Sei sulla pagina 1di 9

ARTIGO

Idoso Institucionalizado:
Funcionalidade e Aptidão Física

Institutionalized older people: functional and physical fitness

Alexandrina Lobo*
Adriana Pereira**

Resumo Abstract
Objectivos: (i) Avaliar a funcionalidade e aptidão física Aim: (i) To evaluate the functionality and the physical
dos idosos institucionalizados; (ii) Identificar as fitness of institutionalized elders; (ii) Identify the existent
associações existentes entre composição corporal, association among physical composition, age, time of
idade, tempo de institucionalização, funcionalidade e institutionalization, functionality and physical fitness.
aptidão física. Desenho: estudo exploratório descri- Methods: Exploratory descriptive study, with a
tivo, com uma amostra aleatória simples, constituída randomization sample, constituted by 164
por 164 idosos (96 mulheres e 68 homens), com idade institutionalized elders, with more than 24 points in to
média±desvio padrão de 79,2±7,5 anos, institucio- MMSE. Participant: 96 women and 68 men (n=164),
nalizados, com MMSE superior a 24 pontos. Medidas: with 79,2 ± 7,5 years. Measures: Anthropometric,
antropométricas, escala de Barthel, Mini-Mental State Barthel scale, Mini-mental State Examination, and
Examination, e Functional Fitness Test. Resultados: Functional Fitness Test. Results: MMSE of 29,3±1,1;
MMSE de 29,3±1,1; IMC de 26±5,9; escolarização de IMC of 26±5 ,9; 3±2,1 years of education and 5,8±3,2
3±2,1 anos e 5,8±3,2 anos de institucionalização e Barthel years of institutionalization and Barthel of 73,5±12,8.
de 73,5±12,8. Conclusões: (i) a dependência nos ido- Conclusions: (i) dependence in the institutionalized
sos institucionalizados está associada com o peso e ida- elders is associated with the weight and age; (ii) the
de; (ii) os idosos apresentam níveis de ApF baixos espe- elders present low levels of ApF especially in the aerobic
cialmente na resistência aeróbica, flexibilidade Inferior resistance, lower flexibility and agility. The muscular
e Agilidade. A força muscular diminui mais depois dos force decreases more after the 75 years; (iii) the level of
75 anos; (iii) o nível de dependência é grave para 67,2% dependence is serious to 67,2% of the elders; (iv) the
dos idosos; (iv) o número de doenças crónicas está number of chronic diseases is correlated with the Barthel
correlacionada com a escala de Barthel (R=-0,38: scale (R= -0,38: p=0.05) and with IMC (R=0,75:
p=0,05) e com o IMC (R=0,75: p=0,05); (v) quanto p=0.05); (v) as smaller Physical Fitness smaller
menor a ApF menor pontuação de Barthel, ou seja punctuation of Barthel, or be larger dependence degree
maior o grau de dependência (R=0,69: p=0,05). (R=0,69: p=0.05).

Palavras-chave: Idosos Institucionalizados; Funcionali- Key-words: Institutionalized elderly, Functionality,


dade; Aptidão Física Physical Fitness.

Recebido para publicação em 01-09-06


Aceite para publicação em 03-01-07

OMS = Organização Mundial de Saúde; SPSS = Statistical Package for the


Social Sciences; AVD = Actividades de Vida Diária; AIVD = Actividades
Instrumentais de Vida Diária; AAVD = Actividades Avançadas de Vida
*Enfermeira do H. S. Marcos – Braga; Doutoranda da Faculdade de Diária; ApF = Aptidão Física; MMSE = Mini-Mental State Examination;
Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade do Porto FFT = Functional Fitness Test; FMI = Força dos MI; FMS = Força dos MS;
** Professora Auxiliar na Faculdade de Ciências da Saúde da Universi- FMS= Flexibilidade dos MS; RA = Resistência Aeróbica; FMI = Flexibilidade
dade Fernando Pessoa – Porto dos MI; ED = Equilíbrio Dinâmico.

Revista II.ª Série - nº 4- Jun. 2007


Introdução mas risco de perdas futuras. Neste sentido,
as preocupações deste estudo voltaram-se
A sociedade está em constante evolução para questões que se baseiam nos conceitos
e os problemas que a preocupam vão variando de deficiência (impairment), incapacidade
segundo as mudanças de necessidades (disability) e desvantagem (handicap)
e interesses da população. O envelhecimento propostas pela OMS (1998).
das sociedades é um desses problemas, e está A capacidade funcional é um dos grandes
a provocar reajustamentos nas estruturas componentes da saúde do idoso. Na
sociais e no seu modo de vida (Paúl, 1997). actualidade a dimensão do estado funcional
Estas alterações e o envelhecimento torna-se central para a avaliação geriátrica.
demográfico são observáveis a nível mundial. Os autores são unânimes ao considerar este
Em Portugal, de acordo com os dados conceito de incapacidade funcional como
estatísticos do INE, (2001), esse envelhe- complexo e tem sido identificado pela
cimento da população é também muito presença de dificuldades no desempenho de
acentuado. algumas actividades quotidianas ou até
Para Karinkanta et al., (2005) o processo mesmo, pela impossibilidade de as desem-
de envelhecimento encerra inúmeras penhar (Rosa et al, 2003), e, na opinião de
alterações na vida do idoso, que lhe afectam Farias e Buchalla (2005), são resultantes da
a funcionalidade, mobilidade, saúde, interacção entre a disfunção apresentada pelo
privando-o de uma vida autónoma e saudável, indivíduo, a limitação das suas actividades
prejudicando a qualidade de vida. Este e a restrição na participação social.
processo natural é mediado por factores não A capacidade funcional caracteriza-se
modificáveis, como os processos biológicos pelas habilidades necessárias para se manter
e modificáveis como os factores psicológicos uma vida independente e autónoma e
e sociais. segundo Rosa et al (2003) está dividida em
Em 1998 a Organização Mundial da duas categorias: AVD‘s e as AIVD’s. As
Saúde (WHO, 1998) considerou que podem primeiras reflectem apenas a capacidade
ser delineadas três sub dimensões: as ou não para o auto-cuidado básico enquanto
Actividades Básicas de Vida Diária (AVD‘s), as AIVD’s reflectem o nível da capacidade
que correspondem aos níveis mais graves de utilização dos recursos disponíveis no meio
de deficiência das aptidões físicas, avaliam ambiental habitual para a execução de tarefas
funções de sobrevivência, tais como ali- rotineiras do dia-a-dia.
mentar-se, tomar banho, vestir-se, transferir- Rikli e Jones (1999a) conceptualizam
-se de um local a outro. a aptidão física (ApF) como a “(…)capaci-
As Actividades Instrumentais de Vida dade fisiológica e/ou física para executar as
Diária (AIVD‘s) estendem-se a problemas actividades de vida diária de forma segura e
mais complexos da vida quotidiana de um autónoma, sem revelar fadiga”; existem outras
indivíduo menos dependente, gerir dinheiro, definições de ApF, mas esta é a que mais se
utilizar o telefone, sair só, fazer compras etc. adequa neste estudo. Os declínios verificados
Indicador de funções sociais que amplia os com o envelhecimento nas componentes da
parâmetros explorados pelas escalas AVD‘s. ApF possuem efeitos negativos nomeada-
As Actividades Avançadas de Vida Diária mente ao nível da mobilidade funcional,
(AAVD‘s) incluem actividades voluntárias limitando a sua capacidade de realizar as mais
sociais, ocupacionais e de recreação. diversas tarefas da vida diária e manter a sua
Dificuldades em participar nestas actividades qualidade de vida (Jackson, 2006; Joyce,
podem não indicar perda funcional actual, 1994; Skinner and Oja, 1994).

62
Têm sido publicados alguns trabalhos peso corporal, sendo que os três principais
no sentido de averiguar e estabelecer as componentes do corpo humano são: osso,
alterações que decorrem na ApF com o avanço músculo e gordura. Segundo Petroski e Neto
da idade e a relação desta com a (1993) estes componentes podem ser
funcionalidade (Hollenberg et al., 2006; alterados positivamente pela actividade física
McAuley et al., 2006; Rikli and Jones, ou negativamente pelo sedentarismo e por
1999b). doenças.
Num estudo conduzido por Rikli and Em geral, o idoso perde a potencialidade
Jones (1999) os resultados revelaram um para a realização das suas actividades,
padrão evidente de decréscimo da ApF em principalmente a ocupação diária, e devido
todas as suas componentes com a idade, às condições sociais, nomeadamente a falta
verificando-se que os homens apresentam de apoio da família, muitos idosos são
melhores scores de força, resistência aeróbica colocados em instituições. Em Portugal, e
e agilidade e as mulheres têm melhores valores segundo o INE, (1999) 37,6% dos idosos
na flexibilidade. vivem com a família, e ainda que exista a
McAuley (2006), num estudo onde convicção muito forte no público em geral
analisou o papel da ApF e a sua relação com de que as famílias desinvestem muito
a actividade física e limitações funcionais, relativamente aos ascendentes, na opinião de
concluiu com particular relevância, o facto Pimentel (2001) isto não corresponde à
da actividade física e a percepção de eficácia realidade. Por toda a Europa, a família
representarem um importante e modificável constitui ainda o grande pilar da
factor que melhora a ApF e consequen- responsabilidade pelos dependentes idosos.
temente a funcionalidade. Têm sido realizados em Portugal e em outros
Em 2001, o Instituto Nacional de Saúde países vários estudos que permitem contrariar
Dr. Ricardo Jorge publicou os resultados de estas representações. “A família continua a
um projecto que, entre outros indicadores, ser uma instituição significativa para o suporte
permitiram obter informação sobre a e realização efectiva do indivíduo” ou “A
capacidade funcional de indivíduos idosos. instituição familiar é o garante da soli-
Os resultados indicam que 8,3% dos dariedade necessária aos ascendentes em
indivíduos declaram apresentar grandes situação de velhice” (Fernandes, 1997,
incapacidades, estimando-se em 12% a p. 103). Segundo o INE (2001), o número
percentagem de indivíduos que declara de idosos institucionalizados tem vindo a
precisar de ajuda para as AVD’s (Branco et aumentar, cerca de 33% dos utentes ligados
al., 2001). Estes resultados são impor- à segurança social são idosos e 12%
tantes, num contexto de um grande encontram-se em lares. De acordo com
desconhecimento sobre as capacidades Azeredo e Matos (2003), que realizaram um
funcionais dos idosos institucionalizados em estudo com doentes vítimas de AVC, no qual
Portugal. O presente estudo poderá também concluíram que quando os doentes perdem
ajudar a colmatar as lacunas de informação a sua autonomia são muitas vezes levados para
acerca da população idosa institucionalizada instituições que cuidam deles, devido
e este conhecimento pode favorecer a à sua dependência.
melhoria da qualidade dos cuidados de saúde Segundo Caldas (1998) a família é
desta população. fundamental no processo de prestação de
Para Malina, (1969) as características cuidados ao idoso. Na opinião de Brito e
antropométricas e da composição corporal Ramos (1996) a institucionalização deveria
são os maiores responsáveis pela variação do ser a última alternativa a ser considerada para

63
o idoso, porque normalmente ocorre um O Índice de Massa Corporal (IMC) foi
aumento do isolamento, inactividade física calculado através do peso/altura2 (em kg/m2).
e julgamentos sociais destrutivos, principal- Considerou-se: <18,4 é magreza; entre 18,5
mente relacionados com a família. As e 24,9 considerando-se peso normal e acima
instituições habitualmente são espaços de 25 é excesso de peso, e >30 é obesidade,
impessoais, “frios”, escuros, monótonos, (ACSM, 1998).
com poucos estímulos, não favorecendo Utilizou-se a escala de Barthel, pois dos
a qualidade de vida dos idosos. instrumentos de avaliação das AVD‘s, este é
o que possui resultados de confiabilidade
e validade mais consistentes (Cassidy et al.,
Metodologia 2004). Esta escala mede a independência
funcional e a morbilidade em doentes com
Desenho do estudo: estudo exploratório patologia crónica, indicando se estes
descritivo para caracterização dos idosos necessitam de cuidados ou não, e pretende
institucionalizados em 5 lares do concelho avaliar se o doente é capaz de desempenhar
de Braga e Porto, com uma população determinadas tarefas independentemente.
estimada de 278 idosos, sendo cerca de 75% A escala é constituída por 10 itens:
do sexo feminino. Para a determinação da alimentação, banho, asseio pessoal, vestir-se,
amostra (n=164), foi utilizada a técnica de controle vesical e intestinal, movimentação,
amostragem aleatória simples, por sorteio dos transferência cadeira/cama, mobilidade
números dos processos clínicos. Como e subir escadas, e o seu total pode variar
critério de inclusão foi definido que o de 0 a 100, sendo que um total de
idoso deveria ter um score superior a 24 0-20 indica dependência total; 21-60
pontos, no Mini-Mental State Examination grave dependência; 61-90 moderada
(Folstein et al., 1975). dependência; 91-99 muito leve dependência
e 100 independência. Foi avaliado por
Sujeitos e Medidas observação directa e consulta dos registos
clínicos.
Entre Janeiro e Agosto de 2006, 164 O Mini-Mental State Examination é a
idosos (96 mulheres e 68 homens) foram escala mais utilizada para avaliação do estado
seleccionados e convidados a participar no mental dos sujeitos (www.medicinageriatrica.
estudo. Todos assinaram o consentimento com.ar, 2005). Pode ser realizado em 5-10
informado, de livre e esclarecida vontade minutos, inclui itens sobre a orientação,
e demonstraram compreensão pelos o registo de informação, a atenção, o cálculo,
objectivos do estudo e os dados foram obtidos a memória, a linguagem e a construção. Cada
através de um investigador. Neste estudo, item tem uma pontuação, até um total
optou-se por instrumentos que tendem de 30 pontos: menor de 24 sugere demência,
a uma avaliação funcional geral e curta, leve entre 23-21, moderada entre 20-11
procurando uma avaliação multidisciplinar e severa inferior a 10.
de várias dimensões que afectam o indivíduo A Aptidão Física foi determinada através
idoso institucionalizado. do FFT - Functional Fitness Test (Rikli and
O peso foi obtido através de uma balança Jones, 1999a) que avalia os principais
digital marca Seca 708, com aproximação às parâmetros físicos: Força dos Membros
centésimas. A altura foi avaliada entre vertex Inferiores-FMI (exercício Levantar e sentar
(ponto acima da cabeça, no plano mediano- na cadeira), Força dos Membros Superiores-
sagital) e o plano de referência do solo. FMS (exercício Flexão do antebraço),

64
Resistência Aeróbica - RA (exercício 2 Resultados
minutos de Step) Flexibilidade dos Mem-
bros Inferiores - FI (exercício Sentado e A idade da amostra estudada (n=164)
alcançar) e Flexibilidade dos Membros varia entre (um máximo de 94 e um mínimo
Superiores- FS (exercício Alcançar atrás das de 65), a média±desvio padrão foi de
costas), Velocidade, Agilidade e Equilíbrio 79,2±7,5 anos, com uma escolaridade
Dinâmico (exercício Sentado, caminhar 2,44 média±desvio padrão de 3±2,1 anos,
m e voltar a sentar), esta bateria de testes e 5,8±3,2 anos de institucionalização.
possui valores normativos por grupos etários Os valores da escala de Barthel foram de
e sexo, permitindo a comparação de 73,5±12,8. A pontuação média no MMSE
resultados; requer pouco equipamento, é de foi de 29,3±1,1 e apresentam um IMC
fácil aplicação e reflecte a preocupação em de 26±5,9
abranger a totalidade dos idosos, mesmo os
que se encontram em lares e/ou centros Quadro 1- Caracterização da amostra
comunitários. Média Desvio-Padrão
Idade (anos) 79.2 7.6
Nº de filhos 1.9 2.5
Escolaridade (anos) 3 2.1
Institucionalização (anos) 5.8 3.2
Análise estatística Barthel 73.5 12.8
MMSE 29.3 1.1
IMC 26.6 5.9
Para o tratamento estatístico dos dados
utilizou-se o programa SPSS, versão 13, O Quadro 2 apresenta os parâmetros do
utilizando-se um nível de significância de FFT por grupos etários, onde estão apresen-
5%. Numa primeira etapa, os dados foram tados os valores de referência do Rikli
explorados através de estatística descritiva, e Jones (1999). Verificam-se valores mais
realizando medidas de tendência central baixos relativamente à força especialmente
e de dispersão. Utilizou-se o T-teste para depois dos 75 anos. Os parâmetros da resis-
comparar os géneros e a correlação de Pearson tência aeróbica (RA), flexibilidade inferior
para verificar a existência de associação entre (FI) e equilíbrio dinâmico (ED) são signifi-
diferentes variáveis. cativamente menores aos de referências.

Quadro 2: Parâmetros do Functional Fitness


65-69 70-74 75-79 80-84 85-89 90-96

FMI (nº repetições) 19.9* 16.2 12.8 9.5 10.2 11.8


Valor Referência 14.4 13.8 13.3 11.9 10.7 8.9

FMS (nº repetições) 16.9 15.2 14.8 11.5 10.4 11.8


Valor Referência 16.8 16 15.1 14.5 12.9 11.5

RA (nº repetições) 88.3* 82.6 78.9** 65** 58.8** 41.2**


Valor Referência 95.5 89.5 87.5 81 72.5 63.5

FI (distância) -2.5* -3.3 -6.8** -4.3* -7.4** -10.9**


Valor Referência 1 0.5 0.05 -0.8 -1.2 -2.7

FS (distância) -2.7 -3.3 -5.3 -7.3 -8.9* -9.1


Valor Referência -2.7 -3.1 -3.9 -4.2 -5.1 -5.9

Agilidade (tempo) 11.9** 12.2** 15.8** 17.5** 18.3** 19.8**


Valor Referência 5.4 5.7 6.1 6.8 7.6 8.8

*T-test para 1 amostra significante p=0.05 **T-test para 1 amostra significante p=0.01

65
Na figura 1, estão representados os valo- O número de doenças crónicas está
res de Barthel em função da idade. Pela aná- associado ao nível de dependência nas AVD‘s
lise dos resultados neste estudo, verifica-se e ao IMC, de modo estatisticamente significa-
que 9,8% dos idosos são independentes tivo (R=-0,38 e 0,75, respectivamente p=0,05).
(100 pontos na escala de Barthel), dos O IMC está correlacionado com Barthel
dependentes: 5,8% apresentam dependên- (R=-0,343: p=0,01).
cia muito leve (91-99 pontos), os restantes
84,4% apresentam maior dependência. Discussão
No contexto das diferenças por idade
observa-se uma grande variabilidade, por Relativamente à idade dos sujeitos da
exemplo, temos um sujeito com 72 anos com amostra a média foi de 79,2±7,6 anos, indo
50 pontos (grave dependência) e outro de de encontro aos resultados dos estudos de
92 anos com uma pontuação de 85, muito Rikli and Jones. A idade é elevada e esta
próximo da independência. O que nos associa-se a menor capacidade funcional.
permite constatar que a idade no que diz A escolaridade é muito baixa (3±2anos),
respeito à funcionalidade dos idosos apenas porém tendo em conta a idade dos sujeitos,
explica uma parte da mesma. estes resultados enquadram-se na taxa de
escolaridade da população portuguesa, da
qual 9% são analfabetos (INE, 2001).
Em Portugal, em 2001, 51017 idosos
viviam em Alojamento Permanente, 69%
eram mulheres, 34% dos idosos não possuía
qualquer grau de instrução e 85% apresen-
tava o 1º ciclo do ensino básico, 72 % reve-
lava níveis de incapacidade significativos
(Azeredo e Matos, 2003) e vive nestes espa-
ços, em média, há mais de 5 anos. No nosso
Figura 1: Pontuações na escala de Barthel estudo verificou-se um resultado semelhan-
por idades te, sendo o tempo médio de institucio-
nalização de 5,8±3,2 anos.
No Quadro 3 estão descritas as correla- Pela observação dos resultados referentes
ções entre as variáveis estudadas, verificando- à escala de Barthel, verifica-se que a média
-se uma correlação negativa e estatisticamente foi de 73,5±12,5 pontos e a pontuação
significativa entre a idade e o grau de depen- média no MMSE foi de 29,3±1,1 e apre-
dência (R=-0,065: p=0.05). sentam um IMC de 26±5,9.

Quadro 3- Correlações (R de Pearson)

FFT Barthel IMC

Nº doenças crónicas -0.32 (p=1,45) -0.38(p=0,03*) 0.75(p=0,04*)


Idade -0.93 (p=1,05) -0.065(p=0,04*) 0.012 (p=2,11)
Barthel 0.69 (p=0,04*) X -0.343(p=0,008**)
IMC -0.65 (p=4,02) -0.343(p=0,008**) X

* Correlação significante p=0.05 ** Correlação significante p=0.01

66
No que se refere ao Fitness Teste, verifica- Conclusões
se que os parâmetros da resistência aeróbica
(RA), flexibilidade inferior (FI) e equilíbrio Este estudo permitiu concluir que: (i) a
dinâmico (ED) são significativamente dependência nos idosos institucionalizados
menores aos de referência, o que poderá está associada com o peso e idade; (ii) os ido-
explicar por sua parte os elevados graus de sos apresentam níveis de ApF baixos especi-
dependência encontrados. almente na RA, FI e agilidade. A força
A significativa correlação observada no muscular menor especialmente depois dos
Quadro 3 entre a idade e o grau de depen- 75 anos; (iii) o nível de dependência é grave
dência (R=-0,065: p=0.05) indica que a para 67,2% dos idosos; (iv) o número de
idade pode ser um factor importante na doenças crónicas está correlacionada com
perda de funcionalidade. Apesar de fraca, esta a escala de Barthel (R= -0,38: p=0,05)
correlação indica que quanto maior a idade e com o IMC (R=0,75: p=0,05); (v) quanto
menor o índice de Barthel, ou seja mais menor a ApF menor pontuação de Barthel,
dependência. A maior perda de funcionali- ou seja maior o grau de dependência
dade verifica-se no tomar banho (68,2% tem (R=0,69: p=0,05).
necessidade de algum tipo de ajuda), o que Estes resultados são importantes, no con-
parece estar relacionado com a prevenção de texto de um grande desconhecimento sobre
acidentes, feita pelos profissionais de saúde, as capacidades funcionais dos idosos em
nomeadamente os enfermeiros. Numa per- Portugal. Salienta-se para a enfermagem
centagem de 65% dos idosos acontecem o interesse de reconhecer o impacto da fun-
acidentes frequentes na realização da AVD cionalidade na dependência. No momento
micção. Na AVD subir ou descer escadas, em que se dão os primeiros passos dos
10,6% dos idosos necessitam de ajuda. serviços de cuidados continuados, estes
O factor tempo de institucionalização pare- resultados têm grande interesse para apoiar
ce não influenciar o nível de funcionalidade a tomada de decisão e determinar medidas
e aptidão física dos idosos institucionalizados. de manutenção e melhoria da funcionali-
Porém o número de doenças crónicas está dade nos idosos.
associado ao nível de dependência nas AVD‘s
e ao IMC, de modo estatisticamente signifi-
cativo (R= -0,38 e 0,75, respectivamente
p=0,05). E quanto menor a ApF menor pon- Bibliografia
tuação de Barthel, ou seja maior o grau de
dependência (R=0,69: p=0,05), sem que
haja relação com a funcionalidade cognitiva ACSM (1998) - Exercise and physical activity for older
adults. Medicine & Science in Sports & Exercise. Vol.
(MMSE). O IMC está correlacionado com 30, nº 6, p. 992-1008.
Barthel (R=-0,343: p=0,01), sugerindo
AZEREDO, Z. ; Matos, E. (2003) - Grau de dependência
que quanto maior o peso, maior o grau em doentes que sofreram AVC. Revista Faculdade Medi-
de dependência e por conseguinte, menor cina Lisboa. Vol. 8, p. 199-204.
a funcionalidade física. Estes dados são
BRANCO, M. J. ; NOGUEIRA, P. J. ; DIAS, C. D.
pertinentes e realçam a necessidade de (2001) - MOCECOS: uma observação dos cidadãos
manutenção e melhoria da aptidão física idosos no princípio do século XXI. Lisboa : Observatório
Nacional de Saúde.
e funcional dos idosos institucionalizados
através, por exemplo de programas de CASSIDY, K. [et al.] (2004) - Association between lifestyle
actividade física regular e específica factors and mental health measures among community-
dwelling older women. The Australian and New Zealand
(Plowman, 2005). Journal Psychiatry. Vol. 38, nº 11-12, p. 940-947.

67
FOLSTEIN, M. ; FOLSTEIN, S. ; MCHUGH, P. (1975)
– “Mini-mental state”. A practical method for grading the
cognitive state of patients for the clinician. Journal of
Psychiatric Research. Vol. 12, nº 3, p. 189-198.

HOLLENBERG, M. [et al.] (2006) - Longitudinal changes


in aerobic capacity: implications for concepts of aging. The
Journals of Gerontology. Series A, Biological Sciences
and Medical Sciences. Vol. 61, nº 8, p. 851-858.

JACKSON, A. S. (2006) - The evolution and validity of


health-related fitness. Quest. Vol. 58, p. 160-175.

JOYCE, C. R. B. (1994) - Requirements for the assessment


of individual quality of life. In MCGEE, H. M. ; BRADLEY,
C., ed. lit. - Quality of life following renal failure:
psychosocial challenges accompanying high technology
medicine . Amsterdam : Harwood Academic Publishers.
p. 43-54.

KARINKANTA, S. [et al.] (2005) - Factors predicting


dynamic balance and quality of life in home-dwelling elderly
women. Gerontology. Vol. 51, nº 2, p. 116-121.

MCAULEY, E. [et al.] (2006) - Physical activity and


functional limitations in older women: influence of self-
efficacy. T h e Jo u r n a l s of G e r o n t olo g y. Ser i e s B,
Psychological Sciences and Social Sciences. Vol. 61,
nº 5, p. 270-277.

PAÚL, M. C. (1997) - Lá para o fim da vida: idosos,


família e meio ambiente. Coimbra : Livraria Almedina.

PLOWMAN, S. (2005) -Physical activity and physical


fitness: weighing the relative importance of each. J Phys
Aging & Health. Vol. 2, p. 143-158.

PORTUGAL. Instituto Nacional de Estatística (2001) -


Censos 2001 : resultados preliminares : XIV recensea-
mento geral da população : IV recenseamento geral da
habitação. Lisboa : INE, 2001.

RIKLI, R. ; JONES, C. (1999) - Functional fitness


normative scores for community-residing older adults, ages
60-94. Journal of Aging and Physical Activity. Vol. 7, nº
2, p. 162-181.

Rikli, R., and C. Jones, 1999b, Functional Fitness Normative


Scores for Community-Residing Older Adults, Ages 60-
94: JAPA, v. 7, p. 162-181.

SKINNER, J. S. ; OJA, P. (1993) - Laboratory and field


tests for assessing health-related fitness. In BOUCHARD,
C. ; SHEPHARD, R. J. ; STEPHENS, T., ed. lit. - Physical Agradecimento
activity, fitness, and health: consensus and statement.
Champaign : Human Kinetics Publishers. Às instituições que permitiram a colheita de dados e
em especial às minhas caras colegas: Enfª Rafaela Rosário,
WHO (1998) - The role of PA in healthy aging gene.
Mini-mental state examination [Em linha]. [Consult. Enfª Sandra Santos e restantes membros das equipes de
2005]. Disponível em WWW: cuidados pelo apoio prestado na recolha de dados, a todos o
<URL:http://www.medicinageriatrica.com.ar. meu muito obrigada.

68
105

Potrebbero piacerti anche