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MATERIAL DE APOIO

Disciplina: Direito Civil


Professor: Nelson Rosenvald
Aulas: 13 e 14 | Data: 03/09/2015

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES


4. Modalidades de obrigações
4.3 Obrigação alternativa
4.3.1 Aspecto de direito material nas obrigações alternativas
4.3.2 Questões processuais relevantes das obrigações alternativas
4.3.3 Impossibilidade das obrigações alternativas
4.4 Obrigação facultativa
4.4.1 Obrigação facultativa x dação em pagamento
4.4.2 Obrigação alternativa x obrigação facultativa
4.5 Obrigação cumulativa
5. Transmissão das obrigações

4.3 Obrigação alternativa


É aquela que “contém unidade de vínculo e pluralidade de prestações possíveis e distintas, que se excluem no
pressuposto de que apenas uma delas será satisfeita, mediante escolha do credor ou do devedor”. Ex.: entrega de
3 mil reais OU uma moto.

Nas obrigações alternativas há no mínimo duas prestações heterogêneas que são acidentalmente reunidas.

O que é CONTRATO ESTIMATÓRIO? Consiste na entrega da mercadoria em consignação – é uma obrigação


alternativa, na qual o devedor ou entrega o objeto ou dá um preço de estima.

CC, art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens


móveis ao consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando
àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido,
restituir-lhe a coisa consignada.

Estabelece o Enunciado 32, CJF - no contrato estimatório (art. 534), o consignante transfere ao consignatário,
temporariamente, o poder de alienação da coisa consignada com opção de pagamento do preço de estima ou sua
restituição ao final do prazo ajustado.

Imagine um acordo de alimentos no qual o pai tem a opção de pagar mês a mês para o filho de forma diversa:
dinheiro ou in natura (ex.: escola, plano de saúde). Pode o pai pagar em dinheiro num mês e no outro mês pagar
o plano de saúde? Não, porque isso NÃO é exemplo de obrigação alternativa, pois só há obrigação alternativa
quando a opção de escolha é direito potestativo da parte.

CC, art. 1.701. A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar


o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do
dever de prestar o necessário à sua educação, quando menor.

Parágrafo único. Compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem,


fixar a forma do cumprimento da prestação.

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O parágrafo único do art. 1701 aduz que essa escolha NÃO é um direito potestativo da parte, pois quem faz o
controle das opções é o magistrado.

Com efeito, no silêncio do contrato é sempre o devedor quem faz a escolha.

CC, art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor,


se outra coisa não se estipulou.

V ou F? Nas obrigações alternativas é a partir da concentração que a obrigação plural se torna simples? Falso, pois
é o momento da CIÊNCIA da outra parte. A doutrina, a fim de embasar esse entendimento, utiliza o art. 245 por
analogia.

CC, art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na


Seção antecedente.

Ex.: imagine que “d” tem que entregar a “n” 5 vacas ou 5 porcos. Essa obrigação é alternativa e de dar coisa
incerta, pois para 5 vacas ou 5 porcos serão necessárias duas escolhas. Ao fazer a CONCENTRAÇÃO (escolha para
obrigação alternativa), imagine que foram escolhidas 5 vacas. Depois da concentração se faz a CONCRETIZAÇÃO
(é a escolha quando se transforma coisa incerta em coisa certa), cujo objetivo é transformar a dívida de gênero
em obrigação de dar coisa certa.

CC, art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da


que lhe é devida, ainda que mais valiosa.

4.3.1 Aspecto de direito material nas obrigações alternativas


Ex1.: Contrato de seguro: a seguradora tem a obrigação alternativa de pagar o valor do carro ou entregar um
carro do mesmo valor. Pergunta: se o carro for roubado, pode a seguradora entregar um carro de menor valor e
complementar em dinheiro? Não, porque as obrigações alternativas são INDIVISÍVEIS, ou seja, ou paga-se o valor
ou realiza-se a entrega.

CC, art. 252, §1º Não pode o devedor obrigar o credor a receber
parte em uma prestação e parte em outra.

Ex2.: imagine que o devedor, mensalmente, deve escolher entre entregar 100 quilos de soja ou entregar 100
quilos de trigo (obrigação alternativa periódica). Pergunta: o devedor pode em janeiro entregar soja e em
fevereiro entregar trigo? Sim, porque quando as prestações alternativas são periódicas, ocorre o
BALANCEAMENTO DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS.

CC, art. 252, §2º Quando a obrigação for de prestações periódicas, a


faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.

Ex3.: imagine um credor e seis devedores, cuja dívida é de uma moto ou 3 mil reais (a escolha é do devedor).
Cinco devedores acordam pelo 3 mil e somente um devedor pela moto. O que prevalece? Segundo o CC, só se
pode entregar a moto se todos concordarem. Portanto, havendo discordância, a decisão será transferida ao
magistrado.

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CC, art. 252, §3º No caso de pluralidade de optantes, não havendo
acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este
assinado para a deliberação.

Ex4.: é possível ser acordado que a escolha caberá a um terceiro? Sim, pois se estimula a autodeterminação das
partes, sendo o terceiro um representante do devedor e do credor. Agora imagine que este terceiro não quer ou
não pode escolher. O que ocorre? A decisão é transferida para as partes. Havendo persistência da discordância
entre as partes (credor e devedor), caberá ao magistrado realizar a escolha.

CC, art. 252, §4º Se o título deferir a opção a terceiro, e este não
quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não
houver acordo entre as partes.

4.3.2 Questões processuais relevantes das obrigações alternativas


Imagine a situação na qual há credor e devedor, cujo objeto é uma moto ou 3 mil reais. No dia da escolha o
devedor não a realiza. Então o credor ingressa em juízo e efetua o chamado PEDIDO ALTERNATIVO, que é a via
jurisdicional para se afirmar a obrigação alternativa.

NCPC, art. 325. O pedido será alternativo quando, pela natureza da


obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um
modo.

Imagine que, como o devedor não fez a escolha, o credor entrou em juízo pedindo o dinheiro (como se não
existisse obrigação alternativa). Isso está errado, porque como a obrigação é alternativa, o autor deve ingressar
com pedido alternativo para forçar o devedor a escolher. Nesse caso, o que o devedor deve fazer na contestação?
Ele deve trazer uma OBJEÇÃO SUBSTANCIAL DA OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA – matéria de ordem pública.

NCPC, art. 325, parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a
escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir
a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha
formulado pedido alternativo.

NCPC, art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar


adequadas para efetivação da tutela provisória.

Pergunta: o que é CUMULAÇÃO ALTERNATIVA? Ocorre quando o autor faz dois pedidos alternativos, um principal
e outro subsidiário, para o caso de rejeição do pedido principal. Ex.: repetição de indébito ou compensação.

NCPC, art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem


subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não
acolher o anterior.

Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido,


alternativamente, para que o juiz acolha um deles.

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SL 770 AgR / SC - SANTA CATARINA
AG.REG. NA SUSPENSÃO DE LIMINAR
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI (Presidente)
Julgamento: 05/03/2015
Órgão Julgador: Tribunal Pleno

Ementa: SUSPENSÃO DE LIMINAR. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. VAGA EM CRECHE. PROXIMIDADE DA ESCOLA À RESIDÊNCIA OU AO
LOCAL DE TRABALHO. OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA. FORNECIMENTO DE TRANSPORTE ESCOLAR. AUSÊNCIA DE RISCO DE LESÃO
À ORDEM E À ECONOMIA PÚBLICAS. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I - Decisão em ação civil pública que
determinou ao município a disponibilização de vagas a crianças de 0 a 5 anos em creche da rede pública ou particular
próxima à residência ou ao local de trabalho dos responsáveis legais. II - Determinação alternativa para fornecimento de
transporte público caso não seja possível matricular o menor em creche próxima ao local de trabalho ou à residência dos
responsáveis legais. III - Não constatado o risco de lesão à ordem e à economia públicas, deve ser mantido o indeferimento
da suspensão da liminar. IV - Agravo regimental a que se nega provimento.

Imagine que o credor tenha um contrato assinado por duas testemunhas referente a entrega de uma moto ou 3
mil reais. Como se instrumentaliza a situação da obrigação alternativa quando o credor esta munido de título
extrajudicial?

NCPC, art. 800. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber


ao devedor, esse será citado para exercer a opção e realizar a
prestação dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi
determinado em lei ou em contrato.

§1º Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercer no


prazo determinado.

§2º A escolha será indicada na petição inicial da execução quando


couber ao credor exercê-la.

4.3.3 Impossibilidade das obrigações alternativas


I – IMPOSSIBILIDADE SEM CULPA
Imagine que “d” tem que entregar um carro ou uma moto ao credor. No dia da escolha, o carro foi furtado. Se
não houve culpa das partes, concentra-se na prestação restante (moto).

CC, art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de
obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à
outra.

Imagine que havia carro e moto, e a escolha recai sobre o carro. Verificou-se que a impossibilidade ocorreu
depois da concentração (cientificação). Assim, se a impossibilidade ocorreu após a ciência da outra parte, a
obrigação se torna SIMPLES (art. 234, CC). Mas, e se no dia da entrega, ambos os objetos se impossibilitaram sem
culpa? Nesse caso, a solução é a EXTINÇÃO da obrigação.

CC, art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem


culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.

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II – IMPOSSIBILIDADE COM CULPA DO DEVEDOR QUANDO A ESCOLHA É DO CREDOR

CC, art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das


prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá
direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com
perdas e danos (...);

REsp 1074323 / SP
Relator(a) Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA (1123)
Órgão Julgador - T4 - QUARTA TURMA
Data do Julgamento - 22/06/2010
Data da Publicação/Fonte - DJe 28/10/2010

Ementa
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA. ESCOLHA DO CREDOR. INEXIQUIBILIDADE DA PRESTAÇÃO
ESCOLHIDA. INCIDÊNCIA DAS DISPOSIÇÕES DO ARTIGO 255 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
1. Nas obrigações alternativas a escolha é a concentração da obrigação na prestação indicada, momento no qual torna-se
simples, pelo que, apenas a escolhida poderá ser reclamada.
2. Segundo dispõe o artigo 255 do Código Civil, se a escolha couber ao credor e uma das prestações houver perecido, pode
escolher a outra ou optar pelo valor da perdida mais perdas e danos.
3. Devedor de obrigação alternativa que grava com ônus reais imóvel que era objeto de possível escolha pelo credor, sem
adverti-lo de tal hipótese, torna viciosa escolha, mormente quando não honrar a obrigação com credor hipotecário que,
posteriormente, vem a executar a garantia. Assim, concentrada a obrigação em prestação inexigível por culpa do devedor,
terá o credor o direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra.
4. Recurso especial conhecido e provido.

Pergunta: mas e se as duas prestações se impossibilitaram por culpa do devedor e a escolha cabe ao credor?

CC, art. 255. (...) se, por culpa do devedor, ambas as prestações se
tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer
das duas, além da indenização por perdas e danos.

III – IMPOSSIBILIDADE COM CULPA DO DEVEDOR QUANDO A ESCOLHA É DO DEVEDOR


Devedor deve entregar carro ou moto, sendo sua a escolha. Não obstante a escolha seja do devedor, houve a
impossibilidade das duas prestações com culpa.

CC, art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir
nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará
aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou,
mais as perdas e danos que o caso determinar.

ATENÇÃO: o CC NÃO disciplina a seguinte situação: quando a escolha é do devedor e há a impossibilidade de um


objeto. Diz a doutrina que a concentração recairá sobre a última prestação existente com direito a perdas e
danos.

4.4 Obrigação facultativa

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Consiste na possibilidade conferida ao devedor de substituir o objeto incialmente prestado por outro, de caráter
subsidiário, mas já especificado na relação obrigacional.

O prof. discorda da nomenclatura “obrigação facultativa”, preferindo designá-la de OBRIGAÇÃO COM FACULDADE
DE SUBSTITUIÇÃO.

Ex.: imagine que “n” tem com “d” um contrato, cuja cláusula1 é a de que o devedor pagará 3 mil reais. Na
cláusula2, caso não pague 3 mil, o devedor poderá entregar uma moto.

Nas obrigações facultativas, o devedor NÃO deve para o credor uma ou outra prestação, pois a prestação é
SIMPLES (a única prestação que existe é 3 mil reais). O vínculo do credor com o devedor é somente com relação à
prestação cujo objeto seja os 3 mil reais.

A prestação da moto é chamada de PRESTAÇÃO SUPLETIVA (obrigação acessória). Ela é uma faculdade do
devedor, porque consiste num DIREITO POTESTATIVO de cumprir a obrigação de forma alternativa, ou seja, é o
devedor quem decide a prestação.

Outro dado é que as obrigações facultativas se assemelham à DAÇÃO EM PAGAMENTO.

Atenção: na dúvida entre obrigação facultativa ou alternativa, prefere-se a obrigação alternativa.

4.4.1 Obrigação facultativa x dação em pagamento

CC, art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa


da que lhe é devida (dação em pagamento).

Na dação em pagamento, a obrigação supletiva aparece somente no momento do adimplemento (negócio


jurídico bilateral). Assim, na dação pagamento há substituição da prestação, desde que tenha consentimento do
credor.

Por outro lado, na obrigação facultativa a prestação supletiva já está prevista no contrato desde o início, isto é, o
negócio jurídico unilateral já nasce com a possibilidade de cumprimento por outra solução.

4.4.2 Obrigação alternativa x obrigação facultativa

CC, art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de
obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à
outra.

Na análise da obrigação facultativa, imagine que “d” tenha que entregar a “n” um carro, mas se preferir tem a
faculdade de substituí-lo pela moto. No dia da entrega, o carro se impossibilitou. Pode o credor optar pela moto?
NÃO pode, porque a prestação supletiva é FACULDADE do devedor. Assim, mesmo que haja impossibilidade da
única prestação, não há concentração na outra prestação.

Assim, se a prestação oficial se impossibilitou, há a RESOLUÇÃO do negócio jurídico.

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Mas imagine que o devedor então destrói o objeto (impossibilidade com culpa). Mesmo assim, segundo a
doutrina, o credor não poderá ter acesso à obrigação supletiva. Resolve-se e, se for o caso, há perdas e danos,
não podendo exigir a outra prestação (corrente majoritária).

Contudo, a corrente minoritária sustenta que com base no princípio da boa-fé objetiva, mesmo com relação aos
direitos potestativos, há que se aplicar a teoria do abuso de direito.

4.5 Obrigação cumulativa


É aquela onde o adimplemento só surge se as prestações são cumpridas em sua totalidade. Ex.: entrega de um
armário, cama e uma cômoda.

Ex.: sujeito pratica desmatamento em área de preservação. Ajuíza-se ACP. Há duas opções: replantar (obrigação
de fazer/reparação in natura) ou paga indenização em dinheiro (tutela genérica).

Lei 6.938/81, art. 14, §1º Sem obstar a aplicação das penalidades
previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da
existência de culpa, a indenizar E reparar os danos causados ao meio
ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério
Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de
responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio
ambiente.

Veja o Informativo 526 do STJ de 25 de setembro 2013:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. CUMULAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE RECOMPOSIÇÃO DO MEIO


AMBIENTE E DE COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL COLETIVO.
Na hipótese de ação civil pública proposta em razão de dano ambiental, é possível que a sentença condenatória
imponha ao responsável, cumulativamente, as obrigações de recompor o meio ambiente degradado e de pagar
quantia em dinheiro a título de compensação por dano moral coletivo. Isso porque vigora em nosso sistema
jurídico o princípio da reparação integral do dano ambiental, que, ao determinar a responsabilização do agente
por todos os efeitos decorrentes da conduta lesiva, permite a cumulação de obrigações de fazer, de não fazer e de
indenizar. Ademais, deve-se destacar que, embora o art. 3º da Lei 7.347/1985 disponha que "a ação civil poderá
ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer", é certo que a
conjunção "ou" – contida na citada norma, bem como nos arts. 4º, VII, e 14, § 1º, da Lei 6.938/1981 – opera com
valor aditivo, não introduzindo, portanto, alternativa excludente. Em primeiro lugar, porque vedar a cumulação
desses remédios limitaria, de forma indesejada, a Ação Civil Pública – importante instrumento de persecução da
responsabilidade civil de danos causados ao meio ambiente –, inviabilizando, por exemplo, condenações em danos
morais coletivos. Em segundo lugar, porque incumbe ao juiz, diante das normas de Direito Ambiental – recheadas
que são de conteúdo ético intergeracional atrelado às presentes e futuras gerações –, levar em conta o comando
do art. 5º da LINDB, segundo o qual, ao se aplicar a lei, deve-se atender “aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum”, cujo corolário é a constatação de que, em caso de dúvida ou outra anomalia técnico-
redacional, a norma ambiental demanda interpretação e integração de acordo com o princípio hermenêutico in
dubio pro natura, haja vista que toda a legislação de amparo dos sujeitos vulneráveis e dos interesses difusos e
coletivos há sempre de ser compreendida da maneira que lhes seja mais proveitosa e melhor possa viabilizar, na
perspectiva dos resultados práticos, a prestação jurisdicional e a ratio essendi da norma. Por fim, a interpretação
sistemática das normas e princípios ambientais leva à conclusão de que, se o bem ambiental lesado for imediata e

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completamente restaurado, isto é, restabelecido à condição original, não há falar, como regra, em indenização.
Contudo, a possibilidade técnica, no futuro, de restauração in natura nem sempre se mostra suficiente para
reverter ou recompor integralmente, no âmbito da responsabilidade civil, as várias dimensões do dano ambiental
causado; por isso não exaure os deveres associados aos princípios do poluidor-pagador e da reparação integral do
dano. Cumpre ressaltar que o dano ambiental é multifacetário (ética, temporal, ecológica e patrimonialmente
falando, sensível ainda à diversidade do vasto universo de vítimas, que vão do indivíduo isolado à coletividade, às
gerações futuras e aos processos ecológicos em si mesmos considerados). Em suma, equivoca-se, jurídica e
metodologicamente, quem confunde prioridade da recuperação in natura do bem degradado com impossibilidade
de cumulação simultânea dos deveres de repristinação natural (obrigação de fazer), compensação ambiental e
indenização em dinheiro (obrigação de dar), e abstenção de uso e nova lesão (obrigação de não fazer). REsp
1.328.753-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/5/2013.

5. Transmissão das obrigações (art. 286 a 303, CC)


Partiremos o estudo de três ideias fundamentais:

a) TOPOGRAFIA DAS OBRIGAÇÕES: o momento intermediário entre a gênese da relação obrigacional (título I – art.
233 a 285, CC) e o adimplemento (título III – art. 304 a 388, CC) está a fase da transmissão das obrigações, que é a
fase da circulação econômica da obrigação com possibilidade de modificação de sujeitos (título II – art. 286 a 303,
CC).

b) MUTAÇÃO SUBJETIVA (despersonalização das obrigações): com a transmissão das obrigações ocorre o
fenômeno chamado mutação subjetiva, porque quando nasce um contrato, a obrigação está personalizada com
devedor e credor. Porém, despersonalizar significa que se no meio do contrato houver cessão de crédito ou
assunção de dívida, haverá uma mudança dos sujeitos da relação obrigacional.

c) DESMATERIALIZAÇÃO DA OBRIGAÇÃO: desde o início da realização do contrato, o credor já tem a propriedade


material do crédito, conferindo a ele o poder de dispor do crédito (ex.: ceder).

No dia do nascimento do negócio jurídico, o credor tem a propriedade do crédito. Esse crédito é RENUNCIÁVEL,
HEREDITÁVEL, ONERÁVEL (ex.: penhora) e CESSÍVEL.

QUESTÃO
Ano: 2014 / Banca: TRT 8R / Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) / Prova: Juiz do Trabalho

A respeito das obrigações, assinale a única alternativa que apresenta afirmação INCORRETA:
a) Entendida a obrigação, em sentido mais abrangente, como a relação jurídica pessoal por meio da qual uma
parte (devedora) fica obrigada a cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação patrimonial em proveito
de outra (credora), pode-se inferir que a relação obrigacional é composta de três elementos fundamentais: I -
subjetivo ou pessoal, onde o sujeito ativo é o credor e o sujeito passivo, o devedor; II - objetivo ou material,
representado pela prestação; e III - ideal, imaterial ou espiritual, consistente no vínculo jurídico.

b) Nas obrigações de dar coisa certa prevalece o princípio jurídico de que o acessório segue o principal. Dessa
forma, não resultando o contrário do título ou das circunstâncias do caso, o devedor não poderá se negar a dar ao
credor aqueles bens que, sem integrar a coisa principal, constituam-se acessórios desta.

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c) Nas obrigações de dar coisa incerta o estado de indeterminação da prestação é necessariamente transitório,
sob pena de faltar objeto à obrigação. Cessa a indeterminação com a escolha, passando a prevalecer as mesmas
regras previstas para as obrigações de dar coisa certa. No tocante à escolha, o Código Civil em vigor confere-a ao
devedor, ante a regra de ilicitude da condição puramente potestativa.

d) A obrigação de não fazer tem por objeto uma prestação negativa, um comportamento omissivo do devedor,
ocorrendo o inadimplemento com a prática, pelo devedor, do ato cuja abstenção se obrigara. Em que pese a
prevalência da liberdade negocial no campo do Direito das Obrigações, não serão consideradas lícitas as
obrigações de não fazer que violem princípios de ordem pública e vulnerem garantias fundamentais.

e) Segundo disciplinado no Código Civil vigente, reputam-se solidárias as obrigações nas quais concorre uma
pluralidade de credores, cada um com direito à dívida toda (solidariedade ativa), ou uma pluralidade de
devedores, cada um obrigado à dívida por inteiro (solidariedade passiva), sendo que, em qualquer hipótese o
objeto é único e a solidariedade não se presume nunca, resultando da lei ou da vontade das partes.

Resposta: alternativa “c”.

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