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CATEQUESE PARA ADULTOS

Sumário
1. Iniciação cristã ....................................................................................................................... 4
O QUE É INICIAÇÃO CRISTÃ? ................................................................................................. 4
PASSOS DA INICIAÇÃO… ........................................................................................................ 5
O Ritual de Iniciação Cristã para Adultos - RICA.................................................................... 6
Bibliografia recomendada: .................................................................................................... 7
2. Batismo.................................................................................................................................. 8
Importância do batismo ........................................................................................................ 8
Os efeitos do Batismo: .......................................................................................................... 9
Matéria: ............................................................................................................................... 10
Forma: ................................................................................................................................. 10
O rito batismal ..................................................................................................................... 11
Fora da Igreja....................................................................................................................... 11
PRIMEIRO ESTÁGIO ............................................................................................................. 11
SEGUNDO ESTÁGIO ............................................................................................................. 12
TERCEIRO ESTÁGIO .............................................................................................................. 12
QUARTO ESTÁGIO ............................................................................................................... 13
QUINTO ESTÁGIO ................................................................................................................ 13
Na igreja .............................................................................................................................. 13
SEXTO ESTÁGIO ................................................................................................................... 13
No batistério........................................................................................................................ 14
SÉTIMO ESTÁGIO ................................................................................................................. 14
3. Confirmação ........................................................................................................................ 16
Importância do sacramento da confirmação - crisma ........................................................ 16
Os efeitos da Confirmação: ................................................................................................. 17
Forma: ................................................................................................................................. 18
O rito do crisma ................................................................................................................... 19
4. Eucaristia ............................................................................................................................. 20
Importância da Eucaristia.................................................................................................... 20
Os efeitos da Eucaristia: ...................................................................................................... 23
Matéria: ............................................................................................................................... 24
Forma: ................................................................................................................................. 24
Para o pão: .......................................................................................................................... 24
Para o vinho: ....................................................................................................................... 24

1
Da comunhão: ..................................................................................................................... 25
O rito Eucaristico ................................................................................................................. 25
Missa com os fiéis ............................................................................................................... 25
RITOS INICIAIS ..................................................................................................................... 25
Entrada do Celebrante ........................................................................................................ 25
Saudação ............................................................................................................................. 26
Ato penitencial .................................................................................................................... 26
Hino de louvor ..................................................................................................................... 26
OREMOS .............................................................................................................................. 27
LITURGIA DA PALAVRA ........................................................................................................ 27
Primeira leitura.................................................................................................................... 27
Salmo responsorial .............................................................................................................. 27
Segunda leitura ................................................................................................................... 27
Canto de aclamação ao Evangelho...................................................................................... 27
Evangelho ............................................................................................................................ 28
Homilia ................................................................................................................................ 28
Profissão de fé ..................................................................................................................... 28
Oração da comunidade (Oração dos fiéis) .......................................................................... 28
LITURGIA EUCARÍSTICA ....................................................................................................... 29
Procissão das oferendas ...................................................................................................... 29
Santo ................................................................................................................................... 30
Consagração do pão e vinho ............................................................................................... 30
Orações pela igreja .............................................................................................................. 30
Por Cristo, com Cristo e em Cristo ...................................................................................... 30
RITO DA COMUNHÃO .......................................................................................................... 31
Pai nosso.............................................................................................................................. 31
A paz .................................................................................................................................... 31
Fração do pão ...................................................................................................................... 32
Cordeiro de Deus................................................................................................................. 32
Comunhão ........................................................................................................................... 32
Modo de comungar ............................................................................................................. 32
Pós comunhão ..................................................................................................................... 32
Rito final .............................................................................................................................. 32
Como receber a benção ...................................................................................................... 33
Comunhão ........................................................................................................................... 33
5. Sacramento da reconciliação - Penitencia .......................................................................... 34

2
Importância do sacramento da reconciliação - penitencia ................................................. 34
Os efeitos da Penitência: ..................................................................................................... 35
Matéria: ............................................................................................................................... 35
Indulgências......................................................................................................................... 37
Contrição perfeita ............................................................................................................... 38
O rito penitencial................................................................................................................. 38
APÊNDICE ................................................................................................................................ 40
6. Sacramento do matrimônio ................................................................................................ 40
Matrimônio natural ............................................................................................................. 40
Matrimônio sacramental..................................................................................................... 41
Os efeitos do Matrimônio: .................................................................................................. 42
Matéria: ............................................................................................................................... 43
Forma: ................................................................................................................................. 43

3
1. INICIAÇÃO CRISTÃ

A Iniciação Cristã é um “desafio que devemos encarar com decisão, coragem e


criatividade… Tarefa irrenunciável”1. É processo permanente, gradual,
envolvendo toda a comunidade. Exige conversão pessoal e estrutural.

O QUE É INICIAÇÃO CRISTÃ?

É o nome que se dá ao processo pelo qual uma pessoa é incorporada ao mistério


de Cristo, morto e ressuscitado, tornando-se discípula de Cristo. Esta
transformação radical se realiza no âmbito da fé e supõe um itinerário
catequético chamado catecumenato realizado em etapas. Este itinerário marcou
os primeiros tempos da Igreja. Esta catequese levava a pessoa a fazer uma
experiência profunda com Jesus Cristo e seu Reino. Não era apenas uma
doutrina, um ensino, um catecismo; era um verdadeiro encontro, uma
experiência de vida que encantava, empolgava, apaixonava o catecúmeno, no
amor a Deus e aos irmãos.

Se dá o nome de Iniciação Cristã, por que era o início de uma caminhada, um


itinerário, com diversas etapas, através das quais o catequizando adquiria
maturidade, profundidade, transformação de sua vida, tornando-se um cristão
adulto, um verdadeiro discípulo missionário.

INICIAÇÃO CRISTÃ É O INÍCIO DE UM CAMINHO QUE LEVA A UM


PROCESSO DE ENCONTRO COM CRISTO ATRAVÉS DE UMA
TRANSFORMAÇÃO PESSOAL, COMUNITÁRIA E SOCIAL.

A Iniciação, o caminho para entrar e viver a vida de batizado é a inserção na


vida, morte e ressurreição de Jesus. É inserir-se na Comunidade-Igreja pela
prática da fé cristã. É participar como membro ativo da vida eclesial,
aprofundando o conhecimento, a celebração e a vivência da Palavra de Deus na
interação fé e vida.
Não é um faz de contas: eu faço de conta que me empenho, os outros fazem de
conta que se preocupam e todos fazemos de conta que a Igreja se renova;
Não é um quebra-galho: não é uma maneira de preparar “às pressas” aqueles
que não completaram a iniciação sacramental e querem casar na Igreja;
Não é uma “pastoral” ao lado de outras: A Iniciação é, sem dúvida, uma ação
específica, que deve estar articulada com todas as demais ações eclesiais-
sobretudo com as tematicamente mais próximas – e, além disso, uma dimensão
que deve permear toda a operosidade eclesial
Não é um modismo: a Iniciação não foi inventada agora, ela existe desde o início
do Cristianismo, ficou por muito tempo esquecida, por que a Igreja imaginava
que todos já eram evangelizados e que a sociedade era cristã.

1
Documento de Aparecida - nº 287

4
PASSOS DA INICIAÇÃO…

O processo de Iniciação Cristã passa por seis momentos específicos que


envolvem toda a vida da pessoa:
O ENCONTRO
A CONVERSÃO
O DISCIPULADO
O ENGAJAMENTO NA COMUNIDADE
A CELEBRAÇÃO
A MISSÃO
Todos esses passos levam ao TESTEMUNHO.

O processo de iniciação acontece sempre que alguém se compromete com um


novo projeto de vida. Jesus formou lentamente os seus discípulos. Houve um
chamado, um aprendizado e um convívio. Houve etapas na missão, envio,
aprofundamento. O caminho da iniciação ficou evidente, a partir do século II, com
a estruturação do catecumenato para promover a introdução dos novos
convertidos na vida da Igreja. O objetivo era o aprofundamento da fé, como
adesão pessoal a Jesus Cristo e a tudo que ele revela.

Teve seu período áureo entre os séculos III e IV. Quando o cristianismo começou
a ser religião aceita e, posteriormente, tornada a religião oficial do Império, o
catecumenato foi reduzido à Quaresma até desaparecer e ser substituído pelo
Batismo de massa. Ser cristão começa a ser situação comum e abre-se a
possibilidade do batismo ministrado preponderantemente às crianças.
Durante muito tempo o processo de iniciação explícita foi ficando menos ativo.
Afinal, todo mundo era batizado e religião era atitude que se aprendia vivendo
em família e na própria sociedade.
Essa religião culturalmente disseminada foi campo fértil para devocionismos
variados. As pessoas eram batizadas, faziam a primeira comunhão, casavam na
Igreja mas, gradativamente muitos foram deixando de perceber o que esse
compromisso de fato significava. A sociedade foi se tornando independente da
influência da igreja e a religião passou a ser vista como assunto privado, pessoal.
“Nossa maior ameaça é o medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, no
qual, aparentemente, tudo procede com normalidade, mas na verdade a fé vai
se desgastando e degenerando em mesquinhez”2.
O projeto de Jesus não tem nada de pequeno ou mesquinho; pelo contrário,
somos chamados a um trabalho exigente e emocionante.

Indicação: O livro A caminho de um novo paradigma para a catequese reflete


sobre quatro temas-chave: “A Iniciação Cristã no itinerário do discípulo”; “Íntima
relação entre comunidade eclesial e Iniciação Cristã”; “O catequista discípulo e
missionário”; e “Inspiração catecumenal da catequese”.

2
Documento de Aparecida - nº 12

5
O RITUAL DE INICIAÇÃO CRISTÃ PARA ADULTOS - RICA

O Rito da iniciação cristã de Adultos (RICA), foi publicado em 1971, a pedido do


Vaticano II, é um livro litúrgico e seu objetivo é dar orientações para restabelecer
o catecumenato batismal.

Descreve justamente os ritos do catecumenato, mas não os conteúdos


catequéticos propriamente ditos. O importante é perceber como no
catecumenato a formação acontece inseparavelmente unida à prática da vida
cristã (cf. Introdução 19). A formação consiste na instrução doutrinal unida
intimamente com a experiência litúrgica onde o mistério de Jesus Cristo se faz
mais presente.

O RICA lembra que não basta as pessoas conhecerem os dogmas e preceitos:


é preciso vivenciar o mistério da salvação do qual desejam participar
plenamente, o que é facilitado pela vinculação dos conteúdos com o ano litúrgico
e com uma maior valorização das celebrações da palavra. Parece até que o
RICA dá mais importância a tais celebrações do que aos encontros catequéticos
propriamente ditos. Conforme o n.º 106, as celebrações ajudam a assimilar os
conteúdos da catequese, ensinam prazerosamente as formas e os caminhos da
oração, aproximam dos símbolos, ações e tempos do mistério litúrgico e
introduzem, gradativamente, no culto de toda a comunidade. Ou seja: no
processo catecumenal, a catequese (entendida como o momento da instrução)
está intimamente articulada com a liturgia.

Outro elemento importante no catecumenato é o “itinerário espiritual” realizado


por etapas e através do acompanhamento pessoal de alguns membros da
comunidade, sobretudo os “introdutores”. São estes (sobretudo os catequistas)
que acompanham os catecúmenos, que dão testemunho perante a comunidade
sobre o amadurecimento e crescimento do catecúmeno. Este acompanhamento
deve ser feito na vida concreta das pessoas e também através dos ritos
catecumenais e celebrações da palavra, pois através deles Deus age
gradativamente, purificando e protegendo os catecúmenos. Assim, os
catequistas não são apenas instrutores (ministério da palavra, ensino,
magistério), mas também são ministros da oração e da celebração da palavra de
Deus (mais que pedagogos são mistagogos!). Portanto, a figura do catequista
de iniciação hoje muda muito com relação ao tipo tradicional do “catequista
professor” que apenas ensina. Ele deve ser um entendido também em ritos e
celebrações: deve ser um liturgo e saber usar o RICA!

Conforme o Pe. Domingos Ormonde, especialista em catecumenato, em seu


artigo “Vale a pena os catequistas conhecerem o catecumenato”, no qual
também me inspirei: “encontramos no RICA quase tudo que diz respeito ao
catecumenato, a saber: a teologia da iniciação cristã, o processo do
catecumenato composto por diferentes tempos de informação e

6
amadurecimento, de preferência culminando no ciclo pascal do ano; o sentido
de cada tempo com seus objetivos, meios, duração, ritos e símbolos; as
celebrações que marcam a passagem de um tempo para outro (chamadas
“etapas”) e suas exigências; o roteiro e os conteúdos dos ritos principais; e
finalmente a própria celebração unitária dos sacramentos de iniciação,
preferencialmente na noite pascal”3.

As partes mais importantes do RICA para a catequese, são as seguintes:


- Duas introduções (“A iniciação cristã: observações preliminares gerais”, pp.
9-16; “Introdução ao rito da iniciação cristã de adultos”, pp. 17-34),
- O capítulo primeiro (“Ritos do catecumenato em torno de suas etapas”, pp.
95-104),
- O capítulo 4 (“preparação para a confirmação e a eucaristia de adultos que,
batizados na infância, não receberam a devida catequese”, pp. 131-132). Há um
apêndice com o “rito de admissão na plena comunhão da Igreja Católica das
pessoas já batizadas validamente” (pp. 283-285).
- Por fim se deve fazer referência ao capítulo 5 com o curioso título: “Rito de
iniciação de crianças em idade de catequese” (pp. 133-174).

Por ser um livro litúrgico, não encontramos no RICA as orientações detalhadas


sobre os conteúdos da catequese de cada tempo do catecumenato, nem
detalhes pastorais para sua implantação e implementação (para isso, cf CNBB,
Com Adultos Catequese Adulta nº 106; cf também pg 8, nº 102 acima ).

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

ALVES de Lima Luiz, Memória do catecumenato na História in CNBB, Segunda


Semana Brasileira de Catequese, pp. 229-244; ID., Catequese com Adultos e
Iniciação Cristão in Ibid. pp. 318-354 (com bibliografia);

LELO Antônio Francisco, A iniciação cristã: catecumenato, dinâmica


sacramental e testemunho. São Paulo: Paulinas 2005, 237 pp. ID. A iniciação
cristã no Brasil in Revista de Catequese 27(2004) nº 107, julho-setembro, pp. 5-
18; ID., A aplicação do RICA no Brasil in Revista de Catequese 27(2004) nº 108,
out.-dezembro, pp. 5-20.

OLIVEIRA, Ralfy Mendes de, O catecumenato batismal: reflexão à luz do novo


Rito da Iniciação Cristã dos Adultos in Revista de Catequese 1 (1978) no. 3, pp
29-49;

ORMONDE, Domingos, Vale a pena os catequistas conhecerem o


catecumenato in CNBB, Segunda Semana Brasileira de Catequese - Estudos da
CNBB 84, Paulus 2002, pp.250-251).

3
cf. Ib., in Segunda Semana Brasileira de Catequese - Estudos da CNBB 84, Paulus 2002, pp.250-251

7
2. BATISMO

IMPORTÂNCIA DO BATISMO

O Batismo, também chamado de Fé, é a porta dos Sacramentos e, portanto, é a


entrada ordinária da alma na graça. O Batismo é o Sacramento pelo qual
renascemos para a graça de Deus, perdida pelo pecado de Adão, e nos
tornamos cristãos. A palavra, de origem grega, significa abluir, mergulhar. É, na
verdade, isso que ocorre na alma que o recebe: ela, mergulhada em Cristo,
Cabeça da Igreja, é abluída e purificada sendo, portanto, incorporada à Igreja.
Atesta as Escrituras:

“Todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na


Sua Morte” (Rm 6, 3).

“Fomos sepultados com Ele [Cristo] no Batismo” (Cl 2,12).

Somos inseridos em Cristo e no Seu Corpo, pois, uma vez mortos para o pecado
e vivos para Ele, unimos-nos intimamente à Igreja, Sua Esposa. Essa união,
dizem os teólogos, é semelhante a uma adoção filial, motivo por que pelo
Batismo nos tornamos filhos adotivos de Deus:

“Ele [o Pai] nos predestinou para sermos adotados como filhos Seus
por Jesus Cristo, segundo o beneplácito de Sua livre vontade (Ef 1,5)”.

Reconhece, ó cristão, a tua dignidade. Uma vez constituído participante da


natureza divina, não penses em voltar às antigas misérias da tua vida passada.
Lembra-te de que Cabeça e de que Corpo és membro. Não te esqueças de que
foste libertado do poder das trevas e transferido para a luz e para o Reino de
Deus (São Leão Magno, Sermão 21, 3).

Deste modo, como já dissemos, é pelo Batismo que voltamos àquele plano
original de Deus, Nosso Senhor, que nos fez para sermos semelhantes a Ele.
Com isso, é ululante que o Batismo é estritamente necessário para a salvação4,
como Nosso Senhor atesta:

4
[1] Além do Batismo sacramental, Santo Tomás, juntamente com a Igreja, ensina a existência outros:
batismo de sangue e batismo de penitência (cf. S.T., III, q. 66, a. 11). Ambos têm relação íntima com o
Sacramento porquanto haure a sua eficácia na Paixão de Cristo e do Espírito Santo e por isso são
chamados “batismo”.
O batismo de sangue é a conformação do indivíduo à Paixão e Cristo e, por isso, lhe confere a
justificação (cf. Mt 10, 32. 39; 16,25; Jo 12,25). Santo Agostinho ensina que o martírio muitas vezes
substitui o Batismo; São Cipriano vê na promessa do Salvador ao ladrão, que não era batizado, uma
prova dessa doutrina.

8
“Quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no
Reino de Deus” (Jo 3,5)

“Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será
condenado” (Mc 16,16).

Esse renascimento espiritual que é próprio do Batismo, os teólogos chamam de


caráter. Isto é, este Sacramento imprime uma marca na alma do batizado que
não se pode apagar (signo de filhos adotivos de Deus). O caráter batismal tem
três aspectos:

dispositivo: direito de participar passivamente do sacerdócio de Cristo, ou seja,


tem a alma apta a receber a virtude dos Sacramentos e de exercer,
limitadamente, esse mesmo sacerdócio;

distintivo: entre os que têm a Fé e os pérfidos e, em última análise, entre os


filhos adotivos de Deus e meras criaturas;
obrigativa: consagrado a Cristo, o batizado tem obrigação de ser digno desse
nome (o de cristão).

Por essa razão, só se recebe o Batismo uma vez.

OS EFEITOS DO BATISMO:

Apaga o pecado original, passado por Adão; infusão da graça santificante


primeira, torna a alma apta para a graça, abrindo-lhe as portas do céu, e, com
isso, concede a remissão dos pecados atuais e das penas temporais e imprime

Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no Sangue do
Cordeiro (Ap 7,14).
O batismo de penitência (mais conhecido como de desejo) é a Fé e a conversão do coração concedidas,
por virtude do Espírito Santo, porque Ele mesmo move o coração a crer, amar a Deus e arrepender-se
dos pecados. Concede o mesmo resultado do batismo de sangue, ou seja, a justificação, porque é o
gérmen deste, uma vez que ninguém pode chegar a dar a vida por amor de Cristo e de Sua Igreja sem
que antes tenha tido a alma convertida para Deus pela Caridade do Espírito Santo.
Santo Agostinho ensina essa realidade, como também a Escritura:
Quando o Senhor tiver lavado a imundície das filhas de Sião, e apagado de Jerusalém as manchas de
sangue com espírito de justiça e pelo espírito de ardor (Is 4,4).
Meditando repetidas vezes, vejo que não apenas o sofrimento pelo nome de Cristo pode substituir a
falta do Batismo, mas também a Fé e o coração convertido pode supri-lo se a brevidade do tempo
disponível não permitir recebê-lo (De bapt. IV 22,29, destaques nossos).
E conclui o Aquinate:
Quanto a mim, refletindo cada vez mais sobre este assunto, chego à conclusão que o martírio pelo
nome de Cristo não é o único meio de suprir o Batismo; mas que a fé e a conversão do coração podem
chegar ao mesmo resultado, se circunstâncias desfavoráveis impedirem a celebração do Sacramento
(S.T., III, q. 66, a. 11, resp., destaques nossos).

9
o caráter indelével, inserindo o batizado na Igreja e tornando-o filho adotivo de
Deus5.

A graça sacramental é o direito aos subsídios necessários para ter a vida digna
da filiação divina.

Do ponto de vista canônico, o sujeito fica constituído fiel cristão (católico) com
seus direitos e deveres eclesiásticos ─ como os direitos de participar dos atos
de culto ou a obrigação de obedecer às leis eclesiásticas.

Se o sujeito for adulto, concede também a remissão dos pecados atuais (mortais
e veniais) com todas as penas temporais (desde que haja ao menos atrição
sobrenatural).

O caráter sacramental torna o fiel filho adotivo de Deus e membro da Sua Igreja.

MATÉRIA:

Remota: água líquida verdadeira, potável.

Próxima: ablução com água da cabeça ou fronte do batizando.

FORMA6:

N. (nome do batizando), EU TE BATIZO EM NOME DO PAI E DO FILHO E DO


ESPÍRITO SANTO7.

Ministro:

O Bispo, o presbítero ou o diácono. Entretanto, a obrigação de batizar é do


pároco.

Contudo, estando um fiel em perigo de morte, qualquer pessoa, mesmo pagã,


pode batizar válida e licitamente.

Sujeito:

5
Com a graça habitual, vem todas as graças e virtudes conexas: a graça sacramental, as virtudes
sobrenaturais e os dons do Espírito Santo.
6
A fim de comparação e enriquecimento, expomos aqui a forma do Batismo no rito Bizantino:
O servo de Deus, N., é batizado em Nome do Pai. Amém. E do Filho. Amém. E do Espírito Santo. Amém.
7
Os protestantes falam de “Batismo em nome de Jesus”. Ora, esta terminologia usada na era apostólica
tinha como intenção apenas diferenciar do “batismo de João [Batista]”. Jamais ela pode ser vista como
uma autorização para se batizar apenas em “nome de Jesus”, de acordo com o que Ele próprio ensinou:
Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28,19).

10
Todo ser humano ainda não batizado. As crianças devem ser batizadas o quanto
antes (antes do primeiro mês de vida), sob pena de pecado grave8.

Para a validade do Batismo em um adulto, requer-se a intenção da vontade de


receber o Sacramento, como já falado. Para a licitude do Batismo se requer a
instrução, se não do sujeito (por ser ainda criança), dos pais ou responsáveis9.

O RITO BATISMAL

O ritual do Batismo de adultos guarda uma estrutura semelhante com o das


crianças. Entretanto, a recente reforma em abril de 1962 permitiu que ele fosse
realizado de modo fracionado, perpassando durante toda a Quaresma. Desse
modo, o Batismo propriamente dito ocorre no dia da Vigília Pascal, restaurando
um antigo costume (mas é possível ainda fazer tudo de uma só vez).

Estruturalmente, o ritual para os adultos é semelhante ao das crianças. O rito


inteiro é dividido em sete estágios (seis correspondentes aos quatro domingos
da Quaresma e dois aos da Paixão, sendo o sétimo no Sábado Santo).

FORA DA IGREJA

PRIMEIRO ESTÁGIO

oração preparatória: inicia-se de joelhos diante do Altar com um responsório e


a recitação de três Salmos; depois a Oração do Senhor e três orações
conclusivas;

interrogatório: o celebrante pergunta ao catecúmeno o que pede à Igreja e para


que lhe servirá o pedido (as repostas são dadas pelos padrinhos). Ao fim,
admoesta a todos;

renúncia: o celebrante pergunta se o catecúmeno renuncia a Satanás, suas


obras e pompas;

8
A Tradição da Igreja e o Direito falam da figura do padrinho, por casa da grande dignidade que é ser
membro da Igreja e ser redimido por Cristo, como atesta São Leão Magno acima. Ele é um auxiliador na
vida espiritual do batizado e, portanto, não deve ser escolhido pelo status ou dinheiro que possua, mas
tão somente pelo exemplo de vida e de Fé católica. Outrora era o padrinho quem apresentava o
catecúmeno ao Bispo e atestava sua adesão à Verdade.

9
Os requisitos para o apadrinhamento exigidos da Diocese de Formosa são:
- seja designado pelo batizando, por seus pais ou por quem lhes faz as vezes;
- tenha completado dezesseis anos de idade;
- seja católico, confirmado (crismado), já tenha recebido o Santíssimo Sacramento da Eucaristia e leve
uma vida de acordo com a Fé e o encargo que vai assumir;
- não tenha sido atingido por nenhuma pena canônica legitimamente irrogada ou declarada;
- não seja pai ou mãe do batizando.

11
profissão: o celebrante pergunta se o catecúmeno crê com Fé divina nas
principais Verdades reveladas;

insuflação: sopra-se três vezes sobre o catecúmeno em forma de Cruz, pedindo


que o demônio dê lugar ao Divino Espírito Santo e, soprando mais uma vez,
envia-lhe o Espirito Santo;

sinal da Cruz: feito com o polegar na fronte e no peito do catecúmeno; simboliza


o sinal pelo qual catecúmeno terá que moderar seus costumes, pois é o signo
do católico;

abjuração: agora o catecúmeno manifesta seu ódio aos erros da vida passada:
os ídolos, se veio da gentilidade; a perfídia supersticiosa, se era judeu; a perfídia
da infidelidade, se era islâmico; a depravação ímpia e nefasta, se protestante;
essa parte termina com o celebrante ordenando que agora ele adore o Deus
verdadeiro que é a Santíssima Trindade;

recebimento da cruz: o celebrante marca com a Cruz a fronte (receber a Cruz),


os ouvidos (ouvir os ensinamentos), os olhos (para ver a glória de Deus), as
narinas (sentir o odor de Cristo), a boca (pronunciar palavras de vida), o peito
(crer em Deus) e os ombros (suportar os jugos) e no corpo todo (ter a vida
eterna);

imposição das mãos: gesto de autoridade para simbolizar a aquisição da alma


para Deus que toma posse do seu ser;

despedida: o celebrante despede a todos os presentes.

SEGUNDO ESTÁGIO

oração preparatória;

imposição do sal: o sal, que dá sabor e conserva, é posto na língua e simboliza


aqui a sabedoria e é presságio dos alimentos divinos e preservação da corrupção
dos vícios;

despedida.

TERCEIRO ESTÁGIO

oração preparatória;

Pai Nosso: o catecúmeno de joelhos recita o Pai Nosso, mas não o completa;
ao fim o celebrante e o padrinho faz o sinal da cruz sobre ele;

12
imposição de mãos: impetra-se a perseverança para que o fiel consiga chegar
à graça batismal;

exorcismo10: oração imperativa ao diabo para que não assedie o catecúmeno,


a qual termina com o sinal da Cruz para que o inimigo não ouse profanar o fruto
da Redenção que será operada naquela alma pelo Batismo;

despedida.

QUARTO ESTÁGIO

oração preparatória;
Pai Nosso: como no estágio anterior;

imposição de mãos: impetra-se a misericórdia divina para que Ele conceda ao


fiel chegar à graça batismal;

exorcismo;

despedida.

QUINTO ESTÁGIO

oração preparatória;

Pai Nosso: como no estágio anterior;

exorcismo: o celebrante ordena a fuga do diabo pelo poder de Cristo para que
ele dê agora lugar para Deus;

imposição de mãos: impetra-se as iluminações da graça para que o


catecúmeno seja digno da graça batismal;

despedida.

NA IGREJA

SEXTO ESTÁGIO

oração preparatória;

convite: o celebrante convida o catecúmeno a entrar na igreja, simbolizando que


ele já tem parte com Cristo (entram até a porta do batistério);

10
Existe uma relação entre o costume do batismo fracionado com a Liturgia. No III Domingo da
Quaresma, a Igreja coloca o Evangelho do exorcismo do demônio mudo.

13
recitação: consta do Credo, regra de Fé, e do Pai Nosso, regra de oração;
exorcismo solene: como no estágio anterior;

ephpheta: o celebrante umedece os dedos com a própria saliva e toca os


ouvidos e narinas do catecúmeno, repetindo assim o gesto de Cristo ao curar o
surdo. O ephpheta, que signifcica “abre-te”, é um pedido a Deus para que o
catecúmeno ouça com fruto a pregação da Igreja e já sinta o perfume suave do
Cristo que lhe vem à alma pela graça. Finaliza essa parte ordenando,
novamente, a fuga do demônio;

renúncia: o celebrante pergunta se o catecúmeno renuncia a Satanás, suas


obras e pompas;

unção: unge-se com o óleo dos catecúmenos o catecúmeno no peito e ombros.


O óleo era antigamente usado como proteção para os lutadores; agora o
catecúmeno, preste a se tornar filho de Deus e membro da Igreja, participará da
maior guerra de todo o universo: haverá de lutar contra suas paixões, contra o
mundo e contra o demônio para assim, no fim da vida, poder receber a glória
celeste.

ordem: o celebrante ordena por três vezes, em honra de cada uma das Divinas
Pessoas, a fuga do demônio;

despedida.

NO BATISTÉRIO

SÉTIMO ESTÁGIO

oração preparatória;

profissão: o celebrante pergunta se o catecúmeno crê com Fé divina nas


principais Verdades reveladas;

Batismo: o celebrante realiza o Batismo propriamente dito (com água da cabeça


ou fronte do batizando) N. (nome do batizando), EU TE BATIZO EM NOME DO
PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO. Nesse momento os padrinhos devem
tocar o catecúmeno;

unção com óleo do crisma: o Batismo torna o catecúmeno um cristão (seguidor


de Cristo) e transmite-lhe a realeza de filho de Deus, o sacerdócio de outro Cristo
e o profetismo de apóstolo dEle. Como outrora os reis, os sacerdotes e os
profetas era ungidos, assim também o batizado é ungido para a vida eterna em
nome de Jesus Nosso Senhor;

14
veste: o celebrante impõe a veste branca, símbolo da pureza, e adverte que
traga consigo essa pureza diante do tribunal;

vela: o padrinho entrega ao batizado uma vela acesa, símbolo da Fé e da graça


do Batismo, rogando que a fumegante acesa para a vida eterna. Aqui fica claro
o papel e a responsabilidade que os padrinhos têm em relação seu afilhado;
despedida11.

11
Para a possibilidade realizar todo o ritual de uma só vez, em cada estágio se omite a oração
preparatória (a não ser no início de tudo) e a despedida (a não ser ao fim de tudo).

15
3. CONFIRMAÇÃO

IMPORTÂNCIA DO SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO - CRISMA

Confirmação (ou Crisma como é mais conhecido) é o segundo Sacramento e,


como seu nome demonstra, está intimamente ligado ao Batismo, o qual é por ele
aperfeiçoado12. Não se deve entender que este Sacramento de confirmação, é
para complementar, aquilo que o fiel já recebeu no Batismo, como se algo
faltasse nele13.

Por seu nome, não se deve entender que este Sacramento confirma, aquilo que
o fiel já recebeu no Batismo, como os modernistas ensinam, a fim de que o
católico conscientemente professe o que não pôde, quando foi batizado, por ser
ainda criança

A palavra (do latim confirmatio), neste Sacramento, toma de volta a acepção


original de “fortificar, firmar”, aperfeiçoa a graça já recebida (no Batismo). Desse
modo, a Confirmação é o Sacramento que dá o Divino Espírito Santo, imprimindo
caráter de soldados de Cristo, e faz perfeitos cristãos. É, portanto, uma infusão
mais abundante dos sete dons, aperfeiçoando a graça do Batismo: eis por que
Santo Tomás chama-o de «o Sacramento da plenitude da graça».

Plenitude esta expressa na coragem semelhante àquela que os Santos


Apóstolos receberam no dia de Pentecostes (cf. At 2). Após a recepção da
Crisma pelos Apóstolos, vemos uma nítida mudança de postura: depois da morte
de Cristo eram covardes (e até hipócritas); após a descida do Paráclito, fortes,
firmes na Fé (enfrentando até os imperadores pagãos, à custa da própria vida).

Atestamos a existência e a instituição divina da Confirmação14:

Os Apóstolos que se achavam em Jerusalém, tendo ouvido que a Samaria


recebera a palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João. Estes, assim que
chegaram, fizeram oração pelos novos fiéis, a fim de receberem o Espírito Santo,
visto que não havia descido ainda sobre nenhum deles, mas tinham sido
somente batizados em nome do Senhor Jesus (At 8,14ss).

12
Essa relação talvez não seja tão percebida por nós ocidentais, devido à distância entre a recepção do
Batismo (ainda com poucos dias de nascido) e a da Confirmação (início da adolescência), o que não
ocorre na tradição oriental (ambos os Sacramentos são recebidos no mesmo dia, ainda recém nascido).
13
Esse erro é ensinado pelos modernistas. Para eles, apenas se recebe completamente os efeitos do
Batismo após uma renovação conscientemente professada, que não pôde ocorrer na ocasião do
batizado por ser ainda criança. Ideia que não tem espaço na tradição oriental pelo motivo dito na nota
1. Por causa desse erro moderno, é imprecisa a expressão “Crisma é a confirmação do Batismo”.
14
Ainda outras passagens podem ser lidas: Jo 14,16s; IICor 1,21s; IJo 2,20.27.

16
“Nele também vós, depois de terdes ouvido a Palavra da Verdade, o
Evangelho de vossa salvação no qual tendes crido, fostes selados com
o Espírito Santo que fora prometido (Ef 1,13)”.

São os seguintes os ritos da Confirmação: imposição de mãos do Bispo, oração,


unção com o óleo sagrado – que se deve distinguir da unção que o sacerdote
faz depois do Batismo – e, ao mesmo tempo, a bênção e o assinalamento da
fronte e o beijo da paz (Santo Hipólito de Roma, séc. III, Tradição apostólica).

Aqueles que foram batizados na Igreja são conduzidos aos Bispos e por nossa
oração e nossa imposição de mãos recebem o Espírito Santo e são confirmados
pelo selo do Senhor (São Cipriano, séc. III, Epístolas 73,9).

São Paulo, na perícope acima, dá-nos a doutrina do caráter, a marca espiritual


com que é selada a alma que recebe este Sacramento. Santo Tomás distingue
três aspectos no caráter da Confirmação:

dispositivo: a faculdade e o direito de guerrear o combate espiritual travado


contra os inimigos da Fé (assemelhar o confirmado a Cristo, Mestre da Verdade);

distintivo: não entre infiéis e fiéis (como o Batismo), mas entre os


espiritualmente plenos e aqueles recém-nascidos, como diz São Pedro (cf. I Pd
2,2);

obrigativa: confissão pública da Fé católica e fazer apostolado secular.


Assim como o Batismo, a Confirmação também imprime o sinal e, igualmente
àquele, apenas se recebe uma vez.

OS EFEITOS DA CONFIRMAÇÃO:

Concede a graça santificante segunda, a plenitude das graças, virtudes


sobrenaturais e dons do Espírito Santo e a impressão do caráter, alistando o
católico sob o estandarte de Cristo, como Seu soldado (só com a Confirmação
teremos no Céu a proximidade de Deus e a intensidade da Caridade que Ele
quer nos dar).

A graça sacramental é o direito aos subsídios necessários para a firmeza na Fé,


tornando o crismado capaz de professar a Fé contra os inimigos da Igreja se
preciso até à própria morte.

Embora não seja de absoluta necessidade para a salvação, a ninguém é lícito


descuidar-se dele a ponto de não o receber. É grave negligência (dos pais,
padrinhos de Batismo e própria) não receber o Sacramento da perfeição cristã.

17
Matéria15:

Remota: óleo de oliva com bálsamo consagrado pelo Bispo na manhã da quinta-
feira santa na Missa crismal.

Próxima: unção em forma de cruz feita na fronte do crismando junto com a


imposição das mãos.

FORMA16:
N. (nome do crismando), EU TE ASSINALO COM O SINAL DA CRUZ E TE
CONFIRMO COM O CRISMA DA SALVAÇÃO EM NOME DO PAI E DO FILHO
E DO ESPÍRITO SANTO No rito de Paulo VI, a forma secular da Igreja romana
foi mudada para uma outra de inspiração oriental bizantina (isso, de per si, é
suficiente para derrubar qualquer argumento acerca da [suposta] invalidade
intrínseca da nova forma):

N., recebe por este sinal os dons do Espírito Santo.

O problema existe quando se toma a tradução brasileira feita pela CNBB (N.,
recebe por este sinal o Espírito Santo, dom de Deus) completamente infiel ao
original latino..

Ministro:

O Bispo, que sempre o administra validamente. O Presbítero crisma validamente


desde que receba a dispensa do Bispo.

Em perigo de morte, qualquer sacerdote crisma validamente e licitamente,


mesmo sem a licença do Bispo.

Sujeito:

Qualquer batizado ainda não crismado; se adulto, para a liceidade, exige-se o


estado de graça e a instrução17.

15
O motivo da matéria da Confirmação ser o óleo é que ele era usado para fortalecer as pessoas (até
mesmo para cicatrizar feridas). Assim, o que era usado como sinal de robustecimento físico, agora é
usado como robustecimento espiritual. É por causa da unção que este Sacramento também é conhecido
como Crisma, que significa unção.
16
A fim de comparação e enriquecimento, expomos aqui a forma da Confirmação no rito Bizantino:
N., o selo do dom do Espírito Santo.

17
A Confirmação também exige a figura dos padrinhos, como o Batismo. Tudo o que foi falado acerca
disto no texto sobre o Batismo diz respeito ao padrinho de Crisma. Existe um parentesco espiritual entre
o crismado e seu padrinho, embora que ignorado pela Direito pós-conciliar, que os impedia de contrair
Matrimônio. Por respeito a essa tradição, convém chamar apenas pessoas do mesmo sexo para cumprir
essa função.

18
O RITO DO CRISMA

O ritual da Confirmação tradicional tem essencialmente a mesma estrutura


desde os tempos patrísticos, como se pode ver no testemunho de Santo Hipólito
no texto anterior. Semelhante estrutura também se conservou no rito reformado
por Paulo VI.

A cerimônia é bastante simples e curta, constando das seguintes partes:

saudação: o Bispo saúda os crismandos e faz alguns versículos de cunho


impetratório a fim de preparar suas almas para o recebimento do Espírito Santo;
imposição das mãos: gesto suplicante pela descida do Divino Paráclito, tendo
como finalidade deste ato o perdão dos pecados e a salvação eterna;

Confirmação: a unção e a imposição de mãos individual, matéria mesma do


Sacramento; após isso o crismado é soldado de Cristo e por isso o Bispo dá um
leve tapa no seu rosto: tem agora o dever de suportar pacientemente toda sorte
de sofrimentos e injúrias em defesa da Fé;

orações: pedido a Deus que a nova descida do Espírito Santo sobre os fiéis lhes
seja frutuosa, lembrando que Aquele a Quem receberam é o mesmo Espírito que
foi dado aos Apóstolos e seus sucessores;

bênção: por fim, reza-se o Credo, o Pai nosso e a Ave Maria e a cerimônia
termina com a bênção pontifical.

19
4. EUCARISTIA

IMPORTÂNCIA DA EUCARISTIA

O Augustíssimo Sacramento é a Santíssima Eucaristia, na qual se contém, se


oferece e se recebe o próprio Cristo Senhor e pela qual continuamente vive e
cresce a Igreja. É o terceiro dos Sacramentos e maior de todos.
Desse modo, formalmente se pode dizer que a Eucaristia é o Sacramento que,
pela conversão de toda substância do pão no Corpo de Nosso Senhor Jesus
Cristo e de toda a substância do vinho no Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo,
contém verdadeira, real e substancialmente o Corpo, o Sangue, a Alma e a
Divindade do mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo, ou seja, o Cristo todo, debaixo
das referidas espécies para nosso alimento espiritual e sacrifício de culto.
Assim, este Sacramento tem duplo aspecto: um sacramental e outro sacrifical.
Neste texto será tratado o primeiro desses. Sobre o Sacramento da Eucaristia.

No majestoso Sacramento da Eucaristia estão contidos verdadeira, real e


substancialmente o Corpo e o Sangue juntamente com a Alma e a Divindade
de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, por conseguinte, o Cristo todo
(Concílio de Trento, Sessão XIII, Denz. 874, destaques nossos).

Passemos ao significado dos termos destacados:

O verdadeiro: termo que se opõe a símbolo. Assim, a presença de Nosso


Senhor na Eucaristia não é como uma analogia, mas correspondente à verdade;

O real: opõe-se a ideal. A presença verdadeira se dá no sensível, ou seja, na


matéria que compõe o Sacramento. Cristo está em presença habitual (enquanto
houver as aparências de pão e vinho) e concretamente; não, contudo, virtual (no
pensamento) ou potencialmente18.

18
O modernismo afirma haver outras presenças reais de Cristo: o Concílio Vaticano II ensina uma
suposta presença real nas Escrituras, por exemplo (cf. Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, 7)
─ interessante é que Ele não parece estar presente na Tradição Apostólica, para os modernistas. Assim,
esses heterodoxos mudam a noção antiga e já estabelecida da palavra “real”, como ensinada pela
filosofia perene. Para estes, “real” é sinônimo de “existir”. Em contra partida, na doutrina católica há
apenas três modos de presença: pela onipresença (mais pode ser lido aqui), pela graça e pela Eucaristia
(real).

20
O substancial19: não de modo acidental. A presença verdadeira e real de Nosso
Senhor se dá na substância, conservando assim as espécies de pão e vinho20.

A presença de Nosso Senhor na Eucaristia é verdadeira, ou seja, após a


consagração é o mesmo Cristo Senhor, Filho do Pai Eterno, que está presente.
O mesmo que nasceu da Virgem e morreu na Cruz e agora vive e reina nos
Céus. É Ele tal e qual, não mero símbolo ou consenso dos fiéis.

“EU SOU o Pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste Pão viverá
eternamente. E o pão, que Eu hei de dar, é a minha carne para a
salvação do mundo” (Jo 6,51).

“Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a Carne do Filho


do Homem, e não beberdes o Seu Sangue, não tereis a vida em vós
mesmos (Jo 6,53)”.

Este pão é pão antes das palavras sacramentais. Logo que se realiza a
consagração, de pão que é, torna-se Carne de Cristo (Santo Ambrósio, De
Sacramentis, 4, destaques nossos).

Cremos que antes da consagração subsistem o pão e o vinho, conforme os fez


a natureza; mas depois da consagração, existem a Carne e o Sangue de Cristo
(Santo Agostinho, apud Catecismo Romano II-IV 39, destaques nossos).

A presença de Nosso Senhor na Eucaristia é real (do latim res, “coisa”). Isso
significa um modo de ser completamente diverso dos outros Sacramentos.
Nestes, a presença de Cristo se dá pelo efeito da graça (ver nota 19), que ocorre
no sujeito. Na Eucaristia, contudo, está Ele na coisa mesma, ou seja, na espécie
da matéria (pão e vinho), motivo pelo qual Sua presença é dita real21.

Resta esclarecer, agora, como as espécies do pão e do vinho subsistem sem a


substância que lhes dá suporte. A única explicação é que as espécies da matéria

19
Ou seja, se uma hóstia é partida ao meio, tem-se Cristo inteiro nas duas partes obtidas, pois não se
parte a substância. É a Fé nessa verdade que faz a Igreja obrigar pela Liturgia todos os cuidados para que
nenhum fragmento qualquer seja esquecido, pois é Cristo inteiro. Sobre isso a Liturgia ensina:
Não destrói quem O toma; não O parte, nem divide: inteiro é recebido. Come um, come mil: tanto estes,
tanto ele; nem comido Se consome (…) Se é partido o Sacramento, não vaciles, mas lembra, tanto está
sob o fragmento, como no todo, encerrado. Nenhuma fissura é feita: mas só o símbolo é partido, nada é
diminuído, nem se muda o que contém (Sequência da festa de Corpus Christi, destaques nossos).
O que é Santo aos santos! O Cordeiro de Deus é partido e distribuído; é partido, mas não dividido;
comido, mas nunca consumido; santificando aqueles que O recebem em comunhão (Rito Bizantino,
oração para antes da comunhão).
20
Sabiamente a Igreja emprega o termo espécie e não acidente porquanto são as aparências do pão e
do vinho que restam, ou seja, qualidade e quantidade.
21
Embora as espécies da matéria não se sustentem na substância de Cristo, elas são manifestações
sensíveis da Sua presença substancial, ao modo costumeiro dos acidentes.

21
se sustentam em si mesmas — já que não têm mais o sustento da substância
pão ou vinho, nem tampouco podem ter por sustento a substância de Cristo —
constituindo verdadeiro milagre (cf. Catecismo Romano II-IV 43).

O Corpo e o Sangue de Nosso Senhor estão verdadeiramente presentes, ainda


que por fora só se veja a representação de pão e vinho (Santo Hilário, De
Trinitate lib. 8, destaques nossos).

A presença de Nosso Senhor na Eucaristia é substancial, ou seja, a substância


do Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Não estão os acidentes de seu Corpo
e Sangue, assim como Sua presença não é local, mas está presente como a
substância de algo está em toda matéria da qual é feita: Cristo, portanto, está na
hóstia inteira e em cada parte dela, por menor que seja.

A Carne é alimento; o Sangue, bebida; permanece o Cristo todo, sob ambas as


espécies (Sequência da festa de Corpus Christi, destaques nossos).

Embora haja uma dupla transubstanciação na confecção da Eucaristia, não se


pode dizer que no pão convertido haja apenas o Corpo de Cristo e que no vinho,
apenas o Sangue. Cristo, como ensina o Catecismo Romano, é o nome que
designa o Homem-Deus.

Entretanto ainda é errado afirmar que na Eucaristia tem-se o Corpo e a Divindade


de Cristo no pão e, no vinho, Seu Sangue e Divindade. Existe apenas um Cristo
e esse mesmo Cristo está ressurrecto no Céu. Em cada uma das espécies
eucarísticas, tem-se o Cristo todo, Corpo, Sangue, Alma e Divindade. É
naufrágio na Fé católica separar as naturezas divina e humana de Cristo, como
também é separar a Sua natureza humana em si.

A essa verdade (da inteireza do Cristo na Eucaristia) os teólogos chamam de


concomitância. Tudo isso é consequência de Sua admirável ressurreição e da
presença substancial. No dizer dos filósofos, está, pois, no Sacramento aquilo
mesmo que Cristo é.

Cada qual recebe Cristo Nosso Senhor e em cada porção está Ele todo presente.
Não fica menor, quando repartido a cada um individualmente e dá-Se todo inteiro
a cada um dos comungantes (Santo Agostinho, apud Catecismo Romano II-IV
34, destaques nossos).

Mas aqui ainda cabe uma explanação para provar a doutrina católica: uma vez
que Ele antes ali não estava, como passou a estar? Isso pode ocorrer de três
modos: mudança de lugar, criação ou conversão de uma coisa em outra.

Ora, não pode ser por mudança de lugar, pois nada se move sem abandonar o
local donde parte o movimento ─ assim o Corpo de Nosso Senhor não mais
estaria no Céu, a destra mesma de Deus Pai. Mais absurdo ainda seria admitir
nova criação do Cristo ─ haveria então mais de um Corpo de Cristo.
22
A reta razão exige então a última hipótese: algo do pão (e do vinho) se converte
em Cristo. Como no Sacramento as aparências de pão e vinho permanecem,
resta afirmar que suas substâncias se mudam em Corpo e Sangue de Nosso
Senhor e, por concomitância, tem-se o Cristo todo inteiro, processo chamado de
transubstanciação pela Igreja22.

Considerando explicada a doutrina da Igreja acerca do Augusto Sacramento,


trataremos agora da explicação dos sinais sacramentais e seu efeito. A
Eucaristia foi instituída por Nosso Senhor na noite da Ceia derradeira:

“Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e


deu-lho, dizendo: Isto é o Meu Corpo, que é dado por vós” (Lc 22,19).

“Em seguida, tomou o cálice, deu graças e apresentou-lho, e todos


dele beberam. E disse-lhes: Isto é o Meu Sangue, o Sangue da aliança,
que é derramado por muitos” (Mc 14,23s).

“Eu recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite
em que foi traído, tomou o pão e, depois de ter dado graças, partiu-o
e disse: Isto é o Meu Corpo, que é entregue por vós; fazei isto em
memória de mim. Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou
também o cálice, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança no Meu
Sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim”
(I Cor 11,23ss).

OS EFEITOS DA EUCARISTIA:

A quem quer que seja, aquele que recebe a Santíssima Eucaristia recebe o
próprio Cristo, já que Sua presença é real e não moral e no sujeito (como os
demais Sacramentos). Entretanto aqueles que ousam tomar o celestial alimento
em estado de pecado mortal, cometem o gravíssimo pecado de sacrilégio 23.

22
Transubstanciação é mudança de substância. Assim, fica claro que não resta nada do pão ou do vinho
a não ser suas espécies. A doutrina da consubstanciação (substância conjunta do pão e vinho com o
Corpo de Cristo) de Lutero é errônea, antes por repugnar a razão do que a Fé propriamente dita.
23
Sobre isso atestam as Escrituras, sob a autoridade do Apóstolo, e a Igreja, sob a autoridade do
Aquinate:
Portanto, todo aquele que comer o Pão ou beber o Cálice do Senhor indignamente será culpável do
Corpo e do Sangue do Senhor. Que cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse Pão e beba
desse Cálice. Aquele que O come e O bebe sem distinguir o Corpo do Senhor, come e bebe a sua própria
condenação (I Cor 11,27ss).
Come o bom, come o mal, mas com sortes desiguais: para um, a vida; para outro, a morte. Morte ao
mau; vida ao bom: vede, o mesmo alimento, com êxitos díspares (Sequência da festa de Corpus Christi,
destaques nossos).

23
Aos que têm boas disposições: conserva e aumenta a vida da alma, que é a
graça santificante segunda, como o alimento material sustenta e aumenta a vida
do corpo; perdoa os pecados veniais e preserva dos mortais; produz consolação
espiritual; enfraquece as paixões, amortece o fogo da concupiscência, aumenta
o fervor e ajuda a proceder em conformidade com os desejos divinos; dá o
penhor da glória futura e da ressurreição do nosso corpo, além de ser sinal da
unidade da Igreja, pois que todos os fiéis comem da mesma comida e bebem da
mesma bebida24.

A graça sacramental é o direito aos subsídios necessários para que se atinja


todos os direitos dos demais Sacramentos. Especificamente dá o direito à união
com Deus em Cristo Jesus veladamente agora e, mais tarde, face a face na visão
beatífica no céu.

MATÉRIA:

Remota: pão de trigo (para a validade) e ázimo (para a liceidade na Igreja latina)
e vinho natural de uva não deteriorado (para a validade) no qual se deve misturar
um pouco de água (para liceidade).

Próxima: pão e vinho no cálice, estando ambos (pão e cálice) sobre o altar no
corporal.

FORMA:

São as palavras da consagração25.

PARA O PÃO:

ISTO É VERDADEIRAMENTE O MEU CORPO.

PARA O VINHO26:

24
A Liturgia também afirma:
E, feito de Si a única Vítima de expiação, nos convida ao sagrado festim, no qual Ele mesmo é recebido
como nosso alimento, é recordada a memória de Sua Paixão, nossa mente é repleta de graças e nos é
dado o penhor da glória futura (Prefácio do Santíssimo Sacramento – galicano, destaques nossos).
Pela Sua Carne, por nós imolada, somos alimentados e robustecidos; bebendo o Seu Sangue derramado,
somos purificados (Prefácio da Ceia do Senhor, destaques nossos).
25
São suficientes para a validade: «Isto é o Meu Corpo» (para o pão) e «Este é o meu Sangue» (para o
vinho).
26
A frase «Todas as vezes que isto fizerdes, fazei em Minha memória» dita após as palavras indicadas no
texto não faz parte da fórmula sacramental tradicional.

24
ESTE É VERDADEIRAMENTE O CÁLICE DO MEU SANGUE, DO NOVO E
ETERNO TESTAMENTO, MISTÉRIO DA FÉ, QUE POR VÓS E POR MUITOS
SERÁ DERRAMADO EM REMISSÃO DOS PECADOS27.

Ministro:

Da consagração:

Todo e qualquer sacerdote o qual sempre consagra validamente porque esse


poder é inerente ao caráter sacerdotal.

DA COMUNHÃO:

O Bispo, o presbítero, o diácono e o ministro extraordinário da Eucaristia (leigo


Admitido pelo bispo para a distribuição da eucaristia)

Sujeito:

Não existe sujeito da Eucaristia, como foi dito. Pode-se falar apenas de sujeito
da comunhão: qualquer pessoa batizada, que tenha o uso da razão e instrução
(para a Igreja latina), o estado de graça e esteja em jejum (exceto água).

Todo fiel depois de recebido pela primeira vez a Eucaristia, tem a obrigação de
comungar ao menos uma vez no ano por ocasião da Páscoa (preceito pascal).

O RITO EUCARISTICO

A Eucaristia tem um duplo aspecto — de Sacramento e de Sacrifício — e por


isso dois rituais poderiam ser tratados aqui: o rito da comunhão propriamente
(referente ao Sacramento) e o rito da Missa (referente ao Sacrifício). O rito da
Missa, como é sabido (e alvo de muitos textos neste site), sofreu enormes
transformações na reforma realizada por Paulo VI. Não é o objetivo deste texto
explorar essas mudanças. Passemos à estrutura da cerimônia da Missa (dividida
em 5 partes):

MISSA COM OS FIÉIS

RITOS INICIAIS

ENTRADA DO CELEBRANTE

27
Para a recepção da Eucaristia, ou seja, a comunhão a fórmula usada é:
[Que o] Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo guarde a tua alma na vida eterna. Amém.
Como é costume no Rito Romano a forma sempre encerra em si o efeito imediato do Sacramento
recebido. Esse fato não é verificado na reforma de Paulo VI — a fórmula usada é tão somente «Corpo de
Cristo».

25
Vai começar a Celebração. É o nosso encontro com Deus, marcado pelo próprio
Cristo. Jesus é o orante máximo que assume a Liturgia oficial da Igreja e consigo
a oferece ao Pai. Ele é a cabeça e nós os membros desse corpo. Por isso nos
incorporamos a Ele pra que nossa vida tenha sentido e nossa oração seja eficaz.

Durante o canto de entrada, o padre acompanhado dos ministros, dirige-se ao


altar. O celebrante faz uma inclinação e depois beija o altar. O beijo tem um
endereço: não é propriamente para o mármore ou a madeira do altar, mas para
o Cristo, que é o centro de nossa piedade.

SAUDAÇÃO

O padre dirige-se aos fiéis fazendo o sinal da cruz. Essa expressão "EM NOME
DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO", tem um sentido bíblico. Nome
em sentido bíblico quer dizer a própria pessoa. Isto é iniciamos a Missa
colocando a nossa vida e toda a nossa ação nas mãos da Santíssima Trindade.

O sinal da cruz, significa que estamos na presença do Senhor e que


compartilhamos de Sua autoridade e de Seu poder.

ATO PENITENCIAL

O Ato Penitencial é um convite para cada um olhar dentro de si mesmo diante


do olhar de Deus, reconhecer e confessar os seus pecados, o arrependimento
deve ser sincero. É um pedido de perdão que parte do coração com um sentido
de mudança de vida e reconciliação com Deus e os irmãos.

E quando recitamos o Rito Penitencial, ficamos inteiramente receptivos à sua


graça curativa: o Senhor nos perdoa, nos abrimos em perdão e estendemos a
mão para perdoar a nós mesmos e aos outros.

Ao perdoar e receber o perdão divino, ficamos impregnados de misericórdia:


somos como uma esponja seca que no mar da misericórdia começa a se
embeber da graça e do amor que estão à nossa espera. É quando os fiéis em
uníssono dizem: “Senhor, tende piedade de nós!”

HINO DE LOUVOR

O Glória é um hino de louvor à Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. No Glória


(um dos primeiros cânticos de louvor da Igreja), entramos no louvor de Jesus
diante do Pai, e a oração dEle torna-se nossa. Quando louvamos, reconhecemos
o Senhor como criador e Seu contínuo envolvimento ativo em nossas vidas. Ele
é o oleiro, nós somos a argila (Jer 18-6). Louvemos!

Nós temos a tendência a nos voltar para a súplica, ou seja, permanecemos no


centro da oração. No louvor, ao contrário, Jesus é o centro de nossa oração.

26
Louvemos o Senhor com todo o nosso ser, pois alguma coisa acontece quando
nos esquecemos de nós mesmos. No louvor, servimos e adoramos o Senhor.

OREMOS

A oração é seguida de uma pausa este é o momento que o celebrante nos


convida a nos colocarmos em oração. Durante esse tempo de silêncio cada um
faça Mentalmente o seu pedido a Deus. Em seguida o padre eleva as mãos e
profere a oração, oficialmente, em nome de toda a Igreja. Nesse ato de levantar
as mãos o celebrante está assumindo e elevando a Deus todas as intenções dos
fiéis. Após a oração todos respondem AMÉM, para dizer que aquela oração
também é sua.

LITURGIA DA PALAVRA

Após o AMÉM da Oração, a comunidade senta-se mas deve esperar o


celebrante dirigir-se à cadeira. A Liturgia da Palavra tem um conteúdo de maior
importância, pois é nesta hora que Deus nos fala solenemente. Fala a uma
comunidade reunida como "Povo de Deus". A Palavra explicada, nosso
compromisso com Deus, nossas súplicas e ofertas.

PRIMEIRA LEITURA

E quando se inicia a Liturgia da Palavra, peçamos ao Espírito Santo que nos fale
por intermédio dos versículos bíblicos: que as leituras sejam para nós palavras
de sabedoria, discernimento, compreensão e cura.

A Primeira Leitura geralmente é tirada do Antigo Testamento, onde se encontra


o passado da História da Salvação. O próprio Jesus nos fala que nele se cumpriu
o que foi predito pelos Profetas a respeito do Messias.

SALMO RESPONSORIAL

Salmo Responsorial antecede a segunda leitura, é a nossa resposta a Deus pelo


que foi dito na primeira leitura. Ajuda-nos a rezar e a meditar na Palavra acabada
de proclamar. Pode ser cantado ou recitado.

SEGUNDA LEITURA

A Segunda Leitura é tirada das Cartas, Atos ou Apocalipse. As cartas são


dirigidas a uma comunidade a todos nós.

CANTO DE ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO

27
Terminada a Segunda Leitura, vem a Monição ao Evangelho, que é um breve
comentário convidando e motivando a Assembleia a ouvir o Evangelho. O canto
de Aclamação é uma espécie de aplauso para o Senhor que via nos falar.

EVANGELHO

Toda a Assembleia está de pé, numa atitude de expectativa para ouvir a


Mensagem. A Palavra de Deus solenemente anunciada, não pode estar
"dividida" com nada: com nenhum barulho, com nenhuma distração, com
nenhuma preocupação. É como se Jesus, em Pessoa, se colocasse diante de
nós para nos falar.

A Palavra do Senhor é luz para nossa inteligência, paz para nosso Espírito e
alegria para nosso coração.

HOMILIA

É a interpretação de uma profecia ou a explicação de um texto bíblico. A Bíblia


não é um livro de sabedoria humana, mas de inspiração divina. Jesus tinha
encerrado sua missão na terra. Havia ensinado o povo e particularmente os
discípulos.

Tinha morrido e ressuscitado dos mortos. Missão cumprida! Mas sua obra da
Salvação não podia parar, devia continuar até o fim do mundo. Por isso Jesus
passou aos Apóstolos o seu poder recebido do pai e lhes deu ordem para que
pregassem o Evangelho a todos os povos. O sacerdote é esse "homem de
Deus". Na homilia ele "atualiza o que foi dito há dois mil anos e nos diz o que
Deus está querendo nos dizer hoje".

Então o sacerdote explica as leituras. É o próprio Jesus quem nos fala e nos
convida a abrir nossos corações ao seu amor. Reflitamos sobre Suas palavras e
respondamos colocando-as em prática em nossa vida.

PROFISSÃO DE FÉ

Em seguida, os fiéis se levantam e recitam o Credo. Nessa oração professamos


a fé do nosso Batismo.

A fé é à base da religião, o fundamento do amor e da esperança cristã. Crer em


Deus é também confiar Nele. Creio em Deus Pai, com essa atitude queremos
dizer que cremos na Palavra de Deus que foi proclamada e estamos prontos
para pô-la em prática.

ORAÇÃO DA COMUNIDADE (ORAÇÃO DOS FIÉIS)

28
Depois de ouvirmos a Palavra de Deus e de professarmos nossa fé e confiança
em Deus que nos falou, nós colocamos em Suas mãos as nossas preces de
maneira oficial e coletiva. Mesmo que o meu pedido não seja pronunciado em
voz alta, eu posso colocá-lo na grande oração da comunidade. Assim se torna
oração de toda a Igreja.

E ainda de pé rogamos a Deus pelas necessidades da Igreja, da comunidade e


de cada fiel em particular. Nesse momento fazemos também nossas ofertas a
Deus.

LITURGIA EUCARÍSTICA

Na Missa ou Ceia do Senhor, o Povo de Deus é convidado e reunido, sob a


presidência do sacerdote, que representa a pessoa de Cristo para celebrar a
memória do Senhor.

Vem a seguir o momento mais sublime da missa: é a renovação do Sacrifício da


Cruz, agora de maneira incruenta, isto é, sem dor e sem violência. Pela ação do
Espírito Santo, realiza-se um milagre contínuo: a transformação do pão e do
vinho no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo. É o milagre da Transubstanciação,
pelo qual Deus mantém as aparências do pão e do vinho (matéria) mesmo que
tenha desaparecido a substância subjacente (do pão e do vinho). Ou seja, a
substância agora é inteiramente a do Corpo, Sangue, a Alma e a Divindade de
Nosso Senhor Jesus Cristo, embora as aparências sejam a do pão e do vinho.

PROCISSÃO DAS OFERENDAS

As principais ofertas são o pão e vinho. Essa caminhada, levando para o altar as
ofertas, significa que o pão e o vinho estão saindo das mãos do homem que
trabalha. As demais ofertas representam igualmente a vida do povo, a coleta do
dinheiro é o fruto da generosidade e do trabalho dos fiéis. Deus não precisa de
esmola porque Ele não é mendigo e sim o Senhor da vida. A nossa oferta é um
sinal de gratidão e contribui na conservação e manutenção da casa de Deus. Na
Missa nós oferecemos a Deus o pão e o vinho que, pelo poder do mesmo Deus,
mudam-se no Corpo e Sangue do Senhor. Um povo de fé traz apenas pão e
vinho, mas no pão e no vinho, oferece a sua vida. O sacerdote oferece o pão a
Deus, depois coloca a hóstia sobre o corporal e prepara o vinho para oferecê-lo
do mesmo modo. Ele põe algumas gotas de água no vinho simboliza a união da
natureza humana com a natureza divina. Na sua encarnação, Jesus assumiu a
nossa humanidade e reuniu, em si, Deus e o Homem. E assim como a água
colocada no cálice torna-se uma só coisa com o vinho, também nós, na Missa,
nos unimos a Cristo para formar um só corpo com Ele. O celebrante lava as
mãos, essa purificação das mãos significa uma purificação espiritual do ministro
de Deus.

29
SANTO

Prefácio é um hino "abertura" que nos introduz no Mistério Eucarístico. Por isso
o celebrante convida a Assembléia para elevar os corações a Deus, dizendo
Corações ao alto"! É um hino que proclama a Santidade de Deus e dá graças ao
Senhor.

O final do Prefácio termina com a aclamação Santo, Santo, Santo... é tirado do


livro do profeta Isaías (6,3) e a repetição é um reforço de expressão para
significar o máximo de santidade, embora sendo pecadores, de lábios impuros,
estamos nos preparando para receber o Corpo do Senhor.

CONSAGRAÇÃO DO PÃO E VINHO

O celebrante estende as mãos sobre o pão e vinho e pede ao Pai que os


santifique enviando sobre eles o Espírito Santo. Por ordem de Cristo e
recordando o que o próprio Jesus fez na Ceia e pronuncia estas palavras
"TOMAI...

O celebrante faz uma genuflexão para adorar Jesus presente sobre o altar. Em
seguida recorda que Jesus tomou o cálice em suas mãos, deu graças
novamente, e o deu a seus discípulos dizendo: "TOMAI...... "FAZEI ISTO" aqui
cumpre-se a vontade expressa de Jesus, que mandou celebrar a Ceia.

"EIS O MISTÉRIO DA FÉ" Estamos diante do Mistério de Deus. E o Mistério só


é aceito por quem crê.

ORAÇÕES PELA IGREJA

A Igreja está espalhada por toda a terra e além dos limites geográficos: está na
terra, como Igreja peregrina e militante; está no purgatório, como Igreja
padecente; e está no céu como Igreja gloriosa e triunfante.

Entre todos os membros dessa Igreja, que está no céu e na terra, existe a
intercomunicação da graça ou comunhão dos Santos. Uns oram pelos outros,
pois somos todos irmãos, membros da grande Família de Deus.

A primeira oração é pelo Papa e pelo bispo Diocesano, são os pastores do


rebanho, sua missão é ensinar, santificar e governar o Povo de deus. Por isso a
comunidade precisa orar muito por eles. Rezar pelos mortos é um ato de
caridade, a Igreja é mais para interceder do que para julgar, por isso na Missa
rezamos pelos falecidos. Finalmente, pedimos por nós mesmos como "povo
santo e pecador".

POR CRISTO, COM CRISTO E EM CRISTO

30
Neste ato de louvor o celebrante levanta a Hóstia e o cálice e a assembleia
responde amém.

RITO DA COMUNHÃO

PAI NOSSO

Jesus nos ensinou a chamar a Deus de Pai e assim somos convidados a rezar
o Pai-Nosso. É uma oração de relacionamento e de entrega. Ao nos abrirmos ao
Pai, uma profunda sensação de integridade e descanso toma conta de nós.
Como cristãos, fazer a vontade do Pai é tão importante para nosso espírito
quanto o alimento é para nosso corpo.

O Pai Nosso, não é apenas uma simples fórmula de oração, nem um


ensinamento teórico de doutrina. Antes de ser ensinado por Jesus, o Pai-Nosso
foi vivido plenamente pelo mesmo Cristo. Portanto, deve ser vivido também pelos
seus discípulos.

Com o Pai Nosso começa a preparação para a Comunhão Eucarística. Essa


belíssima oração é a síntese do Evangelho. Para rezarmos bem o Pai Nosso,
precisamos entrar no pensamento de Jesus e na vontade do Pai. Portanto, para
eu comungar o Corpo do senhor na Eucaristia, preciso estar em "comunhão"
com meus irmãos, que são membros do Corpo Místico de Cristo.

Pai Nosso é recitado de pé, com as mãos erguidas, na posição de orante.

Pode também ser cantado, mas sem alterar a sua fórmula. após o Pai Nosso na
Missa não se diz amém pois a oração seguinte é continuação.

A PAZ

Após o Pai-Nosso, o sacerdote repete as palavras de Jesus: “Eu vos deixo a paz,
eu vos dou a minha paz”.

A paz é um dom de Deus. É o maior bem que há sobre a terra. Vale mais que
todas as receitas, todos os remédios e todo o dinheiro do mundo. A paz foi o que
Jesus deu aos seus Apóstolos como presente de sua Ressurreição.

Que paz é essa da qual fala Jesus? É o amor para com o próximo. Às vezes
vamos à Igreja rezar pela paz no mundo, mas não estamos em paz conosco ou
com nossas famílias. Não nos esqueçamos: a paz deve começar dentro de nós
e dentro de nossas casas.

Assim como só Deus pode dar a verdadeira paz, também só quem está em
comunhão com Deus é que pode comunicar a seus irmãos a paz.

31
FRAÇÃO DO PÃO

O celebrante parte da hóstia grande e coloca um pedacinho da mesma dentro


do cálice, que representa a união do Corpo e do Sangue do Senhor num mesmo
Sacrifício e mesma comunhão.

CORDEIRO DE DEUS

Tanto no Antigo como no Novo Testamento, Jesus é apresentado como o


"cordeiro de Deus". Os fIéis sentem-se indignos de receber o Corpo do Senhor
e pedem perdão mais uma vez.

COMUNHÃO

A Eucaristia é um tesouro que Jesus, o Rei imortal e eterno, deixou como


MIstério da Salvação para todos os que nele crêem. Comungar é receber Jesus
Cristo, Reis dos Reis, para alimento de vida eterna.

À mesa do Senhor recebemos o alimento espiritual

A hora da Comunhão merece nosso mais profundo respeito, pois nos tornamos
uma só coisa em Cristo. E sabemos que essa união com Cristo é o laço de
caridade que nos une ao próximo. O fruto de nossa Comunhão não será
verdadeiro se não vemos melhorar a nossa compaixão, paciência e
compreensão para com os outros.

MODO DE COMUNGAR

Quem comunga recebendo a hóstia na mão deve elevar a mão esquerda aberta,
para o padre colocar a comunhão na palma da mão. O comungaste
imediatamente, pega a Hóstia com a direita e comunga ali mesmo na frente do
padre ou ministro. Ou direto na boca.

Quando a comunhão é nas duas espécies, ou seja, pão e vinho é diretamente


na boca.

PÓS COMUNHÃO

Depois de comungar temos alguns preciosos minutos em que Nosso Senhor


Jesus Cristo nos tem, poderíamos dizer, abraçados. Perguntemos
corajosamente: Senhor, que queres que eu faça? E estejamos abertos para
ouvirmos a resposta. Quantos milagres e quantas curas acontecem nesse
momento em que Deus está vivo e presente em nós!

RITO FINAL

32
Seguem-se a Ação de Graças e os Ritos Finais. Despedimo-nos, e é nessa hora
que começa nossa missão: a de levar Deus àqueles que nos foram confiados, a
testemunhar Seu amor em nossos gestos, palavras a ações.

COMO RECEBER A BENÇÃO

É preciso valorizar mais e receber com fé a benção solene dada no final da


Missa. E a Missa termina com a benção.

Orações após a Missa rezada: como sugere o nome, se diz apenas após as
Missas rezadas: foram introduzidas pelo Papa Leão XIII depois modificadas pelo
Papa Pio XI. constam da Ave Maria, Salve Rainha, oração pela Igreja, oração a
São Miguel e uma jaculatória ao Sacratíssimo Coração.

COMUNHÃO

A comunhão em si mesma compõe-se:

Do ato de confissão: Confiteor e as absolvições como na Missa, a fim de que


o fiel se reconheça pecador diante da Presença Divina, mas também confiando
na misericórdia de Deus;

Do ato de Fé: o celebrante mostra o Sagrada Espécie e repete as palavras do


Precursor do Senhor, Ecce Agnus Dei… (Eis o Cordeiro de Deus). São
respondidas pelo fiel tomando inspiração na fala do centurião Domine, non sum
dignus… (Senhor, eu não sou digno);

Comunhão: é o ato propriamente dito de recepção de Nosso Senhor (a


comunhão dentro da Missa termina aqui).

Ação de graças: consiste em uma antífona e algumas breves jaculatórias como


agradecimento pelo dom recebido.

finalização: compreende a oração final e uma bênção ao fiel.

33
5. SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO - PENITENCIA

IMPORTÂNCIA DO SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO - PENITENCIA

O quarto Sacramento é a Penitência, também conhecido como Confissão.


Ganhou esse nome porque na antiguidade seu ponto mais notório eram as duras
penitências públicas impostas aos fiéis28, como pode ser lido já no século II em
Santo Irineu de Lião (cf. Contra as hereias, I 6,3).

A Penitência, enfim, é o Sacramento que perdoa os pecados cometidos depois


do Batismo, mudando para temporal a pena eterna.

Como nossa natureza foi essencialmente atingida pela concupiscência29, nem


sempre nos mantemos fiéis às promessas e à Fé que abraçamos no nosso
Batismo, as quais se aperfeiçoaram e cresceram na Confirmação e são nutridas
pela Eucaristia. Por esse mesmo motivo, a Penitência é, depois do Batismo, o
Sacramento mais indispensável à salvação.

Que este Sacramento é de instituição divina podemos provar aqui:

Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: ‘Recebei o Espírito


Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles
a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos’ (Jo 20,22s).

Não será pecado dizer que eles receberam o poder da graça espiritual, não para
ressuscitar os mortos ou realizar milagres, mas para perdoar pecados (São João
Crisóstomo, séc. IV, In Evang. hom. 26).

Eis que eles [os Apóstolos] não apenas recebem a certeza de si mesmos, mas
também a magistratura do julgamento supremo, de modo que, agindo como
Deus, eles retêm alguns de seus pecados e perdoam os outros! Na Igreja, agora
são os Bispos que ocupam seu lugar (São Gregório Magno, séc. VI, In Evang.
hom. 26).

Além de Sacramento, a Penitência é um ato jurídico (o que é consenso unânime


entre os teólogos). Neste ato, o confessor é o juiz e o fiel, o réu. Desse modo, o
confessionário é um tribunal em que o réu tem certeza de sair absolvido, se lá
entra com boas e santas disposições.

É precisamente aí que reside a razão da obrigação da confissão, pois o poder


de perdoar pecado tem que ser exercido ao modo de juízo. E um juízo prudente
e sábio não pode ser proferido sem prévio conhecimento da causa (pecados). A
causa, por sua vez, não pode ser conhecida sem a confissão do penitente (só

28
Hoje o nome se origina do ato mesmo do relato dos pecados, que parece ser o mais difícil para os
fiéis.
29
São as penas do pecado de nossos primeiros pais, o pecado original, o qual pode ser lido aqui.

34
ele realmente conhece o próprio pecado e malícia). Que Nosso Senhor quis a
confissão dos pecados também se depreende da obrigação que todos — até o
mais alto do clero — têm de confessar os pecados30.

OS EFEITOS DA PENITÊNCIA:

A infusão da graça santificante primeira ou segunda, ou seja, a reconciliação


com Deus e com a Igreja, ofendidos pelo pecado. A remissão da pena eterna
devida ao pecado e comutação para pena temporal31; a diminuição ou o
cancelamento da pena temporal conforme a intensidade e perfeição da
contrição; a restituição dos merecimentos perdidos pelo pecado.

A graça sacramental é o direito aos subsídios necessários para uma verdadeira


e humilde contrição de alma.

MATÉRIA:

Remota32: os pecados cometidos pelo penitente.

30
Para que não torne a confissão dos pecados mais odiosa, a Igreja torna o sigilo sacramental inviolável,
proibindo quebrá-lo sob qualquer hipótese e de qualquer forma, a não ser por licença expressa dada
livremente pelo próprio penitente (ou se o confessor conhecer os pecados por outra via).
O sacerdote que viola diretamente o sigilo sacramental incorre em excomunhão
latæ sententiæ (automática) reservada à Sé Apostólica; também o intérprete e outros que violem o
segredo são punidos com justa pena, não excluída a excomunhão (cf. CDC, cân. 1388).
31
Razão pela qual o confessor impõe um ato de reparação, chamado de satisfação (penitência).
32
A matéria da Penitência é chamada por Santo Tomás de «quase matéria»; contudo, como explica o
Catecismo Romano, não porque não seja realmente a matéria do Sacramento, mas porque não constitui
uma coisa física real, como a água ou o óleo.
Ainda sobre a matéria, podemos distinguir: matéria suficiente (qualquer pecado já cometido pelo fiel,
mesmo que já tenha sido perdoado), matéria necessária ou obrigatória (todos e cada um dos pecados
mortais ainda não acusados) e matéria facultativa (os pecados veniais).

35
Próxima33: os atos do penitente, ou seja, a contrição34, a acusação e a
satisfação35.

Forma36:

MISERICÓRDIA DE TI TENHA O DEUS ONIPOTENTE, PERDOE OS TEUS


PECADOS E CONDUZA-TE À VIDA ETERNA. AMÉM. INDULGÊNCIA,
ABSOLVIÇÃO E REMISSÃO DOS TEUS PECADOS, CONCEDA-TE O
SENHOR ONIPOTENTE E MISERICORDIOSO. AMÉM. O SENHOR NOSSO
JESUS CRISTO TE ABSOLVA E EU, POR SUA AUTORIDADE TE ABSOLVO
DE TODO VÍNCULO DE EXCOMUNHÃO E INTERDITO EM QUANTO POSSO
E TU NECESSITAS. ENTÃO EU TE ABSOLVO DOS TEUS PECADOS EM
NOME DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO. AMÉM37.

Ministro:

33
Esses atos são a matéria próxima segundo Santo Tomás (embora na prática, para certas ocasiões bem
específicas, a Igreja pareça ter outra opinião). Os sofististas afirmam que esses atos são condições para
se alcançar a absolvição.
34
Contrição é o arrependimento, ou seja, a dor e o ódio aos pecados cometidos. Ela pode ser:
natural, se o arrependimento é causado por motivos naturais, como vergonha do julgamento social,
medo da lei do estado etc.
sobrenatural, se o arrependimento é causado pela Fé. Ela ainda pode ser:
imperfeita: também chamada de atrição, é a dor sobrenatural relativa a nós mesmos (como se
arrepender por medo do inferno);
perfeita: a dor é causada pela Caridade a Deus, que pode ser considerando tudo o que Ele nos
prodigaliza ou, ainda mais perfeitamente, porque Ele é Deus sumo, infinito e perfeitíssimo bem, digno
de toda dileção. Para a validade do Sacramento da Penitência requer-se a contrição sobrenatural, ou
seja, a atrição unida à confissão é suficiente para a justificação.
Faz parte da contrição sobrenatural o propósito, que é a vontade firme de se emendar e não voltar a
pecar. Tanto o propósito como a contrição devem ser universais, ou seja, referir-se a todos os pecados
mortais (que são a matéria obrigatória).
Para o perdão dos pecados veniais, contudo, se requer apenas a atrição sobrenatural.
35
A acusação é a confissão dos pecados feita a um sacerdote aprovado, para obter dele a absolvição.
Ela tem que ser verdadeira e íntegra (não se pode mentir em matéria necessária e deve ser, ao menos,
de todos os pecados mortais cometidos depois do Batismo e ainda não confessados), direta e objetiva.
A satisfação, também chamada de penitência, por sua vez, é a obrigação imposta pelo confessor ao
penitente. Tem como finalidade reparar a ofensa feita a Deus e à Igreja, obtendo assim a remissão da
pena temporal. O fiel é, pois, obrigado a ter a intenção, no ato sacramental, de realizar a satisfação
imposta, para receber validamente o perdão dos pecados.
36
A fim de comparação e enriquecimento, expomos aqui a forma da Penitência no rito Bizantino:
Que Nosso Senhor e Deus, Jesus Cristo, pela graça e generosidade de Seu amor pelo homem, te perdoe,
meu filho N., todas as tuas transgressões. E eu, um indigno sacerdote, pelos poderes que por Ele me
foram dados, te perdoo e te absolvo de todos os teus pecados.
Na reforma, Paulo VI, a forma foi mudada para:
Deus Pai de misericórdia, que pela Morte e Ressurreição de Seu Filho, reconciliou o mundo consigo e
enviou o Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a
paz. E eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
37
É suficiente para a validade: «Eu te absolvo dos teus pecados».

36
O sacerdote como a devida jurisdição38. Em perigo de morte, o Direito da Igreja
afirma que qualquer sacerdote, mesmo excomungado, absolve válida e
licitamente de qualquer censura ou pecado.

Sujeito:

Qualquer batizado que tenha caído em pecado, segundo o que já foi explicado.
É mui recomendável, para a liceidade, que o penitente faça um exame de
consciência a fim de que não se esqueça de dizer algum pecado em respeito da
graça do perdão39.

A Igreja obriga a todo fiel confessar-se ao menos uma vez por ano, independente
de ter a consciência limpa de pecado mortal.

INDULGÊNCIAS

As indulgências são a remissão das penas temporais devidas aos pecados já


perdoados quanto à culpa que a suprema autoridade da Igreja dispõe do seu
Tesouro espiritual40, como ensina o Concílio de Trento (cf. Denz. 989, 998).
Podem ser conseguidas para si ou para os defuntos como sufrágio (ninguém
pode lucrar indulgências a favor de outras pessoas vivas).

Como já explicado, o pecado além de impor a pena da culpa, também impõe a


pena temporal. Essas penas aumentam quando se recebe o perdão dos pecados
através da Penitência, como dito acima. Desse modo, a Igreja, Mãe indulgente,
concede para que seus filhos já aqui neste século possam remir suas dívidas e
gozar logo do céu.

Atualmente, as indulgências podem ser parcial, se liberta em parte a pena


temporal, ou plenária, se liberta totalmente.

As condições gerais para se lucrar indulgências são:

ser batizado;
não estar excomungado;
encontrar-se em estado de graça, pelo menos no fim das obras prescritas;

38
Como dito acima, a Penitência é Sacramento e ato jurídico. Enquanto o primeiro, necessita de todos
os requisitos sacramentais (matéria, forma, ministro e sujeito); enquanto segundo, necessita da
jurisdição a fim de que seja um verdadeiro ato judicial, uma vez que é um verdadeiro julgamento.
Parece, principalmente após o Concílio Vaticano II, que o Bispo sempre absolve validamente.
39
Na Penitência o sujeito tem participação diferenciada, pois é dele que partem os atos que constituem
a matéria do Sacramento. Por isso é muito importante que o penitente peça a Deus a graça da
contrição, tenha conhecimento dos tipos de pecados, suas circunstâncias e número para que os possa
acusar e tenha ao menos a intenção atual de realizar a satisfação. Uma displicências nesses atos pode
tornar O Sacramento inválido.
40
Pela própria definição, é doutrina da Igreja que a indulgência não perdoa os pecados, antes pressupõe
o perdão. Cai, portanto, por terra a acusação do heresiarca Lutero contra a Igreja como escusa de sua
revolta.

37
ter intenção, ao menos geral, de ganhar a indulgência, segundo o teor da
concessão.
As condições para se lucrar indulgência plenária, chamadas de condições
ordinárias, são (só de pode lucrar uma vez a cada dia, a não ser em perigo de
morte):
repulsa de todo o afeto a qualquer pecado até venial;
confissão sacramental;
comunhão eucarística;
rezar nas intenções do Sumo Pontífice41.

CONTRIÇÃO PERFEITA

A contrição perfeita é a detestação ao pecado por causa do amor que se deve a


Deus. O pecado, sendo um desobediência, é um ato contra a Caridade 42, pois
o pecador nega seu amor a Deus sobre tudo. Então, tendo o pecador se
arrependido de sua prevaricação por causa do amor a Deus, isso só é possível
porque ele já tem em si a Caridade.

Desse modo, a contrição perfeita, obra da Caridade, justifica o pecador, mesmo


fora do Sacramento da Penitência43, como está escrito:

“Por isso te digo: seus numerosos pecados lhe foram perdoados,


porque ela muito amou. Mas ao que pouco se perdoa, pouco ama. E
disse a ela: Perdoados te são os pecados” (Lc 7,47s).

Todavia, ninguém pode ter certeza de ter alcançado a contrição perfeita e,


portanto, ela não escusa o penitente de se confessar tampouco lhe dá os direitos
ordinários de quem está em estado de graça44. Finalmente, é contra o
ensinamento da Igreja que se da contrição perfeita como escusa de recorrer ao
confessionário.

O RITO PENITENCIAL

O ritual que o fiel deve seguir ao se confessar é o seguinte45:

41
Por intenções do Santo Padre entende-se: a exaltação da Mãe Igreja, a propagação da Fé, a extirpação
das heresias, a conversão dos pecadores e a paz e concórdia entre os países cristãos e outras
necessidades do catolicismo.
42
A Caridade é uma das três virtudes teologais, ou seja, são infundidas por Deus e a Ele fazem
referência. São elas: Fé, Esperança (pela qual almejamos a graça divina para remissão de todos os
pecados e salvação), Caridade (pela qual amamos a Deus sobre tudo e ao próximo por amor a Ele).
43
A contrição perfeita justifica sem a necessidade do Sacramento, entretanto, encerra em si o desejo de
receber o Sacramento da Penitência.
44
Assim, alguém que se julga ter alcançado a contrição perfeita, mesmo que seja uma pessoa prudente,
não pode chegar à mesa da comunhão ou receber algum outro Sacramento dos vivos.

45
Não se deve ouvir confissão fora do confessionário o qual deve estar na igreja (cf. CDC 964).

38
saudação e benção: o pedido de bênção por parte do fiel (“abençoe-me, padre,
porque pequei”);

apresentação46: o penitente diz a última confissão e se cumpriu ou não a última


penitência;

acusação47: o coração do Sacramento, momento em que o fiel confessa os


pecados cometidos em tom verdadeiramente acusatório e não escusatório,
falando, inclusive, seu número;

admoestação: depois de ouvir os pecados, o confessor aconselha o fiel naquilo


que achar mais conveniente e lhe impõe a satisfação48;

o ato de contrição:

absolvição: é o momento em que o sacerdote usa o poder das chaves e


pronuncia sobre o fiel as palavras da forma sacramental (algumas vezes o
sacerdote impõe a satisfação após o perdão sacramental);
despedida: é a oração Passio:
Passio Domini nostri Iesu Christi, merita beatæ Mariæ Virginis, et omnium
Sanctorum, quidquid boni feceris, et mali sustinueris, sint tibi in remissionem
peccatorum, augmentum gratiæ, et præmium vitæ æternæ. Amen49. de extrema
beleza em que o fiel pode erguer-se livre da culpa eterna.

46
Por apresentação, quer-se dizer exatamente o que foi explicado e jamais que o fiel tenha que se
identificar, o que é completamente proibido.
47
O texto previsto é o seguinte: “Eu me acuso de ter…”. Ao fim da acusação: “E também me acuso
Destes e de outros pecados que por ventura tenha esquecido
48
Ela deve ser feita de acordo com as normas impostas pelo sacerdote e, preferencialmente, cumprida
logo ao sair do confessionário, na igreja mesmo ou o mais rápido possível.
49
A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, os méritos da Santa Virgem Maria e de todos os Santos, e tudo
o que tiveres feito de bom e suportado de mal, sejam-te aplicados em remissão dos teus pecados,
aumento de graça, e recompensa da vida eterna. Amém.

39
APÊNDICE

6. SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO

O sétimo e último dos Sacramentos, o Matrimônio, tem um caráter peculiar. Ele


não foi instituído por Nosso Senhor como os outros, mas já existia anteriormente
à Sua vinda ─ matrimônio natural. O matrimônio, na verdade, existe desde a
criação da mulher quando Deus ordenou “crescei e multiplicai-vos” (Gn 1,28).
Originalmente, portanto, o matrimônio não era Sacramento.

Havendo então uma distinção entre dois tipos de matrimônio, vamos em primeiro
falar sobre o natural e depois sobre o sacramental.

MATRIMÔNIO NATURAL

Entende-se por matrimônio natural a propensão biológica dos dois sexos entre
si, com fins procriativos50, como atestam as Sagradas Escrituras:

“Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua
mulher; e já não são mais que uma só carne” (Gn 2,24).

Dessa forma, é totalmente rejeitada a ideia de que o matrimônio é uma imposição


arbitrária com fins de dominação social. A doutrina, ao contrário, ensina que a
existência do matrimônio é devido à própria constituição da natureza humana e
isso se demonstra pela sua centralidade na sociedade, visto que é uma
instituição presente em todas as civilizações.

Do fim procriativo, citado acima, vem a propriedade da indissolubilidade51, ou


seja, o matrimônio natural é uma união até a morte. Isso porque o fim procriativo
não deve se resumir à geração dos filhos, mas também se estende a seu bem,
seja sobrenatural (em resumo a instrução na Fé e vida exemplar) seja natural (o
que engloba os aspectos psicológicos, morais e materiais).

50
[1] Sobre esse fim, com argumentos naturais, pode-se citar Santo Agostinho (pode ser lido com mais
detalhes aqui):

Se a mulher não foi criada para o homem como auxiliar para gerar filhos, para que, então, foi criada? (…)
Portanto, não existe outro motivo para a criação da mulher a não ser de auxiliar do que concerne à
geração (Comentário aos Gêneses, Livro IX, V 9, destaques nossos).
51
É bem verdade que, na investigação das sociedades, constata-se a existência em muitas civilizações do
divórcio, o qual também foi praticado mesmo entre o povo da antiga aliança (divórcio previsto,
inclusive, pela lei mosaica). A aparente contradição é explicada por Nosso Senhor:
Disseram-Lhe eles: Por que, então, Moisés ordenou dar um documento de divórcio à mulher, ao rejeitá-
la? Jesus respondeu-lhes: É por causa da dureza de vosso coração que Moisés havia tolerado o repúdio
das mulheres; mas no começo não foi assim (Mt 19,7s).
Não há outra explicação para a criação do divórcio que não seja a degradação da natureza das coisas
como foram queridas por Deus desde a criação.

40
A indissolubilidade do casamento, pois, se funda nessa obrigação que os pais
têm no bem natural da prole.

MATRIMÔNIO SACRAMENTAL

A união matrimonial, também chamada de contrato52, faz parte da constituição


do gênero humano, como foi falado. Dessa forma, o Sacramento do Matrimônio
é a elevação desse contrato, outrora natural, feita por Nosso Senhor Jesus Cristo
à dignidade de Sacramento, ou seja, sinal que não só representa como produz
a graça. Entre batizados, não há contrato matrimonial válido que não seja
Sacramento53.

Nosso Senhor não apenas restaurou a primitiva pureza do matrimônio, como


excedeu sua instituição natural. Isso significa que o Sacramento do Matrimônio
tem como propriedade não apenas a indissolubilidade54 (também presente no
matrimônio natural), mas a unidade, como ensinado aqui:

Continuou Jesus: Foi devido à dureza do vosso coração que Moisés vos deu
essa lei; mas, no princípio da criação, Deus os fez um homem e uma mulher (Mc
10,5s).

A propriedade da unidade significa que o Matrimônio só pode ser contraído com


uma só pessoa, como dito por Deus “o homem deixa o seu pai e sua mãe para
se unir à sua mulher”55.

52
Contrato é a união entre duas ou mais pessoas que têm o mesmo fim. O fim a que se refere é a
geração de filhos para Deus e a Igreja e a ajuda mútua, como se verá. Esta união, quando hierarquizada,
é chamada de sociedade. O Matrimônio é verdadeira sociedade pois existe um chefe da família, que é o
marido. Também se encaixa nesse conceito a Igreja, sociedade dos batizados que obedecem aos
legítimos pastores.
53
Essa sentença é dogma e alcança mesmo os não católicos. O casamento entre dois pagãos, não é
Sacramento, mas união meramente natural.
O matrimônio realizado entre um pagão e um batizado também não é Sacramento, como J. Bujanda
mostra em seu manual, mas união natural.
54
A indissolubilidade do Matrimônio é diferente do casamento natural. Este admitiu, como visto na nota
2, exceções. Aquele não admite nenhuma, pois é sinal da união entre Cristo e a Igreja (como se verá),
consoante as palavras do Senhor:
Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu (Mt 19,6).
Intentar contrair Matrimônio estando ligado a outrem é caso de invalidade, fazendo com que na prática
o Matrimônio não possa ser reiterado. Alguns teólogos chamam isso de quase caráter.
55
Então se conclui que a unidade não fere a essência do matrimônio natural. Não é incomum
civilizações em que o homem pode ter várias esposas (poligamia). Constitui uma agressão à natureza,
entretanto, casamentos em que a mulher possa ter mais de um marido (poliandria).
Como dito, o matrimônio visa o bem da prole. Um casamento em poliandria agride ao direito da prole
de saber quem são seus pais e termina por demolir a autoridade e os deveres parentais. Essa é a razão
por que casamentos poliândricos ferem a moral e nunca foram sancionados na antiga aliança (apesar da
poligamia ser tolerada em alguns momentos, como na era dos patriarcas). Sociedades que adotaram
esse modelo são, de fato, minoria, por se tratar de um desvio quase completo do fim do matrimônio.

41
Também são dois os fins do Matrimônio: geração, subsistência e educação da
prole, fim primário, e ajuda recíproca e remédio da concupiscência dos cônjuges,
fim secundário.

A unidade e a indissolubilidade e os fins primário e secundário constituem a


integridade original da união matrimonial, tal como quis Deus no paraíso
terrestre. Nosso Senhor, contudo, não Se limitou a restaurar o matrimônio à
integridade inicial. Ele agora é também um sinal de uma união espiritual fecunda
e santa: as bodas entre Cristo e a Igreja (essa maravilhosa doutrina é mais
explicada no IX artigo do Credo). A relação entre a união dos esposos e de Cristo
com a Igreja é ensinada pelo Apóstolo:

As mulheres sejam submissas a seus maridos, como ao Senhor, pois o marido


é o chefe da mulher, como Cristo é o chefe da Igreja, Seu Corpo, da qual Ele é
o Salvador. Ora, assim como a Igreja é submissa a Cristo, assim também o sejam
em tudo as mulheres a seus maridos. Maridos, amai as vossas mulheres, como
Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela
água do batismo com a palavra, para apresentá-la a si mesmo toda gloriosa, sem
mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e
irrepreensível. Assim os maridos devem amar as suas mulheres, como a seu
próprio corpo. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Certamente,
ninguém jamais aborreceu a sua própria carne; ao contrário, cada qual a
alimenta e a trata, como Cristo faz à Sua Igreja, porque somos membros de Seu
corpo. Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois
constituirão uma só carne. Este mistério é grande, quero dizer, em Cristo e na
Igreja. Em resumo, o que importa é que cada um de vós ame a sua mulher como
a si mesmo, e a mulher respeite o seu marido (Ef 5,22-33).

A união matrimonial, portanto, excede ao aspecto carnal e revela a profunda


comunhão espiritual entre os cônjuges, de modo que se tornam como que uma
só carne (cf. Gn 2,24), assim Cristo e a Igreja são um só, Cabeça e Corpo (cf. Ef
5,23). Essa união é manifesta pela coabitação e o direito ao débito conjugal.

Por fim, o Matrimônio, além das disposições sacramentais (matéria, forma…),


conta também com requisitos legais referentes à validade do contrato. Um
exemplo ilustrativo disso é o que se chama de forma canônica que é uma
exigência legal imposta pela Igreja, mas que, per si, não é obrigatória da
essência do Matrimônio56.

OS EFEITOS DO MATRIMÔNIO:

Aumento da graça santificante; a graça de castidade pata imitar a união entre


Cristo e a Igreja e a autoridade específica da paternidade.

56
A forma canônica consiste na obrigação dos cônjuges de contrair o Matrimônio na presença de 3
testemunhas, sendo ao menos uma delas qualificada (em nome da Igreja). Como é uma imposição da
autoridade para a validade do contrato, pode ser dispensada.

42
A graça sacramental é o direito aos subsídios necessários para cumprir o ônus
matrimonial.

MATÉRIA:

Remota: a entrega recíproca dos corpos dos nubentes mediante as palavras ou


sinais que exprimem o consentimento (Matrimônio ratificado).

Próxima: consumação do consentimento, através da realização entre si, de


modo humano, do ato conjugal apto por si para gerar prole (Matrimônio
consumado)57.

FORMA:

A mútua aceitação do direito sobre o corpo alheio, ou seja, o consentimento


propriamente dito.

Ministro:
Os próprios cônjuges.

Sujeito:
Quaisquer batizados — sendo um homem e uma mulher — não incapazes por
impedimentos de direito natural, divino, positivo ou eclesiástico 58; para a

57
Essa distinção é importante porque um Matrimônio consumado é, por direito divino, indissolúvel até
a morte de um dos cônjuges. O Matrimônio ratificado, por sua vez, pode ser dissolvido pelo poder
papal, o que se chama de privilégio petrino (o que se conclui que este poder se estende aos
matrimônios naturais quaisquer que sejam):
Aos casados mando (não eu, mas o Senhor) que a mulher não se separe do marido. E, se ela estiver
separada, que fique sem se casar, ou que se reconcilie com seu marido. Igualmente, o marido não
repudie sua mulher (ICor 7,10s).
Existe um caso específico em que um casamento natural pode ser dissolvido in favorem Fidei (em favor
da Fé), ou seja, se uma das partes se converte à verdadeira Fé após o casamento. É chamado de
privilégio paulino porque oriundo da decisão de São Paulo a uma questão inédita até então:
Aos outros, digo eu, não o Senhor: se um irmão desposou uma mulher pagã (sem a Fé) e esta consente
em morar com ele, não a repudie. Se uma mulher desposou um marido pagão e este consente em
coabitar com ela, não repudie o marido. Porque o marido que não tem a Fé é santificado por sua
mulher; assim como a mulher que não tem a Fé é santificada pelo marido que recebeu a Fé. Do
contrário, os vossos filhos seriam impuros quando, na realidade, são santos. Mas, se o pagão quer
separar-se, que se separe; em tal caso, nem o irmão nem a irmã estão ligados. Deus vos chamou a viver
em paz (ICor 7,12-15).
Para se invocar esse privilégio é necessário que a parte pagã não queira coabitar com a parte batizada
(rejeição da Fé) ou não o queira pacificamente sem ofensa ao Criador (coabitação pacífica). Os motivos
que apoiam esta exceção são a paz religiosa e a liberdade de espírito que Deus quer para o cristão.
Ainda que consumado, o vínculo se dissolve «em favor da fé», porque salus animarum Ecclesiæ lex
suprema est (a salvação das almas é a lei suprema da Igreja).
58
Os impedimentos são circunstâncias que tornam o Matrimônio inválido (impedimentos dirimentes) ou
ilícito (impedimentos impedientes). Os impedimentos de direito natural e de direito divino não podem
ser dispensados pela Igreja, que não tem autoridade para revogar as leis da natureza ou de Deus. Os de
direito positivo e eclesiástico, por sua vez, podem.

43
liceidade exige-se o estado de graça porque o Matrimônio é um Sacramento dos
vivos.

São exemplos de impedimentos dirimentes: a consanguinidade reta (natural) consanguinidade lateral


até ao terceiro grau (divino), o voto solene de castidade ou ser ordenado (eclesiástico), os já ligados com
vinculo matrimonial (divino), batizados de outras religiões (eclesiástico), batizado e um não batizado
(divino), impotência sexual (natural), entre outros.
São exemplos de impedimento impedientes: voto simples de castidade (eclesiástico), consanguinidade
(positivo).

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