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2019
O processo de feitura deste livro foi um trabalho coletivo
das alunas do Grupo Candeia de Capoeira
Angola/Espaço Sociocultural da Floresta para a terceira
edição do evento “Aidê, Como Tá Vosmicê?”
Idealização:
Contramestra Toninha
Arte de capa:
“Guerreira”, óleo sobre tela, por Yulia Mysko (2017)
Modelo: Desirée dos Santos
Retratos:
Iel Queiroz
Organização:
Aiê e Denise Fantini
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Sumário
Introdução — 3
Viva nossas mestras! — 5
Entrevistas:
Mestra Colette (por Sofia) — 10
Mestra Janja (por Bárbara) — 13
Mestra Ritinha (por Talita) — 15
Mestra Paulinha (por Aiê) — 16
Mestra Cristina (por Akino) — 20
Mestra Elma (por Contramestra Toninha) — 22
Mestra Tisza (por Fernanda) — 25
Mestra Samme (por Denise) — 29
Mestra Gegê (por Talita) — 32
Mestra Di (por Celina) — 36
Mestra Jararaca (por Treinél Raquel) — 39
Mestra Alcione (por Júlia) — 41
Mestra Cris (por Lisa) — 44
Mestra Nani (por Ana) — 46
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Introdução
Foi lendo uma entrevista da Mestra Alcione que
pensei em como foi e como ainda é ser capoeirista e
ser mulher. Pensei em mim, pensei nas minhas
colegas, pensei nas minhas Mestras.
A luta de cada dia demanda coragem, que a
Capoeira não se limita só aos treinos ou às rodas:
Capoeira, para mim, é andar na rua, é trabalhar, é
um curar, Capoeira é ser mãe, é ver quem eu sou,
Capoeira é o mundo, Mestre Pastinha diria que
“Capoeira é tudo que a boca come”.
Foi então que surgiu a vontade de saber o que
nossas Mestras teriam a nos dizer sobre viver, esse
constante gingado — com direito a cabeçada,
rasteira e esquiva também.
O processo de feitura deste livro foi um trabalho
coletivo das alunas e alunos do Grupo Candeia de
Capoeira Angola/Floresta, cada uma e cada um
colaborando da forma que nos cabia. As alunas
entrevistaram as Mestras de todo o país e
encontraram nelas ensinamentos preciosos, foi um
trabalho lindo! Nos emocionávamos sempre que
recebíamos a resposta de alguma Mestra. Foi
gratificante ver o quanto a ideia nos movimentou.
As imagens de cada Mestra são desenhos feitos à
mão pelo Ieo Queiroz, um aluno de 17 anos do
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Grupo Candeia/Jardins, e a capa é um desenho da
Treinel do Associação de Capoeira Angola Dobrada,
Yulia Misko.
Fico encantada por ver a forma que esse trabalho
coletivo se deu.
A proposta deste livro é que ele sirva de oráculo, de
forma que possamos levar um conselho para cada
dia, para cada luta, e alegria também.
Por fim, meu profundo agradecimento à minha
Mestra Alcione, companheira de mais de 25 anos, é
ela quem me ensina a ginga da vida. É lindo vê-la
ensinando novas alunas, o mérito é dela, que abriu
seu próprio caminho. É por isso, por ver onde nossa
Mestra chegou que fizemos este livro, para que
possamos saber como foi e para dizer que daqui
para frente seguiremos juntas pelo caminho aberto
por todas elas, as alunas, Treinéis, Contramestras e
as Mestras de toda a vida, do mundo. Este livro é
para nós.
escrito pela
Contramestra Toninha e sua filha Olívia.
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Viva Nossas Mestras!
Quando iniciei na Capoeira Angola nunca pensei
que um dia iria me tornar uma Mestra desta arte,
luta, jogo, malícia, mandinga, filosofia e um jeito de
viver tão único e tão pulsante.
Não treinei com mulheres, as Mestras, e como era
comum na época, minhas referências foram os
homens, os Mestres... Não que não houvesse várias
e várias mulheres treinando e envolvidas sempre
dentro do movimento.
Faço parte deste processo de transformações sociais
e também de ter vivido o lado duro, por enfrentar
as questões gerais, o jogo de corpo, de gênero
dentro dos espaços, e por querer justiça e mesmo
que às vezes sem ter tanta certeza ou força, me
defendendo de alguma forma também, mas ao
mesmo tempo lutando por uma causa maior para
todas e todos que eu não tinha exatamente a noção
do que era ou do que se tornaria e nem do que está
apresentando agora.
Aceitei estar assumindo esse lugar da Maestria e
agora vêm mais responsabilidades, mais
aprendizados, mais desafios, mas também sei que
fortaleço junto com outras significativas Mestras
esse lugar de evolução, de trazer mais equilíbrio,
mais harmonia, com muita paciência, dedicação,
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respeito e amor sabendo o quão difícil também é
assumir essa posição mas também o quão
importante é para o futuro das várias gerações que
virão essa missão de dedicar e ser referência da
nossa Cultura Popular.
Aprendi a Capoeira Angola sempre com muita
humildade, respeitando meus Mestres, treinando
muito, colaborando, estando presente mesmo nas
vezes que voltava chorando pra casa, enfim, vivi
intensamente o ser Aluna, e foi lindo também, só
tenho a agradecer. E assim as oportunidades foram
surgindo, as experiências foram vindo.
Viajei muito, conheci muito, aprendi muito,
principalmente sobre as culturas dos outros estados
e países, o que tenho grande paixão.
Paixão pela vida, e suas riquezas naturais, só tenho
a agradecer à Capoeira Angola por ter conhecido
tantas coisas lindas, aos Meus Mestres Índio
(GCCA) e Rogério (ACAD) por tudo que vivi
também.
Agradeço meu irmão, hoje Mestre Ricardo da
ACAD, toda minha família, a de dentro e também a
do mundo afora.
Aos Mestres de BH, todo carinho e reconhecimento.
Às Mestras aqui presentes só muita gratidão por
vocês existirem e dedicarem tanto pela Capoeira
Angola para se tornar cada vez mais difundida com
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a energia feminina, mais florida e mais fortalecidas
nossas convivências. Só com autonomia, com
liberdade e com propriedade para desenvolver
nossas ideias e habilidades para tornar mais
acessível a presença e a permanência de mais
mulheres nessa tradição.
As Mestras que aqui não tivemos como publicar
desta vez sintam-se bem representadas e podem ter
certeza, respeitamos muito a trajetória de todas
vocês.
O trabalho foi naturalmente tomando essa forma
que aqui se apresenta e esperamos não parar por
aqui!
Agradeço muito à Contramestra Toninha por mais
essa bonita iniciativa, na composição deste trabalho
de pesquisa coletiva que com certeza nutriu muito e
uniu muito as mulheres do Grupo Candeia de
Capoeira Angola com todas as mulheres da
Capoeira Angola.
Também agradeço à Treinel Raquel pela resistência
e em ser referência na permanência da prática de
Capoeira Angola, acredito que é a Angoleira com
maior idade de BH praticando regularmente,
mantendo sua jovialidade, "...há quanto tempo
mana que andamos juntas..."
Um axé bem forte, cheio de esperanças, de amor
pra todas vocês minhas alunas do GCCA/Floresta
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pela concretização deste oráculo, dessa guia, dessa
bússola. Só desejo o melhor pra vocês e para o que
quiserem fazer e realizar pela frente em qualquer
área de suas vidas!
Esse texto é pra deixar algo que possa servir de
força e incentivo e para a continuidade deste
trabalho em prol do fortalecimento das mulheres
entre si e para seguirem seus caminhos e poderem
viver sem medo.
Parabéns ao GCCA/Jardins com essa juventude
cheia de arte e habilidades!
Salve Salve as Deusas, as Mães, as Mulheres de todo
dia!
Reconheço minhas imperfeições e prossigo
caminhando, evoluindo.
Mestra Alcione
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Entrevistas
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Mestra Colette
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Quando começou a Capoeira? Qual ano?
1990.
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Qual o nome do seu grupo?
Grupo de Capoeira Semente do Jogo de Angola,
núcleo de Montreal.
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Mestra Janja
13
Começou a Capoeira em 1982, no GCAP
Seus Mestres são Mestre João Grande, Mestre
Moraes e Mestre Cobra Mansa. Seu grupo é o
Grupo Nzinga de Capoeira Angola — fundado em
08 de março de 1995.
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Mestra Ritinha
21/11/1962 — 21/01/2019
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Mestra Paulinha
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Em 1982 entrei no Grupo de Capoeira Angola
Pelourinho (GCAP), que havia sido criado há
poucos meses em Salvador por Mestre Moraes,
juntamente com o aluno que o acompanhava, hoje
Mestre Cobra Mansa.
Além de Mestre Moraes e Mestre Cobra Mansa, tive
também a honra de ter sido aluna do Mestre João
Grande, durante os anos em que ele fez parte do
GCAP (Grupo de Capoeira Angola Pelourinho),
antes de criar o próprio grupo nos Estados Unidos.
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Aprendi com os meus Mestres que todas as pessoas
são bem-vindas se quiserem aprender Capoeira e
participar do ativismo em defesa da Capoeira
Angola como luta de resistência negra no Brasil e
na diáspora. A formação antirracista e cidadã feita
nos dois grupos de Capoeira Angola nos quais eu
participei ao longo da minha trajetória alcançou
participantes diferentes em termos de classe, cor,
gênero, idade, nacionalidade etc. Ao
compartilharmos as aulas, rodas, eventos e demais
atividades realizadas no dia a dia dos nossos grupos
de Capoeira Angola aprendemos na prática, e não
apenas na teoria, a conhecer e a respeitar as
pessoas negras, assim como as mulheres, e demais
participantes. Essa não é uma tarefa fácil, mas, pelo
contrário, é complexa e desafiadora, e são inúmeras
as dificuldades que enfrentamos para construir
relações baseadas no respeito mútuo. Mas esse
propósito nos motiva e continua a guiar a nossa
conduta.
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Mensagem para as mulheres capoeiristas:
Apesar do racismo, machismo, abusos de poder e
de outros problemas existentes no cotidiano dos
grupos de Capoeira, esses espaços merecem ser
conquistados e transformados por nós mulheres.
Nós temos o direito de ter acesso ao vasto
conhecimento produzido no universo da Capoeira
como arte diaspórica, e o dever de compartilhar e
expandir esse conhecimento ensinando a outras
pessoas. Trata-se de poder fazer as nossas escolhas,
com autonomia, sem aceitar que existem lugares
que são proibidos para as mulheres.
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Mestra Cristina
20
Começou a Capoeira no ano de 1993.
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Mestra Elma
22
Eu Nasci no Maranhão, São Luís eu me Criei, Lá
Capoeira Eu Iniciei!
Elma Silva Weba, Maranhense, foi iniciada na
Capoeira Angola em 1986, na Escola Laborarte,
discípula do Mestre Patinho cuja linhagem é do
Mestre Canjiquinha.
Em 1994 forma-se Treinel, em 1997, Contramestra
e em 2004, em reconhecimento ao seu trabalho e
contribuição à Capoeira, o Mestre Patinho
passou-lhe o título de Mestra.
Iniciou em 1993 o ensino da Capoeira em São Luís e
desde então passa a dedicar sua vida a esse ofício.
Em 1996 funda uma das primeiras organizações de
Capoeira, grupo nZambi de Capoeira Angola.
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Mestra e educadora social com vários anos de
experiência na elaboração e execução de ações
voltadas para Escolas e outras organizações
populares, através de projetos culturais e
educacionais antirracistas e antissexistas visando
colaborar com a construção de uma sociedade justa
e equânime.
Paralelo aos estudos da Capoeira, atuou em outras
manifestações Culturais afro-maranhenses, foi
integrante do Cacuriá de Dona Teté e do tradicional
Tambor de Mestre Felipe.
Mestra Elma.
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Mestra Tisza
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Bem cedo sua mãe para ela abriu a janela para
música e poesia. Cresceu nas rodas de Chorinho e
quadras de samba.
Aos 13 anos começou a se apresentar tocando
pandeiro com a irmã mais velha em bares fazendo
voz, violão e percussão.
Iniciou a Capoeira em 1981 já se comprometendo
com trabalhos e treinamento diários.
Começou a trabalhar com Capoeira em 1983/1984
nas aulas do grupo e apresentações e shows.
Deu seguimento ao seu próprio trabalho dando aula
de Capoeira em 1987 nas escolas construtivistas do
Rio de Janeiro, participando da implantação do
ensino da Capoeira em escolas particulares e
públicas cariocas.
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afro-brasileiros, e trabalhei em diversas ocasiões
em Salvador e Nova Iorque.
A partir de 1991 a 2012, fiz diversos trabalhos
musicais como percussionista de bandas e backing
vocal na Europa e EUA.”
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Desde 14 anos de idade Tisza abraçou a Capoeira
Angola como seu único trabalho, sendo esta a
grande inspiração para seu trabalho musical.
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Mestra Samme
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Começou a Capoeira em 1992 com Mestre Patinho
na Escola Laborarte, onde segue até hoje. No ano
2017 recebe o título de Mestra do Mestre Marco
Aurélio. Outros Mestres como Mestre Curió, Mestre
Augusto, Mestre Jaime, Mestra Elma e Mestra
Tisza, influenciaram sua trajetória. Desde 2017 é
Mestra do Coletivo Angoleiras de Upaon-Açu,
grupo de mulheres que se reúne para fortalecer os
registros musicais da Mulher na Capoeira, promove
rodas, conversas e oficinas. Atualmente facilita a
Oficina "Quem nunca viu vem a ver".
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O que você quer dizer para as mulheres
capoeiristas?
Capoeira é tudo que a boca come, que os olhos
vêem, que a alma vibra, que o corpo pensa, que o
coração sente... é arte de sabedoria... de segredo....
de malícia...
Capoeira é de Deus, de Oxalá, de Jah, de Alá, de
Jeová... dos Orixás, das Mineiras, dos Mineiros, dos
Caboclos, das Coreiras, dos Coreiros… das
Quebradeiras de Coco, das Caixeiras... de todo
mundo... do mundo inteiro!
É bênção de Iemanjá, de Pajé... de Santo Padroeiro.
Capoeira é Maria 12 homens, Salomé, Catú, Chicão,
Angélica Endiabrada, Dona Almerinda, Rosa
Palmeirão... é a Rainha Nzinga, Dona Dandara,
Maria Firmina, Dona Faustina... é o Cocar de
Jurema, o Maracá de Iracema... é Dona Tété, Mãe
Mundica, Rosa Reis, Mestra Elma... é mandinga de
Patativa, é a Punga de Dona Kelé!
Capoeira é pra Homem, Menina, menino, trans e
Mulher... Só não aprende quem não quer!
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Mestra Gegê
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Quando começou a Capoeira?
Tive a primeira aula com Mestre João do Pulo em
1993 na lagoa Rodrigo de Freitas (espaço aberto),
na zona sul do Rio de Janeiro. Entrei pra PUC RJ
menos de 6 meses depois para estudar letras. Uma
amiga me chamou pra ir à aula do Mestre Gil Velho,
que também acontecia em um espaço aberto atrás
do planetário, também zona sul do RJ. Treinei com
o Mestre Gil Velho (um dos fundadores do Grupo
Senzala) por 2 anos e meio. Ele tinha uma forma
única de ver, viver e experimentar a Capoeira. Não
usava abadá, não dava cordel. Ele iniciou o que
chamamos de Capoeira Orgânica. Através do
Mestre Gil Velho conheci Mestre Angolinha, Mestre
Camaleão, Mestre Mucunjê, Mestre Leopoldina,
Mestre Manuel, Mestre Touro entre outros mestres
da capoeiragem antiga do Rio de Janeiro.
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Em 1995 fui morar nos EUA a convite da minha
irmã que estava grávida e tinha um filho. Fui para
ajudá-la e aprender inglês. Mestre Angolinha
indicou procurar o Mestre Cobra Mansa lá. Nesse
mesmo ano conheci Mestre Cobra Mansa em
Washington DC e me apaixonei! Ao invés de ficar 6
meses, fiquei 14 anos.
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Qual o nome do seu grupo?
Fundação Internacional de Capoeira Angola (FICA)
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Mestra Di
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Filha caçula de uma família de oito irmãos, Mestra
Di começou a ter contato com a cultura
pernambucana na infância participando de projetos
sociais. Aos 13/14 anos começou a treinar Capoeira
Regional com o mestre Sapo (Umberto Mendonça),
transitando para a Capoeira Angola em 1998 junto
com o mestre, que fundou o grupo de Capoeira
Angola Mãe, de Olinda/Pernambuco. Hoje, aos 46
anos de idade, tem uma história de mais de 30 anos
na Capoeira.
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O que você quer dizer para as mulheres
capoeiristas?
Perseverança, não desista da Capoeira, ela não vai
desistir de você. Nós capoeiristas mulheres vamos
ter mais dificuldade para permanecer na Capoeira,
vai haver barreiras seja por questões financeiras,
pela maternidade ou por questões dentro do
próprio grupo que privilegia os homens, às vezes
por oportunidades que não lhe são oferecidas. Que
isso não seja um impedimento para que você
continue, a própria Capoeira nos ajuda, nos
fortalece, nos mostra as estratégias, nos dá energia,
nos ajuda a construir uma nova identidade.
Permanecer é nossa luta. Perseverança, a Capoeira
vai sempre emanar essa força, a gente ouve o
berimbau, sente essa coisa que vibra no corpo. “Eu
sei que eu não teria como apagar isso em mim, meu
corpo vem de longe.
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Mestra Jararaca
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Quando começou a Capoeira e em que ano?
Entre 83 e 84 academia do Mestre João Pequeno.
Eu tinha 11, porém meu pai me pegou treinando e
me tirou! Daí em 89 quando ele faleceu eu voltei.
Nessa época eu já tinha 14 anos de idade.
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Mestra Alcione
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Quando começou a Capoeira?
Em 92, seu irmão que a levou pra Capoeira.
42
O que você quer dizer para as mulheres
capoeiristas?
Mulheres que sejam amigas e parceiras iluminando
o caminho umas das outras, dentro da Capoeira
Angola e fora também.
Vivemos num mundo de desafios, competitividade,
machismo, racismo, muitas negatividades e
crueldades , por isso é importante ser uma força
que impulsiona, que eleve e que evolua nossas
relações. Nossas vidas não são perfeitas mas são
nosso tesouro, é importante cuidar.
Se for sincero o caminhar junto, temos mais
chances de viver uma nova era e criar novas
oportunidades vindas de referências femininas com
carinho, honra e respeito à história delas. As
lideranças são luzes no caminho que para ter força
várias chamas precisam estar acesas colaborando e
construindo um futuro melhor pra quem vier.
Assim um dia, toda humanidade, todo ecossistema
e toda natureza estarão em comunhão.
Agradeço ao Seu Pastinha, aos Mestres e Mestras
da Capoeira Angola e de toda Cultura Popular do
nosso Brasil.
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Mestra Cris
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Quando começou a Capoeira?
Em 1990.
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Mestra Nani
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Quando começou a Capoeira?
Iniciei na Prática da Capoeira Angola em 1995 no
Bairro da Fazenda Coutos, Subúrbio de Salvador na
casa do Mestre João Pequeno.
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Quando eu dou aula às mulheres e às meninas a
primeira coisa que eu pergunto como forma de
reflexão:
"Você sabe o que você quer com a Capoeira? Você já
pensou o que a Capoeira tem a contribuir para
você?" Tento mostrar que só em ela já estar ali, já
existe a transformação de algo na vida. Mas
precisamos refletir essa transformação e buscar
compreender para a evolução acontecer. Refletindo
a gente passa a entender o nosso papel enquanto
participante, enquanto aluna, enquanto seguidora
da arte da Capoeira Angola. A gente passa a
entender para além da força e resistência física,
cardiorrespiratória, respiratória.. entendemos o
equilíbrio, o olhar periférico, o perceber o perigo.
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dentro da sociedade e contribuinte para a formação
e educação da sociedade. Com muito mais
consciência da resistência e da luta que É, a
Capoeira é lugar de compreender que uma mulher
precisa da outra, que a mulher precisa entender o
lugar da outra e as situações e os questionamentos
que a outra faz. Percebo muitas vezes o quanto a
sociedade não tem consciência do poder que nós
mulheres temos.
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outros acreditem, a gente vai se decepcionar e
deixar de evoluir. Muitas vezes uma fala negativa já
nos enfraquece. A gente vai se desestimulando e
desacreditando, e a gente não pode deixar isso
acontecer! Use a Capoeira Angola como terapia de
melhora da autoestima.
Eu mesma passei por muitas situações onde muitas
falas negativas influenciavam no meu
desenvolvimento e eu já ficava apreensiva, já
começava a desistir... Mas sempre aparecia uma
fala positiva que me criava fôlego. Então, que a
gente deixe que as coisas positivas possam
influenciar a nossa evolução e não deixe que as
coisas negativas influenciam para que a gente
regrida ou desista.
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inspiração, para que isso faça bem para outras
pessoas e principalmente para você. Quando a
gente faz com amor, com dedicação profunda, isso
faz bem pra gente mesmo e faz com que a gente
evolua. Que estejamos sempre abertas para
aprender, aprender mesmo com uma criança,
aprender com o outro, com a outra.
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