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Apontamentos/Resumos baseados nas aulas da Doutora Vitoria Rocha (1º Semestre 2004/05) mas sobretudo no programa anotado
do Professor Doutor Brandão Proença e no I Volume do "Das Obrigações em Geral" do Professor Douto João de Matos Antunes
Varela.
Como sempre estão à vontade para fazerem as correcções necessárias e melhoramentos.
Em Obrigações com o Doutor Brandão Proença não vale a a pena saber muito detalhadamente as varias posições em confronto,
doutrina e etc... porque a maioria das questões são de resposta muito rápida e não valem mais de 1-2 valores (senão 0,5valores) pelo
que quando mais souberem mais difícil se torna filtrar o que é importante e acessório. Por isso o meu conselho é conheçam bem o
código (remetam-no todo), saibam como resolver muito rapidamente os casos sem se perderem com o acessório, muitas vezes basta
por o artigo certo e já têm a cotação total. Se houver divergência doutrinal pode ser muito bom saber as varias doutrinas (eu sabia-as
de trás para a frente) agora com 5 minutos para cada pergunta mal tempo dava para falar na lei, quanto mais nas posições contrarias
à do Doutor Brandão Proença.
O importante é responder certo a cada pergunta visto que não têm tempo para a "Palha" habitual.
Vejam bem os exames que apercebem-se precisamente disto e nem pensem em deixar nada por estudar porque com exames com
mais de 20 perguntas podem ter a certeza que sai um bocado de tudo, a boa noticia é que também se falharem 1 pergunta só vale na
maioria dos casos entre 0,5 e 2 valores.
Os exames com a professora Vitória Rocha seguem uma lógica um bocado diferente e são mais aquele tipo de perguntas de
desenvolvimento a que estamos habituados.
a) O direito (do credor) à prestação é o poder juridicamente tutelado que o credor tem de exigir
a prestação do devedor. O credor, e só ele (sem prejuízo do 606º), pode exigir o cumprimento; e
é de acordo com a sua vontade que funciona o mecanismo da execução, quando o devedor não
cumpra, mesmo depois de condenado.
O direito de exigir a prestação pode ser exercido extra-judicialmente (mediante interpelação
do devedor) ou judicialmente (através de citação para a acção de cumprimento ou a execução,
ou por meio de notificação judicial avulsa (805º). A jurisdicidade do poder conferido ao credor
manifesta-se principalmente e com maior aparato no direito de agressão do património do
devedor, mas esta verifica-se igualmente nas seguintes soluções cominadas pela lei;
a) A mora transfere para o devedor o risco de perecimento ou deterioração da coisa, mesmo
que estes factos lhe não sejam imputáveis (art. 807º 1);
b) A obrigação pecuniária passa a vencer juros, a contar do dia da constituição em mora,
ainda que anteriormente os não vencesse (806º);
c) O devedor em mora passa a responder por todos os danos que a falta de cumprimento
cause ao credor (804º);
d) Ao devedor em mora recusa a lei o dto de obter a resolução ou modificação do contrato por
alteração das circunstâncias vigentes à data da conclusão (438º). Alem disso se o credor estiver
por seu turno obrigado para com o devedor, ele pode, sob determinados pressupostos dos
artigos 847º e seguintes, compensar o seu credito com a divida contraria, obtendo assim,
pelo simples exercício da vontade própria, mediante a libertação do vinculo que onerava o seu
património, a realização pratica do direito que tem à prestação. Se as 2 obrigações recíprocas
tiver nascido do mesmo contrato bilateral e forem o correspectivo 1 da outra, qualquer 1
dos credor pode compelir o outro contraente a cumprir, recusando a entrega da sua
prestação enquanto este não o fizer (excepção de não cumprimento do 428º). E poderá
eventualmente em certos termos ameaça-lo com a perda definitiva do crédito que compete a
esse contraente, mediante a resolução do contrato (808º,1; 801º,2 e 432º e seguintes).
c) A garantia. A lei não se limita a impor um dever de prestar ao obrigado e a atribuir ao credor o
correlativo direito à prestação. Procura também assegurar a realização coactiva da prestação,
sem prejuízo do direito, que, em certos casos, cabe ao credor de resolver o contrato ou de
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recusar legitimamente o cumprimento da obrigação que recaia sobre ele próprio, ate que o
devedor decida a cumprir. E como o credor não pode recorrer à actuação directa por força da
proibição legal da auto-defesa do artigo 1º do Código de Processo Civil, abre-se ao lesado o
recurso à acção dos tribunais. O elemento que mais carácter de jurisdicidade imprime ao vínculo
entre o credor e devedor é precisamente o da acção creditória, através da qual se exercita a
pretensão do credor. A acção creditória é o poder de exigir judicialmente o cumprimento da
obrigação, quando o devedor não cumpra voluntariamente, e de executar o património deste
(817º). O fim da execução consiste em proporcionar ao credor a realização do interesse que a
prestação visava facultar-lhe ou uma satisfação tão próxima quanto possível desse interesse
(indemnização do prejuízo que lhe causa o não cumprimento).
1. Os direitos reais são absolutos, isto é valem “erga omnes”, enquanto os direitos de
crédito são relativos (inter partes) apenas vinculam pessoas certas e determinadas (ou
determináveis) que são os sujeitos da relação; valem pois em principio apenas a favor do credor
contra o devedor. No entanto a relatividade do direito de crédito não obsta a que: a) a lei
considere excepcionalmente oponíveis a terceiros algumas situações que, na sua
essência, são autênticas relações obrigacionais; b) a relação de crédito, na sua
titularidade, constitua um valor absoluto, como tal oponível a terceiros. Tal se sucede com
a relação locatícia, que embora sendo de natureza intrinsecamente obrigacional ou creditória,
não deixa se ser oponível pelo locatário ao terceiro adquirente do direito (normalmente de
propriedade) com base no qual o contrato foi celebrando. Deste modo se A, dono de certo
imóvel, o arrendar a B e, em seguida, o vender a C, o locatário B, poderá opor o seu direito
relativo a C apesar de com ele não ter contratado.
2. Os direitos reais gozam do direito de preferência (ou prevalência), que consiste no facto de
o direito real sacrificar toda a situação jurídica posteriormente constituída sobre a mesma coisa,
sem concurso de vontade do título daquele, na medida em que uma e outra sejam incompatíveis
entre si.
3. Os direitos reais gozam de sequela, que se traduz na faculdade conferida ao titular de
fazer valer o seu direito sobre a coisa onde quer que ela se encontre, de resto esta resulta
da inerência isto é “ ligação íntima entre o direito e a coisa”.
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4. O direito real é um poder directo e imediato sobre a coisa, prescindido da colaboração de
outrem para obter as utilidades que esta visa proporcionar-lhe (não obstante de por vezes o
exercício do direito tornar necessário o recurso aos tribunais, como sucede em regra nos direitos
reais de garantia. A obrigação, pelo contrario, consiste num direito à prestação, só realizável
através do intermediário, que é o devedor.
5. O direito real encontra-se subordinado ao princípio da tipicidade ou numerus clausus, isto
é a lei só admite os direitos reais criados por via legal com o conteúdo que esta lhes
imprime, não sendo como tal possível atribuir eficácia real ao contrato-promessa ou ao pacto de
preferência que versem sobre coisa móvel não sujeita a registo. Por outro lado para as
obrigações vigora a regra da atipicidade ou numerus apertus, sendo que deste de que a
prestação estipulada corresponda a um interesse do credor digno de protecção legal (398º nº2),
nenhuma restrição se cria, em principio, à constituição de qualquer obrigação, podendo como tal
as partes fixar livremente o conteúdo positivo ou negativo da prestação.
A obrigação é essencialmente o poder de exigir uma prestação, que apenas recai sobre o
devedor e, por isso, se considera um direito relativo. Mas a relatividade essencial do direito não
obsta:
a) A que a lei considere excepcionalmente oponíveis a terceiros algumas relações que, na sua
essência, são autenticas relações obrigacionais.
b) A que a relação de credito, na sua titularidade, constitua um valor absoluto, como tal oponível
a terceiros.
Certa doutrina considera ambíguo o princípio “favor debictoris”, ao entender que os devedores
não são necessariamente sujeitos individuais e que a sua defesa sugere uma cerca imagem
dickensiana da sociedade. No entanto no Código Civil há nítidas manifestações legais do
principio “favor debictoris”, como o direito de escolha nas obrigações genéricas e alternativas
(539º e 543º,2), e a presunção de favorecimento do prazo em proveito do devedor (779º),
considerando ainda Pessoa Jorge que o pagamento por terceiro, a compensação legal, a
consignação em deposito, o pagamento das maiores despesas derivadas da mora do credor e a
prescrição extintiva como outros sinais do principio.
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CAPITULO II
Os Princípios fundamentais do Direito das Obrigações
1. Autonomia Privada
2. Boa fé
3. Tutela do sujeito mais débil
4. Proporcionalidade
5. Responsabilidade Patrimonial
6. Heteroresponsabilidade
7. Auto-Responsabilidade
I.
A liberdade de contratar e seus limites
Como já se viu anteriormente o princípio da liberdade contratual consiste antes de tudo consiste
na faculdade de se decidir livremente a contratar (a fazer o seguro de vida, a comprar o
automóvel ou a vender a jóia que herdou).
1. Dever de contratar
Há diversos casos em que as pessoas singulares ou colectivas, têm o dever jurídico de contratar,
logo que se verifiquem determinados pressupostos, sendo que se a pessoa que se recusa a
contratar pratica um acto ilícito, que pode constituí-la em responsabilidade perante a que deseja
realizar o contrato. Havendo inclusive casos em que a esta pessoa se permite obter a execução
coerciva do contrato.
Restrições à liberdade contratual, mas de sinal contrário às discriminadas no grupo anterior, são
(alem das que se estendem a certas categorias de pessoas: proibição de acesso dos menores a
certos espectáculos públicos) as provenientes das normas que proíbem a realização de alguns
contratos com determinadas pessoas: 579º e 876º, quanto à cessão e à venda de direitos ou
coisas litigiosas; o artigo 877º, relativamente à venda feita por pais a filhos ou por avos a netos,
sem o consentimento de outros filhos ou netos; o artigo 953º, quanto à doação a favor das
pessoas abrangidas pelas indisponibilidades relativas constantes dos artigos 2192º a 2198º.
Figuram ainda entre as limitações à liberdade contratual os casos em que, para contratar, certas
pessoas necessitam do consentimento ou do assentimento de outrem, e aqueles em que a
validade do contrato livremente celebrado entre as partes depende da aprovação de certa
entidade. È o caso dos cônjuges que necessitam do consentimento um do outro, para
alienarem os bens compreendidos no nº3, al. a), do artigo 1682º e nos 1 e 2 do artigo 1682ºA e
o do inabilitado que necessita da autorização do curador para os actos de disposição
entre vivos e todos os demais que constem da sentença de inabilitação (153º nº1). E ainda nos
casos dos representantes legais de certos incapazes que necessitam de autorização do
tribunal (1889º, 1938º, 139º e 140º) para a realização de certos actos jurídicos.
II.
A liberdade de escolha do outro contraente e seus limites
1. Auto-limitações resultantes da vontade das partes (e por isso em bom rigor não
constituem restrições à liberdade contratar) que são essencialmente constituídas pelos
chamados pactos de preferência, mediante os quais um dos contraentes (o obrigado à
preferência) se compromete a escolher outro (em condições de igualdade) como sua
contraparte, na hipótese de se ter decidido a realizar determinado contrato. Estes têm apenas
eficácia relativa ou obrigacional.
2. Limitações provenientes directamente da lei. Destas destacam-se as resultantes
dos chamados direitos legais de preferência e as impostas pelas normas que reservam para
certas categorias profissionais (os advogados, os correctores de bolsa, etc.) a realização de
determinados tipos de prestação de serviços.
Os direitos legais de preferência, em que o nosso sistema jurídico é relativamente pródigo,
têm uma eficácia limitativa da liberdade contratual ainda mais forte do que o resultante dos
pactos de preferência, enquanto os primeiros têm apenas eficácia relativa ou obrigacional, os
direitos legais de preferência gozam sistematicamente de eficácia real, como melhor convém
à natureza dos fins que determinam a sua instituição.
III.
A livre fixação do conteúdo dos contratos e seus limites
a) Estes limites englobam desde já; os requisitos formulados no 280º e seguintes (quanto
ao objecto do negocio) entre os quais se destaca a sanção aplicável aos negócios contrários
à ordem publica ou ofensivos dos bons costumes, bem como aos negócios usurários, cuja
noção e dada em termos particularmente amplos pelo 282º; e no artigo 398º2 relativamente ao
objecto da prestação incluída na relação obrigacional que não necessita de ter valor
pecuniário, mas há-de corresponder a um interesse do credor digno de protecção legal; e
compreendem ainda as numerosas disposições dispersas por toda a legislação, que proíbem, no
geral sob pena de nulidade, a celebração de contratos com certo conteúdo. Assumem também
especial relevo, a proibição de exclusão ou limitação convencional da responsabilidade,
qualquer seja o grau de culpa do devedor (809º e 800º,2); a proibição de doação de coisas
futuras (942º), bem como dos pactos sucessórios (946º, 1; 2028º,2), e ainda a proibição da
subordinação do casamento ou da perfilhação a termo ou condição (1618º,2 e 1852º)
c) Cabe, por último, referir as normas imperativas que se reflectem no conteúdo dos
contratos:
a. Umas são aplicáveis à generalidade dos contratos ou certas categorias de contratos,
entre estas, e abstraindo das regras relativas aos negócios formais (220º,
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875º,947º,1029º), que respeitam à formação e não aos efeitos do contrato, e das que
estão compreendidas no regime geral do negocio jurídica, avulta o principio da boa fé,
pelo qual se deve pautar a conduta das partes, tanto no cumprimento da obrigação
como no exercício do direito correspondente (762º).
b. Outras, privativas de certos contratos em especial, e que são vulgares nos sistemas de
economia fortemente dirigida, encontramos os exemplos das normas que fixam a
duração máxima ou duração mínima de certos contratos (1025º, 1240º) ou do prazo
para a resolução no caso de venda a retro (929º); as que limitam as causas de
resolução do contrato (64º RAU), as que determinam a responsabilidade dos
contraentes por certos vícios contratuais (898º, 908º e 912º 1) e as que limitam as
taxas de juro no caso do mutuo 1146º.
IV.
Outras limitações ao principio da liberdade contratual
Figuram ainda entre as limitações à liberdade contratual: as limitações resultantes de legislação que
visa a defesa do consumidor, a limitação de exploração de jogos de sorte e azar, do sexo e drogas
pela sua vertente de exploração de certos vícios da espécie humana, podendo no entanto estas
incluírem-se na previsão do artigo 280º.
V.
Contratos de adesão, como limitação de facto à liberdade contratual
Na sua formação teórica tradicional, o contrato é normalmente precedido de uma livre discussão
entre os pactuantes sobre o teor de cada cláusula. Pressuposto do debate prévio entre os
contraentes é a igualdade jurídica das partes, uma das premissas em que o liberalismo individualista
assentava a força soberana do contrato. Porem nos contratos de adesão, isto é aqueles em que
um dos contraentes, não tem a menor participação na preparação e redacção das respectivas
clausulas, se limita a aceitar o texto que o outro contraente oferece, em massa, ao publico
interessado, estes na pratica apenas são livres de aderir ao modelo, padrão ou clausula que lhes é
oferecida, ou de a rejeitar, mas não de discutirem ou alterarem o conteúdo da proposta. Não
havendo pois aqui, a livre discussão entre as duas partes, que salutarmente costumava preceder a
fixação do conteúdo do contrato.
Note-se, porem que a limitação à liberdade contratual existe apenas no domínio dos factos,
visto que no plano da lei, nada há que impeça os particulares e as empresas seguradoras ou
de fornecimento de agua, energia ou em certas operações bancárias, de fixarem livremente as
clausulas do contrato ou de se afastarem dos modelos de negociação usualmente seguidos.
I.
A responsabilidade civil pré-contratual como manifestação do principio
da Boa Fé
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Esta encontra-se prevista sobretudo no artigo 227º que decreta “quem negoceia com outrem para a
conclusão de um contrato deve, tanto nos preliminares como na formação dele, proceder segundo
as regras da boa fé, sob pena de responder pelos danos que culposamente causar à outra parte”
resultando pois a ideia de que o simples início das negociações cria entre as partes deveres de
lealdade, de informação e de esclarecimento, dignos da tutela do direito bem como:
A consagração em Portugal da tese da responsabilidade pré-contratual pelos danos
causados culposamente à contra parte tanto no período das negociações como no momento
decisivo da conclusão do contrato.
À responsabilidade pré-contratual (culpa em contrahendo) deve aplicar-se o regime do
artigo 799º quanto à presunção da culpa
Responsabilidade essa no entanto que não se circunscreve, como se sucedia na
tradicional teoria da “culpa in contrahendo”, à cobertura dos danos culposamente causados à
contra parte pela invalidade do negócio. A responsabilidade pré-contratual, com a amplitude que
lhe dá a redacção do artigo 227º, abrange os danos provenientes da violação de todos os
deveres (secundários) de informação, de esclarecimento e de lealdade em que se
desdobra o amplo espectro negocial da boa fé.
Alem de indicar o critério pelo qual se deve pautar a conduta de ambas as partes
(a boa fe) , a lei portuguesa aponta concretamente a sanção aplicável à parte que sob
qualquer forma, se afasta da conduta exigível: a reparação dos danos causados à
contraparte.
A lei não se limita a proteger a parte contra o malogro da expectativa de conclusão de
negocio, cobrindo-a de igual modo contra outros danos que ela sofra.
Quanto à indemnização:
II.
O Abuso do direito enquanto manifestação do principio da Boa Fé
O Abuso de direito regulado pelo artigo 334º e 762º nº2 é uma das maiores manifestações do
princípio da boa fé, sobretudo nas suas formas de “venire contra factum próprium”. O abuso do
direito consiste sobretudo em 6 (seis) modalidades:
O abuso do direito consiste sobretudo nas seguintes modalidades:
1. A falta de um interesse protegido que justifique o exercício do direito (ex. exercício do
direito de preferência, previsto no art. 1380/1, por parte de 1 proprietário de 1 terreno
confinante, apto para cultura mas em estado de abandono, em que claramente é contrariada
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a função económica e social do direito potestativo, destinada a melhorar a estrutura agrária
(tanto mais quando a lei prevê medidas contra os proprietários de meios de produção em
abandono).
2. O “venire contra factum próprium”, consiste na proibição de 1 comportamento num
sentido ≠ da confiança suscitada na parte envolvida, sob pena de afectar as
expectativas legítimas da outra parte (ex. é o caso de 1 inquilino que paga a nova renda
sem que o aumento tivesse sido feito na forma legalmente prevista). Aqui pode chegar-se a 1
situação de confiança, em que a outra parte, faz fé, que impede o titular, devido à estabilidade
conduta durante certo prazo, de se fazer valer do seu direito.
3. A perda do direito (neutralização do direito), consiste na situação em que o titular do
direito não invoca o mesmo durante bastante tempo, sem que se tenha preenchido o prazo
para a prescrição, e observa simultaneamente 1 comportamento através do qual o dever
podia legitimamente concluir que o direito já não seria exercido.
4. Exigência injustificada. Esta situação dá-se quando 1 titular invoca o dto a 1 prestação
apesar de 1 obrigação sua de devolver imediatamente esta mesma prestação (ex. do 764º).
5. Um comportamento desleal que resulta do aproveitamento de uma posição jurídica, ela
própria adquirida por dolo ou abuso do direito, de dai provir 1 prejuízo que de outra
maneira não se teria verificado. Pode servir de exemplo a invocação da prescrição, por parte
de quem tiver obstado, com a sua conduta anterior e enganadora, a que o titular do direito
intentasse a tempo a acção indicada, para evitar o decurso do prazo.
6. A inobservância dos princípios gerais do cumprimento das obrigações (762º,2).
A sua projecção maior verifica-se nos contratos de consumo, mas também ao regime de contratos
de financiamento e de outros contratos mais sensíveis (mutuo, trabalho, arrendamento).
5. Responsabilidade patrimonial
O património do devedor como garantia do cumprimento das obrigações em que está constituído
(817º). A prioridade da tutela por execução especifica (real) e a residualidade da tutela por
equivalente indemnização.
6. Heteroresponsabilidade
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A responsabilidade perante os outros ou a imputação danosa por facto livre responsabilizante. O
critério geral da responsabilidade civil subjectiva, a progressiva extensão do circulo da
responsabilidade sem culpa e a residualidade da responsabilidade por factos lícitos. O lesante pode
pois responder por uma acção ou omissão ilícitas e culposas, por uma actuação lícita geradora de
riscos específicos e não controláveis por actos danosos justificados legalmente pela melhor tutela
conferida a certos sujeitos individuais ou colectivos.
7. Auto-Responsabilidade
CAPITULO III
Factos constitutivos de obrigações
OS CONTRATOS
Noção de contrato: A primeira fonte de obrigações sendo que diz-se “contrato o acordo
vinculativo, assente sobre duas ou mais declarações de vontade (oferta ou proposta de um
lado; aceitação, do outro), contrapostas mas perfeitamente harmonizáveis entre si, que visam
estabelecer uma composição unitária de interesses”.
A relação contratual “alimenta-se” sobretudo dos chamados deveres laterais (ou acessórios de
conduta), deveres funcionalizados em ordem ao perfeito cumprimento do contrato. Tendo como
fontes o acordo das partes, a lei e o princípio da boa fé.
Assim o princípio da boa fé consiste:
1. Nos deveres de aviso/comunicação: o gestor devera avisar o dono do negocio do inicio da
gestão, o cliente deverá avisar o banco do extravio do livro de cheques, o sinistrado devera
avisar a sua Seguradora do sinistro ocorrido, a mulher do arrendatário devera avisar o
senhorio da morte do marido, o arrendatário comercial devera comunicar ao senhorio o
trespasse.
2. Nos deveres de informação/esclarecimentos: informação técnica, jurídica ou médica a
restar é relacionada com a compra de máquinas complexas, produtos perigosos, prestação
de serviços.
3. Nos deveres de cooperação: O dono do bem deve entrega-lo ao transportador, a agência
organizadora da viagem deve prestar assistência no decurso da mesma, os contraentes
devem colaborar na obtenção de documentos necessários.
4. Nos deveres de cuidado: Como a execução do contrato pode comportar riscos para a
integridade pessoal, há que evitar, em locais privados ou públicos, a criação de condições
perigosas (ma iluminação do café ou no cinema, mesas de bilhar mal colocadas, degraus em
estado precário, limpeza deficiente no hipermercado.
5. Nos deveres de fidelidade/lealdade: deveres de não concorrência, de sigilo, de discrição do
gestor bancário (ver 990º e 1003º a) )
Nestes casos como não estamos perante deveres de prestações principais (pagamento do
preço/entrega do bem ou secundários transporte do bem vendido, entrega do vaucher do alojamento
de ferias) parece certo que o contraente terá direito a ser indemnizado, embora não se possa
recorrer em regra à acção de cumprimento. Mas em contrapartida terá direito à resolução dos “
contratos de que decorre 1 relação particularmente estreita de confiança mútua e de leal
colaboração” se houver 1 “comportamento que afecte gravemente essa relação”, mesmo que o
dever de lealdade e fidelidade não seja considerado o dever principal. Sendo deveres que não estão
condicionados pela validade do contrato (por exemplo acidente sofrido por comprador de bem alheio
na loja do vendedor), estendendo-se esta desde a fase pré-contratual ate ao período pós-contratual.
Verdadeiro exemplo de contrato misto constituía o contrato de leasing, que numa das suas
modalidades mais frequentes, envolvia uma associação curiosa de prestações do contrato de
locação (1022º) com prestações da compra e venda (874º) ou do compromisso de compra e
venda (410º). Contudo a partir de 1979 (DL nº 135/79, de 18/5; DL nº171/79, de 6/6; DL nº11/84, de
7/1 e DL nº1 103/86 de 19/05) e sobretudo do DL nº 149º/95 de 24 de Junho o leasing, numa das
suas variantes negociais tornou-se num contrato nominado, sob o nomen iuris de contrato de
locação financeira.
2. Contratos de tipo duplo híbrido ou acoplado: Sucedem-se nos casos em que uma
das partes vincula-se a um prestação típica de um contrato e a outra parte a uma
prestação típica de outro contrato, havendo assim uma contraposição de elementos
pertencentes a contratos tipicos distintos. Exemplos: 1) A cede a B uma casa para habitação em
troca da prestação de serviços que integram, por exemplo, o contrato de trabalho; 2) C obriga-se
a realizar uma obra para certa empresa que em contraprestação lhe promete uma quota na
sociedade que vai explorar economicamente a obra.
(Teoria da combinação 1028º)
B. Teoria da combinação: Outros autores, com fundamento de que nem sempre é possível
determinar o elemento principal do contrato e de que não se justifica de qualquer modo a
extensão indiscriminada do regime que corresponde a esse elemento preponderante a outras
partes da relação, tentam harmonizar ou combinar, na regulamentação do contrato, as
normas aplicáveis a cada um dos elementos típicos que integram todos os seus elementos
constitutivos, mas também nas espécies em que cada um destes elementos se instala,
embora só para fixar o regime próprio desses elementos separados. Deste modo se um
contrato inclui a um tempo elemento do contrato do trabalho e do contrato de locação,
deve o julgador aplicar as regras do primeiro à prestação que integra a relação laboral
e as do segundo à prestação própria da relação locativa. Se é a empresa transportadora
que, alem do transporte, se incumbe do encargo de cobrar no destinatário, o preço da
mercadoria entregue, estará a primeira prestação submetida ao contrato de transporte,
enquanto para a segunda vale naturalmente o regime do mandato (nomeadamente as regras
da sua revogabilidade).
Solução adoptada
1. Antunes Varela não adopta nenhuma das teorias em particular, sendo que para este o
primeiro passo a dar na resolução de qualquer problema de regime suscitado por um contrato
misto, consiste em saber se na lei há qualquer disposição que especialmente se lhe refira. Deste
modo há diversos problemas de regime resolvidos directamente na lei nomeadamente:
Quanto ao arrendamento de prédios com parte rústica e parte urbana manda o artigo
2º, 1 do RAU para só considerar o arrendamento como urbano se a parte urbana for de maior
valor, optando desta forma o RAU pela “Teoria da absorção ou da prevalência”.
Já para a locação com vários fins o artigo 1028º manda, em principio, aplicar a cada um
dos fins (habitação, exercício de certo ramo de comercio ou da industria), o regime legal que
lhe compete, consagrando pois como regime regra na área da locação com pluralidade
de fins a “teoria da combinação” .
No entanto no número 3 do 1028º é consagrada uma excepção nos casos em que haja
notaria subordinação de um dos fins a outro da locação deve pois aplicar-se o regime
correspondente ao fim principal, adoptando assim a teoria da absorção.
2. Mas a lei não resolve definitivamente o problema, visto que não contem disposições
especiais que definam o regime a aplicar a todos os contratos mistos. Deste modo para as
numerosas situações que não haja disposições especiais quanto ao regime a aplicar
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Antunes Varela defende a aplicação das diversas teorias consoante as modalidades do contrato
misto, assim:
Nos contratos combinados ou geminados e nos contratos de tipo duplo, em que há uma
simples justaposição ou contraposição de elementos pertencentes a contratos distintos, em
principio deve aplicar-se a cada um dos elementos integrantes da espécie, a disciplina que
lhe corresponde dentro do respectivo contrato (típico), isto é adopta a aplicação da “teoria da
combinação”. È este o critério geral enunciado pelo artigo 1028º, propósito da locação
com vários fins, e que deve como regra considerar-se extensivo aos contratos mistos
em geral. Exemplos: Assim, se A se obriga a prestar a sua actividade, sob a autoridade e
direcção de B, e este lhe cede em troca o gozo temporário de certo imóvel, deve aplicar-se à
primeira prestação o regime do contrato de trabalho (porque nenhuma razão existe ara
subtrair à disciplina jurídica da relação laboral), e à segunda o da locação. Se o expedidor da
mercadoria incumbiu o transportador de cobrar o preço da mercadoria, no acto da entrega,
nada obstara, em principio, a que ele revogue essa incumbência especial, nos precisos
termos em que o mandante pode revogar unilateralmente o mandato. E a revogação não
invalidara a parte restante do contrato, relativa à prestação do transporte.
Já nos contratos cumulativos ou mistos em sentido estrito, em que não há lugar a uma
justaposição ou contraposição dos diversos elementos contratuais, mas sim um verdadeiro
nexo de subordinação, em que o que as partes quiseram, fundamentalmente, foi celebrar
determinado contrato típico, ao qual juntaram, como clausula puramente acessória ou
secundaria, um ou vários elementos próprios de uma outra espécie contratual. A estes deve
aplicar-se a teoria da absorção, tendo como base o nº3 do artigo 1028º, que também deve
ser generalizado ao comum dos negócios mistos. Sendo pois que o regime aplicável deve ser
o do fim . Deste modo: 1) se o vendedor de um certo artigo se obriga a guarda-lo como
depositário, ate ao retorno do cliente, ou a envia-lo pelos correios, para a sua residência
noutra localidade; 2) ou na situação de um arrendamento de um prédio urbano, para por
exemplo nele funcionar um hospital, uma casa de saúde, um colégio, etc., engloba, ou pode
englobar em si, como fins subordinados, não autónomos, a habitação dos enfermeiros ou dos
professores; 3) ou por fim na situação de arrendamento de um prédio urbano para uma
exploração industrial, com uma cláusula de que nele podem habitar trabalhadores. Há em
todos estes exemplos uma nítida prestação principal ao lado de uma prestação
acessória.
O contrato-promessa
(410º)
Quanto à forma e substância vigora o princípio da equiparação do artigo 410º, que consiste na
aplicação, como regra, aos requisitos e aos efeitos do contrato-promessa as disposições relativas ao
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contrato prometido. Valem assim, para a promessa de venda, por exemplo, alem das regras comuns
aos contratos em geral (capacidade, vícios (venda de bens alheios, ou redução do preço), resolução,
excepção do não cumprimento), as normas especificas do contrato de compra e venda quanto à
capacidade dos contraentes, quanto as proibições de aquisição, quanto à interpretação e integração
do negocio, quanto à disponibilidade de direitos.
No entanto há duas excepções ao princípio da equiparação:
A primeira excepção diz respeito à forma do contrato, sendo que a solução aplicável ao
contrato de compra e venda traduz-se nos seguintes preceitos:
a) Se, para o contrato prometido a lei exigir documento (seja ele autentico ou particular), como
se sucede para a venda doação de coisas imóveis, o respectivo contrato-promessa só é valido se
constar de documento escrito, assinado pelos promitentes, ou pelo promitente obrigado, consoante
a promessa seja bilateral ou unilateral (410º 2);
b) Tratando-se de contrato-promessa relativo à celebração de contrato oneroso de transmissão
ou constituição de direito real sobre edifício já construído, em vias de construção ou que deva vir a
ser construído, o documento escrito necessita de ter reconhecimento presencial das assinaturas
dos outorgantes bem como certificação notarial da existência de licença de utilização ou de
construção;
c) Se o contrato prometido estiver subordinado a qualquer outra formalidade, que não seja a
redução a documento, vale para a respectiva promessa a regra geral da liberdade de forma.
Importante: Quanto à validade de uma promessa bilateral, assinada unicamente por um dos
promitentes, a jurisprudência tem optado pela declaração de nulidade do negócio, embora
admitindo em certos termos a validade como promessa unilateral. No entanto a posição
adoptada parte do artigo 292º e da presunção de que a vontade hipotética é no sentido da
divisibilidade, pertencendo ao promitente não interessado na validade parcial a alegação e
prova de factos ilisivos da presunção (nos termos do 292º). Quanto à sanção esta é a
nulidade atípica, que não pode ser invocada por terceiros e impedindo que o tribunal
conheça oficiosamente das omissões formais, tese defendida por Brandão Proença,
Antunes Varela.
A segunda excepção ao princípio da equiparação refere-se especialmente aos efeitos do
contrato promessa. O contrato-promessa, criando para o promitente uma obrigação de contratar,
cujo o objecto é a prestação de facto, goza apenas, em principio, de eficácia meramente
obrigacional, restrita por conseguinte às partes contraentes, ao invés do contrato prometido,
quando se trate de contrato de alienação ou oneração de coisa determinada, que goza de eficácia
real.
Pacto de preferência
(414º)
Este distingue-se do contrato-promessa, na medida em que a pessoa não se obriga a contratar,
como sucede no contrato-promessa, mas apenas a escolher em certos termos um outra como
contraente, no caso de se decidir a contratar. Sendo aplicável por força do 415º o regime do 410º
nº2 (relativo à forma dos contratos-promessa unilaterais). As consequências da violação do pacto de
preferência: indemnização e acção de preferência.
Violação da preferência (acção de indemnização ou de preferência)
Admitamos, porém que o obrigado à preferência (A), como muitas vezes sucede na pratica,
aliena a coisa a terceiro (C), sem notificar o preferente (B). Nesse caso, o direito de preferência só
através da acção de preferência prevalecerá sobre o negocio já efectuado (art. 1410º). Mas para tal
necessita o direito invocado pelo autor de gozar de eficácia real; se o direito de preferência tiver
mera eficácia obrigacional, terá o titular (A) de contentar-se com a indemnização, por parte de B, dos
danos causados ela violação do pacto. Acção de preferência deve ser interposta contra A (alienante)
e C (adquirente) isto é hà litisconsorcio necessário passivo.
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O pacto de opção
A opção é um acordo mediante o qual as partes estabelecem que uma delas fica vinculada à sua
declaração contratual, tendo a outra a possibilidade de constituir a relação contratual (por ex. vir a
optar na compra).
Regime
Conforme resulta do 927º, o que caracteriza a venda a retro é ser atribuída ao vendedor uma
posição jurídica específica que lhe permite resolver o contrato e recuperar o bem. Contudo há limites
à estipulação do prazo tal como resulta do artigo 929º, começando esse prazo a contar do momento
da transferência da propriedade. A resolução deve ser feita por notificação judicial ao comprador
dentro dos prazos fixados no 929º e se respeitar a bens imóveis a resolução será reduzida a
escritura publica nos 15 dias imediatos, com ou sem a intervenção do comprador, sob pena de
caducidade do direito” tal resulta do artigo 930º. Efectuada a resolução a propriedade retorna à
esfera do vendedor, no entanto esta processa-se sem eficácia retroactiva é apenas adquirida ex
nunc.
A cláusula a retro só é oponível a terceiro nos casos bens sujeitos a registo e este tenha sido
realizado 932º.
Noção: O contrato a favor de terceiro é o contrato em que um dos contraentes (promitente) atribui,
por conta e à ordem do outro (promissório), uma vantagem a um terceiro (beneficiário), estranho à
relação contratual. Essencial ao contrato a favor de terceiro, como figura típica é que os contraentes
procedam com a intenção de atribuir através dele, um direito (de credito ou real) a terceiro ou que
dele resulte, pelo menos, uma atribuição patrimonial imediata para o beneficiário.
Exemplos: E, obrigado a entregar certa mercadoria a F, celebra com uma empresa especializada
um contrato de transporte para colocação da mercadoria no domicilio do credor, ao qual remete a
respectiva guia.
C doa avultados bens a D, mas com o encargo do donatário pagar a E uma pequena pensão
vitalícia.
Mas para que haja contrato a favor de terceiro não basta que o terceiro seja o destinatário
da prestação é necessário que seja titular do direito a ela ou beneficiário directo da atribuição
nascida do contrato.
Assim deste modo não temos um contrato a favor de terceiro mas sim contratos com efeitos
reflexos sobre terceiros o caso do contrato de locação em que o uso do imóvel e conferido não
apenas ao locatário mas a todo o agregado familiar que habita com ele) e o contrato de aquisição
de equipamento que se destina a ser usado por pessoas diferentes do comprador.
Já mais difícil ser de avaliar o caso do filho que contrata a mulher a dias para prestar serviços
em casa dos pais, ou paga à cabeleireira para ir pentear quinzenalmente a mãe a casa, tanto pode
querer conferir aos pais ou à mãe o direito à prestação, como considera-los puros beneficiários da
prestação sem que a mulher a dias se venha a vincular perante estes.
Gestão de Negócios
(464º)
Noção: Dá-se a gestão de negócios, quando uma pessoa assume a direcção de negócio alheio no
interesse e por conta do respectivo dono, sem para tal estar autorizada.
Interesse pratico: A intervenção do gestor assenta quase sempre numa atitude de altruísmo
moralmente louvável, de benemerência ou de autentica solidariedade humana, pode ter uma
utilidade apreciável na conservação ou na exploração de bens que, de outro modo, correriam o risco
de perder-se, deteriorar-se ou manter-se improdutivos, ou na realização de actos cuja omissão
poderia acarretar danos irreparáveis. Esta constitui em principio um acto ilícito, visto que constitui a
intromissão não autorizada na esfera jurídica alheia.
Requisitos: Para que haja gestão de negócios são necessários os seguintes requisitos: a)que
alguém (gestor) assuma a direcção de negocio alheio (negocio alheio no sentido de interesse alheio
ou assunto sendo que tem que haver a consciência desse mesmo carácter alheio (assim o
agente manda transportar a criança atropelada para o hospital e este não é seu filho como ele
supunha mas é o filho do vizinho, aqui não há consciência desse carácter alheio como tal não há
gestão visto que este actua na convicção de o interesse ser próprio ); b) que o gestor actue no
interesse e por conta do dono do negocio; c) que não haja a autorização deste.
Gestão imprópria de negócios, na gestão de negócio alheio, consiste quando o agente age no
seu próprio interesse com a intenção de retirar proveitos da intromissão na esfera alheia (receber
rendas, utilizar veiculo em proveito próprio ou da família), neste caso há lugar a responsabilidade
civil ou ate mesmo criminal.
Gestão representativa, consiste quando o gestor age em nome próprio sem revelar à contra parte o
nome da pessoa por conta de quem actue, sendo que quando não actue em nome próprio estamos
perante uma gestão não-representativa.
Nota: A que é vizinho de B faz obras para evitar a ruína, se A actuar no interesse de ambos age em
gestão de negócios se actuar apenas no seu interesse não temos gestão de negócios (em caso de
duvida deve-se optar pela gestão de negócios).
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Contrato a favor para pessoa a nomear
(452º)
O contrato para pessoa a nomear é o contrato em que uma das partes se reserva a faculdade de
designar uma outra pessoa que assuma a sua posição na relação contratual, como se o contrato
tivesse sido celebrado por esta ultima.
Corresponde à situação em que A quer comprar um prédio a B, mas não tem procuração dele nem
facilidade de obtê-la com brevidade requerida, ou não sabe mesmo se ele estará disposto a aceitar o
contrato. Se a A convier, de qualquer modo, ficar com o prédio para si, no caso de B o não querer,
terá todo o interesse em celebrar o contrato para pessoa a nomear, a fim de evitar, entre outros
inconvenientes, a necessidade de uma dupla transmissão e os correspondentes encargos fiscais.
Regime: Desde que o contraente (in próprio) se reserva perante a outra a faculdade de nomear um
terceiro como titular do contrato, àquele acordo seguir-se-á normalmente a declaração de
nomeação. Feita a nomeação nos termos prescritos, os efeitos processam-se como se a pessoa
nomeada fosse o contraente originário, adquirido o nomeado, com eficácia retroactiva, todos os
direitos e obrigações emergentes do contrato para o lado da relação em que fica investido. Na falta
de nomeação, os efeitos do negocio consolidam-se na titularidade do interveniente, salva a
possibilidade de as partes haverem acordado em outra solução (456º).
“Aquele que, sem causa justificativa, enriquecer à custa de outra, diz o artigo 473º, é obrigado a
restituir aquilo com que injustamente se locupetou”.