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R$ 5,00
O Índice Geral da
Revista Espírita é uma
obra prática e muito
útil; nela o leitor busca
a palavra ou a expressão
que lhe interessa,
encontra os dados a seu
respeito e passa a
conhecer o pensamento
de Allan Kardec e de
seus contemporâneos
sobre o assunto.
Formato: 14x21
Páginas: 584
Direção e Redação:
12 Relacionamentos espirituais – Joanna de Ângelis
Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN)
70830-030 • Brasília (DF)
16 Rimas da Fraternidade – Cármen Cinira
Tel.: (61) 2101-6150
FAX: (61) 3322-0523
18 Temperamento – Richard Simonetti
Departamento Editorial e Gráfico:
Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040
Visitas espíritas entre pessoas vivas –
Rio de Janeiro (RJ) • Brasil
Tel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298
22 Christiano Torchi
E-mail: redacao.reformador@febrasil.org.br
23 Os 140 anos de Cairbar Schutel – Orson Peter Carrara
Home page: http://www.febnet.org.br
E-mail: feb@febrasil.org.br
24 A crucificação – Olavo Bilac
25 1o Encontro Nacional de Comunicação Social Espírita
PARA O BRASIL
Assinatura anual R$ 39,00 Em dia com o Espiritismo – A Teoria de Tudo –
Número avulso R$ 5,00
PARA O EXTERIOR 30 Marta Antunes Moura
Assinatura anual US$ 35,00
Ética e Moral – Para a Cultura da Paz –
Assinatura de Reformador:
Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274 33 Adalgiza Campos Balieiro
E-mail:
assinaturas.reformador@febrasil.org.br Cristianismo Redivivo – História da Era Apostólica –
Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA 35 A crucificação de Jesus – Haroldo Dutra Dias
Capa: AGADYR TORRES PEREIRA 36 O livro do espírito – Paulo Nunes Batista
Editorial
A comunicação
dos Espíritos
“[...] do meu espírito derramarei sobre toda carne; os vossos filhos
e as vossas filhas profetizarão, vossos mancebos terão visões
e os vossos velhos sonharão sonhos.”
– (Atos, 2:17.)
A
comunicação dos Espíritos com os homens sempre existiu. Os antropólo-
gos, com base em suas pesquisas, esclarecem que as religiões primitivas
surgiram do forte convívio dos homens com os Espíritos dos seus ances-
trais.
As revelações dos Espíritos superiores, trazidas ao mundo no seu devido tempo,
vêm contribuindo eficazmente para a evolução da Humanidade.
O Mosaísmo, que revelou os Dez Mandamentos da Lei de Deus, começou a surgir
com a manifestação de um Espírito através da “sarça ardente”, convocando Moisés
para ir ao Egito libertar o povo hebreu da escravidão.
O Cristianismo, por sua vez, começou a existir com a manifestação do Anjo
Gabriel anunciando a Maria de Nazaré que ela estava destinada a ser a mãe de
Jesus Cristo.
O Espiritismo iniciou a sua existência através do fenômeno mediúnico das mesas
girantes – utilizadas como instrumento de comunicação dos Espíritos com os
homens –, e teve a sua prática estudada, aplicada e continuada mediante diversas
formas, tais como: a psicografia, a psicofonia, a vidência, a materialização e outras.
O Espiritismo ensejou um contato mais consciente com a mediunidade, e pas-
sou-se a conhecer melhor esse fenômeno, regido pela lei de afinidade: relacionamo-
-nos e convivemos, consciente ou inconscientemente, com os Espíritos afinados
com os nossos pensamentos, sentimentos, ações e comportamentos.
Em decorrência das leis que a regem, a mediunidade é acessível a todas as pes-
soas, independentemente de seus princípios morais, religiosos ou não. E é para
torná-la realmente útil ao aprimoramento humano que o Espiritismo orienta:
1
“Conheça o Espiritismo, uma nova era para a Humanidade”, item Prática espírita. Ed. FEB.
4 322 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
Capa
Uma
perspectiva
otimista
JUVANIR BORGES DE SOUZA
C
om a presença da Revela- inegável de todas as condições calizar.
ção Espírita, neste mundo, que caracterizam a vida na Ter- Há um progresso inegável de
há século e meio, com to- ra, apesar da diversidade das si- todas as ciências e a preocupa-
das as suas verdades claramente tuações e modos de vivência dos ção generalizada com a instru-
expostas e comprovadas, Jesus ção, em geral, para todas as ge-
cumprira sua promessa feita rações, nas escolas de diversos
quando esteve entre os homens níveis espalhadas por toda par-
de pedir ao Pai o envio de te.
outro Consolador para fi- As universidades, por
car eternamente com os sua vez, ocupam-se com
habitantes deste planeta. o ensino das ciências,
Compete a esse Con- sem exclusão dos siste-
solador reafirmar todos mas metafísicos engen-
os ensinos e exemplos drados por pensadores
deixados pelo Mestre, humanos, além dos as-
com o acréscimo de coi- suntos religiosos e filo-
sas e fatos novos, os sóficos que nunca deixa-
quais não poderiam ser ram de existir.
entendidos em todas as Todo esse complexo de
suas significações e conse- cultivo da sabedoria e do co-
qüências, pelas condições evolu- nhecimento humano é digno
tivas dos habitantes do mundo de de admiração, pelo bem que os
então, que lhes impunham difi- professores proporcionam a mi-
culdades de compreensão insu- povos, nações e indivíduos, ocor- lhões de indivíduos, em todo o
peráveis. re um fato inusitado, estranho, mundo, ensejando-lhes o cultivo
Atualmente, com o progresso inexplicável, que passamos a fo- da inteligência e da razão.
O que nos intriga nesse im- se comunicam desde tempos ime- vencê-los de que a vida do corpo
portante assunto é que, ao lado moriais, mas entre as quais, só é a única que existe e que o ser
dos conhecimentos transmitidos após as explicações convincen- termina e se torna nada com a
pelos mestres humanos sobre tes, proporcionadas pelos Espíri- morte dos elementos físicos.
tudo o que se refere à vida ma- tos superiores, através da Reve- Essa é a conclusão final das
terial, nosso mundo já dispõe de lação Espírita, tornou-se possí- doutrinas materialistas, niilistas
uma sabedoria e de experiências vel um relacionamento útil e e positivistas, espalhadas pelo
mais elevadas e transcendentes, normal, com especial proveito mundo, com influências negati-
desde os meados do século XIX, para os menos esclarecidos. É vas sobre as organizações sociais
e que se destinam à reeducação com a colaboração dos mestres, e políticas de alguns povos, in-
do homem, complementando pensadores eminentes das duas clusive da mais populosa nação
com novas informações e reali- humanidades, que os habitantes do mundo atual.
dades o que ele desconhece e do nosso mundo material têm
que são de suma importância alcançado verdades importantes
para que encontre o sentido do até então desconhecidas. As considerações acima ex-
que é a vida. Desse modo, sem desconside- postas visam demonstrar que,
Os mestres humanos, em rar os cultores da sabedoria hu- apesar da grande realidade, da
grande parte, limitados em seus mana, sempre úteis aos que que- inegável necessidade do ensino
interesses por tudo quanto é de rem alcançar melhores estágios nas escolas de todos os níveis,
natureza material, por isso mes- no desenvolvimento cultural nes- nas quais se transmitem desde os
mo são privados da plenitude te mundo, há motivos relevan- conhecimentos primários até as
das percepções e recursos que tes para se dar o apreço necessá- mais altas instruções sobre todas
estão além da vida física, não rio às informações oriundas do as ciências cultivadas no Planeta,
lhes permitindo o conhecimento plano espiritual, referentes aos os educadores, bem como os res-
do Universo invisível e de suas ensinamentos, às retificações ponsáveis pelos governos, ainda
leis. interpretativas dos desvios e er- não perceberam a enorme im-
Entretanto, desde a vinda do ros humanos sobre passagens da portância dos princípios e verda-
Consolador Prometido, repre- literatura religiosa, e, sobretu- des trazidos aos habitantes da
sentado pela Revelação Espírita, do, ao conhecimento da vida que Terra pelas nobres Inteligências
trazida pela Espiritualidade su- se desdobra nas esferas espi- dos mundos espirituais.
perior, tornou-se uma realidade rituais, após a morte do corpo Essas realidades transmitidas
o intercâmbio com o mundo in- físico. aos homens, inicialmente atra-
visível e desconhecido. Nossos pensamentos e pontos vés de um conjunto de obras or-
Para penetrar nesse mundo e de vista, num mundo profunda- ganizadas pelo missionário
conhecer as leis que o regem mente comprometido com tudo Allan Kardec, que se valeu de
torna-se imprescindível o con- o que é material, em contato médiuns especiais que recebe-
tato com seus habitantes, espe- permanente com nossos senti- ram as instruções de Espíritos
cialmente aqueles que estão dos físicos, são influências per- sábios, chegaram à Terra no
prontos a nos atender e facilitar manentes e poderosas sobre tempo oportuno escolhido pelo
nosso conhecimento de fatos e nosso ser que é, essencialmente, Governador espiritual deste pla-
situações por nós desconheci- Espírito imortal. neta, nos meados do século XIX.
dos. A ação da matéria sobre os se- Nessas obras estão expostas e
São duas humanidades, em res humanos chega ao ponto de, comprovadas verdades transcen-
condições diferentes de vida, que em milhões de indivíduos, con- dentes, até então desconhecidas
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Capa
pela Humanidade. ção da alma ocorre no instante Para a penetração nos domí-
Os princípios revelados pelos do nascimento. nios do que nos é desconhecido,
Espíritos superiores, especial- Aludimos, linhas acima, às enquanto vivemos regidos por
mente na obra básica – O Livro obras básicas da Doutrina Espí- leis de um mundo material, co-
dos Espíritos – são de tal impor- rita, o Consolador prometido e mo o nosso, precisamos de guias
tância que modificam os concei- enviado por Jesus e organizada e de pensadores eminentes dos
tos usuais adotados pelos ho- por Allan Kardec. dois planos, o material e o espiri-
mens sobre a Verdade e a Vida. Entretanto, essas obras são de tual.
Mostrando a incoerência das tal natureza, pelas verdades que O alcance das grandes verda-
doutrinas materialistas, nas suas revelam e que interessam a toda des e o conhecimento das reali-
variadas formas, retificam os des- a Humanidade, que foram des- dades que atingem a todos nós,
vios das religiões e filosofias, no dobradas em milhares de outros que vivemos transitoriamente em
que elas apresentam de incoeren- trabalhos, de caráter científico, um mundo atrasado, já se torna
te com os desígnios das leis de moral, religioso, histórico etc. possível, utilizando-se a grande
Deus e com os ensinos e exemplos por autores encarnados e por rede do ensino de todos os ní-
de Jesus, o Mestre Incomparável. mestres espirituais da razão so- veis do nosso planeta.
Demonstrando a eternidade bre-humana, portadores de uma Para tanto, há necessidade da
da vida do Espírito e as leis divi- alta sabedoria, que impressiona colaboração dos mestres dos
nas que devem ser obedecidas as inteligências mais lúcidas e dois mundos, das duas humani-
para que ele chegue à perfeição, exigentes. dades, para que se possa alcançar
indicam, com clareza, a necessi- Nós, Espíritos encarnados, te- as verdades eternas das leis divi-
dade da multiplicidade das vivên- mos nossos pensamentos e nos- nas, imutáveis, justas e perfeitas,
cias do ser espiritual em mun- sa vida limitados pelos interes- sem a interferência dos pressu-
dos materiais, com o objetivo de ses materiais. Os vôos em busca postos das religiões, filosofias
progredir e de retificar os erros do que é puramente espiritual, e ciências humanas, que não se
de outras existências. sem o auxílio dos amigos do In- coadunam com a verdade.
Esse princípio da necessidade visível, tornam-se muito difí- Os mestres do Espaço, admi-
da reencarnação demonstra, ao ceis, diante de um Universo re- tidos a colaborar com os da Ter-
mesmo tempo, a lei divina a ser- gido por leis diferentes daquelas ra, resolveriam os grandes pro-
viço da evolução e do progresso que nos dirigem, blemas da alma humana, de sua
individual e o engano das reli- criadas pelos ho- eternidade, de seu futuro e de
giões, ao ensinarem que a cria- mens. quanto lhe diz respeito, tudo se
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povos, que os conduziam para o os teus irmãos espirituais, aju- dominância da natureza animal
bem ou para o mal, orientando dando-os se estão em sofrimento em detrimento da espiritual nos
ou punindo as criaturas. ou sendo ajudado, caso necessi- seres humanos, o processo auto-
Muitas vezes assumiram a con- tes de apoio e inspiração. iluminativo que decorre da con-
dição divina, a fim de melhor in- Felizmente a sociedade alcan- quista da sabedoria é mais peno-
duzir os povos ao crescimento çou um nível cultural e ético no so, no entanto, muito mais com-
intelecto-moral com vistas à feli- qual pode compreender a reali- pensador.
cidade que a todos está reservada. dade da Vida nas duas faces de Em cada passo, conseguem-se
Na Idade Média, em razão da que se constitui entre os seres conquistas sutis e preciosas,
ignorância vigente em toda parte humanos: a física e a espiritual. dando significado psicológico à
e das superstições religiosas, pas- Sendo o berço a porta de en- existência, que a torna apeteci-
saram a ser denominados como trada no corpo, o túmulo da, digna de experien-
seres satânicos, perseguidos e representa a passagem de ciada, sem as cargas
odiados pelo obscurantismo per- saída sem que se pro- ultrajantes dos
verso e insano. duzam alterações sig- conflitos internos
Com o advento da Doutrina nificativas. nem dos proble-
Espírita adquiriram a qualidade Cada Espírito é a mas de relacio-
que lhes é inerente, na condição soma das suas realiza-
de seres em processo de cresci- ções, através das quais
mento para Deus. adquire sabedoria, am-
pliando a capacidade de
desferir vôos auda-
Diante deles, considera o pró- ciosos com as
prio comportamento, esforçan- asas do desen-
do-te moralmente para o aprimo- volvimento
ramento interior, tendo em vista intelectual e
que vieste do mundo espiritual afetivo: conhe-
para o físico com objetivos rele- cimento e
vantes, e que, ao deixares o cor- amor.
po, volverás ao Grande Lar con- O conheci-
duzindo os valores que amealha- mento é sempre
res, tanto os edificantes quanto mais fácil de ser
os perturbadores. conquistado, co-
Desse modo, não os temas mo efeito do trei-
nem os deifiques. São teus ir- namento mental,
mãos do caminho de ascensão enquanto que o sen-
que participam das tuas realiza- timento de amor exi-
ções aprendendo e renovando- ge maior esforço, em
-se continuamente. razão de ser uma luta
Conscientizando-se dessa po- interior, transformando
pulação que envolve a Terra, po- impulsos perturbadores e
derás aprimorar as tuas percep- instintos agressivos em
ções a fim de manteres contato manifestações de afeto.
mais lúcido e edificante com eles, Como ainda existe a pre-
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Entrevista E D U A R D O D O S S A N T O S
O Espiritismo
no Uruguai
Eduardo Dos Santos, presidente da Federação Espírita Uruguaia,
comenta sobre o desenvolvimento do Espiritismo em seu país
Reformador: O Movimento Espí- tuado na Avenida General Flores, si-do um terreno difícil para a se-
rita se estende por todo o Uruguai? em Montevidéu. Desde então os menteira dos conceitos espíritas.
Há quantos centros integrados à espíritas uruguaios sentiram a Sabemos também que o uruguaio
Federação? necessidade de agregar uma es- tem rechaçado dogmas religio-
Eduardo: Nosso país, o Uruguai, trutura que lhes fortalecesse a sos, exteriorizações formais, con-
tem uma superfície de 176.215 existente, permitindo um contato ceitos sem fundamentos lógicos,
km2, e é dividido em 19 departa- mais estreito e constante entre ir- em decorrência de seu agudo
mentos, mas o conhecimento da mãos de ideal com o objetivo de
Doutrina Espírita não chegou a intercambiar-se experiências,
todas as partes. Há centros espí- idéias e realizar atividades em
ritas legalmente constituídos em conjunto, mantendo também um
seis departamentos, dos quais 11 laço fraterno entre os espíritas do
são integrados à Federação. Mas mundo inteiro, como aspirava
temos notícia sobre a formação Allan Kardec. Assim, fundou-se a
de outros grupos interessados em Federação Espírita Uruguaia no
conhecer Espiritismo. dia 25 de janeiro de 1987.
12 330 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
Presença de Chico Xavier
Viagem histórica de
Chico Xavier aos EUA e Europa
ANTONIO CESAR PERRI DE CARVALHO
E
ntre junho e setembro de 1965, os médiuns dad, Newton Harrison, Srta. Maria Aparecida Gon-
Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira çalves, Srta. Hazel Morris (residente em Shereven-
empreenderam viagem aos Estados Unidos, port, Louisiania, que traduzia o livro Paulo e Estê-
Inglaterra, França, Itália, Espanha e Portugal.1 Na vão); Victor Butler, e Luís Guerrero Ovalle, um dos
oportunidade, obtiveram livros, folhetos e filma- pioneiros do Espiritismo em Miami.
gens para o acervo da Exposição Espírita Perma- Uma das realizações marcantes durante a citada
nente que então se montava na cidade de Uberaba viagem foi a fundação do Christian Spirit Center.2
(Minas Gerais, Brasil), como um departamento da O dirigente e um dos fundadores desta Instituição,
Comunhão Espírita Cristã. Salim J. Haddad, relata que “em meados de 1965,
Os médiuns permaneceram por mais tempo nos em aposento de um arranha-céu de New York,
Estados Unidos, onde visitaram nove Estados e quando visitávamos os nossos amigos Francisco
procuraram entrar em contato com os Movimen- Cândido Xavier e Dr. Waldo Vieira, surgiu a idéia
tos espíritas/espiritualistas existentes, vários deles do Christian Spirit Center, marcando sua fundação
com suas sedes chamadas “Templos Espiritualis- a passagem dos dois dedicados médiuns pelas ter-
tas”. O Acampamento Espiritualista de Silver Belle ras norte-americanas”. Em seguida, Haddad escla-
foi carinhosamente visitado pelos médiuns, onde rece que a Instituição estabelecida em Elon Colle-
constataram grande interesse pelas reuniões me- ge, North Carolina, baseia-se na experiência espíri-
diúnicas e pessoas procedentes de mais de 20 Esta- ta do Brasil e sua atividade principal consiste na
dos. No dia 26/7/1965, assinaram contrato com a tradução e distribuição de mensagens psicografa-
Philosophical Library, de New York, para a publica- das no Brasil, sendo a língua inglesa o veículo prin-
ção do livro Ideal Espírita em inglês, com o título cipal, mas também realizando para outras línguas,
The World of the Spirit. Chico Xavier e Waldo Viei- em menor escala.
ra estiveram na Biblioteca do Congresso, em Washing- No final da década de 1970, recebemos de Chico
ton; na Biblioteca Pública de New York; no local Xavier um pacote de mensagens vertidas para o
onde viveram as Irmãs Fox, cuja residência havia árabe pela citada Instituição, o que gerou um episó-
sido recentemente destruída por um incêndio; na dio muito curioso que relatamos em livro de nossa
Biblioteca da Organização das Nações Unidas autoria sobre o médium.3
(ONU), efetuando pesquisas de caráter espírita Durante a estada nos EUA, os médiuns consegui-
ligadas à estatística e à divulgação. ram obter, para a Exposição Espírita Permanente de
Entre as pessoas que mantiveram contatos mais Uberaba, cerca de 400 livros precursores de Allan
diretos com os médiuns visitantes: Salim J. Had- Kardec ou de interesse histórico para o Espiritis-
C
hristian Friedrich Samuel ra se corrigir dos defeitos em que de da cólera e persuadi-vos de que um
Hahnemann, nascido em boa vontade se compraz, ou que exi- Espírito pacífico, ainda que num cor-
10 de abril de 1755, na Sa- giriam muita perseverança para se- po bilioso, será sempre pacífico, e que
xônia, um Estado alemão, foi o rem extirpados. É assim, por exem- um Espírito violento, mesmo num
genial idealizador da Homeopa- plo, que o indivíduo, propenso a en- corpo linfático, não será brando; so-
tia, hoje reconhecida como espe- colerizar-se, quase sempre se descul- mente a violência tomará outro ca-
cialidade médica em inúmeros pa com o seu temperamento. Em vez ráter. Não dispondo de um organis-
países, inclusive no Brasil. de se confessar culpado, lança a mo próprio a lhe secundar a violência,
Suas fórmulas dinamizadas culpa ao seu organismo, acusando a cólera tornar-se-á concentrada, en-
atuam no perispírito, onde se ori- a Deus, dessa forma, de suas pró- quanto no outro caso será expansiva.
gina a maior parte dos males hu- O corpo não dá cólera àquele que
manos, conforme nos ensina a não a tem, do mesmo modo que não
Doutrina Espírita. dá os outros vícios. Todas as virtu-
Hahnemann desencarnou em 2 des e todos os vícios são inerentes ao
de julho de 1843, aos 88 anos, Espírito. A não ser assim, onde
após uma existência profícua, estariam o mérito e a responsabili-
inteiramente devotada ao bem dade? O homem deformado não
da Humanidade. pode tornar--se direito, porque o
Tão notável foi esse mis- Espírito nisso não pode atuar;
sionário da Medicina, que mas, pode modificar o que é do
conquistou a honra de partici- Espírito, quando o quer com von-
par da Codificação da Doutrina tade firme. Não vos mostra a expe-
Espírita, a partir das primeiras riência, a vós espíritas, até onde é ca-
experiências de Kardec, em 1855, paz de ir o poder da vontade, pelas
portanto apenas 12 anos após seu transformações verdadeiramente
retorno à Espiritualidade. Samuel Hahnemann miraculosas que se operam sob as
Em 1863, Hahnemann transmi- vossas vistas? Compenetrai-vos,
tiu, em Paris, breve e importante prias faltas. É ainda uma conse- pois, de que o homem não se con-
mensagem, inserida no capítulo IX, qüência do orgulho que se encontra serva vicioso, senão porque quer
item 10, de O Evangelho segundo de permeio a todas as suas imper- permanecer vicioso; de que aquele
o Espiritismo (Ed. FEB), que trans- feições. que queira corrigir-se sempre o po-
crevo para apreciação do leitor: Indubitavelmente, temperamentos de. De outro modo, não existiria pa-
há que se prestam mais que outros ra o homem a lei do progresso.
Segundo a idéia falsíssima de que a atos violentos, como há músculos
lhe não é possível reformar a sua mais flexíveis que se prestam melhor Hahnemann aborda uma ques-
própria natureza, o homem se julga aos atos de força. Não acrediteis, po- tão vital: o temperamento, o con-
dispensado de empregar esforços pa- rém, que aí resida a causa primordial junto dos traços psicológicos e
O
tema “Visitas espíritas câmbio se dá entre os chamados sem se haver fracionado, como
entre pessoas vivas” é “vivos”, isto é, entre encarnados. acontece com a luz, que esparra-
uma seqüência do estudo Existe outra variedade do fenô- ma seus raios à sua volta. Entre-
sobre “O sono e os sonhos”, en- meno, menos freqüente, em que o tanto, nem todos os Espíritos ir-
cartado no capítulo VIII, do Livro Espírito encarnado, durante o radiam com a mesma potência. A
Segundo de O Livro dos Espíritos, próprio sono, visita outro encar- capacidade de irradiação está di-
sob o título “Emancipação da Al- nado acordado, podendo o visi- retamente ligada ao desenvolvi-
ma”. Pelo sono o Espírito se des- tante ser ou não visto pelo visita- mento de cada um.
dobra.1 Já os sonhos constituem do. No caso de o visitante tornar- Uma pessoa, encontrando-se
as lembranças mais ou menos ní- se visível ao visitado, o fenômeno adormecida, ou num estado de
tidas de fatos ocorridos durante o é designado como “bilocação” ou êxtase leve ou profundo, pode,
sono, período em que o Espírito, “bicorporeidade”, espécie do gêne- em Espírito, semidesligado do
freqüentemente, entra em conta- ro “ubiqüidade”,2 que é a faculda- corpo, aparecer, falar e mesmo
to com outros seres. de de estar presente em todos os tornar-se tangível a outras pes-
Os princípios analisados sob o lugares ao mesmo tempo, na soas. E, de fato, poder-se-á com-
título “O sono e os sonhos” se acepção do Dicionário Houaiss da provar que estava em dois lugares
aplicam ao presente estudo, com Língua Portuguesa. ao mesmo tempo. Só que em um
a diferença de que, neste, o inter- Sendo o Espírito uma unidade lugar estava o corpo físico, noutro
indivisível, a ele é impossí- o Espírito revestido pelo seu peris-
vel estar em dois ou pírito, momentaneamente visível
mais lugares si- e tangível.
multaneamente, A bicorporeidade, embora seja
contudo, esta um acontecimento importante,
indivisibili- tem sido ignorada por muitos, co-
dade não o mo se fosse, sempre, produto da
impede de imaginação, impressão que é re-
irradiar seus forçada pelo fato de que, na maio-
pensamentos ria das vezes, pouca ou nenhuma
para diversos lembrança guardamos do que se
lados e poder as- passa durante o desdobramento,
sim manifestar-se como elucida Gabriel Delanne.3
em muitos pontos, Isso demonstra o quanto desco-
18 336 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
nhecemos a própria natureza es-
piritual e os nossos potenciais.
Segundo o Espírito André Luiz,
em obra psicografada pelos mé-
diuns Francisco Cândido Xavier e
Waldo Vieira, ainda temos muita
dificuldade para compreender os
mecanismos das alterações da cor,
densidade, forma, locomoção e ubi-
qüidade do corpo espiritual (peris-
pírito), por não dispormos, na
Terra, de mais avançadas noções
acerca da mecânica do pensamen-
to.4
Kardec explica como se dá a bi-
corporeidade, concluindo que,
por mais extraordinário seja tal
evento, como todos os outros, se
enquadra na “ordem dos fenôme-
nos naturais, pois que decorre das
propriedades do perispírito
[...]”.5
Indicamos para consulta o ter-
ceiro volume da Revista Espírita –
Jornal de Estudos Psicológicos –,
março de 1860, editada pela FEB, riqueiro, do qual nem sempre nos e do sentido único em sentidos
no qual desponta uma experiência damos conta, como vimos, devido múltiplos, para facilitar seu
realizada por Kardec, promovida à amnésia após o despertamento exercício e conduzir seu desen-
com um encarnado (Dr. Vignal), do sono. volvimento.” 7 (Grifos nossos.)
membro da Sociedade Parisiense Gustave Geley (1865-1924),
de Estudos Espíritas, que foi invo- cientista renomado, ex-diretor do As circunstâncias que levam os
cado durante o sono, de cujo Instituto Metapsíquico de Paris, Espíritos a se buscarem durante o
exemplar colhemos interessantes médico em Nanci, com base em sono é algo semelhante ao que se
observações comparativas entre suas incansáveis pesquisas, assim dá na Terra, quando temos vonta-
as sensações de um “vivo” e de um conceituou morte e vida, fenôme- de de visitar nossos familiares, pa-
“morto”, sobre as suas faculdades nos intrinsecamente ligados ao te- rentes e amigos, com a diferença
de ver, ouvir e perceber as coisas, ma ora em estudo: de que, nos encontros espirituais,
entre outras informações impor- estamos despojados da máscara
tantes.6 “A desencarnação é um proces- do corpo de carne e, de certa for-
Excetuando-se a bicorporeidade, so de síntese, síntese orgânica e ma, despojados dos papéis provi-
assim como a visita entre encarna- síntese psíquica. soriamente executados na vida de
dos e desencarnados, o encontro A encarnação é um processo de relação social.
de pessoas encarnadas durante o análise. É a subdivisão da cons- No estado do sono, o Espírito
sono é também um fato bem cor- ciência em faculdades diversas, fica preso ao corpo por uma es-
20 338 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
Esf lorando o Evangelho
Pelo Espírito Emmanuel
Liberdade
“Não useis, porém, da liberdade para dar ocasião à carne,
mas servi-vos uns aos outros pela caridade.”
– PAULO. (GÁLATAS, 5:13.)
E
m todos os tempos, a liberdade foi utilizada pelos dominadores da Terra. Em
variados setores da evolução humana, os mordomos do mundo aproveitam-
-na para o exercício da tirania, usam-na os servos em explosões de revolta e
descontentamento.
Quase todos os habitantes do Planeta pretendem a exoneração de toda e qual-
quer responsabilidade, para se mergulharem na escravidão aos delitos de toda
sorte.
Ninguém, contudo, deveria recorrer ao Evangelho para aviltar o sublime princí-
pio.
A palavra do apóstolo aos gentios é bastante expressiva. O maior valor da inde-
pendência relativa de que desfrutamos reside na possibilidade de nos servirmos uns
aos outros, glorificando o bem.
O homem gozará sempre da liberdade condicional e, dentro dela, pode alterar o
curso da própria existência, pelo bom ou mau uso de semelhante faculdade nas
relações comuns.
É forçoso reconhecer, porém, que são muito raros os que se decidem à aplicação
dignificante dessa virtude superior.
Em quase todas as ocasiões, o perseguido, com oportunidade de desculpar, men-
taliza represálias violentas; o caluniado, com ensejo de perdão divino, recorre à
vingança; o incompreendido, no instante azado de revelar fraternidade e benevo-
lência, reclama reparações.
Onde se acham aqueles que se valem do sofrimento, para intensificar o aprendi-
zado com Jesus Cristo? onde os que se sentem suficientemente livres para conver-
ter espinhos em bênçãos? No entanto, o Pai concede relativa liberdade a todos os
filhos, observando-lhes a conduta.
Raríssimas são as criaturas que sabem elevar o sentido da independência a
expressões de vôo espiritual para o Infinito. A maioria dos homens cai, desastrada-
mente, na primeira e nova concessão do Céu, transformando, às vezes, elos de velu-
Fonte: XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 128.
A
quele que foi cognomina- Paulo, fixou-se em Matão, tor- trou-se ainda mais grandiosa.
do O Bandeirante do Espi- nando-se seu primeiro Prefeito,1 e Seus exemplos de amor ao próxi-
ritismo, em face do seu fundou em 15 de julho de 1905 mo e de dedicação ao estudo e
trabalho pioneiro no interior do o Centro Espírita Amantes da Po- divulgação do Espiritismo sensi-
Estado de São Paulo, nasceu em breza; em 15 de agosto de 1905 bilizaram o País e ultrapassaram
22 de setembro de 1868, portanto fundou o jornal O Clarim; poste- as fronteiras do território nacio-
há 140 anos, no Rio de Janeiro. riormente, em 15 de fevereiro de nal. Escreveu inúmeros livros,
Depois de passagens por Itápolis e de 1925, a Revista Internacional de entre eles o notável Parábolas e
Piracicaba, no interior de São Espiritismo, tradicionais publica- Ensinos de Jesus, que destaca, co-
ções de circulação internacional. mo indica o próprio título, os
Schutel foi pioneiro da di- ensinos do Mestre da Humani-
vulgação espírita pelo rádio. dade.
Suas iniciativas humanitárias No mesmo marco do calendá-
em favor da coletividade, an- rio em que se comemora o ses-
tes de tornar-se espírita, falam quicentenário da fundação da
bem da grandeza de seu cora- Revista Espírita e da Sociedade
ção. Amava e socorria os po- Parisiense de Estudos Espíritas,
bres, amparando-os material e por Allan Kardec, a família espí-
espiritualmente, estendendo rita internacional também pode
sua atenção até mesmo para assinalar as quatorze décadas do
com os animais. nascimento de Cairbar de Souza
Foi na vivência espírita, toda- Schutel.
via, que sua personalidade mos- Seu trabalho, todavia, conti-
nua. Embora sua desencarnação
1
tenha ocorrido no dia 30 de janei-
N. da R.: Segundo Zêus Wantuil (Gran-
des Espíritas do Brasil – Ed. FEB, p. 255),
ro de 1938, antes de completar 70
“[...] Cairbar Schutel contribuiu de mo- anos, sua Editora prossegue ativa,
do decisivo para que Matão subisse à através das décadas, apesar de to-
categoria de Município, tendo sido o das as dificuldades encontradas,
primeiro Presidente de sua Câmara Mu-
nicipal (1889), cargo equivalente, em distribuindo luzes mediante suas
nosso tempo, a Prefeito”. publicações mensais e livros que
22 340 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
atitude de Centros Espíritas
[...] Os que têm o que resumem seus deveres no
dom da palavra, exercício de uma ou duas ses-
falem, façam pa- sões por semana, entre meia
lestras públicas, dúzia de pessoas. “A luz não
conferências; os que deve ficar sob o alqueire”, é pre-
têm o de escrever, ciso que seja posta no velador.
escrevam; e os que
não podem coorde- Em reconhecimento ao exem-
nar idéias, copiem es- plo inspirador de Cairbar, as ins-
critos doutrinários in- tituições espíritas vão homena-
sertos nas obras espíri- g e á -
Revista Internacional de
tas e leiam por ocasião -lo, em promoção da USE-Matão,
Espiritismo e jornal O Clarim das reuniões, que devem ser em em evento programado para o dia
dias determinados e de portas 21 de setembro de 2008, domin-
edita. abertas, com entrada franca. go, reunindo as instituições no
E não é só. Através dos mé- Não podemos compreender a Encontro Cairbar Schutel, que
diuns Francisco Cândido Xavier
e Divaldo Pereira Franco, nosso
Schutel trouxe também sua fir-
meza doutrinária e o estímulo
em mensagens instrutivas. Atual-
A crucificação
mente, é conhecida sua atuação Fita o Mestre, da cruz, a multidão fremente,
em favor da expansão da Doutri- A negra multidão de seres que ainda ama.
na Espírita. Sobre tudo se estende o raio dessa chama,
Exemplo notável de dedica- Que lhe mana da luz do olhar clarividente.
ção, de persistência, de confian-
ça na vida, de lucidez na impor- Gritos e altercações! Jesus, amargamente,
tância do pensamento espírita Contempla a vastidão celeste que o reclama;
em favor do equilíbrio e da se- Sob os gládios da dor aspérrima, derrama
renidade humana. Inspiração As lágrimas de fel do pranto mais ardente.
que deve nortear os passos de
todos aqueles que se dedicam à Soluça no silêncio. Alma doce e submissa,
liderança e à divulgação espírita E em vez de suplicar a Deus para a injustiça
pela palavra ou pela escrita, es- O fogo destruidor em tormentos que arrasem,
pecialmente agora que os mo-
dernos recursos da tecnologia Lança os marcos da luz na noite primitiva,
se fazem tão presente. E clama para os Céus em prece compassiva:
Notemos, para encerrar, o que “– Perdoai-lhes, meu Pai, não sabem o que fazem!...”
ele escreveu em seu livro Mé-
diuns e Mediunidades:2 Olavo Bilac
Fonte: XAVIER, Francisco C. Parnaso de além-túmulo. 18. ed. 1a reim-
2 pressão. Rio de Janeiro: FEB, 2008. p. 409.
Op. cit. 10. ed. Matão (SP): Casa Editora
O Clarim. p. 93-94.
24 342 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
Em dia com o Espiritismo
A Teoria de Tudo
MARTA ANTUNES MOURA
O
nome da teoria não deixa campo, fornece esclarecimentos o espaço e penetra os corpos.
de ser estranho: de tudo. sobre moléculas, átomos, partícu- Esse fluido é o éter ou matéria
Mas é o apelido que las atômicas (nêutrons, prótons e cósmica primitiva, geradora do
renomados cientistas, no campo elétrons) e subatômicas (neutri- mundo e dos seres. São-lhes ine-
da Física, denominam a teoria nos, quarks, leptons etc.). rentes as forças que presidiram
“[...] que visa resumir em um A Teoria de Tudo representa, às metamorfoses da matéria,
único conjunto de equações a ori- na atualidade, a busca pelo Santo as leis imutáveis e necessárias
gem e a natureza do cosmo, assim Graal da Física Teórica, situação que regem o mundo. Essas múl-
como as forças contidas nele”,1 que ainda provoca frustrações, tiplas forças, indefinidamen-
esclarece o inglês Robert como aconteceu com Albert Eins- te variadas segundo as combina-
Mattheus, físico- tein, o qual, a despeito da mente ções da matéria, localizadas se-
-matemático-pesquisador e re- privilegiada que possuía, passou gundo as massas, diversificadas
pórter científico. A teoria propõe os 30 anos finais de sua última em seus modos de ação, segun-
unir o micro e o macrocosmo, reencarnação na vã tentativa de do as circunstâncias e os meios,
sendo também denominada Teo- combinar a teoria quântica com são conhecidas na Terra sob os
ria da Grande Unificação (TGU). as forças que atuam no Universo. nomes de gravidade, coesão, afi-
Essa união consiste em provar, Há muito investimento científico nidade, atração, magnetismo,
na prática, o que os cálculos já re- na Teoria de Tudo, acreditando-se eletricidade ativa. Os movi-
velam: a existência de uma maté- que no futuro, não tão remoto, mentos vibratórios do agente
ria primordial, encontrada tanto será possível identificar, de forma são conhecidos sob os nomes de
no Universo quanto no átomo. concreta, esse elemento funda- som, calor, luz, etc. [...].
Para demonstrá-la é preciso unir mental, tendo em vista que o ma- Ora, assim como só há uma
os métodos de estudo do Univer- cro e o microcosmo apresentam substância simples, primitiva,
so com os das partículas atômicas. profundas semelhanças entre si e geradora de todos os corpos,
O estudo do Universo tem como que um reage sobre o outro. Isto mas diversificada em suas
referência a Teoria da Relativida- está comprovado pela Ciência. combinações, também todas
de Geral, de Einstein, que explica No livro A Gênese, de Kardec, essas forças dependem de uma
a origem e formação dos planetas, há informações sobre esse ele- lei universal diversificada em
estrelas, galáxias, buracos negros, mento material que origina os seus efeitos e que, pelos desíg-
big bang, órbitas planetárias, força mundos e os corpos dos seres – nios eternos, foi soberanamen-
da gravidade etc. O conhecimento matéria cósmica primitiva: te imposta à criação [...].2
das partículas elementares, fun-
damentado na Teoria quântica do Há um fluido etéreo que enche Na mesma obra consta que o
26 344 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
mente de dois dos seus livros – do está mergulhado na substân-
Mecanismos da Mediunidade e cia viva da Mente de Deus, co- Observação: A quem se interessa
Nos Domínios da Mediunidade – mo os peixes e as plantas da pelo assunto, mas não possui do-
para ilustrar o assunto: água estão contidos no oceano mínio de equações matemáticas e
imenso. físicas, recomendamos três filmes,
Quanto mais investiga a Natu- .................................................... disponibilizados no mercado, nas
reza, mais se convence o ho- [...] Vocês sabem que na pró- boas livrarias e na Internet: a) A
mem de que vive num reino de pria ciência humana de hoje o teoria de tudo – lançado no ano pas-
ondas transfiguradas em luz, átomo não é mais o tijolo indi- sado (o roteiro considera as possi-
eletricidade, calor ou matéria, visível da matéria... que, antes bilidades de a Ciência comprovar
segundo o padrão vibratório dele, encontram-se as linhas de a existência de Deus, ou apresen-
em que se exprimam. força, aglutinando os princí- tar evidências de sua existência);
Existem, no entanto, outras pios subatômicos [...].8 b) Quem somos nós – lançado em
manifestações da luz, da eletri- 2006, o qual procura responder às
cidade, do calor e da matéria, Eis como Emmanuel se pro- questões, à luz da Física quântica:
desconhecidas nas faixas da nuncia a respeito: de onde viemos? que fazemos
evolução humana, das quais, aqui? para onde vamos?; c) Somos
por enquanto, somente pode- – As noções modernas da Física todos um – lançado em 2004 (mos-
remos recolher informações aproximam-se, cada vez mais, tra como a Teoria de Tudo está
pelas vias do espírito. do conhecimento das leis uni- presente no cotidiano da vida).
.................................................... versais, em cujo ápice repousa a
[...] a matéria quanto mais es- diretriz divina que governa to- Referências:
1
tudada mais se revela qual feixe dos os mundos. MATTHEWS, Robert. 25 grandes idéias:
de forças em temporária asso- Os sistemas antigos envelhece- como a ciência está transformando o
ciação [...]. ram. As concepções de ontem mundo. Tradução de José Gradel. Rio de
Temo-lo [o homem], [...] por deram lugar a novas deduções. Janeiro: Jorge Zahar, 2008. Cap. 5, p. 50.
2
viajante do Cosmo, respirando Estudos recentes da matéria vos KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de
num vastíssimo império de on- fazem conhecer que os seus ele- Guillon Ribeiro. 52. ed. Rio de Janeiro:
das que se comportam como mentos se dissociam pela análi- FEB, 2007. Cap. VI, item 10, p. 129-130.
3
massa ou vice-versa [...]. se, que o átomo não é indivisí- Idem, ibidem. Item 10, p. 130.
4
.................................................... vel, que toda expressão material KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tra-
[...] Identificando o Fluido Ele- pode ser convertida em força e dução de Guillon Ribeiro. 91. ed. Rio de
mentar ou Hálito Divino por que toda energia volta ao reser- Janeiro: FEB, 2007. Questão 30.
5
base mantenedora de todas as vatório do éter universal. Com Idem, ibidem. Questão 31.
6
associações da forma nos domí- o tempo, as fórmulas acadêmi- Idem, ibidem. Questão 33.
7
nios inumeráveis do Cosmo [...] cas se renovarão em outros XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Me-
nas organizações e oscilações da conceitos da realidade trans- canismos da mediunidade. Pelo Espírito
matéria, interpretaremos o cendente, e os físicos da Terra André Luiz. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB,
Universo como um todo de não poderão dispensar Deus 2008. “Ante a mediunidade”, p. 21; cap.
forças dinâmicas, expressando nas suas ilações, reintegrando a 1, p. 25; cap. 4, p. 47.
o Pensamento do Criador. [...]7 Natureza na sua posição de 8
XAVIER, Francisco C. Nos domínios da
campo passivo, onde a inteli- mediunidade. Pelo Espírito André Luiz.
Da superestrutura dos astros à gência divina se manifesta.9 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 1,
infra-estrutura subatômica, tu- p. 14; cap. 17, p. 199.
Esperanto na
Deutsche Welle
AFFONSO SOARES
A
página eletrônica da emissora estatal alemã, ainda em ação.
DEUTSCHE WELLE, publicou, em 23 de ju-
lho passado (http://www.dw-world.de/dw/
/article/0,2144,3499611,00.html), um texto sério e Não houve, efetivamente, qualquer tipo de “des-
objetivo a respeito da Língua Internacional Neutra, gaste” nas atividades da Universala Esperanto-
de que abaixo transcrevemos alguns trechos signifi- Asocio (UEA) ao longo dos seus 100 anos de profí-
cativos, acrescentando-lhes comentários pertinen- cua existência. Seu prestígio foi sempre crescente
tes: como o provam, entre muitos outros fatos relevan-
tes, as relações de estreita cooperação que ela man-
Esperanto encontra nova popularidade tém com organizações internacionais como a ONU e
através da Internet a UNESCO.
28 346 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
to tempo o esperanto já era cultivado em inúmeras ci-
dades de quase todos os países do Planeta, refletin-
do-se essa ação em fecundas atividades regionais, na-
cionais e mundiais, com destaque para o ensino do
idioma através de diferentes
métodos. A web, obvia-
mente, estendeu consideravelmente o alcance de tão
diversificadas atividades.
É difícil estimar o número de pessoas que falam es- crática, algo que não temos no momento na
peranto. De acordo com estimativas, o total varia de Europa”, disse Blanke, acrescendo que “nesse con-
algumas centenas de milhares a 2 milhões. Apesar texto, acredito que o interesse no modelo do espe-
disso, foi freqüentemente anunciada a morte da lín- ranto está crescendo”. Enquanto sua meta de se tor-
gua, que soa como uma mistura de espanhol, latim nar uma segunda língua universal parece ainda estar
e um pouco de alemão. Mas os esperantistas for- bem longe, uma cultura pequena mas promissora
mam um grupo entusiasmado e determinado que desenvolveu-se em torno da língua. Existe música
mantém sua língua viva. em esperanto, livros e até mesmo o que poderia ser
chamado de literatura, reconhecida oficialmente pe-
lo grupo de escritores do PEN Clube.1
O esperanto, não obstante o contradigam muitas Em breve, os britânicos estarão expostos como nun-
vozes não tão bem esclarecidas, é uma língua viva ca à língua. A empresa Littlewoods Direct está usan-
através da qual se expressa a vasta coletividade que a do esperanto num de seus anúncios de roupas na te-
possui, que a usa, que a faz desenvolver-se, coletivi- levisão. “Sabemos que a maioria das pessoas que as-
dade que, por ser legitimamente internacional, tem sistirão ao comercial não compreenderá o que está
no esperanto o veículo adequado à manifestação de sendo dito, mas a língua é tão bonita e elegante quan-
sua cultura internacional. E o sentimento de pertinên- to nossas roupas”, explicou o diretor de merchandi-
cia à Humanidade, dado pelo esperanto, em nada con- sing David Inglis, informando também que, para uma
flita com os laços que prendem os homens às suas res- melhor compreensão, foram acrescentadas legen-
pectivas culturas nacionais e regionais. É por esta das.
razão, entre outras, que o esperanto reune as condições
para ser a futura língua internacional de um mundo
em vias de ingressar na fase universalista de evolução. O esperanto se apresenta ao mundo como instru-
mento concreto para a realização de um direito hu-
mano fundamental, como claramente explicitado no
“[...] na década de 1920, o inglês começou a aumen- Artigo II da Declaração Universal dos Direitos Hu-
tar a sua influência e a França tornou-se extrema- manos, adotada e proclamada por resolução da As-
mente sensível quando se tratava de questões lin- sembléia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezem-
güísticas”, disse Detlev Blanke, lingüista e pensador bro de 1948, o qual reza:
de esperanto de Berlim.
[...] Mas esperantistas e lingüistas como Blanke sen- Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e
tem que existe razão para um otimismo cauteloso as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem
quanto ao futuro da língua. “Acho que, em conexão
com uma melhor compreensão entre as pessoas, 1
N. da R.: Organização fundada em 1921, sediada em Londres,
precisamos de uma política lingüística mais demo- que congrega escritores de todo o mundo.
A
convivência ética é um ato normas preestabelecidas não pode de aprendizado. Esse procedi-
de opção, de liberdade e, ser aceito, daí a pena. Neste espaço mento, via de regra, mantém a pes-
conseqüentemente, de res- relacional a “pessoa” não aparece. soa num plano de ação inconscien-
ponsabilidade. Construímos espa- Aparece sua ação, que poderá ser te, pois a separa de seu fazer, o que
ços de convivência ética quando punida, se representar ameaça ao impede o surgimento do espaço
desejamos compartilhar experiên- grupo. Executamos a lei para punir reflexivo, já que seu procedimento
cias e assumimos as responsabilida- o seu transgressor. O cumprimen- é determinado pela lei, o que a
des desse compartilhamento. Esta to da lei isenta-nos da responsabi- mantém confortavelmente irres-
maneira de conviver não pode ser lidade, do prejuízo que podemos ponsável pelo que faz.
imposta por atos de convencimen- causar ao outro quando a aplica- As regras nos protegem e dar-
to racional, pois o espaço ético mos, afinal estamos apenas “cum- -lhes cumprimento é a nossa se-
não se apóia na razão ou em prindo a lei”. Quando punimos al- gurança. Proteção e
raciocínios. Muitas vezes, ficamos guém pela não observância à lei, a segurança,
confusos quando falamos de ética pessoa não é, necessariamente, res-
e moral, chegando mesmo, a ponsabilizada pelo que fez e a sua
compreendê--las num mesmo aplicação serve apenas para devol-
espaço conceitual. Embora a dife- ver, ao grupo, a tranqüilidade ne-
rença entre ambas seja tênue, são cessária a prosseguir vivendo em
significativamente diferentes seus aparente segurança. Esta maneira
âmbitos operacionais. de conduzir-se na vida impede o
Quando nos referimos ao com- aprendizado, perpetuando as re-
portamento imoral, geralmente lações de transgressões que, nor-
nos referimos ao não atendimento malmente, se consolidam e evo-
às regras, leis ou normas, acorda- luem para a agressão ostensiva.
das pelo senso comum, que orien- Observamos que, neste âmbito
tam as relações entre pessoas de relacional, as normas e leis que ofe-
um determinado grupo. Nesse ca- recem sustentação à vida do gru-
so, a referência se deve ao fato de a po estão acima das pessoas. As ex-
pessoa não obedecer às leis ou não plicações dadas aos nossos atos
cumpri-las, podendo, portanto, são cerzidas em coerências lógicas
ser punida por elas. O que se dese- de pronta aceitação. Esta forma
ja neste âmbito de relacionamentos de conviver favorece a impuni-
é a observância da lei para a garan- dade e fragiliza, considera-
tia da ordem. O desrespeito à lei ou velmente, as possibilidades
30 348 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
condições mínimas para nossa de cada grupo, pois expressam as um outro sentido, uma diferença
sobrevivência. Este tipo de com- culturas, ou seja, usos e costumes nas relações por ele conotadas.
portamento leva à obediência cega de cada povo, garantindo- Talvez a “ética” sempre tenha
e, conseqüentemente, à anulação -lhes, por seu caráter conservador, estado presente nas relações, apa-
da pessoa. As conseqüências dessa a estabilidade necessária para a recendo acanhadamente aqui e
forma de proceder diluem-se no vida do grupo. ali, no entanto, pode não ter sido
coletivo e, na maioria das vezes, a Podemos conceber, num sentida como necessária. Desde que
pessoa, sequer, toma conhecimen- mesmo espaço cultural, diferentes se instaurou a “idade da razão”, a
to das suas conseqüências e põe-se arranjos que orientam as relações ética foi deixada de lado, pois tínha-
a falar de “boas ações”, tornando- entre as pessoas. Nesse sentido, mos a orientar nossa conduta a in-
se, sistematicamente, “moralista”, encontramos a moral familiar, a falibilidade da lógica racional e da
ou seja, dá-se o direito de julgar os moral religiosa, a profissional, entre argumentação por ela sustentada.
outros sem qualquer tipo de envol- outras, todas elas válidas e impor- Mas, essa época acabou ou está
vimento com eles. tantes na sustentação dos diferentes acabando. A época da racionalida-
A moral é concebida, assim, modos de convivência que identifi- de instrumental deu seus frutos, não
como regras consensuais de condu- cam cada cultura. Nenhum deles tão bons e sazonados quanto espe-
ta, definidas a priori, conservadas é mais certo que o outro. Moisés, rávamos, pois gerou miséria, mor-
transgeracional- por exemplo, editou um código te, devastação do meio ambiente,
mente, o que moral para orientar e garantir a guerra e destruição. É nesse cenário
lhes confere conservação de uma maneira de- meio desolador que buscamos
grande estabili- sejável de convivência para o seu uma nova luz, uma pista que nos
dade. Essas re- povo. Naquela oportunidade, a oriente. Penso que se não tivésse-
gras variam aceitação e cumprimento das leis mos errado o rumo, nossa história
em função residiam no fato de elas terem sido seria outra. Mas, a história só pode
concebidas e enviadas por Deus, ou ser contada depois de vivida. Essa é
seja, por alguém cuja autoridade nossa história.
jamais seria questionada, o que re- Para nós, ocidentais, a alter-
forçava o poder de Moisés sobre o nativa de mudar o rumo da
povo, imposto pelo medo das pe- nossa história talvez repouse em
nalidades ao não-cumprimento da que o fato histórico também
lei. Ainda hoje, já na pós-moderni- errou.
dade, embora dissimulados, pode-
mos identificar procedimentos da
mesma natureza. Há dois mil anos, Jesus, cuja
Ao nos referirmos ao compor- ação buscava construir novos ali-
tamento ético-moral de um povo, cerces para a instalação de um rei-
provavelmente conotamos, com no de amor, de fraternidade e, ba-
essa expressão, espaços relacio- sicamente, de igualdade, entre tan-
nais onde regras de bem viver tas outras assertivas, proclamava
construíram espaços de convivên- sua máxima “ama teu próximo
cia diferentes daqueles regidos por como a ti mesmo” e com ela trou-
leis e normas preestabelecidas. xe à cena o parceiro olvidado,
Intuímos que a simples agregação aquele a quem devemos o conheci-
do termo “ético” à “moral” sugere mento de nós mesmos, aquele de
32 350 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
Cristianismo Redivivo
História da Era Apostólica
A crucificação de Jesus
“Para quem está familiarizado com a história antiga, não deve ser motivo
de perturbação o fato de que as principais datas na vida de Jesus sejam
apenas aproximadas. [...]”1
O
s dados cronológicos mais rar que os Evangelistas organiza- mento se deu no outono/inverno
importantes da vida de Je- ram o material da tradição (oral do ano 5 a.C.,2 é possível estabe-
sus encontram-se nas nar- e/ou escrita) de acordo com um lecer que sua missão pública en-
rativas da infância (Mateus, 2; Lu- propósito redacional. Compila- tre os homens desenvolveu-se entre
cas, 1:5, 2:1-40) e nas da Paixão ram e organizaram as narrativas os anos 25 e 45 d.C. O intervalo é
(Mateus, 26-27; Marcos, 14-15; sem se preocuparem com a or- excessivamente extenso, e pode
Lucas, 21-23; João, 13-19). Outros dem histórica dos acontecimen- ser reduzido com base em outros
dados relevantes podem ser encon- tos. dados.
trados nos Evangelhos de Lucas e Assim, em se tratando de cro- Jesus foi crucificado quando
João (Lc., 3:1-2 e 23; Jo., 2:20). nologia do Cristianismo Nascen- Pôncio Pilatos era procurador da
Os historiadores do Cristianis- te, por vezes, é preciso contentar- Judéia (TÁCITO, Anais, XV, 44;
mo, porém, chamam a atenção pa- se com o estabelecimento de in- FLÁVIO JOSEFO, Antiguidades
ra o fato de que os Evangelhos não tervalos temporais, dentro dos Judaicas, XVIII, 63; Relato dos
são essencialmente obras de his- quais há maior probabilidade de evangelistas), ou seja, entre 26 e 36
tória, no sentido atual da palavra. ocorrência de determinado fato. d.C. Já conseguimos uma consi-
Os Evangelistas não pretendiam As limitações das fontes históricas derável redução no intervalo.
produzir uma biografia comple- disponíveis justificam essa situa- João Batista iniciou seu minis-
ta ou mesmo um sumário da vida ção. tério no ano décimo quinto de Ti-
de Jesus. Ao contrário, escreve- Seguindo o relato dos Evange- bério César (Lucas, 3:1). Levan-
ram com a finalidade de transmi- listas, entre o nascimento de Je-
tir o ensino do Mestre, os fatos sus e o início de seu ministério
3
principais da sua vida, de modo a público, houve um período de Alguns pesquisadores consideram, para
legar à posteridade o testemunho “cerca de trinta anos” (Lucas, contagem dos quinze anos, o período em
que Tibério César se tornou co-regente de
da fé. 3:23).
Augusto, ao passo que outros recusam esse
Nesse sentido, é justo conside- Considerando que seu nasci- método de contagem asseverando que de-
ve ser contabilizado apenas o período em
que ele regeu sozinho, após a morte do im-
1 2
MEIER, John P. Um judeu marginal: Consultar o artigo intitulado perador. Visto que Augusto faleceu em 19
repensando o Jesus histórico. 3. ed. Rio de “Nascimento de Jesus”, publicado na de agosto de 14 d.C., a contagem deveria se
Janeiro: Imago, 1993. p. 367. revista Reformador, de junho de 2008, p. iniciar após essa data.
do espírito
33. Numerosos amigos de Pú-
blio haviam aconselhado a sua
volta temporária a Jerusalém, a
fim de intensificar os serviços
da procura do filhinho, no cur-
so das festividades que concen- PAULO NUNES BATISTA
travam, na época, as maiores
H
multidões da Palestina [...]. á o livro de espírito, que ríodo. Cada mês é um capítulo.
.................................................... encerra graça, chiste, hu- Cada ano é um volume...
[...] De uma sala contígua ao mor. Se quiseres, e és livre para
seu gabinete, notou que Públio Conhecemos diversos livros isso, podes fazer do teu livro do
atendia a numerosas pessoas de Espíritos, ou seja, dados, me- espírito um mero livro de espí-
que o procuravam particular- diunicamente, por Espíritos de- rito, que será pouco mais que
mente, em atitude discreta; e o sencarnados, via psicografia. uma piada.
interessante é que, segundo as Existe O Livro dos Espíritos, Se desejares, podes ler livros
suas observações, todos expu- base da Codificação Kardequia- de Espíritos, ditados a médiuns
nham ao senador o mesmo as- na, composto com perguntas por seres humanos que aqui dei-
sunto, isto é, a prisão inespera- formuladas por Allan Kardec e xaram o corpo físico.
da de Jesus Nazareno – aconte- comentários deste às respostas Mas, se preferires, podes
cimento que desviara todas as dadas pelos Espíritos, através de estudar O Livro dos Espíritos.
atenções das festividades da médiuns. Nele, aprenderás muito sobre a
Páscoa, tal o interesse desper- Mas, além desses, talvez o verdade do mundo espiritual.
tado pelos feitos do Mestre, em mais importante de todos seja Todavia, só o teu livro do es-
todos os espíritos. [...]6 o livro do espírito. Se não nos pírito, que estás escrevendo, é
enganamos, Emmanuel, por que decidirá sobre ti mesmo,
Assim, consoante a revelação Chico Xavier, tem uma página porque é o livro de tua vida. Se
espiritual, pelas mãos do respei- antológica sobre tal “livro”. Co- o souberes compor com letras
tável médium Francisco Cândi- meça mais ou menos assim: de Luz e sílabas de Amor, pala-
do Xavier, Jesus iniciou seu mi- “Tua vida é um livro que vras de Fé e frases de Esperança,
nistério no ano 30 d.C. e foi cru- estás escrevendo...” sentenças de Paz e períodos de
Sobre este último tema, tece- Eqüidade em capítulos de Ver-
6 mos as seguintes considerações: dade e volumes de Sabedoria,
XAVIER, Francisco Cândido. Há dois mil
anos. Pelo Espírito Emmanuel. 48. ed. Rio Que livro te poderá interessar estarás construindo o reino de
de Janeiro: FEB, 2007. Primeira Parte, cap. mais que tua própria existência? Deus dentro de ti, único céu pa-
VIII, p. 144, 147 e 148. No livro de tua vida, cada se- ra onde vale a pena ir.
7
A festa da Páscoa começa no crepúsculo gundo é uma letra. Cada minu- Pensa, pois, e escolhe e deci-
da sexta-feira (14 de Nisã), ou seja, no iní- to é uma sílaba. Cada hora é de, que livro preferes ler, estu-
cio do sábado (15 de Nisã), uma vez que os
uma palavra. Cada dia é uma dar, entender, viver. Tua vida, é
judeus contavam o dia a partir das dezoito
horas. Essa festa durava uma semana, fin- frase. Cada semana é uma sen- um livro que ainda estás escre-
dando no sábado seguinte (22 de Nisã). tença. Cada quinzena é um pe- vendo.
D
urante reunião realizada
no mundo espiritual, um
jovem desencarnado deu
testemunho de importante expe-
riência que teve em duas encar-
nações. Na anterior, conviveu
com colegas que enveredaram
pelo caminho das drogas e outros
comportamentos em desacordo
com as leis morais e os costumes
sociais.
Ele não aprovava tal comporta-
mento, mas não conseguiu in-
fluenciá-los no sentido de muda-
rem os rumos da própria vida.
Querendo mais uma vez aju-
dar os jovens que agiam dessa namento cordial. aqueles jovens não eram recepti-
maneira, preparou-se para nova Certo dia, um jovem perten- vos a qualquer tipo de pondera-
encarnação e programou convi- cente a esse grupo solicitou pe- ção e somente acontecimentos
ver com eles. queno desconto, além do autori- que os chocassem poderiam des-
Moço ainda, e pobre, conse- zado. Ele explicou que não podia pertá-los para refletirem sobre
guiu emprego numa lanchonete. concedê-lo. Com o estado de os valores mais elevados da vida.
Entre as pessoas que a freqüen- consciência alterado pelos esti- O fato levou uma parcela consi-
tavam havia muitos jovens que mulantes que costumava ingerir, derável desse grupo a meditar so-
escolheram esse caminho turbu- o moço teve uma reação violen- bre o comportamento que cos-
lento, cheio de vícios, vida notur- ta, agredindo-o. Como conse- tumava adotar.
na abusiva, conduta sexual ina- qüência dos ferimentos, veio a Esclareceu que, como a finali-
dequada, música agitada e alta, desencarnar. dade daquela encarnação foi cola-
roupas e maquiagem exageradas... Nos comentários que se segui- borar pela melhoria espiritual dos
Mantinha com todos relacio- ram ao seu relato, explicou que jovens, a violência que sofreu não
Reunião da Comissão
Regional Centro
A Reunião da Comissão Regional Centro, em seu vigésimo segundo ano,
desenvolveu-se nos dias 20, 21 e 22 de junho de 2008, na sede
da União Espírita Mineira, em Belo Horizonte
38 356 R e f o r m a d o r • S e t e m b r o 2 0 0 8
Participantes da Sessão de Abertura
dia 21. A direção dos trabalhos bre: andamento de comemora- ram recebidas sugestões para o
coube ao coordenador das Co- ções dos Sesquicentenários da 3o Congresso Espírita Brasileiro,
missões Regionais, com a parti- Revista Espírita, e da Sociedade programado para 14 a 18 de abril
cipação do secretário da Comis- Parisiense de Estudos Espíritas, e de 2010. Decidiu-se que o tema
são Regional Centro, Aston dos 140 anos de A Gênese; a im- para a Reunião dos Dirigentes
Brian Leão, do presidente da plementação do “Plano de Tra- em 2009 será “Plano de Traba-
FEB, Nestor João Masotti, do vi- balho para o Movimento Espíri- lho: desenvolvimento e resulta-
ce-presidente da FEB Altivo Fer- ta Brasileiro (2007-2012)”; o dos junto aos Centros Espíritas”,
reira, e de Roberto Fuina Versia- curso de Capacitação Adminis- e que a próxima Reunião será em
ni, integrante da equipe da Se- trativa de Dirigentes Espíritas; as Brasília (DF), nos dias 15, 16 e
c r e t a r i a - Campanhas Família, Vida e Paz, 17 de maio de 2009.
-Geral do CFN. com destaque para a Mobiliza-
Os dirigentes das Federativas ção Nacional Em Defesa da Vida Reuniões Setoriais
trataram do tema: “Principais – Brasil Sem Aborto. Informou-
necessidades e dificuldades para -se acerca do andamento das pro- Simultaneamente, realizaram-
a estruturação e implantação do vidências da Comissão de Estu- -se as reuniões das Áreas especia-
Plano de Trabalho pelas Federa- dos sobre a Arte Espírita (consti- lizadas, todas elas com a partici-
tivas”. Foram relatadas ações so- tuída pelo CFN), e também fo- pação de trabalhadores dos Esta-
dos da Região: Atendimen-
to Espiritual no Centro Es-
pírita, Atividade Mediúni-
ca, Comunicação Social Es-
pírita, Estudo Sistemati-
zado da Doutrina Espírita,
Infância e Juventude, e Ser-
viço de Assistência e Pro-
moção Social Espírita.
Sessão Plenária
Ao final, na manhã de
domingo, houve uma reu-
Aspecto da Reunião dos Dirigentes nião plenária desenvolvida
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Reunião da Área do Serviço de
Assistência e Promoção Social Es-
pírita, coordenada por José Car-
los da Silva Silveira, com asses-
soria de Maria de Lourdes Perei-
ra de Oliveira. Assunto da reu-
nião: “Os resultados, na área do
SAPSE, da execução do Plano de
Trabalho para o Movimento Es-
pírita Brasileiro”. Tema para a
próxima reunião: “Apresen-
Área do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita
tação de resultados, na Área do
Reunião da Área do Estudo Sis- gramado para o período de 25 a SAPSE, do ‘Plano de Trabalho
tematizado da Doutrina Espírita, 27 de julho de 2008, na sede da para o Movimento Espírita Bra-
coordenada por Élzio Cornélio, FEB, em Brasília. sileiro’, em especial a Capacita-
representante da coordenadora Reunião da
da Área, a vice-presidente Cecí- Área da
lia Rocha. Assunto da reunião: Infância e Ju-
“Rever as conclusões do II En- ventude,
contro Nacional de Coordena- coordenada
dores do ESDE; estabelecer os por Rute Ri-
conteúdos para o III Encontro beiro, com
Nacional de Coordenadores do assessoria de
ESDE, previsto para julho de Cirne Ferrei-
2008; continuar com o censo es- ra. Assunto
tatístico”. Tema para a próxima da reunião:
reunião: “Elaboração de um Pla- “Juventude
no de Ação do ESDE Federati- Espírita”. Te-
Área do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita
vo”. Prestou-se informação so- ma para a
bre o III Encontro Nacional de próxima reunião: “Juventude ção do Trabalhador do Centro
Coordenadores do ESDE, pro- Espírita”. Espírita e levantamento de da-
dos para diagnóstico visando o
Área da Infância e Juventude Encontro Nacional que ocorrerá
em julho de 2010”.
Sessão de Encerramento
Finalizando os trabalhos, ocor-
reram manifestações de despedi-
da dos presidentes das Entidades
Federativas Estaduais, do secretá-
rio da Comissão Regional Centro,
do coordenador das Comissões
Regionais e do presidente da FEB.
O presidente da União Espírita Mi-
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