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ILHÉUS-BA
OUTUBRO/2014
ÁLVARO MESSIAS DOS SANTOS
ILHÉUS-BA
OUTUBRO / 2014
A Intervenção Do Estado Na Propriedade Privada E No Domínio Econômico
José dos Santos Carvalho Filho, importante expoente do direito administrativo, afirma
que a intervenção do Estado na propriedade resulta da evolução do perfil do Estado no
mundo moderno, que suprimi as ações individuais e se propõe a concretizar as
aspirações coletivas exercendo o papel de profunda conotação social. Essa nova postura
opõem-se ao chamado laissez faire.
Varia bastante o enfoque dado pelos autores à natureza jurídica do tombamento. Isto
porque para alguns autores trata-se servidão administrativa, outros sustentam que o bem
tombado é um bem de interesse público. Para o autor não se deve concordar com a
posição segundo a qual se trata de servidão administrativa. Por mais de uma razão.
Primeiramente, o tombamento não é um direito real, como o é uma servidão; depois
inexistem as figuras do dominante e do serviente administrativa. De outro lado,
classificar o tombamento com o bem de interesse público nos parece uma ideia vaga que
não chega a caracterizar esse tipo de intervenção. Limitação administrativa também é
natureza inadequada; enquanto limitação se reveste de caráter em geral, o tombamento
tem caráter específico, ou seja, inicia apenas sob determinados bens, discriminados no
competente ato.
Para tanto há um paradoxo, visto que a ideia de que o tombamento possa ser geral,
quando o local se constitui de varias propriedades. Segundo o autor o tombamento não é
nem servidão nem limitação administrativa. Trata-se realmente de instrumento especial
de intervenção restrita do Estado na propriedade privada com fisionomia própria
inconfundível com as demais formas de intervenção. Além disso, tem natureza concreta
e específica, razão porque e diversamente se configura com a restrição do uso da
propriedade. Podemos, pois concluir que a natureza jurídica do tombamento é a de se
qualificar com o meio de intervenção do Estado consistente na restrição do uso da
propriedade.
A natureza jurídica de direito real: incide sobre bem imóvel; tem caráter de
definitividade; a indenizabilidade é previa e condicionada (neste caso só se houver
prejuízo); inexistência de autoexecutoriedade, que só se constitui através de acordo ou
decisão judicial.
O novo Código Civil, depois de repetir a norma que confere ao proprietário a faculdade
de usar, gozar e dispor da coisa (art. 1.228) fez a seguinte ressalva, em conformidade
com a disciplina constitucional, e para consolidar o caráter social da propriedade: “o
direito da propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades
econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o
estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico
e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do mar e das águas
(art. 1.228, § 1º). Ficou , portanto o reforçado sentido social da propriedade. Se o
proprietário não respeita essa função, nasce para o Estado o poder jurídico de nele
intervir até de suprimi-la se esta providencia se afigurar indispensável para ajustá-la aos
fins constitucionalmente assegurados.
MODOS DE INTERVENÇÃO
Diversos são os meios aos qual o Estado intervém na propriedade. Pode ser na maneira
de uma intervenção restritiva, em que o Estado se limita a impor restrições e
condicionamentos ao uso da propriedade, sem retirá-la do seu dono; e pode ser por meio
de uma intervenção supressiva, como ocorre na desapropriação, em que o Estado
transfere coercitivamente para si a propriedade de terceiro.
Na dicção do art. 1.228, § 1º do Código Civil Brasileiro: “Art. 1.228. O proprietário tem
a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem
quer que injustamente a possua ou detenha. § 1º O direito de propriedade deve ser
exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que
sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a
fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico,
bem como evitada a poluição do ar e das águas”.
Nessa perspectiva, e com base no art. 5º, XXII e XXIII, da CF, a não observância da
função social acarreta a aplicação de sanções ao particular, a exemplo do instituto da
desapropriação que se aplica a imóveis urbanos e rurais. O poder do Estado nessa seara
é consubstanciado pelo relevo que há no interesse público face ao privado, de maneira
que não existe direito absoluto, sendo que a propriedade deve antes atender a função
social. Os instrumentos para a execução dessa premissa se realiza e manifesta por
institutos com previsão no Direito, tais como a servidão administrativa, requisição,
desapropriação, ocupação temporária, tombamentos, limitações administrativas.
Enquanto às modalidades, as intervenções classificam-se em: i) Intervenções restritivas
ou brandas: O Estado impõe restrições e condições à propriedade, sem retirá-la do seu
titular; ii) intervenções supressivas ou drásticas: O Estado retira a propriedade do seu
titular originário, transferindo-a para o seu patrimônio, com o objetivo de atender o
interesse público. As intervenções supressivas são efetivadas por meio das diferentes
espécies de desapropriações.
O Acórdão, por maioria e nos termos do voto do Relator, negou provimento ao recurso
extraordinário, estando, segundo o Senhor Ministro Gilmar Mendes (Relator), em
consonância com a orientação da Corte Suprema, que já reconheceu a desnecessidade
de edição de lei complementar para instituição da contribuição destinada ao SEBRAE,
assim como sua natureza de contribuição de intervenção no domínio econômico, pois
destina-se a viabilizar a promoção do desenvolvimento das micro e pequenas empresas.
Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo Lewandowisk (Vice-Presidente). Plenário,
25.04.2013.
No relatório, o senhor Ministro Luís Roberto Barroso (relator), discorre observando que
tal instrumento trata-se de embargos de declaração cujo objeto é decisão monocrática do
Ministro Joaquim Barbosa, relator originário do feito, que negou seguimento ao agravo
de instrumento.
O voto do Relator, teve como fundamento, que a controvérsia não envolve matéria
constitucional. O Tribunal de origem assentara que o ato administrativo praticado
(Decreto nº 750/1993), que limitou a exploração e a supressão da área coberta por Mata
Atlântica no Oeste de Santa Catarina, configura como verdadeira limitação
administrativa e não uma desapropriação indireta, como sustenta o ora agravante.
Invocada pela autora para sustentar seu direito, previa o rigoroso cumprimento da
legislação federal no tocante à observância do "expurgo da expectativa inflacionária
incluída nos preços dos contratos que não contiverem cláusula de atualização monetária
entre a data final do período de adimplementos da obrigação e da exigibilidade do
pagamento, em relação a esse prazo, calculado "pro rata tempore " em conformidade
coma variação do Índice Geral de Preços".
"A análise dos contratos firmados entre as partes, por oportuno, deixam claro a correção
dos critérios de conversão adotados inicialmente pela SABESP, inexistindo razão para a
revisão dos respectivos valores pagos”.
De acordo com o Exmo. Sr. Ministro Mauro Campbell Marques (Relator), não obstante
os argumentos expendidos pelo agravante, verifica-se que a tese jurídica veiculada nas
razões do regimental não é capaz de modificar o posicionamento anteriormente firmado
no decisum ora impugnado. Cumpre ressaltar que não prospera a alegada ofensa aos
dispositivos da Magna Carta, porquanto a hipótese permitida constitucionalmente para
interposição de recurso especial, em suma, restringe-se à violação de dispositivo de
Tratado ou Lei Federal, excluída, portanto, da competência atribuída a esta Corte
Superior, a apreciação e julgamento de suposta afronta à norma da Constituição Federal
(cf. REsp 686.590/RS, Rel. Min Teori Albino Zavascki, DJ de 17/12/2008).
O relator entendeu que não há previsão legal apta a fundamentar o pedido alternativo de
sobrestamento do recurso extraordinário até o julgamento dos embargos de declaração
opostos na ADI 3106/MG. Com efeito, o art. 27 da Lei n. 9.868/99 é expresso em
afirmar que o Supremo Tribunal Federal poderá, "por maioria de dois terços de seus
membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a
partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado”. O
relator também considera que o STF silenciou em relação à modulação dos efeitos dessa
decisão, sendo certo que a simples oposição dos embargos declaratórios não autoriza o
sobrestamento do presente recurso extraordinário até sua apreciação, em especial
quando o precedente analisado sob a ótica da repercussão geral – RE 573.540/MG - não
fez qualquer ressalva em relação ao ponto discutido. Entendeu, desta forma, que não
houve vício a ser suprido.
O Ministro-Relator considerou que não houve afronta à Súmula 617 do STF, que prevê
como base de cálculo dos honorários a diferença entre a quantia ofertada e aquela
corrigida- “judicialmente, já que o valor acolhido pelo Juiz sentenciante corresponde
àquele indicado pelo DNOCS, que passou a ocupar o imóvel, não havendo o que se
falar em diferença." Relativamente ao alegado desrespeito aos artigos 20, §4º, do CPC e
27, §§1º e 3º, II, do Decreto-lei n. 3.365/1941, o Ministro considerou a questão como
óbice no enunciado nº 7 da Súmula do STJ, uma vez que necessário seria reformar a
premissa de fato fixada pela corte de origem no sentido de que o valor da condenação
corresponde à base de cálculo indicada pelo ente público. No pertinente à aplicação do
limite percentual previsto no § 1º do art. 27 do Decreto-lei n. 3.365, de 21 de junho de
1941, o relator observou que a questão não foi objeto de apreciação pelo Tribunal de
origem, aplicando-se na hipótese o veto da Súmula 211/STJ.
Nesta fase processual o INCRA entra com um agravo regimental para provar que a
reserva legal, não averbada antes da vistoria do imóvel, deve ser considerada como área
não utilizada, para cálculos da produtividade do imóvel, através de entendimento
pacifico do STJ sobre tal contenda.
Ante o exposto, o Ministro relator deu provimento ao agravo regimental para conhecer
do apelo e dar provimento ao recurso especial interposto pelo INCRA.
O presente caso de simples limitação administrativa instituída pelo Decreto n.º 750/93 –
proibindo o corte, a exploração e a supressão de vegetação primária ou nos estágios
avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica –, e não de desapropriação indireta,
pois não reflete nenhum apossamento pela União dos imóveis de titularidade da parte
recorrida.