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AULA 15 – INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO DE SANTO

AGOSTINHO – BEATITUDE – PARTE II


Veni, Sancte Spíritus, reple tuórum corda fidélium,
et tui amóris in eis ignem accénde.
Emítte Spirítum tuum et creabúntur;
Et renovábis fáciem terrae.
Orémus: Deus, qui corda fidélium Sancti Spíritus illustratióne docuísti:
da nobis in eódem Spíritu recta sápere,
et de eius semper consolatióne gaudére.
Per Christum Dóminum nostrum.
Ámen.

1. O corpo e a alma

No capítulo 2 do diálogo filosófico A vida feliz, conversando com sua mãe e com outros
interlocutores, Santo Agostinho trata esta temática e, para isso, procura, de maneira indireta e
dialogante, estabelecer o que é o ser humano. Em uma pergunta antropológica, ele diz:

“Parece-nos evidente que somos compostos de uma alma e de um corpo?” – Santo


Agostinho, em A vida feliz.

Todos os interlocutores concordam com ele, exceto Navígio, que disse que não sabia se era
assim ou se não haveria um terceiro elemento constitutivo. Na sequência do diálogo, Agostinho
levanta a seguinte pergunta, tendo em vista os que estavam com dúvidas:

“Sabes ao menos que vives?” – Santo Agostinho, em A vida feliz.

Navígio diz que não tem dúvidas sobre isso. Se o homem tem esta clareza, a vida já mostra
que ele é portador de uma alma, pois esta vivifica o corpo, ou seja, é um princípio de vida. A
partir destas considerações, pode-se concluir que o ser humano é realmente constituído de corpo
e alma.
Mas surge ainda outro aspecto importante no diálogo: esta realidade humana analisada a
partir de seu aspecto corpóreo precisa se alimentar. E, considerando o que foi dito, este alimento
serve para quê? Ao corpo ou à alma? Eis a seguir o trecho da obra que contém este momento:

“— Será evidente a cada um de vós, que somos compostos de alma e corpo?


Todos foram concordes, exceto Navígio, que declarou não saber.
— Mas, disse-lhe eu, pensas que ignoras tudo em
geral, ou essa proposição é uma entre outras coisas que
desconheces?
— Não creio que sou totalmente ignorante, respondeu ele.
— Podes, pois, dizer-nos alguma coisa do que sabes?
— Sim, posso.
— Se isso não te incomoda, dize-nos, pois.
E como ele hesitasse, interroguei:
— Sabes, pelo menos, que vives?
— Isso eu sei.
— Sabes, portanto, que tens vida, visto que ninguém pode viver a não ser que tenha
vida?
— Isso também sei.
— Sabes, igualmente, que possuis um corpo?
Ele concordou.
— Sabes, então, que constas de corpo e vida?
— Sim, todavia tenho dúvidas se não existe alguma coisa a mais do que isso.
— Assim, não duvidas destes dois pontos: possuis um corpo e uma alma. Mas estás
em dúvida se não existe outra coisa que seria para o homem um complemento de
perfeição.
— E isso, concordou ele.
— O que poderia ser, procuraremos em outra ocasião, sendo possível. Peço agora, já
que todos estamos de
acordo em reconhecer que não pode existir homem algum sem corpo e alma, dizerem-
me para qual dos dois elementos desejamos o alimento?
— Para o corpo, exclamou Licencio.
Os demais, porém, duvidavam, perguntando-se de diversas maneiras como poderia o
alimento ser necessário ao corpo, quando o procurávamos para viver, e a vida não
depende senão da alma.
Intervim, dizendo:
—Parece-vos que o alimento é feito unicamente para a parte do homem que vemos
crescer e fortificar-se por meio dele?
Foram todos dessa mesma opinião, exceto Trigésio que declarou:
— Por que, então, não chego a crescer em proporção ao meu grande apetite?
— A natureza, expliquei, fixou aos corpos a dimensão à qual pode atingir, mas sequer
atingiriam essa dimensão se lhes faltasse o alimento. Constatamos facilmente esse fato
nos animais. Todos sabem que os corpos vivos, sejam quais forem, definham sem o
alimento.
— Definham, mas não encurtam, retorquiu Licencio.
— Já temos o bastante para o meu propósito, concluí. Pois a questão era saber se o
alimento é para o corpo. Ora, não há dúvidas sobre isso, porque se for suprimido o
corpo definha.
Todos aprovaram.” [1]

O alimento, de fato, serve ao corpo, e caso o homem venha a ter um apetite muito intenso,
a sua própria natureza estabelece um limite para que o corpo não cresça de maneira ininterrupta.
Por outro lado, se não come nada, definha e morre. Todavia, Agostinho procura pensar também
se não existiria um elemento para a alma, e Santa Mônica e outros, pois, tentam mostrar que
sim: o conhecimento.
Nesse sentido, uma alma desprovida de saberes é como se fosse raquítica e estivesse
entrando em um processo de morte. E ainda, não somente pela privação de conhecimento, mas
ao não cultivar uma vida de virtudes, pode encher-se de vícios, e, assim, instala-se uma espécie
de paradoxo: por um lado, é vazia, por não ter conhecimentos, mas, por outro, cheia, por causa
dos vícios.
Na sequência do texto, para explicitar estas questões, Agostinho faz exatamente esta
pergunta: “todos queremos ser felizes?”, e em vários outros textos, o autor retoma essa questão
e mostra que existe esse desejo universal no coração humano, mas também que, se o ser
humano, de fato, quer atingir a vida feliz, não basta ter o mero desejo de encontrá-la.
Portanto, o corpo e a alma têm cada um o seu alimento. Assim como o corpo fica debilitado
sem o alimento que lhe convém, acontece o mesmo com a alma: quando está cheia de
conhecimento, produz frutos bons, as virtudes; quando não, produz frutos ruins, os vícios. Logo,
se o homem quer ser feliz, faz-se necessário refletir sobre esta relação entre a felicidade e a
sabedoria, além de pensar sobre os pré-requisitos morais necessários para se atingir a vida feliz.
Santo Agostinho também levanta outro ponto muito importante: alguém pode ser feliz sem
ter aquilo que quer? Todos dizem que não. O trecho a seguir mostra este momento do diálogo:

“Retomando, prossegui:
— Queremos todos ser felizes?
Apenas havia pronunciado tais palavras que a uma só voz e espontaneamente
aprovaram.
— E que vos parece: quem não tem o que quer é feliz?
— Não, responderam em uníssono.
— Como? Mas então, quem tem o que quer será feliz?
Minha mãe, nesse ínterim, tomou a palavra:
— Sim, se for o bem que ele apetece e possui, será feliz. Mas, se forem coisas más,
ainda que as possua, será desgraçado.
Sorrindo, e deixando transparecer a minha alegria, disse à minha mãe:
— Alcançaste, decididamente, o cume da Filosofia. Pois, sem dúvida alguma, para
exprimir teu pensamento apenas te faltaram as palavras de Cícero. Eis como se
expressou ele no "Hortênsio", obra composta para o louvor e a defesa da Filosofia:

"Há certos homens — certamente não filósofos, pois sempre prontos a discordar
— que pretendem ser felizes todos aqueles que vivem a seu bel-prazer. Mas tal
é falso, de todos os pontos de vista, porque não há desgraça pior do que querer
o que não convém. És menos infeliz por não conseguires o que queres, do que
por ambicionar obter algo inconveniente. De fato, a malícia da vontade ocasiona
ao homem males maiores do que a fortuna pode lhe trazer de bens".” [2]

Como se vê, o homem deve ter o que quer para ser feliz. No entanto, além disso, Santa
Mônica salienta também que não basta ter o que se quer, mas o objeto a que se quer deve ser
um bem; se for algo mau, surge um grande problema. De fato, o aspecto da vontade já aparece
claramente no texto, assim como as consequências negativas de quando se quer o que não
convém.
Querer o que não convém, pois, gera a possibilidade de se estabelecer a maior infelicidade
na vida do ser humano. Sendo assim, quem não alcança o que quer não é tão infeliz quanto
quem alcança o mal que quer. Agostinho lembra, como Cícero e outros autores, que a
perversidade da vontade ocasiona a manifestação de determinados males na vida do homem.
Considerando esta discussão, já que a pessoa só é feliz se possui o que quer, contanto que
isto seja um bem, é solicitado a ele e a quem está na conversa que mostrem o que deve querer
quem deseja ser feliz, bem como o gênero de coisas que deve desejar. Para Agostinho, de fato,
esses bens almejados não podem ser as riquezas ou qualquer coisa que passa, pois mesmo que
alguém tenha bens em abundância, todos eles são perecíveis.
No entanto, respondem ao Santo que pessoas assim possuem os bens que querem e parecem
muito felizes. e que se poderia indagar se este não seria, afinal, o caminho da felicidade.
Agostinho nega porque, segundo ele, apesar desse indivíduo possuir muitas riquezas, teme
perder tudo, já que, como ser consciente e racional, sabe que possui coisas mutáveis e
perecíveis. Sendo assim, como alguém que tem medo de perder o que lhe faz feliz pode ser
feliz? Segundo o Santo, isto não é possível, porque não depende da vontade daquele que possui
os bens perder ou não o que tem, já que suas posses são coisas circunstanciais.
Em seguida, Santa Mônica faz outra observação:

“— Ainda que alguém tivesse a certeza de não perder tais bens frágeis, contudo, nunca
viria a se contentar com o que já possui. Portanto, a pessoa seria infeliz pelo fato de
querer sempre mais.” – Santo Agostinho, em A vida feliz.

A mãe de Agostinho acrescenta este outro aspecto importante, que é o de se sentir saciado
ou não com o que se tem: por mais que alguém possua vários bens, sempre busca tê-los em
maior quantidade. E o Santo acrescenta:

“— Nesse caso, argumentei, aquele que possuísse bens em abundância, rodeado de


benefícios sem conta, supondo que pusesse limite a seus desejos e que vivesse
satisfeito com o que possuísse, no gozo honesto e agradável desses bens, a teu parecer
seria ele feliz?” – Santo Agostinho, em A vida feliz.

E Mônica diz:

“— Não seriam essas coisas que o tornariam feliz, mas a moderação de seu espírito.”
– Santo Agostinho, em A vida feliz.
2. Deus, o Ser imutável
O indivíduo seria feliz muito mais por causa da virtude da moderação do que pela posse
das riquezas. Agostinho elogia a mãe pela resposta e faz um raciocínio que gera uma primeira
conclusão no que diz respeito à discussão sobre o que é a felicidade e onde está a vida feliz. De
tudo o que já foi dito, tem-se que: 1) para ser feliz é necessário possuir o que quer; 2) o que se
quer deve ser um bem; 3) este bem não pode ser transitório, como as riquezas.
O bem necessário para ser feliz deve, portanto, ser imutável e não pode ter a possibilidade
de ser perdido. Se é assim, então só é feliz quem possui a Deus, porque Ele, por definição, é o
único Ser imutável. Todos ouvem essa conclusão, alegram-se e concordam com ela, mas, de
fato, surge um tema necessário para a discussão.
Faz-se necessário, neste sentido, explicar melhor o que significa possuir a Deus e quais são
as condições necessárias para atingir tal meta. No final do capítulo, são dadas três hipóteses
sobre como deve ser o indivíduo que possui a Deus:

 Quem faz o que Ele quer (argumento de Trigésio);


 Quem vive bem (argumento de Licêncio);
 Quem não tem o espírito impuro (argumento do filho de Lartidiano).

Na sequência do livro, Agostinho continua esta discussão e analisa estas possibilidades.


Ele chega à conclusão de que elas se equivalem, porque se uma pessoa vive bem, vive bem
porque faz o que Deus quer, e se faz o que Deus quer, não pode viver de maneira impura. No
fundo, pois, não seriam três situações diferentes, mas apenas uma.
3. Desfecho
A partir disto, se, considerando as condições descritas, o homem já possui a Deus, pode-se
fazer alguns questionamentos: Deus quer que o homem ainda O busque? Como entender o
desejo e a procura por Deus? O Criador quer que o homem O procure, mas aquele que segue as
condições acima já possui a Deus ou ainda precisa procurá-Lo? Em outras palavras, como deve
ser compreendida a presença de Deus na vida de pessoas que já cumprem os requisitos listados?
Estes aspectos serão analisados, portanto, na próxima exposição.

Cor Iesu sacratíssimum,


miserére nobis.

____________________________
[1] AGOSTINHO, Santo. In Solilóquios e A vida feliz, pags. 124 e 125. Ed. Paulus, São Paulo, 1998.
[2] AGOSTINHO, Santo. In Solilóquios e A vida feliz, pag. 128. Ed. Paulus, São Paulo, 1998.

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