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de São João
O Caminho para a Iniciação da Alma
Zachary F. Lansdowne
O Apocalipse
de São João
O Caminho para a Iniciação da Alma
Tradução:
Carlos Raposo
Agradecimentos
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10 O Apocalipse de São João
Interpretações Tradicionais
O Apocalipse tem tido significativo impacto sobre a civilização
Ocidental nos últimos 2 mil anos. Os medos e as esperanças do ser
humano são frequentemente expressos por meio de palavras e imagens
retiradas dele – apocalipse, milênio, quatro cavaleiros, aleluia, Arma-
gedom e Nova Jerusalém. Muitos teólogos, poetas, eruditos, pintores,
músicos, cineastas e políticos têm sido influenciados pelas ricas ima-
gens desse livro.
A grande maioria dos comentários publicados sobre o Apocalipse
podem ser classificados em três categorias:1
• O ponto de vista preterista sustenta que o Apocalipse descreve
questões e eventos do primeiro século. Particularmente, acredi-
tam que as maiores profecias do livro foram cumpridas com a
destruição da cidade de Jerusalém, em 70 d.C. A principal difi-
culdade nessa perspectiva é que a vitória decisiva do bem sobre
o mal e a inauguração do reino eterno de Deus, descritas na parte
final do livro, parecem não ocorrer.
• O ponto de vista histórico argumenta que o Apocalipse prediz
todo o curso da história humana, desde a fundação do Cristia-
nismo até o fim do mundo. Os eventos históricos e os proemi-
nentes líderes são identificados como símbolos em visões. Ao
longo da narrativa simbólica, os que propõem esta perspectiva
encontram referências aos imperadores romanos, a vários papas,
a Carlos Magno, à Reforma Protestante, à Revolução Francesa
e a Mussolini. Aqui, a maior dificuldade é sua subjetividade,
assim como demonstrado pela ampla diversidade de interpreta-
ções do simbolismo.
• O ponto de vista futurista, ou escatológico, afirma que o Apoca-
lipse prediz os eventos que ocorrerão no fim do mundo. A carac-
terística dos futuristas é acreditar que o fim do mundo ocorrerá
logo depois de eles o noticiarem. Essa perspectiva reúne as di-
ficuldades tanto dos preteristas quanto dos históricos, uma vez
que a linha de tempo é subjetiva e que muitos dos eventos pre-
ditos ou não, de fato, já ocorreram. Indo ainda mais longe, essa
perspectiva falha em identificar qualquer real significado que o
livro possa ter tido para as pessoas às quais ele fora inicialmente
dirigido – nomeadamente, os cristãos que foram perseguidos no
primeiro século.
Essas três abordagens tradicionais podem ser caracterizadas
como “externas e temporais”, porque todas assumem que os personagens
e episódios presentes no Apocalipse denotam eventos que ocorrem no
mundo externo em um passado ou futuro definidos.
Além disso, nenhuma dessas três categorias parece consistente
com o que o Apocalipse diz a respeito dele mesmo. Conforme Ap. 1:1,
seu propósito é mostrar “as coisas que deverão acontecer em breve”.
Do mesmo modo, Ap. 1:3 determina: “Abençoado seja aquele que lê e
aqueles que escutam as palavras desta profecia, e que guardam as coi-
sas que nela estão escritas, pois que o tempo está próximo”. Então, de
acordo com seus próprios versos, o Apocalipse de São João lida com o
presente. Portanto, contém informação que qualquer leitor – incluindo
você ou eu – poderá usar para tornar-se abençoado.
Interpretações Psicológicas
Este comentário incorpora uma interpretação psicológica do Apoca-
lipse que difere radicalmente das abordagens externas e temporais que a
antecederam. Essa interpretação baseia-se nos seguintes quatro princípios:
• Cada uma das visões de João é similar a um sonho. As visões
de João contêm símbolos, assim como os sonhos. Na verdade,
antigas escrituras dos judeus frequentemente usam os termos
visão e sonho de modo alternado.2 É importante distinguir aqui
entre o João que era escritor e discípulo de Jesus e o João das
visões. Uma distinção análoga pode ser feita entre uma pessoa
que está sonhando e o personagem que a pessoa representa den-
tro do sonho, em si. Por exemplo, você pode ser médico em sua
vida profissional e mesmo assim surgir em seu sonho na função
de professor, de palhaço ou de carpinteiro. Fazer essa distinção
ajuda-nos a resolver um dos maiores quebra-cabeças do Apoca-
lipse – um incidente no qual João parece ter sido repreendido
duas vezes, a saber, quando estava adorando um anjo. A primeira
2. Em 1 Enoque 85:1, as visões de 83:1–3 são chamadas de sonhos. No Testamento de Levi
8:18, a visão de 8:1 é chamada de sonho. Em 4 Esdras, 12:10, 13:21 e 25, os sonhos de
11:1 e 13:1 são chamados de visões. Os textos dessas antigas escrituras são dados por J. H.
Charlesworth, The Old Testament Pseudepigrapha, vol. I (New York: Doubleday, 1983).
12 O Apocalipse de São João
A Alma
5. O Apocalipse em seu versículo 1 e, além desse, em 1:3, 2:16, 3:11, 22:6, 7, 10, 12 e 20,
estabelece que isso concerne aos eventos que irão ou que poderão acontecer imediatamente.
A ênfase a respeito da urgência não é consistente com o método tradicional de interpreta-
ção que trata a obra como uma sequência cronológica de eventos de um passado ou futuro
distantes.
6. Anjo é uma tradução para a palavra grega aggeloi, que significa “mensageiro”, “enviado”
ou “aquele que transmitiu”. No versículo 1, o anjo de Jesus é interpretado como a inspira-
ção que comunica a instrução de Jesus. R. Steiner, The Book of Revelation and the Work of
the Priest (London: Rudolf Steiner Press, 1998), p. 61, tem uma perspectiva similar quando
se refere ao “apocalipse, escrito por intermédio da Inspiração”. Ainda mais geral, Paulo,
em 2 Tm. 3:16, diz: “Toda a escritura é dada pela inspiração de Deus”. A não ser quando
observado, todas as citações bíblicas foram retiradas da VRJ.
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