Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
COMPREENDER
OS CONFLITOS
INTERNACIONAIS
Uma Introdução à Teoria e à Históría
TRADUçÀO
TIAGO ARAÚJO
REVrsÀo ctENÍÍFICA
HENRIQUE LACES RIBEIRO
gradiva
l.
,,14 ( ( tMlrkllllNlrllk {)s (ÌrNl,l ll(ìì lN tfilNA('l(lN^ll{
ros cm Bcrlinì durarìlc l Scgttndir (ìucrrlr Mrrrrtliirl, Âs llscs lxrstctiorcs rlrr tantlrrurr eorìlcl it itlcologitt rlrt lihcrtlatlc c tla igualdadc lbritçadu l)clu Rc-
Guerra Fria. nas tlcícadas clc 1970 c l9lì0. lirrrrrrr hirsliuìtc (lilcrcnlcs. Anr(' voluçrìo Iil rìccslr c, llìcsrìro antcs, a lgrcja ('at(ilica lcntou, na Contra-Re-
ricanos e Soviéticos linham muilos r()rìlirr:t()\ r' rrcgoeiirlirrtt rcgÌrlirnr('nl(' fornrr. contcr l dilusào da Rclìrrnra e dos itleais de Martinho Lutero. Exis-
trata<los de controÌo de armamentos. O fint da Cìucrra l'ria ocorrcu blsliurl(' tam dilbrcntcs litrnras de contenção. Esta pode ser ofensiva ou defensiva.
rapidamente, com a alteração das políticas soviéticas apírs Mikhail (ìorhuclrt'r Pode scr nrilitar, na forma de guerra ou alianças, e pode ser económica, na
ter chegado ao poder em 1985. A hegemonia soviética sobre a Europir ri' Íorma de bloqueios comerciais ou sanções. Durante a Guerra Fria, os Esta-
Leste nriu em 1989 e â própria União Soviética desintegrou-sc em l9()1. dos Unidos hesitaram entre uma política expansionista de contenção do comu-
ni$mo e uma política mais limitada de contenção da União Soviética.
Dissuasão e contenção
Tlês abordagens ò Guerra Fria
O que torna â Guerra Fria excepcional é ter sido um período de tensiro
prolongada que não terminou numa guerrâ entre os dois estados rivais. Existe Quem ou o que originou a Guerra Fria? Quase desde o seu início, estas
uma variedade de explicações para isso ter acontecido, que irão ser debati questões têm sido sujeitas a intenso debate entre académicos e políticos.
das. Devido à sua trajectóÍia invulgar, a Guerra Fria oferece uma perspeeri\l Existem três principais escolas de opinlão:. trudicionalistas, revisionisns e
única sobre as relações internacionais e escìarece a dinâmica de duas opçircs pós-revisionistus.
de política externa que os estados podem assumir: a opção de dissuctdir c ;r Os tradicìonalistas (também conhecidos como ortodoxos) defendem que
opçÃo de conler. â resposta à questão de quem começou a Guerra Friâ é bastante simples:
Dissuadir é desencorajar através do medo e não é original da Guerra Fria. Estaline e a União Soviética. No final da Segunda Guerra Mundial, a diplo-
Ao longo da história, os países construíram exércitos, formaram alianças c macia americana era defensiva, enquanto os Soviéticos eram agressivos e
ìançaram ameaças para dissuadir outros países de os alacarem. DuÌiìDle iì cxpansionistas. Os Americanos apenas lentamente despeíaram para a natu-
Guerra Fria, e cÒm o advento das armas nucleates, âs superpotências con tcz^ da ameaça sovÍética.
fiaram mais no desencorajamento pela anìeaça do que na oposição pclrr Que provas apresentam os tradicionalistas? Imediatamente a seguir à
defesa após um ataque ter ocorrido. A dìssuasão da Guerra Fria estava ligada guerra, os Estados Unidos propunham umâ ordem mundial universal e segurança
à questão globaì da dissuasão nuclear, mas eÍa igualmente uma extensõo da colectiva através da Nações Unidas. A União Soviética não levava muito a
ìógica do equiìíbrio de poder A dissuasão pela ameaça nucle:ìr era unra sério as Nações Unidas porque prelendia expandir-se e dominar a sua própria
forma pela qual cada superpotência procurava impedir a outra de alcançar esfera de influência na Europa de Leste. Após a guerra, os Estados Unidos
uma vantagem e consequentemente perturbar o equilíbrio de poder entre desmobilizaram as suas tropas, enquanto a União Soviética deixou ficar
elas. Como iremos ver, a dissuasão frequentemente agrâvava a tensào entrc vastos exércítos na Europa de Leste. Os Estados Unidos reconheceram os
os Estados Unidos e a União Soviética e não era necessariamente fácil interesses soviéticos; por exemplo, quando Roosevelt, Estaline e Churchill se
demonstrar que ela resultava. Existe sempre o perigo da causalidade espúriâ. reunirâm em Fevereiro de 1945 em Ialta, os Americanos saíram do caminho
Se uma professora afirmasse que as suas lições mantinham os elefantes fora para acomodar os interesses soviéticos. Porém Estaline não manteve o acor-
da sala de aula, seria difícil refutar a sua afirmação caso nenhum elefante dado, particularmente ao não permitir eleições livres na Polónia.
alguma vez fosse à aula. Podemos testaÍ tâis afirmações usando condicionais O expansionismo soviético foi ainda mâis confirmado quando a União
contrafactuais: qual é a probabilidade de elefantes irem assistir à aula? Soviética foi lenta a retirar as suas tropas do norte do lrão após a gueÍra.
O conceito de dissuasâo estava ligâdo com a política d.e contenÇão. Elas foram eventualmente retiradas, mas apenas sob pressão. Em 1948, os
Durante a Guerra Fria, a contenção referia-se a uma política específica comunistas assumiram o governo checoslovaco. A União Soviética bloqueou
americana de contenção do conrunismo soviético, de modo a promover uma Berlim em 1948 e 1949, tentando expulsar os governos ocidentais. Em 1950,
ordem mundial polí1ica e económica liberal. Mas como a dissuasào, a con- os exércitos da Coreia do Norte comunista atravessaÍam a fronteira com a
tenção não teve origem com a Guerra Fria. mesmo que o termo o tenha tido. Coreìa do Sul- Segundo os tradicionalistâs, estes âcontecimenlos desPerla-
A contenção tenì sido, há séculos, um instrumento fundamental de política ram gradualmente os Estados Unidos para a ameaça do expansionismo so-
externa. No século xvttr, os conservadores estados monárquicos europeus viético e iniciaram a Guerra Fria.
Lttl ( ílMl'lìl,llNlrl l( (ì\ I ( )Nl I Il(ls lN I I'NN^( lllN^ll{ (itrt.ltR^ t;t{ t^
^
Os l(,r'i,riírÌi.rftr.r. quc dcscl|volvcÍiÜìt (ì \eu l)c su tctìlo lìltì(l tììcttlitltÌìctìlr' CfililvillÌt (eIl()s it(l tt'ifili .(' t tÌ0 Ir)tÌì() u ì4 atttcaça ìt strir csli,ta tlc inlluôrtcitr
na déciÌda dc l9ó0 c no início da tlúcrrtlrr tlc l()70. lcrctliluttt quc r (irrt'r'rr tttt l.lLrlrlrir tle l,cslr. Nas llrlirvr.as rlc Williarrrs. os Alrcrieanos scÍnpre l)vo_
Fria fbi originadu pelo cxpansionistttrl lnrcrieurto c rlìrr soviçilicrt. Â ptov;r r' rcccritÍu untit lxrlítica rlc pot.lt lher(il rra ccorìornia internacional porquc, a
a de que, no final da Segunda Guerra Mundial, O rÌundo niio cra vcrtlatlei tcttcittttavatn ittritvcssal
ramente bipolar-os Soviéticos eram muito mais fracos rftr que os Anrui Os 1nís-rcvi.sittrtitlcs do fìnaì da década de 1970 e da de 19g0, de que
é
canos! que se tinham fortalecido com a guerra e detinham armas nuclclrcs. cxemplo John Lewis Gaddis, têm ainda outra explicação. Sustentam que os
que os Soviéticos não possuíam. A União Soviética perdeu cerca dc .ìo tradicionalistas e os revisionisras estão ambos eiraOoi, ja que ninguém foi
nrilhões de pessoas e a sua produção industÍial erl apenâs metade d() scrr culpado pelo início da Guerra Fria. Ela era inevitável, óu quur., por causa
nível em 1939. Em Outubro de 1945. EstaÌine disse ao Embaixador arncli da estrutura bipolar do equilíbrio de poder do pós-guerra. Èm 1939, havia
cano Averell Harriman que os Soviéticos se iriam voÌtâr para o dentro plrrir um mundo multipolar com sete principais potências, mas após a destruição
reparar os danos internos. Ainda para mais. afirmam os levisionistas. o conr infligida pela Segunda Guerra Mundial, apenas restaram duas superpotên_
portanìento extemo de Estaìine no início do período do pós-guerra foi bas- cias: os Estados Unidos e a União Soviética. A bipoÌaridade, aliada à fra-
tante moderâdo: na China. Estaline tentou impedir os comunistas de Milo queza dos estados europeus no pós-guerra, criou um vazio de poder para
'I sé-Tung de tomarem o poder; na guerra civil grega, tentou refrear os comu- dentro do qual foram atraídos os Estados Unidos e a União Soviética. Era
nistas gregos; e permitiu que existissem governos não comunistas na Hungria. inevitável que eles entrassem em conflito e, portanto, afirmam os pós-revi_
na Checoslováquia e na Finlândia. sionistas. é inútil procurar responsabilidades.
ExisteÌn dois tipos de revisionistas: <moderados), e <<duros)). Os revisirr Os Soviéticos e os Americanos tinham diferentes objectivos no final da
nistas moderados enfatizant a importância dos indivíduos e sustentam quc glerra. Os Soviéticos pretendianÌ possessões tangíveis, território. Os Ame_
a morte de Roosevelt, em Abril de 1945, foi um acontecimento decisivo. ricanos tinham objectivos intangíveis ou societais; eles estavam interessados
já que a política americana se tornou mais dura após o Presidente Harry S. no conÌexto geral da política mundial. Os objectivos societais colodiram corr
Truman assumir o cargo. Enì Maio de 1945, os Estados Unidos conaram o os objectivos de possessão, quando os Estâdos Unidos promoveram o sis_
programa lentl-lease, de auxÍlio em tempo de guerra, tão precipitadamente tema global das Nações Unidâs enquanto os Soviéticos se esfbrçavarn por
que alguns navios com destino a portos soviéticos tiveram de dar meia volta consolidar a sua esfera de influência na Europa de Leste. Mas estas diÍèren_
em pÌeno oceano. Na Conferência de Potsdam, perto de Berlim, em Julho de ças de estilo não fazem com que os Americanos se pudessem sentir como
1945. Truman tentou intimidar Estaline fazendo alusão à bomba atómica. santos, afirmam os pós-revisionistas, já que os Estados Unidos retirarâm
Nos Estados Unidos, o PâÍtido Democrático deslocou-se gradualmente da benefícios das Nações Unidas e, com uma maioria de votação de aliados,
esquerda e do centro para a direita. Em l948, Truman demitiu Henry Wallace, não eram muito constrangidos por ela. Os Soviéticos podem ter tido uma
o seu secretário da agricultura, que exortava a melhores relaçòes com os esÍèra de influência na Europa tle Leste, mas os Estaàos Unidos tiveram
Soviéticos. Ao mesmo tempo, James Forrestal, o novo secretário da defesa igualmente uma esfera de influência no Hemisfério Ocidental.
de Truman, era um firme anticomunista. Os revisionistas moderados afir- Os Estados Unidos e a tJnião Soviética tinharr tendência a expandir_se,
manì que estas mudanças no pessoal ajudam a expììcar por que razi(ì os defendem os pós-revisionistas, não devido ao deterntinismo económico que
Estados Unidos se tornaranÌ tão anti-soviéticos. os revisionistas enfatizam, mas devido ao intemporal dilema de segurança
de
Os revisionistas duros têm uma resposta diferente. Eles vêem o problema estados num sistema anárquico. Nem os Americanos nem os Soviéticos
não em indivíduos, mas na natureza do câpitalismo americano. Gabriel e podiam permitir que o outro dominasse a Europa, assim como Atenas nâo
Joyce Kolko e William A. WiÌliams, por exemplo, defendem que a economia podia permitir que os Coríntios assumissem o controlo da armada de
Córcira.
americana exigia expansionismo e qüe os Estados Unidos planeavam tornar Como prova, os pós-revisionistas citam o comentário de Estaline a urn Iíder
o mundo seguro, não para a democracia, mas para o capitalismo. A hegemonia jugoslavo, Milovan Djilas, em 1945: <Esta guena não é
como as do passado;
económica americana não podia tolerar qualquer país que viesse a tentar quem quer que ocupe um território impõe igualmente sobre ele o seu próprio
organizar uma área económica autónoma. Os líderes americanos Íeceavam sistema social. Todos impõem o seu próprio sistema social tão longe quanro
unìa repetição dos anos da década de 1930, porque sem comércio cxterno o seu exército consiga alcançarr.' Por outras palavras, num nrundo ideolo_
haveria outra Crande Depressâo. O Plano Marshall de auxílio ì Europa era gicamente bipolar. um estado utiliza as suas forças militares para
impor
simplesmente uma forma de expandir a economia americana. Os Soviéticos sociedades semelhantes à sua, como forma de assegurar a sua scgurança.
( r)Mt't{UÌNt)trR os (Ì)Ntrt.Ífi )s lNllllNAaÌ(lÌlAlt
( lt [1Rta^ trtt^ ,1,
^
Roosevcll tinha dito algo parccitlo a ljstalinc ttrt Ottlttno(lc 1944: (Ncslrr l'irtit lllrtlovl'r crlc gtirrtrle tlcrÍgttio, lì(x,scvcll prccisitvit (lc lìiltìtcr. utìì
guerra gÌobal não existc literalmcntc rtcnhuttta qucslrlr. prlíliclt ou milililr. l;trrirr irrtcrrro l)il)itrli(liirio l)itrit it suil lxrsiçiur irrtcrrlrcit)t).t1. ljxlclìiuììentc,
prceisrrva tlc lsscgunrr a listalilrc quc ls suas rrcccssidadcs de scgurança
na qual os Estados Unidos não estejam intercssadosr." Ihdo csta cstrululir
bipolar, sustentam os pós-revisionistas, instalou-se uma espiral de hostilr
scliiulì sirlisli'itits caso sc .jultassc às Nações [lnidas. Roosevelt tem sido
ucrrsltlo tlc lcr tido unta abordagem ingénua ao planeamento do pós-guerra.
dade: linhas duras num país geram linhas duras no outro. Ambos comcçattr
a conceber o inimigo como análogo a Hitler na década de 1930. A merlitl;r
O scu ricsígnio não era ingénuo, mas eram-no algunras das suas tácticas.
que as ideias se tomaram mais ígidas, a Guerra Fria intensificou-se. Depositava demasiada confiança nas Nações Uni<ìas, sobrestimou a probabi-
lidudc tlo isoÌacionismo americano e, mais importante, subestimou Estaline.
Desde o finaì da Guerra Fria, um fluxo modesto de documentos. drrs
Rrxrsevelt julgava que poderia tratar Estaline da nresma fornta como trataria
outrora inacessíveis arquivos soviéticos, conferiram mais vigor ao debale
um qualquer companheiro político americano, colocando o braço à sua volta,
acerca do lado que iniciou a confrontação. John Lewis Gaddis, por exemplo.
criando laços político a político.
ficou cada vez mais convencido de que a URSS foi fundamentalmente rcs'
ponsável pelo inícío e pela naturezâ do conflito de superpotências. Menciona Roosevelt não percebeu que Estaìine, juntamenÌe com os seus homens,
era um totalitário <que em nome do povo, assassinoü milhões dos seus; que
a rigidez ideológica de Estaline e de outros líderes sovìéticos, assim como
para se defender de Hitler assina um pacto com ele, divide os despojos de
o igualmente rígido empenho do Kremlin em manter um impérìo formal na
gDeÍïa com eJe e, conto ele, expulsa, extermina ou escraviza povos vizinhos;
sua esfera de influência. O recuo de Gaddis para um ponto de vista rradi-
que se pôe de parte e invectiva contra as democracias €nquanto Hitler se
cionalista tem recolhido uma recepção céptica em alguns círculos académicos,
garantindo que o debate irá continuar num futuro previsível. desloca para ocidente e depois as recrimina por não ajudarem o suficiente
quando Hitìer se desÌoca para leste>r.
RooseveÌt interpretou mal EstaÌine, mas não prejudicou os interesses
americanos na Conferência de Ialta em 19.15, como alguns afirmaram mais
As políticas de Roosevelt tarde. Roosevelt não era ingénuo em todos os aspectos da sua diplomacia.
Tentou ìigâr a ajuda económica a concessões políticas por parte dos Sovié-
Franklin Roosevelt desejava evitar os erros da Primeira Guena Mundial,
ticos e recusou-se a partilhar os segredos da bomba atómica cont eles. Foi
pelo que em vez de uma paz semelhante à de Versalhes, exigiu da Alemanha
meramente realista acerca de quem terìa tropas na Europa de Leste no final
uma rendição incondicional. Desejava um sistema comercial liberal para
da guerra e, consequentemente. quem teria influência nessa região. Os equí-
evitar o proteccionismo que tinha destroçado a economia mundiaÌ na década
vocos de Roosevelt tbram os de pensar que Estaline via o mundo da rnesma
de 1930 e contribuído para o começo da guerra. Os Estados Unidos evita-
forma que ele, que eìe compreendia a política interna nos Estados Unidos e
riam a sua tendência isolacionista, que tinhâ sido tão prejudicial na década
que as mesmas habilidades políticas americanas, com as quais um líder
de 1930. Adeririam a umâ renovada e fortalecida Liga das Nações, na forma
esbatia as divergêncías e apelava à amizade, resultariam com Estaline.
de umas Nações Unidas com um conselho de segurança poderoso. Cordell
HulÌ, secretário de estado durante a maior pane da guerra, era um wilsoniano
empenhado e a opinião pública nos Estados Unidos eÍa fortemente a favor
das Nações Unidas. As políticas de Estaline
Os planos imediatos do pós-guerra de Estaline eram os de apertar o
controlo inlerno. A Segunda Guerra Mundial infligiu danos tremendos à
O Presidsnte agiu como sc uma genuína cooperação, tal coÍlo 08 Amcíca- União Soviética, não apenas as terríveis perdas de vidas e industriais, ante-
Dos entendism o tormo, fosse possívcl, tânto duÍantè como após a gporra. riormente descritas, mas igualmente na ideologia do comunismo. Muitos na
Rôosevelt âpaÍentcrrente tiDhâ-se esquecido, se é que na verdade alguma vez União Soviética colaboraram com os Alemães devido ao seu profundo res-
o chegou a sabcr, que aos olhos dc Estaline êl€ não €ra asôim tilo difçÍentê d€ sentimento contra a severidade da governação comunista. A invasão alemã
Hiúer, ambos sendo líderes de poderosos ôstados capitâlistas cujas mblções enfraqueceu seriamente o controlo de Estaline. De facto. Estaline teve de
de longo prazo colidiam com as do Kremlin. âumentar os seus apelos ao nacionalisnto russo durante a guerra, já que a
WnrÌAM TAIBMÁN, Sulin's Amcricon Poli$ entiaquecida ideologia comunista era insuficiente para motìvar o seu povo.
,a2 ( r )Mt,Rt,t,Nt)t,t( os {r)Nt'l.tt(ls tN I llltN^('lí tN^l!{ A íl,trtl^ l,lfl^
A polílica isolaciottista rlc lrslitlinc no littll rlrr gttcttrr tlt'slittitvit- sc l eortiu 194(r, (icrrrge Kctttttttt. cscrcvt'lttltt tlc Mttscttvtt cotìÍ) ( r/,.1r3.; 'ullìtitt's t|r
as inlluôncias externas tla [Ìuropa c tftrs l,islltlos Ilrritkrs. ljslulinc usotr rrs Bnthitixarla tkrs lillÂ. lcnlirvll lvisll rts tlccisorcs ittttcricuttos itcclca da
Estados Unidos como um alvo inimigo, instantlo o povo soviélico a rclrirrr vcÍd{ldcira rì lurczir c intcrrçriÒ' dc llstaline c Winston Churchill proleriu
-se, fechar-se, a desconfiar dos estrangeiros. Mas isto não signilìca tlrrc um discurso célcbrc cnt l'ulton, no Missouri, avisando quc umü.cortina
Estaline desejasse a GuerÍa Fria que acabou por acontcccr dc ícrro" estava a cair sobre a Europa. Enquanto o Secretário de Estado
Estaline preferia que existisse alguma cooperação, especialmcnte sc rs\(r Jlmcs Byrncs tentâvâ âinda negociar um tratado de pós-guerra com os
o ajudasse a prosseguir os seus fins na Europa de Leste e lhe trouxcss(' Soviéticos, Truman pediu ao seu adido, Clark Clifford, para preparar um
alguma assistência económicâ dos Estados Unidos. Como bom comuni\lir. rclatório acerca do que os Soviéticos estavam na realidade a planear. Clifford
acreditava que os Estados Unidos teriam de lhe fornecer assistênci falou com uma multiplicidade de pessoas e chegou à conclusão de que
económica, porque o sistemâ capitalista precisava de exportar capital devi(lo Kennan estava certo: os Soviéticos iriam expandir-se sempre que encontras-
à insuficiência da procura no interior do país. Estaline acreditava igualmcrrtr. tcm uma oportunidade com poucos custos. Contudo, quando Truman rece-
que em l0 ou 15 anos, a próxima crise do sistema capitalista irromperia c. beu o relatório, em Dezembro de 1946, disse a Clifford que não queria que
nessa altura, a União Soviética teria recuperado e estaria pronta plrl suil os seus resultados fossem divulgados, isto porque ele ainda estava a tentar
vencedora do conflito inevitável com os capitalistas. prosseguir o grande desígnio de Roosevelt e não tinha ainda desenvolvido
Em termos de política externa, Estaline queria proteger-se internamente. uma nova estratégia.
assim como manter os ganhos que a União Soviética tinha conseguido nir Seis questões contribuíram eventualmente para alterar a estratégia ame-
Europa de Leste com o pacto de 1939 com Hitler. Estaline pretendia aindir dcana e para o início da Guerra Fria. Uma foi a Polónia e a Europa de Leste.
sondar pontos fracos, algo que se faz melhor quando não existe uma crisc. A Polónia, claro, tinha sido uma das causas precipitantes da Segunda Guerra
Em 1941, Estaline disse ao ministro dos negócios estrangeiros britânico Mundial e os Americanos acreditavam que Estaline tinha quebrado um com-
Antbony Eden que preferia a aritmética à álgebra; por outras palavras, pre promisso claro de realizar eleições livres na Polónia após a guerra. No
feria uma abordagem prática e não teórica. Quando Winston Churchill pro- cntanto, não era claro o que Estaline tinha concordado fazer Quando Estaline
pôs a fórmula da divisão das esferas de influência do pós-guerra nos Balcãs, c Roosevelt se encontraram em Teerão, em 1943, Roosevelt levantou a ques-
isto é, uns países sob controlo britâníco, uns sob controlo soviético e outros tão polaca, mas apelou a Estaline no contexto das eleições americanas de
por ambos em partes iguais, Estaline estava bastante receptivo à ideia. AI- 1944: ele tinha uma eleição a aproximar-se, existiam muitos votantes polaco-
guma da cautela inicial de Estaline em apoiar de imediato governos comu- -americanos e ele precisava de lhes transmitir que se iriam realizar eleições
nistas na China, Checoslováquia e Hungria ajustam-se bastante bem a esta na Polónia após a guerra. Estaline, que nunca se preocupou com eleições na
abordagem âritmética e não algébrica de atingir os seus objectivos. Estaline União Soviética, não levou a sério as inquietações de Roosevelt. O acordo
era um comunista empenhado que, apesar de ver o mundo dentro do de lalta de Fevereiro de 1945 era também algo ambíguo e Estaline estendeu
enquadramento do comunismo, usava muitas vezes tácticas pragmáticas. o seu sentido tanto quanto conseguiu, estabelecendo um governo-fantoche
em Varsóvia após as tropas soviétícas terem expulsado os Alemães. Os
Americanos sentiram-se enganados, mas Estaline pressentiu que os Ameri-
As fases do conJlito cânos se iriam ajustar à realidade de que tinham sido tropas soviéticas a
libertar a Polónia.
As etapas iniciais da Guerra Fria podcm scr divididas em três fases: 1945 Em Maio de 1945, o programa de ajuda lendJease foi abruptamente inter-
a 1947 início gradual; 1947 a 1949 a declaração da Guerra Fria: e rompido e a relação económica entre os Estados Unidos e a União Soviética
l95O a -o
1962 o auge da Guerra Fria. ressentiu-se. A conclusão precipitâda do lend-lease foi em paÌte um erro buro-
- nem Truman desejavam uma guerra fria. No final da Se-
Nem Estaline crático, mas a situação global não melhorou quando, em Fevereiro de 1946, os
gunda Guerra Mundial, Truman enviou o antigo adido de Roosevelt, Harry Estados Unidos recusaram pedidos de empréstimo soviéticos. Os Soviéticos
Hopkins, a Moscovo para se inteirar se poderiam ser estabelecidas algumas interpretaram esses actos como pressão económica com intenções hostis.
combinações. Mesmo após a Conferência de Potsdam, Truman continuou a A Alemanha era um terceiro problema. Na reunião de Ialta, os America-
considerar Estaline como um moderado. De facto, tão tarde como 1949, nos e os Soviéticos acordaram que a Alemanha deveria pagar 20 biliões de
comparou Estaline ao seu velho amigo Boss Pendergast de Kansas City. Em dólares em reparações, metade dos quais seriam entregues à União Soviética.
(ïrMl'Rl l,Nlrl l( os ( ítNl,l lltl\ lNlt'lNAl'l(lN^lr
IMAGEM 2
Socicdâdê ìnterna
IMAGEM I
Individual
Receio de TÍuman
de isoìacionismo
dos EUA
A Eueffa na Corcia,
Outubro de 195$1953
l)otôlìciirs rìir ScgIrì(llt (itrcIIrr Mrrrrrlirrl. c (r !itlio tlt lxxlt,r'rcsUllillìtc. lrllç rnpi(l rÌrcrìlc (r l)tt(l() rolll llillcr' Nìrr li)i etnìslrltngi(l(ì pclir oPittilìo pLiblieit c
rafttÍÌì o rclac iorìilntcn l( ). Alllc[ir)ÍtìtcIlc linlìir lrirr,ithr rl,,stoltliir çir c lt( o\ ()
nrìo tcvc tlc ìc lne([lllìlll c(llÌl tllll:t bttroclacia quc rctitrdilssc
lira livrc tlc
dois paíscs, rnls tìcsconlìavartì urÌ d() oulr'o ir rlistlìrrcitr. Antcs tlir Scgrrrrrllr uvitnçar rapitlatttclìlc Para o pitcto solìì Hitlcr. clquant0 BlitÂnictls c Frâncescs
Guerra Mundial eles podiam evitar-sc unr l() ()ulro. rrras tlcpois rlc l(){5 ainda hcsiiavam cntrr: neg()ciar ou não com ele O oütro lado da mesma moeda
encontravam-se frente a frente, a Europa estava dividida c unr conÍlilo itìtcrÌso Soviética'
toínou-se cvidente em lt4l, contudo, quando Hitler atacou a União
começou depois de 1947. Algumas pcss(ìas questi()nam se estruturil hiprr Estaline tbi incapaz de acreditar <1ue Hitler tivesse feito tal coisa e entÍou
em
lar teve de ter esta consequência. Afinal, a União Soviética erâ ulÌìa potôrìe iir depressão profunda por mais de uma semana O resultado foi desastroso para
terrestre enquanto que os Estados Unidos eram uma polênciü m ritirÌìir: as deÍesas soviéticas nas fases iniciais da guerra'
porque não poderia ter havido uma divisão de trabalho entre o urso c iì Em contraste, a cuìtura política americana enfatizava a democracia libe-
baleia. cada quâl permanecendo no seu próprio domínio? ral, o pluralismo e a fragmentaçãcì do ptrder' Em vez de vergonha pelo
A resposta é a de que as peças centrâis da polítìca mundiaì, os paísr'\ qLrc atrâso, os Esfados Unidos tinham orgulho na sua tecnologia e na sua
econo-
podiam inclin a balança de podeq estavam localizadas nas periferias tlrr mia em expansão. Em vez de receio de invasão, durante a maior parte da sua
União Soviética. em especial a Europa e o Japão. Como George Kennarr sido de se isolarem entre dois
história, os Estados Unidos tinham capazes
descreveu a situâção depois da guerrâ, existiam quatro grandes áreas tlc oceanos (e a marinha britânica) enquanto invadiam os seus vizinhos mais
que
criatividade tecnológica e industrial, as quais, dependendo da forma corno sc fracos. Em termos de secretismo, os Estados Unidos eram tão abertos'
aÌiassem, poderiam incìinar o equilíbrio global de poder. Elas eram os Es documentos governamentais chegavam frequentemente à imprensa
passados
tados Unidos, a União Soviética, a Europa e o Japão. O facto da Europa c alguns dias ãu ."-unua- Em vez de concepções de justiça com base na
do Japão se terem âliado aos Estados Unidos contra a União Soviética firi clãsse, existia umà fo e ênfase na justiça indivídual A política externa que
de uma importância extÍeÌDa. resultou destà cultura política era moralista, pública e rcndia a oscilar entre
As explicações sistémicas previam o conflito, não a intensidade que atin- orientações voltadas para dentro e voltadâs para o exterior' O resultado
era
giria. Para tal precisamos de ultrapassar as explicações sistérnicas para exa- o de que o p.o""r.o àu política externa americana era muitas vezes incon-
minarmos os níveis de análise societal e individual. A nível societal. os dois sistente e ìncoerente em muitos dos seus esPectos superltciais Mas também
países eram muito diÍèrentes um do outro. Um esboço rápido da cuìtura pluralismo
havia o outro Ìado desta moeda. Os pontos foíes da abertura e do
política da União Soviética e da sua expressão na política externa revelava pÍotegeram muitas vezes os Estados Unidos contra erros mais profundos'
duas raízes: russas e comunistas. Os construtivistâs chamam â atenção para ' Não é assìm surpreendente que estâs duas sociedades' construídas de tbrma
o facto da cultura política Íussà acentDàr o absolutismo enr vez da denocra- tão diferente e com processos de política extema tão diferentes, se confundis-
cia, o desejo por um líder forte, receio da anarquia (a Rússia tinha sido um sem uma à ouüa. Vemos exemplos disso na forma como Truman e Roosevelt
império vasto e difícil de controlar e o receio de que a anarquia e a dissensão com-
lidaram com Estaline na década de 1940. Foi difícil para os Americanos
pudessem conduzir à desintegração era bastante reaÌ), receio de invasâo (a preenderem a União Soviética durante a Guena Fria porque a União Soviética
Rússia era uma potência terrestÍe. geograficamente vulneráveÌ, que tinha era como uma cai^a negra. Os Ìíderes amerícanos conseguiam
ver o qrìe entrava
invadido os seus vizinhos e tinha por eles sido invadida ao Ìongo dos sécu- e o que saía da caixa, mas não o que aconlecia lá dentro Os Anericanos
Ìos), preocupação ou vergonha acerca do atraso (desde Pedro o Grande que confundiam ìgualmente os Soviéticos. Os Americanos eram como um aparelho
multifrequências, que.produzia tantÒ barulho de fundo que era difícil
os Russos tentavam provaÍ a sua vitalidade na competição internacional), e ouvir
secretismo (um desejo de esconder as amarguras da vida russa). Para mais, claramente os uerdadeiros sinais. Havia detlasiadas pessDas a dizerem dema-
o sislôma comunista tratava os direitos de classe, e não os direitos indivi- siadas coisas. Os Soviéticos ficavam assim frequentemente confusos
acerca do
duais. como a base da justiça. O papel adequado a uma pessoa ou a uma que os Americanos realmente pretendiam.
sociedade era o de conduzir o proletariado ou a classe trabalhadora rumo à
domjnância, porque era esse o suposlo curso da hìstória.
O estrato ideológico coÍÌferia um íÌÌìpeto extrínseco ao tradicional imperia-
lismo russo e resultou num processo de política extema reservado e conduzido Objectivos americanos e soviéticos na Guerra Fria
de forma firme. É interessante obseryar os pontos fones e fracos desse processo. Os Soviéticos foÍa$ frequenterÌìente acusados de serem explnsionis-
Os pontos foíes eram evidentes em 1939, quando Estaline conseguìu asrinar quo'
las, de serem um porìer revolucionário em vez de um poder de stotus
(1tÀ ,t{t t.Ntìt,t{ Irs (.oNt I 0t tN ,ta
N^t,lt )N^lÍ ([[itlA ti RtA ,JI
^
A [/nìiìo ,Soviti(ica [crrtlia lirrrrhtirrr tr rlt.stj;rr rltit,r,tìyrtt
r/r,/rrrrr,,r.rrirr orr liur Cutlanç'rit t
gívcis, tais c(nìì(ì tetÍil(iri(), !,tìquitlìto quc
0s Âttrcrieirrror lctì(lii tì it (llt(.r.(.1
.hjcrirrt.t sor i.rrir.r ou inrangívt:is _ r.r..ras
geral du política internacional. podcmos
.l":.;;;;1".;ì :;;rrquatrrarrre rrrrr objcctivos nrÌìcriclnos ? Âo longo da (iuerra lìria, o govcrnu
l.) quantrr aos
i""u-nuli cxigôlcia, t1u,l dos HIJA prctcnr.lia conter a União Soviética. Poróm, a política de contenção
Estaline, Churchill e Rooseveìt levaram "t.,r"ru,,,
iì ,.rr'ár. ,ì.g,ïirça)cs crìr lrltir lnvolvcu duas grandes anrbiguidades. Uma Íbi a questão dos fins: conter â
Estaline tinha objecrivos basranre claros
em Ialra: u Ai;;";;, c a potrirriir
Churchìll pretendia a reconsrrução da França, União Soviética ou conteÍ o comunismo. A segunda foi uma questão de
pu.u u.;uãì. ,'.untrabítlançiu
o poder soviético no caso dos.Am".i.ono, ,.g...rui;;;;"rr. meios: despcnder recursos para prevenir qualquer expansão do poder sovié-
queria as Naçôes unidas e um sisrema Roosevetr lico ou apenas em determinadas áreas-chave que se afigurassem cruciais para
econó.i;l;,;;;;;;;l aberro. Esrcs o equilíbrio de poder. Essas duas ambiguidades, nos fins e nos meios de
objectivos eram bastante diferentes
na sua tangibilidade. De certa Í-ornra, or
objectivos do pós-guerra de Estaline contenção, foram acaÌoradamente debatidas no período anterior à Guerra da
oËjà"ì'i"*"ií'".ì,u,ir,o, ,rr.,,., Coreia. George Kennan opunha-se à versão bastante extensa da contenção
clássicos; pretendia manter os ganhos "r,,n-'
que tinf,o .onr.grìão com o triìtiÌ(l(l
com Hitler. A sua lista de deselos reria que Truman apregoava. A concepção de contenção de Kennan era similar à
sido rr.iii"r"" i.*" o Grancrc. diplomacia clássica. Envolvia meios militâres mais reduzidos e era mals
Alguns americanos consideravam que
os Soviéticos eram tão expansio selectiva. Um bom exemplo foi a Jugoslávia. que tinha unì governo coìnu-
nistas como HìtÌer no seu desejo pera
dìrninaçâo ,n""ãi"iõr,.", susrentíìrÌì
que basicamente eÌes eram orientlrtos nista totalitário liderado por Josef Tito. Em 1948, Tito rompeu com Estaline
poro u ,"gr.unçì, o Jü.*ponrao .r,,
defensiva. O expansionismo soviérico por causa das tentativas sovìéticas dc controlar a política externa da
era dif";*; ã; l" ïi,t"r" .n, p"t,,
f",rna1 Em. primeiro lugar, não Jugoslávia, incluindo o seu apoio aos comunistas gregos. Numa concepçào
"." receava ;,qre.Soviéticos não
::T*ï:
quenam a guerra. Quando Hitler invacriu polónia.
b;Ìi";;", ideológica de contenção, os Estados Unidos não deveriam auxiliar a
a rh" ofer.""r,
sem outro Munique, em vez da guerra Jugoslávia, por esta ser comunisla. Numa concepção de equilíbrio de poder
que desejava para a glciria do fascismo.
da contenção, os Estados Unidos deveriam auxiliar a Jugoslávia como forma
l:ï. jll"l.::::,.,11 1 d.. q". u un iao'so, ieiiiu
ttrstii, nAo tmpulstvâmente
#;;"ì.ï;;"",e
aventureira. O aventureirìsmo é consideraclo
(,po. u. de enfraquecer o poder soviético. Isso. na realidade. foi o que os Estados
pecado conrra o comunismo, já que unt Unidos fizeram. Fomeceram ajuda milÍtar a um governo comunista totalitá-
pode i""rr".f". . ì"iiinuoo .u.ro
história Ao tongo da Segundì Guerra VunAiur. au rio, apesar do facto da Doutrina Truman proclamar o objectivo de defender
nunca tào belicirta ou tào impulsiva
l'üniaoïiuieti"u nao foi os povos livres em toda a parte. Os Estados Unidos fizeram-no por razões
quanto Hirler.
Não obstante, existem problemas ao de equilíbrio de poder e essa política causou uma grande mossa no poder
retratar o comportamento sovjético
conìo püramente defensivo. Como soviético na Europa.
sabenros pela Guerra Jo fetopon..o,
muito difrcil num mundo bipolar distinguir 'freterminadase Após a Guerra da Coreia, no entanto, a abordagem de Kennan à conten-
acções podem ter molivos defensivos,
o J.f.*.
"ì"q"J" Jirãri,.'onr.oçudo.us ção perdeu terreno. Parecia então que as previsões do NSC-68 acerca do
,nu. por"."..,
pâra o outro lado. para mais, existe expansionismo soviético tínham sido jústificadas. O comunismo parecia ser
uma longa troaiçao J" .*punsão defen_
siva, ou ìmperialismo. No século xr.r, monolítico após os Chineses terem entrado na Guerra da Coreia e a retórica
po, ex-emplo, a Gra_Brãanha a prin_
cípi. avançou para o Egipto para proteger da contenção acentuava o objectivo ideológico de evitar o alastramenlo do
as rotas marítimas para a Índia.
Após ter ocupado o Egipto. achou que,era
necessário ocupar o Sudão para
proteger o Egipto e depois de ocupar,o
Uganda para p.ot"g'"r-o SuOan. apO. Seria um exagero afirmar que a actuação americana, sozinha e sem ajuda,
teÍ ocupado o uganda, a Grã_Bretanha
rÀ," d. ;.up;r;-õ;éiio pu.o con.- seja capaz de exercer um poder de vida ou de rnode sobre o movimento comu-
linha férrea para proreger o Ugânda. O
:ï1tse".^. apetire ì,rn.,l,, a rn"alao nista e provocar a queda prcmatura do poder sovíéúco na Rússia, Mas os Esta-
que vai comendo, assim que o dilemaãe
,.gu.uniu t'u.uoo lara.iustificar dos Unidos podem aumentar enormemente as tênsões sobre as quais a diploma-
uma expansão cada vez maior O comunismo
úvigtico um morivo ciâ soviética tem de âctuaÍ, de modo â forçar o Kremlin a um grau de moderaçÃo
ideológico, de Iíbertação das classes ^di.úln;; e circunspecção muito maior do que o que tem tido d€ observar nos últimos
trabalhadoras as regiOes ,io
mundo, que legitimava ainda mais r "rn,odor;; ïniao
expansio. R;;i";;, anos e desta forma promoveÍ tendências que encontrarão eventualmenteo scu
ji::J:;,.ï*r.'.nìsrâ duranre a Guera ero. ,no. luut-"iàrl ". oponuni._
Sovié_
escoadouro no colapso ou no aprodrecimento gradual do poder soviético.
Marxismo-Leninismo havia predito. A terceira lbram as altcraçr-res nl polr ól'J,,, e.,oOurlnidos na década de 1980)' a União Soviétìca
"ttt.",1::l]^t: I
Ir"""aio, Mas Kennedy afirmou ainda que nenhum dos imperros '.. ,.,
tica interna americana, uma orientação de direita que rompeu a coligl(r('
na história tinham
que apoiava o Partido Democrata. O rèsultado da interacção entre os ilct(ì\ ;í;i;;;';",;* rnur.-.*prnãidot "tg'"^.*' it:Ï11t-lÏi
terem sido derrotados ou enfraquecidos numa
soviéticos e as orientações políticas americanas confirmou a ideia de que ir l'*u" ptOp.i" base étnica até
foi derrotâda
Guerra Fria persistia, de que o desanuviamento não poderia durar. No crr luaïo'a.' *rona". potências. A União Soviética' contudo' não.
il;;ì;;"ïtd; nu,nu gu...u de grandes potências . Uma tït:1
tanto. a renovada hostilidade da década de l98O não foi um retorno à Gucllrr
á. qr. o desenvolvimento militar ^t:41t-ïi:
dos EUA na década de 1980 l-orj:l:::
ì
Fria da década de 1950. Houve um retorno à retórica da década de 195o. O" '
algo de verdade nisso' na medrda' '
mâs as acções foram bastante diferentes. Mesmo enquanto o PresÌdentr õ;úiË". à rendição na Guerra Fria Há Reagan dramatizarama aTl]:tï-o,t ].
Ronald Reagan se referia à União Soviética como um <Império do Mal.. ; ;;" ;; fotlticas ao Presidente Ronald mas isso não responde veroaqct-
planeava o contÍolo dos armamentos. Haviâ um aumenÌo do comércio, cspc àa aóbte-"ipunaao imperial dos Soviéticos'
anteriores-de deserivolvimento
cialmente de cereais, e existiam contactos frequentes entre Americanos c i"t"ti" e qir""u" principal. Afinal, períodos
efeito Porquê 1989? Temos de procu-
tiiiir"i u-"ri.""" não produziram tal
Soviéticos. As superpotências estabeleceram mesmo certas regras de prudên- dill"T::1 .'.,
a retórica
cia no seu comportamento uma em relação à outra: nenhuma guerra direct . ir, "uu.u. mais profundas. Porque pensar que principal do
"..'
declínio u1:1
nenhuma utilização de armas nucleares e coDversações sobre armâmenlos c ;";i.; ou aecuou de 1980 fo;am aque causa 1^ antes ' . ì,:i:
sobre controlo de armas nucleares. A Guerra Fria da década de 1980 foi dc õovigti", pode assemelhar-se ao galo juìgava que era o seu cantar \\J\
natureza dìferente da da década de 1950.
possível de armas nucleaÍes, Gorbachev proclamou a dourina da <suliciên- Os cuidados de saúde a.t.tioiutut-tt t u á*u
em que tal ocorreu)' Mesmo i'1"';
cia>, a detenção de uma quantidade mínima para protecção. A outra dimen- Soviética aumentou (o únlcÓ país dé-senvolvido
do ittmendo fardo causado
os .rilitares acabaram p".." t;;;;;;;;ttiente'
r\ . ;$tò da mudança de política externa de Gorbachev foi a sua visão de que o
' \ /expansionismo e, quando ponderado, mais prejudicial que benéfico. O con- .r.lu.obr""^pun.àoimperiaìEm1984'oMarechalOgarkov'ochelèdo uma
trolo soviético sobre um império na Europa de Leste estava a custar dema- :;;;-;;;';";iético, percebeu que a união Soviética precisava de
,/ o. Uura económica òivil e um maior acesso ao comércio
e à tecnologia
n I siado e a prestar poucos benefícios e a jnvasão do Afeganistão tinha sido um -.tt
l''\' \"t' 'i
( 1)Ml'RllliNl )l1R oS (l)Nl4.l lI)S lNlIlllN^(ÌllNAlS t,tl|[^ t,H t^ lâ.1
^
ocidcnlais rììiìs, du[i.lntc o pcrÍ(xlo dc cslltgtÌitçiìo, r)s vclltos lÍtlcrcs rriìo cs llttrit tr'slxrntlet rr ttttttllnçrrs trrr r'eortorttiir rtrurrdill. l'islalinc lirrha eliluhr rrrrt
tâvanì dispostos a ouvir c Ogarkov lìri lìslit(lo d() scu l)osl('. ('i.,,. .i . sislcrtta tle tlilecç;io ceorrtirrricl ccnlralizarla quc cnlalillvl as indúsllias
Assim, as causas intcrmédias das idcias lihcrais c da sohrccxpansrìrl nrctlltirgicirs 1'rcsltlas c rlc basc. Era nruito inllexívcl c pcsado. 'l'endia a
imperial são importantes mas, no final, temos dc lidar com as causas prolurr lcLrttulat a rrtiìo-tlc-obra cnr vez tlc a translèrir para as indústrias de serviços
das, que foram o declínio da ideologia comunista (uma explicação conslru cm dcscnvolvimcnto. Como sâlientou o economista Joseph Schumpeter, o
. r : tivista) e a falência da economia soviética (uma explicação realista). A pcrrlir capitalismo é â destruição criativa, uma forma de responder com flexìbilida-
. ** legitimidade do comunismo ao longo do períoão do pós-guerra Íbi bls dc a grandcs vagas de mudança tecnológica. No final do século xx, a grande
' "., ' -',lante
" dramática. No período inicial, imediatamente a seguir a 1945, o comu mudança tecnológica da terceira revolucão jqdustrial era a impoÍância cres-
, ,,-" '- "( ìismo era vastamente atractivo. Muitos comunistas tinham liderado a resis ccnte da informação. como o recurso mals escasso numa econdfiã. O sis-
Ì. tência contra o fascismo na Europa e muitas pessoas acrcditavam quc () te ma soviético era parÌÈuììÌfrënÌé jrre-pto ãTúãr*Fom-a ffiormaçâo. O pro-
l;\;, '-.;ornunrtrno era a vaga do futuro. A União Soviética ganhou um poder suavc íundo secretismo do seu sii-em-a poììtúì ifficava que õÍixo-dê inlbrmação
, considerável através da sua ideologia comunista. Mas ele foi sendo progres era lento e pesado.
- sivamente minado peìa destalinização em 1956, que expôs os seus crimcs. Os bens e serviços soviéticos não conseguiam manter-se a par com os
pelas repressões na Hungria em 1956, na Checoslováquia em 1968 e na padrões mundiais. Havia uma agitação considerável na economia mundial no
Polónia em 1981, e pela crescente disseminação transnacional de ideias final do século xx. mas as economias ocidentais. com sistemas de mercado.
liberais. Apesar de, em teoria, o comunismo almejar instilar um sistemâ dc foram capazcs dc transfcrír mão-dc-obra para os scrviços, de rcorganizar as
justiça de classe, os herdeiros de Lenine preservaram o poder interno através suas indústrias pesadas e de mudar para os computadores. A União Soviética,,; , ..'
de um brutal sistema de segurança de estado, envolvendo campos de não conseguia acompanhar as mudanças. Por exemplo, quando Gorbachev t ,
corïecção, grlags, censura generalizada e a utilização de informadores. ascendeu ao poder em ] ?-85, 50000 computadores pessoais na'ft
=a1]tar.rr
, . O efeiro prático destas medidas repressivas sobre o povo russo foi o da perda União Soviética; nõs Èstaaõ.s Unla-os eÏióiiãm 30 Èìilhões. Quatro anos mais ]i '
.\','" L ,de confiança generalizada no sistema, como expressa na literatura clandes- tarde, existÍãffi'õêrcã ae +0úõO .otnpriiãõ.ã. na União Soviética e 40.1
. ,, i {ina de protesto e na onda crescente de dissensão promovida por activistas milhões nos Estados Unidos. As economias de mercado e as democracias '
' .',,, dos direitos humanos. provaram ser mais flexíveis a Íesponder à mudança tecnológica do que o
sistema centralizado soviético, que Estaline criou para a era das indústrias de
,-, reflectia a reduzida capacidade do sistema de planeamento centÍal soviético base da década de 1930. Segundo um economista soviético, nos finais da
década de 1980, apenas 8olo da indústria soviética era competitivâ à Ìuz dos ,
\-ìr
\,' r\ç,r.1; L' ...."' { L.o Á' t.' Génesis ecrm a capacirJade para destruir a obra de Deus'." c \ Ì'". ql."", -t(l'^\(
Ì- r.-,- r,,, {*r.i,.. / As armas nucleares produziram alterações na natureza da guerra. mas não , ". l{,-
p papel das armas nqcleores \'- alteraram a forma básica como o mundo está o-rganizado. O mundo anár- I
\
. C -,. * --'i í," I
,._,
' \;,r.
i.lrrl".'\ P,:,.,"-r\ í't^1,. 1tt. ^' - y' ./ii'\ i.." -- :-.,{i. " quico de estados, sem uma autoridade $hperior acima deles, continuou a ,rn\'."
i. ,-Por duerazào'a Guerra Friarnào se tornou quente? Alguns analistas acìe- existir durante a era nuclear. En 1946, quando os Estados Unidos ProPuse-,. ,.í.-rl
!' at-
'ditam que as sociedades desen]glldas aprs.nderam as lições da Primeira e
-. 'ï- ram o Plano Baruch, para estabelecer o controlo internacional das armas.'
t, i- "Ç da Segunda Guerras Mundiais e simplesmente superaram a guerra. Outros nucleares, a Ilíiã. Soviética encarou-o como apenas outra maqu inaçàc-
1\.L:!^','/'t
acreditam que a <.longa paz> da segunda metade do século xx teve origem americanâ. Após esse falhanço, Albert Einstein ìamentou que tudo tenhaír'^-Ít '"-';
nos limitados objectivos expansionistas das superpotências. Outros ainda mudado excepto a nossa lorma de pensar. Talvez apocrifamente' atribui-se- t '1V-v
atribuem esse resultado ao que consideram a ínerente estabilidade da ìhe a afirmação de que <<a física é mais fácil do que a política'>.
bipolaridade pura, na qual dois eiiados (è nao ãÍas aiìãnças rígidas.1 sào Existem razões tanto militares como políticas para que as armas nuclea-
dominantes. Mas para a maioria dos analistas. a parte maior da resposta res não tenham tido um resultado mais dramático logo após 1945. Para
reside na natureza especial das armas nucleares e.da dissuasão nuclear- começâr, a bomba atómica inicial não provocava significativamente mais
{/cr'".,c .r. if ì.k p, --{L;\ L' è v'^ar.í.1.r l.;. estragos do que a maioria das utilizações mortíferas de armamento conven-frrr"t'ü
.t
FISICA E POLITICA cional maciçã. O bombardeamento incendiário de Dresden, na Aìemanha.,,*,1v|.
matou mais pessoas do que o bombardeâmento nuclear de Hiroshima. Ape- , / ..;
O enorme poder de destruição das armas nucleares é quase para lá de sar de uma única bomba atómica fazer o trabalho de um ataque aéreo inteiro
ru f
qualquer compreensão. Uma explosão nuclear de uma megatonelâda pode com bombas convencionais, a princípio não existiam assim tantas armas l ""'"' t'
gerar temperaturas de 100 milhões de gÍaus Celsius quatro a cinco vezes nucleares no arsenal dos EUA. bs gsìados Unidos tinhãm apenas duas em ,.''tt
'
a temperatura no centro do Sol. A bomba lançada sobre Hiroshima, em 1945, 1947 e 50 em 1948. Muitos decisores militares eram da opinião de que as ., !. ^. 1
1- \- : \tr t. 1 ,-,--'
t ., , ì.,\í
!
l. y-: r,,,.;.1 !y
,6(, ( ()Ml'Rtit,Nt)tR os (ï)Nt4 Itrls tNII'trN^('ftrN^tì ( l,t{t^ t6l
^ 'l1t{ta^
bontbas attimicus niÌo cr rìì lgo (lc lolirlrÌìÜìlt. (lili'rcnlc, ltpctlirs cxlcns(ìcs dc t;ttc o lIrÌrirlcrl() ttttclelr cslú bkxlttciulo. Iilit rcillrncntc tlctttasiittftl po-
do arnìamento convcnciunal.'r , . ,\, -... ì.. , ,i tlctoso, dcntasiiukr tlc sptr 4totc iottttlo. ' '
A rivalidade emergente amcricano-sovic(tiea ìanrbénr rctartlou a rrrrrrlançlr , A honrba dc hidlogúnco tcvc cittco itnportantcslconsequências políticas,
no pensamento político. A União Soviética dcsconÍìava tlas NaçCrcs Unidas. ppcslr tlc não tcr rcorganizado a lìrrma anárquica de funcionamento mun-
. por acharem que elas se apoiavam nos Estados Unidos. Os Estados Unitkrs dial. Hrn primeirt) lugar, restaurou o conceito de guerra limitada. A primeira
- r ',. não podiam obrigar os SôÍificós ã cooperar porque a Europa estava relõrrr maade <to século xx assistiu a uma alteração, das guerras ìimitadas do t. !,.' '
i "'.. ..''entre os Soviéticos e os Americanos. Se os Estados Unidos ameaçassem corl néculo xrx para as duas guerras mundiais, que ceifaram dezenas de milhòeslr, .-z-'-
ì i "iu{., ataque nuclear. os Soviéticos podiam'ameaçar invadir a Europa colrr de vidas. A meio do século, os analistas referiam-se ao século xx como o',,r'',1,\t
,. ..ç''ì'Ìòrças convencionais. Ìslo resuttou num empate. Inicialmente. o:,i efeitos ll (século da gueÌra total)>. Mas na segunda metade do século, a guerra asse- n
.,,^!,
, . \ ' sicos revolucionários da tecnologia nucË-ãiïáo eram suficientes para alteral melhou-se mais com as antigas guerras dos séculos xvtll e xIX; as gueÍïas da I r
. I a. forma como os estados se coÀportavam num sistema anárquico. Coreia e do Vietname, por exemplo, saldaram-se cada uma em mais de
' ' l't' A segunda fase da revolução nuclear ocorreu em 1952, quando a bomba 55 000 mortes americanas. No Vietname e no Afeganistão, os Estados Uni-
de hidrogéneo foi testada pela primeira vez. A-Foã6ã-iie hidrogéneo baseia dos e a União Soviética aceitaram a derrota em vez de utilizarem a sua arma
-.L , -se na energia de fusào libertada quando os átomos são fundidos num só, enr suprema.
. ìts-.,) vez de separados como nas primeìras bombas de fissão. A bomba de hidro Em segundo lugar, as crises substituíram a guerra central como o mo-
\ , i..
,-\'' Béneo aumentou enormemente a quantidade de destruição possível com uma mento da verdade. No passado, a gueÍïa eÍa a altura em que as cartas esra- . . *.
,i\d'" ,i.,,ç--única bomba. A maior explosão na superfície da Tena deu-se em 1961, vam todas voltadas para cima sobre a mesa. Mas na era nuclear. a guena é / 'L ^-"
ìi quando a Uniào Soviética detonou uma bomba de hidrogéneo de 60 megato demasiado devastadora e os velhos momentos da verdade são demasiadq;'.')' ,,.-
'i '. neladas. 20 vezís -íõtiõ olúãììxpTosiuo urilizadò na Segunda Cuerrl d.t'ì: ''':'
l' perigosos. Durante a Guerra Fria, a crise de Berlim, a crise
'ì' '' Mrrndial -cubana
mísseis e as crises do Ì{{dio Oriente do iníéiíilãìëcada dtl970,6sssÍn.r;'.2r\,,,,À
Ironicamente, a alteração mais importante que acompanhou o desenvol- penharam o eqúivalente funcional à Èìèììã;üftâ- altura para verificar a ver-
vimento da bomba de hidrogéneo foi a mjniâiudzação. A fusão tornou pos dadeira correlação de forças em poderio militar. Em terceiro lugar, as arÍnas
,,,,^ r,..o-
.
,'*u. \;,,sível montar quantidades enormes de poder de destruição em engenhos bas- nucleares tornaram a dissuasão (desencorajamento pelo medo) a estratégia., .-j,r!
\ tante pequenos. Os sistemas construídos para lançar a bomba atómica inicial central. Era agora essencial organizar o poderio militar pala gerar medoì\'''
.
(,1,.1 ',-\to.na.am-se cada vez maiores, à medida que as bombas aumentaram dc antecipadamente. de forma a que o âlâqía fosse dissuadido. Na Segunda_ , '..1., i
'. ; ,r-'dimensào e ocupâvam cada vez mais espaço. O bombardeiro B-36 era um *1 ì
Guerra Mundial, os Estados Unidos confiaram na sua capacidade de mobi- /''
,r"
1
enorme aparelho de oito motores, com uma grande cavidade para conter uma lizar e erguer gradualmente uma máquina de guerra após a guerra ter come-., , t \tlr
bomba. A bomba de hidrogéneo, por seu lado, podia colocar o mesmo po- çado, mas essa abordagem à mobilização já não resultava, quando uma guerra(\i'rü
I
tencial de destruição num pèqueno engenho Assim que esse poder de des- nuclear poderia terminar numa questão de horas.
truição foi mútadóïa ogiva ïe ufr míssil balístico, uma guerra nuclear A quarta consequência política foi o desenvolvimento de um regime de
intercontinental poderia ocorré? è-om àÌõnãS 30 mfiutos fávlsó, õomparado prudência efectivo das superpotê-4cias- Estas, apesar dafiüíãõãï!ãs diver-
^.1.'* -
com as 8 horas que demorava um 8-36 a viajar a mesma distância. gências ideológicãìì*envolvéram um interesse crucial comum: euitar ajÏ'" -:
A destrúiivìdadì acrescida das Uomúãs de hidrogéneo dramatizaram igual- gueÍïa nuclear. Ao longo da Guerra Fria, os Estados Unidos e a União t'\ ^ ü'
mente as consequências da guerra nuclear A guerÍa não podia continuar a Soviética-õíí6lveram-se em guerras periféricas por procuração ou indirectasl .1 1 ' '.
ser considerada meramente como a continuação da política por outros meios. mas em caso algum as duas naç6éiì.ëíírentaram cara a cara. Alem disso- ,.r, .'
Karl von Clausewitz, o filósofo da guerra do sécuÌo xrx, afirmou que a '
as duas partes criaram esferas de influência. Enquanto os Americanos fal,a- ; ,
vam de fazer recuar o comunismo na Europa de Leste na década de 1950. '.
,
As armas nucleares não foram utilizadas desde 1945, daí surgindo a opinião rio Ocidental. Ambos os países aderiram a uma norma evolutivâ de não ''' ":
\1,
,' \ i \ u',
r .' t' "'.:^ i'f^ ''.,.' ,-''
.' i l : i \' .\. -
( D(ll^ ltltl^ t69
( ()Ml,tat I Nlrlil( t)\ rÌrNtrt nrls tN ,taN^( títN^t\
^
() (tull(ì nulìì
tlc aInt s Itrrclclrrcs. lrirìitltÌìr lr'. irs \lrl)t.Íl)t)lt lttliits irlltr.'rrtlct;rttr rr
tl(ilizilçat(t dc grtntlc tlitttcttsiìrr' cittlit ultt tlclcs ctttn capacitladc dc dcilruiÍ
comunicar Apris a crise cublnl chrs lrísscis. Wasltirrglon c Moseovrr cliirrirrrr icllurìdo.
uma linha directa para permitir unìa corrrurriclçtìo instantiìnca cntrc (}s lítlc Os pnrhlcntits lcvantatlos pclo dilcma dc segurança clássico não termlna-
res soviéiico e americano. A tecnologia facilitorr a coopcrlçào cnr allrrnrs t[ rtm p;lo tcrror düs armas nucleares, mas as superpotências agiratn com
crise, ao tornar a comunicação entre líderes nunr mundu bipolar ntais Ilcxí incia, apesar das suas divergências ideológicas A sua prudência era
vel e pessoal. Eles assinaram uma série de tratados de c<tntroÌo dc arnrtr lhante à produzida pelas comunicações constantes que se verificavam
mento, a começar pelo Tratado de Proibição Lirritada de Testes. em l96l na gestão do equilíbrio de poder multipolar do século xtx Simultaneamente'
como
As negociações de controlo de aÍmamenlo tornaram-se numa fbrma de dis âs superpotências tentavam avaliar equilíbrios de forças, exactamente
cutir a estabilidade no sistema nuclear. l'.r 'r,*L i ., .',.2.,, \'. j nos tàmios em que os estadistas.çomparavam províncias, infa4laria. e arti-,
Er'ìì quinto lugâÍ, as arnlâs nucleares, eÍn geral, . u'fõïi* o.ïh.ogtt\e,'. lharia. í; n'i, ''j{''' *.L
em particular, eram consideradas pela maioriâ dos oficiais como não utilizii, O equilíbrio de terror nuclear coincidiu com um período de bipolaridade'
veis em tempo de guerra. Não era meramente uma questão do potencial dc... Alguns neo-realistas, como Kenneth Waltz, definem a bipolaridade comqr,tt.l
poder' mas '!
destruição da bomba de hidrogéneo. Havia um estigma que recaía sobre a sitiações em que dois grandes estados detêm Praticâmente todo o
.r." iipo de bìpolaridade pura é Íaro. A bipolaridade ocoÍre com mais fre-l:;1'
utilização do armamento nuclear que simplesmente não se aplicava ao armiì-
quêncà na história quando as alianças se fortelecem tanto que a flexibilidadey t,.
mento convencional. No hnal da década de 1960. de facto, engenheiros c
do Peloponeso' Mesmo apesar d1s -9
cientistas tinhanr conseguido nriniaturizar a carga explosiva das arntas nuclc- i perdida, como aconteceu na Guerra
seiem estados independentes, as alianças em tomo de Atenas e de
Espand ,,
. âres, de forma a que algumas armas nucleares poderiam ter sido usadas pelos bipolar' De igual modo' nas vésperas Ó
Unidos no Vietname è'nãQuèìã do qOmDE èÌrüRião Soviéticir uniram-se firmemente numa situação
- Fstados
no Afeganistão. sem causar o tipo de destruição injustificada de uma bomba da Primeira Guerra Mundial, o, ,i.t"rnu, de alianças toÍnaram-se unidos 2-*
_,,
'de hidrogéneo. Contudo. tanto Americanos como Soviéticos se abstiveram firmemente em biPolaridade. 11'
. ,''lde usar rrmas nucleares de potencial reduzido e optaram, em seu Iugar, por Waltz afirma qìe a bipolaridade é um tipo de sistema particulamente ,\{
estáveì. DoÍque simplifica a comunicaçào e os cálculos' Por outro lado'
os ,ì
,,t. instrunrentos destrutivos como napalm, bombas incendiáriâs e vários tipos
de
.
i.. -t' sistemas' bipolares cairT-cem ìè-TÉiíEiiï<Iadãã aumentam a impoíância ' )-
, -,ìe armas convenciona Jsse- era devido,-em pãrte, ão reõõiõ-üe que a uti-
,i''Jizaçào de qr.talquer arma nuclear. não importa quão semelhantes a armas ;;"flt* àurglnals, coníõ a Õúèiú do Vietname A sabedoria convencional( t'
era, no passaão, a de que a bipolaridade ou se erodê ou explode l:
t :*::ìt
-!, $qnvencjonais. poderia abrir can'ìinho à utilização de todas as armas nuclea,
o caso, por que não explodiu â bipolaridade após a Segunda Guerra
IVundial|'-ii
\ \es. e esse risco era inaceitável. Havia ainda uma outra dimensão. Desde a ofprççq a resposta.e ã'-r\
nucìeares .tfjpjï:.fy.:.:::-
armas nï1"-".. .ï
bomba ter sido lançada pelos Estados Unidos sobre Hiroshima. Talvez ã
ralvez à prudênciâ serada pelas u.'"u:
prudënciâ gerada )\L '
'I-oprimeira :^ r--.' u',riq-ò {'---Ìr: "-ri\t';ui:.1*'""-
havia um sentin'ìento geral de que as armas nucleares etam imorais, que
ultrapassavam o reino do que era aceitável numa guerra. Apesar desse cons,
trangimento normativo ser difícil de medir. ele inundou claramente os deba-
.. tes em torno das armas nucleares e foi uma razão para a relutância dos
; 'ìlestados em as usar.
U.:'ï--;_;,:ffi
u"+"..
^'i",
,1srt\
- iiì -. I I r- .[
ì
').,\
csrabilidl(lc quc WÌllz irllil)uiu Ìì hipolllitlirtlt, 1t,,r,, r,,li ,"r,,1 lsl() lcviuÌ(l urìì ectl() ntitttcrtt tlc (lttcsla)cs. lJttta ó, o qLtc ('quc tlissrldc'l
tado da borÌha. O pft'rprio tcrr0r d s arrrr s nuclcarcs podc 'ìii'i/eltíiiòò.
tcr contril) úl(' Â dissulsiio cli'clivil cxigc tanlo a capacidadc dc causlr cstragos colììo il
para criar a estabilidade iìtravés do .etbito dil bola dc cristal". lrrurgirrurros çrcdrbilidadc dc quc as armas irãtt ser utilizadas. A crcdibilidade depende
que em Agosto de l9l4 o Kaiscr, o Czar e o lnrpcrador da Áuslliir-lltrrrgrr;r qos intcrcssc envolvidos num conflito. Por exemplo, üma ameaça americana
olhavam para o interior de uma bola de cristal e viam unra imâgcnl dc lgll{. dt bornbardcar Moscovo, em retaliação contra um ataque nuclear, seria pro-
Teriam visto que tinham perdido o seu trono, que os seus impérios tinharrr vswlmente credível. Mas suponhamos que os Estados Unidos tinham
sido desmembrados e milhões de pessoas de entre os seus povos tinhanr sitl r âmeaçado bombardear Moscovo em 1980, caso os Soviéticos não retirassem
mortas. Teriam ainda assim partido para a guerra em l9l4'l Provavelntente !s suas tropas do Afeganistão? Os Estados Unidos possuíam certamente a
não. O conhecimento das consequências físicas das armas nucleares pode ser capacidade, mas a ameaça não teria sido credível porque a parada era dema-
semelhante ao etèito de oÍèrecer aos líderes do período pós-1945 uma bolrr siado baixa e os Soviéticos poderiam facilmente ter ameaçado, por seu lado,
de cristal. Como existiam poucos 1ìns políticos proporcionais a tal destrr.ri bombardear Washington. Assim, a dissuasão está relacionada nào apenas
çào. eles não desejarïam comer grandes ri*cos. Clarã que as bolas de crislirl com a capacidade, mas igualmente com a credibilidade.
podem ser estilhaçadas por acidentes ou por erros de cálculo, mas a analogiir Esse problema da credibilidade conduz a uma distinção entre dissuadir
sugere uma explicação para o Íàcto da combinação de bipolaridade e arrrts ameaças contra a nossaljítd ão r:ara cobrir um aliado.
nucleares ter produzido o mais longo período de paz entre potências centrais Por exemplo, os Estados Unidos não podiam impedir a União Soviética de
desde o início do moderno sistema de estados. (O recorde anterior foi entrc invadiÌ o Afeganistão através da dissuasão nuclear, mas durante as quatro
l87l e 1914.1 f i't ,' -,' '<nr-I .' Ì^ L" -.1-- r\,, r
r!1 \-oi'\'.. rlri'i
.(v( , ".-, LrJ.- "\' :
ì-
PROBLEMAS DE DISSUASÀO NUCLEAR i,. .. ..(., .,, . ., . OS <PROBLEMAS SÉAIOS,,
A dissuasão nuclear é uma subdivisão da dissuasão geral, mas as carac- A meio d€ OuubÍo de 19ó2, a Guena Fda iiúa-se intensifcado de forrna
terísticas peculiares das armas nucleares alteraram a forma como as super perada. Cuba, qu€&rantc múto teúpo tiúa cido virtuaL:rcn:e ìrma colónia
potências abordaram as relações internacionais durante a Guerra Fria. A dis- Estadog Unidos, tinha-se deslocado recentemente pârs a óÍbitâ sqYiética.
suasão nuclear encoraja o raciocínio: <Se me atacares, posso nào ser capaz final de Setembro, os jomais am€ricanos tinham começâdo a rêlatâr caÌr€-
de impédir o ataque, mas posso retaliar de forma tão vigorosa que nào vais i'gsm€ntos d€ armamento soviético para Cuba. Õ Presidente John F' Kennedy
tomar a iniciativa de atacar em primeiro lugar." As armas nucleares deram disse ao povo arnericâno que, pelo que tiúa conh€cimento, esse aÍInâm€nlo
pois um novo sentido a um velho conceito. ora defensivo e não ofensivo. O Ptimeiro-Ministro soviético Nikita Kruchtchcv
' liúa-lhe esse o caso. <Câso o não fosse>,
garântias absolutâs de que eÍa essl
tiüha-lhe dado garântras
Uma forma de avaliar a eficácia da dissuasão nuclear é através da análise
afirmou Kenaedy, <pÍoblemas sérios surgiriam>.
.\*\quente
- contrafrctual. Quaì seÌã4Ff;ob-abìlidaalè -de ã-Cüerra Fria se ter tornado .' Pouco antes das t hoÍas da manhã de terça-feiÍa, 16 de Outubro, o Adjunto
na ausênciã de armas nucleares'Ì O cientista político John Mueller r: pâra os Assuntos de Segurança Nacional de Kennedy, McGeorge Bundy, levou-
.ç defende que rs armas nucleares foram irrelevantes, que não foram mais do . ra^ ^^
-lh€ ao seu qìrarto fotogÍaÍiâs mostÍando
-^-*^-l^ que -^. !.1-'... .á;^.-
^! <p:oblemas
^. os sérios> tin$ôm
tinham ,lê
de
que o calltar do galo. Muellei afirma que os iovos da Europa se estavam a ' facto surgido. Tiradas ds l|ma alüÍude bâstante elevadâ, por um avião de reco-
'.i, afhstar da guena como instrumento diplomático desde os horrores cla Primeira r nheci.mento U-2, estâs fotografiâs mos:ravam os Soviéticos â inslnlslsm mís-
,\,1'lGuerra Mundial. A causa da paz era o crescente reconhecimento do horror seis bâlísticos nuclcâÍes em Cuba, apontados a cidades continentais dos Esta-
, t,r\, da guerra. pelo menos no mundo desenvolvido. Segundo Mueller, Hitler foi dos Unidos.
aberraçào, uma pessoa rara que não tinha aprendido as lições da Primeira A prêsença d€stes m,ísseis 9ra, para.Keryredy. intolerável E igualmente o
e',,lìrma
Guerra Mundial e estâva ainda disposto a fazer a guerra Após a Segunda facto de Kruchtclei lhe ter rngntipo. DuÍante ôs 13 dias seguintes, Kennedy e
Guera Mundial, a repulsa gerll regres\ou m-q1q_lgte do que antes. A maioria um círculo de conselheiros discüfuam a forma de enfrentar o desafio. Eles
sabiam que uma das possíveis coìsequências era a guena nucleâÍ e, duÍante as
dos analistas acreditam, no enranro. qle3! 4M{ n-Ìcleares tiverãm bastante
discussões, o perito de defesa civil de lknnedy apresentou a informação arre-
a ver com o evitar da Terceira Guerra Mundial. Crises em torno de Berlim,
piante de que a população americana €stavâ assustâdoramente vulnerável.
de Cuba e talvez do Médio Orientèìodiím ter saído fora de controìo sem
a prudência instilada pelo efeito bola de cristal das armas nucleares. ERNEsï MAY : PrtlI-r ZsuxoÌ,/, The Kennedy Tapestl
, \ \ -i , \' ( ,. ,. -
tl .', t-. i ì .\
172 *)MrÌa:tNrÌ R {}\ (r}Nr,r,r}s ,1,,,*^f^, 'u,nn,*
r/l ,, 't l",t,ll ''*'n :,, ,.r ),'ll..i.
décarlas rla Gucr'l Fri. lrììclç.l.nì urur ,íìi,i,ì ,rJAi.utcl i.ïnú ,ú,1i,ìì, i,irì çÍlo, lelilr vcrilieiuhr rluc os llslttrkrs IJttitkrs tlctitthattt ttttll sttltct iot itl;ttlc tlc
tica invadissc os países da NATO da l)rrrrllr Oeirlcrtlirl. IÌrl e,lricg'rrínìi'.'lirrrrr l7 pulir tttrt crìr anÌìiurìerrlt) r\lelcur'. Agola sahcntos t;Ltc ()s lioviéiic()s linhlllìì
procurarmos as consequências das arntas ttuclcarcs t)it cxlcnsiio tla rlissrrrsirrt dpcnas cclt lr tlc Tnrrrií ttLte lcarcs cttt trtísscis intcrcontincntâis conl capa-
e na plevenção da guerra. temos de olhar para graldcs criscs ondc s plrír(lir\ ctthrtlc pirra irlingilcnt os Iislados Unidos, mas na altura o Prcsidente Kennedy
sejam altas. nÀtr o sahia. Por quc não tentaram os Estados Unidos actuar €m antecipaçì().
A história pode responder a estas questões acerca das consequôncias tlirs llrürntlo os silns dos mísseis soviéticos. que estavanl então relativamente
armas nucleares? Não inteirâmente, mas pode ajudar. De 1945 a 1949, l1x' vulncrívcis'Ì A razão f'oi a de que, mesmo que apenas um ou dois mísseis
nas os Estados Unidos detinham armas nucleares, mas não as utilizarlrìr. lriclpâssem c fbssem lançados contra uma cidade americana, tal risco era
Houve por irso alguma autoÀìteìÌãõ-Íesmíãnies- da di:'suasìro nucl,. rrr tulicicntc para o desencorajar. Além disso, tanto Kennedy como Kruchtchev
mútua. Parte da razão deveu-se aos arsenais reduzidos, a uma fa)ta de corrr lcmiam que estratégias racionais e cálculos cuidadosos pudessem sair fot'a
preensão destas novas armas e ao receio americano de que os Soviéticos do seu controlo. Kruchtchev surgiu com uma bela metáfora numa das suas
aprisionassem a Europa inteira com as suas maciças forças convencionais. clrias para Kennedy: "Tenha cuidado, porque ambos puxamos a ponta de
Na década de 1950. tanto os Estados Unidos comõ-ãüÌriãõ-Sõ-viética dcti uma corda, na qual temos atado o nó da guerrarr.,
nham armas nucleares e verificaram-se várias crises, durante as quais ,rs Numa conferência na Florida, 25 anos após o acontecimento, amerrcanos
líderes americanos ponderaram a sua utilização. Não foram utilizadas armas que tinham estado envoìvidos no Comité Executivo do Conseìho Nacional de
trucleares na Guerra da Core!4 ar-ern_!954 e 1958, quando os comunistls Segurança do Presidente Kennedy encontrrìram-se com académicos. para
chineses mobilizaffiEfiãiíara invadir a ilha de Taiwan controla<ìa pelos lcntarem reconstruir a crise cubana dos mísseis. Umas das diferenças ntais
nacionalistas. Os Presidentes Truman e Eisenhower vetaram a utilização tlc turpreendentes entre os participantes era a de quanto cada um deles estava
armas nucleares por várias razões. Na Guerra da Coreia, não era claro quc disposto a correr riscos. Isso, por seu lado, dependia da forma como cada um
o lançamento de uma bomba nuclear fosse €apaz de deter os Chineses e or deles encarava as perspectivas de uma guera nuclear. Robert McNamara.
Estados Unidos receavam a resposta soviética. Havia sempre o perigo de quc que eÍa o secre!írio da defesa de Kennedy, torDou-se mais càuÌeloso à medida
as ameaças pudessem alastrar e os Soviéticos viessem a utilizar uma bomba que a crise se desenrolava Afirmou que calculava que os riscos de uma
nuclear para auxiliar o seu aliado chinês. Por isso, mesmo apesar dos Ame- 3uerra nuclear na crise cubana dos rnísseis eram provavelmente de uma
rìcanos terem superioridade no número de armas nucleares, existia o perig,' hipótese em 50. Douglas Dillon, que era secretário do tesouro, afirmou que
de se lançarem para uma gçerra mais alargada, envolvendo mais do que a calculava que os fisõòTìe guerra nuclear eram praticamente nulos. Não via
como poderia a situação evoluir para a guerra nuclear e estava consequen-
Coreia e a China. ,'q, ct Ç .! Ì. -*i- I )r-. ú :r
Além disso. aj!tçg_ç a opìniìo pública desempenharam o seu papeì. Na tcmente disposto a pressionar com mais vigor os Soviéticos e a correr mais
década de 1950. as estimativas do governo dos EUA acerca do número de Íiscos do que McNamara. O General Maxwell Taylor, o Chefe do Estado-
cidadãos que seriam mortos eriìm tão altas que a ideia foi posta de parte. Maior, considerava igualmente que o risco de lueÈa nuclear era baixo e
O Presidente Eisenhower, quando foi inquirido accrca da utilização das armas queixou-se de que os Estados Unidos tinham largado a União Soviética com
nucleares, disse: "Meu Deus! Não podemos usar essas coisas horríveis con- demasiada facilidade na crise cubana dos mísseis. Era da opiniào que os
tra os asiáticos pela segunda vez em menos de l0 anosr2.> Mesmo apesar Americanos poderiam ter pressionado muito mais e de que deveriam ter
dos Estados Unidos deterem mais annas nucleares do que a União Soviética cxigido a destituição do presidente cubano. Fidel Castro. O General TayÌor
na década de 1950, uma combinação de factores persuadiu os Anrericanos l disse: "Estava tâo certo que os tínhamos à nossa mercê, que nuncâ me
não as utilizarern. preocupei muito com o resultado finalr1.> Mas os riscos de perda de controlo
pesavam sobre o Presidente Kennedy, que assumiu uma posição bastante
cautelosa. na verdade, mais prudente do que alguns dos seus conselheiros
A CRISE CUBANA DOS MÍSSEIS 4LL. -..t t ,_..irú ni Ì\r i,. . teriam gostado. A moral da história é o de que uma pequena dissuasãcr
t nuclear tem muito que se lhe diga. É manifesto gue a dissuasão nuclear Í'ez
O acontecimento crucial foi a qrrgl!!4lìx dgS qfÉseii dq Qutubro dc'
1962. Esla rraFra nuclear. a ocrsiio mais prririma em que
foi provavelmerfte. a diferença durante a crise cubana dos mísseis.
um conjunto de acontecimentos poderia ter conduìdõì-uma guerra nuclear.
Todavia, existem ainda ambiguidades acerca da crise dos mísseis, que
Se um completo estranho, um <.homem de Marte", tivesse analisado a situa tornam <lifícil atribuir toda a responsabilidade pelo resultado final à compo-
Por corrscgtrirrlc. os Atttcticnttos lirthlrtt rtiir) irl)ctlits tttììit ltaratlit tttitis alllt rkr
quc os S()viCtic()s crrr ('trbl, c()rìì() llrììblirìì pt itutt intloduzit utrr tcrcciro
Ítctor ì porrlclaçiìo: litrças cttnvettcioltitis. [)nt bloqucio naval atncricuno e
j possibilidarJc de utrta itrvlsiur atttcrieana de Cuba tâmbénì tiveranl impor-
dqrcia. {) lartlo psicolt'rgico estava do lado dos Soviéticos, já que paradas
mah altas c Íìrrças convcncionais disponíveis confèriam mais credibilidade
fx Amcricanos na sua posição dissuasora.
Finalnrente, apesar da crise cubana dos mísseis ser considerada conlo
uma vita)Íia americana, foi igualmente uìr'ì compromisso. Os Americanos r/ .
Sinhonr três opções nâ crise cubana dos rnísseis. Uma era a de dispararent, .' ,.rL,*
ou {gf. hombardearem os silos dos mis:'eis: a segtlda era a de pressionx..* . l"
mai-, bloqueando Cuba para conveneer os Soviétièõs a retirarem os mísscisí ^ "
"
:'
r terceiutra a de nefociarem. ofrrecèndo algo que os So\iéticos desejas- ' -"
tcm, conìo a remoção de mísseis americqlroi da Turquia. pulnnls Ínul1f,ì'\'t."['. (
tcmpo, os participantes não revelaram muito acerca dos aspectos de nego-' ' r',",
ciação da solução, mas indícios subsequentes sugerem que umâ discret4l ,Í, ti..,-
promessa americana de çlnover os seus mísseis obsoletos da Turquia foi ì
8. John L. Caddis, New Cold War History", Foreign Policy Resedrch Institktt $17elsglgc 11f Containnent: A Critì(at Approisll of Postwar Amerítan National
"The
FoolnoÍes,5:5, Junho de 1998. Securít:- k i'.y, Nova lorque, Oxford University Press, 1982'
-,
Gr,qv, Cohn 5., Weapons Dontt Muke War: R í('y, Struteg!, unrl Mìlítar'-
Technologt'
9. United States Catholic Conference, (The ChaÌlenge of Peace: God's Promisc
and Our Response", Origins, l3:1, l9 de Maio de 1983, p. l. Lawrence, KS, University Press of Kansas, 1993
Henntrc, George C., America's Longest War: The Llnìted States and Víetnam
l950-
10. Secretário de Estado Dean Rusk, New York Times,3O de Abril de 1985, p. 6.
I f. Ernest R. May e Philip D. Zelikow, ed,s., The Kennedy Tupes: Inside the Whitt 75, 3." ed., Nova lorque, McGraw-Hill' 1996'
House Duríng the Cuban Missile Crísís, Cambridge, MA, Belknap & Harvard KAGAN. Donald, On the Origins of Warl Nova Iorque, Doubleday' 1995
KENNAN, George F., Memoirs (1925-1950), Boston, Little, Brown'
1967'
University Press, 1997, p. l.
12. Stephen E. Ambrose, Eisenhower, Nova lorque, Simon & Schuster, 1983, p. 184. KENN8DY. Robert. Thirlee D,Jls, Nova lorque, Norton, 1968'
13. Ronald R. Hope, ed.. Soviet Views on the Cuhan Missile Crisis: Myth antl KoLKo, Gabriel, e Joyce Kolko, The Limits of Power: The WorLl und llnìted Stares
Reelìt), in Foreign Policy Analysis, Washington, DC, University Press of AmericíÌ. Rtreígn Polit',-, 1915-t954, Nova Iorque, Harper & Row, 1972
LAFEBITR- Walter. Amerita, Russía, antl tha Cold War 1945-1996'
Nova Íorque'
1982, P. '18.
14. James Blight e David rüelch, On the Rrink: Anerít.ús untl Sovíets Rcexamin<' McGraw-Hill. 1997.
íhe Cuben Mí,^síle Crísis, Nova lorque, Hill e Wang, 1989. p. 80. LARSON, Deborah W , Origins of Containnent: A Psycholttgical Explanation'
t5. Robert McNamara. Blundering ínÍo Di'^uster: Survivíng the First Centur! of the Princeton. Nova Jérsia, Princeton University Press, 1985'
Nuclear Age, Nova lorque, Pantheon. 1986, p. 14. Lesow. Richard Ned, e Thomas Risse-Kappen (eds.)' Intemational Rel'ttions Theor\
and the En.l of the Cold Wd,; Nova lorque' Columbia University Press'
1995'
LEcvoLD, Robert, ..Soviet Learning in the 1980s", lrl George W' Bresìauer e Philip
Leituras recomendadas E Tetlock (ecls.), Learning üt ll S. arul Sovíet Foreign Policl' Boulder' CO'
Westview Press, 1991. PP. 684-732.
. M,quorLHeut't. Michael. 7're Nu( lear RevoIulion, Cambridge' lnglaterra' Cambridge
Schlesinger, Arthur, Jr..
"The Origins of the Cold War,', Foreign Afairs, 46
I 1.
Outubro de 1967, pp. 22-53. University Press. 198ó
t , ( I lMl'ltlillNl llll{ (lS ('l )Nl4.l1l ls lN I l1l{NA('l( lNAlt (tlrl l{l{^ ll{l^ tt,
^
M^srNy. V)ilcclr. IÌut.titt'r hrul ttt thr (\ltl Wtr: l)ìltlou,lrt', l&trlrttt, tul tln l0, ()trttl ri ir r.clirçtìrr (lits lllllIts ttttr,lc{rcs r'ottt it\ relilç(ìcs tlllL.llìileir)llilis. palit llí tlit
RtlítìL',y tú Ctrununi.ttn. l91l-1915, Novl lorquc. (i)luIrlìi tlrrivcrsity lÌtss. rlissttirsìrt nttr'lcitt l (.)ttitl it stta rrtilitlrttlcl
t979. .A sul)cri(tri(lit(lc rltlclcilr é ilìlp(rrliìn(c'l Qtrirl rr pitpcl dcscttlpcnhittlo pcla crisc
MAy. Ern€st R.. e Philip D. Z,elikow (eds.). thl Konttlt 'lirltr's: lrrsüh tlt \lhttt culìitrìlr do\ tìÌís\cis l
House Durítrg the Cuban Mi.ç.çìle Crísis, Carnhri<lgc, MA. tìclknrp & llrrlvarrl
University Press, 1997.
Nrr, J. S., <Nuclear Learning and U. S.-Soviet Security Regimes", lnterautiort,tl
Ortanízatíon, 4l:3, Verão de 1987. Cronok4giu: os (tnos intensos da Guerra Fria
Re.ur.rrcr, David. Lenitr's Tomb: The ktst l)ays of the Sot'iet E'rpirc, Novl Í0Í1rrr.
Random House, 1993. Novembro de 1943 Conferência de Teerão entÍe Estâline, ChurchiÌl e
Roosevelt
TeuBnrlN, William, Stalin's American Policy: I;rcrn Etúe te tu Détente to Cold Wrt.
Julho de 1944 Conferência de Bretton Woods: cÍiação do Fundo Mone-
Nova lorque, Norton, 1982.
tário Internacional e do Banco Mundial
Wrrrt,uts, Wif liam A .. The Trugedv of Amerícan Diplomacv, Cleveland, Worlcl. 195()
WohlÍbrth, Willianr C. (ed.). lVitrresses to the E,td of the Cold Wor Baltirno|c. Agosto de 1944 Conferência de Duntbarton Oaks: criação das Nações
Unidas
Johns Hopkins University Press, I996.
Outubro de 1944 Reunião de Moscovo entre Churchill e Estaline: plano das
Yerctr, Daniel, Shattered Peace: The Origins of the Cold War and the Nutíontl
esleras de influência para os Baìcàs
Security State, Boston, Houghton Mifflin, 1977.
Fevereiro de 1945 Conferência de Ialta entre Estaline' ChurchilÌ e RooseveÌt
Abril de 1945 Morte de Roosevelt
Maio de 1945 Rendição da Alenranha
Conferência de São Francisco Carta da Organização
Questões de estudo AbÍil-Junho de 1945 -
das Nações Unidas
l. Quando começou a Guerra Fria? Quando terminou? Em que é que as abcrrdagens 'Julho de 1945 Primeiro teste da bomba atómicâ: ConfeÍência de
realista, liberal e construtivistâ contribuem para as nossas respostas? Potsdam: Truman. Churchill/Attlee' Estaline
2. A Gueffa Fria era inevitável? Se sim, quando e porquê? Se não, quando e conro Agosto de 1945 Hiroshima e Nagasáqui destruídas por bombas atómicas;
poderia ter sido evitada? URSS entra em guera na Asia
3. Porque foram os políticos incapazes de restaurar um sistema de concerto após a Setembro de 1945 Rendição do Japão
Segunda Cuerra Mundial? Que tipo de sistema se desenvolveu? Março de 1946 Discurso da Cortina de Feno de Churchill; reatamento da
4. Qual a importância de consideraçôes de primeira e segunda imagens no desen- guerra civil grega
voìvimento da Guerra Fria? Quais eram a; opiniões dos políticos amencanos e Março de 1947 Proclamada a Doulrina Truman
europeus acerca da União Soviética e das suas ambições internacionais? Quais Junho de 1947 Apresentado o Plano Marshall
eram as opiniões soviéticas açerca dos Estados Unidos e do resto do Ocidente'l Outubro de 1947 Criação do Cominform Por Moscovo
5. Alguns historiadores defèndenr que a verdadeira questão não é a de saber por que Fevereiro de 1948 Golpe pelo Partido Comunista checo
razão a Guerra FriiÌ ocoÍeu. nìiÌs por que razdo não se transfornÌou numa guerra Março de 1948 lnício do bloqueio purcirl de Berlittt
<quente>). Concorda com isto'i Por que razão nào se iniciou uma guerra quente? Junho de 1948 lnício da ponte aérea para Berlim; Jugoslávia expuÌsa do
6 O que é a polítirc de contenção'Ì Como surgiu esta política americana e de que Cominform
forma foi impÌementada'l Quais foram as respostas soviéticas? Novembro de 1948 Truman reeleito presidente
1. De que Íbrma são as armas nucleares diferentes drs armas convencionais'Ì O advento Abril de 1949 Tratado do Atlântico Norte assinado em Washington
das amlas nuçleares mudou f[ndamentaÌmente a tbrma como i]s nações ac{uÂmÌ Maio de 1949 Firn do bloqueio de Berlim
8. Mueller está correcto ao alìÍmiìr que as arnras nucleares não são a causa da obso- Agoslo de 1949 URSS detona a sua primeira bomba atómica
lescência das gÉndes guerÍas entre estados desenvolvidosl Que outros lãctores Setembro de 1949 Criada a República Federal da Alemanha
toma ele em consideração? Outubro de 1949 Proclamada a República Popular da China: proclamada a
9. É a dissuasão nuclear moralmente defènsávell Ou, nas palavras de um reorictr, República Democrática Alemã
é nroralmente arráloga a amarrar crianças nos pára cht4ues dos automóveis palu Fevereiro de 1950 Pacto Sino-Soviélico assinado 9m Mosco\o
evitar acidentes rodoviários no Memorial Day? Poden algumas estratégias de Abril de 1950 Redigido o documento NSC-68
dissuasão ser nìais eticamente delensáveis do que outras? Junho de 1950 Início da Guerra da Coreia
It2 ( r,Ml'llllllNl)lll{ t}S ( í)Nlrl IlílS lN lllNN^('ll )N^ls
Soberania e intervenÇão
fim da Guerra Fria'
Urra grande guerÍa tornou-se mcnos provável após o
e existirão sempre pres-
mas aindã persis-tem conflitos internos e regionais
ao conflito e de
.ã., puru â interuenção por paÍe de estados exteriores em parte
inJ,,iiçõ.. internaciónais. A intervenção é um conceito confuso' Não
porque a palavra é ao nìesmo tempo descritiva e normativa' apenas
iguaìmente juízos de valoÍ Desta
à.r.r"ua o qu. está a acontecer, mas emite
muitas vezes questòes
ioanlu, o Oirauraao em torno da intervenção envolve
estâdos soberanos é uma
morais. A não-intervenção em assuntos internos de
;;;;;átt.; do direito'internacional A não-intervenção é uma regra pode-