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MATERIAL DE APOIO

Disciplina: Direito Civil


Professor: Nelson Rosenvald
Aulas: 33 e 34 | Data: 20/10/2015

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

TEORIA GERAL DOS CONTRATOS


1. Principiologia contratual
1.3 Função social do contrato
1.3.1 Noções gerais
1.3.2 Eficácia interna
1.3.3 Eficácia externa
1.3.3.1 Interesses metaindividuais
1.3.3.2 Terceiro ofendido
1.3.3.3 Terceiro ofensor

1.3 Função social do contrato

1.3.1 Noções gerais


O princípio da função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva são distintos.

Enquanto a boa-fé objetiva é HORIZONTAL (endógena – diretriz da eticidade [art. 422, CC]), a função social do
contrato é VERTICAL (exógena – diretriz da socialidade [art. 421, CC]).

A boa-fé objetiva é endógena, porque diz respeito à imposição de solidariedade nas relações internas entre as
partes. Por outro lado, a função social do contrato é a materialização da solidariedade nas relações das partes
com a sociedade.

O contrato, atualmente, é um FATO SOCIAL, pois gera efeitos relevantes para toda a sociedade.

CC, art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos


limites da função social do contrato.

Esse artigo é a CLÁUSULA GERAL da função social do contrato.

Pergunta: quais os erros do artigo sobredito?

Está errada a expressão “liberdade de contratar”, pois o correto é LIBERDADE CONTRATUAL. A liberdade
contratual diz respeito à autonomia das partes.

O outro erro está na expressão “em razão e nos limites”, pois a liberdade contratual NÃO está submetida à
função social do contrato, ou seja, ambas se complementam.

A função social do contrato tem fundamento na CF:

CF, art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

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IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (autonomia
privada / autodeterminação);

Pergunta: todo negócio jurídico é CAUSAL? Sim, porque os negócios jurídicos somente terão sua licitude
reconhecida se tiverem uma CAUSA (função social) de acordo com os direitos fundamentais.

A partir de agora estudaremos as possíveis eficácias da função social.

1.3.2 Eficácia interna


Veja o teor do Informativo 561 do STJ de 17 de maio de 2015:

DIREITO EMPRESARIAL. FIXAÇÃO DE CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA.


Quando a relação estabelecida entre as partes for eminentemente comercial, a cláusula que estabeleça dever de
abstenção de contratação com sociedade empresária concorrente pode irradiar efeitos após a extinção do
contrato, desde que limitada espacial e temporalmente. Inicialmente, deve-se buscar, na hipótese em análise, a
finalidade pretendida pelas partes ao firmarem a cláusula de não concorrência para, então, compreender-se sua
adequação, ou não, à autonomia privada conformada pela funcionalização do direito privado, nos termos do art.
421 do CC. Com efeito, a restrição à concorrência no ambiente jurídico nacional, em que vige a livre iniciativa
privada, é excepcional e decorre da convivência constitucionalmente imposta entre as liberdades de iniciativa e de
concorrência. Saliente-se que essa mesma preocupação com os efeitos concorrenciais potencialmente negativos
forneceu substrato doutrinário e ideológico a suportar a vedação de restabelecimento em casos de trespasse de
estabelecimento. A referida vedação passou a integrar o ordenamento jurídico nacional por meio do art. 1.147 do
CC, segundo o qual, "Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer
concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência". Diferentemente da hipótese em
análise, a vedação ao restabelecimento nos casos de trespasse decorre de lei, o que afasta discussões acerca da
proporcionalidade da medida. A par disso, tratando-se a concorrência de valor institucional a ser protegido por
imposição constitucional, extrai-se a função social de cláusulas autorregulatórias privadas que se adequem a esta
finalidade. Por óbvio, essa admissão deverá atender a certos limites, sob pena de se desviarem de sua função,
passando a representar conduta abusiva de alguma das partes. Nesse contexto, deve também ser afastada a
conclusão no sentido de que, resolvido o vínculo contratual, não teria qualquer eficácia a cláusula de não
concorrência. Primeiramente, esse entendimento retira da cláusula toda sua funcionalidade, existente, como
demonstrado, na medida em que protege o ambiente concorrencial de distorções indesejadas. Ademais, a
exigência de conduta proba das partes, nos termos do art. 422 do CC, não está limitada ao lapso temporal de
vigência do contrato principal em que inserida. Nesse diapasão, o enunciado 25 da I Jornada de Direito Civil do
CJF, esclarece: "o art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação pelo julgador do princípio da boa-fé nas fases
pré-contratual e pós-contratual". E, de fato, insere-se na conduta conformada pela boa-fé objetiva a vedação ao
estabelecimento de concorrência entre empresas que voluntariamente se associam para ambas auferirem ganhos,
bem como o prolongamento dessa exigência por prazo razoável, a fim de propiciar a desvinculação da clientela da
representada do empreendimento do representante. Assim, devem ser consideradas válidas as cláusulas
contratuais de não-concorrência, desde que limitadas espacial e temporalmente, porquanto adequadas à
proteção da concorrência e dos efeitos danosos decorrentes de potencial desvio de clientela - valores jurídicos
reconhecidos constitucionalmente. REsp 1.203.109-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 6/5/2015,
DJe 11/5/2015.

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Ex.: negócio jurídico com autonomia privada e boa-fé objetiva, mas dotado de cláusula que ofende a dignidade da
pessoa humana (viola a eficácia interna do contrato).

Aduz o Enunciado 360, CJF – o princípio da função social dos contratos também pode ter eficácia interna entre as
partes contratantes.

1.3.3 Eficácia externa


A eficácia externa da função social trata da relação entre os contratos e a sociedade.

1.3.3.1 Interesses metaindividuais


Verifica-se que há contratos dotados de autonomia privada e boa-fé, porém que causam DANOSIDADE SOCIAL
(ofendem direitos difusos e coletivos).

Ex1.: negócio jurídico celebrado entre empresas com autonomia privada e boa-fé objetiva formando um
oligopólio – ofende direitos metaindividuais. Assim, o CADE visa promover a função social do contrato, a fim de a
formação de oligopólios seja vedado.

Ex2.: contrato que viola o meio ambiente. Nesse caso, legitima-se o MP intervir mediante Ação Civil Pública.

Nessa linha, aduz o Enunciado 23, CJF – a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, não
elimina o princípio da autonomia contratual (eficácia interna), mas atenua ou reduz o alcance desse princípio
quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana
(eficácia externa).

Ex.: publicidade com conteúdo discriminatório (art. 37, §2º, CDC): há necessidade de controle social (ex.: MP e
entes legitimados) sobre a função social do contrato.

CDC, art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

§2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de


qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a
superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência
da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de
induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa
à sua saúde ou segurança.

A eficácia externa da função social na vertente “interesse metaindividual” também se aplica nas relações
empresariais.

Preconiza o Enunciado 26 da Jornada de Direito Comercial – o contrato empresarial cumpre sua função social
quando não acarreta prejuízo a direitos ou interesses, difusos ou coletivos, de titularidade de sujeitos não
participantes da relação negocial.

1.3.3.2 Terceiro ofendido (vítima)


Terceiro-vítima é alguém determinado e que foi lesado por uma relação contratual da qual não participou.

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Imagine que “x” compre um Audi. Ocorre que, num determinado momento, estando em alta velocidade, em
virtude do freio falhar, o carro se choca contra um poste e atinge “y”. “X” experimenta várias lesões.

Sabemos que “x” tem direito de ingressar com ação contra a Audi (responsabilidade objetiva – art. 12, CDC
[defeito do produto]).

“Y” (terceiro ofendido) foi vítima de um acidente de consumo, porque o acidente decorreu do defeito do produto.
Porém, ele NÃO pertence à relação contratual.

É possível o terceiro ofendido (“y”) ajuizar ação de responsabilidade objetiva contra a Audi? Sim, pois se aplica o
princípio da função social do contrato na tese do terceiro ofendido, ou seja, “y” é chamado de consumidor
bystander (consumidor por equiparação).

CDC, art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos


consumidores todas as vítimas do evento.

Desse modo, entende-se que numa relação contratual, quando os deveres anexos de proteção, cooperação e
informação dizem respeito às partes, isso caracteriza boa-fé objetiva. Porém, quando as partes têm o dever anexo
de proteger terceiros, que não são partes da relação contratual, isso caracteriza a eficácia externa da função
social do contrato.

Veja o teor do Informativo 558 do STJ de 6 de abril de 2015:

DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE POR OFENSAS PROFERIDAS POR INTERNAUTA E


VEICULADAS EM PORTAL DE NOTÍCIAS.
A sociedade empresária gestora de portal de notícias que disponibilize campo destinado a comentários de
internautas terá responsabilidade solidária por comentários, postados nesse campo, que, mesmo relacionados à
matéria jornalística veiculada, sejam ofensivos a terceiro e que tenham ocorrido antes da entrada em vigor do
marco civil da internet (Lei 12.965/2014). Inicialmente, cumpre registrar que, de acordo com a classificação dos
provedores de serviços na internet apresentada pela Min. Nancy Andrighi no REsp 1.381.610-RS, essa sociedade se
enquadra nas categorias: provedora de informação - que produz as informações divulgadas na Internet -, no que
tange à matéria jornalística divulgada no site; e provedora de conteúdo - que disponibiliza na rede as informações
criadas ou desenvolvidas pelos provedores de informação -, no que tocante às postagens dos usuários. Essa
classificação é importante porque tem reflexos diretos na responsabilidade civil do provedor. De fato, a doutrina e
a jurisprudência do STJ têm se manifestado pela ausência de responsabilidade dos provedores de conteúdo pelas
mensagens postadas diretamente pelos usuários (REsp 1.338.214-MT, Terceira Turma, DJe 2/12/2013) e, de outra
parte, pela responsabilidade dos provedores de informação pelas matérias por ele divulgadas (REsp 1.381.610-RS,
Terceira Turma, DJe 12/9/2013). Não obstante o entendimento doutrinário e jurisprudencial contrário à
responsabilização dos provedores de conteúdo pelas mensagens postadas pelos usuários, o caso em análise traz a
particularidade de o provedor ser um portal de notícias, ou seja, uma sociedade cuja atividade é precisamente o
fornecimento de informações a um vasto público consumidor. Essa particularidade diferencia o presente caso
daqueles outros julgados pelo STJ, em que o provedor de conteúdo era empresa da área da informática, como a
Google, a Microsoft etc. Efetivamente, não seria razoável exigir que empresas de informática controlassem o
conteúdo das postagens efetuadas pelos usuários de seus serviços ou aplicativos. Todavia, tratando-se de uma
sociedade que desenvolve atividade jornalística, o controle do potencial ofensivo dos comentários não apenas é
viável, como necessário, por ser atividade inerente ao objeto da empresa. Ademais, é fato notório, nos dias de

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hoje, que as redes sociais contêm um verdadeiro inconsciente coletivo que faz com que as pessoas escrevam
mensagens, sem a necessária reflexão prévia, falando coisas que normalmente não diriam. Isso exige um controle
por parte de quem é profissional da área de comunicação, que tem o dever de zelar para que o direito de crítica
não ultrapasse o limite legal consistente no respeito à honra, à privacidade e à intimidade da pessoa criticada.
Assim, a ausência de qualquer controle, prévio ou posterior, configura defeito do serviço, uma vez que se trata de
relação de consumo. Ressalte-se que o ponto nodal não é apenas a efetiva existência de controle editorial, mas a
viabilidade de ele ser exercido. Consequentemente, a sociedade deve responder solidariamente pelos danos
causados à vítima das ofensas morais, que, em última análise, é um bystander, por força do disposto no art. 17 do
CDC. Saliente-se que, tratando-se de uma sociedade que desenvolva atividade jornalística, não se pode admitir a
ausência de qualquer controle sobre as mensagens e comentários divulgados, porque se mesclam com a própria
informação, que é o objeto central da sua atividade econômica, devendo oferecer a segurança que dela
legitimamente se espera (art. 14, § 1º, do CDC). Cabe esclarecer que o marco civil da internet (Lei 12.965/2014)
não se aplica à hipótese em apreço, porque os fatos ocorreram antes da entrada em vigor dessa lei, além de não
se tratar da responsabilidade dos provedores de conteúdo. Consigne-se, finalmente, que a matéria poderia
também ter sido analisada na perspectiva do art. 927, parágrafo único, do CC, que estatuiu uma cláusula geral de
responsabilidade objetiva pelo risco, chegando-se a solução semelhante à alcançada mediante a utilização do
CDC. REsp 1.352.053-AL, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 24/3/2015, DJe 30/3/2015.

Agora, suponha que “x” atropele “y” (acidente de trânsito). Nesse caso, “y” tem direito de ingressar com ação de
responsabilidade civil contra “x”, pois este agiu com culpa. Imagine que o carro de “x” tenha seguradora.

Pergunta: pode “y” ajuizar ação de responsabilidade civil diretamente contra a seguradora alegando ser terceiro
ofendido? Há polêmica:

1ª posição (legalista): NÃO PODE.

CC, art. 787. No seguro de responsabilidade civil, o segurador garante


o pagamento de perdas e danos devidos pelo segurado a terceiro.

O art. 787, CC estabelece que NÃO é possível a vítima ajuizar a demanda diretamente contra a seguradora,
porque primeiro a vítima deve ingressar contra o autor do acidente. Após, o autor do acidente ingressa com ação
de regresso contra a seguradora.

2º posição: PODE. Aduz o Enunciado 544, CJF – o seguro de responsabilidade civil facultativo garante dois
interesses, o do segurado contra os efeitos patrimoniais da imputação de responsabilidade e o da vítima à
indenização, ambos destinatários da garantia, com pretensão própria e independente contra a seguradora.

3ª posição (STJ): NÃO PODE, em observância ao contraditório, ampla defesa e devido processo legal (deve-se
primeiro demonstrar a culpa do segurado). Nesses termos, veja o que preconiza a súmula 529 do STJ:

No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o


ajuizamento de ação pelo terceiro prejudicado direta e
exclusivamente em face da seguradora do apontado causador do
dano (S. 529, STJ).

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4ª posição (atual – STJ): em eventual condenação do litisconsórcio passivo entre segurado e seguradora, legitima-
se executar diretamente contra a seguradora. Nesse sentido, veja o teor da súmula 537 do STJ:

Em ação de reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar


a denunciação ou contestar o pedido do autor, pode ser condenada,
direta e solidariamente junto com o segurado, ao pagamento da
indenização devida à vítima, nos limites contratados na apólice (S.
537, STJ).

O NCPC encampa esse entendimento sumular e jurisprudencial:

NCPC, art. 128, parágrafo único. Procedente o pedido da ação


principal, pode o autor, se for o caso, requerer o cumprimento da
sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação
deste na ação regressiva.

1.3.3.3 Terceiro ofensor (terceiro predador)


Assim como os contratantes não podem ofender a sociedade (tutela interna do crédito), a sociedade não pode
ofender os contratos (tutela externa do crédito).

Pergunta: qual a diferença entre relatividade e oponibilidade dos contratos?

A relatividade significa que as obrigações contratuais só dizem respeito entre as partes (res inter alios acta).
Contudo, apesar dos contratos serem relativos, eles são oponíveis erga omnes, no sentido de que os contratos
devem ser respeitados por toda a sociedade.

Estabelece o Enunciado 21, CJF – a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui
cláusula geral a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros,
implicando a tutela externa do crédito.

O terceiro ofensor é alguém que não faz parte do contrato, porém ingressa de forma ilícita (injustificada) nesse
contrato para violar a sua finalidade. Ex.: Brahma (terceiro ofensor) x Nova Schin – caso “Zeca Pagodinho”. A nova
Schin pode ajuizar duas ações: ação contra o Zeca Pagodinho com base na violação da boa-fé objetiva
(responsabilidade contratual) e outra ação contra a Brahma com base na violação da função social do contrato
(responsabilidade extracontratual).

CC, art. 608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato


escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao
prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante
dois anos.

CC, art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Veja a ementa do STJ, REsp 1.203.133:

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REsp 1203133 / MT
Relator(a) Ministro CASTRO MEIRA (1125)
Órgão Julgador - T2 - SEGUNDA TURMA
Data do Julgamento - 21/10/2010
Data da Publicação/Fonte - DJe 28/10/2010

Ementa
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. ART. 535 DO CPC. ALEGAÇÃO GENÉRICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
INDISPONIBILIDADE DOS BENS. DECRETAÇÃO. REQUISITOS. ART. 7º DA LEI 8.429/1992. FUMUS BONI IURIS DEMONSTRADO.
1. Afasta-se a prejudicial de mérito referente à pretensa violação do art. 535 do CPC, em razão da forma genérica pela qual
foi deduzida, limitando-se o recorrente a afirmar que o Tribunal a quo teria deixado de analisar questão trazida nos
embargos declaratórios. Incide o óbice da Súmula 284/STF.
2. O Tribunal a quo concluiu pela inexistência de elementos que justificassem a indisponibilidade de bens dos recorridos, na
forma do art. 7º da Lei n.º 8.429/92, ao fundamento de que o decreto de indisponibilidade de bens somente se justifica se
houver prova ou alegação de prática que impliquem em alteração ou redução de patrimônio, capaz de colocar em risco o
ressarcimento ao erário na eventualidade de procedência da ação.
3. No especial, alega-se a existência de fundados indícios de dano ao erário – fumaça do bom direito – o que, por si só, seria
suficiente para motivar o ato de constrição patrimonial, à vista do periculum in mora presumido no art. 7º da Lei n.º
8.429/92.
4. É desnecessária a prova do periculum in mora concreto, ou seja, de que os réus estariam dilapidando seu patrimônio, ou
na iminência de fazê-lo, exigindo-se apenas a demonstração de fumus boni iuris, consistente em fundados indícios da prática
de atos de improbidade. Precedentes.
5. O acórdão impugnado manifestou-se, explicitamente, sobre a
plausibilidade da responsabilidade imputada aos recorridos, constatando, assim, a presença da fumaça do bom direito.
6. Recurso especial provido.

Ex.: casamento (contrato) desfeito em razão de adultério por parte de um dos cônjuges. O ofendido pode ajuizar
ação de reparação de danos contra o cônjuge adúltero e contra o terceiro ofensor (amante)? Não. Inexiste a
possibilidade do cônjuge se voltar contra o terceiro (terceiro este que não pode velar pela fidelidade alheia).

CC, art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou


privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família.

Esse dispositivo se trata de uma cláusula geral de privacidade do matrimônio.

Veja o teor do Informativo 415 do STJ de 13 de novembro de 2009:

DANOS MORAIS. CÚMPLICE. ESPOSA ADÚLTERA.


In casu, o recorrente ajuizou ação indenizatória em face do recorrido pleiteando danos morais sob a alegação de
que este manteve com a esposa daquele relacionamento amoroso por quase dez anos, daí nascendo uma filha,
que acreditava ser sua, mas depois constatou que a paternidade era do recorrido. O pedido foi julgado procedente
em primeiro grau, sendo, contudo, reformado na apelação. Assim, a questão jurídica circunscreve-se à existência
ou não de ato ilícito na manutenção de relações sexuais com a ex-mulher do autor, ora recorrente, em decorrência
das quais foi concebida a filha erroneamente registrada. Para o Min. Relator, não existe, na hipótese, a ilicitude
jurídica pretendida, sem a qual não se há falar em responsabilidade civil subjetiva. É que o conceito - até mesmo
intuitivo - de ilicitude está imbricado na violação de um dever legal ou contratual do qual resulta dano para
outrem e não há, no ordenamento jurídico pátrio, norma de direito público ou privado que obrigue terceiros a

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velar pela fidelidade conjugal em casamento do qual não faz parte. O casamento, tanto como instituição quanto
contrato sui generis, somente produz efeitos em relação aos celebrantes e seus familiares, não beneficiando nem
prejudicando terceiros. Desse modo, no caso em questão, não há como o Judiciário impor um "não fazer" ao réu,
decorrendo disso a impossibilidade de indenizar o ato por inexistência de norma posta - legal e não moral - que
assim determine. De outra parte, não há que se falar em solidariedade do recorrido por suposto ilícito praticado
pela ex-esposa do recorrente, tendo em vista que o art. 942, caput e parágrafo único, do Código Civil vigente (art.
1.518 do CC/1916) somente tem aplicação quando o ato do coautor ou partícipe for, em si, ilícito, o que não se
verifica na hipótese dos autos. Com esses fundamentos, entre outros, a Turma não conheceu do recurso.
Precedente citado: REsp 742.137-RJ, DJ 29/10/2007. REsp 1.122.547-MG, Rel.Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
10/11/2009.

Pergunta: a quebra da função social do contrato gera como sanção: a invalidade ou a ineficácia?

Aduz o Enunciado 431 do CJF – a violação do art. 421 conduz à invalidade (ilicitude do objeto: ofende princípios
constitucionais) ou à ineficácia do contrato ou de cláusulas contratuais (fato superveniente em contrato de
execução sucessiva).

Ex.: contrato de “virgindade”, venda de órgãos, venda de filhos etc: ofende limites morais do contrato (objeto
ilícito) – nesse caso, o contrato é nulo por violação da função social.

Por fim, conclui-se que a função social é NORMA DE ORDEM PÚBLICA, nos termos do art. 2035, CC:

CC, art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos,


constituídos antes da entrada em vigor deste Código, obedece ao
disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus
efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele
se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes
determinada forma de execução.

Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar


preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este
Código para assegurar a função social da propriedade e dos
contratos.

QUESTÃO
Ano: 2015 / Banca: FCC / Órgão: TJ-SC / Prova: Juiz Substituto

O princípio da boa fé, no Código Civil Brasileiro, não foi consagrado, em artigo expresso, como regra geral, ao
contrário do Código Civil Alemão. Mas o nosso Código Comercial incluiu-o como princípio vigorante no campo
obrigacional e relacionou-o também com os usos de tráfico (23). Contudo, a inexistência, no Código Civil, de
artigo semelhante ao § 242 do BGB não impede que o princípio tenha vigência em nosso direito das obrigações,
pois se trata de proposição jurídica, com significado de regra de conduta. O mandamento engloba todos os que
participam do vínculo obrigacional e estabelece, entre eles, um elo de cooperação, em face do fim objetivo a que
visam (Clóvis V. do Couto e Silva. A obrigação como processo. José Bushatsky, Editor, 1976, p. 29-30).

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Esse texto foi escrito na vigência do Código Civil de 1916. O Código Civil de 2002

a) trouxe, porém, mandamento de conduta, tanto ao credor como ao devedor, estabelecendo entre eles o elo de
cooperação referido pelo autor.

b) trouxe disposição análoga à do Código Civil alemão, mas impondo somente ao devedor o dever de boa-fé.

c) também não trouxe qualquer disposição semelhante à do Código Civil alemão estabelecendo elo de
cooperação entre credor e devedor.

d) trouxe disposição semelhante à do Código Civil alemão, somente na parte geral e como regra interpretativa
dos contratos.

e) trouxe disposição análoga à do Código civil alemão, mas impondo somente ao credor o dever de boa-fé.

Resposta: alternativa “a”.

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