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FE D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

DEUS, CRISTO E CARIDADE Ano 126 • Nº 2.154 • Setembro 2008


ISSN 1413 - 1749

R$ 5,00
O Índice Geral da
Revista Espírita é uma
obra prática e muito
útil; nela o leitor busca
a palavra ou a expressão
que lhe interessa,
encontra os dados a seu
respeito e passa a
conhecer o pensamento
de Allan Kardec e de
seus contemporâneos
sobre o assunto.

Formato: 14x21
Páginas: 584

Central de Relacionamento: relacionamento@febrasil.org.br • (21) 2187-8268/8272


Livraria Virtual: www.feblivraria.com.br • feblivraria@febnet.org.br
Expediente Sumário
4 Editorial
A comunicação dos Espíritos
11 Entrevista: Eduardo Dos Santos

Fundada em 21 de janeiro de 1883


O Espiritismo no Uruguai
Fundador: Augusto Elias da Silva 13 Presença de Chico Xavier
Viagem histórica de Chico Xavier aos EUA e Europa –
Revista de Espiritismo Cristão
Antonio Cesar Perri de Carvalho
Ano 126 / Setembro, 2008 / N o 2.154
21 Esflorando o Evangelho
ISSN 1413-1749
Propriedade e orientação da Liberdade – Emmanuel
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA
Diretor: NESTOR JOÃO MASOTTI 28 A FEB e o Esperanto
Editor: ALTIVO FERREIRA
Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO Esperanto na Deutsche Welle – Affonso Soares
CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO
NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO 38 Conselho Federativo Nacional
Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA
Gerente: ILCIO BIANCHI Reunião da Comissão Regional Centro
Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE
Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR 42 Seara Espírita
TORRES PEREIRA E CLAUDIO CARVALHO
Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA
CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação


o
n 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-
5 Uma perspectiva otimista (Capa) – Juvanir Borges de
cia Federal do Ministério da Justiça),
CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503
8 Souza

Direção e Redação:
12 Relacionamentos espirituais – Joanna de Ângelis
Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN)
70830-030 • Brasília (DF)
16 Rimas da Fraternidade – Cármen Cinira
Tel.: (61) 2101-6150
FAX: (61) 3322-0523
18 Temperamento – Richard Simonetti
Departamento Editorial e Gráfico:
Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040
Visitas espíritas entre pessoas vivas –
Rio de Janeiro (RJ) • Brasil
Tel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298
22 Christiano Torchi
E-mail: redacao.reformador@febrasil.org.br
23 Os 140 anos de Cairbar Schutel – Orson Peter Carrara
Home page: http://www.febnet.org.br
E-mail: feb@febrasil.org.br
24 A crucificação – Olavo Bilac
25 1o Encontro Nacional de Comunicação Social Espírita
PARA O BRASIL
Assinatura anual R$ 39,00 Em dia com o Espiritismo – A Teoria de Tudo –
Número avulso R$ 5,00
PARA O EXTERIOR 30 Marta Antunes Moura
Assinatura anual US$ 35,00
Ética e Moral – Para a Cultura da Paz –
Assinatura de Reformador:
Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274 33 Adalgiza Campos Balieiro
E-mail:
assinaturas.reformador@febrasil.org.br Cristianismo Redivivo – História da Era Apostólica –

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA 35 A crucificação de Jesus – Haroldo Dutra Dias
Capa: AGADYR TORRES PEREIRA 36 O livro do espírito – Paulo Nunes Batista
Editorial
A comunicação
dos Espíritos
“[...] do meu espírito derramarei sobre toda carne; os vossos filhos
e as vossas filhas profetizarão, vossos mancebos terão visões
e os vossos velhos sonharão sonhos.”
– (Atos, 2:17.)

A
comunicação dos Espíritos com os homens sempre existiu. Os antropólo-
gos, com base em suas pesquisas, esclarecem que as religiões primitivas
surgiram do forte convívio dos homens com os Espíritos dos seus ances-
trais.
As revelações dos Espíritos superiores, trazidas ao mundo no seu devido tempo,
vêm contribuindo eficazmente para a evolução da Humanidade.
O Mosaísmo, que revelou os Dez Mandamentos da Lei de Deus, começou a surgir
com a manifestação de um Espírito através da “sarça ardente”, convocando Moisés
para ir ao Egito libertar o povo hebreu da escravidão.
O Cristianismo, por sua vez, começou a existir com a manifestação do Anjo
Gabriel anunciando a Maria de Nazaré que ela estava destinada a ser a mãe de
Jesus Cristo.
O Espiritismo iniciou a sua existência através do fenômeno mediúnico das mesas
girantes – utilizadas como instrumento de comunicação dos Espíritos com os
homens –, e teve a sua prática estudada, aplicada e continuada mediante diversas
formas, tais como: a psicografia, a psicofonia, a vidência, a materialização e outras.
O Espiritismo ensejou um contato mais consciente com a mediunidade, e pas-
sou-se a conhecer melhor esse fenômeno, regido pela lei de afinidade: relacionamo-
-nos e convivemos, consciente ou inconscientemente, com os Espíritos afinados
com os nossos pensamentos, sentimentos, ações e comportamentos.
Em decorrência das leis que a regem, a mediunidade é acessível a todas as pes-
soas, independentemente de seus princípios morais, religiosos ou não. E é para
torná-la realmente útil ao aprimoramento humano que o Espiritismo orienta:

1
“Conheça o Espiritismo, uma nova era para a Humanidade”, item Prática espírita. Ed. FEB.

4 322 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
Capa

Uma
perspectiva
otimista
JUVANIR BORGES DE SOUZA

C
om a presença da Revela- inegável de todas as condições calizar.
ção Espírita, neste mundo, que caracterizam a vida na Ter- Há um progresso inegável de
há século e meio, com to- ra, apesar da diversidade das si- todas as ciências e a preocupa-
das as suas verdades claramente tuações e modos de vivência dos ção generalizada com a instru-
expostas e comprovadas, Jesus ção, em geral, para todas as ge-
cumprira sua promessa feita rações, nas escolas de diversos
quando esteve entre os homens níveis espalhadas por toda par-
de pedir ao Pai o envio de te.
outro Consolador para fi- As universidades, por
car eternamente com os sua vez, ocupam-se com
habitantes deste planeta. o ensino das ciências,
Compete a esse Con- sem exclusão dos siste-
solador reafirmar todos mas metafísicos engen-
os ensinos e exemplos drados por pensadores
deixados pelo Mestre, humanos, além dos as-
com o acréscimo de coi- suntos religiosos e filo-
sas e fatos novos, os sóficos que nunca deixa-
quais não poderiam ser ram de existir.
entendidos em todas as Todo esse complexo de
suas significações e conse- cultivo da sabedoria e do co-
qüências, pelas condições evolu- nhecimento humano é digno
tivas dos habitantes do mundo de de admiração, pelo bem que os
então, que lhes impunham difi- professores proporcionam a mi-
culdades de compreensão insu- povos, nações e indivíduos, ocor- lhões de indivíduos, em todo o
peráveis. re um fato inusitado, estranho, mundo, ensejando-lhes o cultivo
Atualmente, com o progresso inexplicável, que passamos a fo- da inteligência e da razão.

Setembro 2008 • Reformador 323 5


Capa

O que nos intriga nesse im- se comunicam desde tempos ime- vencê-los de que a vida do corpo
portante assunto é que, ao lado moriais, mas entre as quais, só é a única que existe e que o ser
dos conhecimentos transmitidos após as explicações convincen- termina e se torna nada com a
pelos mestres humanos sobre tes, proporcionadas pelos Espíri- morte dos elementos físicos.
tudo o que se refere à vida ma- tos superiores, através da Reve- Essa é a conclusão final das
terial, nosso mundo já dispõe de lação Espírita, tornou-se possí- doutrinas materialistas, niilistas
uma sabedoria e de experiências vel um relacionamento útil e e positivistas, espalhadas pelo
mais elevadas e transcendentes, normal, com especial proveito mundo, com influências negati-
desde os meados do século XIX, para os menos esclarecidos. É vas sobre as organizações sociais

e que se destinam à reeducação com a colaboração dos mestres, e políticas de alguns povos, in-
do homem, complementando pensadores eminentes das duas clusive da mais populosa nação
com novas informações e reali- humanidades, que os habitantes do mundo atual.
dades o que ele desconhece e do nosso mundo material têm
que são de suma importância alcançado verdades importantes
para que encontre o sentido do até então desconhecidas. As considerações acima ex-
que é a vida. Desse modo, sem desconside- postas visam demonstrar que,
Os mestres humanos, em rar os cultores da sabedoria hu- apesar da grande realidade, da
grande parte, limitados em seus mana, sempre úteis aos que que- inegável necessidade do ensino
interesses por tudo quanto é de rem alcançar melhores estágios nas escolas de todos os níveis,
natureza material, por isso mes- no desenvolvimento cultural nes- nas quais se transmitem desde os
mo são privados da plenitude te mundo, há motivos relevan- conhecimentos primários até as
das percepções e recursos que tes para se dar o apreço necessá- mais altas instruções sobre todas
estão além da vida física, não rio às informações oriundas do as ciências cultivadas no Planeta,
lhes permitindo o conhecimento plano espiritual, referentes aos os educadores, bem como os res-
do Universo invisível e de suas ensinamentos, às retificações ponsáveis pelos governos, ainda
leis. interpretativas dos desvios e er- não perceberam a enorme im-
Entretanto, desde a vinda do ros humanos sobre passagens da portância dos princípios e verda-
Consolador Prometido, repre- literatura religiosa, e, sobretu- des trazidos aos habitantes da
sentado pela Revelação Espírita, do, ao conhecimento da vida que Terra pelas nobres Inteligências
trazida pela Espiritualidade su- se desdobra nas esferas espi- dos mundos espirituais.
perior, tornou-se uma realidade rituais, após a morte do corpo Essas realidades transmitidas
o intercâmbio com o mundo in- físico. aos homens, inicialmente atra-
visível e desconhecido. Nossos pensamentos e pontos vés de um conjunto de obras or-
Para penetrar nesse mundo e de vista, num mundo profunda- ganizadas pelo missionário
conhecer as leis que o regem mente comprometido com tudo Allan Kardec, que se valeu de
torna-se imprescindível o con- o que é material, em contato médiuns especiais que recebe-
tato com seus habitantes, espe- permanente com nossos senti- ram as instruções de Espíritos
cialmente aqueles que estão dos físicos, são influências per- sábios, chegaram à Terra no
prontos a nos atender e facilitar manentes e poderosas sobre tempo oportuno escolhido pelo
nosso conhecimento de fatos e nosso ser que é, essencialmente, Governador espiritual deste pla-
situações por nós desconheci- Espírito imortal. neta, nos meados do século XIX.
dos. A ação da matéria sobre os se- Nessas obras estão expostas e
São duas humanidades, em res humanos chega ao ponto de, comprovadas verdades transcen-
condições diferentes de vida, que em milhões de indivíduos, con- dentes, até então desconhecidas

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Capa

pela Humanidade. ção da alma ocorre no instante Para a penetração nos domí-
Os princípios revelados pelos do nascimento. nios do que nos é desconhecido,
Espíritos superiores, especial- Aludimos, linhas acima, às enquanto vivemos regidos por
mente na obra básica – O Livro obras básicas da Doutrina Espí- leis de um mundo material, co-
dos Espíritos – são de tal impor- rita, o Consolador prometido e mo o nosso, precisamos de guias
tância que modificam os concei- enviado por Jesus e organizada e de pensadores eminentes dos
tos usuais adotados pelos ho- por Allan Kardec. dois planos, o material e o espiri-
mens sobre a Verdade e a Vida. Entretanto, essas obras são de tual.
Mostrando a incoerência das tal natureza, pelas verdades que O alcance das grandes verda-
doutrinas materialistas, nas suas revelam e que interessam a toda des e o conhecimento das reali-
variadas formas, retificam os des- a Humanidade, que foram des- dades que atingem a todos nós,
vios das religiões e filosofias, no dobradas em milhares de outros que vivemos transitoriamente em
que elas apresentam de incoeren- trabalhos, de caráter científico, um mundo atrasado, já se torna
te com os desígnios das leis de moral, religioso, histórico etc. possível, utilizando-se a grande
Deus e com os ensinos e exemplos por autores encarnados e por rede do ensino de todos os ní-
de Jesus, o Mestre Incomparável. mestres espirituais da razão so- veis do nosso planeta.
Demonstrando a eternidade bre-humana, portadores de uma Para tanto, há necessidade da
da vida do Espírito e as leis divi- alta sabedoria, que impressiona colaboração dos mestres dos
nas que devem ser obedecidas as inteligências mais lúcidas e dois mundos, das duas humani-
para que ele chegue à perfeição, exigentes. dades, para que se possa alcançar
indicam, com clareza, a necessi- Nós, Espíritos encarnados, te- as verdades eternas das leis divi-
dade da multiplicidade das vivên- mos nossos pensamentos e nos- nas, imutáveis, justas e perfeitas,
cias do ser espiritual em mun- sa vida limitados pelos interes- sem a interferência dos pressu-
dos materiais, com o objetivo de ses materiais. Os vôos em busca postos das religiões, filosofias
progredir e de retificar os erros do que é puramente espiritual, e ciências humanas, que não se
de outras existências. sem o auxílio dos amigos do In- coadunam com a verdade.
Esse princípio da necessidade visível, tornam-se muito difí- Os mestres do Espaço, admi-
da reencarnação demonstra, ao ceis, diante de um Universo re- tidos a colaborar com os da Ter-
mesmo tempo, a lei divina a ser- gido por leis diferentes daquelas ra, resolveriam os grandes pro-
viço da evolução e do progresso que nos dirigem, blemas da alma humana, de sua
individual e o engano das reli- criadas pelos ho- eternidade, de seu futuro e de
giões, ao ensinarem que a cria- mens. quanto lhe diz respeito, tudo se

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Relacionamentos
espirituais
O
intercâmbio entre os en- Graças a essa faculdade po- me as experiências vivenciadas
carnados e os desencar- dem manter o relacionamento quando estiveram no orbe, cons-
nados é fenômeno natu- ostensivo com aqueles que fica- tituindo-se exemplos, advertên-
ral que ocorre mesmo sem o co- ram na retaguarda material, cias benéficas para aqueles que
nhecimento de uns, dos outros narrando-lhes as ocorrências de jornadeiam no mundo.
ou de ambos. que participam, das dores e ale- Suas lições de vida oferecem
Em face da lei das afinidades grias que lhes caracterizam a es- diretrizes de segurança para que
que vige em toda parte no Uni- tância espiritual, sobre os senti- não se repitam nos seres humanos
verso, há uma identificação vi- mentos que os tipificam, fazen- as aflições que hoje padecem,
bratória entre os seres humanos do parte ativa da sociedade do nem os desencantos que lhes
de ambos os planos da vida, co- planeta terrestre. exornam o comportamento.
mo conseqüência das suas aspi- Alguns podem ser considera- Porque se comprazem em
rações, dos seus pensamentos, da dos como as forças vivas e atuan- manter o intercâmbio com os en-
sua conduta. tes nos diversos fenômenos da carnados, merecem carinho e res-
Por si mesmos sintonizam de Natureza, igualmente na condi- peito, no entanto, devem ser consi-
forma consciente ou não os ção de protetores e guias espiri- derados de acordo com o seu nível
deambulantes do veículo carnal tuais, amigos ou adversários das de evolução, nem como santos,
com aqueles que se despiram da criaturas humanas, sendo a de- nem como demônios, exceção
indumentária orgânica. nominada população invisível feita aos missionários do amor e
Desvelados de que se encon- mas presente. da caridade, sendo vistos como as
tram noutra dimensão mas não Em número consideravelmen- almas daqueles que partiram da
desintegrados como afirmavam te maior do que aqueles que for- Terra e continuam vinculados ao
os materialistas ou fixados em mam as comunidades físicas, seu magnetismo.
regiões definidas que os aguar- aguardam a oportunidade para o Na Antigüidade eram tidos co-
davam além da morte do corpo, renascimento na carne, a fim de mo gênios e deuses, em razão do
como asseveram algumas dou- darem curso ao processo de evo- estágio em que se desenvolvia a
trinas religiosas, a mediunida- lução a que todos se encontram cultura.
de proporcionou-lhes o imenso destinados. A pouco e pouco, assumiram
campo de que necessitam para Sofrem ou rejubilam-se, são a postura de guias benevolentes
comunicar-se. felizes ou desventurados confor- ou de demônios vingativos dos

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povos, que os conduziam para o os teus irmãos espirituais, aju- dominância da natureza animal
bem ou para o mal, orientando dando-os se estão em sofrimento em detrimento da espiritual nos
ou punindo as criaturas. ou sendo ajudado, caso necessi- seres humanos, o processo auto-
Muitas vezes assumiram a con- tes de apoio e inspiração. iluminativo que decorre da con-
dição divina, a fim de melhor in- Felizmente a sociedade alcan- quista da sabedoria é mais peno-
duzir os povos ao crescimento çou um nível cultural e ético no so, no entanto, muito mais com-
intelecto-moral com vistas à feli- qual pode compreender a reali- pensador.
cidade que a todos está reservada. dade da Vida nas duas faces de Em cada passo, conseguem-se
Na Idade Média, em razão da que se constitui entre os seres conquistas sutis e preciosas,
ignorância vigente em toda parte humanos: a física e a espiritual. dando significado psicológico à
e das superstições religiosas, pas- Sendo o berço a porta de en- existência, que a torna apeteci-
saram a ser denominados como trada no corpo, o túmulo da, digna de experien-
seres satânicos, perseguidos e representa a passagem de ciada, sem as cargas
odiados pelo obscurantismo per- saída sem que se pro- ultrajantes dos
verso e insano. duzam alterações sig- conflitos internos
Com o advento da Doutrina nificativas. nem dos proble-
Espírita adquiriram a qualidade Cada Espírito é a mas de relacio-
que lhes é inerente, na condição soma das suas realiza-
de seres em processo de cresci- ções, através das quais
mento para Deus. adquire sabedoria, am-

pliando a capacidade de
desferir vôos auda-
Diante deles, considera o pró- ciosos com as
prio comportamento, esforçan- asas do desen-
do-te moralmente para o aprimo- volvimento
ramento interior, tendo em vista intelectual e
que vieste do mundo espiritual afetivo: conhe-
para o físico com objetivos rele- cimento e
vantes, e que, ao deixares o cor- amor.
po, volverás ao Grande Lar con- O conheci-
duzindo os valores que amealha- mento é sempre
res, tanto os edificantes quanto mais fácil de ser
os perturbadores. conquistado, co-
Desse modo, não os temas mo efeito do trei-
nem os deifiques. São teus ir- namento mental,
mãos do caminho de ascensão enquanto que o sen-
que participam das tuas realiza- timento de amor exi-
ções aprendendo e renovando- ge maior esforço, em
-se continuamente. razão de ser uma luta
Conscientizando-se dessa po- interior, transformando
pulação que envolve a Terra, po- impulsos perturbadores e
derás aprimorar as tuas percep- instintos agressivos em
ções a fim de manteres contato manifestações de afeto.
mais lúcido e edificante com eles, Como ainda existe a pre-

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rás conviver de maneira útil, de
maneira que, ao terminares o
compromisso terreno, sigas na
direção da Espiritualidade, en-
quanto eles estarão vindo jorna-

dear no corpo contando conti-
go…

Narra Plutarco, o insuspeito


historiador romano, que o gene-
ral Brutus se encontrava num dos
muitos campos de batalha, em
uma noite serena em que todos
dormiam, quando, subitamente,
apareceu-lhe um ser espiritual pa-
voroso que lhe disse: – Eu sou o
teu anjo mau e tu me verás perto
da cidade dos filipenses…
Brutus, aturdido, respondeu:
– Está bem, pois eu ver-te-ei lá.
De imediato, o ser espiritual
desapareceu.
O general romano chamou os
namento, sempre geradores de do os espaços vazios da tua exis- seus auxiliares e indagou sobre
sofrimentos e angústias. tência com carinho e inspiração essa personagem, que ninguém
O contato com esses amigos es- para não desistires nunca de lu- tivera ocasião de ver.
pirituais trabalhará em favor da tar pelo bem. Posteriormente, no ano 44
tua libertação dos medos, das per- Constatando neles a sobrevi- a.C., estando na Macedônia, foi
das, das expectativas afligentes. vência ao fenômeno da morte, vencido por Antônio e Otaviano,
Aprenderás, conforme o Ecle- inusitada alegria te invadirá o ser em sangrenta batalha na cidade
siastes, que há tempo para se- ante a nova dimensão em que se de Filipos, e para evitar ser con-
mear e para o juízo assim como desenvolve a vida, estimulando- duzido como escravo e arrastado
para colher e realizar. -te a novas conquistas e renova- pelas ruas de Roma, atirou-se
Trabalhando-te interiormen- das atividades. contra uma lança, encerrando a
te, fiel ao propósito da aquisição Viajor das estrelas, o Espírito existência física.
da paz, não te afadigarás com os é de procedência divina, porta- Sintoniza com Jesus, o Senhor
tormentos da ansiedade, que so- dor de inesgotáveis recursos, que dos Espíritos, e Ele te guiará com
mente complicam o comporta- a ação dignificadora e o tempo segurança em todos os campos
mento daquele que aspira pela con- irão desenvolvendo. de batalha da tua evolução espi-
quista da plenitude. Avança, pois, com os teus re- ritual.
Esses amigos espirituais, com lacionamentos espirituais, sele-
os quais te relacionarás, dimi- cionando, pela conduta exem- Joanna de Ângelis
nuirão a tua solidão, preenchen- plar, aqueles com os quais pode-

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Entrevista E D U A R D O D O S S A N T O S

O Espiritismo
no Uruguai
Eduardo Dos Santos, presidente da Federação Espírita Uruguaia,
comenta sobre o desenvolvimento do Espiritismo em seu país

Reformador: O Movimento Espí- tuado na Avenida General Flores, si-do um terreno difícil para a se-
rita se estende por todo o Uruguai? em Montevidéu. Desde então os menteira dos conceitos espíritas.
Há quantos centros integrados à espíritas uruguaios sentiram a Sabemos também que o uruguaio
Federação? necessidade de agregar uma es- tem rechaçado dogmas religio-
Eduardo: Nosso país, o Uruguai, trutura que lhes fortalecesse a sos, exteriorizações formais, con-
tem uma superfície de 176.215 existente, permitindo um contato ceitos sem fundamentos lógicos,
km2, e é dividido em 19 departa- mais estreito e constante entre ir- em decorrência de seu agudo
mentos, mas o conhecimento da mãos de ideal com o objetivo de
Doutrina Espírita não chegou a intercambiar-se experiências,
todas as partes. Há centros espí- idéias e realizar atividades em
ritas legalmente constituídos em conjunto, mantendo também um
seis departamentos, dos quais 11 laço fraterno entre os espíritas do
são integrados à Federação. Mas mundo inteiro, como aspirava
temos notícia sobre a formação Allan Kardec. Assim, fundou-se a
de outros grupos interessados em Federação Espírita Uruguaia no
conhecer Espiritismo. dia 25 de janeiro de 1987.

Reformador: Desde quando há Reformador: Existe alguma pe-


Movimento Espírita no Uruguai, e culiaridade no Movimento Espí-
como ele se desenvolve? rita uruguaio?
Eduardo: No ano de 1937 a se- Eduardo: Nosso país, com
mente espírita chegou ao Uru- uma população aproxi-
guai pelas mãos da pioneira Au- mada de três mi-
rora de los Santos, fundadora e lhões e quatro-
dirigente do Centro Espirita Ha- centos mil
cia la Verdad, que veio a ser o pri- habitan-
meiro Centro de nosso país, si- tes, tem

Setembro 2008 • Reformador 329 11


espírito crítico e racionalista. orientação, de união e unificação, municação para dizer aos segui-
Todavia, a Doutrina Espírita tem e destacamos o apoio que sempre dores da Terceira Revelação,
uma proposta diferente das reli- temos recebido para os nossos codificada por Allan Kardec, da
giões tradicionais. Cremos que a projetos. grande oportunidade que temos,
Doutrina pode oferecer à nossa no Planeta, de contribuir com
sociedade respostas a todas as Reformador: Alguma mensagem nosso óbolo para levar o conheci-
perguntas e dúvidas que o ser hu- ao leitor de Reformador? mento e a vivência espíritas. O
mano possui quanto à sua vida Eduardo: Agradeço o valioso mo- Espiritismo é um farol que ilumi-
espiritual. mento que me proporciona este na caminhos, guiando-nos para o
precioso e valoroso meio de co- encontro com a mensagem de
Reformador: Tem havido come-
morações dos Sesquicentenários no
Uruguai?
Eduardo: Sim, têm sido realiza-
das comemorações nas diferentes
Rimas da Fraternidade
casas espíritas do País, inclusive, Guarda contigo o Amor Puro por senha
contando-se com o apoio valio- No roteiro cristão,
síssimo de irmãos do Brasil. Ainda mesmo quando a amargura venha
Sangrar-te o coração.
Reformador: Há alguma ativida-
de em andamento voltada para os Quem procura no Cristo, cada dia,
trabalhadores espíritas e para o A bênção de viver
estudo? Sacrifica-se, ama e renuncia,
Eduardo: Durante todo o ano rea- No perdão por dever.
lizam-se várias atividades e, para
uma melhor organização, o País Que importam desventuras no caminho,
foi dividido em duas Coordena- No fel que nos invade,
dorias, a do Norte e a do Sul, o Se procurarmos no Celeste Ninho
que tem dado grande impulso A luz da eternidade?
à tarefa de intercâmbio entre os
espíritas e à divulgação da Doutri- Tudo passa na Terra e a nossa glória,
na. A partir daí promovemos di- Na alegria ou na dor,
ferentes eventos, como seminá- É refletir na luta transitória
rios, conferências e encontros, A sublime vontade do Senhor.
abrindo-se a oportunidade para
que todos possam participar, Só aquele que ajuda, vida afora,
aproximando a Federação das di- Vence as trevas do mal,
ferentes regiões. Marchando em busca da Divina Aurora
Para a Vida Imortal.
Reformador: Qual o relaciona-
Cármen Cinira
mento da Federação com o Conse-
lho Espírita Internacional? Fonte: XAVIER, Francisco C. Correio fraterno. 6. ed. Rio de Janeiro:
Eduardo: A relação que nos une FEB, 2004. Cap. 8.
ao CEI é fraterna, solidária e de

12 330 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
Presença de Chico Xavier

Viagem histórica de
Chico Xavier aos EUA e Europa
ANTONIO CESAR PERRI DE CARVALHO

E
ntre junho e setembro de 1965, os médiuns dad, Newton Harrison, Srta. Maria Aparecida Gon-
Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira çalves, Srta. Hazel Morris (residente em Shereven-
empreenderam viagem aos Estados Unidos, port, Louisiania, que traduzia o livro Paulo e Estê-
Inglaterra, França, Itália, Espanha e Portugal.1 Na vão); Victor Butler, e Luís Guerrero Ovalle, um dos
oportunidade, obtiveram livros, folhetos e filma- pioneiros do Espiritismo em Miami.
gens para o acervo da Exposição Espírita Perma- Uma das realizações marcantes durante a citada
nente que então se montava na cidade de Uberaba viagem foi a fundação do Christian Spirit Center.2
(Minas Gerais, Brasil), como um departamento da O dirigente e um dos fundadores desta Instituição,
Comunhão Espírita Cristã. Salim J. Haddad, relata que “em meados de 1965,
Os médiuns permaneceram por mais tempo nos em aposento de um arranha-céu de New York,
Estados Unidos, onde visitaram nove Estados e quando visitávamos os nossos amigos Francisco
procuraram entrar em contato com os Movimen- Cândido Xavier e Dr. Waldo Vieira, surgiu a idéia
tos espíritas/espiritualistas existentes, vários deles do Christian Spirit Center, marcando sua fundação
com suas sedes chamadas “Templos Espiritualis- a passagem dos dois dedicados médiuns pelas ter-
tas”. O Acampamento Espiritualista de Silver Belle ras norte-americanas”. Em seguida, Haddad escla-
foi carinhosamente visitado pelos médiuns, onde rece que a Instituição estabelecida em Elon Colle-
constataram grande interesse pelas reuniões me- ge, North Carolina, baseia-se na experiência espíri-
diúnicas e pessoas procedentes de mais de 20 Esta- ta do Brasil e sua atividade principal consiste na
dos. No dia 26/7/1965, assinaram contrato com a tradução e distribuição de mensagens psicografa-
Philosophical Library, de New York, para a publica- das no Brasil, sendo a língua inglesa o veículo prin-
ção do livro Ideal Espírita em inglês, com o título cipal, mas também realizando para outras línguas,
The World of the Spirit. Chico Xavier e Waldo Viei- em menor escala.
ra estiveram na Biblioteca do Congresso, em Washing- No final da década de 1970, recebemos de Chico
ton; na Biblioteca Pública de New York; no local Xavier um pacote de mensagens vertidas para o
onde viveram as Irmãs Fox, cuja residência havia árabe pela citada Instituição, o que gerou um episó-
sido recentemente destruída por um incêndio; na dio muito curioso que relatamos em livro de nossa
Biblioteca da Organização das Nações Unidas autoria sobre o médium.3
(ONU), efetuando pesquisas de caráter espírita Durante a estada nos EUA, os médiuns consegui-
ligadas à estatística e à divulgação. ram obter, para a Exposição Espírita Permanente de
Entre as pessoas que mantiveram contatos mais Uberaba, cerca de 400 livros precursores de Allan
diretos com os médiuns visitantes: Salim J. Had- Kardec ou de interesse histórico para o Espiritis-

Setembro 2008 • Reformador 331 13


Waldo Vieira.
Na Itália, visitaram algumas
organizações e principalmente a
redação da revista Luce e Ombra.
Foram também à Espanha e
Portugal, embora com restrições
de ação em virtude do regime po-
lítico então dominante nos dois
países. Neste último país, mantive-
ram contatos com Isidoro Duar-
te Santos, redator da revista Es-
tudos Psíquicos.
A aludida viagem dos mé-
diuns brasileiros gerou o livro
Entre Irmãos de Outras Terras,
publicado pela Federação Espíri-
ta Brasileira, em 1966, e várias
vezes reeditado. O livro é dividi-
do em duas partes: a primeira
reúne mensagens recebidas em
língua portuguesa nos Estados
Unidos e na Europa, assinadas
pelos Espíritos André Luiz, Be-
zerra de Menezes, Emmanuel,
Hilário Silva, Irmão X, Kelvin
Van Dine e Valérium. Destaca-
mos que o Espírito André Luiz
entrevista William James e Ga-
briel Delanne, e o Espírito Irmão
X entrevista Horace Greeley.
Na segunda parte, foram sele-
Foto de Chico Xavier e Waldo Vieira ao lado do túmulo cionadas várias mensagens rece-
de Kardec no Cemitério do Père-Lachaise
bidas diretamente em inglês du-
mo. rante a viagem dos referidos médiuns, assinadas
Na Inglaterra, estiveram em Londres, onde visita- pelos Espíritos Ernest O’Brien e Anderson.
ram o médium e escritor Maurice Barbanell e sua es- Dessas mensagens psicográficas enfatizamos al-
posa, ligados ao jornal Psychic News, e Charles K. guns trechos muito interessantes e oportunos.
Shaw, da Spiritualist Association of Great Britain. Nos textos de apresentação, o Espírito André
Em Paris, os dois médiuns visitaram a Maison Luiz alerta:
des Spirites, o túmulo de Kardec no Cemitério do
Père-Lachaise e mantiveram entrevistas com vários Varre de nossas almas qualquer pretensão de dou-
espíritas. Estiveram também na histórica cidade de trinar os que tanto nos deram em teu nome e apóia-
Carcassonne, cenário do romance Cristo Espera por -nos, por misericórdia, a projetada viagem com os
Ti, do Espírito Honoré de Balzac, psicografado por recursos de que nos julgues carecedores.4

14 332 Reformador • Setembro 2008


E o Espírito Emmanuel comenta: Ampliemos a área de nosso concurso individual e
elevemos o nível de compreensão das nossas res-
Perante o mundo atormentado de hoje, pensa na ponsabilidades para com a obra do Espiritismo. Se
quota de amor que lhe devemos, através do Espi- fazemos o que pensamos, só dispomos, em verda-
ritismo, que nos pede criterioso trabalho de sus- de, daquilo que fazemos. As leis do Universo são
tento e divulgação, em favor dos corações e das justas. Cada companheiro, cada agrupamento e ca-
consciências. da país terão do Espiritismo o que dele fizerem.
Todos temos obrigação e serviço a fazer. Cremos seja possível sintetizar diretrizes para nós
Ninguém espera te transformes, de imediato, num todos no seguinte programa: sentir em bases de
sol capaz de extinguir as trevas!... equilíbrio, pensar com elevação, falar construtiva-
Traze também o teu raio de luz.5 mente, estudar sempre e servir mais.6

As referidas mensagens Para os trabalhadores espíri-


espirituais abordam orienta- tas que vivem em outras terras,
ções para trabalhadores espí- o Espírito Emmanuel orienta:
ritas e para a vivência pessoal.
Em entrevista espiritual Situarás, enfim, o coração na pátria
com André Luiz, William Ja- que te reúne aos irmãos do mesmo
mes (N. Y., 27/6/1965) faz ideal e da mesma língua [...].
oportunas considerações, in- ..........................................................
clusive sobre a comunicação Aprende, pois, desde hoje, a banir
entre os povos: do teu dicionário a palavra “es-
trangeiro” e, em se referindo a al-
Sabemos que o pensamen- guém que haja nascido em clima
to é o idioma universal; no diverso, deixa que a fraternidade
entanto, isso é realidade te suba da alma aos lábios e dize
imediata nos domínios da sinceramente “nosso irmão”.7
indução ou da telepatia la-
boriosamente exercitada.
[...] Desse modo, os ami- Referências:
1
gos espirituais ligados aos ALVES, I. “Chico Xavier e Waldo Vieira
Estados Unidos, que aspi- nos EE. UU. e na Europa”. In: Anuário
rem a ser ouvidos, sem delonga, no Brasil, devem, espírita 1966. Araras: Instituto de Difusão Espírita, 1966. p.
de modo geral, estudar Português, e vice-versa. 75-85.
2
Isso é claro no sistema regular de comunhão lin- HADDAD, Salim J. “O Christian Spirit Center”. In: Anuário espí-
güística, porquanto o progresso ignora o milagre.6 rita 1971. Araras: Instituto de Difusão Espírita, 1971. p. 171-175.
3
CARVALHO, Antonio C. Perri. “Chico Xavier”. In: O homem e a
James aborda mais algumas questões importantes obra. São Paulo: Edições USE, 1997. p. 34-35.
4
para a atuação espírita, como: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Entre irmãos de outras ter-
ras. Espíritos Diversos. Rio de Janeiro: FEB, 2004. “Em Homena-
Temos aprendido que não surgem construções es- gem aos Pioneiros”, p. 8.
5
táveis ao impulso do improviso. A seara espírita Idem, ibidem. “Ante a Seara da Luz”, p. 10.
6
pede plantação de princípios espíritas. E não existe Idem, ibidem. Cap. 5, p. 28-30.
7
plantação eficiente sem cultivadores dedicados. Idem, ibidem. Cap. 32, p. 110-111.

Setembro 2008 • Reformador 333 15


Temperamento RICHARD SIMONETTI

C
hristian Friedrich Samuel ra se corrigir dos defeitos em que de da cólera e persuadi-vos de que um
Hahnemann, nascido em boa vontade se compraz, ou que exi- Espírito pacífico, ainda que num cor-
10 de abril de 1755, na Sa- giriam muita perseverança para se- po bilioso, será sempre pacífico, e que
xônia, um Estado alemão, foi o rem extirpados. É assim, por exem- um Espírito violento, mesmo num
genial idealizador da Homeopa- plo, que o indivíduo, propenso a en- corpo linfático, não será brando; so-
tia, hoje reconhecida como espe- colerizar-se, quase sempre se descul- mente a violência tomará outro ca-
cialidade médica em inúmeros pa com o seu temperamento. Em vez ráter. Não dispondo de um organis-
países, inclusive no Brasil. de se confessar culpado, lança a mo próprio a lhe secundar a violência,
Suas fórmulas dinamizadas culpa ao seu organismo, acusando a cólera tornar-se-á concentrada, en-
atuam no perispírito, onde se ori- a Deus, dessa forma, de suas pró- quanto no outro caso será expansiva.
gina a maior parte dos males hu- O corpo não dá cólera àquele que
manos, conforme nos ensina a não a tem, do mesmo modo que não
Doutrina Espírita. dá os outros vícios. Todas as virtu-
Hahnemann desencarnou em 2 des e todos os vícios são inerentes ao
de julho de 1843, aos 88 anos, Espírito. A não ser assim, onde
após uma existência profícua, estariam o mérito e a responsabili-
inteiramente devotada ao bem dade? O homem deformado não
da Humanidade. pode tornar--se direito, porque o
Tão notável foi esse mis- Espírito nisso não pode atuar;
sionário da Medicina, que mas, pode modificar o que é do
conquistou a honra de partici- Espírito, quando o quer com von-
par da Codificação da Doutrina tade firme. Não vos mostra a expe-
Espírita, a partir das primeiras riência, a vós espíritas, até onde é ca-
experiências de Kardec, em 1855, paz de ir o poder da vontade, pelas
portanto apenas 12 anos após seu transformações verdadeiramente
retorno à Espiritualidade. Samuel Hahnemann miraculosas que se operam sob as
Em 1863, Hahnemann transmi- vossas vistas? Compenetrai-vos,
tiu, em Paris, breve e importante prias faltas. É ainda uma conse- pois, de que o homem não se con-
mensagem, inserida no capítulo IX, qüência do orgulho que se encontra serva vicioso, senão porque quer
item 10, de O Evangelho segundo de permeio a todas as suas imper- permanecer vicioso; de que aquele
o Espiritismo (Ed. FEB), que trans- feições. que queira corrigir-se sempre o po-
crevo para apreciação do leitor: Indubitavelmente, temperamentos de. De outro modo, não existiria pa-
há que se prestam mais que outros ra o homem a lei do progresso.
Segundo a idéia falsíssima de que a atos violentos, como há músculos
lhe não é possível reformar a sua mais flexíveis que se prestam melhor Hahnemann aborda uma ques-
própria natureza, o homem se julga aos atos de força. Não acrediteis, po- tão vital: o temperamento, o con-
dispensado de empregar esforços pa- rém, que aí resida a causa primordial junto dos traços psicológicos e

16 334 Reformador • Setembro 2008


morais que determinam a índole Pretendem alguns cientistas Medicina do Céu. Esta relaciona-se
do indivíduo, o seu modo de ser. que o bebum tem na estrutura ce- com a atividade religiosa, a partir de
Por não aceitar a existência do rebral determinada área ativada, a conceitos de ordem moral que traba-
Espírito – o ser pensante, que so- estimular a tendência para o lham em favor de nossa renovação.
brevive à morte do corpo – as ciên- vício. Nesse particular, o Evangelho é

cias médicas e psicológicas ten- Reclama o alcoólatra: o grande compêndio médico da
dem a situar o temperamento co- – Meu cérebro é uma esponja Alma, com prescrições perfeitas
mo fruto de condições orgânicas. etílica! Se não o encharco de água para mudar nossa maneira de
A agressividade, a depressão, o que passarinho não bebe, não me agir, nosso temperamento, nossas
suicídio, os transtornos mentais, dá sossego! tendências.
os vícios, estariam relacionados Por falar nisso, leitor amigo,
com disposições neurocerebrais, diante de problemas envolvendo
como uma programação biológica Hahnemann adverte que tais ânimo exaltado e agressivo, desa-
a influir nas iniciativas individuais. raciocínios são equivocados. venças e ressentimentos, doenças e
Até os deslizes extraconjugais O temperamento é um atribu- limitações, pessimismo e desânimo,
entrariam nesse rol de calamida- to do Espírito. e tudo o mais que nos cause trans-
des atribuídas à Biologia. Segun- E ainda que haja no corpo deter- tornos, você tem consultado o
do alguns cientistas, visando à per- minado arranjo genético que possa Evangelho?
petuação da espécie, nossos genes exercer certa influência, essa con- Talvez não haja nada disso com
controlariam nossas ações, indu- dição orgânica é efeito, não causa. você.
zindo-nos ao adultério, visto que, O corpo não determina; apenas Se assim for, parabéns! Certa-
quanto maior a promiscuidade, exprime. mente houve engano das potesta-
maior a possibilidade de gerar É o espelho do Espírito. des celestes ao localizá-lo neste
prole numerosa. O mesmo acontece com rela- vale de lágrimas.
Imagine, leitor amigo, a defesa ção às doenças que, geralmente,
para o adúltero processado pela refletem problemas espirituais.
mulher que deseja o divórcio: No Espírito estão as causas
– Senhor juiz, não tenho culpa! mais freqüentes de nossos desa-
São os genes que me atormentam! justes físicos e psíquicos.
Induzem-me a prevaricar! A depressão, por exemplo,
No fundo tudo estaria relaciona- pode ter um componente gené-
do com a genética, explicando até tico, mas a origem do mal está
comportamentos anti-sociais, co- no Espírito que, ao reencarnar,
mo roubo, assalto, assassinato, sui- imprime na estrutura física algo
cídio... de sua maneira de ser, resultante
Diante do delegado: das experiências do pretérito, com-
– Ah! Doutor, eu não queria ser binando no automatismo reencar-
assaltante, mas é incontrolável, natório elementos hereditários
está na minha natureza. Das pro- compatíveis.
fundezas de meu cérebro os neu- Devemos, sim, tratar dos efei-
rônios repetem: Roubar! Roubar! tos no corpo, buscando a Medici-
Roubar! na da Terra.
Algo semelhante ocorre com o Mas é preciso, sobretudo, tratar
comportamento vicioso. das causas no Espírito, buscando a

Setembro 2008 • Reformador 335 17


Visitas espíritas entre
pessoas vivas
CHRISTIANO TORCHI

O
tema “Visitas espíritas câmbio se dá entre os chamados sem se haver fracionado, como
entre pessoas vivas” é “vivos”, isto é, entre encarnados. acontece com a luz, que esparra-
uma seqüência do estudo Existe outra variedade do fenô- ma seus raios à sua volta. Entre-
sobre “O sono e os sonhos”, en- meno, menos freqüente, em que o tanto, nem todos os Espíritos ir-
cartado no capítulo VIII, do Livro Espírito encarnado, durante o radiam com a mesma potência. A
Segundo de O Livro dos Espíritos, próprio sono, visita outro encar- capacidade de irradiação está di-
sob o título “Emancipação da Al- nado acordado, podendo o visi- retamente ligada ao desenvolvi-
ma”. Pelo sono o Espírito se des- tante ser ou não visto pelo visita- mento de cada um.
dobra.1 Já os sonhos constituem do. No caso de o visitante tornar- Uma pessoa, encontrando-se
as lembranças mais ou menos ní- se visível ao visitado, o fenômeno adormecida, ou num estado de
tidas de fatos ocorridos durante o é designado como “bilocação” ou êxtase leve ou profundo, pode,
sono, período em que o Espírito, “bicorporeidade”, espécie do gêne- em Espírito, semidesligado do
freqüentemente, entra em conta- ro “ubiqüidade”,2 que é a faculda- corpo, aparecer, falar e mesmo
to com outros seres. de de estar presente em todos os tornar-se tangível a outras pes-
Os princípios analisados sob o lugares ao mesmo tempo, na soas. E, de fato, poder-se-á com-
título “O sono e os sonhos” se acepção do Dicionário Houaiss da provar que estava em dois lugares
aplicam ao presente estudo, com Língua Portuguesa. ao mesmo tempo. Só que em um
a diferença de que, neste, o inter- Sendo o Espírito uma unidade lugar estava o corpo físico, noutro
indivisível, a ele é impossí- o Espírito revestido pelo seu peris-
vel estar em dois ou pírito, momentaneamente visível
mais lugares si- e tangível.
multaneamente, A bicorporeidade, embora seja
contudo, esta um acontecimento importante,
indivisibili- tem sido ignorada por muitos, co-
dade não o mo se fosse, sempre, produto da
impede de imaginação, impressão que é re-
irradiar seus forçada pelo fato de que, na maio-
pensamentos ria das vezes, pouca ou nenhuma
para diversos lembrança guardamos do que se
lados e poder as- passa durante o desdobramento,
sim manifestar-se como elucida Gabriel Delanne.3
em muitos pontos, Isso demonstra o quanto desco-

18 336 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
nhecemos a própria natureza es-
piritual e os nossos potenciais.
Segundo o Espírito André Luiz,
em obra psicografada pelos mé-
diuns Francisco Cândido Xavier e
Waldo Vieira, ainda temos muita
dificuldade para compreender os
mecanismos das alterações da cor,
densidade, forma, locomoção e ubi-
qüidade do corpo espiritual (peris-
pírito), por não dispormos, na
Terra, de mais avançadas noções
acerca da mecânica do pensamen-
to.4
Kardec explica como se dá a bi-
corporeidade, concluindo que,
por mais extraordinário seja tal
evento, como todos os outros, se
enquadra na “ordem dos fenôme-
nos naturais, pois que decorre das
propriedades do perispírito
[...]”.5
Indicamos para consulta o ter-
ceiro volume da Revista Espírita –
Jornal de Estudos Psicológicos –,
março de 1860, editada pela FEB, riqueiro, do qual nem sempre nos e do sentido único em sentidos
no qual desponta uma experiência damos conta, como vimos, devido múltiplos, para facilitar seu
realizada por Kardec, promovida à amnésia após o despertamento exercício e conduzir seu desen-
com um encarnado (Dr. Vignal), do sono. volvimento.” 7 (Grifos nossos.)
membro da Sociedade Parisiense Gustave Geley (1865-1924),
de Estudos Espíritas, que foi invo- cientista renomado, ex-diretor do As circunstâncias que levam os
cado durante o sono, de cujo Instituto Metapsíquico de Paris, Espíritos a se buscarem durante o
exemplar colhemos interessantes médico em Nanci, com base em sono é algo semelhante ao que se
observações comparativas entre suas incansáveis pesquisas, assim dá na Terra, quando temos vonta-
as sensações de um “vivo” e de um conceituou morte e vida, fenôme- de de visitar nossos familiares, pa-
“morto”, sobre as suas faculdades nos intrinsecamente ligados ao te- rentes e amigos, com a diferença
de ver, ouvir e perceber as coisas, ma ora em estudo: de que, nos encontros espirituais,
entre outras informações impor- estamos despojados da máscara
tantes.6 “A desencarnação é um proces- do corpo de carne e, de certa for-
Excetuando-se a bicorporeidade, so de síntese, síntese orgânica e ma, despojados dos papéis provi-
assim como a visita entre encarna- síntese psíquica. soriamente executados na vida de
dos e desencarnados, o encontro A encarnação é um processo de relação social.
de pessoas encarnadas durante o análise. É a subdivisão da cons- No estado do sono, o Espírito
sono é também um fato bem cor- ciência em faculdades diversas, fica preso ao corpo por uma es-

Setembro 2008 • Reformador 337 19


pécie de fio condutor ou filamen- Antônio aparece e demonstra a de liberdade, haurir forças e con-
to,8 designado por Kardec como inocência do acusado. Com- solo para continuar lutando pelo
“rastro luminoso”9 ou “laço fluí- provou-se que, naquele instan- próprio progresso, “e, ao desper-
dico”,10 por meio do qual passam te, Santo Antônio pregava na tar, sentir--se-á mais forte contra
as impressões e as vontades da al- Itália, na cidade de Pádua.12 o mal, mais corajoso diante da ad-
ma até o cérebro do encarnado. versidade”.13
O mesmo processo se dá nas ou- No homem, a vida se apresenta
tras formas de desdobramento, como se fosse uma moeda de duas Referências:
1
conscientes ou não, como no ca- faces: a do corpo e a da alma, duas MIRANDA, Hermínio C. Sobrevivência e
so, por exemplo, dos fenômenos fases de uma só existência. Na pri- comunicabilidade dos espíritos. Rio de Ja-
mediúnicos, em que o médium meira, o Espírito está constrangi- neiro: FEB, 2o02. Cap. 8, p. 161. Apud O
empresta seu organismo físico do pelo esquecimento em virtude espiritismo de A a Z.
2
para as entidades se comunica- dos laços carnais, sendo que a in- KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tra-
rem por meio da fala (psicofonia) fluência da matéria é tão grande dução de Evandro Noleto Bezerra. Ed. Co-
ou pela escrita (psicografia). Por- que, muitas vezes, nem se dá con- memorativa do Sesquicentenário. Rio de Ja-
tanto, os Espíritos que não apre- ta de que é um Espírito imortal. neiro: FEB, 2006. Questões 88a, 92a e 137.
3
sentam esse laço ou cordão fluí- Na segunda, vendo-se livre dos la- DELANNE, Gabriel. A alma é imortal. 8.
dico estão desencarnados. ços físicos, as faculdades do Espí- ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Primeira
Há vários relatos na literatura rito ampliam-se e, conforme o ca- Parte, cap. IV, item Algumas observações,
espírita sobre a visita entre pes- so, ele pode ajuizar um pouco p. 112.
4
soas vivas, durante o sono ou melhor da sua situação de ser XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo.
desdobramento, como, por imortal, circunstância que influi Evolução em dois mundos. Pelo Espírito
a
exemplo, nos episódios narrados grandemente nas suas decisões, André Luiz. 25. ed. 1 reimpressão. Rio de
por Kardec em O Livro dos Mé- durante a vigília. Janeiro: FEB, 2007. Segunda Parte, cap.
diuns,11 em especial os casos de Como a primazia é da alma, 3, p. 216.
5
Santo Afonso de Liguori e Santo por preexistir e sobreviver ao cor- KARDEC, Allan. Obras póstumas. 40. ed.
Antônio de Pádua. po, o Espírito, durante a encarna- Rio de Janeiro: FEB, 2007. Primeira Parte,
Estes dois últimos foram retira- ção, sente-se um “prisioneiro” ou Aparição de pessoas vivas. Bicorporeida-
dos, como diz Kardec, não das “exilado” no organismo físico, ra- de, item 32.
6
lendas populares, mas da história zão pela qual aproveita todas as ______. Revista espírita: jornal de estu-
eclesiástica: brechas ou os momentos de des- dos psicológicos. Tradução de Evandro No-
a
prendimento para se retemperar leto Bezerra. Ano III (1860). 3. ed. 1 reim-
Santo Afonso de Liguori foi ca- no mundo espiritual, onde se en- pressão. Rio de Janeiro: FEB, 2007. “Es-
nonizado antes do tempo pres- contra com os seus semelhantes, tudo sobre o espírito de pessoas vivas”.
7
crito, por se haver mostrado si- para os quais é atraído por afini- TIMPONI, Miguel. A psicografia ante os
multaneamente em dois sítios dades e por interesses acalentados tribunais: no seu tríplice aspecto: jurídico,
diversos, o que passou por mila- no íntimo, de acordo com o seu científico, literário. 6. ed. Rio de Janeiro:
gre. estágio evolutivo. FEB, 1999. Capítulo “Na França”, p. 134.
8
Santo Antônio de Pádua estava Aquele que se deu conta desta XAVIER, Francisco C. Nosso lar. Pelo Es-
pregando na Itália [...] quando realidade, antes de se entregar ao pírito André Luiz. 59. ed. Rio de Janeiro:
seu pai, em Lisboa, ia ser supli- repouso noturno, procure fazer FEB, 2007. Cap. 33, p. 215-216.
9
ciado, sob a acusação de haver uma prece, de modo a ter um re- KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. 80.
cometido um assassínio. No pouso tranqüilo, oportunidade ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Parte Se-
momento da execução, Santo em que poderá, nesses instantes gunda, cap. VII, item 118, p. 163.

20 338 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
Esf lorando o Evangelho
Pelo Espírito Emmanuel

Liberdade
“Não useis, porém, da liberdade para dar ocasião à carne,
mas servi-vos uns aos outros pela caridade.”
– PAULO. (GÁLATAS, 5:13.)

E
m todos os tempos, a liberdade foi utilizada pelos dominadores da Terra. Em
variados setores da evolução humana, os mordomos do mundo aproveitam-
-na para o exercício da tirania, usam-na os servos em explosões de revolta e
descontentamento.
Quase todos os habitantes do Planeta pretendem a exoneração de toda e qual-
quer responsabilidade, para se mergulharem na escravidão aos delitos de toda
sorte.
Ninguém, contudo, deveria recorrer ao Evangelho para aviltar o sublime princí-
pio.
A palavra do apóstolo aos gentios é bastante expressiva. O maior valor da inde-
pendência relativa de que desfrutamos reside na possibilidade de nos servirmos uns
aos outros, glorificando o bem.
O homem gozará sempre da liberdade condicional e, dentro dela, pode alterar o
curso da própria existência, pelo bom ou mau uso de semelhante faculdade nas
relações comuns.
É forçoso reconhecer, porém, que são muito raros os que se decidem à aplicação
dignificante dessa virtude superior.
Em quase todas as ocasiões, o perseguido, com oportunidade de desculpar, men-
taliza represálias violentas; o caluniado, com ensejo de perdão divino, recorre à
vingança; o incompreendido, no instante azado de revelar fraternidade e benevo-
lência, reclama reparações.
Onde se acham aqueles que se valem do sofrimento, para intensificar o aprendi-
zado com Jesus Cristo? onde os que se sentem suficientemente livres para conver-
ter espinhos em bênçãos? No entanto, o Pai concede relativa liberdade a todos os
filhos, observando-lhes a conduta.
Raríssimas são as criaturas que sabem elevar o sentido da independência a
expressões de vôo espiritual para o Infinito. A maioria dos homens cai, desastrada-
mente, na primeira e nova concessão do Céu, transformando, às vezes, elos de velu-
Fonte: XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 128.

Setembro 2008 • Reformador 339 21


Os 140 anos de
Cairbar Schutel ORSON PETER CARRARA

A
quele que foi cognomina- Paulo, fixou-se em Matão, tor- trou-se ainda mais grandiosa.
do O Bandeirante do Espi- nando-se seu primeiro Prefeito,1 e Seus exemplos de amor ao próxi-
ritismo, em face do seu fundou em 15 de julho de 1905 mo e de dedicação ao estudo e
trabalho pioneiro no interior do o Centro Espírita Amantes da Po- divulgação do Espiritismo sensi-
Estado de São Paulo, nasceu em breza; em 15 de agosto de 1905 bilizaram o País e ultrapassaram
22 de setembro de 1868, portanto fundou o jornal O Clarim; poste- as fronteiras do território nacio-
há 140 anos, no Rio de Janeiro. riormente, em 15 de fevereiro de nal. Escreveu inúmeros livros,
Depois de passagens por Itápolis e de 1925, a Revista Internacional de entre eles o notável Parábolas e
Piracicaba, no interior de São Espiritismo, tradicionais publica- Ensinos de Jesus, que destaca, co-
ções de circulação internacional. mo indica o próprio título, os
Schutel foi pioneiro da di- ensinos do Mestre da Humani-
vulgação espírita pelo rádio. dade.
Suas iniciativas humanitárias No mesmo marco do calendá-
em favor da coletividade, an- rio em que se comemora o ses-
tes de tornar-se espírita, falam quicentenário da fundação da
bem da grandeza de seu cora- Revista Espírita e da Sociedade
ção. Amava e socorria os po- Parisiense de Estudos Espíritas,
bres, amparando-os material e por Allan Kardec, a família espí-
espiritualmente, estendendo rita internacional também pode
sua atenção até mesmo para assinalar as quatorze décadas do
com os animais. nascimento de Cairbar de Souza
Foi na vivência espírita, toda- Schutel.
via, que sua personalidade mos- Seu trabalho, todavia, conti-
nua. Embora sua desencarnação
1
tenha ocorrido no dia 30 de janei-
N. da R.: Segundo Zêus Wantuil (Gran-
des Espíritas do Brasil – Ed. FEB, p. 255),
ro de 1938, antes de completar 70
“[...] Cairbar Schutel contribuiu de mo- anos, sua Editora prossegue ativa,
do decisivo para que Matão subisse à através das décadas, apesar de to-
categoria de Município, tendo sido o das as dificuldades encontradas,
primeiro Presidente de sua Câmara Mu-
nicipal (1889), cargo equivalente, em distribuindo luzes mediante suas
nosso tempo, a Prefeito”. publicações mensais e livros que

22 340 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
atitude de Centros Espíritas
[...] Os que têm o que resumem seus deveres no
dom da palavra, exercício de uma ou duas ses-
falem, façam pa- sões por semana, entre meia
lestras públicas, dúzia de pessoas. “A luz não
conferências; os que deve ficar sob o alqueire”, é pre-
têm o de escrever, ciso que seja posta no velador.
escrevam; e os que
não podem coorde- Em reconhecimento ao exem-
nar idéias, copiem es- plo inspirador de Cairbar, as ins-
critos doutrinários in- tituições espíritas vão homena-
sertos nas obras espíri- g e á -
Revista Internacional de
tas e leiam por ocasião -lo, em promoção da USE-Matão,
Espiritismo e jornal O Clarim das reuniões, que devem ser em em evento programado para o dia
dias determinados e de portas 21 de setembro de 2008, domin-
edita. abertas, com entrada franca. go, reunindo as instituições no
E não é só. Através dos mé- Não podemos compreender a Encontro Cairbar Schutel, que
diuns Francisco Cândido Xavier
e Divaldo Pereira Franco, nosso
Schutel trouxe também sua fir-
meza doutrinária e o estímulo
em mensagens instrutivas. Atual-
A crucificação
mente, é conhecida sua atuação Fita o Mestre, da cruz, a multidão fremente,
em favor da expansão da Doutri- A negra multidão de seres que ainda ama.
na Espírita. Sobre tudo se estende o raio dessa chama,
Exemplo notável de dedica- Que lhe mana da luz do olhar clarividente.
ção, de persistência, de confian-
ça na vida, de lucidez na impor- Gritos e altercações! Jesus, amargamente,
tância do pensamento espírita Contempla a vastidão celeste que o reclama;
em favor do equilíbrio e da se- Sob os gládios da dor aspérrima, derrama
renidade humana. Inspiração As lágrimas de fel do pranto mais ardente.
que deve nortear os passos de
todos aqueles que se dedicam à Soluça no silêncio. Alma doce e submissa,
liderança e à divulgação espírita E em vez de suplicar a Deus para a injustiça
pela palavra ou pela escrita, es- O fogo destruidor em tormentos que arrasem,
pecialmente agora que os mo-
dernos recursos da tecnologia Lança os marcos da luz na noite primitiva,
se fazem tão presente. E clama para os Céus em prece compassiva:
Notemos, para encerrar, o que “– Perdoai-lhes, meu Pai, não sabem o que fazem!...”
ele escreveu em seu livro Mé-
diuns e Mediunidades:2 Olavo Bilac
Fonte: XAVIER, Francisco C. Parnaso de além-túmulo. 18. ed. 1a reim-
2 pressão. Rio de Janeiro: FEB, 2008. p. 409.
Op. cit. 10. ed. Matão (SP): Casa Editora
O Clarim. p. 93-94.

Setembro 2008 • Reformador 341 23


1 o
Encontro Nacional de
Comunicação Social Espírita
A cidade de Goiânia sediou o 1o
Encontro Nacional de Comunica-
ção Social Espírita, promovido
pela Área de Comunicação Social
Espírita das Comissões Regionais
do Conselho Federativo Nacional
da Federação Espírita Brasileira,
efetivado nos dias 11, 12 e 13 de
julho, nas dependências do
Bristol Evidence Hotel, tendo
como anfitriã a Federação Espíri-
ta do Estado de Goiás (FEEGO).
Integraram a Mesa de Abertura
Mesa de Abertura: palestra de Antonio Cesar Perri de Carvalho
e fizeram saudações o vice-presi-
dente da FEB Altivo Ferreira, o ções de vivências regionais: “Pro- gramação foram o estudo em grupo
secretário-geral do CFN, Antonio grama radiofônico Infanto-Juve- e as conclusões sobre a proposta
Cesar Perri de Carvalho, o presi- nil” (Aurélio Prado, TO); “Cam- para o Manual de Apoio da Área de
dente da Federação Espírita do Es- panha Imortalidade da Alma” (Fáti- Comunicação Social Espírita. Esta
tado de Goiás, Weimar Muniz de ma Farias, PB); “Momento Espíri- proposta já vinha sendo discutida
Oliveira, a Sra. Isabel Saraiva (de ta – origem e desenvolvimento” nas Reuniões das Comissões Re-
Leiria, Portugal) e o coordenador (Maria Helena Marcon, PR); “Pro- gionais do CFN. Ao final, foi apro-
do Encontro e da Área acima cita- moção do livro espírita com o jor- vado o delineamento para o referi-
da, Merhy Seba. Em seguida, An- nal O Liberal” (Luís Lopes, PA); do Manual e constituída uma co-
tonio Cesar Perri de Carvalho de- “TV: Criação, produção e veicula- missão de redação final, integrada
senvolveu a palestra sobre o tema: ção de programa espírita” (Ivana por: José Ricardo do Canto Lírio
“O papel da Comunicação Social Leal Raisky, GO); “Campanha O (ES), Maria Ângela Coelho Mirault
Espírita em relação ao Plano de Evangelho no Lar e no Coração” (MS), Maria Helena Marcon (PR),
Trabalho para o Movimento Es- (Merhy Seba e Luís Cláudio da Sil- Limiro Besnosik (BA) e Merhy Se-
pírita Brasileiro”. va, SP). Também foram feitas ba, como coordenador.
Num ambiente fraterno, repre- apresentações sobre “Ações do Na noite de sábado (dia 12),
sentantes de 17 Entidades Federati- Conselho Espírita Internacional” houve um Momento de Arte.
vas Estaduais atuaram no evento e (Antonio Cesar Perri de Carvalho) Domingo (dia 13), pela manhã,
intercambiaram suas experiências. e “Comunicação Integrada aplica- ocorreram a Avaliação e o Encer-
O Encontro, sob o tema central da ao Plano de Trabalho para o Mo- ramento do Encontro.
“Novos Tempos, Novos Cami- vimento Espírita Brasileiro” (Merhy O evento contou com a pre-
nhos”, foi uma autêntica reunião Seba). sença de equipe do Conselho Es-
de trabalho. Ocorreram apresenta- Momentos significativos da pro- pírita Internacional, que expôs

24 342 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
Em dia com o Espiritismo

A Teoria de Tudo
MARTA ANTUNES MOURA

O
nome da teoria não deixa campo, fornece esclarecimentos o espaço e penetra os corpos.
de ser estranho: de tudo. sobre moléculas, átomos, partícu- Esse fluido é o éter ou matéria
Mas é o apelido que las atômicas (nêutrons, prótons e cósmica primitiva, geradora do
renomados cientistas, no campo elétrons) e subatômicas (neutri- mundo e dos seres. São-lhes ine-
da Física, denominam a teoria nos, quarks, leptons etc.). rentes as forças que presidiram
“[...] que visa resumir em um A Teoria de Tudo representa, às metamorfoses da matéria,
único conjunto de equações a ori- na atualidade, a busca pelo Santo as leis imutáveis e necessárias
gem e a natureza do cosmo, assim Graal da Física Teórica, situação que regem o mundo. Essas múl-
como as forças contidas nele”,1 que ainda provoca frustrações, tiplas forças, indefinidamen-
esclarece o inglês Robert como aconteceu com Albert Eins- te variadas segundo as combina-
Mattheus, físico- tein, o qual, a despeito da mente ções da matéria, localizadas se-
-matemático-pesquisador e re- privilegiada que possuía, passou gundo as massas, diversificadas
pórter científico. A teoria propõe os 30 anos finais de sua última em seus modos de ação, segun-
unir o micro e o macrocosmo, reencarnação na vã tentativa de do as circunstâncias e os meios,
sendo também denominada Teo- combinar a teoria quântica com são conhecidas na Terra sob os
ria da Grande Unificação (TGU). as forças que atuam no Universo. nomes de gravidade, coesão, afi-
Essa união consiste em provar, Há muito investimento científico nidade, atração, magnetismo,
na prática, o que os cálculos já re- na Teoria de Tudo, acreditando-se eletricidade ativa. Os movi-
velam: a existência de uma maté- que no futuro, não tão remoto, mentos vibratórios do agente
ria primordial, encontrada tanto será possível identificar, de forma são conhecidos sob os nomes de
no Universo quanto no átomo. concreta, esse elemento funda- som, calor, luz, etc. [...].
Para demonstrá-la é preciso unir mental, tendo em vista que o ma- Ora, assim como só há uma
os métodos de estudo do Univer- cro e o microcosmo apresentam substância simples, primitiva,
so com os das partículas atômicas. profundas semelhanças entre si e geradora de todos os corpos,
O estudo do Universo tem como que um reage sobre o outro. Isto mas diversificada em suas
referência a Teoria da Relativida- está comprovado pela Ciência. combinações, também todas
de Geral, de Einstein, que explica No livro A Gênese, de Kardec, essas forças dependem de uma
a origem e formação dos planetas, há informações sobre esse ele- lei universal diversificada em
estrelas, galáxias, buracos negros, mento material que origina os seus efeitos e que, pelos desíg-
big bang, órbitas planetárias, força mundos e os corpos dos seres – nios eternos, foi soberanamen-
da gravidade etc. O conhecimento matéria cósmica primitiva: te imposta à criação [...].2
das partículas elementares, fun-
damentado na Teoria quântica do Há um fluido etéreo que enche Na mesma obra consta que o

Setembro 2008 • Reformador 343 25


fluido cósmico universal entra imperfeições nas montanhas e a energia se difunde em peque-
também na formação de outros crateras da Lua, as fases do plane- nos pacotes chamados quantum.
mundos: ta Vênus e os satélites de Júpiter, O Espiritismo fornece boas
concluiu que “os céus” (espaço si- referências à Teoria de Tudo. Em
[...] Em outros mundos, elas [as deral) e a Terra possuem natureza O Livro dos Espíritos, por exem-
forças] se apresentam sob ou- similar. Isaac Newton (1643- plo, consta que a matéria é forma-
tros aspectos, revelam outros 1727), físico e matemático inglês, da “de um só elemento primitivo.
caracteres desconhecidos na comprovou as hipóteses de Gali- Os corpos que considerais sim-
Terra e, na imensa amplidão leu, simplificando-as: os céus e a ples não são verdadeiros elemen-
dos céus, forças em número in- Terra têm a mesma natureza, e tos, são transformações da maté-
definito se têm desenvolvido são governados pelas mesmas leis ria primitiva”.4 Informa também
numa escala inimaginável, cuja universais. que as diversas propriedades “são
grandeza tão incapazes somos A Teoria da Unificação adqui- modificações que as moléculas
de avaliar, como o é o crustá- riu peso quando o físico escocês elementares sofrem, por efeito da
ceo, no fundo do oceano, para James Clerk Maxwell (1831-1879) sua união, em certas circunstân-
apreender a universalidade dos demonstrou, na prática, a união cias”.5 Os Orientadores da Vida
fenômenos terrestres.3 de duas forças: o magnetismo e a Maior fecham brilhantemente o
eletricidade. Por meio de quatro assunto quando, em resposta à
É importante destacar que, pa- equações, Maxwell desenvolveu o questão de Kardec de que “a mes-
ra a Ciência chegar à conclusão de eletromagnetismo – cujos benefí- ma matéria elementar é suscetível
que existe uma matéria primor- cios tecnológicos são inumeráveis de experimentar todas as modifi-
dial, cerca de 500 anos de pesqui- – de forma notável, simples e ele- cações e de adquirir todas as pro-
sas foram consumidos, computan- gante. Nos últimos 200 anos sur- priedades” (destaque nosso),6 enfa-
do-se apenas o tempo do Renas- giram outras contribuições. tizam: “Sim e é isso o que se deve
centismo até os dias atuais. É algo Exemplos: Teoria da Relatividade entender, quando dizemos que
extraordinário! Pode-se conside- Geral de Albert Einstein (1879- tudo está em tudo!”.6
rar marco inicial das investigações 1955), e a Teoria Quântica do físi- O Espírito André Luiz nos en-
científicas, em relação à Teoria da co alemão Max Planck (1858- canta – não há palavra melhor –
Grande Unificação, as deduções do 1947), um dos pilares da Física com as suas seguras explicações.
astrônomo italiano, Galileu Gali- Moderna, que iniciou a revolu- Destacamos, a propósito, alguns
lei (1564-1642) que, ao observar ção quântica ao demonstrar que exemplos, retirados aleatoria-

26 344 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
mente de dois dos seus livros – do está mergulhado na substân-
Mecanismos da Mediunidade e cia viva da Mente de Deus, co- Observação: A quem se interessa
Nos Domínios da Mediunidade – mo os peixes e as plantas da pelo assunto, mas não possui do-
para ilustrar o assunto: água estão contidos no oceano mínio de equações matemáticas e
imenso. físicas, recomendamos três filmes,
Quanto mais investiga a Natu- .................................................... disponibilizados no mercado, nas
reza, mais se convence o ho- [...] Vocês sabem que na pró- boas livrarias e na Internet: a) A
mem de que vive num reino de pria ciência humana de hoje o teoria de tudo – lançado no ano pas-
ondas transfiguradas em luz, átomo não é mais o tijolo indi- sado (o roteiro considera as possi-
eletricidade, calor ou matéria, visível da matéria... que, antes bilidades de a Ciência comprovar
segundo o padrão vibratório dele, encontram-se as linhas de a existência de Deus, ou apresen-
em que se exprimam. força, aglutinando os princí- tar evidências de sua existência);
Existem, no entanto, outras pios subatômicos [...].8 b) Quem somos nós – lançado em
manifestações da luz, da eletri- 2006, o qual procura responder às
cidade, do calor e da matéria, Eis como Emmanuel se pro- questões, à luz da Física quântica:
desconhecidas nas faixas da nuncia a respeito: de onde viemos? que fazemos
evolução humana, das quais, aqui? para onde vamos?; c) Somos
por enquanto, somente pode- – As noções modernas da Física todos um – lançado em 2004 (mos-
remos recolher informações aproximam-se, cada vez mais, tra como a Teoria de Tudo está
pelas vias do espírito. do conhecimento das leis uni- presente no cotidiano da vida).
.................................................... versais, em cujo ápice repousa a
[...] a matéria quanto mais es- diretriz divina que governa to- Referências:
1
tudada mais se revela qual feixe dos os mundos. MATTHEWS, Robert. 25 grandes idéias:
de forças em temporária asso- Os sistemas antigos envelhece- como a ciência está transformando o
ciação [...]. ram. As concepções de ontem mundo. Tradução de José Gradel. Rio de
Temo-lo [o homem], [...] por deram lugar a novas deduções. Janeiro: Jorge Zahar, 2008. Cap. 5, p. 50.
2
viajante do Cosmo, respirando Estudos recentes da matéria vos KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de
num vastíssimo império de on- fazem conhecer que os seus ele- Guillon Ribeiro. 52. ed. Rio de Janeiro:
das que se comportam como mentos se dissociam pela análi- FEB, 2007. Cap. VI, item 10, p. 129-130.
3
massa ou vice-versa [...]. se, que o átomo não é indivisí- Idem, ibidem. Item 10, p. 130.
4
.................................................... vel, que toda expressão material KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tra-
[...] Identificando o Fluido Ele- pode ser convertida em força e dução de Guillon Ribeiro. 91. ed. Rio de
mentar ou Hálito Divino por que toda energia volta ao reser- Janeiro: FEB, 2007. Questão 30.
5
base mantenedora de todas as vatório do éter universal. Com Idem, ibidem. Questão 31.
6
associações da forma nos domí- o tempo, as fórmulas acadêmi- Idem, ibidem. Questão 33.
7
nios inumeráveis do Cosmo [...] cas se renovarão em outros XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Me-
nas organizações e oscilações da conceitos da realidade trans- canismos da mediunidade. Pelo Espírito
matéria, interpretaremos o cendente, e os físicos da Terra André Luiz. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB,
Universo como um todo de não poderão dispensar Deus 2008. “Ante a mediunidade”, p. 21; cap.
forças dinâmicas, expressando nas suas ilações, reintegrando a 1, p. 25; cap. 4, p. 47.
o Pensamento do Criador. [...]7 Natureza na sua posição de 8
XAVIER, Francisco C. Nos domínios da

campo passivo, onde a inteli- mediunidade. Pelo Espírito André Luiz.
Da superestrutura dos astros à gência divina se manifesta.9 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 1,
infra-estrutura subatômica, tu- p. 14; cap. 17, p. 199.

Setembro 2008 • Reformador 345 27


A FEB e o Esperanto

Esperanto na
Deutsche Welle
AFFONSO SOARES

A
página eletrônica da emissora estatal alemã, ainda em ação.

DEUTSCHE WELLE, publicou, em 23 de ju-
lho passado (http://www.dw-world.de/dw/
/article/0,2144,3499611,00.html), um texto sério e Não houve, efetivamente, qualquer tipo de “des-
objetivo a respeito da Língua Internacional Neutra, gaste” nas atividades da Universala Esperanto-
de que abaixo transcrevemos alguns trechos signifi- Asocio (UEA) ao longo dos seus 100 anos de profí-
cativos, acrescentando-lhes comentários pertinen- cua existência. Seu prestígio foi sempre crescente
tes: como o provam, entre muitos outros fatos relevan-
tes, as relações de estreita cooperação que ela man-
Esperanto encontra nova popularidade tém com organizações internacionais como a ONU e

através da Internet a UNESCO.

Em tempos de globalização, a Internet ajuda no res-


surgimento da língua planejada esperanto, conside- A língua deve seu florescimento ao mundo online.
rada morta por muitos. Em Roterdã, na Holanda,
esperantistas festejaram o centenário da Associação “A internet abriu novas possibilidades”, afirmou Bo-
Universal de Esperanto. ris--Antoine Legault, um dos líderes esperantistas na
América do Norte, acrescendo que o esperanto seria
[...] ao se reunirem na cidade holandesa de Roterdã uma ferramenta fantástica como língua-ponte na in-
para o Congresso Mundial de Esperanto, no último ternet.
final de semana, esperantistas não só celebraram o Seja em blogs e fóruns, seja em tutoriais online, a in-
ressurgimento do interesse pela língua como tam- ternet permitiu ao esperanto alcançar um público
bém o fato de sua associação mundial completar maior que o habitual. Antes da web, aprender espe-
cem anos de existência – um pouco desgastada, mas ranto significava, geralmente, encomendar um livro
de uma editora pouco conhecida ou talvez visitar

um dos empoeirados escritórios de esperanto que
ainda estão abertos em algumas grandes cidades.

Evidente exagero no que diz respeito ao aprendi-


zado da língua antes do advento da web. Desde mui-

28 346 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
to tempo o esperanto já era cultivado em inúmeras ci-
dades de quase todos os países do Planeta, refletin-
do-se essa ação em fecundas atividades regionais, na-
cionais e mundiais, com destaque para o ensino do
idioma através de diferentes

métodos. A web, obvia-
mente, estendeu consideravelmente o alcance de tão
diversificadas atividades.

É difícil estimar o número de pessoas que falam es- crática, algo que não temos no momento na
peranto. De acordo com estimativas, o total varia de Europa”, disse Blanke, acrescendo que “nesse con-
algumas centenas de milhares a 2 milhões. Apesar texto, acredito que o interesse no modelo do espe-
disso, foi freqüentemente anunciada a morte da lín- ranto está crescendo”. Enquanto sua meta de se tor-
gua, que soa como uma mistura de espanhol, latim nar uma segunda língua universal parece ainda estar
e um pouco de alemão. Mas os esperantistas for- bem longe, uma cultura pequena mas promissora

mam um grupo entusiasmado e determinado que desenvolveu-se em torno da língua. Existe música
mantém sua língua viva. em esperanto, livros e até mesmo o que poderia ser
chamado de literatura, reconhecida oficialmente pe-
lo grupo de escritores do PEN Clube.1
O esperanto, não obstante o contradigam muitas Em breve, os britânicos estarão expostos como nun-
vozes não tão bem esclarecidas, é uma língua viva ca à língua. A empresa Littlewoods Direct está usan-
através da qual se expressa a vasta coletividade que a do esperanto num de seus anúncios de roupas na te-
possui, que a usa, que a faz desenvolver-se, coletivi- levisão. “Sabemos que a maioria das pessoas que as-
dade que, por ser legitimamente internacional, tem sistirão ao comercial não compreenderá o que está
no esperanto o veículo adequado à manifestação de sendo dito, mas a língua é tão bonita e elegante quan-
sua cultura internacional. E o sentimento de pertinên- to nossas roupas”, explicou o diretor de merchandi-

cia à Humanidade, dado pelo esperanto, em nada con- sing David Inglis, informando também que, para uma
flita com os laços que prendem os homens às suas res- melhor compreensão, foram acrescentadas legen-
pectivas culturas nacionais e regionais. É por esta das.
razão, entre outras, que o esperanto reune as condições

para ser a futura língua internacional de um mundo
em vias de ingressar na fase universalista de evolução. O esperanto se apresenta ao mundo como instru-
mento concreto para a realização de um direito hu-
mano fundamental, como claramente explicitado no
“[...] na década de 1920, o inglês começou a aumen- Artigo II da Declaração Universal dos Direitos Hu-
tar a sua influência e a França tornou-se extrema- manos, adotada e proclamada por resolução da As-
mente sensível quando se tratava de questões lin- sembléia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezem-
güísticas”, disse Detlev Blanke, lingüista e pensador bro de 1948, o qual reza:
de esperanto de Berlim.
[...] Mas esperantistas e lingüistas como Blanke sen- Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e
tem que existe razão para um otimismo cauteloso as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem
quanto ao futuro da língua. “Acho que, em conexão
com uma melhor compreensão entre as pessoas, 1
N. da R.: Organização fundada em 1921, sediada em Londres,
precisamos de uma política lingüística mais demo- que congrega escritores de todo o mundo.

Setembro 2008 • Reformador 347 29


Ética e Moral Para a Cultura da Paz
ADALGIZA CAMPOS BALIEIRO

A
convivência ética é um ato normas preestabelecidas não pode de aprendizado. Esse procedi-
de opção, de liberdade e, ser aceito, daí a pena. Neste espaço mento, via de regra, mantém a pes-
conseqüentemente, de res- relacional a “pessoa” não aparece. soa num plano de ação inconscien-
ponsabilidade. Construímos espa- Aparece sua ação, que poderá ser te, pois a separa de seu fazer, o que
ços de convivência ética quando punida, se representar ameaça ao impede o surgimento do espaço
desejamos compartilhar experiên- grupo. Executamos a lei para punir reflexivo, já que seu procedimento
cias e assumimos as responsabilida- o seu transgressor. O cumprimen- é determinado pela lei, o que a
des desse compartilhamento. Esta to da lei isenta-nos da responsabi- mantém confortavelmente irres-
maneira de conviver não pode ser lidade, do prejuízo que podemos ponsável pelo que faz.
imposta por atos de convencimen- causar ao outro quando a aplica- As regras nos protegem e dar-
to racional, pois o espaço ético mos, afinal estamos apenas “cum- -lhes cumprimento é a nossa se-
não se apóia na razão ou em prindo a lei”. Quando punimos al- gurança. Proteção e
raciocínios. Muitas vezes, ficamos guém pela não observância à lei, a segurança,
confusos quando falamos de ética pessoa não é, necessariamente, res-
e moral, chegando mesmo, a ponsabilizada pelo que fez e a sua
compreendê--las num mesmo aplicação serve apenas para devol-
espaço conceitual. Embora a dife- ver, ao grupo, a tranqüilidade ne-
rença entre ambas seja tênue, são cessária a prosseguir vivendo em
significativamente diferentes seus aparente segurança. Esta maneira
âmbitos operacionais. de conduzir-se na vida impede o
Quando nos referimos ao com- aprendizado, perpetuando as re-
portamento imoral, geralmente lações de transgressões que, nor-
nos referimos ao não atendimento malmente, se consolidam e evo-
às regras, leis ou normas, acorda- luem para a agressão ostensiva.
das pelo senso comum, que orien- Observamos que, neste âmbito
tam as relações entre pessoas de relacional, as normas e leis que ofe-
um determinado grupo. Nesse ca- recem sustentação à vida do gru-
so, a referência se deve ao fato de a po estão acima das pessoas. As ex-
pessoa não obedecer às leis ou não plicações dadas aos nossos atos
cumpri-las, podendo, portanto, são cerzidas em coerências lógicas
ser punida por elas. O que se dese- de pronta aceitação. Esta forma
ja neste âmbito de relacionamentos de conviver favorece a impuni-
é a observância da lei para a garan- dade e fragiliza, considera-
tia da ordem. O desrespeito à lei ou velmente, as possibilidades

30 348 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
condições mínimas para nossa de cada grupo, pois expressam as um outro sentido, uma diferença
sobrevivência. Este tipo de com- culturas, ou seja, usos e costumes nas relações por ele conotadas.
portamento leva à obediência cega de cada povo, garantindo- Talvez a “ética” sempre tenha
e, conseqüentemente, à anulação -lhes, por seu caráter conservador, estado presente nas relações, apa-
da pessoa. As conseqüências dessa a estabilidade necessária para a recendo acanhadamente aqui e
forma de proceder diluem-se no vida do grupo. ali, no entanto, pode não ter sido
coletivo e, na maioria das vezes, a Podemos conceber, num sentida como necessária. Desde que
pessoa, sequer, toma conhecimen- mesmo espaço cultural, diferentes se instaurou a “idade da razão”, a
to das suas conseqüências e põe-se arranjos que orientam as relações ética foi deixada de lado, pois tínha-
a falar de “boas ações”, tornando- entre as pessoas. Nesse sentido, mos a orientar nossa conduta a in-
se, sistematicamente, “moralista”, encontramos a moral familiar, a falibilidade da lógica racional e da
ou seja, dá-se o direito de julgar os moral religiosa, a profissional, entre argumentação por ela sustentada.
outros sem qualquer tipo de envol- outras, todas elas válidas e impor- Mas, essa época acabou ou está
vimento com eles. tantes na sustentação dos diferentes acabando. A época da racionalida-
A moral é concebida, assim, modos de convivência que identifi- de instrumental deu seus frutos, não
como regras consensuais de condu- cam cada cultura. Nenhum deles tão bons e sazonados quanto espe-
ta, definidas a priori, conservadas é mais certo que o outro. Moisés, rávamos, pois gerou miséria, mor-
transgeracional- por exemplo, editou um código te, devastação do meio ambiente,
mente, o que moral para orientar e garantir a guerra e destruição. É nesse cenário
lhes confere conservação de uma maneira de- meio desolador que buscamos
grande estabili- sejável de convivência para o seu uma nova luz, uma pista que nos
dade. Essas re- povo. Naquela oportunidade, a oriente. Penso que se não tivésse-
gras variam aceitação e cumprimento das leis mos errado o rumo, nossa história

em função residiam no fato de elas terem sido seria outra. Mas, a história só pode
concebidas e enviadas por Deus, ou ser contada depois de vivida. Essa é
seja, por alguém cuja autoridade nossa história.
jamais seria questionada, o que re- Para nós, ocidentais, a alter-
forçava o poder de Moisés sobre o nativa de mudar o rumo da
povo, imposto pelo medo das pe- nossa história talvez repouse em
nalidades ao não-cumprimento da que o fato histórico também
lei. Ainda hoje, já na pós-moderni- errou.
dade, embora dissimulados, pode-
mos identificar procedimentos da
mesma natureza. Há dois mil anos, Jesus, cuja
Ao nos referirmos ao compor- ação buscava construir novos ali-
tamento ético-moral de um povo, cerces para a instalação de um rei-
provavelmente conotamos, com no de amor, de fraternidade e, ba-
essa expressão, espaços relacio- sicamente, de igualdade, entre tan-
nais onde regras de bem viver tas outras assertivas, proclamava
construíram espaços de convivên- sua máxima “ama teu próximo
cia diferentes daqueles regidos por como a ti mesmo” e com ela trou-
leis e normas preestabelecidas. xe à cena o parceiro olvidado,
Intuímos que a simples agregação aquele a quem devemos o conheci-
do termo “ético” à “moral” sugere mento de nós mesmos, aquele de

Setembro 2008 • Reformador 349 31


que a mente egoísta julgou não mos amar. Esse é o maior de todos dos espaços relacionais em que rea-
necessitar. Organizações eminen- os aprendizados. Esse o grande lizamos nosso viver. É no emocio-
temente políticas apropriaram-se mandamento. É no exercício desse nal que surgem tanto o amigo
precocemente desse novo espaço aprendizado que podemos enten- quanto o inimigo, não na razão
de convivência sustentado pela der a ética, como resultando desse ou no racional. Essas considera-
ética emergente, desviando o rumo novo espaço de relações inaugura- ções podem ser identificadas na
de nossa possível história, e vejam do por Ele. Não se constituindo alternativa proposta por Jesus para
no que deu. Estamos quase mor- de regras impostas, mas aceitas no constituirmos espaços relacionais
rendo de tanto nos matar. Este fato âmbito de nossas relações com o de “aceitação e de respeito” em
não é trivial. outro, a ética nos torna responsá- contraposição à cultura de nega-
Todavia, o que nos trouxe veis pelo que fazemos. Somos cons- ção em que vivemos. A convivência
Jesus que, de repente, dividiu a cientes, pois nesse espaço de con- ética é uma forma de conviver no
História em antes e depois dele? vivência podemos refletir e pensar amor. Esta é a proposta até agora
Jesus instituiu “o outro” nas sobre as conseqüências de nossos olvidada. Sua aceitação se respon-
relações humanas. E, quando apa- atos. Sem reflexão não há responsa- sabilizará por mudanças estrutu-
rece “o outro”, com os mesmos bilidade. É disso que a ética nos fa- rais que configurarão novas formas
direitos e deveres de qualquer um, la. de conviver, ajudando-nos a erra-
surge o espaço ético nas relações. Jesus, ao instituir o espaço dicar o egoísmo, decorrente de
A ética não se sustenta por leis ético nas relações humanas, não uma estrutura mental em que o ou-
impostas, mas simplesmente pela se referiu a poucos entre muitos, tro não é considerado.
aceitação do outro em sua plena mas a uma nova forma de convi- A ética do amor expande, con-
legitimidade. Esse fato desencadeia vência que deveria ser comparti- sideravelmente, o espaço relacio-
uma dinâmica corporal que recon- lhada por todos os humanos, nal, pois não se limita às particu-
figura nosso âmbito relacional, independentemente da cultura. O laridades de uma cultura. Ela ins-
evidenciando nossa natureza Mestre nos falou de “uma manei- titui, por assim dizer, uma “cultu-
emocional. Porquanto tenhamos ra de conviver” no respeito e na ra” capaz de acolher as inúmeras
sido ensinados, ao longo de nossas aceitação do outro, ou seja, falou- diferenças, pelo exercício do res-
vidas, que somos seres racionais, nos da convivência no amor, espaço peito e aceitação de todas. As dife-
temos dificuldade em assumir nos- legítimo da convivência ética. A rentes maneiras de viver são regi-
sas emoções, desconhecendo o fato ética, concebida como “uma ma- das pela moral de cada povo, ou
de que são elas as responsáveis pela neira de viver no respeito e aceita- agrupamentos humanos. Todas
imensa gama de variações de nos- ção do outro”, instala as bases da legítimas, podendo, no entanto,
sa conduta. Nós, seres humanos, convivência democrática. Jesus nos ser ou não, éticas.
não somos só seres racionais, somos, falou de justiça, exortando a soli- A ética do amor precede, em
irredutivelmente, seres emocio- dariedade, pois onde há carência sua natureza, a moral, porquanto
nais. Nossa conduta se explica não não existe ética. A forma de convi- resguarda a vida, garantindo-lhe
pela razão, mas pela emoção. A vência orientada pela ética, pro- recursos de conservação e preva-
emoção que nos constitui, biolo- posta por Jesus, é sustentada pelo lência. Quando falamos de ética
gicamente, é o amor, concebido amor, fundamento da vida hu- na política, na religião, na econo-
como aceitação e respeito, que mana, e que nela está presente em mia, nas relações internacionais,
aprendemos a ter por nós mesmos, qualquer situação. orientamo-nos pelo bem geral,
e que, ao longo de nossas experiên- As relações humanas acontecem recomendando a conservação, na
cias, transferimos ao outro, o qual é sempre a partir de uma base emo- convivência, de elementos consti-
o nosso “próximo” a quem deve- cional, responsável pela natureza tutivos de nossa espécie e que, por-

32 350 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
Cristianismo Redivivo
História da Era Apostólica
A crucificação de Jesus
“Para quem está familiarizado com a história antiga, não deve ser motivo
de perturbação o fato de que as principais datas na vida de Jesus sejam
apenas aproximadas. [...]”1

HAROLDO DUTRA DIAS

O
s dados cronológicos mais rar que os Evangelistas organiza- mento se deu no outono/inverno
importantes da vida de Je- ram o material da tradição (oral do ano 5 a.C.,2 é possível estabe-
sus encontram-se nas nar- e/ou escrita) de acordo com um lecer que sua missão pública en-
rativas da infância (Mateus, 2; Lu- propósito redacional. Compila- tre os homens desenvolveu-se entre
cas, 1:5, 2:1-40) e nas da Paixão ram e organizaram as narrativas os anos 25 e 45 d.C. O intervalo é
(Mateus, 26-27; Marcos, 14-15; sem se preocuparem com a or- excessivamente extenso, e pode
Lucas, 21-23; João, 13-19). Outros dem histórica dos acontecimen- ser reduzido com base em outros
dados relevantes podem ser encon- tos. dados.
trados nos Evangelhos de Lucas e Assim, em se tratando de cro- Jesus foi crucificado quando
João (Lc., 3:1-2 e 23; Jo., 2:20). nologia do Cristianismo Nascen- Pôncio Pilatos era procurador da
Os historiadores do Cristianis- te, por vezes, é preciso contentar- Judéia (TÁCITO, Anais, XV, 44;
mo, porém, chamam a atenção pa- se com o estabelecimento de in- FLÁVIO JOSEFO, Antiguidades
ra o fato de que os Evangelhos não tervalos temporais, dentro dos Judaicas, XVIII, 63; Relato dos
são essencialmente obras de his- quais há maior probabilidade de evangelistas), ou seja, entre 26 e 36
tória, no sentido atual da palavra. ocorrência de determinado fato. d.C. Já conseguimos uma consi-
Os Evangelistas não pretendiam As limitações das fontes históricas derável redução no intervalo.
produzir uma biografia comple- disponíveis justificam essa situa- João Batista iniciou seu minis-
ta ou mesmo um sumário da vida ção. tério no ano décimo quinto de Ti-
de Jesus. Ao contrário, escreve- Seguindo o relato dos Evange- bério César (Lucas, 3:1). Levan-
ram com a finalidade de transmi- listas, entre o nascimento de Je-
tir o ensino do Mestre, os fatos sus e o início de seu ministério
3
principais da sua vida, de modo a público, houve um período de Alguns pesquisadores consideram, para
legar à posteridade o testemunho “cerca de trinta anos” (Lucas, contagem dos quinze anos, o período em
que Tibério César se tornou co-regente de
da fé. 3:23).
Augusto, ao passo que outros recusam esse
Nesse sentido, é justo conside- Considerando que seu nasci- método de contagem asseverando que de-
ve ser contabilizado apenas o período em
que ele regeu sozinho, após a morte do im-
1 2
MEIER, John P. Um judeu marginal: Consultar o artigo intitulado perador. Visto que Augusto faleceu em 19
repensando o Jesus histórico. 3. ed. Rio de “Nascimento de Jesus”, publicado na de agosto de 14 d.C., a contagem deveria se
Janeiro: Imago, 1993. p. 367. revista Reformador, de junho de 2008, p. iniciar após essa data.

Setembro 2008 • Reformador 351 33


do-se em conta as divergências na ajuda da astronomia, é o de de- pesquisa histórica, pode-se afir-
fixação desta data,3 tal fato ocor- terminar em qual dos anos 26- mar que a crucificação ocorreu
reu entre os anos 27 e 29 d.C. -36 d.C. é que 14 e 15 de Nisã no dia 7 de abril do ano 30 d.C.
Jesus, por sua vez, deu início caíram numa sexta-feira. Mas, ou no dia 3 de abril do ano 33
ao seu ministério público após visto que nos tempos neotesta- d.C.
João Batista ter iniciado o seu. mentários o mês judaico era lu- A opção por qualquer dessas
Computando-se um período ra- nar, e o tempo de seu início era datas não isenta o pesquisador
zoável de duração do ministério marcado pela observação da lua de responder a objeções funda-
do Cristo, o ano da sua morte, nova, esse problema é basica- das. É nesse ponto da pesquisa
na opinião da maioria dos pes- mente o de resolver quando a que julgamos conveniente con-
quisadores, deve se situar entre lua nova se tornou visível. Estu- jugar esforço humano e revela-
os anos 29 e 34 d.C. Nesta, hou- dando esse problema, Fothe- ção espiritual, numa operação
ve uma redução drástica daquele ringham e Schoch chegaram chamada por Allan Kardec de “fé
intervalo temporal inicialmente cada qual a uma só fórmula raciocinada”.
proposto. mediante cuja aplicação desco- Nesse sentido, dois textos en-
Sobre isso, julgamos oportuna briram que 15 de Nisã caiu nu- contrados na obra psicográfica
a transcrição de pequeno trecho ma sexta-feira somente no ano de Francisco Cândido Xavier
sobre a crucificação encontrado 27 d.C., e que 14 de Nisã caiu chamam nossa atenção:
em famoso dicionário bíblico: numa sexta-feira somente nos
anos 30 e 33. Visto que o ano de Nos primeiros dias do ano 30,
[...] Dentre as tentativas feitas 27 como ano da crucificação antes de suas gloriosas mani-
para determinar o ano da cruci- está fora de questão, a escolha festações, avistou-se Jesus com
ficação, a mais frutífera tem si- recai entre os anos 30 d.C. (7 de
do feita com a ajuda da astro- abril) e 33 d.C. (3 de abril). 5
XAVIER, Francisco Cândido. Boa nova.
nomia. De conformidade com [...].4 (Grifo nosso.)
Pelo Espírito Humberto de Campos. 3. ed.
todos os quatro evangelhos, a especial. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap.
crucificação teve lugar numa Portanto, usando todos os re-
sexta-feira; mas enquanto que cursos e métodos da moderna
nos sinóticos essa sexta-feira é
15 de Nisã, em João é 14 de Ni- 4
DOUGLAS, J. D. O novo dicionário da bí-
sã. Portanto, o problema que blia. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 2006. p.
tem que ser solucionado com a

34 352 Reformador • Setembro 2008


O livro
o Batista, no deserto triste da
Judéia, não muito longe das
areias ardentes da Arábia [...].5
Aproximava-se a Páscoa no ano

do espírito
33. Numerosos amigos de Pú-
blio haviam aconselhado a sua
volta temporária a Jerusalém, a
fim de intensificar os serviços
da procura do filhinho, no cur-
so das festividades que concen- PAULO NUNES BATISTA
travam, na época, as maiores

H
multidões da Palestina [...]. á o livro de espírito, que ríodo. Cada mês é um capítulo.
.................................................... encerra graça, chiste, hu- Cada ano é um volume...
[...] De uma sala contígua ao mor. Se quiseres, e és livre para
seu gabinete, notou que Públio Conhecemos diversos livros isso, podes fazer do teu livro do
atendia a numerosas pessoas de Espíritos, ou seja, dados, me- espírito um mero livro de espí-
que o procuravam particular- diunicamente, por Espíritos de- rito, que será pouco mais que
mente, em atitude discreta; e o sencarnados, via psicografia. uma piada.
interessante é que, segundo as Existe O Livro dos Espíritos, Se desejares, podes ler livros
suas observações, todos expu- base da Codificação Kardequia- de Espíritos, ditados a médiuns
nham ao senador o mesmo as- na, composto com perguntas por seres humanos que aqui dei-
sunto, isto é, a prisão inespera- formuladas por Allan Kardec e xaram o corpo físico.
da de Jesus Nazareno – aconte- comentários deste às respostas Mas, se preferires, podes
cimento que desviara todas as dadas pelos Espíritos, através de estudar O Livro dos Espíritos.
atenções das festividades da médiuns. Nele, aprenderás muito sobre a
Páscoa, tal o interesse desper- Mas, além desses, talvez o verdade do mundo espiritual.
tado pelos feitos do Mestre, em mais importante de todos seja Todavia, só o teu livro do es-
todos os espíritos. [...]6 o livro do espírito. Se não nos pírito, que estás escrevendo, é
enganamos, Emmanuel, por que decidirá sobre ti mesmo,
Assim, consoante a revelação Chico Xavier, tem uma página porque é o livro de tua vida. Se
espiritual, pelas mãos do respei- antológica sobre tal “livro”. Co- o souberes compor com letras
tável médium Francisco Cândi- meça mais ou menos assim: de Luz e sílabas de Amor, pala-
do Xavier, Jesus iniciou seu mi- “Tua vida é um livro que vras de Fé e frases de Esperança,
nistério no ano 30 d.C. e foi cru- estás escrevendo...” sentenças de Paz e períodos de
Sobre este último tema, tece- Eqüidade em capítulos de Ver-
6 mos as seguintes considerações: dade e volumes de Sabedoria,
XAVIER, Francisco Cândido. Há dois mil
anos. Pelo Espírito Emmanuel. 48. ed. Rio Que livro te poderá interessar estarás construindo o reino de
de Janeiro: FEB, 2007. Primeira Parte, cap. mais que tua própria existência? Deus dentro de ti, único céu pa-
VIII, p. 144, 147 e 148. No livro de tua vida, cada se- ra onde vale a pena ir.
7
A festa da Páscoa começa no crepúsculo gundo é uma letra. Cada minu- Pensa, pois, e escolhe e deci-
da sexta-feira (14 de Nisã), ou seja, no iní- to é uma sílaba. Cada hora é de, que livro preferes ler, estu-
cio do sábado (15 de Nisã), uma vez que os
uma palavra. Cada dia é uma dar, entender, viver. Tua vida, é
judeus contavam o dia a partir das dezoito
horas. Essa festa durava uma semana, fin- frase. Cada semana é uma sen- um livro que ainda estás escre-
dando no sábado seguinte (22 de Nisã). tença. Cada quinzena é um pe- vendo.

Setembro 2008 • Reformador 353 35


Sacrifício
pelo próximo
UMBERTO FERREIRA

D
urante reunião realizada
no mundo espiritual, um
jovem desencarnado deu
testemunho de importante expe-
riência que teve em duas encar-
nações. Na anterior, conviveu
com colegas que enveredaram
pelo caminho das drogas e outros
comportamentos em desacordo
com as leis morais e os costumes
sociais.
Ele não aprovava tal comporta-
mento, mas não conseguiu in-
fluenciá-los no sentido de muda-
rem os rumos da própria vida.
Querendo mais uma vez aju-
dar os jovens que agiam dessa namento cordial. aqueles jovens não eram recepti-
maneira, preparou-se para nova Certo dia, um jovem perten- vos a qualquer tipo de pondera-
encarnação e programou convi- cente a esse grupo solicitou pe- ção e somente acontecimentos
ver com eles. queno desconto, além do autori- que os chocassem poderiam des-
Moço ainda, e pobre, conse- zado. Ele explicou que não podia pertá-los para refletirem sobre
guiu emprego numa lanchonete. concedê-lo. Com o estado de os valores mais elevados da vida.
Entre as pessoas que a freqüen- consciência alterado pelos esti- O fato levou uma parcela consi-
tavam havia muitos jovens que mulantes que costumava ingerir, derável desse grupo a meditar so-
escolheram esse caminho turbu- o moço teve uma reação violen- bre o comportamento que cos-
lento, cheio de vícios, vida notur- ta, agredindo-o. Como conse- tumava adotar.
na abusiva, conduta sexual ina- qüência dos ferimentos, veio a Esclareceu que, como a finali-
dequada, música agitada e alta, desencarnar. dade daquela encarnação foi cola-
roupas e maquiagem exageradas... Nos comentários que se segui- borar pela melhoria espiritual dos
Mantinha com todos relacio- ram ao seu relato, explicou que jovens, a violência que sofreu não

36 354 Reformador • Setembro 2008


teve o objetivo de resgatar débitos. roupas e penteados exóticos.

Pela sua conduta e modo de
vida, freqüentemente sofrem a À primeira vista, as doenças
O número de jovens que ado- influência dos Espíritos inferio- mais sérias e os acontecimentos
tam tais comportamentos tem au- res, que lhes estimulam o com- que provocam sofrimentos maio-
mentado. Nem todos se envolvem portamento inadequado, extra- res, e que não resultam de impre-
da mesma maneira: uns participam vagante. vidência, são expiatórios; toda-
apenas por divertimento; outros Os que não mudam a direção via, todos gozamos do livre-ar-
praticam todo tipo de excesso, sem da própria vida, a tempo, che- bítrio de sacrificarmo-nos pelo
valorizar a própria vida e a saúde. gam ao mundo dos Espíritos em bem do próximo. Foi o que fez
De quando em quando, surge situação muito difícil; quanto Jesus. Como Espírito puro, Ele não
uma nova moda; os nomes va- mais excessos cometem, pior a tinha débitos a resgatar; o seu
riam, todavia, há muitos pontos sua condição. sofrimento teve, por objetivo, des-
comuns. Conscientes do mal que esses pertar a Humanidade para os val-
O hábito de ouvir música ex- jovens fazem a si mesmos, Espí- ores morais e impulsionar-lhe o
cessivamente alta tem afetado ritos caridosos, como o do pre- progresso espiritual.
a audição; o abuso de álcool e o sente relato, não hesitam em sa- Ao longo dos séculos, Espíritos
consumo de drogas têm causa- crificar-se a fim de ajudá-los. têm reencarnado, na condição de
do desequilíbrios vários, enfer- Para males tão preocupantes mães ou outro grau de parentes-
midades físicas, transtornos men- como esses, o grande remédio é a co, dispostos a sacrificarem-se,
tais; episódios de irritabilidade e educação fundamentada no Evan- com a finalidade de ajudar algum
violência não são incomuns; cri- gelho; grande contribuição pode ente querido nas suas provas e ex-
mes têm sido cometidos; prática dar o Espiritismo com os ensina- piações; da mesma forma, out-
sexual liberal – precoce ou pro- mentos dos Espíritos, que nos ros têm vindo à Terra, com o
míscua –, sem a devida respon- fornecem os elementos para sacrifício de si mesmos, para
sabilidade, tem gerado graves compreendermos a importância auxiliar determinadas
conseqüências, entre elas as da encarnação e do aproveita- coletividades.
doenças sexualmente transmis- mento do tempo na Terra. Es- Grandes vantagens
síveis, gravidez não planejada e truturar bem a família e dar for- tiram os Espíritos
abortos lamentáveis. mação religiosa segura para as que se sacrificam,
Há jovens que se comportam crianças e jovens – o Evangelho porque impul-
de maneira muito extrava- no lar e a evangelização no Cen- sionam sua
gante, chegando a chocar tro Espírita, entre outras medi- evolução
algumas pessoas e cri- das – são recursos

indispensá- espiritual e
anças com suas veis. a u mentam

Setembro 2008 • Reformador 355 37


Conselho Federativo Nacional

Reunião da Comissão
Regional Centro
A Reunião da Comissão Regional Centro, em seu vigésimo segundo ano,
desenvolveu-se nos dias 20, 21 e 22 de junho de 2008, na sede
da União Espírita Mineira, em Belo Horizonte

Mesa de Abertura: saudação do presidente Nestor Masotti

ocorre coincidindo com o cente- Leontina Andrade Ribeiro (Fe-


Sessão de Abertura nário de fundação da União Es- deração Espírita do Estado de
pírita Mineira. Mato Grosso); Maria Túlia Ber-
No dia 20, às oito horas, ocor- O coordenador da Reunião toni (Federação Espírita de Mato
reu a Sessão de Abertura, inicia- apresentou a equipe da FEB e Grosso do Sul); Marival Veloso
da pelo coordenador das Comis- convidou os presidentes das Fe- de Matos (União Espírita Minei-
sões Regionais, Antonio Cesar derativas a apresentarem suas ra); Leila Ramos (Federação Es-
Perri de Carvalho, sendo a prece equipes. A reunião contou com a pírita do Estado do Tocantins).
proferida pela presidente da Fe- participação das sete Entidades Em seguida, foi proferida pa-
deração Espírita do Estado do Federativas Estaduais da Região: lestra sobre o tema “150 Anos de
Espírito Santo, Maria Lúcia Re- César de Jesus Moutinho (Fede- Revista Espírita e do 1o Centro
sende Dias Faria. Seguiram-se as ração Espírita do Distrito Fede- Espírita do Mundo”, por An-
saudações do presidente da FEB, ral); Maria Lúcia Resende Dias tonio Cesar Perri de Carvalho.
Nestor João Masotti, e do presi- Faria (Federação Espírita do Es-
dente da União Espírita Mineira, tado do Espírito Santo); Aston Reunião dos Dirigentes
Marival Veloso de Matos. Foi Brian Leão (Federação Espírita
destacado que esta Reunião do Estado de Goiás); Luiza Ocorreu durante o sábado,

38 356 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
Participantes da Sessão de Abertura

dia 21. A direção dos trabalhos bre: andamento de comemora- ram recebidas sugestões para o
coube ao coordenador das Co- ções dos Sesquicentenários da 3o Congresso Espírita Brasileiro,
missões Regionais, com a parti- Revista Espírita, e da Sociedade programado para 14 a 18 de abril
cipação do secretário da Comis- Parisiense de Estudos Espíritas, e de 2010. Decidiu-se que o tema
são Regional Centro, Aston dos 140 anos de A Gênese; a im- para a Reunião dos Dirigentes
Brian Leão, do presidente da plementação do “Plano de Tra- em 2009 será “Plano de Traba-
FEB, Nestor João Masotti, do vi- balho para o Movimento Espíri- lho: desenvolvimento e resulta-
ce-presidente da FEB Altivo Fer- ta Brasileiro (2007-2012)”; o dos junto aos Centros Espíritas”,
reira, e de Roberto Fuina Versia- curso de Capacitação Adminis- e que a próxima Reunião será em
ni, integrante da equipe da Se- trativa de Dirigentes Espíritas; as Brasília (DF), nos dias 15, 16 e
c r e t a r i a - Campanhas Família, Vida e Paz, 17 de maio de 2009.
-Geral do CFN. com destaque para a Mobiliza-
Os dirigentes das Federativas ção Nacional Em Defesa da Vida Reuniões Setoriais
trataram do tema: “Principais – Brasil Sem Aborto. Informou-
necessidades e dificuldades para -se acerca do andamento das pro- Simultaneamente, realizaram-
a estruturação e implantação do vidências da Comissão de Estu- -se as reuniões das Áreas especia-
Plano de Trabalho pelas Federa- dos sobre a Arte Espírita (consti- lizadas, todas elas com a partici-
tivas”. Foram relatadas ações so- tuída pelo CFN), e também fo- pação de trabalhadores dos Esta-
dos da Região: Atendimen-
to Espiritual no Centro Es-
pírita, Atividade Mediúni-
ca, Comunicação Social Es-
pírita, Estudo Sistemati-
zado da Doutrina Espírita,
Infância e Juventude, e Ser-
viço de Assistência e Pro-
moção Social Espírita.

Sessão Plenária
Ao final, na manhã de
domingo, houve uma reu-
Aspecto da Reunião dos Dirigentes nião plenária desenvolvida

Setembro 2008 • Reformador 357 39


como mesa-redonda, dirigida
pelo coordenador das Comissões
Regionais, com a participação do
secretário da Comissão Regional
Centro, Aston Brian Leão, do
presidente e do vice-presidente
da FEB, já citados, e dos presi-
dentes das Federativas. O secre-
tário da Comissão Regional e os
coordenadores de Áreas das Co-
missões Regionais do CFN fize-
Área da Atividade Mediúnica
ram uma apresentação sintética
acerca do tema discutido e in- Reunião da Área da Atividade mento da Reunião Mediúnica”.
dicaram o tema para a próxima Mediúnica, coordenada por Mar- Reunião da Área da Comuni-
reunião, seguindo-se a participa- ta Antunes de Oliveira Moura, cação Social Espírita, coordenada
com assesso- por Merhy Seba, com assessoria
ria de Edna de Ivana Leal Raisky. Assunto da
Maria Fabro. reunião: “Elaboração do Manual
Assunto da de Comunicação Social Espírita:
r e u n i ã o : análise das contribuições”. Tema
“Elaboração para a próxima reunião: “Con-
de um rotei- tribuição da Área de Comunica-
ro sobre A ção Social Espírita ao Plano de
Prática Me- Trabalho para o Movimento Es-
diúnica”. Te- pírita, no que se refere às Dire-
ma para a trizes e Ação”. Informou-se so-
próxima reu- bre o 1o Encontro Nacional de
nião: “Resul- Comunicação Social Espírita,
Área do Atendimento Espiritual
tados da Di- programado para o período de
ção do Plenário com diversas vulgação e Aplicação do Docu- 11 a 13 de julho de 2008, em
manifestações. Eis os relatos dos mento Organização e Funciona- Goiânia.
trabalhos realizados nas seguin-
tes reuniões setoriais: Área da Comunicação Social Espírita

Reunião da Área do Atendi-


mento Espiritual no Centro Espí-
rita, coordenada por Maria Euny
Herrera Masotti, com assessoria
de Virgínia Roriz. Assunto da
reunião: “Sistematização das ati-
vidades da Área Espiritual”. Te-
ma para a próxima reunião:
“Sistematização da visita frater-
na e da convivência fraterna”.

40 358 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
Reunião da Área do Serviço de
Assistência e Promoção Social Es-
pírita, coordenada por José Car-
los da Silva Silveira, com asses-
soria de Maria de Lourdes Perei-
ra de Oliveira. Assunto da reu-
nião: “Os resultados, na área do
SAPSE, da execução do Plano de
Trabalho para o Movimento Es-
pírita Brasileiro”. Tema para a
próxima reunião: “Apresen-
Área do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita
tação de resultados, na Área do
Reunião da Área do Estudo Sis- gramado para o período de 25 a SAPSE, do ‘Plano de Trabalho
tematizado da Doutrina Espírita, 27 de julho de 2008, na sede da para o Movimento Espírita Bra-
coordenada por Élzio Cornélio, FEB, em Brasília. sileiro’, em especial a Capacita-
representante da coordenadora Reunião da
da Área, a vice-presidente Cecí- Área da
lia Rocha. Assunto da reunião: Infância e Ju-
“Rever as conclusões do II En- ventude,
contro Nacional de Coordena- coordenada
dores do ESDE; estabelecer os por Rute Ri-
conteúdos para o III Encontro beiro, com
Nacional de Coordenadores do assessoria de
ESDE, previsto para julho de Cirne Ferrei-
2008; continuar com o censo es- ra. Assunto
tatístico”. Tema para a próxima da reunião:
reunião: “Elaboração de um Pla- “Juventude
no de Ação do ESDE Federati- Espírita”. Te-
Área do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita
vo”. Prestou-se informação so- ma para a
bre o III Encontro Nacional de próxima reunião: “Juventude ção do Trabalhador do Centro
Coordenadores do ESDE, pro- Espírita”. Espírita e levantamento de da-
dos para diagnóstico visando o
Área da Infância e Juventude Encontro Nacional que ocorrerá
em julho de 2010”.
Sessão de Encerramento
Finalizando os trabalhos, ocor-
reram manifestações de despedi-
da dos presidentes das Entidades
Federativas Estaduais, do secretá-
rio da Comissão Regional Centro,
do coordenador das Comissões
Regionais e do presidente da FEB.
O presidente da União Espírita Mi-

Setembro 2008 • Reformador 359 41


Seara Espírita

AME-SP: A Defesa da Vida no dia 2 de agosto de 1888, considerado o terceiro


A Associação Médico-Espírita de São Paulo pro- mais antigo do Brasil, comemorou seus 120 anos de
moveu uma série de seminários que abordaram a existência e profícua atividade, com uma série de
relação entre a ciência e a espiritualidade, tendo palestras, no período de 2 a 30 de agosto.
como tema central “A defesa da vida desde o iní-
cio e a questão dos anencéfalos”. No dia 9 de Filme sobre Divaldo Franco
agosto, houve seminário nas dependências do Age “Divaldo Franco – Humanista e Médium Espírita” é
Seniors Center, em São Paulo, com a atuação de o nome do filme dirigido por Oceano Vieira de
Décio Iandoli Jr., Durval Rezende Filho, Irvênia Melo, cujo lançamento direto, em DVD, ocorreu na
Prada e Marlene Rossi Severino Nobre. Informa- sede histórica da Federação Espírita Brasileira
ções: eventos@amesaopaulo.org.br (Avenida Passos, 30, Rio de Janeiro), em 27 de
junho. O filme aborda aspectos da vida e das ativida-
Distrito Federal: Seminário sobre Células- des mediúnicas e doutrinárias de Divaldo no Brasil e
-Tronco no Exterior, e tem a duração de 85 minutos e mais de
No dia 3 de agosto, a Federação Espírita do Distrito 205 minutos de extras (dados históricos de interesse
Federal promoveu na sua sede, em Brasília, o Semi- para o Movimento Espírita).
nário Em Defesa da Vida, sobre o tema “Células-
-Tronco Embrionárias. Visão Jurídica, Científica e Associação Jurídico-Espírita
Espírita”. Atuaram como expositores: Claúdio A recém-fundada Associação Jurídico-Espírita do
Fonteles, subprocurador-geral da República; Lenise Estado de São Paulo aprovou, no dia 14 de junho,
Garcia, presidente do Movimento Nacional da Cida- o Estatuto Social e elegeu a primeira Diretoria
dania – Brasil Sem Aborto; Fabíola Zanetti, presi- Executiva e os Conselhos Deliberativo e Fiscal. As
dente da Associação Médico-Espírita do Distrito duas assembléias foram realizadas na sede da
Federal. Informações: fedf@fedf.org.br União das Sociedades Espíritas do Estado de São
Paulo (USE), que será a sede provisória da novel
Tocantins: Jornada Federativa entidade, a qual já promoveu o Seminário Em
A cidade de Palmas sediou a Jornada Federativa da Defesa da Vida e publicou matérias sobre o
Região Centro, promovida pela Federação Espírita assunto em jornais leigos de grande circulação.
do Estado do Tocantins, em sua sede, nos dias 2 e Informações: ajesaopaulo@com.br
3 de agosto. Participaram do evento os representantes
de centros espíritas das cidades de Palmas, Paraíso, São Paulo: 38a Semana Regional Espírita
Porto Nacional e Miracema, para a troca de expe- A USE Regional de Franca (Órgão da União das So-
riências, característica básica dessas reuniões ordiná- ciedades Espíritas do Estado de São Paulo), promo-
rias, semelhantes às das Comissões Regionais do veu de 19 a 25 de julho a 38a Semana Regional Espí-
CFN. Atuaram como convidados Roberto Fuina rita. A “Semana” foi realizada simultaneamente em
Versiani e Edimilson Nogueira, da equipe da 16 cidades da região, incluindo algumas em centros
Secretaria--Geral do Conselho Federativo Nacional espíritas de fazendas da zona rural. Aproximada-
da FEB. mente 30 expositores da USE visitaram os centros
Casa Espírita centenária espíritas para trocar experiências entre os partici-
O Centro Espírita João Batista, fundado em pantes e fizeram mais de 100 palestras sobre vários
Amparo, Nova Friburgo (RJ), por Hortência Gripp, assuntos. Informações: usefranca@usefranca.org.br

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