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DO CONTROLADOR INVISÍVEL EM DIREITOS HUMANOS: A MANIPULAÇÃO


DO ESTADO SOBRE O SUJEITO DE DIREITOS NA PERSPECTIVA DE GEORGE
ORWELL NA OBRA 1984

Acad. Guilherme Rodrigues – UNEMAT, e-mail:


guilherme.rodrigues1@unemat.br

Prof. Me. Jefferson Antonione Rodrigues – UNEMAT,


Cáceres/MT, e-mail: drjeffersonrodrigues@gmail.com

RESUMO
Da busca pela compreensão da figura do Estado como o controlador invisível das grandes
massas, compostas por sujeitos de direito, pauta-se a presente produção acadêmica. Diante
disso, é com destaque a obra 1984 de George Orwell (2009) que sustentamos o exercício da
figura do Estado nesse papel de controlador invisível, situação que vai muito além e, contra as
construções humanas daquele que o chefia, buscando o não cumprimento tangível da CF/88 e
permanece por zelar de uma soberania em processo alienatório. Pautado nesta proposta, nos
colocamos a pensar acerca desta construção fantasiosa de um Grande Irmão, que busca
incansavelmente sustentar-se no poder/liderança, através de um partido que cria raízes em um
sistema feito para que ele se consolide a frente das massas silenciosas. Com isso, podemos
indagar a probabilidade do não garantismo dos Direitos Humanos às massas. Assim,
pautamos a presente composição textual junto ao procedimento de pesquisa bibliográfico
(GIL, 2010, p. 29-43), método dedutivo GIL, 2016, LAKATOS, 2011), bem como quanto ao
tipo de pesquisa qualitativa (RICHARDSON, 2012, p. 79-80).

Palavras-chave: 1. Grande Irmão. 2. Ministério da Verdade. 3. Massas.

1. INTRODUÇÃO

“Apesar de você, amanhã há de ser outro dia”


Chico Buarque

Um Grande Irmão que dizia a todo instante o que cada sujeito deveria fazer. Um ser
nunca visto por ninguém, mas ouvido e aclamado por todos os cidadãos da fictícia Oceânia –
cenário do livro 1984, de George Orwell. O líder de um País totalmente opressor, que negava
aos seus habitantes o direito de pensar, manipulando-os diariamente por meio dos órgãos
estatais e fazendo valer seu papel de protetor da nação. Uma realidade totalmente fora de
contexto nos dias atuais. Será?
Na atualidade, não vivemos uma realidade tão exacerbada e cruel, como os habitantes
da fictícia Oceânia viviam, mas não distanciamos deste controle descrito por Orwell em sua
obra, sendo constantemente vigiados por olhos invisíveis que buscam nos manter dentro dos
padrões sócio governamentais impostos pelo Grande Irmão.
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Assim, esta produção acadêmica tem como objetivo analisar o controle do Estado
sobre os comportamentos dos cidadãos na perspectiva de George Orwell, na obra 1984. E,
para isso pautaremos o presente texto junto ao procedimento de pesquisa bibliográfica
(elaborado a partir de material já publicado, revisando de forma intensa a literatura existente
sobre o assunto escolhido – GIL, 2010, p. 29-43), método dedutivo (idealizado a partir de uma
cadeia de raciocínios em ordem descendente, de análise do geral para o particular, até chegar-
se a uma possível conclusão – GIL, 2016, LAKATOS, 2011), bem como quanto ao tipo de
pesquisa qualitativa (busca a compreensão detalhada dos significados e características
situacionais dos fenômenos – RICHARDSON, 2012, p. 79-80)

2. O CONTROLADOR INVISÍVEL AOS OLHOS DAS GRANDES MASSAS

“Pai, afasta de mim esse


cálice.”
Chico Buarque e Milton Nascimento

Na obra publicada por George Orwell em 1949, a sociedade era extremamente


controlada por um Estado totalmente opressor, que buscava a constante alienação e domínio
sobre as massas, objetivando que o poder do Grande Irmão sempre fosse seguido, temido e
respeitado por qualquer cidadão, com isso, supõe-se o não garantismo aos direitos tidos como
essencialmente humanos. Para que isso ocorresse de maneira uniforme, a propaganda
estadista era ferramenta de grande importância, para que desta forma, o cidadão lembrasse
que o Grande Irmão estava de olho. Além disso, o Estado contava com órgãos reguladores,
que buscavam o bem estar social – O Ministério da Paz, o Ministério do Amor e o Ministério
da Verdade.

Os direitos humanos são garantias históricas, que mudam ao longo do tempo,


adaptando-se às necessidades específicas de cada momento. Por isso, ainda que a
forma com que atualmente conhecemos os direitos humanos tenha surgido com
a Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinada em 1948, antes disso,
princípios de garantia de proteção aos direitos básicos do indivíduo já apareciam em
algumas situações ao longo da história. (SOUZA, 2018)

As massas sempre foram objeto de dominação e controle, e segundo Jean Baudrillard


em sua obra À Sombra das Maiorias Silenciosas:

Na representação imaginária, as massas flutuam em algum ponto entre a passividade


e a espontaneidade selvagem, mas sempre como uma energia potencial, como um
estoque de social e de energia social, hoje referente mudo, amanhã protagonista da
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história, quando elas tomarão a palavra e deixarão de ser a “maioria silenciosa” [...]
(BAUDRILLARD, 1994, p. 5)

Em 1984, as massas não flutuaram, muito menos deixaram de ser silenciosas,


conforme previa Baudrillard (idem), permanecendo na passividade de serem controladas,
oprimidas e servas de um sistema onde ninguém sabia a verdade. Questionamentos podem
surgir, tendo em vista que possuíamos um Ministério da Verdade na fantasiosa Oceânia e,
assim podemos dizer, na atualidade, também possuímos inúmeros Ministérios da Verdade,
que controlam de maneira invisível as massas e buscam fazer com que o Grande Irmão nunca
perca sua soberania.

Verdade. A porta da verdade estava aberta, mas só deixava passar meia pessoa de
cada vez. Assim não era possível atingir toda a verdade, porque a meia pessoa que
entrava só trazia o perfil de meia verdade. E sua segunda metade voltava igualmente
com meio perfil. E os dois meios perfis não coincidiam. Arrebentaram a porta.
Derrubaram a porta. Chegaram a um lugar luminoso onde a verdade esplendia em
fogos. Era dividida em duas metades, diferentes uma da outra. Chegou-se a discutir
qual a metade mais bela. As duas eram totalmente belas. Mas carecia optar. Cada
um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia. (ANDRADE, 2002)

Não nos distanciando da fictícia construção literária de George, consideramos a mídia


como uma Ministra da Verdade e o Estado como o Grande Irmão, controladores invisíveis
aos olhos do senso comum e das multidões, observa-se que estes buscam edificar o
conhecimento através de verdades contadas. Vivemos em um País que a população tem a
liberdade de expressão e liberdade de informação – garantidos pela CF/88 no inciso IX, do
art. 5º, bem como no § 1º do artigo 220, respectivamente –, com acesso instantâneo a
inúmeros dados que possam viabilizar o conhecimento verdadeiro e fundamentado no real.
Lembremos, que 1984 foi publicado em um período pós Segunda Guerra Mundial,
momento que se ruíam sistemas ditatoriais consolidados, como a Alemanha de Adolf Hitler e
a Itália de Benito Mussolini, o que permitiu a Orwell construir um mundo paralelo ao real que
trouxesse com clareza os ditames reais de todo um período da história. Torna-se intrigante aos
olhos de quem o veem, cinquenta e um anos após a publicação, observar que o livro retratava
um fato dos anos oitenta, tão presente e sorrateiro em nossa atualidade. Os meios midiáticos,
em consonância com o Estado visam manipular e controlar um todo, através da droga
informacional do século XXI – a Fake News. Utilizando deste mecanismo plantado e do fácil
controle estatal sobre as massas de manobra, já mencionados neste Artigo, vemo-nos dentro
da obra, ora objeto de análise desta reflexão.
Não vivemos em um Regime Ditatorial de Governo desde 1985, mas nunca deixamos
de viver um regime ditatorial informacional, onde estamos presos e atrelados aos
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controladores invisíveis – que buscam vislumbrar aos olhos daqueles que procuram a verdade
por meio desta construção reflexiva – que a todo instante perquire plantar novas verdades e
fazer com que a verdade de hoje, seja a mentira de amanhã. Isso se tornou extremamente
explícito por meio de George Orwell através do Ministério da Verdade, que tinha como
objetivo, contar a verdade que o Grande Irmão desejava que a massa soubesse, ou até mesmo,
camuflando informações por meio de fraudes rotineiras nos registros presentes, realizando
uma lavagem cerebral em seus liderados – ou melhor, alienados, e fazendo valer aquilo que o
Estado queria – Viva o Grande Irmão!

[...] Ministério da Verdade cuja função primeira não era reconstruir o passado e sim
abastecer os cidadãos da Oceânia com jornais, filmes, livros escolares, programas de
teletela, peças dramáticas, romances – com todo tipo imaginável de informação,
ensino ou entretenimento [...] (ORWELL, 1949, p. 57)

Nota-se esta prática nos dias atuais através dos veículos de comunicação, que fazem a
verdade conforme seu próprio interesse, buscando mostrar o lado que lhe beneficiará,
colocando as massas contra ou a favor de um sistema – nunca contra o Estado –, mas contra
àqueles que estão em sua direção. Esta colocação pode soar estranha, visto que o Estado não é
um ser que se autogoverna, mas assim como em 1984, o Grande Irmão era um ser
desconhecido por todos, somente ouvido e temido pelos alienados à um sistema construído e
dirigido por homens, que a qualquer momento, poderiam deixar de serem o sistema, mas o
Grande Irmão sempre seria o mesmo, e a formação alienatória continuaria a existir. Assim, se
engana aquele que crê em um Estado inanimado. O Estado é um ser vivo, que controla o
homem que está sob seu comando – o verdadeiro controlador invisível.
Na Constituição Federal de 1988, fica expresso em seu art. 220, § 1º e § 2º, que:

§ 1° Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena


liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social,
observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.

Pautado nisso, e em toda a retórica trazida até o momento, nos deparamos com uma
realidade difusa e expressa na lei maior brasileira, que nos traz a dúvida ou o questionamento
a ser feito neste instante. O Estado nesse papel de controlador invisível – conforme trouxemos
neste Artigo – vai contra as construções humanas daquele que o chefia, buscando o não
cumprimento tangível da CF/88 e permanece por zelar de uma soberania e processo
alienatório como o descrito por George Orwell em sua obra?
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No Brasil, sim. O Estado assume o papel de protagonista, se tornando o Grande Irmão


de uma realidade nunca esperada por nós, fazendo o uso de sua soberania e controle invisível.
Notamos de maneira clara, uma grande infração aos § 1° e 2º do artigo 220 da CF/88, por um
objeto impune, que se encontra acima da legislação de seu próprio ser, um fato que vislumbra
ser surreal, uma hipótese infundada, mas que, por meio da obra de Orwell, torna-se possível e
acredite se quiser, real. Com isso, o Poder Jurídico se depara com inúmeros Ministérios da
Verdade que se proliferam pelas cidades de nosso País, através dos meios de comunicação,
que hoje estão presentes em todos os cantos possíveis, de acesso rápido e fácil, disseminando
desta forma, o controle invisível de maneira rápida e sorrateira, movimentando as massas e
controlando todo um conglomerado de pessoas.

3. A LIDERANÇA DO ESTADO: CRIMIDEIA DA MORTE OU MINISTÉRIO


DA VERDADE?

“Caminhando contra o vento sem lenço e sem documento [...].”


Caetano Veloso

A liderança de um Estado controlador parece ser eminente em qualquer sistema político


governamental, deparamo-nos com inúmeras formas de regimes que definem o
comportamento social, sua influência perante as massas e as construções governamentais por
parte dos operadores do sistema – ou simplesmente, operários do Estado. Partindo desta
premissa de conformismo, por parte de um cidadão totalmente deficitário e de fácil alienação
– preso aos ditames do Estado, que o faz de fantoche social, o direcionando a todo instante,
produzindo o efeito de liberdade, demonstram tamanha força deste controlador invisível – nos
atinamos com a realidade descrita por Orwell.
Paulo Bonavides em sua obra Ciência Política, retrata de maneira clara esta
indivisibilidade do poder, que torna o Estado detentor de um poder uno.

Com a noção de unidade e indivisibilidade do poder, aufere o Estado moderno um


de seus postulados essenciais que, desprendendo o poder do Estado do poder pessoal
do governante, permite compreender a comunidade regida fora das concepções
civilistas do direito de propriedade [...] (BONAVIDES, 1967, p. 137)

Dentro deste Estado de total caos invisível, partimos de um ponto incomum da verdade,
uma fundamentação de ideias exacerbadas, mas que nos remetem a uma passagem de 1984,
dos horrores causados por um crime irreparável – a crimideia – ou segundo o próprio trecho,
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pensamento crime. O pensamento crime não acarreta a morte: o pensamento crime é a morte
(ORWELL, 1949, p. 40). Chegamos em um ponto de total importância na construção desta
reflexão, pois partimos de uma matéria muito comum no mundo jurídico – o crime. Uma ação
antijurídica, que nos torna imputáveis perante a lei. Mas, imputáveis perante qual lei? A lei
criada, controlada e aplicada pelos operários do Estado ou a lei do Estado, criada e regida por
um ser invisível, uno e soberano perante uma sociedade massificada, alienada e manipulada
pelos Ministérios da Verdade?
Pois bem, a complexidade parece ser tamanha, e nós, como operadores do Direito
começamos a nos sentir meros “fantoches”, manipulados por uma lei que não está ao nosso
alcance de aplicabilidade em tribunais ou supremas cortes, que rege um ordenamento que não
está ao nosso alcance, mas que parte de uma construção totalmente involuntária e precisa,
tendo um ser por detrás desta formação, responsável por descontruir a Pirâmide de Kelsen e
colocando acima da Constituição Federal, um novo ordenamento totalmente fora de nossas
possibilidades, a lei do Estado, que neste contexto se difere das leis aplicadas no Estado,
colocando-a como uma norma una, originária deste controlador.
Responder a indagação feita, parece ser cada vez mais difícil. Distanciamo-nos de nosso
ordenamento, de nossa realidade e nos colocamos em um mundo irreal, o mundo jurídico de
1984, que de maneira magnífica, trazida por George Orwell, nos mostra o paralelo mundo do
Direito, com construções fantasiosas, aplicáveis e acredite se quiser, existentes em nosso
cotidiano - 1984 não foge de nossa realidade em uma vírgula sequer e transmite-nos a real
sensação de controle total.
Para aqueles que ainda insistem em não acreditar que este Direito paralelo, trazido à
tona nesta reflexão, não passa de uma simples invenção infundada, que busca trazer consigo
considerações alucinarias e de cunho literário, devemos nos remeter a um célebre caso da
justiça brasileira, ocorrido em 1937, que ganhou tamanha repercussão a ponto de se tornar
obra cinematográfica. O caso “Irmãos Naves”, ocorrido doze anos antes da publicação de
1984, trata-se de uma questão que será descrita literariamente por Orwell anos depois. Após
serem torturados, obrigados a darem depoimentos que os incriminavam e serem absolvidos
por duas vezes, os Irmãos Naves tiveram seus julgamentos anulados, sendo condenados a 25
anos e 6 meses de prisão. Um caso aparentemente surreal, com contornos de drama e injustiça
– cenário ideal para a obra ora analisada, em um período ditatorial brasileiro, que perpetuou
de 1937 a 1945. Orwell pode ter utilizado o exemplo dos Irmãos Naves em sua obra? Nunca
saberemos.
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Se o Partido era capaz de meter a mão no passado e afirmar que tal ocorrência
jamais ocorrera – sem dúvida isso era mais aterrorizante do que a mera tortura ou a
morte [...] “Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente,
controle o passado”, rezava o lema do Partido. (ORWELL, 1949, p. 47)

Estamos todos condenados a punição com a morte, por sermos grandes infratores da lei
do Estado, através das crimideias, muitas vezes acometidas por intermédio dos Ministérios da
Verdade, que buscam, por meio da grande fidelidade ao Grande Irmão, identificar os grandes
traidores da pátria, que perversamente reproduzem inúmeras vezes em suas mentes abaixo o
Grande Irmão, indo contra a paz e a ordem impostas pelo controlador e se distanciando das
construções ideais das massas silenciosas, tão inquiridas pelo Estado e fonte de controle dos
Ministérios da Verdade, que constantemente, recrutam novos aliados e dispensam criminosos
infiltrados.
Partindo desta consolidação de ideais, nos vemos atrelados ao seguinte trecho de 1984,
que de maneira instintiva, nos traria a impressão da falsa existência do Grande Irmão e da
conseguinte desconstrução da ideia do Estado como ser, que monopoliza, controla e aliena as
massas, manipulando de forma tão peculiar, tornando-a imperceptível aos olhos da grande
maioria, que se agarra aos martírios de seus antepassados e gozam de uma falsa liberdade
disposta pelo Estado. O Grande Irmão existe? Claro que existe. O Partido existe. O Grande
Irmão é a personificação do Partido. (Orwell, 1949, p. 303).
Pautado neste questionamento, nos colocamos a pensar acerca desta construção
fantasiosa de um Grande Irmão, que busca incansavelmente sustentar-se no poder, através de
um partido que cria raízes em um sistema feito para que ele se consolide a frente das massas
silenciosas. Vemos uma personificação do Estado invisível, que se forma em um paralelo de
ideias inatas, surgidas de um momento oportuno para a instauração de um regime, que através
do Controlador Invisível atingiu a figura máxima de um partido, uma ramificação deste poder
uno e soberano, que escondido sobre a face de um Grande Irmão, buscou se colocar a frente
de um todo. O Grande Irmão continua sendo o Estado, mas com porções distintas de poder,
que transita entre um poder uno e soberano para um poder complexo e de extrema
importância para o homem, nos mostrando quão capaz se torna o Estado em se adaptar com as
diversas realidades e manter em suas mãos o controle de um todo, transformando seus
operários em fiéis seguidores de um sistema que acreditam ser de criação humana, mas na
verdade, se baseia em algo arquitetado e controlado por este ser invisível.
Esta fácil adaptação por parte do Estado na busca pelo controle máximo, se torna
evidente em Vigiar e Punir, escrita pelo francês Michel Foucault, que retrata em sua
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construção filosófica o papel evolucionário do Direito Penal e de suas punições, à época


justas, hoje exacerbadas. Assim, Foucault diz: Diante da justiça do soberano, todas as vozes
tem de se calar. (FOUCAULT, 1975, p. 33), somente comprovando que o controle do Estado
pode ser visto na figura de inúmeros fantoches, manipulados de maneiras vis por este
controlador invisível. Remetemo-nos a pensar sobre esta afirmação, não em seu todo, mas
apenas em uma simples frase “justiça do soberano”. Quem é este soberano? Qual é esta
justiça? A do Estado ou a dos Homens?
Consoante a nossa reflexão, vemos que a soberania de Foucault, investida na figura de
um fantoche denominado como Rei, é apenas uma das formas encontradas pelo Estado para se
sustentar no poder, controlando a majestade, mas mantendo em sua cabeça a coroa. Essa
soberania se desenha de maneira monárquica, mas sempre prevalecendo nas mãos deste ser
invisível, que por meio de sua força, sua pujança e seu controle, absorve o todo e faz com que
a célebre frase de Luís XIV prevaleça – O Estado sou eu – só que desta vez, tendo este eu,
investido na figura do próprio Estado. A justiça, por sua vez, sempre será a dos Homens, pois
a justiça do Estado nunca estará ao nosso alcance de aplicabilidade, mas sempre teremos uma
justiça atrelada aos anseios do Estado, que buscará por inúmeros meios o controle das massas
de manobra, utilizando seus operários para esta missão.
Voltando ao que é plausível aos olhares empíricos, observamos grande poder de
liderança existente por parte do Estado, que zela pela integridade de seu cidadão, em busca de
seu bem-estar social, utilizando-se da mídia para blindar-se das críticas sociais, que acabam se
tornando fonte de conhecimento da população. O jurídico por si só, tenta se desvencilhar
deste nó dado a inúmeros anos pelo controle estatal, com o intuito de ganhar independência
desta invisibilidade que para muitos já se torna uma realidade explícita, que objetiva a
manipulação do sistema, já corrompido pelo ordenamento estatal produzido pelos operários
do Estado. Um passo apenas, para que assim, Orwell torne sua obra uma verdadeira profecia,
transformando o poder judiciário na polícia de pensamento, órgão responsável por conter as
crimideias em nome do Grande Irmão. A liderança do Estado se torna cada vez mais forte, e
as massas cada vez maiores, controladas pela mídia e contidas por parte do judiciário,
compondo um grande elo controlador.

4. CONCLUSÃO

O Controlador Invisível já se mostrou consolidado em nossa realidade. As obras


literárias são meras ferramentas de trabalho para que nós pudéssemos chegar a esta conclusão.
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O Estado em seu papel de Grande Irmão busca manter-se atento ao comportamento das
massas silenciosas e realizar seus devidos controles quando necessário, seja por meio dos
Ministérios da Verdade – mídia –, seja por meio da Polícia de Pensamento – Poder Judiciário.
Perante as perspectivas trazidas por George Orwell, ficou evidente em sua formação,
uma realidade totalmente involuntária e existente, deixando claro o papel manipulador do
Estado perante não só ao cidadão ou sujeito de direitos, mas a um sistema totalmente
disseminado e de fácil controle por parte de um ser invisível a nossos olhos, mas de grande
poder em suas mãos, que evidencia suas inúmeras personalidades assumidas ao decorrer de
um processo, objetivando manter-se sempre a frente do todo.
Vimos que não são apenas singularidades de uma obra literária, mas o reflexo da
atualidade, que se aperfeiçoou ao longo do tempo e despojou de imponência com sua
consolidação. Um sistema controlado por algo muito além de nossas possibilidades, que nos
atém a simples busca pela própria liberdade, se abdicando cada dia de nossas vontades e
anseios, se atrelando cada vez mais ao controle do Estado e de seus órgãos reguladores, que
buscam dominar os meios com o intuito de chegar ao fim – a alienação. Nós, como
cidadãos/sujeitos de direito, ficamos perplexos com tamanha e espantosa construção reflexiva,
que nos traz o sentimento do medo, de insegurança e falta de liberdade. Liberdade de que ou
de quem? Pergunta esta que jamais conseguiremos responder. Afinal, somos manipulados e
temos nossos direitos humanos dignamente respeitados?
Um fantasioso país, chamado de Oceânia por Orwell em 1949, porém, na atualidade,
poderia ser chamado facilmente de Brasil ou por qualquer substantivo próprio que nomeia os
territórios mundiais. A figura do Estado se perpassa por todos os lugares, todos os
ordenamentos jurídicos, todos os meios de comunicação, todos os regimes de governo. O
Estado é o Grande Irmão mundial, que controla invisivelmente todo e qualquer
comportamento ocorrido nos quatro cantos do planeta – Estado, o grande líder mundial. Seu
papel de liderança totalitária foi bem desempenhado sobre nós, cidadãos, que pelos meios
possíveis, buscamos garantir nossa liberdade de pensamento, sem corrermos o risco de sermos
condenados por prática de crimideia.
Concluímos assim, explicitando a imponência estatal, a submissão das massas
silenciosas e o poder deste controlador invisível, tão citado neste Artigo. Buscamos esclarecer
aos olhos daqueles que buscam o conhecimento o quão perigoso e alienatório se transformou
a realidade, pautada em uma obra fictícia de George Orwell, que já em 1949 previa esta
consolidação de um sistema. Orwell soube explorar uma realidade não tão distante de seu
tempo, deixando um verdadeiro e contemporâneo registro do Século XXI.
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REFERÊNCIAS

ANDRADE, Carlos Drummond de. Verdade: poesia completa. Rio de Janeiro: Nova
Aguilar. 2002.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal:


Centro Gráfico, 1988.

BAUDRILLARD, Jean. À sombra das massas silenciosas. 4. ed. São Paulo: Brasiliense,
1985.

BONAVIDES, Paulo. Ciência política. 10. ed. São Paulo: Editores Malheiros, 1967.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. 23. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho


científico. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

ORWELL, George. 1984. 33 reim. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

RICHARDSON, Roberto Jarry; Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. São Paulo: Atlas,
2011.

SOUZA, Izabela. O que são direitos humanos? 2018. Disponível em:


https://www.politize.com.br/direitos-humanos-o-que-sao/, último acesso em 07/06/2020.

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