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JOStil,lt s. NYli, JR.

COMPREENDER
OS CONFLITOS
INTERNACIONAIS
Uma Introdução à Teoria e à Históría

TRADUçÀO
TIAGO ARAÚJO

REVrsÀo ctENÍÍFICA
HENRIQUE LACES RIBEIRO

gradiva

l.
,,14 ( ( tMlrkllllNlrllk {)s (ÌrNl,l ll(ìì lN tfilNA('l(lN^ll{

t92(., Âletttitnhl ir(lrììili(ll nl l,igir rlls Nlçr'tls


t92tr Assiniulo o Prclo lìriiuì(l- Kcllogg
1930 Conlêrência Naval de Lonrlrcs
t93l Invasão.japonesa da Manchúri : íulôncrl rlo ('rc(lil-^nstalt ilustrir(,r
Banco de Inglaterra forçado a abandonar o ptdÍÍo-ouro
r932 Conferência de desarmamento; ConÍerência de l,ausana sobrc its lepil
rações alemãs
1933 Adolf Hirler torna-se chanceler da Alemanhâ; incêndio do Rcichsrrrl'.
apÍovada Lei de Plenos Poderes que estabelece a ditadura nazi; Alr
manha retira se da conferência de desaÍmamento e da Liga das Nuçor.r
1934 Uniâo Soviética ingressa na Liga das Nações
1935 Alemanha renuncìa às cláusulas de desarmamento do Tratado r[.
VersaÌhesi formada a aliança franco-Íussai alcançado o acordo nilvrl
anglo-germânico; invasão italiana da Etiópiâi Pacto Hoare-Laval
t936 Alemanha renuncia aos Pactos de Locarno e reocupa a Renânia; Itliliir
vence a guerra na Etiópia; Liga das Nações desacreditada enqulnt()
instrumento político; formado eixo Roma-Berlim; formado Pacto Anti
Comintern
t936-t939 Guerra Civil de Espanha
1917 Japâo lança ataque a Nanquim e a outÍas cidades chinesas
1938 Invasão e ânexação da Áustria pela Alemanha; Chamberlain encontÍir
-se com HitleÍ em Berchtesgaden, Codesberg e Munique para resolvcr'
a crise germano-checa; assinado Pacto de Muniqu€
Vy'inston Churchill, FÍanklin Roosevelt e .losef Eslaline em laÌta' 1945
1939 Crise na Checoslováquia; Alemanha ocupà toda a Checoslováqui :
promessas brìlânicas e francesas à Polónia e garantias à Grécia e ìr
Roméniai ltália invade a Albânia; Pàcto germano-soviético (Ribben-
trop-Molotov); Alemanha invade a Polónìa; Grã-Bretanha e França
declaram guerra à Alemanha
1940 Hitler invade a França; Batalha de Inglaterra; Japão ocupa a Indochina
Francesa
A Guerra Fria
194t Hitler invade a União Soviética; Japão ataca Pearl Harbor

Dada a sua violenta prim€ira metade, uma caracterÍstica extraordinária da


segunda metade do século xx foi a não ocorrência da Terceira Guerra Mun-
dial. Em vez disso. houve rma guerra fría, um peÍíodo de intensa hostilida-
de sem guerra efecliva. A hostilidade era tão intensa que muilos esperavam
um conflito aÍmado enlre as superpotências. Ocorreram combates, mas nas
periferias e não directamente entre os Estados Unidos e a União Sovíética.
A Guerra Fria durou quatro décadas, de 1947 a l989. O auge da Guerra Fria
foi entre 1947 e 1963, quando se realizaram poucas negociações sérias entre
os Estados Unidos e a União Soviética. Não se realizou mesmo qualquer
cimeira entre 1945 e 1955. Em 1952, George Kennan, o embaixâdor dos
Estados Unidos em Moscovo. comparou o seu isolamento na embaixada
americana com a sua experiência de internamento num campo de prisionei-
r Ì )Ill,l(l I Nl,l lr r r\ r ONI I llr r\ lN ll,llN^l'll)N^lX A í ll'NtRA I'Rt^ ,.ìl

ros cm Bcrlinì durarìlc l Scgttndir (ìucrrlr Mrrrrtliirl, Âs llscs lxrstctiorcs rlrr tantlrrurr eorìlcl it itlcologitt rlrt lihcrtlatlc c tla igualdadc lbritçadu l)clu Rc-
Guerra Fria. nas tlcícadas clc 1970 c l9lì0. lirrrrrrr hirsliuìtc (lilcrcnlcs. Anr(' voluçrìo Iil rìccslr c, llìcsrìro antcs, a lgrcja ('at(ilica lcntou, na Contra-Re-
ricanos e Soviéticos linham muilos r()rìlirr:t()\ r' rrcgoeiirlirrtt rcgÌrlirnr('nl(' fornrr. contcr l dilusào da Rclìrrnra e dos itleais de Martinho Lutero. Exis-
trata<los de controÌo de armamentos. O fint da Cìucrra l'ria ocorrcu blsliurl(' tam dilbrcntcs litrnras de contenção. Esta pode ser ofensiva ou defensiva.
rapidamente, com a alteração das políticas soviéticas apírs Mikhail (ìorhuclrt'r Pode scr nrilitar, na forma de guerra ou alianças, e pode ser económica, na
ter chegado ao poder em 1985. A hegemonia soviética sobre a Europir ri' Íorma de bloqueios comerciais ou sanções. Durante a Guerra Fria, os Esta-
Leste nriu em 1989 e â própria União Soviética desintegrou-sc em l9()1. dos Unidos hesitaram entre uma política expansionista de contenção do comu-
ni$mo e uma política mais limitada de contenção da União Soviética.

Dissuasão e contenção
Tlês abordagens ò Guerra Fria
O que torna â Guerra Fria excepcional é ter sido um período de tensiro
prolongada que não terminou numa guerrâ entre os dois estados rivais. Existe Quem ou o que originou a Guerra Fria? Quase desde o seu início, estas
uma variedade de explicações para isso ter acontecido, que irão ser debati questões têm sido sujeitas a intenso debate entre académicos e políticos.
das. Devido à sua trajectóÍia invulgar, a Guerra Fria oferece uma perspeeri\l Existem três principais escolas de opinlão:. trudicionalistas, revisionisns e
única sobre as relações internacionais e escìarece a dinâmica de duas opçircs pós-revisionistus.
de política externa que os estados podem assumir: a opção de dissuctdir c ;r Os tradicìonalistas (também conhecidos como ortodoxos) defendem que
opçÃo de conler. â resposta à questão de quem começou a Guerra Friâ é bastante simples:
Dissuadir é desencorajar através do medo e não é original da Guerra Fria. Estaline e a União Soviética. No final da Segunda Guerra Mundial, a diplo-
Ao longo da história, os países construíram exércitos, formaram alianças c macia americana era defensiva, enquanto os Soviéticos eram agressivos e
ìançaram ameaças para dissuadir outros países de os alacarem. DuÌiìDle iì cxpansionistas. Os Americanos apenas lentamente despeíaram para a natu-
Guerra Fria, e cÒm o advento das armas nucleates, âs superpotências con tcz^ da ameaça sovÍética.
fiaram mais no desencorajamento pela anìeaça do que na oposição pclrr Que provas apresentam os tradicionalistas? Imediatamente a seguir à

defesa após um ataque ter ocorrido. A dìssuasão da Guerra Fria estava ligada guerra, os Estados Unidos propunham umâ ordem mundial universal e segurança
à questão globaì da dissuasão nuclear, mas eÍa igualmente uma extensõo da colectiva através da Nações Unidas. A União Soviética não levava muito a
ìógica do equiìíbrio de poder A dissuasão pela ameaça nucle:ìr era unra sério as Nações Unidas porque prelendia expandir-se e dominar a sua própria
forma pela qual cada superpotência procurava impedir a outra de alcançar esfera de influência na Europa de Leste. Após a guerra, os Estados Unidos
uma vantagem e consequentemente perturbar o equilíbrio de poder entre desmobilizaram as suas tropas, enquanto a União Soviética deixou ficar
elas. Como iremos ver, a dissuasão frequentemente agrâvava a tensào entrc vastos exércítos na Europa de Leste. Os Estados Unidos reconheceram os
os Estados Unidos e a União Soviética e não era necessariamente fácil interesses soviéticos; por exemplo, quando Roosevelt, Estaline e Churchill se
demonstrar que ela resultava. Existe sempre o perigo da causalidade espúriâ. reunirâm em Fevereiro de 1945 em Ialta, os Americanos saíram do caminho
Se uma professora afirmasse que as suas lições mantinham os elefantes fora para acomodar os interesses soviéticos. Porém Estaline não manteve o acor-
da sala de aula, seria difícil refutar a sua afirmação caso nenhum elefante dado, particularmente ao não permitir eleições livres na Polónia.
alguma vez fosse à aula. Podemos testaÍ tâis afirmações usando condicionais O expansionismo soviético foi ainda mâis confirmado quando a União
contrafactuais: qual é a probabilidade de elefantes irem assistir à aula? Soviética foi lenta a retirar as suas tropas do norte do lrão após a gueÍra.
O conceito de dissuasâo estava ligâdo com a política d.e contenÇão. Elas foram eventualmente retiradas, mas apenas sob pressão. Em 1948, os
Durante a Guerra Fria, a contenção referia-se a uma política específica comunistas assumiram o governo checoslovaco. A União Soviética bloqueou
americana de contenção do conrunismo soviético, de modo a promover uma Berlim em 1948 e 1949, tentando expulsar os governos ocidentais. Em 1950,
ordem mundial polí1ica e económica liberal. Mas como a dissuasào, a con- os exércitos da Coreia do Norte comunista atravessaÍam a fronteira com a
tenção não teve origem com a Guerra Fria. mesmo que o termo o tenha tido. Coreìa do Sul- Segundo os tradicionalistâs, estes âcontecimenlos desPerla-
A contenção tenì sido, há séculos, um instrumento fundamental de política ram gradualmente os Estados Unidos para a ameaça do expansionismo so-
externa. No século xvttr, os conservadores estados monárquicos europeus viético e iniciaram a Guerra Fria.
Lttl ( ílMl'lìl,llNlrl l( (ì\ I ( )Nl I Il(ls lN I I'NN^( lllN^ll{ (itrt.ltR^ t;t{ t^
^
Os l(,r'i,riírÌi.rftr.r. quc dcscl|volvcÍiÜìt (ì \eu l)c su tctìlo lìltì(l tììcttlitltÌìctìlr' CfililvillÌt (eIl()s it(l tt'ifili .(' t tÌ0 Ir)tÌì() u ì4 atttcaça ìt strir csli,ta tlc inlluôrtcitr
na déciÌda dc l9ó0 c no início da tlúcrrtlrr tlc l()70. lcrctliluttt quc r (irrt'r'rr tttt l.lLrlrlrir tle l,cslr. Nas llrlirvr.as rlc Williarrrs. os Alrcrieanos scÍnpre l)vo_
Fria fbi originadu pelo cxpansionistttrl lnrcrieurto c rlìrr soviçilicrt. Â ptov;r r' rcccritÍu untit lxrlítica rlc pot.lt lher(il rra ccorìornia internacional porquc, a
a de que, no final da Segunda Guerra Mundial, O rÌundo niio cra vcrtlatlei tcttcittttavatn ittritvcssal
ramente bipolar-os Soviéticos eram muito mais fracos rftr que os Anrui Os 1nís-rcvi.sittrtitlcs do fìnaì da década de 1970 e da de 19g0, de que
é
canos! que se tinham fortalecido com a guerra e detinham armas nuclclrcs. cxemplo John Lewis Gaddis, têm ainda outra explicação. Sustentam que os
que os Soviéticos não possuíam. A União Soviética perdeu cerca dc .ìo tradicionalistas e os revisionisras estão ambos eiraOoi, ja que ninguém foi
nrilhões de pessoas e a sua produção industÍial erl apenâs metade d() scrr culpado pelo início da Guerra Fria. Ela era inevitável, óu quur., por causa
nível em 1939. Em Outubro de 1945. EstaÌine disse ao Embaixador arncli da estrutura bipolar do equilíbrio de poder do pós-guerra. Èm 1939, havia
cano Averell Harriman que os Soviéticos se iriam voÌtâr para o dentro plrrir um mundo multipolar com sete principais potências, mas após a destruição
reparar os danos internos. Ainda para mais. afirmam os levisionistas. o conr infligida pela Segunda Guerra Mundial, apenas restaram duas superpotên_
portanìento extemo de Estaìine no início do período do pós-guerra foi bas- cias: os Estados Unidos e a União Soviética. A bipoÌaridade, aliada à fra-
tante moderâdo: na China. Estaline tentou impedir os comunistas de Milo queza dos estados europeus no pós-guerra, criou um vazio de poder para
'I sé-Tung de tomarem o poder; na guerra civil grega, tentou refrear os comu- dentro do qual foram atraídos os Estados Unidos e a União Soviética. Era
nistas gregos; e permitiu que existissem governos não comunistas na Hungria. inevitável que eles entrassem em conflito e, portanto, afirmam os pós-revi_
na Checoslováquia e na Finlândia. sionistas. é inútil procurar responsabilidades.
ExisteÌn dois tipos de revisionistas: <moderados), e <<duros)). Os revisirr Os Soviéticos e os Americanos tinham diferentes objectivos no final da
nistas moderados enfatizant a importância dos indivíduos e sustentam quc glerra. Os Soviéticos pretendianÌ possessões tangíveis, território. Os Ame_
a morte de Roosevelt, em Abril de 1945, foi um acontecimento decisivo. ricanos tinham objectivos intangíveis ou societais; eles estavam interessados
já que a política americana se tornou mais dura após o Presidente Harry S. no conÌexto geral da política mundial. Os objectivos societais colodiram corr
Truman assumir o cargo. Enì Maio de 1945, os Estados Unidos conaram o os objectivos de possessão, quando os Estâdos Unidos promoveram o sis_
programa lentl-lease, de auxÍlio em tempo de guerra, tão precipitadamente tema global das Nações Unidâs enquanto os Soviéticos se esfbrçavarn por
que alguns navios com destino a portos soviéticos tiveram de dar meia volta consolidar a sua esfera de influência na Europa de Leste. Mas estas diÍèren_
em pÌeno oceano. Na Conferência de Potsdam, perto de Berlim, em Julho de ças de estilo não fazem com que os Americanos se pudessem sentir como
1945. Truman tentou intimidar Estaline fazendo alusão à bomba atómica. santos, afirmam os pós-revisionistas, já que os Estados Unidos retirarâm
Nos Estados Unidos, o PâÍtido Democrático deslocou-se gradualmente da benefícios das Nações Unidas e, com uma maioria de votação de aliados,
esquerda e do centro para a direita. Em l948, Truman demitiu Henry Wallace, não eram muito constrangidos por ela. Os Soviéticos podem ter tido uma
o seu secretário da agricultura, que exortava a melhores relaçòes com os esÍèra de influência na Europa tle Leste, mas os Estaàos Unidos tiveram
Soviéticos. Ao mesmo tempo, James Forrestal, o novo secretário da defesa igualmente uma esfera de influência no Hemisfério Ocidental.
de Truman, era um firme anticomunista. Os revisionistas moderados afir- Os Estados Unidos e a tJnião Soviética tinharr tendência a expandir_se,
manì que estas mudanças no pessoal ajudam a expììcar por que razi(ì os defendem os pós-revisionistas, não devido ao deterntinismo económico que
Estados Unidos se tornaranÌ tão anti-soviéticos. os revisionistas enfatizam, mas devido ao intemporal dilema de segurança
de
Os revisionistas duros têm uma resposta diferente. Eles vêem o problema estados num sistema anárquico. Nem os Americanos nem os Soviéticos
não em indivíduos, mas na natureza do câpitalismo americano. Gabriel e podiam permitir que o outro dominasse a Europa, assim como Atenas nâo
Joyce Kolko e William A. WiÌliams, por exemplo, defendem que a economia podia permitir que os Coríntios assumissem o controlo da armada de
Córcira.
americana exigia expansionismo e qüe os Estados Unidos planeavam tornar Como prova, os pós-revisionistas citam o comentário de Estaline a urn Iíder
o mundo seguro, não para a democracia, mas para o capitalismo. A hegemonia jugoslavo, Milovan Djilas, em 1945: <Esta guena não é
como as do passado;
económica americana não podia tolerar qualquer país que viesse a tentar quem quer que ocupe um território impõe igualmente sobre ele o seu próprio
organizar uma área económica autónoma. Os líderes americanos Íeceavam sistema social. Todos impõem o seu próprio sistema social tão longe quanro
unìa repetição dos anos da década de 1930, porque sem comércio cxterno o seu exército consiga alcançarr.' Por outras palavras, num nrundo ideolo_
haveria outra Crande Depressâo. O Plano Marshall de auxílio ì Europa era gicamente bipolar. um estado utiliza as suas forças militares para
impor
simplesmente uma forma de expandir a economia americana. Os Soviéticos sociedades semelhantes à sua, como forma de assegurar a sua scgurança.
( r)Mt't{UÌNt)trR os (Ì)Ntrt.Ífi )s lNllllNAaÌ(lÌlAlt
( lt [1Rta^ trtt^ ,1,
^

Roosevcll tinha dito algo parccitlo a ljstalinc ttrt Ottlttno(lc 1944: (Ncslrr l'irtit lllrtlovl'r crlc gtirrtrle tlcrÍgttio, lì(x,scvcll prccisitvit (lc lìiltìtcr. utìì
guerra gÌobal não existc literalmcntc rtcnhuttta qucslrlr. prlíliclt ou milililr. l;trrirr irrtcrrro l)il)itrli(liirio l)itrit it suil lxrsiçiur irrtcrrlrcit)t).t1. ljxlclìiuììentc,
prceisrrva tlc lsscgunrr a listalilrc quc ls suas rrcccssidadcs de scgurança
na qual os Estados Unidos não estejam intercssadosr." Ihdo csta cstrululir
bipolar, sustentam os pós-revisionistas, instalou-se uma espiral de hostilr
scliiulì sirlisli'itits caso sc .jultassc às Nações [lnidas. Roosevelt tem sido
ucrrsltlo tlc lcr tido unta abordagem ingénua ao planeamento do pós-guerra.
dade: linhas duras num país geram linhas duras no outro. Ambos comcçattr
a conceber o inimigo como análogo a Hitler na década de 1930. A merlitl;r
O scu ricsígnio não era ingénuo, mas eram-no algunras das suas tácticas.
que as ideias se tomaram mais ígidas, a Guerra Fria intensificou-se. Depositava demasiada confiança nas Nações Uni<ìas, sobrestimou a probabi-
lidudc tlo isoÌacionismo americano e, mais importante, subestimou Estaline.
Desde o finaì da Guerra Fria, um fluxo modesto de documentos. drrs
Rrxrsevelt julgava que poderia tratar Estaline da nresma fornta como trataria
outrora inacessíveis arquivos soviéticos, conferiram mais vigor ao debale
um qualquer companheiro político americano, colocando o braço à sua volta,
acerca do lado que iniciou a confrontação. John Lewis Gaddis, por exemplo.
criando laços político a político.
ficou cada vez mais convencido de que a URSS foi fundamentalmente rcs'
ponsável pelo inícío e pela naturezâ do conflito de superpotências. Menciona Roosevelt não percebeu que Estaìine, juntamenÌe com os seus homens,
era um totalitário <que em nome do povo, assassinoü milhões dos seus; que
a rigidez ideológica de Estaline e de outros líderes sovìéticos, assim como
para se defender de Hitler assina um pacto com ele, divide os despojos de
o igualmente rígido empenho do Kremlin em manter um impérìo formal na
gDeÍïa com eJe e, conto ele, expulsa, extermina ou escraviza povos vizinhos;
sua esfera de influência. O recuo de Gaddis para um ponto de vista rradi-
que se pôe de parte e invectiva contra as democracias €nquanto Hitler se
cionalista tem recolhido uma recepção céptica em alguns círculos académicos,
garantindo que o debate irá continuar num futuro previsível. desloca para ocidente e depois as recrimina por não ajudarem o suficiente
quando Hitìer se desÌoca para leste>r.
RooseveÌt interpretou mal EstaÌine, mas não prejudicou os interesses
americanos na Conferência de Ialta em 19.15, como alguns afirmaram mais
As políticas de Roosevelt tarde. Roosevelt não era ingénuo em todos os aspectos da sua diplomacia.
Tentou ìigâr a ajuda económica a concessões políticas por parte dos Sovié-
Franklin Roosevelt desejava evitar os erros da Primeira Guena Mundial,
ticos e recusou-se a partilhar os segredos da bomba atómica cont eles. Foi
pelo que em vez de uma paz semelhante à de Versalhes, exigiu da Alemanha
meramente realista acerca de quem terìa tropas na Europa de Leste no final
uma rendição incondicional. Desejava um sistema comercial liberal para
da guerra e, consequentemente. quem teria influência nessa região. Os equí-
evitar o proteccionismo que tinha destroçado a economia mundiaÌ na década
vocos de Roosevelt tbram os de pensar que Estaline via o mundo da rnesma
de 1930 e contribuído para o começo da guerra. Os Estados Unidos evita-
forma que ele, que eìe compreendia a política interna nos Estados Unidos e
riam a sua tendência isolacionista, que tinhâ sido tão prejudicial na década
que as mesmas habilidades políticas americanas, com as quais um líder
de 1930. Adeririam a umâ renovada e fortalecida Liga das Nações, na forma
esbatia as divergêncías e apelava à amizade, resultariam com Estaline.
de umas Nações Unidas com um conselho de segurança poderoso. Cordell
HulÌ, secretário de estado durante a maior pane da guerra, era um wilsoniano
empenhado e a opinião pública nos Estados Unidos eÍa fortemente a favor
das Nações Unidas. As políticas de Estaline
Os planos imediatos do pós-guerra de Estaline eram os de apertar o
controlo inlerno. A Segunda Guerra Mundial infligiu danos tremendos à
O Presidsnte agiu como sc uma genuína cooperação, tal coÍlo 08 Amcíca- União Soviética, não apenas as terríveis perdas de vidas e industriais, ante-
Dos entendism o tormo, fosse possívcl, tânto duÍantè como após a gporra. riormente descritas, mas igualmente na ideologia do comunismo. Muitos na
Rôosevelt âpaÍentcrrente tiDhâ-se esquecido, se é que na verdade alguma vez União Soviética colaboraram com os Alemães devido ao seu profundo res-
o chegou a sabcr, que aos olhos dc Estaline êl€ não €ra asôim tilo difçÍentê d€ sentimento contra a severidade da governação comunista. A invasão alemã
Hiúer, ambos sendo líderes de poderosos ôstados capitâlistas cujas mblções enfraqueceu seriamente o controlo de Estaline. De facto. Estaline teve de
de longo prazo colidiam com as do Kremlin. âumentar os seus apelos ao nacionalisnto russo durante a guerra, já que a
WnrÌAM TAIBMÁN, Sulin's Amcricon Poli$ entiaquecida ideologia comunista era insuficiente para motìvar o seu povo.
,a2 ( r )Mt,Rt,t,Nt)t,t( os {r)Nt'l.tt(ls tN I llltN^('lí tN^l!{ A íl,trtl^ l,lfl^

A polílica isolaciottista rlc lrslitlinc no littll rlrr gttcttrr tlt'slittitvit- sc l eortiu 194(r, (icrrrge Kctttttttt. cscrcvt'lttltt tlc Mttscttvtt cotìÍ) ( r/,.1r3.; 'ullìtitt's t|r
as inlluôncias externas tla [Ìuropa c tftrs l,islltlos Ilrritkrs. ljslulinc usotr rrs Bnthitixarla tkrs lillÂ. lcnlirvll lvisll rts tlccisorcs ittttcricuttos itcclca da
Estados Unidos como um alvo inimigo, instantlo o povo soviélico a rclrirrr vcÍd{ldcira rì lurczir c intcrrçriÒ' dc llstaline c Winston Churchill proleriu
-se, fechar-se, a desconfiar dos estrangeiros. Mas isto não signilìca tlrrc um discurso célcbrc cnt l'ulton, no Missouri, avisando quc umü.cortina
Estaline desejasse a GuerÍa Fria que acabou por acontcccr dc ícrro" estava a cair sobre a Europa. Enquanto o Secretário de Estado
Estaline preferia que existisse alguma cooperação, especialmcnte sc rs\(r Jlmcs Byrncs tentâvâ âinda negociar um tratado de pós-guerra com os
o ajudasse a prosseguir os seus fins na Europa de Leste e lhe trouxcss(' Soviéticos, Truman pediu ao seu adido, Clark Clifford, para preparar um
alguma assistência económicâ dos Estados Unidos. Como bom comuni\lir. rclatório acerca do que os Soviéticos estavam na realidade a planear. Clifford
acreditava que os Estados Unidos teriam de lhe fornecer assistênci falou com uma multiplicidade de pessoas e chegou à conclusão de que
económica, porque o sistemâ capitalista precisava de exportar capital devi(lo Kennan estava certo: os Soviéticos iriam expandir-se sempre que encontras-
à insuficiência da procura no interior do país. Estaline acreditava igualmcrrtr. tcm uma oportunidade com poucos custos. Contudo, quando Truman rece-
que em l0 ou 15 anos, a próxima crise do sistema capitalista irromperia c. beu o relatório, em Dezembro de 1946, disse a Clifford que não queria que
nessa altura, a União Soviética teria recuperado e estaria pronta plrl suil os seus resultados fossem divulgados, isto porque ele ainda estava a tentar
vencedora do conflito inevitável com os capitalistas. prosseguir o grande desígnio de Roosevelt e não tinha ainda desenvolvido
Em termos de política externa, Estaline queria proteger-se internamente. uma nova estratégia.
assim como manter os ganhos que a União Soviética tinha conseguido nir Seis questões contribuíram eventualmente para alterar a estratégia ame-
Europa de Leste com o pacto de 1939 com Hitler. Estaline pretendia aindir dcana e para o início da Guerra Fria. Uma foi a Polónia e a Europa de Leste.
sondar pontos fracos, algo que se faz melhor quando não existe uma crisc. A Polónia, claro, tinha sido uma das causas precipitantes da Segunda Guerra
Em 1941, Estaline disse ao ministro dos negócios estrangeiros britânico Mundial e os Americanos acreditavam que Estaline tinha quebrado um com-
Antbony Eden que preferia a aritmética à álgebra; por outras palavras, pre promisso claro de realizar eleições livres na Polónia após a guerra. No
feria uma abordagem prática e não teórica. Quando Winston Churchill pro- cntanto, não era claro o que Estaline tinha concordado fazer Quando Estaline
pôs a fórmula da divisão das esferas de influência do pós-guerra nos Balcãs, c Roosevelt se encontraram em Teerão, em 1943, Roosevelt levantou a ques-
isto é, uns países sob controlo britâníco, uns sob controlo soviético e outros tão polaca, mas apelou a Estaline no contexto das eleições americanas de
por ambos em partes iguais, Estaline estava bastante receptivo à ideia. AI- 1944: ele tinha uma eleição a aproximar-se, existiam muitos votantes polaco-
guma da cautela inicial de Estaline em apoiar de imediato governos comu- -americanos e ele precisava de lhes transmitir que se iriam realizar eleições
nistas na China, Checoslováquia e Hungria ajustam-se bastante bem a esta na Polónia após a guerra. Estaline, que nunca se preocupou com eleições na
abordagem âritmética e não algébrica de atingir os seus objectivos. Estaline União Soviética, não levou a sério as inquietações de Roosevelt. O acordo
era um comunista empenhado que, apesar de ver o mundo dentro do de lalta de Fevereiro de 1945 era também algo ambíguo e Estaline estendeu
enquadramento do comunismo, usava muitas vezes tácticas pragmáticas. o seu sentido tanto quanto conseguiu, estabelecendo um governo-fantoche
em Varsóvia após as tropas soviétícas terem expulsado os Alemães. Os
Americanos sentiram-se enganados, mas Estaline pressentiu que os Ameri-
As fases do conJlito cânos se iriam ajustar à realidade de que tinham sido tropas soviéticas a
libertar a Polónia.
As etapas iniciais da Guerra Fria podcm scr divididas em três fases: 1945 Em Maio de 1945, o programa de ajuda lendJease foi abruptamente inter-
a 1947 início gradual; 1947 a 1949 a declaração da Guerra Fria: e rompido e a relação económica entre os Estados Unidos e a União Soviética
l95O a -o
1962 o auge da Guerra Fria. ressentiu-se. A conclusão precipitâda do lend-lease foi em paÌte um erro buro-
- nem Truman desejavam uma guerra fria. No final da Se-
Nem Estaline crático, mas a situação global não melhorou quando, em Fevereiro de 1946, os
gunda Guerra Mundial, Truman enviou o antigo adido de Roosevelt, Harry Estados Unidos recusaram pedidos de empréstimo soviéticos. Os Soviéticos
Hopkins, a Moscovo para se inteirar se poderiam ser estabelecidas algumas interpretaram esses actos como pressão económica com intenções hostis.
combinações. Mesmo após a Conferência de Potsdam, Truman continuou a A Alemanha era um terceiro problema. Na reunião de Ialta, os America-
considerar Estaline como um moderado. De facto, tão tarde como 1949, nos e os Soviéticos acordaram que a Alemanha deveria pagar 20 biliões de
comparou Estaline ao seu velho amigo Boss Pendergast de Kansas City. Em dólares em reparações, metade dos quais seriam entregues à União Soviética.
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queriam tirar l0 biliões de dólares à Alemanha, deveriam tirá-los da zotrr E.p
,r, à
oriental que ocupavan: caso sobrasse alguma coisa após a reconstrução rlir
área ocidental da Alernanha, ele avisaria os Soviéticos. Assint começou uttrr
série de divergências entre os Americanos e os Soviéticos acerca da tìrrttrr o
de reconstruir a Alemanha. Os Americanos, juntamente com os Britânicos e
os Franceses. criaram uma moeda única nas zonas ocidentais. iniciando o 2

processo de integração da Alemanha Ocidental. o que levou, por seu lado.


os Soviéticos a apertarem o controlo sobre a zona leste da Alemanha.
A Asia Oriental tanìbém constituía um problema. Os Soviéticos foram ncu'
trais no Pacífico até à última semana da guerra. Nessa altura declararam guertir
ao Japão, apossando-se da Manchúria e de quatro ilhas do norte do Japão. Ent
Potsdam, os Soviéticos solicitaram uma zona de ocupação no Japão, semelhanlc
à zona de ocupação americana na Aìemaúa. A resposLl de Truman foi, nl .u
PZ
realidade, a de que os Soviéticos tinham chegado tarde à festa, por isso nr'i,' L!
teriam zona de ocupação. De um ponto de vista amcrÍcano, isro parecia t:a
perfeitânìente razoável, mas a situação relembrava aos Soviéticos a situaç:ìtr
da Europa de [-este, onde os Americanos pretendiam eleições livres e in- :4i
fluência, mas onde os exércitos soviéticos tinlìâtrr chegado primeiro. Por isso
4 t€
os Soviéticos consideravam a situação do Extremo Oriente análoga à da
Europa de Leste, enquanto os Americanos a consideravam como um exem-
plo adicional da pressão soviética com vista à sua própria expansào. lÈ ?

Uma quinta questão era a da bomba atómica. Roosevelt tinha decidido 3


não partilhar o segrcdo da bomba atómica com â União Soviética. A maioria ;\
dos historiadores actualmente concordam que Truman lançou a bomba em
s*
Hiroshima e Nagasáqui com o propósìto principal de terminar rapìdamente I oo;
a guerrâ com o Japão e não para intìmidar a União Soviética, como alguns s€
Ës -e
revisionistas têm dcfcndido. Mas ele esperava. na verdade, que a bombt a,1
tivesse âlgumas consequências políticâs. Na reunião de Potsdam, quandtt ÈL
;:
Truman comunicou a Estaline que a América tinha uma bomba atómica.
g\ iL
Estaline pernìaneceu impávido e aparentemente pouco impressionado. Claro €l ê: :'1 -
=-.
t
que Estaline já o sabia pelos seus próprios espiões, mas a sua serenidade o 1't
az"
causou surpresa aos Americanos. Em 1946, quando os Americanos apresen-
.j! iE x
"â= -:Ì<l]
taram o Planô Baruch de controlo de armas nucleares pelas Nações Unidas,
:.8
rNla
EstaÌine rejeitou-o porque pretendia construiÌ a sua própria bomba. Na sua
perspectiva, uma bomba sob controlo internacional continuaria a ser uma Figura 5.1
(1rMl,l{t I NTI R tl\ (ltNt I I t(l\ tNll(tNA('l(lN^lr ullllÀ l'lll A 11,
^
hotttbl arrrctieall..iii (luc lpclirs ()s Atìteri(ilÌrr\ rrtbirul r,orro il eotÌslrrl lCrilì tlc . ssrrslri l(r\, coltrcgttit itPrti0 cr tttgtcss itttlit I pata Csta qucbtit nit
l)ut.||
Era tttuito rttclhor plll l scSurlrìçir tlir (lrtiiìo Sovitilieir (luc csll livc\sc ir \u.r ìlílifn irndiciontrl irrrrcricarr . Âssitn. tlttantl0 Trurrri|n.iuslilìc0Ll cslit itllcÌit-
um cquilÍbrio tlc
prtipria bornbu (que detoniìriìrn. tìnalnlcntc, crrr l().lt)). ç[o rlc políica, nilo Í:llotl accrca tlit ncccssidadc dc rnan(cr
A sexta questão estava relücioniÌdir corn príscs do McditcrrÍìnco ()rit'rrtrrl Mctlitctrâttco ()ricntxl atriìvds tlo lbrnecimento de auxílio à Grécia
iotlcr n.,
e do Médio Oriente. onde os Britânicos tinhirm sido inllu!'ntcs itnlcs (lir c À Turquia. Em vez disso, lulou acerca da necessidade de proteger os povos
Segunda Guerra Mundial. Aprls a guerra, várias coisas aconluecriìrÌì. lrll llvrcs cnr toda a parte. Esta explicação n'ìoraìista e ideológica para a assis-
primeiro lugar, os Soviéticos recusaram retirrr as suas tropls do norle tIr lência rnrericana tornou-se conhecida por Doutrina Truman'
Irão, em Março de 1946. Os Estados Unidos apoiaram o Irão nurn dcbatc r,' (ìeorge Kennan, por essa altura de voìta ao Departamento de Estado'
interior das Nações Unidas. Os Soviéticos acabaram por se re(irar. mas rÌirrl opôs-se à tbrma ideológica de formulação da política externiì, argumentando
sem uma boa dose de ressentimento acerca do sucedido. Então t Llrriiìo que era demnsiado vaga e iria meter o pâís em sarilhos. De facto. existiranÌ
Soviética coÍì'ìeçou a pressionar a Turquia, seu vizinho a sul, e os comunistir\ inormes ambiguidades na política de contenção que fluiu da Doutrina
gregos pareciam estar a ganhar a guerra civil na Grécia. Mais uma vcz. r, Truman. Os Estados Unidos estavam interessados em conter o poder sovié-
Ocidente acreditava que os Soviéticos se estavam a expandir. tico ou a ideologia comunista? No início' conter o poder soviético e conter
Estas seis questões foram reais, apesar de teÍem existido alguns erros rlt' I ideologia comunista parecia ser a mesma coisa. mas com o decorrer dâ
apreciação envolvidos em quase todas. Poderianì ter sido solucionadas alrir Guerra Fria. quando o movimento comunista se dividiu' as ambiguidades
vés de negociaçâo e apaziguamento'Ì O apazÌguamento teria resultado'l Pro toÍnaram-se importantes.
vâvelmente não. Kennan defendeu que Estaline estava decidido a sontlar Truman estava errado ao exagerar o sentimento de anleaça e a base ideo-
pontos fracos. O apaziguamento teria sido interpretado como un] ponto Íìac() lógica para a alteração da política? AÌguns observadores acham que é mais
e convidado a uma exploração mais funda. Em Junho de 1946, Maxinr diiícit ãtterar a opinião pública nas democracias do que alterar as políticas
Litvinov, o antigo ministro dos negócios estrangeiros soviético, pôs de so- nos países totalitários. Eles sustentam que o exagero acelera o processo de
breaviso a parte americana contra quaisquer concessões, já que a causa alteração nas democracias. É necessário puxâr com mais força as rédeas ao
prirnordial da tensão era <a concepçio ideológica aqui prevalecente de quc tentaÌ viÍar uma parelha de cavalos fogosos. Independentemente do facto do
o conflito entÍe os mundos comunista e capitalista é inevitável>. As conces exageÍo seÍ ou não necessário, ele ajudou a alterar a natureza da Guerra F ia'
sões conduziriam apenas <<a o Ocidente ver-se confrontado, após um períockr Èm Junho de 1947, o Secretário de Estado George Marshall anunciou unr
de tempo mais ou menos curto, com a próxima série de exigências"'. plano de ajuda económica à Europa. A proposta inicial do Plano Marshall
O apaziguamento provavelmente não teria resultado, mas negociaçòes mair ionvidaua a União Soviética e os Europeus de Leste a juntarem-se, se cr
duras poderiam ter limitado alguns dos âcontecimentos que conduziram ao desejassem. mas Estaline colocou enorme pressão sobÍe os Europeus de
início da Guerra Fria. Um apelo táctico ao pragmatismo de Estaline a paÍtir Leste para que o não fizessem Estaìine encarava o Plano Marshàlì não comÒ
de uma posição americana nrais firme, juntamenle com uma disposição enr generósidade americana. mas como um aríete económico Para destruir a suâ
negociar, poderìa ter resultado melhor nesse período inicial de 1945 a 1941. úarreira de segurança na Europa de Leste Quando a ChecosÌováquia indicou
A segunda fase, a declaração da Guerra Fria, de 1947 a 1949, resultou que desejaria receber a ajuda dos EUA, Iìstaline aumentou a pressão sobre
dos problemas na Grécia e na Turquia. A Grã-Bretanha, severamente á Europo de Leste e os comunistas assumiram o poder total na Checoslo-
enfraquecida pela Segunda Guerra Mundial, sentiu que não conseguilia con váquia em Fevereiro de 1948.
tinuar a garantiÍ â seguÍança no Medirerrâneo oriental. Os Estados Unidos Trunran ouviu ecos tla tlécada de l9-10 nestes acontecirìentos Conleçou
tinham de decidir se deixavam que se desenvolvesse um vazio ou se subs- a recear que Estaline se lornasse outro Hitler. Os Estados Unidos avançaraDl
tituiriam o poder britânico fornecendo assistência à Grécia e à Turquia. Isso planos pàrâ uma reforma monetáriâ da Alemanha Ocidental; Estaline respon-
envolvia uma ruptura considerável na tradicional política externa americana. à"u o bloqueio de Berlim. Os Estados Unidos responderam com uma
Truman não estava certo de que a opinião pública americana apoiasse essu "o*
ponte aérea e iniciaram planos para a Organização do Tratâdo do Atlântico
medida. Ainda havia receio de que o isolacionismo viesse a ser a linha ito.t" (NetO). ,q nostilidade começou a âun'ìel'ìtar num padrão olho-por-olho'
centraÌ da política externa americanâ do pós-guerra Truman perguntou ao A fase mais austerir da Guerra Fria ocorreu após dois abalos em 1949: a
Senador Arthur Vandenberg, o líder republicano de Michigan, se o Senado União Soviética detonou uma bomba atómica' muito mais cedo do que al-
alinharia com o auxílio à Grécia e à Turquia. Vandenberg disse que Truman guns líderes americanos julgavam que conseguiria' e o Partido Comunista
tat ( r )MpRtitlNt )t1R ()s (1)Nt't.tIrìs tN llllNA('l(lNAli I rtltt^ I'll^
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Chinôs assurtriu o ptxlcr nl ('hirìir (cxcspto rlc'lìrrwun), O alunrre r'rrr
rru illru mll(l(l vilrirìil. tt'sllttttlttttIr il siltt;tçitrt iìlìlt'llr)l iì il)llls;trr'
Washington Íbi cxenrplilìcado por urn tftrcrrrrcnlo A()vcrnlntcntll sccÍul(), o bltt it;ttess0ts illlerllil\ l)lllil 1x'tscllttir lls lI(llìlls ellì rcliliì(l;l l)illit n()Ill do
sc a1'ttttxitttitrattl do rio Yalu' quc
Documento 68 do Conselho Nacional de Scgurança (NSC-ó[ì). quc prcvrr iun,t"i,,.fg. A ttrctlitllr tlLtc tts Atttcticltttos
itltcrvicraltt' cnrpurrandtl
um âtaque soviético dentro de quatro â cinco ânos, como paíc de um plirrrrr lcpuru u <',,r"i" da ('hiria. os cotlìt'tttislrts chittcscs
l8 lropas tla ONU ató ntcio da pcnítrsula Aí a batalha permâneceu num
de dominação global. O NSC-68 recomendava um vasto aumento nos giÌstos
I953
de defesa dos EUA. Afligido por problemas orçamentais, o Presidente Trurnirrr Ítfurr" lirngr"n,o por três anos, até uma trégua ser assinadae oem comunismo
Os

EsiLrdos Unitlos envolveram-se numa contenda


com a China
resistiu ao NSC-68 até Junho de 1950, quando as tropas da Coreia do Norlc
gueÍÍÀ frustrante conduziu à
atrâvessaram â fronteiÍa com a Coreia do Sul. pui".i" t"t' ntonoìÍtico. Nos Estatlos Unidos' a
e à ascensão do McCarthismo, assim denominado devido às
O efeito da Guerra da Coreìa foi o de derramar gasolina sobre unr pe liui.ãu in,"rno pelo
feitas
queno lume. Confirmava todas as piores suspeitâs ocidentâis acerca tlas ãu*, " pou.o fundamentadas acusações de subversão interna,Fria endure-
da Guerra
ambições expansionistas de Estaline e conduziu a um enorme aumento rì(l óenoao, ìo..pn McCarthy do Wisconsin Os blocos
orçamento de defesa americano, do tipo â que Truman se tinha oposto al(l ccram e a comunicação praticamente cessou'
essa altura. Por que razão Estaline permitiu que a Coreia do Norte invadissc
a Coreia do Sul? Khrushchev dá uma explicação nas suas memórias: Kim ll
Sung, o líder norte-coreâno. pressionou Estaline pela oponunidade de uni Inevitabilidade?
hcar a península. Os Estados Unidos tinham ahrmado que a Coreia cstavu
correctos
fora do seu perímetro de defesa; o Secretário de Estado Dean Acheson tinha O início da Guerra Fria era inevitável? Os pós-revisionishs estão
Ee interpretarnìos inevitível como <altamente
provável>' A estrutura bipolar
enunciado esta posição e o Estado-Maior tinha feito planos em conformidadc
para um vazio de poder
com ela. Para Estaline, a Coreia surgia como um ponto fraco. Mas quando ioanou p.otau.t que os tiois lados fossenl sugados
obs-
a Coreia do NoÍe entrou realmente na Coreia do Sul, Truman respondeu dc io fu.opu e lhes iosse difícil ìibertarem-se O clima ideológico.intenso
uma comunicação aberta
uma forma axiomática e não calculada: Truman recordou-se da movimenta- truiu o funcionamento das Nações Unidas, restringìu
e contribuiu paÌà o Processo imotleratlo do sistema internacional Sob tais
ção de Hitler para a Renânia e do axioma de que a agressão deve ter resis
por causa das seis questões
tência em toda a parte. Planos calculados acerca de perímeros de defesa condições ,iriémi"u., os conflilos teriam surgido
foram obscurecidos pelas analogias históricas despertadas pela invasão norte há pouco identificadas, ou outras, e provado serem
de difícil resolução'
-coreana. Os Estados Unidos conseguiram mobilizar o Conselho de Segu- õs pós-revisionistas. contudo, confiam demasiaclo na explicação sistémica'
sua intensidade AfinaÌ'
rança para a adopção da segurança colecliva (possível porque a União Sovié Talvez algutna Guerra Fria fosse inevitável' mas não a
tica estava nessa altura em boicote ao Conselho de Segurança) e enviou existirarn"diferentes fases de hostilidade e, já que a bipolaridade do sistema
são incapazes de explicar
tropas para a Coreia, sob a bandeira da ONU, para empuÍrar os comunistas não ," ult".ou até 1989, as explicaçòes estruturais
da hostilidade' É aí que
de volta para cima do Pàralelo 38, que dividia a península coreana. essâs dìfeÍentes fases e a variação da intensidade
Estaline
o, indivíduos e a políticâ interna - Rooseveìt e Truman'
e
A princípio, os exércitos da Coreia do Norte varreram a península quase
até à sua extremidade. Em Setembro, porém, um desembarque anfíbio ame- "n,.ut
Kruchtchev. A política interna tem de ser tomada em consideração
de modo
ricano em Inchon, a meio da península, pôs os Norte-Coreanos em dehân- a.omp.".nderrnos totalmente a s.mplitude da Guerra Fria Os revisionistas
em se
dada. Tivessem os Estados Unidos parado nessa altura e poderiam ter recla- têm razão em cenlraÍem-se em questões internas' mas estão errados
centraremtãofortementenodeterminismoeconómico.Maisimportantefoi
o pup.t Ao exagero e da ideologia na política interna Estaline utilizou
a
guerra e Truman
O objectivo do NSC-68 ers assustadoÍ prìÍâ â massâ cinz€nta dos <funcio- iaáot,ogio devidõ aos problemas internos soviéticos após a
náÍios de topo>, p,oiE o PÍesidente úo só podia tomaÍ ums decisão como essa para alterar a política exte-rna americana'
de forma a ieunir apoio
de.cisão podia ser levada a cabo- Mesmo assim, é duvidoso que algo como o "*ug"rãu ajudou a relbrçar a rigidez
À uïitiruçao de analogias com a década de 1930
que âconteceu nos anos seguintes pudesse ter sido rcalizado, caso os Russos
de ambos os lados.
nâo tivesscm sido estúpidos ao ponto de terem instigâdo o ataque contra a poderiam ter
lronicanìente, eslÍatégias aìternativas em ditèÍentes alturas
Coreia do Sul e iniciado a campanha de <ódio à Américo. Estados Unidos
aìiviado a intensidade dà hostiÌidade Por exemplo' se os
SBcRBTÁpJo DE EsTADo DleN Acurson, Present at the Creationí tivessem seguido o conselho de Kennan e responclido de
tòrma mais firme
('l,M}RllllNl)lrlt ()S (ItNt/t Itt)S lNlI'tNAt,lttN^lS
I [1ttA t/LlA ,1,
^

Os atontecincnto:t na Á:iia I r'i\\ \,,r, N(wir lt: ttrrúlix'


otiental, 1915-19J9
As otigctrs tla (iuctta liil porlcltt scr rlcscritus clìl tcrlììos tlc rlilcrcntcs
lmugcns, ttu Irívcis dc anítlise, cottro cxcmplilìcado na Íigura 5-3.
No século xtx, Alexis dc Trrcqueville previu que a Rússia e os Estados
Unidos cstitvant rlcstinados a tonìiìr-se em dois grandes gigantes de escala
Forças da ONU .Contincntal Ììo nìundo. Os reaìistas Poderiam logo prever que estes dois se
na Coreií lriam envolver em alguma forma de cont'lito. E' claro' em 1917, a Revoluçãtr
Bolchevique udicionou um estrato ideológico ao conflìto. Quando Woodrow
r Corcir do SuÌ.m
nrÍa
l95lr 195 ì. Os pôÌ.i0 lrVilson soube da Revolução Russa, felicitou o povo russo pelo seu espírito
dcmocrático. Mas não demorou muito para que os Americanos acusassem os
LU.\
bolcheviques de regicídio, de expropriação e de cooperação com a Alemanha
na Primeira Guerra Mundial. Os Estados Unidos adicionaram um reduz-ido
contingente de tropas a uma inteÍvenção aliada, alegadanlente para mânter os
Russos na guerra contra a AÌemanha, rlas os Soviéticos encararam-no colÌìo
uma tentativa para estrangulâr o comunismo no seu berço. Apesar destas
Tailirìd;a divergências, os Estados Unidos e a União Soviética evitaram conflitos sé-
B!tlrìca
rios no período entreguerras e tornaram-se aliados no princípio da década de
l9zl0. A bipolaridade que se seguiu ao colâpso de todas as outras grandes
.t.- Êr&(ito L Rtr, Ìir!

IMAGEM 2
Socicdâdê ìnterna
IMAGEM I
Individual

Receio de TÍuman
de isoìacionismo
dos EUA

A Eueffa na Corcia,
Outubro de 195$1953

Gue a na Corci.t Cì 'clnirho,i". Nlic."


até oütubto 1950 i:: A Gucri E(tirr(n. t95i t95l
U ÁÈi dr conu,l. sut Al À|.ìtu irüìçô dls rrepÀ
orÌun! r\ chincsa\.
connrìi{a\ dm l9s0
MAS| oo
conló o da
Figura 5.2 1914, nenhumo
cenlelho
Menos alterâçoes de de gueío
âlianças e nìenos
de 1945 a 1947 e tivessem tentado negociações e comunicação maìs prag_
málicas de 1947 a 1950. a Guerra Fria poder.ia não ter atingido a intensidade
do início da década de 1950.
Figura 5.3
trl ( 'oMt'H t,t,NDt.t{ os r 'oNt I í \ tN ,NNÀ('loNAlr A lll tllLl^ I'LlA

l)otôlìciirs rìir ScgIrì(llt (itrcIIrr Mrrrrrlirrl. c (r !itlio tlt lxxlt,r'rcsUllillìtc. lrllç rnpi(l rÌrcrìlc (r l)tt(l() rolll llillcr' Nìrr li)i etnìslrltngi(l(ì pclir oPittilìo pLiblieit c
rafttÍÌì o rclac iorìilntcn l( ). Alllc[ir)ÍtìtcIlc linlìir lrirr,ithr rl,,stoltliir çir c lt( o\ ()
nrìo tcvc tlc ìc lne([lllìlll c(llÌl tllll:t bttroclacia quc rctitrdilssc
lira livrc tlc
dois paíscs, rnls tìcsconlìavartì urÌ d() oulr'o ir rlistlìrrcitr. Antcs tlir Scgrrrrrllr uvitnçar rapitlatttclìlc Para o pitcto solìì Hitlcr. clquant0 BlitÂnictls c Frâncescs
Guerra Mundial eles podiam evitar-sc unr l() ()ulro. rrras tlcpois rlc l(){5 ainda hcsiiavam cntrr: neg()ciar ou não com ele O oütro lado da mesma moeda
encontravam-se frente a frente, a Europa estava dividida c unr conÍlilo itìtcrÌso Soviética'
toínou-se cvidente em lt4l, contudo, quando Hitler atacou a União
começou depois de 1947. Algumas pcss(ìas questi()nam se estruturil hiprr Estaline tbi incapaz de acreditar <1ue Hitler tivesse feito tal coisa e entÍou
em
lar teve de ter esta consequência. Afinal, a União Soviética erâ ulÌìa potôrìe iir depressão profunda por mais de uma semana O resultado foi desastroso para
terrestre enquanto que os Estados Unidos eram uma polênciü m ritirÌìir: as deÍesas soviéticas nas fases iniciais da guerra'
porque não poderia ter havido uma divisão de trabalho entre o urso c iì Em contraste, a cuìtura política americana enfatizava a democracia libe-
baleia. cada quâl permanecendo no seu próprio domínio? ral, o pluralismo e a fragmentaçãcì do ptrder' Em vez de vergonha pelo
A resposta é a de que as peças centrâis da polítìca mundiaì, os paísr'\ qLrc atrâso, os Esfados Unidos tinham orgulho na sua tecnologia e na sua
econo-
podiam inclin a balança de podeq estavam localizadas nas periferias tlrr mia em expansão. Em vez de receio de invasão, durante a maior parte da sua
União Soviética. em especial a Europa e o Japão. Como George Kennarr sido de se isolarem entre dois
história, os Estados Unidos tinham capazes
descreveu a situâção depois da guerrâ, existiam quatro grandes áreas tlc oceanos (e a marinha britânica) enquanto invadiam os seus vizinhos mais
que
criatividade tecnológica e industrial, as quais, dependendo da forma corno sc fracos. Em termos de secretismo, os Estados Unidos eram tão abertos'
aÌiassem, poderiam incìinar o equilíbrio global de poder. Elas eram os Es documentos governamentais chegavam frequentemente à imprensa
passados
tados Unidos, a União Soviética, a Europa e o Japão. O facto da Europa c alguns dias ãu ."-unua- Em vez de concepções de justiça com base na
do Japão se terem âliado aos Estados Unidos contra a União Soviética firi clãsse, existia umà fo e ênfase na justiça indivídual A política externa que
de uma importância extÍeÌDa. resultou destà cultura política era moralista, pública e rcndia a oscilar entre
As explicações sistémicas previam o conflito, não a intensidade que atin- orientações voltadas para dentro e voltadâs para o exterior' O resultado
era
giria. Para tal precisamos de ultrapassar as explicações sistérnicas para exa- o de que o p.o""r.o àu política externa americana era muitas vezes incon-
minarmos os níveis de análise societal e individual. A nível societal. os dois sistente e ìncoerente em muitos dos seus esPectos superltciais Mas também
países eram muito diÍèrentes um do outro. Um esboço rápido da cuìtura pluralismo
havia o outro Ìado desta moeda. Os pontos foíes da abertura e do
política da União Soviética e da sua expressão na política externa revelava pÍotegeram muitas vezes os Estados Unidos contra erros mais profundos'
duas raízes: russas e comunistas. Os construtivistâs chamam â atenção para ' Não é assìm surpreendente que estâs duas sociedades' construídas de tbrma
o facto da cultura política Íussà acentDàr o absolutismo enr vez da denocra- tão diferente e com processos de política extema tão diferentes, se confundis-
cia, o desejo por um líder forte, receio da anarquia (a Rússia tinha sido um sem uma à ouüa. Vemos exemplos disso na forma como Truman e Roosevelt
império vasto e difícil de controlar e o receio de que a anarquia e a dissensão com-
lidaram com Estaline na década de 1940. Foi difícil para os Americanos
pudessem conduzir à desintegração era bastante reaÌ), receio de invasâo (a preenderem a União Soviética durante a Guena Fria porque a União Soviética
Rússia era uma potência terrestÍe. geograficamente vulneráveÌ, que tinha era como uma cai^a negra. Os Ìíderes amerícanos conseguiam
ver o qrìe entrava
invadido os seus vizinhos e tinha por eles sido invadida ao Ìongo dos sécu- e o que saía da caixa, mas não o que aconlecia lá dentro Os Anericanos
Ìos), preocupação ou vergonha acerca do atraso (desde Pedro o Grande que confundiam ìgualmente os Soviéticos. Os Americanos eram como um aparelho
multifrequências, que.produzia tantÒ barulho de fundo que era difícil
os Russos tentavam provaÍ a sua vitalidade na competição internacional), e ouvir
secretismo (um desejo de esconder as amarguras da vida russa). Para mais, claramente os uerdadeiros sinais. Havia detlasiadas pessDas a dizerem dema-
o sislôma comunista tratava os direitos de classe, e não os direitos indivi- siadas coisas. Os Soviéticos ficavam assim frequentemente confusos
acerca do
duais. como a base da justiça. O papel adequado a uma pessoa ou a uma que os Americanos realmente pretendiam.
sociedade era o de conduzir o proletariado ou a classe trabalhadora rumo à
domjnância, porque era esse o suposlo curso da hìstória.
O estrato ideológico coÍÌferia um íÌÌìpeto extrínseco ao tradicional imperia-
lismo russo e resultou num processo de política extema reservado e conduzido Objectivos americanos e soviéticos na Guerra Fria
de forma firme. É interessante obseryar os pontos fones e fracos desse processo. Os Soviéticos foÍa$ frequenterÌìente acusados de serem explnsionis-
Os pontos foíes eram evidentes em 1939, quando Estaline conseguìu asrinar quo'
las, de serem um porìer revolucionário em vez de um poder de stotus
(1tÀ ,t{t t.Ntìt,t{ Irs (.oNt I 0t tN ,ta
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A [/nìiìo ,Soviti(ica [crrtlia lirrrrhtirrr tr rlt.stj;rr rltit,r,tìyrtt
r/r,/rrrrr,,r.rrirr orr liur Cutlanç'rit t
gívcis, tais c(nìì(ì tetÍil(iri(), !,tìquitlìto quc
0s Âttrcrieirrror lctì(lii tì it (llt(.r.(.1
.hjcrirrt.t sor i.rrir.r ou inrangívt:is _ r.r..ras
geral du política internacional. podcmos
.l":.;;;;1".;ì :;;rrquatrrarrre rrrrr objcctivos nrÌìcriclnos ? Âo longo da (iuerra lìria, o govcrnu
l.) quantrr aos
i""u-nuli cxigôlcia, t1u,l dos HIJA prctcnr.lia conter a União Soviética. Poróm, a política de contenção
Estaline, Churchill e Rooseveìt levaram "t.,r"ru,,,
iì ,.rr'ár. ,ì.g,ïirça)cs crìr lrltir lnvolvcu duas grandes anrbiguidades. Uma Íbi a questão dos fins: conter â
Estaline tinha objecrivos basranre claros
em Ialra: u Ai;;";;, c a potrirriir
Churchìll pretendia a reconsrrução da França, União Soviética ou conteÍ o comunismo. A segunda foi uma questão de
pu.u u.;uãì. ,'.untrabítlançiu
o poder soviético no caso dos.Am".i.ono, ,.g...rui;;;;"rr. meios: despcnder recursos para prevenir qualquer expansão do poder sovié-
queria as Naçôes unidas e um sisrema Roosevetr lico ou apenas em determinadas áreas-chave que se afigurassem cruciais para
econó.i;l;,;;;;;;;l aberro. Esrcs o equilíbrio de poder. Essas duas ambiguidades, nos fins e nos meios de
objectivos eram bastante diferentes
na sua tangibilidade. De certa Í-ornra, or
objectivos do pós-guerra de Estaline contenção, foram acaÌoradamente debatidas no período anterior à Guerra da
oËjà"ì'i"*"ií'".ì,u,ir,o, ,rr.,,., Coreia. George Kennan opunha-se à versão bastante extensa da contenção
clássicos; pretendia manter os ganhos "r,,n-'
que tinf,o .onr.grìão com o triìtiÌ(l(l
com Hitler. A sua lista de deselos reria que Truman apregoava. A concepção de contenção de Kennan era similar à
sido rr.iii"r"" i.*" o Grancrc. diplomacia clássica. Envolvia meios militâres mais reduzidos e era mals
Alguns americanos consideravam que
os Soviéticos eram tão expansio selectiva. Um bom exemplo foi a Jugoslávia. que tinha unì governo coìnu-
nistas como HìtÌer no seu desejo pera
dìrninaçâo ,n""ãi"iõr,.", susrentíìrÌì
que basicamente eÌes eram orientlrtos nista totalitário liderado por Josef Tito. Em 1948, Tito rompeu com Estaline
poro u ,"gr.unçì, o Jü.*ponrao .r,,
defensiva. O expansionismo soviérico por causa das tentativas sovìéticas dc controlar a política externa da
era dif";*; ã; l" ïi,t"r" .n, p"t,,
f",rna1 Em. primeiro lugar, não Jugoslávia, incluindo o seu apoio aos comunistas gregos. Numa concepçào
"." receava ;,qre.Soviéticos não
::T*ï:
quenam a guerra. Quando Hitler invacriu polónia.
b;Ìi";;", ideológica de contenção, os Estados Unidos não deveriam auxiliar a
a rh" ofer.""r,
sem outro Munique, em vez da guerra Jugoslávia, por esta ser comunisla. Numa concepção de equilíbrio de poder
que desejava para a glciria do fascismo.
da contenção, os Estados Unidos deveriam auxiliar a Jugoslávia como forma
l:ï. jll"l.::::,.,11 1 d.. q". u un iao'so, ieiiiu
ttrstii, nAo tmpulstvâmente
#;;"ì.ï;;"",e
aventureira. O aventureirìsmo é consideraclo
(,po. u. de enfraquecer o poder soviético. Isso. na realidade. foi o que os Estados
pecado conrra o comunismo, já que unt Unidos fizeram. Fomeceram ajuda milÍtar a um governo comunista totalitá-
pode i""rr".f". . ì"iiinuoo .u.ro
história Ao tongo da Segundì Guerra VunAiur. au rio, apesar do facto da Doutrina Truman proclamar o objectivo de defender
nunca tào belicirta ou tào impulsiva
l'üniaoïiuieti"u nao foi os povos livres em toda a parte. Os Estados Unidos fizeram-no por razões
quanto Hirler.
Não obstante, existem problemas ao de equilíbrio de poder e essa política causou uma grande mossa no poder
retratar o comportamento sovjético
conìo püramente defensivo. Como soviético na Europa.
sabenros pela Guerra Jo fetopon..o,
muito difrcil num mundo bipolar distinguir 'freterminadase Após a Guerra da Coreia, no entanto, a abordagem de Kennan à conten-
acções podem ter molivos defensivos,
o J.f.*.
"ì"q"J" Jirãri,.'onr.oçudo.us ção perdeu terreno. Parecia então que as previsões do NSC-68 acerca do
,nu. por"."..,
pâra o outro lado. para mais, existe expansionismo soviético tínham sido jústificadas. O comunismo parecia ser
uma longa troaiçao J" .*punsão defen_
siva, ou ìmperialismo. No século xr.r, monolítico após os Chineses terem entrado na Guerra da Coreia e a retórica
po, ex-emplo, a Gra_Brãanha a prin_
cípi. avançou para o Egipto para proteger da contenção acentuava o objectivo ideológico de evitar o alastramenlo do
as rotas marítimas para a Índia.
Após ter ocupado o Egipto. achou que,era
necessário ocupar o Sudão para
proteger o Egipto e depois de ocupar,o
Uganda para p.ot"g'"r-o SuOan. apO. Seria um exagero afirmar que a actuação americana, sozinha e sem ajuda,
teÍ ocupado o uganda, a Grã_Bretanha
rÀ," d. ;.up;r;-õ;éiio pu.o con.- seja capaz de exercer um poder de vida ou de rnode sobre o movimento comu-
linha férrea para proreger o Ugânda. O
:ï1tse".^. apetire ì,rn.,l,, a rn"alao nista e provocar a queda prcmatura do poder sovíéúco na Rússia, Mas os Esta-
que vai comendo, assim que o dilemaãe
,.gu.uniu t'u.uoo lara.iustificar dos Unidos podem aumentar enormemente as tênsões sobre as quais a diploma-
uma expansão cada vez maior O comunismo
úvigtico um morivo ciâ soviética tem de âctuaÍ, de modo â forçar o Kremlin a um grau de moderaçÃo
ideológico, de Iíbertação das classes ^di.úln;; e circunspecção muito maior do que o que tem tido d€ observar nos últimos
trabalhadoras as regiOes ,io
mundo, que legitimava ainda mais r "rn,odor;; ïniao
expansio. R;;i";;, anos e desta forma promoveÍ tendências que encontrarão eventualmenteo scu
ji::J:;,.ï*r.'.nìsrâ duranre a Guera ero. ,no. luut-"iàrl ". oponuni._
Sovié_
escoadouro no colapso ou no aprodrecimento gradual do poder soviético.

Grorce KrxNlx, <The Sourçes of Soviet Conduct>7


( ( )Ml,l{tlllNt )t1R (ls (t)Nt't r)r tNt,htNAt.lítNAll ( [ [1tíA I'll^
^
(1rÌl nistìÌ(). lr(|i ncstc c('nlcxl() quc os llslir(llts tlttirkrs eotttclc r t (t rt.tlt
iusl() rttti(uo os,.olltltlzitt il lllllll lì(lvit lltsc tttr sctt rclll(l()llltlllclll(t lle l()ítì
gravuso tlc sc urvolvcrcrrr nt g,ucrra civil t|r Viclrtlrlc, l)unltÌlc t;trtsc tluirs
tt l97l.l. ltorrvc (lcsi tttviil lcttl() gr.ittltr l 0tt irlroÌtxilltìclìl() tlits lcrrsòcs. Ntr
dúcadas, os Eslad()s L,nidos lentarat'Ìì cviÌlr o eorrlrolo colnutristu rltr ttCgttitnCttl0 tlit r.r'isC errltirDil rkrs tttíssCis, nCgociitçirCs tlC cttnttoltt tlc arlttit-
Vietnamc, à custa de 58 000 vidas anrericanas. rrrais dc urn rlilhâo dc vidirs
nrcnlo ptotluzirattr tt lÌ.ittrtdtt tlc l'roihiçlo t-irnitatla dc Testcs crn 1963, o
vietnamitas,600 biliões de dólares e uma agitaçÌ() internu que acabou cont qual lirnitava os lcslcs nuclcarcs atÌ'Ìlostéricos. e um Tratado de Não-Proli-
o apoio à própria política de contenção. Juntamente com a contenção (kr l'cftrçio crn lt)68. O cOrnércio começou â aumentar gradualmente e o
comunismo no Vietname do Sul, os Estados Unidos receavam que uma derrotir dcsanuvianrento pârecia estar a expandir-se. A Guerra do Vietname desviou
pudesse enfraquecer a credibiÌidade dos seus compromissos e, dessa ÍbÍnìit.
u alenção dos EUA mais para a ameaça do comunismo chinês'
da contenção em outras partes do mundo. Ironicamente, após a derrota dos De l9ó9 a 1974, a atlministração Nixon usou o desanuviamento como
EUA e a retirada em 1975, as rivalidades nacionalistas entre os países co- meio para prosseguir os objectÌvos dâ contenção. Após a crise cubana dos
munistas na Ásia provaram ser uma força eficaz de manutenção do equilíbritr mísseis. os Soviéticos iniciaram um grande desenvolvimento mílitar e atin-
de poder na região. giram a paridade em armas nucleares. A Guerra do Vietname conduziu a
uma decepção na opinião pública americana em relação às intervenções na
Guerra piii. A estratégia de Nixon era a de (l) negociar um tratâdo de
O resto da Guerra Fria controlo das armas estratégicas para equilibrar o Íelacionamento militar em
relativa paridade: (2) estabelecer relações diplomáticas com a China, criando
Em 1952, Dwight Eisenhower foi eleito presidente com a promessa elei- assim um equilíbrio de poder tripartido na Ásia (em vez de pressionar sirnul-
toral de terminar a Guerra da Coreia e de fazer recuar (roll back) o comu- taneamente Soviéticos e Chineses); (3) aumentar o comércio, de Íbrma a
nismo. O Partido Republicano defendeu que a contenção era uma acomoda- existirenr cenouras e não apenas varas no relacionamento americano-sovié-
ção cobarde ao comunismo. A abordagem coÍrecta era a de o fazer recuar. tico; e (4) utilizar um..sistema de ligação> para unir as váriâs componentes
Em seis meses, porém, tornou-se claro que fazer recuar o comunismo era da diplomacia. O ponto alto do desanuviamento ocolreu em 1972 e'1973,
denrasiado arriscado em termos de precipitação de uma guera nuclear. Após mas não durou rnuito tempo.
a morte de Estaline em 1953, as relações congeladas da Guerra Fria der- A Guerra do Médio Oriente de 1973 e o auxílio soviético a movimentos
reteram-se ligeiramente. Em 1955, houve uma cimeira em Genebra e um antiocidentais eÌn Áf.ì.u levou a que se começassem a interrogar acerca de
acordo para o estabelecimento da Áustria como um estado neutral. Ern 195ó, quem é que estava a enganar quem. A política intema americana contribuiu
Kruchtchev proferiu um discurso secreto expondo os crimes de Estaline para o definhamento do desanuviamento quando legisladores americanos'
perante o xx Congresso do Panido da União Soviética. O segredo Íanspirou corno o Senador Henry Jacksorr, tenlèram ligar o comércio com a União
e contribuiu para um período de confusão na esfera soviética na Europa de Soviética a questões de direitos humanos, tais como o tratamento dos judeus
Leste. A Hungria tentou revoltar-se, mas os Soviéticos intervieram militar- soviéticos. e não em termos de comportamento de equilíbrio de poder' Em
mente para a manterem no interior do campo comunista. 1975, quando Portugal descolonizou Angola e Moçambique, a lJnião Sovié-
Kruchtchev decidiu que precisava de expulsar os Americanos parâ fora tica transportou tropas cubanas para aí ajudar a manter governos comunistas
de Berlìm e chegar a um acordo definitivo sobre a Segunda Guerra Mundial, no poder. Durante a campanha presidencial de 1976' o Presidente Gerald
de modo a poder consolidar a inÍìuência soviética na Europa de Leste e Forà ,runca usou a pâlavra desanuviamento. O seu sucessor. Jimmy Carter,
começar a aproveitar-se da descolonização a ocorrer no Terceiro Mundo. tentou prosseguir o desanuviamento com a União Soviética durante os seus
Mas o estilo e os esforços de negociação de Kruchtchev com os Estados dois primeiros anos de mandato, mas a União Soviética (e Cuba) envolve-
Unidos lembravam o estilo do Kaiser ao tentar forçar a Grã-Bretanha a ram-;e na guerra civil etíope, os Soviéticos continuaram com o seu desen-
negociar antes de 1914, cheio de truques e de ameaças. Os esforços para volvimento de defesa e. em Dezembro de 1919, a União Soviética desferiu
ìevar os Estados Unidos a aceitarem as condições tiveram o elèito contrário. o coup de grace rJo desanuviamento ao invadir o Afeganistão
Kruchtchev fracassou na crise de Berlim de 1958-1961 e novamente na crise Por que razão regressou a hostilidade? Um argumento é o de que o
cubana dos mísseis. desanuviamento foi sernpre sobrevalorizado e que se espeÍava demasiado
Como veremos adiante, a União Soviética e os Estados Unidos chegaram dele. Mais relevante é que existiram três orientações. na década de 1970' que
lão perto do precipício nuclear durante a crise cubana dos mísseis. que o o minaram. Um foi o desenvolvimento da defesa soviética, com a qual os
í I rllllR l,l{l^ tti
( {)Mt,t{trl,Ntìt t{ (ts ('í}Nl't t1tts lNII t{N^( l(tN^ts ^ ^
tlttlrtt. tttiús lO llttlrsl
Sovidlicos iturìrcrì{lrfilrìì (ì stu (n{ilttìcntrr rlc rlt'lcslr r'lt) ecrt.it tlc.ltZ ao irtto. lvirlìr-$Jl Alttrlllllivillllflìte. P(!l (l(lc rrtziìtr ttiìtt
a,,ui.i,rça,, rcstrlr.rr, rrras isstt ttiltt tt.s lìrrnccc
ttllìil cxplicilçiìo colììplcla
acrescentando rrov0s rnísscis pcsarlos rlrc llrcoclrl) Í [ì l)iltlicIlilnrìcrìl('"\
Ú iì (lc irnpcriitl' O hiskrriador Paul
decisotes de delesa an'rcricanos. A scgrrntll liri lr intcrvcnçiìo soviélicir crrr ii,irr, "sobrctxpunsão
at: tt"1
"*pfi.nçi,t
in".fu .f"it".f." que os intpérios se expandem excessivamente
Angola, na Etiópia e no AÍeganistão. Os Soviólicos consi(lc'riìviìnì-nir iU\lr quarto
, ":
da sua')' ;'
um
ficáveì peìo que chamavam de aÌteração da dc lìrrças" na lrislrr ,r;;;;; força intcrna d' irnpérió Com mais de
os 'i' "
"correlação
ia crirrrsagracla á d.ft., aos assuntos externos (comparado com ,
ria, a sua crença de que a história se estâva a deslocar nas dirccçircs t1trc,, " )

Marxismo-Leninismo havia predito. A terceira lbram as altcraçr-res nl polr ól'J,,, e.,oOurlnidos na década de 1980)' a União Soviétìca
"ttt.",1::l]^t: I
Ir"""aio, Mas Kennedy afirmou ainda que nenhum dos imperros '.. ,.,
tica interna americana, uma orientação de direita que rompeu a coligl(r('
na história tinham
que apoiava o Partido Democrata. O rèsultado da interacção entre os ilct(ì\ ;í;i;;;';",;* rnur.-.*prnãidot "tg'"^.*' it:Ï11t-lÏi
terem sido derrotados ou enfraquecidos numa
soviéticos e as orientações políticas americanas confirmou a ideia de que ir l'*u" ptOp.i" base étnica até
foi derrotâda
Guerra Fria persistia, de que o desanuviamento não poderia durar. No crr luaïo'a.' *rona". potências. A União Soviética' contudo' não.
il;;ì;;"ïtd; nu,nu gu...u de grandes potências . Uma tït:1
tanto. a renovada hostilidade da década de l98O não foi um retorno à Gucllrr
á. qr. o desenvolvimento militar ^t:41t-ïi:
dos EUA na década de 1980 l-orj:l:::
ì

Fria da década de 1950. Houve um retorno à retórica da década de 195o. O" '
algo de verdade nisso' na medrda' '
mâs as acções foram bastante diferentes. Mesmo enquanto o PresÌdentr õ;úiË". à rendição na Guerra Fria Há Reagan dramatizarama aTl]:tï-o,t ].
Ronald Reagan se referia à União Soviética como um <Império do Mal.. ; ;;" ;; fotlticas ao Presidente Ronald mas isso não responde veroaqct-
planeava o contÍolo dos armamentos. Haviâ um aumenÌo do comércio, cspc àa aóbte-"ipunaao imperial dos Soviéticos'
anteriores-de deserivolvimento
cialmente de cereais, e existiam contactos frequentes entre Americanos c i"t"ti" e qir""u" principal. Afinal, períodos
efeito Porquê 1989? Temos de procu-
tiiiir"i u-"ri.""" não produziram tal
Soviéticos. As superpotências estabeleceram mesmo certas regras de prudên- dill"T::1 .'.,
a retórica
cia no seu comportamento uma em relação à outra: nenhuma guerra direct . ir, "uu.u. mais profundas. Porque pensar que principal do
"..'
declínio u1:1
nenhuma utilização de armas nucleares e coDversações sobre armâmenlos c ;";i.; ou aecuou de 1980 fo;am aque causa 1^ antes ' . ì,:i:
sobre controlo de armas nucleares. A Guerra Fria da década de 1980 foi dc õovigti", pode assemelhar-se ao galo juìgava que era o seu cantar \\J\
natureza dìferente da da década de 1950.

O fim da Guerra Fria


Quando é que teÌminou a Guerra Fria? Como as origens da Guerra Fria
estiveram fortemente reÌacionadas com a divisão da Europa pelos Estados
Unidos e pela Uniâo Soviética, o fim da Guena Fria pode ser fixado pelo
fim dessa divisão. isto é, 1989. Quando a União Soviética não utilizou â
força para apoiar o governo comunista na Alemanha OÍientàl e o Muro de
Berlim foi trespassado por multidões jubilantes em Novembro de 1989,
podemos afilmar que a Guerra Fria tinha chegado ao fim.
Mas por que razão terminou? UÌn argumento é o de que a contenção
, resultou. George Kennan argumenlou, logo após a Segunda Guerra Mundial,
I .;lique se os Estados Unidos conseguissem impedir a União Soviética de se
fuÈ,1ykxpandir. nào existirianr triunfos para alimenrar a ideologia e o comunismo
1.,Ì' \oviético suavizar-se-ia gradualmente. Surgiriam novas ideias, as pessoas
' aperceber-se-iam de que o comunismo não era â vaga do futuro, que a
"' \- história não estava do seu lado. Numa perspectiva mais alargada. Kennan
tinha razão. Mas o enigma dessa explicação é o momento: porquê 1989'Ì Por
Bush. Reagan e Gorbachev em Nova lorque'
1987
que razão dìJrou quatro décadas? Por que razão demorou tanto tempo a
( ()Ml'lll,lrNl)l,l,l IlS (\)Nl I Il()li lNII'llN^l lllN^lS
l,lixl{^ l/Ll^
^
sislcttlit.srteiitl etttttrt-
d0 alv0rcccI 11ttc lcvitvlr o sol it lcvillllill-s(. oUlfo (,xctÌìl)1il (lit lirlrtr'irr rl,r Itc rlispctlrlioso. NÌo crir iti ttcecsriititt itttlxrr rtltt
ttlts lirttttcit.itr' sovidlicas'
caustlidadc cspúriir. corttr,'lìrrrtra tlc girtattlir il scgtlrilnçil
Podemos conìprúcndcr rÌìclhor o lìnal tla Cìttcrr;r lÌ ia lttalisirrtrlo lltìs lipr'.,
F)uropcus
úÃ,r lì,r,ttu, lt,r V.'tiì,r tlc l9!19. lìri conccclido aos Alemães de 9: i:::::l:
Leste es-
os
dc causas; precipitantes. intermédias c prolundas. A rtìli\ irììlÌ(ìr'lruÌtc (iru\l lì*'r'r" iirt"rr'r".r". A Hungria pcrnlitiuOtluc Alemães de Leste
precipitante do fim da Guerra Fria Í'oi urn indivítluo. Miklrail Golb chcv. L[. iur o,rouU, rJa Hurtgria paã a Áustria êxodo dos os
;fi;';il;;".." pt"ïtat., sobre o governo da Alemanha de Leste'
queria reformar o comunismo, não substituí-lo- Contudo. lr rclì)r'rìrir lìr(' *.'?c'lr,fï:-,1ï':::ïï:']
. \
cipitou-ré prra umr revolução impulsionarla pela basc crn vcz tlc eorrtro iãì"'*''-4" uì'.f, a" t't" la"ao tinham
,3 ,.\, manirèstaçòer' Em Novembro.' .l - uma
' .' -,\*ada pelo topo. Tanto na política interna como na externa. Gorbachcv lurrçr'rr ;;;;;;;; Yl:" ,0:^lï]'T,caiu
de acontecimeÍìr^o^s-l^ïïïtil,JïÏ,a
ãonclurau tiramática para um crescendo
1.. -ü'-
t,
,ma série de acçòes que aceleraram o existente tlecÌínio soviéticr) c irl)r'(\
.aru- o fim da Guerra Fria. Quando chegou ao poder en 1985. Gorbaclru eurfr período de tempo' Podemos afirmar que estes aconteclmel'::--
- poqc-
-^;^ i i -,-.,,,,',-
ãrigarn nos erros de cílculo de Gorbachev
Pensava que o comunrsrno \"
tentou disciplinar o povo soviético, como foma de superar u cÀi\tcrìt( repará-lo'-abriu ut
estagnação económica. Quando a discipÌina não foi suficiente para rcsolvc'r iï"..;., ,.orrua. mas. na realidade' ao tenlar
' :oTbocome-"1: ..' I ''
'
o problema, lançou a \deía da perestoito. ou (reÒstÌÌrturâção>, rìriìs lììr õoto u*u fenda numa barragem, assim que as pressões acumuladas
e deitaram abaíxo
;ìú;;.e, rapidamente aìargaram a abertura ,3. ,
incapaz de reestruturar a partir do topo porque os burocratas contrrlilr ;;;
vam permanentemente as suas ordens. Para coÌocar os burocratas debaixrr tlstema.
Porquê com este líder? i ì"
de fogo, usou a estratégia da glusnost, ou discussão aberta e democliÌli Mas ainda permangce a questão, porquê 1989?
histórico Nos príncipios 1u - t l" I
zâção. Ao exibir o descontentâmento das pessoas com a Íbrma corno o Em certa medida, Gorbach"u roi ut^u"ià"nte
um Ìogo a seguir
sistema estava a funcionar colocaria pressão sobre os burocratas e aju(lit ã;;.d"'ãe iôgo' tut""..u,rr três líderes soviéticos idosos'
u: que tinham
rià a perestroikq a funcionar. Mas assim que a g1.ljlro.r/ e a democriìtizu lo, ouoo.. Foi só em 1985 que a geraçào mais nova' 1956' !:ïolt a sua\ ( '.
de
ção permitiram que as pessoas expressassem o que pensavam. e votâsscnÌ
;;;gtd" ;;. Kruchtchev, a-oenúinida geraçào .tiveram
ônonunidade. Mas caso t;;;;;; l" ïotiiuuto do Panido comunista , ". .
sobre isso, muitas pessoas disseram: <.,Queremos sair. Nâo existe uma esp!í
ã;a; Jil "t
do"o"'p"tioores de linha dura dc corbacheu
cie nova de homem soviético. lsto é uÌììa dinastia irrperiaÌ e nós não perteì- ;iï".** ll
em declinro se lrvesse
,, ,
cemos a este império." Gorbachev soltou a desintegração da União Sovier i9ÀS, é burtun," plausÍvel que o império soviético
ticâ, que se tornou cada vez mais evidente âpós o golpe falhado da veìhir *on,o .* pé por mais outra década- Não tinha de se desmoro-
,áã ."pia"t".te. A personalidade de Gorbachev-e*pltj?
"ái."guiOo qllndg putt" ao
guarda em Agosto de l99l . Em Dezqmbro de 1991. a União Soviética dei
"ã,
ttttóÍà",o
xou de existir. \\ r.,,r^ _ 1..\r\ 'n' ,., \r ,,.{ às causas intermédias. liennan è-Kennedy
estáo ambo; ìo bom
A política externa de Gorbachev, r que chamou <<Èovo pensamento". foram as lggr -!üSr1iì\ Jr .
contribuiu iguâlmente para o firn da Guerra Fria. Esta política tinha dois caminho. Duas importantes causas intermédias tTpt-tl1|r^,'*
a
nas explicações conslrutivistas, È sobreexpansão
. elementos muito importantes. Um era o da alteração das ideìas, que os "ni^tlruOurp"il.. ."utl.,ut. As ideias de abeÍura' de democracia,e dl,Ï^Ï
\ ('' contrutivistas enfatizam, como o conceito de segurança comum. com o qual ;i;il; ocidentais que lrnharp.,
o
. h dilema de segurança clássico é evitado. juntaúo-se oì estados puru guiun- o"ì.u,nanto, urilizadas por Gorbachev. cram noçòes - ,.
''. ; . ..'Írem a segurânça. Gorbachev, e aqueles que o rodeavam, afirmaram que lü" uà.p,"aot pela geràçào de 1956 o desenvolvimento das comunrcaçoes
"''' '''t
ideia: liberais e o efeito
num mundo de crescente interdependência, a seguÍança não era um jogo de transnacionaìs e dos contactos ui'ãou ã oi"tntinar
conferiu-lhes ut
demonstralivo do sucesso ecoúmico ocidental "n:1n1:,.., .;
soma zero e que todos poderiam beneficiar com a cooperação. A existência
à sobreexpansão imperial' o gigantesco orçamenio oe ì I
uãi.ionuf. Quanto
da ameaça nuclear significava que podiam perecer lodos juntos caso a conr- da sociedade sovietica "' '-i
defesa soviético começou u uie"i"t outàs aspectÃ
petição saísse fora de controlo. Em vez de tentar construir o maior número de mortalidade na União '' r
'" ''r'

possível de armas nucleaÍes, Gorbachev proclamou a dourina da <suliciên- Os cuidados de saúde a.t.tioiutut-tt t u á*u
em que tal ocorreu)' Mesmo i'1"';
cia>, a detenção de uma quantidade mínima para protecção. A outra dimen- Soviética aumentou (o únlcÓ país dé-senvolvido
do ittmendo fardo causado
os .rilitares acabaram p".." t;;;;;;;;ttiente'
r\ . ;$tò da mudança de política externa de Gorbachev foi a sua visão de que o
' \ /expansionismo e, quando ponderado, mais prejudicial que benéfico. O con- .r.lu.obr""^pun.àoimperiaìEm1984'oMarechalOgarkov'ochelèdo uma
trolo soviético sobre um império na Europa de Leste estava a custar dema- :;;;-;;;';";iético, percebeu que a união Soviética precisava de
,/ o. Uura económica òivil e um maior acesso ao comércio
e à tecnologia
n I siado e a prestar poucos benefícios e a jnvasão do Afeganistão tinha sido um -.tt
l''\' \"t' 'i
( 1)Ml'RllliNl )l1R oS (l)Nl4.l lI)S lNlIlllN^(ÌllNAlS t,tl|[^ t,H t^ lâ.1
^
ocidcnlais rììiìs, du[i.lntc o pcrÍ(xlo dc cslltgtÌitçiìo, r)s vclltos lÍtlcrcs rriìo cs llttrit tr'slxrntlet rr ttttttllnçrrs trrr r'eortorttiir rtrurrdill. l'islalinc lirrha eliluhr rrrrt
tâvanì dispostos a ouvir c Ogarkov lìri lìslit(lo d() scu l)osl('. ('i.,,. .i . sislcrtta tle tlilecç;io ceorrtirrricl ccnlralizarla quc cnlalillvl as indúsllias
Assim, as causas intcrmédias das idcias lihcrais c da sohrccxpansrìrl nrctlltirgicirs 1'rcsltlas c rlc basc. Era nruito inllexívcl c pcsado. 'l'endia a
imperial são importantes mas, no final, temos dc lidar com as causas prolurr lcLrttulat a rrtiìo-tlc-obra cnr vez tlc a translèrir para as indústrias de serviços
das, que foram o declínio da ideologia comunista (uma explicação conslru cm dcscnvolvimcnto. Como sâlientou o economista Joseph Schumpeter, o
. r : tivista) e a falência da economia soviética (uma explicação realista). A pcrrlir capitalismo é â destruição criativa, uma forma de responder com flexìbilida-
. ** legitimidade do comunismo ao longo do períoão do pós-guerra Íbi bls dc a grandcs vagas de mudança tecnológica. No final do século xx, a grande
' "., ' -',lante
" dramática. No período inicial, imediatamente a seguir a 1945, o comu mudança tecnológica da terceira revolucão jqdustrial era a impoÍância cres-
, ,,-" '- "( ìismo era vastamente atractivo. Muitos comunistas tinham liderado a resis ccnte da informação. como o recurso mals escasso numa econdfiã. O sis-
Ì. tência contra o fascismo na Europa e muitas pessoas acrcditavam quc () te ma soviético era parÌÈuììÌfrënÌé jrre-pto ãTúãr*Fom-a ffiormaçâo. O pro-
l;\;, '-.;ornunrtrno era a vaga do futuro. A União Soviética ganhou um poder suavc íundo secretismo do seu sii-em-a poììtúì ifficava que õÍixo-dê inlbrmação
, considerável através da sua ideologia comunista. Mas ele foi sendo progres era lento e pesado.
- sivamente minado peìa destalinização em 1956, que expôs os seus crimcs. Os bens e serviços soviéticos não conseguiam manter-se a par com os
pelas repressões na Hungria em 1956, na Checoslováquia em 1968 e na padrões mundiais. Havia uma agitação considerável na economia mundial no
Polónia em 1981, e pela crescente disseminação transnacional de ideias final do século xx. mas as economias ocidentais. com sistemas de mercado.
liberais. Apesar de, em teoria, o comunismo almejar instilar um sistemâ dc foram capazcs dc transfcrír mão-dc-obra para os scrviços, de rcorganizar as
justiça de classe, os herdeiros de Lenine preservaram o poder interno através suas indústrias pesadas e de mudar para os computadores. A União Soviética,,; , ..'
de um brutal sistema de segurança de estado, envolvendo campos de não conseguia acompanhar as mudanças. Por exemplo, quando Gorbachev t ,
corïecção, grlags, censura generalizada e a utilização de informadores. ascendeu ao poder em ] ?-85, 50000 computadores pessoais na'ft
=a1]tar.rr
, . O efeiro prático destas medidas repressivas sobre o povo russo foi o da perda União Soviética; nõs Èstaaõ.s Unla-os eÏióiiãm 30 Èìilhões. Quatro anos mais ]i '
.\','" L ,de confiança generalizada no sistema, como expressa na literatura clandes- tarde, existÍãffi'õêrcã ae +0úõO .otnpriiãõ.ã. na União Soviética e 40.1
. ,, i {ina de protesto e na onda crescente de dissensão promovida por activistas milhões nos Estados Unidos. As economias de mercado e as democracias '
' .',,, dos direitos humanos. provaram ser mais flexíveis a Íesponder à mudança tecnológica do que o
sistema centralizado soviético, que Estaline criou para a era das indústrias de
,-, reflectia a reduzida capacidade do sistema de planeamento centÍal soviético base da década de 1930. Segundo um economista soviético, nos finais da
década de 1980, apenas 8olo da indústria soviética era competitivâ à Ìuz dos ,

padrões mundiais. É Olticit continuar a ser uma superpotência quando gZEa


Em contraste com a forma como a maior parte dâ história é escrita, os
historiadores da Guerra Fria, para o final da década de 1980, estavam a tÍaba-
da indústria é obsoleta.
lhar sobre e não após o âcontecimento que tentavam descreveÍ. Não úúamos O final da Guerra Fria foi um dos grandes acontecimentos transformado-
forma de conhecer o Íesultado firal e éramos capazes de determinax as moti- res deste século. Foi equivalente à Segunda Guerra Mundial nos seus efeitos
vações de âpenâs alguns de modo algum todos dos intervenientes mais sobre a estrutura do sistema internacional, mas ocorreu sem guerra. Nos
- agora, para usar uma frase
importantes. [...] Sabemoìo - feitâ. Ou, pelo menos, capítulos seguintes, voltamo-nos para o seu signiÍìcado na política interna-
satremos bastante mâis do que âlguma vez soubemos. Nunca iremos ter a cional no futuro.
história completa: não a temos para qualquer acontecimento históÍico, não A Guerra Fria terminou em 1989, mas alguns académicos realistas, tais
importa quão distante no passado. Os historiadores podem reconstruiÌ o que como John Mearsheimer, defendem que a paz europeia pode não ser tão
aconteceu na realidade tanto como os mapas podem Íepresentü o que existe duradoura como a maioria dos observadores supõe actualmente. A Rússia
realmente. Mas podemos represent& o passado, assim como os cartógÍafos pode não voltar nunca a ocupar todos os seus vizinhos da Europa de Leste,
representam o tereno. E o fim da Guerra Fria e a abertura, pelo menos parcial,
mas o nacionalismo russo combinado com uma democracia Íiaca pode, no
de documentos da antiga Uúão Soviéúca, Europa de l,€ste e China, o ajusta-
mento entre as nossas repÍesentaçõ€s e a realidade que elas descrevem tomou-
futuro, conduzir a um expansionismo renovado. Uma vez que a Rússia ul-
-se bastante mais próximo do que anteriormente. trapasse este período de agitação interna, pode voltar a sua atenção outra vez
para os estados bálticos, para a Ucrânia e para a Europa de Leste. Se isso
JoHN L. CADDrs8 acontecer, 1989 será encarado como uma acalmia temporária a meio de uma
l(r1 ( { rMl,RtitiNt)tiR í}s ('(}Ntrt t1r)s tN llrlN^t'lt )N^t!i ( rlll.l{^ I l{l^
^
longa tcnr;rstldc. Qualquu quc sr'jir ir pluusihilirlrrrlc th.slc cr.rrÍr'io, trnr cslrrrhr (XX) lrtttclittlas tlc l N l
lì('(lttcttit. tetcit tkr et;ttivitlclllc lr l5
ofl rclirlivirììcttl('
meticuloso drr política intcrnacional dilit (luc cslc rriìo potlc scl trlìrsltuhr. Os rttÍsscis irclulis l)(t(lctìt lritrrslx)llilÍ l(X) vctcs ott tltltis cssc ptttlcr explo-
Após o colapso da União Soviética, iì Rússiiì lcrìì sollido unrl tlirnslirr livo. Nir lcalitlirtlc. lrxkt rt potlcr cxpkrsivo ulililildo na ScgunrJa Cuclra
mação significativa. Renunciando à econonria planeatlu tkr cstado sovidlico, Muntlial cahcril ttrttttl botttba dc trôs megatoncladas c essa bonba caberia
a Rússia do pós-Guerra Fria embarcou por tentativas nunr carninho dc tlcrrro nl ogiva dc urtr grandc míssil irtercontinental. Na década-rle 1980, os Esta-
cratização e de liberalização económica. O caminho, porem. tem sido pcli dos Unickrs c a União Soviética possuíam mais de 50 000 armas nucleares.
goso. Seguindo o consãttro-<tì Fundo Monetário lnternacional, o govclrìr) Algurnas consequências tísicis dii.ííp|,.'sões núcIeares slo incertas. Por
russo a início aceitou a <<terapia de choquer> económica, como forma de lazcl cxcrnplo, a teoria do inverno nuclear sustenta que uma gueÍTa nuclear geraria
a transição da autocracia económica para a democracia liberal. Poróm.;r tünto carbono e poeira na atmosfera que impediria que as plântas realizassem
terapia de choque fraccionou tanto a sociedade russa que foi rapidamentc & sua f'otossíntese, o que significaria o fim da vida como a conhecemos. Um
posta de lado a favor de uma abordagem mais gradualista. À medida que a cstudo da Academia Nacional das Ciências revelou que o inverno nuclear é
situação económica se deteriorou, o nacionalismo russo rejuvenesceu. possível, mas altamente improvável. Muito dependeria do facto das armas
Teóricos como Mich3g!_pq,le, defendendo a hipótese de que as democra- tcrem sido apontadas a cidades e não a outras armas. Incinerar cidades
cias liberais não trafih-guerras entre elas, concluiu que se a Rússia sobre provocaria fumo com um alto teor de carbono que iria bloquear a luz solar,
viver à transição para a democÍacia, isso será um bom presságio paÍa a pa/. mas é incerto por quanto tempo o fumo permaneceria na atmosfera. Se as
internacional. Permanece a dúvida de saber se a política externa russa sc bombas explodissem no Hemisfério Norte, viajaria o fumo até ao Hemisfério
ajustará ao modelo da paz democrática ou se haverá um ressurgimento do Sul? Alguns cépticos afirmam que o pior resultado não seria o inverno nu-
nacionalisrno russo, que desafie os Estados Unidos e a Europa Ocidental. clear, mas o outono nuclear uma consolação vã. Uma certeza é a de que
Independentemente do que o futuro nos reserva, um grande enigma per- -
uma guerrâ nuclear em larga escala destruiria a civilização tal como a co-
,
I manece: por que razào durou tanto tempo a Guerra Fria sem que tenha nhecemos, pelo menos no Hemisfério Norte. No seu relatório de 1983 sobre
I inompido umâ cguerra quente>> entre as duas superpotências? Por que razão armas nucleares, os bispos catóÌicos americanos empregaram apenas uma
nào se lornou na Terceira Guerra Mundial?. pequena hipérbole quantlo afirmaratn: .Somos a primeira ger,açào desdc o
I ..1

\-ìr
\,' r\ç,r.1; L' ...."' { L.o Á' t.' Génesis ecrm a capacirJade para destruir a obra de Deus'." c \ Ì'". ql."", -t(l'^\(
Ì- r.-,- r,,, {*r.i,.. / As armas nucleares produziram alterações na natureza da guerra. mas não , ". l{,-
p papel das armas nqcleores \'- alteraram a forma básica como o mundo está o-rganizado. O mundo anár- I
\
. C -,. * --'i í," I
,._,
' \;,r.
i.lrrl".'\ P,:,.,"-r\ í't^1,. 1tt. ^' - y' ./ii'\ i.." -- :-.,{i. " quico de estados, sem uma autoridade $hperior acima deles, continuou a ,rn\'."
i. ,-Por duerazào'a Guerra Friarnào se tornou quente? Alguns analistas acìe- existir durante a era nuclear. En 1946, quando os Estados Unidos ProPuse-,. ,.í.-rl
!' at-
'ditam que as sociedades desen]glldas aprs.nderam as lições da Primeira e
-. 'ï- ram o Plano Baruch, para estabelecer o controlo internacional das armas.'
t, i- "Ç da Segunda Guerras Mundiais e simplesmente superaram a guerra. Outros nucleares, a Ilíiã. Soviética encarou-o como apenas outra maqu inaçàc-
1\.L:!^','/'t
acreditam que a <.longa paz> da segunda metade do século xx teve origem americanâ. Após esse falhanço, Albert Einstein ìamentou que tudo tenhaír'^-Ít '"-';
nos limitados objectivos expansionistas das superpotências. Outros ainda mudado excepto a nossa lorma de pensar. Talvez apocrifamente' atribui-se- t '1V-v
atribuem esse resultado ao que consideram a ínerente estabilidade da ìhe a afirmação de que <<a física é mais fácil do que a política'>.
bipolaridade pura, na qual dois eiiados (è nao ãÍas aiìãnças rígidas.1 sào Existem razões tanto militares como políticas para que as armas nuclea-
dominantes. Mas para a maioria dos analistas. a parte maior da resposta res não tenham tido um resultado mais dramático logo após 1945. Para
reside na natureza especial das armas nucleares e.da dissuasão nuclear- começâr, a bomba atómica inicial não provocava significativamente mais
{/cr'".,c .r. if ì.k p, --{L;\ L' è v'^ar.í.1.r l.;. estragos do que a maioria das utilizações mortíferas de armamento conven-frrr"t'ü
.t
FISICA E POLITICA cional maciçã. O bombardeamento incendiário de Dresden, na Aìemanha.,,*,1v|.
matou mais pessoas do que o bombardeâmento nuclear de Hiroshima. Ape- , / ..;
O enorme poder de destruição das armas nucleares é quase para lá de sar de uma única bomba atómica fazer o trabalho de um ataque aéreo inteiro
ru f
qualquer compreensão. Uma explosão nuclear de uma megatonelâda pode com bombas convencionais, a princípio não existiam assim tantas armas l ""'"' t'
gerar temperaturas de 100 milhões de gÍaus Celsius quatro a cinco vezes nucleares no arsenal dos EUA. bs gsìados Unidos tinhãm apenas duas em ,.''tt
'
a temperatura no centro do Sol. A bomba lançada sobre Hiroshima, em 1945, 1947 e 50 em 1948. Muitos decisores militares eram da opinião de que as ., !. ^. 1

1- \- : \tr t. 1 ,-,--'
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bontbas attimicus niÌo cr rìì lgo (lc lolirlrÌìÜìlt. (lili'rcnlc, ltpctlirs cxlcns(ìcs dc t;ttc o lIrÌrirlcrl() ttttclelr cslú bkxlttciulo. Iilit rcillrncntc tlctttasiittftl po-
do arnìamento convcnciunal.'r , . ,\, -... ì.. , ,i tlctoso, dcntasiiukr tlc sptr 4totc iottttlo. ' '
A rivalidade emergente amcricano-sovic(tiea ìanrbénr rctartlou a rrrrrrlançlr , A honrba dc hidlogúnco tcvc cittco itnportantcslconsequências políticas,
no pensamento político. A União Soviética dcsconÍìava tlas NaçCrcs Unidas. ppcslr tlc não tcr rcorganizado a lìrrma anárquica de funcionamento mun-
. por acharem que elas se apoiavam nos Estados Unidos. Os Estados Unitkrs dial. Hrn primeirt) lugar, restaurou o conceito de guerra limitada. A primeira
- r ',. não podiam obrigar os SôÍificós ã cooperar porque a Europa estava relõrrr maade <to século xx assistiu a uma alteração, das guerras ìimitadas do t. !,.' '
i "'.. ..''entre os Soviéticos e os Americanos. Se os Estados Unidos ameaçassem corl néculo xrx para as duas guerras mundiais, que ceifaram dezenas de milhòeslr, .-z-'-
ì i "iu{., ataque nuclear. os Soviéticos podiam'ameaçar invadir a Europa colrr de vidas. A meio do século, os analistas referiam-se ao século xx como o',,r'',1,\t
,. ..ç''ì'Ìòrças convencionais. Ìslo resuttou num empate. Inicialmente. o:,i efeitos ll (século da gueÌra total)>. Mas na segunda metade do século, a guerra asse- n
.,,^!,
, . \ ' sicos revolucionários da tecnologia nucË-ãiïáo eram suficientes para alteral melhou-se mais com as antigas guerras dos séculos xvtll e xIX; as gueÍïas da I r
. I a. forma como os estados se coÀportavam num sistema anárquico. Coreia e do Vietname, por exemplo, saldaram-se cada uma em mais de
' ' l't' A segunda fase da revolução nuclear ocorreu em 1952, quando a bomba 55 000 mortes americanas. No Vietname e no Afeganistão, os Estados Uni-
de hidrogéneo foi testada pela primeira vez. A-Foã6ã-iie hidrogéneo baseia dos e a União Soviética aceitaram a derrota em vez de utilizarem a sua arma
-.L , -se na energia de fusào libertada quando os átomos são fundidos num só, enr suprema.
. ìts-.,) vez de separados como nas primeìras bombas de fissão. A bomba de hidro Em segundo lugar, as crises substituíram a guerra central como o mo-
\ , i..
,-\'' Béneo aumentou enormemente a quantidade de destruição possível com uma mento da verdade. No passado, a gueÍïa eÍa a altura em que as cartas esra- . . *.
,i\d'" ,i.,,ç--única bomba. A maior explosão na superfície da Tena deu-se em 1961, vam todas voltadas para cima sobre a mesa. Mas na era nuclear. a guena é / 'L ^-"
ìi quando a Uniào Soviética detonou uma bomba de hidrogéneo de 60 megato demasiado devastadora e os velhos momentos da verdade são demasiadq;'.')' ,,.-
'i '. neladas. 20 vezís -íõtiõ olúãììxpTosiuo urilizadò na Segunda Cuerrl d.t'ì: ''':'
l' perigosos. Durante a Guerra Fria, a crise de Berlim, a crise
'ì' '' Mrrndial -cubana
mísseis e as crises do Ì{{dio Oriente do iníéiíilãìëcada dtl970,6sssÍn.r;'.2r\,,,,À
Ironicamente, a alteração mais importante que acompanhou o desenvol- penharam o eqúivalente funcional à Èìèììã;üftâ- altura para verificar a ver-
vimento da bomba de hidrogéneo foi a mjniâiudzação. A fusão tornou pos dadeira correlação de forças em poderio militar. Em terceiro lugar, as arÍnas
,,,,^ r,..o-
.
,'*u. \;,,sível montar quantidades enormes de poder de destruição em engenhos bas- nucleares tornaram a dissuasão (desencorajamento pelo medo) a estratégia., .-j,r!
\ tante pequenos. Os sistemas construídos para lançar a bomba atómica inicial central. Era agora essencial organizar o poderio militar pala gerar medoì\'''
.
(,1,.1 ',-\to.na.am-se cada vez maiores, à medida que as bombas aumentaram dc antecipadamente. de forma a que o âlâqía fosse dissuadido. Na Segunda_ , '..1., i
'. ; ,r-'dimensào e ocupâvam cada vez mais espaço. O bombardeiro B-36 era um *1 ì
Guerra Mundial, os Estados Unidos confiaram na sua capacidade de mobi- /''
,r"
1

enorme aparelho de oito motores, com uma grande cavidade para conter uma lizar e erguer gradualmente uma máquina de guerra após a guerra ter come-., , t \tlr
bomba. A bomba de hidrogéneo, por seu lado, podia colocar o mesmo po- çado, mas essa abordagem à mobilização já não resultava, quando uma guerra(\i'rü
I

tencial de destruição num pèqueno engenho Assim que esse poder de des- nuclear poderia terminar numa questão de horas.
truição foi mútadóïa ogiva ïe ufr míssil balístico, uma guerra nuclear A quarta consequência política foi o desenvolvimento de um regime de
intercontinental poderia ocorré? è-om àÌõnãS 30 mfiutos fávlsó, õomparado prudência efectivo das superpotê-4cias- Estas, apesar dafiüíãõãï!ãs diver-
^.1.'* -
com as 8 horas que demorava um 8-36 a viajar a mesma distância. gências ideológicãìì*envolvéram um interesse crucial comum: euitar ajÏ'" -:
A destrúiivìdadì acrescida das Uomúãs de hidrogéneo dramatizaram igual- gueÍïa nuclear. Ao longo da Guerra Fria, os Estados Unidos e a União t'\ ^ ü'
mente as consequências da guerra nuclear A guerÍa não podia continuar a Soviética-õíí6lveram-se em guerras periféricas por procuração ou indirectasl .1 1 ' '.
ser considerada meramente como a continuação da política por outros meios. mas em caso algum as duas naç6éiì.ëíírentaram cara a cara. Alem disso- ,.r, .'
Karl von Clausewitz, o filósofo da guerra do sécuÌo xrx, afirmou que a '
as duas partes criaram esferas de influência. Enquanto os Americanos fal,a- ; ,
vam de fazer recuar o comunismo na Europa de Leste na década de 1950. '.
,

guerra é um acto político e que, poÍânto; a grer.lla absoluta é um absurdo.


O enorme poder de destruição das armas nucleares signiÍìcava que existia na prática, quando os Húngaros se revoltaram contra os seus domínadores, , ,,\, '
agora uma desproporção entre os meios militares e vinualmente todos os soviéticos em 1956, os Estados Unidos não se precipitaram a auxiliá-los com V , .
receio de uma guerra nuclear. De igual forma, com a excepção de Cuba, os i'
fins poìíticos que um país lossa p_rõSieguiÌ: ESIã ïïsJúnÇãon nÌre fins e meios '
originou uma paralisia no uso da força suprema na niaior parte das siruaçòes. Soviéticos foram reìativamente cuidadosos acerca de incursões no Hemisfé- ,t'
q ,

As armas nucleares não foram utilizadas desde 1945, daí surgindo a opinião rio Ocidental. Ambos os países aderiram a uma norma evolutivâ de não ''' ":
\1,
,' \ i \ u',
r .' t' "'.:^ i'f^ ''.,.' ,-''
.' i l : i \' .\. -
( D(ll^ ltltl^ t69
( ()Ml,tat I Nlrlil( t)\ rÌrNtrt nrls tN ,taN^( títN^t\
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tlc aInt s Itrrclclrrcs. lrirìitltÌìr lr'. irs \lrl)t.Íl)t)lt lttliits irlltr.'rrtlct;rttr rr
tl(ilizilçat(t dc grtntlc tlitttcttsiìrr' cittlit ultt tlclcs ctttn capacitladc dc dcilruiÍ
comunicar Apris a crise cublnl chrs lrísscis. Wasltirrglon c Moseovrr cliirrirrrr icllurìdo.
uma linha directa para permitir unìa corrrurriclçtìo instantiìnca cntrc (}s lítlc Os pnrhlcntits lcvantatlos pclo dilcma dc segurança clássico não termlna-
res soviéiico e americano. A tecnologia facilitorr a coopcrlçào cnr allrrnrs t[ rtm p;lo tcrror düs armas nucleares, mas as superpotências agiratn com
crise, ao tornar a comunicação entre líderes nunr mundu bipolar ntais Ilcxí incia, apesar das suas divergências ideológicas A sua prudência era
vel e pessoal. Eles assinaram uma série de tratados de c<tntroÌo dc arnrtr lhante à produzida pelas comunicações constantes que se verificavam
mento, a começar pelo Tratado de Proibição Lirritada de Testes. em l96l na gestão do equilíbrio de poder multipolar do século xtx Simultaneamente'
como
As negociações de controlo de aÍmamenlo tornaram-se numa fbrma de dis âs superpotências tentavam avaliar equilíbrios de forças, exactamente
cutir a estabilidade no sistema nuclear. l'.r 'r,*L i ., .',.2.,, \'. j nos tàmios em que os estadistas.çomparavam províncias, infa4laria. e arti-,
Er'ìì quinto lugâÍ, as arnlâs nucleares, eÍn geral, . u'fõïi* o.ïh.ogtt\e,'. lharia. í; n'i, ''j{''' *.L
em particular, eram consideradas pela maioriâ dos oficiais como não utilizii, O equilíbrio de terror nuclear coincidiu com um período de bipolaridade'
veis em tempo de guerra. Não era meramente uma questão do potencial dc... Alguns neo-realistas, como Kenneth Waltz, definem a bipolaridade comqr,tt.l
poder' mas '!
destruição da bomba de hidrogéneo. Havia um estigma que recaía sobre a sitiações em que dois grandes estados detêm Praticâmente todo o
.r." iipo de bìpolaridade pura é Íaro. A bipolaridade ocoÍre com mais fre-l:;1'
utilização do armamento nuclear que simplesmente não se aplicava ao armiì-
quêncà na história quando as alianças se fortelecem tanto que a flexibilidadey t,.
mento convencional. No hnal da década de 1960. de facto, engenheiros c
do Peloponeso' Mesmo apesar d1s -9
cientistas tinhanr conseguido nriniaturizar a carga explosiva das arntas nuclc- i perdida, como aconteceu na Guerra
seiem estados independentes, as alianças em tomo de Atenas e de
Espand ,,
. âres, de forma a que algumas armas nucleares poderiam ter sido usadas pelos bipolar' De igual modo' nas vésperas Ó
Unidos no Vietname è'nãQuèìã do qOmDE èÌrüRião Soviéticir uniram-se firmemente numa situação
- Fstados
no Afeganistão. sem causar o tipo de destruição injustificada de uma bomba da Primeira Guerra Mundial, o, ,i.t"rnu, de alianças toÍnaram-se unidos 2-*
_,,
'de hidrogéneo. Contudo. tanto Americanos como Soviéticos se abstiveram firmemente em biPolaridade. 11'

. ,''lde usar rrmas nucleares de potencial reduzido e optaram, em seu Iugar, por Waltz afirma qìe a bipolaridade é um tipo de sistema particulamente ,\{
estáveì. DoÍque simplifica a comunicaçào e os cálculos' Por outro lado'
os ,ì
,,t. instrunrentos destrutivos como napalm, bombas incendiáriâs e vários tipos
de
.
i.. -t' sistemas' bipolares cairT-cem ìè-TÉiíEiiï<Iadãã aumentam a impoíância ' )-
, -,ìe armas convenciona Jsse- era devido,-em pãrte, ão reõõiõ-üe que a uti-
,i''Jizaçào de qr.talquer arma nuclear. não importa quão semelhantes a armas ;;"flt* àurglnals, coníõ a Õúèiú do Vietname A sabedoria convencional( t'
era, no passaão, a de que a bipolaridade ou se erodê ou explode l:
t :*::ìt
-!, $qnvencjonais. poderia abrir can'ìinho à utilização de todas as armas nuclea,
o caso, por que não explodiu â bipolaridade após a Segunda Guerra
IVundial|'-ii
\ \es. e esse risco era inaceitável. Havia ainda uma outra dimensão. Desde a ofprççq a resposta.e ã'-r\
nucìeares .tfjpjï:.fy.:.:::-
armas nï1"-".. .ï
bomba ter sido lançada pelos Estados Unidos sobre Hiroshima. Talvez ã
ralvez à prudênciâ serada pelas u.'"u:
prudënciâ gerada )\L '
'I-oprimeira :^ r--.' u',riq-ò {'---Ìr: "-ri\t';ui:.1*'""-
havia um sentin'ìento geral de que as armas nucleares etam imorais, que
ultrapassavam o reino do que era aceitável numa guerra. Apesar desse cons,
trangimento normativo ser difícil de medir. ele inundou claramente os deba-
.. tes em torno das armas nucleares e foi uma razão para a relutância dos
; 'ìlestados em as usar.
U.:'ï--;_;,:ffi
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- iiì -. I I r- .[
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EeurLÍBRro DE TERRoR L1^1,-'1í.r1. +i ' {

As arrnas nucleares criaram uma forma peculiar de equilíbrio de poder.


que foi por vezes designarlâ por " eq uilíbliaãìe-rrõ;;ís demonstrações de
Íorça eram mais psicológicai oo qu'íïÍ.ÃìÃ.bas as parres prosseguiram
uma política de impedir a preponderância da outra, mas o resultado t'oi dife-
rente dc sistemas anterioles. Ao contriírio do sistema de equilíbrio de poder
do século xrx, no qual cinco grandes potências mudavam de alianças, o equi-
líbrio da Guerra Fria era organizado de forma clara em torno de dois estados
1 '.\ .i,' ., i'., .'( . . 1 :(. ry. .
\rl)
' l-.', . ..( ' \
I7tì (rrMt't{t I NDt k {rs (ÌtNt,t r)s tN IN^( l,N^tr '( , . , . I t tt rqrxx,l 1,{11 t7t

').,\
csrabilidl(lc quc WÌllz irllil)uiu Ìì hipolllitlirtlt, 1t,,r,, r,,li ,"r,,1 lsl() lcviuÌ(l urìì ectl() ntitttcrtt tlc (lttcsla)cs. lJttta ó, o qLtc ('quc tlissrldc'l
tado da borÌha. O pft'rprio tcrr0r d s arrrr s nuclcarcs podc 'ìii'i/eltíiiòò.
tcr contril) úl(' Â dissulsiio cli'clivil cxigc tanlo a capacidadc dc causlr cstragos colììo il
para criar a estabilidade iìtravés do .etbito dil bola dc cristal". lrrurgirrurros çrcdrbilidadc dc quc as armas irãtt ser utilizadas. A crcdibilidade depende
que em Agosto de l9l4 o Kaiscr, o Czar e o lnrpcrador da Áuslliir-lltrrrgrr;r qos intcrcssc envolvidos num conflito. Por exemplo, üma ameaça americana
olhavam para o interior de uma bola de cristal e viam unra imâgcnl dc lgll{. dt bornbardcar Moscovo, em retaliação contra um ataque nuclear, seria pro-
Teriam visto que tinham perdido o seu trono, que os seus impérios tinharrr vswlmente credível. Mas suponhamos que os Estados Unidos tinham
sido desmembrados e milhões de pessoas de entre os seus povos tinhanr sitl r âmeaçado bombardear Moscovo em 1980, caso os Soviéticos não retirassem
mortas. Teriam ainda assim partido para a guerra em l9l4'l Provavelntente !s suas tropas do Afeganistão? Os Estados Unidos possuíam certamente a
não. O conhecimento das consequências físicas das armas nucleares pode ser capacidade, mas a ameaça não teria sido credível porque a parada era dema-
semelhante ao etèito de oÍèrecer aos líderes do período pós-1945 uma bolrr siado baixa e os Soviéticos poderiam facilmente ter ameaçado, por seu lado,
de cristal. Como existiam poucos 1ìns políticos proporcionais a tal destrr.ri bombardear Washington. Assim, a dissuasão está relacionada nào apenas
çào. eles não desejarïam comer grandes ri*cos. Clarã que as bolas de crislirl com a capacidade, mas igualmente com a credibilidade.
podem ser estilhaçadas por acidentes ou por erros de cálculo, mas a analogiir Esse problema da credibilidade conduz a uma distinção entre dissuadir
sugere uma explicação para o Íàcto da combinação de bipolaridade e arrrts ameaças contra a nossaljítd ão r:ara cobrir um aliado.
nucleares ter produzido o mais longo período de paz entre potências centrais Por exemplo, os Estados Unidos não podiam impedir a União Soviética de
desde o início do moderno sistema de estados. (O recorde anterior foi entrc invadiÌ o Afeganistão através da dissuasão nuclear, mas durante as quatro
l87l e 1914.1 f i't ,' -,' '<nr-I .' Ì^ L" -.1-- r\,, r
r!1 \-oi'\'.. rlri'i
.(v( , ".-, LrJ.- "\' :
ì-
PROBLEMAS DE DISSUASÀO NUCLEAR i,. .. ..(., .,, . ., . OS <PROBLEMAS SÉAIOS,,

A dissuasão nuclear é uma subdivisão da dissuasão geral, mas as carac- A meio d€ OuubÍo de 19ó2, a Guena Fda iiúa-se intensifcado de forrna
terísticas peculiares das armas nucleares alteraram a forma como as super perada. Cuba, qu€&rantc múto teúpo tiúa cido virtuaL:rcn:e ìrma colónia
potências abordaram as relações internacionais durante a Guerra Fria. A dis- Estadog Unidos, tinha-se deslocado recentemente pârs a óÍbitâ sqYiética.
suasão nuclear encoraja o raciocínio: <Se me atacares, posso nào ser capaz final de Setembro, os jomais am€ricanos tinham começâdo a rêlatâr caÌr€-
de impédir o ataque, mas posso retaliar de forma tão vigorosa que nào vais i'gsm€ntos d€ armamento soviético para Cuba. Õ Presidente John F' Kennedy
tomar a iniciativa de atacar em primeiro lugar." As armas nucleares deram disse ao povo arnericâno que, pelo que tiúa conh€cimento, esse aÍInâm€nlo
pois um novo sentido a um velho conceito. ora defensivo e não ofensivo. O Ptimeiro-Ministro soviético Nikita Kruchtchcv
' liúa-lhe esse o caso. <Câso o não fosse>,
garântias absolutâs de que eÍa essl
tiüha-lhe dado garântras
Uma forma de avaliar a eficácia da dissuasão nuclear é através da análise
afirmou Kenaedy, <pÍoblemas sérios surgiriam>.
.\*\quente
- contrafrctual. Quaì seÌã4Ff;ob-abìlidaalè -de ã-Cüerra Fria se ter tornado .' Pouco antes das t hoÍas da manhã de terça-feiÍa, 16 de Outubro, o Adjunto
na ausênciã de armas nucleares'Ì O cientista político John Mueller r: pâra os Assuntos de Segurança Nacional de Kennedy, McGeorge Bundy, levou-
.ç defende que rs armas nucleares foram irrelevantes, que não foram mais do . ra^ ^^
-lh€ ao seu qìrarto fotogÍaÍiâs mostÍando
-^-*^-l^ que -^. !.1-'... .á;^.-
^! <p:oblemas
^. os sérios> tin$ôm
tinham ,lê
de
que o calltar do galo. Muellei afirma que os iovos da Europa se estavam a ' facto surgido. Tiradas ds l|ma alüÍude bâstante elevadâ, por um avião de reco-
'.i, afhstar da guena como instrumento diplomático desde os horrores cla Primeira r nheci.mento U-2, estâs fotografiâs mos:ravam os Soviéticos â inslnlslsm mís-
,\,1'lGuerra Mundial. A causa da paz era o crescente reconhecimento do horror seis bâlísticos nuclcâÍes em Cuba, apontados a cidades continentais dos Esta-
, t,r\, da guerra. pelo menos no mundo desenvolvido. Segundo Mueller, Hitler foi dos Unidos.
aberraçào, uma pessoa rara que não tinha aprendido as lições da Primeira A prêsença d€stes m,ísseis 9ra, para.Keryredy. intolerável E igualmente o
e',,lìrma
Guerra Mundial e estâva ainda disposto a fazer a guerra Após a Segunda facto de Kruchtclei lhe ter rngntipo. DuÍante ôs 13 dias seguintes, Kennedy e
Guera Mundial, a repulsa gerll regres\ou m-q1q_lgte do que antes. A maioria um círculo de conselheiros discüfuam a forma de enfrentar o desafio. Eles
sabiam que uma das possíveis coìsequências era a guena nucleâÍ e, duÍante as
dos analistas acreditam, no enranro. qle3! 4M{ n-Ìcleares tiverãm bastante
discussões, o perito de defesa civil de lknnedy apresentou a informação arre-
a ver com o evitar da Terceira Guerra Mundial. Crises em torno de Berlim,
piante de que a população americana €stavâ assustâdoramente vulnerável.
de Cuba e talvez do Médio Orientèìodiím ter saído fora de controìo sem
a prudência instilada pelo efeito bola de cristal das armas nucleares. ERNEsï MAY : PrtlI-r ZsuxoÌ,/, The Kennedy Tapestl

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décarlas rla Gucr'l Fri. lrììclç.l.nì urur ,íìi,i,ì ,rJAi.utcl i.ïnú ,ú,1i,ìì, i,irì çÍlo, lelilr vcrilieiuhr rluc os llslttrkrs IJttitkrs tlctitthattt ttttll sttltct iot itl;ttlc tlc
tica invadissc os países da NATO da l)rrrrllr Oeirlcrtlirl. IÌrl e,lricg'rrínìi'.'lirrrrr l7 pulir tttrt crìr anÌìiurìerrlt) r\lelcur'. Agola sahcntos t;Ltc ()s lioviéiic()s linhlllìì
procurarmos as consequências das arntas ttuclcarcs t)it cxlcnsiio tla rlissrrrsirrt dpcnas cclt lr tlc Tnrrrií ttLte lcarcs cttt trtísscis intcrcontincntâis conl capa-

e na plevenção da guerra. temos de olhar para graldcs criscs ondc s plrír(lir\ ctthrtlc pirra irlingilcnt os Iislados Unidos, mas na altura o Prcsidente Kennedy
sejam altas. nÀtr o sahia. Por quc não tentaram os Estados Unidos actuar €m antecipaçì().
A história pode responder a estas questões acerca das consequôncias tlirs llrürntlo os silns dos mísseis soviéticos. que estavanl então relativamente
armas nucleares? Não inteirâmente, mas pode ajudar. De 1945 a 1949, l1x' vulncrívcis'Ì A razão f'oi a de que, mesmo que apenas um ou dois mísseis
nas os Estados Unidos detinham armas nucleares, mas não as utilizarlrìr. lriclpâssem c fbssem lançados contra uma cidade americana, tal risco era
Houve por irso alguma autoÀìteìÌãõ-Íesmíãnies- da di:'suasìro nucl,. rrr tulicicntc para o desencorajar. Além disso, tanto Kennedy como Kruchtchev
mútua. Parte da razão deveu-se aos arsenais reduzidos, a uma fa)ta de corrr lcmiam que estratégias racionais e cálculos cuidadosos pudessem sair fot'a
preensão destas novas armas e ao receio americano de que os Soviéticos do seu controlo. Kruchtchev surgiu com uma bela metáfora numa das suas
aprisionassem a Europa inteira com as suas maciças forças convencionais. clrias para Kennedy: "Tenha cuidado, porque ambos puxamos a ponta de
Na década de 1950. tanto os Estados Unidos comõ-ãüÌriãõ-Sõ-viética dcti uma corda, na qual temos atado o nó da guerrarr.,
nham armas nucleares e verificaram-se várias crises, durante as quais ,rs Numa conferência na Florida, 25 anos após o acontecimento, amerrcanos
líderes americanos ponderaram a sua utilização. Não foram utilizadas armas que tinham estado envoìvidos no Comité Executivo do Conseìho Nacional de
trucleares na Guerra da Core!4 ar-ern_!954 e 1958, quando os comunistls Segurança do Presidente Kennedy encontrrìram-se com académicos. para
chineses mobilizaffiEfiãiíara invadir a ilha de Taiwan controla<ìa pelos lcntarem reconstruir a crise cubana dos mísseis. Umas das diferenças ntais
nacionalistas. Os Presidentes Truman e Eisenhower vetaram a utilização tlc turpreendentes entre os participantes era a de quanto cada um deles estava
armas nucleares por várias razões. Na Guerra da Coreia, não era claro quc disposto a correr riscos. Isso, por seu lado, dependia da forma como cada um
o lançamento de uma bomba nuclear fosse €apaz de deter os Chineses e or deles encarava as perspectivas de uma guera nuclear. Robert McNamara.
Estados Unidos receavam a resposta soviética. Havia sempre o perigo de quc que eÍa o secre!írio da defesa de Kennedy, torDou-se mais càuÌeloso à medida
as ameaças pudessem alastrar e os Soviéticos viessem a utilizar uma bomba que a crise se desenrolava Afirmou que calculava que os riscos de uma
nuclear para auxiliar o seu aliado chinês. Por isso, mesmo apesar dos Ame- 3uerra nuclear na crise cubana dos rnísseis eram provavelmente de uma
rìcanos terem superioridade no número de armas nucleares, existia o perig,' hipótese em 50. Douglas Dillon, que era secretário do tesouro, afirmou que
de se lançarem para uma gçerra mais alargada, envolvendo mais do que a calculava que os fisõòTìe guerra nuclear eram praticamente nulos. Não via
como poderia a situação evoluir para a guerra nuclear e estava consequen-
Coreia e a China. ,'q, ct Ç .! Ì. -*i- I )r-. ú :r
Além disso. aj!tçg_ç a opìniìo pública desempenharam o seu papeì. Na tcmente disposto a pressionar com mais vigor os Soviéticos e a correr mais
década de 1950. as estimativas do governo dos EUA acerca do número de Íiscos do que McNamara. O General Maxwell Taylor, o Chefe do Estado-
cidadãos que seriam mortos eriìm tão altas que a ideia foi posta de parte. Maior, considerava igualmente que o risco de lueÈa nuclear era baixo e
O Presidente Eisenhower, quando foi inquirido accrca da utilização das armas queixou-se de que os Estados Unidos tinham largado a União Soviética com
nucleares, disse: "Meu Deus! Não podemos usar essas coisas horríveis con- demasiada facilidade na crise cubana dos mísseis. Era da opiniào que os
tra os asiáticos pela segunda vez em menos de l0 anosr2.> Mesmo apesar Americanos poderiam ter pressionado muito mais e de que deveriam ter
dos Estados Unidos deterem mais annas nucleares do que a União Soviética cxigido a destituição do presidente cubano. Fidel Castro. O General TayÌor
na década de 1950, uma combinação de factores persuadiu os Anrericanos l disse: "Estava tâo certo que os tínhamos à nossa mercê, que nuncâ me
não as utilizarern. preocupei muito com o resultado finalr1.> Mas os riscos de perda de controlo
pesavam sobre o Presidente Kennedy, que assumiu uma posição bastante
cautelosa. na verdade, mais prudente do que alguns dos seus conselheiros
A CRISE CUBANA DOS MÍSSEIS 4LL. -..t t ,_..irú ni Ì\r i,. . teriam gostado. A moral da história é o de que uma pequena dissuasãcr
t nuclear tem muito que se lhe diga. É manifesto gue a dissuasão nuclear Í'ez
O acontecimento crucial foi a qrrgl!!4lìx dgS qfÉseii dq Qutubro dc'
1962. Esla rraFra nuclear. a ocrsiio mais prririma em que
foi provavelmerfte. a diferença durante a crise cubana dos mísseis.
um conjunto de acontecimentos poderia ter conduìdõì-uma guerra nuclear.
Todavia, existem ainda ambiguidades acerca da crise dos mísseis, que
Se um completo estranho, um <.homem de Marte", tivesse analisado a situa tornam <lifícil atribuir toda a responsabilidade pelo resultado final à compo-

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Por corrscgtrirrlc. os Atttcticnttos lirthlrtt rtiir) irl)ctlits tttììit ltaratlit tttitis alllt rkr
quc os S()viCtic()s crrr ('trbl, c()rìì() llrììblirìì pt itutt intloduzit utrr tcrcciro
Ítctor ì porrlclaçiìo: litrças cttnvettcioltitis. [)nt bloqucio naval atncricuno e
j possibilidarJc de utrta itrvlsiur atttcrieana de Cuba tâmbénì tiveranl impor-
dqrcia. {) lartlo psicolt'rgico estava do lado dos Soviéticos, já que paradas
mah altas c Íìrrças convcncionais disponíveis confèriam mais credibilidade
fx Amcricanos na sua posição dissuasora.
Finalnrente, apesar da crise cubana dos mísseis ser considerada conlo
uma vita)Íia americana, foi igualmente uìr'ì compromisso. Os Americanos r/ .
Sinhonr três opções nâ crise cubana dos rnísseis. Uma era a de dispararent, .' ,.rL,*
ou {gf. hombardearem os silos dos mis:'eis: a segtlda era a de pressionx..* . l"
mai-, bloqueando Cuba para conveneer os Soviétièõs a retirarem os mísscisí ^ "
"
:'
r terceiutra a de nefociarem. ofrrecèndo algo que os So\iéticos desejas- ' -"
tcm, conìo a remoção de mísseis americqlroi da Turquia. pulnnls Ínul1f,ì'\'t."['. (
tcmpo, os participantes não revelaram muito acerca dos aspectos de nego-' ' r',",
ciação da solução, mas indícios subsequentes sugerem que umâ discret4l ,Í, ti..,-
promessa americana de çlnover os seus mísseis obsoletos da Turquia foi ì

irovauelmente mais impciìãnie do qúe o que ao tempo se


julgou. Podetnos\ r., ...
concluiÌ que a dissuasão nuclear teve ìnfluênciâ ía crise e que a dimensãq1
_ -
nuclear ce amente figurava no pensâmento de John Kennedy. Por oulro', '''
lgdo, o número de armas foi menos importante. A proporção de armas nu- I -"!"
cleares nâo teve tantâ importância como o receio de que mesmo u-oa pou- ""'it, .
câs armas nucleares fossem capazes de causar a destruição.

QUEsrÕESMoRAIs ,ì\o'. ' ì-a,-f-' 'r '-,-' .'--"1


'--\^
'
' {. i'-:.. "-.L. '-
Após a crise cubana dos mísseis houve ì.."Uúio alívio da tensào rÈ1 ''''1 -
Guerra Fria quase como se os Estados Unidos e a União Soviética tives-
-
sem desìizado até à borda de um penhasco, olhado para baixo e recuado. Em
1963, uma lìnha permitindo comunicação directa entre Washington e Moscovo
foi instal ad4'-üÍÍfïiãÌãÏIo--de-õntroÌo de armamentos li mitando os testes
e Kruchtchev enr Viena em le6l nucleares atmosféricos foi assinado. Kennedy anunciou que os Estados
t".'.^. f \-, , .::':Ïï ":nnedj/ Unidos estavam dispostos a aumentar as Ìrocas cotnerciais com a União
Soviética e deu-se um certo afrouxamento da tensão. Ao longo do final da
nente nuclear. O consenso geral é de que os Estados Unidos venceram. Mas década rle 1960, os Estados Unidos estavam preocupados com a Guerra do
a questão da extensão e do motivo da sua vitória tem respostas múltiplas. Vietname. havendo contudo esforços para o controlo dos armamentos. Um
peÌo menos três expÌicaçÕes possíveis. Uma opinião é a de que. intenso receio de guena nuclear regressou, apú a Uniào Soviética ter inva- , 1\ 7 .
.\ ,' "Eà!". "
tí-t-'i.'''frëÈr"ï,
- ,
c.orpo. os Estados U nidos tinhaÌn mais armas nucleares do que a União So- dido o Âteganistãò e'í.--tÇ79. Duraíe a ..pequena guerra fria.. de 1980 a
os Soviéticos cederam. Uma segunda explicação acrescenta a impor 1985, as conversações de limitaçào das armas estraÌë$ìãíficaram paralisa- ,,( /(.
tância das paradas relativas das duas superpotências na crise. Cuba estava das, as palavras tornaram-se particularmente duras e os orçamentos militares ,
nas traseiras da América, mas era uma aposta longínqua para os Soviéticos. e o número de armas nucleares aumentaram. O Presidente Ronald Reagan
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\ t rf ,.) L'?. 1
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t 7(, Â (ll'íllR^ l;Rl^ tn
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lal{ru s(,hrc e(}n lr( )n titçà(r rìu!lc.rr c glupirs pricilìftrrs rtt lìrtúrJrrrftrrrrl rk'r, Mas r'ssa potlt'li l<.r sirftr ir lirltttir crrir<lt tlc ctrkrcat a tlrrcst:ìo. lÌxlcría,
truição e posterior abolição das armas nuclearcs. l(cw y' ,, ., ,,. ntos. clr allclnirlivx. lìcÍgunllr: c( irlgurna vczjustitìcÍvel corrcr utÌì pequcno
No cÌima de ansiedade intensificada, nruitas pessoas culocarlnì il qucsliro Íiscrt tlc unra glantlc eallntidatlc'? Durantc a crise cubana dos nrísseis, John
básica: "E a dissuacào nuclear moralmente correcta.), Corno virnos irrrlc [cnnctly d suposto lcr alìrmado que calculava que as probabilidades de um
riormenle. a teoria da guerra justa sustenta que determinadas condiça)cs lôrìr cenrbalc convencional eram de uma em três. E havia um risco mais pequeno
de estar reunidas para se poderem ïazer 1uízos morais. A autodetìsa é gcriìl rJc cscalada nuclear. Justificava-se que assumisse tal risco? Podemos analisar
mente considerada como uma razão vâlïd.a, mas os meios pelos cluais ir a condicional contrafactual. Caso Kennedy não estivesse disposto a assumil
guerrâ é travada e as suas consequências são igualmente importantes. lÌrrr o risco em Cuba, teria Kruchtchev tentado algo ainda mais perigoso? E se
termos dos meios, os civis têm de ser distinguidos dos combatentes; crÌì o sucesso soviético tivesse conduzido a uma crise nuclear posterior ou mesmo
termos das consequências, tem de haver alguma proporcionalidade, algunrir u umu grande guerra convencionâl.
ìc,ronal. por cuusa
câusa de Berlim
BerÌim ou do.Canpl
do,^ d.o
Ìelação entre os Íìns e os meìos. í-J -.-d J< 0I'ç...lu-;t* - ,',' Panamá. por exemnlo?
oor exemplo? \- ,e-
- \* ,, --1!
--\ ! r--
r -- ] t ìr.-. P
Poderia a guerra nuclear ajustar-se à teoria da gueÍTa justa? Tecnicamèntc As armas nucleares desempenharam provavelmente um papel signìficativo il.
poderia. Armas nucleares de potência reduzida, tais como cápsulas de arti- cm evitar que a Guerra Fria se tomasse quente. Durante a década de 1980, os
lharia que detêm um poder explosivo perto da magnitude das armas conven bispos católicos americanos ãõiãFarn que a dissuasào nuclear poderia justi-
cionais mais avançadas, poderiam ser usadas contra sistemas de radar, navios Íicar-se, condicionalmente, como uma medida provisória tolerável até algo
no oceano ou bunkers de comando subterrâneos profundos. Ncsse caso. melhor ser desenvolvido. Mas qual é a duração do provisório? Enquanto existir
poderíamos fazer a distinção entre combatentes e não combatentes e mantcr a ciência nuclear, existiÍá algum nível de dissuação nuclear. Apesar das armas
as consequências retnivam-inte Ímitãdas- Sãõãã6ãteìcasse por aí, sería terem gera6prúãã.:iaìuãG a cuèna Fria. a cornplacència é um perigo. Os
mos capazes de ãcomodaiã armas nucleares no interior da teoria da guerra Estados Unidos e a União Soviética demoraram algum tempo a aprender a
justâ. Mas ficaria o combate por aí õU -entrarirrmrnaesealada? A escalada controlar as armas nucleares e está ìonge de ser claro que existirão tais sistemas
é o grande risco, pois o que é Que p-or[eÍãìàìÈi cem milhões de vidas ou de controlo entre novos aspirantes ao estatuto nuclear.
'_J -','J
a destruição da Terra? Durante a Guerra Fria, aÌgumas pessoas responderanr. A preocupaçâo cnr rcÌàção à prolifcração de armas nucÌeares contt;?ì'ì. ".
,.É melhor ser vermelho do que morrer.>> presente. Apesar cle 180 estados terem assinado o Tratado de Nâo-Prolifera- 1
ção Nuclear, a Índia e o Paquistão Oeiãnarám UomÍas em l9g8 puí.". . "\"
t.r.'í,"-ãÌrìn.
como.,o lraqíe.
como Cn*ia do
dÌrào e ae Coreia ,..iiìì; iìeter
N^dê aspiÌãm
rlô Nofle ,iÌ-r-...-... " q*J,,
,.*o, nr.Ërr.r,it*J,
^,,^L.,.-.
Igualmente preocuprnlc d a disseminàçãó <ie arsenais nào convenciunais, taisf i
\rOd- Em 1962,o Presidente Kennedy insistiupara que_cada mcmbm do conselho ..--...biológicas e químicas: a Líbia, por exemplo, continuou a cons- L''" +
L^*^ armas
^\. de Segurança lesse o livro de Barbara ThcbmsnJhe Guns of August.
^jlacional a história da maneira cono as--í{Éíãã-ffi-pr" inadvertida- uuir fábricaftèìiin-iìquímicai apesar de, como consequência, ter sofrido
,\ \,.,r'-'ò
- livro conta
primaire internacionais. A Guerra do Golfo em l99l e a quase confrontaçào
,"'u rnênrê tropeçarâm
mente, Ímm.qmm na nr Prim€ira Guerra
Íìrretq Mundial.
Mrrndial A
A autora
or*nm começe
nnmeor por
hr.ir'rcitâr o
ô
comentáÍio de BismaÍck os Estados Unidos e a Coreia do Norte em 1994. assim como relatos
provocar a próxima guerrá. se seguiram nos jornais sobre malerial nuclear a sair da anliga União Soviética para o
ao asqassinato ac"Uaem-'$filiimo da Áustria, o Arquiduque Francisco Fer- mercado negro internacional. demonstÍam que essas amtas ainda sào capazes
nando, a 28 de Juúo dc 1914, por nacionalistas sénios cada um pequeno de causar tensão e conduzir nações à beira da guerra.
-
e insigniflcanto por si púprio, que conduziu ao mais terrível conflito militar A incessante animosidade internacional contra armas de destruição ma-
na história do mundo. Repctidamenúe, nas vóspeÍas das hostilidades, os chefes
ciça tem uma dimensão tânto morâl como realista. O opróbrio nìoral contra
de estado tentaraÍ Íecuar, [Ìa!i o ímpeto dos acontecimentos empurraÍam-nos
8s ârmas nucleares é partilha6ïïo apenas-lor aqueles estados que não têm
paÍâ diante.
O Pr€sidente Kennedy recordou-nos a conversa de 1914 entre dois r capacidade ou o desejo de produzir essas armâs. mas mesmo pelos estados
que continuam a produzi-las, tais como os Estados Unidos. a França e a
chgnceleres alemã€s acerca das origens da guerra. Um pergntou: <Como foi
que aconteceu?> e o seu sucessor respondeu: <<Oh, se pelo :nenos o soubessel> Rússia. As armas químicas e biológicas têm sido alvo de condenação desde
EÍa a forma de Kennedy sublinhar o risco constante d€ erros de cálculo. a Primeira Guerra Mundial, quando a utilização do gás mostarda provocou
um cìamor generalizado, tanto nos países AÌiados como nos países do Eixo.
R.oBEm MCNAMÁRÂ, Blundering in o Disasterts
A dimensão realista é simples: armas de destruição maciça têm um grande
trt ",,',r',u,',,*,,',*,JJ,r,úi,r *,0'i,,1,ït* A ( l,Nl^
't1tta^
",i*'*'r,t
Ycr'Birr. l)rrrticl. /,lr' \lttttr'rl l\trt r,llrrrtott. llottghtott Mrlllrrr' l()i7 lÌlt
ô{) lt()
risco dc csculada c rrìì crìolrÌÌc polcrrcill (lc (lcvirslirçiì( ). Scrlprc tlrrc r.ssir., 2,
l. (irrtirlis.,lohrr 1,.,,llrr\trr/. tlü fl,\irt Il i)tt t nl lfu Ilnitú '!k//í'r' N('vir l()r(ltre'
armas estão pÍcsentcs, a dittiìtttica tkr eonÍlilo allcta-sc. llsllrkrs lìacos r.onr
armas nucleares ou não convcrcionais lônr urrra rlai,ril elplcitlirtlc lrrrrrr i Wilcy. l()71{. e lil(rl(,\ (t c 7
l, Mrrcílcr. Johrì. .;lhc l:sscnllitl lrrclcvitncc ol Nttclcar Wcitpons"' c Jcrvis' Robcrt'
ameaçarem estados poderosos, enquanto qÌlt; cstiÌdos 1'rotlcrosos c()rìr t.s\it\
\ * l hc IÌrlrtieirl lillçcl\ ol Nuclc r wc i\pttt\si" Ittt? 4tíonul Securitv' l3:2' Outono
armas podem ameaçar e desencora.iâf âdversários mais eÍìcaznrcrrtc. z\o \. tlc l9lllì. pp. lì0i0.
mesmo tempo, o--iiséo de que estes eng-nhõs-venharn a ser usados cus() Ìrrìir
5, Xhrtug. Yucn I'., .The ol Korea and the Vietnam Decision of 1965>' in
Lessons
crise saia fora de controlo, eleva o nível de tensão, quer seja entrc os [tsliì(lo\ (ìcorgc W. lìrcslauer e Philip E. Tetlock (eds'), Learníng in U S and Soviet
Unidos e a Coreia do Norte ou entre a Índia e o Paquistão. A Gucrnr l,rrrr litr,t'ign k,titv, Boulder, CO' Westview Press' 1991, pp 302-349'
pode ter terminado, mas não a era das armas nucleares e não convcnciorir\

,.,t..,-i- ê.içúL- f r( C.u,"ú- l\.ç cirç, Leituras adicittnais


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Fevereiro de 1945 Conferência de Ialta entre Estaline' ChurchilÌ e RooseveÌt
Abril de 1945 Morte de Roosevelt
Maio de 1945 Rendição da Alenranha
Conferência de São Francisco Carta da Organização
Questões de estudo AbÍil-Junho de 1945 -
das Nações Unidas
l. Quando começou a Guerra Fria? Quando terminou? Em que é que as abcrrdagens 'Julho de 1945 Primeiro teste da bomba atómicâ: ConfeÍência de
realista, liberal e construtivistâ contribuem para as nossas respostas? Potsdam: Truman. Churchill/Attlee' Estaline
2. A Gueffa Fria era inevitável? Se sim, quando e porquê? Se não, quando e conro Agosto de 1945 Hiroshima e Nagasáqui destruídas por bombas atómicas;
poderia ter sido evitada? URSS entra em guera na Asia
3. Porque foram os políticos incapazes de restaurar um sistema de concerto após a Setembro de 1945 Rendição do Japão
Segunda Cuerra Mundial? Que tipo de sistema se desenvolveu? Março de 1946 Discurso da Cortina de Feno de Churchill; reatamento da
4. Qual a importância de consideraçôes de primeira e segunda imagens no desen- guerra civil grega
voìvimento da Guerra Fria? Quais eram a; opiniões dos políticos amencanos e Março de 1947 Proclamada a Doulrina Truman
europeus acerca da União Soviética e das suas ambições internacionais? Quais Junho de 1947 Apresentado o Plano Marshall
eram as opiniões soviéticas açerca dos Estados Unidos e do resto do Ocidente'l Outubro de 1947 Criação do Cominform Por Moscovo
5. Alguns historiadores defèndenr que a verdadeira questão não é a de saber por que Fevereiro de 1948 Golpe pelo Partido Comunista checo
razão a Guerra FriiÌ ocoÍeu. nìiÌs por que razdo não se transfornÌou numa guerra Março de 1948 lnício do bloqueio purcirl de Berlittt
<quente>). Concorda com isto'i Por que razão nào se iniciou uma guerra quente? Junho de 1948 lnício da ponte aérea para Berlim; Jugoslávia expuÌsa do
6 O que é a polítirc de contenção'Ì Como surgiu esta política americana e de que Cominform
forma foi impÌementada'l Quais foram as respostas soviéticas? Novembro de 1948 Truman reeleito presidente
1. De que Íbrma são as armas nucleares diferentes drs armas convencionais'Ì O advento Abril de 1949 Tratado do Atlântico Norte assinado em Washington
das amlas nuçleares mudou f[ndamentaÌmente a tbrma como i]s nações ac{uÂmÌ Maio de 1949 Firn do bloqueio de Berlim
8. Mueller está correcto ao alìÍmiìr que as arnras nucleares não são a causa da obso- Agoslo de 1949 URSS detona a sua primeira bomba atómica
lescência das gÉndes guerÍas entre estados desenvolvidosl Que outros lãctores Setembro de 1949 Criada a República Federal da Alemanha
toma ele em consideração? Outubro de 1949 Proclamada a República Popular da China: proclamada a
9. É a dissuasão nuclear moralmente defènsávell Ou, nas palavras de um reorictr, República Democrática Alemã
é nroralmente arráloga a amarrar crianças nos pára cht4ues dos automóveis palu Fevereiro de 1950 Pacto Sino-Soviélico assinado 9m Mosco\o
evitar acidentes rodoviários no Memorial Day? Poden algumas estratégias de Abril de 1950 Redigido o documento NSC-68
dissuasão ser nìais eticamente delensáveis do que outras? Junho de 1950 Início da Guerra da Coreia
It2 ( r,Ml'llllllNl)lll{ t}S ( í)Nlrl IlílS lN lllNN^('ll )N^ls

Novenìbro dc l95f l)cllagratl:r l plinrcill brrrrrh;r tle hitlrogtírrio irrì('ri(irrir,


Eisenhowcr cleito prcsirlcntc: l)ullcs lornil-sc sccrcliiti() (lr
estado
Março de 1953 Morte de Estrline
Junho de 1953 Sublevação de Berlim Leste
Julho de 1953 Armistício na Coreia
Agosto de 1953 Primeiro teste soviético da bomba de hidrogénio
Setembro de 1953 Kruchtchev torna-se pÍimeiro secretário do Partido (Ìrnrrr
nista Soviétiço
Setembro de I954 Bombardeamento chinês de Quemoy e Matsu
Maio de 1955 Alemanha Ocidentâl admitida na NATO: assinado o Pact(ì (l('
Varsóvia: assinado o Tratado do Estado AuslÍíaco: neutrali
dade da Áustria
Fevereiro de 1956 Kruchtchev denuncia Estaline no 20'Congresso do Partickr
Junho de 1956 Revolta de Poznan na Polónia
Outubro de 1956 Início da revolta húngara
Novemhro de 1956 URSS intervén em Budapeste
Agosto de 1957 Lançan'ìenlo do primeiro ICBM (Míssil Balístico Inlerconli
nental) soviético
Outubro de 1957 Lançado o salélite Sputnik
Fevereiro de 1958 Lançamenlo do prirneiro \atélire americano
Agosto de 1958 China ameaça Tãiwan
Janeiro de 1959 Vitóda de Fidel Castro em Cuba
Setembro de 1959 Kruchtchev visiÌa os Estados Unidos
Fevereiro de 1960 Primeiro teste francês da bomba atómica Reunião da Assembleia Geral da ONU
Maio de 1960 U-2 americarro abatido sobre a URSS: Cimeira de Paris fra
CASSA
AbriÌ de 196l Fracasso do desembarque da Baía dos Porcos em Cuba 6
Junho de l96l Kruchtchev e Kennedy encontranr-se em Visna

Intervenção, instituições e conflitos regtonats


Agosto de l96l Construção do Muro de BerÌirn
OuÌubro de l96l lncidentes no Checkpoínt Chorlíe em Berlim; a tensão au-
menta
Oúubro de 1962 Crise cubana dos mísseis

Soberania e intervenÇão
fim da Guerra Fria'
Urra grande guerÍa tornou-se mcnos provável após o
e existirão sempre pres-
mas aindã persis-tem conflitos internos e regionais
ao conflito e de
.ã., puru â interuenção por paÍe de estados exteriores em parte
inJ,,iiçõ.. internaciónais. A intervenção é um conceito confuso' Não
porque a palavra é ao nìesmo tempo descritiva e normativa' apenas
iguaìmente juízos de valoÍ Desta
à.r.r"ua o qu. está a acontecer, mas emite
muitas vezes questòes
ioanlu, o Oirauraao em torno da intervenção envolve
estâdos soberanos é uma
morais. A não-intervenção em assuntos internos de
;;;;;átt.; do direito'internacional A não-intervenção é uma regra pode-

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