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Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro
9ª Câmara Cível
Agravo de Instrumento
Processo nº 0056979-26.2013.8.19.0000

Agravante: IVONE PINTO ZDRADEK


Agravado: MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Agravado: ESTADO DO RIO DE JANEIRO

EMENTA

AGRAVO DE INSTRUMENTO. MEDIDA CAUTELAR.


DECISÃO QUE DEFERE LIMINAR PARA
INTERNAÇÃO EM UTI. ACERVO DOCUMENTAL
QUE CORROBORA A NECESSIDADE DA MEDIDA
DEFERIDA. CONFIRMAÇÃO DA DECISÃO
PROFERIDA DURANTE O PLANTÃO NOTURNO.
SÚMULA TJRJ N.º 58. RECURSO PROVIDO.

DECISÃO MONOCRÁTICA

Trata-se de recurso contra decisão proferida durante o plantão


de 15/10/2013, negando conhecimento ao pedido de liminar para transferência
da Agravante para hospital com UTI, habilitado para realizar cirurgia de
colocação de marcapasso.

Afirma-se que a Agravante, com 74 (setenta e quatro) anos de


idade, está internada na UPA 24 horas (Maré) em precário estado de saúde, com
quadro grave de síndrome taguibradi-arritmia cardíaca, necessitando de implante
de marcapasso de câmara dupla transverso em decorrência de lesão grave.

Esclarece que a enfermidade foi diagnosticada (síndrome


taquibradi-arritmia cardíaca e bloqueio átrio ventricular total), havendo
necessidade de marcapasso definitivo sob risco de morte, conforme atesta laudo
médico assinado pelo Dra. Cléia Magalhães dos Santos, CRM 52.74616-9.
Carlos Azeredo de Araújo
Desembargador Relator
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CARLOS AZEREDO DE ARAUJO:000007578 Assinado em 21/01/2014 13:08:28


Local: GAB. DES CARLOS AZEREDO DE ARAUJO
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Agravo de Instrumento
Processo nº 0056979-26.2013.8.19.0000

Esclarece que o lapso temporal decorrido da data de internação da paciente até a


interposição do recurso está justificado pela necessidade de exames diagnósticos
que apontam a urgência do procedimento cirúrgico, situação levada ao
conhecimento da família da idosa em 14/08/2013.

Requereu antecipação do provimento recursal para que a


idosa seja adequadamente transferida e internada em hospital com unidade de
terapia intensiva e/ou unidade cardio intensiva com suporte para tratamento e
colocação de marcapasso definitivo ou em caso de inexistência de vagas ou de
qualquer outro fator que inviabilize a remoção para a rede pública, para qualquer
hospital particular às expensas dos Réus, apto a prestar o tratamento adequado
para a recuperação da Autora até o seu completo restabelecimento, sob pena de
imposição de multa cominatória horária, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), nos
termos do art. 461, §4.º, do Código de Processo Civil; intimação da central
reguladora de leitos do Estado do Rio de Janeiro e Município do Rio de
Janeiro, bem como dos agravados.

A liminar foi deferida em 15/10/2013 pelo Des. Gilberto


Guarino, sendo expedidos mandados de intimação do Estado do Rio de Janeiro e
da Central de Regulação de Vagas, cumprido em relação a esta última (TJe,
indexador n.º 40).

RELATADOS, DECIDO.

Preliminarmente, ratifica-se integralmente a decisão que


deferiu a tutela.

A tutela de urgência tem o sentido de dar resposta rápida as


situações ou demandas, com fundamento na urgência, como ocorre com as ações
onde se busca a tutela do direito à saúde.

A Carta Magna e a Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/90)


prescrevem que a saúde é um direito fundamental do seu humano, incumbindo
ao Estado, a provisão das condições indispensáveis para o seu pleno exercício
(artigos 6º e 196 da CF e artigo 2º da Lei nº 8.080/90).

Carlos Azeredo de Araújo


Desembargador Relator
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A Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/90), em seu art. 7°


dispõe que as ações e serviços de saúde e os serviços privados e contratados ou
conveniados que integram o Sistema Único de Saúde deverão prestar assistência
integral.

Os requisitos para a antecipação repousam na relevância do


fundamento da demanda e no receio de ineficácia do provimento jurisdicional
final.

Na situação sob análise, o pedido foi instruído com


documentos comprobatórios da necessidade da internação, conforme se infere da
decisão proferida pelo Des. Plantonista (TJe, indexador n.º 02), o que revela a
possibilidade de dano irreparável à saúde da idosa, caso não seja cumprida
medida que determinou a internação em hospital com UTI habilitado para
tratamento e colocação definitiva de marcapasso.

O deferimento da tutela observou os pressupostos previstos


no art. 273, do Código de Processo Civil que deve ser mantida, inclusive com
apoio na súmula TJRJ n.º58, in verbis:

Somente se reforma a decisão concessiva ou não de liminar,


se teratológica, contrária à Lei ou a evidente prova dos
autos.

É oportuno destacar que o art. 196 da Constituição Federal


preconiza que o direito à saúde deve ser garantido pelo Estado, compreendido
como o próprio Poder Público.

O art.197 da Carta Política também atribuiu relevância ao


tema, como se pode constatar na leitura do art.198, caput e inciso I, ao
determinar de modo expresso algumas das principais diretrizes para preservação
do direito à saúde, referindo o atendimento integral do cidadão e a criação do
SUS - Sistema Único de Saúde (SUS), cujo financiamento é assegurado com
recursos do orçamento da seguridade social da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, além de outras fontes.

Ainda tratando do direito à vida e à saúde como valores


fundamentais, o texto constitucional consagra o federalismo cooperativo de
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modo expresso, ao instituir a solidariedade dos entes federativos ao afirmar que


a competência da União não exclui a dos Estados e a dos Municípios, lição que
se extrai do art.23, II, do Texto Constitucional.

O advento da Lei 8.080/90 efetivou a criação do SUS, com


abrangência nacional, impondo aos federativos (União, Estados, Distrito Federal
e Municípios) o dever jurídico de prestarem assistência farmacêutica, médico-
hospitalar e solidária aos doentes e necessitados.

É forçoso reconhecer que a situação narrada reclama


providência urgente, sob pena de se pôr em risco a própria saúde da Agravante,
em se considerando as conseqüências que podem advir da não prestação do
tratamento médico que, por óbvio, não se esgota na internação como, aliás, já
sedimentado em verbete deste Tribunal. Veja-se:

SUMULA TJ N. 184, DE 09/05/2011 (ESTADUAL)


DJERJ, ADM 161 (11) - 09/05/2011

A obrigação estatal de saúde compreende o fornecimento de


serviços, tais como a realização de exames e cirurgias, assim
indicados por médicos.

O tema ventilado no recurso não é novo e em situações


semelhantes este Tribunal assim decidiu:

0027466-47.2012.8.19.0000 - AGRAVO DE
INSTRUMENTO - 1ª Ementa - DES. DENISE LEVY
TREDLER - Julgamento: 11/03/2013 - DECIMA NONA
CAMARA CIVEL
AGRAVO DE INSTRUMENTO. MEDIDA ANTECIPATÓRIA
DOS EFEITOS DA TUTELA. INTERNAÇÃO DE QUE
NECESSITA A AGRAVADA PARA O TRATAMENTO DE
DEPENDÊNCIA QUÍMICA. Deferimento da antecipação
dos efeitos da tutela, sob o fundamento de estarem presentes
os seus pressupostos. Garantia constitucional de acesso à
saúde. Obrigação solidária dos entes estaduais e municipais.
Jurisprudência consolidada no verbete nº. 65, da súmula

Carlos Azeredo de Araújo


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deste Tribunal de Justiça. Impossibilidade de limitar-se o rol


dos procedimentos e medicamentos de que poderá necessitar
o paciente. Matéria que foi objeto de amplo debate no
Supremo Tribunal Federal, com a realização de audiência
pública própria. Ponderação de interesses a justificar a
prevalência do direito à vida e à saúde. A decisão que versa
sobre medida antecipatória dos efeitos da tutela só deve ser
reformada se adequar-se à Súmula nº. 59 desta Corte
Estadual. Presença dos pressupostos à concessão da
antecipação dos efeitos da tutela, em face da verossimilhança
das alegações e do perigo da demora na prolação do final
julgamento. Agravo que se conhece e a que se nega
seguimento, na forma do caput do Código de Processo Civil.

Pelo fio do exposto e na forma autorizada pelo caput do


artigo 557 do Código de Processo Civil, dou provimento ao recurso, ratificando-
se a decisão que deferiu a tutela.
Intime-se.
Rio de Janeiro, 14 de janeiro de 2014.

Carlos Azeredo de Araújo


Desembargador Relator

Carlos Azeredo de Araújo


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