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OS ALIADOS

Para realizarem seus trabalhos os xamãs necessitam de auxílio, e


dependem de ajudantes em tudo o que fazem. Além de assistentes
vivos, que preparam o equipamento e tocam instrumentos musicais,
os espíritos auxiliares vão desde um ancestral até uma falange de
espíritos armados para a batalha e as plantas - mestras.
       Os aliados de poder transportam o xamã numa jornada, como
uma tripulação da canoa dos xamãs Saliches. Quando nosso aliado
é um animal, este serve de veículo, transportando o xamã nas suas
costas, ou caminha a sua frente como um batedor. Os aliados
previnem o xamã dos obstáculos e inimigos que surgem
durante a jornada, e ajudam-no a remove-los ou combate-los.
Geralmente eles proporcionam ao xamã habilidades mágicas e a
força correspondente às suas capacidades. Os instrumentos e as
armas têm os seus próprios espíritos, que representam a sua eficácia
através de sua medicina. Em muitas de suas batalhas, os xamãs
enviam seus aliados de poder como representantes, em vez de eles
mesmos viajarem nessas ocasiões.
       Acima de tudo, os aliados são fantásticos professores, que lhe
proporcionam o ensino necessário da arte xamãnica. Dão-lhe
instruções em técnicas xamânicas e ajudam a melhorar sua
percepção, com o ensino a representar ainda um processo de
crescimento moral e espiritual.
       Os aliados de poder apresentam-se de várias formas, podendo
ser um ancestral, um animal, uma pedra ou uma planta. No norte do
Peru, como também na selva peruana, um xamã mais velho junta-se
por vezes a um aprendiz, a fim de protege-lo dos maleros e dos
maus espíritos, bem como lhes ensinar o manuseio com as "artes" e
pequenas regras de como se alimentar. Muitos dos espíritos
aliados são animais, uma vez que estes são animados e dotados de
propriedades úteis, de que os seres humanos não dispõem. O
espírito do Jaguar torna o xamã mais forte e feroz, enquanto o
espírito do camundongo auxilia o xamã a entrar em pequenas
passagens. Os espíritos das aves e peixes possibilitam ao xamã
mover-se livremente no ar e na água. Outros espíritos são as
plantas, principalmente as "Mestras". Elas são freqüentes na selva
amazônica, sendo a ayahuasca a mais conhecida, um ser inteligente
com um espírito forte.
       Seja na Amazônia, ou na Sibéria, onde o xamanismo é uma
vocação rara e poderosa, o xamã é sempre uma pessoa que possui
uma experiência e poderes extraordinários. A provação da iniciação
transforma o xamã para sempre, pois após a sua morte ritualística,
os seus poderes e experiências passam a integrar a sua
personalidade recém-construída. Tendo sido os causadores iniciais
da experiência do xamã, os espíritos auxiliares permanecem como
essência e recordação da experiência.
       A identidade do xamã parece muitas vezes misturar-se de um
modo estranho com a do espírito do aliado. O auxílio de um animal
ou a circunstância de o cavalgar são formas de fazer uso das
propriedades do animal e abrangem uma forma de pensar e de sentir
de certo modo semelhante á do animal. Nesta altura, as várias
propriedades mantêm-se externas à pessoa, e um simples passo em
frente é quanto basta para se tornar o animal e receber totalmente as
suas propriedades na sua própria essência. Simultaneamente, os
espíritos aliados mantêm-se parcialmente exteriores ao xamã, algo
que ele ou ela devem ter o cuidado de respeitar ou cultivar,
portanto, de outro modo, poderão perder-se e tornar-se perigosos.
       A dança ou a personificação através de pinturas ou máscaras,
são maneiras de honrar o pacto silencioso que existe entre o xamã e
seu aliado animal. A relação de um xamã com os espíritos é tanto
corporal quanto espiritual. É por vezes difícil de saber onde os
movimentos bruscos do "transe" do xamã ou da representação das
suas aventuras terminam e onde a dança inicia. A dança dos xamãs
siberianos imita o movimento dos animais e, em geral, a dança
exprime todas as qualidades que se julgue concederem poder ao
xamã. Enquanto a dança siberiana salienta o relacionamento com os
animais, a dança do xamã coreano realça o poder adquirido dos
espíritos reais e burocráticos, à medida que os dançarinos mudam
de fatos para enfrentar o espírito ou o deus que aparece. Aqui, não
dança somente o xamã, mas também o paciente, a sua família e
amigos. Cada um deles tem um "deus que governa o corpo", que
entra em possessão dessa pessoa e dança por intermédio do seu
corpo. Para o paciente, esta dança faz parte da cura, enquanto para
os outros participantes traz boa sorte. Para as mulheres é muito mais
fácil entregarem-se ao "deus que governa o corpo" do que os
homens.
       Mesmo onde os próprios xamãs não dançam, a dança pode ter
um papel central no seu trabalho. A dança iurupari dos Desanas não
é executada por xamãs, mas, com as flautas fálicas características e
com os avisos contra o incesto, representa mitos e temas que são
fundamentais na cosmologia dentro da qual o xamã opera. Durante
os funerais, a xamã Sora senta-se imóvel, rodeada
por um pequeno grupo de parentes chorosos da pessoa falecida e de
uma multidão de dançarinos, enquanto os aliados falam um após
outro pela sua própria boca. A multidão dança com um movimento
que repete a dança guerreira dos espíritos que prestam auxílio, bem
a relação sexual que produzirá um novo bebê, que
eventualmente receberá o nome da pessoa falecida.
       Ao dançar, tocar o tambor ou a maracá, o xamã exprime uma
linguagem que exprime estados xamânicos inenarráveis,
impossíveis de descrever em termos literais. Talvez suceda que os
xamãs tenham particular aptidão para fantasiar e organizar as
experiências numa série de iniciações, viagens e batalhas. O que
se verifica não só reflete a atual situação do xamã ou do paciente,
mas é também parte de uma história. À medida que a narrativa se
desenvolve no tempo, passa do problema à sua resolução. Os
obstáculos são descritos apenas porque têm de ser removidos, há
uma analogia próxima entre a psicanálise e as "curas faladas"
descritas.
       O poder das palavras reside não só no seu significado, mas
também no seu efeito musical. Os Ayahuasqueros na selva
amazônica utilizam-se de uma série de cântico mágico designados
ícaros, que são dados pelo espírito da Planta - Mestra.
O canto, tal como o xamanismo, é considerado como o auge do
potencial humano para o desenvolvimento. Minha amiga e Maestra,
certa vez me disse que: "Um homem é como uma árvore. Sob as
devidas condições, desenvolve ramos. Os ramos são ícaros".
       Dentro do xamanismo, a experiência do reino do espírito está
perfeitamente associada à música. Existe em particular uma ligação
entre o "transe" e a regularidade rítmica da percussão de
instrumentos. Na realidade, em quase todas as regiões onde existe o
xamanismo o tambor é o instrumento xamânico por excelência.
Enquanto em algumas partes do sul e sudeste da Ásia os xamãs
entram em "transe" lançando ritmicamente numa peneira uma mão
cheia de arroz. As xamãs Soras batem algumas vezes com um pau
nos chifres de um Búfalo. Os significados simbólicos de um
instrumento podem ultrapassar imenso o som que produz. No norte
da Sibéria, o tambor representa a Rena brava de cuja pele foi
feito o instrumento, e o xamã usa-o para cavalgar até outros
mundos. O tambor é ainda utilizado como um barco ou como um
recipiente para apanhar espíritos, podendo ser decorado com
desenho de animais e da família do xamã, de modo a que
se multipliquem e sejam saudáveis.
       A melodia também desempenha um papel importante. Nos
cânticos das xamãs Soras, todas as melodias são elaboradas a partir
de uma mesma escala pentatônica, mas cada uma das categorias de
aliados tem a sua melodia característica, que deverá ser cantada pela
xamã que os invoca. Depois de a xamã ter entrado em "transe", e
depois de os espíritos terem começado a falar através de sua boca,
replicam com a mesma melodia, o que representa uma forma
de confirmar a identidade do espírito contactado. Todavia, a canção
fundamental que num funeral socorre o falecido, resistindo ou
negando todas as categorias de espíritos que o possam ter
capturado, é cantada numa melopéia donde esta ausente qualquer
espécie de melodia.
       O interesse recente nos "estados xamânicos de consciência"
(EXC) conduziu a teorias sobre o efeito neurofisiológico da música,
e especialmente dos tambores. Estudos experimentais realizados
levaram a presumir que o som dos tambores harmoniza a atividade
neural do encéfalo com a freqüência vibratória do som. O som dos
tambores está no centro de todos os movimentos neo-xamânicos,
em que o ritmo de cerca de duzentas batidas por minuto se
considera capaz de fazer entrar rapidamente em "transe" muitas
pessoas ainda inexperientes.
Todavia, os ritmos que produzem o "transe" entre os xamãs ouvem-
se por todo o lado, sem que produza qualquer efeito. Na realidade,
quando um xamã atua, as pessoas presentes ouvem o mesmo ritmo,
mas não entram em "transe", a não ser que tal delas se espere.
       Se o tambor é o instrumento do xamanismo na Sibéria e na
América do Norte, na América do Sul é quase totalmente
substituído pelas maracás. Tal como o tambor siberiano, que se diz
ser feito da árvore do mundo, também o cabo da
maracá sul-americana simboliza esta árvore, ao passo que o volume
oco do instrumento propriamente dito simboliza o cosmo. As
sementes, cristais ou seixos contidos no seu interior são os espíritos
e as almas dos ancestrais. A agitação da maracá torna os espíritos
ativos, que então passam a prestar assistência ao xamã.
Jaguar Dourado

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