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E EDUCA C Ã ,
O0Ü26S38
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COLEÇÃO "VIDA E EDUCAÇÃO"
SOB A DIREÇÃO DE ÁLVARO MAGALHÃES
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Tradução
de
CARLOS GALVEZ
S egunda P arte
Conclusão Geral
A pêndices
(1) Cfr. Mòataigne, Essais, I., X, cap, XXVI; Pç l’instrucf.iop dçs çp·»
fants, ed. st;*eresisi, vçi, I, pág. W i,
16 A E strada Real da Inteligência
(2) Cfr. Foch, por Felot, S. J., Bloud et Gay; Búgnot: Rn écoutant Js
Maréchal Fech, pág. 64; excelentes çonseina? nç mesmo sentida,
Que é uma "in teligên cia bem feita ’*? ii
OS ESPÍRITOS FALSOS
OS ESPÍRITOS GEOMÉTRICOS
OS ESPÍRITOS EFEMINADOS
(10) O contexto mostra que se trata não dessa clareza de expressão que
a meditação dá, mas dessa humilde resérva à qual a reílexão profunda ha
bitua. Meditando seríamente, vê-se que é cada vez mais difícil expor bem
a verdade.
(11) Kecherche de la Vérité, L. II, 2.a parte, cap. VIII. ,
(12) Cfr. Caracteres, cap. V, passim; I-S2.
Os espíritos superficiais 33
(16) Convém ler, a êsto propósito, a cena XI do ato III das Fammes
savantcs. O método de análise superficial é pósto em ridículo.
(17) Acusa-se às vezes Montaígne de não amar a ciência. É um êrro.
38 A E strada R eal da Inteligência
(22) Citado por Daniel Moi-net : Histoire de la clarté française, p&g. 354.
(23) Daniel Mornet, ibid., pâg. 357.
44 À E strada ,Real da inteligência
(25) Ler aos alunos: Le consulat de Bonaparte, Revue des Deux Mon
des, 15/VI/29, págs. 797 e segs., por Madelin.
(26) Encontrar-se-á uni grande número de traços semelhantes m Co
mandante Charles Bugnet: En écoutant le Maréchal Foch, págs. 95 e segs.:
págs. 141 e 142; págs. 174, 175, 176; págs.' 216, 217, 218, etc.
CAPÍTULO VI
OS ESPÍRITOS ESTREITOS
OS ESPÍRITOS MALEDICENTES
(33) A Sagrada Escritura nos recomenda de orar a Deus- para que nos
conceda èsse senso crítico, v. g., Sabedoria, cap. 7, 8, 9, Eclesiastes, pas
sim, Mateus, 7, 15,
Os espíritos maledicentes 53
* $
que êle diz não lá onde êle não diz sim, e viceversa. Ha
verá algo mais evidente e mais elementar do que uma tal
regra de boa crítica ?
E, contudo, vêmo~la diariamente violada com uma
perfeita inconciência.
Como se explica que a educação não tenha costuma
do o espírito a seguir êste princípio: só se deve condenar
o que não se pode justificar; deve-se sempre justificar
o que não merece uma condenação. Questão de lealdade,
sem dúvida. Mas sobretudo questão de hábito. Pois a
lealdade é uma virtude adquirida.
OS ESPÍRITOS DE FACÊTAS
OS ESPÍRITOS APAIXONADOS
* *
* '
OS BONS ESPÍRITOS
í
Bons espíritos são os espíritos perfeitamente equili
brados: melhor metáfora não bs pode caracterizar. Ne
nhuma qualidade particular basta por si só para fazer
um bom espírito; o mais erudito ou o mais artista dos
homens pode ainda ser um espírito falso e perigoso. Quan
to mal não causaram ao mundo certos gênios transviados!
O privilégio dos bons espíritos é a 'plenitude, é o acordo
das qualidades opostas, é a harmonia das notas comple
mentares. Nesta harmonia pouco importam a intensida
de e altura do som. O que se exige antes de tudo é a jus
teza do tom.
É por êste motivo que somente uma análise dos de
feitos podia fazer com que compreendêssemos êsse todo
complexo que se qualifica de bom espírito . . . “ Bonum
ex integra causa, malum ex quocumque defectu” , diz o
axioma. É dizer que uma só imperfeição basta para de
safinar todo o instrumento.
Num instante pode dissipar-se a confiança que tivés
semos podido depositar num espírito que sob qualquer as
pecto fôsse superior à mediocridade geral. A superiori
dade, própria às inteligências bem feitas, vem precisamen
te dessa retidão e dêsse “ pleno” no julgamento, que in
fundem confiança e que por infundirem confiança as fazem
dignas de guiar os homens menos cultivados nos cami
nhos da verdade.
Por aí se pode avaliar a importância da missão dos
Os bons espíritos 77
O MEIO DA FORMAÇÃO:
o HUMANISMO
INTRODUÇÃO
que ela não acorde sonhos e paixões nas almas dos jovens.
Não é a ciência que é rebelde ao humanismo; pode acon
tecer que o seja o cientista quê a ensina (8T) . '.' ■
I8
7
(88) Oír. a êste respeito as ¡páginas de Victor Giraùd, muito titeis -para·
os educadores (Revue des Deux Mondes, 1/1/1931). Encontrar-se-ão aí, cia-'
ramente expressas, as qualidades que todo Francês deve ir buscar nos clás
sicos pela educação.
O humanismo literario francés 111
AS HUMANIDADES GRECO-LATINAS
(95) A finalidade desta obra não é dar uma resposta direta ao proble
ma das Humanidades ou da organização dos programas. Ocupamo-nos di
retamente da arte de ensinar de um modo “humanista” , isto ê, da forma
ção da inteligência.
A s humanidades greco-latinas 119
(S9) Cír, o que dia Puhajnel, Sccnes de I» Vie future, págs. 230, 231,
122 A E strad a Real da Inteligência
(117) A êsse respeito, eis uma história simbólica: “Era num domingo
à tarde, conta Henri Dubreuil, e um dos meus vizinhos de oficina me pe
dira que fôsse passar a tarde em sua casa. Posso dizer que a sua residên
cia era o tipo clássico de casa americana, na qtial nada falta de tudo aquilo
que a indústria moderna pode produzir para facilitar a existência. Depois
de ma ter mestrado tôda... voltamos a sentar-nos no salão. Num canto
dêste havia um piano, riüm outro um rádio e num terceiro uma vitrola.
Tocou-se então a vitrola e ouvimos alguns discos. Quando isso se acabou,
não era ainda a hora de emissões, e reinou no salão um certo silêncio que
me deu uma singular impressão de vácuo. Compreendí então melhor o que
é um verdadeiro salão. Achavamo-nos sentados em fofos canapés guar
necidos de almofadas desenhadas segundo as mais recentes prescrições da
moda. O tapête e as cortinas eram confortabilíssimos: tinham sofrido an
tes as convenientes carícias de um aspirador elétrico. Mas qualquer cousa
estava ausente, a qual, aliás, pode eclipsar a usura, dos sofás gastos, ou a
pobreza encoberta pela fadiga dos tapêtes. A palestra brilhante e maravi
lhosa de uma pessoa dotada de alta cultura pode metamorfosear a mais
pobre das peças e uma tal cousa não é substituída pelo brilho dos veludos
intactos. O que faz um salão não são os móveis e as tapeçarias, mas os
sêres que se acham dentro dêle, e foi aí que eu pude constatar a que ponto
de desenvolvimento a população operária chegou, e o que lhe resta ainda
por alcançar. Quando o silêncio se tornou pçr demais longo, fui convidado
a tomar lugar no 4Wtomóvel que estacionava à porta da garage, e fomos
rodar por uns cem quilômetros, sem ir a parte alguma, sem ir dar a outro
lugar que não a essa mesma garage a que a viatura nos reconduziu duas
horas mais tarde” . (Henri Dubreuil, Standards).
(118) O cristianismo purificou, afinou, transfigurou essas qualidades.
As humanidades greco-latinas 139
CAPÍTULO VI
O HUMANISMO E A HISTÓRIA
(131) Revue des Deux Mondes, l/VIII/1916, pág. 494: “Les traits éter-
neis de la Prance” . '
O humanismo e a historia 149
(134) Ler Études, 1/1919. “Les Saints dans l’Histoire”, pelo Rvdo. Pe.
Longhayo S. J.
(135) Cir. Edition Brunschwicg, 1909 (Hachette), pâg. 79; cfr. em nota,
pâg. 80. numerosos depoljnentos sôbre o mesmo Çenaa.
154 A E strada Real da Inteligência
tra-nos ela dominados em política pela mesma disposição que nos caracteri
za, diz-se, na guerra: a furia francese. Quando um princípio, um interêsse,
um sentimento nos preocupa, domina-nos absolutamente, exclusivamente;
escutamo-lo e o seguimos até o fim, lógicos apaixonados, sem levar em con
ta nenhuma outra consideração, nenhum outro fato. Achamo-nos num
acesso de ambição de liberdade? Sacrificamos-lhe tudo, as mais prementes
condições da ordem, as mais evidentes necessidades do poder, a calma do
presente, a segurança futura. Revelem-se as consequências do érro, apare
ça a anarquia, torne-se incontestável a necessidade de um poder eficaz, .—
e eis-nos a precipitar-nos em seus braços; entregar-lhe-emos todos os nos
sos lugares seguros; antecipar-nos-emos e iremos além de suas exigências.
Por ter qsido liberais desmesurados, esquccer-nos-emos de que quisemos ser
livres, arrebatamentos tais e descuidos como êsses têm inevitáveis conse
quências*;’ A medida, a previdência, acautelar os interêsses diversos que
coexistem na sociedade, levar em conta os princípios contrários que nela
se combinam embora combatendo-se mutuamente, dar a uns e a outros a
sua justa parte e somente a sua justa parte, deter-se em tempo, transigir
prudentemente, fazer hoje sacrifícios com vistas no amanhã* — é sabe
doria, é habilidade, é necessidade em política; é a própria política. Aos
povos em seu longo destino, bem como aos indivíduos em sua curta pere
grinação, Deus só dá o êxito político se se reunirem essas condições” . (Cfr.
citação de Jullian, op. eít., pág. 155).
(140) “A História não pode anunciar qual será a fisionomia do dia de
amanhã, mas ela é o depósito da experiência universal, e mostra-nos o laço
que liga o castigo à falta. Esta justiça da História nem sempre é a da re-
zão; ela às vezes poupa o culpado e salta gerações; mas jamais os povos
lhe escapam. Para estes, sabedoria e grandeza, imperícia e decadência são
os termos de uma equação, cuja incógnita o historiador deve procurar, pes
quisando as causas que provocaram as quedas ou as prosperidades... Quan
tos herdeiros inocentes, indivíduos ou sociedades, pagaram a falta de ante
passados culpados! Assim considerada, a História se torna o grande livro
das expiações e das recompensas; de modo que, mostrando aos povos o
estreito laço de solidariedade que une passado e futuro, ela pode recordar-
lhes aquela palavra bíblica: Eazei o bem ou o mal e sereis recompensados
ou punidos em vossa posteridade até a sétima geração” . — Duruy: Histoire
0 humanismo e a história 157
des Romains. — Cír. C. Jullian: Extraits des Hist, franç. du XIXe. siècle,
Hachette, pág. 463. — Bossuet diz admiravelmente a mesma cousa no Dis
cours sur l’Histoire universelle.
168 A E strada Real da Inteligência
(146) Estas belas páginas sáo tiradas de uma revista privada: Comment
enseigner (Lyon), Ò autor é anônimo. Mereciam ser reproduzidas 8 çop-
seryadas, por gentil autorisas&o do Diretor da referida revista,
164 A Estrada Real da Inteligência
( 147) Pode-se ler em O. Julllan, op. clt., o preíáolo, n,° 1, VI, p&g. 138.
Alguma» regru do trabalho hlstôrluo. com as roopootlva* referAnoías. Do·
Ò humanismo e a história 168
d e r o sa s, é ju s ta m e n te n a h istó r ia que p od em o s v iv e r e m
co n ta cto e fa m ilia r id a d e c o m ela s.
Positiva. — A h is to r ia n ã o p a r te de id éia s, d a s q u a is
e x tr a ir ia co n clu sõ es te ó ric a s. É v e rd a d e q u e co m f r e
qu ên cia la n ça m ã o do m éto d o d e d u tiv o ; m a s ela é antes
do mais indutiva e m su a m a r c h a a scen d en te dos fa t o s às
id é ia s g e r a is. A c o s tu m a a s s im o e sp ír ito fr a n c ê s a do
m in a r a su a n a tu r a l ten d ên cia à ló g ic a a b s t r a ta , a a d a p
t a r -s e à s r e a lid a d e s, a n ã o a n d a r a d ia n te dos fa t o s , m a s
a se g u í-lo s e m seus a p a r e n te s c a p rich o s, a c o m p o r ta r -s e
co m o u m s e r v id o r das v o n ta d e s p ro v id e n c ia is e n ão c o m o
v o lu n ta r io so sen h o r delas.
N ã o é a fo r m a ç ã o p o r e x c elê n c ia do e s p ír ito ? Q uan
do se c o n tr a iu o h á b ito leal de v e r e de to m a r as co u sa s
co m o e la s sã o, a fim de co n d u z i-la s ao pon to e m q u e de
v e m e sta r e a fim so b retu d o de elev a r a a lm a a o s cim o s
d o d ever e do su cesso , s ig n ific a q u e j á se é u m h o m e m
de v a lo r , — e q u a se u m se r de ex ceçã o .
Filosófica — fin a lm e n te , a h is tó r ia o é, à su a m a
n eira . “ A g r a n d e v a n ta g e m ed u c a tiv a que a h is tó r ia nos
p od e p ro p o rc io n a r é p re c isa m e n te essa de c r ia r -n o s u m a
p e rsp e c tiv a , de e n s in a r -n o s a v e r a s ’ co u sa s de longe e do
alto. E n este o fíc io , que lh e é p ró p rio , d iscip lin a a lg u m a
p o d e ria s u b s titu í-la ” .
D e sse m o d o .se e x p r im e P a r o d i e m su a Comunicação
ao V Congresso Internacional de Educação moral (P a r is ,
de 2 3 a 2 8 de se te m b ro de 1 9 3 0 ) . C o n v ir ia que fô s s e
lid a p o r in teiro . A u x ilia r -n o s -ia a co m p r e e n d e r de q u e
m a n e ir a a h istó r ia n os e le v a m u ito a c im a de tô d a s a s e s
tr e ite z a s do in d iv id u a lism o ; do eg o ísm o , do n a c io n a lism o
e x c lu siv ista , da r iv a lid a d e fe r o z , do te r r a -à -t e r r a m a te r ia l.
P elo fa t o de p la n a r m o s com e la a c im a dos esp aço s e do
te m p o , p od em os v e r o s c o n ju n to s e ta m b ém " a s p a r te s e m
se u s ju s to s lu g a r e s , as q u á is só tê m sen tid o e m fu n ç ã o do
tod o ( 150) . E a s s im n o s a p r o x im a m o s d a s v isõ e s d e D eu s.
O HUMANISMO E A FILOSOFIA
P r im e ir a V a n t a g e m :
. A reflexão suprassensível.
“ a c r ia n ç a n ã o pode d e ix a r de ir da fo r m a a o fu n d o , a f i m
d e p e n e tr a r a o s p ou cos o s se g re d ô s d a v id a e do p e n sa
m e n to ” . “ P a s s a , a ssim , n e c e ssa r ia m e n te da im a g in a ç ã o
e do se n tim e n to ao ra cio cín io, do co n creto a o a b s tr a to , dos
co n h ecim en to s g e r a is aos c o n h e cim e n to s e sp e c ia is, do que
so licita o e s p ír ito por inteiro a o que o so licita a p e n a s e m
p a r te , do que a tu a sô b r e o c o ra çã o e o p ró p rio ^ ca rá ter ao
que a tu a a p e n a s sô b re a ra zã o e a m e m ó r ia ” .
É p o r è sse m o tiv o que a lite r a tu r a é a p en a s u m a e ta
p a n a ed u ca çã o. F a lt a -lh e “ g r a ç a e f i c a z ” p a r a separar
o espírito dos sentidos. M a is r ic a , m a is c o m p le x a , m a is
h a rm o n io sa , m a is tu m id a de se iv a do qiie q u a lq u er o u tr a
fo r m a de p e n sa m e n to , a lite r a tu r a é d o ta d a de u m a a b u n
dância: que e n g a n a : é im p o te n te p a r a d esen v o lv er in te
g r a lm e n te a r e fle x ã o e a in te lig ê n cia ra c io n a l d a s co u sa s.
E s c a p a a seu s te n tá cu lo s a ra zã o , fa c u ld a d e d o m in a d o ra ,
ise n ta d e a p a r ê n c ia s, pela qu a l ca p ta m o s a v e rd a d e em
su a nudez d e e ssê n c ia .
A filosofia, ao c o n tr á r io , p ossu e essa “ e fic á c ia ” , c o m o
dizia B o ssu e t, p od er c u ltiv a r a p r ó p r ia in te lig ê n cia . E s-
tim u la -a e a a ju d a a d e se m b a r a ç a r -se d essas d u as g r a n
des m a tr iz e s de e rro s que sã o a imaginação e a> sensibili
dade.
T a l é o im en so b e n e fíc io do ano c a p ita l de f i l o s o f i a :
e n s in a r a c r ia n ç a a p e n sa r com uma certa independência
das imagens e dos sentimentos, e p o r c o n se g u in te a con
q u ista r c o m c e r te z a e r ijo c a r á te r a pura verdade.
Ê ste v ig o r e sp ir itu a l é d e in e stim á v el v a lo r n a lu ta
p ela v id a . P o is , q u a n to s p r e ju íz o s a im a g in a ç ã o e o se n
tim e n to c a u sa m à b u sc a d a v e r d a d e !
P a sc a l p roced eu a o ju lg a m e n to d e fin itiv o d e ssa s duas
fa c u ld a d e s : f o r a m desde en tão d e sp id a s d e tô d a s a s su a s
p reten sõ es. Q u ando P a sc a l a cu sa é d ifíc il a p a g a r as m a r
c a s de su as acu sa çõ es ou ín é sm o d e su a s c h ic a n a s. Suas
fle c h a s são r ij a s e a ce ra d a s. A im a g in a ç ã o , d iz êle, “ é
e ssa p a r te m e n tir o sa do h o m e m , e ssa m a tr iz de e r r o e f a l
sid a d e s, e ta n to m a is im p o sto r a p o r q u e n ão o é s e m p r e ;
pois se ria u m a r e g r a in fa lív e l da v e rd a d e , se o fò s s e in -
O humanismo e a filosofia 173
P o r ta n to , se n ão q u ise r m o s n a v id a se r jo g u e te s d as
ilu sões q u e v ê m e n v o lta s n a s in tu içõ es b e la s, m à s u m
p ou co v a g a s , d o co ra çã o , é n ec e ssá rio q u e o Noúç o b s e r -
v « e govern e. O s e r r o s d os co ra çõ es g e n e r o so s sã o tã o
fr e q u e n te s qu a n to o s e g o ísm o s d a s a lm a s g la c ia is. Q uan
ta s v e z e s n ã o n o s v ím o s la n ça d o s ,a c s fo s s o s d u m a r o ta
O humanismo e a filosofia m
In certa, sim p le sm e n te p orqu e o “ c o c h e iro ” não se a ch a v a
n a b o lé ia ? P o r e x e m p lo : “ ju s t iç a ” , “ c la r e z a ” , “ p ied a
d e ” , · · · e sta s b e la s p a la v r a s que, a p e n a s p ro n u n cia d a s,
a c o r d a m e m n os n o sta lg ia s de u m p a r a íso p erd id o , n ão se
p o d e m a ca so t o r n a r tã o fu n e s ta s co m o as de c iê n c ia ” e
“ p r o g r e s s o ” , se a in te lig e n cia n ão a s d e fin e r ig o r o sa m e n
t e e se n ão a ssin a la c o m n itid ez o c a m in h o que le v a a es
ses p a íse s e n c a n ta d o s? N ã o tiv e m o s a éste resp eito t a m
b é m , d o lo ro sa s e x p e r iê n c ia s ? .
(153) Cfr. Doncosur, S. J,: Étudss, t. 1S3, 1921, pàg. 137. A fòrmula:
"A natureza mesma traa em al a sua lei” tomar-se-ia falsai se, por urna
confus®© de tèrmos, se entsndesse, corno Kousseau, qua a natureza so basta
e que pao necessita netn de firn Citano a atingtr, pezp de qua a
fumino e dirti®. '
178 A Estrada Real da Inteligência
S egunda V a n t a g e m :
0 espírito realista,.
Ejm bora lib e rte a ra zã o da “ e sc ra v id ã o da m a t é r ia ”
e lhe o u to rg u e o im p é rio sô b re a tu m u ltu o sa m u ltid ã o de
im a g e n s que p o v o a m o e sp ír ito do h o m e m , isso n ão quer
d iz e r q u e a filo s o fia se ach e su b m e tid a à fu n e s ta n eces
sid a d e de su b stitu ir à p le n itu d e da re a lid a d e õs v a z io s das
a b stra ç õ e s. M u ito pelo c o n tr á rio , ela c u ltiv a ao m e sm o
te m p o e ssa s duas fo r m a s de in telig ên cia que à p r im e ir a
v is ta p a r e c e m a n ta g ô n ic a s, — o se n so do a b so lu to e o
senso do real. S e n ão m e e n g a n o , e s p ír ito s su p e rio re s
s ã o p re c isa m e n te a q u eles q u e não c a r e c e m n em de u m a
n em de o u tr a d essas fo r m a s . F o i o que d e ix a m o s e s ta
b elecid o n a p r im e ir a p a r te d esta o b r a .
N ã o se pode n e g a r que as ciê n c ia s a b str a ta s, -— as
m a te m á tic a s, p or e x e m p lo , — s e ja m d ota d a s de v ir tu d e s
fo r m a t iv a s , so b retu d o se a s c o m p a r a r m o s com as o b ra s
e x c lu siv a m e n te li t e r á r i a s ; e la s d e sen v o lv em q u a lid a d es in
telectu a is de p r im e ir a o r d e m , com o, p o r e x e m p lo , a a te n
ção, a p recisã o , o r ig o r d edu tivo. F o i o q u e d e ix a m o s
d e m o n stra d o . C on tu do, q uan do as c o m p a r a m o s com a f i
lo s o fia , v e r ific a m o s que a in flu ê n c ia d e la s p*arece m a is
r e s tr ita ( 154) . D e sp id a s de tô d a s as v ir tu a lid a d e s d a li
te r a tu r a , v ão ela s p o r d em ais lo n g e n esse d esn u d am en to
m e s m o e a c a b a m e m a b stra ç õ e s n ão m u ito m a is re a is que
os p r ó p r io s sím b o lo s. U t iliz a m -s e da ra z ã o , s im , m a s
m en os co m o fa c u ld a d e de c a p ta r a s . rela çõ es e n tr e o s o b - ,
je t o s do que com o ca p a c id a d e de e n c a d e a r c ifr a s e f ó r
m u la s. N o r ig o r is m o d esta d isc ip lin a de fe r r o , o m e c a
n ism o c ie n tífic o tem , u m a p o d ero sa — m a s r e str ita — e fi
c á c ia p e d a g ó g ica .
R a c io c in a r, ra c io c in a r se m p re , ra c io c in a r se m p a r a r ,
ra c io c in a r p u r a m e n te se m o u tr a o p era çã o m e n ta l que n ão
o r a c io c in a r, q u an do os té r m o s q u e d e sta c a m o s da n a tu
r e z a , que c o m p a r a m o s, q u e r e la c io n a m o s, ou que d isso cia
m o s , n ão p a ssa m de sig n o s, .de su b stitu to s ló g ico s e, p or
a s s im d izer, de p ro n o m e s, colocados no lu g a r d e seres
r e a is, c o n creto s, v iv o s e ch eios d e s u b s tâ n c ia ; q uan do
s u b stitu ím o s aos ra c io c ín io s, que n a scem das relações que
a s co u sa s e n tr e s i tr a m a m , o esca ch o a r de a b str a ta s o pe
r a çõ es e fó r m u la s , — ra c io c in a r e m ta is con d ições, a v id a
in te ira e m b o r a , n ã o e n s in a r ia a v e r b e m as co u sa s com o
e m si sã o, n em so b retu d o a b em ju lg á -la s , n em , p o r con
s e g u in te , a p a u ta r su a con d u ta p esso a l p o r u m a ra z ã o só
lid a e a m p la , c o m o c o n v é m a o h o m em .
É p o ssív e l q u e h a j a q u em p en se que a p r ó p r ia filo s o
f i a fa v o r e c e a te n d ê n c ia à “ id e o lo g ia ” , aos a b str a c io n is-
m o s ; e m v e z d e c o m u n ic a r ao e sp ír ito u m a fo r m a ç ã o que
a s le tr a s e as ciê n c ia s te r ia m d eix a d o in con clu sa, ela p or
su a v ez in te r v ir ia só p a r a d e f o r m á -lo ; no tr a to co m a f i
lo s o fia , p o r co n se g u in te, c o n tr a ir -s e -ia o h á b ito fu n e sto
de a b a n d o n a r o s p ro b lem a s re a is pelo p ra ze r de u m puro
m a n ip u la r co n ceito s.
C o n fe s s o q u e u m ta l p e r ig o n ão é e m abso lu to u m a
q u im e r a . H á q u e m n eg u e que ex iste u m m a u m o d o de
f ilo s o f a r ê m que se d e sv ia a in telig ên cia de sua v e rd a d e i
r a fu n ç ã o ? A fu n ç ã o da in te lig ê n cia não é u m a c h a r la
ta n e sc a p r e stid ig ita ç ã o de co n ceitos, — m a s u m o lh a r e m
p r o fu n d id a d e a s co u sa s. N ã o acon tece às v ezes que o en
sin a m e n to dad o, rico ch etea n d o sô b re a su p e r fíc ie d a s a p a
r ê n c ia s, la n ça o s e sp ír ito s no rein o d a s ab straçõ es co m o
se a í fô s s e a v e r d a d e ir a p á tr ia d é le s? N ã o é g r a tu it a a
h ip ó te se de u m p e r ig o tã o g r a v e . U m a v ez que a filo so
f i a n e c e ssa r ia m e n te se m ove no pla n o das a b straçõ es me*
d ia n te o tr íp lic e e sfo r ç o , c u jo cu sto d eix am o s elu cidado,
— é v e r d a d e ir a m e n te p a r a recea r que ela , no c lím a x da
c u r v a q u e p e r c o r r e e m seu m o v im e n to to ta l de ascensão
e d e sc id a , e n v e re d e c a p ric h o sa m e n te p or ú m a ta n g e n te
que a tr a n s v ie p elo p a ís das q u im era s.
Í7 8 Â Estrada Real ãa Inteligência
M a s e n tã o e s tá p e r d id a : n ão é m a is filo s o fia .
L e v a n te m o -n o s, p o is, c o n tr a êste fa ls o m é t o d o a t a -
q u e m o -lo ; n isso e sta m o s de a co rd o . N ã o c o n fu n d a m o s
e n tr e ta n to a filo s o fia a u tê n tic a c o m e s ta p e d a g o g ia de
m a u q u ila te, — o c a m in h o da v e rd a d e co m e ssa v ia de
p erdição in telectu al.
N ã o , a fil o s o f ia passa pelas abstrações, mas não se
detém nelas; e la a lca n ça o re a l, m a is e. m e lh o r do que as
ciên cia s, m a is e m e lh o r ta m b é m do que a lite r a tu r a e a
p r ó p r ia p o e sia . '
D e que m o d o isto s e d á ? O v a lo r to d o d a filo s o fia
está e m jô g o n este p ro b lem a .
A t in g e e la o rea l m a is do q u e as ciê n c ia s, m a is do que
a lite r a tu r a e a p r ó p r ia p oesia, em p r im e ir o lu g a r p orqu e
n ão ex clu e n en h u m dos o b je to s d esta s do seu c a m p o de
o b se rv a ç ã o . N ã o h á d e sco b e rta que n ão a in te re sse . E n
qu a n to c a d a u m a d as ciên cia s fr a g m e n t a a re a lid a d e e
v a i re str in g in d o de m a is em m a is o seu se to r , a filo s o fia ,
ao cen tro dela, a ig u a l d istâ n c ia de to d o s os p o n to s cir
cu n sc rito s, e x a m in a o h o rizo n te tod o c o m u m a só e m e s
m a m ira d a .
E l a a b a r c a a re a lid a d e m a is do que as ciê n c ia s p o r
que o que co n stitu e a rea lid a d e to ta l de u m o b je to q u a l
q u er é o conjunto de relações em que êste se acha travado,
“ é o tecid o de rela çõ es que o lig a m c o m o u n iv e rso in tei
r o ” ; o que to r n a êste o b je to in te g r a lm e n te rea l p a r a o
e sp ír ito “ é o fa t o de êle e m s i u n ific a r o s fio s d êsse te
cido, se r u m fo c o de p e r sp e c tiv a , u m c e n tro d e so lid a r ie
dade no seio da in tera çã o c ó s m ic a ” . O tr a b a lh o q u e iso la
e q u e a p a n h a os e le m e n to s de u m T o d o a p en a s com o o u tr o
ta n to s “ todo”, d iv id e e a n iq u ila o co n creto . A filo s o fia
p r o je ta u m a g r a n d e fa ix a ilu m in a n te e m que ao m esm o
te m p o p a lp ita m , co m o r a io s de lu z, a s rela çõ es de to d os
os m u n d o s c ria d o s e n tr e si e c o m o eu h u m a n o e fê m e r o
e c o m o E u d ivin o etern o. A ciên cia im o b iliz a a cre s de
v e r d a d e a fim d e fi x a r a s aíparências m ó v eis d e sta e u tili
z á -la s p a r a o p r o g r e sso d a fe lic id a d e t e r r e s t r e ; a filo s o
f i a , pelo c o n tr á rio , d e sin tere ssa d a com o é, to m a a s co u -
O humanismo e a filosofia 179
0 A b s o lu to e u m a p a la v r a de u m a im e n sid a d e in fin i
t a ; e q u a n d o p ela ra z ã o se e x ig e que o S e r a b so lu to e x is
t a , te m -s e o se n tim e n to de u m a p len itu d e de rea lid a d e,
a s s im c o m o a d e u m g r a n d e rio su sp e n so à su a fo n te e
lev a n d o ao m a r se m lim ite s.
O m e sm o se p a s s a c o m to d o s o s p r o b le m a s que são
su scita d o s no d ecorrer do a n o de filo s o fia . P o r m a is sê -
c a s que s e ja m as su a s fó r m u la s , o rea l todo n ela s se es
conde.
T a n to p a r a o s e lv a g e m que tu do ig n o r a das ciên cia s,
com o p a r a o c ie n tista · que n ad a ig n o r a d e la s, a rea lid a d e
im e d ia ta , q u e o filó s o fo c o n te m p la , é a m e sm a e d esp erta
a s m e sm a s c u rio sid a d es. É , p o r ta n to , v e r d a d e que a f i
lo s o fia ten d e m a is ao re a l do que a s ciên cias e a lite ra
tu r a .
É ta m b é m ela q u em melhor se sai nessa emvrêsa.
U m a p a la v r a b a sta r á p a r a d e m o n str á -lo . E fe tiv a m e n te ,
v e r o m u n d o c o m olh os de cien tista é v ê -lo com o u m a sé
r ie in fin ita d e fatos; p a s s a -s e d e u m p a r a o u tr o , d esli
z a -se p ela s u p e r fíc ie e c o m o que à flo r d a s co u sa s. O lh a r
o m u n d o com o u m lite r a to é c o n sid e rá -lo c o m o u m a p e r
p é tu a m e ta m o r fo s e de fo r m a s b e la s p a r a os sen tid os. C on
te m p la r o m u n d o com o filó s o fo é compreendê-lo, quer d i
z e r , p e n e tr a r fu n d o n o in te r io r d a s co u sa s a fim de des
v e n d a r as su a s se cre ta s ra íze s e as su a s d epen d ên cias
o cu lta s.
C o m p reen d er é tr e s p a s s a r a m a té r ia c o m u m a o n d a
de luz e m a n a d a do e sp ír ito , de ta l m od o que ela cesse de
se r p esa d a m e n te op a ca , q u e se to r n e tr a n sp a r e n te , que se
tr a n s fig u r e , que se esp iritu a liz e , e p a r tic ip e e n f i m —
com o o b je to — d o s p r iv ilé g io s de in telectu alid ad e, d e s ig
n ific a ç ã o , de o rd em , d e v erd a d e e m e sm o de u m a espécie
de n ecessida d e, de u n iv e rsa lid a d e e de e te rn id a d e que a
r a z ã o lh e dá. U m m u n d o conhecido e s ta lo n g e de se r u m
m u n d o compreendido. A n a tu r e z a se o fe re ce a o co n h eci
m e n to ide todos os h o m e n s ; v e m a êles e p r e s ta -s e à c u r io
sid a d e d ê le s ; m a s a o lite r a to , ao a r t is t a , e n tr e m o str a a p e
rta? o s seu s en ca n to s ; ao c ie n tista , o s tr a ç o s de su a fa c e .
0 humanismo e a filosofia 183
m in h a p r e le ç ã o : m e u tr a b a lh o c o n sistir ia e m e n s in a r o s
m o ço s a r e fle t ir e m e a ju lg a r e m p o r si m e s m o s .. . E s s a
m in h a in v e n ç ã o n ã o se ria p ro p r ia m e n te u m a n o v id a d e,
p o is que ó seu n om e é d ia lé tic a e j á p a sse a v a p e la s r u a s
de A t e n a s , m a s a fu n ç ã o do p r o fe s s o r de f ilo s o f ia a caso
n ã o é a d e lib e r ta r o s jo v e n s e sp ír ito s d a in fo r m e c a r g a
de n oções e fa t o s a cu m u la d o s n os c u rso s p r e c e d e n te s ? ”
(c ita d o p o r Doneoeur, Études, 1 9 2 1 , p á g . 5 7 1 ) .
Q u e s ig n ific a e s s a o b se r v a ç ã o , senão que tu d o é m a
té r ia de r e fle x ã o , a rea lid a d e m a is ta n g ív e l, o a con teci
m e n to q u o tid ia n o m a is b a n a l, e que a filo s o fia e n sin a p r e
c isa m e n te a compreender a fundo ?
T e r c e ir a V a n t a g e m :
Q uarta V a n ta g em :
(158)' Esta verdade foi Já exposta no início dêste mesmo capítulo, mas
sob um outro ponto de vista.
iÔâ À is t r a d a È ea l da Inteligência ^
iir - - r,... , , ........................^ ' !
Q u in t a V a n t a g e m :
A fé esclarecida.
façamos oom que as nossas duas peças creiam ...” Pascal: Pehsées, 152 (6d.
Brunschwlcg). i 1 : ' \. · . :
0 humanismo e a filosofia
O HUMANISMO CRISTÃO
(186) Revue des Deux Mondes, 1928, 15/1!, págs. 822 e sgs.
O humanismo cristão 217
(188) O argumento histórico, que não nos é possível expor neste bre
víssimo capítulo, não deixará de Impressionar a quem se der o trabalho de
lèr, por exemplo: Christus, pelo Pe. Huby. Poder-se-ão consultar, tam
bém : os artigos do Pe. Delaporte, nos Études, t. LIX, maio e agosto de
1893: três artigos m uito ricos em documentos, o primeiro, a págs. 5-35; o
segundo, a págs. 258-281; o terceiro, a págs. 434-465. E ainda: Revue de
l ’Enseignement chrétien, janeiro e fevereiro de 1833; Ch. Daniel, Des Études
classiques dans la Société chrétienne; Arsène Cahours, Des Études classiques;
Abbé ïdartin, Des usages des auteurs profanes dans ¡ ’ enseignement chrétien;
a bela tese de René Thamin sobre Saint Ambroise, sobretudo a conclusão;
de Broglie, Histoire de l ’Église au ÏVc. siècle, passim; Paul Allard, Julien
l’ Apostat; Dictionnaire d’Apologétique (d ’Alès): “ Instruction de la Jeunesse” .
A batalha em tôrno da alma das crianças data do dia em que o Cristo
fundou a sua Igreja; e durará até o fim dos tempos, porque a Igreja não
pode renunciar à sua missão, e porque as “ portas do inferno” seriam des
truídas no .momento em que renunciassem a possuir a juventude. O ensi
no das verdades naturais é com o que uma cabeça-de-ponte, como que um
contraforte, que pertence à Igreja, e em que ela se manterá firme, contra
quem quer que a pretenda daí expulsar. Ê uma questão de princípio invio
lável: tal é o que prova a perseverante tenacidade do magistério cristão
na História.
Hoje, com o outrora, a Igreja desenvolve em todo o mundo a sua mis
são de educadora; vai mesmo aos infiéis, cuja responsabilidade também., lhe
toca, porquanto files estão “ chamados a entrar no Reino de Deus e a al
cançar a salvação eterna” . “ Assim como, em nossos dias, as suas Missões
espalham aos milhares as escolas por regiões e países que ainda não são
cristãos, das duas margens do Ganges ao rio Amarelo e às grandes ilhas
do Arquipélago da Oceania, do continente negro à Terra do Fogo, e ao se
lado Alasca, assim também, em todos ‘ os tempos, pelos seus missionários, a
Igreja form ou para a vida cristã e para a civilização os povos quo, hoje,
constituem as diversas nações cristãs do mundo civilizado. É, pois, evi
dente; que de direito e de fato a missão de educar pertence â Igïeja do um
modo supereminente” . (Pio XI, Encíclica sôbre a educação, Doo, çatl).
15/11/1930, pág. 396).
220 A E strada Real da Inteligência
(196) Texto de São Bernardo: “ Sunt çiui scire volunt eo fine tantum
u t sciant, et turpis curiositas e s t... et sunt item qui scire volunt ut scien
tiam suam vendant, verbi causa pro pecunia, pro honoribus, et turpis quae
stus est; sed sunt quoque qui scire volunt ut aedificent, et caritas est; et
item qui scire volunt ut aedificentur ct prudentia est. (In Cant., sermo
X X X V I ).
(197) De Bossuet, poder-se-iam 1er entre outras cousas: Traité de la
concupiscence, capítulo VIII, e o magnífico capítulo X X X II. Da mesma for
ma, p, sermão sôbro a morte, no início do segundo tópico.
Santo Agostinho exprime com vivacidade a mesma perspectiva: “ Scien
tia, -dicit Apostolus, inflat. Quid ergo? Scientiam fugere debetis et elec
turi estis nihil scire potius quam .inflari? Ut quid vobis loquimur, si
melior est ignorantia quam scien tia ?... Amate scientiam et anteponite cari
tatem . Scientia, si sola sit, inflat. Quia vero caritas aedificat, non per
m ittit scientiam inflari. Ibi ergo inflat scientia, x:bi caritas non aedificat;
ubi autem aedificat, solidata est” . (Sermo CCCLIV ad. Cont., c . V I).
O Santo Padre Pio XI, citando éste texto, aduz o seguinte conselho
para todos os mestres da mocidade; “ Vestri igitur, si quidem spiritu pie
tatis caritatisque, unde ceterae virtutes oriuntur et constant, studia sua
foveant, quasi quodam medicato odore qui metum corruptionis avertat, fu
turum sine ulla dubitatione est, ut ob sua doctrinae ornamenta acceptiores
Deo fiant Ecclesiaequfe utiliores” . (Acta Ap. S., 1924, pág. 146).
Dever-se-iam mostrar as estreitas relações existentes entre essa forma
ção do espírito em tôda a sua amplitude e a aquisição, para uns, e á m a
nutenção, para outros,, da Pé cristã, Numa alma formada dêsse modo
numa perfeita retidão de coração e de espirito, a Fé se açha. comô em casa:
dir-se-ia uma flor rara em terreno próprio. Os piores inimigos da Fé são
também os piores Inimigos do homem, e por conseguinte do humanismo.
Cfr. a éste respeito o que diz o Pe. Léonce de Grandmaisoa: De la res
ponsabilité des éducateurs. (Études, 1924, págs. 418-419).
Ô cristianismo ferm ento âo humanismo 231
' (198) O professor lerá com proveito o Evangelho de São João» que pÒe
vem evidência a necessidade da boa vontade para ver bem, e Santo Agos
tinho que é admirável a êste respeito. A tese de Ollé-Laprune sôbre a, “ Certi
tude morale” . Pierre Kousselot, S. J .: L ’Intellectualisme de Saint· xhem as:
3e. oartie, — l ’ Intelligence et l’Action ^mmaine.· M. Blondel: certas passa
gens de L’ action. Uma das consequências dêstes princípios é que o profes
sor por excelência é aquele que recebeu do céu poderes sobrenaturais, para
formar as almas, «— o Sacerdote.
CAPÍTULO X
(200) Para ilustrar o que dizemos desta arte, ler o qus escreve » . de
la Sizeranne da arte eia geral: Eevue des Deux Mondes, Í/VI/ISOV, págs.
588-590, o íazer a aplicação de sues idéias ao ensino.
1■ ■/ 4
A formação pedagógica dos p rofessores ' 239
(201) , Le Bx. Père Le Fèvre, par le P. Prat (1873, Briday), pág. 142.
(202) Cír. Vitâlité chrótienne, prefácio; Ozanam, por Mojis. Baudrlllart,
pág. 291; cfr. P. Charmot; L’âme de réflncation, pág. 66, (Spes).
(203) Cír. Les Prièíes de saint Thomàs d’Aquin, Art Cathollquc.
(204) Tomamos a liberdade de aconselhar a todos os proíessoros a ora-
çSo do Breviário: os Salmos contêm uma constante e magnifica supUcaçáo
da almà em busca da Verdade. ■
246 A E strada Real âa Inteligência
■I
APÊNDICE B
O exercício de versão