
ela, a esteira caiu na armadilha e elefante caiu com ela dentro do buraco. Quando o povo da cidade viu que
elefante tinha caído dentro da armadilha, pegaram paus e o mataram. Desta forma o povo da cidade de
ilabesan conseguiu sacrificar um elefante para o bem da cidade, com a ajuda de tartaruga, e a cidade
começou novamente a viver bem.4
Ifa diz que existe alguém cuja cabeça, 5 o colocará numa posição importante,mas que a pessoa que o ajudará
chegará de reppente para auxiliar, e alguém que ele náo espera será quem o ajudará.
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1. Ojomo odo é uma cidade ñão identificada, ila e uma cidade a cerca de quarenta e cinco milhas a nordeste
de ifé.
2. O eufemismo usado aquí é entrar na casa da chuva. Ilabesan é uma cidade não identificada.
3. Shekurebele náo tem significado mas é adicionado ao refrão para fazer a canção soar bem.
4. Cf. As versões desta história registrada por frobenius ( 1926: 289-292); ogumefu ( 1929: 65-68; n.d. 7-9)
jacobs ( 1933: 9-11) e walker e walker ( 1961: 61-63).
5. Isto é, sua sorte ou destino; uma posição ou ofício importante está guardado para esta pessoa.
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-222-2-
Agarrar, divinador de gato, foi quem jogou ifa para gato quando ele viajava todos os dias, mas seus lucros se
escoavam de suas garras. Eles disseram que ele deveria sacificar seis agulhas, seis pombos e três shillings.1
ele fez o sacrifício, daquele tempo em
Diante gato nunca mais teve suas coisas se escoando de suas garras.2
Ifa diz que alguém terá tudo se escoando de suas mãos; ela deveria sacrificar para que suas coisas não se
escoem novamente de suas mãos.
1. Como os cauris são contados por unidades de 2000, são seis unidades de cauris, como são seis agulhas e
seis pombos.
2. Entende-se que as agulhas transformaram-se nas garras do gato, com as quais ele impede que as coisas
escapem.
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-222-3-
Homenagear de longe,1 divinador do fogo foi quem jogou ifa para fogo. Eles disseram que onde fogo pegasse
eles estariam longe dele; disseram que sua cabeça deveria abrir o caminho para ele.2 disseram que ele
deveria sacrificar três galos, um shilling sete pences e oito oninis e muito óleo de palmeira.3 fogo fezo
sacrifício.
Ifa diz que alguém quer fazer uma coisa; ele deveria fazer um sacrifício para que o caminho esteja limpo para
ele porque se ele fizer o sacrifício será capaz de fazer tudo o que quizer – no seu trabalho ou numa coisa
importante que ele deseja fazer.
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1. Imagem aqui comparada a maneira de esfregarmos as mãos para aquecê-las diante do fogo com a
maneira como esfregamos as mãos para prestar homenagem a um legislador. Cf.n.5, canto 111-1 e n. 2,
canto 2-2.
2. O signidicado é que o fogo queimara o seu próprio caminho aonde for.
3. Cf. Canto 245-1 onde está especificamente colocado que o óleo de palmeira é despejado sobre o fogo para
mantê-lo aceso.
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177
-225-1-
Lagarto tolo foi quem jogou ifa para camaleão há muito, muito tempo.
Problema do camaleão, problema do camaleão – uma maldição é assim pronunciada. Existe um homem de
quem todos estão pensando mal, ele faz um sacrifício, mas não surte efeito; ele toma remédio, mas náo
resolve para ele. Ele deveria sacrificar dois pombos e dois shillings e seis pences para que sua sorte não seja
inteiramente má, porque ele veio do céu com uma cabeça ruim.1
Folhas de ifá; buscaremos alguma gbegidina,2 que tem ficado esmagada por tanto ir e vir, e algum sabão, nós
abateremos um pombo com isto, pegaremos uma cabaça coberta, lavaremos a cabeça da pessoa com eta
mistura na cabaça; despejaremos o restante num rio que está correndo.
Ifa diz que existe alguém que está se comportando como se tivesse sido almadiçoado; a pessoa deve ir e
lavar sua cabeça no rio.
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1. Nste caso diz-se a uma pessoa que tem má sorte como parte do seu destino que seve sacrificar para que a
sua sorte não sea tão ruim como deveria ser se não sacrificasse.( cf.cap. Xi).
2. Um tipo não idnetificado de grama.
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-225-2-
Grama de pé, grama eruwa,1 de pé, se lavanta e dança em casa diante deles; na noite passada o grande rei
matou uma caça para comer foi quem jogou ifa e quebrou as nozes da palmeira para ameri, sua esposa.
Existe alguém que está favorecendo e desculpando uma mulher em tudo, mas a mulher é uma feiticeira. Ela
não permitirá que seus assuntos se aprumem. Ele faz o sacrifício, mas não tem efeito, ele toma
remédio, mas não funciona. Ele deveria sacrificar seis galetos, seis varetas de visco,2 e inhames maduros
amassados

Por causa desta mulher. Eles disseram que ele deveria levá-los para o seu campo e amarrar os galetos numa
travessa de vime; ele atou as varetas de visco na borda da travessa, a primira mulher deste
Homem virou um pássaro e voou para o campo, quando lá chegou, ouviu os gritos dos galetos e voou para o
chão, viu os inhames maduros amassados e quando começou a comè-los ficou agarrada às varetas de visco
e morreu.3
Ifa diz que existe uma mulher-pássaro,4 que está ao lado desta pessoa. Ifá diz que ele deveria fazer um
sacrifício para que ela não possa matá-lo. Ifa diz que estamos buscando conselho sobre um assunto, mas a
pessoa de quem estamos esperando um conselho é um inimigo. Portanto devemos ter cuidade para não falar
disto diante desta pessoa, que se mostrará mexeriqueiro.
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1. Provavelmente andropogon gayanus ( eruwa funfun) ou a, tectorium ( eruwa dudu ), koriko é um termo
geral para grama.
2. Substãncia viscosa feita da seiva de uma árvore e usada como isca para pegar papagaios no milharal.cf.
Canto 245-2.
3. Note que todos os itens do sacrificio são instrumentos para pegar feiticeiros.
4. Uma feiticeira, acredita-se que as feiticeiras possuam pássaros e outros animais familiares e, como visto
neste canto, capazes de se tranformarem em pássaros.
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-225-3-
Ose,1 agita a poeira foi que jogou ifa para o rei de ara quando ele estava chorando porque não tinha dinheiro.
Eles disseram que ele deveria sacrificar; ele sacrificou quatro pombos e feijões brancos cozidos.
Eles disseram que ninguém teria dinheiro como ele.
Ele ganhou dinheiro, mas precisava de esposas.

Sacrificou duas galinhas, nove pences e seis oninis e um shiling três pences e seis oninis e uma cabaça. E
ganhou esposas.
Disseram que ele deveria sacrificar uma gaiola cheia de galos e seis shilings seis pences para que tivesse
filhos, e ele teve filhos.
Eles disseram que ele teria um título; então ele sacrificou um carneiro, um comprimento de pano branco,2 e
dois shilllings. Ele ficou tão velho que tiveram que aquecê-lo no sol.3
Ifa diz que existe uma criança que completará a sua tarefa.
eu escolherei dinheiro, eu escolherei filhos,

178
não serei capaz de partir.4
eu escolherei dinheiro, eu escolherei filhos,
não serei capaz de partir.
Ifa diz que o rei do céu criará um mercado,5 para uma pessoa velha; para que o seu destino não se estrague
enqunto ele ainda estiver vivo na terra, ele deveria fazer um sacrifício.
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1. Ose vem do nome da caída.
2. Note a recurrência da cor branca; feijões brancos cozidos, um pedaço de pano branco, uma cabaça de giz,
quatro pombos brancos e um pano branco.a caída ose está associada à cor branca pela similaridade do seu
nome com sabão em iorubá ( ose) que embora negro, produz espuma branca.
3. Literalmente, secá-lo ao sol
4. Provavelmente, deixar esta terra, morrer.
5. É uma figura de retórica para dar a ele uma grande familia e muitos seguidores, tão numerosos quanto a
multidão no mercado.
6. A implicação é que este destino inclui dinheiro, filhos, um título e uma vida longa.
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-225-4-
O mergulhador pula para dentro e para fora da jarra de água,1 foi quem jogou ifa para o rei que tinha uma
cadeira de homem branco.2 eles dissseram que ele

Deveria fazer um sacrifício no interesse de uma mulher grávida na sua casa.


Ifa diz que isto diz repeito a uma mulher grávida, não a deixem encontrar a calmidade,3 sim! Eles disseram
que ele deveria sacrificar um bode totalmente adulto,
Uma jarra de água,4 sete pences dois oninis e o pano da cintura de uma mulher. O rei não sacrificou.
Quando esta mulher grávida deu à luz, nasceu um menino; eles disseram que seu nome era coroa anda com
honra. Quando ele tinha idade para falar, não falou e quando cresceu era surdo mudo.eles tentaram e
tentaram mas não conseguiram fazê-lo falar. Levaram-no aos caçadores de búfalo para que eles o levassem
ao local onde búfalo mora, esperando que talvez ele prdesse falar; o búfalo berrou para ele mas ele não falou.
Levaram-no aos caçadores de elefante, esperando que se os elefantes balissem para ele, ele seria capaz de
falar, mas ele não falou. Quando todos tentaram e falharam, tartaruga disse que ele faria e que a criança
falaria. O rei prometeu que se tartaruga conseguisse fazer a criança falar, ele dividiria sua casa em dois e
daria netade a tartaruga.
Quando tartaruga trouxe a criança para casa disse que eles deveriam encontrar duas cargas de varetas,5 e
muito mel.6 eles reuniram tudo e trouxeram para ele. Tartaruga pegou o mel e levou-o para o caminho, todos
os que passavam o provavam, mas quando coroa anda com honra veio e colocou o dedo e provou, tararuga,
que estava escondido na floresta , saiu e o admoestou e acusou-o de roubar o seu mel. Então tatraruga
pegou-o como ladrão, pegou as varetas e cobriu-o de pancada, começando a chicoteá-lo. Quando já estava
chicoteando-o há muito tempo, golpeou-o no pescoço. Quando bateu no pescoço dele, machucou muito a
criança. Gritou bem alto, dizendo:

coroa anda com honra, filho de oshin,


filho de oshin;
fui com os elefantes para a floresta dos elefantes,
filho de oshin;
fui com o búfalo para o campo onde eles caçam o búfalo,
filho de oshin;
fui com um animal jovem,7 para o campo de iyo,8
filho de oshin.
roubei o mel do animal jovem para comer,
filho de oshin;
coroa que anda com honra, filho de oshin,
filho de oshin;
de quem é o animal jovem? De quem é o mel?
filho de oshin;
meu pai é o dono do animal jovem, é dele o mel,
filho de oshin.9
Desta forma coroa anda com honra começou a cantar e a falar até ele e tartaruga voltarem para casa.
Quando oshin, o rei, viu que ele estava falando, ficou muito feliz e dividiu a sua casa e o seu lar,10 em dois e
deu metade para tartaruga.

179
Ifa diz que devemos fazer um sacrifício por causa de uma mulher grávida para que filho que está dentro dela
não seja mudo e ela tenha que gastar muito dinheiro por isto.
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1. O amu é uma vasilha grande, de pescoço estreito onde se guarda água, o kere é uma caneca feita
antigamente de concha de caramujo.
2. Cadeiras de fabricação européia eram utilizadas como tronos por alguns reis iorubanos.
3. A frase “ se ese” é usada em referêcia à morte de mulheres grávidas, um evento especialmente maléfico
que requer a retirada do feto antes do enterro, ou para aqueles mortos acidentalmente por caçadores, e
atualmente para aqueles que morrem de acidente de automóvel.
4. Note a referência ao nome do divinador.

5. Varetas feutas do arbusto atori, ver n. 4, canto 33-1.


6. Igan foi explicado como mel de abelha, também conhecido como oyin. Cf. N. 3, canto 18-8.
7. Isto se refere a tartaruga, como mostrado no verso seguinte.
8. Isto foi explicado sòmente como o nome do campo.
9. Esta é uma cançáo cantada no padrão típico com regente de coro, com filho de oshin, como refrão cantado
pelo coro
10. No idioma iorubá é sua casa e estrada, signficnando todas as suas posses. Cf. As versões desta história
registradas por bouche ( 1885: 225-226); ellis ( 1894: 263-265); frobenius ( 1926: 237-238); jacobs ( 1933: 28-
30 ) e itayemi e gurrey ( 1953: 51-53).
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-236-1-
Dor de garganta tira o que é bom do prato,1 foi quem jogou ifa para todas as pessoas na terra quando elas
estavam afligidas pela doença. Eshu diz que o sacrfício será eficaz se fizerem como ele diz. As pessoas na
terra vieram e sacrificaram uma cesta de caracois, um carneiro e três shillings e seis pences.
Daquele tempo em diante o mundo começou a ser bom.
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1.kolobo foi descrito pelos informantes como uma doença da garganta em que a garganta e a lingua ficam
pretas, impedindo a pessoa de comer. Abraham a identifica com efu, que ele define como estomatite ( doença
que causa manchas brancas na língua e na boca e a pessoa não pode comer pimenta ). Em ambos os casos
ela tira o prazer de comer. Este canto foi registrado em araba de modakeke, um subúrbio de ifé fundado por
fefugiados da área de oyo durante as guerras do último século.
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-239-1-
Akoda,1 divinador de aquele que posssui terras, e muito comprido,2 o divinador de causador de dor. Foram os
que jogaram ifá para orunmilá no dia em que todos os espíritos maus no mundo queriam levá-lo.
Ele disse que ele também tinha um mestre,3 como eles, e que o seu mestre o libertaria das mãos deles e náo
deixaria que eles o levassem.
Ele foi para os pássaros bracos dentro do

Cupinzeiro, para os pássaros pintados de branco no


Lado esquerdo e para os pássaros brancos que voam para terra de dentro do cupinzeiro. Os pássaros
brancos dentro do cupinzeiro no lado esquedo disseram que orunmilá deveria trazer kola branca. Os pássaros
brancos que voaram para a terra de dentro do cupinzeiro disseram que orunmila deveria trazer pimenta da
guiné.4 eles pilaram estas coisas para fazer medicina egiri,5 para orunmilá. Eles disseram: a cabeça da
tartaruga não dói; o fígado do caracol não incomoda; a pedra no alto do rio não esfria. Eles disseram que os
espíritos maus não seriam capazes de levá-lo embora. Nós despejaremos o pó da divinação dentro da carne
cozida e o comeremos.
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1. Título de um dos divinadors do rei de ifé. ( ver capítulo x ).
2. Algo que é muito comprido.
3. A alma grardiã ancestral é algumas vezes referida como o mestre da pessoa. ( oga ).
4. Aframomum melequeta, também conhecida como pimenta malagueta ou pimenta jacaré.
5. Egiri é um tipo de medicina ou remédio para prevenir a morte,
6. Após a caída ose meji ser marcada no pó de divinação e este canto ter sifo recitado, o pó e adicionado à
carne cozida feita de uma pequena tartaruga e um pequeno caracol, que são removido de suas conchas, com
kola branca, kola vermelha, pimenta da guiné, sal pimenta e óleo de palmeira. Este é um encantamento ou
medicina para prevenir a morte conhecido como não morrer ( aiku ) ou não-ver-a-morte ( ariku, a ri iku) ; egiri,

180
mencionado neste canto é conhecido como outro nome para este encanteamento. Cf. O canto registrado por
lijadu
( 1923: 26).
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-239-2-
Nós marcaremos ose meji no lado de uma parede com giz e madeira came.1 cabelos cinznentos fazem sua
casa nas cabeças do idosos; folhas secas de palmeira não levam peso,2 seus ombros foi quem jogou ifa para
kola quando eles estavam vindo do do céu para a

Terra. Eles disseram que eles deveriam sacrificar para que os seres humanos não fossem capazes de matá-
los. Suas crianças mais novas foram os que fizeram o sacrifício; as mais velhas não fizeram. As crianças mais
novas são as pequenas partes das nozes kola,3
Que nós separamos. Daquele tempo em diante o povo tem matado kola.4
Nós mascaremos a kola e a sopraremos após termos marcado a caída na parede, para que os feiticeiros não
sejam capazes de levar esta pessoa.5 três galos e nove pences é o sacrifício.
1.as caídas ose meji e ofun meji podem ser vistas traçadas para proteção em giz e madeira came na parede
das casas. Cf. Canto 256-6.
2. Literalmente não veja o trabalho de um atiro, que é uma armação de cestaria para carregar trouxas.
3. Os pequenos pedaços ou seguimentos naturais ( awe) da noz de kola (cola acuminata) não são comidas,
mas colocadas separadas. O canto explica porque se faz desta forma e porque os segmentos maiores são
comidos.
4. Separar a kola significa matá-la; significa que ela é comida.
5. Literalmente, circundar, referindo-se ao fato da noz kola poder ser fechada dentro da mão, mas significado
aquí é que eles não poderão matá-la.
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-241-1-
Voa baixo foi quem jogou ifá para abutre quando ele estava indo para a cidade de baixo igbo.1 eles disseram
que ele não se cansaria. Disseram que ele não encontraria a má sorte da doença. Disseram que quando ele
ficasse com fome, o deus céu traria comida para ele comer. Abutre sacrificou a faixa da sua cintura, um
pequeno pote de óleo de palmeira e um bode. Abutre fez o sacrificio. Se acontecesse de abutre sentir fome,
ocorreria uma catástrofe na cidade.2
Ifá diz que nós iremos fazer alguma coisa. Ele diz que não nos deixará encontrar com a doença lá. Diz que o
nosso duplo espiritual no céu,3 nos ajudará neste empreendimento e que nós não cairemos em desgraça.

----------------------------------------------------------------------------------1.segundo a tradiçao de ifé, os igbo eram um


grupo de pessoas localizadas ao sul, que lutaram com ifé até serem derrotados por moremi. Ver n.5, canto 24-
1.
2. Cf. Cantos 5-2, 248-1. Isto explica porque qualquer desastre na cidade beneficia abutre, que se alimenta
dos corpos dos animais mortos e dos sacrifícios oferecidos para acabar com os desastres.
3. A alma guardiã ancestral.
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-241-2-
Cabelo de milho parece um egungun,1 mas não pode fazer o que egungun faz foi quem jogou ifa para urina,
quebrou nozes de palmeira para cuspe e jogou ifá para urina, quebrou nozes de palmeira para cuspe e jogou
ifá para sêmen,2 que eram suas crianças mais novas. Eles disseram que estes três deveriam sacrificar dez
galinhas cada e cinco shillins cada para que pudessem se tornar pessoas inteiras,3 e para que suas tarefas
pudessem ser capazes de chegar a uma conclusão bem sucedida. Urina não fez o sacrfício, e nem cuspe
apazigou eshu. Sêmen, o mais jovem entre estes três sacrificou suas dez galinhas e cinco shillings.
Depois, sempre que cuspe toca o chão, ele desapare ce, e quando urina toca o chão, entra nele, mas quando
sêmen toca o chão,4 ele se tranforma numa criança saudável.
quem é este que gera estas pequenas crianças?
sêmen é quem gera estas pequenas crianças, sêmen.
Ifá diz que existem três pessoas que são filhos da mesma mãe, eles devem fazer um sacrifício para que não
desapareçam da face da terra, deixando sòmente
A última nascida entre elas.
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1. Isto é, a haste do milho possui uma decoração no topo como a coroa da roupa de um egungun. Diz-se que
ojere, embora aqui referindo-se ao cabelo liga-se mais geralmente aos brotos ou folhas novas de qualquer
planta.cf. Canto 166-1.

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181
2. Note o jogo de palavras com urina ( ito), cuspe ( ito) e sêmen
( ato ).
3. Para que ele pudesse se transformar em crianças como o sêmen.
4. Fica entendido que isso significa a sua entrada no ventre. O canto explica desta maneira porque sòmente
o sêmen pode produzir crianças.
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-241-3-

Pedaço de ferro, pedaço de ferro, ganchos de ferro não quebram,1 foi quem jogou ifá para o deus da
brancura. Eles disseram que ele deveria vir e fazer um sacrifício; para as suas duas crianças bem pequenas.,
ele disse que não podia fazer o sacrificio, disse que foi ele quem criou tanto os escravos quanto os nascidos
livres.2 logo depois ele enviou suas duas crianças ao campo. Quando elas chegaram na estrada, o rio levou
uma delas embora, e onde o povo veio para lamentar a outra, começou um fogo em sua casa e o queimou até
a morte na casa.
Ifa diz que existem duas crianças cujo pai deveria sacrificar dois galos, três shillings e uma cesta de mingau
de milho para que essas crianças não morram. Ou deveremos ter cuidado com essas crianças para que uma
não morra queimada e a outra morra afogada no rio.
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1. Como os comuns feitos de madeira. Cf. N.1, canto 4-4.
2. Ver n, 3, canto 5-1, e n. 3, canto 9-1.
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-241-1-
Vendido uma vez no mercado foi quem jogou ifá para cabaça de manteirga shea quando ele ía para o
mercado de ejigbomekun.1 eles disseram que ele deveria fazer um sacrifício pelos seus três camaradas no
céu.

O primeiro é chamado de ele captura o fogo,2 muito brilhantemente, o segundo é chamado clarões e fagulhas
luminosas,3 o terceiro é chamado aquele que vive na casa e corta varetas de inhame.4 cabaça de manteirga
shea não fez o sacrifício de três pombos e nove pences e seis oninis. Nós lançaremos os seis oninis ( 200
cauris) na estrada.
O fato de cabaça de manteiga shea náo ter feito o sacrifício é motivo de nós usarmos sòmente uma vez a
cabaça para vender manteiga shea e a pessoa que compra a manteiga shea levar a cabaça junto.5
Ifá diz que faremos algum negócio; devemos ter cuidade para que o nosso duplo espiritual no céu não
estrague a transação pra nós porque quando os três camaradas de cabaça de manteiga shea no céu olharem
para cabaça de manteiga shea sua cabeça estragará.6
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1. Cf. N. 5, canto 24-1.
2. Imunamuna foi traduzido livremente como muito feroz , porém neste contexto deve ser comparado a
imonanona, significando relâmpago.
3. Imorimo refere-se ao clarão do relâmpago, ko significa esplodir, como um relâmpago; yeri-yeri signfica
acender, como as fagulhas dos fogos de artifício.
4. As varetas onde os pés de inhame são atados.
5. Quando a manteiga shea derrete,ela mela a cabaça. Portanto, quando ela é vendida no mercado, o
comprador tem que levar a cabaça junto para casa e a joga fora quando a manteiga termina. Esta passagem
explica tanto isso quanto o nome do divinador, vendido ( sòmente ) uma vez no mercado.
6. Como indicado pelos nomes, os dois primeiros entre os três camaradas refere-se ao relâmpago e ao calor,
que pode melar a mantega shea e estragar a cabaça na qual ela está guardada.
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-243-1-
Ofun mata iwori,1 imediatamente, e não segure a minha
Mão , eu não a estou botando nas calças;2 vou com

Meus pés, não estou usando calças foram os que jogaram ifá para as folhas me ajudam mastiga-
Mastiga,3 filho de aquele que entende a linguagem do egun não a fala, labayemi, filho de aquele que
conquista com duzentas pimentas, pessoa bonita e limpa abre a porta do céu e ela range gbongan-gbongan.4
eles disseram que ele se tornaria rei do povo da terra e do povo do céu.
Ifá diz que existe um homem que anda pela casa como se estivesse insano. Ifá diz que ele será o dono da
casa daquí há um tempo. Ifá diz que tanto o homem quanto as mulheres da casa vão se reunir para serví-lo
depois e que ele será rei sobre eles. Folhas me ajudem é o nome que damos ao deus do trovão.

182
Um carneiro, seis shillings seis pences e 200 pedras macho,5 é o sacrifício. O deus do trovão fez o sacrifício e
daquele tempo em diante ninguém pode mais encará-lo,6 tanto na terra quanto no céu.
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1.este é um nome alternativo para a caída ofun iwori, aparecendo aqui como o nome de um dos divinadores.
2. Kanki são calças curtas que chegam aos joelhos, enquanto sokoto atingem os tornozelos. Diz-se que o
nome inteiro significa , deixe-me só, não quero lutar.
3. Awala-wulu representa os sons feitos quando alguém tenta falar a linguagem que ele não conhece, como a
do egun, linguagem falada pelo povo de porto novo, referindo posteriormente, ou aos garranchos de uma
criança que ainda não sabe escrever. Neste contexto refere-se ao som do trovão.
4. Gbonban-gbongan representa o barulho de uma porta vibrando após ter sido fechada com força. Aquí
refere-se ao som do trovão. Estes quatro nomes estão associados a xango, deus do trovão, identificado
abaixo.
5. As pedras macho foram identificadas com os seixos brancos de quartzito.
6. Isto é, ninguém ousa se opor a ele; ninguém que ouve o seu trovão deixa de correr dele. Este canto explica
desta maneira porque xango veio a ter tanto poder e respeito.
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-243-2-

Vazio, vazio ofun; iwori muito pesado,1 foi quem jogou ifá para kannike quando ele estava indo para a floresta
por causa de um cauri.2 eles disseram que ele deveria sacrificar quatro pombos e dois shillings para que não
perdesse os benefícios do seu trabalho. Kannike não fez o sacrifício. Kannike é o mome de cutelo e daquele
dia em diante se cutelo corta os inhames ou limpa a terra para o milho, ele é deixado de lado e outra pessoa
vem e leva os frutos do seu trabalho.3
Ifá diz que existe um homem, náo o deixem perder os benefícios do seu trabalho, oh! Tudo o que ele está
fazendo não terá uma coclusão bem sucedida e alguém levará os frutos do seu trabalho.
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1. O nome do divinador deriva-se do nome da caída.
2. Isto é, escapara dos seus credores., cf. Canto 255-3, onde um personagem em circunstâncias semelhantes
pede dinheiro emprestado para fazer o sacrifício e tornar-se rico.
3. Este canto explica porque um cutelo ( faca de mato ) não come o inhame e o milho que ele ajudou a
crescer.
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-243-4-

Ofun, divinador de igando; iwori divinador de igando;1e um armazém enorme faz o fazendeiro rir,2 foram os
que jogaram ifá para efun-sheku que era a cabeça das mulheres estéreis de ifé. Eles disseram que as
bênçãos do céu e as bênçãos da terra chegariam para ela naquele ano. Eles disseram que ela deveria
sacrificar contra a comida da boca,3 para que não lhe dessem remédio para tomar. A cabeça das mulheres
estéreis de ifé é como chamamos o armazém. Quando colhemos inhames, milho, feijões, awuje,4 e muitas

Outras coisas e os estocamos no armazém, ele fica feliz; mas alguém vem e leva os inhames, alguém
Vem e leva o milho e então trazem a desgraça para arvazém e deixam ela cair vazia.5
Ifa diz que existe alguém que quer fazer algum trabalho, o deus céu direcionará a honra para ele. Ele deve
sacrificar para não encontrar alguém que lhe dará um remédio mal para tomar e todo o dinheiro da sua casa e
do seu lar,6 será gasto para evitar que ele morra. Uma ovelha, cinco shillings, seis pences, uma jarra de óleo
de palmeira e a roupa do seu corpo é o sacrifício.
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1. Ver nº 1, canto 243-3.
2. Um armazém grande e cheio faz um fazendeiro feliz.

3. Um tipo ruim de remédio que, como explicado pelos informantes e pelo canto, é dado a alguém para tomar., parece também significar um remédio cujo propósito é conseguir tomar a
comida de alguém.

4.provavelmente feijões manteiga ( phaseolus lunatus), mas o nome awuje é também dado a outros tipos de
feijão. ( ver dalziel, 1937: 240,354,255).
5. Este canto explica porque as posses do armazém são levadas, separadas e dispersadas. A implicação
clara é de que armazém não realizou o sacrifício prescrito.
6. Ver nº 10, canto 255-4.
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183
-244-1-

Você contrai o ânus e tem gazes; você não contrai o seu ânus e tem gazes e você tem problemas e não pede
perdão; você não pede perdão e nega a sua culpa,1 foram os que jogaram ifa para shakeu, que era filho de
ibagboloro, no dia em que ele estava v indo para a colina pegar a pedra para um título.2 eles disseram que ele
deveria sacrificar uma ovelha, onze shillings, seis pences e um pano branco para que as pessoas não o
amendrontassem. Shakeu não fez o sacrifício.
Shakeu era filho do rei e era muito rico, quando o rei

Morreu,shakeu perguntou: a quem mais na terra terei que visitar para competir por este título?3 ele reuniu tudo
com o que poderia competir pelo título que levamos para os chefes como presentes, e ele foi para o céu.
Atirou uma corda para o céu e sugiu por ela. Quando chegou lá, o deus céu disse: não existe mais ninguém a
quem vocè tenha que visitar em toda a terra? Disse que ele nunca deveria fazer isto novamente. Quando
shakeu voltava para a terra, exu cortou a ponta da corda na qual ele subira ao céu. Quando ele começou a
voltar, exu cortou o topo da corda através da qual ele iria subir para o céu. Shakeu foi deixado pendurado no
ar, e o sol batia nele. Quando estava para morrer de fome, gritou:
eu, shakeu vim, oh; filho de ibagboloro;
estou morrendo de fome; filho de um chefe acima, oh.
Ifá diz que o deus quer dar a lamparina do destino a alguém. Ele deve ter cuidado para não desperdiçar esta
oportunidade sendo muito ambicioso, rompendo a corda e perdendo as contas.4
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1. Diz-se que yanran-yanran descreve a expressão facial de uma pessoa que faz uma negativa indignada.
2. Ir ao topo de uma colina e pegar uma pedra é parte de uma cerimônia de instalação; deve ser comparada à
visita de oni a oke ora durante a sua instalação.
3. Candidatos a uma posição de título visitam outros chefes, levam presentes e comida os candidatos também
entretém os outros chefes em suas próprias casa, esperando causar uma impressão melhor do que a dos
candidatos rivais. Numa campanha para suceder seu pai e tendo visitado todos os chefes na terra que ele
considerou dignos, shakeu pretendeu visitar por vontade própria o deus céu.
4. Uma metáfora para estragar tudo. Ver nº 2, canto 14-2.
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-244-2-
Pulo imediato, divinador da cidade de igbade, foi quem jogou ifá para o povo de igbade no dia em que os
espíritos do mal que agarram as pessoas estavam

Vindo do céu, quando os seres malignos do céu estavam aparecendo. Pulo imediato disse que as bençãos
viriam para as pessoas de igbade durante aquele ano.1 eles disseram: está tudo bem. Fixaram felizes e se
regozijaram.
A parede que cai em casa não mata alguém no campo, foi também um divinador em igbade. Ele disse: há! Ele
disse que eles deveriam oferecer um sacrifício contra os maus espíritos do céu que os agarrariam. Sete
pences, dois oninis, um galo e cordas enroladas é o que eles devem sacrificar.
Ele disse que os maus espíritos estavam vindo do céu para apanhá-los e levá-los.. As pessoas o deitaram no
chão e começaram a bater nele.2 disseram: o outro divinador que chamamos nos prometeu bênçãos de
esposas e bênçãos de dinheiro, e agora você nos diz que algo do céu está vindo para nos pegar.
Eles o amarraram, e no local onde eles o deixaram amarrado, exu atirou pó na floresta e bateu palmas para
isto.3 a floresta se transformou em guerreiros, e os guerreiros capturaram todas as pessoas. As pessoas
disseram que um divinador as tinha prvenido exatamente sobbre isso.4 então exu falou, perguntando: onde
está o divinador? Elas disseram que o tinham amarrado, deixando naquele lugar.
Os guerreiros correram para o divinador. Disseram? Ele é um homem de verdade! Os guerreiros pediram ao
divinador que jogasse ifá para eles para que eles pudessem capturar outra cidade. Ele disse que não poderia
fazer isso a não ser que eles libertassem o povo de igbade para ele.
Eles libertaram o povo de igbade para ele, e ele disse ao povo de igbade que eles deveriam ir e pegar sete
pences e dois oninis, uma corda enrolada e um galo para ele.
Ifá diz que existe um grupo de pessoas que deveria sacrificar para um ifá porque os espíritos malignos do céu
estão vindo para apanhá-las durante aquele

Ano; cada um deve sacrificar uma corda enrolada sete pences e dois oninis e um galo.
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1. Isto é, uma divinação falsa, que não avisou sobre o perigo iminente.
2. Porque eles não queriam ouvir a verdade sobre o perigo.

184
3. Um método utilizado por exu para realizar trasformações mágicas. Cf.cnato 1-10.
4. Ao criar os guerreiros exu não somente resgatou o divinador como fez sua predição tornar-se verdadeira.
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-245-2-

É branco, trmeluzente,1 foi quem jogou ifa para fogo no dia em que ele ia pegar o título de filho do alto,2 no dia
em que as coisas não iam bem para ele. Fogo fez o sacrifício. Quando o fogo está para morrer, se nós
despejamos óleo de palmeira sobre ele, ele começa a dançar para o alto.3
Ifá diz que existe um homem a quem o deus céu dará o seu destino; mesmo que ele seja um velho, o fogo do
seu destino continuará a dançar para o alto. Mas, ele deveria oferecer um sacrifício.
----------------------------------------------------------------------------------------------
1. Bala-bala significa salpicado de lama em relação a um pano, e trmeluzente, quando aplicado ao fogo.neste
contexto estão implicados ambos os sentidos, pois ele modifica diretamente o verbo ser branco e por ser uma
parte do nome do divinador do fogo.
2. Filho do alto, ou filho no mais alto, é um nome de louvor ao fogo; como visto abaixo, significa que o fogo
queimará alto.
3. Significando que as chamas queimarão alto. Note que o óleo de palmeira incluído no sacrifício é um
instrumento para fazer a predição acontecer. Cf. Canto 222-3.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------
-245-2-
É na floresta densa que nós arrancamos os cipós. É embaixo que fazemos a corda,1 foi quem jogou ifá para
mosca no dia em que ele ia tomar visco,2 como sua esposa. Eles acoselharam que ela não daria o divórcio e
nem paz.

Mosca disse: está bem. Ele se casaria com ela de qualquer forma. No dia em que ele se casou com visco,
quando ele a tocou com sua mão, ela o agarrou, e quando ele a tocou com o pé, visco o agarrou. Mosca virou
a cabeça,3 contra ela e ficou completamente agarrado. Então começou a cantar:
eu-u-u te-e-e amo-o-o.4
Mosca continuou a repetir isso até morrer agarrado no visco.
Ifá diz que alguém se casará com uma mulher muito bonita; mas quando esta mulher recusar a se divorciar, o
homem não terá paz com ela até morrer. Três galos, um shilling e três pences é o sacrifício que eles
escolheram para mosca, mas ele não fez. Se tivesse feito este sacrifício, ele não ficaria agarrado no visco.
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1.tanto agba como okun são usados como palavras para corda e cipó. A refêrencia aqui é para reunir galhos e
cipós para serem usados como cordas, pois estes caem das grandes árvores da floresta.
2. Cf. Nº 2, canto 225-2. Uma substância pegajosa como papel para pegar moscas.
3. Como uma mosca gira ou vira a cabeça sobre o pescoço.
4. Diz-se que é isto que a mosca diz ao zumbir. Quando este verso é repetido, tosdas as vogais finais são
nasalizadas desta forma: emin nin monfen o-o-on para imitar o zumbido.
O canto explica por que as mosca zumbem e por que ficam agarradas no visco.
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-245-3-

A lua nova aparece claramente; a lua nova não aparece claramente, 1 foi quem jogou ifá para orunmilá
quando ele teve ele mesmo que levar a sua cabaça de nozes kola e a sua cabaça de pimenta.2 eles disseram
que orunmilá deveria sacrificar quatro pombos, dois shillings , seis peces, dois caramujos de contas brancas
para que o deus céu colocasse a

Cabaça do destino em suas mãos durante o presente mês. Ele fez o sacrifício. Quando orunmilá completou o
sacrifício, o dinheiro chegou para ele, quando ele ficou rico e possuiu escravos e penhoras,3 começou a dizer:
eles estão indo me penhorar este mês,oh;
mais velhos, nós não nos penhoramos e temos tempo para servir nossas nozes de palmeir.4
Ifá diz que alguém deseja ser um homem com dinheiro; não terá um título, mas será mais importante do que
um chefe. Terá tudo o que deseja da terra, mas atualmente tem que levar sòzinho a sua cabaça e também o
seu prato.
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1. Cf.clarke, 1939: 247.
2. Porque era pobre e não tinha parentes ou seguidores que o ajudassem.
3. Ver nº 2, canto 181-4.
4. Isto novamente é obscuro. Um informante interpretou como antes de orunmilá sacrficar, seu status não era
melhor do que uma penhora, ou servo contratado. Parece implicar também que orunmilá tenha sido tão pobre

185
que estava para ser um servo contratado. Em ambos os casos fica claro que ele estava preocupado em
sacrificar para as suas nozes de divinação, o que seria difícil se ele fosse um servo contratado.
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-245-4-
O pedaço quebrado de uma cabaça quebrou novamente; é o momento de cada um tomar o seu próprio
caminho, foi quem jogou ifá para o senhor do rio,1 no dia em que ele estava pronto para seduzir a esposa so
keso, eles disseram que o senhor do rio deveria fazer um sacrifício para que o seu lar e a sua casa,2 não
fossem destruídos por causa dela. O senhor do rio disse que a seduziria. Eles disseram que ele deveria
sacrificar uma cabra, uma jarra de manteiga shea, 200 caramujos e onze shillings.
O senhor do rio não fez o sacrificio e tomou a esposa

De keso. Dois meses depois do senhor do rio ter tomado a esposa de keso, igun veio para cumprimentar
keso.keso cozinhou inhames, e quando estavam prontos keso pediu a igun que os pelasse dentro do
almofariz para ele. Igun perguntou: oque isso significa? Quiz dizer: onde está sua esposa? Keso disse que o
senhor do rio a tinha levado dele. Igun disse: por que você não me contou isso assim que cheguei?
Quando igun ouviu tudo, não pode mais esperar: saiu e chamou aidan e ata-were. Quando os quatro se
juntaram- igun, keso, ata-were e aidan- foram atacar a casa do senhor do rio. Eles atacaram o peixe grande, e
o peixe pequeno, que eram os filhos do senhor do rio. Eles os atacaram e os destruíram completamente, e
todos osfilhos do senhor do rio foram mortos. Quando estavam voltando, cantaram:
keso, oh, você não deve lutar;
aidan, você não deve lutar.
Ifá diz que alguém deseja seduzir uma mulher; ele deve ter cuidado para que o seu lar e a sua casa não
sejam destrídos por causa dessa mulher que ele deseja seduzir; deve fazer um sacrifício refinado. As pessoas
pensam que o marido está acabado e que não pode fazer nada; mas as pessoas por trás do marido o
ajudarão a lutar contra aquele que seduziu a sua esposa e destruirão completamente a casa dele. Incluindo
as esposas e os filhos. Daqule tempo em diante os seres humanos têm usado veneno para peixes no rio e
usam igun, aidan, keso e ata-were como veneno para matar o peixe no rio.3
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1. O senhor do rio é o pai dos peixes, mas não é uma deidade.
2, todas as posses . Ver nº 10, canto 225-4.
3. Este canto explica a origem do veneno para peixe, e porque as plantas são usadas para essa finalidade.
Dalziel registra o uso de todas como veneno para peixe, exceto keso, uma fruta não identificada que também
é um purgante de açao rápida. Igun é o feijão veneno para peixe ( tephrosia vogelli) ou

( t. Densiflora) ou outra planta conhecida pelo mesmo nome (munlulea sericea); as folhas de ambas são
usadas como veneno para peixes. Ata-were ou pimenta were possivelmente refere-se a vagens do feijão
veneno para peixe, para a qual dalziel dá were como um nome alternativo. Aidan ou aridan é uma fruta
(tetraopleura tetraptera).

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-246-1-
O leopardo que busca uma luta,1 sai para andar com a lua alta,2 foi quem jogou ifá para orunmilá no dia em
que eles enviaram a morte para levá-lo ao céu, eshinrinmogbo.3
eu não encontrei o deus céu quando saí para andar;
quando um gongo de metal soa goro-goro- goro,4
não se parece com o deus da brancura; 5
eu não respondí ao chamado do deus céu;6
um sino que não tem badalo,
não responde ao chamado do deus da brancura.7
Ifa diz que existe alguém contra quem todos estão fazendo sacrifícios e encantamentos.8 ele diz que estão
fazendo em vão. Não serão capazes de mantê-lo
Embaixo. Do céu o deus céu o enviou e ele viverá para ver todos aqueles que estão fazendo sacrifícios e
encantamentos contra ele morrerem.
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1. Ofinran ekun é um nome alternativo para a caída ofun okanran, significando aquele que provoca o
leopardo. Contudo, neste contexto, é o leopardo que está buscando uma luta, aparecendo na luz do dia
quando é mais provável encontrar pessoas no caminho.

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2. Osan ( meio dia) cobre um período entre dez horas da manhã até quatro horas da tarde. Ganranin-ganranin
ou gan-gan refer-se à posição do sol acima da cabeça, ou talvez à intensidade do seu calor. Juntos os dois
termos cobrem o período de cerca de meio dia às duas horas.

3. Identificado sòmente como um título ou nome de louvor ( oriki) do céu.


4. O som feito pelo gongo, que é o de um sino grande e sem badalo tocado com uma vareta.
5. Como explicou o informante, porque não tem olho. Contudo, a implicação é de que um outro tipo de sino
( aja), mencionado abaixo, seja usado no culto a orixalá.
6. Eu não vou morrer ainda; meu momento de morrer ainda não chegou.
7. Um sino ( aja) que perdeu o seu badalo não é mais útil para oxalá.
8. Um tipo de encantamento ( edi) para ligar uma pessoa a uma mancha, ou para fazê-lo fazer o mal contra a
sua vontade.
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-246-2-
É muito branco,1 foi quem jogou ifá para canoa monta um título filho de orangunaga.2 eles dissseram que ele
não pereceria dentro deste mundo. Coroa monta um título é o nome que damos ao trompete.3 eles disseram
que ele deveria sacrificar um bode, um shillig sete pence , oito oninis e a faixa da sua cintura. Ele fez o
sacrifício.
Ifá diz que existe um homem velho que irá se casar com uma mulher velha que todos pensam que não pode
mais ter filhos. Esta mulher viverá para ver o filho que está para nascer se tornar um chefe; eles tocarão os
trompetes para ele e colocarão a mitra 4 em sua cabeça. Todos estão rindo deste homem porque ele não tem
sequer uma cabaça ou prato.
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1. Isto deriva-se de ofun nome da caída.
2. O título do rei de ila, a quarenta e cinco milhas a nordeste de ifé.
3.são pequenos trompetes de marfim nos quais são soprados os títuos de um chefe ao saudá-lo.
4. Um tipo de chapéu, feito de palha bem fina e decorado com penas aplicadas no veludo, que é usado pelos
principais divinadores e chefes da cidade ( ifé). ( ver capítulo x).
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-246-3-

Abra para que todos vejam, abra para que todos vejam; ifá é aquele que faz coisas das quais podemos
ouvir , sòmente as maldições nós não sabemos, maldições são a voz de ifé,1 foi quem jogou ifá para venha
para casa do estrangeiro, que desperta e faz um filho, filho de aquele que tem um leque brilhante. Eles
disseram que venha para a casa do estrangeiro deveria sacrificar quatro pombos e dois shillings seis pences.
Eles dissseram que ele deveria sacrificar por causa de um problema que seria levantado contra ele na corte,
através do qual ele ficaria rico.
Após ele ter completado o sacrifício, foi chamado na corte. O rei disse que eles deveriam ir e traze-lo, e que
quando ele chegasse e se ajoelhasse para reconhecer o caso, ele se desfaria no chão num punhado de
contas.2 o rei disse que ele deveria pegar as contas porque não era o primeiro e nem o único que o rei tinha
chamado para vir e ver o caso.3
Então venha para a casa do estrangeiro começou a juntar as contas e desta forma tornou-se um homem rico.
Venha para casa do estrangeiro começou a dizer:
Eu não sabia que o elefante tinha me chamado para me
Dar um presente.4
Ifa diz que existe alguém cujos problemas o estão incomodando, ou que alguém foi chamado para
testemunhar o seu caso na corte. Ifá diz que através deste caso, ele se tornará rico.
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1. Isto significa que os divinadores de ifá não trabalham com medicina má ou que fazem coisas más que
devem ser escondidas, enquanto os que usam maldições mantém o seu trabalho em segredo. Ifé tem a
reputação de ser um lugar onde as maldições são fortes e comumente utilizadas, pois o povo ijebu

É conhecido por usar medicina má ( ogun). Os encantamentos (ofo) cujo propósito e matar alguém são
conhecidos como igede, ogede ou egede.
2. Ver nº 5, canto 3-1.
3. Porque elas não tinham sido encontradas por muitos outros que se ajoelharam na mesma mancha, as
contas deveriam ter algum significado para ele. Em geral o rei reivindica metade das contas encontradas
desta forma.

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4. Pelo contrário, ele esperava ser punido. Elefante é um nome de louvor do rei.
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-246-4-

Cobra tere nnko, tere nna,1 foi quem jogou ifá para os 165 tipos,2 de rato no dia em camundongo estava indo
roubar e comer sementes de alfarrobeira cozidas,3 do deus da brancura. Eles disseram que ele deveria
sacrificar um galo cada e cinco pences quatro oninis por cada peça. Todos os ratos fizeram o sacrifício exceto
camundongo que não fez.
Um dia as sementes de alfarrobeira cazidas do deus da brancura estavam faltando. O deus da brancura
disse que os ratos eram que tinham roubado e comido as sementes, e colocou uma armadilha e disse a todos
os ratos que viessem e passassem por ela. Ele disse que aqueles que tivessem roubado as sementes de
alfarrobeira cozidas seriam apanhados na armadilha, o rato emo,4 foi o primeiro a passar, e cantou:
cobra tere nnako, ter nna;
emo é o chefe dos ratos, tere nna;
akosin,5 é o seu líder, tere nna,
se eu ontém roubei as sementes de alfarrobeira para comer, tere nna
que a armadilha me apanhe, tere nna.
se eu não roubei ontém as sementes de alfarrobeira para comer, tere nna
que a armadilha me deixe escapar, tere nna;
cobra tere nnako, tere nna.

Desta maneira o rato emo passou pela armadilha e ela não o apanhou; e todos os ratos cantaram esta
canção e passaram pela armadilha até que chegou a vez do camundongo. E quando e deus da brancura
disse que camundongo tinha que passar, a armadilha o pegou. Quando libertaram camundongo, ele correu.
Daquele dia em diante camundongo não ficou mais junto dos ratos.6
Ifa diz que existe um grupo de pessoas que deveria fazer um sacrifício para que se alguém tiver que enfrentar
uma provocação e provar que não é ladrão, ele não trará o mal para dentro de casa. Ifa diz que
encontraremos um ladrão , mas que esta pessoa deveria fazer um sacrifício para que ela mesma não seja
tomada como um ladrão. Existe alguém que tem um título hoje, ele está girando um a trança de crina de
cavalo;7 daquí há dois meses o deus céu colocará outra pessoa em seu lugar.
1. Estas duas palavras não têm significado, mas são adicionadas ao verso que significa tornar doce., tere nna
pe o refrão no qual o cõro se junta.
2. Ver nº 3, canto 18-4.
3. Ogiri, saõ sementes oleosas cozidas e fermentadas utilizadas para preparar molho de carne. Egusi, ou
sementes de melão
( citrullus vulgaris) são comumente usadas, mas iru ou sementes de alfarrobeira africana (parkia cilicoidea),
são tidas como mais doces, sendo especificadas no canto abaixo. Porém egusi cozido e sementes de
alfarrobeira fritas são os alimentos favoritos de deus da brancura, aquí identificado sòmente como orixá.cf. Nº
3, canto 5-1.
4. Um pequeno rato marrom, rato de tulberg ( praomys tulbergi).
5. Um tipo não identificado de rato que vai na frente quando os ratos estão procurando comida.
6. Este canto explica porque o camundongo mora em casa e não com os outros ratos.
7. Os chefes usam vassourinhas semelhantes as do babalawo, mas feitas de cauda de cavalo e não de rabo
de vaca. Esta previsão envolve um jogo de palavras entre roubar sementes de alfarrobeia ( ji iru ) e cauda
ondulante ( ji iru) ; o último é mais comumente usado como ju irukere. Cf. Nº 5, canto 54-4.

-247-1-
A boca da vassoura é de um lado,1 foi quem jogou ifá para ofun quando ele estava indo trazer para casa uma
noiva da sua terra. Eles disseram que ele deveria sacrificar duas galinhas e um shilling, três pences. Ofun fez
o sacrifício e desta forma teve um intercurso com irosun,2 e ela ficou grávida.
Ifá diz que alguém ama uma mulher, ele deverá roubar a mulher,3 e ter relações com ela para que ela fique
grávida. Então ela será sua esposa.
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1. As vassouras iorubás são feitas da nervura cantal ( owo) das folhas de palmeira unidas por uma corda em
torno do meio. A cabeça ou base da vassora em geral não é perpendicular ao eixo, mas, inclinada em ângulo
ao qual o nome se refere.
2. O nome da caída é aquí explicado em termos de união sexual de ofun e irosun.
3. Ter um caso ilícito com ela.
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188
-247-2-

Shofe, divinador de ewi, encontrar andando ao longo da estrada,divinador de ofa.1 shofe estava fazendo
divinação para ewi, e ele ia ter relaçãos com sua esposa; tudo o que ele fez para ewi não teve efeito e não
funcionou mais.2 então ewi disse que eles deveriam ir e chamar encontrar andando ao longo da estrada,
divinador de ofa para vir e fazer alguma coisa para ele, esperando que isto talvez fizesse efeito.
Quando shofe ouviu que ewi mandara buscar um outro divinador, soube que se ele chegasse, ele o tiraria do
lugar. Shofe acordou e foi ver ewi; disse que um divinador viria vê-lo naquele dia e que o divinador estava
sendo pedido como sacrifício.3

Então ewi enviou os seus mensageiros para a estrada e quando” encontrar andando ao longo da estrada”
chegou, caiu nas mãos dos mensageiros de ewi. Eles o agarraram. Então encontrar andando ao longo da
estrada falou, dizendo: o ewi mandou me chamar na minha casa. As pessoas convidam alguém para vir para
depois matá-la?
Então encontrar andando ao longo da estrada disse ao ewi que o divinador que estava jogando para ele
estava evintando que os seus assuntos dessem certo porque ele estava tendo relações com uma de suas
esposas. Então shofe, que era o divinador do ewi, replicou: onde eu estava tendo relações com a esposa de
ewi que vovcê me viu? Encontrar andanddo ao longo da estrada respondeu dizendo que todas as esposas do
ewi deveriam trazer sua sacola de roupas. Quando elas as trouxeram, começaram a dsfazer trouxa e esvaziá-
las no chão. Enquanto faziam isso, viram uma faixa de ewi na sacola de uma das esposas de ewi.
Então, o ewi falou; você disse que não estava tendo relações com minha esposa. Por que então este pano
estava dentro da sacola da minha esposa? Porque eu a usei para fazer um sacrifício que você prescreveu,
shofe, e você a levou como pagamento. Então eles jogaram shofe no chão e o amarraram. O ewi disse que
eles deveriam ir e cavar um buraco no pátio dos fundos e enterrá-lo lá e que shofe deveria ser usado para
fazer o sacrifício que ele mesmo precrevera.
Shofe implorou a encontrar andando ao longo da estrada que o ajudasse. Encontrar andando longo da
estrada replicou; não se lembra quando você disse que eu deveria ser sacrificado? Shofe disse que não se
lembrava. Depois dele ter pedido, pedido e pedido, encontrar andando ao longo da estrada levou shofe para a
parede da cidade e deixou shofe escalar a parede e fugir. Encontrar andando ao lono da estrada voltou e
matou uma cabra e

Enterrou-a no buraco, e disse ao ewi que tinha matado shofe.


Depois de um tempo ele ouviu notícias de que shofe ainda estava vivo e o ewi perguntou ao encontrar
andando ao longo da estrada: você não disse que matou shofe como sacrifício? Ele repondeu: sim, mas
talvez ele tenha tido um remédio capaz de trazê-lo de volta a vida. Shofe então começou a dizer:
encontrar andando ao longo da estrda você foi realmente bom
você é realmente humano;
você não deixou que eles levassem o shofe do ewi para fazer o sacrfício.
Ifa diz que existe alguém que não está bem, que ele deve ter cuidado. A pessoa que está jogando ifá ou
fazendo o remedio para ele não o deixa ficar bem porque está tendo relações com a sua esposa e que a
esposa da pessoa doente está cometendo adultério contra ela. Portanto todos os remédios e os jogos de ifá
que ele está fazendo não funcionam. Uma cabra, onze shillings e a roupa do corpo é o sacrifício.
Ifa diz que alguém será chamado de fora da cidade para fazer o remédio ou jogar ifá. Ele deve ter cuidado
para não encontar um mau espírito onde ele vai, porque ele se encontrará com o inimigo da pessoa doente
para qume ele está jogando ifá ou fazendo remédio. Por isso ele deveria sacrificar uma ovelha e uma roupa,
além de seis shillingas e seis pences.
----------------------------------------------------------------------------------------------1.ewi é o título do rei de ado ekiti, uma
cidade a mesma distância ao norte. Este canto começa simplesmente mencionando os dois personaegens
centrais na história, sendo ambos divinadores, sem a descrição usual do problema e da divinação para servir
como precedentes.
2; como explicado melhor poteriormente no canto, é tabu para um divinador ou para um curador ou médico
cometer adultério com a esposa de um cliente, e a consequência é que as suas previsóes não se farão e seus
encantamentos e remédios não funciorarão.
3. Ele falsificou a mensagem de ifá para se proteger.

-247-3-

Inhame amassado amontoa sobre o inhame amontoa divinador dentro do campo, foi quem jogou ifa para
monte recusado na época em que monte recusado vivia sòzinho e não tinha nem juma cabaça e nem um

189
prato.1 eles disseram que ele encontraria uma mulher para casar, e que quando ele tivesse se casa do, tanto
os escravos quanto os filhos se runiriam para serví-lo.2 eles disseram que ele deveria sacrficar um rato, um
peixe, manteiga shea, um bode e nove pences, e seis oninis. Monte recusado fez o secrifício.
Quando monte recusado completou o sacrifício, encontrou uma mulher cujo nome era gbrongaga e se casou
com ela. Então aconteceu que todos que varriam sua casa e varriam as ruas vinham e atiravam
Seu refugo no monte recusado, e as coisas derrubadas pelo vento,3 na casa e nas ruas pertenciam a monte
recusado. O cogumelo que brota à noite sobre o monte recusado é chamado gborongaga.
Ifá diz que existe alguém que não possui nada no momento, ele encontrará uma mulher para se casar;
quando se casar com ela receberá frutos de toda a cidade.
quem se casou com gborongaga?
monte recusado muito alto, foi quem se casou com gborongaga.
1. Isto é, não tem nem propriedade e nem familia, amigos ou seguidores.
2, eles trabalharão para ele, como uma pessoa serve a um rei, ou uma criança a seu pai.
3. Propriedade que chega a uma pessoa inesperadamente, sem pagamento, e mesmo sem o conhecimento
de como ou de onde veio.
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-247-4-
Nozes de palmeira enterradas no caminho são como as nozes de palmeira de ifá, mas não bebem sangue
como as nozes de palmeira de ifá,1 foi quem jogou ifá para oun com madeira came,2 que tinha posto giz em
sua face enquanto chorava porque não tinha filhos.eles disseram que ela deveria fazer um sacrifício para que
as bençãos de um filho pudessem vir para ela durante aquele ano. Ela fez o sacrifício.
Ifa diz que existe uma mulher que está procurando um filho; sua cabeça precisa de uma galinha como
sacrifício.3 ela deve marcar o seu olho direito com giz e o olho esquerdo com madeira came quando a
sacrificar para a sua cabeça. Ifá diz que a bênção de um filho virá para ela durante este ano.
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1. Ver nº 3, canto 6-3. As nozes de palmeira são conhecidas tanto como erun quanto como ekuro.
2. O nome do personagem, ofun olosun, é um jogo de palavras com o nome da caída, ofun irosun, como giz
branco ( efun ) e a madeira came vermelha ou osun com a qual o cliente é instruído para marcar a sua face.
Cf. Nº 5, canto 111-2.
3. Este sacrifício à alma guardiã ancestral é uma adição aos que são feitos anualmente. Ver cap.xi.
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-247-5-
Ofun de ojuro, tocos derrubados,1 foi quem jogou ifa para ojuro, irmão de efure, 2 no dia em que ela estava
indo com a deusa do mar para realizar o seu festival anual. Eles disseram que ela deveria fazer um sacrifício
para que não perdesse o caminho, ela não fez o sacrifício de dois pombos , um shilling e três pences.
Ela não sacrificou. Disse que aquele dia não era a primera vez que tinha ido com a deusa do mar para realizar
o seu festival.3 disse que os divinadores sòmente estavam falando que ela deveria sacrficar este ano.4 quando
ela estava indo, exu apontou o seu bastão para a floresta e ela perdeu o rumo na floresta.

Mas, quando ela se foi, seus parentes vieram para fazer o sacrifício. Quando ojuro perdeu o seu caminho
dentro da floresta, ela encontrou penas vermelhas da cauda do papagaio no chão onde estava vagando, e
havia uma pilha alta delas. Ela não sabia que este era o local onde o rei dos papagaios ia dormir. Quando
seus parentes chegaram e não a encontraram, começaram a cantar:
não podemos encontrar ojuro,
ojuro, ojuro.
Depois de ojuro ter colocado as penas dentro do pano, encontrou o caminho para a estrada, e quando ela
cegou na estrada , cobriu a cabeça com o pano, seu povo a encontrou e começou a cantar:
nós encontramos ojuro, oh;
ojuro, ojuro.
Começaram a bater os seus leques,5 e dançaram. Então a deusa do mar pegou uma de suas filhas e a deu
para ojuro. Ojuro é como oluyare,6 é chamada.
Ifa diz que alguém está agindo como se tivesse perdido o seu caminho; ele deve ir e sacrificar para uma das
deidades que possui penas vermelhas da cauda do papagaio;7 pois será quem o guiará para a estrada certa.
Esta pessoa deve examinar a sua casa cuidadosamente. Todas as coisas que esta pessoa possui, esta
deidade as levará e não deixará que ele as possua.
1. Um toco ( otita, apoti) feito de uma parte do tronco de uma árvore ou na forma de uma caixa, derrubada no
seu lado. O significadodo nome completo é obscuro, mas ofun refere-se ao nome da caída..
2. Uma vinha não identificada usada como corda. Diz-se que ojuro significa face ou olho danificado ( oju-ro),
sendo identificado abaixo.

190
3. E ela nunca tinha se perdido antes e nem feito um sacrifício.
4. Isto é, ela suspeitou que os divinadores estavam fazendo essa predição sem ter uma base. Porque queriam
dinheiro.
5.os leques são batidos contra a palma da mão para marcar o ritmo do canto.

6.este canto explica a origem das roupas de oluyare. Os oluyares são dançarinos mascarados eu aparecem
durnate o festival de edi em honra de osangangan obamakin, eles representam o povo igbo que atacou igá
até que foram derrotados por moremi. Ver nº 5, canto 24-1. Aqui está implicito que ojuro é masculino, como
oluyare e osangangan, e tomaram a filha da deusa do mar como esposa; porém inicialmente ojuro é
identificado como a mãe de efure.
7. As penas vermelhas da cauda do papagaio cinza africano são usadas nas roupas de oluyare, e estãó
asssociadas ao culto de ifá, oxun e outras deidades.

-248-1-

Ofun owonrin-owonrin,1 divinador de abutre , foi quem jogou ifá para abutre e partilhou-o com águia
pescadora,2 no dia em que os espíritos do mal que pegam as pessoas estavam vindo do céu, quando os
espíritos do mal do céu estavam vindo. Eles disseram que eles deveriam sacrificar para reverter uma morte
acidental. As águias pescadoras recusaram o sacrifício, mas osabutres sacrificaram cada um um bode, um
shilling, três pences e um pote de
Óleo de palmeira e as faixas de suas cinturas. A águia pescadora disse que tudo o que o deus céu tinha
feito,ele não tinha deixado de completar. Abutre disse que asua sorte não era má, disse que ele faria o
sacrifício, e o fez.quando abutre tinha completado o sacrifício, os divinadores disseram a ele para sair e
andar com bravura.3 disseram que ele não encotraria uma morte acidental. Disseram que ele não ficaria com
fome, disseram que sempre que ele tivesse fome,seu duplo no céu se lembraria dele.4 disseram que nós
nunca vemos um abutre morrer.5 daquele tempo em diante, quando uma águia pescadora pousa, os seres
humanos a pegam, matam e a cozinham para come-la.um pássaro que tente imitar o abutre dormirá debaixo
da terra. 6

Ifa diz que existem duas pessoas; elas devem fazer um sacrifício para evitar uma morte acidental.
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1. Derivado diretamente do nome da caída, ofun-(o) wonrin; não existe significado para a reduplicação.
2. Águia pescadora ( gyphoierax angolensis).
3. Pode andar descuidado entre os seres humanos sem temer ser morto por eles como este canto explica
abaixo, abutre não deve ser morto. Igun é o abutre comum ou de capuz (necrosyrter monachus ) de quem
fairbairn ( 1933: 12) diz : como não é molestado pelo homem, é corajoso, pode ser visto invadindo os
mercados, recusar os monturos e a vizinhança dos pedaços dos açogueiros, fazendo um trabalho útil como
comedor de carniça.
4.isto se refere, como nos cantos 5-2 e 241-1, ao fato de abutre ter muito o que comer quando uma cidade
sofre de uma epidemia ou outra catástrofe.
5. Os informantes dizem que os corpos dos abutres mortos nunca são encontrados cf, canto 5-2.
6. Signifcando que será cozido e comido se tentar ser tão corajosa quanto o abutre. Este canto explica
porque a águia pescadora é morta enquanto o abutre não, porque o abutre nunca fica com fome porque ele
anda corajosamente entre os seres humanos. E porque os abutres mortos nunca são vistos.
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-248-2-

Buracos inesperados, impactos inesperados,1 foi quem jogou ifá para o povo da cidade de gesi inteiramente
de vassouras de cauda de vaca.2 eles disseram que eles deveriam fazer um sacrifício para que a bênção de
filhos pudesse chegar para eles durante aquele ano. O povo da cidade de gesi inteiramente de vassouras de
cauda de vaca é como chamamos o milho.
Ifá diz que existe um grupo de pessoas que deveria fazer um sacrifício. A benção dos filhos está vindo para
elas durante este ano. Elas deveriam sacrificar
Cada uma três shillings e um pombo. Elas,3 fizeram o sacrifício, e daquele tempo em diante os filhos,4 do
milho sempre foram numerosos.

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1. Como acotece numa estrada desigual ou descuidada, sobre a qual balança-se no escuro.

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2. Gesi geramente refere-se aos ingleses, mas o seu significado neste contexto não foi compreendido pelos
informantes. A cauda da vaca balança, quando carregada pelos divinadores, aqui se ferere ao cabelo do
milho, e a cidade é um milharal.
3. Isto é, os pes de milho.
4. O canto explica desta forma porque o milho tem muitos grãos.
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-248-3-

Ferefere,1 sai do seu traseiro,2 rigidamente,3 foi quem jogou ifá para o deus do céu okolo,4 quando ele ia se
casar com shebeje, esposa de olho. Eles disseram que ele deveria fazer um sacrifício por causa da mulher.
Ifá diz que as bênçãos de uma esposa estão chegando. Alguém encontrará uma virgem para tomar como
sposa e que foi olhada pelos olhos,5 dos outros. Ifá diz que devemos fazer uma festa,6 por causa da mulher:
duas galinhas e nove pences seis oninis.
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1.isto não pode ser traduzido ou interpretado pelos informantes.
2. Como na maneira iorubá de dançar.
3. Como uma vela que enfuna no vento.
4. Isto não pode ser traduzido ou interpretado pelos informantes.
5. Note aquí a referência a olho, marido de shebeje.
6. Sara é uma palavra hausa, indicando uma festa que é dada no
Lugar de fazer um sacrifício.neste caso as galinhas são usadas na sua preparação.
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-248-4-
O pássaro ohanhan chorando por causa dos seus intestinos; eles dizem que está se preocupando
desnecessariamente, o pássaro ogbigbo,1 leva a carga da deidade e não a depõe, e o papagaio posa no chão
cambaleante, cambaleande,2 foram os que jogaram ifá para orunmilá no dia em que ele e ona-iledi,3 eram
inimigos. Eles disseram que orunmila deveria fazer um sacrifício para que ele pudesse ser capaz de se
defender. Um rato, um peixe, um caramujo,
Uma galinha e um shilling seis pences foi o sacrifício.
Ifá diz que existe uma pessoa que está zangada o suficiente para matar alguém em sua própria casa; ele não
o deixará ir para frente, e ele não o deixará ir para trás. Ifá diz que nós devemos fazer um sacrifício para que
o deus céu nos ajude a defendê-lo.
Ona-iledi sabia uma maldição,4 e era ele quem estava lutando com orunmilá. Um dia quando ona-iledi tocou-o
com a sua boca para pronunciar a maldição sobre a cabeça de orunmila. Orunmilá juntou um rato, um peixe,
e um caramujo para sacrificar para a sua alma guardiã ancestral, e chamou ona-iledi para vir e abençoá-
lo.mas , como ona-eledi não pode ficar de pé diante dele e amaldiçoa-lo na face , ona-iledi começou a
abençoar orunmilá dizendo que ele derrotaria seus inimigos. Dois dias depois ona-iledi morreu.5
Ifá diz que o nosso inimigo morrerá se invocar o mal sobre a nossa cabeça.6 orunmilá vem nos dizer para
pegar a kola para dá-la para aquele que está fazendo mal para nós, para que ele nos abençoe com a própria
boca.
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1. Ohanhan e ogbigbo são dois pássaros não identificados com bicos em forma de gancho, e o último é maior
do que o primeiro.
2. Teje-teje-teje descreve o movimento cambaleante e um papagaio andando para a cidade de iledí.
3. Este nome foi interpretado pelos informantes como significando estrada para a cidade de iledi.
4. Epe geralmente é trduzido como uma maldição ( como igede; cf. Canto 246-3) mas, como explicado
aqui,envolveencantamento

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Ou medicina que é tocada pelos lábios enquanto a maldição é proferida.
5. Ona-iledi, tendo feito a medicina para que as suas frases se tornassem verdades, causou a própria morte
quando disse que os inimigos de orunmilá morreriam.
6. Segundo os informantes, esta necessidade não envolve o uso de qualquer medicina. Pode consistir
simplesmente de dizer que alguém tem uma cabeça ruim ( olori buruku, olori buburu ), que é visto como um
insulto, quase uma maldição.
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192
-249-1-

Caçador negro lança flexas envenenadas, entrando na casa de gboni levamos sacolas bojudas,1 e para
descobrir se uma criança é corajosa o suficiente para recitar ifá ou se não é corajosa o suficiente para recitar
ifá, usamos ofun eko para testá-la,2 foi quem jogou ifá para as quatrocentas deidades à direita e duzentas
deidades à esquerda.3 eles disseram que elas deveriam fazr um sacrifício para que suas palavras pudessem
se transformar em verdade. Elas sacrificaram um rato, um peixe, um caramujo, kola e um shilling três pences.
Os orixás que sacrificaram naquela época são aqueles para os quais temos tocado os tambores igbin até
hoje; os que não sacrificaram são aqueles que temos chamado de deidades do fundo,4 até hoje.
Ifá diz que um grupo de pessoas irá fazer alguma coisa como trabalhar por dinheiro; devemos fazer um
sacrifício para que possa haver uma conclusão bem sucedida, e para que os inferiores de alguém não o
superem.
Ifá diz que seremos capazes de nos tornarmos uma pessoa que outras pessoas se reunirão para servir, mas
que se alguém não fizer este sacrifício, seus companheiros o verão como alguém sem importância.

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1. Isto reffere-se a grandes quantidades de comida ingerida na casa de ogboni. ( ver nº 3, canto 181-1).
2. Ofun eko é um dos nomes alternativos para ofun ogunda. Seus cantos são tidos como muito perigosos, e
até divinadores experientes devem fazer uma compensação ( etutu) antes de recitá-los. Não devem ser
recitados” por nada” ou “ de boca vazia”. (ver cap. Ix e cnato 249-3).
3. Em geral estas frases referem-se a qualquer uma das deidades, mas aquí parecem referir-se âs deidades
brancas ( cf. Nº 3, canto 5-1). Pela referência ao orixá agbala e aos tambores igbin. Igbin é um tipo de tambor
que é usado na adoração às deidades brancas mas o canto deixa entrever que não é usado para o orixá
agbala.
4. Orixá agbala, a deidade do fundo. É uma das deidades brancas menores. É também considerado como um
irmão mais moço do orixá oko, a deidade do campo, e é também conhecido como alataporipo, um nome de
louvor cujo significado não podia ser interpretado. Diz-se ter encontrado um santuário simples para ele nos
fundos de cada complexo em ifé, marcado por uma árvore peregun ( dracena spp.)Próximo da qual o material
sagrado era enterrado no chão. Ele pode ser adorado por qualquer um, e muitas vezes recebe adimu na
instrução do babalawo ( ver cap. V ). Mas não parece existir mitos sobre ele
E ele nao possui um santuário central, nem sacerdotes ou sacerdotisas, nenhum culto em grupo e nenhum
festival anual. Segundo alguns informantes existem várias deidades menores conhecidas por este termo, e o
canto, que explica por que existem deidades brancas menos importantes do que outras, sustenta este ponto
de vista. Cf. Canto 103-2.

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-249-2-

Lama tem um peito mole,1 foi quem jogou ifa para orunmilá quando ele estava sofrendo perdas por todos os
lados no início dos tempos. Eles disseram que ele deveria sacrificar para que durante aquele ano o deus céu
reparasse todas as suas perdas.
Ele sacrficou um rato, um peixe , um caramujo, uma galinha e sete pences dois oninis.
Quando orunmilá completou o sacrifício, colocou a cabeça do rato, a cabeça de peixe, a cabeça da galinha e
as antenas do caramujo numa caixa e deixou-a no chão. Quando chegou o amanhecer, as formigas (formigas
diligentes) se reuniram e cobriram o sacrifício e quando orunmilá começou a varre-las, quebrou tudo no chão
numa cova. Quando aqueles que tinham comido com ele na véspera vieram para comprimenta-lo dizendo:
saudações por gastar dinheiro e o deus céu transformará suas perdas em ganhos; orunmilá respondeu que

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as perdas que tinha tido no passado não se igualavam com a riqueza que tinha ganho. Daquele tempo em
diante nós chamamos esta caída de ifá de perda depois riqueza.3
Ifá diz que alguém tem sofrido perdas no passado, mas este ano o deus céu refará as suas perdas, 4 e tudo o
que foi perdido da sua mão virá para o seu bolso.

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1. Macio e úmido.
2. A deusa do mar, reconhcida pela sua riqueza, está aqui associada às sementes das contas segi atarvés
das quais consegue-se riqueza ( cf. Nº 2, canto 1-1; nº 5, canto 3-1 ). Excavações arqueológicas mostraram
que a sepultura sagrada da deusa do mar em ifé era local de manufatura de vidro, de cores ariadas, que
florescem em tempos antigos
( frobenius 1932: i, f,337; frobenius, 1913: i, 92-94; fagg & willet, 1960: 29 ). Aqui evidentementetem sido o
centro da grande manufatura de vidro que espalhou as contas segi pela áfrica ocidental. ( willet, 1960: 237 ).
3. O canto explica desta forma um dos nomes alternativos da caída ofun ogunda, ofun-t( i)- ola.
4. Note aqui o jogo das palavras entre encher ( so...di ) e mudar para ( so...di ) acima, e perdido ( so...nu)
abaixo.
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-249-3-
Ofun prova o óleo de palmeira,1 divinador do rei de ata, foi quem jogou ifá para o rei de ara. Eles disseram que
a bênção do dinheiro viria para ele durante aquele ano. Eles dissseram que ele deveria fazer um sacrifício. O
rei de ara ouviu e sacrificou dois pombos e sete pences dois oninis.eles disseram que todo o corpo da folha
seja branca,seja branca, era como dinheiro.2
Jogar mas não provar o óleo de palmeira, divinador de ajero,foi quem jogou ifá para ajero, rei de ijero. Eles
disseram que a bênção de esposas viria para ele durante aquele ano. Eles disseram que ele deveria fazer o
sacrifício. Ajero sacrificou suas galinhas, e nove pences seis oninis. Eles disseram que a folha comigo tome
uma esposa,3 não deixaria de tomá-la.quando ajero completou o sacrifício, começou a ter esposas.
Se jogarmos este ifá,não deveremos recitá-lo antes de colocar óleo de palmeira em nossa boca foi quem
jogou ifá para oloshosha, filho de ajirawokin-beje-beje.4

Eles disseram que a bènção de filhos viria para ele durante aquele ano. Disseram que ele deveria sacrificar
uma gaiola cheia de galos e três shillings. Disseram que criar um filho após o outro era o que a planta
shesheki faz.5 disseram: assim como suas esposas terão bons filhos, também terão bons filhos para carregar
em suas costas.
Ifá diz que vê a bênção de dinheiro, bênção de esposas
E bênção de filhos.
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1, este é um outro nome alternativo para a cáda ofun ogunda, referindo-se ao fato de que antes de recitar este
canto o divinador coloca o seu dedo no óleo de palmeira e o suga como uma compensação ( cf. Nº 2, canto
149-1).
Os nomes dos outros dois divinadores tembém rereferem-se a provar ou não o óleo para a divinação. O óleo
de palmeira é provado antes da recitação da primeira parte e terceira parte, mas não antes da segunda.
2. Um nome alternativo para a efunle ( evolvus alsinoides), cujas folhas brancas lembram os cauris. Ver nº 3,
canto 111-2.
3. Uma planta não identificada com a qual os informantes não eram familiarizados, mas que acreditavam ser
uma planta pegajosa usada como o nome sugere, para fazer ecantamento
De amor.
4. Este personagem não pode ser identificado, e nem o seu nome trduzido. Os dois personagens anteriores
são reis de ekiti, cujas cidades estão a cerca de quarenta e quarenta e cinco milhas a nordeste de ifé.

194
5. Uma planta não identificada que diz-se possuir muitos frutos, cf. Nº 1, canto 137-1. Note a magia por
imitação usando a folha branca para dinheiro, a folha pegajosa para esposas e a planta frutífera para filhos.
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-249-4-

Jogar e provar o óleo de palmeira,1 de irosun foi quem jogou ifá para orunmilá quando ele estava indo se
mudar para mope,2 próximo da casa de seu pai. Deixe-me sentar, você devia me deixar sentar como eu sou.3
os parentes de alguém não devem traí-lo.4
Ifá diz que ele não nos deixará encontrar algo que não dará a alguém a oportunidade de sentar em paz em
casa. Existe alguém entre os seus parentes que não está lhe permitindo sentar. Um bode e um shilling sete
pences e oito oninis é o sacrifício.
Nós colheremos as folhas deixe-me sentar.5 cavaremos um buraco no solo; colocaremos a cabeça do bode
dentro do buraco. Cobriremos com as folhas de deixe-me sentar antes de a cobrirmos com a terra.
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1. Cf.nº 1, cabto 249-3. Antes de recitar este canto, o divinador deve colocar o óleo de palmeira em sua boca
comoindenização.
2. Nome de um lugar não identificado.
3. É um jogo de palavras referindo-se ao nome da folha deixe-me sentar,( cissampelos owariensis e c.
Mucronata), e ao fato do imimigo de alguém não deixá-lo se sentar e repousar.
4. É uma tradução super simplificada de um jogo complexo sore a palavra eni.
5.o uso das folhas deixe-me sentar, possibilita a pessoa ter uma oportunidade de se sentar e descansar como
um outro exemplo da magia da palavra.

-249-5-
Perda depois riqueza,1 foi quem jogou ifá para logun-irangan,2 que tinha uma ovelha que falava como um ser
humano. Eles disseram que ele deveria sacrificar para que uma ostentação vazia não lhe causasse uma
desgraça; logun-irangan fez o sacrifício.

Ifá diz que alguém deveria fazer um sacrifício para que uma ostentação vazia não lhe trouxesse uma
desgraça diante de toda a cidade. Logun-irangan é como chamamos lowa ijaruwa.depois eles falaram ao oni
que logun-irangan tinha uma ovelha que falava como um ser humano, e o oni enviou uma mensagem para
que ele viesse. E perguntou a ele: é verdade que você tem uma ovelha que fala como um ser humano? Lowa
repondeu que era verdade. O oni lhe disse que em quatro dias, no dia do mercado de ifé,3 ele deveria trazer a
ovelha para ele. Disse que se a ovelha falasse,dividiria todas as suas posses pela metade e daria uma
metade a lowa. Mas, disse que se a ovelha não falasse, amarraria lowa e o penduraria e montaria um fogo
para cozinhá-lo. Lowa prometeu que a ovelha falaria no dia combinado. Quando chegou. O quarto dia, lowa
trouxe a ovelha para o rei.lowa falou e falou com a ovelha, mas ela não respondeu. Depois de lowa ter falado
e falado e a ovelha não ter respondido, eles atiraram lowa no chão, o amarraram e começaram a passá-lo
lentamente para frente e para trás sobre o fogo. Quando o passaram pelo fogo na terceira vez, a ovelha falou
dizendo: ah! Ah! Vocês estão matando alguém?4 quando a ovelha disse isto, o povo gritou: a ovelha está
falando! A ovelha está falando! E o oni dividiu todas as suas posses em duas partes e deu metade para lowa.
Quando lowa estava levando a sua ovelha para casa, perguntou a ela: por que você deixou que eles me
passassem três vezes pelo fogo? Sua ovelha repondeu: eu deveria ter respondido na primeira vez e você
ganharia todas essas propriedades sem nenhum sofrimento? Ele disse: se alguém fica rico através do
comércio, não vemos as suas cicatrizes em seu corpo?

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1.um nome alernativo para a caída ofun ogunda. Ver nº 3, canto 249-2;
2. Como explicado posteriormente, logun-irangan é um nome alternativo para lowa ijaruwa, mais comumente
chamado de lowa, que é o chefe dos chefes internos ou do palácio de ifé.
3. O primeiro dia da semana de quatro dias é chamado ojo ojaife, ou dia do mercado de ifé, por ser o
mercado pricipal.
4. Cf. Com a historia do crânio falante que se recusou a falar nos cantos 181 e 181-4.
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-249-6-

Umidade,1 divinador de masmorra,2 foi quem jogou ifá para os 165 tipos de animais,3 no dia em que eles
disseram que eles deveriam sacrificar uma cabra, cinco shillings e um pano preto.
Ifa diz que seremos levados à corte em virtude de um caso com uma mulher.
Ela dá frutos,não podemos pegá-los; a fruta cai e não podemos colhê-la.4 ifa diz que existe um amigo que
permitirá que o caso com esta mulher chegue a uma coclusão bem sucedida. Aquele que deseja se casar
com esta mulhher não tem dinheiro,e os pais desta mulher não sabem onde o amor da sua filha mora.
A deusa do mar disse que a pessoa que fosse capaz de fazer o seu celeiro falar seria aquela a quem ela
daria a sua filha em casamento. Tartaruga disse que tentaria. O sacrifício é; dois galos, um pote de óleo de
palmeira, sete pences dois oninis e um pão de inhame.
A deusa do mar disse que eles deveriam vir no dia seguinte para fazer o seu celeiro falar. Antes do dia
acabar, tartaruga entrou no celeiro e se escondeu. No dia seguinte, quando a deusa do mar chamou: celeiro,
oh!, tartaruga respondeu lá de dentro: celeiro, celeiro, nós empurramos o celeiro do rei;5 celeiro, nós
empurramos o celeiro do rei. Então eles

Deram esta mulher para orunmilá.6


Ifa diz que existe uma mulher que desejamos nos casar. O amigo de alguém guardará o segredo para ele
para que ela possa se casar com ele.7

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1. Os informantes não foram capazes de dar o significado de emini, mas pelo próprio canto ( ver nº 4) parece
significar umidade ou orvalho, geramente dado como enini, eni ou iri.
2. Uma câmara subterrânea, como a usada pelo ogungbe ( ver nº 3. Canto 181-1) para prender criminosos
convictos ate as sua penas terem sido pagas.
4. Usado aquí como um provérbio significando que será difícil para ele casar-se com a mulher, um enigma
iorubá cuja resposta é orvalho. Bascom ( 1949: 12). Cf. Nº 1, acima.
5. O informante traduziu f’aka como celeiro empurrado ( fa-aka), mas o contexto sugere que deveria ser
traduzido como celeiro-soprado ( fun-aka), significando fazer o celeiro falar.
6. Aqui existe uma inconsistência. Orunmila não é um animal, mas o canto diz que havia 165 animais que
estavam tentando conseguir a mão de laduntan. Contudo, como colocado, tartaruga não estava tentando se
casar com laduntam, mas simplesmente ajudando orunmilá.
7. Como tartaruga fez para orunmilá.
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-250-1-

196
É muito branco,1 quem sabe como varrer não usa uma vassoura para varrer o céu, foi quem jogou ifá para
aganna, que era assistente de aquele que evita a chuva na cidade de oió.2 eles disseram que o deus céu
dirigiria uma bênção para ele durante aquele ano, mas que ele deveria fazer um sacrifício para que o povo da
terra não o frustrasse, porque esta bênção nunca terminaria e beneficiaria tanto a ele como os filhos dos seus
filhos para sempre. Aganna disse que os divinadores estavam falando mentiras. Não fez o sacrifício de dois
pombos, duas galinhas e um shilling dois pences quatro oninis.
Desde o início dos tempo em oió, a cada ano quando o rei de oió ia fazer o seu festival anual, quando o dia
chegava e ele colocava as suas vestes mais finas para sair, a chuva não lhe dava uma chance de sair. Como
o trabalho de aganna era evitar a chuva, o rei de oió lhe disse que se ele pudesse sair, e que se a chuva não
caísse até a hora do mercado da tarde, 3daria a aganna uma moça, uma jarra cheia de contas, vinte panos,
duas mil bolsas de cauris, vinte vestidos e um cercado cheio de vacas.
Quando o rei espalhou os seus panos no chão como uma esteira, indo bem longe e bem largo, e se sentou
em seu total esplendor real,4 a chuva começou a cair porque aganna não tinha feito o sacrifício antes do rei
sair. Mas aganna fizera a promessa antes do rei sair de que não choveria. Então aganna se escondeu na
floresta quando a chuva começou a cair, e não teve a oportunidade de levar com ele todas as coisas que o
rei de oió tinha lhe dado.

Ifá diz que existe alguém a quem o deus céu deseja ajudar a chegar a um local onde encontrará uma bênção,
mas que deveria fazer um sacrifício para que o povo da terra não se opusesse a ele e para que suas
promessas não se tornassem vazias.
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1. Note que isto é derivado do nome da caída, ofun-( o) as, o significado da frase como é usado aqui é que
existe alguma coisa que é muito limpa como o chão que acabou de ser varrido, ou como o céu que foi limpo
pelas nuvens.
2. Tão importante quanto o poder do fazedor de chuva ( cf. Canto 170-2) é o poder de evitar que a chuva
interfira numa importante ocasião ritualística. Em ambos os cantos em que estes poderes são mencionados,
eles se mostram ineficazes.
3. 500 libras, cada bolsa contem 20.000 cauris, valendo cinco shillings.
4. Ver nº 2, canto 52-1.
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-250-2-
Perda, o divinador do dia foi quem jogou ifá para dia; perda, o divinador do mês, foi quem jogou ifá para
mês;ijiheri,1 divinador de rebolo foi quem jogou ifá para rebolo; quando a chuva cai, não esquece do jardim à
margem do rio foi que jogou ifá para mãe alguém que tem com facilidade, sempre com facilicade.2 eles
disseram que nem a chuva e nem a estação seca seria difícil para ele. Eles disseram que após ter sido fácil
para ele, seria fácil também para os seus companheiros. Alguém que tem com facilidade, sempre com
facilidade é o nome do jardim à margem do rio. Quatro caramujos, quatro pombos, um pote de óleo de
palmeira e um shilling très penes é o sacrifício.

Ele fez o sacrifício, e daquele tempo em diante jardim à margem do rio nunca secou, nem nas chuvas e nem
na estação seca. Quando era fácil para ele, ele dançava e se alegrava, e cantava:
airan,3 é a corda das coroas, oh,
eiran é a corda dos reis.
alguém que tem com facilidade, sempre com facilidade, oh,
airan é a corda dos reis.4
Ifa diz que existe alguém que recebeu uma facilidade do deus céu quando ele veio dos céus. Quando as
coisas se tornarem fáceis para ele, será fácil também para os seus associados. E a sua honra ajudará a
todos os que se associarem a ele.
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1.esta palavra representa o som feito ao se mover o rebôlo.
2. A idéia aquí é ser comparado à riqueza chama riqueza. Note o jogo com as palavras cair (como chuva; ro)
e ser macio para (ro).

197
3. Uma gramínea não identificada comida pelos cavalos.
4. O significado deste canto não era totalmente claro para os informantes.
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-250-3-
Ofun aplica o remédio,1 e olha para ver se funciona ou não foi quem jogou ifá para os 165. 2 tipos de folhas.
Eles disseram que elas deveriam oferecer cada uma um galo, uma navalha e seis pences seis oninis, para
que uma ostentação vazia não as desgraçasse. Aqueles entre as folha que sacrificaram
São as que podemos fazer a medicina que funciona e de quem dizemos esta folha realmente funciona, oh.3
Ifa diz que existe alguma coisa para a qual jogamos ifá, e que funcionará se sacrificarmos por causa dela.

Ifá diz que ele não permitirá que nós caiamos em desgraça neste assunto. Diz que deveriamos fazer um
sacrifício para que a coisa funcione bem do princípio ao fim.
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1. Note aqui o jogo de palavras com o nome da caída, ofun-( o) sa ; e o fato do nome do divinador nesse caso
ser intimamente associado ao signifcado de restante do canto.
2. Er nº 3, canto 18-7.
3. Este canto explica desta forma por que algumas folhas são úteis para a medicina enquanto outras não.
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-255-1-
É repentinamente branco,1 foi quem jogou ifá para olobutu, rei dos pássaros no campo. Eles disseram que
durante aquele ano sua cabeça o levaria a um lugar onde ele atingiria o seu destino, se não encontrasse um
inimigo que o afastaria da sua posição, e para issso deveria fazer um sacrifício. A roupa vermelha das suas
costas com a qual ele se enfeitava, uma ovelha, três shillings e uma jarra de óleo de palmeira foi o sacrifício.
Olobutu não fez o sacrifício. Quando eles o fizeram rei e ele não se saiu bem, todos os pássaros tiraram o
título dele.a roupa que ele não sacrificou pode ainda ser vista no pescoço de madeira came moída,2 até hoje.
E eles colocaram o pássaro okin em seu lugar.
Ifá diz que o deus céu irá colocar alguém numa posição, mas que ele deveria fazer um sacrifício para não
encontrar um inimigo que o tirará da posição.

Ifá diz que existe alguém numa posição importante no momento, mas se alguém que atualmente está num
canto fizer um sacrifício, ele o tirará do posto enquanto os seus parentes estão vivos para ver.
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1. Note aqui o jogo de palavras com o nome da caída ofun-(0) se. O branco está associado tanto com ofun
quanto com ose, e o okin é um pássaro branco.
2. Este é um outro nome para olobutu, pássaro não identificado, referindo-se ao grupo de penas vermelhas
( sua roupa vermelha) no seu pescoço.este canto explica desta forma como ele adquiriu esta marca e como o
okin começou a ser considerado o rei dos pássaros. O okin, identificado por abraham como um garçota, é
descrito como um pássaro branco cujas penas altamente valorizadas são colocadas nas coroas dos reis.
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-255-2-
Brisa gentil,1 vem para a terra vinda do alto do campo; chuva em apa,2 cai num declive foi quem jogou ifá para
shereke, filho de sacerdote que matou 800 tartarugas para comer. A chuva preta que cai em apa não deixa o
povo de apa ter recém-nascidos para celebrar; quando a chuva branca cair em apa,3 eles terão crianças
recém-nascidas para celebrar.
Ifá diz que existe alguém que possui muitas esposas.mas que essas esposas não terão filhos. Ifá diz que
abrirá o caminho das crianças para ele durate este ano, para que essa pessoa tenham o contentamento de ter
filhos.o sacrifício é uma cabra e onze shillings. Levaremos esta cabra para uma água parada próxima ,todo o
seu povo deverá seguí-lo e eles sacrificarão a cabra lá. O divinador deverá guardar o dinheiro como
pagamento.

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1. Cf. Nº 1, canto 175-2.
2. Apa cujo significado foi dado como esbanjador ou pródigo, foi aqui iterpretado como o nome de uma cidade
não identificada.
3. Os informantes não sabiam o significado da chuva preta e branca, e toda a introdução é obscura.
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-255-3-
O gotejador da água em oshe,1 a desgraça do rio é trasformar-se em lama e a água de ontem na casa de um
homem rico está estragada,2 foram os que jogaram ifá para abonun, que era filho do deus céu no dia em que
o povo da terra pensou que ele estava acabado.3
Ifá diz que existe alguém que envelheceu; nenhum dos seus parentes tomou conta dele, e estão rindo dele.
Durante este ano o deus céu a abrirá para ele a estrada do dinheiro e todos se prostarão diante dele, inclusive
os chefes. Um ifá pegou o seu destino e o escondeu; tomaremos conta do ifá para que ele possa abrir o
caminho para ele. Sacrificaremos uma cabra para ifá.
Abonun era um homem pobre e estava muito velho. Seus parentes riam dele. Quando abonun consultou os
divinadores, para que eles examinassem o seu caso, eles disseram que ifá queria que ele desse uma cabra.
Ele foi ao mercado e comprou a cabra a crédito. Disse para a vendedora da cabra que ela deveria voltar dois
dias depois. Quando chegou em casa matou a cabra.

No dia seguinte dividiu-a entre as pessoas da sua casa. E no outro dia correu para a floresta para se
esconder porque viu que não tinha encontrado o dinheiro para pagar a cabra para a vendedora.
Na floresta ele andou, e caiu num buraco de contas.quando a vendedora de cabras chegou na casa de
abonun e não o encontrou, o povo da casa de abonun disse para ela: por que você vendeu uma cabra para
ele? Onde ele encontrará dinheiro para lhe pagar?
Então a vendedora de cabras de sentou para esperar,4 por abonun na casa dele.quando abonun chegou e
encontrou a vendedora, deu a ela um apanhado de contas enrolado em folhas. A vendedora levou com medo
em seu coração.5
Mas, no ano seguinte abonun se tornou um homem rico, e quando sacrificou para o seu ifá, ele matou uma
vaca.6 ele ordenou que a carne fosse cozida. Quando a carne estava cozida, abonun sentou-se ao seu lado e
começou a cantar:
tragam seus pratos, venham comer, oh;
vocês que pensaram que eu estava acabado, tragam seua pratos;
venham comer, oh, vocês que pensaram que eu estava acabado.
Ifá diz que existe alguém que o povo diz que nunca terá sorte, mas o deus céu está para abrir o caminho do
dinheiro e do contentamento para ele.
Todos virão a ele para prestarem homenagens e se inclinarão para ele. Mesmo que não seja feito chefe, ele
receberá mais honras do que os que são chefes.

199
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1. Oshe, um dos elementos do nome desta caída, foi aqui interpretado como o nome de uma cidade não
identificada. Disseram que otere significava algo que flui num pequeno riacho,, como uma fonte.
2. Um homem rico pode reclamar se a sua água não estiver fresca a cada dia. E dizer que a água deixada do
dia anterior é amarga ou esta estragada.
3. Literalmente, terminado ou acabado significando que ele não vale mais nada.
4. Dogode é usado para descrever as atividades de um credor cobrando um devedor. É o equivalente a
acampar na soleira da porta, e pode significar sentar ( joko), ficar de pe ( duro) ou se deitar ( dubo-( i ) le).
5. Isto é , ela teve medo de estar sendo paga com algo roubado, e ser envolvida num caso legal. No idioma
iorubá peito partido, refere-se ao batimento do seu coração; o peito é a sede da coragem, assim como a
cabeça e sede da sorte e o estômago sede da disposição.
6. Sòmente os reis e as pessoas muito ricas podem dar uma vaca como sacrifício.
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-255-5-
Extorquir shunin,1 divinador de roupa foi quem jogou ifá para roupa quando ela estava chorando porque não
tinha filhos. Eles disseram que ela ficaria grávida, mas como sacrifício contra os feiticeiros,2 ela deveria
oferecer uma peça de tecido,3 uma cabra e um shilling três pences.roupa ouviu mas não fez o sacrifício.
Quando roupa começou a dizer; se eu soubesse teria feito o sacrifício de extorquir shunin no outro dia e
começou

A se lastimar dizendo: por que fiz isto?


Ifá diz que esta mulher ficará grávida, mas deverá fazer um sacrifício contra os feiticeiros para que a gravidez
não desapareça do seu corpo. E então novamente existe uma mulher que já está grávidoa que deveria fazer
sacrifício para a sua gravidez náo se desfaça.4
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1. Shunin é o som feito quando um pano é torcido ou espremido para secar. O nome do divinador é um jogo
com o nome da caída
Ofun-( o ) se. A imagem envolvida com o nome do divinador é levada com consistência durantr o canto. A
água pingando do pano refere-se às lágrimas de roupa chorando pelos filhos. As bolhas de ar que surgem
quando um pano é torcido refenrem-se a roupa ficando grávida, condição que nunca dura porque roupa não
fez o sacrifício; e o canto explica desta forma por que isto acontece. E existe o perigo de que a gravidez da
cliente possa também se desfazer.
2. Ar( a ) aiye é um eufemismo para feiticeiros.
3. Uma peça grande, retangular de pano que é enrolada a cintura como uma saia.
4. Cf. O canto 183-2, onde a gravidez da substancia usada para tingir é também desfeita.
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-256-1-

Corremos para pegar as maçãs estrela,1 andamos preguiçosamente para pegar as maçãs estrela; mas como
não temos ninguém no lugar onde as maçãs estrela crescem, temos sempre que come-las sem estar

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maduras,2 foi quem jogou ifá para olho quando ele ia ser feito rei. Eles disseram que olho deveria sacrificar ois
pombos, dois ovos de galinha, nove pence seis oninis e um lote de manteiga shea. Nós misturaremos a
maneiga shea com a folha de deixe-me sentar,3 mataremos um dos dois pombos e adicionaremos o seu
sangue; quebrando um ovo na mistura e com ela friccionaremos o nosso corpo. Olho fez o sacrifício.
Ifá diz que existe alguém de quem o deus céu criará um grande mercado do destino, que afetará toda a sua
família, assim como olho vê a todas.4 e existe uma criança pequena que o deus céu colocará numa posição
muito importante, mas ele deverá fazer um sacrifício muito bom para evitar um inimigo.
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1. Ver nº 3, canto 54-5.
2. Porque não temos ninguém para olhá-las, as maçãs estrla são roubadas quando amadurecem, deixando
para nós sòmente as verdes.
3. Ver nº 3, canto 249-4.
4. Este canto explica desta forma, em virtude dele ter feito o sacrifício, como niinguém pode ver sem olhos.
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-256-2-
Se for você ou se for eu, não nos é permitido defecar no campo de alguém que está muito ocupado para
olhar;1 se defecarmos no campo de alguém que está muito ocupado para olhar, não deveremos andar nos
limites do seu campo; se andarmos nos limites do seu campo, não deveremos comer os seus inhames,2 foi
quem jogou ifa para oniwonranole quando o povo o estava ridicularizando 40.000 vezes, quando eles o
estavam ridicularizando 60.000 vezes. Eles disseram que todo o mundo se reuniria para serví-lo na sua
velhice. Oniwonranole é o nome que chamamos ifá.3
Uma cabra, um rato, um peixe, uma galinha e nozes kola é o sacrifício.
Ifá diz que existe alguém a quem todas as pessoas da sua casa estão insultando e chamando de preguiçõso;
esta pessoa possuirá a casa toda num futuro próximo. E nós queremos fazer alnma coisa; esta coisa
produzirá finalmente um lucro. Toda a casa se reunirá para servir alguém num futuro próximo.
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1. Alairoju foi interpretado como significando aquele que está tão ocupado que não tem tempo de olhar para
seu campo; mas a referência pode ser a um homem cego.
2. Proibições deste tipo são conhecidas como ohun, os informantes as compararam a tabus ( ewo), mas foram
incapazes de diferenciá-las . Se qualquer uma for quebrada, quem quebrou sofre as consequências ( je ewo,
je ohun). Abraham dá eu sofrí a penalidade para ohun hun mi.
3. Compreende-se que ifá tornou-se tão importante porque fez o sacrifício.
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-256-3-
Afinkin,1 é o que mata escravos, juramentos rompidos,2 são o que mata amigos; maldições são o que mata
ladrões;3 e ancestrais são o que mata parentes,4 e se o mercado quebrar repentinamente, os estrangeiros
serão espalhados aquí e alí, os comerciantes permanecerão e aqueles que espalharam seus artigos de venda
permanecerão,5 foram os que jogaram ifá para as quatrocentas deidades quando o deus céu estava enviando
a morte para chamá-las quarenta vezes, quando ele estava enviando a morte para chamá-las sessenta vezes.
Quando o deus céu enviou a morte para chamar as quatrocentas deidades, orunmilá as chamou juntas.
Cozinhou um pote de caramujos, um pote de peixes, um pode de ratos e comprou uma cesta de mingau de
milho e despejou numa jarra cheia de água para elas quando elas terminaram de comer e beber, orunmilá
disse a elas que quando elas fossem para o céu desta vez , não deveriam ir individualmente; deveriam ir
juntas e permanecer unidas; não deveriam andar sòzinhas. Disse que se elas permencessem juntas, o deus
céu não seria capaz de parar nenhuma delas e não seria capaz de deter nenhuma delas.

201
Quando elas foram ao deus céu, todas as quatrocentas deidades disseram a ele que um homem preto estava
usando contas ide,6 em torno do pescoço era quem estava revolucionando o mundo e por isso o deus céu
deveria mantê-lo no céu e não deixá-lo mais retornar à terra.

Quando o deus céu ouviu isso , chamou exu. Perguntou a ele: você foi quem eu mandei para observá-las. O
que você sabe sobre esta pessoa de quem elas falam? Exu respondeu, dizendo que elas esavam contando
mentiras contra orunmilá. Disse que sempre que uma delas estava doente, aquele de quem elas falaram
essas coisas foi quem as curou, e que se ele recebesse ratos ou peixes como sacrifício, comia sòmente
aqueles que tivessem algum significado para ele. E então exu disse que quando elas estavam vindo para o
deus céu desta vez, orunmilá cozinhou uma jarra de água e comprou uma cesta de mingau de milho para
elas; e elas comeram e beberam antes de virem até você, oh olodumare.
Quando o rei ouviu isso, pegou todas as quatrocentas deidades e amarrou-as no céu; e disse que orunmilá e
exu deveriam voltar para a terra. Quando estes dois chegaram na terra, orunmilá estava feliz e começou a
louvar os seus divinadores e a cantar;
nós vivemos na terra, nós comemos ratos, oh;
nós vivemos na terra, nós comemos peixes;
nós bebemos cabaças de odu,7 nós comemos caramujos.
tudo o que acontece está ligado ao juramento que fizemos juntos;
vocês viveram na terra, vocês quebraram o juramento que fizeram a mim;
tudo o que acontece está ligado ao juramento que fizemos juntos.
Ifa diz que não devemos romper um juramento que fizemos a um amigo para não encontrarmos a morte
inesperadamente. Discutimos alguma coisacom alguém que quer quebrar o juramento que fez conosco, mas
o povo no céu o julgará e punirá.

Então existe alguém que está doente, ele não morrerá ; mas alguém que sequer notamos será quem morrerá.
Todas as coisas que orunnmilá sacrificou naquela época e o que todos usam como sacrifício no tempo de
agora.8
A lição,9 deste canto de ifá é que você não deve fazer um juramento falso contra seus companheiros.
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1. Isto não pode ser explicado pelos informantes, mas pelo contexto parece ser algo comparável a um
juramento ou maldição. Idowu ( 1962:53) dá como afinti, que ele traduz como uma história, numa introdução
bem similar um canto que ele atribui a ogbe meji.
2. Fazer um juramento é chamado de “beber o chão” (mule mu ile) e quebrar um juramento de quebrar o
cháo. ( da ile).
3. Ver nº 4, canto 248-4.
4. Segundo os informantes os que nascem juntos ( ajobi) refere-se aos ancestrais, e os que nascem de uma
mãe( iyekan)é usado amplamente aquí para significar os ligados pelo mesmo pai ou mãe. Uma pessoa que é
acusada de fazer medicina má contra um parente ou de ter relações sexuais com a esposa de um parente é
chamado para fazer um juramento sobre a sua inocêcia. Deve comer kola na câmara principal de um
complexo e repetir que meus ancestrais me matem, se eu for culpado, ( ki ajobi pa mi). Este tipo de
juramento, feito sòmente quando existe uma disputa dentro de uma família, é considerado extremamente
perigoso, mais do que juramentos públicos de ogunladin no palacio de oni. Idowu ( 1962:52) dá alajobi,
traduzido como cosanguinidade.
5. Quando algo acontece no mercado, os fregueses saem, mas aqueles que vendem nele permanecem para
proteger suas mercadorias, e as pessoas que vêm das outras cidades permanecem porque não têm outro
lugar para ir.
6. Ide é o tipo e conta usada pelo babalawo ( ver capítulo ix), identificando o homem preto como orunmila.
7. Os informantes não puderam explicar o significado de odu neste contexto.

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8. O canto expilca por que caramujos, peixes, ratos, mingau de milho e água são usados nos sacrificios para
olorun, e por que ifá e exu são taõ importantes na terra.
9. Esta moral, que não é recitada pelos divinadores como parte do canto de ifá, foi adicionada pelo intérprete.
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-256-4-
A morte acende um fogo de madeira epin, doença acende um fogo de madeira ita; feiticeiros e exu acendem
um fogo e madeira munrun-munrun,1 foi quem
Jogou ifá para orunmilá quando a saúde de seu filho não estava boa. Eles disseram que ele deveria sacrificar
um pombo, um galo, seis nozes kola e três shillings para que seu filho não morresse. Ele fez o sacrifício e seu
filho sobreviveu.
Fá diz que devemos fazer um sacrifício para que alguém não venha a adoecer.
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1.munrun-munrun é uma árvore não identificada. Madeira para queimar da árvore ita ( celtis soyauxii, c.
Zenkeri, c. Adolfi-frederici) e importante entre os presentes dados aos parentes da esposa no casamento.
Epin é a árvore lixa ( ficus asperifolia)
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-256-5-

Ashinshinrin, que era o divinador da cidade do vingador , ikandu, que era o divinador da cidade do executor
do mal; e eta,1 varre o chão com sua cauda gerege,2 está indo para mogan,3 foram os que jogaram ifá para
oshu me dá felicidade que é como uma luta repentina quando ele estava indo para agege.4 eles disseram que
ele deveria sacrificar sete ratos, sete peixes e três shillings seis pences. Ele fez o sacrifício.

Ifá diz que devemos fazer um sacrifício por causa de uma viagem a pé que pretendemos fazer, para que
possamos retornar para casa contentes.
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1. Este é identificado por abraham como gato de algália do qual é retirado o almíscar ( iseta, egeta).
Ashinshinrin é um rato mal cheiroso e ikadu é uma formiga grande e mal cheirosa. As duas cidades
mencionadas não puderam ser identificadas pelos informantes.
2. Esta palavra descreve o movimento da cauda ao varrer a terra.
3.interpretado como o nome de uma cidade não identificada.
4.uma cidade cerca de quinze milhas para o interior de lagos no caminho para abeokutá e ibadan.
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-256-6-
Faremos a marca ofun meji na parede com giz e madeira came.1 ole! Odogbonikanran! Aquele que afunda! 2
aquele que bate e fala! 3 apakenija! Aquele que vem para casa assim que chega lá! O porco do mato,4 espalha
sacrifícios para que eles fiquem espalhados! Onde o ewu,5 toca o chão é ode ele morre!
Nós mascaremos kola e a sopraremos da nossa boca; nós diremos: qualquer mal que recaia sore mim
perecerá ; não será capaz de me afetar.
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1.este não é um canto usual recitado como parte de uma divinação, mas uma das medicinas aprendidas pelos
divinadores; ver nº 1, canto 139-2. Em grande parte consiste de encantamentos verbais cujo significado é
obscuro mesmo quando podem ser traduzidos o que dá eficácia às marcas feitas na parede.
2. Como quando alguém pretende entrar em colapso ou cair contra a parede quando recebe um empurrão de
brincadeira.
3.isto provávelmente refere-se a orunmilá quebrando as nozes da palmeira.
4. Idenificado por abraham como o porco do rio vermelho. (elede odo)

5. Descrito pelos informantes como um animal roedor noturno, que pode ser arborífico; abraham dá ewu como
um sinònimo de okete, o rato gigante o rato de bolsa (criceptomys gambianus).

-257-1-

A estrada é bem reta, não faz uma volta,1 foi quem jogou ifá para estrada de ferro no dia que ele estava
fazendo divinação e descendo para fazer comércio com o homem branco. Eles disseram que todas essas

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cargas do homem branco pertenceriam a estrada de ferro. Eles disseram que ele deveria fazer um sacrifício.
Eles disseram que estrada de ferro teria as cargas tanto do homem branco como do escrevente.2
Estrada de ferro não fez o sacrifício. Daquele dia em diante, quando alguém coloca a sua carga dentro da
estrada de ferro, quando sai do trem, pega a sua carga e a retira da estrada de ferro. 3
Ifá diz que alguém irá sair da cidade. Eles disseram que ele deveria fazer um sacrifício para que um ladrão
não roube as suas cargas.
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1. Esta frase introdutória é tirada diretamente do canto 20-2. Aquí é mais significativamente aplicada a estrada
de ferro, cujos trilhos são mais retos do que os caminhos e ruas tradicionais. Cf.também os cantos 17-3 e 257-
2.
2. Os escreventes ou aqueles que escrevem livros foram principalmente empregados pelas firmas européias
de comércio e no serviço governamental. Como os europeus, eles viajavam mais de trem do que a pé, com
suas cargas ou bagagens com eles.
3. Embora esta paródia não especifique um sacrifício, possui o elemento explicatorio típico para mostrar por
que a bagagem é retirada do trem sobre o qual é carregada. Cf. Canto 243-4.
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-257-2-

A estrada é bem reta,não faz uma volta,1 foi quem jogou ifá para estrada de ferro no dia em que ele estava
chorando porque não tinha seguidores. Eles disseram que ele teria seguidores se sacrificasse três galos, três
shillings e uma roupa do seu corpo.
Estrada de ferro ofereceu três shillings e a roupa de seu corpo, mas não ofereceu os três galos para fazer as
pessoas ficarem com ele durante a noite. Estrada de ferro começou a ser uma pessoa com seguidores, mas
após todos irem para a estrada de ferro, quando a noite caía seus seguidores saíam novamente, cada um
indo para a sua casa.. Daquele tempo em diante todos os viajantes que entram na estrada de ferro a deixam
novamente a cada noite.2
Ifá diz que nós seremos pessoas que têm seguidores, mas que devemos fazer um sacrifício para os
seguidores que temos não nos deixem.
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1. Cf. Nº 1, canto 257-1.
2. O elemento explanatório aqui diz por que os passageiros deixam o trem a cada noite. Esta paródia inclui
uma implicação caracteristica, que quando o sacrifício é feito sòmente parcialmente, o efeito desejado não é
permanentemente conseguido.
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-257-3-

A escuridão deixa o mais velho ver a estrada foi quem jogou ifá para o homem branco quando eles estavam
indo tirar a lâmpada da sua mão,1 eles disseram que a lâmpada em sua mão era o sacrifício. Homem branco
sacrificou a lâmpada em sua mão.
Ifa diz que alguém deveria fazer o sacrifício da lâmpada em sua mão. Quando o mais velho não pode ver a
estrada, ele jogou ifá para o homem branco e desejou ter uma lâmpada em sua mão.
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1.a implicação, colocada mais especificamente depois, é que o divinador desejou a lâmpada ( ou lanterna)
que ele sabia que o homem braco tinha, e portanto falsamente, ou sem ética ,disse que ela era o sacrifício
requerido.
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-257-4-
Se você rir muito, sua fome durará mais foi quem jogou ifa para alguém que tinha uma tanchagem com filhos
muito grossos.1 eles disseram que a tanchagem que estava no pátio dos fundos e que tinha filhotes era o
sacrifício.2
O divinador que sofria de fome foi quem recitou este canto para um homem que tinha uma tanchagem com
filhotes no patio dos fundos.3
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1. Isto é, a fruta.
2. Cf. Canto 2-2.
3. Cf. N º 1, canto 257-3.
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1.

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