Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Sumário
1. Iniciação cristã ....................................................................................................................... 4
O QUE É INICIAÇÃO CRISTÃ? ................................................................................................. 4
PASSOS DA INICIAÇÃO… ........................................................................................................ 5
O Ritual de Iniciação Cristã para Adultos - RICA.................................................................... 6
Bibliografia recomendada: .................................................................................................... 7
2. Batismo.................................................................................................................................. 8
Importância do batismo ........................................................................................................ 8
Os efeitos do Batismo: .......................................................................................................... 9
Matéria: ............................................................................................................................... 10
Forma: ................................................................................................................................. 10
O rito batismal ..................................................................................................................... 11
Fora da Igreja....................................................................................................................... 11
PRIMEIRO ESTÁGIO ............................................................................................................. 11
SEGUNDO ESTÁGIO ............................................................................................................. 12
TERCEIRO ESTÁGIO .............................................................................................................. 12
QUARTO ESTÁGIO ............................................................................................................... 13
QUINTO ESTÁGIO ................................................................................................................ 13
Na igreja .............................................................................................................................. 13
SEXTO ESTÁGIO ................................................................................................................... 13
No batistério........................................................................................................................ 14
SÉTIMO ESTÁGIO ................................................................................................................. 14
3. Confirmação ........................................................................................................................ 16
Importância do sacramento da confirmação - crisma ........................................................ 16
Os efeitos da Confirmação: ................................................................................................. 17
Forma: ................................................................................................................................. 18
O rito do crisma ................................................................................................................... 19
4. Eucaristia ............................................................................................................................. 20
Importância da Eucaristia.................................................................................................... 20
Os efeitos da Eucaristia: ...................................................................................................... 23
Matéria: ............................................................................................................................... 24
Forma: ................................................................................................................................. 24
Para o pão: .......................................................................................................................... 24
Para o vinho: ....................................................................................................................... 24
1
Da comunhão: ..................................................................................................................... 25
O rito Eucaristico ................................................................................................................. 25
Missa com os fiéis ............................................................................................................... 25
RITOS INICIAIS ..................................................................................................................... 25
Entrada do Celebrante ........................................................................................................ 25
Saudação ............................................................................................................................. 26
Ato penitencial .................................................................................................................... 26
Hino de louvor ..................................................................................................................... 26
OREMOS .............................................................................................................................. 27
LITURGIA DA PALAVRA ........................................................................................................ 27
Primeira leitura.................................................................................................................... 27
Salmo responsorial .............................................................................................................. 27
Segunda leitura ................................................................................................................... 27
Canto de aclamação ao Evangelho...................................................................................... 27
Evangelho ............................................................................................................................ 28
Homilia ................................................................................................................................ 28
Profissão de fé ..................................................................................................................... 28
Oração da comunidade (Oração dos fiéis) .......................................................................... 28
LITURGIA EUCARÍSTICA ....................................................................................................... 29
Procissão das oferendas ...................................................................................................... 29
Santo ................................................................................................................................... 30
Consagração do pão e vinho ............................................................................................... 30
Orações pela igreja .............................................................................................................. 30
Por Cristo, com Cristo e em Cristo ...................................................................................... 30
RITO DA COMUNHÃO .......................................................................................................... 31
Pai nosso.............................................................................................................................. 31
A paz .................................................................................................................................... 31
Fração do pão ...................................................................................................................... 32
Cordeiro de Deus................................................................................................................. 32
Comunhão ........................................................................................................................... 32
Modo de comungar ............................................................................................................. 32
Pós comunhão ..................................................................................................................... 32
Rito final .............................................................................................................................. 32
Como receber a benção ...................................................................................................... 33
Comunhão ........................................................................................................................... 33
5. Sacramento da reconciliação - Penitencia .......................................................................... 34
2
Importância do sacramento da reconciliação - penitencia ................................................. 34
Os efeitos da Penitência: ..................................................................................................... 35
Matéria: ............................................................................................................................... 35
Indulgências......................................................................................................................... 37
Contrição perfeita ............................................................................................................... 38
O rito penitencial................................................................................................................. 38
APÊNDICE ................................................................................................................................ 40
6. Sacramento do matrimônio ................................................................................................ 40
Matrimônio natural ............................................................................................................. 40
Matrimônio sacramental..................................................................................................... 41
Os efeitos do Matrimônio: .................................................................................................. 42
Matéria: ............................................................................................................................... 43
Forma: ................................................................................................................................. 43
3
1. INICIAÇÃO CRISTÃ
1
Documento de Aparecida - nº 287
4
PASSOS DA INICIAÇÃO…
Teve seu período áureo entre os séculos III e IV. Quando o cristianismo começou
a ser religião aceita e, posteriormente, tornada a religião oficial do Império, o
catecumenato foi reduzido à Quaresma até desaparecer e ser substituído pelo
Batismo de massa. Ser cristão começa a ser situação comum e abre-se a
possibilidade do batismo ministrado preponderantemente às crianças.
Durante muito tempo o processo de iniciação explícita foi ficando menos ativo.
Afinal, todo mundo era batizado e religião era atitude que se aprendia vivendo
em família e na própria sociedade.
Essa religião culturalmente disseminada foi campo fértil para devocionismos
variados. As pessoas eram batizadas, faziam a primeira comunhão, casavam na
Igreja mas, gradativamente muitos foram deixando de perceber o que esse
compromisso de fato significava. A sociedade foi se tornando independente da
influência da igreja e a religião passou a ser vista como assunto privado, pessoal.
“Nossa maior ameaça é o medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, no
qual, aparentemente, tudo procede com normalidade, mas na verdade a fé vai
se desgastando e degenerando em mesquinhez”2.
O projeto de Jesus não tem nada de pequeno ou mesquinho; pelo contrário,
somos chamados a um trabalho exigente e emocionante.
2
Documento de Aparecida - nº 12
5
O RITUAL DE INICIAÇÃO CRISTÃ PARA ADULTOS - RICA
6
amadurecimento, de preferência culminando no ciclo pascal do ano; o sentido
de cada tempo com seus objetivos, meios, duração, ritos e símbolos; as
celebrações que marcam a passagem de um tempo para outro (chamadas
“etapas”) e suas exigências; o roteiro e os conteúdos dos ritos principais; e
finalmente a própria celebração unitária dos sacramentos de iniciação,
preferencialmente na noite pascal”3.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:
3
cf. Ib., in Segunda Semana Brasileira de Catequese - Estudos da CNBB 84, Paulus 2002, pp.250-251
7
2. BATISMO
IMPORTÂNCIA DO BATISMO
Somos inseridos em Cristo e no Seu Corpo, pois, uma vez mortos para o pecado
e vivos para Ele, unimos-nos intimamente à Igreja, Sua Esposa. Essa união,
dizem os teólogos, é semelhante a uma adoção filial, motivo por que pelo
Batismo nos tornamos filhos adotivos de Deus:
“Ele [o Pai] nos predestinou para sermos adotados como filhos Seus
por Jesus Cristo, segundo o beneplácito de Sua livre vontade (Ef 1,5)”.
Deste modo, como já dissemos, é pelo Batismo que voltamos àquele plano
original de Deus, Nosso Senhor, que nos fez para sermos semelhantes a Ele.
Com isso, é ululante que o Batismo é estritamente necessário para a salvação4,
como Nosso Senhor atesta:
4
[1] Além do Batismo sacramental, Santo Tomás, juntamente com a Igreja, ensina a existência outros:
batismo de sangue e batismo de penitência (cf. S.T., III, q. 66, a. 11). Ambos têm relação íntima com o
Sacramento porquanto haure a sua eficácia na Paixão de Cristo e do Espírito Santo e por isso são
chamados “batismo”.
O batismo de sangue é a conformação do indivíduo à Paixão e Cristo e, por isso, lhe confere a
justificação (cf. Mt 10, 32. 39; 16,25; Jo 12,25). Santo Agostinho ensina que o martírio muitas vezes
substitui o Batismo; São Cipriano vê na promessa do Salvador ao ladrão, que não era batizado, uma
prova dessa doutrina.
8
“Quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no
Reino de Deus” (Jo 3,5)
“Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será
condenado” (Mc 16,16).
OS EFEITOS DO BATISMO:
Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no Sangue do
Cordeiro (Ap 7,14).
O batismo de penitência (mais conhecido como de desejo) é a Fé e a conversão do coração concedidas,
por virtude do Espírito Santo, porque Ele mesmo move o coração a crer, amar a Deus e arrepender-se
dos pecados. Concede o mesmo resultado do batismo de sangue, ou seja, a justificação, porque é o
gérmen deste, uma vez que ninguém pode chegar a dar a vida por amor de Cristo e de Sua Igreja sem
que antes tenha tido a alma convertida para Deus pela Caridade do Espírito Santo.
Santo Agostinho ensina essa realidade, como também a Escritura:
Quando o Senhor tiver lavado a imundície das filhas de Sião, e apagado de Jerusalém as manchas de
sangue com espírito de justiça e pelo espírito de ardor (Is 4,4).
Meditando repetidas vezes, vejo que não apenas o sofrimento pelo nome de Cristo pode substituir a
falta do Batismo, mas também a Fé e o coração convertido pode supri-lo se a brevidade do tempo
disponível não permitir recebê-lo (De bapt. IV 22,29, destaques nossos).
E conclui o Aquinate:
Quanto a mim, refletindo cada vez mais sobre este assunto, chego à conclusão que o martírio pelo
nome de Cristo não é o único meio de suprir o Batismo; mas que a fé e a conversão do coração podem
chegar ao mesmo resultado, se circunstâncias desfavoráveis impedirem a celebração do Sacramento
(S.T., III, q. 66, a. 11, resp., destaques nossos).
9
o caráter indelével, inserindo o batizado na Igreja e tornando-o filho adotivo de
Deus5.
A graça sacramental é o direito aos subsídios necessários para ter a vida digna
da filiação divina.
Do ponto de vista canônico, o sujeito fica constituído fiel cristão (católico) com
seus direitos e deveres eclesiásticos ─ como os direitos de participar dos atos
de culto ou a obrigação de obedecer às leis eclesiásticas.
Se o sujeito for adulto, concede também a remissão dos pecados atuais (mortais
e veniais) com todas as penas temporais (desde que haja ao menos atrição
sobrenatural).
O caráter sacramental torna o fiel filho adotivo de Deus e membro da Sua Igreja.
MATÉRIA:
FORMA6:
Ministro:
Sujeito:
5
Com a graça habitual, vem todas as graças e virtudes conexas: a graça sacramental, as virtudes
sobrenaturais e os dons do Espírito Santo.
6
A fim de comparação e enriquecimento, expomos aqui a forma do Batismo no rito Bizantino:
O servo de Deus, N., é batizado em Nome do Pai. Amém. E do Filho. Amém. E do Espírito Santo. Amém.
7
Os protestantes falam de “Batismo em nome de Jesus”. Ora, esta terminologia usada na era apostólica
tinha como intenção apenas diferenciar do “batismo de João [Batista]”. Jamais ela pode ser vista como
uma autorização para se batizar apenas em “nome de Jesus”, de acordo com o que Ele próprio ensinou:
Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28,19).
10
Todo ser humano ainda não batizado. As crianças devem ser batizadas o quanto
antes (antes do primeiro mês de vida), sob pena de pecado grave8.
O RITO BATISMAL
FORA DA IGREJA
PRIMEIRO ESTÁGIO
8
A Tradição da Igreja e o Direito falam da figura do padrinho, por casa da grande dignidade que é ser
membro da Igreja e ser redimido por Cristo, como atesta São Leão Magno acima. Ele é um auxiliador na
vida espiritual do batizado e, portanto, não deve ser escolhido pelo status ou dinheiro que possua, mas
tão somente pelo exemplo de vida e de Fé católica. Outrora era o padrinho quem apresentava o
catecúmeno ao Bispo e atestava sua adesão à Verdade.
9
Os requisitos para o apadrinhamento exigidos da Diocese de Formosa são:
- seja designado pelo batizando, por seus pais ou por quem lhes faz as vezes;
- tenha completado dezesseis anos de idade;
- seja católico, confirmado (crismado), já tenha recebido o Santíssimo Sacramento da Eucaristia e leve
uma vida de acordo com a Fé e o encargo que vai assumir;
- não tenha sido atingido por nenhuma pena canônica legitimamente irrogada ou declarada;
- não seja pai ou mãe do batizando.
11
profissão: o celebrante pergunta se o catecúmeno crê com Fé divina nas
principais Verdades reveladas;
abjuração: agora o catecúmeno manifesta seu ódio aos erros da vida passada:
os ídolos, se veio da gentilidade; a perfídia supersticiosa, se era judeu; a perfídia
da infidelidade, se era islâmico; a depravação ímpia e nefasta, se protestante;
essa parte termina com o celebrante ordenando que agora ele adore o Deus
verdadeiro que é a Santíssima Trindade;
SEGUNDO ESTÁGIO
oração preparatória;
despedida.
TERCEIRO ESTÁGIO
oração preparatória;
Pai Nosso: o catecúmeno de joelhos recita o Pai Nosso, mas não o completa;
ao fim o celebrante e o padrinho faz o sinal da cruz sobre ele;
12
imposição de mãos: impetra-se a perseverança para que o fiel consiga chegar
à graça batismal;
despedida.
QUARTO ESTÁGIO
oração preparatória;
Pai Nosso: como no estágio anterior;
exorcismo;
despedida.
QUINTO ESTÁGIO
oração preparatória;
exorcismo: o celebrante ordena a fuga do diabo pelo poder de Cristo para que
ele dê agora lugar para Deus;
despedida.
NA IGREJA
SEXTO ESTÁGIO
oração preparatória;
10
Existe uma relação entre o costume do batismo fracionado com a Liturgia. No III Domingo da
Quaresma, a Igreja coloca o Evangelho do exorcismo do demônio mudo.
13
recitação: consta do Credo, regra de Fé, e do Pai Nosso, regra de oração;
exorcismo solene: como no estágio anterior;
ordem: o celebrante ordena por três vezes, em honra de cada uma das Divinas
Pessoas, a fuga do demônio;
despedida.
NO BATISTÉRIO
SÉTIMO ESTÁGIO
oração preparatória;
14
veste: o celebrante impõe a veste branca, símbolo da pureza, e adverte que
traga consigo essa pureza diante do tribunal;
11
Para a possibilidade realizar todo o ritual de uma só vez, em cada estágio se omite a oração
preparatória (a não ser no início de tudo) e a despedida (a não ser ao fim de tudo).
15
3. CONFIRMAÇÃO
Por seu nome, não se deve entender que este Sacramento confirma, aquilo que
o fiel já recebeu no Batismo, como os modernistas ensinam, a fim de que o
católico conscientemente professe o que não pôde, quando foi batizado, por ser
ainda criança
12
Essa relação talvez não seja tão percebida por nós ocidentais, devido à distância entre a recepção do
Batismo (ainda com poucos dias de nascido) e a da Confirmação (início da adolescência), o que não
ocorre na tradição oriental (ambos os Sacramentos são recebidos no mesmo dia, ainda recém nascido).
13
Esse erro é ensinado pelos modernistas. Para eles, apenas se recebe completamente os efeitos do
Batismo após uma renovação conscientemente professada, que não pôde ocorrer na ocasião do
batizado por ser ainda criança. Ideia que não tem espaço na tradição oriental pelo motivo dito na nota
1. Por causa desse erro moderno, é imprecisa a expressão “Crisma é a confirmação do Batismo”.
14
Ainda outras passagens podem ser lidas: Jo 14,16s; IICor 1,21s; IJo 2,20.27.
16
“Nele também vós, depois de terdes ouvido a Palavra da Verdade, o
Evangelho de vossa salvação no qual tendes crido, fostes selados com
o Espírito Santo que fora prometido (Ef 1,13)”.
Aqueles que foram batizados na Igreja são conduzidos aos Bispos e por nossa
oração e nossa imposição de mãos recebem o Espírito Santo e são confirmados
pelo selo do Senhor (São Cipriano, séc. III, Epístolas 73,9).
OS EFEITOS DA CONFIRMAÇÃO:
17
Matéria15:
Remota: óleo de oliva com bálsamo consagrado pelo Bispo na manhã da quinta-
feira santa na Missa crismal.
FORMA16:
N. (nome do crismando), EU TE ASSINALO COM O SINAL DA CRUZ E TE
CONFIRMO COM O CRISMA DA SALVAÇÃO EM NOME DO PAI E DO FILHO
E DO ESPÍRITO SANTO No rito de Paulo VI, a forma secular da Igreja romana
foi mudada para uma outra de inspiração oriental bizantina (isso, de per si, é
suficiente para derrubar qualquer argumento acerca da [suposta] invalidade
intrínseca da nova forma):
O problema existe quando se toma a tradução brasileira feita pela CNBB (N.,
recebe por este sinal o Espírito Santo, dom de Deus) completamente infiel ao
original latino..
Ministro:
Sujeito:
15
O motivo da matéria da Confirmação ser o óleo é que ele era usado para fortalecer as pessoas (até
mesmo para cicatrizar feridas). Assim, o que era usado como sinal de robustecimento físico, agora é
usado como robustecimento espiritual. É por causa da unção que este Sacramento também é conhecido
como Crisma, que significa unção.
16
A fim de comparação e enriquecimento, expomos aqui a forma da Confirmação no rito Bizantino:
N., o selo do dom do Espírito Santo.
17
A Confirmação também exige a figura dos padrinhos, como o Batismo. Tudo o que foi falado acerca
disto no texto sobre o Batismo diz respeito ao padrinho de Crisma. Existe um parentesco espiritual entre
o crismado e seu padrinho, embora que ignorado pela Direito pós-conciliar, que os impedia de contrair
Matrimônio. Por respeito a essa tradição, convém chamar apenas pessoas do mesmo sexo para cumprir
essa função.
18
O RITO DO CRISMA
orações: pedido a Deus que a nova descida do Espírito Santo sobre os fiéis lhes
seja frutuosa, lembrando que Aquele a Quem receberam é o mesmo Espírito que
foi dado aos Apóstolos e seus sucessores;
bênção: por fim, reza-se o Credo, o Pai nosso e a Ave Maria e a cerimônia
termina com a bênção pontifical.
19
4. EUCARISTIA
IMPORTÂNCIA DA EUCARISTIA
18
O modernismo afirma haver outras presenças reais de Cristo: o Concílio Vaticano II ensina uma
suposta presença real nas Escrituras, por exemplo (cf. Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, 7)
─ interessante é que Ele não parece estar presente na Tradição Apostólica, para os modernistas. Assim,
esses heterodoxos mudam a noção antiga e já estabelecida da palavra “real”, como ensinada pela
filosofia perene. Para estes, “real” é sinônimo de “existir”. Em contra partida, na doutrina católica há
apenas três modos de presença: pela onipresença (mais pode ser lido aqui), pela graça e pela Eucaristia
(real).
20
O substancial19: não de modo acidental. A presença verdadeira e real de Nosso
Senhor se dá na substância, conservando assim as espécies de pão e vinho20.
“EU SOU o Pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste Pão viverá
eternamente. E o pão, que Eu hei de dar, é a minha carne para a
salvação do mundo” (Jo 6,51).
Este pão é pão antes das palavras sacramentais. Logo que se realiza a
consagração, de pão que é, torna-se Carne de Cristo (Santo Ambrósio, De
Sacramentis, 4, destaques nossos).
A presença de Nosso Senhor na Eucaristia é real (do latim res, “coisa”). Isso
significa um modo de ser completamente diverso dos outros Sacramentos.
Nestes, a presença de Cristo se dá pelo efeito da graça (ver nota 19), que ocorre
no sujeito. Na Eucaristia, contudo, está Ele na coisa mesma, ou seja, na espécie
da matéria (pão e vinho), motivo pelo qual Sua presença é dita real21.
19
Ou seja, se uma hóstia é partida ao meio, tem-se Cristo inteiro nas duas partes obtidas, pois não se
parte a substância. É a Fé nessa verdade que faz a Igreja obrigar pela Liturgia todos os cuidados para que
nenhum fragmento qualquer seja esquecido, pois é Cristo inteiro. Sobre isso a Liturgia ensina:
Não destrói quem O toma; não O parte, nem divide: inteiro é recebido. Come um, come mil: tanto estes,
tanto ele; nem comido Se consome (…) Se é partido o Sacramento, não vaciles, mas lembra, tanto está
sob o fragmento, como no todo, encerrado. Nenhuma fissura é feita: mas só o símbolo é partido, nada é
diminuído, nem se muda o que contém (Sequência da festa de Corpus Christi, destaques nossos).
O que é Santo aos santos! O Cordeiro de Deus é partido e distribuído; é partido, mas não dividido;
comido, mas nunca consumido; santificando aqueles que O recebem em comunhão (Rito Bizantino,
oração para antes da comunhão).
20
Sabiamente a Igreja emprega o termo espécie e não acidente porquanto são as aparências do pão e
do vinho que restam, ou seja, qualidade e quantidade.
21
Embora as espécies da matéria não se sustentem na substância de Cristo, elas são manifestações
sensíveis da Sua presença substancial, ao modo costumeiro dos acidentes.
21
se sustentam em si mesmas — já que não têm mais o sustento da substância
pão ou vinho, nem tampouco podem ter por sustento a substância de Cristo —
constituindo verdadeiro milagre (cf. Catecismo Romano II-IV 43).
Cada qual recebe Cristo Nosso Senhor e em cada porção está Ele todo presente.
Não fica menor, quando repartido a cada um individualmente e dá-Se todo inteiro
a cada um dos comungantes (Santo Agostinho, apud Catecismo Romano II-IV
34, destaques nossos).
Mas aqui ainda cabe uma explanação para provar a doutrina católica: uma vez
que Ele antes ali não estava, como passou a estar? Isso pode ocorrer de três
modos: mudança de lugar, criação ou conversão de uma coisa em outra.
Ora, não pode ser por mudança de lugar, pois nada se move sem abandonar o
local donde parte o movimento ─ assim o Corpo de Nosso Senhor não mais
estaria no Céu, a destra mesma de Deus Pai. Mais absurdo ainda seria admitir
nova criação do Cristo ─ haveria então mais de um Corpo de Cristo.
22
A reta razão exige então a última hipótese: algo do pão (e do vinho) se converte
em Cristo. Como no Sacramento as aparências de pão e vinho permanecem,
resta afirmar que suas substâncias se mudam em Corpo e Sangue de Nosso
Senhor e, por concomitância, tem-se o Cristo todo inteiro, processo chamado de
transubstanciação pela Igreja22.
“Eu recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite
em que foi traído, tomou o pão e, depois de ter dado graças, partiu-o
e disse: Isto é o Meu Corpo, que é entregue por vós; fazei isto em
memória de mim. Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou
também o cálice, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança no Meu
Sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim”
(I Cor 11,23ss).
OS EFEITOS DA EUCARISTIA:
A quem quer que seja, aquele que recebe a Santíssima Eucaristia recebe o
próprio Cristo, já que Sua presença é real e não moral e no sujeito (como os
demais Sacramentos). Entretanto aqueles que ousam tomar o celestial alimento
em estado de pecado mortal, cometem o gravíssimo pecado de sacrilégio 23.
22
Transubstanciação é mudança de substância. Assim, fica claro que não resta nada do pão ou do vinho
a não ser suas espécies. A doutrina da consubstanciação (substância conjunta do pão e vinho com o
Corpo de Cristo) de Lutero é errônea, antes por repugnar a razão do que a Fé propriamente dita.
23
Sobre isso atestam as Escrituras, sob a autoridade do Apóstolo, e a Igreja, sob a autoridade do
Aquinate:
Portanto, todo aquele que comer o Pão ou beber o Cálice do Senhor indignamente será culpável do
Corpo e do Sangue do Senhor. Que cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse Pão e beba
desse Cálice. Aquele que O come e O bebe sem distinguir o Corpo do Senhor, come e bebe a sua própria
condenação (I Cor 11,27ss).
Come o bom, come o mal, mas com sortes desiguais: para um, a vida; para outro, a morte. Morte ao
mau; vida ao bom: vede, o mesmo alimento, com êxitos díspares (Sequência da festa de Corpus Christi,
destaques nossos).
23
Aos que têm boas disposições: conserva e aumenta a vida da alma, que é a
graça santificante segunda, como o alimento material sustenta e aumenta a vida
do corpo; perdoa os pecados veniais e preserva dos mortais; produz consolação
espiritual; enfraquece as paixões, amortece o fogo da concupiscência, aumenta
o fervor e ajuda a proceder em conformidade com os desejos divinos; dá o
penhor da glória futura e da ressurreição do nosso corpo, além de ser sinal da
unidade da Igreja, pois que todos os fiéis comem da mesma comida e bebem da
mesma bebida24.
MATÉRIA:
Remota: pão de trigo (para a validade) e ázimo (para a liceidade na Igreja latina)
e vinho natural de uva não deteriorado (para a validade) no qual se deve misturar
um pouco de água (para liceidade).
Próxima: pão e vinho no cálice, estando ambos (pão e cálice) sobre o altar no
corporal.
FORMA:
PARA O PÃO:
PARA O VINHO26:
24
A Liturgia também afirma:
E, feito de Si a única Vítima de expiação, nos convida ao sagrado festim, no qual Ele mesmo é recebido
como nosso alimento, é recordada a memória de Sua Paixão, nossa mente é repleta de graças e nos é
dado o penhor da glória futura (Prefácio do Santíssimo Sacramento – galicano, destaques nossos).
Pela Sua Carne, por nós imolada, somos alimentados e robustecidos; bebendo o Seu Sangue derramado,
somos purificados (Prefácio da Ceia do Senhor, destaques nossos).
25
São suficientes para a validade: «Isto é o Meu Corpo» (para o pão) e «Este é o meu Sangue» (para o
vinho).
26
A frase «Todas as vezes que isto fizerdes, fazei em Minha memória» dita após as palavras indicadas no
texto não faz parte da fórmula sacramental tradicional.
24
ESTE É VERDADEIRAMENTE O CÁLICE DO MEU SANGUE, DO NOVO E
ETERNO TESTAMENTO, MISTÉRIO DA FÉ, QUE POR VÓS E POR MUITOS
SERÁ DERRAMADO EM REMISSÃO DOS PECADOS27.
Ministro:
Da consagração:
DA COMUNHÃO:
Sujeito:
Não existe sujeito da Eucaristia, como foi dito. Pode-se falar apenas de sujeito
da comunhão: qualquer pessoa batizada, que tenha o uso da razão e instrução
(para a Igreja latina), o estado de graça e esteja em jejum (exceto água).
Todo fiel depois de recebido pela primeira vez a Eucaristia, tem a obrigação de
comungar ao menos uma vez no ano por ocasião da Páscoa (preceito pascal).
O RITO EUCARISTICO
RITOS INICIAIS
ENTRADA DO CELEBRANTE
27
Para a recepção da Eucaristia, ou seja, a comunhão a fórmula usada é:
[Que o] Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo guarde a tua alma na vida eterna. Amém.
Como é costume no Rito Romano a forma sempre encerra em si o efeito imediato do Sacramento
recebido. Esse fato não é verificado na reforma de Paulo VI — a fórmula usada é tão somente «Corpo de
Cristo».
25
Vai começar a Celebração. É o nosso encontro com Deus, marcado pelo próprio
Cristo. Jesus é o orante máximo que assume a Liturgia oficial da Igreja e consigo
a oferece ao Pai. Ele é a cabeça e nós os membros desse corpo. Por isso nos
incorporamos a Ele pra que nossa vida tenha sentido e nossa oração seja eficaz.
SAUDAÇÃO
O padre dirige-se aos fiéis fazendo o sinal da cruz. Essa expressão "EM NOME
DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO", tem um sentido bíblico. Nome
em sentido bíblico quer dizer a própria pessoa. Isto é iniciamos a Missa
colocando a nossa vida e toda a nossa ação nas mãos da Santíssima Trindade.
ATO PENITENCIAL
HINO DE LOUVOR
26
Louvemos o Senhor com todo o nosso ser, pois alguma coisa acontece quando
nos esquecemos de nós mesmos. No louvor, servimos e adoramos o Senhor.
OREMOS
LITURGIA DA PALAVRA
PRIMEIRA LEITURA
E quando se inicia a Liturgia da Palavra, peçamos ao Espírito Santo que nos fale
por intermédio dos versículos bíblicos: que as leituras sejam para nós palavras
de sabedoria, discernimento, compreensão e cura.
SALMO RESPONSORIAL
SEGUNDA LEITURA
27
Terminada a Segunda Leitura, vem a Monição ao Evangelho, que é um breve
comentário convidando e motivando a Assembleia a ouvir o Evangelho. O canto
de Aclamação é uma espécie de aplauso para o Senhor que via nos falar.
EVANGELHO
A Palavra do Senhor é luz para nossa inteligência, paz para nosso Espírito e
alegria para nosso coração.
HOMILIA
Tinha morrido e ressuscitado dos mortos. Missão cumprida! Mas sua obra da
Salvação não podia parar, devia continuar até o fim do mundo. Por isso Jesus
passou aos Apóstolos o seu poder recebido do pai e lhes deu ordem para que
pregassem o Evangelho a todos os povos. O sacerdote é esse "homem de
Deus". Na homilia ele "atualiza o que foi dito há dois mil anos e nos diz o que
Deus está querendo nos dizer hoje".
Então o sacerdote explica as leituras. É o próprio Jesus quem nos fala e nos
convida a abrir nossos corações ao seu amor. Reflitamos sobre Suas palavras e
respondamos colocando-as em prática em nossa vida.
PROFISSÃO DE FÉ
28
Depois de ouvirmos a Palavra de Deus e de professarmos nossa fé e confiança
em Deus que nos falou, nós colocamos em Suas mãos as nossas preces de
maneira oficial e coletiva. Mesmo que o meu pedido não seja pronunciado em
voz alta, eu posso colocá-lo na grande oração da comunidade. Assim se torna
oração de toda a Igreja.
LITURGIA EUCARÍSTICA
As principais ofertas são o pão e vinho. Essa caminhada, levando para o altar as
ofertas, significa que o pão e o vinho estão saindo das mãos do homem que
trabalha. As demais ofertas representam igualmente a vida do povo, a coleta do
dinheiro é o fruto da generosidade e do trabalho dos fiéis. Deus não precisa de
esmola porque Ele não é mendigo e sim o Senhor da vida. A nossa oferta é um
sinal de gratidão e contribui na conservação e manutenção da casa de Deus. Na
Missa nós oferecemos a Deus o pão e o vinho que, pelo poder do mesmo Deus,
mudam-se no Corpo e Sangue do Senhor. Um povo de fé traz apenas pão e
vinho, mas no pão e no vinho, oferece a sua vida. O sacerdote oferece o pão a
Deus, depois coloca a hóstia sobre o corporal e prepara o vinho para oferecê-lo
do mesmo modo. Ele põe algumas gotas de água no vinho simboliza a união da
natureza humana com a natureza divina. Na sua encarnação, Jesus assumiu a
nossa humanidade e reuniu, em si, Deus e o Homem. E assim como a água
colocada no cálice torna-se uma só coisa com o vinho, também nós, na Missa,
nos unimos a Cristo para formar um só corpo com Ele. O celebrante lava as
mãos, essa purificação das mãos significa uma purificação espiritual do ministro
de Deus.
29
SANTO
Prefácio é um hino "abertura" que nos introduz no Mistério Eucarístico. Por isso
o celebrante convida a Assembléia para elevar os corações a Deus, dizendo
Corações ao alto"! É um hino que proclama a Santidade de Deus e dá graças ao
Senhor.
O celebrante faz uma genuflexão para adorar Jesus presente sobre o altar. Em
seguida recorda que Jesus tomou o cálice em suas mãos, deu graças
novamente, e o deu a seus discípulos dizendo: "TOMAI...... "FAZEI ISTO" aqui
cumpre-se a vontade expressa de Jesus, que mandou celebrar a Ceia.
A Igreja está espalhada por toda a terra e além dos limites geográficos: está na
terra, como Igreja peregrina e militante; está no purgatório, como Igreja
padecente; e está no céu como Igreja gloriosa e triunfante.
Entre todos os membros dessa Igreja, que está no céu e na terra, existe a
intercomunicação da graça ou comunhão dos Santos. Uns oram pelos outros,
pois somos todos irmãos, membros da grande Família de Deus.
30
Neste ato de louvor o celebrante levanta a Hóstia e o cálice e a assembleia
responde amém.
RITO DA COMUNHÃO
PAI NOSSO
Jesus nos ensinou a chamar a Deus de Pai e assim somos convidados a rezar
o Pai-Nosso. É uma oração de relacionamento e de entrega. Ao nos abrirmos ao
Pai, uma profunda sensação de integridade e descanso toma conta de nós.
Como cristãos, fazer a vontade do Pai é tão importante para nosso espírito
quanto o alimento é para nosso corpo.
Pode também ser cantado, mas sem alterar a sua fórmula. após o Pai Nosso na
Missa não se diz amém pois a oração seguinte é continuação.
A PAZ
Após o Pai-Nosso, o sacerdote repete as palavras de Jesus: “Eu vos deixo a paz,
eu vos dou a minha paz”.
A paz é um dom de Deus. É o maior bem que há sobre a terra. Vale mais que
todas as receitas, todos os remédios e todo o dinheiro do mundo. A paz foi o que
Jesus deu aos seus Apóstolos como presente de sua Ressurreição.
Que paz é essa da qual fala Jesus? É o amor para com o próximo. Às vezes
vamos à Igreja rezar pela paz no mundo, mas não estamos em paz conosco ou
com nossas famílias. Não nos esqueçamos: a paz deve começar dentro de nós
e dentro de nossas casas.
Assim como só Deus pode dar a verdadeira paz, também só quem está em
comunhão com Deus é que pode comunicar a seus irmãos a paz.
31
FRAÇÃO DO PÃO
CORDEIRO DE DEUS
COMUNHÃO
A hora da Comunhão merece nosso mais profundo respeito, pois nos tornamos
uma só coisa em Cristo. E sabemos que essa união com Cristo é o laço de
caridade que nos une ao próximo. O fruto de nossa Comunhão não será
verdadeiro se não vemos melhorar a nossa compaixão, paciência e
compreensão para com os outros.
MODO DE COMUNGAR
Quem comunga recebendo a hóstia na mão deve elevar a mão esquerda aberta,
para o padre colocar a comunhão na palma da mão. O comungaste
imediatamente, pega a Hóstia com a direita e comunga ali mesmo na frente do
padre ou ministro. Ou direto na boca.
PÓS COMUNHÃO
RITO FINAL
32
Seguem-se a Ação de Graças e os Ritos Finais. Despedimo-nos, e é nessa hora
que começa nossa missão: a de levar Deus àqueles que nos foram confiados, a
testemunhar Seu amor em nossos gestos, palavras a ações.
Orações após a Missa rezada: como sugere o nome, se diz apenas após as
Missas rezadas: foram introduzidas pelo Papa Leão XIII depois modificadas pelo
Papa Pio XI. constam da Ave Maria, Salve Rainha, oração pela Igreja, oração a
São Miguel e uma jaculatória ao Sacratíssimo Coração.
COMUNHÃO
33
5. SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO - PENITENCIA
Não será pecado dizer que eles receberam o poder da graça espiritual, não para
ressuscitar os mortos ou realizar milagres, mas para perdoar pecados (São João
Crisóstomo, séc. IV, In Evang. hom. 26).
Eis que eles [os Apóstolos] não apenas recebem a certeza de si mesmos, mas
também a magistratura do julgamento supremo, de modo que, agindo como
Deus, eles retêm alguns de seus pecados e perdoam os outros! Na Igreja, agora
são os Bispos que ocupam seu lugar (São Gregório Magno, séc. VI, In Evang.
hom. 26).
28
Hoje o nome se origina do ato mesmo do relato dos pecados, que parece ser o mais difícil para os
fiéis.
29
São as penas do pecado de nossos primeiros pais, o pecado original, o qual pode ser lido aqui.
34
ele realmente conhece o próprio pecado e malícia). Que Nosso Senhor quis a
confissão dos pecados também se depreende da obrigação que todos — até o
mais alto do clero — têm de confessar os pecados30.
OS EFEITOS DA PENITÊNCIA:
MATÉRIA:
30
Para que não torne a confissão dos pecados mais odiosa, a Igreja torna o sigilo sacramental inviolável,
proibindo quebrá-lo sob qualquer hipótese e de qualquer forma, a não ser por licença expressa dada
livremente pelo próprio penitente (ou se o confessor conhecer os pecados por outra via).
O sacerdote que viola diretamente o sigilo sacramental incorre em excomunhão
latæ sententiæ (automática) reservada à Sé Apostólica; também o intérprete e outros que violem o
segredo são punidos com justa pena, não excluída a excomunhão (cf. CDC, cân. 1388).
31
Razão pela qual o confessor impõe um ato de reparação, chamado de satisfação (penitência).
32
A matéria da Penitência é chamada por Santo Tomás de «quase matéria»; contudo, como explica o
Catecismo Romano, não porque não seja realmente a matéria do Sacramento, mas porque não constitui
uma coisa física real, como a água ou o óleo.
Ainda sobre a matéria, podemos distinguir: matéria suficiente (qualquer pecado já cometido pelo fiel,
mesmo que já tenha sido perdoado), matéria necessária ou obrigatória (todos e cada um dos pecados
mortais ainda não acusados) e matéria facultativa (os pecados veniais).
35
Próxima33: os atos do penitente, ou seja, a contrição34, a acusação e a
satisfação35.
Forma36:
Ministro:
33
Esses atos são a matéria próxima segundo Santo Tomás (embora na prática, para certas ocasiões bem
específicas, a Igreja pareça ter outra opinião). Os sofististas afirmam que esses atos são condições para
se alcançar a absolvição.
34
Contrição é o arrependimento, ou seja, a dor e o ódio aos pecados cometidos. Ela pode ser:
natural, se o arrependimento é causado por motivos naturais, como vergonha do julgamento social,
medo da lei do estado etc.
sobrenatural, se o arrependimento é causado pela Fé. Ela ainda pode ser:
imperfeita: também chamada de atrição, é a dor sobrenatural relativa a nós mesmos (como se
arrepender por medo do inferno);
perfeita: a dor é causada pela Caridade a Deus, que pode ser considerando tudo o que Ele nos
prodigaliza ou, ainda mais perfeitamente, porque Ele é Deus sumo, infinito e perfeitíssimo bem, digno
de toda dileção. Para a validade do Sacramento da Penitência requer-se a contrição sobrenatural, ou
seja, a atrição unida à confissão é suficiente para a justificação.
Faz parte da contrição sobrenatural o propósito, que é a vontade firme de se emendar e não voltar a
pecar. Tanto o propósito como a contrição devem ser universais, ou seja, referir-se a todos os pecados
mortais (que são a matéria obrigatória).
Para o perdão dos pecados veniais, contudo, se requer apenas a atrição sobrenatural.
35
A acusação é a confissão dos pecados feita a um sacerdote aprovado, para obter dele a absolvição.
Ela tem que ser verdadeira e íntegra (não se pode mentir em matéria necessária e deve ser, ao menos,
de todos os pecados mortais cometidos depois do Batismo e ainda não confessados), direta e objetiva.
A satisfação, também chamada de penitência, por sua vez, é a obrigação imposta pelo confessor ao
penitente. Tem como finalidade reparar a ofensa feita a Deus e à Igreja, obtendo assim a remissão da
pena temporal. O fiel é, pois, obrigado a ter a intenção, no ato sacramental, de realizar a satisfação
imposta, para receber validamente o perdão dos pecados.
36
A fim de comparação e enriquecimento, expomos aqui a forma da Penitência no rito Bizantino:
Que Nosso Senhor e Deus, Jesus Cristo, pela graça e generosidade de Seu amor pelo homem, te perdoe,
meu filho N., todas as tuas transgressões. E eu, um indigno sacerdote, pelos poderes que por Ele me
foram dados, te perdoo e te absolvo de todos os teus pecados.
Na reforma, Paulo VI, a forma foi mudada para:
Deus Pai de misericórdia, que pela Morte e Ressurreição de Seu Filho, reconciliou o mundo consigo e
enviou o Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a
paz. E eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
37
É suficiente para a validade: «Eu te absolvo dos teus pecados».
36
O sacerdote como a devida jurisdição38. Em perigo de morte, o Direito da Igreja
afirma que qualquer sacerdote, mesmo excomungado, absolve válida e
licitamente de qualquer censura ou pecado.
Sujeito:
Qualquer batizado que tenha caído em pecado, segundo o que já foi explicado.
É mui recomendável, para a liceidade, que o penitente faça um exame de
consciência a fim de que não se esqueça de dizer algum pecado em respeito da
graça do perdão39.
A Igreja obriga a todo fiel confessar-se ao menos uma vez por ano, independente
de ter a consciência limpa de pecado mortal.
INDULGÊNCIAS
ser batizado;
não estar excomungado;
encontrar-se em estado de graça, pelo menos no fim das obras prescritas;
38
Como dito acima, a Penitência é Sacramento e ato jurídico. Enquanto o primeiro, necessita de todos
os requisitos sacramentais (matéria, forma, ministro e sujeito); enquanto segundo, necessita da
jurisdição a fim de que seja um verdadeiro ato judicial, uma vez que é um verdadeiro julgamento.
Parece, principalmente após o Concílio Vaticano II, que o Bispo sempre absolve validamente.
39
Na Penitência o sujeito tem participação diferenciada, pois é dele que partem os atos que constituem
a matéria do Sacramento. Por isso é muito importante que o penitente peça a Deus a graça da
contrição, tenha conhecimento dos tipos de pecados, suas circunstâncias e número para que os possa
acusar e tenha ao menos a intenção atual de realizar a satisfação. Uma displicências nesses atos pode
tornar O Sacramento inválido.
40
Pela própria definição, é doutrina da Igreja que a indulgência não perdoa os pecados, antes pressupõe
o perdão. Cai, portanto, por terra a acusação do heresiarca Lutero contra a Igreja como escusa de sua
revolta.
37
ter intenção, ao menos geral, de ganhar a indulgência, segundo o teor da
concessão.
As condições para se lucrar indulgência plenária, chamadas de condições
ordinárias, são (só de pode lucrar uma vez a cada dia, a não ser em perigo de
morte):
repulsa de todo o afeto a qualquer pecado até venial;
confissão sacramental;
comunhão eucarística;
rezar nas intenções do Sumo Pontífice41.
CONTRIÇÃO PERFEITA
O RITO PENITENCIAL
41
Por intenções do Santo Padre entende-se: a exaltação da Mãe Igreja, a propagação da Fé, a extirpação
das heresias, a conversão dos pecadores e a paz e concórdia entre os países cristãos e outras
necessidades do catolicismo.
42
A Caridade é uma das três virtudes teologais, ou seja, são infundidas por Deus e a Ele fazem
referência. São elas: Fé, Esperança (pela qual almejamos a graça divina para remissão de todos os
pecados e salvação), Caridade (pela qual amamos a Deus sobre tudo e ao próximo por amor a Ele).
43
A contrição perfeita justifica sem a necessidade do Sacramento, entretanto, encerra em si o desejo de
receber o Sacramento da Penitência.
44
Assim, alguém que se julga ter alcançado a contrição perfeita, mesmo que seja uma pessoa prudente,
não pode chegar à mesa da comunhão ou receber algum outro Sacramento dos vivos.
45
Não se deve ouvir confissão fora do confessionário o qual deve estar na igreja (cf. CDC 964).
38
saudação e benção: o pedido de bênção por parte do fiel (“abençoe-me, padre,
porque pequei”);
o ato de contrição:
46
Por apresentação, quer-se dizer exatamente o que foi explicado e jamais que o fiel tenha que se
identificar, o que é completamente proibido.
47
O texto previsto é o seguinte: “Eu me acuso de ter…”. Ao fim da acusação: “E também me acuso
Destes e de outros pecados que por ventura tenha esquecido
48
Ela deve ser feita de acordo com as normas impostas pelo sacerdote e, preferencialmente, cumprida
logo ao sair do confessionário, na igreja mesmo ou o mais rápido possível.
49
A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, os méritos da Santa Virgem Maria e de todos os Santos, e tudo
o que tiveres feito de bom e suportado de mal, sejam-te aplicados em remissão dos teus pecados,
aumento de graça, e recompensa da vida eterna. Amém.
39
APÊNDICE
6. SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO
Havendo então uma distinção entre dois tipos de matrimônio, vamos em primeiro
falar sobre o natural e depois sobre o sacramental.
MATRIMÔNIO NATURAL
Entende-se por matrimônio natural a propensão biológica dos dois sexos entre
si, com fins procriativos50, como atestam as Sagradas Escrituras:
“Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua
mulher; e já não são mais que uma só carne” (Gn 2,24).
50
[1] Sobre esse fim, com argumentos naturais, pode-se citar Santo Agostinho (pode ser lido com mais
detalhes aqui):
Se a mulher não foi criada para o homem como auxiliar para gerar filhos, para que, então, foi criada? (…)
Portanto, não existe outro motivo para a criação da mulher a não ser de auxiliar do que concerne à
geração (Comentário aos Gêneses, Livro IX, V 9, destaques nossos).
51
É bem verdade que, na investigação das sociedades, constata-se a existência em muitas civilizações do
divórcio, o qual também foi praticado mesmo entre o povo da antiga aliança (divórcio previsto,
inclusive, pela lei mosaica). A aparente contradição é explicada por Nosso Senhor:
Disseram-Lhe eles: Por que, então, Moisés ordenou dar um documento de divórcio à mulher, ao rejeitá-
la? Jesus respondeu-lhes: É por causa da dureza de vosso coração que Moisés havia tolerado o repúdio
das mulheres; mas no começo não foi assim (Mt 19,7s).
Não há outra explicação para a criação do divórcio que não seja a degradação da natureza das coisas
como foram queridas por Deus desde a criação.
40
A indissolubilidade do casamento, pois, se funda nessa obrigação que os pais
têm no bem natural da prole.
MATRIMÔNIO SACRAMENTAL
Continuou Jesus: Foi devido à dureza do vosso coração que Moisés vos deu
essa lei; mas, no princípio da criação, Deus os fez um homem e uma mulher (Mc
10,5s).
52
Contrato é a união entre duas ou mais pessoas que têm o mesmo fim. O fim a que se refere é a
geração de filhos para Deus e a Igreja e a ajuda mútua, como se verá. Esta união, quando hierarquizada,
é chamada de sociedade. O Matrimônio é verdadeira sociedade pois existe um chefe da família, que é o
marido. Também se encaixa nesse conceito a Igreja, sociedade dos batizados que obedecem aos
legítimos pastores.
53
Essa sentença é dogma e alcança mesmo os não católicos. O casamento entre dois pagãos, não é
Sacramento, mas união meramente natural.
O matrimônio realizado entre um pagão e um batizado também não é Sacramento, como J. Bujanda
mostra em seu manual, mas união natural.
54
A indissolubilidade do Matrimônio é diferente do casamento natural. Este admitiu, como visto na nota
2, exceções. Aquele não admite nenhuma, pois é sinal da união entre Cristo e a Igreja (como se verá),
consoante as palavras do Senhor:
Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu (Mt 19,6).
Intentar contrair Matrimônio estando ligado a outrem é caso de invalidade, fazendo com que na prática
o Matrimônio não possa ser reiterado. Alguns teólogos chamam isso de quase caráter.
55
Então se conclui que a unidade não fere a essência do matrimônio natural. Não é incomum
civilizações em que o homem pode ter várias esposas (poligamia). Constitui uma agressão à natureza,
entretanto, casamentos em que a mulher possa ter mais de um marido (poliandria).
Como dito, o matrimônio visa o bem da prole. Um casamento em poliandria agride ao direito da prole
de saber quem são seus pais e termina por demolir a autoridade e os deveres parentais. Essa é a razão
por que casamentos poliândricos ferem a moral e nunca foram sancionados na antiga aliança (apesar da
poligamia ser tolerada em alguns momentos, como na era dos patriarcas). Sociedades que adotaram
esse modelo são, de fato, minoria, por se tratar de um desvio quase completo do fim do matrimônio.
41
Também são dois os fins do Matrimônio: geração, subsistência e educação da
prole, fim primário, e ajuda recíproca e remédio da concupiscência dos cônjuges,
fim secundário.
OS EFEITOS DO MATRIMÔNIO:
56
A forma canônica consiste na obrigação dos cônjuges de contrair o Matrimônio na presença de 3
testemunhas, sendo ao menos uma delas qualificada (em nome da Igreja). Como é uma imposição da
autoridade para a validade do contrato, pode ser dispensada.
42
A graça sacramental é o direito aos subsídios necessários para cumprir o ônus
matrimonial.
MATÉRIA:
FORMA:
Ministro:
Os próprios cônjuges.
Sujeito:
Quaisquer batizados — sendo um homem e uma mulher — não incapazes por
impedimentos de direito natural, divino, positivo ou eclesiástico 58; para a
57
Essa distinção é importante porque um Matrimônio consumado é, por direito divino, indissolúvel até
a morte de um dos cônjuges. O Matrimônio ratificado, por sua vez, pode ser dissolvido pelo poder
papal, o que se chama de privilégio petrino (o que se conclui que este poder se estende aos
matrimônios naturais quaisquer que sejam):
Aos casados mando (não eu, mas o Senhor) que a mulher não se separe do marido. E, se ela estiver
separada, que fique sem se casar, ou que se reconcilie com seu marido. Igualmente, o marido não
repudie sua mulher (ICor 7,10s).
Existe um caso específico em que um casamento natural pode ser dissolvido in favorem Fidei (em favor
da Fé), ou seja, se uma das partes se converte à verdadeira Fé após o casamento. É chamado de
privilégio paulino porque oriundo da decisão de São Paulo a uma questão inédita até então:
Aos outros, digo eu, não o Senhor: se um irmão desposou uma mulher pagã (sem a Fé) e esta consente
em morar com ele, não a repudie. Se uma mulher desposou um marido pagão e este consente em
coabitar com ela, não repudie o marido. Porque o marido que não tem a Fé é santificado por sua
mulher; assim como a mulher que não tem a Fé é santificada pelo marido que recebeu a Fé. Do
contrário, os vossos filhos seriam impuros quando, na realidade, são santos. Mas, se o pagão quer
separar-se, que se separe; em tal caso, nem o irmão nem a irmã estão ligados. Deus vos chamou a viver
em paz (ICor 7,12-15).
Para se invocar esse privilégio é necessário que a parte pagã não queira coabitar com a parte batizada
(rejeição da Fé) ou não o queira pacificamente sem ofensa ao Criador (coabitação pacífica). Os motivos
que apoiam esta exceção são a paz religiosa e a liberdade de espírito que Deus quer para o cristão.
Ainda que consumado, o vínculo se dissolve «em favor da fé», porque salus animarum Ecclesiæ lex
suprema est (a salvação das almas é a lei suprema da Igreja).
58
Os impedimentos são circunstâncias que tornam o Matrimônio inválido (impedimentos dirimentes) ou
ilícito (impedimentos impedientes). Os impedimentos de direito natural e de direito divino não podem
ser dispensados pela Igreja, que não tem autoridade para revogar as leis da natureza ou de Deus. Os de
direito positivo e eclesiástico, por sua vez, podem.
43
liceidade exige-se o estado de graça porque o Matrimônio é um Sacramento dos
vivos.
44