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A autora argumentava que na Holanda no século XVII desenvolvera-se uma “cultura visual”
específica, centrada no que ela chamaria de um princípio de descrição do mundo, em oposição
ao impulso de significação do mundo presente no contexto da cultura hegemônica italiana.
Recolhendo uma série impressionante de evidências escritas e visuais, Alpers descreveria no
livro a obsessão dos holandeses pelo registro preciso das coisas visíveis, manifestado, por
exemplo, no investimento continuado na invenção de aparatos ópticos sofisticados, ou na
documentação visual das estruturas do mundo através de mapas (p. 10)
“estilo rugoso” e um “estilo liso” (grof e fyn) reconhecível na obra de diferentes artistas, Alpers
procurou mostrar como Rembrandt dá novo significado a essas categorias em sua pintura,
utilizando-as como recursos retóricos inerentes à própria obra (p. 12)
Homem com elmo dourado continua a ser uma obra tão grandiosa quanto sempre foi; e não
tem nada de falsa. Mas descrever o quadro no futuro como trabalho de um “Anônimo”, ou
talvez da “Escola de Rembrandt”, é modificá-lo para sempre. E essa modificação diminui um
pouco o quadro e, por conseguinte, também nos diminui. A constante busca da verdade pode
ser um processo doloroso e torturante. Às vezes, parece que a educação consiste em primeiro
aprender certas coisas e depois descobrir que elas não são verdadeiras (p. 25) Sobre as
pinturas forjadas também
Como nascem esses títulos, e a propósito, como surgem essas palavras elogiosas? (p. 27)
No que diz respeito à interpretação, a incerteza permanece sobre onde termina a realidade e
onde começa a ficção, e nem sabemos ao certo se há uma ficção e qual seria ela (p. 29)
Não se poderia explorar as dúvidas para explicar com mais propriedade a maneira
característica de sua arte? (p. 29)
Rembrandt foi um artista que desde o começo chamou a atenção para o tratamento laborioso
da tinta (p. 30)
[...] ele lida com seus modelos de maneira teatral e com isso chama a atenção para a natureza
perfomática da vida na arte (p. 30)
Rembrandt, ao que parece, não pode ser reduzido às obras que contêm sua assinatura. (p. 35)
Rugoso – sugestivo, para olhar à distância x maneira lisa, apropriada ao gosto da corte
A maneira rugosa, que não agradava ao cortesão esclarecido e imaginativo, era tida como
ultrapassada e, pelo menos no caso de Rembrandt, maculada pelos sinais do trabalho de
ateliê. Chamar a atenção para a tinta não era um modo refinado de pintar. Essa opinião permite
compreender os primeiros estudos sobre a vida de Rembrandt, segundo os quais ele era
conhecido pelo manuseio desleixado dos seus materiais de trabalho. Baldinucci, por exemplo,
conta que ele limpava os pinceis na roupa, e um tema constantemente reiterado na biografia
escrita por Houbraken é a relação que ele estabeleceu entre as maneiras rudes de Rembrandt
e seu modo grosseiro de pintar (p. 70)
Suas pinturas mostram o efeito do ouro, como na corrente de Aristóteles contemplando o busto
de Homero, não o ouro em si (75)
Tato, tamanho das mãos “O tato completa a visão como veículo primordial do contato humano,
da compreensão e do amor (p. 85)
Os hábitos de trabalho do ateliê não combinam com a ideia que tínhamos até gora do homem e
de sua obra. Embora a produção de pinturas em ateliê fosse comum no Renascimento, nem
todos os pintores eram conhecidos – como Rafael, por exemplo – por trabalhar em equipe, ou
melhor, por serem líderes bem-sucedidos de um trabalho cooperativo (p. 195)
Nascido em Leiden, filho de moleiro, caçula de oito irmãos, estuda na escola latina local.
Mostra interesse pela arte, estuda com Jacob van Swanenburg. ]
A arte na Holanda era uma atividade familiar, uma produção doméstica que o pintor
representava como tal p. 204
Figura de professor
Essas ocorrências podem ser batizadas de emulações, como sugeriu E. de Jongh, aludindo a
um termo retórico da época. As emulações pressupõem que o observador seja capaz de
reconhecer suas fontes e até ver como Rembrandt as aproveitou para igualar-se ao modelo. A
intenção, portanto, seria de ao mesmo tempo homenagear e medir forças com um predecessor
(p.211)
Se adotássemos outros termos já propostos para discernir entre modos de imitação, seria
correto dizer que Rembrandt praticava uma forma de imitação de transformação e
dissimulação - quando o artista esconde suas fontes de maneira tão perfeita que as absorve
em suas obras? Um provérbio holandês muito usado na época servia para explicar esse tipo de
empréstimos: “Nabos bem cozidos fazem boa sopa” [Wel ghecoockte rapen is goe pottage]. A
palavra-chave da frase era rapen, que quer dizer “colheitas” (ou “apanhas”), no sentido de bens
roubados (do verbo rapen). A ideia era que não se podia fazer um quadro, nem preparar um
prato, sem reunir os ingredientes ou tomar emprestados elementos de outras obras e combiná-
los tão perfeitamente que se tornassem indistinguíveis.
Em outras palavras, ele foi mais produtivo quando não teve de negociar com seus
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