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Organizadores
Jefferson Andronio Ramundo Staduto
Marcelino de Souza
Carlos Alves do Nascimento
© de Marcelino de Souza
1ª edição: 2015
ISBN 978-85-386-0260-6
Capítulo 1
Abordagem teórica sobre a questão de gênero e desenvolvimento
rural: dos projetos assistenciais ao planejamento de gênero ______ 17
Rosângela Saldanha Pereira
Capítulo 2
Algunos abordajes teoricos para el analisis del
desarrollo rural con una perspectiva de genero __________________ 43
Maria Adelaida Farah Quijano
Capítulo 3
Desenvolvimento e gênero: um olhar sobre o rural
a partir da perspectiva de Amartya Sen ________________________ 69
Jefferson Andronio Ramundo Staduto
Capítulo 5
Distribuição espacial das trabalhadoras rurais
na agricultura familiar no Sul do Brasil _______________________ 123
Alessandra Juliana Caumo
Capítulo 8
Gênero e agroecologia: os avanços das mulheres rurais
no enfrentamento das iniquidades ___________________________ 199
Emma Cademartori Siliprandi
Capítulo 9
As mulheres nas agroindústrias rurais familiares: a construção
de mercados e a especificidade da produção na Região Central
do Rio Grande do Sul _______________________________________ 221
Chaiane Leal Agne, Paulo Dabdab Waquil
Capítulo 10
O empoderamento da mulher: um estudo empírico
da feira do produtor de Toledo, Paraná ________________________ 245
Fabíola Juliana Rubim de Andrade, Yonissa Marmitt Wadi
Capítulo 12
Mulheres na agricultura familiar do Semiárido Norte Mineiro:
exclusão, inclusão e desenvolvimento rural do feminino _________ 293
Ana Alves Neta Barbosa, Marta Júlia Marques Lopes
Capítulo 13
Previdência rural social e gênero _____________________________ 321
Ana Cecília Kreter
CAPÍTULO 1
1 INTRODUÇÃO
1 Ver Garcia Ramón e Baylina Ferré (2000) sobre uma revisão bibliográfica sobre gênero e mundo
rural.
2 Ressalte-se que a teoria de gênero, apesar de ser fruto do Pensamento Feminista, é distinta
deste. Não é uma teoria sobre as mulheres, e sim sobre a construção sociocultural do gênero
e a atribuição de qualidades, aptidões e atitudes às pessoas em função de seu sexo biológico.
Atribui importância à socialização (família, trabalho, escola, etc..) na construção da identidade
de gênero (ver STOLKE, 2004).
3 Mainstreaming tem o significado de integração de partes em um fluxo principal sem que fiquem
partes diferenciadas e se refere quando aplicado a gênero, à integração igualitária de homens e
mulheres em mesmo sistema socioeconômico, sem que dessa integração resultem diferenças.
4 A FAO (2000) estima que as mulheres produzem cerca de 70% a 80% dos alimentos para con-
sumo familiar nos países em desenvolvimento, e mais de 50% em todo o mundo.
que uma das causas deste interesse tem sido a tomada de consciência do
problema. Bella Abzug5 destaca, no prefácio da obra de Braidotti et al.
(1995), que da mesma forma que o burguês de Moliére surpreendeu-se
ao descobrir que passou a vida falando em prosa sem saber, as mulhe-
res estão surpreendendo-se ao perceberem que têm um papel-chave no
desenvolvimento e na interação com a natureza.
Para Calatrava Requena (2001), esta tomada de consciência geral
da problemática de gênero tem dois grandes motores: um nas socieda-
des ricas e outro nas menos favorecidas. A atenção social aos temas de
gênero decorre, de um lado, das mudanças no sistema de gênero dos
países mais desenvolvidos, especialmente nas zonas urbanas, e da influ-
ência social dos movimentos feministas, que acabam afetando também
as zonas rurais. Recentemente, o fenômeno da globalização, o uso de
novas tecnologias de comunicação de massa, o surgimento de estatísticas
e informações com elementos de gênero favorecem a expansão por todo
o planeta desta preocupação social pelas reivindicações de simetrias de
gênero. De outro lado, a implementação de projetos com componentes
de gênero nos países mais pobres, como estratégia de luta mais eficiente
contra a pobreza rural, também chamou a atenção para o tema. Note-se
que, nesse caso, a atenção nasce da práxis do desenvolvimento nas zonas
rurais e é expandida depois ao conjunto da sociedade.
Outro fator que tem contribuído para a visibilidade das questões de
gênero é a realização de determinadas ações institucionais, especialmente
durante a década da mulher (1975-85) declarada pelas Nações Unidas, e
que se concretizam tanto no âmbito do legislativo como na criação de
organismos nacionais e internacionais, e nas Organizações Não Gover-
namentais (ONG) específicas de gênero. Verifica-se que as orientações
dos organismos internacionais nesta temática têm seu precedente mais
importante na denominada Emenda Percy, a Lei de Cooperação Exterior
dos Estados Unidos, aprovada pelo Congresso norte-americano em 1973,
que introduzia estratégias de gênero explicitamente, pela primeira vez,
nos programas de cooperação de um país.
Ainda que o conhecimento sobre gênero e desenvolvimento tenha
ganho visibilidade, na prática, as realizações internacionais, até mea-
dos da década de 1970, não podiam ser consideradas satisfatórias, pois
somente 3,5% dos projetos de desenvolvimento patrocinados pelas
Nações Unidas tinham algum enfoque de gênero, e representavam cerca
de 0,2% do orçamento empregado (CALATRAVA REQUENA, 1998).
6 Balanço realizado pela FAO dos cinco anos da Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher,
celebrada em Beijing, destaca que, após esta Conferência, registrou-se a crescente inclusão de
mulheres nas políticas e nos planos nacionais de ação em um número cada vez maior de países.
“Los gobiernos y los encargados de tomar las decisiones por fin se están dando cuenta de que
las mujeres, en particular las del medio rural, participan activamente en la economía y son un
vehículo importante del cambio social”, afirma Sissel Ekaas, titular de la Dirección de la Mujer y
de la Población. (ORGANIZACIÓN DE LAS NACIONES UNIDAS PARA LA ALIMENTACIÓN Y LA
AGRICULTURA, 2000, on-line).
4 PARADIGMAS E ESTRATÉGIAS
7 Para visão mais ampliada sobre o assunto, ver Calatrava Requena (1993).
8 Rosentein-Rodan, Nurkse, Hirshman, Leibenstein, Myrdal, Lewis e Rostow são, entre outros, os
pensadores que participaram, em maior ou menor grau, deste debate pré-paradigmático.
9 Não podemos abordar aqui o conteúdo de todos estes paradigmas que marcam a evolução do pensa-
mento sobre o fenômeno do desenvolvimento. A literatura sobre eles é mais que abundante e deta-
lhada. Entre muitos outros autores, Hunt (1989) oferece uma descrição dos diferentes paradigmas.
11 Para maior aprofundamento sobre os enfoques MED, ver: Bhasin (1977), Kandiyoti (1990),
Moser (1993), Organización de las Naciones Unidas para la Alimentación y la Agricultura
(1995), Pereira e Rambla (2010), United States Agency International Development (1978, 1982)
e Whatmore (1991).
12 Estes programas sintonizam perfeitamente com os objetivos das políticas de ajuste estrutural,
cujas premissas se traduzem na redução da despesa pública a título de utilizar o trabalho gra-
tuito das mulheres como recurso infinitamente elástico para seguir satisfazendo as necessidades
familiares, informa Parella (2003).
14 Para uma discussão mais detalhada do Paradigma Mulher, Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável, ver Braidotti et al. (1995).
15 Para exposição mais detalhada deste paradigma e sua aplicação a projetos concretos, o leitor
interessado pode consultar os trabalhos pioneiros de Levy (1991), Kabeer (1992), Hannan-Ander-
son (1992) e Moser (1989, 1993).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
17 Odette Bussard é uma conhecida agrônoma francesa, que, em 1906, escreveu sobre a polêmica
de gênero e desenvolvimento, no qual sua visão, ainda válida atualmente, é a de atuar, no curto
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1 INTRODUCCIÓN
1 Para una mayor profundización ver, por ejemplo: Llambí (1994), Instituto Interamericano de
Cooperación para la Agricultura (2000), Llambí (2000), Giarracca (2001), Gómez (2001), Pérez
(2001, 2002), Pérez y Farah (2001, 2004, 2007), Sepúlveda et al. (2003), Schejtman y Berdegué
(2004), De Janvry y Sadoulet (2007), Llambí y Pérez (2007), Kay (2008), Pérez et al. (2008), Rese-
arch Programme Consortium for Improving Institutions for Pro-Proo Growth y RIMISP (2008),
Schejtman y Berdegué (2008).
[...] una persona nace hombre o mujer, pero aprende a ser niño o niña
que se convierte en hombre y mujer. Se le enseña cuál es el compor-
tamiento apropiado y las actitudes, los roles y las actividades que son
5 ENFOQUE INSTITUCIONAL
2 Para ver una explicación amplia de estos dos enfoques se recomienda ver Nash (1950, 1953), Becker
(1965, 1973, 1974, 1981), Manser y Brown (1980), McElroy y Horney (1981), Bourguignon y Chiap-
pori (1992), Kabeer (1994), Agarwal (1997), Katz (1997), Lundberg y Pollak (1997) y Jackson (2008).
que el bienestar real no exista y que la gente no pueda hacer algo por su
bienestar. La idea de la respuesta en relación con los intereses percibidos
asume una “falsa conciencia”, lo que significa que los desposeídos pueden
aceptar las desigualdades y también pueden ser instrumentales en la perpe-
tuación y el mantenimiento de las ideologías opresoras. Las feministas han
criticado la noción de falsa conciencia, al considerar que las mujeres tienen
capacidad de acción y no son víctimas pasivas, y que expresan sus propios
intereses, así como su descontento acerca de las desigualdades de género
que se manifiestan no sólo a través de acciones y conductas expresas sino
también a través de formas encubiertas, como Fraser (1989), Folbre (1994)
y Agarwal (1997) ilustran ampliamente.
Sen (1990) no sólo examina los intereses percibidos, sino también
las contribuciones percibidas, indicando que la base de la información de
los conflictos cooperativos “[...] debe incluir información sobre la percep-
ción de quién está contribuyendo y cuánto a la prosperidad de la familia
en general” (SEN, 1990, p. 134, traducción propia). La respuesta en rela-
ción con la contribución percibida indica cómo las contribuciones perci-
bidas de una persona influyen en el resultado de la negociación. Además,
es importante distinguir entre las contribuciones percibidas y las reales,
porque estas son casi siempre diferentes. Esta diferenciación es relevante
para las discusiones de género, ya que ayuda a clarificar no sólo la per-
cepción frente al trabajo y la contribución productiva de las mujeres sino
también su real trabajo y contribuciones productivas, y cómo repercuten
en el poder de negociación de las mujeres dentro del hogar. Por otra
parte, esto es útil con el fin de hacer visible la poca valoración del trabajo
reproductivo que es realizado principalmente por mujeres.
3 HART, G. Engendering everyday resistance: gender, patronage and production politics in rural
Malaysia. The Journal of Peasant Studies, v. 19, n. 1, p. 93-121, 1991.
Uno de los aspectos que han atraído más discusión en los debates
sobre el hogar y la familia es quién es la cabeza o el jefe. Ha habido
criterios tanto subjetivos como objetivos para definir quién es el jefe o
cabeza de hogar. De acuerdo con el criterio subjetivo que es usado prin-
cipalmente en los censos, la “cabeza” o “jefe” es la persona designada
como tal por otros miembros del hogar por diferentes razones (por ejem-
plo, quien gana el mayor ingreso, quien toma las principales decisiones,
la persona más respetada en el hogar) (BRUCE; LLOYD, 1997; BUVINIC;
GUPTA, 1997; CHANT 1997). El foco del criterio objetivo, cuyos orí-
genes están en el derecho de familia (FOLBRE, 1991), ha estado en el
4 ILLO, J. Who heads the household? Women in households in the Philippines. In: SARADA-
MONI, K. Finding the household: methodological and empirical issues. New Delhi: Sage, 1992.
p. 185-201.
les refuerzan las divisiones sociales a través de las cuales las asimetrías
de género son reproducidas, tal como Molyneux (2006, p. 440, traduc-
ción propia) muestra: “Con los padres al margen del cuidado de los hijos
y además marginalizados por el diseño del programa, el Estado juega
un papel activo en re-tradicionalizar los roles e identidades de género”.
Adicionalmente, estos programas ponen énfasis en el papel reproductivo
de las mujeres y no tienen en cuenta ni sus responsabilidades productivas
ni cómo se conectan con el papel productivo de los hombres.
En términos de la tierra, Deere y León (2001) demuestran cómo
algunas políticas y programas de los gobiernos de América Latina en
relación con la tierra, así como la legislación sobre el matrimonio, el
divorcio y la herencia, han tenido efectos significativos sobre la pro-
piedad de la tierra de hombres y mujeres. Estas autoras muestran que la
inequidad de género en este tema se debe a las preferencias masculinas
en la herencia y a los sesgos de género en los programas estatales de
distribución de tierra, entre otros factores.
6 PODER DE NEGOCIACIÓN
7 CONSIDERACIONES FINALES
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Desenvolvimento e gênero:
um olhar sobre o rural a partir da
perspectiva de Amartya Sen
1 INTRODUÇÃO
2 Há também uma terceira vertente, a pós-estruturalista, que destaca o caráter histórico das diferen-
ças entre os gêneros e a própria construção social da percepção da diferença sexual, o qual chama
a atenção para romper com a homogeneização interna a cada um dos gêneros (FARAH, 2004).
cial, o que cria situação binária entre os gêneros. Neste sentido, INS-
TRAW (1995, p. 15) faz menção a um conceito de gênero bastante usual
nas perspectivas analíticas sobre o desenvolvimento: “[...] gênero é um
conceito que se refere a um sistema de papéis e de relações entre mulhe-
res e homens, os quais não são determinados pela biologia, mas pelo
contexto social, político e econômico”.
As estruturas analíticas formuladas pelos economistas clássicos,
marxistas e neoclássicas, aplicando os pressupostos básicos de concor-
rência, oferta, demanda, luta de classes e outros conceitos usados para
estudar e explicar o funcionamento do mercado capitalista, são inade-
quadas para analisar a condição feminina na sociedade (MELO; CONSI-
DERA; DI SABBATO, 2007). De tal ordem que na literatura ampliam-se as
pesquisas que adotam abordagens teóricas e metodológicas centradas em
instrumentos que privilegiem instituições, padrões culturais, estratégias
de discriminação para tratar o tema gênero. Conforme Kon (2002, p. 90),
uma literatura mais fluída entre as abordagens teóricas que permita “[...]
um pensamento menos rígido em suas fronteiras e rejeitando a idéia da
economia como uma entidade a-histórica e desvinculada das transfor-
mações que possam ocorrer na base do comportamento dos agentes e
fenômenos econômicos”.
As teorias de crescimento econômico de inspirações neoclássicas
apresentaram forte evolução analítica, tais como os modelos endógenos
de rendimento crescente à escala e os modelos econômicos que incorpo-
ram as externalidades produtivas como importante variável explicativa.
No entanto, as teorias ainda tendem a serem neutras ao gênero, os agen-
tes econômicos – indivíduos e firmas – representativos são insuficientes
para captar as diferenças no comportamento em relação ao gênero. No
entanto, Stotsky (2006b) ressalta que uma postura analítica mais refle-
xiva vem sendo adotada por alguns autores, sendo que as variáveis eco-
nômicas, tais como consumo agregado, poupança, investimento, com-
portamento em relação ao risco, gastos governamentais e crédito, são
influenciadas pelas diferenças de gênero.
A discussão sobre desenvolvimento e gênero é reflexo dos movi-
mentos das mulheres no cenário internacional, e que pressionaram prin-
cipalmente as organizações supranacionais para incluir em suas agendas
a questão de gênero. As políticas públicas somente passaram a contem-
plar as questões de gênero de forma mais clara a partir da organiza-
ção desses movimentos e da realização das Conferências Mundiais das
Mulheres, as quais aconteceram no México em 1975, Nairobi em 1985 e
Pequim em 1995.
3 Ver mais detalhes entre os conceitos de capacitação (capability) em Crocker (1993) e Robyens
(2005).
5 SEN. A. Many faces of gender inequality. The Frontline, India, v. 18, n. 22, on-line, Oct.-Nov.
2001.
6 O livro editado por Agarwal, Humphries, Robyens (2005) sintetiza uma parcela importante des-
sas obras.
que o direito das mulheres à terra é decisivo para aumentar seu poder de
barganha dentro da família e na comunidade, de tal ordem que os papéis
de gênero possam ser relativizados na dimensão familiar e encorajadas a
participarem da esfera pública da comunidade.
De acordo com Sen (2000), em geral as mulheres se encontram em
posição social, econômica e política inferior ao homem, considerado o
arrimo de família, aquele que detém o poder econômico – fato que lhe
atribui respeito. Entretanto, quando as mulheres têm a oportunidade de
assumir estes papéis, elas têm se mostrado eficientes, e, muitas vezes, as
mesmas são penalizadas por não terem acesso aos recursos econômicos,
ao título de propriedade da terra ou a outras posses.
O ser humano deve ter acesso às liberdades sociais para que possa
moldar seu destino enquanto agente7 (agency) e não ser apenas um
sujeito passivo que segue sua vida segundo a decisão de outras pessoas
(SEN, 2000). Dreze and Sen (1995), estudando a Índia, levantaram a
importância do papel de agente que as mulheres podem desempenhar
na economia, ou seja, como pessoas ativas e promotoras de mudan-
ças e transformações sociais que podem alterar as vidas de mulheres e
homens.
Conforme Keleher (2007), a ideia de empoderamento é parte central
do conceito de agente, bem como do conjunto de capacitações. A autora
acredita que, na produção de Amartya Sen, está presente a importân-
cia da institucionalização do poder, apesar de ele não tratar diretamente
desse tema, mas indiretamente, quando ele aborda sobre as possíveis
limitações que alguns grupos sociais podem ter para acessar um conjunto
de capacitações desejadas. Amaryta Sen, de forma consistente, reconhece
a institucionalização de padrões e práticas, mesmo sem fazer referência
ao termo institucionalização.
7 “Refere-se à realização de objetivos e valores que uma pessoa tem razão para buscar, estejam
eles conectados ou não ao seu próprio bem-estar” (SEN, 2001, p. 103).
10 Os autores alertam que esta classificação incorre em uma análise superficial, pois essa seg-
mentação temporal e seus efeitos práticos não têm seguido uma transição dessa maneira.
A interpretação acerca do desenvolvimento rural é complexa, uma vez que as ideias que apa-
recem, principalmente em uma década, frequentemente começam a ganhar força na década
seguinte e começam a surtir efeitos sobre a prática do desenvolvimento rural de uma forma
ampliada, dez a quinze anos depois de formuladas.
11 Famílias que têm pelo menos um de seus membros em ocupação agrícola e em ocupação não
agrícola.
12 As mulheres fazem trabalhos que geram renda diretamente por meio da venda da produção do
“quintal da casa” e/ou indiretamente na produção para o autoconsumo, em ambas as atividades
elas geram renda, mas não as obtêm monetariamente.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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do Paraná, Toledo, PR, 2008.
1 INTRODUÇÃO
3 Para o INSTRAW (1995, p. 15), “[...] gênero é um conceito que se refere a um sistema de papéis e de
relações entre mulheres e homens, os quais não são determinados pela biologia, mas pelo contexto
social, político e econômico. O sexo biológico é dado pela natureza; o gênero é construído”.
4 O conceito de “trabalho produtivo” está vinculado ao trabalho remunerado, ao espaço público.
5 O “trabalho reprodutivo” está ligado às atividades não remuneradas, aos afazeres domésticos, ou
seja, ao espaço privado.
6 “[...] conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, de dependência doméstica ou normas
de convivência, residentes na mesma unidade domiciliar ou pessoa que mora só em uma unidade
domiciliar [...].” (IBGE, 2004, p. 398).
7 Trata-se de um conceito cuja abrangência transborda a difusão de atividades não agrícolas no
meio rural, pois inclui uma noção de desenvolvimento regional fundado na integração sistêmica
de atividades dos distintos setores da economia e envolve a noção de desenvolvimento com base
nos recursos locais (LAURENTI, 2000).
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
9 Um fator para não se analisar as áreas metropolitanas é que, conforme Cromartie e Swanson
(1996), a expansão das grandes cidades localizadas nas regiões metropolitanas torna muito
“borrada” a distinção entre o rural e o urbano, dificultando as análises (é como se fosse formada
uma grande área “homogênea” entendida pelo seu caráter urbano – toda a dinâmica é dada pelo
caráter metropolitano dessa área contínua).
tx cresc.
Local domicílio (% aa.)
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
/ tipo de família 2002/
2009ª
Não metropolitano rur agropecuário
Empregadora com
1,4 1,1 1,2 1,1 1,3 1,4 1,5 1,7 4,0 **
mais de 2 empr
Empregadora
2,6 3,8 4,5 5,0 4,3 3,7 3,4 4,4 2,6
com até 2 empr
Empregadora
4,1 4,9 5,7 6,2 5,6 5,0 4,8 6,1 2,7
Total
Conta-Própria 59,6 58,9 57,7 54,3 55,1 52,8 51,6 48,6 -2,7 ***
Empregados 27,5 27,2 27,9 29,5 26,8 30,2 30,4 31,6 2,0 ***
Não ocupado na
8,8 9,1 8,7 10,0 12,5 12,0 13,2 13,7 7,6 ***
semana
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 - -
Fonte: Elaboração própria a partir dos microdados da PNAD/IBGE.
Nota: Exclusive os tipos de famílias com menos de seis observações.
a) estimativa do coeficiente de uma regressão log-linear contra o tempo. Neste caso, o teste t indica a
existência ou não de uma tendência nos dados. ***, **, * significam respectivamente 5%, 10% e 20%.
que mais elevaram sua participação relativa no conjunto total das famí-
lias analisadas. As famílias de empregados saíram de uma participação
relativa de 27,5%, em 2002, para 31,6%, em 2009, apresentando uma
taxa média de crescimento significativo de 2,0% a.a., e as famílias de não
ocupados passaram de uma participação relativa de aproximadamente
8,8%, em 2002, para 13,7%, em 2009, em uma velocidade mais destacada
(7,6 % a.a.).
Entre as famílias classificadas de acordo com o ramo de atividade,
foram as famílias não agrícolas as que mais se destacaram em termos de
tendência estatística de crescimento (Tabelas 1 e 3). Na Tabela 3, pode-se
ver o somatório dos tipos de famílias, agrícolas, pluriativas e não agrí-
colas, de todas as posições na ocupação. Observe-se que o único caso
de crescimento significativo, em termos absolutos, é o das famílias não
agrícolas (4,3% a.a.), e esse tipo familiar eleva sua participação relativa
no conjunto das famílias ocupadas em 5,6 pontos percentuais, passando
de 17,9% para 23,5%, no período em questão.
tx cresc.
Local domicílio (% aa.)
/ tipo de 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
família 2002/
2009ª
Não metropolitano rur agropecuário
Evolução absoluta
Famílias
669 680 670 640 612 606 632 595 -1,8 ***
Agrícolas
Famílias
240 220 241 238 243 274 231 247 1,1
Pluriativas
Famílias Não
198 205 208 229 230 236 264 259 4,3 ***
Agrícolas
Evolução da participação relativa (%)
Famílias
60,4 61,6 59,8 57,8 56,4 54,3 56,1 54,0 -1,9 ***
Agrícolas
Famílias
21,7 19,9 21,6 21,5 22,4 24,6 20,5 22,5 1,0
Pluriativas
Famílias Não
17,9 18,6 18,6 20,7 21,2 21,1 23,4 23,5 4,2 ***
Agrícolas
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 - -
Fonte: Elaboração própria a partir dos microdados da PNAD/IBGE.
Nota: Exclusive os tipos de famílias com menos de seis observações.
a) estimativa do coeficiente de uma regressão log-linear contra o tempo. Neste caso, o teste t indica a
existência ou não de uma tendência nos dados. ***, **, * significam respectivamente 5%, 10% e 20%.
Local tx cresc.
2009
domicílio / 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 (% aa.)
tipo de família 2002/2009ª
Não metropolitano rur agropecuário
Agricultura
29 45 49 57 49 42 38 46 2,1
Familiar A
Agrícola 16 27 31 38 31 24 22 31 2,7
Pluriativo 13 17 18 20 18 18 16 16 1,2
Agricultura
677 644 649 616 620 609 595 569 -2,1 ***
Familiar B
Agrícola 504 492 472 446 445 406 435 408 -3,0 ***
Pluriativo 173 152 178 170 175 203 160 162 0,3
Agricultura
706 689 698 673 669 650 634 615 -1,9 ***
Familiar Total
Agrícola 521 520 503 484 476 429 457 438 -2,8 ***
Pluriativo 186 169 196 190 193 221 177 177 0,3
Fonte: Elaboração própria a partir dos microdados da PNAD/IBGE.
Nota: 1) Agricultura Familiar A: Famílias de empregadores com até dois empregados; Agricultura
Familiar B: Famílias de conta-próprias; 2) Exclusive os tipos de famílias com menos de seis obser-
vações.
a) estimativa do coeficiente de uma regressão log-linear contra o tempo. Neste caso, o teste t indica a
existência ou não de uma tendência nos dados. ***, **, * significam respectivamente 5%, 10% e 20%.
Tabela 9 – Composição das Rendas Médias (do Trabalho) dos tipos de famílias exten-
sas: Sul, 2009 (R$ set. 2009)
Homem Mulher
Local domicílio / tipo 2009
Agrícola Não-agric Agrícola Não-agric
de família
% % % % R$
Não Metropolitano
59,0 24,0 4,4 12,6 1.384,12
Rural Agropecuário
Empregadora com
40,6 42,6 0,6 16,2 5.239,65
mais de 2 empr
Agrícola 100,0 0,0 0,0 0,0 7.018,27
Pluriativo 41,5 41,4 1,9 15,2 5.514,07
Não agrícola 0,0 72,1 0,0 27,9 4.329,42
Empregadora com até
65,1 21,0 4,4 9,5 2.490,80
2 empr
Agrícola 95,9 0,0 4,1 0,0 2.238,85
Pluriativo 51,4 23,5 6,5 18,5 3.107,87
Não agrícola 0,0 83,1 0,0 16,9 2.170,80
Empregadora Total 53,0 31,7 2,5 12,8 3.364,46
Agrícola 97,3 0,0 2,7 0,0 2.960,24
Pluriativo 46,9 31,7 4,4 17,0 3.883,67
Não agrícola 0,0 75,1 0,0 24,9 3.415,31
Conta-Própria 73,6 13,4 4,7 8,2 1.549,53
Agrícola 94,9 0,0 5,1 0,0 1.320,06
Pluriativo 59,2 21,0 5,2 14,7 2.048,47
Não agrícola 0,0 67,7 0,0 32,3 1.518,92
Empregados 29,7 43,2 5,0 22,2 1.140,08
Agrícola 83,4 0,0 16,6 0,0 756,89
Pluriativo 41,1 31,5 4,1 23,3 1.483,51
Não agrícola 0,0 68,1 0,0 31,9 1.312,00
Fonte: Elaboração própria a partir dos microdados da PNAD/IBGE.
Nota: Exclusive as famílias com renda zero e os tipos de família com menos de seis observações.
Tabela 10 – Composição das Rendas Médias (de todas as fontes) dos tipos de famílias
extensas: Sul, 2009 (R$ set. 2009).
Homem Mulher
Local domicílio 2009
Agrí- Não Apos/ Out Agrí- Não Apos/ Out
/ tipo de
cola agric pens fonte cola agric pens fonte
família
% % % % % % % % R$
Não Metropo-
litano Rural 45,1 18,4 8,3 2,5 3,4 9,6 10,5 2,1 1.808,64
Agropecuário
Empregadora
com mais 2 38,6 40,5 2,5 0,7 0,6 15,4 1,7 0,0 5.511,07
empr
Agrícola 94,0 0,0 3,9 1,4 0,0 0,0 0,8 0,0 7.467,53
Pluriativo 38,2 38,0 4,2 1,0 1,7 14,0 2,8 0,0 5.995,92
Não agrícola 0,0 71,0 0,0 0,0 0,0 27,5 1,5 0,0 4.393,87
Empregadora
54,0 17,4 6,0 3,6 3,7 7,9 6,3 1,1 3.002,03
com até 2 empr
Agrícola 76,4 0,0 9,1 3,1 3,3 0,0 6,6 1,6 2.809,90
Pluriativo 46,4 21,2 4,1 0,2 5,9 16,7 4,7 0,9 3.446,86
Não agrícola 0,0 64,3 0,8 12,5 0,0 13,1 9,0 0,3 2.804,63
Empregadora
46,9 28,0 4,4 2,3 2,3 11,3 4,2 0,6 3.799,47
Total
Agrícola 82,0 0,0 7,4 2,5 2,2 0,0 4,7 1,1 3.512,91
Pluriativo 42,7 28,8 4,1 0,6 4,0 15,5 3,8 0,5 4.268,73
Não agrícola 0,0 68,9 0,3 4,0 0,0 22,9 3,9 0,1 3.720,87
Conta-Própria 58,5 10,7 7,2 2,2 3,7 6,5 9,9 1,3 1.951,67
Agrícola 71,8 0,0 8,8 2,8 3,8 0,0 11,4 1,4 1.744,86
Pluriativo 49,9 17,7 4,7 1,4 4,4 12,4 8,7 0,9 2.428,36
Não agrícola 0,0 56,3 7,9 1,7 0,0 26,9 5,1 2,1 1.825,10
Empregados 23,5 34,2 6,7 2,5 3,9 17,5 8,5 3,2 1.441,32
Agrícola 62,6 0,0 6,0 5,9 12,5 0,0 7,9 5,1 1.008,14
Pluriativo 35,1 26,9 4,3 0,3 3,5 19,9 6,8 3,2 1.737,37
Não agrícola 0,0 53,5 8,0 1,8 0,0 25,0 9,5 2,2 1.671,40
Não ocupado
0,0 0,0 39,1 7,3 0,0 0,0 43,4 10,2 940,65
na semana
(R$ 1.808,64) do total geral das famílias residentes nas áreas rurais agro-
pecuárias sulinas.
Um comentário adicional acerca das chamadas “outras rendas”,
última coluna da Tabela 10, é que essas são geralmente menos impor-
tantes, representando em torno de 5% na composição das rendas médias
familiares. Esse resultado encontra-se de acordo com a literatura interna-
cional, a qual aponta que “outras rendas são muito menos importantes”
na composição da renda familiar rural (MACKINNON et al., 1991, p. 63).
Tabela 11 – Participações relativas (%) das mulheres nas composições das rendas
médias familiares (do trabalho, e de todas as fontes de renda), segundo o tipo familiar
e o local de domicílio: Sul, 2009
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1 Esta pesquisa é parte da dissertação de mestrado realizada com o apoio da Fundação Araucária.
Alessandra Juliana Caumo
1 INTRODUÇÃO
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
2 Para mais informações sobre a metodologia da AEDE, verificar Almeida (2004) e Anselin (1998).
3 Isto verificado pela estatística I de Moran pode ser expressa como:
n wj ( yi - Y )( yi - y )
I= . (1)
wj ( yi - y )²
Em que: n é o número de unidades espaciais; yi é a variável de interesse; wij é o peso espacial
para o par de unidades espaciais i; e j é a medida do grau de interação entre elas. Essa é uma
estatística que fornece, de maneira formal, o grau de associação linear entre os vetores de valo-
res observados em um tempo t (yt) e a média ponderada dos valores dos seus vizinhos, ou as
defasagens espaciais (wij). Os valores dessa estatística variam entre –1 e +1, onde –1 representa
um coeficiente de correlação linear negativa e +1 representa um coeficiente de correlação linear
positivo (ANSELIN, 1998).
4 A representação dos diagramas não é apresentada no texto; para consulta, está disponível em
Caumo (2012).
5 Local Indicators of Spatial Association – LISA
6 Estatisticamente significantes.
( yi - Y ) JWij ( yi - Y )
Ii = = Yi i
Wij (2)
i
( yi - y )2 /n
Em que: yi e yj são variáveis padronizadas e a somatória sobre j é que somente os valores dos
vizinhos j e ji são incluídos. O conjunto ji abrange os vizinhos da observação i, definidos com
uma matriz de pesos espaciais. Sob o pressuposto da aleatoriedade, o valor esperado da estatís-
tica I de Moran local é dado por: E (Ii) = -wi/ (n-1), em que wi é a soma dos elementos da linha.
Legenda Legenda
-0,01 – 0,11 (18) -0,01 – 0,20 (3)
0,11 – 0,22 (54) 0,20 – 0,40 (0)
0,22 – 0,32 (174) 0,40 – 0,60 (473)
0,32 – 0,43 (676) 0,60 – 0,80 (650)
0,43 – 0,55 (268) 0,80 – 1,01 (64)
0 70 140 km 0 70 140 km
Melo e Di Sabbato (2006) e Brumer (2004). Além disso, também pode ser
apresentado e relacionado à importância das mulheres para a agricultura
familiar e as dificuldades que elas se defrontam no seu cotidiano social,
econômico e mesmo na participação política no meio rural.
Detalhando mais esta distribuição das mulheres e homens ocupa-
dos em percentual na agricultura no Sul do Brasil, a Figura 2 apresenta
esta distribuição espacial dos outliers7 nos municípios dos estados do
Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Os outliers altos são
representados pela cor cinza-escuro e os outliers baixos pela cor preta.
As mulheres ocupadas possuíam outliers baixos, representados pela cor
preta, como observado na Figura 2. Estes outliers não seguem o mesmo
padrão de dependência espacial dos demais municípios, principalmente
nas regiões que não apresentam concentração de propriedades com agri-
cultura familiar, como representado pelo estado do Paraná nas regiões do
Noroeste, Norte-Central e Norte-Pioneiro. Já para os homens ocupados que
estão representados por outliers altos, com a cor cinza-escura, ao contrário
do que verificado nas mulheres ocupadas nas regiões que não seguem a
mesma dependência espacial dos demais municípios, estes outliers altos
significam que os números de homens ocupados estão distantes da média.
Outlier Outlier
Padrão Normal Padrão Normal
Padrão Alto Padrão Alto
Padrão Baixo Padrão Baixo
Zero Zero
0 70 140 km 0 70 140 km
7 Os outliers são observações discrepantes, tanto superiores como inferiores, dos dados referentes
às mulheres ocupadas e dos homens ocupados por municípios no Sul do Brasil.
Legenda Legenda
Não significante Não significante
Alto – Alto Alto – Alto
Baixo – Baixo Baixo – Baixo
Baixo – Alto Baixo – Alto
0 70 140 km Alto – Baixo 0 70 140 km Alto – Baixo
taram esta tipologia foram o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, sendo
o estado catarinense que se destacou, principalmente, pela região Oeste,
com aproximadamente 63 municípios. O desenvolvimento do Oeste
de Santa Catarina tem sua base na agricultura familiar, cuja forma de
organização do trabalho e da produção congrega quase 100 mil famílias
distribuídas no território rural e representa 95% dos estabelecimentos
agropecuários (MELLO; SCHNEIDER, 2010). Na formação de clusters tipo
BB para a variável mulher ocupada (Figura 3), o estado do Paraná foi o
que mais apresentou municípios com baixo número de mulheres ocupa-
das, com 130 dos 399 municípios que estavam localizados nas principais
regiões do Noroeste, Centro-Ocidental, Norte-Central e Norte-Pioneiro.
Este resultado já era esperado para estas regiões do Paraná, dada a sua
formação demográfica e de produção agropecuária, e, ainda, com poucas
propriedades familiares que têm suas bases de produção nas commodi-
ties, extrativa e pecuária.
Em consequência, o estado do Paraná apresentou maior forma-
ção de clusters tipo AA, na variável do número de homens ocupados
na agricultura familiar, na Figura 3, representado pelas mesmas regiões,
com 149 municípios. Como se pode observar na formação de clusters
tipo Baixo-Baixo (BB), a menor representatividade para o número de
homens ocupados estava localizada na região do Oeste catarinense e nas
regiões Noroeste e Centro-Oriental sul-rio-grandense, em que o número
Legenda Legenda
Não significante Não significante
Alto – Alto Alto – Alto
Baixo – Baixo Baixo – Baixo
Baixo – Alto Baixo – Alto
0 70 140 km Alto – Baixo 0 70 140 km Alto – Baixo
Legenda Legenda
Não significante Não significante
Alto – Alto Alto – Alto
Baixo – Baixo Baixo – Baixo
Baixo – Alto Baixo – Alto
0 70 140 km Alto – Baixo 0 70 140 km Alto – Baixo
Legenda Legenda
Não significante Não significante
Alto – Alto Alto – Alto
Baixo – Baixo Baixo – Baixo
Baixo – Alto Baixo – Alto
0 70 140 km Alto – Baixo 0 70 140 km Alto – Baixo
Legenda Legenda
Não significante Não significante
Alto – Alto Alto – Alto
Baixo – Baixo Baixo – Baixo
Baixo – Alto Baixo – Alto
0 70 140 km Alto – Baixo 0 70 140 km Alto – Baixo
Legenda Legenda
Não significante Não significante
Alto – Alto Alto – Alto
Baixo – Baixo Baixo – Baixo
Baixo – Alto Baixo – Alto
0 70 140 km Alto – Baixo 0 70 140 km Alto – Baixo
Legenda
Não significante
Alto – Alto
Baixo – Baixo
Baixo – Alto
0 70 140 km Alto – Baixo
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1 Este capítulo é uma revisão do artigo agraciado pela 8ª edição do prêmio Construindo a Igualdade
de Gênero, realizado em uma parceria entre a Secretaria de Políticas para as Mulheres, o Ministé-
rio da Educação, o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, o CNPq e a ONU Mulheres.
Carolina Braz de Castilho e Silva, Sergio Schneider
1 INTRODUÇÃO
riativas (22,22%). Nos dois municípios, a maior busca por atividades não
agrícolas é por parte dos homens (somando-se “tempo parcial: fora e
dentro da UP” e “tempo integral fora da UP”), enquanto as mulheres rea-
lizam as tarefas domésticas, embora em Salvador das Missões a inserção
delas em atividade de tempo integral fora da UP (11,11%) seja superior.
Mesmo em famílias pluriativas, grande parte dos homens se ocupa
de forma integral na UP, uma vez que a atividade agrícola (produtiva e
“pesada”) é de responsabilidade masculina. Somente nas famílias pluria-
tivas de Salvador das Missões a quantidade de homens que trabalham em
tempo integral na UP é menor, já que as atividades disponíveis fora do
âmbito familiar são, em geral, atividades agrícolas em propriedades de
terceiros ou na distribuição de produtos agropecuários, em cooperativas,
ou seja, são atividades masculinas e indisponíveis para mulheres.
Quanto ao trabalho doméstico, a tendência dos homens era de lavar
a louça, varrer, esquentar o próprio almoço que as mulheres deixavam
pronto pela manhã, denotando que neste âmbito são eles que apenas “aju-
dam”, como dizem as esposas e filhas na agricultura. E, mesmo havendo a
valorização do trabalho produtivo feminino dentro e fora da propriedade
e com a participação masculina nas atividades domésticas, permanece a
visão da mulher enquanto dona de casa, por um dom natural.
Apesar da valorização do trabalho fora da propriedade, algumas
mulheres preferem os trabalhos domésticos para melhor cumprir suas
atribuições de esposa e mãe. Para muitas, a valorização do emprego
fora da UP está mais ligada a precisar aumentar a renda familiar do
que a benefícios próprios de independência e realização profissional
e pessoal. Da mesma forma, permanecer em casa quando os filhos são
pequenos é a melhor opção encontrada, uma vez que o pagamento de
babás e creches corresponde à grande parcela dos baixos rendimentos
que obtêm. Assim, as funções de mãe se sobressaem, com destaque para
a criação dos filhos.
De acordo com as entrevistas realizadas em Veranópolis, com a
saída das esposas para uma atividade fora de casa, o trabalho na UP é
percebido pelo marido, ao afirmar que sua atuação era relevante. Quando
ambos os cônjuges saem para trabalhar fora da propriedade, deixando
filhos em casa, a divisão das tarefas domésticas torna-se mais complexa.
“[Para cuidar da família] tinha que se organizar pra conseguir fazer.
A [filha] mais velha tinha que tomar conta da mais nova, e daí o almoço
eu fazia de manhã, antes de começar a trabalhar. Ela tinha 12, 13 anos
[...] cuidava a pequena, 5:30 acordava, fazia o almoço... Deixava tudo
pronto, daí eu ia”. (Entrevistada nº 8).
Salvador das
Veranópolis
Missões
Localização da atividade não agrícola H M H M
No domicílio ou na UP 12,50 20,83 0,00 0,00
Na localidade/comunidade rural onde reside 25,00 33,33 36,36 73,33
No centro urbano do próprio município 53,13 41,67 50,00 13,33
Em outro município 9,38 4,17 13,64 13,33
Total 100 100 100 100
Fonte: Elaboração própria a partir da pesquisa Agricultura Familiar, Desenvolvimento Local e Plu-
riatividade no Rio Grande do Sul – CNPq/UFRGS/UFPel (2003).
Pra homem, pra mulher, tem que pegar parelho. [...] [o serviço] leve é
eles, o leve. Que na hora de carregar caixa, então as mulheres também
têm que ajudar. Ah, sim, eles dizem isso, mas não existe [trabalho femi-
nino leve].” (Entrevistada nº 3).
Além disso, evidenciou-se maior apreço pela postura frágil e
dependente da mulher, que permitia ao marido ajudá-la nas tarefas
domésticas somente enquanto desempenhava este papel, situação
rompida quando a esposa passou a encarnar uma postura mais inde-
pendente e autônoma, a partir do seu crescimento profissional. Além
disso, a dupla jornada feminina e a recusa masculina em participar
das atividades domésticas acabam por gerar conflitos indissolúveis,
em alguns casos: “Mas, o conflito ele é em casa, assim, em relação
ao meu marido, tem aquele bloqueio. Normalmente é homem que sai
muito de casa para trabalhar e lá é o contrário. Ele sai bastante, mas
eu tava sempre em casa, agora não tem nenhum em casa. E ele tá
sentindo muito forte essa mudança. [...] [em casa] não tem divisão de
tarefas, é tudo comigo. [...] o meu filho me ajuda um pouquinho até,
mas em relação a ele [o marido] não. O meu filho ele me ajuda a esten-
der roupa, recolhe roupa, põe na máquina. Arruma alguma louça, mas
em relação a eu e ele [o marido], não tem muito isso não. Ele já teve,
agora não tem mais.” (Entrevistada nº 7).
Sobretudo nas entrevistas obtidas em Salvador das Missões, as
mulheres valorizaram mais a harmonia familiar, destacando a participa-
ção de todos os familiares nas decisões sobre a propriedade. Em outras
situações, a posição do “ganhador do pão”, conforme cita Geluk-Geluk
(1994), é questionada pelas mulheres com salário fixo, já que são elas que
pagam as despesas mensais, que compram a prazo objetos para a casa,
ajudam nas despesas dos filhos. “Lá não tem chefe, a gente trabalha tudo
junto. Os filhos tudo, a gente... até os filhos ajudam a cuidar, às vezes, a
gente pede. Um pede o que que o outro acha melhor, geralmente é tudo
junto.” (Entrevistada nº 9).
Dessa forma, as informações analisadas indicam determinadas
situações em que emerge o conflito entre homens e mulheres, porém, não
se apresenta um questionamento contínuo e explícito, uma vez que foi
evidenciado, sobretudo, em situações informais e não pelas entrevistas.
Apesar de haver uma grande carga de trabalho para as mulheres, espe-
cialmente entre as que realizam também atividades não agrícolas (elas
possuem emprego, cuidam da casa e da família e ocupam-se da atividade
agrícola), a necessidade de realizar as atividades tem se sobreposto aos
questionamentos acerca de uma divisão de tarefas mais igualitária.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Raquel Lunardi
Marcelino de Souza
Fatima Cristina Vieira Perurena
1 Este trabalho apresenta os dados produzidos na tese de doutorado intitulada “Mudanças nas
relações de trabalho e gênero no turismo rural” da primeira autora e orientada e co-orientada
pelos segundo e terceiro autores, respectivamente. Foi financiado com recursos do CNPq.
Raquel Lunardi, Marcelino de Souza, Fatima Cristina Vieira Perurena
1 INTRODUÇÃO
2 Gênero é um conceito por demais palatável, porque é excessivamente geral, a-histórico, apolí-
tico e pretensamente neutro. Isso reflete na sua compreensão. O patriarcado ou ordem patriarcal
de gênero “[...] só se aplica a uma fase histórica, não tendo a pretensão da generalidade nem
da neutralidade, e deixando, propositadamente explícito, o vetor da dominação-exploração.”
(SAFFIOTI, 2009, p. 37).
5 Dados da PNAD (IBGE, 2009), referentes à base de dados de 2002 a 2009, demonstram que
houve aumento de rendimento das mulheres em atividades dos setores doméstico, indústria de
transformação, comércio e reparação e educação, saúde e serviços sociais.
6 Para Schneider (2001, p. 170), a “[...] família rural é entendida como um grupo social que com-
partilha um mesmo espaço (não necessariamente uma mesma habitação) e possui em comum
a propriedade de um pedaço de terra. Esse coletivo está ligado por laços de parentesco e con-
sanguinidade (filiação) entre si, podendo a ele pertencer, eventualmente, outros membros não
consanguíneos (adoção)”.
7 A participação da agricultura no PIB é de 61,48%, enquanto a dos serviços é de 32,91% e da
indústria de 5,61%.
8 Estes conhecimentos se referem ao contato com pessoas de diferentes áreas, sejam elas hóspedes
ou que trabalham em instituições envolvidas com o turismo, ou com a Prefeitura Municipal.
9 Citamos agroturismo aqui devido ao fato de que a autora utilizou esta nomenclatura.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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1 INTRODUÇÃO
minoritárias na sua coordenação. Isso fez com que, até o início dos anos
2000, as questões trazidas pelas mulheres não tenham ocupado um lugar
importante nas suas pautas políticas. No entanto, em várias partes do
país, algumas lideranças femininas foram teimosamente despontando e
conseguiram fazer-se reconhecer. Muitas delas, ao entrarem “na luta”
(quase sempre iniciando a sua participação em organizações religiosas
ou sindicais), incorporaram discursos e práticas centradas na autonomia
das mulheres.2
A proposta deste capítulo é examinar e refletir como as lideranças
femininas enfrentaram os obstáculos à sua participação na construção
da agroecologia – seja nas famílias, nas comunidades, nos movimentos
sociais – como exemplos das dificuldades que muitas mulheres enfren-
tam ainda hoje, e como o seu envolvimento com a agroecologia per-
mitiu a construção de uma visão alternativa do que seria um modelo
de desenvolvimento rural centrado nas formas familiares de produção
agrícola, mas com igualdade de gênero. Optei então por trazer alguns
depoimentos que ilustram em primeira pessoa as histórias e trajetórias
dessas mulheres.
A riqueza desses depoimentos está em mostrar o ponto de vista
de mulheres que ocupam um lugar privilegiado, por estarem vivendo
e refletindo sobre essas mudanças a partir de suas próprias práticas
e histórias de vida, misturando o pessoal e o coletivo, o familiar e o
político, a sua subjetividade e os condicionamentos sociais a que estão
submetidas.
Ainda que tenham se passado poucos anos desde a realização
daquela pesquisa, é importante salientar que algumas mudanças já vêm
ocorrendo. Essas mudanças podem ser percebidas, por exemplo, pelo
maior espaço que as questões das mulheres têm ocupado nos eventos do
campo agroecológico, pela criação de instâncias próprias de organização
de mulheres dentro de movimentos mistos, pelo aumento no número de
Mulheres que são lideranças vivem uma forte contradição com rela-
ção ao seu papel de gênero: ao mesmo tempo em que se mostram fortes,
determinadas, e testemunham a existência de muitas outras igualmente
fortes ao longo da sua vida (mães, lideranças comunitárias, religiosas),
também sabem que esse lugar de protagonistas da própria vida não lhes
é assegurado a priori. É preciso uma série de “batalhas” para, permanen-
temente, conquistarem o direito de dizerem o que pensam, serem sujeitos,
agirem conforme as suas convicções.
Uma das questões mais fortes que recai sobre elas é a exigência de
darem conta, ao mesmo tempo, do trabalho da roça e do trabalho domés-
tico, em função da recusa da maioria dos homens em realizar essas ativi-
dades (incluindo cuidar dos filhos). Essa não é uma questão menor, por-
que limita a sua autonomia para participar de eventos fora de casa. Nos
casos em que os homens aceitam compartilhar esse papel, tudo parece
fluir mais harmonicamente. Elas usam mesmo o termo “libertação” – do
trabalho doméstico, das amarras da casa –; ou ainda “sair da cozinha”,
quando passam a ter acesso ao “mundo lá fora”. É uma questão funda-
mental e que está presente todo o tempo, porque está vinculada ao papel
das mulheres na divisão sexual do trabalho, e às hierarquias e, portanto,
ao poder dentro da família.
Outro componente crucial desse modelo de representações sociais
sobre o feminino e o masculino, motivo de questionamentos entre as lide-
ranças, é o que dispõe sobre o que deveria ser uma mulher “correta”. Pode-
ria ser resumido pela expressão: em qualquer circunstância, “obedecer ao
homem”, seja ele pai, irmão, marido, liderança do sindicato, da igreja.
Eu vejo que até mesmo a igreja prega essa submissão das mulheres,
que as mulheres têm que ser submissas aos maridos. Se o marido diz
“Tu não vai”, ela não vai e pronto. Não vê que se ela for [participar de
alguma organização], se ela melhorar a sua condição financeira, vai
melhorar para ele também. O que ela vai trazer vai ser para a família,
não vai ser para ela só. (Zinalva – PA).
Elas sofrem muito com violência psicológica, todo dia. Elas ouvem
coisas depreciativas sobre o trabalho delas. Isso para mim é violência,
não precisa bater. É só não valorizar o trabalho que elas fazem, não
cuidar dos filhos. Se alguém se machuca, a culpa é delas; qualquer
coisa, se o filho vai mal na escola, tudo. (Inês – SC).
A gente precisa lutar muito para ter autonomia econômica. [...] Essas
miudezas que elas trabalham, é tudo no pior cantinho, no lugar que
sobra para elas, nos barrancos, nos carrascos. Porque a terra boa os
homens usam para a soja, ou outra coisa para vender, e não tem
discussão. E aquilo que se planta para comer, que dá o sustento da
família, ninguém dá bola, isso não se valoriza no dia a dia da família,
e nem no banco, nem na assistência técnica. Só importa o que é do
homem. (Izanete – RS).
Elas são muito mais conscientes, tanto nos grupos que eu participei
trabalhando, como nos que eu visito, no Brasil inteiro. As mulheres
têm muito mais consciência ecológica do que os homens. Acho que isso
se deve à questão do cuidado mesmo, de ser uma atribuição delas. Por
outro lado, a produção do quintal, das frutas, tudo isso é mais fácil
de trabalhar de forma orgânica, porque não é “o econômico”, é para
subsistência; não é aquele negócio só para vender. Tem alguns grupos
em assentamentos que trabalham com orgânico, onde têm homens e
mulheres, mas as mulheres estão muito mais nesses grupos do que os
homens. O problema é que ainda são experiências localizadas, que não
conseguem incidir sobre o geral. (Lourdes – CE).
que ver com a gente. Eu digo que tem: um pé de pau que você queima,
uma coisa que você destrói, tudo tem a ver. Um veneno que você bota
no seu pé de planta pode ir para um rio, para um riacho; são coisas
que a gente percebe que existem, que as pessoas fazem. (Neneide – RN).
você não dialogar com a sua companheira, o negócio não vai para
a frente”. Isso reforça que tem que ter um diálogo, do gênero, do
homem e da mulher. (Zulmira – MA).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
olha a vida como um todo, tudo o que está aí, sobre a Terra. A Terra,
que é o suporte da gente. A gente compara as mulheres com a Terra:
sem a Terra, não tem vida. E sem a luta das mulheres, não tem vitória,
não tem vida. E a gente diz também que sem feminismo, não há socia-
lismo. Pode até se começar um socialismo, mas não vai chegar muito
longe, porque daí a exploração vai continuar. (Izanete – RS).
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
2 Com base na definição de Mior (2007, p. 10), “[...] agroindústria familiar rural é uma forma de
organização onde a família rural produz, processa e/ou transforma parte de sua produção agrícola
e/ou pecuária, visando, sobretudo, à produção de valor de troca que se realiza na comercialização”.
[...] age para salvaguardar a sua situação social, suas exigências sociais,
seu patrimônio social. Ele valoriza os bens materiais na medida em
Intermediários; 8%
Relações de troca; 2%
Vantagens e desvantagens; 3
Somente
vantagens; 10
[...] já me pediram a chimia diet, mas ainda não pesquisei e não sei
ainda como faz. A goiabada eu faço mais firme e mais mole, conforme
o consumidor quer. (Agricultora 6, Restinga Seca).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
O empoderamento da mulher:
um estudo empírico da feira do
produtor de Toledo, Paraná
1 INTRODUÇÃO
1 Nos capítulos 1, 2 e 11 são discutidos outros autores que debatem e conceituam o empodera-
mento.
2 LAWSON, A. Freedom to be one’s self: Appalachian women’s perspectives on empowerment.
Blacksburg Virginia: The Virginia Polytechnic, 2001. Thesis.
3 ISRAEL, B. A. et al. Health education and community empowerment: conceptualizing and
measuring perceptions of individual, organizational and community control. Health Education
Quarterly, v. 21, p. 149-170, 1994.
4 BAQUERO, R. V. A. Empoderamento: questões conceituais e metodológicas. Redes, Santa Cruz do
Sul, v. 11, n. 2, p. 77-93, maio/ago. 2006.
5 Além destes dois tipos de poder, que configuram o empoderamento, Oxaal e Baden (1997) des-
crevem outros dois tipos: o “power over” ou “poder sobre”: este poder envolve um relaciona-
mento de dominação e subordinação; e o “power with” ou “poder com”: este tipo de poder
envolve as pessoas que se organizam com uma determinada finalidade e que possuem objetivos
em comum para poder conseguir objetivos coletivos.
9 Depoimento da Sra. Maria, feirante do município de Toledo há trinta anos, em entrevista reali-
zada no dia 03 de junho de 2009.
10 Depoimento da Sra. Lúcia, feirante do município de Toledo desde 1990, em entrevista realizada
no dia 03 de junho de 2009.
11 Nesta data, denominado de Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural.
15 Traçou-se o perfil dos feirantes por meio da aplicação de questionário semiestruturado contendo
dados cadastrais (nome, endereço e telefone), sociais e técnicos, além de perguntas voltadas
exclusivamente às mulheres feirantes. A partir de agora, e salvo indicações ao contrário, as
informações e dados referem-se à pesquisa realizada.
que saber falar com os dois lados para poder se dar bem com as pessoas
e a discutir sobre os problemas aqui da feira [...].17
17 Entrevista realizada no dia 30 de setembro de 2009 com a Sra. Daniele, 37 anos, feirante rural,
pequena produtora rural, que comercializa seus produtos na Feira do Produtor de Toledo.
18 Entrevista realizada no dia 30 de setembro de 2009 com a Sra. Jacira, 31 anos, feirante urbana
que comercializa seus produtos na Feira do Produtor de Toledo.
19 Entrevista realizada no dia 27 de setembro de 2009 com a Sra. Elizabete, 35 anos, feirante
urbana que comercializa seus produtos na Feira do Produtor de Toledo.
20 Entrevista realizada no dia 09 de setembro de 2009 com a Sra. Fernanda, 35 anos, feirante rural
e pequena produtora rural que comercializa seus produtos na Feira do Produtor de Toledo.
21 Entrevista realizada no dia 30 de setembro de 2009 com a Sra. Marcia, 56 anos, feirante urbana
que comercializa seus produtos na Feira do Produtor de Toledo.
de provedora do lar juntamente com seu marido, trazendo com isso, para
si, obrigações do chefe de família, como a necessidade de tomar decisões
antes efetuadas apenas pelo homem.
[...] eu casei bem nova, só fazia as coisas dentro de casa, mas eu tava
ficando doente com isso, não tinha ninguém pra conversar, dependia
dele pra tudo, tudo tinha que pedir [...] aí comecei a fazer pão e sair
vendendo pras vizinhas, elas gostaram e eu também porque eu comecei
a ganhar meu dinheiro. Aí fiquei sabendo da feira e montei minha bar-
raca, hoje me ocupo um monte, tenho meu dinheiro e sou outra pessoa
mesmo, porque eu agora posso ajudar em casa [...].22
[...] tem que responder esta pergunta mesmo? [...] Olha, eu não sei ao
certo porque depende do dia, mas assim quase tudo que eu trago, eu
vendo. Pra você ter uma ideia, tem mês que chego a tirar mais que
meu marido, mas tem mês que não dá para tirar quase nada, depende
se chove muito no dia da feira, se tá muito frio [...] Então pode colocar
aí que eu ganho de dois a três salários [...] aí com o dinheiro que eu
ganho, eu ajudo em casa, compro roupa pra mim, pras crianças, com-
pro as coisas pra casa e invisto aqui na feira também.23
22 Entrevista realizada no dia 10 de setembro de 2009 com a Sra. Helena, 67 anos, feirante rural e
pequena produtora rural que comercializa seus produtos na Feira do Produtor de Toledo.
23 Entrevista realizada no dia 30 de setembro de 2009 com a Sra. Paula, 42 anos, feirante rural e
pequena produtora rural que comercializa seus produtos na Feira do Produtor de Toledo.
Depois que comecei a fazer feira mudei muito. Meu marido não gosta
muito que eu venha não, mas é tão bom estar aqui. Aqui eu me sinto
útil, conheço um monte de gente, tô mais sabida, sem contar que toda
quarta-feira eu sei que terei meu dinheiro garantido, aí eu posso com-
prar o que eu quero e até guardo. Agora com o meu dinheiro, a minha
filha pede as coisas, eu não preciso falar antes pro meu esposo, eu
compro e dou dinheiro pra ela levar na escola. Tem dia que ele até
vem falar pra mim se eu tenho dinheiro pra dar pra ele. Isso é tão bom
porque sinto que agora ele me valoriza, e minha filha também, ela até
brincou que tô mais bonita, acho que é porque tô gastando um pouco
comigo (risos). Meu marido não liga que eu gaste comigo, mas ele me
controla porque me chama de mão aberta, mas eu não sou não, só
passei a palpitar mais nas coisas lá em casa e ajudar ele a decidir nas
24 Entrevista realizada no dia 23 de setembro de 2009 com a Sra. Eliane, 28 anos, feirante urbana
que comercializa seus produtos na Feira do Produtor de Toledo.
coisas, não que antes eu não ajudava, mas agora é mais. Acho que é
por isso que me sinto mais valorizada, porque não tenho medo de falar
o que sinto e o que acho [...].25
Eu trabalho muito, mas com o pouco que recebo eu já estudei duas filhas
em Curitiba e ajudei a comprar a nossa casa. Meu marido e minhas
filhas não gostam do que eu faço, porque me querem mais perto deles,
falam que eu trabalho demais, mas isso é o que eu sei fazer e o que eu
gosto de fazer e ainda ajudo dentro de casa e não dependo só do salário
do meu marido para comprar as coisas para estudar nossas filhas e
para, principalmente, me sentir valorizada, pois como é bom um cliente
chegar aqui na barraca e elogiar meus produtos. Porque desde que come-
cei a vender aqui na feira eu já tenho clientes fixos que quase toda
quarta-feira vêm diretamente aqui na barraca e até fazem encomendas
para outra semana.27
25 Entrevista realizada no dia 09 de setembro de 2009 com a Sra. Vanessa, 32 anos, feirante rural
e pequena produtora rural que comercializa seus produtos na Feira do Produtor de Toledo.
26 Existem mulheres que trabalham com pães e bolachas, o que exige muitas horas de trabalho,
fazendo com que fiquem até a madrugada trabalhando para conseguirem produzir quantidade
suficiente para a venda na feira.
27 Entrevista realizada no dia 23 de setembro de 2009 com a Sra. Santina, 34 anos, feirante urbana
que comercializa seus produtos na Feira do Produtor de Toledo.
28 Entrevista realizada no dia 30 de setembro de 2009 com a Sra. Maria, 45 anos, feirante rural e
pequena produtora rural que comercializa seus produtos na Feira do Produtor de Toledo.
29 Entrevista realizada no dia 23 de setembro de 2009 com a Sra. Matilde, 31 anos, feirante urbana
que comercializa seus produtos na Feira do Produtor de Toledo.
ção de produtos oriundos de seu próprio trabalho, o que, por si só, signi-
fica um reconhecimento. Significou, mesmo que incipientemente, a rup-
tura dos papéis tradicionais de homem e mulher, ou seja, há a abertura
de um caminho de transformação nas relações tradicionais de gênero,
mesmo que isso ocorra ainda em uma esfera restrita, a da obtenção, posse
e utilização – para a família, mas também para seu próprio benefício – de
uma renda própria.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Potencialidades e limites do
Pronaf-Mulher no processo
de empoderamento das
mulheres agricultoras1
1 Este artigo faz parte dos resultados da tese de doutorado da autora, defendida em março de 2009
(HERNÁNDEZ, 2009).
Carmen Osorio Hernández
1 INTRODUÇÃO
4 Estas ações fazem parte do primeiro Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, 2004, que
prevê a execução de 198 ações sob a coordenação da Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres. O documento está estruturado em torno de cinco áreas estratégicas de atuação: auto-
nomia, igualdade do trabalho e cidadania; educação inclusiva e não sexista; saúde das mulheres,
direitos sexuais e direitos reprodutivos; enfrentamento à violência contra as mulheres; gestão e
monitoramento (BRASIL, 2004).
5 No ano de 2000, devido à organização da marcha mundial das mulheres – “2000 razões para
marchar” – é realizada a primeira Marcha das Margaridas, organizada pelas mulheres filiadas
à Contag. A marcha reuniu em Brasília de 10 mil a 20 mil mulheres. Em 2003, em sua segunda
edição, estima-se que participaram entre 40 mil e 50 mil mulheres, quando foi negociada uma
pauta de reivindicações com o governo (HEREDIA; CINTRÃO, 2006, p. 9).
9 Os valores aqui considerados correspondem aos meses (setembro a novembro de 2007) em que
foi realizado o trabalho de campo.
O Sicredi mais nós fez sofrer, no final eles descontaram mais cento e
poucos, por qualquer coisinha eles vão descontando, demorou um ano
para liberar [o recurso], e eles ainda cobram o juro daquele ano. Eles
tinham o dinheiro [no banco] e não queriam liberar, se [o dinheiro]
ficava mais trinta dias, o banco estava ganhando. Claro, seguraram
esse tempo todo e ficaram ganhando em cima da mulher. (Agricultora,
47 anos).
A gente tinha que botar [o crédito] em coisas que eles [os agentes do
banco] queriam. Queriam que a gente investisse em vaca para leite,
que quando chegasse a hora de pagar esse crédito, a gente podia ter um
retorno e fazer esse pagamento. (Agricultora, 54 anos).
específicos
Aspectos
Critérios
Potencialidades Limites
mulheres
-Regularização e atualização da - Resistência por parte do sin-
Processo de gestão
-Alternativas de mercado
-Diferenciação no produto
Produção e
nhecidas pelo Estado, fazendo valer seus direitos como “mulheres agri-
cultoras”, por meio das políticas públicas, especificamente o acesso ao
Pronaf-Mulher. Desse modo, a importância e o significado do crédito
não se reduzem apenas à contribuição econômica como sustento de seu
aporte à economia familiar, mas também incorporam elementos como o
reconhecimento aos direitos conquistados. Além disso, aspectos de cará-
ter simbólico que os agentes de mediação constroem em torno do mascu-
lino e do feminino também permeiam o sentido do crédito.
A mulher é mais de fazer as coisas certas, ela faz questão, porque ela
envolve mais os filhos e a família. Parece que elas são mais espertas.
Eu não tenho notado problema com as mulheres. O que elas têm pegado
[o crédito], elas têm sido mais categóricas. Eu acho que ela leva vanta-
gem em relação ao homem, porque a mulher vai conseguindo, em mui-
tos casos, “cutucar” [insistir], fazer eles acordarem, mudar um pouco.
Nesse sentido, eu acho que é melhor, porque ela naturalmente conversa
mais em casa, está junto com a família. Eu acho que a mulher só tem
a somar nesse tipo de coisa [o crédito]. (Técnico da Emater).
res de ordem estrutural e cultural, além das relações de poder, que estão
presentes nesses diferentes espaços, os quais limitam uma participação
efetiva das mulheres.
Nesse sentido, algumas mulheres disseram que os principais moti-
vos que restringem a participação nesses encontros são a idade avançada
e os problemas de saúde, bem como a falta de segurança de se expressar,
como diz uma das agricultoras: “Não participo porque parece que as
palavras não saem, talvez por medo, não sei se é porque a gente se criou
só trabalhando. Então, prefiro ir à roça, assim não falo com ninguém”.
Para outras mulheres, o fato de ter poucas oportunidades de estudo
limita o seu desenvolvimento na forma de expressão, o que não lhes
permite ter maior segurança na dinâmica da participação. Neste sentido,
alguns estudos mostram que o nível de escolaridade é um dos fatores que
propicia uma maior participação das mulheres em aspectos administrati-
vos. Também possibilita que elas possam ter um espaço para desenvolver
suas capacidades, não apenas nas atividades domésticas e produtivas,
na unidade de produção familiar, mas também em atividades de caráter
financeiro (HIDALGO, 2002; MARTÍNEZ DEJUI, 2006).
No entanto, social e historicamente, as mulheres têm tido não somente
poucas possibilidades de estudos, mas também uma limitada participação
nos espaços públicos. E quando essa participação existe, geralmente é nomi-
nal, instrumental e, às vezes, representativa; mas nem sempre transforma-
dora (PETTERSEN; SOLBAKKEN, 1998). Conforme Pereira (2002), no espaço
do sindicalismo, a representatividade começa a ganhar qualidade na fase
reivindicativa. Portanto, a participação das mulheres agricultoras em relação
ao crédito apenas é instrumental, parte de um processo reivindicativo.
Por outro lado, cabe sublinhar que essa pouca ou nula participação
não se deve apenas à falta de autoestima, habilidades e capacidades das
mulheres, mas também às relações de poder que permeiam esses espaços.
Essas relações são marcantes, sobretudo, quando é uma mulher quem
desenvolve um cargo na diretoria do sindicato.
das mesmas nos diferentes espaços sociais. Ainda que o papel das lideran-
ças seja incentivar as mulheres a participarem, elas argumentaram que no
processo desse trabalho é difícil, pois sempre existem mulheres que resis-
tem a participar, justificando a “falta de tempo”, sobretudo quando não se
tem resultados concretos conforme a demanda, mesmo que existam casos
em que os maridos estejam de acordo com a participação.
Desde que era criança eu tirava o leite, mas também ia para a roça.
Mas isso já foi quando casei, naquela época a gente plantava, colhia
e fazia safras de soja e milho. Mas a gente lutava sempre com essas
secas. Daí começamos a vender o leite, mas, antes disso, eu fazia
queijo para vender e criava porco. Eu ia à cidade, vendia ovos nos
mercados para fazer um dinheirinho. A gente tinha essas atividades,
mas começamos a vender o leite e foi mudando muita coisa. (Agricul-
tora, 54 anos).
[O Pronaf-Mulher] tem que ser mais bem trabalhado, para que esse
crédito possa reconhecer a participação da mulher como um todo.
Também para que ela possa crescer [desenvolver], se organizar e ter
um trabalho específico. Talvez precise um trabalho em conjunto entre
os órgãos do Estado e as mulheres. Isso é o que vai fortalecer o setor
rural. Que o crédito não seja só uma forma de pegar um dinheiro a
mais para acrescentar a receita e renda para aquela família, mas bem
uma forma de transformar socialmente essas mulheres. (Técnico da
Emater).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
tos bancários. Estes aspectos têm provocado, para algumas delas, medos
e incertezas sobre as condições de pagamento.
Por outro lado, existe uma diferenciação na administração e na uti-
lização dos recursos em função dos objetivos, dos interesses e da dinâ-
mica familiar. Isso possibilitou relativizar o gerenciamento da atividade
produtiva por parte das mulheres, já que esteve condicionada aos aspec-
tos normativos, estruturais e de operacionalização das agências bancárias.
Desse modo, é possível afirmar que existe um distanciamento dos agentes
vinculados com o crédito em termos de transformação social, como parte
das mudanças nas relações de gênero, uma vez que algumas dessas ações
ainda respondem a uma lógica centrada na visão do papel da mulher no
âmbito reprodutivo, por meio de projetos de geração de renda que visam
exclusivamente a uma forma complementar à produção familiar.
Por conta disso, a obtenção do crédito não contribuiu para a
melhoria na posição das mulheres na hierarquia familiar, nem permitiu
visibilizar o trabalho dentro da propriedade familiar. Até porque o fato de
ter financiado uma atividade econômica sustentada em uma lógica fami-
liar dificilmente provocaria uma ruptura na visão tradicional do feminino
e nas relações de gênero.
Contudo, a concessão do crédito para as mulheres teve um signifi-
cado simbólico no sentido de se autorreconhecerem como “cidadãs legí-
timas com direitos”, já que, historicamente, não eram reconhecidas pelo
Estado brasileiro como principais “sujeitos sociais com direito a crédito”.
Nesse sentido, a intervenção das políticas públicas, através de programas
de crédito rural, como é o Pronaf-Mulher, teve um impacto no sentido de
atender às demandas de um público-alvo, as mulheres rurais.
Entretanto, o programa esteve focalizado “na mulher”, conside-
rando seu “papel tradicional” dentro da unidade familiar. De fato, essa
visão é reafirmada pela família, percebida assim por elas e pelos diversos
agentes e instituições que medeiam o processo de crédito. Portanto, a
existência de um “crédito para as mulheres” tem sentido, na medida em
que absorve um número maior de “clientes” do sexo feminino, contudo
apresenta limites por não garantir as condições reais de participação e de
transformação social desse público-alvo.
Nesse contexto, o programa respondeu apenas às “necessidades
práticas” das mulheres, mas não às condições estratégicas de gênero,10
uma vez que a questão de gênero não foi considerada no planejamento,
nem nas ações do programa. O programa apenas foi proposto como uma
estratégia transversal nos planos governamentais. Desse modo, é possível
afirmar que o Pronaf-Mulher tem sua efetivação social comprometida,
respondendo a uma política “para as mulheres” e não a uma “política
com perspectiva de gênero” para o desenvolvimento rural.
Dentro desta perspectiva, a noção de empoderamento emerge
como uma estratégia e um campo fértil no discurso hegemônico das
principais instituições de desenvolvimento, que o adotam como um dos
principais objetivos na elaboração de programas e políticas voltadas
para o setor “mais pobre”, “vulnerável” e “menos favorecido” da popu-
lação. Não obstante, os resultados permitem constatar que a noção de
empoderamento é um processo que pode variar para cada uma das
mulheres, conforme o contexto, as condições históricas e familiares,
a posição familiar e a forma de inserção na agricultura familiar e na
comunidade, bem como as estratégias de negociação e mediação esta-
belecidas para se alcançar determinados objetivos. Nesse sentido, é um
processo sujeito a retrocessos e avanços, o qual, por sua vez, depende
de diversos fatores e das ações dos diferentes atores sociais que intera-
tuam nas comunidades rurais.
REFERÊNCIAS
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Laços financeiros na luta contra a pobreza. São Paulo: Fadesp, 2004. p. 21-67.
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lação. Discutindo a experiência do Pronaf-Mulher no Oeste Potiguar. Brasília, DF: MDA,
2007.
ANDERSON, J.; HONNETH, A. Autonomy, vulnerability, recognition and justice. In:
CHRISTMAN, J. ANDERSON, J. Autonomy and the challenges to liberalism. New Essays.
Cambridge, 2004.
ANTUNES, M. O caminho do empoderamento na superação da pobreza: o caso das que-
bradeiras de coco e trabalhadores(as) rurais da área de atuação da Assema. 2003. Dis-
sertação (Mestrado em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade) – Pós-Graduação em
Desenvolvimento e Agricultura, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2003.
BATLIWALA, S. El significado del empoderamiento de las mujeres: nuevos conceptos
desde la acción. In: LEÓN, M. (Comp.). Poder y empoderamiento de las mujeres. Santa Fé,
Bogotá: Tercer Mundo, 1997. p. 187-211.
BIANCHINI, V. Prefácio. In: MATTEI, L. Impactos do Pronaf: análise de indicadores.
Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento Agrário, Núcleo de Estudos Agrários e
Desenvolvimento Rural, 2005. p. 3-5.
BOURDIEU, P. A dominação masculina. 4ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
______. A gênese dos conceitos de habitus e de campo. In: O poder simbólico. Lisboa:
Difel/Bertrand, 1989.
1 INTRODUÇÃO
Pra mim foi tudo bom no crédito, não tenho nada que reclamar, não.
Todas as vezes que eu fiz, foi bom. Agora mesmo nós estamos ten-
tando outro aí, com fé em Deus vai dar certo. Mas não é Pronaf-
-Mulher não. (Mulher, entrevista 1, grifo nosso).
tante, né? Mas não sei se seria uma assistência que é específica para
as mulheres, né? Acho que é a família. (Agente, EM, entrevista 25).
Igual, eu não estudei e eu quero que eles (os meus filhos) estudem. Eu
vou fazer de tudo para eles estudarem pra não ficarem sem estudo e
depois vir sofrer igual a gente sofre na roça, né. Porque estudo é uma
coisa que ninguém toma de ninguém, né? Então a gente tem de fazer.
Eu não consegui, mas eu quero que eles tenham o estudo. Eu vou fazer
de tudo pra eles estudarem. (mulher, entrevista 4, grifo nosso).
Porque a gente não tem logística, não consegue unir o povo para fechar
caminhão, para entregar direto no mercado, por isso tem que ter atra-
3 No Capítulo 11.
vessador que faz toda essa logística. Nós ganhamos caixa, a caixa
pronta, o cara vem buscar, traz o dinheiro e a gente fica acomodado,
ganha menos, mas o transtorno é menor. Pela facilidade, porque aqui
é muito difícil unir o povo, apesar de ter a Jaíba, que está começando,
né? Mas tipo assim, a gente não, uma andorinha sozinha né, então
um produtor não adianta porque não fecha uma carga, e daí você vai
chamar quem se as pessoas não têm qualidade nos produtos? E aí não
dá. Faltam qualidade e espírito de cooperativismo, não tem aqui. Nem
associativismo. Nós precisamos de estrada boa para escoar a produ-
ção. Precisamos do lote limpo. Aqui, invadiram lá no final, nossa!
O Distrito não arruma a estrada e eles vão descendo no nosso lote.
A estrada está dentro do nosso lote. Eu queria cercar, não podemos
porque o Distrito não faz estrada. E daí aqui, é, tipo assim, agora o
Incra tem um dinheiro para nós, agricultores. Cada um de nós assen-
tado, cada lote desses, é o dinheiro que está ali no banco. Pra cada lote
desses aqui, vinte mil reais pra cada um, só que não tem dez por cento
que vai conseguir pegar. É tudo difícil. (Mulher, entrevista 19).
Pode melhorar isso aí em relação ao crédito, (tem que ter) menos buro-
cracia porque tem muita gente que tem a terra e tem vontade de traba-
lhar, tem coragem de trabalhar, só que é muito difícil ainda para pegar
o dinheiro. Falta de informação. Eles fazem os projetos e tudo, mas os
bancos ainda são muito difíceis, muito difícil por parte do banco. Aí a
associação que nós íamos entregar o leite teve um problema lá. Falta
muita informação pra gente e quando a gente tem informação é assim
pela metade e a gente vai procurar e aí chega lá, é uma burocracia
danada, muita burocracia. Então, tudo que você produz hoje você tem
que vender para os atravessadores. E você sabe, você sabe talvez que
o preço está alto e coisa, mas eles oferecem só aquele ali e aí você
tem que vender porque você tem que pagar água, energia... Muito
mais, muito mesmo porque o Pronaf-Mulher a gente nem conhece. Nós
não... não... eu mesmo nunca tinha ouvido falar desse Pronaf-Mulher.
Se melhorasse os comércios, os atravessadores... melhorava em tudo.
(Mulher, entrevista 5).
[...] Então, não só o Pronaf aqui é complicado o acesso. Bom, para falar
assim que Jaíba foi contado a dedo quem pegou e conseguiu o Pronaf,
porque aqui ninguém tem crédito. É difícil. E daí agora o banco, eu vou
falar de exemplo na Jaíba, tinha dez por cento de inadimplência, então
cortou, e as exigências cresceram demais. Tem que dar garantia real
pra fazer alguma coisa. O terreno não vale. Não serve porque não tem
escritura. Você mora aqui, porém você não tem a escritura do terreno.
Então você vai dar o que de garantia real? (Mulher, entrevista 19).
Não, eu tentei tirar o empréstimo uma vez, mas só que nós não
conseguimos o Pronaf, não. O rapaz pegou os papéis aí e enrolaram
[...]. (Mulher, entrevista 9, grifo nosso).
Não, ainda não. Não a gente não, assim, pretendemos procurar mas
é... ainda não fizemos ainda não. Já ouvi falar do Pronaf-Mulher,
mas não tenho muito conhecimento. Se a gente tivesse o crédito, a
gente utilizaria para colocar irrigação lá para melhorar o plantio, é...
colocar irrigação para melhorar o plantio. Diminui o trabalho, ou seja,
né: não ficar carregando cano, trocando cano, trocando... trocando...
trocando... (risos) vai e vem e volta. (Mulher, entrevista 3).
são muito difíceis, muito difícil por parte do banco. A gente chega
lá, é burocracia demais. Tem o recurso, mas não chega até nós aqui
não. Muito mais, muito mesmo porque o Pronaf-Mulher a gente nem
conhece. Nós não... não... eu mesmo nunca tinha ouvido falar desse
Pronaf-Mulher. (Mulher, entrevista 5).
[...] Eu acho que não, a mulher não tem essa ajuda e não é reconhe-
cida. Acho que noventa por cento não alcançou essa meta ainda não,
né? (risos)... Porque hoje se leva muito aquele machismo em casa pelos
homens porque você trabalha, trabalha. Então eu acho assim, que
deveria ter uma valorização melhor porque hoje nem toda esposa que
trabalha na roça ela é valorizada pelo marido e pelos filhos o quanto
ela merece... nem todas... e também tem aquelas que é privilegiada,
né? (risos)... mas nem todas...mas no geral não é isso que acontece, né?
(Mulher, entrevista 17).
Assim, a gente trabalha porque precisa, né? Então, não é muito fácil
não, mas eu falo em questão de trabalhar, a mulher trabalha muito.
Agora eu acho que feliz assim não é muito, porque é muito sacrifício.
(Mulher, entrevista 22).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
VEIGA, E. J. O Brasil rural ainda não encontrou seu eixo de desenvolvimento. Estudos
Avançados, v. 15, nº 43, p. 101-119, set./dez. 2001.
WANDERLEY, M. N. B. O mundo rural como um espaço de vida: reflexões sobre a proprie-
dade da terra, agricultura familiar e ruralidade. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.
WOORTMANN, E.; WOORTMANN, K. O trabalho da terra: a lógica e a simbólica da
lavoura camponesa. Brasília: Editora UnB, 1997.
WOORTMANN, K. A família das mulheres. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1985.
1 Este capítulo é uma versão revista e ampliada do artigo A previdência rural e a condição da
mulher, publicado na Revista Gênero, v. 5, nº 2, p. 137-156, 2005.
Ana Cecília Kreter
1 INTRODUÇÃO
3 A PNAD é um importante banco de dados sobre informações dos indivíduos e domicílios. Este
banco é descrito de forma mais detalhada no Capítulo 4.
mia. Esta constatação sugere que o trabalho não só está quase que exclusi-
vamente associado à execução de tarefas fora da esfera privada, bem como à
remuneração. Se, de fato, essas duas constatações fossem verdadeiras, todas
as atividades de autoconsumo seriam declaradas como não trabalho. Adi-
cionalmente a isso, boa parte das moradias no meio rural sofre com a falta
de acesso a serviços básicos, que normalmente passam despercebidos no
dia a dia das cidades, como água encanada e energia elétrica, além da falta
de acesso aos eletrodomésticos facilitadores do lar, sem os quais tornam-se
mais árduas as tarefas rotineiras de cuidar da casa e dos demais membros da
família. Diante deste quadro, é muito comum que a mulher também assuma
a provisão dessas necessidades que exigem não só mais horas de trabalho,
como também as tornam fundamentais para a manutenção de suas famílias.
4 A nomenclatura utilizada no Quadro 1 se baseou nas denominações comumente usadas no meio para
caracterizar ou classificar o status do trabalhador rural nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Essas mesmas categorias podem ser encontradas em outros estados, mas com nomes distintos.
5 O termo proprietário está sendo usado somente quando a propriedade do estabelecimento rural
é condição necessária. Nos demais casos, quando estão sendo analisadas apenas as relações de
trabalho, usamos os termos empregador, patrão ou produtor com a mesma finalidade.
Principais
Categoria Tipo de Contrato Pagamento
Características
O que era produ-
Eram os trabalha- zido era apropriado
dores que executa- pelo trabalhador
vam a maior parte proprietário e pela
Proprietários
de suas atividades família - em espécie,
Trabalhado- Não havia contrato.
em estabelecimento quando consumido
res Rurais
próprio, seja sozi- diretamente, ou em
nho, seja com a dinheiro, quando o
ajuda da família. produto fosse ven-
dido no mercado.
Por escrito, com os
seguintes elementos:
Em dinheiro e em
nome da propriedade
espécie. A remu-
e sua localização,
Eram os trabalha- neração era fixa e
nome das partes con-
dores que residiam estipulada por mil
tratantes, valores dos
na propriedade pés tratados ou por
pagamentos, processo
rural e que execu- sacas de café em
a ser adotado na
tavam tarefas no côco colhida, no
exploração do pro-
período de safra caso dos cafeeiros,
duto, preferência na
nas culturas do e por quartel ou
aquisição das safras
Colonos café e da cana de hectare e tonelada
de cereais dos colo-
açúcar, na época de cana, na cana
nos, comportamento,
da colheita ou fora de açúcar. O paga-
penalidades, número
dela. Em algumas mento era estipu-
de pés ou área a
regiões, o emprei- lado no início da
ser tratada sob sua
teiro também era safra para vigorar
responsabilidade e
conhecido como durante uma safra
vigência do contrato.
colono. completa. O colono
Esse contrato era assi-
não podia pleitear
nado pelo proprietá-
reajuste.
rio, pelo colono e por
duas testemunhas.
Eram os trabalha- Normalmente o
dores contratados pagamento era feito
Os contratos por
para a execução por uma quantia
escrito eram pratica-
de um serviço por fixa em dinheiro,
mente inexistentes.
empreitada, ou seja, mas era comum
Eles eram feitos na
Empreiteiros executavam uma em certas lavouras
maior parte das vezes
tarefa mediante o recebimento da
por acordos verbais
o recebimento de colheita total ou
entre as partes (“con-
uma quantidade parcial das primei-
tratos de boca”).
previamente esta- ras safras da cul-
belecida. tura em formação.
Quadro 1 – Continuação.
O valor do aluguel era
Eram todos os agri- O pagamento do
previamente combi-
cultores que paga- parceiro ao proprie-
nado entre agricultor
vam aluguel pelo tário era feito atra-
e proprietário. Entre-
Parceiros uso da terra - onde vés de um percen-
tanto, na maior parte
faziam suas explo- tual da produção
das vezes, eram acor-
rações agrícolas ou em troca do uso da
dos verbais (“contra-
possuíam animais. terra.
tos de boca”).
A forma de paga-
Também como os mento pelo uso da
Assim como os par-
parceiros, o valor do terra era a única
ceiros, eram todos
aluguel era previa- característica que
os agricultores que
mente combinado distinguia um
pagavam aluguel
Arrendatá- entre agricultor e pro- arrendatário de um
pelo uso da terra -
rios prietário. Entretanto, parceiro. No caso do
onde faziam suas
na maior parte das arrendatário, o paga-
explorações agrí-
vezes, eram acordos mento era feito atra-
colas ou possuíam
verbais (“contratos de vés de uma quanti-
animais.
boca”). dade fixa de dinheiro
ou de produto.
Eram os trabalha- Em dinheiro. Rara-
dores que presta- mente era feito
vam serviço com o pagamento em
base em uma remu- espécie, a não ser
Mensalista Não foi especificado.
neração mensal. Os o oferecimento de
mensalistas também moradia dentro da
eram chamados de propriedade e a lenha
“camaradas”.* para o combustível.
Eram os trabalhado-
res que prestavam
serviço com base
Todas as variações de
em uma remune-
contrato referentes
Diarista ração diária. Assim
aos diaristas encon-
como os mensalis-
tram-se no Quadro 2.
tas, também eram
conhecidos como
“camaradas”.*
Fonte: Elaboração própria.
6 Lei n° 4.214/1963.
7 Lei n° 4.214/1963.
8 Ver em Brumer (2004) importante discussão do papel da sociedade civil na previdência rural.
9 Lei Complementar n° 11/1971.
10 De acordo com o artigo 195, inciso III, § 8° da Constituição Federal de 1988 “[...] o produtor,
o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos
cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados per-
manentes, contribuirão para a Seguridade Social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o
resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei”, sendo
denominados segurados especiais. Vale lembrar que, após a Emenda Constitucional n° 20/1998,
houve a supressão dos garimpeiros deste parágrafo.
12.000.000
11.000.000
10.000.000
9.000.000
8.000.000
7.000.000
6.000.000
5.000.000
4.000.000
3.000.000
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Aposentadorias Pensões
6.000.000
5.500.000
5.000.000
4.500.000
4.000.000
3.500.000
3.000.000
2.500.000
2.000.000
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Aposentadorias por idade Outras aposentadorias Aposentadoria por idade rural
2.500.000
2.000.000
1.500.000
1.000.000
500.000
0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Homens Mulheres
Gráfico 3 – Estoque de aposentadorias por idade da previdência rural, por sexo, Brasil*.
Fonte: Elaboração própria a partir de MAPS/IPEA.
Nota: * Número de beneficiados.
180
150
120
90
60
30
0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
-30
Homens Mulheres
Gráfico 4 – Taxa de crescimento das aposentadorias por idade (%), por sexo, clien-
tela rural, Brasil.
Fonte: Elaboração própria a partir de MAPS/IPEA.
1.800.000
1.500.000
1.200.000
900.000
600.000
300.000
0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Urbana Rural
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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______. Presidência da República. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre a
organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8212cons.htm>. Acesso em:
10 fev. 2014.
Comissão Editorial: Dr. Sergio Schneider (Coordenador e Editor, PGDR/UFRGS), Dr. Marcelo Antonio Conterato (Editor Asso-
ciado, PGDR/UFRGS), Dra. Leonilde Sérvolo de Medeiros (CPDA/UFRRJ), Dr. Jalcione Pereira de Almeida (PGDR/UFRGS), Dr.
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