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Vistos e examinados estes autos de reclamação

trabalhista, registrados sob n.° 28122-82.2018, em


que é autora Larissa Irala de Medeiros Ficht de
Oliveira e ré a Fundação Municipal de Saúde...

1 – RELATÓRIO

LARISSA IRALA DE MEDEIROS FICHT DE


OLIVEIRA, qualificada nos autos, ajuizou a presente reclamatória trabalhista em
face da FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE, igualmente qualificada.

Alegou, em resumo, que foi contratada pela parte ré,


em 02/Fev/2015, para o cargo em comissão de assessora técnica de gestão de
pessoas. Sucede que, mesmo estando com aproximadamente doze semanas de
gestação, foi exonerada do referido cargo em 05/Mar/2015. Desse modo, asseverou
que houve violação ao direito a estabilidade provisória e a licença gestante. Por fim,
ante a conduta ilícita, sustentou que deve ser a ré condenada a reparar o dano moral
daí decorrente. Por isso, requereu a procedência dos pedidos, com o reconhecimento
da estabilidade provisória e licença maternidade e a condenação da ré no pagamento
das verbas salariais, com os devidos reflexos, e dos danos sofridos. Juntou
documentos.
O réu foi citado e apresentou contestação, por meio da
qual refutou a tese inaugural. Sustentou, em resumo, que a autora foi nomeada para
ocupar cargo em comissão - de livre nomeação e exoneração, não havendo, portanto,
direito a estabilidade provisória. Alegou, ainda, que não tinha conhecimento acerca
do estado gestacional da autora, a qual, inclusive, era preexistente a sua nomeação
para exercer o cargo em comissão. No mais, rebateu o dano moral postulado.
Requereu, então, a improcedência dos pedidos.

A autora impugnou os termos da resposta, reafirmando


a tese inicial.

As partes dispensaram a produção de provas.

A seguir, vieram os autos conclusos.

É o relatório.
Decido.

2 - FUNDAMENTAÇÃO

O pedido inicial procede em parte, tal como será


demonstrado.

Com efeito, a proteção à maternidade está


expressamente prevista na Constituição Federal, que em seu art. 6.º institui que são
direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados”. Esta proteção, aliás, é aplicada às
servidoras públicas, nos termos do art. 39, § 3.º, da Constituição Federal.
Além disso, o art. 10 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias estabelece o lapso temporal de estabilidade provisória da
gestante, vedando, assim, a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada
gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.

E no caso dos autos, é possível observar que referido


lapso temporal não foi observado. Isso porque, as provas constantes nos autos
demonstram que a autora foi exonerada em 05/Mar/2015, data em que já se
encontrava em estado gestacional.

Neste sentido, é importante ressaltar que os


documentos acostados aos autos indicam, inclusive, que a parte ré tinha ciência
acerca do estado gestacional da autora. Quer dizer, o atestado médico de seq. 1.4 foi
elaborado antes da efetiva publicação da Portaria de exoneração (05/Mar/2015),
demonstrando, ainda, que na ocasião a gestação da autora era de aproximadamente
doze semanas.

E mesmo que assim não fosse, a ausência de


conhecimento acerca do estado gestacional não obsta o reconhecimento a
estabilidade provisória, haja vista que a proteção constitucional é aplicada
independentemente de prévia comunicação ao empregador. Observe:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. EMPREGADA GESTANTE. REQUISITOS
PARA CONCESSÃO DE ESTABILIDADE PROVISÓRIA.
PREVISÃO EM NORMA COLETIVA DE TRABALHO.
IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE REGULAMENTAÇÃO
MEDIANTE LEI EM SENTIDO ESTRITO. PRECEDENTES. 1.
Conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a
alínea “b” do inciso II do art. 10 do ADCT, ao conferir
estabilidade provisória à empregada gestante, apenas exige, para
seu implemento, a confirmação do estado gestacional. Pelo que
não há falar em outros requisitos para a fruição do benefício,
como a prévia comunicação da gravidez ao empregador, porque
somente lei poderia regulamentar a matéria. 2. Agravo regimental
desprovido. (RE 570311 AgR, Relator(a): Min. AYRES BRITTO,
Segunda Turma, julgado em 22/03/2011, DJe-100 DIVULG 26-
05-2011 PUBLIC 27-05-2011 EMENT VOL-02531-01 PP-00139
RDECTRAB v. 18, n. 204, 2011, p. 119-122)

Não desconhece o Juízo que os cargos em comissão


são de livre nomeação e exoneração, de modo que as decisões acerca da contratação e
exoneração estão no campo da discricionariedade da Administração Pública.

Contudo, em se tratando de servidora pública gestante,


é evidente que a extinção de seu contrato de trabalho não pode violar as garantias
constitucionais, notadamente à proteção à maternidade.

A propósito, a questão já se encontra pacificada na


jurisprudência do e. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná:

REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA.


SERVIDORA PÚBLICA GESTANTE OCUPANTE DE CARGO EM
COMISSÃO. EXONERAÇÃO DURANTE A GRAVIDEZ. PLEITO
DE REINTEGRAÇÃO OU REPARAÇÃO PECUNIÁRIA.
ADEQUAÇÃO DA VIA MANDAMENTAL. PRELIMINAR
AFASTADA. CONFIRMAÇÃO DA ANTERIORIDADE DA
GRAVIDEZ AO ATO EXONERATÓRIO. RECONHECIMENTO DO
DIREITO DA IMPETRANTE À ESTABILIDADE PROVISÓRIA, NA
FORMA DO ARTIGO 10, II, B, DO ADCT, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. ENTENDIMENTO PACÍFICO NA JURISPRUDÊNCIA
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. SEGURANÇA CONCEDIDA PARA
DETERMINAR O PAGAMENTO DOS SALÁRIOS A QUE FAZ JUS
A IMPETRANTE. DECISÃO ESCORREITA. SENTENÇA
MANTIDA. (TJPR - 5ª C.Cível - 0002427-39.2013.8.16.0148 -
Rolândia - Rel.: Juiz Rogério Ribas - J. 02.07.2019)

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE COBRANÇA - SERVIDOR


PÚBLICO - CARGO EM COMISSÃO - GESTANTE - SERVIDORA
EXONERADA NO PERÍODO DE GRAVIDEZ - COMPROVAÇÃO -
CONFIGURAÇÃO DA ESTABILIDADE PROVISÓRIA -
PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL -
PARCELAS DEVIDAS DESDE A EXONERAÇÃO ATÉ 5 (CINCO)
MESES APÓS O PARTO - REFLEXOS DO DÉCIMO TERCEIRO E
FÉRIAS - INVERSÃO DOS ÔNUS SUCUMBENCIAIS - SENTENÇA
REFORMADA - RECURSO PROVIDO. (TJPR - 3ª C.Cível - AC -
1632726-9 - Dois Vizinhos - Rel.: Juíza Denise Hammerschmidt -
Unânime - J. 25.07.2017)

2ª Câmara Cível - ACRN 1.574.912-3Apelação Cível e Reexame


Necessário nº 1.574.912-3 Origem: 2ª Vara da Fazenda Pública da
Comarca de Foz do Iguaçu Apelante: Estado do Paraná Apelada:
Caroline Isabela Cristofoli Zeilmann Relator: Des. Silvio
DiasAPELAÇÃO CÍVEL: ADMINISTRATIVO. RECURSO QUE
NÃO MERECE SER CONHECIDO.AUSÊNCIA COMPLETA DE
ATAQUE À SENTENÇA. RECORRENTE QUE NÃO TROUXE
QUALQUER FUNDAMENTO PARA SUSTENTAR SEU PEDIDO
DE REFORMA DA DECISÃO. APELO QUE NÃO PODE FUNDAR-
SE UNICAMENTE NO PREQUISTIONAMENTO DA MATÉRIA.
OFENSA AO PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. RECURSO NÃO
CONHECIDOREEXAME NECESSÁRIO: SERVIDORA GESTANTE
DETENTORA DE CARGO EM COMISSÃO DE LIVRE
NOMEAÇÃO E EXONERAÇÃO. ESTABILIDADE PROVISÓRIA
QUE DEVE SER RESGUARDADA. ENTENDIMENTO
MANIFESTADO PELO STF E POR ESTA CORTE. EXONERAÇÃO
NO PERÍODO QUE SE MOSTRA
DESCABIDA.DESNECESSIDADE DE PRÉVIA INFORMAÇÃO AO
ENTE PÚBLICO ACERCA DA GESTAÇÃO. CONDENAÇÃO DO
ESTADO AO PAGAMENTO DAS VERBAS DEVIDAS À AUTORA
NO PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE A CIÊNCIA DA
GESTAÇÃO ATÉ 5 MESES APÓS O PARTO. SENTENÇA
MANTIDA EM REEXAME NECESSÁRIO.EX OFFICIO:
SENTENÇA OMISSA QUANTO AOS ÍNDICES DE CORREÇÃO E
JUROS DE MORA APLICÁVEIS AO PRINCIPAL DEVIDO PELO
ESTADO, BEM COMO QUANTO À INCIDÊNCIA DE JUROS DE
MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE A VERBA
HONORÁRIA FIXADA PELA SENTENÇA. POSSIBILIDADE DE
DETERMINAÇÃO NESTE MOMENTO. INCIDÊNCIA DO §1º DO
ART. 322 DO CPC/2015. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS EM
CONFORMIDADE COM O ART. 1º-F DA LEI 9494/97, TANTO
PARA O PRINCIPAL QUANTO PARA OS HONORÁRIOS.
SENTENÇA COMPLEMENTADA DE OFÍCIO. (TJPR - 2ª C.Cível -
ACR - 1574912-3 - Foz do Iguaçu - Rel.: Desembargador Silvio
Dias - Unânime - J. 04.10.2016)
Desse modo, ainda que tenha sido contratada
precariamente, a autora tem direito ao pagamento das verbas decorrentes da
estabilidade provisória que lhe foi suprimida.

Outrossim, igualmente é assegurado à autora licença


maternidade pelo prazo de seis meses.

A Lei n. 11.770/2008 se limitou a possibilitar a criação,


pela administração pública – direta, indireta e fundacional, de programa equivalente
ao nominado Programa Empresa Cidadã, com o escopo de garantir a prorrogação da
licença maternidade em favor das suas respectivas servidoras. Observe:

Art. 1o É instituído o Programa Empresa Cidadã, destinado a


prorrogar por 60 (sessenta) dias a duração da licença-maternidade
prevista no inciso XVIII do caput do art. 7.o da Constituição
Federal.
§ 1o A prorrogação será garantida à empregada da pessoa jurídica
que aderir ao Programa, desde que a empregada a requeira até o
final do primeiro mês após o parto, e concedida imediatamente após
a fruição da licença-maternidade de que trata o inciso XVIII do
caput do art. 7.º da Constituição Federal.
(...)
Art. 2o É a administração pública, direta, indireta e fundacional,
autorizada a instituir programa que garanta prorrogação da
licença-maternidade para suas servidoras, nos termos do que prevê
o art. 1o desta Lei.

A aplicação desta disposição foi fortemente debatida


nos Tribunais. Não obstante, pouca controvérsia subsiste, visto que praticamente
pacífica a orientação no sentido de que não possui natureza cogente. Ao contrário, é
norma que depende de regulamentação, não podendo, por este motivo, ser utilizada
para concessão de licença maternidade pelo prazo de cento e oitenta dias às
servidoras de entes públicos que ainda não tenham instituído, regulamentado ou
disciplinado (como queira) o mencionado programa.

No entanto, em 18/Set/2013 o Município de Foz do


Iguaçu publicou a Lei Municipal n. 4.137/2013, que teve por finalidade instituir o
benefício disciplinado na Lei Federal n. 11.770/2008.

Art. 1º. Fica instituído, nos termos do art. 2º, da Lei Federal nº
11.770, de 9 de setembro de 2008, o Programa de Prorrogação da
Licença Maternidade e à Adotante no âmbito da Administração
Direta, Autárquica e Fundacional do Poder Executivo e do Poder
Legislativo do Município de Foz do Iguaçu, com o objetivo de,
durante os primeiros 6 (seis) meses de vida, garantir o exclusivo
aleitamento materno e a priorização do convívio da mãe e do
infante.

Por isso, considerando que o Município de Foz do


Iguaçu regulamentou o chamado Programa de Prorrogação da Licença Maternidade,
é fácil perceber que a autora poderia gozar do benefício pleiteado.

Por outro lado, quanto ao dano moral pretendido, boa


sorte não ampara os interesses da autora.

Sustenta a autora que a conduta da Fundação ré lhe


causou transtornos e indignação. Nada obstante, na presente demanda, é possível
perceber, extreme de dúvidas, que não houve qualquer abalo a honra e a reputação da
autora, notadamente porque em momento algum passou por situação vexatória ou
constrangedora.

Acerca do tema, Rui Stoco observa que nosso


ordenamento firma o princípio de que somente quando o agente praticar ato ilícito e
desse comportamento resultar dano a outrem é que nasce a obrigação de indenizar.
Mantém-se o binômio: ato ilícito + dano = reparação, herdado da teoria clássica e
conservado em nosso ordenamento jurídico ao longo dos três últimos séculos. (...) É
que, segundo a doutrina e jurisprudência pacíficas, não basta o ato ilícito. Deve
ocorrer um dano, seja de ordem material, como moral. (in Tratado de
Responsabilidade Civil, 6ª ed., ed. RT, p. 163/164).

É certo que a desídia do réu se traduz em situação de


aborrecimento e preocupação. Nada obstante, este fator, por si só, não é capaz de
induzir a configuração do dano moral pretendido.

O fato apontado, como se vê, não acarretou qualquer


dano de ordem moral à parte autora. É desprovido de quaisquer consequências
jurídicas graves, tais como humilhação, constrangimento ou outro sofrimento
psicológico qualquer passível de reparação.

A propósito:

O mero dissabor não pode ser alcançado ao patamar do dano


moral, mas somente aquela agressão que exacerba a naturalidade
dos fatos da vida, causando fundadas aflições ou angústias no
espírito de quem ela se dirige. (STJ Resp 215.666/RJ, 4ª Turma,
Relator Ministro César Asfor Rocha).
Como se percebe, para a caracterização de dano
indenizável, é indispensável a configuração de um vexame, sofrimento ou
humilhação que, fugindo à normalidade da vida em sociedade, interfira de forma
relevante no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflição, angústia
e desequilíbrio em seu bem-estar, não bastando o mero dissabor, aborrecimento,
mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada, como é o caso dos autos.

De resto, insta salientar que a autora não faz jus ao


recebimento do FGTS e multa no importe de 40%.

Isto ocorre porque, conforme já exposto, os cargos em


comissão são declarados em lei de livre nomeação e exoneração. Trata-se, como se
vê, de exoneração ad nutum, podendo ser afastado a qualquer tempo, sem
possibilidade de alcançar estabilidade definitiva no serviço público. Não há
necessidade sequer de motivação do ato. Seu provimento é sempre feito a título
precário. E a autora tinha ciência desta situação desde que foi contratada.

Além disso, a aludida verba possui natureza


nitidamente indenizatória, eis que tem por finalidade compensar o trabalhador pelo
seu tempo de serviço acaso dispensado sem justa causa pelo empregador.

Assim, receber o mencionado pagamento configuraria


verdadeiro benefício da própria torpeza, notadamente porque não pode perceber
indenização que soube não lhe ser devida desde o estabelecimento de vínculo jurídico
junto a Fundação ré.

Pelo esposado, alternativa não resta senão a parcial


procedência dos pedidos iniciais.
3 – DISPOSITIVO

Por estas razões, atento a tudo o que foi exposto, julgo


parcialmente procedentes os pedidos formulados na inicial, para o fim de
condenar a parte ré ao pagamento das verbas salariais decorrentes da estabilidade
provisória e da licença maternidade - 05/Mar/2015 à 14/Mar/2016, com reflexos no
13.º salário e férias, sendo os valores apurados em posterior liquidação. A quantia
deverá ser corrigida monetariamente pelo IGP-M, a partir de cada pagamento
suprimido, acrescida de juros de mora de 1% ao mês, a contar da citação. Resolvo o
mérito, nos moldes do art. 487, inciso I, do Código de Processo Civil.

Pela sucumbência recíproca, condeno as partes, na


proporção de 50% para cada qual, ao pagamento das despesas e custas processuais, e
ainda em honorários advocatícios, cujo percentual será definido por ocasião da
liquidação do julgado, de acordo com o artigo 85, § 4.º, inciso II, do Código de
Processo Civil.

Sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição (art. 496, I,


NCPC), eis que a Corte Especial do STJ firmou o entendimento no sentido da
obrigatoriedade da apreciação da remessa necessária de sentenças ilíquidas
proferidas contra a Fazenda Pública (STJ – 1.ª Turma – AgRg no REsp n.
1.203.742/MG – Rel. Min. Benedito Gonçalves – J. 26/Ago/2014). Assim,
transcorrido o prazo para recurso voluntário, remetam os autos ao e. Tribunal de
Justiça do Estado, com as homenagens deste Juízo.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.


Foz do Iguaçu, 28 de agosto de 2019.

Rodrigo Luis Giacomin


Juiz de Direito

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