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Teoria Geral da Sociedade
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DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral da Sociedade
Tácio Muzzi
Apresentação..................................................................................................................3
Teoria Geral da Sociedade ..............................................................................................4
1. Teoria Geral das Sociedades. ........................................................................................4
1.1. Conceito.....................................................................................................................4
1.2. Elementos. ................................................................................................................5
1.3. Classificação das Sociedades.................................................................................. 12
1.4. Princípios do Direito Societário...............................................................................24
1.5. Personalidade Jurídica............................................................................................24
1.6. Desconsideração da Personalidade Jurídica........................................................... 30
1.7. Sócios e Acionistas.................................................................................................45
2. Teoria dos Títulos de Crédito.................................................................................... 50
2.1. Conceito de Título de Crédito no Código Civil.......................................................... 50
2.2. Princípios dos Títulos de Crédito............................................................................ 51
2.3. Atributos/Características dos Títulos de Crédito. . ................................................. 60
2.4. Classificação dos Títulos de Crédito.......................................................................62
2.5. Atos Cambiários. .................................................................................................... 73
2.6. Aval........................................................................................................................ 81
2.7. Protesto................................................................................................................. 91
Resumo........................................................................................................................ 99
Questões de Concurso................................................................................................. 106
Gabarito....................................................................................................................... 112
Gabarito Comentado. .................................................................................................... 113
Referências................................................................................................................. 132
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Apresentação
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Antes de mais, é importante saber que a sociedade não é criação do Direito brasileiro e
muito menos é um instituto recente.
Autores como Marcelo Bertoldi e Márcia Carla Ribeiro, acompanhados de outros doutri-
nadores, verificam antecedentes históricos das sociedades no Direito Romano, tanto com o
objetivo de gerenciar bens deixados por herança (sociedade familiar), como para o desenvol-
vimento de atividades específicas (ex., compra de escravos). Contudo, destaco, ainda não se
discutia a constituição de personalidade jurídica própria para a sociedade.
Na idade média, com o mercantilismo, o instituto evoluiu, tendo como base a ideia de se-
paração do patrimônio da sociedade em relação aos seus sócios, objetivando a segregação
de riscos, sobretudo do comerciante.
No século XVII, com as grandes navegações e os empreendimentos de vulto que as envol-
viam, temos o surgimento das primeiras sociedades por ações (v.g., Companhia Holandesa
das índias Orientais em 1602), com a reunião de substancial capital, dividido em ações, e con-
tando com a participação de um número considerável de pessoas. Nessas, o que importava
era o aporte de capital pelos acionistas e não propriamente a pessoa do acionista.
Já em relação à sociedade limitada, tipo mais difundido na atualidade, José Edwaldo Ta-
veres Borba nos informa que a sua concepção é mais recente, surgindo na Alemanha no sé-
culo XIX.
1.1. Conceito
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Embora a efetiva segregação do patrimônio dos sócios com o da sociedade somente ocorra
com a constituição de personalidade jurídica própria (o limite da responsabilidade dos sócios
dependerá do tipo societário adotado), a personalidade jurídica não é elemento que necessa-
riamente integra o conceito de sociedade. Basta dizer que o próprio CC prevê expressamente
a possibilidade de sociedades não personificadas, ou seja, sem personalidade jurídica, a sa-
ber: a sociedade em comum (art. 986 a 990) e a sociedade em conta de participação (art. 991
a 996), ambas reguladas no Subtítulo I – Da sociedade não personificada (Título II – Da so-
ciedade).
1.2. Elementos
Por se tratar de ato jurídico, o ato constitutivo terá como elementos gerais os previstos no
art. 104 do CC:
• agentes capazes (no caso, consenso entre agentes capazes);
• objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
• forma prescrita ou não proibida por lei.
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A constituição da sociedade (do latim societas, que entre os seus significados está o de
“associação amistosa com outros”), a princípio somente faz sentido com a participação de
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duas ou mais pessoas. Não por acaso o ato constitutivo da sociedade tem natureza de con-
trato plurilateral.
Em razão disso, o art. 1.033, IV do CC prevê que uma das causas para dissolução da so-
ciedade é “a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias.”
Contudo, há hipóteses legais em que a sociedade pode ser constituída por somente uma
pessoa ou continuar suas atividades temporariamente com apenas um sócio, sendo exceção
à regra da pluralidade de sócios.
Destaco que a sociedade unipessoal, tão defendida por alguns doutrinadores, hoje é realida-
de no Direito brasileiro em relação à sociedade limitada, conforme previsto no §§1º e 2º do
art. 1.052 do CC, cuja redação foi dada pela Lei 13.874, de 2019 (Lei da Liberdade Econômica:
Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas
quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.
§ 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas.
§ 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único, no que couber,
as disposições sobre o contrato social. (negritei)
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sociedade anônima (art. 206, I, ‘d’ da Lei das S.A.): a companhia será dissolvida caso,
verificada em assembleia geral ordinária (AGO) tal hipótese, não houver recomposição
de no mínimo 2 acionistas até a AGO do ano seguinte.
Errada.
De fato, a subsidiária integral caracteriza-se por ser uma sociedade unipessoal, contudo ela
é regulada pelo art. 251 e seguintes da Lei das S.A., devendo ser uma “companhia” (ou seja,
sociedade anônima), nos termos dos arts. 1º e 251, caput:
Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade
dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.
(negritei)
SEÇÃO V
Subsidiária Integral
Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo como único acionis-
ta sociedade brasileira.
(...)
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Art. 980-A, §3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da con-
centração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das
razões que motivaram tal concentração.
Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:
IV – a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive na hi-
pótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no Registro
Público de Empresas Mercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário indivi-
dual ou para empresa individual de responsabilidade limitada, observado, no que couber, o dispos-
to nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.
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Correta.
O §3º do art. 980-A e o parágrafo único do art. 1.033 do CC permitem expressamente que a
EIRELI resulte da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio.
Da mesma forma que a sociedade empresária, caso reste somente um sócio, pode ser
transformada em empresário individual, o Código Civil também admite que esse, caso admita
sócio(s) transforme-se em sociedade empresária.
Confira o disposto no art. 969, §3º do CC:
Mas, professor, e se o contrato social tiver cláusula excluindo algum sócio da distribuição
do resultado social?
A resposta, caro(a) aluno(a), é que tal cláusula será considerada nula, nos termos do
art. 1.008 do CC:
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Art. 1.008. É nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das
perdas.
Contudo, observo que tal dispositivo não tem o condão de anular todo o ato constitutivo
da sociedade (até porque contrariaria o princípio da preservação da empresa), devendo ser
considerada como nula (em outras palavras, não escrita) somente a “estipulação contratual”,
ou seja, a cláusula contratual.
Assim, tal cláusula não gerará qualquer efeito jurídico.
Caso não seja estipulada formalmente a distribuição dos resultados, será aplicado o
art. 1.007 do CC, que estabelece que o sócio participa dos lucros e da perda na proporção das
suas quotas:
Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas, na proporção
das respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente participa dos
lucros na proporção da média do valor das quotas.
Também extraímos desse dispositivo que, com relação àquele sócio que contribuiu so-
mente com serviço, esse somente participará dos lucros (e não das perdas) calculado na
proporção da média do valor das quotas.
Errada.
Nos termos do art. 1.007 do CC, aplicado subsidiariamente à sociedade limitada como regra
(“art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas
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Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas, na proporção
das respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente participa dos
lucros na proporção da média do valor das quotas.
Enunciado 534. As associações podem desenvolver atividade econômica, desde que
não haja finalidade lucrativa.
Da mesma forma, entende-se que as associações necessariamente têm que ter plurali-
dade de associados (art. 53, caput, do CC), ao passo que as sociedades, excepcionalmente,
podem ser unipessoais.
Quanto à fundação, essa é um complexo de bens, sendo que a aquisição de personalidade
jurídica própria é direcionada para a realização de um fim de interesse público preestabeleci-
do pelo(s) seu(s) fundador(es), de forma estável e permanente. Já na sociedade o que temos
é uma reunião de pessoas, cujos fins são deliberados de forma livre pelos seus membros.
A fundação é regulada pelo art. 62 e seguintes do Código Civil.
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A primeira classificação que iremos abordar é significativa, uma vez que tem reflexo na
própria aplicação (ou não) do Direito Empresarial.
Nesse sentido, caso a sociedade explore a empresa (atividade econômica organizada)
estaremos diante de uma sociedade empresária, sendo que as demais deverão ser conside-
radas sociedades simples, conforme preceitua o art. 982 do CC.
Note, amigoa) guerreiro(a), que pelo próprio conceito de sociedade (em sentido amplo)
previsto no art. 981 do CC, tanto a sociedade empresária como a sociedade simples desen-
volvem atividade econômica, ou seja, têm finalidade lucrativa (é um dos seus elementos ca-
racterizadores).
Assim, o principal elemento caracterizador da sociedade empresária não é propriamente
o objetivo do lucro (a sociedade simples também tem finalidade lucrativa), mas sim a organi-
zação dos fatores de produção (capital, mão de obra, insumo e tecnologia).
Dessa forma, a sociedade simples usualmente será utilizada para o desenvolvimento de
atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística, havendo pessoalidade na sua
atuação.
É importante saber que, anteriormente à promulgação do Código Civil atual em 2002, fa-
zia-se a diferenciação entre sociedade comercial e sociedade civil. Contudo, essa distinção
deixou de fazer sentido com a introdução de vez da teoria da empresa no Direito pátrio.
DICA!
Por força legal (art. 982, parágrafo único), independentemente
do objeto, as sociedades por ações serão sempre socieda-
des empresárias e as cooperativas serão sempre sociedades
simples:
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empre-
sária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade
própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples,
as demais.
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Letra b.
Por força do art. 982, parágrafo único, do CC, a cooperativa, independentemente do objeto,
será sempre considerada sociedade simples:
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto
o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por
ações; e, simples, a cooperativa.
c/d/e) Erradas. A cooperativa jamais será sociedade empresária, conforme exposto, sendo
que a falência e a recuperação judicial são institutos aplicados exclusivamente aos empresá-
rios (em sentido amplo), nos termos do art. 1º da Lei 11.101, de 2005:
Art. 1º Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empre-
sário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor. (negritei).
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A inscrição da sociedade empresária deverá ser feita na Junta Comercial (art. 982 do CC),
sendo que a sociedade simples será inscrita no Registro Civil das Pessoas Jurídicas (art. 998
do CC).
Errado.
A sociedade empresária e o empresário individual (ambos são empresários, em sentido am-
plo) vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comer-
ciais (art. 982 c/c 967 do CC) e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas
(art. 998 do CC), sintetizado pelo art. 1.150 do CC:
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Devemos ter claro, caro(a) aluno(a), que empresário - entendido como sujeito de direitos (as-
pecto subjetivo da empresa) - é o gênero, contemplando as seguintes espécies:
• empresário individual: pessoa natural que explora a empresa (atividade empresarial –
aspecto funcional), cuja definição está no art. 966 do CC. Assim, não tem personalidade
jurídica;
• sociedade empresária: será, em regra, constituída por mais de um sócio ou acionista e,
quando regularmente criada, terá personalidade jurídica (art. 982 do CC);
• empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI): será titularizada por uma só
pessoa (natural ou jurídica) e terá personalidade jurídica própria após a sua regular
criação, tratando-se de ente jurídico personalizado próprio (ou seja, não se confunde
com a sociedade empresária nem com o empresário individual).
2º Critério: Personificação
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Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade,
senão depois de executados os bens sociais.
Tal norma é reforçada pelo disposto no art. 795 do Código de Processo Civil (CPC), que assim
dispõe:
Art. 795. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade, senão nos
casos previstos em lei.
§ 1º O sócio réu, quando responsável pelo pagamento da dívida da sociedade, tem o direito de exi-
gir que primeiro sejam excutidos os bens da sociedade.
§ 2º Incumbe ao sócio que alegar o benefício do § 1º nomear quantos bens da sociedade situados
na mesma comarca, livres e desembargados, bastem para pagar o débito.
Mas há uma exceção: o art. 990 do CC, parte final, estabelece responsabilidade solidária (e
não subsidiária) para aquele que contratou pela sociedade em comum (aquela cujos atos
constitutivos não foram inscritos na Junta Comercial, se sociedade empresarial ou Registro
Civil das Pessoas Jurídicas, se simples):
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Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído
do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.
Correta.
De fato, o art. 990 do CC deve ser interpretado em harmonia com o art. 1.024 do CC, que esta-
belece que a responsabilidade do sócio, mesmo quando ilimitada, é subsidiária.
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Com relação à estrutura econômica, iremos verificar se a sociedade confere maior peso à
pessoa dos sócios ou ao capital por ele aportado, tanto na constituição como no desenvolvi-
mento da atividade econômica:
• sociedade de pessoas (intuitu personae): a affectio societatis predominantemente terá
caráter personalíssimo, estando fortemente vinculada à qualidade de seus sócios.
A sociedade simples, sociedade em nome coletivo, sociedade comandita simples, so-
ciedade em conta de participação são exemplos clássicos;
• sociedade de capitais (intuitu pecuniae): a sociedade adota perfil praticamente impes-
soal, conferindo efetivo valor à contribuição do sócio. As sociedades por ações (socie-
dade anônima e sociedade em comandita por ações) enquadram-se nessa categoria
por excelência.
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Errada.
As sociedades cooperativas caracterizam-se por terem o capital social variável – ou dispen-
sa do capital -, nos termos do art. 1.094, I do CC:
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Errada.
No caso das sociedades institucionais, cujo maior exemplo é a sociedade anônima (também
chamada de ‘companhia’ – art. 2º da Lei das S.A.), a regulação da vida social praticamente
encontra-se disciplinada na Lei das S.A., de forma que há pouca liberdade para o estatuto
social disciplinar as relações sociais.
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Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma
da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).
No caso de ser sociedade empresária a inscrição deverá ser feita na Junta Comercial
(art. 982 do CC), sendo que a sociedade simples será inscrita no Registro Civil das Pessoas
Jurídicas (art. 998 do CC).
Registro posição minoritária de Fábio Ulhoa Coelho, segundo o qual a personalidade jurí-
dica decorreria do contrato entre os sócios, mesmo que verbal. No entanto, conforme pude-
mos verificar acima, tal entendimento contraria expressamente o disposto no CC.
A intenção ao se conferir personalidade jurídica à sociedade é lhe garantir existência pró-
pria, conferindo titularidade de direitos e deveres, com a segregação do seu patrimônio em
relação ao dos seus sócios.
Nesse sentido, repetimos mais uma vez pela relevância: a sociedade não se confunde com
os seus sócios, sendo que a autonomia patrimonial a ela conferida é um instrumento lícito de
alocação e segregação de riscos, objetivando incentivar a exploração da atividade econômica.
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Saliento que a Lei 13.874, de 2019 (Lei da Liberdade Econômica) introduziu artigo especí-
fico reforçando tais aspectos no CC:
Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou
administradores.
Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de aloca-
ção e segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos,
para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos. (destaquei)
Exatamente por esse aspecto, os sócios de uma sociedade empresária não são empresários
– mas empreendedores ou investidores - uma vez que a titular dos direitos, obrigações e pa-
trimônio é a sociedade.
Errada.
Além de a “empresa” dever ser entendida somente no seu aspecto funcional (atividade eco-
nômica organizada), já que há designações próprias para o perfil subjetivo (“empresário”) e
objetivo-patrimonial (“estabelecimento empresarial”), também não há que se confundir a so-
ciedade empresária (que detém personalidade jurídica própria) com os seus sócios (que são
empreendedores ou investidores, mas não empresários).
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Capital Social
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Nos dizeres de Carvalho de Mendonça, “é a primeira das garantias oferecidas aos tercei-
Nas lições de Marcelo Bertoldi e Márcia Carla Ribeiro, o capital social desempenha diver-
social), somente podendo ter acesso ao lucro, ou seja, ao que exceder o capital social;
seu objeto. Além disso, será relevante para estabelecer as forças que determinarão a
condução dos negócios sociais, uma vez que, como regra geral, o peso dos votos será
É importante saber, caro(a) aluno(a), que o capital social é estático, embora não seja imu-
tuição da sociedade. A partir daí, o capital social permanecerá fixo (a não ser que seja altera-
sociedade (nos dizeres de Bevilaqua, “complexo de relações jurídicas de uma pessoa, tendo
Em razão disso, embora o capital social seja o colchão mínimo que irá garantir os credo-
res (por essa razão deve ser intangível, ou seja, não ser objeto de apropriação pelos sócios),
efetivamente será à custa do patrimônio social (dinâmico por natureza) que as obrigações
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Utilizando-se como regra a sociedade simples, o Código Civil permite, a princípio, que a con-
tribuição social possa ser realizada com serviços:
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de
cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
IV – a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;
V – as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;
No entanto, em relação às sociedades limitadas e sociedade por ações não é possível a con-
tribuição com serviços, por contrariarem o art. 1.055, § 2º do CC e o art. 7º da Lei das S.A.:
CC:
Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a
cada sócio.
§2º É vedada contribuição que consista em prestação de serviços.
Lei das S.A.:
Art. 7º O capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie
de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro.
(negritei)
Errada.
Nos termos do art. 1.055, § 2º do CC, é vedado que a contribuição para a sociedade limitada
seja feita com prestação de serviço.
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CC:
Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a
cada sócio.
§2º É vedada contribuição que consista em prestação de serviços.
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Também podemos citar dispositivos legais do Código Tributário Nacional (CTN) e a Con-
solidação das Leis do Trabalho (CLT), embora – ressalto – seja controverso se efetivamente
é disciplinada a desconsideração da personalidade jurídica ou tão-somente são normas que
imputam hipóteses de responsabilização direta dos sócios:
• Código Tributário Nacional (CTN): art. 135 (muitos entendem que nesse caso o que há
é responsabilidade pessoal do sócio);
• Consolidação das Leis do Trabalho (CLT): art. 2º, § 2º e 855-A (também há entendimen-
to semelhante ao do CTN, no sentido de que não seria hipótese de desconsideração
propriamente, mas de responsabilização solidária).
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No âmbito do Código Civil, de forma bem precisa, o legislador estabeleceu como causa
geral da desconsideração da personalidade jurídica o abuso de personalidade.
Confira a redação do caput do art. 50 do CC:
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em 16/05/2017] e outros que entendem que a prova do dolo somente é necessária no caso do
desvio de finalidade [v.g., STJ, REsp 1721239/SP, Relator Ministro PAULO DE TARSO SANSE-
VERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/11/2018].
No entanto, a confusão entre patrimônios, seja intencional ou não, desnatura o próprio
princípio da autonomia patrimonial, tendo o condão de lesar credores. Assim, entendo que
não deve ser exigido o dolo, bastando que seja demonstrada a situação ensejadora da confu-
são patrimonial, nos termos do art. 50, § 2 º do CC.
A esse respeito, reproduzo trecho de recente julgado do STJ sobre o tema:
Importante saber, caro(a) alunoa) que o STJ entende que a mera inexistência ou eventual
encerramento irregular das atividades da sociedade não é suficiente para aplicação da des-
consideração da personalidade jurídica previsto no Código Civil, sendo imprescindível com-
provar o abuso da personalidade (desvio de finalidade ou confusão patrimonial). Confira de-
cisão nesse sentido:
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Registro que o § 4º do art. 50 do CC, incluído pela Lei da Liberdade Econômica em 2019,
consigna que “a mera existência de grupo econômico”, sem a presença do abuso de perso-
nalidade (desvio de finalidade ou confusão patrimonial) “não autoriza a desconsideração da
personalidade da pessoa jurídica.”
É relevante saber que o CDC, no § 2º do art. 28, estabelece a responsabilidade subsidiária
às sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas no que diz
respeito às obrigações consumeristas. Ou seja, quando estivermos diante de relações entre
empresários (sem relação de consumo), a regra será que a mera existência de grupo econô-
mico não autoriza, por si só, a desconsideração.
DICA!
A doutrina considera que o Código Civil adotou a teoria maior
da desconsideração da personalidade jurídica, uma vez que
não basta o descumprimento de uma obrigação creditícia
para sua aplicação, devendo ser comprovada o desvio de fi-
nalidade (teoria maior subjetiva) ou a confusão patrimonial
(teoria maior objetiva).
Já em relação ao Código de Defesa do Consumidor e a Lei
9.605, de 1998 (Infrações ambientais), o entendimento é que
foi adotada a teoria menor bastando para a sua aplicação o
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Confira, amigoa) aluno(a), excelente decisão da Min. Nancy Andrighi, uma das maiores
referências do Direito Empresarial no STJ, pontuando as hipóteses de aplicabilidade da teoria
maior (regra geral) e da teoria menor (regra excepcional) no sistema jurídico brasileiro:
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A sociedade continuará a existir com personalidade jurídica própria, não sendo dissolvida
nem liquidada.
Confira decisão do STJ a respeito:
RECURSO ESPECIAL - DIREITO CIVIL - ARTIGOS 472, 593, II e 659, § 4º, DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL - FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE – INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284/STF
- DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA -
MEDIDA EXCEPCIONAL - OBSERVÂNCIA DAS HIPÓTESES LEGAIS - ABUSO DE PERSO-
NALIDADE - DESVIO DE FINALIDADE CONFUSÃO PATRIMONIAL - DISSOLUÇÃO IRRE-
GULAR DA SOCIEDADE – ATO EFEITO PROVISÓRIO QUE ADMITE IMPUGNAÇÃO - BENS
DOS SÓCIOS - LIMITAÇÃO ÀS QUOTAS SOCIAIS - IMPOSSIBILIDADE - RESPONSABILI-
DADE DOS SÓCIOS COM TODOS OS BENS PRESENTES E FUTUROS NOS TERMOS DO
ART. 591 DO CPC - RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTEN-
SÃO, IMPROVIDO.
(...)
IV – A desconsideração não importa em dissolução da pessoa jurídica, mas se consti-
tui apenas em um ato de efeito provisório, decretado para determinado caso concreto
e objetivo, dispondo, ainda, os sócios incluídos no pólo passivo da demanda, de meios
processuais para impugná-la.
V – A partir da desconsideração da personalidade jurídica, a execução segue em direção
aos bens dos sócios, tal qual previsto expressamente pela parte final do próprio art. 50,
do Código Civil e não há, no referido dispositivo, qualquer restrição acerca da execução,
contra os sócios, ser limitada às suas respectivas quotas sociais e onde a lei não distin-
gue, não é dado ao intérprete fazê-lo.
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[STJ, REsp 1169175/DF, Relator Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado
em 17/02/2011].
Ainda utilizando esse acórdão como referência, verificamos que a partir da desconside-
ração da personalidade jurídica, o sócio responde com todo o seu patrimônio, ou seja, a sua
responsabilidade limitada não fica restrita às suas respectivas quotas sociais.
Outro ponto importante: somente serão atingidos os sócios e administradores que se
beneficiaram do uso abusivo da pessoa jurídica, incluindo excepcionalmente sócio que não
exerça poderes de administração ou gerência.
Nesse sentido decidiu o STJ:
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[STJ, REsp 1412997/SP, Relator Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, jul-
gado em 08/09/2015]
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO
DA PERSONALIDADE JURÍDICA. SOCIEDADE LIMITADA.SÓCIA MAJORITÁRIA QUE, DE
ACORDO COM O CONTRATO SOCIAL, NÃO EXERCE PODERES DE GERÊNCIA OU ADMI-
NISTRAÇÃO. RESPONSABILIDADE.
1. Possibilidade de a desconsideração da personalidade jurídica da sociedade limitada
atingir os bens de sócios que não exercem função de gerência ou administração.
2. Em virtude da adoção da Teoria Maior da Desconsideração, é necessário comprovar,
para fins de desconsideração da personalidade jurídica, a prática de ato abusivo ou frau-
dulento por gerente ou administrador.
3. Não é possível, contudo, afastar a responsabilidade de sócia majoritária, mormente se
for considerado que se trata de sociedade familiar, com apenas duas sócias.
4. Negado provimento ao recurso especial.
[STJ, REsp 1315110 / SE, Relator Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado
em 28/05/2013].
Da mesma forma, não se depreende do art. 50 do CC qualquer óbice para se buscar bens
de ex-sócio que se beneficiou do abuso de personalidade (desvio de finalidade ou confusão
patrimonial) quando integrava o quadro social.
Não há que se falar, inclusive, em prazo máximo para perquirir a responsabilidade do ex-
-sócio, uma vez que a desconsideração da personalidade jurídica é considerada hipótese de
responsabilidade extraordinária.
Confira decisão do STJ a respeito:
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empresa -, frente a credores cujos direitos não são satisfeitos, mercê da autonomia
patrimonial criada pelos atos constitutivos da sociedade.
2. Ao se pleitear a superação da pessoa jurídica, depois de verificado o preenchimento
dos requisitos autorizadores da medida, é exercido verdadeiro direito potestativo de
ingerência na esfera jurídica de terceiros - da sociedade e dos sócios -, os quais, inicial-
mente, pactuaram pela separação patrimonial.
3. Correspondendo a direito potestativo, sujeito a prazo decadencial, para cujo exercício
a lei não previu prazo especial, prevalece a regra geral da inesgotabilidade ou da perpe-
tuidade, segundo a qual os direitos não se extinguem pelo não-uso. Assim, à míngua de
previsão legal, o pedido de desconsideração da personalidade jurídica, quando preenchi-
dos os requisitos da medida, poderá ser realizado a qualquer tempo.
4. Descabe, por ampliação ou analogia, sem qualquer previsão legal, trazer para a des-
consideração da personalidade jurídica os prazos prescricionais previstos para os casos
de retirada de sócio da sociedade (arts. 1003, 1.032 e 1.057 do Código Civil), uma vez que
institutos diversos.
Desconsideração Inversa
Comumente, a desconsideração tem como escopo atingir o patrimônio dos sócios ou ad-
ministradores para satisfazer débito da pessoa jurídica (desconsideração da personalidade
jurídica propriamente).
Contudo, também se admite a desconsideração inversa, ou seja, quando, para satisfazer
dívida de algum sócio ou administrador, o credor direciona sua ação para atingir o patrimônio
da pessoa jurídica.
Atualmente, com a inserção do §3º ao art. 50 pela Lei 13.874, de 2019, o Código Civil con-
templa expressamente essa hipótese:
Art. 50, § 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das
obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.
No entanto, registro que o STJ já admitia a desconsideração inversa mesmo antes de es-
tar previsto no CC, cabendo dizer que o §2º do art. 133 do CPC já fazia expressa referência a
essa modalidade de desconsideração:
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É muito importante, caro(a) aluno(a), não confundir hipóteses legais em que a respon-
sabilidade do sócio é subsidiária à da sociedade (v.g., quando a responsabilidade do sócio é
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ilimitada e os bens sociais não cobrirem as suas dívidas – art. 1.023 do CC) com a desconsi-
deração da personalidade jurídica, que deve ser solicitado por meio de incidente próprio.
Na hipótese de responsabilidade pessoal dos sócios ou administradores, esses podem
ser diretamente demandados, não necessitando de se utilizar a desconsideração.
Confira a respeito o Enunciado 229 da III Jornada de Direito Civil:
Enunciado 229
A responsabilidade ilimitada dos sócios pelas deliberações infringentes da lei ou do con-
trato torna desnecessária a desconsideração da personalidade jurídica, por não cons-
tituir a autonomia patrimonial da pessoa jurídica escudo para a responsabilização pes-
soal e direta.
Enunciado 48
A apuração da responsabilidade pessoal dos sócios, controladores e administradores
feita independentemente da realização do ativo e da prova da sua insuficiência para
cobrir o passivo, prevista no art. 82 da Lei n. 11.101/2005, não se refere aos casos de
desconsideração da personalidade jurídica.
Enunciado 284
As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins não-econômicos
estão abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica.
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Letra b.
O art. 50, § 3º do CC, com a redação conferida pela Lei 13.874, de 2019, permite expressamen-
te a desconsideração inversa, devendo ser registrado que o STJ já a admitia mesmo antes de
ser previsto expressamente no CC:
Art. 50, § 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das
obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.
a) Errada. A falta de arquivamento dos atos constitutivos faz com que a sociedade seja con-
siderada irregular. Contudo, para a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica,
é necessário que seja configurado o desvio de finalidade ou a confusão patrimonial (art. 50,
caput, do CC).
c) Errada. O CDC adotou a teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica, bas-
tando para a sua aplicação o não pagamento de um crédito, nos termos do art. 28, §5º do CDC:
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d) Errada. Não faz sentido a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica aos em-
presários individuais porque simplesmente eles não têm personalidade jurídica própria.
e) Errada. Não há óbice à aplicação da desconsideração aos ex-sócios desde que tenha se
beneficiado do abuso da personalidade jurídica quando integraram o quadro social.
Os sócios ou acionistas serão aqueles que detêm quota ou ação de uma sociedade, re-
presentativa de parcela do seu capital social (excepciona-se somente os casos em que for
permitida a contribuição em serviço).
Importante saber, caro(a) aluno(a), que o Código Civil elegeu a estrutura da sociedade
simples para disciplinar, de forma geral, as principais diretrizes relativas às sociedades, com
exceção da sociedade por ações, que é regida por lei própria (Lei 6.404, de 1976), aplicando-
-se o CC a elas somente no caso de omissão de tal lei.
Nesse sentido, os direitos e os deveres básicos dos sócios encontram-se disciplinados
nos arts. 1.001 a 1.009 do CC (Seção II – Dos Direitos e Obrigações dos Sócios, do Capítulo
I – Da Sociedade Simples), mas também em outros dispositivos do CC.
Deveres
Antes de mais nada, o art. 1.001 estabelece que as obrigações dos sócios começam ime-
diatamente com a assinatura do contrato (salvo se este fixar outra data) e terminam com a
liquidação da sociedade, quando se extinguirem as obrigações sociais.
São estabelecidas as seguintes obrigações aos sócios:
• Contribuir para a sociedade: integralizar suas respectivas quotas com recursos financeiros,
bens ou serviços. Caso não integralize (sócio remisso), responderá pelo dano emergente
da mora caso não cumpra a sua obrigação em 30 dias após ser notificado (art. 1.004);
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• Responder pela evicção caso integralize o capital com transferência de domínio, posse
ou uso: ou seja, o sócio responde pela evicção (perda da posse ou da propriedade deter-
minada judicialmente – art. 447 a 457 do CC) caso integralize o capital social com bens;
• Responder pela solvência caso integralize o capital com crédito;
• Atuação exclusiva do sócio que contribuir com serviço: salvo convenção em contrário,
é vedado ao sócio que contribuiu com serviço empregar-se em atividade estranha à
sociedade;
• Participar das perdas: necessariamente os sócios devem participar dos resultados so-
ciais, inclusive perdas, regra geral na proporção das suas quotas. Há exceção em rela-
ção ao sócio que contribui com serviço, que somente participará dos lucros na propor-
ção da média do valor das quotas (art. 1.007);
• Lealdade: o sócio deverá agir de forma leal com a sociedade. Nesse sentido, o exer-
cício do voto deve ser direcionado a atender ao interesse da sociedade, podendo res-
ponder por perdas e danos caso participe de deliberação aprovada graças a seu voto
em detrimento do interesse social (art. 1.010, §3º). Da mesma forma, é vedado anuir e
ser beneficiário de distribuição de lucros ilícitos ou fictícios, hipótese que responderá
solidariamente caso conheça ou devesse conhecer a ilicitude (art. 1.009), entre outras
hipóteses.
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e) Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas, na proporção das
respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente participa
dos lucros na proporção da média do valor das quotas.
Letra e.
Nos termos do art. 1.007 do CC, “salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e
das perdas, na proporção das respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em
serviços, somente participa dos lucros na proporção da média do valor das quotas.”
a) Errada. A regra é a exclusividade em relação ao sócio que contribua com serviços, mas o
art. 1.006 admite convenção em contrário.
b) Errada. O art. 998, caput, estabelece o prazo de 30 dias após a sua constituição para a
sociedade simples fazer a inscrição no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua
sede. Caso seja sociedade empresária, tal registro deverá ser feito na Junta Comercial.
d) Errada. Nos termos do art. 1.001 do CC, “as obrigações dos sócios começam imediatamen-
te com o contrato, se este não fixar outra data, e terminam quando, liquidada a sociedade, se
extinguirem as responsabilidades sociais.”
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Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele
contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. (negritei)
Do pouco que mudou do conceito, ao trocar a palavra “mencionado” por “contido”, o Códi-
go Civil recebeu crítica da doutrina, uma vez que se entende que o título não contém o crédito
propriamente, mas sim faz menção a ele por conta do princípio da autonomia que estudare-
mos na sequência.
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Antes de abordar os princípios, atributos e características dos títulos de crédito, faço uma ob-
servação muito importante: o Código Civil somente se aplica aos títulos de créditos regulados
por leis especiais (todos os títulos de crédito próprios são disciplinados em leis especiais)
caso não haja disposição em contrário, ou seja, havendo contrariedade aplica-se a lei espe-
cial de regência:
Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto
neste Código. (negritei)
1º Princípio: Cartularidade
De acordo com o conceito de Vivante, adotado pelo CC, o título de crédito é o documento
necessário para o exercício do direito nele mencionado.
Assim, pelo princípio da cartularidade, o credor para exercer o direito de crédito deverá
estar na posse legítima do título de crédito (ou seja, da cártula).
Como desdobramentos temos que:
• a transferência do crédito necessariamente demandará a tradição do título, implicando
a transferência de todos os direitos que lhe são inerentes (art. 893 do CC);
• como regra, o crédito nele mencionado somente poderá ser cobrado com a apresen-
tação do documento original, inclusive quando for necessário ajuizar ação judicial, ou
seja, o título de crédito original deverá instruir a petição inicial;
• a princípio, só é possível o protesto do título com a apresentação do original.
Por oportuno, saiba que alguns autores, como João Eunápio Borges, também se referem
à cartularidade como o princípio da incorporação, sugerindo o “amálgama entre documento
e direito de crédito.”
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Da mesma forma, há doutrinadores, como Newton de Lucca, que, com base na doutrina
italiana, sustentam que os títulos de crédito estão inseridos na categoria de “documentos dis-
positivos”, ou seja, documentos que são essenciais para o nascimento do direito, ao contrário
dos “documentos probatórios”, cuja função é mais processual, no sentido de provar o direito.
Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dos direitos que
confere, e a assinatura do emitente.
§3º O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico
equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previs-
tos neste artigo.
O Enunciado 462 da V Jornada de Direito Civil confere grande amplitude a esse dispositivo
legal, entendendo que não só a emissão, mas os atos cambiários do aceite, do endosso e do
aval também podem ser feitos eletronicamente:
Enunciado 462
Art. 889, § 3º: Os títulos de crédito podem ser emitidos, aceitos, endossados ou avaliza-
dos eletronicamente, mediante assinatura com certificação digital, respeitadas as exce-
ções previstas em lei.
O STJ tem dado guarida à essa nova realidade, como por exemplo aceitando o protesto de
duplicata virtual por mera indicação, nos termos do art. 15, §2º, da Lei 5.474, de 1968, sem a
apresentação física do título:
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Enunciado 461
Art. 889: As duplicatas eletrônicas podem ser protestadas por indicação e constituirão
título executivo extrajudicial mediante a exibição pelo credor do instrumento de protesto,
acompanhado do comprovante de entrega das mercadorias ou de prestação dos servi-
ços. (negritei)
Da mesma forma, é importante citarmos o disposto no art. 425, §2º do CPC, que abre a
possibilidade da utilização de cópia digital de título executivo extrajudicial (nos quais os títu-
los de créditos se incluem):
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2º Princípio: Literalidade
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• eventual aval ou endosso dado em documento separado também não surtirá os efeitos
cambiais que lhes são próprios.
3º Princípio: Autonomia
“Antônio vende a Benedito o seu automóvel usado, consentido receber metade do preço no
prazo de sessenta dias.
Nesse caso, a nota (promissória) representa a obrigação do comprador, na compra e venda do
automóvel. O ato de compra será chamado de ‘relação fundamental’ ou ‘negócio originário’,
porque o título foi emitido com o propósito inicial de o documentar.
Imagine-se, então, que Antônio é devedor de Carlos, em importância próxima ao valor facial da
nota promissória. Se Carlos concordar, o débito de Antônio poderá ser satisfeito com a trans-
ferência do crédito que titulariza em razão da nota (esse ato de transferência é o endosso).
Nessa hipótese, o título que representava, originalmente, apenas a obrigação de Benedito
pagar a Antônio o saldo devedor do valor do automóvel, passou a representar duas outras
relações jurídicas: a de Antônio satisfazendo sua dívida junto a Carlos; e a de Benedito deve-
dor de título agora em mãos de Carlos.
São três relações documentadas numa única nota promissória. Como as obrigações corres-
pondentes são autônomas, umas das outras, eventuais vícios que venham a comprometer
qualquer delas não contagiam as demais. Quer dizer, se o automóvel adquirido por Benedito
possui vício redibitório, isso não o exonera de satisfazer a obrigação cambial perante Carlos.
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Os problemas relacionados com a compra e venda do automóvel usado podem influir na rela-
ção jurídica entre os participantes da relação originária do título (isto é, Antônio e Benedi-
to), mas não interferem minimamente com os direitos dos terceiros de boa-fé para quem o
mesmo título foi transferido (Carlos).” (negritei)
A doutrina entende que dois subprincípios decorrem do princípio da autonomia das obri-
gações cambiais: abstração dos títulos de créditos e inoponibilidade das exceções pessoais
ao terceiro de boa-fé.
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Da mesma forma, o art. 17 da Lei Uniforme de Genebra sobre letra de câmbio e notas pro-
missórias (LUG – introduzida no ordenamento jurídico brasileiro por meio do Decreto 57.663,
de 1966) assim dispõe:
Art. 17. As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador exceções fun-
dadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos
que o portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor.
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DICA!
Ressalto que o princípio da autonomia e seus subprincípios
(abstração e inoponibilidade de exceções pessoais somente
serão aplicáveis com a circulação do título de crédito. Nesse
sentido, se o título de crédito estiver na posse do credor origi-
nal será possível discutir o negócio jurídico original.
Letra c.
O princípio da autonomia e seus subprincípios (abstração e inoponibilidade de exceções pes-
soais) somente se fará presente com a circulação do título de crédito, podendo o credor origi-
nal discutir o negócio jurídico originário, inclusive judicialmente.
Ponto importante diz respeito à prescrição do título de crédito: além da perda da executi-
vidade do título de crédito, também desaparecerá a sua cambiaridade, ou seja, o documento
não ostentará mais as características próprias aos títulos de créditos.
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Nesse sentido, para efetuar a cobrança do crédito o credor terá que discutir o negócio
originário que motivou a emissão do título.
Confira decisão do STJ a respeito:
No que diz respeito ao aval, o STJ entende que “o avalista não responde por dívida estabe-
lecida em título de crédito prescrito, salvo se comprovado que auferiu benefício com a dívida.”
Confira a respeito excerto do Informativo 430:
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De qualquer forma, é importante registrar observação também de Fábio Ulhoa Coelho, ci-
tando diversos outros autores (Fran Martins, Rubem Requião e Newton de Lucca), no sentido
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Tal classificação toma como base o conceito proposto por Vivante para título de crédito e
consequentemente a aplicação integral (ou não) do regime jurídico cambial.
De forma geral, separamos os títulos de crédito em duas categorias:
• Títulos de crédito próprio: são os títulos de crédito clássicos, que se enquadram inte-
gralmente no conceito preceituado por Vivante, com a consequente aplicabilidade dos
princípios (cartularidade, literalidade e autonomia) e atributos (negociabilidade e exe-
cutividade) que lhe são próprios. São exemplos a letra de câmbio, a nota promissória,
o cheque e a duplicata;
• Títulos de crédito impróprio: não seguem integralmente tais princípios ou ostentam so-
mente parte dos atributos dos títulos de crédito próprios. De forma geral, são subdividi-
dos em: i) título de representação: asseguram ao portador prêmio ou acesso a serviço.
Ex., bilhete de loteria, ticket de cinema ou show; ii) títulos de investimento: emitente tem
como escopo se capitalizar, mas usando distribuição em massa. Ex., debêntures (em
relação ao emissor - companhia), letras de crédito imobiliários; iii) títulos de financia-
mento: título é emitido para garantir financiamento a prazo. Ex., cédula e nota de crédito
imobiliário; iv) títulos representativos: irá representar qualquer outra obrigação, mas
não necessariamente financeira. Ex., conhecimento de frete (frete tem como obrigação
principal entrega de coisa), debênture (em relação ao investidor será gerado crédito
decorrente de contrato de mútuo).
Consigno que os títulos de crédito próprios, por serem talvez os instrumentos mais tra-
dicionais de circulação de riqueza, influenciaram a criação de outros títulos com vocação
semelhante.
Quanto aos títulos de créditos impróprios, embora não estejam sujeitos própria ou inte-
gralmente ao regime cambiário, alguns princípios e atributos lhes aproveitam, a depender da
sua moldura jurídica.
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Valores Mobiliários
Não há dúvida que o título de crédito também inspirou a criação dos valores mobiliários,
que tem objetivo um pouco mais amplo, já que além da circulação de riqueza, também propi-
ciam a captação de recursos no mercado.
Contudo, eles se diferenciam sobretudo pela função econômica. Enquanto o título de cré-
dito enceta somente relação creditícia unitária, os valores mobiliários são vocacionados para
a distribuição em massa, podendo materializar não só uma dívida (v.g., debêntures), como
também a própria participação na companhia emissora (v.g., ação).
O art. 2º da Lei 6.385, de 1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários, assim
os discrimina:
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Tomando como base o Capítulo II (Do Título ao Portador), Capítulo III (Do Título à Ordem)
e Capítulo IV (Do Título Nominativo) do Título VIII (Título de Crédito) do Código Civil, a doutrina
mais moderna classifica os títulos de crédito no que diz respeito à transferência ou circulação
nos seguintes moldes:
• Título ao portador: irá circular com a mera tradição (art. 904 do CC), não havendo men-
ção expressa ao nome do credor. Assim, a titularidade do crédito irá operar com a mera
transferência do título, sendo que o detentor terá direito à prestação mediante sua
apresentação ao devedor.
• Título nominal: o titular é expressamente nominado. Para a sua transferência, além da
tradição, será necessária a realização de ato formal. Subdivide-se em i) título nominal
com cláusula ‘à ordem’, em que o ato formal será o endosso (art. 910 do CC), atraindo o
regime jurídico cambiário. Os títulos de créditos típicos adotam essa modalidade como
regra (cheque, duplicata, nota promissória e letra de câmbio); e ii) título nominal com
cláusula ‘não à ordem’, que significa que o possuidor do título não poderá endossá-lo,
ou seja, a transferência do título será realizada pela forma e com o efeito da cessão civil
de crédito (art. 919 do CC e art. 11, §1º da LUG).
• Título nominativo: é aquele emitido em favor de pessoa cujo nome conste no registro
do emitente (art. 921 do CC). A transferência será realizada mediante termo, em registro
do emitente, assinado pelo proprietário e pelo adquirente (art. 922 do CC) ou endosso,
hipótese em que deverá conter o nome do endossatário e só terá eficácia perante o
emitente se for feita a averbação no referido registro (art. 923 do CC.
Consigno que outros autores dividem tal categoria em somente dois tipos, a saber, ao por-
tador e nominativo (com as subespécies ‘à ordem’ ou ‘não à ordem’). Contudo, diante das
características dessa última espécie (nominativo) positivadas no CC (transferência mediante
termo, em registro do emitente), entendo que a maior parte dos títulos se enquadram em uma
outra categoria, denominada modernamente como “título nominal”.
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Devo dizer que o título de crédito não pode ser reivindicado do portador, a não ser que
a aquisição tenha sido de má-fé ou em desacordo com as normas que disciplinam a sua
circulação:
Art. 896. O título de crédito não pode ser reivindicado do portador que o adquiriu de boa-fé e na
conformidade das normas que disciplinam a sua circulação.
Errada.
O art. 896 do CC dispõe de forma contrária:
Art. 896. O título de crédito não pode ser reivindicado do portador que o adquiriu de boa-fé e na
conformidade das normas que disciplinam a sua circulação.
Em relação aos títulos de crédito próprios (letra de câmbio, nota promissória, duplicata e
cheque), aos quais são aplicados na integralidade o regime jurídico cambial, a regra geral é
não ser possível a sua emissão sem a identificação do credor, sobretudo após a vedação es-
tabelecida pelo art. 2º da Lei 8.021, de 1991(Plano Collor). Ou seja, tais títulos não podem ser
emitidos ao portador.
A única exceção seria o cheque em valor não superior a R$ 100,00, por força do disposto no
art. 69 da Lei 9.069, de 1995 (Lei do Plano Real):
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Art. 69. A partir de 1º de julho de 1994, fica vedada a emissão, pagamento e compensação de che-
que de valor superior a R$ 100,00 (cem Reais), sem identificação do beneficiário.
Parágrafo único. O Conselho Monetário Nacional regulamentará o disposto neste artigo.
Contudo, há casos em que legislação especial em relação a títulos de crédito impróprios, por
suas peculiaridades, estabelecem como regra a portabilidade do título.
Cito como exemplo o bilhete de loteria, que é disciplinado em lei própria (Decreto-lei 204, de
1967 - Dispõe sobre a exploração de loterias), em que se estabelece que, como regra, tal título
será ao portador, garantindo ao seu detentor o pagamento de eventual prêmio:
Decreto-lei 204/67:
Art. 6º O bilhete de loteria, ou sua fração, será considerado nominativo e intransferível quando con-
tiver o nome e endereço do possuidor. A falta desses elementos será tido como ao portador, para
todos os efeitos. (redação original).
Ou seja, a princípio, a pessoa legitimada para reivindicar o prêmio de loteria será o porta-
dor do bilhete. Contudo, não necessariamente será o titular do direito ao prêmio (lembre-se,
não é um título de crédito próprio!!!).
Nesse sentido decidiu o STJ:
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Letra e.
O bilhete de loteria é considerado como sendo, em regra, título ao portador, por força do art. 6º
do Decreto-lei 204, de 1967, salvo se houver no título do nome e endereço do portador:
CC:
Art. 904. A transferência de título ao portador se faz por simples tradição.
Decreto-lei 204/67:
Art. 6º O bilhete de loteria, ou sua fração, será considerado nominativo e intransferível quando con-
tiver o nome e enderêço do possuidor. A falta dêsses elementos será tido como ao portador, para
todos os efeitos. (redação original).
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Letra c.
O endosso é o ato cambiário típico de circulação do título nominal à ordem, devendo ser
destacado que a cessão civil de crédito, embora posso operar a transferência, não é um ato
cambiário. Confira a respeito os arts. 910 e do CC:
CAPÍTULO III
Do Título À Ordem
Art. 910. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou anverso do próprio título.
Art. 919. A aquisição de título à ordem, por meio diverso do endosso, tem efeito de cessão civil.
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Letra d.
A inserção da cláusula ‘não à ordem’ implica a transferência pela forma e com os efeitos da
cessão civil de crédito. Confira a respeito o § 1º do art. 11 da Lei Uniforme de Genebra (LUG)
sobre nota promissória e letra de câmbio:
Art. 11. Toda letra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a cláusula à ordem, é trans-
missível por via de endosso.
Quando o sacador tiver inserido na letra as palavras “não à ordem”, ou uma expressão equi-
valente, a letra só é transmissível pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária de
créditos.
Critério: Modelo
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Critério: Estrutura
Serão divididos em:
• Ordem de pagamento: com o saque (emissão) são estabelecidas três relações jurídicas
distintas: i) a do sacador, que emite o título e ordena a realização de pagamento; ii) a
do sacado, contra quem a ordem de pagamento é emitida; iii) a do beneficiário (ou to-
mador), em favor de quem a ordem de pagamento foi passada. Temos como exemplo o
cheque (sacador será o correntista, o sacado é a instituição financeira e o tomador será
quem receber o cheque), a letra de câmbio e a duplicata.
• Promessa de pagamento: existirão somente duas situações jurídicas: i) promitente (ou
sacador), que promete pagar determinada quantia; ii) beneficiário (ou tomador), a quem
a promessa de pagamento é dirigida. O exemplo clássico é a nota promissória.
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mente causal?
a) A duplicata.
b) A letra de câmbio.
c) O cheque.
d) A promissória.
Letra a.
A Duplicata é o exemplo clássico de título de crédito causal, uma vez que somente poderá ser
emitida com base em compra e venda mercantil ou com base em contrato de prestação de
serviço. Confira o art. 2º, caput, e o art. 20, caput da Lei 5.474, de 1968 (Lei das Duplicatas):
Art. 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como
efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar
o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador.
Art. 20. As emprêsas, individuais ou coletivas, fundações ou sociedades civis, que se dediquem à
prestação de serviços, poderão, também, na forma desta lei, emitir fatura e duplicata.
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Errada.
A duplicata é exemplo típico de título causal, uma vez que somente poderá ser emitida com
base em compra e venda mercantil ou com base em contrato de prestação de serviço. Confira
o art. 2º, caput, e o art. 20, caput da Lei 5.474, de 1968 (Lei das Duplicatas):
Art. 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como
efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar
o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador.
Art. 20. As emprêsas, individuais ou coletivas, fundações ou sociedades civis, que se dediquem à
prestação de serviços, poderão, também, na forma desta lei, emitir fatura e duplicata.
Antes de abordar os principais atos cambiário, vamos relembrar: o Código Civil somente se
aplica aos títulos de créditos regulados por leis especiais (todos os títulos de crédito próprios
são disciplinados em leis especiais) caso não haja disposição em contrário, ou seja, havendo
contrariedade aplica-se a lei especial de regência:
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Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto
neste Código. (negritei)
Endosso
Recordemos, caro (a) aluno(a), que um dos principais atributos do título de crédito é a
negociabilidade.
Nesse sentido, o endosso é o ato cambiário vocacionado para a transferência dos títu-
los de crédito, em que o endossante transmite o título (e consequentemente o direito nele
mencionado) ao endossatário – novo credor do título -, ao qual são conferidas salvaguardas
próprias do regime cambial, como por exemplo inoponibilidade de exceções pessoais pelo
emitente do título ou outros endossantes com os quais este (endossatário) não negociou
diretamente, bem como garantia, a princípio, do pagamento da dívida.
Ressalto que o Código Civil, como regra geral, considera como não escrita qualquer cláu-
sula proibitiva de endosso no título de crédito, nos termos do art. 890:
Art. 890. Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva de endosso, a ex-
cludente de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, a que dispense a observância de
termos e formalidade prescritas, e a que, além dos limites fixados em lei, exclua ou restrinja direitos
e obrigações. (negritei)
A regra geral em relação aos títulos de crédito próprios (letra de câmbio, nota promissó-
ria, cheque e duplicata) é circular mediante endosso, sendo implícita, portanto, a cláusula à
ordem.
O endosso poderá ser lançado no verso ou no anverso (na frente) do próprio título (princí-
pio da literalidade). Quando for no verso, será suficiente a simples assinatura do endossante.
Se for no anverso, além da assinatura deverá ser feita menção expressa de que é um endosso
(art. 910, caput e §1º do CC).
Decorrem normalmente dois efeitos do endosso:
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Nos títulos de crédito próprios a regra é o que o endossante, com seu ato, passe automatica-
mente a garantir o pagamento do título, salvo manifestação expressa em contrário (cláusula
“sem garantia”). É o que dispõe, por exemplo, o art. 15 da LUG:
Art. 15. O endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da aceitação como do paga-
mento da letra. O endossante pode proibir um novo endosso, e, neste caso, não garante o paga-
mento às pessoas a quem a letra for posteriormente endossada. (negritei)
Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso, não responde o en-
dossante pelo cumprimento da prestação constante do título.
§1º Assumindo responsabilidade pelo pagamento, o endossante se torna devedor solidário.
§2º Pagando o título, tem o endossante ação de regresso contra os coobrigados anteriores.
Nesse sentido, por força do já citado art. 903 do CC (“Salvo disposição diversa em lei especial,
regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código”) prevalecerá em relação aos títu-
los próprios o disposto nas suas respectivas leis de regência.
Embora a utilização do endosso seja a regra, é possível a inserção – desde que de forma
expressa - da cláusula não à ordem ao título de crédito. Assim, esse não poderá circular me-
diante o endosso, de forma que o ato de transferência passará a ter os efeitos de cessão civil
de crédito.
É o que preceitua o art. 919 do CC e também o art. 11, §1º da Lei Uniforme de Genebra:
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CC:
Art. 919. A aquisição de título à ordem, por meio diverso do endosso, tem efeito de cessão civil.
LUG:
Art. 11. Toda letra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a cláusula à ordem, é trans-
missível por via de endosso.
Quando o sacador tiver inserido na letra as palavras “não à ordem”, ou uma expressão equivalente,
a letra só é transmissível pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária de créditos.
DICA!
A cláusula não à ordem (ou seja, a vedação de a transferência
ser feita por endosso) afasta a aplicação do regime jurídico
cambial, passando a transferência a ser regida pelo regime
jurídico civil relativo à cessão de crédito.
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Destaco que não há limite quanto ao número de endossos, inclusive em relação ao cheque
(houve a revogação da lei da CPMF que estabelecia a possibilidade de apenas um endosso).
Nesse sentido, nos termos do art. 911 do CC, “considera-se legítimo possuidor o portador
do título à ordem com série regular e ininterrupta de endossos, ainda que o último seja em
branco”.
E mais: aquele que paga o título está obrigado a verificar a regularidade da série de endos-
sos, mas não a autenticidade das assinaturas (parágrafo único do art. 911 do CC).
Muito importante, caro(a) aluno(a): o endosso parcial (ou limitado a certo valor da dívida),
bem como o endosso subordinado a qualquer condição são vedados tanto pelo Código Civil,
como pela legislação especial.
Confira a respeito o art. 912 do CC e o art. 12 da LUG:
CC:
Art. 912. Considera-se não escrita no endosso qualquer condição a que o subordine o endossante.
Parágrafo único. É nulo o endosso parcial.
LUG:
Art. 12. O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja subordinado consi-
dera-se como não escrita.
O endosso parcial é nulo.
O endosso ao portador vale como endosso em branco.
(negritei)
Art. 13. O endosso deve ser escrito na letra ou numa folha ligada a esta (anexo). Deve ser assinado
pelo endossante.
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Com o endosso em branco, o título passa a poder circular com a mera tradição, ou seja,
se torna ao portador.
Já o endosso em preto é aquele em que se identifica expressamente o endossatário, ou
seja, a pessoa a quem o título está sendo transferido. Para haver nova circulação do título,
o detentor terá que fazer um novo endosso e, como regra, será garantidor do adimplemento
da dívida.
Marcelo Bertoldi e Márcia Carla Ribeiro respondem com propriedade essa pergunta:
Endosso em branco é aquele que é dado com a simples assinatura do endossante no verso ou na
face do título, sem que conste a designação da pessoa a quem se transfere o título. Para que haja
a transferência do título, basta a tradição manual e, então, a circulação se faz como se ao portador
fosse. Cabe ressaltar que a Lei 8.021/90, em seu art. 2º, II, veda a emissão de títulos ao portador ou
nominativos-endossáveis; entretanto, basta que o endosso em branco seja convertido em endosso
em preto quando da apresentação do título para pagamento. Assim, mesmo vedado por lei, pode
o título circular livremente em branco, desde que, no instante de seu pagamento, seja preenchido.
(negritei)
O endosso próprio é aquele que desempenha a função típica desse ato cambiário, a saber,
a transferência do direito crédito nele mencionado.
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Contudo, temos duas espécies de endosso que não geram esse efeito propriamente, a sa-
ber: o endosso-mandato e o endosso-caução.
O endosso-mandato (ou endosso-procuração) envolve a concessão de poderes ao endos-
satário para agir como seu legítimo representante e exercer os direitos constantes no título,
incluindo cobrá-lo, protestá-lo e executá-lo. Será materializado por meio da aposição de ex-
pressões como “para cobrança”, “valor a cobrar” ou “por procuração”.
Nos termos do art. 917 do CC, podemos destacar três pontos:
• o endosso-mandato confere ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao títu-
lo, salvo restrição expressamente estatuída;
• o endossatário só pode endossar novamente o título na qualidade de procurador, com
os mesmos poderes que recebeu;
• com a morte ou a superveniente incapacidade do endossante, não perde eficácia o
endosso-mandato, ou seja, o endossatário continua com os poderes para a cobrança.
É muito comum que instituições financeiras constem como endossatárias, realizando co-
brança para seus clientes obviamente com remuneração pelo serviço (art. 676 do CC, refe-
rente ao mandato, que garante remuneração pelas atividades, mesmo que não surta o efeito
esperado, salvo culpa do mandatário).
Contudo, embora atue para satisfazer os interesses do endossante, o endossatário so-
mente responderá por eventuais danos causados ao devedor do título se for comprovado que
agiu com culpa, ou seja, extrapolando os poderes do mandato.
É o que preceitua o Enunciado 476 da súmula do STJ:
Súmula 476
O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decor-
rentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário.
No entanto, caso fique configurado que o título foi transferido por meio de endosso translati-
vo (a saber, o endosso normal que opera a transferência completa do título de crédito), o endos-
satário ficará responsável por indenizar eventuais danos decorrentes do protesto, caso o título
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contenha vício formal extrínseco ou intrínseco (ex., protestar duplicata sem causa, ou seja, aque-
la sem aceite e emitida sem a comprovação da entrega da mercadoria ou prestação do serviço).
Nesse sentido decidiu o STJ ao editar o Enunciado 475 da súmula do STJ:
Súmula 475
Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por
endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco,
ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas. (negritei).
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Art. 20. O endosso posterior ao vencimento tem os mesmos efeitos que o endosso anterior. Toda-
via, o endosso posterior ao protesto por falta de pagamento, ou feito depois de expirado o prazo
fixado para se fazer o protesto, produz apenas os efeitos de uma cessão ordinária de créditos.
Salvo prova em contrário, presume-se que um endosso sem data foi feito antes de expirado o prazo
fixado para se fazer o protesto.
Cancelamento do Endosso
Nos termos do § 3º do art. 910, considera-se não escrito o endosso cancelado, total ou
parcialmente.
2.6. Aval
Conceito e Finalidade
Aval é o ato cambiário por meio do qual um terceiro (avalista) se responsabiliza a pagar o
título na mesmas condições que o devedor do título.
O aval poderá ser dado no anverso ou verso do título. Caso seja no anverso (na face),
bastará a assinatura do avalista. Se for no verso, além da assinatura deverá haver menção
expressa de que se trata de aval, como por exemplo a expressão “bom para aval” (art. 898,
caput, e § 1º do CC e art. 30 da LUG).
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Certo.
Confira a redação do art. 898, § 1º do CC:
O aval será em branco caso não identifique a pessoa que está sendo avalizada. Nesse
caso, presume-se que foi dado em favor do emitente ou devedor do título de crédito, conso-
ante o art. 899 do CC (no caso da letra de câmbio, o sacador – art. 31, §2º da LUG).
É interessante registrar que, segundo lições de João Eunápio Borges, podemos cogitar de
o aval ser dado mesmo contra a vontade do avalizado ou mesmo antes de surgir a obrigação
pio da abstração.
ex-sócio deve ser extinta — inclusive as que este tenha assumido individualmente como ava-
lista de negócio jurídico celebrado pela sociedade — depois de transcorridos dois anos da
data da averbação, no contrato social, da alteração que tenha desligado o sócio da sociedade
empresária.
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Errada.
O aval concedido pelo ex-sócio constitui obrigação autônoma, não se confundido com a
relação jurídica entre ele e a sociedade (essa sim disciplinada pelo art. 1.032 do CC, que
estabelece limite de dois anos após averbação para a responsabilização pelas obrigações
sociais). Cabe dizer que o STJ entende que o aval se materializa com a assinatura, sendo ato
incondicional:
Avais simultâneos (ou coavais) ocorrem quando duas ou mais pessoas avalizam conjun-
tamente um título, garantindo a mesma obrigação cambial. Tais avalistas respondem como
se fossem uma pessoa só, respondendo entre eles solidariamente (solidariedade essa em
consonância com as regras do Direito Civil).
Assim, se um dos avalistas pagar a dívida, terá direito de regresso integral contra o de-
vedor principal, mas em relação ao outro avalista somente poderá solicitar o pagamento da
metade da dívida (art. 283 do CC).
Avais sucessivos (ou aval de aval) são aqueles em que uma pessoa avaliza um outro
avalista. Nessa hipótese, todos os avalistas terão a mesma responsabilidade do avalizado,
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sendo que aquele que pagar a dívida terá direito de regresso integral da dívida em relação aos
demais avalistas (e não somente de quota parte).
Em relação aos avais em branco, superpostos, o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu
que são simultâneos (e não sucessivos) aplicando-se aos coobrigados a regra da solidarie-
dade em consonância com as regras do Direito Civil, conforme explicamos ao falar dos coa-
vais. Confira o Enunciado 189 da súmula do STF:
Súmula 189.
Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos.
Errada.
Nos termos da Súmula 189 do STF, os “Avais em branco e superpostos consideram-se simul-
tâneos e não sucessivos.” Ou seja, serão coavais e não aval de aval.
Aval x Fiança
Tanto o aval como a fiança tem por objetivo garantir a dívida de alguém.
Contudo, podemos destacar as seguintes diferenças entre o aval e a fiança:
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sorte que a sua existência, validade e eficácia não estão jungidas à da obrigação avalizada.
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Art. 899. O avalista equipara-se àquele cujo nome indicar; na falta de indicação, ao emitente ou
devedor final.
§1º Pagando o título, tem o avalista ação de regresso contra o seu avalizado e demais coobrigados
anteriores.
§2º Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda que nula a obrigação daquele a quem se equipa-
ra, a menos que a nulidade decorra de vício de forma.
Em relação ao aval da pessoa casada, discute-se sobre a necessidade (ou não) de outorga
uxória ou marital no momento de firmar tal ato, em virtude do disposto no art. 1.647, III do CC
que, a princípio, condiciona o aval à autorização do outro cônjuge, salvo se o regime for o da
separação absoluta:
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648 , nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do
outro, exceto no regime da separação absoluta:
III – prestar fiança ou aval;
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No que diz respeito a aval dado por sociedade empresária, há discussão relevante se os
créditos por ela avalizados ficam sujeitos à recuperação judicial caso a sociedade avalista
(coobrigada) venha solicitar tal medida, uma vez que o art. 5º, I da Lei de Falências afasta a
exigibilidade a título gratuito:
Em precedente de 2019, o STJ, após destacar a autonomia deste tipo de garantia (aval),
firmou entendimento que: “É imprescindível a verificação da natureza onerosa ou gratuita do
aval prestado antes do pedido de recuperação judicial por sociedade empresária, para que se
determine se a garantia se sujeita ou não ao processo de soerguimento”.
No entanto, destacou que aval prestado por sociedade empresária, usualmente é direcio-
nado há algum benefício negocial, ou seja, a princípio é oneroso.
Confira a respeito no Informativo 661:
O art. 49, caput, da Lei n. 11.101/2005 estipula que todos os créditos existentes na data
do pedido de recuperação judicial ficam sujeitos a seus efeitos (ainda que não vencidos),
excetuados aqueles listados nos §§ 3º e 4º do mesmo dispositivo, dentre os quais não
se inclui os créditos derivados de garantia cambiária (aval). Assim, dada a autonomia
dessa espécie de garantia e a permissão legal para inclusão no plano dos créditos ainda
não vencidos, não haveria motivos para a exclusão do aval. Há que se ponderar, todavia,
acerca da disposição constante no art. 5º, I, da Lei n. 11.101/2005, que afasta expres-
samente da recuperação judicial a exigibilidade das obrigações a título gratuito. Tratan-
do-se de aval prestado por sociedade empresária, não se pode presumir que a garantia
cambiária tenha sido concedida como ato de mera liberalidade, devendo-se apurar as
circunstâncias que ensejaram sua concessão. É bastante comum que as relações negociais
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Nos termos do art. 900 do CC, “o aval posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos
do anteriormente dado.”
Súmula 26
O avalista do título de crédito vinculado a contrato de mútuo também responde pelas
obrigações pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidário.
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b) No caso do cheque, se houver dois avais superpostos e em branco, considera-se que houve
aval de aval.
c) Os avais simultâneos estabelecem entre os coavalistas uma relação fundada na solidarie-
dade de direito comum, e não cambiária. Assim, se um deles pagar a dívida, terá o direito de
exigir do outro apenas a quota parte que caberia a este.
d) O avalista de cheque prescrito deverá responder pelo pagamento deste em ação monitória,
independentemente da prova de ter-se beneficiado da dívida.
e) O avalista citado para pagar o valor constante do título poderá invocar em seu favor bene-
fício de ordem, de forma que, primeiro, sejam excutidos bens do avalizado.
Letra c.
De acordo com a doutrina de título de crédito, no aval simultâneo ou coavais os avalistas res-
pondem como se fossem uma pessoa só, respondendo entre eles solidariamente (solidarie-
dade essa em consonância com as regras do Direito Civil). Assim, se um dos avalistas pagar
a dívida, terá direito de regresso integral contra o devedor principal, mas em relação ao outro
avalista somente poderá solicitar o pagamento da metade da dívida (art. 283 do CC).
a) Errada. A súmula 26 do STJ estabelece que “o avalista do título de crédito vinculado a con-
trato de mútuo também responde pelas obrigações pactuadas, quando no contrato figurar
como devedor solidário.” (negritei).
b) Errada. Contraria a Súmula 189, que preceitua que avais em branco e superpostos conside-
ram-se simultâneos (coavais) e não sucessivos (aval do aval).
d) De acordo com entendimento do STJ (v.g, materializado no Informativo 430 de 2010 e ci-
tado em compilação de Direito Empresária do STJ – Títulos de Crédito – n. 56), “o avalista
não responde por dívida estabelecida em título de crédito prescrito, salvo se comprovado que
auferiu benefício com a dívida.”
e) Pelo princípio da autonomia, o aval constitui obrigação autônoma em relação à assumida
pelo avalizado. Confira a respeito os §§ 2º e 3º do art. 899 do CC:
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ra, a menos que a nulidade decorra de vício de forma.
2.7. Protesto
Conceito e Modalidades
Protesto é conceituado pelo art. 1º da Lei 9.492, de 1997 (define competência e regula os
serviços concernentes ao protesto de títulos), como “ato formal e solene pelo qual se prova
a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos
de dívida”.
Contudo, conforme observa Fábio Ulhoa Coelho, o conceito intrínseco é um pouco mais
amplo, já que, por exemplo, o protesto por falta de aceite em uma letra de câmbio (que confor-
me veremos em outra aula, não é uma obrigação) não se enquadra na definição legal.
Assim, aproveitando as lições de tal autor, podemos conceituar o protesto como ato for-
mal praticado pelo credor (o cartório somente reduz a termo) com o objetivo de incorporar ao
título a prova de fato relevante para as relações cambiais.
Há três modalidades básicas de protesto de acordo com o fato relevante que se quer fazer
prova:
• Falta de aceite do título: são cabíveis em títulos estruturados como ordem de paga-
mento (o aceite, a princípio, é facultativo), sendo que somente poderá ser efetuado an-
tes do vencimento da obrigação e após o decurso do prazo legal para o aceite ou a
devolução (art. 21, § 1º da Lei 9.492, de 1997);
• Falta de devolução do título: quando o sacado não devolver a letra de câmbio ou a du-
plicada dentro do prazo legal, retendo-a, o protesto poderá ser baseado na segunda via
da letra de câmbio ou nas indicações da duplicata, vedada a exigência de qualquer for-
malidade não prevista na lei que regula a emissão e circulação das duplicatas (art. 21,
§ 3º da Lei 9.492, de 1997);
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• Falta de pagamento do título: será cabível após o vencimento do título (art. 21, § 2º da
Lei 9.492, de 1997).
O ato cambiário do aceite tem lugar nos títulos de crédito que se estruturam como ordem
de pagamento. Neles são estabelecidas, a partir do saque (emissão), três relações jurídicas
distintas: i) a do sacador, que emite o título e ordena a realização de pagamento; ii) a do sa-
cado, contra quem a ordem de pagamento é emitida; iii) a do beneficiário (ou tomador), em
favor de quem a ordem de pagamento foi passada. Com relação ao sacado, a princípio, ele
somente se obriga quando manifesta concordância por meio do aceite. Fundamental saber
que, no caso da letra de câmbio, o aceite é facultativo. Assim, caso haja recusa total ou par-
cial do aceite, o sacado não se obriga no título, não cabendo ser tirado contra ele protesto
por falta de pagamento. O efeito legal será o vencimento antecipado, nos termos do art. 43,
§ 1º da LUG.
Errada.
Na letra de câmbio, o aceite é sempre facultativo, de forma que o sacado somente se obrigará
caso aceite o título. Assim, caso haja recusa total ou parcial do aceite, o sacado não se obriga
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no título, não cabendo ser tirado contra ele protesto por falta de pagamento. O efeito legal
será o vencimento antecipado, nos termos do art. 43, § 1º da LUG:
Art. 43. O portador de uma letra pode exercer os seus direitos de ação contra os endossantes,
sacador e outros coobrigados: no vencimento; se o pagamento não foi efetuado; mesmo antes do
vencimento:
1º) se houve recusa total ou parcial de aceite;
DICA!
No que diz respeito à relação cambial, o protesto somente será
necessário para garantir o direito de regresso dos codevedo-
res (os devedores indiretos, ou seja, endossantes e avalistas).
Assim, se a execução for ajuizada somente contra o devedor
principal o protesto será desnecessário.
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
III – por protesto cambial;
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Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por
endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco,
ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas. (negritei).
Lugar e Prazos
Com relação ao lugar em que o protesto deve ser tirado, não há uma normatização padrão,
que será definido de acordo com a legislação especial aplicável:
• Letra de câmbio: lugar indicado na letra para o aceite ou para o pagamento. Se não
houver indicação do lugar para pagamento, será o lugar designado ao lado do nome do
sacado, que presume ser o seu domicílio (não há disposição específica na LUG, apli-
cando-se o art. 28 do Decreto 2.044, de 1908);
• Nota promissória: lugar indicado para o pagamento. Se não houver indicação do lugar
para pagamento, será o lugar onde o título foi passado (não há disposição específica
na LUG, aplicando-se o art. 28 do Decreto 2.044, de 1908);
• Cheque: deverá ser protestado no lugar do pagamento ou do domicílio do emitente
(art. 28 da Lei 7.357, de 1985);
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Correta.
É o que preceitua o § 1º do art. 21 da Lei 9.492, de 1997:
Dados os transtornos que o protesto acarreta, notadamente restrições nas relações cre-
ditícias, admite-se medida processual com o objetivo de sustação do protesto, em que se de-
verá demonstrar a inexigibilidade da dívida (por exemplo, porque ela já foi paga ou por algum
vício impeditivo da cobrança). Tal possibilidade é disciplinada expressamente no art. 17 da
Lei 9.492, de 1997.
Determinação judicial para a sustação do protesto somente é cabível antes da efetiva la-
vratura do protesto. Após a lavratura de tal ato, o entendimento do STJ é que tal sustação é
inviável, por força do art. 34, caput, da Lei 9.492, de 1997, que veda “a exclusão ou omissão de
nomes e de protestos, ainda que em caráter provisório ou parcial, não decorrente do cancela-
mento definitivo do protesto.” Contudo, admite-se que eventualmente podem ser suspensos
liminarmente os efeitos do protesto (e não o protesto em si) ou caberá o cancelamento do
protesto (e não a sustação) [v.g, STJ, AREsp 064613, Relatora MARIA ISABEL GALLOTTI, deci-
são monocrática, publicado em 17/04/2013].
Já o cancelamento do protesto será solicitado pelo devedor, como regra geral, após o
pagamento do título, devendo exibir o título protestado ou, na impossibilidade, declaração de
anuência do credor (a chamada ‘carta de anuência’) (art. 26 da Lei 9.492, de 1997).
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Se o pedido for fundado em outro motivo que não no pagamento do título ou documento
de dívida, somente será efetivado por determinação judicial, pagos os emolumentos devidos
ao Tabelião, nos termos do § 3º do art. 26 da Lei 9.492, de 1997).
O STJ pacificou, ao julgar recurso repetitivo (Tema repetitivo: 725), que o cancelamento do
protesto é, em regra (salvo inequívoca pactuação em contrário), ônus do devedor (ou seja,
o credor não tem a obrigação de promover o cancelamento após receber o valor do título):
De qualquer forma, devemos ter em mente que o Tabelião de protesto concentra sua aná-
lise em aspectos formais do título, não lhes cabendo, por exemplo, investigar a ocorrência
de prescrição ou caducidade do título de crédito, nos termos do art. 9º, caput, da Lei 9.492,
de 1997:
Art. 9º Todos os títulos e documentos de dívida protocolizados serão examinados em seus ca-
racteres formais e terão curso se não apresentarem vícios, não cabendo ao Tabelião de Protesto
investigar a ocorrência de prescrição ou caducidade.
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Errada.
O Tabelião de protesto concentra sua análise em aspectos formais do título, não lhes caben-
do, por exemplo, investigar a ocorrência de prescrição ou caducidade do título de crédito, nos
termos do art. 9º, caput, da Lei 9.492, de 1997:
Art. 9º Todos os títulos e documentos de dívida protocolizados serão examinados em seus ca-
racteres formais e terão curso se não apresentarem vícios, não cabendo ao Tabelião de Protesto
investigar a ocorrência de prescrição ou caducidade.
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RESUMO
A sociedade não é criação do Direito brasileiro e muito menos é um instituto recente. Te-
mos antecedentes históricos no Direito Romano, mas o instituto desenvolveu com mais vigor
na Idade Média, com o objetivo de segregação de riscos do comerciante.
O conceito de sociedade é depreendido a partir do disposto no art. 981 do Código Civil, que
preceitua que celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a
contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre
si, dos resultados.
Os elementos específicos para a constituição da sociedade são: acordo de vontade com
fim comum (a sociedade decorre de um negócio jurídico entre duas ou mais pessoas que é
dirigido a um fim comum); pluralidade de sócios (há exceções); definição de obrigações recí-
procas; exercício de atividade econômica; partilha dos resultados
A personalidade jurídica não é elemento que necessariamente integra o conceito de so-
ciedade, bastando citar que o CC disciplina expressamente duas sociedades não personifica-
das: a sociedade em comum e a sociedade em conta de participação.
Como exceção, podemos ter sociedades unipessoais: i) originalmente unipessoal (socie-
dade limitada unipessoal, subsidiária integral, empresa pública e sociedade unipessoal de
advogados); ii) supervenientemente unipessoal (quando a sociedade fica com somente um
sócio, como por exemplo, no caso da morte de um deles. Nesse caso, haverá prazo para re-
composição societária).
A EIRELI não é uma sociedade, tratando-se de um novo ente jurídico personificado!
Se o contrato social tiver cláusula excluindo algum sócio do resultado social (ganhos ou
perdas) ela será considerada não escrita, sendo que na omissão presume-se que o sócio par-
ticipará dos lucros e das perdas, na proporção das respectivas quotas.
Diferença entre sociedade, associação e fundação: sociedade necessariamente devem
desenvolver atividade econômica com a finalidade lucrativa (partilha dos resultados); asso-
ciação, em regra, desenvolve atividades morais, pias, literárias, artísticas, mas pode até de-
senvolver atividade econômica, desde que o lucro seja o meio (para reinvestir na atividade)
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e não o fim (distribuição); fundação é um complexo de bens, sendo que a aquisição de per-
sonalidade jurídica própria é direcionada para a realização de um fim de interesse público
preestabelecido pelo(s) seu(s) fundador(es), de forma estável e permanente.
As sociedades podem se classificar de acordo com: área de atuação (sociedade empre-
sária e sociedade simples); personificação (sociedades não personificadas e sociedades per-
sonificadas); responsabilidade dos sócios (limitada, ilimitada ou mista); estrutura econômica
(sociedade de pessoas e sociedade de capitais); forma do capital (sociedade de capital fixo e
sociedade de capital variável); natureza do ato constitutivo (sociedades contratuais e socie-
dades institucionais).
São princípios do direito societário: princípio da autonomia patrimonial (a sociedade deve
ser entendida como sujeito de direitos e obrigações próprio, não se confundido com os seus
sócios); princípio majoritário nas deliberações sociais (o acordo de vontades vigora na so-
ciedade não somente no momento da sua constituição como também no desenvolvimento
de suas atividades, devendo a proporcionalidade ser, em regra, de acordo com o montante in-
vestido, privilegiando os sócios que assumiram mais riscos); princípio da proteção ao sócio/
acionista minoritário (o poder dos sócios majoritários não é absoluto, sendo concedido aos
sócios minoritários o poder de fiscalização e, em alguns casos, o direito de retirada da socie-
dade, notadamente em relação a determinadas deliberações que o minoritário tenha votado
em sentido contrário).
A aquisição da personalidade jurídica ocorrerá efetivamente com a inscrição no registro
próprio dos atos constitutivos da sociedade (sociedade empresária será na Junta Comercial
e a sociedade simples no Registro Civil das Pessoas Jurídicas).
Os sócios de uma sociedade empresária não são empresários – mas empreendedores ou
investidores - uma vez que a titular dos direitos, obrigações e patrimônio é a sociedade.
A aquisição da personalidade jurídica acarreta três atributos: titularidade obrigacional;
titularidade processual; e autonomia patrimonial.
A soma da contribuição de cada sócio formará o capital social, representando o patrimô-
nio societário inicial.
O capital desempenhará função externa (garantia mínima dos credores da sociedade) e in-
terna (viabilizará o início da atividade da sociedade para cumprimento do seu objeto e estabele-
cerá as forças na condução da sociedade, de acordo com a proporção de quotas).
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Podemos extrair de tal conceito três princípios informadores do regime cambial, a sa-
ber, cartularidade (a princípio, necessidade da posse do documento físico para o exercício
do direitos), literalidade (somente vale o que constar formalmente no próprio título) e auto-
nomia das obrigações cambiais (eventuais vícios de alguma obrigação não contamina as
demais obrigações, sendo que com a circulação o título desvincula-se do negócio originário
– subprincípio da abstração -, não podendo ser oposto em eventual demanda judicial matéria
de defesa estranha à relação direta com o exequente – subprincípio da inoponibilidade das
exceções pessoais ao terceiro de boa-fé).
Com a prescrição do título de crédito, além da perda da executividade do título de crédito,
também desaparecerá a sua cambiaridade, ou seja, o documento não ostentará mais as ca-
racterísticas próprias aos títulos de créditos.
Os três principais atributos dos títulos de crédito são: encartar unicamente uma relação
creditícia; negociabilidade; e executividade.
Os títulos de crédito podem ser classificados de acordo com os seguintes critérios: apli-
cabilidade dos princípios e atributos próprios dos títulos de crédito (títulos de crédito próprio
e títulos de crédito impróprio); quanto à forma de transferência ou circulação (título ao porta-
dor, título nominal e título nominativo); modelo (título de modelo livre e título de modelo vin-
culado); estrutura (ordem de pagamento e promessa de pagamento); hipóteses de emissão
(título abstrato ou não causal e título causal).
O endosso é o ato cambiário vocacionado para a transferência dos títulos de crédito, em
que o endossante transmite o título (e consequentemente o direito nele mencionado) ao en-
dossatário – novo credor do título -, ao qual são conferidas salvaguardas próprias do regime
cambial.
O Código Civil considera como não escrita qualquer cláusula proibitiva de endosso no
título de crédito.
A regra geral em relação aos títulos de crédito próprios (letra de câmbio, nota promissó-
ria, cheque e duplicata) é circular mediante endosso, sendo implícita, portanto, a cláusula à
ordem.
Decorrem normalmente dois efeitos do endosso em relação aos títulos de crédito pró-
prios: transfere o crédito ao endossatário; e vincula o endossante ao pagamento do título
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(Cuidado! O CC estabeleceu que, como regra, os endossantes não respondem pelas obriga-
ções constantes no título, salvo cláusula expressa em contrário, mas o entendimento é que
tal disposição somente se aplica se não houver norma especial a respeito – em relação aos
títulos de crédito próprios há!).
A cláusula não à ordem (ou seja, a vedação de a transferência ser feita por endosso) afas-
ta a aplicação do regime jurídico cambial, passando a transferência a ser regida pelo regime
jurídico civil relativo à cessão de crédito.
Não há limite quanto ao número de endossos, considerando-se legítimo possuidor o por-
tador do título à ordem com série regular e ininterrupta de endossos, ainda que o último seja
em branco.
Segundo o Código Civil, o endosso parcial (ou limitado a certo valor da dívida) será nulo e
cláusula subordinando o endosso a qualquer condição será considerado não escrita.
Endosso em branco é aquele dado com a simples assinatura, sem a identificação do bene-
ficiário. Endosso em preto é aquele em que se identifica expressamente o endossatário
O endosso-mandato (ou endosso-procuração) envolve a concessão de poderes ao en-
dossatário para agir como seu legítimo representante e exercer os direitos constantes no
título, incluindo cobrá-lo, protestá-lo e executá-lo. Confere ao endossatário o exercício dos
direitos inerentes ao título, salvo restrição expressamente estatuída. Além disso, endossatá-
rio só pode endossar novamente o título na qualidade de procurador com os mesmos poderes
que recebeu, sendo que com a morte ou a superveniente incapacidade do endossante o en-
dosso-mandato não perde eficácia.
O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decor-
rentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário (Súmula 476 do STJ).
Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por
endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando
ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas (Súmula 475 do STJ).
O endosso-caução (endosso-penhor ou endosso-garantia) é a espécie em que o título
é transferido pelo endossante para garantir dívida que ele contraiu com o endossatário. Tal
cláusula permite ao endossatário exercer os direitos inerentes ao título. O endossatário so-
mente poderá endossar novamente o título na qualidade de procurador.
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Pagando o título, tem o avalista ação de regresso contra o seu avalizado e demais coobriga-
dos anteriores.
Em relação aos títulos de crédito próprios (regulados em lei especial), o STJ entende que
não é necessária a outorga uxória ou marital, uma vez que o aval decorre da simples assina-
tura, devendo ser ato incondicional.
É imprescindível a verificação da natureza onerosa ou gratuita do aval prestado antes do
pedido de recuperação judicial de sociedade empresária, para que se determine se a garantia
se sujeita ou não ao processo de soerguimento (STJ).
O aval posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do anteriormente dado.
O avalista do título de credito vinculado a contrato de mútuo também responde pelas obri-
gações pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidário (Súmula 26 do STJ).
Podemos conceituar o protesto como ato formal praticado pelo credor (o cartório so-
mente reduz a termo) com o objetivo de incorporar ao título a prova de fato relevante para as
relações cambiais.
Há três modalidades básicas de protesto: falta de aceite do título; falta de devolução do
título; e falta de pagamento do título.
O protesto é ato essencial para o exercício do direito de regresso contra os coobrigados
do título (endossantes e avalistas). Contudo, é facultativo em relação ao devedor principal.
Admite-se medida processual com o objetivo de sustação do protesto, em que se discu-
tirá a inexigibilidade da dívida. Contudo, a sustação propriamente somente é cabível antes da
efetiva lavratura do protesto. Após a lavratura de tal ato, não é possível cancelá-lo. Eventu-
almente pode ser solicitada a suspensão liminar dos efeitos do protesto, mas não o protesto
em si.
O cancelamento do protesto será solicitado pelo devedor, como regra geral, após o pa-
gamento do título, devendo exibir o título protestado ou, na impossibilidade, declaração de
anuência do credor.
O cancelamento do protesto é, em regra (salvo inequívoca pactuação em contrário), ônus
do devedor. (STJ: tema repetitivo 725).
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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2015) À luz da legislação e da doutrina
pertinentes às sociedades empresárias, julgue o próximo item.
O sócio que transferir crédito para fins de integralização de quota social responderá pela sol-
vência do devedor e o que transmitir domínio de imóvel responderá pela evicção.
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GABARITO
1. C
2. E
3. d
4. e
5. E
6. E
7. E
8. E
9. C
10. E
11. E
12. E
13. E
14. E
15. a
16. e
17. e
18. C
19. E
20. b
21. d
22. a
23. E
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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2015) À luz da legislação e da doutrina
pertinentes às sociedades empresárias, julgue o próximo item.
O sócio que transferir crédito para fins de integralização de quota social responderá pela sol-
vência do devedor e o que transmitir domínio de imóvel responderá pela evicção.
Certo.
Consoante o disposto no art. 1.005 do CC, “o sócio que, a título de quota social, transmitir do-
mínio, posse ou uso, responde pela evicção; e pela solvência do devedor, aquele que transferir
crédito.”
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Errado.
O art. 1.033, parágrafo único, do CC prevê expressamente a possibilidade de transformação
vidual:
c) Sociedade Anônima.
d) Sociedade Cooperativa.
Letra d.
as sociedades por ações (sociedade anônima e sociedade comandita por ações) sempre se-
rão empresárias. Já a sociedade comandita simples poderá ser empresária se tiver como
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto
o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por
ações; e, simples, a cooperativa.
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Letra e.
As sociedades limitadas serão sociedades empresárias se tiverem por objeto o exercício da
empresa. Caso contrário, serão sociedades simples:
Art. 982 do CC. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por ob-
jeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.
a/d) Nos termos do art. 982, parágrafo único, do CC, as sociedades por ações (sociedade
anônima e sociedade comandita por ações) sempre serão empresárias, sendo reguladas pela
Lei 6.404, de 1976:
Art. 982 do CC. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por ob-
jeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por
ações; e, simples, a cooperativa.
Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade
dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.
SEÇÃO V
Subsidiária Integral
Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo como único acionis-
ta sociedade brasileira.
CAPÍTULO XIX
Sociedades de Economia Mista
Legislação Aplicável
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Art. 235. As sociedades anônimas de economia mista estão sujeitas a esta Lei, sem prejuízo das
disposições especiais de lei federal.
Errado.
Essa definição é de sociedade em geral e não somente de sociedade limitada, consoante o
art. 981 do CC:
TÍTULO II
Da Sociedade
CAPÍTULO ÚNICO
Disposições Gerais
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir,
com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.
Errado.
Da mesma forma que a sociedade empresária, caso reste somente um sócio, pode ser trans-
formada em empresário individual, o Código Civil também admite que esse, caso admita só-
cio(s) transforme-se em sociedade empresária.
Confira o disposto no art. 969, §3º do CC:
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Errado.
O efeito da desconsideração da pessoa jurídica será episódico, ou seja, atingirá “certas e de-
terminadas relações de obrigações”, tornando ineficaz alguns atos. Assim, a sociedade conti-
nuará a existir com personalidade jurídica própria, não sendo dissolvida nem liquidada.
Confira o caput do art. 50 do CC:
Errado.
No entendimento do STJ, o Código de Defesa do Consumidor (CDC - Lei 8.078, de 1990) ado-
tou a teoria menor, uma vez que a desconsideração da personalidade jurídica é admitida de
forma ampla, bastando para a sua aplicação o não pagamento de um crédito, nos termos do
§5º do art. 28:
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§ 5º Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de
alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
(negritei)
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mas apenas à prova de causar, a mera existência da pessoa jurídica, obstáculo ao ressar-
cimento de prejuízos causados aos consumidores. - Recursos especiais não conhecidos.
[STJ, REsp 279273/SP, Relator p/acórdão Ministro NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 04/12/2003]
Certo.
A desconsideração inversa da personalidade jurídica (a pessoa jurídica respondendo por dívi-
da de sócios), embora já fosse reconhecida pela jurisprudência e houve referência no art. 133,
§ 2º do CPC, somente foi positivado no Código Civil em 2019, com a introdução do §3º no
art. 50 pela Lei da Liberdade Econômica, sendo exceção ao princípio de autonomia patrimo-
nial da sociedade:
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Errado.
O STJ entende que a mera inexistência ou eventual encerramento irregular das atividades
da sociedade não é suficiente para aplicação da desconsideração da personalidade jurídica
previsto no Código Civil, sendo imprescindível comprovar o abuso da personalidade (desvio
de finalidade ou confusão patrimonial), nos termos do art. 50, caput do CC. Confira decisão
nesse sentido:
Errado.
Embora seja excepcional, o STJ admite que a desconsideração atinja patrimônio de sócios
que não exerçam poder de administração ou gerência:
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Errado.
O art. 50, caput, do CC impõe a necessidade de demonstração de desvio de finalidade ou con-
fusão patrimonial.
O STJ entende que a mera inexistência ou eventual encerramento irregular das atividades
da sociedade não é suficiente para aplicação da desconsideração da personalidade jurídica
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Errado.
Na verdade, esse é o conceito da desconsideração da personalidade jurídica propriamente
dita (enunciada no art. 50, caput, do CC). A desconsideração inversa ocorre quando, para
satisfazer dívida de algum sócio ou administrador, o credor direciona sua ação para atingir
o patrimônio da pessoa jurídica, nos termos do §3º do art. 50, introduzido pela Lei 13.874,
de 2019:
Art. 50, § 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das
obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.
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Errado.
O efeito da desconsideração da pessoa jurídica será episódico, ou seja, atingirá “certas e de-
terminadas relações de obrigações”, tornando ineficaz alguns atos. Assim, a sociedade conti-
nuará a existir com personalidade jurídica própria, não sendo dissolvida nem liquidada.
Confira o caput do art. 50 do CC:
Letra a.
O STJ admite que a desconsideração atinja o patrimônio de todos os sócios, inclusive os que
não exerçam poder de administração ou gerência, desde que tenham praticado concretamen-
te ato de abuso de personalidade (desvio de finalidade ou confusão patrimonial):
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Letra e.
A teoria maior, adotada pelo nosso Código Civil, é a regra, sendo exceção a adoção da
teoria menor pelo Código de Defesa do Consumidor e pela Lei 9.605, de 1998 (Infrações/
crimes ambientais). De acordo com a teoria maior, disciplinada pelo art. 50 do CC, não
basta a insolvência da pessoa jurídica, sendo necessário comprovar o abuso da perso-
nalidade (desvio de finalidade ou confusão patrimonial).
Confira decisão paradigma do STJ:
Responsabilidade civil e Direito do consumidor. Recurso especial. Shopping Center de
Osasco-SP. Explosão. Consumidores. Danos materiais e morais. Ministério Público. Legi-
timidade ativa. Pessoa jurídica. Desconsideração. Teoria maior e teoria menor. Limite de
responsabilização dos sócios. Código de Defesa do Consumidor. Requisitos. Obstáculo
ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Art. 28, § 5º.
- Considerada a proteção do consumidor um dos pilares da ordem econômica, e incum-
bindo ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis, possui o Órgão Ministerial legitimidade
para atuar em defesa de interesses individuais homogêneos de consumidores, decor-
rentes de origem comum.
- A teoria maior da desconsideração, regra geral no sistema jurídico brasileiro, não pode
ser aplicada com a mera demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o
cumprimento de suas obrigações. Exige-se, aqui, para além da prova de insolvência,
ou a demonstração de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideração), ou a
demonstração de confusão patrimonial (teoria objetiva da desconsideração).
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a) A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de cré-
b) O pagamento de título de crédito pode ser garantido por aval total ou parcial.
d) O devedor pode opor ao endossatário de endosso mandato as exceções que tiver contra ele.
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Letra e.
Com base na regulação somente do Código Civil (na legislação especial temos disposições
em contrário), a regra é o endossante não responder pelo cumprimento da prestação cons-
tante do título, ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso.
Confira o art. 914, caput, do CC:
Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso, não responde o en-
dossante pelo cumprimento da prestação constante do título.
Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de
crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem.
Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma determinada,
pode ser garantido por aval.
Parágrafo único. É vedado o aval parcial.
Art. 911. Considera-se legítimo possuidor o portador do título à ordem com série regular e ininter-
rupta de endossos, ainda que o último seja em branco. (negritei)
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Certo.
Na letra de câmbio, o aceite é sempre facultativo, de forma que o sacado somente se obrigará
caso aceite o título. Assim, caso haja recusa total ou parcial do aceite, o sacado não se obriga
no título, não cabendo ser tirado contra ele protesto por falta de pagamento. O efeito legal
será o vencimento antecipado, nos termos do art. 43, § 1º da LUG:
Art. 43. O portador de uma letra pode exercer os seus direitos de ação contra os endossantes,
sacador e outros coobrigados: no vencimento; se o pagamento não foi efetuado; mesmo antes do
vencimento:
1º) se houve recusa total ou parcial de aceite;
Errado.
Nos termos do art. 921, nessa situação teremos um título nominativo (e não um título à or-
dem, cuja transferência é feita por meio do endosso – art. 910 do CC):
CAPÍTULO III
Do Título À Ordem
Art. 910. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou anverso do próprio título.
CAPÍTULO IV
Do Título Nominativo
Art. 921. É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo nome conste no registro do
emitente.
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Letra b.
É o que preceitua o art. 890 do CC:
Art. 890. Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva de endosso, a ex-
cludente de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, a que dispense a observância de
termos e formalidade prescritas, e a que, além dos limites fixados em lei, exclua ou restrinja direitos
e obrigações. (negritei)
Letra d.
Quanto à estrutura, os títulos de crédito podem ser: i) Ordem de pagamento: serão estabele-
cidas, com o saque (emissão), três relações jurídicas distintas: i) a do sacador, que emite o
título e ordena a realização de pagamento; ii) a do sacado, contra quem a ordem de pagamen-
to é emitida; iii) a do beneficiário (ou tomador), em favor de quem a ordem de pagamento foi
passada. Temos como exemplo o cheque (sacador será o correntista, o sacado é a instituição
financeira e o tomador será quem receber o cheque), a letra de câmbio e a duplicata. ii) Pro-
messa de pagamento: existirão somente duas situações jurídicas: i) promitente (ou sacador),
que promete pagar determinada quantia; ii) beneficiário (ou tomador), a quem a promessa de
pagamento é dirigida. O exemplo clássico é a nota promissória.
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a) aval, que será válido com a simples assinatura do avalista no anverso do título.
b) endosso, que deverá ser dado exclusivamente no anverso do título.
c) endosso, na forma parcial.
d) aval, na forma parcial.
e) endosso condicional e o aval cancelado.
Letra a.
É o que estabelece o § 1º do CC:
b) Errada. O endosso poderá ser dado tanto no verso (basta a assinatura) ou no anverso, nos
termos do art. 910, caput, e § 1º do CC:
Art. 910. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou anverso do próprio título.
§1º Pode o endossante designar o endossatário, e para validade do endosso, dado no verso do
título, é suficiente a simples assinatura do endossante.
Art. 912. Considera-se não escrita no endosso qualquer condição a que o subordine o endossante.
Parágrafo único. É nulo o endosso parcial.
Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma determinada,
pode ser garantido por aval.
Parágrafo único. É vedado o aval parcial.
e) Errada. Qualquer cláusula que condicione o endosso é considerada como não escrita
(art. 912 do CC) e o aval cancelado é considerado não escrito (§2º do art. 898 do CC):
Art. 912. Considera-se não escrita no endosso qualquer condição a que o subordine o endossante.
Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio título.
§2º Considera-se não escrito o aval cancelado. (negritei).
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Errado.
O cedente, a princípio, responde somente pela existência do crédito. Somente se tiver dispo-
sição em contrário é que irá responder pela solvência do devedor, nos termos dos arts. 295 e
296 do CC:
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável
ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade
lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.
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MENDONÇA. José Xavier Carvalho de. Tratado de direito comercial brasileiro. Atualizado por
Ricardo Negrão. Campinas: Bookseller, 2000.
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vidade econômica e, ao mesmo tempo, preservar a empresa?. Monografia do curso de
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TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: teoria geral e direito societário, vol. 1. 9ª
ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
______. Curso de direito empresarial: títulos de crédito, vol. 2. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
VERÇOSA, Haroldo Malheiros Duclerc. Curso de direito comercial: teoria geral das sociedades,
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