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Quem foi Fernão Lopes?

 
Sem ele a história de Portugal não seria a mesma. Fernão Lopes, cronista-mor durante
mais de 20 anos, relatou acontecimentos extraordinários do século XIV. Muitas das
suas crónicas perderam-se no tempo, salvaram-se as de D. Pedro, D. Fernando e D.
João I.
 
Ainda não era rei, D. Duarte quis os feitos de seu pai, D. João I, imortalizados e, a
segunda dinastia, a da casa de Avis, que chegara ao trono aclamada pelo povo,
legitimada também pela narrativa histórica. Chamou o guardião das escrituras da Torre
do Tombo e entregou-lhe a tarefa de redigir as crónicas de todos os reis da primeira
dinastia e a do décimo rei de Portugal, cognominado o da Boa Memória.
Fernão Lopes, escrivão de ofício, aceita em 1434 o cargo de cronista do reino e uma
renda de 14.000 reais. Tinha a formação de saber pesquisar documentação, de
consultar narrativas, registos, arquivos, atas das cortes. Rigoroso, cruza informação
para assegurar a veracidade dos factos. No prólogo da “Crónica de D. João I”, o
cronista explica que a sua vontade é “escrever verdade sem outra mistura”. Mais do
que uma narrativa, as crónicas são feitas de uma linguagem viva e acessível, um relato
quase reportagem dos acontecimentos, como  o  retrato que faz da revolução de 1383-
1385, do levantamento do povo de Lisboa que rejeita ver o país perder a
independência e escolhe para seu novo rei, o mestre de Avis.
De origem humilde e formação modesta, Fernão Lopes, nascido provavelmente em
Alfama, Lisboa, é por muitos considerado o pai da história portuguesa. Em 1454,
Afonso IV dispensa-o da função de cronista e substitui-o por Gomes Eanes de Zurara.
Novas páginas de Portugal iriam ser escritas.

Crónica de El-Rei D. João I

A Crónica de D. João I foi escrita por Fernão Lopes, por volta de 1450, e constitui, após
as crónicas de D. Pedro e de D. Fernando, a terceira e mais perfeita das três grandes
crónicas compostas pelo primeiro cronista régio.

Esta crónica, impressa pela primeira vez em Lisboa, em 1644, foi deixada incompleta
por Fernão Lopes, sendo de sua autoria a primeira (o interregno entre a morte de D.
Fernando e a eleição de D. João I) e a segunda parte (o reinado de D. João I até 1411),
não se sabendo se terá legado manuscritos para a terceira parte, redigida pelo seu
sucessor, Gomes Eanes de Zurara, conhecida como Crónica da Tomada de Ceuta. 

É no prólogo da Crónica de D. João I que o cronista expõe o seu objetivo e método de


historiar inovador. O seu desejo é "em esta obra escrever verdade sem outra mistura",
para o que faz concorrer toda a gama de documentos possível, desde narrativas a
documentos oficiais, confrontando-os entre si para assegurar a veracidade dos registos
existentes. Ao mesmo tempo, esta crónica estabelece, de certa forma, o ponto de
chegada das duas crónicas precedentes, na medida em que estas preparam os
acontecimentos que culminam com a sublevação popular e consequentemente, com a
entronização de D. João I.

A primeira parte da crónica descreve a insurreição de Lisboa na narração célere dos


episódios quase simultâneos do assassinato do conde Andeiro, do alvoroço da
multidão que acorre a defender o Mestre e da morte do bispo de Lisboa. Ao longo dos
capítulos, fundamenta-se a legitimidade da eleição do Mestre, consumada nas cortes
de Coimbra, na sequência da argumentação do doutor João das Regras, enquanto
desfecho inevitável imposto pela vontade da população. Nesta primeira parte, o
talento do cronista na animação de retratos individuais, como os de D. Leonor Teles ou
D. João I, excede-se na composição de uma personagem coletiva, o povo, verdadeiro
protagonista que influi sobre o devir dos acontecimentos históricos.

Na segunda parte, o ritmo narrativo diminui, tratando-se agora de reconhecer o rei


saído das cortes, e é de novo pela ação do povo que a glorificação do monarca é
transmitida, como, por exemplo, no modo como o acolhe a cidade do Porto. Um outro
momento de maior relevo é consagrado, nesta parte, à narrativa da Batalha de
Aljubarrota, embora aí não ecoe o mesmo tom de exaltação com que, na primeira
parte, colocara em cena o movimento da massa popular.

Capítulo 11 – “Do alvoroço que foi na cidade cuidando que matavam o Mestre, e
como alo [= lá] foi Álvoro Pais e muitas gentes com ele.”
“Conta-se neste cap. como o povo de Lisboa foi ajudar D. João, Mestre de Avis,
quando se soube que a sua vida corria perigo, no Paço em que estavam a rainha D.
Leonor Teles e João Fernandes Andeiro, fidalgo galego que, com escândalo público, era
amante da rainha.
Chegada ao Paço, a multidão verificou que o Mestre de Avis estava vivo, tendo
Andeiro sido morto por ele. Resultaram daí grandes manifestações de alegria coletiva,
expressão do apoio popular que era dado a D. João enquanto adversário da rainha,
regente do reino por morte de D. Fernando.”

Capítulo 115 –“Per que guisa [= de que modo] estava a cidade corregida [=


preparada] pera se defender, quando el-rei de Castela pôs cerco sobrela.”
“Conta-se neste cap. como se fez a preparação da cidade de Lisboa para resistir
ao cerco dos castelhanos.
Comandando a defesa da cidade, o Mestre de Avis manda guardar alimentos,
por forma a que eles não faltem, uma vez que o cerco impediria o reabastecimento da
cidade.
Descreve-se também o trabalho de organização dos defensores e dos
equipamentos: a reparação e o fortalecimento das muralhas, a verificação das armas, a
distribuição de tarefas de defesa e a regulação da ordem na cidade.
Salienta-se, ao mesmo tempo, que se trata de um esforço de guerra coletivo,
que chega a causar a admiração de quem relata.”

Capítulos 148 – “Das tribulações [= dificuldades] que Lixboa padecia per mingua de


mantimentos.”
“Este cap. ocupa-se dos tempos de sofrimento da população de Lisboa, sujeita
ao cerco castelhano. As privações que ele provoca são descritas de forma
pormenorizada, salientando-se os vários aspetos do sacrifício a que o referido cerco
obriga: a escassez de alimentos e o seu preço elevado, a falta de esmolas, o recurso a
produtos de baixa qualidade, etc.
E, contudo, sempre que o inimigo ameaçava era visível o esforço coletivo para
superar as dificuldades.” 

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