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AULA 12 – INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO DE SANTO

AGOSTINHO – O SER HUMANO


Ave María, grátia plena Dóminus tecum;
Benedícta tu in muliéribus, et benedíctus fructus ventris tui, Iesus.
Sancta María, Mater Dei,
ora pro nobis peccatóribus,
nunc, et in hora mortis nostrae. Ámen.

1. A antropologia agostiniana
Dentro da Criação, há uma criatura muito peculiar, o ser humano. Na sua própria vida,
Agostinho muitas vezes se questionou sobre não apenas quem é o homem, mas também sobre
quem ele mesmo era. O que faz com que o homem seja o que é? Se, por um lado, como visto,
tudo o que existe, pelo simples fato de existir, é bom e belo, essa bondade e beleza expressam,
de certa maneira, os elementos ou atributos constitutivos presentes em toda criatura: medida,
forma, ordem, unidade etc., colocados pelo próprio Deus.
Considerando estes pontos, a obra da Criação – o mundo ordenado enquanto um todo – se
transforma em um grande sinal que aponta para Deus. A realidade da criatura mostra a
necessidade da existência de um Criador que a tenha produzido. E o mundo em geral, mas
também cada criatura de forma peculiar,
transforma-se em um grande vestígio de
Deus, que foi o grande responsável por
colocar cada ser no plano da existência.
Agostinho, ao seguir este raciocínio,
mostra que o ser humano também tem em sua
estrutura modo, medida e ordem. E ele não só
é constituído de um corpo, mas também de
uma alma racional que vivifica este corpo.
Sendo assim, existe uma composição,
indicada pelo modo, e também uma unidade
substancial deste composto, formando a
unidade humana.
Neste sentido, afastando-se dos
maniqueus, ele não vê o corpo como algo
ruim: quando fala da carne, por exemplo, esta
expressa um estilo de vida que acha que é
possível ser feliz sem Deus e que busca mais
os vícios do que as virtudes. Além disso, ele
se distancia da ideia de que o corpo seria uma Santo Agostinho - National Trust, Calke Abbey
prisão da alma, na qual esta pagaria seus erros
e pecados. E se as vezes, porém, ele usa a palavra “prisão” referindo-se ao corpo, nunca quer
expressar isto em um sentido ontológico, mas apenas moral.
Deus criou todas as coisas, e o homem é não só um vestígio, mas mais do que isso, foi
criado à imagem e semelhança de Deus. E é justamente por causa de sua alma racional que
Agostinho articula que isso passa por essa dimensão da racionalidade e capacidade de
compreensão das coisas.
Vale ressaltar que, nesta hierarquia entre alma e corpo, na qual a alma separada do corpo é
mais perfeita que ele, não se quer dizer que o corpo é intrinsecamente mal ou que ele leva ao
pecado. O pressuposto da Queda de Adão, que fez com que o ser humano se afastasse do
Absoluto por ter abusado do seu livre-arbítrio, mostra que o corpo humano entra, em um sentido
moral, em um processo de corrupção, vícios e rebelião contra a alma. Desta forma, pois, o
homem vive uma série de contradições no seu próprio ser.
Santo Agostinho realmente entende que ontologicamente o corpo é um bem, pois foi criado
por Deus, e forma junto com a alma racional uma unidade substancial. Desta forma, após o
Pecado Original, a estrutura humana permanece a mesma, apesar de estar com a natureza ferida.
Há uma implicação mútua entre corpo e alma, mas apesar desta última ser ontologicamente
mais perfeita e ter o princípio do comando, ela também fica, após a Queda, prejudicada em
aspectos como a inteligência.
É importante ter em mente que é a alma que capta a realidade sentida pelos sentidos: na
medida em que algo atinge o homem, provoca em modificação nele, e, nesta dinâmica, isto é
sentido pela alma, que procura formar uma imagem do objeto que atingiu o corpo e estimulou
tudo isso. A sensação, pois, é esse processo e esse resultado final que a alma produz a partir de
si mesma.
Após o Pecado de Adão, o ser humano fica totalmente voltado para fora de si – para o
âmbito de exterioridade. A alma atenta-se a esse processo, sempre produzindo outras sensações
e imagens, e pode chegar ao ponto de esquecer quem é e passar a achar que é algo corpóreo
como qualquer outra coisa, ou seja, pode esquecer de todo o seu parentesco com a realidade
inteligível e transcendente – com o próprio Deus.
É nesse sentido que Agostinho as vezes faz uma observação crítica em relação à união de
corpo e alma, pois parece que o aspecto da interioridade é cada vez mais desprezado, sendo o
primado da exterioridade levado à um excesso desse processo até chegar ao ponto em que a
alma sente-se como algo corpóreo. Portanto, ao corromper-se o corpo, este pode colaborar na
própria corrupção, da mesma maneira que a alma pode ser dominada por paixões desordenadas
e causar o mesmo fim.
Isto mostra que na antropologia agostiniana, do ponto de vista da natureza humana, há
alguns pontos fundamentais: 1) o aspecto de estrutura e a união entre corpo e alma – o ser
humano, através do seu modo, deixa isto claro; 2) através de sua forma, já se percebe sua vida
cognitiva; 3) através de sua ordem, o homem sabe vive algum tipo de hierarquia em sua
existência, pois há graus de perfeição na natureza. Partindo, pois, do pressuposto da Queda e o
de que a natureza humana ficou ferida, instaura-se a inclinação para o mal e a problemática da
concupiscência e da corrupção. Mas junto com tudo isso, tem-se outro elemento: a dialética
entre o pecado e a Graça. O ser humano não é apenas imagem de Deus, mas é também um
pecador e carrega em de si mesmo uma luta constante, necessitando por isso do auxílio de Deus.

2. O pecado e a Graça
Estes dois aspectos são muito fortes na tradição cristã, e levando em consideração a
tradição filosófica, como o pensamento de Plotino, põe-se em vista que o ser humano é um
peregrino. É alguém que como que estivesse em uma longa viagem, precisa retornar ao seu
princípio originário, e, para isso, deve percorrer a trajetória de uma maneira minimamente
eficaz para que obtenha um resultado positivo.
A antropologia agostiniana mostra, pois, a grandiosidade do ser humano enquanto criatura
de Deus que tem uma especificidade forte – a racionalidade –, mas reconhece sua miséria,
pecados, fraquezas e limitações, e percebe que somente com as próprias forças o homem não
consegue superar todos esses problemas, necessitando, assim, da Graça de Deus. Negar isso,
segundo Agostinho, é negar o que a Escritura diz e também toda a realidade do fenômeno
humano na maneira como ele se apresenta. É por isso que o Santo enfatiza bastante a
importância de observar a natureza humana, e principalmente olhar para si e conhecer o próprio
ser. Desta maneira, percebe-se claramente que, além da capacidade de realizar grandes feitos
intelectuais, também vivencia rapidamente suas fraquezas, frustações e decepções.
Para ele, isso é algo fundamental. O ser humano, apesar de ter uma situação de privilégio
por conta da excelência da alma racional que Deus lhe deu, vê-se igualmente como filho de
Adão, atingido por sua queda. O indivíduo, portanto, por si mesmo, não consegue transcender
toda esta dinâmica. É por isso que alguns autores dizem que a realidade humana é paradoxal: a
condição humana é grandiosa, e, ao mesmo tempo, muito pequena e miserável.
Além disso, o homem parece ter sede de algo. No primeiro parágrafo das Confissões, Santo
Agostinho dirige-se a Deus dizendo:

“Sois grande, Senhor, e infinitamente digno de ser louvado. É grande o vosso poder e
incomensurável a vossa sabedoria. O homem, fragmentozinho da criação, quer louvar-
Vos; o homem que publica a sua mortalidade, arrastando o testemunho do seu pecado
e a prova de que Vós resistis aos soberbos. Todavia, esse homem, particulazinha da
criação, deseja louvar-Vos. Vós o incitais a que se deleite nos vossos louvores, porque
nos criastes para Vós e o nosso coração vive inquieto, enquanto não repousa em Vós.”
Santo Agostinho, Confissões, Livro I

O início do texto de Agostinho mostra que o ser humano é uma criatura feita à imagem de
Deus, formado por uma alma racional que lhe faculta uma perfeição maior do que a dos outros
seres que têm alma, mas também é mortal, pecador e orgulhoso. E, além disso, como se pode
ver no trecho acima, o homem tem um desejo de louvar e possuir a Deus, o que faz com que
ele saia, pois, sempre a Sua procura.

3. Desfecho

Parece, porém, haver um abismo entre o Criador e o homem: o Primeiro é Todo-poderoso,


forte, transcendente e Santo; e o segundo é pequeno, finito, pecador, fraco e soberbo. Podem
ser colocados, por isto, dois pontos: 1) como superar este abismo? 2) tendo consciência de tudo
isso, por que o homem continua querendo buscar a Deus, se Este resiste aos orgulhosos,
parecendo isto, deste modo, algo sem solução? Em outras palavras, por que o ser humano possui
essa inquietude e nunca se satisfaz? E o que é e qual é a origem desta inquietude? Na próxima
exposição, como se verá, estes aspectos serão analisados.
Por todos estes motivos e outros semelhantes, comete-se o pecado,
porque pela propensão imoderada para os bens inferiores, embora
sejam bons, se abandonam outros melhores e mais elevados, ou seja,
a Vós, meu Deus, a Vossa verdade e a Vossa lei. De fato, as coisas
ínfimas também deleitam, mas não como o meu Deus que criou todas
as coisas, porque Ele é as delícias dos corações retos, e é n’Ele que o
justo rejubila.
Santo Agostinho (Confissões, Livro II)

Sancta María, Mater Dei,


ora pro nobis.

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