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Teória e Prática
Autores:
Betuel Canhanga, Msc;
Clarinda Nhamgumbe, Lic;
Meline Macário, Lic.
versao 1.0
2
Prefácio
Agradecemos a todos que de forma directa ou indirecta fizeram parte desta obra. Ao escrevê-la
inspiramo-nos no princı́pio de que ”...ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto
quanto você!...”e procuramos de modo detalhado mostrar momentos importantes para a construção
de valores e saberes Matemáticos.
Dividida em cinco capı́tulos, o primeiro fala sobre equações diferenciais e aborda os métodos de
determinação de soluções para problemas envolvendo equações diferenciais ordinárias. O segundo
capı́tulo estuda números e funções complexas. O terceiro e quarto capı́tulos aborda as transformadas
de Laplace e Fourier. O quinto capı́tulos dedica-se a aplicações.
Apresentamos exemplos com diferentes aplicações aos temas aqui abordados, dando-se primasia a
capacidade do estudante encontrar problemas práticos que apliquem os conceitos estudados. No fim
de cada capı́tulo, poderá encontrar uma colecção de exercı́cios que obrigatoriamente deverá resolver
antes de prosseguir com a sua leitura.
Consideramos esta obra ainda não acabada, a sua segunda versão será publicada em inicios de 2016,
por isso, esperamos receber de Si observações, comentários e crı́ticas que naturalmente servirão para
enriquecer este produto, que queremos que seja melhor e cada vez mais simples e claro de modo a
facilitar a compreensão de seu conteúdo. Para tal, dispomos do email canhanga@uem.mz e antecipa-
damente, agradecemos pela sua atenção e colaboração.
Com desejos de que a leitura desta brochura seja fascinante, a nossa espectativa é de despertar em Si,
mais do que o saber, a preciosa vontade de aprender hoje, aprender para sempre, e aprender sempre.
Bem Haja.
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Conteúdo
3
4
Quando se fala de equações diferenciais, entendemos que estamos a tratar de equações que contêm
derivadas. Em Matemática ao nı́vel das escolas primárias e secundárias quando se estudam equações,
da-se maior atenção as equações quadráticas, i.e, equações na forma
ax2 + bx + c = 0; a 6= 0;
de forma identica, nós iremos dedicar mais atenção para estudar equações do tipo
Da mesma forma como para chegarmos a equações quadraticas tivemos que conhecer os conceitos:
equação, solução, equação linear, suas propriedades e aplicações; iremos começar os nossos estudos
sobre equações diferenciais com a apresentação de um conjunto de definições, propriedades importantes
e a aplicabilidade delas.
dy
= 3x2 y. (1.1)
dx
7
8 Análise Matemática III
Nós não estamos preocupados em responder a questão ”seja dada a função y = f (x) determine a
sua derivada”. Nós queremos neste capı́tulo, apartir de equações como a (3.1) encontrar Métodos
de determinar a função y = f (x).
Definção 1.1. Chama-se equação diferencial e denota-se por ED a uma equação que contenha
derivadas em relacção a uma ou mais variáveis independentes.
Quanto ao tipo
Definção 1.2. Chama-se Equação Diferencial ordinária ou EDO a equação diferencial que
contém somente derivadas das variáveis dependentes em relacção a uma única variável independente,
por exemplo:
dy d2 y dy
− y = cos x; e 2
+ + 4y = 0
dx dx dx
são equações diferenciais ordinárias.
Definção 1.3. Chama-se Equação Diferencial com Derivadas Parciais ou EDDP a equação
diferencial que contém derivadas parciais das variáveis dependentes em relacção duas ou mais variáveis
independentes, por exemplo:
∂u ∂v ∂ 2 u ∂u2 ∂u
= −3 ; e 2 − 2 = −2
∂y ∂x ∂x2 ∂t ∂t
Quanto a ordem
Definção 1.4. A ordem de uma equação diferencial ordinária ou com derivadas parciais é a
maior ordem de derivação existente na equação. Por exemplo
4
d3 y
dy
+5 = sin x
dx3 dx
Quanto a linearidade
Definção 1.5. Uma equação diferencial y (n) = f (x, y, y 0 , · · · , y (n−1) ) chama-se linear se a função f
for linear em relacção as variáveis y, y 0 , · · · , y (n−1) . Ou, dizemos que uma equação diferencialé linear,
se ela poder ser escrita na forma
dn y dn−1 y dy
an (x) n
+ a n−1 (x) n−1
+ · · · + a1 (x) + a0 (x)y = h(x).
dx dx dx
• a variável dependente e todas as suas derivadas terão expoente igual a 1. No nosso caso a variável
dependenteé y e tanto ela, como as suas derivadas tem expoente igual a 1.
0
• as funções transcendentais de y e de suas derivadas, istoé (sin y; ln y, ey ) não podem aparecer
na equação linear.
Definção 1.6. Uma equação diferencial que não cumpra com as caracterı́sticas das equações diferen-
ciais lineares, diz se não linear
(x + y)dx + 3xdy = 0;
3y 00 − y 0 − y = 5
e
d2 y dy
x2 2
+ 3x + 7y = cos x
dx dx
são equações diferenciais ordinárias lineares de primeira, segunda e segunda ordens respectivamente.
(2 − y)dy + 3ydx = 0;
3y 00 − y 0 − y 2 = 5
10 Análise Matemática III
e
d2 y dy
x2 2
+ 3x + 7 cos y = cos x
dx dx
são equações diferenciais ordinárias; mas não são lineares por possuirem coeficiente dependente de y;
y com expoente diferente de 1 e função transcendental cos y respectivamente.
Definção 1.7. Uma função g definida no intervalo D que quando substituida numa equação diferen-
cial, transforma a equação em uma identidade verdadeira, chama-se solução da equação diferencial
em D.
x2 dy
Exemplo 1.3. Verifique que y = e 2 é solução da equação diferencial = xy em R.
dx
Solução: Uma das formas de verificar se a função dadaé soluçãoda equação, consiste em re-escrever
a equaçãoda seguinte forma
dy
− xy = 0
dx
e de seguida substituir a funçãoy
2na
0 equação para verificar se será igual a zero no domı́nio dado. Nós
dy x x2 x2 x2
precisaremos de achar = e 2 = xe 2 e de seguida precisaremos do producto xy = xe 2 ;
dx 2
no fim subtraimos
dy x2 x2
− xy = xe 2 − xe 2 = 0
dx
para qualquer valor de x pertencente ao conjunto de números reais. Logo, yé soluçãoda equaçãodada.
Solução: teremos que calcular a primeira e a segunda derivada da função y . y 0 = 2e2x e y 00 = 4e2x ;
substituindo no membro esquerdo da equação teremos:
2) algumas equações diferenciais apresentam soluções na forma explicita (exemplos vistos ante-
riormente); istoé a variável dependente pode ser claramente expressa em termos da variável
independente;
3) nos ultimos dois exemplos a função y = 0é soluçãoda equação diferencial. Uma solução explicita
igual a zero diz-se ser solução trivial da equaçãodiferencial;
dy x
Exemplo 1.5. verifique que a relação x2 + y 2 − 4 = 0 é solução da equação diferencial =−
dx y
quando I ∈] − 2; 2[.
d 2 d
(x + y 2 − 4) = 0
dx dx
Definção 1.9. A soluçãode uma equação diferencial que não apresente parâmetros, chama-se solução
particular.
Exemplo 1.6. A funçãoy = c1 ex + c2 e2x é uma familia de soluções com dois parâmetros, da equação
diferencial linear de segunda ordem y 00 − y = 0. Se fizermos c1 = c2 = 0 teremos a soluçãoparticular
y = 0. Se fizermos c1 = 0 e c2 = 1 teremos outra solução particular y = e2x . Se fizermos c1 = 1 e
c2 = 3 teremos a solução particular y = ex + 3e2x .
#2
#1
Figura 1.2: solução de equação diferencial
Figura 1.1: solução de equação diferencial xy 0 − 4y = 0 que não pode ser encontrada
xy 0 − 4y = 0 com parâmetros c = 1 e c = −1 com a simples escolha de seus parâmetros
Definção 1.10. Existem casos em que as soluções de equações diferenciais não podem ser produzidas
com a simples escolha de valores para os seus parâmetros, a estas soluções, como o caso da solução da
figura 1.2, chamamos por soluçãosingular.
√
Exemplo 1.7. A equação diferencial y 0 = x y tem como solução uma familia de curvas com um
2 x4
parâmetro y = ( x4 + c)2 . Quando c = 0 ela tem solução particular y = 16 . Neste exemplo, a solução
trivial y = 0 não pode ser construida com auxilio da familia de curvas que fazem a solução da equação,
dizemos portanto, que a sua solução trivialé singular.
Definção 1.11. Se qualquer solução de uma equação diferencial de ordem n F (x, y, y 0 , · · · , y (n) ) = 0
em I, poder ser produzida com base na escolha de n valores apropriados dos seus parâmetros c1 , · · · , cn
para a familia G(x, y, c1 , · · · , cn ) = 0; diremos que essa famı́lia é soluçãogeral.
Definção 1.12. Um sistema de equações diferenciais consiste de duas ou mais equações que
envolvem derivadas de duas ou mais funções desconhecidas dependentes de uma variável.
e a solução do sistema será um par de funções x = x(t) e y = y(t) e que num intervalo dado I
satisfarão as duas equações do sistema.
A solução geral de uma equação diferencial é indicada pela presença de uma constante indeterminada
na sua fórmula. Isto reflecte o facto de que uma equação diferencial ordinária tem uma infinidade de
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 13
soluções. Em alguns casos, será necessário determinar o valor da constante e determinar a solução
completamente. Tal solução como referimos anteriormente, chama-se solução particular.
Definção 1.13. Uma equação diferencial de primeira ordem com uma condição inicial,
chama-se problema de valor inicial. Uma solução do problema de valor inicial é uma função
diferenciável y(t) tal que:
1) y 0 (t) = f (t, y(t)) para todos t num intervalo contendo t0 onde y(t) está definido;
2) y(t0 ) = y0 .
Exemplo 1.9. Seja dada a equação y 0 (x) = y, determine a sua solução de tal modo que ela passe
pelo ponto (0, 2).
Resolução:
O que pretendemos é determinar uma função y tal que ela e a sua derivada sejam iguais e que quando
x = 0 tenhamos y = 2. Para tal, devemos
• determinar a solução geral da equação diferencial dada. E sem precisar de fazer cálculos deve
ser do nosso conhecimento que a função y(x) = cex é a solução desta equação diferencial. Com
base nesta solução geral podemos
2 = ce0 ⇒ c = 2
y = 2ex .
Se diferente do ponto (0, 2) quizessemos que a nossa solução passasse pelo ponto (1, 2) teriamos que
da solução geral considerar que
2
2 = ce1 ⇒ c =
e
o que faria com que a solução do problema de valor inicial passasse a ser
2
y = ex ⇒ y = 2ex−1
e
14 Análise Matemática III
Quando resolvemos problemas de valor inicial, preocupamo-nos em saber se perante as condições dadas
é possÃvel encontrar solução para o problema? Preocupamo-nos tambem em saber, caso exista solução
para o problema dado sera essa solução a Ão nica possÃvel, ou existem outras soluções? No exemplo
(1.9) pode ver que com base nas condições apresentadas, existe um e unico valor para a constante c.
Consideremos o seguinte exemplo
√
Exemplo 1.10. Seja dada a equação y 0 (x) = x y, determine a sua solução de tal modo que ela passe
pelo ponto (0, 0).
Resolução:
O que pretendemos é determinar uma função y tal que a sua derivada seja igual a raiz quadrada dela
mesma multiplicada pela variável x e que quando x = 0 tenhamos y = 0. Para tal, devemos
• determinar a solução geral da equação diferencial dada. A equação diferencial dada tem como
soluções
x2
y=( + c)2 .
4
• utilizar a condição dada para determinar a solução particular termeos
0 = c2 ⇒ c = 0
Por outro lado, podemos ver que a função y = 0 tambem satisfará a equação diferencial dada e a
passará por (0, 0).
Em muitos problemas escolares sobre equações diferenciais, iremos nos deparar com situações em
que exista uma e unica solução, embora esta situação não seja a frequente em aplicações relaccionadas
a questões diárias. Porque estudamos Matemática para aplicar em problemas do dia a dia, nosso
desejo é ao desenvolvermos um modelo ou ao resolvermos um problema relaccionado com um modelo,
ja podermos saber se ele tem várias soluções ou não.
Teorema 1.1. Sobre a existência de solução única de uma equação diferencial ordinária
de primeira ordemSeja D uma região rectangular no plano xy de tal modo que a ≤ x ≤ b e
c ≤ y ≤ d. Suponhamos que o ponto (x0 , y0 ) pertence ao interior da região D. Se as funções f (x, y)
∂f
e forem funções contı́nuas em D; então, exite um outro domı́nio I centrado em x0 e ao longo do
∂y
eixo dos x; e existe tambem uma função unica y(x) definida em I obedecendo o seguinte problema
de valor inicial
y 0 = f (x, y), y(x0 ) = y0 (1.6)
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 15
dy √
Exemplo 1.11. No exemplo (1.12) vimos que a equação diferencial = x y possuia pelo menos
dx
duas soluções que satisfaziam a condição y = 0 and x = 0. Considerando as funções
√ ∂f x
f (x, y) = x y e = √
∂x 2 y
observamos que
∂f
• a função não é contı́nua em 0, dai que ela não satisfaz as condições do teorema e por isso,
∂x
tem não uma e unica solução que passa pelo ponto (0, 0).
• no entanto, as duas funções em observação são contı́nuas no plano supérior y > 0. Com base no
teorema 1.1 para qualquer ponto (x0 , y0 ); y > 0 existe um subintervalo centrado em x0 onde a
equação dada tem solução única. Portanto, mesmo sem resolver a equação diferencial, devemos
saber que existe um subintervalo centrado em 2 tal que, o problema de valor inicial
dy √
= x y, y(2) = 1
dx
• o mesmo teorema garante que no exemplo 1.9 não existe solução do problema de valor inicial
y 0 = y, y(0) = 2
∂f
que não seja y = 2ex ; e isto é sustentado pelo facto de as funções f (x, y) = y e = 1 serem
∂y
contı́nuas em todo o plano xy.
O intervalo de existência de uma solução para uma equação diferencial é definido de forma a
ser o maior intervalo em que a solução pode ser definida. É nacessário lembrar que as soluções para
as equações diferenciais devem ser diferenciáveis, o que omplica que elas devem ser contı́nuas.
Exemplo 1.12. Ache o intervalo de existência para a solução do problema de valor inicial y 0 = y 2
com y(0) = 1.
Resolução:
−1
a solução da equação diferencial dada é y(t) =; podemos verificar, atravez do cálculo da derivada
t−c
−1
de y. Substituindo com a condição y(0) = 1 teremos y(t) =
t−1
A função y tem uma discontinuidade infinita no ponto t = 1. Consequentemente, esta função nao
pode ser considerada como uma solução da equação diferencial y 0 = y 2 sobre todo conjunto real. Note
que t = 1 é o ponto de discontinuidade, e no ponto (0,1) a função y é contı́nua. Portanto o maior
intervalo contendo a condição inicial é o intervalo (−∞, 1). Consequentemente este é o intervalo de
existência.
16 Análise Matemática III
Exemplo 1.13. Verifique que y(t) = 2 − Ce−t é uma solução da equação diferencial
y0 = 2 − y (1.7)
para qualquer constante C. Ache a solução que satisfaz a condição inicial y(0) = 1. Qual é o intervalo
de existência desta solução?
Resolução:
y 0 (t) = Ce−t
2 − y = 2 − (2 − Ce−t ) = Ce−t
são iguais, e a equação diferencial é resolvı́vel para todos t ∈ (−∞, ∞). Em seguida
y(0) = 2 − Ce0 = 2 − C.
Para satisfazer a condição inicial y(0) = 1, temos que ter 2−C = 1, or C = 1. Portanto, y(t) = 2−e−t
é uma solução do problema de valor inicial. Esta solução existe para todos t ∈ (−∞, ∞). Finalmente,
ambas y(t) e y 0 (t) existem e resolvem a equação no intervalo (−∞, ∞). Portanto, o intervalo de
existência é todo o conjunto dos números reais (R).
Equações de variáveis separáveis constituem uma classe de equações diferenciais que podem ser re-
solvidas facilmente. Um dos exemplos é a equação y 0 = ty 2 . Sua solução pode ser achada como se
segue.
dy
Primeiro, rescrevemos a equação usando envéz de y 0 , e assim obtemos
dt
dy
= ty 2 (1.8)
dt
1
dy = tdt. (1.9)
y2
É importante notar que este passo é válido se y 6= 0. Então integramos ambos lados da equação
(3.6) :
Z Z
1
dy = tdt.
y2
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 17
e obtemos
1 1
− = t2 + C. (1.10)
y 2
Finalmente, resolvemos a equação (3.7) para y. A solução é
−1 −2
y(t) = 1 = 2 . (1.11)
2t
+C t + 2C
O método geral
passo chave neste método é a separação de variáveis equações (3.6) e (3.7). O m’etodo de solução
ilustrado aqui funciona para qualquer equação expressa de seguinte forma,
dy g(t)
= (1.12)
dt h(y)
ou
dy
= g(t)f (t). (1.13)
dt
Para ambos casos podemos separar as variáveis.
Exemplo 1.14. Considere a equação x0 = rx, onde r é uma constante arbitrária e t é asssumido
como a variável independente, equação exponencial.
A equação é separável, apenas rescrevemos como:
dx
= rx (1.14)
dt
ou
|x(t)| = ert+C = eC ert . (1.17)
Como eC e ert são ambos positivos, extão existem dois casos por considerar:
eC ert , se x > 0;
x(t) =
−eC ert , se x < 0.
Portanto, a solução também é descrita por meio de uma fórmula mais simples
x(t) = Aert ,
Exemplo 1.15. Ache a solução do problema de valor inicial y 0 = 0.3y com y(0) = 4. Sabemos que a
solução geral é
y(t) = Ae0.3t .
4 = y(0) = A.
Algumas vezes é tão útil o uso de integral definido quando resolvemos problemas de valor inicial para
equações de variáveis separáveis.
Resolução:
As variáveis de integração são alteradas porque precisamos que os limites superiores dos nossos integrais
sejam y e t. Resolvendo as integrais obtemos
t2
ln y − ln 3 = .
2
Manipulando esta solução em termos de y, obtemos
t2
y(t) = 3e 2 .
Nem sempre é fácil escrever a solução de equações diferenciais em função da variável dependente.
Vejamos o exemplo seguinte
cos u
Exemplo 1.17. Considere a equação r0 = , onde u é a variável independente. Estaremos
r
interessado nas condições iniciais r(0) = 1 e r(0) = −1. Rescrevemos a equação e separamos as
variáveis,
dr cos u
= ou rdr = cos udu.
du r
Integrando, obtemos
1 2
r = sin u + C e r2 = 2 sin u + 2C.
2
De forma mais simples, substituimos a constante 2C por D onde obtemos
r2 = 2 sin u + D (1.19)
Esta é uma solução implı́cita para a função r. Esta solução pode ser resolvida por meio da raiz
quadrada; mas temos que prestar atenção que precisamos de 2 sin u + D ≥ 0 de modo a termos raizes
quadradas reais. Algumas vezes isto afecta o intervalo de existência da solução.
√
r(u) = ± 2 sin u + D. (1.20)
√ √
1 = r(0) = ± 2 sin 0 + D = ± D.
√
r(u) = − 2 sin u + 1
−π 7π
como a solução. De novo esta solução está definida no intervalo , .
6 6
20 Análise Matemática III
dy g(t)
Consideremos o problema geral na forma = . Separando as variáveis e integrando, obtemos
dt h(y)
Z Z
h(y)dy = g(t)dt. (1.22)
Se considerarmos
Z Z
H(y) = h(y)dy e G(t) = g(t)dt,
Para achar a solução explı́cita temos que ser capaz de achar a inversa H −1 . Se isto for possı́vel, então
teremos
y(t) = H −1 (G(t) + C).
ex
Exemplo 1.18. Ache as soluções da equação y 0 = tendo as condições iniciais y(0) = 1 e
1+y
y(0) = −4.
Resolução:
E se y(0) = −4, então tomamos a raiz quadrada negativa e achamos C = 3. A solução neste caso será
√
y(x) = −1 − 2 + 2ex . (1.25)
É fácil verificar que cada solução está definida no intervalo (−∞, ∞). Alguns cálculos podem mostrar
que y 0 (x) também está definida em (−∞, ∞). Contudo, para cada solução satisfazer a equação y 0 =
ex
, y não deve ser igual a −1. Portanto, o intervalo de existência é (−∞, ∞).
1+y
Exemplo 1.19. Ache as soluções para a equação diferencial
2tx
x0 = ,
1+x
com as condições iniciais x(0) = 1, x(0) = −2 e x(0) = 0.
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 21
Resolução:
Escrevemos
dx x
= 2t
dt 1+x
e separando as variáveis teremos
1
1+ dx = 2tdt,
x
assumindo x 6= 0. Intregando ambos os membros, obtemos
x + ln(|x|) = t2 + C, (1.26)
• Para a condição inicial x(0) = −2, podemos achar a constante C da mesma maneira e obtemos
−2 + ln(| − 2|) = C ou C = ln 2 − 2 onde a solução é definida implı́citamente por
x + ln(|x|) = t2 + ln 2 − 2.
Sendo a condição inicial negativa a solução particular deverá ser negativa. Portanto, |x| = −x
e a equação final implı́cita para a solução será x + ln(−x) = t2 + ln 2 − 2.
x+1
• Para a condição inicial x(0) = 0, não podemos dividir por para separar variáveis. Con-
x
tudo, sabemos que isto significa que x = 0 é uma solução. Podemos verificar por uma substi-
tuição directa.
Estas ainda são equações lineares, e podem ser reduzidas para a forma (1.28) dividindo por b(t) (não
esquecendo que b(t) deve ser diferente de zero). Por exemplo,
Resolução:
dx
= sin tdt ⇒ ln |x| = − cos(t) + C ⇒ |x(t)| = e− cos(t)+C = eC e− cos t ⇒ x(t) = Ae− cos t .
x
Exemplo 1.21. Considere P (t), uma conta bancária com uma taxa de juro contı́nua e composta
r. Nessa conta, são feitos continuamente depósitos de D dólares por ano. A conta P (t) pode ser
ilustrada por uma equação linear
P 0 = rP + D.
Resolução:
D −rt
Integrando ambos lados desta equação para obtermos e−rt P (t) = − e + C, ou
r
D
P (t) = − + Cert . (1.34)
r
Esta é a solução geral da equação linear.
Consideremos agora a quação (1.28) -equação linear na forma geral. Comecemos por achar uma
função u(t), a a semelhanca de e−rt no exemplo anterior, tal que
Resumo do método
2) Achar um factor integrante, i.e, qualquer função u para qual (ux)0 = u(x0 − ax). O factor
R
integrante será qualquer solução para a equação homogênea u0 = −au ou u(t) = e− a(t)dt .
Observação 1.2. Depois de achar o factor integrante u, é sempre bom verificar se a equação
(4.2) é satisfeita.
3) Multiplicar ambos membros da equação (1.28) pelo factor integrante. Usando (4.2) obtemos
(ux)0 = uf.
R 1 R C
4) Integrar esta equação para obter u(t)x(t) = u(t)f (t)dt + C, ou x(t) = u(t)f (t)dt + .
u(t) u(t)
Exemplo 1.22. Ache a solução geral da equação x0 = x + e−t .
24 Análise Matemática III
Resolução:
Transferimos o termo que contém x para o lado esquerdo, e teremos x0 − x = e−t . De seguida achamos
um factor integrante u. Como a(t) = 1, então achamos u resolvendo a equação u0 = −u. A solução é
R
dada por u(t) = e− 1dt = e−t . Multiplicando a equação x0 − x = e−t pelo factor integrante, obtemos
e−t (x0 − x) = e−2t . O membro esquerdo é derivada do produto u(t)x(t) = e−t x(t), ou (e−t x(t))0 =
1
e−t (x0 − x) = e−2t . Integrando ambos os lados da equação teremos e−t x(t) = e−2t dt = − e−2t + C.
R
2
1
Isolando o x, e multiplicando ambos os membros por et , obtemos a solução final x(t) = − e−t + Cet .
2
Exemplo 1.23. Ache a solução geral de x0 = x sin t + 2te− cos t e a solução particular que satisfaz
x(0) = 1.
Resolução:
A equação dada pode reescrever-se como x0 = (sin t)x + 2te− cos t . Passamos os termos que depender
de x para o membro esquerdo teremos x0 − sin tx = 2te− cos t . a(t) = sin t, e o factor integrante deverá
R
satisfazer a equação u0 = −(sin t)u ou u(t) = e− = ecos t . Oque implica que (ecos t x(t))0 =
sin tdt
ecos t (x0 − x sin t) = 2t e integrando obtemos x(t)ecos t = 2 tdt = t2 + C. Portanto, a solução geral é
R
x(t) = (t2 + C)e− cos t . A solução particular deve satisfazer x(0) = 1, e assim 1 = Ce−1 ou C = e.
Portanto a solução do problema de valor inicial é x(t) = (t2 + e)e− cos t .
x0 = x tan t + sin t,
Resolução:
passamos os termos que contem o x para o membro esquerdo, isto é x0 − x tan t = sin t; então
R
a(t) = tan t, e o factor integrante será dado por u(t) = e− tan tdt = eln(cos t) = cos t. Multiplicando
ambos os membros da equação pelo factor integrande obtemos (x cos t)0 = cos t(x0 −x tan t) = cos t sin t,
R cos2 t
ou x(t) cos t = cos t sin tdt = − + C. Finalmente, dividimos por cos t para obter
2
cos t C
x(t) = − + .
2 cos t
Esta é a solução geral. Para achar a solução particular com x(0) = 2 substituimos na fórmula da
5
solução geral e resolvemos de modo a obter a constante; C = . Assim a solução particular será
2
cos t 5
x(t) = − + .
2 2 cos t
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 25
Definção 1.14. Chama-se equação de Bernoulli1 a uma equação diferencial da primeira ordem da
forma geral seguinte
y 0 + a(x)y = b(x)y c , c 6= 0, c 6= 1. (1.38)
y0 y
+ a(x) c = b(x), c 6= 0, c 6= 1. (1.39)
yc y
ou
y −c y 0 + a(x)y 1−c = b(x), c 6= 0, c 6= 1 (1.40)
u0
fazendo y 1−c = u obtemos (1 − c)y −c y 0 = u0 o que significa que y −c y 0 = e substituindo em
1−c
(1.40) teremos
u0
+ a(x)u = b(x) ⇒ u0 + (1 − c)a(x)u = (1 − c)b(x), c 6= 0, c 6= 1 (1.41)
1−c
Resolução:
Queremos transformar a equação dada para uma equação na forma y 0 + a(x)y = b(x) para tal, vamos
dividir ambos os membros da equação dada por y 2 e teremos
y −2 y 0 − x3 y −1 = 2x.
−u0 − x2 u = 2x ⇒ u0 + x2 u = −2x
Definção 1.15. CHama-se equação de Riccati2 a uma equação diferencial de primeira ordem na forma
A resolução deste tipo de equação só é possı́vel quando se conhece uma das suas soluções y(x) =
φ(x). Ao resolver equações de Riccatti, apartir de uma das soluções dadas ou possı́vel de encontrar
com base em experimentações aplicamos a substituição y = φ(x) + z e transformamos a equação de
Riccatti para equação de Bernoulli e resolvemos a equação de Bernoulli atravez da sua transformação
para equação linear.
Na equação (1.42) ao substituirmos y por φ(x) + z, teremos
ou
z 0 + (a(x) + 2b(x)φ(x))z = −b(x)z 2
Resolução:
y = x2 é uma das soluções desta equação. Substituindo y por x2 + z na equação dada teremos
As equações diferenciais podem ser aplicadas na resolução de vários problemas práticos que envolvam
extruturas variacionais. Podemos considerar alguns exemplos de aplicabilidade deste tipo de equações
Os exercicios 1)d; 1e); 2a); 2e); 3); 5l); 9b); 11e) devem ser resolvidos na qualidade
de TPC. Serão corrigidos e discutidos na aula prática e serão usados para a avaliar o
desempenho dos estudantes. Os restantes exercı́cios deverão ser resolvidos pelos estudantes para
a consilidação do conhecimento. Deverão ser
1) Sejam dadas as seguintes equações diferenciais, separe as lineares das não lineares
2
00 0 d2 y dy
a) (2 − x)y + 3xy + 5y = cos x b) x 2 − − 3y = 0
dx dx
c) 2yy 0 + 2y + 5 = x4 d) xy (4) − x2 y 00 + xy 0 = y
s 2
dy dy
e) = 1+
dx dx
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 27
2) Nos exercı́cios asseguir, mostre que a função dada é solução da equação diferencial.
1 2
a) y 0 = −ty, y(t) = Ce− 2 t b) y 0 + y = 2t, y(t) = 2t − 2 + Ce−t
1 4 cos t 8 sin t t 4
c) y 0 + y = 2 cos t, y(t) = + + Ce− 2 t d) y 0 = y(4 − y), y(t) =
2 5 5 1 + Ce−4t
2 2 2 0
e) t + y = C , t + yy = 0.
3
3) Mostre que y(t) = é uma solução de y 0 = −2y 2 , y(2) = 3. E ache o intervalo de
6t − 11
existência incluindo a condição inicial.
4) Nos exercı́cos que se seguem, use a solução geral dada para achar a solução particular da equação
diferencial satisfazendo a condição inicial.
4 cos t sin t
a) y 0 + 4y = cos t, y(t) = + + Ce−4t , y(0) = −1
17 17
t2 C
b) ty 0 + y = t2 , y(t) = + , y(1) = 2
3 t
0 −t −t C 1
c) ty + (1 + t)y = 2te , y(t) = e t+ , y(1) =
t e
2
d) y 0 = y(2 + y), y(t) = , y(0) = −3.
−1 + Ce−2t
5) Nos exercı́cios que se seguem, ache a soluções gerais das equações diferenciais dadas.
a) y 0 = xy b) y 0 = ex−y c) xy 0 = 2y d) y 0 = (1 + y 2 )ex
x xy
e) y 0 = xy + y f) y 0 = yex − 2ex + y − 2 g) y 0 = h) y 0 =
y+2 x−1
2xy + 2x
i) x2 y 0 = y ln y − y 0 j) xy 0 − y = 2x2 y k) y 3 y 0 = x + 2y 0 0
l) y =
x2 − 1
6) Nos exercı́cios seguintes ache a solução exacta para o problema de valor inicial. Indique o
intervalo de existência.
y −2t(1 + y 2 ) sin x π
a) y 0 = , y(1) = −2 b) y 0 = , y(0) = 1 c) y 0 = , y( ) = 1
x y y 2
x
c) y 0 = ex+y , y(0) = 0 d) y 0 = 1 + y 2 , y(0) = 1, y(0) = 1 e) y 0 = , y(−1) = 0
1 + 2y
7) Nos exercı́cios assegir ache as soluções exactas para cada condição inicial
x −x
a) y 0 = , y(0) = 1, y(0) = −1 b) y 0 = , y(0) = 2, y(0) = −2
y y
c) y 0 = 2 − y, y(0) = 3, y(0) = 1
8) Nos exercı́cios que se seguem, ache a solução geral para cada equação linear de primeira ordem.
2 cos x
a) y 0 + y = 2 b) y 0 − 3y = 5 c) y 0 + y= 2
x x
2x
d) y 0 + 2ty = 5t e) x0 − = (t + 1)2 f) tx0 = 4x + t4
t+1
g) (1 + x)y 0 + y = cos x h) (1 + x3 )y 0 = 3x2 y + x2 + x5 i) y 0 = cos x − y sec x.
28 Análise Matemática III
a) y 0 − 3y = xy 3 b) y 0 + 2y = y 3
2 y 1 1
c) y 0 + y = 8xy 2 d) y 0 + − y 2 = − 2 ; y1 (x) =
x x x x
2 cos2 x − sin2 x + y 2
e) y 0 = ; y1 (x) = sinx.
2 cos x
A equação
ydx + xdy = 0 (1.43)
pode ser resolvida através do método de separação de variáveis. Passando a segunda parcela para o
membro direito, e separando as variáveis teremos
Z Z
dy dx dy dx
ydx = −xdy ⇒ =− ⇒ =−
y x y x
1
ln y = − ln x + ln c ⇒ ln y = − ln xc ⇒ ln y = ln
xc
1 c
y= = .
xc x
No entanto a parte esquerda da equação (1.43) pode ser escrito como d(xy) e dai teremos
d(xy) = 0
c
xy = c ⇒ y = .
x
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 29
Das aulas Análise Matemática 1 dissemos: Se uma função z = f (x, y) tiver derivadas parciais contı́nuas
numa região D do plano xy, o seu diferencial total será dado por
∂f ∂f
dz = dx + dy; (1.44)
∂x ∂y
∂f ∂f
dx + dy = 0. (1.45)
∂x ∂y
Por outro lado, seja dada uma familia de curvas f (x, y) = c podemos sempre determinar uma equação
diferencial ordinária através do cálculo do diferencial total.
dy 5y − 2x
(2x − 5y)dx + (−5x + 3y 2 )dy = 0 ⇒ = 2
dx 3y − 5x
Definção 1.16. A expressão diferencial M (x, y)dx + N (x, y)dy chama-se diferencial exacta numa
regiao D do plano xy se ela corresponder a diferencial de uma função f (x, y)
chama-se equação exacta se a expressão a esquerda do sinal de igualdade for diferencial exacta.
Para resolver a equação diferencial dada, basta iguala-la a zero e integrar ambos os membros da
equação; isto é Z Z
1 3 3 1 3 3 1
x y =0⇒ x y = 0dx ⇒ x3 y 3 = C
3 3 3
∂M (x, y) ∂N (x, y)
= 3x2 y 2 = 3x2 y 2 .
∂y ∂x
O exemplo 1.28 mostra o quanto é fácil resolvar uma equação diferencial exacta; no entanto:
1) Dada uma forma diferencial M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0, como podemos saber se é exacta?
30 Análise Matemática III
2) Se a forma diferencial é exacta, será que existe um caminho mais fácil de achar F tal que
dF = M (x, y)dx + N (x, y)dy?
Teorema 1.2. Seja ω = M (x, y)dx+N (x, y)dy uma forma diferencial onde M e N são continuamente
diferenciáveis;
1) Se ω é exacta, então
∂M ∂N
= ;
∂y ∂x
2) Se
∂M ∂N
=
∂y ∂x
num rectângulo D, então ω é exacta em D e ω = dF em D onde F (x, y) é definida para
(x, y) ∈ D pela fórmula
Z
F (x, y) = M (x, y)dx + φ(y), (1.46)
e φ satisfaz
Z
0 ∂
φ (y) = N (x, y) − M (x, y)dx. (1.47)
∂y
Exemplo 1.29. Mostre que a equação
Resolução:
Como
∂ y ∂
e = ey = (xey − sin y),
∂y ∂x
então sabemos que a equaç ão é exacta. Para achar a solução geral, precisamos de achar a função
F (x, y) tal que
∂F ∂F
= ey e = xey − sin y.
∂x ∂y
Resolvemos a primeira equação por meio de integração, para obtermos
Z
F (x, y) = ey dx + φ(y) = xey + φ(y).
∂F
Derivando em relação a y, e usando = xey − sin y, obtemos
∂y
xey − sin y = xey + φ0 (y).
Portanto, φ0 (y) = − sin y, que tem solução φ(y) = cos y + C. Finalmente, F (x, y) = xey + cos y, e
Resolução:
∂P ∂Q
= −1 e = 1.
∂y ∂x
Consideremos a equação
M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0, (1.48)
que pode ser ou não exacta. Denovo procuraremos pela solução geral que é definida implı́citamente
pela equação da forma
F (x, y) = C, (1.49)
∂F
∂F ∂F dy dy
+ = 0, ou = − ∂x . (1.50)
∂x ∂y dx dx ∂F
∂y
oque implica que
dy M (x, y)
=− . (1.51)
dx N (x, y)
Comparando (1.50) com (1.51) observamos que y úma solução que
∂F
∂x = M ou
1 ∂F
=
1 ∂F
. (1.52)
∂F N M ∂x N ∂x
∂y
∂F ∂F
= µM e = µN.
∂x ∂y
Portanto
∂F ∂F
dF = dx + dy = µM dx + µN dy = µω.
∂x ∂y
Isto mostra que µω é exacta.
32 Análise Matemática III
Definção 1.18. CHama-se factor integrante para a equação diferencialω = P dx + Qdy = 0 a uma
função µ(x, y) tal que a fórmula
é exacta.
Toda equação diferencial para qual existe a solução da forma F (x, y) = C tem um factor integrante.
Isto sugere uma estratégia de achar a soluç ao geral para a equação diferencial
1) Achar um factor integrante µ, tal que µM (x, y)dx + µN (x, y)dy seja exacta.
Exemplo 1.31. Considere a equação (x + y)dx − xdy = 0. Mostre que a equação não é exacta e que
1
é um factor integrante. Ache a solução geral.
x2
Resolução:
Como
∂ ∂
(x + y) = 1 e (−x) = −1,
∂y ∂x
1
então a equação não é exacta. E depois de multiplicarmos com 2 , obtemos a equação
x
(x + y)dx dy
− = 0.
x2 x
Para esta equação temos
∂ x+y 1 ∂ 1
= 2 = − ,
∂y x2 x ∂x x
1
assim a equação é exacta e é um factor integrante. Para resolve-la, definimos
x2
Z
(x + y)dx y
F (x, y) = 2
+ φ(y) = ln |x| − + φ(y).
x x
∂F 1
Para achar φ derivamos em relação a y(x), e usando o facto de que = − , obtemos
∂y x
1 1
− = − + φ0 (y);
x x
φ0 (y) = 0, e podemos tomar φ(y) = 0. Consequentemente, a nossa solução geral será
y
F (x, y) = ln |x| − = C.
x
Esta solução pode ser manipulada facilmente em relação a y e rescrevemos a nossa solução como
Equações diferenciais de ordem supérior refere-se a equações de ordem maior ou igual a dois. Iremos
estudar alguns métodos de resolução de equações diferenciais lineares de ordem supérior.
Para uma equação diferencial linear, um problema de valor inicial de ordem n consiste em resolver
dn y dn−1 y dy
an (x) n
+ an−1 (x) n−1
+ · · · + a1 (x) + a0 (x)y = g(x) (1.53)
dx dx dx
Observação 1.4. Ao resolvermos problemas desta natureza, queremos determinar uma função defi-
nida no segmento I contendo x0 . A função deve satisfazer a equação diferencial (1.53) e as n condições
dadas em x0 .
possue a solução trivial y = 0. Como todos os coeficientes da equação dada são constantes, ela verifica
as condições do teorema 1.3; assim, a solução trivial y = 0 é solução Única em qualquer intervalo
contendo x = 1.
a função y = 3e2x + e−2x − 3x é solução do problema dado. Para verificar isso, devemos calcular as
primeira e segunda derivadas de y e teremos
12e2x + 4e−2x − 4(3e2x + e−2x − 3x) = 12e2x + 4e−2x − 12e2x − 4e−2x + 12x = 12x
34 Análise Matemática III
são funções contı́nuas em qualquer intervalo I que contenha x = 0. Com base no teorema 1.3 a
solução dada é unica.
Observação 1.5. As condições do teorema 1.3, isto é ai (x), i = 1, 2, · · · , n devem ser contı́nuas e
an (x) 6= 0 para qualquer x pertencente ao segmento I são ambas importantes. De modo particular, se
an (x) = 0 para algum x ∈ I então a solução do problema de valor inicial para uma equação diferencial
linear pode não ser a unica ou podem não existir.
verifiquemos que
y = cx2 + x + 3
é solução e investiguemos se é ou não solução Única. Para tal, devemos calcular a primeira e segunda
derivadas e teremos
y 0 = 2cx + 1; y 00 = 2c.
y(0) = 0 + 0 + 3 = 3; y 0 (0) = 0 + 1 = 1
são constantes; mas, a2 (x) = 0 quando x = 0. E as condições iniciais são impostas em 0, faz com que
o problema não esteja nas condições do teorema.
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 35
Problema de Fronteira
Um outro tipo de problema envolvendo equações diferenciais de ordem dois ou supérior é aquele em
que a função dependente y ou as duas derivadas são especificadas em diferentes pontos do domı́nio de
definição da equação.
d2 y dy
a2 (x) 2
+ a1 (x) + a0 (x)y = g(x)
dx dx
tal que
y(a) = y0 , y(b) = y1
y(a) = y0 , y(b) = y1
A solução deste tipo de equações diferenciais é uma função y que satisfaz a equação diferencial
dada num determinado intervalo I que contenha os pontos a e b; e que passe pelos pontos (a, y0 ), e
(b, y1 )
Observação 1.6. Para um problema de fronteira, poderiamos ter as seguintes condições de fronteira
• y(a) = y0 , y(b) = y1
• y 0 (a) = y0 , y(b) = y1
• y(a) = y0 , y 0 (b) = y1
• y 0 (a) = y0 , y 0 (b) = y1
36 Análise Matemática III
Dependencia Linear
Suponhamos que f1 (x), f2 (x), · · · , fn (x) sejam funções diferenciaveis ate a ordem (n − 1). O deter-
minante
f1 f2 ··· fn
f10 f20 ··· fn0
· · ·
W (f1 (x), f2 (x), · · · , fn (x)) =
· · ·
· · ·
(n−1) (n−1) (n−1)
f
1 f2 ··· fn
chama-se Wronskiano.
num intervalo D. Se conhecermos uma das soluções de equação desde que seja diferente da solução
trivial (y = 0), poderemos determinar a outra solução nao trivial. Para tal teremos que procurar a
solução y2 de modo a que y1 (solução conhecida) e y2 sejam linearmente independentes no intervalo
dado D. Com base no principio enunciado acima, ou recorendo a (Algebra Linear), se y1 e y2 são
y2 y2
linearmente independentes então o racio y1 não é constante, isto é y1 = u(x) e por isso y2 = y1 u(x).
Nós pretendemos determinar a função u(x) apartir da substituição de y2 por y1 u(x) na equação
diferencial. Feita esta substituição teremos que resolver uma equação diferencial linear de primeira
ordem de modo a determinarmos a função u(x). Este método de resolução de equação chama-se
redução de ordem, por permite que de uma equação diferencial de ordem por exemplo igual a dois,
passemos a uma equação diferencial de primeira ordem.
Resolução
Sabe-se que para a equação diferencial dada, a função y = 0 é solução. Esta solução é a dita
solução trivial. O método de redução de ordem diz que devemos partir de uma solução y1 que não
seja trivial para podermos com base nela usarmos a independência linear que as soluções obedecem
para podermos determinar a segunda solução. Assim, considerando a equação que nos apresentada,
procuremos a solução y1 . Esta devera ser dada pelo exercı́cio, ou, devera ser determinanda com base
em outros conhecimentos e nossa experiência. Para este exemplo, parece claro que y1 = ex é uma das
soluções, uma vez que y100 = (ex )00 = ex e por isso y 00 − y = 0. Portanto, teremos
y2
= u(x)y2 = y1 u(x) = u(x)ex .
y1
uma vez que ex 6= 0. Para a equação diferencial u00 (x) + 2u0 (x) = 0 se fizermos u0 (x) = m(x)
teremos m0 (x) + 2m(x) = 0 que é uma equação diferencial linear. Resolvendo-a teremos m(x) =
c1 e−2x . Como u0 (x) = m(x) integrando ambos membros desta igualdade teremos
Z Z Z
0
u (x)dx = m(x)dx ⇒ u(x) = c1 e−2x dx
c
u(x) = − e−2x + c2 .
2
Com base neste resultado teremos
h c i
y2 = u(x)y2 = − e−2x + c2 ex
2
c
y2 = − e−x + c2 ex .
2
Se c1 = 2 e c2 = 0 teremos y2 = e−x . ex e e−x são linearmente independentes porque a combinação
linear entre eles só será igual a zero se os coeficientes da combinação forem iguais a zero, dai provar-se
que são soluções. A solução geral da equação diferencial será
y = c1 ex + c2 e−x .
38 Análise Matemática III
Generalização
Se na equação (1.54) dividirmos ambos os membros por a(x) obtemos a seguinte equação
y200 (x) = u00 (x)y1 (x) + 2u0 (x)y10 (x) + u(x)y100 (x).
u00 (x)y1 (x) + 2u0 (x)y10 (x) + u(x)y100 (x) + P (x)(u0 (x)y1 (x) + u(x)y10 (x)) + Q(x)u(x)y1 (x) = 0
u(x)[y100 (x) + P(x)y10 (x) + Q(x)y1 (x)] + u00 (x)y1 (x) + 2u0 (x)y10 (x) + P (x)u0 (x)y1 (x) = 0
que é uma equação linear e com variáveis separáveis. Separando as variáveis teremos
m0 (x) y 0 (x)
= −2 1 − P (x)
m(x) y1 (x)
integrando ambos os membros da equação temos
Z Z Z
d m(x) d y1 (x)
dx + 2 dx = − P (x)dx
m(x) y1 (x)
ou
Z
ln |m(x)y12 (x)| =− P (x)dx + c
por isso R
c1 e− P (x)dx
m(x) = .
y12 (x)
Z − R P (x)dx
e
u(x) = c1 dx + c2
y12
oque implica que R
e− P (x)dx
Z
y2 = y1 c1 dx + c2 .
y12
Fazendo c1 = 1 e c2 = 0 teremos R
e− P (x)dx
Z
y2 = y1 dx (1.56)
y12
e a solução geral da equação (1.55) será a combinação linear de y1 (x) e y2 (x). A demonstração de
que y1 e y2 são linearmente independentes é deixada para o leitor na qualidade de exercı́cio.
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 39
Exemplo 1.36. Seja dada a equação x2 y 00 − 3xy 0 + 4y = 0 e suponhamos que tambem é dada uma
das soluções não triviais da equação. Determine a solução geral no intervalo ]0, ∞[.
Resolução
3 0 4
y 00 − y + 2y = 0
x x
sabendo que
dx
lnx3
R
e3 x = e3 ln x = e = x3
teremos
Z
dx
y2 = x2 = x2 ln x;
x
assim, a solução geral da equação dada será
y = c1 x1 + c2 x2 lnx.
Os exercicios 3)a; 5b); 6b); 7c); 10c); 11b); 11f ); 12) devem ser resolvidos na qualidade
de TPC. Serão corrigidos e discutidos na aula prática e serão usados para a avaliar o
desempenho dos estudantes. Os restantes exercı́cios deverão ser resolvidos pelos estudantes para
a consilidação do conhecimento. Deverão ser organizados num caderno que será recolhido e corrigido
pelos docentes uma semana antes de cada avaliação.
a) (sin y − y sin x)dx + (cos x + x cos y − y)dy = 0 b) (2x − 1)dx + (3y + 7)dy = 0
c) (ey + 2xy cosh x)y 0 + xy 2 sinh x + y 2 cosh x = 0 d) 1 − x3 + y dx + 1 − y3 + x dy.
a) (y 3 + kxy 4 − 2x)dx + (3xy 2 + 20x2 y 3 )dy = 0 b) (2xy 2 + yex )dx + (2x2 y + kex − 1)dy = 0.
4) Verifique se µ(x, y) dado para cada equação é factor integrante e caso seja, resolva-a
1
a) 6xydx + (4y + 9x2 )dy = 0, µ(x, y) = y 2 b) − y 2 dx + (x2 + xy)dy = 0, µ(x, y) = x2 y
a) (−xy sin x + 2y cos x)dx + 2x cos xdy = 0 b) (x2 + 2xy − y 2 )dx + (y 2 + 2xy − x2 )dy = 0.
6) Cada equação asseguir tem a forma P (x, y)dx + Q(x, y)dy = 0. Para cada caso, mostre que P
e Q são homogêneos do mesmo grau, e especifique o grau. Resolva-as
7) Para cada uma das seguintes equações diferenciais, determine y2 e a solução geral
a) y 00 + 5y 0 = 0; y1 = 1 b) y 00 − y 0 = 0; y1 = 1
c) y 00 − 4y 0 + 4y = 0; y1 = e2x d) x2 y 00 − 7xy 0 + 16y = 0; y1 = x4
e) x2 y 00 − 3xy 0 + 5y = 0; y1 = x2 cos(ln x).
8) Para cada uma das seguintes equações diferenciais determine a solução particular com base nas
soluções gerais e as condições dadas
9) Para cada uma dos seguintes conjuntos de funções classifique-as em linearmente dependentes ou
independentes
10) verifique se as funções dadas são soluções das equações seguintes e ache os domı́nios de existência
das soluções
11) Determine a segunda solução das equações diferenciais dadas e determine a sua solução geral
a) y 00 + 5y 0 = 0; y1 = 1 b) y 00 − y 0 = 0; determine primeiro o y1
c) y 00 − 4y 0 + 4y = 0; y1 = e2x d) y 00 + 2y 0 + y = 0; y1 = xe−x
e) x2 y 00 − 7xy 0 + 16y = 0; y1 = x4 f) x2 y 00 − xy 0 + y = 0; y1 = x.
dy
+ ay = 0, a 6= 0
dx
é dada por
y = c1 e−ax , x ∈ R.
quando os coeficientes ai para i = 0, 1, · · · , n são constantes reais, tambem tenha solução definida em
R.
ay 00 + by 0 + cy = 0. (1.58)
am2 + bm + c = 0 (1.59)
que é chamada equação caracterı́stica for verdadeira. A equação (1.59) de acordo aos valores dos
coeficientes a, b, c pode definir 3 diferentes situações
1) b2 − 4ac > 0 oque implica que a equação (1.59) tem duas soluções m1 e m2 tal que m1 6= m2 .
Por isso, a equação ((1.58)) terá também duas soluções y1 = em1 x e y2 = em2 x onde y1 6= y2 .
Sendo y1 e y2 funções linearmente independentes, teremos a solução geral da equação (1.58)
dada por
2) b2 − 4ac = 0 oque implica que a equação (1.59) tem duas soluções m1 e m2 tal que m1 = m2 .
b
Por isso, a equação ((1.58)) terá também única solução exponencial y1 = em1 x onde m1 = − 2a .
E porque a equação ((1.58)) é de segunda ordem, a segunda solução dela é achada com base na
abordagem que tivemos na secção 1.3.4. Isto é
e2m1 x
Z Z
m1 x
y2 = e dx = em1 x dx = xem1 x .
e2m1 x
3) b2 −4ac < 0 oque implica que a equação (1.59) tem duas soluções complexas, isto é, m1 = α +iβ
e m2 = α − iβ quando α e β são reais, positivos e i2 = −1. Analogamente ao caso 1), teremos
como soluções da equação ((1.58)) as seguintes funções na forma exponencial y1 = e(α+iβ)x e
y2 = e(α−iβ)x . A solução geral passa assim a ser
Observação 1.7.
1) 2y 00 − 5y 0 − 3y = 0
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 43
Resolução
x
y = c1 e− 2 + c2 e3x .
2) y 00 − 10y 0 + 25y = 0;
Resolução
y = c1 e5x + c2 xe5x .
3) y 00 + y 0 + y = 0
Resolução
Resolução
Estamos perante um problema de valor inicial. Consideremos primeiro a equação diferencial, depois
de determinarmos a sua solução geral, passaremos a considerar as condições iniciais apresentadas. A
equação caracterı́stica será
m2 − 4m + 13 = 0,
0
y 0 = e2x (c1 cos 3x + c2 sin 3x) = 2e2x (c1 cos 3x + c2 sin 3x) + e2x (3c1 − sin 3x + 3c2 cos 3x)
isto é
4
2 = 2c1 + 3c2 considerando c1 = −1 teremos c2 =
3
dai que a nossa solução particular passa a ser
2x 4
y=e − cos 3x + sin 3x .
3
1) y 00 + k 2 y = 0
Resolução
equação caracterı́stica
m2 + k 2 = 0
raizes
m1 = 0 + ki, m2 = 0 − ki.
solução geral
y = c1 cos kx + c2 sin kx
2) y 00 − k 2 y = 0
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 45
Resolução
equação caracterı́stica
m2 − k 2 = 0
raizes
m1 = k, m2 = −k.
solução geral
y = c1 ekx + c2 e−kx
Depois de termos visto como se resolvem equação de segundo grau, passamos a considerar o caso
em que temos uma equação de grau supérior a dois.
Para resolver equações com a forma (1.57) devemos determinar as raizes da sua equação carac-
terı́stica
an m(n) + an−1 m(n−1) + · · · + a2 m2 + a1 m + a0 = 0 (1.64)
1) Caso todas as raizes sejam reais e com multiplicidade igual a 1, a solução geral é dada por
2) Caso as reais tenham multiplicidade diferente de 1, por exemplo, se m1 for uma raiz da equação
(1.64) que tenha multiplicidade igual a k (isto é k raizes são iguais a m1 ) a solução geral terá
a seguinte forma
3) Caso as raizes sejam complexas, a solução geral é constituida considerando a existência ou não
de multiplicidade e considerando o caso de raizes complexas
d4 y d2 y
+ 2 +y =0
dx4 dx2
m1 = m3 = 0 + i, m2 = m4 = 0 − i
46 Análise Matemática III
ou
y = c1 eix + c2 e−ix + c3 xeix + c4 xe−ix
e
c3 xeix + c4 xe−ix = x(c3 cos x + c4 sin x)
• determinar uma função complementar yc que seja solução particular da equação homogênia
produzida apartir da equação (1.67) com a substituição de g(x) por 0. Isto é, determinar yc
que seja solução da equação
• de seguida procuramos determinar uma das soluções particulares yp da equação (1.68) e cons-
truimos a solução geral da equação (1.67) apartir da soma de yc e yp . Isto é, a solução geral,
será
y = yc + yp . (1.69)
Na secção anterior vimos como podemos resolver equações homogeneas da forma (1.68) no caso
em que os coeficientes ai são constantes. Deveremos no entanto, tambem determinar a solução
particular. Para tal, usamos o método de coeficientes indeterminados que se aplica quando:
– g(x) é constante; é uma função polinomial (uma constante também é polinómio), expo-
nencial na forma eax , trigonométrica na forma sin αx (ou cos αx ou é uma soma finita e
produto dessas funções.
Observação 1.8. O método de coeficientes indeterminados não pode ser aplicado por exemplo para
equações em que a parte não homogênia tenha a forma
1
g(x) = lnx, g(x) = , g(x) = tan x, g(x) = sin−1 x,
x
para este tipo de casos, usaremos um outro método (método de variação de parâmetros) que estudare-
mos mais tarde.
para n natural, a e b reais. tem a particularidade de que as suas derivadas pertencem ao mesmo
conjunto. Este facto da-nos indicação de que a combinação linear das diferentes soluções particulares
terá uma forma identica a forma das funções g(x).
y 00 + 4y 0 − 2y = 2x2 − 3x + 6
Resolução
y 00 + 4y 0 − 2y = 0
√ √
m2 + 4m − 2 = 0 que tem com raizes m1 = −2 − 6, m2 = −2 + 6
√ √
yc = c1 e−(2+ 6)x
+ c2 e(−2+ 6)x
.
g(x) = 2x2 − 3x + 6
yp = Ax2 + Bx + C
y 00 + 4y 0 − 2y = 2x2 − 3x + 6
teremos
ou
−2A = 2, 8A − 2B = −3, 2A + 4B − 2C = 0
5
A = −1, B=− , c = −9
2
isto é
5
yp = −x2 − x − 9
2
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 49
y 00 + 4y 0 − 2y = 2x2 − 3x + 6.
A solução geral desta equação é dada através da soma das soluções complementar e particular,
isto é
y = yc + yp
√ √ 5
y = c1 e−(2+ 6)x
+ c2 e(−2+ 6)x
− x2 − x − 9
2
y 00 − y 0 + y = 2 sin 3x
Resolução
teremos a função
yp = A cos 3x + B sin 3x
e nós pretendemos encontrar os coeficientes (indeterminados) A, B. Comecemos por calcular yp0 e yp00
yp0 = −3A sin 3x + 3B cos 3x, yp00 = −9A cos 3x − 9B sin 3x.
teremos
−9A cos 3x − 9B sin 3x − (−3A sin 3x + 3B cos 3x) + A cos 3x + B sin 3x = 2 sin 3x
ou
(−8A − 3B) cos 3x + (3A − 8B) sin 3x = 2 sin 3x
Exemplo 1.44. Ache a solução complementar e particular da equação diferencial linear ordinária
não homogênia
y 00 − 2y 0 + 3y = 4x − 5 + 6xe2x
Resolução
yc = c1 e−x + c2 e3x
g(x) = 4x − 5 + 6xe2x
A existência de 4x − 5 faz nos acreditar que a solução particular tem a forma de polinómio.
Por outro lado, a existência de 6xe2x faz nos esperar que a solução particular tenha a forma
exponêncial. Assim, é correcto proceder de seguinte modo, repartir a função g(x) em duas
subfunções, isto é
g(x) = g1 (x) + g2 (x)
onde g1 (x) = 4x − 5 e g2 (x) = 6xe2x e desta forma teremos yp = yp1 + yp2 onde yp1 = Ax + B
e yp2 = Cxe2x + Ee2x ou
yp = Ax + B + Cxe2x + Ee2x .
ou
4 23 4
A=− , B= , C = −2, E=−
3 9 3
isto é
4 23 4
yp = − x + − 2xe2x − e2x
3 9 3
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 51
4 23 4
Y = c1 e−x + c2 e3x − x + − 2xe2x − e2x
3 9 3
Resolução:
De acordo a função g(x) = 8ex a nossa solução particular deveria ser yp = Aex . Se utilizarmos esta
solução e substitui-la na equação dada teremos, y 0 = y 00 = Aex
ou
0 = 8ex
Veja que uma das partes da solução complementar c1 ex ja continha a solução particular Aex . É
ai onde reside o erro de procedimento. Isto ocorre porque a solução particular que escolhemos ja é
solução complementar, e por isso, faz com que a parte esquerda da equação dada se transforme em
zero o que nos impossibilita no procedimento para a determinação da contante A.
Como a que por vias obvias não pode ser usada como solução particular por ja fazer parte da solução
complementar, escolhemos uma outra solução particular com grau polinómial uma unidade maior que
a anterior. Isto é, a anterior tinha coeficiente dado na forma de constante, faremos agora com que yp
seja igual a Axex tendo assim a forma de polinomio de grau um. Assim
de onde teremos
(5A − 5A)xex + (2A − 5A)ex = 8ex ⇒ −3A = 8
e
8
yp = − xex
3
de onde obtemos para a solução geral
8
y = yc + yp = c1 ex + c2 e4x − xex .
3
Observação 1.9. Ao determinarmos equações particulares, vamos nos deparar com dois casos
• Caso I - A função escolhida para a solução particular não é uma das soluções com-
plementares Abaixo apresentamos alguns exemplos de como procedemos a escolha da solução
particular com base nas diferentes formas tomadas pela função g(x)
1) 1(constante) g(x) = A
2) 5x + 7 g(x) = Ax + B
3) 3x2 − 2 g(x) = Ax2 + Bx + c
4) x3 − x + 1 g(x) = Ax3 + Bx2 + Cx + E
5) sin 4x g(x) = A cos 4x + B sin 4x
6) cos 3x g(x) = A cos 3x + B sin 3x
7) e5x g(x) = Ae5x
8) (2x − 1)e7x g(x) = (Ax + B)e7x
9) x2 ex g(x) = (Ax2 + Bx + C)ex
10) e2x sin 3x g(x) = Ae2x cos 3x + Be2x sin 3x
9) 3x2 sin 5x g(x) = (Ax2 + Bx + C) cos 5x + (Ex2 + F x + G) sin 5x
10) xe2x sin 3x g(x) = (Ax + B)e2x cos 3x + (Cx + E)e2x sin 3x
2) y 00 + 4y = x cos x
Resolução:
1) Veja que a função g(x) pode ser reescrita na seguinte forma g(x) = (2x3 − 7)e−x assim a
solução particular terá a seguinte forma
• Caso II - A função escolhida para a solução particular é uma das soluções comple-
mentares
Quando uma das soluções complementares é igual a solução particular ditada pelo caso I, de-
vemos multiplicar a solução particular escolhida por xn onde n é o menor número inteiro que
elimina a igualdade de soluções complementar e particular
Resolução:
. Por causa da existência de c1 ex apesar da função g(x) ser igual a ex a solução particular não
pode ter a forma yp = Aex . Por essa razão, ela passara a ter a forma yp = Axn ex e devemos
encontrar um n que consiga retirar a duplicação de soluções particular e complementar. Como
a outra solução complementar é c2 xex então
yp = Ax2 ex
2Aex = ex ⇒ A = 0.5
Resolução:
Por outro lado g(x) = 4x + 10 sin x, a solução particular deveria ter a forma
e
y 00 = −2C sin x + 2E cos x − Cx cos x − Ex sin x
yp00 +yp = −2C sin x+2E cos x−Cx cos x−Ex sin x+(Ax+B)+Cx cos x+Ex sin x = Ax+B−2C sin x+2E c
isto é
Ax + B − 2C sin x + 2E cos x = 4x + 10 sin x
Lembre-se que estamos a resolver um problema de valor inicial, teremos que calcular
os valores de y(π) = 0 e y 0 (π) = 2.
ou
c1 = 9π.
Calculemos a derivadas de y
y 0 = (c1 cos x + c2 sin x + 4x − 5x cos x)0 = −c1 sin x + c2 cos x + 4 − 5 cos x − 5x sin x
c2 = 7
Resolução:
m2 − 6m + 9 = 0
yc = c1 e3x + c2 xe3x .
yp = Ax2 + Bx + C + Ee3x
no entanto, porque uma das soluções complementar tem a forma c1 e3x e tambem porque a outra
solução complementar tem a forma c2 xe3x então, a solução particular deverá ter a forma
Derivando yp teremos
e
yp00 = 2A + (2E + 12Ex + 9Ex2 )e3x
ou
9Ax2 + (9B − 12A)x + 2A − 6B + 9C + 2Ee3x = 6x2 + 2 − 12e3x
o que implica
9A = 6;
9B − 12A = 0;
2A − 6B + 9C = 2;
2E = −12
ou
A = 23 ;
B = 98 ;
C = 23 ;
E = −6.
A solução geral será
y = yc + yp
= c1 e3x + c2 xe3x + 23 x2 + 98 x + 2
3 − 6x2 e3x
Exemplo 1.50. Resolva a equação y 000 + y 00 = ex cos x.
56 Análise Matemática III
Resolução:
yc = c1 + c2 x + c3 e−x .
significando que
−2A + 4B = 1
4A + 2B = 0
1 1
ou A = − 10 e B= 5 e a solução particular será
1 x 1
yp = − e cos x + ex sin x
10 5
y = yc + yp
= c1 + c2 x + c3 e−x − 1 x
10 e cos x + 15 ex sin x
Exemplo 1.51. Ache a forma da solução particular para a equação y (4) + y 000 = 1 − x2 e−x
Resolucao:
yc = c1 + c2 x + c3 x2 + c4 e−x .
onde yp1 = A e yp2 = (Bx2 + Cx + E)e−x . Se multiplicarmos yp1 por x a duplicação continuará
por causa da função c2 x na solução complementar. Se multiplicarmos yp1 por x2 a duplicação
continuará por causa da função c3 x2 na solução complementar. Se multiplicarmos yp1 por x3
a duplicação desaparece.
Por outro lado, o facto de termos a função c4 e−x na solução complementar e Ee−x na solução
yp2 implica existência de duplicação, no entanto, se multiplicarmos yp2 por x teremos
Os exercicios 1)d; 1f ); 1g); 1n); 2f ); 2g); 3g); 3h) devem ser resolvidos na qualidade
de TPC. Serão corrigidos e discutidos na aula prática e serão usados para a avaliar o
desempenho dos estudantes. Os restantes exercı́cios deverão ser resolvidos pelos estudantes para
a consilidação do conhecimento. Deverão ser organizados num caderno que será recolhido e corrigido
pelos docentes uma semana antes de cada avaliação.
a) 4y 00 + y 0 = 0 b) 2y 00 − 5y 0 = 0 c) y 00 − y 0 − 6y = 0
d2 y dy
d) 3y 00 + y = 0 e) y 00 − 3y 0 + 2y = 0 f) dx2
+ 8 dx + 16y = 0
d2 y dy
g) dx2
− 10 dx + 25y = 0 h) 12y 00 − 5y 0 − 2y = 0 i) 8y 00 + 2y 0 − y = 0
j) y 00 − 4y 0 + 5y = 0 k) 2y 00 − 3y 0 + 4y = 0 l) 3y 00 + 2y 0 + y = 0
m) 2y 00 + 2y 0 + y = 0 n) y 000 − 4y 00 − 5y 0 = 0 o) 4y 000 + 4y 00 + y 0 = 0
d4 y d3 y d2 y d4 y 2
d y
p) y 000 + 5y 00 = 0 q) dx4
+ dx3
+ dx2
=0 r) dx4
− 2 dx2 + y = 0
d5 y 4
d y 3
d y
s) dx5
− 2 dx4 + 17 dx3 = 0
58 Análise Matemática III
a) y 00 + 3y 0 + 2y = 6 b) 4y 00 + 9y = 15
c) 41 y 00 + y 0 + y = x2 − 2x d) y 00 − 8y 0 + 20y = 100x2 − 26xex
x
e) y 00 − y 0 + 14 y = 3 + e 2 f) 4y 00 − 4y 0 − 3y = cos 2x
g) y 00 + 2y 0 = 2x + 5 − e−2x h) y 00 − 2y 0 + 2y = e2x (cos x − 3 sin x)
i) y 000 − 3y 00 + 3y 0 − y = x − 4ex j) y 000 − y 00 − 4y 0 + 4y = 5 − ex + e2x
a) y 00 + y = x2 + 1 y(0) = 5, y(1) = 0
b) y 00 − 2y 0 + 2y = 2x − 2 y(0) = 0, y(π) = π
c) y 000 − 2y 00 + y 0 = 2 − 24ex + 40e5x ; y(0) = 12 , y 0 (0) = 25 , y 00 (0) = − 29
d) y 000 + 8y = 2x − 5 + 8e−2x ; y(0) = −5, y 0 (0) = 3, y 00 (0) = −4.
podem ser resolvidas pelo método de varição de parâmetros. O mesmo método pode ser usado para
equações diferenciais de ordem superior. Vejamos como este método funciona para equações diferen-
ciais de ordem dois. Cosideremos a equação
através da divisão de ambos os membros da equação (1.71) por a2 (x). As funções P (x), Q(x), f (x)
são funções contı́nuas no intervalo I. Como vimos na secção anterior, quando os coeficientes da equação
(1.72) são constantes, não temos dificuldades em determinar a solução complementar. Construimos
a equação caracterı́stica e determinamos as suas raizes. Com base nelas, achamos a solução comple-
mentar. Quando as funções f (x) são combinação linear de
para n natural, a e b reais podemos usar o método de coeficientes indeterminados e achamos a solução
particular. Se a função f (x) não é combinação das funções presentes em (1.73) temos que adoptar
outro método de resolução, que é o método de variação de parâmetros.
Procuramos por uma solução na forma
onde y1 e y2 fazem parte das soluções complementares da equação homogênia associada ao problema.
Derivamos o yp duas vezes e teremos
Como a nossa intenção é a de encontrar as funções u1 (x) e u2 (x) precisamos de construir um sistema
de duas equações. Suponhamos que
y1 u01 + y2 u02 = 0; (1.76)
Resolução:
Como a equação dada já está na forma da equação (1.72), passamos a determinação da equação
caracterı́stica, que será
m2 − 4m + 4 = 0
y2 = c1 e2x + c2 xe2x
de onde teremos
y1 = e2x , y2 = xe2x .
e
2x
e 0
= (1 + x)xe4x
W2 = det
2e2x 2x
(1 + x)e
de onde tiramos
W1 −(1 + x)xe4x
u01 = = = −x2 − x
W e4x
e
W2 (1 + x)e4x
u02 = = =x+1
W e4x
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 61
x3 x2 x2
u1 = − − ; u2 = +x
3 2 2
3 2
2
yp = − x3 − x2 y1 + x2 + x y2
3 2
2
= − x3 − x2 e2x + x2 + x xe2x
3 2
= x6 + x2 e2x
y = yc + yp
x3 x2
= c1 e2x + c2 xe2x + 6 + 2 e2x
3 2
= c1 + c2 x + x6 + x
2 e2x
Exemplo 1.53. Determine a solução geral da equação 4y 00 + 36y = csc 3x usando o método de
variação de parâmetro
Resolução:
csc 3x
y 00 + 9y = .
4
1
Fazendo y1 = cos 3x, y2 = sin 3x e f (x) = 4 csc 3x teremos
cos 3x sin 3x
W (cos 3x, sin 3x) = det = 3;
−3 sin 3x 3 cos 3x
0 sin 3x
W1 = det
= −1;
14 csc 3x 3 cos 3x
4
e
cos 3x 0
= cos 3x .
W2 = det 4 sin 3x
−3 sin 3x 1
4 csc 3x
62 Análise Matemática III
Considerando que
W1 1 W2 cos 3x
u01 = = − ; quadu01 = =
W 12 W 12 sin 3x
e integrando teremos
x ln |sin 3x|
u1 = − ; u2 =
12 36
de onde podemos construir a solução particular
y = yc + yp
x sin 3x ln|sin 3x|
= c1 cos 3x + c2 sin 3x − 12 cos 3x + 36
Observação 1.10. Quando integramos para achar as funções ui não precisamos de incluir as cons-
tantes de integração, porque estas poderão sempre ser contidas nas constantes que são utilizadas na
solução complementar.
O método de variação de parâmetros foi aqui introduzido para determinar soluções de equações dife-
renciais lineares não homogênias. Este método pode tambem ser usado para determinar soluções para
as equações diferenciais lineares homogênias podendo por isso ser usado para qualquer tipo de função
f (x).
Considere a equação
Se
yc = c1 y1 + c2 y2 + · · · + cn yn
O sistema acima é composto por n equações. As primeiras n − 1 equações são igualadas a zero,
analogamente ao que fizemos com a equação (1.76). A ultima equação do sistema acima será construida
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 63
de forma análoga a equação (1.77). O sistema acima é anälogo ao sistema (1.78). A regra de Cramer4
é aqui usada para a determinação de
Wk
u0i =
W
Quando uma equação diferencial linear tem coeficientes não constante, a determinação de sua solução
não pode ser feita pelos métodos que acabamos de aprender. Nestas situações tem se usado o método
determinação de solução apartir de séries infinı́tas. No entanto, existem casos particulares de equações
diferenciais lineares com coeficientes variavéis e que podem ser resolvidas por métodos especı́ficos.
Nesta secção consideraremos equações diferenciais lineares que os seus coeficientes são variáveis que
podem ser representadas como potências de x.
dn y n−1 d
n−1 y dy
an xn n
+ an−1 x n−1
+ · · · + a1 x + a0 y = g(x) (1.81)
dx dx dx
De forma identica ao procedimento das secções anteriores, vamos começar por estudar o caso da
equação de ordem dois, isto é
d2 y dy
ax2 2
+ bx + cy = 0
dx dx
A solução para equações de ordem supérior a dois serão obtidas por analogia a equação de ordem dois.
d2 y
Observação 1.11. O coeficiente de dx2
será igual a zero se x = 0. Por isso, faremos os nossos estudos
considerando x > 0. O caso em que x < 0 pode ser obtido apartir da solução do caso anterior, fazendo
x < 0.
4
Gabriel Cramer (1704–1752) — matemático Suı́ço
5
Jósef Hoëne-Wronski (1778–1853) — matemático alemão
6
Leonhard Euler (1707–1783) — matemático alemão
7
Augustin Louis Cauchy (1789–1857) — matemático francês
64 Análise Matemática III
Método de solução
dy d2 y
= mxm−1 , = m(m − 1)xm−2
dx dx2
1) am2 + (b − a)m + c = 0 tem raizes reais e distintas - neste caso teremos soluções na forma
y1 = xm1 e y2 = xm2 e dai teremos a solução dada na forma
d y 2 dy
Exemplo 1.54. Resolva a equação x2 dx2 − 2x dx − 4y = 0
Resolução:
y = c1 c1 x−x + c2 x4
2) am2 + (b − a)m + c = 0 tem raizes reais e não distintas - neste caso teremos m1 = m2 teremos
a solução y = xm1 onde
(b − a)
m1 = − .
2a
Podemos no entanto e recordando ao método de construção de segunda solução para equações
diferenciais ordinárias lineares de segunda ordem quando conhecida a primeira solução da mesma.
Isto é, reescrevemos a equação na forma
d2 y 2 dy c
2
+ + 2y = 0
dx ax dx ax
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 65
e usando a formula R
e− P dx
Z
2
y2 = y1 dx + c; P =
y12 ax
teremos
Z Z
2 b
P dx dx = ln x
ax a
e
b
e− a ln x
y2 = xm1
R
x2m1
dx
b
= xm1 x− a x−2m1 dx
R
(b−a)
− ab
= xm1
R
x x a
dx
dx
= xm1
R
x
= xm1 ln x;
3) am2 + (b − a)m + c = 0 não tem raizes reais e tem raizes complexas, isto é m1 = α + iβ e
m2 = α − iβ onde α e β são reais, teremos
y = C1 xα+iβ + C2 xα−iβ .
Como
xiβ = (eln x )iβ = eiβ ln x
De forma análoga
x−iβ = cos(β ln x) − i sin(β ln x)
de onde tiramos
xiβ + x−iβ = 2 cos(β ln x)
e
xiβ − x−iβ = 2i sin(β ln x).
Para C1 = C2 = 1
y1 = xα (xiβ + x−iβ ); y2 = xα (xiβ − x−iβ )
66 Análise Matemática III
ou C1 = 1 e C2 = −1
Como
W (xα cos(β ln x), xα sin(β ln x)) = βx2α−1 6= 0
concluimos que
y1 = xα cos(β ln x); y2 = xα sin(β ln x)
d y 2
dy
Exemplo 1.55. Resolva x2 dx2 + 3x dx + 3y = 0; y(1) = 1, y 0 (1) = −5.
Resolução:
teremos
d y 2 dy
x2 dx m
2 + 3x dx + 3y = x [m(m − 1) + 3m + 3
] = xm (m2 + 2m + 3)
=0
√ √ √
o que será verdade se e so se m1 = −1 + 2i e m2 = −1 − 2i, isto é α = −1 e β = 2. Com base
na formula (1.84) teremos
√ √
y = x−1 [c1 cos( 2 ln x) + c2 sin( 2 ln x)]
cuja derivada é
√ √
0 1 √ √ 1 2 √ 2 √
y = − 2 [c1 cos( 2 ln x) + c2 sin( 2 ln x)] + [−c1 sin( 2 ln x) + c2 cos( 2 ln x)]
x x x x
y = c1 cos 0 + c2 sin 0 = c1 = 1
√
de onde teremos c2 = −2 2 e a solução passa a ser
√ √ √
y = x−1 [cos( 2 ln x) + 2 2 sin( 2 ln x)]
d y 3 2
Exemplo 1.56. Equação de Euler com terceira ordem - resolva a equação x3 dx 2d y
3 + 5x dx2 +
dy
7x dx + 8y = 0.
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 67
Resolução:
Faremos
dy d2 y d3 y
y = xm , = mxm−1 , = m(m − 1)x m−2
, = m(m − 1)(m − 2)xm−3
dx dx2 dx3
Resolução:
yc = c1 x + c2 x3 .
yp = u1 y1 + u2 y2 .
3 0 3
y 00 − y + 2 y = 2x2 ex
x x
x x
3
0
3
x
x
0
W =
= 2x3 ; W1 =
= −2x5 ex ; W2 =
= 2x3 ex
2
1 3x
2 x 2
2x e 3x
2 x
1 2x e
de onde tiramos
2x5 ex 2x3 ex
u01 = − = −x2 ex ; u02 = = ex
2x3 2x3
68 Análise Matemática III
e integrando teremos
−x2 ex dx
R
u1 =
= −x2 ex + 2xex − 2ex
e
u2 = ex
de onde teremos
yp = u1 y1 + u2 y2
= (−x2 ex + 2xex − 2ex )x + ex x3
= 2x2 ex − 2xex
e finalmente a solução geral
y = yc + yp
= c1 x + c2 x3 + 2x2 ex − 2xex
Os sistemas de equações diferenciais ordinárias envolvem duas ou mais equações que contém derivadas
de duas ou mais funções desconhecidas e dependentes de uma variável independente. Se considerarmos
x, y, z como funções da variável independente t então
2
x0 + 2x + y 0 − 3 = 0
5 ddt2x = 4x + y
d2 y
e x0 + y 0 + z 0 = t
dt2
=x+y
x + y 0 + 5z 0 = t + 2
são sistemas de equações diferenciais sendo o primeiro um sistema de duas equações onde ao resolver
procuramos determinar as funções x(t) e y(t). O segundo sistema contém 3 equações e as incógnitas
são as funções x(t), y(t) e z(t); resolver este sistema consiste em determinar estas 3 funções.
Este método pode ser usado para casos em que o sistema de equações diferenciais apresente coeficientes
constantes. O método baseia-se nas propriedades algébricas de eliminação sucessı́va, no entanto, para
alem de obtermos equações equivalentes com a multiplicação de ambos os membros da equação por uma
constante, tambem poderemos construir equações equivalentes ao multiplicarmos ambos os membros
da equação diferencial pelo mesmo operador diferencial. Seja dada a equação
di
Di =
dti
e com auxilio deste, podemos re-escrever a equação (1.85) com base no operador Di da seguinte forma
P (D)y = g(t)
onde
P (D) = an Dn + an−1 D(n−1) + · · · a1 D + a0 . (1.86)
Resolução:
Tendo o sistema representado na forma de operadores diferenciais, vejamos como determinar a sua
solução. Consideremos para tal um exemplo simples
2Dx − D2 y = 0
70 Análise Matemática III
2Dx − 6y = 0
−D2 y + 6y = 0 ou D2 y − 6y = 0
√
A equação caracterı́stica da equação diferencial D2 y − 6y = 0 será m2 − 6 = 0 e tem raizes m1 = 6
√
e m2 = − 6 de onde obtemos a solução
√ √
y(t) = c1 e 6t
+ c2 e− 6
. (1.89)
Tendo determinado o y(y), para determinar o x(t) voltamos para a equação (1.88) e multiplicando
2x − Dy = 0 por -3 teremos −6x + 3Dy = 0; por outro lado operando sobre Dx − 3y = 0 com o
operador D teremos D2 x − 3Dy = 0 e teremos o seguinte sistema equivalente
6x + 3Dy = 0
.
D2 x − 3Dy = 0
Observação 1.12. Vamos substituir as soluções x(t) e y(t) na primeira equação do sistema (1.87),
e teremos
√ √ √ √
( 6c1 − 2c3 )e 6t + (− 6c2 − 2c4 )e− 6t = 0
√ √
oque sera verdade se e somente se 6c1 − 2c3 = 0 e em simultâneo − 6c2 − 2c4 = 0 o que implica
que √ √
6 6
c3 = c1 , c4 = − c2
2 2
o que transforma a nossa solução para
√ √
6 √6t 6 −√6t √ √
x(t) = c1 e − c2 e ; y(t) = c1 e 6t
+ c2 e− 6t
2 2
Observação 1.13. Teriamos chegado a mesma conclusão se envez de efectuarmos a substituição de
x(t) e y(t) na primeira equação do sistema (1.87), tivessemos substituido na segunda equação do
mesmo sistema. Recomenda-se que o leitor verifique esta observação.
Dx + (D + 2)y = 0
.
(D − 3)x − 2y = 0
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 71
Resolução:
(D2 + D − 6)y = 0.
de onde tiramos
x(t) = c3 e2t + c4 e−3t .
Substituindo x(t) e y(t) em qualquer uma das equações dadas no sistema inicial teremos
oque se verificara se e somente se c3 = −2c1 e c4 = − 13 c2 fazendo com que a solução do sistema tome
a forma
x(t) = −2c1 e2t − 31 c2 e−3t
.
y(t) = c1 e2t + c2 e−3t
x0 − 4x + y 00 = t2
.
x0 + x + y 0 = 0
Resolução:
(D − 4)x + D2 y = t2
(D + 1)x + Dy = 0
Para determinação da solução particular podemos usar o método de coeficientes indeterminados uma
vez que a função f (t) é um polinómio. Consideremos yp = At3 +Bt2 +Ct; achamos as suas 3 primeiras
derivadas e substituimos na equação (1.91) de onde obtemos
1
e A= 12 , B = 14 , C = − 18 ; dai que
y(t) = yc + yp
.
t3 t2 t
= c1 + c2 cos 2t + c3 sin 2t + 12 + 4 − 8
xp = At2 + Bt + C.
t2 1
xp = − +
4 8
e
x(t) = xc + xp
t2 1
= c4 cos 2t + c5 sin 2t − 4 + 8
Substituindo x(t) e y(t) em qualquer uma das equações do sistema dado (no caso vertente substituimos
na primeira equação), obtemos
1 1
c4 = − (4c2 + 2c3 ); c5 = (2c2 − 4c3 )
5 5
t2
x(t) = − 15 (4c2 + 2c3 ) cos 2t + 51 (2c2 − 4c3 ) sin 2t − 4 + 1
8
t3 t2 t
c1 + c2 cos 2t + c3 sin 2t + 12 + 4 − .
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 73
onde
f1 (t) = L4 g1 (t) − L2 g2 (t) e f2 (t) = L1 g2 (t) − L3 g1 (t).
x0 = ex − y − 12
y 0 = x + y + 4et .
(D − 3)x + y = −12
−x + (D − 1)y = 4et .
de onde teremos
x(t) = xc + xp = c1 e2t + c2 te2t + 3 − 4et
y(t) = yc + yp = c3 e2t + c4 te2t + 3 − 8et
.
74 Análise Matemática III
Diferentimente das equações lineares homogênias de ordem maior ou igual a dois em que a combinação
linear de suas soluções é também solução; as equações diferenciais não lineares não observam esta
propriedade. Existem várias outras caracteristicas diferenciando equações lineares das não lineares.
2
y 00 − y2 = 0
F (x, y 0 , y 00 ) = 0
F (y, y 0 , y 00 ) = 0
onde não consta a variável independente x podem ser reduzidas para equações de ordem um por meio
da substituição u = y 0 . Se a equação de primeira ordem achada tiver solução em função de u, através
da integração poderemos determinar a função y.
Resolução:
1
− = x2 + c1
u
de onde teremos
dy 1
=− 2
dx x + c22
e
Z
dx 1 x
y=− 2 = − tan−1 + c3
x2 + c2 c2 c2
Resolução:
dy du dy
Fazemos u = y 0 = dx isto é y 00 = du
dx = dy dx = u du
dy e substituimos na equação dada. Teremos
du du dy
y u = u2 e =
dy u y
u = cy
dy
e como u = dx teremos
Z Z
dy
=c dx
y
y = c3ec1 x
Resolução:
Se assumirmos que a solução y(x) admite derivadas de de ordem n em zero, então, poderemos através
da série de Taylor 8 fazer a seguinte expansão
y 0 (0) y 00 (0) y 000 (0) y (4) y (5)
y(x) = y(0) + + + + + ··· (1.96)
1! 2! 3! 4! 5!
poderemos substituir os primeiros dois valores da expansão pois estes são dados como condicções
iniciais. Por outro lado a equação diferencial define a segunda derivada
y 00 (0) = 0 − 1 − 1 = −2
e substituindo em (1.96) passamos a ter uma solução aproximada com seis termos de aproximação
2 1 1
y(x) = −1 + x − x2 + x3 − x4 + x5 + · · ·
3 3 5
Os exercicios 3)a; 5b); 6b); 7c); 10c); 11b); 11f ); 12) devem ser resolvidos na qualidade
de TPC. Serão corrigidos e discutidos na aula prática e serão usados para a avaliar o
desempenho dos estudantes. Os restantes exercı́cios deverão ser resolvidos pelos estudantes para
a consilidação do conhecimento. Deverão ser organizados num caderno que será recolhido e corrigido
pelos docentes uma semana antes de cada avaliação.
1) Determine a solução geral das equações seguintes e determine o intervalo de existência de solução
a) y 00 + y = sec x b) y 00 − y = sinh 2x
c) y 000 + y 0 = tan x d) 2y 000 − 6y 00 = x2
e) y 00 + 2y 0 − 8y = 2e−2x − e−x , y(0) = 1, y 0 (0) = 0;
f) 2y 00 + y 0 − y = x + 1, y(0) = 1, y 0 (0) = 0;
x
g) 4y 00 − y = xe 2 , y(0) = 1, y 0 (0) = 0;
h) y 00 − 4y 0 + 4y = (12x2 − 6x)e2x , y(0) = 1, y 0 (0) = 0; .
8
Brook Taylor (1683–1731) — matemático Inglı̈¿ 12 s
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 77
a) x2 y 00 − 2y = 0 b) xy 00 + y 0 = 0
c) x2 y 00 + 5xy 0 + 3y = 0 d) 4x2 y 00 4xy 0 − y = 0
e) 3x2 y 00 + 6xy 0 + y = 0 f)2x2 y 00 + xy 0 + y = 0
g) x3 y 000 − 6y = 0 h)x3 y 000 + xy 0 − y = 0
d y3 2 3 2
e) x3 dx 2d y dy d y
j)x3 dx 2d y dy
3 − 2x dx2 − 2x dx + 8y = 0 3 − 2x dx2 + 4x dx − 4y = 0
a) xy 00 + y 0 = x b) xy 00 − 4y 0 = x4 ;
c) 2x2 y 00 + 5xy 0 + y = x2 − x d) x2 y 00 − 2xy 0 + 2y = x3 ln x
5) Resolva (caso possı́vel) seguintes equações. Use eliminação sistemática ou o método de determi-
nantes
dx dx
dt = 2x − y dt = 4x + 7y
a) b)
dy dy
dt = x; dt = x − 2y;
dx dx
dt = −y + t dt − 4y = 1
c) d)
dy dy
dt = x − t; x+ dt = 2;
Dx + D2 y = e3t D2 x − Dy = t
g) h)
(D + 1)x + (D − 1)y = 4e3t ; (D + 3)x + (D + 3)y = 2;
a) (y 00 )2 = y 2 , y1 = ex , y2 = cos x b) yy 00 = 12 (y 0 )2 , y1 = 1, y2 = x2 ;
a) y 00 + (y 0 )2 + 1 = 0 b) y 00 = 1 + (y 0 )2 ;
c) x2 y 00 + (y 0 )2 = 0 d) (y + 1)y 00 = (y 0 )2 ;
e) y 00 + 2y(y 0 )3 = 0 f) y 2 y 00 = y 0 ;
78 Análise Matemática III
Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto, quanto você
Typeset by LATEX 2ε
Capı́tulo 2
não tem solução? Pois é, a equação (2.1) não tem solução em R. Para solucionar (2.1) definimos a
unidade imaginária, denotada1 por i, como sendo o número tal que
i2 = −1.
Obviamente este não é um número real, uma vez que seu quadrado é negativo.
z = x + iy; (2.2)
em que:
79
80 Análise Matemática III
Ainda em (2.2), se x = 0, diremos que z é um número imaginário puro; por outro lado, se y = 0,
z é um número real puro (ou simplesmente real).
Definção 2.2 (Conjugado de um número complexo). Dado z = x + iy , seu conjugado, denotado por
x̄, é dado por
z̄ = x − iy.
• Igualdade:2 diremos que z1 = z2 se suas respectivas partes, real e imaginária, são iguais, ou
seja, x1 = x2 e y1 = y2 ;
• Adição (subtração): a soma (subtração) z1 ± é obtida pelas somas das respectivas partes, real
e imaginária, ou seja
z1 ± z = (x1 ± x2 ) + i(y1 ± y2 )
z1
• Divisão: a razão z2 é obtida multiplicando-se o numerador e o denominador pelo conjugado
do denominador, isto é
z1 z1 z¯2
=
z2 z2 z¯2
(x1 x2 + y1 y2 ) + i(x2 y1 − x1 y2 )
=
x22 + y22
(i) z1 + z2 = (3 + 2i) + (4 − i) = 7 + i
(ii) z1 + z2 = (3 + 2i) − (4 − i) = −1 + 3i
2.1.4 Propriedades
Dados z1 , z2 e z3 , temos:
• Comutatividade
z1 ± z2 = z2 ± z1
z1 z2 = z2 z 1
• Associatividade
(z1 ± z2 ) ± z3 = z1 ± (z2 ± z3 )
(z1 z2 )z3 = z1 (z2 z3 )
• Distributividade
z1 (z2 ± z3 ) = z1 z2 ± z1 z3
Existe uma correspondência biunı́voca entre R × R e C, isto é, ao ponto (x, y) do plano cartesiano
rectangular se pode fazer correspondência o número complexo x + iy e reciprocamente.
Exemplo 2.3. O número complexo x = 3 + 2i pode ser escrito como z = (3, 2) e z̄ = (3, −2).
3
Jean Robert Argand (1768-1822), Matemático francês. Seu artigo sobre plano complexo apareceu em 1806
82 Análise Matemática III
eixo imaginário
a + ib
b
a eixo real
Sejam (ρ, θ) as coordenadas polares do ponto que representa o número complexo z = x + iy.
p
ρ = |z| = x2 + y 2 , é o módulo de z
y
θ = arctan = arg z, é o argumento de z
x
x = ρ cos θ
Então: , logo, o número z = x + iy pode ser reescrito como
y = ρ sin θ
eixo imaginário
z = x + iy = ρ(cos θ + i sin θ)
y
ρ
θ
x eixo real
p √ −5 + 5i
ρ= (−5)2 + 52 = 5 2 5
5 3π
θ = arctan = −5 4
√ √ i 3π
z = 5 2(cos 3π 3π
4 + i sin 4 ) = 5 2e
4
x
−5
Produto:
z1 · z2 = ρ1 (cos θ1 + i sin θ1 ) · ρ2 (cos θ2 + i sin θ2 )
= ρ1 ρ2 [cos(θ1 + θ2 ) + i sin(θ1 + θ2 )]
= ρ1 ρ2 ei(θ1 +θ2 )
Potencia:
4
Abraham de Moivre (1667-1754) - Matemático francês. Introduziu quantidades imaginária na trigonometria.
84 Análise Matemática III
Cociente:
z1 ρ1 eiθ1 ρ1
= iθ
= ei(θ1 −θ2 )
z2 ρ2 e 2 ρ2
ρ1
[cos(θ1 − θ2 ) + i sin(θ1 − θ2 )]
=
ρ2
√ !4
1+i 5
3−i
Exemplo 2.5. Calcule: √
3+i 1−i
√ √ √ √ √
| 3 − 1| = | 3 + i| = 3 + 1 = 2 ; |1 + i| = |1 − i| = 1+1= 2
√
−1
arg( 3 − i) = arctan √ 3
= 330◦ = 11π
6 ; arg(1 + i) = arctan 1 = 45◦ = π
4
√
arg( 3 + i) = arctan √13 = 30◦ = π
6 ; arg(1 − i) = arctan(−1) = 315◦ = 7π
4
!4 √ !5
2(cos 11π 11π
6 + i sin 6 ) 2(cos π4 + i sin 7π
4 )
4
√ = cos 5π 5π
3 + i sin 3 (cos π2 + i sin π2 )5 =
2(cos 6 + i sin π6 )
π
2(cos 4 + i sin 7π
7π
4
√
55π 55π 7π 7π 3
− i 12 .
= cos 6 + i sin 6 ≡ cos 6 + i sin 6 =− 2
Raiz n-ésima de z :
√
n
√ θ + 2kπ θ + 2kπ
zk = z= n
ρ cos + i sin , k = 0, 1, ..., n − 1 (2.7)
n n
1 1
θ
Observe que |z n | = |z| n e o argumento do valor principal de (para k = 0) é n; os outros argumentos
2π θ
se obtêm adicionando múltiplos de n a n, ou seja:
representa a distancia entre z e z0 . Como tal, os pontos do plano complexo que satisfazem a equação
|z − z0 | = ε, ε > 0, são os pontos da circunferência de centro z0 e raio ε, que chamamos de vizinhaça
do ponto z0 de raio ε.
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 85
(iii) O conjunto A definido pela condição 1 < |z − 2 − 3i| < 2 é um conjunto aberto. Trata-se do
eixo Imag
5i
4i
2i
i
eixo real
1 3 4
a) z1 + z 2 b) z1 − z2 c) z 1 z2
z2
d) (2 − 4i)z1 e) f) z12
z1
2
z1 z1
g) (z1 + z2 )2 h) i)
z2 z2
2 2 2
1+i 1+i 1−i
j) (1 + i)2 k) m) −
1−i 1−i 1+i
2) Resolva as equações
a) z 2 + 9 = 0 b) z 2 − 2z + 2 = 0 c) z 5 − 2 = 0
d) z 2 + 2z + 5 = 0 e) z 2 + z + 9 = 0 f) z 4 + i = 0
86 Análise Matemática III
3) Seja z = x + iy . Determine:
1 1
Im(z 3 )
a) Re z b) Im z c)
1
Re z 2 + z f) Re(−iz 2 )
d) Im z2
e)
1
g) Im 4iz 2 − 6z + 8i h) Re z+2
g) Re z−i z−1
4) Prove que
a) 2 − 2i b) i c) 3 + 4i d) − 5 + 5i
7) Efectue as seguintes operaçx̃oes. Escreva na forma polar os números resultantes das operações:
2 3 8
√
1+i 1−i 1+i
a) (−1 + i)(1 − i 3) b) 3 − −2 c)
1−i 1+i 1−i
4
1+i (4 − 3i) 12 + i
d) √ e) 2 f) (3 + 4i)3 (−1 − i)6
2+i 3 1 − 3i
4 (−3 + 4i)
(3 + 3i)(−2)
g) √
2−i 3
√ 1
8) Se z1 = 3 − 8i, calcule (z1 − z¯1 ) 4 e represente graficamente.
p √
9) Calcule e represente 1 − i 3.
10) Represente no plano complexo a região representada pelas seguintes equações e inequações
a) |z| = 1 b) |z − 1| = 1 c) Re(z 2 ) = −1
π π
d) Im(2z) = −1 e) 4 ≤ arg(z) ≤ 2 f) |z − 4| ≥ |z|
2.b) z = −1 ± 2i
2xy
3.d) −
(x2 + y 2 )2
+ 4x2 y 2
√
7.b) −3 − 2i, então z = 13 (cos(arctan 2/3) + i sin(arctan 2/3))
3π π
8. z = 2ei 8 +k 2 = 2 cos( 3π π 3π π
8 + k 8 ) + i sin( 8 + k 8 ) ; k = 0, 1, 2, 3.
√
3−i
9. ± √
2
y(Im)
10.b)
1 2 x(Re)
onde u(x, y) e v(x, y) são funções de duas variáveis reais, x e y , designadas por parte real e parte
imaginária de f (z), respectivamente. O conjunto D ⊆ C é designado por domı́nio de f e o conjunto
das imagens w é designado por contradomı́nio de f .
O domı́nio das funções, u e v , é o mesmo domı́nio de f .
Os conceitos de função injectiva, sobrejectiva e bijectiva vistos nas funções de variáveis reais são
validos também para funções de variável complexa.
88 Análise Matemática III
f (x + iy) = (x + iy)2 + 3
= x2 + 2xyi − y 2 + 3
= (x2 − y 2 + 3) + 2xyi
D = {z ∈ C : z 2 + 1 6= 0}
As definições de limite e continuidade de uma função complexa de variável complexa num ponto são
análogas às conhecidas no cálculo real.
Consideremos uma função f : D 7→ C em D ⊆ C. Seja z0 ∈ C tal que f está definida numa certa
vizinhança de z0 (não necessariamente no ponto z0 ).
Definção 2.3. Diz-se que f tem limite L no ponto z = z0 (ou que o número complexo L é o limite
de f quando z se aproxima do ponto z0 ), e denota-se
lim f (z) = L,
z→z0
se para todo δ > 0 existe ε > 0 tal que |f (z) − L| < δ sempre que 0 < |z − z0 | < ε. Se existe o limite
de f no ponto z0 então este limite é único.
(c) lim f (z)/g(z) = lim f (z)/ lim g(z); desde que lim g(z) 6= 0.
z→z0 z→z0 z→z0 z→z0
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 89
onde os dois últimos limites são de funções reais de duas variáveis reais.
Definção 2.4. Sejam f : D 7→ C uma função complexa de variável complexa e z0 ∈ D tal que f está
definida numa certa vizinhança de z0 . A função f diz-se contı́nua em z0 se
Além disso, podemos ainda concluir que f é contı́nua em z0 = x0 + y0 i se e só se as funções reais
de variáveis reais u e v são contı́nuas em (x0 , y0 ). Deste modo, o estudo da continuidade de funções
complexas reduz-se ao estudo da continuidade de funções reais de variáveis reais.
(2z − 3)(4z + i)
Exemplo 2.9. Calcule lim .
z→i/2 (iz − 1)2
(−3 + i)(3i) −3 − 9i
= 2 = 9
− 32
4
= − 43 − 4i.
z2
|z|2
se z 6= 0
Exemplo 2.10. Mostre que a função f : C 7→ C definida por f (x) = não é
0 se z = 0
continua em z = 0.
90 Análise Matemática III
z2
lim f (z) = lim
z→0 z→0 |z|2
x2 − y 2 + 2xyi
= lim
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
x2 − y 2 2xy
= lim 2 2
+ i lim .
(x,y)→(0,0) x + y (x,y)→(0,0) x + y 2
2
x2 − y 2 x2
lim lim 2 = lim = 1.
x→0 y→0 x + y 2 x→0 x2
A obtenção de dois limites diferentes permite concluir que não existe o lim (x2 − y 2 )/(x2 + y 2 ).
(x,y)→(0,0)
Como tal, não existe o lim f (z) e, logo, a função f não é contı́nua no ponto z = 0.
z→0
z 2 −1
2) Dada f (z) = z 2 +1
, determine:
d) f (z) = ln x + (x − 2y)i
z z−1
d) j(z) = 3z 2 − 2z̄ e) l(z) = f) k(z) =
z+1 z+1
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 91
5) Suponha que z varie em uma região R do plano complexo. Determine a região S correspondente
às imagens de w = f (z). Esboce as duas regiões sobre o plano complexo.
a) f (z) = iz , onde R = {z ∈ CRe(z) ≥ 0}
b) f (z) = 3z − 1, onde R = {z ∈ C − 1 < Re(z < 1)}
c) f (z) = z 2 , onde R = {z ∈ C0 ≤ arg(z) ≤ π/4, |z| ≤ 1}
d) f (z) = z 2 , onde R = {z ∈ C0 ≤ arg(z) ≤ π/2, 1 ≤ |z| ≤ 2}
z2 + 1 z2 − 5
d) lim e) lim 3xy + i(x − y 2 ) f) lim
z→i z 6 + 1 z→−1+2i z→1+i iz
z(z 2 + 1)
d) lim
z→i z−i
z
8) Prove que f (z) = é continua em todos os pontos dentro e sobre |z| = 1, excepto em 4
z4 + 1
pontos. Ache esses pontos.
3z 4 − 2z 3 + 8z 2 − 2z + 5
9) A função f (z) = é contı́nua em z = i? O que se pode fazer para
z−i
evitar a descontinuidade?
1.c) 22 − 22i
3.a) Df = C\{−3i}
x2 − y 2 2xy
4.c) u(x, y) = , v(x, y) =
x2 + y 2 x2+ y2
1
6.c) −
4
Definção 2.5. Seja f uma função complexa de variável complexa definida num conjunto aberto D e
seja z0 ∈ D . Define-se a derivada de f em z0 , e denota-se por f 0 (z0 ) (ou df /dz ) como sendo o
92 Análise Matemática III
y(Im)
5.a)
x(Im)
R
7→
x(Re)
S
y(Re)
limite
f (z) − f (z0 )
f 0 (z0 ) = lim . (2.10)
z→z0 z − z0
Se f tem derivada em z0 (i. é., se o limite (2.10), existe) então f diz-se diferenciável em z0 .
Escrevendo ∆z = z − z0 , a definição é equivalente à expressão
f (z0 + ∆z) − f (z0 )
f 0 (z0 ) = lim . (2.11)
∆z→0 ∆z
Observação 2.1. (i) Os limites são considerados na perspectiva de cálculo vectorial, isto é, z → z0
é uma aproximação arbitrária e não numa direção em particular.
(ii) A existência de f 0 (z) permite tirar uma maior informação sobre a regularidade de f . Por E,
se f 0 (z) existe, então também existem f 00 , f 000 , ..., o que não acontece no caso real. Veja-se o
caso de f : R 7→ R dada por
x2 , x ≤ 0
f (x) =
−x2 , x > 0
Exemplo 2.11. Usando a definição na equação (2.11) calcule a derivada da função complexa f (z) = z 2
fica
(z+∆z)2 −z 2
f 0 (z) = lim ∆z
∆z→0
z 2 2z∆z + (∆z)2
= lim
∆→0 ∆z
2z∆z + (∆z)2
= lim
∆→0 ∆z
∆z(2z + ∆z)
= lim = 2z.
∆→0 ∆z
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 93
Im
II z + ∆z = (x + ∆x) + i(y + ∆y)
y + ∆y
y I
z = x + iy
x x + ∆x Re
A análise complexa estuda essencialmente as funções complexas de variável complexa que são
diferenciáveis nalguma região do seu domı́nio.
Definção 2.6 (Função Analı́tica). Seja f uma função complexa de variável complexa definida num
conjunto aberto D e seja z0 ∈ D . A função f diz-se analı́tica em z0 se é diferenciável em z0
e numa certa vizinhança de z0 . Se f é analı́tica em todos os pontos de D , então diz-se analı́tica
(regular ou holomorfa) em D .
Observação 2.2. Todas as regras familiares de derivação - derivada de uma constante, derivada da
soma (diferença), regra da potência, regra do produto, regra do quociente e regra da cadeia - são válidas
para a derivação das funções complexas.
Por outro lado algumas funções complexas relativamente simples não são deriváveis. O Exemplo
2.2 ilustra uma função não derivável
Exemplo 2.12. Usando a definição na equação (2.11) calculemos a derivada da função complexa
f (z) = z̄ = x − iy fica:
∆x
f 0 (z) = lim = 1.
∆x→0 ∆x
−i∆y
f 0 (z) = lim = −1
∆y→0 i∆y
Logo, como o limite por caminhos diferentes resulta em valores diferentes a derivada não existe.
Em outras palavras é o mesmo que calcular os limites reiterados, que serão diferentes.
94 Análise Matemática III
Seja f (z) = u(x, y) + iv(x, y). f (z) é diferenciável no ponto z , então, f (z) é continua em z , logo,
u(x, y) e v(x, y) são também continuas em z . Pela definição de derivada:
[u(x + ∆x, y + ∆y) + iv(x + ∆x, y + ∆y)] − [u(x, y) + iv(x, y)]
f 0 (z) = lim
∆z→0 ∆x + i∆y
[u(x + ∆x, y + ∆y) − u(x, y)] + i [v(x + ∆x, y + ∆y) − v(x, y)]
= lim
∆z→0 ∆x + i∆y
Sendo este limite independente da forma em que ∆z = ∆x + i∆y tende a zero, podemos escolher ∆z
como variável real ou como imaginário puro.
Se fazermos primeiro que ∆y → 0 (seguindo a trajectória mostrada na Figura 2.4 abaixo). To-
mando ∆z = ∆x teremos:
eixo imag (y )
z + ∆z
∆y
z ∆x
eixo real(x)
eixo imag (y )
∆x z + ∆z
∆y
eixo real(x)
Como f 0 (z) existe e é único, os membros direitos das equações (2.14) e (2.15) são. Além disso,
como u(x, y) e v(x, y) são funções reais, suas derivadas parciais são também rais, e teremos:
Teorema 2.1. Seja f : D 7→ C uma função complexa de variável complexa definida por f (z) =
u(x, y) + iv(x, y) num conjunto aberto D e z0 = x0 + y0 i ∈ D . A derivada f 0 (z0 ) existe (ou seja,
f é diferenciável em z0 ) se e só se as funções u e v são contı́nuas e têm derivadas de primeira
ordem contı́nuas numa vizinhança de (x0 , y0 ) e, no ponto (x0 , y0 ), satisfazem as equações de Cauchy-
Riemann.
∂u ∂v ∂u ∂v
= =− . (2.16)
∂x ∂y ∂y ∂x
Assim, se as derivadas parciais de primeira ordem das funções u e v existem, são contı́nuas e satis-
fazem as equações de Cauchy-Riemann em D então f é analı́tica em D .
Seja f (z) = u(x, y) + iv(x, y) anı́tica, onde x = r cos θ e y = r sin θ . Usando a regra de cadeia temos:
∂u ∂u ∂x ∂u ∂y ∂u ∂u
= + = − r sin θ + r cos θ (2.17)
∂θ ∂x ∂θ ∂y ∂θ ∂x ∂y
∂v ∂v ∂x ∂v ∂y ∂v ∂v
= + = − r sin θ + r cos θ (2.18)
∂θ ∂x ∂θ ∂y ∂θ ∂x ∂y
∂u ∂u ∂x ∂u ∂y ∂u ∂u
= + = cos θ + r sin θ (2.19)
∂r ∂x ∂r ∂y ∂r ∂x ∂y
∂v ∂v ∂x ∂v ∂y ∂v ∂v
= + = cos θ + r sin θ (2.20)
∂r ∂x ∂r ∂y ∂r ∂x ∂y
Fazendo (2.17)+r (2.20) obteremos:
∂u ∂v ∂u ∂u ∂v ∂v
+r = − r sin θ + r cos θ + cos θ + r sin θ = 0;
∂θ ∂r ∂x ∂y ∂x ∂y
∂v 1 ∂u 1
=− vr = − uθ . (2.21)
∂r r ∂θ r
96 Análise Matemática III
Resolução:
Reescrevendo f na forma polar obtemos:f (z) = r6 [cos(6θ) + i sin(6θ)], onde r = |z| e θ = arg(z).
Temos u(r, θ) = r6 cos(6θ) e v(e, θ) = r6 sin(6θ), donde:
Uma vez que as derivadas parciais ur , vθ , uθ e vr são contńuas para todo ponto (r, θ) ∈ R2 e também
satisfazem as equações de Cauchy-Riemann, ur = 1r vθ e vr = − 1r uθ , a função f (z) = z 6 é analı́tica
para todo z ∈ C.
1 z−1
c) h(z) = , z0 = 1 d) j(z) = , z0 = 2 − 4i
1−z z+1
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 97
6) Para cada uma das funcoes seguintes, diga se é uma das componentes de uma função analı́tica,
determine a outra componente.
7) Mostre que as funções seguintes são analı́ticas (sugestão: use a fora polar das Equações de
Cauchy-Riemann)
1
a) f (z) = z 4 b) g(z) = , z 6= 0 c) h(z) = ln(r) + iθ
z4
∞
a0 X
+ (an cos nx + bn sin nx) (3.1)
2
n=1
• No conjunto dos pontos onde a série (3.1) converge, ela define uma função f , cujos valores em
cada ponto x é a soma da série para aquele valor de x. Neste caso, dizemos que a série (3.1) é
a série trigonométrica ou de Fourier de função f.
• O objectivo imediato é determinar que funções podem ser reprasentadas como uma soma de série
de fourier (3.1) e encontrar uma técnica de calcular os coeficientes (conhecidos como ”coeficientes
de Fourier ”) na série correspondesntes a uma função dada.
98
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 99
• an
Multiplicando ambos os membros de (3.1) por cos nx e integrando termo por termo no intervalo
de [−π, π] e n = 1, 2, 3 . . . chega-se a,
Z π
1
an = f(x) cos nxdx (3.2)
π −π
• a0
Similarmente, teremos
Z π
1
a0 = f(x)dx (3.3)
π −π
• bn
E,finalmente para n = 1, 2, 3 . . . chega-se a,
Z π
1
bn = f(x) sin nxdx (3.4)
π −π
Exemplo 3.1. Determinar a série de Fourier para a função f (x) = 2x + 1, −π < x < π e
f (x + 2π) = f (x) ∀x ∈ R
Resolução
f (x) é parcialmente contı́nua em −π < x < π , sendo que a descontinuidade ocorre nas extremidades,
e portanto:
1
Rπ
• an = π −π (2x + 1) cos nxdx = 0
1
Rπ
• a0 = π −π (2x + 1)dx = 2
1
Rπ
• bn = π −π (2x + 1) sin nxdx = − n4 (−1)n
Uma forma de generalizar as séries de Fourier para um perı́odo qualquer é considerar a transformação
πx πx
x→ T onde T é um perı́odo qualquer. Assim se x ∈ [−π, π], T ∈ [−T, T ]. Visto que cos( πx
T ) e
sin( πx
T ) tem o perı́odo 2T , a serı́e de Fourier correspondente em [−T, T ] tem a forma,
∞
1 X πx πx
f(x) ∼ a0 + (an cos( ) + bn sin( )), −T < x < T (3.5)
2 T T
n=1
onde,
100 Análise Matemática III
•
Z T
1 nπx
an = f(x) cos dx, n = 1, 2, 3 . . . (3.6)
T −T T
•
Z T
1
a0 = f(x)dx (3.7)
T −T
•
Z T
1 nπx
bn = f(x) sin dx, n = 1, 2, 3 . . . (3.8)
T −T T
1
R3
• a0 = 3 −3 |x|dx =3
1
R3 nπx 6
• an = 3 −3 |x| cos 3 dx = (nπ)2
[−1 + (−1)n ], n = 1, 2, 3 . . .
1
R3 nπx
• bn = 3 −3 |x| sin 3 dx = 0, n = 1, 2, 3 . . .
Logo,
3 12 P∞ 1
f (x) = 2 − π2 n=1 (2n−1)2 cos( 2n−1
3 πx), 0 ≤ x ≤ 3
1) sin 5x
2) cos 2πx
3) sinh 2x
4) sin πx
L
5) tan πx
6) x2
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 101
0, 2π − 1 ≤ x ≤ 2n
7) f (x) =
1, 2n ≤ x < 2n + 1
(−1)n , 2n − 1 ≤ x < 2n
8) f (x) = Nos exercı́cios abaixo, esboce o gráfico da função dada,
1, 2n ≤ x < 2n + 1
por três perı́odos e encontre a série de Fourier da função dada.
2
RT
• an = T 0 f (x) cos nπx
T dx, n = 1, 2, 3 . . .
2
RT
• a0 = T 0 f (x)dx
• bn = 0
∞
a0 X nπx
f(x) = + an cos (3.9)
2 T
n=1
102 Análise Matemática III
Exemplo 3.3.
• an = 0
• a0 = 0
2
RT
• bn = T 0 f (x) sin nπx
T dx, n = 1, 2, 3 . . .
∞
X nπx
f(x) = bn sin (3.10)
T
n=1
• an = 0
• a0 = 0
2
RT
• bn = T 0 x sin nπx
T dx =
2T
nπ (−1)
n+1 , n = 1, 2, 3 . . .
Portanto,
2T P∞ (−1)n+1
f (x) = π n=1 n sin nπx
T
• an = 0, n = 0, 1, 2, 3, . . .
1
Rπ −2 n
• bn = π −π x sin nxdx = n (−1) , n = 1, 2, 3, . . .
E, logo,
∞
X −2
x∼ (−1)n sin nx
n
n=1
Exemplo 3.6. Encontre a série de Fourier em cada uma das seguintes funções:
i. f (x) = x, −π ≤ x < π
Resolução
Como referido acima, todas as funções acima incluindo a do exemplo (4.5) tem a mesma representação
na série de Fourier que é
∞
X −2
f (x) ∼ (−1)n sin nx
n
n=1
estudantes. Os restantes exercı́cios deverão ser resolvidos pelos estudantes para a consilidação do
conhecimento. Deverão ser
Nos exercı́cios 1 − 4 diga se as funções são pares ou ı́mpares ou nenhuma das duas.
3) x2 , 0 ≤ x ≤ 2, f (x + 2) = f (x)
0, −2 < x < −1
4) 1, −1 < x < 1 , f (x + 4) = f (x) Para os exercı́cios de a diga se é verdade ou falso,
0, 1 < x < 2
5) A série de Fourier da função do exercı́cio (4) não contém nenhum termo de seno.
6) A série
de Fourier de função abaixo, não contém termos de cosemo.
−1, −3, x < 0
f (x) = , f (x + 6) = f (x)
1, 0<x<3
7) A série
de Fourier de função abaixo, contém somente termos de seno.
− sin x, −π, x < 0
f (x) = , f (x + 2π) = f (x)
sin x, 0<x<π
8) A série
de Fourier de função abixo, não contém termos de seno
−x, −2, x < 0
f (x) = Nos exercı́cios a encontre séries de Fourier para as funções abaixo
x, 0≤x<2
−1, −π, x < 0
9) f (x) =
1, 0<x<π
Serão resolvidos e discutidos exercı́cios que não poderam ser resolvidos nas aulas passadas.
Capı́tulo 4
Transformações de Laplace
Entre as ferramentas muito úteis para a resolução de equações diferenciais estão as transformadas
integrais, que são uma relação da forma
Z β
F(s) = K(s, t)f(t)dt (4.1)
α
onde K(s, t) é uma função dada chamada de núcleo da transformada e os limites de integração α e β
são também dadas. A relação (4.1) transforma a função f em outra função F , que é dita transformada
de f . A ideia geral ao se usar uma transformada integral para se resolver uma equação diferencial é
a seguinte:
• Recorre-se a relação (4.1) para transformar o problema para uma função desconhecida f em
um problema mais simples para F , depois resolve-se esse problema mais simples para encontrar
F e finalmente, recupera-se a função desejada f de sua transformada F .Essa última etapa é
conhecida como inverter a transformada.
Seja f (t) uma função definida para t ≤ 0 e que f satisfaz certas condições que serão especificadasmais
adiante. Então a transformada de Laplace de f , que denota-se por L{f (t)} ou por F (s), é definida
pela equação,
Z β
L{f(t)} = F(s) = e−st f(t)dt (4.2)
α
sempre que essa integral imprópria convergir. A transformação de Laplace usa o núcleo K(s, t) = e−st .
106
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 107
∞
e−st A 1
Z
L(1) = e−st dt = − lim | = , s>0
0 a→∞ s 0 s
Z ∞ Z ∞
1
L(eαt ) = e−st eαt dt = e−(s−α)t dt = , s>0
0 0 s−α
Z ∞
L(sin at) = F (s) = e−st sin atdt, s > 0
0
Z ∞
1 s
L(sin at) = − e−st cos atde
a a 0
1 s2
F (s) = − F (s)
a a2
a
F (s) = ,s > 0
s2 + a2
Observação 4.1. A operação de transformada inversa de laplace é efetuada com auxı́lio de tabela de
transformações inversas elementares.
Resolução
a
Note que s2 −a2
= 21 ( s−a
1
− 1
s + a)
Logo, recorrendo a tabela de transformações elementares segue que
a 1
L−1 { } = (eat − e−at ) = sinh(at)
s2 − a2 2
2
Exemplo 4.5. Determine L−1 { (s+3)
s
3}
Resolução
Primeiro vamos decompor f (s) em fracções simples
s2 1 6 9
3
= − 2
+
(s + 3) s + 3 (s + 3) (s + 3)3
s2 1 6 9 9
L−1 { 3
} = L−1 − L−1 2
+ L−1 3
= e−3t − 6te−3t + t2 e−3t
(s + 3) s+3 (s + 3) (s + 3) 2
• Linearidade de L,
•
L{F(n) (t)} = sn f(s) − sn−1 F(0) − sn−2 F0 (0) − · · · − F(n−1) (0), n ∈ N (4.5)
• linearidade de L−1
L−1 {af1 (s) + bf2 (s)} = aL−1 {f1 (s)} + bL−1 {f2 (s)} (4.6)
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 109
Exemplo 4.6. Encontre a transformada de Laplace de f (t) = 5e−2t − 3 sin 4t, t > 0. Resolução
Usando a propriedade (4.3), segue que
s 12
L{f (t)} = − ,s > 0
s + 2 s2 + 16
4.1.6 Convulsão
A convulção de duas funções dadas f (t) e g(t) que tem a denotação f ∗ g é definida pelo integral
Z t
f ∗g= f(τ )g(t − τ )dτ (4.7)
0
Propriedades de Convulção
• f ∗g =g∗f
• Se f e g são duas funções tal que existem suas transformações de Laplace, L{f } = f¯(s) e
L = ḡ(s), então
L−1 {f¯ḡ} = f ∗ g
Observação 4.2. Esta última propriedade é importante na determinação da inversa de uma trans-
formada de laplace.
Exemplo 4.7. Encontre a inversa de transformada de laplace seguinte L−1 { (s2 +1)
s
2}
Resolução
s s 1
Primeiro vamos decompor a expressão dada (s2 +1)2
como produto de duas funções , s2 +1
e s2 +1
tal que as suas transformadas inversas são conhecidas (elementares), isto é, L−1 { s2s+1 } = cos t e
L−1 { s21+1 } = sin t
Logo,
s
L{cos t}L{sin t} =
(s2 + 1)2
110 Análise Matemática III
s 1
L−1 { } = cos t ∗ sin t = t sin t
(s2 + 1)2 2
Os exercicios 1; 5a); 7; 9; 12; 21; 24; 11e) devem ser resolvidos na qualidade de TPC.
Serão corrigidos e discutidos na aula prática e serão usados para a avaliar o desempenho
dos estudantes. Os restantes exercı́cios deverão ser resolvidos pelos estudantes para a consilidação
do conhecimento. Deverão ser
Nos problemas de 1 − 4 esboce o gráfico da função dada. Em cada caso determine se f é contı́nua,
seccionalmente contı́nua ou nenhuma das duas, no intervalo 0 ≤ t ≤ 3.
t2 , 0≤t≤1
1) f (t) = 2 + t, 1 < t ≤ 2
6 − t, 2 < t ≤ 3
t2 , 0≤t≤1
2) f (t) = (t − 1)−1 , 1 < t ≤ 2
1, 2<t≤3
t2 , 0≤t≤1
3) f (t) = 1, 1<t≤2
3 − t, 2 < t ≤ 3
t, 0≤t≤1
4) f (t) = 3 − t, 1 < t ≤ 2
1, 2<t≤3
a) f (t) = t
b) f (t) = t2
c) f (t) = tn , n ∈ N
7) cosh bt
8) sinh bt
9) eat cosh bt
11) cos bt
12) sin bt
Aplicando o método de integração por partes, nos problemas 15 − 20, encontre a transformada
de Laplace de função dada, sendo a uma constante real.
15) teat
16) t sin at
17) t cosh at
18) tn eat
19) t2 sin at
20) t2 sinh bt
−7s
24) L−1 { (s+3)
e
5}
112 Análise Matemática III
A resolução de equações ordinárias pode ser feita usando as transformadas de Laplace. Este método
é possı́vel graças as propriedades de Linearidade do operador de Laplace e da sua aplicação numa
função derivada. Como por exemplo,
Observação 4.3. Conforme o exemplo (4.8), o método exige o conhecimento do valor de função f (t)
no ponto t = 0.
Exemplo 4.9. Aplicando a trnsformada de laplace, resolva a seguinte equação diferencial ordinária
x0 + 3x = 0 onde x(0) = 1
Resolução
Aplicando o operador de Laplace em ambos os membros da equação temos
L(x0 ) + 3L(x) = 0
o que implica pela aplicação da propriedade do operador de laplace numa função derivada
1
x̄(s) =
s+3
1
x(t) = L−1 ( ) = e−3t
s+3
x(0)
x(t) = L−1 { } = x(0)e−3t
s+3
A seguir usamos os valores inicias dados no problema x(1) = x(0)e−3 = 1, o que implica x(0) = e3 e,
portanto, a solução final
x(t) = e3(1−t)
Do mesmo modo que se aplicou a trans formada de Laplce para a resolução de uma equação diferêncial
ordinária com condições iniciais, transformando-a numa equação algébrica, também pode-se converter
um sistema de equações diferenciais em um sistema de equações algébricas.
sx̄(s) − 8 = 2x̄(s) − 3ȳ(s) (s − 2)x̄ + 3ȳ = 8
⇔
sȳ(s) − 3 = ȳ(s) − 2x̄(s) 2x̄ + (s − 1)ȳ = 3
Para resolver este sistema, podemos recorrer a um do métodos conhecidos para a resolução de
sistemas de equações lineares, como por exemplo o método de Cramer que nos leva a solução
x̄(s) = 8s−17
s2 −3s−4
ȳ(s) = 3s−22
s2 −3s−4
Em seguida, para aplicamos o operador de Laplace Inverso vamos decompor as funções acima em
frações simples
x̄(s) = 5 3
s+1 + s−4
5 2
ȳ(s) =
s+1 − s−4
x(t) = 5e−t + 3e4t
y(t) = 5e−t − 2e4t
114 Análise Matemática III
x0 − 2x − y 0 − y = 6e3t x(0) = 3
(a) ,
2x0 − 3x + y 0 − 3y = 6e3t y(0) = 0
4x0 + 6x + y = 2 sin(2t) x(0) = 2
(b) , , (elimina o y )
x00 + x − y 0 = 3e−2t x0 (0) = −2
x00 + y 0 + 3x = 15e−t x(0) = 35, x0 (0) = −48
(c) ,
y 00 − 4x0 + 3y = 15 sin(2t) y(0) = 27, y 0 (0) = −55
x00 − x + 5y 0 = t x(0) = 0, x0 (0) = 0
(d) ,
y 00 − 4y − 2x0 = −2 y(0) = 1, y 0 (0) = 0
Capı́tulo 5
EQUAÇÕES DE FISICA
MATEMATICA
Sabemos que inúmeros problemas de fı́sica encontram sua expressão natural através de uma equação
diferencial ordinária, a qual descreve o comportamento desses fenómenos.
Uma dessas equaçẽs resulta da aplicaçõ da Lei de Resfriamento de Newton. Em 1701, com quase 60
anos, Newton publicou anonimamente um artigo “Scala Graduum Caloris”, onde descreve um método
para medir temperatura de até 100◦ C , algo impossı́vel aos termômetros da época.
O método estava baseado no que hoje é conhecido como a lei do resfriamento de Newton.
Um modelo real simples da troca de calor entre um corpo e o meio ambiente onde está situado,
que admite três hipóteses básicas
(iii) A taxa de variação da temperatura com relaçõ ao tempo é proporcional à diferença de tempera-
tura entre o corpo e o maio ambiente
115
116 Análise Matemática III
Onde:
t – é o tempo;
k – é uma constante que depende do material com que o corpo foi construı́do.
Observação 5.1. O sinal negaivo indica que a temperatura do corpo está diminuindo com o passar
do tempo, em relação à temperatura do meio ambiente.
então
(5.2)
Sabendo que a temperatura inicial do corpo é T (0) = T0 . Então substituindo t = 0 na equação (5.2)
teremos:
Exemplo 5.1. Foi encontrado pelas 4 horas na esquina da rua A com a avenida R o corpo de um
homem que aparenta ter 30 anos. Moradores da zona disseram ter ouvido tiros por volta da meia noite
e também por volta das 3 da madrugada. A policia já achou os autores de ambos disparos. Somente
apos o legista identificar o a hora da morte é que a policia poderá prender um dos sujeitos.
Para podermos estimar o valor de k , vamos admitir que se a temperatura ambiente é Tn = 20◦ C
e o corpo seja descoberto duas horas depois (t = 2h) com a temperatura de T = 23◦ C , enquanto
temperatura do corpo era de T0 = 30◦ C .
Suponhamos que a temperatura do corpo seja igual a temperatura normal de T0 = 37◦ C no instante
t = 0, a temperatura ambiente é de Tn = 20◦ C . O corpo foi encontrado com T = 30◦ C , k = 0.6.
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 117
Exemplo 5.2. Uma barra de metal com uma temperatura de 100◦ F é colocada em um ambiente com
temperatura constante de 0◦ F . Se após 20 minutos a temperatura da barra é de 50◦ F , determinar o
tempo (t) necessário para que a barra atinja uma temperatura de 25◦ F . Qual será a temperatura da
barra depois de decorridos 10 minutos?
Resolução:
Antes de mais nada precisamos encontrar o valor de k , ou seja a taxa de resfriamento do corpo.
Sabemos que quando t = 20, T = 50◦ F , então:
Vamos supor que um tanque contenha uma mistura de água e sal com um volume inicial de V0 litros
e Q0 gramas de sal e que uma solução salina seja bombeada para dentro do tanque a uma taxa de Te
litros por minuto possuindo uma concentração de Ce gramas de sal por litro. Suponha que a solução
bem misturada sai a uma taxa de Ts litros por minuto.
A taxa de variação da quantidade de sal no tanque é igual a taxa com que entra sal no tanque menos
a taxa com que sai sal do tanque.
A taxa com que entra sal no tanque e igual a taxa com que entra a mistura, Te , vezes a concentração
de entrada, Ce . E a taxa com que sai sal do tanque é igual a taxa com que sai a mistura do tanque, Ts ,
vezes a concentração de sal que sai do tanque, Cs . Como a solução é bem misturada, esta concentração
é igual a concentração de sal no tanque, ou seja,
Q(t)
Cs (t) = . (5.4)
V (t)
Como o volume no tanque, V (t), é igual ao volume inicial, V0 , somado ao volume que entra no tanque
menos o volume que sai do tanque, então
Exemplo 5.3. Num tanque há 100 litros de salmoura (mistura de água e sal) contendo 30 gramas de
sal em solução. Água (sem sal) entra no tanque à razão de 6 litros por minuto e a mistura que escoa
a razão de 4 litros por minuto, conservando-se a concentração uniforme por agitação. Determinar a
concentração de sal no tanque ao fim de 50 minutos.
Resolução:
Temos: V0 = 100, Te = 6l/m, Ce = 0, Ts = 4l/m. Então, o nosso problema de valor inicial fica:
dQ Q
= −4
dt 100 + 2t
Q(0) = 30
substituindo t = 0 e Q = 30:
C = 30 · 1002 = 3 · 105
3 · 105
c(t) =
(100 + 2t)3
3 · 105 3
c(50) = 3
= = 0.0375 gramas/litro
(200) 8
Exemplo 5.4. Considere um tanque contendo, inicialmente, 100 litros de salmoura com 10 kg de
sal. Suponha que uma torneira despeje mais salmoura no tanque numa taxa de 3 litros por minuto,
com 1/4 kg de sal por litro e que a solução bem misturada esteja saindo por um orifı́cio no fundo do
tanque na mesma taxa. Determine a quantidade de sal no tanque em qualquer instante.
Resolução:
Temos: V0 = 100l, Q0 = 10, Te = 3l/min, Ce = 1/4kg/l, Ts = Te = 3l/min. O nosso problema fica:
dQ 3 3
= − Q
dt
4 100
Q(0) = 10
Assim,
3 3
Q0 + Q= ⇒ Q(t) = 25 + Ce−0.03t .
100 4
Como Q(0) = 10, então, C = −15 e, portanto,
Q(t) = 25 − 15e−0.03t .
Note que quando t → ∞ a quantidade de sal tende a 25kg que é o valor esperado, pois entra 1/4kg
de sal por litro e o tanque se mantém com 100 litros.
A segundo lei de Newton diz que o produto da massa pela aceleraçãode um corpo é igual ao somatório
das forças que actuam sobre ele:
X
ma = Fi
i
120 Análise Matemática III
Para um corpo em queda livre, introduzindo um termo simples para levar em conta o atrito com o ar,
dv
m = mg − kv (5.6)
dt
mg k
v= + Ce− m t (5.8)
k
Exemplo 5.5. Um paraquedista, pesando 70 kg, salta de um avião e abre o paraquedas após 10s.
Antes da abertura do paraquedas, o seu coeficiente de atrito é k1 = 5kg/s, depois é k2 = 100kg/s.
dv k1 mg k1
+ v=g ⇒ v= + Ce− m t
dt m k1
mg k1
v= 1 − e− m t (t < 10s)
k1
70 · 9.8 5
v= 1 − e− 70 10 ∼= 70m/s
5
Aplicando a condição inicial x(0) = 0, então C = −m2 g/k12 . Assim a nossa solução fica:
mg m − k1 t 70 × 9.8 70 − 5 10
x(t) = t+ e m −1 ⇒ x(10) = 10 + e 70 − 1 = 392m
k1 k1 5 5
Esperemos que o nosso homem tenha saltado do avião quando este se encontrava a uma altura
superior a 392 m, do contrário terá se estatelado no chão antes de abrir o paraquedas.
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 121
c) Qual a velocidade mı́nima que o paraquedista poderá atingir após a abertura do paraquedas?
Resolução:
Após a abertura do paraquedas a velocidade começa a baixar, devido ao maior coeficiente de
atrito, até que é eventualmente atingido um equilı́brio entre a força da gravidade e a força
de atrito. A partir desse momento a velocidade permanece constante (velocidade limite). A
evolução da velocidade após a abertura do paraquedas é mais uma vez dada pela lei de Newton:
dv k2 mg k2
+ v=g ⇒ v= + Ce− m t
dt m k2
mg 70 × 9.8
vmin = lim v(t) = = = 6.86m/s
t→inf k2 100
Equação da Mola
Onde k é uma constante positiva (chamada Constante de elasticidade). Se ignorarmos qualquer força
de resistencia externa (resistencia do ar, ou atrito) então, pela segunda lei de Newton, temos
d2 x d2 x
m = −kx ou m + kx = 0 (5.10)
dt2 dt2
Esta é uma equação diferencial linear da segunda ordem. Sua equação caracterı́stica é mλ2 + k = 0
p
com raı́zes λ = ±ωi, onde ω = k/m. Assim, a solução geral é
x(t) = A cos(ωt + δ)
p
Onde: ω= k/m (frequência)
p
A= c21 + c22 (amplitude)
c1 c2
cos δ = sin δ = 2 (δ é o angulo de fase)
A A
Este é chamado movimento harmônico simples.
122 Análise Matemática III
Exemplo 5.6. Uma mola com massa 2kg tem um comprimento natural de 0.5m. Uma força de
25.6N é requerida para manter a mola esticada para um comprimento de 0.7m. Se a mola é esticada
para o comprimento de 0.7m e então liberada com velocidade inicial 0, ache a posição da massa em
qualquer tempo t.
Resolução:
Apartir da lei de Hooke
k(0.2) = 25.6, ⇒ k = 128.
Usando este valor da constante de elasticidade da mola k , junto com m = 2 na equção (5.10), temos
d2 x
2 + 128x = 0
dt2
Já nos foi dada a condição inicial x(0) = 0.2. Mas, a partir da equação (5.12), x(0) = c1 . Entretanto,
c1 = 0.2 Diferenciando a equação (5.12), nos vai dar a equação da velocidade que é:
Como a velocidade inicial é dada por x0 (0) = 0, temos c2 = 0. Então a solução é:
1
x(t) = cos 8t
5
Vibrações Amortecidas
Agora consideramos o movimento de uma mola que é sujeita a força de frição (no caso de uma mola
horizontal) ou uma força de amortecimento (no caso de uma mola vertical que se move através de um
fluido).
Assumimos que força de amortecimento é proporcional a velocidade da massa e o acto na direção
oposta do movimento. Assim:
dx
força de amortecimento = −c
dt
Onde c é uma constante positiva chamada constante de amortecimento. Assim, nesse caso, a segunda
lei de Newton no dá
d2 x dx
m 2
= força de restauração + força de amortecimento = −kx − c
dt dt
ou
d2 x dx
m 2
+c + kx = 0 (5.13)
dt dt
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 123
A equação (5.13) é uma equação diferencial linear da segunda ordem e sua equação caracterı́stica é:
mλ2 + cλ + k = 0. As raı́zes são
√ √
−c + c2 − 4mk −c − c2 − 4mk
λ1 = λ2 = . (5.14)
2m 2m
Onde temos os seguintes casos:
x = c1 eλ1 t + c2 eλ2 t
√
Como c, m, k > 0, temos c2 − 4mk < c, então as raı́zes λ1 e λ2 dadas pelas equações (5.14)
devem ser negativos. Isso mostra que x → 0 quando t → ∞.
onde √
4mk − c2
ω=
2m
A solução é dada por
x = e−(c/2m)t (c1 cos ωt + c2 sin ωt)
Podemos ver que existem oscilações que são amortecidas pelo factor e−(c/2m)t . Como c, m > 0,
temos −(c/2m) < 0, então e−(c/2m)t → 0 quando t → ∞. Isso implica que x → 0 quando
t → ∞; isto é, o movimento decresce para 0 quando o tempo cresce.
Exemplo 5.7. Suponha que a mola do exemplo anterior é imersa em um fluido com constante de
amortecimento c = 40. ache a posição da massa em qualquer tempo t se essa começa da posição de
equilı́brio e é dada um empurão para começar com uma velocidade inicial de 0.6m/s.
Resolução:
Temos m = 2, k = 128, entã a partir da equação (5.13) temos
d2 x dx
2 2
+ 40 + 128x = 0
dt dt
124 Análise Matemática III
A sua equação caracterı́stica é λ2 + 20λ + 64 = (λ + 4)(λ + 16) = 0, com raı́zes -4 e -16, então o
movimento é overdampinde e a solução é:
Então
x0 (0) = −4c1 − 16c2 = 0.6.
1) Uma barra de ferro previamente aquecida a 1200◦ C , é resfriada em um tanque de água mantida a
uma temperatura constante de 50◦ C . Verifica-se que a barra resfria 200◦ C no primeiro minuto.
Quanto tempo levará até que a barra resfrie outros 200◦ C ?
2) Suponha que a temperatura inicial de uma xı́cara de chá seja 90◦ C e que esteja em uma sala
cuja temperatura ambiente é de 20◦ C . Depois de um minuto, a temperatura de xı́cara caiu para
85◦ C . Determine a constante de proporcionalidade k e determine quanto tempo será necessário
para que a xı́cara atinja 65◦ C .
3) O cafe estáa a 90◦ C logo depois de coado e, um minuto depois, passa para 85◦ C , em uma
cozinha a 25◦ C . Determine a temperatura do cafe em função do tempo e o tempo que levará
para o cafée chegar a 60◦ C .
4) Um termômetro é levado de uma sala onde a temperatura é de 20◦ C para fora onde a tempera-
tura é de 5◦ C . Após 1/2 minuto o termômetro marca 15◦ C .
5) Considere um tanque contendo, inicialmente, 100 litros de salmoura com 10kg de sal. Suponha
que uma torneira despeje mais salmoura no tanque numa taxa de 3l/min, com 1/4kg de sal por
litro e que a solução bem misturada esteja saindo por um orifı́cio no fundo do tanque na mesma
taxa. Determine a quantidade de sal no tanque em qualquer instante.
6) Um recipiente de volume V , inicialmente cheio de vinho, está acoplado a duas torneiras, ambas
abertas. A primeira, injeta água a uma taxa constante em relação ao tempo. A segunda retira,
com a mesma taxa, a mistura homogênea de água e vinho do recipiente. Calcule a concentração
de vinho no recipiente como função do tempo.
8) Um tanque com capacidade de 900 litros contém inicialmente 100 litros de água pura. Entra
água com 4 gramas de sal por litro numa taxa de 8 litros por minuto e a mistura escoa numa
taxa de 4 litros por minuto. Determine a quantidade de sal no tanque quando a solução está
para transbordar.
9) Devido a uma maldição rogada por uma tribo vizinha, os membros de uma aldeia são gradual-
√
mente impelidos ao assassinato ou ao suicı́dio. A taxa de variação da população é −2 p pessoas
por mês, quando o número de pessoas é p. Quando a maldição foi rogada, a populaçã era de
1600. Quando morrerá toda a população da aldeia?
10) Um pára-quedista com o seu pára-quedas pesa 70 quilogramas e salta de uma altura de 1400
metros. O páara-quedas abre automaticamente após 5 segun dos de queda. Sabe-se que a
velocidade limite e de 5 metros por segundo. Vamos determinar a velocidade que o pára-quedista
atinge no momento que o p ara-quedas abre, quanto tempo demora para a velocidade chegar a
5.1 metros por segundo e como varia a altura em função do tempo.
11) Supondo que se deixa cair a partir do repouso um corpo de massa m, determine a velocidade
v(t) em um instante t, sabendo-se que aceleração da gravidade próxima à superfı́cie da Terra é
igual a g e que o corpo sofre uma força de resistência do ar proporcional à velocidade, mas em
sentido contrário ao movimento do objeto.
12) Uma mola com 3kg de massa é mantida 0.6m além do seu comprimento natural por uma força
126 Análise Matemática III
de 20N . Se a mola parte da sua posição de equilı́brio mas dá-se um impulso com velocidade
inicial 1.2m/s, ache a posição da massa depois de t segundos.
13) Uma mola com uma massa de 4kg , com comprimento natural de 1m é mantida esticada para um
comprimento de 1.3m por uma força de 24.3N . Se a mola é comprimida para o comprimento
0.8m e então liberada com velocidade nula, ache a posição da massa em qualquer tempo t.
14) Uma mola de massa 2kg tem constante de amortecimento igual a 14, e uma força de 6N é
necessária para manter a mola esticada 0.5m além da seu comprimento natural. A mola é
esticada 1m além do seu comprimento natural e então largada com velocidade nula. Ache a
posição da massa em qualquer tempo t.
15) Para o exercı́cio anterior ache a massa que poderá produzir um amortecimento crı́tico.
16) Para o exercı́cio anterior ache a constante de amortecimento que poderá produzir um amorteci-
mento crı́tico.
∂2V ∂2V
+ = 0. (5.15)
∂x2 ∂y 2
O nome é em honra da descoberta no seculo XVIII do matemático frances Pierre Simon Laplace. O
valor real da solução V (x, y) da equação de Laplace (5.15) é conhecido como uma função harmónica.
O espaço de funções harmonicas pode assim ser identificado como o núcleo do operador diferencial
parcial linear da segunda ordem
∂2 ∂2
∆= + , (5.16)
∂x2 ∂y 2
conhecido como operador de Laplace, ou Laplaciano. A versão homogéneo ou forçada, nomeadamente
∂2V ∂2V
−∆[u] = − − = f (x, y) (5.17)
∂x2 ∂y 2
que é conhecida como equação de Poisson, em homenagem a Siméon–Denis Poisson, que foi estudante
de Laplace.
As equações de Laplace e Poisson surgem da equação básica de equilı́brio na notável variedade de
sistemas fı́sicos. Por exemplo, podemos interpretar V (x, y) como o deslocamento de uma membrana,
tal como o batuque; onde a parte não homogênea f (x, y) da equação de Poisson representa a açcão da
força externa. Outro exemplo é o equilı́brio térmico de uma placa lisa horizontal; nesse caso V (x, y)
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 127
representa a temperatura e f (x, y) uma fonte externa de calor. Na mecânica de fluidos, V (x, y)
representa a função potencial cujo o gradiente u = ∇V é o vector velocidade de um fluxo constante
plano do fluido.
Dedicaremos essa seção à solução da equação de Laplace, para a eletrostt́ica, em configurações
simples. O assunto é bastante complexo, e não pode ser esgotado numa aula única.
Vamos escrever a equação de Laplace (∇2 V = 0) em coordenadas rectangulares, para o caso
bidimensional.
∂2V ∂2V
+ = 0. (5.18)
∂x2 ∂y 2
Esta é uma equação diferencial parcial da segunda ordem do primeiro grau. a equação (5.18) é
a maneira mais fácil de expressar a variação do potencial electrostático V em relação à posição
(x, y, z), não sendo especificado nenhum problema em particular. Em outras palavras, para se resolver
um problema em eletrostàtica utilizando esta equação, deve-se conhecer as condições de contorno do
problema.
Vamos resolver a equação (5.18) utilizando o método da separação de variáveis, onde assumimos
que V pode ser expresso como o produto de duas funçẽs X e Y . Ou:
Exemplo 5.8. Considere um capacitor de placas paralelas, de área 100cm2 e distância entre as placas
0.01m. A placa inferior está no potencial zero, e a placa superior no potencial 100V . Utilizando a
equação de Laplace, determine a distribuição de potencial entre as placas (desprezar o espraiamento).
128 Análise Matemática III
z
V = 100v
z1
V =0
x
Não há variação do potencial nas direções y e x, mas apenas na direção z . Portanto a equação
de Laplace se reduz a:
d2 V
=0
dz 2
integrando temos:
V = C1 z + C2 .
V = 1004 z
~ = −∇V ) será:
Campo eléctrico entre as placas (E
~ = 104 âz
E
Na seção anterior apresentamos uma solução exata para a equação de Laplace em um capacitor de
placas paralelas. Trata-se, entretanto, de um problema extremamente simples. Configurações mais
complexas tornam a solução analı́tica extremamente difı́cil, e, em muitos casos, impossı́vel. Nesta
seção vamos apresentar um método de solução numérica da equação de Laplace, denominado Metodo
de Diferenças Finitas.
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 129
y+1
i−1 i i+1 x j
j−1
teremos:
∂ 2 V h2
Vi−1 + Vi+1 = 2Vi + |i + O(h2 )
∂x2 2!
rearranjando, escrevemos:
∂2V Vi−1 − 2Vi + Vi+1
|i = + O(h2 ) (5.26)
∂x2 h2
A expressão é da segunda ordem porque o erro é da segunda ordem de h2 .
De modo análogo, podemos expressar Vj−1 , Vj e Vj+1 , nos pontos, j − 1, j, j + 1 ao longo do
eixo de y , como mostra a figura à direita na Figura 5.3.2. Para estes pontos, podemos expressa-los
∂2V Vj−1 − 2Vj + Vj+1
2
|j = + O(h2 ). (5.27)
∂y h2
Sobrepondo os eixos da Figura 5.3.2, damos origem aos 5 pontos da Figura 5.3.2 e V adquire dois
subscritos, um para a direção i ou x e outro para a direção j ou y . Combinando as equações (5.26)
e (5.27), temos:
∂2V ∂2V
Vi−1 − 2Vi + Vi+1 Vj−1 − 2Vj + Vj+1
+ |i,j = + (5.28)
∂x2 ∂y 2 h2 h2
Substituindo a equação (5.28) na equação de Laplace, teremos
ou
1
Vi,j = (Vi−1,j + Vi+1,j + Vi,j−1 + Vi,j+1 ) (5.29)
4
130 Análise Matemática III
(i, y + 1)
(i − 1, j) (i, j) (i + 1, j) x
(i, j − 1)
j=4
j=3
j=2
j=1
i=1 i=2 i=3 i=4
Exemplo 5.9 (Problema de Dirichlet). Considere o problema simples da Figura 5.9 postulado
numa caixa com apenas quatro pontos interiores. Os valores de V (1, 2), V (1, 3), V (2, 4), V (3, 4), V (4, 3), V (4,
e V (2, 1) são conhecidos. Temos que calcular os valores de V (2, 2), V (3, 2), V (2, 3), V (3, 3) e V (3, 3).
Começamos o processo de iterativo assumindo que
O sobrescrito (0) é um contador das iterações. Assim, começando do extremo inferior esquerdo,
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 131
teremos
1
V (1) (2, 2) = V (1, 2) + V (0) (3, 2) + V (2, 1) + V (0) (2, 3)
4
Na primeira equação da nas equações (5.30) calculamos a primeira iteração do valor V (1) (2, 2). Note
que, essa primeira iteração se torna válida, é usada no cálculo da primeira iteração de V (1) (3, 2).
Exemplo 5.10. Considere a configuração mostrada na Figura 5.10. A placa superior está a um
potencial de 40V , e isolada. O perfil em forma de U está no potencial zero. Calcular a distribuição
de potencial para esta configuração, utilizando o método de diferenças finitas da equação de Laplace.
O valor de V no centro do quadrado será:
Gap Gap
40V
0 0
40 + 0 + 0 + 0
= 10V
4
O potencial no da gap será a media aritmética entre o potencial na placa superior e o potencial nulo:
40 + 0
= 20V
2
0 10V 0
40 + 20 + 10 + 0
= 17.5V
4
132 Análise Matemática III
0 + 0 + 10 + 0
2.5V
Calculando novamente nos quadrados internos teremos:
10 + 17 + 2.5 + 0
= 7.5V
4
40 + 17.5 + 17.5 + 10
= 21.25
4
2.5 + 2.5 + 0 + 10
= 3.75V
4
Os cálulos podem continuar indefinidamente. Quanto maior for o número de potencias calculados
20V 20V
40V
0 10V 0
2.5V 3.8V 2.5V
2.5V 2.5V
0 0
por esse processo, maior será a precisão. Finalmente, a Figura 5.10 representa um grafico com o
mapeamento dos potenciais electrostáticos. Cada linha representa um valor de potencia (35, 17.5, 12,
8.5 e 2V ).
20V 20V
40V
Esse problema é facilmente resolvido usando o método de separação de variáveis, já visto nas seções
passadas.
u(x, t) = X(x)T (t)
X 00 (x) + ω 2 X(x) = 0
nπ
c1 = 0 e c2 sin ωl = 0 ⇒ ω = ,
l
sendo assim
nπ
Xn (x) = an sin x, n = 1, 2, 3, . . . (5.33)
l
Para a função T (t) teremos a equação
T 0 + ω 2 α2 T = 0
temos
Zl
2 nπ
cn = f (x) sin x. (5.36)
l l
0
Exemplo 5.11. Assumamos que uma barra de comprimento L, inicialmente, está inteiramente a uma
temperatura constante, então no tempo t = 0, a barra é isolada e arrefecida, isto é, a temperatura
instantaneamente reduz para zero. com as seguintes condições:
Condições Iniciais: u(x, 0) = T0
2T0 RL
cn = sin nπ
L x
L 0
2T0 2
=
π 2n − 1
então, achamos
∞ 2
(2n − 1)π
X 4T0 −
απ(2n−1)
u(x, t) = u(x, 0) = e L
sin x
π(2n − 1) L
n=1
1) Ache o potencial num ponto arbitrario no interior da caixa rectangular de extensao infinita no
eixo z , com paredes de condução com potencial V1 , . . . , V4 . (Sugest~
ao: Resolva para V1 = V2 =
V3 = V4 = 0)
V2
b V1 V3
V4 x
0 a
2) Considere um cilindro metálico muito longo e oco, de raio a, cortado ao meio ao longo de seu eixo,
formando duas calhas. As duas calhas são isoladas uma da outra, mantendo a forma cilı́ndrica
do conjunto. As calhas são submetidas aos potenciais +V e −V . Determine o potencial e o
campo elétricos dentro do cilindro.
3) Para o Exemplo 1.10, calcule os valores da malha correspondentes a segunda iteração, de modo
a aproximar melhor o resultado exacto.
4) Quatro placas de 20cm de largura formam um quadrado, conforme indicado na figura a baixo.
Se as placas são isoladas entre si, e estão submetidas aos potenciais indicados, encontre o valor
do potencial nos pontos a e b, indicados na figura.
30V
a 5cm
40V 20V
15cm
10cm b
5cm
10V
3cm
V =0
V = 20V
9cm
P1
3cm
P2 9cm
6) Encontre a distribuição de calor numa barra fina de comprimento L , com superfı́cie lateral
isolada, cujos extremos são mantidos a temperatura zero e que no instante inicial de tempo
t = 0 tenha temperatura constante T0 .
7) Uma barra fina de comprimento L = 1, com superfı́cie lateral isolada termicamente, com os
extremos mantidos à temperatura zero e condição inicial f (x) = x(1 − x). Se α = 0.1, ache a
u(x, t).
Para calcular o valor da temperatura numericamente, usaremos o método das diferenças finitas, que
já vimos antes (na equação de Laplace).
O método das diferenças finitas é uma das várias técnicas para obter solução númerica da equção
(5.31). Em todas soluções numéricas a EDP contı́nua é substituı́da por uma aproximação discreta.
Neste contexto a palavra “discreta” significa que a solução numérica é conhecida apenas para um
número finito de pontos no domı́nio fı́sico. O numéro desses pontos pode ser selecionado pelo uso do
método numérico.
Repartimos o intervalo de x, 0 ≤ x ≤ L, tal que
xi = (i − 1)∆x, i = 1, 2, . . . , N
Como já vimos na seção Equação de Laplace, com ajuda da série de Taylor:
∂u um+1 − um
i
|tm+1 ,xi = i + O(∆t) (5.38)
∂t ∆t
∂2u um m m
i−1 − 2ui + ui+1
| x = + O(∆x2 ) (5.39)
∂x2 i ∆x2
um+1 − um um − 2um m
i + ui+1
i i
= α2 i−1 + O(∆t) + O(∆x2 ) (5.40)
∆t ∆x2
α2 ∆t m
um+1 = um ui−1 − 2um m
i i + 2 i + ui+1 (5.41)
∆x
Uma ligeira melhoria da eficiência computacional pode ser obtida com um pequeno rearranjo da
Equação (5.41)
um+1
i = rum m m
i−1 + (1 − 2r)ui + rui+1 (5.42)
onde r = α2 ∆t/∆x2 .
A solução representada pela equção (5.42) é estável apenas se
α2 ∆t 1
r= 2
< . (5.43)
∆x 2
Exemplo 5.12. Resolva o Exemplo 1.11 numericamente, tendo em conta que: T0 = 10◦ C, L =
1m, tmax = 4s, ∆x = 0.1, ∆t = 0, 25. Nessas condições, a solução será estável?
Considere a corda de comprimento L, como uma corda de violão, mantida tensa e fixada em dois
pontos no eixo x, x = 0 e x = L.
Quando a corda começa a vibrar, suponha que o movimento se verifique no plano xu de modo que cada
ponto da corda se mova em uma direção perpendicular ao eixo x (vibrações transversais). Denota-se
por u(x, t) o deslocamento vertical de um ponto arbitrário da corda medido a contar do eixo x para
t > 0. Suponha ainda que: A corda é perfeitamente flexı́vel. A corda é homogênea, isto é, sua
massa ρ por unidade de comprimento é constante. Os deslocamentos u são pequenos em relação
ao comprimento da corda. A inclinação da curva é pequena em todos os pontos. A tensão T atua
138 Análise Matemática III
tangencialmente à corda e seu módulo T é o mesmo em todos os pontos. A tensão é grande comparada
com a força da gravidade e nenhuma outra força externa atua sobre a corda.
A equação que descreve esse movimento de vibração da corda é:
∂2u 2
2∂ u
= c (5.44)
∂t2 ∂x2
com c2 = T /ρ. Onde T é o módulo da tensão e ρ é a massa da corda.
A equação acima representa uma equação da onda, que é uma EDP linear, homogn̂ea e de segunda
ordem. A variável t > 0 representa o tempo, x ∈ R é a variável espacial e c > 0 é uma constante
(velocidade de propagação da onda).
Como a solução de uma equação da onda depende do tempo t , pode-se prefixar o que acontece
em t = 0 , isto é, fixa-se condições iniciais (CI). A corda é fixa permanentemente ao eixo x em x = 0
e x = L. Esse fato traduz-se pelas duas condições de contorno (CC).
O deslocamento vertical, u(x, t), da corda vibrante de comprimento L é determinado por
∂2u 2
2∂ u
= c , 0 < x < L, t > 0 (5.45)
∂t2 ∂x2
u(0, t) = u(L, t) = 0, t>0 (5.46)
∂u
u(x, 0) = f (x), = g(x), 0<x<L (5.47)
∂t t=0
Para resolver esse problema, usa-se o método de separação de variáveis explicado na secção anterior.
Onde teremos:
1 d2 X 1 d2 Y
= = −ω 2 (5.48)
X dx2 c2 Y dt2
e, por conseguinte,
X = c1 cos ωx + c2 sin ωx
c1 = 0 e c2 sin ωL = 0
nπ
Esta última equação fornece os autovalores ω = L , com n = 1, 2, 3, .... As autofunções correspondente
são
nπ
X = c2 sin x, com n = 1, 2, 3, . . .
L
Assim, as soluções da equação (5.45) que satisfazem as condições de contorno (5.46) são
nπc nπc nπ
un = An cos t + Bn sin t sin x (5.49)
L L L
e
∞
X nπc nπc nπ
u(x, t) = An cos t + Bn sin t sin x (5.50)
L L L
n=1
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 139
∞
X nπ
u(x, 0) = f (x) = An sin x,
L
n=1
∂u ∞
−An nπc nπc nπc nπc
sin nπ
P
= L sin L t + Bn L cos L t L x
∂t n=1
∞
∂u
Bn nπc sin nπ
P
= g(x) = L L x.
∂t t=0
n=1
Para que essa última série seja um desenvolvimento de meio-intervalo de g em senos, o coeficiente
total Bn nπc
L deve ser dado por
ZL
nπc 2 nπ
Bn = g(x) sin xdx.
L L L
0
onde obtém-se
ZL
2 nπ
Bn = g(x) sin xdx. (5.52)
nπc L
0
A solução do problema consiste da série (5.50) com An e Bn definidos por (5.51) e (5.52), respectiva-
mente.
Exemplo 5.13. Consideremos uma corda esticada no centro, ou seja, em x0 = L/2, por u(x0 , 0) = k .
Com
2k
L x, 0 < x < L/2
u(x, 0) =
2k
L (L − x), L/2 < x < L
g(x) = 0
140 Análise Matemática III
4k L
L/2 R L/2 L2
L
nπx L
x cos nπx L
cos nπx cos nπx L
An = − nπ + L dx − + nπ x cos L L/2
L2 L 0 nπ 0 nπ L L/2
RL i
L nπx
− nπ L/2 cos L dx
L2 L2 L2
2
L2
4k nπ nπx 0
nπ L nπ
= − cos 2 + sin L L/2 − (cos nπ − cos 2 ) + cos nπ − cos 2
L2 2nπ (nπ)2 nπ nπ 2nπ
L #
L2 nπx
− sin L
(nπ)2 L/2
8k
An =
π2
Então,
∞
8k X (−1)n−1 (2n − 1)πc (2n − 1)π
u(x, t) = · cos t · sin x
π2 (2n − 1)2 L L
n=1
Como em alguns casos é muito difı́cil de se encontrar uma solução analı́tica para certos tipos de
problemas, utiliza-se métodos numéricos para obter uma solução aproximada.
Uma classe de métodos numéricos para solução de EDP é formada pelos métodos de diferenças
finitas. Apresenta-se esta formulação para um problema de contorno que envolve a equação unidimen-
sional da onda. 2
∂ u ∂2u
= c2 2 , 0 < x < L, t > 0
2
∂t ∂x
(5.53)
u(0, t) = u(L, t) = 0, t > 0
∂u
u(x, 0) = f (x), = g(x), 0<x<L
∂t t=0
A equação da onda é um exemplo de equação de derivadas parciais do tipo hiperbólico. Esse problema
admite solução única se as funções f e g tem segundas derivadas contı́nuas no intervalo (0, L) e se
f (L) = f (0). Agora iremos substituir a equação da onda com derivadas parciais por uma equação
de diferenças finitas. Neste caso, substitui-se as duas derivadas parciais de segunda ordem pelas
aproximações por diferenças centrais.
Essas equações de diferenças centrais são obtidas a partir do desenvolvimento em série de Taylor
da função u(x, t). Analogamente ao que vimos na secção anterior, o desenvolvimento em série de
Taylor da função u(x, t) na variável x pode ser escrito como:
∂u h2 ∂ 2 u h3 ∂ 3 u
u(x + h, t) = u(x, t) + h + + + ...
∂x 2! ∂x2 3! ∂x3
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 141
ou
∂u h2 ∂ 2 u h3 ∂ 3 u
u(x − h, t) = u(x, t) − h + − + ...
∂x 2! ∂x2 3! ∂x3
somando essas últimas equações, obtemos uma proximação da derivada
∂2u 1
= 2 [u(x + h, t) − 2u(x, t) + u(x − h, t)] + O(h2 )
∂x2 h
∂2u 1
2
= 2 [u(x, t + k) − 2u(x, t) + u(x, t − k)] + O(h2 )
∂t k
∂2u 2
2 ∂ u pela seguinte equação de diferenças, o que resulta em:
Assim podemos substituir = c
∂t2 ∂x2
1 c2
[u(x, t + k) − 2u(x, t) + u(x, t − k)] = [u(x + h, t) − 2u(x, t) + u(x − h, t)]
k2 h2
kc
Isolando u(x, t + k) e igualando h = µ, tem-se que
Agora pode-se utilizar a equação de diferenças para aproximar a solução u(x, t) sobre uma região
retangular no plano xt, definida por 0 ≤ x ≤ L , 0 ≤ t ≤ V . Seja n e m números inteiros positivos
e
L V
h= e k= .
n m
Definido os passos no tempo e espaço, obtém-se uma malha de pontos da forma up,q = u(xp , tq ), onde
xp = ph, p = 0, 1, 2, . . . , n
tq = qk, q = 0, 1, 2, . . . , m.
Agora, fazendo u(x, t) = up,q ; u(x+h, t) = up+1,q ; u(x−h, t) = up−1,q ; u(x, t+k) = up,q+1 ; u(x, t−
k) = up,q−1 , (5.54) pode ser escrito como:
Para melhor ilustrar, vejamos a Figura 5.5.3, onde é representada a malha sobre o domı́nio da função.
Aplicando as condições iniciais e de contorno
Pode-se ver que a equação (5.54) é uma equação de recorrência de ordem 2 em q , ou seja, o termo
q + 1 , depende dos termos q e q − 1. Logo, para começar há um pequeno problema, pois, para
encontrar up,2 , é preciso fazer q = 1 e conhecer os valores de up,1 , que são as estimativas de u na
142 Análise Matemática III
t
V
..
.
(q + 1)k
up,q+1
qk
up−1,q up,q up+1,q
(q − 1)k
up,q−1
..
.
2k
... ... x
0 h 2h (p − 1)h ph (p + 1)h L
primeira linha do tempo. Mas os valores de up,1 , dependem dos valores de up,0 na linha zero do tempo
e dos valores de up,−1 . Para encontrar esses últimos valores, utiliza-se a condição de velocidade inicial
ut (x, 0) = g(x). Em t = 0, tem-se
Para que o termo u(xp , −k) = up,−1 tenha sentido, é preciso imaginar em (5.56), u(x, t) propagando
para trás no tempo, o que resulta em
onde obtém-se
up1 = up,1 − 2kg(xp ) (5.57)
µ2
up,1 = (up+1,0 + up−1,0 ) + (1 − µ2 )up,0 + kg(xp ). (5.58)
2
Betuel Canhanga, Clarinda Nhangumbe, Meline Macario - UEM 2015 143
Devido a recursividade do solução é preciso estudar a estabilidade da solução. A qual pode ser
rigorosamente mostrada que, se
2
k 2 c2
βh
1 − 2 2 sin2 ≤1 (5.59)
h 2
então a solução de (5.54) é estável.
Se (5.59) é verdadeiro, então
k 2 c2
βh
−2 ≤ −2 2 sin2 ≤0
h 2
βh k2 c2 k
e como sin2 2 ≤ 1, então h2
, isto é, h ≤ 1c .
Esse método numérico é mais viável, quando o valor de c (velocidade de propagação da onda) não
é muito grande, pois, pode-se observar que se o valor de c for muito grande, a razão 1/c será um valor
muito pequeno, fazendo com que kh seja um valor muito pequeno também, o que poderia demorar
muito para se encontrar a solução. Por exemplo, considere no problema modelo, que o valor de c fosse
igual a 10, não teria problema, pois bastaria fazer n = 5 e m = 5, para que h = L/n = 1/5 = 0.2
e k = V /m = 0.5/25 = 0.02, e k/h = 0.1 ≤ 1/c = 1/10 = 0.1, essa partição gera uma malha de
pouco mais de 150 pontos. Mas no caso de c = 1000 , já daria muito mais trabalho, pois seria preciso
escolher valores mil vezes menor para k em relação a h, o que tornaria o processo de iteração muito
mais lento, pois, pegando n = 5 novamente, obtém-se h = 0.2, onde valor de k deve ser menor ou
igual que 0.0002, fazendo com que o valor de m = 2500 para que k/h ≤ 1/c, o que iria acarretar em
uma malha com mais de 15000 pontos.
Onde sua solução analı́tica seria u(x, t) = cos(πt) sin(πx). Temos L = 1, V = 0.5, com n = 5 e
m = 10, tem-se que h = 1/5 = 0.2, k = 0.5/10 = 0.05. Logo, k/h = 0.25 ≤ 1/c = 1 e µ = 0.25.
Calcular os valores da malha nessas condições é trabalhoso manualmente. Mas podem usar pro-
gramas como, MatLab, Maple, MS-Excel, entre outros para calcular. Neste caso usamos o programa
mais acessı́vel, o MS-Excel, que muitos já estão familiarizados, e tivemos a seguinte tabela. A Figura
5.14 mostra o gráfico dos resultados numéricos obtidos na Tabela 5.14
2) Resolva o Exercı́cio 7 da aula anterior numericamente, tendo em conta que: tmax = 2s, ∆x =
0.1, ∆t = 0, 2
3) Considere uma corda de comprimento L = 10 que vibra com uma velocidade de propagação
c = 2 com as condições de fronteira u(0, t) = u(L, t) = 0. Assumindo que a posição inicial e a
velocidade são u(x, 0) = f (x) = sin(πx), e ut (x, 0) = g(x) = 0, 0 < t < 2, calcule a posição da
corda para qualquer x e t.
Bibliografia
Bibliografia
[1] Adams, R. (2003) Calculus: A Complete Course, Fifth Edition, Addison Wesley Longman, To-
ronto.
[2] Edwards, C. H. and D. E. Penney. (2002) Calculus, Sixth Edition, Prentice Hall, Inc., New Jersey.
[3] Demidovitch, B. (2004) Problemas e Exercı́cios de Análise Matemática, Ediçoes Lopes da Silva,
Porto - Portugal.
[5] Zill, D.; Cullen, M. (1997) Differential equation with boundary value problems , Brooks - Cole
Publishing Company.
[6] Larson, R. Hostetler, R.P Edwards, B. H. (2006) Cálculo - Volume II, 8a Edição, McGraw-Hill,
São Paulo, Brasil.
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