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MEDIDA

ETERNA
Tempo e idade - conceitos de significados e valores
variados no decorrer da história - encontram uma
diferença básica nas acepções de suas ralzes latinas
e gregas respectivamente

Paulo Martins

Breves sunt dies hominis ... sola primeiro nomeia o tempo verbal,
Aetemitas longa. que toma como referência o mo-
(Breves são os dias dos homens ... apenas a
mento da enunciação, o segundo
eternidade é longa.)
se ocupa do conceito abstrato e
relativo que é traduzido pelo pri-
Talvez o tempo seja
mais instigante a criação
e curiosa da meiro lingüisticamente.
raça humana. Conceito comple- Apesar de não encontrarmos
xo e interessante que incessante- em português tal especificida-
mente não pára de ser reciclado e de, temos, assim como eles, fa-
re-observado pelas mais diversas lantes do inglês, nuanças váFias
áreas do conhecimento, da filo- do conceito que, vez por outra,
sofia à física. Da gramática à as- são empregadas de maneira in-
tronomia. Da culinária à poesia. distinta e pouco atenta. Penso,
Contudo, poucos são aqueles por exemplo, em dois conceitos
que atentam que a língua e mais temporais: tempo e idad@. An-
precisamente o estudo dos éti- tes, contudo, de tratá-Ios com
mos transistoricamente nos ofe- vagar sob a ótica lingüística da
recem diversos e variados matizes diacronia, poderíamos pensá-Io,
do termo, associando-lhe nomes o tempo, de forma mais geral.
específicos e aplicações práticas
próprias igualmente específicas. Conceito irreal
Bom exemplo disso, entretan- Na Antiguidade clássica gre-
to, ocorre não no português, mas co-romana abundam exemplos
no inglês, afinal nenhum falante dessa sistemática reciclagem e
dessa língua teria dúvidas em dis- re-observação do conceito. Des-
tinguir tense e time. Enquanto o de os pré-socráticos, Parmêni-

DISCUTINDO LÍNGUA PORTUGUESA


des (530-460 a.C.) e Zenão de
Eléia (495-430 a.C.), até Santo
Agostinho (354-430 d.C.) já nas
portas da Idade Média, encon-
tram-se filósofos que, com mui-
ta habilidade e, por vezes, com
pouca clareza, ousam desvelar
seus segredos e mistérios.
Para Platão (427-348 a.c.),
por exemplo, o tempo não é um
conceito verdadeiro, pois que
apenas participa do mundo sen-
sível, aquele em que as coisas
são mutáveis, mediadas que são
pelos mortais, agentes, portan-
to, do "não-ser". A despeito de
sua origem cosmológica, o tem-
po teria nascido, pois, da orga-
nização do ca0S, ele subsiste
graças às sensações inerentes a
cada pessoa, distante, assim, de
uma Verdade absoluta.
Seu discípulo, Aristóteles (384
-322 a.C.), por seu turno, em mo-
mento algum discordando da na-
tureza essencialmente humana
do tempo, vai adiante e propõe a
estreita relação entre o tempo e o
movimento, daí jamais ser possível
sua desvinculação do "antes", do
"agora" e do "depois", mareadores
que estabelecem mentalmente a
medida do movimento. Dessa ma-
neira, já que as noções de passado,
presente e futuro são compreensí-
veis apenas do ponto de vista da
subjetividade humana, a própria
condição de entidade Feal e autô-
noma do tempo é posta em xeque.
Certo é que essa noção an-
tiga do tempo, como fenôme-

DISCUTINDO LiNGUA PORTUGUESA


no subjetivo e delico, encontra
guarida também, em certa me-
dida, na própria natureza, uma
vez que não há como negar a
existência das marés, das esta-
ções, dos ciclos lunares e dos
dias que sucedem as noites.

Linear e absoluto
Ainda na Antiguidade, en-
contramos, entre hebreus e zo-
roastristas - representantes da
"antiga religião persa fundada
no século 7 a.C. por 20roastro,
caracterizada pelo dualismo éti-
cel, cósmico e teogônico" -, um
outro sentido do tempo: o line-
ar e absoluto, calcado assim em
eventos únicos, que, portanto,
não se repetem. Essa possibili-
dade foi incorporada por uma
ética judaico-cristão-mulçuma-
na que toma um evento único
como marco divisório e estabe-
lece relação com os marcadores
aristotéllcos do movimento (an-
tes, agora e depois). Assim te-
mos o êxodo do Egito, a cruci-
ficação de Cristo, a migração de
Maomé de Meca para Medina,
marca dores essenciais aos seus
respectivos calendários.
Parece, pois, inegável que es-
sas duas vertentes do tempo co-
existiram e coexistem no mundo
moderno, porém ambas estão su-
jeitas à mesma rubrica: o tempo.
Contudo, parece-me que algumas
línguas, entre as quais o portu-
guês, podem bem distinguir es-
sas formas de pensar.

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