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VIII - A COMPREENSÃO DA CRIAÇÃO

Segundo os deístas, todas as religiões, inclusive o cristianismo, têm se afastado da simplicidade e


da sensatez da religião natural. Por isso, a maioria deles rejeita toda ideia de uma revelação divina
especial, ou de intervenções de Deus no curso da natureza, e insiste em que as provas da existência
de Deus são puramente racionais. Como parte desse sistema, diz-se que Deus fez o mundo, mas
que não intervém mais nele, senão que o deixa marchar segundo as leis racionais, as quais o
próprio Deus o sujeitou (GONZÁLEZ & PÉREZ, 2006. p. 97).

Esse universo é concebido, então, como uma entidade fechada, na qual não
pode haver intervenção alguma de fora. Em contraste com tal visão, a fé cristã
vê o mundo como uma entidade aberta: aberta primeiro no sentido de que
tanto sua origem como seu fim vêm de fora, do Deus criador que é o Alfa e
Omega, princípio e fim de todas as coisas; e aberta também no sentido de que
esse Deus intervém neste universo, e que, portanto, há razão para orar e ter
esperança de um mundo melhor (Idem, p. 97).

O dualismo é marcante na mentalidade ocidental. Este modo de encarar o mundo


desconfigura as impressões digitais de Deus por toda parte na criação. O dualismo nasceu porque
os gregos pensavam que a matéria era preexistente e eterna, capaz de resistir à ordem racional
imposta pelas formas. A resposta óbvia a esse dualismo é a doutrina bíblica de que nada é
preexistente ou eterno, exceto Deus. Ele é fonte exclusiva de toda a criação. Cada parte da criação
traz as marcas divinas e reflete o seu bom caráter na forma criada.

1 – A Beleza da Criação

Deus criou o mundo e seus habitantes? Em tal caso, como e com que propósito? Como nós,
humanos, nos relacionamos com essa criação e com Deus?

A ideia da criação é poderosa e singular. O distanciamento desta verdade contribui para


a crescente perda de sentido da vida humana. A criação reflete a nossa ligação com o cosmos e a

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nossa responsabilidade diante de Deus em relação às coisas criadas. Devemos resgatar o conceito
de criação para que as pessoas conheçam a Deus e ao mundo da maneira como Ele quis se revelar.

Mudamos a nossa visão quando entendemos que o propósito da criação é glorificar a


Deus. Não enxergamos a grandiosidade da beleza imensurável da criação, porque a enxergamos
como nossa. Porém, não temos direito algum sobre ela. Não somos os seus dominadores. A
criação não foi feita por causa do homem, mas para honrar a Deus. Isso destaca um ponto
importantíssimo – a criação não é bela em si mesma, mas Deus confere beleza à criação.

Assim a criação não pode fazer revelações sobre as Escrituras, mas a revelação
coerente que as Escrituras fazem da criação é que ela é “boa” (Gênesis 1). Como
disse Bonhoeffer: “Frequentemente lemos: ‘E viu Deus que isso era bom’.
Significa duas coisas para nós. A obra de Deus é boa como a manifestação
incomparável da vontade de Deus. Mas é boa apenas no sentido de que como
criatura, pode ser boa porque o Criador a vê, a reconhece como sua e diz dela:
‘É boa’”(DYLE VAN et al.,1999. p.52).

Aí reside a beleza da criação. Calvino entendia da seguinte maneira:

Aquele que tem um profundo domínio da revelação que Deus fez de si mesmo,
como Criador, compreende que o divino e o humano não devem ser
concebidos como se fossem extremos contrários de um espectro, de modo
que exaltar a um, seria, per se, rebaixar o outro. Deus não é honrado quando
se envilece a sua criação, nem a criação é exaltada quando se envilece a Deus. A
criação é expressão da vontade de Deus como Criador. A criação, em seu estado
incólume, Deus chama boa. Ele se revelou como estando ativamente
interessado nela. Para glorificar a Deus não é preciso denegrir a criação: É
apenas necessário por em prática, em relação à natureza, aquilo que responde
a vontade criadora de Deus para ela (REID, 1990, p. 15).

Nada se compara ao cristianismo em relação ao conceito de criação. Muitos povos têm os


seus mitos. Alguns entendem que uma divindade criou tudo e virou as costas para a criação: um
deus totalmente impessoal. Outros entendem que uma briga entre duas divindades foi a causa da
criação. Já o cristianismo parte do princípio de que Deus criou todas as coisas. Ele não as criou
de si mesmo, mas a famosa palavra descreve muito bem a ação divina: “haja”. A criação se
originou do nada. Pelo poder causativo da palavra de Deus, assim se fizeram todas as coisas.

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Deus é um artista que cria uma paisagem a partir do nada. A imensa criatividade de Deus
é insuperável. A criação manifesta as escolhas divinas, bem como a habilidade de criar por
iniciativa própria. Bonhoeffer entende assim:

A criação não é um “efeito” do Criador de onde deduzimos uma conexão


necessária com a causa (Criador). É uma obra criada na liberdade do Verbo. O
ponto essencial não é que o verbo possui efeitos, mas que o verbo de
Deus é obra em si mesmo. Aquilo que em nós fatidicamente se quebra em
pedaços é para Deus indissoluvelmente uno (DYLE VAN et al., 1999. p. 36).

2 – O Prazer de Deus na Criação

Deus se satisfaz na obra de suas mãos. Ele confere beleza à sua criação. Não existe impessoalidade
em Deus. Ele ama, valoriza, investe e trabalha em favor da sua criação. A sua obra redentora não
está presa ao homem, mas se aplica a tudo que a sua palavra causativa criou. Todo o cosmos está
dentro do plano redentivo e restaurador de Deus.

Sem forma e vazio, um cosmos é formado a partir do caos, revelado a existência


por um Deus transcendente, um Deus verdadeiro independente e acima da
natureza, não um produto evolutivo dela. O mundo e o universo brotam da
expressão de seu pensamento. Ordem, luz e harmonia vêm do caos, da
escuridão e do desacordo. Nenhum espectador humano observa a cena. Deus
sozinho, acompanhado de anjos, testemunha a criação (DYLE VAN, et
al. 1999, p. 59).

Deve ficar claro que Deus não faz nada mau. A perfeição e a exuberância são características
da sua criação. O prazer de Deus na criação está presente no seu modo de se relacionar com ela.
As divisões e os detalhes da criação revelam o interesse afetivo e planejado de Deus. Ele visava
uma comunicação bilateral. O relato de Davi no Salmo 19.1 mostra a sabedoria, o poder e a
glória de Deus. Quando a criação se alegra, Deus também se alegra.

O prazer que Deus tem na criação é tão grande que ele preparou o dia em que ela será
redimida e restaurada. Na eternidade Deus já contempla a sua belíssima criação de volta ao plano
original – linda, pura e renovada. Em Apocalipse nos é apresentado um quadro maravilhoso da
criação redimida: “Depois ouvi todas as criaturas existentes no céu, na terra, debaixo da terra e

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no mar, e tudo o que neles há, que diziam: ‘Aquele que está assentado no trono e ao Cordeiro
sejam o louvor, a honra, a glória e o poder, para todo sempre!’” (Apocalipse 5.13). Este é o canto
da criação redimida, não apenas dos seres animados, mas de todas as coisas criadas. Nós não nos
damos conta de todo louvor prestado pela criação a Deus. Como alguém já observou
corretamente antes, devido à maldição que caiu sobre a natureza, é impossível compreender Deus
a partir da perspectiva da natureza. Mas chegará novamente o dia quando as estrelas da alva juntas
alegremente cantarão (Jó 38.7), como elas o faziam na Criação.

Segundo SCHAEFFER (2003a, p. 225), os seres humanos são as primícias de tudo isso:
ressuscitados dos mortos (Romanos 8.23), reinando com Cristo sobre a terra (Apocalipse 5.10) e,
depois disso, haveremos de ouvir a canção da criação redimida (Apocalipse 5.13).

Com a queda a criação se afastou do seu Criador e surgiram anomalias por toda parte. A
beleza que tanto apreciamos da natureza não se compara com o seu estado original. Hoje a criação
geme com dores de parto, ansiando o grande dia em que ela será redimida, o dia em que Deus
irá fazê-la retornar à sua origem. Santa. Imaculada. Incomparável. Gloriosa. Haverá renovação de
todo céu e de toda terra. Por isso, a fé crista é totalmente contrária ao ensinamento gnóstico.
Deus não abriu mão da sua criação. Deus não destruirá a obra de suas mãos que chamou de
“boa”. Ele irá restaurar tudo: fará rios limpos; céus claros sem nenhuma poluição; árvores
magníficas. Haverá um novo cântico da criação redimida. Comentando a passagem de Romanos
8. 20-23, Francis Schaeffer diz o seguinte:

A criação geme, e nós mesmos também gememos, esperando por algo. Estamos
esperando a redenção do nosso corpo. No momento em que os nossos corpos
forem transformados à semelhança do corpo glorioso de Jesus Cristo
haverá a manifestação que toda criação espera. É uma manifestação que vai
além da compreensão humana. Não seremos somente nós, seres humanos,
elevados à glória. Toda a criação também estará, naquele momento, sendo
“redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de
Deus” (Romanos 8.21). A vida presente não está rodeada de sofrimento e
gemidos? Problemas, aflições, perseguições, crianças doentes, pessoas a
matar umas às outras, pessoas amaldiçoando umas às outras; podemos ver uma
enorme parcela de pessoas que estão sendo escravizadas por outras. Será que
somos tão tolos e será que temos um coração tão duro que não admitimos
quanto este nosso mundo está repleto de sofrimento? E ainda assim, de acordo
com Paulo, tudo isso aponta para frente, mais especificamente para a futura
redenção dos nossos corpos e a subsequente restauração de toda criação, no dia
da volta de Cristo (SCHAEFFER, 2003a, p. 219).

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De fato, a cruz de Cristo é importantíssima para o advento da redenção de toda criação.
Como Paulo disse: “Se Cristo não ressuscitou vã é a nossa fé” (1 Co 15.14). Toda a restauração
ocorrerá após a ressurreição e glorificação do ser humano, salvo pela graça de Cristo. Assim como
o ser humano deposita a sua esperança na ressurreição de Cristo, a natureza (toda a criação)
também espera no Salvador o retorno ao seu estado original.

Desde as suas origens, toda a criação tem sofrido com a humanidade. E, desde
as mais remotas origens, isso tem sido parte do claro plano de redenção de Deus,
com todos os seus desdobramentos. Quando Deus castigou a humanidade
doente, através do dilúvio, todos os animais morreram, exceto alguns poucos
selecionados. Quando Noé, a sua família e todos os animais selecionados saíram
da arca, Deus criou um arco-íris, em sinal da sua aliança, tanto com os
seres humanos quanto com os animais: “Disse Deus: Este é o sinal da minha
aliança que faço entre mim e vós, e entre todos os seres viventes que estão
convosco, para perpétuas gerações” (Gênesis 9.12). Esta aliança não estava
sendo estabelecida entre Deus e o homem somente, mas entre Deus e toda a
criatura vivente (Idem, p. 223).

Deus se importa com toda a criação e nós também temos bons motivos para nos importar
com ela. Nossos maiores lamentos devem ser reservados à humanidade perdida e mais sofrida,
mas também temos motivos para chorar pelos sofrimentos que o nosso próprio pecado trouxe
para toda criação.

3 – Desvalorização da Criação

A triste situação aponta para um grande número de cristãos que não tratam a criação com o
devido respeito. O descaso é imenso. Não existe uma irmandade entre o ser humano e o restante
da criação. Deus não nos colocou acima da criação. Não temos o direito de penalizá-la. As
Escrituras mostram claramente que o Senhor deu ao homem a responsabilidade de cuidar da
natureza (Gênesis 2.15). O nosso relacionamento deve ser pautado no companheirismo. Um
cuidando do outro.

Por incrível que pareça a maioria dos cristãos hoje não é engajada nos movimentos de
preservação da natureza. Pouco se vê igrejas militando pelas causas ambientais. O tratamento que

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é dado à natureza e aos animais é um tratamento de “coisa”, não de uma vida. O homem atual
não é capaz de sentir vida na criação. O que deve ficar bem esclarecido é que quando alguém
despreza a criação está desprezando o próprio criador dela – Deus.

O problema está no antropocentrismo. Se a Escritura Sagrada afirma que Deus não vai
simplesmente redimir o homem, mas toda a criação, então se deve entender que tudo existe para
a glória de Deus. Não estamos num nível superior em relação ao restante da criação, somo
formados do mesmo material – pó.

Frequentemente nós ouvimos sermões, estudos e afirmações em que se estabelece a certeza


de que o corpo é mau, ou pelo menos não tem importância, pois, no fim das contas, não é mais
do que pó e que há de voltar ao pó. E, ainda pior, às vezes escutamos que o nosso espírito é na
realidade divino, e que, portanto, temos que cuidar somente dele, e não do corpo, no qual ele se
encontra prisioneiro. Este modo de pensar não é cristão, mas herético. A maneira como se
interpreta a criação afeta o entendimento sobre Deus. Não crer no Deus da salvação como sendo
o mesmo Deus da criação torna-se o suporte para a negação do que foi criado. A tentativa idealista
de fugir do mundo tem suas raízes na dificuldade de conectar o finito ao infinito.

Em geral, falta uma compreensão sobre as implicações da fé cristã e principalmente sobre


o culto cristão, que nada mais é do que uma resposta a Deus. A espiritualidade está doente. A
liturgia do culto, as músicas e os sermões são meramente contemplativos. O culto cristão acaba
por ser uma fuga da realidade. Não existe uma extensão do que acontece no culto para vida
prática do cotidiano.

4 – A Responsabilidade do Cristão na Preservação da Criação

Promovemos uma reação cristã aos problemas gerados pelo consumismo quando começamos a
comprar menos e a poupar mais. Aqueles que reciclam papel, plástico, garrafas e latas agem
corretamente. Aqueles que persuadem o conselho da cidade a tornar a reciclagem parte do
procedimento de coleta de lixo mudam o seu mundo. A reciclagem de materiais vai além do
cumprimento dos princípios básicos de cidadania. Ela está de acordo com noções mais profundas,
com os ciclos que Deus criou para o mundo em que vivemos. O conhecimento relacional de que

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os humanos e outras criaturas partilham de um Criador comum conduz a uma compreensão mais
profunda do valor da criação (DYLE VAN et al., 1999, p. 191).

Mas o certo é que há, em toda essa história da criação, outra dimensão que é de suma
importância: temos que entender corretamente nossa relação com o resto do mundo que Deus
criou. Não é o só o homem que Deus fez do pó da terra, mas também todos os outros animais
(Gênesis 2.19). Somos, por assim dizer, “parentes” de toda criação, pois tanto ela como nós somos
feitos do “pó” – ou, como diriam os cientistas de hoje, partículas atômicas.

Quando nós tivermos aprendido a visão cristã da natureza, então poderá haver
uma ecologia verdadeira; a beleza fluirá, a liberdade psicológica virá, e o
mundo parará de ser transformado em um deserto. Porque é correto,
baseado num sistema cristão completo – que é forte o bastante para resistir a
tudo porque é verdadeiro – quando eu encaro o ranúnculo, eu digo: Criatura
companheira, criatura companheira, eu não pisarei em você. Somos ambos
criaturas (SCHAEFFER, 2003b, p. 64).

É perceptível o dano que a humanidade está fazendo com a criação. Todo ano
desaparecem espécies de animais e vegetais que nunca mais serão vistos sobre a terra, e boa parte
disso se deve à contaminação do meio ambiente e à destruição dos lugares em que as espécies
vivem – bosques, pântanos e rios. Em muitas de nossas cidades, o ar está tão contaminado que é
prejudicial para a saúde. Há fortes indícios de que o uso excessivo de combustíveis está
produzindo mudanças na atmosfera e no clima, com o aumento da temperatura global e o
crescimento dos desertos. Tudo isso, e mais, nos dizem os cientistas e os jornais.

O que causa mais espanto é a indiferença que temos em relação a toda esta situação
calamitosa em que nos encontramos como criação de Deus. Nos tornamos impessoais. O simples
conhecimento disso tudo não basta para agir como é devido. Tudo porque os países que são mais
conscientizados da situação são os que mais contribuem para o aumento da contaminação. Até
os cristãos, que entendem que a criação é bela e boa, que sabem que Deus tem prazer nas obras
de suas mãos, são parte desse processo e cometem injúrias contra a criação em troca de um pouco
mais de comodidade. A relação entre o ser humano e a natureza é simplesmente no âmbito da
retribuição. A colaboração é uma busca de retomar a harmonia perdida.

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A vida na cidade moderna mostra que o homem pode se adaptar a céus sem estrelas,
avenidas sem árvores, edifícios sem forma, pão sem gosto, celebrações sem alegria, prazeres
efêmeros – a uma vida sem reverência pelo passado, amor pelo presente ou esperança pelo futuro
(DYLE VAN, et.al., 1999, p. 56).

É triste o fato de que países tradicionalmente “cristãos”, ou onde ao menos os cristãos


têm sido mais numerosos por muito tempo, são os maiores produtores de materiais que devastam
a beleza da criação. A tristeza é maior quando esse fato é justificado numa perspectiva teológica.
Neste caso as consequências são funestas, pois se trata de um péssimo desenvolvimento do
pensamento teológico da criação. Com base no relato bíblico de que o ser humano é “superior”
ou tem “poder” sobre a natureza, argumentam que a civilização ocidental lançou-se a dominar
essa criação mediante a tecnologia. Nessa busca de “domínio”, esta civilização colonizou e
destruiu outras, e até o presente não sabemos todas as consequências que suas ações terão para o
meio ambiente.

Segundo essa interpretação, quando Deus deu ao homem “poder” sobre o resto
da criação, deu-lhe liberdade total para fazer com a criação o que quisesse ou o
que melhor lhe conviesse. Logo, se uma montanha atrapalha meus planos
urbanizadores, simplesmente a destruo. Se um bosque tem boa madeira, tenho
absoluta liberdade para cortá-lo. Se um rio pode servir de fossa onde verta os
desperdícios químicos de minha indústria, para isso Deus os pôs ali, e me pôs
para exercer domínio sobre ele (Idem, p. 115).

O que não vemos em tais casos é que o “poder” ou “domínio” que Deus confere ao ser
humano em Gênesis é o poder da imagem e semelhança de Deus. O domínio de Deus sobre a
humanidade e sobre a criação toda não é capricho explorador ou egoísta, mas é domínio em
amor.

Se, como também afirma o testemunho bíblico, nós somos “mordomos” ou


administradores em nome de Deus, nosso domínio sobre a criação há de ser
parte dessa mordomia. Se nós temos poder sobre a natureza, esse poder nos tem
sido dado para que o usemos em benefício de toda criação, e não segundo
a nossa vontade. Assim é a doutrina cristã sobre a criação e nosso lugar nela.
Visto que não basta crer em tais coisas, mas se deve praticá-las, com razão Tiago
nos lembra que “a fé sem obras é morta” (Tiago 2.20). E talvez, a primeira
obra que cada um tem que fazer, seja o estudante de teologia, o pastor que prega
e ensina, é recordar a igreja que sua fé em Deus, criador de tudo quanto existe,

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exige que haja um comportamento inquestionável por parte de cada cristão no
mundo como quem de verdade crê em tais coisas (Idem, p. 115, 116).

Devemos começar a viver como mordomos. Os seres humanos são responsáveis diante de
Deus por manter a produtividade da criação. Não é para a humanidade que Adão guarda o
jardim, mas para Deus, o Criador.

Temos o privilégio de usar a produtividade da criação para as nossas necessidades, mas


não ousemos nos esquecer de nossa responsabilidade. Se nossa administração tornar-se centrada
apenas na nossa satisfação, a produtividade da criação será diminuída e nossa vida se
empobrecerá.

É possível então perceber que o pecado tem dimensões estruturais que vão muito além
dessas ações que cometemos. Certamente, na Bíblia se condena não só o pecado contra Deus –
a idolatria, a blasfêmia – mas também o pecado contra o próximo – a injustiça, a opressão. Mais
além de tais atos, o pecado está nas próprias estruturas que o fomentam e o produzem. O pecado
é toda uma ordem de coisas, todo um sistema de organizar ou desorganizar a criação de Deus.

Nós somos convidados para uma transformação pela Palavra do Evangelho, a palavra que
declara que o mal foi julgado, que o mundo foi ajustado, que terra e céus uniram-se para sempre
e que a nova criação começou. Nós somos chamados para nos tornar, nós mesmos, pessoas que
podem falar, viver e cantar esta palavra de forma que aqueles que ouvirem seus ecos possam vir e
cooperar com o projeto maior.

Feitos para a espiritualidade, nos chafurdamos na introspecção. Feitos para a alegria,


procuramos por prazeres efêmeros. Feitos para a justiça, clamamos por vingança. Feitos para os
relacionamentos, insistimos no isolamento. Feitos para a beleza, nos satisfazemos com
frivolidades. Mas a nova criação já começou. O sol começou a se levantar. Cristãos são chamados
para deixar para trás, no túmulo de Jesus Cristo, tudo aquilo que pertence à corrupção e
incompletude do mundo atual. É hora, no poder do Espírito, de assumir a nossa devida função,
nosso papel plenamente humano, como agentes, arautos e guardiões do novo dia que começa.

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Isto é o que significa ser cristão, seguir Jesus neste mundo, o novo mundo de Deus, que ele
inaugurou ante nós.3

Nós somos chamados para fazer parte da nova criação de Deus, aqui e agora. Somos
chamados para promover a justiça social na vida familiar e comunitária, no serviço aos pobres e
no cuidado da natureza. Para isso podemos usar a política, a música, a poesia, a pintura e todas
as linguagens artísticas que estejam em sintonia com os propósitos do Criador.

3
MARQUES, Christopher. Nova Criação, começando agora. Disponível em: http://cristomarques.blogspot.
com.br/search?q=nova+cria%C3%A7%C3%A3o. Acessado em 06/11/2012.
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IX - A MUDANÇA DE PARADIGMA

Billy Grahan, em Berlim, no ano de 1966, disse algo que estava prestes a revolucionar a
mentalidade evangélica de todo o mundo. Ele estava convencido de que, se a igreja voltasse à sua
tarefa primordial de proclamar o evangelho para que as pessoas se convertessem a Cristo, ela teria
um impacto muito maior nas necessidades sociais, morais e psicológicas dos homens do que
qualquer outra coisa que pudesse fazer.

Esta mudança de paradigma visava três ações básicas da igreja para abençoar as pessoas de
maneira integral: dar o peixe, ensinar a pescar, lutar para que todos possam pescar e viver
dignamente do resultado de sua pescaria.

O mal não está apenas no coração humano, mas também nas estruturas sociais. A missão
da Igreja inclui tanto a proclamação do evangelho quanto a sua demonstração. Precisamos
evangelizar, responder às necessidades humanas imediatas e lutar por transformações sociais.

1 – A Teologia da Missão Integral

A soteriologia da missão integral é o domínio de Deus, de direito e de fato, sobre todo


o universo criado; o reino de Deus em sua plenitude; a redenção pessoal é apenas uma
parcela do que o Novo Testamento chama de salvação;

A eclesiologia da missão integral trata de uma nova coletividade. Deus não está apenas
salvando pessoas, está restaurando a raça humana. Estar em Cristo é não apenas ser
nova criatura, mas também e principalmente ser nova criação – nova humanidade;

A missiologia da missão integral é a sinalização histórica do Reino de Deus que será


consumado na eternidade. A Igreja, o corpo de Cristo, é o instrumento prioritário
através do qual Jesus, o cabeça, exerce seu domínio sobre todas as coisas, no céu, na
terra e debaixo da terra, não apenas neste século, mas também no vindouro;

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A antropologia da missão integral reflete a unidade indivisível do pó da terra com o
fôlego da vida; a indivisibilidade das dimensões física e imaterial do ser humano:
“Corpo sem alma é defunto; alma sem corpo é fantasma”;

O kerigma, a evangelização na missão integral, é a proclamação de que Jesus Cristo é


o Senhor, seguida da convocação ao arrependimento e à fé, para acesso ao Reino de
Deus. A oferta de perdão para os pecados pessoais é o início da peregrinação espiritual,
a porta de entrada para o relacionamento de submissão radical a Jesus Cristo.

A missão da Igreja é manifestar aqui e agora a maior densidade possível do Reino de Deus
que será consumado futuramente.

A missão integral implica a ação da Igreja para que Cristo seja Senhor sobre tudo e todos,
em todas as dimensões da existência humana.

A missão histórica de Jesus só pode ser entendida em conexão com o Reino de Deus. Sua
missão evidenciou a manifestação do Reino como uma realidade presente em sua própria pessoa
e ação, em sua pregação do evangelho e em suas obras de justiça e misericórdia.

Por meio da Igreja e de suas boas obras o Reino de Deus se torna historicamente visível
como uma realidade presente. As boas obras, portanto, não são um mero apêndice da missão,
mas uma parte integral da manifestação do Reino: elas apontam para o Reino que já veio e para
o Reino que está por vir.

2 – Desenvolvimento do Conceito de Missões no Decorrer da História da Igreja

2.1 – Imperialismo e Missões

Um teólogo russo certa vez alertou que era preciso enxergar a diferença entre a dignidade do
cristianismo e a dignidade dos cristãos, os quais, segundo ele, nem sempre são a mesma coisa, ou

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caminham na mesma direção. Enquanto o cristianismo nunca perdeu a sua dignidade, os cristãos
nem sempre mantiveram atitudes dignas e coerentes com os ensinamentos do Evangelho. Aqui é
preciso lembrar que muitos erroneamente associaram as missões cristãs ao
colonialismo/imperialismo entre os séculos XVI até o XIX. Não faltaram teólogos para justificar
a conquista dos povos das Américas pelas nações cristãs europeias ou para defender o destino
manifesto (doutrina segundo a qual os colonizadores tinham a missão divina de ensinar os valores
cristãos aos ignorantes nativos), a expansão territorial e o extermínio dos nativos na América do
Norte. Muitas missões cristãs foram feitas com propósitos contrários aos valores do cristianismo
e os evangélicos aprovaram guerras expansionistas sob o pretexto de evangelização a qualquer
custo.

2.2 – Conferência Missionária Mundial de Edimburgo

Há um pouco mais de 100 anos essa reunião de teólogos na Europa dividiu o pensamento
missiológico evangélico. A mentalidade missionária até então se mostrara arrogante, impaciente,
autossuficiente e triunfalista diante da tarefa de anunciar o evangelho aos povos não-alcançados.
Um documento de nove volumes foi produzido a partir do encontro e pretendia carregar todos
os “fundamentos da verdade da fé cristã e da obra de evangelização do mundo”. Surgiu então
uma definitiva polarização entre os evangélicos: de um lado os fundamentalistas e de outro os
modernistas e os liberais. Essa divisão foi dramática para a causa do evangelho. Enquanto os
modernistas buscavam entender o Reino de Deus e a missão da Igreja no presente, observando
os benefícios da cruz já para os tempos atuais, os fundamentalistas ficaram marcados pelo
radicalismo em interpretar o Reino como uma realidade futura, por manterem uma proclamação
do evangelho voltada apenas para a salvação da alma e a expansão da igreja e por negarem a
possibilidade de um evangelho com preocupações sociais. Os fundamentalistas estavam
fortemente influenciados pela escatologia dispensacionalista (doutrina que enfatiza a redenção
apenas a partir da segunda volta de Cristo, nega a restauração da criação já nos nossos tempos e
destaca-se pela crença de que as promessas feitas a Israel no passado serão cumpridas no milênio).

De modo geral, existe uma “tradição” de como executar a obra missionária. Determinados
valores ainda são mantidos. Por exemplo, o chamado para ser um missionário de carreira ou um

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pastor é entendido como algo louvável e sublime, mas apenas para alguns “eleitos”. À igreja local
cabe a tarefa de oferecer apoio espiritual e financeiro a missões.

O legado pós-Edimburgo – A denúncia de conceitos equivocados que até hoje permeiam


o pensamento de muitos cristãos acerca de missões:

As igrejas que enviam missionários X As igrejas que recebem os missionários enviados


(missionários que saíram do 1º mundo para os países mais pobres sem uma
compreensão transcultural e humilde do evangelho);

O Lar (um país cristão) X O Campo Missionário/local de trabalho (um país pagão);

O Clero (uma classe de funcionários da igreja responsáveis pelo trabalho) X Os Leigos


(membros comuns) – isso criou o problema dos cristãos “domingueiros”;

Grandes projetos com poucos missionários X Igreja local sem uma postura missionária
onde ela está.

A missão integral propõe uma mudança de paradigma que redimensiona esses conceitos:

A Igreja precisa influenciar os líderes que governam a vida política a defender os


direitos dos pobres;

As agências missionárias não devem apenas falar de missões, mas colocar em prática
os valores do Reino de Deus através do povo de Deus;

O evangelho traz as boas novas do Reino, em Cristo Jesus; boas novas de restauração,
libertação e salvação pessoal, social, global e cósmica;

Missões inclui evangelização, respostas às necessidades humanas imediatas e luta por


transformação da realidade social;

Missões não consiste em focar na transposição de barreiras geográficas (isso é


secundário). Missões implica romper a barreira entre a fé cristã e a fé não-cristã;

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A igreja local não existe para promover turismo religioso, não é um grupo de amigos
e nem tampouco uma agência de bem-estar social. Seu propósito é encarnar os valores
do Reino para a transformação do mundo;

Fazer missões é responsabilidade e privilégio de todos os membros da igreja;

É dever da igreja local treinar e mobilizar as pessoas para missões (Ef 4. 11-12);

Devemos fazer missões nas escolas, nos hospitais, nas empresas, nas comunidades
carentes. Não há um lugar fora da órbita do senhorio de Jesus Cristo;

As igrejas podem aprender umas com as outras. Não há uma igreja que apenas envia
e ensina e outra que só recebe o conhecimento de Deus;

Todos os cristãos são missionários. Cada dificuldade humana é uma oportunidade


missionária;

Cada igreja local precisa mostrar o Reino de Deus onde ela está (missões também se
faz na “sua Jerusalém”, e não somente “nos confins da terra”);

Os benefícios da salvação são inseparáveis da obra missionária;

A Teologia da Missão Integral é uma contraposição à missão imperialista de conquista,


e tem o propósito de manifestar o Reino de amor, de justiça e de glória de Jesus Cristo.

TEOLOGIA BÍBLICA – TEOLOGIA SISTEMÁTICA – CRISTOLOGIA - SOTERIOLOGIA 55


3 – Missão Integral: um novo horizonte para a Missão da Igreja

3.1 – Retomando alguns pontos

VISÃO INTEGRAL DA MISSÃO DA IGREJA

Propósito Encarnar os valores do Reino de Deus


Testificar do amor e da justiça de Cristo
Divulgar o projeto divino de vida plena
Transformar toda a vida humana
Agentes Todos os cristãos

Papel da Igreja Equipar e mobilizar homens e mulheres para a missão de Deus


no mundo (abrangendo todos os campos da vida humana)
Lema A salvação para o homem todo e para todos os homens e em
todo lugar.

3.2 – A vida humana é um complexo relacional

CONSIGO MESMO COM O COSMOS

COM OS OUTROS COM DEUS

TEOLOGIA BÍBLICA – TEOLOGIA SISTEMÁTICA – CRISTOLOGIA - SOTERIOLOGIA 56


3.3 – O pecado desarranjou todas as relações

ISOLAMENTO INDIFERENÇA AO COSMOS

SEPARAÇÃO DO PRÓXIMO REBELDIA CONTRA DEUS

O reino do “mundo”

Mundo: “espaço” onde a vida acontece

PECADO

Ambiente, Liberdade, Política, Família,


Alma, Realização Pessoal, Consciência
Universal, Sexualidade, Emoções,
Identidade, Comunhão, Presença social,
Projetos e Sonhos, Carinho, Moradia, DESVIRTUAMENTO DO AMOR
Dignidade, Individualidade, Dinheiro,
Trabalho, Amor,Vontade,
Espiritualidade, Consciência Ecológica,
Segurança, Consciência Social, Intelecto,
Prazer, Eternidade, Ética, Consciência
Corporal, Moral, História, Fé, Justiça, DESESTABILIZAÇÃO DO MUNDO
Saúde, Identidade, Cultura, Arte e Lazer.

Mundo passa a ter conotação negativa: sistema oposto a Deus (“mundo”), o reino do
“mundo”.

O “mundo” passa a ser um sistema independente e contrário à proposta original de


Deus;
TEOLOGIA BÍBLICA – TEOLOGIA SISTEMÁTICA – CRISTOLOGIA - SOTERIOLOGIA 57
O “mundo” se propaga pela escolha humana;

O “mundo” ostenta uma posição de morte;

O “mundo” está sob o poder do maligno (1 João 5.19);

O “mundo” privou-se do amor;

Enquanto o “mundo” se estabelece nada tem vida em abundância.

O problema do homem no mundo não se resume nos pecados isolados que comete, ou
no fato de ele se render à tentação de determinados vícios. O fato é que ele está preso a um
sistema fechado de rebelião contra Deus; sistema esse que o condiciona a absolutizar o relativo e
relativizar o absoluto, sistema cujo mecanismo de autossuficiência o afasta dos valores eternos,
submetendo-o ao juízo de Deus.

3.4 – Pecado: individual e estrutural

O reino de Deus Governo universal de Deus (Concepção Teológica)

“Pai!...Venha o teu reino”

Reino eterno de paz e justiça


Reino de Deus no AT =

Prévia no governo de Davi associado a disputas bélicas e


políticas

EXPECTATIVA MESSIÂNICA

DEUS

“O tempo é chegado. CONSOLADOR O Reino de Deus está próximo.


Arrependam-se e creiam REI nas boas novas” (Marcos 1.15)
LIBERTADOR

TEOLOGIA BÍBLICA – TEOLOGIA SISTEMÁTICA – CRISTOLOGIA - SOTERIOLOGIA 58


3.5 – O que é o Reino de Deus?

Principais ideias relacionadas ao Reino de Deus:

Para quem é o reino?

Qual é a lógica do reino?

O que o reino oferece?

Já chegou? Vai chegar?

ALÉM

REINO DE DEUS

AQUI

Nova ordem que supera plenamente a ordem atual;

Concretização dos propósitos divinos para o cosmos e para a história;

Já se faz presente entre nós por meio da vida e obra de Jesus;

NÓS → presença do Reino no “mundo”;

Re-conhecimento do senhorio de Jesus sobre a criação.

O reino inaugura o final de tudo o que desfigura ou destrói o que Deus criou e classificou
como “muito bom”. Onde o reino se faz presente as pessoas são reconciliadas com Deus, com o
próximo e com a natureza. O medo, a agressão, o egoísmo, a falsidade e o sofrimento são
superados. A criação fica livre da degradação.

TEOLOGIA BÍBLICA – TEOLOGIA SISTEMÁTICA – CRISTOLOGIA - SOTERIOLOGIA 59


O reino de Deus “não é deste mundo”. O poder humano, que depende da força, não
pode estabelecê-lo. Homens e mulheres não podem possuí-lo por si mesmos. Só podem recebê-lo
como dádiva de Deus, submetendo-se incondicionalmente aos seus valores de amor, justiça,
altruísmo, compaixão, serviço e disposição de sofrer pelos outros (J. Andrew Kirk).

3.5.1 – Reagrupando as ideias

O Reino de Deus vem a nós como o reino do milagre e da ressurreição que rompe, nega, supera
e aniquila o “mundo”, e , ao mesmo tempo, vem como o reino da ordem, afirmando e mantendo
a terra com suas leis , suas comunidades e sua história.

4 – Missão Integral: a dimensão integral da pessoa humana

Corporeidade e espiritualidade fazem parte da dimensão integral da pessoa humana, daí que é
preciso defender a sua dignidade ameaçada pelos riscos das experiências genéticas sem controle
ético e das armas biológicas.

É preciso reconhecer que definitivamente nos encontramos diante de uma nova realidade
com repercussões sobre a natureza dos seres vivos. É nessa perspectiva que hoje se fala cada vez
mais em “biopoder”. Quem tem o domínio dos segredos da vida pretende dominar a própria vida
(Evangelização e Missão Profética da Igreja. Novos Desafios. Doc. 80 da CNBB, 2005. p. 105).

Muitos cientistas, eufóricos com os avanços da biotecnologia, acreditam que esses novos
conhecimentos poderão trazer grandes benefícios, especialmente no combate às doenças,
garantindo assim uma melhor qualidade de vida, sob muitos aspectos.

Em meio ao otimismo, há muitas apreensões. As possibilidades que surgiram através do


domínio técnico do mundo criaram também novas categorias de maldade (RATZINGER, 1997,
p. 31). É certo que há possibilidades promissoras, mas temos também riscos na manipulação da
vida que podem gerar outras formas de violência. De todas as agressões, a mais grave é a que
atenta contra a dignidade da pessoa humana. Um ser humano não pode ser, em hipótese alguma,

TEOLOGIA BÍBLICA – TEOLOGIA SISTEMÁTICA – CRISTOLOGIA - SOTERIOLOGIA 60


tratado como um meio para qualquer fim, nem mesmo no caso em que esse fim seja prolongar a
vida de um semelhante (MAJELLA AGNELO, 2004, p. 1).

De acordo com a fé cristã, as pessoas não se resumem a um conjunto de células, moléculas


e genes. A manipulação destes pode provocar alterações em diversos aspectos, inclusive o
transcendente. Este último é o que caracteriza os seres humanos como portadores daquele “algo
mais”, que os diferencia de todos os outros seres vivos. A dignidade de uma pessoa está ligada à
sua espiritualidade e à sua corporeidade (SGRECCIA, 2007, p. 53).

Há na pessoa humana um nível de sofisticação (em termos de memória, linguagem,


inteligência e percepção) superior a todas as formas de vida existentes. Por isso a Igreja rejeita as
manipulações da corporeidade que alteram o seu significado humano (PAULO II, 1993, p. 83).

A Igreja Católica tem muito a nos ensinar neste quesito. No seu Catecismo temos a
afirmação de que

“por ser a imagem de Deus, o indivíduo humano tem a dignidade de pessoa:


ele não é apenas alguma coisa, mas alguém. É capaz de conhecer-se, de possuir-
se e de doar-se livremente e entrar em comunhão com outras pessoas, e é
chamado, por graça, a uma aliança com seu Criador, a oferecer-lhe uma resposta
de fé e de amor, que ninguém mais pode dar em seu lugar” (Catecismo da Igreja
Católica, 1993, p. 92).

A identidade de cada pessoa é única e insubstituível, expressão de uma realidade feita


para se afirmar com suas próprias características por toda a eternidade.

A dimensão da pessoalidade é a chave fundamental para o entendimento e a aceitação


daquilo que a fé cristã anuncia como valor de vida. O princípio da dignidade inviolável da pessoa
humana desde a concepção até o seu fim natural, em qualquer fase ou condição em que se
encontre, fundamenta a reflexão cristã (Evangelização e Missão Profética da Igreja. Novos Desafios.
Doc. 80 da CNBB, 2005. p. 110).

Com o cristianismo foi possível vislumbrar um conceito de pessoa humana mais


abrangente e profundo que o de outras culturas ao longo da história, novidade esta de alcance
filosófico e teológico até então desconhecida pelos pensadores da Antiguidade. A revelação

TEOLOGIA BÍBLICA – TEOLOGIA SISTEMÁTICA – CRISTOLOGIA - SOTERIOLOGIA 61


cristã projeta uma nova luz sobre a identidade, sobre a vocação e sobre o destino último da pessoa
e do gênero humano (MARÍAS, 2000, p. 9). Trata-se da resposta às questões fundamentais: Quem
sou eu? De onde venho e para onde vou? Por que existe o mal? O que é que existirá depois desta
vida? (PAULO II, 1998, p. 4).

Julian Marías (2000, p. 9) explica que

o cristianismo parte de duas noções fundamentais: a primeira, que a outra vida


tem a ver com esta, isto é, que continua como vida da mesma pessoa; em
segundo lugar, que esse desenlace é extremo, a suma felicidade ou a suma
infelicidade, e que em alguma medida depende da própria pessoa.

Ele ressalta que podemos imaginar esta vida como a escolha da outra e a outra como a
realização desta. Nós mesmos nos condenamos a ser de verdade e para sempre o que quisermos,
então aparece a conexão entre este mundo e o outro, que se tornam uma unidade para cada
pessoa, já que “mundo” é sempre o mundo de alguém (MARÍAS, 1979, p. 38).

A vida de cada pessoa é dada como um bem perene, e que só tem sentido na inter-relação
de todos entre si e de cada um com o Criador. Esta vida foi dada para sempre como promissão
de plenitude, mas que somente alcançará sua plena realização na outra vida. “Minha vida é
minha, a de cada um, única e irrepetível, e é dela de que se trata, a que interessa” (MARÍAS,
2000, p. 80). É vida prometida, mas não entregue concluída, pois exige construí-la como algo
nosso. O ideal supremo da pessoa humana é o que chamamos vocação. Sentimo-nos chamados a
fazer algo e, mais ainda, a ser alguém. As limitações, os acasos e outras interferências são
obstáculos para que a vocação se cumpra inteiramente (Idem, p. 84).

O que se quer salvar é a pessoa inteira:

O homem é uma realidade imperfeita, inconclusa, in via, termo que reflete a


plenitude de suas possibilidades, a maturidade e integridade do projeto em que
consiste a sua vida. Esse ou essa que fomos, que somos é quem há de salvar-se e
viver para sempre. A ressurreição da carne dá sua última consistência a esta
interpretação. Nossa realidade pessoal, inteligente, amorosa, carnal, ligada às
formas históricas, feita de projetos de várias sortes, articulados em trajetórias de
desigual autenticidade, é a que há de perpetuar-se, transfigurar-se, salvar-se
(Idem, pp. 83-84).

TEOLOGIA BÍBLICA – TEOLOGIA SISTEMÁTICA – CRISTOLOGIA - SOTERIOLOGIA 62


A corporeidade e a espiritualidade da pessoa humana fazem parte da realidade a ser salva,
pois só se alcança a vida plena na dimensão integral da pessoa humana. A salvação cristã é para
todos os homens e do homem todo: é salvação universal e integral. Diz respeito à pessoa humana
em todos os seus aspectos: pessoal, social, espiritual, corpóreo, histórico e transcendente
(Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 2005, p. 35).

Faz parte da missão bimilenar da Igreja não transigir com o mal, apesar de muitos daqueles
que se dizem cristãos (ainda que por conveniência) estarem coniventes com o mal, minando a sã
doutrina, por dentro das estruturas. Mesmo perseguida, não compreendida e constrangida pela
loucura dos homens, a Igreja não deixará de contar com a proteção daquele que a instituiu para
ser instrumento de salvação dos homens. Em meio a tudo isso, a Igreja é chamada a ser sempre
agente de contracultura. Por isso sua voz clama em todo o mundo como um alerta e um clamor
para um renovado empenho em favor da dignidade da pessoa humana.

5 – Missão Integral: a relevância da Igreja

Qual é a importância da Igreja? Ela se torna relevante quando Cristo tem a primazia em cada um
de nós. Através da Igreja pessoas conhecem a Cristo e são salvas, seus pecados são perdoados e
elas encontram sentido para a vida. A Igreja é um dos principais meios pelos quais Deus supre as
necessidades humanas.

A relevância da Igreja está na relevância de Cristo para seus membros. A experiência da


igreja apostólica, na sua infância, deixa bem evidente esta verdade.

Na experiência da igreja primitiva, encontramos reafirmada, por ações e palavras, a


relevância de Cristo para aqueles crentes. A propósito, a origem desta palavra “relevância” (que
quer dizer importância, valor, destaque) tem a ver com a própria ação de Cristo para conosco,
que é relevar os nossos pecados, apagando-os completamente, ao ter sido levantado na cruz.
Curiosamente, relevar também tem a ver com levantar.

Os tempos mudaram, mas não há uma prática sequer na Bíblia que não devamos
desenvolver aqui. Para sermos solidários, por exemplo, não precisamos ter tudo em comum,

TEOLOGIA BÍBLICA – TEOLOGIA SISTEMÁTICA – CRISTOLOGIA - SOTERIOLOGIA 63


vendendo nossas propriedades para formar um fundo único de bens, mas temos que nos
incomodar por termos tantas coisas supérfluas e o próximo não ter sequer o básico.

A Igreja é relevante quando busca e recebe pessoas. Esta ação provoca um impacto tal que
leva pessoas à salvação. Nos dias de hoje o testemunho fala mais alto que as palavras. Uma Igreja
relevante é composta de pessoas salvas, que têm consciência de sua salvação e que devem viver de
maneira coerente com a bênção maravilhosa que receberam.

Numa época de tanto isolamento, podemos ser como um paraíso onde as pessoas se
refugiam da frieza. Não estamos falando de estratégia; estamos falando de algo que flui
naturalmente. Se a Igreja não é relevante para você, é possível que ela esteja muito longe da
orientação bíblica. Pode ser também que você tenha se distanciado dos valores cristãos. Talvez
você e a Igreja estejam afastados dos padrões de Deus. Então, fica ainda a pergunta – como é que
estamos?

5.1 – Uma igreja relevante é aquela que transforma a história ao seu redor

A Igreja está no mundo, mas não pertence a ele. Seu papel é chamar as pessoas que nele estão
para pertencerem à família de Deus.

A Igreja só é relevante quando é totalmente diferente do mundo. Ela não pode ser
conivente com seus valores, nem imitá-lo, pois se assim o fizer ela perde sua capacidade
transformadora.

A Igreja tem a responsabilidade de restringir a corrupção. Ela é sal da terra e por isso dá
sabor e provoca sede. Sem a presença do povo de Deus o mundo se tornaria um lugar
insuportável. Ela é o grande freio moral desse sistema perverso.

O cristianismo não é apenas mudança de comportamento. Não é verniz ou fachada. Não


é produzir crentes em série com clichês de massa. Não é usar o mesmo estilo de roupa ou cabelo.

Muitos convertidos se isolam das outras pessoas, se trancam numa estufa, numa redoma
de vidro, numa bolha espiritual.

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Elas não se apresentam, não se inserem, não influenciam, não salgam, não resplandecem.
Tornam-se antissociais e conformistas.

A vida da Igreja é sua primeira mensagem. Ela só tem uma mensagem relevante se tiver
vida. Sem testemunho não há proclamação. O exemplo é mais importante do que a atividade.

Que instrumento nós temos nas mãos para fazer isso? O que precisamos fazer e não
estamos fazendo? O que precisamos corrigir? O que precisamos deixar de fazer?

5.2 – O que é ser uma igreja relevante?

A relevância da Igreja está ligada à sua contemporaneidade. Infelizmente, nem sempre a sua
mensagem supre as necessidades das pessoas. É preciso compreender a sociedade e trazer uma
resposta bíblica e pertinente aos seus dilemas.

Relevância não se quantifica. Não se mede por sua expansão territorial ou pelo dinheiro
adquirido. Como a mensagem da Igreja é espiritual e trata de coisas transcendentes ela é vista por
muitos como irrelevante. Mesmo que uma pessoa depravada se torne santa. Mesmo que um
criminoso seja regenerado. Mesmo que um drogado se levante ou uma prostituta se torne uma
mãe exemplar. A sociedade valoriza as coisas pela quantidade e pelo movimento. Não nos
iludamos com isto. Uma igreja pode oferecer curso de artesanato, sopa e corte de cabelos
gratuitamente, mas ser, como Igreja, irrelevante. A relevância da Igreja vem de sua mensagem. Se
ela proclama a salvação pela fé em Cristo, ela é relevante. Se ela chama os homens a se
reconciliarem com Deus por meio de Jesus, ela é relevante.

O mundo não pode avaliar o que foi uma alma consolada num culto. As pessoas não
ficam sabendo que alguém entrou num culto pensando em suicídio, mas ali foi alcançado pela
graça de Deus e saiu com novo ânimo para a vida. Pregar o evangelho que coloca a vida do homem
em ordem com Deus só a Igreja pode fazer. Nenhuma outra instituição pode. Esta é a relevância
da Igreja! Esta é sua singularidade!

A relevância da Igreja reside em cumprir a missão para a qual foi destinada, trazendo a
mesma mensagem de Pedro em Atos 2.38: “Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em

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nome de Jesus Cristo para que os seus pecados sejam perdoados, e vocês receberão de Deus o
Espírito Santo”. Em 2 Coríntios 5.20 lemos: “Portanto, estamos aqui falando em nome de
Cristo, como se o próprio Deus estivesse pedindo por meio de nós. Em nome de Cristo nós
pedimos a vocês que deixem que Deus os transforme de inimigos em amigos dele”. Recordo uma
frase de Haroldo Reimer: “A igreja não está no mundo para fazer relações públicas, mas para
entregar um ultimato”. Esta é a sua missão.

A Igreja será relevante na medida exata em que compreende o propósito da sua existência,
sabe exatamente qual é a sua missão, entrega fielmente mensagem do evangelho e estabelece as
suas prioridades.

6 – Aspectos Práticos da Missão Integral

Um dos aspectos determinantes da missão integral é a sua presença ativa e efetiva na


transformação econômica, física, psicológica, social e espiritual das pessoas carentes.

A Teologia da Missão Integral entende que a pobreza é o resultado de um legado social e


estrutural de relacionamentos rompidos com Deus, de uma compreensão equivocada do homem
sobre si mesmo, de relacionamentos injustos entre as pessoas e de relações com o meio ambiente
que são caracterizadas pela exploração. A missão integral é uma tarefa orientada por Deus e pela
oração com o objetivo de ajudar na restauração desses relacionamentos. A missão integral
acontece no âmbito humano e sobrenatural. A comunidade dos discípulos de Jesus é o contexto-
chave onde os relacionamentos são restaurados. Portanto, a igreja local ocupa um lugar central
na tarefa da missão integral por ser uma comunidade amorosa, receptiva e prestativa.

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