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Pessoa
poesía vi
LOS POEMAS DE
/
A lv a ro d e C am pos 4
(I*
OBRAS
© J u a n a I n a r e jo s y J u a n b a r j a , 2014
de la traducción
© J o s é M a n u e l C u e s ta A b a d a , 2014, delprólogo
© A b a d a E d it o r e s , s . l ., 2014
de la presente edición
Calle del Gobernador, l8
28014 Madrid
T el.: 91 429 6882 / fax: 91 429 7507
www. ab ad aed ito res. com
p ro d u c c ió n GUADALUPE GlSBERT
ISBN 9 7 8 -8 4 -1 5 2 8 9 -1 3 -5 [o b ra co m p leta]
ISBN 9 7 8 -8 4 -1 5 2 8 9 -9 1 -3 [vol. V I]
IBIC DCF
d e p ó sito legal M -4 6 5 -2 O I4
p r e im p r e s ió n D alubert A llé
im p r e s ió n GRÁFICAS VARONA, S.A .
Fernando
Pessoa
poesía vi
/ LOS POEMAS DE
A lvaro d e C a m p o s 4
EDICION BILINGÜE DE
J u a n B arja y J u a n a I n a r e jo s
PROLOGO DE
José M a n u e l C u e s ta A b a d
NOTAS DE
J u a n B arja
«OBRAS»
A B A D A EDITORES
EXCESOS DE CONCIENCIA
Fernando Pessoa y el triunfo del yo
EXCESOS DE CONCIENCIA 5
c o m ú n q u e re s u e n a e n o tr o e p ig ra m a p e s so a n o : « D io s n o
tie n e u n id a d ./¿ C ó m o voy a te n e rla y o ? » La m u e rte d e D io s
c o n d e n a al yo, n o a la e x tin ció n , sin o a la p é rd id a d e la id e n
tid a d , y c o n ella a la sim u la c ió n espectral de ap arien cias m ú l
tip le s y f o r tu ita s . G o m o h a se ñ a la d o P ie r r e K lossow ski, la
m u e rte n ie tzsch ean a d el dios ú n ic o n o su p o n e q u e la d iv in i
d a d cese e n ta n to q u e ex p licitac ió n de la existencia, sin o qu e
« e l garante absoluto de la id e n tid a d del yo responsable desapa
rec e d el h o r iz o n te de la c o n c ie n c ia » , sie n d o así q u e el yo se
c o n f u n d e c o n esa d e s a p a ric ió n 1. N o h a b ie n d o ya n in g ú n
p rin c ip io in c o n d ic io n a l q u e su sten te la id e n tid a d d el in d iv i
d u o , el yo deviene e n u n a in c ó g n ita n o despejab le cuya exis
te n c ia sólo alcanza a m an ifiestarse, atom izada, e n las fo rm a s
de la sim u la c ió n . Ego absconditus: «V oz q u e e n sí se e s c o n d e » ,
a d v ie rte m u y p r o n to u n v erso d e l p o r tu g u é s . E l yo tie n e la
consistencia de u n espejism o, sólo aparece retrayéndose —com o
insiste Pessoa—e n la p o te n c ia negativa de su p r o p io d e sc o n o
cer, d e sre c o rd a r, d e s a p re n d e r, d esp erso n aliza r cu an tas falsas
in v e stid u ra s va a z a ro sa m e n te fin g ie n d o . E sta d isp o s ic ió n al
s im u la c ro p e r s o n a l está la rv a d a e n el im p u ls o reflex iv o d el
su je to . E xiste u n c r ite r io —el m ás e le m e n ta l, el m e n o s f a li
b le — p a r a sa b e r si u n o h a c o m e n z a d o a fig u ra rs e o tr o : la
c o n c ie n c ia d e sí. T a n p r o n to c o m o a lg u ie n r e p a r a e n q u é
sie n te , y có m o , o e n q u é p ie n sa o av en tu ra cuál es su carácter
y cuáles sus p asio n es em pieza el espectáculo. T e n e r c o n c ie n
cia de sí es e n tra r e n el m u n d o co m o re p re se n ta c ió n , d e sd o
b la rse e n e sp ec tad o r fan tasm al del a c to r q u e d e re p e n te u n o
d e sc u b re ser. « N o se es n u n c a allí d o n d e se es, sin o sie m p re
a llí d o n d e n o se es m ás q u e el a c to r d e ese otro q u e se es» ,
observ a K lossow ski e n u n a glosa al p a rá g ra fo 361 d e La Gaya
Ciencia, d o n d e N ie tz sc b e a b o r d a b re v e m e n te « e l p r o b le m a
del a c to r » e n estos té rm in o s:
E l a c to r n ie tzsch ea n o n o re p re s e n ta u n a sim p le im a g e n
d e a q u e l q u e se e n tre g a al « p la c e r de la s im u la c ió n » sin
e s c rú p u lo m o r a l a lg u n o . E l p r o b le m a d e l a c to r c o n c ie rn e ,
de u n a p a rte , a la fo rm a c ió n ta rd ía de u n in s tin to d o m in a n te
q u e h ace d e l yo u n m a e stro in v e n c ib le e n el a rte d e ju g a r al
esco n d ite y, de o tra , a la co n c e p c ió n d el g en io artístic o co m o
la m ás alta cre a c ió n de ese in s tin to q u e e n g e n d ró al có m ico y
a sus diversas sub esp ecies (el b u f ó n , el c h a rla tá n , el lo c o , el
clown...). E l a rtista es e n to n c e s el g e n io s im u la d o r p o r exce
le n c ia . P e ro n o h a b r ía n in g u n a tra m o y a e n la q u e se o c u lte
u n d e m iu rg o p a ra m o v e r los h ilo s de sus títe re s, n in g ú n sí-
m is m o q u e sea causa e fic ie n te de lo s sim u la c ro s , n in g ú n
su je to q u e o r q u e s te la fa rsa m ás allá d e la e sc e n a . E l
yo —co m o e n o tr o tie m p o D io s— es so la m e n te u n a s u p e rs ti
c ió n de la gram ática, d e n u n c ia N ietzsche. P u esto q u e p e n s a r
o q u e r e r se in te p r e ta n c o m o a c c io n e s, y d a d o q u e to d a
ac ció n solicita o p r e s u p o n e u n ag en te, el su jeto sería fac to r,
o r ig e n , causa d e p re d ic a d o s c o m o « p i e n s o » o « q u i e r o » .
P e ro la v e rd a d es o tr a : u n p e n s a m ie n to o u n d eseo v ie n e n
c u a n d o ellos q u ie r e n , y a u n s in q u e r e r , g ra tu ita , a le a to ria ,
in e x p lic a b le m e n te . E l su je to es la s o m b ra ilu s o ria d e u n
ju e g o d e e sp ejo s al vacío: « L ’éffet c’est moi$>, y cad a c u e rp o
c o n s titu y e , e n e fe c to , « u n a e s tr u c tu r a so c ial d e m u c h a s
alm as» (cf. Mas allá del bieny del mal, §§ 17-19).
A d m ita m o s q u e e n to d as estas fó rm u la s cabe re c o n o c e r
u n a ex p e rien c ia m uy cercan a a la q u e Pessoa co n sig n a in c a n
sa b le m e n te e n sus textos. N o es q u e la in flu e n c ia d e N ietzs
che e x p liq u e d e l to d o la g e s tu a lid a d a teo ló g ica q u e p r o d ig a
EXCESOS DE CONCIENCIA 7
c o n te n a c id a d obsesiva la o b ra d el e sc rito r p o rtu g u é s. H ay u n
a te ísm o d e p o e ta s: e n p a r te n a c id o d e la p r o p ia ta re a c re a
d o ra , e n p a r te c o n s tru id o c o n lo s m a te ria le s d e d e r r ib o de
to d a u n a ép o c a. E n H õ ld e r lin , L e o p a rd i y N erv al, e n B a u -
d e la ire , R im b a u d y M a lla rm é , e n R ilke y B e n n , e n C é sa r
V allejo , la lírica del ateísmo se d ic e c ie r ta m e n te d e m u c h as
m a n e ra s. P ero e n to d a s ellas, a u n sie n d o c o n tra d ic to ria s, se
adiv in a u n a m ism a c o n d ic ió n q u e afecta de raíz a la p o s ib ili
d a d d e l s u je to p o é tic o « m o d e r n o » 2. R e c o rd e m o s « L e
C h r is t au x o liv i e r s » , el p o e m a d e Les Chiméres q u e N erv al
en c a b e z a c o n u n a c ita d e J e a n P a u l ( « Dieu est mort, le del est
vide...»'), el g r a n p r e c u r s o r r o m á n tic o d e l n ih ilis m o . E l
p o e m a p r e s e n ta a u n C r is to q u e alza al cíelo lo s b raz o s,
«commefont lespoétesS-, se vuelve hacia q u ien es, d o rm id o s co m o
b estia s, n o p u e d e n o n o q u ie r e n e sc u c h a rlo , y g rita : «Non,
Dieu n existe pas> . L a e q u ip a r a c ió n in ic ia l e n t r e C r is to y lo s
p o e ta s q u e d a re fo rz a d a p o r la d u p lic id a d d e l an c la je e n u n
ciativo del p o e m a , e n el q u e la voz n a rra tiv a d el su je to líric o
tie n d e a fu n d irs e a m b ig u a m e n te c o n la voz d ra m a tiz a d a d el
EXCESOS DE CONCIENCIA 9
I
E n P essoa la n e g a c ió n d e la id e n tid a d se ex p re sa e n u n a
ac ció n so b e ra n a y al m ism o tie m p o ascética. Es sab id o q u e la
p a la b ra abdicación, u n a d e las p re d ile c ta s d e l p o e ta , a p a rece
c o n diversos m atices a lo larg o de su o b ra , ta n to e n los escri
to s lla m a d o s o r tó n im o s c o m o e n lo s h e te r ó n im o s , e n lo s
p o em as co m o e n la p ro sa ensayística y co n fe sio n al. E l acto de
ab d icar, asociado e n el im a g in a rio m o n a rc ó filo d e Pessoa a la
g ra n d e z a d e l rey q u e d e p o n e su p o d e r p o r d e c isió n p r o p ia ,
n o sólo sim boliza la v irtu d de la ab n e g ac ió n , el d esasim ien to
o la d e sp o se sió n de sí, sin o ta m b ié n el h e ro ís m o p a ra d ó jic o
d e q u ie n sólo tr iu n f a e n la d e r r o ta o d e a q u e l q u e, co m o el
p o e ta , sólo p u e d e e sp e ra r la v ic to ria d el fracaso . E n « A b d i
c a ç ã o » , u n so n e to o r tó n im o q u e d ata de 1913> a p a re c e n ya
las im ágenes regias de la ac ció n q u e el p o e ta reclam a p a ra sí:
T o m a -m e , ó n o ite e te rn a , n o s te u s b ra ç o s
E c h a m a -m e t e u f ilh o .
E u s o u u m re í
Q u e v o lu n ta ria m e n te a b a n d o n e i
O m e u t r o n o d e s o n h o s e cansaços.
M in h a e sp ad a, p e sa d a a b ra ç o s lassos,
e n m ão s v iris e calm as e n tre g u e i;
E m e u c e p tro e c o ro a —e u os d e ix e i
N a a n te c â m a ra , fe ito s e m p e d a ç o s.
M in h a c o ta d e m a lh a , tã o in ú til,
M in h a s e sp o ras, d e u m t i n i r tã o fú til,
D e ix e i-a s p e la fria esc ad a ria .
D e sp i a realeza, c o rp o e alm a,
E re g re ssei à n o ite a n tig a e calm a
C o m o a p a isa g e m a o m o r r e r d o d ia 3.
3 «Oh noche eterna, tómame en tus brazps/y llámame hijo tuyo./Soy un rey/ que volun
EXCESOS DE CONCIENCIA 11
de la a b d ic a c ió n , e m u la d o ra de la m o ra l estoica, es la q u e se
re p ite e n d os o das de R ic a rd o R eis: « A b d ic a / e sé r e i d e ti
p r ó p r i o » . E n el Libro del desasosiego B e rn a rd o Soares reflexiona a
m e n u d o s o b re el acto d e a b d ic a r, y a lu d e v isib le m e n te al
so n eto « A b d ica çã o » e n u n frag m en to d o n d e d efin e la le ctu ra
co m o u n a m o d a lid a d de a u to rre n u n c ia y d isp e rsió n subjetiva:
« L e o co m o q u ie n abdica. Y, com o la c o ro n a y el m a n to regios
n u n c a so n ta n grandes com o cu a n d o el Rey q u e p a rte los deja
e n el su e lo , d e p o n g o s o b re lo s m o saico s d e las a n tec ám a ra s
to d o s m is trofeos del tedio y d el su eñ o , y subo p o r la escalinata
c o n la nobleza ú n ic a de la m ir a d a » . E n o tro pasaje del Libro la
a b d ic a c ió n constituye el re q u isito p a ra lo g ra r la felicid a d d el
cam pesino, del le c to r de ficc ió n o del asceta:
« F e liz , e n f in , a q u e l q u e a b d ic a d e t o d o , y a q u ie n , p o r
q u e a b d ic ó , n a d a le p u e d e se r q u ita d o n i d is m in u id o .
E l c a m p e s in o , e l l e c t o r d e n o v e la s, el p u r o asc eta —e sto s
tre s s o n los felices d e la v ida, p o r q u e s o n estos tre s lo s q u e
a b d ic a n d e la p e rs o n a lid a d : u n o p o r q u e vive d e l in s tin to ,
q u e es im p e r s o n a l, o t r o p o r q u e vive d e la im a g in a c ió n ,
q u e es o lv id o , e l t e r c e r o p o r q u e n o vive y, n o h a b ie n d o
m u e r to , d u e r m e » ^ .
EXCESOS DE CONCIENCIA 13
« N o sé q u ie n so y » , « N o soy n a d a » , « N o es m ío lo q u e
e s c r i b o » ... N in g ú n o tr o p o e ta m o d e r n o h a te m a tiz a d o el
momento abdicador del yo líric o c o n la m ism a c o m p u lsió n r e p e
titiva q u e Pessoa. L a in siste n c ia es ta n en fática, se p ro p a g a de
u n o s textos a o tro s c o n tal o b stin a c ió n , q u e am en aza c o n lle
var la p o esía al c a lle jó n sin salida de la m a n e ra fo rm u la ria , el
c o n c e p tis m o e g o c é n tric o , el h is trio n is m o au to e le g ía c o . La
o b ra d e Pessoa se despliega e n c o n ju n to co m o u n a e sc ritu ra
eg o p o é tic a q u e c o n ju ra esa recaíd a del su je to líric o o c o n fe
sio n a l e n la m e ra r e - n e g a c ió n de la id e n tid a d . D a d o q u e de
ésta só lo p u e d e r e s u lta r la m u ltip lic a c ió n fictiv a d e l yo, el
p o e ta tr a ta d e s u p e ra r ese m o m e n to p u r a m e n te n eg ativ o
m e d ia n te dos p o sicio n es « a u to c rític a s » : la p o ética d el fin g i- '
m ie n to y la id e a c ió n h e te r o n ím ic a . N i q u e d e c ir tie n e q u e
estas d o s d im e n s io n e s co n stru c tiv a s c ifra n la explicación central
d e l a rtis ta q u e P essoa d e f ie n d e , n o s in a lg u n a estra te g ia d e
d istra cc ió n , e n u n a carta a J o ã o G aspar S im ões (n -1 2 -1 9 3 1 ):
EXCESOS DE CONCIENCIA 15
ro m á n tic a , e n cam b io , es la d e fin ic ió n de d ich o s tip o s com o
m o d a lid a d e s d e e x p re sió n subjetiva basadas e n la fig u ra c ió n
d e e stad o s e m o c io n a le s y te m p le s s e n tim e n ta le s . P essoa
vuelve a e x p o n e r su clasificación de los tip o s d e p o e ta e n dos
f ra g m e n to s te ó ric o s d o n d e e m p le a u n a esp ec ie d e c r ite r io
p sic o d in á m ic o c o n el f in de d is tin g u ir grad o s d e « te m p e r a
m e n to lír ic o » (Stimmung, mood e n las po éticas ro m á n tic a s). El
p r im e r g ra d o de la p o e sía líric a es el d el p o e ta d e te m p e r a
m e n to in te n s o y em o tiv o , q u e tie n d e a ser e n g e n e ra l « v u l
g a r » y « m o n o c o r d e » , d a d o q u e sus p o em as g ira n e n to r n o
a u n n ú m e ro lim ita d o de e m o cio n e s (a m o r, saudade, tristeza).
E l seg u n d o es el d el p o e ta q u e, p o r ser m ás in te le ctu a l e im a
ginativ o q u e el p r i m e r o , es capaz de v e n c e r la ríg id a u n id a d
d e su te m p e r a m e n to y e s c r ib ir c o n d e stre z a e in te n s id a d
po em as de to n o s y asu n to s m uy diversos. E l te rc e r g rad o de la
líric a c o rre sp o n d e al p o e ta a ú n m ás in te le c tu a l q u e co m ien za
a despersonalizarse: « a se n tir, n ão ja p o rq u e sen te, m as p o r
q u e p e n sa q u e se n te; a s e n tir estados de alm a q u e re a lm e n te
n ã o te m , s im p le s m e n te p o r q u e os c o m p r e e n d e » . C aso
e je m p la r de esta clase es el m o n ó lo g o d ra m á tic o cu ltiv a d o
p o r R . B ro w n in g y los p o etas V ictorianos. E l c u a rto y ú ltim o
g ra d o es el d e l p o e ta cuya ín d o le , in te le c tu a l e im a g in a tiv a
p o r dem ás, le p e r m ite alca n za r la p le n a d esp erso n aliza ció n :
« N ã o se n te, m as vive, os estados de alm a q u e n ã o te m d ir e
ta m e n te » . E l p o e ta d ra m á tic o , d el q u e s o n ex p o n e n te s S h a
k e sp e a re y —cabe s u p o n e r — el p r o p io P essoa, n o s ie n te los
se n tim ie n to s, p e ro los vive co m o p en sad o s e im a g in a d o s, d e
m a n e r a q u e tie n d e a c re a r p a r a él u n a pessoa fictícia q u e los
sie n ta s in c e ra m e n te 8.
G u a n d o P essoa se id e n tif ic a c o n la a m b ig u a fig u ra d el
p o e ta d ra m á tic o está e n el f o n d o e s c a m o te a n d o la ex p lic a
c ió n c e n tr a l d e su o b r a 9. D e sd e « P o r p h y r ia ’s L o v e r» d e
EXCESOS DE CONCIENCIA 17
d a n c ia d e s o lilo q u io s p u e d e n d e b ilita r la o b je tiv id a d d e la
a c c ió n y el p e rsp e c tiv ism o d ia lo g a l. E n el Stationendrama d e
S tr in d b e r g el c o n flic to in te r p e r s o n a l se c o n tra e a la esfe ra
expresiva de u n yo ú n ic o , el cu rso de la acció n se q u ie b ra e n
escenas desligadas y estáticas, el diálogo decae e n c o n tra p u n to
e s p e c tra l d e u n a so la voz y, e n c o n s e c u e n c ia , el m o n ó lo g o
p ie rd e la f u n c ió n excepcional q u e te n ía e n el d ra m a . P o r eso
p u e d e d e c ir S z o n d i q u e e n la tr ilo g ía Camino de Damasco lo s
d is tin to s p e rs o n a je s n o s o n m ás q u e e m a n a c ió n d e l yo d e l
D e s c o n o c id o , h a s ta el p u n to d e q u e la o b r a e n te r a q u e d a
re a b so rb id a e n la su b je tiv id ad d el p ro ta g o n is ta . E n p alab ras
d e este p e r s o n a je d e S tr in d b e r g : « N o es la m u e r te lo q u e
te m o , sin o la so le d a d , p o r q u e e n la so le d a d sie m p re se
e n c u e n tra algo. N o sé si es algo d ife re n te o es a m í m ism o a
q u ie n p e rc ib o , p e ro e n la so le d ad n u n c a se está so lo . E l aire
se hace m ás den so , g e rm in a y em p iez an a crecer seres q u e so n
invisibles, p e ro q u e se s ie n te n y tie n e n vida p r o p ia » 10.
E n Pessoa la e sc ritu ra ta m b ié n p o n e e n escena esa so le
d ad d o n d e ir r u m p e n seres invisibles q u e c o b ra n vida p ro p ia .
« S e r p o e ta n ã o é u m a am bição m in h a /E a m in h a m a n e ira de
estar s o z in h o » ( « S e r p o e ta n o es a m b ic ió n m ía ./S ó lo es m i
m a n e ra de estar s o lo » ) , d eclara A lb e rto G ae iro e n el p o e m a
in ic ia l de El guardador de rebaños. ¿ E n q u é se n tid o so n « d r a m á
tic o s » los p o em as de C a e iro , de R eis y de C a m p o s? E l ú n ic o
m o d o d e d e te r m in a r si estam os o n o a n te u n p o e m a d ra m á
tico es c o n statar la o ste n sió n del fin g im ie n to en u n c ia tiv o . E n
a u s e n c ia d e to d a in d ic a c ió n de la d if e r e n c ia e n tr e u n yo
a u to r ia l y u n yo p o e m á tic o , o b ie n re s u lta in d e c id ib le la
a m b ig ü e d a d (re a l/irre a l) d el su je to p o é tic o o b ie n , se g ú n la
tesis de K áte H a m b u rg e r, el yo líric o ap arece sie m p re co m o
o r ig e n d e u n a e n u n c ia c ió n re a l: « s ó lo te n e m o s d e re c h o a
h a b la r de u n yo líric o fin g id o c u a n d o el a u to r lo d a a c o n o
cer co m o tal. S u c o n d ic ió n de fin g id o alcanza la m áxim a cla
rid a d e n el p o e m a d ra m á tic o (Rollengedicht) expresa y u n ív o ca -
IO C it. en P. Szondi, Teoría del drama moderno. Tentativa sobre lo trágico, Barce
lona, D estino, 1994, trad. d e j. O rd u ñ a, p. 52 -
EXCESOS DE CONCIENCIA 19
acteurs, et p e u t-ê tre e n g én eral to u s les g ran d s im ita te u rs d e la
n a tu re , q uels q u ’il so ie n t, d o u é s d ’u n e b e lle im a g in a tio n ,
d ’u n g ra n d ju g e m e n t, d ’u n ta ct f in , d ’u n g o ú t trè s su r, so n t
les ê tre les m o in s s e n s ib le s » 12. E l p o e ta - c o m e d ia n te n a d a
tie n e d e se n tim e n tal. Sensaciones y em o cio n es s o n e n él p r o
ductos de la observación, el estudio, el cálculo. U n a im a g in a
c ió n y u n a in te lig e n c ia f u e r a de lo c o m ú n s o n sus ú n ic a s
c u a lid a d e s. Se vale d e la p r im e r a p a r a e x p e r im e n ta r s e n ti
m ie n to s q u e n o tie n e y re p re se n ta rse c u a lq u ie r te s itu ra a n í
m ica; u tiliza la se g u n d a p a ra an alizar y c o m p re n d e r asép tica
m e n te las p a sio n e s y los ca racteres de los o tro s . N o es su
c o ra z ó n —advierte D id e ro t—, es su cabeza la q u e lo hace to d o .
In telectu alism o e h ip erestesia im aginativa so n ta m b ié n rasgos
p r o m in e n te s del p o e ta fin g id o r de Pessoa. « O q u e em m im
se n te 'stá p e n s a n d o » , dice u n verso d el p o e m a a la seg ad o ra
(« E la canta, p o b re ce ife ira » ); « E u sim plesm en te s in to /c o n a
im ag in ação / n ão uso o c o ra ç ã o » , leem os e n o tro p o em a o r tó -
n im o ( « I s t o » ) . A n aliza r m in u c io sa m e n te las sen sacio n es de
p la c e r y d o lo r, c re a r o tr o yo q u e a p a re n te s e n tir y s u f rir p o r
u n o m is m o , h a c e r p a sa r el s e n tim ie n to p o r la in te lig e n c ia
p u r a h asta q u e a d q u ie ra f o rm a lite r a r ia s o n alg u n as d e las
recetas q u e p ro p o rc io n a la « E d u c a c ió n s e n tim e n ta l» de Pes-
soa-S o ares (Libro del desasosiego, ed. cit., p p . 131-135).
E n seg u n d o lu g a r, la caren cia de id e n tid a d p e rso n a l. E l
g r a n a c to r, n o ta D id e r o t, es to d o y es n a d a o , p a r a se r m ás
exactos, «esf-ceparce qu’il est ríen qu’il est toutpar excellence¿>. S ó lo
q u ie n p u e d e olvidarse y d istra erse de sí es capaz d e sim u larse
o tr o , f ija r su a te n c ió n e n « fa n ta s m a s q u e le sirv e n de
m o d e lo » y p a ra sita r g e n ia lm e n te m ú ltip le s ap a rien c ias fic ti
cias. E l yo d el p o e ta -c o m e d ia n te p u e d e a p ro p ia rs e c u a lq u ie r
s im u la c ro d e p e r s o n a lid a d p r e c is a m e n te e n r a z ó n d e su
EXCESOS DE CONCIENCIA 21
s o n a c to re s y o tr o s e s p e c ta d o re s. A h o ra b ie n , la fig u ra d el
c o m e d ia n te g e n ia l p o n e al d e s c u b ie rto la p a r a d o ja d e u n a
in v e rs ió n d e p a p e le s q u e p asa d e c o s tu m b re in a d v e rtid a :
« D a n s la g ra n d e c o m é d ie , la c o m é d ie d u m o n d e , celle à
la q u elle j ’e n reviens to u jo u rs , to u te s les ám es ch au d es o c c u -
p e n t le th é á tre ; to u s les h o m m e s d e g é n ie s o n t au p a r te r r e .
Les p re m ie rs s’ap p e lle n t des fous; les seconds, q u i s’o cc u p en t
à c o p ie r le u rs folies, s’a p p e lle n t des sages» . E l h o m b re s e n
sib le, a q u e l q u e c re e v iv ir e m o c io n e s e s p o n tá n e a s y s e n tir
p a s io n e s a u té n tic a s, ac tú a c o m o u n c o m e d ia n te a lie n a d o e
in c o n s c ie n te , m ie n tra s q u e tra s el g en io in se n sib le —a c to r o
p o e ta —se esco n d e sie m p re u n esp ec tad o r d istan te y p ersp icaz
d e la c o m e d ia q u e lo s d em ás i n te r p r e ta n s in sa b e rlo . E n el
Libro del desasosiego a b u n d a n las reflex io n es so b re la te a tra lid a d
d e l m u n d o y la c o m e d ia d el yo: « E s p e c ta d o r ir ó n ic o d e m í
m is m o , n u n c a s in e m b a rg o m e d e s a n im é d e a s is tir a la
v id a » . P a ra P e sso a -S o a re s la p e rfe c ta f ig u ra c ió n d e la v id a
ja m á s es ta n v e rd a d e ra c o m o e n lo s esp e c tá c u lo s te a tra le s y
c irc e n se s. « E l m u n d o e x te r io r existe co m o u n a c to r e n u n
p a lc o : está allí p e r o es o tr a c o sa » , se lee e n o tr o m o m e n to .
L a p o é tic a del fin g im ie n to tra d u c e las im ágen es d el a c to r y el
e sp e c ta d o r e n las del e s c rito r y el le c to r. Pessoa co n fiesa u n a
y o tr a vez e s c r ib ir p a r a leerse e n lo s p e rs o n a je s d e sus o b ra s.
« M e h e v u e lto u n a f ig u ra d e lib r o , u n a v id a le íd a . L o q u e
sie n to es (sin q u e yo q u ie ra ) s e n tid o p a ra e s c rib ir q u e se h a
se n tid o . L o q u e p ie n s o p asa r á p id o a las p alab ras, m ezclad o
c o n im á g e n e s q u e lo d e s h a c e n , p a te n te e n r itm o s q u e s o n
o tr a cosa c u a lq u ie ra . D e ta n to r e c o m p o n e r m e , m e h e d e s
t r u id o » (Libro, ed . c it., p . 4-73)-
II
EXCESOS DE CONCIENCIA 23
q u e, e n tre b astid o res, actú a co m o u n e sp ec tad o r d e la c o m e
d ia q u e él m ism o h a escrito p a ra q u e o tro , el le c to r sensible,
la « v iv a » . Pessoa n o se cansa de a firm a r q u e só lo co m o le c
t o r e x p e rim e n ta se n sacio n es y e m o c io n e s q u e n o h a te n id o .
H a y e n él u n a e r o tiz a c ió n p o r la p a la b r a q u e se r e p a r te
d e s ig u a lm e n te e n tr e la e s c r itu r a y la le c tu r a . E sta p ro v o c a
u n a s e n s ib ilid a d ilu s o ria , d e s p ie r ta al c ó m ic o larmoyant q u e
to d o s llev am o s d e n t r o ; a q u é lla es a n e s te s ia n te , o b tie n e el
goce ciego de la in se n sib iliza ció n . P lacer p a ra d ó jic o d e q u ie n
s ie n te n o s e n tir n a d a y, p o r eso m is m o , s u e ñ a c o n f in g ir
s e n tirlo to d o . N o p o d e r se n tir m ás q u e im a g in á n d o se o tro es
u n ju e g o de u n r e f in a m ie n to q u iz á so fistic a d o , q u iz á algo
p erv erso , p e ro n o excepcional. E n tal h ip e re ste sia a su m o d o
ap á tic a c o n siste sie m p re el p la c e r q u e p r o d u c e la fic c ió n en
ta n to q u e e x p e rie n c ia e n a je n a n te o ir re a l. L a crisis ir ó n ic a
d el fin g id o r p essoano estrib a e n que, p a ra co n v ertirse e n lec
t o r d e las sensaciones q u e n o tie n e , el p o e ta d eb e h a c e r d e sí
u n c o m e d ia n te d el p a p e l q u e o tr o le im p o n e : u n o tr o q u e es
él m ism o e n tra n c e de d e s d o b la m ie n to 15. A este le c to r e sq u i
z o id e y e s c in d id o se r e f ie r e n lo s s ie m p re c ita d o s p o e m a s
so b re la te o ría d el fin g im ie n to •.
O p o e ta é u m fin g id o r.
F in g e tão c o m p le ta m e n te
Q u e chega a f in g ir q u e é d o r
A d o r q u e deveras se n te .
E os q u e lé e m o q u e escreve,
N a d o r lid a s e n te m b e m ,
N ã o as d u a s q u e ele teve,
M as só a q u e eles n ã o te m .
( « A u to p s ic o g ra fía » )
EXCESOS DE CONCIENCIA 25
verso: m e u e allie io /E p o r m im m esm o lid o » . E n C a m p o s la
e sc ritu ra n o se d istin g u e de u n a ex p e rien c ia d e d o lo r y p lacer
q u e re m e d a el éxtasis o rg iástico y llega a p a r o d ia r el sparagmos
d io n is ía c o e n clave d e te c n o f ilia fu tu ris ta : « A d o lo ro s a lu z
das g ra n d e s lá m p a d a s e lé c tric a s d a f á b r ic a /te n h o fe b re e
e s crev o ./E screv o r a n g e n d o os d e n te s , fe ra p a r a a b eleza
d is to ,/p a ra a beleza d isto to ta lm e n te d e sc o n h e c id a d o s a n ti
g o s » ( « O d a t r i u n f a l » ) . Es e v id e n te q u e lo s re c u rs o s h asta
a q u í su b ra y a d o s ( a u to n e g a c ió n d e la id e n tid a d p e r s o n a l,
d ev e la ció n d e l f in g im ie n to , te m a tiz a c ió n d e l acto d e e s c ri
tu r a - le c tu r a ) c o n v e rg e n e n la f u e r te te n d e n c ia d e P esso a a
in s c rib ir el análisis del p ro c e so c re a d o r e n los p o em as.
G e o rg R. L in d re c o rd a b a e n sus estu d io s so b re el e sc ri
to r p o rtu g u é s la id e a de P au l V aléry seg ú n la cual h a b ría q u e
c o n c e b ir la p r o d u c c ió n de u n a o b ra de a rte c o m o u n a o b ra
d e a r te 17. Las a fin id a d e s e n tr e P essoa y V aléry s o n e sp e c ia l
m e n te re le v a n te s si te n e m o s e n c u e n ta q u e , m ás allá d e las
obvias d ife re n c ia s, lo s d o s c o m p a r te n alg u n as id eas f u n d a
m e n ta le s. A m b o s c o n c e d e n la m a y o r im p o r ta n c ia a la c o n
ciencia d el p ro ceso cre ad o r, p riv ile g ian d o u n in telectu alism o
q u e va in c lu so e n d e trim e n to de la o b ra « c e r r a d a » , y am bos
c u e stio n a n d e raíz la p e rs o n a lid a d d el p o e ta e n aras d e u n yo
im p e rs o n a l q u e se m u ltip lic a e n la sim u la c ió n d e sus avatares
co n scie n tes. L a actividad c re a d o ra co n siste p a ra V aléry e n la
au to e x p lo ra c ió n de u n a co n c ie n cia im placable, sie m p re vigi
la n te , ab so rta e n la in d a g a c ió n de los m ecanism o s in te le c tu a
les q u e g e n e r a n la m a te ria liz a c ió n d e l p e n s a m ie n to e n las
fo rm a s. « Feci quodpotui cum conscientia idfaciendi» ( « H ic e lo q u e
p u d e c o n c o n c ie n c ia de h a c e r lo » ) es el le m a q u e re su m e su
d e d ic a c ió n te n az al e scla re cim ien to reflexivo d e la ta re a c re
a d o ra . « Faire unpoème est unpoéme» es el axiom a q u e so stien e su
c o n c e p c ió n del p ro ce so creativo com o fac to r p rin c ip a l fre n te
al c a rácter accesorio de lo c re ad o , q u e lleva sie m p re consigo
EXCESOS DE CONCIENCIA 27
« E s ta b a yo a c u c ia d o p o r la n e c e s id a d d e in v e n ta r u n p e r
so n a je capaz d e m u c h a s o b ra s. T e n ía la m a n ía d e n o a m a r
m ás q u e e l f u n c io n a m i e n to d e lo s se re s , y e n las o b ra s ,
n a d a m á s q u e su g e n e r a c ió n . S a b ía q u e estas o b ra s s o n
s ie m p r e fa ls ific a c io n e s , c o m p o n e n d a s , a l n o s e r fe liz
m e n t e e l autor ja m á s e l hombre [ . . . ] . T o d a la c rític a e stá
d o m in a d a p o r este p rin c ip io a n tic u a d o : el h o m b r e es causa
d e la o b r a —c o m o e l c r im i n a l a o jo s d e la ley es causa d e l
c rim e n . ¡Los d o s s o n m ás b i e n el e f e c to ! » 18
D e lo q u e se tra ta en to n c e s es de im a g in a r u n « s e r te ó
r ic o » , u n p e rso n a je q u e re p re se n te d e alg ú n m o d o la p ro p ia
cap acid ad d el p o e ta d e c o n s tru ir la o b ra q u e él m ism o se h a
p r o p u e s to ex p lic a rse . N o es o tr o , e n d e fin itiv a , el m é to d o
q u e Pessoa em p le a e n su id e a c ió n h e te ro n ím ic a . E l drama em
gente pesso an o es, al igual q u e la Comedie Intelleduelle d el fran cés,
la ex plicación del p ro c e so c re a d o r in sc rita e n la o rq u e sta c ió n
ficticia de u n a o b ra m u ltia u to ria l. N a tu ra lm e n te , los h e te r ó -
n im o s sólo p u e d e n ser re c o n o c id o s co m o tales d e sc u b rie n d o
el a rtific io de su existencia fin g id a . E n este se n tid o , el d ra m a
de Pessoa su p o n e u n a p e c u lia r n o v e liz a c ió n d e la g én esis de
los p o em as. Las biog rafías inv en tad as de G ae iro , R eis, C a m
p o s (e ta l), los textos testim o n iale s, los p ró lo g o s, las críticas y
las in te rp re ta c io n e s q u e los dos ú ltim o s se c ru z a n o d e d ic a n
al p r im e ro , la filosofía n eo p a g an a de A n to n io M o ra y la esté
tic a « e x is te n c ia lis ta » d e B e rn a r d o S o ares, las ca rtas y lo s
e s c rito s te ó ric o s d e l m is m o P essoa s o b re la h e te r o n im ia
c o n s tru y e n u n co m p lejo sim u lac ro d ejramestory, es d ec ir, u n
r e la to - m a r c o q u e in te g r a lo s d is tin to s ciclo s d e p o e m a s y
p ro s a s e n u n a f a b u la c ió n explicativa d e l p ro c e s o c r e a d o r .
P ara to d o in te n to de a u to c o m p re n s ió n p o é tic a es válido este
c o ro la rio : d em asiad a a te n c ió n al p ro c e so d e c re a c ió n a m e
n az a c o n m a lo g r a r el re s u lta d o , m ás a ú n c u a n d o éste es d e
c o n tin u o re c e p tiv o a las h u e lla s d e a q u é l. H ay u n a ce su ra
« L la m o in s in c e ra s a las cosas h e c h a s p a r a im p r e s io n a r, y
t a m b i é n a las cosas —repare en esto, que es importante— q u e n o
c o n ti e n e n u n a f u n d a m e n ta l id e a m e ta fís ic a , e sto es, p o r
EXCESOS DE CONCIENCIA 29
d o n d e n o p a sa , a u n q u e sea c o m o u n v ie n to , u n a n o c ió n
d e la g ra v e d a d y d e l m is te r io d e la V id a . P o r eso es s e rio
t o d o lo q u e e s c rib í b a jo lo s n o m b r e s d e C a e ir o , R eis,
A lv a ro d e C a m p o s . E n c u a lq u ie r a d e e llo s p u s e u n p r o
f u n d o c o n c e p to d e la v id a, d if e r e n te e n lo s tre s , p e r o e n
to d o s g ra v e m e n te a te n t o a la im p o r t a n c i a m is te r io s a d e
e x is tir» .
C o n c e d a m o s q u e lo s p o e m a s h e te r ó n im o s s o n al f in
« s e r io s » y « s in c e r o s » . L a s in c e r id a d d e q u e h a b la P essoa
n a d a tie n e q u e v e r c o n la d e q u ie n d ic e e x p re sa r veraz o
a u té n tic a m e n te sus se n sa c io n e s y estad o s d e á n im o . C o n
r a z ó n ju z g a C a m p o s esta s in c e r id a d c o m o u n crimen d e lesa
lite ra tu ra , p u e s la m ay o r p a rte de la g en te sie n te c o n v e n c io
n a lm e n te , a f e rr a d a a la ja u la d e su p e r s o n a lid a d o p resiv a,
m ie n tr a s q u e só lo el p o e ta p u e d e —m e d ia n te su s in c e r id a d
in te le ctu a liz ad a—sentir tudo de todas as maneiras. ¿ E n q u é consiste
esta s in c e r id a d lite r a r ia o p o é tic a ? E n la c re a c ió n d e u n yo
p o lim o rf o cuyos m o m e n to s de fig u ra c ió n a rtic u la n las fases
de u n d ra m a subjetivo. C o m o la m ayoría de los dram as, el de
P essoa d e s a r ro lla u n a esp ec ie d e a n ta g o n is m o q u e p o d r ía
sim plificarse e n la c o n tra p o sic ió n C a e iro /C a m p o s . Estos dos
ex tre m o s n o c o n tra s ta n ta n to p o r sus caracteres y sus ideas,
c u a n to p o r su fu n c ió n co n stru c tiv a e n la re p re s e n ta c ió n d el
p ro c e so c re a d o r. E l d e n o m in a d o r c o m ú n a to d as las fases del
d ra m a h e te ro n ím ic o es la ironbpción de las d istin ta s fo rm a s de
su jeto p o é tic o . Iro n iz a c ió n significa aq u í, g e n é ric a m e n te , la
m e ta fig u ra e n u n c ia tiv a q u e p r e s e n ta a d ic h o su je to d e s d o
b la d o e n o tro d ife re n te o c o n tra d ic to rio . Si e n la ir o n ía el yo
e n u n c ia tiv o « h a c e o í r » —e n té rm in o s de O . D u c ro t—la voz
d e o tr o co m o si fu e ra la suya19, e n to n c e s el e n u n c ia d o i r ó
n ic o a firm a algo q u e al m is m o tie m p o se está n e g a n d o o
re d u c ie n d o al ab su rd o su b re p tic ia m e n te . E sta c o n tra d ic c ió n
se t o r n a m e ta fig u ra l c u a n d o es re fle ja d a d e m a n e r a o s te n -
EXCESOS DE CONCIENCIA 31
gen ia lid a d d el co m e d ia n te . G om o ha destacado E. L o u -
ren ço: « L a "idea” que organ iza el d iscu rso p o é tic o de
G aeiro es la de la im p o s ib ilid a d m etafísica de nom brar la reali
d a d » 21. A sí es: todo el énfasis de o M e s tr e recae en la grieta que
separa las palabras de las cosas. U n a piedra só lo es u na p ie
dra, y nada más, para n o so tr o s, que lo p erc ib id o de ella a
través de n uestros sen tid os. El yo es una cosa que p iensa las
sen sa cio n es p rod u cid as e n él p o r cada o b je to . Las cosas
externas so n reales, n o sign ifican nada, n o ocu ltan m isterio
alguno, salvo el de su m era existencia inm ediata, so n in n o m
brables e inexplicables e intranscen d en tes. El m ito que evo
can sus p oem as es el de u n len gu aje p u r o que diera acceso
directo a lo real.
Es esta quim era de u na palabra diáfana la que suscita en
n o so tr o s la ven era ció n a que alude una frase de M erlea u -
Ponty: « T o d o s ven eram os secretam ente el id eal de u n le n
guaje que, e n ú tim a in stan cia, n o s libraría de sí m ism o
lib rá n d o n o s a las c o s a s» 22. El id io m a de C aeiro an hela la
u n ivocid ad (un a asp iración al m en o s tan antigua co m o la
lógica aristotélica). D e ahí que su estilo explote la literalidad y
la tautología com o esquem a elem ental del p rin cip io de id e n
tidad . La tau tología es la fórm u la de la verdad lógica, p ero
esta verdad, com o destacara W ittgen stein , es la de la pura
p ro p o sició n analítica y, p or tanto, n o quiere decir nada, n o
representa la realidad, n o es más que la sim p le en u n cia ció n
de lo pensable com o verdadero (A=A). U n lenguaje del todo
literal y tautológico, d o n d e cada palabra significara sólo esta
cosa, nada más que esta cosa, siem pre esta cosa com o idéntica
a sí m ism a, sería o u n a m a ld ició n o u n d o n so b reh u m a n o .
U n sujeto p o ético —u n p oem a— es im p osib le en u n lenguaje
sin equivocidad n i con trad icción n i resto m etafórico. En u n
len gu aje así n o habría «p alabra en lib e r ta d » n i creación
p osible de yo alguno n i, en suma, poesía.
EXCESOS DE CONCIENCIA 33
El p roclam ado objetivism o de G aeiro es la im agen invertida
de su subjetivism o m ed itativo. Su d iscurso está d o m in a d o
p o r la a n tífr a s is irónica: sign ifica e n el fo n d o lo con trario de
lo que dice y delata este sentid o contradictorio m ediante una
r e - n e g a c i ó n explícita e igualm ente irón ica. D e l im pu lso a d es
23 <<Las cuatro canciones que siguen/ se separan de todo lo que pienso,/ mienten a todo lo
que siento, / son lo contrario de lo quejo soy...// Las escribí estando enfermo/jpor eso
son ellas naturales;/ concuerdan con lo que siento,/concuerdan con lo que no concuer-
dan.../Estando enfermo debo pensar lo contrario/ de aquello que pienso estando sano/
(pues sino, no estaría enfermo);/ debo sentir lo contrario de lo que siento/ en cuanto soy
yo en la salud;/debo mentir a mi naturaleza/de criatura que siente de cierta manera.../
Debo ser enfermo por entero —ideasy todo./ Cuando estoy enfermo, no estoy enfermo
para otra cosa.//Por eso, esas canciones que me desmienten/ no tienen capacidad de
desmentirme;/ ellas son el paisaje de mi alma de noche,/la misma al revés...», trad.
de-J. B a r j a y J . In arejo s, F. Pessoa, Los poemas de Alberto Gaeiro I,
M adrid, Abada, 2011, p. 79 -
EXCESOS DE CONCIENCIA 35
teólogos, los poetas so n pues d o e n te s . Pero las canciones in sp i
radas p o r la en ferm ed a d , d ice ahora G aeiro, so n ta m b ién
natu rales, au n q u e co n trad igan o d esm ien ta n lo que u n o
sie n te y p ien sa cu an d o está san o. C o n esta otra vuelta de
tuerca —congruente y sofística—el poem a está desm ontand o a
su m o d o la diferencia crucial entre enferm edad y salud24. Si
estar en ferm o es algo tan natural com o estar sano, si el p e n
sar y el sentir d el prim ero concuerdan tam bién co n el pensar
y el sen tir con trarios del segu n d o, ¿cóm o determ in ar al fin
u na diferencia esencial de n a t u r a l i d a d entre esas «cu a tro can
c io n e s » y las dem ás? E n u n a de las cop ias d el p o em a xv
consta u na n ota m anuscrita en la que Pessoa elogia la c o h e
rencia de Gaeiro:
EXCESOS DE CONCIENCIA 37
tiers en F a r a i u n v e r s d e d r e y t n i e n , el C aeiro de « A s quatro can
ções que se g u e m » refiere la circun stan cia p erso n a l e n que
escribió los poem as, encadena negaciones, confiesa con tra
decirse y lo d esm ien te, prodiga las paradojas e ironiza sobre
sí m ism o y el sen tid o de sus can cio n es. E n breve, el p oem a
caeiriano presenta tod os los rasgos com positivos que d istin
gu en al d e v i n a lh : la c o n c o r d ia d is c o r s o coin cid en cia de los op u es
tos, las anáforas negativas en cascada, la figuración paradójica
del yo p oético en (au to-)referen cia al acto de escritura y, no
en ú ltim o lugar, la d esm istificación paródica del con v en cio
nalism o lírico 87.
N o es m uy probable que Pessoa fuera con scien te de esta
afinidad co n la retórica h u m orístico -en ig m á tica de los tr o
vadores. Lo cierto es que las rem iniscencias de aquel subgé
n e r o de la lírica trovadoresca van más allá d el p o em a de
C aeiro. La anáfora negativa que recitan los poem as de d e v in a lh
com o u na letanía irónica es n o s a i, u n « n o sé » cuya ig n oran
cia afecta al p rop io yo lírico o al poem a m ism o : «JVo s a i e n q u a l
h o r a . m f u i n a t z , / n o s o i a le g re s n i i r a t z » ( « N o sé a qué hora n a cí,/n o
(I9I7)
[...]
Porque verdadeiramente
Não sei se stou triste ou não,
E a chuva cai levemente
(Porque Verlaine consente)
Dentro do meu coração.
(X930 )
EXCESOS DE CONCIENCIA 39
p or el lenguaje enigm ático, en el que parece h u n d irse com o
en busca de su im agen espectral: reco n o ce su d esconocerse,
dice su dificultad de decirse, exp on e el sin sen tid o del sujeto
(yoico y te m á tic o ), com o si éste n o fuera más que efecto de
u n acto de p r estid ig ita c ió n verbal28. Es sugestivo que en el
p oem a de C aeiro aparezca fin alm en te el verbo r e n e g a r : « P o r
isso esas canções que me r e n e g a m / n ã o son capazes de m e r e n e g a r » .
R enegar sign ifica negar co n tenacidad, d esm en tir u n a afir
m a c ió n o abjurar de u n a creen cia. E n el vocab u lario de
F reud esta form a com p leja de n eg a ció n es design ada unas
veces con el térm in o V e m e i n u n g —traducido habitualm ente por
« d e n e g a c ió n » —, y otras p o r V e r le u g n u n g —« d e s m e n tid o » o
« re n e g a c ió n » del psicótico—. G uando u n sujeto com ienza a
tom ar c o n cien cia de u n c o n te n id o re p r im id o p ero n o lo
asum e aún co m o p r o p io , lo rep rim id o em erge e n su d is
curso e n form a denegativa ( « N o q u iero d ecir q u e ...» ,
« n a d a más lejos de m í q u e ...» ) . En otras palabras, la d en e
gación freudiana es u n a v ersión psíquica sem ico n scien te de
la antífrasis y la lito te s. Freud habla in clu so de « e l p lacer
universal de la d en eg a ció n » ( d i e a llg e m e in e V e r n e i n u n g l u s t ) , diga
m os que la com placencia d el yo —m ovido p or la p u lsió n d es
tructiva— e n la su p r esió n o el rechazo de c o n te n id o s que
constituyen su m o d o de ser real e im aginario. C aeiro, in sis
tam os en ello, ironiza sobre su renegación del yo lírico , cuya
voz fin g e hablar en los poem as com o p o r d efecto , com o en
u n sim ulacro de inversión: c a s i im p oéticam en te. Las ca n cio
n es que lo d esm ien ten n o so n capaces de d esm en tirlo p o r
que e n ellas estaría h ab lan d o el m ism o sujeto al revés, la
m ism a alma a o c o n tr a r io , sum ida en la n o ch e d el subjetivism o
lírico . Puesto que la voz del m a e s tr o tien d e a rechazar iró n ica
m en te la p o sib ilid a d m ism a d el sujeto p o é tic o , esto es,
ren iega de la « e n fe r m e d a d m ística » d el len gu aje —de su
am bigüedad inevitable, su espesor m etafórico, su p ro lifera -
III
EXCESOS DE CONCIENCIA 41
«S alu tación a Walt W h itm a n » , «P aso de las h o ra s» , « A l fin
la m ejor m anera de viajar es se n tir » ) y en las otras co m p o si
ciones sensacionistas coetáneas que el escritor proyectaba reu
n ir en u n volu m en titulado A r c o d e T r iu n fo . Q u e ese yo sea exce
sivo significa, en p rim er lugar, que los poem as de C am pos
desarrollan, potencian y, en suma, hiperbolizan líricam ente la
constante que atraviesa toda la escritura de Pessoa: la reflexión
expresa sobre el proceso creador com o crítica del sujeto p o é
tico. Lejos de reducirse a una licencia retórica, lo hiperbólico
se m anifiesta en d iferen tes p lan os de la con stru cció n lírica.
A sí, el ideal de C am pos, « S e n tir lo to d o de todas las m a n e
ras», incluye el sentido del exceso com o principio egopoético,
es decir, gestación de u n yo en (y por) el poem a. R ecordem os
la versión que ofrece de tal principio el com ienzo de « A l fin la
m ejor m anera de viajar es s e n tir » :
EXCESOS DE CONCIENCIA 43
1 7 4 )- ^ E se T o d o /só lo para u n d ios se ha h e c h o » ( « d ie se s
G a n z e / I s t n u r f u r e in e n G o t t g e m a c h t /» ,
v. l 8 l ) , responde M efistófe-
les. El deseo fáustico retiene al yo en la encrucijada aporética
de T o d o -o -N a d a . Falsa disyuntiva, porque ese T odo es para el
sujeto lo im posible de una experiencia que sólo puede con d u
cir a la Nada de la que ha partido el deseo. La sustancia ética
del poeta fáustico es incontestablem ente e l p a t h o s apático de la
desesperación. D esesperar(-se) es siem pre una acción —y exac
ción—reflexiva que entraña u n m om ento esencial de lo ético,
p ero sólo en el sen tid o de que determ ina u n estado de c o n
ciencia en el que lo ético se torna objeto de renegación abso
luta. La conciencia desesperada sólo ve en los otros u n m edio
fu n gib le de exorcizar su apática vaciedad. El yo fáustico está
en cad en ad o a u n in stante sensual p erp etu am en te defectivo.
N o vive cada m om ento com o si fuera el últim o: lo vive com o si
n o hubiera sido to ta l m e n t e . E n u n instante desesperado —en el
que jamás se sentirá « t o d o » —n o im porta qué pueda pasar, o
sólo im porta que suceda lo que el sujeto desesperado desea
ú nicam ente para sí. Lo ú n ico que desea desesperadam ente el
yo fáustico en cada instante es, parafraseando a Kierkegaard en
L a e n fe r m e d a d m o r ta l, deshacerse de sí m ism o para llegar a ser otro
EXCESOS DE CONCIENCIA 45
vo lu n ta d de fin g im ie n to caricaturiza así su im p u lso más
extrem o, que con d uce en el centro de la « O d a m arítim a» a
la transgresión m áxima d el h ístrion ism o satánico:
33 <¿¡Debería ser Dios, Dios de un culto invertido,/ser un Dios satánicoy monstruoso, Dios
de un panteísmo hecho de sangre/para llenaren toda su medida toda lafuria de mi ima
ginación,/para conseguir no agotar nunca mis deseos de identidad/ con el cada,y el
todo,y el más-que-todo de vuestras victorias [las de los piratas]» , F. Pessoa,
Los poemas de Alvaro de Camposl, M adrid, Abada, 2012, trad. d e j. Barja
y j . Inarejos, p. 197*
EXCESOS DE CONCIENCIA 47
ép oca, resu ltan esclarecedoras estas ob servacion es de J . L.
Borges en « E l otro W h itm an » (D is c u s ió n ):
EXCESOS DE CONCIENCIA 49
m en te, sobre aguas etern as» (« O d a m a rítim a » ). Las frases
de en ton ación versicular, la anáfora proliferante y la en u m e
ra c ió n caótica so n d esd e lu eg o lo s estilem as w h itm a n ia n o s
que C am p os em u la e n b u en a p arte de sus p o em a s. S in
em b argo, la m o tiv a ció n p essoan a es otra —y de raigam bre
sim b olista—: el viaje co m o lib e r a c ió n subjetiva. P a s s a g e a n d
t r a n s p o r t que term in an siem pre en el retorn o a u n yo in e lu c
EXCESOS DE CONCIENCIA 51
Las grandes odas sen sacion istas tie n e n m u c h o , co m o
juzgaba J. Gaspar S im ões, de « fe é r ic o s ju ego s de palabras y
arrebatadoras asocia cio n es de im á g e n e s» , de h isterism o
im p ostad o y p iro tec n ia verbal. A u n así, la obra de C am pos
abunda en m o m en to s m em orab les, in ten sam en te p o ético s,
cuando el fingidor, agotado p or el hastío o el cansancio, deja
oír u na voz luctuosa que habla de la infancia perdida y de u n
d esvalim ien to que p erd u ra, o cu an d o lo s p oem as p arecen
anclarse en el fo n d o real de u na existencia para cuya desola
c ió n n in g u n a palabra basta. E l fracaso com o « p o e t a » es el
p recio que Pessoa tuvo que pagar p o r el triu n fo de C am pos.
D en tr o y fuera de su im agin ación , desde lo alto del arco de
tr iu n fo , el h e te r ó n im o más h ip e rb ó lic a m e n te p esso a n o se
erige en la figura victoriosa que ve pasar la totalidad de la vida
sin p articipar en ella, co n tem p lá n d o la de lejo s para p o d er
d ecir to d o lo que n o ha se n tid o n i vivid o. Lo que triu n fa
in eq u ív o ca m en te e n C am p os es el p oem a co m o exceso de
conciencia. Su triu n fo es tam bién el de la id eación h etero n í-
mica: una de las más radicales desm istificaciones del yo lírico
que ha con ocid o la literatura m oderna.
Hay todavía u na tercera form a de exceso, la ú ltim a en el
o rd en sim b ó lico de la p oesía pessoana, el p a s s a g e a n d t r a n s p o r t
d efin itiv o s a que llevan las im ágen es del viaje. E x c e s s u s com o
salida de la existencia, paso m ortal. «Passagem das H o ra s»
( « E l paso de las h o ra s» ) n o es sólo la oda que resum e el id e
ario de C am pos con todos sus tics h iperb ólicos e irón icos. Es
ta m b ién com o el reverso de la tram a cuyos h ilo s dibu jan la
figura desvaída del poeta que Pessoa soñ ó ser. U n h im n o a la
n o c h e ocu p a el cen tro d el p oem a, que se cierra co n esta
in vocación : « ¡A h , sé m atern a!/¡A h , sé m eliflu a y ta ci-
EXCESOS DE CONCIENCIA 53
"S j
Advertencia
Signos
58 POESÍA VI
Sí, soy yo, soy yo m ism o, según vengo de todo,
especie de accesorio o sobrante repuesto,
irregular entorno de m i em oción sincera.
Soy yo aquí en m í, sí, aquí yo, soy yo.
60 POESÍA VI
com o el sol la últim a vez en la ventana de la casa que hay que
[abandonar,
de que m ucho mejor es ser un niño que pretender comprender
[el m undo
- l a im presión que producen el pan con m antequilla y los
[juguetes—,
de un gran sosiego sin Jardín de Prosérpina,
25 de buena voluntad hacia la vida apoyando la frente en la
[ventana,
viendo llover con el sonido afuera
y no lágrimas muertas que nos cuesta tragar.
62 POESÍA VI
Ah, u n s o n e t o . . .
64 POESÍA VI
M i corazón, un alm irante errado
que mandaba la armada por deber,
probó un cam ino que al fin le negó el Hado.
Quería ser feliz, no pudo ser.
G om u m estalido de « m o la de pressão»
fecho a carteira dos apontam entos
io on d e fixei a m inh a in decisão,
66 POESÍA VI
Ahora escribo sonetos regulares
(o casi regalares), de poeta...
Pero si yo contara la completa
pena de tales gestos, tales aires,
68 POESÍA VI
N o hables alto, no, que esto es la vida
- s í que lo es, la vida y su con cien cia-.
Porque la noche avanza, y m e canso, y no duerm o,
pero, si m e asomo a la ventana,
vro, bajo los párpados de la bestia, los m uchos lugares donde
[están las estrellas...
Me cansé por el día con la esperanza de dorm ir de noche,
pues la noche casi es otro día. Tengo sueño. N o duerm o.
Así siento ser toda la hum anidad en m i cansancio
-u n o que casi m e hace de carne los huesos... - .
Todos som os aquello...
N os bamboleamos com o m oscas con las alas presas en el
[m undo,
telaraña encim a del abismo.
Se n em creio? N ão sei.
5 C reio que sim . Mas repito.
O am or deve ser constante?
Sim , deve ser constante,
só n o am or, é claro.
D ig o ainda outra v ez...
70 POESÍA VI
Sí, no tengo razón ...
Déjame distraerme del argum ento mental.
N o la tengo, está bien, pero es que eso es una razón com o
[otra cualquiera...
Sim , é in ú til,
io m a s tu d o , a té a v id a d o s c a m p o s é ig u a lm e n te in ú til,
h á c o is a s q u e s ã o d if íc e is d e d i z e r ...
Este problem a, p or exem plo.
D e qual de n ós é que ela gosta? G om o é que p o d em o s chegar
[a d is c u t ir is s o ?
72 POESÍA VI
Desde luego es inútil prolongar la conversación de este silencio.
Yaces sentado, fum ando, puesto en el rincón del gran sofá
-y a z g o sentado, fum ando, puesto en el sofá de asiento
[h u n d id o -.
N o hubo entre nosotros, y va para una hora,
5 sino las miradas de una sola voluntad de decir.
Renovábamos, apenas, los pitillos -en cend ien do el nuevo con
[el v ie jo -
y así continuábam os la silenciosa charla,
interrum pida apenas por las ganas moderadas de hablar...
74 POESÍA VI
Todo tan psicológico, tan involuntario,
25 todo esto por culpa de una secretaria agradable y solemne.
¡Ah, vam os a acostarnos!
¡Y si hago versos con respecto a esto, es por desdén, ya sabes!
76 POESÍA VI
Me despierto de noche, m uy de noche, en pleno silencio.
Son -v isib le ticta c- las cuatro en punto dem orándose el día.
Abro directamente la ventana, no m e angustia el insom nio.
¡Y, de repente, hum ano,
5 el cuadrado con cruz de aquella ventana iluminada!
¡Fraternidad en la noche!
78 POESÍA VI
N otas so b r e T a v ir a
8o POESÍA VI
(y, com o siempre, estoy a gusto ante lo extraño, eso que no es
[nada para m í).
Soy un forastero, un to u r is t, transeúnte.
Está bien claro: eso es lo que soy.
Incluso en m í, Dios m ío, incluso en mí.
82 POESÍA VI
Quiero acabar entre rosas, que amé tanto en la infancia.
Después, los crisantemos los deshojé sereno.
Hablad poco, despacio.
Que no oiga nada, sobre todo con el pensamiento.
5 ¿Lo que quise? Si tengo las m anos vacías,
débilm ente crispadas en la colcha remota...
¿Lo que pensé? Si tengo la boca seca, abstracta.
¿Lo que viví? ¡Ay! ¡Sería tan bueno dormir!...
C om o q u ê ? ...
25 Se soubesse, não haveria em m im este falso cansaço.
84 POESÍA VI
N o , no es cansancio...
Es una cantidad de desilusión
que se m e entraña en el m odo de pensar,
un dom ingo al revés
del sentim iento,
un festivo pasado en el abismo...
N o , cansancio no es...
Es estar yo existiendo
pero también el m undo,
junto con todo aquello que contiene,
con todo aquello que se desdobla en él
y que al final es la m ism a cosa, sólo variada con copias iguales.
¿Cómo qué?...
Mas, si lo supiera, en m í no habría este falso cansancio.
86 p o e s ía vi
la guitarra del uno y la viola del otro y la voz de ella!).
88 POESÍA VI
Horror sórdido de eso que, a solas consigo,
vergonzosa de sí, entre lo oscuro, toda alma humana piensa.
90 POESÍA vi
¡Oh, chatarra de alma que han vendido por el peso del cuerpo!
Si ahora te levanta alguna grúa, será para arrojarte...
Porque ninguna grúa te levanta si no es para luego hacerte bajar.
Miro analíticamente, sin querer, eso que rom antizo sin querer...
Está frio.
P on h o sobre os om bros o capote que m e lem bra u m xale —
o xale que m inh a tia m e p un ha aos om bros na infância,
to Mas os om bros da m inh a in fân cia su m iram -se m uito para
[dentro dos m eus om bros,
e o m eu coração da infância su m iu -se m uito para dentro do
[m eu coração.
92 POESÍA VI
El alma humana es puerca como el ano
y la ventaja propia del carajo pesa en muchas imaginaciones.
94 POESIA VI
20 eso, sí, la vida...!
Dejo decaer tanto mis hombros que ahora el capote se resbala..
¿Queréis mejor comentario? M e estiro sobresaliendo del capote
96 POESÍA V!
Pocos son los m om entos de placer en la vida...
Hay que gozarla..., sí, ya lo oí m uchas veces,
yo m ism o ya lo dije (repetir es vivir).
Hay que gozarla, sí, ¿no es verdad eso?
98 POESÍA VI
Hablo a medias y haciendo im itaciones
y cada vez, lo veo y aun lo siento, te gusto m ucho más aún que
[...] hoy.
Y es en este m om ento cuando, inclinándom e encim a de la mesa,
te susurro en secreto lo que exactamente convenía.
30 Ríes, toda m irar y en parte boca, efusiva y próxim a,
y es que tú a m í m e gustas de verdad.
Suena en nosotros el gesto sexual de irnos.
Giro la cabeza para ir a pagar...
Viva, alegre, sintiéndote...
35 tu m e hablas... sonrío.
Pero, tras la sonrisa, no soy yo.
100 POESÍA VI
¡Ah, qué extraordinario!
En los grandes m om entos de sosiego que se abren en m itad de
[la tristeza,
com o cuando alguien m uere, y estamos reunidos en su casa y
[están todos quietos,
el rodar de un coche por la calle, o el canto de u n gallo en los
[jardines...
5 ¡Lejos de la vida!
¡Es otro m undo!
Y nos volvem os hacia la ventana, y el sol brilla afuera.
¡Vasto sosiego plácido, naturaleza sin interrupción!
II
102 POESÍA VI
C o sta d e l so l
II
III
S om os m en in o s de um a prim avera
de que alguém fez tijolos. Q u an d o cism o
tiro da cigarreira u m m isticism o
que acendo e fu m o com o se o esquecera.
104 POESÍA VI
5 Otrora yo, anónim o y prolijo
(dos adjetivos que hace m ucho ligo),
amé buscando un corazón amigo.
Amo h oy lo que amo: lo persigo.
III
106 POESÍA VI
en la cárcel Marília de Dirceu.
Sólo yo tengo lo realmente mío.
108 POESÍA VI
¡Otrora era otra la que no tenía!
¡Cómo amé cuando amé! ¡Como reía!
Como con ojos de quien no veía
para m i reina un trono yo tenía.
H á vin te a n os!...
5 O que eu era então! O ra, era o u tr o ...
H á vin te anos, e as casas não sabem de n ad a...
110 POESÍA VI
R e a l id a d
Sim , talvez...
112 POESÍA VI
Por aquella ventana del segundo piso, todavía idéntica a sí
[misma,
se asomaba entonces una chica que era m ayor que yo, y
[recordadamente más de azul.
Pero hoy, si acaso, permanece ¿el qué?
25 Podemos im aginarnos todo aquello de que nada sabemos.
Yo estoy parado física y m oralm ente, porque no quiero
[imaginarme nada...
Sí, t a lv e z ...
114 POESÍA VI
¿Qué somos? N avios, que se van cruzando entre la noche,
cada uno la vida en los cordajes de las vigías bien ilum inadas,
cada uno sabiendo en cuanto al otro sólo que hay vida ahí dentro
[y nada más.
N avios que se alejan punteados de lu z en tinieblas,
5 cada uno indeciso y encogiendo hacia cada lado de lo negro.
Todo el resto es noche callada, y el frío subiendo de la mar.
116 POESÍA VI
Esplendor de los mapas, cam ino abstracto a la im aginación
[concreta,
letras y trazos siempre irregulares que van abriéndose a la
[maravilla.
A qu ece, m eu coração!
A qu ece ao passado,
que o presente é só um a rua on de passa quem m e esqu eceu ...
118 POESÍA VI
En la amplia sala de las viejas tías
el reloj tictaqueaba el tiem po más despacio.
¡Horror de una felicidad no conocida
porque se conoció sin conocerse,
5 horror que nos produce lo que fue, porque lo que es está aquí
[ahora!
¡Té con tostadas en la provincia de otro tiempo,
oh, en cuántas ciudades tú m e has sido m i m em oria y m i llanto!
Eternam ente niño
y eternamente abandonado,
10 siempre que té y tostadas m e faltaban en el corazón.
120 POESÍA VI
Esa claridad rígida y falsa en el n o-hogar de los hospitales.
La alegría vivaz y tan hum ana en lo que hace a lo de la vecina,
inconsolable madre a la que el hijo se le m urió hace u n año.
122 POESÍA VI
¡El vaivén ruidoso de la plancha de la planchadora
en la ventana al lado de m i infancia asomada!
¡El sonido de ropa que van lavando en el lavadero!
Todas estas cosas son, de cualquier m odo,
5 parte de lo que soy.
(¡O h, ama muerta, ¿qué es h oy de tu cariño opaco?).
M i infancia de la altura de la cara un poco por encim a de la
[mesa...
M i m ano que era un peo regordeta posada sobre el borde del
[m antel que se iba enrollando,
y yo miraba un poco por encim a del plato, en puntillas.
10 ÇHoy, si es que m e pongo de puntillas, lo hago sólo
[intelectualm ente.
Y la m esa que tengo no tiene m antel n i quien se lo ponga...).
Estudié el ferm ento de la quiebra
en la dem onología de la im aginación...
124 POESÍA VI
Sólo ese sonido dentro del reloj acentuado
en la velada sin nadie de los comedores de provincias
m e pone el tiempo entero encim a del alma,
y m ientras no llega la hora del té de las viejas tías,
5 m i corazón oye ir pasando el tiem po y sufre conm igo.
126 POESÍA VI
N ieblas de todos los recuerdos juntos
Cía rubia institutriz del jardín sereno).
Todo lo recuerdo a oro del sol con papel de seda...
Y el aro del niño pasa ahora veloz, casi rozándom e...
Q u e n o ite serena!
Q u e lin d o luar!
15 Q u e lin d a barquinha
b ailan do n o mar!
128 POESÍA VI
¡Qué noche serena!
¡Qué brillo lunar!
¡Qué linda barquilla
bailando en la mar!
130 POESÍA VI
Pienso en ti en el silencio de la noche, cuando todo es nada,
y los ruidos que hay en el silencio son el propio silencio,
y solo com o estoy, pasajero parado
de u n viaje en D ios, pienso en ti inútilm ente.
132 POESÍA VI
¡Haz las m aletas a N in gú n Lugar!
¡Embarca a la universalidad negativa de todo,
llenos de gallardetes tus navios fingidos
-pequeños y m ulticolores navios de in fan cia-!
5 ¡Llena ya las maletas para el Gran Abandono!
Y no olvides, entre cepillos y tijeras,
la distancia polícrom a de lo que no puede obtenerse.
¡Haz definitivam ente las maletas!
¿Qué eres tú, aquí en donde existes, gregario e inútil
10 - y cuanto más ú til más inútil
y más falso por ser más verdadero-?
¿Qué eres tú aquí?, ¿qué eres tú aquí?, ¿qué eres tú aquí?
¡Embárcate, incluso sin m aletas, en ti m ism o diverso!
¿Qué es la tierra habitada, para ti, sino lo que contigo no está
[nunca?
S ím b o lo s...
E stou cansado de p en sar...
Ergo fin alm en te os olh os para os teus olh os que m e olham .
Sorris, sabendo b em em que eu estava p e n sa n d o ...
15 M eu D eus! e não sabes...
Eu pensava n o s sím b o lo s...
R esp on d o fielm en te à tua conversa p or cim a da m esa...
«It w a s v e r y s tr a n g e , w a s n ’t it?»
« A w f i i l l y s tr a n g e . A n d h o w d i d it end?»
20 « 1V ell, i t d i d n t e n d . I t n e v e r d o e s , j o u k n o w .»
Sim , j o u k n o w . .. Eu s e i...
S im , eu se i...
E o m al dos sím b olos , j o u know .
Yes, I k n o w .
134 POESÍA VI
PSIQUETIPIA
Símbolos...
Estoy cansado de pensar...
Y levanto los ojos finalm ente en dirección a tus ojos que me
[miran.
Sonríes, sabiendo ya perfectamente en qué estaba pensando...
15 ¡Dios m ío!, y no lo sabes...
Yo pensaba en los símbolos...
Mas respondo fielm ente a tu conversación trabada por encima
[de la mesa...
« I t v a s v e r j s t r a n g e , v a s n ’t i t ? » .
« A v f u l l j s tr a n g e . A n d h o v d i d i t e n d ? » .
20 « W e ll, i t d i d n ’t e n d . I t n e v e r d o e s , j o u k n o v » .
Y es, I k n o v .
136 POESÍA VI
25 Conversación perfectamente natural... Pero ¿y los símbolos?
N o aparto los ojos de tus m anos y pienso... ¿Quién son ellas?
¡Oh, Dios mío! Los sím bolos... Los símbolos...
138 POESÍA VI
M a g n íf ic a t
140 POESÍA VI
Pecado o r ig in a l
142 POESÍA VI
y en la inteligencia, y con cierta razón
20 -¡D ios! ¡Dios mío! ¡Dios m ío !-.
¡Cuántos Césares fui!
¡Cuántos Césares fui!
¡SÍ! ¡Cuántos Césares!
Q u e náusea da vida!
Q u e abjecção esta regularidade!
Q u e son o este ser assim!
O utrora.
144 POESÍA VI
M e c a n o g r a f ia
Antaño...
POESÍA VI
aquélla en la que acaban por meternos en un ataúd.
148 POESÍA VI
N o tener em ociones, no tener deseos, no tener voluntad,
sino ya ser apenas, en el aire sensible de las cosas,
una conciencia abstracta con las alas de los pensamientos.
5 N ão será m e lh o r
c o lh e r coisa n e n h u m a
nas ro seira s so nhadas,
e ja z e r q u ie to , a p e n s a r n o exílio dos o u tro s,
nas p rim a v eras p o r haver?
io N ão será m e lh o r
r e n u n c ia r, co m o u m re b e n ta r de bexigas p o p u la re s
na atm o sfera das feiras,
a tu d o
sim , a tu d o ,
15 a b so lu ta m e n te a tu d o ?
150 POESÍA VI
¿No será m ejor
no h acer nada?
¿Dejar que todo vaya en tropel, v ida abajo,
a u n naufragio sin agua?
POESÍA VI
Estoy vacío com o un pozo seco.
Carezco ya de toda realidad.
¡Esfuerzo im aginativo taponado!
Q u e grandes aspirações!
5 Q u e magnas plenitudes!
E algumas verdadeiras...
Mas sobre todas elas
p u seram -m e um a tampa.
G om o a u m daqueles p ên icos antigos —
io lá n os lon ges tradicionais da província —
um a tampa.
154 POESÍA VI
Me echaron una tapa
-to d o el c ie lo -.
Me echaron una tapa.
¡Qué aspiraciones!
5 ¡Qué magnas plenitudes!
Y además algunas verdaderas...
Mas, sobre todas ellas,
una tapa m e echaron,
com o a uno de esos viejos orinales,
10 en la tradicional lejanía de provincias.
Ahí, sí, una tapa.
156 POESÍA VI
Lisboa con sus casas
de variados colores,
Lisboa con sus casas
de variados colores,
5 Lisboa con sus casas
de variados colores...
A fuerza de distinto, esto es m onótono,
com o también, a fuerza de sentir, sólo puedo pensar.
T ransbordou.
Mal sei com o co n d u z ir-m e na vida
com este m al-estar a fazer-m e pregas na alma!
io Se ao m en os en d oidecesse deveras!
Mas não: é este estar-entre,
este quase,
este p o d er ser q u e ...,
isto.
158 POESÍA VI
Esta vieja angustia,
esta angustia que llevo hace siglos en m í,
desbordó finalm ente la vasija
convertida en lágrimas, im aginaciones desbordadas,
convertida en sueños al estilo de una pesadilla sin terror,
e intensas em ociones repentinas, carentes de sentido.
Se desbordó,
y no sé casi cóm o conducirm e en la vida
con este m alestar que ya m e viene arrugando el alma.
¡Si al m enos enloqueciera de verdad!
Pero no: sólo es este estar-entre,
este casi,
este poder ser que...,
sí, esto.
160 POESÍA VI
¿Qué de quien fui? Está loco y ahora es quien soy.
M oram ali pessoas que d escon h eço, que já vi mas não vi.
São felizes, p orq ue não são eu.
O s ou tros n un ca sentem .
Q u em sente som os nós,
162 POESÍA VI
En la casa de enfrente de mí y de mis sueños,
¡qué felicidad esa que hay siempre!
25 N ada? N ão s e i...
U m nada que d ó i...
164 POESÍA VI
Sx, todos nosotros, hasta yo
que, en este momento, no estoy sintiendo nada.
25 ¿Nada? N o lo sé...
Una nada que duele...
166 POESÍA VI
Salí del tren,
dije adiós al compañero de viaje;
habíamos estado dieciocho horas juntos.
Conversación gustosa,
5 fraternidad del viaj e...
Así que m e dio pena salir del tren, dejarlo.
El casual amigo cuyo nom bre no supe.
Mis ojos, los sentía, se inundaron de lágrimas...
Toda despedida es una m uerte...
10 Sí, la despedida es una m uerte.
N osotros, en ese tren llamado vida,
somos todos casuales m utuam ente
y nos da pena a todos cuando desembarcamos.
Todo lo que es hum ano m e conm ueve, sí, porque soy hombre.
15 Todo m e conm ueve, porque tengo,
no algo com o ideales o doctrinas,
sino fraternidad vasta y extensa con la verdadera hum anidad.
168 POESÍA VI
Yo no tengo problemas, sino sólo misterios.
170 POESÍA VI
M i corazón, una bandera izada
en las fiestas sin nadie...
M i corazón, un barco atracado a la orilla,
esperando a su dueño, cadáver que amarillea entre juncales...
M i corazón, mujer del condenado a trabajos forzados,
posadera de los m uertos de la noche,
aguardando a la puerta, con m aligna sonrisa,
el com pleto sistema del universo,
concluso en podredumbre y en esfinges...
M i corazón, cadena troceada...
172 POESÍA VI
Música, sí, la música...
Piano banal en el otro piso...
Música, en todo caso...
Lo que viene a buscar el inm anente
5 llanto de toda criatura humana,
eso que viene a torturar la calma
abrigando el deseo de una calma mejor...
Música... De un piano, ahí arriba,
con alguno que lo toca m al
lo Cierto, sí, mas música...
Vai tu d o d o rm ir...
A ntes, recluso
n u m desejo de não ser recluso,
15 escuto ansiosam ente os ruídos da ru a...
U m autom óvel! — dem asiado rápido! —,
os dup los passos em conversa fa la m -m e...
o som de u m p ortão que se fecha brusco d ó i-m e .
174 POESÍA VI
Em pieza a ser m edia noche, a haber sosiego,
por todas partes, en casas superpuestas,
los variados pisos que acum ulan la vida...
Todo va ya a dormirse...
N o , mejor, recluido
en un deseo de no ser recluso,
15 escucho ansioso el ruido de la calle...
Un autom óvil -¡dem asiado rápido!-.
Dobles pasos de charla que m e hablan ...
Y el sonido brusco de un portón que se cierra de golpe y que
[m e duele...
Todo va ya a dormirse...
176 POESÍA VI
Iré el dom ingo a las huertas en la persona de otros,
contento de ir así, en m i anonimia.
Seré feliz el dom ingo -e llo s, ellos...
El dom ingo...
5 h oy es jueves, pero de esa semana que no tiene dom ingo...
D om ingo no, ninguno...
D om ingo nunca, nunca...
Pero siempre habrá alguien en las huertas el domingo que viene.
Así pasa la vida,
10 y sobre todo para aquel que siente,
y m is o m enos para aquel que piensa:
siempre habrá de haber alguien el dom ingo en las huertas...
N o en nuestro domingo,
no en el m ío, no,
15 no en dom ingo...
Pero, en cambio, en las huertas y el dom ingo habrá otros
[siempre...
178 POESÍA VI
¡Hace ya tanto que no soy capaz
de escribir un poema extenso!...
¡Hace ya tantos años!...
V e jo -o do alto de u m m o n te in existente,
m alha após m alha form and o p a n o ...
N en h u m a.
Eu tam bém ten h o u m crochet.
15 Data de desde quando com ecei a p en sa r...
Malhas sobre m alhas form and o u m tod o sem to d o ...
U m p ano que não sei se é para u m vestido o u p ’ra nada,
um a alma que não sei se é para sentir ou v iver...
O lh o -te com tanta atenção
20 Q u e já n em d ou p o r t i...
180 POESÍA VI
Sin ninguna impaciencia,
sin curiosidad,
sin atención,
veo el cro ch et que con ambas m anos, combinadas,
5 tú haces.
N inguna.
Yo tam bién tengo un c r o c h e t.
C ro ch et y almas y filosofía...
Todas las religiones de este m undo...
Cuanto nos entretiene la velada de ser...
Dos hileras más, vuelta, y silencio...
— Sim , lem b ro -m e.
S ei lá se m e lem b ro.
S ei que m e lem b ro agora.
Sei que m e lem b ro agora de toda a vida possível,
a verdadeira, a essen cial...
A quela em que
toda a n o ite choveu
nas gargulinhas da praça...
Sei lá (ó m eu coração) o que são gargulinhas da praça!
Mas que m u s iq u e d e f o n d de tod os os seres
M e fo i esta cantiga?
C o m que então
toda a n o ite choveu
nas gargulinhas da praça...
POESÍA VI
¥
g>"
- S í, m e acuerdo.
Mas, ¿qué sé si m e acuerdo?
Sí, m e acuerdo ahora.
10 Sé que ahora recuerdo toda vida posible,
sí, la verdadera, la esencial...
Aquélla en que
llovió toda la noche
en los canalones de la plaza...
15 ¡Y yo qué sé (oh , m i corazón) qué son los canalones de la plaza!
¿Qué m u s i c j u e d e f o n d de los seres todos
fue para m í ese canto?
Conque, entonces,
llovió toda la noche
20 en los canelones de la plaza...
S enhora D . Maria,
quando eu u m dia te encontrasse
ah, quanto te amaria!
E com quanto am or de tod os os que amaram sem futuro!
40 Mas quando é que chove toda a n o ite
nas gargulinhas da praça?
Q u a n d o ? E o n d e? o n d e?
B oq u in h a de cravo roxo?
184 POESÍA VI
30 todos llenos de vagas esperanzas de un futuro cualquiera,
m e dorm í m uchas veces
al relente de todos los sueños...
He sido inútil, tosco, incongruente
com o lo de ahí afuera que es la vida.
35 Eso es lo que he sido, estas fútiles nadas.
186 POESÍA VI
Callos a l e s t il o d e O porto
188 POESÍA VI
Ve r a n e o
A h, não sabias,
felizm en te não sabias,
35 que a p en a é tod os os dias serem assim, assim;
que o m al é que, feliz ou in feliz,
a alma goza ou sofre o ín tim o téd io de tudo,
con scien te o u in co n scien tem en te,
p en san d o ou p o r pensar —
40 que a p en a é essa...
L em bro fotograficam ente as tuas m ãos paradas,
m o lem en te estendidas.
L em b ro -m e, neste m o m e n to , mais delas d o que de ti.
Q u e será feito de ti?
45 Sei que, n o form idável algures da vida,
casaste. C reio que és m ãe. Deves ser feliz.
P orque o não haverias de ser?
Só p or m aldad e...
Sim , seria in ju sto ...
50 Injusto?
190 POESÍA VI
(Y tus m anos delgadas, algo pálidas, sí, y un poco mías,
25 que se encontraban aquel día quietas - t u sentada a h í-, en tu
[regazo,
dispuestas com o y donde las tijeras y el dedal de otra.
Cavilabas, m irándom e, tal com o si yo fuera el espacio.
Recuerdo para tener en qué pensar, pero sin pensar.
Y de repente, en un m edio suspiro, interrumpiste lo que estabas
[siendo,
30 m e miraste consciente y m e dijiste:
«Siento m ucha pena de que todos los días no sean así».
Tal com o era aquel día, ese que no había sido nada...
Ah, y tú no sabías,
afortunadamente no sabías,
35 que la pena sin duda es que todos los días sean así, así;
que lo m alo, feliz o infelizm ente,
es que nuestra alma goza o, al contrario, que íntimam ente sufre
[el tedio de todo,
sea consciente o inconscientem ente,
pensando o todavía por pensar.
40 SÍ, que la pena es ésa...
Pero ahora recuerdo fotográficam ente tus m anos paradas,
laxam ente extendidas.
SÍ, m e acuerdo, ahora m ism o, de ellas más que de ti.
Pues, de ti, ¿qué se ha hecho?
45 Sé que, en el formidable azar de la vida decidiste casarte.
Y creo que eres madre. Sin duda eres feliz.
¿Por qué no ibas a serlo?
192 POESÍA VI
La vida...
Blanco o tinto; pero es lo mismo: para vomitar.
D ep u s a máscara e to rn ei a p ô -la .
A ssim é m elh or,
io A ssim sou a máscara.
194 POESÍA VI
Me levanté la máscara y m e m iré al espejo...
Era aquel niño de hace cuántos años...
N o cambiaba nada...
Jaz: ja z o ...
196 POESÍA VI
... Como pasa en los días de grandes sucesos en la parte central
[de la ciudad,
y en los barrios casi-periféricos, las conversaciones en silencio,
[en las puertas,
esperando, en grupos...
N adie sabe nada.
5 Leve rastro de brisa...
ahí nada es real,
mas con una caricia o con un soplo
roza lo que hay, hasta que sea...
M agnificencia de lo natural, de lo natural...
10 El corazón...
¡y qué inéditas Áfricas en cada deseo!
¡ni qué mejor cosa que todo allá lejos!
El yace: yo yazgo...
198 POESÍA VI
Tras no haber dormido,
y después de ya no tener sueño,
en la interm inable madrugada en que siempre se piensa sin
[pensar,
vi venir el día
5 com o la peor de las maldiciones:
la condena a lo m ismo.
200 POESÍA VI
Y tiro un pitillo a m edio fumar
para luego encender, irremediablemente, un nuevo pitillo.
202 POESÍA VI
LÀ-BA S, JE N E SAIS O U ...
Partir!
N u n ca voltarei.
N u n ca voltarei p orq ue n un ca se volta.
35 O lugar a que se volta é sem pre ou tro,
a g a r e a que se volta é outra.
Já não está a m esm a gente, n em a m esm a luz, n em a m esm a
[filosofia.
204 POESÍA VI
20 -« ¿ Y ésta? ¿No hubo un tipo que se dejó esto a q u í? » -.
Quedarme sólo pensando en el partir,
pero quedarme y tener razón,
quedarme y m orir m enos...
¡La salida!
N un ca volveré.
N u n ca volveré, precisam ente porque nunca se vuelve.
35 El sitio al que se vuelve es siempre otro,
la g a r e a que se vuelve es siempre otra.
Pues allí ya no está la m ism a gente, n i hay al regresar la m ism a
[luz, n i es ya la m ism a la filosofía.
206 POESÍA VI
En la víspera de no partir nunca
por lo m enos no hay que hacer maletas
ni tampoco planes en papel,
involuntario acompañar de olvidos
5 hacia la parte aún libre del que será el siguiente día.
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
para eles o so n h o son had o o u vivido,
25 para eles a m édia entre tu d o e nada, isto é, is t o ...
Para m im só u m grande, u m p rofu n d o,
e, ah com que felicidade in fe cu n d o , cansaço,
u m suprem íssim o cansaço,
208 POESÍA VI
Eso que hay en m í sobre todo es cansancio
- n o de esto o de aquello,
ni de todo o de nada tan siquiera:
cansancio, sí, así m ism o y en sí m ism o,
5 cansancio.
210 POESÍA VI
ísimo, ísimo, ísimo,
30 cansancio...
192 POESÍA VI
¡Tantos poemas hay contemporáneos!
¡Tantos poetas que son del todo de hoy
-interesante, interesantes tod os...-!
¡Ah, pero todo es casi!...
5 SÍ, todo es vestíbulo,
todo sólo es para escribir...
N i arte,
ni ciencia
n i nostalgia auténtica...
10 Éste ha mirado bien el perfil del ciprés...
Éste vio el poniente por detrás del ciprés...
Éste se fijó bien en la em oción que daría todo eso...
Pero, ¿y después?...
¡Ah, poetas, poemas! - ¿ y después?-.
15 Pues lo peor siempre es el después,...
porque para decir es preciso pensar
-p en sar con el segundo p en sam ien to-,
y ustedes, amigos, poetas, poemas,
piensan tan sólo con la rapidez primaria de los asnos - e s [...] y
[de la p lu m a -
214 POESÍA VI
Te subiste a la gloria escalera abajo.
¿Paradoja? N o: la realidad.
La paradoja es lo que es palabras,
Yla realidad es lo que es.
5 Subiste justo porque descendiste.
Así está bien.
Mañana tal vez haga lo m ism o.
Por ahora, a lo mejor, te envidio,
mas no sé si te envidio la victoria,
10 ni tampoco si envidio el conseguirla,
mas realm ente, creo que te envidio...
Al final, es victoria...
Haced de m í -un paquete,
echadme al río.
15 Pero, atención, no os olvidéis del «a lo m ejor» cuando m e echéis.
Eso es im portante.
N o os olvidéis de ese «a lo m ejor».
Eso sí es importante.
Porque todo es a lo mejor...
216 POESÍA VI
¿Símbolos? Estoy harto de símbolos ...
Unos m e dicen, sí, que todo es símbolo.
Todos m e dicen nada.
D ep o is de escrever, le io ...
5 P orque escrevi isto?
O n d e fu i buscar isto?
D e on d e m e veio isto? Isto é m elh or do que e u ...
218 POESÍA VI
( A la memoria de SoameJenyns ,
recordado después de escribir elpoema)
S ou n ad a...
S ou um a ficçã o ...
15 Q u e ando eu a querer de m im ou de tud o neste m u n d o ?
« S e eu não tivesse a ca r id a d e» ...
E a soberana luz m anda, d o alto dos séculos,
a grande m ensagem em que a alma é liv r e...
« S e eu não tivesse a c a r id a d e » ...
20 M eu D eus, e eu que não ten h o a carid ade!...
220 POESÍA VI
Allí no había electricidad.
Por eso al m ortecino resplandor de una vela
fue com o leí, embutido en la cama,
eso que estaba ahí para leer
- l a Biblia traducida al portugués; ¡cosa curiosa!: eran
[protestantes—.
Y releí la Primera Epístola a los Corintios.
En torno a m í el sosiego excesivo de las noches de provincia
hacía un gran ruido en sentido contrario,
poniéndome de un ánimo que iba desde el llanto a la desolación.
La Primera Epístola a los Corintios...
Yo la fui releyendo a la lu z de una vela de repente antiquísima,
y un gran m ar de em oción se podía oír en m i interior.
Soy nada...
una ficción...
¿Qué ando pretendiendo yo de m í, o de todo, en el mundo?
«Y si yo no tuviera caridad»...
La soberana voz que ahí nos envía, desde lo más rem oto de los
[siglos,
el gran mensaje en el que es libre el alma...
«Y si yo no tuviera caridad»...
¡Dios m ío, no tengo !...
226 POESÍA VI
Hace más de m edia hora
que m e he sentado al escritorio
con la intención exclusiva
de m irarlo.
D evagar...
io Sim , devagar...
Q u ero pensar n o que quer dizer
este devagar...
222 POESÍA VI
N o: despacio.
Despacio, pues no sé
dónde quiero ir.
Hay entre yo y mis pasos
5 una instintiva divergencia.
Despacio...
10 SÍ, despacio...
Y es que quiero pensar
lo que quiere decir este despacio...
Q u e M usa!...
224 POESÍA VI
Los antiguos invocaban a las Musas.
N osotros nos invocam os a nosotros.
N o sé si aparecían esas Musas
aunque debía haber correspondencia de lo invocado a la
[invocación-.
5 Pero nosotros no nos aparecemos.
228 POESÍA VI
Después que dejé de pensar en después
m i vida se h izo más calma,
es decir, m enos vida.
Pasé a ser, en sordina, m i acompañamiento.
(M as tu voz m e interrumpe
- v o z alta, desde afuera, desde el jardín, m u ch ach a-,
y es com o si dejara
caer, irresoluto, un libro al suelo).
POESÍA VI
Yo, yo m ism o, yo m ism o...
yo, lleno de todos los cansancios,
todos cuantos el m undo puede darnos...
yo...
io Sim , n ão sei
se h e i-d e acreditar n este sol de tod os os dias,
cuja autenticidade n in g u ém m e garante,
o u se não será m elh or, p or m elh or ou p or mais cóm o d o ,
acreditar em qualquer ou tro sol —
15 ou tro que ilu m in e até de n o ite, —
qualquer p rofun did ad e lu m in osa das coisas
de que não percebo n a d a ...
Por en q u a n to ...
(vamos devagar)
20 p or enquanto
ten h o o corrim ão da escada absolutam ente seguro,
seguro com a m ão —
o corrim ão que m e não pertence
e apoiado ao qual ascen d o ...
25 S im ... A sc e n d o ...
A scen d o até isto:
não sei se os astros m andam neste m u n d o ...
232 POESÍA VI
N o sé si m andan los astros en el m undo,
ni si las cartas
—de jugar, o del T arot-
pueden revelarnos ciertas cosas.
5 N o sé si echando dados
se alcanza alguna conclusión.
Pero no sé tampoco
si viviendo com o hacen norm alm ente los hombres
se llega a alguna cosa.
10 SÍ, es que no sé
si he de creer en el sol de cada día,
de cuya autenticidad nadie responde,
o si quizá no será mejor, por mejor o más cóm odo,
dar en creer en cualquier otro sol
15 -o tr o que ilum ine hasta de n o c h e -
cualquier profunda lu z sobre las cosas
de las cuales nada se m e alcanza...
Mientras...
(Vamos despacio)
20 mientras
yo m antengo el pasamanos de la escalera bien sujeto,
firm em ente sujeto con la m ano
- e l pasamanos, que no m e pertenece,
pero apoyándome en el cual asciendo... —
25 Asciendo... sí...
hasta esto:
no sé si m andan los astros en el m undo...
234 POESÍA VI
¡Ah! ¡Ser indiferente!
Ahí, desde la altura que da el poder de su indiferencia,
desde ahí los jefes de los jefes dom inan el m undo.
10 (N o oí qué decías...
Oí sólo la m úsica, y ni ésa oí...
¿O tocabas y hablabas todo al tiempo?
Sí, tocabas y hablabas todo al tiem po...
¿Con quién?
15 Con alguno en que el dormir del m undo es el final...).
236 POESÍA VI
Re g r e so al hogar
POESÍA VI
Sí, todo es correcto.
Todo es correcto estrictamente.
O, peor, todo está equivocado.
Sé perfectamente que esta casa va pintada de gris.
Sé perfectamente de igual m odo el núm ero que marea dk'llli
240 POESÍA VI
Estoy cansado, claro,
porque, en cierto m om ento, uno ha de cansarse.
Mas de qué estoy cansado no lo sé,
aunque saberlo de nada serviría.
5 Seguiría el cansancio de igual m odo,
pues la herida duele com o duele,
no en función de la causa que la causa.
Sí, estoy cansado,
y hasta sonrío un poco
10 porque el cansancio sea sólo esto,
voluntad de sueño en nuestro cuerpo,
un querer no pensar dentro del alma,
y, sobre todo, una calma lúcida
de nuestro entender retrospectivo...
Pensar em nada
é ter a alma própria e inteira.
Pensar em nada
é viver in tim am en te
io o fluxo e refluxo da v id a ...
242 POESÍA VI
N o , no pienso en nada,
y esa cosa central, que no es ninguna,
m e agrada com o el aire de la noche,
fresco al contrastar con el caliente verano del día.
Pensar en nada
es tener el alma al fin propia y entera.
Pensar en nada
es vivir íntim am ente
10 el flujo y el reflujo de la vida...
N o , no pienso en nada.
Sólo, cual si m e hubiera recostado mal,
cierto dolor de espalda, o dolor de un lado de la espalda.
Hay amargor de boca ahí, en m i alma:
15 es que, a fin de cuentas,
de verdad que no estoy pensando en nada;
pero realm ente en nada,
en nada...
244 POESÍA VI
El sueño que desciende sobre m í,
ese sueño m ental que baja sobre m í físicamente,
ese sueño, sí, universal, que baja sobre m í individualm ente,
ese sueño
5 parecerá a los otros solam ente el sueño de dormir,
el sueño de las ganas de dormir,
el sueño de ser sueño.
246 POESÍA VI
Pero todo eso es sueño.
¡Ay D ios, tanto sueño!...
A fin al
que vida fiz eu da vida?
10 N ada.
T u do interstícios,
tud o aproxim ações,
tud o função do irregular e do absurdo,
tud o n ad a...
15 É p or isso que estou to n t o ...
A gora
todas as m anhãs m e levanto
to n to ...
Sim , verdadeiram ente to n to ...
20 Sem saber em m im o m eu n o m e,
sem saber o n d e estou,
sem saber o que fui,
sem saber nada.
248 POESÍA VI
Estoy tonto,
de tanto dorm ir o de tanto pensar,
o quizá de ambas cosas.
Lo que sé es que estoy tonto
5 y no sé si m e debo levantar de la silla
o cóm o debo levantarm e de ella.
Quedém onos en esto: que estoy tonto.
Pues, al final,
¿qué vida hice yo de la vida?
10 Nada.
Todo intersticios,
todo aproxim aciones,
todo función de lo absurdo e irregular,
nada, no, todo nada...
15 Y es por eso por lo que estoy tonto...
POESÍA VI
Aquí, sentado
y tonto,
30 tonto,
tonto,
tonto...
Mas, afinal,
só as criaturas que n un ca escreveram
cartas de am or
é que são
15 ridículas.
252 POESÍA VI
Todas las cartas de am or son, sí,
ridiculas.
Sin duda no serían tales cartas de am or si no fueran
ridiculas.
20 La verdad es que h oy
las m em orias que guardo
de esas cartas de amor
son las que son
ridiculas.
254 POESÍA VI
25 (Las palabras esdrújulas,
com o los sentim ientos esdrújulos,
siempre, naturalm ente, son
ridiculas).
256 POESÍA VI
El borracho se caía de borracho,
y yo, que pasaba,
no lo ayudé, pues se caía de borracho,
y yo sólo pasaba.
5 E l borracho se cayó ya de borracho
en m itad de la calle,
y yo no m e volví, pero lo oí, sí, lo oí yo, borracho,
y su caída en la calle.
El borracho cayó ya de borracho
10 en la calle: en la vida.
¡Dios mío! ¡También yo caí de borracho,
también yo caí, Dios! [...]
258 POESÍA VI
Saludo a cuantos quieren ser felices:
¡salud y estupidez!
G om o u m quarto escuro
que eu tem o quando creio que nada tem o,
5 mas só o tem o p o r ele, tem o em vão.
N ão é um a presença; é u m frio e u m m ed o .
O m istério da m orte a m im o liga.
ao brual fim do m eu p oem a.
260 POESÍA VI
E l futuro
262 POESÍA VI
El binom io de N ew ton es tan bello com o la Venus de M ilo,
por más que hay pocos para darse cuenta.
(Alvaro de Campos)
l i l i / I I l I I I I / / / / / / / / / / / / / / / /
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Farol do Aplicado!
io Eclusa [...]
G rande p o n te p erfeitam en te construída sobre [...]
266 POESÍA VI
O da m a r c ia l
¡Lo que quiera que sea lo que crea y m antiene este m undo,
si es gente, ¡que sienta com o gente y tenga piedad de ella!
Pero, si no es nada, que el azar, guiado, o mejor vivo,
15 lo desm orone en tierra y que se acabe esta función dolorosa.
Porque, pensando en todo, yo quiero que todo [...],
2 ó8 POESÍA VI
([Campiña y trigo, campiña,
20 campiña y trig o ).
Como al son de una m archa al m ism o tiem po funeral y marcial,
alegría y tem or
rom pen de pronto,
y es que la vida es antagonism o...
[...]
T u do se apaga com o um a grande lâm pada eléctrica que se
[fu n d e...
50 V em do fu n d o do m u n d o
vem d o h o rizo n te m u d o , con fu so do m u n d o ,
sussurro surdo, escuro, m urm ú rio
de um a cavalgada que dura, que dura furiosa n o ouvido,
in úm era cavalgada v e m ...
55 V êm do fu n d o do m u n d o con fu so,
vêm d o abism o do espaço n o c tu r n o ...
A p ressa, negros, rápidos, de repente su rd em ...
S úbito outra vez tre m e m ...
oscilam n o ru íd o que tem rasto n o escu ro ...
60 Inúm era cavalgada... Q u em ?
270 P O E S ÍA VI
Me pierdo en comprender,..;
45 y me sorprendo en la tragedia de pasmo humanitario.
[...]
P O E S ÍA VI
Y el horizonte entero está por dentro lleno de u n grito
absurdo,
helahó...
helahó...
20 S a ú d o -te e cham o
a tom ar parte em m im na saudação que te faço
274 P O E S ÍA VI
Sa l u t a c i ó n a W a l t W h it m a n
20 Yo te saludo, y llam o
a tomar parte en m í, en m i saludo
M inhas sensações,
protoplasm a da h um anid ad e m atem ática do futuro!
276 P O E S ÍA VI
a cuanto cantaste o quisiste cantar:
hierbas, árboles, flores, la naturaleza de los campos...
hombres, luchas, tratados —la naturaleza de las a lm a s-...
25 los artificios, que otorgan su sabor a lo que no es un artificio,
las cosas naturales que nos valen sin ningún valor dado,
las profesiones con que el hombre se interesa por tener voluntad,
las grandes am biciones, las grandes rabias, los párpados
cerrados sobre la inutilidad m etafísica de vivir...
?0 A m í los llam o para llevarlos hasta ti,
tal com o la madre llam a al niño, para sentirlo ser,
totalidad dispersa de lo que al m undo atañe...
¡Ah, que nada se quede fuera de m is bolsillos
cuando v oy a buscarte!
35 ¡Que nada se m e olvide, si te saludo, que nada
falte, n i el faltar olvide,
dado que faltar es una cosa -fa lta r -.
¡Y m is sensaciones,
protoplasma de la m atemática y futura humanidad!
A m in h a universalite —,
35 a ânsia vaga, a alegria absurda, a dor indecifrável,
sín drom a da doença da In con gru ên cia Final.
278 POESÍA VI
¡Eia-la-ho! ¡Hó-oo-o!
¡Mi universalitis,
55 el ansia vaga, la alegría absurda, com o el dolor indescifrable,
síndrom e de la dolencia de la Incongruencia Final!
S ou m ío p e e português
se houver troca de lou ros
[ ...]
Para cantar-te,
para cantar-te com o tu quererias que te cantassem ,
m elh or é cantar a terra, o mar, as cidades e os cam pos —,
os h om en s, as m ulheres, as crianças,
as p rofissões, [ ...] , as [ ...] .
Todas as coisas que, juntas, form am a sín tese-U n iv erso ,
todas as coisas que, separadas, valem a sín tese-U n iv erso ,
P O E S ÍA VI
I
A h, de que serve
a arte que quer ser vida, sem a vida que quer ser?
D e que serve a arte se não é a arte que querem os?
lo o D e que n os serve a vida se a querem os e não a buscam os,
se n u n ca é para nós a vida?
A h, pra saudar-te
era preciso o coração
da terra to d a ...
105 O co rp o -esp írito das coisas...
282 P O E S ÍA VI
todas las cosas que, siendo universales, forman todas la síntesis
[de Dios.
Mas o ar do m ar alto
chega, p o r u m in flu xo de d en tro do m eu sangue,
ao m eu cérebro desterrado em terra,
e a fúria com que m ed ito, a raiva com que m e d o m in o
120 ab re-se com o urna vela, tom ada de ven to, aos ares,
am pla servidão ao rasgo de assom bro dos [ ...]
284 P O E S ÍA VI
para quien, por debajo de la propia m etáfora aparente,
com o en estrofa, antistrofa y epodo el poem a que escribo,
que por detrás del delirio lo construyo
y que por detrás de sentir pienso,
que amo, exploto, rujo, dotándolo con orden, con oculta
[medida,
yo ante ti querría sin duda tener m enos de ingeniero en el
[alma,
algo m enos de griego de las m áquinas, de Bacante de Apolo,
en m is m om entos de alma m ultiplicados en verso.
LOS P O E M A S D E A LVA R O D E C A M P O S 4
A PASSAGEM DAS HORAS
P O E S IA VI
El pa so d e la s h o r a s
288 POESÍA VI
A toda hora hago gajfes de educación y etiqueta
(la vida social es compleja para mis flacos nervios),
pero no existió nunca quien hubiera vivido solamente en el
[alma
trabado en una lucha eterna de Jano.
290 POESÍA vi
¡Ah, quién me diera estar desempleado
y no tener ya nada para hacer, mas por dentro!
Y tener [...]
292 POESÍA VI
¿Dónde duermen los muertos? ¿Duerme alguien
en este universo falso atómicamente?
294 POESÍA VI
¡En mis venas, ahí por donde corre, en una lava de asco,
una furia de horror ante la vida!
297 NOTAS
No se ha dado con ello sin embargo una evolución en el
poeta sino más bien su transformación por efecto de un
tiempo -ahora lineal, aunque sin duda, aún, contradicto
rio - que reduce el espacio del poema - y al tiempo el
‘espacio’ del poeta- a figura final de lo quefue. Es, en los
mismos años más o menos -p o r citar otro caso desta
cado-, un proceso inverso al de Vallejo, por ejemplo en el
texto que comienza: «A lo mejor soy otro; andando...»;
una suposición ([«sospecha postuma», como el propio
Vallejo nos señala) que se basa de modo bien expreso en la
supresión correlativa de todo rastro de temporalidad.
«¡No! ¡Nunca! ¡Nunca ayer! ¡ Nunca después!» es otro de
los versos de ese texto ([ver en Poemas humanos-, el texto va
fechado en octubre de 1917). La sombra de Rimbaud, que
es alargada, cruza todo un espacio que se ensancha -des
bordando su tiempo y nuestro siglo retrospectiva y
prospectivamente- del romanticismo al psicoanálisis.
298 POESÍA VI
7i Fechado a 31 de octubre del año 1 9 3 1 .
299 NOTAS
raos, ‘margaritas de los muertos’, marcan el cambio de
signo de una(s) vida(s).
300 POESÍA VI
ii7 Fechado a 1 4 de enero del año 1 9 1 ?.
301 NOTAS
¿cómo acabará? / No acabará. No acaba, ya lo sabes. / Sí,
lo sabes... lo sé.../ ¡Oh, sí, lo sé! / Es el mal de los símbolos,
lo sabes. / Sí, lo sé».
302 POESÍA VI
149 v. 2. «En el aire sentido de las cosas». Variante señalada en
TRL.
303 NOTAS
«Según cuentan, un día, uno de sus amigos, oficial de
marina, le mostró un fetiche que se había traído de África,
una más que monstruosa cabecita tallada en un palo [...].
“Es espantosa”, comentó el marino desplazándola a un
lado desdeñoso. “¡Cuidado!” dijo Baudelaire inquieto.
“¡Podría ser el verdadero dios!”. (En Anatole France, La
vie littéraire III, p. 21, París, 1891). Así, en efecto: «Esta
vieja angustia» (p. 59, v. 1).
304 POESÍA VI
o tra poética en calidad de u n a vieja práctica, la que fo rm a
u n tejido te x tu al.
305 NOTAS
203 «Ahí abajo, no sé dónde» (en francés en el original). Este
poema, como el que le sigue, reinciden en la metáfora del
tren y de la última espera en la estación (y. 26 expresa
mente), en una serie que se había iniciado en los textos de
pp. 220-229 del volumen V de esta edición de la Poesía de
Pessoa: «¡Qué vida fue la mía! / ¡Qué larga espera en el ape
adero!», se dice en versos 20 y 21 de «¡La libertad, sí, la
libertad!»; «Mejor será que me haga la maleta. / Fin» -son
los versos finales de «Grandes son los desiertos y ya todo es
desierto»-. En relación con esto remitimos a la nota que
glosa ese poema (pp. 261-262 del citado volumen).
306 POESÍA VI
213 F echado a 1 de n o v iem b re del añ o 1934. E l te x to m u e stra
ev id en te re la c ió n con u n o sem ejan te titu la d o « E n la
ú ltim a p ág in a de u n a n u ev a an to lo g ía» (v e r en pp. 64-65
del v o lu m e n V de esta edición de la Poesía pessoana).
307 NOTAS
v. 12. «Murmura en mi interior». «Lloraba en mi inte
rior». Dos nuevas variantes recogidas en Ática.
308 p o e s ía vi
239 Fechado a 5 de marzo del año 1915-
263 Los dos versos primeros del poema, nos dice ‘Campos’ en
el verso 3, son dos versos de Álvaro de Campos (con la
atribución entre paréntesis). El siguiente verso -el verso
4 - viene en cambio firmado por el «viento» (el verso 5 lo
dice entre paréntesis). La ironía -del viento (en el
«afuera»)- barre el ingenio -de la propia voz-...
309 NOTAS
la Poesía de Pessoa); así nos encontramos, por ejemplo, la
onomatopeya del grito («helahó...») o la cabalgada
incontenible. Y también se da inicio a un desarrollo,
todavía embrionario en todo caso, del tema que presenta
la «venida» (desde «el fondo del mundo») de ese «con
fuso» alud de destrucción: comparar al respecto versos 5 0 -
69 de este texto con los 18-26 presentes en la versión
definitiva. La diferencia de concepción y dimensión (279
versos en aquélla frente a 68 en esta otra) es de todas for
mas manifiesta.
310 POESÍA VI
relación con la posición en la que Dante se sitúa a su vez
en su Comedia cuando, acompañado por Virgilio, es reci
bido en el limbo, como igual, por los grandes poetas de la
antigüedad grecolatina, Homero, Horacio, Ovidio y
Lucano (vid. «Inferno», IV, w . 79-102; más adelante, en
el «Purgatorio», aún será recibido por Estacio). Pessoa se
sitúa por su parte subido «en el pináculo» con Whitman, a
cuya altura no alcanza Homero (ése «está más abajo», se
nos dice) porque no puede alcanzar «a Dios». De este
modo el rey de los poetas sigue estando en el limbo (ahí
«abajo») frente a los cristianos y modernos (aunque de
éstos se dice que son «ciegos» -como Homero lo era ‘real
mente’- ; ahí la relación tradicional entre ‘visión poética’
y ‘ceguera’ se activa de nuevo, idealmente, a favor de
Whitman y Pessoa).
311 NOTAS
287 El mínimo fragmento aquí incluido es completamente
incomparable con el poema de (casi) el mismo título que
hemos editado anteriormente (pp. 56-10? del volumen IV
de esta edición de la Poesía de Pessoa). Frente a los 576
versos de esa oda, los siete versos sueltos de este texto no
componen entera ni una estrofa. En todo caso puede
señalarse el parentesco motívico existente de algunos de
los versos contenidos entre los 4-82 y 504- de aquella ver
sión definitiva con el contenido del fragmento; en especial
se nota el parentesco que hay entre «banderas» (v. 484) y
«estandartes» (aquí v. 1), y todavía más el existente entre
lo que presentan las imágenes «aquella hora [...] de luz en
que las tiendas van bajando los párpados» (v. 504) y «a la
hora de sol en que las tiendas van bajando los toldos»
(aquí v. 7).
312 POESÍA VI
INDICE
P rólogo
E x c e s o s d e c o n c ie n c ia
F ern a n d o P e s s o a y e ltr iu n fo d e l yo 5
por José Manuel Cuesta Abad
A d verten cia 55
N o ta s 297
Juan Barja