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Os Arquétipos das Deusas e o Feminino

por Anyara Meneses Lasheras

Na Grécia antiga as mulheres sabiam que estavam sob o domínio de uma deusa a quem
veneravam prestando homenagens e oferendas em seus templos, invocando seu auxílio.
Estas mesmas deusas, ainda fazem parte da vida da mulher, mas habitam o mundo do
inconsciente coletivo como arquétipos (imagens primordiais). Segundo, Carl Gustav Jung,
o inconsciente coletivo é a instância psíquica mais profunda que armazena experiências
que não são nem pessoais e nem individuais, mas imagens primordiais ou arquetípicas e
também os instintos, que não podem ser acessadas quando necessário, entretanto,
manifestam-se em sonhos, mitos e fantasias de maneira simbólica. Por isso, no íntimo de
toda mulher encontrar-se-ão as deusas. Todavia, em cada mulher, estará uma ou mais
deusas ativadas e outras não, e mesmo a ativação terá suas diferenças individuais.

No início dos tempos, tinha-se o Matriarcado. Período marcado pelo predomínio do


Arquétipo da Grande Mãe e, conseqüentemente, o feminino tinha seu lugar de destaque.
Em seguida, houve uma grande revolução e as divindades masculinas passaram a
predominar, iniciando-se o Patriarcado. Com o advento do cristianismo, entrou-se na era
do Patriarcado de modo definitivo. Neste período, os valores masculinos passaram a
preponderar e, progressivamente, o feminino foi rejeitado e execrado. Os valores
associados ao feminino, ligados ao princípio de Eros, que são a receptividade, a
passividade, a disciplina e a subjetividade, que aparecem como o se relacionar, criar e
cuidar foram expurgados. E, valores associados ao masculino, ao princípio do Logos, tais
como discriminar, julgar, impor regras e limites de maneira rígida, e agir e relacionar-se
impessoalmente foram supervalorizados.

No momento atual observa-se que as próprias mulheres aderiram ao modelo do


Patriarcado, passando a supervalorizar o princípio do Logos. Então, decidiram ser
mulheres que pensam demais, racionalizam demais, agem demais, competem demais,
julgam demais, discriminam demais e, se relacionam menos, criam menos, cuidam menos.
As próprias mulheres passaram a ridicularizar as características inerentes do arquétipo do
feminino. Assim, as mulheres passaram a viver com padrões de comportamento
estereotipados, isto é, mediante ditames sócio-culturais. E, com isso, as Deusas foram
renegadas ao porão da vida. O grande feminino foi caçado como uma bruxa, queimado e
suas cinzas foram sopradas ao vento. Mas, chegou a hora de, como a grande ave Fênix,
ressurgir das cinzas.

Por isso estamos vendo o ressurgimento dos movimentos em pró da bruxaria (Wicca) que
não tem relação alguma com a demonologia ou algo assim. Mas são mulheres e até
mesmo alguns homens, se propondo a permitir o ressurgimento do Grande Feminino,
da Grande Mãe, da Natureza. Mesmo no catolicismo, o chamado Movimento da
Renovação Carismática que, também, tem enaltecido o feminino, orando à Virgem Maria.
Mas, muitos momentos críticos, momentos de renovação e transformação, na vida da
mulher, invocam, de alguma maneira, os poderes das Deusas. Segundo Bolen: "A mulher
que decide continuar seus estudos além da escola secundária favorece o desenvolvimento
adicional das qualidades de Atenas. Estudar, organizar informações, fazer provas e
escrever teses, tudo requer a inclinação à lógica, própria de Atenas. A mulher que
escolhe ter um bebê convida a maternal Deméter a ser uma presença mais forte. E
registrar uma viagem pela selva, com mochila às costas, oferece mais expressão a
Ártemis”. (1990, p.60).

Em sendo assim, conhecer as deusas e seus atributos proporciona às mulheres o


autoconhecimento e, também, o que está por trás de seus relacionamentos de qualquer
natureza, mas principalmente no tocante aos relacionamentos afetivos. Conhecer as
deusas, portanto, favorece que a mulher, além de seu autoconhecimento, compreenda
seus relacionamentos com homens e mulheres, com seus pais e filhos.

As deusas sempre foram solicitadas para auxiliar em alguma função:


Atenas auxiliava na reflexão sobre uma situação, é a deusa da sabedoria; Perséfone,
a se estar disponível e receptiva; Hera, no desempenho dos compromissos e para ter
autoconfiança; Deméter, no desenvolvimento da paciência, generosidade e tolerância;
Ártemis, na constância do objetivo; Afrodite, na capacidade para o amor, na relação
com o próprio corpo e Héstia, para manutenção da paz e serenidade.
Bolen, no livro "As Deusas e a Mulher", inova classificando as deusas em:
virgens, vulneráveis e alquímicas. Segue um breve resumo das características
dessa classificação e deusas.

As deusas virgens
A deusa da caça e da lua, Ártemis; a da sabedoria e das artes, Atenas, e a da lareira,
Héstia são consideradas deusas virgens, não por serem intocadas sexualmente, mas
por serem independentes e ativas. Portanto, representam estas características nas
mulheres. Virgem, significa "não pertencente ao homem", ou seja, não há dependência do
homem e nem de sua aprovação. Por isso, não faz nada com a única finalidade de agradar
a um homem, faz porque quer, porque sente que assim deve fazer; ela segue, sua própria
escala de valores que não foram afetados pela coletividade. As mulheres com aspectos
das deusas virgens são aquelas que sacrificam os relacionamentos com os homens para
relacionarem-se mais profundamente consigo próprias. Mas cada uma das Deusas
virgens tem sua peculiaridade.

Ártemis apartou-se do convívio com os homens, e hoje podemos observá-la nas


feministas convictas e nas mulheres extremamente rígidas e individualistas. Já, Atenas,
não se apartou e conviveu com os homens como uma igual; é a mulher atual que
compete, lado a lado, profissionalmente, com os homens. E, Héstia, é a que se retraiu e
ficou sozinha. É a mulher que abandona a sua feminilidade assim evitando atrair o
interesse masculino e se recolhe em tarefas diárias.

As mulheres Ártemis

São aquelas do estilo "selfmade", que sabem cuidar de si mesmas, autoconfiantes e


independentes. Apresentam aguda concentração e direção no que fazem, não se
importando ou se incomodando se vão agradar ou não a alguém. São extremamente
objetivas. Gostam de estar no meio de um grupo de mulheres, é o arquétipo da irmã, por
isso, construindo "irmandades". Apreciam a natureza e por isso podem se dedicar ao
camping, em explorar cavernas, etc., como as atividades esportivas e competitivas.
No trabalho são objetivas, competitivas e não temem oposição.
São do tipo que desenvolve amizade profunda com outras mulheres, tendo, por isso, uma
ou mais, melhores amigas, com as quais compartilham seus interesses.
Sua sexualidade pode ser não desenvolvida ou não expressa. As relações são algo
secundário e o sexo pode ser visto como uma atividade esportiva e competitiva.
Preferem homens bem dotados intelectualmente com os quais possa compartilhar idéias e
ideais. Quando se casam, o relacionamento é feito mediante a igualdade e pouco
sexualizado, ficando mais no campo fraternal. Podem se casar, também, com um homem
que venha a sustentá-las. Se não conseguirem manter o aspecto competitivo fora do
relacionamento, e estiverem se relacionando com um homem forte, fatalmente, acabarão
por destruí-lo ou ao relacionamento.

Como mulheres desse tipo não se envolvem emocionalmente, são frias e distantes no que
tange o sentimento alheio Tendem a ferir muito os outros, pois desprezam a
vulnerabilidade e o desejo de envolvimento, são ferinas e cruéis, altamente destrutivas
frente às oposições. Julgam em termos de "tudo ou nada" e não perdoam.
Para abrandar esta deusa, as mulheres devem atentar para a passagem do tempo, isto é,
que a juventude não é eterna e devem olhar à frente e pensar bem no caminho que
escolherão; devem desenvolver a consciência da importância do amor e o instinto gerador
e criativo, assim, poderão diminuir sua unilateralidade.

As mulheres Atenas

Atenas era denominada de "filha do pai", por ter nascido da cabeça do pai (Zeus) e não
ter conhecido sua mãe (Métis). Ela nasceu "pronta", adulta.
As mulheres tipo Atenas são lógicas, estrategistas, racionais, práticas, desinibidas,
seguras, não se deixam levar por emoções e sentimentos e são fisicamente ativas. Estão
sempre no meio-termo, visto que os extremos são caracterizados por fortes emoções.
Suas defesas são caracterizadas pelo extremo intelectualismo. Não se apartam dos
homens; muito pelo contrário, sentem-se bem entre eles, pois compartilham dos mesmos
valores patriarcais (tradição, o poder masculino, as normas vigentes, conservadorismo).
Escolhem homens poderosos e bem sucedidos; repudiam os mal-sucedidos, oprimidos ou
rebeldes. Não esperam por um príncipe que venha salvá-las.
Não possuem amigas íntimas, em função de se darem melhor com os valores masculinos
do que com os femininos; exasperam-se com as outras mulheres que se queixam,
principalmente, contra os homens. Pessoas sensíveis são tidas como idiotas.
Gostam de saber como as coisas funcionam, de que são feitas e para que servem. O
desafio intelectual é uma diversão.
Tendem a desvalorizar suas mães, tratá-las como incompetentes. E, como mães, não são
maternais, geralmente, transferem os cuidados a outrem. Tendem a valorizar os filhos e a
manterem distância emocional das filhas que não se mostrem independentes como elas.
Sexualmente, quando decidem ter uma vida sexual, aprendem a "arte" e desempenham
com muita habilidade.
O casamento é o tipo parceria; elas ajudam os maridos a crescerem, a alcançarem
sucesso. Têm pouco ciúme sexual, pois na verdade, seu casamento pode ser visto como
um bom acordo comercial.
A mulher Atenas é insensível aos sentimentos dos outros, é fria e calculista, denotando
grande poder para intimidar os outros. Quando se relaciona ou conversa busca as falhas
do interlocutor. Por isso, sempre consegue manter os outros a uma distância razoável.
Para minimizar os efeitos negativos dessa deusa, as mulheres devem aprender a ouvir o
que os outros dizem sem julgar suas emoções e sentimentos. Devem, portanto aprender a
valorizar estes aspectos. Também, podem desenvolver trabalhos artesanais (costura,
bordado, tricô, pintura, modelagem). Devem aprender a descobrir e vivenciar a criança
interior, e, por fim, re-descobrir a mãe, aceitando-a sem depreciá-la.

As mulheres Héstia

A deusa Héstia é consagrada à lareira. Seu símbolo era um círculo e os rituais a ela
consagrados usavam o fogo. Era relacionada ao deus Hermes, o mensageiro, astuto,
protetor e guia dos viajantes, além de protetor dos ladrões. Héstia protegia dentro do lar
e Hermes a entrada.

Diferente das outras duas deusas virgens que têm a consciência enfocada para aspectos
externos, Héstia tem a consciência enfocada para seu próprio interior, portanto, mais
subjetiva. Como as outras duas deusas, por estar com a percepção enfocada, isto é,
dirigida apenas para seu foco de interesse, o restante, sejam pessoas ou coisas, são
meros detalhes sem importância.

Este é o arquétipo da mulher que valoriza o lar, que aprecia tomar conta de casa. Gosta
de fazer as tarefas domésticas para agradar a si mesma. Também é comum àquelas que
se dedicam a uma vida religiosa ou à meditação. Ela é quieta, reservada, calma,
introvertida e aprecia a solidão (muitas vezes, sente-se alienada do mundo que a cerca).
Ela representa a sabedoria que transcende os conflitos, um motivo centralizador interior.
No trabalho, não é competitiva, sendo que trabalhar não é seu forte. Falta-lhe ambição,
desejo de poder e de reconhecimento. Quando desempenha uma atividade profissional o
faz com esmero, mas de modo nada apelativo - apenas faz o que tem que fazer.
Tem poucas amizades, pois não gosta de conversas triviais. A sexualidade não é muito
importante. Será uma boa esposa e poderá ser uma boa mãe, cuidando dos filhos com
amor e atenção, mas não é o tipo de mãe que estimula o franco desenvolvimento de
potenciais.
Expressa seus sentimentos e interesses de maneira indireta, através de gestos amáveis.
Para atenuar os efeitos dessa deusa a mulher deverá aprender a expressar de maneira
mais efetiva seus sentimentos e necessidades, desenvolver uma persona mais sociável
para poder interagir socialmente, desenvolver assertividade ou através de outras deusas
ou de seu animus (o homem que habita o interior de cada mulher).

As deusas vulneráveis

As três deusas vulneráveis são: Hera, deusa do casamento e que representa a


esposa, Deméter, do cereal e que representa a mãe e Perséfone, do inferno que
representa a filha.
São denominadas de vulneráveis, por Bolen, pois foram vitimadas de alguma forma por
deuses ou humanos. São deusas orientadas para o relacionamento, sendo motivadas
pelas recompensas que um relacionamento traz.
Sua percepção e consciência são difusas, percebendo tudo ao seu redor. Portanto, estão
atentas aos estímulos sensoriais que o meio oferece. São capazes de perceber o tom
emocional de uma conversa ou idéia; são sensíveis e empáticas com os outros.

As mulheres Hera
Hera foi a esposa ciumenta de Zeus; muito vingativa com as deusas, com as mortais, ou
com os filhos que Zeus teve fora do casamento, mas jamais com o próprio Zeus.
As mulheres tipo Hera são aquelas que almejam e sonham com o casamento; não lhes
bastam relações informais. Todo o ritual da cerimônia de casamento é imprescindível. São
fiéis e leais e capazes de suportar dificuldades com o marido. São dependentes do marido
e por isso tendem a transferir a culpa deles para outrem. E quando traídas ou sofrem uma
perda, a reação é de pura raiva vingativa. Para elas, a outra, é a vagabunda, a sem-
vergonha, a desqualificada, não importando se esta outra foi vítima de sedução.
Algumas mulheres do tipo Hera, cansadas de viverem o relacionamento conturbado dos
pais fogem através do casamento, que foi extremamente idealizado.
Os estudos e o trabalho são algo secundário para estas mulheres, exceto que isto possa
repercutir positivamente para seu cônjuge.
Costumam ter poucas amigas e se afastam assim que conseguem um relacionamento
estável. Terá amizades pertinentes ao casal, mas nada íntimo, viverão apenas para o
social, mas desprezarão as pessoas, principalmente, as mulheres solteiras ou separadas
que são vistas ou como perigosas ao seu casamento ou apenas não são nada, pois não
possuem um marido. As mulheres tipo Hera tendem a julgar os outros muito mais por
sua aparência do que por outros motivos.

Elas vivem exclusivamente para o marido em detrimento a todo o resto. Escolhem homens
competentes, de sucesso, que possam preenchê-las, completá-las. Via de regra, o sexo é
vivido apenas com o casamento ou com o possível marido e, freqüentemente, é o tipo de
sexualidade passiva. O casamento é o fato mais importante para sua vida. A rotina diária,
o fazer passeios e viagens juntos são suas metas após o grande dia. Muitas vezes, o
homem que escolhe casar com uma mulher tipo Hera é aquele que deseja ter uma
mulher para apresentar socialmente, é apenas uma fachada.
Por maior que seja sua insatisfação no casamento, a mulher tipo Hera, dificilmente pedirá
o divórcio. E quando se divorcia, tem muita dificuldade em aceitar: espera pelo
arrependimento e volta do parceiro, perturba a nova companheira ou filhos deste, gerados
do novo relacionamento.

Este tipo de mulher terá filhos, mas não por desejos maternais e sim porque ter filhos faz
parte dos casamentos tradicionais. Mas os filhos ficarão sempre em segundo plano. É
aquele tipo de mãe que não intervem entre os filhos e o marido, mas se o fizer, estará ao
lado do marido, independente de ele estar certo ou errado. Por isso, não sofrem a
síndrome do "ninho vazio" (saída dos filhos), mas a separação ou a viuvez são seus
maiores martírios, muitas vezes, insuperáveis.
Algumas mulheres precisam aprender a cultivar Hera para que possam desfrutar de
relacionamentos mais íntegros e significativos, principalmente aquelas que já se
consolidaram na profissão e/ou já tiveram muitos romances. Elas precisarão aprender
conscientemente a cultivar uma ligação ou a predisposição a uma. Algumas terão que
desistir da imagem de um homem idealizado e aceitar o homem possível.
Para diminuir o poder dessa deusa é conveniente que a mulher resistisse a se casar até
estar certa do que quer e estar mais madura para perceber que pode fazer uma escolha
errada por projetar características irreais num homem. Deve cultivar outros interesses,
controlar sua fúria interior transformando essa energia numa atividade criativa, artística ou
mental (artesã, trabalhar com argila, pintura ou escrita). Precisam aprender a conviver
com os dados de realidade e partir "para outra", se este for o caso; terá que se
desvincular do relacionamento anterior para que possa confiar novamente num
relacionamento. Também poderá aprender a desvincular-se de um mau casamento
simbolicamente, ou seja, desistir da aceitação incondicional do vazio que essa relação lhe
oferece e desistir apenas de viver o papel de esposa, clamando o auxílio de outras deusas.

As mulheres Deméter
É a deusa do cereal e, também, venerada como uma deusa mãe. Ela foi a mãe de
Perséfone, raptada por Hades e levada aos infernos. Deméter não descansou até
encontrar e ter a filha de volta. Ela é a responsável pelos chamados Mistérios de
Elêusis, os mais sagrados e importantes rituais religiosos da Grécia antiga.
Deméter é, portanto, um arquétipo materno, representando o instinto maternal no seu
todo (gestação e nutrição) tanto física como psicológica e espiritual dos outros. As
mulheres com essa deusa proeminente desejam, mais do que tudo, serem mães. Mas
não é apenas no sentido biológico; elas cuidam e nutrem todas as formas de
relacionamento, quer afetivos, sociais ou profissionais. Elas são nutridoras, prestativas e
doadoras em todos os relacionamentos. Elas são nutridoras e cuidadosas, também,
mesmo dos filhos adultos e que já deixaram o lar. Não sabem dizer não a ninguém.
Algumas mulheres que engravidam "acidentalmente" possuem essa deusa dominando no
seu mundo inconsciente.
As mulheres Deméter são as mais passíveis de sofrerem a síndrome do "ninho vazio" e
intensa solidão, levando-as a fortes crises depressivas, pois toda a realização está no
desempenho do papel de mãe. Elas não se desenvolveram, não cresceram enquanto
viviam para serem mães. Outra característica é seu lado de não permitir que os filhos
"cresçam". Elas dificilmente os incentivam a tornarem-se confiantes, seguros e com
autonomia. São aquelas que mostram, constantemente, o quanto são necessárias, pois
seus filhos "nunca sabem o suficiente". Mas elas jamais estão conscientes de suas
negatividades (fomentar a dependência e a inoperância, jamais dizer não, gerar
sentimentos de culpa e remorso), tudo o que fazem é para o bem e ficam extremamente
magoadas quando os filhos as censuram ou desconversam. Para elas, essa atitude é de
rejeição emocional. Também, costumam achar que coisas ruins vão acontecer aos seus
filhos, provavelmente, em função do temor da perda da afetividade. Os filhos das
mulheres Deméter são aqueles que permanecem como filhinhos ou filhinhas da mamãe,
que encontrarão dificuldades para se casarem e, se o fizerem, os laços com a família de
origem serão mais fortes que o próprio casamento ou relação.
Via de regra, as mulheres Deméter casa-se cedo, e se não o fazem, cursam faculdades
para profissões de cunho assistencial ou educacional, tradicionalmente carreiras femininas.
No trabalho, terão dificuldades para limitar ou corrigir um funcionário incompetente, pois
se sentirão culpadas por machucá-los ou sentirão pena; portanto, são extremamente
condescendentes.
São amistosas e não competem com outras mulheres seja por realizações ou por um
homem, mas podem competir pelas "proezas dos filhos". Elas não escolhem o homem
com quem casar, acabam sendo escolhidas por homens que são acolhidos como
"meninos" (normalmente, são homens imaturos, egocentrados ou até cafajestes e
sociopatas).
A sexualidade não é muito importante, tem mais a função reprodutiva. As mulheres
Deméter preferem ser acariciadas e abraçadas a fazer amor. Para muitas delas,
amamentar o bebê lhes proporciona mais prazer sexual do que estar com seu parceiro.
As mulheres Deméter devem aprender a dizer não às pessoas, situações e a si mesma.
Devem aprender a escolher quando e com quem ter um filho. Devem aprender a
expressar sua raiva que, normalmente, é somatizada em fadiga, enxaquecas, dores nas
costas e auto-sabotagens de toda espécie (prazos, promessas, atrasos). Devem aprender
a renunciarem a possessividade e apego. Devem aprender a enfocar outros interesses,
permeando o surgimento de outras deusas.

As mulheres Perséfone
Perséfone foi adorada como deusa ou rainha do Inferno, ou como Coré (jovem garota).
Foi raptada por Hades, e com a ajuda de Hermes (deus mensageiro) saiu do Inferno e
pode reencontrar a mãe, passando a viver com ela em dois terços do ano e um terço
viveria com Hades.
As mulheres do tipo Perséfone são de pouco agir, são conduzidas pelos outros, não
sabem o que querem ou para onde vão. Se Atenas é a filha do pai, Perséfone é a filha
da mãe. Fazem de tudo para agradar a mãe, são as boas meninas obedientes, cautelosas,
recatadas, passivas e dependentes. Possuem fortes tendências para a mentira e
manipulação (para evitar o confronto ou a raiva do outro), como também para o
narcisismo. Elas fazem de tudo para se adaptarem, posteriormente, aos desejos de um
homem, são uma tela em branco que o homem pinta como quer. Os homens que as
escolhem são inexperientes, malandros e os que não se sentem confortáveis com
mulheres maduras. Parecem não ter uma personalidade própria. São do tipo mulher-
criança combinando forte poder de atratividade e ingenuidade (na mídia temos exemplos
típicos como a Angélica e a Sandy). Muitas vezes, sua sexualidade está adormecida, há
falta de paixão, de emoção, parecem esperar pelo "príncipe encantado" que virá acordá-
las, ou são sexualmente não responsivas que se sentem estupradas ou submissas quando
fazer amor. O casamento pode livrá-las do jugo da mãe ou deixá-las num conflito entre a
mãe e o marido, repetindo-se o mito. Não se sentirão como autênticas mães ao terem os
filhos, pois sempre haverá a intromissão da mãe possessiva.
As mulheres Perséfone são joviais e até mesmo infantis. Muitas vezes são incapazes de
fazerem as coisas mais simples, como comprar roupas, sozinhas, e, preferem a opinião e
supervisão da mãe, que também escolhe amigos, o que fazer, pelo que se interessar, ler
ou ouvir. Enquanto profissionais, não são dedicadas; mudam constantemente de
emprego, pois vivem procurando algo que lhes agrade. Mas se elas estiverem identificadas
com o aspecto da rainha do Inferno, serão muito competentes, principalmente no campo
psicológico ou espiritual por saberem sintonizar-se com o mundo do inconsciente.
As mulheres Perséfone tendem a sofrer de depressão, principalmente próximas da meia-
idade, pois não aceitam o envelhecimento, a perda da jovialidade, nem a dura realidade
que terão que abandonar alguns sonhos há muito acalentados. Deprime-se, também, por
não expressarem a raiva, que quando reprimida se transforma em depressão. Mas sua
depressão é aquela que se caracteriza por forte isolamento do mundo que a cerca,
voltando-se pra o mundo interior. Entretanto, podem caminhar para uma psicose por se
afastarem tanto da realidade.

As mulheres Perséfone devem aprender a estabelecer compromissos e a viver em


conformidade com estes. Devem lutar contra a indecisão, a passividade e a inércia.
Devem tomar a decisão por se casar, aprender a dizer sim, pois senão o casamento será
visto como uma prisão que as levará ao divorcio. Devem aprender a responder com a
sexualidade genuína, entregando-se aos seus sentimentos e emoções de maneira
confiante.

A Deusa Alquímica
Bolen denominou Afrodite de deusa alquímica por seu grande poder de transformação,
pois simboliza o poder transformativo e criativo do amor. Ela, também, representa a
composição harmoniosa entre os aspectos das deusas virgens e das vulneráveis. Não é
vulnerável, pois jamais sofreu, seus relacionamentos eram correspondidos, e, não é
virgem, pois valorizava as experiências emocionais e os relacionamentos, mas não como
permanentes e duradouros. Ela impregna de beleza e amor os relacionamentos, não
apenas os sexuais. Ela permite a empatia entre as pessoas. Ela visa seus próprios
objetivos e interesses (consciência enfocada) sem abrir mão da receptividade ao outro. Ela
pede pela conexão com o outro, pois sem essa conexão nada se cria e, portanto, não há
transformação.
Afrodite era capaz de acreditar no sonho de seus homens. Que o sonho era possível. Isto
fazia com que eles se sentissem, realmente, importantes e especiais. Acreditar no sonho
de alguém gera expectativas positivas no comportamento do outro, desperta o outro para
o seu melhor. É uma atitude receptiva e doadora ao mesmo tempo, recebe-se o sonho e
se encoraja o outro a buscar a realização. Isso confere segurança e dinamismo ao outro.
Alguém se lembra do filme "Melhor Impossível?” O personagem vivido por Jack Nickolson
diz a garçonete: "Você me faz querer ser cada vez melhor" - este é o poder transformador
de Afrodite.

Afrodite
Afrodite é a deusa do amor e da beleza. Teve vários relacionamentos eróticos com
deuses e com mortais. Mas também ajudou a muitos quando invocavam seus poderes.
Enquanto arquétipo rege o prazer do amor, da beleza, do sexo e da sensualidade. Nas
culturas patriarcais esses valores são desvalorizados, a mulher pode ser vulgarizada por
expressá-los. Também, rege as forças criativas que tem por fases: atração, união,
fertilização, incubação e nova criação.
Para se cultivar Afrodite temos que nos envolver em atividades sensoriais ou sensuais.
Temos que nos afastar de atitudes culposas ou críticas, pois estas nos afastam da
possibilidade de desfrutar o prazer, o lazer e qualquer outra atividade considerada não
produtiva.

As mulheres Afrodite
São atraentes, não, necessariamente, belas. Possuem carisma e por isso não precisam
vestir-se ou porta-se de maneira chamativa. É algo interior, que vem de dentro para fora.
Elas possuem vivacidade, espontaneidade e sensualidade natural.
Desde bem jovem, a mulher Afrodite, manifesta seu poder. E, se seus pais são
esclarecidos e se não possuir uma mãe que queira competir, seguirá, naturalmente, sua
tendência sem sentir-se culpada. Entretanto, poderá enfrentar a má reputação e
rebaixamento da auto-estima caso deixe-se levar por seus impulsos sexuais. Uma gravidez
indesejada é possível.
Estas mulheres não enfocam tanto os estudos ou carreira. Mas, certamente, se estiverem
envolvidas emocionalmente com o que fazem cultivarão o interesse. Dificilmente, se
esforçam para se sair bem. Só se dão bem se estiverem envolvidas e puderem usar muita
criatividade. Elas ou estão num trabalho que detestam ou num que amam demais.
As mulheres Afrodite costumam relacionar-se com homens errados, pois escolhem
homens criativos, complicados, mal-humorados ou emotivos (com relação amor/ódio pelas
mulheres, intolerantes a frustração, "supermachos", agressivos, imaturos ou
dissimulados). Mas, também, para essas mulheres, é muito difícil manter um casamento
monogâmico. Normalmente, são boas mães, sempre incentivando os filhos com seu
entusiasmo.
As outras mulheres não apreciam as Afrodite’s, por sua conduta. Mas elas estarão
cercadas de pessoas que admiram sua espontaneidade. A meia-idade é uma fase difícil,
pois é nesta época que costumam perceber o quão tolas e erradas foram suas escolhas no
que tange aos relacionamentos com os homens. Mas tanto na meia-idade como na velhice
tendem a manter sua maneira de ver a vida, com beleza e paixão.
As mulheres do tipo Afrodite encontram dificuldades, principalmente, se este arquétipo
for o dominante. Elas gostam de exercer seu poder de atratividade sobre os homens e se
não estiver muito consciente, agirá conforme seus desejos e impulsos sem avaliar as
conseqüências. Por isso, precisarão se conscientizar de Afrodite para minimizar alguns
desconfortos. Terão que exercer o controle algumas vezes sobre seus impulsos; terão que
aprender a fazer escolhas sensatas. Para isso, devem aprender que não é o tempo
presente, o aqui e agora, que importa, mas também o futuro, pois nossas atitudes de hoje
refletem no futuro. Em função disso, fazem extravagâncias em gastos, seus planos
apaixonados se transformam em desinteresse antes mesmo de pô-los em prática.
As mulheres Afrodite, se apaixonam com extrema facilidade, e é sempre para valer. E,
com isso, acabam por machucar muitos que acreditam em seu afeto, pois acabam
sentindo-se usados. Para sair dessa roda-viva, elas precisam se apaixonar por alguém
real, com imperfeições humanas. Deve deixar de ver em todo homem, um deus.
O arquétipo de Afrodite pode deixar uma mulher "doente de amor", são aqueles amores
doentios em que pelo objeto amado vale tudo: vale ser mal tratada por ele, agredida,
tiranizada, menosprezada. Ou seja, são vivenciados amores destrutivos e, abandoná-los
não é um empreendimento fácil para elas. Outra forma de amor doentio é aquele em que
a mulher se apaixona por um homem que definitivamente não a quer, mas ela,
obsessivamente, vai atrás dele.
As mulheres Afrodite devem reconhecer sua sensualidade e forte sexualidade (por serem
e sentirem-se diferentes das outras mulheres) para se livrarem de sentimentos de culpa
ou remorso. Também, devem reforçar outras deusas para que possam viver com maior
responsabilidade e compromisso. Devem aprender a fazer escolhas e prever
conseqüências das mesmas.

Devem realizar as quatro tarefas que Afrodite deu a Psiquê para que ela pudesse reaver
Eros, a saber:
1. Separar as sementes: desembaraçar-se dos sentimentos conflituosos antes de
tomar uma decisão; aprender a começar a escolher.
2. Adquirir alguns flocos de lã dourados: ganhar poder e assertividade para não
ser inferiorizada, ou tomar posse da energia masculina (animus) destrutiva.
3. Encher a jarra de cristal: manter certa distância emocional dos relacionamentos.
4. Aprender a dizer não: aos outros e a si mesma; aprender a fazer diferença entre
as próprias necessidades e as necessidades dos outros.
Essas tarefas, na verdade, se prestam a todas as mulheres, pois são tarefas que todas as
mulheres devem aprender, não só para darem vazão ao feminino, mas também, para
executá-las todas as vezes que se defrontarem com uma situação conflitante.

Considerações finais

Como se pode perceber, raramente, haverá uma única deusa na vivência de uma mulher,
mas quando isso ocorre, encontramos um caso patológico, até mesmo uma psicose ou um
caso fronteiriço, dependendo da força do ego da mulher. Via de regra, haverá uma deusa
dominante e outras atuando secundariamente. Também, em razão de crises e passagens
na vida, as deusas poderão mudar de posição, em função das prioridades. Mas a mulher
deve saber dizer "sim", "não" ou "agora, não" às solicitações das deusas.
Quando um conflito se instala na vida de uma mulher, as deusas começam a dar palpites
e se o ego não conseguir ordenar as informações conflitantes é mais sensato procurar
com quem falar sobre seus sentimentos, medos e impulsos em conflito, para que se dê
início a ordenação e, assim, o ego se sentirá mais apto a administrar o conflito. Deve ser
evitada a precipitação, isto é, de fazer alguma coisa, qualquer coisa, para se resolver o
conflito, pois freqüentemente, será uma atitude irrefletida. Isto porque o ego pode estar
contaminado com preconceitos e idéias pré-concebidos, e direcionar erroneamente a
decisão.
Bolen afirma que as deusas censuradas, isto é, impedidas de serem vivenciadas, se
apresentam e se manifestam em sintomas psicossomáticos, para "pedirem passagem", ou
seja, para reivindicarem um espaço na vida da mulher, deixando claro que aspectos
importantes estão sendo deixados de lado, negligenciados, e precisam ser vivenciados
para benefício da própria saúde interior da mulher.
Buscar falar com as deusas, conectando-se com elas através da técnica da imaginação
ativa é um meio de solucionar conflitos internos. Assim, pode-se fazer uma escolha -
aspecto que caracteriza a mulher heroína. A mulher não-heroína é aquela que aceita as
escolhas alheias, portanto não escolhe, não discrimina, não expressa, mesmo que depois
atire essas "verdades" sobre os outros, por exemplo, "eu não tenho culpa, a escolha deste
restaurante foi sua".
Existem outras maneiras de descrever o desenvolvimento e o resgate do feminino, mas
também associadas às deusas e mitos. Apresento, a seguir, cópia de alguns trechos do
livro "O Poder da Bruxa".
Os autores fazem uma explanação sobre o aspecto tríplice da deusa lua. Citam a Deusa
original como a Grande Deusa Lua, que é tríplice e una. São três faces que
correspondem as três fases da lua.
A DONZELA: o crescente lunar, virginal e delicado, vai ficando cada vez mais forte e mais
brilhante noite após noite, parecendo cada vez mais alto no céu até atingir o plenilúnio.
Vimos homens e mulheres de antanho representando essa fase da Lua como uma donzela
que vai crescendo e ficando mais forte a cada dia que passa. Ela é a pura e independente
caçadora e atleta que, na tradição das deusas mediterrâneas, foi chamada Ártemis ou
Diana. Quando amadurece e se transforma numa poderosa guerreira, ou Amazona,
aprende a defender-se e aos filhos que algum dia nascerão dela. (p. 26)
A MÃE: A lua cheia, quando o céu noturno está inundado de luz, é representada como a
Deusa Mãe, seu ventre inchado de nova vida. É Ceres ou Deméter. (p.27)

A ANCIÃ: Em algum ponto da vida de toda mulher o ciclo menstrual cessa. Ela deixa de
sangrar com a lua. Passa a reter seu sangue para sempre, ou assim deve ter parecido aos
nossos ancestrais. Conserva seu poder e, portanto, é agora poderosa. É a sábia anciã.
Como a lua em quarto minguante, seu corpo encolhe, sua energia declina e, finalmente,
ela desaparece na noite escura da morte, tal como a lua desaparece por três noites de
trevas. Com a morte, o corpo é devolvido à Terra e, em dado momento ela renascerá,
viçosa e virginal como a lua nova em sua primeira noite visível, suspensa no céu ocidental
no pôr-do-sol.

A Deusa Grega Hécate, Deusa da Noite, da Morte e das Encruzilhadas, encarnou essa
Anciã. (p. 31)

Bibliografia e Leituras Recomendadas:


BOLEN, Jean Shimoda. As Deusas e a Mulher. Ed. Paulus. 1990.
CABOT, Laurie e COWAN, Tom. O Poder da Bruxa. Ed. Campus. 2000
JOHNSON, Robert A. She. Ed. Mercuryo. 1996.
WOOLGER, Jeannifer Barker e WOOLGER, Roger J. A Deusa Interior. Ed. Cultrix. 1992.

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