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UNIVERSIDADE

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS


Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas

RESUMO 01

VOLOCHÍNOV, V. N. (Do Círculo de Bakhtin) Estilística do discurso literário I: O que é a linguagem/


língua (1930). In: A palavra na vida e a palavra na poesia. Org. trad., ensaios introd. e notas Sheila Grillo;
Ekaterina Américo. São Paulo: 34, 2019, p. 234-265.

O texto-base para o presente resumo almeja discutir e caracterizar diversos conceitos fundamentais, no
quadro epistemológico do Círculo de Bakhtin, especialmente as definições de língua e linguagem, para esta
corrente do pensamento linguístico. Distantes da (futura ou coetânea?) problematização dicotômica entre
oralidade e escrita, as reflexões desse grupo objetivam, em nossa interpretação, contribuir para a construção
de conhecimento tanto para os “estudos linguísticos”, como também para o campo dos “estudos literários”:
“Desse modo, surge uma enorme quantidade de questões para o jovem escritor, as quais ele deve resolver
antes de começar a escrita da sua obra” (p. 235). O texto é dividido em oito subseções: 1. A origem da
linguagem/língua; 2. O papel da linguagem/língua na vida social; 3. Língua e classe; 4. Linguagem/língua e
consciência; 5. “Vivência” e “expressão”; 6. Ideologia do cotidiano; 7. Criação literária e discurso interior; 8.
Conclusões. Neste texto, portanto, ficam registradas diversas bases reflexivas para a depreensão de conceitos
centrais, desenvolvidos pelos pensadores posteriormente agrupados sob o rótulo “Círculo de Bakhtin”, que
seguramente dialogam também com o quadro conceitual do pensamento “marxista”.
Há o reconhecimento da existência de um longo período de desenvolvimento da linguagem complexa
linear que utilizamos atualmente, e que provavelmente, a linguagem surgiu a partir dos gestos manuais,
acompanhados (ou não) de expressões sonoras e/ou expressões faciais. A seu ver, a linguagem por meio da
oralidade não decorreu da necessidade de comunicação – para isso já existia a linguagem gestual – mas por
imperativos de ordem econômica, resultantes da “organização produtiva da sociedade” (p. 243), relacionadas
aos elementos do trabalho, conforme fomos nos tornando gradativamente sociedades agrárias e pecuaristas.
A complexificação do nosso próprio universo cultural foi gerando a complexidade linguística. Em seu modelo
explicativo para o surgimento da linguagem oral, o autor afirma que ‘complexos sonoros iniciais’ se tornam
‘palavras dotadas de muitos significados’, e que por conta dos ‘cruzamentos linguísticos’ (decorrentes das
relações sociais), o vocabulário cresce, com o surgimento de ‘palavras resultantes dos cruzamentos’. Por fim,
chega-se à ‘combinação das palavras em frases’ e a complexificação da gramática. O texto traz exemplos de
como, a seu ver, as relações socioeconômicas encontram-se marcadas na gramática e na semântica, tais como
o surgimento dos pronomes pessoais, em sua exposição, advindos da noção de propriedade coletiva e
individual.
Embora este seja o cerne da primeira parte do texto, o autor inicia sua exposição refletindo a partir de
indagações referentes à dimensão literária da linguagem. Afirma que a língua é o material da criação
literária, e assim, autores literários precisam fazer escolhas linguísticas, como as palavras que utilizarão, além
de escolhas composicionais, tais como a disposição das palavras em sua obra, ou a própria organização da
obra a ser criada. Os estudos linguísticos são necessários pois a língua tem suas limitações, e
“consequentemente, existem determinadas leis linguísticas cuja violação resulta em incompreensão” (p. 237).
Deste modo, “se não compreendermos a essência da língua e da linguagem, se não compreendermos seu
lugar e seu papel na vida social, jamais saberemos abordar corretamente aquilo que chamamos de estilística
do discurso literário” (p. 238). A estilística do discurso literário é definida como “técnica de construção do
objeto literário que deve ser dominada (...) por todos os escritores desejosos de se tornar mestres em sua
arte” (p. 238).
Em “2. O papel da linguagem/língua na vida social”, o autor volta brevemente sua atenção para a
linguagem como um processo que permite a estruturação do pensamento, e por conseguinte, da criação de
uma vida social efetiva, ao possibilitar que as pessoas se entendam e compartilhem propósitos comuns. É
através da linguagem que pudemos romper com a natureza, e nos transformarmos em seres sociais,
organizados em sociedades complexas. Em “3. Língua e classe”, prossegue o autor discorrendo sobre as
complexificações sociais tanto permitidas como registradas por meio do uso da linguagem, como o surgimento
das classes sociais, conforme foram sendo estabelecidas as relações de propriedade, do trabalho, de propósitos
comuns, e também da religião, das artes, das ciências e do direito. A comunicação social é materializada por
nossas línguas (p. 251), pondera o autor.
Ao reafirmar que as questões das classes sociais são exteriores à linguagem, nas subseções “4.
Linguagem/língua e consciência” e “5. “‘Vivência’ e ‘expressão’”, o autor centra-se sobre questões tangentes
a aspectos mais interiores ao fenômeno linguístico. Longe de uma visão dicotômica entre “individual” e
“social”, exemplifica que “o aspecto decisivo da questão sempre é: quem tem fome, com quem e em qual
meio, em outras palavras, toda expressão possui uma orientação social” (p. 257), isto é, a linguagem é sempre
dialógica, mesmo quando serve como meio de expressão do pensamento: “o discurso interior é aquela esfera,
aquele campo, no qual o organismo passa do meio físico para o meio social” (p. 259).
O autor caminha para a conclusão do texto, ao definir, em “6. Ideologia do cotidiano”, esta ideologia
do cotidiano como “todo o conjunto das vivências cotidianas - que refratam e refletem a existência social –
e das expressões exteriores ligadas diretamente a elas” e que “atribui sentido a cada um dos nossos atos,
ações e estados ‘conscientes’” (p. 260). É a partir desta ideologia do cotidiano que surgem os diversos
sistemas ideológicos, inclusive o discurso literário. Em “7. Criação literária e discurso interior” e “8.
Conclusões”, o autor amarra as diversas ideias expostas ao longo do texto, considerando-os sob a perspectiva
da literatura. Reconhecendo que todo discurso – interior ou exterior – é igualmente orientado para o outro,
para o diálogo, conclui o autor que “com a ajuda da linguagem/língua, criam-se e formam-se os sistemas
ideológicos (a ciência, a arte, a moral, o direito), e ao mesmo tempo a língua cria e forma a consciência do
homem” (p 264).

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