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■ SIMBOLOGIA

Por MARIE-AGNÈS DOMIN

A
democratização da escrita, foi a origem de inúmeros
benefícios para o desenvolvimento das civilizações; no
entanto, existe um domínio no qual ela assumiu um
caráter secreto, o domínio da iniciação.
“Que o iniciado revele [e unicamente] ao iniciado o segredo desta tabu-
leta”, estava escrito em uma tabuleta cuneiforme, porque o profano não
devia absolutamente conhecer os mistérios sem ter sido previamente
iniciado. Portanto, fazia-se necessário usar um sistema codificado a fim
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de ocultar o significado dos textos às pessoas comuns; apenas quem


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possuísse a chave tinha possibilidade de reconstituir a mensagem.


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Desde a noite dos tempos, o homem utilizou o símbo-


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lo para comunicar àqueles que eram dignos a revelação de


determinados segredos, subsequentemente dando nasci-
mento às escrituras ditas “mágicas”, porque emitidas por

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O alfabeto celeste

magos. A escrita adâmica, muito esotéri- com as quais Deus criou o céu e a terra, e
ca, provavelmente está na sua origem. elas formam seu nome misterioso e santo”.
Gilles Le Pape, autor do livro Les Écritures Existe outra escrita chamada Malachim
magiques1, mostra esse propósito e apresenta ou Melachim, ou seja, “a escrita angélica”
especialmente o alfabeto celeste, no qual “os ou “escrita real”. Há ainda outra que tem o
astros são as letras”, que os gregos conheciam, nome de Passagem do rio.
sabendo “manejar a doutrina das assinaturas No Século das Luzes, Martinez de
entre os astros, a natureza e o homem”. Trata- Pasqually fez uso da escrita bouletée para
-se aqui de um conjunto de pontos ligados escrever seu Registro dos 2400 nomes. Este
constituindo pequenas formas geométricas repertório angélico foi usado nos rituais dos
cuja aparência faz lembrar as letras hebraicas Élus-Cohens e constitui um extraordinário
e árabes, que deviam ser usadas na Mesopo- dicionário teúrgico.
tâmia e no Oriente-Próximo. Este sistema As escritas secretas foram inúmeras e comple-
que liga os mundos material e espiritual tem xas; três delas, usadas por determinadas ordens
o nome de “escrever com óculos” ou “bou- iniciáticas, merecem uma atenção particular.
letée”. De acordo com os kabbalistas, é essa
antiga escrita que foi usada por Moisés e os
profetas para transmitir a palavra divina. A escrita
No Zohar, folio 130, está escrito: “Em toda
a extensão do céu, cuja circunferência cerca dos Templários
o mundo, existem figuras, símbolos, através Esta escrita servia aos Templários não apenas
dos quais podemos descobrir os segredos e no âmbito de suas relações comerciais, mas
os mistérios mais profundos. Estas figuras também para outros fins. Ela lhes permitia
são formadas pelas constelações e estrelas redigir cartas de crédito, cartas de trocas e,
que são para o sábio passíveis de contempla- talvez, o que também poderíamos chamar
ção e uma fonte de misteriosos prazeres... de “cheques primitivos”, escritos em pedaços
Aquele que é obrigado a sair em jornada de pergaminhos; o segredo era muito bem
pela manhã tem apenas que se levantar guardado, o que evitava qualquer risco de
ao raiar do dia e olhar atentamente para o falsificação. Por outro lado, parece que a
Leste, e ele verá como letras gravadas no céu correspondência que trocavam entre eles e a
e posicionadas uma acima da outra. Estas realização de seus escritos comerciais foram
formas brilhantes são as formas das letras escritos com muita clareza.

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■ SIMBOLOGIA

É em um manuscrito do XII século, o Cor-


sini, outrora pertencente ao abade Grégoire,
bispo de Blois, historiador de seitas religiosas
e das sociedades secretas, manuscrito que se
encontra atualmente no Vaticano, que esta
escrita é revelada. Uma cópia deste manus-
crito é conservada em Dijon e um terceiro
exemplar, cujas folhas de pergaminho são
divididas em duas colunas, comportando ini-
ciais vermelhas ou azuis floreadas, é conser-
vado na Biblioteca Nacional da França. Em
sua obra intitulada Histoire secrète des sectes
religieuses, escrita em 1828, o abade Grégoire
apresenta, com a ajuda de uma prancha, a
maneira pela qual o alfabeto dos Templários
provém de uma declinação codificada da
Cruz das Oito Beatitudes (ou bem-aventu- A Cruz das Oito Beatitudes, que serviu de base para
ranças). A seguinte descrição consta de uma a construção do alfabeto secreto dos Templários.
obra de Jean Henri Probst-Biraben (1875
– 1957), Les Mystères des Templiers2: “Esse
alfabeto provém de uma cruz específica que pontos centrais em determinados triângulos.
os cavaleiros portavam como joia, pendurada Os traços são ora finos, ora mais reforçados”.
em uma fita provavelmente vermelha, que São, portanto, figuras geométricas correspon-
se encontra também no colar cercando o dendo a cada uma das letras do alfabeto que, de
brasão. A cruz tem oito pontas e na heráldica acordo com sua combinação precisa, desenha-
ela se chama a “Cruz das Oito Beatitudes”. O vam a cruz. Se não se dominasse esta cruz, era
centro desta cruz contém a cruz regular dos impossível decifrar as mensagens codificadas.
templários: a cruz pátea de goles3 e cada um Os Templários não usavam esta escri-
de seus braços se insere no primeiro terço ta secreta unicamente na esfera profana; é
de cada parte da grande cruz de oito pontas. muito provável que os símbolos fossem, de
Uma particularidade a ser notada: a cruz pá- fato, as chaves de um sistema engenhoso de
tea tem aqui apenas três braços triangulares criptografia comum a todas as fraternidades
goles, o quarto é de ouro e trapezoidal. Isto já operativas, as ancestrais de nossas associa-
é especial para os Templários, mas há ainda ções e corporações. A existência da letra
outra originalidade: as oito pontas formadas W no alfabeto templário pode fornecer um
por dois triângulos escalenos não são intei- indício, porque ela não existia no alfabeto la-
ramente de goles, como nas cruzes de Malta tino nem em nenhuma das línguas da época.
e na de São Lázaro, de sinople4. O que não é Logo, pode-se pensar que ela servia de sigla
vermelho e formando um V não está unido; lapidar para os construtores das comanderias
comporta uma base única de dois triângulos e igrejas, a título de símbolo. De resto, os
isósceles de cada braço, de maneira a formar Templários, dos quais alguns nas comande-
um pequeno terceiro triângulo equilátero, rias eram arquitetos, tiveram um papel nas
o que não poderia ser explicado, não fora a guildas, ensinando a arte de construir e a ge-
utilização para a formação do alfabeto. Há ometria, considerada como uma arte sagrada.

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A escrita Maçônica & as quatro outras, cinco. […]
Percebe-se, claramente e sem
Debrucemo-nos agora sobre a escrita maçô- que seja necessário salientar,
nica, em uso desde pelo menos a primeira que os caracteres Maçons
metade do século XVIII. Foi através de uma assemelham-se bastante aos he-
obra anônima, publicada em 1745, intitulada braicos, & a Analogia é impres-
Le Sceau rompu [O Selo rompido], que se tor- sionante. Mesmo os pontos que
nou conhecida a chave que permitia decifrar diferenciam as letras as tornam
este alfabeto. Encontramos uma descrição ainda mais parecidas, & sem
dele em um texto escrito em 1744 por Louis dúvida têm sua origem nos
Travenol, intitulado o Catéchisme des fransc- pontos vogais inventa-
-maçons [Catecismo dos franco-maçons] dos pelos massoretas5”.
que, no capítulo VII, o descreve assim: “Esse De fato, a divisão dos
maravilhoso alfabeto consiste em duas linhas vinte e sete caracteres
paralelas perpendiculares, cortadas por duas hebraicos, divididos nas
linhas horizontais igualmente paralelas, o nove casas, corresponde
que forma um quadrado regular no meio, a três classes: a primeira é
quatro quadrados abertos & quatro ângulos aquela dos números simples
iguais. Todas essas divisões formam nove e das coisas intelectuais
casas, tanto abertas como fechadas, das compartilhadas nas nove
quais cinco contêm, cada uma, duas letras ordens dos anjos; a segunda,
é a marca das dezenas e das
coisas celestes, nas nove esferas
dos céus; a terceira, contendo as
quatro letras restantes do alfabe-
to com as cinco finais em ordem, é a
marca das centenas e das coisas inferiores,
ou seja, dos quatro elementos simples e
dos cinco gêneros de compostos perfeitos.
Segundo Cornelius Agrippa de Nette-
sheim (1486 – 1535), este método conhecido
dos kabbalistas cristãos da Renascença foi re-
tomado pelos maçons do século XVIII, que
o adaptaram ao alfabeto latino. Parece que
esta iniciativa se deve aos maçons france-
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ses logo após a introdução da maçonaria


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na França. O alfabeto maçônico, por


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conseguinte, conheceu inúmeras va-


riantes, em função do país e dos graus.
Por último, transcrevo uma
passagem do Rituel Oliver, com-
provando o uso do alfabeto ma-
çônico no grau de Mestre em
O alfabeto Maçônico Londres, e evocando sua origem:

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■ SIMBOLOGIA

“Vós estais habilitados, meus irmãos, em


vossa condição de Mestres Maçons, para
usar um alfabeto que nosso venerável
Grande Mestre Hiram Abif empregava
para se comunicar com o rei Salomão,
em Jerusalém, e com o rei Hiram, em
Tiro. O alfabeto é de natureza geométri-
ca e, por isso, ele é particularmente útil
a todos os Mestres Maçons. Por meio de
dois esquadros e de um maço (martelo),
um irmão pode efetuar todo o alfabe-
to e comunicar silenciosamente suas
ideias a outro irmão. Irei vos convencer
de que este alfabeto é fácil de aprender
e lembrar, em vos dando a chave”.

A escrita Rosacruz O alfabeto Rosacruz


Para concluir este nosso trabalho, vamos
abordar em breves palavras a escrita rosa-
cruz e seu alfabeto secreto. Para começar, de sua organização. Era também um meio
lembramos - se é que é necessário -, que a de se proteger das perseguições políticas e
Ordem Rosacruz, historicamente, surgiu religiosas correntes naquela época, com con-
no século XVII, na Alemanha, em seguida sequências dramáticas como as que viveram
na França e Inglaterra, com a publicação alguns personagens, tais como Giordano
de três Manifestos: Fama Fraternitatis, Bruno, discípulo de Copérnico, que ousou
em 1615; Confessio Fraternitatis, em 1615 expressar seu pensamento, através de seus
e o manifesto As Bodas alquímicas de escritos, contrariando as crenças da época
Christian Rosenkreutz, em 1617. Alguns Giordano Bruno pagou com sua vida.
anos mais tarde, os Rosacruzes se deram Atualmente, a Antiga e Mística Ordem Ro-
a conhecer ao afixar, em todas as ruas de sacruz perpetua o uso de seu alfabeto secreto
Paris, um misterioso cartaz convidando no âmbito de seu ensinamento tradicional.
os buscadores sinceros a se juntar à sua
Fraternidade. A partir daí esta ordem * Excerto do livro “A fascinante história da escrita: A arte de
desenhar a palavra” – Diffusion Rosicrucienne.
esotérica, outrora considerada como uma
sociedade secreta, perpetuou-se até os Notas: 1. LE PAPE, Gilles – Les Écritures magiques: aux sources
dias atuais, segundo os ciclos de atividade du “Registre des 2400 noms” d’anges et d’archanges de Mar-
seguidos por períodos de adormecimento. tines Pasqually [As Escrituras mágicas: nas fontes do “Registro
dos 2400 nomes” de anjos e arcanos de Martines Pasqually].
Acredita-se que o alfabeto rosacruz, que Milão, Archè, 2006; 2. PROBST-BIRABEN, Jean Henri – Les
Mystères des Templiers [Os Mistérios dos Templários]. Paris:
seria baseado no triângulo, foi usado pelos Omnium littéraire, 1973; 3. Goles, em heráldica, é o esmal-
Rosacruzes desde o século XVII para se te vermelho também chamado gules, do francês “gueule”.
Esmalte é o termo usado para designar as cores aplicadas aos
comunicarem sigilosamente entre si, a fim de brasões. (N.T.); 4. Sinople, em heráldica, é o esmalte verde,
que não pudessem ser revelados nem o teor também chamado vert. (N.T.); 5. Massoretas eram os eruditos
judeus que se ocupavam em copiar e transmitir corretamente
de seus ensinamentos, nem as modalidades os textos sagrados da Bíblia Hebraica. (N.T.).

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