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PROF°
QUANT & )
Capítulo 5
J
pecificam que determinados comandos teryeasásl recomendado em algumasf
produzem consequências específicas. Es- ações; recomendado em último caso
sas relações entre comandos e consequên- ,..ão é recomendado em hipótese algu
cias podem ser aprendidas por tentativas Tais posições discrepantes com relação
e erros, no caso, por exposição direta às uso de regras também ocorrem quando'"
contingências. Sldnner ( Í 9 8 8 ) resume as observam orientações de estágio em
diferenças desses dois tipos de, aprendiza- ca de diferentes supervisores. Esse quf
ggm^sugerindo que a aprendizagem por 'provavelmente gera uma confusão C
regras é mais rápida e produz menos con- ips terapeutas menos experientes, os q;
tato com estímulos aversivos. Ao mesmo j)rocuram desesperadamente conhecerj
tempo, para Baum (1994/1999), compor- formas mais bem sucedidas de atua;'
tamentos mais habilidosos como cantar, |para maior discussão acerca da apr"
por exemplo, não podem ser aprendidos /zagem de terapeutas iniciantes, ver o|
sem o contato sutil com as consequências tulo de Abreu-Motta, de-Farias e Co|
da emissão de cada som. De acordo com neste livro).
Catania (1998/1999): "devemos, nesses Com base nisso, o presente cs%,
aborda o uso de regras na clínica ç
^ Ver o capítulo de Silva e de-Farias para obter mais
forma de intervenção. Em absolu
referências acerca de comportamento governado p o r pretende esgotar a questão ou gera^^
regras. / manual que deva ser utilizado por t
Análise C o m p o r t a m e n t a l Clínica 97
ente, como fazer. O controle a procurá-lo. Será que ele não a res-
j i s contingências é mais forte peitaria mais caso você não o procu-
e o controle pelas regras (Skin- rasse?
ner, 1969/1984). Veja o seguinte
C : E que eu sou uma idiota mesmo,
mas agora eu terei hrío e não v o u m a i s
|è uma mulher de 24 anos que ligar para aqueJe c a c h o r r o .
trejeitada pelo ex-namorado ( F a - T: Muito bem! Você pode até sofrer no
li Ela liga para ele com frequência, início, mas no final, verá que valerá a
salgumas vezes, Fábio é grosseiro pena.
É evita. Em outras, principalmen-
^quando não tem outros planos, é A despeito da regra e da concordância
Mto acessível. Em alguns desses te- com ela, as contingências relacionadas ao
Ifonemas, eles saem, ficam juntos e comportamento de ligar para Fábio conti-
Im relações sexuais. Depois desses nuam em vigor. O que mudou na vida dela
ncontros, Fábio a relembra de que para que ela consiga não Hgar? Ela ainda
quer voltar para ela e desaparece possui baixa disponibilidade de outros re-
semanas. Obviamente, ela se sen- forçadores, obtendo reforço de comporta-
péssima com toda essa situação e mento de ouvinte contingente ao compor-
iqueixa constantemente para o tera- tamento de falar dele (Medeiros, 2002a;
Medeiros, 2002b), e está submetida a um
p e u t a . Não há dÚLvidas de que todas
esquema de reforçamento intermitente,
?as suas amigas já falaram para ela não
o qual aumenta a resistência à extinção
'gar mais para ele. Elas dizem que
(Keller e Schoenfeld, 1950/1966). Logo, a
Fábio a está usando, que não volta-
probabilidade de seguir a regra é mínima,
rá para ela e que toda essa situação é
uma vez que as contingências que contro-
humilhante. Vale a pena ressaltar que
lam o comportamento de ligar são muito
^Júlia sai pouco com as amigas. Quan-
mais fortes. O provável é que ela ligue, ou
do sai com elas, gasta seu tempo para
seja, não consiga seguir a regra impos-
falar do ex-namorado. Júlia também
ta pelo terapeuta. Bem, o uso da regra é
frequenta um curso superior e está em
desvantajoso porque ela não foi seguida
um estágio, ambos pouco reforçado-
e, para piorar, além de se sentir mal pelas
res. Seu comportamento de procurá-lo
consequências naturais de ter ligado, ela
está sob um esquema de reforçamento
pode se sentir incompetente por não ter
intermitente e, obviamente, ela ainda
seguido a regra imposta pelo terapeuta.
não desistiu. O próprio terapeuta a
escuta falar sobre esse relacionamen- Em alguns casos, a cliente pode até
to em 90% do tempo das sessões, há abandonar a terapia, considerando-se um
mais de 10 sessões. caso perdido até para a terapia. De fato,
não é ela que é um caso perdido, simples-
Caso o terapeuta conclua que o com- mente o uso de regras não foi eficaz no
portamento-alvo de ligar para ele precise seu caso e agravou as condições aversivas
ter sua frequência reduzida a zero, pode às quais ela estava exposta.
utilizar uma regra como forma de. inter-
(b) Distorção do tato: uma pergunta
venção, por exemplo:
muito comum de alunos de Psico-
T: Baseado em tudo o que você tem logia é: "como é possível saber se
sofrido quando liga para ele, me per- o cliente está mentindo?". Entre-
gunto se tem valido a pena continuar tanto, essa não é a pergunta mais
104 A n a Karina C. R. de-Farias e Cols.
do comportamento para suas ocorrências zer para o cHente fazer a que ele escolheu,'
futuras. Na medida em que o cliente pro- e, sim, apenas reforçar quando o cliente
gride quanto aos repertórios de auto-ob- começar a fazê-la. O exemplo abaixo pod ^
servação e de autodescrição, o terapeuta ilustrar essa situação.
pode começar a retirar as regras e levá-lo
Maria, 27, sempre se queixou de tra-
a emitir autorregras, apenas reforçando-as
balhar em demasia. Ao mesmo tempo,
diferencialmente.
relata que seu trabalho é muito estres-
Em casos de encerramento da terapia,
sante, apesar de prazeroso. Sempr"
o terapeuta também pode instruir o cliente
foi muito dedicada aos estudos e ao
acerca de quais pontos ainda precisam ser
trabalho. Seus pais sempre valoriza-
trabalhados. Nesse contexto, o terapeuta
ram muito esses aspectos em sua vida'
pode devolver as suas análises funcionais
muito mais do que o sucesso em su"
em termos de regras para que o cliente
vida pessoal. De fato, Maria só tev
possa tentar operar no seu ambiente após
um namoro de dois anos, em que nã
a terapia.
teve relações sexuais. Suas paquera
Regras também podem ser utilizadas
raramente eram bem-sucedidas e q "
como sugestões de leituras ou de filmes
se nunca ultrapassavam um encontro
para o cliente. O terapeuta pode sugerir
Ela nunca teve relações sexuais, consi'
que o cliente entre em contato com algum
derando-se anormal por conta disso
material que possa ser útil no processo de
Possui poucos amigos e passa a maio
terapia. Muitos clientes solicitam suges-
parte do pouco tempo livre em casa
tões de leitura e de filmes. Por exemplo,
lendo e assistindo televisão com o
pode ser útil em casos com questões de
pais. Ao longo da sua história, nun;
ordem sexual, principalmente devido à fal-
ca se permitiu atividades extraclass
ta de conhecimentos acerca do funciona-
- sua dedicação para os estudos sem-
mento do sistema reprodutivo, o terapeuta
pre foi máxima. Desse modo, Maria é
fornecer material escrito informativo ou,
muito orgulhosa de seu desempenh
mesmo, sugerir que o próprio cHente en-
escolar. No entanto, queixa-se muito
contre tal material.
de pensamentos intrusivos. Ela costu;:
Quando o cliente está com dificulda-
ma pensar em si mesma como fracas
des de encontrar outras atividades reforça-
sada do ponto de vista pessoal, que
doras, tais como hobbies e esportes, o tera-
nunca vai encontrar alguém que a am"
peuta pode ajudar Hstando atividades que
e que vai morrer solteira. Seus pensa?
o cliente ainda não tenha conjecturado. É
mentos eliciam diversos respondent
comum o cliente reconhecer a necessidade
aversivos, os quais só param quandg
de se engajar em outras atividades além
Maria ingere grandes quantidades d
das rotineiras. O ideal é que o terapeuta
doces. Esse padrão a tem deixado aci
o questione acerca de quais possibilidades
ma do peso.
já pensou. Ao perceber que o cHente apre-
senta dificuldades em listar tais atividades,
Diante de um possível avanço, que fo
o terapeuta pode fornecer um conjunto
de atividades, das quais o cliente pode a redução na jornada de trabalho de Maria',
escolher algumas. Após o cliente apontar por iniciativa dela, o terapeuta começa'
as atividades que acha mais interessante, trabalhar o acesso a outros reforçadores:
o terapeuta pode questioná-lo acerca das C : Até que enfim consegui mud
consequências de fazer cada uma delas. minha jornada de trabalho para s
Por outro lado, não cabe ao terapeuta di- horas diárias.
Análise C o m p o r t a m e n t a l Clínica 107
Que bom que deu certo! Que efeito T: Existem várias outras atividades que
Vem você o tempo ocioso? você poderia realizar, por exemplo:
"... Não costuma me fazer muito y o g a , hidroginástica, violão, trabalhos
voluntários, teatro, pintura, ténis...
^ Eu começo a pensar naquelas
jsas que me entristecem. Mas tra- C : É verdade, eu sempre quis fazer
llíar 8 horas para mim estava hor- violão. Eu sempre quis tocar. Acho tão
% realmente eu estava precisando bonito.
acelerar. Mas ficar sem fazer nada
rica me fez muito bem. Tenho que T : E u também acho. Mas e aí, que
ar a cabeça com alguma coisa. estilo musical você gostaria de apren-
der?
z sentido^. Que tipo de coisas
•6^ poderia fazer para ocupar a sua C : Não sei. Acho que um pouco de
li^ça, além de ler e ver televisão com tudo. Mas o que eu gosto mesmo é
^^^pais? de MPB. Para mim, é o estilo que fica
mais bacana no violão. Já pensou eu
lio sei. Talvez caminhar no par-
tocando Caetano, G i l , Ana Caroli-
.., mas me dá uma preguiça... Eu
na...
"Jque faria bem para mim. Ajudaria
magrecer. Quando eu começo até T: E . . . bacana. Para quem você gosta-
me divirto. O difícil é sair de casa ria de tocar?
começar. Eu sempre fico inven-
0 desculpas. Digo que está muito C : Pode ser para meus pais, meus ami-
gos...
-te quando está quente, que está
-'to frio quando está frio. Deixo T: E aí, como seria para você os ou-
amanhã, ou para segunda-feira tros lhe verem tocar?
ue nunca chega...
Em princípio, foram sugeridas ativi-
': O que mais além de caminhar no dades diversas. Quando a cliente escolhe
arque? uma delas, no caso, aprender a tocar vio-
'C: Uma amiga minha me chamou lão, o terapeuta começa a conversar com
ípara fazer dança de salão... Mas, fora ela sobre a sua escolha de forma reforça-
isso, estou sem ideias. dora, sem sugerir diretamente que a clien-
te realize a atividade escolhida.
Dança de salão é legal. Além da
Esses foram apenas alguns exemplos
dança de salão e caminhar no parque,
de casos especiais em que o uso de regras
c que mais você poderia fazer?
poderia ser útil. De qualquer forma, exis-
.C: Não consigo pensar em muita coi- tem outros.
-:sa. Às vezes, acho que não me interes-
so por nada. 2 . Se a opção f o r p o r u s a r r e g r a s , qual a
m e l h o r f o r m a de apresentá-las ao c l i e n t e ?
consequência apresentada pelo terapeuta, con-
Sem dúvida, existem formas e formas
te ao comportamento da cliente, é questionada de se emitir uma regra. O terapeuta deve
se fosse sua opinião. Por outro lado, neste caso, considerar três pontos na hora de decidir
peuta está apenas reforçando positivamente de como emiti-las: (a) a probabilidade de as
rma natural uma análise feita pela cliente. Esse tipo mesmas serem seguidas; (b) o efeito sobre
orçamento é essencial para que o cliente passe
o vínculo terapêutico e (c) o efeito sobre
'sar o seu próprio comportamento ou a emitir
portamentos clinicamente relevantes do tipo 3 - esse cHente específico, ou seja, a forma de
s 3 - (Kohlenberg eTsai, 1991/2001). emissão da regra deve ser terapêutica para
108 A n a Karina C. R. de-Farias e Cols.
19
Análise C o m p o r t a m e n t a l Clínica 109
mentos do cliente tenderão a se repetir em Hayes, S. C . & Hayes, L . J. (1989). T h e verbal ac-
terapia e o terapeuta pode utilizar a pró- tion of the listener as a basis for mle-gover-
nance. E m S. C . Hayes (Ed.), R u l e - g o v e r n e d
pria relação terapêutica para modelá-los
b e h a v i o r : C o g n i t i o n , contingencies, a n d ins-
(sobre relação terapêutica, ver os Capítulos t r u c t i o n a l c o n t r o l (pp. 153-190). New York:
1 1 , 1 2 e 14). Plenum.
Por fim, um bom terapeuta é um ser Keller, R S. & Schoenfeld, W . N . (1950/1966).
autocontrolado, no sentido de estar mais Princípios de p s i c o l o g i a (R. Azzi & C . M .
sob controle da magnitude do reforço do Bori, trads.). São Paulo: E P U .
que sob controle da sua imediaticidade Kohlenberg, R . J. & T s a i , M . (1991/2001).
(sobre autocontrole, ver o Capítulo 6). P s i c o t e r a p i a Analítica F u n c i o n a l : C r i a n d o
Intervenções para produzir resultados rá- relações terapêuticas i n t e n s a s e c u r a t i v a s (F.
Conte, M . Delitti, M . Z . da S. Brandão, R R.
pidos podem ser desastrosas ou, no mí-
Derdyk, R . R . Kerbauy, R . C . Wielenska, R.
nimo, ineficazes. O caminho mais longo
A. Banaco, R . Starling, trads.). Santo André:
pode produzir melhores resultados. Cabe ESETec.
ao terapeuta criar condições para que o Matthews, B. A . , Catania, A . C . & Shimoff, E . T .
chente resolva os seus problemas, e não (1985). Effects of uninstructed verbal beha-
resolvê-los por ele. vior on nonverbal responding: Contingency
descriptions versus performance descrip-
tions. J o u r n a l of t h e E x p e r i m e n t a l A n a l y s i s of
REFERENCIAS Behavior, 43,155-164.
Baldwin, }. D . & Baldwin, J. 1. (1998). B e h a v i o r Medeiros, C . A. (2002a). Análise funcional do
p r i n c i p i e s i n e v e r y d a y life. New Jersey: Pren- comportamento verbal na clínica compor-
tice H a l l . tamental. E m A. M , S. Teixeira, A. M . Lé
Baum, W . M . (1994/1999). C o m p r e e n d e r o b e h a - Sénéchal-Machado, N . M . S. Castro & S. D.
v i o r i s m o : Ciência, c o m p o r t a m e n t o e c u l t u r a Cirino (Orgs.), Ciência do c o m p o r t a m e n t o :
(M. T . A . Silva, G . Y. Tomanari & E . E . Z . Conhecer e avançar (pp. 176-187). Santo
Tourinho, trads.). Porto Alegre: Artmed. André: ESETec.
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