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GESTÃO

O
último conceito importa-
do da física e aplicado ao
mundo da gestão e da es-
tratégia atende pelo nome
de “resiliência”. No uni-
verso da física este termo traduz a capaci-
dade que um corpo tem de resistência ao
choque, ou seja, de ter flexibilidade, pois
quando submetido a uma ou várias for-
ças energéticas sofre a acção dos mesmos
e, após o término da força, reage voltando
ao seu estado normal.
No domínio das ciências humanas a re-
siliência passou a designar a capacidade
de se resistir flexivelmente à adver-
sidade, utilizando-a como fonte
para o desenvolvimento organi-
zacional, pessoal, profissional e
social. Implica um conjunto de
respostas que revela a capacida-
de de percepcionar, interpretar
e dar significado às experiências
pessoais de vida, encarando-as
não como problemas, mas como
desafios merecedores de um in-
vestimento pessoal. E revelam-se
em estratégias ajustadas e flexíveis
para lidar com os desafios do dia-a-dia, ou
seja, a capacidade de gestão.

Perfil da empresa ideal


Se consideramos que a personalidade es-
tá para um indivíduo, como a cultura está
para uma organização, então a orga-
nização resiliente deverá ter uma
personalidade caracterizada por:
adequada auto-estima e auto-efi-
cácia; maior capacidade de de-
safiar construtivamente as suas
competências abrindo o caminho para a
aprendizagem através dos seus próprios er-
ros; melhores e mais eficazes respostas aos
estímulos do meio; capacidade para recor-

Resiliência,
a chave do sucesso
A resistência ao choque, na gestão tal como na física, pode marcar a diferença entre fazer
história ou passar à história, defendem quatro gurus
Texto Frederico Cruzeiro Costa, em Birmigham

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rer ao apoio dos pares quando necessário; um paradigma cultural de abertura ao ris- de alto impacte com a capacidade de trans-
atitude orientada para o futuro; optimismo co, o que leva Ridderstrale a afirmar que é formar indústrias; potenciar o desafio da
e tendência para manifestar sentimentos fundamental “tornar menos arriscado ar- auto-renovação organizacional.
de esperança; maior coeficiente intelectual riscar dentro das organizações”. Hamel apresenta como um caso prático
e emocional; capacidade empática, acessi- Este guru defende a criação de um novo de resiliência organizacional, a IBM. “Esta
bilidade e sentido de humor. tipo de companhia, baseada numa gestão empresa identificou mais de 20 oportuni-
A construção da personalidade de uma por valores, como a confiança, esperança, dades de negócio emergentes (ONE) nos
organização resiliente deverá estar assente optimismo e resiliência. O recrutamento últimos anos. Cada ONE é liderada por um
numa plataforma de valores, materializa- de talentos assume papel vital, sendo a ati- executivo veterano e desenvolvida numa
da num credo empresarial. Este deve re- tude o critério-chave. E revela: “As empre- divisão operacional que determina os or-
presentar um processo de harmonização sas devem recrutar primeiro pela atitude çamentos com fundos disponibilizados pe-
entre os valores organizacionais e pessoais e só depois desenvolver as competências.” los executivos. As chefias dessa divisão são
e comunicar uma orientação estratégica É a chamada organização tribal que deve responsáveis pelo crescimento do negócio
dirigida ao trabalho em equipa, inovação, ser vivida pelos seus discípulos como uma e pela a sua rentabilidade, e as métricas de
capacidade de empreendimento, confian- religião empresarial, com base em sonhos sucesso têm como base o longo prazo, em
ça e profissionalismo. e histórias. Devem existir pequenos Di- vez do lucro imediato. Desde 2000 que as
No recente encontro, European Competi- ckens, para perpetuarem os feitos da or- ONE geraram 15 mil milhões de dólares
tive Advantage Summit, realizado em Bir- ganização e fomentarem a atracção por em novos produtos.
mingham e que juntou quatro dos grandes um ideal de comunidade, desenvolvendo, Hamel reforça a importância da atracção,
pensadores da estratégia e da gestão mo- segundo Ridderstrale, um sentimento de retenção e recompensa de talentos na cria-
derna, foram apresentados os seus últimos família empresarial com base em rituais ção de um clima onde o risco é assumido
pensamentos. Indicam diferentes pistas através dos quais se reforça a paixão pela como uma das etapas para a inovação e
para um novo caminho que as organiza- experiência de fazer parte de uma tribo para a construção de organizações verda-
ções deverão seguir para responder a um organizacional. deiramente resilientes.
mercado global competitivo e em cons- IDEIA-CHAVE Experimentar, sem medo de errar, IDEIA-CHAVE A capacidade de inovação
tante mutação. é a fórmula do sucesso. Quem não arrisca, deve ser sistemática e garantir o progresso,
A resiliência surge como a chave do sucesso, reeinventando a organização, pode extinguir-se. independentemente do clima económico.
nas mensagens dos gurus da gestão: Jonas
Ridderstrale, Gary Hamel, Michael Porter
e Charles Handy.
GARY HAMEL MICHAEL PORTER
Reinventar A Gestão Estratégia como factor distintivo
JONAS RIDDERSTRALE Para Gary Hamel o factor fundamental para
alcançar a resiliência é a capacidade de ino-
Para Michael Porter todos os actos de es-
tratégia são de criação e de inovação. “Es-
As tribos empresariais vação sistemática. “Inovação é olhar para tratégia é fazer escolhas claras. Não agra-
“As nossas sociedades são moldadas pelo as coisas que os outros ainda não viram, é dar a todos os clientes, mas proporcionar
trio das tecnologias, instituições e valores”, reinventar a roda da procura”, defende. O a alguns um serviço único.” E acrescenta,
considera Jonas Ridderstrale. A mudança mundo está a tornar-se mais rapidamente “estratégia é ser diferente”.
tornou o anormal no novo normal. Esque- turbulento do que a maioria das empresas Porter aponta os princípios que, em sua
ça a atracção pela norma; o sucesso resi- se está a tornar resiliente, e o resultado é o opinião, definem a estratégia resiliente: de-
de na exploração dos extremos. As empre- aumento do número de organizações que finição de uma proposição de valor única
sas já não estão na posição de domínio. estão a experienciar o inesperado, o que em comparação com a dos seus competi-
As organizações modernas estão peran- normalmente é acompanhado por severa dores, sabendo identificar quais os clien-
te uma guerra de duas frentes, aprisiona- queda da performance. tes finais, as necessidades do mercado e
das pelas exigências dos consumidores e Segundo Hamel, uma companhia verda- o preço relativo final. Uma cadeia de va-
pela posse dos talentos. deiramente resiliente tem o poder de pros- lor única, onde se encara cada fase como
Segundo Ridderstrale, os vencedores são perar independentemente do clima econó- uma vantagem competitiva em si própria,
os “campeões dos erros” e sabem que a mico. E aponta um conjunto de processos com base nos factores únicos de sucesso,
riqueza é construída com sabedoria, mas, imprescindíveis para alcançar este estádio: nas competências nucleares e nos recursos
para permanecerem competitivos, são for- aplicar princípios de sistemas altamente críticos afectos a cada uma delas, desen-
çados a criar redes de conhecimento que resilientes; equipar a organização com as volvendo actividades que se encaixam e se
estabelecem novas e diferentes exigências necessárias ferramentas para abraçar opor- reforçam em simultâneo.
ILUSTRAÇÃO: RUI RICARDO

para a organização. “Experimenta ou extin- tunidades futuras; implementar a inovação Realizar trade offs estratégicos, ou seja,
gue-te… excelentes empresas reinventam como uma capacidade sistemática; fazer da abrir propositadamente mão de algo para
a inovação e reenergizam a organização”, inovação uma competência nuclear da or- se tornar único noutra actividade e apos-
conclui Ridderstrale. Nesta linha de pen- ganização; libertar a paixão e a imaginação tar na continuidade dessa estratégia. Desta
samento as organizações deverão abraçar de todos os trabalhadores; criar estratégias forma, clarifica a identidade junto dos 

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GESTÃO
 clientes, garante a construção de com- deverá integrar princípios como o trabalho filho seguiu a carreira de actor de teatro
petências e activos a ela associados, cria em equipa, a responsabilidade, a liberdade porque, assim, tinha em média por espec-
condições para aprender e para crescer de de iniciativa, as celebrações do sucesso e táculo 800 pessoas a aplaudi-lo. E este de-
forma mais rápida. Porter conclui: “A úni- o reconhecimento. Como o guru defende, safiou o pai a encontrar-lhe uma empresa
ca capacidade competitiva é a habilidade “put your name on your work”. onde o reconhecimento pelo seu bom de-
para aprender e para mudar.” A chave do sucesso do trabalho em equi- sempenho teria a mesma amplitude.
IDEIA-CHAVE A estratégia resiliente é composta pa, segundo Handy, reside na capacidade IDEIA-CHAVE Os alquimistas, ou empreendedores
por actos de criação e inovação. Deve ser clara do seu líder para delegar responsabilidade da resiliência, abrem novos caminhos e definem
e diferente da traçada pelos concorrentes. e autoridade. Na opinião de Ricardo Al- novas formas de actuação no mercado.
meida Santos, consultor e especialista em
team building da SGIE2000, Consultores Diagnóstico nacional
em Organização Industrial, “se as acções Ainda que muitos destes conceitos já sejam
CHARLES HANDY das pessoas se cingirem às capacidades do
seu líder e, desta forma, reflectirem apenas
hoje prática corrente nalgumas empresas
portuguesas, estas quatro visões deixam
Os alquimistas as suas fraquezas e forças, não há espaço pistas para um longo caminho a percorrer
O segredo para as organizações se tornarem para o crescimento individual. A lideran- pela maior parte das organizações.
resilientes passa pela atracção e retenção de ça deve encorajá-las nas suas iniciativas e Na opinião do economista Ernâni Lopes,
alquimistas, defende Charles Handy. “São tolerar os seus erros”. Peter Drucker sinte- “sem inovação e sem imaginação a econo-
visionários apaixonados capazes de cons- tizou este princípio ao afirmar que “gerir mia portuguesa estará sempre dependen-
truírem coisas a partir do nada, que têm é mostrar confiança”. te do andamento da conjuntura externa.
resiliência para empreender novos cami- Para Handy a celebração dos sucessos, O que resolve é o trabalho, criatividade
nhos, traçar novos horizontes, dando ori- assim como a definição de objectivos de e inteligência dos portugueses”. Opinião
gem a novos padrões de acção.” forma partilhada e a adopção de atitudes reforçada por Peter Drucker: “Os portu-
Os alquimistas deverão ser enquadrados e e valores comuns, é uma importante fonte gueses tem um forte espírito empreende-
motivados a fim de obterem uma coesão de coesão num grupo. Uma equipa coesa dor, são um povo único.” Assim, a chave
interna que esteja alinhada com os objec- apresenta moral superior e melhor produ- do sucesso está na sua mão. Faça história
tivos da empresa. Para tal a organização tividade interna. Handy revelou que o seu ou passe à história.

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