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Esse universo é concebido, então, como uma entidade fechada, na qual não
pode haver intervenção alguma de fora. Em contraste com tal visão, a fé cristã
vê o mundo como uma entidade aberta: aberta primeiro no sentido de que
tanto sua origem como seu fim vêm de fora, do Deus criador que é o Alfa e
Omega, princípio e fim de todas as coisas; e aberta também no sentido de que
esse Deus intervém neste universo, e que, portanto, há razão para orar e ter
esperança de um mundo melhor (Idem, p. 97).
1 – A Beleza da Criação
Deus criou o mundo e seus habitantes? Em tal caso, como e com que propósito? Como nós,
humanos, nos relacionamos com essa criação e com Deus?
Assim a criação não pode fazer revelações sobre as Escrituras, mas a revelação
coerente que as Escrituras fazem da criação é que ela é “boa” (Gênesis 1). Como
disse Bonhoeffer: “Frequentemente lemos: ‘E viu Deus que isso era bom’.
Significa duas coisas para nós. A obra de Deus é boa como a manifestação
incomparável da vontade de Deus. Mas é boa apenas no sentido de que como
criatura, pode ser boa porque o Criador a vê, a reconhece como sua e diz dela:
‘É boa’”(DYLE VAN et al.,1999. p.52).
Aquele que tem um profundo domínio da revelação que Deus fez de si mesmo,
como Criador, compreende que o divino e o humano não devem ser
concebidos como se fossem extremos contrários de um espectro, de modo
que exaltar a um, seria, per se, rebaixar o outro. Deus não é honrado quando
se envilece a sua criação, nem a criação é exaltada quando se envilece a Deus. A
criação é expressão da vontade de Deus como Criador. A criação, em seu estado
incólume, Deus chama boa. Ele se revelou como estando ativamente
interessado nela. Para glorificar a Deus não é preciso denegrir a criação: É
apenas necessário por em prática, em relação à natureza, aquilo que responde
a vontade criadora de Deus para ela (REID, 1990, p. 15).
Deus se satisfaz na obra de suas mãos. Ele confere beleza à sua criação. Não existe impessoalidade
em Deus. Ele ama, valoriza, investe e trabalha em favor da sua criação. A sua obra redentora não
está presa ao homem, mas se aplica a tudo que a sua palavra causativa criou. Todo o cosmos está
dentro do plano redentivo e restaurador de Deus.
Deve ficar claro que Deus não faz nada mau. A perfeição e a exuberância são características
da sua criação. O prazer de Deus na criação está presente no seu modo de se relacionar com ela.
As divisões e os detalhes da criação revelam o interesse afetivo e planejado de Deus. Ele visava
uma comunicação bilateral. O relato de Davi no Salmo 19.1 mostra a sabedoria, o poder e a
glória de Deus. Quando a criação se alegra, Deus também se alegra.
O prazer que Deus tem na criação é tão grande que ele preparou o dia em que ela será
redimida e restaurada. Na eternidade Deus já contempla a sua belíssima criação de volta ao plano
original – linda, pura e renovada. Em Apocalipse nos é apresentado um quadro maravilhoso da
criação redimida: “Depois ouvi todas as criaturas existentes no céu, na terra, debaixo da terra e
Segundo SCHAEFFER (2003a, p. 225), os seres humanos são as primícias de tudo isso:
ressuscitados dos mortos (Romanos 8.23), reinando com Cristo sobre a terra (Apocalipse 5.10) e,
depois disso, haveremos de ouvir a canção da criação redimida (Apocalipse 5.13).
Com a queda a criação se afastou do seu Criador e surgiram anomalias por toda parte. A
beleza que tanto apreciamos da natureza não se compara com o seu estado original. Hoje a criação
geme com dores de parto, ansiando o grande dia em que ela será redimida, o dia em que Deus
irá fazê-la retornar à sua origem. Santa. Imaculada. Incomparável. Gloriosa. Haverá renovação de
todo céu e de toda terra. Por isso, a fé crista é totalmente contrária ao ensinamento gnóstico.
Deus não abriu mão da sua criação. Deus não destruirá a obra de suas mãos que chamou de
“boa”. Ele irá restaurar tudo: fará rios limpos; céus claros sem nenhuma poluição; árvores
magníficas. Haverá um novo cântico da criação redimida. Comentando a passagem de Romanos
8. 20-23, Francis Schaeffer diz o seguinte:
A criação geme, e nós mesmos também gememos, esperando por algo. Estamos
esperando a redenção do nosso corpo. No momento em que os nossos corpos
forem transformados à semelhança do corpo glorioso de Jesus Cristo
haverá a manifestação que toda criação espera. É uma manifestação que vai
além da compreensão humana. Não seremos somente nós, seres humanos,
elevados à glória. Toda a criação também estará, naquele momento, sendo
“redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de
Deus” (Romanos 8.21). A vida presente não está rodeada de sofrimento e
gemidos? Problemas, aflições, perseguições, crianças doentes, pessoas a
matar umas às outras, pessoas amaldiçoando umas às outras; podemos ver uma
enorme parcela de pessoas que estão sendo escravizadas por outras. Será que
somos tão tolos e será que temos um coração tão duro que não admitimos
quanto este nosso mundo está repleto de sofrimento? E ainda assim, de acordo
com Paulo, tudo isso aponta para frente, mais especificamente para a futura
redenção dos nossos corpos e a subsequente restauração de toda criação, no dia
da volta de Cristo (SCHAEFFER, 2003a, p. 219).
Desde as suas origens, toda a criação tem sofrido com a humanidade. E, desde
as mais remotas origens, isso tem sido parte do claro plano de redenção de Deus,
com todos os seus desdobramentos. Quando Deus castigou a humanidade
doente, através do dilúvio, todos os animais morreram, exceto alguns poucos
selecionados. Quando Noé, a sua família e todos os animais selecionados saíram
da arca, Deus criou um arco-íris, em sinal da sua aliança, tanto com os
seres humanos quanto com os animais: “Disse Deus: Este é o sinal da minha
aliança que faço entre mim e vós, e entre todos os seres viventes que estão
convosco, para perpétuas gerações” (Gênesis 9.12). Esta aliança não estava
sendo estabelecida entre Deus e o homem somente, mas entre Deus e toda a
criatura vivente (Idem, p. 223).
Deus se importa com toda a criação e nós também temos bons motivos para nos importar
com ela. Nossos maiores lamentos devem ser reservados à humanidade perdida e mais sofrida,
mas também temos motivos para chorar pelos sofrimentos que o nosso próprio pecado trouxe
para toda criação.
3 – Desvalorização da Criação
A triste situação aponta para um grande número de cristãos que não tratam a criação com o
devido respeito. O descaso é imenso. Não existe uma irmandade entre o ser humano e o restante
da criação. Deus não nos colocou acima da criação. Não temos o direito de penalizá-la. As
Escrituras mostram claramente que o Senhor deu ao homem a responsabilidade de cuidar da
natureza (Gênesis 2.15). O nosso relacionamento deve ser pautado no companheirismo. Um
cuidando do outro.
Por incrível que pareça a maioria dos cristãos hoje não é engajada nos movimentos de
preservação da natureza. Pouco se vê igrejas militando pelas causas ambientais. O tratamento que
O problema está no antropocentrismo. Se a Escritura Sagrada afirma que Deus não vai
simplesmente redimir o homem, mas toda a criação, então se deve entender que tudo existe para
a glória de Deus. Não estamos num nível superior em relação ao restante da criação, somo
formados do mesmo material – pó.
Promovemos uma reação cristã aos problemas gerados pelo consumismo quando começamos a
comprar menos e a poupar mais. Aqueles que reciclam papel, plástico, garrafas e latas agem
corretamente. Aqueles que persuadem o conselho da cidade a tornar a reciclagem parte do
procedimento de coleta de lixo mudam o seu mundo. A reciclagem de materiais vai além do
cumprimento dos princípios básicos de cidadania. Ela está de acordo com noções mais profundas,
com os ciclos que Deus criou para o mundo em que vivemos. O conhecimento relacional de que
Mas o certo é que há, em toda essa história da criação, outra dimensão que é de suma
importância: temos que entender corretamente nossa relação com o resto do mundo que Deus
criou. Não é o só o homem que Deus fez do pó da terra, mas também todos os outros animais
(Gênesis 2.19). Somos, por assim dizer, “parentes” de toda criação, pois tanto ela como nós somos
feitos do “pó” – ou, como diriam os cientistas de hoje, partículas atômicas.
Quando nós tivermos aprendido a visão cristã da natureza, então poderá haver
uma ecologia verdadeira; a beleza fluirá, a liberdade psicológica virá, e o
mundo parará de ser transformado em um deserto. Porque é correto,
baseado num sistema cristão completo – que é forte o bastante para resistir a
tudo porque é verdadeiro – quando eu encaro o ranúnculo, eu digo: Criatura
companheira, criatura companheira, eu não pisarei em você. Somos ambos
criaturas (SCHAEFFER, 2003b, p. 64).
É perceptível o dano que a humanidade está fazendo com a criação. Todo ano
desaparecem espécies de animais e vegetais que nunca mais serão vistos sobre a terra, e boa parte
disso se deve à contaminação do meio ambiente e à destruição dos lugares em que as espécies
vivem – bosques, pântanos e rios. Em muitas de nossas cidades, o ar está tão contaminado que é
prejudicial para a saúde. Há fortes indícios de que o uso excessivo de combustíveis está
produzindo mudanças na atmosfera e no clima, com o aumento da temperatura global e o
crescimento dos desertos. Tudo isso, e mais, nos dizem os cientistas e os jornais.
O que causa mais espanto é a indiferença que temos em relação a toda esta situação
calamitosa em que nos encontramos como criação de Deus. Nos tornamos impessoais. O simples
conhecimento disso tudo não basta para agir como é devido. Tudo porque os países que são mais
conscientizados da situação são os que mais contribuem para o aumento da contaminação. Até
os cristãos, que entendem que a criação é bela e boa, que sabem que Deus tem prazer nas obras
de suas mãos, são parte desse processo e cometem injúrias contra a criação em troca de um pouco
mais de comodidade. A relação entre o ser humano e a natureza é simplesmente no âmbito da
retribuição. A colaboração é uma busca de retomar a harmonia perdida.
Segundo essa interpretação, quando Deus deu ao homem “poder” sobre o resto
da criação, deu-lhe liberdade total para fazer com a criação o que quisesse ou o
que melhor lhe conviesse. Logo, se uma montanha atrapalha meus planos
urbanizadores, simplesmente a destruo. Se um bosque tem boa madeira, tenho
absoluta liberdade para cortá-lo. Se um rio pode servir de fossa onde verta os
desperdícios químicos de minha indústria, para isso Deus os pôs ali, e me pôs
para exercer domínio sobre ele (Idem, p. 115).
O que não vemos em tais casos é que o “poder” ou “domínio” que Deus confere ao ser
humano em Gênesis é o poder da imagem e semelhança de Deus. O domínio de Deus sobre a
humanidade e sobre a criação toda não é capricho explorador ou egoísta, mas é domínio em
amor.
Devemos começar a viver como mordomos. Os seres humanos são responsáveis diante de
Deus por manter a produtividade da criação. Não é para a humanidade que Adão guarda o
jardim, mas para Deus, o Criador.
É possível então perceber que o pecado tem dimensões estruturais que vão muito além
dessas ações que cometemos. Certamente, na Bíblia se condena não só o pecado contra Deus –
a idolatria, a blasfêmia – mas também o pecado contra o próximo – a injustiça, a opressão. Mais
além de tais atos, o pecado está nas próprias estruturas que o fomentam e o produzem. O pecado
é toda uma ordem de coisas, todo um sistema de organizar ou desorganizar a criação de Deus.
Nós somos convidados para uma transformação pela Palavra do Evangelho, a palavra que
declara que o mal foi julgado, que o mundo foi ajustado, que terra e céus uniram-se para sempre
e que a nova criação começou. Nós somos chamados para nos tornar, nós mesmos, pessoas que
podem falar, viver e cantar esta palavra de forma que aqueles que ouvirem seus ecos possam vir e
cooperar com o projeto maior.
Nós somos chamados para fazer parte da nova criação de Deus, aqui e agora. Somos
chamados para promover a justiça social na vida familiar e comunitária, no serviço aos pobres e
no cuidado da natureza. Para isso podemos usar a política, a música, a poesia, a pintura e todas
as linguagens artísticas que estejam em sintonia com os propósitos do Criador.
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MARQUES, Christopher. Nova Criação, começando agora. Disponível em: http://cristomarques.blogspot.
com.br/search?q=nova+cria%C3%A7%C3%A3o. Acessado em 06/11/2012.
TEOLOGIA BÍBLICA – TEOLOGIA SISTEMÁTICA – CRISTOLOGIA - SOTERIOLOGIA 50
IX - A MUDANÇA DE PARADIGMA
Billy Grahan, em Berlim, no ano de 1966, disse algo que estava prestes a revolucionar a
mentalidade evangélica de todo o mundo. Ele estava convencido de que, se a igreja voltasse à sua
tarefa primordial de proclamar o evangelho para que as pessoas se convertessem a Cristo, ela teria
um impacto muito maior nas necessidades sociais, morais e psicológicas dos homens do que
qualquer outra coisa que pudesse fazer.
Esta mudança de paradigma visava três ações básicas da igreja para abençoar as pessoas de
maneira integral: dar o peixe, ensinar a pescar, lutar para que todos possam pescar e viver
dignamente do resultado de sua pescaria.
O mal não está apenas no coração humano, mas também nas estruturas sociais. A missão
da Igreja inclui tanto a proclamação do evangelho quanto a sua demonstração. Precisamos
evangelizar, responder às necessidades humanas imediatas e lutar por transformações sociais.
A eclesiologia da missão integral trata de uma nova coletividade. Deus não está apenas
salvando pessoas, está restaurando a raça humana. Estar em Cristo é não apenas ser
nova criatura, mas também e principalmente ser nova criação – nova humanidade;
A missão da Igreja é manifestar aqui e agora a maior densidade possível do Reino de Deus
que será consumado futuramente.
A missão integral implica a ação da Igreja para que Cristo seja Senhor sobre tudo e todos,
em todas as dimensões da existência humana.
A missão histórica de Jesus só pode ser entendida em conexão com o Reino de Deus. Sua
missão evidenciou a manifestação do Reino como uma realidade presente em sua própria pessoa
e ação, em sua pregação do evangelho e em suas obras de justiça e misericórdia.
Por meio da Igreja e de suas boas obras o Reino de Deus se torna historicamente visível
como uma realidade presente. As boas obras, portanto, não são um mero apêndice da missão,
mas uma parte integral da manifestação do Reino: elas apontam para o Reino que já veio e para
o Reino que está por vir.
Um teólogo russo certa vez alertou que era preciso enxergar a diferença entre a dignidade do
cristianismo e a dignidade dos cristãos, os quais, segundo ele, nem sempre são a mesma coisa, ou
Há um pouco mais de 100 anos essa reunião de teólogos na Europa dividiu o pensamento
missiológico evangélico. A mentalidade missionária até então se mostrara arrogante, impaciente,
autossuficiente e triunfalista diante da tarefa de anunciar o evangelho aos povos não-alcançados.
Um documento de nove volumes foi produzido a partir do encontro e pretendia carregar todos
os “fundamentos da verdade da fé cristã e da obra de evangelização do mundo”. Surgiu então
uma definitiva polarização entre os evangélicos: de um lado os fundamentalistas e de outro os
modernistas e os liberais. Essa divisão foi dramática para a causa do evangelho. Enquanto os
modernistas buscavam entender o Reino de Deus e a missão da Igreja no presente, observando
os benefícios da cruz já para os tempos atuais, os fundamentalistas ficaram marcados pelo
radicalismo em interpretar o Reino como uma realidade futura, por manterem uma proclamação
do evangelho voltada apenas para a salvação da alma e a expansão da igreja e por negarem a
possibilidade de um evangelho com preocupações sociais. Os fundamentalistas estavam
fortemente influenciados pela escatologia dispensacionalista (doutrina que enfatiza a redenção
apenas a partir da segunda volta de Cristo, nega a restauração da criação já nos nossos tempos e
destaca-se pela crença de que as promessas feitas a Israel no passado serão cumpridas no milênio).
De modo geral, existe uma “tradição” de como executar a obra missionária. Determinados
valores ainda são mantidos. Por exemplo, o chamado para ser um missionário de carreira ou um
O Lar (um país cristão) X O Campo Missionário/local de trabalho (um país pagão);
Grandes projetos com poucos missionários X Igreja local sem uma postura missionária
onde ela está.
A missão integral propõe uma mudança de paradigma que redimensiona esses conceitos:
As agências missionárias não devem apenas falar de missões, mas colocar em prática
os valores do Reino de Deus através do povo de Deus;
O evangelho traz as boas novas do Reino, em Cristo Jesus; boas novas de restauração,
libertação e salvação pessoal, social, global e cósmica;
É dever da igreja local treinar e mobilizar as pessoas para missões (Ef 4. 11-12);
Devemos fazer missões nas escolas, nos hospitais, nas empresas, nas comunidades
carentes. Não há um lugar fora da órbita do senhorio de Jesus Cristo;
As igrejas podem aprender umas com as outras. Não há uma igreja que apenas envia
e ensina e outra que só recebe o conhecimento de Deus;
Cada igreja local precisa mostrar o Reino de Deus onde ela está (missões também se
faz na “sua Jerusalém”, e não somente “nos confins da terra”);
O reino do “mundo”
PECADO
Mundo passa a ter conotação negativa: sistema oposto a Deus (“mundo”), o reino do
“mundo”.
O problema do homem no mundo não se resume nos pecados isolados que comete, ou
no fato de ele se render à tentação de determinados vícios. O fato é que ele está preso a um
sistema fechado de rebelião contra Deus; sistema esse que o condiciona a absolutizar o relativo e
relativizar o absoluto, sistema cujo mecanismo de autossuficiência o afasta dos valores eternos,
submetendo-o ao juízo de Deus.
EXPECTATIVA MESSIÂNICA
DEUS
ALÉM
REINO DE DEUS
AQUI
O reino inaugura o final de tudo o que desfigura ou destrói o que Deus criou e classificou
como “muito bom”. Onde o reino se faz presente as pessoas são reconciliadas com Deus, com o
próximo e com a natureza. O medo, a agressão, o egoísmo, a falsidade e o sofrimento são
superados. A criação fica livre da degradação.
O Reino de Deus vem a nós como o reino do milagre e da ressurreição que rompe, nega, supera
e aniquila o “mundo”, e , ao mesmo tempo, vem como o reino da ordem, afirmando e mantendo
a terra com suas leis , suas comunidades e sua história.
Corporeidade e espiritualidade fazem parte da dimensão integral da pessoa humana, daí que é
preciso defender a sua dignidade ameaçada pelos riscos das experiências genéticas sem controle
ético e das armas biológicas.
É preciso reconhecer que definitivamente nos encontramos diante de uma nova realidade
com repercussões sobre a natureza dos seres vivos. É nessa perspectiva que hoje se fala cada vez
mais em “biopoder”. Quem tem o domínio dos segredos da vida pretende dominar a própria vida
(Evangelização e Missão Profética da Igreja. Novos Desafios. Doc. 80 da CNBB, 2005. p. 105).
Muitos cientistas, eufóricos com os avanços da biotecnologia, acreditam que esses novos
conhecimentos poderão trazer grandes benefícios, especialmente no combate às doenças,
garantindo assim uma melhor qualidade de vida, sob muitos aspectos.
A Igreja Católica tem muito a nos ensinar neste quesito. No seu Catecismo temos a
afirmação de que
Ele ressalta que podemos imaginar esta vida como a escolha da outra e a outra como a
realização desta. Nós mesmos nos condenamos a ser de verdade e para sempre o que quisermos,
então aparece a conexão entre este mundo e o outro, que se tornam uma unidade para cada
pessoa, já que “mundo” é sempre o mundo de alguém (MARÍAS, 1979, p. 38).
A vida de cada pessoa é dada como um bem perene, e que só tem sentido na inter-relação
de todos entre si e de cada um com o Criador. Esta vida foi dada para sempre como promissão
de plenitude, mas que somente alcançará sua plena realização na outra vida. “Minha vida é
minha, a de cada um, única e irrepetível, e é dela de que se trata, a que interessa” (MARÍAS,
2000, p. 80). É vida prometida, mas não entregue concluída, pois exige construí-la como algo
nosso. O ideal supremo da pessoa humana é o que chamamos vocação. Sentimo-nos chamados a
fazer algo e, mais ainda, a ser alguém. As limitações, os acasos e outras interferências são
obstáculos para que a vocação se cumpra inteiramente (Idem, p. 84).
Faz parte da missão bimilenar da Igreja não transigir com o mal, apesar de muitos daqueles
que se dizem cristãos (ainda que por conveniência) estarem coniventes com o mal, minando a sã
doutrina, por dentro das estruturas. Mesmo perseguida, não compreendida e constrangida pela
loucura dos homens, a Igreja não deixará de contar com a proteção daquele que a instituiu para
ser instrumento de salvação dos homens. Em meio a tudo isso, a Igreja é chamada a ser sempre
agente de contracultura. Por isso sua voz clama em todo o mundo como um alerta e um clamor
para um renovado empenho em favor da dignidade da pessoa humana.
Qual é a importância da Igreja? Ela se torna relevante quando Cristo tem a primazia em cada um
de nós. Através da Igreja pessoas conhecem a Cristo e são salvas, seus pecados são perdoados e
elas encontram sentido para a vida. A Igreja é um dos principais meios pelos quais Deus supre as
necessidades humanas.
Os tempos mudaram, mas não há uma prática sequer na Bíblia que não devamos
desenvolver aqui. Para sermos solidários, por exemplo, não precisamos ter tudo em comum,
A Igreja é relevante quando busca e recebe pessoas. Esta ação provoca um impacto tal que
leva pessoas à salvação. Nos dias de hoje o testemunho fala mais alto que as palavras. Uma Igreja
relevante é composta de pessoas salvas, que têm consciência de sua salvação e que devem viver de
maneira coerente com a bênção maravilhosa que receberam.
Numa época de tanto isolamento, podemos ser como um paraíso onde as pessoas se
refugiam da frieza. Não estamos falando de estratégia; estamos falando de algo que flui
naturalmente. Se a Igreja não é relevante para você, é possível que ela esteja muito longe da
orientação bíblica. Pode ser também que você tenha se distanciado dos valores cristãos. Talvez
você e a Igreja estejam afastados dos padrões de Deus. Então, fica ainda a pergunta – como é que
estamos?
5.1 – Uma igreja relevante é aquela que transforma a história ao seu redor
A Igreja está no mundo, mas não pertence a ele. Seu papel é chamar as pessoas que nele estão
para pertencerem à família de Deus.
A Igreja só é relevante quando é totalmente diferente do mundo. Ela não pode ser
conivente com seus valores, nem imitá-lo, pois se assim o fizer ela perde sua capacidade
transformadora.
A Igreja tem a responsabilidade de restringir a corrupção. Ela é sal da terra e por isso dá
sabor e provoca sede. Sem a presença do povo de Deus o mundo se tornaria um lugar
insuportável. Ela é o grande freio moral desse sistema perverso.
Muitos convertidos se isolam das outras pessoas, se trancam numa estufa, numa redoma
de vidro, numa bolha espiritual.
A vida da Igreja é sua primeira mensagem. Ela só tem uma mensagem relevante se tiver
vida. Sem testemunho não há proclamação. O exemplo é mais importante do que a atividade.
Que instrumento nós temos nas mãos para fazer isso? O que precisamos fazer e não
estamos fazendo? O que precisamos corrigir? O que precisamos deixar de fazer?
A relevância da Igreja está ligada à sua contemporaneidade. Infelizmente, nem sempre a sua
mensagem supre as necessidades das pessoas. É preciso compreender a sociedade e trazer uma
resposta bíblica e pertinente aos seus dilemas.
Relevância não se quantifica. Não se mede por sua expansão territorial ou pelo dinheiro
adquirido. Como a mensagem da Igreja é espiritual e trata de coisas transcendentes ela é vista por
muitos como irrelevante. Mesmo que uma pessoa depravada se torne santa. Mesmo que um
criminoso seja regenerado. Mesmo que um drogado se levante ou uma prostituta se torne uma
mãe exemplar. A sociedade valoriza as coisas pela quantidade e pelo movimento. Não nos
iludamos com isto. Uma igreja pode oferecer curso de artesanato, sopa e corte de cabelos
gratuitamente, mas ser, como Igreja, irrelevante. A relevância da Igreja vem de sua mensagem. Se
ela proclama a salvação pela fé em Cristo, ela é relevante. Se ela chama os homens a se
reconciliarem com Deus por meio de Jesus, ela é relevante.
O mundo não pode avaliar o que foi uma alma consolada num culto. As pessoas não
ficam sabendo que alguém entrou num culto pensando em suicídio, mas ali foi alcançado pela
graça de Deus e saiu com novo ânimo para a vida. Pregar o evangelho que coloca a vida do homem
em ordem com Deus só a Igreja pode fazer. Nenhuma outra instituição pode. Esta é a relevância
da Igreja! Esta é sua singularidade!
A relevância da Igreja reside em cumprir a missão para a qual foi destinada, trazendo a
mesma mensagem de Pedro em Atos 2.38: “Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em
A Igreja será relevante na medida exata em que compreende o propósito da sua existência,
sabe exatamente qual é a sua missão, entrega fielmente mensagem do evangelho e estabelece as
suas prioridades.