Sei sulla pagina 1di 16

iEM.

PROF°
QUANT & )

Capítulo 5

Comportamento Governado Por


Regras na Clínica Comportamental
Algumas Considerações
Carlos Augusto de Medeiros

jSiinanuais de Psicologia e de Psico- tanto, caso o conselho seja o de largá-lo,


llieiapia siitítontam que fazer terapia a tendência de segui-lo será muito maior.
teídar conselhos, sugestG.ês, ordens Um detalhe importante nesse exemplo é
fctruções. Zaro e colaboradores o fato de que concordar ou não com o
7#1980), em seu manual introdutó- conselho também não é tão importante.
idaprendizes de clínica, sugerem: A pessoa que recebe o conselho muitas ve-
zes concorda com ele. Mesmo assim, ten-
iSe o terapeuta está constantemente de a fazer o que já estaria propensa a fa-
preocupado em 'trabalhar para va- zer, mesmo que contrarie o conselho com
?ler' mais do que o cliente, poderá na o qual concordara.
werdade comprometer o projeto, não Com base nisso, g^iso^d^jconselh^
Èdando ao cliente a oportunidade de instruções, sugestões e ordens_corn,Q. for-
^desenvolver habilidades que lhe per- igãT^e intervenção na clínica psicológica
bmitam lidar com situações e tomar naÕ^árece indicado. Ao mêsmõ^têmpo,
íjdecisões na vida. Esta abordagem por algumas questões levantadas acima preci-
Ijparte do terapeuta pode ainda manter sam de resposta, por exemplo: o que faz
íípadrões de dependência na interação uma pessoa pedir um conselho? O que
•fique são problemáticos para os clientes faz uma pessoa dâLum conselho? O que
•nos seus relacionamentos sociais na faz uma pessoa seguir um conselho? O
• vida cotidiana (p. 4-). que faz uma pessoa pedir um conselho,
iNo dia a dia, por outro lado, pessoas çojQCOidar com ele e nãg.£iegui-lo? Quais
quentemente dizem o que fazer umas seriam as alternativas para fazer com que
^outras, É comum a crença de que sa- as pessoas mudem seus cursos de ação?
fíouvir é saber dar conselhos. Na maio- Tais questões, por dizerem respeito ao
fdas vezes, as pessoas, quando pedem comportamento, devem ser respondidas
kselhos, pretendem apenas ser ouvidas, pela Psicologia como ciência e profissão.
na evidência disso é a baixa incidência A Análise do Comportamento, abor-
'.'Seguimento de conselhos, sugestões, dagem psicológica fundada por Skinner
struções ou ordens. Seguir a opinião e sistematizada em seu livro Ciêjicia e
is outros depende de se ela é compatível c o m p o r t a m e n t o h u m a n o , de 1953/)ten-
i não com aquilo que a pessoa já faria, ta oferecer respostas para essas e outras
ir exemplo, se uma pessoa está prestes questões em Psicologia, a partir das rela-
abandonar um estágio profissionalizan- ções do organismo com o ambiente (Tou-
malremunerado, dificilmente seguirá os rinho, 2003). Em Análise do Comporta-
inselhos para permanecer nele. Entre- mento, conselhos, instruções, sugestões e
96 A n a Karina C. R. de-Farias e Cols.

ordens são tratadas como regras^ (Baum, ;asos(agrenderjazend^ as instruções não


1994/1999). De acordo com Skinner conseguem substituir as sutilezas de um
(1969/1984), regras são estímulos discri; contato direto com as contingências" (p.;
minativos verbais que descrevem ou ,esp| 277). Outra diferença discutida por Cata-
^ificam uma contirig,^pcia.^^itingêncm^ nia é a de que o comportamento aprendi-
são relações do tipo "se... então...". Elas do por exposição direta é mais sensível às;
descrevem as relações entre o compor- mudanças nas contingências que o apren-•
tamento e as suas consequências: se um dido por regras: "por vezes, nossas suposi-
dado comportamento ocorre, então uma ções se interpõem na situação de tal forma
dada consequência é provável. Quando que fazem nosso comportamento tornar-se
alguém aconselha um amigo (recém rejei- insensível a algumas contingências que, de
tado pela namorada) a sair mais, a conhe- outra forma, poderiam modelar e manter,
cer novas pessoas e a passar mais tempo o comportamento em questão" (p. 278)/
com os amigos, está, na terminologia da Desse modo, caso a relação entre o com-'
Análise do Comportamento, fornecendo portamento e as consequências se modi-
regras. Em outras palavras, sinaliza que se fique, o comportamento instruído levará
ele emitir tais comportamentos, provavel- mais tempo para se adaptar a essa nova
mente conseguirá superar a rejeição. Em condição. Voltando ao exemplo anterior;
^termos bem simples, regras são emitidas caso surja uma nova versão do programa
qttand^^se^iza uinu^esso^ e que exija comandos diferentes, as pessoas
quais as consequências dessas ações. que aprenderam por regras levarão mai^
A aprendizagem das relações de con- tempo para aprender a operá-la - a nã
tingências pode ocorrer por regras ou por ser que recebam novas regras - do q
exposição direta. Por exemplo, é possível aquelas que aprenderam por exposição. ~
aprender a usar um programa de compu- Nas publicações em clínica compor-
tador fazendo um curso ou explorando-o. tamental, é possível observar que o
No curso, são fornecidas regras que es- de regras é recomendado como foi

J
pecificam que determinados comandos teryeasásl recomendado em algumasf
produzem consequências específicas. Es- ações; recomendado em último caso
sas relações entre comandos e consequên- ,..ão é recomendado em hipótese algu
cias podem ser aprendidas por tentativas Tais posições discrepantes com relação
e erros, no caso, por exposição direta às uso de regras também ocorrem quando'"
contingências. Sldnner ( Í 9 8 8 ) resume as observam orientações de estágio em
diferenças desses dois tipos de, aprendiza- ca de diferentes supervisores. Esse quf
ggm^sugerindo que a aprendizagem por 'provavelmente gera uma confusão C
regras é mais rápida e produz menos con- ips terapeutas menos experientes, os q;
tato com estímulos aversivos. Ao mesmo j)rocuram desesperadamente conhecerj
tempo, para Baum (1994/1999), compor- formas mais bem sucedidas de atua;'
tamentos mais habilidosos como cantar, |para maior discussão acerca da apr"
por exemplo, não podem ser aprendidos /zagem de terapeutas iniciantes, ver o|
sem o contato sutil com as consequências tulo de Abreu-Motta, de-Farias e Co|
da emissão de cada som. De acordo com neste livro).
Catania (1998/1999): "devemos, nesses Com base nisso, o presente cs%,
aborda o uso de regras na clínica ç
^ Ver o capítulo de Silva e de-Farias para obter mais
forma de intervenção. Em absolu
referências acerca de comportamento governado p o r pretende esgotar a questão ou gera^^
regras. / manual que deva ser utilizado por t
Análise C o m p o r t a m e n t a l Clínica 97

m incontestável. Trata-se apenas de pensamentos obsessivos e de com-


Éritamento de questões relativas ao pulsões de lavar as mãos. Seus pensa-
Regras e os possíveis resultados de mentos giram em torno de gostar de
Iscomo forma de intervenção (ver homens ou de mulheres. Paulo come-
ifo capítulo de Alves e Isidro-Ma- ça a tentar se convencer de que gosta
^este livro). Tal discussão tende a de mulheres, e não de homens, várias
íis claro para aprendizes algumas vezes ao dia. Em alguns momentos,
^ncias de suas ações e, também, só consegue parar de pensar quando
|reflexão terapeutas mais experiên- passa pelo menos meia hora lavando
cia de suas práticas. as mãos. Por meio de outros ques-
tionamentos, o terapeuta formulou a
í: U S A R O U N Ã O U S A ^ S hipótese de que Paulo apresenta tais
pensamentos em momentos ociosos.

os diferentes posicionamentos O terapeuta de Paulo traçou como ob-


ÍS.acerca de se utilizar ou não as jetivo aumentar a frequência de atividades
)mo forma de intervenção clíni- que entrem em competição com seus pen-
sente trabalho sustenta que elas samentos obsessivos. Para tanto, optou
devem ser utilizadas em situa- pelo uso da seguinte regra:
luito específicas. A rigor, a tese do
Terapeuta (T): Percebo que seus pen-
!õ è a de que regras não devam ser
zadas a menos que(existam justifica-;^ samentos obsessivos ocorrem mais
5\a3 claras da smrnecéssidãtíiev^Essa tese frequentemente quando você está
• |3aseia em dados empíricos advindos da ocioso. Logo, ocupar seu tempo com
fek de pesquisa em comportamento go- atividades estimulantes e prazerosas
mado por regras nos contextos básico é uma forma eficaz de controlar seus
aplicado. Os tópicos que se seguem são pensamentos.
^argumentação em favor dessa tese. Os Cliente ( C ) : Ê, faz sentido, vou ex-
fgiimentos serão divididos em duas cate- perimentar. Quem sabe, com isso, eu
rias: (1) quando as regras são seguidas precise passar a lavar menos as mãos e
quando as regras não são seguidas.
possa me dedicar mais ao trabalho.

Após algumas sessões, o terapeuta:


hiando as regras são seguidas
T : E então, Paulo. Como andam os
seus pensamentos obsessivos?
^ s m b q u a n d o o s c l i e n t e s s e g u e m as regras
5rdpostas p e l o t e r a p e u t a , e f e i t o s indesejáveis C : De fato, aquela dica que você me
3odem surgir. deu tem funcionado. Eu tenho con-
seguido evitar pensar. Tem sido meio
.'Em uma situação hipotética, o terapeuta cansativo porque eu tenho que arru-
fornece uma regra para seu cliente e ele mar coisas para fazer o tempo todo.
a segue. Além disso, ao segui-la, seu com- De qualquer forma, tem valido a
portamento é reforçado. Por exemplo: pena.

Paulo^ é um homem de 32 anos que Nessa condição ideal, é possível ob-


procurou a terapia queixando-se de servar que o terapeuta emitiu a regra e
foi reforçado pelo seguimento da mesma
* Os nomes apresentados são fictícios. pelo cliente. Além disso, o cliente também
98 A n a Karina C. R. de-Farias e Cols.

tem seu comportamento reforçado negati- / í b ) J I n s e n s i b i l i d a d e : as contingências


vamente por evitar respostas que trazem ^•"''^ descritas pela regra formulada
consequências aversivas, no caso, os pen- pelo terapeuta podem se mo-
7 samentos. Qual seria, portanto, o proble- dificar. Sob o controle da regra
ma de usar regras nesse caso? do terapeuta, o comportamento,
^ Existem três possibilidades: dependên- descrito na regra pode demorar^
^ ^ a , insensibilidade, baixa_assertividade ou muito para se adaptar à nova con-^
subnussão e punição ou não reforçam entn tingência ou, até mesmo, podei
do seguimento da regra. não se adaptar. Existem diversas^
pesquisas sobre insensibilidadí
m) Dependência: de fato, essa não é às mudanças nas contingências
a única questão que aflige o clien- (p. ex., Catania, Matthews e Schi
te e novas questões podem surgir. moff, 1982; Matthews, Catania
Quando o terapeuta diz ao clien- Schimoff, 1985), demonstrando
te o que fazer, não cria condições que o comportamento governa
para que o próprio encontre as do por regras é menos sensível
suas soluções; no caso, que ele mudanças nas contingências
emita as suas autoregras^. Em ou- que o comportamento adquiric
•ii
tras palavras, o terapeuta não cria por exposição direta. No caso
li condições para que o cliente apren- nico citado, se os pensamento
da a analisar a situação de modo obsessivos adquirirem uma nov
a identificar as variáveis controla- função, como de esquiva de sit
doras do seu comportamento e os ções mais aversivas, tentar se
possíveis cursos de ação a partir de gajar em atividades reforçador
tal análise. Desse modo, o cliente que compitam com os pensame
precisará que o terapeuta execute tos não será mais eficaz. A int
essa tarefa para ele. Ao lembrar venção precisaria ser outra, cor
o exemplo acima, as pessoas que por exemplo, o treino de enfre
aprenderam a usar o programa de tamento das situações aversiva
computador por instruções preci- Ao se falar em insensibilidade,'
sarão de novas instruções quando cliente citado poderia insistir
o programa mudar de versão. Em seguimento da regra imposta pe
outras palavras, dependerão de terapeuta, mesmo que não fo*s
novas regras. O mesmo processo mais eficaz.
provavelmente ocorrerá com o De fato, é possível levar o cliente
cliente, precisando de novas regras chegar à mesma conclusão sem que
emitidas pelo terapeuta para lidar terapeuta formule a regra para eler^
V com novas situações no seu dia a exemplo:
dia. Logo, o cliente provavelmente
se tornará dependente do terapeu- T: Em que situações do seu dia a',
ta, tendo dificuldade em lidar com os pensamentos aparecem mais?
novas situações. C : Em várias; no trabalho, em cas^
mando banho, no trânsito...
Autorregras, de acordo com Skinner (1969/1984),
são regras emitidas e seguidas pela própria pessoa, T: O que essas situações têm
que exerce os papéis de falante e ouvinte. mum?
Análise C o m p o r t a m e n t a l Clínica 99

^me ver... São situações em nado a analisar as relações entre o çojn- ^


|ístou em uma atividade mecâ- pór^frrento^ a£corisequências. De posse
gàando eu estou à toa. "desse repertório, o cliente fica mais apto
a lidar com novas contingências e com as
|pie relatou que gosta muito de
mudanças das contingências vigentes. Ao
fttra e assistir a seriados de te-
mesmo tempo, o emprego de regras pelo
feomo ficam os pensamentos
terapeuta, mesmo que seguidas pelo clien-
omentos em que você está ocu-
'Q-;com essas atividades? te, ainda pode resultar na manutenção de
um padrão coraportamental.J[esubmis-
raramente penso quando faço )aixa-assertividade. ~
p;:coisas, a não ser que o livro ou o
iJsejam muito chatos. Submissão ou B a i x a - A s s e r t i v i d a d e :
os conceitos de agressividade, de
Ifem, baseado no que você me fa- assertividade e de baixa-assertivi-
que você poderia fazer para dade são muito usados em terapias
Ifolar os seus pensamentos obses- comportamentais. Existem técnicas
I? específicas visando o aumento da
p,cho que eles aparecem mais quan- assertividade ou estabelecimento
|eu estou com a cabeça vazia. Iklvez de habihdades sociais (Caballo,
^ecise me ocupar com coisas de 1996). A despeito dos problemas
||u goste. conceituais envolvidos nos termos
acima, os quais fogem ao escopo
-uma possibilidade. Como é que deste capítulo, o^uso_deregra5
pode fazer para saber se funcio-
estar relacionado à dificuldade dos
cneiites~"3e~irgumentairem favor
!: Tenho que tentar, não é? das próprias "opiniões ou mesmo,
meramente, de dizer "não".
p T : Ok. Então, vamos ver que tipos de
á, atividade você poderia fazer para evi-
^^tar pensar? ^i^l&oasqueprov^^ punidas no:
p a s s a d o a o d i s c o r d a r e m d e opiniões, p r i n c i -
| A primeira coisa que chama a atenção p a l m e n t e as p r o f e r i d a s p o r f i g u r a s d e a u t o -
p a outra possibilidade de intervenção é r i d a d e (p. ex., t e r a p e u t a ) , tenderão a assentir,
; sua extensão. Sem dúvida alguma, a in- írriesmo q u e a opinião d o s o u t r o s não faça o
flervenção por regras é mais rápida. Usar m i n o r s e n t i d o para elas. Esse,é:um padrão
como forma de intervenção é tenta- ííeOrnportamental q u e p r o v a v e l m e n t e .precisa
^ustlmêntêpêlãT^^ de pro- ser m o d i f i c a d o . Q u s o d e regras nesse c o n t e x -
Irresúltados imediatos. uutrcTponto t o , m e s m o q u e p o s s a p r o d u z i r reforçadores
;p'cHãma a atenção è que a mesma re- q u a n d o seguidas p e l o c l i e n t e , p o d e mantê-lo
proferida pelo terapeuta no primeiro n o padrão c o m p o r t a m e n t a l p o u c o a s s e r t i v o .
xemplo foi, no segundo, formulada pelo
róprio cHente. O u seja, as perguntas
Veja o exemplo a seguir:
abertas do terapeuta criaram condições
para que o próprio cliente analisasse o Marta é uma mulher de 37 anos que
seu comportamento e decidisse o que fa- apresenta dificuldades de dizer não,
zer a partir daí. Quando q cliente emite de fazer reclamações, pedidos, crí-
autorregras, a probabifidade de ficar de- ticas e de argumentar em favor dos
pendente é mèhÓr, já que está sendo trei- próprios interesses e opiniões. Suas
100 A n a Karina C. R. de-Farias e Cols.

dificuldades ocorrem em vários con- do O comportamento o qual ela se desti-


textos, principalmente com os colegas na a suprimir. A resposta da cliente nada
de trabalho. Dentre as habilidades mais é do que uma repetição de seu pa-
sociais que Marta precisa desenvol- drão comportamental malsucedido nas re^
ver, uma das mais importantes é di- lações sociais. Concordar é uma resposta^
zer não. De fato, Marta, por sempre de esquiva da estimulação aversiva envol-
dizer sim, acaba representando um vida na argumentação do outro. Mesmo;
estímulo discriminativo* para seus que Marta passe a dizer não para os co-
colegas de trabalho fazerem pedidos. legas de trabalho, dificilmente conseguirá
Esses pedidos, muitas vezes, não são dizer não em outros contextos, já que, na
razoáveis e dificilmente seriam feitos relação terapêutica, está sendo treinada a
para outras pessoas. Marta se sente dizer sim.
muito desrespeitada nessas situações. Outra possibihdade de intervençâ
Para que as pessoas parem de fazer com o mesmo fim seria a seguinte:
pedidos pouco razoáveis para ela,
T: Como você se sente quando p^;
Marta precisa modificar a sua função
dem coisas que você não gostaria c|
de estímulo, transformando-se em um
ceder?
estímulo delta. Para isso, ela precisa
começar a dizer não aos pedidos pou- C: É muito chato. Tem gente que n |
co razoáveis. A fim de começar um se toca, pede cada coisa! A minha cot
treinamento dessa habilidade, o tera- ga de trabalho fez isso ontem mesní
peuta necessita que Marta compreen- A cara de pau me pediu para sair m'
da essafrelação tfé"contingênciá~^ntre cedo para ir a um salão que fech^
dizer nâõ~e~ã^íminuição da proba- às 6h. Tive que fazer o meu trabalh
bilidade de pedidos pouco razoáveis o dela. Senti-me desrespeitada...
feitos para ela. sada. E o pior é que eu não conse
falar nada, só fiquei de cara fecha
Mediante esse caso, o terapeuta pode Eu sou uma banana mesmo.
emitir a seguinte regra:
T: Entendo. O que te faz se sé
T: Vejo que as pessoas tendem a abu-
como uma banana?
sar de você porque você não argu-
menta em favor das próprias opiniões C : Essa situação de sempre pedi|
e não consegue dizer não. Para que esses absurdos para mim. Um baiL
passem a te respeitar, você precisa se de gente na minha sessão e s ^ n p r »
impor e dizer não. empurram essas coisas.

C: Claro, claro, você tem razão. T: Quantas pessoas há na sua ses^


no mesmo nível de hierarquia m
Por mais que a regra do terapeuta pos-
você? M
sa fazer com que Marta diga não para os
colegas de trabalho, pode acabar manten- G: Cinco.
T: A que você atribui sua (-'olegaffl
* Estímulos discriminativos, de acordo com Moreira
e Medeiros (2007), são aqueles que sinalizam que
pedido isso para você e não p a òul
uma dada resposta será reforçada. No exemplo de pessoa?
Marta, ela é um estímulo discriminativo no sentido
em que sinaliza que os pedidos das outras pessoas
G: As outras não são tão trotpt
serão atendidos. Já os estímulos delta sinalizam, jus- como eu. Elas nunca aceiiariam|;
tamente, que o comportamento não será reforçado. abuso desses.
Análise C o m p o r t a m e n t a l Clinica 101

J0O que você poderia fa- contribuiu para a manutenção do padrão


lia não pedisse mais para comportamental da cliente que precisa ser
mudado. Em outras palavras, ela não_pre-
cisa dizer sim para o terapeuta^omo jjaríe.
"Indá-la para aquele lugar,
do tratamento_para^a^
eíxar de ser abusada.
aos outros. _ ~~
-possibilidade. Qual seria a
/55) Q u a n d o Tudo dá E r r a d o : não se
fena hora?
^ pode esquecer os casos em que o
poderia começar a bater terapeuta fornece uma regra que,
go e ia ser horrível. quando seguida pelo cliente, não
seguintes? produz as consequências descri-
tas. Ou seja, o comportamento do
^ias seguintes, acho que iria cHente sob controle da regra for-
quele climinha chato no traba- mulada pelo terapeuta não é refor-
E,"- acho que essa não é a melhor çado ou é punido.
ira, ainda mais em ambiente de
ho. Já pensou? Nós duas fazen-
aíraco na frente de todo mundo? O t e r a p e u t a , a o realizar suas análises, c h e g a
de eu acabar na rua. a conclusões q u e ném s e m p r e são c o r r e i a s .
A o e m i t i r u m a regra, o t e r a p e u t a a s s u m e u m a
uai seria outra forma de fazer isso g r a n d e respònsabiliclade. C a s o e l e se e n g a n e ,
o q u e não é raro, q u e consequências p o d e m
o c o r r e r para o c l i e n t e ? A o d e i x a r o próprio
^ei. lá... Simplesmente dizer que
c l i e n t e f o r m u l a r as regras, o t e r a p e u t a não
jpa? c o r r e e s s e risco.
fim. é uma outra possibilidade,
pis seriam as consequências da sua Situações como essas podem ser de-
? sastrosas para o vínculo terapêutico e para
#íesse caso, acho que ela não ba- a relação de confiança entre o cliente e o
boca comigo, mas acho que ela terapeuta. Por exemplo:
ia chateada. Marcos, 37, possui uma relação mui-
Talvez. Nesse caso, a chateação de to conturbada com Jorge, 67, seu pai.
em é mais importante? Jorge sempre foi muito crítico em rela-
ção às escolhas de Marcos, como, por
: É verdade, antes ela do que eu. exemplo, o curso superior, a profissão,
I: Hum, Hum. a esposa, etc. Marcos queixa-se de que
Jorge tem uma predileção por seu ir-
Ç: É faz sentido. Para as pessoas pas-
mão mais novo, Gilmar, 29. Marcos
iarem a me respeitar, tenho que come-
apresenta muitas dúvidas quanto à sua
çar a dizer não. Se ficarem chateadas,
competência profissional, ocupando
problema. Antes elas do que eu.
um cargo muito inferior à sua forma-
Novamente, nessa linha de conver- ção. Sua queixa inicial foi disfunção
ção, o terapeuta conduziu a cliente a erétil sem correlato fisiológico.^ Após
'tir a mesma regra que foi dada no ou-
0 exemplo. Mesmo sendo um caminho ^ Para maior detalhamento desta disfunção, ver o ca-
ais longo e trabalhoso, o terapeuta não pítulo de Martins Filho e de-Farias neste livro.
102 A n a Karina C. R. de-Farias e Cols.

O divórcio, Márcio enfrenta grandes Após discutirem a carta. Marcos a en-


dificuldades quando tem chance de ter via para o pai, que simplesmente a ignora
relações sexuais com alguma mulher. e fica mais distante ainda de Marcos. Di-
Ele relata fortes respostas de ansieda- ficilmente um evento como esse não com-
de anteriores ao momento da penetra- prometeria o vínculo terapêutico. Caso o
ção. Dentre as respostas de ansiedade, terapeuta tivesse apenas levado Marcos
ocorre a perda de ereção. Logo antes a pensar por si mesmo em soluções para
da penetração. Marcos relata pensar melhorar a sua relação com Jorge, o vín-
acerca de suas dúvidas quanto às suas culo terapêutico não ficaria comprome-
habilidades na cama e um desejo mui- tido, mesmo que suas iniciativas fossem
to grande de impressionar a sua par- frustradas.
ceira. Aparentemente, desde jovem.
Marcos quis agradar a seu pai e nunca Quando as regras não são seguidas
foi reconhecido. Quando tirava boas Outro padrão muito comum em casos
notas, seu pai lhe dizia que não fize- de chentes com dificuldade de dizer não
ra mais do que obrigação, enquanto é aceitar a regra do terapeuta no momen-
Gilmar era presenteado nas mesmas to em que é emitida, porém não segui-la.
circunstâncias. Quando os clientes não seguem as regras,
O terapeuta de Marcos supôs que os dois padrões são prováveis: formular uma
problemas profissionais dele e a sua difi- autorregra que o torna incapaz de se en^
culdade de ereção estavam relacionados à gajar em terapia e o faz sentir pior aindaí
falta de reconhecimento de seu pai. Logo, a outra é dizer que seguiu a regia pai-a
estabeleceu como meta da terapia levar terapeuta, mesmo sem tê-la seguido, so
controle das consequências impostas pel
Marcos a tomar iniciativas em prol da me-
terapeuta e não pelas consequências na'
lhoria da relação com Jorge. Desse modo,
rais de seguir a regra. O não seguiment,
emitiu a seguinte regra:
também ocorre em casos de resistêncí
T: Como já havíamos discutido, con- em que a emissão de regras por ou""
sidero essencial a melhora da sua re- pessoas representa uma condição aver'"
lação com o seu pai para que o trata- ocasionando respostas de fuga.
mento tenha progresso quanto às suas
(a) Formulação d a a u t o r r e g r a : "
outras questões. Pensei se não seria
i n c o m p e t e n t e " . Muitos clie
uma boa ideia escrever uma carta para
concordam plenamente com
o seu pai, expressando todos os seus
regras impostas pelo terapeu
sentimentos em relação a ele.
Não é raro já saberem precisara
G: Sem dúvida, é uma boa ideia. Eu já te o que precisam fazer. Prova
tinha pensado nisso. Principalmente, mente, seus amigos e familiares^
porque tem muitas coisas que não te- disseram para eles o que fazer,,o
nho coragem de dizer cara a cara. Acho eles mesmos concluíram sozinb
que a carta será muito mais fácil. Ao elaborar o óbvio, emiti-''
uma regra em termos pompo"s
T: Que tal você escrever uma primeira
o terapeuta está sendo apé
versão e trazer aqui para discutirmos mais um a oprimir o seu client"
juntos? zendo aquilo que ele precisa faz
C : Sim. Vou fazer isso. Semana que O problema, na maioria das v:
vem eu trago. não é saber o que fazer, e sim,-
Análise C o m p o r t a m e n t a l Clínica 103

ente, como fazer. O controle a procurá-lo. Será que ele não a res-
j i s contingências é mais forte peitaria mais caso você não o procu-
e o controle pelas regras (Skin- rasse?
ner, 1969/1984). Veja o seguinte
C : E que eu sou uma idiota mesmo,
mas agora eu terei hrío e não v o u m a i s
|è uma mulher de 24 anos que ligar para aqueJe c a c h o r r o .
trejeitada pelo ex-namorado ( F a - T: Muito bem! Você pode até sofrer no
li Ela liga para ele com frequência, início, mas no final, verá que valerá a
salgumas vezes, Fábio é grosseiro pena.
É evita. Em outras, principalmen-
^quando não tem outros planos, é A despeito da regra e da concordância
Mto acessível. Em alguns desses te- com ela, as contingências relacionadas ao
Ifonemas, eles saem, ficam juntos e comportamento de ligar para Fábio conti-
Im relações sexuais. Depois desses nuam em vigor. O que mudou na vida dela
ncontros, Fábio a relembra de que para que ela consiga não Hgar? Ela ainda
quer voltar para ela e desaparece possui baixa disponibilidade de outros re-
semanas. Obviamente, ela se sen- forçadores, obtendo reforço de comporta-
péssima com toda essa situação e mento de ouvinte contingente ao compor-
iqueixa constantemente para o tera- tamento de falar dele (Medeiros, 2002a;
Medeiros, 2002b), e está submetida a um
p e u t a . Não há dÚLvidas de que todas
esquema de reforçamento intermitente,
?as suas amigas já falaram para ela não
o qual aumenta a resistência à extinção
'gar mais para ele. Elas dizem que
(Keller e Schoenfeld, 1950/1966). Logo, a
Fábio a está usando, que não volta-
probabilidade de seguir a regra é mínima,
rá para ela e que toda essa situação é
uma vez que as contingências que contro-
humilhante. Vale a pena ressaltar que
lam o comportamento de ligar são muito
^Júlia sai pouco com as amigas. Quan-
mais fortes. O provável é que ela ligue, ou
do sai com elas, gasta seu tempo para
seja, não consiga seguir a regra impos-
falar do ex-namorado. Júlia também
ta pelo terapeuta. Bem, o uso da regra é
frequenta um curso superior e está em
desvantajoso porque ela não foi seguida
um estágio, ambos pouco reforçado-
e, para piorar, além de se sentir mal pelas
res. Seu comportamento de procurá-lo
consequências naturais de ter ligado, ela
está sob um esquema de reforçamento
pode se sentir incompetente por não ter
intermitente e, obviamente, ela ainda
seguido a regra imposta pelo terapeuta.
não desistiu. O próprio terapeuta a
escuta falar sobre esse relacionamen- Em alguns casos, a cliente pode até
to em 90% do tempo das sessões, há abandonar a terapia, considerando-se um
mais de 10 sessões. caso perdido até para a terapia. De fato,
não é ela que é um caso perdido, simples-
Caso o terapeuta conclua que o com- mente o uso de regras não foi eficaz no
portamento-alvo de ligar para ele precise seu caso e agravou as condições aversivas
ter sua frequência reduzida a zero, pode às quais ela estava exposta.
utilizar uma regra como forma de. inter-
(b) Distorção do tato: uma pergunta
venção, por exemplo:
muito comum de alunos de Psico-
T: Baseado em tudo o que você tem logia é: "como é possível saber se
sofrido quando liga para ele, me per- o cliente está mentindo?". Entre-
gunto se tem valido a pena continuar tanto, essa não é a pergunta mais
104 A n a Karina C. R. de-Farias e Cols.

relevante. A pergunta mais apro- distorcidos. Não são raros os terapeutas


priada talvez fosse: "o que leva o que, além de emitir regras, questionam os
cliente a mentir?" O u seja, que seus clientes se as seguiram ou não, e pu-
contingências controlam a emis- nem o relato do não seguimento. O u seja,
são de tatos distorcidos (Skinner, além de lidar com os efeitos colaterais do
1957/1978; Ribeiro, 1988; Me- uso de regras como forma de intervenção,
deiros, 2002a; Medeiros, 2002b). eles também têm lidar com os efeitos cola-
O uso de regras na clínica é uma terais do uso da punição na clínica (Fers-
delas. ter et al., 1968/1977; Moreira e Medeiros,
2007; Sidman, 1989/1995. Ver também o
Quando os pais mandam os filhos
capítulo de Alves e Isidro-Marinho).
estudar para que sejam alguém na vida
ou arrumar o quarto para encontrarem (c) Resistência: muitos clientes rea-
as suas coisas, estão formulando regras. gem de forma agressiva quando
Como eles reagem quando seus filhos não lhes dizem o que fazer. Muitos
as seguem? Provavelmente, administrarão deles consideram a situação de
algum reforço negativo (estímulo aversi- controle como extremamente
vo), como uma repreensão verbal ou mes- aversiva e ultrajante. Muitas re-:
mo corporal. Com base nesse histórico gras precisas, às quais os chentes,
comum a muitas pessoas, a emissão de re- precisam ter acesso, sao recha:
gras é acompanhada pelo reforço negativo çadas simplesmente por terem
para o seu seguimento aplicado por quem sido emitidas por outra pessoa
emite a regra. Baum (1994/1999) sus- Nesses casos, é muito mais úti
tenta que o seguimento da regra está sob levar o cliente a formular a regra
controle da contingência próxima. O pro- Para ilustrar esse ponto, é pos
blema é que a contingência próxima pode vel imaginar uma situação e
aumentar a probabilidade de um segundo que alguém propõe uma ideia
comportamento, o de relatar o seguimento a pessoa concorda. Em outra s
da regra, mesmo quando não foi seguida. tuação, a própria pessoa propo
Esse comportamento, também chamado a ideia. Em qual das duas sitií
de tato distorcido, funciona como uma ções a defesa da ideia será m"
espécie de contracontrole verbal (Ferster, apaixonada? Provavelmente
Culbertson e Boren, 1968/1977; Moreira segunda, ou seja, as pessoas te
e Medeiros, 2007; Sidman, 1989/1995). dem a defender mais as próp"'
No contexto clínico, isso é especialmente ideias do que as das outras p
problemático, já que o terapeuta não tem soas, mesmo que concordem co
meios de verificar se a regra foi ou não elas. Ao levar o próprio client
seguida; logo, pode reforçar o relato do formular uma autorregra, a p
seguimento e não o seguimento da regra habilidade de ele segui-la é mui
em si. maior. Cabe ao terapeuta ape^
Resumindo, muitos clientes podem re- criar condições para que o clie
latar que seguiram as regras mesmo sem formule a autorregra e para q
tê-las seguido, como forma de evitar críti- consiga segui-la. '
cas ou como forma de de receber reforços (d) Correspondência e n t r e dizer ei
positivos. Em outras palavras, ao dar re- zer: outro ponto a se conside''
gras, o terapeuta aumenta a probabilidade talvez o mais importante de to
de o cliente mentir, ou seja, emitir tatos é o fato de que ao se modific
Análise C o m p o r t a m e n t a l Clínica 105

Miportamento verbal que des- tencentes às contingências descritas por


ove contingências, ou seja, ao se elas. As regras apenas alteram a sua pro-
lijesentar ou modificar regras, não babilidade de ocorrência, a depender de
N e c e s s a r i a m e n t e o comportamento um grande conjunto de condições.
Iscrito por ela se modificará. A alternativa trabalhosa é modificar as
contingências que operam sobre o com-
ssoas mudam o jeito de pensar portamento descrito na regra ou fazer
^ assunto ém suas vidas e não se com que o cHente as modifique. Sem usar,
tiidè acordo com esse novo jeito? entretanto, regras para levá-lo a fazer isso.

alise do Comportamento ofere- O U T R A S DISCUSSÕES A C E R C A D O


as respostas, e a principal delas USO DE REGRAS
fllque falar sobre o comportamento Ainda sobraram alguns tópicos sobre o
^j-lo são posturas distintas sob con- uso de regras na clínica cuja discussão é
^'pe condngências diferentes (Baum, váhda.
>§|'71999). Logo, não basta apenas
crever o comportamento, identificar 1 . Quais s e r i a m as condições especiais em
^fvariáveis controladoras e especificar que se pode fornecer regras aos c l i e n t e s ?
•^consequências de novos cursos de ação Ao mesmo tempo em que o uso co-
Hque o comportamento mude. É es- medido de regras parece apropriado na
|al que se modifiquem as suas contin- maioria dos casos, a psicoterapia analí-
cias mantenedoras. tico-comportamental preconiza a abor-
dagem idiográfica ao adaptar posturas e
íQuantas vezes alguém promete parar
procedimentos para cada caso específico.
^eber após acordar de ressaca? Além
Para alguns clientes, talvez seja necessário
fprometer parar de beber, essa pessoa
fornecer regras, nem que seja em uma fase
fece muitos argumentos embasando a
inicial da terapia. Muitos cHentes apre-
ã resolução, do tipo: "não combina co-
sentam repertórios muito Hmitados de
'go esse tipo de comportamento"; "não
observação e descrição de contingências.
Éa bem para alguém da minha posição
Independentemente da etiologia^ dessa
3è embriagar"; "faz mal para minha saú-
falta de repertório, o uso de regras pode
3e"; "o prazer de beber não compensa o ser necessário, principalmente, quando
lòfrimento do dia seguinte", etc. A despei- se tem pouco tempo para estabelecê-lo
;t'o de toda essa mudança de pensamento, (como em clínicas-escola, em que o trata-
na semana seguinte, é muito provável que mento costuma durar cerca de 3 meses).
o comportamento de beber ocorra nova- Ainda assim, é fundamental levar o cliente
mente diante de condições favoráveis. Isso a compreender a regra e quais consequên-
íe dá pelo fato de que o comportamento cias são prováveis a partir do seu segui-
de emitir tais argumentos ocorre em um mento, ao invés de meramente se dizer o
conjunto de condições diferente das do que o cliente deve fazer. Ao mesmo tem-
comportamento de beber. Não há dúvi- po, o uso de regras deve servir como pon-
das de que regras ou autorregras exercem to de partida para que o cliente passe a
controle sobre o comportamento. Porém, observar a importância das consequências
esse controle é meramente discriminativo
e não causal (Skinner, 1969/1984). O u
* As origens podem ser as mais diversas, como his-
seja, regras não causam a ocorrência ou tórico de desnutrição da infância, falta de treino, uso
não ocorrência dos comportamentos per- prolongado de drogas, etc.
106 A n a Karina C. R. de-Farias e Cols.

do comportamento para suas ocorrências zer para o cHente fazer a que ele escolheu,'
futuras. Na medida em que o cliente pro- e, sim, apenas reforçar quando o cliente
gride quanto aos repertórios de auto-ob- começar a fazê-la. O exemplo abaixo pod ^
servação e de autodescrição, o terapeuta ilustrar essa situação.
pode começar a retirar as regras e levá-lo
Maria, 27, sempre se queixou de tra-
a emitir autorregras, apenas reforçando-as
balhar em demasia. Ao mesmo tempo,
diferencialmente.
relata que seu trabalho é muito estres-
Em casos de encerramento da terapia,
sante, apesar de prazeroso. Sempr"
o terapeuta também pode instruir o cliente
foi muito dedicada aos estudos e ao
acerca de quais pontos ainda precisam ser
trabalho. Seus pais sempre valoriza-
trabalhados. Nesse contexto, o terapeuta
ram muito esses aspectos em sua vida'
pode devolver as suas análises funcionais
muito mais do que o sucesso em su"
em termos de regras para que o cliente
vida pessoal. De fato, Maria só tev
possa tentar operar no seu ambiente após
um namoro de dois anos, em que nã
a terapia.
teve relações sexuais. Suas paquera
Regras também podem ser utilizadas
raramente eram bem-sucedidas e q "
como sugestões de leituras ou de filmes
se nunca ultrapassavam um encontro
para o cliente. O terapeuta pode sugerir
Ela nunca teve relações sexuais, consi'
que o cliente entre em contato com algum
derando-se anormal por conta disso
material que possa ser útil no processo de
Possui poucos amigos e passa a maio
terapia. Muitos clientes solicitam suges-
parte do pouco tempo livre em casa
tões de leitura e de filmes. Por exemplo,
lendo e assistindo televisão com o
pode ser útil em casos com questões de
pais. Ao longo da sua história, nun;
ordem sexual, principalmente devido à fal-
ca se permitiu atividades extraclass
ta de conhecimentos acerca do funciona-
- sua dedicação para os estudos sem-
mento do sistema reprodutivo, o terapeuta
pre foi máxima. Desse modo, Maria é
fornecer material escrito informativo ou,
muito orgulhosa de seu desempenh
mesmo, sugerir que o próprio cHente en-
escolar. No entanto, queixa-se muito
contre tal material.
de pensamentos intrusivos. Ela costu;:
Quando o cliente está com dificulda-
ma pensar em si mesma como fracas
des de encontrar outras atividades reforça-
sada do ponto de vista pessoal, que
doras, tais como hobbies e esportes, o tera-
nunca vai encontrar alguém que a am"
peuta pode ajudar Hstando atividades que
e que vai morrer solteira. Seus pensa?
o cliente ainda não tenha conjecturado. É
mentos eliciam diversos respondent
comum o cliente reconhecer a necessidade
aversivos, os quais só param quandg
de se engajar em outras atividades além
Maria ingere grandes quantidades d
das rotineiras. O ideal é que o terapeuta
doces. Esse padrão a tem deixado aci
o questione acerca de quais possibilidades
ma do peso.
já pensou. Ao perceber que o cHente apre-
senta dificuldades em listar tais atividades,
Diante de um possível avanço, que fo
o terapeuta pode fornecer um conjunto
de atividades, das quais o cliente pode a redução na jornada de trabalho de Maria',
escolher algumas. Após o cliente apontar por iniciativa dela, o terapeuta começa'
as atividades que acha mais interessante, trabalhar o acesso a outros reforçadores:
o terapeuta pode questioná-lo acerca das C : Até que enfim consegui mud
consequências de fazer cada uma delas. minha jornada de trabalho para s
Por outro lado, não cabe ao terapeuta di- horas diárias.
Análise C o m p o r t a m e n t a l Clínica 107

Que bom que deu certo! Que efeito T: Existem várias outras atividades que
Vem você o tempo ocioso? você poderia realizar, por exemplo:
"... Não costuma me fazer muito y o g a , hidroginástica, violão, trabalhos
voluntários, teatro, pintura, ténis...
^ Eu começo a pensar naquelas
jsas que me entristecem. Mas tra- C : É verdade, eu sempre quis fazer
llíar 8 horas para mim estava hor- violão. Eu sempre quis tocar. Acho tão
% realmente eu estava precisando bonito.
acelerar. Mas ficar sem fazer nada
rica me fez muito bem. Tenho que T : E u também acho. Mas e aí, que
ar a cabeça com alguma coisa. estilo musical você gostaria de apren-
der?
z sentido^. Que tipo de coisas
•6^ poderia fazer para ocupar a sua C : Não sei. Acho que um pouco de
li^ça, além de ler e ver televisão com tudo. Mas o que eu gosto mesmo é
^^^pais? de MPB. Para mim, é o estilo que fica
mais bacana no violão. Já pensou eu
lio sei. Talvez caminhar no par-
tocando Caetano, G i l , Ana Caroli-
.., mas me dá uma preguiça... Eu
na...
"Jque faria bem para mim. Ajudaria
magrecer. Quando eu começo até T: E . . . bacana. Para quem você gosta-
me divirto. O difícil é sair de casa ria de tocar?
começar. Eu sempre fico inven-
0 desculpas. Digo que está muito C : Pode ser para meus pais, meus ami-
gos...
-te quando está quente, que está
-'to frio quando está frio. Deixo T: E aí, como seria para você os ou-
amanhã, ou para segunda-feira tros lhe verem tocar?
ue nunca chega...
Em princípio, foram sugeridas ativi-
': O que mais além de caminhar no dades diversas. Quando a cliente escolhe
arque? uma delas, no caso, aprender a tocar vio-
'C: Uma amiga minha me chamou lão, o terapeuta começa a conversar com
ípara fazer dança de salão... Mas, fora ela sobre a sua escolha de forma reforça-
isso, estou sem ideias. dora, sem sugerir diretamente que a clien-
te realize a atividade escolhida.
Dança de salão é legal. Além da
Esses foram apenas alguns exemplos
dança de salão e caminhar no parque,
de casos especiais em que o uso de regras
c que mais você poderia fazer?
poderia ser útil. De qualquer forma, exis-
.C: Não consigo pensar em muita coi- tem outros.
-:sa. Às vezes, acho que não me interes-
so por nada. 2 . Se a opção f o r p o r u s a r r e g r a s , qual a
m e l h o r f o r m a de apresentá-las ao c l i e n t e ?
consequência apresentada pelo terapeuta, con-
Sem dúvida, existem formas e formas
te ao comportamento da cliente, é questionada de se emitir uma regra. O terapeuta deve
se fosse sua opinião. Por outro lado, neste caso, considerar três pontos na hora de decidir
peuta está apenas reforçando positivamente de como emiti-las: (a) a probabilidade de as
rma natural uma análise feita pela cliente. Esse tipo mesmas serem seguidas; (b) o efeito sobre
orçamento é essencial para que o cliente passe
o vínculo terapêutico e (c) o efeito sobre
'sar o seu próprio comportamento ou a emitir
portamentos clinicamente relevantes do tipo 3 - esse cHente específico, ou seja, a forma de
s 3 - (Kohlenberg eTsai, 1991/2001). emissão da regra deve ser terapêutica para
108 A n a Karina C. R. de-Farias e Cols.

aquele cliente específico. Algumas formas anteriores na medida em que o terapeuta


de se emitir a regra podem ser muito efeti- leva a cliente a refletir sobre as consequên-
vas para o seu seguimento, porém, podem cias do seguimento da regra:
comprometer o vínculo. Ao mesmo tem-
T: Júlia, quais seriam os efeitos, em
po, existem formas que não têm influência
você e no Fábio, caso você não Hgue
sobre o vínculo, mas não são terapêuticas
mais para ele?
para aquele caso.
Geralmente, devem-se emitir regras de Outra alternativa muito utilizada para
modo que os clientes possam discordar se formular regras na terapia é o uso de
ou sintam-se livres para não segui-las. Por- deveres de casa. A regra nesse caso é emi-
tanto, regras emitidas de forma imperativa tida como uma tarefa para casa:
são as menos aconselháveis. Voltando ao T: Bem JúHa, com base nos resultados
exemplo do caso de JúHa, apresentado an- que você me relatou das Hgações que
teriormente, um exemplo de uma regra de você fez para Fábio nessa semana, eu
forma impositiva seria: pensei em como seria para você passar
T: Você não pode mais Hgar para ele! uma semana inteira sem Hgar para ele.
Vou te passar como dever de casa ficar
Regras emitidas dessa forma tendem a essa semana inteira sem Hgar para ele.
gerar resistência ou a comprometer o vín- Gostaria que você registrasse os m"
culo. Caso o cliente seja submisso, como mentos em que esteve mais tentada a
o ilustrado, mesmo que não resista e siga ligar e quais estratégias utilizou p
a regra, a forma como esta foi apresentada conseguir não ligar.
pode contribuir para que ele continue a
emitir comportamentos submissos. Além No fim das contas, esse dever de cas
disso, a regra do exemplo acima é pro- envolveu a mesma regra do início: "não
blemática por ser implícita. O u seja, não gue mais para ele!". Porém, como não te ^
apresenta todos os elementos da contin- um formato imperativo, tende a gerar m"
gência. Uma alternativa mais interessante nos resistência.
seria: O ponto negativo dessa abordage
é o cliente perceber a fala manipulati
T: Baseado em como você se sente do terapeuta. Presumindo que o terap
quando Hga para Fábio. Como ele a ta seja um modelo^ para o seu cliente,
trata quando atende. Como você se perigoso o cHente começar a emitir fal
sente quando ele não atende e não re- manipulativas também.
torna as suas ligações. Eu me pergun-
to se vale a pena ligar para ele. O que 3. O que leva a u m uso tão e x a g e r a d o
você acha? regras como f o r m a de intervenção se
a p r e s e n t a tantos p o n t o s n e g a t i v o s ?
Esta alternativa é mais vantajosa que Algumas variáveis parecem estar re
a anterior por ser explícita, ou seja, por cionadas a isso. A principal parece ser^
apresentar os elementos da contingência. imediaticidade das consequências (Kelle
Além disso, ela é colocada de uma forma Schoenfeld, 1950/1966). Não há dúvida
que a cliente é consultada acerca dela, de de que reforçadores imediatos são mais
modo que ela tem mais condições de dis-
cordar do terapeuta. * Para uma leitura introdutória acerca da apren
Por fim, existe uma terceira alternati- zagem por observação de modelos, veja Baldwin''
va que parece mais apropriada do que as Baldwin (1989).

19
Análise C o m p o r t a m e n t a l Clínica 109

^1 do comportamento que CONSIDERAÇÕES FINAIS


rasados. Além disso, o con-
Esse pequeno capítulo teve como objetivo
d i d a resposta também é muito
discutir algumas das impHcações do uso
gqordo com Keller e Schoen-
de regras na clínica. Além disso, também
#0fíáior o custo da resposta,
se ponderou brevemente sobre em que
^probabilidade de ocorrência.
condições deve-se utilizar regras, como
Kalisar as intervenções basea-
formulá-las e quais variáveis estão envol-
i^êer regras aos clientes, é pos-
vidas em seu uso. De forma alguma, este
K^que elas envolvem respostas
capítulo se propôs a esgotar o assunto,
sjfosas e produzem mudanças
e, sim, levantar algumas questões que te-
pamento (quando produzem)
rapeutas experientes e, principalmente,
^is rápida. Levar o cliente a
novatos devem levar em consideração no
rias regras, como exemplifi-
momento de intervir.
prínente, exige um número de
fítò maior por parte do terapeu- A argumentação foi no sentido de de-
ja]ar perguntas abertas que levem fender um uso mais comedido de regras
á;jefletir e chegar a formular as na clínica, além de sugerir algumas alter-
fejadas pelo terapeuta é muito nativas ao seu uso. Mesmo reconhecendo
#'Ainda mais formulá-las ao o caráter controverso do tema, é prudente
%o em que se atenta à fala do que, antes de formular regras ao seu clien-
f r e s t a dúvida, esse questiona- te, o terapeuta leve em consideração â dis-
gp mais custoso do que forne- cussão levantada.
ce uma vez, além de mais de- Outro ponto que merece destaque refe-
çipalmente porque o cliente re-se à ênfase dada às autorregras (aquelas
frnecer as respostas necessá- formuladas pelo cliente) ao invés de regras
o encadeamento de perguntas impostas pelo terapeuta. De fato, quando
Jirá que ele chegue a formular o cliente emite autorregras, algumas das
'repertório de perguntas desse desvantagens explicitadas são ultrapassa-
a a ser estabelecido, o que re- das. Porém, talvez a maior limitação do
•liia Hmitação para terapeutas uso de regras na clínica ainda continua:
gientes. mudar o comportamento verbal não muda
'ponto importante é o valor re- necessariamente o comportamento descri-
-de se estar certo sobre algo. De to por ele. Isto é, o cHeíite pode muito bem
kiito reforçador para o terapeuta formular uma autorregra e simplesmente
.que suas análises funcionais são não segui-la. Além disso, as autoiregias
tes ao caso. Desse modo, o cHente também geram insensibilidade como de-
la regra fortalece os comporta- monstram Catania e colaboradores (1982)
s do terapeuta de emiti-la e de ar- e Matthews e colaboradores (1985). Para-
em favor de sua precisão. Nesse lelamente aos questionamentos que levam
ento, o terapeuta deve assumir uma os clientes a formular autorregras, outros
ara crítica em relação ao seu trabalho procedimentos devem ser utilizados para
"estio nar que reforçadores controlam fazer com que os clientes a sigam ou, mes-
%is comportamentos de terapeuta. As mo, para modificar diretamente o seu com-
Irvenções devem ter fins terapêuticos e portamento. O uso da relação terapêutica
11 servir para produzir reforçadores para parece uma alternativa útil para isso. De
peuta. acordo com Ferster (1972), os comporta-
no Ana Karina C. R. de-Farias e Cols.

mentos do cliente tenderão a se repetir em Hayes, S. C . & Hayes, L . J. (1989). T h e verbal ac-
terapia e o terapeuta pode utilizar a pró- tion of the listener as a basis for mle-gover-
nance. E m S. C . Hayes (Ed.), R u l e - g o v e r n e d
pria relação terapêutica para modelá-los
b e h a v i o r : C o g n i t i o n , contingencies, a n d ins-
(sobre relação terapêutica, ver os Capítulos t r u c t i o n a l c o n t r o l (pp. 153-190). New York:
1 1 , 1 2 e 14). Plenum.
Por fim, um bom terapeuta é um ser Keller, R S. & Schoenfeld, W . N . (1950/1966).
autocontrolado, no sentido de estar mais Princípios de p s i c o l o g i a (R. Azzi & C . M .
sob controle da magnitude do reforço do Bori, trads.). São Paulo: E P U .
que sob controle da sua imediaticidade Kohlenberg, R . J. & T s a i , M . (1991/2001).
(sobre autocontrole, ver o Capítulo 6). P s i c o t e r a p i a Analítica F u n c i o n a l : C r i a n d o
Intervenções para produzir resultados rá- relações terapêuticas i n t e n s a s e c u r a t i v a s (F.
Conte, M . Delitti, M . Z . da S. Brandão, R R.
pidos podem ser desastrosas ou, no mí-
Derdyk, R . R . Kerbauy, R . C . Wielenska, R.
nimo, ineficazes. O caminho mais longo
A. Banaco, R . Starling, trads.). Santo André:
pode produzir melhores resultados. Cabe ESETec.
ao terapeuta criar condições para que o Matthews, B. A . , Catania, A . C . & Shimoff, E . T .
chente resolva os seus problemas, e não (1985). Effects of uninstructed verbal beha-
resolvê-los por ele. vior on nonverbal responding: Contingency
descriptions versus performance descrip-
tions. J o u r n a l of t h e E x p e r i m e n t a l A n a l y s i s of
REFERENCIAS Behavior, 43,155-164.
Baldwin, }. D . & Baldwin, J. 1. (1998). B e h a v i o r Medeiros, C . A. (2002a). Análise funcional do
p r i n c i p i e s i n e v e r y d a y life. New Jersey: Pren- comportamento verbal na clínica compor-
tice H a l l . tamental. E m A. M , S. Teixeira, A. M . Lé
Baum, W . M . (1994/1999). C o m p r e e n d e r o b e h a - Sénéchal-Machado, N . M . S. Castro & S. D.
v i o r i s m o : Ciência, c o m p o r t a m e n t o e c u l t u r a Cirino (Orgs.), Ciência do c o m p o r t a m e n t o :
(M. T . A . Silva, G . Y. Tomanari & E . E . Z . Conhecer e avançar (pp. 176-187). Santo
Tourinho, trads.). Porto Alegre: Artmed. André: ESETec.

Caballo.V. E . { 1 9 9 1 / 1 9 9 6 ) . M a n u a l de Técnicas,^. Medeiros, C . A. (2002b). Comportamento verbal,


T e r a p i a e Modificação do C o m p o r t a m e n t o ^ na clínica. R e v i s t a B r a s i l e i r a de T e r a p i a Com-
(M. D . Claudino, trad.). São Paulo: Santos. portamental e Cognitiva, 2,105-118.

Catania, A. C . (1998/1999). A p r e n d i z a g e m : Moreira, M . B. & Medeiros, C . A. (2007). Princí-


C o m p o r t a m e n t o , l i n g u a g e m e cognição (A. p i o s básicos de Análise do C o m p o r t a m e n t o .
Schmidt, D . G . de Souza, F. C . Capovila, Porto Alegre: Artmed.
J. C . C . de Rose, M . de J. D . Reis, A. A. da Ribeiro, A. F. (1989). Correspondence in
Costa, L . M . de C . M . Machado & A . Gadot- children's self-report: tacting and mandmg
ti, trads.). Porto Alegre: Artmed. aspects. J o u r n a l o f t h e E x p e r i m e n t a l A n a l y s i s
Catania, A . C , Matthews, B. A . & Shimoff, E . T . of B e h a v i o r , 5 2 , 3 6 1 - 3 6 7 .
(1982). Instniction versus shaped human Sidman, M . (1989/1995). Coerção e suas impli-
verbal behavior: interactions with nonver- cações (M. A. Andery & T . M . Sério, ti-ads.).
bal responding. J o u r n a l o f t h e E x p e r i m e n t a l Campinas: Editorial Psy.
A n a l y s i s of B e h a v i o r , 3 8 , 233-248. Skinner, B. R (1957/1978). O c o m p o r t a m e n t o
Ferster, C . B. (1972). A n experimental analysis v e r b a l (M. da P.Villalobos, trad.). São Paulo:
of clinicai phenomena. T h e P s y c h o l o g i c a l Cultrix.
Record, 22,1-16. Skinner, B. R (1969/1984). Contingências de
Ferster, C . B., Culbertson, S. & Boren, M . C . P. reforço (R. Moreno, trad.). São Paulo: Abril
(1968/1977). Princípios do c o m p o r t a m e n t o Cultural.
(M. I . R o c h a e Silva, M . A . C . Rodrigues & Skinner, B. R (1988). The fable. T h e A n a l y s i s of
M. B . L . Pardo, trads.). São Paulo: Edusp. Verbal Behavior, 6,1-2.

Potrebbero piacerti anche