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EQUIPE

EDITOR CHEFE SUPORTE


Arno Alcântara Pâmela Arumaa
Alessandra Figueiredo Pelegati
REDAÇÃO E CONCEPÇÃO Márcia Corrêa de Oliveira
Marcela Saint Martin Rayana Mayolino
Marra Signorelli Douglas Pelegati
Raul Martins
FINANCEIRO
REVISÃO William Rossatto
Cristina Alcântara Joline Pupim
Douglas Pelegati
DIREÇÃO DE CRIAÇÃO
Matheus Bazzo COORDENAÇÃO DE PROJETOS
Arno Alcântara
DESIGN E DIAGRAMAÇÃO Italo Marsili
Jonatas Olimpio Matheus Bazzo
Vicente Pessôa
O CARA QUE NUNCA DORME
TRANSCRITORES Douglas Pelegati
Edilson Gomes da Silva Jr
Rafael Muzzulon
Raíssa Prioste
Tiago Gadotti

Material exclusivo para assinantes do Guerrilha Way.

Transcrição das lives realizadas no Instagram do Dr. Italo Marsili


dos dias 01/07/2019 a 05/07/2019

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COMO É A SEMANA GW
1. Assista, de preferência ao vivo, às lives diárias
pelo YT ou Instagram, às 21h30.
Canal do YT: Italo Marsili.
Instagram: italomarsili

2. Na segunda-feira, você recebe no portal GW o


material referente às lives da semana anterior.

3. Leia o seu Caderno de Ativação. A leitura do


CA não leva mais do que 15 minutos.

4. Confira no LIVES a visão geral da semana e os


resumos. Separe uns 20 minutos para isso. As
transcrições na íntegra também estarão lá.

ENTENDA O SEU MATERIAL


1. O Caderno de Ativação o ajudará a incorporar
conteúdos importantes. É um material para FAZER.

2. No LIVES estão as transcrições, os


resumos e a visão geral das lives da semana.
É um material para se TER.

3. Se quiser imprimir, utilize a versão PB,


mais econômica.

4. Imprima e pendure o seu PENDURE ISTO.

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A SEMANA NUMA TACADA SÓ _______________ 5

O PONTO CENTRAL _______________________ 6

A FORÇA ESTÁ SEMPRE À SUA DISPOSIÇÃO ___ 11

A BASE DO CONHECIMENTO
É O TESTEMUNHO SOLITÁRIO ______________ 31

4 SUPLEMENTOS PARA MELHORAR


SEU FOCO E DISPOSIÇÃO __________________ 42

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A SEMANA
NUMA TACADA SÓ

LIVE #79 | 18/07/2019


A FORÇA ESTÁ SEMPRE À SUA DISPOSIÇÃO
Instalar-se no mundo físico e abster-se de reclamar
é fundamental para que sejamos pessoas fortes, ca-
pazes de dizer a verdade percebida desde o próprio
coração.

LIVE ESPECIAL
A BASE DO CONHECIMENTO
É O TESTEMUNHO SOLITÁRIO
Ninguém pode orientar-se na realidade sem a con-
fiança no testemunho solitário próprio ou alheio. O
caminho da desconfiança leva à loucura.

LIVE ESPECIAL
4 SUPLEMENTOS PARA MELHORAR
SEU FOCO E DISPOSIÇÃO
Saiba mais sobre 4 suplementos úteis para o foco e a
disposição, que atuam no mecanismo de produção de
energia: MCT, Whey Protein, coezima Q-10 e D-Ribose.

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O PONTO CENTRAL
R E S U M O S D A S E M A N A

LIVE #79 | 18/07/2019


A FORÇA ESTÁ SEMPRE
À SUA DISPOSIÇÃO
A força é a capacidade de alguém dizer a verdade. “Propó-
sito” e “motivação” não são capazes de nos sustentar por
muito tempo. Para sermos fortes é preciso dizer a verdade,
mas não é qualquer verdade. Estamos falando da verdade
da sua vida — a verdade que o orienta independente do
que disseram a sua mãe ou o seu vizinho.

Você não vai conseguir se instalar nessa verdade, porém,


se não se instalar no mundo físico. Há em nós um princípio
de ascensão que é análogo ao nosso corpo: começamos
pelos pés, que pisam a circunstância, e só depois chega-
mos à cabeça, onde mora o propósito. O chão que você
pisa é bom, a realidade é boa, por isso você deve aceitá-la
sem reclamação nenhuma. Reclamar é perder força.

A luta para o nosso amadurecimento acontece em nos-


sa cabeça. Não se trata de encontrar o propósito, mas de
integrar em nossa personalidade a circunstância em que
estamos. É preciso ganhar força física e estética, porque
elas nos ajudam a amar nossa circunstância. É só depois
de nos instalarmos fisicamente dentro da verdade que
podemos então ser verdadeiramente fortes, dizendo as
coisas a partir de nosso coração.

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LIVE ESPECIAL
A BASE DO CONHECIMENTO
É O TESTEMUNHO SOLITÁRIO
O desejo de que haja uma prova científica para tudo quan-
to existe é uma aberração que tem criado as piores atro-
cidades sociais. Exigir uma prova científica para qualquer
coisa é basear sua forma de entender e agir na descon-
fiança. É não confiar mais no testemunho de seus próprios
olhos, muito menos no testemunho dos olhos alheios, e
sem essa confiança é impossível orientar-se na realidade.
O nosso conhecimento baseia-se primeiro no testemunho,
e, por isso, a base do conhecimento científico também é a
fé: a fé no testemunho de alguém que fez uma experiência
ou que a replicou.

O elemento da confiança é o que estrutura o mundo. Mes-


mo um mentiroso está instalado na verdade. Se ele se es-
quecesse, ao mentir, de qual verdade está falsificando,
ficaria louco. Deixar de confiar na verdade do testemu-
nho alheio é tornar-se louco. Não é possível instalar-se na
mentira; a verdade e, com ela, o amor e a confiança, estão
na base de tudo.

Para perceber esse núcleo de verdade em que você está


instalado, é força abandonar o fetiche da auto-imagem.
Elaborar mentalmente suas características é caminhar
para a frustração. E se você agir, por fraqueza, de outro
modo? Você deixou de ser quem você é? Temos de confes-
sar todos os dias que existimos, que somos testemunhas
não só da nossa própria existência, como da existência
de tudo o que nos rodeia. O único método legítimo para
se chegar ao conhecimento é a confissão do testemunho
solitário.

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LIVE ESPECIAL
4 SUPLEMENTOS PARA MELHORAR
SEU FOCO E DISPOSIÇÃO

Os suplementos indicados aqui têm por objetivo melhorar


o foco e a atenção. São, portanto, suplementos que atuam
na cognição, que não precisam de receita médica para a
compra.

O primeiro deles é o MCT (triglicerídeo de cadeia média),


que não faz mal ao nosso corpo, como o LCT (triglicerídeo
de cadeia longa). Muitas vezes nossa impaciência, nossa
ansiedade e nossa falta de foco são percepções subjeti-
vas da falta de energia em nosso corpo. A célula preci-
sa de creatinina para produzir energia por meio do LCT
e, mesmo assim, produzirá em baixa quantidade. O MCT
possibilita a produção de energia sem a necessidade da
creatinina.

O segundo deles é o Whey Protein, que deve ser tomado


junto com o MCT. O Whey também deve ser isolado (para
que não haja resíduo de outras substâncias que fazem
mal ao nosso organismo) e com baixo teor de carboidrato.
O MCT (5g) e o Whey (1 scoop) devem ser tomados juntos,
em 100ml de água, antes das refeições.

O terceiro deles é a coezima Q-10. Essa coezima é respon-


sável por atuar no processo de oxidação para que a célula
produza energia. Diversos estudos demonstram que a co-
ezima Q-10 melhora os sintomas de depressão. É recomen-
dado tomar uma dose (de 100g a 200g) às 10h (ou assim
que acordar) e às 17h.

O quarto é a D-Ribose, um tipo de açúcar que é metaboli-

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zado rapidamente na célula. Não é como o açúcar comum
e não engorda. É mais útil que a cafeína para quem preci-
sa de disposição imediata. É recomendado tomar, até três
vezes por dia, uma dose de 5g antes de alguma atividade
que requer esforço.

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Live #79 | 17/07/2019

A FORÇA ESTÁ SEMPRE


À SUA DISPOSIÇÃO

Hoje, o assunto é a força, ou seja, o que define ho-


mens e mulheres fortes – mais do que definem... não
só das definições viverá o Homem, mas também dos
passos básicos e das coisas concretas que podemos
fazer para dominar esses princípios.

O que define a pessoa forte, então? Mais do que a


definição, eu queria conversar sobre os caminhos da
força. Ao pensarmos sobre uma dessas pessoas mui-
to fortes que caminharam sobre a Terra, dessas que
a gente olha a vida, admira e até inveja mesmo uma
parte dessa vida, acabamos nos indagando “Caram-
ba, como essa pessoa fez isso? Ela tem uma força inte-
rior, move montanhas e mobiliza as coisas. O que dis-
tingue essa pessoa de mim”? Por exemplo, algo que é
muito citado em livros de Marketing: uma pessoa que
estava no âmbito religioso, e que, ao seu redor, não
há quem tenha alguma objeção contra ela, ou seja, a
Madre Teresa de Calcutá... você a observa e fala “Meu
Deus, essa pessoa pesa uns 30 kg, é similar ao meu
filho de 9 anos... se bater um vento, ela se quebra”. Co-
nhecendo a biografia dela, você nota que ela é forte
demais. Mas como ela é forte sendo assim?

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Então, o que torna, de fato, homens e mulheres fortes?
Se você assistir apenas a essa primeira parte, acabará
fazendo cagada! Você precisa escutar o que temos
para falar e o conhecimento sobre o que realmente
é a força. A definição acerca do que faz uma pessoa
forte é a capacidade de falar a verdade. A força vem
do cultivo da sua capacidade de falar a verdade. Mui-
tas pessoas estão colocando aqui que o que a define
é o propósito, a atitude, a motivação. Contudo, se pen-
sarmos com honestidade, deixando o romantismo de
lado, veremos que essas coisas não dão conta de nos
tornar fortes e de fazer aparecer dentro de nós o que
define a força. O que transforma alguém numa pes-
soa forte? A capacidade de falar a verdade. Mas qual
verdade? O que é esse “falar a verdade”?

Imagine que você fez uma cagada com uma pessoa


– a traiu, por exemplo – e, agora, assistiu à primeira
parte desta live e quer ser uma pessoa forte. Aí, você
quer contar a merda que fez. Preste atenção! Não po-
demos resolver uma bosta com outra bosta, enten-
deu? Eu sei que isso é verdade, mas contar é algo que
não te dará força. O pessoal me escreveu: “Ah, Italo!
Descobri que minha mãe está traindo meu pai. O que
faço, então”? Aí, o sujeito espertinho, que viu metade
da minha live, falou: “Italo disse que uma pessoa forte
é a que fala a verdade! Então, vou contar para meu
pai que minha mãe o está traindo”. Isso não é esse
tipo de verdade! É algo que não tem a ver contigo e

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nem é da sua responsabilidade. É uma coisa da qual
você não controla as consequências! Então, a respei-
to de qual verdade estamos falando?

A primeira verdade é a da sua vida... do seu coração...


de você não ceder, primeiramente, à ideia do vizi-
nho... às ideias do seu pai e da sua mãe. Há um enxer-
to de vida que colocaram na sua cabeça. “Tudo bem,
Italo! Isso é muito bonito. Até já li isso em algum li-
vro espiritual... de Antropologia... de Autoajuda... mas
como se faz isso na prática”? Isso é muito difícil. Pre-
cisamos pegar a conexão antropológica... você tem
que prestar atenção numa coisa! Nós somos pessoas
de carne e osso, afeto, psique, compreensões, ideias
e espírito. Também somos indivíduos inscritos num
mundo concreto (específico, da materialidade). É isso
que precisamos entender.

Você não consegue chegar a essa força da mente –


do espírito –, em que você contempla a verdade, se
instala nela e a declara, sem ter uma instalação físi-
ca que, de algum modo, reflita essa força. Parece até
um contrassenso, porque comecei falando que a Ma-
dre Teresa de Calcutá, no aspecto físico, é mais fraca
do que meu filho – já mostrando que não é sempre
assim. O problema é que você precisa declarar com
muita confiança, coragem e valentia algo que vai te
constranger. Mas você é a Madre? Você é essa pes-
soa? Não! Se você tem fraqueza física... estética... do

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seu corpo mesmo... lentidão... se não consegue fazer
as coisas básicas da vida material, da sua organiza-
ção básica da vida... deixa eu te falar quando você
conseguirá encontrar uma ordem afetiva e uma or-
dem intelectual, que te levem a conseguir declarar a
verdade e senti-la... sabe quando vai acontecer isso
na minha vida e na sua? Nunca!

Nós somos pessoas vulgares – homens e mulheres


da rua –, estamos no meio do mundo. Precisamos de
uma certa ordem, ou seja, de uma ordenação estrutu-
ral. Simbolicamente, nós temos uma estrutura de as-
censão, isto é, pés, braços, boca e olho – é assim que
funciona, hierarquicamente, a composição da nossa
antropologia. Precisamos ter pés firmes no solo, ma-
nipular firmemente as coisas e começar a declarar as
coisas, para que tenhamos uma visão clara do todo.
É uma ascensão! Em geral, invertemos essa jogada
antropológica. Começamos a querer ver nossos pro-
pósitos. Ver é a nossa última função antropológica,
entendeu? Temos um princípio de ascensão, hierar-
quia, subida. Nunca começamos pelo fim, mas, sim,
pelo começo.

Então, como você está instalado antropologicamen-


te? Com suas patas, ou seja, com seus pés no chão.
Primeiramente, é necessário que você pise onde está.
O que isso significa? Na prática, é executar o primei-
ro exercício que propus para você há tanto tempo.

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Meu filho, tente ficar, ao longo de duas ou três sema-
nas, sem reclamar. “Por quê? Italo, você quer que eu
me torne um comodista... um cordeirinho que abaixa
a cabeça para tudo que minha sogra e meu chefe
falam? Você quer criar uma legião de comodistas e
fracos”? Meu amor, quero fazer exatamente o inverso!
Ao não reclamar, o que você está fazendo com sua
vida? Está aceitando a realidade que te cabe, porque
o chão no qual você pisa é um bom chão.

A primeira coisa é a seguinte, que gera um grande


drama – uma neurose do homem e da mulher da
contemporaneidade –, muito comum na atualidade:
essa chuva louca de minorias e tantos direitos. Ago-
ra, todo mundo tem direitos! “Eu espirrei só com a
narina esquerda, então estou incluído numa minoria
e tenho direitos. / Sou homem, heterossexual, judeu
e com cabelo raspado, por isso o Estado tem que me
dar direitos”. Essa loucura de não poder declarar as
coisas, para preservar os direitos dos outros... é cla-
ro que isso tem uma razão de ser! Agora, o proble-
ma é o seguinte: ninguém é otário ou idiota. Pare e
pense: para que eu tenha direito a algo, alguém tem
que garantir esse direito; para que você o tenha, eu
preciso ter responsabilidade. O meu direito só pode
ser garantido se alguém tem responsabilidade para
garanti-los – se alguém tem força para garantir esses
direitos que dizem que eu tenho.

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Preste atenção! Não é difícil! Você precisa inverter
seu olhar, seu posicionamento. Você começa a pen-
sar o seguinte: “Posso até me enquadrar numa mino-
ria, mas não me enquadro em outra. Se sou mulher
negra, não sou homem branco; se sou homem gay,
não sou mulher heterossexual”. Não é verdade? Se
você está numa minoria, então não faz parte da outra.
Se essa minoria tem tantos e tantos direitos, alguém
tem que garantir os direitos dela. No limite, em algum
momento, eu serei esse alguém. Só que eu tenho for-
ça para garantir o direito de alguém? Talvez você não
consiga declarar isso de modo consciente. É óbvio,
porque você precisa de um processo de explicação –
como estou fazendo para você. Mas a percepção de
um senso de desorientação aparece. A percepção de
que você é mortalmente fraco, porque estão enfian-
do direitos em um monte de grupos... logo alguém
vai ter que garantir esses direitos – você vai ter que
ser um deles em algum momento, ou seja, em algum
momento, a água baterá na sua bunda. Quando isso
acontecer, você terá a força para garantir esse direi-
to do outro? Já comece a intuir que isso vai ser um
problema. Você será assaltado por uma demanda de
responsabilidades da qual não poderá entregar. Por
quê?

Porque, em nenhum momento, o Spiritus Mundi, isto é,


o Verbo do Mundo, está, no final das contas, olhando
para você e dizendo o seguinte... esse alguém sou eu

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e é por isso que estou aqui! Estou aqui para dizer o
seguinte: já tem gente demais falando sobre direitos
e, talvez, você até os tenha. Se você quiser, só é ouvir
esse pessoal. Estou aqui para falar o contrário: quero
que você olhe para sua responsabilidade, seja uma
pessoa adquirindo força, esteja instalada no nervo
da vida e reencontre o tesão e a força para viver. Se
você só pensa em direitos, algo que está acontecen-
do no mundo contemporâneo, eu sei o que vai se ins-
talar em você: neurose e senso de desespero – você
notará que alguma coisa errada não está certa, mas
não saberá o que declarar. Então, eu não sou a pes-
soa que vai começar a jogar chuva de confetes e pur-
purina em todo mundo e dizer o seguinte: “Você tem
muitos direitos! Você é linda e maravilhosa! Vá atrás
dos seus direitos”. Isso é o vitimismo.

Há gente bobona escrevendo: “Italo, é fácil falar! Você


é rico, está forte agora, é médico... quero saber se,
caso você tivesse que pegar o ônibus 485, às 5h, para
trabalhar a uma distância de 1h30min da sua casa,
falaria a mesma coisa? Essa pessoa, que ganha uma
merreca no final do mês, ela não é vitimista, não! Ela é
vítima mesmo”! Meu filho, preste atenção no que aca-
bou de falar! Você definiu o vitimismo. Estou falando
disso mesmo! Você sabe o que essa pessoa mencio-
nada por você tem? Ela tem vida! Isso é a vida! Você
acha que nunca peguei o 485 às 5h? Durante muitos
anos da minha vida – quem conviveu comigo sabe

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disso –, eu acordava às 4h30min para começar o dia.
Terminava meu dia por volta de 1h e, mesmo assim,
não fazia tudo que precisava para conseguir pagar
as contas. Ora, eu poderia ter me vitimizado: “Quem
vai me garantir aqui? Alguém tem que arcar com um
peso chamado vida”. Poderia ter apelado para meus
pais ou para o Estado. Sabe o que aconteceria? Eu me
enfraqueceria.

O Saulo, de São Gonçalo, meu amigo, psiquiatra, es-


creveu aqui... o que aconteceu na vida dele? A mes-
ma coisa: casou cedo, “fez logo uma bonequinha”, o
peso caiu sobre ele... ora, você pode se vitimizar ou
fazer a única coisa possível, que é olhar para a ascen-
são antropológica e entender que deve olhar para o
chão no qual está pisando e não reclamar dele. Se o
chão é “herdeiro de uma família tradicional do País
de Gales”, esta é a sua realidade. Se é “morador de
uma comunidade do interior do Piauí, pior IDH do
Brasil”, esta é a sua realidade. Há duas opções diante
da sua realidade: você pode odiá-la, o que te levará
a se odiar; você pode amá-la, porque é a sua vida
(você e seu mundo). José Ortega y Gasset, filósofo es-
panhol, falava o seguinte: “Não é que eu sou eu. Eu
não sou só o meu ego. Eu sou eu e minhas circuns-
tâncias. Se não as salvo, eu não salvo a mim”. Não há
nada mais verdadeiro do que isso, porque rejeitar a
sua circunstância é rejeitar a própria estrutura empí-
rica da vida. É rejeitar a si e se odiar. Ora, quando eu

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me odeio – nesse sentido vulgar, raivoso e infantil –,
transfiro essa minha raiva para o mundo. Eu começo
a querer encontrar fora da minha circunstância – do
meu campo de ação – motivos que me sustentem.

Quando, no Facebook, um sujeito escreve com rai-


va “Italo, seu babaca”, ele escreve com ódio mesmo.
Num outro dia, uma menina falou: “Desejo que o Ita-
lo seja preso. Que uma rola grossa coma o cú dele
e ele morra. Que toda a família dele seja destruída”!
Sabe o que sinto quando olho para isso: eu não sin-
to nada. Falo: “Beleza! Temos muito trabalho a fazer”.
Essa pessoa não entendeu o seguinte: o fato de ela
não querer que eu me expresse, botando os pingos
nos “is” – uma coisa depois da outra –, mostra que
ela não compreendeu que, daqui a pouco, ela será o
próximo alvo desse discurso de ódio. Então, eu não
ligo. Estou aqui justamente para falar que você preci-
sa ser forte, não há opção. Não somos fortes na base
do muque, ou seja, da força física – não é este tipo de
força. A força final – que nos convoca dia e noite – é
que a gente consiga falar a verdade.

Qual é o primeiro processo para nós? É muito difícil


falar a verdade sobre conceitos e ideias e defender a
nossa fé. Agora, uma coisa que está na sua intimida-
de, você consigo, diariamente, é defender o seu pé...
a sua circunstância... o lugar onde se está. Mas defen-
der de quê? Defender de si, dessa coisa de reclamar

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o dia inteiro, daquela “síndrome do quem me dera”.
A primeira trincheira de batalha a ser enfrentada no
processo de se tornar forte, do amadurecimento, para
que possamos declarar a verdade, é aquela contra a
nossa cabeça – em que olhamos para nossa circuns-
tância.

Veja bem como isso é simples! Se eu der um exercí-


cio de propósito, de autoconhecimento profundo, eu
sei o que vai acontecer com você. É o que acontece
com esse pessoal que vai para workshops de até R$
10.000,00, em Miami, e volta ainda mais desorientado.
O indivíduo retorna com um certo ânimo e uma certa
motivação, mas nada resolve. Afinal, a pessoa só teve
um shot emocional – simbolicamente, como um tapa
numa carreirinha de cocaína, em que o indivíduo fica
alegre pra cacete; mas, quando a emoção acomoda/
passa, não sobra nada. Por quê? Porque o que está
querendo ser construída é a possibilidade de você
declarar a verdade desde cima. Mas não é assim que
se constrói! Isso se faz desde baixo! E algumas pes-
soas me alvejam porque dizem que sou “superficial,
pão/pão e queijo/queijo, quase um behaviorista, al-
guém que quer prender os outros numa gaiola de
Skinner”. Meu filho, deixe de palhaçada! Você sabe
que se enrola, por não ter a capacidade de fazer este
primeiro movimento de amadurecimento: a constru-
ção de modo ascensional da sua maturidade.

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Ora, os pés estão embaixo, porque é onde você está
pisando (sua base, sua sustentação). Se você não é
capaz de declarar sua realidade e, mais do que isso,
amá-la, independentemente de qual seja... “Ah, Italo,
mas eu fui abusada pelo meu padrasto... minha avó,
que me criou, é alcoólatra... além disso, ela me batia
de vez em quando”. Eu sei que isso tudo é duro! Não
estou falando que é algo fácil, simples e a melhor ma-
ravilha do mundo. Ninguém está falando que isso é
melhor do que ser a herdeira de uma família tradicio-
nal do País de Gales. Você é essa pessoa criada pela
avó alcoólatra. Essa é a sua vida! É a sua circunstân-
cia. Se você não a salva, não conseguirá salvar a si. É
o que José Ortega y Gasset disse para nós. Ele tinha
total razão!

A minha convocação para você nessa live de hoje, o


primeiro passo para que você adquira a força verda-
deira, capaz de te sustentar por toda uma vida, não
é essa coisa de declarar “qual é o meu propósito”?
O primeiro movimento é olhar que você tem um pé
e está pisando numa circunstância – seja você uma
moça, um homem, uma velha, um jovem etc. Não é
aceitar a circunstância, porque aceitar significa que
você não aceitou. Aceitar é assim: “poderia ser outra”.
O problema é: “não poderia ser outra”. Se outra fosse,
outro você seria. Se fosse herdeiro (a) no País de Gales,
você não seria quem é, ou seja, a Bruna, o João, o An-
tônio; você seria a Mary, o Paul, o Patrick, isto é, uma

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outra pessoa. Pensar sobre você é pensar, em primei-
ro lugar, sobre a sua circunstância. Pare de pensar a
respeito desse negócio de propósito. Você não o en-
contrará. Se você fala “Italo, fui a um workshop e en-
contrei meu propósito”, tenha certeza: seu propósito
vai mudar, após algumas semanas, se você não tiver
feito um exercício anterior. Não é aceitar! É integrar a
sua realidade na sua biografia.

O exercício que estou te oferecendo é “como é que


se faz isso”? Isso é feito sem reclamar. Você vai ficar
umas duas ou três semanas sem reclamar. Por exem-
plo, ao reclamar por ter perdido o ônibus, no limite,
você está pensando “por que eu não tenho um carri-
nho popular na garagem, com ar condicionado, para
poder sair de casa tranquilamente e ir ao trabalho”?
Por algum motivo, você não é essa pessoa – muito
menos a que tem um carro importado. E é aí onde está
a sua circunstância. Pode ser um motivo de herança,
afinal você não veio de uma família que tenha dado
essa oportunidade. Pode ser também pelo motivo de
você nunca ter trabalhado duro, como quem pega a
vida e monta nela – como se monta num potro que
precisa ser domado. Você nunca fez isso! Eu sei disso!
Você também sabe! Ou você pode pisar nessa vida e
começar a partir de agora. É um desafio mesmo! Eu
quero muito que você não reclame por uma ou duas
semanas. Você vai ver que alguma coisa muda. Já es-
tou te dizendo o que mudará: você pisou na sua vida;

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pisando na sua circunstância, você começa a salvá-
-la pela primeira vez.

Ao salvar sua circunstância, você se transforma a par-


tir do seu pé, e não a partir dos seus afetos e da sua
cabeça. Não é assim que se faz! É necessário come-
çar de baixo. Nós temos um princípio hierárquico de
ascensão. Quando isso acontece, você nota que sua
vida afetiva – que acontece ou no estômago ou no
peito – também começa a se organizar. Ora, como ter
um afeto organizado se a todo instante você olha para
sua realidade mais material/intranscendente (corpo,
casa, trabalho, herança ou falta desta)? Como ter uma
estabilidade afetiva se você não conseguiu integrar
a circunstância na sua personalidade? Ao fazer isso,
você percebe que seus afetos passam a ficar mais
verdadeiros. Quando isso acontece – em algum mo-
mento, falarei sobre o que são esses afetos verdadei-
ros –, você consegue dar um passo chamado serviço.
Então, sua boca começa a ter força para declarar o
que as coisas são e seus olhos capturam todo o arco
da sua vida – desde a instalação da sua circunstân-
cia, passando pela sua vivência afetiva, até chegar a
sua capacidade de falar, de fato, como as coisas são.

Qual é a força do homem? Lembra do que falei? Não


é quantos centímetros ele tem de bíceps nem quanto
consegue correr em tempo recorde na maratona ou
no triátlon. Não é isso! Essa não é a força verdadei-

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ra. É uma base para que você a alcance. Não adianta
também querer negar esse princípio material da nos-
sa vida. Eu sugiro e vou sugerir sempre: você preci-
sa ficar bonita e forte se for possível. Em diferentes
momentos do dia, você precisa se olhar no espelho,
sem reclamar do que está vendo. Esse é um princí-
pio de reclamação. Como se faz isso? Eu sei que você
não é a Gisele Bündchen, afinal só existe uma. Mas
você, que vive no século XXI, tem acesso a tutoriais
de maquiagem no Youtube e conhece lojas que ven-
dem maquiagem a preços acessíveis, tem a obriga-
ção, entendeu? Não é porque prefiro determinado
tipo de homem ou mulher, não tem nada a ver com
preferência estética. Isso tem a ver com a verdade da
vida. Se você começa a se cuidar materialmente, aca-
ba ganhando essa base – sua circunstância começa
a ficar mais aceitável.

Ora, todo mundo sabe que é melhor se olhar no es-


pelho e visualizar uma pessoa bonita – e não uma
pessoa feia. Quem não sabe disso? “Italo, parece que
você está na contramão de tudo. Logo agora que o
Instagram cortou os likes, você está fazendo apologia
à estética”? Você quer que eu faça apologia à feiúra?
Que eu finja que isso não existe? Estou aqui preocu-
pado com você, e não com o que o Mark Zuckerberg
está pensando acerca da saúde mental. Ele é só um
político. Não estou preocupado com ele. Estou preo-
cupado contigo! Não estou preocupado em fazer po-

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lítica. Ou eu sou um clínico olhando para você ou sou
um agente político de transformação. É muito difícil
ser as duas coisas ao mesmo tempo. Ou eu falo em
nome de uma ideia minha e te uso como instrumen-
to (porrete, chicote, bucha para queimar etc.) ou es-
tou preocupado com você e não ligo para o que essa
porra está falando.

Eu escolhi o meu lado: estou preocupado contigo, ou


seja, com a pessoa que está na minha frente. E não
tenho nenhum medo de declarar: você precisa ficar
mais bonita! “Italo, o que acontece se eu ficar muito
vaidosa”? Todo mundo corre esse risco, mas é sempre
melhor aparar as arestas que faltam do que correr
sempre atrás de tapar buracos. Se for para errar, erre
por mais do que por menos. Ou você está no lado da
vaidade ou está no lado do desleixo. Só que o deslei-
xo é um lado sem movimento. Ora, as coisas mortas
é que não têm movimento. A vaidade é uma hiper-
produtividade – tem muito movimento, mas também
tem muito mais princípio de vida do que no desleixo.
E o que eu desejo a você? A morte ou a vida, porra?
A vida! Quero que você se instale na vida real. Então,
esse papo não cola. Isso, em geral, é preguiça ou des-
culpa. Você precisa se cuidar!

O pessoal fala “Italo, sendo um pessoa de saúde men-


tal, é um absurdo você falar isso. Você é psiquiatra
mesmo? Não acredito que você seja um psiquiatra.

25
Você fala essas coisas... e se a pessoa ficar anoréxi-
ca e bulímica e começar a apresentar transtornos de
autoimagem, porque você falou que ela precisava
emagrecer”? Não estou dizendo que ela precisa ficar
anoréxica e bulímica. Só estou dizendo que ela tem
que emagrecer. Tanto a obesidade quanto a anorexia
e a bulimia são extremos. Além disso, são disfunções/
transtornos. Agora, você vai ter medo de tratar a buli-
mia e a anorexia, porque “ah, botar a pessoa no peso
dela pode levá-la a se desregular e ficar obesa... e
a obesidade está sempre associada a muitas comor-
bidades”, então não posso mais tratar de anorexia e
bulimia? Isso é uma falácia, coisa de vagabundo que
não tem mais o que fazer.

Eu estou preocupado é contigo! Quero que você se


cuide! E esse é o primeiro princípio. O seu pé está
nessa primeira circunstância, ou seja, o seu corpo (a
circunstância mais material que você tem). Eu que-
ro que você cuide dele! São as duas coisas que você
deve fazer. Primeira coisa: não reclamar. “Italo, você
não conhece minha sogra... meu marido. Aí, é fácil
você falar. Se você tivesse minha sogra, queria ver se
você não iria reclamar”. Olha, essa é a sua circuns-
tância! Minha sogra é realmente maravilhosa! As pia-
das de sogra não colam comigo. Ela é a mulher com
quem eu tomaria vinho e jantaria se não fosse minha
sogra – como se fosse uma amiga minha. Eu a amo.
Minha sogra entrou na minha vida por esse ângulo.

26
Ela é uma pessoa maravilhosa, alguém com quem eu
conviveria. Ora, se a sua sogra é um pé no saco, essa
é sua circunstância. Você lá sabe quais são as minhas
circunstâncias de pé no saco. A questão é não recla-
mar. Se essa é sua circunstância, olha só que mara-
vilha! Todo mundo tem sogra chata mesmo, você é
só mais um. Pronto e acabou! Não fique reclamando.
Essa é a sua vida. Então, a primeira coisa é esta: não
reclamar da circunstância – você está pisando nesta
realidade, que é boa por ser sua vida.

A respeito da segunda coisa, eu preciso que você fi-


que bonita e se cuide um pouquinho mais. “Italo, é
mesmo... eu estou um pouquinho largada... com uns
cabelos brancos... minha unha não está feita...”. Eu
não estou falando para você procurar um cirurgião
plástico e fazer um investimento dispendioso. Se você
puder também, vá lá e faça! Estou falando o seguinte:
tem aquele básico, uma roupinha melhor. Às vezes,
você até tem roupa melhor, mas, no dia a dia, está em
casa e não usa. “Ah, vou usar para quê”? Ora, para fi-
car bonita, porra! Você vai usar para isso! Ué? Por que
você não pode se arrumar para ficar em casa ou ir à
padaria?

Num outro dia, eu estava conversando com um pes-


soal que estava louvando a beleza das goianas. E dá
para notar mesmo, são muito bonitas as mulheres de
Goiânia. Aí, alguém falou “Ah, mas também há um

27
exagero ali! Elas se maquiam muito e se vestem bem
para ir à padaria”. Pode até ter um elemento de cai-
pirice, mas eu acho, na verdade, maravilhoso! Quem
dera se a gente fosse à padaria e só encontrasse pes-
soas bonitas e maquiadas – sem aquele pessoal de
chinelo, short rasgado e blusa de campanha política.
Seria bem melhor ir à padaria e só ter gente linda,
só miss. Por que estão reclamando? Se todos fossem
bonitos, seria melhor. A beleza é uma realidade boa!

Esse cuidado a mais que desejo que você faça não


é um cuidado louco – do tipo “você precisa se ope-
rar”, tem gente que não tem dinheiro para essa por-
ra. Agora, uma maquiagenzinha... uma hidratação no
cabelo... são coisas que fazem toda a diferença. Por-
ra, escolher as roupas que você já tem... jogue fora
essas roupas vagabundas que você tem... blusa fura-
da, short velho... isso não serve nem como pijama...
e não estou falando por causa do seu marido, não
– provavelmente, ele te quer de qualquer modo. Es-
tou falando isso por sua causa mesmo. Você precisa
se olhar e ver uma coisa harmônica e bonita. Senão,
o que acontece? Sua vida afunda. Você não conse-
gue chegar àquela estabilização dos sentimentos e,
assim, não faz aquilo que define uma pessoa como
forte, que é falar a verdade.

Hoje, eu tive um exemplo disso. Uma das pessoas


mais fortes com quem convivo estava numa situação

28
apertada – que o colocava em apuros – e, claro, ele
poderia inventar qualquer coisa – uma mentira para
se sair melhor –, mas resolveu falar a verdade – que
poderia ser mais constrangedora e até trazer proble-
mas de ordem financeira. Você olha para essa pessoa,
que foi corajosa e falou a verdade, e a admira, do tipo
“Caralho! Que bom! Ela falou a verdade”. É forte! Tem
músculo! Tem caráter... fibra... tem moral. Isso deixa
a pessoa mais forte diante da percepção dos outros.
Esse sujeito é um sujeito homem, que falou a verdade.
“Ganhou 1.000 pontos”.

Para isso ser um princípio de vida, você nunca deve


negar a verdade da vida. Sempre fale a verdade so-
bre sua vida. Passe a se maquiar e a se arrumar. Jogue
fora as roupas que te deixam feia. Além disso, não
reclame! Aceite a beleza da sua circunstância, pois
toda circunstância é bela.

O Dr. Viktor Frankl, psiquiatra austríaco... a circunstân-


cia na qual ele se encontrava... um campo de concen-
tração... olha que circunstância terrível e absurda. É
algo que ninguém quer para si. Se ele negasse aquilo,
estaria negando a si. Então, ele mergulhou naquela
circunstância, ou seja, não rejeitou o sofrimento ine-
vitável na vida. Cultivou o amor por uma pessoa – ali,
no caso, era a família dele – e um serviço a um ideal.
O que aconteceu? Ele amou a realidade na qual se
encontrava e salvou sua circunstância. Aí, começou

29
a salvar a si. Frankl não só sobreviveu ao campo de
concentração, mas também, naquela circunstância
absolutamente adversa, pariu uma das teorias psico-
lógicas mais belas e amplas, que dá mais respostas
para o homem contemporâneo – a logoterapia, isto é,
o homem em busca do sentido.

Ora, se numa circunstância como aquela, do cam-


po de concentração, o sujeito conseguiu fazer isso,
eu não vou cair no seu vitimismo do ônibus 485, que
você pega às 5h. Francamente, numa brincadeira de
comparação com o campo de concentração, pegar
o 485 durante a madrugada não é nada. O proble-
ma é que não estou comparando e sugiro que você
também não faça isso. Eu sugiro que você aceite e,
mais do que isso, integre essa circunstância em você
por um único motivo: isso é você. Então, integre a cir-
cunstância sem reclamar, passe a maquiar-se e fique
bonita, porque ninguém merece gente feia!

30
Live Especial

A BASE DO CONHECIMENTO
É O TESTEMUNHO SOLITÁRIO
Preciso voltar a um tema muito importante que vem a
propósito de uma pergunta que me mandaram pelos
stories, pedindo um artigo científico que prove o be-
nefício de dar esmola para mendigo. Não sei por qual
motivo essa pessoa me perguntou isso – não estou
dizendo que ela precise dessa confirmação para dar
esmola; provavelmente queira levar essa discussão
para a faculdade, talvez queira escrever uma disser-
tação de mestrado, uma tese de doutorado sobre o
assunto e queira se embasar cientificamente. A razão
não importa. Importa o seguinte: é justamente essa
mentalidade cientificista que tem criado as maiores
aberrações sociais e mentais, que tem levado os pro-
gramas de governo de alguns países a cometer cri-
mes e barbáries.

Quando o sujeito pede explicação científica para


toda e qualquer coisa, ele está apostando na descon-
fiança; não confia mais: não confia no testemunho
de ninguém nem confia nos seus próprios olhos. Só
que, quando alguém aposta na desconfiança, sua
vida praticamente acabou. Ele perde todo o senso de
orientação do que é ser humano, pois o homem não
se orienta no mundo a partir de provas lógicas, e sim

31
a partir de seu testemunho solitário e do testemunho
dos outros.

Ora, a própria base do conhecimento científico é a fé,


porque primeiro precisamos confiar no testemunho
de um cientista, para depois verificar suas teorias. Na
verdade, a maioria dos experimentos científicos não
é demonstrada. As pessoas crêem que o cientista está
falando a verdade sobre aquele assunto. Talvez obje-
tem: “Mas os experimentos são replicáveis”. Mas nem
todos são replicáveis, e daqueles que são replicáveis,
nem todos de fato são replicados. Então, o testemu-
nho solitário do sujeito é o que garante a continuida-
de da prova lógica.

Por exemplo, Einstein, quando formulou a teoria da


relatividade, não tinha prova do que estava propon-
do. A idéia primeiro apareceu na cabeça dele, depois
ele comunicou aos outros a sua teoria; as pessoas
confiaram nele, e só depois buscaram confirmar o
que estava dizendo. Portanto, sempre haverá o ele-
mento da crença e da confiança, pois a confiança é o
que estrutura o mundo.

O maior mentiroso da terra não é mentiroso o tem-


po todo; só é mentiroso em poucos segundos do seu
dia. Ele tem de falar a verdade em algum momen-
to, porque a verdade é o que o orienta. No entanto,
quando esquecemos disso, ficamos desorientados.

32
Se o mentiroso falar “Agora eu vou enganar alguém”,
está pelo menos falando a verdade de que vai enga-
nar alguém. Ele se baseia em uma série de verdades
e conhecimentos verdadeiros.

O sujeito que apela para o cientificismo, pensando


que tudo deve ser provado logicamente, não está ins-
talado na vida humana. Isso não é a base do conhe-
cimento, porque não podemos provar a maior parte
das coisas que conhecemos. Por exemplo: Você co-
nhece a sua mãe? Então prove a existência da sua
mãe. Você não vai provar! Você a conhece, mas não
pode provar. Você não conhece o amor que tem pelo
filho? Prove esse amor. Você não vai provar! Você co-
nhece o amor e pronto. A vida é simples e você não
precisa ficar pedindo provas para tudo o tempo todo.
Ora, você quer saber se funciona dar esmola para
mendigo? Vá lá e dê esmola! Por que seria necessário
dar uma prova científica de que fazer isso é bom? Por
acaso, se eu oferecer uma prova científica de que faz
bem, você dá a esmola, mas não faz bem, qual dife-
rença? Para você não funcionou, porque está dando
esmola de modo errado.

Pare de pedir prova científica para tudo, porque você


nem sabe o que é prova científica. Existem elementos
de orientação muito mais fortes no mundo, como, por
exemplo, a autoridade. Imagine uma mãe que fale
para um garoto de 8 anos que ele não pode descer

33
para o playground sozinho, ao que o menino respon-
de: “Ah mãe, me dê uma prova científica de que não
posso descer”. Como assim uma prova científica de
que não pode descer para o playground sozinho?!
Isso aqui é autoridade da mãe. A autoridade daquele
sujeito que tem ascendência sobre os outros é muito
superior a uma prova científica. Ou seja, a confiança
no testemunho dos outros e nos olhos que estão ven-
do a coisa é o que estrutura a vida neste mundo.

Sabe o que acontece quando alguém quer prova para


tudo? Ele transfere para outra pessoa, para outro gru-
po a autoridade sobre a verdade. Além disso, perde a
capacidade de acreditar no que acontece no mundo
objetivo, perde o senso de orientação, perde a for-
ça do olho e vai perdendo essa característica que é
fundamental para o sujeito ficar bem instalado na
realidade e ser feliz. Portanto, o exercício que você
precisa fazer é: olhar para a realidade e ficar calmo,
instalado na realidade, olhando para as coisas como
acontecem, parando com a mania de ficar botando
dúvida em tudo.

O pessoal adora o filme Matrix, mas ele é uma porca-


ria. Pode até ser bem produzido, Keanu Reeves pode
ser excelente, você pode até adorar o filme, porém a
idéia que há por trás é uma bosta. Por quê? Porque
há aí toda uma realidade absolutamente duvidosa;
não sabemos se é realidade ou se foi o arquiteto que

34
construiu aquele mundo, podendo mudá-lo a qual-
quer momento. Isso só acontece no filme Matrix, pois
a verdade do mundo não é assim. As coisas do mun-
do são estáveis. O amor está de pé, a verdade está de
pé, a confiança dos homens está de pé; a montanha
na nossa frente, o rio que corre, o ar que passa pelo
nosso rosto, tudo isso existe, tudo isso está de pé.

A confiança é uma das grandes forças do mundo, e


mesmo aquele sujeito que nos traiu, podemos con-
fiar nele, porque a maior parte da vida dessa pessoa
é instalada na verdade. Não tem como você fugir da
verdade. Assim, a verdade é o domínio da realidade,
e vice-versa. Não tem como fugir disso. Você acorda e
continua sendo você. Existe algo que nunca muda. Há
um fundo de verdade, a identidade, que está sempre
de pé. Você acorda na verdade porque você continua
sendo você de verdade, até a morte, até a eternidade.

Todo sujeito, por mais falso que seja, no limite está


instalado na verdade, porque continua sendo ele. O
Pedro, o João, a Maria e a Joana são eles mesmos, e
não outros. Eles nunca conseguiriam nos enganar
profundamente, pois, para nos enganar mesmo, te-
riam de ser outra coisa.

Dito de outro modo, todo relacionamento é basea-


do na verdade, mesmo que o sujeito seja mentiroso,
mesmo que a mulher seja uma traidora, mesmo que

35
dê merda, sempre há um fundo de verdade, no qual
podemos mergulhar e resgatar os elementos de novo
para retomar a confiança. Sempre! Sempre é possível!
Mesmo que você não acredite, isso é o que estrutura
o mundo. O amor e a verdade estruturam o mundo,
é onde estamos instalados. Não é possível estarmos
instalados na mentira. Mesmo que um sujeito seja
mentiroso, ele é mentiroso a partir de um fundo de
verdade, que é a identidade da vida dele. Então, sem-
pre há esperança, sempre é possível acreditar no fi-
lho, no marido, na mulher, no patrão.

Esse sujeito, e nós também, deve acostumar-se a olhar


para o domínio da verdade; tem de declarar todo san-
to dia: “Obrigado, Deus, eu sou eu e não mudo”. Você
continua sendo você e não muda. Não tem nada mais
maravilhoso do que tomar posse dessa realidade. E
quer saber quando você se instala mesmo na reali-
dade? Quando perde o fetiche maligno da tal “auto-
-imagem”. Auto-imagem só serve para ferrar a nossa
cabeça. Abandone o fetiche da auto-imagem. Por que
querer ter auto-imagem, se podemos ter o nosso ser,
o nosso coração? O que é auto-imagem? É eu pensar:
“Eu sou o Italo, sou médico, responsável...”. Isso é uma
auto-imagem. Todavia, se nós precisarmos agir de
outro modo, como será possível? Por exemplo, o su-
jeito tem a auto-imagem de uma pessoa responsável,
é traído e não consegue mais conviver com a pessoa
que o traiu. Mas isso é bobeira; isso é a pessoa dian-

36
te de sua auto-imagem, que é uma criação da mente.
Ora, a mente é muito fraca, não serve para nada. O
sujeito criou uma imagem, um espantalho diante do
qual todo o universo precisa se ajoelhar e prestar vas-
salagem. Isso é uma palhaçada! Auto-imagem só ser-
ve para nos ferrar, nos deixar infelizes. Pare com esse
negócio de auto-imagem! Você não precisa de uma
auto-imagem. Você precisa ter o centro do seu cora-
ção, o centro do seu ser. Como se faz isso? Declaran-
do todo santo dia: “Existe uma verdade na coisa; es-
tou instalado na realidade e no mundo; as coisas não
mudam; eu continuo sendo eu, independentemente
de qualquer acontecimento; minha mulher continua
sendo minha mulher, meu filho continua sendo meu
filho, minha mãe continua sendo minha mãe”, e por
aí vai.

Isso é um exercício de mudança de mentalidade, des-


sa imbecil mentalidade cientificista que vem desde
René Descartes (“penso, logo existo”). Como assim?
Você existe muito antes de pensar. O pensamento é
uma atividade da existência. As coisas que não pen-
sam não existem? Uma impressora não pensa, então
ela não existe? Ela não pode declarar essa frase im-
becil de Descartes. “É... minha impressora não pensa,
então ela não existe.” Que palhaçada! Que império
idiota é esse? É o império do pensamento sobre a rea-
lidade. Mas a realidade é maciça e nos estrutura; ela
é a verdade, e é nela que estamos instalados. Nós te-

37
mos uma realidade que também é verdadeira; então,
não conseguimos ser falsos, e é por isso que sofre-
mos, porque se pudéssemos ser falsos em tudo não
sofreríamos, pois não haveria o pólo da verdade nos
torcendo, envergando o espírito, curvando-nos dian-
te da realidade.

Portanto, confesse que as coisas são como são. O ver-


dadeiro método de conhecimento não é a prova lógi-
ca, é a confissão. É confessar quem você é, o que você
sabe e o que não sabe. Quando a prova lógica passa
a ser o grande método de conhecimento, aí as aber-
rações começam: você quer a prova lógica de tudo,
mas você não tem a prova lógica. Na verdade, você
não quer a prova lógica; quer um grupo validando
aquele conhecimento que você nem conferiu. Isso
porque você não domina a lógica, não sabe o que é
prova lógica, nem sabe o que é silogismo. Por acaso
leu Jacques Maritain? Leu os lógicos famosos? Não
sabe, nunca estudou esse assunto e não tem idéia do
que seja. Então vai procurar um grupo que valide ou
invalide o conhecimento, aquelas idéias de feminis-
mo, “gayzismo”, “gordofobia”. Assim, só aquele grupo
detém um conhecimento que você não foi verificar.
Nem sabe se o cara estudou aquilo mesmo ou não.

Daí nasce, por exemplo, aquele maldito conceito da


Kéfera, “o lugar de fala”. O que é isso? Lugar de falar é
coisa de gente preguiçosa, gente que não investigou,

38
gente que transferiu autoridade porque não está a fim
de conhecer nada; só quer ser chato, só quer aporri-
nhar. Você transfere o negócio para o lugar de fala:
para falar de feminismo, só uma mulher; para falar
de barba, só o barbudo; para falar de escravidão, só
o negro... Isso é de uma ignorância sem fim, porque
a idéia não pode ser mais discutida, o conhecimento
não pode ser mais discutido.

Ora, você conhece testemunhando, e a prova lógica


é só uma troca social. Por exemplo, o sujeito que viu
uma bolsa sendo roubada no sinal sabe do roubo,
mas para o juiz ele tem de dar provas, porque o juiz
não viu nada e precisa acreditar no testemunho do
outro. Porém, o conhecimento genuíno é você quem
vai ter; mas você tem de admitir o que é a verdade,
tem de estar instalado na verdade.

Esse tipo de coisa leva a deturpações. Lugar de fala


é uma bobeira sem fim, pois você está transferindo a
discussão para pessoas com as quais não vai inter-
cambiar nada; você não vai discutir nem argumentar,
como se só ela pudesse ter aquela experiência. Isso
é uma bobeira. Assim, as idéias não podem mais ser
discutidas, a realidade não está aberta para que todo
mundo a conheça. Tudo isso chega ao limite do ab-
surdo.

A confiança sempre pode ser restabelecida, desde

39
que você quebre a palhaçada da auto-imagem, que
é uma gaiola, que nos encarcera. Você prestará con-
tas a algo que foi criado pela mente. A custo de quê?
Para ficar bonito na fita, você perderá a capacidade
de confissão da verdade que está no seu coração.
Que coisa louca! Isso é a receita da tristeza.

Portanto, sempre podemos voltar à confiança e ao


amor. Não há nada que esteja perdido. Confesse e
perca a auto-imagem. Ontem eu estava falando:
“Toda pessoa que chega na minha frente, eu vou
sempre apostar no fundo de verdade que há no es-
pírito dela”. Alguém pode argumentar: “O Hitler tam-
bém?”. Em primeiro lugar, essa é uma pergunta idio-
ta, porque Hitler já morreu e nunca vai aparecer na
minha frente. É um problema que não se aplica. No
entanto, supondo que ele chegasse na minha frente,
óbvio que eu postaria que ele pode mudar. Por quê?
Porque há um fundo de verdade ali. Ele é um filho da
puta, canalha, criminoso, tudo o que se pode imagi-
nar, mas ele ainda está vivo, portanto, pode quebrar a
auto-imagem, olhar para dentro de si e restabelecer
a confiança; pode olhar para Deus e para a realidade.
Claro que ele pode fazer isso, pois todo mundo pode:
você pode, eu posso, minha mulher pode, meu filho
pode, minha secretária pode, minha irmã pode, todo
mundo pode. Enquanto estivermos vivos, podemos
fazer isso. Esse é o fundamento da virtude da espe-
rança.

40
As pessoas andam desesperançosas, com vazio, té-
dio, náusea, andam pesadas da sua existência. Claro,
estão apostando tudo na auto-imagem e na prova ló-
gica; estão perdendo a noção da confissão e da ver-
dade que permanece, que sustenta toda a existência.
Lógico que só sobrará desespero, porque você nunca
pode regressar à verdade. Você pode se submeter ao
império da mente, ao império do cogito, “penso, logo
existo”, mas o pensamento é uma porcaria, pois muda
de figura toda hora. Então, se o pensamento é o fun-
damento da existência, a existência é uma porcaria.
Schelling disse algo muito verdadeiro sobre Descar-
tes: com ele, a filosofia voltou para o nível pueril. Ele
era uma criança pensando em filosofia; era um gênio
matemático e um retardado filosófico.

O que temos é o império da realidade: a realidade


existe, você permanece sendo você, acorda sendo
você. Você tem de entender que isso funciona, tem
de entender que você não muda e que a verdade per-
manece. A verdade e o amor sustentam tudo.

41
LIVE ESPECIAL

4 SUPLEMENTOS
PARA MELHORAR
SEU FOCO E DISPOSIÇÃO

Hoje, falaremos sobre suplementação alimentar, com


foco na cognição. Trataremos de coisas bastante prá-
ticas, a fim de ajudá-los. A partir de amanhã, vocês
já vão conseguir se concentrar melhor, ter mais foco,
energia e disposição. Vou apresentar quatro suple-
mentos fáceis de se encontrar em qualquer lugar
(farmácias e lojas de suplementação) e com valores
acessíveis. Dei uma aulinha sobre suplementos para
o pessoal do meu curso e foi um testemunho atrás
do outro a respeito da melhora quanto à disposição
– como melhorou a libido, atenção, disposição etc.
Então, vamos direto ao ponto, por quê? Porque quero
que você melhore mesmo! Você sabe que não adian-
ta falar aqui sobre muitas coisas que não serão colo-
cadas em prática.

Vamos começar a falar sobre a questão da concen-


tração (cognição). Existe um grande fetiche que foi
criado sobre a alimentação, então falaremos sobre

42
algumas coisas que vão ajudá-los. Se você frequente-
mente se depara com as coisas citadas a seguir, então
terá benefícios a partir do que será discutido hoje:

1. Sente falta de ânimo ou de disposição


para as atividades cotidianas;

2. Sente cansaço em excesso depois de


uma jornada comum de trabalho;

3. Perde o sono com facilidade ou não


consegue dormir bem;

4. Acorda cansado e desanimado;

5. Perde a concentração nos estudos;

6. Esquece com facilidade o que acabou


de ler;

7. Não tem vontade de ter relações com


seu cônjuge;

8. Sente o corpo e a mente pesados;

9. Percebe que sua produtividade está


muito abaixo do desejado.

Primeiramente, quero falar a respeito do suplemento


Medium Chain Triglyceride (MCT), ou seja, o Triglicerí-
deo de Cadeia Média. Por que não o mencionei como

43
TCM? Porque nas lojas, em geral, ele é encontrado
com o nome MCT. Aí, você pensa agora assim: “O Dr.
Italo está brincando comigo. Ele vai me mandar inge-
rir triglicerídeos?”. Isso acontece porque a maior par-
te das pessoas tem esse fetiche de que as gorduras
(triglicerídeos) são algo negativo, ou seja, ruins para
o corpo. É óbvio! Quando você vai ao médico levar
seu exame de sangue, as primeiras coisas a serem
observadas são os triglicerídeos e os lipídios. A res-
peito dos triglicerídeos, se o índice estiver abaixo de
140 ou 150, você fica meio tranquilo; acima, preocupa-
do – essa é ideia que vem à cabeça. Mas a primeira
coisa que precisamos pensar é que triglicerídeo não
é gordura. Ele é um álcool, ou seja, uma molécula di-
ferente da gordura. Então, começamos a refletir: “O Dr.
Italo está dizendo que preciso ingerir triglicerídeo, a
fim de melhorar minha cognição... minha atenção...
meu foco”. É exatamente isso! Mas é qualquer trigli-
cerídeo? Não! Tem que ser um de cadeia média.

Em geral, uns triglicerídeos ruins que consumimos


(pizza, carne mais gorda e gorduras hidrogenadas
que vêm no cheesecake, por exemplo) são de cadeia
longa (LCT’s). Estes não se parecem com os de cadeia
média. Os triglicerídeos de cadeia média têm me-
nos carbonos; os de cadeia longa, mais carbonos na
composição. Mas por que isso importa? Quando in-

44
gerimos um triglicerídeo de cadeia longa – junk food,
tipo McDonald’s –, ele não entra direto como energia
no nosso corpo, passando, assim, por um longo pro-
cesso no tubo digestivo. Esse triglicerídeo acaba for-
mando uns “aglomeradinhos” chamados de micelas,
que precisam ser digeridos em função da absorção.
Depois de absorvidos (após passagem pelo fígado e
intestino), seguem até aquelas organelas chamadas
de mitocôndrias. Para que esse triglicerídeo de cadeia
longa consiga entrar nas mitocôndrias, é necessário
que haja a creatinina – sem esta, ele não consegue
entrar e, desse modo, não consegue virar energia e
fornecer disposição para fazermos nossas coisas.

Esse é o primeiro ponto da aula de hoje: a maior


parte dos desconfortos na nossa cabeça – impaciên-
cia, procrastinação, falta de concentração, de foco e
de disposição durante a manhã, entre outros –, em
geral (molecular e bioquimicamente), está relaciona-
da com a falta de energia, ou seja, de ADP e ATP. Uma
pessoa que tem ATP, isto é, que tem a mitocôndria
funcionando bem – como uma enzima –, é alguém
que vai produzir energia, vivendo bem-disposta. Uma
pessoa habitualmente assim acorda na hora, tem de-
sejo quando faz o que precisa, senta para estudar e
consegue memorizar as coisas – não basta só fazer o
ritual de sentar e ler, é preciso ter energia para gra-

45
var o que se lê. Também é preciso ter energia para
nos relacionarmos com pessoas do nosso convívio
(esposa, marido, filhos etc.). A gente precisa de ener-
gia muscular e bioquímica, para que haja a sensação
da energia mental – esta energia é uma percepção
subjetiva de que estamos presentes naqueles luga-
res onde precisávamos estar presentes. Sem a ener-
gia bioquímica, a percepção de energia mental fica
esvaziada, ou seja, ficamos irritados, incomodados e
impacientes.

A impaciência é um dos sintomas da baixa de ener-


gia, o que pode levar os sujeitos a quadros de an-
siedade. Muitas vezes, a ansiedade é disparada por-
que precisamos cumprir determinadas tarefas, mas
não temos energia para tal. Isso pode estar no campo
cognitivo ou no físico. Por exemplo, eu sei que preciso
levar meus filhos ao colégio, ler tal tese ou livro para
apresentar um trabalho, mas cadê a energia para fa-
zer essas coisas? Aí, acabamos nos sentindo fracos e
abaixo da situação e da demanda externa, o que nos
deixa ansiosos: “Porra, eu não vou dar conta!”. Come-
çamos a ter, então, um estado de ansiedade, ou seja,
antecipamos cognitivamente um problema futuro
para um momento presente – filosoficamente, esse é
um dos mecanismos fisiopatológicos da ansiedade.
Muitas vezes, isso acontece por não termos energia.

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Voltando, o triglicerídeo de cadeia longa – presen-
te na nossa dieta cotidiana –, chega na mitocôndria,
mas precisa de creatinina para conseguir entrar e
virar energia. Contudo, mesmo que tenhamos essa
creatinina disponível, o triglicerídeo vira uma ener-
gia (corpo cetônico) que não produz tanto ATP – o tri-
glicerídeo de cadeia longa tem como característica
a pequena produção de ATP (molécula que fornece
energia para que possamos nos mexer). Esta ener-
gia não aparece só quando malhamos ou comemos!
Aqui, ao falar, eu gasto ATP. Vocês, sentados ou dei-
tados, prestando atenção, estão gastando ATP pra
caramba. Até dormindo se gasta ATP. Mas, diante de
uma tarefa intelectual ou física, exigimos mais ATP
do nosso corpo. Se, habitualmente, só temos esse tipo
de triglicerídeo para entrar na mitocôndria por essa
via, nós não conseguimos produzir tanta energia. Aí,
é que vem o MCT – suplemento não encontrado de
modo abundante na nossa dieta normal –, que é ven-
dido nas casas de suplementação de duas maneiras:
em pó ou líquido (em óleo). O problema deste últi-
mo é o fato de ser oleoso. Ao colocá-lo na tampinha
e misturá-lo com alguma bebida (café ou suco), fica
tudo sujo. Só não gosto deste por uma questão de hi-
giene. É melhor o que vem em pó. Com a colherzinha
medidora, você o coloca no café, no suco ou na água
e ingere a mistura.

47
Ao ingeri-lo, ele é metabolizado no fígado e absorvido
de modo rápido pelo intestino – assim, não precisa ser
aglomerado e dissolvido pelos nossos sais biliares. O
MCT não precisa da creatinina, ou seja, ele entra di-
reto na mitocôndria. Desse modo, são várias etapas a
menos. É energia direta, recebida “em primeira mão”!
Quando é metabolizado na mitocôndria, o MCT vira
um corpo cetônico, o que é ótimo (uma fonte de ener-
gia muito nobre para o cérebro). Nesse processo ele
vai direto até seu cérebro, funcionando, assim, como
uma energia muito pura e rica – você fica com a cog-
nição bem melhor. Os estudos que apresentarei aqui
mostram que as pessoas que consumiram MCT regu-
larmente tiveram mais empenho do que as que não
o consumiram. quanto a funções executivas, memo-
rização e operações básicas. A pessoa, dessa forma,
ficava mais inteligente. O cérebro funcionava com
mais agilidade, rapidez e memória. Com certeza, tem
alguém pensando assim: “Mas isso é gordura. Se eu o
ingerir, vou engordar?”. Muito pelo contrário! O que
nos engorda não é comer gordura. É a ingestão de
carboidrato. Quando ficarmos gordos, surge um pro-
blemão! O tecido adiposo tem a aromatase, que pega
a testosterona e converte em estrogênio. Uma pessoa
que tem pouca testosterona no estrogênio fica mais
lenta mesmo. Então, a gordura não é benéfica para
a cognição e a saúde. Não é só por temos mais mas-

48
sa para mexer, mas também por existir um processo
metabólico que envolve a testosterona, o estrogênio
e a aromatase (presente no tecido adiposo).

Ao consumir o MCT e não ingerir o carboidrato, você


tem uma sensação de saciedade, sem aquela fissura
de comer doce – aquela fissura por cheesecake, tor-
ta de limão, chocolate. Uma pessoa que consome o
MCT de modo regular perde massa gorda (gordura) e
ganha massa magra (músculo). Além disso, o proces-
so cognitivo fica mais adequado. “Ah, Italo, você está
ganhando com esse negócio de MCT”. Não estou ga-
nhando nada! Os estudos que vou mostrar para vo-
cês falam disso: o de 2018, “Medium chain triglyceri-
de diet reduces anxiety-like behaviors and enhances
social competitiveness in rats”, publicado na revista
Neuropharmacology; o de 2009, “Medium-chain fatty
acids improve cognitive function in intensively trea-
ted type 1 diabetic patients and support in vitro sy-
naptic transmission during acute hypoglycemia”, na
Diabetes, falando dos benefícios, e o de 2008, “Effects
of short-term and long-term treatment with medium-
and long-chain triglycerides ketogenic diet on corti-
cal spreading depression in young rats”, na Neuros-
ci Lett, falando dos efeitos a curto e longo prazos e
como isso melhora a percepção de depressão. Já se
dá há muito tempo suplemento de MCT para pessoas

49
que têm Alzheimer. Por quê? Porque essa substância
produz uma energia mais adequada para o funciona-
mento do cérebro. Esse assunto de metabolismo ce-
rebral é fantástico. Hoje, alguns dizem que o Alzhei-
mer é como um Diabetes Cerebral.

Os corpos cetônicos – uma das energias mais ade-


quadas para o cérebro – produzidos com mais abun-
dância quando ingerimos MCT, ajudam nosso cére-
bro a funcionar melhor. Os sintomas de depressão,
por exemplo, começam a melhorar. Há estudos que
submeteram algumas pessoas à ingestão de antide-
pressivos e outras à de MCT; ambos os grupos tive-
ram ganhos nos sintomas de depressão. E a cada mês
saem notícias sobre esse suplemento. A boa notícia é
o que o MCT é vendido “na esquina”, não é necessá-
rio ter receita médica – é um suplemento. Em vez de
comer uma pizza, que tem LCT, você ingere o MCT. Aí,
você terá benefícios cognitivos profundos! Eu tomo
regularmente! Além do emagrecimento, você melho-
ra a disposição corporal e a capacidade de concen-
tração e produção. Não é algo milagroso, mas uma
base sólida de suplemento que pode te ajudar a con-
quistar aquele patamar tão desejado.

Agora, falaremos sobre o Whey Protein. “Ah, Italo, isso


é coisa de marombeiro. Não quero ficar forte nem ir

50
à academia. Não tenho nada a ver com isso”. Mas eu
não estou falando que tem a ver com isso. Separei uns
estudos que demonstram como a ingestão habitual
de Whey Protein melhora a concentração, o foco e a
recuperação cerebral das pessoas. Há vários estudos
bem feitos e desenhados, sem conflito de interesse,
que mostram isso e daremos atenção aqui. Mais do
que esses estudos que reforçam os benefícios, a prá-
tica clínica demonstra isso. Muitos pacientes meus
usam o Whey Protein sem o intuito de ganho muscu-
lar – afinal, não estou num instituto de beleza, eu sou
um psiquiatra que quer resolver questões da psiquia-
tria referentes a depressão, ansiedade, bipolaridade,
falta de foco, disposição e burnout –, e eles começa-
ram a melhorar.

“Italo, tomar apenas o Whey Protein traz uma melho-


ra?”. Não é assim. Ele precisa ser associado ao MCT,
formando uma dupla que funciona muito bem. Eu
peço para as pessoas misturarem os dois na água –
algo que explicarei daqui a pouco. Há vários tipos de
Whey Protein, e direi qual é o ideal para ser ingerido.
São três: concentrado, hidrolisado e isolado. Na loja,
você não deve comprar o mais barato. Você deve pe-
dir o Whey Protein Isolado, pois é ele que isola, por
exemplo, a proteína da caseína e de um pouco da
lactose, ou seja, da porcaria toda – e você fica só com

51
a proteína boa. A caseína é uma substância do leite
que é muito alérgena. Muitas pessoas dizem que têm
intolerância à lactose... às vezes, é à caseína, que é
uma outra substância do leite da vaca. Na compo-
sição do leite, há também a substância MK7, muito
aditiva, isto é, ela te vicia mesmo. Quando você bebe
um milkshake, há um monte de MK7. Você fica vicia-
do não só pelo açúcar e pela gordura, mas também
por essa substância específica. Quando você ingere
o Whey Protein Isolado, ele está isolado desse “lixo”.
Então, você fica só com a proteína ótima e necessária
para seu recovery – não só sua recuperação muscu-
lar, mas também toda a recuperação do seu metabo-
lismo corporal.

Amanhã, você vai à loja de suplementação – o que


para algumas pessoas é muito engraçado. Você vai
ter muito ganho (convívio com as pessoas, estudo,
paciência), a fim de cumprir as tarefas necessárias
do cotidiano e desenvolver sua biografia – e até en-
contrar o sentido da sua vida. Isso é verdade! Muitas
vezes, nós não conseguimos encontrar esse sentido
– dando uma instalação biográfica que faça sentido
– devido à falta de disposição ao acordar de manhã.
A gente não tem força para tocar o dia. Uma pacien-
te minha não consegue fazer as coisas, porque não
tem disposição/energia... está fraca. Ela falou: “Italo,

52
estou fraca. Acabei de voltar do pronto-socorro, pois
estava me sentindo mal. O médico falou que preci-
so fazer ginástica, porque não tenho músculos”. E é
verdade! Algumas pessoas sem tônus muscular não
conseguem produzir. Todos já tiveram essa sensação
um dia, ou seja, quando estamos fracos por causa de
uma gripe ou por não termos comido nada. A gen-
te se sente mal e não consegue produzir. Muitos de
nós estamos funcionando nesse nível há anos. Nós
acabamos nos acostumando: “Ah, a vida é assim mes-
mo. É difícil acordar de manhã... dormir na hora... ter
energia... acordar quando o sol nasce”. O normal seria
levantarmos da cama diante dos primeiros comemo-
rativos do dia (o sol que nasce, o pássaro que canta,
os primeiros barulhos lá fora). Mas, às vezes, nós não
temos energia corporal, ou seja, substância. Nós pre-
cisamos de proteína. Aqui, há muitos alunos do Prof.
Olavo de Carvalho, que também foi meu professor.
Quando morei com ele, observava isto: ele tomava o
Whey Protein dele.

Então, uma forma de adquirir esse substrato é através


do Whey Protein, que precisa ser o isolado. Mais uma
coisa: você vai pedir para o vendedor pegar o que
tem baixo teor de carboidrato. O que eu consumo é o
Whey da Atlhetica, pois é a marca na qual confio. Não
é o único bom, mas é o que eu compro. Ele tem 0%

53
de carboidrato. Há bastante proteína nele. “Italo, por
que você não deseja que eu consuma carboidrato?”.
Porque você vai ingeri-lo com o MCT, que é gordura.
Não quero que você consuma carboidrato, proteína e
gordura juntos. Você deve consumir proteína e gor-
dura, sem o carboidrato. Eu não quero que você fique
gordo (a)! Ao ingerir o Whey Protein com superbaixo
carboidrato (quase zero) e a gordura do MCT, você
não fica com mecanismo fisiológico para acumular
gordura e se sente mais saciado. Tomando o Whey
(para te dar proteína, substância) e o MCT antes das
refeições, você fica saciado. A sua vontade de comer
besteira (pão, massa, hambúrguer, cachorro-quente)
diminui bastante. Ao longo do dia, fica bem mais bai-
xinha. Aquela vontade de dar uma escorregada e co-
mer uma barra de chocolate ou uma torta de limão,
por exemplo, diminui muito. Além de você manter o
peso – o que é bom, porque você fica menos gordo
e com menos aromatase, estrogenizando menos –,
também passa a dar substância para sua cognição
funcionar melhor.

O artigo “Whey protein rich in alpha-lactalbumin in-


creases the ratio of plasma tryptophan to the sum of
the other large neutral amino acids and improves
cognitive performance in stress-vulnerable subjectc”,
da Am J Clin Nutr., de 2002, mostra que o Whey Protein

54
tem um mecanismo que possibilita uma melhora da
performance cognitiva em pacientes vulneráveis ao
estresse. Quem não é vulnerável ao estresse hoje em
dia? Já o estudo “Whey protein concentrate supple-
mentarion protects rat brain against aging-incuced
oxidate stress and neurodegeneration” mostra o
Whey Protein contribuindo para uma neuroproteção.
Ratinhos de laboratório que usavam o suplemento
mostravam-se neuroprotegidos, ou seja, menos sujei-
tos a estresse, depressão e ansiedade. Logo, conse-
guiram focar melhor, estando bem-dispostos – o que
acontece com as pessoas também. Sendo usado de
maneira correta, o Whey Protein funciona como uma
arma a favor não só do pessoal da maromba, mas
também das pessoas que querem estar bem instala-
das na vida, com um desempenho maior nos estudos
e convivendo melhor com seus parentes. Elas estão,
assim, menos sujeitas à neurodegeneração.

A próxima substância existe há milhares de anos no


mundo. Para quem acredita na teoria da evolução, já
viu que ela está presente em qualquer célula euca-
riota, ou seja, qualquer célula viva que usa o proces-
so oxidativo para produzir energia – nós, que o usa-
mos também, precisamos dessa molécula (que entra
numa cadeia de doação de elétrons), fundamental
para que nossa mitocôndria produza energia. Agora,

55
estou falando aqui de um cofator, de uma coenzima
necessária para nossa mitocôndria produzir energia
de modo adequado. Há um estudo muito interessante
– conhecido pelos cardiologistas –, que mostra dois
grupamentos musculares isquemiados (ficaram sem
receber sangue por um tempo). O grupamento que
tinha pouco da coenzima que mencionei morreu 25%
a mais do que o que tinha níveis altos dessa coen-
zima. Em outras palavras, a presença dela coenzima
nos leva a manter energia por mais tempo ou nos faz
produzir mais energia.

Muitas vezes, o cansaço e a indisposição assumem


um equivalente cognitivo de desesperança, tristeza e
falta de sentido – equivalentes psicológicos, muitas
vezes, de percepções físicas. E separar este joio do
trigo é função do psiquiatra: uma das formas de se-
parar é através da análise; a outra, garantir que seu
organismo funcione bem – e faço as duas coisas no
meu consultório. Se eu garanto que seu organismo
está funcionando bem, aquela percepção de deses-
perança some muitas vezes. “Eu estava desesperanço-
so, triste, chateado, ansioso, cabisbaixo e burro, por-
que não tinha capacidade física para fazer as coisas.
Eu não acordava na hora, como se arrastasse sempre
uma bola de chumbo”. É claro que você vai ficar as-
sim... tristão... sem conseguir se concentrar e absor-

56
ver o que lê... não vai conseguir transar, a libido cai,
você está de saco cheio, quer ficar na sua. De vez em
quando, você quer comer doce devido à sensação de
energia... até tira energia de onde não tem, como nos
grandes planos de segunda-feira: “Vou começar a
dieta... acabar de ler aquele livro... resumir isso aqui...
finalizar o TCC... botar minha casa em ordem, fazer
uma planilha para escolher o cardápio da semana...
tratar melhor meus filhos, minha esposa, meu ma-
rido”. São apenas planos de segunda-feira que não
se concretizam ao longo da semana, pois não temos
energia. Isso acontece porque, muitas vezes, nós não
temos a coenzima Q10.

“Italo, isso não é possível! É raríssimo! Onde é que


eu arranjo isso?”. Na loja de suplementos! Vende a
caixinha. Não é remédio! É suplemento! Não precisa
de médico te perturbando para saber se você toma
ou não. Só é ir à farmácia e comprar isso. Então, esse
estudo da isquemia – dos grupamentos musculares
– é muito interessante. Os grupamentos submetidos
à coenzima Q10 suportaram 25% mais a isquemia do
que os que não a tinham. Depois, esses estudos fo-
ram feitos com foco no coração. Aquelas pessoas que
infartam mais ou têm mais dificuldade de recupera-
ção após o infarto são as que têm menos coenzima
Q10 disponível. “Ah, Italo. Mas eu não estou preocu-

57
pado com infarto. Não vim aqui para isso. Essa aula
era para outra coisa: conviver melhor com meus pa-
rentes e conseguir me focar nos estudos”. É claro!
Mas lembre-se: energia não funciona só para mus-
culação; você precisa de energia cerebral para fixar
os elementos que estudou e ter vontade de levantar
e estudar.

Muito da incapacidade de focar a atenção e o estudo


vem de não termos energia física. E quando ganha-
mos esta, ou seja, quando temos ATP disponível, nós
melhoramos. Então, suplementar coenzima Q10 para
as pessoas é mandatório: você tem que ir amanhã
na loja de suplementos para comprá-la e começar a
ingeri-la. Ela faz uma troca de elétrons, e sua mito-
côndria funciona melhor, saindo do estado de fadiga
– algumas pessoas dão um nome de uma entidade
clínica. Não existe ainda um código de doença, en-
tão não é possível dizer que é uma doença. Mas é um
processo metabólico que acontece, chamado de fadi-
ga mitocondrial. Quando temos a coenzima Q10 dis-
ponível, tiramos a mitocôndria do estado de fadiga,
produzimos mais ATP e temos uma percepção cor-
poral e psicológica de energia. Aí, começamos a agir
melhor e a nos instalar adequadamente nas nossas
realidades físicas.

58
Como menciona o estudo “Coenzyme Q10 treatment
ameliorates cognitive déficits by modulating mito-
chondrial functions in surgically induced menopau-
se”, do Neurochem Int., a Q10 melhora os déficits cog-
nitivos, porque melhora a função mitocondrial. E aqui
era um grupo de risco, muito lesado, em que foi feita
uma menopausa induzida cirurgicamente nos ratos.
Mesmo um grupo com muito malefício teve uma me-
lhora cognitiva com a suplementação de coenzima
Q10. Quando converso com meus colegas que usam
esse tipo de medicina e também vejo meus pacientes
melhorando, sinto uma satisfação enorme. No estudo
“The potencial benefit of combined versus monothe-
rapy of coenzyme Q10 and fluoxetine on depressive-
-like behaviors and intermediates coupled to Gsk-3β
in rats”, da Toxicol Appl Pharmacol, compararam pes-
soas que tinham depressão – umas tomando fluoxeti-
na; outras, a coenzima Q10. E os dois grupos melhora-
ram. Não estou falando para você largar a fluoxetina
e tomar a Q10! Estou dizendo que a Q10 também aju-
da na percepção de melhora corporal e de sintomas
depressivos – a percepção de depressão vai sumin-
do, ou seja, você foca mais. O último estudo, “Cogni-
tive remission: a novel ojective for the treatment of
major depression?”, do BMC Med., foi feito para pro-
var a superioridade da vortioxetina – uma substância
boa mesmo, não tenho nada contra ela. Ali, no meio

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do estudo, também descobriram que a coenzima Q10
melhora o sintoma depressivo.

Por fim, the forgotten sugar – o açúcar esquecido –, a


D-Ribose. Minha irmã, que é minha cameragirl, usou
a D-Ribose pela primeira vez na semana passada. Nos
últimos dias da reunião em Florianópolis, ela estava
extenuada após tanto trabalho. Aí, eu cheguei com
um envelopinho de D-Ribose – que ela não sabia o
que era –, ela misturou no cafezinho e bebeu. Em mi-
nutos, ela, agitada, perguntou: “Caraca, o que você me
deu?”. Passou a ficar focada, percebendo tudo, pro-
duzindo e editando. Esse foi o efeito. D-Ribose é um
tipo de açúcar que pode ser consumido, porque ele é
metabolizado diretamente – é um açúcar de alta dis-
ponibilidade. Serve para dar aquele impulso, quan-
do você precisa focar. “Eu preciso ler esse livro, estar
bem, acordar e levantar”. É um açúcar muito disponí-
vel para você. Você precisa ter a D-Ribose na bolsa,
na carteira, no escritório etc. Quando for necessário,
você bota a D-Ribose “pra dentro”. “Mas, Italo, posso
usá-la de modo regular?”. Pode! Ela não é igual ao
açúcar refinado União, ou seja, tem outro tipo de me-
tabolismo. É usada diretamente pela mitocôndria. É
um açúcar fantástico! Quando vocês precisarem da-
quela energia para levantar, do tipo “De manhã, eu
não levanto. Não tem comemorativo de manhã, não.

60
Eu quero ficar deitado (a)” .... aí, você pode usar a
D-Ribose. Em geral, ela é vendida em pacotes de 5
gramas.

Agora, vamos às doses. Ao acordar, você pode tomar


a D-Ribose com seu café preto. “Italo, eu posso mis-
turar MCT e D-Ribose no café e beber?”. Pode beber
assim! É ótimo para você. Vai ser uma variação do
Bulletproof Coffee. o Café com Colete à Prova de Ba-
las. O que é o colete desse café? Envelopa-se o grão
de café (que libera energia) com gordura – e pode
ser a gordura do MCT. É uma variação. Em geral, fa-
z-se com a manteiga ghee, mas eu não gosto – não
bebo esse café. Aí, você vai botar um sachê de 5 gra-
mas de D-Ribose, misturar e tomar seu café. Se você
não bebe café, pode colocar na água também, fica
docinho. Você pode beber à noite também. Você en-
contrar nas lojas do Mundo Verde, em lojas de mani-
pulação... várias marcas vendem os sachezinhos da
D-Ribose. A respeito do MCT e do Whey da marca At-
lhetica, citei porque eu gosto mais. Porém, desde que
seja um Whey Protein isolado (com carboidrato bai-
xo), você pode ingerir o de qualquer marca. Quanto
à D-Ribose, qualquer marca produz bem. Tem a da
Essential, por exemplo, que foi a ingerida pela minha
irmã. Vende também em potão. Só é pegar as 5g e
botar na sua mistura.

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Ainda sobre a D-Ribose, peguei dois estudos para vo-
cês. O estudo “D-ribose – an additive with caffeine”
compara cafeína com D-Ribose – e esta última é su-
perior em termos de estímulo e foco. Eu era um que
bebia café com o intuito de focar. Ainda bebo, pois
gosto do sabor. E ajuda mesmo. Inclusive, ofereço café
para meus pacientes no consultório. Mas a D-Ribose
é superior em matéria de foco. Por último, o estudo
“Understanding D-Ribose and Mitochondrial Func-
tion” mostra o funcionamento da D-Ribose na energia
mitocondrial.

Agora, vamos entender a cereja do bolo da aula. Como


tomar tudo que falei aqui? Ou seja, como tomar o nos-
so quarteto fantástico: MCT, Whey Protein, D-Ribose e
coenzima Q10?

PRIMEIRO PASSO:

• MCT – 5 g
• Whey (baixo carboidrato) – 1 scoop
(unidade medidora)
• Adicionar em 100 mL de água e ingerir
antes das principais refeições.

Não precisa ser só no período da manhã. Você pode


tomar antes do almoço e do jantar, por exemplo. Você

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vai ter a percepção de saciedade e de energia. Vai re-
parar que não precisa de tanto carboidrato nas refei-
ções. Ganha-se massa muscular e a cognição começa
a melhorar. Isso aqui é bom mesmo! “Italo, eu gosto
de Whey sabor chocolate, posso beber?”. Pode... sei
lá... toma! O melhor é o mais neutro que tiver. Se você
quiser um de chocolate com baixo carboidrato, pode
tomar. Eu, recentemente, tomei o de morango. Tem
um pouquinho de carboidrato ali, mas tudo bem. O
da Atlhetica tem menos. Sua cognição vai melhorar,
você vai emagrecer e ganhar massa muscular – não
vai ficar fortão – não é bomba –, mulher não vai ficar
disforme. Mas você terá o recovery (mais disposição).

SEGUNDO PASSO:

• Coenzima Q10 – 100-200mg


• D-Ribose – 5g
• Por exemplo: tomar às 10h e às 17h (são
horários bons para se ingerir isso)

Não tem mistério, porque, na loja, a coenzima Q10 só


é vendida nas doses de 100 e 200g. É claro que um
médico pode mandar manipular essas substâncias
na dose que desejar, mas, na loja, você só encontra
nessas doses. Se você estiver bem fraco, compre a de
200g; se não, a de 100g. A Q10 da marca Atlhetica é de

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200g. Em geral, as outras marcas vendem a de 100g.
Conforme sua disposição corporal, você escolhe e
compra. Aí, você compra a D-Ribose também.

Para tomar a coenzima Q10, em vez das 10h, você


também pode tomá-la assim que acordar. Você vai
ver que sua disposição será outra. A respeito da D-Ri-
bose, você mistura os 5g na sua bebida (café, água
etc.) antes de uma atividade que demande mais foco,
antes da academia ou assim que acordar (para ter
mais energia durante o dia). Você pode tomar até três
vezes por dia sem nenhum problema.

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@italomarsili
italomarsili.com.br

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